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Gestão Ambiental

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SUMARIO

Capítulo 01: Histórico Ambiental ------------------------------------------------03


Capítulo 02: Evolução das Práticas de Gestão ------------------------------------------------05
Ambiental
Capítulo 03: O Sistema de Gestão Ambiental e seus ------------------------------------------------08
Benefícios
Capítulo 04: Conceitos Referentes ao Sistema de ------------------------------------------------12
Gestão Ambiental
Capítulo 05: Energias Limpas
------------------------------------------------15
Capítulo 06: Avaliação Ambiental Inicial
------------------------------------------------49
Capítulo 07: Gestão Ambiental nas Empresas
------------------------------------------------50
Capitulo 08: Gestão do Ciclo de Vida
------------------------------------------------52
Capítulo 09: Sustentabilidade ------------------------------------------------55
Capítulo 10: Impactos ambientais ------------------------------------------------57
Capítulo 11: Resíduos Sólidos – Por dentro da NBR ------------------------------------------------59
– 10004/2004

Capítulo 12: Poluição Ambiental ------------------------------------------------60


Capítulo 13: Poluição Ambiental ------------------------------------------------62

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Capítulo 01: Histórico Ambiental

Após a segunda guerra mundial, foi priorizada a reconstrução dos países que sofreram grandes
perdas e a consciência ecológica se torna incipiente. Já em 1972, em Estocolmo na Suécia,
ocorreu a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que reuniu 113 países, foi
também na década de 70 que surgiu o conceito de “desenvolvimento sustentável”, que permite
a utilização dos recursos naturais de que temos necessidade hoje, para permitir uma boa
qualidade de vida, porém sem comprometermos a utilização desses mesmos recursos pelas
gerações futuras

Também na década de 70, passou a ser exigida, nos Estados Unidos a realização de Estudos
de Impacto Ambiental (EIA), como um pré-requisito à aprovação de empreendimentos
potencialmente poluidores. Trata-se de uma medida preventiva que pode impedir a aprovação
da construção desses empreendimentos.

Na década de 80 surgiram, em grande parte dos países, leis regulamentadora de atividades


industriais concernentes à poluição. Também nesta década teve o formalismo de Estudos de
Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto sobre o Meio Ambiente (EIA-RIMA), com
audiências públicas e aprovação de licenciamentos ambientais. No Brasil a Lei nº 6.938, de 31

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de agosto de 1981 que estabeleceu a Política Nacional para o Meio Ambiente, entre as
medidas adotadas está à exigência do estudo de impacto ambiental e o respectivo relatório
(EIA/RIMA) para a obtenção de licenciamento em qualquer atividade modificadora do meio
ambiente.

Nesta década de 80 ocorreram muitos acidentes que impactaram representativamente o meio


ambiente. Podem ser mencionados e historicamente descritos: Acidente de Chernobyl, na
União Soviética, hoje Ucrânia em 29 de Abril de 1986, ocorreu uma enorme explosão do reator
quatro da Usina Nuclear de Chernobyl. Outro acidente radioativo que ocorreu no Brasil, em
setembro de 1987, em Goiânia, uma fonte radioativa utilizada em uma clínica de tratamento de
câncer (desativada), teve destino um ferro-velho, onde o dono do ferro-velho expôs o material
radioativo. Ocorreu um vazamento de 11 milhões de petróleo cru do navio-petroleiro Exxon
Baldez no Alasca, em 24 de março de 1989.

Esses foram exemplos significantes para mostrar que de fato o mundo necessitava de um
modelo diferenciado de se trabalhar na indústria e de se ter cuidado com resíduos sólidos
sendo estes muitas vezes infectantes, indústrias sem a utilização de medidas preventivas e
resíduos descartados de formas inadequadas facilitam a contaminação de nossos recursos
naturais e a contaminação direta ou indireta dos seres vivos como um todo.

Na década de 90, houve um grande impulso com relação à consciência ambiental. Como um
evento muito importante, cita-se a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, no Rio de Janeiro entre 3 e 14 de junho de 1992, também como Cúpula da
Terra, Rio 92, ou Eco 92.

A Rio 92 trouxe o compromisso com o desenvolvimento sustentável, o tratado da


Biodiversidade e o acordo para a eliminação gradual do CFC’s.

Com a gestão ambiental ganhando importância, as empresas constataram que demonstrar


qualidade ambiental é um item considerado importante por seus clientes, e que estes então
cada vez mais informadas e motivadas para o assunto. Dessa forma, as empresas passaram
a ter uma preocupação com a questão ambiental.

A partir de problemas ocasionados ao meio ambiente, a sociedade passou a cobrar mais


competência e ética das organizações para minimizar danos à natureza, que
consequentemente afetava a coletividade.

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Hoje a sociedade tem preocupações ecológicas, de segurança, de proteção e defesa do


consumidor, de defesa dos grupos minoritários, de qualidade dos produtos, isso tem
pressionado as organizações em seus procedimentos administrativos e operacionais

Uma vez entendida a evolução da questão ambiental, sua relação com o ramo empresarial e os
principais problemas que afetam a humanidade, pode-se definir “gestão ambiental” como a
forma em que uma organização administra as relações entre suas atividades e o meio
ambiente que as abriga, observadas as expectativas das partes interessadas.

Capítulo 02: Evolução das Práticas de Gestão Ambiental

Antes do surgimento de leis ambientais, o meio físico (ar, água e solo) era encarado como
sendo livremente disponível para receber resíduos advindo das atividades antrópicas, o que
para a época não era tão problemático quanto hoje, uma vez que a população era esparsa e
havia menos produtos industrializados em comparação com os dias atuais. Nesse contexto, o
comportamento das empresas associava-se a uma estratégia passiva, uma vez que elas se
limitavam a diluir e dispersar os poluentes gerados.

As primeiras leis que visavam a enfrentar a temática da poluição surgiram em países


industrializados a partir de meados do século XX e focavam, primordialmente, o controle de
emissões de poluentes, sendo, dessa forma, de caráter notadamente corretivo.

Como forma de se adequar aos instrumentos legais de comando e controle, as empresas


passaram a adotar, a partir da década de 1960/1970 as soluções tecnológicas conhecidas
como “fim de tudo”, ou seja, buscavam controlar e tratar suas emissões atmosféricas,efluentes
líquidos e resíduos soídos por meio de sistemas de tratamento, sem alterar os processos de
produção ou os produtos. As ações eram focadas, por exemplo, no tratamento e disposição de
resíduos, na instalação de filtros em chaminés e na construção de estações de tratamento de
efluentes líquidos. Além disso, algumas ações de remediação, como de solo contaminado,
também contemplavam as ações á época.

Essa ações reativas não traziam retorno econômico á empresa, somente custos, pois o gasto
era relacionado aos resíduos, emissões e efluentes, e não se caracterizava como um

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investimento no processo produtivo ou n o produto. A empresa somente realizava tais ações


porque era obrigada pela legislação.

A década de 1980 foi o marco do aumento, em escala planetária, da consciência ambiental e,


também, da mudança no comportamento das empresas no tocante á gestão ambiental. Essa
mudança teve alguns motivadores que despertaram o valor ambiental nas pessoas, a partir da
ocorrência de episódios de grandes impactos ambientais.

Além disso, a postura empresarial com relação à área ambiental começou a muda, visto que os
gastos com proteção ambiental começaram a ser vistos pelas empresas líderes não
primordialmente como custos, mas sim como investimentos no futuro e, paradoxalmente, como
vantagem competitiva. A atitude passou de defensiva e reativa para ativa e criativa. Essa
mudança de atitude, deveu-se, em grande parte, à constatação dos reais custos associados ao
tradicional gerenciamento de resíduos, uma vez que, além dos custos contabilizados com o
tratamento e disposição, havia outros custos relacionados e que, usualmente, não eram
contabilizados, por exemplo, perda de matérias-primas, gastos com água e energia, não
conformidades legais e normativas e aqueles relacionados á imagem da empresa (custos
intangíveis). Sobre esse viés econômico, de forma geral, para cada US$ 1 contabilizado com
tratamento ou disposição de resíduos, há outros US$ 2-3 “escondidos” ou simplesmente
ignorados, sendo essa constatação válidas inclusive para empresas grandes e bem
gerenciadas.

Foi nesse contexto que algumas indústrias passaram a adotar estratégias que visavam a
reduzir a quantidade de resíduos gerados por meio de técnicas de reutilização, reciclagem
(interna ou externa ao processo) e recuperação de materiais.

Tanto na reutilização quanto na reciclagem e a recuperação, embora contribuam para a


minimização da geração de resíduos, não se constituem em soluções definitivas, pois partem
do pressuposto de que o resíduo existe e também porque geram subprodutos e envolvem
gastos de energia e outros custos operacionais.

Mediante essas constatações, a partir do final da década de 1980, as empresas passaram a


tratar a questão da poluição causada pelos resíduos de seus processos de modo mais
sistemático, o que levou a reverem suas estratégias de gerenciamento ambiental, passando de
uma postura reativa para uma proativa, cujo princípio norteador foi a prevenção da geração ou,
ao menos, a minimização dos aspectos ambientais na fonte. Consequentemente, foi possível
controlar os impactos ambientais negativos, atuando na causa da geração antes de buscar as

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soluções técnicas que agiam nos efeitos (resíduos, efluentes e emissões), as quais podem ser
complementares. Assim a finalidade de reduzir os impactos ambientais estava aliada,
principalmente, à busca da otimização dos processos produtivos e á redução dos custos. Isso
foi implementado por programas conhecidos como produção mais limpa, produção limpa ou
produção verde.

Na busca da causa da geração de determinados aspectos e impactos ambientais, as soluções


passavam, muitas vezes, pela substituição da matéria-prima e de fornecedores, pela mudança
na forma de uso do produto, pelo retorno do produto após o uso, ou seja, as soluções estavam
em outras etapas, que não na fabricação. Dessa maneira, verificou-se que as soluções se
encontravam ao longo de todo o ciclo de vida do produto.

Assim, de modo a eliminar ou minimizar os aspectos e impactos ambientais não somente na


produção, mas no ciclo de vida do produto, desde a extração da matéria-prima, o transporte, a
produção, a distribuição, o consumo, o pós-uso até a disposição final, a gestão ambiental
empresarial, principalmente a partir do final da década d 1990, ampliou sua visão para o ciclo
de vida do produto.

Essa visão sistemática do ciclo de vida proporciona uma gestão mais integrada entre as causas
e as consequências de todas as etapas da vida física do produto, proporcionando soluções
ambientais mais eficazes. Neste contexto, uma montadora não irá terceirizar uma etapa de um
processo por ter grandes impactos ambientais, pois seus fornecedores também serão
avaliados. As soluções são para a melhoria de todo o ciclo de vida do produto, não somente de
um processo ou etapa.

Essa forma de gestão foi colocada em prática inicialmente para os produtos comercializados
nos países europeus, por meio da Política Integrada aos Produtos, que estabelece as diretrizes
para a sustentabilidade empresarial na Europa com base no ciclo de vida do produto. Contudo,
em um mercado global, essas diretrizes influenciam as principais empresas mundiais. Uma
dessas diretivas europeias é a Diretiva sobre os Resíduos de equipamentos, a qual é baseada
na responsabilidade estendida do produtor, incluindo a fase pós-uso do produto e
determinando cotas d reciclagem para diversas categorias de produtos eletrônicos.

O Brasil possui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que busca o gerenciamento integrado
dos resíduos, incorporando a visão de ciclo de vida e com base em uma responsabilidade
compartilhada entre os atores do ciclo de vida. Isso pode trazer dificuldades para colocar as
ações me prática, alem de gerar uma necessidade de se terem mais informações relacionadas

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aos produtos, uma vez que o consumidor também será responsabilizado pela sua destinação
correta.

De qualquer modo, a gestão baseada no ciclo de vida do produto, complementada pelas


demais, destaca-se como a mais sistêmica em termos de soluções ambientais. Além disso, as
empresas que se antecipam no atendimento dessas novas demandas podem conseguir
inovações em seus processos, produtos e modelos de negócios, assim como uma gestão mais
compartilhada entre fornecedores e clientes.

Capítulo 03: O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E SEUS BENEFÍCIOS

A parte do sistema de gestão de uma organização é utilizada para desenvolver e implementar


sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais.

Um sistema da gestão é um conjunto de elementos inter-relacionados utilizados para


estabelecer a política e os objetivos e para atingir esses objetivos. Dessa forma, esse sistema
inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas,
procedimentos, processos e recursos.

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De acordo com a NBR ISO 14001:2004, o Sistema de Gestão Ambiental - SGA é a parte de
um sistema da gestão de uma organização utilizada para desenvolver e implementar sua
política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais.

O sistema de gestão ambiental visa proporcionar a uma organização a garantia de que seu
desempenho não apenas atende, mas continuará a atender, aos requisitos legais e aos de sua
própria política.

A NBR ISO 14001:2004 considera que a gestão ambiental abrange, como parte da função
gerencial total, todos os setores da organização necessários ao planejamento, execução,
revisão e desenvolvimento da política ambiental da organização.

A partir deste conceito surgem três características da gestão ambiental:

1. Sistema de gestão ambiental não se trata de uma tarefa especial limitada a um ou mais
responsáveis ambientais na organização, mas trata-se de um componente integrante
da missão administrativa geral e dos responsáveis pelas atividades de produção. Isso
significa que todos os setores da administração e da produção precisam ser integrados
no desenvolvimento e implementação do SGA.

2. Há uma relação direta com o desenvolvimento da Política Ambiental da organização. O


SGA é a expressão da própria vontade organizacional e das prioridades da
organização no setor ambiental. As exigências e opiniões externas entram nesta
formação de vontade através do cumprimento das leis e normas ambientais relevantes
que são exigidas como objetivos mínimos. Elas não substituem a definição consciente
das prioridades e objetivos da organização.

3. SGA não é somente a expressão da consciência e vontade da organização, mas


também, um instrumento para introduzir, executar e monitorar a política ambiental. E a
política ambiental prevê como diretriz o enquadramento sistemático que num plano
operativo deve ser estabelecido, executado e gerenciado por meio de programas e
medidas concretas.

Ou seja, o SGA representa uma forma sistemática de revisar e melhorar as operações para
obter um melhor desempenho ambiental. O SGA ajuda a organização a obter melhor

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cumprimento dos requisitos legais e outras normas e regulamentações aplicáveis, a utilizar os


materiais de forma mais racional e eficiente, melhorar os processos reduzindo custos e
tornando-se mais competitiva. Portanto, o SGA cria primeiramente um senso de bons negócios,
ajudando-a a identificar as causas dos problemas ambientais, de forma a eliminá-los, gerando
retorno financeiro por meio da redução de custos.

Pode-se dizer que o SGA é um investimento de longo prazo que ajuda a organização a ser
mais efetiva no cumprimento dos objetivos e metas ambientais, permite uma melhoria nos
negócios a partir do momento em que mantém clientes e atrai novo, pois representa uma
ferramenta que agrega valor aos produtos e serviços oferecidos.

Ao implementar o SGA verifica-se que as decisões, modificações e melhorias ocorrem na


própria planta e que na verdade os elementos do SGA são comuns a outros sistemas de
gerenciamento existentes, como sistema de gestão da qualidade, de saúde e segurança, por
exemplo.

A chave para o SGA efetivo é o desenvolvimento do mesmo de forma sistematizada,


planejando, controlando, medindo e melhorando os esforços ambientais. Melhorias ambientais
potenciais e redução de custos podem ser obtidos através da revisão e melhoria dos processos
de gerenciamento da organização. E ainda mais importante, nem todos os problemas
ambientais são resolvidos através da instalação de equipamentos de controle de poluição de
alto custo.

Fica claro que o planejamento e implementação de SGA envolve muito trabalho. Porém as
empresas que desenvolvem seu SGA percebem que ele representa um bom caminho para
mudanças positivas.

Os motivos e as razões para a estruturação e certificação de um SGA podem parecer muito


variáveis em casos concretos individuais. Em primeiro plano está a finalidade de assegurar a
permanente capacidade de competitividade da organização, em face das crescentes
exigências ambientais (de órgãos públicos, clientes, bancos, seguradoras e da sociedade em
geral). A isto se acrescenta a questão de que as exigências poderão ser interpretadas como
um risco às atividades implantadas e posições alcançadas, ou poderão ser interpretadas como
uma chance e possibilidade de destaque através de uma ecoestratégia. Em função da
interpretação o SGA é concebido como um instrumento defensivo de segurança ou como um
instrumento de destaque ambiental da organização.

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Podem-se diferenciar alguns benefícios internos e externos de um SGA. Um fato que deve ser
considerado, é que as organizações de pequeno e médio porte têm vantagens sobre as
grandes organizações no que diz respeito à implementação do SGA.

Nas empresas menores, as linhas de comunicação são geralmente menores, as estruturas


organizacionais são menos complexas, as pessoas possuem múltiplas funções e o acesso ao
gerenciamento é simples. Portanto, estas colocações podem representar vantagens reais para
a efetiva implementação do SGA.

Custos e benefícios do desenvolvimento e implementação do SGA

1. Custos:

 Tempo de trabalho dos empregados


 Consultoria
 Treinamento
 Infraestrutura para a prevenção

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2. Benefícios Internos:

 Melhoria do desempenho ambiental


 Novos clientes e mercados
 Melhoria da eficiência e redução dos custos
 Melhoria da moral dos empregados
 Redução de esforços com treinamento de novos empregados
 Prevenção de riscos e situações de emergências

4. Benefícios Externos:

 Melhoria da imagem perante a sociedade


 Fortalecimento da competitividade
 Facilidade em bancos e seguradoras, acesso a capital
 Facilidade de relacionamento com órgãos ambientais e comunidade
 Melhoria do desempenho ambiental
 Cumprimento de normas e legislação.

Capítulo 04: Conceitos Referentes ao Sistema de Gestão Ambiental

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A definição mais simplificada de SGA é que ele representa um ciclo contínuo de planejamento,
implementação, revisão e melhoria das ações da organização para que possam ser cumpridas
as obrigações ambientais. O SGA não acontece por acaso, ele necessita de ações que
suportem o mesmo.

Para melhorar o desempenho ambiental, a organização tem que avaliar não apenas quais são
as ocorrências, mas também porque elas ocorrem. A maioria dos modelos de gerenciamento
se baseiam no princípio de melhoria contínua, no conhecido ciclo da qualidade ou PDCA (Plan,
Do, Check, Action): planejar, fazer, checar e agir.

O PDCA pode ser brevemente descrito da seguinte forma:

• Planejar: Estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir os resultados em


concordância com a política ambiental da organização.

• Executar: Implementar os processos.

• Verificar: Monitorar e medir os processos em conformidade com a política ambiental,


objetivos, metas, requisitos legais e outros, e relatar os resultados.

• Agir: Agir para continuamente melhorar o desempenho do sistema da gestão ambiental.

Muitas organizações gerenciam suas operações através da aplicação de um sistema de


processos e suas interações, que podem ser referenciados como “abordagem de processo”. A
ABNT NBR ISO 9001 promove a utilização da abordagem de processo.

Como o PDCA pode ser aplicado a todos os processos, as duas metodologias são
consideradas compatíveis.

Nas empresas criam-se áreas para tratar de funções em uma estrutura vertical (organograma).
Esta tendência natural, muitas vezes necessária, distorce nossa visão em relação ao real
processo existente para atender a uma necessidade do cliente. Muitas vezes o processo
percorre várias áreas formais para conseguir atender à necessidade que se propõe.

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O conceito de melhoria contínua reconhece que o problema poderá ocorrer, porém a


organização comprometida aprende com os erros e se previne para que não ocorram
novamente em situações futuras.

O SGA tem que ser dinâmico permitindo a rápida adaptação às mudanças nos negócios
ambientais, desta forma o SGA tem que ser flexível e simples. Isto auxilia o SGA a ser
compreendido e incorporado pelas pessoas que trabalham na implementação.

Em algumas organizações a implementação do SGA pode sofrer resistência por parte de


algumas pessoas, por estas considerarem que ele representa burocracia, custos e aumento na
jornada de trabalho. Podem ocorrer resistências devido às mudanças e às novas
responsabilidades. Para conseguir vencer estes obstáculos, é preciso ter certeza de que todos
entendem porque a organização necessita do SGA efetivo e como ele pode ajudar no controle
dos impactos ambientais e consequentemente dos custos. Manter as pessoas envolvidas no
projeto e implementação do SGA demonstra o comprometimento da organização com o meio
ambiente e ajuda a verificar que ele é realista, prático e que agrega valor.

Implementando ou melhorando o SGA, a organização vai entender como gerenciar os


compromissos ambientais e como encontrar melhores soluções.

A ideia central embutida em um SGA é simples: as organizações devem estar em condições de


controlar os efeitos ambientais de suas próprias atividades, produtos e serviços e reduzir
sistematicamente os impactos ambientais causados. Somente assim pode-se evitar gastos
dispendiosos com recuperação ambiental ou medidas rápidas de adaptação a exigências de
órgãos públicos, clientes ou da sociedade. Desta forma, pode-se evitar também investidas
reguladoras frequentes do Estado ou ainda explorar o tema meio ambiente para colocar a
organização em evidência. A condição para isso, como também em outras áreas, é a existência
de sistemas de gestão apropriados, que permitam reconhecer os problemas ambientais e
tomar medidas para superá-los.

As exigências do SGA em todas as normas existentes, NBR ISO 14001, EMAS ou BS 7750,
são basicamente:

• Análise dos efeitos ambientais das atividades, produtos, serviços para uma avaliação e
fiscalização sistemática dos aspectos ambientais relevantes;

• Cumprimento permanente de todos os requisitos legais e outros requisitos na área ambiental;

• Fixação de objetivos e programas continuados;

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• Criação de condições organizacionais e de pessoal necessárias para poder atingir


efetivamente os objetivos;

• Efetuar regularmente auditorias ambientais para julgar a validade de todo o SGA e possibilitar
a avaliação de sua capacidade de desempenho pela administração;

• Garantia da melhoria contínua do SGA e do desempenho ambiental desejado.

Capítulo 05: Energias Limpas

Conceitos Gerais de produção mais Limpa

Desenvolver economicamente e preservar a natureza têm sido foco de discussões em todo o


mundo. Os debates tornaram-se críticos, á medida em que o correto gerenciamento das
riquezas naturais passou a ser diretamente relacionado à conservação da qualidade de vida no
planeta

A procura pelo desenvolvimento sustentável fez e faz a sociedade repensar, cada vez mais,
nas consequências dos seus atos.

O conceito de se desenvolver de forma sustentável enfoca as questões ambientais ao mesmo


tempo em que considera a dimensão social e econômica. Esse desenvolvimento prevê a

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garantia da qualidade de vida atual sem que essa comprometa as possibilidades das gerações
futuras o fazerem

Contudo, a consciência voltada para um desenvolvimento sustentável passou a ser difundida


após o crescimento industrial do século XX, marcado pelo uso livre da natureza, sem
preocupações com a proteção e preservação do meio ambiente. O alto consumo e a pressão
para a produção dos produtos fizeram com que resíduos se amontoassem do lado de fora dos
muros das indústrias, dos restaurantes, dos hotéis e das casas. Controlar os malefícios que
esses desperdícios causam no meio ambiente tornou-se um dos desafios atuais.

Fala-se em desperdícios porque alguns resíduos sólidos, efluentes líquidos ou emissões


gasosas, significam insumos que foram desperdiçados nas etapas de uma produção e que,
além de prejuízos econômicos, acarretam consequências ao meio ambiente.

Após a Revolução Industrial, o desenvolvimento veio acompanhado de avanços tecnológicos,


onde as grandes cidades tornaram-se convidativos aos investimentos. Porém, junto com esse
crescimento veio à possibilidade de escassez dos recursos naturais disponíveis ao homem e
ao meio que o envolve.

A possibilidade do crescimento econômico fez com que as pessoas não sentissem a


necessidade de preservar e/ou pensar no futuro que delas dependiam. Desta forma,
começaram a perceber que a natureza não repõe o que dela é retirado, quando o limite dos
recursos naturais chegou a um ponto crítico de controle visível.

Mudanças decorrentes de desmatamento, poluição e degradação ocorreram no planeta. Nos


últimos anos, a sociedade presenciou enchentes, deslizamentos, furacões, ciclones, tsunami,
reações devastadoras da natureza.

Diante da necessidade de reverter o quadro, alguns progressos em relação aos cuidados e


preocupações com o meio ambiente foram evidenciados. A promulgação de leis ambientais, a
criação de relatórios com processos relacionados a políticas e práticas ambientalmente
corretas, conferências envolvendo Órgãos Mundiais, entre outros, marcaram o final do século
XX.

A população passou a exigir dos órgãos governamentais soluções para o controle da poluição,
desmatamento e degradação. Paralelamente começou a exigir das organizações a
responsabilidade pelo seu processo fabril, bem como a responsabilidade desta perante a
sociedade

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As empresas, que até então, pensavam no crescimento econômico, tiveram que se preocupar
com a origem da matéria prima utilizada, a quantidade dos recursos naturais não renováveis, o
tratamento e a destinação dos resíduos, a fabricação dos produtos ecologicamente
responsáveis, além das ações sociais direcionadas à população.

Visando o enquadramento das suas ações na concepção do desenvolvimento sustentável, as


organizações passaram a visualizar o processo fabril, não somente como o gerador de
produtos e/ou serviços, mas como uma necessidade de adequação as exigências dos
consumidores.

Para atender a essas mudanças, as indústrias tiveram que se adaptar a novas tecnologias.
Essas tecnologias envolveram o âmbito gerencial e o operacional. Desta forma, a gestão
econômica das organizações passou a ser vista como uma gestão empresarial sócio ambiental.

As organizações começaram a cobrar das suas indústrias um desempenho econômico e


ambiental e dos seus administradores, principalmente aqueles voltados à produção, respostas
e soluções imediatas que não gerassem grandes custos à empresa.

Neste sentido, começou uma corrida em busca do melhor uso dos recursos e o aproveitamento
ideal dos insumos. Além da reformulação dos processos fabris, garantindo a confiabilidade dos
produtos e a flexibilidade da produção.

Com todas essas evidências as organizações começaram a reconhecer oportunidades


competitivas por meio da gestão ambiental. Essa gestão, que engloba vários fatores como
minimizar custos, reduzir a geração de resíduos e do uso de matérias primas, energias e outras
fontes, pode melhorar os resultados financeiros da organização.

Neste sentido, as organizações passaram a utilizar sistemas e técnicas que, além dos objetivos
ambientais, trouxeram benefícios sociais e econômicos. Dentre esses, enquadram-se o
Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e as metodologias de Prevenção da Poluição (PP ou P2),
Produção mais Limpa (P+L), Produção Limpa (PL) e Ecoeficiência.

O SGA é um instrumento organizacional que possibilita às empresas alocação de recursos,


definição e responsabilidades, bem como a avaliação contínua de práticas, procedimentos e
processos, buscando a melhoria permanente do seu desempenho ambiental. Esse sistema visa
à certificação ISO 14001.

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A P2 foca a questão da geração de resíduos poluentes e aceita, normalmente, medidas para


minimização ou redução de emissões. Entretanto, não aborda o consumo exagerado de água e
energia e não questiona o modelo de fim de tubo.

A Produção mais Limpa busca aplicar procedimentos que evitem desperdícios e geração de
resíduos nocivos ao meio ambiente nos processos fabris. Trata-se de uma estratégia
econômica, ambiental e tecnológica, integrada aos processos, produtos e serviços das
empresas. A P+L foca a redução de resíduos na fonte.

A Produção Limpa é a aplicação sistemática de princípios que permitem satisfazer as


necessidades da sociedade por produtos ambientalmente corretos, por meio do uso de
sistemas de energia eficientes e renováveis e materiais que não ofereçam risco, nem ameacem
a biodiversidade do planeta.

A PL foca a eliminação de substâncias tóxicas. A Ecoeficiência engloba a combinação do


desempenho econômico e ambiental, visando reduzir impactos ambientais, racionalizar o uso
de matérias primas e energia, reduzir os riscos de acidentes e melhorar a relação da
organização com as partes interessadas.

As quatro metodologias apresentadas não focam a certificação, embora possam servir de base
para o andamento do SGA.

Com esses sistemas e metodologias, as organizações ganharam um reforço para a criação de


novos valores e políticas ambientais que orientassem os sistemas de produção com vistas à
racionalização do uso de recursos naturais e para evitar a poluição.

Os administradores contaram com métodos sequenciais para nortear a aplicação de novas


técnicas, auxiliando na modificação do processo fabril, dos produtos e das ações
organizacionais.

5.1 - Energias Limpas

A energia pode ser conceituada como a capacidade de realizar trabalho, ou ainda, como a
capacidade de movimento. A sociedade humana, da maneira como se desenvolveu, depende,
atualmente, de cada vez mais energia para sua subsistência. O movimento é item
imprescindível no nosso cotidiano. Assim, o aproveitamento, a geração e a transformação de
energia são considerados como principais componentes para o desenvolvimento social e
econômico e provocam sérias implicações no meio ambiente.

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As alterações locais ou globais do clima caracterizam-se como grande desafio da atualidade.


Tais alterações, provocadas pela interferência humana, apensar de incertas quanto a sua
magnitudes, tonaram-se aceitas por parte da comunidade científica. Durante as ultimas
décadas, o risco e a realidade da degradação ambiental ficaram mais evidentes. A acentuação
dos problemas ambientais deve-se a uma combinação de vários fatores, desde o impacto
ambiental das atividades humanas, que cresce devido ao aumento da população mundial, até
os padrões exagerados de consumo desta sociedade e a de atividades industriais ineficientes e
poluidoras. A obtenção de soluções para os problemas ambientais enfrentados atualmente
requer ações integradas de curto, médio e longo prazos, que estejam em consonância com as
premissas e preceitos do desenvolvimento sustentável.

Os recursos energéticos são essencialmente usados para suprir as necessidades humanas e


para melhorar nossa qualidade de vida, embora também possam causar impactos ambientais
negativos. Por isso, medidas estratégicas para a proteção ambiental incluem o setor energético
e prezam, por exemplo, pelo aumento da eficiência e a mudança párea o sistema de produção
de energia menos agressiva. Reduções na emissão de poluentes como o dióxido de carbono
precisam ser incentivadas através da minimização da utilização de combustíveis fosseis na
matriz energética e a introdução de fontes renováveis de energia.

5.2. Energia Eólica

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Denomina-se energia eólica a energia cinética contida nas massas de ar em movimento, ou


seja, nos ventos. Entre as energias renováveis, a energia eólica tem um potencial importante e
os parques eólicos estão se tornando amplamente utilizados em todo o mundo. Durante a
última década, a energia eólica foi desenvolvida e ampliada para o uso industrial em alguns
países Europeus, incluindo a Alemanha, Dinamarca e Espanha. O sucesso obtido por essas
nações tem estimulado outros países a considerarem a energia eólica também para a geração
de eletricidade. A energia eólica para a produção de eletricidade é uma tecnologia madura,
competitiva, praticamente livre de poluição e amplamente utilizada mundialmente.

A tecnologia eólica converte a energia disponível no vento em eletricidade ou energia mecânica


através da utilização de turbinas eólicas. Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da
energia cinética de translação em energia cinética de rotação, com o emprego de turbinas
eólicas, também denominadas aerogeradores, para a geração de eletricidade, ou por meio de
cataventos para trabalhos mecânicos como bombeamento de água.

As turbinas eólicas capturam a energia do vento por meio de lâminas da turbina


aerodinamicamente projetadas e a convertem em energia mecânica de rotação. As laminas da
turbina eólica usam aerofólios para a geração de energia mecânica. A função de uma turbina
eólica é converter o movimento do vento em energia rotacional usada para acionar um gerador.
O desenvolvimento de turbinas eólicas maiores com melhor desempenho e de altas torres
aumentou a captura de vento e a produção de eletricidade.

As instalações eólicas podem ser classificadas, de acordo com a localização, em dois tipos;
Sistemas onshore e sistemas offshore. Onshore são instalações em terra e a offshore,
instalações marítimas, que representam a nova fronteira de utilização da energia eólica. As
instalações offshore têm acrescido principalmente pelo esgotamento de áreas de grande
potencial eólico em terra. Dessa forma, a indústria eólica tem investido no desenvolvimento
tecnológico de turbinas eólicas para uso no mar. Há uma série de razões para a implantação
de plantas de energia eólica offshore. Dentre elas, é possível citar: a velocidade do vento é
maior no mar do que na terra; o perfil de vento não mostra grandes variações com a altura; há
aumento da vida útil das turbinas se comparadas ás turbinas onshore, devido á menor
turbulência do vento no mar e maior duração dos ventos. As plantas eólicas offshore são mais
caras do que as onshore. No entanto, devido á elevada eficiência, maior e mais contínua
produção de eletricidade, a tendência atual é a construção de parques offshore. Em países
como Alemanha, Dinamarca, Suécia e Reino Unido, as instalações offshore predominam sobre
as onshore.

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Além da classificação de acordo com a localização, os parques eólicos podem se divididos em


sistemas isolados, sistemas híbridos e sistemas interligados á rede. Os sistemas isolados, em
geral, utilizam alguma forma de armazenamento de energia. Este armazenamento pode ser
feito em baterias, com o objetivo de utilizar aparelhos elétricos. Alguns sistemas isolados não
necessitam de armazenamento, como no caso dos sistemas de irrigação, em que toda a água
bombeada é diretamente consumida. Os sistemas híbridos são aqueles que, desconectados da
rede convencional, apresentam várias fontes de geração de energia além das turbinas eólicas,
como geração de diesel, módulos fotovoltaicos, entre outras. Em geral, os sistemas híbridos
são empregados em sistemas de médio a grande número de aerogeradores e não necessitam
de sistemas de armazenamento de energia, pois toda a geração é entregue diretamente á rede
elétrica.

5.3. Biomassa

Do ponto de vista de fonte renovável de energia, biomassa é qualquer matéria orgânica que
pode ser transformada em energia mecânica, térmica ou elétrica. De acordo com a sua origem,
pode ser classificada em florestal (madeira principalmente), agrícola (soja, arroz e cana-de-
açúcar, entre outras) e rejeitos urbanos e industriais (sólidos ou líquidos). Os derivados obtidos
dependem tanto da matéria- prima utilizada quanto da tecnologia de processamento para
obtenção dos energéticos.

A biomassa é uma das fontes de energia com maior potencial de crescimento nos próximos
anos. Tanto no mercado internacional quanto no interno, ela é considerada uma das principais
alternativas para a diversificação da matriz energética e consequentemente redução da
dependência dos combustíveis fosseis. A partir dela, é possível obter energia elétrica e
biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol, cujo consumo é crescente em substituição a
derivados do petróleo, como o óleo diesel e a gasolina.

Inicialmente, a biomassa não pode ser utilizada para produzir energia. Tornam-se necessários,
assim, alguns processos intermediários para adequá-la à sua posterior conversão em energia.
Esses processos podem ser incluídos, simplificadamente, em três grupos: físicos, químicos e
biológicos.

Físicos: São processos que atuam fisicamente sobre toda a biomassa e estão associados com
as fases primárias da transformação, como: preparação, corte, compactação, secagem, entre
outros.

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Químicos: São os processos relacionados com a digestão química, geralmente por meio de
hidrólise, pirólise ou gaseificação.

Biológicos: São processos implementados através da atuação direta de microrganismos ou


pelas suas enzimas (fermentação).

As utilizações da biomassa são diversas, dentre elas destacam-se a geração de energia


elétrica, a utilização térmica final e produção de biocombustíveis e biogás. Na geração de
energia elétrica, a biomassa é convertida em eletricidade em centrais de vapor de ciclo simples,
por meio de gaseificação ou, ainda, por meio de um processo de biodigestão. Quando
empregada para fins térmicos, a biomassa pode ser utilizada como combustível para gerar um
fluído térmico de aplicações industriais, por exemplo, na produção de água quente. Os
biocombustíveis têm a biomassa como matéria-prima para a produção de combustíveis
alternativos à gasolina ou gasóleo. Na produção de biogás, a biomassa é usada como um
substituto do gás natural.

Além de ser uma fonte energética renovável, as principais vantagens da utilização da biomassa
para a conversão em energia são: baixo custo de operação, implantação e manutenção de uma
unidade de conversão; facilidade de armazenamento e transporte; possibilidade de
reaproveitamento dos resíduos. Porém, o seu uso sem o devido planejamento pode ocasionar
a formação de grandes áreas desmatadas pelo corte incontrolado da vegetação, perda dos
nutrientes do solo, erosões e emissões de gases, dentre eles os de efeito estufa. Importante
ressaltar que a queima de biomassa provoca a liberação de dióxido de carbono na atmosfera.
No entanto, considerando o ciclo total de produção, este composto presente na atmosfera
havia sido previamente absorvido pelas plantas que deram origem ao combustível.

Entre as dificuldades principais e limitações da utilização de biomassa como fonte de energia,


citam-se a baixa densidade e produção dispersa; o estado físico inicial sólido, requerendo
tratamento prévio do material de pequenas quantidades, o que aumenta possíveis conflitos
com áreas agriculturáveis para a produção de alimentos. Uma exceção é a utilização da
biomassa florestal em processos de separação da celulose, nas industriais de papel e celulose.

Pesquisas futuras para o desenvolvimento tecnológico do processo encontram-se,


principalmente, em melhorias das tecnologias de colheita e logística, aprimoramento das
tecnologias de conversão energética e aumento da eficiência dos processos de produção de
energia e de combustíveis líquidos.

Fontes de energia renováveis foram responsáveis por suprir cerca de 15% da demanda
mundial de energia primária. Devido ao seu generalizado uso não comercial em países em

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desenvolvimento, a biomassa é, de longe, a maior fonte renovável, correspondendo a 80% do


total de energia renovável produzido no mundo. Aproximadamente dois terços da energia
obtida a partir de biomassa são usados para preparo de alimentos e aquecimento térmico em
países em desenvolvimento, nos quais a energia proveniente de biomassa corresponde a 22%
do total. Já em países desenvolvidos, a contribuição energética da biomassa é de
aproximadamente 5% do total, sendo aplicada basicamente para fins de aquecimento. De
acordo com o Conselho Mundial de Energia, a biomassa respondeu pela produção total de um
pouco mais de 1% da energia térmica e elétrica que consomem desta fonte, principalmente do
subgrupo madeira, o mais tradicional, e dos resíduos agrícolas.

No Brasil, a biomassa, com participação de 30% na matriz energética, foi a segunda principal
fonte de energia, superada apenas por petróleo e derivados. Ele ocupou a mesma posição
entre as fontes de energia de origem interno, ao responder por 4,7% da oferta. Só foi superada
pela energia hidráulica, responsável pela produção de 74% da oferta total, segundo dados do
Balanço Energético Nacional.

5.4 Energia Hidroelétrica

A energia hidroelétrica é gerada pelo aproveitamento do fluxo das águas em uma usina na qual
as obras civis – que envolvem tanto a construção quanto o desvio do rio e a formação do
reservatório - são tão ou mais importantes que os equipamentos instalados.

A primeira hidroelétrica do mundo foi construída no final do século XIX – quando o carvão era o
principal combustível e as pesquisas sobre o petróleo ainda eram incipientes – junto às quedas
de água das cataratas do Niágara. Até então, a energia hidráulica da região tinha sido utilizada
apenas para a produção de energia mecânica.

As principais variáveis utilizadas na classificação de uma usina hidroelétrica são: altura da


queda de água. Vazão, capacidade ou potência instalada, tipo de turbina empregada,
localização, tipo de barragem e reservatório. Porém, esses fatores não são independentes.
Como exemplo dessa interdependência, temos que a altura da queda de água e a vazão
dependem do local de construção e determinam a capacidade instalada que, por sua vez,
determina o tipo de turbina, barragem e reservatório.

Existem dois tipos de reservatórios: de acumulação e a fio de água. Os reservatórios de


acumulação geralmente localizam-se na cabeceira dos rios, ou seja, em locais de altas quedas
de água para utilização nas épocas de estiagem. A localização desse tipo de reservatório – a
montante das demais hidroelétricas – permite, ainda, a regulação da vazão da água que irá fluir
para a jusante, de forma a permitir a operação integrada do conjunto de usina. Já as unidades

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de fio de água geram energia com o fluxo de água do rio, havendo mínimo ou nenhum acúmulo
do curso de água. A operação em cascata de várias usinas a fio de água, com reservatório a
montante, pode ser otimizada para proporcionar a geração de energia quando se fizer
necessário.

Os reservatórios das hidrelétricas frequentemente suportam outros serviços essenciais de


água, tais como irrigação, controle de inundações e abastecimento de água potável – são os
chamados usos múltiplos - A água é um recurso vital que suporta todas as formas de vida na
Terra, embora não se encontre distribuída uniformemente ao longo das estações do ano ou
regiões geográficas. Algumas partes do mundo são propensas a secas, tornando a água um
bem escasso e precioso. Em outras partes do mundo, as inundações que causa a perda de
vidas e propriedades são maiores problemas. Ao longo da história, barragens e reservatórios
artificiais têm sido utilizados com sucesso na coleta, no armazenamento e no gerenciamento de
água, necessários para sustentar as civilizações.

Ser favorecido por recursos naturais que se transformam em fontes de produção de energia é
estratégico para qualquer país. Isso reduz a dependência do suprimento externo e, em
consequência, aumenta a segurança quanto ao abastecimento de um serviço vital ao
desenvolvimento econômico e social. No caso de potenciais hídricos, somam-se a esses
argumentos favoráveis outros dois: o baixo custo do suprimento em comparação com outras
fontes (carvão, petróleo, urânio e gás natural, por exemplo) e o fato de a operação das usinas
hidrelétricas não provocar a emissão de gases do efeito estufa. A energia hidrelétrica é
classificada como limpa no mercado internacional.

As hidrelétricas possuem várias vantagens, dentre elas a baixa emissão de poluentes de efeito
estufa, grande eficiência energética, baixos custos operacionais e de manutenção. Porém,
também concentram pontos desfavoráveis, que são essencialmente relacionados com a
questão socioambiental. O processo de construção e instalação das hidrelétricas gera conflitos
no uso da água e inundação de áreas, o que impacta a vida da comunidade e do ecossistema

do local, acarreta modificações de regimes hidrológicos da região e pode alterar a qualidade


dos recursos hídricos próximos ao reservatório.

5.5. Hidrogênio

As fontes de energia do futuro precisam ser ambientalmente limpas, seguras e de fácil


transporte até os usuários finais. O hidrogênio, como combustível, atende a maioria desses
requisitos. A principal limitação a seu uso como combustível é a dificuldade d armazenamento,
já que o gás é altamente inflamável, mesmo em baixas concentrações. Para armazená-lo na

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forma líquida, são necessárias temperaturas muito baixas. O aproveitamento energético por der
feito das seguintes maneiras:

Combustão do hidrogênio em motores de combustão interna e turbinas;

Geração de vapor direto por meio da combustão de hidrogênio com uso de oxigênio;

Geração de eletricidade por reação eletroquímica (Células de combustível).

A célula de combustível é um dispositivo semelhante a uma bateria de recarga contínua e gera


eletricidade pela ração eletroquímica de baixa temperatura entre o hidrogênio e o oxigênio.
Uma bateria armazena energia, já as células de combustível podem produzir eletricidade
continuamente enquanto combustível e ar forem fornecidos. Em tal processo, há apenas a
emissão de água e não ocorre mais baixas do que os motores de combustão interna.

Embora seja o elemento químico mais comum no planeta, o hidrogênio não ocorre, nas
condições normais de temperatura e pressão, em sua forma elementar. Portanto, para obter
hidrogênio (gás líquido) é necessário gasto de energia. Isso pode ser realizado por diferentes
processos, como eletrólise da água, pirólise, gaseificação de biomassa ou, ainda, pela
produção biológica de hidrogênio. Ainda hoje, grande parte do hidrogênio gerado no mundo se
dá por utilização de combustível fóssil. Porém, a eletricidade utilizada para a eletrólise pode vir,
eventualmente, de fontes limpas e renováveis, tais como a radiação solar, a energia cinética do
vento e da água, ou o calor geotérmico. Portanto, o hidrogênio pode se tornar um importante
elo entre a energia renovável e energia química portátil. A fotoeletrólise da água , um método
que utiliza sistemas de coleta de luz para alimentar a eletrólise da água, é um exemplo dessa
integração.

5.6 Energia Solar

O sol emite em torno de 100.000 TW de energia para a terra, que é aproximadamente 10 mil
vezes maior que a taxa de consumo atual de todo o planeta.

A radiação solar é uma das fontes mais limpas de energia, não emite ruídos e não provoca
nenhum tipo de poluição. Além disso, o uso de tal fonte imprime o mínimo de riscos ambientais
e ecológicos associados. Isso é um fator importante quando se pensa em fonte de energia e
melhoria de qualidade de vida das pessoas. Grande variedade de tecnologia foi e está sendo
desenvolvida para o aproveitamento da energia solar nos setores doméstico, comercial e
industrial. Tais tecnologias têm por objetivo capturar a radiação solar e transformá-la em

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energia térmica, para seu posterior aproveitamento, ou diretamente em energia elétrica,


utilizando as chamadas células fotovoltaicas.

Quando a energia solar é transformada diretamente em eletricidade, pode ser armazenada em


baterias e o desafio está em obter baterias menores e mais eficientes. Quando captada em
forma de calor, a energia pode ser armazenada em forma de calor ou me reações químicas
endotérmicas que, quando revertidas, liberam a energia nelas armazenada novamente em
forma de calor.

A energia solar pode ser aproveitada diretamente em forma de energia térmica, principalmente
em menor escala. Essa energia é, na atualidade, uma das que mais recebeu investimento, em
nível mundial, para seu desenvolvimento, ficando atrás apenas da energia eólica. Grande parte
dos investimentos em energia solar são para instalações pequenas e descentralizadas, o que
demonstra a importância dos sistemas de pequeno porte para o aproveitamento desta fonte de
energia.

A energia térmica é proveniente da transformação de radiação solar em calor. Os fótons


interagem com as moléculas de uma determinada substancia, e fazem com que as moléculas
vibrem e gerem calor. A energia solar, uma vez transformada em energia térmica, pode ser
convertida em energia elétrica, principalmente em larga escala, com o uso dos chamados
concentradores solares. Tais sistemas captam a energia solar incidente em grandes áreas e a
concentram em uma área muito menor, fazendo com que a temperatura desta última área
aumente consideravelmente.

5.7 Energia Nuclear

Reações nucleares são transformações da composição do núcleo atômico de u8m elemento. A


energia nuclear consiste no uso controlado dessas reações para, por exemplo, realizar
movimento, obter calor e gerar eletricidade. Energia nuclear pode ainda se definida como a
energia liberada dos núcleos atômicos ao serem conduzidos a condições instáveis, seja de
forma espontânea ou através de processos artificiais, como as técnicas de bombardeamento
de nêutron

Existem duas forma de aproveitar a energia nuclear para convertê-la em calor: a fissão nuclear
e a fusão nuclear. No processo de fissão, há a quebra do núcleo atômico, que é subdividido em
duas ou mais partículas. Caso haja uma grande quantidade de núcleos disponíveis para fissão,
a probabilidade de ocorrerem outras fissões é elevada, gerando assim novos nêutrons e
ocasionando, sucessivamente novas fissões. Esse procedimento autossustentável, que uma
vez iniciado é capaz de se manter sem a necessidade de provocar uma nova fissão, é

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chamado de reação em cadeia. Já no processo de fusão, dois ou mais núcleos atômicos se


unem para formar um novo núcleo. Os reatores de fusão são uma tecnologia ainda não
totalmente desenvolvida, enquanto os reatores de fissão já são utilizados há muito tempo.

5.8 Tecnologias Limpas

Visando a prática de um desenvolvimento sustentado, as empresas vêm se adequando às


exigências da sociedade, dos consumidores e do meio ambiente.

Para preservar empregam as chamadas tecnologias limpas, que utilizam racionalmente os


recursos, protegem o meio ambiente e evitam a poluição.

O conceito de tecnologia limpa foi desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA) em 1989, sendo introduzido como uma inovadora abordagem para a
conservação dos recursos e gestão ambiental, com o objetivo imediato de incrementar o
conhecimento sobre o conceito e promover sua adoção pela indústria.

A proposta do PNUMA era fomentar a manufatura de produtos e o uso contínuo de processos


industriais que aumentassem a eficiência, prevenissem a poluição do ar, água e solo,
reduzissem os resíduos na fonte de poluição e minimizassem os risco para a população
humana e o ambiente

As tecnologias limpas são definidas por qualquer medida técnica tomada para reduzir, ou
mesmo eliminar na fonte, a produção de alguma poluição ou resíduo, além de ajudar a
economizar matérias primas, recursos naturais e energia.

AS tecnologias “mais” limpas são técnicas genéricas para implementação da produção mais
limpa. Essas incluem práticas de manutenção, otimização de processos, substituição de
matéria prima, novas tecnologias e novo projeto.

Utilizar tecnologia limpa significa adotar uma estratégia ambiental aos processos, produtos e
serviços de uma empresa, reduzindo riscos ao meio ambiente e ao ser humano.

Embora as empresas estejam utilizando tecnologias ambientalmente corretas, essa opção


pode ser determinada por fatores econômicos, técnicos e estratégicos das organizações, os
quais nem sempre têm ligação direta com a preservação.

Todavia, voltando-se para as ações empresariais sustentáveis, há que diferenciar tecnologias


limpas em gerenciais e operacionais.

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As tecnologias gerenciais estão ligadas ao controle e implantação de uma mentalidade


ecologicamente adequada, ou seja, são os processos de gestão.

Dentre as principais tecnologias limpas gerenciais estão as normas de gestão ambiental (ISO
14000). Essas normas visam à qualidade ambiental e abrangem as seguintes áreas:

Sistema de Gestão Ambiental (SGA), Normas ISO 14001 e ISO 14004;

Auditoria Ambiental, Norma ISO 14010 e seguintes;

Rotulagem Ambiental, Norma ISO 14020 e seguintes;

Avaliação do Desempenho Ambiental, Norma ISO 14031;

Análise do Ciclo de Vida (ACV), Norma ISO 14040 e seguintes;

Termos e definições, Norma ISO 14050; e

Aspectos Ambientais nos produtos, Norma ISO 14060.

As tecnologias limpas operacionais englobam, necessariamente:

a) estratégias básicas e balanços energéticos;

b) antecipação e monitoramento;

c) controle da poluição nos processos;

d) tecnologias de produtos;

e) logística de suprimentos;

f) tratamento e minimização;

g) descarte e disposição.

Além da gestão ambiental, as tecnologias limpas gerenciais abrangem a educação ambiental, o


marketing verde, a contabilidade e finanças ambientais, a responsabilidade social corporativa,
a saúde ocupacional, entre outros.

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As tecnologias limpas operacionais são aquelas atreladas aos processos produtivos, ou seja,
visam torná-los menos nocivos ao meio ambiente.

As técnicas limpas incluem todos os procedimentos ambientais e processos locais projetados


com o objetivo de reduzir os efluentes e resíduos na origem. Essa mediadas enquadram –se
em dois princípios:

Recuperação/Reutilização de subprodutos;

Evitar tratamentos desnecessários.

Produção mais Limpa como Ferramenta de Gestão Ambiental

A gestão ambiental tem emergido como um fator estratégico essencial em muitas


organizações.

Gestão ambiental é um processo de ampla organização da aplicação da inovação para


alcançar a sustentabilidade, redução de desperdício, responsabilidade social e vantagem
competitiva. Este tema visa à aprendizagem contínua e desenvolvimento de metas e
estratégias ambientais que são totalmente integradas com os objetivos e estratégias da
organização.

O sistema de gestão ambiental apresenta fases de implementação cujo sucesso depende da


correta identificação e avaliação dos impactos ambientais. Desta forma, utiliza-se este sistema

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para gerir as questões ambientais dentro das empresas, facilitando sua implantação e
operação pelas mesmas.

A padronização dos sistemas de gestão ambiental tem evoluído nos últimos anos. Diversas
normas vêm sendo desenvolvidas para este fim, como, por exemplo, a norma ISO 14001.
Diferentes empresas que possuem a certificação ISO 14001 adotam este sistema de gestão
ambiental como um padrão na política empresarial.

A década após a Conferência das Nações Unidas sobre ambiente e desenvolvimento que
ocorreu no Rio, em 1992, apresentou uma grande experimentação e consolidação dos
conceitos Produção Mais Limpa e Ecoeficiência. Isto está envolvido também com estratégias
complementares para o uso eficiente e eficaz de materiais, energia, água e outros recursos
naturais nos negócios.

Apenas os investimentos em tecnologias end-of-pipe (ou fim de tubo) – tratamento dos


resíduos no final do processo de produção- são contabilizados devido aos problemas
metodológicos de se separar medidas de Produção Mais Limpa dos investimentos em
tecnologias não ambientais.

O conceito de Produção Mais Limpa foi cunhado pela 3M e por outras poucas grandes
empresas de processamento dos Estados Unidos da América em meados da década de 70. A
ideia central era a prevenção do desperdício e de emissões em primeiro lugar, em vez de tratar
e controlar os mesmos depois que eles eram gerados. Em meados de 1980, as práticas e
tecnologias de Produção Mais Limpa foram desenvolvidas e transferidas para pequenas e
médias empresas. Estas foram divulgadas rapidamente desde então, em particular na Europa,
América do Norte, e, no final da década de 90, também na Austrália, Nova Zelândia; Sul e
Leste da Ásia.

Trabalhar com a produção mais limpa pode ser uma inovação para as empresas, já que trata
de um processo complexo, exigente de mudanças comportamentais, incluindo todos os atores
envolvidos no processo. Contudo, trata-se de um convite a todos os dirigentes e colaboradores
para que comecem a agir em busca de um desempenho ambientalmente responsável e
plenamente sustentável com relação aos recursos do planeta.

A Produção Mais Limpa oferece um caminho prático para a estrutura conceitual do


desenvolvimento sustentável para a ação. Não é um novo conceito, mas sim uma extensão
lógica do desejo de conservar os materiais e reduzir desperdício. Requer que as pessoas
examinem os resultados da produtividade aumentada, dos recursos de entrada e desperdício
reduzidos, e o mais importante, o risco ambiental reduzido.

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A Produção Mais Limpa não é somente uma iniciativa ambiental, apóia outros programas e
estratégias orientados à produtividade, sua aplicação contínua visa à integração da prevenção
ambiental, estratégia de processos, produtos e serviços para aumentar a eficiência e reduzir os
riscos para os seres humanos e o meio ambiente.

A P+L requer mudança de atitude, o exercício de gerenciamento ambiental responsável e


avaliação de opções tecnológicas. Isso significa agregar cada vez maior valor aos produtos e
serviços, consumindo menos materiais e gerando cada vez menos contaminação.

Os sistemas de Produção Mais Limpa são circulares e usam menor número de materiais,
menos água e energia. Os recursos fluem pelo ciclo de produção e consumo em ritmo mais
lento. Os princípios da P+L questionam a necessidade real do produto ou procuram outras
formas pelas quais essa necessidade poderia ser satisfeita ou reduzida.

O princípio básico da metodologia de Produção Mais Limpa é eliminar ou reduzir a poluição


durante o processo de produção, e não no final. Isso porque todos os resíduos gerados pela
empresa custam dinheiro, pois foram comprados a preço de matéria prima e consumiram
insumos como água e energia. Uma vez gerados, continuam a consumir dinheiro, seja sob a
forma e gastos de tratamento e armazenamento, seja sob a forma de multas pela falta desses
cuidados, ou ainda pelos danos à imagem e reputação da empresa. A P+L é, portanto, um
método preventivo de combate à poluição que leva à economia de água, de energia e de
matéria prima, proporcionando um aumento significativo de lucratividade uma vez que resulta
em: redução de emissões atmosféricas, redução no consumo de energia e água, resíduos
sólidos segregados e livres de contaminação, redução no tratamento de efluentes líquidos e
redução no consumo de matéria prima.

Produção mais Limpa x Tecnologias de Fim de Tubo

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Tecnologias de Fim de Tubo: Como posso tratar os resíduos gerados?

É uma tecnologia simplista, e acabam resultando no aumento dos custos associados ao


gerenciamento ambiental.

A primeira ação tomada é a disposição dos seus resíduos ou o seu tratamento, apresentando
assim, um potencial menor para a solução do problema ambiental, sendo mais caras em longo
prazo, agregando novos custos no processo produtivo.

Tecnologia de produção mais limpa: De onde vêm os resíduos e as emissões?

Privilegia as ações voltadas para a prevenção e minimização, pois atua direto na fonte
geradora, buscando alternativas para o desenvolvimento de um processo ecoeficiente (produzir
mais com o menor impacto possível ao meio ambiente), resultando assim, na não geração do
resíduo, redução ou reciclagem interna e externa.

Tabela comparativa entre as duas tecnologias:

Controle de Poluição – Fim de Tubo Prevenção á Poluição – Produção mais


Limpa
Os poluentes são controlados por filtros Poluentes são evitados na origem,
e métodos de tratamento de lixo. através de medidas integradas.
O controle da poluição é avaliado A prevenção da poluição é parte
depois do desenvolvimento de integrante do desenvolvimento de
processos e produtos e quando os produtos e processos.
problemas aparecem.
Controles de poluição e avanços Poluição e rejeitos são considerados
ambientais são sempre considerados recursos potenciais e podem ser
fatores de custos pelas empresas. transformados em produtos úteis e sub-
produtos desde que não tóxicos.
Desafios para avanços ambientais Desafios para avanços ambientais
devem ser administrados por peritos deveriam ser de responsabilidade geral
ambientais tais como especialistas em na empresa, inclusive de trabalhadores,
rejeitos. designers e engenheiros de produto e
de processo.
Avanços ambientais serão obtidos com Avanços ambientais incluem
técnicas e tecnologia. abordagens técnicas e não técnicas

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Medidas e avanços ambientais Medidas de desenvolvimento ambiental


deveriam obedecer aos padrões deveriam ser um processo de trabalho
definidos pelas autoridades. contínuo visando a padrões elevados.
Qualidade é definida como “atender as Qualidade total significa a produção de
necessidades dos usuários”. bens que atendam às necessidades dos
usuários e que tenham impactos
mínimos sobre a saúde e o ambiente

A Produção Mais Limpa, quando comparada às tecnologias de Fim de Tubo1, “end-of-pipe”,


apresenta vantagens como:

A implementação de um Programa de Produção mais Limpa possibilita à empresa o melhor


conhecimento do seu processo industrial através do monitoramento constante para
manutenção e desenvolvimento de um sistema eco-eficiente de produção com a geração de
indicadores ambientais e de processo. Este monitoramento permitirá à empresa identificar
necessidades de: pesquisa aplicada, informação tecnológica e programas de capacitação.
Além disso, o Programa de Produção mais Limpa irá integrar-se aos Sistemas de Qualidade,
Gestão Ambiental e de Segurança e Saúde Ocupacional, proporcionando o completo
entendimento do sistema de gerenciamento da empresa.

Potencial para soluções econômicas na redução da quantidade de materiais e energia usados:


Comparando as mudanças que ocorrem na estrutura de custos de uma empresa em duas
situações possíveis, quando não há e quando há investimento em Produção mais Limpa,
verifica se que neste último caso os custos decrescem significativamente com o tempo,
resultado dos benefícios gerados a partir do aumento da eficiência dos processos, do uso
eficiente de matérias-primas, água e energia, e da redução de resíduos e emissões gerados.

Indução a um processo de inovação dentro da empresa, devido a uma intensa avaliação do


processo de produção, a minimização de resíduos, efluentes e emissões.

Redução dos riscos no campo das obrigações ambientais e da disposição de resíduos devido
ao fato de que a responsabilidade pode ser assumida para o processo de produção como um
todo.

Facilitação do caminho em direção a um desenvolvimento econômico mais sustentado.

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Eficiência energética: Requer os mais altos níveis de eficiência energética na produção de bens
e serviços. É determinada pela maior razão possível entre energia consumida e produto final
gerado:

Eliminação/redução de resíduos: Procura eliminar o lançamento de resíduos no meio ambiente


ou reduzi-lo substancialmente; A Produção mais Limpa procura eliminar o lançamento de
resíduos no meio ambiente ou reduzi-lo substancialmente. Entende-se por resíduo todos os
tipos de poluentes, incluindo resíduos sólidos, perigosos ou não, efluentes líquidos, emissões
atmosféricas, calor, ruído ou qualquer tipo de perda que ocorra durante o processo de geração
de um produto ou serviço.

Produção sem poluição: Processos produtivos ideais ocorrem em um circuito fechado, sem
contaminar o meio ambiente e utilizando os recursos naturais com a máxima eficiência
possível; Processos produtivos ideais, de acordo com o conceito de Produção mais Limpa,
ocorrem em um circuito fechado, sem contaminar o meio ambiente e utilizando os recursos
naturais com a máxima eficiência possível.

Saúde e segurança no processo: Procura minimizar os riscos para os trabalhadores com


ambiente de trabalho mais limpo, mais seguro e mais saudável;

Produtos ambientalmente adequados: O produto final e os subprodutos devem ser tão


ambientalmente adequados quanto possível; Priorizar fatores relacionados á saúde e meio
ambiente nos estágios iniciais de planejamento dos produtos, considerá-los ao longo de todo o
ciclo de vida;

Embalagens ambientalmente adequadas: Eliminada ou minimizada sempre que possível;


quando for necessária deve ter o menor impacto ambiental possível.

Portanto, fica claro que o principal objetivo da Produção mais Limpa é eliminar ou reduzir a
emissão de poluentes para o meio ambiente, ao mesmo tempo em que aperfeiçoa o uso de
matérias-primas, água e energia. Desta forma, além de um efeito de proteção ambiental de
curto prazo, a Produção mais Limpa incrementa a eficiência no uso de recursos naturais,
gerando melhorias sustentáveis de longo prazo.

Implementação de um programa de Produção mais Limpa

34
CAIC – CENTRO DE APRENDIZAGEM & INTEGRAÇÃO DE CURSOS

A primeira ação antes da instauração de um programa de Produção mais Limpa é a


sensibilização prévia do público alvo (empresários/gerentes) por meio de uma visita técnica,
fazendo a exposição de casos bem sucedidos, apontando seus benefícios financeiros e
ambientais. Além disso, devem ser também salientados:

• Reconhecimento da prevenção como etapa anterior às ações de fim-de-tubo;

• As pressões do órgão ambiental para o cumprimento dos padrões ambientais;

• Custo na aquisição e manutenção de equipamento de fim-de-tubo;

• Outros fatores relevantes para que o público alvo visualize os benefícios da abordagem de
Produção mais Limpa.

É enfatizada, durante a pré-sensibilização, a necessidade de comprometimento gerencial da


empresa, sem o qual não é possível desenvolver o Programa de Produção mais Limpa.

Após a fase de pré-sensibilização a empresa poderá iniciar a implementação de um Programa


de Produção mais Limpa através de metodologia própria ou através de instituições que possam
apoiá-la nesta tarefa. Um programa de implementação de Produção mais Limpa deverá seguir
os seguintes passos:

Etapa I: A metodologia de implementação de um Programa de Produção mais Limpa contempla


as seguintes etapas:

Obtenção do comprometimento gerencial é fundamental sensibilizar a gerência para garantir o


sucesso do Programa. A obtenção de resultados consistentes depende decisivamente do
comprometimento da empresa com o Programa;

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CAIC – CENTRO DE APRENDIZAGEM & INTEGRAÇÃO DE CURSOS

Identificação de barreiras à implementação e busca de soluções para que o Programa tenha


um bom andamento é essencial que sejam identificadas as barreiras que serão encontradas
durante o desenvolvimento do Programa e buscar soluções adequadas para superá-las;

Estabelecimento da amplitude do Programa de Produção mais Limpa na empresa - é


necessário definir em conjunto com a empresa a abrangência do Programa: incluirá toda a
empresa, iniciará em um setor crítico, etc.;

Formação do Ecotime ( Grupo de trabalho formado por profissionais que tem por objetivo
conduzir o programa de Produção mais Limpa).

As funções do Ecotime são:

Realizar o diagnóstico

Implantar o programa

Identificar oportunidades e implantar medidas de Produção mais Limpa

Monitorar o programa

Dar continuidade ao programa

ETAPA II: Contempla o estudo do fluxograma do processo produtivo, realização do diagnóstico


ambiental e de processo e a seleção do foco de avaliação.

Análise do Fluxograma:

A análise detalhada do fluxograma permite a visualização e a definição do fluxo qualitativo de


matéria prima, água e energia no processo produtivo, visualização da geração de resíduos
durante o processo, agindo desta forma como uma ferramenta para obtenção de dados
necessários para a formação de uma estratégia de minimização da geração de resíduos,
efluentes e emissões.

Após a elaboração do fluxograma do processo produtivo são determinadas as estratégias para


identificação e quantificação dos fluxos de massa e energia nas diversas etapas deste
processo.

Realização do diagnóstico ambiental e de processo:

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Após o levantamento do fluxograma do processo produtivo da empresa, o ecotime fará o


levantamento dos dados quantitativos de produção e ambientais existentes, utilizando fontes
disponíveis como por exemplo, estimativas do setor de compras,etc.

• Quantificação de entradas (matérias-primas, água energia e outros insumos), com maior


enfoque para água e energia, mas sem detalhar por etapa do fluxograma;

• Quantificação de saídas (resíduos, efluentes, emissões, subprodutos e produtos), mas sem


detalhar por etapa do fluxograma;

• Dados da situação ambiental da empresa;

• Dados referentes à estocagem, armazenamento e acondicionamento.

Seleção do foco de avaliação:

De posse das informações do diagnóstico ambiental e da planilha dos principais aspectos


ambientais é selecionado entre todas as atividades e operações da empresa o foco de
trabalho. Estas informações são analisadas considerando os regulamentos legais, a quantidade
de resíduos gerados, a toxicidade dos resíduos, e os custos envolvidos.

Por exemplo: se a empresa tem um determinado prazo para cumprir um auto de infração para
reduzir a quantidade de cromo no seu efluente tratado, será priorizado o item regulamentos
legais independente de quanto este efluente representa em termos de custo, toxicidade ou
quantidade.

Etapa III: Nessa etapa é elaborado o balanço material e são estabelecidos indicadores, são
identificadas as causas da geração de resíduos e é feita a identificação das opções de
produção mais limpa. Cada fase desta etapa é detalhada a seguir.

Análise quantitativa de entradas e saídas e estabelecimento de indicadores:

Esta fase inicia com o levantamento dos dados quantitativos mais detalhados nas etapas do
processo priorizadas durante a atividade de Seleção do Foco da Avaliação.

Os item avaliados são os mesmos da atividade de Realização do Diagnóstico Ambiental e de


Processo, o que possibilita a comparação qualitativa entre os dados existentes antes da
implementação do Programa de Produção mais Limpa e aqueles levantados pelo Programa:

• Análise quantitativa de entradas e saídas;

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CAIC – CENTRO DE APRENDIZAGEM & INTEGRAÇÃO DE CURSOS

• Quantificação de entradas (matérias-primas, água, energia e outros insumos);

• Quantificação de saídas (resíduos, efluentes, emissões, subprodutos e produtos);

• Dados da situação ambiental da empresa;

• Dados referentes à estocagem, armazenamento e acondicionamento de entradas e saídas.

A identificação dos indicadores é fundamental para avaliar a eficiência da metodologia


empregada e acompanhar o desenvolvimento das medidas de Produção mais Limpa
implantadas. Serão analisados os indicadores atuais da empresa e os indicadores
estabelecidos durante a etapa de quantificação. Dessa forma, será possível comparar os
mesmos com os indicadores determinados após a etapa de implementação das opções de
Produção mais Limpa.

Identificação das causas da geração de resíduos:

Com os dados levantados no balanço material (quantificação) são avaliadas pelo Ecotime as
causas de geração dos resíduos na empresa. Os principais fatores na origem dos resíduos e
emissões são:

Matéria – Prima:

uso de matérias-primas de menor custo, abaixo do padrão de qualidade; falta de especificação


de qualidade; deficiência no suprimento; sistema inadequado de gerência de compras;
armazenagem inadequada.

Operacional: consumo de água e energia não conferidos; acionamento desnecessário ou


sobrecargas de equipamentos; falta de manutenção preventiva; etapas desnecessárias no
processo; falta de informações de ordem técnica e tecnológica.

Produtos: proporção inadequada entre resíduos e design impraticável do produto; embalagens


inadequadas; produto composto por matérias-primas perigosas; produto de difícil
desmontagem e reciclagem.

Capital: escassez de capital para investimento em mudanças tecnológicas e de processo; foco


exagerado no lucro, sem preocupações na geração de resíduos e emissões; baixo capital de
giro.

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Causas relacionadas aos resíduos: inexistência de separação de resíduos; desconsideração


pelo potencial de reuso de determinados resíduos; não há recuperação de energia nos
produtos resíduos e emissões; manuseio inadequado.

Recursos humanos: recursos humanos não qualificados; falta de segurança no trabalho;


exigência de qualidade – treinamento inexistente ou inadequado; trabalho sob pressão;
dependência crescente de trabalho eventual e terceirizado.

Fornecedores/ parceiros comerciais: compra de matérias-primas de fornecedores sem


padronização; falta de intercâmbio com os parceiros comerciais; busca somente do lucro na
negociação, sem preocupação com o produto final.

Know-how/ processo: má utilização dos parâmetros de processo; uso de tecnologias de


processo ultrapassadas.

Identificação das Opções de Produção mais Limpa:

Sob o ponto de vista de resíduos, efluentes e emissões e levando-se em consideração os


níveis e as estratégias de aplicação, a abordagem de produção mais limpa pode se dá em duas
formas:

Pela minimização de resíduos, efluentes e emissões: Contempla modificações no produto e no


processo.

Pela reutilização de resíduos (reciclagem interna ou externa)

Etapa IV: Constitui-se de uma avaliação técnica, econômica e ambiental e da seleção de


oportunidade viáveis.

Avaliação Técnica - Aqui é importante considerar:

Impacto da medida proposta sobre o processo,produtividade, segurança, etc.;

Testes de laboratório ou ensaios quando a opção estiver mudando significativamente o


processo existente;

Experiências de outras companhias com a opção que está sendo estudada;

Todos os funcionários e departamentos atingidos pela implantação das opções;

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Necessidades de mudanças de pessoal, operações adicionais e pessoais de manutenção,


além do treinamento adicional dos técnicos e de outras pessoas envolvidas.

Avaliação Ambiental - Aqui é importante considerar:

A quantidade de resíduos, efluentes e emissões que será reduzida;

A qualidade dos resíduos, efluentes e emissões que tenham sido eliminados – verificar se
estes contêm menos substâncias tóxicas e componentes reutilizáveis;

A redução na utilização de recursos naturais.

Avaliação Econômica - Aqui é importante considerar:

Os investimentos necessários;

Os custos operacionais e receitas do processo existente e os custos operacionais e receitas


projetadas das ações a serem implantadas;

A economia da empresa com a redução/eliminação de multas.

Etapa V: Plano de implantação e monitoramento

Após a seleção das opções de produção mais limpa viáveis será traçada a estratégia para
implantação das mesmas. Assim, é importante considerar:

As especificações técnicas detalhadas;

O plano adequado para reduzir o tempo de instalação;

Os itens de dispêndio para evitar ultrapassar o orçamento previsto;

A instalação cuidadosa de equipamentos;

A realização de controle adequado sobre a instalação;

A preparação adequada da equipe e a instalação para inicio da operação.

Juntamente com o plano de implementação deve ser planejado o sistema de monitoramento


das medidas a serem implantadas. Nessa etapa é fundamental considerar:

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Quando devem ocorrer as atividades determinadas;

Qual o responsável por essas atividades;

Quando são esperados os resultados;

Quando e por quanto tempo monitorar as mudanças;

Quando avaliar o progresso;

Quando devem ser assegurados os recursos financeiros;

Quando a gerência deve tomar uma decisão;

Quando a opção dever ser implantada;

Quanto tempo deve durar o período dos testes;

Qual é a data de conclusão da implementação.

O plano de monitoramento pode ser dividido em quatro estágios:

Planejamento;

Preparação;

Implementação;

Registro e análise de dados.

Os cinco principais estágios do SGA definidos pela NBR ISO 14001:2004 são:

5.9 Princípio 1. Política Ambiental

A norma NBR Série IS0 14001, define Política Ambiental como “a declaração da organização,
expondo suas intenções e princípios em relação ao seu desempenho ambiental global, que
provê uma estrutura para a ação e definição de seus objetivos e metas ambientais”. A política
ambiental estabelece, dessa forma, um senso geral de orientação e fixa os princípios de ação
para a organização”.

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A Política Ambiental da empresa deve ser consubstanciada por meio de um documento escrito
- carta de compromisso da empresa - que aborde todos os valores e filosofia da empresa
relativos ao meio ambiente, bem como aponte os requisitos necessários ao atendimento de sua
política ambiental, por meio dos objetivos, metas e programas ambientais .A política ambiental
como a grande declaração de comprometimento empresarial, relativo ao meio ambiente,
constituindo a fundação ou base do sistema de gestão. A política ambiental contém as
diretrizes básicas para a definição e revisão dos objetivos e metas ambientais da empresa. A
Série ISO 14001, no seu requisito relativo à política ambiental, afirma que:” a alta administração
deve estabelecer a política ambiental da empresa e assegurar que ela:

· seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos ou


serviços;

· inclua o compromisso com a melhoria contínua e a prevenção da poluição;

· inclua comprometimento com a legislação e normas ambientais aplicáveis e demais requisitos


subscritos pela organização;

· forneça a estrutura para o estabelecimento e revisão dos objetivos e metas ambientais;

· esteja disponível para o público.

5.10 Princípio 2. Planejamento

A Série ISO 14001 recomenda que a organização formule um plano para cumprir sua Política
Ambiental.

Este plano deve incluir os seguintes tópicos: aspectos ambientais; requisitos legais e outros
requisitos; objetivos e metas; e programas de gestão ambiental.

1. Aspectos ambientais

O objetivo desse item da norma é fazer com que a empresa identifique todos os impactos
ambientais significativos, reais e potenciais, relacionados com suas atividades, produtos e
serviços, para que possa controlar os aspectos sob sua responsabilidade. Segundo esta
norma, aspecto ambiental significa a causa de danos ambientais e impacto ambiental significa
os seus efeitos ambientais, adversos ou benéficos.

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2. Requisitos legais e outros requisitos

Os requisitos definidos pela política ambiental da empresa coloca com clareza os


comprometimentos, destacando-se o atendimento à legislação, normas ambientais aplicáveis e
outros requisitos ambientais.

Nesta etapa, são definidos critérios para o cadastramento e a divulgação da legislação


ambiental, dos códigos de conduta aplicáveis a situações específicas da empresa, e dos
compromissos ambientais assumidos pela corporação.

3. Objetivos e metas

À semelhança das demais políticas empresariais, a política ambiental também tem o seu
desdobramento em objetivos e metas a serem alcançados em um determinado período de
tempo, além de seguir uma lógica coerente com as fases de planejamento. Desta forma, os
objetivos e metas devem refletir os aspectos e impactos ambientais significativos e relevantes
visando o desdobramento em metas e objetivos ambientais a serem alcançados
operacionalmente por setores específicos da empresa, com responsabilização definida.

4. Programas de Gestão Ambiental

Na forma como concebido pela Série ISO 14000, o Programa de Gestão Ambiental deve ser
entendido pela empresa como sendo um roteiro para implantar e manter um sistema de gestão
ambiental que permita alcançar os objetivos e metas, previamente definidos. O programa de
gestão ambiental deve conter um cronograma de execução, que permita comparação entre o
realizado e o previsto, recursos financeiros alocados às atividades e definição de
responsabilidades e prazos de cumprimento dos objetivos e metas.

5.11 Princípio 3. Implementação e Operação

Esse princípio recomenda que para que haja uma efetiva implantação da Série ISO 14001, a
empresa deve desenvolver os mecanismos de apoio necessários para atender o que está
previsto em sua política, e nos seus objetivos e metas ambientais.

1. Estrutura organizacional e Responsabilidade

Este item é definido com suficiente clareza pela Série ISO 14001, pois afirma que “as funções,
responsabilidades e autoridades devem ser definidas, documentadas e comunicadas, a fim de
facilitar uma gestão ambiental eficaz”. Afirma ainda que a administração deve fornecer os
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recursos – humanos, financeiros, tecnológicos e logísticos – essenciais à implantação e


controle do sistema de gestão ambiental.

2. Treinamento, Conscientização e Competência

A empresa deve estabelecer procedimentos que propiciem aos seus empregados a


conscientização da importância e responsabilidade em atingir a conformidade com a política
ambiental; em avaliar os impactos ambientais significativos, reais ou potenciais de suas
atividades, os benefícios ao meio ambiente que possam resultar da melhoria no seu
desempenho pessoal, bem como as consequências potenciais da inobservância dos
procedimentos operacionais recomendados. Ainda, identificar as necessidades de treinamento,
particularmente aos empregados cujas atividades possam provocar impactos ambientais
significativos sobre o meio ambiente.

3. Comunicação

A empresa deve criar e manter procedimentos para a comunicação interna e externa. Desta
forma, devem ser criados canais de comunicação organizacional e técnica entre os vários
níveis e funções dentro da organização; a empresa deve receber, documentar e responder a
comunicação relevante recebida das partes externas interessadas nos aspectos ambientais e
no sistema de gestão ambiental; manter registros das decisões relativas aos aspectos
ambientais importantes e sua comunicação às partes externas envolvidas. A identificação do
tipo de divulgação pode ter impacto positivo sobre a imagem da instituição, definindo um
público de maior interesse e desenvolvendo estratégias de comunicação externa. Selecionar
canais favoráveis, veículos e forma de comunicação deixando claro a intenção de periodicidade
da comunicação.

4. Documentação do Sistema de Gestão Ambiental

A documentação pode ser compreendida como um meio de assegurar que o sistema de gestão
ambiental seja compreendido não só pelo público interno, mas também pelo ambiente externo
com o qual a empresa mantém relações, tais como clientes, fornecedores, governo, sociedade
civil em geral, etc.

Recomenda-se também que a empresa defina os vários tipos de documentos, estabeleça e


especifique os procedimentos e controle a eles associados. A natureza da documentação pode
variar em função do porte e complexidade da empresa. A documentação pode estar sob a
forma física ou eletrônica. No entanto, a adoção pela empresa de uma ou outra forma, não
deve prescindir-se de um processo de atualização e disponibilização aos interessados.

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5. Controle de documentos

Os documentos exigidos pela Série ISO 14001 devem obedecer a procedimentos para o seu
controle, de maneira que toda a documentação possa ser localizada, analisada e
periodicamente atualizada quanto à conformidade com os regulamentos, leis e outros critérios
ambientais assumidos pela empresa. Da mesma forma, exige que a empresa possua um
controle dos documentos do sistema de gestão ambiental requerendo para isso, controle da
distribuição da versão atualizada e a eliminação das versões desatualizadas.

6. Controle operacional

O controle operacional pressupõe a identificação por parte da empresa das operações e


atividades potencialmente poluidoras. Este controle visa garantir o desempenho ambiental da
empresa, no que diz respeito ao compromisso obrigatório expresso na Política Ambiental, no
que se refere à “prevenção da poluição”. O controle operacional deve consistir de atividades
relacionadas à prevenção da poluição e conservação de recursos em novos projetos, em
modificações de processos e nos lançamentos de novos produtos e embalagens. Em termos
práticos, o controle operacional na empresa deve ser realizado abordando noções sobre as
principais atividades que impliquem em controle ambiental: resíduos, efluentes líquidos,
emissões atmosféricas, consumo de energia e água.

7. Preparação e atendimento a emergências

A organização deve estabelecer e manter mecanismos que possam ser acionados a qualquer
momento para atender a situações de emergência e eventos não controlados. Isso implica em
identificar as possíveis situações emergenciais, definir formas de mitigar os impactos
associados, prover os recursos necessários e treinar periodicamente uma brigada de
emergência.

5.12 Princípio 4. Verificação e Ação Corretiva

Este item da norma cria condições de se averiguar se a empresa está operando de acordo com
o programa de gestão ambiental previamente definido, identificando aspectos não desejáveis e
mitigando quaisquer impactos negativos, além de tratar das medias preventivas.

A Verificação e Ação Corretiva são etapas orientadas por quatro características básicas do
processo de gestão ambiental: Monitoramento e Medição, Não-conformidades e Ações
Corretivas e Preventivas, Registros, e Auditoria do SGA

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1. Monitoramento e Medição

Todo e qualquer sistema de gestão empresarial envolve as fases de planejamento,


implementação, execução, operação e avaliação dos resultados alcançados. Esta sequência
de etapas interdependentes também se verifica com o sistema de gestão ambiental. Desta
forma, o sistema deve prever as ações de monitoramento e controle para verificar a existência
de problemas e formas de corrigi-los. Monitorar um processo significa acompanhar evolução
dos dados, ao passo que controlar um processo significa manter o processo dentro dos limites
preestabelecidos.

Consiste em estabelecer medidas-padrão para a verificação do desempenho ambiental das


empresas. Os aspectos ambientais significativos – emissões atmosféricas, efluentes líquidos,
ruídos, etc. - devem ter suas características medidas periodicamente e seus resultados
comparados com os padrões legais aplicáveis. Geralmente, os órgãos de controle da qualidade
ambiental estabelecem em documentos apropriados as características a serem medidas e a
periodicidade das medições. O estabelecimento de medidas e o acompanhamento do
desempenho ambiental das empresas são ferramentas úteis no sentido de gerenciar as
atividades ambientais, principalmente aquelas consideradas estratégicas.

2. Não-conformidades e Ações Corretivas e Preventivas

Neste quesito é fundamental o entendimento do conceito de não-conformidade e a


responsabilidade pela observação, documentação, comunicação e correção das não-
conformidades. Não-conformidade significa qualquer evidência de desvio dos padrões
estabelecidos com base nos aspectos legais ou de comprometimento da empresa. As ações
corretivas devem ser pautadas em procedimentos que possibilitem a eliminação da não-
conformidade e sua não reincidência. As ações preventivas devem apoiar-se na possibilidade
de ocorrência de não-conformidades, estabelecendo-se procedimentos para a verificação de
suas causas potenciais. Geralmente a análise de risco efetuada quando da elaboração dos
estudos de avaliação dos impactos ambientais é uma fonte de informação na identificação da
necessidade de adoção de medidas preventivas

3. Registros

A empresa deve estabelecer procedimentos para o registro das atividades do SGA, incluindo
informações sobre os treinamentos realizados. Estes registros devem ser mantidos em
ambiente seguro, serem claros quanto ao seu conteúdo, e estarem prontamente disponíveis
para consulta. O tempo de retenção da documentação deve ser estabelecido e registrado.

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4. Auditoria do Sistema de Gestão Ambiental

Por auditoria, entende-se o procedimento de verificação dos cumprimentos de todas as etapas


de implementação e manutenção do sistema de gestão ambiental. As auditorias do sistema de
gestão ambiental devem ser periódicas, sendo recomendadas duas auditorias internas por ano.

5.13 Princípio 5. Análise Crítica

Após a etapa da auditoria, e considerando possíveis mudanças nos cenários internos e


externos, como novas pressões de mercado e as recentes tendências do ambiente externo da
empresa - além do compromisso de melhoria contínua requerido pela SGA -, é o momento da
administração identificar a necessidade de possíveis alterações em sua Política Ambiental, nos
seus objetivos e metas, ou em outros elementos do sistema. Em resumo, aqui o processo de
gestão pode ser revisado, bem como o processo de melhoria contínua exercitado.

Como foi dito anteriormente, O SGA pode ser construído com base no ciclo da qualidade
(PDCA): Planejar, Fazer, Checar e Agir, de forma a garantir que os fluxos do mesmo estejam
sendo identificados, controlados e monitorados. Usando esta sistemática há como verificar se o
desempenho do SGA está sempre melhorando.

A NBR ISO 14001:2004 define que a organização deve estabelecer, documentar, implementar,
manter e continuamente melhorar um sistema da gestão ambiental em conformidade com os
requisitos desta Norma e determinar como ela irá atender a esses requisitos. A organização
deve definir e documentar o escopo de seu sistema da gestão ambiental.

Esta norma especifica os requisitos para que um SGA capacite uma organização a desenvolver
e implementar política e objetivos que levem em consideração requisitos legais e informações
sobre os aspectos ambientais significativos.

Esta norma não estabelece requisitos absolutos para o desempenho ambiental, dos
comprometimentos, expressos na política ambiental, de estar em conformidade com os
requisitos legais e outros requisitos aos quais a organização tenha subscrito, com a prevenção
da poluição e com a melhoria contínua.

O nível de detalhe e complexidade do SGA, a extensão de sua documentação e dos recursos


dedicados a ele irá depender de fatores como: escopo do sistema, o porte da organização e a
natureza de suas atividades, produtos e serviços.

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A utilização da ISO 14001:2004 deve-se aos seguintes fatos:

• A ISO 14001 é aceita internacionalmente;

• As organizações podem ser questionadas no que diz respeito a demonstrar conformidade


com a ISO 14001, como condição de negócio em alguns mercados;

• A Norma é consistente com os elementos-chave encontrados em muitos modelos de SGA.

As principais características da ISO 14001:2004 são:

• Baseado na metodologia PDCA

• Visa a prevenção da poluição

• Requer a Identificação e avaliação dos aspectos e impactos

• Introduz a necessidade de comunicação com partes externas

• Abordagem de processos (9001:2000)

• Melhoria contínua

O SGA apresenta alguns princípios fundamentais:

• Auto Responsabilidade - o sistema cria um estímulo para a percepção da responsabilidade


ambiental da organização através do estabelecimento de um procedimento estruturado que
permita o controle dos efeitos ambientais, bem como a melhoria do desempenho ambiental das
atividades, produtos e serviços da organização.

• Responsabilidade da Direção - a implementação do SGA e o alcance das metas ambientais é


uma responsabilidade da alta administração da organização. O reconhecimento da
responsabilidade ambiental da organização está no início de um círculo de direção, controle e
auditoria, e com a obrigação de checar e avaliar periodicamente a eficácia das medidas, bem
como a constante adequação das metas e medidas de proteção ambiental, sendo o círculo
novamente fechado pela alta administração.

• Melhoria Contínua - de acordo com a própria norma, a melhoria contínua compreende o


processo de aprimoramento constante do sistema de gestão ambiental, visando atingir
melhorias do desempenho ambiental global de acordo com a política ambiental da organização.

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O objetivo deste processo é a melhoria do desempenho ambiental, no qual se consideram


resultados mensuráveis relativos aos efeitos ambientais causados pela organização e não
propriamente a melhoria do SGA. As melhorias não precisam necessariamente acontecer em
todas as áreas das atividades simultaneamente, cabendo à organização indicar as prioridades.

Capítulo 06: Avaliação Ambiental Inicial

A avaliação ambiental inicial fornece a base para o SGA, uma vez que informações sobre
emissões, lixo, problemas ambientais potenciais, ocorrência anteriores de acidentes, questões
de saúde, sistema de gestão serão obtidas e analisadas (se existir), leis e regulamentações
aplicáveis.

Os empresários têm, geralmente, um conhecimento limitado dos aspectos e impactos


ambientais de suas atividades e produtos no meio ambiente em suas atividades e produtos.
Esse conhecimento é a base de um programa ambiental. Ele habilita a empresa a concentrar-
se nos assuntos mais importantes.

Por conseguinte, o primeiro passo é avaliar o estado ambiental da empresa. Essa avaliação
inicial é o meio pelo qual a organização estabelece sua posição em relação ao meio ambiente.

Ele consiste em: uma análise inicial detalhada das questões, desempenho, aspectos e
impactos ambientais e das atividades controladas da empresa.

A Avaliação Ambiental Inicial – AAI deve abranger quatro áreas:

 Identificação e avaliação das questões potenciais de interesses ambientais originadas


das operações;
 Gestão, práticas operacionais e procedimentos existentes;
 Acidentes, incidentes e penalidades ambientais anteriores e medidas de
prevenção/redução resultantes;
 Exigências legais e regulamentares e sua situação de conformidade legal.

A avaliação deve cobrir situações de operações normais e anormais, assim como as


emergenciais, que precisarão ser definidas. A ênfase, no entanto será dada aos aspectos

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ambientais da empresa. A importância desses aspectos é determinada pela avaliação da


relevância dos impactos ambientais.

O benefício principal de uma AAI é que ela identifica exatamente onde a operação se posiciona
em relação ao meio ambiente, ou seja, ela identifica a situação ambiental da empresa naquele
momento.

Em particular, ela geralmente abrange:

 Identificação das exigências legais e regulamentares;


 Identificação rápida dos aspectos ambientais e seu significado;
 Avaliação do desempenho cotejado com os critérios relevantes;
 Práticas e procedimentos de gestão ambiental;
 Identificação das políticas e procedimentos existentes que lidem com serviços de
contrato e procuração;
 Resposta à investigação de incidentes anteriores ou não cumprimento das obrigações;
 Oportunidades e vantagens competitivas;
 A visão das partes interessadas; e
 Funções ou atividades ou outros sistemas organizacionais que possam proporcionar ou
impedir o desempenho ambiental.

Capítulo 07: Gestão Ambiental nas Empresas

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CAIC – CENTRO DE APRENDIZAGEM & INTEGRAÇÃO DE CURSOS

As ações das empresas em prol da sustentabilidade estão na pauta dos meios de divulgação,
relatórios empresariais e trabalhos acadêmicos. Muitos desses trabalhos trazem expressões
como “boas práticas empresariais”, sustentabilidade corporativa”, empresas socialmente
responsáveis, entre outros termos que surgem no meio acadêmico e na mídia. Sem dúvida,
esse é o momento da história, nacional e internacional, em que o setor empresarial mais
procura desenvolver e divulgar ações que apresentem uma mudança de postura com vistas a
prevenir e minimizar os danos causados ao meio ambiente. Isso advém, principalmente, de
medidas de punição (advindas das legislações e de órgãos fiscalizadores) ou de prêmios,
obtidos por ganhos em produtividade, imagem, melhor relação com os clientes, fornecedores e
demais partes interessadas.

Nesse sentido, ao mesmo tempo em que surgiram exigências e obrigações ao setor


empresarial, começaram a ser estudadas novas técnicas, procedimentos e estratégias de
gestão ambiental que pudessem auxiliar as empresas a compreender o que realmente significa
desenvolver ações visando à melhoria ambiental da empresa, considerando as e3scalas local,
regional e mesmo global.

Essas práticas procuraram, também, mostrar que melhorias ambientais que podem trazer,
como consequência, economia de recursos e ganhos econômicos à empresa. Assim, o desafio
em incorporar um sistema de gestão ambiental empresarial começou a se tornar ainda mais
interessante para um setor que tem o lucro como seu principal objetivo. Desse modo, na visão
empresarial, a inclusão da questão ambiental no negócio deve ser vista como uma
oportunidade competitiva e um diferencial estratégico, podendo se tornar fator determinante
para o sucesso ou o fracasso das organizações, a fim de buscar não apenas a satisfação
imediata do cliente, mas sim da sociedade atual e das gerações futuras.

Para isso, a gestão ambiental empresarial deve ser organizada de modo a incluir as questões
ambientais nas principais decisões estratégicas e operacionais de responsabilidade da
empresa, de acordo com as premissas da sustentabilidade. Dependendo da estrutura
organizacional da empresa, a gestão ambiental pode proporcionar soluções integradas às
diversas áreas funcionais produção, comercial, recursos humanos, financeira, contabilística e
marketing) ou junto aos principais processos de negócios (planejamento estratégico,
desenvolvimento de tecnologia, desenvolvimento de produto, entrega do produto, entre outros),
com o objetivo de evitar que impactos ambientais ocorram.

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CAIC – CENTRO DE APRENDIZAGEM & INTEGRAÇÃO DE CURSOS

Portanto, para que a gestão ambiental empresarial seja efetiva, ela não pode ser realizada de
modo paralelo às principais áreas funcionais da empresa e aos seus principais processos de
negócios operacionais e estratégicos ou se organizar somente para reparar os danos
ambientais cometidos por decisões técnicas e gerenciais que não contemplaram essa área do
conhecimento ( a área ambiental).pelo seu caráter preventivo, ela precisa ser estruturada de
modo a participar efetivamente nas principais decisões dessa áreas ou processos.

Os ganhos corporativos com a inclusão da gestão ambiental de modo eficaz incluem a


otimização dos processos de produção, a inovação baseada em melhorias ambientais, a
melhoria da imagem institucional, ações isoladas e nem pelo chamado greenwashing, quando
a empresa se declara sustentável, mas não aplica atitudes sustentáveis em suas operações e
negócios.

Percebe-se, portanto, que há ganhos econômicos, ambientais e sociais com a adoção da


gestão ambiental empresarial, não como uma área ou processo isolado, mas por meio de uma
gestão integrada com as decisões empresariais. Isso pode gerar possibilidades de melhorias
de sustentabilidade na empresa, incluindo o produto, com benefícios para a sociedade em
geral. Para isso, uma forma de gestão ambiental mais aberta, com a participação de outras
partes interessadas pode auxiliar essa conquista.

Capitulo 08: Gestão do Ciclo de Vida

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A gestão do clico de vida, é atualmente, o modelo mais sistêmicos de buscar a melhoria


ambiental relacionada á produção e ao consumo de produtos.

Do ponto de vista ambiental, abordagens a ciclo de vida dos produtos justificam-se pela
natureza da relação entre produtos e impactos ambientais. Embora os produtos bens e
serviços guardem estreita relação com a qualidade de vida de que usuraremos, as crescentes
taxas com que são produzidos e consumidos estão nas origens da maior parte da população e
esgotamento dos recursos naturais causados pela humanidade.

Uma vez que o impacto ambiental de um produto é determinado pela soma dos impactos
ambientais observados ao longo das fases de vida dos produtos pode-se caminhar em direção
á conciliação entre qualidade de vida e preservação ambiental, elementos essenciais ao
desenvolvimento sustentável pode ser promovido a partir de três estratégias:

1. Descentralização: Enfoca a necessidade e a funcionalidade, ao invés do bem físico em


si.
2. Gestão do Ciclo de vida: É um subsistema de gestão que integra práticas e conceitos
sustentáveis e repassam as informações relevantes ás partes interessadas para a
tomada de decisão ser em prol do menor impacto ambiental do produto em todas as
fases do ciclo de vida.
3. Sistema produto-serviço: Consiste no desenvolvimento de uma mistura comerciável de
bens e serviços que, em conjunto, são capazes de atender ás necessidades do cliente,
com menor impacto ambiental.

Na gestão ambiental baseada no ciclo de vida do produto, são fundamentais as definições de


soluções para o fim da vida ambientalmente correto do produto. A remanufatura, em muitos
casos, pode ser vista como uma boa opção de fechamento do ciclo de vida dos produtos, pois
se trata de um processo no qual os produtos usados são restaurados á condição de novos,
possuindo a mesma função, garantia e qualidade fornecidas pelo fabricante original. As partes
que não podem ser reutilizadas ou remanufaturadas podem seguir para a reciclagem.

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Esta gestão após o uso do produto pode promover o retorno dos materiais e produtos e o
desenvolvimento de serviços, fechando-se o ciclo de vida do produto e trazendo oportunidades
de novas formas de negócios.

A gestão do ciclo de vida é um sistema de gestão do produto que visa á integração do conceito
de ciclo vida para minimizar as cargas econômicas, sociais e ambientais associadas ao produto
durante todo seu ciclo de vida. O objetivo da GCV é auxiliar a empresa na tentativa de integrar
políticas referentes ao produto e ajudar a organização a alcançar metas referentes a melhorias
de seus processos e produtos, aprimorando o relacionamento com os grupos interessados.

A gestão do ciclo de vida é a aplicação do pensamento do ciclo de vida á práticas empresariais,


com o objetivo de gerir sistematicamente o ciclo de vida dos produtos e serviços de uma
organização. Também é definida como a gestão sistemática de ciclos de vida de produtos e
materiais para promover padrões de produção e consumo que sejam mais sustentáveis do que
os que temos atualmente. De forma geral, pode ser vista como uma estrutura de gestão flexível
e integrada de conceitos, técnicas e procedimentos para abordar os aspectos ambiental,
econômico e social de produtos, procedimentos e organizações.

A GCV inclui estratégias e conceitos, sistemas e processos, programas; ferramentas e técnicas


(ou práticas), além de dados informativos e modelos. Dentro das estratégias e conceitos, há a
sustentabilidade e a ecologia industrial; como sistemas e processos, há o sistema de gestão
integrado e o processo de retorno do produto; como programas, há o ecodesign; como
ferramentas técnicas, há softwares e a avaliação do ciclo de vida; e como dados informativos e
modelos, há os bancos de dados dos inventários do ciclo de vida e os modelos de avaliação de
impactos ambientais.

Como uma visão integrada de todos os impactos ambientais, sociais e econômicos associados
ao sistema de produto e com o objetivo de obter produtos sustentáveis, a gestão do ciclo de
vida do produto amplia a gestão focada apenas no processo produtivo. Uma aplicação da
gestão do ciclo de vida pode ser realizada na gestão da cadeia de suprimentos, na qual o
critério ambiental deve ser incorporado para a seleção de fornecedores. Desse modo, surge a
Green supply chain, que busca a qualidade ambiental de toda a cadeia de suprimentos.
Considerando, também, sua logística reversa.

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Capítulo 09: Sustentabilidade

A Importância da Gestão Ambiental para a Sustentabilidade

A célula social que utiliza recursos naturais nos processos e produtos, na maioria das vezes,
gera variados tipos de resíduos, contribuindo na contaminação do ar, água e solo e para isso a
organização deve destinar parte das suas aplicações na melhoria e proteção do meio
ambiente, suportando uma série de custos que serão identificados e registrados contabilmente
de forma separada dos custos empresariais.
Defender o meio ambiente, na atualidade, passou a ter influência nas estratégias da célula
social, algumas empresas estão aderindo a nova filosofia da satisfação das necessidades do
cliente, a melhoria da vida à comunidade, tentando solucionar os problemas da poluição no
meio ambiente natural com vistas a sustentabilidade que é satisfazer as necessidades do
presente sem comprometer o futuro do meio ambiente natural e com isso há uma crescente
preocupação em maximizar as oportunidades de reciclagem.
A direção, na sua gestão ambiental, deve aplicar na reciclagem dos resíduos, visar minimizar a
poluição ambiental, fazer uso racional da natureza para industrialização de suas mercadorias e
na educação de seus clientes no uso dos produtos gerado pela empresa.
O consumidor vê o produto quanto à qualidade e o menor preço, e mais recente, também, o
cuidado que a empresa tem com o meio ambiente natural e aumenta a procura por produtos
sem agrotóxicos.
A atuação da gestão ambiental tem sua importância no desenvolvimento sustentável, pois
prima pelo desenvolvimento de uma visão integrada do meio ambiente, fundamentado numa
abordagem científica e analítica para diagnosticar, gerar dados e propor soluções que
minimizem os impactos ambientais causados ao meio natural pelas atividades humanas.
A Educação Ambiental pode ser abordada como um instrumento de Gestão Ambiental, pois
essa nova área de conhecimento e ocupação profissional prioriza a mudança de valores e de
comportamento da sociedade, buscando o desenvolvimento de atitudes que valorizem a
postura ética e cidadã quanto às questões ambientais, de uma maneira, contínua e
permanente.
No Brasil, a preocupação com conservação do meio ambiente é exposta de forma clara e
objetiva perante o art. 225 da Constituição Federal, onde este diz que: “todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Assim, busca-se tornar essencial o direito

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de todos de viver e conviver em um meio ambiente ecologicamente equilibrado, em ações


conjuntas entre o Poder Público e da sociedade pela defesa e preservação ambiental.
Além da Constituição Federal podemos referenciar a Lei 9.795 de 27 de abril de 1999, esta
institui a Política Nacional de Educação Ambiental, abordando especificamente questões
importantes sobre a Educação Ambiental. Segundo o art. 1º, entende-se por Educação
Ambiental: Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade.
Em complemento, o art. 2° diz que: “a educação ambiental é um componente essencial e
permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os
níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”. A questão da
formalidade ou da informalidade da Educação Ambiental depende de como e onde ela será
abordada. Destaca-se que: A Educação Ambiental traz consigo uma série de práticas e ações,
que ultrapassam as barreiras ou fronteiras existentes entre a educação-formal e não-formal,
estabelecendo vínculos e ligações, integrando a escola e a comunidade em torno dela.
A Educação Ambiental deveria ser colocada de forma sistemática e transversal, em todos os
níveis de ensino, assegurando a presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos
currículos das diversas disciplinas e das atividades escolares.
Para Pádua e Tabanez (1998), a educação ambiental proporciona a mudança de valores e o
aperfeiçoamento de habilidades, condições necessárias para obter um equilíbrio entre os
cidadãos e o meio natural. Deste modo, a Educação Ambiental pode ser vista como uma
prática socioeducativa integrada, contínua e permanente, com o intuito de informar, sensibilizar,
conscientizar e, comprometer a sociedade, bem como os gestores públicos, sobre a
importância de se conhecer e diminuir os problemas ambientais em escala local.

Assim, a Educação Ambiental deve ser vista, acima de tudo, como uma mudança de atitudes e,
ser colocada como um ato político voltado para a transformação social, considerando a
necessidade da sustentabilidade ecológica, social e econômica, buscada através de
intervenções integradoras e coordenada.
A educação ambiental e a gestão ambiental, agindo paralelamente, tornam-se ferramentas
essenciais para manter o equilíbrio entre o meio ambiente e a sociedade. Para se ter um bom
Sistema de Gestão Ambiental é preciso, primeiramente, ter em mente, de forma clara e objetiva
o que é a Educação Ambiental e, qual sua verdadeira importância para a sustentabilidade.
Ribeiro (2007), diz que “a educação ambiental não só precede, mas permeia os outros
instrumentos de gestão ambiental”. Ainda segundo a autora, percebe-se a interação dos

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instrumentos de gestão não somente no sentido de incentivar a participação da comunidade e,


até facilitar a implementação dos instrumentos financeiros, de comando e controle, como
também no sentido de tornar eficazes as ações de educação ambiental, que sozinhas perdem
a razão de ser. Deste modo, não basta apenas contarmos com sistemas de gestão eficientes e,
sim colocarmos a Educação Ambiental como ponto de partida, ferramenta de conhecimento
dos problemas ambientais, para posteriormente buscarmos técnicas e soluções em benefício
do meio natural.
Conforme Almeida (1994), a educação ambiental “pode ser concebida pela economia
neoclássica, como um investimento ou gasto governamental geral que dá suporte à
implementação de políticas de comando e controle”. A utilização da Educação Ambiental, como
um instrumento de gestão, exige conhecimento, esforço e recursos físicos, humanos e
financeiros, para assim atuar de forma eficaz na sociedade.
A Educação Ambiental, sendo um instrumento de Gestão Ambiental, caracterizado como de
persuasão, tem a possibilidade de ampliar os horizontes da atuação, replicando os conceitos
aprendidos para diferentes situações de proteção ao meio ambiente.

Capítulo 10: Impactos ambientais

Impacto ambiental é a alteração no meio ambiente por determinada ação ou atividade.


Atualmente o planeta Terra enfrenta fortes sinais de transição, o homem está revendo seus
conceitos sobre natureza. Esta conscientização da humanidade está gerando novos
paradigmas, determinando novos comportamentos e exigindo novas providências na gestão de
recursos do meio ambiente.

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Podemos diferenciar os impactos ambientais em escala local, regional e global. Podemos


também separá-los naqueles ocorridos em um ecossistema natural, em um ecossistema
agrícola ou em um sistema urbano, embora um impacto, à primeira vista ocorrido em escala
local, possa ter também consequências em escala global. Por exemplo, a devastação de
florestas tropicais por queimadas para a introdução de pastagens pode provocar desequilíbrios
nesse ecossistema natural: extinção de espécies animais e vegetais, empobrecimento do solo,
assoreamento dos rios, menor índice pluviométrico, etc., mas a emissão de gás carbônico
como resultado da combustão das árvores vai colaborar para o aumento da concentração
desse gás na atmosfera, agravando o "efeito estufa". Assim, os impactos localizados, ao se
somarem, acabam tendo um efeito também em escala global.

10.1. Impactos Ambientais Gerados por Produtos Químicos

Os resíduos resultantes de procedimentos envolvendo substâncias químicas são considerados


perigosos.
Com o intuito de gerar matérias-primas, substâncias são modificadas e recombinadas em
laboratórios e indústrias, através de processos químicos, para serem empregadas na
formulação de medicamentos, na geração de energia, na produção de alimentos, na purificação
da água, na fabricação de bens como automóveis e computadores, na construção de moradias
e na produção de uma infinidade de itens, como roupas, utensílios domésticos e artigos de
higiene que fazem parte da vida cotidiana. Na realidade, a própria vida não existiria sem
substâncias químicas, já que o ser humano é constituído, basicamente, por oxigênio, carbono,
hidrogênio, nitrogênio e cálcio.
A habitual exposição a substâncias químicas na vida cotidiana, também é uma preocupação
para a saúde. Soda cáustica, ácido clorídrico, pesticidas, querosene ou solvente são exemplos
de substâncias comuns em contato com o homem. Sua ingestão involuntária, ou contato com a
pele, pode causar queimaduras, erupções cutâneas, envenenamentos.
Cada vez mais a indústria química realiza investimentos buscando desenvolver novos produtos
para facilitar a vida cotidiana. A intenção é, gradativamente, ajudar o homem a ter mais saúde,
mais conforto, mais lazer e mais segurança. Entretanto, ao mesmo tempo em que o uso de
substâncias aumenta e novos produtos são lançados no mercado, cresce também o número de
resíduos gerados.
Os resíduos químicos são aqueles que podem ser apresentados nos estados sólido, líquido ou
gasoso e de acordo com a Norma Brasileira 10.004/2004, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT, se enquadram na classe I – perigosos. Isso porque apresentam riscos à

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saúde pública e ao meio ambiente, em função de suas características, podendo ser


inflamáveis, tóxicos, corrosivos e/ou patogênicos.
Considerados perigosos, os resíduos químicos implicam em maior preocupação, em seu
gerenciamento, de forma a evitar impactos ambientais e até acidentes. É importante, portanto,
conhecer e respeitar as instruções de gerenciamento dos resíduos, adotando medidas de
prevenção.
Nesse sentido, torna-se fundamental repensar a necessidade de consumo e os padrões de
produção e descarte adotados; recusar possibilidades de consumo desnecessário e produtos
que gerem impactos ambientais significativos; reduzir quantidades e frequência do uso de
produtos, evitando desperdícios; reutilizar novamente um material antes de descartá-lo,
promovendo o reaproveitamento.

Capítulo 11: Resíduos Sólidos – Por dentro da NBR – 10004/2004

Os resíduos sólidos são todos os restos sólidos ou semi-sólidos das atividades humanas ou
não-humanas, que embora possam não apresentar utilidade para a atividade fim de onde foram
gerados, podem virar insumos para outras atividades. Exemplos: aqueles gerados na sua
residência e que são recolhidos periodicamente pelo serviço de coleta da sua cidade e também
a sobra de varrição de praças e locais públicos que podem incluir folhas de arvores, galhos e
restos de poda.

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Até algum tempo atrás (e em alguns lugares você ainda irá encontrar essa definição), os
resíduos eram definidos como algo que não apresenta utilidade e nem valor comercial. No
entanto, este conceito mudou. Atualmente a maior parte desses materiais pode ser aproveitada
para algum outro fim, seja de forma direta, como, por exemplo, as aparas de embalagens
laminadas descartadas pelas indústrias e utilizadas para confecção de placas e compensados,
ou de forma indireta, por exemplo, como combustível para geração de energia que é usada em
diversos processos.
Para os processos industriais os resíduos são definidos como “matéria-prima e insumos não
convertidos em produto”, logo sua geração significa perda de lucro para a indústria e, por isso,
tecnologias e processos que visem à diminuição dessas perdas ou reaproveitamento dos
resíduos são cada vez mais visados.

Estudo complementar: NBR10004: 2004

Capítulo 12: Poluição Ambiental

A poluição pode ser definida como a introdução no meio ambiente de qualquer matéria ou
energia que venha a alterar as propriedades físicas, químicas ou biológicas desse meio, em
quantidade superior ao que o meio ambiente consegue absorve, afetando, ou podendo afetar,
por isso, a "saúde" das espécies animais ou vegetais que dependem ou tenham contato com
ele.
A poluição ambiental é provocada primeiramente pela não conscientização da população. Os
homens são uma espécie de predador para a natureza. Poluem por intenção ou por seus erros.
A maioria dos atos humanos, (como o simples ato de respirar por exemplo) é poluidor.

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Podemos evitar a poluição de inúmeros métodos. Primeiro de tudo é necessário conscientizar


as pessoas a jogarem o lixo no lixo, pois a maioria dos dejetos são jogados por ação humana
que entopem bueiros e deixam uma incrível poluição visual. Segundo, é necessário projetos
ambientais fortes capazes de controlar os excessos desse crime. Aterros de resíduos
industriais e plantar mais árvores e vegetação.
Existem vários tipos de poluição, todos podendo trazer doenças, pois atraem ratos e insetos.
Algumas dessas poluições são:
- Atmosférica, que destrói a camada de ozônio e provoca a chuva ácida;
- Hídrica, que polui os rios e mares e, certas vezes "matando-os;
- Do solo, que mata seus habitantes;
- Sonora, provocando problemas de audição aos que estão muito perto;
- Visual, que lota o espaço em cima de casas e prédios;
- Luminosa, que incomoda a população com o uso incorreto da luz artificial;
- Eletromagnética, que provoca interferências nas rádios e aparelhos elétricos; entre outras.
Os principais locais atingidos pela poluição são os centros urbanos que têm carros e veículos
automotores, e territórios próximos a centros industriais.

12.1. Poluição Química

A poluição química é causada pelo excesso de lixo ou dejetos orgânicos lançados sem
tratamento na natureza, oriundos, em sua maioria, das grandes cidades onde a concentração
humana e seus problemas sanitários não são resolvidos a contento. Este material poluente
vem sendo dirigido para as águas correntes de rios, lagos ou baías onde os resíduos
domésticos e industriais, quase sempre tóxicos, se espalham, aleatoriamente, em áreas que
deveriam ser resguardadas e onde a proliferação dessa sujeira não pode ser controlada,
ocasionando uma contaminação perigosa que pode atingir, indireta ou diretamente, boa parte
da população que gerou o lixo através de seu retorno às praias, água a ser ingerida, etc.

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Os fertilizantes químicos, inorgânicos, arrastados pelas águas de chuva para córregos e rios,
provenientes de lavouras, concorrem para contaminar essas águas correntes que, em
determinadas épocas do ano, acabam por se transformar em um veículo dinâmico, distribuidor
de partículas tóxicas e propagador de doenças de várias espécies.
Os poluentes químicos são divididos em:
a) Biodegradáveis - São produtos químicos que ao final de um tempo, são decompostos pela
ação de bactérias. São exemplos de poluentes biodegradáveis o detergente, inseticidas,
fertilizantes, petróleo, etc.
b) Persistentes - São produtos químicos que se mantém por longo tempo no meio ambiente e
nos organismos vivos. Estes poluentes podem causar graves problemas como a contaminação
de alimentos, peixes e crustáceos. São exemplos de poluentes persistentes o DDT (dicloro-
difenil-tricloroetano), o mercúrio, etc.
Contudo, apesar desta breve explicação de poluição química, existem grandes exemplos e de
maior gravidade para a saúde da humanidade e para o ambiente no planeta.
Diz-se isto porque, existem milhares de fábricas espalhadas pelo mundo fora, muitas delas
podem até estar ao lado das nossas casas, e estas estão sistematicamente a deitar resíduos
poluentes para o exterior. Temos o exemplo do fumo que é gerado por toda a maquinaria das
fábricas que fazem-se notar pelas suas gigantes chaminés, para quem é conhecedor do
assunto sabe certamente que estas mesmas fábricas por vezes instalam canalizações para
extrair resíduos poluentes que não são necessários para as suas produções. Estas
canalizações, por vezes chegam a percorrer centenas de quilómetros até ao seu destino.
Sendo que, a maior parte desses destinos são rios, mares, pântanos, áreas verdes não
habitadas, entre outros.

Com tudo isto, assiste-se à triste novela, de muitas vezes vermos animais mortos nos rios, de
vermos resíduos tóxicos e químicos a darem à costa nas praias onde milhares de famílias
passam o dia. E por isto e muitas outras razões, a poluição química e tóxica é das mais
perigosas e mais contagiosas a nível mundial.

Capítulo 13: Poluição Ambiental

Coleta Seletiva

A coleta seletiva e a reciclagem de lixo têm um papel muito importante para o meio ambiente.
Por meio delas, recuperam-se matérias-primas que de outro modo seriam tiradas da natureza.

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A ameaça de exaustão dos recursos naturais não-renováveis aumenta a necessidade de


reaproveitamento dos materiais recicláveis, que são separados na coleta seletiva de lixo.
Coleta seletiva é um sistema de recolhimento de materiais recicláveis: papéis, plásticos, vidros,
metais e orgânicos, previamente separados na fonte geradora e que podem ser reutilizados ou
reciclados. A coleta seletiva funciona, também, como um processo de educação ambiental na
medida em que sensibiliza a comunidade sobre os problemas do desperdício de recursos
naturais e da poluição causada pelo lixo.
É o processo de transformação de um material, cuja primeira utilidade terminou, em outro
produto. Por exemplo: transformar o plástico da garrafa PET em cerdas de vassoura ou fibras
para moletom. A reciclagem gera economia de matérias-primas, água e energia, é menos
poluente e alivia os aterros sanitários, cuja vida útil é aumentada, poupando espaços preciosos
da cidade que poderiam ser usados para outros fins como parques, casas, hospitais, etc.
Reciclável é diferente de reciclado. Reciclável indica que o material pode ser transformado em
outro novo material. Reciclado indica que o material já Foi transformado. Algumas vezes, o
material que foi reciclado pode sofrer o processo de reciclagem novamente. Certos materiais,
embora recicláveis, não são aproveitados devido ao custo do processo ou à falta de mercado
para o produto resultante.
Reciclar é diferente de separar. Reciclar consiste em transformar materiais já usados em outros
novos, por meio de processo industrial ou artesanal. Separar é Deixar fora do lixo tudo que
pode ser reaproveitado ou reciclado. A separação ou triagem do lixo Pode ser feita em casa, na
Escola ou na empresa. É importante lembrar que a separação dos materiais de nada adianta
se eles não forem coletados separadamente e encaminhados para a reciclagem.

Praticando os três Rs:

REDUZIR: Evitar a produção de resíduos, com a revisão de seus hábitos de consumo.Ex:


preferir os produtos que tenham refil.

REUTILIZAR: Reaproveitar o material em outra função. Ex: usar os potes de vidro com tampa
para guardar miudezas (botões, pregos, etc.).

RECLICLAR: Transformar materiais já usados, por meio de processo artesanal ou industrial,


em novos produtos. Ex: transformar embalagens PET em tecido de moletom.

Vários segmentos de uma comunidade podem participar do programa de coleta seletiva. Cada
um fazendo uma parte e se beneficiando dos resultados. Exemplo disso é a parceria entre as

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unidades produtoras de lixo e gestoras da coleta seletiva (condomínios, escolas, empresas,


etc.) e as cooperativas ou associações que receberão os materiais selecionados e que muitas
vezes podem se encarregar da retirada dos mesmos.

13.1. Benefícios da Coleta Seletiva

Contribui para a melhoria do meio ambiente, na medida em que:


Diminui a exploração de recursos naturais;
Reduz o consumo de energia;
Diminui a poluição do solo, da água e do ar;
Prolonga a vida útil dos aterros sanitários;
Possibilita a reciclagem de materiais que iriam para o lixo;
Diminui os custos da produção, com o aproveitamento de recicláveis pelas indústrias;
Diminui o desperdício;
Diminui os gastos com a limpeza urbana;
Cria oportunidade de fortalecer organizações comunitárias;
Gera emprego e renda pela comercialização dos recicláveis.
A educação ambiental é fundamental para o programa dar certo, pois integra todas as
atividades de informação, que são:
Sensibilização e mobilização de todos os envolvidos;
Planejamento, visando atingir com mais sucesso o objetivo;
Realização: Uma variedade de atividades é melhor, pois atinge mais pessoas;

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