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SUMÁRIO
UNIDADE 1 - APRESENTAÇÃO ................................................................................ 2
UNIDADE 2 – INTRODUÇÃO À GESTÃO AMBIENTAL ........................................... 4
UNIDADE 3 - ECOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL ................................................. 9
UNIDADE 4 - OBJETIVOS E FINALIDADES ........................................................... 14
UNIDADE 5 - DESAFIOS DA GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL ......................... 15
UNIDADE 6 - FUNDAMENTOS BÁSICOS DA GESTÃO AMBIENTAL ................. 17
UNIDADE 7 - ASPECTOS INSTITUCIONAIS E FUNDAMENTOS SOBRE A
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL ................................................................ 20
7.1 SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA) ............................................... 20
7.2 INTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ....................................... 25
7.3 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ..................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
7.4 AUDITORIA AMBIENTAL ........................................................................................... 37
7.5 SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECUROS HÍDRICOS ERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO.

7.6 BASES LEGAIS PARA A GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL ............................................. 44


UNIDADE 8 - NECESSIDADE E IMPORTÂNCIA DA GESTÃO AMBIENTAL PARA
A EMPRESA ............................................................................................................. 47
UNIDADE 9 – INALIDADES BÁSICAS DA GESTÃO AMBIENTAL E
EMPRESARIAL ........................................................................................................ 48
UNIDADE 10 - CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL: NORMA ISO 14 001 (SISTEMAS DE
GESTÃO AMBIENTAL) ............................................................................................ 49
10.1 A PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL ............................................................................... 49
10.2 DESENVOLVIMENTO DA ISO FAMÍLIA 14000 ........................................................... 53
10.3 INTRODUÇÃO À ISO 14001 ................................................................................... 55
10.4 REQUISITOS DA NORMA NBR ISO 14001/96 ......................................................... 58
UNIDADE 11 - COMPROMETIMENTO E POLÍTICA AMBIENTAL ......................... 73
UNIDADE 12 - AGENDA 21 BRASILEIRA............................................................... 75
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 80
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UNIDADE 1 - APRESENTAÇÃO

A preocupação com os impactos ambientais decorrentes das atividades


humanas faz parte da história recente da sociedade moderna. Apesar dos avanços
conseguidos nas últimas décadas, muito ainda resta a ser feito para que consigamos
efetivamente construir um modelo de desenvolvimento sustentável. Modelo este que
contempla a necessidade de compatibilizar o desenvolvimento econômico e social
com a preservação e a recuperação ambiental.
O país, o estado e principalmente o município, têm um importante papel no
processo de gestão ambiental, na preservação do meio ambiente e no controle das
fontes de poluição no nível local. Estando mais próximo dos problemas locais, o
município é o primeiro a sentir esses impactos ambientais, sendo também onde se
apresentam as melhores condições para administrar esses conflitos e construir uma
proposta de gestão que contemple os interesses econômicos, sociais e ambientais
locais.
A Gestão Ambiental é a administração do exercício de atividades econômicas
e sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos naturais, renováveis ou
não. A gestão ambiental deve visar o uso de práticas que garantam a conservação e
preservação da biodiversidade, a reciclagem das matérias-primas e a redução do
impacto ambiental das atividades humanas sobre os recursos naturais. Fazem parte
também do arcabouço de conhecimentos associados à gestão ambiental técnicas
para a recuperação de áreas degradadas, técnicas de reflorestamento, métodos
para a exploração sustentável de recursos naturais, e o estudo de riscos e impactos
ambientais para a avaliação de novos empreendimentos ou ampliação de atividades
produtivas.
A prática da gestão ambiental introduz a variável ambiental no planejamento
empresarial, e quando bem aplicada, permite a redução de custos diretos - pela
diminuição do desperdício de matérias-primas e de recursos cada vez mais
escassos e mais dispendiosos, como água e energia - e de custos indiretos -
representados por sanções e indenizações relacionadas a danos ao meio ambiente
ou à saúde de funcionários e da população de comunidades que tenham
proximidade geográfica com as unidades de produção da empresa.

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À medida que a sociedade vai se conscientizando da necessidade de se


preservar o meio ambiente, a opinião pública começa a pressionar o meio
empresarial a buscar meios de desenvolver suas atividades econômicas de maneira
mais racional. O próprio mercado consumidor passa a selecionar os produtos que
consome em função da responsabilidade social das empresas que os produzem.
Desta forma, surgiram várias certificações, tais como as da família ISO14000, que
atestam que uma determinada empresa executa suas atividades com base nos
preceitos da gestão ambiental.
Em paralelo, o aumento da procura pelas empresas de profissionais
especializados em técnicas de gestão ambiental motivou o surgimento de cursos
superiores voltados para a formação desses profissionais, tais como Engenharia
Ambiental, Bacharelado em Gestão Ambiental e Tecnologia do Meio Ambiente.

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UNIDADE 2 – INTRODUÇÃO À GESTÃO AMBIENTAL

O termo gestão ambiental é bastante abrangente. Ele é frequentemente


usado para designar ações ambientais em determinados espaços geográficos, como
por exemplo: gestão ambiental de bacias hidrográficas, gestão ambiental de parques
e reservas florestais, gestão de áreas de proteção ambiental, gestão ambiental de
reservas de biosfera e outras tantas modalidades de gestão que incluam aspectos
ambientais.
A gestão ambiental empresarial está essencialmente voltada para
organizações, ou seja, companhias, corporações, firmas, empresas ou instituições e
pode ser definida como sendo um conjunto de políticas, programas e práticas
administrativas e operacionais que levam em conta a saúde e a segurança das
pessoas e a proteção do meio ambiente através da eliminação ou minimização de
impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento, implantação, operação,
ampliação, realocação ou desativação de empreendimentos ou atividades, incluindo-
se todas as fases do ciclo de vida de um produto.
A Conferência sobre o Meio Ambiente de Estocolmo em 1971 foi um dos
primeiros passos dados pela comunidade internacional em relação ao controle da
degradação ambiental. Esta conferência lançou um primeiro alerta, no sentido de
demonstrar ao homem que os recursos naturais do planeta são finitos e
profundamente sensíveis às suas atividades. Naquela época, pensava-se que o
principal problema seria em relação à escassez do petróleo que causaria um
colapso no modelo de desenvolvimento até então vigente.
Nas três décadas que se seguiram, houve importantes descobertas de novas
reservas de petróleo tais como as do Mar do Norte na Europa e no Oriente, mas
problemas ambientais se multiplicaram. Houve toda uma série de desastres
ambientais localizados, mas grandes proporções tais como o vazamento de petróleo
do Exxon Valdez no Alasca, o desastre nuclear de Tchernobil na Ucrânia, a tragédia
causada pelo vazamento de cianetos em Bhopal na Índia, a contaminação por
dioxina em Severo na Itália e a grande redução dos níveis de água no mar de Aral
na Rússia causados por desvio de água para irrigação em mega-projetos ligados ao
cultivo do algodão.

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Além dos desastres ambientais localizados, a biosfera tem sofrido uma


deterioração em larga escala, porém difusa, que pode ser percebida através do
gradual aumento nos níveis de gases causadores do efeito estufa (CO 2, CH4), do
gradual desaparecimento de ozônio (O3) na atmosfera. Outra questão desalentadora
relaciona-se à constatação de que praticamente todos os grandes ecossistemas
terrestres têm sofrido com a degradação ambiental. Grandes porções das florestas
temperadas na Europa (principalmente na Alemanha) estão rapidamente se
deteriorando em virtude da chuva ácida. Já as florestas tropicais são outro nítido
exemplo desta devastação em larga escala, já que estão sendo desflorestadas para
a expansão agropastoril ou pela atividade madeireira.
A degradação ambiental pode ser vista também nas grandes cidades sejam
elas no primeiro ou no terceiro mundo. Elas exibem hoje claros sinais de que é
preciso mudar, adotar um novo modelo de desenvolvimento urbano. Los Angeles
tem seu ar altamente envenenado por gases expelidos pelos milhões de veículos
que circulam continuamente pela cidade. A cidade do México e São Paulo também
apresentam problemas agudos de poluição hídrica e atmosférica. Outras cidades do
terceiro mundo tais como Manila, Calcutá ou o Rio de Janeiro apresentam índices
alarmantes de violência urbana causada pela degradação dos índices gerais de
qualidade de vida.
A Conferência sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável, a Eco
92, no Rio de Janeiro, em seu documento final, a Agenda 21, estabelece algumas
diretrizes que buscam uma rápida mudança neste panorama sombrio. Alguns
princípios:
participação da comunidade na tomada de decisões relativas à questão
ambiental seja através de associações comunitárias, seja através das organizações
não governamentais;
incentivo à cooperação internacional no campo da gestão ambiental, dado o
reconhecimento de que a problemática ligada ao meio ambiente pode ser
solucionada de modo mais eficaz através de iniciativas multilaterais;
reconhecimento do papel crucial dos empresários como importantes agentes
de transformação e melhoria das condições sociais e ambientais do planeta;

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estabelecimento de diretrizes internacionais no sentido de orientar os


governos a melhorar seu aparato legal e institucional no que concerne a gestão
ambiental dos seus recursos renováveis;
reconhecimento dos problemas ambientais enfrentados pelas nações em
desenvolvimento especialmente no que tange a perda de biodiversidade nas
florestas tropicais;
reconhecimento do impacto causado pelas nações mais ricas na degeneração
ambiental, principalmente no tocante às anomalias climáticas tais como o
enriquecimento de gás carbônico potencial causador do chamado efeito estufa e o
desaparecimento da camada protetora de ozônio em altas latitudes, especialmente
no hemisfério austral;
introdução de novas políticas educacionais visando o fortalecimento da
consciência ambiental nas populações em geral;
Apoio à atividade científica ligada à gestão ambiental, especialmente no
tocante à transferência de conhecimentos dos países ricos em direção aos países
em desenvolvimento.

Se estas novas diretrizes irão modificar - para melhor - o quadro atual de


degradação ambiental ainda é incerto. Porém, verifica-se hoje uma mudança de
atitudes em escala global. A sociedade exibe claros sinais de maior engajamento
ambiental, expresso nas mudanças de hábitos de consumo, no aumento do número
de organizações não governamentais, no crescimento do engajamento político
(listas verdes) do movimento ambientalista.

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A gestão ambiental moderna é um processo multidimensional de preservação


e melhoria contínua das condições ambientais da biosfera. Este processo (Figura 1)
envolve a participação de diferentes setores da sociedade, de todos os níveis
governamentais, dos agentes econômicos e da comunidade científica. O processo é
gerenciado e financiado pelos diferentes agentes econômicos sejam eles privados
ou estatais. A gestão ambiental baseia-se na conformidade com a legislação
ambiental que por sua vez está baseada na existência de normas e padrões
ambientais que são propostos pelo Poder Executivo e posteriormente validado pelo
Poder Legislativo. Embora o Executivo tenha, em alguns casos, o poder moderador,
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este é, em última instância, responsabilidade do Poder Judiciário. Os conhecimentos


científicos que embasam todo este processo são fornecidos pela comunidade
científica. Todo o processo é continuamente avaliado pela sociedade em geral que,
através das organizações não governamentais e por sua participação nos órgãos
colegiados ambientais nos Estados (FEAM, em Minas Gerais) e nos Municípios
(CODEMAS), pode, nos momentos adequados, se manifestar e solicitar novas
mudanças no processo.

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UNIDADE 3 - ECOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL

A gestão ambiental, no entanto, esbarra num grande obstáculo. A teoria


ecológica, base para que entendamos todo o funcionamento dos ecossistemas
encontra-se numa fase ainda muito embrionária. Os ecólogos tem uma razoável
noção da estrutura e funcionamento dos ecossistemas, mas não são capazes,
ainda, de fazer predições sobre o seu funcionamento.
Os políticos são, em essência, administradores de conflitos. Uma vez que
existem interesses conflitantes, os políticos necessitam de respostas objetivas para
instruir o mecanismo de tomada de decisões. Os ecólogos estão, no entanto,
incapacitados em fornecer tais respostas no nível de detalhamento desejado.

Vejamos um exemplo. Os ecólogos teriam enormes dificuldades em estimar


exatamente qual seria o impacto, em termos de extinções de espécies, causado por
um grande projeto na Amazônia tal como a construção de uma hidroelétrica ou um
projeto agropecuário. Quais seriam as modificações precisas em termos de

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qualidade de água em um rio após a construção de uma indústria de beneficiamento


de alimentos? Em quantos miligramas aumentaria a demanda bioquímica de
oxigênio (DBO) média do rio, após receber os efluentes desta indústria? Quais
seriam os efeitos quantitativos de diferentes metodologias de tratamento de
efluentes?
Os ecólogos podem prever que haverá uma "certa probabilidade" que
algumas espécies venham a ser extintas caso um empreendimento na Amazônia
seja efetivado ou estimar que possa haver um "aumento significativo" da DBO caso
a indústria acima mencionada seja construída.
Um eminente ecólogo alemão, prof. Dr. Wofram Bauman, da Universidade de
Mainz, em recente simpósio em Ouro preto (Deutcher Akademischer Austauch
Dienst - DAAD, workshop em setembro de 1998), afirmou que atualmente existe um
"grande débito" na pesquisa ecológica, mesmo a pesquisa de natureza estritamente
aplicada. Este débito refere-se ao fato de que os ecólogos, embora hoje estejam
aptos a manipular uma teia conceitual razoavelmente complexa, são ainda
incapazes de responder a perguntas específicas dos políticos. Esta incapacidade
gera na comunidade, sempre segundo o Dr. Bauman, os seguintes tipos de postura
científica:
enfoque "ingênuo": pesquisadores que, apesar de gozarem grande reputação
entre os colegas, realizam uma pesquisa ecológica muito superficial. É capazes de
publicar dezenas de artigos científicos, a maioria deles em periódicos de baixo a
médio impacto. O conteúdo de sua pesquisa não é minimamente capaz de fornecer
aquilo de que os políticos realmente necessitam. Na maioria dos casos, apresentam-
lhes um produto cosmeticamente elegante, mas sem qualquer robustez científica;
enfoque "fraudador": seria aquele pesquisador que, mesmo sabendo das
evidentes limitações da ciência, insiste - através de simulações e outros artifícios
matemáticos - em propor alternativas tecnológicas e respostas que, embora
herméticas e aparentemente robustas, não encontram respaldo algum na realidade
do meio ambiente. Eventualmente, ele é capaz de produzir publicações de alto
impacto, que seriam aceitas mais pela forma do que pelo conteúdo de suas
pesquisas;

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enfoque "realista": seria a postura desejável que englobasse toda a


sofisticação analítica do item (b), tivesse os olhos abertos para as perguntas
específicas dos gestores, elaborasse projetos com características tanto descritivas
quanto experimentais, dentro do compromisso de validar suas análises com a
realidade mensurável no campo.
As afirmações do Dr. Bauman evidentemente causaram um acalorado debate,
mas, mesmo se exageradas, elas talvez sirvam para que reflitamos um pouco sobre
as limitações da ecologia em resolver os problemas ambientais atuais. É preciso
também reconhecer que a ecologia está tendo uma vertiginosa evolução nas últimas
décadas e, assim como a Química no século XVIII, talvez esteja no limiar de uma
grande síntese conceitual. O problema de limitação teórica não é privativo da
ecologia. Afinal podemos traçar inúmeros paralelos entre a economia e a ecologia e
outras ciências sociais modernas. A primeira definição de Ecologia, dada pelo
naturalista alemão Ernst Haeckel, foi à ecologia como o estudo da economia da
natureza. A ecologia e a economia, por exemplo, são soft-sciences e buscam nos
modelos estatísticos empíricos os padrões e as leis maiores que ainda lhes faltam
para se transformarem em hard sciences tais como a Química ou a Física. No
entanto, não é pela falta de princípios universais que os governos irão demitir todos
os economistas que fracassarem no combate à inflação!
A gestão ambiental moderna se faz através de instrumentos de gestão que
definem papéis precisos para todos os agentes que tomam parte no processo.
Podemos definir os instrumentos de gestão em diferentes níveis:
nível governamental:
 zoneamento ambiental
 licenciamento ambiental
 auditoria ambiental
 normatização/fiscalização
 polícia ambiental
 penalização aos infratores
 criação de reservas ambientais

agentes econômicos:
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 monitoramento ambiental
 certificação ambiental
 rotulagem ambiental

ciências ambientais:
 conhecimentos científicos
 novas técnicas ambientais
 formação de pessoal
 sociedade
 participação em organizações não governamentais
 participação em colegiados dos órgãos ambientais

As ciências ambientais são muitas e podem ser tipificadas e hierarquizadas


da seguinte forma:
Núcleo Biológico:
 Ecologia e suas sub-áreas
 Eco toxicologia
 Eco fisiologia
 Hidrobiologia e Oceanografia Biológica
 Ecologia Animal e Vegetal
 Modelagem e Simulação Ecológicas
 Botânica e Zoologia e suas subáreas
 Taxonomia dos Grupos Recentes
 Fisiologia
 Biogeografia
 Microbiologia
 Biotecnologia Aplicada ao Meio Ambiente
 Biologia Molecular aplicada ao Meio Ambiente
 Genética de Microorganismos
 Bioquímica Ambiental

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Núcleo de Domínio Conexo:


 Química Orgânica
 Química Analítica
 Geociências
 Geomorfologia
 Geologia
 Pedologia
 Climatologia
 Ciências Sociais
 Economia
 Sociologia
 História

Núcleo de Ciências Aplicadas:


 Arquitetura e Urbanismo
 Engenharia Ambiental
 Saneamento
 Engenharia de Minas
 Engenharia de Processos Industriais
 Biorremediação de solos

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UNIDADE 4 - OBJETIVOS E FINALIDADES

O objetivo maior da gestão ambiental deve ser a busca permanente de


melhoria da qualidade ambiental dos serviços, produtos e ambiente de trabalho de
qualquer organização pública ou privada.
A busca permanente da qualidade ambiental é, portanto um processo de
aprimoramento constante do sistema de gestão ambiental global de acordo com a
política ambiental estabelecida pela organização.
Há também objetivos específicos da gestão ambiental, claramente definidos
segundo a própria norma NBR-ISO 14.001 que destaca cinco pontos básicos.
Além dos objetivos oriundos da norma ISO, em complemento, na prática,
observam-se outros objetivos que também podem ser alcançados através da gestão
ambiental, a saber:
gerir as tarefas da empresa no que diz respeito a políticas, diretrizes e
programas relacionados ao meio ambiente e externo da companhia;
manter, em geral, em conjunto com a área de segurança do trabalho, a saúde
dos trabalhadores;
produzir, com a colaboração de toda a cúpula dirigente e os trabalhadores,
produtos ou serviços ambientalmente compatíveis;
colaborar com setores econômicos, a comunidade e com os órgãos
ambientais para que sejam desenvolvidos e adotados processos produtivos que
evitem ou minimizem agressões ao meio ambiente.

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UNIDADE 5 - DESAFIOS DA GESTÃO AMBIENTAL NO


BRASIL

O Brasil sofreu dramáticas modificações em sua estrutura social e no


desenvolvimento regional ao longo do século XX. Em termos demográficos
experimentamos um grande crescimento populacional nos centros urbanos
particularmente nas regiões Sul e Sudeste bem como nas capitais do Nordeste. Em
termos econômicos, o país passou de exportador de produtos agrícolas para uma
economia com elevado grau de industrialização. Por outro lado, a partir dos anos
sessenta, o país abre novas fronteiras do desenvolvimento ocupando grandes
extensões territoriais no Centro Oeste, com a construção de Brasília, que provocou o
rápido desenvolvimento econômico e social desta região. A construção de rodovias
na Amazônia também modificou os fluxos migratórios internos com a ocupação
rápida de grandes áreas na Amazônia, principalmente no Pará, Mato Grosso,
Rondônia e Maranhão.

As modificações sócio-econômicas vivenciadas pelo Brasil ao longo dos


últimos 50 anos trouxeram consigo um grande passivo ambiental. Em decorrência
dos fatos acima assinalados, pode-se hoje afirmar que os principais problemas
ambientais hoje no Brasil seriam:
poluição de recursos hídricos, da atmosfera e do solo causada pelo rápido
desenvolvimento industrial e crescimento urbano;
impactos ecológicos causados pela construção de grandes barragens de
usinas hidroelétricas;
impactos ecológicos causados pela atividade de mineração de ferro, bauxita,
manganês, zinco e cobre;
desflorestamento na Amazônia;
expansão agrícola nos Cerrados;
impactos ambientais de anomalias climáticas;
impactos ambientais gerados pela expansão desordenada dos centros
urbanos.
O controle de todos os problemas citados acima começa pelo entendimento
dos aspectos institucionais e legais envolvidos com a gestão ambiental no Brasil.
Recentemente foi instituído o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA que
estabelecem precisamente quais são os instrumentos de gestão Ambiental no Brasil.

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Adicionalmente, a partir dos anos oitenta, foram promulgadas importantes leis e


normas ambientais que devem ser conhecidas pelos gestores ambientais.

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UNIDADE 6 - FUNDAMENTOS BÁSICOS DA GESTÃO


AMBIENTAL

Os fundamentos, ou seja, a base de razões que levam as empresas a adotar


e praticar a gestão ambiental são vários. Pode perpassar desde procedimentos
obrigatórios de atendimento da legislação ambiental até a fixação de políticas
ambientais que visem à conscientização de todo o pessoal da organização.

A busca de procedimentos gerenciais ambientalmente corretos, incluindo-se


aí a adoção de um Sistema Ambiental (SGA), na verdade, encontra inúmeras razões
que justificam a sua adoção. Os fundamentos predominantes podem variar de uma
organização para outra. No entanto, eles podem ser resumidos nos seguintes
básicos:

Os recursos naturais (matérias-primas) são limitados e estão sendo


fortemente afetados pelos processos de utilização, exaustão e degradação
decorrentes de atividades públicas ou privadas, portanto estão cada vez mais
escassos relativamente mais caros ou se encontram legalmente mais protegidos.

Os bens naturais (água, ar) já não são mais bens livres/grátis. Por exemplo, a
água possui valor econômico, ou seja, paga-se, e cada vez se pagará mais por esse
recurso natural. Determinadas indústrias, principalmente com tecnologias
avançadas, necessitam de áreas com relativa pureza atmosférica. Ao mesmo tempo,
uma residência num bairro com ar puro custa bem mais do que uma casa em região
poluída.

O crescimento da população humana, principalmente em grandes regiões


metropolitanas e nos países menos desenvolvidos, exerce forte consequência sobre
o meio ambiente em geral e os recursos naturais em particular.

A legislação ambiental exige cada vez mais respeito e cuidado com o meio
ambiente, exigência essa que conduz coercitivamente a uma maior preocupação
ambiental.

Pressões públicas de cunho local, nacional e mesmo internacional exigem


cada vez mais responsabilidades ambientais das empresas.

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Bancos, financiadores e seguradoras dão privilégios a empresas


ambientalmente sadias ou exigem taxas financeiras e valores de apólices mais
elevadas de firmas poluidoras.

A sociedade em geral e a vizinhança em particular está cada vez mais


exigente e crítica no que diz respeito a danos ambientais e à poluição provenientes
de empresas e atividades. Organizações não governamentais estão sempre mais
vigilantes, exigindo o cumprimento da legislação ambiental, a minimização de
impactos, a reparação de danos ambientais ou impedem a implantação de novos
empreendimentos ou atividades.

Compradores de produtos intermediários estão exigindo cada vez mais


produtos que sejam produzidos em condições ambientais favoráveis.

A imagem de empresas ambientalmente saudáveis é mais bem aceita por


acionistas, consumidores, fornecedores e autoridades públicas.

Acionistas conscientes da responsabilidade ambiental preferem investir em


empresas lucrativas sim, mas ambientalmente responsáveis.

A gestão ambiental empresarial está na ordem do dia, principalmente nos


países ditos industrializados e também já nos países considerados em vias de
desenvolvimento

A demanda por produtos cultivados ou fabricados de forma ambientalmente


compatível cresce mundialmente, em especial nos países industrializados. Os
consumidores tendem a dispensar produtos e serviços que agridem o meio
ambiente.

Cada vez mais compradores, principalmente importadores, estão exigindo a


certificação ambiental, nos moldes da ISO 14.000, ou mesmo certificados ambientais
específicos como, por exemplo, para produtos têxteis, madeiras, cereais, frutas, etc.
Tais exigências são voltadas para a concessão do “Selo Verde”, mediante a
rotulagem ambiental. Acordos internacionais, tratados de comércio e mesmo tarifas
alfandegárias incluem questões ambientais na pauta de negociações culminando
com exigências não tarifárias que em geral afetam produtores de países
exportadores. Esse conjunto de fundamentos não é conclusivo, pois os quesitos
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apontados continuam em discussão e tendem a se ampliar. Essa é uma tendência


indiscutível, até pelo fato de que apenas as normas ambientais da família ISO
14.000 que tratam do Sistema de Gestão Ambiental e de Auditoria Ambiental
encontram-se em vigor.

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UNIDADE 7 - ASPECTOS INSTITUCIONAIS E


FUNDAMENTOS SOBRE A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO
BRASIL

7.1 Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA)

O Direito Ambiental moderno faz os cidadãos saírem de um estatuto passivo


de beneficiários, fazendo-os compartilhar da responsabilidade na gestão dos
interesses da coletividade inteira. Deste modo, A Declaração do Rio de Janeiro, da
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Rio 92) em seu artigo 10
diz:" o melhor modo de tratar as questões do meio ambiente é assegurando a
participação de todos os cidadãos interessados, ao nível pertinente.
Desta forma O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA prevê uma
participação ativa da comunidade. O SISNAMA compõe-se dos seguintes órgãos
colegiados:

Conselho de Governo
Este conselho tem como competência assessorar a Presidência da República
na formulação de diretrizes de ação governamental. Ele foi instituído pela Medida
Provisória - MP 813 de 1.1.95, que vem sendo renovada em várias ocasiões.
O Conselho de Governo pode atuar em dois níveis: O Conselho de Governo e
as Câmaras do Conselho de Governo. O Conselho de Governo é composto pelos
Ministros de Estados, pelos titulares dos órgãos essenciais da Presidência da
República (Casa Civil, Secretaria Geral, Secretaria de Comunicação Social,
Secretaria de Assuntos Estratégicos e Casa Militar) e pelo Advogado-Geral da União
e será presidido pelo Presidente da República ou pelo ministro de estado chefe da
Casa Civil.

Câmara de Política dos Recursos Naturais


Esta câmara foi criada por decreto (DL 1696 de 13.11.95) e tem como
objetivo: "formular as políticas públicas e diretrizes relacionadas com os recursos
naturais e coordenar a sua implementação". A câmara é integrada por nove
ministros: Chefe da Casa Civil, Fazenda, Planejamento, Minas e Energia, Meio
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios
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21

Ambiente, Recursos Hídricos e Amazônia Legal, Agricultura, Abastecimento e


Reforma Agrária, Relações Exteriores, Ciência e Tecnologia, Indústria, Comércio e
Turismo). As ações executivas estão a cargo do Comitê Executivo desta câmara
integrado pelos secretários-executivos dos ministérios envolvidos e pelo Sub-Chefe
Executivo da Casa Civil. Representantes de outros órgãos do governo poderão ser
convidados a participar das reuniões.
A Câmara de Políticas dos Recursos Naturais tem dois objetivos: a) formular
políticas públicas e b) propor diretrizes executivas relacionadas com os recursos
naturais;
Uma observação importante refere-se ao fato que nem a sociedade civil nem
os Estados tem representação na Câmara de Políticas dos Recursos Naturais e em
seu comitê executivo. Outro ponto importante é que este conselho tem algumas
atribuições que se sobrepõem ao CONAMA e que, portanto, pode haver algum
conflito entre eles com evidente desprestígio para o segundo órgão dado à estrutura
de poder associada à Câmara de Políticas dos Recursos Naturais.

Grupo Executivo do Setor Pesqueiro – GESPE


Este conselho foi criado pelo decreto 1697 de 13.11.95. Compete ao GESPE
propor à Câmara de Políticas dos Recursos Naturais a Política Nacional de Pesca e
Aquicultura e coordenar em nível nacional a sua implementação. O GESPE é um
órgão executivo e não normativo.

Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA


A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente criou o CONAMA. A Lei 8.028/90
deu a seguinte redação para o artigo 6, II: "Órgão Consultivo e Deliberativo: o
Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, com a finalidade de assessorar,
estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais
para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua
competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente equilibrado
e essencial à sadia qualidade de vida".
Os instrumentos da política do meio ambiente são os seguintes:
estabelecimentos de padrões de qualidade ambiental;
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22

zoneamento ambiental;
avaliação de impactos ambientais;
licenciamento e auditoria ambiental;
criação de estados ecológicos e área de proteção ambiental e o sistema
nacional de informações ambientais;
cadastro técnico federal das atividades e instrumentos de defesa ambiental e
penalidades disciplinares ou compensatórias.

O CONAMA tem suas competências bem demarcadas: assessoramento do


Conselho de Governo e suas ações deliberativas. O estabelecimento de normas e
critérios para o licenciamento, como também para o estabelecimento de padrões de
controle do meio ambiente é competência do CONAMA consoante o artigo 8, I, da
Lei 6.938/81 e posteriores leis tais como o artigo 53 da Lei 8.028/90.

Fundo Nacional do Meio Ambiente – FNMA


O Fundo Nacional do Meio Ambiente-FNMA tem como objetivo desenvolver
os projetos que visem o uso racional e sustentável de recursos naturais, incluindo a
manutenção, melhoria ou recuperação da qualidade ambiental no sentido de elevar
a qualidade de vida da população. Ele foi instituído em 10.07.89 através da Lei
7.797.
As aplicações de recursos financeiros serão prioritariamente direcionadas
para as seguintes áreas:
unidades de conservação;
pesquisa e desenvolvimento tecnológico;
educação ambiental;
manejo e extensão florestal;
desenvolvimento institucional;
controle ambiental;
aproveitamento econômico racional e sustentável da flora e da fauna nativas.

Um aspecto pouco compreensível refere-se à prioridade na sua área de


atuação à Amazônia Legal, mesmo que exista a frase “sem prejuízo a outras ações
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no âmbito nacional". Este tipo de regionalismo nas ações governamentais tem


causado todo tipo de distorção e, em muitos casos, tem gerado parcialidade nas
deliberações destes órgãos. Não existe nenhuma fundamentação ecológica que
justifique ser o ecossistema amazônico mais importante ou mais valioso que os
demais ecossistemas existentes no território nacional.

Conselhos Ambientais nos Estados


Os estados também foram obrigados a criar os Conselhos Estaduais do Meio
Ambiente. Alguns exemplos:
Conselho Estadual de Proteção Ambiental - CEPRAM (Bahia): criado através da Lei
3.858 de 3.11.80;
Comissão de Política Ambiental - COPAM (Minas Gerais|): criada pela Lei 7.772 de
8.9.80;
Conselho de Tecnologia e Meio Ambiente - (Sta. Catarina): criado em 1.6.79 pelo
Decreto 7.755.
Outros conselhos estaduais serão listados mais adiante.

A questão da colegialidade
Os diferentes órgãos do SISNAMA são órgãos ambientais baseados na
colegialidade. Em princípio, a estrutura colegiada nos dá uma ideia errônea de que
eles seriam eficazes e garantiriam o interesse comum. Um colegiado para ser eficaz
depende primeiramente da clareza de suas finalidades e do dimensionamento de
suas competências. A eficiência destes órgãos vai ainda depender dos critérios de
escolha dos membros, dos requisitos exigidos aos membros, da duração do
mandato, do processamento das votações, da frequência de reuniões e do modo de
convocá-las.
Existem vários entraves impedindo o bom funcionamento destes órgãos:
a questão a serem debatidas já vem com soluções imutáveis;
ausência de obrigação de frequência dos componentes dos órgãos causando
posterior reação de insurgência contra decisões tomadas, ainda que de forma
subreptícia;
diluição de responsabilidade caso a votação seja secreta;
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ordens do dia preparadas de forma superficial e apressada;

Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal.


Este ministério foi criado pela Lei 8.490 de 19.11.92. As competências do
ministério são as seguintes:
planejamento, coordenação, supervisão e controle das ações relativas ao
meio ambiente e aos recursos hídricos;
formulação e execução da política nacional do meio ambiente e dos recursos
hídricos;
preservação, conservação e uso racional dos recursos naturais renováveis;
implementação de acordos internacionais na área ambiental.

Compõe os órgãos do Ministério


Conselho Nacional do Meio Ambiente
Conselho Nacional da Amazônia Legal
Conselho Nacional dos Recursos Naturais Renováveis
Comitê do Fundo Nacional do Meio Ambiente
Secretaria de Coordenação dos Assuntos do Meio Ambiente
Secretaria de Coordenação dos Assuntos da Amazônia Legal
Secretaria de Coordenação dos Assuntos de desenvolvimento Integrado
Secretaria de Recursos Hídricos

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –


IBAMA
O IBAMA foi criado pela Lei 7.735 de 22.2.89. A Lei 8.028/90 deu nova
redação ao artigo 2 da Lei 7.735. O IBAMA é uma autarquia federal de regime
especial, dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia
administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia
Legal. O IBAMA tem a finalidade de assessorar o citado ministério na formulação e
coordenação da política nacional do meio ambiente bem como na preservação,
conservação e uso racional dos recursos naturais.
O IBAMA surgiu da fusão de quatro organismos administrativos:
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Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA)


Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF)
Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE)
Superintendência da Borracha (SUDHEVEA).

7.2 Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente


Esta política esta embasada em novos procedimentos administrativos, a
saber:
Ação administrativa no tempo
Este preceito prevê uma contínua melhoria ou aperfeiçoamento na legislação
ambiental. A proposição de certas normas deve vencer a resistência da sociedade
principalmente se elas prevêem aumento de custos ou restrições de autonomias.
Outro ponto importante refere-se à ignorância institucional, quando muitas
repartições ou autarquias simplesmente desconhecem por completo as mais
elementares normas de boa conduta ambiental. Portanto, o aumento da degradação
ambiental está, em muitos casos, associado a um estado mau gestor dos recursos
naturais.
Direito à publicidade ambiental
A adoção do princípio da publicidade está prevista no artigo 19 da Declaração
Universal dos Direitos do Homem, que proclama o direito de receber informações e
opiniões e de divulgá-las, sem limitação de fronteiras. A divulgação pública e
preliminar dos projetos que possam trazer danos ao meio ambiente tem sido
valorizada como uma eficiente técnica de gestão ambiental.
A publicidade prévia não retira da Administração seu poder de decisão. Pelo
contrário, faz com que ela possa comunicar-se não só com quem está pretendendo
iniciar um empreendimento, mas também com aqueles que possam vir a sofrer as
consequências deste empreendimento.
A divulgação possibilita a manifestação do público, significando quase que
uma consulta aos interessados antes da decisão. Saliente-se que tal tipo de medida
não visa a marginalizar o Poder Legislativo, que interferirá normalmente na
elaboração das leis e na canalização de protestos e de outras reinvindicações.
Direito à informação ambiental

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Tal direito é peça fundamental para o exercício de uma política de meio


ambiente independente e atuante. As medidas de precaução existentes no início da
instalação de um empreendimento seriam totalmente inócuas caso fossem
sonegados ao público os dados relativos aos efluentes gerados por este
empreendimento.

Fase conciliatória
A Administração precisa ser interlocutora dos dois lados em confronto
potencial. Desta forma não é eficaz e nem ético que se negocie apenas com os
empresários. As vítimas em potencial, representadas por associações comunitárias
e outras organizações não governamentais (ONG's), devem estar presentes.
Dada à composição do CONAMA (que se espera passe a ser imitado em
todos os estados e municípios) pode o mesmo operar como agente conciliador de
interesses antagônicos. Este órgão possui, entre suas atribuições, aquela que prevê
a homologação de acordos visando à transformação de penalidade pecuniária na
obrigação de executar medidas de interesse coletivo para a preservação ambiental.

Zoneamento Ambiental
O zoneamento como definido pelo arquiteto Le Corbusier é uma opressão
feita no plano de uma cidade com a finalidade de atribuir a cada função e a cada
indivíduo seu justo lugar. O zoneamento ambiental tem, pois por finalidade o bem-
estar da população no que tange sua saúde, tranquilidade, trabalho adequado,
segurança, lazer e cultura dos valores espirituais.

Zoneamento municipal
Atualmente é dada preferência ao termo zoneamento municipal em
detrimento do termo zoneamento urbano, devido ao fato de que a divisão do
território não se restringe tão somente ao perímetro urbano e sim a toda área do
município.
A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 182, parágrafo primeiro passou
a exigir de todos os municípios com mais de 20.000 habitantes a elaborarem um
plano diretor. Uma ordenação da cidade é uma peça integrante deste plano. Os
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objetivos de tal plano seriam viabilizar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade. Neste sentido, o plano diretor deve inventariar e diagnosticar qual é a
vocação ecológica das diferentes áreas e espaços de uma cidade, quais os seus
usos e quais as limitações ao uso destes espaços.
O zoneamento ambiental de uma cidade pode avivar certos conflitos
principalmente quando se trata do controle do poder poluidor de antigos
empreendimentos. É norma constitucional de que a lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Por outro lado, não há o direito
adquirido de poluir. O direito administrativo de vários países europeus, por exemplo,
consagra o princípio de que uma dada autorização para a abertura, funcionamento
de determinado empreendimento é sempre outorgada sob-reserva de direitos de
terceiros. Outro ponto importante refere-se ao fato de que as normas de direito
público (administrativo, processual e de organização judiciária) são retroativas e
contra elas não se pode aplicar ou invocar direitos adquiridos. Assim, se sobrevier lei
nova que torne proibido, numa determinada zona, as atividades de um
empreendimento pré-existente, seus titulares ou representantes legais não tem o
direito adquirido à sua continuidade, mas terão direito subjetivo à renovação da
licença se os pressupostos de sua outorga persistir existindo.
Outro ponto conflitante refere-se ao zoneamento ambiental e o direito à
propriedade. A Constituição Brasileira estabelece uma relação da propriedade com a
sociedade (artigo 5, XXIII e artigo 170, III e VI, ambos da Constituição Federal de
1988). Inexiste juridicamente apoio para a propriedade que agrida a sociedade que
fira os direitos de outros cidadãos. Aqui temos a tese de que o direito adquirido tem
o seu preciso limite na fronteira onde seja claro que ele implique em prejuízo do
interesse coletivo.

Zoneamento Industrial
Dispositivos legais isolados nos Códigos Brasileiros (artigos 554 e 584 do
Código Civil e 271 do Código Penal e 38 da Lei das Contravenções Penais) não
conseguiram evitar que houvesse uma enorme degradação ambiental no Brasil,
principalmente a partir dos anos sessenta. Isto é o que pretende evitar o
zoneamento ambiental. As diretrizes básicas para o zoneamento ambiental no Brasil
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estão presentes na Lei 6.803/80, publicada no Diário Oficial da União em 3.7.80.


Esta foi uma das primeiras leis de importância exclusivamente ambiental aprovada
(com dificuldades) pelo Congresso Nacional. Esta lei juntamente com a criação da
Secretaria Especial do Meio Ambiente -SEMA em 1973 e os Decretos Leis de
1.413/75 e 76.389/75 sela o efetivo engajamento do Poder Público na preservação
do meio ambiente no Brasil.
A lei do zoneamento industrial prevê em seu artigo 10, parágrafo 2 e 3 que
somente deverá haver estudos de impacto ambiental nos casos de pólos
petroquímicos, cloro químicos, carboquímicas bemo como instalações nucleares e
outros caos definidos em lei.
O Decreto 76.389/75 estabeleceu as áreas críticas de poluição no Brasil: as
regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife,
Salvador, Porto Alegre, Curitiba, região de Cubatão e de Volta Redonda, bacias
hidrográficas do médio e baixo Rio Tietê, do Rio Paraíba do Sul, do rio Jacuí e
estuário do Guaíba, todas as bacias hidrográficas de Pernambuco e de Santa
Catarina. As zonas destinadas à instalação de novas indústrias nas áreas acima
devem seguir novos preceitos legais. Este decreto tem a limitação de não prever as
normas para outras áreas que não as de estado crítico de poluição.
A Lei do zoneamento industrial (Lei 6.803/80) prevê que a implantação das
novas indústrias deva se dar dentro dos limites das zonas industriais exceto nos
casos quando as indústrias dadas as suas características tenham que ser alocadas
próximo às fontes de matéria prima e indústrias que por interesse público pretendam
instalar-se fora das zonas industriais. A lei federal deixou para a esfera municipal a
instituição do zoneamento urbano.

Características das zonas industriais


Zona de uso estritamente industrial - o artigo 2 define as zonas de uso
estritamente industrial como aquelas destinadas à localização de estabelecimentos
industriais cujos resíduos sólidos, líquidos, gasosos, ruídos, vibrações, emanações e
radiações possam causar perigo ao bem-estar e à segurança das populações,
mesmo após a aplicação de métodos adequados ao controle e tratamento de
efluentes nos termos da legislação vigente.
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A área de uso estritamente industrial devem ter as seguintes características:


elevada capacidade de assimilação de efluentes e proteção ambiental;
boa infraestrutura de serviços básicos necessários ao seu funcionamento,
segurança e manutenção;
anéis de vegetação capazes de tamponar os possíveis impactos me áreas
adjacentes.

Não poderão existir nestas áreas escolas, hospitais e áreas residenciais.


Havendo ação judicial, o primeiro a ser responsabilizado será o Poder Público que
autorizou a instalação (inadequada) de atividades não essenciais que estejam
sofrendo os prejuízos da poluição.
Zona de uso predominantemente industrial - estas áreas são previstas
para indústrias cujos processos, submetidos a métodos adequados de controle e
tratamento adequado de efluentes, não causam incômodos sensíveis às demais
atividades urbanas e nem perturbam o repouso das populações. Nesta zona podem
ainda serem registrados efeitos da poluição que, no entanto, não poderão causar
incômodos apreciáveis ou manifestos, principalmente no que diz respeito ao repouso
noturno.
Zona de Uso Diversificado - nestas zonas, as atividades não exigem o uso
de métodos especiais de controle, não gerando qualquer tipo de dano para a saúde,
bem-estar e a segurança das populações.
Zona de Reserva Ambiental - tais zonas são constituídas por áreas em que,
“por suas características culturais, ecológicas, paisagísticas ou pela necessidade de
preservação dos mananciais e proteção de áreas especiais ficará vedada a
localização de estabelecimentos industriais". A Lei 6.803/80 não definiu o que sejam
áreas especiais. Posteriormente a Lei 6.902/81 previu mais detalhadamente o que
seriam a área de proteção ambiental, onde as seguintes atividades deveriam ser
proibidas:
A implantação e funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras,
capazes de afetar os mananciais de água;
realização de obras de terraplanagem e a abertura de canais quando essas
iniciativas causarem impacto ecológico sensível;
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exercício de atividades que impliquem em erosão ou assoreamento


acelerados;
atividades que impliquem em risco de extinção de espécies da biota regional.

Relocalização de indústrias poluidoras


A transferência de atividade poluidora possibilitada pelo artigo primeiro,
parágrafo terceiro e incentivada pelo direito de condições especiais de financiamento
(artigo 12, parágrafo único) poderá trazer bons resultados. Não se trata de exportar
o problema, mas de simplesmente possibilitar a aplicação de métodos adequados de
controle e tratamento de efluentes aliviando uma área de grande saturação. A
atividade econômica não sofrerá paralização e de outra parte quanto ao aspecto
social não haverá desempregos ainda que haja necessidade de transferência de
residência dos empregados.

Estudos de Impacto Ambiental – EIA


O estudo de impacto ambiental é um dos instrumentos da Política Nacional do
Meio Ambiente (artigo 9, III da Lei Federal 6.938 de 31.8.81). O estudo de impacto
ambiental deve terminar com uma avaliação de juízo de valor, ou seja, uma
avaliação favorável ou desfavorável ao projeto.
Uma das coisas mais importantes e pouco conhecidas do EIA refere-se ao
fato de que o estudo de impacto ambiental é um procedimento público. Isto quer
dizer que ele não é um estudo privado efetuado por uma equipe multidisciplinar sob
encomenda do proponente do projeto (artigos, 5, parágrafo único, 6, parágrafo único
e 11 parágrafos únicos, todos da Resolução 01/86 do CONAMA e Resolução 06/86 -
modelos 1 e 2).
A Constituição Brasileira preceitua que: "para assegurar a efetividade desse
direito (ao meio ambiente ecologicamente equilibrado), incumbe ao Poder Público:
exigir, na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade" (artigo 225, parágrafo 1, IV). Este
mandamento constitucional chama a atenção para quatro pontos:

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o estudo de impacto ambiental deve ser anterior à autorização da obra e/ou


autorização da atividade;
o estudo de impacto ambiental deve ser exigido pelo Poder Público;
a norma constitucional diferencia instalação da obra e funcionamento de
atividade. Estudos de impacto ambiental podem ser exigidos para ambos os casos;
os estudos de impacto ambiental têm como uma de suas características a
obrigatoriedade da publicidade, sem prejuízo da manutenção do segredo industrial.
Os estudos de impacto ambiental foram incorporados em diversas
constituições estaduais tais como a do Amazonas, Ceará e Paraná.

Diferença entre Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental


Existe certa confusão no meio especializado sobre o significado destes
termos. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA) apresentam algumas diferenças. O EIA é de maior abrangência e o RIMA
está -na realidade- integrado ao EIA.
O EIA deve conter os seguintes tópicos:
levantamento da literatura científica e legal pertinente;
dados sobre os trabalhos de campo;
análises de laboratório
relatório de impacto ambiental (RIMA).

A resolução 01/86 do CONAMA em seu artigo nono diz que o RIMA refletirá
as conclusões do EIA, ficando claro que o EIA precede o RIMA, sendo o seu
alicerce. A RIMA transmite - por escrito - as atividades totais do EIA. Dissociado do
EIA, o RIMA perde a validade e passa a ser uma peça de ficção.
O EIA/RIMA criam uma vinculação entre o Poder Público e a equipe
interdisciplinar que os gerou. No caso do Poder Público dispuser de informações que
sejam essenciais a boa consecução do complexo EIA/RIMA, está o Poder Público
obrigado a repassar estas informações para a equipe multidisciplinar. Por outro lado,
não é dado ao Poder Público o poder de dispensar qualquer uma das partes
integrantes de um EIA.

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Um ponto importante do EIA refere-se à abrangência geográfica dos impactos


a serem gerados. O artigo 5, III, da Resolução 01/86 do CONAMA aponta, contudo,
uma referência geográfica inarredável do estudo de impacto ambiental: a bacia
hidrográfica na qual se situará o projeto. Neste caso, a abrangência dos impactos
pode eventualmente transcender não só os limites do município, e também os limites
do estado da federação e até mesmo as fronteiras nacionais. Neste caso diferentes
esferas administrativas precisam necessariamente ser notificadas e tornando-se
assim coparticipes do processo de licenciamento ambiental.
A Resolução 01/86 do CONAMA prevê ainda que o EIA deve contemplar
todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as com
a hipótese de não executar o projeto. Este tópico obedece ao Decreto Federal
99.274/90 que prevê que o EIA deve conter a descrição da ação proposta e suas
alternativas. A Resolução 01/86 ainda determina que o EIA deva considerar os
planos e programas governamentais, propostos ou em implantação na área de
influência do projeto, e sua compatibilidade. Eventuais incompatibilidades entre o
projeto e os programas governamentais devem ser claramente expostas em um EIA.
O EIA não só identifica e avalia os impactos negativos de um projeto para o
ambiente. Deve testar e indicar medidas de correção ou mitigação desses impactos.
A Resolução 01/86 prevê a adoção de medidas compensatórias em virtude de
determinado dano ambiental. A Resolução CONAMA 02/96 trata mais amplamente
da reparação a danos ambientais (destruição de florestas). Esta reparação será feita
pela implantação de uma unidade de conservação de domínio público e uso indireto,
preferencialmente uma estação ecológica, a critério do órgão licenciador, ouvido o
empreendedor.
A Resolução 01/86 do CONAMA prevê que as despesas do acompanhamento
e monitoramento dos impactos devem correr por conta do proponente do projeto. No
entanto, a Resolução diz que não pode o empreendedor apresentar um RIMA ao
órgão ambiental sem que este previamente tivesse conhecimento de sua
elaboração. A equipe interdisciplinar deve ser habilitada, não dependente direta ou
indiretamente do proponente e será responsável tecnicamente pelos resultados
apresentados.

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A participação do público é um dos mais importantes aspectos. O público


pode até não se manifestar, mas não se concebe um EIA sem a possibilidade de
serem emitidas opiniões de pessoas e entidades que não sejam o proponente, a
administração e a equipe multidisciplinar. O artigo 11 da Resolução 01/86 do
CONAMA diz que o RIMA será acessível ao público respeitado o sigilo industrial, se
este for solicitado pelo proponente.

Audiência Pública
A audiência pública foi disciplinada pela Resolução CONAMA 09/87. Ela tem
por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e o do
RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes críticas e sugestões a respeito.
Não somente o RIMA, mas o próprio EIA deve ser analisado em audiência pública.
A audiência tem uma interação de mão dupla: o órgão público passa
informações para o público e o público passa informações para a administração. A
resolução 09/87 não prevê a exposição da equipe multidisciplinar, como também do
empreendedor, mas suas intervenções caso sejam requeridas não poderão ser
interditadas. As audiências somente são obrigatórias nos estados cujas legislações
assim o previram. Alguns destes estados são: São Paulo, Mato Grosso, Goiás.

O papel da Administração no EIA


O Estudo de Impacto Ambiental visa principalmente orientar a decisão da
Administração pública. O órgão público ambiental será o canal de comunicação
entre o proponente do projeto (e a equipe multidisciplinar) e o público em geral. O
órgão público tem o poder de requisitar informações para uso próprio bem como
para transferi-las a qualquer uma das partes. É dever de o órgão público ambiental
realizar a verificação - em profundidade- da qualidade e da pertinência do EIA/RIMA.
Os servidores públicos lotados nos órgãos ambientais são obrigados a exigir
o EIA nos casos previstos em lei. Adicionalmente eles responderão objetivamente
pelos danos causados por um EIA mal conduzido que implique em danos mesmo no
caso desta decisão estar baseada em EIA. Neste caso, a equipe multidisciplinar
também responderá sob a modalidade subjetiva ou culposa.

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A Resolução 01/86 do CONAMA prevê que a Administração Ambiental possa


formular diretriz a serem seguidas pela equipe multidisciplinar. É dever de o órgão
público impugnar a participação de pessoa não habilitada e/ou não inscrita no
Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental. A
administração ambiental deve mostrar-se aberta à participação do público nesse
procedimento. Este procedimento administrativo na realidade é o que vai garantir o
sucesso ou o fracasso do EIA.
De um modo geral, o EIA deve anteceder a concessão da licença-prévia para
o empreendimento. Esta licença não gera direitos ao requerente. Ela não implica em
um engajamento definitivo da Administração Pública com o empreendimento. Se o
projeto comportar um EIA, qualquer decisão da Administração antes do RIMA é nula
e esta nulidade pode ser pronunciada seja pela própria Administração seja pelo
Poder Judiciário.
O artigo 6 da Resolução 01/86 do CONAMA prevê que o EIA deve conter uma
elaboração de programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos
positivos e negativos indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.
As fases posteriores ao licenciamento (monitoramento, por exemplo) não
devem ser transformadas em um salvo-conduto para a poluição e destruição da
biota. O monitoramento tem a finalidade de verificar a adequabilidade das medidas
sugeridas pelo EIA antes do licenciamento.

7.3 Licenciamentos Ambientais


O termo licença tem grande expressão jurídica uma vez que a licença teria o
poder de outorga de um direito a aquele que a possui, ao passo que a autorização
seria o termo mais adequado quando se trata de permitir a operação de um
estabelecimento potencialmente gerador de poluição ou degradação ambiental. No
entanto, segundo Machado (1998), os termos licença e autorização são utilizados no
Direito Brasileiro sem rigor técnico. Assim devemos considerar que o sistema de
licenciamento ambiental como sendo o equivalente ao sistema de autorizações
ambientais, conforme entendeu o texto constitucional.
As normas e os critérios gerais para o licenciamento ambiental devem ser
estabelecidos pelo CONAMA. O Decreto 88.351/83 estabelece em seu artigo 20 que

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“O Poder Público no exercício de sua competência de controle expedirá as seguintes


licenças":
Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento da atividade,
contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação
e operação, observados os planos municipais, estaduais e federais de uso do solo;
Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação, de acordo
com as especificações constantes do projeto executivo aprovado;
Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações necessárias, o
início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle
de poluição, de acordo com o que estiver previsto nas LP e LI.

O zoneamento e o licenciamento ambiental incluindo suas posteriores


revisões são instrumentos da Política Ambiental segundo a Lei de Política Nacional
do Meio Ambiente (artigo 9, IV).
Os padrões de qualidade previstos para o meio receptor de efluentes (água,
ar e solo) devem ser confrontados com as normas federais estabelecidas pelo
CONAMA (vide abaixo). É muito importante notar que a legislação é muito clara: não
importa que a atividade por si só gerasse resíduos que não ultrapassem algum dos
limites previstos. Se o lançamento da carga poluidora fizer ultrapassar os padrões de
qualidade em qualquer uma das alíneas (como frequentemente ocorre com a
demanda bioquímica de oxigênio e a condutividade elétrica nos efluentes líquidos ou
com os teores de sólidos em suspensão como ocorre nos efluentes gasosos), a
atividade deve ser indeferida, ou seja, o órgão público estará impedido de conceder
ou renovar a autorização de funcionamento.
Resta ainda estabelecer que o órgão público ambiental tenha o dever legal de
examinar o projeto apresentado para verificar se as normas de emissão serão ou
tem sido respeitada. Estará o requerente incorrendo em crime de falsidade
ideológica se informar falsamente a autoridade ambiental sobre as emissões
geradas pelo empreendimento.
O órgão público ambiental não está livre para expedir autorização de
funcionamento mesmo no caso de inexistir norma de emissão para determinado tipo
de efluente. Neste caso, a Administração Pública deve analisar o pedido de
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autorização - com maior rigor ainda - sempre dentro dos bons princípios ecológicos
que garantam a inexistência de dano ambiental.
A Lei 6938/81, ao prever a revisão do licenciamento ambiental, indica que
este não tem validade indeterminada. As atividades licenciadas não podem ser
mudadas, ou seja, os processos indústrias ou manufatureiros não podem ser
alterados com prejuízo ao meio ambiente no espaço temporal da autorização. Por
outro lado, o órgão ambiental não deve contentar-se com licenciamentos que
tenham sido comprovadamente danosos ao meio ambiente, e deve agir no sentido
de que tais medidas sejam revogadas e o problema seja corrigido o mais
rapidamente possível. Tal postura evita com que os órgãos ambientais sofram uma
grande pressão corruptora.
Os estados da federação necessitam de legislação própria no que se refere
ao licenciamento ambiental. Em Mato Grosso, por exemplo, existem normas
específicas para a instalação de empreendimentos na área do Pantanal
Matogrossense. Em Minas Gerais, a Comissão de Política Ambiental, COPAM
enfrenta o problema da atividade minerária enquanto que na Amazônia existe o
problema do corte ilegal de madeira de lei.
Seguem abaixo alguns órgãos de licenciamento ambiental nos estados
brasileiros:
Goiás: Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMAGO;
Maranhão: Conselho Estadual de Controle e Preservação do Meio Ambiente -
CEPRAM;
Mato Grosso do Sul: Conselho Estadual de Controle Ambiental - CECA;
Minas Gerais: Comissão de Política Ambiental - COPAM;
Paraná: Superintendência dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente -
SUREHMA;
Pernambuco: Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos - CPRH;
Rio de Janeiro: Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente –
FEEMA.

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7.4 Auditoria Ambiental


Auditoria ambiental é o procedimento de exame e avaliação periódica ou
ocasional do comportamento de uma empresa em relação ao meio ambiente
(Machado, 1998). Segundo Braile (1992), recentemente passou-se a utilizar a
auditoria ambiental conjuntamente ao RIMA. No comitê europeu das Nações Unidas
(UNECE) existem quatro tipos de auditorias numa análise pós-projeto com a maneira
de avaliar a exatidão de um RIMA:
auditoria de implementação: visa a garantir a implementação de medidas
mitigadoras recomendadas pelo EIA/RIMA;
auditoria de desempenho: objetiva a verificar os procedimentos gerenciais
estabelecidos visando ao bom desempenho ambiental;
auditoria dos impactos do projeto: visa a identificar as alterações ambientais
ocorridas após a fase de construção do projeto;
auditoria de previsão de impacto: compara os impactos atuais com aqueles
previstos pelo EIA/RIMA.

No Brasil existem dois tipos de EIA: o estudo ambiental prévio à instalação e


o estudo antes da instalação ou licença de funcionamento. A auditoria será sempre
posterior ao estudo prévio, devendo avaliar se as orientações contidas neste estudo
estão sendo observadas e se os métodos de controle ambiental são eficazes.
Evidentemente poderá surgir à oportunidade em que uma auditoria ambiental seja
conduzida antes do EIA de instalação, podendo mesmo algumas de suas
conclusões serem utilizadas neste segundo EIA.
A auditoria ainda tem sido pouco usada pela maioria dos estados da
federação, excluindo-se talvez o estado do Rio de Janeiro. Ali as auditorias são
obrigatórias em alguns tipos de empreendimentos tais como refinarias de petróleos e
áreas portuárias. No entanto, pode-se prever que a adoção de auditorias ambientais
deve aumentar muito nos outros estados da federação principalmente porque esse
procedimento dará uma nova dimensão na intervenção do órgão público de meio
ambiente.
O processo de auditoria depende basicamente da existência de registros
confiáveis no que tange ao monitoramento ambiental. Este monitoramento pode ser

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realizado pela própria empresa ou pelo órgão ambiental em uma eventual ação
fiscalizadora.
A existência de uma auditoria ambiental não deve suspender as ações
fiscalizadoras de rotina do órgão ambiental, tais como as inspeções ambientais.
Caso contrário, ficaria evidente que existe por parte da administração uma inércia
fiscalizadora, devendo os servidores públicos responsável responder judicialmente
caso sejam constatados danos à fauna e flora decorrentes da inexistência desta
ação fiscalizadora rotineira.
O princípio básico da auditoria ambiental está na grande liberdade de sua
realização. Deste modo elas não devem ser obrigatórias nem rotineiras, mas por
outro lado elas não devem ser episódicas. Aconselha que elas sejam repetidas
dentro de determinados prazos que a boa prática da gestão ambiental recomendar.
O órgão público deve, no entanto, elaborar um termo de referência onde seja
disciplinado o uso deste tipo de instrumento.
No caso da certificação ambiental pela norma ISO 14001, a própria empresa
toma a inciativa da auditoria ambiental, realizando as auditorias voluntárias que
estão fora do controle dos órgãos públicos e visam a obter um certificado ambiental,
que é um tipo de credenciamento de qualidade para o empreendimento.
O auditor ou a equipe de auditores devem merecer amplo reconhecimento
profissional em matéria de gestão do ambiente bem como dispor de grande
familiaridade com as questões técnicas ligadas ao meio ambiente não só aquelas
ligadas à ecologia, mas também aos diferentes aspectos legais pertinentes.
O empreendedor ou a empresa auditada podem voltar-se regressivamente
aos auditores caso a tenham aconselhado com negligência, imperícia, imprudência
ou dolo.

7.5 Sistemas Nacionais de Gerenciamento de Recursos Hídricos


O conjunto de órgãos e entidades que atuam na gestão de recursos hídricos
no Brasil é chamado de Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
(Lei 9.433/97).
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos tem os
seguintes objetivos:

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coordenar a gestão integrada das águas;


arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos
hídricos;
programar a Política Nacional dos Recursos Hídricos;
planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos
recursos hídricos;
promover a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.

A existência deste sistema não permite que os Estados organizem a cobrança


pelos diferentes usos da água sem a implementação das Agências de Águas e a
instituição dos Comitês de Bacias Hidrográficas.
O Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos é composto
pelos seguintes elementos:
Agências de Águas;
Comitês de Bacias Hidrográficas;
Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e
Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

Estes elementos estão ligados por laços de hierarquia e cooperação. O


arbitramento dos conflitos não será feito somente pelo Poder Judiciário, mas passa a
ter instâncias anteriores dentro do próprio Sistema Nacional de Gerenciamento dos
Recursos Hídricos.

Conselho Nacional dos Recursos Hídricos


O Poder Federal terá a maioria dos elementos votantes neste conselho. Ele
tem as seguintes competências ditadas por 11 incisos do artigo 35 da Lei 9.433/97
(oitavo inciso foi vetado pelo Presidente da República). Abaixo segue um resumo
sobre estas competências:
o Conselho promoverá a articulação do planejamento de recursos hídricos
nas diferentes esferas administrativas;
arbitragem dos conflitos entre os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;

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deliberação sobre projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas


repercussões extrapolem o âmbito estadual;
deliberação sobre questões encaminhadas pelos Conselhos Estaduais;
análise de propostas sobre alteração na legislação pertinente ao uso de
recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos;
estabelecimento de diretrizes complementares para a implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos;
aprovação de propostas para a instituição de Comitês de Bacias, bem como
estabelecimento de critérios gerais para a elaboração dos seus regimentos;
vetado (justificativa: este inciso iria criar conflitos com o setor elétrico);
acompanhamento da execução do Plano Nacional de Recursos Hídricos;
estabelecimento de critérios gerais para a outorga de direitos de uso de
recursos hídricos e para a cobrança por seu uso;
autorizar a criação das Agências de Águas.

Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos


A Lei 9.433/97 estabelece em seu artigo 35 que os Conselhos Estaduais têm
competência para deliberar sobre as "acumulações, derivações, captações e
lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de
outorga de direitos de uso de recursos hídricos". A maioria das normas que irão
estruturar os Conselhos Estaduais não está inserida na Lei retromencionada. Os
Estados serão os responsáveis para definir as competências destes Conselhos,
observando, contudo, que tais competências devem estar de acordo com as
competências dos outros órgãos do Sistema Nacional, bem como com os Comitês
de Bacia Hidrográfica e as Agências de Águas.
Os Conselhos Estaduais deverão autorizar a criação das Agências das Águas
em bacias de rios de domínio estadual. Entretanto, ele não tem a missão de fazer o
enquadramento dos corpos de água em classes. Isto cabe ao órgão estadual do
Meio Ambiente.

Comitês de Bacias Hidrográficas

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Existem dois tipos de comitês: (a) o comitê estadual de bacia quando a bacia
é restrita a um estado e (b) o comitê federal de bacia para os casos de rios da
União. No caso dos comitês federais, eles deverão ser criados por ato do Presidente
da República. Os comitês de bacias estaduais serão aprovados pelo Conselho
Nacional.
Os Comitês de Bacias Hidrográficas terão como área de atuação:
a totalidade de uma bacia hidrográfica;
sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia ou de
tributário desse tributário;
grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.

Os três incisos do artigo 37 retratam cinco tipos de comitês:


comitês de uma bacia hidrográfica;
comitê de sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da
bacia;
comitê de tributário de tributário do curso principal da bacia;
comitê de grupo de bacias contíguas;
comitê de sub-bacias contíguas.

Os Comitês de Bacias Hidrográficas serão compostos por representantes:


da União;
dos Estados e do DF cujos territórios se situem ainda que parcialmente em
suas áreas de atuação;
dos municípios situados no todo ou em parte em sua área de atuação;
dos usuários de sua área de atuação; V- das entidades civis de recursos
hídricos com atuação comprovada na bacia (artigo 39 da Lei 9.433/97).

Os usuários poderão ser escolhidos entre pessoas físicas ou jurídicas de


direito privado ou de direito público. As competências dos Comitês foram inseridas
no artigo 38 da Lei 9.433/97 em nove incisos abaixo sumarizados (o inciso VIII foi
vetado pelo Presidente):

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promoção de debates sobre questões relacionadas ao uso de recursos


hídricos e articular a atuação de entidades intervenientes;
arbitragem em primeira instância dos conflitos relacionados ao uso dos
recursos hídricos;
aprovação do Plano de Recursos Hídricos da Bacia;
acompanhamento da execução do Plano de Recursos Hídricos da Bacia;
proposição aos Conselhos Estaduais e Federais as acumulações, derivações,
captações e lançamentos de pouca expressão para efeito de isenção da
obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos;
estabelecer mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir
os valores a serem cobrados;
aprovar o plano de aplicação de recursos arrecadados com a cobrança pelo
uso de recursos hídricos;
autorizar a aplicação, fora da respectiva bacia hidrográfica, dos recursos
arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em montantes que
excedem o previsto pelo parágrafo 3 do artigo 22 da Lei 9.433/97 (inciso vetado pelo
Presidente da República);
estabelecimento de critérios e promoção do rateio de custo de obras de uso
múltiplo, de interesse comum ou coletivo.

Agências de Águas
O termo agência é novo no direito brasileiro. Uma das características
essenciais deste órgão refere-se em sua autonomia financeira. As agências não
podem ser sustentadas financeiramente pela União, Estados ou Municípios. As
Agências de Águas fazem parte do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos. Elas são fundações de direito privado. A Lei 9.433/97, em seu
artigo 53, ressalta que a implementação das Agências de Água se dará após a
promulgação de lei específica, o que ainda não aconteceu. A Lei 9.433/97 apenas
fornece algumas características gerais da Agência (artigo 44).
As Agências de Águas terão por finalidade básica a cobrança pelo uso dos
recursos hídricos em sua área de atuação. Outra importante função das Agências
refere-se à elaboração do Plano de Recursos Hídricos (artigo 44, I, II, VII e IX a Lei
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9.433/97). Elas ainda devem atuar na manutenção do balanço atualizado da


disponibilidade de recursos hídricos em suas áreas de atuação. As Agências de
Água deverão também manter um cadastro atualizado dos usuários e promover os
estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos a ela comissionados.
As Agências de Águas, embora sendo entidades de direito privado, não estão
livres do controle do Estado. Elas serão fiscalizadas pelo Tribunal de Contas da
União e pelo Ministério Público Federal quando sua área de atuação abranja rios da
União. Nos outros casos, a fiscalização dependerá de lei Estadual específica.
A Lei 9.433/97 prevê que os consórcios e associações intermunicipais de
bacias hidrográficas poderão ter o exercício transitório da competência das Agências
enquanto elas não forem constituídas (art. 47 Lei 9.433/97).
As linhas gerais das atividades financeiras da Agência das Águas foram
estabelecidas no artigo 44 da Lei 9.433/97:
efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos
hídricos;
analisar e emitir pareceres sobre projetos e obras a serem financiados com
recursos gerados pela cobrança pelo uso dos recursos hídricos e encaminhá-los à
instituição financeira responsável pela administração destes recursos. O
financiamento de projetos e obras deve estar incluído no Plano de Recursos
Hídricos, sem o que não é possível o financiamento;
acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a
cobrança pelo uso dos recursos hídricos;
celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de
suas competências;
elaborar a sua proposta orçamentária;
propor valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos;
propor o plano de aplicação de recursos arrecadados com a cobrança pelo
uso de recursos hídricos;
propor o rateio de curso das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou
coletivo.

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Resta ainda aguardar a aprovação do anteprojeto sobre as Agências de


Águas para que se possa ter uma ideia mais clara do detalhamento das atribuições
acima descritas.

7.6 Bases Legais Para a Gestão Ambiental no Brasil


O Brasil dispõe de um corpo de leis voltadas para o meio ambiente que pode
ser considerado de alta qualidade e que, se efetivamente implementado nas
diferentes esferas do poder, pode garantir boa qualidade do meio ambiente. As
principais leis federais que estabelecem os fundamentos jurídicos da legislação
ambiental no Brasil são dadas a seguir:
LEI N. 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965 Institui o código florestal no
Brasil. A lei estabelece que as florestas existentes no território nacional e as demais
formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de
interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de
propriedade, com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei
estabelecem.
LEI Nº 5.197, DE 3 DE JANEIRO DE 1967 dispõe sobre a proteção à fauna.
Essa lei estabelece que os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu
desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna
silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do
Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha.
LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981 dispõe sobre a Política Nacional
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Esta Lei,
com fundamento no art. 8º, item XVII, alíneas c, h e i, da Constituição Federal,
estabelecem a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente, cria o
Conselho Nacional do Meio Ambiente e institui o Cadastro Técnico Federal de
Atividades e instrumentos de Defesa Ambiental.
A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente define a poluição da seguinte
forma: “a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
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criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;


afetem desfavoravelmente a biota;
afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.
LEI Nº 7.797, DE 10 DE JULHO DE 1989 cria o Fundo Nacional de Meio
Ambiente. O Fundo Nacional de Meio Ambiente tem o objetivo de desenvolver os
projetos que visem ao uso racional e sustentável de recursos naturais, incluindo a
manutenção, melhoria ou recuperação da qualidade ambiental no sentido de elevar
a qualidade de vida da população brasileira.
DECRETO N° 750, DE 10 DE FEVEREIRO DE 1993 dispõe sobre o corte, a
exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio
de regeneração da Mata Atlântica, e dá outras providências.
LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997 Institui a Política Nacional de
Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art.
1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de
dezembro de 1989. Os fundamentos dessa lei são:
 a água é um bem de domínio público;
 a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
 em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o
consumo humano e a dessedentarão de.
 animais;
 a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas;
 a bacia hidrográfica e a unidade territorial para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos;
 a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

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Lei 9.605 LEI Nº 9.605, DE 12 FEVEREIRO DE 1998, a lei dos crimes


ambientais, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências(dos
crimes ambientais). Essa lei é uma ferramenta de cidadania. Os órgãos ambientais e
o Ministério Público passaram a contar com um instrumento que lhes garantirá
agilidade e eficácia na punição dos infratores do meio ambiente. A Lei traz
novidades no sentido de que ela não somente trata de punir severamente quem
causa danos ao meio ambiente. Ela dá possibilidade ao infrator de recuperar o dano
ou pagar de outra forma sua dívida com a sociedade.
LEI Nº 9.985, DE 18 DE JUNHO DE 2000 regulamenta o art. 225, § 1º, incisos
I, II, III, e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e dá outras providências. Esta Lei institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC estabelece critérios e
normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação.

As normas do CONAMA estabelecem a diferentes classes de qualidade de


água bem como do ar.

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UNIDADE 8 - NECESSIDADE E IMPORTÂNCIA DA GESTÃO


AMBIENTAL PARA A EMPRESA

Por danos e efeitos ambientais possíveis de ocorrerem durante o ciclo de vida


do produto compreendem-se todos os impactos sobre o meio ambiente, inclusive a
saúde humana, decorrentes da obtenção e transporte de matérias-primas, da
transformação, ou seja, a produção propriamente dita, da distribuição e
comercialização, do uso dos produtos, da assistência técnica e destinação final dos
bens.
Devemos salientar que a empresa é a única responsável pela adoção de um
SGA e, por conseguinte de uma política ambiental. Só após sua adoção, o
cumprimento e a conformidade devem ser seguidos integralmente, pois eles
adquirem configuração de “sagrados”. Portanto, ninguém é obrigado a adotar um
SGA e/ou Política Ambiental; depois de adotados, cumpra-se o estabelecido sob
pena da organização cair num tremendo descrédito no que se refere às questões
ambientais.

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UNIDADE 9 – INALIDADES BÁSICAS DA GESTÃO


AMBIENTAL E EMPRESARIAL

Servir de instrumentos de gestão com vistas a obter ou assegurar a economia


e o uso racional de matérias-primas e insumos, destacando-se a responsabilidade
ambiental da empresa:

Orientar consumidores quanto à compatibilidade ambiental dos processos


produtivos e dos seus produtos ou serviços;
Subsidiar campanhas institucionais da empresa com destaque para a
conservação e a preservação da natureza;
Servir de material informativo a acionistas, fornecedores e consumidores para
demonstrar o desempenho empresarial na área ambiental;
Orientar novos investimentos privilegiando setores com oportunidades em
áreas correlatas;
Subsidiar procedimentos para a obtenção da certificação ambiental nos
moldes da série de normas ISO 14.000;
Subsidiar a obtenção da rotulagem ambiental de produtos.

Os objetivos e as finalidades inerentes a um gerenciamento ambiental nas


empresas evidentemente devem estar em consonância com o conjunto das
atividades empresariais. Portanto, eles não podem e nem devem ser vistos como
elementos isolados, por mais importantes que possam parecer num primeiro
momento. Vale aqui relembrar o trinômio das responsabilidades empresariais:
Responsabilidade ambiental;
Responsabilidade econômica;
Responsabilidade social.

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UNIDADE 10 - CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL: NORMA ISO 14


001 (SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL)

10.1 A Preocupação Ambiental


Após a Conferência de Estocolmo, no início da década de setenta, e a partir
do estabelecimento dos princípios do Desenvolvimento Sustentável, a questão
ambiental passa a ocupar uma posição de destaque nas agendas governamentais.
Esta mudança de postura possibilitou a adoção de regulamentações e legislações
cada vez mais rígidas no intuito de melhorar e preservar o meio ambiente. No
entanto somente após a Conferência do Rio de Janeiro sobre o Meio ambiente e
Desenvolvimento, a ECO'92, a questão ambiental ganhou grande relevância em
todos os segmentos da sociedade com o efetivo engajamento de Organizações Não
Governamentais (ONG's) e agremiações político-partidárias (partidos verdes) que
passaram a fiscalizar e pressionar não somente as empresas, mas também o poder
público a adotar atitudes ambientalmente corretas.
A Agenda 21, documento final da ECO '92, (re)define o Desenvolvimento
Sustentável orientando políticos e líderes dos países a usar os recursos ambientais
de maneira a atender às necessidades das populações atuais e das gerações
futuras. Princípios básicos do Desenvolvimento Sustentável:
viver com recursos da Terra, cuidando para a sua preservação e uso por
gerações futuras;
manter o consumo de recursos renováveis dentro dos limites de sua
reposição;
deixar às próximas gerações não só um legado de riqueza fabricada pelo
homem (prédios, estradas, ferrovias), mas também de riqueza natural, suprimentos
de água limpa e adequada, terra boa e arável, uma vida selvagem rica e florestas
amplas. (HMSO apud BS7750 - Sistema de Gerenciamento Ambiental, 1995).

A educação ambiental está sendo introduzida no ensino fundamental em


muitos países, não somente aqueles mais desenvolvidos. Hoje conceitos tais como
a reciclagem do lixo, a limitação do consumo de supérfluos e a conservação
ambiental são triviais para crianças de várias nações. Agências não governamentais

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tais como o Conservation International ou o Greenpeace têm representantes em


muitos países e grande expressão junto às comunidades e governos.
Um dos alicerces do novo paradigma do Desenvolvimento Sustentável refere-
se ao fato de que a atividade econômica pode até ser incentivada ao adotar-se uma
postura voltada à preservação e recuperação do meio ambiente. Adicionalmente, os
empresários estão se tornando mais conscientes das responsabilidades e custos
gerados por possíveis acidentes ambientais e pela geração de impactos ambientais
indiscriminados.
Nos países desenvolvidos é muito grande o grau de preocupação expresso
pela sociedade em relação ao meio ambiente. Segundo Hans Jöhr (1994), nos
Estados Unidos, entre 1988 e 1989, o número de denúncias e condenações por
infrações às leis que protegem o meio ambiente simplesmente dobraram. Outras
consequências são o provável aumento de custo dos prêmios de seguros das áreas
envolvidas e a variação do valor das ações das organizações. Tal postura também
se faz sentir no Brasil. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente da PBH, por
exemplo, vem registrando uma verdadeira explosão no número de denúncias sobre
questões voltadas à degradação ambiental (PBH, 1997). Em São Paulo, a
administração municipal e o governo estadual vêm adotando o rodízio de veículos
nas cidades, medida em grande parte baseada nos elevados índices de poluição
atmosférica (ver no capítulo anterior a legislação sobre emissão de gases em
veículos).
Outro fato muito importante está ligado à mudança de comportamento do
consumidor que passa a exigir, além da qualidade e do preço competitivo, uma
postura ambientalmente correta das corporações. A adoção de princípios ambientais
na conduta de um dado empreendimento pode, portanto gerar uma vantagem
competitiva em relação a seus concorrentes. Outras empresas que continuem
poluindo tendem a perder competitividade em relação a custos, devido a taxações e
paradas de produção a ela impostas pelas agências de controle ambiental e outros
órgãos do Poder Público.
Segundo Margalef (1977), a poluição pode ser entendida como um recurso
fora de lugar. Segundo Porter e Linde, em Ser Verde Também é Ser Competitivo
(1995), a preservação ambiental pode gerar uma grande redução de custos
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associada a um aumento de competitividade do empreendimento. O efluente


normalmente contém vários subprodutos que podem ser encarados como sendo
recursos desperdiçados, atestando a ineficiência do processo produtivo. A
diminuição das concentrações de determinados subprodutos nos efluentes levaria a
uma redução não só o impacto ambiental, mas também os custos, melhorando a
qualidade do produto e aumentando a sua competitividade. Até recentemente, as
empresas não estavam preocupadas em estimar o custo da poluição em termos de
desperdícios de recursos, de esforços e de diminuição de valor para o consumidor.
Segundo Reis (1995), a aproximação entre ecologia e economia é
irreversível. Para ele, as empresas vêm percebendo que é mais barato fazer 'certo
da primeira vez', minimizando a geração de resíduos, ao invés de reparar depois.
Medidas mitigadoras da poluição como a instalação de filtros ou processos de
tratamento de efluentes são em geral mais complexas caras e demandam mais
tempo em sua instalação do que se adotadas ainda na fase de projeto industrial. Em
alguns casos, os custos da despoluição são tão elevados que a sua adoção torna-se
inviável em determinados tipos de plantas industriais.
Em decorrência do novo paradigma ligando desenvolvimento sustentável e
preservação dos ecossistemas proposto pela agenda 21, várias empresas, em
diversos países, identificaram, nas questões ambientais, um dos mais importantes
fatores críticos de sucesso para a continuidade da aceitação dos seus produtos nos
mercados interno e externo. Por outro lado, inúmeros países adotam normas mais
rígidas quanto ao aspecto ambiental não só dos produtos acabados, mas também
para a qualidade ambiental das matérias-primas e outros insumos. Não somente os
países industrializados estão se adequando aos novos mandamentos do
desenvolvimento sustentável. Os países do terceiro mundo, tradicionais
fornecedores de insumos básicos, passaram também a sofrer considerável pressão
para adotar os princípios do desenvolvimento sustentável e uma política nacional de
gestão ambiental na produção destes insumos. Um bom exemplo pode ser visto nas
mineradoras que tem encontrado barreiras à exportação quando não adotam um
sistema eficiente de gestão ambiental em suas minas.
A regulamentação ambiental inevitavelmente se tornará em uma eficaz
barreira aos produtos e serviços para aqueles países que permaneceram refratários
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a introdução de S.G.A. em seus agentes produtores de bens de exportação. No caso


do Brasil, espera-se que haja um rápido engajamento do governo e dos setores
produtivos para a rápida implementação dos Sistemas de Gestão Ambiental.
Os grandes acidentes ecológicos ocorridos nos anos setenta e oitenta, tais
como a tragédia de Sevezo na Itália, o vazamento de cianetos em Bhopal, na Índia,
o derramamento de petróleo pelo cargueiro Exxon Valdez, no Alasca, e o acidente
nuclear de Chernobil na Ucrânia, geraram impactos ambientais de grandes
proporções. Tais acontecimentos levaram a criação dos Sistemas de Gestão
Ambiental em alguns países nórdicos, na Europa Central e nos Estados Unidos.
As auditorias ambientais passaram a serem adotadas por vários
empreendimentos a partir de meados da década de oitenta. Tais auditorias tinham o
objetivo de conhecer os passivos ambientais associados ao empreendimento.
Algumas das organizações que realizaram este trabalho verificaram que não
bastava a realização de auditorias regulares, pois a integração da empresa com o
meio ambiente dependia, em grande parte, de uma modificação de postura de seus
dirigentes e funcionários. Somente uma atitude comprometida, integrada e
sistematizada, por parte das organizações, seria eficaz para a preservação
ambiental. O modelo ISO 9000 do Sistema de Qualidade, foi visto como uma
estrutura ideal para um Sistema de Gestão Ambiental.
No Reino Unido, uma instituição normativa, a British Standards Institution-
BSI, propôs um sistema de normas voltadas para o Sistema de Gestão Ambiental a
exemplo do que faz a BS 5750/ISO 9001 em relação aos Sistemas de Qualidade. A
esse modelo de Sistema de Gestão Ambiental denominou-se BS 7750, que foi
tomado por base para o desenvolvimento da norma internacional ISO 14001.
Embora não seja a solução definitiva para a questão da poluição industrial, o
estabelecimento de normas ambientais apresentam a vantagem de promover a
integração dos critérios ambientais aos critérios de desempenho da organização em
todos os níveis. (Gilbert, 1995).
As possíveis mudanças geradas nas empresas que implantarem e
mantiverem um Sistema de Gestão Ambiental de acordo com a norma ISO 14001,
provavelmente a tornarão mais competitivas graças aos seguintes fatores:

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redução de custos, graças à economia de recursos naturais e à minimização


da geração de resíduos;
conquista de mercados restritos como o da Comunidade Europeia, da Área de
Livre Comércio da América do Norte - NAFTA e de outros países desenvolvidos;
queda na probabilidade de processos de responsabilidade civil;
facilitação na captação de recursos dos órgãos de fomento e
desenvolvimento, como o BID, Banco Mundial, BNDS e BDMG;
maior controle sobre os seus impactos ambientais significativos;
melhor relacionamento com a comunidade;
atendimento às regulamentações municipais, estaduais e federais.

10.2 Desenvolvimento da ISO família 14000


Denomina-se ISO família 14000 a série de normas ISO relativas a meio
ambiente. Este conjunto é constituído pelas seguintes normas:
Gestão Ambiental;
Auditoria Ambiental;
Rotulagem Ambiental;
Avaliação de Desempenho Ambiental;
Análise do Ciclo de Vida;
Termos e Definições;
Relação entre os Aspectos Ambientais e as Normas de Produto.

ISO/ Comitê Técnico (TC) 207


Várias empresas, inicialmente britânicas e depois europeias, que
implementaram os princípios da BS 7750, demonstraram que os fatores benéficos
acima assinalados podem ser alcançados com relativa rapidez. A partir destas
experiências positivas, da mesma maneira que ocorreu na ISO 9000, a ISO formou o
SAGE - Strategic Advisory Group on the Environment para investigar a necessidade
do desenvolvimento de normas internacionais para a gestão ambiental. Após uma
indicação favorável do SAGE, em março de 1993, a ISO organizou o Comitê ISO/TC
207 com o objetivo de desenvolver as normas ISO família 14000. Segundo Maurício
Reis (1995), o Comitê Técnico ISO/TC 207 tem o objetivo de formular normas
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universais de gerenciamento ambiental, passíveis de certificação por entidades


credenciadas.
O comitê ISO/TC 207 é dividido em subcomitês que, por sua vez, são
divididos em grupos de trabalho. Cada grupo de trabalho foi responsável pela
geração das minutas de normas a eles designados. As coordenações do ISO/TC
207 e dos subcomitês foram designadas a certos países de representatividade nos
assuntos em questão.
Segundo Pinheiro e Silva (1995), podemos dividir os trabalhos do ISO/TC 207
segundo três enfoques básicos representados na Tabela abaixo.
Nota: *O SC1 é coordenado pelo BSI - British Standard Institution, autor da
BS 7750.

Além dos países que secretariam cada um dos subcomitês, uma série de
nações estão participando ativamente dos trabalhos do ISO/TC 207. Verificou-se
que países como E.U.A., Japão e Brasil, que ficaram alheios ao desenvolvimento
das normas ISO família 9000, estão preocupados com a interferência da ISO família
14000 em suas atividades e vêm mantendo uma posição ativa no desenvolvimento
dessas normas. Por exemplo, na reunião plenária do ISO/TC 207 em Oslo em
meados de 1995, além da delegação brasileira, que contou com a participação de 21

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representantes de diversos setores, estiveram presentes países como Uruguai,


Chile, Colômbia e México, o que ajudou a equilibrar as votações.
No Brasil, o órgão que acompanha as discussões no âmbito do ISO/TC 207 é
o Grupo de Apoio à Normalização Ambiental -GANA, que visa avaliar o impacto das
proposições do ISO/TC 207 sobre a competitividade nacional e propor alternativas
que atendam aos interesses brasileiros.
As normas geradas/ em geração pelo ISO/TC 207 e sua situação estão no
anexo A.

10.3 Introdução à ISO 14001


Escopo
A ISO 14001/96 tem a seguinte finalidade: “Esta Norma especifica os
requisitos relativos a um sistema de gestão ambiental, permitindo a uma
organização formular uma política e objetivos que levem em conta os requisitos
legais e informações referentes aos impactos ambientais significativos. Ela se aplica
aos aspectos ambientais que possam ser controlados pela organização e sobre os
quais se presume que ela tenha influência. Em si, ela não prescreve critérios
específicos de desempenho ambiental. A norma se aplica a qualquer organização
que deseje implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental;
assegurar-se de sua conformidade com a sua política ambiental definida;
demonstrar tal conformidade a terceiros; buscar certificação/ registro do seu sistema
de gestão ambiental por uma organização externa; realizar uma auto-avaliação e
emitir auto-declaração de conformidade com esta norma.”.
A certificação ISO 14001 garantirá que um empreendimento tenha instalado
os elementos básicos de um sistema de gestão ambiental. Por outro lado, ela não
garante que o empreendimento tenha alcançado o melhor desempenho ambiental
possível.
A ISO 14001, assim como a ISO 9000, foi redigida de modo a ser aplicável a
todos os tamanhos e tipos de organizações, e para adaptar-se às diversas
condições geográficas, culturais e sociais.
A ISO 14001 tem em vista o processo produtivo e o desempenho ambiental
da organização, mas não está voltada para o desempenho ambiental do produto
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gerado, durante e após o seu uso. Ela está diretamente relacionada com a
sistemática de projeto e geração do produto ou serviço e os consequentes impactos
ambientais, sejam eles diretos ou indiretos*.

(*) Nota: Impactos diretos: Aqueles sobre os quais a organização possui


controle direto. Impactos indiretos: Aqueles sobre os quais a organização pode ter
influência para alcançar controle limitado. Um exemplo seria a extração de matérias-
primas fornecidas por outra organização.
Os requisitos sobre a gestão da saúde e segurança ocupacional não estão
incluídos na norma ISO 14001, entretanto, ela permite que os sistemas gerenciais
da organização abranjam estas áreas, desde que a empresa assim o defina. O
processo de certificação somente será aplicável aos aspectos do Sistema de Gestão
Ambiental.
A definição das normas de emissão de gases, efluentes líquidos e ruídos não
está prevista pela norma ISO 14001. A competência para este tipo de
regulamentação cabe ao Poder Público. No caso do Brasil, isto é atribuição do
CONAMA e demais órgãos ambientais nos estados da federação. Cabe ao
empreendimento buscar esta base legal antes da implantação do S.G.A. A
certificação pela norma ISO 14001 apenas vai exigir que o empreendimento
cumprisse estas normas legais.

Partes Interessadas
A ISO 14001 (1996) define como partes interessadas os indivíduos
preocupados ou afetados com o desempenho ambiental da organização. Tais partes
podem incluir aqueles que exerçam controle estatutário sobre a organização, as
comunidades locais, organizações dos empregados, os investidores e as
seguradoras, os clientes e consumidores, os grupos de interesse ambiental e o
público em geral (Reis, 1996).
Diferenças entre a ISO 14001 e a ISO família 9000:
A família ISO 9000 (1994) está voltada para a qualidade do produto final e
dos diferentes fornecedores. Os requisitos especificados destinam-se

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primordialmente à obtenção da satisfação do cliente graças à prevenção de não


conformidades em todos os estágios, desde o projeto até os serviços associados;
A ISO 14001 (1996) prevê que as especificações e expectativas relativas aos
impactos ambientais gerados pela organização no meio ambiente são definidas
pelas partes interessadas, e cabe ao Sistema de Gestão Ambiental manter controle
sobre os processos e subprodutos da organização para que os impactos gerados
por eles permaneçam dentro das especificações pré-definidas e atinjam as
expectativas das partes interessadas. As especificações incluem regulamentações
municipais, estaduais, federais, códigos de boas práticas, etc. Os Sistemas de
Gestão Ambiental abordam as necessidades de uma vasta gama de partes
interessadas e a evolução da sociedade para a proteção ambiental. O governo e as
agências de controle ambiental representam estas partes interessadas perante as
organizações.
P.D.C.A. e Melhoria Contínua
Os objetivos maiores da Gestão Ambiental são definidos a seguir:
observar as normas e procedimentos e eliminar as falhas do processo,
atuando metodicamente na causa fundamental de cada problema detectado. Desta
forma, tem-se um processo mais estável e previsível. Atua-se nos processos e
subprodutos que geram impactos ambientais significativos, reais ou potenciais. A
lógica é a prevenção, planejando e controlando continuamente os processos,
reduzindo seus subprodutos e o consumindo menos recursos. A ideia não é só
minimizar os impactos ambientais colocando "filtros dos subprodutos" nas saídas
dos processos, e sim melhorá-los para que consumam menos recursos (incluindo
recursos naturais) e gerem menos subprodutos. Os subprodutos gerados por
deficiências dos processos devem ser inspecionados, monitorados e tratados para
garantir a satisfação das regulamentações governamentais sobre o meio ambiente.
Dessa forma, além de minimizar os impactos ambientais sobre o meio ambiente,
estaremos tornando a organização mais eficaz, melhorando os seus processos,
reduzindo os seus custos, e consequentemente, tornando a empresa mais
competitiva;
atingir uma evolução contínua do desempenho ambiental dos processos e,
consequentemente, da organização.
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A norma contém os elementos fundamentais de sistemas de gestão, com


base no processo dinâmico e cíclico de "planejar, implantar, verificar e rever".
Como foi visto acima, o gerenciamento do S.G.A. tem como base o controle
dos processos. O gerenciamento do Sistema de Gestão Ambiental, dentro do ciclo
P.D.C.A., é representado pela norma ISO 14001 (1996) como na figura 1. Os passos
descritos no ciclo P.D.C.A. ficam facilmente identificados nos requisitos da norma. A
melhoria contínua está explicitada pela elipse no topo do esquema.

10.4 Requisitos da Norma NBR ISO 14001/96


A versão brasileira da norma ISO 14001, também chamada NBR ISO
14001/96 é dividida em diversos subsistemas. Estes subsistemas são interligados

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entre si e cada requisito pode incluir mais elementos de um setor ou processo da


organização.
O Sistema de Gestão Ambiental, de acordo com o modelo definido pela NBR
ISO 14001/96, pode ser representado através do ciclo descrito no fluxograma a
seguir.

Requisitos Gerais
Este capítulo traz uma introdução da versão brasileira da norma determinando
que a implantação da SGA deve ser em conformidade com os requisitos da norma
além de garantir e demonstrar, para as partes interessadas, a eficácia do SGA.

Política Ambiental
Esta política reflete - de início - o compromisso da alta administração com as
partes interessadas nos assuntos relativos ao meio ambiente. A Política Ambiental é
a 'diretriz' do Sistema de Gestão Ambiental - SGA, orientando os envolvidos a
trabalhar, se comprometer e se esforçar numa única direção.
A política ambiental associa a organização por um lado aos impactos
ambientais por ela gerados, do outro. Ela vai observar a natureza, escala e impactos
ambientais causados por suas atividades, produtos e serviços. A política ambiental
deve ser transparente, ou seja, ela deve ser documentada e compreendida por todos
os funcionários da organização. Também deve ser pública, para que todas as partes
interessadas estejam cientes. Item essencial da política ambiental de uma empresa
é a declaração ampla das intenções da organização na área de desempenho
ambiental, que possa ser utilizada por todas as partes da organização no
desenvolvimento de suas próprias metas.

Planejamento
Todas as atividades, produtos e serviços do SGA devem ser objetivamente
planejados. O planejamento consiste em um elenco de metas objetivas a serem
alcançadas por cada setor do empreendimento, agregado a uma relação da
metodologia gerencial a ser empregada e um cronograma tentativo.

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Aspectos Ambientais
O impacto ambiental é definido como qualquer modificação do meio ambiente
resultante das atividades, produtos ou serviços de uma organização.
O presente requisito refere-se à identificação dos aspectos ambientais
geradores dos impactos ambientais significativos sejam eles reais ou potenciais.
A fase inicial de implantação de um S.G.A. consiste na identificação e
avaliação dos aspectos ambientais. O levantamento dos aspectos ambientais
significativos é fundamental para o planejamento de um Sistema de Gestão
Ambiental, sendo uma das 'entradas' de todo o processo. Segundo a ISO 14000 -
Treinamento de auditores Ambientais da P-E Batalasb (1996), estes aspectos
podem ser:
diretos - aqueles de que a organização possui controle. Por exemplo, as
atividades do processo da própria organização;
indiretos - aqueles sobre os quais a organização pode ter influência para
alcançar controle limitado. Exemplos: Extração de matéria-prima fornecida por outra
organização e uso do produto pelo consumidor;
existentes - aspectos que atualmente já se manifestam, (inclusive no
passado);
a serem gerados por novos desenvolvimentos - aspectos que podem vir a
existir com a inclusão de novos produtos, serviços e atividades.

O levantamento dos aspectos ambientais em um empreendimento geralmente


compreende as seguintes etapas:
identificação dos requisitos legislativos e reguladores;
identificação dos aspectos ambientais significativos;
exame das práticas e procedimentos de gestão ambiental
existentes;
a avaliação de dados provenientes da investigação de acidentes anteriores.

O próximo passo consiste na implementação do monitoramento ambiental


através de indicadores (ou da análise de registros de monitoramentos realizados no
passado). O monitoramento consiste ainda na avaliação da significância
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(qualificação) da base de dados disponível, com o objetivo de se traçar metas


prioritária na área de S.G.A. Esta fase é denominada 'filtro de significância'. A NBR
ISO 14001/96 determina que o Sistema de Gestão Ambiental deve ser estruturado
objetivando a manutenção do controle sobre os processos que geram aspectos e
impactos ambientais significativos (reais ou potenciais). Entende-se por aspecto
ambiental significativo o aspecto ambiental que gera impacto ambiental significativo,
real ou potencial.
A avaliação de significância dos aspectos ambientais consiste em uma etapa
crítica no processo de implementação do sistema S.G.A. Embora subjetiva, ela deve
ser entregue a uma equipe multidisciplinar devidamente capacitada onde constem
elementos familiarizados com os processos e as necessidades das partes
interessadas. Esta equipe deve acolher ainda profissionais capazes de entender as
respostas e demais sinais mensuráveis na biota e nos ecossistemas impactados. O
processo de avaliação de significância é periódico.

Requisitos legais e Outros Requisitos


A questão básica do Sistema de Gestão Ambiental é o compromisso com o
cumprimento dos requisitos legais (municipais, estaduais e federais) e outras regras
que a empresa assumiu atender. No caso brasileiro, a equipe deve estar
familiarizada com as normas pertinentes do CONAMA bem como aquelas expedidas
pelos órgãos ambientais dos estados e Municípios afetados. O Sistema de Gestão
Ambiental deve possuir mecanismos para garantir que as exigências legais, de
regulamentações e de outras políticas (por exemplo, práticas empresariais ou
diretrizes especificas do setor) relativas aos impactos ambientais identificados sejam
conhecidas, documentadas, disponíveis, entendidas e atualizadas (sempre que
necessário) pela organização.
Outros Requisitos seriam contratos firmados com um cliente, acordos com
autoridades públicas, regulamentações não obrigatórias, acordos com sindicatos,
enfim, uma restrição relativa ao meio ambiente que a empresa assumiu que iria
respeitar. Por exemplo, um compromisso com níveis máximos de emissões de
poluentes nos efluentes líquidos assinado entre uma empresa e a associação de
moradores da bacia hidrográfica onde se localiza o empreendimento.
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Objetivos e Metas
Este requisito visa garantir a existência de metas ambientais claras para a
empresa, gerências e funcionários. Ele permite que as metas propostas no contexto
ambiental sejam conhecidas e implementadas por todos os níveis da corporação. Os
objetivos e as metas ambientais devem ser estabelecidos em cada função e nível
relevante, dentro da organização.
Os objetivos e metas são normalmente quantificáveis e constituem uma
ferramenta de gestão e de melhoria contínua, permitindo que a alta administração
monitore o Sistema de Gestão Ambiental. Os objetivos e metas ambientais também
devem ser alcançáveis e ambiciosos. Desta maneira os funcionários ficarão
motivados.
Os objetivos e metas deverão ser monitorados periodicamente pela
organização, permitindo uma reorientação do Sistema de Gestão Ambiental, quando
necessário. Os objetivos e metas devem ser obrigatoriamente analisados pela
Administração.

Programa(s) de Gestão Ambiental


Este requisito determina as ações que devem ser implementadas para que a
organização atinja os seus objetivos e metas, no mais variados níveis. Para estas
ações, devem-se atribuir responsabilidades, recursos e prazos para implementação.
O Programa de Gestão Ambiental é gerado, entre outras fontes, a partir da
identificação dos aspectos ambientais significativos existentes ou previstos. No
entanto, é o programa de gestão ambiental que dirá quais as ações que deverão ser
tomadas nas diferentes etapas de planejamento, desenvolvimento, produção,
comercialização e disposição dos produtos e serviços.

Implementação e Operação
A implementação de um sistema S.G.A. esta na dependência da criação da
'base do sistema' que vai embasar a implementação dos planos pré-definidos.

Estrutura e Responsabilidade

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A definição de papéis, responsabilidades, autoridades bem como os recursos


necessários para a prática da Política Ambiental da organização é o tema deste
requisito.
O requisito 'estrutura e responsabilidade' constitui um dos diferenciais entre
as organizações que fazem controle ambiental e as empresas que possuem sistema
de gestão ambiental, pois somente o S.G.A. garante uma atribuição de
responsabilidades claras.

Atribuição de Responsabilidades e Autoridades


A atribuição dos papéis, responsabilidades e autoridades é comunicada a
todos os envolvidos no Sistema de Gestão Ambiental, permitindo que sejam
conhecidos e respeitados pelos colaboradores da organização. A determinação das
funções, responsabilidades e autoridades deve ser feita, segundo a NBR ISO
14001/96, de maneira documentada.

Recursos
A alta administração deve prover todos os recursos necessários para a
implementação e manutenção do Sistema de Gestão Ambiental. Esses recursos
incluem não só pessoal, mas também itens de custeio tais como equipamentos de
suporte e recursos financeiros para materiais e serviços diversos. Deverá ser
alocada uma determinada soma que garanta o treinamento dos envolvidos no
S.G.A.

Representante da Administração
A alta administração deve nomear um representante com a responsabilidade
de coordenar a implantação e manutenção do Sistema de Gestão Ambiental e,
ainda, fazer o elo de ligação entre a operação do S.G.A. e a alta administração. O
representante da administração deve:
assegurar que os requisitos do Sistema de Gestão Ambiental sejam
estabelecidos, implementados e mantidos;
reportar o desempenho do S.G.A. à alta administração, para análise crítica,
como uma base para a melhoria do sistema.
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64

A função de 'representante de administração' pode ser exercida por uma ou


mais pessoas, dependendo do porte da organização.

Treinamento, Conscientização e Competência


Após a determinação clara dos papéis, responsabilidades e autoridades, a
NBR ISO 14001/96 aborda a formação dos recursos humanos como parte
fundamental do Sistema Gestão Ambiental.
O requisito 'treinamento, conscientização e competência' visa garantir que
todo o pessoal envolvido com o Sistema de Gestão Ambiental esteja apto para
exercer as suas tarefas. Para tanto, os funcionários da organização devem estar
conscientes da sua parcela de responsabilidade na operação do Sistema de Gestão
Ambiental, seja ela de pequena ou grande valia para o andamento da S.G.A.
Além do processo de conscientização dos funcionários, todos os
colaboradores que atuam junto a aspectos ambientais geradores de impactos
ambientais significativos, reais ou potenciais, devem ser capacitados para exercer
corretamente as suas tarefas.
Os treinamentos, que devem ser fornecidos periodicamente (melhoria
contínua), com finalidade primordialmente preventiva, abrangem a parte técnica e de
conscientização. Periodicamente, devem ser realizados levantamentos das
necessidades de treinamento.
A norma NBR ISO 14001/96 determina que os procedimentos acima
mencionados também incluam os indivíduos que trabalham na operação, mas não
pertençam aos quadros funcionais da empresa (contratados).

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Comunicação
Este requisito reconhece a necessidade de que a organização seja
transparente para suas partes interessadas, durante a sua operação e nas situações
de emergência. Para isso, é necessária a criação de fluxos de informação rápidos e
desprovidos de ruídos. A 'comunicação' inclui o estabelecimento de processos para
informar interna e, quando necessário, externamente, as atividades ambientais da
organização.
A NBR ISO 14001/96 abrange a comunicação em dois níveis: interno e
externo. Internamente, a empresa deve ter procedimentos para comunicações nos

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vários níveis e funções da organização. A comunicação interna objetiva melhorar o


fluxo de informações entre os colaboradores e a conscientização e
comprometimento dos funcionários com a Política Ambiental e com o S.G.A.
A comunicação externa está concentrada na comunicação da organização
com as partes interessadas externas, formando um canal de duas vias. É utilizada
pela empresa no fornecimento de informações sobre a sua operação (dando maior
segurança à comunidade), na venda da sua imagem e também nos casos de
situação de emergência. Para as partes interessadas externas, é um meio de
transmissão das suas ansiedades e reclamações. A NBR ISO 14001/96 determina
que a organização deve estabelecer e manter procedimentos para recebimento,
documentação e respostas às comunicações relevantes das partes interessada
externas com respeito aos seus aspectos ambientais e ao Sistema Gestão
Ambiental.

Documentação do Sistema de Gestão Ambiental


O requisito 'documentação do Sistema de Gestão Ambiental' solicita que a
empresa possua um procedimento que descreva os elementos centrais do Sistema
de Gestão Ambiental e indique a documentação relacionada. Este procedimento,
apesar de não ser denominado de Manual de Gestão Ambiental, tem evidente
semelhança com o Manual da Qualidade definido pela NBR ISO 9001/94. Já a
BS7750: 1994 determina explicitamente que a empresa deve possuir um Manual de
Sistema de Gestão Ambiental.

Controle de Documentos
O objetivo deste requisito, que é de suma importância, é garantir que o
Sistema de Gestão Ambiental seja apoiado por uma documentação adequada.
Conforme descrito anteriormente, a NBR ISO 14001/96 tem, como dois de
seus pilares, o planejamento e a prevenção de problemas. A consequência disto é a
criação de planos, procedimentos e instruções de trabalho documentados que são
utilizados por todo o pessoal que executa atividades geradoras de impactos
ambientais significativas.

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Para que as atividades e processos sejam executados em conformidade com


os planos, procedimentos e instruções de trabalho, acima mencionados, é
fundamental que estes documentos estejam aprovados e disponíveis para todos os
funcionários ou contratados que executam tarefas que geram impactos ambientais
significativos, reais ou potenciais, Daí, a formulação do requisito Controle de
Documentos, que visa garantir que todos os documentos relacionados com as
atividades e processos que geram ou têm possibilidade de gerar impactos
ambientais significativos estejam identificados, aprovados e disponíveis no local de
uso.

Controle Operacional
O requisito Controle Operacional visa ao estabelecimento e manutenção de
controles para garantir que os processos e atividades que geram impactos
ambientais, reais ou potenciais, operem em condições previamente definidas.
Portanto, o ponto inicial deste requisito é o conhecimento das atividades e processos
que geram aspectos ambientais, que, por consequência, geram impactos ambientais
significativos, reais ou potenciais (estas informações são obtidas através do requisito
Aspectos Ambientais da NBR ISO 14001/96). Tibor e Feldman (1996) descrevem
que a organização que mantiver o controle destas atividades e processos terá, em
consequência, o controle dos impactos ambientais significativos gerados por eles.
Estes processos e atividades incluem:
processos gerados dos aspectos ambientais;
processos de tratamento de resíduos, efluentes, emissões, ruídos, etc.;
processos de manuseio, transportes e armazenamento;
atividades e produtos fornecidos por terceiros.
O planejamento dos processos e atividades é realizado por implantação e
manutenção de procedimentos documentados que incluem métodos e critérios
operacionais

Fornecedores e Subcontratados
A norma NBR ISO 14001/96 não focaliza objetivamente a avaliação e seleção
de subcontratados, mas sim a comunicação de procedimentos e requisitos
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relevantes e requisitos relevantes aos fornecedores da empresa, caso sejam


responsáveis pela entrega de bens e serviços envolvidos com os aspectos
ambientais significativos.

Preparação e Atendimento a Emergências


Este requisito objetiva o estabelecimento de procedimentos para atuação no
caso de emergências. Apesar de implantado um Sistema de Gestão Ambiental,
sempre existe uma probabilidade, mesmo que pequena, da ocorrência de uma
situação descontrolada (crise) que pode gerar grandes impactos ambientais.
São consideradas situações de emergência: incêndio, explosão, enchentes,
acidentes e danos propositais.
Como medida de prevenção ante um possível acidente, a NBR ISO 14001/96
determina a existência de procedimentos para identificar potenciais acidentes e
situações de emergência e prevenir e reduzir impactos ambientais.

Verificação e Ação Corretiva


Consiste na fase de "verificação" do sistema, coletando dados, monitorando
as emissões, segregando os resíduos e tomando as ações corretivas e preventivas
devidas,. Além disso, o requisito Verificação e Ação Corretiva da NBR ISO
143001/96 também inclui as atividades de manutenção dos registros e auditorias do
S.G.A. Corresponde à fase de checagem do P.D.C.A.

Monitoramento e Medição
Este requisito determina que o monitoramento e as medições planejadas no
requisito 'controle operacional' sejam implementados e analisados. Tem como
premissa básica a coleta de dados em vários pontos do processo, com o objetivo de
medir e monitorar o desempenho real em comparação com os objetivos e metas
ambientais da organização. Para isto, podemos dividir este requisito conforme
abaixo:
Coleta de Dados e Análise: A coleta e análise dos dados dos processos que
geram impactos ambientais significativos são encarados pela NBR ISO 14001/96
como operações fundamentais para o controle dos processos, aspectos ambientais
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e impactos ambientais significativos. Através da operação de coleta de dados,


transforma-se as informações pertinentes ao controle do processo e à geração e
disposição de resíduos em indicadores que são permanentemente monitorados pela
organização. Os dados obtidos nas operações de "coleta de dados" devem ser
registrados e armazenados. Após coletados e registrados, os dados devem ser
analisados, avaliando-se sua conformidade em relação aos critérios pré-
estabelecidos, sejam eles internos ou estipulados por legislações ou
regulamentações ambientais.
Calibração e Manutenção de Instrumentos: Em função de que as medições
descritas acima dependem de instrumentos, a NBR ISO 14001/96 determina a
manutenção e calibração de todos os equipamentos envolvidos com a monitoração
das operações e atividades que têm possibilidade de gerais impactos ambientais
significativos na organização. Apesar de a NBR ISO 14001/96 não determinar as
rotinas mínimas a atender neste requisito, podem-se encarar as normas NBR ISO
10012 como uma boa orientação nessa direção.

Não Conformidade e Ações Corretiva e Preventiva


Este requisito abrange a etapa seguinte à coleta e análise de dados. Visa à
segregação e mitigação dos problemas, além da correção e eliminação das causas
de não conformidades reais ou potenciais, para que estas não ocorram ou não
sejam reincidentes. Constitui parte da inteligência do sistema, já que atua para evitar
a ocorrência de não conformidades. É uma grande ferramenta para o melhoramento
contínuo do Sistema de Gestão Ambiental.
Com base em informações do S.G.A. dos processos em geral e das não
conformidades, procede-se à tomada das ações de mitigação, ações corretivas e
preventivas. Este requisito pode ser subdesenvolvido nas seguintes partes:
Não Conformidades - Após a detecção das não conformidades, a organização
deve garantir que estas não gerem impacto ambiental significativo.
Ações de Mitigação - Define-se 'ação de mitigação' como aquela que visa à
contenção imediata de um problema existente. A ação de mitigação é fundamental
no caso da existência de não conformidades, pois tenta evitar, ou, pelo menos,
minimizar a geração de impacto ambiental significativo.
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Ações Corretivas - A ação corretiva consiste na atuação sobre as causas


básicas de uma não conformidade, de maneira estruturada e sistemática.
Ações Preventivas - A 'ação preventiva' seria aquela que a empresa deve
desencadear para eliminar a causa de um problema potencial, mas que ainda não
ocorreu. Identifica-se a da necessidade de abertura de uma ação preventiva pela
análise dos dados coletados. Avaliam-se, assim, as tendências dos indicadores e
possíveis fatores geradores de não conformidade.

Registros
Este requisito objetiva o armazenamento do "histórico" do Sistema de Gestão
Ambiental. É um conjunto estabelecido e mantido de informações, que demonstra a
conformidade do S.G.A. com a NBR ISO 14001/96. Segundo a NBR ISO 14004/96,
a gestão efetiva destes registros é essencial para o sucesso da implantação do
Sistema de Gestão Ambiental. Estes registros são os indícios do alcance do
desempenho objetivado no S.G.A. e armazenam "os caminhos" utilizados para
atingir tal estágio.
NBR ISO 14001/96 determina a existência de procedimento (não
documentado) para a gestão dos registros. Inclui métodos para a identificação,
manutenção e disposição dos registros ambientais. além disso, os registros
ambientais devem ser legíveis; identificáveis e rasteáveis a atividade, treinamento,
produto ou serviço envolvido; eles devem ficar armazenados, de maneira que sejam
recuperáveis e protegidos contra danos, deterioração ou perda; ter tempos de
retenção estabelecidos e registrados e serem confidenciais, caso necessário.

Auditoria do Sistema de Gestão Ambiental


O objetivo deste requisito é estabelecer uma avaliação regular e sistemática
do Sistema de Gestão Ambiental, a fim de verificar a conformidade entre a prática do
S.G.A., as atividades planejadas e a NBR ISO 14001/96. Além disso, a Auditoria de
S.G.A. visa monitorar a eficácia do Sistema de Gestão Ambiental em relação à
Política Ambiental e aos objetivos e metas ambientais. A auditoria fornece uma
fotografia do S. G. A., sendo um instrumento para a melhoria contínua do sistema.

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A Auditoria é parte fundamental do S. G. A. pois através de técnica amostral,


determina o andamento da implementação e manutenção do S.G.A. fornecendo ao
gestor do sistema uma base para administrar as correções necessárias a realizar.
NBR ISO 14001/96 define que as informações e resultados obtidos durante as
auditorias sejam levados ao conhecimento da alta administração, para a
consequente tomada das ações pertinentes.
NBR ISO 14001/96, estabelece paralelos muito fortes da auditoria de Sistema
de Gestão Ambiental com a auditoria do Sistema da Qualidade. As práticas e
procedimentos de auditoria do S.G.A. são semelhantes às utilizadas na auditoria do
sistema de qualidade.
As metodologias e critérios para orientação da realização das auditorias de
S.G.A. são detalhadamente descritos nas normas:
NBR ISO 14001/96 - Diretrizes para Auditoria Ambiental - Princípios Gerais de
Auditoria Ambiental
NBR ISO 14001/96 - Diretrizes para Auditoria Ambiental - Procedimentos de
Auditoria Ambiental - Parte 1: Auditoria de Sistemas de Gestão Ambiental.
NBR ISO 14012/96 - diretrizes para Auditoria Ambiental - Critério de
Qualificação para Auditores Ambientais.

Análise Crítica pela Administração


Este requisito objetiva a avaliação dos resultados do Sistema de Gestão
Ambiental pela administração da organização, permitindo seu redirecionamento,
quando necessário, e melhorando a eficácia e o desempenho do S.G.A. É parte
constituinte da "inteligência" do sistema, pois a administração, a partir das
informações disponíveis do S.G.A., toma decisões para a sua correção, redefinindo
políticas, objetivos e metas, planejamentos, fornecendo mais recursos, etc.
O requisito 'análise crítica' pela Administração representa a fase de ação do
P.D.C.A. É uma das molas propulsoras do processo de melhoria contínua do
Sistema de Gestão Ambiental, pois, com a participação da alta gerência, são
definidos ou redefinidos os objetivos e metas ambientais, fornecendo impulso à
evolução do S.G.A.

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A Análise Crítica pela Administração é realizada pela alta Administração


comprometida com o Sistema de Gestão Ambiental e tem a participação do(s)
Representante(s) da Administração que relatam à Alta Administração o desempenho
do Sistema de Gestão Ambiental.
As Análises Críticas pela Administração devem ser realizadas a intervalos
pré-determinados pela própria administração a partir de informações coletadas do
Sistema de Gestão Ambiental. Segundo a NBR ISO 14001/96, são discutidos
obrigatoriamente, nesta avaliações do S.G.A.
Resultados de Auditorias do S.G.A induzem os seguintes resultados:
mudanças das circunstâncias;
melhoria contínua;
nível de atendimento da Política, Objetivos e outros elementos do S.G.A.

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UNIDADE 11 - COMPROMETIMENTO E POLÍTICA


AMBIENTAL

A política ambiental deve estabelecer um senso geral de orientação para as


organizações e simultaneamente fixar os princípios de ação pertinentes aos
assuntos e à postura empresarial relacionados ao meio ambiente.
Tendo como base a avaliação ambiental inicial ou mesmo uma revisão que
permita saber onde e em que estado à organização se encontra em relação às
questões ambientais, chegou à hora da empresa definir claramente aonde ela quer
chegar. Nesse sentido, a organização discute, define e fixa o seu comprometimento
e a respectiva política ambiental.
O objetivo maior é obter um comprometimento e uma política ambiental
definida para a organização. Ela não deve simplesmente conter declarações vagas;
ela precisa ter um posicionamento definido e forte. Além da política ambiental,
empresas também adotam a missão de que em poucas palavras, expõe seus
propósitos.
A política ambiental da organização deve necessariamente estar disseminada
nos quatro pontos cardeais da empresa, ou seja, em todas as áreas administrativas
e operativas e também deve estar incorporada em todas as hierarquias existentes,
ou seja, de baixo para cima e de cima para baixo - da alta administração até a
produção.
Ao adotar a política ambiental, a organização deve escolher as áreas mais
óbvias a serem focalizadas com relação ao cumprimento da legislação e das normas
ambientais vigentes específicas no que se refere a problemas e riscos ambientais
potenciais da empresa.
A organização deve ter o cuidado de não ser demasiadamente genérica
afirmando por exemplo: comprometemos-nos a cumprir a legislação ambiental. É
óbvio que qualquer empresa, com ou sem política ambiental declarada, deve
obedecer à legislação vigente.
O compromisso com o cumprimento e a conformidade é de vital importância
para a organização, pois, em termos de gestão ambiental, inclusive nos moldes das
normas da série ISO 14000, a adoção de um SGA é voluntária, portanto nenhuma

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empresa é obrigada a adotar uma política ambiental ou procedimentos ambientais


espontâneos, salvo em casos de requisitos exigidos por lei, como, por exemplo:
licenciamento ambiental, controle de emissões, tratamento de resíduos, etc.

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UNIDADE 12 - AGENDA 21 BRASILEIRA

A Agenda 21 Brasileira é um processo e instrumento de planejamento


participativo para o desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a
sustentabilidade, compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o
crescimento econômico. O documento é resultado de uma vasta consulta à
população brasileira, sendo construída a partir das diretrizes da Agenda 21 global.
Trata-se, portanto, de um instrumento fundamental para a construção da democracia
ativa e da cidadania participativa no País.
A primeira fase foi à construção da Agenda 21 Brasileira. Esse processo que
se deu de 1996 a 2002, foi coordenado pela Comissão de Políticas de
Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional - CPDS e teve o
envolvimento de cerca de 40.000 pessoas de todo o Brasil. O documento Agenda 21
Brasileira foi concluído em 2002.
A partir de 2003, a Agenda 21 Brasileira não somente entrou na fase de
implementação assistida pela CPDS, como também foi elevada à condição de
Programa do Plano Plurianual, PPA 2004-2007, pelo atual governo. Como
programa, ela adquire mais força política e institucional, passando a ser instrumento
fundamental para a construção do Brasil Sustentável, estando coadunada com as
diretrizes da política ambiental do Governo, transversalidade, desenvolvimento
sustentável, fortalecimento do Sisnama e participação social e adotando referenciais
importantes como a Carta da Terra.
Portanto, a Agenda 21, que tem provado ser um guia eficiente para processos
de união da sociedade, compreensão dos conceitos de cidadania e de sua
aplicação, é hoje um dos grandes instrumentos de formação de políticas públicas no
Brasil.

Implementação da Agenda 21 Brasileira (a partir de 2003)


A posse do Governo Luíz Inácio Lula da Silva coincidiu com o início da fase
de implementação da Agenda 21 Brasileira. A importância da Agenda como
instrumento propulsor da democracia, da participação e da ação coletiva da

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sociedade foi reconhecida no Programa Lula, e suas diretrizes inseridas tanto no


Plano de Governo quanto em suas orientações estratégicas.
Outro grande passo foi à utilização dos princípios e estratégias da Agenda 21
Brasileira como subsídios para a Conferência Nacional de Meio Ambiente,
Conferência das Cidades e Conferência da Saúde. Esta ampla inserção da Agenda
21 remete à necessidade de se elaborar e implementar políticas públicas em cada
município e em cada região brasileira.
Para isso, um dos passos fundamentais do atual governo foi transformá-la em
programa no Plano Plurianual do Governo - PPA 2004/2007, o que lhe confere maior
alcance, capilaridade e importância como política pública. O Programa Agenda 21 é
composto por três ações estratégicas que estão sendo realizadas com a sociedade
civil: implementar a Agenda 21 Brasileira; elaborar e implementar as Agendas 21
Locais e a formação continuada em Agenda 21. A prioridade é orientar para a
elaboração e implementação de Agendas 21 Locais com base nos princípios da
Agenda 21 Brasileira que, em consonância com a Agenda global, reconhece a
importância do nível local na concretização de políticas públicas sustentáveis.
Atualmente, existem mais de 544 processos de Agenda 21 Locais em andamento no
Brasil, quase três vezes o número levantado até 2002.
Em resumo, são estes os principais desafios do Programa Agenda 21:
Implementar a Agenda 21 Brasileira. Passada a etapa da elaboração, a
Agenda 21 Brasileira tem agora o desafio de fazer com que todas as suas diretrizes
e ações prioritárias sejam conhecidas, entendidas e transmitidas, entre outros, por
meio da atuação da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e
Agenda 21 Brasileira - CPDS; implementação do Sistema da Agenda 21;
mecanismos de implementação e monitoramento; integração das políticas públicas;
promoção da inclusão das propostas da Agenda 21 Brasileira nos Planos das
Agendas 21 Locais.
Orientar para a elaboração e implementação das Agendas 21 Locais. A
Agenda 21 Local é um dos principais instrumentos para se conduzir processos de
mobilização, troca de informações, geração de consensos em torno dos problemas e
soluções locais e estabelecimento de prioridades para a gestão de desde um
estado, município, bacia hidrográfica, unidade de conservação, até um bairro, uma
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escola. O processo deve ser articulado com outros projetos, programas e atividades
do governo e sociedade, sendo consolidado, dentre outros, a partir do envolvimento
dos agentes regionais e locais; análise, identificação e promoção de instrumentos
financeiros; difusão e intercâmbio de experiências; definição de indicadores de
desempenho.
Implementar a formação continuada em Agenda 21. Promover a educação
para a sustentabilidade através da disseminação e intercâmbio de informações e
experiências por meio de cursos, seminários, workshops e de material didático. Esta
ação é fundamental para que os processos de Agendas 21 Locais ganhem um salto
de qualidade, através da formulação de bases técnicas e políticas para a sua
formação; trabalho conjunto com interlocutores locais; identificação das atividades,
necessidades, custos, estratégias de implementação; aplicação de metodologias
apropriadas, respeitando o estágio em que a Agenda 21 Local em questão está.

Agenda 21 Brasileira em ação


No âmbito do Programa Agenda 21, as principais atividades realizadas em
2003 e 2004 refletem a abrangência e a capilaridade que a Agenda 21 está
conquistando no Brasil. Estas atividades estão sendo desenvolvidas de forma
descentralizada, buscando o fortalecimento da sociedade e do poder local e
reforçando que a Agenda 21 só se realiza quando há participação das pessoas,
avançando, dessa forma, na construção de uma democracia participativa no Brasil.
Destacamos as seguintes atividades:
Ampliação da CPDS: Criada no âmbito da Câmara de Políticas dos Recursos
Naturais, do Conselho de Governo, a nova constituição da CPDS se deu por meio
de Decreto Presidencial de 03 de fevereiro de 2004. Os novos membros que incluem
15 ministérios, a ANAMMA e a ABEMA e 17 da sociedade civil tomaram posse no
dia 1º. de junho de 2004. A primeira reunião da nova composição aconteceu no dia
1º de julho, e a segunda em 15 de setembro de 2004.
Realização do primeiro Encontro Nacional das Agendas 21 Locais, nos dias
07 e 08 de novembro de 2003, em Belo Horizonte, com a participação de cerca de
2.000 pessoas de todas as regiões brasileiras. O II Encontro das Agendas 21 Locais

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será realizado em janeiro de 2005, durante o Fórum Social Mundial, em Porto


Alegre-RS.
Programa de Formação em Agenda 21, voltado para a formação de cerca de
10.000 professores das escolas públicas do País que, através de cinco programas
de TV, discutiram a importância de se implementar a Agenda 21 nos municípios, nas
comunidades e na escola. Esse programa, veiculado pela TVE em outubro de 2003,
envolveu, além dos professores, autoridades governamentais e não governamentais,
e participantes dos Fóruns Locais da Agenda 21, da sociedade civil e de governos.
Participação na consolidação da Frente Parlamentar Mista para o
Desenvolvimento Sustentável e Apoio às Agendas 21 Locais. Esta frente, composta
de 107 Deputados Federais e 26 Senadores, tem como principal objetivo articular o
Poder Legislativo brasileiro, nos níveis federal, estadual e municipal, para permitir
uma maior fluência na discussão dos temas ambientais, disseminação de
informações relacionadas a eles e mecanismos de comunicação com a sociedade
civil.
Elaboração e monitoramento, em conjunto com o FNMA, do Edital 02/2003 -
Construção de Agendas 21 Locais, que incluiu a participação ativa no processo de
capacitação de gestores municipais e de ONGs, em todos os estados brasileiros,
para a confecção de projetos para o edital. Ao todo foram cerca de 920 pessoas
capacitadas em 25 eventos. No final do processo, em dezembro de 2003, foram
aprovados, com financiamento, 64 projetos de todas as regiões brasileiras.
Publicação da Série Cadernos de Debate Agenda 21 e Sustentabilidade com
o objetivo de contribuir para a discussão sobre os caminhos do desenvolvimento
sustentável no País. São seis os Cadernos publicados até o presente: Agenda 21 e
a Sustentabilidade das Cidades; Agenda 21: Um Novo Modelo de Civilização; Uma
Nova Agenda para a Amazônia; Mata Atlântica o Futuro é Agora; Agenda 21 e o
Setor Mineral; Agenda 21, o Semi-Árido e a Luta contra a Desertificação.
Publicação de mil exemplares da segunda edição da Agenda 21 Brasileira:
Ações Prioritárias e Resultado da Consulta Nacional, contendo apresentação da
Ministra Marina Silva e a nova composição da CPDS.

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Ainda, foram efetivadas parcerias e convênios com o Ministério da Educação,


Ministério da Saúde, Ministério das Cidades, Ministério da Cultura, Ministério do
Desenvolvimento Agrário, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
Ministério da Integração Nacional, Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento e Ministério de Minas e Energia; Fórum Brasileiro das ONGs para o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento; CONFEA/CREA, Caixa Econômica Federal,
Banco do Brasil, Banco do Nordeste e prefeituras brasileiras.

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REFERÊNCIAS

Bibliografia Básica
ARLINDO PHILIPPI JR., A.; ROMERO, M.A.; BRUNA, G.C. Curso de Gestão
Ambiental. 1 ed., Barueri: Manole, 1045p., 2004.

Bibliografia Complementar
LOPRES, I.V.; BATOS-FILHO, G.S.; BALE, M. 1998. Gestão Ambiental no Brasil.
Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 377 p., 1998.
CARVALHO, A.B.; ANDRADE, R.O.B.; TACHIZAWA, T. Gestão Ambiental. 2 ed.,
Rio de Janeiro: Makron Books, 232 p., 2000.
ASSUMPÇÃO, L.F.J. Sistema de Gestão Ambiental. 2 ed., Curitiba: Juruá, 280 p.,
2007.
SEIFFERT, M.E.B. ISO 14001 Sistemas de Gestão Ambiental. 3 ed., São Paulo:
Atlas, 258, 2007.

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