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Gestão Ambiental:

Logística Reversa

Disciplina: Gestão Ambiental


Prof. Dr. Vagner Cavenaghi

Alunos:
Allana Caroline Fattori Alves RA: 913171
Rafael Cintra Vasquez Dias RA: 913022
Isadora Quaiotti RA: 913201

Bauru
Março / 2015

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Sumário

Contexto .................................................................................................................................... 3
Alternativas: Descarte ou Logística Reversa ........................................................................ 4
Definições Logística Reversa .................................................................................................. 5
Atuação da Logística Reversa ................................................................................................ 6
Classificações da Logística Reversa ...................................................................................... 8
Logística Reversa no Brasil .................................................................................................... 9
Legislações Ambientais ......................................................................................................... 12
Estudos de Caso ..................................................................................................................... 14
Apêndices ................................................................................................................................ 18
Referências.............................................................................................................................. 20

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1. Contexto

É indiscutível que existe uma tendência crescente na quantidade de produtos que são
diariamente lançados no mercado. Nas últimas décadas, o avanço tecnológico possibilitou a
produção mais diversificada, com produtos variados em suas formas, cores, tamanhos,
capacidades, especificações e mesmo embalagens. Além disso, é notável a produção
crescente de itens que sequer existiam alguns anos atrás, como as lâmpadas de Hg e as
embalagens longa vida (Tabela 1).

Tabela 1 – Produção crescente de produtos entre os anos 1994 e 2006 (Leite, 2009)

Por outro lado, a vida mercadológica e útil dos produtos está reduzida. Um dos fatores que
pode ocasionar a redução da vida mercadológica é o fenômeno industrial conhecido por
Obsolescência Programada. Segundo Benevides (2014), a obsolescência programada ocorre
quando um produto torna-se obsoleto em um curto período de tempo, de forma proposital,
com a intenção de aumentar o consumo e, consequentemente, elevar a produção e a
circulação da economia.
Esta baixa durabilidade dos produtos leva ao aumento do descarte e geração e resíduos
sólidos formados pelos produtos ou componentes descartados. Leite (2009) afirma que o
fenômeno da descartabilidade dos produtos é uma realidade em nossos dias. O autor ainda
esclarece que a obsolescência pode ter diversas causas: produto inservível sob a ótica do
consumidor que deseja um novo lançamento, produtos com defeitos, produtos com validade
vencida, produtos em excesso não comercializados ou não consumidos, dentre outros.

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Este cenário implica que os produtos descartados seguirão para a disposição final ou irão
requerer ações para que retornem ao ciclo de negócios.

2. Alternativas: Descarte ou Logística Reversa

Uma vez que o consumidor realizou o descarte do produto por considerá-lo inservível, duas
opções são viáveis a seguir: destinação à disposição final de resíduos em aterros sanitários ou
ações estruturadas para retorno do produto (ou componentes) ao ciclo de negócios.
A alternativa de destinação à disposição final foi por muitos anos a única possibilidade
considerada neste contexto por se tratar da opção aparentemente menos custosa e exigir
menos esforços de estruturação da cadeia produtiva. De acordo o instituto ILOS (2013), 98%
das empresas trata ou destina corretamente os resíduos gerados na produção industrial. Isso
significa que as organizações são responsáveis em relação ao cumprimento de leis ambientais
de tratamento e destinação de resíduos.
Porém, apesar de cumprirem as leis ambientais de destinação final de resíduos, o cenário
mundial atual exige que outras alternativas sejam adotadas pelas organizações industriais. O
consumismo e a descartabilidade exacerbados levaram à saturação das capacidades dos
aterros sanitários. Somado à este fato, existe a preocupação com a saúde e saneamento básico
da população.
Diante desta demanda exigida pela sociedade, novas leis tem sido criadas visando regular o
funcionamento de aterros sanitários. Em alguns países existem leis proibitivas em relação à
abertura de novos aterros sanitários. No Brasil, desde de 2010 existe a Política Nacional de
Resíduos Sólidos a qual exige que, a partir de 2014, dentre diversos requerimentos, seja
efetivado o fechamento completo de lixões para disposição de resíduos.
Estas legislações cada vez mais restritivas tem levado às empresas à sérias dificuldades de
planejamento para adequação às novas exigências. O caso da prefeitura de Bauru pode ser
tomado como exemplo: com índice de apenas 2% de reciclagem, a cidade conta apenas com o
descarte como solução para destinação de seus resíduos sólidos. Porém o uso excessivo do
aterro sanitário levou ao decreto pela CETESB de atingimento de sua capacidade máxima em
Fevereiro de 2015. Por uma semana a prefeitura foi penalizada com uma multa equivalente a
R$ 4250,00 por dia, quando entrou com recurso para aumentar em dois meses a sobrevida do
aterro. Após este período serão necessárias medidas alternativas para a destinação dos
resíduos sólidos na cidade de Bauru, uma vez que a aprovação para um novo aterro sanitário
está enfrentando burocráticas dificuldades para ser efetivada. Em declaração, o presidente da
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Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural (Emdurb), Nico Mondelli,
posicionou-se dizendo que “Se cada um dos 362.062 habitantes de Bauru fizer o que bem
entende do lixo que produz, a situação será insustentável. Na realidade, a produção diária de
lixo cresce e a solução é separar o lixo orgânico do que pode voltar para o mercado –
logística reversa” (Apêndice 1).
Da mesma forma que o presidente da Emdurb, as empresas inseridas no ambiente altamente
competitivo e globalizado do mercado, reconhecem que é necessário adequar-se às exigências
e mudanças referentes ao meio ambiente, utilizando a logística reversa como uma possível
solução. Uma vez que a sobrevivência das empresas depende da satisfação e da avaliação de
seus stakeholders (clientes, governo, acionistas, sociedade) sobre os aspectos ambiental,
social, econômico e legal, as empresas encontram-se na posição obrigatória de encontrar
soluções para satisfazê-los, sendo, uma delas, o uso da logística reversa.

3. Definições Logística Reversa

As empresas, diante da preocupação com sua imagem, reputação, responsabilidade


socioambiental e rentabilidade, passaram a incluir o retorno de bens e componentes no ciclo
de negócios como parte de suas operações. Inicialmente a motivação foi para atendimento às
exigências e expectativas externas (governo, sociedade, ambientalistas). Atualmente, como
será exposto nos tópicos a seguir, verificou-se a possibilidade de lucratividade e aumento da
competitividade com o uso da logística reversa na cadeia industrial.
Os primeiros estudos sobre o tema ocorreram nas décadas de 1970 e 1980 com foco no
retorno de bens para reciclagem. A partir de 1990 a logística reversa passou a ser incorporada
ao cenário empresarial. Já em 2003, mais de 80% dos operadores logísticos ofereciam o
serviço de logística reversa (LEITE, 2003).
Ao longo dos anos a definição de logística foi modificada de acordo com os avanços
alcançados na área e na aplicabilidade do conceito nas empresas. A seguir são apresentadas
algumas definições em ordem cronológica e salientados os principais pontos incluídos na
evolução do termo.
Segundo o Council of Logistics Management (1993):
“Logística reversa é um amplo termo relacionado às habilidades e atividades
envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos
de produtos e embalagens”.

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Em 1998, Stock, acrescenta à esta definição outras ações pertencentes à logística reversa
como a possibilidade de remanufatura, reparação e substituição:
“Logística reversa: em uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao
papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição
de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e
remanufatura”.
No ano seguinte, 1999, Rogers e Tibben-Lembke acrescentaram à definição a função de
retorno de valor ao ciclo de negócios e a relação com custos e eficiência da cadeia produtiva:
“Logística reversa é o processo de planejamento, implementação e controle da
eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo, produtos
acabados e informações correspondentes do ponto de consumo ao ponto de origem
com o propósito de recapturar o valor ou destinar à apropriada disposição”.
E uma das definições mais completas, em 2000 por Dornier et al, traz o fluxo reverso já na
definição de logística, ou seja, a logística reversa, assim como a logística direta é uma função
dos negócios essencial nas organizações:
“Logística é a gestão de fluxos entre funções de negócios. A definição atual de
logística engloba maior amplitude de fluxos do que no passado. Tradicionalmente, as
empresas incluíam a simples entrada de matérias-primas ou o fluxo de saída de
produtos acabados em sua definição de logística. Hoje, no entanto, além dos fluxos
diretos tradicionalmente considerados, a logística moderna engloba, entre outros, o
fluxo de retorno de peças a serem reparadas, de embalagens e seus acessórios, de
produtos vendidos devolvidos e de produtos usados/consumidos a serem reciclados”.

4. Atuação da Logística Reversa

A figura abaixo resume os campos de atuação da Logística Reversa, com destaque para suas
duas principais áreas: Pós-venda e pós-consumo. Além de mostrar as inter-relações entre tais
áreas, a figura mostra as influências dos resíduos industriais nos fluxos (Figura 1).

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Figura 1 – Possibilidade de atuação da logística reversa (Leite, 2003)

Na figura acima, as devoluções por “Garantia/Qualidade” são aquelas que ocorrem por
defeitos de fabricação, avarias, funcionamento incorreto, etc. Com o retorno desses produtos
à fábrica, podem ser consertados, reformados e até destinados novamente ao mercado
primário. Caso isso não seja possível, podem ser destinados a mercados secundários ou
diferenciados.
No setor “Comerciais”, acima, a categoria que representa os estoques mostra os retornos de
mercadorias devido a envios incorretos, em excesso, consignações não utilizadas, pontas de
estoque, etc. Serão redistribuídas para outros canais e retornados ao ciclo de negócios. Vale
ressaltar o recall de produtos, devolvidos por motivos legais, além dos fora do prazo de
validade. Também a “Substituição de Componentes” representa a substituição dos
componentes em bens duráveis e semiduráveis, sendo remanufaturados e redistribuídos ao
mercado.
A outra grande área apresentada no esquema é a de Logística Reversa Pós-Consumo,
planejando operando e controlando o retorno dos produtos utilizados. São classificados
conforme sua condição de uso (se já está no final de sua vida útil ou não) ou se já é
classificado como resíduo industrial. O desmanche também é representado pelo canal de
Reciclagem Industrial e Desmontagem, com o reaproveitamento de componentes e
reaproveitamento de partes do produto como matéria prima. Caso não haja possibilidade de

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nenhum desses tipos de reaproveitamento, o produto é destinado à aterros sanitários ou
incineração com recuperação energética, representado na figura por “Destino Final”.

5. Classificações da Logística Reversa

Uma das principais formas de classificação da Logística Reversa vem de Bowersox e Closs
(2008). A divisão proposta pelos autores é a seguinte:
1) Logística Reversa de Pós-Venda: retorno de produtos por motivos legais comerciais
ou ambientais, retornando o produto para poder ser redistribuído para outros canais dentro da
cadeia.
2) Logística Reversa de Pós-Consumo: retorno de produtos já utilizados e que são
classificados como sem possibilidade de uso direto, para serem reaproveitados em outros
processos produtivos.
3) Logística Reversa de Embalagens: pode estar dentro tanto da logística reversa de pós-
venda quanto pós-consumo, para reintegrar as embalagens dentro do processo produtivo.
As etapas da logística reversa visam a redução do passivo ambiental inerente aos processos
produtivos que formaram o produto. Aliada a gestão ambiental, a logística reversa
proporciona um maior controle do processo produtivo e a possibilidade de se tornar medidas
eficazes para atenuar os efeitos dos processos. Tais medidas podem ser controles
operacionais, novos ajustes e parâmetros, mudanças em etapas do processo produtivo, dentro
outras (PEREIRA, et al 2010).
Por outro lado, de forma muito semelhante aos autores acima, Leite (2003) propõe a divisão
da logística reversa em duas grandes áreas: Logística Reversa de pós-consumo e de pós-
venda. Suas interações são mostradas na imagem abaixo (Figura 2).

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Figura 2 – Áreas de atuação e etapas reversas (Leite, 2002)

Da mesma forma como descrito na primeira figura do autor, a figura acima enfatiza as áreas
da logística reversa, com as mesmas características citadas por Bowersox e Closs (2008).
O setor de Pós-Venda é constituído por bens não utilizados, com pouco uso, erros comerciais,
erros de processamento de pedidos, garantia do fabricante, defeitos, falhas de funcionamento,
avarias no transporte, excesso de estoque, consignação, pontas de estoque e recall. Além
disso, existe a possibilidade de retorno ao mercado primário ou mercado secundário de bens
(agregando novamente valor comercial), em diversos elos da cadeia de suprimentos.
O setor de Pós-Consumo, por outro lado, é constituído de bens inservíveis ao proprietário
original, ainda em condições de utilização, descarte pelo fim da vida útil, substituição,
resíduos industriais. Existe também a possibilidade de reciclagem, remanufatura e retorno ao
mercado secundário de matéria-prima.
Ainda, Leite (2003) salienta que a aplicação da Logística Reversa de pós consumo gera
vantagens econômicas, tendo em vista a utilização de matérias-primas secundárias ou
recicladas reintegradas ao ciclo produtivo, que geralmente apresentam preços menores em
relação às matérias-primas virgens. Consequentemente também gera uma redução no
consumo de insumos energéticos, como economia de energia elétrica, energia térmica, dentre
outros, atentando ao fator sustentabilidade, ou seja, menor custo produtivo com menor
utilização de recursos naturais. Com isso, beneficia a empresa de forma econômica,
preservando o meio ambiente, com menor utilização de recursos naturais e garantindo assim
melhor qualidade de vida à sociedade.

6. Logística Reversa no Brasil

Segundo pesquisa do Instituto ILOS (2003), a situação das empresas brasileiras quando ao
uso da Logística Reversa é mostrada no gráfico a seguir (Figura 3).

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Figura 3 - Níveis de comportamento das empresas em relação aos resíduos sólidos no Brasil
(Instituto ILOS, 2013)

Pela análise do gráfico acima, observa-se que quase a totalidade das empresas brasileiras
utilizam o tratamento ou destinação correta dos resíduos gerados na produção industrial, o
que está diretamente relacionado com questões legais. Mais de dois terços das empresas tem
a prática de gerenciar a logística reversa de pós venda, o que está diretamente correlacionado
com sustentar a imagem da empresa com os consumidores e também, em alguns casos como
o de recall, atender a legislações.
Em destaque, no gráfico acima, está a porcentagem de empresas brasileiras que utilizam
alguma atividade de gerenciamento de resíduos de pós-consumo. Menor ainda, é a quantidade
de empresas que retornam material promocional. Isso mostra o tamanho da oportunidade que
o Brasil tem com o tema de Logistica Reversa.
Para entender melhor os motivos que fazem as empresas brasileiras não realizarem a logística
reversa, o Instituto ILOS estudou algumas razões apontadas por elas. O gráfico abaixo mostra
cada uma dessas razões, com a porcentagem de empresas que alegaram a utilizar (Figura 4).

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Figura 4 – Dificuldades para implantação da logística reversa pós-consumo no Brasil
(Instituto ILOS, 2013)

Destacam-se os cinco primeiros motivos mostrados: Alto custo operacional, alta dispersão
geográfica, baixo apoio do governo para coleta seletiva e baixa escala de volume de resíduos.
Outro motivo interessante que pode ser discutido é o de que o mercado secundário teria baixa
performance.
Os motivos acima são apresentados pelo Instituto como paradigmas a serem enfrentados
pelas empresas. Para mostrar que esses pontos devem ser repensados, podemos ver a tabela a
seguir, que mostra os motivos que levam as empresas a praticarem a Logística Reversa
(Tabela 2).

Tabela 2 - Motivos estratégicos de empresas operarem os canais reversos (Rogers e Tibben-


Lembke, 1999)

O crescimento da oferta de serviços em logística reversa no Brasil pode ser avaliado pela
pesquisa sobre operadores logísticos realizados pela Coppead - UFRJ, que trata, entre outros
elementos, dos serviços logísticos oferecidos no mercado no ano de 2003. Revela essa
pesquisa que 82% dos operadores logísticos atuando no Brasil oferecem o serviço de logística

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reversa, tendo-se registrado entre o ano de 2000 e 2003 um crescimento de oferta de 47%.
Esse crescimento e interesse não se revelam homogêneos em todo os setores empresariais,
devido aos diferentes níveis de impacto causado pelo retorno de produtos e materiais ao ciclo
de negócios e produtos (FLEURY, 2004). Empresas modernas utilizam-se da logística
reversa, diretamente ou através de terceirizações com empresas especializadas, com
diferentes objetivos estratégicos. Razões de recaptura de valor econômico, de
competitividade, de cidadania corporativa ou responsabilidade empresarial, de limpeza de
canal ou de remanejamento de estoques, de dispositivos legais a serem respeitados, de
recuperação de valor de ativos, entre outros.

7. Legislações Ambientais

Na Alemanha após a reunificação, foi constatado que boa parte dos resíduos sólidos, que
antes eram enviados para a Alemanha Oriental, estava em aterros sem tratamento algum. Em
consequência disso, foram promulgadas várias leis, visando à reciclagem de embalagens e,
posteriormente os produtos duráveis. Atribui-se às indústrias toda a responsabilidade sobre o
retorno e reciclagem das embalagens. Foi um programa progressivo, a fim de dar tempo para
que as empresas se adaptassem e se organizassem em relação à logística reversa e todos os
seus canais de retorno, ou seja, a indústria se responsabilizava pelo retorno das embalagens
de transporte, como paletes e as caixas de papelão, os distribuidores as embalagens
secundárias, e os varejistas com as embalagens primárias. Na Dinamarca as embalagens de
bebidas devem ser retornáveis, sendo proibidas as descartáveis, já na Holanda além da
mesma proibição, não são permitidas as sacolas plásticas em supermercados. O Japão se
destaca pela liderança na reciclagem de materiais, pela falta de espaço e escassez de recursos
naturais. No setor automobilístico, foram promulgadas legislações em 1991 e 1997,
transferindo toda a responsabilidade de reciclagem de automóveis no país. Apesar da baixa
intervenção governamental, o país foi conduzido, pela educação e pelos respeito às normas,
fazendo com que isso o tornasse líder em reciclagem. (LOTTO, 2011)
Alguns pontos legais para a utilização da Logística Reversa:
1. Restrições a respeito de aterros sanitários e incineradores: proibição de novos aterros
sanitários em muitos estados americanos ou proibição de disposição em aterros sanitários de
certos produtos.
2. Implantação de coleta seletiva domiciliar ou comercial.

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3. Responsabilidade do fabricante sobre o canal reverso de seus produtos (“product take
back”): legislação no Japão em 1997 impôs a obrigatoriedade para a indústria automobilística
de organização de rede reversa de reciclagem. Em julho de 1996 França. Alemanha e
Holanda em acordo entre governos estabelecem que a responsabilidade de coleta, reciclagem
ou do reaproveitamento dos automóveis descartados pela sociedade fosse para os fabricantes
de automóveis.
4. Uso de selos verdes para identificar produtos “amigáveis” ao meio ambiente, produtos de
pós-consumo que podem ou não ser depositados em aterros sanitários, restrição ao uso de
produtos com conteúdo de matérias-primas secundárias, etc.
5. Valor monetário depositado na compra de certos tipos de embalagens. 6. Índices mínimos
de reciclagem: alguns estados dos EUA adotam a obrigatoriedade do equilíbrio de produção e
reciclagem. Outros possuem legislação específica incentivando o uso de produtos fabricados
com materiais reciclados. Alguns adotam um sistema tributário especial para os diversos elos
da cadeia reversa; (ALENCAR, A.S. 2014)
Dentre as legislações ao redor do planeta e diferentes níveis de intervenções entre os diversos
países, alguns exemplos mais expressivos de alterações provocados por legislação estão os da
generalização de coletas seletivas nos Estados Unidos e o programa de retorno de embalagens
estabelecido na Alemanha Ocidental. (LEITE, 2009. p. 146).
Na Europa, convém destacar a criação da ProEurope. Vale esclarecer que a Pro Europe
"Packaging Recovery Organization Europe" é a organização que concede a licença para
utilização da marca Ponto Verde ou ―Green Dot‖. Foi fundada em 1995, e entre os seus
objetivos principais estão a coleta e a recuperação de embalagens e resíduos de embalagens.
Atualmente a Pro Europe abrange 33 países, sendo 27 Estados-Membros (Áustria, Bélgica,
Bulgária, Chipre, República Checa, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria,
Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal,
Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia, Reino Unido e Croácia), um país
candidato a Estado-Membro (Turquia) e ainda a Sérvia, Noruega, Islândia, Ucrânia e Canadá
(PRO EUROPE, 2011, p.6-9). De acordo com a Pro Europe (2011, p.7), mais de 170.000
(cento e setenta mil) empresas utilizam esse símbolo.
Além disso, desde a década de 80 a Europa e já incentiva a incorporação dessa questão no
plano de negócios de fabricantes eletrônicos, com normas ambientais não obrigatórias de
âmbito internacional. Todo o conceito implica na transferência da responsabilidade dos
resíduos, normalmente atribuída às autoridades e ao consumidor, para os fabricantes dos
produtos. Esse conceito é conhecido com EPR (Extended Producer Principle).
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Atualmente, na Europa a política de gerenciamento de resíduos eletrônicos é baseada em
diretrizes da União Europeia para manipulação adequada dos resíduos (para saber mais
procure as diretrizes WEEE – Directive on Waste from Electronics and Electronic
Equipment). No Japão, adotou-se desde a década de 90, leis de utilização eficiente de
recursos e leis de reciclagem de aparelhos domésticos, baseadas no conceito EPR. Já nos
EUA, já leis que focam a reciclagem de aparelhos de televisão e computadores pessoais, além
de leis que obrigam a redução da utilização de substâncias tóxicas (procurar pela lei NEPSO
– National Eletronics Product Stewardship Initiative). Até a China conta com legislação
especifica adequada para produção mais limpa e controle dos resíduos eletrônicos.
Enquanto isso no Brasil, o Projeto de Lei n. 203 de 1991 terá início em 2015. A Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O ponto principal da política é o estabelecimento das
responsabilidades de destinação, recuperação e conscientização dos resíduos sólidos. Todos,
sem exceção são citados como responsáveis – do consumidor ao produtor, passando pelas
autoridades de pelos comerciantes. (BRITO, 2013)

8. Estudos de Caso
i) Nokia:

A Nokia, empresa de telecomunicações, em 2008 realizou uma pesquisa sobre o


comportamento das trocas de celulares pelos consumidores versus a reciclagem dos mesmos.
Foi observado que no ano de 2008, a projeção de vendas foi de 48,8M de aparelhos versus
18M novas linhas, ou seja, as pessoas trocavam mais celulares do que compravam uma nova
linha, o que leva a suposição que os clientes trocam mais do que a real necessidade.

Além disso, foi constatado também que apenas 2% da população brasileira não entregam os
seus aparelhos sem utilização para reciclagem e que 78% da população não consideravam a
reciclagem como uma opção de descarte dos aparelhos.

Junto com a GM&C logística, a Nokia desenvolveu um sistema de logística reversa para
aparelhos celulares, tendo a sede localizada em São José dos Campos, com o tamanho de
2.000m2 para recebimento, tratamento e separação de material. Além disso, realizou
treinamentos, separação e contagem dos diferentes materiais e também, a análise do impacto
de cada um dos componentes (Bateria, Carregador e Aparelho). Para coletar os aparelhos a
empresa criou mais de 8mil pontos de coleta no país, nas operadoras (Claro, Oi, Tim, Vivo) e
fabricantes (Sony e Siemens).

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Na figura abaixo, mostra a quantidade de materiais recebidos divididos em: aparelhos
celulares, baterias e carregadores. O que mostra que as pessoas reciclam mais baterias do que
os outros materiais, principalmente por elas terem conciência que a bateria é mais nociva ao
meio ambiente.

ii) Apple USA:

Apple anunciou que seus clientes poderão levar seus iPhones antigos para serem avaliados
por funcionários especialistas em qualquer uma de suas lojas nos Estados Unidos. Depois de
avaliado o cliente recebe então o valor do aparelho em forma de crédito para comprar
qualquer produto na loja Apple. Os aparelhos antigos serão encaminhados então para o setor
de reciclagem.

A empresa afirma que o programa tem como dois objetivos:

Responsabilidade social temos: Caso os clientes não façam questão disso e lancem o aparelho
nas lixeiras da cidade, quem coletar este resíduos e ver o aparelho certamente vai levá-lo à
alguma loja da empresa. O interessante é que neste sistema, quem não tem responsabilidade
ambiental acaba fomentando a lucro de pessoas de baixa renda.

Estratégia de Mercado: Ao valorizar o iPhone antigo e dar crédito para seus clientes, a Apple
não só garante uma medida ambientalmente correta como também garante que seu cliente

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antigo vai continuar sendo seu cliente, pois o mesmo não recebe dinheiro e sim um crédito
para comprar mais aparelhos na própria empresa.

iii) Scotch-Brite:

A Scotch-Brite se juntou à TerraCycle para criar, pela primeira vez no mundo, um sistema de
coleta e reciclagem das esponjas – de todas as marcas do mercado e suas respectivas
embalagens plásticas para transformá-las em produtos sustentáveis.

Apresentando como objetivos:

Causa Social: A cada esponja enviada para a reciclagem, será doado R$0,02 para uma escola
ou organização sem fins lucrativos escolhida por cada participante.

Causa Ambiental: Reciclagem das esponjas de aço, as quais quando jogadas indevidamente
no meio ambiente, não tem tempo determinado para degradação.

A figura abaixo apresenta, o ciclo de reciclagem da esponjas de aço. Primeiramente, as


esponjas podem ser enviadas gratuitamente por correio para a Terra Cycle, lá a esponja é
reciclada e resultada em diversos produtos, os quais podem ser também reciclados, fechando
o ciclo de reciclagem.

iv) Natura:

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O programa de logística reversa da Natura realiza estudos e monitoramento do ciclo de vida
das embalagens recicláveis de seus produtos. O objetivo é recolher as embalagens usadas a
fim de evitar os impactos causados pelo seu descarte no meio ambiente.

Esse projeto existe desde 2007 e todo o material recolhido é encaminhado para reciclagem. A
iniciativa já deu o destino adequado a cerca de 500 mil toneladas de resíduos.

v) Pneus Bridgestone:

A fabricante de pneus no Brasil aplica o conceito de logística reversa ao receber os produtos


em final de vida útil. Os pneus usados passam pelo processo de trituração e picotagem,
resultando em fragmentos que são reutilizados.

Com esses fragmentos de pneu, é possível obter matéria-prima na confecção de pisos, blocos
e guias em substituição à brita, confecção de solados de sapatos e borracha para vedação e
peças de reposição para indústria automobilística.

vi) Philips:

Para colaborar com a redução do lixo eletrônico, a Philips estabeleceu no Brasil um programa
já existente em mais de 30 países. Os consumidores que possuírem aparelhos Philips
inutilizados poderão depositá-los nos postos de coleta credenciados pela marca, que ficará
responsável por dar um destino adequado a eles.

Além de aparelhos da Philips, pilhas, lâmpadas e baterias de qualquer outra marca são recolhidos e
encaminhados para uma empresa de tratamento, que fará a desmontagem e avaliação das peças,
que podem ser reaproveitadas ou descartadas de forma correta.

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9. Apêndices

Apêndice 1 – Caso do aterro sanitário na cidade de Bauru

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10. Referências

 ALENCAR, A.S. Logística Reversa Aplicada no Processo de Reaproveitamento da


Borra de Tinta. Belem-PR, 2014.
 Benevides, M. N, A OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA SOB AS ÓTICAS
CONSUMERISTA E AMBIENTALISTA, disponível em <
http://www.fa7.edu.br:8081/ic2014/29-10-2014_91936143.docx> Acesso em
10/03/2015>
 BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística empresarial: o processo de
integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2008, 594p.
 BRITO, T.B. A legislação brasileira e a logística reversa de resíduos eletrônicos.
USP, 2013.
 Empresas no brasil. Revista eletrônica de gestão organizacional, 2005.
 FLEURY, P.F. A indústria de provedores de serviços logísticos no Brasil. Revista
Tecnologística, Abril, 2004.
 http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2015/02/aterro-esta-saturado-e-
prefeitura-de-bauru-e-multada-em-r-4-2-mil-por-dia.html
 http://www.jcnet.com.br/Politica/2015/03/aterro-de-bauru-ganha-mais-dois-meses-
de-uso.html
 ILOS - Instituto de Logística e Supply Chain, Logística Reversa - Práticas nas
empresas no Brasil – 2013, disponível em
http://www.ilos.com.br/ilos_2014/wpontent/uploads/PANORAMAS/PANORAMA_b
rochura_logisticaR.pdf Acesso em 10/03/2015
 ILOS -Instituto de Logística e Supply Chain (2013). Panorama ILOS - Logística
Reversa - Práticas nas empresas no Brasil – 2013. Rio de Janeiro: ILOS???, 2013.
Disponível em:.Acessoem: 03 ago.2013.
 LEITE, P.R e ZAMITH, E.P Logística Reversa de produtos não consumidos: práticas
de
 LOTTO, F. Logística Reversa Impactando na melhoria do Meio Ambiente. Limeira,
2011.
 PEREIRA, Gislaine; CARVALHO, Fernando Nitz; PARENTE, Edna Ghiorzi Varela.
Desempenho econômico e evidenciação ambiental: análise das empresas que

20
receberam o prêmio rumo à credibilidade 2010. Enciclopédia Biosfera, v.7, n.12,
2011, p. 20-39.
 PRO EUROPE. Uniformity In Diversity - Producer Responsibility In Action. Bélgica,
2011.
 ROGERS, D.S.; TIBBEN-LEMBKE, R.S. Going backwards: Reverse logistics trends
and practices. Reno: University of Nevada, 1999.

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