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Tratamento e disposição final ambientalmente adequada de Resíduos Sólidos


Urbanos

Book · December 2015

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Marco Aurélio Soares de Castro


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3

Tratamento e Disposição Final


Ambientalmente Adequada de
Resíduos Sólidos Urbanos

Valdir Schalch
Marco Aurélio Soares de Castro
Rodrigo Eduardo Córdoba

1ª Edição

São Carlos – SP
EESC/USP
2015
4
5

Prefácio

Este texto é resultado da compilação, revisão e ampliação do material didático da


disciplina SHS0170 – Tratamento de Resíduos Sólidos, oferecida como optativa para cursos
da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP). Antes apresentado apenas como
apresentações de slides utilizadas durante as aulas e disponibilizadas aos alunos em meio
eletrônico, surge agora, finalmente, na forma de apostila.
Não se pretendeu apresentar aqui uma obra de fôlego, dadas a dimensão e
complexidade da área de Resíduos Sólidos, mas sim um texto que funcione tanto como
material de apoio às aulas desta e de outras disciplinas correlatas, como fonte de consulta
inicial para os demais interessados no assunto.
A propósito, percebemos que o interesse pela área cresce constantemente, resultado do
aumento da atenção que o setor vem recebendo no país. No entanto, o longo período de tempo
em que a preocupação com este assunto de fundamental importância se resumia quase que
unicamente aos pesquisadores da área trouxe graves consequências de ordem ambiental, como
os impactos causados pela a proliferação dos “lixões” e de outras práticas inadequadas, como
a queima descontrolada de resíduos sólidos.
Há, evidentemente, um longo caminho a ser ‘aberto’ e percorrido, em que avanços
científicos, tecnológicos e de gestão devem ser combinados ao desenvolvimento, implantação
e manutenção de políticas públicas sérias, no sentido de reverter o quadro observado no país.
É necessário evoluir de uma condição em que a disposição de resíduos sem qualquer cuidado
em áreas a céu aberto é prática comum para cenários em que, após esgotadas as possibilidades
de redução na geração, reuso e reciclagem - mediante programas de coleta seletiva
consistentes e perenes, por exemplo - considerem-se opções adequadas de tratamento dos
resíduos e disposição final de rejeitos.
Estas duas últimas alternativas constituem o foco do presente texto que, pretende-se,
será complementado em um futuro próximo por obras com foco nas práticas de redução, reuso
e reciclagem de resíduos sólidos.

Os autores
6
7

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 9
1.1 Resíduos sólidos – definições ..................................................................................................10
1.2 Divisão dos resíduos sólidos quanto à origem ..........................................................................10
2 GESTÃO E GERENCIAMENTO INTEGRADOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS ..............................13
2.1 Responsabilidades ...................................................................................................................13
2.2 Estratégias para gestão e gerenciamento integrado de resíduos sólidos .....................................14
3 TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS .................................................................................16
3.1 Compostagem .........................................................................................................................17
3.1.1 Aspectos importantes do processo de compostagem ..........................................................18
3.1.2 Aspectos positivos e negativos do processo .......................................................................22
3.2 Tratamentos térmicos ..............................................................................................................25
3.2.1 Gaseificação .....................................................................................................................26
3.2.2 Pirólise.............................................................................................................................26
3.2.3 Incineração ......................................................................................................................26
4 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS .........................................................................31
4.1 Lixão.......................................................................................................................................32
4.2 Aterro controlado ....................................................................................................................32
4.3 Aterro sanitário .......................................................................................................................33
4.4 Aterro Sanitário de Pequeno Porte ...........................................................................................34
4.5 Aterro sanitário – vantagens e desvantagens ............................................................................35
5 O ATERRO SANITÁRIO COMO OBRA DE ENGENHARIA.....................................................36
5.1 Critérios para implantação de aterros sanitários .......................................................................36
5.1.1 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) / Relatório de Impacto Ambiental (Rima) .................36
5.1.2 Licenciamento ambiental de aterro sanitário ....................................................................40
5.1.3 Projeto de aterro sanitário................................................................................................41
5.1.4 Implantação do aterro sanitário .......................................................................................43
5.1.5 Operação de aterro sanitário ............................................................................................47
5.1.6 Encerramento de aterro sanitário .....................................................................................48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................................50
8
9

1 INTRODUÇÃO

A preocupação do homem com o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente


data de apenas algumas décadas.
O resultado é que, atualmente, depara-se com um enorme passivo ambiental
representado por resíduos dispostos inadequadamente ao longo das décadas, ao mesmo tempo
que, em razão do aumento da população e sobretudo do aumento de padrões de consumo
desordenados, tem-se o aumento constante na geração de resíduos.
A soma destes fatores traz graves consequências: contaminação do ar, do solo, das
águas superficiais e subterrâneas, criação de focos de organismos patogênicos, vetores de
transmissão de doenças. Além dos prejuízos à saúde humana e ao meio ambiente de modo
geral, o manejo inadequado de resíduos sólidos de qualquer origem gera desperdícios e
contribui de forma importante à manutenção das desigualdades sociais (SCHALCH et al,
2002).
Como se notará mais adiante, o manejo de resíduos sólidos urbanos no Brasil
compreende frequentemente as mesmas etapas: geração, acondicionamento, coleta regular –
isto é, não seletiva - , transporte e disposição final. Schalch et al (2002) apontavam a tímida
inclusão de alternativas como coleta seletiva ou processos de compostagem ou de tratamento
térmico, especialmente quando considerada a necessidade de integrar todas estas atividades
em um sistema integrado. Assim, o que se tem muitas vezes é uma soma de iniciativas
desconexas e mal planejadas, o que dificulta a operação e manutenção de programas, que se
tornam rapidamente inviáveis.
Com efeito, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada pelo IBGE em 2008 e
divulgada em 2010 aponta os seguintes dados:

Tabela 1 – destinação final dos resíduos sólidos urbanos no Brasil


número de % dos municípios com
municípios manejo de resíduos sólidos
Municípios pesquisados 5564 -
Com serviço de manejo de resíduos sólidos 5562 100,0
Com unidade de triagem de recicláveis 643 11,6
Com unidade de compostagem 211 3,8
Com unidade de incineração 34 0,6
Com aterro sanitário 1540 27,7
Com aterro controlado 1254 22,5
Com vazadouro em áreas alagadas/alagáveis 14 0,3
Com vazadouro a céu aberto (lixão) 2810 50,5
fonte: IBGE, 2010

Confirma-se a disposição dos resíduos em áreas a céu aberto como a prática


predominante no país, bem como a existência de poucas iniciativas de tratamento de resíduos
por compostagem ou incineração.
É consenso entre os especialistas da área a necessidade em equacionar o quanto antes a
questão do tratamento e da destinação final dos resíduos sólidos. Fica evidente a urgência em
se adotar sistemas de manejo adequado dos resíduos, definindo uma política para gestão e
gerenciamento que permita a melhoria continuada do nível de qualidade de vida, promova
práticas recomendadas para a saúde pública e proteja o meio ambiente de quaisquer impactos
negativos (SCHALCH et al, 2002).
10

Apenas recentemente a área de resíduos sólidos passou a ter seu marco regulatório.
Isso ocorreu com a promulgação da Lei Federal 12305, em 02 de agosto de 2010,
posteriormente regulamentada pelo Decreto-Lei 7404, em 26 de dezembro daquele mesmo
ano. Desde então, o país conta com uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, que
compreende um conjunto de definições uniformizadas, princípios, objetivos e instrumentos
que devem balizar qualquer discussão ou atividade relacionada à área.
Assim, entendemos que, antes de partir para os temas principais deste texto - o
tratamento e a disposição final de resíduos sólidos – é necessário apresentar algumas dessas
definições. Vamos a elas.

1.1 Resíduos sólidos – definições

Até 2010, a definição mais frequentemente encontrada era aquela da norma NBR
10.004, segundo a qual resíduos sólidos são:
“aqueles nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da
comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição. Ficam incluídos, nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de
controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem
inviável seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos de água, ou exijam para
isso soluções técnica e economicamente inviável em face à melhor técnica disponível.”
(ABNT, 2004)

O texto da Lei 12305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, define
resíduos sólidos como:

“material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades


humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está
obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.” (BRASIL, 2010)

O texto diferencia claramente resíduos de rejeitos, definindo estes como:


“resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de
tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente
viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente
adequada” (BRASIL, 2010)

Ou seja, o texto prevê que, com a evolução tecnológica e o desenvolvimento de novos


processos, certos resíduos atualmente considerados inservíveis – ou seja, rejeitos – venham a
ser aproveitados de algum modo. Assim, também estes resíduos não deverão ter como destino
a disposição em aterro.

1.2 Divisão dos resíduos sólidos quanto à origem


As ações de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos devem, logo de início,
considerar os diferentes tipos identificáveis de resíduos. Também neste aspecto, a lei
12305/10 representa um marco do setor, uma vez que trouxe uma uniformização quanto à
classificação dos resíduos sólidos. O artigo 13 divide os resíduos, quanto à sua origem, em:
- resíduos domiciliares: resíduos gerados em atividades domésticas em residências
urbanas;
11

- resíduos de limpeza urbana: originários da varrição, limpeza de logradouros e vias


públicas e outros serviços de limpeza urbana;
O conjunto dos resíduos domiciliares e resíduos de limpeza urbana recebe o nome de
resíduos sólidos urbanos.
- resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: gerados nessas atividades,
excluindo os resíduos sólidos urbanos;
- resíduos industriais: gerados nos processos produtivos e instalações industriais;
- resíduos de serviços de saúde: gerados nos serviços de saúde, conforme definido em
regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (Sisnama) e do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS);
- resíduos da construção civil: gerados em construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil, incluindo os resíduos resultantes da preparação e
escavação de terrenos para obras civis;
- resíduos de serviços de transportes: resíduos originários de portos, aeroportos,
terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;
- resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: resíduos gerados
nessas atividades, excetuados os de limpeza urbana, serviços públicos de saneamento básico,
serviços de saúde, construção civil e serviços de transportes1.
- resíduos agrossilvopastoris: gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais,
incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;
- resíduos de mineração: gerados em atividades de pesquisa, extração ou
beneficiamento de minérios;

Em que pese o detalhamento desta divisão, alguns resíduos não são diretamente
contemplados por ela. Assim, é necessário recorrer a outros dispositivos legais para englobar
também resíduos complexos como os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REE) e
pneus.
No estado de São Paulo, por exemplo, a portaria SMA 038/2011 dispõe sobre
“produtos geradores de resíduos de significativo impacto ambiental”, enquadrando nesta
categoria óleos comestíveis e lubrificantes, pilhas e baterias, lâmpadas contendo mercúrio,
demais equipamentos eletroeletrônicos e pneus.

Voltando às divisões constantes na lei da PNRS, quanto à periculosidade, os resíduos


sólidos são divididos em:
a) resíduos perigosos: aqueles que, apresentam significativo risco à saúde pública ou à
qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica, em razão de
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade,
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”.

A figura seguinte representa a divisão considerada pela Lei da PNRS, complementada


pela classificação adotada pela portaria SMA 38/2011:

1
Estes resíduos, caso sejam caracterizados como não perigosos, podem, em razão de sua natureza, composição
ou volume, ser equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal.
12

Figura 1 – divisão dos resíduos sólidos quanto à origem (fonte: os autores, 2011, a partir de BRASIL, 2010)
13

2 GESTÃO E GERENCIAMENTO INTEGRADOS DE RESÍDUOS


SÓLIDOS

‘Gestão’ e ‘gerenciamento’ são palavras muitas vezes utilizadas como sinônimos tanto
na língua portuguesa quanto na inglesa que, inclusive, usa o termo management para se referir
a ambas. No entanto, este texto adota a distinção apresentada a seguir, comentada por Leite
(1997):

Gestão: definição de um conjunto de normas e diretrizes que regulamentem os


arranjos institucionais (identificação dos diferentes agentes envolvidos e seus respectivos
papéis), os instrumentos legais e os mecanismos de financiamento. A gestão de resíduos
sólidos abrange atividades referentes à tomada de decisões estratégicas e à organização do
setor para esse fim, envolvendo instituições, políticas, instrumentos e meios (SCHALCH et
al, 2002).
Entende-se modelo de gestão de resíduos sólidos como um "conjunto de referências
político-estratégicas, institucionais, legais e financeiras capaz de orientar a organização do
setor". São elementos indispensáveis na composição de um modelo de gestão:
- reconhecimento dos diversos agentes sociais envolvidos, identificando os papéis por
eles desempenhados e promovendo a sua articulação;
- consolidação da base legal necessária e dos mecanismos que viabilizem a
implementação das leis;
- mecanismos de financiamento para a auto-sustentabilidade das estruturas de gestão e
do gerenciamento;
- informação à sociedade, empreendida tanto pelo poder público quanto pelos setores
produtivos envolvidos, para que haja um controle social;
- sistema de planejamento integrado, orientando a implementação das políticas
públicas para o setor (SCHALCH et al, 2002).

Gerenciamento: é a realização do que a gestão delibera, através da ação


administrativa, de controle e planejamento de todas as etapas do processo.
Uma vez definido um modelo básico de gestão de resíduos sólidos, contemplando
diretrizes, arranjos institucionais, instrumentos legais, mecanismos de financiamento, entre
outras questões, deve-se criar uma estrutura para o gerenciamento dos resíduos, de acordo
com o modelo de gestão (SCHALCH et al, 2002).

O gerenciamento de resíduos sólidos é definido na Lei 12305/10 como o “conjunto de


ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo,
tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição
final ambientalmente adequada dos rejeitos”, segundo o plano municipal de gestão integrada
de resíduos sólidos ou o plano de gerenciamento de resíduos sólidos, dependendo do caso.

2.1 Responsabilidades
Neste ponto, é necessário chamar a atenção para a atribuição de responsabilidades na
gestão e gerenciamento, que devem constar dos planos de resíduos sólidos previstos em lei.
A responsabilidade pela gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos e dos
serviços públicos de saneamento básico cabe ao município; no caso dos demais tipos de
resíduos, a gestão e gerenciamento são de responsabilidade do próprio gerador.
A figura a seguir apresenta essa divisão de responsabilidades:
14

Figura 2 – gestão e gerenciamento de resíduos sólidos: divisão de responsabilidades (fonte: os autores, 2011, a
partir de BRASIL, 2010)

No mais, a PNRS adota o conceito de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de


vida dos produtos, que é o conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos
fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos
serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, visando minimizar a
geração de resíduos e rejeitos gerados, bem como os impactos causados à saúde humana e à
qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos.

2.2 Estratégias para gestão e gerenciamento integrado de resíduos sólidos

A evolução tecnológica e conceitual da área de resíduos sólidos permite que hoje


possa ser considerada uma série de estratégias possíveis para a gestão e gerenciamento. Nesta
situação, é preciso necessariamente considerar tais estratégias segundo uma hierarquia, isto é,
estabelecer uma ordem de prioridades sobre o que em geral constitui a melhor alternativa,
sempre tendo em mente que certos tipos de resíduos poderão se afastar dessa ordem, por
questões de viabilidade técnica, econômica e de proteção ambiental (UNIÃO EUROPEIA,
2008).
A PNRS considera a seguinte hierarquia de estratégias: não geração, redução,
reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como a disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010).
15

Figura 3 - Hierarquia de estratégias de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos (fonte: os autores, 2011)

Um aspecto importante é ter em mente a necessidade de se estabelecer a gestão e o


gerenciamento dos resíduos sólidos de forma integrada.
A Lei 12305/10 define gestão integrada de resíduos sólidos como o “conjunto de
ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as
dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com “controle social” e “sob a
premissa do desenvolvimento sustentável”.
Jardim et al (2000) definiram o gerenciamento integrado de resíduos sólidos em um
contexto municipal como “um conjunto articulado de ações normativas, operacionais,
financeiras e de planejamento que uma administração municipal desenvolve (com base em
critérios sanitários, ambientais e econômicos), para coletar, segregar, tratar e dispor o lixo de
sua cidade”.
Um sistema eficiente de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos considera
como prevenir, destinar, tratar e dispor os resíduos de maneira a proteger a saúde humana e o
ambiente. O gerenciamento integrado envolve a avaliação das necessidades e condições
locais, e então a seleção e combinação das atividades mais adequadas para essas condições
(EPA, 2002). Em outras palavras não existe ‘fórmula’ pronta e aplicável a qualquer situação,
nem uma estratégia melhor que todas as outras: a gestão e gerenciamento integrados não
consistem em definir qual a melhor estratégia – reciclagem, compostagem, incineração,
disposição em aterro – mas sim qual a proporção mais apropriada de cada uma delas
(JARDIM et al, 2000).
Pichtel (1995) aponta que as estratégias que focam o ‘topo’ dessa hierarquia devem ser
encorajadas sempre que possível; contudo, em um sistema de gestão e gerenciamento
integrado de resíduos sólidos, todos os componentes são importantes, uma vez que é
necessário apresentar uma solução ‘customizada’ para as capabilidades e necessidades de uma
comunidade em particular, baseando-se em critérios como população, presença de indústrias,
infraestrutura existente e recursos disponíveis.
A experiência demonstra que a mudança nos modelos de gestão e gerenciamento de
resíduos sólidos urbanos ocorre aos poucos, em um processo lento e constante, que
frequentemente obtém melhores resultados do que tentativas de equacionar a situação com um
grande salto tecnológico (JARDIM et al, 2000). Ou seja, deve-se investir em um programa de
melhorias reais e constantes, ainda que lentas, no sentido de equacionar a questão dos
resíduos sólidos no ambiente urbano, em vez de acreditar em propostas ‘mágicas’ que
garantem uma ‘solução’ rápida para a questão.
16

3 TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

A proposta de um modelo de gestão e de gerenciamento de resíduos sólidos exige o


conhecimento das distintas formas de tratamento e destinação final de resíduos (SCHALCH et
al, 2002).
O tratamento dos resíduos sólidos pode ser definido como um processo de
transformação das características físicas, químicas e biológicas dos resíduos. Nunca constitui
um sistema de destinação final completo ou definitivo, pois ao final do processo sempre há
um remanescente inaproveitável, isto é, um determinado volume de rejeitos, que deve ser
necessariamente disposto em aterro. Entretanto, as vantagens decorrentes dessas ações
tornam-se mais claras após o equacionamento dos sistemas de manejo e de destinação final
dos resíduos. Dentre os fatores que recomendam o tratamento dos resíduos, dependendo da
estratégia adotada, pode-se citar:
- redução significativa do volume de resíduos a serem dispostos em aterro;
- possibilidade de aproveitamento do conteúdo energético ou de nutrientes presentes
dos resíduos que serão tratados;
- diminuição da poluição das águas e do ar;
- inertização dos resíduos perigosos;
- geração de empregos, através da criação de indústrias do setor (SCHALCH et al, 2002).
Alguns processos de tratamento de resíduos sólidos urbanos estão sintetizados a
seguir.

Tabela 2 - Processos de tratamento utilizados para o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos

Principais produtos da
Processo Exemplos Métodos de transformação
transformação
Componentes individuais
Separação de componentes Manual ou mecânica encontrados nos resíduos
domiciliares
Físico Aplicação de energia em Redução de volume do
Redução de volume
forma de força ou pressão material original
Aplicação de energia para Redução de tamanho dos
Redução de tamanho
retalhamento e moagem componentes originais
Dióxido de carbono (CO2),
dióxido de enxofre (SO2),
Incineração Oxidação térmica
outros produtos de oxidação,
Químico
cinzas
Vários gases, alcatrão e
Pirólise Destilação térmica
composto de carbono
Composto humificado usado
Compostagem aeróbia Conversão biológica aeróbia
como condicionador de solos
Biológico
Conversão biológica Metano (CH4), dióxido de
Digestão anaeróbia
anaeróbia carbono (CO2), húmus
Fonte: Tchobanoglous et al. (1993), adapt.

O posicionamento da etapa de tratamento está indicado no diagrama de blocos a


seguir, que retrata um modelo integrado de gestão e gerenciamento de RSU, já prevendo
alternativas como redução na geração, reutilização e reciclagem:
17

Figura 4 – O tratamento em um modelo de gestão integrado de RSU (fonte: os autores, 2011)

A seguir, serão apresentadas duas principais formas de tratamento de resíduos: a


compostagem e a incineração.

3.1 Compostagem

A compostagem é um processo biológico controlado de decomposição da fração


orgânica biodegradável dos resíduos, realizado por uma população diversificada de
organismos, que ocorre em duas etapas distintas: degradação ativa e maturação (ABNT,
1996).
De modo geral, consiste em dispor a fração orgânica dos resíduos em pilhas cônicas,
trapezoidais ou piramidais - chamadas de leiras - que devem ser revolvidas periodicamente,
para permitir a aeração, até que se obtenha a decomposição da fração orgânica e a cura do
composto (NAUMOFF e PERES, 2000).
Durante o processo, alguns componentes da matéria orgânica são utilizados pelos
próprios microorganismos para firmação dos seus tecidos, outros são volatilizados e outros,
ainda, são transformados biologicamente em uma substancia chamada húmus, escura,
uniforme, com consistência amanteigada e aspecto de massa amorfa, rica em partículas
coloidais, com propriedades físicas, químicas e físico-químicas inteiramente diferentes da
matéria-prima original (BIDONE e POVINELLI, 1999).
O processo de compostagem representa uma interessante alternativa de tratamento de
resíduos sólidos urbanos, visto que, conforme o relatório da ABRELPE (2011), mais da
metade dos Resíduos Sólidos Urbanos brasileiros é compostável:

Tabela 3 – composição dos resíduos sólidos urbanos no Brasil


Composição %
Matéria orgânica (compostáveis) 51,4
Recicláveis (metais, papel/papelão/TetraPak, plástico, vidro) 31,9
Outros 16,7
fonte: ABRELPE, 2011
18

É possível identificar três fases no processo, segundo os intervalos de temperatura


ideais de cada uma:
1ª fase – fase inicial ou mesofílica (20 a 45°C): dá condições iniciais; começa a
proliferação de microorganismos termófilos;
2ª fase - fase termofílica (45 a 65°C); há intensa atividade microbiológica, elevado
consumo de oxigênio, desenvolvimento de vários ácidos minerais e orgânicos, que tornam a
fase fitotóxica, isto é, tóxica para as plantas; aqui, a manutenção da temperatura ideal e o
tempo de exposição a essa temperatura garante quase total erradicação de plantas daninhas e
microorganismos patogênicos. Temperaturas abaixo desta faixa ideal não eliminam
microorganismos; temperaturas acima dela retardam ou encerram o processo;
3ª fase - maturação: a quantidade de oxigênio requerida é menor, o processo é mais
lento; a temperatura baixa quase à ambiente, ocorre a mineralização da matéria orgânica,
composto já pode ser aplicado no solo (BIDONE e POVINELLI, 1999; MODESTO FILHO,
1999; MASSUKADO, 2008).

3.1.1 Aspectos importantes do processo de compostagem

Como já destacado, a compostagem é um processo controlado. Isto porque alguns


aspectos do processo de compostagem têm grande influência no resultado final e portanto
devem ser observados de modo a garantir que o processo ocorra de forma apropriada. São
eles:
1) Aeração
É o fator mais importante no processo de compostagem, pois a presença ou ausência
de ar determina o tipo de decomposição: aeróbio ou anaeróbio. Além disso, para Fernandes e
Silva (1999), o revolvimento das leiras no mínimo três vezes por semana permite:
- aumentar a porosidade do meio, que sofre uma compactação natural devido ao peso
próprio do resíduo;
- homogeneizar a leira;
- expor as camadas externas às temperaturas mais elevadas do interior da leira,
melhorando a eficiência de desinfecção;
- diminuir o teor de umidade dos resíduos e
- controlar a temperatura do processo.
A aeração pode ser feita por revolvimento manual ou mecânico, ou ainda pelo
insuflamento de ar nas leiras.

Figura 5 – revolvimento manual de leiras


19

Figura 6 – revolvimento mecânico de leiras (fonte: BACKHUS, 2013)

2) Temperatura
Os microorganismos que atuam no processo de compostagem tem metabolismo
exotérmico, isto é, ao decomporem a fração orgânica da massa de resíduos, liberam calor e
elevam a temperatura da leira, em razão das propriedades isolantes da massa em
compostagem (KIEHL, 2004). As variações naturais na temperatura de um processo bem
conduzido indicam a mudança das fases do processo, já mencionadas anteriormente; as
temperaturas atingidas ao longo do processo possibilitam a destruição dos organismos
patogênicos, permitindo que o composto obtido seja aplicável no solo.
Assim, é necessário controle do processo para atingir e manter as temperaturas
adequadas pelos intervalos de tempo necessários. Considera-se que a faixa ótima de
temperatura para a compostagem seja de 45°C a 65°C; temperaturas abaixo dessa faixa, não
garantem a eliminação de organismos patogênicos; temperaturas superiores a 65°C retardam o
processo e, se mantidas por longos períodos, podem provocar alterações químicas
indesejáveis entre outros efeitos prejudiciais (KIEHL, 2004).

3) Umidade
Sendo a compostagem um processo biológico de decomposição de matéria orgânica, a
presença de água é fundamental para as necessidades dos organismos envolvidos. A umidade
deve ficar na faixa de 40% a 60%, sendo 55% o valor ideal. Taxas de umidade abaixo de 40%
inibem a atividade microbiana; o processo ocorre, mas será lento, com predominância da ação
dos fungos; umidade acima de 60% pode causar anaerobiose: com o material molhado ou
encharcado, a água toma os espaços vazios, não restando lugar para o ar; o processo pode se
tornar anaeróbio em parte, com a possível geração de maus odores e geração de chorume2
(KIEHL, 2004). O excesso de umidade pode ser corrigido com o revolvimento do material; já
a falta de umidade pode ser compensada com a irrigação, sempre acompanhada de
revolvimento, para evitar distribuição irregular da água. Ainda, aumentar o tamanho da leira
reduz as perdas de água e diminui-lo facilita a eliminação de seu excesso (KIEHL, 2004).

2
Líquido produzido pela decomposição de substâncias contidas nos resíduos sólidos, que tem como
características a cor escura, o mau cheiro e a elevada DBO (demanda bioquímica de oxigênio) (ABNT, 1992)
20

4) pH
O pH dos resíduos varia bastante durante o processo de compostagem: cai no início ,
quando são produzidos CO2 e ácidos orgânicos; depois, com a produção de amônia, o pH
sobe e, na fase de maturação, se estabiliza próximo a 7, pois o húmus tem ´poder ‘tampão’
(MODESTO FILHO, 1999).
Valores muito baixos ou muito elevados do pH podem prejudicar o processo. O pH
abaixo de 5,0 causa diminuição na atividade microbiológica e a fase termofílica, quando se
eliminam os patógenos, pode não ser atingida (ANDREOLI et al., 2001); valores altos de pH
causam deficiência de fósforo e micronutrientes, além de perda de nitrogênio por
volatilização, quando o NH4+ é convertido em amônia, NH3 (REZENDE, 2005).

5) granulometria (tamanho das partículas)


A granulometria pode ser definida como a proporção relativa dos diferentes grupos de
tamanho de partículas existentes. Quanto menor a partícula, maior a superfície que pode ser
atacada e digerida pelos microorganismos, e mais rápida a decomposição da matéria orgânica.
Essa rapidez é função da relação entre a superfície de exposição e a massa da partícula
(KIEHL, 2004).

6) relação C/N (Carbono/Nitrogênio)


O carbono e o nitrogênio são elementos essenciais para o crescimento e divisão das
células dos microrganismos, o primeiro por ser considerado a fonte de energia para os
microrganismos e o segundo por ser um elemento essencial para a síntese de proteínas,
influenciando diretamente na sua reprodução (MODESTO FILHO, 1999, MASSUKADO,
2008). Os microorganismos absorvem o carbono e o nitrogênio sempre na relação C/N de 30
para 1, independentemente de qual seja a relação C/N da matéria-prima em compostagem.
Com a própria compostagem a relação C/N será corrigida, de modo que estará em torno de
10/1 para o composto final. De modo geral, se a relação C/N estiver:
- acima de 50/1: deficiência de nitrogênio, o tempo de maturação será mais
prolongado.
- entre 30/1 e 50/1: a decomposição será um pouco mais rápida do que a anterior;
- entre 35/1 e 35/1: é considerada ótima para iniciar o processo
- muito abaixo de 10/1: pode haver perda de nitrogênio, volatilizado na forma de
amônia, se o resíduo não receber materiais ricos em carbono para atingir a faixa ótima e
reduzir o tempo do processo.
Para o desenvolvimento adequado da compostagem a relação recomendada entre
esses dois elementos deve ser atendida, pois os microrganismos degradam o carbono orgânico
somente se houver nitrogênio suficiente para o seu crescimento (MASSUKADO, 2008).
Assim, podem-se incorporar resíduos como os apresentados a seguir para corrigir deficiências
de carbono ou nitrogênio:
- Fontes comuns de carbono: capim, vegetais secos, palhas, bagaço de cana, entre
outros;
- Fontes comuns de nitrogênio: legumes, lodo, vegetais frescos, entre outros
(MODESTO FILHO, 1999).

7) microorganismos
Bactérias, fungos e actinomicetos são os principais microorganismos responsáveis pela
transformação da matéria orgânica em húmus; outros organismos como algas, protozoários,
21

vermes, insetos e suas larvas também participam do processo, juntamente com agentes
bioquímicos como enzimas, hormônios e vírus (KIEHL, 2004).
As bactérias predominam principalmente durante a fase inicial de degradação, o
mesmo acontecendo com os fungos, principalmente quanto a relação C/N é alta. Já os
actinomicetos atacam substâncias que bactérias e fungos não degradam, e surgem
principalmente na fase de maturação, dando odor aromático aos solos e aos compostos
maturados (MODESTO FILHO, 1999).
Outros microorganismos a considerar no processo de compostagem são os
patogênicos. Indesejáveis, são destruídos na fase intermediária, quando a temperatura no
interior das leiras permanece acima de 65°C por alguns dias ou acima de 55°C por três
semanas (MODESTO FILHO, 1999).

8) Dimensões e formatos das leiras e montes


Cada tipo de leira tem suas particularidades. O formato triangular é o mais usual. As
leiras trapezoidais tendem a acumular água de chuva em sua parte superior, sendo uma forma
não recomendável caso não se disponha de máquinas com grande capacidade de revolvimento
A forma de monte é interessante para compostagem em pequena escala ou em experimentos
científicos (KIEHL, 2004).

Figura 7 - Formatos de leiras de compostagem (fonte: KIEHL, 2004)

Figura 8 - Leiras cônicas


22

As dimensões das leiras também afetam o desenrolar do processo: leiras altas tem
menor aeração natural, maior tendência para compactação das camadas externas e maior
potencial de produção de chorume quando o material tiver excesso de umidade. Leiras muito
baixas perdem umidade e calor rapidamente, o que pode impedir que as temperaturas ideias
para destruição de patógenos sejam atingidas e mantidas (KIEHL, 2004).

3.1.2 Aspectos positivos e negativos do processo

Um dos potenciais impactos ambientais negativos relacionados à compostagem é a


possibilidade de geração de maus odores, no caso de utilização de determinados tipos de
matéria orgânica. Outro é a possibilidade de escoamento de chorume, quando o material nas
leiras encontra-se compactado ou sem proteção contra frequentes e fortes precipitações, que
venham a causar encharcamento.
Nos dois casos, a adoção de cuidados essenciais permite reduzir ou até mesmo evitar
esses impactos. O controle na produção de maus odores pode ser realizado no início do
processo, por exemplo, na triagem dos resíduos a serem destinados às leiras. Já para evitar o
escoamento do chorume, pode-se aumentar a frequência do revolvimento, diminuir a altura da
leira ou protegê-la com lona, em períodos de chuva excessiva (MASSUKADO, 2008).
Por outro lado, as vantagens ambientais da compostagem são muitas. Além da
produção de composto de qualidade para utilização na agricultura, consegue-se a redução no
volume de resíduos destinados para aterros sanitários, que contribui para o aumento da vida
útil destes, a redução na emissão do gás metano e na geração de lixiviado. Os benefícios
indiretos são a redução nos custos de implantação e operação de sistemas para o tratamento do
chorume (MASSUKADO, 2008).
Como visto, é evidente que o processo precisa ser bem planejado e operado, pois só
isso garante as condições necessárias para maximizar os benefícios da compostagem e
minimizar ou eliminar os riscos de impactos negativos.

3.1.3 Métodos de compostagem

A compostagem pode ser realizada em pequena, média e grande escala - casas,


escolas, indústrias, fazendas, municípios -, podendo ocorrer tanto de forma natural quanto de
forma acelerada. Há diversos métodos, sendo que a escolha depende da utilização de resíduos
adequados para a compostagem e da garantia que o processo biológico ocorra em boas
condições.

Leiras revolvidas (método Windrow)

No método de leiras revolvidas, também conhecido como sistema windrow, a pilha de


resíduos (leira) é montada sobre o solo compactado ou impermeabilizado. A aeração é
realizada por meio de revolvimento manual ou mecânico, e tem como objetivo aumentar a
porosidade da pilha e melhorar a homogeneidade dos resíduos. O revolvimento pode ser feito
tanto por equipamentos específicos como por retroescavadeiras ou pás carregadeiras para
revolver a leira, uma vez que são mais fáceis de encontrar no mercado e possuem preço menor
comparado às máquinas específicas para esta função (MASSUKADO, 2008)
23

Leiras estáticas aeradas (static piles)

Neste método, as leiras são colocadas sobre uma tubulação perfurada de 10 cm de


diâmetro acoplada a um soprador ou exaustor, que injeta ou aspira o ar na massa a ser
compostada. Sobre essa tubulação, recomenda-se colocar uma camada estruturante, por
exemplo, madeiras ou galhos triturados a fim de facilitar a passagem do ar através da pilha e
sobre esta camada é montada a leira (ANDREOLI et al., 2001; REIS, 2005). Nesse sistema
não há nenhum tipo de revolvimento.
O sistema de leiras estáticas aeradas não é recomendado para qualquer tipo de
resíduo, restringindo-se àqueles que tenham material de entrada mais homogêneo, tanto em
sua composição, quanto em sua granulometria.

Figura 9 - Leiras estáticas aeradas (aeração por tubos perfurados)

Sistema fechado ou acelerado

É caracterizado pela utilização de equipamentos como digestores e bioestabilizadores


que contribuem para acelerar o processo de compostagem e controlar melhor os odores, uma
vez que o sistema é fechado e a aeração controlada. O processo mais comumente conhecido é
o sistema DANO, no qual cilindros rotativos, com dimensões aproximadas de 3 metros de
diâmetro e 35 metros de comprimento, giram a baixa rotação para homogeineizar o material.
O interior do cilindoro tem diversos obstáculos dispostos longitudinalmente para promover
um maior revolvimento da massa. O tempo de detenção da matéria orgânica no cilindro
depende da velocidade de rotação e da inclinação. Após o período de detenção, tem-se um
subproduto que precisa ser encaminhado para um pátio de cura a fim de terminar o seu
processo de maturação (MASSUKADO, 2008).
Tais sistemas são encontráveis nas chamadas usinas de reciclagem e compostagem,
que desenvolvem atividades de triagem de resíduos recicláveis, separando-os dos resíduos
orgânicos, que são enviados para o processo de compostagem.
Na década de 80 houve o “boom” da instalação dessas usinas no Brasil, devido a
linha de crédito do BNDES que financiava a compra destes equipamentos por parte das
prefeituras. Porém, logo na década seguinte, boa parte das usinas instaladas já se
encontrava desativada ou em obras. Entre as principais causas das paralisações e
24

desativações apontadas por Galvão Júnior (1994) estava a falta de qualidade dos produtos da
maioria das usinas, em razão do alto teor de impurezas nos recicláveis e no composto
produzido,
Isto se devia ao fato de que as usinas não foram pensadas como parte de um sistema
integrado de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos. Vendidas como uma solução
‘mágica’ que eliminaria inclusive a necessidade de aterros, acabavam recebendo todo o
volume de resíduos da coleta regular. Assim, os materiais orgânicos e recicláveis chegavam à
usina misturados e prensados, o que impossibilitava sua separação. Essa contaminação mútua
dos resíduos, somada ao uso de mão de obra desqualificada para fazer a triagem e à falta de
manutenção preventiva que tornava frequentes os problemas de funcionamento, fez com que
essas instalações fossem desacreditadas e caíssem em desuso no país.
Com efeito, relatos da literatura mostram que a maioria das experiências em
compostagem de RD no Brasil emprega sistemas que tratam a matéria orgânica proveniente
da coleta regular, sendo raras as experiências em que os resíduos orgânicos já vêm coletados
separados na fonte.

A tabela a seguir sintetiza as vantagens e desvantagens dos métodos de compostagem


apresentados:

Tabela 4 - comparativo dos métodos de compostagem

Método Aspectos positivos Aspectos negativos


- Baixo investimento inicial; - Requer mais área;
Leiras - Flexibilidade na quantidade de resíduos - Odor mais difícil de ser controlado,
revolvidas processada; principalmente no momento do revolvimento;
ou sistema - Simplicidade de operação; - Depende do clima. Em períodos de chuva o
windrow - Uso de equipamentos mais simples; revolvimento fica prejudicado.

- Baixo investimento inicial; - Necessita de bom dimensionamento do


- Melhor controle de odores; sistema de aeração e controle dos aeradores
Leiras
- Etapa de estabilização mais rápida que durante a compostagem;
estáticas
o método de leiras revolvidas; - Operação também influenciada pelo clima;
aeradas ou
- Melhor aproveitamento da área - Ausência de revolvimento requer que o
static piles
disponível; material de entrada seja o mais homogêneo
possível.
- Menor demanda de área; - Maior investimento inicial;
- Maior controle do processo - Dependência de sistemas mecânicos –
Sistema - Menor dependência dos fatores manutenção mais delicada e cara;
fechado ou climáticos; - Menor flexibilidade operacional para tratar
acelerado - Facilidade para controlar odores; volumes variáveis de resíduos;
- Reduz tempo de compostagem - Risco de erro difícil de ser reparado se o
sistema for mal dimensionado.
fonte: Reis (2005)

Vale notar ainda que:


- o sistema de leiras revolvidas requer mais mão-de-obra, por causa do revolvimento
mais frequente nas primeiras semanas de compostagem, quando a demanda por oxigênio é
maior; exige menos investimento inicial, mas requer áreas maiores para operação.
- nos sistemas de leiras estáticas e acelerado, o controle da aeração é mais contínuo,
por dispositivos tecnológicos, que geralmente, dispensam mão-de-obra.
25

- o sistema acelerado é geralmente empregado para plantas com maior capacidade de


processamento, podendo tratar mais de 100 t/d de resíduos. Nesse caso, é importante garantir
uma quantidade mínima contínua de resíduos a serem compostados, pois o investimento
inicial desse sistema é alto, quando comparado aos demais (MASSUKADO, 2008).

Por fim a escolha do sistema dependerá das condições locais: imposições legais para a
área, infra-estrutura existente, custos com a disposição dos resíduos, nível de controle do
odor, recursos financeiros disponíveis, necessidade de equipamentos e mão de obra.
O caso das usinas de reciclagem e compostagem reforça que, apesar da tecnologia para
o tratamento dos resíduos orgânicos ter evoluído, a separação dos resíduos na origem e
posterior coleta seletiva contribui bastante para que o composto obtido seja de boa qualidade
(REIS, 2005). Assim, parte-se da fração de material compostável encontrada nos resíduos
sólidos urbanos, sendo possível estabelecer a seguinte sequência de etapas:

Figura 10 – processo de compostagem a partir de resíduos de coleta seletiva

3.2 Tratamentos térmicos

Inicialmente, é importante destacar que qualquer forma de tratamento térmico, no


contexto de um sistema de gestão e gerenciamento integrado de resíduos, deve estar associada
à implantação prévia de políticas de redução na geração, reuso e reciclagem (USHIMA e
SANTOS, 2000)
Os tratamentos térmicos podem ser classificados como sendo de alta ou de baixa
temperatura. Os tratamentos a alta temperatura normalmente ocorrem a temperaturas acima de
500°C C e visam principalmente a destruir ou remover a fração orgânica presente na massa de
resíduos, além aproveitar a energia contida neles e promover sua assepsia. Permitem uma
redução de até 70% na massa e 90% do volume da massa de resíduos. Já os tratamentos a
baixa temperatura ocorrem em torno de 100°C e visam principalmente a assepsia da massa de
resíduos; a massa e o conteúdo dos resíduos praticamente não se alteram, sendo possível
reduzir a penas o volume (USHIMA e SANTOS, 2000).
26

Os tratamentos térmicos de resíduos também podem ser classificados quanto à


quantidade de ar necessária. Quando se fornece quantidade exata de oxigênio ou ar necessária
para a combustão completa, o processo recebe o nome de combustão estequiométrica ou em
condições estequiométricas. Abaixo desta quantidade, tem-se uma combustão em condições
subestequiométricas; acima dessa quantidade, tem-se uma combustão com excesso de ar
(TCHOBANOGLOUS et al, 1993).

3.2.1 Gaseificação

Gaseificação é o termo geral usado para descrever um processo de combustão parcial


em condições subestequiométricas. Foi descoberto no século XIX, porém apenas no final do
século passado, começou a ser aplicado para tratamento de resíduos sólidos.
Trata-se de uma técnica eficiente para redução do volume de resíduos e recuperar
energia. A combustão de resíduos em um ambiente pobre em oxigênio produz um gás
combustível rico em monóxido de carbono, hidrogênio e hidrocarbonetos gasosos,
principalmente metano. Este gás pode então ser utilizado em um motor de combustão interna,
turbina a gás ou outros (TCHOBANOGLOUS et al, 1993)

3.2.2 Pirólise

Pirólise é o um processo de combustão na ausência total de oxigênio. É semelhante ao


processo de gaseificação, pois também converte resíduos sólidos em combustíveis para uso
posterior; a diferença é que a pirólise requer uma fonte externa de calor para estimular as
reações endotérmicas em um ambiente sem oxigênio, enquanto que a gaseificação é
autossuficiente e usa o ar ou oxigênio na combustão parcial, sendo portanto exotérmica
(TCHOBANOGLOUS et al, 1993).
Uma vez que a maioria das substâncias orgânicas são instáveis termicamente, podem,
pela pirólise, ser decompostos em frações combustíveis sólidas líquidas e gasosas – à medida
que a temperatura é elevada as frações vão sendo obtidas, o que faz com que o processo
também seja chamado de destilação térmica ou decomposição térmica (USHIMA e SANTOS,
2000; USEPA, 2012):
- Combustível gasoso: composto basicamente por hidrogênio, metano, monóxido de
carbono, dióxido de carbono;
- Combustível líquido: oleoso, contendo ácido acético, acetona, metanol e
hidrocarbonetos mais complexos;
- Combustível sólido, composto quase totalmente de carbono, além de materiais
inertes eventualmente presentes na massa de resíduos.
A pirólise é largamente usada como um processo industrial para a produção de carvão
a partir de madeira, gás combustível a partir de frações de petróleo, por exemplo. No entanto
este processo não tem sido aplicado aos resíduos sólidos de forma tão bem sucedida. A
agência ambiental dos Estados Unidos apresenta é o processamento de pneus como exemplo
de aplicação da pirólise; porém aponta que não há relatos de sistemas de pirólise operando
continuamente em escala comercial naquele país (USEPA, 2012).

3.2.3 Incineração

Dentre os tratamentos a altas temperaturas, a incineração é o método mais antigo e


difundido. Consiste na combustão dos resíduos a temperaturas acima de 800°C. Os gases da
27

combustão devem se manter a 1200°C por cerca de 2 segundos, em um ambiente com excesso
de ar e turbulência elevada para que os compostos orgânicos presentes na massa de resíduos
sejam convertidos em gás carbônico e água.
Os demais remanescentes da queima são geralmente gases, como o dióxido de enxofre
(SO2), nitrogênio (N2), oxigênio (O2) proveniente do ar em excesso que não foi queimado
completamente, cinzas e escórias constituídas de metais ferrosos e inertes, como vidro e
pedras. A escória, geralmente da ordem de 15 a 20% da massa original do lixo, deve ser
encaminhada para um aterro sanitário (SCHALCH et al, 2002).
No Brasil, a incineração é empregada apenas para tratamento de resíduos de serviços
de saúde conforme relatório da ABRELPE (2011), não havendo instalações que tratem
resíduos sólidos urbanos.

Partes constituintes de um incinerador

Para que uma usina de incineração opere com sucesso, uma série de informações a
respeito dos resíduos a serem incinerados deverão direcionar o projeto. Entre elas incluem-se:
- tipo, quantidade e composição dos resíduos a serem incinerados;
- poder calorífico inferior (PCI), que indica a quantidade de calor liberado por uma
determinada quantidade de resíduos durante o processo de queima;
- quantidade de ar necessário para a combustão completa dos resíduos;
- quantidade e natureza das cinzas, eventualmente geradas no processo etc.
O desconhecimento dessas e de outras variáveis, pode resultar em projetos
equivocados, dificultando o controle, a operação e a manutenção do equipamento, além de
aumentar os riscos de poluição do meio ambiente.
A figura a seguir ilustra as principais partes constituintes de um incinerador de
resíduos sólidos urbanos.
28

1 Depósito de resíduo 11 Tambor da caldeira


2 Tremonha de alimentação de resíduo 12 Turbina
3 Alimentador 13 Tanque de água de alimentação
4 Grelhas Móveis 14 Absorvedor
5 Extrator de escória 15 Reator de fluxo
6 Depósito de escória 16 Filtro de manga
7 Fogo na grelha 17 Silos
8 Evaporador 18 Ventilador ID
9 Superaquecedor 19 Chaminé
10 Economizador

Figura 11 - Partes constituintes de um incinerador (fonte: ENFIL, 2013)

1) depósito de resíduos: recebe os resíduos coletados;


guindaste faz a homogeneização dos resíduos e os transporta à tremonha de
alimentação 2; por uma canaleta, o resíduo chega ao alimentador;
29

3 ) alimentador: leva o resíduo às grelhas de combustão;


4) grelhas móveis: constituídas por fileiras de barras, uma ao lado da outra. As fileiras
de barras das grelhas são dispostas uma sobrepondo-se à outra. De forma contínua e alternada
se movimentam para frente e para trás. É nas grelhas móveis que ocorre a incineração
propriamente dita. O resíduo e, posteriormente a escória, são transportados por essas fileiras
até o fim das grelhas, onde a escória é depositada dentro do extrator de escória;
5) extrator de escória: está parcialmente cheio de água, o que faz com que não haja
ar entre o meio ambiente e a caldeira. A escória, após as grelhas, é resfriada com água e
encaminhada pela haste do extrator a um transportador vibratório que a leva ao depósito de
escória 6;
O calor dos gases de combustão é utilizado para aquecer a água desmineralizada nas
superfícies de aquecimento do economizador 10;
A água de alimentação da caldeira é então encaminhada ao tambor;
11) tambor: alimenta o evaporador operado por circulação natural. Nele, a mistura de
água e vapor que surge na radiação das paredes da caldeira é separada;
O vapor é levado às superfícies de aquecimento do superaquecedor (9). Depois de aquecido à
uma temperatura especifica, é conduzido até a turbina;
12) turbina: contém um rotor que é acionado pelo vapor superaquecido, que logo após
é condensado. A energia liberada durante esse processo é utilizada no gerador acoplado para
produzir eletricidade, que é distribuída à rede pública. O condensado é coletado no tanque de
água de alimentação 13 e retorna finalmente à caldeira;
14) absorvedor: em sua parte superior, água e leite de cal são injetados nos gases de
combustão da caldeira. Ao descer pelo absorvedor o resfriamento dos gases de combustão
atinge a condição ótima de reação para absorver os poluentes ácidos. Após o resfriamento os
gases são recirculados (produtos de reação separados no filtro de manga), e reagente
seco novo e carvão ativado são injetados no reator de fluxo forçado (15);
16) filtro de manga: retém os poluentes ainda contidos nos gases de combustão
18) ventilador: mantém a pressão baixa no processo de incineração e conduz os
gases de combustão através da caldeira e do sistema de limpeza de gases. A pressão baixa
garante também a hermeticidade relativa dos gases de combustão;
19) chaminé: elimina os gases de combustão para a atmosfera (ENFIL, 2013).

Vantagens e desvantagens da incineração


Dentre as vantagens do processo, as mais significativas são a grande redução na massa
- até 70% - e no volume – até 90% da massa de resíduos; isso consequentemente diminui a
quantidade de resíduos – ou, no caso, de rejeitos – enviados para aterro, o que aumenta sua
vida útil. Também se destaca a esterilização dos resíduos, uma vez que as altas temperaturas
da incineração destroem bactérias e vírus neles presentes, bem como compostos orgânicos
tóxicos como o ascarel. Isto explica o uso mais frequente da incineração para tratamento de
resíduos industriais e de serviços de saúde. No mais, a incineração pode permitir a
recuperação do conteúdo energético dos resíduos sólidos, com vistas à geração de energia
elétrica ou vapor d’água. Os chamados sistemas waste-to-energy (WTE) são comuns na
Europa e nos Estados Unidos.
30

Tabela 5 – plantas WTE em alguns países no mundo e respectivas capacidades de tratamento


Capacidade instalada
País Usinas WTE
(milhões de t/ano)
Alemanha 67 18,8
EUA 86 35,4
França 129 13,5
Itália 49 4,5
Reino Unido 20 4,4
Suécia 30 4,6
Fonte: SANTOS (2011)

Como desvantagens, a incineração apresenta:


- custos elevados de instalação e operação; no entanto, estes podem passar a ser
competitivos nas grandes metrópoles, onde, em razão da disponibilidade cada vez menor de
áreas, os custos relativos a aterros sanitários, tem aumentado cada vez mais;
- exigência de mão de obra qualificada para garantir a boa operação;
- emissões do processo: a incineração de materiais como plásticos causa a liberação de
compostos tóxicos; assim, é fundamental a instalação de sistemas de limpeza de gases
(USHIMA e SANTOS, 2000).

Em resumo, faz sentido pensar na incineração apenas em um modelo integrado de


gestão e gerenciamento de resíduos sólidos que considere previamente a coleta seletiva; neste
caso, o tratamento térmico seria aplicado apenas para os rejeitos desta forma de coleta. Ainda
há que se considerar outros fatores o volume de resíduos a serem tratados termicamente, pois
os altos custos do sistema só se justificam para o tratamento de volumes também grandes de
resíduos.
31

4 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

A disposição final ambientalmente adequada consiste na distribuição ordenada de


rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou
riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos
(BRASIL, 2010)
No caso dos resíduos sólidos urbanos – ou, mais adequadamente dos rejeitos -
consideram-se três formas de disposição final: lixão, aterro controlado e aterro sanitário.
Apenas a última é considerada aceitável, constituindo uma forma de disposição final
ambientalmente adequada. No entanto, as formas inadequadas são ainda frequentemente
encontradas nos municípios brasileiros, conforme relatório da Abrelpe (2011):

Figura 12 – destinação final dos resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil (fonte: ABRELPE, 2011)

O posicionamento da disposição final está destacado no diagrama de blocos a seguir


reapresentado e que, como já comentado, já prevê alternativas como redução na geração,
reutilização e reciclagem:

Figura 13 – Disposição final em um modelo de gestão integrado de RSU (fonte: os autores, 2011)
32

4.1 Lixão

É uma forma inadequada de disposição final de resíduos, que se caracteriza pela


simples descarga sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou a saúde pública
(JARDIM et al, 2000). Nos lixões, além da total falta de controle de descarte, destacam-se
outros problemas:
- os resíduos lá depositados permanecem a céu aberto, o que causa odores indesejáveis
e proliferação de vetores, como pássaros, roedores e insetos.
- a ausência de impermeabilização da base, o que permite que o chorume se infiltre no
solo, eventualmente comprometendo a qualidade de águas subterrâneas;
- ausência de um sistema coletor de gases e drenos de líquido percolado;
- desvalorização imobiliária das áreas vizinhas;

Dessa forma, fica evidente que os lixões não previnem a poluição do ar, recursos
hídricos e do solo.

Figura 14 – lixão (fonte: ROLNIK, 2012)

4.2 Aterro controlado

Constitui um modelo mais aceitável de disposição final dos rejeitos. É projetado


segundo critérios da NBR 8849/85, que o define como “uma técnica de disposição de resíduos
sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou risco à saúde pública e à sua segurança,
minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para
confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de
cada jornada de trabalho” (ABNT, 1985)
Com efeito, a técnica é utilizada em áreas de antigos lixões, onde se passa a fazer a
cobertura dos rejeitos com solo. Isto minimiza os impactos ambientais no solo, ar e recursos
hídricos.
De qualquer forma, ainda se destacam inúmeras desvantagens desta estratégia de
disposição:
33

- confinamento de resíduos sólidos;


- presença de animais e insetos;
- necessidade de grandes áreas, agravada pelo fato de que os resíduos/rejeitos são ali
dispostos sem ter seu volume reduzido por compactação;
- desvalorização imobiliária das áreas vizinhas ao aterro;
- a ausência de impermeabilização da base, uma vez que os aterros controlados são na
prática, antigos lixões, isto é, áreas onde a disposição de resíduos/rejeitos se iniciou de forma
descontrolada; sem a impermeabilização, o chorume se infiltra no solo, da mesma maneira e
trazendo as mesmas consequências que no caso dos lixões;
- não há sistemas de tratamento de chorume ou de dispersão dos gases gerados;
- geração de ruído e poeira na fase de operação.

Figura 15 - Aterro controlado em Mogi das Cruzes–SP

4.3 Aterro sanitário

É definido pela norma NBR 13896 como uma “técnica de disposição de resíduos
sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os
impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os
resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os
com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores,
se necessário.” (ABNT, 1997).
Além da redução de volume e da cobertura com terra, aterros sanitários dispõem de
diversos sistemas que evitam ou ao menos minimizam os riscos ambientais decorrentes do
processo de disposição de resíduos/rejeitos no solo. Tais aspectos construtivos serão
detalhados mais adiante, na seção sobre projeto de aterros.
O aterro sanitário constitui, portanto, uma instalação adequada de disposição final dos
rejeitos, para quantidades maiores que 20 t/dia. No caso de aterros sanitários que recebam
quantidades superiores a 25 t/dia, é necessário realização de EIA/Rima, conforme detalhado
mais adiante.
34

Figura 16 - Antigo aterro de São Carlos-SP (fonte: Prefeitura Municipal de São Carlos, 2009)

4.4 Aterro Sanitário de Pequeno Porte

É um aterro sanitário para disposição no solo de resíduos sólidos urbanos, até 20 t por
dia ou menos, quando definido por legislação local, em que, considerados os condicionantes
físicos locais, a concepção do sistema possa ser simplificada, adequando os sistemas de
proteção ambiental sem prejuízo da minimização dos impactos ao meio ambiente e à saúde
pública. É projetado segundo orientações da norma NBR 15849 (ABNT, 2010), que prevê os
mesmos sistemas de proteção ambiental dos aterros sanitários de maior porte, como coleta de
gás, dreno de percolados e de águas pluviais; seu licenciamento ambiental também se dá de
forma simplificada, conforme a Resolução CONAMA nº 404/2008.

Figura 17 - Aterro de Pequeno Porte


35

4.5 Aterro sanitário – vantagens e desvantagens

Ainda que a disposição final ambientalmente adequada de resíduos sólidos deva se dar
necessariamente em um aterro sanitário, do qual portanto, não se pode prescindir, ele não
constitui uma estratégia ‘priorizável’, muito menos ‘desejável’. Isto porque as vantagens do
aterro sanitário são acompanhadas necessariamente de aspectos negativos, observados desde a
implantação e a operação, passando pelas fases de encerramento e pós-encerramento. De
modo geral, as vantagens de um aterro sanitário são:
- não requer, portanto, equipamentos específicos para sua execução e operação: são
utilizados equipamentos empregados em serviços de terraplanagem;
- possibilita a recuperação de áreas topograficamente inutilizadas;
- proliferação de vetores é controlada, devido à realização da compactação e
principalmente, da cobertura dos resíduos/rejeitos com terra;
- não requer mão-de-obra especializada na operação;
- dispõe de impermeabilização de base, que, se bem realizada, evita prejuízos à
qualidade das águas subterrâneas;
- sistemas de tratamento de chorume e de dispersão dos gases gerados;

As desvantagens são:
- confinamento dos resíduos sólidos;
- necessidade de grandes áreas;
- desvalorização imobiliária das áreas destinadas ao aterro, bem como das imediações;
- risco potencial de poluição do lençol freático, se planejado ou operado de forma
inadequada;
- período longo para a estabilização do solo no aterro;
- produção de ruído e poeira nas fases de execução e operação.
36

5 O ATERRO SANITÁRIO COMO OBRA DE ENGENHARIA

Como outras obras de engenharia, a construção de um aterro sanitário requer


planejamento e projeto; e como atividade modificadora do meio ambiente, requer a realização
de estudos que apontem os potenciais impactos e as medidas necessárias para mitiga-los. Esta
seção trata destes dois aspectos.

5.1 Critérios para implantação de aterros sanitários

O licenciamento ambiental das instalações de tratamento e disposição final de resíduos


sólidos no Brasil é realizado a partir da aplicação da Resolução 001/86 do CONAMA
(Conselho Nacional do Meio Ambiente), que institui a obrigatoriedade do Estudo de Impacto
Ambiental - EIA - e do Relatório de Impacto Ambiental - Rima, para as atividades
modificadoras do meio ambiente.

Figura 18 – relação de atividades sujeitas à realização de EIA (fonte: os autores, 2011, a partir de BRASIL,
1986)

5.1.1 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) / Relatório de Impacto Ambiental (Rima)

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um documento técnico de avaliação do


impacto ambiental de qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas
que, direta ou indiretamente, afetam:
“I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
37

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;


V - a qualidade dos recursos ambientais.” (BRASIL, 1986)

As diretrizes e atividades do EIA são apresentadas esquematicamente a seguir.

Figura 19 – Fluxograma das diretrizes e atividades técnicas do EIA

Informações Gerais
- Informações relativas ao porte do empreendimento;
- Descrição das atividades a serem desenvolvidas (principais e secundárias);
- Justificativa em termos de importância no contexto econômico do país, da região do
estado e do município;
- Vias de acesso e localização geográfica;
- Previsão das etapas de implantação;
- Compatibilidade com empreendimentos similares em outras localidades.

Caracterização do empreendimento
- Caracterização nas fases de planejamento, implantação, operação e se for o caso
desativação;
- Deve-se avaliar a compatibilidade do empreendimento com os planos e programas
governamentais, propostos e em implantação na área de influência do projeto;

Área de influência
- Apresentar os limites da área geográfica a ser afetada direta e indiretamente pelo
empreendimento;
- Apresentar a justificativa da definição das áreas de influência e incidência dos
impactos, acompanhada de mapeamento;
- Normalmente utiliza-se como recorde para estudo de impacto a bacia hidrográfica
onde se insere o empreendimento.

Diagnóstico Ambiental da Área de Influência


Compreende a caracterização do meio físico, biológico e antrópico

Meio Físico
38

- Caracterização climática: dados pluviométricos, predominância e direção dos ventos,


temperaturas máximas, médias e mínimas anuais
- Qualidade do ar e níveis de ruído;
- Caracterização geomorfológica, geológica, solo e relevo; dados sobre a hidrologia
superficial, rede hidrográfica, características físicas da bacia, mananciais, usos da água
(montante e jusante), demandas atuais e futuras em termos de qualidade e quantidade;
- Dados sobre a hidrogeologia, caracterizando os aquíferos subterrâneos, fluxos e
recargas e caracterização físico-químicas;
- Dados sobre a qualidade das águas, bem como os principais usos, demandas atual e
futura, em termos de qualidade e quantidade.

Meio Biológico
- Análise de ecossistemas terrestre, aquáticos e de transição existentes na área do
empreendimento, com mapas, retratando estágios de coberturas vegetais e corpos de água,
identificando espécies animais e vegetais endêmicas e em perigo de extinção;
- Nos ecossistemas de transição deverão ser enfatizados seu papel regulador,
abrangendo banhados e brejos.

Meio Antrópico
- Distribuição populacional nas áreas circunvizinhas, tendências de crescimento;
- Identificação das redes viária e hidrográfica;
- Deslocamentos diários e sazonais;
- Uso e ocupação do solo, indicando vias e meios de acesso, áreas de interesse
ambiental, histórico, científico e arqueológico;
- Estrutura fundiária;
- Infra-estrutura de serviços: portos aeroportos, redes de abastecimento, saneamento
ambiental;
- Níveis de vida: estrutura ocupacional, educação, saúde, alimentação, lazer, turismo e
cultura;
- Organização social: conflitos e tensões sociais, grupos comunitários, forças políticas
e associações.

Análise Ambiental - Estudo de viabilidade ambiental


Consiste na análise dos impactos ambientais do empreendimento e de suas
alternativas, através da identificação, previsão de magnitude e interpretação da importância
dos prováveis impactos relevantes, discriminando-os em:
- positivos e negativos;
- diretos e indiretos;
- imediatos e a médio e longo prazos;
- temporários ou permanentes;
- grau de reversibilidade;
- propriedades cumulativas e sinérgicas;
- distribuição do ônus e benefícios sociais;
Deve-se confrontá-los com a hipótese de não execução do empreendimento.

Proposição de Medidas Mitigadoras


As medidas mitigadoras devem ser definidas para as várias fases do projeto -
implantação, operação e desativação e em caso de acidentes - de acordo com o fator ambiental
- físico, biótico e antrópico - classificando em relação a:
39

- Natureza: Preventiva ou Corretiva;


- Fase em que serão adotadas: implantação, operação, desativação e em casos de
acidentes;
- Fator ambiental a qual se destina: físico, biótico e antrópico;
- Adequação da eficiência dos equipamentos de controle da poluição em relação aos
critérios de qualidade ambiental, padrões de lançamento de efluentes líquidos, emissões
gasosas, ruídos e resíduos sólidos.
Deverão ser mencionados os impactos adversos que não possam ser evitados ou
mitigados.

Programa de Monitoramento
Deve ser elaborado um programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos
negativos e positivos onde estarão descritos os fatores e parâmetros utilizados para se avaliar
a eficácia das medidas mitigadoras para o fim a que se propuseram;
Os programas deverão conter:
- justificativa dos parâmetros selecionados;
- justificativa da rede de amostragem;
- justificativa dos métodos de coleta e análise das amostras;
- periodicidade de amostragem de cada parâmetro;
- informação sobre a evolução dos impactos ambientais, eventualmente causados pelo
empreendimento;
- previsão do uso futuro da área.

O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é um documento que reflete as conclusões


do EIA. Deve ser apresentado de forma clara e objetiva, de modo a facilitar sua compreensão.
Assim, todas as informações do Rima devem ser apresentadas em linguagem acessível e ser
ilustradas por mapas, quadros, gráficos e outras formas de comunicação visual, de modo que a
sociedade em geral possa “entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas
as consequências ambientais de sua implementação” (BRASIL, 1986).
Os profissionais da área têm no EIA/Rima um instrumento de gestão que possibilita a
tomada de decisão integrando variáveis ambientais, econômicas, sociais e tecnológicas.

No Estado de São Paulo, a normatização dos procedimentos para o licenciamento


ambiental foi estabelecida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA) através da
Resolução 42/94, posteriormente modificada pela resolução SMA 54/2004, que institui dois
instrumentos preliminares para a exigência ou dispensa do EIA e do RIMA: o Relatório
Ambiental Preliminar - RAP e o Termo de Referência – TR (SCHALCH et al, 2002).
O RAP é o documento básico para o licenciamento ambiental e fundamenta a decisão
do órgão ambiental sobre a exigência ou dispensa de EIA/RIMA. O conteúdo do RAP deve
ser elaborado e desenvolvido pelo empreendedor, geralmente através de consultoria
especializada, e inclui os seguintes tópicos:
- objeto do empreendimento;
- justificativa do empreendimento quanto à necessidade, à apresentação das
alternativas locacionais e tecnológicas estudadas e à defesa da alternativa adotada;
- caracterização do empreendimento;
- diagnóstico ambiental preliminar na área de influência do empreendimento,
refletindo as condições atuais do meio físico, biológico e sócio-econômico, interrelacionadas
em um diagnóstico integrado, que permita a avaliação dos impactos decorrentes da
implantação do empreendimento;
40

- identificação dos principais impactos que poderão ocorrer como consequência das
diversas ações previstas para a implantação e a operação do empreendimento;
- medidas mitigadoras, compensatórias e/ou de controle ambiental, considerando os
impactos previstos (SCHALCH et al, 2002).
De modo geral, tem-se:

Tabela 6 – documentos necessários segundo a capacidade do aterro


Quantidade diária recebida no aterro Documentos necessários
Até 25 t/dia RAP
de 25 a 100 t/dia RAP + EIA/Rima
Acima de 100 t/dia EIA/Rima obrigatório

Uma vez aprovado o RAP e/ou o EIA, caso este tenha sido necessário, dá-se início ao
processo de licenciamento ambiental propriamente dito, isto é, de obtenção das licenças
ambientais.

5.1.2 Licenciamento ambiental de aterro sanitário

Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o órgão


ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas
aplicáveis ao caso (BRASIL, 1997).
A Licença Ambiental estabelece as condições, restrições e medidas de controle
ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para
localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos
ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer
forma, possam causar degradação ambiental. (BRASIL, 1997).
O licenciamento ambiental de um empreendimento se dá em três etapas, conforme a
resolução CONAMA 237/97 e a resolução SMA 54/2004
- Licença Prévia (LP): concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade
ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas
próximas fases de sua implementação;
- Licença de Instalação (LI): autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de
acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados,
incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem
motivo determinante;
- Licença de Operação (LO): autoriza a operação da atividade ou empreendimento,
após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as
medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.
O fluxograma mostrado na figura a seguir ilustra a sequência de etapas do processo de
licenciamento; as etapas exclusivas previstas no estado de São Paulo estão em destaque:
41

Figura 20 - etapas para realização do licenciamento ambiental (fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente,
1995)

Deve-se observar que, dependendo do volume de resíduos sólidos gerado diariamente,


será necessária a apresentação do EIA/RIMA. No entanto, este fato não dispensa a
apresentação do RAP.

5.1.3 Projeto de aterro sanitário

O projeto de um aterro sanitário no Brasil deve seguir as orientações técnicas da


norma NBR 13896/97, e ter seu projeto apresentado conforme orientações da norma NBR
8419/92. De modo geral, na fase de pré-seleção de áreas, devem ser reunidas algumas
informações fundamentais:
- tamanho da população atual e futura, no horizonte de projeto;
- caracterização quantitativa e qualitativa dos resíduos sólidos;
- informação sobre a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos.
- dados sobre águas superficiais
• identificar principais mananciais, bacias e corpos d’água na região;
• identificar a qualidade e os usos dessas águas;
• verificar áreas de proteção de mananciais;
- dados sobre o clima: série histórica do regime de chuvas, direção e intensidade dos
ventos;
- informações referentes à legislação Federal, Estadual e Municipal;
- informações sócio-econômicas: aspectos políticos, valor da terra, uso e ocupação do
solo, distância do centro produtor de resíduos, integração à malha viária, aceitabilidade da
população.

A localização do aterro sanitário deve ser tal que:


- o impacto ambiental a ser causado pela instalação seja minimizado;
- a aceitação da instalação pela população seja maximizada;
- esteja de acordo com o zoneamento da região, definido pelo Plano Diretor;
- possa ser utilizado por um longo espaço de tempo, necessitando apenas de um
mínimo de obras no início da operação (ABNT, 1997).

Ainda segundo a NBR 13896/97, a análise de adequabilidade de um local para a


instalação de um aterro sanitário deve considerar diversos fatores, como:
- topografia: declividade do terreno deve ser entre 1% e 30%;
- aspectos geológicos, e tipo de solos na área: é desejável que se tenha uma zona não
saturada com espessura maior 3,0m e um depósito natural de solo com coeficiente de
permeabilidade inferior a 10-6 cm/s; tais condições influem positivamente na capacidade de
depuração do solo e na velocidade de infiltração no solo.
- distância mínima de 200 m de recursos hídricos;
42

- distância de núcleos populacionais: deve ser superior a 500m;


- fácil acesso ao local;
- vida útil mínima de 10 anos.

Consoni, Silva e Gimenez Filho (2000) sintetizam os critérios de pré-seleção da


seguinte forma:

Classificação das áreas


Parâmetros
Recomendada Recomendada com restrições Não recomendada
Vida útil Maior que 10 anos Menor que 10 anos (a critério do órgão ambiental)
Distância do Menor que 5 km
Até 10 km 10 a 20 km
centro Maior que 20 km
Zoneamento Unidades de conservação
Áreas sem restrições no zoneamento ambiental
ambiental ambiental
Zoneamento Vetor de Vetor de crescimento Vetor de crescimento
urbano crescimento mínimo intermediário máximo
Densidade
Baixa Média Alta
populacional
Uso e ocupação
Áreas pouco utilizadas Ocupação intensa
do solo
Valorização da
Baixa Média Alta
terra
Declividade do declividade < 3 ou
3 ≤ declividade ≤ 20 20 ≤ declividade ≤ 30
terreno (%) declividade >30
Aceitação da
Boa Razoável Inaceitável
população
Distância dos Menor que 200 m com aprovação do órgão ambiental
Maior que 200 m
cursos d`água responsável
Quadro 1 – critérios para priorização das áreas na fase de pré-seleção (fonte: CONSONI, SILVA e GIMENEZ
FILHO, 2000)

Em qualquer caso, deve-se obedecer às seguintes condições:


- as áreas consideradas inicialmente devem ser não-alagáveis;
- deve haver uma espessura mínima de 1,5 m entre a superfície inferior do aterro e o
nível mais alto do lençol freático;
- atendimento a legislações local de uso do solo.

Selecionada a área, a elaboração do projeto propriamente dito do aterro sanitário deve


incluir:
- instalações de apoio: portaria, balança, pátio de estocagem de materiais e
equipamentos;
- tipo e forma de impermeabilização do solo;
- definição do sistema de tratamento para os líquidos percolados;
- material utilizado na cobertura diária;
- forma de operação e infraestrutura necessária.
43

Nesta fase, outros aspectos a observar são (ABNT, 1997):


Isolamento e sinalização: cercamento do perímetro da área, guarita de controle de
acesso, sinalização, cerca viva arbustiva ou arbórea ao redor; da área, faixa de proteção
sanitária de largura mínima de 10m;

Figura 21 – exemplo de sinalização na área de aterro sanitário

Acesso: deve ser facilitado em quaisquer condições climáticas;


Iluminação, energia elétrica e comunicação: possibilidade de realizar ações de
emergência à noite; necessidade de equipamentos como bombas e compressores no local,
além de dispositivos para comunicação interna e externa, para facilitar a operação do aterro e
também possibilitar ações de emergência (ABNT, 1997).

5.1.4 Implantação do aterro sanitário

A implantação de um aterro sanitário compreende algumas medidas mitigadoras no


sentido de minimizar e prevenir eventuais impactos durante a operação deste. São elas:
1) impermeabilização do solo
O material utilizado para impermeabilização do solo deve apresentar estanqueidade –
não se mover durante a operação -, durabilidade, resistência mecânica e às intempéries, bem
como compatibilidade físico-química-biológica com os resíduos a serem aterrados.

Figura 22 - Aterro sanitário em construção – impermeabilização da base com argila compactada e manta plástica
(fonte: BIDONE e POVINELLI, 1999)
44

2) implantação de sistema de drenagem dos líquidos percolados


O sistema de drenagem sub-superficial visa coletar e conduzir os líquidos percolados
para uma unidade de tratamento, evitando o comprometimento do lençol freático; esse sistema
é constituído basicamente de estruturas drenantes com escoamento em meio poroso e é
formado por drenos horizontais, preenchidos com britas, com inclinação de fundo de 2%.
Sobre as britas devem ser colocados materiais sintéticos, como bidim ou simplesmente capim
seco, visando à retenção de materiais em suspensão que poderiam vir a colmatar o dreno
(SCHALCH, 1992).

Figura 23 - Corte transversal de um dreno horizontal (fonte: SCHALCH, 1992)

Figura 24 - Escavação para colocação de drenos de chorume – aterro de Piracicaba


45

Figura 25 - Preenchimento dos drenos com brita – aterros de Piracicaba (à esquerda) e São Carlos (à direita)

3) implantação de sistema de drenagem de água pluvial


O sistema de drenagem superficial tem como finalidade básica desviar as águas da
bacia de contribuição para fora da área do aterro, diminuindo dessa forma o volume de líquido
percolado, durante e após a fase de execução do aterro, além de possibilitar a sua operação,
inclusive em dias de chuva.
Este sistema requer a construção de canais de superfície livre a meia encosta, ou
canaletas, envolvendo toda a área do aterro. Recomenda-se ainda, conferir um bom caimento
à cobertura diária do aterro para evitar empoçamentos.
Toda água recolhida por esse sistema deverá ser conduzida para um ponto distante,
onde não cause danos ao aterro, durante e após a fase de operação (SCHALCH, 1992).

Figura 26 – sistema de drenagem de águas pluviais com canaletas de concreto - aterro de Araraquara-SP
46

Figura 27 – sistema de drenagem de águas pluviais com manta plástica - aterro de São Carlos-SP

4) instalação de drenos e queimadores de gás


O sistema de drenagem dos gases gerados pela decomposição anaeróbia dos resíduos
aterrados tem o objetivo de evitar que estes migrem através do subsolo poroso, podendo se
acumular em redes de esgoto, fossas, poços e mesmo sob edificações internas e externas ao
aterro.
Os drenos atuam como uma chaminé, atravessando todo o aterro no sentido vertical,
desde a camada de impermeabilização de base até acima da camada de cobertura superior.
São em geral constituídos por linhas de tubos perfurados, sobrepostos e envoltos por uma
camada de brita disposta no interior de uma tela metálica de formato cilíndrico (CONSONI,
SILVA e GIMENEZ FILHO, 2000). A figura abaixo permite visualizar esses três elementos.

Figura 28 – dreno de gás do aterro de Rio Claro-SP

Adicionalmente, podem ser instalados queimadores de gás na extremidade dos drenos.


A combustão do gás faz com que o metano nele presente (cerca de 60%) seja convertido em
dióxido de carbono, aujo potencial de efeito estufa é sensivelmente menor.
47

Figura 29 - Queimador de gás – aterro de São Carlos-SP

Os gases coletados dos drenos também podem ser conduzidos por tubulações até uma
instalação para serem queimados com vistas ao aproveitamento de seu conteúdo energético.

5) implantação de sistema de tratamento dos líquidos percolados: O sistema de


drenagem do aterro deverá encaminhar os líquidos percolados para o sistema de tratamento.
Entre os processos de tratamento estão: recirculação, lagoas de estabilização, tratamentos
químicos, filtros biológicos e tratamento em estações de tratamento de esgoto (CONSONI,
SILVA e GIMENEZ FILHO, 2000).

5.1.5 Operação de aterro sanitário

A fase de operação de um aterro sanitário compreende a deposição dos


resíduos/rejeitos coletados nas células, além de medidas mitigadoras adicionais.
Os resíduos são dispostos no solo previamente preparado, e após um certo número de
descarregamentos, devem ser empurrados de baixo para cima contra uma elevação natural ou
célula anterior e distribuído pelo seu talude, com inclinação de 1:1 ou 1:2. A altura da célula
deve variar de 2 a 4 metros. A massa de resíduos espalhada pelo talude deve ser compactada
por um trator de esteiras de baixo para cima, para uma compactação mais uniforme. O trator
deverá subir e descer a rampa de 3 a 5 vezes, a fim de que o volume de resíduos seja reduzido.
No final do dia ou quando a coleta estiver terminada, a célula de lixo deverá receber uma
cobertura de terra de 15 a 30 cm (BIDONE e POVINELLI, 1999).
À medida que as células forem sendo preenchidas, podem ser utilizadas novas células
sobre estas. O aumento vertical do aterro é compensado pela sucessiva diminuição da área do
topo, o que vai dando o aspecto característico do aterro.
48

Figura 30 – visão da superposição das células já preenchidas de um aterro (fonte: MINTER/CNDU/CETESB,


1979)

Paralelamente à operação, devem ser executadas ações periódicas de monitoramento,


entre elas a análise periódica das águas superficiais e subterrâneas. Esta análise é feita
coletando-se amostras de água em poços construídos estrategicamente: um a montante e três a
jusante do aterro. Os resultados das análises são comparados, permitindo avaliar se a atividade
do aterro está causando alteração nas características e na qualidade da água.

Figura 31 – poço de monitoramento – aterro de São Carlos-SP

5.1.6 Encerramento de aterro sanitário

O termo encerramento ou desativação do aterro sanitário compreende apenas o fim do


recebimento de resíduos no local. Como se verá a seguir, outras atividades deverão ter
continuidade, como a recomposição do solo sobre as células e monitoração das águas
superficiais e subterrâneas, com frequência semestral (SCHALCH et al, 2002).
Uma vez preenchida toda a área disponível para disposição de resíduos no aterro
sanitário, deve-se proceder ao selamento do aterro: as células deverão receber uma camada de
60 cm de terra, podendo ser efetuado plantio de grama posteriormente. O recobrimento final e
o acabamento de um aterro sanitário são medidas muito importantes, pois essa área deverá ser
incorporada ao meio ambiente, em condições de uso, sem causar incômodos à vizinhança
(SCHALCH et al, 2002).
49

Um plano para o uso futuro da área onde se deseja implantar um aterro sanitário deve
fazer parte do projeto inicial, para que seja submetido à apreciação e aprovação dos órgãos
responsáveis pelo assunto (SCHALCH et al, 2002). Este plano de encerramento deve indicar
como e quando o aterro sanitário será dado como encerrado, assim como os cuidados que
serão mantidos após o encerramento das atividades, tais como monitoramento e controle de
vetores (ABNT, 1992).
A NBR 13896/97 prevê a apresentação de um plano de encerramento, que descreva os
procedimentos a serem realizados por ocasião do encerramento das atividades da instalação,
tais como:
a) medidas que devem promover a desativação;
b) operações de manutenção que devem ser observadas após o fechamento;
c) estimativas da qualidade e da quantidade dos resíduos dispostos até a data do
fechamento;
d) usos do local após o término das operações.

As atividades que devem continuar ocorrendo em um aterro encerrado são:


- monitoramento as águas subterrâneas, por um período de 20 anos após o
encerramento; esse período pode ser menor ou maior, caso se constate que a geração de
chorume cessou ou está persistindo
- manutenção dos sistemas de drenagem e de detecção de vazamento de líquido
percolado até o término da sua geração;
- manutenção da cobertura de modo a corrigir rachaduras ou erosão;
- manutenção do sistema de tratamento de líquido percolado, se existente, até o
término da geração desse líquido ou até que esse líquido (influente no sistema) atenda aos
padrões legais de emissão;
- manutenção do sistema de coleta de gases, caso exista, até que seja comprovado o
término de sua geração.
Pode ser exigido do responsável pela área a manutenção do isolamento do local, caso
exista risco de acidente para pessoas ou animais com acesso a ela (ABNT, 1997).
Dependendo do uso futuro proposto para a área do aterro, os órgãos competentes
poderão exigir a exequibilidade e correção do projeto face às proposições apresentadas
(ABNT, 1992). De uma maneira geral, as áreas recuperadas após a conclusão de aterro
sanitário são transformadas em jardins, parques, praças esportivas e áreas de lazer. Caso se
tenha o desejo de construir edificações nessas áreas, precauções especiais devem ser tomadas,
pois os recalques diferenciais que a área do aterro sofre devido à compressão das camadas
superiores e à decomposição do lixo são inevitáveis e variam de aterro para aterro. A
tendência é admitir que o lixo compactado, para efeito de cálculo de fundação, apresenta taxa
de suporte semelhante à da turfa (SCHALCH et al, 2002).
50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8849 - apresentação de projetos de


aterros controlados de resíduos sólidos urbanos. 9 p. 1985.

______. NBR 8419 - Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos


urbanos. 7 p. 1992.

______. NBR 13591 – Compostagem - Terminologia. 4 p. 1996.

______. NBR 13896 - Aterros de resíduos não perigosos - Critérios para projeto, implantação
e operação. 12 p. 1997

______. NBR 10004. Resíduos sólidos – classificação. 48 p. 2004.

______. NBR 15849. Resíduos sólidos urbanos – aterros sanitários de pequeno porte –
diretrizes para localização, projeto, implantação, operação e encerramento. 24 p. 2010.

ANDREOLI, C. V.; FERREIRA, A.C.; CHERUBINI, C.; TELES, C.R.; CARNEIRO, C.;
FERNANDES, F. Higenização do Lodo de Esgoto. In: ANDREOLI, C.V. Resíduos Sólidos
do saneamento: processamento, reciclagem e disposição final. Rio de Janeiro: ABES. 257
p. 2001.

BACKHUS. Site da empresa. Disponível em: <www.backhus.com>. Acesso em 26 mai 2013.

BIDONE, F. R. A.; POVINELLI, J. Conceitos básicos de resíduos sólidos. São Carlos:


EESC/USP. 120 p. 1999.

BRASIL. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios


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______. Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe sobre a revisão e


complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental.
Diário Oficial da União, nº 247, de 22 de dezembro de 1997, Seção 1, páginas 30841-30843.

______. Resolução CONAMA nº 404, de 11 de novembro de 2008. Estabelece critérios e


diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resíduos
sólidos urbanos. Diário Oficial da União, nº 220, 12 de novembro, Seção 1, página 93. 2008.

______. Lei nº 12305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos


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