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São Paulo
2016
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................2
2. OBJETIVO................................................................................................................3
3. METODOLOGIA.....................................................................................................4
4. LEVANTAMENTO DAS POLÍTICAS EXISTENTES........................................5
4.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos...............................................................5
4.2 Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade de São Paulo.....6
4.3 Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis..................................7
4.4 Embalagem e Sustentabilidade: Desafios e Orientações no Contexto da
Economia Circular....................................................................................................8
4.5 PNRS e o Acordo Setorial de Embalagens: Perguntas e Respostas................9
5. RELATÓRIO DE VISITA A PONTOS DE ENTREGA VOLUNTÁRIA..........11
6. RELATÓRIO DE VISITA AO COMPLEXO INDUSTRIAL DA NATURA.....17
7. CONCLUSÃO..........................................................................................................23
8. PROPOSTAS...........................................................................................................26
9. BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................31
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1. INTRODUÇÃO
De acordo com a proposta da disciplina AUP 280 – Organização Urbana e Planejamento
de escolha de um tema ligado à estruturação da metrópole de São Paulo, o grupo optou
por analisar a questão da gestão de resíduos sólidos. A partir de uma primeira
aproximação com o tema, surgiu o desejo de compreender melhor a posição do setor
privado dentro das políticas de gestão e regulamentação de resíduos sólidos no Brasil,
especificamente na região metropolitana de São Paulo.
O recorte do tema que pareceu mais interessante foi relativo aos Resíduos Sólidos
Domiciliares Secos (RSDS) e sua logística reversa, devido ao fato de que, em geral, esses
resíduos são provenientes de embalagens de produtos pós-consumo, principalmente de
gêneros industriais alimentícios, de cosméticos e de limpeza doméstica. Dessa forma, esse
recorte permite analisar uma cadeia que passa pela produção, distribuição, consumidor e
deve ser dado o destino adequado às embalagens, viabilizado pela coleta seletiva,
cooperativas de triagem e indústria da reciclagem, como representado no esquema abaixo.
Esse trabalho, portanto, pretende abordar a cadeia de consumo e descarte dos produtos
que geram Resíduos Sólidos Domiciliares Secos (RSDS), a fim de compreender o papel
do setor privado e sua responsabilidade no processo.
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2. OBJETIVO
O objetivo do trabalho é entender o ciclo de vida dos produtos com maior geração de
resíduos domésticos secos (RDS), com destaque para a compreensão do papel atual dos
setores de produção e distribuição para a sustentabilidade de todo o ciclo e o cumprimento
da legislação.
Um dos desafios para a discussão do tema foi encontrar maneiras para que a logística
reversa se dê em grande parte por obrigações legais ao setor privado, porém sem tirar o
caráter social das cooperativas de catadores de materiais recicláveis, que há tanto tempo
lutam pelo seu reconhecimento e autonomia.
Esquema elaborado para compreensão das dinâmicas envolvidas no ciclo de vida dos produtos e de suas
embalagens.
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3. METODOLOGIA
Para atingir os objetivos desejados, a primeira etapa do trabalho passa pelo levantamento
e análise da legislação e planos em vigência (PNRS, Plano estadual de SP, PGIRS da
cidade de São Paulo) e de outros relatórios, cartilhas e documentos relevantes para o
estudo.
Além disso, para uma vivência real do problema em questão e para produção de novos
conhecimentos sobre o tema, propôs-se a realização de visitas de campo investigativas,
para compreender dinâmicas existentes.
Material elaborado pelo grupo na fase de definição do problema aproximação com o tema.
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4. LEVANTAMENTO DAS POLÍTICAS EXISTENTES
Existem várias publicações, disponíveis online, que concernem ao tema estudado neste
trabalho, publicadas principalmente após 2010, ano em que foi aprovada a Política
Nacional de Resíduos Sólidos, que estabelece princípios, diretrizes e instrumentos para a
gestão de resíduos sólidos no Brasil. Serão apresentadas brevemente algumas dessas
publicações de fácil acesso que se julgou serem mais pertinentes para o desenvolvimento
desse estudo propositivo.
Dentre os pontos mais importantes instituídos pela lei, pode-se destacar a importância
dada ao planejamento no setor. Incentiva-se a elaboração de planos nas diversas escalas
do território: Plano Nacional de Resíduos Sólidos, planos estaduais, planos
microrregionais, planos de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas e planos
municipais.
Os artigos 31, 32 e 33 da lei são os mais relevantes para o tema do trabalho. Eles trazem
obrigações aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes para fortalecer a
responsabilidade compartilhada. Dentre elas, pode-se destacar a obrigação de garantir que
as embalagens sejam fabricadas com materiais que propiciem a reutilização ou a
reciclagem, além de restritas em peso e volume
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produtos que colocam no mercado, porém para o caso da maior parte das embalagens (é
o caso das embalagens das indústrias alimentícia e de comércio) isso deve ser implantado
através de acordos setoriais. Segundo a análise de Edson Plá Montegrosso:
Além disso, a lei incentiva esses setores a atuarem em parceria com cooperativas ou outras
formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, no
estabelecimento de medidas de logística reversa.
“O setor privado deve adotar mecanismos que viabilizem a coleta dos resíduos
sólidos de seus produtos, após o consumo ou o término da vida útil, restituindo-os para a
reciclagem ou o reaproveitamento no ciclo produtivo. O poder público, representado pelo
titular da prestação de serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, deve:
adotar procedimentos para o reaproveitamento os resíduos sólidos reutilizáveis e
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recicláveis oriundos dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos; estabelecer sistema de coleta seletiva; articular com os setores econômicos e
sociais medidas para viabilizar o retorno ao ciclo produtivo dos resíduos gerados pós-
consumo, oriundos dos serviços de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos;
realizar as atividades definidas nos acordos setoriais ou termos de compromisso firmados
com o setor privado, mediante a devida remuneração pelo setor empresarial; priorizar a
organização e o funcionamento de cooperativas e associações de catadores, bem como
sua contratação; e dar disposição final ambientalmente adequada aos resíduos e rejeitos
oriundos dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos. Os
consumidores devem acondicionar de forma diferenciada e adequada os resíduos gerados,
disponibilizar adequadamente os resíduos para coleta e efetuar a devolução, aos
comerciantes e distribuidores, dos produtos e embalagens submetidos à logística reversa.
(SÃO PAULO, 2014. Pág. 101)
Além disso, as considerações de Fabricio Dorado Soler são importantes no que concerne
à implementação efetiva da logística reversa, que depende da viabilidade econômica do
processo, ele deve ser mais vantajoso que outros meios de obtenção de matéria-prima e
de disposição final.
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para fortalecer a implementação do Plano e avançar no objetivo maior de alcançar o
desenvolvimento sustentável no país.
“Em seu primeiro ciclo, de 2011 a 2014, o PPCS teve seus esforços focados em
seis áreas principais: Educação para o Consumo Sustentável; Varejo e Consumo
Sustentável; Aumento da reciclagem; Compras Públicas Sustentáveis; Construções
Sustentáveis; Agenda Ambiental na Administração Pública. A escolha destas áreas é
estratégica para o alcance das metas, pois, articuladas, promovem um rápido avanço em
direção a práticas mais sustentáveis de produção e consumo. Não significa que outras
práticas não possam ser contempladas, basta que estejam estruturadas e prontas para um
maior investimento. Dentro do Plano estão elencados Pactos Setoriais, Ações
Governamentais, Iniciativas Voluntárias, Ações de Parceria, e Forças-Tarefa. Estes são
os instrumentos para implementação deste novo modelo de desenvolvimento que se
propõe através do PPCS, abarcando ações públicas e privadas, individuais ou em
parceria.” (Fonte: http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/producao-e-
consumo-sustentavel/plano-nacional)
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transição dos modelos de negócios, de utilização de recursos naturais e geração de
resíduos do linear para o circular.
Ela aborda as funções da embalagem e propõe uma orientação no projeto delas de forma
a facilitar a revalorização sem deixar de atender as necessidades do presente. Nesse
projeto procura atender aos seguintes tópicos: otimização, orientação para o consumidor
(considerando que a embalagem pode ser um meio de comunicação com o consumidor)
e comunicação responsável (deixar claro ao consumidor a porcentagem de material que é
reciclável no produto, por exemplo).
Todo o ciclo que uma embalagem passa também é abordada, os recursos, além do
material, utilizados na sua fabricação e necessários para o transporte e distribuição
também entram na economia circular. A valorização dos recursos renováveis e finitos é
o primeiro passo para a construção do círculo.
A cartilha é voltada para empresas, com o objetivo de fazê-las aderir ao acordo setorial
de embalagens de produtos não perigosos. O acordo setorial foi o meio previsto na PNRS
para implantar a logística reversa de embalagens pós-consumo da maioria dos produtos.
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É um ato de natureza contratual entre poder público e setores privados (fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes), que de acordo com a Lei 12.305, são
responsáveis por implementar a logística reversa de seus produtos independentemente do
sistema de limpeza público.
Caso uma empresa opte por não fazer parte do acordo setorial, ainda assim ela deve
apresentar uma proposta de logística reversa para o Ministério do Meio Ambiente. Sendo
assim, os benefícios para as empresas signatárias do acordo são a facilidade e a garantia
de cumprimento da legislação ambiental.
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5. RELATÓRIO DE VISITA A PONTOS DE ENTREGA VOLUNTÁRIA
Além disso, constatamos que na estrutura instalada, os materiais não estavam separados
de acordo com o que estava escrito e seria o mais lógico para qualquer um que quisesse
deixar seus materiais. Por exemplo, no local que orientava o depósito de óleo, estavam
entulhadas garrafas de cerveja, que não pareciam estar cheias de óleo.
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A estrutura é bem pequena, talvez em função do espaço do estacionamento, onde está
localizado o PEV também ser pequeno. E apresentava apenas 5 divisões para coleta de
materiais.
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material até o local de coleta e, preferencialmente, separa-o de acordo com as categorias
especificadas pelas placas de orientação.
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A tentativa de compreender o papel de cada agente na iniciativa resultou no seguinte
conjunto de informações:
- COOPAMARE – cooperativa de triagem que faz a coleta dos materiais entregues neste
PEV;
Apesar de bem sinalizado e bonito por fora, o interior do PEV, onde trabalham por volta
de 5 pessoas todos os dias, é pequeno e abafado. Dado o tamanho do estacionamento,
entende-se que haja um descaso com as pessoas que ali trabalham e uma maior
preocupação das empresas com a aparência externa e o marketing gerado pelo ponto.
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RELATÓRIO DE VISITA – MERCADO QUITANDA
Ponto de Entrega Voluntária (PEV)
No mesmo dia, escolheu-se fazer uma última visita ao PEV do mercado Quitanda,
localizado a 500 metros do Supermercado Pão de Açúcar da rua Teodoro Sampaio.
Também situado no estacionamento da empresa - que é, no entanto, coberto - o Ecoponto
Quitanda tem uma estrutura viabilizada pela empresa Recicleiros, que destina o material
coletado à Cooperativa YouGreen. Apenas uma funcionária da cooperativa estava
encarregada a organizar os resíduos e orientar os voluntários. O movimento no local
pareceu bem inferior ao do observado no Pão de Açúcar apesar da estrutura extremamente
organizada e didática - informações sobre como identificar os tipos de plástico pela
embalagem chamaram a atenção do grupo.
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PEV do Pão de Açúcar) trabalha com a reciclagem desse material, que necessita técnicas
específicas para viabilizar economicamente sua reciclagem.
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6. RELATÓRIO DE VISITA AO COMPLEXO INDUSTRIAL DA NATURA
A empresa Natura possui indústrias em São Paulo e no Pará com ampla rede de
distribuição e com uma série de propostas para a redução, reutilização e reciclagem dos
resíduos gerados ao longo do ciclo de seus produtos. Há, entretanto, uma enorme
diferença entre as medidas adotadas nessas duas localidades. De acordo com Gorette, São
Paulo dispõe de algumas vantagens do que diz respeito ao destino dos resíduos, com o
grande número de empresas operando no ramo da reciclagem e um grande mercado
consumidor de matéria-prima reciclada ou para a reciclagem, material orgânico para
compostagem e mesmo resíduos destinados à produção de energia e aterros, dar um
destino apropriado aos resíduos torna-se viável e rentável. O Pará, por outro lado, segundo
Gorette, não dispõe da mesma rede capaz de absorver esses resíduos, restando à Natura
destiná-los à aterros e incineradores. Esta comparação é particularmente relevante quando
falamos em uma Política Nacional para Resíduos Sólidos, enfatizando a necessidade de
Planos regionais e locais.
A política da Natura para o tratamento dos resíduos é colocada como parte da missão da
empresa e de seu compromisso com a sociedade, mas mais objetivamente contribui de
diferentes modos para seus negócios promovendo uma imagem positiva para a marca que
é revertida em ganhos financeiros seja pela venda de seus resíduos tratados, seja pelo
aumento das vendas. Além do impacto ambiental, Gorette também revelou o cuidado para
que a marca não fosse identificável nos locais de descarte e transformação de forma a
depreciar a marca, por essa razão, os resíduos saem da central completamente
descaracterizados. Observou-se grande empenho em cultivar a imagem de empresa Verde
com publicidades e frequente oferecimento de visitas guiadas ao Espaço Cajamar, um
espaço de arquitetura impecável e segundo seu vídeo corporativo (não tivemos a chance
de conhecer), uma indústria altamente organizada, limpa, bela por dentro e por fora e
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silenciosa em seus espaços de laboratório e “chão de fábrica”, imagem diametralmente
oposta ao que povoa nosso imaginário de grandes fábricas.
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redução de resíduos: Meio Ambiente; Sustentabilidade -> Inovação; Logística-
>Suprimentos; -->Logística Reversa. A Central de Resíduos na qual Gorette trabalha
corresponde ao setor de Suprimentos que responde às estratégias para a gestão dos
resíduos. O Quadro 1 apresenta os destinos dados para cada tipo de material (em São
Paulo):
Essas informações deixam claro alguns aspectos relevantes no que se refere à gestão de
resíduos pela Natura. Em primeiro lugar, a extensa lista de empresas envolvidas nos
processos indicados mostra a dimensão da infraestrutura necessária para um tratamento
de resíduos mais comprometido na escala industrial, assim como as relações de mercado
implícitas e a necessidade de uma articulação entre os diferentes setores industriais. Ainda
que a Natura esteja bastante à frente em suas iniciativas, pudemos observar que nos 93%
dos resíduos tratados incluem-se os destinados à incineração, coprocessamento e matéria-
prima para a indústria de cimento que, embora tragam rentabilidade ao processo e
possivelmente contribuam para a viabilidade financeira do conjunto de ações, podem ser
questionadas quanto aos seus impactos ambientais.
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Fotos de Lígia Pascoal
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aumento deste consumo, das vendas e do faturamento. Ainda assim, há uma iniciativa de
marketing interessante por ser também uma proposta de oferecer informação ao
consumidor. Todas as embalagens apresentam informações a respeito de sua composição
e destino enquanto resíduo em uma tabela como a que segue abaixo:
Como uma medida isolada e de uma empresa, talvez esses dados possam produzir um
efeito contrário, como às vezes acontece nos casos de “claims” como “zero gordura” e
“light” que acabam por aumentar o consumo por ser “menos nocivo”, mas como medida
amplamente aplicada pode ser uma ferramenta educativa importante.
Sobre a PNRS o aspecto que a empresa parece ter encontrado mais dificuldades é a
implantação da logística reversa que é tratado por um setor específico voltado ao
cumprimento das leis sobre resíduos. Apesar de discutidas medidas para tal, não houve
ações concretas nesse sentido e em decorrência de acordos setoriais, a empresa teve o
prazo ampliado para o cumprimento da lei.
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7. CONCLUSÃO
A questão dos resíduos sólidos tem diversas implicações para o meio ambiente e para o
espaço urbano, além de ser um fator de grande impacto para questões econômicas e de
desigualdades sociais. Os determinantes envolvidos são muitos e por sua característica
intrinsecamente multifatorial, o problema da geração de resíduos deve ser tratado de
forma transversal e articulada aos diversos setores da sociedade, a partir do
reconhecimento de todos os agentes envolvidos e suas responsabilidades.
Apesar destes avanços, é preciso lembrar que a PNRS esteve em elaboração durante quase
duas décadas antes que conseguissem de efetivar enquanto lei, e que seus pressupostos
não estão livres de uma intensa disputa de poder e interesses. De acordo com Monterosso
(2016) a lei deixa brechas ao pautar-se em acordo setoriais como balizadores das metas,
índices e prazos para adequação das empresas à lei, colocando-se de forma passiva neste
processo principalmente no que se refere à logística reversa. Em nossa visita a Natura, foi
possível perceber que estes acordos significam a ampliação indefinida de prazos, mais
que um plano de ação ou uma perspectiva concreta de incorporação de novas medidas.
O Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS) de 2011, embora não
tenha força de lei, apresenta propostas mais objetivas de ações do Estado e sociedade civil
para padrões de produção e consumo sustentáveis. O Plano busca em iniciativas
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existentes medidas de enfrentamento dos desafios postos em nível nacional para o
desenvolvimento sustentável. A questão dos resíduos não é possível se dar de maneira
homogênea em todo território nacional que apresenta particularidades territoriais, de
infraestrutura e mercado que determinam ou influenciam diretamente as possibilidades
de ação. Por essa razão, a PNRS enfatiza a necessidade da regionalização da lei por meio
de planos estaduais, municipais, microrregionais e para regiões metropolitanas e
aglomerações urbanas, o que favorece a criação de agendas e incorporação da questão da
gestão dos resíduos na ordem do dia.
As visitas realizadas tanto na Natura como nos Pontos de Entrega Voluntária permitiram
observar alguns aspectos importantes desta cadeia. Em primeiro lugar, a coleta seletiva
depende não só de uma rede de coleta com caminhos e PEV, mas principalmente da
separação e entrega destes resíduos. A ausência de separação dos materiais em geral faz
com que materiais potencialmente reaproveitáveis na cadeia se percam nos lixões e
aterros sanitários, por outro lado, a separação inadequada inviabiliza a reciclagem alguns
materiais por seus aspectos físicos, mas também por exigir um sobre trabalho que o torna
desinteressante financeiramente, esses materiais acabam por ter o mesmo destino que os
primeiros. Os pontos de entrega voluntário desempenham um papel importante na coleta
desses materiais, mas também como ponto de informação, esclarecimento e incentivo
para a separação dos resíduos, sendo a presença de um funcionário nestes locais essencial
para qualificar essa comunicação. O manejo dos resíduos por parte dos consumidores
também tem um papel educativo na medida em que promovem um olhar mais crítico em
relação ao lixo e suas potencialidades e efeitos nocivos.
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Outra questão importante é a infraestrutura e tecnologia necessárias para a reciclagem de
materiais multicamada ou como o isopor. Nem todas as cooperativas têm condições de
processar todos os tipos de materiais, assim embora recicláveis, esses materiais não são
efetivamente reciclados, isso irá depender por exemplo da cooperativa responsável por
determinado PEV. O descarte desses materiais aponta, em primeiro lugar, para uma
necessidade de regulação dos produtores destas embalagens de forma a torná-las mais
viáveis financeiramente e ecologicamente dentro do ciclo de vida de seu produto, mas
também para a necessidade de uma melhor articulação entre cooperativas e empresas de
reciclagem para que esses produtos sejam mais eficientemente aproveitados.
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8. PROPOSTAS
As propostas procuraram intervir em todos os pontos críticos do ciclo de vida de um
produto de maneira a articulá-las em uma cadeia única de intervenção. O esquema abaixo
serviu de ponte de partida para as propostas divididas em: produtor, distribuidor,
consumidor e Estado.
Produtor
a) Embalagens: boa parte dos resíduos provêm das embalagens dos produtos seja
para venda seja para transporte e acondicionamento. No primeiro caso em geral
quem se responsabiliza pelo resíduo é o consumidor e o poder público por meio
da coleta fato que é transformado com a ideia de logística reversa. No estudo da
CETESB e ABRE, publicado na forma de cartilha, avalia-se o impacto ambiental
da embalagem não só na sua composição final, mas em todo o seu ciclo de
produção ao consumo em relação ao volume de embalagem como mostra o gráfico
na página seguinte.
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Modelo Packforsk para minimização do impacto ambiental do sistema produto-embalagem
(ERLÖV, et al., 2000)
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estudos de impactos, além de percentual mínimo de materiais não recicláveis ou de
reciclagem inviável. A proposta é de taxação proporcional desses produtos, com
abatimento nos casos do uso de materiais reciclados, embalagens retornáveis e adoção de
outras medidas de otimização das embalagens em relação aos impactos ambientais. Com
isso pretende-se pressionar os produtores a optar por designs mais sustentáveis para
baratear seus custos e seu produto no mercado, assim da mesma forma, incentivar os
consumidores a adquirir produtos que estejam dentro destes parâmetros. Ainda a respeito
das embalagens, a incorporação de dados a respeito dos materiais das embalagens a
exemplo do modelo implementado pela Natura deveria ser compreendida com
informação essencial ao consumidor e incorporado como norma às embalagens.
Distribuidor
Consumidor
A figura do consumidor como mediador está presente nas medidas anteriores tanto como
em questões como o acesso à informação, como mais ativamente na devolução de
embalagens retornáveis, incentivado pela remuneração referente a parte na taxação
decorrente dessas embalagens.
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a) Separação dos Resíduos: Como proposta para ampliar e qualificar a separação
dos resíduos residenciais sugere-se a implementação obrigatória, em condomínios acima
de determinada quantidade de unidades, de lixeiras para separação dos resíduos sólidos
recicláveis acompanhada de material informativo (placas, cartazes) que prestem a devida
informação aos usuários, além de incentivo para a criação de composteiras e treinamento
dos funcionários e condôminos para sua manutenção a exemplo do Composta São Paulo,
entretanto com enfoque em edifícios e condomínios.
Estado
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Como mostra o esquema acima, além das propostas já apresentadas, considera-se que
seria essencial a criação de um “fundo de reciclagem”, para arrecadar taxas cobradas de
empresas que não tenham porte suficiente ou prefiram pagar taxas em vez de assegurar o
sistema de logística reversa de seus produtos. Dessa forma, o fundo ajudaria o poder
público na implementação de programas sociais envolvendo a valorização dos resíduos
e, também, a tornar a coleta seletiva mais ampla e democrática no espaço da cidade.
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9. BIBLIOGRAFIA
Publicações:
ABIPLAST; SINDIPLAST. PNRS e o Acordo Setorial de Embalagens: Perguntas e
Respostas. Disponível em:
<http://file.abiplast.org.br/download/links/pnrs_e_o_acordo_setorial_de_embalagens.pd
f> acesso em 07/12/2016.
SÃO PAULO (2014). Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade de São
Paulo. São Paulo, 2014. Disponível em: <
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/servicos/arquivos/PGIRS-
2014.pdf> Acesso em 02/11/2016.
31
ZANETI, I. C. B. B.; SÁ, L. M.; ALMEIDA, V. G. Insustentabilidade e produção de
resíduos: a face oculta do sistema do capital. Sociedade e Estado, Brasília, v. 24, n. 1, p.
173-192, 2009.
Sites:
http://www.recicloteca.org.br/noticias/acordo-setorial-para-a-logistica-reversa-das-
embalagens-pos-consumo-e-assinado/
http://www.abras.com.br/supermercadosustentavel/logistica-reversa/logistica-reversa-
acordo-setorial-de-embalagens-em-geral-e-assinado-em-brasilia/
http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/producao-e-consumo-
sustentavel/plano-nacional
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