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Dezembro 2012 - Ano II - Nº 3

Editorial
Pouco mais de um ano depois de ter dado início ao projeto
de editoração de uma revista científica para o setor de
resíduos sólidos, temos notado que o assunto tem atraído
atenção crescente dos atores envolvidos e da sociedade
como um todo.

Por um lado, a Conexão Academia passou a suprir o setor


com informações técnicas qualificadas, até então restritas
ao ambiente universitário e por outro abriu espaço para
que pesquisadores e estudantes pudessem contribuir com
a construção do conhecimento relacionado à temática dos
resíduos sólidos no país.

A iniciativa mostrou-se exitosa, o que pode ser medido


pelo número de artigos submetidos para a revista, que têm
crescido a cada edição, e pela quantidade de acessos à página
da web na qual a mesma está publicada, que mantem-se em
níveis elevados desde a primeira edição.

A disseminação de conhecimento representa uma


importante ferramenta para o desenvolvimento de uma
sociedade, principalmente quando esse conhecimento está
relacionado a uma área carente de informações. Ao tratarmos
dos resíduos sólidos, seja pelo fato do déficit ainda registrado
no país, seja pelas imposições contidas na Política Nacional
de Resíduos Sólidos, é preciso atuar efetivamente pela
criação de uma consciência positiva acerca da necessidade de
estabelecer uma gestão adequada, com vistas à preservação
e recuperação dos recursos naturais, que se configura como
item de sobrevivência da humanidade.

Os artigos publicados nessa terceira edição da Conexão


Academia refletem um pouco dessa preocupação e incluem
temas relacionados a diferentes segmentos, abordando
questões sobre reciclagem, tratamento da matéria orgânica,
resíduos da construção civil e da indústria cerâmica e sobre a
destinação de resíduos, tema de destaque dessa edição, com
um artigo internacional sobre os benefícios oriundos dos
processos de monitoramento de chorume e das emissões de
biogás em aterros.

Com tudo isso, a ABRELPE inaugura o segundo ano da


Revista Conexão Academia e reitera seu compromisso de
continuar atuando para consolidar e disseminar informações
de relevo sobre um tema de primordial importância para o
futuro do planeta.

Carlos R V Silva Filho


Diretor Executivo
ABRELPE
Expediente Sumário
Revista Conexão Academia é uma publicação de periodicidade Destaque.......................................................................... p. 7
semestral da ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais. • Efeitos ambientais e econômicos positivos associados ao
monitoramento do chorume e das emissões de biogás em
Editor responsável: Carlos Roberto Vieira Silva Filho • Coordenação
aterros............................................................................... p.9
Técnica: Adriana Garcia Ferreira • Coordenação e revisão: Ana
Lucia Montoro • Projeto Editorial: Mistura Fina Comunicação
Organizacional • Projeto Gráfico e Editoração: Grappa Editora e Artigos............................................................................. p.17
Comunicação • Capa: Shutterstock.com
• Estudo comparativo do gerenciamento municipal de
Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a resíduos e processos de reciclagem em São Paulo e
fonte. Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem Londres...................................................................... p.19
necessariamente a posição da ABRELPE. Dúvidas, críticas ou
sugestões podem ser encaminhadas para o e-mail: • Identificação de áreas para instalação de aterro
comunicacao@abrelpe.org.br. sanitário no município de Quixadá-Ceará utilizando
ferramentas do SIG.................................................p. 27

NATIONAL MEMBER OF • Minicompostagem: Uso para os Resíduos Sólidos


Domésticos............................................................... p.35

• A Política Nacional dos Resíduos Sólidos: análise das


propostas para disposição final de resíduos sólidos
urbanos.................................................................. p.43
Conselho de Administração (2012-2015)
Alberto BianchiniI (Mosca Grupo Nacional de Serviços Ltda.) • Edison • Gestão de Resíduos da Construção Civil: Estudo de caso de
Gabriel da Silva (Litucera Limpeza e Engenharia Ltda.) • Gilberto D. de Empreendimento Predial em Belo Horizonte/MG.......... p.51
O. Belleza (Empresa Tejofran de Saneamento e Serviços Ltda.) • Ivan
Valente Benevides (Construtora Marquise S/A) • José Carlos Ventri (EPPO
• Estimativa do quantitativo e da composição dos RSU a
Saneamento Ambiental e Obras Ltda.) • José Eduardo Sampaio (Vital
Engenharia Ambiental Ltda.) • José Reginaldo Bezerra da Silva (Vega partir de dados socioeconômicos, em municípios da baixada
Engenharia Ambiental S/A) • Oswaldo Darcy Aldrighi (Silcon Ambiental litorânea, estado do Rio de Janeiro................................. p.61
Ltda.) • Ricardo Gonçalves Valente (Corpus Saneamento e Obras Ltda.) •
Walmir Beneditti (Sanepav Saneamento Ambiental Ltda.) • Lixo domiciliar brasileiro: Notas sobre processos e
dinamismos sócio-espaciais............................................ p.67
Diretor Executivo
Carlos Roberto Vieira Silva Filho
• Gerenciamento de resíduos sólidos em indústria de
cerâmica. Estudo de caso................................................ p.75

Normas para publicação................................................ p. 83

Conselho Editorial
Carlos Roberto Vieira Silva Filho (Diretor Executivo da ABRELPE e
Diretor da ISWA para América Latina) • Ernesto Paulella (Professor
da Escola de Economia e Administração da PUC - Campinas) • Flávio
de Miranda Ribeiro (Doutor em Ciências Ambientais) • Francisco
Humberto de Carvalho Jr. (Professor Titular do Instituto Federal
em educação, Tecnologia e Ciência do Estado do Ceará – IFCE) •
José Dantas de Lima (Mestre em Engenharia Civil e Ambiental.
Professor convidado nas disciplinas sobre resíduos sólidos) • José
Fernando Thomé Jucá (Professor Titular da Universidade Federal
de Pernambuco - UFPE).
Ribeiro; Gomes; Dell’ISOLA; DA FONSECA CONEXÃO ACADEMIA
52 Gestão de Resíduos da Construção Civil:
Estudo de caso de Empreendimento...
A Revista Científica sobre Resíduos Sólidos
Dezembro 2012 - Ano II - Volume 3 53

1. INTRODUÇÃO volvimento (CMMAD, 1991), desenvolvimento sustentável é etapas previstas em programas e planos. Sendo de respon- ambientais.
aquele “capaz de atender as necessidades do presente sem sabilidade dos grandes geradores a elaboração e aplicação A MRV tem a preocupação em minimizar os impactos am-
Vivencia-se o início de um período de muita pressão, sobre comprometer a capacidade de as gerações futuras atende- em seus canteiros de obras Projetos de Gerenciamento de bientais e procura expandir seus esforços para a promoção
toda a indústria da construção, pela adoção de soluções sus- rem também às suas”. Apesar da definição do termo ter sido Resíduos da Construção Civil. do bem-estar e da qualidade de vida das comunidades em
tentáveis no setor, demandando, consequentemente, fatores apresentada no relatório Nosso Futuro Comum, produzido Com a implantação do gerenciamento dos resíduos da cons- que está presente, através da atuação em diversas iniciativas
como eficiência energética das construções, uso racional da pela CMMAD em 1987, o assunto ainda apresentava-se in- trução civil, segundo CONAMA (2012)“os geradores deverão socioambientais que a Companhia desenvolveu ao longo dos
água, diminuição de perdas e a redução, reutilização e recicla- decifrável para muitos, sobretudo para as corporações, até a ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, se- anos. A busca por soluções sustentáveis é um dos focos da
gem de seus resíduos. criação do conceito Triple Bottom Line (Tripé da Sustentabili- cundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tra- MRV, que tem seu crescimento baseado no aprimoramento
No quesito resíduo a preocupação vem, principalmente, dade) apresentado por John Elkington, em 1997. tamento dos resíduos sólidos e a disposição final ambiental- profissional e pessoal de seus colaboradores, sempre objeti-
após 2002 quando o Conselho Nacional do Meio Ambiente – Segundo o conceito do Tripé da Sustentabilidade “as or- mente adequada dos rejeitos”; conceito esse que é resumido vando a satisfação do cliente.
CONAMA publicou a primeira resolução sobre a classificação e ganizações não possuem como único objetivo a adição de pelo mnemônico 3 R´s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar). A empresa submete seus empreendimentos às normas
gestão correta dos resíduos de construção e demolição. valor econômico, mas também objetivam adicionar valor so- Muito além do mero atendimento à legislação, os gerado- determinadas pela Política Nacional do Meio Ambiente e,
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal nº cial e ambiental, como forma de alcançar a sustentabilidade” res devem tornar obrigatória a aplicação efetiva do geren- portanto, todos os projetos da Companhia estão conforme
12.305/2010), bem como o Plano Nacional de Resíduos Só- (ELKINGTON apud PEREIRA et al., 2005). Ao longo do tempo, ciamento de resíduos em suas obras, uma vez que, segundo as: licenças ambientais em todas as suas etapas (LP, LI, LO);
lidos, trazem à tona, dentre outras legislações, as responsa- o termo “tornou-se amplamente conhecido entre as empre- o SINDUSCON-MG (2005), têm-se vantagens como: redução autorizações para terraplanagens e/ou supressão de vege-
bilidades pela boa gestão dos resíduos da construção civil, sas e os pesquisadores, sendo uma ferramenta conceitual do desperdício e viabilização de reaproveitamento dos re- tação; regulamentação para resíduos sólidos, preservação
não só dos poderes públicos, mas de todos os envolvidos na útil para interpretar as interações extraempresariais e, espe- síduos dentro da própria obra (minimização da geração de do solo e das águas subterrâneas. Esses aspectos são ob-
cadeia produtiva da construção, indústria que mais consome cialmente, para ilustrar a importância de uma visão mais am- resíduos e compra de materiais), redução das despesas com servados desde a aquisição dos terrenos, para que estejam
recursos naturais do planeta. pla sobre a sustentabilidade mais ampla, além de uma mera serviços de coleta, limpeza e organização do local, redução contemplados no projeto a ser aprovado pelos órgãos com-
A preocupação com os resíduos gerados nas construções sustentabilidade econômica” (ARAÚJO et al., 2006). dos riscos de acidentes de trabalho, dentre outros. petentes.
tem fundamento, pois, correspondem, em média, a mais de Em se tratando da indústria da construção civil, a aplicação Dentre algumas ações promovidas pela empresa em prol da
cinquenta por cento do peso de todo o resíduo gerado nos desses conceitos torna-se ainda mais importante, uma vez 3. METODOLOGIA sustentabilidade, cita-se: seleção criteriosa de fornecedores;
municípios, independente de seu tamanho. Muitas vezes es- que o setor é considerado como um dos mais impactantes adoção de canteiros e praças e gestão de resíduos nas obras.
ses são dispostos em locais inadequados, assoreando corpos da sociedade. Para Sjöstrom (apud John, 2000) a “construção O artigo aqui apresentado foi elaborado por profissionais Além disso, a MRV Engenharia adota em seus projetos itens
d’água e sistemas de drenagem pluvial, o que muitas vezes é civil consome entre 14% e 50% dos recursos naturais extraí- responsáveis pela concepção, implantação e acompanha- que favorecem a sustentabilidade, dentre os quais se desta-
determinante para ocorrência de enchentes em centros ur- dos do planeta”. Além disso, destaca-se a grande geração de mento da gestão de resíduos no empreendimento Faces cam: adoção de medidores de água individualizados; uso de
banos ou criando áreas de proliferação de vetores de doen- resíduos dessa atividade; segundo Eu (apud John, 2000), “de Sion. O desenvolvimento do projeto em si contemplou a reu- descargas econômicas; uso de Madeira Certificada e de pro-
ças, assunto prioritário da saúde pública. maneira geral, o volume de RCD (resíduos de construção e nião e organização de dados que mensalmente eram conso- cedência reconhecida; plantio de árvores em áreas públicas;
A adequada gestão de resíduos da construção evidencia a demolição) gerado nas cidades é equivalente, ou superior, lidados e apresentados à equipe da obra, visando a melhoria adoção de áreas de preservação permanente (APP’s).
priorização da não geração de resíduos, seguido, por ordem ao dos resíduos sólidos municipais”. contínua do processo. Dessa forma, criou-se um banco de
de importância, pela diminuição da geração, separação por É ainda mais alarmante a situação das construções brasi- dados referencial para a produção desse artigo. 4.2. Empreendimento Faces Sion
tipos de resíduos, reutilização, reciclagem e disposição final leiras, uma vez que, segundo Monteiro (2001), “enquanto Dentre esses dados, além das informações de geração e desti-
correta. Todos esses aspectos geram - se bem gerenciados - em países desenvolvidos a média de resíduos proveniente nação final, também serão apresentados o resultado da pesqui- O “Condomínio Residencial Faces Sion” está localizado no
economias surpreendentes em materiais, transportes e dispo- de novas edificações se encontra abaixo de 100 kg/m², no sa de satisfação realizada ao final do projeto com profissionais Bairro Sion, em Belo Horizonte/MG. Situado no sopé da Ser-
sição final. Porém esse gerenciamento, como todo processo, Brasil esse índice gira em torno de 300 kg/m² edificados”. estratégicos que atuaram na construção do empreendimento ra do Curral (Área de Proteção Ambiental - APA) e vizinho ao
pode ser incrementado durante a construção e pós constru- Neste aspecto, Barreto (2005) afirma que a “indústria da (engenheiro, gestor de resíduos e mestre de obras). Parque Municipal Mata das Borboletas (ambas unidades de
ção (em outro empreendimento). Para isso há que se dedicar construção civil como geradora de resíduos, tem um papel Associado aos dados coletados nos arquivos do projeto, a conservação), teve desde o início de sua concepção a preo-
ao gerenciamento de resíduos não só através do desenvolvi- relevante na construção do futuro, disseminando a cultura equipe realizou pesquisa bibliográfica, visando produzir uma cupação com o meio ambiente e a gestão dos resíduos ge-
mento de projeto de gerenciamento de RCC cuja criação é exi- da responsabilidade com a preservação do meio ambiente”. fundamentação teórica, da qual se destaca a base legal dire- rados.
gida dos empreendimentos considerados grandes geradores Considerando que segundo Brasil (2010), os resíduos da tamente relacionada à gestão de resíduos. O empreendimento com área construída de 21.338,72 m2
segundo as resoluções e leis, mas também com acompanha- construção civil são aqueles gerados nas “construções, re- é composto por 2 torres de 16 andares cada, totalizando 124
mento, revisões, medições, indicadores e metas. formas, reparos e demolições de obras de construção civil, 4. ESTUDO DE CASO apartamentos. Esses são distribuídos entre unidades de 3 e
Neste aspecto, o artigo aqui apresentado tem como obje- incluídos os resultantes da preparação e escavação de ter- 4 quartos, todas com suíte, e áreas privativas de 86,39 m2 e
tivo específico apresentar os resultados do estudo de caso renos para obras civis”, nota-se que há grande variabilidade 4.1. MRV Engenharia e Participações S.A. 99,96 m2, respectivamente. Além disso, o empreendimen-
vivenciado no projeto de gestão de resíduos implantado no tanto de fonte de geração quanto de tipologia desses resídu- to também conta com área de lazer comum ao condomínio,
empreendimento Faces Sion - da construtora MRV Engenha- os. Dessa forma, visando compartilhar as responsabilidades, A MRV Engenharia é a maior plataforma de imóveis eco- onde foram instalados: salão de festas, playground, fitness
ria e Participações S.A. – localizado em Belo Horizonte/MG; o poder público brasileiro com a publicação da Resolução nômicos do Brasil, com presença em mais de 100 cidades center, espaço gourmet, garage band, quadra de squash, es-
bem como embasar novas propostas de gerenciamento de CONAMA no 307/02 definiu legalmente que todo e qualquer brasileiras e produção de 37.500 unidades em 2011. A em- paço kids, gazebo, piscina adulto e infantil, 4 níveis de ga-
resíduos em canteiros de obras civis da empresa e apresen- gerador (de grande ou pequeno porte) deve ser responsável presa tem como missão reduzir o déficit habitacional, ofe- ragem, jardins com as plantas especificadas pela Secretaria
tar a metodologia de gestão de resíduos aplicada no empre- pelo gerenciamento dos resíduos por ele gerados. recendo imóveis com a melhor relação custo benefício do Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte (SMMA), e
endimento em questão. Neste aspecto, segundo CONAMA (2002), gerenciamento mercado, conforto ambiental no entorno dos seus empre- uma guarita central.
de resíduos “é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar endimentos, e das comunidades onde atua, contribuindo
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabili- para a preservação do meio ambiente. Ao longo de seus 32 4.3. O modelo de Gestão de Resíduos empregado
dades, práticas, procedimentos e recursos” para desenvol- anos de existência, a MRV sempre esteve sintonizada com o no “Faces Sion”
Segundo a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desen- ver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das mercado e com as melhores práticas construtivas, sociais e
Ribeiro; Gomes; Dell’ISOLA; DA FONSECA CONEXÃO ACADEMIA
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4.3.1. Apresentação Geral A metodologia de gestão de resíduos concebida pela Am- relatórios apresentavam tanto os dados qualitativos quanto maior geração na construção do Faces Sion, totalizando
biência e aplicada no empreendimento Faces Sion está em- quantitativos, para os quais utilizou-se de conceitos básicos 1.860 m3 (considerando entulho limpo e entulho contami-
A gestão de resíduos empregada no empreendimento Faces basada em dois princípios básicos. Primeiramente, o “tripé de gestão de negócios para demonstrar a viabilidade do sis- nado (até 10% de contaminantes). Deve-se destacar que
Sion foi considerada piloto para a MRV Engenharia, uma vez da sustentabilidade” e o conceito dos 3 R´s, princípio básico tema de gestão de resíduos empregado no empreendimento. todo esse montante seria aceito pelas ERE´s da PBH, caso
que até então não havia sido aplicado nenhum processo com- de qualquer gestão de resíduos. Esses relatórios, além de apresentados pessoalmente eram essas não possuíssem limites para recebimento;
pleto, como o proposto pela Ambiência Soluções Sustentáveis. A metodologia de trabalho em si consistiu em 3 etapas: enviados via e-mail e disponibilizado em ambiente virtual com
Com isso, a empresa foi contratada para atuar no empre- Projeto, Implantação e Acompanhamento. Primeiramente foi controle de acesso (hospedado no site da Ambiência). Madeira - Segundo resíduo mais gerado, com total de 526,4
endimento em questão com a gestão de resíduos, aplican- elaborado o PGRCC, no qual foram definidos todos os procedi- m3 destinados, sendo em sua totalidade reciclado energetica-
do sua metodologia própria de trabalho. Elegeu-se o “Faces mentos que seriam empregados na gestão de resíduos do em- 4.4. Reutilização de Resíduos mente como biomassa. Deve-se destacar, ainda, que 69% do
Sion” por esse possuir uma equipe gerencial com interesse preendimento em questão. Neste sentido, buscou-se traba- total foi coletado por uma única empresa, através de contêi-
na implementação do projeto e pela obra apresentar diver- lhar em um processo participativo com a equipe gerencial do Diversas reutilizações foram procedidas com resíduos no neres (com volume unitário de 35m3), o que permitiu a retira-
sos desafios, dentre eles a dificuldade de retirada de resídu- empreendimento, determinando-se conceitos e práticas exe- canteiro de obras, como a reaplicação de fôrmas de madeira, da de grande volume em cada coleta;
os gerados, visto a deficiência de acessibilidade ao empre- quíveis e em consonância com a realidade em vivência. Nes- nivelamento de piso com “entulho para agregado” e a reutili-
endimento (terreno acidentado). Paralelamente à execução ta etapa, destaque-se a criação de instalações de apoio com zação de EPI’s, após a adequada higienização e recuperação. Metal - Foram coletados 4,2 toneladas de resíduo metáli-
da gestão de resíduos no empreendimento citado, iniciou-se volume compatível com a geração dos resíduos da obra e com Em se tratando da madeira, optou-se por não implantar co ao longo da etapa de acompanhamento, o que representa
também o trabalho em outras três obras: Village Royale, Ter- a viabilidade de acesso para coleta pelas empresas parceiras. processo de registro de reutilização desse material, por en- cerca de 38,4 m3. Foi enviado, em sua totalidade, para a reci-
razzo Sion e Siena Condomínio Resort. As instalações de apoio têm por objetivo armazenar tender que esse procedimento seria altamente dispendioso. clagem, sendo 83% coletado por uma única empresa;
segregadamente os resíduos gerados na obra, priori- Porém, diversas vezes foram verificadas reutilizações do resí-
4.3.2. Equipe de Gestão de Resíduos zando a organização do canteiro e permitindo a coleta duo, o que foi potencializado com a criação de um local exclu- Outros recicláveis - Foram considerados nessa tipologia os
e destinação adequadas desses. São consideradas ins- sivo ao armazenamento do material segregado. resíduos de papel/papelão e plástico, os quais totalizaram
A equipe diretamente envolvida na gestão de resíduos talações de apoio: baias, lixeiras/tambores, e caçambas O “entulho para agregado” foi empregado para nivelamento 218 m3. Também foram enviados para reciclagem, sendo que
do empreendimento Faces Sion teve a seguinte formação: identificadas, empregadas de acordo com o tipo e volu- de piso, totalizando 86,1 m3 de material utilizado, não sendo 19m3 foram coletados via carrinho de coleta seletiva (por ca-
Ambiência Soluções Sustentáveis, um gestor de resíduos, me do resíduo. necessário o uso de nenhum equipamento específico, uma tador de material reciclável);
um funcionário operacional exclusivo da GRCC, e a equipe Na segunda etapa (Implantação) foram realizadas as ações vez que o resíduo teve seu tamanho reduzido empregando-se
de limpeza. Contou-se, ainda, com o apoio dos encarregados que objetivavam a preparação do canteiro de obras tanto fi- dos próprios equipamentos já existentes na obra. Gesso - O resíduo de gesso adequadamente segregado to-
e mestre de obras, e do engenheiro e supervisor de obras sicamente quanto culturalmente para receber os conceitos Quanto aos EPI´s em condições de uso recolhidos dos fun- talizou 65m3, sendo que somente 46m3 foram enviados para
(responsáveis pelo empreendimento). definidos na primeira etapa (projeto). Com isso, foram im- cionários, esses foram enviados à empresa especializada em a indústria de cimento, onde foi reciclado. O volume restante
A Ambiência como coordenadora externa do processo plantadas as instalações de apoio, realizada a limpeza e or- higienização e recuperação. Foram realizadas duas coletas, as foi enviado ao aterro sanitário devido a alterações na empresa
foi responsável, dentre outras atividades, por: elaborar o ganização do canteiro de obras, implantada a comunicação quais totalizaram 338 itens processados, em sua maioria ca- de transporte do material;
PGRCC; realizar as atividades de capacitação e sensibilização; visual diretamente relacionada à gestão de resíduos e reali- pacetes e botas.
orientar tecnicamente à equipe do empreendimento quan- zadas atividades de capacitação e sensibilização para todo e Sacaria Contaminada - Nesta categoria inserem-se os sacos
to a aplicação dos procedimentos a serem realizados; e ge- qualquer colaborador diretamente envolvido. 4.5. Resíduos Destinados de cimento, argamassa e gesso, que ao longo do processo to-
renciar contato com as empresas coletoras dos resíduos. No A capacitação e sensibilização são atividades fundamen- talizaram 63m3 coletados via caçamba estacionária e envia-
desenvolvimento dessas atividades atuaram: um engenheiro tais para o sucesso do projeto, e foram realizadas empregan- Durante a etapa de acompanhamento realizou-se o registro dos para aterro sanitário, uma vez que não há na região de
ambiental, um “capacitador”, um técnico em meio ambiente do-se jogos empresariais e dinâmicas de grupos, técnicas de todos os resíduos retirados da obra. Essa ação permitiu que Belo Horizonte alternativa de reciclagem em escala industrial;
e um estagiário em engenharia ambiental. inovadoras e diferenciadas para a construção civil. As ativi- fosse analisado periodicamente o volume gerado de cada tipo
O gestor de resíduos - função exercida por um funcionário da dades foram divididas de acordo com o público alvo, sendo de resíduo e o custo referente à retirada do material do em- Tipo domiciliar – O resíduo gerado pelos colaboradores
MRV Engenharia (técnico em edificações) - era responsável por que participaram cerca de 180 pessoas. preendimento. Neste sentido, deve-se reforçar que como a atuantes na obra, após a implantação do PGRCC, passou a
acompanhar rotineiramente a equipe operacional do processo A terceira etapa (Acompanhamento) teve início ao final da eta- gestão de resíduos foi implantada com a construção do empre- ser recolhido pela coleta pública, uma vez que estava devida-
construtivo, remetendo à Ambiência as principais ocorrências. pa anterior (Implantação) e conclusão juntamente com o término endimento em andamento, os dados aqui apresentados não mente segregado, não apresentando resíduos da obra em seu
O cargo de “funcionário exclusivo da GRCC” tinha a respon- do empreendimento. As atividades principais desta etapa consis- representam a totalidade de resíduos gerados durante toda conteúdo;
sabilidade de manter organizada a área da central de resíduos, tiram em: visitas semanais da equipe de coordenação (Ambiên- a construção, sendo somente referentes aos resíduos desti-
e, algumas vezes, colaborar com o transporte dos resíduos das cia) ao canteiro; contato direto e constante com a equipe da obra; nados durante a etapa de acompanhamento (de 18/11/10 à Mix de Resíduos – São considerados como Mix de Resídu-
baias até o equipamento de transporte externo. Contou-se, relacionamento com a rede de empresas parceiras na coleta de 31/10/11). A seguir, apresenta-se a análise de cada tipo resí- os, todos os resíduos sem segregação adequada. No empre-
ainda, com o apoio da equipe de limpeza, já alocada para o resíduos; e apresentação mensal de resultados à equipe da obra. duo gerado e destinado durante a etapa de acompanhamento endimento Faces Sion esses resíduos foram, em sua totali-
empreendimento, que colaborou com a limpeza e organiza- Cita-se que na etapa de acompanhamento estava previsto da gestão de resíduos no empreendimento Faces Sion: dade, recolhidos via caçambas estacionárias e destinados ao
ção das áreas e com o transporte interno dos resíduos. a realização mensal de atividade de sensibilização aos novos aterro sanitário.
O engenheiro responsável pelo empreendimento tinha operários do empreendimento. Ao longo dos 11,5 meses de “Entulho para Agregado” - Esse foi o tipo de resíduo com
como responsabilidade supervisionar as atividades e parti- acompanhamento não foi possível atender ao planejando,
cipar da apresentação de resultados mensal. Por sua vez, o sendo realizadas somente 02 atividades.
supervisor de obras também acompanhou o processo, anali- Mensalmente foi apresentado pela equipe da Ambiência,
sando todos os resultados gerados, seja por ocasião da apre- à equipe da obra, relatório de resultado do período, visando
sentação ou por contato eletrônico. nivelar as informações junto à coordenação do empreendi-
mento, tornando mais fácil e eficiente a aplicação de soluções
4.3.3. Metodologia empregada (etapas do processo) aos problemas identificados e a realização de melhorias. Os
Gráfico 1 - Destinação de Resíduos – Por Mês e Volume (m3)
Fonte: Ambiência Soluções Sustentáveis
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Na sequência exibe-se o Gráfico 2, que apresenta os resíduos destinados em toda a etapa de acompanhamento classifica- 4.6. Resultados Alcançados transporte possibilitou a melhoria da destinação final, o que
dos por tipologia (em volume): é representado pela baixa parcela enviada à aterro sanitário
4.6.1. Resultados Gerais (10%) e a considerável porção enviada à reciclagem (33%),
como apresentado no item 4.5 - Resíduos Destinados, melho-
Analisando todo o processo, desde sua concepção até a rando assim o desempenho ambiental do empreendimento.
conclusão da obra, pode-se dizer que a inserção da gestão Como consequência aos ótimos resultados apresentados
de resíduos no empreendimento Faces Sion gerou diversos no desenvolvimento do projeto no Faces Sion, diversas fo-
resultados que merecem ser destacados. ram as oportunidades nas quais se apresentou o estudo de
Primeiramente, o projeto propiciou que o tema “Gestão caso do empreendimento. Até a presente data foram reali-
de Resíduos” fosse inserido na MRV Engenharia de forma zadas seis palestras técnicas em renomadas instituições em
ampla e bem estruturada, demonstrando à equipe da cons- Belo Horizonte, a citar: UFMG (Universidade Federal de Mi-
trutora que, se bem planejado e executado, o gerenciamen- nas Gerais), Universidade FUMEC, Centro Universitário UNA,
to de resíduos em canteiros de obras pode trazer resultados INAP (Instituto de Arte e Projeto) e CMRR (Centro Mineiro de
interessantes. Nesses resultados, também está incluída a re- Referência em Resíduos) – Programa da Secretaria de Estado
dução de custos, contrariando o velho paradigma que afirma de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD)
que a gestão de resíduos traz somente gastos. e da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM); e ainda
Gráfico 2 - Resíduos destinados - Por tipologia em volume (m3)
Este projeto piloto - e devido aos bons resultados apresen- uma palestra realizada na 4ª Conferência “Projetos de Cons-
Fonte: Ambiência Soluções Sustentáveis
tados - fez com que a MRV ampliasse o numero de obras em trução para Baixa Renda”, ocorrida em São Paulo. Além das
Como demonstrado no Gráfico 2 acima, do total de que a gestão de resíduos no empreendimento Faces Sion que foram adotados o sistema de gestão dos resíduos, sendo palestras o estudo de caso também foi foco de matéria na
2.955,80 m³ de resíduos coletados durante o período de apresentou um IS de 75,81%. estes preferencialmente implantados no inicio da instalação Revista MRV nº 9 (Abr/Mai/2011), bem como no portal in-
acompanhamento da GRCC, destaca-se os cerca de 63% de O gráfico a seguir demonstra que foi possível explorar al- do empreendimento, reforçando assim, a cultura da susten- tranet da empresa.
entulho limpo e contaminado (até 10% de contaminação) e ternativas de equipamentos transportadores para coleta de tabilidade adotada pela empresa.
18% de madeira. resíduos, os quais possibilitam a redução de custo e a melho- O envolvimento da equipe gerencial do empreendimento 4.6.2. Resultado Econômico
Considerando como índice de segregação (IS) a parcela ria da destinação, uma vez que estão relacionados à empre- foi fundamental para que se os resultados fossem alcançados.
de resíduos destinados adequadamente separados por tipo, sas que tem como foco o uso do resíduo coletado, diferente Desde o início, todos os profissionais (supervisor, engenheiro, Para cálculo do resultado econômico do PGRCC Faces Sion,
e analisando o gráfico acima apresentado, pode-se afirmar das empresas que atuam somente com o transporte. mestre de obras, encarregados, técnicos e estagiários) se mos- considerou-se como panorama inicial a obra sem gestão de
traram interessados e dispostos a realizar as atividades dentro resíduos, onde todos os resíduos seriam retirados sem se-
do planejado, visando a melhoria das questões relacionadas à gregação e via caçamba estacionária. Com a implantação
gestão de resíduos no canteiro de obras. da gestão de resíduos, criou-se então o segundo panorama
Com a participação da consultoria externa da Ambiência, (real), no qual há segregação dos resíduos e exploração de
como coordenadora do gerenciamento, a equipe da obra alternativas para o transporte e destinação dos mesmos.
pode reduzir seu esforço em ações relacionadas aos resíduos Utilizando-se de dois panoramas (inicial e real), compara-se
- sobretudo organização do canteiro e retirada dos materiais o custo que se teria para retirada de um determinado volu-
- o que permitiu que a atenção fosse focada na produtivida- me de resíduo via caçamba estacionária (condição inicial) e
de do empreendimento. o custo real que se teve (condição real).
O controle e registro da retirada dos materiais permitiu Somada a economia (ou prejuízo) com o transporte e des-
que fossem gerados dados detalhados da geração de resídu- tinação final dos resíduos à economia gerada pela reutiliza-
Gráfico 3 - Equipamentos de Transporte Empregados os no empreendimento. Esses dados possibilitam a análise ção de resíduos, e subtraindo-se os gastos extras que se teve
Fonte: Ambiência Soluções Sustentáveis comparativa com outros empreendimentos e facilitará pla- com a implantação da gestão de resíduos (basicamente con-
nejamentos futuros, embasando a decisão da equipe geren- sultoria externa e comunicação visual), obtêm-se o resultado
Abaixo, apresenta-se o Gráfico 4 que demonstra a destinação final dos resíduos gerados no empreendimento Faces Sion, cial da construtora. financeiro da gestão de resíduos do empreendimento.
por tipo de destinação em volume. Em se tratando de aspectos operacionais diretos, pode- Considerando essa metodologia de cálculo, a principal
-se dizer que o canteiro de obras teve uma considerável economia proporcionada com a GRCC no Faces Sion se deu
melhoria em sua organização e limpeza – condição notada com a criação de alternativa ao modelo usual adotado para
e comentada por diversos envolvidos ao longo do processo retirada de resíduos via caçamba estacionária por empresa
– o que consequentemente gerou melhoria no ambiente de de locação de máquinas e equipamentos.
trabalho. A madeira foi o resíduo responsável pela maior economia
A inserção da segregação dos resíduos na fonte de geração, gerada (R$ 16.101,11), dispensando a contratação de mais de
seguida de armazenamento final adequadamente separado, 105 caçambas estacionárias, uma vez que o recolhimento des-
possibilitou que as coletas priorizassem empresas que apre- se resíduo foi realizado gratuitamente (ou por baixo custo).
sentam interesse comercial no material, e não somente atu- O resíduo de metal foi responsável por uma economia de R$
am como transportadora de resíduos. Assim, possibilitou-se a 1.342,04 com dispensa de contratação de mais de 7 caçambas
ampliação das alternativas de coleta, o que gerou considerá- estacionárias, e ainda gerou uma receita de R$480,90 com a
Gráfico 4 – Destinação final dos resíduos vel redução de custo. comercialização do material. Os resíduos classificados como
Fonte: Ambiência Soluções Sustentáveis Além da redução de custo, a ampliação das alternativas de “outros recicláveis” (papel/papelão e plástico) geraram uma
Ribeiro; Gomes; Dell’ISOLA; DA FONSECA CONEXÃO ACADEMIA
58 Gestão de Resíduos da Construção Civil:
Estudo de caso de Empreendimento...
A Revista Científica sobre Resíduos Sólidos
Dezembro 2012 - Ano II - Volume 3 59

economia de R$ 7.618,87 com a dispensa de contratação de a reutilização de entulho e o restante com a higienização e forma minuciosa na 1ª etapa (projeto) e seu desempenho so em 21/02/2012.
caçambas estacionárias e, ainda, receita de venda do material higienização/recuperação de EPI’s. acompanhado ao longo do processo, de forma geral foi no- CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA.
de R$ 15,60 com uma das coletas realizadas. A seguir, apresenta-se a Tabela 1 que demonstra o resul- tado que essas instituições ainda não apresentam o profissio- 2004. Resolução CONAMA no 348. Disponível em:< http://
A reutilização de resíduos na obra gerou uma economia de tado financeiro de cada período da gestão de resíduos no nalismo desejado pelas construtoras, sobretudo, em se tra- www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=449>
R$ 22.162,00, sendo que 91,5% dessa economia se deu com empreendimento. tando do compromisso com o atendimento. Neste sentido, o Acesso em 21/02/2012.
trabalho conjunto em forma de parceria é fundamental para o CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA.
desenvolvimento desses fornecedores, condição que buscou- 2011. Resolução CONAMA no 431. Disponível em:< http://
-se aplicar no empreendimento Faces Sion, gerando ao final a www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=649>
manutenção das empresas e redução dos desentendimentos. Acesso em 21/02/2012.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 2012. Resolução CONAMA no 448. Disponível em:< www.
in.gov.br> Acesso em 21/02/2012.
O artigo em questão apresentou a metodologia empregada, JOHN, V. M. Reciclagem de resíduos na construção civil:
detalhes das etapas do processo, dificuldades apresentadas e Contribuição para metodologia de pesquisa e desenvolvi-
resultados alcançados no estudo de caso vivenciado no proje- mento. São Paulo, 2000. 113p. Tese (Livre Docência) – Escola
to de gestão de resíduos implantado do canteiro de obras do Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de
empreendimento Faces Sion, alcançando assim seus objetivos. Engenharia de Construção Civil. Disponível em:<www.reci-
Quanto a sugestões para novos projetos de gestão de resí- clagem.pcc.usp.br > Acesso em 21/02/2012.
duos cita-se a importância de iniciar as discussões de geren- PEREIRA, B. A. D. ; WOTTRICH, Vanessa H. ; Dalmoro, Mar-
ciamento de resíduos já na etapa de planejamento do empre- lon ; VENTURINI, Jonas Cardona . A Comunicação da Res-
Tabela 1 - Resultado Financeiro
endimento, visando atuar fortemente no aspecto “redução” ponsabilidade Social Empresarial (RSE) na Suécia, Tailândia
Fonte: Ambiência Soluções Sustentáveis
da geração. Em se tratando de novas pesquisas na área é de e Brasil: uma abordagem comparativa em Empresas da
suma importância o desenvolvimento e aplicação de índices Construção Civil. Organizações & Sociedade . 2010. Disponí-
de perdas relacionados às etapas do processo construtivo. vel em: <www.revistaoes.ufba.br/viewarticle.php?id=935>
Analisando a tabela acima verifica-se que a economia to- A implantação da gestão de resíduos na obra em anda- Em se tratando das limitações do artigo pode-se citar Acesso em 21/02/2012.
tal gerada (R$ 47.494,04) é praticamente o dobro do gasto mento, pode ser considerada como um aspecto complicador, como mais relevante o fato de que os dados apresentados PBH (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte). Estações de
extra com consultoria e outros (R$ 23.800,00), gerando um uma vez que na etapa de implantação havia no canteiro de não representarem 100% dos resíduos gerados no empreen- Reciclagem de Entulho. Disponível em: < http://portalpbh.
saldo total acumulado de R$ 23.694,04, o que demonstra, na obras muito acúmulo de mix de resíduos, que demoraram dimento, uma vez que, como citado, o projeto de gestão de pbh.gov.br> Acesso em 26/02/2012.
prática, que a gestão de resíduos traz resultados financeiros a ser eliminados. Cita-se também a inserção de um novo resíduos não foi implantado desde o início das obras. MONTEIRO, José Henrique Penido (coord) et al. Manual
positivos. conceito em um local que já apresentava uma cultura deter- de gerenciamento integrado de resíduos sólidos. 2001. Rio
minada, com inexistência da gestão de resíduos. Entretanto, 6. REFERÊNCIAS de Janeiro: IBAM. 200p. Disponível em: < http://www.resol.
4.7. Principais Fatores Limitantes / Dificuldades por mais que esses fatores são considerados como barreiras com.br/cartilha4/manual.pdf> Acesso em 21/02/2012.
ao processo, esses não inviabilizaram o alcance de resulta- AMBIÊNCIAS SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS. Disponível em: MRV ENGENHARIA E PARTICIPAÇÕES S.A. Disponível em:
Como em qualquer processo, o sistema de gestão de resíduos dos satisfatórios, sobretudo pelo fato de existir envolvimen- http://www.ambiencia.org. Acesso em 26/02/2012. <http://www.mrv.com.br/>. Acesso em 26/02/2012.
aplicado no empreendimento Faces Sion também apresentou to da equipe gerencial do empreendimento. ARAÚJO, Geraldino Carneiro de ; BUENO, M. P. ; SOUSA,
alguns fatores limitantes e dificuldades que devem ser citados a Deve-se mencionar, ainda, que os métodos de capacitação A. A. ; MENDONCA, P. S. M. . Sustentabilidade empresa-
fim de nortear projetos futuros. Neste aspecto, primeiramente e sensibilização empregados mostraram-se muito eficientes rial: conceitos e indicadores. 2006. Disponível em:< http://
deve-se citar algumas características do canteiro de obras do no que tange o envolvimento da equipe da obra em prol da www.convibra.com.br/2006/artigos/61_pdf.pdf> Acesso em
empreendimento, que, a primeira vista, apresentavam-se como gestão de resíduos. Com isso, a realização de turmas de sen- 21/02/2012.
impedimento à implantação da gestão de resíduos. Alta declivi- sibilização aos novos funcionários, não realizada com rigor BARRETO, Ismeralda Maria Castelo Branco do Nascimento.
dade do terreno, aliada a dificuldade de acesso com máquinas após a implantação, poderia ter aumentado ainda mais a par- Gestão de resíduos na construção civil. Aracaju: SENAI/SE;
e equipamentos e a quase inexistência de áreas para armazena- ticipação dos operários, sobretudo nos meses finais de obra. SENAI/DN; COMPETIR; SEBRAE/SE; SINDUSCON/SE, 2005.
mento dos resíduos em locais não edificados. Entretanto, por diversos motivos, muitos relacionados à pro- Disponível em: < http://www.cepam.sp.gov.br> Acesso em
Em se tratando da dificuldade de acesso ao canteiro de dutividade, não foi possível a realização de turmas mensais de 21/02/2012.
obras, esse fator foi mitigado com a liberação da rampa de sensibilização a esses operários, como planejado no projeto. BRASIL, 2010. Lei 12.305/2010 – Institui a Política Na-
acesso à garagem poucos dias antes da conclusão do PGRCC, O envolvimento com o setor de suprimentos da construto- cional de Resíduos Sólidos. Presidência da República,
o que permitiu que os resíduos fossem encaminhados até os ra não ocorreu como desejado, uma vez que esse não par- Brasília. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
caminhões de coleta – estacionados na rua - através do car- ticipou ativamente do processo. Caso isso tivesse ocorrido, 010/2010/lei/l12305.htm> Acesso em 21/02/2012.
regamento manual ou empregando-se de minicarregadeira. gerar-se-ia maiores avanços, com destaque para a escolha CMMAD – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e De-
Quanto à falta de espaço em áreas não edificadas para cons- de fornecedores de produtos e serviços. senvolvimento. Nosso Futuro Comum. 2ª ed. Tradução de
trução das instalações de apoio para armazenamento tempo- Quanto aos fornecedores, é importante citar que ao prio- Our common future. Rio de Janeiro : Editora da Fundação
rário dos resíduos, a questão - a princípio limitante do proces- rizar a ampliação das alternativas de coleta, como já citado, Getúlio Vargas, 1991.
so - não foi um problema, uma vez que essas estruturas foram buscou-se empresas que apresentavam interesse comercial CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA.
construídas na área da garagem (1º subsolo) e mantidas até os nos resíduos segregados gerados pela obra. Entretanto, por 2002. Resolução CONAMA no 307. Disponível em:< www.
últimos momentos da construção do empreendimento. mais que a escolha dessas empresas tenha sido realizada de mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=307> Aces-

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