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Valdir Schalch
Marco Aurélio Soares de Castro
Rodrigo Eduardo Córdoba
1ª Edição
São Carlos – SP
EESC/USP
2015
4
5
Prefácio
Os autores
6
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 9
1.1 Resíduos sólidos – definições ..................................................................................................10
1.2 Divisão dos resíduos sólidos quanto à origem ..........................................................................10
2 GESTÃO E GERENCIAMENTO INTEGRADOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS ..............................13
2.1 Responsabilidades ...................................................................................................................13
2.2 Estratégias para gestão e gerenciamento integrado de resíduos sólidos .....................................14
3 TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS .................................................................................16
3.1 Compostagem .........................................................................................................................17
3.1.1 Aspectos importantes do processo de compostagem ..........................................................18
3.1.2 Aspectos positivos e negativos do processo .......................................................................22
3.2 Tratamentos térmicos ..............................................................................................................25
3.2.1 Gaseificação .....................................................................................................................26
3.2.2 Pirólise.............................................................................................................................26
3.2.3 Incineração ......................................................................................................................26
4 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS .........................................................................31
4.1 Lixão.......................................................................................................................................32
4.2 Aterro controlado ....................................................................................................................32
4.3 Aterro sanitário .......................................................................................................................33
4.4 Aterro Sanitário de Pequeno Porte ...........................................................................................34
4.5 Aterro sanitário – vantagens e desvantagens ............................................................................35
5 O ATERRO SANITÁRIO COMO OBRA DE ENGENHARIA.....................................................36
5.1 Critérios para implantação de aterros sanitários .......................................................................36
5.1.1 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) / Relatório de Impacto Ambiental (Rima) .................36
5.1.2 Licenciamento ambiental de aterro sanitário ....................................................................40
5.1.3 Projeto de aterro sanitário................................................................................................41
5.1.4 Implantação do aterro sanitário .......................................................................................43
5.1.5 Operação de aterro sanitário ............................................................................................47
5.1.6 Encerramento de aterro sanitário .....................................................................................48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................................50
8
9
1 INTRODUÇÃO
Apenas recentemente a área de resíduos sólidos passou a ter seu marco regulatório.
Isso ocorreu com a promulgação da Lei Federal 12305, em 02 de agosto de 2010,
posteriormente regulamentada pelo Decreto-Lei 7404, em 26 de dezembro daquele mesmo
ano. Desde então, o país conta com uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, que
compreende um conjunto de definições uniformizadas, princípios, objetivos e instrumentos
que devem balizar qualquer discussão ou atividade relacionada à área.
Assim, entendemos que, antes de partir para os temas principais deste texto - o
tratamento e a disposição final de resíduos sólidos – é necessário apresentar algumas dessas
definições. Vamos a elas.
Até 2010, a definição mais frequentemente encontrada era aquela da norma NBR
10.004, segundo a qual resíduos sólidos são:
“aqueles nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da
comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição. Ficam incluídos, nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de
controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem
inviável seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos de água, ou exijam para
isso soluções técnica e economicamente inviável em face à melhor técnica disponível.”
(ABNT, 2004)
O texto da Lei 12305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, define
resíduos sólidos como:
Em que pese o detalhamento desta divisão, alguns resíduos não são diretamente
contemplados por ela. Assim, é necessário recorrer a outros dispositivos legais para englobar
também resíduos complexos como os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REE) e
pneus.
No estado de São Paulo, por exemplo, a portaria SMA 038/2011 dispõe sobre
“produtos geradores de resíduos de significativo impacto ambiental”, enquadrando nesta
categoria óleos comestíveis e lubrificantes, pilhas e baterias, lâmpadas contendo mercúrio,
demais equipamentos eletroeletrônicos e pneus.
1
Estes resíduos, caso sejam caracterizados como não perigosos, podem, em razão de sua natureza, composição
ou volume, ser equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal.
12
Figura 1 – divisão dos resíduos sólidos quanto à origem (fonte: os autores, 2011, a partir de BRASIL, 2010)
13
‘Gestão’ e ‘gerenciamento’ são palavras muitas vezes utilizadas como sinônimos tanto
na língua portuguesa quanto na inglesa que, inclusive, usa o termo management para se referir
a ambas. No entanto, este texto adota a distinção apresentada a seguir, comentada por Leite
(1997):
2.1 Responsabilidades
Neste ponto, é necessário chamar a atenção para a atribuição de responsabilidades na
gestão e gerenciamento, que devem constar dos planos de resíduos sólidos previstos em lei.
A responsabilidade pela gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos e dos
serviços públicos de saneamento básico cabe ao município; no caso dos demais tipos de
resíduos, a gestão e gerenciamento são de responsabilidade do próprio gerador.
A figura a seguir apresenta essa divisão de responsabilidades:
14
Figura 2 – gestão e gerenciamento de resíduos sólidos: divisão de responsabilidades (fonte: os autores, 2011, a
partir de BRASIL, 2010)
Figura 3 - Hierarquia de estratégias de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos (fonte: os autores, 2011)
Principais produtos da
Processo Exemplos Métodos de transformação
transformação
Componentes individuais
Separação de componentes Manual ou mecânica encontrados nos resíduos
domiciliares
Físico Aplicação de energia em Redução de volume do
Redução de volume
forma de força ou pressão material original
Aplicação de energia para Redução de tamanho dos
Redução de tamanho
retalhamento e moagem componentes originais
Dióxido de carbono (CO2),
dióxido de enxofre (SO2),
Incineração Oxidação térmica
outros produtos de oxidação,
Químico
cinzas
Vários gases, alcatrão e
Pirólise Destilação térmica
composto de carbono
Composto humificado usado
Compostagem aeróbia Conversão biológica aeróbia
como condicionador de solos
Biológico
Conversão biológica Metano (CH4), dióxido de
Digestão anaeróbia
anaeróbia carbono (CO2), húmus
Fonte: Tchobanoglous et al. (1993), adapt.
3.1 Compostagem
2) Temperatura
Os microorganismos que atuam no processo de compostagem tem metabolismo
exotérmico, isto é, ao decomporem a fração orgânica da massa de resíduos, liberam calor e
elevam a temperatura da leira, em razão das propriedades isolantes da massa em
compostagem (KIEHL, 2004). As variações naturais na temperatura de um processo bem
conduzido indicam a mudança das fases do processo, já mencionadas anteriormente; as
temperaturas atingidas ao longo do processo possibilitam a destruição dos organismos
patogênicos, permitindo que o composto obtido seja aplicável no solo.
Assim, é necessário controle do processo para atingir e manter as temperaturas
adequadas pelos intervalos de tempo necessários. Considera-se que a faixa ótima de
temperatura para a compostagem seja de 45°C a 65°C; temperaturas abaixo dessa faixa, não
garantem a eliminação de organismos patogênicos; temperaturas superiores a 65°C retardam o
processo e, se mantidas por longos períodos, podem provocar alterações químicas
indesejáveis entre outros efeitos prejudiciais (KIEHL, 2004).
3) Umidade
Sendo a compostagem um processo biológico de decomposição de matéria orgânica, a
presença de água é fundamental para as necessidades dos organismos envolvidos. A umidade
deve ficar na faixa de 40% a 60%, sendo 55% o valor ideal. Taxas de umidade abaixo de 40%
inibem a atividade microbiana; o processo ocorre, mas será lento, com predominância da ação
dos fungos; umidade acima de 60% pode causar anaerobiose: com o material molhado ou
encharcado, a água toma os espaços vazios, não restando lugar para o ar; o processo pode se
tornar anaeróbio em parte, com a possível geração de maus odores e geração de chorume2
(KIEHL, 2004). O excesso de umidade pode ser corrigido com o revolvimento do material; já
a falta de umidade pode ser compensada com a irrigação, sempre acompanhada de
revolvimento, para evitar distribuição irregular da água. Ainda, aumentar o tamanho da leira
reduz as perdas de água e diminui-lo facilita a eliminação de seu excesso (KIEHL, 2004).
2
Líquido produzido pela decomposição de substâncias contidas nos resíduos sólidos, que tem como
características a cor escura, o mau cheiro e a elevada DBO (demanda bioquímica de oxigênio) (ABNT, 1992)
20
4) pH
O pH dos resíduos varia bastante durante o processo de compostagem: cai no início ,
quando são produzidos CO2 e ácidos orgânicos; depois, com a produção de amônia, o pH
sobe e, na fase de maturação, se estabiliza próximo a 7, pois o húmus tem ´poder ‘tampão’
(MODESTO FILHO, 1999).
Valores muito baixos ou muito elevados do pH podem prejudicar o processo. O pH
abaixo de 5,0 causa diminuição na atividade microbiológica e a fase termofílica, quando se
eliminam os patógenos, pode não ser atingida (ANDREOLI et al., 2001); valores altos de pH
causam deficiência de fósforo e micronutrientes, além de perda de nitrogênio por
volatilização, quando o NH4+ é convertido em amônia, NH3 (REZENDE, 2005).
7) microorganismos
Bactérias, fungos e actinomicetos são os principais microorganismos responsáveis pela
transformação da matéria orgânica em húmus; outros organismos como algas, protozoários,
21
vermes, insetos e suas larvas também participam do processo, juntamente com agentes
bioquímicos como enzimas, hormônios e vírus (KIEHL, 2004).
As bactérias predominam principalmente durante a fase inicial de degradação, o
mesmo acontecendo com os fungos, principalmente quanto a relação C/N é alta. Já os
actinomicetos atacam substâncias que bactérias e fungos não degradam, e surgem
principalmente na fase de maturação, dando odor aromático aos solos e aos compostos
maturados (MODESTO FILHO, 1999).
Outros microorganismos a considerar no processo de compostagem são os
patogênicos. Indesejáveis, são destruídos na fase intermediária, quando a temperatura no
interior das leiras permanece acima de 65°C por alguns dias ou acima de 55°C por três
semanas (MODESTO FILHO, 1999).
As dimensões das leiras também afetam o desenrolar do processo: leiras altas tem
menor aeração natural, maior tendência para compactação das camadas externas e maior
potencial de produção de chorume quando o material tiver excesso de umidade. Leiras muito
baixas perdem umidade e calor rapidamente, o que pode impedir que as temperaturas ideias
para destruição de patógenos sejam atingidas e mantidas (KIEHL, 2004).
desativações apontadas por Galvão Júnior (1994) estava a falta de qualidade dos produtos da
maioria das usinas, em razão do alto teor de impurezas nos recicláveis e no composto
produzido,
Isto se devia ao fato de que as usinas não foram pensadas como parte de um sistema
integrado de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos. Vendidas como uma solução
‘mágica’ que eliminaria inclusive a necessidade de aterros, acabavam recebendo todo o
volume de resíduos da coleta regular. Assim, os materiais orgânicos e recicláveis chegavam à
usina misturados e prensados, o que impossibilitava sua separação. Essa contaminação mútua
dos resíduos, somada ao uso de mão de obra desqualificada para fazer a triagem e à falta de
manutenção preventiva que tornava frequentes os problemas de funcionamento, fez com que
essas instalações fossem desacreditadas e caíssem em desuso no país.
Com efeito, relatos da literatura mostram que a maioria das experiências em
compostagem de RD no Brasil emprega sistemas que tratam a matéria orgânica proveniente
da coleta regular, sendo raras as experiências em que os resíduos orgânicos já vêm coletados
separados na fonte.
Por fim a escolha do sistema dependerá das condições locais: imposições legais para a
área, infra-estrutura existente, custos com a disposição dos resíduos, nível de controle do
odor, recursos financeiros disponíveis, necessidade de equipamentos e mão de obra.
O caso das usinas de reciclagem e compostagem reforça que, apesar da tecnologia para
o tratamento dos resíduos orgânicos ter evoluído, a separação dos resíduos na origem e
posterior coleta seletiva contribui bastante para que o composto obtido seja de boa qualidade
(REIS, 2005). Assim, parte-se da fração de material compostável encontrada nos resíduos
sólidos urbanos, sendo possível estabelecer a seguinte sequência de etapas:
3.2.1 Gaseificação
3.2.2 Pirólise
3.2.3 Incineração
combustão devem se manter a 1200°C por cerca de 2 segundos, em um ambiente com excesso
de ar e turbulência elevada para que os compostos orgânicos presentes na massa de resíduos
sejam convertidos em gás carbônico e água.
Os demais remanescentes da queima são geralmente gases, como o dióxido de enxofre
(SO2), nitrogênio (N2), oxigênio (O2) proveniente do ar em excesso que não foi queimado
completamente, cinzas e escórias constituídas de metais ferrosos e inertes, como vidro e
pedras. A escória, geralmente da ordem de 15 a 20% da massa original do lixo, deve ser
encaminhada para um aterro sanitário (SCHALCH et al, 2002).
No Brasil, a incineração é empregada apenas para tratamento de resíduos de serviços
de saúde conforme relatório da ABRELPE (2011), não havendo instalações que tratem
resíduos sólidos urbanos.
Para que uma usina de incineração opere com sucesso, uma série de informações a
respeito dos resíduos a serem incinerados deverão direcionar o projeto. Entre elas incluem-se:
- tipo, quantidade e composição dos resíduos a serem incinerados;
- poder calorífico inferior (PCI), que indica a quantidade de calor liberado por uma
determinada quantidade de resíduos durante o processo de queima;
- quantidade de ar necessário para a combustão completa dos resíduos;
- quantidade e natureza das cinzas, eventualmente geradas no processo etc.
O desconhecimento dessas e de outras variáveis, pode resultar em projetos
equivocados, dificultando o controle, a operação e a manutenção do equipamento, além de
aumentar os riscos de poluição do meio ambiente.
A figura a seguir ilustra as principais partes constituintes de um incinerador de
resíduos sólidos urbanos.
28
Figura 12 – destinação final dos resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil (fonte: ABRELPE, 2011)
Figura 13 – Disposição final em um modelo de gestão integrado de RSU (fonte: os autores, 2011)
32
4.1 Lixão
Dessa forma, fica evidente que os lixões não previnem a poluição do ar, recursos
hídricos e do solo.
É definido pela norma NBR 13896 como uma “técnica de disposição de resíduos
sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os
impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os
resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os
com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores,
se necessário.” (ABNT, 1997).
Além da redução de volume e da cobertura com terra, aterros sanitários dispõem de
diversos sistemas que evitam ou ao menos minimizam os riscos ambientais decorrentes do
processo de disposição de resíduos/rejeitos no solo. Tais aspectos construtivos serão
detalhados mais adiante, na seção sobre projeto de aterros.
O aterro sanitário constitui, portanto, uma instalação adequada de disposição final dos
rejeitos, para quantidades maiores que 20 t/dia. No caso de aterros sanitários que recebam
quantidades superiores a 25 t/dia, é necessário realização de EIA/Rima, conforme detalhado
mais adiante.
34
Figura 16 - Antigo aterro de São Carlos-SP (fonte: Prefeitura Municipal de São Carlos, 2009)
É um aterro sanitário para disposição no solo de resíduos sólidos urbanos, até 20 t por
dia ou menos, quando definido por legislação local, em que, considerados os condicionantes
físicos locais, a concepção do sistema possa ser simplificada, adequando os sistemas de
proteção ambiental sem prejuízo da minimização dos impactos ao meio ambiente e à saúde
pública. É projetado segundo orientações da norma NBR 15849 (ABNT, 2010), que prevê os
mesmos sistemas de proteção ambiental dos aterros sanitários de maior porte, como coleta de
gás, dreno de percolados e de águas pluviais; seu licenciamento ambiental também se dá de
forma simplificada, conforme a Resolução CONAMA nº 404/2008.
Ainda que a disposição final ambientalmente adequada de resíduos sólidos deva se dar
necessariamente em um aterro sanitário, do qual portanto, não se pode prescindir, ele não
constitui uma estratégia ‘priorizável’, muito menos ‘desejável’. Isto porque as vantagens do
aterro sanitário são acompanhadas necessariamente de aspectos negativos, observados desde a
implantação e a operação, passando pelas fases de encerramento e pós-encerramento. De
modo geral, as vantagens de um aterro sanitário são:
- não requer, portanto, equipamentos específicos para sua execução e operação: são
utilizados equipamentos empregados em serviços de terraplanagem;
- possibilita a recuperação de áreas topograficamente inutilizadas;
- proliferação de vetores é controlada, devido à realização da compactação e
principalmente, da cobertura dos resíduos/rejeitos com terra;
- não requer mão-de-obra especializada na operação;
- dispõe de impermeabilização de base, que, se bem realizada, evita prejuízos à
qualidade das águas subterrâneas;
- sistemas de tratamento de chorume e de dispersão dos gases gerados;
As desvantagens são:
- confinamento dos resíduos sólidos;
- necessidade de grandes áreas;
- desvalorização imobiliária das áreas destinadas ao aterro, bem como das imediações;
- risco potencial de poluição do lençol freático, se planejado ou operado de forma
inadequada;
- período longo para a estabilização do solo no aterro;
- produção de ruído e poeira nas fases de execução e operação.
36
Figura 18 – relação de atividades sujeitas à realização de EIA (fonte: os autores, 2011, a partir de BRASIL,
1986)
Informações Gerais
- Informações relativas ao porte do empreendimento;
- Descrição das atividades a serem desenvolvidas (principais e secundárias);
- Justificativa em termos de importância no contexto econômico do país, da região do
estado e do município;
- Vias de acesso e localização geográfica;
- Previsão das etapas de implantação;
- Compatibilidade com empreendimentos similares em outras localidades.
Caracterização do empreendimento
- Caracterização nas fases de planejamento, implantação, operação e se for o caso
desativação;
- Deve-se avaliar a compatibilidade do empreendimento com os planos e programas
governamentais, propostos e em implantação na área de influência do projeto;
Área de influência
- Apresentar os limites da área geográfica a ser afetada direta e indiretamente pelo
empreendimento;
- Apresentar a justificativa da definição das áreas de influência e incidência dos
impactos, acompanhada de mapeamento;
- Normalmente utiliza-se como recorde para estudo de impacto a bacia hidrográfica
onde se insere o empreendimento.
Meio Físico
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Meio Biológico
- Análise de ecossistemas terrestre, aquáticos e de transição existentes na área do
empreendimento, com mapas, retratando estágios de coberturas vegetais e corpos de água,
identificando espécies animais e vegetais endêmicas e em perigo de extinção;
- Nos ecossistemas de transição deverão ser enfatizados seu papel regulador,
abrangendo banhados e brejos.
Meio Antrópico
- Distribuição populacional nas áreas circunvizinhas, tendências de crescimento;
- Identificação das redes viária e hidrográfica;
- Deslocamentos diários e sazonais;
- Uso e ocupação do solo, indicando vias e meios de acesso, áreas de interesse
ambiental, histórico, científico e arqueológico;
- Estrutura fundiária;
- Infra-estrutura de serviços: portos aeroportos, redes de abastecimento, saneamento
ambiental;
- Níveis de vida: estrutura ocupacional, educação, saúde, alimentação, lazer, turismo e
cultura;
- Organização social: conflitos e tensões sociais, grupos comunitários, forças políticas
e associações.
Programa de Monitoramento
Deve ser elaborado um programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos
negativos e positivos onde estarão descritos os fatores e parâmetros utilizados para se avaliar
a eficácia das medidas mitigadoras para o fim a que se propuseram;
Os programas deverão conter:
- justificativa dos parâmetros selecionados;
- justificativa da rede de amostragem;
- justificativa dos métodos de coleta e análise das amostras;
- periodicidade de amostragem de cada parâmetro;
- informação sobre a evolução dos impactos ambientais, eventualmente causados pelo
empreendimento;
- previsão do uso futuro da área.
- identificação dos principais impactos que poderão ocorrer como consequência das
diversas ações previstas para a implantação e a operação do empreendimento;
- medidas mitigadoras, compensatórias e/ou de controle ambiental, considerando os
impactos previstos (SCHALCH et al, 2002).
De modo geral, tem-se:
Uma vez aprovado o RAP e/ou o EIA, caso este tenha sido necessário, dá-se início ao
processo de licenciamento ambiental propriamente dito, isto é, de obtenção das licenças
ambientais.
Figura 20 - etapas para realização do licenciamento ambiental (fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente,
1995)
Figura 22 - Aterro sanitário em construção – impermeabilização da base com argila compactada e manta plástica
(fonte: BIDONE e POVINELLI, 1999)
44
Figura 25 - Preenchimento dos drenos com brita – aterros de Piracicaba (à esquerda) e São Carlos (à direita)
Figura 26 – sistema de drenagem de águas pluviais com canaletas de concreto - aterro de Araraquara-SP
46
Figura 27 – sistema de drenagem de águas pluviais com manta plástica - aterro de São Carlos-SP
Os gases coletados dos drenos também podem ser conduzidos por tubulações até uma
instalação para serem queimados com vistas ao aproveitamento de seu conteúdo energético.
Um plano para o uso futuro da área onde se deseja implantar um aterro sanitário deve
fazer parte do projeto inicial, para que seja submetido à apreciação e aprovação dos órgãos
responsáveis pelo assunto (SCHALCH et al, 2002). Este plano de encerramento deve indicar
como e quando o aterro sanitário será dado como encerrado, assim como os cuidados que
serão mantidos após o encerramento das atividades, tais como monitoramento e controle de
vetores (ABNT, 1992).
A NBR 13896/97 prevê a apresentação de um plano de encerramento, que descreva os
procedimentos a serem realizados por ocasião do encerramento das atividades da instalação,
tais como:
a) medidas que devem promover a desativação;
b) operações de manutenção que devem ser observadas após o fechamento;
c) estimativas da qualidade e da quantidade dos resíduos dispostos até a data do
fechamento;
d) usos do local após o término das operações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______. NBR 13896 - Aterros de resíduos não perigosos - Critérios para projeto, implantação
e operação. 12 p. 1997
______. NBR 15849. Resíduos sólidos urbanos – aterros sanitários de pequeno porte –
diretrizes para localização, projeto, implantação, operação e encerramento. 24 p. 2010.
ANDREOLI, C. V.; FERREIRA, A.C.; CHERUBINI, C.; TELES, C.R.; CARNEIRO, C.;
FERNANDES, F. Higenização do Lodo de Esgoto. In: ANDREOLI, C.V. Resíduos Sólidos
do saneamento: processamento, reciclagem e disposição final. Rio de Janeiro: ABES. 257
p. 2001.
CONSONI, A. J.; SILVA, I, C,; GIMENEZ FILHO, A. Disposição final do lixo. In:
D’ALMEIDA, M. L. O.; VILHENA, A. (coord.). Lixo Municipal: Manual de
gerenciamento integrado. São Paulo: IPT/CEMPRE, p. 251-291. 2000.
51
SÃO PAULO. Resolução SMA 54, de 30 de novembro de 2004. Dispõe sobre procedimentos
para o licenciamento ambiental no âmbito da Secretaria do Meio Ambiente. Diário Oficial do
Estado, São Paulo, SP, 1 dez. 2004, seção I, p. 20.
USEPA – United States Environmental Protection Agency. Scrap tire markets. 2012.
Disponível em: <http://www.epa.gov/wastes/conserve/materials/tires/markets.htm>. Último
acesso em: 26 mai 2013.