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(Organizador)
TERRA
Políticas Públicas e Cidadania
2019
© Giovanni Seabra (Org.), 2019.
Coordenação de Editoração: Laciene Karoline Santos de França
Arte Gráfica e Editoração: Claudia Neu, Laciene Karoline Santos de França, Laysa Borba e Silva e
Loester Figueirôa de França Filho.
Arte da capa: Claudia Neu
Contatos:
www.aconferenciadaterra.com
ambiental.gs@gmail.com
Editora: Barlavento
Prefixo editorial: 68066
Braço editorial da Sociedade Cultural e Religiosa Ilé Asé Tobi Babá Olorigbin.
CNPJ: 19.614.993.0001/10
Caixa postal nº 9. CEP 38.300-970, Rua das Orquídeas, 399, Residencial Cidade Jardim, Ituiutaba,
MG.
Conselho Editorial:
Mical de Melo Marcelino (Editor-chefe)
Anderson Pereira Potuguez (Editor da Obra)
Antônio de Oliveira Junior
Claudia Neu
Giovanni de Farias Seabra
Hélio Carlos Miranda de Oliveira
Leonor Franco de Araújo
Maria Izabel de Carvalho Pereira
Jean Carlos Vieira Santos
ISBN: 978-85-68066-81-2
Giovanni Seabra
Sumário
RIO DO SAL: DA MONTANTE À JUSANTE MEU CORAÇÃO BATE POR TI ................ 1464
Jôingrid da SILVA
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – UEPB/UFCG
biojoingrid@gmail.com
RESUMO
As questões sobre o tratamento adequado aos resíduos sólidos integram um dos temas que
ascenderam à agenda contemporânea de debates sobre o desenvolvimento sustentável. No entanto,
apesar dos recentes avanços com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e dos recursos
investidos no setor de resíduos, se sabe que aproximadamente 50% dos municípios brasileiros ainda
destinam os resíduos em vazadouros a céu aberto, e a coleta seletiva executada por organizações de
catadores ainda não foi integrada ao sistema de limpeza urbana. Nesse contexto, este estudo tem
como objetivo identificar os desafios das condições de trabalho dos catadores de materiais
recicláveis das cidades de João Pessoa e de Campina Grande. Para isso, se fez necessário uma
revisão literária que reportasse os avanços e desafios que essas organizações de catadores enfrentam
para se concretizarem como instituições auto-sustentáveis. Como método complementar foi
utilizado a pesquisa documental, sendo esse, um método importante para acessar os dados
secundários, quantitativos e documentais. Os resultados dessa pesquisa mostraram as dificuldades
que a gestão pública estadual tem em implementar a coleta sustentável dos resíduos sólidos. Nesse
sentido, o lixo além de afetar diretamente o meio ambiente, trás grandes danos aos catadores de
matérias recicláveis, uma vez que, a classe continua subordinada a exercer as suas funções em
condições impróprias e com pouca cobertura dos direitos trabalhistas.
Palavras-chave: Catadores de Materiais Recicláveis, Política Nacional de Resíduos Sólidos, Gestão
Intersetorial.
ABSTRACT
The questions on the appropriate treatment of solid waste are one of the topics that have risen to the
contemporary agenda of debates on sustainable development. However, despite the recent advances
in the National Solid Waste Policy (PNRS) and the resources invested in the waste sector, it is
known that approximately 50% of Brazilian municipalities still use dump groun, and the selective
collection carried out by scavenger organizations has not yet been integrated into the urban cleaning
system. In this context, this study aims to identify the challenges of the working conditions of
recyclable waste pickers in the cities of João Pessoa and Campina Grande. To do so, a literary
review was necessary to report the advances and challenges that these collectors' organizations face
in order to effect as self-sustaining institutions. As a complementary method, documentary research
was used, which is an important method to access secondary, quantitative and documentary data.
The results of this research showed the difficulties that the state public management has in
implementing the sustainable collection of solid waste. In this sense, garbage, besides directly
affecting the environment, causes greats damage to recyclable material collectors, since the class
remains subordinate to perform its functions in improper conditions and with little coverage of labor
rights.
Keywords: Recyclable Material Collectors, National Solid Waste Policy, Intersectoral Management.
Esse estudo foi dado a partir do método dedutivo, onde a tipologia será a bibliografia; os
resultados serão expostos a partir de materiais já publicados e pesquisas documentais (DUARTE et
al., 2009). A pesquisa tem caráter qualitativo, onde será possível examinar um problema complexo,
e suas diversas nuances interpretativas. Inicialmente, as atividades desenvolvidas foram
direcionadas para o levantamento bibliográfico dos temas relacionados aos resíduos sólidos; a
administração pública municipal, na criação e no desenvolvimento das cooperativas e associações
de catadores de materiais de recicláveis das cidades analisadas; a evolução da coleta seletiva na
Paraíba; e as ferramentas utilizadas para analisar a auto-gestão de organizações de catadores no
Brasil e na Paraíba.
O levantamento bibliográfico foi realizado a partir da plataforma Portal Periódicos Capes.
Essa ferramenta disponibiliza artigos, teses e dissertações conceituados em âmbito nacional e
internacional (CAPES, 2018). A pesquisa documental foi realizada por documentos
disponibilizados em meios eletrônicos, especificamente em bases como o Sistema Nacional de
Informações sobre Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR), a Rota da Reciclagem, e as prefeituras
municipais de João Pessoa e de Campina Grande.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O trabalho grupal de catadores nas cidades de João Pessoa e Campina Grande foi iniciado
logo depois da formação dos aterros sanitários em cada uma das regiões. Os catadores que
trabalhavam nas associações vinculadas aos aterros sanitários eram os mesmos catadores que
anteriormente garimpavam nos lixões (MAIA et al., 2015). Nesse sentido, surgiu em João Pessoa a
Astramares, no ano 2003, e em Campina Grande a Contramare, em 2004.
O aterro sanitário de João Pessoa foi criado para substituir o antigo "lixão do Róger", que
funcionou durante quatro décadas e, que pelo fato de não proporcionar um tratamento adequado do
lixo, atualmente, apesar de desativado, representa um risco a saúde em decorrência do vazamento
do chorume para o solo, e consequente contaminação do lençol freático (SOARES, 2014). O aterro
atende a demanda do lixo gerado pelas cidades de João Pessoa, Bayeux, Cabedelo, Conde, Pitimbu
e Santa Rita, e se destaca por utilizar um sistema de tratamento do lixo moderno e por ter uma
extensa área, na qual prolonga o período de vida útil do aterro (JOÃO PESSOA, 2018).
O município de Campina Grande-PB não dispunha de aterro sanitário até o ano de 2012,
assim os resíduos sólidos eram dispostos a céu aberto no “Lixão do Mutirão”. O “Lixão do
Mutirão” além de causar impactos adversos ao meio ambiente era um perigo eminente à aviação
campinense, por atrair grande número de urubus que poderiam causar acidente nas proximidades do
aeroporto João Suassuna (SESUMA, 2018). Com a inativação do “Lixão do Mutirão”, os resíduos
eram encaminhados ao aterro sanitário de Puxinanã. Entretanto, em 06 de julho de 2015, o
respectivo aterro teve seu fechamento determinado judicialmente, por ser detectada uma série de
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECKER, B. K.; BUARQUE, C.; SACHS,I. BURSTYN, M.; VIANNA, J. N.; DUARTE, L.;
WERMANN, F. S. M. Dilemas e Desafios do Desenvolvimento Sustentável no Brasil. Rio de
Janeiro: Editora Garamond, P. 192, 2007.
JACINTO, A.C.; ZOGAHIB, A. L. N. Política pública de resíduos sólidos: uma analise da lei nº
12.305/201 que institui a política nacional de resíduos sólidos – PNRS, por meio dos serviços
executados pela secretaria municipal de limpeza pública – Semulsp no Município de Manaus
/AM. Revista de Administração de Roraima-UFRR, v. 6, p.520- 510, 2016.
RESUMO
O consumo é um fenômeno da modernidade. Ele tem causado conflitos e contradições porque afeta
o comportamento e as atitudes humanas. Acreditando que a educação, em especial a educação
ambiental, pode ajudar na análise deste fenômeno para jovens e adultos, buscou-se estudar o tema
por meio da coleta de percepções e discursos que justificam diferentes padrões de consumo de
grupos que fazem parte da escola. Para coleta de dados, foram propostos cursos de extensão
universitária para professores e estudantes da Educação de Jovens e Adultos em escola pública do
munícipio de Curitiba, Paraná. O conteúdo das diferentes apresentações em sala de aula ressaltou o
fato das mídias representarem ficticiamente o mundo dos objetos e estimularem o desejo de possuir
mais conforto, riquezas, e poder por meio da aquisição de bens. Destacou-se também a parte
histórica do processo de industrialização e as mudanças significativas com inovações de mercado e
venda de produtos. Na fase da análise, recorremos aos estudiosos do tema que enfatizam a
necessidade da renovação de pensamento por meio da educação, formas de viver, e a construção
histórico-social do futuro da humanidade. A conclusão do trabalho concentra-se na importância da
conscientização de mitos, utopias e ilusões que são vendidas por atores comerciais para que
possamos tomar decisões mais alinhadas com a finitude dos recursos do planeta e com a educação
para a conservação e preservação do meio ambiente.
Palavras-Chave: cursos de extensão universitária: consumo; Curitiba, PR.
ABSTRACT
The consumption is a phenomenon of modernity. It has caused conflicts and contradictions because
it affects human behavior and attitudes. Believing that education, especially environmental
education, can help in the analysis of this phenomenon for young and adults, we sought to study the
theme through the collection of perceptions and discourses that justify different consumption
patterns of groups that are part of the school. For data collection, university extension courses were
offered to teachers and students of Youth and Adult Education in a public school in the municipality
of Curitiba, Paraná. The content of the different presentations in the classroom emphasized the fact
that the media fictitiously represent the world of objects and stimulate the desire to possess more
comfort, wealth, and power through the acquisition of goods. The historic part of the
industrialization process and the significant changes with market innovations and product sales
were also highlighted. In the analysis phase, we turn to scholars who emphasize the need for
renewal of thought through education, ways of living, and the social-historical construction of the
future of humanity. The conclusion of the paper focuses on the importance of awareness of myths,
utopias and illusions that are sold by commercial actors so that we can make decisions more in line
with the finitude of the resources of the planet and with education for the conservation and
preservation of the environment.
Keywords: university extension courses: consumption; Curitiba, PR.
2
A palavra marketing é utilizada por professores, comerciantes, profissionais, estudantes, consumidores e empresários
como ação no mercado ou mercado em ação, forma de entender e atender as necessidades do consumidor; é o mercado
em ação. Foi instituída pela sociedade de consumo associada às atividades de venda e, muitas vezes, usada
erroneamente como sinônimo de propaganda (FERREIRA JUNIOR, 2015).
3
Heráclito de Éfeso foi um filósofo grego (VI-V a. C.). Entre os fragmentos de seus escritos, a passagem mais famosa
é: “não podemos entrar duas vezes no mesmo rio: suas águas não são nunca as mesmas e nós não somos nunca os
mesmos”. Sua ideia era que o mundo está sempre em mudança contínua e incessante e que a permanência é ilusão
(CHAUÍ, 2002. p. 81).
[...] o consumismo de hoje, porém, não diz mais respeito à satisfação das necessidades –
nem mesmo as mais sublimes, distantes (alguns diriam, não muito certamente, “artificiais”,
“inventadas”, “derivativas”), necessidade de identificação ou a auto segurança quanto à
“adequação”. [...] o desejo tem a si mesmo como objeto constante, e por essa razão está
fadado a permanecer insaciável qualquer que seja a altura atingida pela pilha dos outros
objetos (físicos ou psíquicos) que marcam seu passado (BAUMAN, 2014, p. 96).
4
A palavra deriva do latim “media”, plural de “medium” e significa meio ou forma; meios de comunicação social;
aparatos analógicos ou digitais utilizados para transmitir textos, imagens e áudios para os possíveis consumidores com o
objetivo de vender mercadorias, serviços ou ideias (WEBARTIGOS, 2016).
As reflexões sobre o consumo, a partir da segunda metade do século XX, migraram também
para a educação formal5. Sendo a instituição escolar um dos espaços formais para a releitura e
reconstrução dos saberes e conhecimentos, é no potencial de suas atividades, no exercício da
autonomia, dos direitos e da emancipação que podem e devem ocorrer discussões para a busca por
soluções para um consumo mais consciente. É nesse espaço que se dá o processo de socialização do
conhecimento e a sensibilização para o entendimento da vida. Compreender como funciona a teia
da vida, como os seres estão interligados e são interdependentes são assuntos inerentes à escola e
seu entendimento pode suscitar transformações nos currículos que ainda são conteudistas e visam
formar para provas, vestibulares e concursos. Para se atingir os objetivos propostos para a educação
formal é preciso estudo, reflexões, leituras, sensibilidade e respeito aos tempos de aprender.
A educação formal, aquela ofertada no âmbito escolar, tem como objetivo promover o
desenvolvimento cognitivo do ser humano para que venha a agir de forma coletiva, autônoma e
responsável na sociedade. As diversas trajetórias escolares, nem sempre equânimes, conduzem os
estudantes a experiências em que podem ser abordadas as questões de consumo. Embora o consumo
não seja um componente específico dos currículos da educação básica, pode ser trabalhado na
matemática, na história, na geografia, em ciências e em outras disciplinas de forma transversal,
garantindo que na educação formal haja espaço para sua abordagem.
Para que haja sintonia entre a satisfação das necessidades e os desejos de consumir se faz
premente a construção de valores, conhecimentos, habilidades e atitudes para o uso dos bens
comuns provindos da diversidade da natureza. A reflexão sobre os problemas ambientais não se
exaure, uma vez que da natureza depende a manutenção de todas as formas de vida do Planeta.
Neste sentido, a Educação Ambiental (EA) desempenha papel estratégico e fundamental de
promover mudanças culturais necessárias para atingir o pretendido desenvolvimento sustentável.
Sendo o consumo uma forma suprir necessidades, expressar-se individualmente e inserir-se
em grupos sociais, a EA faz-se fundamental na clarificação dos impactos ambientais causados pelos
consumismo e suas consequências para a vida das pessoas. A EA pode vir acompanhada da
educação financeira, sexual, tecnológica e de outras que possam contribuir para o desenvolvimento
de atitudes, valores, sentimento de pertença, compreensão do conceito de equidade, respeito à
5
“A educação formal tem um espaço próprio para ocorrer, ou seja, é institucionalizada e prevê conteúdos, enquanto a
educação informal pode ocorrer em vários espaços, envolve valores e a cultura própria de cada lugar. Já a educação não
formal ocorre a partir da troca de experiências entre os indivíduos, sendo promovida em espaços coletivos” (CASCAIS;
TERÁN, 2014, p. 3).
Ainda segundo os autores, é necessário utilizar campos teóricos como saúde, ambiente,
sociedade, economia, cultura, política, religião, educação e tecnologia para abordar as mais diversas
temáticas da vida. A interdisciplinaridade seria o elo que possibilita a transposição didática de
diferentes temas. A realidade, no espaço escolar, precisa ser problematizada de forma a provocar o
pensamento crítico acerca das transformações da sociedade, em todos os seus domínios. As dúvidas,
os impasses, as interrogações são necessárias, qualificam e habilitam as pessoas a articular teorias e
práticas de ação local em um mundo global.
METODOLOGIA
Para avaliar se a temática do consumo na modernidade pode ser trabalhada nos espaços
formais de educação, foram propostos cursos de extensão universitária para profissionais da
educação e para estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Fase II, equivalente do 6º ao 9º
anos do Ensino Fundamental regular, nos anos de 2015, 2016 e 2018, na primeira escola municipal
fundada pelo poder público da cidade de Curitiba. A proposição e a promoção de cursos de
extensão universitária sobre os temas correlatos ao consumo tiveram como objetivo promover
reflexões transformadoras, trabalhando ideias pré-concebidas e do senso comum que podem
interferir na construção histórico-social do presente e do futuro coletivos.
Para ministrar o curso foram convidados mestrandos, doutorandos e professores da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) que pesquisam os temas tratados nos
encontros. Os assuntos abordados nas palestras do curso foram: influência da mulher no consumo,
desapego dos bens adquiridos, reciclagem e compostagem, educação financeira para o consumo
6
Atualmente, utiliza-se o termo para “dar a aparência de racionalidade aos modos de explicação e demonstração
confusos e aproximativos” (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2008, p. 73). Contudo, pode-se buscar outras definições em
Platão, para o qual a dialética é o processo de elevação da alma; para Aristóteles, consiste na dedução a partir de
premissas prováveis; Hegel entende a dialética como um movimento racional que possibilita superar a contradição; e
Marx a considera um método.
CONSIDERA-SE
ÁREA DE INTERESSE SEPARA
CONSUMIDORA O QUE ESPERA DO CURSO?
TRABALHO PELO CURSO O LIXO?
OU
CONSUMISTA?
7
É um fator ou propriedade que teoricamente afeta o fenômeno observado. Diferentemente de outras variáveis, este
fator não pode ser manipulado ou medido (UNIVERSIDADE ANHEMBI, 2016).
No primeiro encontro foi perguntado aos participantes qual era a importância daquele curso
de extensão universitária na temática ambiental, alguns responderam que tinham interesse em saber
como a universidade estava tratando este tema, em especial, conhecer os professores da UTFPR e
suas linhas de pesquisa. Quando questionados sobre o que fariam se recebessem dez mil reais, uma
das participantes afirmou que compraria tudo que seu filho precisa. Outra disse que reformaria sua
casa. Uma das professoras disse não saber o que faria com o dinheiro. Outra professora respondeu
que não é possível ter tudo que se quer e que se pudesse seria consumista. Falou ainda que com os
dez mil reais pensaria na família, em abater alguma dívida e aplicar em algo que lhe trouxesse
benefício.
Uma das participantes falou sobre como a mulher é refém da indústria da beleza, tendo que
estar sempre arrumada, o que demanda tempo e dinheiro. A doutoranda Alessandra corroborou com
sua opinião observando que a participante havia cortado o cabelo e como isso precisa ser frequente
na vida das mulheres. A participante, então, explicou que havia cortado o cabelo e vendido porque
precisava de dinheiro para pagar as passagens de ônibus. Ela disse ainda que não se envergonhava
de estar revelando o caso e falou sobre sua infância pobre em que sentia muita vontade de comprar
algumas coisas, e que, atualmente, se dá ao direito de consumir coisas que sempre desejou,
mostrando um brinco de pérolas que havia comprado e que era seu sonho desde criança.
Outra participante também falou sobre a cobrança que a sociedade faz para que a mulher
esteja sempre arrumada e disse que gasta em média duas horas cada vez que vai ao salão de beleza.
Também foi citado que os salões de beleza são dispendiosos, pois cobram cada item em separado,
por exemplo, lavagem, hidratação, corte, secagem, escova, buço, sobrancelha, etc. Além disso,
ainda há o gasto com dentista, médico, academia e roupa.
RESULTADOS
CONCLUSÕES
Concluímos que todos estão consumindo e querem continuar consumindo na medida em que
seu poder aquisitivo se torne mais forte. A função do consumo está próxima da ideia de transformar
a posse de mercadorias em posição social e em realização individual. As pessoas dispendem
energia, tempo, mobilidade e privilégios na reflexão do que querem consumir ansiando ascensão
social e pertencimento a grupos sociais. Os gastos impossibilitam a poupança de recursos para
prosperar, galgar e alcançar novos postos na hierarquia social. As pessoas acabam se endividando e
passam a ter dificuldades em seus relacionamentos familiares e profissionais.
O desperdício está presente na cadeia produtiva, no consumo e no descarte, regulado pela
abundância ou escassez de recursos naturais e pelo preço. A lógica do consumo constitui-se no
desempenho das finanças, do comércio, da indústria, dos serviços e na conexão entre as economias.
Isto dificulta para a população sustentar uma posição atuante e criar uma consciência popular do
quanto pode articular-se nesta formação organizativa.
Neste universo de diversidades com ênfase na ambição, a vida humana e a natureza são
valoradas pelo consumo de bens e serviços, recursos naturais e tecnológicos, sem contrapartida ao
meio ambiente e sem a aplicação do princípio da equidade. Desconhece-se qual seria o caminho a
ser percorrido para se ter uma ampla sensibilização para o dilema entre as necessidades da
humanidade e seus padrões de consumo. São imperativos, desejos, valores e atitudes humanas que
carecem serem revistos.
O desenvolvimento integral das sociedades demanda que as escolhas sejam repensadas,
compreendendo o processo integrado da expansão de medidas políticas, econômicas, sociais,
científicas, publicitárias, industriais e ambientais pautadas na responsabilidade, na equidade e na
alteridade. Além do individualismo e da racionalidade, deveriam preponderar ideias de
solidariedade, igualdade e justiça que minimizam os conflitos entre o individual e o coletivo, o
público e o privado e outros valores universais, os quais interferem na constituição da autonomia
humana.
Reduzir o consumo seria uma boa estratégia para frear muitos problemas sociais, mas isto
implicaria no arrefecimento da produção de novas mercadorias que sofrem pressões coercitivas do
capital industrial e da propaganda, correndo o risco de defrontar-se com tempos difíceis de
instabilidade do sistema financeiro e de investimentos. Neste conjunto de processos interacionais
entre os indivíduos e as ofertas de produtos, as responsabilidades se distribuem entre aqueles que as
concebem, executam e utilizam no contexto dos ideais modernos e suas representações.
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. A ética é possível num mundo de consumidores? Rio de Janeiro: Zahar,
2011.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2014.
CASCAIS, Maria das Graças Alves; TERÁN, Augusto Fachín. Educação formal, informal e não
formal na educação em ciências. Ciência em tela. v.7, n.2. 2014. Disponível em: <
http://www.cienciaemtela.nutes.ufrj.br/artigos/0702enf.pdf >. Acesso em: 17 jun. 2018.
CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo:
Companhia das Letras, 2002.
FERREIRA JUNIOR, Achiles Batista. Marketing digital: uma análise do mercado 3.0. Curitiba:
Intersaberes, 2015
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2008.
LUZZI, Daniel. Educação e meio ambiente: uma relação intrínseca. Barueri: Manole, 2012.
SANTOS, Luciane Lucas. A educação para o consumo no espaço da escola: criando as bases para o
consumo crítico e solidário. In: DOURADO, Juscelino; BELIZÁRIO, Fernanda (orgs). Reflexão
e práticas em educação ambiental: discutindo o consumo e a geração de resíduos. São Paulo:
Oficinas de Textos, 2012. p. 69-89.
RESUMO
A Lei 11.445/2007, que estabelece diretrizes da política nacional de saneamento básico no Brasil,
tem entre seus princípios a participação social na formulação, gestão e controle social. A efetivação
do saneamento básico é princípio essencial para a saúde de toda população e para a preservação dos
recursos naturais. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é a indicação da participação social como
possibilidade real de alcance da universalização do saneamento básico, articulado com as políticas
de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de
proteção ambiental, e promoção da saúde. Por meio de pesquisas realizadas, há uma constatação da
essencialidade do saneamento básico, e o quanto a participação social contribui para a garantia dos
serviços reconhecidos pela política, e que vão além de infraestrutura, perpassando questões
relacionadas a organização da produção, e como esta incide no consumo, e às relações sociais e
ambientais. Os graves problemas, sociais e ambientais, vivenciados na atualidade tem origem no
que é produzido, para quem, e porque se produz, e a gestão dessa forma de produção alcançando
outras esferas da sociedade, e interferindo diretamente também em sua gestão. Pensar o saneamento
básico na sua essencialidade, é desvincular a abrangência de suas ações do movimento de produção
e lucro, entendendo que na esfera do atendimento de demandas coletivas, incluindo aqui e
principalmente as ambientais, não cabe uma gestão com base em produção e lucro, e sim uma
gestão com base em pessoas e recursos naturais. Destacando a importância da participação social
para a defesa da democracia, e de políticas públicas que atendam o que é essencial, promovendo a
igualdade, a justiça social e a preservação ambiental.
Palavras-chave: Participação Social; Saneamento Básico; Gestão Social; Questão Social; Questão
ambiental.
ABSTRACT
Law 11,445 / 2007, which establishes guidelines for the national policy on basic sanitation in
Brazil, has among its principles social participation in formulation, management and social control.
The implementation of basic sanitation is an essential principle for the health of the entire
population and for the preservation of natural resources. In this sense, the objective of this work is
the indication of social participation as a real possibility of reaching the universalization of basic
sanitation, articulated with urban and regional development policies, housing, poverty eradication
and eradication, environmental protection, and health promotion. Through research carried out, the
basic sanitation is essential, and the social participation contributes to the guarantee of the services
recognized by the policy, which go beyond infrastructure, related to the organization of production,
and how it affects consumption, and social and environmental relations. The serious problems,
social and environmental, experienced at the present time originate in what is produced, for whom,
and why it is produced, and the management of this form of production reaching other spheres of
society, and directly interfering in its management. To think of basic sanitation in its essentiality is
INTRODUÇÃO
Além dessa exploração aos recursos naturais, para a sustentação do sistema produtivo, que
tem como objetivo central o ganho econômico, é necessário destacar que esse objetivo não é
distributivo, ou seja, não chega a toda população humana. O sistema produtivo incorpora em si
tanto a exploração de recursos naturais, quanto a força de trabalho, além de estabelecer uma lógica
de consumo que favorece a destrutividade de ambas, e os problemas causados por essa lógica não
chega a quem é favorecido por ela, como bem coloca Mota (2001, p. 49), “o meio ambiente presta
um conjunto de serviços às atividades econômicas”, não a humanidade como um todo.
8
Vandana Shiva é uma indiana, ativista ambiental, feminista e foi uma das principais físicas da Índia. A obra utilizada
como referência para este trabalho foi Guerras por água: privatização, poluição e lucro, que traz como questão central a
utilização da água como mercadoria, desconsiderando sua essencialidade.
Com seu caráter essencial, o saneamento básico constitui uma política pública de
atendimento social e ambiental, com ações de estruturação física relacionadas a dinâmica da
sociedade como um todo, ou seja, com dimensões sociais, ambientais, políticas, econômicas,
culturais, entre outras.
No que se refere a participação social, que não é exclusiva da política de saneamento básico,
envolvendo outras políticas, inclusive até de maneira mais efetiva, como é o caso da política de
saúde, que com uma grande mobilização e participação social concretizou o Sistema Único de
Saúde, e que luta por sua efetivação e manutenção, visto os enormes ataques que está política vem
sofrendo.
[...]os municípios brasileiros, titulares dos serviços públicos de saneamento básico, são
instados a assumir competências quanto ao planejamento, à prestação, à regulação e à
fiscalização dos serviços, bem como à promoção da participação e do controle social, tendo
em vista o alcance de princípios básicos definidos na referida lei, como a universalização
do acesso, a integralidade e a equidade das ações e a intersetorialidade, em clara alusão à
articulação das políticas de desenvolvimento urbano e regional com outros setores.
(PITERMAN; HELLER; REZENDE, 2013, p. 1181)
Neste sentido, a participação social parte dos municípios, sendo “A motivação e habilidade
da comunidade local para a manutenção dos serviços de saneamento contribuem consideravelmente
para o bom êxito do serviço.” (PITERMAN; HELLER; REZENDE, 2013, p.1182) Um dos espaços
de participação e controle social são os conselhos9, dispositivo legal que possui papel importante na
9
Os conselhos municipais surgiram dentro das novas propostas de democratização e descentralização das políticas
sociais, respaldados pelas leis orgânicas, como mecanismos de democracia semidireta. A existência dos conselhos nas
três esferas governamentais e em diversas áreas de políticas públicas configurou uma nova realidade de gestão
envolvendo vários atores. Apesar de suas contradições e fragilidades, o espaço democrático conquistado é essencial
para a construção da participação da sociedade nos destinos das políticas públicas e dos recursos utilizados pelos
gestores (Manikutty, 1997; Santos, 2004; Correia, 2005; Castro, 2011 apud PITERMAN; HELLER; REZENDE, 2013,
p. 1182)
10
As principais atribuições dos conselhos municipais estudados, a partir das diretrizes para a sua criação, são: a
formulação de estratégias e controles das políticas públicas; participação e deliberações de ações do executivo por meio
dos planos diretores; fiscalização das políticas públicas; acompanhamento do cumprimento das metas fixadas pelas
legislações; recebimento e apuração de denúncias demandadas da população; propor a convocação de conferências
municipais periódicas e outros. (PITERMAN; HELLER; REZENDE, 2013, p. 1184)
11
Trabalho de Conclusão de Curso de Serviço Social, intitulado “ Saneamento Básico e os impactos na população e no
ambiente: um estudo sobre a política de saneamento em Uberaba/MG”, na Universidade Federal do Triângulo Mineiro,
de autoria de Amanda Naiara de Menezes.
12
http://www.codau.com.br/pmsb/
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os problemas causados pela falta de saneamento básico são graves, e trazem consequências
a vida humana e ao equilíbrio ambiental. Apesar da regulamentação de uma política nacional de
saneamento básico, que já representa possibilidades positivas, é necessário que ações efetivas sejam
realizadas urgentemente. A contradição existente na gestão do saneamento básico precisa ser
superada, prevalecendo ações que atendam prioritariamente as necessidades humanas e ambientais,
e a partir delas outras relacionadas a ganho econômico, entendendo que este aspecto é importante
para o equilíbrio, porém não pode ser colocado acima do bem coletivo. Ou seja, a deseja aqui é pelo
equilíbrio da sociedade como um todo, sendo o saneamento básico um aspecto importante para esse
objetivo. Como definição do equilíbrio citado, o modelo ecossocialista, traduzido por Leonardo
Boff do conceito de Michael Löwy, visando “[...] uma produção respeitosa dos ritmos da natureza e
favorece uma economia humanista, fundada em valores não monetários como a justiça social, a
equidade, o resgate da dignidade do trabalho, degradado a mercadoria-salário, no valor de uso ao
invés do valor de troca, na mudança de critérios político-econômicos quantitativos para
qualitativos.” (BOFF, 2012, p. 56)
É certo que este equilíbrio é complexo, e pode estar longe de ser alcançado, porém é a partir
desse conceito que precisam estar fundamentadas as ações para alcançar uma igualdade social e
ambiental. Sendo interesse de coletivo, é por meio da participação social que se tem a possibilidade
de transformar o que está posto, injustiça, desigualdade, degradação. Por meio das questões
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INSTITUTO TRATA BRASIL. Ranking de saneamento 2018. Instituto Trata Brasil. São Paulo,
abr. 2018. Disponível em: < http://www.tratabrasil.org.br/images/estudos/itb/ranking-
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Sociedade (USP. Impresso), v. 22, p. 1180-1192, 2013. Disponível em:
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REZENDE, S.C. (coord.). Panorama do saneamento básico no Brasil. Brasília: Ministério das
Cidades, v.1, 2011. Disponível em:<
SHIVA, V. Guerra por água: privatização, poluição e lucro. São Paulo: Radical Livros, 2006.
RESUMO
Este estudo, realizado na Universidade do Estado do Amazonas, buscou explicitar uma temática de
processos políticos educacionais de nossa geração, especificamente debatendo sobre o
fortalecimento de uma Educação para Sociedades Sustentáveis, ou seja, Educação Ambiental,
trazendo os marcos referenciais que subsidiam desde as primeiras discussões até os dias atuais,
quando abordar o meio ambiente e processos educacionais, no nosso contexto, nunca foi tão
necessário, como neste século. Fazer frente às políticas retrocedentes como objetiva este estudo
quando confronta as políticas públicas já existentes e o PLS 221/2015 é totalmente indispensável,
permitindo a continuação dos caminhos até aqui trilhados, favorecendo a construção de um futuro
brilhante embasado na cultura da sustentabilidade, permitindo a formação de professores
multiplicadores e cidadãos conscientes de suas decisões e pertencimento no mundo contemporâneo.
Caracterizando-se como pesquisa qualitativa o presente estudo visou as análises de documentos
como a Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795/1999, Resolução nº 2 do Conselho
Nacional de Educação – tratando das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Ambiental e
do Programa Nacional de Educação Ambiental em sua 4ª edição, para posteriormente discutir e
contestar a proposta do PLS 221/2015, com base nos marcos referenciais constantes dos
documentos aprovados nos consagrados eventos internacionais.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Políticas Educacionais, Sustentabilidade.
ABSTRACT
This study, conducted at the University of the Amazonas State, sought to clarify an educational
political process of our generation, specifically discussing the strengthening of an education for
Sustainable Societies, i.e. Environmental Education, bringing the reference marks that helped the
first discussions until the present day, approach the environment and educational processes, in our
context, it has never been so necessary, as in this century. Cope with the backslidden policies as
objective this paperwork when it confronts the existing public policies and the PLS 221/2015 it is
totally indispensable, allowing the extension of the roads up here fore, favoring the construction of
a brilliant future based on sustainability culture, allowing the multipliers teacher training and
citizens aware of their decisions and belonging in the contemporary world. Characterized as
qualitative research this research aimed at the analysis of documents such as the National
Environmental Education Policy, law nº 9,795/1999, resolution No. 2 of the National Council of
Education – addressing the National curriculum guidelines for Environmental Education and the
National Program of Environmental Education in your 4th Edition, to later discuss and challenge
the proposal of 221/2015 PLS, based on references contained in the approved documents landmarks
in established events International.
Keywords: Environmental Education, Political Education, Sustainability.
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 55
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Em 2015, surge o Projeto de Lei (PLS) 221/2015 do Senador Cássio Cunha Lima, com a
principal proposta da disciplinarização da Educação Ambiental para o Ensino Básico e um novo
objetivo tratando alterações na Lei nº 9.795/99 (BRASÍLIA, 2015). No entanto, a quantidade de
agravamentos avaliados se contrapõe às recomendações acordadas nos inúmeros eventos que
consagraram os documentos que orientam o fazer da Educação Ambiental. Transformar a Educação
Ambiental em disciplina é manter uma educação bancária (BERNADES e PRIETO, 2013). A
tramitação da proposta percorreu várias instâncias, sendo a última a Comissão de Educação, Cultura
e Esporte do Senado Federal.
Há um reconhecimento dos parlamentares quanto à Educação Ambiental ser importante na
formação do cidadão, devendo ser abordada nas escolas, num caráter interdisciplinar, para que
todos os membros da sociedade desenvolvam uma consciência ambiental e tenham atitudes
responsáveis em relação ao meio ambiente.
Com essa proposta surge a seguinte problemática: de que maneira podemos implementar a
Educação Ambiental como uma disciplina no Ensino Básico, uma vez que, faz-se necessário uma
discussão interdisciplinar das questões contemporâneas para trabalha-la?
RESULTADOS e DISCUSSÃO
processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade (BRASIL, 1999).
[...] é uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que deve
imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e
com os outros seres humanos, visando potencializar essa atividade humana com a
finalidade de torná-la plena de prática social e de ética ambiental (BRASIL, 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
BOGDAN, R.; BICKLEN, S. Investigação Qualitativa em Educação: uma introdução à teoria e aos
métodos. Portugal: Porto, 1994.
BRASÍLIA. Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Câmara
dos Deputados: 1995.
IUGOSLÁVIA. Carta de Belgrado: Uma estrutura global para Educação Ambiental. Belgrado:
1975.
MORIN, E. Ensinar a viver: manifesto para mudar a educação. Tradução de Edgard de Assis
Carvalho e Mariza Perassi Bosco. Porto Alegre: Sulina, 2015.
RESUMO
As feiras livres possuem grande importância socioeconômica para várias cidades da Região Norte e
Nordeste do Brasil. Além de manterem “vivas” tradições locais, auxiliam na manutenção de
vínculos de pertencimento entre comerciantes e consumidores, contribuem para geração de renda e
valorização da agricultura familiar, além de aumentar o fluxo de negócios na cidade. Contudo, o
crescimento desordenado das feiras tem proporcionado problemas relacionados à falta de
salubridade e adequação às normas de higiene e manipulação de alimentos, o que, no caso das feiras
do município de Lagarto, ocasionou a necessidade de intervenção por parte do Ministério Público
de Sergipe. A partir desta intervenção, foram observados diversos conflitos decorrentes da
construção de um Mercado Municipal e da reorganização da feira. Assim, por conseguinte, este
artigo tem como objetivo o estudo do contexto atual das problemáticas relacionadas à reorganização
da feira da cidade de Lagarto-SE, considerando processos de gentrification. Trata-se de uma
pesquisa exploratória documental e de campo na qual foram utilizadas fontes primárias e
secundárias, além de pesquisa bibliográfica. Diante do exposto, busca-se apresentar à comunidade
científica os principais impactos decorrentes destes processos e a necessidade de estudos prévios
por parte dos gestores, que realmente possibilitem o desenvolvimento local, com respeito aos
aspectos identitários e culturais das comunidades envolvidas.
Palavras-chave: Feira, Salubridade; Mercado Municipal; Gentrification; Estudo de Impacto
Ambiental.
ABSTRACT
Outdoor markets have great socioeconomic importance for many cities in the North and Northeast
of Brazil. Besides keeping local traditions alive, they help to mantain a sense of belonging between
traders and consumers, contribute to generate value and income to family farming, besides
increasing business flow in the city. However, the messy growth of outdoor markets has caused
problems related to unhealthy environments and hygiene and food manipulation norms, which, in
the case of Lagarto’s municipal markets, caused a need for intervention by the public prosecutor’s
office. From this intervention, several conflicts due the construction of a municipal market and the
reorganization of the outdoor market were observed. Therefore, this article aims to study the current
context of problems related to tje outdoor market reorganization in the town of Lagarto-SE,
considering processes of gentrification. This is an research which explores field and documents in
which primary and secondary sources were used, as well as bibliographic research. Considering
this, we aim to present the the scientific community the main impacts caused by these processes and
the need for previous studies that really enable local development, at the same time it respects
identity and cultural aspects of the communities involved.
Keywords: Outdoor Market; Salubrity; Municipal Market; Gentrification; Environmental Impacts
Study.
Em várias cidades das Regiões Norte e Nordeste do país as feiras tem grande importância
social e econômica, pois além do ponto itinerante ou fixo de comercialização de produtos, é
também um ponto de encontro de gerações e interações culturais.
Há décadas a tradicional “feira de Lagarto” movimenta toda a rede de comércio e serviços
na cidade. Lojas, clínicas, órgãos públicos, meios de transporte costumeiramente se preparam para
atender a demanda crescente de centenas de clientes e transeuntes que circulam em busca da
satisfação de suas necessidades. Por “tradicional” considera-se o costume ou prática enraizada
historicamente em uma comunidade e que pode ser manifestada mesmo diante das mudanças,
como pondera Castriota, 2014, p.03.
A Antropologia reforça essa perspectiva ao apontar para o fato de que todos os sistemas
culturais, mesmo aqueles tradicionais, estão em contínuo processo de modificação. Não
haveria, assim, uma cultura estática, e o próprio processo de transmissão incorporaria
possibilidades de mudanças, através das quais as culturas se mantêm flexíveis e podem
absorver as inevitáveis variações trazidas pelo tempo (CASTRIOTA, 2014, p.03).
Mesmo considerada “um patrimônio da cidade”, louvada por historiadores, a feira também
representava grandes problemáticas advindos do crescimento desordenado, falta de estrutura,
acessibilidade e salubridade.
A cidade de Lagarto localiza-se na Região Centro Sul do Estado de Sergipe, cerca de 70 km
distante da capital Aracaju. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
o município de Lagarto conta hoje com cerca de 104 mil habitantes, obtendo representatividade no
desenvolvimento do Estado, devido a presença de indústrias como a Maratá, de campi de
Universidade e Instituto Federal além de instituições de ensino privado. Neste contexto, o interesse
pelo estudo nasceu da observação das problemáticas relacionadas à feira livre da cidade de
Lagarto/SE e dos conflitos ocorridos após a intervenção do Ministério Público e da falta de ações
assertivas por parte da Prefeitura Municipal no tocante ao valor cultural e econômico da feira.
A relevância do estudo reside em apresentar aos gestores e comunidade em geral a
importância da realização de estudos prévios realizados por equipe multidisciplinar que possam
identificar os impactos de intervenções de acordo, com o porte do empreendimento e suas áreas de
influência, antes mesmo do início das obras. Estes estudos prévios podem ser denominados: Estudo
de impacto Ambiental (EIA) e o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).
Estes estudos são obrigatórios a depender do tipo de obra e sua finalidade, e são importantes
para que os gestores públicos e privados possam criar ações assertivas de acordo com diferentes
necessidades e grupos sociais envolvidos.
Neste trabalho procura-se ainda analisar possíveis processos de gentrification decorrentes da
reorganização da feira de Lagarto.
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 67
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
Tradição e desenvolvimento local
Segundo historiadores da região, a tradição comercial das feiras de Lagarto remete a séculos
passados. Embora o município de Lagarto conte atualmente com 138 anos de emancipação política,
ato que a elevou de Vila a condição de cidade, há estudiosos que destacam fatos históricos de sua
fundação em meados de 1697 (SANTOS, 2010).
Falar do patrimônio como mercadoria cultural significa ressaltar seu valor de troca, a partir
da ampliação do espectro econômico dos seus valores de uso. O problema central dessa
perspectiva não é a existência de uma dimensão econômica da cultura, mas a redução do
valor cultural ao valor econômico [...].
Modos de vestir-se, comer percorrer certos itinerários urbanos, ocupar certos espaços e
transforma-los em lugares (ainda que efêmeros), nos quais os indivíduos se reconhecem e
afirmam suas diferenças, representam formas simbólicas de consumir e demarcar formas
específicas de pertencimento.
Com o decorrer das obras um processo mais elaborado poderia ter sido colocado em prática
caso os possíveis impactos estivessem descritos no EIA-RIMA. Mas ao longo deste período as
informações ainda não eram claras a cerca do que iria acontecer com os feirantes que não poderiam
adquirir as outorgas de concessão administrativa via processo de licitação.
MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho trata de uma pesquisa exploratória documental e de campo. Sendo esta
composta basicamente de três etapas: a de revisão bibliográfica, a de monitoramento do mercado e a
de consulta aos órgãos públicos responsáveis.
Inicialmente realizou-se uma revisão bibliográfica sobre o histórico de constituição das
feiras do município de Lagarto e assim como da Legislação Federal e Municipal sobre o assunto.
Para isso, foram consultados documentos e material bibliográfico sobre o assunto. A partir daí, foi
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Art. 17: [...] Abatedouro Frigorífico: estabelecimento destinado ao abate dos animais
produtores de carne, à recepção, à manipulação, ao acondicionamento, à rotulagem, à
armazenagem e à expedição dos produtos oriundos do abate, dotado de instalações de frio
industrial, podendo realizar o recebimento, a manipulação, a industrialização, o
acondicionamento, a rotulagem, a armazenagem e a expedição de produtos comestíveis e
não comestíveis. Unidade de Beneficiamento de Carne e Produtos Cárneos:
estabelecimento destinado à recepção, à manipulação, ao acondicionamento, à rotulagem, à
armazenagem e à expedição de carne e produtos cárneos, podendo realizar industrialização
de produtos comestíveis e o recebimento, a manipulação, a industrialização, o
acondicionamento, a rotulagem, a armazenagem e a expedição de produtos não comestíveis
Capítulo I – Estabelecimentos de Carnes e Derivados (BRASIL, RIISPOA, 2017, s. p.).
É estranho considerar que um Mercado que vende carnes, miúdos e peixes e possui câmara
frigorífica não seja considerado de impactante para o Meio Ambiente, em especial considerando o
grande número de boxes destinados à comercialização de carnes, mais de cem no total. Inclusive a
principal causa para a construção do Mercado foi uma ação do Ministério Público pela falta de
instalações adequadas. A Instalação da Câmara frigorífica e toda parte que recebe os efluentes das
carnes, vísceras e etc. não são consideradas “[...] atividades consideradas efetiva ou potencialmente
causadoras de significativa degradação do meio ambiente”.
Art. 17: No caso dos empreendimentos classificados com grau de incomodidade Nível 2,
previstos no Anexo 2, desta Lei, em que não couber o Estudo de lmpacto Ambiental (ElA)
e que se localize no perímetro urbano, será exigido o Estudo de lmpacto de Vizinhança
(ElV)- (PREFEITURA MUNICIPAL DE LAGARTO, 2006, p. 6).
Sendo que estão inclusos nesse grupo mercados com área construída superior a 1.500 m², o
que é o caso do Mercado José Corrêa Sobrinho, que conta com 9.510,79 m² de área construída
distribuída em dois pavimentos (LAGARTO, 2016; LAGARTO NOTÍCIAS, 2015). Dessa maneira,
ao menos o EIV deveria ter sido elaborado e disponibilizado para consulta, conforme indica o
próprio Plano Diretor do município (LAGARTO, 2006).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Estatuto das cidades. Lei n. 10.257, de 10 de Julho de 2001. Estabelece diretrizes gerais
da política urbana e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm>.Acesso em: 14 abr. 2018.
CASTRIOTA, Leonardo Barci. Patrimônio Cultural: conceitos, políticas, instrumentos. São Paulo;
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KINJO, T.; IKEDA, A. (2015) Comportamento do consumidor em feiras livres. Artigo apresentado
à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. Disponível em:
<www.sober.org.br/palestra/2/420.pdf> . Acesso em: 08 nov. 2017.
LAGARTO. Sejam todos Bem-vindos: Mercado Municipal já se encontra aberto para a população.
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Acesso em:15 dez. 2017.
Lagartonet (n. d.). Galeria José Antônio da Costa. Disponível em: <http://lagartonet.com/galeria-
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Lagarto Notícias (2017). Mercado Municipal José Corrêa Sobrinho deve funcionar a partir de
Junho. Recuperado em 13 março, 2018, de
http://www.lagartonoticias.com.br/2017/04/15/mercado-municipal-jose-correa-sobrinho-deve-
funcionar-a-partir-do-junho/
SIQUEIRA, R. R., NERI, D. A., MILITÃO, A. N. M. É dia de feira: um olhar sobre as estratégias
de marketing e vendas na feira livre de Lagarto/SE. Artigo apresentado no 2º Encontro
Interdisciplinar de Comunicação Ambiental (EICA), Universidade Federal de Sergipe (UFS),
Aracaju, SE, Brasil, 2013.
RESUMO
A Conferência das Partes proporcionou decisões através de países e Nações Unidas para frear as
emissões de gases de efeito estufa, com isso chegou-se a um acordo definido no Protocolo de
Quioto, em 1997, com a COP-3. Dessa maneira, surge os mecanismos de flexibilização, que
possibilita o ingresso do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e preza pelo
desenvolvimento de projetos que mitigue as emissões de gases de efeito estufa, além de permitir a
participação voluntária de países em desenvolvimento, a exemplo do Brasil. O objetivo do artigo é
mostrar de forma sequencial o desempenho das atividades de projeto do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo no Brasil de 2007 a 2016. Com relação aos procedimentos metodológicos,
vale-se da técnica de pesquisa indireta que engloba a bibliográfica e documental, com ênfase na
descrição de dados secundários explicativos. Com os resultados obtidos, foi possível observar o
progresso do desempenho das atividades de projetos do MDL de 2007 a 2016 no Brasil, com
destaque para a região Sudeste, o Estado de São Paulo, e entre os setores e tipos de projetos, a
Energia Renovável e as Hidrelétricas, possibilitando a geração do baixo carbono para a economia.
A região Norte e o Estado do Acre tiveram o menor desempenho, devido ao reduzido ingresso de
recursos financeiros, que localizam-se em extensas áreas de cobertura vegetal permitindo baixas
emissões de GEE.
Palavras-chave: Protocolo de Quioto. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Projeto
Sustentáveis.
ABSTRACT
The Conference of the Parties provided decisions through countries and the United Nations to curb
greenhouse gas emissions, thereby reaching an agreement defined in the Kyoto Protocol in 1997
with COP-3. In this way, mechanisms of flexibilization arise, which allow the entry of the Clean
Development Mechanism (CDM) and value the development of projects that mitigate emissions of
greenhouse gases, besides allowing the voluntary participation of developing countries, as an
example of Brazil. The objective of this article is to sequentially show the performance of the Clean
Development Mechanism project activities in Brazil from 2007 to 2016. With respect to
methodological procedures, it relies on the indirect research technique that includes bibliographical
and documentary, with emphasis on the description of secondary explanatory data. With the results
obtained, it was possible to observe the progress of the performance of CDM project activities from
2007 to 2016 in Brazil, highlighting the Southeast region, the State of São Paulo, and among sectors
and types of projects, Renewable Energy and the hydroelectric plants, enabling the generation of
low carbon for the economy. The North region and the State of Acre had the lowest performance,
due to the reduced inflow of financial resources, which are located in extensive areas of plant cover
allowing low GHG emissions.
Keywords: Kyoto Protocol. Clean Development Mechanism. Sustainable projects
A Revolução Industrial foi um importante marco para a sociedade humana e suas forças de
produção, mas também trouxe significativos impactos no meio ambiente, como é diagnosticado por
meio das variações climáticas. A interferência do homem mediante a utilização de combustíveis
fósseis e da industrialização gerou elevações nas emissões e concentrações de gases de efeito estufa
(GEE) na atmosfera (SISTER, 2007).
Com o efeito estufa e o aquecimento global tornando-se problemas socioeconômicos, as
nações passaram a configurar o aparelho de conscientização em meados de 1980, pois conforme
afirma Sister (2007, p. 3) “as ações antrópicas demonstram claro risco para a continuidade de um
meio ambiente ecologicamente equilibrado”. Tal constatação se dá como importante devido ao fato
de que a partir da década de 1980, o Desenvolvimento Sustentável galgava seus primeiros passos
com a ideia de conciliar o equilibrismo do desenvolvimento econômico com a conservação dos
recursos naturais (VIEIRA, 2018).
Sendo assim, passadas várias conversações no espaço das Nações Unidas através das
Conferências das Partes (COPs), países desenvolvidos e outros países criaram acordos a fim de
frear os GEE. Chegou-se, então, a três tipos de soluções para a problemática relacionada ao
aquecimento global e ao efeito estufa: Adaptação, Engenharia Climática e Redução de Emissões de
Gases de Efeito Estufa (SISTER, 2007).
Com a eleição das Reduções de Emissões de GEE para mitigar os efeitos do aquecimento
global por parte das Nações Unidas, um dos principais acordos estabelecidos foi o Protocolo de
Quioto, que surgiu dentre os desdobramentos da formação do Mandato de Berlim e da composição
grupal Ad Hoc do Mandato na COP-3, no Japão em 1997. O documento consiste na adoção de
medidas reducionistas das emissões de GEEs para os membros componentes da Parte do Anexo I
destinada aos países desenvolvidos. Para estes países seria alocada uma redução de 5% conforme os
níveis de 1990 até o primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto entre os anos de
2008 a 2012. Expirando em 2012, o Protocolo, a ONU (Organização das Nações Unidas) já havia
delineado novos acordos e metas para serem cumpridas pelos países signatários no mercado.
O Protocolo de Quioto entrando em vigor no ano de 2005, tem-se o ingresso do mercado de
carbono no mundo. Enquanto a criação de alguns mercados se deu pelo fato de cumprirem com a
obrigação de reduzirem as ações do dióxido de carbono (CO2) e outros gases, como é o caso do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que tem papel fundamental conjuntamente ao
próprio mercado de carbono, outros tiveram berço para fins de atividades voluntárias, a exemplo do
Chicago Climate Exchange (CCX).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nos relatórios dos Status das Atividades de Projeto do Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovação e Comunicação, em novembro de 2007, em termos de atividades de projeto
no âmbito do MDL, a figura 1 retrata o desempenho dos projetos dos países a nível mundial e China
apresenta um total de 874 atividades de projeto, é líder de 2008 a 2016 e tem maior participação no
MDL, configurando em 2016 com 376 projetos. Em seguida, a Índia, que se verifica um total de
776 atividades de projeto, findando o ano de 2007 com 29% de participação no mercado. Até 2012
a 2016, a Índia manteve o equilíbrio no número de atividades de projeto verificados, na casa dos
20%, com um progresso de 227 atividades de projetos nesse mesmo período. Ver figura 1.
Figura 1 – Desempenho das Atividades de Projeto do MDL no Mundo em porcentagem, de 2007 a 2016.
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Fonte: Elaboração própria, a partir dos Relatórios do Status do MCTIC, de 2007 a 2016.
A constatação dos dados deve-se ao fato do rápido crescimento econômico dos emergentes
China e Índia nas dependências do carvão, na construção de usinas com base no próprio mineral,
2016
2015
2014
2013
2012
Fonte: Elaboração própria, a partir dos Relatórios do Status do MCTIC, de 2012 a 2016.
Fonte: Elaboração própria, a partir dos Relatórios do Status do MCTIC, de 2012 a 2016.
Fonte: Elaboração própria, a partir dos relatórios do Status do MCTIC, de 2007 a 2011.
Figura 5 – Desempenho de Atividades de Projetos do MDL por tipos de projeto, de 2012 a 2016.
Redução e Substituição de PFC
Substituição SF6
Eficiência Energética
Energia Solar Fotovoltaica
Uso de Materiais
Reflorestamento e Florestamento
Utilização e Recuperação de Calor
Decomposição de N2O
Metano Evitado
Substituição de Combustível Fóssil
Biomassa Energética
Gás de Aterro
Usina Eólica
Biogás
Hidroelétrica
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Fonte: Elaboração própria, a partir dos Relatórios do Status do MCTIC, de 2012 a 2016.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BRASIL. Meio Ambiente. Energia renovável representa mais de 42% da matriz energética
brasileira. Brasília, 2015. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/editoria/meio-
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Acesso em: 29 de junho de 2018.
BRASIL. Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009. Institui a Política Nacional sobre Mudança do
Clima – PNMC e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12187.htm>. Acesso em 28 de
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de projeto no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil e no mundo.
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MCTIC – Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação. Status atual das atividades
de projeto no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil e no mundo.
2008. Disponível em:
<http://www.mctic.gov.br/mctic/export/sites/institucional/ciencia/SEPED/clima/arquivos/status_
mdl/Status_MDL_Port300908.pdf>. Acesso em: 01 de julho de 2018.
MCTIC – Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação. Status atual das atividades
de projeto no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil e no mundo.
2009. Disponível em:
<http://www.mctic.gov.br/mctic/export/sites/institucional/ciencia/SEPED/clima/arquivos/status_
mdl/STATUS-MDL-Port-041109.pdf>. Acesso em: 01 de julho de 2018.
MCTIC – Ministério da Ciência. Tecnologia, Inovação e Comunicação. Status atual das atividades
de projeto no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no Brasil e no mundo.
2011. Disponível em:
<http://www.mctic.gov.br/mctic/export/sites/institucional/ciencia/SEPED/clima/arquivos/status_
mdl/STATUS-MDL-Port-300611.pdf>. Acesso em: 01 de julho de 2018.
SÃO PAULO (Estado). Lei nº 14.933, de 5 de junho de 2009. Institui a Política de Mudança do
Clima no Município de São Paulo. Disponível em:
<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/comite_do_clima/legislacao/
leis/index.php?p=15115>. Acesso em: 06 de julho de 2018.
VIEIRA, A. C. F. A polidez climática através das Conferências das Partes: ensaio político. Revista
Brasileira de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, v. 5, n. 9, p. 75-87, abr. 2018.
RESUMO
Trata -se de projeto voltado a construir, na atualidade, roteiros turísticos baseados nas localidades
por onde passaram a Comissão Crus (Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil,
instituída em 1892) e a Subcomissão de Investigações Agronômicas da Comissão Polli Coelho
(Comissão de Estudos para a Localização da Nova Capital do Brasil, criada em 1947). Justifica-se
pela importância, para o Turismo Cultural, de se reconstruírem roteiros sobre a escolha da capital
brasileira desde 1960. A metodologia consiste na consulta ao Relatório de Luís Cruls, ao Diário de
Campo do agrônomo Antônio de Arruda Câmara e às cartas escritas por Guiomar de Arruda
Câmara, com base na História e na Memória. Como resultados, listam-se as localidades
mencionadas, como elementos para a construção de roteiros históricos da escolha do local da
capital.
Palavras Chave: Turismo. Roteiros. Comissão Cruls. Comissão Polli Coelho. Brasília.
ABSTRACT
The project herein aims at building, at the present, touristic itineraries based on the places where the
Crus Commission (an exploratory commission to the central plateau of Brazil founded in 1892) and
the Sub-Commission of Agronomical Investigations within the Polli Coelho Commission (a
commission in 1947 to study where the new capital would be located) had been. The
reconstructions of such itineraries about the choice for the new capital in 1960 are justified due to
the importance of the so-called Cultural Tourism. The methodology consists in consulting the Luis
Cruls Report, the filed diary of agronomist Antônio de Arruda Câmara, and the letters written by
Guiomar de Arruda Câmara, based on history and recollections. As a result, we list the places
mentioned previously as elements to the construction of historical routes leading to the choice of
where the new capital would be.
Keywords: Tourism, Itineraries, the Cruls Commission, the Polli Coelho Commission, Brasilia.
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
O Patrimônio
METODOLOGIA
- cartas de Guiomar de Arruda Câmara a sua filha Joanna de Arruda Câmara Neiva,
escritas durante as explorações de Guiomar pelo Planalto Central.
RESULTADOS
Comissão Cruls
Cumprindo a determinação da Constituição de 1891, em seu artigo 3 o (“Fica pertencente à
União no planalto central da República, uma zona de 14.400 km2, que será oportunamente
demarcada para nela estabelecer-se a futura Capital Federal”), a Comissão Cruls definiu os limites
do então futuro Distrito Federal na forma de um quadrilátero (Quadrilátero Cruls), pelo
estabelecimento de quatro vértices (todos já localizados, quase 115 anos depois de terem sido
colocados; Cruls explicitava, em seu Relatório (edição de 1947) - pp. 42, 48, 93 - que, nos vértices
do quadrilátero que definiam o então futuro DF, iam ser enterradas caixas – devidamente lacradas –
contendo, cada uma, um documento que marcasse o evento - assinado pelo chefe e membros da
turma).
Quase sessenta anos depois da Comissão Cruls, em 1946 o Presidente Eurico Dutra instituiu
a Comissão de Estudos para Localização da Nova Capital do Brasil.
Como foi dito anteriormente, a partir do Diário de Campo do agrônomo Antônio de Arruda
Câmara, que percorreu (com Guiomar de Arruda Câmara) mais de setenta localidades do Sudeste
Goiano, entre cidades e povoados, empreendimentos agrícolas e projetos de colonização, vales,
lagoas e cachoeiras, de crônicas escritas por Antônio e por Guiomar de Arruda Câmara, e de cartas
de Guiomar desses mesmos lugares, podem ser construídos roteiros turísticos a serem hoje
implementados.
Consideramos oportuno citar um trecho de carta de Guiomar de Arruda Câmara a sua filha
Joanna de Arruda Câmara Neiva (que, à época, morava em Belém/PA), datada de setembro de
1947, de Planaltina/GO, em que é registrada a passagem de participantes da Comissão Cruls pelas
regiões então percorridas pela Comissão Polli Coelho. Nas Crônicas escritas por ela – e por Antônio
(ARRUDA CÂMARA, Guiomar e Antônio, 1947/48/49/50), são registradas conversas com
“peregrinos” que também percorriam a região, “em busca de melhores condições de vida”:
CONCLUSÕES
A seguir, listam-se em quadro, por período e Comissão, as localidades incluídas nos roteiros
turísticos a serem propostos (os nomes das localidades foram mantidos, acrescentando-se, na Cruls,
locais visitados em 2018 pelo grupo do Portal Cerratenses. NEIVA, 2018); no caso da Polli Coelho,
são completados os nomes atuais, por NEIVA, 2018):
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Janeiro: Lamparina, 2009.
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Janeiro: H. Lombaerts & C., Impressores do Observatório, 1894; São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1947.
FUNARI, Pedro Paulo; CARVALHO, Aline Vieira de. O patrimônio em perspectiva crítica: o caso
Quilombo dos Palmares. Diálogos. Rev. Bras. Hist. v. 26, n. 51, 2005. Disponível em:
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Passos, n.51).
NEIVA, Ivany C. Nos sertões do Brasil Central: caminhos de memória da capital cinquentenária.
In: KUYUMJIAN, M. de M.M. (Org.) Semeando cidades e sertões – Brasília e o Centro-Oeste.
Goiânia: Editora da PUC Goiás, 2010.
______. Turismo sertanejo no Brasil Central: caminhos de memória da capital. In: V Simpósio de
Turismo Sertanejo. Monteiro/PB: 2010.
RESUMO
Esse artigo avalia as destinações dos recursos decorrentes da Compensação Financeira da
Exploração Mineral (CFEM) dos municípios com atividade de mineração, enquanto receita
orçamentária propondo um Relatório de Sustentabilidade aplicado ao setor público com ênfase
financeira e socioambiental. O trabalho está consubstanciado na Lei 4.320/64 que rege a
Contabilidade Pública, Resolução 1.268/2008 do Tribunal de Contas do Município da Bahia e na
Lei de Responsabilidade Fiscal, e destaca a necessidade de atendimento ao princípio da publicidade.
A pesquisa é descritiva, documental, bibliográfica, exploratória por meio de estudo de caso no
município de Jaguarari/BA, com base no modelo de Balanço Social. Os estudos concluem que a
legislação contábil vigente não atende aos requisitos necessários da Gestão Pública, devendo
cumprir a exigência da Resolução 1268/2008 e que a proposição de um Relatório de
Sustentabilidade aplicado ao setor público para os municípios com atividade minerária contribuirá
para a transparência e redução dos impactos que envolvem atividade de mineração.
Palavras-chave: Mineração. Sustentabilidade. Gestão Pública.
ABSTRACT
This article evaluates the resources allocated to the Mineral Exploration Financial Compensation
(CFEM) of municipalities with mining activity, as a budget revenue proposing a Sustainability
Report applied to the public sector with financial and socio-environmental emphasis. The work is
embodied in Law 4,320 / 64 that governs Public Accounting, Resolution 1,268 / 2008 of the Bahia
Municipal Court of Accounts and the Fiscal Responsibility Law, and highlights the need to comply
with the principle of publicity. The research is descriptive, documentary, bibliographic, exploratory
by means of a case study in the municipality of Jaguarari / BA, based on the Social Balance model.
The studies conclude that the current accounting legislation does not meet the requirements of
Public Management, and must fulfill the requirement of Resolution 1268/2008 and that proposing a
Sustainability Report applied to the public sector for municipalities with mining activity will
contribute to transparency and reduction of the impacts that involve mining activity.
Keywords: Mining. Sustainability. Public Management.
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
A Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais nos Municípios do Semiárido
da Bahia
A CFEM tem como fundamento legal a Constituição de 1988, do Art. 20, § 1º, sendo a
referida compensação financeira instituída pela Lei 7.990/1989, disciplinada pela Lei 8.001/1990,
pelo Decreto 01/91 e alterada pela Lei 9.993/2.000 (CHAGAS; PIRES, 2010) a qual retrata:
O Método utilizado foi o Estudo de Caso que, segundo Mendonça (2015, p. 17), neste tipo
de pesquisa, se investiga um fato/fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real.
Esse método é bastante utilizado em pesquisas das ciências sociais para observar determinado grupo
ou comunidade que seja representativo para um universo estudado. A pesquisa compreendeu como
campo empírico o município de Jaguarari/BA, considerando a relevância da arrecadação da CFEM
no período de 2005 a 2010 e atualizações de 2005 a 2017 com base em dados oficiais do DNPM.
Em abordagem qualitativa e quantitativa das informações sobre a sustentabilidade, em 1997,
foi aplicado o Modelo do Balanço Social, elaborado pelo sociólogo Herbert de Souza, instituído
pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE). Esse relatório configurou um
modelo simplificado com predominância de dados expressos em valores financeiros, de forma
comparativa, correlacionando dados do mesmo setor.
O Balanço Social apresenta como estrutura básica, informações financeiras relativas à base
de cálculo, indicadores sociais internos, indicadores sociais externos, indicadores ambientais,
indicadores de corpo funcional, informações referentes ao exercício da cidadania. Ratifica que o
conceito de desenvolvimento sustentável e aplica-se a toda e qualquer organização, seja ela privada
ou pública e, no contexto das corporações mineiras, requer a adoção das melhores práticas
ambientais e socioeconômicas, configurando posicionamento preventivo e social.
A pesquisa é descritiva, documental, bibliográfica e exploratória, tendo como base os
Demonstrativos Contábeis da Prefeitura de Jaguarari, no período de 2009 e 2010, para a proposição
do Relatório de Sustentabilidade dos municípios com atividade minerária, destinado à evidenciação
dos indicadores sociais, econômicos e ambientais a ser implantado em atendimento às Normas
Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público, a Resolução1.268/2008 do Tribunal de
Contas do Município da Bahia e Lei 101/2000 de Responsabilidade Fiscal.
Município de Jaguarari
Em 2010 houve a primeira prestação de contas da Secretaria do Meio Ambiente, visto que
sua constituição ocorreu nesse exercício com designação de 5% dos recursos públicos, decorrentes
da CFEM aprovada pela Gestão Municipal.
Constata-se a preocupação com a destinação de recursos para a Gestão Ambiental, em face
da importância da atividade da região, e dentre seus gastos permeiam destinações para preservação
e conservação ambiental, criação de Áreas de Preservação Ambiental (APAS), implantação de
programa de arborização e jardinagem, ações de recuperação área degradada em nascentes,
manutenção das ações da secretaria de meio ambiente, reciclagem e implantação de coleta seletiva.
Tabela 5- Anexo 08 da Lei 4.320/64 – Balanço Orçamentário – Prefeitura Municipal de Jaguarari / BA 2010
DADOS BALANÇO ORÇAMENTÁRIO – EXERCÍCIO 2010
Executada Previsão Diferença
Receita Líquida 47.443.936,32 46.692.400,00 751.536,32
Transferências Correntes 43.392.787,17 41.938.000,00 1.454.787,17
Transferências Intergovernamentais 43.211.287,17 41.888.000,00 1.323.287,17
CFEM 3.796.329,01 4.300.000,00 503.670,99
Fonte: Jaguarari/Bahia, 2010.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nas exigências de transparência requeridas pela Contabilidade Pública, segundo a
Resolução1.268/2008 do TCM-BA e Lei 101/2000 de Responsabilidade Fiscal, tornam-se evidente
a necessidade de apresentação de um relatório específico que apresente a destinação dos recursos
relativos à arrecadação da CFEM nos municípios com atividade minerária, configurando uma
necessidade de transparência em relação à aplicação dos valores recebidos pelo repasse das
Transferências Intergovernamentais.
Esse estudo propõe a adoção do modelo de Relatório de Sustentabilidade aplicado ao Setor
Público em atendimento as demandas regulatórias, a partir dos pressupostos teóricos do Radar da
Sustentabilidade na Atividade Mineral, com enfoque social, cultural, ecológico, econômico,
político, territorial, tecnológico e global, embasado na estrutura do Balanço Social, destacado no
quadro 3 a partir dos seguintes tópicos:
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BAHIA. Prefeitura Municipal de Jaguarari. Balanço Orçamentário. Anexo 12 da Lei nº. 4320/64.
Jaguarari: PMJ, 2010.
BAHIA. Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia. Resolução 1.268/2008. Disponível
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BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. In: ______. Reforma Administrativa: manuais de
Legislação. 28. ed. São Paulo: Atlas,1991. p. 53-70.
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Exploração de Recursos Minerais (CFEM). Disponível:
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PISCITELLI, Roberto Bocaccio; TIMBÓ, Maria Zulene Farias. Contabilidade Pública: uma
abordagem da administração Financeira Pública. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
SEI. Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Salvador: SEI, 2015. Disponível
em: <http://www.sei.ba.gov.br/>. Acesso em: 10 mar. 2015.
RESUMO
Considerando o trade-off existente entre produção e preservação ambiental, este trabalho apresenta
um breve panorama da indústria de papel e celulose no Brasil e, em específico, avalia estratégias
ambientais adotadas por empresas do setor no estado da Paraíba. Para tanto, além de fazer uma
revisão bibliográfica, avalia informações de oito empresas registradas no cadastro da Federação das
Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP) e respostas de uma dessas empresas coletadas por meio de
questionário aplicado. Pelos dados obtidos das oito empresas estudadas, chamou a atenção o fato de
que uma de cinco empresas de micro e pequeno porte declarou à FIEP possuir certificação de
qualidade, corroborando estudos que ressaltam que o elevado custo da certificação ou falta de
informação pode ser uma restrição para a obtenção por empresas desse porte. Por meio da home
page de três empresas de médio porte, identificou-se que estas adotariam medidas ambientais
preventivas, pois possuem certificados de qualidade de gestão ambiental e adotam outros meios de
preservação como captação de água pluvial e uso de tintas para impressão à base de óleos vegetais.
Tais fatores também corroboram a previsão na literatura de que empresas de maior porte têm maior
acesso a certificações e adotam com maior frequência comportamento preventivo da degradação
ambiental. Por fim, as informações obtidas com o questionário de uma empresa de micro ou
pequeno porte revelaram que ela é remediadora de problemas ambientais dado que não possui
certificação ambiental e não tem um setor ou funcionário voltado para gestão ambiental.
Palavras-chave: Produção industrial. Preservação ambiental. Paraíba. Brasil.
ABSTRACT
Considering the trade-off between production and environmental preservation, this paper presents a
brief overview of the paper and pulp industry in Brazil and evaluates environmental strategies
adopted by companies in the state of Paraíba. In addition to a bibliographic review, considers
information from eight companies registered in the Federation of Industries of the State of Paraíba
(FIEP) and answers from one of these companies collected through an applied questionnaire.
According to the data obtained from the eight companies studied, one of five micro and small
companies declared to FIEP quality certification, corroborating studies that emphasize the high cost
of certification or lack of information may be a restriction to such companies. Through the home
page of three medium-sized companies, it was identified they adopt preventive environmental
measures as they have environmental management quality certificate and adopt other means of
preservation such as rainwater harvesting, and the use of printing inks based on vegetable oils.
These factors also corroborate the prediction in the literature that larger companies have greater
access to certifications and more frequently adopt preventive behavior of environmental
degradation. Finally, information obtained with the questionnaire of a small or small company
revealed it is a remedy of environmental problems since it has no environmental certification and
does not have a sector or employee focused on environmental management.
Keywords: Industrial production. Environmental preservation. Paraíba. Brazil.
Cavalcanti (2002) faz uma discussão sobre desenvolvimento e meio ambiente com base no
livro “O Mito do Desenvolvimento Econômico” de Celso Furtado. Discute a busca brasileira por
desenvolvimento nos anos 1970 como uma forma de concentração de renda e o que Furtado
13
Como já amplamente conhecido, o conceito de desenvolvimento sustentável foi apresentado na publicação intitulada
Nosso Futuro Comum também conhecida por Relatório Brundtland. Ver CMMAD (1991).
Revisão da literatura
METODOLOGIA
A presente pesquisa é descritiva e, quanto aos procedimentos técnicos, pode ser classificada
como bibliográfica e de campo. Baseia-se em artigos científicos, trabalhos acadêmicos, sítios
eletrônicos, publicações setoriais, dados da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP) e
dados primários obtidos por meio de questionário (GIL, 2010; SILVA e MENEZES, 2005).
Para avaliar empresas quanto ao porte foi adotado o critério de classificação do Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).14 O questionário foi aplicado para
uma amostra de empresas cadastradas na FIEP, buscando-se identificar se adotam medidas de
caráter preventivo ou remediador de impacto ambiental bem como a disposição de investimento em
novas tecnologias e procedimentos organizacionais com objetivos ambientais.
O período considerado pelo estudo, 2002-2017, corresponde a uma fase de expansão da
economia brasileira em que houve aumento importante de investimentos em implantação, expansão
e modernização da indústria de transformação em nível nacional, no Nordeste e na Paraíba.
14
Microempresa, se tem até 19 funcionários; pequena empresa, 20 a 99 funcionários; médio porte, 100 a 499
empregados; grande porte, mais de 500 empregados.
Fonte: BNDES Setorial (2010) a partir de dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (2008).
Fonte: Anuário da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (2013) a partir de dados da
BRACELPA (2012), ABIPA (2012), Pöyry Silviconsult e AMS (2013).
Uma primeira constatação que pode ser feita, com base nos dados coletados do cadastro de
empresas da FIEP, é que as empresas da indústria de papel e celulose do Estado estão segmentas
nos subsetores Fabricação de embalagens de papel e Fabricação de produtos de papel, cartolina,
papel‐cartão e papelão ondulado para uso comercial e de escritório. Em relação ao porte, se
destacam as empresas Conpel - Companhia Nordestina de Papel, Cadersil Indústria Ltda. e Gráfica
Santa Marta Ltda., pois em um cenário em que predominam micro e pequenas empresas, essas são
as de maior porte. Precisamente, na amostra com cadastro na FIEP tem-se três microempresas, duas
empresas de pequeno porte e três de médio porte (Quadro 1).
O Quadro 2, por sua vez, lista as empresas e indica se a mesma conta com certificação, se
comercializa resíduos, se tem geração própria de energia e se exporta. Uma identificação que pode
ser feita por meio dos Quadro 1 e 2 é quanto ao porte da empresa e a obtenção de algum tipo de
certificação. Chama a atenção o fato de que, exceção para a microempresa Maikon Paulo de
Oliveira Lima para a qual consta certificação de sistema de qualidade na fabricação de produtos, as
demais empresas consideradas, independentemente do porte, não são certificadas. Supondo-se que
esses registros estejam corretos, tem-se uma evidência que corrobora uma observação de Lustosa
(2010) sobre a dificuldade das empresas obterem certificação dado o custo elevado envolvido. Em
outros termos, muitas delas podem ter interesse, porém não tem acesso.
a) a Conpel - Companhia Nordestina de Papel declara em sua home page que possui
certificação ISO 9001/2000, garantindo qualidade elevada de seus produtos;
b) a Cadersil Indústria Ltda. afirma ter o certificado Forestry Stewardship Council (FSC),
garantindo que os papéis provenientes de madeiras extraídas de florestas seguem os
princípios de conservação ambiental e desenvolvimento sustentável. A empresa também
demonstra preocupação com a sustentabilidade ambiental de outras formas. Por
exemplo, os resíduos gerados pela produção são fornecidos as empresas credenciadas
como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) para reciclagem; possui sistema de captação e armazenagem com grande
capacidade de água pluvial para ser utilizado na limpeza e manutenção da empresa; e
utiliza telhas transparentes que melhoram a luminosidade no interior da fábrica, para
evitar o uso de iluminação artificial;
c) a Gráfica Santa Marta Ltda. também declara ter o certificado de qualidade FSC, bem
como o certificado Huber Green que garante que as tintas usadas na impressão são à
base de óleos vegetais, contribuindo para a redução da poluição atmosférica e do efeito
estufa. Também declara possuir o certificado Verniz Ecolake, garantindo o uso de fontes
renováveis de matéria-prima e, consequentemente, gerando menor impacto ambiental.
A empresa também declara que possui um setor de aparas que separa as sobras de papel,
tendo sido destinadas para reciclagem mais de 6,5 toneladas em 2013. Também conta
com uma Estação de Tratamentos de Efluentes (ETE), que trata os resíduos líquidos
gerados pelas máquinas.
Com esses dados constata-se que as empresas que possuem maior porte são as que mais
investem para obter certificação e adotam medidas de prevenção à poluição. Por outro lado, há
também evidências de que empresas de menor porte apresentam um movimento de busca por
sistemas de qualidade certificados e de adoção de medidas para preservar o meio ambiente. Pela
literatura teórica e empírica mais recente, essa busca pode ser justificada principalmente pelo
objetivo de se tornarem mais competitivas ou mesmo para captar investimentos.
Quanto aos questionários aplicados, das oito empresas contatadas, apenas uma das empresas
devolveu o questionário preenchido. Uma delas retornou com a resposta de que não poderia
fornecer informações, porque algumas questões eram tratadas como segredos industriais. Vale
salientar que no contato com as empresas foi destacado que as informações não seriam divulgadas
de forma a identificar o respondente e que a empresa poderia participar da pesquisa também de
forma parcial, respondendo apenas o que fosse mais apropriado para ela.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Florestas, Seropédica, Rio de Janeiro,
2008.
RESUMO
A desertificação é um tema que vem sendo dialogado em muitas das áreas afetadas. Uma dessas
áreas é o Semiárido brasileiro, que abriga o bioma Caatinga, único no mundo. Partindo desse
pressuposto, o objetivo desse trabalho é analisar as políticas públicas com ênfase em projetos
ambientais voltados ao fenômeno da desertificação, com foco na cidade de Assú/RN. Foram
analisados três projetos, um em andamento e dois finalizados, na perspectiva dos seus objetivos e
seus resultados. Para esta pesquisa foi realizado primeiramente um estudo histórico-bibliográfico da
legislação do semiárido brasileiro e do estado do Rio Grande do Norte, em seguida, concretizou-se
a revisão bibliográfica com a legislação atual e também com a consulta a autores como Andrade
(1981), Trajano e Laranja (2006), Rodrigues (2015), Suetergaray (2016), entre outros. Além disso,
foi realizado trabalho de campo em uma das áreas de reflorestamento de um dos projetos analisados
(Projeto de Assentamento Novo Pingos) no dia 16/09/2017 utilizando-se de registro fotográfico
para esta pesquisa. Como resultados, observou-se a presença de propostas pontuais, com a
necessidade de revisão e autocrítica das ações desenvolvidas, em virtude da não satisfação dos
projetos sugeridos para alcance da recuperação das áreas degradadas.
Palavras-Chave: Desertificação. Degradação Ambiental. Políticas Públicas. Caatinga.
ABSTRACT
Desertification is a topic that is being discussed in many of the affected areas. One of these areas is
the Brazilian Semiarid, which is sheltering the Caatinga biome, unique in the world. Based on this
assumption, the objective of this work is to analyze public policies with emphasis on environmental
projects focused on the phenomenon of desertification, focusing on the city of Assú/RN. Three
projects were analyzed, one in progress and two finalized, in the perspective of its objectives and its
results. For this research was first carried out a historical-bibliographical study of the legislation of
the Brazilian semiarid region and the state of Rio Grande do Norte, then materialized to literature
review current legislation and also the consultation with authors like Andrade (1981), Trajano and
Laranja (2006), Rodrigues (2015), Suetergaray (2016), among others. Besides that field work was
carried out in one of the reforestation areas of one of the projects analyzed (Projeto de
Assentamento Novo Pingos) on 09/16/2017 using a photographic record for this research. As
results, it was observed the presence of punctual proposals, with the need for review and self-
criticism of the actions developed, due to the non-satisfaction of the suggested projects to reach the
recovery of the degraded areas
Keywords: Desertification. Environmental Degradation. Public Policies. Caatinga.
15
Trabalho apresentado na banca de TCC, em 20 de Out. de 2017.
16
Composto pelos municípios de Assú (grafia oficial, adotada pela prefeitura municipal), Jucuturu, Ipanguaçu, Itajá,
Pendências, Alto do Rodrigues, Carnaubais, São Rafael e Porto do Mangue.
Com base no exposto fora escolhido como tema central dessa pesquisa as políticas públicas
que versam sobre a desertificação, com foco no estado do Rio Grande do Norte, em especial no
município de Assú/RN. Como objetivo geral pretende-se analisar as políticas públicas com ênfase
em projetos ambientais voltados ao fenômeno da desertificação, em particular na cidade de
supracitada. Especificamente, busca-se compreender se há políticas voltadas diretamente para a
desertificação ou apenas projetos com finalidades diversas e se onde tais projetos atuam realmente
são áreas susceptíveis à desertificação.
Dessa forma, esse trabalho se faz importante quanto à reflexão das políticas implantadas,
bem como para tomada de decisões e subsídios de futuros projetos e/ou políticas públicas que
possam vir a desenvolver e mitigar os impactos no meio estudado. Destaca-se pelo fato de ser um
trabalho acadêmico com fins científicos, especificamente para a Geografia, subsidiando outras
problemáticas para futuras pesquisas na área de estudo.
O Rio Grande do Norte é o estado nordestino com maior proporção de área semiárida, com
93,4% dos 53.077 km2 da sua área total. Abrange as regiões de Mossoró (seis municípios), Médio
Oeste (oito municípios), Alto Oeste (36 municípios), Seridó (28 municípios), Vale do Açu (11
O Rio Grande do Norte abriga um dos seis Núcleos de Desertificação existentes no nordeste
brasileiro, localizado na região do Seridó (RN/PB). O Programa de Ação Estadual de Combate à
Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca do Estado do Rio Grande do Norte (PAE/RN)
afirma que no Rio Grande do Norte, as Áreas Susceptíveis a Desertificação (ASD), ou seja, aquelas
Com relação às questões ambientais, são os mais variados problemas que afetam as áreas de
ASD e as condições socioeconômicas da região e da população só agravam esse estado. Nessas
áreas “a população apresenta alta dependência dos recursos naturais, principalmente, na forma de
extrativismo.”. (BRASIL, 2005). Antagonicamente, o homem desempenha importantíssimo papel
no avanço da desertificação: sendo, ao mesmo tempo, agente do processo e vítima do ambiente
desertificado (TRAJANO; LARANJA, 2006).
Para sanar alguns desses problemas ambientais, várias instituições fizeram/fazem parcerias à
luz de “projetos ambientais” para, principalmente, reflorestar áreas degradadas na cidade de
Assú/RN. Em vista disso, essa pesquisa identificou os projetos que versam exclusivamente sobre o
replantio da cobertura vegetal para combater e/ou mitigar a desertificação na mesma.
No ponto visitado é visível o cenário de seca, onde é possível observar que a totalidade das
mudas que foram plantadas através do referido projeto não se desenvolveram, de modo que a falta
de fiscalização e a carência de apoio técnico também interferiu nesse processo, além do fator
ambiental, através do índice de pluviosidade insuficiente.
Os projetos analisados, com exceção da Caatinga Viva, cumpriram até o presente momento
– no caso do Projeto Restauração da Caatinga – o que estava explícito em suas políticas. Contudo,
alguns fatores – ambientais, climáticos, sociais, financeiros etc. – fizeram com que os que já
encerraram, não obtivessem tanto êxito. Foram modelos que trabalharam dando suporte ao bioma
caatinga, mas este, por estar bastante degradado não conseguiu manter a reciprocidade para com os
projetos além da irregularidade das chuvas, fazendo com que os resultados esperados não se
concretizassem conforme o planejado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no que fora exposto é visível que algumas políticas públicas começam a aflorar,
embora que timidamente, no cenário do Vale do Açu. Apesar de pontuais, alguns projetos são
desenvolvidos no Vale em geral, com as mesmas finalidades ambientais, porém, não
necessariamente visam o combate à desertificação. Entretanto, procuramos focar apenas nos que
objetivaram a mitigação deste fenômeno.
A pluviosidade e o clima local não agiram conforme o esperado, fazendo com que muitas
mudas não se desenvolvessem e não conseguissem perseverar diante da seca que estamos
enfrentando nos últimos anos; com exceção do Projeto de Restauração da Caatinga. Além disso,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGENDA 21. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. 1995.
Disponível em: <http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/agenda21.pdf>. Acesso em: 10 abr.
2017.
BRASIL, Portal. Restauração da Caatinga é tema de projeto na Floresta de Açu (RN). 2014.
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2014/07/restauracao-da-caatinga-e-
tema-de-projeto-na-floresta-de-acu-rn>. Acesso em: 12 set. 2017.
RESUMO
O município de Boquira/BA foi palco de intensa atividade minerária (exploração de chumbo/zinco),
que deixou um dos maiores passivos ambientais advindos da mineração do Brasil. Ao longo dos
anos, devido à expansão demográfica, vem ocorrendo a incorporação deste passivo à mancha
urbana. No município é realizada lavra de quartzito, conhecido com “Azul Boquira”, além disso, o
município apresenta áreas com geologia favorável a mineralizações de ferro. Desta forma, este
trabalho teve como objetivo, auxiliar no disciplinamento do aproveitamento das substâncias
minerais através da proposição de estratégias para integrar a mineração às ações de planejamento
dos entes públicos. A metodologia utilizada fundamentou-se em três etapas principais: 1)
Levantamento de dados secundários a respeito da legislação mineral e de uso e ocupação do solo,
caracterização ambiental dos parâmetros relacionados ao meio físico do município e criação do
inventário de direitos minerários; 2) Trabalhos de campo com delimitação das áreas urbanas/rurais
(vetor de crescimento e uso e ocupação do solo), das lavras de quartzito e do passivo (mineração de
Pb-Zn); 3) Determinação dos indicadores ambientais para desenvolvimento de zoneamento
minerário, com o auxílio das ferramentas do Sistema de Informações Geográficas (SIG), nesta fase
foram indicadas as áreas mais, ou menos, apropriadas para o desenvolvimento da mineração.
Assim, foi feita a relação entre a compatibilização do aproveitamento dos recursos minerais e as
limitações de caráter ambiental. O zoneamento se constituiu em quatro zonas: Preferencial (ZPM),
áreas mais adequadas ao desenvolvimento da mineração, Controlada (ZCM), áreas que apresentam
restrições ao desenvolvimento da mineração, Bloqueada (ZBM), áreas onde, em face das restrições
urbanas, não é permitida a mineração, e destinada a Recuperação Ambiental (ZRA), correspondem
às áreas degradadas da mineração de chumbo/zinco.
Palavras-chave: Plano diretor de mineração; Zoneamento minerário; Planejamento municipal.
ABSTRACT
The city of Boquira / BA was the scene of intense mining activity (lead/zinc exploration), which left
one of the biggest environmental damage arising from Brazil's mining. Over the years, due to the
demographic expansion, the incorporation of this damage into the urban spot has been taking place.
In the city is realized quartzite mining, known with "Blue Boquira", in addition, the city presents
areas with favorable geology to iron mineralizations. In this way, this work had as objective, to help
in the disciplining of the use of the mineral substances through the proposal of strategies to integrate
the mining to the actions of planning of public entities. The methodology used was based on three
main steps: 1) Survey of secondary data regarding mineral legislation and land use and occupation,
environmental characterization of the parameters related to the physical environment of the city and
creation of the inventory of mining rights; 2) Fieldwork with urban / rural delimitation (vector of
growth and land use and occupation), quartzite and passive mining (Pb-Zn mining); 3)
Determination of the environmental indicators for the development of mining zoning, with the help
INTRODUÇÃO
O processo de exploração minerária no município de Boquira/BA iniciou-se nos anos 50,
quando Chumbo (Pb) e Zinco (Zn) foram lavrados intensamente por 33 (trinta e três) anos,
resultando na exaustão das reservas e no consequente abandono da mina. Segundo Ferran (2007), “o
abandono da mina ocorreu devido ao excesso de oferta internacional destes metais aliado aos altos
custos operacionais e ao esgotamento das reservas viáveis”. Durante o período exploratório da mina
a inobservância da legislação voltada à proteção ambiental e respectivas ações de fiscalização gerou
impactos ambientais significativos no município. O município de Boquira tem como representante
atual da atividade mineral, a exploração de rochas utilizadas para revestimento, denominadas “Azul
Boquira”, com ampla difusão no mercado internacional. Parte dessas atividades ocorrem de forma
irregular sem controle por parte do poder público local. Além disso, em 2008, a busca por minério
de ferro resultou na necessidade de novas pesquisas geológicas e de prospecção deste metal (Garcia,
2011), quando retomou-se o interesse em antigas áreas, que antes não eram tidas como promissoras,
como é o caso da região do município de Boquira/BA.
De acordo com Pontes et al (2012), “os impactos causados pela atividade minerária,
associados à competição pelo uso e ocupação do solo, geram conflitos socioambientais, os quais,
por vezes, são motivados pela ausência de políticas públicas, que reconheçam a pluralidade dos
interesses envolvidos”. Para Tanno e Sintoni (2003), “além do importante papel dos agentes
públicos federal e estadual na regulamentação e legislação das questões minerárias, é necessário a
implementação de uma política municipal para resguardar os interesses locais, sobretudo devido ao
aspecto indissociável entre a extração e aproveitamento dos recursos minerais e o desenvolvimento
socioeconômico”.
Aos municípios confere o papel suplementar à Federação e aos Estados no estabelecimento
de políticas de regulação da ocupação e indução do desenvolvimento do seu território (Cabral
Júnior, 2012). Tendo em vista que os fatores geológicos ligados à localização das reservas são
rígidos e imutáveis a ponto de inviabilizar, em muitos casos, a mudança das áreas de extração, é
imprescindível a atuação do poder público, com políticas públicas específicas para demanda em
questão, a fim de se obter uma ferramenta que auxilie na gestão do planejamento urbano. Assim,
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo foi realizado, à princípio, através da análise da legislação ambiental vigente
relacionada às atividades de mineração. Desta maneira, foram destacados os impeditivos legais à
instalação de atividade mineira no município. Conforme o IPT (2003), “o estabelecimento dessas
áreas tem por referência a compatibilização do aproveitamento dos recursos minerais com as
limitações de caráter ambiental – áreas recobertas por legislações restritivas à mineração,
suscetibilidade do meio físico e biótico, áreas com paisagens e monumentos naturais notáveis, e
com outras formas de uso e ocupação do solo, regulamentadas por lei e/ou de interesse da
municipalidade”.
As informações referentes ao zoneamento institucional constituem uma das bases para a
formulação da proposta de Zoneamento Minerário, no qual “as áreas destinadas à produção mineral
deverão estar plenamente compatibilizadas com as demais regulamentações de uso e ocupação do
meio físico instituídas para o município” (IPT, 2003). Para o estabelecimento do zoneamento
institucional do município de Boquira foram compilados dados sobre o parcelamento do uso do solo
referentes à Unidades de Conservação (Federal, Estadual e Municipal), à Áreas de Preservação
Permanente; e às Paisagens e Monumentos Geológicos relevantes (dados de Espeleologia),
dispostos mediante leis, decretos, planos diretores, entre outros.
O município não apresenta, em seu território, Unidades de Conservação Federais ou
Estaduais, todavia, no âmbito municipal, uma das políticas de reestruturação urbana/ambiental é a
revisão e ampliação da Área de Preservação Ambiental na região da Serra do Espinhaço, APA
Municipal Broto d’Água (Plano Diretor Participativo de Boquira), por apresentar uma série de
nascentes. Com relação às Áreas de Preservação Permanente, seguiu-se o disposto na Lei
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1 - Zoneamento Minerário do município de Boquira, com a distinção das 4 (quatro) diferentes zonas
de aptidão à mineração. Base cartográfica cedida pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM).
FONTE: A autora.
Engloba áreas que apresentam restrições ao desenvolvimento da mineração, porém onde esta
atividade é admitida, exigindo maior complexidade na avaliação do processo de licenciamento e
comprometimento do empreendedor com procedimentos técnicos detalhados de planejamento e
controle. As restrições são definidas de acordo com o zoneamento institucional e com a
suscetibilidade erosiva, quando estas impõem alguma limitação à produção mineral. Desta forma, é
necessário um maior cuidado no plano de aproveitamento econômico da jazida, apresentado ao
DNPM, e na avaliação do processo de licenciamento ambiental, priorizando, nestes casos, a
existência de alternativas locacionais, podendo haver necessidade da aprovação dos comitês
gestores da unidade de conservação. A ZCM é definida por vários polígonos legais, às vezes
superpostos, como a Área de Proteção Ambiental, em fase de implantação, e as áreas aluvionares e
de topo de morro (Figura 2b) definidas como de preservação permanente (APP), de acordo com o
Código Florestal. Também incluem áreas com restrição devido à suscetibilidade erosiva
classificadas entre média a muito alta e as áreas passíveis de urbanização, definidas a partir dos
limites atuais da área urbana, em 100 (cem) metros. Ocupam cerca de 500 km², 35% do território
municipal. Com relação aos processos de direitos minerários, todos os títulos (totais ou partes), em
diferentes fases de tramitação incidem sobre esta zona.
Figura 2 - Vista das áreas destinadas às quatro zonas minerárias. a) Zona Preferencial para Mineração
(ZPM), b) Zona Controlada para Mineração (ZCM), c) Zona Bloqueada para Mineração (ZBM), e d) Zona
para Recuperação Ambiental (ZRA).
FONTE: A autora.
FONTE: A autora.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CABRAL JUNIOR, M. Plano diretor do polo mínero-cerâmico de Santa Gertrudes: bases técnicas
e desafios. Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Santa Gertrudes – São Paulo, 2012.
TANNO, L. C.; SINTONI, A. (Coords.). Mineração e município: bases para planejamento e gestão
de recursos minerais. IPT. São Paulo – SP: Editora Páginas e Letras, 194 p., 2003.
RESUMO
Este artigo reúne um conjunto de dados de pesquisa sobre o PNCF no estado do Rio Grande do
Norte. A pesquisa aporta ao debate da reforma agrária no estado e a Reforma Agrária Assistida de
Mercado como marco conceitual e teórico dos programas de acesso à terra no Brasil. Na construção
do discurso oficial, O PNCF se institui como o principal programa de acesso à terra no país, com o
objetivo de atenuar a pobreza rural, bem como, promover a produção agrícola familiar,
possibilitando a permanência das famílias no meio rural. Para sistematização desta comunicação
científica, recorre-se a uma base de dados secundários, oriundos da Secretaria de Estado de
Assuntos Fundiários e Apoio à Reforma Agrária/RN, aos Manuais Operacionais das linhas de
financiamento Combate à Pobreza Rural, Consolidação da Agricultura Familiar e Nossa Primeira
Terra e, também, aos dados primários, reunidos através de entrevistas realizadas com os
representantes da Unidade Técnica Estadual/RN, Comissão Pastoral da Terra e técnico do programa
no estado. Com isso, pôde-se construir um mapeamento e apresentar os resultados que seguem: no
que concerne à área financiada pelo PNCF no estado do Rio Grande do Norte, infere-se que o
Programa Nacional de Crédito Fundiário atua como um importante instrumento de assentamento e
permanência de famílias no campo, oportunizando o acesso ao crédito para financiamento da terra,
a juros baixos, com subsídios no pagamento, além de recursos para investimentos produtivos não
reembolsáveis.
Palavras-chave: Crédito Fundiário; Reforma Agrária Assistida de Mercado; Acesso à Terra.
ABSTRACT
This article presents a set of a data research on PNCF in Rio Grande do Norte State. The research
contributes to the debate of the State Agrarian Reform and Agrarian Assisted Reform of Market as
conceptual and theoretical frame of land access programs in Brazil. In the official discourse
construction, PNCF is established as the main program of access to land in the country, with the
aim of alleviating rural poverty, as well as promoting family agricultural production, enabling the
families’ permanence in rural areas. To systematize this scientific communication, a secondary
database from the State Secretariat of Land Affairs and Support to Agrarian Reform/RN, is used for
the Operational Manuals of the lines of financing to Combat Rural Poverty, Consolidation of
Family Agriculture and Our First Earth; as well as to the primary data gathered through interviews
with representatives of the State Technical Unit/RN, the Pastoral Land Commission and program
technician in the State. Through this, it was possible to construct a mapping and present the
following results: about financed area by PNCF in Rio Grande do Norte State, it is inferred that the
National Land Credit Program acts as an important instrument for settlement and permanence of
families in rural area, giving access to credit for land financing at low interest rates, with subsidies
on payment, as well as resources for non-reimbursable productive investments.
Keywords: Land Credit; Agrarian Reform Assisted Market; Access to Land.
17
Conferir o Cap. III, Título VII, Artigos: 184 a 191.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
No Rio Grande do Norte, o PNCF tem uma área de atuação bastante abrangente,
perpassando quase a sua totalidade. Com isso, este estudo sistematiza os dados de pesquisa sobre o
PNCF e sua execução no estado, com foco nos territórios da cidadania18. A delimitação temporal da
pesquisa corresponde ao período de 2003 a 2018.
Adota-se como procedimentos metodológicos, para a articulação dos resultados, a
construção de um banco de dados sobre o PNCF, com recorte no Rio Grande do Norte. A base de
consulta empírica são os boletins mensais, divulgados pelo Painel Gerencial de Indicadores da
Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário/Subsecretaria de
Reordenamento Agrário do Governo Federal e a Secretaria de Estado de Assuntos Fundiários e
Apoio à Reforma Agrária, no Rio Grande do Norte. Agrega-se a este quadro de informações, o
Manual de operação das linhas de financiamento Combate à Pobreza Rural, Consolidação da
Agricultura Familiar e Nossa Primeira Terra.
Registre-se, ainda, para levantamento dos dados primários, entrevistas com atores sociais
integrantes da Rede de Apoio do PNCF no estado, como também aos representantes de órgãos
presentes no decorrer do processo de aquisição do imóvel rural. Os atores entrevistados representam
as instituições: Unidade Técnica Estadual (UTE/RN), Comissão Pastoral da Terra e técnico do
PNCF no estado. Os dados reunidos foram decisivos para o mapeamento da execução do PNCF: o
discurso institucional, o marco legal, os objetivos, princípios, normas, diretrizes e seus
procedimentos operacionais.
18Açu-Mossoró, Agreste Litoral Sul, Alto Oeste, Mato Grande, Metropolitano/Potiguaras, Potengi, Seridó, Sertão do
Apodi, Sertão Central Cabugi e Litoral Norte e Trairi.
20Agreste Potiguar, Angicos, Baixa Verde, Borborema Potiguar, Chapada do Apodi, Litoral Nordeste, Litoral Sul,
Macau, Macaíba, Médio Oeste, Mossoró, Natal, Pau dos Ferros, Seridó Ocidental, Seridó Oriental, Serra de Santana,
Serra de São Miguel, Umarizal e Vale do Açu.
21 Para chegar à média do hectare por família, foi utilizada a fórmula: Valor total SAT/quantidade total de famílias.
22Os Projetos de Assentamentos estão localizados nos municípios de Apodi, Campo Grande, Caraúbas, Governador
Dix-Sept Rosado, Paraú, Umarizal e Upanema.
23 Os valores referentes às despesas cartoriais e medições são agregados ao financiamento da terra, recursos
reembolsáveis.
24 Entrevista realizada em 18 de maio de 2017.
25 Na pesquisa constatou-se que o estado do Rio Grande do Norte foi o precursor na idealização e organização dos
sindicatos rurais, entidade representativa dos agricultores familiares. Foram criados pela Igreja Católica para combater
as ligas camponesas no estado.
26 Entrevista realizada dia 18 de julho de 2017.
Mato Grande 861 14.856,9 17,3 9.861.726,44 663,80 543.815,31 7.781.788,75 18.187.330,50
Sertão Apodi 1234 28.893,1 23,4 17.253,258,66 597,12 2.020.149,21 14.884.314,07 34.157.722,28
Sertão Central Cabugi e
482 14.374,54 29,8 4.934.223,07 343,26 637.378,47 5.704.382,06 11.275.983,60
Litoral Norte
Trairi 489 10.493,07 21,5 5.434.792,91 509,24 387.657,86 4.590.328,96 10.412.779,73
Total 5836 126.300,5 21,6 76.447.725,07 605,28 6.901.841,24 64.686.948,44 148.036.514,75
Fonte: Elaborado pelas autoras com dados da SEARA (2017).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde a implantação do PNCF (2003) até dos dias atuais 28, a área destinada para cada
família29 no estado, em média, foi de 21,6 ha; o custo para aquisição da terra (SAT), por família, foi
de R$ 13.085,30 e cada hectare custou R$ 604,81. Com despesas cartoriais e medições da terra,
cada família despendeu o valor de R$ 1.178,54 e recebeu, em média, para investimentos básicos
(SIB) ou comunitários (SIC) o montante de R$ 11.019,70. No entanto, em 14 anos de programa, foi
destinado para cada área de assentamento, uma média de R$ 174.325,00 em recursos para SAT,
SIB/SIC e despesas com cartórios e medições da terra.
Todos os territórios do estado foram contemplados com propostas executadas pelo PNCF.
Mas o território Potiguar Sertão do Apodi corresponde a maior quantidade de área financiada no
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMON-HÁ, Reili. Programa Nacional de Crédito Fundiário: uma análise para o estado do Rio
Grande do Norte. Novas Edições Acadêmicas, 2014.
FERNANDES, Maria José da Costa. Reforma Agrária e assentamentos rurais no Rio Grande do
Norte: algumas reflexões. 2011. Disponível em:
http://periodicos.uern.br/index.php/contexto/article/viewFile/1053/579. Acesso em 15 de
novembro de 2017.
NUNES, Emanoel Márcio; QUEIROZ, Karla da Silva; MIELITZ, Carlos Adalberto; GODEIRO,
Kalianne Freire. Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural no Nordeste: a experiência do
Estado do Rio Grande do Norte. XLIV Congresso da SOBER. Porto Alegre, 2006. Disponível
em: https://ageconsearch.umn.edu/bitstream/148481/1/792.pdf. Acesso em 14 de novembro de
2017.
RESUMO
A intensificação dos problemas socioambientais nos municípios tem contribuído, nas últimas
décadas, para se ampliar as discussões sobre um novo molde de produção e consumo em todas as
esferas da sociedade. Nesse sentido, uma das propostas para o desenvolvimento sustentável das
cidades consiste no crescimento econômico, com a redução das desigualdades sociais e a
conservação dos recursos naturais não só para as presentes gerações, mas também para as futuras.
Nessa perspectiva, o objetivo desse estudo é avaliar o nível de sustentabilidade dos municípios do
Mato Grande, no Estado do Rio Grande, utilizando o índice de Desenvolvimento Sustentável para
Municípios (IDSM), proposto por Martins e Cândido (2008), composto por 44 variáveis agrupadas
em seis dimensões de sustentabilidade, a saber: social, demográfica, econômica, político-
institucional, ambiental e cultural. No que tange aos resultados verificou-se que os municípios
investigados evidenciaram níveis desfavoráveis de sustentabilidade, indicando um nível de alerta
em praticamente todos os municípios. Assim sendo, é importante ressaltar que os níveis de alerta
apresentado por esses municípios representam uma oportunidade para o poder público local
formular políticas públicas e implementar ações que garantam o desenvolvimento em bases mais
sustentáveis a fim de evitar a regressão desses municípios a um nível crítico de sustentabilidade.
Palavras-chave: Índice; Mato Grande; Sustentabilidade.
ABSTRACT
The intensification of socio-environmental problems in municipalities has contributed in recent
decades to broadening discussions about a new mold of production and consumption in all spheres
of society. In this sense, one of the proposals for the sustainable development of cities is economic
growth, reducing social inequalities and conserving natural resources not only for the present but
also for the future generations. In this perspective, the objective of this study is to evaluate the level
of sustainability of the municipalities of Mato Grande, in the State of Rio Grande, using the index
of Sustainable Development for Municipalities (IDSM), proposed by Martins and Cândido (2008),
composed of 44 variables grouped into six dimensions of sustainability: social, demographic,
economic, political-institutional, environmental and cultural. Regarding the results, it was verified
that the municipalities investigated showed unfavorable levels of sustainability, indicating a level of
alertness in practically all municipalities. Therefore, it is important to emphasize that the alert levels
presented by these municipalities represent an opportunity for the local public power to formulate
public policies and implement actions that guarantee development on a more sustainable basis in
order to avoid the regression of these municipalities to a critical level of sustainability.
Key Words: Index; Mato Grande; Sustainability.
30
Doutora em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG
31
Em Uso Sustentável de Recursos Naturais
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa em tela classifica-se, quanto à natureza, como quantitativa, uma vez que para a
avaliação da sustentabilidade foram coletados dados quantitativos em diversas bases de dados.
Quanto aos objetivos, a pesquisa pode ser classificada, ainda, como exploratória, devido o caráter
recente e ainda pouco explorado do tema referente a indicadores de sustentabilidade para
municípios (MARTINS; CÂNDIDO, 2008); e descritiva (GIL, 2002).
Para a avaliação da sustentabilidade dos municípios do Mato Grande foi utilizado o método
do índice de Desenvolvimento Sustentável para Munícipios (IDSM) proposto por Martins e
Cândido (2008) composto por 44 variáveis agrupadas em seis dimensões de sustentabilidade, a
saber: social, demográfica, econômica, político-institucional, ambiental e cultural. O quadro 1
apresenta as dimensões e as variáveis que foram consideradas, com suas respectivas fontes.
Tomando por base a proposta desenvolvida por Martins e Cândido (2008), inicialmente
foram coletados os dados relacionados a cada variável, que foram organizados em tabelas com a
utilização do software Microsoft Excel 2010, para a posteriori ser realizado o cálculo dos índices de
cada dimensão e do IDSM final.
Os dados foram coletados no período de 2010 a 2017 em diversas bases de informação como
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Departamento de Informática do Sistema
Único de Saúde (DATASUS), o Atlas do Desenvolvimento Humano, o Mistério do
Desenvolvimento Social, Departamento Estadual do Transito do Rio Grande do Norte
(DETRAN/RN), a Secretaria do Comércio Exterior (SECEX), a Agência Nacional de
Telecomunicações (ANATEL), o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, o Ministério
da Educação (MEC) e a Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
Como as variáveis apresentam unidades de medidas distintas realizou-se a transformação em
índices que possibilitaram sua agregação nas respectivas dimensões para a construção do IDSM.
Assim, para realizar a transformação das variáveis em índices, foi utilizado um procedimento que
consiste no ajuste dos valores das variáveis a uma escala que varia de 0 a 1, em que o valor mínimo
é 0 (zero) e o valor máximo é 1 (um).
Desse modo, antes de transformar as variáveis de cada dimensão em índices deve-se definir
o tipo de relação (positiva ou negativa) que cada indicador mantém com o desenvolvimento
sustentável. Assim sendo, a relação é positiva quando um aumento no valor desse indicador
favorece o processo de desenvolvimento sustentável, ou seja, quando verificado que, quanto maior
Em que:
I = índice calculado para o município avaliado (variando de 0 (zero) a 1 (um), em que o
1 indica a melhor nível de sustentabilidade);
x = valor de cada variável em cada estado ou município;
m = valor mínimo identificado nessas localidades;
M = valor máximo identificado nessas localidades (MARTINS; CÂNDIDO, 2008).
Considerando, ainda, as etapas do IDSM, após a transformação dos valores das variáveis em
índices realizou-se sua agregação por dimensão por meio da média aritmética de cada uma delas
obtendo o IDMS das dimensões. O IDSM final foi obtido por meio da média aritmética dos IDSM
encontrados em cada dimensão individualmente. O IDSM é representado graficamente por um
conjunto de cores que correspondem aos níveis de sustentabilidade como pode ser visualizado na
tabela 1.
Tabela 1 – Classificação e representação dos índices por cores dos níveis de sustentabilidade.
Dimensão Social
Dimensão Econômica
Na dimensão econômica foi evidenciado que nenhum dos municípios do Mato Grande
apresentou nível de sustentabilidade ideal e apenas 13,33% apresentou nível aceitável. No entanto,
60% dos municípios apresentaram nível de sustentabilidade em alerta e 26,67% nível crítico,
Dimensão Político-Institucional
Dimensão Ambiental
Na dimensão ambiental foi revelado que 66,67% dos municípios apresentaram nível de
sustentabilidade aceitável e 33% apresentaram nível de alerta como pode ser vislumbrado na tabela
6. Os dados obtidos com a pesquisa permitiram constatar que, na dimensão ambiental, grande parte
dos municípios evidenciou um nível aceitável de sustentabilidade.
Essa situação é evidenciada devido aos índices satisfatórios relacionados a boas condições
físico-químicas e bacteriológicas da água, ao acesso e a distribuição de água tratada, como também
ao uso racional desse importante recurso natural. Tais índices impactam positivamente na qualidade
Na dimensão cultural foi constatado que 93,33% dos municípios da região apresentaram
nível de sustentabilidade crítico e apenas 6,67% apresentou nível de sustentabilidade ideal, como
pode ser observado na tabela 7. Ou seja, a maioria dos municípios estudados encontra-se em nível
crítico para essa dimensão. Essa realidade é justificada pela inexistência dos equipamentos culturais
(culturais, como cinemas, teatros, centros culturais, museus, bibliotecas e unidades de ensino
superior) em praticamente todos os municípios.
Nesse contexto, fica evidenciado a deficiência da infraestrutura cultural em praticamente
todos os municípios, revelando a falta de acesso da população ao conhecimento e a informação, a
exclusão profissional, social e intelectual dos munícipes, a desvalorização da identidade cultural e
artística local, a ausência de integração social e entretenimento entre as pessoas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Sistema Nacional
de Informações sobre Saneamento. Disponível em:<http://app3.cidades.gov.br/
serieHistorica/#>. Acesso em: 15 dez. 2017.
Alessandra MANTOVANELI32
¹Doutoranda na Escola de Engenharia de São Carlos da USP
amantovaneli@usp.br
Liliane C. Schlemer ALCÂNTARA33
²Professora, Doutora, Universidade Federal de Mato Grosso UFMT
lilianecsa@yahoo.com.br
David Ranieri BULGARI34
Diretor na Secretaria de Governo da Casa Civil da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto35
convenios@casacivil.pmrp.com.br
RESUMO
Discutir modos de inserção da sustentabilidade na gestão municipal, necessidade perseguida pelos
gestores nas cidades deste século, bem como a aplicação de pesquisa na abordagem da
indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão como forma de transformação-social, são premissas
tomadas neste estudo que, visando apresentar um modelo para análise integrada de sustentabilidade
no âmbito territorial urbano realizou pesquisa aplicada qualitativa e quantitativa no município de
Ribeirão Preto, SP, sob pesquisa-ação. Como resultados, validou um modelo capaz de apoiar as
decisões para: promover inserção da informação com bases territoriais locais, ampliada em análises
abrangentes e aprofundadas; reduzir trade-offs; integrar valores e critérios de decisão aos limites da
capacidade de suporte do planeta e resiliência, proporcionando avanços na aplicabilidade destes
conceitos. Propiciou a percepção do alinhamento das discussões e indicadores avaliados com a
sustentabilidade, visando uma gestão que privilegie a sustentabilidade do município para o
desenvolvimento territorial sustentável. Agregou inovação à aprendizagem na construção coletiva
para sustentabilidade e permitiu melhorias às ferramentas de gestão e à aplicação dos instrumentos
da política urbana brasileira/Lei10257/2001. Para tal, organizou análise e avaliação integrada de
sustentabilidade fundamentada em três conjuntos teóricos: princípios de Bellagio, em Pintér,
critérios de Gibson e pontos de alavancagem por Meadows; inserindo visão sistêmica,
complementados por Quiróga. Esse modelo possibilitou à gestão local abordagem participativa para
revisão no cesto de indicadores do eixo social, construídos na gestão participativa com base na
legislação, ODM e relatório Brundtland, para medir o resultado dos planos/programas municipais,
em vista dos objetivos dispostos no PPA-2013. O que permitiu ao planejamento do governo local
melhorias e revisão nos indicadores municipais e seus rebatimentos nas políticas públicas e valida a
premissa de que medir, avaliar e sistematizar sustentabilidade em ações transformadoras da
realidade social é fundamental à busca pela sustentabilidade em âmbito local, visando
consubstancializar sustentabilidade em ações territoriais para o desenvolvimento sustentável
urbano.
32
Orientador: Tadeu Fabrício Malheiros, Professor Doutor na Escola de Engenharia de São Carlos da USP.
33
Coorientadora.
34
Especialista em Gestão de Cidades na FAAP/SP.
35
Convênio Escola de Engenharia de São Carlos da USP
INTRODUÇÃO
As cidades deste século XXI intensificam a busca pelo equilíbrio para o desenvolvimento
sustentável e a melhoria na qualidade de vida em ações consistentes e substanciais (VEIGA, 2010),
com resultados mais efetivos nos rebatimentos sobre as políticas públicas (FIGUEIREDO &
FIGUEIREDO, 1986) e a sociedade como um todo. Aos governos insere-se a responsabilidade de
uma política municipal (Brasil, Lei 10257/2001) que concretize resultados socioambientais locais
visando aos objetivos globais para o desenvolvimento sustentável - construídos e discutidos desde a
primeira conferência das nações, desdobrando-se nas décadas seguintes (LAGO, 2006;ONU, 1972,
1987, 2012, 2015). Atuando assim na gestão municipal do local para o global (ACSELRAD, 2001).
A necessidade de repensar os efeitos antrópicos e resultados das ações e atividades sociais
no meio em que se vive sob a visão da interdisciplinaridade torna-se indispensável (SAMPAIO e
GRIMM, 2016; UNESCO, 1999, 2005). Não há meios de livrar a cidade dos impactos da ação
antrópica ou isolar regiões da organização que a vida social atingiu nas relações transnacionais no
processo de globalização e comunicação avançada que o mundo vive (CASTLES, 2002;
CASTLLES, 2008; ODUM et al., 1987). Questões ambientais, se não devidamente geridas
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Figura 1. Ficha de análise para implementação de processo de melhoria e revisão de indicadores municipais.
Fonte: Adaptada de Quiroga, pelos autores. Preenchida com o exemplo de um indicador da gestão social.
Figura 3a Indicadores do Grupo Social Cesto de indicadores municipais no Plano Plurianual PPA 2013-2017.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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VEIGA, José E. Sustentabilidade: a legitimação de um novo valor. São Paulo: Editora Senac, 20l0.
RESUMO
Em 2007 foi sancionada a Lei n° 11.445, que estabelece as diretrizes para o saneamento básico
quanto ao planejamento, à prestação, à regulação, à fiscalização dos serviços e à promoção da
participação e controle social. Tendo em vista que planejamento é um dos pontos fundamentais para
que os gestores públicos ofereçam serviços de qualidade para a população, a Lei n° 11.445
(BRASIL, 2007) determina que os municípios só terão acesso aos recursos financeiros federais com
investimentos voltados para o saneamento básico após a elaboração do Plano Municipal de
Saneamento Básico (PMSB), ficando bastante claro a importância e a influência que tais serviços
possuem no desenvolvimento de uma comunidade como um todo. Este trabalho tem como objetivo
realizar o mapeamento do Agreste Paraibano quanto à existência do PMSB, identificando quais as
principais dificuldades enfrentadas pelos municípios para a sua elaboração. Para o levantamento dos
dados, foi utilizada a ferramenta Google Forms para a elaboração do questionário encaminhado
para os municípios, e em paralelo manteve-se contato com as prefeituras por meio telefônico para
otimizar a pesquisa. Para preencher lacunas deixadas por falta de informações disponibilizadas por
parte dos municípios, foram utilizadas informações do Sistema Nacional de Informações sobre
Saneamento (SNIS) e do estudo elaborado pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental,
Panorama dos Planos Municipais de Saneamento Básico no Brasil. Os resultados coletados ainda
mostram um cenário bastante alarmante no Agreste Paraibano: 60,6% dos municípios ainda não
possuem PMSB, 12,1% ainda estão em fase de elaboração e apenas 9,1% afirmaram possuir PMSB.
A ausência de recursos financeiros foi a principal dificuldade mencionada pelos municípios,
seguido de conflitos de interesses políticos e ausência de planejamento; onde o último, juntamente
com ausência de qualificação por parte dos agentes públicos são as que mais influenciam
negativamente todo o processo.
Palavras-chave: Plano Municipal de Saneamento Básico, Saneamento Básico, Agreste Paraibano.
ABSTRACT
Law No. 11,445, which establishes the guidelines for basic sanitation in relation to planning,
provision, regulation, supervision of services and promotion of participation and social control was
sanctioned in 2007. Considering that planning is one of the fundamental points for public managers
to offer quality services to the population, Law No. 11,445 (BRAZIL, 2007) establishes that
municipalities will only have access to federal financial resources with investments focused on
basic sanitation after the elaboration of the Municipal Basic Sanitation Plan (MBSP). This
emphasizes the importance and influence that such services have on the development of a
INTRODUÇÃO
No ano de 2007 foi sancionada a Lei Nacional de Saneamento Básico (LNSB), que
estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento
básico (BRASIL, 2007), tendo como princípio fundamental a universalização dos serviços deste
segmento, em sua integralidade, qualidade e equidade.
Um dos principais aspectos da LNSB é abranger a inclusão dos serviços de limpeza urbana e
manejo de resíduos sólidos, de drenagem e manejo de águas pluviais como sendo parte integrante
dos serviços de saneamento básico (GALVÃO JÚNIOR, 2010). Anteriormente, saneamento básico
era entendido apenas como serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário (CNM,
2010). Outro aspecto importante da LNSB é a obrigatoriedade, por parte dos municípios (titulares
do serviço), da elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), que atua como uma
ferramenta estratégica de gestão, devendo cobrir toda a área do município (urbana e rural) e abordar
os quatro componentes do saneamento básico. Dessa forma, ficam definidas as responsabilidades
quanto ao planejamento, à prestação, à regulação, à fiscalização dos serviços e à promoção da
participação e controle social (BRASIL, 2011).
O saneamento básico é fundamental para a promoção da saúde e qualidade de vida da
população, bem como para o desenvolvimento econômico e social de um país. Por exemplo, a
produtividade do trabalhador, o melhor desempenho escolar das crianças, a preservação ambiental e
a valorização imobiliária são impactos positivos que a universalização dos serviços de água e
esgoto poderia gerar no país (TRATA BRASIL, 2014).
Pode-se considerar o saneamento básico como uma medida preventiva na saúde, já que é um
fator importante na disseminação de doenças que afetam diretamente a população. Dados
divulgados pelo Ministério da Saúde (2011) afirmam que para cada R$1,00 investido no setor de
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Dados Primários
Para a obtenção dos dados, foi criado um questionário utilizando a ferramenta Google
Forms, contendo 8 perguntas e o título de “Panorama da atual situação dos Planos Municipais de
Saneamento Básico no Agreste Paraibano”. O questionário foi encaminhado para os e-mails
disponíveis nos sites das prefeituras de cada um dos 66 municípios existentes no Agreste Paraibano,
contendo perguntas quanto à existência de PMSB no município, quanto às dificuldades enfrentadas
Dados Secundários
Observa-se na Figura 2 que dos 40 municípios que responderam ao SNIS, 39 afirmaram não
possuir PMSB e apenas um município afirmou possuir PMSB. 26 não responderam.
No resultado final apresentado pelo estudo “Panorama dos Planos Municipais de
Saneamento Básico no Brasil”, a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA), órgão do
Ministério das Cidades (MCidades), optou por consolidar o Panorama com apenas dois tipos de
informação: se existe o Plano; ou se o Plano está em elaboração. Um terceiro aspecto tem a ver com
os municípios que não estão descritos no Panorama. A única afirmação que o Panorama pode fazer
sobre estes municípios é que não participaram de nenhuma das dez fontes consultadas; ou seja, não
se pode afirmar que não tenham o Plano, apenas não foram contemplados entre os municípios
amostrados no Panorama. O SNSA/MCidades concluiu que dos 21 municípios do Agreste
Paraibano presentes no espaço amostral do estudo, apenas cinco possuem PMSB, enquanto 16 se
encontram com o PMSB em fase de elaboração. Em comparação com os resultados coletados
através do questionário, foram constatadas duas inconsistências: (i) dois municípios (Itatuba e São
Sebastião de Lagoa de Roça) afirmaram no questionário que não possuem PMSB, enquanto nos
dados do SNSA estão em fase de elaboração; (ii) um município (Areial) afirmou no questionário
estar com o PMSB em fase de elaboração, enquanto no SNSA diz possuir PMSB.
Uma possível explicação para as inconsistências verificadas entre o SNSA/MCidades e o
questionário estão, mais uma vez, relacionadas ao pouco conhecimento por parte dos agentes
públicos.
Para a composição do mapa final, o critério utilizado foi o fator temporal, ou seja, os dados
mais recentes. Tendo em vista que os dados coletados com o questionário (2018) são mais recentes
que os coletados pela SNSA/MCidades (2017) e pelo SNIS (2016), utilizou-se como base os dados
mais recentes. Na ausência de dados do questionário, utilizou-se os dados do SNIS (2016), tendo
em vista que no estudo do SNSA/MCidades, os dados coletados resultam de um comparativo com
dados do SNIS referentes à 2012.
A Figura 4 ilustra o panorama final do PMSB, no que resultou em um espaço amostral de 54
municípios, onde: seis (9,1%) municípios possuem PMSB, oito (12,1%) estão com o PMSB em fase
de elaboração, 40 (60,6%) não possuem PMSB e 12 (18,2%) não responderam.
Tendo em vista que o prazo para os municípios elaborarem os PMSB se encerra dia 31 de
dezembro de 2019, o cenário é bastante preocupante, pois poderá acarretar em um novo adiamento.
Como consequência, a universalização dos serviços de saneamento básico estará cada dia mais
distante de se concretizar, prejudicando toda população que carece desses serviços.
A Figura 7 representa a forma de disposição final dos resíduos sólidos urbanos dos
municípios que responderam ao questionário.
A Figura 9 apresenta a situação dos serviços de drenagem urbana oferecidos aos municípios,
segundo questionário.
Figura 9: Drenagem Urbana.
Ao final desse estudo foi possível observar as várias dificuldades enfrentadas pelos
municípios para a elaboração do PMSB, mas uma delas não foi citada por nenhum dos participantes
da pesquisa: o desinteresse em melhorar os serviços de saneamento básico prestados. A gama de
documentos, manuais e guias que vêm sendo elaborados pelo Ministério da Saúde, Ministério das
Cidades, entre outros, com diretrizes que facilitam de alguma forma a compreensão dos municípios
para a elaboração do PMSB não justifica, em hipótese alguma, a falta de informação sobre o tema.
Planejamento ainda é algo novo para a maioria dos municípios, principalmente no setor de
saneamento. A qualificação técnica dos agentes públicos também é algo preocupante. A contratação
de profissionais qualificados precisa ser uma prioridade, não devendo dar espaço à contratos por
interesses políticos. Deve-se exigir um mínimo de conhecimento do agente público para que ele
possa assumir aquele cargo. As capacitações são uma forma de amenizar a deficiência de um corpo
técnico sem qualificação, mas essas devem ser feitas visando mudanças futuras, e não apenas em
momentos pontuais, evitando um planejamento forçado e improvisado; deve-se otimizar o processo.
A mudança constante na gestão dos municípios também afeta bastante a continuidade das
ações e serviços de saneamento básico, tendo em vista a dificuldade de se formar uma equipe
qualificada. Com todos esses fatores a universalização dos serviços de saneamento básico ficam
cada dia mais distante.
Considerando, finalmente, que os serviços que compreendem o saneamento básico são
fundamentais para a saúde, o bem-estar e para o desenvolvimento de uma comunidade como um
todo, não devendo ser vistos apenas como um cumprimento da Lei, verifica-se a necessidade de
empreender mais esforços no sentido de implementar o planejamento municipal de saneamento,
visando à melhoria do atendimento dos serviços e à melhoria da qualidade de vida da população.
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<http://www.cnm.org.br/comunicacao/noticias/apos-articulacao-da-cnm-prazo-para-elaboracao-
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41522013000400341&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 10 junho 2018.
RESUMO
O Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE visa o atendimento nutricinal escolar de todo
o Brasil e está inserido dentro dos princípios da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e de
assistência, sendo o Estado o responsável pela sua execução. O objetivo deste é descrever o papel
dos atores sociais e entidades envolvidas com este programa tendo como estudo de caso o processo
para aquisição de alimentos realizado pela Escola Municipal Padre Emídio Viana Correia,
considerando sua sintonia/interlocução com a Lei 11.947 de 16 de junho de 2009, que determina a
compra de 30% dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE) da agricultura familiar local, incluindo o detalhamento do processo licitatório. Com relação
aos procedimentos metodológicos utilizamos nessa pesquisa uma abordagem quali-quantitativa,
com observação direta, mapeamento de dados secundários e entrevistas semi-estruturadas. Os
resultados revelam que o programa é executado na escola, com algumas variações e dificuldades, se
considerarmos a legislação vigente e as imprecisões na sua execução, como a ausência de atividades
que visem à verificação de valores nutricionais; a realização de atividades que corroboram com o
cultivo de hábitos alimentares saudáveis e o frágil controle social. Concluímos que a escola
analisada adota a Chamada Pública para a compra dos 30% da agricultura familiar local, contudo os
alimentos não são adquiridos diretamente, da agricultura local, mas nos municípios circunvizinhos,
fato que contraria a exigência da legislação específica, fazendo com que o programa se efetive com
algumas irregularidades e imprecisões.
Palavras-chave: Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); Agricultura Familiar; Marco
Legal; Campina Grande (PB).
ABSTRACT
The National School Feeding Program (PNAE) aims school nutrition services throughout Brazil
and is part of the principles of Food and Nutrition Security (SAN) being the State the responsible
for its implementation. The purpose of this paper is to describe the role of social actors and entities
involved in this program, having as a case study the process for food acquisition carried out by the
37
Doutora em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Professora do Departamento de Ciências
Sociais e Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Estadual da Paraíba -
DCS/PPGDR/UEPB
38
Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Professor do Departamento de Ciências Sociais e
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Estadual da Paraíba - DCS/PPGDR/UEPB
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
[...] lutar pela ampliação dos diretos sociais e das políticas sociais é fundamental porque
engendra a disputa pelo fundo público, envolve necessidades básicas de milhões de pessoas
com impacto real nas suas condições de vida e trabalho e implica em um processo de
discussão coletiva, socialização da política e organização dos sujeitos políticos (BEHRING;
BOSCHETTI, 2011, p. 190).
O Estado, assim, torna-se o responsável pela garantia dos direitos sociais e a efetivação de
programas sociais através das políticas públicas, e também pelas condições necessárias para que as
diretrizes postas pela legislação vigente sobre a alimentação escolar (PNAE) sejam efetivadas na
realidade de cada escola nos 5.770 municípios brasileiros. Segundo Rodrigues (2010, p.18) “é o
Estado que detém o poder e a autoridade para fazer valer, para toda população que vive num
território delimitado, as políticas que se processam de diversos interesses, necessidades e demandas
da sociedade”.
Triches (2010, p. 21), apoiando seus estudos em Morgan (2007), aponta que o Estado é o
detentor do poder de regulação, tendo a oportunidade de deliberar em favor de algumas atividades
(políticas públicas), podendo mudar o comportamento do poder público, privado ou terceiro setor,
como também de indivíduos e famílias. Para a autora, o PNAE, como política social, visa o
atendimento dos educandos de todo país da rede pública de ensino, tanto no que corresponde ao seu
aspecto de política suplementar, como também para o desenvolvimento local das várias regiões
brasileiras, com a participação do comércio local e dos agricultores familiares.
O ano de 1994 foi um marco no processo de descentralização. A Lei nº 8.913 de 12 de julho
de 1994 municipalizou a merenda escolar, e, assim, a gestão do programa foi transferida para os
municípios, com as seguintes atribuições: receber recursos, realizar as compras, a distribuição dos
alimentos, o controle de qualidade, como também criar o Conselho de Alimentação Escolar (CAE),
em cada escola, órgão responsável pela fiscalização/monitoramento e a prestação de contas dos
recursos do programa. A consolidação do processo de descentralização deu-se com a Medida
Provisória nº 1.784 de 14 de dezembro de 1998, com o repasse financeiro direto para os municípios
brasileiros.
O Coordenador do PNAE, em Campina Grande, relata que o município conta com duas
profissionais de nutrição, que atendem e acompanham o programa nas 120 escolas e 35 creches
municipais. Segundo ele, as nutricionistas têm como atribuições/funções: elaborar os cardápios,
acrescentando todas as proteínas necessárias para suprir os 15% de suplementação diária do aluno;
fazer visitas regulares nas escolas/creches; fiscalizar diretamente as merendeiras e verificar se elas
estão cumprindo com as normas (planejamento, organização interna, cumprimento do cardápio),
dentro das cozinhas; elaborar os relatórios de visitas às escolas/creches para entregar a SEDUC
(setor de vinculação das nutricionistas), e, estes relatórios, transformam-se em instrumentos de
acompanhamento e fiscalização do programa pela Secretaria.
Não verificamos, na pesquisa de campo, nenhuma discussão relacionada ao cumprimento do
cardápio em relação aos valores nutricionais ou se as proporções dos alimentos contemplam os
percentuais exigidos. Detectamos que a profissional de nutrição não realiza capacitações sobre o
“alimento/alimentação saudável” com os alunos, deixando um vácuo no processo, sobretudo no que
corresponde à aceitação de frutas e verduras (produtos da agricultura familiar). Todavia, cabe
salientar que estamos tratando de uma rede com 120 escolas e 35 creches, assistidas por apenas 02
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 216
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
profissionais da área de nutrição. Assim, podemos verificar a impossibilidade de um trabalho
sistemático e regular de acompanhamento/formação pela inexistência de recursos humanos
compatíveis com a demanda das escolas do município.
Verificamos, também que a escola não inclui em seu curriculum atividades transversais de
“educação alimentar e nutricional”, não cumprindo com o que consta nas diretrizes do programa
nacional (BRASIL, 2009), no sentido de estimular a discussão sobre alimentação, nutrição e
desenvolvimento de práticas saudáveis de vida na perspectiva da segurança alimentar e nutricionais,
considerando que “os bons hábitos alimentares continuaram na idade adulta, a merenda escolar deve
auxiliar na formação desses hábitos” (DUTRA DE OLIVEIRA, 2000; MADEIRA, 1999 apud.
ALMEIDA, 2011, p. 12).
A nutricionista, em virtude da impossibilidade de atender toda a demanda, não costuma
realizar trabalhos de monitoramento dos valores nutricionais da alimentação escolar, não sendo
possível confirmar a eficácia do programa. No entanto, as merendeiras passam por cursos de
aperfeiçoamento promovidos pela equipe de nutrição, uma vez que são elas que lidam diretamente
com os alimentos servidos para as crianças. Desta maneira e, ainda em fase inicial, a alimentação
escolar de “todo dia”, se consolida na escola e na legislação brasileira e conta com o monitoramento
da sociedade civil através dos Conselhos de Alimentação Escolar, para a fiscalização e
acompanhamento do que está sendo cumprido (ou não) dentro dos pressupostos estabelecidos pelo
PNAE.
As atribuições do CAE são variadas: fiscalizar o PNAE, prioritariamente, mas, também,
participar de todas as etapas do programa, prezar pela qualidade do fornecimento dos produtos e a
qualidade das refeições. Assim, o CAE é responsável pela “[...] garantia de boas condições para o
fornecimento da merenda escolar, priorizando as potencialidades locais, os benefícios que pode
trazer ao programa e o fortalecimento da participação ativa da sociedade civil no controle dos
programas sociais” (MIELNICZUC, 2005 apud. ALMEIDA, 2011, p. 29).
A Presidente do Conselho de Alimentação Escolar Municipal em Campina Grande afirma
que há Conselhos de Alimentação Escolar (CAE) nas 120 escolas do município, porém algumas
escolas compartilham o mesmo conselho, principalmente no caso de escolas menores e/ou as que se
localizam na zona rural. Ela destacou o papel importante dos conselhos escolares em gerir os
recursos repassados para o programa em cada escola e no caso específico do Conselho Municipal o
de acompanhar o funcionamento e execução do programa em suas várias dimensões, ou seja, o
contato direto com os conselhos escolares e fiscalizar as escolas do município, em questões que
envolvam gestão dos recursos, prestação de contas/revisão das notas fiscais, a compra e
armazenamento dos produtos, etc. Esclarece, ainda, que não é possível visitar todas as escolas, uma
vez que o número de conselheiros/as é pequeno: 07 pessoas e todos/as com responsabilidades
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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aureliocarva@hotmail.com
Marcio Harrison dos Santos FERREIRA41
Docente - IFPI, campus Uruçuí
marcio.harrison@gmail.com
RESUMO
O CVT - Centro Vocacional Tecnológico Fundo de Pasto atua junto às comunidades tradicionais de
Fundo de Pasto do semiárido baiano. Trata-se de uma iniciativa conjunta do Instituto Federal
Baiano, Escola Família Agrícola do Sertão (Monte Santo – BA) e Escola Família Agrícola de
Brotas de Macaúbas e Região (Brotas de Macaúbas – BA). As ações envolvem a pesquisa e
extensão rural para a difusão de tecnologias de convivência com o semiárido nas áreas de captação
de água de chuvas, manejo racional da caatinga articulados à conservação de raças crioulas de
caprinos, ovinos e aves. Para tanto, o projeto conta com estudantes e profissionais para o
desenvolvimento de assessoria técnica na produção de forragens e alimentos em quintais produtivos
comunitários, prospecção de raças crioulas nos criatórios de comunidades e formação de
agricultores para difusão das tecnologias populares desenvolvidas no projeto. Desse modo, iniciou-
se a reintrodução do gado Pé-Duro. Foram encontradas cabras da raça Nambi (orelha curta), ovelhas
“nelore” (orelha curta) e galinha-balão, que são recursos genéticos conservados pelos próprios
agricultores que se mostram, dentre outros predicativos, mais resilientes e adaptadas ao bioma
caatinga.
Palavras-chave: Patrimônio Biocultural; Quintais Produtivos; Raças Crioulas; Caatinga
ABSTRACT
The CVT - Technological Vocational Center Fundo de Pasto acts alongside the Traditional Pasture
Communities of the semi-arid, state of Bahia, Brazil. This is a joint initiative of the Instituto Federal
Baiano, Escola Família Agrícola do Sertão (Monte Santo - BA) and the Escola Família Agrícola de
Brotas de Macaúbas e Region (Brotas de Macaúbas - BA). The actions developed the research and
rural extension for the diffusion of technologies of coexistence with the semiarid in the areas of
rainwater harvesting, rational management of the caatinga articulated to the conservation of creole
breeds of goats, sheep and chickens. For this, the project has as members: students and
professionals for the development of technical advice in the production of fodder and food in
community productive farms, prospecting of creole breeds in community farms and training of
farmers to diffuse the popular technologies developed in the project. In this way, the reintroduction
of the Pé-Duro cattle was initiated, it was found goats of the race Nambi (short ear), sheep "Nelore"
39
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Territorial da América Latina e Caribe - UNESP/
Via Campesina / Escola Nacional Florestan Fernandes.
40
Grupo de Pesquisa e Estudos sobre Lavouras Xerófilas (XERÓFILAS, IF Baiano/CNPq).
41
Grupo de Pesquisa e Estudos sobre Lavouras Xerófilas (XERÓFILAS, IF Baiano/CNPq).
INTRODUÇÃO
[...] por sua vez, diz respeito a um conjunto de recursos essenciais – aguadas, fontes e
pastagens – que, a despeito de estarem sob domínio privado e serem áreas tituladas, se
encontram dispostas a uma apropriação comum. [...] O acesso à terra não estaria
condicionado ao título de propriedade e há casos em que mesmo as que aforam terras para
cultivo mantêm reses nestes chamados pastos comuns. (ALMEIDA, 2009, p. 55).
Um fato interessante é que, entre os sertanejos, “terra solta” sempre foi a terminologia que
representava os grandes espaços utilizados de maneira comum pela comunidade para pastoreio
extensivo em diferentes regiões do semiárido nordestino. O conceito “Fundo de Pasto” surge não a
partir da narrativa dos sertanejos, mas aos poucos foi sendo assimilado por estes sujeitos, e
assumido como elemento de identidade, a partir da designação dada por técnicos de órgãos de
regularização fundiária que, ao observarem a forma de organizar o espaço territorial por estas
comunidades, forjaram esta terminologia e passaram a utilizá-la de maneira ampla para
reconhecimento das mesmas (EHLE, 1997).
As adversidades geradas pelo clima ou mesmo situações de excesso de trabalho em
determinadas épocas também são fatores preponderantes na formação de relações de entreajuda
entre as famílias, como relatado por Sabourin e Caron (2009) em estudo sobre a permanência
camponesa através dos Fundos de Pasto do Vale do São Francisco. Evidencia-se que tanto o acesso
à terra quanto a organização social para a produção e desenvolvimento da comunidade envolvem
acima de tudo uma identidade política, formada por laços de parentesco, compadrios e
solidariedade, dentre outros que como afirma o autor:
Por seus desígnios peculiares, o acesso à terra para o exercício das atividades produtivas dá-
se não apenas por meio das tradicionais estruturas intermediárias da família, dos grupos de
parentes, do povoado ou da aldeia, mas também por certo grau de coesão e solidariedade
obtido em face de antagonistas e em situações de extrema adversidade, que reforçam
politicamente as redes de relações sociais (ALMEIDA, 2009, p. 40).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A Escola Família Agrícola do Sertão (EFASE), situa-se numa área de Fundo de Pasto, em
funcionamento há 17 anos, formando jovens oriundos de comunidades tradicionais na área de
agropecuária e meio ambiente. Assim como a Escola Família Agrícola de Brotas de Macaúbas, a
primeira EFA fundada da Bahia. Ambas atuam em regime de alternância, tendo como bases a
autonomia, a formação crítica dos sujeitos, a solidariedade e a cooperação, a valorização dos
saberes existentes, sendo que sua base tecnológica está amparada na agroecologia e nas tecnologias
sociais.
As duas EFA possuem potencial tecnológico e uma área estratégica para sediar um centro
irradiador de tecnologias sociais de convivência com o semiárido, dotando banco de proteína com
plantas adaptadas (xerófilas), com uso de tecnologias de captação de água de chuvas (cisterna de
produção), dentre outras, já que um dos grandes problemas a ser enfrentado é garantir a geração de
renda das famílias nas comunidades, auferida dos criatórios de ovinos e caprinos, ao mesmo tempo
em que se garanta a conservação da Caatinga manejada em sistema agrossilvipastoril.
Deste modo, as EFA de Monte Santo e Brotas de Macaúbas, juntamente com o Instituto
Federal Baiano construíram uma proposta de intervenção nas comunidades, a fim de traduzir as
ações educativas desenvolvidas no âmbito da agroecologia e convivência com o semiárido em
intervenções de assistência técnica nas comunidades tradicionais de Fundo de Pasto que estão no
território de atuação das EFA. Sendo assim o Centro Vocacional Tecnológico “Fundo de Pasto” foi
estruturado para desenvolver pesquisa e extensão agroecológica com foco na educação do campo
junto à Comunidades Tradicionais de Fundo de Pasto, povos tradicionais existentes exclusivamente
no semiárido da Bahia. Os CVT estão sediados nas Escolas Famílias Agrícolas de Monte Santo e de
Brotas de Macaúbas.
O projeto abarca áreas de territórios circunvizinhos como Sisal, Piemonte Norte do
Itapicuru, Sertão e um mais distante, o território do Velho Chico, que guardam entre si
similaridades do modus vivendi destas comunidades. Visa ao desenvolvimento de tecnologias
sociais de convivência com o semiárido, possibilitando a conservação e uso sustentável do bioma
Caatinga. Dentro de uma concepção intergeracional, de solidariedade, de busca de alternativas ao
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CVT Fundo de Pasto: assistência técnica agroecológica para o fortalecimento das estratégias de
convivência com o semiárido
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, A.W.B de. Terras de preto, terras de santo, terras de índio – uso comum e conflito.
In: GODOI, Emília Pietrafesa de ; MENEZES, Marilda Aparecida de ; MARIN, Rosa Acevedo
(orgs.). Diversidade do campesinato: expressões e categorias. Vol. II. São Paulo: editora
Unesp/UnB. 2009. Pp.39-66.
ALTIERI, M. Agroecologia: bases cientificas para uma agricultura sustentável. São Paulo:
Expressão Popular, 2012. 400 p.
CARON, P.; PREVOST, F.; GUIMARAES FILHO, C.; TONNEAU, J. P. Prendre en compte les
stratégies des éleveurs dans l’orientation d’un projet de développement: le cas d’une petite
région du Sertão résilien. In: Internacional Symposium on Livestock Farming Systems, 1992,
Zaragossa, Espanha. EAAP, 1994. p. 51-59.
SABOURIN, E.; CARON, P. Camponeses e Fundos de Pasto no Nordeste da Bahia. In: GODOI,
Emília Pietrafesa de ; MENEZES, Marilda Aparecida de ; MARIN, Rosa Acevedo (orgs.).
Diversidade do campesinato: expressões e categorias. Vol. II. São Paulo: editora Unesp/UnB.
2009. Pp.39-66.
RESUMO
Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE é um programa do Governo Federal
gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, que visa a
transferência de recursos financeiros, em caráter suplementar às Entidades Executoras - EE:
Estados, Distrito Federal e Municípios, buscando suprir, parcialmente, as necessidades alimentar e
nutricionais que surgia na rede de escolas do sistema público de ensino nacional, além de
fortalecer e promover o desenvolvimento da agricultura familiar. Assim sendo, o estudo objetiva
analisar a execução deste Programa no munícipio de Campina Grande - PB, através da apreciação
dos processos, procedimentos e atores sociais envolvidos, no ano de 2014, e, mapear os
dispositivos legais e os instrumentos normativos, através dos quais os atores sociais executam os
processos de aquisição dos gêneros alimentícios para a alimentação escolar (Chamada Pública -
30% e Carta-Convite - 70%). A metodologia da pesquisa utilizada é do tipo exploratória, com
abordagem quanti-qualitativa e reúne os dados de 20 (vinte) escolas municipais, num universo de
120 (cento e vinte), em funcionamento. Os dados primários foram coletados através da observação
direta e de entrevistas semiestruturadas com atores envolvidos com o Programa. Os resultados
apontam variações e imprecisões no tocante à legislação; ausência de informação e capacitação
dos atores sociais; irregularidades com relação aos processos de compra e repasses financeiros;
fragilidade no controle social; além da ausência de práticas transversais educativas; a constatação
da inexistência de agricultores locais, bem como, a inexistência de um Mercado Institucional para
a agricultura familiar no município.
Palavras-Chave: Programa Nacional de Alimentação Escolar. Agricultura Familiar. Legislação.
ABSTRACT
The Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE (National School Feeding Programme) is
a Brazilian federal government program managed by the Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação – FNDE (National Education Development Fund), that aims the transfer of financial
resources, in additional meaning to the Executors Entities - EE: States, Federal District and Cities,
seeking to fill, partially, the nutritional needs of the school network of the national public school
system. Besides strengthening and promoting the development of family agriculture. Therefore, the
42
Doutora em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba- UFPB
43
Doutora em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande -UFCG
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
44
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
45
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
RESULTADOS E DISCUSSÕES
46
Entidades Executoras correspondem, especificamente, aos estados, Distrito Federal e os municípios. Eles possuem
autonomia para administrar o dinheiro repassado pela União. Cabe às EEx a complementação financeira para a melhoria
do cardápio escolar, conforme estabelece a Constituição Federal.
[...] Em seu início, o PNAE era uma simples campanha voltada para algumas escolas
durante alguns dias da semana. Seus suprimentos tinham relação direta com a
disponibilidade proporcionada pelas doações de gêneros, provenientes da ajuda alimentar
internacional e de programas como o Public Law (PL) 480 norte-americano47. Em 1979,
este apoio assumiu caráter universal e ampliou-se por todo o território nacional (BELIK;
SOUZA, 2012, p.80).
47
A PL 480 foi aprovada em 1954, nos Estados Unidos, e visava à compra de excedentes alimentares dos produtores
para doação a países pobres. Internamente, a PL 480 representava um subsídio ao agricultor e uma forma de estabilizar
os preços de mercado.
Esta pesquisa teve como ponto de partida e referencial de análise, um recorte de 20 escolas
municipais, localizadas em Campina Grande, escolhidas dentro de um universo de 120 e 35 creches
(municipais e estaduais) atualmente ativas em sua rede de ensino, sendo elas distribuídas entre zona
rural e urbana.
Um conjunto de dados coletados no ano de 201448 (ano ao qual se iniciou a pesquisa) e 2015
aponta para uma organização em torno de 4.500 profissionais atuando na área, contando com um
número de 3.000 professores, bem como uma média de 29.000 alunos matriculados nas escolas
municipais de Campina Grande49.
Um Banco de Dados, em formato eletrônico, foi construído a partir de fotocópias de todos
os “Relatórios de Processos” de 20 Escolas Municipais de Ensino Fundamental – EMEF referentes
ao ano de 2014, a partir dos arquivos oficiais da Secretaria de Educação do Município - SEDUC.
Assim, foi possível, portanto, mapear um conjunto de informações relacionadas à execução
do PNAE no município, tais como: as regras, normas e modalidades de operacionalização do
programa, como também, os distintos arranjos institucionais: modalidade de licitação, chamada
pública, documentação. Foi possível também, identificar o agricultor familiar e/ou
cooperativa/associação, fazer o levantamento dos produtos fornecidos com suas quantidades, preços
e valores (unitário e total/por produto) e o montante de recursos contratados. Observou-se também,
se os valores contratados correspondem à exigência legal dos 30% que devem ser destinados à
compra dos produtos da Agricultura Familiar50, em consonância com o Art.14 da Lei nº 11.947, de
16 de junho de 2009.
48
Dados obtidos a partir de entrevista realizada em 06 de Maio de 2014.
49
As informações sobre os dados acima citados foram repassadas pela Secretaria de Educação, em entrevista, no ano de
2015, momento em que foi realizada a pesquisa.
50
Art. 14. Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por
cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE é uma das políticas públicas mais
antigas do país. Durante os anos, com a evolução e o aprimoramento dos seus instrumentos
normativos, tem atingido e beneficiado milhões de brasileiros em idade escolar, bem como, tem
proporcionado avanços significativos na vida de Agricultores Familiares que fazem parte deste
programa, através da comercialização e da inserção direta dos produtos regionais nos cardápios
escolares.
A Lei nº 11.947 de 2009 é conhecida por ser uma das medidas que melhor proporciona a
inserção desse tipo de agricultura no contexto dos mercados institucionais de comercialização. Sua
implementação tem gerado experiências exitosas, tanto para os agricultores envolvidos no processo
quanto para as crianças que consomem os alimentos.
Nesta pesquisa foi feita uma análise da execução do PNAE na cidade de Campina Grande -
PB, através da apreciação de processos, procedimentos e dos atores sociais envolvidos, no ano de
2014, tornando possível fazer um mapeamento os dispositivos legais e dos instrumentos
normativos, através dos quais os atores sociais executam os processos de aquisição dos gêneros
alimentícios para a alimentação escolar.
Os estudos apontam, especialmente, para variações e imprecisões no tocante à obediência da
legislação. É possível fazer a seguinte constatação, sobre o processo como um todo: Campina
Grande não resguarda, em sua totalidade, o cumprimento da Lei 11.947/2009, nas escolas
municipais pesquisadas. Também se constatou a ausência de atividades de informação e capacitação
dos atores sociais; irregularidades com relação aos processos de compra e repasses financeiros;
fragilidade no controle social; além da ausência de práticas transversais educativas; a constatação da
inexistência de agricultores locais, bem como, a inexistência de um Mercado Institucional para a
Agricultura Familiar no município.
Contudo, é importante enfatizar a importância de se estimular a agricultura familiar no
município, resgatando a possibilidade de novas reflexões acerca da alimentação mais adequada,
levantando também o debate sobre até que ponto o Programa irá fortalecer a produção alimentar
REFERÊNCIAS
BELIK, W.; SOUZA, L.R. Algumas reflexões sobre os programas de alimentação escolar na
América Latina. Planejamento e políticas públicas, p.80, 2012.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, Brasília, DF: Senado, 1988. Disponível
em:ttp://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/con1988_05.10.1988/con1988.pdf.
Acesso em: 25 de dezembro de 2015.
BRASIL. Lei 11. 346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação
adequada e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11346.htm. Acesso em: 20 de
janeiro de 2016.
RESUMO
A espiritualidade é algo inerente ao homem e deve estar em harmonia com todas as dimensões
humanas. Cresce o anseio da humanidade por uma espiritualidade integral, que ajude o homem a
desenvolver sua relação com o ambiente. A Igreja nos últimos anos também tem sido porta-voz da
causa ecológica. Recentemente o Papa Francisco publicou uma encíclica sobre a problemática
ambiental, dirigia a todos os habitantes do planeta, convidando-os a refletir possibilidades de uma
ecologia integral. Queremos oferecer uma reflexão acerca dos aspectos ecológicos da
espiritualidade carmelitana, a partir da Regra de Vida e escritos de algumas figuras ilustres da
Ordem do Carmo. Nesta perspectiva, encontramos na Regra de Vida dos carmelitas diversos pontos
que colaboram para uma boa conduta ecológica como o silêncio, o trabalho, a criação sustentável de
animais e cultura de subsistência, a partilha de bens entre outros, além disso, destacamos a presença
dessa relação harmoniosa com o ambiente em dois dos principais inspiradores da sua
espiritualidade, os profetas Elias e Eliseu, bem como em seus grandes místicos Teresa de Jesus e
João da Cruz. Neles descobrimos aspectos relevantes que contribuem para a reflexão de uma
espiritualidade ecológica, pelo modo como contemplam a natureza e têm nela um meio para chegar
à experiência com Deus, e também pela variada simbologia rica de elementos naturais por eles
utilizados para descrever suas experiências místico-espirituais. Para o carmelita a natureza é dádiva
de Deus e não meramente fonte de recursos a ser explorada de forma a esgotá-la.
Palavras-chave: Carmelo, Mística, Espiritualidade Ecológica, Ecologia Integral
RESUMÉN
La espiritualidad es algo inherente al hombre y deve estar en harmonia con todas las dimensiones
humanas. Es creciente el anhelo de la humanidad por una espiritualidad integral, que ayude el
hombre a desarrollar su relación con el ambiente. La Iglesia en los últimos años también ha sido
portavoz de la causa ecológica. Recientemente el Papa Francisco publicó una encíclica acerca de la
problemática ambiental, dirigida a todos los habitantes del planeta, invitándolos a reflexionar
posibilidades de una ecología integral. Queremos oferecer una reflexión acerca de los aspectos
ecológicos de la espiritualidad carmelitana a partir de la Regla de Vida y escritos de algunas de las
figuras ilustres de la Orden del Carmen. En esta perspectiva, encontramos en la Regla de Vida de
los carmelitas varios puntos que colaboran para una buena conduta ecológica como el silencio, el
trabajo, la creación sostenible de animales y cultura de subsistencia, compartir los bienes y otros,
además, destacamos la presencia de esa relación harmoniosa con el ambiente en dos de los
principales inspiradores de su espiritualidad, los profetas Elias y Eliseo, así como en dos de sus
grandes místicos, Teresa de Jesús y Juan de la Cruz . Encontramos en ellos aspectos relevantes que
contribuyen para la reflexión de una espiritualidad ecológica, por el modo como contemplan la
naturaleza y tienen en ella un medio para llegar a la experiencia con Dios, y también por la variada
simbología rica en elementos naturales utilizados por ellos para describir sus experiencias y
INTRODUÇÃO
Foi neste cenário que os primeiros carmelitas se estabeleceram, junto à Fonte (Regra do
Carmo, Prólogo) cuja tradição atribui ao Profeta Elias e que existe até os dias de hoje. A Fonte
tornou-se parte da simbologia espiritual da Ordem ao longo dos séculos. Aí os carmelitas habitaram
e tal experiência foi tão profunda e marcante que mesmo após a sua expulsão por parte dos
sarracenos, a memória do Monte ficou gravada em seus corações.
53
A versão do texto da Regra que adotamos é a editada pelo Fr. Carlo Cicconetti, O.Carm.
Solidão-Silêncio-Encontro
Os números 5 e 6 da RC tratam da habitação dos carmelitas; “No que se refere a lugares de
moradia, vocês poderão tê-los em regiões desertas ou ondem forem doados, desde que apropriados à
opção de sua vida religiosa...” (RC, n. 5) e ainda “...levando em consideração o conjunto do lugar
que vocês se propuseram como moradia, cada um de vocês tenha uma cela individual e separada...”
(RC, n. 6). Neste sentido, há desde o princípio, na vida dos carmelitas, uma preferência pelos
lugares desertos e pelo cultivo da solidão e do silêncio. O fato de se estabelecerem em lugares mais
inabitados (desertos) favorece aos carmelitas à contemplação da natureza, por meio da qual
frequentemente se utilizam para ascender às realidades espirituais.
No que se refere ao silêncio, a Regra propõe o seguinte: “O apóstolo recomenda o silêncio,
quando manda que é nele que se deve trabalhar. E do mesmo modo, como afirma o profeta: «é no
silêncio que se cultiva a justiça»; e ainda: «no silêncio e na esperança estará a vossa força»” (RC,
n.21). O silêncio é exercício que deve estar sempre presente na vida do carmelita, pois por meio
dele, que leva a uma introspecção o carmelita entra em si e depois sai ao encontro do outro. Além
disso, bem sabemos que o silêncio necessário à saúde. Silêncio interior, exterior, pessoal e
ambiental. A respeito disso o frade carmelita descalço Patrício Sciadini (2006, p. 41-42) afirma que
mesmo: “A natureza precisa de um tempo de silêncio, de descanso para depois voltar a produzir
melhor [...] A voz da natureza não perturba; quando está em sua normalidade ela descansa. O
reencontro com a voz da natureza nos dá o sentido profundo do descanso físico, mental e
espiritual”. A solidão e o silêncio purificam o indivíduo que, após ter feito o encontro consigo
mesmo, está pronto para o encontro com os outros. A Regra prevê tais encontros, sobretudo, em três
momentos: a celebração do culto, a Eucaristia (RC, n. 14), que é o ápice da vivência cristã e,
portanto, carmelita; as refeições em comum, uma vez que a Regra determina que os conventos
possuam um refeitório comunitário (RC, n. 7); e a correção fraterna (RC, n. 15), da qual destacamos
a possibilidade de ajudar os irmãos a melhorar sua conduta na vida comum;
Torrente de Carit (I Reis 17, 2-6): Elias recebe uma ordem de Deus para se retirar do
lugar onde estava, pois sobreviria uma grande seca, e ir para a torrente de Carit, na qual
saciaria a sede e receberia alimento trazido pelos corvos pela manhã e à tarde. Nesta
narrativa percebemos como o autor sagrado descreve a relação entre Deus e Elias
mediada por elementos naturais: a torrente, o corvo, o alimento etc.;
Solidariedade com os estrangeiros e desfavorecidos (I Reis 17, 16): A seca acima citada
se prolonga e mesmo a torrente onde Elias havia se refugiado vem a secar, então, ele
recebe de Deus outra ordem: ir ao encontro de uma viúva na cidade de Sarepta, terra
estrangeira. Na cultura judaica, a qual pertencia Elias, esta mulher era tida como
marginalizada, estava em situação de vulnerabilidade, pois era viúva, e também sofria
com a seca. Ele pede que ela lhe trouxesse um pouco de água e lhe preparasse um
pãozinho. A viúva explica que resta apenas uma porção de farinha e um pouco de azeite
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 252
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
com os quais ela faria um pão para comer com seu filho e esperar a morte. Elias insiste
para que ela consinta com o seu pedido e garante que nem a farinha tampouco o azeite
viria a faltar em sua casa. Aqui percebemos a atitude solidária de Elias que de forma
miraculosa assiste a uma família estrangeira. Tal fato ganha relevância porque na cultura
judaica era proibido o contato com pessoas de outras culturas. Propomos aqui Elias
como modelo de diálogo intercultural, sobretudo, nos dias de hoje, em que há grande
fluxo de migrantes refugiados e crescente xenofobia;
No Monte Carmelo Elias prevê o fim da seca (I Reis 18, 41-45): Elias pede que o seu
servo (seguidor) suba repetidas vezes ao cume do Monte Carmelo para olhar na direção
do mar e lhe relatar o que via. Na sétima vez, o servo disse “eis que sobe do mar uma
nuvem, pequena como a mão de uma pessoa.” (v. 44). A este sinal Elias intuiu que
sobreviria àquela região uma grande chuva que poria fim à seca que se estendia há 7
anos. Fazemos aqui um paralelo do Profeta Elias com o bom agricultor sertanejo que
sabe perceber os sinais e as mudanças do tempo.
Experiência no deserto (I Reis 19, 4-8): Neste trecho encontra-se o relato de que Elias se
sentiu desanimado e estando no deserto buscou refúgio debaixo de um junípero, lá foi
alimentado por um anjo e depois continuou sua caminhada por quarenta dias quarenta
noites pelo deserto. Destacamos aqui o fato de Elias ser grande conhecer do deserto, dos
seus segredos e perigos, de estratégias para sobreviver, de oásis onde poderia saciar a
sede, bem como algum conhecimento botânico para extrair de árvores como o junípero o
recurso alimentar. Do contrário não suportaria a longa jornada de sua travessia que
segundo o relato bíblico durou quarenta dias e quarenta noites;
No Monte Horeb vivencia profunda experiência mística (I Reis 19, 9-13): No Monte
Horeb, Elias tem uma experiência da presença de Iahweh que se manifesta de maneira
distinta das tradicionais teofanias. Após um colóquio com Elias, Iahweh pede que ele
saia da gruta e fique à espera na montanha, pois Ele iria passar. Sucedeu-se uma série de
fenômenos que eram típicos da manifestação divina: furacão, terremoto, fogo. Contudo,
Deus se manifesta de uma forma inusitada: Elias reconhece a presença de Iahweh no
ruído de uma leve brisa. Talvez seja este o ápice da experiência místico-ecológica do
profeta Elias. Portador de uma aguçada sensibilidade, Elias vai além dos estrondosos
acontecimentos naturais que envolviam as teofanias e percebe na simplicidade do
murmúrio de uma brisa a presença divina.
A vida, história e missão de Eliseu estão intimamente relacionadas com as de Elias, pois,
tendo Elias terminado sua missão profética, Eliseu, seu discípulo, deu continuidade à atividade
profética como seu genuíno sucessor.
Eliseu ("Deus é minha salvação") é uma figura do século IX antes de Cristo. Conhecemos o
nome de seu pai, Safat, originário de Abel Meholah, ao sul de Bext-Shan, e sabemos que
sua família era ajustada (1 Rs 19, 16-19).O Carmelo desde sempre considerou este
discípulo de Santo Elias, de quem herdou o duplo espírito, como seu segundo pai espiritual.
(López-Melús, 1989)
Eliseu purifica as águas do rio que se encontrava insalubre (II Reis, 2,19-23): este texto
bíblico relata que Eliseu, estando na cidade de Jericó, após ser informado por cidadão
daquele lugar que o rio estava com suas águas ruins, resolve saneá-lo utilizando sal.
Neste relato podemos perceber a sensibilidade ecológica do profeta de vários modos.
Primeiramente, pela escolha do lugar para estadia, “a cidade tem um ambiente
agradável...” (v. 19); depois, a atitude pró-ambiental de Eliseu diante da insalubridade
das águas do rio: a decisão de saneá-las envolve uma atitude de zelo pelo ambiente
natural, mas também pelas pessoas que ali moram e que também fazem parte deste
ambiente. Há aqui um modo de holístico de olhar a realidade, que não segrega homem e
natureza, mas o vê como parte dela, e também como meio e se contemplar o divino. Por
fim, utilização do sal para a purificação do rio demonstra a sacralidade do criado, tanto
do sal quanto a água são dons de Deus;
Cura de Naamã e utilização do ambiente natural como lugar da o rito da purificação (II
Reis 5, 1-14): Naamã era chefe do exército do rei de Aram e gozava de grande prestígio,
contudo, estava acometido por lepra. O mesmo tomou conhecimento que havia um
profeta da Samaria que o poderia curar, tratava-se de Eliseu. Naamã apresentou-se à casa
de Eliseu que, por sua vez, enviou um mensageiro dizendo-lhe que se lavasse sete vezes
no Rio Jordão e sua pele ficaria limpa. Após ter resistido às recomendações e mesmo
desdenhado das águas do Rio Jordão, Naamã sede ao apelo dos seus servos e resolve
realizar o que lhe fora recomendado e “sua carne se tornou como a de uma criança; ele
estava purificado” (v.14). Naquela época e configuração social a lepra era uma doença
que tornava as pessoas marginalizadas, quem estivesse acometido era considerado
impuro. Novamente Eliseu intervém e dá assistência a alguém que necessitava e repete-
se também a sua relação com o natural, a água como meio curativo utilizado no ritual de
purificação de Naamã.
Também conhecida como Teresa D’Ávila, Teresa de Ahumada, nasceu na cidade de Ávila,
Espanha. No ano de 1535 ingressa na Ordem Carmelita, no Mosteiro da Encarnação, em Ávila. Em
1562 inicia a Reforma da Ordem Carmelita que viria posteriormente à sua morte a constituir a
Ordem dos Carmelitas Descalços. Sua fama difundiu-se por todo o mundo por sua extraordinária
vida espiritual repleta de êxtases e seus escritos de alto valor literário. Recebe o título de padroeira
dos professores, também dos escritores espanhóis. Tudo isto convergiu para que Teresa de Jesus
fosse declarada a primeira mulher doutora da Igreja.
De acordo com Muñoz (2015) “a natureza se apresenta como uma metáfora viva de sua
relação com Deus donde ela goza com o criado desde uma serena observação que a leva a desfrutar
do que considera um regalo do Criador”. Para Frei Lucio del Burgo (2016), carmelita descalço:
Dentre os símbolos utilizados por Santa Teresa para expressar suas experiências místicas, a
água é um dos que mais vezes aparecem em seus escritos. Na sua obra prima, Castelo Interior,
Teresa faz um verdadeiro elogio à água e também aos segredos escondidos em cada criatura:
Para explicar algumas coisas do espírito, nada vejo de mais apropriado do que a água [...]
tenho considerado mais detidamente esse elemento por ser muito amiga dele; que em todas
as coisas que criou tão grande Deus, tão sábio, deve haver fartos segredos dos quais
podemos aproveitar, assim fazem os que o entendem, embora eu acredite que em cada
coisinha que Deus criou há mais do que se entende, mesmo que seja uma formiguinha [...]
Na outra fonte, a água vem de sua própria nascente, que é Deus” (Obras Completas, p. 477)
A santa escritora também se utiliza de animais como símbolos para descrever as realidades
espirituais, dentre os quais destacamos alguns exemplos:
Répteis: “Nestas moradas poucas vezes entram os répteis peçonhentos e, se o fazem, não
causam prejuízo, antes, gerando lucro” (Ibid., p. 471);
Sapo: “Certa vez, entretida em sua companhia vimos – e outras pessoas que estavam ali
também o viram – uma espécie de sapo grande dirigir-se para nós, cainhando com uma
rapidez que não é própria dessas criaturas. Não tenho como explicar o aparecimento, em
pleno dia, de semelhante criatura naquele lugar [...]” (Ibid., p. 55);
Mariposas: “Como o intelecto em nada ajuda a memória, esta não para em nada,
andando de um lado para o outro, assemelhando-se a essas mariposas noturnas,
importunas e irrequietas” (Ibid., p. 111); e ainda esta outra descrição detalhada a partir
da sua percepção ecológica:
Já tereis ouvido das maravilhas de Deus no modo como se cria a seda, invenção que só Ele
poderia conceber. É como se fosse uma semente, grãos pequeninos como o da pimenta.
Devo dizer que nunca ouvi, mas ouvi dizer; assim, se algo não corresponder, não é minha
culpa. Pois bem, com o calor, quando começa a haver folhas na amoreira, essa semente –
que até então estivera como morta – começa a viver. E esses grãos pequeninos se criam nas
folhas da amoreira; e quando crescem, cada verme, com a boquinha, vai fiando a seda, que
tira de si mesma. Tece um pequeno casulo muito apertado, onde e encerra; então
desaparece o verme, que é muito feio, e sai do mesmo casulo uma borboletinha branca,
muito graciosa. (Ibid., p. 493)
Não nos estenderemos na simbologia utilizada por Teresa em seus escritos devido à
brevidade deste artigo. No entanto, é vasta a coleção de alegorias empregadas em seus escritos nos
quais “As belezas do mundo vegetal não passam despercebidas para a Santa: a alma como um
horto, as flores do jardim como virtudes, o manancial, os bosques...” (Muños, 2015, p. 983).
João de Yepes nasceu na cidade de Fontiveros, Espanha. No ano de 1559, inicia os estudos
de Humanidades no colégio dos Jesuítas, em Medina del Campo. Em 1563 recebe o hábito dos
(João da Cruz) fala aos poetas e literatos, aos teólogos e espirituais, aos crentes no Deus
cristão ou no deus do universo, aos ateus e aos agnósticos. A todos eles dirige a palavra
universal que pronuncia a natureza em uma linguagem secreta e silenciosa, ou a que grita a
glória de Deus para o crente no Deus Criador (Maroto, 2014)
Em São João da Cruz, a espiritualidade ganha luz e sombras, cores, odores e sabores,
subidas e descidas no cenário do Monte, principal símbolo utilizado na descrição do seu itinerário
místico. Também a fonte, os animais, a vegetação, embelezam a experiência que viveu e deixou
registrada em seus escritos. Eis alguns aspectos e símbolos relevantes para nosso trabalho:
Subida do Monte Carmelo: neste livro aparece a principal figura utilizada por João da
Cruz em seu itinerário místico-espiritual. O símbolo do Monte ganha destaque,
sobretudo, nesta obra e evoca a via espiritual como a subida de um Monte na qual se
atinge a união com Deus quando se chega ao cimo. Unida à questão simbólica, João da
Cruz propõe um itinerário de desprendimento das coisas, não as desprezando, mas
através delas buscando elevar-se às coisas espirituais;
Noite Escura: a imagem da noite também é muito forte em sua proposta espiritual e
evoca os processos de purificação pelos quais a alma deve passar para poder chegar ao
gozo de Deus. Na noite tudo é escuro, nada se vê! É neste sentido que João se utiliza
dessa imagem, sendo quatro momentos de noites escuras dos sentidos e do espírito, uma
“fase” ativa e uma passiva em casa uma dessas noites, que leva o indivíduo dos prazeres
materiais e temporais ao gozo das coisas celestiais e divinas;
Cântico Espiritual: Nesta obra, dividida em vários cânticos, ao tratar da visita de Jesus
(Esposo) à alma (Esposa) que não são duradouras em determinadas fases da vida
espiritual, João faz alusão ao cervo que ao ser visto, rapidamente foge e se esconde na
floresta. (Ibid., p. 594). Aparece também no cântico espiritual descrições de paisagens
como no Cântico III: “Buscando meus amores/ Irei por estes montes e ribeiras / Não
colherei as flores, Nem temerei as feras...” (Ibid., p. 610). Neste trecho, temos versos
ricos de sabor ecológico, no quais ele deixa transparecer a diversidade e valor da criação,
mas que tudo deve remeter ao Criador. Riqueza similar aparece no Cântico IV: “Ó
bosques e espessuras / Plantados pela mão de meu Amado! / Ó prados de verduras / De
flores esmaltado / Dize-me se por vós ele há passado!”. Além destes, nos cânticos
seguintes aparecem como símbolos os olhos e a luz (Ibid., p. 638), a fonte (Ibid., p. 647);
outeiro, cervo, columba e o vôo (Ibid., p. 653); as montanhas, os vales solitários, as ilhas
estranhas, os rios rumorosos, o sussurro dos ares amorosos, a noite sossegada, o raiar da
Convergência ecológica
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RESUMO
O desenvolvimento industrial e o comportamento inadequado do ser humano com o meio ambiente
têm impactado severamente os ecossistemas, consequentemente, diminuindo a qualidade de vida da
população. Despertar a consciência ambiental e sensibilizar a sociedade, para que atue de forma
responsável, conservando o meio ambiente saudável é algo indispensável, porém, entender essa
temática é, tão ou mais, importante. Compreende-se por educação ambiental os processos por meio
dos quais os indivíduos alcançam uma formação ambientalmente responsável, construindo valores
sociais, políticos, econômicos, ecológicos e éticos com uma visão de conservação do meio ambiente
e sua sustentabilidade. Considerando-se a relevância dessa temática, destacam-se, no meio
acadêmico, as escolas como um espaço privilegiado nessa abordagem. A educação ambiental nas
escolas tem o papel de sensibilizar os alunos a ter valores que colaborem para a convivência
harmoniosa com o meio, contribuindo para se fazer uma análise crítica dos acontecimentos que têm
levado à destruição dos recursos naturais. A relação entre educação ambiental e unidades de
conservação, possibilita aos alunos uma maior compreensão sobre a dinâmica da vida no planeta e a
relação dos indivíduos com o meio. Nesse sentido, foi realizada uma avaliação para verificar como
as escolas municipais, inseridas no entorno de uma Unidade de Conservação - Parque Estadual
Cunhambebe, no município de Itaguaí – RJ, estão trabalhando a educação ambiental e quais
dificuldades são enfrentadas. Verificou-se que os programas de educação ambiental são trabalhados
nas escolas municipais, atendendo a lei da Política Nacional de Educação ambiental, porém não foi
observado o desenvolvimento de conteúdos em educação ambiental de forma que venha incentivar
uma maior consciência ambiental e também um envolvimento do Parque Estadual Cunhambebe no
auxílio de uma vivência prática com as escolas analisadas no município de Itaguaí.
Palavras-chave: Educação ambiental, Escola, Unidade de Conservação.
ABSTRACT
The industrial development and the incorrect behavior of human beings with the environment has
accumulated so many environmental problems, such as degradation, decreasing the population
quality of life. Awaken the environmental conscience and raise awareness of society to acts in a
INTRODUÇÃO
A forma com que o homem tem utilizado os recursos naturais, retirando muito além do que é
necessário, tem levado à uma degradação intensa e consequências, muitas vezes, irreparáveis para o
meio ambiente. Entende-se que o primeiro passo para minimizar os danos ao meio ambiente é
conscientizar a sociedade de que se exploram os recursos além de sua capacidade. Diante disso, a
educação ambiental se faz como uma ferramenta essencial para contribuir e compreender esses
problemas, conscientizando os indivíduos e gerando novos conceitos sobre a importância da
conservação do meio ambiente.
Segundo Dias (2004), a educação ambiental é processo permanente no qual os indivíduos e a
comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem novos conhecimentos, valores,
habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir e resolver problemas
ambientais, presentes e futuros.
Reconhecendo a importância da conservação do meio ambiente, foi instituído na
Constituição Federal do Brasil de 1988, o Capítulo VI que versa sobre o meio ambiente, e em seu
Título VIII, artigo 225º, parágrafo 1º, inciso VI institui como competência do poder público a
necessidade de “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para preservação do meio ambiente” (BRASIL, 1988). A partir de então várias legislações
passaram a abordar o tema. Em 1996 a Lei nº 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Indicou a educação ambiental como uma diretriz para o currículo da educação
fundamental. Em concordância a isso, o Ministério de Educação, apresentou em sua proposta de
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) a educação ambiental como um tema transversal. Porém,
apenas em 1999 com a criação da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), que o tema
passa a ser obrigatório nos currículos escolares.
Área de Estudo
O Parque Estadual Cunhambebe (PEC) estende-se pelas serras que dividem as regiões
administrativas da Costa Verde e do Médio Paraíba e abrange terras dos municípios de Angra dos
Reis, Mangaratiba, Rio Claro e Itaguaí (Tabela 1).
O Parque Estadual Cunhambebe ocupa uma área de mais de 38 mil hectares, perfazendo um
perímetro de 463 km (INEA, 2015), que o torna a segunda maior unidade de conservação da
natureza de proteção integral da Administração Pública do Estado do Rio de Janeiro, subordinado à
Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas, do Instituto Estadual do Ambiente, vinculado à
Secretaria de Estado do Ambiente (Figura 1).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo a pesquisa realizada 100% das escolas declararam aplicar a educação ambiental,
seja ela incluída no currículo de forma interdisciplinar, em projetos ou até em datas específicas. No
Observa-se (figura 2) que a forma mais aplicada da educação ambiental nas escolas é por
meio de projetos específicos, apesar da grande maioria também tratá-la como um tema
interdisciplinar, seguindo a recomendação da Lei 9.795/99. Foi constatado durante as visitas que a
forma real de sua aplicação era realmente por meio de projetos em todas elas, tornando a
abordagem da Educação ambiental como um tema isolado. Segundo Souza e Povaluk (2010), “a
visão compartimentada da educação ambiental, a pouca integração entre outras ciências, a
própria disciplina curricular nas escolas, fazem com que o aluno não se desperte para o seu papel
de cidadão”.
Em duas escolas, a educação ambiental era abordada em sua maioria em eventos em datas
comemorativas ao meio ambiente. Porém, o conceito de educação ambiental é mais abrangente, ela
não se restringe a ações pontuais. Segundo Camelo (2011), em uma pesquisa realizada numa escola
Apenas 1 professor
Grupo de professores
Comunidade
Organizações privadas
Sim Não
Fonte: elaborado pelos autores.
A Educação ambiental é uma prática pedagógica, sendo assim, ela se efetua na junção dos
agentes educadores e alunos. A Lei 9.795/99 no Art. 8º, descreve que atividades vinculadas à
educação ambiental “devem ser desenvolvidas na Educação Escolar por meio de recursos humanos
qualificados”. De acordo com esse pensamento, nota-se, então, que os mais aptos a desenvolver
projetos de educação ambiental são a composição acadêmica das escolas.
Dentre as escolas analisadas, somente duas estão executando projetos de educação ambiental
em parceria com iniciativa privada. No que se refere a essa questão, a Política Nacional de
Educação Ambiental, permite a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento
de programas de educação ambiental. A participação das empresas privadas no desenvolvimento de
O PEC inaugurou, em 2015, sua sede com uma ampla estrutura contendo: escritórios,
auditórios, sala de exposição, área para pesquisa e alojamentos, e assim passou a ter uma excelente
área para recepção e visitação. Sua sede está localizada no município de Mangaratiba, no vale do
Sahy. Desde então, recebe visitas de escolas, grupos, entre outros, para aplicação da educação
ambiental, além de contar com um grupo de guarda-parque que desenvolve projetos de educação
ambiental com escolas, denominado “PEC nas escolas”. Durante a pesquisa verificado uma maior
atuação desses projetos no município de Mangaratiba, que abriga a maior porção da área do PEC e
possuía parceiras fortalecidas com as secretarias municipais de educação e ambiente.
Em Itaguaí nas oito escolas consultadas, seis tinham o conhecimento da existência do PEC,
porém não tinham o conhecimento de que o parque abrangia também um pequeno trecho do
município de Itaguaí e que estas unidades escolares estavam em seu entorno. Apenas uma escola
recebeu uma ação de educação ambiental do PEC na unidade escolar e nenhuma realizou visita a
campo na sede ou área do parque.
A partir desses resultados, compreendem-se que o PEC não está sendo utilizado de forma
complementar aos estudos teóricos que estão sendo aplicados na unidade escolar, e da mesma
forma, as escolas verificadas não estão interligadas aos projetos que vêm sendo desenvolvidos pela
equipe do PEC.
Entende-se que uma aula em campo, principalmente em uma UC, pode aliar aspectos
educacionais, proporcionando para o aluno aprendizagem mais significativa nas relações do homem
com a natureza. A questão de tirar os alunos do ambiente escolar e inseri-los em aulas práticas,
motivam e despertam mais interesse dos mesmos, pois passam de simples ouvintes a participantes
ativos de seu próprio processo de ensino.
Entretanto, identificou-se, por meio dos gestores das escolas, uma compreensão da
importância de se aplicar a educação ambiental quando expressaram uma vontade de melhorar a
percepção dos alunos quanto à importância da proteção e conservação do meio ambiente. Assim,
entende-se que escola pode ser a promotora de ações que visem a este propósito, porém depende
diretamente de cooperação dos diversos outros setores, para um estabelecimento consolidado de um
bom programa de educação ambiental.
Porém, neste trabalho foi constatada uma falta de articulação interna referente a
comunicação e interação entre a Prefeitura de Itaguaí, por meio da Secretaria de Educação e Meio
Ambiente junto às escolas. O que deveria ser trabalhado de forma conjunta é exercido de maneira
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20%20RJ/sinopse2016/RJ_Itagu
ai.pdf. Acesso em: 23/04/2017.
RESUMO
Atualmente nota-se a sustentabilidade como um assunto em evidência, abordado frequentemente em
nosso cotidiano, comumente divulgado na mídia e fomentando discussões sobre a relação homem-
natureza diante das preocupantes questões ambientais que envolvem o planeta, contribuindo para
que o tema adquirisse espaço em diversos setores. Desta maneira, o conceito de “desenvolvimento
sustentável” apresenta-se como uma alternativa para a humanidade e a escola, sendo uma
disseminadora de direitos, deveres, valores, conhecimento e informações, torna-se um importante
setor no auxílio ao processo da sustentabilidade. Nessa perspectiva, a legislação brasileira por meio
da constituição e demais leis estabelece que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, dando respaldo a criação do “Projeto Escola Sustentável” no âmbito federal e, por
outro lado, o Programa Município VerdeAzul (PMVA), no estado de São Paulo, que em sua
reformulação de 2017, solicita uma instalação modelo de sustentabilidade (IMS). Vindo de encontro
com essas duas premissas, esse trabalho busca analisar se esta certificação de “Instalação Modelo
de Sustentabilidade” atribuída pelo Programa Município VerdeAzul condiz com os princípios de
área construída de uma escola sustentável propostos pelo Governo Federal brasileiro. Por meio de
metodologia qualitativa, composta por pesquisa bibliográfica, seguida de análise documental, a
análise demonstrou que o diálogo entre a IMS do PMVA do estado de São Paulo e a escola
sustentável proposta pelo Governo Federal pode ser um caminho importante quando se consideram
processos de transformação socioambientais habilitados a ressignificar tempos e espaços escolares.
Escolas Sustentáveis podem se tornar modelos de sustentabilidade para suas comunidades,
concretizando o lema da Rio92: “Agir localmente, pensar globalmente”.
Palavras-Chave: Escola Sustentável. Política Pública. Programa Município VerdeAzul.
Sustentabilidade
ABSTRACT
Nowadays sustainability is perceived as an issue that is frequently addressed in our daily life,
commonly published in the media and fomenting discussions about the man-nature relationship
55
Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Análise de Políticas Públicas – Faculdade de Ciências Humanas e
Sociais da UNESP
56
Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Análise de Políticas Públicas – Faculdade de Ciências Humanas e
Sociais da UNESP.
57 Doutora em Geografia Humana.
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
Com intuito de responder aos questionamentos colocados, esse trabalho faz uso da
metodologia qualitativa composta de pesquisa bibliográfica, seguida de análise documental. Lima e
Mioto (2007) destacam a pesquisa bibliográfica como importante na fundamentação teórica do
objeto de pesquisa, cujos resultados contribuirão na análise futura dos dados coletados. Já a
pesquisa documental se assemelha muito a pesquisa bibliográfica, tendo como única diferença a
natureza das fontes que ainda não receberam um tratamento analítico (GIL, 1999).
Assim, a pesquisa bibliográfica e análise documental sobre os temas “escolas sustentáveis” e
“instalação modelo de sustentabilidade” foram realizadas baseadas documentos e publicação em
sites oficiais, bases legais, artigos de periódicos nacionais, dissertações de mestrado e teses de
doutorado e manuais, produzidos pela Coordenação Geral de Educação Ambiental do MEC, sobre o
Programa Nacional Escolas Sustentáveis e pela Coordenação do Programa Município VerdeAzul.
Dentre essas publicações destacamos, principalmente, o Manual de Escolas Sustentáveis
(Resolução CD/FNDE nº 18, de 21 de maio de 2013), a publicação “Vamos Cuidar do Brasil com
Escolas Sustentáveis”, as Resoluções da Secretaria do Meio Ambiente e Orientações fornecidas
A escola assume um papel muito importante perante a sociedade, pois exerce uma função de
disseminar direitos, deveres, valores e também por ser um espaço privilegiado por estabelecer
conexões e informações. O decreto federal nº 7.083 (BRASIL, 2010, n.p.), que dispõe sobre o
Programa Mais Educação, trouxe como um dos princípios para a educação integral “o incentivo à
criação de espaços educadores sustentáveis com a readequação dos prédios escolares, incluindo a
acessibilidade, e à gestão, à formação de professores e à inserção das temáticas de sustentabilidade
ambiental nos currículos e no desenvolvimento de materiais didáticos”.
Segundo Czapsky e Trajber (2010) uma nova educação pede uma nova arquitetura, sendo
necessária uma transformação do espaço físico por meio de uma gestão democrática e participativa,
convidando a comunidade escolar a fazer parte desse processo de transformação e deixando visível
que, se é possível a transformação sustentável de um espaço escolar, será também possível a
transformação de qualquer espaço público e privado.
De acordo com Trajber e Sato (2010), os espaços educadores sustentáveis são aqueles que
têm a intencionalidade pedagógica de se constituir em referências concretas de sustentabilidade
socioambiental. Nesse contexto, os espaços educadores sustentáveis se tornam referenciais para a
sociedade como sendo um local gerador de transformações perante à urgência das mudanças
socioambientais globais.
Através da portaria interministerial nº 883, de 5 de julho de 2012, o Ministério da Educação
e Ministério do Meio Ambiente dispõem sobre a IV Conferência Nacional Infanto juvenil pelo
Meio Ambiente– CNIJMA, tendo como tema "Vamos Cuidar do Brasil com Escolas Sustentáveis",
“ (...) voltada para as escolas com pelo menos uma turma do 6º ao 9º ano (5ª a 8ª série) do Ensino
Fundamental, cadastradas no Censo Escolar de 2011 - INEP, públicas e privadas, urbanas e rurais,
da rede estadual ou municipal, assim como escolas de comunidades indígenas, quilombolas e de
assentamento rural” (BRASIL, 2012a, n.p.), cujas ações:
[...] devem preferencialmente ser desenvolvidas com o apoio das Comissões de Meio
Ambiente e Qualidade de Vida na Escola, COM-VIDA, coletivo escolar que promove o
diálogo e pauta decisões sobre a sustentabilidade socioambiental, a qualidade de vida, o
De acordo com a publicação “Vamos Cuidar do Brasil com Escolas Sustentáveis”, lançado
em 2012 para orientação da IV CIJNMA, e a Resolução/CD/FNDE nº 18, de 21 de maio de 2013,
que dispõe sobre a fonte de financiamento para escolas públicas de educação básica implementar as
ações que promovam melhoria da qualidade de vida e sustentabilidade, a transição para a
sustentabilidade nas escolas acontece a partir de três dimensões inter-relacionadas - gestão,
currículo e espaço físico - sendo este último nosso objeto de estudo (BRASIL, 2012b; FNDE,
2013).
O espaço físico refere-se à criação de edificações que garantam acessibilidade, gestão
eficiente da água e da energia, saneamento e destinação adequada de resíduos (BRASIL, 2012b;
FNDE, 2013). Uma dimensão muito importante que vai além sala de aula e que por meio da
externalização escolar, demonstra que a sustentabilidade também está presente em outros quesitos.
“O espaço físico não apenas contribui para a realização da educação, mas é em si uma forma
silenciosa de educar” (FRAGO; ESCOLAN, 1995, p. 69).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 1 ainda é possível observar que 3 premissas propostas para edificações de uma
escola sustentável não se encontram representadas nos aspectos da IMS - conforto acústico, gestão
de resíduos e permeabilidade do solo. Apesar de, discretamente, o item permeabilidade do solo estar
representada no rol exemplificativo da IMS através da calçada ecológica e a gestão de resíduos
neste mesmo rol, com foco nos resíduos sólidos, com a sugestão de móveis construídos com
material reciclado e reuso de madeira de madeira de demolição.
Além das 12 premissas propostas edificações de uma escola sustentável, a publicação
“Vamos Cuidar do Brasil com Escolas Sustentáveis” traz no final do capítulo referente a área
construídas, a importância do entorno escolar na demonstração de práticas de sustentabilidade,
considerando a ligação entre a escola e suas cercanias naturais, como rios, montanhas e vales, a
presença de práticas que revalorizem a identidade cultural local, como árvores, hortas e jardins, e a
valorização da mobilidade sustentáveis, com ciclovias, calçadas seguras e bicicletário, além de
diversas elementos simples e baratos, como os praticados por escolas indígenas e quilombolas
(BRASIL, 2012b).
Aqui ressaltamos novamente que a Resoluções de 2017 e 2018 que tratam do PMVA não
trazem nenhuma especificação sobre o entorno escolar, assim como também não encontramos essa
informação explícita nas Orientações do PMVA. Porém, a mobilidade sustentável é representada no
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise documental nos aponta que o diálogo entre a IMS do PMVA do estado de São
Paulo e a escola sustentável proposta pelo Governo Federal pode ser um caminho para que os
municípios paulistas, carentes de recursos próprios, possam investir via recursos disponíveis para o
“PDDE Qualidade”, em 10 ou mais itens sustentáveis em um prédio público escolar municipal
(pontuando nesta ação proposta pelo PMVA) e, principalmente, se favorecendo de todos os
aspectos que este espaço físico construído ou readequado possa propiciar através dessa articulação
entre escolas sustentáveis e o Programa Estadual Paulista.
Porém, é importante lembrar que a área construída é apenas uma, das três dimensões
integradas, gestão-espaço-currículo escolar, que se inter-relacionam na constituição de uma escola
sustentável. Assim, a IMS instituída através de uma escola sustentável, levaria a escola a
transcender isso, sendo geradora de uma cultura modelo de sustentabilidade amparada por um
currículo adequado e gestores eficientes capazes de propor mudanças rumo ao um planeta mais
justo e sustentável (CZAPSKI; TRAJBER, 2010).
O estímulo da coordenação do PMVA de instituir a IMS em uma escola sustentável,
trazendo a conhecimento dos municípios o caminho para os recursos federais do PDDE, pode
garantir não apenas que mais cidades paulistas cumpram essa ação, como levar essas escolas a
trabalhar as dimensões de currículo e gestão escolar, não aprofundadas nesse artigo por uma
limitação de tempo espaço, abrindo caminhos para novas pesquisas.
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parâmetros para avaliação dos Planos de Ação Ambiental, para o exercício de 2011, no âmbito
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São Paulo, São Paulo, 19 jul 2011, Seção I, p. 43
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Programa Município VerdeAzul, e dá providências correlatas. Diário Oficial [do] Estado de São
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RESUMO
Objetivou, neste trabalho, analisar a implementação e as ações de projetos desenvolvidos em três
escolas do município de Arapiraca, Alagoas, Brasil. Os projetos são integrados ao Programa de
Educação Ambiental Lagoa Viva, uma Organização Não Governamental, criada por iniciativa de
uma empresa privada em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação. Dois dos
projetos apresentam um enfoque socioambiental e outro sociocultural. A metodologia empregada
baseou-se em uma abordagem qualitativa e quantitativa de natureza descritiva, subsidiada por
entrevistas semiestruturadas, questionários, análise documental e estudo de caso múltiplo, que tem
nível de alcance exploratório e descritivo, e busca estudos nas competências da gestão escolar. O
estudo pretende contribuir no sentido de oferecer subsídios para debates que possam auxiliar
municípios, escolas e professores a refletirem sobre suas propostas, ao promoverem atividades que
contribuam para a valorização da diversidade cultural e ambiental de forma sustentável. Visto que,
uma gestão escolar articulada, onde busca integrar-se dentro e fora do espaço escolar, valorizando a
relação Escola e Comunidade.
Palavras-chaves: Educação; Interdisciplinaridade; Comunidade.
ABSTRACT
The objective of this work was to analyze the implementation and the actions of projects developed
in three schools in the city of Arapiraca, Alagoas, Brazil. The projects are integrated into the Lagoa
Viva Environmental Education Program, a Non Governmental Organization, created by of the
initiative of a private company in partnership with the State and Municipal Secretariats of
Education. Two of the projects present a socio-environmental and a socio-cultural focus. The
methodology used was based on a qualitative and quantitative approach of descriptive nature,
subsidized by semi-structured interviews, questionnaires, documentary analysis and multiple case
study, which has an exploratory and descriptive scope, and seeks studies on the competencies of
school management. The study intends to contribute in the sense of offering subsidies for debates
58
Convenio Uruguai- Brasil com o Centro de Educação Profissional e Superior Santa Maria Madalena - CENFAP
INTRODUÇÃO
Diante das intensas mudanças e constantes inovações, reflexo das transformações sociais
decorrentes dos processos de modernização e globalização, discute-se de forma veemente o papel
da educação na sociedade atual. Assim, se faz necessário despertar o interesse pela implementação
de políticas públicas e investimentos em educação, não somente como reconhecimento do direito do
cidadão, mas no que diz respeito aos aspectos éticos, culturais e socioambientais de forma a
estimular métodos sustentáveis de vida (LAGOA VIVA, 2009). Nessa perspectiva, almejar-se por
uma educação que objetiva o desenvolvimento da consciência crítica da sociedade, comprometida
com abordagens que inter-relacione os aspectos sociais, ecológicos, econômicos, políticos,
culturais, científicos, tecnológicos e éticos.
É importante buscar mecanismos que venham melhorar as condições futuras da sociedade a
partir da qualificação dos estudantes para lidarem com os principais desafios da atualidade, tais
como a proteção do meio ambiente, o respeito à biodiversidade e defesa dos direitos humanos.
Neste aspecto, é necessário desenvolver novas práticas educativas visando integrar os seres
humanos e a natureza na busca da sustentabilidade (SOUZA, 2011).
Uma das grandes preocupações que afligem a sociedade atualmente está relacionada ao tema
meio ambiente, o qual assumiu uma posição de destaque nos últimos anos. A educação ambiental
vem sendo proposta como um meio de conscientizar os indivíduos de que suas ações são
responsáveis para sua própria existência (TRAVASSOS, 2001). De acordo com Freire (2002)
mudar é difícil, mas é possível. Assim, pode-se nutrir a expectativa de que ocorram transformações
significativas e essenciais, a começar pelas escolas.
Outra abordagem que vem sendo bastante discutida em vários setores da sociedade é a
igualdade e o respeito às diferenças. As discriminações étnico-raciais são dilemas que precisam ser
desconstruídos pela informação que objetive a conscientização ao senso de pertinência social,
pessoal e coletivo.
Baseado no exposto o presente trabalho tem como objetivo investigar a implementação e as
ações de três projetos desenvolvidos em três escolas do município de Arapiraca, Alagoas (AL).
Dois deles tratam do aspecto socioambiental, enquanto o outro segue a linha sociocultural. Os
projetos são integrados ao Programa de Educação Ambiental Lagoa Viva, uma Organização Não
Governamental (ONG), criada por iniciativa de uma empresa privada em parceria com as
METODOLOGIA
A coleta de dados foi realizada por meio de análise da proposta que compõe os Projetos
Políticos Pedagógicos das instituições, em consonância com a Secretaria Municipal de Educação a
qual apresenta uma boa estruturação em projetos socioeducacionais. A metodologia empregada
baseou-se em uma abordagem qualitativa, de cunho descritivo, subsidiada por questionários e
entrevistas semiestruturadas e análise documental. A amostragem se iniciou por meio da elaboração
de quatro questionários semiestruturados para aplicação dos seguintes segmentos: gestor escolar
contendo 17 questões; professores com 14 questões; alunos com 12 questões e comunidade com 10
questões. Com esses dados coletados, utilizou-se a análise qualitativa e quantitativa de acordo com
as respostas apresentadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da entrevista com a diretora, professores e alunos, quando questionados sobre quais
são os objetivos do projeto, responderam que, a partir do momento em que a escola percebeu a
necessidade de “resgatar a cultura de ervas medicinais e horta escolar, priorizando a aprendizagem
significativa, bem como, o envolvimento com a comunidade, deu-se o desenvolvimento do projeto”.
No ano de 2001, a escola recebeu o prêmio de Referência Nacional na Gestão Escolar, pois
trabalharam com o Projeto Água Direito Universal. Em 2004 ganhou o segundo prêmio como
Professora Nota 10, publicado na revista Nova Escola.
Além dos trabalhos desenvolvidos em sala e as pesquisas junto à comunidade, ocorrem
momentos de devolutivas na escola, ou seja, apresentações dos resultados para a comunidade por
meio de apresentações de paródias, peças teatrais entre outros. De acordo com Abílio (2008) as
oficinas pedagógicas se caracterizam com uma prática peculiar por apresentar os seguintes
elementos: reflexão e troca de experiências, confrontando a prática com a teoria, avançando na
construção coletiva do saber.
A comunidade escolar, incluindo os gestores, professores, alunos bem como os pais dos
alunos que apresenta uma importante função no processo educativo, demonstrando aceitação do
projeto Produção de Horta e Ervas Medicinais o qual resultou em 100% de aceitação. Conforme
verifica-se na Figura 1 por meio de entrevistas com alunos e professores que responderam que o
plantio de árvores auxilia o meio ambiente (20%), quanto à plantação de ervas medicinais como
meio de ajudar o ambiente 30% responderam favorável a esta prática e com relação a não jogar lixo
no meio ambiente 50% responderam que concordam com essa prática.
20%
50%
30%
A Escola de Ensino Fundamental Tenente Coronel Laury localiza-se na Vila São José a 11
quilômetros do município de Arapiraca. Atualmente, a escola possui 510 alunos matriculados e 28
servidores, funcionando com turmas do Ensino Fundamental (do 5º ao 9º ano) e Educação de
Jovens e Adultos (EJA).
O projeto ECOSOL-Ecológico, Sustentável e Original, é um projeto que abrange dois
aspectos, o primeiro é responsável pela reciclagem de papel e o segundo pela a produção de sabão
ecológico (reutilização de óleo de cozinha). Vale ressaltar que este Projeto ECOSOL está incluso no
Projeto Político Pedagógico da Escola e tem como objetivo geral compreender os malefícios que o
óleo de cozinha pode causar ao ambiente quando descartado indevidamente e reutilizar o mesmo,
proporcionando deste modo uma alternativa sustentável para a escola e a comunidade. Também é
realizada a coleta seletiva do lixo na escola e na comunidade para a reciclagem de papel. Logo,
busca- se trabalhar um processo efetivo de educação ambiental.
De acordo com Abílio e Guerra (2005), o desenvolvimento sustentável é a promoção de
valores que mantenham os padrões de consumo dentro do limite das possibilidades ecológicas,
minimizando os impactos sobre os recursos naturais.
A partir da entrevista com a diretora, ao ser questionada sobre quais são os objetivos do
projeto, respondeu que, a partir do momento “em que a escola percebeu a necessidade de se
trabalhar a conscientização ambiental devido as questões em seu entorno, objetivou reutilizar os
óleos de cozinha na fabricação de sabão e reciclar papelão para proporcionar uma alternativa
sustentável”.
De acordo com o que a gestora retratou o cenário das condições precárias, falta de estrutura,
higiene, bem como a ausência da consciência ambiental, foram cruciais no ponto de partida para a
elaboração do projeto na escola. Onde por meio de pesquisas a ações que a escola promoveu, teve
40%
Fonte: Elaboração própria.
A Escola de Ensino Fundamental Professor Luiz Alberto de Melo localiza-se na Vila Pau
D’Arco a 12 quilômetros do município de Arapiraca. A Escola possui 456 alunos devidamente
matriculados e 20 professores, funcionando com Educação Infantil do 1º ao 5º ano e do 6º ao 9º do
Ensino Fundamental. O projeto desenvolvido tem como abordagem o resgate das raízes culturais do
povo negro, promovendo o despertar do auto reconhecimento, autoestima e pertinência social da
20%
50%
30%
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada uma das experiências vivenciadas a partir dos relatos das escolas pesquisadas nos
direciona a reflexão sobre o diálogo de saberes nas perspectivas socioambiental e sociocultural. As
interdisciplinaridades incluídas nas ações pedagógicas da escola, as trocas de experiências, as
discussões e a abertura de ideias, que possibilitam as mudanças de hábitos e posturas. No entanto os
projetos de cunho sociocultural e socioambiental surgem na própria escola, pela demanda existente,
dentro da escola ou na comunidade até mesmo pela autonomia da própria instituição. E quanto a
SME-Secretária Municipal de Educação, ela recebe, analisa e colabora com os projetos conforme as
necessidades ou dentro de suas possibilidades. Cabe a SME ofertar o suporte técnico para o
fortalecimento do projeto que já são executados na escola, apoio logístico também na participação
de eventos e articulação com outras Secretarias e Universidades, entre outros.
No espectro das transformações, que vislumbram as experiências nessas escolas municipais
de Arapiraca, AL, consideramos a Figura 4, que ilustra por meio do diagrama os referidos projetos
desenvolvidos pelas escolas:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABÍLIO, F.J. P. Ética, Cidadania e Educação Ambiental. In: ANDRADE, M.O. (org.). Meio
Ambiente e Desenvolvimento: bases para uma formação interdisciplinar. João Pessoa, PB:
Editora Universitária da UFPB, 2008.
BRANDÃO, C.R. A educação popular na escola cidadã. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
DIAS, G.F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 551p., 2003.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 34. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
RESUMO
O Brasil possui 21 milhões de hectares a serem recuperados em Áreas de Preservação Permanente
(APP) ciliares. O Programa de Regularização Ambiental (PRA) trazido junto a nova Lei Florestal,
nº 12.651/2012, flexibilizou a recuperação de tais áreas, mas os altos custos das atividades da
adequação podem ser um entrave. O presente trabalho tem por objetivo descrever e analisar as
políticas públicas que geram auxílios para a recuperação de APPs ciliares, criadas ou não com
objetivos relacionados ao PRA. Essa pesquisa consistiu de uma investigação qualitativa com caráter
exploratório em legislações, documentos e artigos científicos que se relacionassem com o tema:
políticas que geram obrigação em fazer plantio florestal, linhas de financiamento, doação de mudas
e insumos. Dentre as políticas públicas de âmbito nacional destacaram-se as possibilidades de fazer
compensação ambiental e reposição florestal, que cobrem todos os custos de operação. As políticas
de âmbito nacional geram recursos e podem ser usadas para finalidades diferentes entre os estados,
dependendo de fatores, como a regulamentação. É necessário integrar essas políticas e, com
assistência técnica e extensão, informar aos proprietários as possibilidades de auxílio em sua região.
Palavras-chave: Política Florestal; Gestão Ambiental; Regularização.
ABSTRACT
There’s 21 million hectares to be recovered in riparian Áreas de Preservação Permanente (APP)
[Areas of Permanent Preservation] in Brazil. The Programa de Regularização Ambiental (PRA)
[Environmental Regularization Program] along with the new Forestry Law, no. 12.651/2012, made
the recovery of such areas more flexible, but the high cost of adaptation activities may be a
hindrance. This paper aims to describe and analyze the public policies that generate aid for the
recovery of riparian APPs, whether they were created with PRA related objectives or not. This
study consisted of an exploratory qualitative research in laws, documents and scientific articles
related to the theme: policies that implement the requirement to make forest plantations, financing
lines, donation of seedlings and inputs. A stand out among the federal public policies was the
possibility of environmental compensation and forestry restocking, which covers all operating costs.
National policies generate resources and can be used for different purposes among states, depending
on factors, such as regulation. It is necessary to integrate these policies and, with technical
assistance and extension, inform the owners of the assistance possibilities in their region.
Keywords: Forestry policy; Environmental management; Regularization.
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 296
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
INTRODUÇÃO
O Brasil possui a maior cobertura florestal do mundo, estimada atualmente em 524 milhões
de hectares (FAO, 2015). Desse total, aproximadamente 193 milhões estão em imóveis rurais
(SOARES-FILHO et. al., 2014). A proteção desta parte da cobertura vegetal se deve,
principalmente, aos intrumentos de conservação e proteção criados junto as Leis Florestais de 1934
e 1965, destacando-se a Reserva Legal (RL) e as Áreas de Preservação Permanente (APP)
(BORGES et. al., 2011).
A Nova Lei Florestal dá continuidade a proteção da cobertura vegetal existente e não admite
a supressão em APPs (art. 4º, § 4º e 5º) e em RLs admite apenas uso sustentável, com restrições
(art. 53), exceto quando a supressão for de baixo impacto ambiental. Aliou a proteção de áreas ao
uso de uma nova ferramenta de reconhecimento do uso da terra e possível suporte a fiscalização, o
Cadastro Ambiental Rural - CAR (BRASIL, 2012).Foi observado que existe um deficit de mais de
50 milhões de hectares em imóveis que não respeitaram tais instrumentos de proteção;com o
Programa de Regularização Ambiental(PRA), possibilitou aanistia de mais da metade da área.E,
ainda assim, resta o desafio em recuperar pelo menos 21 milhões de hectares (SOARES-FILHO et.
al., 2014).
O PRA foi regulamentado pelo Decreto Federal nº 8.235/2014, o qual descreve como
responsáveis pela implementação os Estados e o Distrito Federal, com apoio Federal, segundo art.
14, por meio do Programa Mais Ambiente Brasil que será composto de educação ambiental,
assistência técnica e extensão, produção e distribuição de mudas, e capacitação de gestores para
apoio aos produtores rurais (BRASIL, 2014). O mesmo decreto traz ainda que tal programa
dependeria do orçamento do Ministério do Meio Ambiente (art. 15, parágrafo único), que, segundo
levantamento WWF-Brasil (2018), vem sofrendo cortes, um total de 1,3 bilhão em 5 anos, sendo
que a dotação prevista para o tema regularização de imóveis rurais caiu de 69,3 milhões em 2016
para 4,7 milhões de reais em 2018.
Apesar do cenário de cortes orçamentários do governo federal, foi lançado em 2017 o Plano
Nacional de Recuperação de Vegetação Nativa, que pretende recuperar 12 milhões de hectares até o
ano de 2030 (MMA, 2017). Noplano foram traçadas ações dos diversos órgãos públicos, formas de
apoio aos produtores, mercados que se espera movimentar, tudo, de preferência, relacionando-se
com “baixo custo”: sementes de qualidade, métodos de recuperação, práticas de controle de plantas
invasoras e métodos de monitoramento.
Por menor que sejam os custos de recuperação de uma área, “custo baixo” é algo relativo,
principalmente por se tratar de áreas com possível uso antrópico e que, por isso, tem um custo de
oportunidade do valor de venda do produto que ali era gerado que, dependendo da lucratividade,
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho constitui-se de uma investigação qualitativa (AUGUSTO et. al., 2013)
com caráter exploratório (TERENCE e FILHO, 2006). Foi baseado em pesquisa bibliográfica e
documental, métodos que se diferenciam, pois, o primeiro recorre a textos acadêmicos, análises de
outros autores sobre o assunto e o último recorre a materiais que ainda não receberam tratamento
analítico, ou seja, as fontes primárias, legislações, como a nova Lei Florestal, nº 12.651/2012 e
regulamentações posteriores.
A partir da nova Lei Florestal nº 12.651/2012 foi levantada as obrigações geradas a partir do
PRA, as atividades para recuperação de áreas degradadas em matas ciliares, levando-se em
consideração as demais regulamentações da nova lei. A essas atividades foram relacionadas
políticas públicas que se encontram em prática e que podem cobrir total ou parcialmente os custos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A nova Lei Florestal trouxe a obrigação dos produtores em cadastrar seus imóveis no CAR.
A partir destes cadastros será possível um “raio-x” sobre a situação dos imóveis, a partir do qual se
terá a situação de regularidade do imóvel. Proprietários de imóveis com irregularidadesdevem
elaborar um Projeto de Recuperação de Área Degradada (PRADA) junto ao Órgão Estadual do
Meio Ambiente (OEMA) no qual serão indicadas as ações para recomposição ou regeneração a fim
de regularizar as APPs do imóvel.
Os custos para recuperação de áreas degradadas para adequação ambiental, APPs e RLs, são
altos, conforme levantamento realizado por Antoniazzi et. al. (2016), o custo mínimo seria de
R$858 por hectare, sem considerar o custo de cercamento, que pode ser mais de R$1 mil por
hectare (PLASTER et. al., 2017). Esses valores aumentam conforme o uso de técnicas como
semeadura ou plantio podendo chegar a até R$46 mil, no caso de plantios com diversas espécies.A
escolha de tais técnicas depende da situação do local a ser recuperado e, para isso, é sugerida uma
avaliação técnica (ANTONIAZZI et. al., 2016).
Devido a esses altos custos de recuperação, que pode ser maior do que o custo da terra em
muitas regiões, um futuro mercado que se espera firmar com a regulamentação do Programa de
Regularização Ambiental pelos estados é o de Cotas de Reserva Ambiental (CRA) que permitirá a
compensação de Reserva Legal em outros imóveis de acordo com o bioma (GASPARINETTI e
VILELA, 2018). Mercado este que atenderá, principalmente, os detentores de imóveis maiores que
4 Módulos Fiscais, pois a obrigação de se recompor a Reserva Legal não é feita a quem possui
imóveis pequenos, apenas a de recuperar faixas mínimas de APPs.
A Cota de Reserva Ambiental ainda não foi regulamentada em âmbito nacional, porém o
Programa de Regularização Ambiental já, e, apesar de alguns estados ainda não o terem
implementado, São Paulo, Minas Gerais, Acre e Pará já o fizeram.Com poucos recursos sendo
liberados pelo governo federal para a área ambiental, cabe destacar que há determinadas políticas
públicas que obrigam o replantio florestal ou podem auxiliar a recuperação de áreas degradadas,
Tabela 1 – Políticas públicas com possíveis auxílios, fomentos, em atividades ou insumos para a recuperação
de Áreas de Preservação Permanente ciliares.
POLÍTICA PÚBLICA MECANISMO DE AUXÍLIO POSSÍVEIS ATIVIDADES OU
ABORDADO INSUMOS FOMENTADOS
Assistência Técnica e Extensão Projeto Reviverde, Emater RO - Fundo Todas as atividades e insumos
Rural - ATER (Lei Federal nº Amazônia (Decreto Federal nº
12.188/2010) 6.526/2008)
A assistência técnica rural tem seu lugar de importância em levar ao produtor rural novos
hábitos e influenciar seu modelo de produção.Destaca-se desde os anos 1970, a Empresa Brasileira
de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), que surgiu como empresas públicas estaduais
vinculadas às Secretarias de Agricultura dos Estados (ALVES, 2017). Essa importância é contínua
e, atualmente, por inciativa da EMATER de Rondônia, está em trâmite o projeto REVIVERDE para
custeio por meio do Fundo Amazônia e auxílio para regularização dos imóveis no estado
(RESUTTI, 2018).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existem políticas públicas em ação que possibilitam que os produtores rurais possam
amortizar parte ou todos os custos de regularização de seus imóveis, dentre as quais se destacam a
Compensação Ambiental e a Reposição Florestal. Ambos os exemplos dados se tratam de políticas
públicas de âmbito nacional que tiveram regulamentações estaduais e permitem que o pagamento
daqueles que tem o dever em cumprir com tais políticas o façam por meio de plantios que auxiliem
a regularização de imóveis rurais.
Os exemplos dados a partir das regulamentações estaduais para a Compensação Ambiental
por meio do BANPAR no RJ e pela Reposição Florestal em MG são um demonstratico de como
uma política pública pode influenciar em outra, no caso o PRA, para que ambas atinjam seus
objetivos.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Decreto n.º 8.235, de 5 de maio de 2014. Estabelece normas gerais complementares aos
Programas de Regularização Ambiental dos Estados e do Distrito Federal, de que trata o Decreto
no 7.830, de 17 de outubro de 2012, institui o Programa Mais Ambiente Brasil, e dá outras
providências.Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 mai. 2014.
BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera
as Leis n°6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de
dezembro de 2006; revoga as Leis n°4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de
1989, e a Medida Provisória n° 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 mai. 2012.
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SOARES-FILHO, B.; RAJÃO, R.; MACEDO, M.; CARNEIRO, A.; COSTA, W.; COE, M.;
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RESUMO
A indústria do ramo metalúrgico possui um forte potencial de impactos pelo seu processo
produtivo. Dessa forma, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) pode ser uma ferramenta para
adequar o processo produtivo e ter resultados positivos. O presente trabalho apresenta como
objetivo a formulação de propostas para a implantação do Sistema de Gestão Ambiental em
conformidade com a Norma NBR ISO 14001:2015, em uma microempresa do ramo metalúrgico na
cidade de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul. Foi realizado um levantamento de informações
a fim de conhecer os setores da microempresa, como o de produção, administrativo, transporte e
instalação. Verificou-se também a geração de resíduos através de um diagnóstico ambiental e
avaliou-se os aspectos e impactos ambientais. O SGA proposto é fundamental para que a empresa
tenha uma melhor organização em relação ao meio ambiente, além de possibilitar a empresa
adquirir uma certificação da ISO 14001, reconhecida internacionalmente.
Palavras-chave: SGA, ISO 14001, Gestão Ambiental, Metalúrgica.
ABSTRACT
The metallurgical industry has a strong potential of the impacts through its production process. In
this way, the Environmental Management System (EMS) can be a tool to adapt the productive
process and have positive results. The present work presents as objective the formulation of
proposals for the implementation of the Environmental Management System in accordance with
NBR ISO 14001: 2015, in a microenterprise of the metallurgical branch in the city of Frederico
Westphalen, Rio Grande do Sul. A survey of information was carried in order to know the sectors
of the microenterprise, such as production, administrative, transportation and installation. Also, we
verified the generation of waste through an environmental diagnosis and we assessed the
environmental aspects and impacts. The proposed EMS is fundamental for the company to have a
better organization in relation to the environment, besides enabling the company to acquire an ISO
14001 certification, recognized internationally.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo utilizou pesquisa descritiva e estudo de caso. O estudo de caso consiste em um
estudo detalhado de um ou poucos dados ou objetos, de modo a permitir um conhecimento
aprofundado. A pesquisa descritiva objetiva descrever as características do tema estudado
correlacionando as variáveis sem que ocorram mudanças em sua estrutura (GIL, 2010).
A coleta de dados foi realizada, principalmente a partir de uma conversa informal com o
proprietário e com o responsável pela empresa, a fim de conhecer melhor e detalhadamente a
empresa, seus processos produtivos, desde a chegada dos materiais à empresa, sua estocagem,
métodos de produção, até o momento final de transporte e instalação dos mesmos. Contando
também com conversas por e-mail ao longo do tempo e obtenção de valores a partir de documentos
disponibilizados pelos contatos da empresa. Após a coleta, os dados e observações foram
devidamente organizados, e então identificou-se qual a situação da empresa, o que ela já está
fazendo para cuidar do meio ambiente e o que o ela poderia melhorar em curto e longo prazo.
A metodologia das propostas de implementação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA)
baseia-se na norma NBR ISO 14001:2015, que é a norma que dispõe das diretrizes básicas para o
desenvolvimento de um sistema de gestão ambiental. E para que sejam alcançados tais resultados
propostos pela ISO 14001 esta pesquisa baseia-se no princípio da melhoria contínua e no ciclo
PDCA (Plan – Do – Check – Act).
A Figura 1 a seguir descreve de forma sistemática as atividades realizadas no decorrer do
estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A empresa do setor metalúrgico selecionada para realizar o estudo iniciou suas atividades no
ano de 1986, produzindo e instalando grades de ferro, aberturas em alumínio, estruturas metálicas,
trabalhando também com vidro temperado e coberturas em policarbonato. Seus serviços abrangem
todo o território do estado do Rio Grande do Sul, e realiza trabalhos para Santa Catarina e Paraná,
fornecendo produtos e atividades desde a fabricação até a entrega e instalação dos mesmos.
Os setores existentes na empresa são divididos em três: administração, produção e,
transporte/entrega e instalação. O setor administrativo é responsável pela gestão da empresa. O
gerenciamento financeiro em conjunto com a contabilidade (serviços terceirizados) planejam as
ações a partir de decisões estratégicas. As vendas também são realizadas nesse setor, sendo esta, a
atividade que fornece o fluxo na empresa. A administração também é responsável por cuidar da
parte jurídica da organização, assim como notas fiscais, cobrança e pagamentos.
Diagnóstico ambiental
Os resíduos são destinados de acordo com a sua classificação, desta forma cada um tem um
destino diferente. A metalúrgica possui convenio com 3 empresas terceirizadas. A primeira empresa
terceirizada, uma vez por ano, realiza a coleta dos vidros, sendo esta uma empresa que oferece
soluções em gestão de resíduos industriais, atendendo à todos os requisitos da Licença de
Como não são realizadas lavagens na produção, não há geração de efluentes líquidos
exigindo tratamento diferenciado, assim como, não há uso de graxas e óleos. Desta forma, o
efluente da metalúrgica é composto somente por efluente sanitário, e assim, destinado diretamente
para as redes públicas.
qualidade do ar
Danos à saúde
Ocupação do
Esgotamento
qualidade do
qualidade da
comunidade
Incômodo à
Alteração
Alteração
Alteração
recursos
vizinha
solo*
água
solo
ASPECTOS AMBIENTAIS
Y10 Y20 Y30 Y40 Y50 Y60 Y70
Emissões atmosféricas – pintura X1
Emissões atmosféricas - cortes X2
Sucatas de alumínio X3
Sucatas de ferro X4
Vidro X5
Descarte de abrasivos* X6
Descarte de estopas X7
Descarte de EPI’s X8
Descarte de papelão/plástico sujos X9
Descarte de papelão/plástico limpos X10
Descarte de lâmpadas X11
Resíduos de varrição X12
Ruídos - pelo maquinário X13
Ruídos - tráfego de veículos X14
Descarte de embalagens – tintas solventes X15
Descarte de embalagens – colas X16
Descarte de embalagens – silicone X17
Consumo energia X18
Consumo água X19
Emissões de calor X20
*Abrasivos: Lixas, discos e corte. *Ocupação do solo através de aterros.
Fonte: Autores (2018).
Danos à saúde
Ocupação do
Esgotamento
qualidade do
qualidade do
qualidade da
comunidade
Incômodo a
Alteração
Alteração
Alteração
recursos
vizinha
solo*
água
solo
ar
ASPECTOS AMBIENTAIS Y7
Y10 Y20 Y30 Y40 Y50 Y60
0
Efluente sanitário X21
Consumo energia X22
Consumo água X23
Descarte de papelão/plástico limpos X24
Descarte de lâmpadas X25
*Ocupação do solo através de aterros.
. Fonte: Autores (2018).
recursos naturais
qualidade do ar
Danos à saúde
Ocupação do
Esgotamento
qualidade do
qualidade da
comunidade
Incômodo à
Alteração
Alteração
Alteração
vizinha
solo*
água
solo
ASPECTOS AMBIENTAIS
Y10 Y20 Y30 Y40 Y50 Y60 Y70
Emissões atmosféricas - pintura X26
Descarte de estopas X27
Descarte de papelão/plástico sujos X28
Descarte de papelão/plástico limpos X29
Ruídos - pelo maquinário X30
Ruídos - tráfego de veículos X31
Descarte de embalagens – tintas solventes X32
Descarte de embalagens – colas X33
Consumo energia X34
Consumo água X35
Consumo combustível X36
Emissões de CO2 X37
Incêndios X38
*Ocupação do solo através de aterros Emergência, situações de risco.
Fonte: Autores (2018).
Em relação à quantidade de resíduos gerados, os que merecem maior atenção são os ferros e
alumínios que são acumulados em torno de 1000 kg/ano, e também, as sobras de vidros que são
gerados em torno de 1000 kg/ano.
Verificou-se que a maior parte dos aspectos/impactos avaliados resultaram como
controlados, pois em sua maioria predominam a geração de resíduos, como embalagens dos mais
diversos tipos, restos de vidros, alumínio e ferro.
Tabela 7: Objetivos, metas e programas como propostas de melhorias para a implementação do SGA
OBJETIVOS METAS PROGRAMAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério do meio Ambiente. CONAMA. Resolução 275 de abril de 2001: Estabelece o
código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e
transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. Diário Oficial da
União, Poder Executivo, Brasília, DF, 25 mai. 2016. Seção 1, 80p.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
RUPPENTHAL, J. E. Gestão ambiental. Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, Santa Maria:
Rede e-Tec Brasil, 2014. 127 p.
RESUMO
O catador de materiais recicláveis é um trabalhador de notória significância no gerenciamento
integrado de resíduos sólidos no Brasil, especialmente no que condiz a coleta seletiva, pois é
responsável por cerca de 90% dos materiais recicláveis que chegam as indústrias recicladoras. Esse
artigo visa analisar a participação dos catadores de materiais recicláveis informais na coleta seletiva
em Aracaju. No tocante aos procedimentos metodológicos foram realizadas as etapas: levantamento
bibliográfico e documental; pesquisa de campo; entrevistas com roteiro semiestruturado com 30
catadores informais. Os catadores informais não participam de cooperativas e associações e
desenvolvem o trabalho de forma autônoma, coletando coletam materiais (plásticos, papel, papelão,
metais e vidro) nas ruas da cidade, nas lixeiras de condomínios e vendem aos sucateiros e “ferro
velho” para garantir a sobrevivência. Além das condições precárias de trabalho, da inexistência de
Equipamentos de Proteção Individual e da baixa renda, realizam trajetos longos, cumprem jornadas
exaustivas de trabalho e circulam nas ruas da cidade com riscos de acidentes de trânsito. É
fundamental a organização coletiva a partir de associações e cooperativas para que possam ter
condições dignas de trabalho garantindo a saúde laboral face a sua importância na coleta seletiva,
evitando que os resíduos não cheguem aos aterros sanitários ou lixões. É necessária a maior atuação
dos órgãos públicos para a efetivação das garantias de direitos dos catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis. Há necessidade de acesso aos direitos a partir de políticas públicas
voltadas para reciclagem, inclusão socioeconômica que possa melhorar as condições de trabalho
desses catadores que mesmo na informalidade contribuem efetivamente no gerenciamento de
resíduos da capital sergipana.
Palavras–Chaves: Associações, Cooperativas, Inclusão Social, Políticas Públicas.
ABSTRACT
The recyclable waste picker is a worker of notable significance in the integrated management of
solid waste in Brazil, especially in what concerns the selective collection, since it is responsible for
about 90% of the recyclable materials that arrive at the recycling industries. This article aims to
analyze the participation of informal waste recyclers in the selective collection in Aracaju. With
regard to methodological procedures, the following steps were taken: bibliographical and
documentary survey; field research; interviews with semi-structured script with 30 informal tasters.
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
No espaço urbano tornou-se habitual perceber a presença dos catadores de resíduos sólidos
realizando suas atividades nos locais públicos, áreas comerciais ou residências. Mesmo que sua
presença não agrade a sociedade, devido o processo de exclusão social, o catador tem o papel de
devolver a cadeia produtiva o que seria jogado fora. No entanto, essa é uma situação de
controvérsia, pois o excluído divide os mesmos espaços que os incluídos (TEIXEIRA, 2010).
Segundo o IPEA (2013) a presença dos catadores de material reciclável no Brasil tem seu
registro no século XIX junto com o processo de urbanização brasileira, sendo essa alternativa a
única forma de trabalho para a sobrevivência dessas pessoas devido a não inserção no mercado de
trabalho. Mesmo sendo responsáveis pela limpeza urbana esses catadores não têm o trabalho
reconhecido pela sociedade e sofrem devido à falta de oportunidade para conseguir um emprego
formal, por não ter uma formação profissional. Assim, são excluídos das relações sociais e passam
por uma série de preconceitos, por coletarem os resíduos sólidos (IPEA, 2013) dispensados pela
sociedade.
Para Gonçalves, (2005) os catadores de materiais recicláveis estão inseridos em uma parte
da sociedade que tem seus direitos básicos negados e para sobreviver depende da catação e venda
de materiais recicláveis e reutilizáveis. A marginalização dos catadores surge como consequência
do modelo liberal, onde é evidenciado o processo de concentração de renda, de baixos salários e o
elevado índice de desemprego.
A realidade socioeconômica brasileira influência de maneira significativa o elevado número
de trabalhadores informais, uma vez que os mesmos não encontram vagas de emprego formais, e
Para Gonçalves (2004), mesmo que o trabalho realizado por esses catadores não seja
reconhecido pela sociedade, esses atores são parte fundamental do ciclo da reciclagem e estão
inseridos dentro do setor econômico. No que condiz ao tempo de trabalho na atividade observa-se
que, há diferenciações entre os catadores, aqueles que desenvolvem a atividade há muitos anos,
aqueles que devido ao desemprego tornam-se catadores e os que possuem duas atividades. A
organização do trabalho ocorre de formas diversas:
Já os catadores de materiais recicláveis que trabalham nas usinas exercem suas funções de
acordo com o sistema da usina de reciclagem e realizam funções diferentes as quais dependem do
tipo do material coletado. Esse material é prensado, aglomerado e empilhado. Esses profissionais
recebem um salário fixo ou são contratados (GONÇALVES, 2004). O autor ainda ressalta que:
Os catadores que trabalham nas usinas também passam por algumas dificuldades
convivendo com o mau odor dos resíduos sólidos, a separação do resíduo que ainda chega in
natura, e o mesmo também sofre com os riscos de contaminação e acidentes quando não utiliza
equipamentos de proteção (GONÇALVES, 2004).
No Brasil a formação do conjunto organizacional surgiu na metade da década de 1980, com a
elaboração sistematizada de grupos de catadores como afirmam Besen, Ribeiro (2006),
Quanto ao estado civil dos entrevistados, observou-se que 56,67% eram casados, sendo que
todos afirmam que recebem ajuda de seus cônjuges cuja contribuição era feita no processo de
“garimpagem” de materiais ou na separação por tipo de material em seus domicílios.
O local de origem dos catadores era bastante diversificado, embora 50% era proveniente da
cidade de Aracaju. Observou-se também que 16,65% dos entrevistados nasceram em outros
59
É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a
60 anos (BRASIL, 2003).
Por um lado, apesar da importância da atividade que os catadores têm na sociedade e para o
meio ambiente, ainda há preconceitos enfrentados em função da atividade, sendo que 33,33% dos
entrevistados alegou que já foi discriminado por conta da atividade que exerce. Por outro lado,
maior parte dos entrevistados (73,33%) alegou que boa parte da população, contribuía na separação
de materiais, facilitando a realização do trabalho.
Os catadores possuíam instrumentos que eram essências para a coleta, principalmente
carrinhos (56,67%), sacos (30%) e carroça (10%) para acondicionar e transportar, visto que
possibilitava maior quantidade de materiais recicláveis durante a coleta seletiva informal. Embora
60% dos carrinhos e carroças sejam próprios, esses catadores se expõem aos riscos de acidentes no
trânsito além de percorrer longos trechos empurrando os carrinhos e se expondo aos raios solares ou
chuva.
A origem dos produtos encontrados era bastante variável, cujas coletas ocorriam nos bairros
onde moravam e nas regiões circunvizinhas. O tipo e a quantidade do material coletados variava de
acordo com o transporte usado pelos catadores. Conforme os entrevistados os materiais recicláveis
coletados eram armazenados em diversos locais. Entretanto, a maioria, 76,66%, armazena no
próprio domicílio o que os expõe a situação de risco, pois embora os catadores afirmassem que o
local era seguro, os materiais coletados, especialmente o papel e papelão têm alto poder de queima,
tornando esses domicílios vulneráveis a riscos de incêndio.
Apesar da situação insalubre que eram submetidos durante a coleta de materiais recicláveis,
todos os catadores entrevistados afirmaram que nunca foram contaminados por algum tipo de
material. Entretanto, 26,67% afirmou que sofria algum tipo de acidente constantemente,
principalmente cortes. Isso ocorre em virtude da falta do uso de Equipamentos de Segurança
Individual (EPI), como luvas, chapéus, botas, o que acabava expondo esses catadores a riscos
suscetíveis de acidentes. Os catadores não percebiam os riscos de doenças que estavam submetidos.
Dos trabalhadores entrevistados apenas 6,67% participaram de alguma cooperativa ou
associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. Quando questionados sobre o
interesse em associar-se a alguma cooperativa a maioria, 93,33%, não soube responder, visto que
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É nítida a preocupação que parte da sociedade tem em relação ao ambiente. Nesse sentido, a
sustentabilidade vem ganhando força no discurso nas últimas décadas. E um dos pontos de maior
relevância está relacionado às discussões inerentes aos resíduos sólidos, especialmente no que
condiz à coleta seletiva como forma de garantir a redução dos resíduos destinados nos aterros
sanitários ou lixões.
A coleta seletiva realizada por catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis possui um
impacto de grande significância na cidade de Aracaju, pois a quantidade de materiais que deixa de
ser descartada no aterro sanitário, terrenos baldios, vias públicas, corpos d’água, dentre outros, é
bastante significativa, além de gerar renda para os catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis
que garantem sua sobrevivência e da família.
Os catadores de materiais são agentes socioambientais que contribuem de diversas formas.
Esses atores têm certa noção da importância que sua atividade proporciona ao ambiente, seja no
aspecto da limpeza, na redução de doenças relacionadas aos resíduos, na redução de gases
relacionados emitidos, na redução de entupimentos de córregos e vias de escoamento de águas
pluviais.
Esses catadores exercem a atividade devida falta de oportunidade no mercado de trabalho e
buscam na coleta seletiva informal um complemento de renda. Apesar de sua importância no
gerenciamento de resíduos sólidos, especialmente na coleta seletiva, os catadores não são
retribuídos financeiramente de maneira adequada e justa, pois 57% dos trabalhadores que atuam na
catação não possuem rendimento financeiro regular e/ou recebem menos de um salário mínimo por
mês.
Através da pesquisa de campo ficou evidente uma heterogeneidade entre os catadores no que
condiz as características da coleta de materiais recicláveis. Assim, possível agrupá-los por
categorias face às peculiaridades, tais como: a diferenciação na motivação para ingresso na
atividade; a jornada semanal de trabalho; carga horária diária; grau de escolaridade; situação das
moradias e rendimento mensal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei nº 10. 741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras
providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1º de out. de 2003.
Disponível em < http:www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm> acesso em 26
ago 2018.
IPEA. Situação Social das Catadoras e dos Catadores de Material Reciclável e Reutilizável –
Brasil. Brasília: IPEA, 2013.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 que dispões sobre a Política Nacional de Resíduos
Sólidos. Brasília, 2010.
GONÇALVES, R. C. M. A Voz dos Catadores de Lixo em Sua Luta Pela Sobrevivência. Fortaleza,
Universidade Estadual do Ceará, 2005. (Dissertação Mestrado).
BESEN, Gina Rizpah; RIBEIRO, H. Panorama da coleta seletiva no Brasil: desafios e perspectivas
a partir de três estudos de caso. InterfacEHS (Ed. português), v. 2, p. 1-6, 2006.
MNCR. Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). 2016. Disponível
em: <www.mncr.org.br/>. Acesso em 10/01/2017
RESUMO
Quando tratamos de educação em nosso ambiente natural e construído, devemos considerá-la como
um instrumento de socialização visando mudanças de atitudes dando a ênfase às práticas corretas de
conservação e respeito à natureza. Neste sentido o Centro de Educação Ambiental de Parauapebas -
CEAP dentre suas atribuições quanto a Educação Ambiental no município com vistas a melhorar o
conhecimento e a percepção social dos programas ambientais, propõe dentro da vertente
educacional um trabalho com uma abordagem ambiental. Objetivou-se no presente artigo descrever
os projetos/programas desenvolvidos pelo CEAP, no município de Parauapebas. Através de um
levantamento realizado no acervo do centro observamos que o CEAP desenvolve cinco projetos de
maneira cotidiana, sendo eles: o Projeto Criança Ambientalista (PCA), cujo público alvo são
crianças da rede municipal de ensino infantil; O Projeto Jovem Ambientalista (PJA), direcionado a
estudantes de ensino médio público do município; O Projeto Escola vai a FLONA (PEF) cujo
publico atendido consiste em professores e alunos da rede de ensino público e privado que vai desde
o ensino infantil até a Universidade, proporcionando a este publico a oportunidade de desenvolver
aulas de campo, dentro da Flona de Carajás, bem como seu entorno; O Projeto de Formação de
Professor (PFP), cujo publico atendido são professores da rede de ensino de Parauapebas e entorno,
os mesmo passam por capacitação e habilitação a desenvolver aulas práticas na Flona de Carajás
bem como entorno; O Projeto Carajás vai a Escola (PFVE) cujo objetivo principal é divulgar a
biodiversidade da Flona e entorno através de exposições itinerantes em escolas, praças publicas,
eventos de cunho socioambiental. Com as ações que o CEAP desenvolve ele vem cumprindo a
missão de educar a região de Carajás em busca da sustentabilidade.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Floresta Nacional de Carajás, sustentabilidade
ABSTRACT
When we deal with education in our built and natural environment, we should consider it as an
instrument of socialization aimed at changing attitudes, giving emphasis to correct practices of
conservation and respect for nature. In this sense the Environmental Education Center of
Parauapebas-CEAP among his attributions about environmental education in the municipality in
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTO METODOLOGICO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Projeto Jovem Ambientalista (PJA) foi implantado em 2006, dentro do contexto histórico
da região, tão marcada por disparidades sociais e ambientais, o projeto apresentou-se como uma
proposta inovadora para a região de Carajás, que foi de formar e capacitar jovens no conhecimento
relacionado aos temas socioambientais, tornando-os multiplicadores ambientais e desenvolvendo
um pensamento crítico e transformador na qual podem atuar na sociedade onde eles estiverem
inseridos.
Tendo como público alvo alunos de ensino médio e fundamental de escolas públicas do
município de Parauapebas-PA, o projeto trata-se de um curso extracurricular com 480 horas aula
teórica, práticas e ações socioeducativa. Para o ingresso no curso os alunos são selecionados por
meio de processo seletivo realizado no primeiro semestre de cada ano, onde são oferecidas em
média 35 vagas.
As aulas teóricas ocorreram três vezes por semana no Centro Universitário de Parauapebas -
CEUP e com duração de 4 horas diárias com o objetivo de oferecer embasamento teórico e
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CLEFF. A. & SILVA, M. F. F. Plant comminities of the Serra dos Carajás (Pará), Brazil. Bol. Mus.
Para. Emilio. Goeldi, Série Botânica, 10 (2): 269-281.1994.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 3ª ed. São Paulo. Gaia, 2004.
LEME, S. E. G. et al. Protagonismo Juvenil e Educação Ambiental por Meio de Atividades Lúdicas
(2009). Disponível em:
www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2499_1672.pdf.>Acesso em 29 mar.
2018.
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NUNES, G. A., LAMIM-GUEDES, V., BRUM, M., PYLO, R. F. “Extensão universitária e meio
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REIGOTA, Marcos (1997): Meio Ambiente e Representação Social. 2º Ed. São Paulo. Ed.
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Norte I - Aspectos Ecológicos e Vegetacionais dos Campos Rupestres. Anais do XXXV
Congresso Nacional de Botânica. p. 367-378.
SILVA, M. de F. de S., et. al. Diferentes olhares sobre a natureza – representação social como
instrumento para educação ambiental. Estudos de Psicologia , 10(1): 41-51.2005.
RESUMO
A utilização de práticas que abordem questões ambientais tem sido valorizada como uma alternativa
educativa extraclasse que permite uma maior sensibilização coletiva com uma discussão reflexiva.
O local em estudo, Estrada Parque e Rio Tietê, é bastante afetado pelas ações antropogênicas,
possuindo em sua proximidade diversas atividades nocivas, portanto, é importante a utilização da
educação ambiental para compreensão do problema. O presente trabalho teve como objetivo
demonstrar a possibilidade de se usar um projeto disponibilizado pelo governo federal, denominado
Ações Universais, adotando uma metodologia de educar ambientalmente e in loco. Dentre os
diversos papéis das instituições de ensino, o estudo e as soluções de problemas ambientais tão
próximos dos alunos se fazem necessários. Assim, a educação ambiental e histórica sobre o Rio
Tietê que corta a cidade de Salto/SP, localização do Instituto, abordada neste projeto constitui uma
importante ferramenta na busca por discentes que reflitam sobre a problemática ambiental de
maneira crítica e que tais reflexões não se limitem apenas ao processo de ensino, mas que elas se
tornem atitudes materializadas em uma relação de valorização para com o meio em que vivem. A
sensibilização dos alunos dos cursos técnicos integrados ao médio de Automação Industrial e
Informática foi verificada com o entendimento de que a área visitada apresenta passivos ambientais
e à saúde humana. Este projeto possibilitou um trabalho interdisciplinar e fomentou a preocupação
dos mesmos para preservação e conservação dos recursos naturais e sobre mudanças de hábitos
cotidianos que colaboram nestes impactos ambientais.
Palavras-chave: Rio Tietê, poluentes hídricos, projeto integrador, consciência ambiental.
ABSTRACT
The use of practices that address environmental issues has been valued as an extra-class educational
alternative that allows for greater collective motivation with a reflective discussion. The site of
study, Road Park (Estrada Parque) and Tietê River, is strongly affected by anthropogenic actions,
having in its vicinity several harmful activities, therefore, it is necessary to use environmental
education to understand the problem. The present work had the objective of demonstrating the
possibility of using a project from the federal government, called Universal Actions, in an efficient
methodology to use environmental education in loco. Among the various roles of educational
institutions, the study of solutions of environmental problems so focused to the students is
necessary. Thus, the environmental and historical education about the Tietê River which cuts
through the Salto city mentioned in this project, constitutes an important tool in the search for
students who reflect on the environmental problem in a critical way and that such reflections do not
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Local de Estudo
Implantada entre os Municípios de Itu e Cabreúva, a Estrada Parque estende-se por 48,9
quilômetros e é considerada um modelo pioneiro na implantação desta iniciativa de conservação.
Nesta Estrada Parque vivem espécies como os macacos bugios da cara preta e jequitibás
centenários, convivendo em harmonia com as centenas de romeiros que mantém a tradição católica
e seguem para Pirapora do Bom Jesus ano após ano. Comunidade local, romeiros, voluntários da
SOS Mata Atlântica e cidadãos estão se mobilizando para defender esta região, protegida
oficialmente como Área de Proteção Ambiental (APA) (SOS MATA ATLÂNTICA, 2008).
Esta estrada está inserida na APA- Rio-Tietê criada por lei em 1991 e está inserida na Bacia
Médio Tietê. O Rio Tietê é considerado o elemento central das mais importantes transformações
Atividades Desenvolvidas
Após o retorno da visita à Gruta da Glória, foi realizado o Piquenique ao ar livre no Núcleo
de Educação ambiental com todos os envolvidos. Neste local ocorreu uma prática de Educação
Ambiental com debate, reflexão e sensibilização, realizada pelas professoras de Biologia e Química,
sobre o papel do cidadão nas questões ambientais. O piquenique foi organizado com alimentos e
produtos que pudessem agradar ao máximo o paladar dos participantes, mas que deixassem a menor
pegada ecológica possível. Utilizando o piquenique como base, foram discutidas questões sobre
escolhas conscientes, educação alimentar, pegada ecológica, uso de água e água virtual, política de
reciclagem, 8 Rs da sustentabilidade, entre outros.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente tópico apresenta cada uma das abordagens realizadas nas paradas didáticas com
alunos de 1ª, 2ª e 3ª séries dos cursos técnicos integrados do IFSP – Campus Salto/SP. Os resultados
apontaram a necessidade de inovar o ensino no sentido de potencializar o debate sobre a utilização
de estratégias que leve o aluno a ser protagonista dos seus processos de ensino e de aprendizagem.
Como a cidade de Salto recebe o título de estância turística, desde a promulgação da Lei
Estadual de 10360/99, foi explicado para os estudantes os critérios para que uma cidade seja
considerada estância turística. Foi também abordada a principal vantagem em a cidade deter esse
título, qual seja, a de receber transferência direta de recursos do Fundo de Melhoria das Estâncias,
efetivada por meio do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos, para
A Estrada Parque Itu-Cabreúva se insere na “APA Itu Rio Tietê” (Lei nº 4020/1996) e de
acordo com o SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei nº 9.985/
Foi importante ressaltar que a poluição das águas nos rios, lagos, mares e oceanos ocorrem
não apenas pelo despejo individual de uma substância ou outra mas também pela reação química
resultante da soma dos inúmeros produtos de limpeza que usamos em nossas residências:
detergentes, sabão em pó, amaciante, sabonetes, shampoos, cremes dentais, desinfetantes, limpa-
vidros, água sanitária (com 2% de cloro ativo), amoníaco, entre outros (Branco, 2004).
Essa combinação potencializa os impactos sobre a qualidade das águas, sobre a fauna e flora
dos ecossistemas, assim como aumenta o perigo para as populações que consumirem estas águas ou
se alimentarem desses animais aquáticos posteriormente (Moura, 2016). A poluição das águas
acarreta graves riscos à saúde. Os esgotos domésticos contêm bactérias patogênicas que podem
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os principais atrativos naturais, além de sua rica história ao longo de 320 anos, estão
localizados ao longo do Rio Tietê. Atualmente, em Salto, o turismo é essencialmente pedagógico,
seguido do turismo familiar, de cidades próximas, existindo um esforço para estimular o turismo
corporativo e de eventos.
Avaliou-se que a atividade contemplou exemplarmente os objetivos propostos. Houve um
envolvimento dos alunos em todas as etapas e possibilitou a adoção de técnicas de aprendizagem
diferenciadas, onde a realidade da temática pode ser visualizada in loco e vivenciada por todos. Os
alunos puderam vivenciar a realidade dos problemas ambientais do Rio Tietê e ao mesmo tempo
visualizar as belezas paisagísticas que em seu entorno ainda existem, em especial, em decorrência
da criação da APA Itu-Tietê e da Estrada Parque.
A experiência interdisciplinar foi um sucesso, pois todos os temas e apresentações dos
professores não ocorreram de forma isolada e sim totalmente conjunta e de forma sistêmica,
enriquecendo as especialidades de cada disciplina e ao mesmo tempo complementando-as e
demonstrando a relevância do pensar e aprender de forma integrada.
A partir de um ensino de caráter ativo e construtivo, foi possível trabalhar o senso crítico,
tornando o aluno mais apto para conduzir suas atitudes baseadas em uma consciência ecológica.
Verificou-se a importância de discutir com os alunos os problemas existentes e indicar soluções
possíveis e viáveis para a sua região.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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(Org.). Observando o Tietê. São Paulo, 2004.
CHAVES, C.P. Rio Tietê: a recuperação do seu passado de glória ou um futuro incerto?
(Dissertação de Mestrado). Santo André: Programa de Pós- Graduação em Matemática/UFABC,
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FINO, P. M.. Estância turística de Salto-SP: Turismo por decreto. Dissertação de Mestrado
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http://www.salto.sp.gov.br/site/download/planos/plano_diretor_turismo/pdt_salto.pdf. Acesso
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requisitos para a classificação de Estâncias e de Municípios de Interesse Turístico e dá
providências correlatas. Disponível em:
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei.complementar/2015/lei.complementar-1261-
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SÃO PAULO. (Estado) Lei nº 10.360, de 2 de setembro de 1999. Transforma em Estância Turística
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RESUMO
O presente trabalho investigou as licitações na modalidade Pregão Eletrônico do ano de 2016, no
Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Tocantins sob a perspectiva do Programa
de Agenda Ambiental na Administração Pública. Para tanto, foram realizadas pesquisas e análise
documental junto a Pró-reitora de Administração do IFTO e no portal eletrônico das Compras
Governamentais do Governo Federal. Também, as informações foram sistematizadas, a fim de
subsidiar a avaliação da sustentabilidade, e posteriormente, foi elaborada a Matriz Swot-strategic
(Matriz S) proposta por Coelho (2014). Os resultados encontrados foram que no IFTO exibe 23
processos dos quais estão distribuídos em 6 unidades do IFTO, especialmente 30,4% estão na
Reitoria; o principal elemento de despesas foi para Equipamentos e materiais Permanentes (39,1%),
e quanto à sustentabilidade, 65,2% dos processos abrange o pilar Econômico. E com relação a
Matriz S, as os resultados demonstrou que a instituição possui eficácia na Administração Pública
pela adesão a A3P nos processos licitatórios de modalidade pregão eletrônico. Assim, conclui-se
que este estudo demostrou os processos licitatórios na modalidade pregão eletrônico do IFTO estão
em conformidade com a A3P.
Palavras-chaves: Sustentaidade; gestão ambiental; administração pública.
ABSTRACT
The present work investigated the biddings in the Electronic Proclamation modality of the year
2016, in the Federal Institute of Education, Sciences and Technology of Tocantins from the
perspective of the Environmental’s Program Agenda in the Public Administration. For this purpose,
research and documentary analysis were carried out together with the of IFTO’s Pro-Rector of
Administration and the Federal Government’s electronic portal of Government Procurement. Also,
the information was systematized in order to subsidize the sustainability assessment, and later, the
Swot-strategic Matrix (Matrix S) proposed by Coelho (2014) was elaborated. The results was that
IFTO shows 23 processes of which are distributed in 6 IFTO units, especially 30.4% in the Rectory;
The main item of expenditure was for Permanent Equipment and Materials (39.1%), and for
sustainability, 65.2% of the processes covered the Economic pillar. And with regard to Matrix S,
the results showed that the institution has effectiveness in the Public Administration by adherence to
A3P in the bidding processes of electronic trading modality. Thus, it is concluded that this study
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Além disso, foram realizadas reuniões com Pró-reitor de Admiração do IFTO, o Professor
Rodrigo Gori, a fim de sanar dúvidas e para esclarecimentos.
Para avaliar a sustentabilidade, as informações foram sistematizadas segundo
recomendações de Richardson (1989), do seguinte modo:
Distribuição dos processos nas unidades do IFTO;
Modalidade do elemento de despesas;
Sustentabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1 - Diagnóstico das informações dos processos licitatórios do ano de 2016 do IFTO
na modalidade de pregão eletrônico.
N,º ELEMENTO DE
OBJETIVO SUSTENTABILIDADE
EDITAL DESPESA
A empresa é sediada no
Outros Serviços de estado do Tocantins
05/2016 Serviço de vigilância armada Terceiros - Pessoa (econômico), bem como
Jurídica emprega mão de obra da
região (social).
Outros Serviços de
Serviço de apoio logístico para Emprega mão de obra da
17/2016 Terceiros - Pessoa
realização de concurso público região (social).
Jurídica
Aquisição de trator agrícola e Equipamentos e Empresas de Pequeno Porte,
25/2016
implementos Material Permanente sustentabilidade econômica.
A empresa é sediada no
Material, Bem ou estado do Tocantins
Serviços gráficos- agenda
27/2016 Serviço para (econômico), bem como
institucional e calendário
Distribuição Gratuita emprega mão de obra da
região (social), ambiental
Empresa especializada na
Outros Serviços de
implementação, operação e
08/2016 Terceiros - Pessoa Não houve
manutenção de circuito de
Jurídica
acesso dedicado a internet
Material de expediente (agenda
Empresas de Pequeno Porte,
20/2016 telefônica, álcool, apagador para Material de Consumo
sustentabilidade econômica.
quadro branco, barbante
1
7 5
3
5
Contudo, vale ressaltar que IFTO, adota como plano de trabalho, processos de licitações
compartilhados, aquisição de produtos, bens e serviços para os campi em que de acordo com a
necessidade de uma unidade consumidora, em um único processo de licitação (comunicação verbal
do Professor Rodrigo Gori), desta forma o IFTO torna-se eficiente de acordo com os princípios da
Administração Pública subsidiado pela Constituição Federal de 1988.
A Figura 5 demonstra a classificação desses processos quanto ao elemento de despesas,
onde 39,1% Equipamentos e materiais Permanentes; 26,1% Material de Consumo; 17,4% Outros
Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica; 8,7% Material, Bem ou Serviço para Distribuição Gratuita;
e 8,7% Obras e Instalações.
Figura 5. Distribuição dos pregões eletrônicos do IFTO do ano de 2016 por elementos de despesas.
2
6
4
Material, Bem ou Serviço para Distribuição Gratuita Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica
Material de consumo
1 15
Internas Externas
ESTADO
RESPOSTAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.
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RESUMO
O Programa de Formação e Mobilização Social para a convivência com o Semiárido: Um Milhão
de Cisternas Rurais (P1MC) é uma política inovadora que promove o desenvolvimento sustentável
da região Semiárida e assegura direitos fundamentais das populações rurais, que é à água de beber
com qualidade e regularidade. Com o estudo objetivou-se analisar como o (P1MC) contribui para a
democratização do acesso à água nos municípios de Aparecida, Vieirópolis e São José da Lagoa
Tapada no Território Rural Vale do Piranhas-PB. Esta pesquisa utilizou-se dos métodos quantitativo
e interativo, através da pesquisa documental. Os dados quantitativos foram avaliados por meio da
estatística descritiva, as informações foram transcritas e posteriormente analisadas. Identificou-se
que considerando a densidade demográfica do campo nos municípios estudados, evidencia-se a
importância do fortalecimento de políticas públicas que apoiem iniciativas como as do P1MC que,
embora apresente significativos avanços, estes ainda não são suficientes para atender toda a
população rural. Além de cumprirem um papel social e para a qualidade de vida da população do
campo, as cisternas influenciam positivamente na gestão dos recursos públicos minimizando os
gastos com abastecimento de água, mesmo em tempos de crise hídrica severa. Concluiu-se que a
cisterna de placas promove acesso à água de beber de qualidade para famílias agricultoras dos
municípios estudados. Esta, como instrumento de política pública, cumpre importante papel social à
medida que, através do processo de mobilização e formação, permite a construção de novos olhares
e abordagens para o Semiárido, desconstruindo a ideia de região problema e dando exemplo das
capacidades do povo desta região em criar e resistir para conviver com as condições naturais.
Palavras-chave: Semiárido; Agricultura Familiar; Tecnologias Sociais.
ABSTRACT
The Training and Social Mobilization Program for Living Together with the Semi-Arid Region:
One Million Rural Cisterns (P1MC) is an innovative policy that promotes the sustainable
development of the semi-arid region and ensures the fundamental rights of rural populations, which
is quality drinking water and regularity. The objective of this study was to analyze how P1MC
contributes to the democratization of access to water in the municipalities of Aparecida, Vieirópolis
and São José da Lagoa Tapada in the Vale do Piranhas-PB Rural Territory. This research was used
of the quantitative and interactive methods, through documentary research. The quantitative data
were evaluated through descriptive statistics, the information was transcribed and later analyzed. It
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, cada vez mais tem se discutido formas de convivência com o Semiárido.
Nessa perspectiva, o Semiárido tem sido compreendido a partir de suas potencialidades. Essa
compreensão tem adquirido visibilidade e consistência através da implantação de políticas públicas
A pesquisa foi realizada nos munícipios de Aparecida, São José da Lagoa Tapada e
Vieirópolis, localizados no Território Vale do Piranhas no Sertão da Paraíba, os quais abrangem
uma área de 2.269,20 Km2. O clima predominante é do tipo Semiárido e quente, com temperatura
média de 27,8 ºC e precipitação pluviométrica de 894 mm anuais, evaporação média anual de 2000
mm e, umidade relativa do ar que entre 40 e 80%. (BRASIL, 1972).
O estudo foi do tipo participativa de natureza quantitativa e interativo, isso por considerar a
complementariedade das duas abordagens (MINAYO, 2007), fazendo uso de uma triangulação de
técnicas de pesquisa: levantamento de dados em sites oficiais e análises documentais a partir de
relatórios obtidos nas secretárias de agricultura dos munícipios objetos deste estudo. De acordo com
Alencar (1999), esses enfoques se complementam, porque é possível o uso simultâneo desses
métodos de pesquisa, ressaltando-se as particularidades de cada um deles.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através dos dados obtidos com a pesquisa realizada, os dados abaixo (Quadro 1) ilustra o
número de cisternas construídas, o número de pessoas beneficiadas e a capacidade de estocagem de
água das cisternas nos municípios de Aparecida, Vieirópolis e São José da Lagoa Tapada. Observa-
se o grande potencial que o P1MC tem ao contribuir para que famílias rurais acessem água de beber
de forma descentralizada e democrática no território do Vale do Piranhas/PB.
De acordo com o censo de 2010 os municípios citados acima (Tabela 1) possuem uma
população total de 20.379 habitantes, sendo que aproximadamente 60% desta encontram-se no
campo e caracterizam-se como agricultores familiares (IBGE, 2010), o que justifica pensar o
desenvolvimento levando em consideração ações voltadas ao fortalecimento das famílias
agricultoras.
O município de Aparecida tem uma população de 7.676 habitantes, onde 52,61% desta se
encontra na zona rural, um total de 4.038 pessoas. Neste sentido quando fazemos um comparativo
É possível observar que nos municípios de Aparecida (Figura 1) e São José da Lagoa
Tapada (Figura 2) há uma redução no abastecimento por carro pipa, no período de janeiro a março
de 2016, pois neste período as cisternas captaram uma quantidade água da chuva, que mesmo
pequena reduziu a demanda por abastecimento pelos carros pipas nestes municípios. De acordo com
o observado na Tabela 1, o programa chegou a 58,72% e 78,2% da população do campo,
respectivamente.
Situação diferente acontece no município de Vieirópolis onde se observa (figura 3) que não
houve interferência na curva referente ao abastecimento pelos carros pipas em função da
pluviometria, embora tenha apresentado segundo maior índice pluviométrico dos três munícipios,
Com base nos dados (figura 3) é possível aferir que as cisternas do P1MC, além de
cumprirem importante papel social e para a qualidade de vida da população do campo, influenciam
positivamente na gestão dos recursos públicos minimizando os gastos com abastecimento de água,
mesmo em tempos de crise hídrica severa, como a atual.
Ainda neste processo de abastecimento pelo carro pipa, a cisterna cumpre o papel de
descentralizar a distribuição, que antes era realizada em cisternas de fazendas, de cabos eleitorais ou
outros sujeitos que se utilizavam da “posse” da água como instrumento de mando e poder, inclusive
político.
Esses dados corroboram com analise realizada por Santana et al (2011), que ratificam que as
cisternas representam o principal exemplo de como é possível promover o acesso à água, ao
fomentar estruturas descentralizadas de abastecimento, com ampla participação social, contribuindo
com a democratização do acesso à água para o consumo e para a produção de alimentos,
promovendo principalmente saúde e segurança alimentar e nutricional das famílias do Semiárido
brasileiro.
Estudo realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU, 2006) também confirma a
importância da cisterna ao destacar que estas proporcionam dentre outros benefícios, melhores
condições de saúde e a redução do tempo e esforço gastos nos deslocamentos para a obtenção de
água.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RESUMO
O presente trabalho objetivou sistematizar as experiências de transição agroecológica do projeto
Mãe Terra: cultivando e valorizando saberes, que ocorreu em 16 comunidades de agricultores
familiares em dois municípios do estado da Bahia. O projeto desenvolvido pela Rede de
Desenvolvimento Social – REDES, em parceria com IF Baiano campus Santa Inês, dialogou e
construiu ações voltadas à organização comunitária, recuperação ambiental, diversificação de
cultivos, segurança alimentar e o protagonismo de 1.005 famílias. Ao longo do projeto diversas
experiências foram desenvolvidas com o foco sempre no aprender-fazendo, priorizando as
alternativas de baixo custo e utilização de insumos internos. As ações foram desenvolvidas durante
18 meses, contudo, seus resultados culminaram em longa colheita e diversos frutos positivos, tais
como restruturação, construção e ampliação das organizações comunitárias, melhoria e
sustentabilidade do processo de produção, garantia da segurança alimentar e a conquista de um
curso profissionalizante exclusivo para agricultores, na modalidade de Educação de Jovens e
Adultos/PROEJA, na pedagogia da alternância e com enfoque agroecológico, contextualizado as
condições regionais das comunidades envolvidas.
Palavras-chave: Agroecologia; Preservação Ambiental; Organização Comunitária; Formação
Profissional.
ABSTRACT
This paper reports the experience of agroecological transition in 16 communities of family farmers
in two municipalities in the state of Bahia. The project Mother Earth: cultivating and valuing
knowledge was developed by the Network of Social Development - REDES, in partnership with IF
Baiano Santa Inês campus. The project assisted 1,005 families and aimed at community
organization, environmental recovery, diversification of species, increased food security and the
protagonism of families. In this work, several experiences were developed whose focus was
sustainability and continuity of work, with a focus on learning-doing, prioritizing low-cost
alternatives and using internal inputs. This action was developed in 18 months, but the result
culminated in a long harvest of several positive fruits, mainly regarding the organization and the
community work, besides recovering the natural fertility of the soils and professional technical
formation of members of the communities involved.
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O projeto Mãe Terra foi uma ação da Rede de Desenvolvimento Social – REDES, em
parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano campus Santa Inês. O
projeto se desenvolveu no território do Vale do Jiquiriçá (Figura 1), região que possui uma área de
12.415 km², correspondente a 2,5% do Estado da Bahia e população total de 335.580 habitantes
(IBGE, 2016).
No território Vale do Jiquiriçá aproximadamente 46% da população residente no campo, sua
densidade populacional é de 25,5 hab./km², sendo que 73% da população economicamente ativa
Figura 1. Mapas de localização da Bahia, Território Vale do Jiquiriçá com seus 20 (vinte) municípios,
em destaque os municípios de Brejões e Ubaíra onde ocorreram as atividades do projeto Mãe Terra,
adaptado de SEI (2016).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caporal e Costabeber (2004) retratam o que foi dito pelo Sr. Hélio, quando afirmam que o
processo de transição agroecológica, poderá prevalecer como uma estratégia para a agricultura
familiar, especialmente, para as agriculturas pouco tecnificadas, assim como para a chamada
agricultura de subsistência, onde as tecnologias da Revolução Verde não foram adotadas, ou apenas
tiveram uma penetração parcial.
Antes do projeto todo mundo trabalhava sem técnica, sem controle, achando que o veneno
resolvia os problemas e usando equipamento de segurança não tinha problema. Depois do
projeto fui caindo na real que eu agredia a natureza, a minha saúde e da minha família. O
que eu produzia a gente não comia. Era para vender e eu nem pensava que estava
prejudicando os outros. Antes quando eu ia plantar pensava mais no que eu ia comprar.
Hoje eu me preocupo mais com a preservação da minha terra e vejo a grande diferença,
mais vantagem, não agrido a minha roça e não tenho mais pragas e doenças. Uso a casca
do cacau da minha roça, esterco das galinhas que a gente cria, biofertilizantes e nunca
mais a “Casa do Fazendeiro” me viu... (risos).
Altieri e Toledo (2011) descrevem quatro razões para que as práticas agroecológicas venham
sendo adotadas como processo de transformação social, são elas: i) por ser um ativador social, e
serve como difusor da cooperação, pois requer constante participação dos agricultores; ii) é uma
abordagem culturalmente aceitável, já que se baseia em conhecimentos tradicionais e promove um
diálogo de saberes com abordagens científicas; iii) promove técnicas economicamente viáveis,
enfatizando o uso da agrobiodiversidade, conhecimento e recursos locais, evitando dependência em
insumos externos; e iv) a agroecologia é ambientalmente menos agressiva, pois não tenta modificar
o sistema de produção existente, mas sim tenta otimizar seu desempenho, com a promoção da
diversidade, sinergia e eficiência.
Durante as atividades de capacitação do projeto foram realizados levantamentos sobre uso
de agrotóxicos e uso de alternativas para o enfrentamento às pragas e doenças. A partir do saber
local, iniciavam-se as discussões sobre outras possibilidades de interferência, assim os participantes
poderiam optar por diferentes ações e alternativas.
Entre as alternativas levantadas às práticas culturais e rotação de cultivo foram as mais
citadas pelos(as) agricultores(as), sendo possível destacar a diversificação de cultivos, com prática
adotada por 87% das 1.005 famílias e diversificação dos tipos de adubações orgânicas utilizadas,
adotada por 92% das famílias. Entre as famílias participantes 57,1% e 28,5% iniciaram a utilização
de adubos de gado e frango, respectivamente, oriundos das próprias criações ou de terceiros.
Os multiplicadores que eram os(as) agricultores(as) responsáveis pelos “ninhos”, um em
cada comunidade, passaram a utilizar e preparar outras adubações mais elaboradas em suas
comunidades, tais como: compostagem (71,5%) e biofertilizantes (42,87%), ambos aprendidos em
cursos e práticas comunitárias. Antes do projeto cerca de 70% dos multiplicadores gastavam entre
R$ 50,00 e R$ 100,00 reais com uso de agrotóxico e adubos solúveis, os outros 30% gastavam mais
R$ 100,00 reais com esses produtos. Os recursos financeiros utilizados para a compra de insumos
fazia falta para essas famílias, pois 35% afirmaram que obtinham da propriedade o valor de até R$
100,00 mensais; 48% até R$ 200,00; 11% até R$ 300,00 e 6% não souberam informar.
Figura 3. Momentos antes do início das atividades são realizadas dinâmicas em grupo que visa
acolher e proporcionar maior integração entre técnicos e agricultores.
CONCLUSÕES
O processo de transição agroecológica oriunda das ações do projeto Mãe Terra estimulou
diversificações da produção, garantiu segurança alimentar e proporcionou a melhoria na renda das
famílias participantes.
As ações coletivas direcionadas ao meio ambiente fortaleceram as comunidades,
promoveram maior pertencimento e responsabilidade para com o ambiente onde estão inseridas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SOUZA, A. L. V.; GALVÃO, M. dos S.; NEVES, P. M. Projeto Mãe Terra: cultivando e
valorizando saberes. Revista Repartindo. Ed. Rede Reparte, n. 1, v. 1, p. 16-17, 2011.
RESUMO
Os altos índices de desmatamentos resultam em paisagens naturais cada vez mais descaracterizadas
e demonstram que a política ambiental brasileira possui falhas. A política de comando e controle
que rege a política ambiental no país frisa a restrição ao uso dos recursos naturais e/ou a reparação
dos danos causados pelo uso não sustentável dos mesmos. Neste cenário, o trabalho teve o objetivo
de avaliar o cumprimento da política ambiental brasileira, embasada no princípio do poluidor-
pagador, frente à política de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), centrada no princípio do
protetor-recebedor, implementada na Costa Rica e em alguns estados brasileiros. Recorreu-se a
metodologia de pesquisa social aplicada, do tipo exploratória. Foram ainda utilizados dados do
Sistema DETER/INPE para os índices de desmatamentos. Verificou-se a permanência da redução
contínua de área coberta por floresta no Brasil nos últimos anos indicando a ineficiência de nossos
mecanismos de controle, já que, em comparação com a Costa Rica, desde que implementando a
política de PSA no país, a taxa de cobertura florestal aumentou significativamente. Em suma,
entende-se que a política de PSA viabiliza a qualidade do meio ambiente em melhor desempenho
do que a política de comando e controle.
Palavras-chave: Desmatamento; Desenvolvimento Sustentável; Princípio Protetor-recebedor.
ABSTRACT
The high deforestation rates result in increasingly featureless natural landscapes and illustrate that
the Brazilian environmental policy has shortcomings. The command and control policy that governs
the environmental policy in the country emphasizes the restriction to natural resources usage and/or
the reparation of the damage caused by the unsustainable use of the aforementioned resources.
Against this backdrop, the objective of this paper was to evaluate the compliance to the Brazilian
environmental policy, based on the polluter pays principle, in face of the Environmental Services
Payment (Pagamentos por Serviços Ambientais - PSA) policy, centered around the protector-
recipient principle, which was implemented in Costa Rica and some Brazilian states. The
methodology used for this study was applied social research, of the exploratory type. Also resorting
to data from the DETER/INPE system for deforestation rates. A constant reduction in the area
covered by forest in Brazil in the last years was confirmed, which points to our control mechanisms
being inefficient, as can be noticed when comparing to Costa Rica, which significantly increased its
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1: Cobertura do solo em 1950-1960 (A) e Cobertura do solo no período de 1980 a 2015 (B).
Verifica-se que a expansão das fronteiras agrícolas tem relação direta com as mudanças
apresentadas nessas imagens, devido à grande valorização da agricultura intensiva e pecuária
extensiva. A título de exemplificação, ressalta-se a região conhecida por MATOPIBA,
compreendendo o Bioma Cerrado, em que se interligam municípios dos estados Maranhão,
Tocantins, Piauí e Bahia, que apresentou uma grande mudança no uso da terra. A topografia plana,
os solos profundos e o clima favorável ao cultivo das principais culturas de grãos e fibras
possibilitaram o crescimento vertiginoso da região (BORGHI et al., 2014).
Lorensini et al. (2015) informaram que a região de MATOPIBA teve um crescimento
intenso das áreas plantadas com grãos, na ordem de 400%, em 20 anos. Assim, se por um lado a
grande expansão de terras para o cultivo dos grãos pode trazer prejuízos ambientais ao bioma, quer
seja por desmatamento, quer seja por favorecer a fragmentação de habitats, por outro lado também
pôde favorecer o desenvolvimento socioeconômico. De acordo Lopes (2014) essa região apresenta
um desenvolvimento regional mais equilibrado, gerando mais empregos e renda para a população
local.
Além disso, especificamente para essa região de Cerrado, Lorensini et al. (2015)
Figura 2: Área desmatada em km² antes e após a nova Lei Florestal de 25 de maio de 2012.
Já quanto ao bioma Mata Atlântica, seu monitoramento forneceu uma resposta um pouco
diferente dos outros biomas comentados, em relação ao aumento de desmatamento. De acordo com
a décima terceira edição do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica (2018),
elaborado pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), que realizou mapeamento do território dos 17 Estados inseridos no mapa da Área
de Aplicação da Lei 11.428 de 2006, a Lei da Mata Atlântica, o total de desflorestamento
identificado no período 2016 a 2017 foi de 12.562 hectares. Se comparada com a supressão da
floresta nativa nos mesmos 17 Estados mapeados no período 2015 a 2016, houve redução de 56,8%
na taxa de desmatamento. No entanto, quando comparado o período de 2015-2016 ao anterior
(2014-2015), observou-se ter tido um aumento em valor aproximado ao da redução desse último
levantamento.
Em função da exploração descontrolada dos recursos naturais e da ocupação desordenada do
território, a vegetação remanescente nesse bioma é extremamente fragmentada (RIBEIRO et al.
2009). As consequências da fragmentação florestal são de grande impacto na ecologia do local,
ocorrendo mudanças na temperatura, umidade e velocidade do vento, que são mais pronunciadas na
borda, diminuindo em direção ao interior da floresta (PINA, 2017).
Apesar de ainda não possuir uma lei federal que regulamente a política de PSA no Brasil, a
Nova Lei Florestal de 2012 inseriu em seu Capítulo X a possibilidade de instituição de programas
de PSA. Em seu artigo 41, sugere-se a adoção de tecnologias e práticas a fim de conciliar a
produtividade florestal e a agropecuária, com redução dos impactos ambientais, promovendo assim
o desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2012).
As ações previstas pela lei florestal vão de encontro ao que é proposto nos Programas de
PSA que visa recompensar aquele que preserva um recurso natural como forma de incentivo e
manutenção dessa ação, em detrimento das ações punitivas sobre aqueles que causam danos ao
meio ambiente.
Embora seja recente a inserção do PSA na Lei Florestal, os programas de PSA no Brasil
começaram a ser experimentados nas esferas estadual e municipal há mais de uma década atrás, em
2006, em Minas Gerais, nos municípios de Extrema e Montes Claros. Atualmente, o país já
apresenta diversos programas em outros estados e municípios (Tabela 1). Os principais programas
de PSA são voltados ao mercado de carbono e a conservação dos recursos hídricos. Até o ano de
2013, a área em conservação por meio de programas de PSA no Brasil era menos do que 50.000 ha,
muito menor que a área contemplada por PSA na Costa Rica até a mesma data, que foi de cerca de
340.000 ha (PAGIOLA et al, 2013).
A partir de dados consultados sobre programas de PSA no Brasil, e mesmo que ainda seja
pequeno o número de áreas atingidas por esses programas, fica evidente que aqueles já
implementados obtiveram resultados positivos no que diz respeito à conservação dos recursos
naturais, melhorando também a percepção dos proprietários acerca da importância do meio
ambiente para a melhor qualidade de vida humana.
Esse processo de educação ambiental e reabilitação das florestas brasileiras vai de encontro
aos resultados do programa de PSA adotado na Costa Rica, demonstrando maior eficácia em
garantir o desenvolvimento sustentável e recuperação das florestas. Ao valorar economicamente a
floresta, conservar e recuperar torna-se uma opção mais atraente ao produtor, que acaba no processo
aprendendo sobre a importância das funções ecossistêmicas das florestas.
Nesse contexto, é notória a eficácia das políticas de PSA, que mesmo em pouco tempo de
implantação, têm obtido melhores resultados, que concorrem para a manutenção das áreas de
floresta de forma mais bem-sucedida que a política de comando e controle, que apesar de possuir
diversos instrumentos legais e anos de aplicação, não tem demonstrado melhores resultados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Corrected Landsat Images. International Journal of Remote Sensing, v. 33, p. 7820–7843. 2012
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RESUMO
O artigo tem como objetivo identificar quais elementos jurídicos tratados em leis específicas como a
Política Nacional de Meio Ambiente, a Política Nacional de Recursos Hídricos e a Lei de Crimes
Ambientais, dentre outras, podem ser utilizados de maneira efetiva como instrumentos para
promover a educação ambiental nas instituições de ensino. Desta forma, foram descritas as
experiências vivenciadas no ensino da legislação ambiental para os cursos Superior em Irrigação e
Drenagem, Técnico em Fruticultura e no ensino médio integrado em Petroquímica. Todos os cursos
pertencentes ao IFCE, campus Sobral e campus Caucaia. A análise demonstrou que a lei 6938/81,
lei 9433/97 são duas das principais leis com maior número de componentes que são facilmente
trabalhados e que se relacionam a uma grande quantidade de elementos que podem ser tratados de
maneira multidisciplinar e que estão presentes no cotidiano dos estudantes. A conclusão resultante
deste trabalho mostra de maneira ainda mais concreta a importância de inserir, deste os primeiros
anos da educação escolar, noções de direito ambiental para que o estudante e os profissionais da
educação possam se habituar a identificar na sociedade os aspectos ambientais que devem ser
valorizados não só como um dever moral mas também como um dever do cidadão necessário para
nosso desenvolvimento enquanto sociedade.
Palavras-chave: Legislação Ambiental, Educação Ambiental, Multidisciplinaridade
ABSTRACT
The article aims to identify legal elements that deal with in specific laws such as the National
Environmental Policy. the National Water Resources Policy and the Environmental Crimes Law,
among others. They can be used effectively used as a tool to promote environmental education in
educational institutions. Thus, the experiences in environmental law education have been described
for the Superior courses in Irrigation and Drainage, Technician Fruits and integrated secondary
education in Petrochemicals. All theses courses belong to IFCE campus of Sobral and campus of
Caucaia. The analysis showed that the law 6938/81and the law 9433/97 are the two major laws with
more components that are easily worked in classrom and that relate to a lot of elements that can be
treated in a multidisciplinary way, and that are present in the daily life of the students. The resulting
conclusion of this work show, in an even more concrete way, the importance of inserting in the first
years of school education, environmental law notions for the students and education professionals in
order to know how to identify, in a company the environmental aspects to be valued not only as a
moral duty but also as a duty, of the citizen necessary for our development as a society.
Keywords: Environmental Law, Environmental Education, Multidisciplinarity
INTRODUÇÃO
60
Mestra em Biotecnologia pela Universidade Federal do Ceará
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os estudantes do ensino superior realizavam ainda uma atividade adicional: eram divididos
em equipes e artigos científicos eram distribuídos entre as equipes formadas para que fizessem o
estudo dos casos abordados nestas pesquisas, à luz da legislação apresentada. Aos estudantes de
ensino médio integrado, eram direcionados artigos de revistas e jornais sobre problemáticas
ambientais similares. Após debate dentro de pequenos grupos, cada caso era apresentado e debatido
por todos os alunos da turma. A participação era estimulada por meio de pontuação extra aos
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FARIAS, Juliana Felipe; BORGES, Felipe da Rocha; SILVA, Edson Vicente da. Educação
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Transdisciplinares sobre Ambiente e Sociedade. nº 2, janeiro de 2012 – Disponível em:
www.uff.br/revistavitas. Acesso em 03 de julho de 2018, às 22:03.
RESUMO
Brasil, Rússia, índia, China (BRIC) é um acrônimo criado pelo economista Jim O’niell no ano de
2001, que reunia países emergentes com boas perspectivas de crescimento. Posteriormente estes
países ratificam acordos com propósitos econômicos e políticos, visando a cooperação em setores
chaves para o desenvolvimento dos mesmos, consolidando-se sob a forma de BRICS em 2011 com
a entrada da África do Sul. Aliado ao fenômeno da integração econômica, a discussão ambiental no
cenário internacional é crescente desde os anos 70 do século XX. Visando combater as mudanças
climáticas advindas da poluição e potencializadas pelos modos de produção e consumo humano,
proporcionando concomitantemente o crescimento econômico dos países, propôs-se um novo
modelo de desenvolvimento a ser aderido em escala global, o Desenvolvimento Sustentável, o qual
reúne em si práticas de gestão, valoração e manejo dos recursos naturais e serviços ecossistêmicos
que objetivam sua conservação. O BRICS reúne o maior mercado consumidor do planeta, com
cerca de 46% da população mundial, como também detém a maior reserva de recursos naturais,
com aproximadamente 26% do solo do globo, de modo que este estudo se propõem analisar as
discussões acerca do desenvolvimento sustentável no âmbito do grupo e quais ações vêm sendo
tomadas para implantação deste modelo de desenvolvimento. Para tanto, esta pesquisa qualitativo-
descritiva, analisou índices de desenvolvimento destes países conforme dados apresentados pelo
Banco Mundial e demais bancos de dados públicos. Percebe-se que apesar de recentes, as ações que
vêm sendo tomadas, assim como as políticas de gestão dos recursos naturais de cada um destes
países têm repercutido diretamente sobre o campo econômico, social e ambiental que perfazem o
desenvolvimento sustentável.
Palavras-chaves: BRICS, cooperação, Desenvolvimento Sustentável, economia.
ABSTRACT
Brazil, Russia, India, China (BRIC) is an acronym created by economist Jim O’Neill in 2001, that
brought together emerging countries with good prospects growth. Subsequently these countries
have ratified agreements with economic and political purposes, aiming cooperation in key sectors
for their development, consolidated as the BRICS form in 2011, with the entrance of South Africa.
Allied to the phenomenon of economic integration, the environmental discussion is growing in the
international arena since the 70 century XX. In order to combat climate change that arises from
pollution and it`s potentiated by means of production and human consumption and simultaneously
providing economic growth for countries, it has been proposed a new development model to be
joined on a global scale, which is sustainable development, that brings together management
practices, valuation, natural resources management and ecosystem services aiming their
conservation. The BRICS brings together the largest consumer market in the world, with around
46% of the world population, and also they have the largest reserve of natural resources, with
approximately 26% of the globe soil, therefore this study purpose is to analyze the sustainable
development discussions within the group, and what actions have been taken to implement this
model of development. For this purpose, this qualitative and descriptive research has analyzed
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Um debate crescente nas políticas ambientais adotadas pelos países BRICS é o princípio das
responsabilidades comuns, porém diferenciadas, evocado em todas as declarações conjuntas emitidas pelo
grupo. Tal princípio é presente no artigo 3º, da United Nations Framework Conventionon Climate Change
(UNFCCC), que o define como um de seus princípios gerais, reconhecendo que os países desenvolvidos são
os principais responsáveis pelos atuais níveis de emissões de gases estufa na atmosfera, devido à atividade
industrial ser de longo prazo.
Na maior parte dos fóruns multilaterais, a divisão entre países desenvolvidos e países em
desenvolvimento é reforçada por algum princípio que reverbera em um tratamento diferenciado. Na
Organização Mundial de Comércio (OMC), por exemplo, essa ideia está presente no princípio de
“tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento” o qual legitima e possibilita os acordos
preferenciais de comércio com países em desenvolvimento; e na UNFCCC, no princípio das
“responsabilidades comuns, porém diferenciadas”.
Tais princípios ao mesmo tempo em que demarcam fases, estabelecendo modelos de
desenvolvimento nos quais os países se situam, permitem manobras no que tange a adoção de
obrigações no cenário internacional. A defesa pela manutenção de tais princípios que promovem
um tratamento diferenciado é baseada no Direito Humano ao Desenvolvimento, conforme
apresentado na Declaração de Direito ao Desenvolvimento de 1986, onde é definido como: “um
direito humano inalienável em virtude do qual toda pessoa e todos os povos estão habilitados a
A disparidade entre a curva chinesa e a sul africana se deve a esta última ter-se mantido por
longos períodos sob regime colonial, assim como profundos problemas sociais que repercutiram
diretamente na distribuição de renda. A China, mesmo sendo o país com maior população do
planeta e tendo um regime político-econômico controverso quanto aos seus ideais prioritários,
possui infraestrutura e independência econômica e histórica maior que o país sul-africano. A Rússia
e África do Sul são os únicos países com a falta de dados relativos ao índice em anos anteriores a
década de 1990. Esse período sem informações parece ser comum a estes países que passaram por
grandes transformações sociais, períodos de fechamento, colonialismo. Isso se torna mais claro em
relação a Rússia, a qual se mostra bastante difícil o encontro de dados relativos a períodos
anteriores ao fim da União Soviética.
Segundo Naidin (2012) que avaliou o índice de Gini nos BRICS no período de 1990-2000.
O desempenho brasileiro aponta como a incorporação de políticas de transferência de renda, o
aumento dos investimentos públicos em educação e saúde e a expansão do crédito ao consumo,
permitiram a conjugação de crescimento com redução da desigualdade social. A conjugação de
crescimento econômico com políticas públicas de inclusão social permite conectar os aspectos
econômico e social do desenvolvimento sustentável. Outro índice de elevada importância e que tem
como finalidade comparar e classificar as políticas ambientais de um país é o Índice de Performance
Ambiental – Environmental Performance Index (EPI).O EPI foi elaborado pelos pesquisadores das
universidades Yale e Columbia e apresentado no Fórum Econômico Mundial.
O mesmo abrange duas dimensões, o Impacto sobre a Saúde Humana e o Impacto Sobre os
Ecossistemas, medindo o desempenho (performance) ambiental de um país (grau de atingimento
das metas de políticas ambientais) em relação à performance ideal correspondente aos padrões
internacionais ou visões de consenso científico. O EPI varia de 0 a 100: o valor 100 corresponde à
situação em que todas as metas são totalmente atingidas MIKHAILOVA (2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOISÉS, C. Perrone. Direito humanos e desenvolvimento: A contribuição das Nações Unidas. In:
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Fernando Antonio Amaral. Idem, p. 62-63.
POCHMANN, Márcio. Relações comerciais e de investimento do Brasil com demais países dos
BRICS.O Brasil, os BRICS e a agenda internacional. 2012. Ed.
RESUMO
Atualmente, a sociedade é confrontada com problemáticas ambientais, causadas pelo modelo de
consumo adotado desde a revolução industrial, as quais, afetam todos os níveis da cadeia dos seres
vivos. Por consequência, pela evolução da mentalidade dos seres, o pensamento ambiental ganha
força crítica trazendo os conceitos de percepção ambiental somado à educação ambiental,
apresentando-se como ferramentas para inserção de conhecimentos ambientais na prática docente e
importantes para o desenvolvimento da cidadania. Nesse sentido, esta pesquisa tem o objetivo de
analisar como a percepção e educação ambiental estão ligadas ao desenvolvimento da cidadania e
identificar a inserção de conhecimentos ambientais nas práticas de ensino superior.
Palavras-chave: Percepção Ambiental. Educação Ambiental. Prática Docente. Desenvolvimento da
Cidadania.
ABSTRACT
Currently, the society is confronted with environmental problems, caused by the consumption
model adopted since the industrial revolution, which affect all levels of the chain of living beings.
Consequently, through the evolution of the mentality of beings, environmental thinking gains a
critical force bringing the concepts of environmental perception added to environmental education,
presenting as tools for the insertion of environmental knowledge in teaching practice and important
for the development of citizenship. In this sense, this research aims to analyze how environmental
perception and education are linked to the development of citizenship and to identify the insertion
of environmental knowledge in higher education practices.
Key words: Environmental Perception. Environmental education. Teaching Practice. Development
of Citizenship.
INTRODUÇÃO
Existem diversas classificações e subdivisões sobre o meio ambiente, neste artigo podemos
dividi-lo em dois, o ambiente natural e o ambiente antrópico; porém esses ambientes podem sofrer
interpretações diferentes e não significar a mesma coisa para todos os sujeitos da sociedade.
Segundo MELAZO (2005:45), os ambientes são percebidos de acordo com os valores e as
61
Gestora Ambiental – FATECI, Graduanda MBA em QSMS-RES – Fbuni,
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (Brasil,1999:Art 1º).
Uma vez que a percepção e a educação ambiental estão voltadas a comunidade global,
possuem um papel importante na cidadania. A cidadania esteve e está em permanente construção, é
um referencial de conquista da humanidade, através daqueles que sempre buscam mais direitos,
maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformando frente às
dominações, seja do próprio estado ou de outras instituições (CARVALHO,2001:29).
O desenvolvimento da civilização e cidadania humana sempre esteve ligado ao ambiente. As
sociedades utilizavam os recursos disponíveis na natureza, como a cheia dos rios, os minérios, a
fertilidade do solo, o acesso ao mar, o manejo aprendido da floresta, dentre outros, até mesmo as
vestimentas, as crenças, os medicamentos também dependiam da oferta encontrada no ambiente
(RIBEIRO, 2003:26).
Vivemos em uma sociedade onde o processo de urbanização e crescimento econômico
quebraram o tecido social que unia boa parte da população. Há uma clara perda do sentido de
responsabilidade social, sobretudo nas grandes cidades. O anonimato gera a impunidade. A
incapacidade do nosso sistema policial e judicial de julgar e punir o mau comportamento gera uma
frustração generalizada com a impunidade, sobretudo a impunidade dos mais ricos.
As extremas desigualdades sociais e econômicas trazem uma dose adicional de mal-estar
que contribui para os comportamentos antissociais. No entanto, questiona-se se o planeta teria
capacidade de arcar com esse tipo de desenvolvimento, o que seria preciso para que solucionar essa
questão era a modificação do antropocentrismo para o biocentrismo. Onde o mundo (o sistema), nós
humanos, deixaríamos de nos preocupar apenas conosco, e partirmos para coletividade e em prol da
elevação dos seres vivos em geral, a fim de que tenhamos a redução das problemáticas ambientais e
sociais, por conseguinte.
Na perspectiva de uma análise global do relacionamento humano – ambiente, é válido
considerar o conceito abrangente de meio proposto por Coimbra (1985:21) como “Um conjunto de
elementos físico-químicos, ecossistemas naturais e sociais em que se insere o ser humano,
individual e socialmente, num processo de intervenção que atenda ao desenvolvimento das
atividades humanas, à conservação dos recursos naturais e das características essenciais do entorno,
dentro dos padrões de qualidade definidos.”
Atualmente a questão ecológica encontra-se cada vez mais presente no cotidiano da
sociedade em geral, seja através da divulgação pela mídia, seja devido a nítidas alterações da
paisagem e climáticas nos diversos ambientes. É nesse contexto que se insere a Educação
Ambiental, importante ferramenta para subsidiar o debate ecológico e expandir o número de
De tudo que analisamos até aqui, o consenso é que a educação ambiental deve estar presente
em todos os espaços de convivência, e primordialmente naquele que educam a população. Assim
poderá ser realizada além das escolas, nas universidades, em cursos, nas nossas casas, nos locais de
trabalho, comunidades religiosas, locais de lazer como clubes, praias, parques, e divulgada nos
meios de comunicação como internet, televisão, rádio, revistas e jornais.
A educação ambiental é um componente essencial que deve tornar-se permanente da
educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades
do processo educativo, em caráter formal e não-formal.
A importância da percepção na Educação Ambiental se dá quando estimula-se o educando,
instigando a curiosidade e a criação de um senso crítico, afim de que estejam aptos a enfrentar os
graves problemas socioambientais e compreender-se integrado ao meio, pois quando se veem
integrados ao meio, tornam-se mais cuidadosos e cautelosos e cuidam do meio como se tivessem
Pelo o que foi estudado e levantado dentre todas as pesquisas, a relação do homem com o
ambiente passou por diversas mudanças com o decorrer do tempo. Contudo, apenas a partir do
momento em que a preocupação humana passar do interesse individual para o coletivo, é que se terá
realmente uma gestão voltada para a preservação ecológica, tornando-se assim sócio e
economicamente sustentável. Entretanto estamos demasiadamente ligados às demandas sociais que
não foram conquistadas, como a autonomia civil e a emancipação política as quais se encontram em
primeiro plano.
No entanto, o estudo da percepção ambiental torna-se importante pois através dele, é
possível conhecer cada grupo envolvido, com isso facilitando o trabalho a ser realizado, a fim de
que, no decorrer do tempo, saibamos como cada indivíduo percebe o ambiente em que vive, quais
suas satisfações e insatisfações. Apesar de intervir na tomada de decisão, a percepção é decorrente
da educação ambiental que os indivíduos possuem. Pois a partir do contato e da obtenção de
informações sobre a temática ambiental essa percepção vai sendo transformada, desenvolvida, e
otimizada.
Portanto a educação ambiental é um meio de articular soluções, pois trabalha com a
consciência social da importância ambiental, no sentido das relações interpessoais e do homem com
a natureza, mostrando que é possível alcançar soluções que ao mesmo tempo formem cidadãos
políticos e preocupados com a preservação do meio ambiente, que antes de qualquer coisa é o meio
de se manter o direito mais importante existente no planeta, que é o direito à vida.
Contudo, concluímos que a percepção e a educação ambiental são de grande importância no
desenvolvimento da cidadania, pois auxilia na construção do ser pensante e crítico, que além das
premissas teóricas aprendidas são fomentados o interesse e a reflexão dos educadores,
primordialmente os professores do ensino superior para que tornar-se-á um cidadão mais consciente
e que a inserção de conhecimentos ambientais na prática docente do ensino superior faz-se
necessária já que cada indivíduo e profissional passa a ter um pensamento crítico mais amplo,
sempre mudando paradigmas, valores e atitudes, utilizando recursos afim de sensibilizar e
conscientizar o indivíduo ou o grupo , mas nunca impor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. 367 p.
RESUMO
Numa tentativa de posicionar o leitor sobre a importância da formação da consciência do sujeito e
da prática dessa conscientização para contribuir nas ações revolucionárias necessárias para as
modificações dele próprio, como indivíduo, das suas relações (com o outro e com o ambiente) e do
meio onde está inserido, este trabalho, tomando como base Paulo Freire, visa demostrar que a
consciência é fundamental, mas para que as transformações aconteçam, além da consciência, o
sujeito precisa por em prática por meio de vivências, de modo que, a partir dai, suas ações possam
contribuir para que as coisas aconteçam.
Palavras-chave: consciência, Freire, inserir, imersão, emergir.
ABSTRACT
In an attempt to position the reader on the importance of the formation of the subject's
consciousness and the practice of this awareness to contribute to the revolutionary actions necessary
for the modifications of the individual as well as his / her relations (with the other and with the
environment) where it is inserted, this work, based on Paulo Freire, aims to demonstrate that the
consciousness is fundamental, but for the transformations to happen, beyond the consciousness, the
subject needs to put into practice through experiences, so that from there , your actions can
contribute to making things happen.
Keywords: consciousness, Freire, insert, immersion, emerge.
INTRODUÇÃO
E continuando:
Se por um lado alguns estudiosos defendem esse posicionamento, outros estudos dizem que
todos os animais, inclusive o homem, nascem irracionais. Afirmam que a racionalidade começa a
ser desenvolvida, juntamente com a sua consciência, a partir das suas relações naturais sócio-
políticas-afetivas, que o farão humanizar-se e ao mesmo tempo desnaturalizar-se, diferenciando-se
dos demais animais.
A partir desta irracionalidade, e considerando que o homem possui em sua formação, uma
matéria altamente organizada, que chamamos de cérebro, e que com a sua interação social e seus
relacionamentos ele começa a desenvolver essa matéria de maneira a constituir a sua consciência, a
sua racionalidade.
Se nem cientistas, psicólogos, psiquiatras ou filósofos, dedicados ao estudo das ciências
humanas sabem precisar concretamente o que ou quando o homem deixa de ser irracional e passa à
racionalidade, não seremos nós a divagar sobre esta questão, tendo em vista que a intenção desse
trabalho, apesar de ser embasado na racionalidade humana, vai mais além, vai à formação da
consciência, propriamente dita.
A formação da consciência possibilita aos homens e mulheres a racionalidade que os
distingue dos demais animais. E muitos são os fatores que contribuem para a formação dessa
consciência.
Mesmo deixando de analisarmos a parte biológica do sujeito, é consenso que a formação da
consciência dele está ligada às suas relações sociais, sejam elas de que ordem for, como
simplesmente sociais, afetivas, econômicas, de trabalho, ou de qualquer outro tipo, e estas relações
têm sempre repercussões de ordem ambiental.
A imersão
O emergir
A inserção
Inserção, fixação de uma parte em outra, lugar onde alguma coisa se fixa, inclusão.
Partindo-se das definições do dicionário da palavra inserção, podemos observar o quanto é
importante o significado da palavra, o quanto é importante inserir-se, pois somente com este ato, de
inclusão de fixação, poderemos fazer parte do restante.
Freire (1987) sabiamente diz que a consciência e o mundo estão em movimento a partir da
inserção. Não basta que um sujeito emerja, acorde, levante, eleve-se e mesmo que entenda, que se
torne consciente das coisas novas que se lhes apresentarão, se ele não se incluir dentro deste
contexto em que ele esta emergindo.
Emergir é necessário, mas essa emersão deve vir acompanhada da compreensão dos novos
fatos, da conscientização e, a partir desta consciência formada, do movimento de inserção, de ação,
da consequente inclusão no contexto, e da participação efetiva dos movimentos que podem causar a
diferença desse momento.
A conscientização
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O fragmento selecionado de Paulo Freire é bastante singular, porque mesmo ele falando em
consciência histórica, suas palavras são reais para qualquer momento da história, tem seu
significado quando as escreveu e continua com o mesmo significado, independente do tempo, do
contexto histórico. É fato saber, que o homem é racional na medida em que desenvolve a sua
consciência, mas também como já mencionamos anteriormente, o próprio movimento do mundo,
faz com que o homem em muitos momentos esteja imerso, esteja afastado desse mundo, nesse
momento a sua consciência esta em um movimento de repouso, e consequentemente não esta sendo
atualizada e em concordância e acompanhamento com o mundo que continua num constante
movimento.
O fato de ele emergir, dele retornar ao mundo, de maneira nenhuma, garante que ele vá fazer
parte desse mundo, que ele vai se conscientizar dos fatos que o circundam, para tanto ele precisa se
inserir nesse espaço, nesse mundo e a partir dai formar a consciência da realidade histórica que o
cerca.
E mesmo de posse desta realidade, desta conscientização histórica é necessário a vontade, a
ética a responsabilidade para articular as atitudes, as relações que podem provocar as mudanças.
As relações da humanidade com o sócius, com a psique e com a "natureza" tendem, com
efeito, a se deteriorar cada vez mais, não só em razão de nocividades e poluições objetivas,
mas também pela existência de fato de um desconhecimento e de uma passividade fatalista
dos indivíduos e dos poderes com relação a essas questões consideradas em seu conjunto.
Catastróficas ou não, as evoluções negativas são aceitas tais como são (GUATTARI, 1990,
p.23).
Essa é uma maneira de fazer como o avestruz, escondendo a cabeça, tentar imergir como se
não fizesse parte do mundo. Mas nesse caso não é a imersão do indivíduo, é a covardia dele de
responder ao que o outro, o ambiente, até mesmo sua consciência esta clamando. Fica fácil atribuir
à fatalidade a responsabilidade pela omissão de seus atos.
Enquanto a prática “bancária”, por tudo o que dela dissemos, enfatiza, direta ou
indiretamente, a percepção fatalista que estejam tendo os homens de sua situação, a prática
problematizadora, ao contrário, propõe aos homens sua situação como problema. Propõe a
eles sua situação como incidência de seu ato cognoscente, através do qual será possível a
superação da percepção mágica ou ingênua que dela tenham. A percepção ingênua ou
mágica da realidade da qual resultava a postura fatalista cede seu lugar a uma percepção
que é capaz de perceber-se. E porque é capaz de perceber-se enquanto percebe a realidade
que lhe parecia em si inexorável, é capaz de objetivá-la.
Desta forma, aprofundando a tomada de consciência da situação, os homens se “apropriam”
dela como realidade histórica, por isto mesmo, capaz de ser trans-formada por eles.
O fatalismo cede, então, seu lugar ao ímpeto de transformação e de busca, de que os
homens se sentem sujeitos (FREIRE, 1987, p.37).
Depois dessa conscientização, é que o indivíduo passa a ser transformador, mas somente na
medida em que ele interagir, em que ele tomar partido e posição relativa a fatos em que ele esteja
inserido, numa articulação a partir de suas relações, sejam elas com o outro ou com o ambiente.
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RESUMO
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), historicamente, enfrentou diversas lutas
por direitos sociais. Para isso, precisou elaborar instrumentos de auto-organização e ferramentas
pedagógicas para formar seus militantes e influenciar na elaboração de políticas públicas. Uma
dessas ferramentas foi a Educação Ambiental, que se propõe a refletir acerca do modelo de
exploração de recursos naturais e buscar alternativas que possibilitem o homem a viver
conjuntamente com a natureza. Todavia, um imaginário social machista e LGBTfóbico atuou como
barreira para privar a população LGBT de participar dessa discussão dentro do MST. As/Os LGBTs
que militam no MST conseguiram superar essas barreiras ao oficializar em 2015 a entrada da pauta
de diversidade sexual dentro do Movimento. Neste trabalho, examinamos a importância da
Educação Ambiental para a formação cidadã e como isso pode contribuir para a construção
democrática no MST, principalmente para a militância LGBT, invisibilizada por mais de 30 anos
dentro do Movimento.
Palavras-chave: Educação Ambiental; MST; LGBT.
ABSTRACT
The Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) has historically faced several struggles
for social rights. To do this, it was necessary to elaborate instruments of self-organization and
pedagogical tools to train its militants and influence in the elaboration of public policies. One of
these tools was Environmental Education, which proposes to reflect on the model of exploitation of
natural resources and look for alternatives that enable the man to live together with nature.
However, a sexist and LGBTphobic social imaginary acted as a barrier to deprive the LGBT
population of participating in this discussion within the MST. LGBTs who militate in the MST
managed to overcome these barriers by making the entry of the sexual diversity agenda into the
Movement in 2015. In this work, we examine the importance of Environmental Education for
citizenship practice and how this can contribute to the democratic construction in the MST,
especially for LGBT militancy, disregarded for more than 30 years within the Movement.
Keywords: Environmental Education; MST; LGBT.
INTRODUÇÃO
A existência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) data de 1985 e
desde sua criação participou ativamente da luta por direitos sociais que foram historicamente
negados à classe trabalhadora. O seu projeto de Reforma Agrária Popular reclama não apenas uma
62 Orientador.
METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho, nos utilizamos da leitura de livros, teses de doutorado e
artigos temáticos que dialoguem com a proposta do trabalho que é ler a forma como a Educação
Ambiental se dá dentro dos assentamentos e acampamentos do MST, estendendo o recorte para uma
perspectiva queer, buscando compreender como as normas sexuais e de gênero vão impedir e
permitir o acesso a certos espaços pela militância LGBT que se criou dentro do Movimento. Para
alcançar o pretendido, adotamos os métodos dialético e dedutivo. Em primeira mão, fazemos um
resgate teórico sobre os entendimentos que existem acerca da Educação Ambiental e,
posteriormente, levando em conta o movimento contínuo dos fenômenos histórico-sociais,
introduzimos a forma como o discurso sustentável surgiu dentro do MST com o intuito de,
finalmente, explicar a forma como os mesmos convergem com indagações que envolvem gênero,
sexualidade e as/os membras/membros LGBTs do Movimento para, por último, inferir modos que
Dizer “meio ambiente” não é o mesmo que dizer “natureza”, pois o primeiro rememora a
visão histórico-científica acerca da segunda e a maneira como esta é tratada. A Educação Ambiental
pode então ser concebida como uma educação política, que propõe discutir e modificar os saberes
sobre o ambiente. É mais importante e significativo afirmar o conceito de “ambiente” como uma
representação social, ou seja, uma concepção que muda no decorrer do tempo e de acordo com o
grupo social em que está inserida. A conceituação de meio ambiente que adotamos e será utilizada
para se pensar o trabalho é a de Marcos Reigota (2002, p. 14), que pensa o meio ambiente como “o
lugar determinado ou percebido, onde os elementos naturais e sociais estão em relações dinâmicas e
em interação”. Essa problematização não é nova, apesar de, historicamente, ter focado quase que
exclusivamente na questão ecológica e na concepção naturalista que põe o homem como ser
superior e dominador da terra.
A Educação Ambiental tem sua gênese no diálogo entre Sociedade, Educação e Natureza,
adotando uma proposta ética para lidar com os problemas ambientais. Isso quer dizer que a
Educação Ambiental deve exibir uma postura distinta daquela que vinha sendo adotada quando se
tratava de questões ambientais. A Educação Ambiental tem como tarefa capacitar os cidadãos ao
pleno exercício de sua cidadania, através da construção de pilares conceituais inclusivos,
tecnicamente inovadores e culturalmente aptos a abrir espaço para a utilização sustentável do meio
ambiente e a formação de uma nova consciência planetária que integre as demandas locais,
regionais e nacionais (DIAS, 1993; GADOTTI, 2005). Também se concatena com à ética ambiental
– um guia para o melhoramento da qualidade de vida – e a prática da tomada de decisões. Essa nova
forma de compreender as relações entre o homem, a sociedade e a natureza nasce para contrapor os
conhecimentos tradicionais que se tinham acerca do tema e chacoalhar os arquétipos estabelecidos.
Recuperam-se a incerteza diversamente do mecanicismo, a imprevisibilidade diversamente do
determinismo e a desordem diversamente da ordem.
A Educação Ambiental abarca uma série de reflexões e programas de ordem política que
visam a modificação da sociedade e da cultura pela educação, de forma que as problemáticas
ambientais possam ser resolvidas e prevenidas (DIAS, 1993; GADOTTI, 2005; OLIVEIRA, 2008;
REIGOTA, 2002). A Educação Ambiental carrega uma conceituação vaga e, em detrimento disto, é
passiva de grande inconsistência e generalização. Cabe questionar se a Educação Ambiental
compartilha princípios pedagógicos com o ideário ambiental, pois a investigação dessas práticas
A proximidade dos assentados do MST com a natureza é mais verossímil que a do sujeito
comum. Considerando-se a relação entre latifúndio e a agricultura moderna, não é estranho que esse
tipo de preocupação faça parte da agenda revolucionária. Devido a uma agricultura carregada de
fertilizantes, agrotóxicos, herbicidas e transgênicos, o MST identificou a carência de uma
agricultura mais apropriada para as circunstâncias dos assentados, menos violenta com o meio
ambiente. Desta forma, a execução de uma produção ecologicamente consciente, economicamente
exequível e socialmente proba entrou como pauta do Movimento.
Na verdade, o I Congresso Nacional do MST, acontecido em 1985, já delineava,
prematuramente, uma orientação positiva em relação à Educação Ambiental. Nesse congresso, foi
deliberado, entre outras coisas, a necessidade de o Governo Federal assegurar que a produção, a
qual seria feita nos assentamentos, teria a obrigação de garantir a preservação do meio ambiente e o
acolhimento de técnicos agrícolas cedidos pelo Governo para atuar nos espaços assentados, com a
1.3 Natureza do MST: participam no Movimento, sem distinção de idade, orientação sexual
ou identidade de gênero, todos os membros da família: homens, mulheres, idosos, jovens e
crianças. (MST, 2016, p. 10, apud MARIANO, PAZ, 2018, n.p.)
(...)
3.6 Educação e Cultura: e) combater, permanentemente, todas as formas de preconceito
social, para que não ocorra a discriminação de gênero, idade, etnia, religião, identidade de
gênero e orientação sexual etc. (MST, 2016, p. 17, apud MARIANO, PAZ, 2018, n.p.)
(...)
3.7 Direitos Sociais: combater todas as formas de violência contra as mulheres, crianças e
LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis), penalizando exemplarmente
seus praticantes (MST, 2016, p. 18, apud MARIANO, PAZ, 2018, n.p.)
Essa alteração das normas é um ato político e simbólico para reconhecer a diversidade
sexual e de gênero como integrante da luta pela Reforma Agrária Popular, garantindo o acesso
das/dos LGBTs às instâncias deliberativas e espaços organizativos. Um projeto que se propõe a
democratizar o acesso à terra e a redesenhar as relações que se formam no campo, tem a obrigação
de se construir a partir das demandas, ideias e sonhos dos assentados. E não estamos falando apenas
das relações frutíferas da lente agroflorestal, mas de todas as relações sociais em sua amplitude, que
são travadas entre os membros do Movimento consigo mesmos, com sujeitos exteriores e com o
Estado. Isso se estende para um projeto que, também, quer incorporar os princípios da Educação
Ambiental.
Para se traçar as representações sociais formadas com e pelos sujeitos assentados, é
imprescindível que se faça brotar uma autoconsciência ambiental e humanitária, algo que os
técnicos disponibilizados pelo Governo Federal não podem suprir, pois o estímulo dos processos
cognitivos deve ser acrescido do desejo e da criatividade em fazer o (re)construir-coletivo. A
aceitação das pessoas LGBTs dentro de um movimento social inserido numa sociedade
conservadora precisa de uma verdadeira comunhão que crie objetivos em comum mais
emergenciais – e, portanto, mais fortes – que o poder do discurso preconceituoso enraizado no
imaginário social coletivo.
CONCLUSÕES
Qual é o lugar da/do militante LGBT do MST? Como dito anteriormente, a identidade de
classe com a organização é importante, mas cada sujeito componente se identifica, antes de
qualquer outra coisa, com suas vivências particulares e individuais, fruto das condições materiais e
histórico-temporais a que esteva submetido. As correntes do latifúndio escravizam o trabalhador a
um modelo de produção predatório. E, de forma semelhante – e ao mesmo tempo bastante distinta –
o sujeito está subalterno às amarras da moral sexual, que esgoelam formas múltiplas de viver e
amar.
A Educação Ambiental igualitária tem um papel importante no processo de emancipação
humana e de rompimento das correntes sexuais e de classe. A organização plural dos sujeitos em
tarefas nos assentamentos é um ponto de partida para a desconstrução dos padrões conservadores
burgueses. A atribuição de atividades braçais e domésticas para quem tem afinidade com
determinada atividade, e não com base em papéis sexuais e de gênero, fortalece a interação entre o
grupo e a conexão do indivíduo com o meio em que está inserido. A percepção de que todas as suas
potencialidades podem ser livremente desenvolvidas e exploradas com consentimento abre um
leque de possibilidades dentro de organizações autogerenciadas. A visibilidade pública é
aumentada, o relacionamento entre os membros melhora e a implementação de uma economia
autossustentável dentro do assentamento se torna possível.
Os próximos passos devem ser tomados com a intenção de aumentar a atuação política
das/dos membras/membros LGBTs do Movimento, levar a discussão para as escolas e coletivos de
jovens, principalmente nos cantos de formação. A luta pelo reconhecimento e respeito à diversidade
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Acesso em: 25 jul. 2018.
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em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.
REIGOTA, Marcos. A floresta e a escola: por uma educação ambiental pós-moderna. 2. ed. São
Paulo: Cortez, 2002.
RESUMO
Este estudo tem como objetivo principal discutir a importância da Educação Ambiental na formação
da cidadania, baseada em princípios éticos, na tentativa de compreender a relação do homem com a
natureza, a partir da análise do Princípio da Responsabilidade de Hans Jonas. Para produção textual
foi utilizada a metodologia qualitativa e quantitativa, sendo que no primeiro momento aqui está
representada pela revisão de literatura, por meio da leitura, análise e estudo de vários trabalhos,
publicações e livros sobre o tema, com a finalidade de conseguir fundamentação para a discussão do
presente estudo. No segundo momento foram aplicados questionários e analisadas as respostas dos
participantes da pesquisa, os professores do Ensino Fundamental II, da Unidade Escolar Professor
João Calado, e da Unidade Escolar Amando da Costa Lima, em Valença-PI, tendo como propósito
verificar se os temas Educação Ambiental e a Ética tem sido trabalhado em sala de aula. Tendo
como justificava mostrar a importância da educação ambiental na formação da cidadania, podendo
formar cidadãos conscientes e aptos para atuar na realidade socioambiental de modo comprometido
com a vida e o bem estar da sociedade, fundamentada em princípios éticos, a partir da análise da
Teoria da Responsabilidade de Hans Jonas.
Palavras-chaves: Educação Ambiental. Ética. Cidadania.
RESUMEN
Este estudio tiene como objetivo principal discutir la importancia de la Educación Ambiental en la
formación de la ciudadanía, basada en principios éticos, en el intento de comprender la relación del
hombre con la naturaleza, a partir del análisis del Principio de la Responsabilidad de Hans Jonas.
Para la producción textual se utilizó la metodología cualitativa y cuantitativa, siendo que en el
primer momento aquí está representada por la revisión de literatura, por medio de la lectura, análisis
y estudio de varios trabajos, publicaciones y libros sobre el tema, con la finalidad de conseguir
fundamentación para la discusión del presente estudio. En el segundo momento fueron aplicados
cuestionarios y analizadas las respuestas de los participantes de la investigación, los profesores de la
Enseñanza Fundamental II, de la Unidad Escolar Profesor João Calado, y de la Unidad Escolar
Amando de la Costa Lima, en Valença-PI, con el propósito de verificar si los temas Educación
Ambiental y la Ética se ha trabajado en el aula. Con el fin de demostrar la importancia de la
educación ambiental en la formación de la ciudadanía, pudiendo formar ciudadanos conscientes y
aptos para actuar en la realidad socioambiental de modo comprometido con la vida y el bienestar de
la sociedad, fundamentada en principios éticos, a partir del análisis de la Teoría de la Teoría
Responsabilidad de Hans Jonas.
Palabras claves: Educación Ambiental. Ética. La ciudadanía.
[...] seria parte da tarefa de uma educação ambiental proceder a uma tematização a respeito
dos valores que regem o agir humano em sua relação com a natureza. Seria, também
oportuno estudar o processo de afirmação e legitimação de tais valores [...] a educação
ambiental deveria se preocupar em resgatar valores existentes, mas que foram recalcados ou
reprimidos pela tradição dominante do racionalismo cartesiano.
As principais causas da degradação que vemos no meio ambiente, tem sido pelo fato de que
ações humanas são regidas por uma ética antropocêntrica, ou seja, motivadas pela satisfação
integral das necessidades humanas sem se preocupar com a natureza, seu esgotamento e destruição.
Neste sentido, este estudo busca refletir sobre o seguinte problema: Como repensar a EA
para a formação de cidadãos conscientes, preparados para tomada de decisões e ações
comprometida com a vida, com bem o estar de todos os seres vivos e não somente com
necessidades antrópicas?
Por isso, nosso estudo tem como objetivo principal discutir a importância da EA na
formação da cidadania, baseada em princípios éticos, na tentativa de compreender a relação do
homem com a natureza, a partir da análise do Princípio da Responsabilidade de Hans Jonas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao longo do tempo a sociedade civil como o poder público vem discutindo, e a última,
instituindo políticas de EA, como o encontro da União Internacional para a Conservação da
Natureza (UICN) em Paris, onde os rumos da EA começam a ser realmente delineados, na
Conferência de Estocolmo (1972), onde se atribui a inserção da temática da Educação Ambiental na
agenda internacional. Em 1975, lança-se em Belgrado (Iugoslávia) o Programa Internacional de
Educação Ambiental, no qual são definidos os princípios e orientações para o futuro. (BRASIL,
2014).
Em Tbilisi, na Geórgia (1977), foi elaborado um documento oficial no qual explicita a
finalidade, os objetivos, princípios e estratégias para a promoção da EA, como também, a
consolidação do Programa Internacional de Educação Ambiental da UNESCO – PIEA, de 1975.
(BRASIL, 2014).
Outro importante evento para a consolidação da EA foi a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), ocorrido no nosso país, onde foram elaborados
importantes documentos internacionais como o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis e Responsabilidade Global e a Agenda 21, documento também concebido e aprovado
pelos governos, é um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por
organizações, governos e sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio
ambiente.
No Brasil a EA, teve seu processo de institucionalização no início dos anos 70 com a criação
da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), ligada à Presidência da República, outro passo
na institucionalização da Educação Ambiental foi dado em 1981, com a Política Nacional de Meio
Processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, é o componente essencial e permanente da Educação Nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em
caráter formal e não formal.
Aja de modo a que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma
autêntica vida humana sobrea Terra” ou, expresso negativamente, “aja de modo a que os
efeitos da tua ação não sejam destrutivos para a possibilidade futura de uma tal vida” ou,
simplesmente, “não ponha em perigo as condições necessárias para a conservação
indefinida da humanidade sobre a Terra” (JONAS, 2006, p.47-48).
Ele busca uma ética da responsabilidade de grande alcance, ou seja, que a responsabilidade
não se atenha apenas aqui e o agora, mas que pensássemos sobre o destino dos seres humanos, e que
isso depende das nossas escolhas atuais, compreendendo que não se tem o direito de indicar ou de
arriscar a não-existência de gerações futuras em razão da contemporânea, assim Jonas aponta nossa
responsabilidade pelos que ainda não existem.
Se as éticas tradicionais discutiam sobre a relação entre os seres humanos, Jonas propõe uma
ética biocêntrica, na qual a vida centraliza a responsabilidade, e por isso, percebe-se fortes
representações na questão ambiental, e que tem servido de inspiração para as mais diferentes
discussões sobre o tema. Hans Jonas tentou deliberar essa questão quando indicou uma ética de
63Nascido na cidade de Mönchengladback (Alemanha), no ano de 1903, veio a falecer no 1993.Filho de judeus, Jonas
iniciou seus estudos de graduação em filosofia na cidade de Freiburg, em 1921, onde se tornou aluno de Martin
Heidegger (JONAS, 2006).
Língua Portuguesa
6%
6% Matemática
22%
5%
Ciências
11% Geografia
História
11% 22% Lingua Inglês
Educação Fisica
17%
Arte
64
O Ensino Fundamental II com base no Ministério da Educação, atualmente compreende do 6° ao 9° ano, com as
crianças entre 11anos e 14anos. Neste período escolar é o melhor tempo para que os professores ensine os alunos a
“desenvolver o raciocínio crítico, prospectivo e interpretativo dos assuntos socioambientais bem como a cidadania
ambiental” (BRASIL, 2007, p.31).
17%
SIM - 83%
NÃO - 17%
83%
Pelos resultados, verificou-se que a maioria dos professores, entrevistados trabalham o tema
em questão em suas aulas independentemente da disciplina na qual lecionam. Já a minoria que não
desenvolvem, alegam que esse conteúdo, não se relaciona com a disciplina que ele ministra. Assim
mediante este contexto, vemos que Grün (1996, p. 21) acerta quando afirma “a educação ambiental
surge hoje como uma necessidade quase inquestionável pelo simples fato de que não existe
ambiente na educação moderna. Tudo se passa como se fôssemos educados e educássemos fora de
um ambiente”.
A terceira pergunta foi continuação da segunda, os professores que responderam “Sim” ao
questionamento, ou seja, trabalham EA em suas aulas, e de qual forma isso ocorre, como eles
desenvolvem o trabalho em sala de aula. Apresentaremos alguns relatos dos professores65:
Percebemos que existe um esforço dos professores em trabalhar tais questões em suas aulas,
mas podemos pensar a EA como um conhecimento interdisciplinar, com o dialogo necessário para
tratar sobre esse tema recorrente e urgente.
65
Em decorrência do sigilo da identificação dos professores que responderam aos questionários, os mesmos serão
identificado através de siglas, junto a uma número por ter sido entrevistado mais de um professor da mesma disciplina.
Serão identificados da seguinte maneira: Língua Portuguesa(PLP), Matemática (PM), Ciências(PC), Geografia (PG),
História (PH), Arte(PA), Língua Inglesa (PLI), Educação Física (PEF).
Neste sentido, pensamos que a EA deve ser melhor propagada como uma ferramenta eficaz
de transformação social e imprescindível para o exercício da cidadania, educando pessoas para
conviverem bem com o meio ambiente. Hans Jonas chama atenção para precaução, pois nos seres
humanos sermos responsáveis para com os danos ambientais e somente nos podemos revestes essa
situação.
Na quinta questão era para saber a importância da ética para a E.A. Mostraremos os relatos
deles sobre essa indagação:
Com base no contexto apresentado pelos professores a ética e a educação ambiental são
ligações imprescindível. Neste sentido, podemos resgatar o pensamento de Jonas, quando apresenta
o Princípio da Responsabilidade, como uma alternativa para se pensar sobre nossa responsabilidade
ética com o meio ambiente e as gerações do futuro.
A sexta pergunta do questionário foi apresentada da seguinte forma a eles: A educação e
ética ambiental são importante para a cidadania? Sendo que foi pedido que marcassem sim ou não
para a sua resposta e porquê? Respaldada na resposta dos professores, todos eles disseram que”
sim” a pergunta. Porque os mesmos ressaltaram que:
Para que possamos atuar de atitudes que venham a melhorar o meio em que vivemos(PC-
2).
Pois é por meio de ambas que se forma uma consciência individual e social sobre os
problemas ecológicos. (PLP-3).
Por meio da Educação Ambiental o indivíduo constrói valores sociais, conhecimentos,
atitudes, etc. (PEF)
Pois só será possível a formação cidadã de um indivíduo mediante uma consciência de que
podemos ser protagonista direto na conservação do meio ambiente. (PM-2)
São temas essências, visto que o meio ambiente está sofrendo com as ações humanas, logo
é preciso conscientizar as pessoas. (PLP-3)
Quanto mais conhecimentos maiores serão as chances de mudanças. (PC-2)
Porque com o assunto abordado torna-se necessário saber como agir, portar-se, proceder
diante de tais situações. (PLP-2)
Porque trabalhando com os alunos conseguiremos cada vez mais mobilizar a
sociedade(PEF)
Porque tendo consciência dos problemas eles poderão ser multiplicadores. (PM-2)
Dessa maneira a ligação entre ética e a educação ambiental faz-se necessário principalmente
quanto a conduta humana em relação ao meio ambiente. Se o homem pautar suas ações em posturas
éticas mínimas, respeitando a natureza, utilizando racionalidade os recursos por ela
disponibilizados, gerando tecnologias alternativas e menos agressivas, possivelmente não ocorrerão
tantos e acidentes ambientais. (SANTOS, 2009, p.36).
Na décima questão, foi questionado da seguinte maneira: A seu ver a EA e a ética, propicia
o aumento de conhecimentos e mudança de valores, como também as condições básicas para
estimular a maior integração dos indivíduos com o meio ambiente? Porque? Respaldada na resposta
dos entrevistados todos eles disseram que “sim “a questão, porque os mesmos relataram que:
Através das respostas dos entrevistados fica evidente que a E.A e a ética é fundamental para
conscientiza o cidadão sobre os problemas ambientais, sendo as mesmas mediadora da
transformação de estilos de vida e das práticas em relação ao ambiente. Com ênfase na concepção
de Hans Jonas a cautela é um dos princípio para orientação da nossa ação sobre a natureza.
A décima primeira questão faz uma abordagem sobre formação continuada do professor,
como mostra a representação abaixo da seguinte forma:
6%
NÃO - 94%
SIM - 6%
94%
Art. 11. A dimensão socioambiental deve constar dos currículos de formação inicial e
continuada dos profissionais da educação, considerando a consciência e o respeito à
diversidade multiétnica e multicultural do País. Parágrafo único. Os professores em
atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o
propósito de atender de forma pertinente ao cumprimento dos princípios e objetivos da
Educação Ambiental. (BRASIL, 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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Disponível em: <http://revfistas.ufpr.br/made/article/viewFile/14115/10882>. Acesso em: 27
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de Acesso 01 de junho 2017.
RESUMO
A conservação de recursos naturais desponta como uma grande preocupação atual. Dessa forma, a
proteção de áreas florestadas nos remanescentes de Mata Atlântica e Floresta Amazônica, visando a
manutenção dos serviços ambientais por elas prestadas, se faz essencial. O licenciamento ambiental
se insere nesse contexto como uma ferramenta pública de prevenção e controle de empreendimentos
que podem gerar impactos negativos no meio ambiente. Uma vez que os critérios para realização do
licenciamento são definidos pelos órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, estão sujeitos a
variações de estado para estado e, quando há competência para tal, de órgão municipal para órgão
municipal. Portanto, o trabalho tem como objetivo comparar as diferenças de procedimento nos
estados das regiões Sudeste e Norte, possibilitando uma discussão a respeito de possíveis mudanças
que se fazem necessárias. Realizou-se um estudo bibliográfico de materiais já elaborados, com
posterior consulta a legislações e documentos oficiais, de onde se elaborou uma tabela, utilizada
como base de comparação. Os estados do sudeste apresentaram critérios mínimos mais restritivos
em relação aos estados do norte, possivelmente por apresentarem produção agropecuária e
silvicultural consolidada, enquanto que na região norte, marcada por um histórico de ausência de
forte atuação do Estado, não existe a exigência de licenciamento ambiental ou EIA/RIMA em
alguns estados.
Palavras-chave: Impactos Ambientais; Conservação de Recursos Naturais; Legislação Ambiental.
ABSTRACT
The conservation of natural resources emerges as a major current concern. Therefore, the protection
of forested areas in the remnants of Atlantic and Amazon forest, aiming at maintaining the
environmental services provided by them, is essential. The environmental licensing is inserted in
this context as a public tool of prevention and control of enterprises that can generate negative
impacts on the environment. Since the criteria for the licensing are defined by the environmental
agencies that are members of SISNAMA, they are subject to variations from state to state and, when
there is competence, from county to county. Therefore, the objective of this study is to compare the
differences between procedures in the states of the southeast and north, allowing a discussion about
possible necessary changes. A bibliographic study of materials already elaborated, after
consultation of legislation and official documents, was carried out, from which a table was drawn
up, used as a basis for comparison. Southeastern states, except São Paulo, presented more restrictive
minimum criteria when compared to the northern states, possibly due to the presence of
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O levantamento dos dados foi realizado por meio de pesquisa documental bibliográfica, e
sua coleta foi conduzida por amostragem não-probabilística. Pesquisa documental, segundo Gil
(2008), consiste na exploração e análise de dados de fontes documentais que podem ser documentos
de primeira ou segunda mão. Documentos de primeira mão são aqueles que não receberam nenhum
tratamento analítico, tais como documentos oficiais, normas, leis, reportagens de jornal, cartas,
contratos, filmes, fotografias, entre outros. Já os documentos considerados de segunda mão são
aqueles que, de alguma forma, foram analisados, tais como relatórios de pesquisa, relatórios de
empresas, tabelas estatísticas, entre outros.
Inicialmente foi realizada a pesquisa bibliográfica, que se consiste de fontes por materiais já
elaborados (artigos científicos, relatórios governamentais setoriais, relatórios de fundações e
organizações de mundiais de estatísticas). Posteriormente, fez-se uso da pesquisa documental, por
meio de consulta a documentos oficiais e legislações diversas, referentes aos procedimentos de
licenciamento ambiental para atividades rurais, sejam elas leis nas diferentes esferas, resoluções,
portarias, instruções ou deliberações normativas. Em casos isolados onde o acesso dos documentos
não se encontrava disponível, fez-se necessário entrar em contato com o órgão estadual competente
em forma de e-mail na busca pelas informações.
Foram consultados também sites oficiais de órgãos e instituições, tais como Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Instituto
Brasileiro do meio Ambiente e dos Recursos Minerais Renováveis (IBAMA), Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA). Por fim, foi elaborada uma tabela com as informações sobre o licenciamento ambiental
para cada uma das atividades analisadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1 - Área máxima para dispensa de licenciamento, adoção de procedimento simplificado e dispensa de
apresentação de EIA-RIMA
Estado Silvicultura Agricultura Pecuária Fonte
(Deliberação
MG 600 ha (EIA/RIMA) Normativa COPAM
nº 217, 2017)
200 ha (EIA/RIMA).
(Lei nº 1.356, 1988;
Dispensa de L.A. varia 200 ha
RJ 200 ha (EIA/RIMA) Decreto Estadual
dependendo da bacia (EIA/RIMA)
44377, 2013)
(máximo de 50 ha)
(Resolução COEMA
PA Até 4 módulos fiscais em Agricultura Familiar (L.A)
nº 107, 2013)
(Lei nº 2.713, 2013;
TO Não exige licenciamento
Lei nº 2.634, 2012)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, a região sudeste se apresentou como um sólido produtor agropecuário nos últimos
séculos enquanto que em décadas recentes foi responsável por boa parte da produção silvicultural
brasileira. As diferenças de tratamentos dados pelos órgãos estaduais são muito possivelmente
influenciadas por um histórico relevante ou não no setor agrário, resultando em medidas legais com
diferentes graus de restrição quanto à conservação da natureza e das funções ambientais das áreas a
serem ocupadas por essas atividades. Entretanto, apesar de apresentar uma área máxima para
dispensa de licenciamento bem acima dos demais estados, São Paulo mantém um grande percentual
de áreas conservadas, graças a iniciativas governamentais. Quando a adoção de diretrizes brandas
não vem seguida de políticas públicas de conservação, ocorre um aumento do desmatamento, como
visto no Espírito Santo.
No norte, a não adoção de procedimentos restritivos, que proporcionam uma maior
conservação de áreas de grande prestação de serviços ambientais se associa fortemente ao aumento
dos índices de desmatamento e degradação do meio ambiente, correlacionada com uma produção de
baixo nível técnico e portanto, menos rentável. É possível que isso ocorra devido à exigência de um
maior percentual de Reserva Legal, a falta de fomento e a facilidade de obtenção de novas terras, o
que faz com que muitos empreendimentos não busquem o licenciamento.
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2012.
ABSTRACT
Environmental decision support systems are software designed to help manager to find the best
solution for an environmental problem. Those systems work through databases filled with many
kinds of data and sophisticated analysis process to research out the best solution or solutions to a
proposed problem. Support systems decision have been applied intensely in the least two decades,
some good examples are the Colorado Decision Support System and the Mulino Decision Support
System, less knew but not less important the Semi-Arid Integrated Model is also an emergent
example of support system application.
Keywords: Decision system, Environmental; Support System.
RESUMO
Os sistemas ambientais de suporte a decisões são softwares projetados para ajudar a encontrar a
melhor solução para um problema ambiental. Esses sistemas funcionam através de bancos de dados
preenchidos com vários tipos de dados e sofisticados processos de análise para pesquisar a melhor
solução ou soluções para um problema proposto. Os sistemas de suporte a decisão tem sido
aplicados intensamente nas últimas duas décadas. Alguns bons exemplos são o Colorado Decision
Support System e o Mulino Decision Support System. Menos conhecido, mas não menos
importante, o Modelo Integrado Semi-Árido também é um exemplo emergente de aplicação de
sistemas de suporte a decisão.
Palavras-chave: Sistema de decisão ambiental; Sistema de suporte.
INTRODUCTION
This paper focus on describe in a clear and simple way what is a EDSS, how the EDSS
works and some examples of application of this technology. The description is, initially, focused in
generically definition of a EDSS and its propose. Major aspects of the software as its classification
according boundaries problems and users demands, and the decision methodology are addressed in
sequence.
The research to build that paper was made by web search focusing in academic articles,
books and thesis and official websites of EDSS.
The complexity of environmental systems turns any decision about that systems complex as
well. The best decision requests an integration and manipulation of a great quantity of data from
different disciplines (Poch et al., 2004). Much of the difficulty to do a good environmental decision
comes from the special distributions of the system, the largest areas englobed for a system implies
large number and types of data, that must be managed to research out the best decision (Densham,
1991). The decision support system (DSS) is a tool that collect, processes and analyzes data, that
Some specific characteristics of EDSS are showed next, those are fundamental to understand
the running of that software. The dynamics of the environmental systems imply that EDSS systems
are in constant transformation. Therefore the EDSS should model the environmental process as
continue, but some specific process must be taken as discreet events to make the evaluation in a
given space and time easy and fast (Rizzoli e Young, 1997). The decisions support systems when
applied to environmental questions must be able to deal with spatial coverage, it means that the
EDSS must deal with the geographical distribution of data and events. EDSS also should be able to
limited analyses accord geographical boundary and its respective outcomes (Densham, 1991). As
mentioned before the EDSS should be multi-disciplinary to deal with the complexity of
environmental systems (Rizzoli e Young, 1997). Other important point about the characteristic of
EDSS is the probabilistic and statistic approach, data used to emulate problems contains
uncertainties, results as well are not going be deterministic but probabilistic. There is some
deterministic approaches, in those cases system assumes that the data has not uncertainties (Rizzoli
e Young, 1997). The Figure 1 shows the simple diagram of the principal components of an EDSS.
Around the word the EDSS have been applied to improve the quality of environmental
decisions and consequently improve the quality of the environment itself. This paper shows three
cases of EDSS application, first Colorado Decision Support System (CDSS), second Mulino
Decision Support System (MDSS) and third Semi-Arid Integrated Model (SIM).
The CDSS is an EDSS under continual development by the Colorado Water Conservation
Board and the Colorado division of water Resources. CDSS was designing to provide for the users a
precisely and friendly database, tools and models to evaluated water resources decisions and
promote the knowledge sharing between the government and the society. The ultimate goal of the
CDSS is provide information to support the decisions about the management of the Colorado’s state
watersheds (Board e Resources, 2017).
CDSS is based at the following components. Hybrid-Base, a database that keeps historical
and current water resources data, streamflow records, climate data and water rights. Spatial
database, this database gets irrigated perimeters, points of stream flow measurement, climate
stations, rivers, cities and highway. The StateMod, it is a software designed to water allocation
simulation, available online to anyone. The stateCU is a tool created to estimation of agriculture
water consumption using databases cited above to do predictions of water demand and return flow
in agriculture. The Figure 3 shows how the CDSS works to provide decision support.
The CDSS is an example of EDSS applied to a limited region and purpose, therefore it can
be understood as a situation and problem specific EDSS. That EDSS was developed and keeps
being developed to help water resources managers from Colorado state to improve its decisions and
CONCLUSION
The development of the EDSS was boosted in the last years due to great amount of data that
environmental managers have to deal. As showed before, environmental decisions englobe many
sectors of knowledge, therefore data used to support decisions are from many kinds as spatial data,
historical series, statistic data among other types. When a great amount of data is combined with
high variability a computer-information system was, in the moment, the best alternative to manage
and manipulate that data in the way to research out the best decision to environmental issues.
The EDSS are in constantly development, as showed in the example of CDSS, data to
support decisions are constantly created, legal regulations are also being improved constantly,
MDSS is an example, its legal regulation are linked to WFD policies that are in constant
improvement. Therefore, an EDSS is never ended, it is always in developing to satisfy new requests
of legislation and adequate itself to new environmental and social configuration.
Other relevant point about the EDSS are implementation of MCD approach and artificial
intelligence. These new ways to deal and process data allowed the EDSS to attain a level of
efficiency that makes this tool very helpful. Statistic and probabilistic approach are an improvement
that also deserve highlight, those technics allowed the system to give more than one alternative and
to rank it.
The EDSS are today a tool that improves the capacity of managers to take the best decision.
High process power of that software allowed to research out the best decision through manipulation
of great amount of data. Despite, the ultimate decision keeps being from the jug, water resources
manager, because the EDSS is not, yet, able to deal with empirical knowledge and human
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RESUMO
A corrida de rua é uma atividade física que é associada à saúde e qualidade de vida, essa
modalidade aeróbica também vista como esporte, objetiva a saúde mental e física do praticante,
além da boa forma. Este trabalho destaca diferentes aspectos relevantes provenientes de uma corrida
de rua diferenciada realizada no bairro Alto do Moura, em Caruaru-PE. Tal evento busca além da
saúde, incluir fatores socioambientais durante sua realização que trazem benefícios aos moradores
do bairro. A sustentabilidade é encontrada de distintas formas nesta prova, utilizando materiais
recicláveis para confecção das medalhas e pódio, por exemplo, este produzido com a reciclagem de
madeiras que se forma pallets. Inclusão social, com produção das medalhas de argila em braille,
uma das quais lida pelo único Bombeiro Militar deficiente visual na ativa do país, além de
arrecadação de alimentos e doação para instituições sociais de apoio. O evento inclui música
popular, cultura e permite a inclusão de seus artesãos na produção das medalhas e troféus, além de
mostrar a população do bairro que pequenas ações podem contribuir na melhoria da qualidade de
vida.
Palavras-chave: corrida de rua, inclusão social e sustentabilidade.
ABSTRACT
Street racing is a physical activity that is associated with health and quality of life, this aerobic
modality also seen as sport, aims at the mental and physical health of the practitioner, in addition to
good form. This work highlights different aspects of a differentiated street race in the Alto do
Moura neighborhood, in Caruaru-PE. This event also seeks beyond health, including socio-
environmental factors during its realization that bring benefits to neighborhood residents.
Sustainability is found in different ways in this test, using recyclable materials to make the medals
and podium, for example, this one produced with the recycling of wood that forms pallets. Social
inclusion, with the production of Braille clay medals, one of which is read by the only visual-
deficient Military Firefighter active in the country, as well as food collection and donation to social
support institutions. The event includes popular music, culture and allows the inclusion of its
artisans in the production of medals and trophies, as well as showing the population of the
neighborhood that small actions can contribute to improving the quality of life.
Keywords: street racing, social inclusion and sustainability.
METODOLOGIA
A corrida acontece uma vez por ano no bairro “Alto do Moura”, no município de Caruaru,
localizado no agreste central Pernambucano. O bairro supracitado está intimamente ligado aos laços
históricos e culturais do seu povo, afinal, foi lá que nasceu e se criou o mestre Vitalino, artesão
especialista em confecção de bonecos de barro, que permanece inspirando a vários artesãos atuais
seguidores de tal arte. Com o intuito de resgatar essas características que marcaram a localidade, a
largada da corrida se dá em frente à casa do mestre Vitalino, bem como, todo o processo produtivo
das medalhas e dos troféus é feito no interior da mesma e, de forma manual e artesanal.
REVISÃO
Sustentabilidade
Sustentabilidade Social
Entende-se por educação ambiental como sendo um processo em que se busca despertar a
preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em
linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e
As corridas de rua são provas originadas a partir do atletismo, que é considerado seu
“esporte base” em razão da sua prática ser aproximada aos movimentos naturais do ser humano.
Com competições registradas desde os anos 776 a.C., o atletismo se divide em provas diversas, das
quais o pedestrianismo ou corridas de rua são uma de suas modalidades mais praticadas (COSTA,
2016). As provas nos formatos mais próximos aos atuais constam de registros da Inglaterra no
século XVIII e posterior expansão para a Europa. Nos Estados Unidos, a popularização dessa
prática se dá a partir da década de 1960, por meio das provas de rua impulsionadas por práticas
caracterizadas por uma vertente de saúde em campanhas contra o sedentarismo (LOURENÇO,
2006).
A tendência de crescimento mundial das corridas de rua foi seguida no Brasil com um
movimento que se destacou no Rio de Janeiro após a década de 1980. Motivaram o crescimento
dessa prática a preocupação com a saúde, em especial com as doenças cardíacas, e a busca de
resultados voltados para o condicionamento físico. Na década de 1990, as provas intensificaram-se
também em São Paulo e foram disseminadas pouco a pouco por outras capitais. Corridas festivas e
promoções midiáticas por meio das provas de rua são presentes na rotina dos praticantes e
espectadores, como a corrida de São Silvestre, a Maratona de São Paulo, a Meia Maratona do Rio e
a Volta da Pampulha (LOURENÇO, 2006).
As provas de corridas de rua reconhecidas oficialmente pela Confederação Brasileira de
Atletismo (CBAt), em acordo com a regra da International Association of Athletics Federation
(IAAF), possuem as distâncias padrão de 10 km, 15 km, 20 km, Meia-Maratona (21.095 m), 25 km,
RESULTADOS
Essa corrida de rua é realizada no bairro Alto do Moura, na cidade de Caruaru, e ocorreram
já duas edições, a primeira em 2017 e a segunda em 2018. A mesma está sob organização e
supervisão do Cabo da Polícia militar de Pernambuco Elton Gomes da Silva. A corrida conta com o
apoio da comunidade local e faz parcerias com instituições voltadas para a preservação do meio
Figura 01: Diversos momentos registrados da corrida de rua do alto do moura. Elaboração: autores.
Fonte: página da corrida do alto do moura na rede social “facebook”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve o intuito de expor o quão importante são os fatores que trazem benefício
à saúde e a interação da comunidade ao propor conscientização do dever de preservar o ambiente
onde morram e valorizar a cultura local. É de suma importância ressaltar que esses fatores positivos,
como outros também, são encontrados nesta prova de corrida de rua, onde os organizadores tiveram
uma visão ampla de agregar melhoria em vários segmentos.
Essa visão holística é compreendida através dos diferentes quesitos que foram abordadas as
idéias de sustentabilidade, prática de esporte, qualidade de vida, inclusão social, valorização da
cultura, utilização de materiais naturais e recicláveis, exames, doação de alimentos e limpeza
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RESUMO
Este artigo versa sobre os direitos humanos, cidadania e ética apresentando, como aporte conceitual,
as reflexões de Edgar Morin e Clóvis Gorczevski. O questionamento fecundo neste projeto foi: é
possível aproximar as ideias de um filósofo francês com os conceitos de um advogado e professor
brasileiro no que diz respeito aos direitos humanos, a cidadania e a ética no contexto planetário? A
hipótese é de que os autores supracitados abordam a convivência humana a partir dos laços da
fragilidade entre os homens com temas enraizados na cultura e na educação. O objetivo principal do
artigo é o de reconhecer que o fortalecimento da cidadania e da mudança social ocorre por meio da
construção da educação em direitos humanos. Para isso, foi utilizada, como metodologia, a
pesquisa bibliográfica com uma abordagem subjetiva-valorativa e não normativa, com o desígnio de
reconhecer que o fortalecimento da cidadania e da mudança social ocorre através da edificação da
educação em direitos humanos. O trabalho justifica-se por vivenciarmos uma era de fragilidade
humana, necessitando de reflexão sobre as práticas cotidianas, no qual os direitos humanos devem
enraizar-se nas propostas da vida através da complexidade das inter-relações que se transformam
em ética, por meio dos valores, dos sentidos, dos princípios, do ser e do agir dos seres humanos.
Palavras-Chaves: Direitos Humanos; Cidadania; Ética; Educação.
ABSTRACT
This paper deals with Human Rights, citizenship and ethics in the light of Edgar Morin’s and Clóvis
Gorczevski’s reflections. It questions whether the ideas of a French philosopher and the concepts of
a Brazilian lawyer and professor regarding human rights, citizenship and ethics can be brought
together in the context of the planet. The hypothesis is that both authors address human coexistence
by taking into account frailty of human bonds in themes rooted in culture and Education. This paper
aims at acknowledging that citizenship is strengthened and social change occurs by means of the
construction of Education on human rights. Therefore, the methodology used by this study was a
bibliographical review with a subjective-valuation approach, rather than a normative one, so as to
acknowledge that both citizenship and social change are strengthened when Education is
constructed on human rights. This study is important because, since we have experienced an era of
human frailty, we need to reflect on everyday practices, which should intertwine human rights and
life proposals in the complexity of relationships that are transformed into ethics by means of human
beings’ values, senses, principles and acts.
Keywords: Human Rights; Ethics; Citizenship; Education.
66
Doutora em Educação Ambiental
Formar cidadãos comprometidos com valores éticos, com a solidariedade, com a paz, a
justiça e com os direitos humanos não é responsabilidade unicamente dos Estados. (...) Essa
é também uma missão da sociedade e exige que cada um de nós assuma sua parcela de
responsabilidade porque a própria história nos mostra que não há comunidade democrática
sem o respeito a estes valores (Gorczevski, 2009, p. 229-230).
O bem universal é utopia, sabe-se disso, pois somos seres biológicos e culturais, com a
presença de mitos e crenças e a nossa definição de responsabilidade, de bem e de mal, depende de
como nos compomos do nosso nascimento a morte. Lembrando Heráclito: “viver de morte, morrer
de vida”. Resultando na trajetória frágil da religação no universo, porque os valores humanos estão
colocados em segunda instância, onde os bens são praticamente descartáveis e o consumo imediato.
Presenciamos uma “era de liquidez”, conforme Bauman (2007), onde o ser humano passa por uma
“despersonalização” adquirindo o estatuto de coisa a ser consumida, uma vida líquida em condições
de incerteza. Bauman diz que “a vida na sociedade líquido-moderna é uma versão perniciosa da
dança das cadeiras, jogada para valer. O verdadeiro prêmio nessa competição é a garantia
(temporária) de ser excluído das fileiras dos destruídos e evitar ser jogado no lixo” (2007, p. 10).
Nas expressões de Gorczevski (2009a, p. 38) “talvez porque vivemos momentos tão
sombrios, fruto do esquecimento dos valores primários, em especial da ética e da justiça, que
parecem evaporarem-se nestes novos tempos”. Na realidade, há uma negligência em relação à
proeminência da experiência vivida, induzida pela carência de uma autoética, visto que o egoísmo
prevalece sobre o altruísmo – que torna o sujeito fraterno. O sujeito deve incorporar os preceitos da
autoética, em que transcorre o principio da exclusão, no qual ninguém pode ocupar o espaço
egocêntrico do EU e pelo principio da inclusão, onde o EU transforma-se em NÓS.
A ética, isolada, não tem mais um fundamento anterior ou exterior que a justifique, embora
possa continuar presente no indivíduo como aspiração ao bem ou repugnância ao mal. Só
tem a si mesma como fundamento, ou seja, seu rigor, seu sentido do dever... Mas é no
indivíduo que se situa a decisão ética; cabe a ele escolher os seus valores e as suas
finalidades. (Morin, 2005a, p.29)
Para o autor Morin, a ética é a expressão da religação com o outro, com a comunidade, com
a humanidade. Nos indivíduos, as religações acontecem através da responsabilidade, da iniciativa e
da solidariedade. É a partir de sua dimensão ética que o ser humano faz suas escolhas, reflete sobre
seus ideais e seus valores. Para tanto, se faz necessária a educação como instrumento emancipatório
de cada sujeito “na medida em que proporciona a retomada de valores como ética e justiça,
aparentemente tão esquecidos” (Gorczevski e Konrad, 2013, p. 26).
Conforme os autores Arrial; Calloni (2015, p. 133) existem princípios operativos da ética
balizados na Teoria da Complexidade:
As ideias guias de ética, segundo Morin, administram uma autoética de si para si que
naturalmente flui em direção ao outro. Contudo, a autoética exige compreender-se e corrigir-se,
fazendo com que o sujeito experimente as angústias das incertezas éticas conduzidas à plenitude da
responsabilidade. O sentido de responsabilidade está imbricado na emergência para que cada ser
humano torne-se educador e instrutor dos direitos humanos. A educação deve ser a promotora
destes direitos, pautada nos preceitos éticos como um valor elementar para garantir o nosso destino
comum, a vida. Assim, refletir sobre ética é considerar o respeito aos direitos humanos, interligado
e interdependente com a cidadania e os vínculos para a cultura da paz.
Para os autores Gorczevski e Tauchen (2008, p. 73) “o desenvolvimento da capacidade de
perceber as consequências pessoais e sociais de cada escolha. Isto é, deve levar ao senso de
responsabilidade e comprometimento com a mudança daquelas práticas sociais que violam ou
negam os direitos de ser mais humano”. As ponderações de Gorczevski e Tauchen (2008)
entrelaçam-se com os autores Arrial; Calloni (2015, p. 134) na qual
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 512
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
Para a ética não basta ao sujeito a vontade da boa ação, mas de analisar se corresponde ao
que tencionava para si, para a sociedade e, no limite, para o planeta. É neste sentido que a
ética pode ser complexificada e entendida como um anel recursivo entre o querer, o dever e
o poder (O que posso fazer? O que devo fazer? O que quero fazer?). Como vemos, a noção
de ética complexa assume sua derradeira reflexão na ordem do cotidiano em que somos
instigados a decidir onde há ambivalências de desejos ou necessidades, mormente distintas
e contrárias entre si.
Os direitos humanos aparecem no Preâmbulo da Carta da Terra (2000) como condição para
a edificação de uma sociedade sustentável e pacífica para o século XXI.
Vale dizer que os direitos humanos são “supranacionais, que nascem com o homem, pois
que fazem parte da própria natureza humana” (Gorczevski e Tauchen, 2008, p. 68). São direitos
inalienáveis, são direitos absolutos, são direitos universais e naturais, exigíveis em qualquer Estado.
Em contrapartida, os direitos de cidadania são aqueles conquistados em uma sociedade política e
consequentemente estão vinculados ao Estado. Nesse contexto, “o respeito à liberdade de
associação, o direito de votar e ser eleito, de igualdade ante a lei, e outros tantos de caráter cívico e
político, são garantidos e exercidos nos limites de um determinado Estado”. (Gorczevski e Tauchen,
2008, p. 69). Os direitos humanos “dizem respeito a dignidade da natureza humana. São naturais,
também, porque existem antes de qualquer lei, e não precisam estar especificados numa lei, para
serem exigidos, reconhecidos, protegidos e promovidos” (Benevides, s.d, p. 5).
Como exemplo, nota-se inclusive quando uma cultura se sobrepõe a outra, desrespeitando os
direitos fundamentais. Sob esta ótica, é necessário educar para a os Direitos Humanos que significa
“ensinar a respeitar os direitos dos demais, é educar para a paz, para a tolerância, para o amor, é
ensinar a doar-se. É a exaltação dos feitos e das glórias do ser humano; é uma educação religiosa”
(Gorczevski e Tauchen, 2008, p. 69). A educação é uma ferramenta humanizadora, no sentido
Freiriano quer dizer, que a educação é promotora do “ser mais”, dignificante do ser humano e das
suas relações, afinal a humanidade é concretizada por práticas compartilhadas. E a edificação de
uma sociedade plena, em direitos e deveres, só ocorre mediante a educação, que agrega a efetivação
da cidadania. Nesta ótica, educar para os direitos humanos é zelar pelo respeito mútuo, com
direitos, deveres e ética, reconhecendo o que é melhor para si e para o outro sujeito. E, no
estabelecimento de uma cultura de paz, existe necessidade de valorização e respeito entre as
diferentes manifestações. Tarefa difícil no vislumbre da cultura da paz,
Para Gorczevski e Tauchen, “a cultura é tudo o que se expressa nos modos de agir, pensar,
relacionar, interpretar e atribuir sentido ao mundo e às coisas” (2008, p. 72). Portanto, a cultura tem
que estar estabelecida no contexto das inter-relações humanas; sociais, políticas e econômicas. “Não
é elemento estanque e independente, pelo contrário, movimenta-se dinamicamente e possui caráter
flexível e mutável” (Gorczevski e Tauchen, 2008, p. 72).
Concordando com o autor Gorczevski (2009), devemos ter consciência de que somos
múltiplos em nossas identidades (a genética é individual, a história que nos compõe, as relações
sociais, a espécie), assim cabe a cada um reduzir a fobia com relação ao outro sujeito. Entende-se
que o sujeito somente exercitará a cidadania se for afável para os direitos humanos, como fatores
complementares, sendo um o alicerce do outro, intrinsicamente vinculado.
Eis que a Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembleia Geral
das Nações Unidas (ONU) em 10/12/48, indicada seu correspondente na Constituição Brasileira de
1988, aborda o tema Dignidade Humana como “Todos os homens nascem livres e iguais em
dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros
com espírito de fraternidade”.
O espírito de fraternidade surge quando aceitamos a finitude da condição humana e
praticamos a interatividade entre os seres humanos através da instauração de uma prática ética.
Assim, “o direito do Outro à sua estranheza é a única maneira pela qual meu próprio direito pode
expressar-se, estabelecer-se e defender-se. É pelo direito do Outro que meu direito se coloca. “Ser
responsável pelo outro” e “ser responsável por si mesmo” vêm a ser a mesma coisa” (Bauman,
1999, p. 249).
Nossa orientação para a existência concreta se dará na compreensão das nossas limitações e
dos anseios perante o futuro. E como assevera Gorczevski e Tauchen (2008), deseja-se uma
formação que considere a igualdade em dignidade e em direitos para todos, com atitudes de
solidariedade a partir do desenvolvimento do reconhecer as consequências pessoais e sociais de
cada escolha. Educar em direitos humanos é a humanização do humano, é o educar de si e para si
desembocando no outro sujeito através dos vínculos sociais, culturais, políticos, econômicos e
históricos. É a promoção das categorias de convivência humana.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegando ao final desta reflexão, é possível identificar que o tema dos direitos humanos, da
cidadania e da ética apresenta uma série de abordagens, mas aqui embasada por Edgar Morin e
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RESUMO
Os problemas socioambientais estão cada vez mais visíveis e crescentes tornando-se um desafio a
ser enfrentado diariamente. Evidenciando, desta forma, a ação do homem quanto os seus hábitos,
costumes e cultura. Assim, a geração crescente dos resíduos sólidos são reflexos do nosso modo de
vida e comportamento, bem como das nossas ocupações profissionais, alimentação, higiene e
consumismo desenfreado. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é analisar como se dá o olhar da
comunidade diante dos principais impactos ambientais causados pelo descarte incorreto dos
resíduos sólidos no Rio Una, na cidade de Cachoeirinha-PE, a pesquisa caracteriza-se como
exploratória e descritiva. Tendo como embasamento teórico-metodológico uma pesquisa de cunho
qualitativo. Os dados foram colhidos por meio de entrevista, a discussão teve como base Bardin
(1977), considerando a técnica de análise de conteúdo. Os resultados obtidos demonstram que a
população local não percebe o impacto que causam ao ambiente no qual estão inseridos, de maneira
cultural degradam de forma antrópica o seu entorno, sendo necessário a promoção de vivências
através da Educação Ambiental que os façam repensar seus hábitos e atitudes tornando-se
sensibilizados a mudança de comportamentos em relação as questões ambientais
Palavras-chave: Problemas socioambientais. Educação. Ambiental;Cidadão.
ABSTRACT
Socio-environmental problems are increasingly visible and growing, becoming a challenge to be
faced daily. In this way, he demonstrates the action of man as his habits, customs and culture. Thus,
the growing generation of solid waste is a reflection of our way of life and behavior, as well as our
professional occupations, food, hygiene and unbridled consumerism. In this sense, the objective of
this work is to analyze how the community's view of the main environmental impacts caused by the
incorrect disposal of solid waste in Rio Uma, in the city of Cachoeirinha-PE, the research is
characterized as exploratory and descriptive. Having as a theoretical-methodological basis a
qualitative research. The data were collected through an interview, the discussion was based on
Bardin (1977), considering the technique of content analysis. The results obtained demonstrate that
the local population does not perceive the impact they cause to the environment in which they are
inserted, in a cultural way degrade their surroundings anthropically, being necessary the promotion
of experiences through Environmental Education that make them rethink their habits and attitudes
being sensitized the change of behaviors in relation to environmental issues.
Keywords: Problems Socio-environmental. Environmental. education; Citizen.
O consumismo sem limite vem ao longo dos anos promovendo uma quantidade excessiva e
crescente de resíduos sólidos, reflexos do nosso modo vida e comportamento diante das
necessidades e desejos tais como: alimentação, higiene, vestimentas, vaidades, e etc. Alavancando
um consumismo desenfreado. Assim, é interessante refletirmos sobre sua produção, seu descarte
correto e suas consequências para saúde humana, animais e plantas.
Diante dessa problemática a Educação Ambiental (EA) pode contribuir para compreensão e
sensibilização da sociedade perante os problemas socioambientais, como por exemplo, os resíduos
sólidos. Ou seja, tende a projetar uma modificação de atitudes e práticas mediante a relação entre o
ser humano e natureza a partir de uma relação mutualística e respeitadora considerando os limites
ecológicos (LOUREIRO, 2009).
Matos e Rovella (2010) destacam que o desenvolvimento não está apenas ligado ao conceito
econômico, mas se alarga em outras dimensões tanto políticas quanto social, tornando-o mais
completo e intangível. Com isso podemos dizer que se faz necessário uma profunda reflexão sobre
este tema, na tentativa de compreender ainda mais suas interferências nos princípios públicos e
sociais em que está inserida a sociedade. Por outro lado, recolhe-se também o desenvolvimento
como uma condição humana, e não apenas uma condição econômica, em que se faz necessário que
o mesmo esteja comprometido com uma melhor qualidade de vida, respeitando o meio ambiente.
Não se pode discutir EA sem fazer referência à temática desenvolvimento e suas
interferências na sociedade. Assim, o desenvolvimento econômico, geralmente, tem estado ligado
diretamente às causas de impactos ambientais, mediante a seus princípios capitalistas. De acordo
com Carvalho et al; (2015), o desenvolvimento econômico baseado no capitalismo é incompatível
com o desenvolvimento sustentável, uma vez que este alcança uma dimensão holística na relação
entre os seres humanos e entre a humanidade e a natureza não contemplada pelo capitalismo.
Corroborando, Dias (2006) afirma que a Revolução Industrial a partir do modo de produção
da época intensificou a degradação do Meio Ambiente (MA). Consequentemente, implicaram na
transformação social e econômica, frutos do crescimento econômico e riquezas. Esse
acontecimento, além de intensificar o uso dos recursos naturais, também acarretou em um aumento
de poluentes lançados no meio ambiente, acarretando sérios problemas aos ecossistemas. Desse
modo, o desenvolvimento econômico ao atingir o seu ápice, neste processo revolucionário da
sociedade capitalista, resultou em transformação em todo o mundo. Pois, o mesmo nem sempre
considerou as questões ambientais, visando apenas o lucro.
O referido modelo tornou-se incapaz de conciliar as necessidades e exigências consumistas
com as condições básicas que garantissem a qualidade de vida da sociedade baseada no
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diante da realidade vivenciada pela maioria das cidades do agreste pernambucano, a então
pesquisa buscou sistematizar os problemas ambientais locais vivenciadas na cidade de
Cachoeirinha-PE e analisar como a comunidade local percebe esses problemas.
Figura1 e 2: Poluição do Rio Una no município de Cachoeirinha PE, nas proximidades do centro da cidade.
As figuras acima mostram o descaso da população com o rio. Pois, os mais variados tipos de
resíduos sólidos e esgotos são lançados diariamente nas suas margens. Acarretando assim, no seu
assoreamento e consequentemente mortalidade da fauna e flora que dependem de suas águas para
sobrevivência das espécies. Corroborando Silva (2015) afirma que a destruição da mata ciliar do
Una fez com que suas margens fossem tomadas pela malha urbana. Acarretando, diariamente, no
despejo de efluentes domésticos e deposição de lixo. Consequentemente, tem ocasionado enchentes
e inundações, principalmente nas cidades de Cachoeirinha e Palmares (GOMES et al. 2009).
Também o fato acima pode ser atribuído ao processo acelerado e desorganizado de
urbanização ocorrido nas últimas décadas no município de Cachoeirinha, que segundo dados do
“[...] tem pessoas que não respeitam o horário da coleta de lixo, deixando-o nas ruas ou
jogam no rio. Além da sujeira e mau cheiro que fica, sofremos muito com as ‘muriçocas’
ratos e moscas e em tempos com a Dengue e Chikungunya”.
“sempre tem problemas com lixo, pois mesmo a coleta passado duas vezes por semana, é
comum o lixo pelas ruas da cidade. [...] também, pessoas de ruas mais distantes e até do
comercio vem jogar o lixo aqui no rio [...] mesmo quando o pessoal da prefeitura limpa, no
mesmo dia já jogam lixo.”
Sobre os relatos acima, Silva (2015) afirma que as apropriações dos leitos dos rios refletem
a desigualdade social, o que demostra a omissão do poder público em aplicar uma legislação
ambiental para o uso adequado do solo urbano, como também utilizar campanhas junto as escolas e
outros setores da sociedade que sensibilizem a comunidade para mudanças de hábitos e atitudes
perante o meio ambiente.
Por outro lado, o simples ato de coleta de resíduos sólidos, política de muitas cidades
pernambucanas, não tem surtido muito efeito. Considerando a cultura de grande parte da população
de não refletir sobre o seu consumismo desorganizado e, consequentemente, destino dos seus
resíduos.
Diante disso, mesmo com administração pública realizando o seu trabalho de limpeza do
leito do rio e ruas da cidade, se não tiver um envolvimento de toda a comunidade no repensar dos
seus costumes e hábitos, além de mudanças de atitudes, ela sempre será ineficiente e inútil. Assim,
é necessário um olhar mais atento, pois de acordo Mucelin e Bellini (2008), os moradores das áreas
urbanas, devido as suas ocupações do cotidiano, não conseguem observar o meio em que vivem,
consequentemente, não percebem situações geram graves impactos ambientais. Dessa forma, a
poluição visual e o descarte inadequado do lixo, por exemplo, geralmente, passam a ser vista pelos
mesmos como normais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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em: 23 jan. 2018.
RESUMO
A poluição atmosférica é uma das grandes causas do desequilíbrio na natureza, e que mais afeta
diretamente o ser humano. De forma objetiva, esse tipo de poluição é resultante da emissão de gases
poluentes e/ou de partículas sólidas na atmosfera, podendo dar origem ao efeito estufa, a alterações
climáticas, a problemas de saúde nos seres humanos, entre outros. O presente trabalho aborda temas
relevantes relacionados à poluição atmosférica, bem como os tipos de poluentes, impactos ao meio
ambiente, importância das legislações no âmbito nacional, e estratégias a fim de minimizar a
poluição em questão.
Palavras-chave: Poluição Atmosférica; Impacto ambiental, Legislação.
ABSTRACT
Air pollution is one of the major causes of the imbalance in nature, and that most directly affect the
human being. In an objective way, this type of pollution is caused by the emission of gaseous
pollutants and/or solid particles into the atmosphere, which can lead to the greenhouse effect,
climate change, health problems in humans, among others. This paper addresses relevant issues
related to air pollution, as well as the types of pollutants, impacts on the environment, the
importance of national legislation, and strategies to minimize the pollution in question.
Keywords: Atmospheric pollution; Environmental Impact, Legislation.
INTRODUÇÃO
A primeira grande mudança no modo de vida do homem, até então marcado principalmente
pelas atividades de caça e pesca para a subsistência, foi o desenvolvimento da agricultura. Sua
expansão juntamente com o aumento populacional contribuiu para os primeiros desmatamentos, não
somente para a obtenção de terras cultiváveis como também para a utilização de árvores como
combustível (JUNQUEIRA, 2002).
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 529
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
A partir da segunda metade do século XVIII, durante o período da Revolução Industrial, se
iniciou um processo contínuo de produção em massa. Tendo ocorrido inicialmente na Inglaterra, a
industrialização foi almejada depois pela Alemanha, Estados Unidos, Japão e França, hoje
considerados países centrais (KOSHIBA, 2004).
Devido ao crescimento das populações e das necessidades de consumo, as indústrias
cresceram consideravelmente em número, áreas de atuação e variedade de produtos. Entretanto, a
disciplina e a preocupação com o meio ambiente natural não se fizeram presentes durante muitos
anos, tendo como resultado problemas ambientais de grandes dimensões (LEAL et al., 2008).
O avanço tecnológico e da industrialização ocasionam uma pressão para obtenção de lucros
e melhores desempenhos, com isso surge uma exploração desenfreada dos recursos naturais,
afetando o meio ambiente e gerando impactos negativos. Segundo Juras (2015), a poluição é sem
dúvida umas das extremidades mais marcantes do modo de produção e consumo da sociedade
moderna, que tem a indústria como uma de suas características marcantes. Sendo assim, o principal
impacto da crescente atividade fabril foi o aumento da concentração de gases de efeito estufa na
atmosfera (PINHEIRO, 2010).
Além da utilização intensiva dos recursos naturais, os rejeitos dos processos produtivos
lançados no meio ambiente resultaram no acúmulo de poluentes acima da sua capacidade de
suporte, gerando a poluição. Esta passa de uma dimensão local – degradação dos corpos hídricos,
dos solos e da qualidade do ar – para uma dimensão regional – chuvas ácidas – e global – mudanças
climáticas e depleção da camada de ozônio (LUSTOSA, 2011).
De acordo com Mota (2000), nem sempre é fácil estabelecer uma relação direta entre
determinado poluente e os efeitos que o mesmo provoca no ambiente. A dispersão do poluente no
ar, a distância alcançada por sua concentração e o tempo de exposição ao mesmo são alguns fatores
que influenciam na ocorrência de impactos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Poluição Atmosférica
É possível observar que a região norte do Brasil apresenta um resultado bastante diferente
das outras regiões do país, constatando um descaso a esta questão. Alguns órgãos ambientais
estaduais informam que realizam o monitoramento da qualidade do ar, porém nem sempre os
boletins de monitoramento apresentam-se devidamente atualizados em relação aos anos anteriores,
retratando uma realidade incerta a respeito do monitoramento.
Legislação
Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente
amostras representativas dos ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício das
gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento
(ESTOCOLMO, 1972).
Princípio 6:
Deve-se pôr fim à descarga de substâncias tóxicas ou de outros materiais que liberam calor,
em quantidades ou concentrações tais que o meio ambiente não possa neutralizá-los, para
que não se causem danos graves e irreparáveis aos ecossistemas. Deve-se apoiar a justa luta
dos povos de todos os países contra a poluição (ESTOCOLMO, 1972).
Alguns anos mais na frente, a proteção à atmosfera foi citada na Carta Mundial pela
Natureza de 1982, na qual seu Quarto Princípio Geral de Conservação dispõe:
[...] os recursos atmosféricos utilizados pelo homem devem ser administrados de forma a se
alcançar e manter-se uma produtividade sustentável ideal, mas não de tal maneira que possa
pôr em perigo a integridade de outros ecossistemas e espécies com as quais coexistem.
(ONU, 1982)
A Paraíba não possui legislações na temática em questão e por isso segue as normativas
citadas anteriormente, porém, em outros estados próximos alguns avanços já podem ser notados. No
Rio Grande do Norte, a Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP)
apresenta um importante Instrumento de Identificação de Municípios de Risco (IIMR) através do
programa de Vigilância em Saúde de Populações Expostas à Poluição Atmosférica (VIGIAR). Com
o auxílio deste programa torna-se possível identificar os indicadores ambientais e de saúde
existentes no território em questão (SESAP, 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo Mirra (1994), é direito fundamental da pessoa humana, como forma de preservar a
vida e a dignidade das pessoas – núcleo essencial dos direitos fundamentais, pois ninguém contesta
que o quadro da destruição ambiental no mundo compromete a possibilidade de uma existência
digna para a Humanidade e põe em risco a própria vida humana.
De acordo com a Cetesb – Meio Ambiente – Prevenção à Poluição (2003), a estratégia de
redução ou eliminação de resíduos ou poluentes na fonte geradora consiste no desenvolvimento de
ações que promovam a redução de desperdícios, a conservação de recursos naturais, a redução ou
eliminação de substâncias tóxicas (presentes em matérias primas ou produtos auxiliares), a redução
da quantidade de resíduos gerados por processos e produtos, e consequentemente, a redução de
poluentes lançados para o ar, solo e águas.
Como estratégia é necessário ter sempre obsessão em gerenciar os riscos ambientais,
reconhecendo os pontos vulneráveis do processo e reagir com eficácia às crises. O compromisso
ambiental não pode ser apenas das organizações defensoras do meio ambiente, deve ser uma atitude
de toda a sociedade.
AZUAGA, D. Danos ambientais causados por veículos leves no Brasil. 2000. 193p. Dissertação
(Mestrado em Planejamento Energético) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
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Vigiar do Rio Grande do Norte (nº 4). VIGIAR, Natal, 2015.
RESUMO
A presente pesquisa tem como objetivo o desenvolvimento de um estudo teórico-crítico sobre um
tema que vem se tornando inevitável na sociedade contemporânea: a teoria do risco e o Princípio de
Precaução. O tema será estudado a partir do olhar transversal com a Ética do Cuidado. Quando
conciliamos essas visões, podemos observar o surgimento de vários questionamentos sobre os
conceitos abordado, que procuram estabelecer compreensões para os problemas ambientais
enfrentados pela sociedade atual, tendo em vista as possíveis soluções destes problemas para não
comprometer o ambiente das futuras gerações. Quando falamos de risco, estamos sujeitos a várias
interpretações, por isso é necessário delimitar um enfoque, que, nesse estudo, é o risco ambiental na
contemporaneidade, analisando o problema da vulnerabilidade diante vários aspectos. O tema,
devido a sua complexidade, exige um olhar multidimensional na medida em que a questão do risco
e das ameaças ao meio ambiente em geral implicam numa reflexão de ordem coletiva, onde os
sujeitos se acham nivelados num plano de dificuldades e restrições comuns, exigindo, portanto,
decisões e estratégias de enfrentamento em nível global. A opção metodológica deste estudo tem
como base a pesquisa exploratória por meio de revisão bibliográfica e análise crítica de referenciais
teóricos da teoria do risco, do princípio de precaução e da ética do cuidado. Espera-se com esta
pesquisa compreender de forma crítica os conceitos fundamentais da teoria do risco, do princípio de
precaução e da ética do cuidado.
Palavras-chave: teoria do risco, princípio de precaução, Ética do cuidado.
ABSTRACT
The present research aims to develop a theoretical-critical study on a theme that is becoming
inevitable in contemporary society: the theory of risk and the Precautionary Principle. The theme
will be studied from the transversal look with the Ethics of Care. When we reconcile these visions,
we can observe the progress of several questions about the concepts covered, that look to stablish
comprehensions to the environmental problems faced by the actual society, in view of the possible
solutions to these problems to do not compromise the environment of the next generations. When
we speak of risk, we are subject to several interpretations, so it is necessary to delimit an approach,
which, in this same study, is the environmental risk in the contemporary world, analyzing the
problem of vulnerabilities in various aspects. Due to its complexity, the theme requires a
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A opção metodológica deste estudo tem como base a pesquisa exploratória por meio de
revisão bibliográfica e análise crítica dos referenciais teóricos da teoria do risco, do princípio de
precaução e da ética do cuidado. São esses referenciais que elucidarão os conceitos fundamentais
estudados da pesquisa
Assim, para a execução da pesquisa, inicialmente, será realizada uma ampla revisão da
literatura que será analisada criticamente para a produção dos conhecimentos necessários a
fundamentação teórico-crítica do estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sem dúvida, sob o ponto de vista ecológico e ambiental, a humanidade experimenta uma
realidade de incertezas sob a maximização da degradação do meio ambiente - poluição atmosférica,
chuvas ácidas, mortes dos rios, mares e oceanos - que comprova a ação devastadora do homem.
Apesar da questão ambiental se incorporar à proteção do ordenamento jurídico pois o direito de
viver num ambiente ecologicamente equilibrado foi erigido à categoria de Direito Humano
Fundamental, isto não se traduz como uma perspectiva capaz de enfrenta a contento o desafio de
proteção do meio ambiente em que vivemos, Urge, porém, a construção de novas estratégias dentro
das quais se inclui a educação de uma consciência reflexiva capaz de enfatizar uma ampla discussão
sobre a dimensão ética da relação homem/ vida/ ambiente.
Entretanto, não há como descurar dos princípios que norteiam a defesa do meio ambiente
pelo direito, mas uma vez que esta âncora institucional de fundamento princípio lógico exerce uma
importante reserva legal na defesa e proteção ambiental e, consequentemente, da vida humana.
Seguindo de perto a caracterização princípio lógica que exerceu enorme influência na formalização
do direito ambiental, pode-se alinhar sete princípios fundamentais: Princípio do Direito Humano
Fundamental, Princípio Democrático, Princípio da Preocupação, Princípio da Prevenção, Princípio
da Responsabilidade, Princípio do equilíbrio e Princípio do Limite.
No tocante à caracterização destes princípios, o Princípio do Direito Humano Fundamental,
consagrado nos princípios 1 e 2 da Declaração de Estocolmo e reafirmado na Declaração do Rio,
considera a proteção ao meio ambiente como um direito difuso, já que é um direito que pertence a
todos.
O Princípio Democrático assegura ao cidadão o direito à informação e a participação na
elaboração das políticas públicas ambientais, no sentido de que a ele deve ser assegurado os
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir destas considerações de base, o enfrentamento teórico que subsidia esta abordagem
sobre o risco exige uma demarcação conceitual e um delineamento do problema analisado. De fato
a palavra risco é um substantivo de forte carga polissêmica e surge em vários domínios diferentes
como uma tentativa de identificar ações, atos, decisões ou ameaças que assumem para a pessoa
humana perigo iminente. Assim, a palavra risco tanto pode ser aplicada de forma gramatical,
buscando designar uma função na frase, como pode ser utilizada para designar “aquilo” que se põe
como perigo e ameaça iminente à vida humana e social.
Em outro sentido, por exemplo, segunda a digressão etimológica apontada por Bernstein
(1997), a palavra risco é derivada do vocábulo “riscare”, que significa ousar. Assim, risco seria
uma opção e não um destino.
Contudo, é preciso ponderar que a avaliação de risco não é tarefa fácil, considerando o fato
de que o conceito de risco associa-se a inúmeras possibilidades e ao encadeamento entre um fato de
risco e um dano geralmente não explicado. Na opinião de Castiel (1999), o conceito de risco é
tomado para identificar graus variados de vulnerabilidade no que diz respeito às alterações
relacionadas à natureza, à vida social ou subjetiva da pessoa, não havendo uniformidade no
tratamento do problema, o que tem acarretado dificuldades para a abrangência do tema num único
estudo, devido ao número de variáveis nele implícito. Além da complicação de ser o tema ainda
pouco explorado na literatura científica nacional, especialmente no campo da Gestão Ambiental.
Por outro lado, é de bom alvitre informar que a temática em questão vem sendo objeto de
discussão no âmbito das políticas públicas em meio ambiente e no campo das recomendações
deontológicas de utilização de procedimentos técnicos que envolvem questões ligadas a ações de
“alto risco”. Mas, isso se restringe a ações tangencialmente localizadas, sem encarar a questão do
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RESUMO
O Brasil é um país extremamente rico em biodiversidade e recursos naturais, mas o aumento das
ações antrópicas em busca de bens financeiros tem diminuído cada vez mais a oferta desses bens
ambientais. Com a necessidade de uma legislação que alie ambiente e economia foram criados dois
instrumentos importantes na gestão dos bens ambientais, a valoração e o pagamento por serviços
ambientais. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão da literatura sobre a
situação atual dos bens e serviços ambientais no Brasil e perspectivas futuras sobre essas questões.
Utilizou-se como ferramentas de pesquisa as plataformas ScienceDirect, SciELO, Google, Google
Acadêmico e Portal do Governo (Federal e dos Estados). No estudo foi verificado que existem
diferentes definições para serviços ecossistêmicos e que o pagamento por serviços ambientais no
Brasil ainda é precário e abrange poucos estados da federação, não existindo ainda uma lei
específica de unificação nacional sobre o assunto, no entanto, houve um crescimento considerável
de leis estaduais relacionadas ao tema nos últimos anos. Analisando o cenário atual, estima-se que
haja um aprimoramento nas questão político-econômica-ambiental, de forma que todos os estados
do país tenham com uma legislação clara e objetiva sobre os serviços ambientais existentes.
Palavras-chave: Serviços ecossistêmicos; Valoração ambiental; Pagamento por serviços ambientais;
Legislação ambiental.
ABSTRACT
Brazil is a country extremely rich in biodiversity and natural resources, but the increase of anthropic
actions in search of financial assets has increasingly diminished the supply of these environmental
goods. With the need for legislation that combines environment and economy, two important
instruments have been created in the management of environmental goods, valuation and payment
for environmental services. Therefore, the objective of this paper was to review the literature on the
current situation of environmental goods and services in Brazil and future perspectives on these
issues. We used as research tools the platforms ScienceDirect, SciELO, Google, Google Scholar
and Government Portal (Federal and State). In the study it was verified that there are different
definitions for ecosystem services and that the payment for environmental services in Brazil is still
precarious and covers few states of the federation, and there is no specific law of national
unification on the subject, however, there was a considerable growth of state laws related to the
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
No presente estudo foi realizada uma revisão da literatura sobre o assunto “Bens e serviços
ambientais no Brasil” utilizando como ferramentas de pesquisa as plataformas ScienceDirect,
SciELO, Google, Google Acadêmico e Portal do Governo (Federal e dos Estados). Foram utilizadas
as palavras-chave: bens e serviços ambientais; valoração ambiental; pagamento por serviços
ambientais; lei nacional de pagamento por serviços ambientais; leis estaduais de pagamento por
serviços ambientais.
REVISÃO
A definição exata de bens e serviços ambientais ainda é meio controversa entre os autores,
visto que são utilizadas várias definições para a expressão. Para Parron et al. (2015) serviços
ambientais ou serviços ecossistêmicos “são os benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas”,
Tabela 1. Classificação dos serviços ambientais. Fonte: Millennium Ecosystem Assessment (2005); Parron et
al. (2015)
CATEGORIAS EXEMPLOS
Turismo e lazer.
Culturais
Valores: estéticos (paisagem), espirituais, religiosos e educacionais/culturais
Pagamento por serviços ambientais (PSA) podem ser definidos como uma transação
voluntária onde um serviço ambiental é comprado sob condição de que o provedor garanta a
provisão deste serviço (WUNDER, 2008). Apesar do conceito de PSA variar bastante este é o mais
aceito atualmente (GUEDES; SEEHUSEN, 2011).
O PSA é um instrumento que gera oportunidade de melhoria da relação entre uso da terra e
conservação dos recursos naturais (GRIMA et al., 2016).O Projeto de Lei n. 312/2015, sobre a
política nacional de PSA prevê que o produtor rural que tomar medidas para preservar áreas ou
desenvolver iniciativas de preservação ou recuperação ambiental em sua propriedade, pode ser
recompensado financeiramente por isso (BRASIL, 2015).
O pagamento por serviços ambientais é uma ferramenta de gestão ambiental recente e que
vem crescendo desde da implementação da Constituição de 1988 onde atribui-se a função de
preservação do ambiente aos cidadãos. O referido artigo 225 diz que “Poder Público e a
coletividade tem o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras
gerações” (BRASIL, 1988).
A Lei federal nº 12.651/2012 que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa também foi
um importante ponto, por mencionar de forma explícita pela primeira vez o termo Pagamentos por
Serviços Ambientais (FERNANDES; GOMES, 2017). O capítulo X que trata exatamente sobre os
programas de apoio a preservação e recuperação ambiental cita no art. 41 inciso I exemplos de
pagamento por serviços ambientais prestados como, conservação dos recursos hídricos, do solo e da
biodiversidade, manutenção das áreas de preservação permanente, e sequestro de carbono
(BRASIL, 2012).
Atualmente no Brasil não existe lei federal específica sobre pagamentos por serviços
ambientais, entretanto, o assunto está ganhando espaço no Congresso Nacional. Tramita na Câmara
dos Deputados o Projeto de Lei 312/2015 que institui o Programa Nacional de Compensação por
Serviços Ambientais (PNCSA) e o Fundo Federal de Compensação por Serviços Ambientais
(FFCSA), objetivando incentivar os proprietários rurais a promoverem, no âmbito de suas
propriedades, ações destinadas à preservação ambiental (BRASIL, 2015).
Enquanto isso, as medidas atuais adotadas são aplicação de multas, apreensões irregulares e
repressão dos que exploram os bens ambientais de forma ilegal e descontrolada (FERNANDES;
GOMES, 2017), mesmo essas medidas não apresentando resultados satisfatórios (BASTOS, 2007).
Figura 1 - Estados que possuíam leis que instituem o PSA até 2012. Fonte: SANTOS et al. (2012).
Em alguns estados, as leis não tratam diretamente de Pagamento por Serviços Ambientais,
mas seu conteúdo possui normas a respeito, como ocorre em leis sobre recursos hídricos (Rio de
Janeiro) e mudanças climáticas (Amazonas e São Paulo). Em alguns estados, como Acre, Amazonas
e São Paulo, as leis também mencionam a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação
Florestal (REDD+) (SANTOS et al., 2012).
Atualmente, depois da elaboração do mapa de Santos et al. (2012) (Figura 1), mais alguns
estados avançaram na criação de leis específicas ao PSA, como os estados da Paraíba - Lei nº
10.165/ 2013 (BRASIL, 2013), Bahia - Lei nº 13.223/2015 (BRASIL, 2015), e Pernambuco - Lei
nº15.809/2016 (BRASIL, 2016).
É necessário entender que as políticas de PSA não devem se confundir com privatização,
quando funções públicas são transferidas a particulares, devendo a sua estruturação ser bastante
clara na definição dos objetivos centrais, ligados à preservação ambiental, mas também a aspectos
sociais específicos aos diferentes contextos, mantendo práticas coletivas e organizacionais
existentes (NUSDEO, 2012).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Lei Estadual nº 10.165 de 25 de novembro de 2013. Dispõe sobre a Política Estadual de
Pagamento por Serviços Ambientais, autoriza instituir o Fundo Estadual de Pagamento por
Serviços Ambientais, Paraíba, 2013.
BRASIL. Lei Estadual nº 15.809 de 17 de maio de 2016. Institui a Política Estadual de Pagamento
por Serviços Ambientais, cria o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais e o
Fundo Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais, Pernambuco, 2016.
BRASIL. Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. 2012.
BRASIL. Projeto de Lei nº 312. Institui a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais.
2015.
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RESUMO
O avanço da globalização e modernização do mundo em que vivemos, atrelados à industrialização,
às expansões urbanas e ao desenvolvimento científico e tecnológico tiveram como consequência um
consumo desenfreado, o aumento das disparidades sociais e econômicas locais e globais, o aumento
da pressão por recursos naturais, levando a uma consequente degradação ambiental. A partir deste
quadro caótico, os países buscaram novas formas de desenvolvimento. O Brasil revisou padrões de
produção e consumo e a adotou novos referenciais de sustentabilidade ambiental nas instituições da
administração pública. Iniciativas e legislações ambientais foram criadas buscando incentivar
órgãos e instituições públicas federais a implementar ações voltadas ao uso racional de recursos
naturais, promovendo a sustentabilidade ambiental e socioeconômica na Administração Pública
Federal. No âmbito da Justiça Federal, o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução
n°201/2015, o qual integrou vários normativos buscando a promoção da sustentabilidade na
organização judiciária brasileira. O presente artigo objetiva analisar a implantação da
sustentabilidade coorporativa em três órgãos do judiciário federal na Paraíba. No estudo foi possível
verificar que, apesar de desenvolverem práticas sustentáveis previstas na Resolução n°201/2015,
uma das corporações não implantou o Plano de Logística Sustentável e as demais implantaram mas
satisfizeram apenas alguns dos indicadores de desempenho de sustentabilidade corporativa. Como
conclusão, o estudo demonstra que os desafios para a implantação da sustentabilidade corporativa
no judiciário estão relacionados ao nível de envolvimento da alta administração e dos colaboradores
com a temática, a posição estratégica que ocupa o núcleo socioambiental, bem como a existência de
séries históricas para o monitoramento de indicadores de desempenho.
Palavras Chave: Sustentabilidade Corporativa, Poder Judiciário, Ações sustentáveis
ABSTRACT
The advance of globalization and modernization of the world we live in, linked to industrialization,
urban expansion and scientific and technological development have resulted in uncontrolled
consumption, increased local and global social and economic disparities, increased pressure for
natural resources, leading to a consequent environmental degradation. From this chaotic picture, the
Countries sought new forms of development. Brazil, in turn, revised production and consumption
patterns and adopted new environmental sustainability benchmarks in public administration
institutions. Initiatives and environmental legislation were created and had as main objective to
encourage federal public bodies and institutions to implement actions aimed at the rational use of
1. INTRODUÇÃO
2. SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA
Cambaúva (2013) afirma que é preciso ter em mente que promover a sustentabilidade
ambiental e socioeconômica na administração pública federal envolve redução de gastos com
diversos serviços, desde a limpeza e segurança, telefonia, até água e energia elétrica.
Venturini et al (2015) expõe de forma sintética as práticas sustentáveis realizadas ou que
podem ser implementadas pela administração pública em cada eixo do modelo Triple Bottom Line.
No eixo ambiental podemos citar as licitações sustentáveis, criação e implementação de
ferramentas de avaliação sobre sustentabilidade, etc. No eixo econômico podemos citar o uso
racional de energia elétrica, evitar desperdício de água, implantação do processamento eletrônico,
etc. No eixo social podemos citar a busca pela melhoria da qualidade de vida, segurança no
trabalho, etc. A seguir são descritas iniciativas de sustentabilidade em órgãos públicos no Brasil.
4. METODOLOGIA
Neste estudo foi realizada uma revisão bibliográfica sobre sustentabilidade corporativa no
setor público e realizado um estudo de caso. Segundo Yin (2001) o estudo de caso investiga um
fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, especialmente quando os limites
entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.
Trata-se também de um estudo qualitativo onde Tesch (1990) define que em estudos
metodológicos que abordem dados qualitativos a principal ferramenta intelectual é a comparação. O
mesmo autor declara que os dados obtidos, podem ser comparados com modelos já definidos, com
dados de outras pesquisas e também com os próprios dados.
Seguindo os pressupostos de Yin (2001), buscou-se analisar o cenário do judiciário federal
no estado da Paraíba, a partir dos dados qualitativos obtidos nas 3 (três) unidades de estudo, visando
descrever os desafios encontrados em cada organização para a implantação da sustentabilidade
corporativa e apresentar um quadro comparativo das práticas de sustentabilidade, seus indicadores e
desempenhos obtidos.
5. RESULTADOS
Após coleta das informações, de acordo com a metodologia descrita acima, as unidades
judiciárias, nomeadas por organizações “a”, “b” e “c” foram analisadas e os resultados encontram-
se demonstrados nos subtítulos a seguir.
Foi verificado na organização “A” que antes da criação do núcleo socioambiental algumas
ações sustentáveis já eram executadas: 1 - licitações com critérios sustentáveis; 2 - utilização do e-
mail institucional como ferramenta de comunicação interna, reduzindo o consumo de papel.
O Núcleo Socioambiental era composto por membros que desenvolvem as atividades deste
setor cumulativamente a outras atribuições institucionais. Na estrutura da organização o núcleo
socioambiental é subordinado ao Núcleo de Administração, sendo este subordinado à Secretaria
Administrativa que está diretamente ligada à Alta Administração, conforme figura 1 abaixo.
Alta Administração
Secretaria
Administrativa
Núcleo de
Administração
Núcleo
Socioambiental
Fonte: Dados da pesquisa.
Foi verificado na organização “B” que antes da criação do núcleo socioambiental algumas
ações sustentáveis já eram executadas: 1 - licitações com critérios sustentáveis; 2 – coleta seletiva e
destinação de material reciclado para cooperativas; 3 – capacitação e sensibilização de servidores.
O Núcleo Socioambiental era composto por 10 membros, dentre os quais apenas 1 membro
desenvolvia as atividades deste setor com exclusividade. Na estrutura da organização o núcleo
socioambiental está subordinado à Assessoria de Planejamento Estratégico e Gestão, que está
diretamente ligada à Alta Administração, conforme figura 2 abaixo.
Alta Administração
Assessoria de
Planejamento
Estratégico e Gestão
Núcleo
Socioambiental
Fonte: Dados da pesquisa
Foi verificado na organização “C” que antes da criação do núcleo socioambiental eram
realizadas capacitações sobre responsabilidade socioambiental aos servidores, bem como eram
realizadas licitações utilizando critérios sustentáveis.
O Núcleo Socioambiental foi criado no ano de 2017, composto por 3 membros titulares,
dentre os quais apenas 1 membro desenvolve as atividades deste setor com exclusividade. Na
estrutura da organização o núcleo socioambiental é subordinado à Assessoria de Gestão Estratégica,
subordinada à Secretaria Geral, diretamente ligada à Alta Administração, conforme figura 3 abaixo.
Alta Administração
Secretaria Geral
Assessoria de Gestão
Estratégica
Núcleo
Socioambiental
Fonte: Dados da pesquisa.
67O quadro trata de uma análise comparativa de ações sustentáveis implantadas em três unidades judiciárias federais do
estado da Paraíba, estudadas em relação aos principais aspectos abordados na referida pesquisa.
6. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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RESUMO
O processo de reciclagem oferece diversos fatores positivos como a preservação dos recursos
naturais, aumento da vida útil dos aterros sanitários, além de proporcionar a geração de renda para a
população que não possui mão de obra qualificada para o mercado de trabalho. Essa população que
trabalha na segregação dos resíduos sólidos é denominada de catador, que possuem uma função
importante no contexto da reciclagem e dos processos de gestão de resíduos sólidos, uma vez que
realizam a triagem dos resíduos sólidos recicláveis e os encaminha para comercialização. Desta
forma, o presente trabalho teve como objetivo analisar os acidentes de trabalho e as condições de
vida dos catadores nos núcleos de coleta seletiva no município de João Pessoa/PB - Brasil. Assim,
foi verificado que os catadores sentem dores na coluna e nas articulações, provocadas pela falta de
postura e da falta de descanso durante a jornada de trabalho. Também foram constatados a
ocorrência de acidentes por objetos perfurocortantes, devido a falta do uso de equipamentos de
proteção individual (EPI’s). A presente pesquisa identificou ainda que a maioria dos catadores
entrevistados não estão assegurados pelas leis trabalhistas brasileiras e, que não contam com auxílio
quando necessitam se afastarem de suas atividades.
Palavras-chave: Associação; Reciclagem; Segregação; Atividade insalubre.
ABSTRACT
The recycling process offers various positive factors as the preservation of natural resources,
increased useful life of landfill sites, in addition to providing income generation for the population
which has no skilled labor market job. This population working on segregation of solid waste is
called dung, which have an important role in the context of recycling and solid waste management
processes, once performing sorting of recyclable solid waste and the forwards to marketing. Thus,
the present work had as objective to analyze the accidents at work and the living conditions of
scavengers in the nuclei of selective waste collection in the city of João Pessoa/PB-Brazil. So, it
was verified that the pickers feel pain in the spine and joints, caused by a lack of attitude and lack of
rest during the working day. Were also observed the occurrence of accidents for objects with sharp
objects, due to a lack of the use of individual protection equipment (EPIs). The present research has
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
A presente pesquisa foi desenvolvida no mês de agosto de 2017 nos núcleos de coleta
seletiva localizados nos bairros Bessa, Cabo Branco, Bairro dos Estados e Jardim Cidade
Universitária. A metodologia foi composta por um levantamento bibliográfico referente ao tema,
visitas in loco, no qual foi possível uma observação sistêmica dos locais e a aplicação de
questionários. Os questionários foram aplicados aos catadores do núcleo do Bessa, Cabo Branco,
Bairro dos Estados e Jardim Cidade Universitária (Caiq). As variáveis contempladas neste
questionário foram socioeconômicas, demográficas e de saúde do trabalhador.
Nas variáveis socioeconômicas foram consideradas questões referentes sobre a renda,
moradia (própria, cedida ou alugada) e de que maneira foi realizada a construção das residências
(tijolo, taipa, madeira, papelão). As variáveis demográficas verificam as questões relacionadas a
idade dos catadores, sexo, escolaridade, forma de catação (associado, autônomo, cooperado) e
escolha da profissão de catador. Já nas variáveis de saúde do trabalhador foram considerados se os
trabalhadores utilizavam EPIs, quais EPIs eram utilizados, horas trabalhadas por dia, se tiveram
algum problema de saúde, e quais eram esses problemas, também foi avaliado se esses
trabalhadores contribuíam com a previdência social (INSS).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1: Variáveis socioeconômicas do núcleo do Bessa, Cabo Branco, Estados e Caiq no ano de 2017
Fonte: Autores, 2017.
Núcleos Bessa Cabo Branco Estados Caiq
Entrevistados 8 100% 6 100% 4 100% 11 100%
Tijolo 6 75% 2 33,33% 4 100% 8 72,72%
Taipa 1 12,5% 2 33,33% 0 0 1 9,09%
Madeira 1 12,5% 2 33,33% 0 0 0 0
Outros 0 0 0 0 0 0 2 18,19%
Moradia
De acordo com os resultados da Tabela 1, observa-se que 75% dos catadores do núcleo do
Bessa moram em casa de tijolo, mas ainda existe certa porcentagem de moradores que moram em
casas de taipa e madeira. No núcleo do Bairro dos Estados todo os catadores entrevistados moram
em casas construídas de tijolos, no núcleo do Caiq 72,72% moram em casas de tijolos. Entretanto,
9,09% dos entrevistados moram em casas de taipa. No núcleo do Cabo Branco há catadores que
residem tanto em casas de tijolos, como de taipa e de madeira, a porcentagem para cada categoria
foi de 33,33%.
A maioria dos catadores residem em casa própria, representando de 87,5% no núcleo do
Bessa, 33,33% no núcleo do Cabo Branco, 50% no Bairro dos Estados e 34,36% no núcleo do Caiq.
Quanto à renda familiar dos catadores pode-se verificar que 90,90% dos catadores do núcleo do
Caiq recebem até um salário mínimo (salário mínimo em 2015 = U$ 254.20) e, 9,09% recebem
entre 1 a 2 salários mínimos. Nos núcleos do Bessa e dos Estados 50% recebem até um salário
Tabela 2: Variáveis demográficas do núcleo do Bessa, Cabo Branco, Estados e Caiq no ano de 2017.
Fonte: Autores, 2017.
Núcleos Bessa Cabo Branco Estados Caiq
Entrevistados 8 100% 6 100% 4 100% 11 100%
Conforme a Tabela 2 é possível verificar que a maioria dos catadores é do sexo masculino,
exceto no núcleo do Caiq que teve uma predominância do sexo feminino para o desenvolvimento
das atividades de catação. Em relação ao nível de escolaridade constatou-se que a maioria dos
entrevistados eram alfabetizados, outros com ensino fundamental incompleto e com ensino médio
incompleto. A partir destes dados, constata-se a falta de qualificação desses profissionais para
desenvolver outras atividades que complementem a renda familiar, tornando a catação a única fonte
de renda. Soares6 obteve resultado semelhante ao desta pesquisa quando entrevistou dois grupos de
catadores de uma cooperativa em Ceilândia – DF. Em relação à escolha da catação, a maioria dos
catadores presentes na entrevista responderem que escolheram desenvolver essa função devido ao
desemprego e para complementar a renda familiar, pois de acordo com relatos, só os pais
trabalhavam, mas com o salário baixo, às vezes os filhos e as esposas se dispunham a trabalhar na
catação para aumentar os seus salários. Todos os catadores entrevistados trabalham na catação por
meio de associações, lembrando que também existem os catadores informais, mas devido a difícil
localização por não possuírem uma sede, se tornou inviável desenvolver esta pesquisa com os
mesmos. Na Tabela 3, são apresentadas as variáveis de saúde ocupacional do trabalhador e de
acidentes.
Tabela 3: Variáveis de saúde ocupacional e de acidentes do trabalhador nos núcleos do Bessa, Cabo Branco,
Bairro dos Estados e Caiq. Fonte: Autores, 2017.
Bairro dos
Núcleos Bessa Cabo Branco Caiq
Estados
Entrevistados 8 100% 6 100% 4 100% 11 100%
90,90
Sim 6 75% 3 50% 3 11 100%
%
Utiliza EPIs
Não 2 25% 3 50% 1 9,09% 0 0
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da análise das condições de vida e de trabalho dos catadores, foi observado que os
riscos ocupacionais e de acidentes de trabalho a que essa classe trabalhadora está exposta é alto e,
há uma baixa conscientização dos catadores para reduzir esses riscos.
Constata-se que a renda familiar recebida por esses trabalhadores é insuficiente para dar-lhes
uma adequada qualidade de vida, necessitando que as associações se unam para comercializar os
materiais recicláveis diretamente com as indústrias retirando do caminho os sucateiros, que são os
que mais ganham com a venda dos materiais à custa dos catadores.
Foram verificados acidentes com objetos perfurocortantes e em equipamentos, faltando
responsabilidade própria para a utilização dos EPI’s. Quanto aos riscos ergonômicos foi verificado
que a postura errada e a longa jornada de trabalho, causam dores na coluna e nas articulações dos
catadores de materiais recicláveis. A presente pesquisa identificou que a maioria dos catadores
entrevistados não estão assegurados com leis trabalhistas e, que não contam com auxílio em
momentos de necessidade de afastamento das suas atividades. A contribuição ao INSS por esses
trabalhadores deve ser um assunto para se debater com toda a sociedade, procurando conscientizar
os catadores da importância e de tentar proporcionar mecanismos para que os mesmos possam
contribuir e assim adquirir os seus direitos por desenvolver um trabalho árduo.
HOORNWEG, D., BHADA-TATA, P., 2012. What a Waste – A Global Review of Solid Waste
Management. World Bank, Washington DC, USA.
RESUMO
As migrações são um fenômeno cada vez mais presente no cenário internacional. Percebe-se,
contudo, que um número crescente de fluxos migratórios tem se dado de forma involuntária, em
virtude de conflitos, desastres naturais e diversas formas de perseguição. Nesse sentido, o presente
trabalho visa, por meio de uma revisão bibliográfica de fontes primárias e secundárias, discutir as
principais formas de migrações forçadas. Para isso, será analisada como a perseguição religiosa
ocasionou o deslocamento interno de cristãos e yazidis no Iraque, entre 2006 e 2014, após a
ascensão do grupo terrorista Estado Islâmico.
Palavras-chave: Migrações Forçadas. Perseguição Religiosa. Deslocados Internos. Iraque.
ABSTRACT
Migration is an increasingly present phenomenon on the international scene. It is noted, however,
that a great number of migratory flows have occurred unintentionally, due to conflicts, natural
disasters and various forms of persecution. In this sense, the present work aims, through a literature
review of primary and secondary sources, to discuss the main forms of forced migration. To this
end, it will be analyzed how religious persecution caused the internal displacement of Christians
and Yazidis in Iraq between 2006 and 2014, following the rise of the terrorist group Islamic State.
Keywords: Forced Migration. Religious Pursuit. Internally Displaced Persons. Iraq.
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A fim de alcançar os objetivos desta pesquisa, foi empregada uma revisão bibliográfica,
utilizando-se tanto de fontes primárias como secundárias. Assim, na primeira parte, para conceituar
os diversos tipos de migrações forçadas, recorreu-se a tratados internacionais firmados no âmbito da
Organização das Nações Unidas (ONU), a exemplo da Convenção Relativa para o Estatuto dos
Refugiados de 1951 e o seu Protocolo Relativo de 1967. Na segunda parte, outras fontes do Direito
Internacional, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, foram utilizadas para
discutir o que constitui perseguição religiosa, juntamente com a ampla literatura existente acerca do
tema. Por fim, na última parte, utilizou-se de relatórios de órgãos do governo dos EUA, bem como
de notícias jornalísticas para descrever como as ações do Estado Islâmico ocasionaram a migração
forçada de cristãos e yazidis no Iraque, entre 2006 e 2014.
Castles (2005) entende que os fluxos migratórios forçados ocorrem devido a uma variedade
de fatores causais, incluindo perseguição, desastres naturais e industriais, desenvolvimento de
projetos, degradação ambiental, conflitos e guerra, discriminação étnica etc. Para Zetter (2012), a
migração forçada, em particular, é sintomática de crises humanitárias e possui diversas
manifestações complexas. O termo "migrante forçado” envolve muitas categorias e rótulos, o que
torna a definição mais complicada (ZETTER, 2012). Sendo assim, o Alto Comissariado das Nações
Unidas para Refugiados (ACNUR), define que entre os migrantes forçados estão:
Refugiados – Aquele indivíduo que sofra perseguição ou temor bem fundado por questão
de raça, nacionalidade, religião, opinião ou militância política, ou ainda por causa de graves
crises internas (conflitos armados, violência indiscriminada);
Solicitantes de Refúgio - utilizado para designar aquele que solicitou condição de refugiado
e está à espera dessa decisão, para o qual o reconhecimento da condição de refugiado seria,
então, suficiente para a finalidade de obter refúgio, em seu sentido amplo;
Deslocados Internos: são as pessoas, ou grupos de pessoas, forçadas ou obrigadas a fugir ou
abandonar as suas casas ou seus locais de residência habituais, particularmente em
consequência de, ou com vista a evitar, os efeitos dos conflitos armados, situações de
violência generalizada, violações dos direitos humanos, calamidades humanas ou naturais, e
que não tenham atravessado uma fronteira internacionalmente reconhecida de um Estado
(ONU, 1998);
Deslocados ambientais: é uma categoria de pessoas que não se encontra abarcada na
definição da Convenção de 1951, tão pouco no Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados.
Estas pessoas são forçadas a emigrar de sua terra de origem em decorrência de mudanças
climáticas e alterações no meio ambiente, tais como secas intensas, desertificação,
esgotamento do solo, enchentes, aumento do nível do mar ou eventos sazonais como as
monções, erupção de vulcões etc.
Apátridas: A apatridia é uma situação na qual a pessoa perde sua cidadania e nacionalidade
em um determinado Estado e não possui em outro, ou seja, encontra-se sem qualquer
nacionalidade. Apesar da possibilidade dos apátridas também se submeterem ao refúgio, as
duas categorias são diferentes.
Solicitantes de Asilo: Diferente dos casos em que o deslocamento forçado ocorre em massa,
muitas pessoas pedem asilo individualmente, devido as condições de seus países de origem,
principalmente de perseguição política ou religiosa, contanto que as mesmas não tenham
cometido crimes contra o direito comum ou os princípios das Nações Unidas (ACNUR,
2015, p. 6-7)
Nas palavras de Castles (2005, p. 18) os tipos de migrações forçadas não devem ser
entendidos como definições científicas rigorosas, mas resultado de negociações e decisões políticas
dos Estados e organizações internacionais ao longo dos últimos anos. Turton et al (2010, p. 277),
acrescentam que há uma tendência em se enquadrar todas as situações de migrantes nos poucos
institutos legais internacionais específicos existentes, o que de certo modo tem impedido o
desenvolvimento de novas formas de proteção, e ao mesmo tempo tem minimizado a efetividade
das poucas normas existentes.
A Perseguição Religiosa
Conceituar perseguição religiosa é uma atividade bastante complexa, tendo em vista, dentre
outros fatores, a dificuldade de se conceituar religião. Isso pode ser observado na própria
Convenção de Genebra de 1951 referente ao status de refugiados. De acordo com o documento, a
perseguição religiosa é um dos fatores que pode tornar um indivíduo refugiado. Entretanto, não
fornece nenhuma definição do que seria o fenômeno (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS,
1951).
O ACNUR (2011) reconhece essas dificuldades e, por isso, no parágrafo 71 de seu
Handbook and Guidelines on Procedures and Criteria for Determining Refugee Status sugere aos
seus funcionários, a governos, tomadores de decisão, judiciário e profissionais do direito que, ao
determinar a condição jurídica de refúgio baseado em perseguição religiosa, é necessário levar em
consideração o Artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e os Artigos 18 e
27 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (UNHCR, 2011, p. 16).
Dessa maneira, tendo em vista que ambos os documentos fazem parte do Direito
Internacional dos Direitos Humanos e que, por isso, são instrumentos à luz dos quais o conceito de
deslocado interno e sua proteção devem estar baseados, tomar-se-á como conceito de perseguição
religiosa a violação a esses direitos conforme definidos nos documentos citados.
De acordo com o Artigo 18 da Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, a
liberdade religiosa é um direito humano inalienável e, segundo ela,
Logo, fica explícito que, para o Direito Internacional, a religião é um direito civil que deve
ser assegurado pelos Estados a todos os indivíduos, independentemente de sua nacionalidade ou
filiação religiosa. Embora esse seja um passo importante para a conceituação de perseguição
religiosa, ainda faz-se necessário especificar de que maneiras esses direitos à liberdade religiosa são
violados, a fim de ser explicar como eles podem ser a causa de deslocamentos internos em virtude
das ações do Estado Islâmico no Iraque.
Nesse sentido, o ACNUR (2004) afirma, nas “Diretrizes sobre a proteção internacional N.
06”, que a perseguição em virtude de motivos religiosos pode ocorrer de várias maneiras,
dependendo do caso e da situação específica. Alguns exemplos desse fenômeno, portanto, seriam:
Essas observações ilustram bem algumas das violações do direito à liberdade religiosa.
Ainda assim, no entanto, embora exemplifique o fenômeno, o ACNUR também não conceitua, de
modo conciso, o que seja perseguição religiosa.
Diante disso, Tieszen (2014) afirma que antes de conceituar perseguição religiosa, faz-se
necessário primeiro conceituar perseguição. Segundo o autor, a perseguição deve ser entendida
como um fenômeno amplo e que abrange desde ações injustas levemente hostis até àquelas
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 589
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
intensamente hostis. Na primeira, se enquadram ações de natureza física, psicológica ou social. Na
segunda, por sua vez, as ações menos intensas e não violentas, mas que também podem ser de
natureza psicológica ou social. Além disso, é importante ressaltar que a perseguição pode ocorrer
por vários motivos, desde questões religiosas até étnicas e políticas. Dessa maneira, o fator mais
importante na designação de um caso como perseguição deve-se dar em virtude da perspectiva da
vítima e não do perseguidor (TIENSZEN, 2014, p. 64-5). Portanto, de acordo com Tienszen, a
perseguição pode ser definida como
[u]ma ação injusta de vários níveis de hostilidade, com uma ou mais motivações,
direcionada a um indivíduo específico ou a um grupo específico, resultando em níveis
variáveis de dano, considerados da perspectiva da vítima (TIENSZEN, 2014, p. 65).
Com base nessa definição, o autor argumenta que nem todo tipo de perseguição sofrida por
pessoas religiosas se dá em virtude da religião que professam, não podendo a identidade religiosa
ser o único fator determinante do tipo de perseguição envolvida. Assim, um caso somente pode ser
considerado como perseguição religiosa se a religião for o fator determinante, deixando de haver
perseguição se o elemento religioso for retirado. Logo, a perseguição religiosa pode ser conceituada
como
Este conceito se encontra em consonância com os exemplos dados pelo ACNUR (2004) e
especifica as principais maneiras em que o direito à liberdade religiosa, conforme prescrito no
Direito Internacional. Gunn (2002) defende argumento semelhante ao afirmar que a perseguição
religiosa pode estar relacionada a diversos outros fatores, como gênero, etnia e questões identitárias,
sendo a análise dos motivos da coerção essenciais para compreender se de fato a perseguição se dá
por motivos religiosos e por que razão (GUNN, 2002, p. 26). Os Estados Unidos por sua vez, adota
a definição trazida pela US Comission on International Religious Freedom (USCIRF) onde se
utiliza como perseguição religiosa o conceito disposto na Seção 3, 13B, segundo o qual, seria
Como se pode perceber, o conceito estadunidense não contradiz as noções fornecidas por
Tienszen (2014), estando, tanto ele quanto Gunn (2002), de acordo com os tratados citados de
proteção à liberdade religiosa. Desse modo, a fim de analisar os deslocamentos internos no Iraque
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os cristãos e os yazidis foram diretamente afetados pelas ações praticadas pelo Estado
Islâmico desde sua criação. Estes grupos, tornaram-se vítimas de crimes contra a humanidade e de
genocídio por parte da organização em virtude apenas de sua identidade religiosa, tornando-se
migrantes de sobrevivência68 em sua própria terra.
O que importa não é a causa particular do movimento, mas sim o reconhecimento de que
cabe à sociedade internacional assegurar certos direitos internacionais que não se encontram
68De acordo com Betts (2013), esse termo pode ser utilizado para descrever pessoas que se encontram fora do seu país
de origem em virtude de uma ameaça existencial para a qual eles não possuem uma solução doméstica, seja ela o
resultado de perseguição, conflito ou questões ambientais.
REFERENCIAS
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< http://www.iom.int/cms/en/sites/iom/home/what-we-do/migration-policy-
andresearch/migration-policy-1/migration-policy-practice/issues/october-november-
2012/forcedmigration--changing-trend.html>. Acesso em: 29/08/2018.
RESUMO
Os deslocamentos humanos têm se tornado cada vez mais necessários e frequentes, em um mundo
no qual as desigualdades regionais não param de se avultar. Os processos migratórios internacionais
ocasionam uma série de conflitos e questões que demandam intervenções diversas e multilaterais. A
região de fronteira entre Brasil e Venezuela tem vivenciado um intenso fluxo imigratório de
venezuelanos com destino ao estado de Roraima. A xenofobia é um dentre os muitos problemas
ocasionados por esse fenômeno. O objetivo do artigo foi analisar o discurso xenófobo presente em
comentários feitos no Facebook em páginas informativas sobre assuntos da região. Foram
analisados dois períodos distintos, um no mês de fevereiro e outro em agosto de 2018. Nota-se que
são muitas as palavras depreciativas utilizadas para designar os imigrantes venezuelanos e que a
incitação à violência é algo frequente nos comentários. Em ano de eleições presidenciais, a disputa
política também permeia os discursos expostos nos comentários. Espera-se que a pesquisa seja
capaz de esclarecer alguns aspectos acerca dos sentimentos que a imigração forçada de
venezuelanos tem despertado nos roraimenses.
Palavras - chave: Deslocamentos Humanos. Imigração Internacional. Venezuela. Roraima.
RESUMEN
Los desplazamientos humanos se han vuelto cada vez más necesarios y frecuentes, en un mundo en
el que las desigualdades regionales no dejan de abultarse. Los procesos migratorios internacionales
ocasionan una serie de conflictos y cuestiones que demandan intervenciones diversas y
multilaterales. La región de frontera entre Brasil y Venezuela ha vivido un intenso flujo
inmigratorio de venezolanos con destino al estado de Roraima. La xenofobia es uno de los muchos
problemas ocasionados por ese fenómeno. El objetivo del artículo fue analizar el discurso xenófobo
presente en comentarios hechos en Facebook en páginas informativas sobre asuntos de la región. Se
analizaron dos períodos distintos, uno en el mes de febrero y otro en agosto de 2018. Se nota que
son muchas las palabras despectivas utilizadas para designar a los inmigrantes venezolanos y que la
incitación a la violencia es algo frecuente en los comentarios. En el año de elecciones
presidenciales, la disputa política también impregna los discursos expuestos en los comentarios. Se
espera que la investigación sea capaz de aclarar algunos aspectos acerca de los sentimientos que la
inmigración forzada de venezolanos ha despertado en los roraimenses.
Palabras - clave: Desplazamientos Humanos. Inmigración internacional. Venezuela. Roraima.
INTRODUÇÃO
O atual fluxo migratório que envolve imigrantes de nacionalidade venezuelana possui raízes
derivadas de um vasto campo de problemas políticos, econômicos e sociais. Problemas estes que
são tratados por Silva (2018) como sendo uma “crise tridimensional”. A crise política no país entrou
Figura 01: Localização das cidades fronteiriças, Pacaraima e Santa Elena de Uairén
Um dos fatores que atraem o fluxo migratório de venezuelanos para o Brasil, está
estritamente interligado com as condições geográficas de aproximação entre os dois países. Além
disso, uma outra situação que é apontado, é a questão do custo benefício, visto que o deslocamento
para outros países da América Latina muita das vezes é calculado na moeda americana, tornando
assim, exacerbadamente maior se comparado com o valor cobrado entre o trecho Venezuela-Brasil.
Fonte dos dados: BRAGA, JESUS e LACERDA (2017); Elaboração: Isaac Dantas, 2018
Ao analisarmos a figura 02, pode-se observar que a maioria dos imigrantes venezuelanos
que residem na capital tiveram como origem os estados de Bolívar, Monagas, Carabodo e Delta
Amacuro. Sendo que, o destaque se deve ao estado Bolívar, pois este encontra-se em condições de
fronteira com o Brasil.
Devido ao fluxo migratório ter aumentado com o passar dos anos, ocorre um grande
processo de conflitos entre a população local e os emigrantes que aqui estão. Deve-se levar em
consideração que estes eventos que evolve a população local e os emigrantes não se concentram
apenas na cidade de Boa Vista ou na cidade de Pacaraima. Existem situações parecidas acontecendo
em outros municípios do estado de Roraima, como por exemplo, um protesto que aconteceu no dia
13/03/18 no município de Mucajaí, onde moradores ao protestar contra a morte de um morador
local, acabaram por praticar atos de violência contra demais imigrantes que estavam residindo em
um prédio público abandonado (G1 RR, 2018).
Observa-se que não há um controle por parte do poder público sobre este fluxo migratório e
o quantitativo de pessoas que adentram a fronteira é expressivamente preocupante. Assim, no
estado de Roraima, vem ocorrendo uma expressiva onda de xenofobia praticada contra os
imigrantes venezuelanos, visto que se formos comparar, este processo vem sendo acarretado desde
Atualmente o que se tem por parte dos residentes do município de Pacaraima é um cenário
de “tranquilidade”, visto que após medidas tomadas por eles mesmos, o número de imigrantes que
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Como alvo deste estudo, analisaremos os comentários que foram realizados por parte da
população roraimense nas páginas de notícias/humor do estado de Roraima. Daremos destaque
àquelas com uma característica xenofóbica e nas quais são utilizados termos pejorativos, com o
único objetivo de inferiorizar os imigrantes venezuelanos.
Com relação ao critério das páginas que foram selecionadas, utilizamos aquelas que são
mais acessadas pela população, em números de curtidas. Além disso, levou-se em consideração a
quantidade de publicações que as mesmas produzem ou compartilham em um dia. Logo, foram
selecionadas cinco páginas que possuem conta no Facebook, são elas: “Roraima 24hrs”,
“Macuxirr”, “Atrocidades em RR”, “Roraima NaRede”, “Enquanto isso em RR”.
Os dados brutos trabalhados foram os prints dos posts realizados em dois períodos distintos,
um no período de 20/02/2018 a 26/02/2018, e outro no período de 19/08/18 a 26/08/18. Vale
ressaltar que o período do mês de agosto possui um dia a mais se comparado com o mês de
fevereiro. O motivo está relacionado a questão de ser um dia após as manifestações realizadas na
cidade de Pacaraima, ou seja, no dia 19/08/18.
Após as escolhas das páginas terem sido realizada, e posteriormente termos estipulado um
período de coleta dos dados, foi realizado o terceiro passo, no qual trabalhamos encima dos
conteúdos que eram gerados em cada uma delas, desde aqueles que eram compartilhados dos
principais jornais do estado/região, ou aqueles que são criados pelos próprios administradores das
contas.
Ao analisarmos essas notícias, foram selecionados apenas aqueles conteúdos que se referiam
ao imigrante venezuelano ou às políticas públicas que estão sendo implantadas. Feito isso,
promoveu-se a análise do discurso presente nos comentários.
O processo de rejeição por parte da população é algo imensurável, agora imagine como deve
ser essa questão em um mundo virtual, onde pessoas em seus smartphones e computadores
disseminam opiniões em formato de comentários, nos quais variam dos piores que se possa
imaginar, até aqueles que se consideram por muitos como “não ofensivos”. A rejeição dos
migrantes é uma constante em quase todos os processos migratórios, porém, esse processo é
particularmente intenso nos movimentos que envolvem indivíduos que fogem dos padrões de
normalização ao qual a população nativa designa/impõe, ou seja, indivíduos de etnia, idioma,
religião ou de aparência marcadamente diferente dos habitantes do lugar de destino são tratados
como rejeitados, pessoas que não deveriam e nem devem estar presentes (MARTINE, 2005).
Após a análise dos dados pode-se constatar que há sim indícios que comprove a questão de
inferiorização praticada por uma parcela de boa-vistenses, na qual muitos deles não tratam o
indivíduo imigrante como uma pessoa de direitos, ou simplesmente como seres humanos que estão
em busca de uma melhor qualidade de vida. Muitos que interagem nas páginas de notícias do estado
usam os seguintes termos pejorativos: “veneca”, “mira”, “pragas”, “pestes”, “troços”. Em um
desses casos, nos deparamos com o seguinte comentário de uma seguidora da página “Roraima
24hrs”, na qual ela diz “fora venecas e pronto”, na mesma publicação outra seguidora afirma “tinha
que ser venecas...affs”. (RORAIMA 24HRS, 22/02/18).
Já em relação aos casos isolados de imigrantes venezuelanos que cometem crimes, nota-se
que algumns fazem generalização. É o que mostra uma publicação (figura 04) do dia 20/02/18 feita
pela página “Roraima 24hrs”, a qual trazia em sua manchete uma briga envolvendo uma travesti
brasileira e uma prostituta venezuelana, e logo abaixo o seguinte comentário de um seguidor da
página “São todos coitadinhos. E merecem ficar com nossas praças, nossas ruas, nossos hospitais,
nossas escolas, nossos bens e tudo o mais, porque são refugiados. É isso”. Na mesma publicação,
outro seguidor afirma “Além de acabar com a cidade. Esses venezuelanos estão impondo suas
violências e poder público está calado e fingindo que não sabe, não viu e nem ouviu nada”, em
seguida um outro seguidor propõe “manda de volta esses filhas da puta” (RORAIMA 24HRS,
20/02/18).
Além de haver este tipo de generalização, muitos pedem medidas para que haja o
fechamento da fronteira. É o que podemos notar em uma publicação feita pela página “Macuxirr”
no dia 22/02/18, a qual aborda a atual questão da transferência dos imigrantes para a região Sudeste
do país. Em um desses comentários, feitos por seguidores da página, um deles afirma “deveria levar
todos os venezuelanos daqui” e mais adiante outro propõe, “manda logo todos! E fecha a
fronteira” (MACUXIRR, 22/02/18).
Em geral, quando se trata de publicações que envolva notícias policiais ou até mesmo sobre
a atual transferência que o Governo Federal propôs, são muitos os comentários negativos e de
cunho xenofóbico. Além de haver este tipo de conduta, alguns acreditam que a violência deve ser
aplicada contra os imigrantes, como podemos observar em alguns comentários realizados por
seguidores da página “Roraima 24hrs”: “taca nesses vagabas”, mais adiante outro comenta “nem
deram uma surra neles, estão com as caras tudo limpa”.
Em relação a publicações que divulguem grupos e ONGs que estão prestando assistência
para os imigrantes, pode-se constatar que é praticamente nulo, foram apenas duas publicações feitas
nas cinco páginas durante o período traçado para a análise deste estudo.
As postagens que remetem um dia após as manifestações realizadas no município de
Pacaraima possuem em sua grande maioria fatos relacionados ao atual contexto político, tanto do
estado de Roraima, quando em um cenário Federal. Logo, em levantamento realizado na página
“Roraima 24 hrs”, a qual traz em seu post: reforço na fronteira”, pode-se observar uma grande
quantidade de seguidores os quais opinam das mais variadas formas e ideias (figura 05).
Outro ponto que deve ser levantado, é a questão do quantitativo de publicações que foram
realizadas pelas páginas. Desta forma, buscou-se organizar todas as publicações referente aos meses
de fevereiro e agosto. Além disto, utilizou-se o critério de publicações “contra os imigrantes” e o
critério de “a favor”.
Logo, para uma melhor relevância, optou-se em destacar duas páginas que mais publicam
diariamente. Sendo elas, “Roraima 24 hrs” e Macuxirr” (figura 06).
11
32
53 25
Outro ponto que deve ser citado, é a questão do grande número de publicações da página “Roraima
24 hrs” que possuem um cunho negativo em relação aos emigrantes. Além disso, nota-se que a página
“Macuxirr” teve um considerável crescimento em suas publicações diárias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O intenso fluxo imigratório de venezuelanos com destino ao Brasil tem acarretado uma série
de problemas em Roraima, por ser esta a Unidade da Federação mais afetada pelo processo. Dentre
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Núcleo de Estudos de População - Elza Berquó‖ – Nepo/Unicamp, 2018, p. 356 – 366.
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moradores-fazem-manifestacao-contra-imigrantes/43021. Acesso em: 20/08/18.
WEB, F. Fotógrafo tem máquina quebrada após fazer registros de manifestação. Folha de Boa
Vista. Boa Vista, Roraima de 18/08/2018. Disponível em:
https://folhabv.com.br/noticia/Fotografo-tem-maquina-quebrada-apos-fazer-registros-de-
manifestacao/43026. Acesso em: 27/08/18.
RESUMO
A Venezuela tem enfrentado desde 2014, uma grave crise política e econômica, ocasionada por
diversos fatores, especialmente, pela morte do presidente Hugo Chávez e a eleição de Nicolás
Maduro, bem como pela queda do preço do petróleo. Além, disso, esse país enfrenta um cenário de
recessão e aumento da pobreza, que ocasionou em uma onda de deslocamento forçado de
venezuelanos em direção a outros países, como o Brasil. Por conta da proximidade geográfica,
milhares de venezuelanos dirigem-se principalmente a cidades localizadas no norte do Brasil, como
Pacaraima e Boa Vista, no estado de Roraima. Isso tem causado uma sobre grande sobrecarga para
as cidades receptores, uma vez que não estavam preparadas para acolher um grande número de
pessoas em situação de vulnerabilidade. A problemática dessa situação é ainda mais agravada pelo
fato de que a maioria deles vivem em uma espécie de “limbo jurídico”, pois não podem ser
consideradas refugiados de acordo com a definição clássica presente nos principais instrumentos
internacionais, a saber, Convenção Relativa para o Estatuto dos Refugiados de 1951 e o Protocolo
Adicional de 1967. A nível regional na América Latina, a Declaração de Cartagena de 1984
considera que as amplas circunstâncias que levaram ao fluxo de saída de nacionais venezuelanos
caracterizariam a necessidade de proteção internacional. Outras formas de proteção podem ser
consideradas para garantir a permanência legal dos venezuelanos no estado acolhedor, como por
exemplo, sob vanguarda do direito internacional dos direitos humanos, especificamente da
Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969. A nível nacional, a problemática referente
aos venezuelanos no Brasil é discutida a partir da Lei n.13.445/2017 e da Lei n. 9.474/1997. Nesse
sentido, o presente artigo objetiva analisar a responsabilidade do Brasil na proteção dos migrantes
forçados venezuelanos. Para isso, será considerado tanto os instrumentos internacionais de proteção
aos refugiados como a legislação brasileira que versa sobre o assunto. Para abordar o objeto de
estudo proposto foi realizado uma revisão bibliográfica sobre o tema em questão com fontes
primárias como do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e do Human Rights
Watch. Além disso, essa pesquisa caracteriza-se como descritiva, de natureza básica e de
abordagem qualitativa.
Palavras-Chave: Venezuela; Brasil; refugiados; crise; proteção.
O mundo tem passado hoje pela maior crise de deslocamentos forçados. De acordo com o
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), em 2017, mais de 68 milhões de
pessoas foram forçadas a deixarem suas casas em virtude de perseguições, conflitos ou outras
violações de direitos humanos. De acordo com o órgão da ONU, as principais causas para esse
deslocamento são a Guerra Civil Síria, iniciada em 2012 e ainda em curso, bem como os conflitos
no Iraque, Iemên, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Sudão do Sul,
Burundi e Mianmar (UNHCR, 2018a).
No entanto, os deslocamentos forçados no século XXI não são uma realidade exclusiva dos
países do Oriente Médio, da África e da Ásia, afetando também, vários países da América Latina,
por motivos diversos. Dentre eles, destaca-se a Venezuela, que desde 2014, o país tem passado por
uma grave crise política e econômica, ocasionadas pela morte do presidente Hugo Chávez e eleição
de Nicolás Maduro, bem como pela queda do preço do petróleo. O barril que chegara a alcançar o
preço de U$100,00 passou a custar U$33,00 em 2016 e U$44,00 esse ano (FOLHA DE SÃO
PAULO, 2017). Uma vez que a economia do país depende diretamente das exportações petrolíferas,
essas mudanças trouxeram um impacto bastante negativo, gerando cortes nas importações e
aumentando a escassez de alimentos, medicamentos e insumos para a indústria.
Em consequência disso, como destaca a organização Human Rights Watch (2017), a
Venezuela tem vivido hoje uma verdadeira crise humanitária, ocasionando um número cada vez
maior de deslocamentos forçados, sobretudo em direção ao Brasil, país fronteiriço. Estima-se que
mais de 1,5 milhão de venezuelanos migraram para países vizinhos. De 2014 a 2017, cerca de
146.00 deles requereram refúgio ao redor do mundo e aproximadamente 444.000 buscaram outras
formas legais de migração (UNHCR, 2018b).
De acordo com dados da Secretaria Nacional de Justiça (2018), 17.865 venezuelanos
requereram refúgio no Brasil em 2017, correspondendo a mais de 50% do número total de pedidos.
O país ficou atrás apenas do Peru (20.000) e dos EUA (30.119). No entanto, como reitera a
organização, esses números expressam apenas uma parcela da população venezuelana que necessita
de proteção internacional, uma vez que muitos não podem enquadrar-se na definição legal de
refugiados, mas ainda assim têm sido vítimas de insegurança e outras violações de direitos
humanos, como a falta de recursos básicos para a sobrevivência, a exemplo de alimentos e
medicamentos (ACNUR, 2018b).
Dessa maneira, o presente artigo objetiva analisar a responsabilidade do Brasil na proteção
dos migrantes forçados venezuelanos. Para isso, será considerado tanto os instrumentos
internacionais de proteção aos refugiados como a legislação brasileira que versa sobre o assunto.
PROCEDIMENTOS METODÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A falta de insumos básicos para a sobrevivência tem feito com que muitos venezuelanos
atravessem a fronteira com o Brasil na tentativa de comprar alimentos ou buscando atendimento
médico gratuito em hospitais brasileiros. A grande maioria desses deslocados têm se dirigido
principalmente para as cidades de Pacaraima e Boa Vista, em Roraima, tendo em vista a
proximidade geográfica, já que muitos venezuelanos não possuem dinheiro para nada e, muitas
vezes, atravessam a fronteira a pé.
Isso, no entanto, tem trazido um grande impacto sobre essas cidades, que, por sua vez, não
estavam preparadas para acolher um grande número de pessoas em situação de vulnerabilidade. A
cidade de Pacaraima, por exemplo, que possuía pouco mais de 12.000 habitantes, viu a sua
população duplicar em virtude dos venezuelanos, possuindo hoje cerca de 25.000 pessoas
(EXAME, 2017). Como consequência, os serviços públicos encontram-se bastante sobrecarregados,
sobretudo os sistemas de saúde e de educação. De acordo com o portal Exame (2017), o número de
venezuelanos atendidos no hospital público de Pacaraima aumentou 400% em 2017, havendo mais
pacientes estrangeiros do que brasileiros. Com relação à educação, segundo o site, o número de
A definição de refugiado está presente no Art. 1º, A, §2º da Convenção Relativa para o
Estatuto dos Refugiados de 1951, que diz:
Essa Convenção reconhece que os direitos humanos não decorrem da nacionalidade, mas da
condição de pessoa humana, justificando assim, a proteção internacional dessas garantias (RAMOS,
2014). Segundo nota emitida pelo Ministério Público Federal (2018) é fundamental que um olhar
humanitário sobre o fenômeno do deslocamento forçado, especialmente, no caso venezuelano.
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 613
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
Ademais, deve-se atentar a proteção dos direitos humanos das pessoas e grupos migrantes, com
foco nas suas perspectivas, projetos, especificidades culturais, situações históricas e nas
vulnerabilidades referentes às violações de direitos fundamentais.
No caso do Brasil, além de ser signatário da Convenção Relativa para o Estatuto dos
Refugiados de 1951, do Protocolo Adicional de 1967, da Convenção Americana de Direitos
Humanos de 1969, também na forma de ordenamento interno o “espírito de Cartagena (BARRETO;
LEÃO, 2010) – Declaração de Cartagena de 1984. Entretanto, embora o país seja considerado
bastante acolhedor, durante diversos períodos de sua história, adotou medidas restritivas à
migração, sobretudo quando estiveram em vigor as Constituições de 1934 e 1937, que adotavam
sistemas de cotas e vedavam a concentração de imigrantes em qualquer ponto do território nacional.
Nos últimos anos, contudo, tem havido uma grande evolução no tratamento jurídicos dos
migrantes e refugiados. Ainda assim, porém, é notória a existência de um sentimento xenófobo em
vários setores da sociedade brasileira, o que tem sido cada vez mais notório diante da atual crise de
migrações forçadas venezuelanas. Fato que pode ser melhor compreendido à luz das mudanças no
ordenamento jurídico do país acerca da temática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
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RESUMO
O presente artigo tem como objetivo discutir a proposição conceitual do termo “desertificação
socioambiental” como sendo uma expressão apropriada para um fenômeno tão presente nas cidades
contemporâneas: o esvaziamento de pessoas nas ruas e abandono dos usos tradicionais de bairro e
de suas áreas naturais. Com base em referenciais teóricos relacionados, procurou-se contribuir com
um estudo interdisciplinar e teórico acerca desse comportamento e sua relação com alterações na
sociedade e com as novas configurações urbanas, capazes de estimular ou prejudicar a capacidade
de atrair pessoas para o uso dos espaços públicos. A metodologia foi baseada numa análise
bibliográfica e documental em artigos indexados pela CAPES, livros, e na Biblioteca Digital
Brasileira de Teses e Dissertações. A partir da complexidade da temática, buscou-se discutir as
melhorias na qualidade de vida e da sustentabilidade socioambiental nas cidades, entendendo a
importância das conexões de vizinhança, do sentido de comunidade local e das relações das pessoas
com o ambiente em que estão inseridas.
Palavras-chave: Desertificação socioambiental, Dinâmica socioambiental, Espaços públicos,
Planejamento urbano.
ABSTRACT
This article aims to discuss the conceptual proposition of the term "socioenvironmental
desertification" as an appropriate expression for a phenomenon so present in contemporary cities:
the emptying of people on the streets and abandonment of the traditional uses of the neighborhood
and its natural areas. Based on related theoretical references, sought to contribute with an
interdisciplinary and theoretical study about this behavior and its relation with changes in society
and with the new urban configurations, capable of stimulating or impairing the ability to attract
people to the use of public spaces. The methodology was a bibliographical and documentary
analysis in articles indexed by CAPES, books, and in the Brazilian Digital Library of Theses and
Dissertations. From the complexity of the theme, seek to improve quality of life and social and
environmental sustainability in cities, the insertion of quality connections, the sense of the local
community and the integration of people with the environment in which they are inserted.
Keywords: Socio-environmental desertification, Socio-environmental dynamics, Public spaces,
Urban planning.
Nas cidades antigas e tradicionais, a dinâmica de pessoas nas ruas dos bairros era comum na
vida urbana. Relações mais próximas com os vizinhos, reuniões de conversas corriqueiras nas
calçadas, sentimento de pertencimento com o local de vivência, e a identificação com as áreas
naturais onde os bairros estão inseridos, são algumas das características dessa dinâmica.
Hoje, as cidades contemporâneas passam por diversas alterações na sociedade e na forma de
planejamento urbano que modificaram a maneira como as pessoas utilizam as ruas e os demais
espaços urbanos que tem se tornado cada vez mais “desertificados”. Nestes, as pessoas se
desfizeram do apoio mútuo entre vizinhos, capaz de proporcionar vigilância mútua e mais
segurança, comunicação e união para fortalecimento da comunidade, supervisão das áreas urbanas e
naturais, e o bem-estar da sociedade.
Diante disso, para fins de estudo interdisciplinar dessa temática, desenvolveu-se o termo
“desertificação socioambiental”. A proposição conceitual em estudo refere-se ao abandono dos
usos tradicionais das ruas de bairro e de espaços naturais, a exemplo de corpos hídricos e das áreas
verdes, pelos moradores e transeuntes.
Este abandono tem alguns fatores relacionados, a exemplo do planejamento urbano
inadequado (ou ausência deste); leis que não regulamentam a ocupação do espaço apropriadamente;
e, em alguns casos, o Estado que facilita a construção de empreendimentos imobiliários em
desacordo com leis específicas. Como resultado, são permitidas novas construções que ocupam
quadras em grandes dimensões; com altos muros fechados que segregam os espaços públicos e
privados; ocupação de áreas de fragilidade ambiental e sem infraestrutura; e valorização de bairros
centrais em relação aos bairros populares, que crescem nas zonas periféricas afastadas e desconexas
do centro urbano, gerando implicações em termos de transporte, infraestrutura e qualidade de vida.
Harvey (2005a) explica que essa nova configuração urbana ocorre como consequência de
uma sociedade capitalista que produz urbanização como uma empreitada econômica de negócios, e
o valor atribuído ao solo urbano é reflexo do mercado dominante que configura o espaço no
capitalismo. Em semelhante análise, a socióloga Saskia Sassen declarou que este fenômeno é
resultado da pressão global por grandes projetos que causam danos ao ambiente e à urbanização, e
que o poder público não reage para controlar essa ocupação, diante da força do setor privado. As
cidades do futuro serão, cada vez mais, ocupadas por megaprojetos com grande densidade vertical
que ‘desurbanizam’ o espaço urbano, e eliminam pequenas ruas e praças deixando as cidades
vazias. Assim, um dos grandes problemas urbanos a lidar é a perda do habitat por parte das pessoas
(SASSEN, 2015).
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quadro 1 – Autores que utilizam o termo desertificação para se referir à falta de dinâmica de pessoas nas ruas.
FORMAÇÃO/
AUTOR OBRA/ANO ABORDAGEM
ATUAÇÃO
Diante de entraves da arquitetura e urbanismo do
período moderno, mas ainda tão presentes na
contemporaneidade, apontava a utilização das
calçadas e dos parques nos bairros; os usos do
solo combinados e diversificados; e quadras curtas
como provocadores da ‘vida das cidades’.
Morte e Vida de
Apontava também as zonas de fronteiras desertas,
Jane Jacobs Ativista política Grandes Cidades
capital especulativo, subvenção de moradias e a
(2014)
construção das cidades para automóveis como
causas para a chamada ‘morte das cidades’. Essas
vida e morte das cidades se referem,
respectivamente, à dinâmica de pessoas nas ruas e
a ausência dela que torna o espaço urbano
desertificado.
Explica que as cidades têm se tornado desertas e
desestimulantes devido a entraves no
planejamento urbano. “Estudos de cidades no
mundo todo elucidam a importância da vida e da
Cidade para pessoas
Jan Gehl Urbanista atividade como uma atração urbana. As pessoas
(2015)
reúnem-se onde as coisas acontecem e
espontaneamente buscam outras pessoas. Entre
escolher caminhar por uma rua deserta ou uma rua
movimentada, a maioria das pessoas escolheria a
Porém, aliado a este significado, para essa abordagem, houve a necessidade de uma
expressão que acrescentasse a carência da relação de comunidade e vizinhança, além do cuidado
com o meio ambiente em que o bairro está inserido, mas tal termo ainda não foi encontrado na
literatura brasileira.
Dando continuidade à pesquisa sobre um termo mais adequado, infere-se que, bem
apropriadamente, a palavra ‘socioambiental’ diz respeito à “necessidade de procurar compatibilizar
as atividades humanas em geral – e o crescimento econômico em particular – com a manutenção de
suas bases naturais, particularmente com a conservação ecossistêmica” (VEIGA, 2007, p.91).
Ressaltando-se que a emergência desse termo “se origina por meio de novas relações (interações)
dos componentes previamente desconectados” (VEIGA, 2007, p.113), sendo muito importante para
a sustentabilidade diante do crescimento populacional que haja tais conexões. Ratificando esse
significado, Tassara e Tassara (2008, p.180) define que ‘socioambiente’ refere-se às “ações e
movimentos ambientalistas que considera que as dimensões sociais, físicas e naturais dos ambientes
são indissociáveis, devendo ser abordadas de forma integrada.” Explica ainda que, baseado no
conceito de ‘socioambiente’, o ‘socioambientalismo’ é uma “filosofia que preconiza a adoção de
soluções aos problemas e conflitos ambientais (...) buscando a defesa dos bens e direitos sociais,
coletivos e difusos, em relação ao meio ambiente, ao patrimônio cultural e aos direitos humanos e
dos povos” (TASSARA; TASSARA, 2008, p. 180).
Dessa forma, o termo “desertificação socioambiental” foi escolhido para representar a
ausência de sociabilidade e sentido de comunidade: apoio mútuo entre vizinhos, conversas
corriqueiras e atividades coletivas entre moradores em praças, calçadas e em áreas naturais de
bairro, a exemplo de rios e áreas verdes urbanas.
É mister ressaltar que os fatores que ocasionam tal fenômeno estão relacionados a questões
histórico-culturais, econômicas e sociais, e também a elementos do planejamento urbano. Segundo
Harvey (2005b), no contexto histórico pós-guerras, as políticas tratavam de questões de pleno
emprego, segurança e habitações que influenciaram aspectos da arquitetura e urbanismo modernos,
A dinâmica de pessoas nas ruas de bairro está diretamente ligada ao espaço público, pois é
nele que ocorre o lugar de encontro de diferentes ideias e opiniões. Quanto a isto, Santos (2005)
explica que público deve ser entendido como algo que tem aspectos da vida social que não são
privados nem estatais, e são de interesse de uma coletividade humana.
Dessa forma, os espaços públicos se referem à relação entre espaço e sociabilidade pública
(LEITE, 2008), e são palcos dos encontros e manifestos que envolvem decisões políticas, sociais,
ambientais e econômicas. Isto reforça a necessidade desses locais onde possam ocorrer os encontros
cotidianos, as interlocuções e a viabilização de alternativas (SANTOS, 2005). Assim, a
“desertificação socioambiental” é capaz de inibir uma cidade democrática, reivindicações de
melhorias ao poder público, bem-estar social e sentido de comunidade, já que não há contatos
rotineiros para intercâmbio dos fatos, nem apoio de vizinhança.
Também se entende que a “desertificação socioambiental” interfere negativamente na
“esfera pública” (em especial a episódica, que ocorre em cafés, bares e encontros nas ruas), a qual
Habermas (2011) se refere como uma rede comunicativa, tomada de posição e opiniões públicas.
Estas são enfeixadas em temas específicos, que implica no domínio de uma linguagem natural,
simples e compreensível em sintonia com a prática comunicativa cotidiana, impulsionando a
inclusão dos participantes e a opinião pública qualificada.
Nesse sentido, o fortalecimento das comunidades (inclusive urbanas) ocorre através das
trocas de informações das identidades locais, que levam à explanação dos problemas sofridos em
determinados espaços, a manifestar-se contrário a forças dominantes, bem como a contribuir com
políticas locais de melhorias sociais, econômicas e ambientais. Para isso, é essencial que haja um
conhecimento mais detalhado das necessidades peculiares de cada localidade, descobertas por meio
do envolvimento diário dos moradores entre si e com as condições específicas de cada bairro. Dessa
forma é possível fazer com que os cidadãos se apropriem do planejamento de execução municipal,
representando a circunstância real, as necessidades, os pontos de vista e anseios dos diferentes
grupos na cidade.
Além de proporcionar o empoderamento69 das comunidades em prol de melhorias de
políticas urbanas locais, o uso das ruas dos bairros pelos moradores e transeuntes é capaz também
de inibir a insegurança pública. A vigilância mútua é uma grande aliada da minimização de ações
de meliantes numa comunidade. Conforme Gehl (2015), estratégias de prevenção ao crime
procuram reforçar os espaços comuns para que o encontro, entre vários grupos sociais, seja rotina
69Esse empoderamento é a ação social coletiva de participar de debates que visam potencializar a conscientização civil
sobre os direitos sociais e civis. Esta consciência possibilita a aquisição da emancipação individual e também da
consciência coletiva necessária para a superação da dependência social e dominação política.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RESUMEN
En la actualidad las pequeñas y medianas empresas deben construir una alianza duradera con el
ambiente, dado que un creciente número de personas alrededor del mundo cada vez, le suman
importancia a este tema en sus decisiones de compra. Las responsabilidad social con la que las
pequeñas y medianas empresas actúen en el entorno será la pieza medular para su propia existencia.
A tal fin, se hace necesario afrontar las posibilidades de construir, dentro de los márgenes de los
nuevos paradigmas emergentes, una propuesta académica, enfocada a la migración de prácticas
ambientales que se convierta en una producción de conocimientos e imagen para entrar en la
temática relacionada con la sostenibilidad ambiental, que resulta ser una herramienta para la
consolidación en un mercado altamente competitivo que necesita elementos diferenciadores para su
posicionamiento en el mercado.
Palabras claves: Prácticas Ambientales, PYMES, Sostenibilidad Ambiental, Responsabilidad Social
Empresarial
RESUMO
Atualmente, as pequenas e médias empresas devem construir uma aliança duradoura com o meio
ambiente, uma vez que um número cada vez maior de pessoas em todo o mundo acrescenta
importância a essa questão em suas decisões de compra. A responsabilidade social com que as
pequenas e médias empresas atuam no meio ambiente será a pedra angular de sua própria
existência. Para tanto, é necessário encarar as possibilidades de construção, à margem dos novos
paradigmas emergentes, de uma proposta acadêmica, voltada para a migração de práticas
ambientais que se transforma em produção de conhecimento e imagem para entrar no assunto
relacionado. com sustentabilidade ambiental, o que acaba por ser uma ferramenta de consolidação
em um mercado altamente competitivo, que precisa de elementos diferenciadores para seu
posicionamento no mercado.
Palavras chaves: Práticas Ambientais, PME, Sustentabilidade Ambiental, Responsabilidade Social
Corporativa
METODOLOGÍA
Este documento contempla como objetivo primordial, realizar una propuesta para la
migración a prácticas orientadas al medio ambiente en las PYMES de Guanacaste, Costa Rica, y
que posibilite su aplicación en el área ambiental empresarial.
Por tal razón, encierra mediante los diferentes puntos información valiosa que permita el
conocimiento y aplicación de estrategias que fortalezcan el área ambiental en sus prácticas
comerciales.
Para recabar la información que se utiliza en este documento, se recurrió a información
documental actualizada, a la experiencia y relación de los autores con las MYPES de la región.
El propósito fundamental que conlleva la propuesta es la creación de una conciencia y
compromiso serio por parte de las PYMES para que migren a prácticas ambientales adecuadas en
sus tareas comerciales.
La responsabilidad explícita de este documento es la de motivar y transformar positivamente
la mentalidad de los microempresarios y sus colaboradores, para que se conviertan en agentes de
cambio en cuanto a la sostenibilidad y sustentabilidad ambiental.
Además, es un instrumento que ha sido sustentado con bibliografía suficiente y apegada por
completo al tema, esto para que se tomen en consideración todos los puntos de importancia que
harán de esta propuesta, un conjunto de ideas, recomendaciones o directrices capaces de conseguir
el cambio positivo de parte de las PYMES.
La trayectoria que han tenido las PYMES en el país determina un gran aporte a la economía
nacional, generando un valor significativo al Producto Interno Bruto(PIB), empleos, productos y
servicios innovadores, entre muchos otros beneficios. No obstante, el proceso no ha sido sencillo,
los microempresarios constantemente se deben de enfrentar a una serie de dificultades, que en
muchas ocasiones les impiden tener un crecimiento constante y dinámico.
Pese a que el Estado promueve políticas para fortalecer este sector empresarial a través de
Ministerio de Economía Industria y Comercio(MEIC), aún muchos emprendedores continúan en la
Por medio del Plan Nacional de Desarrollo 2015-2018, el MEIC se propuso crear una
política tendiente a fomentar un sector industrial competitivo, fuertemente integrado, que articule
todas las iniciativas productivas del país, con un componente de innovación tecnológica en sus
procesos. Con esta iniciativa se busca básicamente incrementar la productividad aprovechando las
oportunidades y ventajas competitivas de los sectores impulsares de la economía.
Es imperativo denotar que el enfoque de esta política requiere una articulación de
instituciones y una activa participación de diferentes actores, como las Universidades o centros de
estudio superior, el Estado, la empresa privada y la sociedad civil. Sin embargo, estas propuestas,
pese que se proyectan como un importante propulsor de las PYMES, dejan a un lado la
productividad sostenible, es decir, producir con el menor impacto ambiental posible.
Pese a todos los esfuerzos que se realizan por parte del gobierno, el problema en las finanzas
públicas que enfrenta el país actualmente hace que la implementación de estas iniciativas sea un
poco compleja, puesto que los fondos públicos cada vez son más difíciles de acceder, lo cual
conlleva a que la propagación de estas políticas a los sectores de interés (micro, pequeños y
medianos empresarios) se vea reducida.
No obstante, y a pesar de las dificultades que enfrentan los y las emprendedores, este sector
se muestra optimista, y cada vez son más las personas que se animan a instaurar una micro, pequeña
o mediana empresa. En gran parte esto obedece a la misma complicada situación fiscal en la que
estamos inmersos, muchos costarricenses optamos por tener un “plan b” que permita sopesar un
posible despido laboral, por ejemplo.
Según datos del Ministerio de Economía Industria y Comercio, (2017) a través de la
Dirección General de apoyo a la micro, pequeña y mediana empresa, se evidencia un decrecimiento
del sector agrícola y manufacturero ante un crecimiento en sector de servicios y comercio. Es
importante mencionar que ese descenso de los primeros, no obedece directamente a una sustitución
de los últimos, sino que tuvieron un menor dinamismo en la economía nacional durante ese periodo
de estudio.
Parte de las iniciativas que se han fomentado del Estado en los últimos años, giran en torno a
la protección del medio ambiente, como se puede producir con sostenibilidad ambiental,
definiéndose según (Daly, 2014) como, “la conservación y protección al medio ambiente de forma
indefinida”. Costa Rica siempre se ha caracterizado por ser un país pionero en la conversación de
sus recursos naturales, sin embargo, no podemos quedarnos rezagados en este sentido, debemos de
fortalecer esas políticas para que puedan ser ejecutadas de manera eficiente.
Actualmente, como resultado de todos estos esfuerzos que se han venido realizando a lo
largo de los últimos años, muchas empresas nacionales, centros de estudio e instituciones públicas,
promueven iniciativas de gran relevancia, por medio de certificaciones medioambientales tales
como: Esencial Costa Rica, Bandera azul ecológica y Carbono neutral, Certificación para la
Sostenibilidad Turística (CST), Certificación en Servicios Ambientales (CSA), entre otras. Las
mismas exigen a las organizaciones a transformar sus actividades comerciales en aras de minimizar
daños al medio ambiente, generando con ello una conciencia ecológica en la empresa y
contribuyendo en gran medida con la preservación de los recursos naturales.
Empero, el desarrollo de estrategias medioambientales en las empresas es de vital
importancia puesto primeramente les permite crear una cultura organizacional con sensibilidad
ambiental corporativa, involucrando a sus colaboradores, genera efectos positivos en las finanzas al
reducir costos operativos en la operativa y sobretodo porque les permite desarrollar una ventaja
competitiva absoluta sobre las empresas tanto nacionales como internacionales que no están sujetas
a regulaciones ambientales similares.
Paralelamente, para poder desarrollar este tipo de iniciativas, estas deben de ser promovidas
por entes gubernamentales, ya que según (Eptein, y otros, 2000) “las políticas gubernamentales
contribuyen a la competitividad si fomentan la innovación… y socavan la competitividad si
retardan la innovación o disminuyen la intensidad de la competencia”
El Instituto Costarricense de Turismo (ICT) (2017) por medio del Departamento de
Desarrollo Turístico tiene como objetivo principal, impulsar programas que contribuyan a promover
mayores niveles de calidad y competitividad, la generación de capacidades locales y el desarrollo
turístico sostenible en las diferentes unidades del planeamiento del país. En este sentido, se
desarrollan procesos de trabajo orientados a la divulgación e implementación de planes turísticos, el
desarrollo de capacidades locales con municipalidades y cámaras de turismo, la capacitación y
acompañamiento para la consolidación de MIPYMES turísticas y el impulso para el desarrollo de
nuevos productos tales como turismo rural, bienestar, social, náutico y convenciones.
El impacto ambiental de las empresas daña principalmente al aire, agua y suelo, al igual que
a la flora, fauna y la comunidad en general.
Las microempresas también se preocupan por el medio ambiente y saben que tienen que
hacer algo al respecto, saben que tienen que trabajar en eso ya que las normas y leyes así lo exigen
o simplemente porque en verdad quieren actuar para no contaminar el medio ambiente.
Según Rodriguez y Enric (2002) establecen, que “las empresas han de formular sus
estrategias medioambientales a partir de un buen conocimiento del entorno del grado de desarrollo
de sus capacidades de gestión y de resultados que están obteniendo en su gestión medioambiental.
Asimismo dicha estrategía ha de incidir en la evolución del entorno y en la planificación del
desarrollo de capacidades”. (p.50)
Por lo tanto, se sabe que las empresas emiten gases contaminantes a la atmosfera,
contaminan el agua con los residuos contaminantes que generan día con día, sin embargo existen
diversas maneras de evitar este tipo de contaminación, principalmente con un buen conocimiento de
su entorno, ejecutando acciones por ejemplo en el consumo de agua, energía, materiales usados,
procesos productivos, reutilización, refabricación, reciclaje, tecnologias ecoeficientes, etc.
En la mayoría de las empresas se tiene un consumo de agua y energía elevado, algunas
formas de reducir este consumo es reemplazar algunos techos de concreto por techos transparentes
que les permita aprovechar la luz solar. En muchos centros de trabajo es recomendable que se
coloquen letreros que indiquen al personal que apaguen las luces al salir de una oficina o en los
tiempos de descanso, tener ventanas que permitan la ventilación natural y así reducir el consumo de
energía en los aparatos de ventilación artificial.
En el caso del ahorro del agua se debe concientizar al personal para que sean responsables
en el uso que le dan al agua. No está de más colocar letreros que indiquen cerrar las llaves del agua
mientras se enjabonan las manos, o se lavan los dientes, estos letreros deben estar colocados en los
baños, en el comedor, bebederos y cualquier otro lugar donde se haga uso de al agua.
Las caracteristicas sectoriales de Guanascaste, Costa Rica, permiten conocer que la
problématica ambiental es generada por los sectores productivos (agropecuario, alimentos,
transportes) que poseen una relación proporcional a su capacidad empresarial, por lo tanto Van
Hoof, Monroy y Saer (2014) afirman que, “el sector agropecuario provoca la contaminación del
agua por uso de fertilizantes y pesticidas sintéticos, erosión del suelo y generación de residuos”
(p.15).
El desarrollo de las acciones de Responsabilidad Social Empresarial debe ser voluntario por
parte de las empresas.
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 640
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
La responsabilidad social empresarial es acorde a sus criterios éticos, por lo tanto se van
adaptando día a día a su entorno.
La Responsabilidad Social de la Empresa va más allá de realizar obras de filantropía o
beneficencia esporádicas y espontáneas. Se trata de involucrar el conjunto de acciones de RSE
con la actividad propia de la empresa, es decir bajo iniciativas que comprendan la triple cuenta
de resultados.
CONCLUSIONES
Al ser parte de una comunidad ecológica, ¿cuál sería el comportamiento más responsable
ambientalmente hablando que deberíamos tener? Por ejemplo, ¿Es mejor hacer que mis compras la
pongan en un bolsa de papel o en una plástica? ¿Es más saludable para el ambiente beber un
refresco en botella de vidrio o en lata desechable?
Muy pocas veces las respuestas a tales preguntas son sencillas, pero, en ocasiones, las
personas nos pasamos inventamos explicaciones e ideas que, de una u otra forma, sirven a los fines
particulares de cada uno.
La mayoría de las veces, las respuestas a este tipo de cuestionamientos no se basan en una
comprensión de los procesos biológicos, sino en aspectos de comodidad momentánea, sin darnos
cuenta de que los resultados reales de nuestras acciones regresarán como un “boomerang”.
Somos una sociedad que agrupa un sinfín de personas que, en ocasiones, resultamos ser la
causa primaria de muchos problemas ambientales y, a la vez, somos la solución a dichos problemas.
Estamos conectados en una serie de redes cognitivas, las cuales nos orientan hacia un
camino permanente de aprendizaje, reflexión, aclaración y sistematización para comprender que
lejos de ser una máquina, la naturaleza en general se asemeja mucho más a la condición humana:
impredecible, sensible al mundo exterior e influenciable por pequeñas fluctuaciones.
Es muy importante que las empresas sean responsables en la colaboración de cuidar el
medio ambiente ya que es el ambiente de las futuras generaciones es por eso que también deben
cumplir con lo que establece la normatividad. Cada una de las personas debe estar consciente de
cómo y cuándo consumen los recursos naturales y los recursos que brinda la empresa para poder
contribuir en el cuidado del medio ambiente.
En definitiva, la RSE es un interés propio de la empresa, que produce beneficios a la
comunidad, al medio ambiente y a ella misma, de tal manera, que gestionar la empresa desde este
nuevo enfoque socialmente responsable, suma valor añadido y hace más atractiva una compañía
para sus grupos de interés, razón por la cual llegan a ser más competitivas y pueden obtener más
ganancias y de mayor calidad.
BIBLIOGRAFÍA
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Van Hoof, B., Monroy, N. y Saer, A. (2014) Producción más Limpia: Paradigma de Gestión
Ambiental. México. Primera Edición, Alfaomega Grupo Editor, S.A.
RESUMO
Os rohingya são um grupo étnico, de maioria muçulmana, que vive em Mianmar,
predominantemente budista. Quase toda a população desse povo vive em Rakhine, estado costeiro
ocidental. As raízes históricas do conflito que envolve esse povo em Mianmar não são recentes e
esse governo nega o reconhecimento como um dos 135 grupos étnicos presentes no país. Por conta
disso, milhares de rohingya tornaram-se apátridas, isto é, não possuem nacionalidade, enfrentando
assim, severas restrições aos direitos básicos, como educação, saúde, moradia e livre circulação.
Além disso, tensões étnicas, violência generalizada e subsequentes repressões militares causaram
uma onda de migração em massa dos rohingya para países do Sudeste Asiático. Contudo, quando
ultrapassam as fronteiras e assim, solicitam o status de refugiados, o povo rohingya fica
impossibilitado de receber proteção internacional porque os países de destino não são signatários
dos instrumentos internacionais de proteção aos refugiados, a Convenção Relativa para o Estatuto
dos Refugiados de 1951 e o Protocolo Adicional de 1967. Nesse sentido, o presente artigo objetiva
oferecer uma visão geral sobre a crise de refugiados rohingya e as consequências da crise
migratória para os países de destino no Sudeste Asiático. Para abordar o objeto de estudo proposto,
realizou-se uma revisão bibliográfica com o mapeamento das principais fontes, considerando
documentos oficiais do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e da Organização
Internacional para as Migrações. Ademais, essa pesquisa caracteriza-se como descritiva, de
natureza básica e de abordagem qualitativa.
Palavras-Chave: rohingya; refugiados; migração; Sudeste Asiático.
ABSTRACT
The Rohingya are a mostly Muslim ethnic group living in Myanmar, predominantly Buddhist.
Almost the entire population of this town lives in Rakhine, a western coastal state. The historical
roots of the conflict surrounding these people in Myanmar are not recent and this government
denies recognition as one of the 135 ethnic groups present in the country. As a result, thousands of
Rohingya have become stateless, that is, they have no nationality, thus facing severe restrictions on
basic rights such as education, health, housing and free circulation. In addition, ethnic tensions,
widespread violence and subsequent military repression have caused a wave of mass migration
from the Rohingya to Southeast Asian countries. However, when they cross the borders and thus
apply for refugee status, the Rohingya people are unable to receive international protection because
the countries of destination are not signatories to the international instruments for the protection of
refugees, the 1951 Relative Convention on the Status of Refugees and the Additional Protocol of
INTRODUÇÃO
As migrações não são um fenômeno recente, pelo contrário, tem sido parte da história
civilizacional e humana das populações em todo o mundo. Pode ser compreendida como “um
movimento populacional que compreende qualquer deslocação de pessoas, independentemente da
extensão, da composição ou das causas” (OIM, 2009, p. 40).
As causas das migrações são diversas, incluindo motivos políticos e econômicos até
questões naturais. Nesse sentido, importa destacar a diferença entre migração voluntária e migração
forçada. A primeira se aplica às pessoas que se mudam para outro país em busca de melhores
condições sociais e materiais de vida para si e seus familiares e em que a decisão de migrar é
tomada livremente pelo indivíduo, por razões de conveniência pessoal e sem a intervenção de um
fator externo (SILVA, 2014). Já a migração forçada, segundo o glossário sobre migrações da
Organização Internacional para as Migrações (OIM, 2009 p. 42), significa:
termo geral usado para caracterizar o movimento migratório em que existe um elemento de
coação, nomeadamente ameaças à vida ou à sobrevivência, quer tenham origem em causas
naturais, quer em causas provocadas pelo homem (por ex., movimentos de refugiados e
pessoas internamente deslocadas, bem como pessoas deslocadas devido a desastres naturais
ou ambientais, químicos ou nucleares, fome ou projetos de desenvolvimento).
O termo migração forçada é usado para definir uma categoria de pessoas forçadas que são
obrigadas a deixar suas residências habituais em virtude de um fator externo de expulsão, como os
refugiados, que segundo o artigo 1º, A, § 2º, da Convenção Relativa para o Estatuto dos Refugiados
de 1951 se refere a:
70
Cláusulas geográficas e temporais foram retiradas no Protocolo Adicional de 1967, possibilitando que qualquer
pessoa, independentemente da data de 1 de janeiro de 1951 e da localização, goze desse instrumento em sua totalidade.
PROCEDIMENTOS METODÓGICOS
71
São pessoas que não têm sua nacionalidade reconhecida por nenhum país.
72
Que principalmente confere cidadania com base na raça.
73
O deslocamento interno ocorre quando o indivíduo não ultrapassa as fronteiras internacionais, permanecendo dentro
de seu próprio país.
74
Refere-se àquelas pessoas que solicitaram a condição de refugiado e está à espera da decisão do deferimento do
pedido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os conflitos que envolvem os muçulmanos rohingya no Mianmar não são recentes. Esse
país possui cerca de 135 grupos étnicos e religiosos reconhecidos oficialmente pela atual
constituição, sendo os rohingya, os únicos muçulmanos excluídos, que segundo as Nações Unidas e
a Anistia Internacional (2015) são chamados de “a minoria mais perseguidos do mundo”.
Para extremistas nacionalistas, os rohingya não são um grupo étnico independente com laços
com a terra no estado de Arakan, onde vive a maioria. Em vez disso, os nacionalistas afirmam que
esse povo migraram para Arakan depois que a Birmânia foi progressivamente absorvida pela Índia
Britânica a partir de 1824. Os nacionalistas vêem os rohingya como uma importação colonial
ilegítima, não de acordo com o caráter budista, mas como “bengalis”75.
Por outro lado, antes de 1824, os ingleses já se referiam à região como Rohang e àqueles que
lá viviam como rohingya. Relatórios posteriores do século XIX, incluindo o Relatório sobre o
Império da Birmânia de 1852, citavam a existência de muçulmanos locais denominados de
“Rovingaw” ou “Rooinga" (FURNIVALL, 2010). Além disso, um estudo de 1799 sobre as línguas
faladas na área birmanesa dividiu os nativos do estado de Arakan entre Yakain e Rooinga.
Segundo Ibrahin (2016), o governo do Mianmar é cúmplice da limpeza étnica do povo
rohingya, na tentativa de reescrever sua história e na definição de sua identidade, após ser tornar
independente da Grã-Bretanha, em 1948. O ex-congressista americano Tom Andrews afirmou que:
75
Em vez de rohingya, o governo e as autoridades estaduais os chamam de bengali, sendo um termo que sugere que
eles são imigrantes irregulares de Bangladesh.
76
“High-level United Nations officials and independent human rights groups continue to report evidence of direct state
complicity in ethnic cleansing and severe human rights abuses, blocking of humanitarian aid, and incitement of anti-
Muslim violence, constituting ominous warning signs of genocide.”
Os principais países de destino dos rohingya são Bangladesh, Malásia e Indonésia. Esses
países não são signatários da Convenção Relativa para o Estatuto dos Refugiados nem do Protocolo
77
“If the atrocities in Arakan had happened before the government’s reform process started, the international reaction
would have been swift and strong. But the international community appears to be blinded by a romantic narrative of
sweeping change in Burma, signing new trade deals and lifting sanctions even while the abuses continue.”
78
O direito de voto se deu pela concessão de cartões de identidade temporários para pessoas sem cidadania plena.
79
Anteriormente a ARSA era conhecido por outros nomes, como Harakah al-Yaqin. O grupo é composto por um
pequeno número de combatentes treinados com acesso a armas de fogo e explosivos.
80
O repatriamento voluntário é uma das soluções duradouras propostas pelo ACNUR, que tem a finalidade de retornar
o refugiado ao país de origem em condições de segurança e dignidade.
81
Não há campos de refugiados na Malásia.
82
O reassentamento é uma das soluções duradouras do ACNUR que prevê a transferência de refugiados de um país
anfitrião para outro país que concordou em admiti-los e, em última instância, conceder-lhes assentamento permanente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo abordou sobre a situação complexa referente à crise dos rohingya,
predominante mulçumana, que vive no Mianmar, de maioria busdista. Essa minoria sofre com
perseguição e discriminação, sendo privada de direitos básicos como educação, saúde, moradia,
liberdade de circulação e outros. Além disso, soma-se ao fato que os rohingya acabam se tornando
apátridas, sem possuir legalmente uma nacionalidade.
Como visto, diversos fatores contribuíram para que a crise dos rohingya se intensificasse em
Mianmar, em especial, foram os ataques promovidos pelo Arakan Rohingya Salvation Army nos
anos de 2016 e 2017. Isso acarretou em represálias por parte do governo de Mianmar,
desencadeando uma onda de migração em massa do povo rohingya para países do Sudeste Asiático.
Dessa forma, destacou-se que os principais países de destino dos rohingya são Bangladesh,
Malásia e Indonésia. Contudo, essas pessoas dependem exclusivamente da vontade desses países
para garantir a proteção, não podendo ter o status de refugiado, conforme os instrumentos
internacionais vigentes (Convenção Relativa para o Estatuto dos Refugiados e o Protocolo
Adicional de 1967).
Esse artigo intentou trazer uma contribuição para o estudo acerca da problemática da
migração forçada e, sobretudo, no que diz respeito aos rohingya, considerando que essas pessoas se
encontram em situações de vulnerabilidade, tornando-se fundamental encontrar nos países de
83
Princípio por meio do qual os países estão proibidos de expulsar uma pessoa para um território onde possa estar
exposta à perseguição.
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RESUMO
A nova Lei de Migração brasileira foi aprovada recentemente (2017), significando que o deficiente
Estatuto do Estrangeiro, de 1980, do período ditatorial, foi extinto, e inaugurando uma nova fase no
tratamento dado ao migrante no Brasil. Nesse contexto, este artigo resulta de uma pesquisa que
atualizou o Diretório brasileiro do ACNUR de trabalhos acadêmicos sobre migração forçada, entre
2007 e 2017, por entender ser momento oportuno para realizar uma radiografia do estado da arte
sobre esta temática, levando a um conhecimento científico da produção nacional e visando tornar-se
um instrumento útil para a Academia, o governo e entidades não governamentais, nacionais e
internacionais, buscarem melhor proteção para esta população. Coadunando-se com os eixos
temáticos da Conferência da Terra, este artigo problematizou até que ponto o estado da arte
brasileiro sobre deslocados ambientais cumpre seu papel de forma eficiente no sentido de
disseminar o conhecimento para envolver e conscientizar atores internacionais e nacionais no
entendimento da causa e na proteção dos seus direitos no Brasil. Dessa forma, o objetivo foi
atualizar o Diretório Nacional do ACNUR de teses, dissertações, trabalhos de conclusão de curso de
graduação e artigos (2007 a 2017), para auxiliar os atores envolvidos a proteger, promover e
garantir, nesse artigo, os direitos dos deslocados ambientais no Brasil, de forma que a relevante
produção científica sobre esta temática seja sistematizada e democratizada.
Palavras-chave: Deslocados ambientais. Brasil. Estado da arte.
ABSTRACT
The new Brazilian Immigration Law was recently approved (2017), meaning that the deficient 1980
Foreigner Statute of the Dictatorship Period was extinguished, and starting a new phase in the
treatment of migrants in Brazil. In this context, this article results from a research that updated the
UNHCR Brazilian Directory of academic papers on forced migration between 2007 and 2017,
because it is a good moment to carry out a radiography of the state of the art on this issue, leading to
a scientific knowledge of national production and in order to become a useful instrument for the
84
Professora Orientadora
INTRODUÇÃO
Pesquisas chamadas de “estado da arte” ou “estado de conhecimento” visam mapear e
disseminar informações resultantes de produção científica, com o fim de buscar avanços em certa
ciência. Segundo Ferreira (2002, p. 258-9), elas possuem caráter bibliográfico e trazem o desafio de
mapear e discutir certa produção acadêmica, a partir da intenção dos pesquisadores de conhecer
mais profundamente os estudos e as pesquisas em certa área do conhecimento para preencher, em
nível futuro, lacunas do conhecimento desta ciência.
Para Costa e Silva e Carvalho (2014, p. 348-9), “ o estado da arte é um método de pesquisa
que se realiza por meio de uma revisão bibliográfica sobre a produção de determinada temática em
uma área de conhecimento específica”, com o intuito de examinar teorias utilizadas ou em
construção em certa ciência, procedimentos de pesquisa empregados para a teoria analisada, o que
vem sendo discutido, e as lacunas existentes, além da contribuição científica e social da produção,
obsenvando-se, principalmente, recorte temporal, espacial e temático da ciência sob análise.
Nesse sentido, este artigo resulta de uma pesquisa de iniciação científica que mapeou o
estado da arte sobre refugiados, deslocados internos, deslocados ambientais e apátridas, a partir da
produção acadêmica havida entre 2007 e 2017, com base nas motivações a seguir expostas. Em se
tratando do recorte temporal, a crise financeira de 2007 na Europa trouxe mudanças drásticas na
migração mundial, particularmente, entre 2007 e 2011, quando um grande número de migrantes
irregulares do Oriente Médio, da África e do Sul da Ásia tentaram entrar na Europa via Turquia e
Grécia, conforme Meakin (2016); enquanto o Brasil, em 2007, celebrava os dez anos de criação da
avançada lei de proteção aos refugiados (Lei 9474/97), que ampliava a definição da Convenção da
ONU de 1951, considerando também como refugiado aquele que estava fora de seu país de origem
por violação maciça e generalizada aos direitos humanos (art. 1º, III).
Nesse tempo, o Brasil, o que justifica o recorte espacial da pesquisa, embora com legislação
avançada sobre refugiados, mantinha uma legislação retrógrada e deficiente sobre migrantes em
geral, qual seja, o Estatuto do Estrangeiro, de 1980, adotado no auge do período ditatorial. Contudo,
a nova Lei de Migração Brasileira (Lei 13.445/2017), apesar dos diversos vetos do então presidente
Assim, resultante da crise migratória mundial, que foi afetada fortemente pela crise
econômica europeia de 2007; das mudanças na lei brasileira, inclusive com novas resoluções do
Conselho nacional de Imigração (CNIg), como a resolução que concede visto permanente por
razões humanitárias aos haitianos que chegaram ao Brasil após o teremoto de 2010 e o visto
humanitário aos sírios, desde 2014; e no atual contexto por que passa a migração forçada em nível
global, regional (aumento no número de refugiados, deslocados internos, deslocados ambientais e
ausência de direitos a apátridas, particularmente na Síria, no Sudão do Sul, no Iraque, no
Afeganistão, na Colômbia e na Venezuela) e nacional (mudança de paradigma sócio-jurídico na
proteção dos migrantes e refugiados no Brasil, particularmente a partir de 2007, quando o Brasil
criou um programa para reassentar refugiados – em 2008 eram 117 refugiados reassentados,
conforme o U.S. Committee for Refugees and Migrants publicou em 2008), faz-se mister conhecer o
estado da arte da produção acadêmica sobre esta temática no Brasil, particularmente sobre os
deslocados ambientais.
Saliente-se, primeiramente, que os deslocados ambientais, conforme Pacífico e Gaudêncio
(2014), são indivíduos que sentem a necessidade de se deslocar em virtude de degradação ambiental
ou mudança climática e não possam, por este motivo, retornar ao local de origem. Alguns autores os
chamam de refugiados ambientais. De acordo com Bates, apud Pacífico e Gaudêncio (2014), o
termo “refugiados ambientais” foi definido com precisão por El-Hinnawi, em 1985, e refere-se aos
indivíduos que saíram de seus respectivos lares em decorrência de uma mudança ambiental drástica
o signo da cooperação entre a academia brasileira e o Acnur. [...]. Sabia-se em parte, e até
intuía-se, que havia uma produção acadêmica e científica brasileira sobre os temas do
refúgio, dos deslocamentos internos e da apatridia, mas não se tinha uma dimensão
aproximada de sua extensão e de suas características. Nesse sentido, o Diretório é uma
resposta, ainda que modesta, ao anseio do Acnur e da comunidade acadêmica brasileira de
realizar um levantamento dessa produção de pesquisas desenvolvidas em cursos de pós-
graduação stricto sensu, compartilhando a informação de forma transparente e democrática.
A iniciativa cumpre com um dos pontos do Plano de Ação aprovado no I Seminário
Nacional Cátedra Sérgio Vieira de Mello, que teve lugar na UniSantos, em junho de 2010.
A par disso, um dos objetivos importantes do Diretório é indicar como os temas do refúgio,
do deslocamento interno e da apatridia têm recebido interesse por diferentes áreas de
conhecimento das Ciências Humanas e Sociais no Brasil. Embora haja uma ou outra área
predominante de produção, é interessante notar como a interdisciplinaridade está presente
no conjunto dos trabalhos produzidos.
O Diretório, contudo, se encontra, atualmente, desatualizado, pois diversas publicações
foram realizadas após 2010 (ano em que o diretório parou sua pesquisa), necessitando de serem
inseridas no relevante inventário deste Diretório.
Os fluxos migratórios são corriqueiros no mundo desde tempos remotos. Betts (2013)
defende o uso do termo “migrantes de sobrevivência” para se referir a indivíduos que precisam de
proteção internacional, mas são excluídos de Regime Internacional dos Refugiados. Esses migrantes
são todas as pessoas que deixam seus países de origem com o objetivo de se estabelecer em outro
país de forma temporária ou permanente, devido a motivações sociais e econômicas; quando tentam
escapar da pobreza ou do desemprego, buscamndo melhores condições de vida e maior acesso a
trabalho, saúde e educação. Independentemente de seus motivos, o deslocamento forçado sempre
existiu e ainda existe, contendo classificações, como refugiados, deslocados internos, deslocados
ambientais e apátridas, mas que foge do escopo deste artigo.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram publicados, no Brasil, entre 2007 e 2017, no total, 13 teses e 63 dissertações; 43 TCC
de graduação em IES em João Pessoa e 340 artigos em periódicos Qualis-Capes (2016): A1 (62
artigos), A2 (93 artigos) e B1 (185 artigos). Os gêneros dos autores: das teses e dissertações (76)
são 57 mulheres e 19 homens; dos TCC (43), 29 mulheres e 14 homens; e dos artigos, de 523
autores e coautores, 304 são mulheres e 219 homens.
Dos números acima, que se referem a todos os tipos de migrantes forçados (refugiados,
deslocados internos, apátridas e deslocados ambientais), apenas 1 tese e 2 dissertações eram sobre
deslocados ambientais. Quanto aos TCC, apenas 2 abordam deslocados ambientais. E, no que se
refere às categorias de pesquisa dos artigos, foram escritos e publicados 8 em periódicos B1; 2 em
A2; e 3 em A1 sobre deslocados ambientais
Os temas mais recorrentes nas teses e dissertações que trataram do tema deslocados
ambientais foram o que segue: 17 teses e 16 dissertações sobre Direito, lei e normas;1 tese e 10
dissertações sobre proteção e assistência; 5 teses e 3 dissertações sobre hospitalidade, integração e
gênero; 1 tese e 2 dissertações sobre crise; apenas uma teses sobre soluções; 6 teses e 8 dissertações
PUBLICAÇÕES DE TESES E
DISSERTAÇÕES
Teses Dissertações
17%
83%
PUBLICAÇÕES DE TCC
2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007
18
16
14 16
12
10
8 9
6
4 5
2 4
2 1 2 1 1 1 1
0
2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007
33%
67%
25%
75%
Mulheres Homens
42%
58%
1,5
1 2
0,5 1
0
Deslocados Ambientais
TESES DISSERTAÇÕES
Desloc. Ambientais
Deslocados Ambientais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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MATOS, Cristina (1993) Migrações: decisões individuais e estruturas sociais. Instituto Superior de
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RESUMO
Tuvalu é um pequeno país situado no meio do Oceano Pacífico que vem sofrendo com o aumento
do nível do mar. Devido ao aquecimento global antropogênico e o consequente derretimento das
calotas polares, há uma elevação dos oceanos a qual é pequena mas substancial para que o país seja
inundado em alguns anos. Sendo assim, seus habitantes são caracterizados como refugiados
ambientais, pessoas que deslocam-se de seus países por questões de mudanças climáticas além de
serem deslocados forçados com destino aos Estados mais próximos como Nova Zelândia e
Austrália. Nesse sentido, o presente artigo tem por objetivo oferecer uma visão geral sobre as
alterações climáticas em Tuvalu e a migração forçada. Para abordar o objeto de estudo proposto,
realizou-se uma revisão bibliográfica com o mapeamento das principais fontes, considerando
documentos oficiais do Programa Ambiental para regiões do Pacífico (NZAID). Ademais, essa
pesquisa caracteriza-se como descritiva, de natureza básica e de abordagem qualitativa. O objetivo
geral é analisar a influência da elevação dos mares como agentes catalisadores da migração dos
tuvaluenses aos Estados mais próximos. Sendo assim, são os objetivos específicos (i) especificar o
que são deslocados ambientais (ii) explanar o processo de migração tuvaluense (iii) identificar os
impactos de tal relação para governança ambiental global. Como resultado parcial, é possível
perceber que os programas de imigração da Nova Zelândia e Austrália têm contribuído para a
inserção desses deslocados em ambiente seguro.
Palavras-Chave: Tuvalu; alterações climáticas; deslocados ambientais; Governança.
ABSTRACT
Tuvalu is a small country in the middle of the Pacific Ocean that has been suffering from rising sea
levels. Due to the anthropogenic global warming and the consequent melting of the polar caps, there
is an increase of the oceans that is small but substantial so that the country is flooded in some years.
Thus, its inhabitants are characterized as environmental refugees, people moving from their
countries due to climate change, as well as forced displacement to nearby states such as New
Zealand and Australia. In this sense, this article aims to provide an overview of climate change in
Tuvalu and forced migration. In order to approach the proposed study object, a bibliographic review
was carried out with the mapping of the main sources, considering official documents of the
Environmental Program for Pacific regions (NZAID). In addition, this research is characterized as
INTRODUÇÃO
85Aquelas pessoas que foram forçadas a deixar seu habitat natural, temporária ou permanentemente, em razão
de uma determinada ruptura ambiental (natural ou ocasionada pelo homem), que ameaçou sua existência ou
seriamente afetou sua qualidade de vida”
PROCEDIMENTOS METODÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O fato que vem se intensificando e também evidenciado por todos esses anos é o de que a
temperatura média da terra está aumentando. Conforme a afirmação de Ribeiro (2001) apud
Carneiro Júnior (2007), a temperatura tem passado por uma variação positiva em que há oscilação
entre 0,03Cº e 0,6Cº por décadas, além disso, o período no qual houve maior aquecimento da Terra
ocorreu entre 1920 a 1940 e 1975 até 1990. O aumento dessa temperatura acarreta no derretimento
[...] teme a perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou
opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em
virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que, se não tem
nacionalidade e se encontra fora do país no qual tinha sua residência habitual em
conseqüência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não quer
voltar a ele. (ACNUR, 1951, p. 2)
O conceito de governança global tem sido analisado com o objetivo de trazer respostas
sobre a influência de atores não-estatais, tanto na política como no direito internacionais26.
A governança global reside no processo de construção das instituições como a ONU, FMI,
OMC e dos regimes internacionais apara a regulação dos desafios contemporâneos,
portanto não deve ser confundida com um “governo global”. Para James Rosenau27, a
governança demonstra a existência de regras, a todos os níveis da atividade humana, cujas
finalidades são controladas para terem um efeito internacional. Essa abordagem defende
que os indivíduos são capazes de se organizar para resolver problemas comuns, por meio de
mecanismos interativos de decisão, que constituem a “governança sem governo” a partir de
uma iniciativa comum tomada sob consenso. As relações de poder tendem a ser afastadas,
formando o que Senarclens28 chama de “nebulosa de redes e de instituições de natureza
Gonçalves e Costa (2011) explanam que no que tange à governança global ambiental, deve-
se ter uma ampla disposição e participação por parte dos atores internacionais, seja Estado,
empresas, organizações não governamentais, comunidade científica, visando a solução das
problemáticas dessa questão.
Com base nisso, percebe-se então, que para a efetivação de uma governança global
ambiental, necessita-se basicamente, de quatro elementos: a busca por soluções efetivas;
cooperação e consenso, por parte dos atores; a utilização de mecanismos que não se restringem
apenas à esfera estatal; e a utilização de instituições internacionais que têm sido criadas, nos últimos
anos (ARMADA, 2016, p. 259).
Por outro lado, por mais que tenham-se realizado diversos fóruns e discussões sobre a
questão ambiental, tem-se ainda, um atenuante de má gerenciamento dos recursos naturais globais,
e, a inoperância dos atores internacionais frente aos problemáticas atuais. Diante disso, pontua-se o
caso de Tuvalu, que pouco tem tido repercussão internacional, demonstrando as deficiências sociais
e institucionais atuais (AVZARADEL, 2009).
Como visto, Tuvalu expõe não só ingerências ambientais, do sistema internacional, mas
também o não reconhecimento e o acolhimento dos refugiados ambientais por parte de outros países
(CLARO, 2012).
Em meio ao cenário atual, Tuvalu tem adotado uma política de ativismo ambiental global:
Além disso, o país faz parte da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), junto de
mais 38 outros Estados (AOSIS, 2018). Os países membros dessa Aliança, assim como Tuvalu
reivindicam, no cenário internacional, a efetivação de acordos que reduzam a emissão de gases que
intensifiquem o efeito estufa, especialmente, por parte dos países desenvolvidos, ou em
desenvolvimento, como Estados Unidos e China, que geralmente, se recusam a assinar documentos
que os fazem se comprometer com uma política menos poluente (BRAGA; LANZA, 2016).
Muitos países utilizam o argumento da autonomia estatal para se isentarem de não só
controlarem suas economias aos moldes sustentáveis, mas também, de não acolher os refugiados
ambientais em seus países (CLARO, 2012). Desta forma, tem-se então, o paradigma de até que
ponto pode-se ter um sistema de governança ambiental, onde tem-se o aumento da redefinição das
soberanias estatais no sistema internacional (BARROS-PLATIAU; VARELLA, 2004).
Sendo assim, percebe-se que por se tratar de uma problemática que não só afeta a população
de Tuvalu, em aspectos econômicos, políticos, social, e cultural, mas todo o sistema internacional,
por ser algo transfronteiriço, necessitando assim, de uma gestão coletiva ambiental (BARROS-
PLATIAU; VARELLA; SCHELEICHER, 2004). Além disso, por conta dos desafios anteriormente
mencionados, precisa-se do aumento de normatividade do sistema internacional, com sanções mais
rígidas, visando a redução dos danos já culminados, e, aumento da cooperação, consenso e
comprometimento entre os Estados. (HURRELL, 1999, p. 75).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo abordou sobre o complexo caso de Tuvalu, que se encontra na Polinésia,
no Oceano Pacífico. Com o aumento da degradação ambiental e a emissão de gases, o globo tem
aumentado sua temperatura, e com isso, tem-se o derretimento das geleiras, aumentando o nível do
mar. Sendo assim, países como Tuvalu são drasticamente afetados, uma vez que, não só tem ficado
com seus solos improdutivos, afetando-os economicamente, como tem a possibilidade de
desaparecer, pois é uma pequena ilha, culminando em vários fluxos migratórios, em especial, pela
busca do refúgio ambiental.
REFERÊNCIAS
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mudança climática planetária. 2016. 378 f. Tese (Doutorado) - Curso de Direito, Universidade
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Disponível em: < http://unctad.org/en/pages/newsdetails.aspx?OriginalVersionID=1827 >.
Acesso em: 25 de agosto de 2018.
RESUMO
No Brasil a colonização ocorreu sob o modelo organizacional lusitano em todas as dimensões, de tal
forma que houve a transferência deste padrão à lógica de administração pública ao Brasil. Dentro
deste contexto, a intenção da Coroa Portuguesa em expandir seus territórios e a fé católica está
presente desde os primeiros atos após a chegada no Brasil. No período da inquisição, não bastava
ser católico, havia a exigência de demonstração pública de sua fé e devoção. Assim, por medo de
delações e perseguições foram criados e estimulados comportamentos sociais de confissão pública
da fé católica. Rituais que envolviam festejos comunitários, procissões, romarias e peregrinações
foram valorizados como rito social. Assim como, foram valorizadas as ações de combate aos infiéis
e de submissão dos indígenas, considerados hereges, à fé católica. Nesse contexto, surgem os
lugares de devoção, com organização de festejos, romarias e peregrinações. Com destaque a
devoção Mariana, com as mais distintas denominações, sendo a Imaculada Conceição declarada
padroeira luso brasileira em 1646. É o catolicismo devocional com características centradas no
culto dos santos, tanto com expressões intimistas com oratórios domésticos, tanto com ritos
públicos. O culto à Maria cresceu, estendendo os domínios a fé católica no Brasil, a grande devoção
se deve, além do fato de Maria ser considerada modelo de virtude e submissão, por representar a
figura materna. Pois, não importa o segmento social, o arquétipo da mãe é universal e está presente
em toda a sociedade, por isso é forte a presença da devoção Mariana em todo o Brasil e América
Latina. O maior exemplo de devoção Mariana no Brasil é Nossa Senhora Aparecida, cuja imagem
foi encontrada em 1717 no Rio Paraíba do Sul, proclamada Rainha do Brasil em 1904 e Padroeira
do Brasil em 1930. Hoje, a Basílica de Aparecida é o maior templo Mariano do Mundo, e segundo
maior templo católico do mundo - perde somente para a Basílica de São Pedro no Vaticano - situada
na Cidade de Aparecida (SP), recebe mais de 12 milhões de visitantes ao ano. Sendo que pesquisas
indicam que esta visitação movimenta cerca de R$ 1,4 bilhão ao ano.
CULTO A MARIA
REFERÊNCIAS
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(Doutorado em Geografia) - Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo, São Paulo.
RESUMO
O ambiente costeiro maceioense vem sendo ocupado desde a colonização para diversos fins,
passando por modificações contínuas e progressivas e concentrando atividades econômica,
industrial, de recreação e turismo, tendo como consequência, variações na linha de costa. As
condições geológicas e geomorfológicas, juntamente com a dinâmica, originaram as feições
morfológicas presentes na planície costeira atual. Os recifes de arenito e os de coral e algas
constituem feições morfológicas importantes na distribuição dos sedimentos e mudanças na
morfologia costeira. A posição da linha de costa do município tem sido afetada nas últimas décadas
por fatores naturais da dinâmica costeira, transporte de sedimentos e por fatores antrópicos como a
retirada da linha de recife natural, aterros, atividade imobiliária, dragagens de rios e obras costeiras.
O objetivo deste estudo foi analisar a evolução dos bairros costeiros, as variações da linha de costa,
o desenvolvimento urbano associado à problemática ambiental. Para isto, foram analisados
documentos históricos, fotografias aéreas desde o ano de 1955, e imagens de satélite. A linha
costeira na área estudada, por suas características distintas, foi dividida em três setores. O setor 1
apresenta uma relativa estabilidade e progradação. No setor 2, a praia da Pajuçara apresenta
tendência erosiva devida à retirada da linha de recife natural no passado e agravada pela retenção
dos sedimentos no promontório da Ponta Verde e construções sobre a pós-praia
(compactação/urbanização), que contribuem para aumentar o déficit de sedimentos. No setor 3, a
praia da Jatiúca apresenta tendência erosiva e as praias de Cruz das Almas e Jacarecica apresentam
tendência à progradação.
Palavras-Chave: evolução, variações da linha de costa, impactos ambientais
ABSTRACT
The coastal environment of Maceio has been occupied since colonization for various purposes,
through continuous and progressive modifications and concentrating economic, industrial,
recreation and tourism activities, resulting in variations in the coastline. The geological and
geomorphological conditions, along with the dynamics, originated the morphological features
present in the current coastal plain. Sandstone reefs and coral and algae reefs are important
morphological features in the distribution of sediments and changes in coastal morphology. The
position of the coastline of the municipality has been affected in the last decades by natural factors
of the coastal dynamics, transport of sediments and by anthropic factors such as the withdrawal of
the natural reef line, landfills, real estate activity, river dredging and coastal works. The objective of
this study was to analyze the evolution of the coastal districts, the variations of the coastline, the
urban development associated with the environmental problem. For this, historical documents,
aerial photographs since the year 1955, and satellite images were analyzed. The coastline in the
studied area, due to its distinct characteristics, was divided into three sectors. Sector 1 presents
relative stability and progression. In sector 2, the Pajuçara beach presents an erosive tendency due
to the withdrawal of the natural reef line in the past and aggravated by the sediment retention on the
Ponta Verde promontory and post-beach constructions (compaction / urbanization), which
contribute to increase the sediment deficit. In sector 3, the beach of Jatiúca presents an erosive
tendency and the beaches of Cruz das Almas and Jacarecica are prone to progress.
Keywords: evolution, coastline variations, environmental impacts
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 687
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
INTRODUÇÃO
A zona costeira de Maceió tem sido ocupada de maneira acelerada, desde a década de 80,
sendo a área que apresenta maior densidade demográfica do estado. Na planície costeira os recifes
de arenitos, de coral e algas, dunas, mangues e praias atuais fazem parte da paisagem litorânea da
cidade de Maceió, estando inseridas na área urbana, além de apresentarem imenso potencial
turístico, enquadrando-se assim na problemática geral dos ambientes costeiros.
A posição da linha de costa do município tem sido afetada nas últimas décadas por fatores
naturais, como dinâmica costeira, transporte de sedimentos, variação do nível do mar e fatores
antrópicos, como retirada da linha de recife natural, aterros, atividade imobiliária, dragagens de rios
e obras costeiras. A compreensão desses fatores é essencial para a solução de problemas em
ambientes ameaçados.
O presente trabalho abrange 21,5 km da planície costeira do município de Maceió, desde o
inlet do complexo estuarino lagunar Mundaú-Manguaba, limite sul do município de Maceió até a
foz do rio Jacarecica ao norte (figura 1). Destina-se a apresentar as variações a médio prazo,
identificando e quantificando em metros/ano o deslocamento na linha de costa em 1965, 1977,
1982, 1990, 2000 e 2002, tendo por referência a linha de costa de 1955. Esse deslocamento foi
correlacionado ao grau de desenvolvimento urbano, obras costeiras e à ambiência nos 10 bairros
costeiros que compõem a área de estudo.
Durante os últimos anos, a ocupação da zona costeira de Maceió tem contribuído para
dizimar a vegetação nativa e as feições geomorfológicas presentes tais como dunas, lagunas, terras
úmidas, cordões litorâneos e praias. Essa ocupação fez surgir uma série de obras costeiras,
modificando o meio ambiente.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nas várias bibliografias consultadas, verificamos que existem diversos métodos de grande
valia para a compreensão das modificações costeiras, porém estes apresentam resultados em escalas
distintas, dificultando a análise e também não associam nem quantificam o grau de
desenvolvimento urbano, as obras costeiras e os impactos ambientais.
Os processos que atuam na costa de Maceió (SANTOS,2004), são representados por ações
naturais e antrópicas, que exercem grande influência na modelagem da linha de costa, associados a
ações construtiva (deposição) e destrutiva (erosão).
Mas recentemente, Lima & Coelho (2017), aplicou modelo de evolução da linha de costa
LTC, que tem sido utilizado em diversos estudos e projetos.
Esteves & Finkl (1998), desenvolveram estudos da linha de costa da Flórida, e verificaram
que mesmo utilizando dados sequenciais desenvolvidos por órgãos ligados ao gerenciamento
costeiro daquele estado, era difícil a identificação das áreas críticas de erosão, pois setores definidos
como em erosão num período, poderiam ser definidos como estáveis ou em progradação em outro
período. Sendo assim, para quantificar as mudanças da linha de costa, grau de urbanização, obras
costeiras e meio ambiente, foram definidas uma série de parâmetros.
Considerando que, para a área em estudo, inexistiam dados seqüenciais de mudanças da
linha de costa, e que os mesmos foram levantados durante a realização deste trabalho, adotaram-se,
com pequenas adaptações, os parâmetros definidos por Esteves & Finkl (1998), com o intuito de
facilitar e padronizar os deslocamentos da linha de costa, associando-os ao grau de desenvolvimento
urbano, obras costeiras e ambiência (tabela 1).
Para a avaliação sobre as variações (recuos e progradações) da linha de costa ocorridas na
área de estudo em 47 anos, foi aqui estabelecida como linha de base a linha de costa do ano de
1955, que teve sua delimitação definida pela linha de vegetação em fotografias aéreas, assim como
a linha de costa de 1965, que foi ajustada à de 1955 pelos pontos de controles já existentes na
planície costeira, como o porto, praças e cemitérios.
Deslocamento da linha de
Erosão - 0,5 a –1,0 m / ano
costa (com base na linha de
costa de 1955)
Alta erosão > - 1,0 m / ano
As linhas de 1977, 1982 e 2000 foram estabelecidas com base em mapas topográficos e a de
1990 através de imagem de satélite. Para fins comparativos, foi imprescindível o ajuste dos
mosaicos (mapas e imagens) baseado nas construções já estabelecidas ao longo da costa, tais como:
porto, píer da Braskem e emissário da CASAL, identificáveis nos conjuntos de mapas e imagem
(pontos de controle).
Para a delimitação da linha de costa do ano de 2002, foi seguida a metodologia de
(MORTON, 1997), registrando, em caminhamento, as feições que são importantes indicadores de
movimentação praial, como a crista de berma e escarpa de erosão que na maioria das vezes na área
coincidem com a linha de vegetação e estruturas antrópicas, como muros de contenção e porto.
As taxas de deslocamento para cada ano analisado foram calculadas com a divisão dos
dados da tabela 2 pelo número de anos compreendidos entre 1955 e o respectivo ano de observação.
Para os deslocamentos da linha de costa foram definidos quatro intervalos de classe. Os intervalos
de classe > 0,5 m/ano (acresção), de -0,5 a 0,5 m/ano (estabilidade), de - 0,5 a - 1,0 m/ano (erosão)
e > - 1,0 m/ano (alta erosão).
Os intervalos aqui definidos podem ser diferentes de acordo com o setor costeiro trabalhado.
Para a costa oriental nordestina esses intervalos são aceitáveis, visto que se trata de uma costa com
déficit de sedimentos e planície costeira pouco desenvolvida. Para estabelecer as diversas classes de
desenvolvimento urbano, considerou-se que os bairros com mais de 60% da sua área total ocupada
por prédios e casas são classificados como de alto grau de ocupação, os que apresentam entre 30 e
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em 1982 o estágio de alta erosão continua regredindo, ficando restrito à praia da Avenida
entre a Santa Casa (ponto 4) e a praça Sinimbu (ponto 5) e à praia da Pajuçara (pontos 7 e 8). O
restante da linha de costa passa para um processo de estabilidade, e em apenas um ponto, na praia
do Pontal (ponto 1), apresenta-se em acresção.
Na linha de costa de 1990 observa-se a ausência do processo de alta erosão, aparecendo em
erosão a praia do Pontal da Barra (Ponto 1), a praia da Pajuçara (pontos 8 e 9) e a praia da Jatiúca,
na desembocadura da laguna da Anta (ponto 12). É de se notar a maior presença do estágio de
acresção que passa a vigorar na praia da Avenida (pontos 3 e 4), na praia da Jatiúca (ponto 11) e na
praia de Cruz das Almas e Jacarecica (pontos 13, 14 e 15). O processo de estabilidade continuou a
vigorar nos pontos 2, 6 e 10, e passou a vigorar nos pontos 5 e 7.
No ano de 2000 tem-se o retorno do processo de alta erosão na praia da Pajuçara (pontos 7,
8 e 9) e Jatiúca, na lagoa da Anta (ponto 12). O restante de linha de costa apresenta-se estável, com
exceção dos pontos 2 e 5, que passam a ter acresção. No ano de 2002 é notável a estabilidade da
linha de costa, com acresção na praia do Pontal/BRASKEM (ponto 2) e na praia da Ponta Verde
(ponto 10), ficando a alta erosão restrita à praia da Pajuçara, pontos 7 e 8.
Tomando-se os 15 pontos analisados e suas respectivas classes de deslocamento da linha de
costa, foram calculados os percentuais de deslocamento em relação ao comprimento total da linha
de costa estudada (tabela 4). Com base nesta tabela, observa-se que na década de 1960 a linha de
costa em estudo apresentava 54% de alta erosão e 46% de estabilidade. Na década de 1970, 53,5 %
da costa estavam em acresção, 37,2 % em alta erosão e 9,3% da costa permaneciam estável. Na
década de 1980, 67,5 % da linha de costa estavam estáveis, 18,5 % em alta erosão e 14 % em
acresção. Na década de 1990, 44,2% da linha de costa estavam em acresção, 30,2 % estáveis e
25,6% em erosão. Em 2002, 74,5 % de linha de costa estavam estáveis, 14 % em alta erosão e 11,5
% em acresção.
Tabela 4 – Percentual de deslocamento (ano base 1955) em relação ao comprimento total da linha de costa.
Período (anos) Alta erosão (%) Erosão (%) Estável (%) Acresção (%)
1965 54,0 - 46,0 -
1977 37,2 - 9,3 53,5
1982 18,5 - 67,5 14,0
1990 - 25,6 30,2 44,2
Para o cálculo do grau de desenvolvimento urbano, inicialmente foi calculada a área atual
dos dez bairros costeiros em estudo. De posse de fotografias aéreas, mapas e imagem de satélite de
1955, 1965, 1977, 1988, 1990 e 2000, foram calculadas as áreas aproximadas de ocupação desses
dez bairros nas seis décadas (tabela 5). A partir desses dados, determinaram-se os percentuais de
ocupação em cada bairro em relação à sua área total (tabela 6). Baseado no percentual de ocupação
de cada bairro, foram estabelecidas as respectivas classes de desenvolvimento urbano (tabela 7).
De acordo com a tabela 7, observa-se que em 1955 os bairros costeiros apresentavam, em
sua maioria, um baixo grau de desenvolvimento urbano, com exceção dos bairros de Jaraguá e
Pajuçara, que já mostravam, à época, uma classe de desenvolvimento moderada.
Tabela 5 – Área aproximada de ocupação dos bairros costeiros nas seis décadas.
Área ocupada em km2
Área total
1955 1965 1977 1982 1990 2000
Bairros km2
Pontal da
Barra 2,53 0,032 0,068 0,084 0,40 0,48 0,56
Trapiche da
Barra 1,69 0,034 0,162 0,205 0,74 1,43 1,15
Prado 1,40 0,048 0,223 0,345 1,16 1,17 1,38
Centro 1,45 0,37 1,19 1,20 1,22 1,4 1,44
Jaraguá 1,1 0,38 0,48 0,50 0,69 1,06 1,08
Pajuçara 0,57 0,18 0,22 0,38 0,40 0,43 0,55
Ponta Verde 1,07 0,02 0,21 0,51 0,86 0,9 1,05
Jatiúca 2,90 0,012 0,18 0,2 1,75 2,3 2,68
Cruz das
Almas 0,68 0,028 0,072 0,083 0,30 0,39 0,58
Jacarecica 0,45 0,008 0,10 0,11 0,13 0,20 0,23
Fonte: Elaborado pela autora.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Pernambuco, 176 p. Recife – PE. 2004.
RESUMO
O presente trabalho objetiva analisar as representações e as dinâmicas territoriais vivenciadas no
município de Areia-PB, frente às novas configurações do espaço rural e a emergência do turismo
enquanto atividade alternativa para o desenvolvimento local. Um dos princípios norteadores da
abordagem diz respeito às influências que as representações exercem sobre os diferentes atores
sociais ante a emergência de uma “nova ruralidade”, que se caracteriza por dinâmicas culturais,
econômicas e sociais, mobilizando lógicas que reforçam permanências e continuidades,
favorecendo processos de transformação e de manutenção das condições de sujeição. Nesse cenário,
ganha destaque a presença de atividades não agrícolas em propriedades, cuja tradição era a
agricultura, mais especificamente a monocultura da cana de açúcar, situação típica dos engenhos de
mel e melaço, cuja expressividade ultrapassa a importância econômica, sendo essas unidades
produtoras referências sociais e culturais, mas também de concentração e exploração de centenas de
famílias. Impulsionados pelo SEBRAE, Secretarias de Cultura e Turismo de Areia, os proprietários
rurais perceberam nos antigos engenhos um potencial para o turismo. Com a possibilidade de
incorporar os engenhos e os espaços circundantes à atividade turística, estes passam a figurar como
um dos principais atrativos da localidade, favorecendo empreendimentos, como: restaurantes,
trilhas ecológicas, casas artesanais, entre outros. Nesse sentido, atores sociais que antes
invisibilizados (como moradores e trabalhadores rurais sem terra e sem direitos), têm suas
possibilidades ampliadas a partir das demandas geradas pela atividade turística na construção da
nova ruralidade. Para realização da pesquisa, análise e reflexões fez-se uso de um conjunto de
técnicas de pesquisas entre as quais as entrevistas semiestruturadas, foto documentação, observação
direta, entre outros. Constatou-se, mediante a realização do estudo, que existem diversas lacunas
que impossibilitam colocar o espaço rural areiense dentro do sistema de turismo, sendo a
fragilização de seu sistema receptivo, a estrutura modesta dos estabelecimentos locais e a
insuficiente participação do poder público no melhoramento da infraestrutura, alguns dos principais
entraves ao estímulo da atividade.
Palavras- chave: Novas Ruralidades; Turismo Rural; Desenvolvimento Local.
ABSTRACT
The present paper aims to analyze the territorial representations and dynamics lived in the city of
Areia-PB, in face of the new settings of rural space and the emergency of tourism as an alternative
activity for local development. One of the guiding principles of the approach regards the influence
that the representations exert on the different social actors in face of the emergency of a “new
rurality”, which is characterized by social, economic and cultural dynamics, mobilizing logics that
reinforce permanencies and continuities, favoring the transformation and maintenance processes of
the subjection conditions. In this scenario, the presence of nonagricultural activities is highlighted in
properties whose tradition used to be agriculture, more specifically the monoculture of sugar cane, a
typical situation of honey and molasses mills, whose expressiveness goes beyond the economic
importance, being these producing units social and cultural references, but also concentration and
exploration of hundreds of families. Driven by SEBRAE and the Culture and Tourism Secretaries
of Areia, the rural proprietaries noticed in the old mills a potential for tourism activity. With the
INTRODUÇÃO
86
Ver: TEIXEIRA, Vanessa Lopes. Pluriatividade e agricultura familiar na região serrana do Estado do Rio de Janeiro.
Dissertação de Mestrado em Ciências em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Seropédica: UFRJ, 1988.
87
A pluriatividade seria uma busca alternativa de renda entre os membros de famílias rurais mediante a integração de
atividades agrícolas a outras atividades ocupacionais (BAUMEL; BASSO, 2004). Entretanto, uma das críticas tecidas
ao termo é sua limitação às atividades econômicas, negligenciando a necessidade de um olhar mais atento às relações
sociais.
88
Entre os autores pode ser citada Silvana Gonçalves de Paula, com sua obra O campo na cidade: esporte country e
ruralidade estetizada, 1999.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
89
A utilização dos termos não segue a tradicional definição que apresenta o urbano como centro de desenvolvimento
em detrimento do atraso que comumente se atribuía ao rural. Entretanto, não há a pretensão de torna-los homogêneos,
entendendo-os como espaços nos quais se desenvolvem processos de recriação constantes, de acordo com as
representações sociais, as simbologias e as necessidades econômicas de cada época. (CARNEIRO, 2012)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
90
Parecer anunciado pelos técnicos do IBGE, em maio de 2012.
91
Um dos técnicos do SEBRAE, na Feira Regional de Turismo Rural (RuralTur), em 2012 afirmou ser possível
avançar na esfera econômica mediante incentivo à exploração dos recursos naturais, culturais e artísticos que o meio
rural areiense propicia. Dessa forma, os grupos locais passam a ter maior reconhecimento e se libertar de determinados
limitantes sociais.
92
A Chã do Jardim é uma comunidade formada por moradores do Engenho Bujari dos espaços da zona rural areiense
que fica a aproximadamente 6 km da sede municipal, na direção oeste, às margens da Rodovia PB 79, trecho Areia a
Remígio;
94
Parecer apresentado por um dos coordenadores dos trabalhos realizados no Restaurante Vó Maria, em Julho de 2013.
95
Alguns condicionantes para que uma localidade seja considerada turística é o oferecimento de pousadas rurais,
restaurantes onde sejam oferecidas comidas típicas, vias de acesso satisfatórias, entre outros elementos. (RODRIGUES,
2000)
96
As vias de acesso são mal sinalizadas, com buracos em sua extensão, sem faixas divisórias em boa parte dos trechos.
As estradas que levam aos engenhos carecem de maiores benefícios, o que se evidencia pelo lamaçal e os sulcos que se
formam durante os meses chuvosos, tornando difícil e perigosa a sua utilização
97
Entrevista concedida em julho de 2013.
Mais uma vez, as dinâmicas do meio rural areiense evidenciam a crise no sistema tradicional
e a criativa reinvenção do espaço pelos moradores que encontram alternativas para sua subsistência,
realizando atividades que os possibilitem também a realização pessoal quando fazem o que sabem e
gostam98, e participam das decisões tomadas99.
Esses são os empreendimentos mais recentes no meio rural areiense que constatam a
preocupação em se construir em Areia um ambiente propício ao turismo rural. A essas iniciativas se
unem outras, como o Restaurante da Várzea do Quati, cuja origem remete ao desejo de satisfazer do
engenho, de forma a torná-lo receptivo, sendo oferecido almoço regional100 e um ambiente propício
à contemplação dos atributos naturais da região. Entretanto, as maiores queixas dos turistas são com
relação às vias de acesso. Aliás, a questão da acessibilidade é um dos principais motivos apontados
pela proprietária da Pousada Rural Engenho Cepilho, no meio rural areiense. A referida pousada
rural, de pequeno porte e sem ostentação de luxo (com uma estrutura arquitetônica que buscava
aproximar o turista da vida no campo, sem sofisticação) foi mantida aberta por apenas oito meses,
tendo o início de suas atividades datado do ano de 2006101.
Na última década vários investimentos foram realizados com o intuito de tornar o município
mais atraente aos olhos dos visitantes, e nesse processo os espaços rural e urbano passaram a ter
uma maior integração. Segundo a secretária de cultura do município, quem procura a localidade
98
Em entrevista, uma das associadas declara: “Todos amam plantar as flores de paixão! Inclusive, teve uma das nossas
que dizia que quando se aposentasse ia sair da associação. Só que ela não aguentou ficar distante do cultivo das flores, e
voltou”. Entrevista concedida em julho de 2013.
99
Todas as decisões são tomadas coletivamente. De acordo com os membros da floricultura, toda semana há reunião
para prestação de contas e previsão de ações futuras. Entrevista concedida em julho de 2013.
100
Prefeitura Municipal de Areia – Notícias. Publicação de 24.07.2013.
areia.pb.gov.br/imprensa/noticias.php?id=331&pagina=5 . Acesso em agosto de 2013.
101
Dados fornecidos pela proprietária da pousada por meio de comunicação telefônica, em julho de 2013.
Entretanto, mesmo que seja crescente a apropriação dos espaços rurais para a implantação
do turismo em Areia, e que se evidencie a possibilidade de contribuição econômica, social e cultural
dessa atividade para a localidade, há uma significativa distância a ser percorrida entre ser uma
localidade com potencial turístico e ser efetivamente uma localidade turística. Embora haja a
contribuição de órgãos públicos (como o SEBRAE) e iniciativas privadas, o apoio de órgãos
municipais e a infraestrutura se mostram insuficientes para o incremento do turismo como atividade
de relevância.
Segundo um dos turistas, a propaganda é maior do que o que se pode encontrar no
município, e que os poderes públicos e privados não são capazes de atender as exigências dos
visitantes por falta de visão sobre o que é uma localidade voltada para o turismo. Para ele, Areia
tem potencial histórico, cultural e natural para crescer no ramo, mas falta um maior compromisso
das instâncias envolvidas104.
102
Entrevista concedida em agosto de 2013.
103
Segundo SHIKI (1997), com as novas formas de atuação sobre os espaços, a delimitação do que é rural e do que é
urbano torna-se cada vez mais difícil e cada vez menos relevante, pois as mudanças ocorridas nas últimas décadas têm
nutrido o campo de características tidas como tipicamente citadinas: a redução do isolamento, a melhoria nos meios de
transporte, o incremento de elementos de comunicação, empreendimentos habitacionais, assistência médica. Além
disso, para o autor, o novo rural brasileiro tem realizado a combinação dos componentes agropecuários a atividades
distintas, como o turismo.
104
Mostrando indignação, o turista recifense afirma voltar com frequência à localidade entre os meses de junho a agosto
porque gosta do clima e da visão natural que a região oferece durante o inverno, mas que não se sente bem
recepcionado. Entrevista concedida em agosto de 2013.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As intervenções sobre o espaço são motivadas pelas simbologias e significâncias que ele
desperta entre os atores sociais105, dando origem às representações e às formulações territoriais.
Esses aspectos marcam o dinamismo das localidades, vistas como territórios onde emergem as
inovações, motivadas pela ação e reação de forças internas.
Identidade e cultura, dentro desse processo socialmente construído, passam a serem vistos
como aspectos importantes para a revitalização econômica e a reestruturação social, inclusive por
meio do incremento da atividade turística. Assim, elementos materiais e imateriais das localidades
são valorizados enquanto atrativos socioculturais que viabilizam o desenvolvimento local por meio
do mercado turístico.
Com base nos princípios apresentados, analisou-se a construção das novas ruralidades no
município de Areia, e as iniciativas na busca de empreender o turismo rural. Nesse processo, foi
possível perceber que as dinâmicas das comunidades rurais estão relacionadas ao sistema de
turismo. A Casa de Doces, o restaurante “Vó Maria”, os passeios ecológicos, a visitação aos
engenhos, todas essas práticas atestam a preocupação em tornar possível uma atividade que os
atores sociais acreditam ser viável no município. Alguns dos estímulos estão na possibilidade de
melhorias nas condições de vida dos habitantes, na geração de emprego e renda, e na permanência
dos membros da comunidade em seus lugares de origem.
Constata-se, no espaço rural areiense, características da pluriatividade, que consiste na
combinação de atividades agrícolas e não-agrícolas por aqueles que habitam a localidade,
diversificando as formas de produção e de trabalho. Dessa feita, as atividades agrícolas passam a
coexistirem com outras elaborações, como o comércio artesanal ou de polpa de frutas, ou os
serviços de hotelaria e de gastronomia, ou o incremento do turismo, o que auxilia na nova
concepção sobre o espaço rural, para além da agricultura.
105 No estudo ora apresentado, os atores sociais a que se faz referência são os moradores, trabalhadores e
proprietários dos engenhos, comunidade rural organizada em associações, secretaria de turismo, secretaria de
cultura, SEBRAE e a população local.
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ALMEIDA, Horácio de. Brejo de Areia: Memórias de Um Município. João Pessoa: Ministério da Educação
e Cultura, 1957.
106
O engenho Triunfo, nos últimos três anos, tem se preocupado em confeccionar o livro de assinaturas.
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ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 708
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
TURISMO E GEODIVERSIDADE: BASES PARA EDUCAÇÃO E
VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL
RESUMO
O estudo da geodiversidade emergiu na década de 1990 e desde então tem-se ampliado as áreas de
pesquisas e as metodologias voltadas para a sua compreensão e conservação. As interpretações e
conceitos acerca do tema, bem como suas relações, foram e ainda são apresentadas de acordo com o
perfil profissional, visão de mundo e espaço temporal, daqueles que se dedicam a compreendê-la. O
presente trabalho tem como como objeto de estudo elementos importantes da geodiversidade, com
ênfase em seu potencial como instrumento de educação não formal por meio de estratégias e
atividades informativas e educativas durante a atividade turística. Para isso, serão apresentados
modelos de práticas e estratégias, estruturais e não estruturais, voltadas para os fins supracitados.
Para que se alcançasse os resultados desejados, foi realizada uma pesquisa teórico-metodológica e
visitas técnicas, possibilitando dessa forma, a descrição e avaliação de práticas geoeducativas e
geoturísticas aplicadas em espaços de relevância natural, como parques e geoparques, no Brasil e no
exterior. Tais modelos podem ser adaptados e replicados nas diversas realidades brasileiras, desde o
litoral ao sertão, respeitando as especificidades de cada região. Após pesquisas, as análises nos
levaram a considerar em todos os casos observados a importância da interpretação e da valorização
dos principais elementos da geodiversidade. Não se trata apenas de informar sobre a diversidade
paisagística, sua relevância para a sociedade e sustentabilidade. Nesse sentido, é preciso criar meios
para que o indivíduo possa sentir e interpretar cada informação a ele transmitida – de modo a
construir uma relação mais íntima entre sociedade e natureza.
Palavras-chave: geodiversidade; geoeducação; geoturismo; interpretação; paisagem; patrimônio
ABSTRACT
The study of landscape has developed and evolved over the centuries. The interpretations and
concepts about the has and its relations are and are still presented according to professional
formation, world view and temporal space of those who are dedicated to understanding it. The
present work has as its object the study of the natural landscape and its diversity with emphasis on
its potential as an instrument of education (formal and non formal) and valuation of natural heritage,
through information, educational and tourist instruments and activities. To this end, we will present
territorial management models and practices focused on the main objective of this work. In order to
achieve the desired results, the theoretical and methodological research and technical visits were
carried out to enable the description and evaluation of geo-educational and geoturistic practices
applied in natural areas, parks and geoparks in Brazil and others countries. be adapted and
replicated in the various Brazilian realities, from the coast to the hinterland. The reason why we are
considering all the cases is the importance of interpretation. It is not just the matter of informing
about landscape diversity and its relevance to society and sustainability. In this sense, it is necessary
to create means so that the individual can feel and interpret every information transmitted to him -
in order to build a more intimate relationship between society and nature.
Keywords: geodiversity; geoeducation; geotourism; interpretation; landscape; patrimony
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O trabalho apresenta caráter qualitativo sendo elaborado a partir de três etapas principais,
sendo elas: i) levantamento bibliográfico; ii) visitas técnicas e; iii) análise dos dados obtidos através
das informações colhidas in loco.
A fundamentação teórica tomou por base as temáticas principais do presente trabalho: i)
geodiversidade, ii) paisagem, iii) geoturismo, iv) educação ambiental e v) sustentabilidade. A
segunda etapa, referente as visitas técnicas, compreendeu o levantamento in loco de estratégias de
geoconservação e interpretação da paisagem em áreas naturais de relevante interesse, como por
exemplo, parques e geoparques.
A terceira etapa de trabalho, permitiu analisar os dados obtidos através de fotografias,
entrevistas semiestruturadas com profissionais e turistas, bem como a observação e conhecimento
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Paisagem e geoturismo
Alexander Von Humboldt (1769 – 1859), naturalista alemão, viajou por vários países em
busca de respostas acerca das ciências naturais. Em um mundo percebido cada vez mais de forma
Figura 2 – Espaços de Educação não formal. 2A – Parque Geológico do Varvito (ITU/SP), antiga pedreira,
atualmente recebe alunos e visitantes de várias regiões. 2B – Museu Paleontológico de Santa do Cariri no
Ceará, inserido no território do Geopark Araripe Mundial da UNESCO. 2C – Área aberta do Page Museu
localizado em área central de Los Angeles (CA/EUA). No detalhe as setas indicam a ocorrencia do gás
metano em vários pontos da lagoa. As réplicas de mamutes, são referências aos fósseis encontrados. 2D –
Mirante para interpretação da paisagem no Arouca Geopark Mundial da UNESCO (Portugal)
Para tanto, com base na abordagem da educação não formal percebe-se que esta, representa
acima de tudo um processo educativo social, de construção e valorização do ser humano, do
indivíduo e de suas responsabilidades como cidadão, sejam elas voltadas a sociedade como ao
ambiente natural. Dentre as oportunidades que as atividades não formais poderão promover estão a
valorização do patrimônio natural e a Popularização das Geociências.
O processo educativo não formal não é obrigatório, logo, se apresenta induzido pelo real
interesse do indivíduo receptor em aprender. No âmbito da popularização das Geociências, os
museus, grupos de pesquisas de universidades, escolas e centros de interpretação em territórios de
Geoparques UNESCO tem desenvolvido ações, principalmente direcionadas às crianças e
adolescentes, por meio da geoeducação.
Figura 3. Intervenções estruturais em espaços naturais. 3A – Ponte e painel informativo inseridos em trecho
de trilha (Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO /PT). 3B – Painel informativo e mirante para observação
da paisagem e de aves (Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO /PT). 3C – Estrutura de entrada da Caverna
do Urso (Geopark Schwäbische Alb Mundial da UNESCO /Alemanha). 3D – Painel interativo na entrada da
Caverna do Urso. Nele o visitante ouve sons e sente texturas ao por as mãos em algumas cavidades Geopark
Schwäbische Alb Mundial da UNESCO /Alemanha).
Figura 4 – Material informativo e educativo como estratégias não estruturais. 4A e 4B – atividade educativa
em escola inserida no território do Arouca Geopark Mundial da UNESCO. 4C – Passeio de barco guiado
com auxílio de material informativo para melhor interpretação da paisagem (Geoparkea - Costa Vasca
UNESCO Global Geopark). 4D – Aula de campo durante curso de curta duração sobre geoconservação,
professor utiliza recurso gráfico e visual como ferramenta de apoio (Sobrarbe-Pirineus UNESCO Global
Geopark).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RESUMO
Este trabalho abre um leque de discussão com várias perspectivas de serem exploradas no que diz
respeito ao Turismo, ao Patrimônio e o Meio Ambiente, de modo que as nuances de preservação da
Estação Ferroviária de Duas Estradas/PB nos possibilite evidenciar o desejo da proteção, zelo e
cuidado do lugar que é nosso. Os pressupostos do trabalho se entrelaçam numa ótica de
transformação do espaço, que permeia pela recuperação/revitalização da Estação Ferroviária, uma
vez que ganha nova face modelada à arborização ambiental, pertencimento cultural, identidade e
memória. A produção buscou-se trilhar nos conceitos do Turismo, Patrimônio e Meio Ambiente a
vertente de discutir as variáveis que possibilita a transformação do espaço mediante a relação
sociedade-natureza, onde os objetivos se revigoram no lapidar da intervenção do poder público
local, expressando um contínuo exercício do olhar voltado a conservação do espaço da estação em
tela. Nossa proposta metodológica partiu da discussão de alguns compilados, fragmentos e obras de
autores que fundamentam os conceitos pertinentes a esta pesquisa e nos apoiamos no estudo de caso
para evidenciar o elo teórico com a prática de observação in loco, estabelecendo assim as raízes
concretas da produção em questão. Na oportunidade, fomos a campo com o intento de coletar
entrevista de algumas pessoas para enriquecer ainda mais nossa produção com a originalidade das
falas dos sujeitos históricos do lugar. O objetivo essencial deste trabalho se evidencia na eminência
de apresentar uma metamorfose peculiar e transformadora na paisagem através da preocupação do
poder público local em valorizar, resgatar e dar sentido a comunidade e seus visitantes mediante a
revitalização da Estação Ferroviária do Município de Duas Estradas/PB.
Palavras-chave: Estação Ferroviária, Meio Ambiente, Patrimônio Cultural e Turismo.
ABSTRACT
This work opens a range of discussion with several perspectives to be explored with regard to
Tourism, Heritage and the Environment, so that the nuances of preservation of the Railway Station
of Two Roads / PB allows us to highlight the desire for protection, zeal and care of the place that is
ours. The assumptions of the work intertwine in a perspective of space transformation, which
permeates the recovery / revitalization of the Railway Station, once it gains a new face modeled on
environmental arborization, cultural belonging, identity and memory. The aim of this project is to
discuss the variables that make possible the transformation of space through the relationship
between society and nature, where the objectives are reinvigorated by the intervention of the local
public power, expressing a continuous exercise of the gaze focused on the conservation of the space
of the screen station. Our methodological proposal started from the discussion of some
compilations, fragments and works of authors that base the concepts pertinent to this research and
we support in the case study to evidence the theoretical link with the practice of observation in loco,
thus establishing the concrete roots of the production in question. In the opportunity, we applied a
qualitative questionnaire with the community with the intention of enriching our production even
INTRODUÇÃO
Assim, o patrimônio cultural herdado e recriado pelos grupos sociais é visto também como
elemento de atratividade turística, estimulando fluxos de visitantes, e com eles, oportunidades de
Dias (2003), acrescenta dizendo que “a elaboração de políticas públicas urbanas deve
considerar o turismo cultural como estratégia para recuperar o patrimônio ferroviário como um
produto atrativo, singular, integrando outras cidades, visando ampliar o fluxo de turistas e contribuir
no desenvolvimento socioeconômico da região”.
É neste momento que o objetivo do trabalho se evidencia e ganha corpo mediante a política
pública de intervenção da prefeitura municipal, ramificando uma linha tênue no que diz respeito ao
valor material e imaterial da Estação Ferroviária do município de Duas Estradas/PB, de modo que a
mesma vem passando por um processo de revitalização da infraestrutura, resgate de visitação,
sentimento de pertença do/no lugar e todo o contexto de conscientização, sustentabilidade e
divulgação do sentido cultural enfatizado pela atual administração.
Discutir as relações sociedade-sociedade e sociedade-natureza no contexto da geografia em
tempos de crise é um desafio constante no processo de evolução do pensamento/ação do homem
que lapida e modela o espaço conforme a sua cartilha, uma vez que raramente enxergamos atitudes
de senso coletivo como este que permite atingir a essência do lugar e consequentemente os
moradores que nele vive e seus visitantes/turistas.
De acordo com Meneses (1992, p.191) “o fato de um bem cultural não apenas ter, por si,
interesse público, mas, ainda ser de „propriedade pública‟, não basta para automaticamente
produzir benefícios de alcance social”. A fragilidade dos órgãos públicos no processo de
preservação tem ocasionado uma situação grave entre a convivência do “antigo” e do “novo”, pois o
“antigo” carrega um valor simbólico para os indivíduos, portanto desconsiderar o patrimônio
cultural é exilar o cidadão, alijá-lo do seu próprio meio (MAGALDI, 1992).
E neste sentido podemos evidenciar a dicotomia entre o “antigo” e o “novo”, onde a
intervenção administrativa enalteça o valor do rustico, do que remete a memória, conservando a
história e passado construído por sua gente, permanecendo assim a sua mais pura expressão
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 724
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
simbólica de um bem ferroviário. Dicotomia esta que, raramente encontramos governos com
interesse em promover a revitalização do lugar, oportunizando as pessoas da cidade o brio de ser,
conhecer e conservar suas raízes históricas, de modo que na linha do tempo trouxemos a figura 1
para modular este recorte espaço-temporal.
É com essa construção que devemos persistir produzindo uma memória viva que é
produzida no presente com representações do passado, pois uma pequena estação de trem trás
consigo uma carga simbólica incalculável, são embarques e desembarques de sentimentos,
acontecimentos, encontros, histórias que estão guardadas em cada vagão da memoria coletiva e,
consequentemente se materializaram no patrimônio. Assim, não podemos se perder no espaço-
tempo daquilo que é nosso valor enquanto comunidade.
O pior que pode acontecer ao patrimônio histórico é a sua destruição total, a sua
substituição por coisas novas. No entanto, mesmo com a preservação do acervo é
necessário que a intenção de uso seja monitorada por todos os agentes, especialmente por
aqueles que possuem melhor esclarecimento sobre as possíveis funções do patrimônio na
sociedade. (MONASTIRSKY, 2006, p. 140).
Choay (2001, p.11) considera o patrimônio histórico “um bem destinado ao usufruto da
comunidade”. E Fonseca (2005) complementa que o patrimônio tem uma dinâmica própria e são
múltiplos os valores atribuídos a este, modificando-se no decorrer do tempo e conforme as
circunstâncias do momento. Barreto (2000) e Vieira Filho (2002) ressaltam que a cultura não é
estática e ao significar espaços históricos, está estimulando a memória coletiva, o desenvolvimento
do turismo com os recursos das regiões receptoras, como podemos observar na figura 2 abaixo, uma
turma de alunos em aula de campo com o intento de conhecer o espaço histórico da estação
ferroviária.
Figura 2 – Alunos da Escola Estadual “Sagrado Coração de Jesus” em aula de campo em Geografia na Estação
Ferroviária de Duas Estradas/PB com o professor Devid Wallas na época.
Portanto, nosso trabalho vem trazendo esta co-relação turística, patrimonial e os traços da
sustentabilidade ambiental que se faz jus, em função da preservação e estética da paisagem em
virtude do verde que deve ser aplicado em prática diante de inúmeras ações humana predatórias ao
espaço e a natureza se sufoca a cada dia.
O meio ambiente é a matéria prima do turismo, que com ele instaura uma relação complexa
e contraditória. Entendendo o meio ambiente como “a biosfera (...) que envolve a Terra, juntamente
com os ecossistemas que (...) mantêm” (HOLDER, apud RUSCHMANN, 2005, p. 19), e os
ecossistemas como constituídos de elementos bióticos e abióticos, as cidades, os monumentos, as
METODOLOGIA
Esta pesquisa constitui em sua estrutura um caráter qualitativo, onde teve como bússola a
realização da percepção de conhecer in loco as transformações na paisagem da Estação Ferroviária
da cidade de Duas Estradas/PB, através da proposta administrativa da prefeitura municipal em
realizar as revitalizações necessárias que ainda estão sendo planejadas e galgadas em passos firmes
para o projeto de realização do Parque da Estação. Contudo, fizemos um levantamento referencial
que pudesse nutrir nossas ideias com turismo, patrimônio, meio ambiente, cultura, memória,
identidade, entre outros laços que se formaram durante a pesquisa.
O método de pesquisa que foi utilizado é o de estudo de caso. Um estudo de caso é uma
história de um fenômeno passado ou atual, elaborada a partir de múltiplas fontes de provas, que
pode incluir dados da observação direta e entrevistas sistemáticas, bem como pesquisas em arquivos
públicos e privados (VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002). É sustentado por um referencial
teórico, que orienta as questões e proposições do estudo, reúne uma gama de informações obtidas
por meio de diversas técnicas de levantamento de dados e evidências (MARTINS, 2008). A
abordagem de estudo de caso não é um método propriamente dito, mas uma estratégia de pesquisa
(HARTLEY, 1994).
Nesta construção coletiva de conhecer e conservar o passado, a memória, a identidade, os
anseios e os momentos vividos, tivemos que nos apoiar na concepção de Christofoletti (2010):
A história oral como metodologia tem apontado para uma ação interdisciplinar,
possibilitando várias conexões (texto, oralidade, linguística, ficção, temporalidade,
interioridade, discurso) e fornecendo diversos caminhos para construção do texto
interior, ou texto contado, onde a pessoa em atendimento se reconheça e reconheça
sua interioridade, suas tramas e personagens. Entrevistar personagens que viveram sua
história de vida em meio aos trilhos oportuniza: a) a percepção da cooperação em base
igualitária; b) a possibilidade de ingressar na vida de outras pessoas, adquirindo experiência
humana e profunda. (CHRISTOFOLETTI, 2010, p.68).
Neste viés, a oralidade dos sujeitos da cidade é a essência maior daquilo que está visível na
paisagem e se fez pertinente trazermos os depoimentos das pessoas no corpo desse texto para
fundamentar tudo aquilo que podemos acompanhar enquanto sociedade organizada, onde configura
o segundo ano de gestão administrativa do poder público local que já imprimiu marcar na face do
município.
RESULTADOS
“A estação está muita bonita agora, cheia de plantas, as portas e os bancos estão pintados.
Antigamente tinha apenas o escritório de “bater” passagem. Agora esta bem bonita, está
tudo bom, está limpa e muita gente voltou a visitar aquele lugar”. (Dona Joana, 82 anos,
moradora da cidade de Duas Estradas/PB, em 07/07/2018).
Neste túnel do tempo, as paisagens vão se materializando diante das ações (humanas)
planejadas e configuradas pela atual gestão municipal e são fortalecidas com o entendimento da
sociedade em valorizar cada detalhe atribuído a este espaço, firmando assim um elo substancial no
que tange o processo construção reflexiva daquilo que ainda permanece vivo e é intrínseco nas
vidas dos moradores de Duas Estradas/PB. Nas estradas deste percurso, trouxemos as palavras da
prefeita da cidade, para detalhar suas ideias diante daquilo que foi e está sendo realizado:
Podemos ver essa importância por várias vertentes. Primeiro, a própria conservação da
história de nosso município que está diretamente ligada a este prédio, já que estamos
falando do prédio onde praticamente começa nossa cidade. Segundo, do ponto de vista
cultural, porque conservando nossa história, estamos preservando nossa cultura e por
último, hoje é um diferencial turístico ter um conjunto arquitetônico preservado, por
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Estação Liberdade: Editora UNESP, 2001. ISBN: 85-7448-030-4.
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RESUMO
Nos últimos tempos, o empreendedorismo vem se destacando pela capacidade de transformação
social e econômica de localidades brasileiras, dadas as possibilidades de geração de emprego e
renda. Por empreendedorismo, compreende-se a prática de iniciar e operar um negócio, de modo a
tornar realidade um plano ou projeto pessoal, submetendo-se a riscos e compromissos, bem como,
inovando constantemente. Esta pesquisa foi realizada na Comunidade Rural de Chã de Jardim, no
Município de Areia- PB, e embora a localidade apresente vários empreendimentos, buscou-se
aprofundar nos três mais antigos, pois, acredita-se que estes originaram a necessidade e
oportunidade para o desenvolvimento dos demais. O objetivo desta pesquisa foi analisar o impacto
da produção associada ao turismo para o desenvolvimento sustentável da Comunidade. A partir da
pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e análise dos dados que foram realizados, constatou-se
que as atividades desenvolvidas são de fundamental importância para a inserção social das famílias,
principalmente as mulheres, e que apesar do baixo custo de produção, explorando a criatividade,
tais atividades têm contribuído para melhorias significativas do orçamento familiar, preservação do
meio ambiente, e valorização da cultura local.
Palavras- chave: Empreendedorismo; Produção; Turismo; Transformação social e econômica.
ABSTRACT
In recent times, entrepreneurship has been highlighted by the capacity for social and economic
transformation of Brazilian localities, given the possibility of generating employment and income.
Entrepreneurship includes the practice of starting and operating a business in order to make a
personal plan or project a reality, submitting to risks and commitments, and constantly innovating.
This research was carried out in the Rural Community of Chã de Jardim, in Areia-PB city, and
although the locality presents several projects, we sought to delve into the three oldest ones,
because it is believed that these originated the need and opportunity for development of others. The
objective of this research was to analyze the impact of production associated with tourism for the
sustainable development of the Community. Based on bibliographical research, field research and
data analysis, it was found that the activities developed are of fundamental importance for the social
insertion of families, especially women, and that despite the low cost of production, exploring the
creativity, such activities have contributed to significant improvements in the family budget,
preservation of the environment, and enhancement of local culture.
Keywords: Entrepreneurship; Production; Tourism; Social and economic transformation.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Quadro 1: Amostra dos empreendimentos e quantidade de colaboradores envolvidos diretamente na produção. Fonte:
Pesquisa de campo, 2018.
NÚMERO DE
SEGMENTO ATIVIDADE EMPREENDEDORA COLABORADORES
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa aponta ainda, que os colaboradores que são naturais de outros Municípios,
apenas nasceram fora do Município de Areia, mas sempre residiram e continuam residindo na zona
rural do mesmo.
Com relação ao estado civil, verifica-se na Tabela 4, que 52,78% dos colaboradores são
solteiros; 44,44% são casados e 2,78% são divorciados.
Foi possível observar também, que a maioria das famílias do campo apresenta uma estrutura
pautada em valores de ordem moral, o que é muito raro nos dias de hoje. Ressalta-se, neste sentido,
a importância da família, da religião, e da participação em Associações e grupos sociais. No que diz
respeito àreligião, por exemplo, verificou-se que 100% dos colaboradores do Restaurante e do
Artesanato são católicos, e que da Fábrica de polpa de fruta, esse percentual é de 87,50%. Destaca-
se ainda que, 80,56 % dos colaboradores são assíduos nas pastorais da igreja, como: Terço dos
homens; Legião de Maria; Pastoral do Dízimo; Grupo de Jovens a União Faz a Força, entre outros.
No que se refere à escolaridade, 19,44% dos colaboradores ainda frequentam a escola, a
maioria (75%) não frequenta mais e 5,56% nunca frequentou. Destaca-se neste indicador, que os
jovens que concluíram o ensino superior e os que ainda estão concluindo, não têm pretensão de
saírem da Comunidade, mas buscam desenvolver linhas de pesquisa que venham contribuir cada
vez mais com o desenvolvimento dos empreendimentos.
Verificou-se que a maioria dos produtos ofertados no Restaurante, que oferece uma
excelente culinária regional, vem da produção dos agricultores familiares da própria Comunidade,
bem como de Comunidades vizinhas. São exemplos: as hortaliças e frutas, feijão, farinha,
macaxeira, batata doce, inhame, codornas, galinha e ovo de capoeira, carne de bode, de boi e de
porco, entre outras especiarias. Além disso, toda a mão de obra para a construção do Restaurante foi
também da Comunidade, assim como a fabricação de todos os ornamentos artesanais presentes no
ambiente, como: mesas de madeira rústica, redes de cipó, cortina feitas de boneca de pano, e de
plantas naturais, panelas de barro, cestos de lixo, teto forrado com esteiras de palha de bananeira, a
casa de taipa da vovó, o carro de boi, entre outros. Todos esses elementos são constantemente
adquiridos a preço de mercado e tem contribuído para a geração de muitas outras famílias, além dos
colaboradores que trabalham diretamente no Restaurante.
Ao lado do Restaurante, destaca-se também a Bodega Vó Maria que oferece aos turistas,
uma grande diversidade de produtos artesanais, desenvolvidos pelos artesãos das Comunidades
rurais, além de polpa de fruta da própria Fábrica, doces caseiros, CDs gravados pelos artistas
músicos locais.
Do outro lado do Restaurante, encontra-se mais um empreendimento que é a Garapa da
Vovó, uma lanchonete rústica que oferece caldo de cana com pão doce, bolos caseiros, tapiocas,
entre tantos outros produtos que servem como opção de lanche para os turistas, enquanto aguardam
o almoço ou jantar (quando agendado). Além disso, todos os sábados à tarde, o Restaurante também
oferece o Pôr do Sol de Maria, que é no estilo de um chá/lanche da tarde, oferecido aos turistas ao
som da música Ave- Maria, cantando por uma jovem empreendedora musical, também da
Comunidade, a cantora Rejane Ribeiro.
A Fábrica de polpa de fruta, fundada em 1996, apresenta-se hoje como um importante
mercado para as frutas produzidas pelos agricultores familiares do município de Areia. Como pode
ser observado no Quadro 2, o preço das caixas das frutas que são típicas da região, variam de
R$15,00 a R$35,00.
Na época de safra da fruta, dada a grande quantidade ofertada no mercado, o preço da caixa
é reduzido. Todavia, a Fábrica tem se configurado como um mercado certo e os agricultores estão
aproveitando mais uma oportunidade.
Quadro 3: Produção anual de polpa de fruta- 2015. Fonte: Pesquisa de Campo, 2018.
Meses Sabor da polpa de fruta- Kg
Goiaba Abacaxi Caj Maracujá
Acerola Man ú Cajá
ga
Janeiro 300 x 225 267 108 x 231
Fevereiro 400 103 401 726 x x x
Março 320 x 464 x x x 156
Abril 340 689 173 x x 15 151
Maio 405 x 129 x x 653 152
Junho 210 x 311 197 x 765 x
Julho 335 x 394 135 x 130 x
2
Agosto 423 x 931 241 237 345 100
Setembro 500 x 765 114 x 194 171
Outubro 523 x 800 172 150 129 53
Novembro 600 216 960 x 180 x 166
Dezembro 720 149 998 248 120 x 187
O Quadro 3 mostra a produção anual de polpa de fruta feita pela fábrica no ano de 2015.
Pode-se observar, entre outros, que a produção da polpa de acerola e da polpa de goiaba tiveram
crescimento bastante notável. Além da venda direta ao consumidor, a fábrica, através do PNAE
(Programa Nacional de Alimentação Escolar), também distribui sua polpa para escolas estaduais
das cidades de Areia e Remígio, e também para as prefeituras destas cidades, além da prefeitura de
Areial. Além disso, foi observar que a produção total de polpa para outros mercados no ano de
2016, foi de 26.142 kg.
Gráfico 2: Produção total para outros mercados- 2016. Fonte: Pesquisa de campo, 2018.
3.500
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000 Produção Kg
500
0
Foi possível observar também na pesquisa de campo, que os preços de venda da polpa de
fruta variam de R$7,00 a R$11,00 conforme o sabor, bem como conforme alguns outros fatores,
como a forma de comercialização e o custo de produção, entre outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2002. 176 p.
RESUMO
Este trabalho apresenta o potencial turístico da propriedade rural Fazenda Poço das Pedras, em São
João do Cariri - Paraíba, que tem buscado desenvolver atividades de turismo rural como alternativa
econômica. Adotou-se a metodologia da Caracterização Ecológica e Turística que, a partir de um
questionário, traça as principais características ambientais e turísticas do empreendimento e da
região onde se insere, possibilitando traçar um plano de ação que interligue a atratividade do destino
com a dinâmica cultural do local, viabilizando a implantação do turismo rural. Verificou-se que a
fazenda apresenta um rico potencial turístico, associando a tradicional cultura nordestina do século
XX, com atrativos naturais e uma ampla cadeia produtiva, adotando práticas sustentáveis,
possuindo uma estrutura viável para ações de entretenimento e necessitando de pequenos ajustes em
seus processos para melhorar a experiência dos visitantes. Conclui-se que os dados coletados
permitem afirmar que o empreendimento possui atrativos com potencial para serem desenvolvidas
atividades ligadas ao turismo rural, mas ainda necessita ser trabalhada a interação entre os visitantes
e as comunidades locais e investir em mão de obra especializada para condução turística.
Palavras–Chave: Turismo sustentável, Planejamento turístico, Propriedade rural.
ABSTRACT
This work presents the tourist potential of the rural property Poço das Pedras Farm, located in São
João do Cariri - Paraíba, which has been aiming to develop rural tourism activities as an economic
alternative. The chosen methodology was that of Ecological and Tourist Characterization, which,
from a questionnaire, delineates the main environmental and tourist characteristics of the enterprise
and its region, allowing to draw a plan of action that interconnects the destination's attractiveness
with the local cultural dynamic, making the implantation of rural tourism feasible. It has been
verified that the farm presents a rich historical potential, associating traditional northeastern culture
from the 20th century, with natural attractions and a wide productive chain, adopting sustainable
practices, possessing a viable structure for entertainment actions and needing a few adjustments in
its processes to better the visitors' experience. It is concluded that the data collected allows us to
affirm that the enterprise has attractions with potential to be developed activities related to rural
tourism, but still needs to invest in the interaction between visitors and local communities and
specialized labor for tourism.
Keywords: Sustainable tourism, tourist planning, rural property
Para a definição do potencial turístico da fazenda e planejamento das atividades a serem nela
realizadas, adotou-se o modelo de Caracterização Ecológica e Turística – CET, proposta por Barros
(2005). O modelo CET objetiva estabelecer um inventário da infraestrutura de empreendimentos
rurais privados e da região onde se insere, relacionando-a com o turismo, o meio ambiente e a
produção rural, levando em conta aspectos que possibilitem práticas que sejam de cunho sustentável
(BARROS, 2005). A partir da aplicação da CET, deve ser possível efetivar um diagnóstico com a
caracterização da área e da região onde se insere; um plano de ação com metas a serem alcançadas e
prazos; a implantação do plano de ação; e o monitoramento dos objetivos traçados.
A obtenção de dados se deu por pesquisa documental sobre o município e sobre a área onde
se insere a Fazenda Poço das Pedras. Foram feitas observações e registro fotográfico in loco, nos
meses de maio e setembro de 2017 e janeiro de 2018, para registro do estágio atual das ações e
infraestrutura do empreendimento.
Aos proprietários da fazenda foi enviado um questionário baseado no modelo CET onde
constam 88 perguntas divididas em oito seções, que buscam fazer a caracterização geral do
empreendimento (diagnóstico), obtendo-se uma visão sobre o histórico da propriedade e a
percepção daqueles sobre as principais características ambientais e os potenciais da fazenda para a
prática do turismo.
A Fazenda Poço das Pedras apresenta uma área total de 434 hectares e situa-se na localidade
denominada Sítio Poço das Pedras, município de São João do Cariri, microrregião do Cariri
Oriental do estado da Paraíba (Figura 01), à cerca de 20 km da sede do município, sendo o acesso
feito por 14 km de estrada asfaltada e 8 de estrada terraplanada.
No contexto natural, insere-se no bioma Caatinga e a bacia hidrográfica que recobre a área é
a do Rio Taperoá, cujo regime é intermitente e representa o principal afluente da Bacia do Rio
Paraíba na região do Cariri. Vale destacar, ainda, que a área encontra-se situada dentro de uma
unidade de conservação estadual, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Cariri Paraibano.
Geomorfologicamente a área insere-se na Superfície Aplainada dos Cariris, que apresenta
altitudes que variam entre 400 e 500 metros, tendo um relevo basicamente plano, fruto de processos
denudacionais (CARVALHO, 1982). Na área da fazenda, a altitude média é de cerca de 430 metros
e o principal acidente geográfico na circunvizinhança é a Serra do Caroá, localizada à leste da
fazenda, com altitudes que atingem cerca de 620 metros.
O clima da região é tipicamente semiárido caracterizado pelos baixos índices
pluviométricos, temperaturas médias elevadas (cerca de 27°C) déficit hídrico acentuado, caatinga
hiperxerófila, limitações edáficas e em muitos casos, possuindo solos rasos (SOUZA et al., 2009).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 03. Riacho do Badalo e Serra do Caroá (acima) e Cânion do Rio da Serra e Serrote dos
Letreiros (abaixo).
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
RESUMO
O Município de Morros, estado do Maranhão, apresenta características ambientais e socioculturais
que se tornaram grandes atrativos à visitação. O rio Una possui diretrizes particulares como suas
águas cristalinas, suas corredeiras e seus afloramentos rochosos. Contudo, este rio vem sofrendo
permanentes e crescentes intervenções antrópicas, em suas margens e em toda sua estrutura, estando
associadas aos reflexos da atividade turística e sua exploração. O objetivo foi o de analisar os
impactos gerados pelas ações humanas que influenciam na degradação ambiental da sub-bacia do
rio Una e na população local, tendo abordagem qual-quantitativa, mediante pesquisa de campo com
a aplicação de questionários. Contatou-se que a sub-bacia tem sido alterada devido as atividades
desenvolvidas sem controle, o que tem resultado na descaracterização das áreas naturais sob
influência das atividades turísticas, gerando impactos como poluição hídrica, desrespeito a fauna e
flora, assoreamento, desmatamento e alterações nos valores culturais das comunidades as margens
do rio. Logo, a pesquisa apontou para a necessidade de transmissão de informações sobre as
questões ambientais aos moradores e visitantes e uma ampla sensibilização ambiental.
Palavras-chave: Atividades turísticas. Alterações ambientais. Rio Una.
RESUMEN
El município de Cerros, Marañón muestra particularidade ambientales y socioculturales que se han
convertido grandes atractivos la visitación. El río Una tiene directrices particulares com sus aguas
transparentes, sus corredereras y sus afloramientos rocosos. No obstante, este río ha sufrido
permanentes y crecientes intervenciones antrópicas, em sus márgenes y en toda su estructura,
estando associada al reflejo del actividad turística y su exploración. El propósito fuel el de analizar
los impactos generados por los acciones humanas que afecta em la degradación ambiental de la sub-
cuenca del río Una y la población local, con enfoque cuali- cuantitativo, através de investigación de
campo con aplicación de cuestionarios. Constató que la sub-cuenca ha sido modificada debido las
actividades desarrolladas sin control, que tiene resultado en la desnaturalización de las zonas
naturales bajo influencia de las actividades turisticas, generado efectos como contaminación hídrica,
incumplimiento la fauna y flora, sedimentación, desforestación y alteraciones en los valores
culturales de las comunidades las márgenes del río. Luego, la investigación apuntó para la
necesidad de transmisión de información sobre las cuestiones ambientales a los habitantes y
visitantes y una amplia sensibilización ambiental.
Palabras Clave: Actividades Turisticas. Alteraciones Ambientales. Río Una.
Com o início da execução do Plano Maior a partir do ano de 2000, o governo do maranhão
passou a promover o estado como produto turístico, apresentando-o como o “segredo do Brasil”. O
referido plano apresentava o Maranhão como um “potencial desconhecido”, de um estado que
estava em segredo e se abria um processo de descobrimento, a ser conquistado. Dessa maneira, o
Rio Una atraiu maiores visitações com centenas de pessoas nos finais de semana e feriados, mesmo
sem qualquer estrutura para estes eventos, fato associado a construção e conclusão da Rodovia
translitorânea, MA 402, em 2002, que oficializou o turismo na região, sendo Barreirinhas a sede
administrativa, permitindo um fluxo variado de veículos, acessando os rios e afluentes da bacia do
Munim, o que tem resultado na poluição daqueles ecossistemas (ABAKERLI, 2008).
A Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH no Brasil, instituída pela Lei Nº 9. 433,
de 8 de janeiro de 1977, incorpora princípios e normas e adota bacias hidrográficas como como
unidade de estudo e gestão (EMBRAPA, 2010). Contudo apesar da PNRH ter sido promulgada
desde 1997 poucos avanços têm sido alcançados em muitas realidades brasileiras, especialmente em
estados como o Maranhão, que possui imenso conjunto de recursos hídricos e que vive um franco
processo de urbanização sem que haja planejamento e infraestrutura adequados.
A realidade acima evidencia descompromisso com a conservação dos recursos hídricos e
resulta em fortes problemas ambientais, mesmo em unidades de conservação e em suas zonas de
amortecimento, como é o caso do Parque Nacional (PARNA) dos Lençóis Maranhenses, cuja
criação tem na conservação dos recursos hídricos o principal objetivo. A ocupação irregular e
desordenada das margens do rio Una por meio da construção de casas, muros, cercas e bares, sem
infraestrutura de saneamento e licença ambiental, proporcionou a supressão de vastas áreas de
preservação permanente (APP), o que tem resultado na erosão dos solos e assoreamento dos cursos
fluviais. É válido ressaltar que estes problemas são agravados pela falta de planejamento e de
fiscalização por parte dos órgãos competentes.
Os problemas ambientais acima relatados, associados ao descarte inadequado de resíduos
sólidos, à grande quantidade de visitantes, à poluição sonora e aos efluentes despejados nos
pequenos rios da região, atingem tanto as comunidades às margens do rio como os visitantes e
contribuem para a proliferação de agentes patogênicos responsáveis pelo surgimento de diversas
doenças, constituindo-se, portanto, como um problema sanitário. Assim, o objetivo desta pesquisa
teve como foco a análise dos impactos gerados pelas ações humanas que influenciam na degradação
ambiental da sub bacia do rio Una e na população local.
Mapa 1: Localização da área de estudo destacado os três pontos com crescente fluxo de visitantes
Fonte: Mapa base do IBGE, imagem do Google Earth, elaborado pelo autor.
A pesquisa teve início em setembro de 2015, com término em junho de 2016, tendo
abordagem qual-quantitativa. Nas visitas de campo, o objetivo foi coletar informações com os
moradores e visitantes da área de estudo, para confirmação de algumas situações pontuais e sua
percepção sobre o tema. Utilizaram-se, como instrumento de coleta questionário semiestruturado
para os visitantes e moradores, quarenta para cada, contendo representantes de diferentes faixas
etária, adolescentes entre 15 a 18 anos, adultos e idosos, totalizando 240.
Una da Santana
Em Santana, 75% dos moradores moram há mais de 20 anos no local e os motivos que os
levaram a morar no lugar, para a maioria é a razão de nascerem no local. Na localidade não existe
rede hoteleira, e o fluxo de visitantes só aumenta nos finais de semana, existindo excussões. Uma
parcela de 47.5%, dos visitantes frequentam o local a 10 anos e o que chama mais atenção do local
é “a natureza”, 50%, seguido de “água limpa”, 32.5%. Contudo, verifica-se desmatamento e, em
alguns trechos, há plantação de mandioca em áreas antes ocupadas por mata ciliar.
Os moradores avaliam negativamente a visitação no local, sendo que para eles os visitantes
só deixam “o que não presta, destruição” (35% dos entrevistados), seguido de “é só coisa ruim”,
(30%) o que tem revelado uma resistência quanto ao apoio do desenvolvimento desta atividade.
Para os moradores o fluxo de visitação, só trouxe influência ruim para os seus filhos em 55% das
opiniões. Logo, os resultados revelam uma clara percepção dos impactos gerados pela visitação,
pois uma maioria considerável diz que o turismo alterou os valores morais e contribuiu para
agudizar os problemas sociais de consumo de drogas e criminalidade.
Quanto aos aspectos ambientais, os moradores observam a “mais lixo” no local, 50%, sendo
que os visitantes consideram que o desmatamento das margens facilitou a visibilidade do local,
ficando mais fácil para o banho. Para os visitantes, é o ponto de banho que menos tem sofrido
impactos. A Figura 1 apresenta desmatamento para prática de lavoura em área de mata ciliar, fato
que compromete o equilíbrio ambiental, especialmente dos recursos hídricos.
Figura 1 - Desmatamento próximo ao rio para a prática da lavoura.
Fonte: dados da pesquisa / 2016, coordenadas: 2º 52’ 32” S 44º 00’ 40” W.
Fonte: dados da pesquisa / 2016, coordenadas 2º 53’ 36. 14” S 44º 00’ 09. 01” O.
No balneário do Una Grande verificou-se rede hoteleira, como pousadas e chalés, e uma
quantidade significativa de bares e casas para aluguéis temporários. Segundo os dados da Prefeitura
de Morros (2016) este trecho está recebendo cerca de 5 a 8.000 pessoas nos feriados e finais de
semana em excursão. Em relação ao tempo de visitação, 47.5% visitam entre 10 a 20 anos e 15%
mais de 20 anos, sendo que 12% dos entrevistados possuem segunda residência próximo ao banho
ou no município. O que mais chama atenção dos visitantes no local é o “sossego da natureza” 54%,
seguido de “acesso mais fácil ao banho”, em 30% das opiniões. Dessa maneira a figura 3 apresenta
o fluxo de visitantes no balneário do Una grande.
Destaca-se a resposta “impacto negativo” como uma das principais percepções entre os
moradores. Porém, uma parcela dos moradores avaliam a visitação como favorável para o ambiente.
No trecho Morros, 55% dos moradores vivem no local a mais de 20 anos, e para 50% dos
entrevistados, o fato do local já ser habitado foi um dos motivos para criarem morada, assim como
também a beleza do local. Logo, para 78%, dos moradores o local é de estrema importância para a
vida deles.
Ao serem questionados sobre a privacidade depois do fluxo de visitação, todos os
entrevistados percebem de forma negativa os resultados desta atividade. Para além desses dados,
Ferreira (2003) assevera que nesse processo existe a aculturação da população nativa, que se deixa
influenciar por novos costumes e valores. O uso de drogas tem aumentado consideravelmente no
local, tanto pelos moradores quanto visitantes. Problemas sociais graves como a exploração sexual e
trabalho infantil tem se intensificado, na opinião de 35% dos visitantes e de 55% dos moradores,
sendo o trabalho infantil o mais visível.
Para os moradores atualmente a paisagem tem mais lixo, 67.5%, e para os visitantes destaca-
se “muitos comércios” como característica da paisagem atual. De acordo com 55% dos visitantes”
os hábitos são os mesmos”, pois para eles os hábitos do local não mudaram, sempre teve as
características atuais de uso. Nesta perspectiva procurou-se saber dos visitantes a compreensão que
cada um tem do conceito de biodiversidade, e de acordo com os visitantes do balneário Una grande
o conceito de biodiversidade é a “diversidade de fauna e flora”, (55%) devido sua amplitude de
conceitos como mencionado por eles.
Em relação as respostas dos moradores, as mesmas não demonstra relação direta com a
pergunta, como podemos citar “era quando o rio era cheio” (25%), e “não tirar a preservação do
rio”, (45%), porém concordam que a biodiversidade é importante para o ambiente. Nesse contexto,
para os visitantes, impactos como, poluição, baixo nível do rio, crescimento de comercio e
habitantes são visíveis totalizando 100%. Logo a figura 4 mostra a retirada da mata ciliar para
facilitar o acesso dos visitantes ao rio.
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 765
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
Figura 4 - retirada da mata ciliar para facilitar acesso ao rio.
Na opinião de 52.5% dos visitantes, os donos de bares são os responsáveis pelos impactos,
enquanto que 47.5% destes acreditam serem os moradores e visitantes os responsáveis por estes
impactos. Sobre a importância da mata ciliar, 47.5% dos visitantes mencionaram que é “a
sustentação da vida, auxilio na qualidade da água”. Para todos os moradores a mata ciliar é
essencial para a sobrevivência do rio Una.
De acordo com os moradores a forma mais coerente de preservar a natureza é “não cortar as
árvores”, (38% dos entrevistados) seguido de “replantar o que foi tirado”, (24%). Os visitantes
também mencionaram que a Educação Ambiental poderia ensinar a somar e atribuir
responsabilidades, visto que o rio é o agente de projeto de interesse e os visitantes o ser a preservar.
Outros também mencionaram que já há gasto pela ida ao local e que há facilidades por que não há
valor cobrado.
Para 97.5% dos visitantes a única pratica de conservação do local é que os donos de bares
colocam a lixeira à disposição dos visitantes. Logo, de acordo com moradores também nunca houve
prática de conservação, sendo que a única ação observada é a taxa de cobrança dos ônibus, a mesma
que é feita nos outros trechos, e que não é bem aceita pelos visitantes, pois disseram que não
observam nenhum benefício para o rio advindo desta taxa. Sobre a qualidade da água 40% dos
moradores responderam que “nem durante a semana presta”, e ressaltaram que esta é a água
captada e distribuída nas residências do município.
No balneário de Una dos Moraes verificou-se rede hoteleira, pousadas, chalés e uma
quantidade significativa de bares margeando o rio em uma extensão pequena do balneário, entre 15
a 20 bares. É importante mencionar que com o início das visitações no balneário do Una Grande nos
anos 1990, houve um declínio de visitação no balneário de Una dos Moraes. Contudo, este trecho
Para 32% dos entrevistados, a visitação possui “impacto negativo”, visto que os visitantes
incomodam os moradores e até mesmo a tranquilidade dos demais visitantes, deixando a população
alheia aos benefícios deixados pela renda gerada no processo de uso do rio e seu entorno.
Em Una dos Moraes, 95% dos moradores residem há mais de 20 anos. Os moradores não
percebem modificações em seus modos de vida (40%), contudo o uso de drogas só tem aumentado ,
pois para eles a visitação só vem agravando a situação. Quanto a prostituição e trabalho infantil, de
acordo com 42.5% dos visitantes é existente, porém esta prática ainda é pequena.
Sobre os aspectos ambientais, os moradores informam que a paisagem anterior do balneário
era mais arborizada (30% dos entrevistados), e o nível de água do rio era maior (27.5% das
opiniões). Atualmente para eles a paisagem possui “poucas arvores e mais lixo” 40%. Nesta
perspectiva também procurou-se saber a opinião dos moradores sobre os aspectos paisagísticos e os
mesmos percebem “muitos comércios”, sendo que “melhor infraestrutura” 45% é uma mudança
significativa. Contudo, os moradores afirmam que os impactos são decorrentes de “mais pessoas”
visitando o local que interferem na redução da “qualidade da água”.
Quanto à compreensão de moradores e visitantes sobre o conceito de biodiversidade, as
principais respostas são “fauna e flora” para os visitantes (55% das opiniões) e “o povo não dá valor
pra isso” (30% das respostas) dos moradores, seguido de “hoje a gente nem ver mais”, 15%. Diante
do exposto, Forline (2007 p.13) enfatiza que naturalmente, os atores que mais percebem a presença
de áreas transformadas são aquele que residem nelas ou as suas proximidades. Os visitantes
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo da pesquisa foi possível concluir que em Una da Santana, apesar o fluxo de
visitantes ainda ser pequeno, aos poucos os moradores estão sendo influenciados pela atividade de
visitação, mesmo possuindo características extremamente rurais. Contudo, essas características
rurais são positivas no sentido de que isso pode colaborar com a construção da sustentabilidade, e
na melhoria de qualidade de vida, mesmo com pouco conhecimento sobre as práticas de educação
ambiental e seus conceitos. Quanto aos aspectos ambientais, moradores e visitantes não percebem
suas ações como degradante para o rio.
O balneário Una Grande é um dos trechos mais visitados do rio. A maioria dos entrevistados
visitantes possui segunda residência no local. Os moradores percebem os impactos oriundos das
atividades de visitação no seu dia a dia. Dessa maneira, a proliferação do comercio tem contribuído
para os diversos impactos ocasionados, e os visitantes exibiram menor grau de exigência ambiental,
sendo que para eles não há exigências ambientais.
Por outro lado no balneário Una dos Moraes nos últimos 10 anos têm ocorrido mudanças
significativas como aumento da população e “urbanização”. Dessa maneira, para a maioria dos
moradores as mudanças em seu dia a dia não são perceptíveis, contudo focalizam bem as mudanças
no meio ambiente. Desta maneira mesmo com os impactos negativos ao meio ambiente, afirmam
que as visitações trouxe melhor infraestrutura para o local.
Por fim, observou-se que nos balneários de fato existem uma série de problemas ambientais
que comprometem a manutenção dos recursos naturais do Rio Una e a qualidade de vida da
população, porém, para uma significativa parte dos moradores estas mudanças atuais são positivas,
não estando atrelado seu pensamento em conservação, mas no desenvolvimento de suas atividades
econômicas e sociais.
Logo, percebe-se a necessidade de transmissão de informações sobre as questões ambientais
aos moradores e uma ampla sensibilização ambiental, para que estes reconheçam seu papel diante
da preservação do manancial. Dessa maneira, salienta-se as medidas de planejamento ambiental,
assim como de organização da atividade turística para diminuir os prejuízos ao meio ambiente e
aumentar as vantagens sócio econômicas provenientes dessa atividade, pois o Rio Una, que
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PLANÁGUA / SEMADS / GTZ (2001). Restauração da mata ciliar. Secretaria de estado do meio
ambiente e desenvolvimento sustentável do estado do rio de janeiro. Publicação nº. 13, 104 pp.
RESUMO
Uma vez que a natureza e suas paisagens naturais configuram-se como importante atrativo turístico,
pode-se inferir que o turismo e o meio ambiente estão intimamente relacionados. Embora presuma
ganhos no que diz respeito ao desenvolvimento econômico da localidade alvo, decorre desta relação
inúmeros impactos ao ecossistema, bem como ao homem e à própria atividade turística. Com base
nisso e visando a fornecer material de análise para potenciais práticas mitigadoras destes impactos,
a presente pesquisa analisou o perfil o socioeconômico e a percepção ambiental dos turistas com
destino à Ilha Grande, Costa Verde do município de Angra dos Reis, RJ, durante os verões de 2016
e 2017. Para tanto, foram utilizados os métodos qualitativo e quantitativo, bem como entrevistas e
levantamento bibliográfico. A partir destes, concluiu-se que, no período estudado, houve
predomínio de turistas com altos poder aquisitivo e grau de instrução, provenientes de diferentes
países e estados do Brasil, os quais, em maioria absoluta, demonstraram sensibilidade para com as
questões de cunho ambiental.
Palavras-chave: Meio Ambiente; Turismo; Percepção Ambiental; Angra dos Reis.
ABSTRACT
Since the nature and the naturals landscapes to appear as important touristic atractive, we can to
conclude that the tourism and the environment are directly related. Although to be presumed
benefits to the economic development from the site, the result from this relation are innumerable
impacts to the ecosistem, to the people and to the touristic activity. Based on this and to provide
material of the analyse to potentials practices to reduce these impacts, this investigation analysed
the socioeconomic profile and the tourists environment perception bound for Ilha Grande and Costa
Verde, pertaining to Angra dos Reis (RJ) during the summers of 2016 and 2017. For this, the
quality and quantity methods were used as well as interviews and bibliographic searches. The
results showed that this period was predominated for tourists with high purchasing power and high
level of the education originated in different countries and brasilian states and the most of them
demonstrated to be interessed in environmental questions.
Keywords: Environment; Tourism; Environmental Perception; Angra dos Reis.
INTRODUÇÃO
Uma vez que a natureza configura-se como um importante atrativo turístico, é inegável que
exista uma relação tácita entre meio ambiente e prática turística, da qual se derivam inúmeros
Nesse contexto, merece destaque a costa litorânea. Com sua biodiversidade expressiva, tem
em suas praias as responsáveis pela atração de expressivos fluxos de turistas, uma vez que "As
praias representam um dos principais atrativos turísticos na atualidade, especialmente nos países
tropicais" (BRASIL, 2006, p.43). Ainda, conforme Rejowski et al (2002) e Urry (2001), o conjunto
de elementos que abarca água, sol, calor e praias, é o maior motivo para viagens turísticas (turismo
de sol e praia). Todavia, a alta densidade demográfica nas áreas litorâneas, associada aos diferentes
tipos de atividades econômicas ali desenvolvidas, dentre as quais o próprio turismo, são grandes
responsáveis por impactos diretos ao ecossistema.
Nas áreas litorâneas, inclusive em ilhas, é imprescindível para a prática turística que se
instalem equipamentos e serviços, tais como os de hospedagem, alimentação, entretenimento, entre
outros, que, direta ou indiretamente, impactam sobre o meio. A respeito disso, é importante destacar
que nem todos os impactos são negativos. Enquanto impactos benéficos, segundo Rejowski (1996),
pode-se citar a geração de renda, empregos, impostos, divisas em moeda estrangeira, etc. Quanto
aos impactos nocivos, por sua vez, pode-se citar, para além dos impactos ambientais, o aumento da
inflação, custo de vida, economia informal, dentre outros.
Conforme exposto, os turistas têm a sua parcela de responsabilidade nos diferentes tipos de
impactos socioambientais, desde suas localidades de origem até seus destinos. Disso decorre a
necessidade de se atentar para a relação entre o turista e a localidade visitada, uma vez que, de
acordo com Molina (2001, p.69), turista é: "[...] alguém que visita um lugar que não é o de sua
METODOLOGIA
O presente texto é produto da pesquisa que teve como objetivo analisar o perfil
socioeconômico e a percepção ambiental dos turistas que se dirigiram para a Ilha Grande, no
município de Angra dos Reis, RJ, durante os verões do anos de 2016 e 2017. Foram considerados
os dois pontos de embarque de turistas, mais utilizados da cidade de Angra dos Reis, pelos turistas
que intencionam se deslocar até a Ilha Grande, ou seja, os Cais de Santa Luzia e da Lapa.
Juntamente a pesquisa bibliográfica e às entrevistas estruturadas, foram empregadas ao
longo do projeto as metodologias quantitativa e qualitativa, definidas quanto às suas abordagens
pelos autores Richardson et al. (1999) e Triviños (1995). Para estes, o método quantitativo emprega
a análise estatística tanto na coleta dos dados quanto no tratamento dos mesmos, enquanto o método
qualitativo, por sua vez, busca compreender os fenômenos sociais. A respeito do uso conjunto de
ambos na condução de uma pesquisa, contribui Minayo (2000, p. 22), “O conjunto de dados
quantitativos e qualitativos não se opõem. Ao contrário, se complementam, pois a realidade
abrangida por eles interage, dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia.”
Outra etapa no processo metodológico em questão, a pesquisa bibliográfica é assim definida,
segundo Severino (2007, p.122): “[...] aquela que se realiza a partir do registro disponível,
decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc”. Para
os fins desta pesquisa, alinhamos estes ao tema em questão, isto é, Meio Ambiente e Turismo,
visando a contribuir com o embasamento teórico.
Durante o verão dos anos de 2016 e 2017 (alta temporada no município) foram realizadas,
por sua vez, as entrevistas (338, no total). Foram igualmente divididas entre os cais de Santa Luzia e
Lapa, isto é, 169 em cada cais de acesso à Ilha Grande. Estas, por sua vez, foram elaboradas tendo
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1 - Origem dos fluxos de turistas brasileiros com destino à Angra dos Reis - Ilha Grande
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Papirus, 2004.
URRY, J. O Olhar do Turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. São Paulo: Studio
Nobel: SESC, 2001.
RESUMO
Dentro das ferramentas existentes nos indicadores de sustentabilidade, a dimensão ambiental
relaciona-se diretamente ao meio natural, ao uso e preservação dos recursos naturais, assim como
com a gestão dos resíduos gerados, gestão do uso da água e da energia. Em propriedades que
praticam o turismo rural, a dimensão ambiental dos indicadores apoia inteiramente no que se refere
ao diagnóstico e mensuração das atividades relacionadas a essa modalidade de turismo. Este estudo
pretende apresentar uma análise da sustentabilidade ambiental em uma propriedade que pratica o
turismo rural no Estado de Roraima. Realizou-se a pesquisa de campo paralela à observação direta,
com o objetivo de analisar o planejamento das atividades que ocorrem na propriedade. Sendo
possível, ao final da pesquisa, constatar que dentro das atuais condições de implementação e prática
da modalidade de turismo, é possível observar que o empreendimento, nos requisitos voltados para
a sustentabilidade, vem conseguindo inserir e aos poucos conservar atividades ligadas ao campo que
procuram manter a tradição rural na medida em que a propriedade se adequa, caracterizando a
propriedade na modalidade de turismo rural.
Palavras-Chave: dimensões, atividades rurais, fazenda, sustentabilidade rural.
ABSTRACT
Within the tools available in sustainability indicators, the environmental dimension is directly
related to the natural environment, to the use and preservation of natural resources, as well as to the
management of waste generated, water and energy use management. In properties that practice rural
tourism, the environmental dimension of the indicators fully supports the diagnosis and
measurement of activities related to this type of tourism. This study intends to present a
sustainability analysis of a property that practices rural tourism in the State of Roraima. Field
research was carried out in parallel with the direct observation, with the objective of analyzing the
planning of the activities that occur in the property during the interviews. It is possible, at the end of
the research, to verify that within the current conditions of implementation and practice of the
tourism modality, it is possible to observe that the enterprise, in the requirements geared towards
sustainability, has succeeded in inserting and gradually maintaining activities related to the field
that seek maintain the rural tradition to the extent that the property is adequate, characterizing the
property in the modality of rural tourism.
Keywords: dimensions, rural activities, farm, rural sustainability.
REFERENCIAL TEÓRICO
As boas práticas de sensibilização ambiental por parte dos visitantes e turistas precisam ser
incentivadas pelos gestores, proprietários e funcionários das propriedades rurais como um todo,
levando em consideração que o ambiente deve permanecer dentro das condições adequadas para a
conservação e preservação do patrimônio natural e cultural, destacando-se entre essas práticas a
coleta seletiva do lixo e sua compostagem, o tratamento de efluentes e resíduos, o reflorestamento, a
utilização de fontes alternativas de energia e a conservação e gestão do uso da água (BRASIL,
2010).
As atividades ecológicas somam-se à ideia de desenvolvimento sustentável e podem servir
de auxílio no convite e na transmissão de novos conhecimentos a respeito de atividades rurais. A
utilização de um conjunto de indicadores com seus respectivos critérios, possibilita a compreensão
das dimensões da sustentabilidade em relação à atividade turística de um determinado destino
(FALCÃO; GÓMEZ, 2012).
Magalhães, Andrade e Dias (2005, p. 19) afirmam que o desenvolvimento sustentável é
definido como uma “modalidade de desenvolvimento que se preocupa com a satisfação das
necessidades atuais das populações, sem comprometer as necessidades das gerações futuras”. Isso
remete à ideia do equilíbrio ecológico, socialmente justo e economicamente viável para todas as
gerações. É possível, então, promover o desenvolvimento sustentável por meio do conhecimento
sobre a área, a região e a situação local de onde se deseja produzir, evitando, assim, a
superexploração de locais inadequados para o desenvolvimento de atividades – o que pode ocorrer
de acordo com a integração da comunidade com o meio ambiente.
Portanto, o desenvolvimento sustentável está relacionado à integração dos fatores sociais,
econômicos, ambientais e institucionais que permeiam a sociedade, não comprometendo as
gerações futuras e visando a conservação do meio ambiente (SOUZA; ANDRADE; CÂNDIDO,
2010).
Como o conceito de desenvolvimento sustentável abrange uma diversidade de aspectos com
enfoques diferenciados a partir de diferentes dimensões, isso também é refletido nos sistemas de
Indicadores de Sustentabilidade
Consumo de energia renovável Esperança de vida ao nascer Emissão de gases de efeito estufa
Número de mulheres
Conservação ou resgate da cobertura
Ajuda pública ao empregadas por cada 100 vegetal
desenvolvimento como parte homens
do PIB Nível de cuidado consciente do capital
Níveis de transparência da
natural e de responsabilidade
coisa pública e de ética social
socioambiental
Fonte: Boff (2012, p. 140).
Cada objeto de pesquisa, em particular, recebe adaptação própria que cada indicador pode
proporcionar para o alcance da mensuração. A partir da situação real do ambiente que se pretende
explorar, serão escolhidas as dimensões levando-se em consideração o desenvolvimento sustentável
e a sustentabilidade. A adaptação dos indicadores às realidades locais ocorre pela complexidade de
mensurar o desenvolvimento de uma atividade turística, sem que ocorra degradação do meio físico,
social, histórico e cultural (SCÓTOLO; NETTO, 2015), uma vez que é notória uma considerável
dificuldade em sua elaboração (ALMEIDA; LACERDA, 2015).
A dimensão ambiental da sustentabilidade está relacionada à preservação ambiental e
denota, claramente, o conjunto de indicadores relativo em que são percebidos elementos
pertencentes a vários ecossistemas (CAPRA, 2002) e relacionado a aspectos ambientais (fauna,
flora, solo, água). Sendo assim, uma metodologia que pode ser utilizada para mensurar a
sustentabilidade por meio de três indicadores específicos (ambiental, social e econômico) é a
ferramenta Triple Bottom Line.
Quanto aos critérios que levam à sustentabilidade ou insustentabilidade, é possível afirmar,
na visão de Irving et al. (2005, p. 7), que:
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na dimensão ambiental, objeto de pesquisa deste trabalho, foi observado que a propriedade,
em estudo, que pratica o turismo rural não apresenta, até o momento, modificações significativas no
ambiente em que estão inseridas. Também não foram relatadas mudanças no cotidiano dos
proprietários, nem em serviços e nem em infraestruturas locais, como transporte e estradas, por
exemplo, que considerem geração de impactos ambientais no local, podendo, assim, considerar que
o impacto causado pelo turismo rural ainda não é agressivo se comparado com outras regiões onde
também ocorre essa modalidade de turismo.
Neste sentido, faz-se importante a sensibilização e o comprometimento dos proprietários
com as causas ambientais, que devem ser transmitidas aos colaboradores e praticadas pelos
proprietários dos empreendimentos. Mesmo que o resgate e a valorização dos recursos naturais não
sejam tarefa de responsabilidade única e exclusiva dos empreendimentos, é necessário que haja a
sensibilização dos visitantes das propriedades para que sejam predominantes as práticas de respeito
e de responsabilidade ambiental em cada empreendimento.
É interessante destacar que esta pesquisa abre novos leques para outros estudos voltados
para o turismo rural no Estado de Roraima, visto que existe a possibilidade de outras propriedades
(que aqui não foram analisadas) promoverem a atividade. Ela também abre novos caminhos para o
desenvolvimento de outras pesquisas relacionadas à sustentabilidade do turismo rural.
BRASIL. Ministério do Turismo. Turismo rural: orientações básicas. 2. ed. Brasília: Ministério do
Turismo, 2010. Disponível em:
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CAPRA, Fritjof. Conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix, 2002.
SWARBROOKE, J. Turismo Sustentável: conceitos e impacto ambiental. São Paulo: Aleph, 2000.
RESUMO
O turismo tem-se configurado, como um dos principais multiplicadores econômicos, que favorece a
geração de emprego e de renda em diversos países. Como atividade dinâmica e multidisciplinar,
envolve várias áreas do conhecimento e, em consequência, cria muitas formas de modalidades. O
turismo que envolve visitas a naufrágios, é um deles, já que, atualmente, a procura por esse
segmento, vem crescendo bastante em todo o mundo. Tendo em vista o grande potencial turístico,
que a área submarina do litoral paraibano possui, em termos de embarcações submersas, esta
pesquisa objetiva contribuir para a melhoria das ações de exploração e preservação do turismo em
naufrágios da costa paraibana. Para obtê-la, foram entrevistados, através de questionários e
entrevistas: mergulhadores, instrutores de mergulho, agências receptivas e barqueiros da orla de
João Pessoa. Como resultado, foi constatado que, apesar de existirem pessoas visitando esses locais,
é necessário realizar ações que melhorem o desenvolvimento da atividade, através do incentivo
financeiro de entidades responsáveis pelo crescimento turístico do município e do estado.
Palavra chave: Turismo, Naufrágios, Paraíba.
ABSTRACT
The tourism has represented, as one of the principal economic multipliers favouring the generation
of jobs and income in several countries. As an interdisciplinary and dynamic activity, it involves
several areas of the knowledge and, in consequence, it creates many modalities, the tourism that
involves visits to shipwrecks, is one of them, since, at the moment the search for this segment, is
growing all over the world. Observing the great tourist potential, that the submarine area of the
littoral of Paraíba has in terms of submerged vessels. This research aims to contribute for the
improvement of the preservation and exploration actions of the tourism in shipwrecks in the coast
of Paraíba. To obtain this research divers, diving instructors, receptive agencies and ship owners
from the coast of João Pessoa were interviewed using questionaires and interviews. As a result, it
was observed that although there are people visiting these places, it is necessary, to do actions that
improve the development of the activity, through the financial incentive of the responsible entities
responsible for the tourist growing in the city and estate.
Keywords: Tourism, Shipwrecks, Paraíba
O Brasil possui um litoral com cerca de 8.000 km de extensão, o qual foi palco de muitas
batalhas entre seus colonizadores que deixaram como testemunho, registros de diversos naufrágios.
No caso do litoral do Estado da Paraíba, estudos apontam para um número de aproximadamente
quarenta e nove naufrágios, incluindo até um avião da Segunda Guerra Mundial.
Nos últimos anos, o interesse por naufrágios tem crescido substancialmente devido ao vasto
legado histórico que corresponde a diferentes momentos da ocupação humana, como também
devido aos valiosos objetos submersos escondidos dentre os destroços das embarcações. A
atividade de mergulho para turismo, em pontos de naufrágios, representa atualmente, uma excelente
opção para reconhecimento desse legado histórico e, consequentemente, para a geração de renda na
comunidade receptora dessa atividade turística.
O estado da Paraíba, cujo recorte do litoral é de 138 km de praia, conta com vários locais
para a prática de turismo em ambiente subaquático no qual é possível encontrar piscinas naturais,
recifes de corais e algas calcárias, além de navios afundados. Na costa paraibana os naufrágios vão
desde caravelas arrebentadas e pequenos navios encalhados sobre os recifes, até navios maiores
afundados longe da costa.
Vale salientar que desses quarenta e nove naufrágios, muitos ainda não foram explorados,
mas não deixam de ter uma enorme representação no que diz respeito ao valor histórico-cultural de
cada um para a sociedade local. É importante ressaltar que o grande potencial turístico do litoral da
Paraíba, em termo de visitas a naufrágios, ainda é pouco explorado por gestores responsáveis pelo
desenvolvimento da atividade turística no Estado. Dessa forma, esse trabalho tem a finalidade de
contribuir, através de revisão bibliográfica e de análise prática, para a melhoria das ações de
exploração e preservação do turismo nos ambientes subaquáticos que envolvem a visita aos
naufrágios da costa paraibana.
A ATIVIDADE TURÍSTICA
Outro fator que ajuda a acelerar o impacto negativo nesses ambientes naturais, se dá por
conta dos mergulhadores que se divertem arrancando peças dos navios para exibir como troféus,
onde, muitas vezes, segundo Rambelli (2006) são abandonados “[...] nas lixeiras dos clubes
náuticos logo após desembarcarem da aventura, ou com certeza alguns dias mais tarde nas lixeiras
de suas casas”. Para amenizar a situação e reverter este quadro de exploração irregular nos locais de
naufrágios, o Livro Amarelo (2004, p.22) sugere a “implantação de um turismo patrimonial
subaquático” no qual seja trabalhada a educação patrimonial com os mergulhadores e
frequentadores desses ambientes visando a mitigação das possíveis formas de degradação
ambiental.
A lei que regulamenta a prática de atividades em ambientes de naufrágios e também proíbe a
retirada de artefatos das embarcações é a de nº10. 166, sancionada no dia 27 de dezembro de 2000
(RAMBELLI, 2001). Um trecho dessa lei afirma que:
É livre, dependendo apenas de comunicação à Autoridade Naval e desde que não represente
riscos inaceitáveis para a segurança da navegação, para terceiros ou para o meio ambiente,
a realização de excursões de turismo submarino, com turistas mergulhadores nacionais e
estrangeiros, em sítios arqueológicos já incorporados ao domínio da União, quando
promovidas por conta e responsabilidade de empresas devidamente cadastradas na Marinha
do Brasil e no Instituto Brasileiro de Turismo, sendo vedada aos mergulhadores à remoção
da qualquer bem ou parte destes.
Esse ato depredatório de retirar artefatos dos naufrágios representa uma grave ameaça à
proteção do patrimônio cultural subaquático, que, lamentavelmente, caminha paralelamente com as
ações de empresas estrangeiras de caça ao tesouro. Para o Livro Amarelo (2004, p. 5), “é uma
prática ligada diretamente à tradição milenar do resgate de cargas perdidas no mar, não tendo
ligação alguma com a arqueologia [...]”, ou seja, não tem vínculo algum com estudos científicos e
Naufrágio Eriê. J.N.Y. - Segundo alguns registros, o vapor Eriê J.N.Y., de bandeira
americana, foi construído para a empresa, American SS CO em 1869. Um ano depois, foi vendido a
Nathaniel Wilsor e, posteriormente, comprado pelo Brasil para ser utilizado nos serviços postais
entre Brasil e Estados Unidos no ano de 1871. Na noite do dia 2 de janeiro de 1873, às duas horas
da madrugada, quando o navio fazia sua segunda viagem aos Estados Unidos, levando em seu
carregamento 24.500 sacas de café, foi ao fundo por conta de um incêndio supostamente iniciado na
casa de máquinas, logo após ter passado pelo porto do Recife (Carvalho, 2006). O Navio Eriê,
também conhecido por “Queimado”, devido ao motivo de seu Naufrágio, está localizado na Praia de
Tambaú na Cidade de João Pessoa, próximo à ponta do Bessa (Figura 1, Tabela 3). Um fator
intrigante e que diferencia o “Queimado” dos outros navios a vapores da época é a forma dada as
suas caldeiras, pois elas possuíam um formato retangular; enquanto os outros navios a vapor tinham
suas caldeiras em forma de cilíndrico. Este navio é o único naufrágio do mundo a possuir caldeiras
retangulares. O motivo que levou seu fabricante a fazer essas caldeiras nesse formato, supostamente
seria por experimento, no entanto, não se sabe ao certo o real motivo dessa invenção.
- Naufrágio Alvarenga - A Alvarenga trata de ser um tipo de embarcação muito utilizada no
século XX para transportar cargas do litoral até os navios que não possuíam condições de chegar até
o porto. Isto devido ao caldo ou por não existirem vagas para encostar-se às áreas portuárias. Nesse
período, o Brasil ainda era muito carente em portos. (NAUFRÁGIOS DA PARAIBA, 2006). Sobre
seu naufrágio, não se tem relatos concretos que afirmem o motivo. Supostamente, acreditam que
esta embarcação tenha sido abatida por ondas enquanto era rebocada por algum navio em direção às
áreas portuárias no sentido norte da costa Brasileira. A Alvarenga (Figura 1, Tabela 2) é o único
naufrágio do litoral paraibano que permanece inteiro e pousado corretamente nos fundo paralelo à
praia. Seu casco está cheio de buracos e possui em seu interior uma grande quantidade de peças.
(NAUFRÁGIOS DA PARAIBA, 2006).
Além dos naufrágios mais visitados por mergulhadores no litoral paraibano (Alice, Eriê e
Alvarenga), ainda existem muitos outros naufrágios espalhados por toda a costa (Figura 1). Por esta
razão, o litoral paraibano é considerado um “cemitério” de navios, “é o que afirma mergulhadores
especialistas e documentos da Marinha Brasileira, registrados a partir do Século XVI”. (RICARDO,
2004).
Na praia de Jacumã, litoral sul, podem ser encontradas cerca de nove embarcações
naufragadas numa profundidade entre 10 a 45 metros. São elas: a escuna Jessé (1574), de bandeira
portuguesa; as embarcações Pierre (1582), Jumeau (1708), Charquer D´Flote (1712), Piegge, e
Marie II (1722), todas de nacionalidade francesa, além dos navios de bandeira americana, como o
Shorting Satar de 1856 e o Trasite de 1871, e um navio inglês Queen Of ther Forthe, que naufragou
em 1866 (RICARDO, 2004).
Na enseada de Cabedelo – PB naufragaram o iate João Luiz (1674) de nacionalidade
portuguesa, a Galera francesa Eduard do Século XIX, o Vapor Non Pareill de 1852 e os Vapores
Grão Pará (1909), Alegrette (1911) e Rodrigues Alves (1924), todos pertencentes à nação brasileira.
(RICARDO, 2004). Na praia do Poço, município de Cabedelo – PB encontra-se o Vapor Santa
Clara de 1865, e o Iate Laura de 1874. Já na Ilha da restinga, jazem o Brigue de bandeira holandesa
Schuppe de 1634, o Vapor inglês Psybe de 1852 e o Iate norueguês Alert datado do ano de 1893.
Na paria de Fagundes, pertencente ao município de Lucena, localizada no litoral norte da
Paraíba, estão o Vapor brasileiro Natal de 1903 e o Navio de nacionalidade italiana Vanadoro de
1911. Já próximo à Ilha Tiriri, encontram-se encalhados em um banco de areia, destroços da Barca
italiana Antonietti desde 1873. Na praia de Lucena, estão a Barca inglesa Anne Power de 1868 e o
Vapor de nacionalidade americana Said Bin Sultan de 1871. Este navio, por muito tempo, era
conhecido como “Vanduaria”, por causa de uma mulher que se chamava Vanduaria, que morreu
afogada ao tentar retirar peças do navio (NAUFRÁGIOS DA PARAIBA, 2006).
Na Barra de Mamanguape, está o Brigue Simpatia de nacionalidade brasileira de 1916. Na
Baía da Traição, estão o Navio brasileiro Elias e um Avião da Segunda Guerra mundial (Figura 1).
Este sofreu ação de pirataria. Segundo alguns mergulhadores, hoje, o avião está completamente
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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RESUMO
A Lagoa do Apodi-RN juntamente ao calçadão, situado em suas margens, são conhecidos por
formarem juntos um importante terminal turístico, conhecidos por propiciar à população local e aos
visitantes diferentes formas de lazer e recreação. Porém, o desenvolvimento de tais atividades sem
planejamento adequado, podem representar riscos de degradação ambiental para lagoa e seu
entorno. Desta forma, buscou-se através deste estudo identificar as principais atividades de lazer e
recreação desenvolvidas na Lagoa, bem como os impactos causados a esta localidade, sejam eles
ambientais, como poluição sonora e alteração da qualidade da água, ou econômicos, como a
geração de emprego e renda. Para tanto, foram aplicados questionários semiestruturados com as
variáveis de atributos (perfil socioeconômico), comportamentais (percepção ambiental) e de
atitudes (práticas ambientais), aos agentes desses serviços. Constatou-se que bares e restaurantes
são consideradas as principais formas de atividades de lazer na área de estudo. Desta forma, avaliar
a natureza desses empreendimentos no que diz respeito a práticas ambientais adotados pelos
empreendedores em prol da Lagoa do Apodi tornou-se o foco principal deste trabalho. Por fim,
percebeu-se a necessidade de medidas de gestão ambiental que englobem o diagnóstico,
planejamento e gerenciamento das atividades que realizem usos deste ecossistema analisado.
Palavras-Chave: Recursos hídricos; espaços recreativos; sustentabilidade.
ABSTRACT
The Lagoa do Apodi-RN along the Boardwalk, located on its banks, are known to form together an
important tourist terminal, known for providing locals and visitors with different forms of leisure
and recreation. However, the development of such activities without proper planning, can pose risks
of environmental degradation to pond and your surroundings. In this way through this study sought
to identify the main leisure and recreation activities developed in the lagoon and in your
surroundings as well as the impacts caused to this locality, be they environmental noise pollution
and water quality change , or how economic employment and income generation, due to the same.
For this semi-structured questionnaires were applied with the attributes (socioeconomic profile),
behavioral (environmental perception) and attitudes (environmental practices), the agents of these
services. It was noted that bars and restaurants are considered the main forms of leisure activities in
the study area, thus assessing the nature of these projects with respect to environmental practices
adopted by entrepreneurs for the Lagoon Apodi became the main focus of this work. For both, it
was realized the need for environmental management measures, covering the diagnosis, planning
and managing activities that implement uses of this ecosystem.
Keywords: Water resources; recreational spaces; sustainability.
Os seres humanos utilizam os recursos hídricos para os mais variados fins, sejam para
atividades domésticas, industriais, atividades de pesca e agricultura, uso recreativo, entre outros.
Porém, essas atividades que trazem benefícios ao homem são capazes de interferir negativamente na
qualidade da água, gerando diversos tipos de poluição que podem ter origem química, física e
biológica, ocasionando negativas consequências ambientais, sanitárias, econômicas, sociais, de
saúde pública, entre outras (PEREIRA, 2004).
Dentre os conflitos associados aos usos múltiplos da água, estão os impactos ambientais
causados por seu uso para fins recreativos/lazer/turismo, tais como alguns descritos por Lanzer et al.
(2013): a geração de resíduos sólidos às margens e arredores dos reservatórios, remoção de
vegetação nativa para uso antrópico, erosão do solo, danos a fauna, danos diretos aos recursos
hídricos como alteração na qualidade da água, manchas por óleos e lixo e infraestrutura irregular.
Pereira Júnior (2004) também aponta a desigualdade na distribuição e a falta de gestão
d’água como grandes problemas de impacto ambiental e social. Segundo a Agência Nacional das
Águas – ANA, essa desigualdade é bastante acentuada no Brasil, embora o país possua cerca de
12% da água doce disponível no planeta, o acesso a mesma não é igualitário, tanto em águas
superficiais como subterrâneas (ANA, 2011).
Todos os problemas acima citados relacionados aos recursos hídricos se agravam ainda mais
quando o cenário é o semiárido do Nordeste brasileiro. Conforme Nascimento (2017), os agravantes
dessa região são os mais diversos, com enfoque especial para as condições climáticas, marcado por
secas devastadoras e reservatórios constantemente desguarnecidos.
Enquadrada no contexto descrito anteriormente, a Lagoa do Apodi, localizada no semiárido
nordestino e inserida na Bacia do Rio Apodi-Mossoró (LEMOS et al., 2010), apresenta grande
importância ambiental e socioeconômica para o município de Apodi, sobretudo para a população
ribeirinha. Entretanto, segundo Pinto Filho (2012), a mesma está passando por processos de
degradação devido à ação antrópica, principalmente devido aos seus usos múltiplos, com impactos
de ordem urbana e agrícola.
Diante deste cenário, surge a necessidade de intensificar estudos referentes a forma como as
atividades de lazer afetam a Lagoa do Apodi, uma vez que a recreação é um de seus usos
preponderantes. Constatado como principal uso a maciça presença de empreendimentos do tipo
bares e restaurantes no entorno da Lagoa, com a finalidade de oferecer bens e serviços com fins
recreacionais, buscou-se investigar a respeito da existência de práticas ambientais que os
empreendedores buscam realizar em prol da conservação do ambiente em que estão inclusos, a
Lagoa do Apodi – RN, bem como identificar os possíveis impactos causados pelas mesmas.
PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
Classificação da pesquisa
Área de estudo
Procedimentos metodológicos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1 – Frequência das ações de melhoria de desempenho ambiental nos empreendimentos investigados, 2018.
Requisitos Muita
Frequentemente Regularmente Raramente Nunca
Frequência
Reutilização da
0% 60% 6,67% 20% 73,33%
água
Tratamento da
6,67% 0% 13,33% 13,33% 66,67%
água
Uso de torneiras
com sensores de 0% 0% 0% 0% 100%
presença
Uso de sanitários
com baixo 0% 0% 0% 0% 100%
consumo de água
Uso de chuveiros
com redutores de 0% 0% 0% 0% 100%
fluxo de água
Uso de água para
0% 0% 0% 0% 100%
outros fins
Média 1,33% 12% 4% 6,67% 76%
Racionalização da
33,33% 20,01% 13,33% 20% 13,33%
energia
Usos de lâmpadas
com baixo nível 19,99% 26,67% 26,67% 26,67% 26,67%
de consumo
Usos de lâmpadas
com sensores de 0% 0% 0% 0% 100%
presença
Figura 05 – Medidas de conscientização ambiental do Figura 06 – Preocupação dos clientes com questões
empreendimento com seus clientes. ambientais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora a Lagoa do Apodi possua origens um pouco mais antigas, o bairro Malvinas tem
origens de consolidação bem mais recentes assim como o terminal turístico do Calçadão
construindo em suas margens, que atribuiu a essa região o estabelecimento de atividades diferentes
das tradições, até então agricultura e pesca, contribuindo assim com o adicional de atividades de
lazer e turismo, para os usos múltiplos da Lagoa, que são diversos e marcados por conflitos que se
instituem desde a época em que o local era abitado por índios que desabitaram a região devido a
ação de colonizadores.
Através desta pesquisa foi possível constatar diversos tipos de usos para fins recreativos
utilizando a Lagoa do Apodi – RN bem como o Calçadão localizado em suas margens tais como
práticas de exercícios físicos e esportes; uso do ambiente para atividades de entretenimento como
apresentações, eventos e shows; banhistas; navegação; canoagem; passeio de barcos, balsas e Jet-
Ski, bem como o simples uso do ambiente para socialização, muito embora verificou-se que a
atividade recreativa desenvolvida em massa nesse ambiente são empreendimentos do tipo bares e
restaurantes.
Após a verificação deste cenário, concentrou- se o desenvolver deste estudo na verificação
dos aspectos ambientais desses empreendimentos, ou seja desenvolvimento de ações ambientais em
prol da Lagoa do Apodi – RN e impactos gerados a mesma que já se encontra bastante afetada
devido a tais atividades.
Constatou-se que os estabelecimentos de lazer, especificamente bares e restaurantes, ainda
apresentam carência em diversos âmbitos, sendo o principal deles ausência de assistência em
aspectos como correta gestão das atividades desempenhadas, que são marcadas pelo grande
consumo de insumos diversos acarretando a geração de resíduos sólidos, orgânicos e efluentes que
não possuem acondicionamento, tratamento ou disposição final corretos. Com relação a educação
ambiental apenas a minoria dos estabelecimentos afirmou realizar algum tipo de ação de
conscientização ambiental para com seus clientes, que segundo os mesmos apresentam pouca
preocupação com questões ambientais.
Desta forma fica nítida a necessidade de padrões de gestão ambiental para com esses
empreendimentos, que em sua maioria apresentam-se deficientes de medidas sustentáveis
indispensaveis, tais como gestão de resíduos ou licenciamento ambiental, por estarem diretamente
incluídos em um ecossistema de vulnerabilidade ambiental de fundamental importância local e
regional.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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em: 04 abr. 2018.
RESUMO
As Trilhas Culturais de Deslocamento são referências de fatos geográficos e marcos socioculturais
no Projeto de Assentamento Vila Amazônia no Município de Parintins (AM), pois ocorrem em uma
dinâmica de relação e interação dos agricultores familiares com ambiente. O trabalho teve como
objetivo de descrever o diagnóstico geográfico das unidades produtivas da agricultura familiar para
compreender qual a impressão do patrimônio cultural atribuída à fisionomia da paisagem no uso das
trilhas e os potenciais para o turismo no espaço rural onde aponta para a compreensão dos variáveis
elementos da paisagem o que possibilitou uma matriz de prognóstico para o ordenamento e
desenvolvimento do Turismo no Espaço Rural.
Palavras Chave: Trilhas de Deslocamento, Paisagem, Agricultura Familiar.
ABSTRACT
The Cultural Trails of Displacement are references of geographic facts and sociocultural landmarks
in the Amazonia Village Settlement Project in the Municipality of Parintins (AM), because they
occur in a dynamic relationship and interaction of family farmers with environment. The work
aimed to describe the geographic diagnosis of productive units of family agriculture what cultural
heritage printing attributed to the physiognomy of the landscape in the use of the trails and the
potential for tourism in rural areas where points to the understanding of the elements of the
landscape variables allowing an array of prognosis for spatial planning and development of Tourism
in Rural Area.
Keywords: Displacement Trails, Landscape, Family Agriculture.
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Utilizou-se como metodologia na aplicação desta pesquisa, o estudo de caso, delineado por
Yin (2005, p. 32-33) como uma investigação empírica que averigua um fenômeno atualizado dentro
de seu contexto de vida real, sobretudo quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão
visivelmente definidos, encarando uma situação tecnicamente única, em que pese outras variáveis
de interesse aos dos pontos de dados.
Fizeram-se atividades de pesquisa de campo, cujo direcionamento está à coleta de dados,
resultantes da observação realizada pelo próprio investigador, que anota o interrogatório, ao passo
que faz as ressalvas ou recebe as respostas (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 195). Assim,
O referido assentamento foi criado em 26 de outubro de 1988, por meio da Portaria MIRAD
- Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário/Governo Federal N.º1404/1988, na
modalidade Projeto de Assentamento (PA), para assentar em específico, agricultores familiares
tradicionais em uma área de 78.270,000 hectares, com capacidade para assentar 2.478 famílias
(PACHECO, 2013, p. 26). As propriedades distribuídas no PA são denominadas de lotes ou parcela
de terras e de acordo com a legislação Lei n° 12. 727, de 17 de outubro de 2012.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
I – As formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).
De acordo com o inciso II (modos de criar, fazer e viver) incluem-se as práticas da vida
social encontradas nos geoambientes habitados pelos agricultores familiares e nas Trilhas,
constituindo-se este como patrimônio imaterial, pois os conhecimentos ali encontrados são
transmitidos de geração a geração, mas que sofrem modificações ao longo do tempo. O patrimônio
imaterial é definido com “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto
com instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as
comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu
patrimônio cultural” (IPHAN, 2003).
De acordo com o IPHAN (2003) não é possível compreender os bens culturais sem
considerar os valores neles investidos e o que o representam (dimensão imaterial) e da mesma
forma, não se pode entender a dinâmica do patrimônio imaterial sem o conhecimento da cultura
material, pois é esta que lhe dá suporte. Ressalta-se então a definição de patrimônio material dada
pelo mesmo Instituto é formado por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua
natureza, e divididos entre bens móveis e imóveis.
Noda (2007, p. 31) diz que os agricultores familiares estão pautados em um sistema de
produção que é baseado em práticas agroflorestais de produção, que se caracterizam pelo manejo
das terras numa integração, simultânea e sequencial, entre árvores e/ou animais e/ou cultivos
agrícolas. É possível perceber que o uso da terra e as riquezas nela guardadas são valorizadas como
patrimônio, pois elas criam as condições para que o agricultor familiar e sua família apareçam como
trabalhadores de sua unidade de produção (WITKOSKI, 2010, p. 191). Segundo Morin (2011, p.
20), a presença da cultura numa sociedade, abre e fecha as potencialidades bioantropológicas de
conhecimento, e mais:
Ela as abre e atualiza fornecendo aos indivíduos o seu saber acumulado, a sua linguagem,
os seus paradigmas, a sua lógica, os seus esquemas, os seus, métodos de aprendizagem, de
investigação, de verificação etc., mas, ao mesmo tempo, ela as fecha e inibe com as suas
Além dessa interação sociocultural, compreende-se ainda que, a relação estabelecida entre as
TCD e a agricultura familiar apresenta uma face híbrida, não no sentido biológico, que remete à
esterilidade, mas aderido à ciência geográfica, que apresenta fundamentos de espacialização,
sociedade, natureza e as relações com o meio, capazes de gerar novas práticas socioambientais,
assim, hibridação segundo Canclini (2003, p. 19) são processos socioculturais nos quais estruturas
ou práticas discretas, que existem de forma separada, se combinam para gerar novas estruturas,
objetos e práticas. Está estruturado nas diversas atividades socioculturais típicas da população local,
a herança cultural obtida por esses agricultores familiares com as técnicas de pesca, da caça, das
festas religiosas e culturais (Festa dos boizinhos, Festa do Mauary), e da gastronomia.
Noda (2013, p. 99) relata que a tradição se movimenta na interação dada entre
natureza/sociedade enquanto ação social de autopermanência e autotransformação dos
conhecimentos locais no modo como fazem usos da natureza, assim, a tradição, num processo
histórico-cultural “delineia” a trajetória da sociedade, tendo implicações na forma como a
natureza é apropriada. Dentre tais práticas socioculturais, dá-se destaque ao modo de fazer a
farinha, tradição cultural que passa por diferentes etapas até chegar ao comércio, que vai desde o
plantio, colheita, lavagem, descascamento, cevagem, prensagem, peneiramento e torração.
De acordo com Brandão (2016, p. 110) nesse regime de trabalho, o maior esforço é
realizado pelo pai, que colhe a mandioca, corta a lenha e a conduz para a casa de farinha, ainda
ajuda na cevagem, na torragem, embalagem, transporte e comercialização, quando necessário. No
regime de trabalho, destaca-se também a presença da mãe e dos filhos do chefe da unidade familiar,
isto após realizarem as suas atividades domésticas:
O agroturismo revela que por sua abrangência é capaz de desenvolver-se por meio da
sustentabilidade de um território, isso certamente será capaz de incentivar as pessoas a não saírem
das áreas rurais, gerar renda complementar para as famílias, valorizar a cultura local, preservar o
meio ambiente, favorecer a inclusão social, entre outros benefícios (GUZZATTI; TURNES, 2011).
Ressalta-se que, o agroturismo em sua essência presume a interação ativa do visitante com as
atividades agrícolas, para Tulik (1993) desenvolve em conjunto com a propriedade rural ativa, no
sentido de complementar as atividades e a renda das famílias. Tem-se o Turismo Rural na
Agricultura Familiar – TRAF, que pode ser entendido como:
Com isso, os segmentos do turismo no espaço rural são caracterizados de acordo com as
atividades e espaço geográfico (Quadro 1).
Como forma de resumir as definições expostas cita-se o exemplo dado pelo Ministério do
Turismo (2010, p. 22):
Uma propriedade com instalações de lazer, ambientes para eventos ou uma estrutura de
aventura, que receba turistas, mas que não possua relações mais profundas com o ambiente
rural, a não ser o fato de estar localizada no meio rural. Tal propriedade poderia, sem
qualquer prejuízo para suas atividades, estar localizada no espaço urbano. Sendo assim,
suas atividades no meio rural podem ser classificadas como Turismo no Espaço Rural, mas
não como Turismo Rural propriamente dito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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RESUMO
Sabe-se que as trilhas dentro de unidades de conservação (UC) estão sendo cada vez mais
procuradas, pois estas são vistas com alternativas de se entrar em contato com a natureza. Este fato
pode ser observado na Floresta Nacional do Araripe (FLONA-Araripe) que apresenta uma
variedade de trilhas com aumento no número de frequentadores. Com isso este trabalho objetivou
verificar os prováveis impactos negativos causados pelo uso contínuo destas trilhas para o ambiente
da FLONA-Araripe. A pesquisa foi realizada a partir de visitas exploratórias às trilhas e entrevistas
aos gestores da UC. O estudo constatou a importância destas trilhas para o ecoturismo da região,
contudo ao longo destas, observou-se o descarte inadequado de resíduos sólidos, além da presença
de pontos de fogueiras apagadas, árvores cortadas, danificação das placas de sinalização entre
outros. Diante disso, apontamos para a necessidade de um maior esforço dos gestores para a
conservação desta UC. Sendo necessário de imediato trabalhar a educação ambiental com os
frequentadores das trilhas.
Palavras-chave: Unidade de Conservação; FLONA-Araripe; Trilhas; Consciência Ambiental.
ABSTRACT
It is known that the trails inside conservation units (UC) are being increasingly sought after,
because these are seen with the possibility of getting in touch with nature. This fact can be observed
in the Araripe National Forest (FLONA-Araripe), which presents a variety of trails with an increase
in the number of visitors. This study aimed at verifying the probable negative impacts caused by the
continuous use of these trails for the FLONA-Araripe environment. The research was fulfilled out
from exploratory visits to the tracks and interviews to the UC managers. The study noted the
importance of these trails for ecotourism in the region. However, along the trails, was observed the
inadequate disposal of solid wastes, as well as the presence of burned-out bonfires, cut trees,
damaged signpost, among others. In view of this, we point out the need for a greater effort by
managers to conserve this UC. It is necessary to immediately work environmental education with
the goers who go on the trails.
Keywords: Conservation Unit; FLONA-Araripe; Trails; Environmental Awareness.
Atualmente as trilhas são vistas como alternativas de se entrar em contato direto com a
natureza. As trilhas ecológicas, os caminhos e as estradas são na maioria das vezes a principal
forma de acesso que conduzem os visitantes aos pontos mais atrativos dentro de áreas naturais
brasileiras, geralmente áreas de proteção integral (PONTES, 2006).
Nos últimos anos vem ocorrendo o crescimento no uso destes acessos, especialmente à
aquelas trilhas que tem como finalidade chegar em algum atrativo de grande beleza natural, esses,
aqui no Brasil encontrados na maioria das vezes, em áreas de unidades de conservação ambiental
(COSTA, 2008).
Assim como na maioria das unidades de conservação - UC, a forma de se locomover por
dentro da Floresta Nacional do Araripe (FLONA-Araripe) são as trilhas. Nesta floresta encontra-se
uma grande variedade de trilhas, não se sabendo o número exatos delas (BRITO, 2014), contudo
elas costumam adentrar no interior da floresta levando ao final a diversos mirantes que apresentam
vistas da exuberante paisagem do Vale do Cariri.
Com todos estes atrativos, nos últimos anos tem-se observado um crescimento no número de
aventureiros que passaram a fazer uso destas trilhas (BRITO, 2014). Os grupos de frequentadores
dessas, são diversificados, indo desde trilheiros (caminhantes, ciclistas e motociclistas) a
extrativistas e transeuntes (moradores locais).
Chama-se atenção para o fato de que, com o aumento considerável do número de visitantes
destes locais, podem ocorrer impactos na conservação dos recursos naturais, principalmente quando
essas trilhas são construídas sem um planejamento prévio.
No caso da FLONA-Araripe, tem-se ouvido falar muito, nos últimos anos, na questão da
grande quantidade de resíduos sólidos deixados na floresta (CARIRI REGIONAL, 2014).
Diante disso, objetivamos com esta pesquisa verificar os impactos negativos causados pelos
seus frequentadores e transeuntes nas trilhas no interior da FLONA-Araripe.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para realização desta pesquisa, em primeiro momento, foram realizadas visitas ao órgão
responsável pela gestão da FLONA-Araripe, o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) no período de 5 e 9 de março. Estas visitas se deram com intuito de
comunicar sobre essa pesquisa e coletar informações acerca de como está se dando o trabalho de
gestão desta unidade de conservação em relação ao acompanhamento do uso das trilhas da floresta.
Em seguida foram selecionadas as trilhas ou trechos de trilhas que seriam os alvos desta pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo apontou que as trilhas da Floresta Nacional do Araripe estão se tornando cada vez
mais espaços de lazer por parte das populações urbanas da região. Este elevado aumento do uso tem
impossibilitado o acompanhamento e controle por parte dos agentes gestores da FLONA. O
monitoramento sobre o número de visitantes é feito apenas com as pessoas que se cadastram como
condutoras e relatam para os fiscais do ICMBio a data e o número visitantes levados para as trilhas.
Durante ano de 2017 o número de visitantes e condutores que procuraram o órgão para fazerem a
visitação na unidade de conservação chegaram 3790 indivíduos (Gráfico 1). Esse número representa
escolas, universidades, caminhantes, ciclistas, pesquisadores. Contudo se sabe que há um número
muito maior de frequentadores e usuários das trilhas que não informam aos gestores sobre suas
visitações a FLONA.
Ao longo das quatorze trilhas estudadas, foi observado um grande acúmulo de resíduos
sólidos, árvores cortadas, presença de fogueiras e animais mortos, frequentadores utilizando drogas
De acordo com um gestor da FLONA é considerado crime a deposição dos resíduos em toda
a extensão da unidade, o mesmo afirmou que todos os frequentadores devem levar de volta consigo
os seus resíduos gerados durante sua estadia na FLONA.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio (2014), reforça que
esse tipo de resíduo quando descartado de forma inadequado na natureza, provocam diversos
impactos como poluição visual e mal cheiro, poluição dos corpos hídricos, do solo, além de
colocarem os animais em riscos, visto que estes podem se ferir em materiais cortantes ou mesmo
ingerir os materiais, chegando em muitos causos morrem ou adquirirem doenças.
A Lei 9.605/98 que dispõem sobre as sanções penais e administrativas de condutas lesivas
ao meio ambiente trata em seu artigo 54, que ao se causar poluição na natureza em que possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a morte de animais ou a destruição da
FLONA, quando isto se dá por lançamento de resíduos sólidos a penalidade é de reclusão de 1 a 5
anos.
De acordo com levantamento de campo e com as entrevistas aos gestores foi observado que
a maior parte do acúmulo de resíduos gerados pelos frequentadores e transeuntes, encontram-se nos
ambientes dos mirantes, por serem locais que proporcionam os panoramas do Vale do Cariri.
Observou-se também que algumas ações organizadas por grupos de voluntários são
realizadas para a coleta destes resíduos na floresta, com destaque para os mutirões organizados pela
unidade do corpo de bombeiro localizada na cidade do Crato-CE.
Durante as observações em campo foram encontradas 14 fogueiras apagadas e outras
preparadas para serem acesas com madeiras cortadas das árvores da própria FLONA (Figura 02).
Chama-se atenção para o fato de que a maioria dos grandes incêndios florestais se
originaram de pequenas faíscas decorrentes de fogueiras, restos de cigarros a beira de estradas em
época de clima seco, práticas agropastoris, pastoreios caçadores entre outros (CUSTÓDIO, 2006).
Estes incêndios, quando não controlados provocam destruição da fauna e flora local, além de
tornarem o solo pobre, causando assim alterações drásticas no ecossistema, afetando na reprodução
e contribuindo com a difusão de pragas e doenças.
No caso da FLONA-Araripe quando ocorrem incêndios a situação é bastante crítica, pois
estes, não podem ser apagados pelo corpo de bombeiro, devido às dificuldades em acesso aos focos
de fogo, o que lava aos gestores a fazer uso da brigada de incêndio. Ressaltando que devido à falta
de incentivos financeiros, ouve uma redução ao número de brigadistas da unidade, passando de 21
para 12 membros, dificultando ainda mais o controle dos princípios de incêndios e queimadas.
Destacando que o incêndio em zona de mata ou floresta é considerado crime no Brasil,
segundo a Lei de Crimes Ambiental (Lei 9.605/98), que assevera em seu artigo 41 que a pena para
quem provoca incêndio nestas áreas terá reclusão de 2 a 4 anos, e multa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.618.1036&rep=rep1&type=pdf.
Acesso em 10 de jan. de 2018.
RESUMO
O solo é um corpo dinâmico, verdadeiro mosaico de cores, texturas e consistências, que sustenta a
vida. Além do uso agrícola, participa de muitas atividades humanas, como a produção de cerâmica.
No Cariri paraibano essa tradição persiste na arte da loiça de barro, desenvolvida por mulheres da
comunidade Ligeiro de Baixo, em Serra Branca. O objetivo do trabalho é apresentar a percepção
das “loiceiras” sobre sua arte. A metodologia constou da aplicação de questionário e registro das
atividades. Os resultados evidenciam a preocupação quanto ao prosseguimento da atividade, em
função do desinteresse das novas gerações, além da ausência de incentivo e apoio por parte do
poder público. Apesar disso, nos desafios da vida e sob sol escaldante, essas valorosas mulheres
guardam a certeza de que sua arte contribui para o resgate do saber milenário e valorização do solo,
como proposta etnopedológica e da sociobiodiversidade.
Palavras-chave: Solo; Cerâmica popular; Etnopedologia; Semiárido.
ABSTRACT
Soil is a dynamic body, a true mosaic of colors, textures and consistencies, that sustains life.
Besides agricultural use, it participates in many human activities, such as the production of
ceramics. In Cariri Paraíba, this tradition persists in the art of earthenware, developed by women
from the Ligeiro de Baixo community in Serra Branca. The objective of the work is to present the
perception of the "loiceiras" about their art. The methodology consisted of the application of a
questionnaire and registration of activities. The results show the concern about the continuation of
the activity, due to the lack of interest of the new generations, besides the lack of incentive and
support on the part of the public power. Despite this, in the challenges of life and under the
scorching sun, these valiant women keep the certainty that their art contributes to the rescue of the
millennial knowledge and valorization of the soil, as an ethnopedological and socio-biodiversity
proposal
Keywords: Soil; Popular ceramics; Ethnopedology; Semiarid.
Dos recursos da natureza, o solo é o que sustenta a vida, provendo a segurança alimentar e
nutricional das populações e as atividades humanas, por seus múltiplos serviços ecossistêmicos.
Ao longo da história da humanidade verifica-se que a relação do homem com o solo remonta
aos primórdios da própria agricultura, quando o homem passou de coletor a cultivador. Da mesma
forma o uso não agrícola do solo se perde na poeira dos tempos, quando o homem aprendeu na lida
diária e em meio às muitas necessidades surgidas, a transformar os duros fragmentos do minério em
utensílios para o trato com a terra, as pedras comuns na edificação de abrigos para sua proteção e a
usar o solo na confecção de utensílios para o preparo dos alimentos (VITAL; SANTOS, 2017).
Marques (2001) relata o uso não agrícola dos solos e materiais minerais no tratamento de
enfermidades humanas, além do embelezamento dos rituais, na pintura corporal para rituais
(OLLIER et al, 1971) e na alimentação humana (BROWMAN; GUNDERSEN, 1993).
Certamente que dentre as inúmeras possibilidades de uso do solo a atividade artística tem
destaque, sendo uma de suas aplicações as esculturas e cerâmicas em argila. A cerâmica é uma
atividade em plena vitalidade no Brasil, evidenciando as manifestações populares e as eruditas, a
cerâmica artística, religiosa ou utilitária. Essa atividade sustenta-se pela grande tradição cerâmica
do país, e pelo apelo da população que não abdica de seu uso diário. O mercado consumidor da
cerâmica é crescente em todos os níveis de sua utilização (ROSA, et al. 2001).
Para Alvarenga (2012) e Lopes (2013) a arte é alquimia e objetiva a transformação da
matéria, ou dos elementos encontrados na natureza, assim, a alquimia se instala a meio caminho
entre o que podemos considerar uma técnica e uma sabedoria.
Há todo um saber, todo um entendimento, toda uma compreensão própria, toda uma relação
particular na complexidade da confecção da louça de barro, desde a coleta até a finalização da peça.
Esse conhecimento é objeto de estudo da Etnopedologia, “campo da Etnobiologia que se volta mais
especificamente para o conhecimento adquirido por determinados grupos humanos, no que se refere
ao uso do solo...” (OLIVEIRA, 1988), ou ainda o “conjunto de estudos interdisciplinares, dedicado
ao entendimento das interfaces existentes entre os solos, a espécie humana e os outros componentes
dos ecossistemas”, (ALVES; MARQUES, 2005).
Vital e Santos (2017) esclarecem que a confecção de louça de barro é um processo de baixo custo
e impacto ambiental mínimo, que compreende produtos, técnicas e metodologias que visam à
transformação social, favorecendo a organização das comunidades, desenvolvendo a criatividade,
ocasionando a melhoria da autoestima dos envolvidos e do universo feminino, além de proporcionar
alternativa de renda.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após essa etapa, o material fica pronto para que seja realizada a alquimia da argila: as
loiceiras partem para a ação-criação. Normalmente sentadas na sala ou num quarto da casa,
Gráfico 01. Dificuldades para condução da atividade, relatadas pelas loiceiras do Cariri.
15%
16%
12%
12%
9% 15%
12%
9%
Intercâmbios Capacitações
As louceiras disseram que ainda que o preço que as pessoas querem dar a cada uma das
peças não está equivalente ao esforço físico para executar cada peça, juntamente com as despesas
agregadas ao transporte das peças até o local de vendas, e com a mão de obra relativa a cada uma
das artesãs.
Conforme Guimarães (2005) “a argila é valorizada pelo que ela é enquanto matéria, sem
estrutura, ganhando forma pela ação das mãos e dedos dos que a tomam com intuição de
transformá-la em objeto”.
Considerando o apelo social e ambiental da tradição da louça de barro, recorremos a
Barbieri (1997) e a Sachs (2002), quando consideram que a sustentabilidade social é fundamental e
tem como finalidade, materializar os direitos e condições melhores de vida das populações, criando
condições para reduzir as diferenças entre os seus padrões de vida, a partir de políticas públicas que
possam investir na potencialidade vocacional das populações, partindo para um amplo
desenvolvimento, e regulando juridicamente os mecanismos econômicos, o que se traduz em
solidariedade com o planeta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TRIGUEIRO, A. Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas
suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
RESUMO
O transporte ferroviário é visto como um modal que apresenta baixos custos de locomoção, de
baixo impacto ambiental e é considerado também um transporte mais seguro. No Brasil, há
predomínio de terrenos baixos e planos, vantagens estas que favorecem a aplicação de linhas
férreas, porém os investimentos neste modal são considerados baixos. A linha férrea que passa na
cidade de Pombal-PB está em situação precária e em desuso, com isso, o objetivo do nosso artigo é
apresentar a atual situação e os benefícios de uma possível volta do funcionamento da linha
ferroviária que corta essa cidade e construir um breve histórico da mesma. Para isso, foi feita uma
visita em loco, onde foram tiradas fotografias, com intuito de mostrar e analisar a atual situação da
linha férrea. Além disso, foram feitas entrevistas com Miguel Ferreira da Silva e Francisco dos
Santos Silva, moradores da cidade e conhecedores da história da linha. As análises e dados da
entrevista e pesquisas mostraram que a linha ferroviária, apesar de não está sendo usada, encontra-
se ativa e possui muitos problemas estruturais. A falta de manutenção acarretou o surgimento de
vegetação, ferrugem e desnivelamento nos trilhos, fatores que impedem a circulação de trens. Os
dados da pesquisa permitem concluir que muito teria a se ganhar com a volta de funcionamento,
população e meio ambiente seriam beneficiados, no entanto, para que isso seja possível, é
necessário investimentos governamentais, com a finalidade de reforma da malha e posteriormente
constantes manutenções.
Palavras-chave: Transporte; Trilhos; Economia Brasileira.
ABSTRACT
Rail transport is known as a modal which presentes low costs of locomotion, low enviroment
impact and it is considered also a safer transport. In Brazil, there is supremacy of low and plan
lands, these advantages help in application of railway lines, however the investments in this modal
are considered low. The railway line which cuts through the city of Pombal-PB is in a bad situation
and disused, hence, the objective of our article is to present the current state and the benefits of a
possible return of the railway line operation and develop a brief history of it. For that, a visit in loco
was made, where photographies were made, with a view to show and analyze the current situation
of the railway line. Futhermore, interviews were made with Miguel Ferreira da Silva e Francisco
dos Santos Silva, local residents and aware of the railway line history. The analyzes e data of the
INTRODUÇÃO
O surgimento das linhas férreas no século XIX foi um grande avanço dos meios locomotivos
em todo o mundo. Após a construção da primeira ferrovia nos Estados Unidos, o meio de transporte
ganhou destaque e chegou ao Brasil ainda no ano de 1828. A maioria das obras ferroviárias do
Brasil são civis, tendo os engenheiros civis papel fundamental em todo o modal ferroviário (LANG,
2007).
O Brasil é um país de longa extensão territorial e com terrenos predominantemente planos,
logo é ideal para o transporte ferroviário. Porém, o Brasil não aproveita suas características naturais,
e infelizmente, atualmente, não investe tanto nesse meio de transporte. As regiões com maior
concentração de linhas férreas ativas são o Sudeste e o Sul. Apesar de em número muito inferior, na
região Nordeste há alguns modais férreos, localizando-se principalmente nas áreas litorâneas
(FALCÃO, 2013; CAMARGO, 2015).
É questionável a pouca utilização do transporte ferroviário quando nos deparamos com seus
inúmeros benefícios, tanto socioeconômicos como ambientais. De acordo com a Confederação
Nacional do Transporte (CNT, 2013), se comparado ao transporte rodoviário, o modo ferroviário
apresenta custos de locomoção e tempo reduzidos, além de ser mais seguro tanto no transporte de
cargas como de pessoas.
O modal ferroviário é sem dúvida um destaque entre os outros meios de transporte. Ele
possui menos custos que o transporte rodoviário e hidroviário, além de uma maior autonomia, sendo
necessárias renovações estruturais em períodos muito longos. Sobressai-se também quando se refere
aos impactos ambientais, pois a emissão de gases poluentes por locomotivas é muito menor se
comparado aos transportes rodoviários (COLAVITE et al., 2015; CNT, 2013).
Apesar do conhecimento de todos os benefícios do transporte ferroviário, o governo
brasileiro não investe na construção nem na manutenção das linhas existentes. Infelizmente, a
maioria que se localizam no Nordeste encontram-se em estado precário, e apesar de ativas não são
usadas para transporte. A estação São Domingos, Localizada na cidade de Pombal/PB, quando
construída em 1932, trouxe muitos benefícios econômicos e culturais para a população, no enteando
não se encontra em funcionamento atualmente (MONTEIRO, 2017).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Essa pesquisa é de cunho qualitativo, visando uma análise social da situação atual e
benefícios da malha ferroviária de Pombal. É uma pesquisa aplicada, pois envolve verdades e
interesses locais, de modo a gerar conhecimento para aplicação na resolução de um problema
específico, e é caracteristicamente descritiva.
A pesquisa foi realizada no mês de julho e o nosso objeto de estudo foi a linha ferroviária da
cidade de Pombal/PB. Há muito tempo não há funcionamento de trens na estação, os trilhos
encontram-se abandonados. Por anos a linha ferroviária foi de grande importância para o município
e até o momento pouco se tem analisado desses aspectos do passado e os possíveis benefícios com a
volta do seu funcionamento.
Figura 1 – Malha ferroviária no estado da Paraíba e cidade de Pombal. Fonte: Ministério dos Transportes,
Portos e Aviação Civil (2017).
Foram realizadas visitas em alguns pontos da linha ferroviária para análise da estrutura
atual. Foram retiradas fotografias que mostram as características das estruturas de ferro e da antiga
estação.
Para a construção do histórico da via ferroviária da cidade, realizou-se entrevista com dois
moradores que vivenciaram e tem grande interesse pelo assunto. A entrevista foi do tipo informal,
baseada em lembranças e dados históricos de conhecimento dos entrevistados.
As entrevistas ocorreram no dia 13 de julho de 2017 na antiga estação ferroviária de
Pombal. O primeiro entrevistado foi o Senhor Miguel Ferreira da Silva, de 49 anos, morador do
bairro dos Pereiros, na rua José Herculano de Souza. O mesmo faz parte de movimentos culturais e
folclóricos do município e tem uma forte ligação com a antiga estação, trabalha no local há mais de
20 anos, desde a sua privatização. O segundo entrevistado foi o senhor Francisco dos Santos Silva,
agricultor e analfabeto de 65 anos. Francisco vive na cidade de Pombal desde os cinco anos de
idade e utilizou durante grande parte de sua vida o transporte ferroviário da cidade.
Pesquisa bibliográfica
Foi feita uma análise em artigos científicos e site regionais para a realização de estudos. Para
complementar a descrição do histórico, foi utilizado como base bibliográfica o site Estações
Ferroviárias do Brasil, autoria de Ralph Mennucci Giesbrecht, existente a dezessete anos e
constantemente atualizado com informações de ferrovias de todos os estados brasileiros.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 2 – Mapa ilustrativo das linhas ferroviárias Ceará – Paraíba, 1954. Fonte: IBGE (1954).
A estação de São Domingos, como era chamada a estação da cidade de Pombal, foi
construída durante o governo provisório de Getúlio Vargas, através do decreto Nº 2,182 de 21 de
março de 1932 para atender o trecho de Souza a Pombal sob o controle da Rede de Viação Cearense
(RVC). A inauguração ocorreu em 24 de outubro de 1932, como ponto de linha, ligando-se a
cidades dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco (MONTEIRO, 2017;
BEZERRA, 2014).
Figura 3 – Estação São Domingos por volta de 1980. Fonte: MONTEIRO (2017).
Segundo Miguel Ferreira da Silva (49 anos), morador do bairro Pereiros na cidade de
Pombal e zelador da estação há mais de 20 anos, a chegada do trem foi, além de um meio de
locomoção, um dos responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento econômico do município. A
Após 1998, com a privatização das linhas ferroviárias, a movimentação por trilhos teve uma
diminuição que se propagou a cada ano, principalmente, no trecho que passa pela cidade de
Pombal-PB. Atualmente, a linha encontra-se em situação deplorável, com falta de manutenção e
investimentos.
A linha ferroviária da cidade de Pombal-PB encontra-se com vários danos, como pode ser
observado nas Figuras 4 e 5 abaixo:
Como observado pela Figura 4, os trilhos possuem problemas como acúmulo de sedimentos e falta
de terraplanagem. Esses problemas trazem dificuldades para uma possível movimentação dos trens
Figura 5 – Ferrugem e cobertura vegetal dos trilhos. Fonte: dados da pesquisa, 2018.
CONCLUSÃO
A partir dos resultados e as entrevistas realizadas fica evidente que a linha ferroviária da
cidade de Pombal-PB encontra-se em situação precária, com trilhos enferrujados, cobertos por
vegetação e falta de nivelamento. A volta do funcionamento dessa linha traria muitos benefícios
para população e meio ambiente, porém, para que isso seja possível é necessário investimentos por
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEZERRA, A. M. F.; ARAUJO, A. G.; SILVA, A. F.; ROCHA, C. K. S.; PEREIRA, F. M. O.;
COSTA, L. K. F.; WANDERLEY, N. B.; RAMALHO, T. R. G. Memorial Fotográfico da
Cidade de Pombal – PB. Memorial como requisito de obtenção de crédito em componente
curricular (Metodologia Científica do Mestrado em Docência da Educação) – Faculdade do
Norte do Paraná (FACNORT). Pombal – PB, 2014.
IBGE. Censo Demográfico 2010. Disponível em: <http:// www.ibge.gov.br>. Acesso em: 14 jul.
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MONTEIRO, T. Resgate histórico da Estação Ferroviária de São Domingos. 2017. Disponível em:
<http://www.tarcivan.com/2017/04/resgate-historico-da-estacao_17.html>. Acesso em: 14 jul.
2018.
RESUMO
A técnica de videomonitoramento é uma ferramenta útil em pesquisas sobre biologia e manejo da
vida selvagem em áreas naturais. Na Reserva de Fauna Costeira de Tibau do Sul (REFAUTS), o
boto-cinza (Sotalia guianensis), uma espécie costeira ameaçada de extinção, pode ser observado
diariamente a partir da faixa de praia. Este estudo teve como objetivo avaliar, por meio do
videomonitoramento, a conformidade do turismo de observação de botos-cinza em relação à Lei
Municipal nº 349/2007, que regulamenta o transporte marítimo de visitação turística na REFAUTS.
O videomonitoramento foi realizado de 18 a 22 de dezembro de 2017, entre 10:00 h e 14:00 h, a
partir da faixa de praia, na enseada do Madeiro, zona de uso restrito da REFAUTS. No total, 60
passeios para observação de botos-cinza na REFAUTS foram monitorados por vídeo. O turismo de
observação de botos-cinza na REFAUTS apresentou baixa conformidade com a Lei Municipal nº
349/2007, registrando-se pelo menos uma infração na maioria dos passeios monitorados (93,3%, n
= 56). Essas infrações incluíram perseguição de botos-cinza pelas embarcações turísticas, alta
velocidade da embarcação e registro de duas ou mais embarcações simultâneas na zona de uso
restrito da REFAUTS. A técnica de videomonitoramento a partir da faixa de praia foi considerada
uma ferramenta de baixo custo e eficaz para avaliar a conformidade do turismo de observação de
botos-cinza. Os resultados obtidos nesse estudo poderão subsidiar ações de manejo que visem o
ordenamento turístico e a conservação do boto-cinza na REFAUTS.
Palavras-chave: Ecoturismo; Golfinho; Normas de conduta; Praia de Pipa, Sotalia guianensis.
ABSTRACT
The video monitoring technique is a useful tool in research on biology and wildlife management in
natural areas. In the Coastal Wildlife Reserve of Tibau do Sul (REFAUTS), the Guiana dolphin
(Sotalia guianensis), an endangered coastal species, can be observed daily from the beach. The
objective of this study was to evaluate, through video monitoring, the conformity of the dolphin-
watching in relation to Municipal Law No 349/2007, which regulates the maritime transport of
tourist visitation in REFAUTS. The video monitoring took place from December 18 to 22, 2017,
from 10:00 a.m. to 2:00 p.m., from the beach, in Madeiro Bay, a restricted use area of REFAUTS.
INTRODUÇÃO
Coleta de dados
Análise de dados
Os vídeos considerados válidos para análise do monitoramento foram aqueles nos quais foi
possível verificar a conduta apresentada pelas embarcações turísticas. Vídeos de baixa qualidade
que não permitiram a nítida análise da conduta da embarcação turística foram descartados. Para
avaliar a conformidade do turismo de observação de botos-cinza de acordo com a Lei Municipal nº
349/2007, os seguintes dados foram registrados: nome e tipo da embarcação (lancha, escuna ou
catamarã), duração da permanência e horário de chegada e saída da embarcação da embarcação na
enseada do Madeiro. Adicionalmente, considerando as condições de visitação turística das
embarcações descritas na Lei Municipal nº 349/2007, foram registradas como infrações:
Tabela 1: Frequência do número de infrações à Lei Municipal nº 349/2007 registradas durante o videomonitoramento
das embarcações do turismo de observação de botos-cinza na enseada do Madeiro, zona de uso restrito da Reserva de
Fauna Costeira de Tibau do Sul (REFAUTS), praia de Pipa, Tibau do Sul, RN, Brasil.
0 6,7
1 15,0
2 26,7
3 31,7
4 18,3
Tabela 2: Frequência das infrações à Lei Municipal nº 349/2007 registradas durante o videomonitoramento do turismo
de observação de botos-cinza na enseada do Madeiro, zona de uso restrito da Reserva de Fauna Costeira de Tibau do
Sul (REFAUTS), praia de Pipa, Tibau do Sul, RN, Brasil.
Frequência de infrações
Infração registrada
(%) (n = 60)
A alta velocidade das embarcações turísticas registrada neste estudo também foi descrita por
Freitas (2018) para a mesma área de estudo, onde a velocidade destas embarcações foi superior a 4
nós, limite de velocidade estabelecido pela Lei Municipal nº 349/2007 na zona de uso restrito da
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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dá outras providências. Diário Oficial da Prefeitura de Tibau do Sul, Poder Executivo, Tibau do
Sul, RN, 28 dez. 2007.
RESUMO
O GeoPark Araripe- GA é um território com limites definidos, que visa estimular práticas de
desenvolvimento capazes de atender aos anseios humanos, sem agredir drasticamente o meio em
que vivemos, através de um trabalho em rede interagindo com outros geoparques no mundo com
trocas de experiências na busca de efetivar seu tripé de ações, norteado na geoeducação,
geoconservação e geoturismo. Desse modo, esse trabalho tem como objetivo, apresentar um estudo
bibliográfico sobre o GA e o desenvolvimento regional sustentável, para isso, foram utilizados
materiais de produção científica como livros, teses, dissertações, monografias, artigos e outros, para
posteriormente aplicar uma análise qualitativa com reflexões sobre as literaturas que trabalham
nessa temática. Portanto, com os resultados apresentados e analisados, consideramos que o GA está
estimulando e praticando ações nesse território, e busca um desenvolvimento regional sustentável,
sendo esta uma das premissas de um Geoparque pertencente à Rede Global de Geoparques - GGN.
Palavras-chave: Desenvolvimento; Regional; Sustentabilidade; Geoparques; Geossítios.
RESUMEN
El GeoPark Araripe-GA es un territorio con límites definidos, que busca estimular prácticas de
desarrollo capaces de atender a los anhelos humanos, sin agredir drásticamente el medio en que
vivimos, a través de un trabajo en red interactuando con otros geoparques en el mundo con
intercambios de experiencias en la búsqueda de hacer efectivo su trípode de acciones, norteado en la
geoeducación, geoconservación y geoturismo. De este modo, este trabajo tiene como objetivo,
presentar un estudio bibliográfico sobre el GA y el desarrollo regional sostenible, para ello, se
utilizaron materiales de producción científica como libros, tesis, disertaciones, monografías,
artículos y otros, para posteriormente aplicar un análisis cualitativo con reflexiones sobre las
literaturas que trabajan en esta temática. Con los resultados presentados y analizados, consideramos
que el GA está estimulando y practicando acciones en ese territorio, y busca un desarrollo regional
sostenible, siendo esta una de las premisas de un Geoparque perteneciente a la Red Global de
Geoparques - GGN.
Palabras clave: Desarrollo; Regional; Sostenibilidad; Geoparques; Geosítios.
PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como bem, destaca a Declaração do Araripe, escrita em novembro de 2010, por meio da
realização da 1ª Conferência Latino-Americana e Caribenha de Geoparques realizada no GeoPark
Araripe (Brasil), “O desenvolvimento sustentável em um Geoparque não significa necessariamente
uma aposta turística nem a abertura de territórios naturais sensíveis a um turismo de massa.
Representa, sim, um turismo consciente, responsável e independente”.
Desenvolvimento e Sustentabilidade
Deste modo, o desenvolvimento não se trata apenas de questões econômicas, mas está
inserido num contexto social e político a nível nacional e internacional com esforços coletivos e
individuais que são fundamentais para qualquer processo.
Outros fatores de ângulos distintos contestam ainda a conceituação do desenvolvimento
como apresenta. Sachs (2008, p.26),
ISBN: 978-85-68066-81-2 Página 881
Terra – Políticas Públicas e Cidadania
“Os autodenominados pós-moderno propõem renunciar ao conceito, alegando que o
desenvolvimento tem funcionado como uma armadilha ideológica construída para perpetuar
as relações assimétricas entre as minorias dominadas e as maiorias dominantes, dentre de
cada país e entre os países. Propõem avançar para um estágio de pós-desenvolvimento, sem
explicar claramente o seu conteúdo operacional concreto”... “[... quanto aos
fundamentalistas de mercado, eles implicitamente consideram o desenvolvimento como um
conceito redundante. O desenvolvimento virá como resultado natural do crescimento
econômico, graças ao “efeito cascata” (trickle dow effect). Não há necessidade de uma
teoria do desenvolvimento. Basta aplicar a economia moderna, uma disciplina a-história e
universalmente valida]”.
Assim, os autodenominados pós-modernos não deixam ainda claro sobre como deve se fazer
para enfrentar grandes problemas herdados do século passado como desemprego e a desigualdade,
descartado o conceito e já sugerindo outro, e o “efeito cascata” proposto pelos fundamentalistas não
seria totalmente aceito em termos éticos. Sachs (2008, p.26), afirma que “num mundo de
desigualdade abismal, é um absurdo pretender que os ricos devam ficar mais ricos ainda, para que
os destituídos possam ser poucos menos destituídos”.
Daí a importância de seguir para uma proposta de desenvolvimento que inclua justamente as
pessoas, nesse sentido Sachs (2008, p. 38) propõe o desenvolvimento includente, definido da
seguinte maneira, “é por oposição ao padrão de crescimento perverso, conhecido, como já é
mencionado, na bibliografia latino-americana como “excludente” (do mercado de consumo) e
“concentrador” (de renda e riqueza)”.
Faz-se ainda necessário citar ouros aspectos do crescimento excludente: mercado de trabalho
fortemente segmentado e fraca participação na vida política. Nesse sentido o desenvolvimento
includente requer uma garantia acima de tudo direitos civis, cívicos e políticos. Sachs (2008).
Nessa proposta includente os cidadãos devem ter acesso e igualdades a seus direitos e
deveres. A democracia deve ser acima de tudo seguida e exercida. A educação é essencial devido
sua importância na contribuição no despertar para conscientização e compreensão do meio cultural
e social que estão inseridos. No entanto essa educação não é condição necessária para se ter um
acesso a um trabalho descente, deve-se ter um pacote de políticas que colaborarem para tal
conquista. Sachs (2008).
Nessa perspectiva temos a “sustentabilidade” no processo de desenvolvimento, que surge a
partir de vários debates econômicos e ambientais ocorridos num vasto processo histórico ao logo
dos anos. Deste modo ao se falar deste assunto faz-se necessário explicar mais categoricamente o
termo, assim como aborda Rodriguez (2013, p. 77) existe , assim, dois significados para o termo,
“Sustentado”. Algo que tem que ser sustentado. São sistemas em desequilíbrio que
precisam da entrada permanente de fluxos de energia, matéria e informação e de processo
de transformação de artificialização de modo que possam obter certa produção.
Sustentável. “Algo que se sustenta por si mesmo e está encaminhando a potencializar
esforços para alcançar o equilíbrio de um sistema, por exemplo, o ecossistema”.
“A sustentabilidade não é, e nunca será, uma noção de natureza precisa, discreta, analítica
ou aritmética, como qualquer positivista gostaria que fosse. Tanto quanto a ideia de
democracia - entre muitas outras ideias tão fundamentais para evolução da humanidade -,
ela sempre será contraditória, pois nunca poderá ser encontrada em estado puro”.
Essas dimensões ou critérios refletem uma leitura que Ignacy Sachs dentro de uma proposta,
mas atualizada faz, sobre o processo de desenvolvimento sendo uma estratégia que enfatiza
tecnologias apropriadas que são utilizadas em modelos locais se colocando como alternativa ao
modelo econômico internacional.
Ao apresentar as 8 (oito) dimensões ou critérios, Ignacy Sachs possibilita a compreender que
para conseguir alcançar a sustentabilidade, um elemento primordial deve ser considerado e
valorizado que “as pessoas com seu aculturamento”. Deixa-se claro que para conseguir a
sustentabilidade tem-se que ter uma visão global de fatores positivos e negativos que atinge a
sociedade, indo além do meio ambiente e gestão ambiental. É um aprofundamento do que já se foi
estudado e debatido sobre a temática, que possibilita a construir um pensamento mais global e
civilizador do que já se teve.
Dentro do processo histórico a incorporação das dimensões ambiental e ecológica para
sustentabilidade foi as que se tiveram um maior enfoque entre estudiosos. No entanto com o
amadurecimento do conceito várias outras características foram sendo consideradas, ampliando a
abordagem incluindo mais claramente o ser humano como peça fundamental com se observou na
proposta de Sachs.
Veiga (2010) vai além, e na sua obra Desenvolvimento sustentável o desafio do século XXI,
na sua conclusão aborda o desenvolvimento Sustentável como uma utopia para o século XXI, não a
utopia fantasiosa ou quixotesca, mais no seu sentido filosófico: “a visão de futuro sobre a qual uma
civilização cria projetos, fundamentado seus objetivos ideias e sua esperança” Gort, (1988, p.22)
apud Veiga (2010). Vista ainda todo um processo de construção dessa expressão que ainda não tem
um conceito fechado com diversas versões que o coloca como um enigma a espera de seu Édipo
para desvendá-lo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEARÁ. GeoPark Araripe: Histórias da Terra, do Meio Ambiente e da Cultura. Secretaria das
Cidades/Projeto Cidades do Ceará Cariri Central. Crato-CE, 2012. 168 p.
_______________. Os Desafios da Nova Geração. Revista de Economia Política, vol. 24, nº 4 (96),
outubro-dezembro/2004. Disponível em: <http://www.rep.org.br/pdf/96-1.pdf>. Acesso em: 07
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GADOTTI, Moacir. Educar para Sustentabilidade: Uma contribuição à Década da Educação para
o Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Ed, L, 2008. 127 p.
GALVÃO, M.N.C. Educação Ambiental nos Assentados Rurais do MST. João Pessoa: Editora
Universitária UFPB, 2007.
GOLDENBERG, Mirian. A Arte de pesquisa: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais.
– 3º edição. – rio de janeiro: Record, 1999.
GORT apud VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável: o desafio do século XXI. Rio de
Janeiro: Garamond, 2010.
LOPES, S.J. Banco de dados de ecologia para uso na escola. In: Encontro Brasileiro de Ciências
Ambientais, 1, Anais, V.2, UFRJ; 1994 P.645-654.
Garamond, 2002.
SILVA, J. A. Direito Ambiental Constitucional. São Paulo: Malheiros, 1995. Disponível em: <
https://naraiz.wordpress.com/2013/03/05/dimenses-da-sustentabilidade/> Acesso 31 de jan.
2017.
VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro:
Garamond, 2010.
RESUMO
Situado na porção centro-sul da Amazônia setentrional no município de Caracaraí, o Parque
Nacional do Viruá possui trilhas com potencial para interpretação ambiental e contemplação
turística, em virtude de seus aspectos paisagísticos e geoecológicos. Neste sentido, a pesquisa
objetivou identificar os atrativos potenciais com base nos aspectos bióticos e abióticos em cinco
trilhas, com intuito de estabelecer circuitos para a prática da interpretação ambiental e lazer
geoecoturístico. Metodologicamente foram utilizadas bibliografias pertinentes à temática, imagens
de satélite, mapeamento das trilhas e aquisição de dados fotográficos da paisagem. Diante disso, foi
elaborada uma carta imagem com a espacialização das trilhas, as quais foram caracterizadas
conforme suas especificidades paisagísticas. Assim, configurou-se os percursos geoecoturísticos
para fins interpretativos, que possibilitam a visitação orientada de um público de níveis variados de
instrução.
Palavras-chave: Unidades de Conservação, Interpretação Ambiental, Percursos Turísticos.
RESUMEN
Situado en la porción centro-sur de la Amazonía septentrional, en el municipio de Caracaraí,el
Parque Nacional do Viruá tiene senderos con potencial para la interpretación ambiental y
contemplación turística, en virtud de sus aspectos paisajísticos y geoecológicos. En este sentido, la
investigación objetivó identificar sus atractivos potenciales con base en los aspectos bióticos y
abióticos en cinco senderos con el fin de establecer circuitos para la práctica de la interpretación
ambiental y ocio. Metodológicamente se utilizaron bibliografías pertinentes a la temática, imágenes
de satélite, mapeamiento de los senderos y adquisición de datos fotográficos del paisaje. Delante de
eso, se elaboró una carta-imagen con la espacialización de los senderos, las cuales fueron
caracterizadas conforme sus especificidades paisajísticas. Así, se configuraron los recorridos
turísticos para fines interpretativos, que posibilitan la visita orientada de un público de niveles
variados de instrucción.
Palabras clave: Unidades de Conservación, Interpretación Ambiental, Rutas Turísticas.
Criado em 1998 o PARNA do Viruá está distante da capital Boa Vista cerca de 200Km,
sendo o acesso terrestre realizado pela BR 174, a qual é totalmente asfaltada, em seguida a direita o
percurso é feito pela estrada perdida até a sede do PARNA (Figura 1). O acesso por via fluvial pode
ser realizado pelos rios Branco e Anauá.
O PARNA do Viruá faz parte do mosaico composto por cinco Unidades de Conservação,
que estão concentradas na porção centro-oeste do município de Caracaraí e ao sul do município de
Rorainópolis. São elas: o PARNA Serra da Mocidade, a ESEC de Niquiá, sendo a de Caracaraí
extinta e seu território anexado a Niquiá, além da criação da RESEX do baixo rio Branco - Jauaperi.
Durante a pesquisa foram realizados levantamentos bibliográficos referentes à temática
tratada e ao PARNA, bem como estudos cartográficos e de sensoriamento remoto. Os dados de
sensoriamento remoto consistem nas as imagens ópticas do satélite RapidEye, sensor REIS, nas
bandas 1, 2, 3, 4 e 5, órbita/ponto 630 km (resolução 5x5 metros). Pelo fato das imagens possuírem
angulação diferente em relação a nadir, além da área de interesse ser composta por 14 cenas, foi
necessário realizar a junção destas, pelo procedimento denominado de mosaico.
Em campo foram adquiridas a identificação e localização das feições geoecoturísticas com o
auxílio de GPS, Modelo Garmim map 76CS em projeção Universal Transversa de Mercator –
UTM, bem como das trilhas, as quais foram inseridas num banco de dados do ArcGis 10.1. Foi
possível registrar com detalhe as potencialidades paisagísticas por meio fotográfico – com o uso de
câmera fotográfica digital Canon 21 megapixels. Além da aquisição de imagens detalhadas por
meio do Droner modelo Phantom 4, com cadastro regulamentado pela Agência Nacional de
Figura 1- Mapa de localização do PARNA do Viruá, com destaque para a principal via de em tom de cinza a
estrada perdida.
Nos percursos são destacados os principais atrativos para interpretação, bem como os pontos
para paradas em que foram atribuídos o potencial da biodiversidade e da geodiversidade e sua
integração para o funcionamento e equilíbrio da paisagem, por meio do levantamento
geoecoturistico, os quais estão destacados a seguir:
Figura 5 – (A) Lago Dourado e Paleodunas cortados pela Estrada Perdida, (B) Veado-caribenho Odocoileuscariacou e
(C) Tuiuiú Jabiru mycteria.
Linha Norte - situada na porção centro-leste, a trilha possui um percurso que leva a
cabeceira do Rio Iruá. O ambiente de morfologia plana está geomorfologicamente relacionado ao
pediplano rio Branco rio Negro, cuja geologia é composta por depósitos aluvionares, ou seja, um
ambiente de acumulação correspondente às Coberturas Holocênicas (ICMBio, 2014). Os solos são
caracterizados por serem arenosos e inconsolidados, os quais em períodos sazonais encontram-se
inundados. Existem alguns trechos da trilha que são lamosos, o que é natural. Contudo, a passagem
de carros forma sulcos que variam entre 20 a 30cm, que auxiliam no desenvolvimento do processo
erosivo na área. A cobertura vegetal predominante é de campinaranas, as quais possuem espécies
.
Foto: CALEFFI, R. C., 2018.
Figura 7 – (A) Parte do megaleque com zona de transição entre as Campinaranas e a floresta ombrófila densa, (B)
Relevo residual Serra do Preto e (C) Igarapé próximo a serra do Preto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MENDONÇA, B.A. F.; et, al. Solos e Geoambientes do Parque Nacional do Viruá e Entorno,
Roraima: visão integrada da paisagem e serviço ambiental. Ciência Florestal, Santa Maria, v.
23, n. 2, p. 429-444, abr.-jun., 2013.
OLIVEIRA, A. C.. et al. Estudo da capacidade de carga em trilha no Parque Estadual da Mata do
Limoeiro, Itabira (MG). Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.10, n. 4, p.789-804,
2018.
SANTOS, J. O. S.; NELSON, B. W.; GIOVANNINI, C. A. Campos de Dunas: corpos de areia sob
leitos abandonados de grandes rios. Ciência Hoje, v.16, n.93, p. 22-25, 1993.
______. Potencial Geoturístico no Nordeste Brasileiro. Caminho das Pedras: a paisagem sertaneja
e o lugar do turismo. In: Anais do I Simpósio de Geografia Física do Nordeste. Universidade
Regional do Cariri. Crato, 2007.
______. Caminho das Pedras. O turismo ecológico de base geológica no Agreste Pernambucano.
Relatório de Pós-Doutorado. Recife: Departamento de Geologia / CTG / UFPE, 2004.
RESUMO
O município de Nazaré da Mata se encontra localizado na Mesorregião da Zona da Mata de
Pernambuco, distante 65 km da capital, Recife. Nazaré da Mata, antes uma sesmaria, denominada
de Lagoas Dantas, se desenvolveu pautada no domínio da atividade da monocultura canavieira.
Enquanto objetivo do presente trabalho temos a conscientização da população, através da educação
patrimonial, almejando a manutenção e exaltação da identidade local e o estímulo às inovações
sócio territoriais. No que se refere aos procedimentos metodológicos realizou-se: pesquisa de
gabinete para revisão e levantamento de material bibliográfico; pesquisa documental sobre o acervo
patrimonial; trabalho de campo (observações sistemáticas, coleta de dados, realização de imagens),
elaboração de histórias em quadrinhos, criação de um blog, dentre outros. Vale indicar que foram
feitas atividades de educação patrimonial em escolas da educação básica, onde foram realizadas
palestras e oficinas para estimular o desenvolvimento de modo sustentável. Enquanto resultados,
foram desenvolvidas estratégias de ação, pautadas na valorização do patrimônio, onde foi elaborada
uma história em quadrinhos sobre o patrimônio cultural, visando realizar intervenções nas escolas
da rede pública. Também foi elaborado material didático para realização de palestras e oficinas com
os estudantes e com a comunidade, além da construção de um blog para divulgar a pesquisa
realizada. Por fim, vale apontar para necessidade de realizar intervenções pedagógicas constantes, a
fim de instigar a consciência crítica e o sentimento de pertencimento dos indivíduos da cidade de
Nazaré da Mata.
Palavras-Chave: Educação Patrimonial; Patrimônio Cultural.
ABSTRACT
The county of Nazaré da Mata is located in the mesoregion Zona da Mata of Pernambuco, 65km
away from the capital, Recife. Nazaré da Mata, before a sesmaria called Lagoa Dantas, has
developed based in the monoculture of Sugar Cane. The goal of this work is to aware the local
population, by patrimonial education, aiming the maintenance and exultation of the local identity
and stimulus to socio-territorial innovations. For the methodological procedures it was used: cabinet
research and bibliographic material collection; documental research about assets; fieldwork
INTRODUÇÃO
Em todo esse processo, a inovação pode ser vista como sendo atravessada por um duplo
movimento de apropriação e territorialização, melhorando o bem-estar das populações
excluídas; ou seja, negociações, tributação e outros meios. Todavia, essas relações ocorrem
em um contexto de redefinição das hierarquias sociais e hierarquias de relações de poder.
(FONTAN apud OLIVEIRA, 2015, p.50)
constitui-se de todos os processos educativos formais e não formais que têm como foco o
patrimônio cultural, apropriado socialmente como recurso para a compreensão sócio-
histórica das referências culturais em todas as suas manifestações, a fim de colaborar para
seu reconhecimento, sua valorização e preservação.
Pelegrini (2009) também colabora, falando que a educação patrimonial é “fundamental para
a transmissão dos valores atribuídos aos bens culturais”. Portanto, assim como elencado pelo
IPHAN e no decorrer da pesquisa científica, a educação patrimonial busca colaborar com o
pertencimento e a valorização das heranças culturais dos indivíduos. E essas ações de educação
patrimonial foram realizadas a fim de estimular a conscientização dos mesmos e colaborar com uma
inovação sócio territorial sustentável e inclusiva.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1 – História em quadrinhos - Férias em Nazaré da Mata. Fonte: Arlene da Silva Alves, 2017.
Nas intervenções realizadas nas escolas do município, além da apresentação das histórias em
quadrinhos, também foram elaboradas palestras e oficinas com os estudantes, sendo todas as
atividades voltados para estimular a valorização do patrimônio cultural de Nazaré da Mata.
Importa referir que nas palestras (Figuras 3 e 4) foram mencionados os bens patrimoniais
materiais e imateriais de Nazaré da Mata.
Após as palestras, assim como elencado anteriormente, foram realizadas oficinas (Figura 5)
em escolas de Nazaré da Mata. Ou seja, foi confeccionado um jogo que estimulasse o conhecimento
sobre o patrimônio do município. O jogo pode ser considerado como uma forma de unir o teórico
com o lúdico, o que possibilitou despertar maior curiosidade e interesse por parte dos estudantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cumpre sintetizar que a presente pesquisa buscou através da educação patrimonial indicar a
importância do arcabouço patrimonial do município de Nazaré da Mata, estimulando assim o
sentimento de pertencimento dos nazarenos para com o seu patrimônio, como também, possibilitou
o incentivo à preservação da cultura local.
Sendo assim, a experiência e o contato direto com os elementos da cultura local, tornou
possível a construção de um inventário patrimonial, tanto dos bens tangíveis (patrimônio material),
como intangíveis (patrimônio imaterial), favorecendo, dessa maneira, o enraizamento das heranças
passadas.
Assim, é válido pontuar que as ações de educação patrimonial apresentaram resultados
positivos e proporcionaram a ampliação das potencialidades do presente trabalho. Através das
intervenções realizadas junto ao público em questão foi possível levar toda teoria adquirida ao
longo da pesquisa e aplicar didáticas diferenciadas à comunidade escolar do município de Nazaré da
Mata. Temos ainda a criação do blog que favoreceu a difusão do conhecimento adquirido, sendo
este, uma ferramenta de divulgação do patrimônio cultural de Nazaré da Mata e das atividades de
educação patrimonial. Com isso, não só os alunos foram alcançados, mas todo o público em geral,
através do referido instrumento digital. Assim, podemos afirmar que as atividades mencionadas
contribuíram para o fortalecimento da identidade, valorização da cultura e estímulo à inovação
sócio territorial, a partir das heranças de outros tempos.
Cumpre mencionar que tais ações agregam valor ao papel da Universidade de Pernambuco
junto à sociedade, ao passo que se propõe estudar a realidade na qual se encontra inserido um de
seus Campus.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRÉ, Isabel; ABREU, Alexandre. Dimensões e espaços da inovação social. Lisboa: Finisterra,
2006.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14.ed. Jorge Zahar: Rio de
Janeiro, 1932.
OLIVEIRA, Allain Wilham Silva de. Desenvolvimento territorial, políticas públicas e inovação
social no Alto Jequitinhonha - MG. 2015. 295 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual
Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2015. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/11449/123840>. Acesso em 17 de fevereiro de 2018.
RESUMO
O presente trabalho busca analisar as heranças do patrimônio imaterial no município de Nazaré da
Mata, presentes nos dias atuais, enquanto tentativa de fortalecer a identidade e os valores simbólicos
locais, visando assim contribuir com práticas de gestão e ordenamento do território pautadas na
inovação. No que se refere aos procedimentos metodológicos, vale referir que foi realizada a
construção de uma visão científica baseada em recursos bibliográficos que auxiliaram no
entendimento dos conceitos de: cultura, identidade e pertencimento, por exemplo. No decorrer do
trabalho, também foi feito o levantamento de informações e de documentos, além da realização de
registros fotográficos dos grupos artísticos locais, durante as atividades de campo. Enquanto
resultados da pesquisa destacamos as contribuições dos seguintes grupos: Sociedade Musical 5 de
Novembro (Revoltosa), Ciranda Flor de Laranjeira do Mestre Santino, Coco de Roda do Deval e o
Maracatu Cambinda Brasileira do Engenho Cumbe. Importa indicar que alguns desses grupos são
centenários na região e colaboraram de forma inquestionável para preservação da cultura local,
agregando valor para a preservação da identidade do município. Por fim, cabe referir que tal
abordagem é justificada na medida em que buscou realizar um levantamento do acervo do
patrimônio imaterial, que para além de descrever as relações identitárias e culturais, apontou as
potencialidades do referido acervo, visando desta maneira contribuir para a inovação sócio
territorial e para o desenvolvimento sustentável, a partir do incentivo ao fortalecimento do
sentimento de pertencimento dos atores locais.
Palavras-Chave: Patrimônio Cultural, Pertencimento, Inovação Territorial.
ABSTRACT
The present work seeks to analyze the inheritances of intangible heritage in the municipality of
Nazaré da Mata, present in the present day, as an attempt to strengthen local symbolic values and
identity, in order to contribute to management practices and spatial planning based on innovation.
With regard to methodological procedures, it is worth mentioning that a scientific vision was built
based on bibliographic resources that helped to understand the concepts of culture, identity and
INTRODUÇÃO
O “patrimônio” está entre as palavras que usamos com mais frequência em nosso
cotidiano. Falamos dos patrimônios econômicos, financeiros, dos patrimônios
imobiliários; referimo-nos ao patrimônio econômico e financeiro de uma empresa,
de um país, de uma família; usamos também a noção de patrimônios culturais,
arquitetônicos, históricos, artísticos, etnográficos, ecológicos, genéticos; sem falar
nos chamados patrimônios intangíveis, de recente e oportuna formulação no Brasil.
No século XVIII, segundo Zanirato (2006, p.253), “um bem só poderia ser considerado
patrimônio, se houvesse beleza plástica no mesmo”. Contudo, os séculos se passaram, e o
entendimento acerca da cultura e da história foram implementados ao patrimônio. Nessa
perspectiva, o patrimônio imaterial, de acordo com Benhamou (2016, p. 19):
Pode-se afirmar, de acordo com as considerações apresentadas até o momento, que a cidade
nazarena, não deixa a desejar no quesito de elementos que classificam o seu patrimônio imaterial. À
título de exemplo, apontamos que o município possui expressões simbólicas grandiosas, como o
Maracatu Rural Cambinda Brasileira (o mais antigo do estado), além de possuir 17 grupos da
referida expressão artística.
Vale apontar que durante os festejos de carnaval, a cidade reúne cerca de 50 grupos de
maracatus de outros municípios, o que se constitui no maior encontro de maracatus do estado de
Pernambuco, o que afirma a força da cultura nazarena. Concomitantemente a isso, Nazaré da Mata,
possui efervescência musical, de danças, comidas e costumes, herdadas do período colonial.
Cumpre referir que a noção de cultura, de acordo com Kashimoto (2002, p.35), é “um
conjunto de soluções originais que um grupo de seres humanos constroem”. Esta construção, deixa
resquícios, podendo eles, tornarem-se patrimônios. Portando, perante Benhamou (2016), há alguns
critérios para essa transformação, devendo serem raros e típicos de alguma época ou categoria. E,
ainda, classificando os patrimônios de acordo com os seus valores.
Nessa perspectiva, a inovação territorial, foi abarcada mediante uma nova relação entre os
atores locais e as heranças presentes no município, a partir das informações concedidas pelo
presente trabalho. A difusão de conhecimento, de acordo com Albagli e Maciel (2004), está ligada
intrinsicamente a inovação.
Podendo, esta inovação, consolidar-se futuramente através do mapeamento do patrimônio
imaterial, já que a ciência geográfica permite transitar pelo viés cartográfico, ofertando a
possibilidade de ordenamento territorial via turismo rural, contudo, não apenas por ele, mas, como
também, por meio da compreensão histórica da cidade pelos moradores de Nazaré da Mata. Não se
atendo a uma visão restrita econômica e turística do espaço/cultura como mercadoria, assim como
pontua Carlos (2018).
Em salvaguarda aos aspectos elencados pela presente investigação, vale enfatizar que temos
que buscar entender as heranças simbólicas resultantes de outras temporalidades presentes no
município de Nazaré da Mata nos dias atuais, para assim articular estes elementos invisíveis da
identidade e da cultura local, com as possibilidades de inovação sócio territorial, inclusão social e
desenvolvimento sustentável.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Cumpre referir que o inventário, realizado pela presente pesquisa, traz a descrição e as
condições de conservação do acervo patrimonial imaterial da cidade de Nazaré da Mata, e que tem
como intuito traçar mecanismos para estimular a inovação e o desenvolvimento sustentável.
Inovação esta, que pode se consolidar de maneira mais eficaz através do mapeamento do
patrimônio imaterial, já que a ciência geográfica permite transitar por esse viés cartográfico,
ofertando a possibilidade de ordenamento territorial via turismo rural, contudo, não apenas por ele,
mas também, por meio do favorecimento/fortalecimento do entendimento histórico patrimonial dos
bens culturais pelos moradores da cidade de Nazaré da Mata, que deve ser tido como o real objetivo
da utilização do patrimônio.
Conforme afirma Carlos (2018), é mediante a visualização das complexidades instituídas
através da sociedade do consumo atual, que se faz necessário pensar o patrimônio de modo a
preservá-lo e entendê-lo como facilitador da compreensão histórica das cidades. Não se limitando a
uma visão restrita à economia e ao turismo do espaço e da cultura como mera mercadoria.
Deve-se mencionar que os principais bens patrimoniais imateriais de Nazaré da Mata de
acordo com a FUDARPE (2009) são:
De início, o centro da cidade, foi foco da investigação científica, onde observou-se igrejas,
casas históricas, praças e a sede das bandas da cidade (Sociedade Musical 5 de Novembro - A
Revoltosa e a Banda Musical Euterpina Juvenil Nazarena – Capa Bode).
Além das casas que habitam moradores, prédios antigos com escolas, há sedes com um teor
cultural elevado. Este é o caso da AMUNAM (Associação das Mulheres de Nazaré da Mata), a qual
em 2012 foi considera patrimônio cultural material e imaterial de Pernambuco. Sendo a mesma,
O primeiro, foi fundado no ano de 1991, localizado no bairro sertãozinho. Na sede urbana
do mesmo, ouvimos relatos de que o maracatu ao passar dos anos, sofreu com inúmeras
modificações, acompanhadas do afastamento das tradições. Isso ocorre, porque, como argumenta
Carlos (2018, p.26),
Na zona rural do município nazareno, a riqueza histórica fica por parte dos engenhos de
cana-de-açúcar. Como exemplo, tem-se o engenho Santa Fé, o qual possui uma curiosidade quanto
as ações imateriais que interessam ao atual escrito, pois o mesmo é o único a lidar com o turismo,
onde os quartos da pousada recebem o nome de danças populares nazarenas (figura 6).
Diante do exposto, cumpre indicar que tão relevante quanto a capacidade de produzir novas
informações é a capacidade de converter essas informações em ações. Assim, na tentativa de
colaborar com o desenvolvimento local a partir da valorização do patrimônio imaterial é que temos
como resultado da atuação do grupo de pesquisa de nossa IES, dedicado aos estudos sobre o
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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<http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/234>. Acesso em: 18 de jun. de 2017.
ABSTRACT
The natural beauty of the beaches attracts attention of both tourists and investors to promote the
construction of hotels, inns and resorts, causing changes in the areas near the beach. This study aims
to identify and analyze the problems caused by urban settlement in the dunes of Fortim-CE. The
methodology was applied a questionnaire with the locals of the beach Pontal de Maceió, in the city
of Fortim, and yours answers compared, thus drawing a point of view of the residents regarding
large projects in the community and the impact that they bring with them. It was conducted
photographic record of problems encountered in the community caused by the urbanization of the
dune area. Based on the responses of respondents it was concluded that the community is unaware
of the impact that buildings bring the dunes. The main problems are the removal of vegetation and
waste disposal in inappropriate places. The solutions include enforcement actions and
implementation of existing legislation by the bodies responsible.
Keywords: Environmental impacts; Buildings; Tourism; Vegetal cover.
INTRODUÇÃO
Diante das mudanças climáticas nos últimos anos, os olhos do mundo estão voltados para as
questões ambientais. A construção civil impacta diretamente o meio onde se encontra, uma vez que
transforma o ambiente da obra. Alguns impactos podem ser minimizados e até evitado, por meio de
estudos ambientais na área onde se pretende construir. Locais com vegetação virgem próximo a
rios, praias, dunas, entre outros, merecem atenção especial por possuírem características próprias e
por, muitas vezes, serem protegidos por lei, necessitando de formas especiais de construção.
A beleza natural das praias chama atenção tanto de turistas quanto de investidores que veem
no turismo uma maneira rentável de aproveitar o potencial das praias. Muitos desses investimentos
são em construções de hotéis, pousadas e resorts nas áreas próximas a praia, muitas vezes invadindo
áreas que deveriam ser protegidas. As construções nas dunas mudam drasticamente suas formas,
uma vez que é necessário deixar o terreno plano antes de iniciar a construção. Essas mudanças
podem atingir todo o ecossistema ao redor da construção, pois as dunas têm funções primordiais no
meio em que estão inseridas.
As dunas têm funções como: proteger a costa da invasão da água do mar; habitat de
diferentes espécies da fauna e flora e; proteger o lençol freático. É necessário um estudo ambiental
antes do início das obras a fim de minimizar esses impactos e estabelecer formas de corrigir os que
não forem evitáveis. Muitos empreendedores não se preocupam com o ambiente em sua volta, sem
notar que está depreciando a beleza natural que foi, no início, o que chamou atenção para o negócio.
Às vezes problemas que parecem gigantes, como contaminação da água dos lençóis freáticos,
podem ser evitados com ações simples como a coleta e destinação correta ao lixo produzido pela
construção.
A sociedade ao redor desses ambientes também é atingida, tanto positiva quanto
negativamente. Muitos empreendimentos trazem empregos para os nativos, proporcionam um fluxo
maior no comércio local, alavancam setores que não tinha tanta importância na economia do
município, mas também existem os que tomam terras que pertenciam aos nativos, proíbem a entrada
em locais que antes eram de livre acesso e que eram importantes para a comunidade local.
A ocupação desordenada leva a retirada da vegetação das dunas acarretando movimentos de
areia carregada pelo vento, que passam a cobrir casas e estradas, podendo assorear lagoas e rios. É
comum observar-se a extração ilegal de areia e de plantas; a ocorrência de depósito irregular de
lixo; o trânsito de veículos motorizados, muitas vezes estimulados pelos municípios como atrativo
turístico para suas praias; construções irregulares sobre as dunas, entre outros aspectos, que
provocam a redução da cobertura vegetal e a diminuição da biodiversidade, resultando em
progressiva erosão e transporte massivo da areia pelo vento.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base nas respostas obtidas no questionário, verificou-se que a população tem pouco, ou
nenhum conhecimento a respeito dos impactos que afetam a região próxima ao mar ou às dunas. A
população se mostrou satisfeita com os novos empreendimentos devido ao fato desses ofertarem
empregos, atraindo turistas, e transformando a comunidade em um ponto turístico.
A primeira pergunta do questionário se relacionava a quando foram iniciadas as construções
na praia, e os entrevistados se completaram nas respostas: eles afirmam que cerca de 40 anos atrás
alguns moradores passaram a vender algumas coisas simples, como suco e bolacha, em barracas
construídas próximas ao mar. Pouco tempo depois houve a compra de lotes de terra na área de
dunas por uma imobiliária. Só então iniciou-se a divisão das dunas em lotes e a construção de casas
sobre elas. Com o passar dos anos o número de barracas próximas ao mar foi crescendo, até que na
década de 1990, a prefeitura elaborou um projeto para padronização das barracas e regularização
dos barraqueiros. Desde então essas construções só crescem, estando hoje no seu auge com
construções de hotéis, pousadas, casas de veraneio, bares e restaurantes.
Nos últimos anos houve um aumento na ocupação das áreas próximas a praia e nas áreas de
dunas devido à chegada de grandes investimentos como hotéis, pousadas e casas de veraneio, e
também devido ao loteamento dessas zonas.
Até pouco tempo atrás a economia da comunidade era baseada em pescaria. Com o declínio
desse setor e a chegada de novos empreendimentos a economia da comunidade mudou, deixou de
depender da pesca e passou a ser baseada no turismo e na indústria da construção civil. Isso pode
ser notado na resposta de um dos entrevistados: “Os pescadores deixaram de pescar, estão
trabalhando nas construções. Tem poucas embarcações, antigamente tinham muitas. Eles deixaram
de pescar porque a pescaria já não estava dando para sobreviver, e agora com esses empregos está
dando, está todo mundo melhor de vida”.
Uma das perguntas se relaciona a mudança na economia devido a chegada de investimentos
na área de turismo. Todos os entrevistados responderam que essa mudança foi positiva, pois com o
declínio da pesca e a ascensão do turismo, a oferta de emprego a comunidade gerou uma renda que
já não era possível com a pesca. Como as mudanças são benéficas a população, se notou uma boa
relação entre nativos da comunidade, turistas e até empreendedores.
Uma pergunta foi elaborada com a finalidade de verificar se a população era conhecedora de
leis e órgãos que protejam o ambiente de praia dos impactos ambientais. A maioria dos
entrevistados não conhece leis ou instituições que visem proteger o ambiente. Alguns deles
conhecem órgãos como a SEMACE (superintendência estadual do meio ambiente) e a SEMMAN
(secretaria do meio ambiente de Fortim), mas tem pouca confiança que esses órgãos promovam
ações em prol do meio ambiente em detrimento do aspecto econômico. Isso pode ser notado em
uma resposta dada por um barraqueiro:
“Quem fiscaliza aqui é a SEMMAN e a SEMACE, mas eles só impedem as obras dos
pequenos barraqueiros, e esses outros (empreendimentos maiores) podem construir do jeito que
quiser.”
De maneira geral, a comunidade desconhece dos danos causados por obras e atividades
turísticas realizadas nas praias e dunas, levando em consideração apenas aspectos econômicos
positivos, como a geração de empregos. Os impactos atingem principalmente as gerações futuras,
uma vez que as consequências de contaminação da água de aquíferos e diminuição de
permeabilidade do solo não são notadas rapidamente.
O principal problema encontrado com a construção de estradas (Figura 2) sobre as dunas foi
o corte da duna, com o consequente remanejo de material e retirada da cobertura vegetal facilitando
assim o transporte de sedimentos pela ação do vento, gerando assim uma degradação ambiental com
a construção desta obra. A implantação de estrada nesses locais consiste na utilização de um
material que geralmente vem de outro solo, onde mude a capacidade do solo de absorver água, e por
meio da compactação permite a passagem de veículos nessas áreas.
A solução para a construção de estradas era para evitar ao máximo, passagem sobre as
dunas, fazendo as estradas contorna-las, mais como podemos observar na Figura 2 algumas estradas
foram feitas cortando a dunas exatamente ao meio para a passagem de buggy de passeio. O trânsito
de pessoas sobre as dunas também causa impactos, que podem ser evitados com a construção de
passarelas de madeira, como a ponte construída sobre as dunas do Balneário Cassino, da cidade de
Rio Grande, no estado do Rio Grande do Sul.
Para a realização das construções de casas estas obras foram necessárias à limpeza do local,
o aplainamento do terreno (Figura 3), a construção de vias de acesso para a chegada dos materiais
de construção, a correção da capacidade de suporte de cargas e permeabilidade do solo e o remanejo
de areia excedente do local. Como visto antes, a retirada da cobertura vegetal expõe os grãos de
areia aos efeitos do vento, podendo ser carregados. O aplainamento muda drasticamente a
paisagem, e para a correção da capacidade de suporte de cargas e da permeabilidade do solo são
usados outros tipos de solos, que não são encontrados na região de dunas, e são feitas compactações
diminuindo a capacidade de absorção de água por parte das dunas.
Outro impacto gerado por essas construções é dos resíduos, que, mesmo após a conclusão
das obras, não são descartados de maneira correta, sendo jogados próximo as dunas (Figura 4).
Além da poluição visual, os resíduos causam uma poluição do lençol freático pelos componentes
químicos contidos neles.
Figura 4: Depósito de resíduos próximos às dunas
A solução para esses impactos engloba ações como o replantio de vegetação em partes do
terreno, poderá fazer diminuir com que a areia seja carregada e invada casas e estradas, além de
oferecer um destino correto aos resíduos gerados pela construção, evitando o depósito próximo de
dunas, estradas ou da praia.
A especulação imobiliária na região fez com que houvesse a divisão de boa parte da zona
pós praia em lotes. Foram construídas vias de acesso a esses lotes, o que ocasionou os impactos
citados anteriormente. Além disso, como os lotes são em regiões de dunas, também é necessária a
retirada da vegetação e o aplainamento do terreno (Figura 5).
Como citados nas respostas dos entrevistados, as construções em dunas começaram há cerca
de 20 anos, quando foi feito o loteamento de uma parte da praia. De início, os únicos danos
associados a esses loteamentos eram aqueles ligados a construção de estradas, mas logo após a
venda iniciou-se o processo de construção de casas e, desse modo, também surgiram os danos
ambientais ligados a esse processo.
Verificou-se que 90% das obras observadas há placas que indicam a permissão da
SEMMAN e da SEMACE, demonstrando que os empreendedores buscaram junto a esses órgãos a
legalização de suas obras. Porém, ainda é necessária uma fiscalização eficiente nas fases de
execução das obras, visto que muitos problemas podem ser evitados nessa fase, como por exemplo:
cortes em dunas, causados por estradas, por meio de desvios de rota evitando a passagem sobre as
mesmas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os moradores têm pouco conhecimento a respeito das leis e dos órgãos ambientais, e poucos
que conhecem essas entidades acreditam que os funcionários não buscam a melhoria do ambiente.
No geral, os maiores danos às dunas são causados por retirada da vegetação superficial,
cortes, aplainamento, deposição de resíduos em suas proximidades e por ações que podem afetar
sua permeabilidade.
Além de aspectos negativos, destaca-se também aspectos como o desenvolvimento do
turismo, aumento de emprego em hotéis e na construção civil, e qualificação da mão de obra,
fazendo dos moradores os profissionais que compõem os hotéis, pousadas e restaurantes.
REFERÊNCIAS
BRASIL, R. C. Vocabulário básico de recursos naturais e meio ambiente. Rio de Janeiro: Ibge,
2004. Disponível em: . Acesso em: 19 abr. 2016.
SAMPAIO, C. F. O Turismo e a Territorialização dos Resorts: a Praia do Porto das Dunas como
enclave em Aquiraz-CE. 2009. 162 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado Acadêmico
em Geografia, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2009. Disponível em: . Acesso em: 04
abr. 2016.
1- Como se iniciou o processo de ocupação da praia? Sempre houve barracas e casas nas
proximidades do mar? Quando começaram a ser construídas?
2- Houveram mudanças na praia devido a chegada de grandes investimentos (hotéis/pousadas/casas
de veraneio)?
3- A chegada desses novos investimentos mudou a economia da comunidade? Afetou na mudança
de uma economia baseada na pesca para uma economia baseada em turismo?
4- Como é a relação dos moradores com os turistas?
5- Levando em consideração a questão ambiental, você acha que as áreas próximas a praia estão
sendo ocupadas da maneira correta? Se não, qual a maneira correta de ocupação?
6- A forma de locação desses hotéis/pousadas prejudicou algum morador?
7- Na sua opinião, o transporte de veículos sobre as dunas afeta de alguma forma essas formações?
8- Você conhece alguma lei que proteja a praia e as dunas?
9- Conhece algum órgão municipal ou estadual que proteja/fiscalize essas obras?
10- Na sua opinião, como morador local, a chegada de investidores de outras cidades, e até outros
países, ajudou no desenvolvimento da comunidade?
RESUMO
Os impactos agressivos aos recursos hídricos causados pela humanidade contemporânea são
enormes, porém o homem já tem apresentado um comportamento cada vez mais exploratório no
decorrer de sua história, dominando os sistemas naturais e desequilibrando seus ciclos ecológicos,
através do consumo acelerado e da geração de resíduos. A educação ambiental está presente na vida
dos seres desde o início de sua existência na Terra, pois, para sua sobrevivência era imprescindível
o homem saber relacionar-se com o meio ambiente. É notório que em muitas vezes a Educação
Ambiental não atinge a conscientização das comunidades, em especial as escolas. Isso fica
esclarecido quando nos deparamos em alguns ambientes, em que a própria população polui o
espaço que habita. A revitalização e conservação dos recursos hídricos regionais requerem o
desenvolvimento de um longo e contínuo processo de Educação Ambiental nas escolas e nas
comunidades locais. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi de verificar o nível de
conhecimento, quanto à importância da conservação de recursos hídricos locais, em especial o Rio
Vermelho , com os alunos do ensino médio de uma escola indígena localizada na Aldeia Monte
Mor, Rio Tinto - Paraíba, no intuito de gerar conhecimentos e discussões para o desenvolvimento
de praticas de Educação Ambiental na comunidade escolar.A presente pesquisa é do tipo descritiva
com relação ao objetivo, de levantamento de acordo com os procedimentos técnicos, e quantitativa
e qualitativa de acordo com a abordagem. Os questionários foram aplicados à alunos do ensino
médio da Escola Estadual Indígena Drº José Lopes Ribeiro, localizado na Aldeia Monte Mor ,
cidade de Rio Tinto, Paraíba, em março de 2018, e a análise dos dados foi realizada por meio de
levantamento, interpretação e codificação das respostas dos questionários aplicados.
Palavras-chave: Recursos Hídricos, Rio Vermelho, Educação Ambiental
ABSTRACT
The aggressive impacts on water resources caused by contemporary humanity are enormous, but
man has already presented an increasingly exploratory behavior throughout his history, dominating
natural systems and unbalancing their ecological cycles, through accelerated consumption and
generation of waste. Environmental education has been present in the life of beings since the
beginning of their existence on Earth, because for their survival it was essential for man to know
how to relate to the environment. It is well known that in many cases Environmental Education
does not reach the awareness of communities, especially schools. This becomes clear when faced in
some environments where the population itself pollutes the space it inhabits. The revitalization and
conservation of regional water resources requires the development of a long and continuous process
of Environmental Education in schools and local communities. In this way, the objective of the
present work was to verify the level of knowledge regarding the importance of conservation of local
water resources, especially Rio Vermelho, with the high school students of an indigenous school
located in Monte Mor Village, Rio Tinto - Paraíba, in order to generate knowledge and discussions
for the development of practices of Environmental Education in the school community. The present
research is of the descriptive type with respect to the objective, of survey according to the technical
procedures, and quantitative and qualitative according to the aproach. The questionnaires were
applied to high school students of the Dr. José Lopes Ribeiro Indigenous State School, located in
Aldeia Monte Mor, Rio Tinto, Paraíba, in March 2018, and data analysis was performed by means
of survey, interpretation and coding of the responses of the questionnaires applied.
Keywords: Water Resources, Red River, Environmental Education
INTRODUÇÃO
O Brasil possui recursos hídricos renováveis de expressão mundial (6.220 km3 , segundo a
Agencia Nacional de Águas, 2003) com consumo relativamente modesto desse manancial (212 m3
/pessoa/ano) (LACERDA, 1995).
A água é um recurso indispensável para a manutenção da vida em nosso planeta, possuindo
múltiplos usos disponíveis, como abastecimento doméstico e industrial, de áreas agrícolas e
urbanas, entre outros. No entanto, justamente por possuir ampla utilização, os recursos hídricos,
infelizmente, acabam sendo muito degradados, provocando sérios prejuízos ao meio ambiente e
diminuindo, conseqüentemente, a qualidade de vida existente (BACCI & PATACA, 2008).
Os impactos agressivos aos recursos hídricos causados pela humanidade contemporânea são
enormes, porém o homem já tem apresentado um comportamento cada vez mais exploratório no
decorrer de sua história, dominando os sistemas naturais e desequilibrando seus ciclos ecológicos,
através do consumo acelerado e da geração de resíduos.
A educação ambiental está presente na vida dos seres desde o início de sua existência na
Terra, pois, para sua sobrevivência era imprescindível o homem saber relacionar-se com o meio
ambiente. É notório que em muitas vezes a Educação Ambiental não atinge a conscientização das
comunidades, em especial as escolas. Isso fica esclarecido quando nos deparamos em alguns
ambientes, em que a própria população polui o espaço que habita.
Com o crescimento populacional e econômico vemos cada vez mais ações políticas e
publicitárias para a população procurar novos hábitos sustentáveis sem agredir a natureza. No
entanto, este trabalho deve primeiramente começar nas escolas com forte empenho e dedicação dos
profissionais da área e órgãos públicos, para que, se busque não apenas conscientização, mas
também compreensão e lógica das ações que são propostas pela mídia, escolas e universidades. É
necessário que passe aos alunos uma ótica ambiental sustentável de forma que eles possam agir com
prazer, eficiência e conscientemente.
O estudo da percepção ambiental serve de base para a melhor compreensão das inter-
relações entre o homem e o ambiente, suas expectativas, satisfações e insatisfações, julgamentos e
condutas (ZAMPIERON 2003).O conhecimento das percepções individuais aponta como recursos
valiosos, uma vez que, a compreensão destas, norteiam práticas de Educação Ambiental que
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Fonte: Adaptado de: CARDOSO, Thiago Mota; GUIMARÃES, Gabriella Casimiro. (Orgs.)
Etnomapeamento dos Potiguara da Paraíba. Brasília: FUNAI/CGMT/CGETNO/CGGAM, 2012.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
curso do mesmo, cerca de 65% dos alunos disseram que o rio não teria importância alguma, em
nenhum aspecto o que torna um número totalmente assustador, e os 5% não souberam e não
opinaram, observamos que cerca de 70% dos alunos tem o Rio Vermelho como algo distante da sua
realidade de vida.
De acordo com o Projeto Águas 2010, os rios, ou cursos fluviais, sempre foram, e são até
hoje, um dos mais importantes recursos para a sobrevivência da humanidade. São eles que nos
fornecem grande parte da água que consumimos que usamos para produzir nossos alimentos, de que
necessitamos para nossa higiene e que utilizamos para irrigar o solo das áreas agrícolas. Além disso,
os rios também são muito importantes pelo fato de serem usados, em várias regiões, como vias
naturais de circulação, ao longo das quais as embarcações se deslocam transportando mercadorias e
pessoas; e, ainda, por sua utilização na produção de energia hidrelétrica, sem esquecer-se da
importância que têm pela exploração da pesca como fonte de alimentos. Na análise de dados da
variável II, “Você sabe o que é o assoreamento de um rio?”, cerca de 95% dos alunos responderam
que não sabem e os outros 5% não souberam responder.
Com essas análises de dados inicias podemos observar que a maior parte dos alunos
selecionados para o projeto não sabem discutir sobre o tema abordado, especificamente o Rio
Vermelho, mais conhecido como Rio do Gelo é um assunto pouco conhecido entre os alunos, o que
nos leva a criar uma proposta de intervenção utilizando a temática do assoreamento do rio como
proposta para um trabalho de Educação Ambiental com a comunidade.
Diante desde cenário, só através da Educação Ambiental, será possível o desenvolvimento
sustentável, na preservação do meio ambiente, evitando o desperdício e incentivando o efetivo
exercício da cidadania de maneira responsável.
A Educação Ambiental pode desempenhar um papel importante para inserção da questão
ambiental, aliada com os conteúdos específicos da sua grade curricular, principalmente temas
relevantes como efeito estufa, aquecimento global, derretimento das geleiras, consumo racional e
gerenciamento dos recursos hídricos e energéticos e contribuindo para a integralização da EA no
ensino médio.
A cultura atual traz em seu “imaginário” a água como sendo um recurso natural renovável e
inesgotável. Porém, ao contrário disso, os dados da Organização das Nações Unidas (ONU)
revelaram que cerca de 250 milhões de pessoas, em 26 países, possuem grande dificuldade para
obtenção desse recurso. Atualmente, a escassez de água, tanto em termos de qualidade (devido à
poluição) quanto de quantidade (gerando conflitos entre usuários), é apontada como um dos maiores
problemas já enfrentados pelo homem.
Tem-se, assim, a necessidade de se buscar o uso sustentável deste recurso, associada à
efetiva implantação de políticas públicas. É fundamental, também, que haja uma educação
Os alunos foram reunidos na sala de aula e orientados sobre a visita de observação ao Rio
Vermelho, para que tivessem o primeiro contato com a realidade da temática abordada.
No primeiro contato observou-se que o problema não é tão simples como os mesmos
pensavam, pois, o rio que abastece a cidade Rio Tinto estar praticamente destruído por ações do
homem o que no futuro bem breve poderá atingir o abastecimento de água, logo no início o que
mais chamou a atenção dos alunos foi o fato de muitos esgotos de casas próximas ao rio são
depositados nos mesmo sem o tratamento específico o que torna uma água turva e de odor
desagradável. As margens do rio vermelho se encontram atualmente com uma vegetação rasteira.
O desmatamento das matas ciliares resulta no assoreamento do rio. Como a mata ciliar tem
por principal função proteger o solo contra erosões, a ausência desta deixa o solo desprotegido,
ficando sujeito a erosões. Com a chuva, a terra é desgastada, indo para o rio, o qual fica assoreado,
tendendo a ficar cada vez mais raso. Isso também diminui a qualidade da água, afetando os
ecossistemas que habitam o rio, acarretando no desequilíbrio das relações ecológicas da região.
De acordo com Carvalho, 2002, a questão ambiental da “água” não envolve apenas uma
problemática ambiental , ela assume proporções maiores, constituindo-se num conflito ambiental.
Desta forma, a educação ambiental deve promover uma reflexão em todos os fatores envolvidos
nesta questão, buscando soluções concretas que garantam a capacidade de conciliar o uso
sustentável deste recurso com justiça ambiental e social. Neste contexto, é de extrema importância o
desenvolvimento de um processo de educação ambiental numa perspectiva transformadora, voltada
ao exercício da cidadania. A inserção de projetos de Educação Ambiental no ensino formal torna-se
um elemento indispensável para a transformação da consciência ambiental, trabalhando com
questões que interfiram diretamente na vida dos alunos, proporcionando a formação de cidadãos
conscientes e críticos, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visivelmente água estava suja e poluída, com lançamento de esgoto e a presença de lixo,
incluindo sapato, sacolas, papel, roupas, garrafas, plásticos, vidros, etc. Foi possível identificar
também um cheiro forte de esgoto e lixo, encontrando-se a vegetação em mau estado de
conservação. Observou-se no rio grande quantidade de resíduos orgânicos, como, por exemplo,
excrementos humanos e animais mortos (devido aos esgotos clandestinos próximos aos trechos
visitados). Também foram coletados vários utensílios domésticos, como pedaços de cadeira e
entulhos em geral. Além disso, foi constatada a presença de erosão, a falta de mata ciliar, o que
conseqüentemente provocou o assoreamento.
O trabalho foi realizado com sucesso, pois foi possível conscientizar os alunos, professores e
funcionários quanto à importância de preservação do Rio Vermelho, a fim de construir um futuro
sustentável.
Os ensinamentos a respeito da importância da natureza e da íntima relação que há entre
todos os seres vivos, incluindo o ser humano, devem ser transmitidos a toda comunidade. São elas
as pessoas com maior capacidade de compreensão e assimilação de fatores importantes que farão
diferença para suas próprias vidas e para as vidas dos demais indivíduos. Além de atingir o objetivo
proposto, o trabalho continuará com as ações de conscientização, com o início de atividades de
campo sobre diversas formas de preservar o local e possui a perspectiva de continuidade sem
previsão de término, agregando alunos de novas escolas. Os alunos concluíram, após a aula de
campo e as atividades realizadas no Rio Vermelho, que este recurso hídrico é vital para o equilíbrio
do ecossistema, principalmente para o município de Rio Tinto, e representa uma riqueza natural que
está sendo destruída pela ação antrópica.
Compreenderam a importância para o abastecimento da população, e a necessidade da
adoção de iniciativas para a conservação desse recurso, cuja disponibilidade para consumo está
diminuindo na área próxima a Escola Indígena Lopes Ribeiro. A maioria dos envolvidos no projeto
relatou que o mesmo trouxe nova visão do local e o entendimento sobre as questões ambientais.
Questionados sobre as mudanças necessárias para melhorar o ambiente do entorno dos rios e
da área escolar, os participantes do projeto indicaram transformações importantes para melhorar a
qualidade de vida do bairro: cuidados com o lixo nas ruas e no rio, com o destino final correto do
lixo reciclável, com o lançamento de esgotos no rio, a importância de plantar árvores, não desmatar,
fortalecer a infraestrutura básica local e conclamar as autoridades políticas, municipais e estaduais,
a assumir sua responsabilidade no trato das questões ambientais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BACCI, D. C. & PATACA, E. M. Educação para a água. Estudos avançados, v.22, n.63, p.211-
226, 2008.
LACERDA, L.D. Conservação e manejo de águas interiores. (Francisco A.R. Barbosa. Acta
Limnológica Brasiliensia. Workshop: Brazilian Programme on Conservation and Management of
Inland Waters). Ciência Hoje, v. 19 n. 110, jun, p. 18-19. 1995. Resenha.
QUINTAS, J.S. Mobilização social, educação ambiental e gestão. In: Fórum de Educação
Ambiental/Encontro da Rede Brasileira de EA, IV, 1997, Rio de Janeiro. Anais Rio de Janeiro.
Organização Associação Projeto Roda Viva, Instituto Ecoar para a Cidadania, Instituto de
Estudos Sócio-Econômicos – Inesc. 1997. p. 73-81.
SILVA, J. dos S.V. da, ABDON, M. de M., PARANAGUÁ, P.A.; PEGORARO, J.L. Manejo
integrado de ecossistemas: a importância da visão interdisciplinar In: ESPÍNDOLA, et al.
(org).A bacia hidrográfica do Rio Monjolinho: uma abordagem ecossistêmica e multidisciplinar.
São Carlos: Ed. Rima. 2000. p. 17-35.
RESUMO
Para que seja possível uma mudança de pensamentos e atitudes da sociedade em relação ao seu
meio natural, faz-se necessário buscar alternativas que contemplem tal transformação, objetivando
fazer um resgate das relações de afetividade do homem com a natureza, no qual deve ser favorecido
o respeito pelo meio ambiente através de ações em prol da natureza. Assim, o objetivo do presente
trabalho é investigar os saberes prévios dos alunos de uma escola do municipio de Barra dos
Coqueiros/SE, a fim de contribuir para a conservação ambiental dos manguezais locais. Para tanto,
foi solicitado aos alunos do 6º ano ,na disciplina de Ciências ,que representassem o manguezal
através de desenhos (mapas mentais) e redações, no intuito de avaliar o nível de percepção
ambiental e de que maneira o ecossistema em questão é visto por esses discentes. A análise foi feita
através de categorização temática, permitindo a sistematização e interpretação das informações
contidas nos desenhos e redações sobre os temas mais citados pelos alunos. Constatou-se que a
paisagem afeta o indivíduo e vice-versa, através de diversidades de interpretações positivas e
negativas, com algumas visões distorcidas e depreciativas quanto ao ecossistema manguezal. Os
resultados revelam a necessidade de se fazer uma abordagem mais integradora e sistêmica dos
assuntos discutidos em sala de aula, revelando a urgência de rever os métodos e práticas
empregados durante o processo de ensino.
Palavras chave:Percepção ambiental; Mapas mentais; Manguezal.
ABSTRACT
For a change of thoughts and attitudes of society in relation to their natural environment, it is
necessary to look for alternatives that contemplate such a transformation, aiming to make a rescue
of the relations of affectivity of man with nature, where respect must be favored by the environment
through actions in favor of nature. Thus, the objective of the present work is to investigate the
previous knowledge of the students of a school of the municipality of Barra dos Coqueiros, in order
to contribute to the environmental conservation of the local mangroves. In order to do so, students
of the 6th grade were asked to represent the mangrove through drawings (mental maps) and essays,
in order to evaluate the level of environmental perception and how the ecosystem in question is seen
by these students. The analysis was done through thematic categorization, allowing the
systematization and interpretation of the information contained in the drawings and essays on the
topics most cited by the students. It was observed that the landscape affects the individual and vice-
versa, through the diversity of positive and negative interpretations, with some distorted and
derogatory views regarding the mangrove ecosystem. The results reveal the need to take a more
integrative and systemic approach to the subjects discussed in the classroom, revealing the urgency
to review the methods and practices used during the teaching process.
Keywords: Environmental perception; Mental maps; Mangrove.
INTRODUÇÃO
A problemática ambiental revela, antes de qualquer coisa, uma crise da própria civilização,
chegando a uma crise ambiental de proporções enormes, ameaçando a sustentabilidade do nosso
planeta e comprometendo a sobrevivência de todos os seres vivos, tendo em vista que já existem
amplos conhecimentos e saberes relacionados às questões ambientais e a educação ambiental.
Sendo assim, é preciso entender que o simples fato de se deter o conhecimento científico e racional
de alguma coisa, não é suficiente para mudarmos nossas atitudes perante o mundo, pois, a mudança
de nossas ações, valores, atitudes, conceitos e pré-conceitos, não estão intrínsecos apenas ao
conhecimento racional e intelectual (BARCELOS, 2012). Em virtude disso, torna-se necessário unir
a percepção que temos do meio em que vivemos, de acordo com nossos interesses, necessidades e
desejos, ao conhecimento adquirido. Assim, torna-se necessário buscar alternativas que objetivem
fazer um resgate das relações de afetividade entre Homem e natureza, para que haja uma mudança
quanto aos pensamentos e atitudes frente a seu ambiente natural.
Conforme salienta Santos e Vasconcelos (2017), tais relações de pertencimento são de
fundamental importância para que o ser humano sinta-se como parte integrante da natureza e para
que assim possa enxergá-la de outra maneira, facilitando a formação da consciência ambiental tanto
dentro de si, quanto no convívio em sociedade, para que dessa forma haja melhor qualidade de vida
no planeta.
Assim, é importante ressaltar o estudo da Percepção Ambiental como forma de promover a
compreensão das inter-relações existentes entre o homem e o meio ambiente como também de
ensinar a proteger e cuidar da natureza da melhor forma, além de fazer com que os indivíduos
percebam o ambiente em que vivem, podendo desta forma, ajudar no desenvolvimento de
metodologias para despertar nas pessoas a tomada de consciência frente aos problemas ambientais.
Para que possamos aprender a cuidar e proteger o ambiente no qual se estamos inseridos, é
necessário conhecê-lo antes de tudo. As percepções revelam a maneira pela qual se vive e se planeja
o espaço, tornando-se uma resposta das diferentes interações entre ser humano e meio ambiente.
Notamos arbustos, árvores e gramas, mas raramente as folhas individuais e as lâminas; vemos areia,
mas não os seus grãos individuais (TUAN, 1980).
De acordo com Silva, Rodrigues e Araújo (2002), a percepção ambiental envolve o
desenvolvimento da cognição ambiental, retratando a forma como o ser humano vê o meio
ambiente e como compreende as leis que o regem, como resultado de conhecimentos, experiências,
crenças, emoções, culturas e ações. Ela representa um ambiente ideal para desenvolver o
conhecimento, valores, atitudes e atributos favoráveis ao meio, tendo a educação ambiental como
uma ferramenta fundamental para interagir neste processo (DIAS, 2010; SILVA; RODRIGUES;
ARAUJO, 2002). Assim sendo, Frattolillo, Morozesk e Amaral (2004) afirma que a percepção
No caso específico dos alunos do Ensino Fundamental, sujeitos deste estudo, a descrição dos
conhecimentos e sentimentos em relação ao manguezal, pode representar uma ferramenta
estratégica para monitorar e fomentar mudanças de atitudes nos grupos socioculturais (professores,
alunos e familiares), considerando o pressuposto de que a sensibilização, por meio do conhecimento
sobre os manguezais é condição básica para o envolvimento efetivo dos mesmos na formação de
consciência na busca da preservação e conservação do meio ambiente.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A referida pesquisa foi realizada no Colégio Estadual Dr. Carlos Firpo, localizado no
município de Barra dos Coqueiros/SE com alunos do 6º ano durante as aulas de Ciências. Para
tanto, foi solicitado aos alunos que representassem o manguezal através de desenhos (mapas
mentais) e redações, no intuito de avaliar o nível de percepção ambiental e de que maneira o
ecossistema manguezal é visto por esses discentes. A análise foi feita através de categorização
temática, permitindo a sistematização e interpretação das informações contidas nas redações sobre
os temas mais citados pelos alunos. Tais desenhos foram de fundamental importância, pois foi
possível constatar de que forma os alunos expressam seus conhecimentos prévios, experiências e
sentimentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1 - Desenhos e trechos de redações feitas por alunos enfatizando a importância econômica e ecológica
do Manguezal.
Nos desenhos e redações dos alunos, foi possível perceber as representações de fauna e flora
do Manguezal, como caranguejos, garças, peixes, siris, moluscos (sururu) (Figura 2).
Segundo Alves (2008) a fauna do manguezal é composta por espécies residentes e visitantes.
Apesar da baixa diversidade, é grande a quantidade de animais, destacando-se dentre eles os
crustáceos e os moluscos. Ainda Torres et al. (2009) diz que tais resultados afirmam que a maior
representatividade deste grupo pode ser proveniente da maior visibilidade, uso utilitário e
importância cultural.
Assim, torna-se notório a ligação afetiva desses alunos com elementos da fauna e flora
Manguezal. Figueiras (2008) define Biofilia como um sentimento de amor à vida, e por extensão, a
tudo que é vivo, a todas as manifestações da vida. Além disso, o sentimento de biofilia é
extremamente útil à humanidade, pelo fato de contribuir de maneira categórica para sua
sobrevivência porque conduz à ideia da preservação dos ambientes e das espécies. Ainda, segundo
Wilson (1984) biofilia é a ligação na qual os seres humanos, de maneira subconsciente, fazem com
o restante da vida.
Figura 2- Desenhos e trechos de redações feitas por alunos, enfatizando as relações biofílicas dos discentes à
flora e fauna do manguezal.
Alguns desenhos e redações destacam elementos que indicam uma visão depreciativa do
Manguezal, demonstrando sentimentos de aversão ao ecossistema. Tuan (1983) discorre que esse
tipo de sentimento é denominado, portanto o universo da topofobia. Nos desenhos e redações a
seguir, percebe-se que os alunos apresentam um sentimento de negatividade e aversão, no qual é
possível destacar elementos como: esgoto, lixo, animais mortos, (Figura 3), ou seja, na visão desses
alunos o ecossistema Manguezal é visto como um ambiente inóspito e poluído. Além disso, pode
ser observado nos desenhos, que uma das principais razões pela qual o ambiente encontra-se
poluído, deve-se principalmente à ação antrópica. Percebe - se, diante dos desenhos e redações, o
conhecimento e entendimento dos alunos quanto à gradativa poluição que ocorre no manguezal
local, devido à deposição de lixo e ao lançamento de esgotos domésticos e industriais, oriundos do
crescimento populacional, juntamente com a especulação imobiliária.
Tais respostas condizem com as afirmações de Cintrón e Schaeffer-Novelli (1981) quanto ao
ecossistema, quando destacam que, apesar de sua importância ecológica e econômica, diversas
características, próprias deste ambiente estuarino, tais como a oferta quase ilimitada de água, a
possibilidade de fácil despejo de rejeitos sanitários, industriais e agrícolas, e a proximidade de
portos, resultam em altas taxas de expansão urbana e industrial.
Figura 3 - Desenhos e trechos de redações feitas por alunos enfatizando as relações topofóbicas dos discentes
e o Manguezal.
Topofilia é o elo afetivo entre o indivíduo e o lugar ou ambiente físico. Tuan (1974)
descreve a Topofilia como um neologismo, que inclui todos os laços afetivos do ser humano com
seu meio.
Nos desenhos e redações feitos pelos discentes, verificou-se a presença do aspecto
topofílico, onde os alunos demonstraram sentimento afetivo em relação ao Manguezal ao
discorrerem sobre a satisfação em morarem próximo ao ecossistema. Na redação os alunos
destacam alguns elementos representativos das atividades que estes praticam no Manguezal, como
tomar banho, brincar dentre outros (Figura 4).
Neste sentido, Lima e Rosa (2013), enfatizam que ,no lugar vivido,é o local onde acontecem
as relações de coexistência entre os indivíduos na sociedade, onde as pessoas se movem, individual
e coletivamente, com objetivo de construir uma realidade que deve ser compartilhada entre os
sujeitos. Ainda ,conforme Lima e Rosa (2013), é no lugar que as pessoas criam vínculos com outros
indivíduos e com a própria paisagem, e com isso, conseguem ampliar sua visão para além do que
possam ver . O lugar pode variar do local ao global, e está carregado de significados para cada
sujeito, o que permite trazer consigo experiências vivenciadas ao longo do tempo que esteve
presente num determinado ambiente(LIMA; ROSA, 2013).
Figura 4 - Desenhos e trechos de redações feitas por alunos do 6ºano B, enfatizando aspectos topofílicos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A representação mental pelos desenhos permitiu constatar que o entorno afeta o indivíduo e
vice-versa. Nesse sentido, a imagem que cada indivíduo possui de um lugar está baseada em suas
vivências e experiências e os mapas mentais dominantes representaram, nesse estudo, os elementos
na paisagem que mais diretamente os afetam. Ainda, nos mapas mentais, pode-se observar
significativa diversidade de interpretações positivas e negativas, com algumas visões distorcidas e
depreciativas quanto ao ecossistema Manguezal.
Percebe-se também que os desenhos e redações apresentaram grande quantidade de
elementos naturais e espécies da fauna e flora existentes nos manguezais da Barra dos Coqueiros,
no qual, observou-se a frequente referência aos crustáceos, o que evidenciou que muitos associam o
ecossistema aos aratus,siris,caranguejos, além das ostras e sururu.
Ao analisar os desenhos dos alunos, destacando o fato de os crustáceos terem sido o grupo
que obteve maior percentual de ilustração, confirma-se que os alunos reconhecem a importância do
grupo mencionado, talvez pelo fato de ser de grande importância, não apenas para o equilíbrio
ambiental, mas também pelo fato de que muitas populações ribeirinhas localizadas no município
estudado utilizarem-se deste elemento da fauna, como sua fonte de alimento e renda.
Além disso, observou-se que as crianças, apresentaram uma noção quanto à relação do
excesso de consumismo com a problemática ambiental do município estudado, principalmente no
que diz respeito ao problema do lixo urbano, que pode ser diminuído dentro das residências. Além
disso, averiguou-se que os alunos conhecem a problemática pertinente à degradação do manguezal
na comunidade, apesar de não haver um projeto educativo na escola ou ação pública que enfatize
esse contexto.
Diante do exposto, observa-se que a percepção ambiental abrange a compreensão das inter-
relações entre o ser humano e o meio ambiente, ou seja, de como os indivíduos compreendem o
meio circundante, divulgando suas opiniões e suas experiências. Desta forma, a utilização dos
desenhos ou mapas mentais juntamente com as redações confeccionadas, se tornam uma alternativa
favorável para que os professores estimulem seus alunos a terem atitudes corretas com relação ao
meio ambiente.
Além disso, apesar da percepção ambiental ser uma temática ainda recente, acredita-se que
esta, possa contribuir nos trabalhos desenvolvidos por professores, para uma melhor compreensão
do conteúdo sobre meio ambiente trabalhado, além de aulas interativas com os alunos sobre
diversos assuntos relativos ao tema, sempre levando em consideração o contexto no qual o aluno
está inserido.
Por fim, é imprescindível um planejamento curricular das escolasjuntamente com seus
professores, de modo que desenvolva, em seu cronograma de ensino, conteúdos envolvendo
temáticas com relação ao ecossistema Manguezal, além de estratégias de ensino e aprendizagem,
sempre aliando teoria e prática, para que haja uma contribuição para um entendimento maior quanto
às abordagens sobre o ecossistema, como também um envolvimento maior dos discentes quanto aos
problemas ambientais existentes nos manguezais do município de Barra dos Coqueiros, além disso,
é necessário que os alunos coloquem em prática os conhecimentos adquiridos, agindo em suas
comunidades como multiplicadores da educação ambiental, em especial com relação a conservação
de um ecossistema tão dinâmico e cheio de vida como o manguezal.
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TUAN, Y. Espaço e lugar:a perspectiva da experiencia. São Paulo: Difel, 1983. 248 p.
RESUMO
Os laboratórios de instituições de ensino dinamizam a aprendizagem de conhecimentos gerados
pelas disciplinas teóricas, entretanto, em decorrência dos mais variados procedimentos e
complexidade de produtos químicos utilizados, potencializam a geração de diversos aspectos
ambientais que precisam ser controlados. Assim, o presente estudo teve como objetivo realizar uma
análise bibliométrica da literatura sobre as práticas ambientais em laboratórios químicos de
instituições de ensino. Para tanto, uma revisão sistemática de literatura foi conduzida contemplando
publicações entre o período de 1996 a 2018 em três bases de dados: Scielo, Web of Science e
Scopus. No total, 31 artigos foram analisados, sendo observado que os estudos acerca da
implementação de práticas ambientais são ainda recentes. O Brasil é um dos países que mais
publica acerca dessa temática, principalmente por departamentos relacionados à química. Os
periódicos que tiveram mais frequência nas publicações dos artigos foram o Journal of Chemical
Health and Safety, Química Nova e Waste Management. No tocante à metodologia, os artigos
possuem uma base empírica, através do desenvolvimento de estudos de caso. Finalmente, as
práticas ambientais mais adotadas pelos laboratórios foram relacionadas à gestão de resíduos
químicos, seguida pela gestão de produtos químicos e educação ambiental.
Palavras-chave: Práticas ambientais; Sustentabilidade; Laboratórios químicos.
ABSTRACT
The Chemical laboratories of educational institutions stimulate the learning process of of theoretical
disciplines, however, due to the different procedures and complexity of the chemical products used,
the laboratory generate several environmental aspects which need to be controlled. The present
study aimed to perform a bibliometric analysis of the literature on environmental practices in
chemical laboratories of educational institutions. A systematic review of the literature was
conducted covering paper published from 1996 to 2018 in three databases: Scielo, Web of Science,
and Scopus. In total, 31 papers were analysed. The studies about the implementation of
environmental practices are still a young subject studied mainly by departments related to
chemistry. The Journal of Chemical Health and Safety, New Chemistry and Waste Management
were the journals were the journals where this subject studies were more published. Regarding the
methodology, the papers have more frequently an empirical basis, through the development of case
studies. Finally, the environmental practices most adopted by the laboratories were related to the
management of chemical waste, followed by the management of chemical products and
environmental education.
Keywords: Environmental practices; Sustainability; Chemical laboratories.
INTRODUÇÃO
por meio do mapeamento e avaliação dos estudos existentes e assim formular questões de partida
para a pesquisa (TRANFIELD et al., 2003).
Assim, esta revisão sistemática parte do seguinte questionamento: Quais as práticas
ambientais utilizadas em laboratórios químicos? Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo
realizar uma análise bibliométrica da literatura sobre as práticas ambientais em laboratórios
químicos de instituições de ensino e pesquisa contemplando artigos científicos publicados nos
últimos 22 anos, indo além da discussão tradicional abordada na literatura sobre o gerenciamento de
resíduos químicos. Esta revisão contribui ainda para a disseminação do conhecimento que envolve a
temática por apresentar dados quantitativos por meio de uma abordagem global sobre as pesquisas
atuais, atualizando o leque para futuros estudos, servindo, portanto, de base a outras pesquisas na
área (YIN; GONG; WANG, 2018).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Uma revisão sistemática de literatura (RSL) foi realizada com base na metodologia de
Tranfield et al. (2003), Denyer e Tranfield (2006). Esse método segue uma sistemática que
compreende quatro etapas: planejamento, pesquisa, triagem e análise de conteúdo.
Para etapa de planejamento, a questão-problema norteou a pesquisa, a saber: Quais as
práticas ambientais mais utilizadas em laboratórios químicos? Para responder a essa questão, a
pesquisa partiu primeiramente da combinação de 17 palavras-chave. Com as combinações dos
termos, a próxima fase avançou para a busca nas três bases de dados: Scielo, Web of Science e
Scopus. A opção por essas bases se deu por abrangerem publicações periódicas de nível nacional e
internacional de qualidade e credibilidade, além do seu conteúdo científico ser avaliados por pares.
Na etapa da pesquisa, a busca dos artigos iniciou pela combinação de duas ou mais palavras
consideradas que atendesse o maior leque de estudos relacionados ao tema utilizando-se o conector
booleano “AND”. O uso das aspas foi necessário para direcionar a busca do tema com mais
especificidade, como exemplo: “harzard waste” e “chemical waste”. O operador de truncagem
asterisco visou a busca de novas palavras derivadas com sufixos diferentes para termos derivados
tanto no singular quanto no plural, como environmt*, practice*, universit*. Para outras palavras foi
necessária a associação de mais de um conector, como “laborat*”e “chemical laborat*”.
O idioma escolhido foi o português para pesquisa na Scielo e o inglês para Scopus e Web of
Science, visando uma melhor obtenção dos resultados, já que a maior parte do acervo dessas bases
se encontra nesse idioma. Diante disso, é valido destacar que no idioma inglês não existe diferença
entre os termos “gerenciamento” e “gestão” como para a língua portuguesa. Por esse motivo, a
combinação dos termos para pesquisa na Scielo foi constituída por 18 combinações.
Para a etapa de triagem, filtros foram utilizados quanto ao corte temporal, abrangendo
estudos publicados a partir de 1996 devido a introdução do conceito do Sistema de Gestão
Ambiental (SGA) até o presente; restritos a título do artigo, resumo e palavras-chave; limitados ao
tipo de documento article. Após incluir todos os critérios de busca, 2.514 artigos no total foram
encontrados. Em seguida, foi leita a leitura do título e resumo e 2.387 foram descartados por não
englobarem o tema pretendido, sendo os principais relacionados a rejeitos de laboratórios da área de
saúde; acidentes de laboratórios, práticas ambientais em um contexto amplo em universidades e
resíduos urbanos.
Os 127 artigos selecionados após a leitura do título e resumo foram exportados para o
software Mendeley. Dessa forma, 75 duplicatas foram removidas entre as combinações e mais 8
entre as bases de dados Scopus e Web of Science, restando um total de 44 artigos. Após a leitura dos
artigos na íntegra, 13 artigos foram excluídos por terem sido considerados divergentes ao foco do
estudo, sendo esses relacionados a estudos de sustentabilidade em universidades que não
contemplavam resíduos químicos laboratoriais. Assim, a amostragem final foi de 31 artigos
selecionados para compor a SRL.
A análise de conteúdo dos artigos focou em informações relacionadas ao ano de publicação
dos artigos selecionados, país onde o estudo foi desenvolvido, departamentos acadêmicos,
periódicos mais relevantes e metodologias mais empregadas serão analisadas. Os conteúdos obtidos
foram compilados em planilha eletrônica para auxiliar na análise dos dados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tal realidade pode ser compreendida haja vista que nos continentes europeu e americano
existem diplomas legais, como a Declaração Tallories de 1999, que impulsionam a implementação
Esses resultados foram similares aos encontrados por Ho e Chen (2018) em universidades de
Taiwan, em que o Departamento de Química se destacou, seguido do Departamento de Engenharia
Química e Material. Somado a isso, Gerbase et al., (2005) também atribuíram ao fato desses
departamentos procurarem constantemente soluções por lidar justamente com a problemática do uso
e descarte de produtos químicos diariamente, por isso a frequência elevada de pesquisas
significantes das áreas relacionadas à química. Também é destaque na pesquisa o campus da USP-
São Carlos com Alberguini, Silva e Rezende (2003), sendo um dos precursores em estudos sobre
gerenciamento de resíduos de laboratório no Brasil. O conhecimento de docentes da área, visando
reduzir o passivo ambiental no local, motivou a iniciativa pela implementação do gerenciamento
dos resíduos no campus.
Além disso, pode-se observar uma progressão de estudos pelos departamentos de engenharia
e saúde e segurança ambiental. Giles (2010) observou que vem sendo constante a busca de
pesquisas por essas áreas relacionadas ao meio ambiente para gerir corretamente os produtos
químicos em excesso nas universidades. A análise também visou apresentar os periódicos mais
relevantes referente às publicações sobre a temática. O Journal of Chemical Health and Safety se
sobressaiu com 6 publicações, seguido do brasileiro Química Nova com 4 e o Waste Management
com 3 (Figura 4).
Foi observado também 2 artigos de revisão de literatura que trataram da avaliação dos
problemas bem como possíveis soluções para gestão de resíduos em instituições de ensino e
pesquisa (NASCIMENTO; TENUTA FILHO, 2010) e uma abordagem global de como a química
verde pode beneficiar também a área acadêmica (MARTEEL-PARRISH; NEWCITY, 2017). Por
último, a análise objetivou compilar todas as práticas ambientais para laboratórios químicos citadas
nos 31 artigos selecionados. Dessa forma, foram categorizadas por tipo de prática em relação a
amostragem total (Figura 6 A), como também a progressão de como as práticas foram surgindo ou
avançando ao longo dos anos (Figura 6 B). Observa-se uma tendência inicial do uso de práticas de
gestão de resíduos e produtos químicos, passando em seguida por práticas organizacionais (gestão e
planejamento e conformidade legal) e mais recente, a conservação de água.
Figura 6 - Práticas ambientais citadas em relação a amostragem total (A) e avanço das práticas ao longo dos
anos (B).
A prática ambiental mais citada foi relacionada às ações voltadas para a gestão de resíduos
químicos, sendo mencionadas em 27 artigos. Das práticas de gestão de resíduos químicos, a ênfase
foi o tratamento interno citado em 17 artigos, seguido pela reutilização e reciclagem de resíduos
com 15 citações e a minimização de resíduos com 12. O tratamento interno consiste basicamente no
uso de técnicas químicas para gerar menos resíduos tóxicos, sendo os mais comuns a neutralização,
precipitação e redução (BENATTI; TAVARES; GUEDES, 2006). Essa constatação corrobora com
os resultados encontrados nesta pesquisa em que a precipitação, redução e neutralização tiveram 7,
6 e 5 citações, respectivamente. Referente à ação de reutilizar e reciclar resíduos, era esperado que
obtivesse esse resultado expressivo, tendo em vista que essa prática é bastante comum em aulas
práticas nas universidades e instituições de ensino, especialmente nos laboratórios da química
(SILVA et al., 2015). Por outro lado, a minimização dos resíduos consiste em qualquer iniciativa
que vise a diminuição do volume ou característica tóxica do resíduo, apresentando-se como uma das
práticas mais discutidas no contexto da química verde para evitar a contaminação e poluição do
meio ambiente (NASCIMENTO; TENUTA FILHO, 2010, MARTEEL-PARRISH; NEWCITY,
2017).
A segunda prática mais citada corresponde à gestão de produtos químicos com referência em
19 artigos. Dentro desse contexto, destaca-se o inventário de produtos químicos e etiquetas de
identificação/códigos de barra de produtos químicos com 9 citações, cada; e experimentos em mini
escala com 7 citações. O inventário químico refere-se à um sistema central de banco de informações
de todos os produtos químicos existentes no laboratório ou universidade, de acordo com a
compatibilidade química, volume, quantidade, local de armazenamento, otimizando o uso e o
gerenciamento de substâncias químicas (GIBBS, 2005, SILVA et al., 2015). As etiquetas de
identificação configuram práticas simples que podem ser elaborados rótulos que identifiquem o
produto químico, classificando de acordo com o grau de risco ou outras características consideradas
relevantes (ALBERGUINI; SILVA; REZENDE, 2003). Os experimentos em mini escala são
tendências que estabelecem uma quantidade limite para o uso de produto químico e, por
conseguinte, o uso mínimo de água para o experimento, para lavagem de vidrarias e principalmente,
na geração de resíduos (WARGNIEZ; OLEAS; YAMAGUCHI, 2012).
A terceira prática mais citada foram ações concernentes à educação ambiental que podem
ser associadas às outras como forma de fortalecer a gestão. Cursos, treinamentos, conferências e
campanhas educativas foram citadas 14 vezes, e podem servir como base para impulsionar a
conscientização das partes interessadas tornando-se experiências positivas nas instituições
(FAGANI; GUIMARÃES, 2017). Outra ação relacionada à educação ambiental citada 8 vezes
refere-se à mudança da grade curricular com a introdução de disciplinas bem como colocar em
prática conceitos da química verde, como estudos de Leite, Alcântara e Afonso (2008) e Kilkis
(2017).
Práticas relacionadas às conformidades legais foram apontadas em 8 pesquisas. O tema que
predominou nessa discussão foi no tocante à segurança e conformidades como o estudo de Gibbs
(2005) que desenvolveu um sistema de inventário químico e que, ao mesmo tempo, gera relatórios
de conformidade de todas as suas operações de pesquisa, fornecendo suporte na gestão de segurança
do laboratório.
A gestão e planejamento foi uma prática ambiental abordada em 6 estudos. Dentro desse
contexto, ações estratégicas como avaliação do ciclo de vida dos resíduos (FAGANI;
GUIMARÃES, 2017) e manuais de laboratórios (HOURI; WEHBE, 2003) foram citadas. A
eficiência energética foi uma prática apontada em 5 artigos. Kaplowitz et al. (2011) constataram que
os equipamentos necessários ao funcionamento dos laboratórios são os maiores causadores da
quantidade elevada do consumo energético nesses locais. Essa constatação confirma os resultados
encontrados nesta pesquisa, em que as principais citações estavam relacionadas à equipamentos e
lâmpadas economizadoras de energia.
Práticas de design da infraestrutura receberam 4 referências, como exemplo dessa ação está
a implementação de sistema de iluminação com telhado translúcido/vidro (LARA et al., 2017).
Práticas ambientais referentes à conservação de energia foram citadas em apenas 2 artigos, que
tiveram como tema a substituição de equipamentos mais modernos para reduzir o consumo de água
(KILKIS, 2017) e um programa de conservação de água no campus (PEREIRA et al., 2014). Por
fim, pode-se observar conforme figura 6 B citada anteriormente, que as práticas mais citadas foram
as pesquisadas aproximadamente entre 2000 e 2003. Em contrapartida, as menos referenciadas são
as mais recentes, demonstrando, possivelmente, novas tendências de estudos nessa área.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RESUMO
Alguns especialistas já atestam que no amplo contexto social, econômico e ambiental do século
XXI, o intenso processo de urbanização, a grande demanda, uma infraestrutura pobre e crítica,
juntamente a problemas na falta de articulação e ações consistentes, têm gerado um déficit real,
principalmente dos recursos naturais. Nesse sentido, em consonância com seu papel social e de
cidadania, cabe à escola e seus educadores desenvolverem novos recursos e incrementarem práticas
pedagógicas que fomentem em seus educandos a importância da educação ambiental, o presente
projeto tem como meta prioritária a conscientização dos alunos da Escola Cícero Severo Lopes, no
município de São Domingos-PB. O reconhecimento e participação dos alunos como atores sociais e
o incentivo a mobilização rumo à disseminação e multiplicação de informações em nossa sociedade,
é um dos primeiros passos para a construção de valores éticos, de consciência ambiental e
comprometimento com a conservação e sustentabilidade do planeta. Para a realização do trabalho
utilizou-se como meios às aulas expositivas e explicativas, palestras, mesa redonda, visitação ao
lixão, produção de texto e elaboração de panfletos. O projeto foi aplicado durante as aulas de
geografia, nas turmas do 1º ano “A” e 3º ano “A” do Ensino Médio, no turno da tarde. Para
Santos (2014, p.17) A responsabilidade ambiental a ser assumida pela sociedade desde a sua
organização e compreensão dos impactos das ações passadas e presente refletirá na qualidade de
vida das comunidades e dos ecossistemas onde estão inseridos. Quando o desenvolvimento de uma
sociedade é construído a partir de práticas sustentáveis, pensando nas gerações presente e futura, os
recursos não renováveis são utilizados de modo responsável.
Palavras-chave: Conscientização Ambiental; Consumo Responsável; Práticas Sustentáveis.
ABSTRACT
Some works have already occurred in a social, economic and environmental context of the 21st
century, an intense urbanization process, a great demand, a poor and critical economy, a problem in
the area of articulation and consistent actions, have a real deficit, natural. In this sense, in keeping
with its social and citizenship role, it is the responsibility of the school and its educators to develop
new resources and increase pedagogical practices that foster environmental importance in their
education programs. The present project has as a goal to prioritize students' awareness of the Escola
Cícero Severo Lopes, in the municipality of São Domingos-PB. The recognition and participation
of students as social actors and the incentive to mobilize knowledge in dissemination and
multiplication of information in our society is one of the best steps for building ethical values,
environmental awareness and commitment to sustainability and sustainability of the planet. For the
accomplishment of the work the expositive and explanatory classes, lectures, roundtable, visitation
to the dump, production of text and elaboration of leaflets were used. The project was extended
during the geography classes, in the classes of the 1st year "A" and the 3rd year "A" of the High
School, in the afternoon shift. For Santos (2014, p.17) The environmental presence of society in its
organization and understanding of the impacts of past and present actions reflect on the quality of
life of the communities and the ecosystems where they are inserted. When the development of a
society is a reality of sustainable support, understanding is present and future, resources are not
renewable and are used in a responsible way.
Keywords: Environmental Awareness; Responsible Consumption; Sustainable Practices.
INTRODUÇÃO
A cada dia depara-se com uma cultura de apropriação e exploração dos recursos naturais, de
modo a se considerar o fato de estar adentrando em uma crise ambiental nunca antes vista na
história, onde os valores, comportamentos e atitudes dos seres humanos de dominância e
desconsideração aos efeitos colaterais e consequências de suas ações frente à natureza têm
contribuído para acelerar a escassez de boa parte desses recursos.
Alguns especialistas já atestam que no amplo contexto social, econômico e ambiental do
século XXI, o intenso processo de urbanização, a grande demanda, uma infraestrutura pobre e
crítica, juntamente a problemas na falta de articulação e ações consistentes, têm gerado um déficit
real, principalmente dos recursos naturais, fato esse que acentua a necessidade de uma abordagem
sistêmica, preditiva e integrada, cuja consolidação e transformação em instrumento de gestão
podem vir a ser uma das maneiras mais eficazes de enfrentar o problema.
Nesse sentido, em consonância com seu papel social e de cidadania, cabe à escola e seus
educadores desenvolverem novos recursos e incrementarem práticas pedagógicas que fomentem em
seus educandos a importância da educação ambiental, permitindo a construção de valores sociais,
habilidades, conhecimentos, atitudes e competências voltadas para a preservação do meio ambiente,
fundamental a qualidade de vida saudável e a sustentabilidade.
Nesse contexto, o presente projeto tem como meta prioritária a conscientização dos alunos
da Escola Cícero Severo Lopes, no município de São Domingos-PB, viabilizando chegar à
sociedade além dos muros da escola, à preservação do meio ambiente, destacando o desequilíbrio
advindo da degradação ambiental causado pelos impactos à natureza, como também promover
ações de recuperação das áreas já degradadas, e tomada de decisões para que possam garantir a
existência e sobrevivência das novas gerações, ressaltando os aspectos legais em torno do tema,
procurando, ainda, integrar nessa discursão as mais diversas áreas do conhecimento, atrelando com
as demais disciplinas da grade curricular e, permitindo a atuação das mídias, em uma interação
escola-sociedade.
A necessidade de garantir os recursos naturais para as gerações futuras, tem unido um
conjunto de variáveis que se inter-relacionam, integrando as questões sociais, econômicas,
ambientais e saúde. Essa realidade exige da escola e seus educadores um olhar e tomada de decisões
em prol de perspectivas que possibilite uma reflexibilidade das práticas existentes. Percebendo a
necessidade de uma educação mais comprometida com as questões de sustentabilidade e formação
de cidadãos conscientes e comprometidos com o meio em vivem, protagonizando os objetivos do
atual modelo econômico da sociedade, onde a exploração das reservas naturais, descarte dos
resíduos, e contaminação dos recursos hídricos justificam o desenvolvimento. Nesse processo é de
fundamental importância, potencializar ações e novas práticas educacionais voltadas para os
problemas ambientais atuais.
O reconhecimento e participação dos alunos como atores sociais e o incentivo a mobilização
rumo à disseminação e multiplicação de informações em nossa sociedade, é um dos primeiros
passos para a construção de valores éticos, de consciência ambiental e comprometimento com a
conservação e sustentabilidade do planeta. Em face aos estímulos do mercado e o marketing, que
invadem nossas casas e nos motiva ao consumo excessivo, para satisfazer e enriquecer os meios de
produção e transformação, que caracterizam o atual modelo de sociedade.
As informações e ações vivenciadas no desenvolvimento do projeto serão de grande valia,
pois contribuirá para interação do aluno com os problemas ambiental presentes na comunidade onde
estão inseridos, como também terão oportunidade de conhecer questões e acontecimentos globais,
construindo assim, valores para novas relações entre o homem, a sociedade e a natureza.
Os desafios na atualidade em reconhecer a finitude dos recursos naturais, juntamente ao uso
desregrado e a falta de cuidado com os mesmos têm gerado uma indagação sobre o futuro das novas
gerações, caso nenhum planejamento e implantação de ações sejam feitas de forma imediata. A
interferência danosa através da ação humana ao sistema ecológico tem permitido que os recursos se
perda, ou sua capacidade produtiva se reduza, fato esse sentido principalmente quando a exploração
desses recursos configura parcela importante, e vital para a sobrevivência das espécies e
manutenção da produção econômica.
A demais, a importância de se trabalhar esse tema, justifica-se em razão de despertar e
orientar sobre os problemas ambientais provocados pela forma de exploração das reservas naturais,
principalmente pós-revolução industrial, atrelado a rápida expansão tecnológica, tornando os
produtos ultrapassados com muita rapidez, o que acarreta o descarte e acumulo de resíduos. Desse
modo, serão socializados conceitos que priorizem questões importantes que venham a minimizar os
impactos provocados pelo crescente acumulo de lixo como: Redução do consumo, ou seja, consumo
consciente, a reutilização antes de ir para a reciclagem, repensar nossas práticas como cidadãos de
cultura consumista, onde todos são responsáveis pelos danos ambientais em razão o modo como
vivemos. Na política dos três Rs, a reciclagem, tem um elevado custo, devido o alto consumo de
água e energia, em razão disso ela se encontra como última opção na cadeia do reaproveitamento de
resíduos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Atualmente, temas relacionados ao meio ambiente estão sendo cada vez mais abordados pela
sociedade. Ao ocupar os ambientes, o ser humano sempre os transforma, extraindo os recursos
naturais. Para Ruy (2004, s/p) o processo de sensibilização da comunidade escolar pode fomentar
iniciativas que transcendam o ambiente da mesma. O que possibilita o processo de conscientização
e valores ambientais desenvolvidos tenham dimensões maiores. E importante relatar que o termo
“desenvolvimento sustentável” foi relatado oficialmente pela assembleia Geral das Nações Unidas
em 1970. Os debates sobre o tema foram iniciados pela comissão Mundial sobre o meio Ambiente e
Desenvolvimento (Comissão Brundtland), vinculado Organização das Nações Unidas (ONU). E até
os dias atuais esta temática tem feito parte das conferências mundiais, locais, e entrado como
conteúdo didático obrigatório, nas grades curriculares (BRASIL, 2005).
Para Santos (2014, p.17) A responsabilidade ambiental a ser assumida pela sociedade desde
a sua organização e compreensão dos impactos das ações passadas e presente refletirá na qualidade
de vida das comunidades e dos ecossistemas onde estão inseridos. Quando o desenvolvimento de
uma sociedade é construído a partir de práticas sustentáveis, pensando nas gerações presente e
futura, os recursos não renováveis são utilizados de modo responsável. Segundo Gadotti (2008), o
conceito “sustentabilidade” é um termo que associado ao desenvolvimento sofreu um grande
desgaste, tornando-se para muitos uma associação incompatível, um absurdo logico; porém, essa
associação de conceitos vai além de um qualificativo econômico da preservação dos recursos e da
viabilidade de um desenvolvimento sem agressão ao meio ambiente.
Nos centros urbanos, em especial nas maiores cidades, a degradação dos recursos hídricos
(rios, córregos, mananciais, represas, lençóis subterrâneos etc.) resulta, principalmente, do despejo
de poluentes lançados diretamente em cursos e reservatórios de agua (MARTINEZ & GARCIA,
2013). Em uma escala global, a contaminação da água e diminuição de sua potabilidade advinda do
má uso, tem contribuído em uma série de problemas ambientais e de saúde, dentre os quais a
proliferação de doenças infecciosas causadas pela contaminação, e a escassez da água, e,
principalmente afetando as populações mais pobres do planeta.
De fundamental importância para o equilíbrio ambiental, as matas ciliares constituem uma
das principais formas de assegurar a qualidade e a disponibilidade hídrica, redução da perda do solo
e do processo erosivo e, consequentemente ao assoreamento, além de servir como local de refúgio e
fonte de alimentos a fauna silvestre e fonte natural de sucção de dióxido de carbono da atmosfera
(MARTINS, 2007). Franco (2005, p.134) aponta que:
Para Martinez e Garcia (2013, p. 174), Embora existam alternativas adequadas, a maior
parte do lixo urbano produzido no país não recebe o devido cuidado, sendo depositado em terrenos
destinados exclusivamente para esse fim como lixões e aterros sanitários. Quando depositado de
maneira incorreta, o acumulo de lixo acarreta uma serie de riscos e problemas: proliferação de
insetos, contaminação do solo, subsolo, e do lençol freático pelo chorume, e a perda da qualidade
ambiental, provocada pelo mau cheiro e pelo degradante aspecto visual.
Mesa redonda com o único catador dos resíduos sólidos do lixão da cidade, no momento os
alunos tiveram a oportunidade de socializar com o Senhor Elias, o seu cotidiano de trabalho, como:
Podemos considerar uma das Ações mais relevantes deste projeto, pois, evitou-se o
desperdício deste material, contribuindo assim para a construção cidadã dos nossos alunos e
compromisso sustentável com o meio ambiente e as gerações futuras. Para a execução desta ação
todos os alunos do turno vespertino participaram, possibilitando estender a ideia e assim garantir a
divulgação. Ainda no momento foi lançada a campanha seja um colaborador da natureza, participe
da “Coleta Solidária”, já que a coleta seletiva é competência institucional. A proposta da coleta
solidária, incentiva que a comunidade nos dias de coletas, não misture o que pode ser aproveitado
ou reciclado, separando dos demais resíduos. Assim sendo o Senhor Elias, recolhe antes que seja
levado para o lixão. Na mesma oportunidade foram divulgados os ODS, são os dezessetes objetivos,
que compõem a agenda 2030, lançada em 25 de setembro de 2017 pela ONU, convocando todos os
países a se engajarem.
Para demonstrar possíveis praticas sustentável no cotidiano, foram realizadas diversas
oficinas, utilizando vários materiais como: tecidos, customização de roupas usadas, ferro, pets,
plásticos, madeira, vidros, papel e papelão. O engajamento dos alunos surpreendeu as expectativas.
Pois, além das informações transmitidas no decorrer da execução do projeto, foram agregadas ideias
próprias a partir do conhecimento de mundo individual de cada um.
Foi montado um stand na IV Feira de Ciências da Escola Estadual Cícero Severo Lopes,
onde foram mostrados resultados com exposição do que foi confeccionado nas oficinas. O evento
proporcionou uma maior interação entre sociedade e escola, recebendo um número expressivo de
diversos seguimentos da sociedade, como também professores e estudantes da rede municipal.
Despertou perplexibilidade aos visitantes, com a riqueza de ideias e beleza das peças produzidas. A
exposição propôs desde a produção agroecológica de hortaliças, plantas medicinais e jardinagem até
a transformação de roupas que seriam descartadas.
Figura 5 – Amostra de objetos confeccionados com matéria de descarte.
ALEGAÇÕES FINAIS
partir dessas ações, lançou-se uma campanha para o descarte dos resíduos sólidos, denominada
“coleta solidária,” absolvida pela população como prática cotidiana.
No evento social da Feira, alunos desfilaram com propostas sustentaveis, incentivando o
compromisso com meio ambiente, e o aproveitamento de roupas usadas, transformada com as
técnicas de costumizar, e apelos para o fim do trabalho escravo ou similar, que tem potencializado o
consumo de massa. Diante do exposto surgem perspectiva para uma nova sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Júlio Justino de; SILVA, Hannelore Alves; OLIVEIRA, Éder Souza Gomes; PAULINO,
Antônio Francival Felipe. Revegetação da Mata Ciliar do Rio Açu. Cadernos de Agroecologia,
vol. 6, no.2, dez. 2011.
FRANCO, Maria A. S. Pesquisa-Ação sobre a Prática Docente. In: Educação e Pesquisa vol.31
nº.3 São Paulo Sept./Dec. 2005, Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-
97022005000300008&script=sci_arttext
MARTINEZ, Rogério Novo olhar: geografia, 2 / Rogério Martinez, Wanessa Pires Garcia Vidal. –
1. ed. – São Paulo: FTD, 2013.
MARTINS, Jorge Santos. O trabalho com projetos de pesquisa: do ensino fundamental ao ensino
médio. 5 ed. Campinas, SP: Papirus, 2007.
RUY, R. V. A Educação Ambiental na Escola. In: Revista Eletrônica de Ciências. Rio Claro, 2004.
Disponível em < http://cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_26/eduambiental.html>
SANTOS, Odilani Sousa dos. A sustentabilidade através da horta escolar: Um estudo de caso. João
Pessoa. UFPB, 2014 (Monografia de conclusão do curso de Ciências Biológicas)
RESUMO
O presente trabalho é resultado de atividades do projeto de extensão do grupo de estudos do
Laboratório de Geotecnologias, Educação Financeira e Ambiental (LABGEFA), integrado por
docentes e acadêmicos da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA realizadas na Escola
Municipal Olga Costa Pereira. Tem por objetivo ambientar os alunos do 5° ano do ensino
fundamental da referida escola com a temática do consumo consciente e analisar como o percebem,
através de textos produzidos pelos alunos. Para isso, recursos audiovisuais foram utilizados para
apresentar vídeos sobre o tema, além de uma produção textual. Para análise dos textos foi utilizada
a abordagem qualitativa da metodologia de análise do discurso. A ambientação com a temática a ser
abordada foi o suporte para a criação de um espaço de interação. A análise, por sua vez, revelou que
a percepção das crianças acerca do consumo sustentável é fragmentada, acentuando a necessidade
de uma educação transdisciplinar, para a formação de uma consciência socioambiental.
Palavras-chave: Consumo consciente; Ambientação; Percepção; Crianças.
ABSTRACT
The present work is the result of activities of the extension project of the LABGEFA (Laboratory of
Geotechnology, Financial and Environmental Education), integrated by professors and academics of
the Federal Rural University of Amazonia (UFRA) held at Olga Costa Pereira Municipal School. Its
objective is to enrich the students of the fifth year of elementary school with the theme of conscious
consumption and analyze how they perceive it, through texts produced by the students. For that,
audiovisual resources were used to present videos on the subject, in addition to a textual production.
For the analysis of the texts the qualitative approach of the discourse analysis methodology was
used. The setting with the theme to be approached was the support for the creation of an interaction
space. The analysis, in turn, revealed that the perception of children about sustainable consumption
is fragmented, emphasizing the need for a transdisciplinary education, for the formation of a socio-
environmental awareness.
Keywords: Conscious consumption; Atmosphere; Perception; Children.
INTRODUÇÃO
O homem e o meio ambiente têm sido diretamente afetados pelas transformações que o
nosso mundo passa. O fato é que a sociedade moderna tem por essência o consumo, e as formas
atuais de produção e consumo provocam impactos negativos no meio ambiente e na sociedade,
Assim, o presente trabalho tem como objetivo relatar atividades de ambientação realizadas
com os alunos do 5° ano do ensino fundamental e analisar como o percebem, através do método de
análise do discurso dos textos produzidos pelos alunos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Após, seguiu uma conversação sobre os vídeos apresentados. Foi distribuído aos alunos
folhas de papel A4 e solicitado que produzissem um texto que contemplasse as seguintes
interrogações: como você quer o planeta no futuro? Quais atitudes devem ser tomadas para que no
futuro o planeta seja como deseja? A atividade foi realizada durante as aulas, em horários cedidos
pelos professores, no dia 26 de junho de 2018.
Para a análise dos textos foi adotada uma abordagem qualitativa, seguindo a metodologia de
análise do discurso que segundo Gondim e Fischer (2009) consiste em revelar os sentidos dos
discursos, e acrescentam que a fala analisada em contexto ajuda a compreender como as pessoas
pensam e agem no mundo concreto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A ambientação dos alunos com a temática do consumo consciente através dos vídeos
objetivou mostrar a eles a história do dinheiro e este, como meio de troca, desta forma, sendo
possível destacar a importância de fazermos escolhas conscientes mediante essas “trocas”,
consumo. Após, a conversação sobre os vídeos apresentados criou um espaço de interação e breve
abordagem conceitual sobre a temática.
Foram produzidos 38 textos, de forma que os alunos descreveram como querem o planeta no
futuro e quais atitudes podem adotar para alcançarem o objetivo, assim, possibilitando analisar
como percebem o consumo consciente nesse contexto.
O Art. 3°, inciso IV da PNMA, ressalta ainda que, entende-se por poluidor “a pessoa física
ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou diretamente, por atividade
causadora de degradação ambiental”. Diante de tais conceitos e da ênfase dada pelas crianças ao
verbo cuidar, o que por sua vez, expressa ação, incita atitude, é válido ressaltar que cuidar do
planeta, nossa “grande casa” é responsabilidade de todos, parte do individual e integra-se ao
coletivo. Desta forma reafirma-se a importância de formar cidadãos mais críticos e comprometidos
com a sustentabilidade, para que habitar em um ambiente mais saudável, como almejado pelas
crianças, seja uma realidade e não uma utopia.
Em 13 dos textos o entendimento de consumo consciente é percebido através da menção
aos 4R’s (Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar), como forma prática de contribuição para o
equilíbrio do planeta. Dos 13 textos o “R” que mais se destaca é o R de Reutilizar, o que demonstra
à priori, a preocupação dos alunos quanto ao aproveitamento de produtos para outros possíveis fins.
Figura 3: Fragmento de um dos textos quanto ao entendimento prático de consumo consciente, aluno B.
Todavia, os 13 alunos que mencionaram os 4R’s, em sua maioria revelam uma percepção,
ainda avulsa, do que seria o consumo consciente ao destacarem algumas das formas de sua prática.
Consoante, vale salientar que ao destacar o “R” Repensar (figura 3) um dos alunos apresenta o
afloramento de um pensar crítico acerca do consumo, instigado pela reflexão-ação destacado por
Silva e Festa (2015).
Uma parcela minoritária representada por 3 alunos, destacaram a necessidade de uma
formação para a conscientização, reforçando a afirmativa, já citada, que a educação para o consumo
é caminho para a utilização racional dos recursos naturais (RESENDE, 2013).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os textos demonstraram que as crianças percebem, mesmo que de forma ainda não
consolidada, algumas práticas de consumo consciente, uma vez que mencionaram os 4R’s
(Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar), revelando ainda, que a ambientação com a temática
aflora o pensar crítico partindo do pressuposto da reflexão-ação-reflexão. Porém, a tendência
conservacionista apresentada pela maioria, reafirma a necessidade de uma educação sustentada em
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIAS, B. C.; BOMFIM, A. M. A Teoria do Fazer em Educação Ambiental Crítica: uma reflexão
construída em contraposição à educação ambiental conservadora. In: VIII ENPEC - Encontro
Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2011, Campinas. Anais do VIII ENPEC, 2011.
p. 1-9.
FERREIRA, E. C. O Uso dos Audiovisuais como Recurso Didático. 2010. 75f. Dissertação
(Mestrado em Ensino de História e Geografia), Faculdade de Letras da Universidade do Porto,
Porto, 2010. Disponível em: https://repositorio-
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2018.
RESENDE, Augusto C. L. de. A Educação para o Consumo Consciente no Ensino Infantil. Revista
da Ajuris, Rio Grande do Sul, v. 40, n. 131, p. 123-150, set. 2013. Disponível em:
http://www.ajuris.org.br/OJS2/index.php/REVAJURIS/article/download/278/213. Acesso em:
20 jul. 2018.
SILVA, Danielli R.; FESTA, Priscila S. V. Infância, Consumo e Ambiente Escolar: reflexões sobre
o desenvolvimento infantil na sociedade contemporânea. Ensaios Pedagógicos. 2015. Disponível
em: http://www.opet.com.br/faculdade/revista-pedagogia/pdf/n10/ARTIGO4.pdf. Acesso em: 24
jul. 2018.
RESUMO
O presente artigo foi elaborado a partir da necessidade de conscientizar os educandos sobre o uso da
água do planeta, bem como o envolvimento em questões sociais que necessitam de exposição e
praticas que solucionem ou as amenizem. Utilizando como tema: “Educação ambiental: Uso
racional e economia de água”. Tendo por objetivo: “Compreender que a água é um recurso escasso
e que o uso irresponsável pode prejudicar a sobrevivência dos seres vivos”. Consta de uma pesquisa
teórica e uma experiência didática realizada com 21 alunos de uma turma de 9º ano do ensino
fundamental da escola de rede publica Maria do Socorro Ramalho, situada no município de
Imaculada – Paraíba.
Palavras- chave: Educação ambiental. Água. Conscientização.
ABSTRACT
This article is based on the need to educate learners about the use of water on the planet, as well as
the involvement in social issues that need exposure and practices that solve or ameliorate them.
Using as its theme: "Environmental education: rational use and water saving". Its objective is: "To
understand that water is a scarce resource and that irresponsible use can harm the survival of living
beings". It consists of a theoretical research and didactic experience realized with 21 students of a
9th grade class of the Maria do Socorro Ramalho public network school, located in the municipality
of Imaculada - Paraíba.
Keywords: Environmental education. Water. Awareness.
INTRODUÇÃO
A água é um recurso natural e fundamental para a sobrevivência na terra, tendo em vista que
necessitamos dela para diversos aspectos diários, mas que por falta de cuidado e de consumo
adequado, seu volume tende a ficar cada vez menor. Apesar de ser um bem público, vem se
tornando pouco a pouco um recurso escasso que precisa ser cuidado com muito discernimento
(NETO, 2006).
A quantidade e a qualidade de água no planeta vêm se mostrando assunto muito debatido,
inclusive no meio educacional, onde se reflete propostas continuas de como cuidar do liquido que
tanto favorece a vida.
De fato, se formos analisar a quantidade de água do planeta, veremos que não estamos
esbanjando nem tão pouco com um grande volume de água. Essa realidade nos assusta, pois
sabemos que a água boa para o consumo humano é pouca e mesmo assim nos deparamos com
situações diárias que não deveriam ocorrer.
No dia a dia podemos perceber as diversas causas pelas quais deveríamos lutar pelo pouco
que ainda nos resta, esses descasos se acumulam enquanto ficamos parados, sem ao menos
conscientizar as pessoas que por vezes se fazem alheias a este assunto.
Segundo Menezes (2012), os problemas em relação à quantidade e qualidade da água
tendem a se agravar no futuro com as mudanças climáticas, destacando o aumento da temperatura
no planeta com o conseqüente derretimento de geleiras e a grande irresponsabilidade pelo uso
insustentável da água por parte da população humana, causando inundações e grandes secas em
todo o mundo.
Ainda assim, nos deparamos com pessoas que não manifesta seus comentários sobre o que
nos desrespeita, ao contrario do que esperamos, fazem da água um liquido qualquer que teremos a
todo tempo e a qualquer hora e em abundância.
De acordo com a realidade que nos encontramos, de seca em toda parte do Nordeste,
principalmente na cidade em que estamos inseridos, sertão paraibano (Imaculada-PB), se tornou
necessário um aprimoramento no conhecimento dos educandos bem como toda comunidade escolar.
Nesse sentido, foi desenvolvido o projeto: “Educação ambiental: Uso Racional e Economia
de Água”, na turma de 9º ano da escola Maria do Socorro Ramalho Quirino, tendo por professor de
ciência/ biologia regente Paulo Sergio Vital Gualberto, com o objetivo de melhorar o consumo e
torná-lo adequado, tendo em vista que a água concentrada no manancial local está com seu volume
abaixo do nível máximo e que não nos garantirá água por muito tempo.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa teórica, onde se abordou a
concepção de autores como: Marengo, Moura, Meneses, entre outros que versam sobre o tema e nos
ajudaram a dissertar, fundamentando a nossa idéia de que a água deve ser preservada e seu consumo
adequado, ressaltando a necessidade que temos de utilizá-la diariamente. A pesquisa de campo foi
desenvolvida por meio de quatro encontros, no período diurno na sala de aula do professor regente
Paulo Sérgio Vital Gualberto, sob a supervisão da gestora Franciele Felix de Sousa, em uma turma
do 9º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Maria do Socorro Ramalho Quirino,
sede do Município de Imaculada, Paraíba.
A classe onde a prática interventiva foi realizada é uma turma heterogênea onde alguns
alunos apresentavam um conhecimento estreito sobre o conteúdo abordado.
Os encontros foram realizados na seguinte seqüência:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Perante o que foi proposto, observamos o interesse dos educandos em relação à temática e o
desejo de propagar e conscientizar a comunidade onde se encontram inseridos.
Para realização do segundo encontro fizemos uma visita ao manancial Albino, esse que
abastece a matriz de Imaculada, localizado na zona rural do município, com capacidade para (m³):
1.833.955, que com o longo período de estiagem (seca) se encontrava em seu volume morto e com
as recentes chuvas atingiu 25 % de sua capacidade.
Dando seqüência ao que foi planejado, chegamos ao terceiro encontro, já com toda a turma
motivada fomos conhecer a E.T.A. (Estação de Tratamento de Água), localizado no Bairro São
José, a margem da PB 306 saída para a cidade de patos PB, onde os educandos tiveram a
oportunidade de conhecer o processo de tratamento da água (Cloração e filtração) antes da
distribuição para as casas da cidade. Seguindo normas não fomos autorizados a fazer registro
fotográfico da área interna da casa de máquina e dos aparelhos por ter produtos tóxicos e o local não
dispor de equipamentos de segurança para todos. Aproveitamos a aérea externa, para todos em
circulo, falar sobre a experiência que tínhamos acabado de vivenciar. Voltando para sala de aula,
trabalhamos com a conta de água trazida por eles de sua própria casa, cujo objetivo foi estudar
quanto cada um consumia mensalmente, bem como mostrar que a cada ação de uso racional e de
economia (relação de valor consumo ia ter uma queda no preço da conta gerando economia e bem
estar a todos de casa), comprovando no talão de conta as substancias químicas relatadas pelo
funcionário da companhia de água.
Figura 2 - Aula de regência, Realização visita a GAGEPA (Companhia de água e esgoto da Paraíba)
Para concluir as atividades do nosso projeto, realizamos a culminância na sala de aula, onde
expusemos para toda comunidade escolar o material trabalhando, as atividades desenvolvidas, bem
como o repasse do conhecimento adquirido no decorrer das aulas por parte dos alunos que tiveram,
a oportunidade de ensinar e ampliá-los ainda mais, fazendo uso de depoimentos sobre a temática
abordada.
Figura 4 - Aula de regência, apresentação e exposição dos trabalhos realizados em sala de aula.
Todos os momentos foram validos para nossa qualificação, enquanto pessoas críticas que
lutam por uma causa de todos, mas também como ser humanos, entendendo que a água deve ser
utilizada de forma adequada, pois não sabemos ate quando teremos a oportunidade de tê-la em
nossa vida, e desta forma entender que necessitamos dela para sobreviver. A melhor maneira
continua sendo conscientizar as pessoas. É necessário que façamos nossa parte e que cada um faça a
sua, assim iremos, não aumentar seu volume, mas poupar para que não nos falte.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da experiência vivida no decorrer da semana junto aos alunos, percebemos que o
assunto “consumo e economia de água”, ainda era pouco debatido, conseguinte disperso na
comunidade escolar bem como no meio social.
É necessário que utilizemos enquanto educadores, metodologias que facilitem a
entrosamento dos alunos com as determinadas temáticas, especialmente para aquelas que são de
interesse coletivo.
Diante disso, a proposta de envolver os alunos com projetos que despertem o interesse em
qualificar e ampliar seus conhecimentos sobre o uso adequado e o consumo da água, foi de grande
valia para todos, o que fez despertar a vontade de cuidar e preservar o liquida que ainda nos resta, e
assim, manter a qualidade de água que chega à nossas casas. Ainda nesse sentido, tivemos a
oportunidade de conhecer e analisar o papel de água que chega com a conta de consumo mensal, e
também a composição química das substancias utilizadas no tratamento da água.
Conclui-se que a inércia sobre as ações para um resultado constante no uso da água precisa
ser mais incentivada, cultivando neles o desejo de perpetuar e não só ficar na semana que foi
trabalhado em sala de aula.
O objetivo maior foi alcançado, mediante que agora cada um é um proliferador das
informações adquiridas e acima de tudo a consciência ambiental e social que por ventura não será a
mesma, visto que o conhecimento modifica a forma de como vemos e agimos no ambiente onde
estamos inseridos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MENEZES, J. P.C. de Influência do uso e ocupação da terra na qualidade da água subterrânea e sua
adequação para consumo humano e uso na agricultura. 2012. 83 p. Dissertação (Mestrado em
Produção Vegetal), Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo.
Alegrete-ES, 2012.
SITES:
BACCI, Denise de La Corte; PATACA, Ermelinda Moutinho; Educação para a água. p. 211
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40142008000200014 Acesso em: 22 ago. 2018
www.aesa.pb.gv.br
www.dnocs.gov.br
www.cagepa.pb.gov.br
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de um ensaio de formação em educação
ambiental com enfoque agroecológico aplicado ao espaço escolar a partir da comunidade local,
visando a construção das escolas do campo. O caminho metodológico para o atendimento do
objetivo deste artigo iniciou com a pesquisa bibliográfica e exploratória, seguindo pela pesquisa de
campo. Como resultados, foi observado que a proximidade e interação entre a instituição de
formação profissional e tecnológica, as escolas rurais e a comunidade local possibilita novos olhares
e significados para o espaço rural, como também, dinamiza o fazer pedagógico a partir dos diálogos
e das práticas de campo.
Palavras-chave: Educação do campo; Ensino fundamental; Diálogo de saberes.
ABSTRACT
This paper aims to present the results of a training in environmental education with an
agroecological approach applied to the school space from the local community, aiming the
construction of rural schools. The methodological path to the fulfillment of the objective of this
article began with the bibliographical and exploratory research, followed by the field research. As a
result, it was observed that the proximity and interaction between the vocational and technological
training institution, the rural schools and the local community makes possible new looks and
meanings for the rural area, as well as dynamizing the pedagogical practice based on dialogues and
practices of field.
Keywords: Field education; Elementary education; Dialogue of knowledge.
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
ecológicas. Esta proposta foi concebida coletivamente como alternativa para a dinamização do fazer
pedagógico na escola, tendo em vista o debate socioambiental.
O planejamento das atividades a serem desenvolvidas sob a temática “Educação ambiental e
educação do campo: construindo um diálogo de saberes” teve a participação e contribuição dos
educadores, gestora da escola, equipe técnica pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de
Castanhal (SEMED) e o Núcleo de Estudos em Educação e Agroecologia na Amazônia (IFPA-
Campus Castanhal).
A atividade foi divida em dois momentos complementares: o primeiro com um caráter
formativo, em que foram dialogadas questões sobre a agroecologia e as técnicas para a produção
ecológica; e a segunda voltada para a construção de paineis temáticos e socialização em grupo.
No primeiro momento, houve a apresentação de vídeos (sobre os malefícios dos agrotóxicos
e os benefícios da construção de sistemas agroflorestais), discussão temática e visita aos espaços
pedagógicos do IFPA- Campus Castanhal (sistema agroflorestal, horta ecológica e minhocário). Os
participantes tiveram a oportunidade de conhecer as pesquisas que estão sendo realizadas no
campus e também realizar trocas de experiências a partir dos sistemas produtivos da comunidade.
Como parte integrante e complementar desse processo, foram organizadas três atividades
simultaneamente: 1) Reflexão e construção de desenhos para diversificar a produção a partir de
sistemas agroflorestais (grupos formados por educandos e pais agricultores); 2) Construção de
desenhos sobre a comunidade que temos e a comunidade que queremos (grupos formados por
educandos); 3) Construção de um planejamento em educação ambiental através da construção de
mapas mentais (grupo formado por educadores, técnica pedagógica da SEMED e gestora da escola).
Com o objetivo de realizar uma avaliação qualitativa, foi aplicado um formulário a todos os
participantes da atividade, onde foi possível identificar os pontos positivos, negativos e as sugestões
para o aperfeiçoamento dessa mediação.
Todas as práticas pedagógicas executadas tiveram a participação de bolsistas do Núcleo de
Estudos em Educação e Agroecologia na Amazônia (NEA), alunos do curso de Mestrado em
Desenvolvimento Rural e Gestão de Empreendimentos Agroalimentares (PPDRGEA), técnicos
agropecuários, agrônomos e educadores do IFPA- Campus Castanhal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
agroecológico, a qual teve como objetivo propiciar um diálogo de saberes entre os educadores,
educandos, agricultores e pesquisadores, onde os conhecimentos científicos pudessem dialogar com
os saberes tradicionais dos sujeitos do campo, assim como, favorecer uma proximidade entre a
instituição de formação profissional e tecnológica, e uma escola rural do município de Castanhal.
A atividade iniciou com a reflexão sobre as diferenças entre a agricultura convencional e a
agricultura ecológica a partir dos princípios da agroecologia110. Foi passado um trecho do
documentário nacional “o veneno está na mesa111” o qual faz uma denúncia contra os agrotóxicos.
Esta primeira abordagem foi primordial para o início das discussões sobre o que é uma
sociedade sustentável, tendo em vista o posicionamento de Caporal (2009) que entende ser utópico
o discurso de sustentabilidade formulado a partir de uma “ilusão tecnocrática”, por isso, prefere
utilizar os termos “desenvolvimento mais sustentável” e “agricultura mais sustentável” (p.896).
Com esse posicionamento, explica que a agroecologia não pretende resolver todos os
problemas provocados pela ação antrópica do modelo de produção e consumo, mas sim:
Diante essa orientação voltada para o favorecimento de agriculturas mais sustentáveis, foi
proposta uma visita aos espaços pedagógicos do IFPA, onde são desenvolvidas cotidianamente,
atividades de ensino, pesquisa e extensão com os educandos da instituição (cursos técnicos,
graduação e pós-graduação). Os sujeitos visitaram o Sistema Agroflorestal (SAF) com base
sintrópica que está em desenvolvimento no campus e a horta preparada com base em princípios
ecológicos.
Faz-se importante destacar que a agricultura sintrópica propõe-se a trabalhar a favor da
natureza, inserindo conceitos ecológicos ao manejo dos agroecossistemas, associando cultivos
florestais e agrícolas112.
De acordo com as experiências de Araújo et al. (2016), León et al. (2016), Costa et al.
(2017) as práticas pedagógicas em educação ambiental no âmbito agroflorestal, são desenvolvidas a
partir da inter-relação entre a educação, a cultura e a comunicação. Com esse entendimento, a
prática agroflorestal vivenciada no campo de experimentação do IFPA possibilitou um diálogo
sobre a variedade de culturas produzidas no espaço experimental e na comunidade onde os
educandos residem, como também, os benefícios desses sistemas para o desenvolvimento produtivo
de suas propriedades.
110
Para Sousa (2017), “a agroecologia não pode ser vista meramente como substituição de insumos ou mesmo na
dimensão da produção agrícola e, sim, no conjunto de seus aspectos, em uma lógica da multidimensionalidade” (p.637).
111
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8RVAgD44AGg.
112
Informações disponíveis em:< http://www.agendagotsch.com/agricultura-sintropica/> Acesso em: 21/02/2018.
Com essa proposta dialógica, a visita à horta ecológica no campus buscou reconhecer as
práticas de produção de hortaliças na comunidade e suas dificuldades para o cultivo, além de
promover uma discussão sobre o processo de transição da horta do IFPA e os seus impactos
positivos na questão ambiental e social113.
A horta escolar é uma prática muito utilizada para o desenvolvimento da educação ambiental
como espaço de experiências coletivas e individuais. Na pesquisa realizada por Costa et al. (2015)
foi identificada uma expressiva participação e cooperação dos educandos na implantação da horta
na escola, onde foram discutidas temáticas voltadas para a utilização dos recursos hídricos,
alimentação e qualidade de vida, tendo como perspectiva o desenvolvimento rural mais sustentável.
Complementando essa dinâmica de construção e manejo da horta ecológica, foi realizada
uma demonstração da técnica de compostagem com os resíduos coletados no próprio campus a
partir dos sistemas de produção agrícola e de criação de animais. Diversas pesquisas sobre
compostagem já vêm sendo desenvolvidas no IFPA e nos municípios paraenses a partir das
especificidades de cada comunidade e sua dinâmica produtiva (AZEVEDO, 2013; CAVALCANTE,
2015; MAIA, 2016). Portanto, a compostagem tem grande potencial para ser desenvolvida na
escola, sendo trabalhada nas diversas disciplinas, tendo como viés a educação ambiental crítica,
conforme trabalhos desenvolvidos por Marques et al. (2017), Kretzer et al. (2015) e Silva et al.
(2015).
Um momento vivenciado pelos educandos e educadores com mais curiosidade foi a visita ao
minhocário, onde foram apresentadas as técnicas para a produção de húmus no IFPA. Foi observado
a partir das falas dos educandos que essa prática não é desenvolvida em sua comunidade.
Após essas atividades de campo, houve um momento reflexivo a partir das experiências
vividas e da exibição do vídeo “Life in Syntropy”, onde o agricultor e pesquisador suíço Ernst
Götsch114 explica que é preciso preservar a floresta, mas também, é possível regenerar. Esse vídeo
possibilitou a compreensão da real possibilidade de implantar os sistemas agroflorestais em áreas
mais extensas para além dos espaços de pesquisa, como é o caso do IFPA.
A fim de materializar a percepção dos sujeitos em relação a temática “produção de
alimentos”, três atividades foram desenvolvidas simultaneamente e no mesmo espaço como forma
de permitir a integração do trabalho entre os diferentes atores sociais.
Para o primeiro grupo foi proposto a construção de um desenho voltado para a
diversificação da produção a partir de sistemas agroflorestais.
O uso de formas concretas de visualização dos diferentes modos de produção da agricultura
familiar, como desenhos e maquetes, pode ajudar a materializar e tornar significativo o
113
Corrêa et al. (2013) apresentam um estudo de caso sobre o processo de conversão da olericultura convencional para a
de base ecológica no IFPA Campus Castanhal.
114
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gSPNRu4ZPvE.
conhecimento sobre as plantas, animais, características dos solos, etc. Este exercício mobiliza um
conjunto de saberes dos educandos, relacionando a realidade vivenciada nas comunidades rurais,
assim como saberes escolares, como matemática, ciências e linguagens, possibilitando um diálogo
de saberes (SOUSA, 2015).
Outro grupo de educandos optou por construir desenhos com a temática “a comunidade que
temos e a comunidade que queremos”, a qual possibilitou uma reflexão coletiva dos educandos em
relação aos seus anseios.
Os desenhos voltados para “a comunidade que temos” retratou exclusivamente o centro da
comunidade que consta a escola, a igreja e o posto de saúde, não havendo referência aos espaços de
produção agrícola (Figura 1). Essa situação pode ser compreendida principalmente pela busca de
socialização dos jovens, sendo observado um favorecimento nesses ambientes públicos coletivos.
Confirmando essa hipótese, Valadares et al. (2016, p. 60) explicam que “o rural representa
um modo particular de utilização do espaço e de vida social”. Brasil et al. (2016) entendem que o
lugar é formado por “contextos ecológicos de vida”, sendo cenário onde “se constroem e se
constituem as histórias, as experiências, os aprendizados e as lembranças desses sujeitos”, os quais
precisam ser reconhecidos e valorizados, tendo em vista o “processo de homogeneização e
padronização” que se vive na atualidade (p.149).
Através da temática “a comunidade que queremos” os educandos demonstraram interesses
voltados para o bem estar pessoal e coletivo, como pode ser observado através da necessidade de
um ginásio de esporte, academia, salão de beleza, supermercado, pizzarias, praças estruturadas para
o lazer e internet livre para a comunidade.
Neste sentido, Valadares et al. (2016) dizem que a questão do êxodo rural não é “intrínseca
ao processo de urbanização”, mas sim “pelo histórico de ausência do Estado no campo”, que se
reflete pela “dificuldade de acesso aos serviços e às políticas públicas”(p.60).
Agregada a essa discussão e considerando a necessidade de reflexão sobre as possibilidades
pedagógicas identificadas através das práticas de campo realizadas no IFPA, os educadores e
gestores construíram um esboço de planejamento interdisciplinar em educação ambiental utilizando
mapas mentais (Figura 1). É importante frisar que esta atividade esteve voltada para um exercício
de possibilidade metodológica.
Figura 1- Mapa mental sobre as possibilidades de abordar o tema “produção de alimentos” nas disciplinas
curriculares dos anos finais do ensino fundamental.
Conheci muitas coisas que eu não sabia que era possível. (Participante da atividade A)
Foi muito gratificante ter ido passar o dia no IFPA, pois achei muito interessante. Apesar de
morar no campo, muitas coisas não sabia, então aprendi muito. (Participante da atividade
C)
Projetos como esse ajudam na conscientização de como podemos viver em harmonia com a
natureza. (Participante da atividade D)
Na visão dos participantes, a possibilidade de realizar uma atividade fora da escola trouxe
novos olhares e significados para o espaço rural, orientando o fazer pedagógico a partir da prática
de campo. Outro ponto destacado nos depoimentos foram as atividades desenvolvidas em grupo, em
que foi possível construir um diálogo e realizar trocas de experiências.
Entre as fragilidades observadas estava a questão do transporte escolar, que por motivos
operacionais não conseguiu cumprir o horário estabelecido para o início das atividades, como
também não estava em boas condições para transportar os educandos.
Ainda é muito arraigado nos gestores públicos o imaginário sobre a inferioridade do espaço
rural, destinando a ele o que sobra no espaço urbano. Isto funciona não só com o mobiliário
para as escolas do meio rural, mas também com os meios de transporte (MOLINA, 2011,
p.4).
Foi relatado, também como outro ponto negativo, a falta de tempo para o desenvolvimento
das atividades. E como sugestão para o aperfeiçoamento do planejamento, esteve a possibilidade de
novas interações entre a escola e a instituição tecnológica como forma de conhecer outros projetos
em desenvolvimento, especialmente aqueles voltados para a horta ecológica, o cultivo de frutas e
criação de animais.
Portanto, esta proposta de atividade de educação ambiental não se orientou para a assistência
técnica ou a estrita difusão de conhecimentos científicos para a escola e a comunidade, mas sim,
organizou-se a partir das demandas locais com o objetivo de dinamizar as discussões e reflexões
sobre as questões socioambientais, estreitando as relações entre instituição de pesquisa, ensino e
extensão, escola rural e as comunidades do entorno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Amazônia Ocidental-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: CONGRESSO BRASILEIRO
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AZEVEDO, Hueliton Pereira; COSTA, Marcell Nóvoa; DA PAIXÃO SOUSA, Romier. 15173-
Vestindo a camisa da Agroecologia: a produção de novidades pro agricultores na Amazônia
paraense. Cadernos de Agroecologia, v. 8, n. 2, 2013.
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rurais do município de Castanhal no estado do Pará: uma análise a partir de indicadores e
parâmetros da educação ambiental crítica. In: Educação ambiental nas escolas no campo do
município de castanhal: uma análise à luz da perspectiva crítica. Dissertação de mestrado, 2018.
RESUMO
Esse trabalho resulta do estudo de textos de diversos autores sobre a temática da sociedade e
natureza. A partir dos quais tecemos uma inter-relação de suas ideias, deles mesmos e com a
realidade da atual sociedade, da mesma maneira que apresentamos também nossas reflexões aos
assuntos relativos à sociedade contemporânea.
Palavras Chave: sociedade, natureza, informação, identidade
ABSTRACT
This work results from the study of texts by several authors on the theme of society and nature.
From which we weave an interrelationship of their ideas, of themselves and with the reality of the
present society, just as we also present our reflections on the subjects related to contemporary
society.
Keywords: society, nature, information, identity
INTRODUÇÃO
O homem um ser natural e social, na medida em que se socializa deixa de ser natural e passa
a ser um usurpador da natureza esquecendo que dela ele faz parte, perdendo o encantamento que
existe em ser natural, ao mesmo tempo em que também se modifica nas relações sociais, pelas
decorrências das mudanças do contingente universal, pela mudança da economia, da cultura, da
religião, da ética, da família, enfim de todas as mudanças constantes e dinâmicas que formam a
sociedade.
Essas mudanças nos conduzem à sociedade atual, a qual muitas pessoas não sabem, por
diversas razões, como adjetivar e outras tantas criam nomes para referir-se ao que na realidade é a
sociedade de nossos dias, a sociedade contemporânea.
A informação
Uma sociedade contemporânea, a qual Melucci (1996) chama de sociedade planetária,
regida pela informatização instantânea que obriga a reflexão dos sujeitos de maneira que os
indivíduos criem uma identidade individual e coletiva, identidade essa que norteará a sociedade.
Conforme o autor, a informação aparece como um recurso potencial disponível para todos
os indivíduos, mas na realidade a distribuição, o acesso a essas informações não é igualitário, de
forma a manifestar a continuidade da estrutura de dominação.
Guiddens (1996), além de destacar também a reflexividade, indica que essa reflexividade é
fonte para que o indivíduo tenha entendimento de uma dupla discriminação, a material e a
psicológica, na medida em que os recursos estão num universo de disponibilidade, mas em parte
pelo contexto das próprias diferenças materiais, esses potenciais recursos não chegam a todos os
indivíduos, trazendo assim a privação material e a desqualificação.
Melucci (1996), ainda nos fala que a produção de informação se processa mais num âmbito
de troca de informações produzidas a partir de experiências de outros, do que a partir das próprias
experiências vivenciadas, criando assim uma informação artificial que também torna o espaço
sistêmico e o tempo a presentificação do sistema.
Salienta também, que a informação é simbólica, podendo ou não se tornar um recurso,
conforme sua natureza ou a habilidade do humano para percebê-la como tal. Sendo simbólica, é
necessário que o indivíduo saiba controlar seus códigos e operar a reprodução desse conteúdo, e diz
mais ainda, que esse controle não é definitivo, podendo ser perdido para outros a qualquer
momento, e a partir dai, quando a informação é compartilhada, perde-se o poder sobre ela.
Para a informação ser recurso são necessários centros de emissão e recepção, relativamente
autônomos, capazes de percepção, decodificação e desenvolvimento de códigos e linguagens,
considerando o indivíduo, (cérebros, motivações, sentimentos e emoções), autossustentável e com
movimento próprio.
Porém, esses processos podem ser extremamente frágeis por serem expostos a manipulação
externa. O excesso de possibilidades ocasiona desordens narcísicas onde as pessoas querem ser tudo
e todos em todos os lugares, fragmentando sua identidade e construindo a característica da
sociedade atual “indeterminação da identidade individual”, quando justamente essa identidade
individual, vai formar a identidade coletiva.
O conhecimento normalmente não significa ação, mas a posse desse recurso, juntamente
com o saber e o imaginar tornam-se maneiras de construção de mundo, somos, portanto, cada um,
potencialmente um centro autônomo de tomada de decisão, mas como somos construídos pela ação
social que nós mesmos criamos, passamos a ser atores de movimentos sociais, que muito além de
transformar a sociedade passa a transformar a vida.
Os Movimentos Sociais
Conforme Melucci (1989), os movimentos sociais têm sempre um conteúdo, mas atualmente
se referem a atores globais ao invés de elementos ou componentes, essa complexidade apresenta
dualidades como “isolamento/solidariedade ou estrutura/motivação”, buscando a solidariedade e a
identidade, além dos aspectos econômicos.
Os movimentos sociais, caraterizados pela forma de ação coletiva, baseada na solidariedade,
no desenvolvimento de um conflito, produzindo a modernização e estimulando a inovação, buscam
romper os limites do sistema onde ocorre a ação de maneira a produzir não só a reforma, mas a
revolução, a mudança.
Dessa maneira, os movimentos sociais atuais atingem a área cultural, além da econômica, e
afetam de maneira significativa a motivação, a identidade pessoal, os padrões culturais e os
conceitos de tempo e espaço.
Porém, conforme Carvalho (2002), o campo ambiental procura afirmar-se nas relações
conflituosas entre éticas e racionalidades que organizam a vida em sociedade, buscando influir
numa certa direção sobre a maneira como a sociedade dispõe da natureza e produz determinadas
condições ambientais.
A ecologia, como um estudo que procura manter o equilíbrio do sistema, traduz-se, segundo
Castells (2001), numa teoria formada a partir de crenças, culturas, outras teorias e projetos, ao passo
que o ambientalismo deixa de ser a teoria e passa a ser o procedimento, a prática do coletivo, não
mais no estudo do equilíbrio do sistema, mas sim na tentativa de correção de atitudes destrutivas do
relacionamento homem-ambiente.
Esse ambientalismo, então, apresenta-se a partir de coletividades com interesses comuns,
chamados de movimentos ambientalistas que, através de mobilização, buscam formas de atuação
por meio de uma prática social, e não restrito somente ao mundo das ideias, que se encontre uma
forma de propagação e de ampliação desse coletivo, apresentando alternativas para que o
relacionamento social, homem/homem, homem/natureza seja modificado rumo ao encontro da
sustentabilidade.
Ao mesmo tempo em que fundamentam suas reinvindicações em aspectos
comprovadamente científicos, para terem como referência situações estudadas teoricamente, esses
movimentos ambientalistas, também trazem a tona as contradições que a ciência e a tecnologia em
seu desenvolvimento operam na devastação ou mau uso da natureza, formando-se, portanto uma
relação, ainda segundo o autor, estreita e ambígua com a ciência e a tecnologia.
Nesse ímpeto, além da ambiguidade da relação com as ciências, outros aspectos
caracterizam as ações dos movimentos ambientalistas, das quais é destacado pelo autor: o uso
midiático para a propagação das ideias, e ações na atual estrutura social; o uso da internet e seus
grupos sociais, um dos principais recursos da atual sociedade em rede, para divulgar as informações
produzidas.
Com essa luta, os movimentos ambientalistas, apresentam-se em diversos aspectos, como as
questões relacionadas a valores humanistas, destacando-se a luta pela justiça social e pelo
relacionamento homem/natureza, conseguindo produzir influências em atitudes governamentais e
legislativas.
No entanto, Guattari (1990) chama a atenção que só haverá uma verdadeira resposta a crise
ecológica em escala planetária e com uma autentica revolução política, social e cultural.
Também como um dos objetivos dos movimentos ambientalistas, segundo Castells (2001), a
redefinição histórica das categorias “tempo e espaço”, apresentando em seu entendimento, o espaço
não apenas como um lugar, mas também, como um fluxo, na medida em que na sociedade atual,
acontecimentos idênticos ocorrem simultaneamente em vários lugares distintos.
Da mesma maneira a ampliação da definição da categoria tempo, não restringindo mais o
tempo cronológico como o único tempo de acontecimentos dos fatos, mas também cria dentro dessa
categoria o tempo intemporal, como um tempo imediatista de uma ação num fluxo de espaço e
como tempo glacial, o tempo de ações que tem uma transformação demorada, como as produzidas
pelas movimentações ambientalistas.
Nesse contexto atual de sociedade, onde as informações circulam e estão pelo menos
potencialmente a disposição de todos os indivíduos, realmente as definições de tempo e espaço
ficam um tanto diferenciadas das definições de sociedades anteriores, onde o tempo era
simplesmente um tempo cronológico, e o espaço era o espaço restrito ao acontecimento.
Esse cenário todo nos remete a cada vez mais termos um mundo social e material a partir
das reflexões dos indivíduos, reflexões estas que se mostram na formação de suas identidades
pessoais e coletivas. Conforme Giddens (1996), as atividades humanas deixam a própria raça
humana a mercê de riscos com consequências desastrosas, fazendo com que, a partir desse
entendimento, o sujeito ao refletir, se vê em face de dúvidas, as quais o autor chama de incerteza
artificial (IA), incerteza até mesmo da continuidade da espécie em dias futuros.
A negação, ou a vivência com essa incerteza artificial, originada na reflexidade social do
indivíduo só pode ser conseguida com uma confiança ativa no outro e nas instituições formadas,
porque de todos depende a convivência com essa incerteza, seja ela originada a partir do
desenvolvimento de armas de destruição em massa, da pobreza e da miséria, da repressão dos
direitos democráticos de cada um ou ainda pelo desenvolvimento social com consequências nos
ecossistemas, ou no ambiente em geral.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. São Paulo: Editora Paz e Terra S.A., 2001. pgs 141 –
168.
GIDDENS, Anthony. Para além da esquerda e da direita. O futuro da política radical. Tradução de
Alvaro Hattnher. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1996. pgs 93 – 120.
GUATTARI, Félix. As três ecologias. Tradução Maria Cristina F. Bittencourt. Campinas, SP:
Papirus, 1990.
MELUCCI, Alberto. Um objetivo para os movimentos sociais. São Paulo: Lua Nova, nº 17 – 1989.
pgs. 49 - 66.
MELUCCI, Alberto. A experiência individual na sociedade planetária. São Paulo: Lua Nova, nº
38-1996. pgs 199-221.
Solange XAVIER-SANTOS
Docente UEG
solxav@yahoo.com.br
RESUMO
Segundo a Lei n° 9.795 que instituiu a Política Nacional da Educação Ambiental (EA), a EA é um
componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente em todos os
níveis e modalidades do processo educativo formal e não formal. Dessa forma, ressalta-se a
importância de uma sólida formação ambiental do pedagogo, já que este, em geral, é o professor
responsável pela educação nos anos iniciais do ensino fundamental. Este trabalho teve por objetivo
investigar as concepções da EA e sua importância na formação do pedagogo entre os concluintes
dos cursos de Pedagogia de uma instituição de ensino superior do estado de Goiás. Os sujeitos da
pesquisa foram estudantes do último período de 15 cursos de Pedagogia, que responderam de forma
virtual a um questionário semiestruturado, composto de 12 questões acerca das suas concepções
sobre a Educação Ambiental e como ela é abordada no seu curso. Os resultados mostraram que a
EA é tratada nos anos finais dos cursos, em geral como disciplinas obrigatórias e não articulada
com as demais. Apesar de considerarem a EA importante para a formação do pedagogo, há
fragilidades na concepção de conceitos fundamentais para as questões ambientais, não havendo,
ainda, um olhar crítico e aprofundado entre os estudantes, a maior parte tem compreensões do senso
comum. Com isso, ressalta-se a necessidade de se repensar com responsabilidade e um olhar atento
a EA nos respectivos cursos.
Palavras-chave: Sustentabilidade; Meio Ambiente; Preservação da Natureza.
ABSTRACT
According to Law No. 9,795, which established the National Environmental Education (EA) Policy,
EA is an essential and permanent component of national education, and must be present at all levels
and modalities of the formal and non-formal educational process. Thus, the importance of a solid
environmental education of the pedagogue is emphasized, since this one, in general, is the professor
responsible for the education in the initial years of the elementary school. The objective of this
study was to investigate the conceptions of EE and its importance in the education of the pedagogue
among the graduates of the Pedagogy courses of a higher education institution in the state of Goiás.
The subjects of the research were students of the last period of 15 Pedagogy courses, who answered
in a virtual way to a semi-structured questionnaire, composed of 12 questions about their
conceptions about Environmental Education and how it is approached in its course. The results
showed that EE is treated in the final years of the courses, generally as compulsory subjects and not
articulated with the others. Although they consider EA important for the education of the
pedagogue, there are weaknesses in the conception of fundamental concepts for environmental
issues, and there is not yet a critical and deep look.
Palavras-chave: Sustainability; Environment; Nature preservation.
INTRODUÇÃO
Segundo a Lei n° 9.795 que instituiu a Política Nacional da Educação Ambiental– PNEA
(BRASIL, 1999), a Educação Ambiental (EA daqui em diante) é um componente essencial e
permanente da educação nacional, devendo estar presente em todos os níveis e modalidades do
processo educativo formal e não formal”. A EA também está presente nos Parâmetros Curriculares
Nacionais – PCN (BRASIL, 1998), onde o meio ambiente surge como um dos temas transversais.
Esse documento orienta que a EA carece destacar os aspectos, econômicos, sociais, ecológicos e
políticos. A Base Nacional Comum Curricular traz que a “área das Ciências Natureza deve se
comprometer, assim como as demais, com a formação dos jovens para o enfrentamento dos desafios
da contemporaneidade, na direção da educação integral e da formação cidadã” (BRASIL, 2017, P.
537).
Assim sendo, como tema transversal e interdisciplinar, a EA necessita ser contemplada em
conteúdos de todas as disciplinas, como é almejada pelos educadores ambientais, permitindo, desse
modo, uma visão mais integradora e aprimorada na apreensão das questões socioambientais. Neste
sentido, entende-se que a sociedade necessita de professores com uma visão ampliada, e que acima
de tudo, tenham compromisso ético e habilidades frente às questões ambientais, buscando
incentivar e proporcionar práticas e iniciativas sustentáveis, de verdadeiro respeito ao meio
ambiente e à qualidade de vida. Com isso, pode-se entender que a formação de professores em EA
tem um papel basilar para buscar superar os desafios do contexto ambiental.
No entanto, pesquisas têm assinalado que as ações acerca do tema ambiental na formação
inicial de professores acontecem de modo principiante, isolado e fragmentado (BOER; SCRIOT,
2011; ROSALEM; BAROLLI, 2010; THOMAZ; CAMARGO, 2007; VERDI; PEREIRA, 2006).
Sendo assim, mesmo com os progressos alcançados, é essencial que sejam materializadas, nas
políticas públicas atuais determinadas prioridades estratégicas, entre as quais o processo de
formação de educadores ambientais, estimulando os debates e sugerindo a “reorganização das
licenciaturas, incluindo a Pedagogia, como forma de assegurar a presença ou mesmo a
obrigatoriedade da EA nos cursos de formação inicial dos professores” (LOUREIRO; COSSÍO,
2007, p. 62). Dessa forma, ressalta-se a importância de uma sólida formação ambiental do
pedagogo, já que este em geral é o professor responsável pela educação nos anos iniciais do ensino
fundamental.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS
A maioria (60%) dos concluintes dos cursos de Pedagogia amostrados possui entre 19 e 24
anos (Figura 1). Cerca de 36,8% já atuam na docência, todos eles no Ensino Fundamental, sendo
que desse, 89,5% no primeiro ano e 10,5% no segundo ano (Figura 2).
Figura 01 - Idade dos concluintes dos cursos de Pedagogia, de uma instituição de ensino
superior do estado de Goiás. Dados coletados em 2017.
0%
11%
Menos de 18 anos
12% 19 a 24 anos
25 a 30 anos
31 a 36 anos
17% 60% 37 a 42 anos
Mais de 43 anos
0%
6% 7%
6%
Oitavo
6%
Sétimo
Sexto
40% Quinto
Quarto
35% Terceiro
Figura 03- Respostas dos concluintes dos cursos de Pedagogia de uma instituição de ensino
superior do estado de Goiás quanto à modalidade que a Educação Ambiental é abordada
nos seus respectivos cursos. Dados coletados em 2017.
Disciplina
21% Obrigatória
Projeto de
37% Extensão
Interdisciplinarida
de
16%
Transdisciplinarida
de
10% Outras maneiras
16%
não especificadas
Cerca de (79%) dos estudantes afirmaram que a EA foi abordada em sua graduação. Para
40%, ela foi abordada no sétimo período do curso e para 35% no sexto. Um total de 37% dos
entrevistados afirmou que a EA é abordada nos seus cursos como disciplina obrigatória e 16%
afirmaram que ela é trabalhada de maneira interdisciplinar. Os pesquisados foram unânimes em
reconhecer que a EA é importante na formação do pedagogo. As justificativas apresentadas por eles
são transcritas, na íntegra, a seguir:
“Porque é preciso ter consciência para poder repassá-la aos nossos alunos”.
“Porque o mundo depende de todos nós e o professor é um exemplo a seguir”.
“Por que é de grande importância para a formação”.
“Para o crescimento intelectual do educando”.
“Para que o professor possa ter o conhecimento necessário a ser passado para seus alunos”.
“Porque o Por fissional da área da educação deve dar inicio em conscientizar a criança
sobre a importância de preservar o meio ambiente”.
“Precisamos conhecê-la para que, quando formos dar aulas saibamos trabalha-la da maneira
correta com nossos alunos”.
“Porque o Por fissional da área da educação deve dar inicio em conscientizar a criança
sobre a importância de preservar o meio ambiente”.
Quando indagados sobre de que maneira gostaria que fosse abordada a EA nos seus
respectivos cursos, foram obtidas as seguintes respostas:
A maioria dos concluintes pesquisados (68%) conceitua meio ambiente como “o meio que
envolve os seres vivos e não vivos e tudo que nos cerca” e 32%, têm conceitos variados (Tabela 1).
Tabela 1 – Conceito de meio ambiente na visão dos concluintes dos cursos de Pedagogia de uma instituição
de ensino superior do Estado de Goiás. Dados coletados em 2017.
Total de estudantes Ideia central Conceito de meio ambiente
(%)
“O meio ambiente envolve todos os seres vivos
e não vivos e todos os espaços”.
“É tudo aquilo em nosso meio”.
Seres vivos e não vivos e tudo que “O meio em que vivemos”.
68 os cerca “Meio Ambiente é tudo que nos cerca, todo
nosso meio, os seres que nos rodeiam”.
“É um conjuntos de seres vivos e não vivos em
um determinado local.”
“Como algo necessário para nosso
desenvolvimento e que infelizmente está se
deteriorando pelo maus uso dos mesmos”.
“Vida”.
Conceitos diversos “Primordial para a habitação dos seres vivos”.
32 “Como parte integrante e indissociável do
sujeito”.
“É um sistema natural, que engloba vegetação,
fauna, atmosfera etc.”
Fonte: Acervo da Pesquisa
Quando questionados sobre o que entendem por EA, as respostas giraram em torno de
“cuidar e preservar o meio ambiente e a natureza (47%) e entendimentos variados (53%) (Tabela 3).
Tabela 2 – A Educação Ambiental na visão dos concluintes nos cursos de Pedagogia de uma instituição de
ensino superior do estado de Goiás. Dados coletados em 2017.
Total de Ideia central Educação Ambiental na visão dos concluintes
estudantes
(%)
“Educação Ambiental visa sensibilizar as pessoas acerca
do cuidado com o meio ambiente”.
“Entendo como aprender a cuidar e a valorizar”.
“É a preservação do meio”.
“Educação ambiental e uma forma de conscientizar a
todos sobre os cuidados com o meio ambiente”.
“Um forma de conscientização e preservação”.
“É respeitar o meio em que vivemos, cuidar da natureza
em geral, em benefício do ser humano. Sem os
cuidados com o Meio Ambiental não haverá condições
de vida para as futuras gerações”.
47,3 Cuidar e preservar “Ensinar a cuidar e preservar do ambiente e a
natureza”.
“São os meios e formas de preservar a natureza e suas
riquezas”.
“Uma disciplina que torna cidadãos conscientes sobre a
importância de cuidar do lugar onde vive e onde quer
que vá”.
“A educação que busca compreender o meio em que
vivemos”.
“Educação Ambiental é o conscientizar da importância
do meio ambiente para a sociedade, a necessidade, o
que tiramos”.
“Modo como construímos os valores para que tenha
respeito pela natureza e conhecimento sobre a mesma”.
“Aquela que estuda temas relacionados ao Meio
Ambiente e a sustentabilidade”.
“É um campo de estudos preocupado em formar seres
críticos e pensantes em torno dos problemas ambientais,
proporcionar a eles uma visão sistematizada das
questões ambientais e seus efeitos”.
52,7 Outras visões “Como um processo formador de pessoas preocupadas
com o meio ambiente”.
“trata-se de trabalhar com questões acerca do
ambiente.”.
“São ações voltadas para a conservação do meio
ambiente despertando valores e competências nos
alunos e respectivamente na sociedade”.
Fonte: Acervo da Pesquisa
Por fim, quando solicitados a escolher entre as duas imagens (abaixo) a que fosse mais
correta no seu ponto de vista com relação à posição do ser humano na Natureza, justificando a
opção escolhida, 72% escolheram a figura B, e 28% a Figura A. Em síntese, a maioria disse que o
homem faz parte da natureza e que deve agir como tal, cuidando, respeitando, preservando, vivendo
em harmonia com o meio ambiente, porque ele é vital para a sobrevivência do homem e não
dominando a natureza como se dono dela fosse já uma parcela menor, com expressões similares
disse que o homem é o centro de tudo, o que deixa explícito que o homem é dominador da natureza.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados obtidos mostram que a formação dos futuros professores em EA ocorre nos
períodos finais do curso, na maior parte das vezes na forma de disciplina obrigatória, em geral,
desconectada de outros componentes curriculares. No entanto, deveria estar presente de maneira
articulada em todos os períodos, tornando-se uma prática na vida dos acadêmicos. Segundo Dias
(2004), para o desenvolvimento da EA, recomenda-se que se considerem todas as vertentes que
compõem a questão ambiental, ou seja, ela deve ser articulada a todas as áreas dos conhecimentos,
especialmente, os éticos; que a EA precisaria ser fruto de uma reorientação e articulação das
diferentes disciplinas e experiências educativas, que possibilitasse e facilitasse a visão associada e
integrada do ambiente; que os sujeitos e a sociedade pudessem compreender a natureza complexa
do ambiente e adquirir os conhecimentos, os valores, as mudanças de atitudes e as habilidades
práticas para participar com eficiência da prevenção e solução dos problemas ambientais.
Apesar de considerarem a EA importante para a formação do pedagogo, ao conceituarem
meio ambiente, educação ambiental ou justificar porque consideram a EA importante na sua
formação, pode-se observar que não há entre eles um olhar crítico e aprofundado acerca desse tema,
isso pode ser decorrente de que EA a qual tiveram acesso não ter sido por uma vertente mais crítica
e articulada com as demais áreas do conhecimento. A maior parte dos estudantes tem compreensões
do senso comum, o que deixa evidente fragilidades na formação em EA. Isso é ainda mais sério, ao
considerarmos que esses estudantes já estão em fase de conclusão do curso e muitos já atuam na
docência no ensino fundamental. Desse modo, fica evidente a necessidade de se repensar com muita
responsabilidade e um olhar atento a EA nos respectivos cursos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Nº 9795 - 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política
Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 1999.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>. Acesso em: 07 mar.
2018.
PEREIRA, K. A. B.. Educação ambiental em uma escola agrícola de Campo Grande – MS: que
saberes e que resultados. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação). [Abstract]. Universidade
Católica Dom Bosco, Campo Grande, MS, 2007.
RESUMO
Em toda a sua história, o homem expressou de diversas formas o seu desejo de entender o mistério
que envolve a sua própria existência e a origem e destino das coisas. Os primeiros filósofos,
chamados pré-socráticos, começaram a inferir que nos elementos naturais estaria o arché, princípio
de todas as coisas. Um destes filósofos, Heráclito de Éfeso, desenvolveu seu pensamento propondo
o fogo como elemento fundamental de todas as coisas. Do mesmo modo as religiões sempre
mantiveram certa reverência ao fogo e se utilizaram deste de forma concreta ou simbólica para
expressar experiências hierofânicas ou humano-divinas. O fogo é ainda objeto de estudo para a
Ecologia do Fogo que tem como objetivo investigar o seu papel e influência na natureza. Diante
disso, buscamos neste artigo por meio de pesquisa bibliográfica explorar a temática do fogo na
filosofia de Heráclito de Éfeso, nos textos bíblicos, nos escritos de Santa Teresa de Jesus, São João
da Cruz e Santa Elisabete da Trindade, místicos carmelitas, e na literatura acerca da Ecologia do
Fogo. Constatamos a importância que o fogo sempre exerceu na humanidade despertando fascínio,
veneração, curiosidade, e também de temor. Tanto para os que se aventuraram à compreensão do
mundo pelo viés da razão como Heráclito de Éfeso, quanto para aqueles que se dedicaram à
contemplação e à vida mística, como os santos carmelitas supracitados. Ressaltamos também a
importância da Ecologia do Fogo como disciplina preocupada em conhecer os mecanismos e efeitos
que ele exerce nos ecossistemas e a contribuição desta para desmistificar a imagem puramente
nociva do fogo e ampliar a compreensão de sua integração aos processos naturais, e seu papel de
agente ecológico nos ciclos naturais e na sucessão ecológica de diversos ambientes.
Palavras-chave: Fogo, Ecologia, Bíblia, Mística.
RESUMÉN
En toda su historia, el hombre expresó de diversas formas su deseo de entender el misterio que
envuelve su propria existencia y el origen y destino de las cosas. Los primeros filósofos, llamados
presocráticos, comenzaron a inferir que en los elementos naturales estaría el arché, principio de
todas las cosas. Uno de estos filósofos, Heráclito de Éfeso, desarolló su pensamiento proponiendo el
fuego como elemento fundamental de todas las cosas. De igual modo, las religiones siempre
mantuvieron cierta reverencia al fuego y se utilizaron de éste de forma concreta o simbólica para
expresar sus experiencias hierofánicas o humano-divinas. El fuego es, todavía, objecto de estudio
para la Ecología del Fuego que tiene como objectivo investigar su papel y influencia en la natureza.
Delante eso, buscamos en este artículo por medio de búsquedas bibliográficas explorar la temática
del fuego en la filosofía de Heráclito de Éfeso, en los textos bíblicos, en los escritos de Santa Teresa
de Jesús, San Juan de la Cruz y Santa Elisabete de la Trindad, místicos carmelitas, y en la literatura
acerca de la Ecología del Fuego. Constatamos la importancia que el fuego siempre ejerció en la
humanidad, despertando fascinación, veneración, curiosidade, y también temor. Tanto para los que
se aventuraron a la compreensión del mundo por lo sesgo de la razón como Heráclito, cuanto para
aquellos que se dedicaron a la contemplación y a la vida mística, como los santos carmelitas antes
mencionados. Ressaltamos también la importancia de la Ecología del Fuego como disciplina
preocupada en conocer los mecanismos y efectos que él ejerce en los ecosistemas y la contribución
de esta para desmistificar la imagen puramente nociva del fogo y ampliar la comprensión de sua
integración a los processos naturales, y su papel de agente ecológico en los ciclos naturales y en la
sucessão ecológica de diversos ambientes.
Palabras-claves: Fuego, Ecología, Biblia, Mística.
INTRODUÇÃO
Em toda a sua história, o homem expressou de diversas formas o seu desejo de entender o
mistério que envolve a sua própria existência. Nessa busca por compreender e explicar a si mesmo,
o universo que o rodeia e a origem e destino das coisas, aos poucos, ele foi intuindo e formulando
meios de dar respostas às suas dúvidas. Neste sentido, o fogo representou e representa ainda em
diversos contextos uma forte realidade ou linguagem simbólica da qual o homem se apropria para
conferir sentido à lacuna da origem do universo e sua própria existência.
Foi pela busca racional da origem das coisas que os primeiros filósofos, chamados pré-
socráticos, no período chamado Cosmológico da Filosofia Antiga, começaram a inferir que nos
elementos naturais estaria a origem ou princípio de todas as coisas, que chamaram de arché. Para
Gondim & Rodrigues (2012), a pergunta pelo princípio de todas as coisas, pela arché, denominada
physis, é o elemento-chave que caracteriza os filósofos pré-socráticos. Segundo Battestin (2008),
“todos eles concordavam que as transformações e movimentos que constituem a natureza (Physis) e
a própria existência, poderiam ser deduzidas das propriedades de uma única substância que forma
todo o cosmos.”
Heráclito propôs que o fogo era o elemento primordial que por mutação gerava todas as
outras coisas: “O fogo é a arché - e esse é o modo real do processo heraclitiano, a alma e a
substância do processo da natureza” (Gondim & Rodrigues, 2012).
Do mesmo modo as religiões sempre mantiveram certa reverência ao fogo, ora como
divindade, ora como símbolo ou manifestação do divino. Na sua obra O Sagrado e o Profano,
Mircea Eliade aponta para o fogo como um símbolo universal utilizado pelas religiões. Desta
forma, na tradição bíblica e na experiência mística cristã, inúmeras vezes se faz referência ao fogo
tanto nas descrições das manifestações hierofânicas quanto das experiências humano-divinas.
O fogo tem também a sua importância ecológica, pois atua como agente regulador de
ecossistemas, exercendo influência sobre a suas composições – a fauna, a flora, as relações
ecológicas – bem como ciclos naturais tem sido relatada em inúmeros estudos da Ecologia do Fogo
que, segundo Liesenfeld et al. (2016), tem como objetivo estudar o seu papel na natureza, tema de
investigação que está alicerçado na ecologia e na evolução das espécies.
Diante do exposto, exploraremos a questão do fogo na perspectiva da filosofia de Heráclito
de Éfeso, das Sagradas Escrituras, da mística dos carmelitas São João da Cruz, Santa Teresa de
Jesus, Santa Elisabete da Trindade e da Ecologia do Fogo, buscando dar uma contribuição
interdisciplinar para a importância do fogo na dimensão intelectual, espiritual e ecológica.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Heráclito foi um dos importantes homens da Grécia antiga. Foi um filósofo pré-socrático,
sendo considerado filósofo da natureza, por sua proposição da arché (princípio) da origem da physis
(natureza) e das coisas. Dados biográficos são escassos, contudo, Bornheim (1998) sugere:
Nas suas tentativas de explicar a origem das coisas, Heráclito propõe o fogo como o
princípio, o elemento que gera todas as coisas. Sabemos que na concepção de Heráclito as coisas
estão em contínuo movimento. O próprio fogo, que ele considera o elemento originário de todas as
coisas, também está em movimento sem, contudo, alterar-se. Encontramos tal ideia no fragmento
90: “O fogo se transforma em todas as coisas e todas as coisas se transformam em fogo...”.
Segundo Almeida (2014), Heráclito, como os demais filósofos pré-socráticos, tentou
“identificar um único princípio explicativo subjacente a todo o cosmos”, mas diferentemente dos
outros, “propôs o fogo como o elemento do qual tudo se originou e ao qual tudo retornará, num
processo infinito de desenvolvimento e de eterno retorno”. Nesta perspectiva, Santos (1990, p.7) ao
comentar o fragmento 30 dos escritos de Heráclito afirma: “Apesar das sucessivas metamorfoses
desencadeadas nos ciclos da matéria pelo incessante devir, o fogo é o elemento que subsiste e
permanece idêntico”.
No fragmento 66, temos mais uma consideração acerca do fogo e da constituição das coisas:
“(Fogo:) carência e abundância”. Aqui compreendemos que como todas as coisas tem o fogo como
princípio, ora o elemento se encontra abundante em suas composições, ora escasso. Santos (1990,
ibid.) comenta: “Animado pela carência, cresce e se mantém enquanto houver o que devorar”.
Para Quirós (2010) o arché do filósofo de Éfeso é o fogo, que simboliza o movimento e não
deve se entender como uma simples chama, mas com o um fogo cósmico sempre vivo (com alma
ou psyqué), que é a medida de todas as coisas e que governa todas as coisas, e apesar de todas as
transformações, permanece constante. O mesmo autor afirma que na concepção de Heráclito, o fogo
é eterno, inteligente, divino, imanente e externo sendo, portanto, identificado com o Lógos.
Segundo Bornheim (1998), Logos significa um princípio inteligente que é reconhecido por
meio de suas manifestações. Nos fragmentos Heraclíticos o fogo aparece também com outros
nomes (luz, relâmpago etc.). De fato, Heráclito pensava no fogo como Lógos, ou seja, que ele regia
todas as coisas. E isso podemos observar nos fragmentos 72, no qual ele afirma que o Lógos
governa todas as coisas, e no 64, no qual afirma que o Relâmpago governa o universo.
Neste sentido, Olmos (2015) consegue avançar quando discorre sobre o fogo na concepção
Heraclítica:
O fogo aprece em Heráclito como uma primazia ontológica que a une às doutrinas de seus
predecessores milésicos – como arché, ou seja, água, ar, apeiron – bem como também com
uma dimensão simbólica através do fogo – como mudança e permanência – em relação
direta com o conceito de medida (métra), que o converte em um fogo inteligente que
permite identificá-lo com o Lógos.
O mesmo autor infere ainda que para Heráclito o fogo é tido como Physis Zeion, ou seja,
como natureza divina, e que: “o fogo de Heráclito, e todos aqueles elementos que possuem
características ígneas nos fragmentos – chame-se Sol, Raio, etc. – são diferentes aspectos de uma
divindade que ilumina, dirige e muda, mas com medidas claramente estabelecidas que são sempre
cumpridas”.
No fragmento 90 temos a afirmativa “O fogo se transforma em todas as coisas e todas as
coisas se transformam em fogo”. O fogo, enquanto Lógos, princípio que governa todas as coisas,
atua também sobre a natureza. Partindo desse pensamento, destacaremos mais na frente a função
ecológica do fogo no “controle” de ecossistemas.
Na literatura bíblica o fogo aparece por diversas vezes, geralmente, carregado de uma forte e
marcante simbologia que poderíamos até mesmo falar de uma “teologia bíblica do fogo”.
Utilizando-se dele, os autores sagrados oferecem uma forte compreensão de Deus por meio de seus
próprios elementos, como o calor e a luz. Explorando os textos bíblicos nos deparamos com relatos
da presença do fogo do Gênesis ao Apocalipse, evidentemente não nos traremos todos em nossa
discussão, contudo, bastam alguns para expressar um pouco não só da presença, mas, sobretudo, da
importância do fogo nos relatos sagrados.
Destacamos, em primeiro lugar, um texto do Antigo Testamento, o episódio descrito no
livro do Êxodo no qual Moisés se depara com a sarça que queima em fogo mais não se consome.
No diálogo com Deus que se manifesta na sarça Moisés, ao interroga-lo acerca do seu nome recebe
como resposta: ‘‘Eu sou aquele que É’’. Isto significa, Eu sou o principio de tudo e o fim, de onde
tudo vem e para onde tudo converge. Nota-se nesta passagem bíblica uma forte ligação com a ideia
de fogo que o pré-socrático Heráclito de Éfeso tinha, pois para ele o fogo era a origem de tudo e do
qual tudo provinha. Segue o texto bíblico:
Ainda no livro do Êxodo, temos o relato do povo de Israel que na travessia pelo deserto era
acompanhado por Deus que se manifestava nas formas de coluna de nuvem e coluna de fogo. Aqui
temos mais uma vez a simbologia do fogo e da luz como presença no Antigo Testamento: “E
Iahweh ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, para lhes mostrar o caminho, e de noite
numa coluna de fogo para os alumiar, afim de que pudessem caminhar de dia e de noite.” (Êxodo
13, 21).
Outro importante relato bíblico muito significativo sobre o fogo é o que descreve o fogo que
vem sobre o altar após Elias invocar Iahweh, no cume do Monte Carmelo. Neste trecho, o fogo é
sinal da manifestação divina, é enviado por Deus, após a oração de Elias, para consumir a oferenda
a Ele oferecida:
Por ter tido Elias um ardente zelo com tudo o que se referia a Deus e em defender sua honra
e por ter sido imbuído do Espírito de Deus, ele se tornou muito conhecido em Israel e entrou
definitivamente para a história deste povo, o que o levou a ser chamado “O profeta de fogo”. Tal
expressão revela o quanto o Elias foi se divinizando, ou seja, sendo transformado por Deus ao ponto
de se tornar um sinal, ele mesmo, um sinal visível de Deus pelos seus gestos e palavras. Na seção
do livro do Eclesiástico que faz elogio aos grandes homens de Israel, o autor ao falar de Elias faz
várias referências ao fogo: “Então o profeta Elias surgiu como fogo, / sua palavra queimava como
tocha. [...] À palavra do Senhor ele fechou o céu, / por três vezes fez descer fogo. [...] que foste
arrebatado num turbilhão de fogo, num carro puxado por cavalos de fogo” (Eclesiástico 48, 1.3.9).
Gostaríamos de destacar alguns breves trechos do Antigo Testamento, dentre inúmeros
outros que poderíamos trazer para a nossa reflexão. No livro do Profeta Isaías, consta a afirmação:
“Iahweh virá no fogo” (Isaías 66, 15). No livro do Profeta Jeremias encontramos menção similar:
“não é minha palavra como o fogo?” (Jeremias 23, 29).
No Novo Testamento queremos destacar a priori a menção ao fogo num dos discursos de
Jesus: “Eu vim trazer fogo à terra, e como desejaria que já estivesse aceso!” (Lucas 12,49). Na
Carta aos Hebreus também aparece a referência de Deus como fogo, retomando a inspiração do
Antigo Testamento: “Pois o nosso Deus é um fogo abrasador!” (Hebreus 12,29). Também no livro
dos Atos dos Apóstolos, no relato do acontecimento de Pentecostes, em que os discípulos reunidos
em oração juntos à Maria, a Mãe de Jesus, recebem o Espírito Santo. No trecho, o fogo aparece
como manifestação da divindade, na Pessoa do Espírito Santo: “Apareceram-lhe, então, línguas
como de fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do
Espírito Santo [...]” (Atos dos Apóstolos 2,3-4). Referindo-se a este Espírito que os fiéis deveriam
receber, João Batista afirma que o seu batismo é um batismo de conversão, mas Jesus conferirá um
batismo que concederá o Espírito Santo: “Eu batizo com água para o arrependimento, mas aquele
que vem depois de mim é mais forte do que eu. De fato, eu não sou digno nem ao menos de tirar-lhe
as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.” (Mateus 3,11).
O Sol também aparece como símbolo do divino em algumas passagens do Novo
Testamento. Dentre elas, destacamos as palavras do sacerdote Zacarias, que louvando as maravilhas
de Deus em sua vida, profetiza sobre a vinda do Messias, atribuindo-lhe o símbolo do Astro que
traz a luz (Algumas edições traduzem como Sol). Segue o trecho: “Graças ao misericordioso
coração do nosso Deus, pelo qual nos visita o Astro das alturas, para iluminar os que jazem nas
trevas e na sombra da morte...” (Lucas 1,78-79).
O símbolo da luz também aparece diversas vezes no Novo Testamento, abordamos aqui
algumas delas. No Prólogo do Evangelho de São João Jesus é apresentado como a Luz: “Ele era a
luz verdadeira que ilumina todo homem” (João 1,9). O próprio Jesus confirma isso ao falar de si
mesmo afirma: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da
vida!” (João 8,12). Outra passagem bíblica de grande relevância neste sentido se encontra no livro
do Apocalipse de São João, no qual se descreve Deus como a luz verdadeira que tudo ilumina e que
na manifestação da sua glória aos homens já não será necessário nem mesmo o sol, pois os homens
participação da sua luz, ou seja, da sua divindade: “Já não haverá noite: ninguém mais precisará da
luz da lâmpada, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles e eles reinarão pelos
séculos dos séculos” (Apocalipse 22,5).
O Evangelista São João afirma que Jesus é o Verbo de Deus, ou seja, o Logos: “No princípio
era o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito
por meio dele e sem ele nada foi feito.” (João 1,1-3). São Paulo corrobora com isso quando afirma:
“Porque tudo é dele, por ele e para ele.” (Romanos 11,36); “Porque nele foram criadas todas as
coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis [...] tudo foi criado por ele e para ele”
(Colossenses 1, 16).
Esta “teologia bíblica do fogo” exerceu influência na Liturgia católica e ortodoxa, de modo
que o fogo passou a ter um papel de grande importância. No sábado Santo, por exemplo, a
celebração começa primeiramente com a benção do fogo, e depois de abençoá-lo, todos são
chamados a acender suas velas no fogo novo, que simboliza a Luz do Cristo Ressuscitado que
dissipa toda escuridão, símbolo da vida que vence a morte. Desde modo, o fogo toma uma
proporção profundamente mística e escatológica. Mística porque esta repleta de significado
espirituais, e escatológica porque aponta para aquilo que mencionamos acima ao citar o texto do
Apocalipse, a luz perene de Deus que envolverá definitivamente os homens na Parusia.
É como quando nos aproximamos do fogo; mesmo que ele esteja muito aceso, se ficarmos
distantes dele e escondermos as mãos, não poderemos nos esquecer. E, no entanto, ainda
assim há mais calor aí do que num lugar sem fogo. Se nos aproximarmos, contudo, do
Senhor, estando a alma disposta, isto é, com desejo de livrar-se do frio, mesmo que
Noutro trecho do mesmo livro, Teresa discorre longamente acerca do fogo, quando trata do
amor de Deus na alma. Surpreende as palavras de Teresa, embora não tendo estudado filosofia,
demonstra uma intuição acerca do fogo muito parecida com a de Heráclito de Éfeso:
Oh, valha-me Deus, que maravilha há nesse atiçar mais o fogo com a água, quando é fogo
forte, poderoso, não sujeito aos elementos, pois aquela, embora seja seu contrário, em vez
de atalhá-lo, o faz crescer! Muito me valeria aqui poder falar com quem conhece filosofia,
porque, conhecendo as propriedades das coisas, poderia explica-las a mim, que vou me
deleitando nisso sem saber o que dizer e até sem o compreender. [...] E se for água que
chove do céu, ela o abafará ainda menos, pois não são contrários, tendo uma mesma
origem. Não tenhais medo de que um elemento faça mal ao outro, pois, em vez disso, eles
se ajudam mutuamente; porque a água das lágrimas verdadeiras ajuda a atiçar ainda mais o
fogo, e faz que dure, enquanto este a ajuda a refrescar. [...] Oh, valha-me Deus, que coisa
tão bonita e tão maravilhosa é o fogo refrescar. [...] Assim, é bem certo que esse fogo não
deixa calor em nenhuma das coisas do mundo, impedindo a alma de nelas se deter, a não
ser que possa incorporar esse ardor ao seu próprio ser, pois é da natureza do fogo de que
falo não se contentar com pouco; se pudesse, ele abrasaria todo o mundo. (Ibid., p.554-555)
São João da Cruz (João de Yepes) nasceu na cidade de Fontiveros, Espanha, em 1542. Foi
um sacerdote religioso da Ordem do Carmo que alcançou grande destaque por colaborar com Santa
Teresa de Jesus na Reforma da Ordem e também pelos escritos que deixou de grande valor literário
e espiritual.
Destacamos de uma de suas mais famosas poesias, intitulada Chama viva de amor, na qual
ele atribui a Deus (o Amado) a característica de Fogo, bem como as propriedades deste (chama, luz,
calor, cautério etc.):
Oh! Chama de Amor Viva / Que ternamente feres / De minha alma no mais profundo
centro! / Pois não és mais esquiva, / Acaba já, se queres, / Ah! Rompe a tela deste doce
encontro / Oh! Cautério suave! [...]Oh! Lâmpadas de Fogo / Em cujos resplendores / As
profundas cavernas do sentido / - Que estava cego e escuro – / Com estranhos primores /
Calor e Luz dão junto a seu Querido! (Obras Completas, p.37)
Noutra de suas poesias ele faz referência similar, com profundidade e leveza. Aparece
relacionada ao fogo a figura da mariposa, representando a alma que se queima em Deus, que se
“acaba” tornando-se uma só coisa com Ele: “Metia-me em seu fogo, / sabendo que me abrasava,
desculpando a mariposa / que no fogo se acabava” (Ibid., p.54).
Santa Elisabete da Trindade (Elisabete Catez), nasceu 1880 em Avor, França, contudo
viveu toda a sua vida em Dijon. Recebeu uma excelente educação, sendo instruída desde cedo na
música, o que a tornou uma exímia pianista e fez com que recebesse, ainda criança, alguns prêmios.
Ingressou no mosteiro carmelita de Dijon aos 21 anos. Depois de 5 anos de vida monástica, morre
após muito sofrer de uma severa enfermidade. Deixou importantes escritos de profundíssima
doutrina mística e espiritual, sobretudo, a respeito da Santíssima Trindade.
ECOLOGIA DO FOGO
Historicamente o fogo sempre exerceu grande atração sobre os seres humanos, estando a
evolução da nossa espécie diretamente ligada a ele. No entanto, deve ser lembrado que da
mesma forma que o fogo exerce atração sobre as pessoas, desperta medo pelo efeito
devastador que pode ter, podendo destruir plantações, florestas, casas, matando pessoas e
animais. Isto tudo, criou no homem uma grande preocupação para evitar e controlar o fogo,
causando muitas vezes um desequilíbrio na natureza. Essa proteção excessiva contra o fogo
pode ser prejudicial, pois sem o controle de fogo existe acúmulo de combustível natural e
outros componentes também naturais que influenciam negativamente o ecossistema. (Silva,
2004)
Neste aspecto, Mistry & Bizerril (2011) comentam o fato de que o fogo está relacionado a
aspectos do bem-estar humano, identidade cultural, sustentabilidade ecológica, diversidade de
espécies e até da regulação climática.
A respeito da Ecologia do Fogo, propõe Pedraz (2015):
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos que o fogo exerce na desde o princípio da história humana fascínio, atitude de
veneração, curiosidade, mas também de temor. Tanto para os que se aventuraram à compreensão do
mundo pelo viés da razão como Heráclito de Éfeso, quanto para aqueles que se dedicaram à
contemplação e à vida mística, como Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz e Santa Elisabete da
Trindade, o fogo representa uma importante realidade concreta e simbólica na descrição de suas
percepções. Não que haja uma aversão das formas de saber, vale salientar que o próprio Heráclito
era permeado por concepções religiosas que muito influenciaram o seu pensar e a própria Santa
Teresa desejou compreender aprofundar as questões espirituais por meio racional. Embora não
explorado neste trabalho, trazemos presente também Pierre Teilhard de Chardin, sacerdote jesuíta
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1990.
TRINDADE, Elisabete da. Obras Completas. 2ª ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 1993.
RESUMO
O desenvolvimento de um pensamento reflexivo pelos professores em formação a respeito das
questões socioambientais se dá, além da vivência em sociedade, a partir das atividades elaboradas
na universidade, especialmente nos cursos de licenciatura. Considerando a importância de tal
desenvolvimento, o presente trabalho relata uma atividade realizada com licenciandos em química
de uma universidade particular da cidade de São Paulo, no âmbito do “Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência” (PIBID). O objetivo foi investigar e discutir o entendimento dos
participantes sobre uma importante questão socioambiental: os resíduos sólidos. Para tanto, os
licenciandos foram convidados a responderem um instrumento que questionava os conceitos de
resíduos sólidos, reciclagem e também o papel dos catadores de materiais recicláveis, considerando
que essas temáticas são discutidas na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010).
Além disso, participaram de atividade pedagógica, assistindo a um documentário cujo foco é a
trajetória de catadores, com a intenção de provocar uma sensibilização socioambiental a respeito da
temática do trabalho. Em termos gerais, a atividade favoreceu e ampliou a reflexão dos
licenciandos, pois apresentou uma proposta de atividade com um viés diferente das práticas
tradicionais de educação ambiental desenvolvida nos âmbitos escolares.
Palavras-chave: resíduos sólidos, educação ambiental, sensibilização ambiental, catadores,
reciclagem.
ABSTRACT
The development of a reflexive thinking by the preservice teachers regarding the socio-
environmental issues is given, besides the experience in society, from the activities elaborated in the
university, especially in the teacher training courses. Considering the importance of such
development, the present work reports an activity carried out with preservice chemistry teachers of
a private university in the city of São Paulo, within the scope of the “Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência” (PIBID). The objective was to inquiry and discuss the participants'
understanding of an important socio-environmental issue: solid waste. To that end, the preservice
chemistry teachers were invited to answer an instrument that questioned the concepts of solid waste,
recycling and also the role of recyclable waste collectors, considering that these issues are discussed
in the National Solid Waste Policy (Law 12305/2010). In addition, they participated of a
pedagogical activity, watching a documentary whose main theme is the trajectory of recyclable
waste collectors, with the intention of provoking a socio-environmental awareness regarding the
thematic focus of work. In general terms, the activity favored and broadened the reflection of the
preservice chemistry teachers, since it presented a proposal of activity with a bias different of the
traditional practices of environmental education developed in the school environments.
Keywords: solid waste, environmental education, environmental awareness, waste pickers,
recycling.
INTRODUÇÃO
materiais recicláveis. De acordo com um levantamento realizado por Silva e colaboradores (2013),
os catadores:
[...] enfrentam uma situação paradoxal. Por um lado, são responsáveis pela transformação
do lixo em mercadoria de interesse de grandes indústrias, que tanto lhes confere um papel
central de um amplo circuito relativo à produção e ao consumo de bens, como caracteriza
os catadores como verdadeiros agentes ambientais ao efetuarem um trabalho essencial no
controle da limpeza urbana. Por outro lado, estes trabalhadores ocupam uma posição
marginal na sociedade, com poucas oportunidades no mercado de trabalho, dadas suas
carências em termos de formação profissional, bem como por serem pobres e relegados
para espaços geográficos suburbanos e marginalizados, bem como sofrerem diferentes tipos
de exclusão no mercado de consumo e na dinâmica das relações sociais. (SILVA et al.,
2013, p.7)
O debate sobre questões como essa gera importantes reflexões se forem desenvolvidas no
âmbito escolar, favorecendo processos de transformações sociais, a partir de ações conjuntas entre
escola e comunidade escolar. Tais reflexões podem ser desencadeadas a partir de práticas de
educação ambiental e os professores são mediadores fundamentais nessas práticas, pois promovem
a articulação entre a situação a ser analisada e os conhecimentos científicos a serem estudados na
busca de possíveis soluções. Porém, para que essa articulação ocorra, os cursos de licenciatura
precisam oferecer o preparo necessário por meio de atividades que favoreçam ações pedagógicas
com viés reflexivo. No que tange ao ensino de química, como bem destaca Santos et al. (2010), os
professores geralmente desenvolvem atividades de educação ambiental relacionadas aos aspectos
técnicos, com estudos específicos de processos químicos, sem comtemplar as discussões sobre
questões socioambientais, ampliando uma visão mais global de ambiente.
A partir desse pensamento, o de oferecer aos professores oportunidades para a elaboração de
práticas com viés reflexivo, o presente trabalho relata uma atividade desenvolvida com licenciandos
em química, participantes do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). A atividade
apresentou como objetivo gerar uma sensibilização socioambiental que, no entendimento dos
autores, tem por foco tornar o indivíduo sensível, tocar sua consciência e talvez ampliar a percepção
com relação a questões socioambientais. Como referencial teórico foi adotada a concepção de
educação ambiental com a visão socioambiental discutida por Carvalho (2012). Em um contexto
crítico, a visão socioambiental compreende a interação entre a sociedade e a natureza em uma
perspectiva de agregação de valores, de modo que tal interação acontece de forma dinâmica e
provoca mudanças. Como indica Carvalho (2012, p.37):
A visão socioambiental está vinculada à corrente da educação ambiental crítica que, segundo
Guimarães (2004, p.30):
Diz ainda Guimarães (2003, p.102) que, para a educação ambiental crítica, “os problemas
ambientais são temas geradores, que problematizam a realidade para compreendê-la,
instrumentalizando para uma ação crítica de sujeitos em processo de conscientização”. Tal reflexão
dialoga com Layrargues (2011), quando cita a metodologia de resolução de problemas ambientais,
argumentando que a reciclagem pode ser tratada como uma atividade-fim (em uma lógica
pragmática) ou como um tema-gerador, abrindo campo para discussões sobre causas e
consequências relacionadas a temática “resíduos sólidos”.
A partir das reflexões apresentadas e do referencial adotado, o objetivo do presente trabalho
foi investigar as impressões dos licenciandos sobre a temática “resíduos sólidos”, tendo como apoio
as seguintes questões: i) quais são as concepções dos licenciandos sobre resíduos sólidos, processos
de reciclagem, importância social desse processo e o papel dos catadores na sociedade?(ii) assistir a
um documentário com o tema específico sobre o trabalho dos catadores pode despertar o
entendimento sobre seu papel na sociedade em uma visão socioambiental? Espera-se, a partir da
análise dos resultados, discutir a atividade planejada com os licenciandos como proposta de
sensibilização a respeito da questão socioambiental “resíduos sólidos”; além disso, promover
reflexão dos licenciandos sobre possibilidades de práticas pedagógicas que envolvam esse tema e
que possam ser desenvolvidas na escola. Farias e di Taglia (2013), em uma investigação com
professores de ensino médio de uma escola pública da região metropolitana de São Paulo,
argumentam, a partir dos resultados de sua pesquisa, que os professores investigados relacionaram a
educação ambiental à reciclagem, uma representação que sugere a ideia de mudança de
comportamento e incentivo ao que seria “ecologicamente correto”, mas sem um aprofundamento
sobre aspectos socioambientais que poderiam ser discutidos nas atividades escolares. As mesmas
autoras também destacam que o Ministério da Educação realizou um estudo para analisar as
atividades elaboradas pelas instituições de ensino básico que relataram no Censo Escolar (avaliação
de 2001/2004) trabalhar com educação ambiental. Os resultados indicaram que as ações
desenvolvidas eram pontuais, trazendo pouca contribuição para um aprendizado efetivo (FARIAS;
di TRAGLIA, 2013).
Faz-se necessário refletir sobre o fato de que as atividades pedagógicas escolares sobre o
tema “resíduos sólidos” relacionadas apenas com o processo de reciclagem não permitem uma
maior visibilidade social dos catadores nem o reconhecimento da importância do seu trabalho na
sociedade. Então, se o esperado é que o professor favoreça discussões como essa na escola, é
preciso prepará-lo para tal tarefa.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O ambiente da pesquisa
Figura 1 – Instrumento 1 – levantamento diagnóstico sobre resíduos sólidos. Fonte: autoria própria.
O instrumento 2, que foi aplicado no terceiro encontro, após os licenciandos refletirem sobre
o que assistiram no documentário, foi dividido em duas partes: a primeira versava sobre a temática
do documentário e a segunda discutia mais especificamente a estratégia de ensino, ou seja, o uso do
documentário como recurso pedagógico para discutir a temática (Figura 2).
A análise das respostas dos licenciandos ocorreu a partir da técnica de análise de conteúdo,
discutida por Bardin (2011). Na primeira etapa, a de pré-análise, conforme relata a autora, o
material passou por uma leitura “flutuante”, isto é, tomou-se conhecimento das mensagens dos
textos e construiu-se impressões sobre elas. Posteriormente, houve a seleção e registro das
mensagens que entrariam no corpus da análise. A etapa final diz respeito ao tratamento dos textos,
por meio de formação de categorias, favorecendo interpretações e inferências em relação aos
resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para propor possíveis reflexões sobre as questões de pesquisa optou-se por analisar todas as
questões do instrumento 1 (Figura 1) e somente a questão 4 do instrumento 2 (Figura 2). Tal escolha
se deu com a intenção de promover um aprofundamento em torno da temática “reciclagem” de
modo a incluir a figura dos catadores, que geralmente são esquecidos quando essa temática é tratada
nas atividades escolares, nas quais se costuma priorizar os aspectos técnicos e a utilidade do
processo. As questões escolhidas são aquelas que possuem relação direta com o objetivo desse
trabalho.
Esta seção é composta por duas partes: na primeira parte apresenta-se, a partir da análise dos
dados obtidos com a aplicação do instrumento 1, um levantamento diagnóstico sobre a temática
“resíduos sólidos” e na segunda parte, os relatos e percepções dos licenciandos, coletados por meio
do instrumento 2, após a aplicação da atividade de sensibilização planejada.
A partir dos dados coletados no instrumento 1, foi organizado um diagnóstico das ideias dos
licenciandos a respeito dos temas “resíduos sólidos”, “o processo de reciclagem e sua importância
para a sociedade” e o “trabalho dos catadores de materiais descartados”. Essa etapa é importante
pois a partir do conhecimento inicial será possível discutir as eventuais reformulações após a
participação na atividade. Em virtude do caráter abrangente das respostas, optou-se por destacar os
pontos mais significativos que apresentam relação direta com a questão de investigação.
Quando questionados se conheciam a Lei 12.305/2010, assim se expressaram os nove
licenciandos participantes (Gráfico 1):
Dos participantes que indicaram conhecer a lei, três apresentaram explicações gerais sobre
os objetivos, como “a distinção entre lixos comuns e especiais”, “dar destino correto aos materiais
coletados” e “sustentabilidade”. Portanto, é possível inferir que os licenciandos apresentam apenas
noções sobre as temáticas baseadas talvez em leituras e vivências.
Para a análise das respostas das questões 2 e 3 (Figura 1) estabeleceu-se como critério as
definições explicitadas na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), em seu artigo
3º do Capítulo II, Título I:
XIV - reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração
de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em
insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos
órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa;
XV - rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de
tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente
viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente
adequada;
XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de
atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou
se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos
em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;
XVIII - reutilização: processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua
transformação biológica, física ou físico-química, observadas as condições e os padrões
estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do
Suasa; (BRASIL, 2010)
respostas apresentadas pelo grupo, emergiram três categorias para o significado de reciclagem
(Tabela 2):
Tabela 2 - Repostas à questão 3: O que você entende por reciclagem. Fonte: Dados da Pesquisa.
Categoria Descrição Frequência
Processo de reutilização dos Quando o foco principal da resposta foi
4
resíduos direcionado ao termo “reutilização”.
Quando a resposta indicava a transformação de
Processo de transformação dos
uma material em outro a partir de processos
resíduos 2
industriais.
Processo de separação dos Quando o foco da resposta foi a coleta seletiva dos
2
resíduos materiais.
A resposta não evidenciou os processos
Sem classificação 1
categorizados.
Tabela 3 - Repostas à questão 5: Descreva seu entendimento sobre o trabalho dos catadores de
materiais descartados. Fonte: Dados da pesquisa.
Categoria Descrição Frequência (n)
Destaque para os aspectos técnicos do trabalho
Caráter apenas técnico do
(evidenciando o processo de catação e seleção dos 5
trabalho dos catadores.
materiais) e o benefício para a sociedade.
Além dos aspectos técnicos houve a evocação
Caráter técnico e social do
sobre aspectos econômicos e sociais como a 4
trabalho dos catadores.
geração de renda e o sustento de famílias.
De fato, nas respostas é possível notar o forte caráter técnico do trabalho dos catadores na
concepção dos licenciandos, como se pode ver nos trechos evidenciados a seguir: “Os catadores de
materiais descartáveis são peças fundamentais na continuação da reciclagem, já que eles selecionam
e fazem a devida separação do lixo para a reciclagem” e “O trabalho dos catadores é bem
complicado porque envolve a separação do lixo reciclável e o lixo não reciclável, e muitas vezes o
lixo é reciclável mas com o descarte inadequado fica complicado reciclar”. Apesar de quatro
licenciandos terem evocado o caráter social do trabalho dos catadores, como a geração de renda e o
sustento da família, todos destacaram em suas respostas essencialmente os aspectos técnicos do
trabalho, não havendo pontos que evidenciassem uma reflexão sobre outros âmbitos como, por
exemplo, o social (a atividade como fonte de renda, as difíceis condições de trabalho muitas vezes
não reconhecida, a invisibilidade desses trabalhadores pela sociedade, por conta do tipo de atividade
que exercem, dentre outros fatores), fato que sugere uma visão simplista do papel do catador na
sociedade, pois tal visão remete à ideia de um indivíduo que parece estar “descolado” de contexto
social maior.
Para essa parte considerou-se os dados obtidos na questão 4 do instrumento 2. O objetivo foi
identificar eventuais reflexões ou reformulações sobre o trabalho dos catadores, após os
licenciandos assistirem ao documentário selecionado para a atividade. A lei 12.305/2010 destaca no
título III – Das Diretrizes aplicáveis aos Resíduos Sólidos, artigo 15, item V, a intenção de
estabelecer “metas para a eliminação e recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à
emancipação econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis” (BRASIL, 2010).
Nesse contexto, essa legislação procura regularizar e promover a geração de postos de trabalho para
os catadores, fato que potencializa a possibilidade de ganhos econômicos e sociais para esses
indivíduos e suas famílias. Entre outros benefícios, incluindo os ambientais, o trabalho desses atores
sociais diminui os gastos municipais com a coleta, transporte e disposição final de resíduos sólidos
gerados pela população.
Com relação à questão 4a (Figura 2), os 9 licenciandos construíram respostas, dentre as
quais duas não foram condizentes com o contexto da pergunta. Das sete restantes, três expressaram
certa surpresa em perceber que existe uma organização que presta suporte para o trabalho dos
catadores nas cooperativas de reciclagem, como as mostradas no documentário selecionado. Quatro
respostas salientaram a importância da atividade dos catadores, ressaltando que tal atividade pode
fazê-los sentirem-se também como educadores ambientais. No que diz respeito à questão 4b (Figura
2), seis respostas atribuíram a alteração da visão sobre os catadores ao documentário assistido,
mudança influenciada pelas imagens da realidade social dos catadores, de suas vivências no
trabalho e do próprio discurso que apresentaram durante o documentário. Cabe ressaltar que o
documentário apresentou um contexto específico da região metropolitana da cidade de São Paulo e
que essa realidade pode não ser a de outras regiões do país. Em um levantamento realizado por
Silva e colaboradores (2013), é possível perceber que as condições de trabalho dos catadores podem
variar. Alguns são vinculados a cooperativas ou associações, outros trabalham diretamente em
lixões ou aterros sanitários, outros trabalham de forma isolada em pontos específicos das cidades.
Tais situações evidenciam a complexidade dessa questão socioambiental e, ainda de acordo com
esse levantamento, apesar de existirem pesquisas que tratam do tema, os dados obtidos muitas vezes
são referentes a contextos específicos, fato que dificulta o entendimento da realidade brasileira
nessa questão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da análise dos dados e das discussões apresentadas, é possível inferir que a
sequência didática programada, abordando a temática dos resíduos sólidos, sensibilizou os
licenciandos participantes, fazendo-os refletir não somente sobre o consumo dos materiais, mas
também sobre sua destinação, além de pensarem no aspecto social que envolve tal temática. A
realidade apresentada no documentário retrata uma região específica, a região metropolitana da
cidade de São Paulo, mas também promove uma reflexão mais ampla sobre como essa questão dos
catadores de materiais recicláveis é tratada em outros estados do Brasil.
Duas considerações importantes se evidenciaram a partir dos resultados que remetem às
questões de investigação: a primeira diz respeito ao fato de que os termos tratados, como resíduos,
reciclagem e sua importância social, além da importância dos catadores na sociedade carecem de
discussões mais profundas no âmbito da formação de professores, para que as práticas escolares
apresentem uma reflexão mais ampla sobre as causas dos problemas ambientais e o papel dos
cidadãos nesse universo, ao invés de discutir apenas os meios para lidar com os efeitos, em uma
perspectiva comportamentalista. Se o objetivo é que os professores tenham uma formação sólida
para que esses assuntos sejam tratados no ensino básico de modo mais estruturado, atividades que
evocam contextos socioambientais são relevantes; a segunda consideração diz respeito à estratégia
utilizada. O documentário, por meio das imagens e dos discursos dos protagonistas, que são os
catadores participantes de cooperativas de reciclagem, parece ter provocado alterações na forma
como os licenciandos entendiam a participação econômica e social dos catadores na sociedade, fato
que pode contribuir para práticas pedagógicas mais humanizadas, quando o tema discutido for
“resíduos sólidos”, pensando não apenas nos aspectos técnicos, mas também nos sociais. Nesse
sentido entende-se que práticas pedagógicas como a relatada neste trabalho favorecem e ampliam a
formação profissional e cidadã dos futuros professores.
AGRADECIMENTOS
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RESUMO
A Educação Ambiental é, na atualidade uma necessidade inquestionável, tendo em vista que devido
ao crescimento desproporcional das cidades, as pessoas têm cada vez menos contato com a
natureza. Nesse contexto, as trilhas ecopedagógicas, desempenham importante papel sócio
educacional na construção de uma consciência no uso e preservação dos recursos naturais. Este
trabalho objetivou analisar como a Trilha Ecopedagógica pode proporcionar aos discentes da rede
pública e particular, a construção de uma consciência ambiental, que se reflita em valores, interesse
ativo e atitudes que possam contribuir para a preservação da biodiversidade existente na mata do
IBAMA localizada no Município de Lagoa Seca/PB. A pesquisa foi desenvolvida em um
remanescente de Mata Atlântica, inserida no Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Campus II
da Universidade Estadual da Paraíba, em um local denominada Mata do IBAMA, no município de
Lagoa Seca- PB. A equipe deste trabalho, através de reuniões e visita in loco, organizou as trilhas
ecopedagógicas, e após cada visita foi aplicado um Questionário aos alunos sobre o conteúdo
apresentado nas trilhas. As trilhas, foram realizadas no mês de agosto de 2016, tendo-se como
visitantes, duas turmas do 6º ano do ensino fundamental, uma da Escola Municipal Irmão Damião
(Pública) e a outra da Escola Novo Horizonte (Particular). A escola Novo Horizonte (Particular)
obteve o escore de 93,13% de assimilaridade do conteúdo repassado na Trilha Ecopedagógica,
enquanto a Escola Municipal Irmão Damião (Pública), obteve o escore de 75,00%. A Trilha
Ecopedagógica mostrou-se motivadora para os alunos e eficaz como ferramenta de auxilio na
Educação Ambiental.
Palavras-chave: Biomas; Ecopedagogia; Mata Atlântica.
ABSTRACT
Environmental Education is, at present, an unquestionable necessity, given that due to the
disproportionate growth of cities, people have less and less contact with nature. In this context,
ecopedagogical trails play an important educational role in the construction of an awareness in the
use and preservation of natural resources. This work aimed to analyze how the Ecopedagogical
Trail can provide students of the public and private networks with the construction of an
environmental awareness, which is reflected in values, active interest and attitudes that can
contribute to the preservation of biodiversity in the IBAMA forest located in the Municipality of
Lagoa Seca / PB. The research was developed in a remnant of Atlantic Forest, inserted in the Center
of Agrarian and Environmental Sciences, Campus II of the State University of Paraíba, in a place
called Mata do IBAMA, in the municipality of Lagoa Seca-PB. The team of this work, through
meetings and on-site visit, organized the ecopedagogical tracks, and after each visit a Questionnaire
was applied to the students about the content presented in the tracks. The trails were held in August
2016, taking as visitors two classes from the 6th grade of elementary school, one from the
Municipal School Irmão Damião (Public) and the other from the Escola Novo Horizonte (Private
School). The New Horizon School (Private) had a score of 93.13% of the assimilation content of the
Ecopedagogical Trail, while the Municipal School Irmão Damião (Public), obtained the score of
75.00%. The Ecopedagogical Trail proved to be motivating for students and effective as an aid tool
in Environmental Education.
Key Words: Biomes; Ecopedagogy; Atlantic forest.
INTRODUÇÃO
Os poderes maléficos da intervenção antrópica nos biomas terrestres tornam-se cada vez
mais realistas, pois de acordo com Huller et al., (2010), nas últimas décadas vêm se intensificando
as preocupações inerentes à temática ambiental e, concomitantemente, as iniciativas dos variados
setores da sociedade para o desenvolvimento de atividades, projetos e congêneres no intuito de
educar as comunidades, procurando sensibilizá-las para as questões ambientais, e mobilizá-las para
a modificação de atitudes nocivas e a apropriação de posturas benéficas ao equilíbrio ambiental.
Devido ao crescimento desproporcional das cidades, as pessoas têm cada vez menos contato
com a natureza. Autores como Arancíbia e Cavalcante (2005), chamam a atenção para este fato e
relatam, que o olhar das crianças diante de questões ambientais passa muitas vezes despercebido,
pois acabam não tendo muito contato com ambientes naturais. Já Grun (1996), adverte que a
Educação Ambiental é, na atualidade uma necessidade inquestionável pelo fato de que não existe
ambiente na sociedade moderna, onde possa haver uma interação entre seres humanos e ambiente
natural.
Assim, a Educação Ambiental (EA), é um instrumento que pode gerar mudança de atitudes,
tendo a finalidade de preparar o indivíduo e a sociedade para realizar ações de desenvolvimento
sustentável, como resposta aos desafios do mundo globalizado (DIAS, 2004). No entanto, além de
reforçar a Educação Ambiental no ambiente escolar através da prática da interdisciplinaridade e da
contextualização, Campanha e Silva (2013), relatam que deve-se praticá-la de maneira não formal,
de modo que a população, das mais diversas faixas etárias e variados graus de instrução, após
receber informações sobre meio ambiente, possa refletir a respeito de seu papel individual na
conservação do mesmo.
De acordo com Bedim (2004) para a construção da "cidadania ecológica", várias atividades
educativas podem ser realizadas, no campo, incluindo as trilhas interpretativas, que possibilitam a
análise das belezas e dos recursos da natureza. Já Santos et al., (2012) relatam que as trilhas
ecológicas são capazes de proporcionar aprendizado e sensibilização, ao promover o contato direto
com o meio ambiente. Elas também possibilitam a ampliação do conhecimento do educando e do
educador, pela vivência dos conteúdos estudados nas aulas teóricas de ecologia (CARREIRO et al.,
2009).
Segundo os autores Tabanez & Pádua (1997) e Possas (1999), as trilhas ecopedagógicas,
como meio de interpretação ambiental, não visam somente à transmissão de conhecimentos, mas
também propiciam atividades que revelam os significados e as características do ambiente por meio
do uso dos elementos originais através de experiência direta, e dessa forma, se tornando um
instrumento básico de programas de educação ao ar livre.
Para Arancíbia e Cavalcante (2005) as trilhas ecológicas desempenham importante papel no
processo de conservação da natureza, pois, ao facilitar o acesso de pessoas a locais naturais,
comumente, a interação resultante desse contato direto, repercute em mudança de comportamento
na relação homem--natureza. No entanto, para atingir estes objetivos Tabanez e Pádua (1997)
indicam que a interpretação ambiental nas trilhas pode incluir ainda atividades dinâmicas e
participativas, em que o público recebe informações sobre recursos naturais, exploração racional,
conservação e preservação, aspectos culturais, históricos, econômicos, arqueológicos e outros.
De acordo com Stranz et al., (2006), as atividades de Educação Ambiental realizadas em
ambientes naturais proporcionam observações do meio biótico e abiótico, estimulando a percepção
da natureza pelos visitantes. Fato estes corroborado por Senicato e Cavassan (2004), ao enfatizarem
que as aulas de Ciências e Biologia, desenvolvidas em ambientes naturais, têm sido apontadas como
uma metodologia eficaz, pois envolvem e motivam crianças e jovens, além de promover a
superação da fragmentação do conhecimento. O reconhecimento dos aspectos paisagísticos torna
esses ambientes uma ferramenta de cunho pedagógico, promovendo a aproximação entre a
realidade e os conteúdos estudados na sala de aula.
No município de Lagoa Seca, existe um resquício de Mata Atlântica, que é conhecido como
Mata do IBAMA, o qual possui uma área de aproximadamente 23 hectares, os quais estão sendo
constantemente perturbados por ações antrópicas (LIRA, 2013). Sua diversidade florística é
bastante rica em espécies nativas e exóticas. No entanto, não existem estudos sobre sua composição
e nem sobre sua preservação. Deste modo, vê-se a necessidade de implementações de ações que
sejam direcionadas para a recuperação de algumas áreas, contemplando a manutenção de seus
recursos naturais para a utilização pelas gerações futuras, considerando suas condições ecológicas e
tendo como propósito apresentar subsídios à gestão ambiental.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Figura 1– Mata do IBAMA. Lagoa Seca, PB. 2018. Fonte: Google maps. 2018.
Existem em Lagoa Seca 33 escolas municipais com um total de 4.011 alunos no 1º grau. Há
cinco unidades de ensino estaduais de 1º e 2º graus nas quais estudam 1.588 alunos. Há também
cinco escolas particulares com um total de 700 alunos. Ainda se tem no CAMPUS II da
Universidade Estadual da Paraíba, um curso de habilitação em Técnico em Agropecuária e
Bacharelado em Agroecologia.
Para que houvesse a seleção das escolas a participarem deste trabalho, foram realizados
informes direcionados ao público alvo através de lideranças escolares e comunitárias, por parte da
equipe participante (orientador, orientanda e colaboradores – Figura 01), que através de reuniões,
selecionaram a Escola Novo Horizonte (Particular) e a Escola Municipal Irmão Damião (Pública),
ambas localizadas nos municípios de Campina Grande e Lagoa Seca, PB, respectivamente.
Em cada escola selecionada, foi contemplada apenas uma turma do 6º ano do ensino
fundamental, e que apresentaram uma faixa etária de 9 a 12 anos (particular) e 9 a 11 anos
(pública).
A aplicação prática das trilhas realizadas consistiram na realização de cinco paradas para
estudos de caso, sendo as seguintes:
Ponto 1. Ponto de encontro: Neste local foi realizado o Briffing, onde foram dadas informação do
objetivo da trilha, regras de segurança e demais informações sobre o Bioma Mata Atlântica.
Ponto 2. Primeira Parada: Local em que os participantes receberam informações sobre a
interpretação ambiental da trilha, a vegetação, a biogeografia, ecossistema e as relações entre os
seres vivos.
Ponto 3. Segunda Parada: Local em que os participantes receberam informações sobre a
interpretação ambiental da trilha, a fauna, os ecossistemas e as relações entre os seres vivos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 2–Escola Irmão Damião – Aplicação do Figura 3–Escola Novo Horizonte – Aplicação do
Questionário. Lagoa Seca, PB. 2016. Fonte: Gilmara Questionário. Lagoa Seca, PB. 2016. Fonte: Gilmara
Souza, 2016. Souza, 2016.
Figura 4– Percentual de acerto das questões aplicadas aos alunos da Escola Novo Horizonte (Particular).
Lagoa Seca, PB. 2016. Fonte: Autoria própria, 2018.
70
% Acerto
60
50
40
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8
Questões
Na análise realizada para a Escola Municipal Irmão Damião, pode-se observar na Figura 5,
que nas oito questões envolvidas do questionário, o alunado não conseguiu atingir os 100% de
acerto. No entanto, na Questão 3 - Assinale o ambiente que possui maior biodiversidade; e na
Questão 4 - Os animais que encontramos na Mata Atlântica são: houve um percentual de 95% de
acerto.
Para a Questão 5 - Alguns animais e plantas estão ameaçados de extinção; Questão 8 -
Assinale a alternativa que relaciona corretamente o bioma brasileiro com sua fauna e vegetação
correspondentes:,90% dos alunos conseguiram acertar a resposta.
Na Questão 7 - Na tirinha abaixo, observe a fala de Chico Bento: “Não! Di Isperança...”,;
houve apenas um percentual de acerto de 70%.
Índices de acerto abaixo de 70% foram obtidos nas seguintes questões: Questão 1 - O que
são BIOMAS?, com 60% de acerto; e Questão 2 - O bioma Mata Atlântica ocupa: e aQuestão 6 -
Em relação as principais características da Mata Atlântica, coloque (V) para as corretas e (F) para
as falsas, só houve um acerto de 50%, respectivamente.
Em geral, está Escola obteve o escore de 75,00% de assimilaridade do conteúdo repassado
na Trilha Ecopedagógica por parte da equipe executora deste trabalho.
Figura 5– Percentual de acerto das questões aplicadas aos alunos da Escola Municipal Irmão Damião
(Pública). Lagoa Seca, PB. 2016. Fonte: Autoria própria, 2018.
100 95 95
90 90
90
80
70
70
60
% Acerto
60
50 50
50
40
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8
Questões
Quando se compara a performance dos conhecimentos adquiridos por parte do alunado, após
as trilhas e consequentemente a aplicação do Questionário, percebe-se que os alunos pertencentes a
Escola Particular sobressai-se aos da Escola Municipal, em todas as oito questões abordadas no
estudo. Figura 6.
Figura 6– Comparação de acertos nas questões abordadas, por parte do alunado da rede particular versus
alunado da rede pública. Lagoa Seca, PB. 2016. Fonte: Autoria própria, 2018.
100 100 100
95 95 95 95
100 90 90 90 90
75
80 70
60
% de acerto
60 50 50
40
20
0
1 2 3 4 5 6 7 8
Questões
Estes resultados corroboram com Silva (2017) que em seu trabalho sobre Trilha
Ecopedagógica como ferramenta educacional no ensino de Educação Ambiental na área de ciências
da natureza, concluiu que os conteúdos trabalhados em sala de aula, quanto a temática do meio
ambiente, tem se mostrado mais eficientes na rede particular de ensino quando comparados a rede
pública; também, o mesmo autor verificou que o contato com a natureza é capaz de promover a
sensibilização e a aprendizagem sobre o uso consciente dos recursos naturais, sendo a Trilha
Ecopedagógica um instrumento motivador para os alunos e eficaz na Educação Ambiental.
Em relação a utilização de “laboratório vivo”, no caso a Mata do IBAMA, como fonte de
transmissão do conhecimento sobre a Educação Ambiental, em estudo conduzido por Frigo et al.,
(2013), os mesmos relatam que as práticas de metodologias de ensino diversificadas proporcionam
uma aprendizagem significativa aos discentes. Fato este corroborado por Seniciato & Cavassan
(2004), os quais declaram que a aula no campo proporciona maior aprendizagem, pois é uma
abordagem menos abstrata. O conteúdo é apresentado de forma menos fragmentada e se torna mais
fácil, pois a observação dos fenômenos da natureza é um facilitador da aprendizagem.
Já Neiman (2007), relata que as trilhas interpretativas em ambientes naturais constituem uma
estratégia educacional. O ato de interpretar é pessoal, estando relacionado com as experiências
vividas, que influenciam a construção do saber. Entende-se que a prática de percorrer trilhas em
ambientes naturais possa melhorar a compreensão em relação à natureza e às relações nela
existentes, tornando ainda mais evidente a prática de observação e de reflexão e a sensibilização
sobre as questões relacionadas ao meio ambiente (CARVALHO e BOÇÓN, 2004)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após o término do processo de aprendizagem sobre o Bioma Mata Atlântica (em especial o
resquício conhecido como Mata do IBAMA), quanto a sua preservação e utilização de seus recursos
naturais, utilizando-se da Trilha Ecopedagógica, como ferramenta repassadora do conhecimento,
observou-se que, a Escola Novo Horizonte (Particular) obteve o escore de 93,13% de assimilaridade
do conteúdo repassado na Trilha Ecopedagógica; enquanto a Escola Municipal Irmão Damião
(Pública), obteve o escore de 75,00%. Assim, pode-se afirmar que os conteúdos trabalhados em
sala de aula nas referidas escolas, quanto a temática do meio ambiente, tem se mostrado mais
eficiente na rede particular de ensino.
O contato com a natureza é capaz de promover a sensibilização e a aprendizagem sobre o
uso consciente dos recursos naturais da mata do IBAMA, tendo a aplicação do Questionário feito
após a Trilha demonstrado que os alunos aprenderam de forma satisfatória sobre o bioma Mata
Atlântica. Nesse contexto a Trilha Ecopedagógica mostrou-se motivadora para os alunos e eficaz
como ferramenta de auxilio na pratica da Educação Ambiental.
A participação ativa dos alunos de Bacharelado em Agroecologia da UEPB, e dos próprios
membros das comunidades envolvidas, futuros cidadãos conscientes do uso racional dos recursos
naturais da mata do IBAMA, foi de extrema importância para a execução das ações desenvolvidas,
proporcionando atingir os objetivos deste Trabalho em relação a sustentabilidade deste resquício de
Mata Atlântica, contribuindo com a formação de multiplicadores na escola e nas famílias da zona
rural.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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turismo de aventura. In: SERRANO, C. (Org.). A Educação pelas pedras. São Paulo: Chronos,
2000.
COSTA FILHO, M. V. da; AMARAL, A. A. do; ABREU, K. M. P. de. Trilhas ecológicas como
instrumento de sensibilização para questões ambientais. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico
Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 3635 a 43.
DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia, 2004.
GRÜN, M. Ética e educação ambiental: a conexão necessária. São Paulo: Papirus, 1996.
HÜLLER, A.; PERSIGO, L. A. DE A.; RAUBER, A. A Educação Ambiental por meio de trilhas
ecopedagógicas no parque natural municipal de Santo Ângelo-RS. Revista Educação Ambiental
em Ação. São Paulo, n° 32. Ano IX. Jul./ago., 2010.
NEIMAN, Z. A educação ambiental através do contato dirigido com a natureza. Tese (Doutorado).
São Paulo: USP, 2007.
PADUA, S. M.. Cerrado Casa Nossa: um projeto de educação ambiental do jardim botânico de
Brasília. Brasília. UNICEF. 1997. 35 pp.
RESUMO
A educação ambiental é um processo permanente, ou seja, vivido ao longo de toda a vida, em todos
os espaços políticos e sociais dos quais participamos e em todas as nossas relações, sendo
considerada ferramenta fundamental como garantia de um meio ambiente equilibrado em que o
homem trabalhe visando à sustentabilidade. Neste contexto, o presente trabalho objetivou mostrar a
utilização da educação ambiental como ferramenta de controle da poluição. Caracteriza-se como
uma revisão de literatura, visando a realização de uma análise de como as práticas ambientais de
sensibilização sustentável realizadas por diversos programas atuam como ferramenta na preservação
do meio ambiente. Sendo assim, as práticas de educação ambiental fomentam possibilidades de
espaços de aprendizagem no sentido do fortalecimento das práticas sustentáveis pelo incremento de
reflexões com os sujeitos envolvidos e suas comunidades. Neste sentido, pode-se concluir que a
educação ambiental é fundamental na construção e transformação dos hábitos da sociedade, pois
tornou-se uma importante ferramenta para o desenvolvimento sustentável, podendo ser aplicado
tanto na sensibilização dos educandos, quanto na proposição de ações que de fato contribuam com a
preservação ambiental.
Palavras-chave: Práticas educativas ambientais, sustentabilidade, política públicas ambientais.
ABSTRACT
Environmental education is a permanent process, that is, lived throughout life, in all political and
social spaces in which we participate and in all our relations, being considered a fundamental tool
as a guarantee of a balanced environment in which the man working towards sustainability. In this
context, the present work aimed to show the use of environmental education as a pollution control
tool. It is characterized as a review of the literature, aiming the accomplishment of an analysis of
how the environmental practices of sustainable sensitization realized by several programs act as tool
in the preservation of the environment. Thus, environmental education practices foster possibilities
for learning spaces in the sense of strengthening sustainable practices by increasing reflections with
the individuals involved and their communities. In this sense, it can be concluded that
environmental education is fundamental in the construction and transformation of society's habits,
since it has become an important tool for sustainable development, and can be applied both to the
sensitization of learners and in proposing actions that contribute to environmental preservation.
Keywords: Environmental education practices, sustainability, environmental public policy.
INTRODUÇÃO
De acordo com Brasil (1981), entende-se por poluição a degradação da qualidade ambiental
resultante de atividades que direta ou indiretamente, prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-
estar da população, criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, afetem
desfavoravelmente a biota, afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente, lancem
matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Sabe-se que o principal
responsável pela poluição é o homem, seja de forma direta ou indireta, o que acaba provocando um
efeito negativo no equilíbrio do meio ambiente.
Os principais tipos de poluição são: poluição atmosférica, poluição hídrica, poluição do solo,
e poluição sonora. A poluição do ar só existe quando ele contém uma ou mais substâncias químicas
em concentrações suficientes para prejudicar ou causar danos aos seres vivos em geral. A poluição
hídrica é quando rios e lagos possuem uma capacidade natural de diluir os efluentes, conhecida
como autodepuração. A poluição do solo está ligada diretamente à contaminação da camada
superficial da crosta terrestre, que consiste na presença indevida no solo de elementos químicos
estranhos, como os resíduos sólidos ou efluentes líquidos produzidos pelo homem. A poluição
sonora é quando ocorre qualquer alteração das propriedades físicas do meio ambiente causada por
emissão de sons, admitido ou não, que direta ou indiretamente seja nocivo à saúde, segurança e ao
bem estar (PEREIRA e BRITO, 2012).
Neste sentido, tem-se a prática da educação ambiental, que Brasil (1999) define como “os
processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente,
bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”. A
Educação Ambiental é um processo permanente, ou seja, vivido ao longo de toda a vida, em todos
os espaços políticos e sociais dos quais participamos e em todas as nossas relações. Neste contexto,
o presente trabalho objetivou mostrar a utilização da educação ambiental como ferramenta de
controle da poluição.
METODOLOGIA
Este trabalho caracteriza-se como uma revisão de literatura, visando a realização de uma
análise de como as práticas ambientais de sensibilização sustentável realizadas por diversos
programas atuam como ferramenta no controle da poluição.
Classificação da Pesquisa
A presente pesquisa caracteriza-se como básica quanto a sua natureza, pois objetiva gerar
conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve e
interesses universais. Quanto à forma de abordagem do problema caracteriza-se como quantitativa,
pois busca por resultados que possam ser quantificados, pelo meio da coleta de dados sem
instrumentos formais e estruturados que possam ser quantificados, pelo meio da coleta de dados
sem instrumentos formais e estruturados de uma maneira mais organizada. Quanto aos fins da
pesquisa, classifica-se como exploratória, pois tem como finalidade proporcionar mais informações
sobre o assunto que se propõe a investigar, possibilitando sua definição e seu delineamento, isto é,
facilidade a delimitação do tema da pesquisa; orientando a fixação dos objetivos, formulando as
hipóteses ou descobrindo um novo tipo de enfoque para o assunto. Quanto aos procedimentos,
classifica-se como bibliográficas, pois é elaborada a partir de material já publicado, constituído
principalmente de: livros, revistas, publicações e artigos científicos, jornais, boletins, monografias,
dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o objetivo de colocar o pesquisador em
contato direto com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa (PRODANOV e FREITAS,
2013).
Quanto ao método de abordagem, ou seja, bases lógicas de investigação, o presente estudo
classifica-se como hipotético-dedutivo, pois é um método que inicia-se como um problema ou uma
lacuna no conhecimento científico, passando pela formulação de hipóteses e por um processo de
inferência dedutiva, o qual testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela referida
hipótese. Quanto ao método de procedimentos, ou seja, meios técnicos da investigação, classifica-se
em histórico, pois o foco está na investigação de acontecimentos ou instituições do passado, para
verificar sua influência na sociedade de hoje; considera que é fundamental estudar suas raízes
visando à compreensão de sua natureza e função (PRODANOV e FREITAS, 2013).
Coleta de Dados
RESULTADOS E DISCUSSÃO
posteriormente apresentar algumas práticas onde a educação ambiental atua como ferramenta de
controle da poluição.
No que diz respeito a água, segundo a Agência Nacional de Águas, entre os principais
fatores que alteram os recursos hídricos do país, nos ambientes urbanos, está a geração do esgoto
doméstico, devido à falta de redes coletoras e de tratamento, ou pelo tratamento ineficaz, resultando
na degradação da qualidade das águas (CIRANDA DAS ÁGUAS, 2000). A importância da água
não reflete somente na natureza, mas também na saúde pública, economia e qualidade de vida dos
seres humanos.
Falando-se de solo, pode-se verificar que é um recurso natural vital, disponível apenas em
quantidade limitada, e não renovável em uma escala de tempo humana. Por tais razões, a
degradação de sua qualidade pela erosão acelerada, sobretudo de sua qualidade física, representa
impacto permanente na base do recurso. O planejamento do uso das terras é essencial para a
prevenção da instalação de impactos permanentes na qualidade das terras e do solo em particular. A
realização de previsões possibilita a indicação de ações preventivas e, ou corretivas, atendendo a
diferentes horizontes de planejamento. (CARVALHO et al., 2010).
O solo forma uma delgada camada na superfície terrestre, interferindo em nossa existência e
de todos os animais e plantas terrestres. É um componente essencial do ecossistema terrestre, pois
sem solo as plantas que conhecemos não existiriam, e sem estas, nenhum animal terrestre poderia
sobreviver. Segundo Muggler et al., (2006) a educação em Solos busca trazer mostrar a importância
do solo para a vida humana, e apontar para a necessidade da sua conservação, uso e ocupação
sustentáveis.
Segundo Rickleffs (2001), a alteração da natureza básica de um ecossistema perturba os
processos de regeneração e controle. O desmatamento, por exemplo, rompe a ciclagem de nutrientes
que mantém a estrutura da floresta, altera a estrutura do solo e o expõe ao lixiviamento e à luz solar.
A produtividade do solo cai, e a erosão aumenta.
Segundo Santana e Freitas (2012) definem a poluição como um problema com diversas
origens e consequências, ressaltando a importância de uma gestão da qualidade do ar como
elemento norteador de ações para buscar os padrões de qualidade do ar, incorporando-os aos
instrumentos próprios da gestão ambiental e dialogando com as áreas de saúde, planejamento
urbano e a energia.
Neste sentido tem-se a Política Nacional do Meio Ambiente que tem por objetivo a
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no
País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios, segundo Brasil (1981):
Assim, a educação ambiental deverá atuar como ferramenta de controle da poluição, tendo
em vista que a mesma deverá ser inclusa no currículo a partir da educação básica, visando capacitá-
la para participação na defesa do meio ambiente, inclusive no controle da poluição. Neste contexto,
tem-se a Política Nacional de Educação Ambiental que tem por objetivo, segundo Brasil (1999):
Almeida e Maciel (2017) verificaram a educação ambiental no ensino básico da lei à prática.
Este estudo objetivou inserir a Educação Ambiental na sala de aula com uma metodologia que
aproximasse o aluno da sua realidade sem que as diversas problemáticas ambientais inferissem
grandes responsabilidades e compromissos que frequentemente são entregues às crianças que ainda
estão começando a estudar e entender seu espaço e de que maneira suas ações refletem sobre ele.
Foi proposta uma atividade baseada no tema Reciclagem e Sustentabilidade a ser apresentada
durante a feira da cultura realizada anualmente pela escola. As turmas deveriam desenvolver a
mesma atividade, uma maquete com materiais reciclados mostrando a importância da reciclagem
para um mundo sustentável. O cenário da maquete seria uma representação de habitações típicas de
áreas com pouca infraestrutura, saneamento, urbanização, desflorestamento e outros problemas
agravantes na degradação ambiental.
É tarefa da escola gerar conceitos ambientalistas positivos, criando e despertando nos alunos
a importância da conservação e proteção ao meio ambiente, tendo com esse propósito criar uma boa
qualidade de vida acessível e imprescindível a todos. Diante disso faz-se muito importante que a
escola e seus educadores trabalharem ações de educação ambiental durante o ano letivo de forma
interdisciplinar, buscando com isso desenvolver no indivíduo valores éticos e morais, além de
atitudes e práticas diretamente voltadas para conservação do meio ambiente.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CARVALHO, J. L. N.; AVANZI, J. C.; SILVA, M. L. N.; MELLO, C. R.; CERRI, C. E. Potencial
de sequestro de carbono em diferentes biomas do Brasil. Revista Brasileira de Ciência do Solo,
n. 34, p. 277-289, 2010.
CIRANDA DAS ÁGUAS. Itaipu Binacional; Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do
Ministério do Meio Ambiente (SRHU/MMA); Instituto Ecoar para Cidadania, 2000, 80p.
DIAS, E. Palestras e inclusão de atitudes sustentáveis, como forma de educação ambiental, nas
instituições de ensino básico da região metropolitana de Belém. Anais... 8º Fórum Brasileiro de
Educação. Belém: NUMA/UFPA, 2017. p.127-130.
KUSS, ANELISE V. KUSS, V. V. Org. Ar, água, solo e energia: temas para discussão em
educação ambiental com propostas de atividades. Pelotas: Editora Cópias Santa Cruz Ltda.,
2014. 139 p.
PEREIRA, P.S.; BRITO, A.M. Controle ambiental. Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Ceará. Juazeiro do Norte, CE, 2012. 110 p.
RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. Rio de Janeiro: Guanabara- Koogan. 2010. 5ª Ed. 504p.
RESUMO
Esse trabalho foi desenvolvido na Escola Frei Orlando no Munícipio de Itambé-PE com turmas do
2º ano do Ensino Médio, aqui foi aplicado um projeto que estimulou os alunos a desenvolverem
ações que repensassem as atividades da instituição e a conduzissem para o caminho da
Sustentabilidade. A pesquisa teve um caráter qualitativo explorando o recurso da pesquisa-ação.
Essa proposta pedagógica seguiu o norte teórico do Ensino por Investigação onde os estudantes são
considerados protagonistas e atuam em todas as etapas refutando a passividade desses como meros
expectadores. Aqui são relatadas algumas atividades desenvolvidas planejadas e executadas pelos
estudantes onde o professor atuou como parceiro e orientador, tais como: apresentar um projeto de
lei aos vereadores do município para regulamentar a substituição de canudos plásticos por
biodegradáveis; visitar as fábricas, cooperativas e similares da cidade que reutilizam o resíduo
plástico; implantar na escola a coleta seletiva; firmar parceria com coletores de material reciclável e
cadastrá-los no aplicativo Cataki para criar vínculo entre os domicílios e esses profissionais; fazer
campanha publicitária através de vídeo para divulgar o projeto, coletar e destinar ao centro de
reciclagem todo o material recolhido. Como o problema apresentado aos discentes é algo muito
ligado a realidade deles a participação foi muito efetiva. Discutir e aplicar os conceitos
desenvolvidos em sala de aula é algo muito pertinente para que a Escola seja promotora da Práxis.
Aproximando a fala da prática, as instituições se fortalecem sobretudo em uma geração efêmera e
que questiona modelos que são apresentados prontos e acabados. Em suma esse trabalho busca
desenvolver uma atividade baseada numa educação revolucionária e transformadora no aspecto
pedagógico e ambiental.
Palavras-chave: Sustentabilidade; Ensino por Investigação; Protagonismo Juvenil
ABSTRACT
This study took place at Escola Frei Orlando, in the city of Itambé-PE where it involved High
School junior students. The project motivated students to develop actions in order to rethink the
Institution’s activities and guided it to a sustainable path. The research had a qualitative nature,
exploring the resource of research-action. This pedagogic proposition followed the theoretic north
of teaching by investigation where the students are the main character and act in all steps, refuting
their passive nature as bystanders. Here we report some of the activities developed, planned and
executed by the students where the teacher acted as a partner and mentor, such as: To propose a law
project to the city’s lawmakers in order to regulate the substitution of plastic straws by
biodegradable products; to implement recycling at the school; To visit factories and similar
institutions that reutilize plastic residues and register them in the app Cataki in order to create a link
between residencies and these professionals; to make a publicity campaign through videomaking in
order to publicize this project; To pick and send to recycling centers all the material collected. The
problem proposed to the students is something really connected to their reality, therefore, their
engagement was very effective. Discuss and apply the concepts developed in the classroom is
something very pertinent in order to the school promote the Praxis. Approximating talking to the
practice, the institutions become stronger, especially in a ephemeral generation that questions the
models that are presented finished and ready to go. In summary, this study aims to develop an
activity based in a revolutionary and transforming education under a pedagogic and environmental
aspect.
Keywords: Sustainability, teaching by investigation, juvenile main role
INTRODUÇÃO
A Educação para uma sociedade efêmera em todos não aspectos não pode se limitar a
modelos estabelecidos há décadas, pois assim estaria fadada ao insucesso. Normalmente os alunos
não se envolvem em temáticas que não sejam pertinente na ótica deles, as abordagens que envolvem
uma participação efetiva de estudantes são aquelas que eles se sentem parte do problema e/ou com
potencialidade de solucionar. Para essa revolução na atividade docente é preciso descontruir a ideia
de passividade proposta pela Educação Tradicional.
Esse projeto foi aplicado na Escola de Referência em Ensino Médio Frei Orlando no
município de Itambé-PE com quatro turmas do 2º ano do Ensino Médio. Para fomentar o debate
sobre a Sustentabilidade foi apresentado textos e vídeos produzidos pela Organização das Nações
Unidas (ONU) sobre a temática e a partir daí várias ações foram desenvolvidas, cabendo destacar
que todos os passos foram planejados, executados e avaliados com a participação efetiva dos
estudantes, não os condicionando a meros expectadores.
A ideia de Sustentabilidade aborda aspectos do cotidiano de todos e, apesar de ser
desenvolvido a longo prazo, é preciso o engajamento dos diversos setores da sociedade para termos
resultados práticos. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o mundo precisa se
unir contra o plástico lembrando que todo ano 8 milhões de toneladas de resíduos plástico acaba nos
oceanos. Quando os alunos são colocados em situação de reflexão sobre temas polêmicos, como
esse, o envolvimento é grande e o desempenho surpreende.
A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de
cidadãos conscientes, aptos a decidir e a atuar na realidade sócio-ambiental de modo
comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para
isso, é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a
trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de
habilidades e procedimentos. (BRASIL, p. 67-68 1998)
Sustentabilidade com outros matérias além do plástico. Seguindo assim uma ideia de Paulo Freire:
“a educação não muda o mundo mas muda as pessoas que vão mudar o mundo”. O parâmetro de
Sustentabilidade aqui considerado como referencial foi o proposto Por Leonardo Boff (2013),
“modo de ser e de viver que exige alinhar as práticas humanas às potencialidades limitadas de
cada bioma e ás necessidades das presentes e futuras gerações” (p. 11). A seguir são apresentados
os aspectos metodológicos, os resultados e algumas considerações dessa pesquisa que buscou
pensar como a comunidade escolar pode intervir para preservar os recursos naturais.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para esse trabalho serão apresentadas duas metodologias, uma se refere à pesquisa
bibliográfica desenvolvida para nortear teoricamente o mesmo. A outra embasou a vivência do
projeto, e em pertinente construção, com o público alvo da presente intervenção pedagógica.
Metodologia da Pesquisa
Diante disso, a Ciência precisa ser apresentada como “viva” e produto dos processos
humanos, assim em uma proposta de ensino por investigação há o estímulo a participação dos
alunos em todas as etapas do trabalho favorecendo o espírito crítico para uma intervenção diária
utilizando o conhecimento científico.
Dessa forma a análise crítica é estimulada para que professores e alunos repensem suas
ações e o reflexo delas para a coletividade. A pesquisa-ação tem um caráter problematizador
combatendo uma visão internalista da ciência. Também é uma forma de repensar a docência, pois
não se concebe uma proposta investigativa com aspecto revolucionário se as práticas forem meras
reproduções de sequências pré-estabelecidas pelo professor.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma proposta de ensino investigativo deve ser iniciada a partir de uma problemática que
tenha uma relação direta com a realidade dos envolvidos para que não seja relegada ao
esquecimento ou apatia na participação. Em outras palavras, é necessário contextualizar para que os
estudantes sintam a problemática como sua e com potencialidade de intervenção na resolução. Essa
visão é exposta abaixo:
Diante disso, os alunos foram colados em uma problematização que buscou discutir os
reflexos do uso indiscriminado do plástico é a poluição gerada por isso. O tema proposto foi
definido a partir da proposta da Organização das Nações Unidas para o Dia Mundial do Meio
Ambiente, 5 de junho: “Acabe com a Poluição Plástica”
O trabalho em sala de aula foi iniciado a partir da exibição do vídeo “ONU: o plástico está
cobrindo e destruindo nosso planeta”115. Por ser um material bastante impactante, a discussão foi
muito grande e o curioso é que nenhuma das turmas se mostrou indiferente ao problema e, por
conseguinte, demonstraram interesse em enfrentar a poluição plástica. Para dar mais subsídio aos
alunos foi também apresentado e discutida a matéria “No Dia do Meio Ambiente, ONU promove
atividades para combater a poluição plástica”116. O referido texto ajudou na elaboração de uma
intervenção, a qual foi proposta pelos próprios estudantes. A ideia foi procurar no munícipio formas
de Reduzir, Reutilizar e Reciclar (3 R’s) o plástico, estimular a coleta seletiva começando pelo
domicílios e ambiente escolar e fazer uma campanha para coleta de plástico e destino adequado
desses resíduos.
Para atuar na Redução do consumo de plástico pela sociedade, os alunos elaboram uma
proposta de Lei que foi apresentada na Câmara Municipal de Itambé. A qual regulamentava a
substituição de canudos plásticos por canudos biodegradáveis. Na justificativa eles apontaram
alguns dados alarmantes sobre o uso desse artefato, como, por exemplo, o longo período de
decomposição, a porcentagem acentuada de canudos que chegam aos oceanos, por ser um objeto
plenamente dispensável e em alguns casos a presença do desregulador hormonal Bisfenol A (BPA).
115
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3dmZrzeg2e0
116
Disponível em: https://nacoesunidas.org/no-dia-do-meio-ambiente-onu-promove-atividades-para-combater-a-
poluicao-plastica/
Buscando atuar na reutilização do plástico, já que segundo dados da ONU é como se a cada
minuto fosse jogado um caminhão de plásticos no mar, os estudantes buscaram firmar parcerias na
cidade com pessoas que fazem um reuso relevante das garrafas pet, por exemplo. De forma que se
deu prioridade a alternativas sustentáveis e eficientes. Assim, uma experiência de destaque foi na
fábrica artesanal de varal a partir de garrafas pet localizada no distrito de Ibiranga, a 17km da sede
do município.
Figura 3: Produção de Varal a partir de garrafas PET
117
Disponível em : https://www.change.org/p/queremos-que-a-cidade-de-itamb%C3%A9-substitua-os-canudos-
pl%C3%A1sticos
Por fim, os alunos iniciaram uma campanha de divulgação do aplicativo CATAKI119, esse
software disponibiliza o cadastro de coletores de material reciclável e os domicílios têm acesso a
essas informações como telefone, tipo do material coletado, um pouco da história de vida do coletor
etc. Dessa forma se ampliou o impacto social do trabalho, pois se buscou dar visibilidade a esses
profissionais que historicamente são marginalizados.
118
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Nbobm84ys6I
119 Disponível em: https://play.google.com/store/apps/dev?id=8056965238359991774
O projeto está em andamento, algumas parcerias estão sendo firmadas com profissionais
liberais, estagiários, empresas e com o poder público, porém se optou por não discutir tais ações
nesse momento para o amadurecimento das devidas ações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quantas vezes a discussão sobre Sustentabilidade não tratadas apenas no campo teórico?
Quantas vezes se vê Escolas desenvolvendo semanas do Meio Ambiente e ao final do evento se
observa montanhas de “lixo” na frente da instituição esperando o carro da coleta passar? Refletindo
sobre o ambiente escolar se pode lembrar de vários aspectos que contrariam o que sempre é
apontado nas aulas de geografia, biologia, química etc. sobre preservação ambiental.
A proposta desse trabalho é a práxis na atividade docente e, mais especificamente, na área
ambiental. A partir desse trabalho estão sendo avaliados como podem ser reduzidos os impactos dos
resíduos produzidos pela comunidade escolar. Em outras palavras, é buscar uma postura diferente
da convencional como aquelas citadas no parágrafo anterior. É uma ação concreta do Educador e
dos Educandos que se distancia do promotor e reprodutor de práticas mecânicas de alienação, a
citar:
E o que é um professor, na ordem das coisas? Talvez que o professor seja um funcionário
das instituições que gerenciam lagoas e charcos, especialista em reprodução, peça num
aparelho ideológico de Estado. Um educador, ao contrário, é um fundador de mundos,
mediador de esperança, pastor de projetos. Não sei como preparar um educador. Talvez isto
não seja nem necessário, nem possível [...] É necessário acordá-lo. E aí aprenderemos que
educadores não se extinguiram como tropeiros ou caixeiros. Porque, talvez, nem tropeiros
nem caixeiros tenham desaparecidos, mas permaneçam com memórias de um passado que
está mais próximo do nosso futuro que o ontem. Basta que os chamemos do seu sono, por
um ato de amor e coragem. E talvez, acordados, repetirão o milagre de instauração de
novos mundos (ALVES, 1980, p. 27).
Nessa linha libertadora, esse projeto atraiu a presença de profissionais que, de forma
voluntária, se dispuseram a colabora com a sistematização das ideias que surgiram e promoção de
outras, ex-alunos, atualmente universitários, estão coordenando ações e, por isso, pode-se ver o
poder do protagonismo juvenil.
O que foi descrito nesse texto foi a parte inicial, mas várias ações surgiram a partir dessa
discussão, como exemplo:
Criação de um Ponto de Entrega Voluntária de óleo de soja para que alunos e comunidade
destinem esse resíduo para a Escola e aglomerar uma quantidade significativa para destinar
a uma empresa parceira que vai destinar R$ 0,30 ao Hospital do câncer de Pernambuco a
cada litro de óleo coletado;
Distribuição de recipientes em restaurantes parceiros para a coleta de óleo de soja e gordura
vegetal;
Confecção de lixeiras para a coleta seletiva que foram construídas com materiais
reutilizados;
Parceria com a associação de catadores para cadastrá-los no aplicativo Cataki e coletar o
resíduo produzido pela escola;
Oficina com os Professores para disponibilizar ferramentas virtuais que substituam parte do
material impresso.
Essas ações citadas já foram iniciadas, mas optou-se por descrevê-las em trabalhos futuros,
pois se trata de um projeto a longo prazo, já se busca mudar consciências. Porém, alguns resultados
já são visíveis como a redução de resíduo misturado e de descarte fora das lixeiras. É um exercício
constante para que seja compreendido, sentido e exercitado aquilo que se acredita como foi bem
exposto nas palavras de Paulo Freire: “É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que
se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência: O dilema da educação. Edições Loyola, São Paulo,
1999.
ALVES, Rubem. Conversas com quem Gosta de Ensinar. São Paulo: Cortez/Autores Associados,
1980.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio: Parte III na sua contextualização
sócio cultural. Brasília, Brasil 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz
e Terra, 1996.
GERMANO, Marcelo Gomes. Uma Nova Ciência para um Novo Senso Comum. EDUEPB,
Campina Grande, 2011.
PONTE, J. Pesquisar para compreender e transformar a nossa própria prática. Educar, Editora
UFPR, Curitiba, 2004.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: ArtMed editora, 1998.
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo desenvolver a Educação Ambiental entre alunos e professores por
meio da perspectiva de Ensino por Pesquisa tendo a Bacia Hidrográfica como tema de estudo na
escola. A perspectiva de Ensino por Pesquisa foi trabalhada com professores de Ciências da
Natureza de escolas públicas do Norte do Paraná por meio de um curso de formação continuada,
visando posteriormente o desenvolvimento de projetos voltados para temáticas que envolvessem o
meio ambiente e bacia hidrográfica no ambiente escolar. Participaram da pesquisa 10 professores de
diferentes áreas e alunos do Ensino Fundamental e Médio. A metodologia de trabalho adotada foi a
pesquisa colaborativa, considerando que é fundamental a partilha de saberes e experiências entre
professores, na perspectiva de que estes avaliem e reflitam sobre suas práticas, na busca de um
ensino mais crítico. Para a coleta dos dados foram utilizados questionários, gravações de áudio e
vídeo, relatos e discussões realizadas com os professores e alunos. A análise dos dados seguiu os
pressupostos da pesquisa qualitativa. Os planejamentos dos projetos realizados pelos professores
foram analisados de acordo com os fundamentos da perspectiva de Ensino por Pesquisa. Os projetos
trouxeram ricas contribuições para o meio onde os participantes vivem bem como para uma
Educação Ambiental mais crítica e voltada para as problemáticas locais.
Palavras-chave: projetos; interdisciplinaridade; ensino por pesquisa.
ABSTRACT
This research had as objective to develop the Environmental Education between students and
teachers through the perspective of Teaching and Research having the hydrographic basin as theme
of study in the school. The perspective of Teaching by Research was worked with natural science
teachers from public schools in the north of Paraná through a continued education course, aiming at
the development of projects that deal with the environment and hydrographic basins in the school
environment. Ten teachers from different areas and students from elementary and college
participated in the research. The methodology adopted was collaborative research, considering that
it is fundamental to share knowledge and experiences among teachers, with a view to evaluating
and reflecting on their practices, in the search for a more critical teaching. Data were collected using
questionnaires, audio and video recordings, reports and discussions with teachers and students. Data
analysis followed the qualitative research assumptions. The plans of the projects carried out by the
teachers were analyzed according to the foundations of the perspective of Teaching by Research.
The projects have brought rich contributions to the environment where the participants live as well
as to a more critical Environmental Education focused on local problems.
Keywords: projects; interdisciplinarity; research teaching.
INTRODUÇÃO
O atual modelo de desenvolvimento econômico que não favorece o meio ambiente, pelo
contrário, destrói e ameaça nossa qualidade de vida é preocupante. Além do que, pelo fato de a
maioria da população viver nas cidades, “observa-se uma crescente degradação das condições de
vida, refletindo uma crise ambiental. Isto nos remete a uma necessária reflexão sobre os desafios
para mudar as formas de pensar e agir em torno da questão ambiental numa perspectiva
contemporânea” (JACOBI, 2003, p. 190).
Nesse cenário, a escola tem um papel importante, pois ao trabalhar com a Educação
Ambiental, possibilita aos alunos a compreensão e a resolução dos inúmeros problemas que assolam
o Meio Ambiente. Diante disso, compete aos professores das diversas áreas de conhecimento
trabalhar os conceitos, os processos e as complexas relações ambientais, econômicas, políticas,
culturais e sociais atuais, bem como metodologias e práticas que levem os alunos a uma
participação ativa e crítica perante os dilemas socioambientais contemporâneos.
A temática ambiental pode e deve ser incorporada aos currículos escolares de diversas
formas: por meio do desenvolvimento de projetos, atividades práticas, trabalhos artísticos e
culturais, trabalhos em grupos, oficinas, entre outros. O importante é que o aluno se perceba como
integrante do meio, desenvolvendo responsabilidade, atitudes, habilidade e valores para com o meio
ambiente. Nesse contexto, “cabe aos professores, por intermédio de prática interdisciplinar,
proporem novas metodologias que favoreçam a implementação da Educação Ambiental, sempre
considerando o ambiente imediato, relacionado a exemplos de problemas ambientais atualizados”
(SATO, 2003, p. 25).
Diante de uma situação real de busca por solução dos problemas ambientais, vemos na
educação escolar um caminho promissor para alcançar uma educação para a preservação e
conservação do meio em que vivemos. Contudo, é essencial que os professores tenham condições e
discernimento para abordar as questões relacionadas ao meio ambiente e envolver os alunos de
maneira efetiva nas discussões e tomadas de decisões. Segundo Sato (2003), um dos desafios da
Educação Ambiental está relacionado com a neutralidade do professor, uma vez que os assuntos
que geram controvérsias e polêmicas “que exigem postura política mais clara dos professores
sempre são negligenciados, por medo da exposição da posição do professor ou por falta de
conhecimento. Quando a discussão é possível, verifica-se uma postura absoluta e autoritária dos
ideais do professor sobre os alunos” (SATO, 2003, p. 27).
De acordo com Santos (2001, p. 33), a Educação Ambiental deve
No Brasil, uma grande conquista da Educação Ambiental foi a criação da Lei nº 9795/1999,
que trata da Política Nacional de Educação Ambiental. Segundo essa lei, a Educação Ambiental
deve ser considerada um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter
formal e não formal.
No entanto, é significante salientar que a Educação Ambiental não deve ocorrer em uma
única disciplina, pois, em consonância com o Artigo 11 da mesma Lei, “a dimensão ambiental deve
constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas”
(BRASIL, 1999, p. 5). Corroborando essa questão, Reigota (1996, p. 25) argumenta que a Educação
Ambiental deve permear “como uma perspectiva de educação em todas as disciplinas”.
A Educação Ambiental faz parte do conteúdo curricular e da gestão escolar das redes
pública e particular de ensino do Paraná desde 2014, conforme a Lei 17.505/2013. Com esta Lei
Estadual a Educação Ambiental deve ser desenvolvida como uma prática educativa integrada,
interdisciplinar, transdisciplinar e transversal e não como disciplina específica no currículo escolar.
O Paraná é pioneiro ao cumprir a Legislação Nacional - Lei n.º9795/99 e Diretriz Nacional –
Resolução n.º02/2012MEC/CNE, ao regulamentar oficialmente a Educação Ambiental no Estado,
como explica a Técnica Pedagógica da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, Luciane
Cortiano Liotti:
Segundo Jacobi (2005, p. 245), “[...] o papel dos professores é essencial para impulsionar as
transformações de uma educação que assume um compromisso com o desenvolvimento sustentável
e também com as futuras gerações”. Consequentemente, eles também podem ser considerados
responsáveis, uma vez que exercem o papel de mediar, em sala de aula, conhecimentos científicos.
O autor ainda ressalta a necessidade de formar os educadores na reelaboração, na construção e na
decodificação das diversas informações que se tem em torno da temática.
Com a criação da Lei das Águas em nível federal e dos estados da federação, a bacia
hidrográfica no Brasil passou a ser a unidade territorial de planejamento e gestão das águas. Nesse
Diante disso, a perspectiva de Ensino por Pesquisa desenvolvida por António Cachapuz,
João Praia e Manuela Jorge (2000) é considerada como um novo enquadramento para o ensino das
ciências, pois parece satisfazer as exigências mais atuais no âmbito da Educação em Ciência.
De acordo com os autores, é possível que os alunos percebam os conteúdos como meios
necessários ao exercício do pensar, além de tantos outros fins que não apenas para avaliações de
caráter classificatório ou produtos acabados do saber. Assim, “a esta visão acadêmica de ensino
opõe-se uma visão mais relevante e atual do ponto de vista educacional, porventura ligada aos
interesses quotidianos e pessoais dos alunos, socialmente e culturalmente situada e geradora de
maior motivação” (CACHAPUZ; PRAIA; JORGE, 2000, p. 171-172).
O principal objetivo dessa perspectiva é a “construção de conceitos, competências, atitudes
e valores” (CACHAPUZ; PRAIA; JORGE, 2002, p. 140), voltada à educação para a cidadania, com
ênfase na ciência como sendo um processo de construção sociocultural e, como tal, precisa ser
tratada e avaliada com responsabilidade e princípios éticos (LUCAS; VASCONCELOS, 2005).
Segundo Cachapuz, Praia e Jorge (2002) são quatro os princípios organizativos que norteiam
a perspectiva de Ensino por Pesquisa. São eles: i) o apelo à interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade, que se fundamenta na necessidade de os alunos compreenderem o mundo que
os cerca na sua globalidade e complexidade; ii) o desenvolvimento da abordagem de situações-
problema ligados ao cotidiano dos alunos, que permite a construção de conhecimentos sólidos, bem
como a reflexão acerca dos processos que envolvem a Ciência e a Tecnologia, e as relações com o
ambiente e a sociedade. Isso possibilita a tomada de decisões e atitudes mais responsáveis por parte
dos alunos, proporcionadas pela aprendizagem dos domínios científico e tecnológico, além do
desenvolvimento de atitudes, valores e capacidades; iii) o apelo ao pluralismo metodológico, ou
seja, a utilização de diversas metodologias e estratégias de ensino, especialmente aquelas
relacionadas às novas orientações sobre trabalhos experimentais; iv) a necessidade da avaliação
formadora não classificatória, que acompanhe todas as etapas do processo de ensino-aprendizagem,
levando em conta os diferentes contextos educacionais. Por sua vez, para se efetivar o Ensino por
Pesquisa em sala de aula, torna-se necessário o desenvolvimento de todos esses princípios.
METODOLOGIA
(BRANDÃO, 2003, p. 142). Assim, procuramos visualizar, nas falas dos participantes, quais eram
as crenças, as concepções e as práticas relativas ao foco do nosso estudo.
Cabe destacar ainda que o projeto que originou esta pesquisa foi submetido ao Comitê
Permanente de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (COPEP) da Universidade Estadual de
Maringá, tendo sido aprovado de acordo com o protocolo 01.10.0714 Ref. 1823/10.
RESULTADOS
O projeto “Rio e nascentes na bacia hidrográfica próximo ao colégio” foi elaborado por
uma professora de Ciências e desenvolvido juntamente com cinco de seus colegas, professores das
disciplinas de Geografia, Matemática, Artes, Língua portuguesa e História da mesma escola, onde
cada docente desenvolveu as atividades durante as suas aulas (Geografia: conceito de Bacia
Hidrográfica e suas configurações, escalas geográficas; Língua Portuguesa: produção de texto
informativo, relato e resumo; Matemática: gráficos sobre o consumo e desperdício de água;
História: colonização do Norte do Paraná, entrevistas com moradores mais antigos e compilação
dos dados; Ciências: aulas de campo em nascentes próximas à escola, identificação de problemas
ambientais e possíveis soluções).
Esses professores não haviam participado do curso de formação continuada, porém se
engajaram na implementação do projeto, pois foram convidados pela professora de Ciências a
enriquecer o referido projeto, com ideias e atividades diferenciadas dentro de sua formação. A
iniciativa em envolver demais professores vai de encontro com a proposta da interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade, fundamentos do EPP. Além do mais, uma das propostas da Educação
Ambiental é a formação de multiplicadores das ações trabalhadas durante o curso, papel este
desempenhado pela professora de Geografia que, ao retornar para a escola, mobilizou os demais
colegas a participarem desse projeto.
Segundo a professora, o projeto foi desenvolvido
Aluno: Como eram os rios e nascentes próximos ao Colégio há 20 -30 – 40 anos atrás?
As águas eram limpas. Os rios e nascentes eram cheios, havia peixes (avó de uma aluna).
Os rios eram limpos com abundância de peixes. A mata na região era bem preservada
(moradora de 74 anos).
Aluno: Havia peixes no rio? Quais? E hoje?
Sim, peixes de porte pequeno. Hoje em dia não há peixes devido à sujeira (avó de uma
aluna).
As entrevistas foram realizadas juntamente com a professora de História. Também foi
solicitado aos alunos o resgate de fotos antigas do rio para comparar com as atuais. Na disciplina de
História, foi trabalhada a colonização do Norte do Paraná com diferentes enfoques: econômico,
político, social, cultural. Após as entrevistas, os alunos elaboraram textos com as informações
obtidas, ilustrados com as fotografias por eles resgatadas. Os textos ficaram disponíveis na
biblioteca para consulta da comunidade escolar.
A atividade seguinte consistiu em uma palestra, promovida pela professora de Ciências, que
convidou e levou até a escola um ambientalista do GAIA (Grupo Ambientalista Interdisciplinar de
Apucarana) e representante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Piraponema (Rio Pirapó, Rio
Paranapanema 3 e 4). O palestrante apresentou as características da bacia hidrográfica local e os
problemas ambientais que nela existem. Os alunos participaram com questionamentos. Foi válida
essa atitude da professora em trazer para a escola uma pessoa que acompanha a situação do meio
ambiente local e está ciente dela para somar e contribuir com seus conhecimentos e experiências
nos trabalhos desenvolvidos.
Como a escola localiza-se bem próxima a dois parques municipais, os quais apresentam
dezenas de nascentes e córregos, foi realizada uma aula de campo para reconhecimento do local,
bem como da localização da microbacia hidrográfica. Ao longo do percurso, que foi realizado a pé,
os estudantes deveriam observar e levantar algumas informações, tais como: a vegetação está em
bom estado ou modificada? Quais os impactos provocados pelo homem? Foi observado muito lixo
no interior e na margem do córrego.
A professora, ainda, levantou outras questões e as discutiu com os alunos: o que os governos
locais estão fazendo para protegê-los? Que projetos a cidade tem para resolver os problemas
existentes? Por que as pessoas não colaboram para proteger estes espaços? Como cada um pode
ajudar na preservação?
A professora de Língua Portuguesa trabalhou com os alunos o relatório da aula de campo e
uma carta na qual constaram todas as atividades desenvolvidas ao longo do projeto. O documento
foi encaminhado para o secretário do Meio Ambiente e ao presidente do Conselho Municipal do
Meio Ambiente do município, reivindicando um olhar atento para os problemas ambientais
detectados durante a realização do projeto. Anexo a carta, foram enviados os relatórios dos alunos
sobre a aula de campo.
Essa atividade demonstra que a comunidade escolar não está alheia às questões ambientais
do seu entorno, pois busca trazê-las para a escola e discutir ações para sua melhoria. Logo abaixo, é
possível visualizar alguns fragmentos de relatórios realizados pelos alunos. Concordamos com
Cachapuz, Praia e Jorge (2000, p. 74), no sentido de que “não podemos viver, a Escola não pode
continuar a viver à margem dos problemas sociais e éticos, dos problemas novos com que a
sociedade pós-moderna se debate”.
“Com o objetivo de investigar como estão as nascentes e rios próximos do colégio, no
último dia 8, nós alunos do 9° F, saímos do colégio as 09:10 juntos com as professoras x, x
e x para observarmos a bacia hidrográfica a qual pertence ao nosso colégio.
Nós observamos, ao longo do caminho muitas belezas naturais, parques flores, jardinagens,
mais infelizmente vimos também muitas poluições como: papéis, plásticos, colchões, resto
de construções, animais vagando em lugares inapropriados, queimadas, etc. Lixos que
demoram uma "eternidade"para se decompor. Então fomos até o parque Biguaçú e ao
parque da bíblia, lugares bonitos e interessantes, conseguimos ver a bacia hidrográfica de
Apucarana. Terminamos o passeio observando as nascentes da bacia hidrográfica nas
redondezas do colégio”(Aluna do 9° ano).
“Durante o nosso trajeto passamos pelo córrego do Rio Biguaçu e notamos muito lixo,
poluição e descaso da população com nossa natureza”(Aluno do 9° ano).
“Ao longo do caminho observamos várias belezas, como flores no caminho, várias árvores
nativas e ornamentais. Mas, percebemos também que há muita poluição nas nascentes,
muito lixo doméstico. Não há mata ciliar” (Aluno do 9° ano).
“A situação dos rios estava péssima, tudo poluído” (Aluna do 9° ano).
As duas professoras de Geografia que participaram desse projeto desenvolveram aulas
sobre: definição de Bacia Hidrográfica e suas configurações e, concomitantemente, associaram as
escalas geográficas das redes e bacias hidrográficas, sendo elas locais, estaduais e nacionais;
localização da bacia hidrográfica onde está inserido o colégio; nascentes e rios da área urbana por
meio de mapas.
CONCLUSÕES
O espaço de formação de professores criado para essa pesquisa priorizou a elaboração e o
desenvolvimento de projetos, oficinas e ações de acordo com a realidade de cada grupo.
Procuramos incentivar o planejamento e a execução das atividades, pois ninguém conhece, ou
deveria conhecer, mais seu contexto educacional do que o próprio professor; ninguém mais que ele
sabe a melhor maneira de atingir seus objetivos e, consequentemente, seus alunos. Os projetos e as
oficinas realizadas foram diversificados e voltados para a realidade dos envolvidos, o que
proporcionou novos caminhos para as aulas, nas quais os alunos puderam participar de maneira
mais ativa e comprometida com os estudos.
Esta pesquisa reflete a necessidade de se trabalhar os conteúdos de forma interdisciplinar,
com diferentes metodologias e abordagens de ensino na Educação Básica, na busca pela superação
do ensino tradicional, meramente passivo e memorístico, uma vez que a grande maioria dos
professores participantes desconhecia as abordagens e perspectivas de ensino trabalhadas nesta
pesquisa, as quais colocam o aluno em um papel ativo e responsável pela construção do seu
conhecimento.
Na busca por um mundo mais equilibrado ambientalmente, assim como pela melhoria da
nossa qualidade de vida, é essencial a sensibilização dos professores, para que os mesmos possam
incorporar, na sua prática pedagógica, ações e atividades voltadas para a discussão das inúmeras
problemáticas que envolvem o meio ambiente, pois é na escola que mudanças de hábitos, atitudes e
a formação de valores e opiniões podem ocorrer de maneira significativa. Por meio dos projetos os
alunos puderam vivenciar práticas, refletir sobre atitudes do dia a dia, desenvolver valores e
habilidades voltadas para a melhoria e conservação do meio ambiente.
REFERÊNCIAS
SANTOS, S. A. M. dos. Reflexões sobre o panorama da Educação Ambiental no ensino formal. In:
Panorama da Educação Ambiental no ensino fundamental / Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2001.
RESUMO
O Brasil detém um dos maiores potenciais de água doce do planeta, mas há uma distribuição
territorial não uniforme deste recurso tão essencial à vida, devido a grande diversidade climática e
ao seu extenso território. Entretanto, apesar de dispor de uma avançada legislação direcionada aos
cuidados com o meio, ainda há uma aplicabilidade pouco eficiente a respeito das leis. A carência na
prestação de serviços de saneamento básico coloca em perigo a qualidade das águas disponíveis
para o consumo, afetando a saúde humana, ocasionando consequentemente um dispêndio maior de
investimentos que poderiam ser direcionados à saúde e educação dos habitantes. A presente
pesquisa objetiva através do uso de estudo de caso explorar métodos de tratamento de esgoto,
envolvendo a contextualização do ensino de química ambiental e posicionamento dos discentes
diante de uma problemática apresentada. Utilizou-se nesta pesquisa o caso do tipo Aprendizagem
Baseada em Problemas. O procedimento metodológico iniciou-se com a aplicação de um
questionário prévio, seguido de uma palestra abordando-se os métodos de tratamento de esgotos e
logo após apresentou-se o caso “Trazendo a água da lama à nobreza”, para propor no trabalho em
equipe as soluções ao caso, expressando-as através da produção textual, finalizando-se com
aplicação de um questionário para averiguação da aprendizagem. Verificou-se na utilização do
método de estudo de caso a possibilidade de explorar os tipos de tratamento de esgoto, além de o
método propiciar contribuições para um ensino que desenvolva habilidades e competências voltadas
para o conhecimento científico, o desenvolvimento do pensamento crítico-reflexivo, além de
explorar a relação do ensino de Química ambiental com o cotidiano e a formação cidadã.
Palavras-chave: Tratamento de Esgoto; Efluentes; Estudo de Caso; Ensino de Química; Meio
Ambiente.
ABSTRACT
Brazil holds one of the largest freshwater potentials on the planet, but there is an unequal territorial
distribution of this resource so essential to life, due to great climatic diversity and its extensive
territory. However, although there is an advanced legislation aimed at the care of the environment,
there is still a little efficient applicability to the laws. The lack of basic sanitation services endangers
the quality of water available for consumption, affecting human health, resulting in a higher
expenditure of investments that could be directed to health and education of the population. This
objective research through the use of case study explores sewage treatment methods, involving the
contextualization of the teaching of environmental chemistry and positioning of the students in the
face of a problematic presented. It was used in this research the case of type learning-based
problems. The methodological procedure began with the application of a previous questionnaire,
followed by a lecture addressing the methods of sewage treatment and soon after presented the case
"Bringing the water from the mud to the nobility", to propose in teamwork the Solutions to the case,
expressing them through textual production, concluding with the application of a questionnaire to
ascertain learning. It was verified in the use of the case study method the possibility of exploring the
types of sewage treatment, in addition to the method providing contributions to a teaching that
develops skills and competences focused on scientific knowledge, the development of critical-
reflective thinking, besides to exploring the relationship of environmental chemistry teaching with
daily life and citizen formation..
Keywords: Sewage treatment; Wastewaters; Case Study; Teaching Chemistry; Environmental.
INTRODUÇÃO
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), na Parte III a qual trata do
ensino de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, “os conhecimentos difundidos no
ensino de Química permitem a construção de uma visão de mundo mais articulada e menos
fragmentada” (BRASIL, 2000, p. 32), o qual este deve primar não meramente pelo conteúdo
teórico, mas também pelo desenvolvimento de habilidades e competências para capacitar os
discentes na tomada de decisões em situações problemas, contribuindo assim na sua formação
cidadã.
Para o ensino de Química não reduzir-se unicamente a transmissão de informações prontas
sem qualquer relação com a realidade do estudante, neste deve-se tratar dos temas de forma
contextualizadora do conhecimento, com mais flexibilidade e interatividade, o qual possa permitir
aos aprendizes uma leitura de mundo pela ótica da Química.
Uma vertente do ensino de Química é a Química ambiental, a qual conforme Art. 1º, do
Capítulo I, da Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999, que trata da educação ambiental, institui a
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências:
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999, p.1)
O ensino de Química ambiental deve promover a ampliação do senso crítico para o aluno
torna-se um agente transformador na comunidade que convive. Ferreira, Silva e Sales (2016)
consideram o meio ambiente o foco da Química Ambiental e sendo este ocupado por nós, cabe ao
docente empregar uma metodologia que contemple a relação teoria, sociedade e meio ambiente com
uma base para discussões relevantes em sala de aula de forma contextualizada.
No tocante ao meio ambiente, há uma crescente preocupação com a água no que se refere à
disponibilidade, tratamento, e as formas de reaproveitamento das águas residuais provenientes tanto
de esgotos domésticos, quanto industriais, bem como com os mananciais onde estes muitas vezes
são lançados sem que sejam obedecidos os parâmetros legais para o descarte no meio ambiente.
A Lei nº 11.445/2007 em seu Art. 2º, inciso I e Art. 3º, inciso III, garante a universalização
dos serviços públicos de saneamento básico, sendo esta a “ampliação progressiva do acesso de
todos os domicílios ocupados ao saneamento básico”. (BRASIL, 2007, p. 1). São serviços públicos
básicos do saneamento o “abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo
dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio
ambiente” (BRASIL, 2017, p. 1).
Diante de fatos cada vez mais progressivos, como a escassez de águas e recursos naturais,
é impreterível a discussão de temas relacionados ao meio ambiente.
A presente pesquisa objetiva através do uso de estudo de caso explorar métodos de
tratamento de águas residuais, envolvendo a contextualização do ensino de química ambiental e
posicionamento dos discentes diante de uma problemática apresentada.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diante das declarações colhidas, pode-se então considerar uma aceitação positiva do método
aplicado por parte dos participantes deste estudo e a relevância da sua contribuição para o ensino e
aprendizagem.
O grupo C apresentou uma série de ações para minimizar o problema da cidade, mas não
apresentou as vantagens e desvantagens visando o lado social, o ambiental e econômico da proposta
apresentada. A proposta da criação de um lixão é inviável por este ser proibido por lei e o que é
aceito atualmente são os aterros sanitários construídos com mantas impermeabilizantes do solo,
controle do chorume e a queima do metano produzido a partir da decomposição da matéria
orgânica.
Na discussão das propostas apresentadas pelos três grupos, evidenciam-se em todas, a
preocupação com o descarte correto do lixo produzido a partir das residências como alternativa para
reduzir a poluição por resíduos sólidos e contaminação do lençol freático.
Mesmo não se explicitando no texto os argumentos das vantagens e desvantagens das
escolhas, pronunciaram-se esses pontos durante o debate realizado com os grupos.
Percebeu-se o aproveitamento da aplicação da atividade mediante as produções textuais,
embora se necessite o aprimoramento na clareza das ideias pela escrita, é perceptível o quanto o
método utilizado foi útil para discussão e compreensão do tema trabalhado.
A metodologia pode ser proveitosamente empregada dentro do ensino de Química ambiental
para tratar temas que envolvam assuntos do cotidiano e promover relevantes discussões.
Ferreira, Silva e Sales (2016, p. 4) afirmam que “através do método do Estudo de Caso, é
possível levantar conjeturas que resultem na contribuição para o alívio ou resolução de um dado
problema, pois este possibilita exercitar o olhar crítico e reflexivo diante de uma dificuldade real”,
pois o apontamento das soluções realiza-se em forma de hipóteses e não de uma decisão final, o
qual os discentes podem argumentar em favor da resolução mais condizente.
Ventura (2007) aponta sobre a crescente importância do uso de estudo de caso, por serem
usados de diferentes modos, com abordagens quantitativas e qualitativas na prática educacional
como modalidade investigativa, além da aplicação em distintos campos do conhecimento, sobretudo
na Medicina, Psicologia e outras áreas da saúde, nas áreas tecnológicas, humanas e sociais, dentre
outras.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Agência Nacional de Águas, Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. -- Brasília: ANA,
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Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. Brasília, DF, 2005. Disponível em:
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1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Brasília, DF, 1997. Disponível
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saneamento básico e para a política federal de saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19
de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13
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VENTURA, Maria Magda. O estudo de Caso como Modalidade de Pesquisa. Revista SOCERJ. Rio
e Janeiro, Set/Out. 2007.
RESUMO
A conscientização ambiental nas escolas depende de muitos fatores, um deles é a ministração de
aulas diferenciadas e o uso de recursos diversificados. Além disso, tais recursos precisam ser
favoráveis à aquisição do conhecimento. Neste trabalho, foi abordado uma aula diferente dos
parâmetros tradicionais, giz e quadro, com tema voltado a Educação Ambiental, em que foram
utilizados materiais reciclados e o protótipo de biodigestor. Em alusão ao procedimento
metodológico, a pesquisa foi desenvolvida e aplicada na turma do 3º ano do Ensino Médio da
Escola João da Cunha Vinagre no município do Conde, estado da Paraíba, Brasil. A presente
discussão buscou por meio de uma aplicação conhecer os níveis de conhecimento dos discentes,
sobre conceitos que envolvem o meio ambiente. A metodologia utilizada foi baseada nos métodos
qualitativo e quantitativo. Aplicou-se um questionário de sondagem, onde foi analisado o
conhecimento prévio do alunado sobre temas envolvendo a Educação Ambiental. Posteriormente,
foram aplicadas aulas diversificadas contextualizadas voltadas à conscientização ambiental, sobre o
meio ambiente, lixo e suas classificações, reciclagem e uso do biodigestor. Os resultados analisados
foram significativos, apresentando participação ativa dos alunos, com discussão e uma ótima
compreensão sobre o tema abordado, retratando, dessa forma, uma associação necessária do
conteúdo explanado em sala de aula a exemplos referentes ao seu cotidiano, construindo uma
efetiva aprendizagem e desenvolvendo alunos críticos.
Palavras Chaves: Educação Ambiental, Metodologia Diferenciada, Ensino de Química.
ABSTRACT
Environmental awareness in schools depends on many factors, one of them is the ministration of
differentiated lessons and the use of diverse resources. In addition, these features need to be
conducive to the acquisition of knowledge. In this work, was approached a class different from the
traditional chalk and table parameters, with theme focused on environmental education, in which
recycled materials were used and the prototype of biodigestor. In allusion to the methodological
procedure, the survey was developed and applied in the 3rd year of high school the School João da
Cunha Vinagre in the municipality of Conde, Paraíba State, Brazil. This discussion sought by
means of an application to meet the levels of knowledge of students about concepts that involve the
environment. The methodology used was based on qualitative and quantitative methods. A
questionnaire was applied, where polling was reviewed prior knowledge of students on subjects
involving environmental education. Subsequently, were applied varied lessons in context focused
on environmental awareness, about the environment, garbage and their rankings, recycling and use
of the biodigestor. The analyzed results were significant, showing active participation of students,
with discussion and a great understanding about the issue, portraying, in this way, a necessary
Association content explained in classroom examples regarding your daily life, building an
effective learning and developing critical students.
Keywords: environmental education, differentiated methodology, chemistry teaching.
INTRODUÇÃO
A forma com a qual os conteúdos químicos são apresentados para os discentes na atualidade,
cria uma imagem demasiadamente negativa desta disciplina. De tal modo, que os mesmos não têm
motivação alguma para o estudo desta Ciência, pois a tacham como algo desestimulante e sem
sentido. Esse cenário evidencia a urgente necessidade de adaptações metodológicas no currículo
escolar e a criação de recursos didáticos modernos que estejam desvinculados dos métodos de
ensino tradicionais, limitados a mera exposição de conteúdo (TRINDADE e HARTWING, 2012).
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais + (PCN+) (2006 p .93),
[...] a simples transmissão de informações não é o suficiente para que os alunos elaborem
suas ideias de forma significativa. É imprescindível que o processo de ensino-aprendizagem
decorra de atividades que contribuam para que o aluno possa construir e utilizar o
conhecimento.
Dentre as atividades que contribuem para uma aprendizagem mais qualificada, destaca-se a
experimentação, esta é considerada como recurso fundamental para realizar a integração dos
discentes com os fenômenos expostos em sala de aula (CARVALHO, BATISTA e RIBEIRO,
2007). Além disso, seu emprego torna possível correlacionar a prática com a teoria, atribuindo
significado ao conteúdo químico e desenvolvendo nos educandos a capacidade de refletir
criticamente sobre a realidade que os circundam. Nessa perspectiva, destaca Chassot (2003, p. 46),
Aliar a teoria com a prática no sentindo de enriquecer os conteúdos tradicionais e fazer com
que o educando perceba que estudar química não é só decorar fórmulas, memorizar fatos,
símbolos e nomes, mas sim que a vida cotidiana é relacionada com esta Ciência percebendo
as relações existentes entre aquilo que estuda na sala com a natureza e a sua própria vida.
diversas matrizes energéticas, e suas contribuições positivas e negativas para o meio ambiente
(SOUZA e MIRANDA, 2012).
Com o biodigestor, pode-se promover a conscientização ambiental e usar o produto oriundo
desse equipamento em aulas experimentais. Desse modo, sua utilização possibilita a inserção das
duas ferramentas metodológicas, anteriormente discutidas, que facilitam o aprendizado: a
experimentação e a contextualização.
Portando, a aplicação de um protótipo de biodigestor em sala de aula, propicia a
aprendizagem significativa, instigando a curiosidade e gerando conhecimento, através de uma
abordagem interdisciplinar entre a Química e a Educação Ambiental (EA).
O mundo tem sido marcado por grandes mudanças que atingem negativamente o meio
ambiente, sejam elas produzidas por ações antrópicas das atividades domésticas, industriais ou pelo
próprio revide que a natureza dá a essas ações.
Um dos cenários de referências a essas atividades urbanas deve-se a revolução industrial,
demonstrando diversas consequências como à exacerbada utilização de recursos, degradação da
qualidade de vida, geração de resíduos e, concomitantemente, aumento da poluição.
Visto esses crescentes problemas ambientais, a necessidade de buscar soluções foi sendo
refletida para que levassem a conservação e preservação dos recursos providos da natureza e do
meio ambiente (fauna, flora, o ar, a água). A partir de cogitações como estas pode ser citado um dos
primeiros eventos que trouxe o surgimento de um pensamento voltado para o socioambiental. Tal
episódio, ocorrido em Estocolmo no ano de 1972 deu início a 1ª convenção da Organização das
Nações Unidas (ONU).
Desde então, esse foi um dos pontos de partida para que o mundo pudesse falar sobre o tema
entre outros eventos, como conferências e congressos. No Brasil, temos respaldos de leis que
auxiliam e regulamentam sobre a punição para prática de impactos ambientais e crimes ambientais.
Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 na qual, responsabiliza cidadãos civis comuns como
também as indústrias. Segundo o IBAMA: “A decisão de agredir o meio ambiente é ainda mais
séria e deve ser punida com maior rigor. Aquele que, deliberadamente, atua em interesse próprio,
contra a natureza, ou, melhor dizendo, contra a própria humanidade” (BRASIL, 2014, p. 3).
Para que haja um asseguramento dos recursos naturais e a qualidade de vida para as
populações futuras, é importante haver mudanças no comportamento para o desenvolvimento
sustentável, conciliando entre a produção de bens de consumo, preservação ambiental e a
sustentabilidade.
Nessa conjectura, “As populações estão se conscientizando de que os recursos naturais são
finitos e que sua não preservação ameaça o futuro das novas gerações” (BRASIL, 2002). Percebe-se
que nos últimos anos em termos de conscientização ambiental as sociedades têm sido despertadas
de forma gradativa para a amenização dos impactos do homem.
Assim, a busca de ferramentas que favoreçam ainda mais essa conscientização é
indispensável, podendo começar através da educação, em especificamente a ambiental.
Desta forma, a presente discussão tem como uma das finalidades trazer uma reflexão à
postura voltada aos cuidados do meio ambiente através da Educação Ambiental.
A Educação Ambiental, segundo a lei nº 9795/99 da Política Nacional de Educação
Ambiental define-se como: “Processos por meios dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do
meio ambiente bem de uso comum do povo, essencial à vida sadia, qualidade de vida e sua
sustentabilidade”.
A Educação Ambiental tem a capacidade de transformar paradoxos, estimular mudanças
como meio de incentivo. Segundo, Loureiro:
Embasamentos como estes tem tomado espaço para sensibilizar as pessoas sobre impactos
ambientais, uma vez que a EA pode mudar com eficácia o modelo de vida para uma sociedade
sustentável. Entretanto, é imprescindível esse suporte sobre a EA em todos os níveis de ensino,
inclusive na educação básica para a promoção de indivíduos com senso crítico.
De modo que, recomendam os Parâmetros Curriculares Nacionais:
É possível estimular os indivíduos a terem uma postura correta quanto a certas ações que se
tratam do meio ambiente. A Educação Ambiental é uma ferramenta que possibilita o alcance de um
olhar crítico para o desenvolvimento sustentável, explanando a importância do estudo desta para a
preservação do nosso planeta, pois é uma temática que é de responsabilidade de todos.
Segundo, Gadotti:
Sendo assim, o indivíduo é capaz de construir relações com a natureza de forma consciente e
coesa e quando este tem por ações aquilo que pensa e fala demonstrando importância ao ambiente
que está inserido, este sim demonstra de fato o bom senso sobre o que é sustentabilidade, alinhando
de forma prática, sadia e coerente a construção de um cidadão crítico consciente.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Isso se faz jus ao marco dessa problemática, a Revolução Industrial, que trouxe consigo a
urbanização e a industrialização. Com a consolidação do capitalismo, o incentivo à produção aliada
à necessidade evidente de se adquirir produtos novos a todo o momento, fez com que a ideia de
progresso surgisse ligada à exploração e destruição de recursos naturais. Gerando assim, uma
grande quantidade de lixo com a forma desse consumo, causando dessa forma, consequências
sérias, estas que foram citadas nas respostas dos discentes.
[...] Este processo será acompanhado pelo agravamento da poluição atmosférica, sonora, do
solo e das águas, da desaparição maciça de espécies animais e vegetais, cujas
consequências em longo prazo são em grande parte desconhecidas e de difícil previsão.
(BRILHANTE, 1999, p. 26).
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Acesso em: 14/07/2018
RESUMO
Quando tratamos sobre sustentabilidade urbana, um dos maiores desafios que os municípios
brasileiros enfrentam é a gestão de resíduos sólidos. A coleta seletiva é um processo que consiste
em um mecanismo de separação dos resíduos orgânicos e inorgânicos, úmidos e secos, recicláveis e
não recicláveis na fonte geradora e no recolhimento dos mesmos descartados por empresas e
pessoas. Sendo assim, a presente pesquisa teve como objetivo construir o conhecimento sobre a
coleta seletiva e sua importância para o meio ambiente, juntamente com os discentes do Ensino
Fundamental II da Escola Estadual Dom Moisés Coelho. A pesquisa foi realizada na turma do 6º
ano e composta por 40 alunos e o seu desenvolvimento se deu por meio dos dados que foram
coletados através da aplicação de questionário contendo questões objetivas e subjetivas. Diante dos
resultados obtidos através do questionário, as maiorias dos estudantes pesquisados apresentam uma
percepção mediana de conhecimento sobre a coleta seletiva associada à reciclagem, devido à falta
de informações acerca dos processos de separação e recolhimento dos resíduos sólidos. A
abordagem dessa temática no ambiente escolar é limitada às disciplinas curriculares, pois não existe
ocorrência de atividades interdisciplinares que proporcionem uma abrangência maior sobre a coleta
seletiva.
Palavras-chave: Coleta Seletiva. Ensino Fundamental. Pesquisa.
ABSTRACT
When dealing with urban sustainability, one of the biggest challenges facing Brazilian
municipalities is the management of solid waste. Selective collection is a process that consists of a
separation mechanism of the organic and inorganic residues, wet and dry, recyclable and non-
recyclable in the generating source and in the collection discarded by companies and individuals.
Therefore, the present research had as objective to build the knowledge about the selective
collection and its importance for the environment, together with the students of Elementary School
II of the Escola Estadual Dom Moisés Coelho. The research was carried out in the group of the 6th
year E composed of 40 students and its development was through the data that were collected
through the application of a questionnaire containing objective and subjective questions.
Considering the results obtained through the questionnaire, the majority of the students surveyed
present a median perception of the knowledge about the selective collection associated to recycling,
due to the lack of information about the solid waste separation and collection processes. The
approach of this theme in the school environment is limited to the curricular subjects, as there is no
occurrence of interdisciplinary activities that provide a greater scope on the selective collection.
Keywords: Selective Collection. Elementary School. Search.
INTRODUÇÃO
Quando tratamos sobre sustentabilidade urbana, um dos maiores desafios que os municípios
brasileiros enfrentam é a gestão dos resíduos sólidos. Desde os anos 1990, com o aumento do
consumo das famílias, a questão dos resíduos sólidos tem ganhado destaque no Brasil: o resíduo é
visto como um problema ambiental por 28% dos brasileiros e como o principal problema ambiental
urbano por 47% (BRASIL, 2012). Mais do que os perigos sanitários e de saúde pública que
resultam do acúmulo dos resíduos, existe a preocupação com a conservação do ambiente natural e
com a reutilização de recursos. Isso obrigou as administrações municipais a prestarem maior
atenção na gestão desses resíduos, processo que envolve o controle sobre o seu recolhimento,
transporte, tratamento e destinação final (CONKE; NASCIMENTO, 2018).
A coleta seletiva é um processo que consiste em um mecanismo de separação dos resíduos
orgânicos e inorgânicos, úmidos e secos, recicláveis e não recicláveis na fonte geradora e no
recolhimento dos mesmos descartados por empresas e pessoas. Para que a gestão dos resíduos
sólidos ocorra de forma adequada é importante que haja monitoramento de seus resultados. Estudos
sobre resíduos sólidos apresentam-se com grande relevância no contexto brasileiro e mundial,
sobretudo, devido ao fato de que o crescimento populacional, aliado ao processo de urbanização e à
expansão do modo de vida urbano, tem contribuído para um significativo aumento da geração de
resíduos sólidos urbanos (MUCHINSKY; PEREIRA, 2018).
Para Lemos (1999), a escassez de programas de coletas seletivas traz consigo uma
problemática: a precariedade de informações destinada à população sobre a importância da
separação dos resíduos sólidos, pois, além de gerar renda para milhões de pessoas e economia para
as empresas, essa prática também significa uma grande vantagem para o meio ambiente, uma vez
que, diminui a poluição nos diferentes ecossistemas. Este tipo de coleta é de extrema importância
para o desenvolvimento sustentável do planeta Terra. Dentre os mais variados problemas
ambientais encontrados no mundo, o resíduo sólido é um dos mais preocupantes e diz respeito a
cada um de nós. Abordar a problemática da geração e destinação do resíduo sólido no processo de
educação é um desafio, cuja solução passa pela compreensão do indivíduo como parte atuante no
meio em que vive.
A formação da consciência ambiental requer uma transformação de hábitos, movimentando
os discentes através de ações significativas. A Escola deve propiciar o trabalho de questões
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Classificação da Pesquisa
Para a pesquisa ter um desenvolvimento efetivo e eficaz, ela foi classificada de acordo com
suas finalidades objetivando alcançá-los de forma clara e específica.
Do ponto de vista de sua natureza ela gera conhecimentos dirigidos para a solução de
problemas locais (SILVA; MENEZES, 2005). Quanto à abordagem do problema ela assume
característica tanto quantitativa quanto qualitativa. Qualitativa, pois é necessário para que as
informações sejam filtradas da maneira ideal, extraindo tudo o que é de fato relevante e eliminando
o bruto. E quantitativa, pois é aquela onde se mensura, onde se quantifica as informações, o que
mostra que os dois tipos de pesquisa se complementam, e também é uma boa maneira de garantir
a inteligência competitiva.
Com o intuito de alcançar os objetivos, a pesquisa foi descritiva, pois foram utilizadas
técnicas padronizadas para a coleta de dados que têm por finalidade a descoberta de novos
conhecimentos no domínio científico.
A coleta de dados foi feita por meio de um questionário, para assim saber o nível de
conhecimento sobre a temática, facilitando assim um grande alcance de informações em um curto
período de tempo.
A análise qualitativa foi realizada separando as respostas que foram adquiridas através do
questionário, e separando tais respostas em grupo. E a quantitativa, foi efetuada com a utilização de
porcentagem e esboçando em gráfico ou tabela.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Dos 40 alunos que compõe a turma do 6º ano da Escola Dom Moisés Coelho, na cidade de
Cajazeiras – PB, 45% constituem o sexo masculino e 55% representam o sexo feminino (Figura 1).
Quanto à localidade, todos residem na zona urbana. Quanto à renda mensal familiar, foi declarada
que a maioria dos alunos possui renda mensal acima de um salário mínimo.
75%
55%
50% 45%
25%
0%
Sexo masculino Sexo feminino
Por meio de uma atividade realizada em sala de aula, foram distribuídos entre os 33 alunos
que estavam presentes, um questionário sobre a coleta seletiva, com o intuito de avaliar o
conhecimento sobre o conteúdo antes da intervenção. Dos alunos entrevistados foi possível
constatar que 35% não possuíam ter conhecimento sobre o conceito e a importância da coleta
seletiva para o meio ambiente, enquanto que 47,5 % afirmaram possuir algum conhecimento prévio
sobre este assunto e 17,5% não realizaram o questionário devido estarem ausentes na escola (Figura
2).
75,00%
Sim
47,50%
50,00%
Não
35%
Não responderam
25,00% 17,50%
0,00%
Alunos da turma do 6º ano
Como nos mostra Felix (2007), a proposta da coleta seletiva dos resíduos sólidos gerados em
âmbito escolar é uma ação educativa que visa investir em uma mudança de percepção ambiental,
como um elo para trabalhar a transformação da consciência ambiental. De acordo com os dados
retratados através do questionário, a maioria dos estudantes pesquisados apresentam uma percepção
mediana de conhecimento sobre a coleta seletiva associada à reciclagem, que pode vir a estar
vinculada com a falta de informações acerca dos processos de separação e recolhimento dos
resíduos sólidos. A despeito disso, essa percepção traz benefícios sustentáveis e econômicos,
destacando a importância da coleta como um fator para a disseminação de novos significados para o
meio ambiente.
Ao ser induzidos a conceituarem a coleta seletiva, uma grande parte da turma afirmou que o
conteúdo poderia estar relacionado à questão dos resíduos sólidos e que esta poderia trazer
melhorias ao meio ambiente. Já outra parte da turma dizia que a coleta era a apenas “jogar lixo no
lixo”, enquanto que uma pequena minoria não tentou responder as perguntas que estavam descritas
no questionário. Neste último caso, tornou-se difícil o trabalho destes para com a turma, pois, sem a
colaboração daqueles que se mostram desinteressados pelo assunto, o processo de desenvolvimento
do conteúdo abordado tornasse falho em alguns de seus pontos.
Dessa forma, o trabalho educacional é, sem dúvida, um dos mais urgentes e necessários
meios para reverter essa situação, pois atualmente, grande parte dos desequilíbrios está relacionada
à condutas humanas geradas pelos apelos consumistas que geram desperdícios, e pelo uso
inadequado dos bens da natureza e, é através das instituições de ensino, que poderemos mudar
hábitos e atitudes do ser humano, formando sujeitos ecológicos (FELIX, 2007).
Questionados acerca sobre a qual a temática coleta seletiva é trabalhada no ambiente escolar,
os alunos tiveram a oportunidade de conhecer mais de perto como o processo de desenvolvimento
da coleta acontece. Dessa forma, a dinâmica de confecção de kits de coletores para realização da
separação dos recicláveis (Figura 03), proposta realizada pelos próprios alunos. Essa oficina, trouxe
resultados satisfatórios para os estudantes, na qual conseguiram produzir e atender aos objetivos que
estavam contidos no planejamento da dinâmica. Logo após a produção, os kits foram distribuídos
em determinados pontos por toda a escola.
Figura 03 - Coletores para segregação dos recicláveis confeccionados pelos alunos do 6º ano.
Por meio da realização desse estudo, foi possível declarar que, a educação ambiental é de
fundamental importância nas instituições educacionais, uma vez que através da aplicação dos
questionários, foi possível conhecer a percepção ambiental que os alunos detinham sobre a temática
da coleta seletiva, sendo possível a realização de intervenção em educação ambiental, a fim de
sensibilizar e promover mudanças atitudinais, por meio da confecção de coletores para realização da
coleta seletiva.
Ressalta-se ainda que, a falta de uma formação adequada do educador, em relação ao meio
ambiente, dificulta o tratamento de conteúdos curriculares sob a abordagem ambiental,
prejudicando muitas vezes, a reflexão e as ações dos alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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DIAS, G.F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, p. 399. 2004.
RESUMO
Entende-se que a utilização dos recursos lúdicos podem tornar uma aula mais atrativas,
principalmente, quando trata-se de alunos inclusivos. Compreendendo a importância de novos
métodos de ensino na Geografia, o presente trabalho propõe explorar a aplicação de atividades
lúdicas em turmas inclusivas do 6° e 7° ano do Ensino Fundamental II, localizada em Fortaleza.
Tais atividades foram desenvolvidas pelo Grupo de Estudos em Ensino de Geografia -GEEGEO no
qual é vinculado ao Laboratório de Geoprocessamento e Estudos Aplicados- LABGEO da
Universidade Estadual do Ceará -UECE. Tais atividades foram pensadas para serem de fácil
confecção e de baixo custo, viabilizando a sua disseminação entre os docentes da área. Os temas
abordados foram os tipos de paisagens e as massas de ar, em ambas as turmas trabalharam em
equipes, assim, exercitando também o senso de coletividade e de colaboração. Os recursos tiveram
uma boa aceitação dos alunos e dos professores da escola, mostrando assim, que tais recursos são
bem aceitos e que cada vez mais propostas desse tipo devem ser elaboradas e disponibilizadas aos
docentes.
Palavras-chave: Inclusão; Ensino de Geografia; Recursos Lúdicos.
ABSTRACT
It is understood that the use of playful resources can make a class more attractive, especially when it
comes to inclusive students. Understanding the importance of new teaching methods in Geography,
the present work proposes to explore the application of ludic activities in inclusive classes of the 6th
and 7th year of Elementary School II, located in Fortaleza. These activities were developed by the
Group of Studies in Geography Teaching - EGEGEO in which it is linked to the Laboratory of
Geoprocessing and Applied Studies - LABGEO of the State University of Ceará - UECE. These
activities were designed to be easy to make and of low cost, making possible its dissemination
among the teachers of the area. The topics covered were the types of landscapes and air masses, in
both groups worked in teams, thus also exercising the sense of collectivity and collaboration. The
resources were well accepted by the students and the teachers of the school, thus showing that these
120
Graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitária – UNIFANOR
121
Graduanda em Geografia – UECE
resources are well accepted and that more and more such proposals should be elaborated and made
available to the teachers.
Keywords: Inclusion; Geography Teaching; Play Resources.
INTRODUÇÃO
Sabe-se que quando se trata de educação inclusiva os desafios são inúmeros, desde a
formação dos professores até os métodos utilizados em sala de aula, pois um dos pressupostos da
educação inclusiva é que todos os alunos tenham acesso à educação básica com qualidade,
atendendo, assim, as suas necessidades individuais.
De acordo com Glat (2007) a educação inclusiva tem como uma de suas primícias não
apenas garantir que os alunos possam ir à escola, mas que eles permaneçam nela, respeitando as
barreiras de aprendizagem de cada um.
Entende-se que as dificuldades são enfrentadas antes mesmo do professor entrar em sala,
pois faz-se de suma importância uma formação adequada para tais profissionais e os métodos
lúdicos podem auxiliar na dinâmica da aula.
Os métodos lúdicos por muitos são considerados uma inovação, ou estão atrelados apenas a
jogos e brincadeiras. Porém, de acordo com Marques (2012) o lúdico é uma necessidade humana,
na qual, faz parte do seu desenvolvimento. Piaget (1971) complementa ao afirmar que o lúdico faz
parte intrinsecamente da vida da criança: “o desenvolvimento da criança ocorre por meio do
lúdico”. Para Almeida (2009, p. 01):
Tais questões são levantadas desde o início do século XX por Piaget, Vygotsky, Leontiev e
Elkonin, pois todos tentaram demonstrar a devida importância dos jogos e brincadeiras para o
desenvolvimento das crianças (MARQUES, 2012).
E nas últimas décadas aumentaram as discussões sobre o assunto, principalmente, após a
elaboração da Declaração de Salamanca, em 1994, concebida pela UNESCO. Nessa constava que
todas as crianças deviam ter acesso a escolas regulares, com o intuito de construir uma sociedade
mais inclusiva e com menos discriminação.
Deve-se compreender que quando se refere a educação inclusiva os métodos lúdicos não
podem apenas serem relacionados à momentos de diversão e recreação escolar, pois, essa trata-se de
uma metodologia importante para os professores, assim, auxiliando o processo de ensino e de
aprendizagem. Percebe-se que muitas vezes tais recursos não são explorados com a devida
importância.
Os jogos e brincadeiras devem ser vistos como uma forma de proporcionar uma educação de
qualidade e que de fato seja inclusiva, auxiliando, assim, o processo de formação e construção do
conhecimento, como cita Marques (2012, p. 83):
Por esse prisma, então, a brincadeira não pode ser vista como um meio de divertimento ou
tratada como estratégia simples de motivação ou incentivo nas aulas aplicadas. Ao
contrário, a brincadeira deveria ser utilizada nos projetos escolares de forma mais ampla e
aprofundada, com objetivos a serem contemplados e com o intuito de favorecer
efetivamente o aprendizado de todas as crianças, tenham elas necessidades específicas ou
não.
Mas, para que a aplicação de tais métodos tenha eficácia faz-se de suma importância a
formação adequada para os docentes, porém, apenas uma boa formação não garantirá a qualidade
ou sucesso das atividades, ressalta-se a importância das experiencias vivenciadas e o planejamento
o seu planejamento.
Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo mostrar métodos de ensino de geografia
física em turmas de educação inclusiva, afim de proporcionar uma melhor compreensão e
assimilação dos conteúdos.
Nota-se a importância de estudos como esse, pois é notório que tanto nas escolas de ensino
regular quanto nas de ensino especial, poucos são os recursos utilizados para dinamizar e
democratizar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Assim, o presente estudo também
almeja servir como exemplo aos demais docentes.
A prática foi realizada em uma escola privada de Fortaleza, em turmas de 6° e 7° ano do
ensino fundamental II, nos quais, existem os mais diversos tipos de necessidades especiais, como
por exemplo, alunos com Transtorno de Espectro Autista (TEA). Assim, houve uma maior
preocupação durante a elaboração das práticas, pois, estas deveriam atender a todos os níveis de
aprendizagens dos alunos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
[...] as práticas de formação de professores mais recentes são as que concebem o ensino
como atividade reflexiva, que consideram o aluno como parte do processo de ensino e de
aprendizagem. [...] o importante é que o professor pense não apenas em sua formação, mas
também no currículo, ensino e metodologia de docência, o que ocasiona o desenvolvimento
da capacidade reflexiva deste profissional sobre seu trabalho (LIBÂNEO, 2001).
De acordo com Souza (2007, p.68) “[...] todos os enfoques de inclusão, é necessário
verificar qual é a contribuição do jogo, da brincadeira, para o desenvolvimento integral do ser
humano desde a infância, enquanto possíveis atividades promotoras da Inclusão Escolar.”
Dessa forma, as práticas foram elaboradas com cautela, com o intuito de conseguir atender
as necessidades de todos os alunos.
Entende-se que os recursos lúdicos são essenciais para tornar as aulas mais atrativas, tendo
em vista que a ludicidade auxilia no processo de aprendizagem, como cita Santos e Cruz (1997, p.
12), “[...]a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista
apenas como diversão. O desenvolvimento e o aspecto lúdico facilitam a aprendizagem, os
desenvolvimentos pessoais, sociais e culturais”.
Dessa forma, a primeira prática realizada teve como objetivo fazer com que os alunos
identificassem imagens, as denominando em paisagens naturais e artificializadas. Porém,
anteriormente realizou-se uma explanação sobre o tema, com o propósito de facilitar o aprendizado
dos alunos.
A aula foi dividida em dois momentos, no primeiro foi realizada a explicação sobre o
assunto e posteriormente foi aplicada a prática. Nessa parte se dividiu a sala em duas equipes, no
quais eles tinham um tempo estipulado para pegar as imagens na caixa e colar nos painéis
correspondentes (Figura 1).
Percebeu-se que a priori os alunos mostraram um pouco de receio ao executar a atividade,
pois exigiam deles habilidade e rapidez. Porém, tal fato logo foi superado, pois os professores
realizaram uma pequena demonstração de como deveria ocorrer a prática.
No caso, além de trabalhar o assunto em questão foi exercitado o senso de cooperação entre
eles, pois a atividade dependia do desempenho de todos. Observou-se que todos os alunos,
demonstraram interesse em participar da prática e notou-se que ao final obtiveram o resultado
esperado pelos professores.
De acordo com Souza (2007) o ato de brincar auxilia na construção do sujeito e processo de
aprendizado, assim essa atividade desenvolvida com os alunos propõe justamente isso, tendo em
vista que o conteúdo abordado muitas vezes mostra-se complexo para a compreensão dos alunos.
No primeiro momento os professores explicaram o conteúdo, sempre buscando entender
quais as limitações ou dificuldades dos alunos. Dessa forma, no segundo momento foi desenhado
no quadro o mapa do Brasil com as delimitações da linha do Equador e do Trópico de Capricórnio
(figura 2), para que os alunos tivessem uma maior compreensão da localização das massas de ar.
A partir disso, os professores dividiram a sala em duas equipes, entregando ao total 10
cartões as equipes, nos quais, tinham as principais características de cada massa de ar e os seus
respectivos “nomes”, assim eles teriam que colocar os cartões nos locais adequados no mapa
desenhado no quadro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GLAT, Rossana. Educação Inclusiva: Cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: Editora 7Letras,
2007, p. 212.
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora?: novas exigências educacionais e
profissão docente. 5° ed. São Paulo: Cortez, 2001.
SANTOS, Santa Marli Pires dos; CRUZ, Dulce Regina Mesquita. O lúdico na formação do
educador. In: SANTOS, Santa Marli Pires dos (org.) O lúdico na formação do educador.
Petrópolis: Vozes, 1997, p. 11-18.
RESUMO
Os problemas ambientais estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas e se faz necessária
conscientização e sensibilização ambiental, para diminuirmos os impactos causados ao meio
ambiente. Essa sensibilização está sendo despertada cada vez mais cedo no ambiente escolar, sendo
a Educação Ambiental (EA) uma importante ferramenta. O objetivo desde estudo foi investigar as
representações sociais de crianças da Educação Infantil (EI) sobre meio ambiente através de
desenhos. Os sujeitos da pesquisa foram 19 alunos de 4-5 anos de idade, alunos da um Centro
Municipal de Educação Infantil, situado na cidade de Dois Vizinhos. Para a execução desse
objetivo, efetuou-se uma revisão bibliográfica sobre o assunto, destacando a importância do
educador como mediador, trazendo ao aluno um maior contato com natureza e estabelecendo a
relação entre homem - natureza. Para processo de intervenção foram utilizadas estratégias de
percepções, utilizando vídeos, dinâmicas, moldes de pegadas de mamíferos e elaboração de um
jardim para trabalhar o tema meio ambiente de forma lúdica e prazerosa. As representações sociais
foram obtidas através de desenhos, que foram organizados em meios artificiais e naturais. No meio
artificial (6%) houve a representação de casas, e prédios, já no meio natural (94%) símbolos
relacionados com a fauna (56%) flora (75%) foram os mais significativos. Os resultados mostram
que bens naturais predominaram, sugerindo que o meio ambiente percebido é aquele essencialmente
visualizado.
Palavras Chaves: Representação ambiental, Educação Infantil, Sustentabilidade.
ABSTRACT
The problems are present for longer there are no daily people and environmental awareness and
awareness to reduce the negative effects of the environment. This awareness is being raised more
and more early in the school environment, being one of the main tools developed. The objective of
the study was to investigate the social representations of children in Early Childhood Education (EI)
about environment through drawings. The subjects of the research were 19 students of 4-5 years of
age, students of the Municipal Center of Early Childhood Education, located in the city of Dois
Vizinhos. For such an execution, the execution of a bibliographical review on the subject, the
importance of the educator as mediator was emphasized, bringing to the student a greater contact
with the nature and establishing a relation between the woman-nature. The process had as main
strategies of perception, the production of videos, the dynamics, the molding of pins and the
elaboration of a work for the theme environment in a playful and pleasant way. The social
representations were separated through the drawings, which were organized in artificial and natural
means. No artificial means (6%) had the representation of houses, and buildings, no longer natural
environment (94%); symbols related to fauna (56%) flora (75%) were the most significant. The
results were predominant, suggesting that the perceived environment is the one essentially
visualized.
Keywords: Environmental Representation, Early Childhood Education, Sustainability.
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Como forma de avaliação, os alunos participantes receberam uma folha em branco A4 para
representar em forma de desenho o seu entendimento sobre o que consideravam ser/ fazer parte do
“Meio Ambiente”. E ao final da aplicação do projeto todos foram convidados a repetir o
procedimento acima citado.
A metodologia de análise foi inspirada nos trabalhos de Pedrini e De-Paula (2008), que
utilizam a identificação de presença/ausência de elementos socioambientais para verificar se a
criança estudada percebe seu meio e suas interrelações de dependência.
Cada categoria foi detalhada no nível mais específico possível para identificar com mais
especificidade os seus interrelacionamentos. Quanto maior o número dessas conexões entre os
macrocompartimentos, mais ficaria evidenciada a noção pressuposta de totalidade do conceito de
meio ambiente. Macrocompartimentos foram divididos em meio artificial e meio natural, que
dentro deles pode se sub dividir em macroelementos ou símbolos, como fauna, flora, solo,
atmosfera e homem (macrocompartimeto natural), e casa, prédios e objetos (macrocompartimento
artificial).
Tentou-se identificar e quantificar os macroelementos que seriam de se esperar na
composição dos macrocompartimentos. O meio natural seria aquele que possui: homem, fauna,
flora, atmosfera, solo e água na sua composição. O meio artificial seria aquele construído pelo
homem (objeto ou casa).
As atividades aconteceram em quatro etapas, primeiramente solicitou-se que eles
representassem o que refletiram em forma de desenho, para posteriormente aplicar a palestra sobre
o meio ambiente, em seguida aplicou-se uma sequência de dinâmicas, observação de moldes de
pegadas de mamíferos e por fim, o plantio de mudas florais no pátio do CMEI.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Um total de 19 crianças participaram do estudo com idade entre 4 e 5 anos nas duas visitas
realizadas sendo, no conjunto, a maioria de meninos.
Foram recolhidos 18 desenhos na primeira visita e 19 na segunda visita, os quais foram
separados e categorizados em representações sociais. Destas 98% representavam o meio ambiente
como concreto e o restante abstrato (2%). De acordo com Pedrini, Costa e Ghilardi (2010) os
desenhos podem ser classificados em dois eixos: concreto que representa tudo que pode ser
analisado e identificado, e o abstrato que não são passiveis de identificação e compreensão como
por exemplo rabiscos.
As representações feitas pelos estudantes que se enquadram no meio artificial foram
basicamente de casas ou objetos desenvolvidos pelo homem. Em ambas os desenhos analisados
encontraram-se a presença de casas. (Figura 1).
Figura 1 – Desenho da esquerda mostra carro e fumaça que compõe o macrocompartimento artificial, e o
desenho da esquerda mostra o símbolo prédio (artificial), e outros símbolos do macroelemento natural (flores,
nuvens, árvore, grama e ave), ambos da visita 1. Fonte: Autor
Quando se pede uma descrição sobre o meio ambiente, os animais e vegetais são os
primeiros a serem representados e a espécie humana raramente aparece nos desenhos, o que é
possível verificar nos desenhos analisados. Os macrocompartimentos homem e solo obtiveram o
menor percentual. Essa visão simplista representada nos desenhos, onde a presença humana pouco
aparece, demonstra a ideia que o meio ambiente não é modificado, e nem relata problemas que
acontecem a partir das modificações do ser humano como por exemplo a poluição e o
desmatamento (NASCIMENTO E ZANON, 2018). Neste sentido, o educador tem um grande papel
em mediar e buscar o entendimento que os problemas ambientais existem e fazem parte do meio
ambiente, assim como o homem eles fazem parte, porém precisa- se refletir e buscar soluções de
problemas socioambientais.
Cabe destacar que para o macrocompartimentos atmosfera diversos símbolos foram
identificados, conforme a figura 3.
estar atrelado ao fato que os alunos do pré I já haviam trabalhado com a professora da turma as
estações do ano (primavera, verão, outono e inverno), assim a ideia de meio ambiente estava
conectada aos elementos da atmosfera. Pedrini Costa e Ghilardi (2010) também atribuem a
presença de símbolos da atmosfera ao local onde a entidade escolar está localizada, justificando que
um local com jardim e paisagem natural, o sol é visto com facilidade, e de fato o CMEI onde foi
realizada a pesquisa apresenta grande pátio e entrada de luz natural.
Em sequência foram analisados os desenhos que apresentavam símbolos de fauna, nessa
análise pode se observar maior variedade de indivíduos evidenciados, desde insetos, peixes, repteis,
e aves, sendo insetos (borboletas e abelhas) os mais representados como demonstrado na figura 4.
Figura 4 – Desenho da direita mostra um elefante e uma borboleta que compõem o macrocorpartimento
fauna, e o desenho da esquerda mostra um boi e um jacaré, sendo também símbolos faunísticos. Fonte: Autor
O eixo com maior variedade apresentado nos desenhos foi o faunístico, apesar da flora
apresentar maior representação. Foram representados seis animais diferentes, sendo que nenhum
deles foi categorizado como doméstico, porém os animais que mais obtiveram destaque foram os
alados, as aves e insetos foram o que predominaram (75%). Pedrini e De-Paula (2008) inferem que
animais que voam e cantam são mais fáceis de serem avistados, pelo seu valor estético e sonoro. No
caso de animais exóticos, como elefante, e jacaré, pode-se supor a influência da mídia (filmes,
desenhos animados, documentários e programas de TV) na apresentação desses animais para as
crianças.
Dentro da classificação do macrocompartimento flora (Figura 5), foram desenhados três
símbolos, sendo as flores as mais representadas, conforme a figura 5.
Figura 5 – Ambos os desenhos mostram flores e arvores, que compõe o macrocompartimento flora. Fonte:
Autor
As flores obtiveram destaque, isso pode ser atribuído ao fato de que o projeto estava atrelado
ao desenvolvimento de um jardim com mudas florais e como consequência as crianças as
representaram como o meio ambiente.
Até o presente momento pode se inferir que o meio ambiente retrato nos desenhos, é
basicamente composto por elementos naturais, com muitas flores, nuvens, aves. Para Reigota
(2007) esse fato evidencia a contemplação da paisagem natural, colocando o ser humano como
observador externo sem fazer parte do meio.
A classificação do macrocompartimento Homem, foi mais difícil e complexa a
identificação (Figura 6), alguns símbolos não foram classificados e identificados.
Figura 6 – Desenho da esquerda mostra um homem ( ser humano) e os demais símbolos não são
identificados, já a imagem da esquerda podemos ver duas pessoas (seres humanos) o que compõe o
macrocompartimento homem.
Fonte: Autor
Figura 8 – Alunos do Pré I observando os contra moldes de pegadas de mamíferos encontradas em São
Jorge d’ Oeste. Fonte: Autor
Na segunda visita oficial os alunos foram conduzidos até o pátio do CMEI e receberam uma
muda floral cada, e também orientações sobre o desenvolvimento da atividade. (Figura 9).
Figura 9 – Alunos do Pré I em três momentos: entrega de mudas florais e orientações, plantio e rega em
latas, e plantio e rega em pneus. Fonte: Autor
Jardins didáticos são uma importante ferramenta educativa, pois propicia a criança um
contato direto com a natureza, onde elas tem uma grande responsabilidade em cuidar, plantar, regar
e cuidar da planta, para isso elas precisam trabalhar em equipe, além de criar hábitos sustentáveis e
ecologicamente corretos. Para Maria e Zanon (2012) disseminar valores de cooperação e de
sustentabilidade, faz com que os alunos se conectem a temática ambiental desenvolvendo um
sentimento de pertencimento em relação ao ambiente da escola.
Um jardim didático pode ser usado como recurso pedagógico que irá auxiliar nas eventuais
deficiências do ensino formal, exercendo tal aproximação, uma vez que apresenta o mundo
vivo diretamente ao observador, instigando sua curiosidade (BRANDÃO et al., 2014, p 5).
para diminuir os impactos na natureza, como a separação do lixo e o uso consciente da água, assim
estimular o interesse das crianças pelo meio ambiente.
A Educação Ambiental é a ferramenta essencial para modificar um quadro de crescente
degradação socioambiental, pois é um instrumento que auxilia a formação do ser humano para que
assim possa compreender a atual realidade e formar conceitos valorizando a preservação do meio
ambiente (FERREIRA; PEREIRA; BORGES, 2013).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao fim do trabalho foi possível aferir a representação do meio ambiente através dos
desenhos dos alunos, sendo que as representações naturais predominavam, evidenciando uma visão
simplista onde o homem tem o papel de observador.
Neste sentido o professor tem a importante papel de ser o mediador de conhecimentos e de
aguçar o senso crítico, auxiliando no desenvolvimento da criança para que ela possa se tornam um
adulto consciente do seu papel como cidadão e saber que ele faz parte do meio. Destaca-se a a
importância de utilizar metodologias diferenciadas, despertando nos alunos a curiosidade, e tivemos
um resultado positivo, desde a atenção e o interesse dos alunos, ao aumento da participação e
questionamentos sobre a questão ambiental.
Através dos moldes das pegadas e fotos dos mamíferos, foi possível trabalhar vários temas,
os alunos puderam conhecer sobre, e relacionar problemas ambientais que afetam diretamente a
sobrevivência desses animais, além de trabalhar medidas sustentáveis que diminuam o impacto
humano sobre o meio ambiente.
Por fim o plantio de mudas florais, foi um grande momento, não apenas para os alunos mas
também para toda a comunidade escolar, todos puderam ter o contato direto com o ambiente, e
assim sendo multiplicadores de ações sustentáveis, reutilizando pneus e latas, se sensibilizando que
todos fazemos parte do meio ambiente e somos responsáveis pela sua preservação/ conservação
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JANNER, E.A.; ERICHSEN, R.; JARDIM, C.M. Contribuições da educação ambiental no jardim
escolar promovendo o desenvolvimento da aprendizagem, observação e pesquisa. UNIPAMPA,
2014.
MARIA, E.C;ZANON, A.M. A educação ambiental a partir de um olhar freiriano. Rev. eletrônica
Mestr. Educ. Ambient. ISSN 1517 1256, v. 28, 2012.
ZOPELARI,L.F.P. Desenho: uma forma e desenvolvimento infantil. Faculdade de educação são luís
jaboticabal-SP 2007. Disponível em:. Acesso em 17 de maio de 2018.
INTRODUÇÃO
Somente no Brasil, tem-se o registro de cerca de 1.700 espécies descritas (MOURE et al., 2007),
das quais aproximadamente 244 são abelhas sem ferrão (PEDRO, 2014) e o restante são de espécies
solitárias.
Nessa perspectiva, objetivou-se neste trabalho diagnosticar o grau de informações que os
estudantes ingressantes do curso de Agronomia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(UFERSA) apresentam em relação às abelhas.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no município de Mossoró (5º 11’ 15”S; 37º 20’ 39”W; altitude de 16
metros), região do oeste potiguar, com estudantes ingressantes no curso de Agronomia da UFERSA,
durante o mês de março de 2018. A coleta de dados ocorreu através de abordagem em horário de
aula, com prévia autorização do docente responsável pela disciplina/turma. O quantitativo de
estudantes presente no momento da aplicação constituiu-se a amostra avaliada. O estudo foi
realizado com a turma da disciplina de Introdução à Agronomia, contando com 62 alunos
matriculados e 42 presentes em aula no momento da abordagem, sendo verificada a participação na
pesquisa de 39 estudantes, representando 62,9% da turma e 92,8% dos presentes em sala.
Os dados foram obtidos mediante o preenchimento de um questionário contendo três
questões de múltipla escolha. Para o primeiro item, foram apresentadas quatro imagens de insetos
himenópteros (abelha africanizada; vespa; formiga; e abelha mamangava) e foi questionado para os
estudantes qual delas é uma abelha. No segundo item, foram projetadas outras quatro imagens (mel;
abelha sobre a flor (polinização); abelha sendo predada por réptil (importância na cadeia alimentar);
e frase “não serve para nada”) e os estudantes assinalaram em sua ficha individual qual das
fotografias retrata a importância das abelhas. As imagens foram organizadas em A, B, C e D, sendo
expostas utilizando equipamento para projeção de mídia.
No item 3, foi perguntado qual a reação do estudante quando vê uma abelha. Para essa
última indagação não foi apresentada imagens representativas. As alternativas da terceira questão
encontravam-se listadas em A, B, C, D, E e F (outros). Os estudantes ficaram livres para assinalar
mais de uma alternativa em qualquer um dos itens. A presente metodologia foi adaptada de Souza et
al. (2013), que investigaram percepção sobre gafanhotos.
Em todas as entrevistas foram registadas as informações cadastrais de nome, idade, sexo e
naturalidade. Os dados coletados foram analisados de forma qualitativa e quantitativa com base em
estatística descritiva (porcentagem), utilizando-se do software Microsoft Excel 15.0 (Office 2013)
para elaboração de tabelas e gráficos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se que a maioria (91,07%) dos estudantes soube identificar as duas imagens que
representavam espécies de abelhas. Entre as duas espécies, o maior percentual (67,86%) foi
registrado para a abelha africanizada (Apis mellifera), muito provavelmente por ser a principal
abelha manejada e importante produtora de mel. A mamangava (pertencente ao gênero Xylocopa),
abelha de porte mais robusto e principal polinizador de maracujá (SILVA et al., 2014), apresentou a
segunda maior frequência (23,21%) (Tabela 1).
Tabela 1. Respostas dos estudantes do curso de Agronomia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
sobre a identificação da abelha entre quatro insetos himenópteros (Insecta: Hymenoptera), Mossoró-RN,
2018.
Abelha Abelha
Sexo Vespa Formiga
africanizada mamangava
Masculino 68,57% 5,71% 2,86% 22,86%
Feminino 68,18% 4,55% 4,55% 22,73%
Ambos 67,86% 5,36% 3,57% 23,21%
desde 2006, quando foi notificado por cientistas da Grã-Bretanha e Holanda (BIESMEIJER et al.,
2006). De acordo com Teixeira (1998), quando se criam campanhas para conservação da
diversidade biológica, muitos esforços são direcionados para grupos de aves e mamíferos e pouco
para grupos de invertebrados, uma vez que os insetos são tidos como causadores de danos
psicológicos (nojentos, incomodam, causa medo, etc.) (MODRO et al., 2009).
Quanto à importância da abelha, 54,29% dos entrevistados assinalaram a polinização e 40%
marcaram o mel como as principais contribuições da abelha (Tabela 2). Somente 4,29% dos
estudantes identificaram a importância da abelha na cadeia alimentar (imagem da abelha sendo
predada pelo réptil), comparando-se com contribuição da abelha na reprodução de plantas através
do transporte de pólen. O mel, o principal produto explorado pelas espécies melíferas e melíponas,
exerce um importante papel nas economias de base familiar, como também é um dos produtos de
exportação do Brasil. Todavia, por mais que o mel tenha uma força simbólica associada às abelhas,
seu consumo é pouco valorizado, haja vista que a aquisição familiar per capita de mel no Nordeste
brasileiro em 2008 foi de 0,048 kg (SEBRAE, 2011).
Tabela 2. Respostas dos estudantes do curso de Agronomia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
sobre a importância da abelha, Mossoró-RN, 2018.
Cadeia Não serve para
Sexo Mel Polinização
alimentar nada
Masculino 42,22% 6,67% 51,11% 0,00%
Feminino 34,78% 0,00% 60,87% 4,35%
Ambos 40,00% 4,29% 54,29% 1,43%
Observou-se, mais uma vez, proximidade entre as respostas de ambos os sexos para a
importância da abelha. O sexo feminino registrou frequência superior ao assinalar a polinização
(60,87%) como a principal contribuição das abelhas, enquanto que o sexo masculino marcou o mel
(42,22%) como de maior importância. Ainda que insignificante, 4,35% das mulheres responderam
que a abelha “não serve para nada”, sugerindo que apenas um pequeno percentual da turma (1,43%)
tem pouca compreensão acerca de biologia e ecologia de insetos, o que pode ser justificado pelo
fato do estudo ter sido feito com ingressantes do ensino superior.
O fato da polinização e do mel serem elencados como os dois principais da abelha por
estudantes ingressantes de um curso na área de ciências agrárias, evidencia como a perspectiva
profissional pode ter interferido e determinado suas escolhas na presente pesquisa. A polinização é
um dos serviços ecossistêmicos de maior relevância e responsável por cerca de 10% de tudo que é
gerado na agricultura mundial, movimentando apenas no Brasil aproximadamente US$ 9,3 bilhões
(cerca de R$ 20,46 bilhões) com oito culturas (FREITAS e SILVA, 2015), incluindo o melão
(Cucumis melo) produzido no polo fruticultor Mossoró-Açu e altamente dependente de abelhas para
sua polinização (KIILL et al., 2015; RIBEIRO et al., 2017).
No que diz respeito às atitudes dos estudantes ao se aproximarem das abelhas, notou-se que
42,86% dos estudantes do sexo masculino e 36,36% do sexo feminino acham a abelha bonita;
3,57% dos entrevistados do sexo masculino acham este inseto muito bonito. Nos demais itens, ainda
analisando com relação ao sexo, os valores foram mais divergentes. Aos que não reagem (não
fazem nada) quando se aproximam das abelhas, 42,86% são homens e 27,27% são mulheres.
Todavia, um percentual significativo (22,73%) de estudantes do sexo feminino sente medo ao
estarem próximos deste inseto, enquanto que o percentual para os do sexo masculino foi de 7,14%.
A atitude de matar a abelha foi pouco marcada entre os estudantes, uma vez que foi registrado
somente um percentual de 4,55% entre as mulheres (Tabela 3).
Tabela 3. Reações dos estudantes do curso de Agronomia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
quando se aproximam da abelha, Mossoró-RN, 2018.
Acha
Acha Não faz
Sexo Medo Mata Outros muito
bonita nada
bonita
Masculino 42,86% 7,14% 0,00% 42,86% 3,57% 3,57%
Feminino 36,36% 22,73% 4,55% 27,27% 9,09% 0,00%
Costa-Neto e Carvalho (2000) enfatizaram que etnocategoria “inseto” foi construída a partir
de percepções ambíguas, uma vez que os mesmos autores identificaram sentimentos de nojo,
desprezo e medo com relação aos insetos (incluindo abelhas) por estudantes universitários da Bahia.
Silva e Costa-Neto (2004) reportaram que agricultores de município baiano utilizam o termo
“inseto” para se referir aos animais que prejudicam as lavouras e para identificar qualquer animal
que denote sentimentos de nojo, medo, aversão e perigo em potencial.
Considerando ambos os sexos (Figura 1), as duas principais reações dos estudantes com
relação às abelhas são que a consideram bonita (40%) e que não faziam nada contra ela (36%).
Observou-se, ainda, que 14% dos entrevistados assinalaram sentir medo das abelhas, mas poucos
matariam (2%) o inseto. No ensino médio, a principal atitude mencionada pelos estudantes e
expressa no trabalho de Nogueira-Rêgo et al. (2015) foi de afastar-se, que é uma reação natural
quando se aproxima de algo que pode impor medo, haja vista que as atitudes humanas relacionadas
aos insetos evidenciam sentimentos de desprezo, medo, nojo, agonia e irritação (ULYSSÉA et al.,
2010).
Figura 1. Reações dos estudantes (ambos os sexos) do curso de Agronomia da Universidade Federal Rural do
Semi-Árido quando se aproximam da abelha, Mossoró-RN, 2018.
45,00%
40,00%
40,00%
36,00%
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
14,00%
15,00%
10,00%
6,00%
5,00% 2,00% 2,00%
0,00%
Acha Bonita Sente Medo Mata Não Faz Nada Outros Acha Muito Bonita
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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RESUMO
No contexto social, econômico e ambiental vivenciado pela sociedade contemporânea, torna-se
essencial a abordagem de temáticas que favoreçam a aquisição do conhecimento e possibilite aos
educandos a associação do que é estudado em sala de aula com aplicações do seu cotidiano. Nesse
entendimento, a temática Saneantes por está relacionada diretamente com a vivência dos educandos,
possibilita ao docente trabalhar vertentes interdisciplinares, como ensino de química, educação
ambiental, entre outras. Diante da importância e da complexidade do armazenamento, uso e
descarte adequado das embalagens dos produtos saneantes, desenvolveu-se esta pesquisa com o
objetivo de oferecer a 26 alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Bernardino
José Batista, localizada em Triunfo- PB uma aprendizagem significativa sobre esta temática, para
tanto, utilizou-se dois documentários. Classifica-se como uma pesquisa bibliográfica e descritiva,
sendo os dados analisados de maneira qualitativa. Inicialmente aplicou-se um questionário prévio, e
após assistirem os dois documentários, abriu-se uma sessão de discussão/debate, sendo os alunos
submetidos a outro questionário. Pelos dados aferidos, inicialmente os alunos apresentavam
conhecimentos superficiais sobre a temática abordada, o que reforça a relevância desta pesquisa.
Após assistirem aos documentários e a discussão em sala, os alunos responderam ao segundo
questionário de maneira satisfatória, mostraram-se conscientes sobre a importância da leitura dos
rótulos dos saneantes para identificação da composição química e para entender como esses
produtos devem ser usados e armazenados. Os discentes, também mostraram-se sensibilizados
sobre os problemas ambientais ocasionados pelo descarte inadequado das embalagens desses
produtos, reforçando a necessidade do descarte ambientalmente adequado para esses resíduos.
Palavras-chave: Saneantes; Ensino de Química; Educação Ambiental.
ABSTRACT
In the social, economic and environmental context experienced by contemporary society, it
becomes essential to approach themes that favor the acquisition of knowledge and enable students
to associate what is studied in the classroom with applications of their daily life. In this
understanding, the theme sanitizing products is directly related to the students' experience, enabling
the teacher to work interdisciplinary, such as teaching chemistry, environmental education, among
others. In view of the importance and the complexity of the storage, use and proper disposal of
packaging of sanitizing products, this research was developed with the objective of offering to 26
students of the Bernardino José Batista State School of Elementary and Secondary Education,
located in Triunfo-PB a significant learning on this theme, for that, two documentaries were used. It
is classified as a bibliographic and descriptive research, and the data are analyzed qualitatively.
Initially, a previous questionnaire was applied, and after watching the two documentaries, a
discussion /debate session was opened, with the students being submitted to another questionnaire.
From the data obtained, initially the students presented superficial knowledge about the topic
addressed, which reinforces the relevance of this research. After attending the documentaries and
the discussion in the classroom, the students answered the second questionnaire in a satisfactory
way, they were aware of the importance of reading the labels of the sanitizers to identify the
chemical composition and to understand how these products should be used and stored. The
students also became aware of the environmental problems caused by the inadequate disposal of the
packaging of these products, reinforcing the need for environmentally appropriate waste disposal.
Keywords: Sanitizing products; Chemistry teaching; Environmental education.
INTRODUÇÃO
Os saneantes estão presentes na vida humana há muitos anos, onde o mais antigo de que se
tem conhecimento é o sabão, por consequência, também um dos mais utilizados. Em uma das
versões encontradas, consta que o sabão tenha surgido quando os povos mais antigos ferviam
gordura animal contaminada com cinzas, tendo sido observada a presença de uma espécie de
“coalho” branco flutuando sobre a mistura. (BARBOSA; SILVA, 1995).
A maioria das pessoas/consumidores, não sabem o que são saneantes, muito embora
utilizem diariamente esses produtos. Desse modo, estudar os saneantes, desde sua definição,
classificação e cuidados é muito importante para que os consumidores tenham uma visão geral dos
riscos e cuidados que devem ser tomados, tanto no armazenamento como no uso desses produtos.
Existe uma regulamentação específica, que informa tanto as empresas fabricantes, como os
consumidores a cerca dos riscos e cuidados, para manter a integridade da saúde pública. A
resolução de diretoria colegiada nº 40 de 05/06/2008, que tem por objetivo “estabelecer as
definições, classificações, especificações técnicas pertinentes do ponto de vista sanitário e requisitos
de rotulagem para produtos destinados a limpeza e conservação de superfícies e objetos
inanimados” (BRASIL, 2008).
Os saneantes são largamente utilizados no dia-a-dia pela população de um modo geral,
sendo assim, o uso e/ou armazenamento de maneira incorreta pode acarretar problemas de saúde
irreversíveis, como também o descarte inadequado das embalagens desses produtos causam
problemas ambientais, poluindo os lençóis freáticos e os reservatórios de agua.
Os cuidados necessários devem começar logo na aquisição do saneante, ou seja, no ato da
compra. Muitos saneantes clandestinos são comercializados por empresas ou pessoas sem nenhuma
autorização e pelo valor geralmente abaixo de mercado acabam atraindo o maior número de
compradores. Depois da compra, a orientação principal é que os consumidores leiam os rótulos de
todos os produtos, para entender as instruções de uso, bem como identificar os riscos que o uso do
produto oferece, como também, a composição química de todos os constituintes deste produto.
Outra preocupação é com as embalagens dos saneantes depois de utilizados, ou seja, como
deve ser feito o descarte, reutilização ou reciclagem. A preocupação com o descarte destas
embalagens se estende desde o produtor até o consumidor final. A Lei nº 12.305/10, que institui a
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no Art. 9º determina que “Na gestão e
gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração,
redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos” (BRASIL, 2010).
A PNRS também aborda sobre a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos, atribuindo tanto à pessoa física (consumidores), como pessoas jurídicas (fabricantes,
distribuidores, comerciantes), a responsabilidade de “minimizar o volume de resíduos sólidos e
rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade
ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos” (BRASIL, 2010).
Os resíduos sólidos gerados pelos produtos Saneantes devem ser gerenciados pelo Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), no entanto, pesquisas mostram que a maioria dos
municípios brasileiros não se regularizou quanto a esta exigência. Assim, embora a PNRS, aborde a
logística reversa e a responsabilidade compartilhada, o que acontece na prática, na maioria dos
estados brasileiros, é a destinação final das embalagens de saneantes em lixões a céu aberto.
Diante da importância e da complexidade do uso, armazenamento e descarte adequado das
embalagens dos produtos saneantes, desenvolveu-se esta pesquisa com o objetivo de oferecer a 26
alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Bernardino José Batista, localizada em
Triunfo- PB uma aprendizagem significativa sobre esta temática, para tanto, utilizou-se dois
documentários.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
importância com os cuidados que devem ser tomados sobre a manipulação, armazenamento destes
produtos químicos e descarte adequado das embalagens destes.
Após assistirem aos documentários, foi aberta uma seção de discussão/debate entre a turma
e o docente, e em seguida, os participantes foram submetidos a outro questionário formulado com
sete questões, para avaliar a aprendizagem adquirida com os documentários.
Quanto aos procedimentos metodológicos caracteriza-se esta pesquisa como bibliográfica e
descritiva, sendo os dados analisados de maneira qualitativa. A pesquisa bibliográfica é realizada a
partir de documentos publicados, como livros, artigos científicos, etc. Qualquer trabalho científico
inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou
sobre o assunto. Boccato (2006, p. 266) esclarece que “a pesquisa bibliográfica busca a resolução de
um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as
várias contribuições científicas”.
As pesquisas descritivas devem ser desenvolvidas, quando o investigador tem o objetivo de
descrever detalhadamente as características de uma população, fenômeno, objeto de estudo e/ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. Exigindo, dessa maneira, que o investigador apresente
uma série de informações sobre o que deseja pesquisar. Para Triviños (1987) os estudos descritivos
pretendem descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade.
Sobre as pesquisas de abordagem qualitativas, Malhotra (2001, p.155) explica que: “a
pesquisa qualitativa proporciona uma melhor visão e compreensão do contexto do problema,
enquanto a pesquisa quantitativa procura quantificar os dados e aplica alguma forma da análise
estatística”.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Saneantes: análise do conhecimento prévio dos alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental
e Médio Bernardino José Batista
Sobre o posicionamento dos alunos acerca da leitura dos rótulos dos produtos de limpeza
que utilizam em suas casas. A maioria de 59% dos participantes, ler esporadicamente, informação
que pode ser justificada pela familiaridade e uso continuo do produto, 23% afirmaram não ler ou
não se importa, e com percentuais de 9% responderam nunca ler e sim. No entanto, é importante
ressaltar que nos rótulos estão contidas informações essenciais para os usuários, tais como,
indicações de perigos, uso e manuseio adequado, como evitar acidentes, como a intoxicação, entre
outros.
Todas essas e outras informações estão regulamentadas e dispostas para empresas
fabricantes, como os consumidores, destacando a cerca dos riscos e cuidados, para manter a
integridade da saúde pública, através da resolução de diretoria colegiada nº 40 de 05/06/2008, que
tem por objetivo “estabelecer as definições, classificações, especificações técnicas pertinentes do
ponto de vista sanitário e requisitos de rotulagem para produtos destinados a limpeza e conservação
de superfícies e objetos inanimados” (BRASIL, 2008).
O Quadro 2 representa o posicionamento dos discentes quando indagados se já haviam
observado a composição química dos produtos de limpeza consumidos na sua residência e se eram
capazes de citar algum composto químico presente. A maioria, 92% afirmaram nunca terem
observado, o que reafirma o uso inconsciente desses produtos ou o fato de serem tradicionalmente
utilizados. Aliado a isso, podemos destacar a falta de informação contextualizada durante as aulas
de química, com ênfase em cuidado com produtos utilizados domesticamente. No Quadro 2 foi
possível perceber afirmações pouco conclusivas e o que pode confirmar as informações anteriores.
De fato, é necessária a adoção de cuidados com o uso de produtos de limpeza, desde a etapa
de escolha até o uso propriamente dito. Muitos saneantes são produzidos clandestinamente e são
comercializados por empresas ou pessoas sem nenhuma autorização e por praticarem valores
geralmente abaixo de mercado acabam atraindo o maior número de compradores.
Os participantes foram indagados sobre o destino que eles dão as embalagens vazias dos
produtos de limpeza utilizados em suas residências e prontamente afirmaram que são jogadas
diretamente no lixo comum ou são queimadas, conforme destacado no Quadro 3. Eles também
informam que utilizam desta prática devido as suas cidades não possuírem coleta seletiva e também
por ser algo corriqueiro e os que afirmaram queimar as embalagens são alunos em sua maioria
originalmente da zona rural, na qual não ocorre coleta de lixo.
Neste contexto, destaca-se a importância dos docentes de química enquanto formadores de
indivíduos, abordar em sala de aula conteúdos que permitam a socialização de temáticas
importantes, principalmente relacionadas ao meio ambiente, com o objetivo de destacar os direitos e
os deveres de todos quanto à preservação e conservação dos recursos naturais. Dessa forma, o
docente que adota esta postura, estará formando alunos sensibilizados e conscientes que enquanto
consumidores são responsáveis também pelo descarte adequado dos resíduos gerados.
Análise do conhecimento adquirido pelos alunos Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
Bernardino José Batista após assistirem aos documentários e debate
vendidos em suas portas, pois custam bem mais barato que os vendidos em supermercados, porém
quase nunca se atentando aos riscos inerentes a estes produtos.
Depois de assistirem aos documentários e após discursões, os alunos foram submetidos a um
novo questionário com sete questões para averiguar se de fato, os mesmos, compreenderam o que
foi abordado e se os recursos utilizados foram satisfatórios para isso. Em primeiro momento, eles
foram novamente indagados sobre o conceito de Saneantes e se seriam capazes de citar exemplos.
Dessa vez conseguiram todos responder de forma consistente e citar exemplos, demonstrando que a
metodologia utilizada (documentários) foi bem aceita e contribuiu para o desenvolvimento do
processo de ensino e aprendizagem como pode ser observado no Quadro 5, que apresenta opiniões
dos participantes.
Os alunos e a sociedade contemporânea encontram-se marcados pelo audiovisual, pela
multiplicidade de linguagens intimamente vinculadas com o poder dos meios de
informação/comunicação, logo, o uso de vídeos (informativos, documentários) são ferramentas que
promovem motivação ao aprendizado e aquisição de conhecimento (SILVA et al., 2012).
O Quadro 6 apresenta a visão dos discentes a respeito do Saneante mais utilizado em suas
residências, e quais componentes podem ou estão presentes. A grande maioria deles respondeu qual
o saneante mais utilizado, entre as respostas os mais presentes foram à água sanitária e o detergente.
No entanto não souberam responder qual a composição química desses saneantes e como
consequência um componente. Salienta-se assim que a maioria das pessoas costuma fazer uso de
Saneantes sem nem ao menos ler seus rótulos, podendo assim sofrer problemas de saúde por
exposição a algum componente químico que tenham alergia e que não sabiam ser componente do
saneante que fizeram uso.
recipiente, para que possa ser evitados acidentes, como por exemplo, a ingestão de um saneante
líquido pensando que pode ser algum líquido como suco. Outro ponto muito destacado pelos
discentes foi à manutenção dos recipientes longe do alcance de crianças e animais.
Pesquisas apontam que a maioria dos acidentes ocorridos com Saneantes é com crianças de
até cinco, em suas residências, por isso é muito interessante ver que os alunos compreenderam bem
esse aspecto (MEREDITH, 1993; GIBBS, et al, 2005; PRESGRAVE, 2007). Outras colocações
referem-se aos locais de armazenamento, segundo eles, os saneantes devem ser armazenados em
locais secos e arejados. Fica evidente, que os documentários atingiram o objetivo pretendido,
trazendo informações básicas e muito importantes.
No Quadro 9, os discentes destacam o que devem ser feito com as embalagens dos
saneantes, ou seja, explicam qual a destinação final adequada. Todas as respostas destacaram a
importância da reciclagem e assinalam para a necessidade da separação e coleta seletiva do lixo
comum. Diante das respostas, fica claro que os discentes já começam a despertar um conhecimento
sobre educação ambiental e a importância do descarte correto de resíduos sólidos. Neste contexto,
temáticas como lixo, poluição ambiental, entre outros, possibilitam a abordagem dos conceitos
químicos de forma contextualizada, “fornecendo conhecimentos relevantes sobre o assunto, sempre
fazendo relação com o cotidiano dos alunos, permitindo aos mesmos criarem uma ideia crítica com
embasamento cientifico sobre esse grave problema social” (SANTOS, et al. 2011, p. 03).
É importante destacar que é de responsabilidade do Plano de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos, o gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos pelos produtos saneantes, porém, a
maioria dos municípios brasileiros encontra-se desregulares quanto a esta exigência. Em síntese,
como não há o incentivo para o descarte correto desses resíduos, as embalagens acabam sendo
despejadas em lixões a céu aberto ou queimadas.
Quadro 10 - Riscos Ambientais do Descarte Inadequado das Embalagens dos Produtos Saneantes.
Questão 8:Quais são os riscos ambientais que o descarte inadequado das embalagens de saneantes causam?.
Fala Representativa, Aluno 01. Fala Representativa, Aluno 02. Fala Representativa, Aluno 03.
“além da poluição, é a maior
“Contaminação do solo e responsável pela degradação do meio
“podem causar poluição nos rios, e
principalmente a contaminação dos ambiente provocando a destruição de
a inutilização da água.”
rios.” biomas e a extensão de diversos
animais.”
Fonte: Próprios Autores (2018).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos dados apresentados pode-se afirmar que inicialmente a maioria dos discentes
pesquisados não apresentava conhecimento aprofundado sobre a temática abordada. Fato que
reforça a importância de se trabalhar em sala de aula temas transversais e contextualizados com a
própria vivência dos alunos.
Ao pensar-se no contexto geral, tanto a aquisição, armazenamento, uso e destinação final
das embalagens dos produtos saneantes são considerados como processos/atividades de risco, que
requerem, portanto, um cuidado maior a fim de diminuir e/ou excluir os problemas de saúde como
intoxicações (pelo uso incorreto), como ambientais (pelo descarte incorreto das embalagens)
representando, nesse contexto, problema de ordem social, econômico e ambiental.
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RESUMO
A exploração intensa dos recursos naturais gera consequências, muitas vezes, irreparáveis para o
meio ambiente. Para mudar essa lógica é necessário conscientizar a sociedade sobre a importância
da conservação ambiental. Diante disso, a educação ambiental tornou-se uma ferramenta essencial
de conscientização da sociedade. Entretanto, implementar tais conceitos não é uma tarefa fácil, é
preciso buscar um elo de ligação e reconhecimento pelas pessoas da importância do meio ambiente,
e consequentemente da conservação dos ecossistemas. Um elo importante é trabalhar o conceito de
forma prática e um ambiente que pode ajudar tal concepção são as Unidades de Conservação (UC).
Com o intuito de ampliar esse elo de ligação, a gestão do Parque Estadual do Cunhambebe e da
Área de Proteção Ambiental de Mangaratiba (APAMAN), no estado do Rio de Janeiro, criaram em
2017 o projeto “A Escola e o Parque Estadual Cunhambebe e a APAMAN: Depende de nós
preservar” que objetiva desenvolver junto aos professores e alunos do ensino fundamental e médio,
práticas pedagógicas participativas em Educação Ambiental. O presente trabalho traz os resultados
preliminares da aplicação do diagnóstico participativo aos professores das escolas municipais do
município de Mangaratiba-RJ. Verificou-se que apesar da UC ser conhecida entre os educadores, a
maior parte não a conhecia em loco e nem havia participado de projetos desenvolvidos pela gestão
do PEC/AMAPAN, mas se mostraram interessados em participar do projeto, sendo este um
resultado importante e positivo. Assim, conclui-se que é importante apresentar a UC a comunidade,
em continuidade com o projeto iniciado, e ampliar o escopo das escolas atendidas pela atual gestão.
Palavras chave: Educação ambiental, Unidade de Conservação, escolas.
ABSTRACT
The intensive exploration of the natural resources generates consequences, often times, irreparable
for the environment. For changing this logic it is necessary to awareness the society about the
importance of the environmental conservationship. Because of that , environmental education
become a essential tool for the environment conservationship. Thus, implement such concepts it is
not an easy task, is necessary to searching a connection link and recognition by people of the
importance of the environment, and consequently the conservation of ecosystems. An important
link it is working the concept of a pratice form and a background that can help this conception are
the Conservations Units (UC). With the intention to expanding this link, Cunhambebe State Park
and Mangaritiba Environmental Protection Area (APAMAN), in the state of Rio de Janeiro, created
in 2017 the project “ The School and the Cunhambebe State Park and the APAMAN: “ Depend of
us to preserve” that aims to develping, together with teachers and students of elementary and
secondary educations, participatory pedagogical practices in Environmental Education. The present
work presents the preliminary results of the application of participatory diagnosis to municipal
schools in the city of Mangaratiba-RJ. It was verified that despite the fact that UC is known among
educators, most of them did not know in loco and do not participated of the projects developing by
the management of PEC/AMAPAN, but they showing interest in participating in the project , this
being an important and positive result. Therefore concludes that are important to introducing the
UC for the communitie, in continuity with the initiated project, and to expand the scope of the
schools attended by the current management.
Keywords: Environmental Education, Conservations Units , schools.
INTRODUÇÃO
Segundo dados do PAOF – Plano Anual de Outorga Florestal (2018), existem cerca de 62
milhões de hectares cadastrados como UC federais no Brasil, sem contar as áreas estaduais e
municipais. Entretanto, mesmo protegida por lei, muitas dessas áreas ainda sofrem com a pressão
antrópica e consequente degradação. Para mudar essa lógica é necessário conscientizar a sociedade
sobre a importância da conservação dos recursos naturais.
Diante disso, a Educação Ambiental se faz como uma ferramenta essencial para contribuir e
compreender esses problemas, conscientizando os indivíduos e gerando novos conceitos para a
conservação do meio ambiente (LIMA, 2017). Segundo Dias (2004), a educação ambiental é
processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio
ambiente e adquirem novos conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que
os tornam aptos a agir e resolver problemas ambientais, presentes e futuros. A Constituição Federal
do Brasil de 1988 reconheceu sua importância, em seu Capítulo VI que versa sobre o meio
ambiente, e instituiu como competência do poder público, a necessidade de “promover a educação
ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para preservação do meio
ambiente” (Artigo 225º, parágrafo 1º, inciso VI) (BRASIL, 1988).
A Educação Ambiental é considerada parte importante da gestão da UC visto que é
descrita como objetivo: “Favorecer condições e promover a educação e interpretação
ambiental” nos espaços de determinados tipos de áreas protegidas (Art. 4º, inciso XII),
apresentando também entre suas diretrizes a importância de se buscar “apoio e a cooperação de
ONGs, de organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de estudos, pesquisas
científicas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de turismo ecológico,
monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão das unidades de conservação” (Art 5°,
inciso IV) (BRASIL, 2000).
Muito já foi discutido sobre a importância da educação ambiental na implementação da
gestão participativa nas UC no Brasil e os desafios que se lhe apresentam (QUINTAS, 2000;
LOUREIRO e AZAZIEL, 2006; LOUREIRO e CUNHA, 2008; CERATI e LAZARINI, 2009). Nos
diversos trabalhos a aproximação da gestão das UC à comunidade trazem resultados positivos e
minimizam a imagem de fiscalização e policiamento dos órgãos ambientais.
Pode-se dizer que a educação ambiental não é uma matéria especifica e determinada, mas
sim conjuntos de ações, projetos, programas, dentre outros que possam conectar a sociedade ao
meio ambiente, envolvendo profissionais das mais diferentes áreas de atuação. Entretanto,
implementar tais conceitos não é uma tarefa fácil. É preciso buscar um elo de ligação e
reconhecimento pelas pessoas da importância do meio ambiente, e consequentemente da
conservação dos ecossistemas. Assim, um elo importante a ser trabalhado são as escolas no entorno
das UC, de forma a levar conhecimento às crianças e consequentemente as famílias que moram na
área das UC.
Como intuito de ampliar esse elo, a gestão do Parque Estadual do Cunhambebe e da Área de
Proteção Ambiental de Mangaratiba (APAMAN), no estado do Rio de Janeiro, criou em 2017 o
projeto “A Escola e o Parque Estadual Cunhambebe e a APAMAN: Depende de nós preservar” que
objetiva desenvolver junto aos professores e alunos do ensino fundamental e médio, práticas
pedagógicas participativas em Educação Ambiental, utilizando o princípio do meio ambiente como
uma ligação com a realidade local. O projeto tem a pareceria da Associação Água Marinha e da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(UERJ).
A APA Mangaratiba - APAMAN foi criada pelo Decreto Estadual nº 9.802, de 12 de março
de 1987, com área de 25.239 mil hectares, e abrange parte do município de Mangaratiba, composta
por montanhas e ecossistemas associados ao bioma da Mata Atlântica (submontana e manguezal).
Sua criação teve o principal objetivo de assegurar a preservação da vegetação protetora dos
mananciais, manguezais e costões rochosos (INEA, 2018). Parte de sua área foi sobreposta pelo
Parque Estadual Cunhambebe (PEC), criado por meio do Decreto Estadual nº 41.358, de 13 de
junho de 2008, com uma área de 38.053,05 hectares, perfazendo um perímetro de 463 km, o que o
torna a segunda maior unidade de conservação da natureza de proteção integral estadual no Estado
do Rio de Janeiro (INEA, 2015). O PEC acolhe uma porção da Serra do Mar, situando-se no grande
conjunto florestal da Mata Atlântica, nos municípios de Itaguaí, Mangaratiba, Angra dos Reis e Rio
Claro. Com isso, a gestão das duas unidades de conservação são compartilhadas pela mesma gestão,
tendo em conjunto as ações e programas de conservação.
Assim, para desenvolver um material condizente com a realidade local inicialmente foi
conduzida uma avalição da percepção dos educadores no município de Mangaratiba para entender o
conhecimento e necessidade desses profissionais junto ao parque. O presente trabalho traz os
resultados obtidos com o diagnostico ambiental participativo.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Área de Estudo
O Parque Estadual Cunhambebe (PEC) estende-se pelas serras que dividem as regiões
administrativas da Costa Verde e do Médio Paraíba e abrange terras dos municípios de Angra dos
Reis, Mangaratiba, Rio Claro e Itaguaí (Tabela 1), perfazendo um perímetro de 463 km (INEA,
2015). É a segunda maior unidade de conservação da natureza de proteção integral da
Administração Pública do Estado do Rio de Janeiro, subordinado à Diretoria de Biodiversidade e
Como se observa na tabela anterior, Mangaratiba é a cidade com maior porção em área desta
unidade de conservação, sendo também, a cidade em que está situada a sua sede, onde o acesso
pode ser realizado pela Rodovia BR-101 (Rio-Santos), na altura do Km 423.
Fonte: INEA,2015
os professores (as) e diretores (as) das escolas públicas e privadas localizadas no entorno do PEC e
AMAPAM.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Unidades de Conservação
Cerca de 70% dos professores revelaram ter conhecimento sobre qual a (as) função (ões) de
uma Unidade de Conservação. No entanto, apenas 32% responderam que já havia visitado o PEC, e
menos de 7% confirmou a presença de equipes do PEC em alguma atividade nas escolas em que
trabalham.
Ao serem questionados sobre a contribuição do PEC para a sua região, os maiores índices de
importância foram referentes ao “Turismo” e ao “Clima”. Esses resultados são semelhantes aos
encontrados por Gil e Rosa (2017), ao também estudarem a percepção ambiental de professores da
rede pública acerca de um parque estadual. Os autores indicaram que a maior frequência de resposta
sobre o entendimento do que seriam parques foi: “áreas demarcadas para a preservação da fauna e
flora usadas para visitação e estudo científicos”.
Conservação da paisagem
De forma mais simples, Silva et al. (2018) definem paisagem como um aspecto e uma
expressão de tudo que se vê e se é apreendido pelos indivíduos que as observam. Entender a
paisagem é fundamental para a construção de instrumentos de gestão ambiental. Além do mais, é
um processo que interliga as políticas territoriais, por exemplo, planos diretores. Isto corrobora com
Silva et al. (2018), ao afirmarem que para a conservação da biodiversidade das paisagens, recursos
Figura 3: Principais problemas ambientais apontados pelos educadores da rede de ensino municipal de
Mangaratiba.
Lixo
Falta de água
Caça
Queimada
Extração de espécies da flora
Animais soltos
Esgoto sem tratamento
Pesca clandestina
Construções irregulares
Alagamento
Desmatamento
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Fonte: autoria própria, 2018
Recursos hídricos
A maioria dos professores tem acesso ao abastecimento de água por “Rede pública” (58%).
Seguido daquelas que fazem a “Captação direta do rio” (30%), “Poço artesiano” (9%) e aqueles que
desconhecem (“Não sei”), também com 9%. E quando foram questionados sobre a presença de rio,
córrego ou cachoeira próxima à instituição de trabalho, 88% dos participantes acusaram a existência
de uma dessas formas de cursos d’água, e relataram um estado não muito bom de conservação do
curso hídrico (Figura 4). Esse é um assunto atual e importante para discussões abordadas em sala de
aula, exercendo-se uma conscientização ambiental em relação aos recursos hídricos.
Figura 4: Percepção ambiental sobre a conservação dos cursos d’água próximos às instituições de trabalho
dos professores da rede de ensino municipal de Mangaratiba.
Degradado
Poluído
Preservado
Resíduos sólidos
Um outro problema indicado pelos professores foi o “Lixo”. Foi perguntado aos professores
se existia alguma área irregular na instituição que serviria de deposição de lixo, e 72% deles
responderam que “Sim”. Ou seja, as escolas em que trabalham podem ser estigmatizadas por ações
incoerentes, ao exigir atividades de cunho de educação ambiental, ao passo que não dão o exemplo
de fazer a destinação correta dos seus resíduos.
Mais de 53% dos professores apontaram a “Falta de recursos” como um entrave para as
práticas de atividades de educação ambiental nas escolas, assim como para a própria conservação
da natureza no ambiente escolar (Figura 5). No entanto, a falta de integração entre os atores sociais
que compõe a rede de ensino (42%) também foi apresentada como um grande desafio para
implementação de projetos de educação ambiental.
Alencar et al. (2016) apresentaram a importância da educação ambiental na visão dos
professores da rede pública da Paraíba, que em sua maioria (59,08%), responderam ser a Educação
Ambiental uma forma de conscientização quanto às questões ambientais, e não somente uma
disciplina ou atitudes de preservação. Portanto, no ambiente escolar, essa visão deve ser favorecida
a fim de expandir as conexões que a educação ambiental oferece para as demais áreas do
conhecimento (disciplinas curriculares).
Falta de interesse
Falta de recursos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Falar sobre o meio ambiente durante o ensino básico nas escolas tem se tornado cada dia
mais importante diante do atual cenário de degradação ambiental. Cenário este, que ficou bem claro
na percepção dos professores de Mangaratiba. Para isso é importante aliar a teoria e a prática, mas
nem sempre existem recursos disponíveis para as atividades práticas nas unidades escolares, como
foi relatado pelos professores. Assim, projetos em UC podem ser uma oportunidade para suprir tais
dificuldades.
Por fim, verificou-se entre os professores consultados uma boa aceitação para o
aprimoramento de projetos e parcerias junto a PEC/AMAPAN no município de Mangaratiba - RJ,
no qual poderá desenvolver junto aos alunos de suas escolas atividades práticas de forma a
vivenciar e conhecer a comunidade e o meio ambiente onde estão inseridos.
Além disso, tornar os alunos praticantes e não apenas ouvinte, realizando visitas aos parques
da redondeza se torna essencial também a UC, agregando aos alunos conhecimentos capazes de
contribuir de forma gradativa e positiva para melhorar o atual cenário ambiental em que vivemos,
mostrando que é possível fazer a diferença cuidando e preservando ao nosso redor. Assim, espera-
se, que o encontro e o resultados deste diagnóstico seja apenas o início de um grande projeto do
PEC/AMAPAN com a comunidade escolar de Mangaratiba e região.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 23/06/17.
BRASIL. Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e Vll
da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e
dá outras providências.
DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 9.ed. São Paulo: Gaia, 2004. 551p.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo, SP: Ediitora Atlas SA, 2008.
GIL, N. L. P.; ROSA, M. D. A. A percepção ambiental acerca do parque estadual serra furada em
docentes de uma escola pública de Grão-Pará. Ambiente & Educação, v. 22, n. 1, 2017, p. 4-18.
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Itaguaí no entorno do Parque Estadual Cunhambebe – RJ. (Monografia) Seropédica:
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2017.
MEDEIROS, P.; CONINX, I.; DEWULF, A.; STEINGRÖVER, E.; VOS, C.; VAN DER WAL, M.
Framing ecosystem services: Affecting behaviour of actors in collaborative landscape planning?
Land Use Policy, v. 46, 2015, p. 223-231.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
SFB – Serviço Florestal Brasileiro. Plano Anual de Outorga Florestal - PAOF 2018. Brasília, 2018.
58p. Disponível em: http://www.florestal.gov.br/publicacoes/1148-plano-anual-de-outorga-
florestal-paof-2018. Acesso em 20 jul. 2018.
RESUMO
O lixo eletrônico tem sido umas das importantes problemáticas da atualidade, tendo em vista os
riscos que o mesmo traz para a saúde e meio ambiente. Então, devido à relevância do seu correto
descarte, várias inciativas vêm sendo adotadas afim de minimizar os impactos ambientais. O
presente trabalho tem como foco a discussão do tema “Lixo eletrônico” nas aulas de química do
Ensino Médio com o intuito de promover a inserção significativa de conceitos importantes, fazendo
com que os discentes entendam o porque do descarte indevido do lixo eletrônico ser tão prejudicial
ao meio ambiente, bem como também despertar o interesse de toda comunidade escolar por um
problema considerado importante para preservação do meio socioambiental. A pesquisa embasou-
se em métodos qualitativos, quantitativos e participante, sendo aplicado em uma turma do 2º ano do
nível médio de ensino uma aula contextualizada com o tema “lixo eletrônico”, promovendo a
interdisciplinaridade entre a Química e a Educação Ambiental. Os resultados foram satisfatórios
pois verificou-se que o conteúdo supramencionado foi bem quisto pelo discentes respondendo as
questões com coerência e reconhecendo a magnitude do descarte correto do REEE.
Palavras-chave: Lixo Eletrônico; Química; Contextualização.
ABSTRACT
Electronic waste has been one of the important problems of the present time, considering the risks
that it brings to health and the environment. Therefore, due to the relevance of its correct disposal,
several initiatives have been adopted in order to minimize environmental impacts. The present work
focuses on the discussion of the topic "Electronic waste" in high school chemistry classes in order
to promote the significant insertion of important concepts, making the students understand why the
illegal disposal of electronic waste is so harmful to the environment, as well as to awaken the
interest of every school community for a problem considered important for the preservation of the
socio-environmental environment. The research was based on qualitative, quantitative and
participant methods, being applied in a class of the 2nd year of the middle level of teaching a class
contextualized with the theme "electronic junk", promoting the interdisciplinarity between
Chemistry and Environmental Education. The results were satisfactory because it was verified that
the above content was well liked by the students answering the questions with coherence and
recognizing the magnitude of the correct discard of the WEEE.
Keywords: Electronic Junk; Chemistry; Contextualization.
INTRODUÇÃO
A mera transmissão e memorização de conteúdo sem que esses tenham relação com a
realidade em que o aluno está inserido acaba por desmotivá-lo. Isto resulta num processo
mecanizado de ensino-aprendizagem, no qual é atribuído um protagonismo no meio acadêmico que
trata os professores como os únicos transmissores do conhecimento e os estudantes como simples
receptores de informações. Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (2002) propõem
que não se busque uma ligação artificial entre o conhecimento químico e o cotidiano, mas sim partir
de situações problemáticas reais e buscar o conhecimento necessário para entendê-las e procurar
solucioná-las. Sendo assim, a utilização de temas sociais é uma das maneiras de contextualizar o
ensino de química.
O homem gera diariamente ao desenvolver suas atividades, lixo dos mais diversos tipos, tais
como plásticos, papéis, vidros, lixo orgânico, além dos resíduos eletroeletrônicos, e entre outros.
Logo, o mesmo pode ser definido como um fenômeno humano que condiz com resíduos
considerados inúteis e sem uso (Santos et al,2016). Sabidamente, a destinação e o tratamento dado a
cada um desses resíduos é diferente, podendo alguns deles serem reutilizados ou até mesmo
reciclados.
As intervenções propostas pela esfera do poder público apontam para os processos de
reutilização e reciclagem dos resíduos. Uma das formas que incentivam as ações de reciclagem é a
coleta seletiva, a mesma é definida como a separação correta do lixo, sendo dividida em lixos
recicláveis e não recicláveis, nesses últimos encontra-se resíduos industriais e alguns domésticos,
como restos de tintas, frascos de aerossol, solventes, produtos de limpeza, medicamentos vencidos,
lâmpadas fluorescentes, pilhas, entre outros, que não podem ser reciclados, por possuírem
quantidade significativa de substâncias químicas nocivas ao meio ambiente (BRASIL, 2002), ou
seja, a coleta seletiva facilita a triagem do lixo, auxiliando, dessa forma, o tratamento do mesmo.
Os resíduos eletrônicos
Entre os diversos tipos de resíduos que possuem distintas composições químicas em suas
disposições, destaca-se os resíduos eletrônicos. Este tipo de resíduos merecem uma atenção
especial, pois tem sido produzido em grande quantidade nos últimos anos, porém não está
recebendo os devidos cuidados após ser descartado.
Resíduos eletrônicos, também chamados de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos
(REEE) ou simplesmente de lixos eletrônicos, é a denominação dada aos equipamentos elétricos ou
eletrônicos descartados após serem utilizados, seja por apresentarem algum defeito, ou por se
tornarem obsoletos. Como afirma Souza (2016, p. 2)“O lixo eletrônico é o material produzido a
partir do descarte de equipamentos eletrônicos e componentes que constituem os eletrônicos”.
Para considerar o equipamento eletroeletrônico como um resíduo, a situação ideal seria
esgotar todas as possibilidades de reparo e reuso deste, para só depois descartá-lo. Entre esses tipos
de equipamentos destacam-se: celulares, computadores e seus diversos componentes (impressoras,
mouses, teclados, monitores, CDs e DVDs, cabos, pen drives), televisores, tablets, refrigeradores e
máquinas de lavar. Estes são apenas alguns dos resíduos que integram a lista dos equipamentos
eletroeletrônicos mais comuns que são descartados diariamente em todo o planeta. Tais
equipamentos podem ser divididos em quatro categorias descritivas de coletas, como mostra o
Esquema1.
Figura 1 - Linhas de equipamentos eletroeletrônicos.
O lixo eletrônico diferencia-se dos outros tipos de resíduos pela sua composição variada, sua
alta complexidade de reciclagem e também pela toxicidade de algumas substâncias que o compõe.
Por este motivo a destinação destes resíduos após não possuírem mais opção de reuso não deve ser
a mesma que a dos resíduos domésticos, como por exemplo, plásticos, vidros, papéis, entre outros.
Com isso, não podemos deixar de destacar algumas das substâncias que compõem os
equipamentos eletroeletrônicos ou que são utilizadas durante sua fabricação e que são tóxicas para
os seres vivos e ainda podem contaminar o solo e mananciais se descartados inadequadamente.
Entre eles estão: cádmio (Cd), cobre (Cu), chumbo (Pb), mercúrio (Hg) e arsênio (As). Estes metais
são considerados tóxicos ao ser humano, principalmente quando expostos e/ou descartado de forma
incorreta ao meio ambiente. Corroborando com Mattos, Mattos e Perales (2008, p.2):
Assim como outras temáticas ambientais, o tema lixo eletrônico é considerado um assunto
bastante atual e possibilita, por exemplo, que o professor de Química do Ensino Médio
contextualizee correlacione com o Ensino de Química. Todavia, a sua abordagem não se restringe
apenas à Química, mas permite também que diferentes áreas do conhecimento possam explorá-la.
Desta forma, o objetivo desse trabalho foi aplicar em uma turma do 2° ano do ensino médio uma
aula contextualizada sobre “lixo eletrônico” promovendo assim conscientização ambiental.
METODOLOGIA
O presente projeto foi realizado na Escola Estadual Professor Pedro Augusto Porto Caminha
(EEPAC), nas aulas de química da turma B do 2º Ano do Ensino Médio, com o propósito de
ministrar uma aula contextualizada, buscando problematizar a temática “lixo eletrônico” com o
ensino de Química conscientizando o público alvo sobre esse tema.
Este foi desenvolvido por intermédio das metodologias qualitativa, quantitativa e
participante. A última implica na relação entre investigador e comunidades, visando coletar modos
de vida sistemáticos, diretamente do contexto ou situação especifica da comunidade. A pesquisa
participante, bem como a observação participante é uma das técnicas mais utilizadas pelos
pesquisadores qualitativos (MARCONE E LAKATOS, 2011).
Enquanto que “pesquisa quantitativa lida com números, usa modelos estatísticos para
explicar os dados [...]. Em contraste a pesquisa qualitativa evita números lida com as interpretações
das realidades sociais [...]” (BAUER e GASKELL, 2014, p. 22-23).
Para a execução desse projeto a equipe da pesquisa planejou desenvolvê-lo em três etapas: a
primeira foi à realização de um questionário de sondagem. Na segunda etapa, foi realizada uma aula
contextualizada e valorizando a participação dos estudantes com uma atividade em grupo. E por
último, foi aplicado um questionário final para avaliar o conhecimento adquirido a partir da
atividade desenvolvida.
Na primeira etapa, considerada como aplicação do questionário de sondagem, continham 8
questões em queduas eram questões abertas e seis eram fechadas, estas abordavam desde a
satisfação dos alunos com a disciplina de Química até a compreensão dos mesmos sobre o tema
“Lixo Eletrônico” e a relação entre ambos. Esse questionário inicial teve por objetivo saber o nível
de conhecimentos dos estudantes sobre o tema em questão. Na segunda etapa, foi realizada uma
aula com o auxílio de data show. Nessa aula foi apresentada toda uma problemática em torno da
composição química do lixo eletrônico e dos riscos que pode causar ao meio ambiente e a saúde
quando esses são descartados de forma incorreta. E na última etapa, foi realizado um questionário
final avaliativo, que continha 7 questões, sendo 3 questões abertas e 4 fechadas, abordando desde as
relações percebidas pelos estudantes, do lixo eletrônico com a Química, até as formas de reduzir
esse lixo, e a conscientização dos mesmos quanto aos danos causados por alguns equipamentos
eletrônicos. Este questionário final teve por finalidade analisar a satisfação dos alunos com a
metodologia aplicada e avaliar a aprendizagem dos discentes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na análise da coleta de dados referente ao questionário de sondagem, foi observado que nas
duas primeiras questões, quando foi lhes perguntado sobre o que os estudantes achavam da
disciplina de Química, 90% deles relataram que a disciplina de Química era incompreensível, isto é,
de difícil entendimento, revelando um dado alarmante e preocupante. Em conformidade com as
respostas dos discentes, pesquisam revelam que são diversos os fatores que provocam esta imagem
negativa nos alunos referente a disciplina de Química, entre eles está: a abordagem excessiva e
esgotante de fórmulas, conceitos e leis desta ciência. Desta forma, os discentes que experimentam
este método de ensino possuem bastante dificuldade em compreender a relevância desta disciplina
no âmbito social, no tecnológico e no econômico, para o desenvolvimento da sociedade moderna
(OLIVEIRA et al, 2012, p. 2).
Nesse contexto, conforme enfatiza Oliveira et al (2012), “no ensino atual existe um abismo
na relação entre química e a realidade, percebe-se um profundo detalhamento conceitual sem grande
preocupação com a contextualização ou cotidianização desses conhecimentos”.
Em alusão a terceira pergunta: como aluno, você acredita que o professor deveria trabalho
sobre o descarte correto do “Lixo eletrônico” nas aulas de química? 100% deles responderam
positivamente. Desse modo, constata-se que os discentes possuem, ao menos, uma conscientização
mínima acerca da importância do desenvolvimento dessa temática em sala de aula.
De acordo Narcizo (2009), a escola é o ambiente social e o espaço onde o aluno dará
continuidade ao seu processo de socialização, iniciado em casa, com seus familiares. Assim, torna-
se evidente o papel que a escola exerce no processo de formação dos alunos, seja ele social ou
ambiental.
No tocante a quarta indagação: O que você entende por “Lixo eletrônico”? Apenas 30%
souberam responder corretamente, 20% parcialmente correto e 50% responderam incorretamente.
Com isso, foi perceptível que muitos desses alunos nunca haviam ouvido falar sobre esse tema na
escola. No entanto, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) incentivam o desenvolvimento de
atividade que explorem problemáticas atuais relacionadas ao meio ambiente (BRASIL, 2001).
Figura 1-Aula sobre “Lixo eletrônico” na turma do 2º ano do Ensino Médio na escola EEPAC
Após a explanação da aula teórica, prosseguiu-se com uma atividade conduzida em grupo,
essa dinâmica foi proposta visando estabelecer um ambiente interativo, que favorecesse a troca de
conhecimento entre os alunos.
Em tal atividade foi pedido para os alunos se dividirem em dois grupos, e a cada grupo foi
entregue uma cartolina no qual uma tinha a seguinte interrogação: “O que fazer para reduzir o Lixo
eletrônico?” e a outra: “Por que levar tão a sério o Lixo eletrônico?” Os dois grupos conseguiram
realizar a atividade, conforme ilustrado na Figura 2.
Analisando os dados obtidos a partir da aplicação do questionário final, foi possível observar
que os resultados foram bastante significativos, visto que os Gráficos 1 e 2 elucidam a ampliação do
conhecimento adquirido com essa atividade prática.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Deixaram em branco Não souberam responder Souberam responder
CONCLUSÃO
Com esse trabalho foi possível perceber a importância e relevância do tema “Lixo
eletrônico”, e que apesar disto, essa temática não tem recebido tanta ênfase nas escolas. Foi
observado também, que existe um distanciamento e falta de correlações entre os assuntos vistos em
sala de aula com o cotidiano dos educandos, o que acaba desmotivando-os, uma vez que muitos
conteúdos vistos na disciplina de química podem ser relacionados com temas ambientais, por
exemplo. E isso acontece em razão de que muitos professores ainda não conseguem e/ou não se
dispõe a utilizar uma ferramenta de tamanha valia, ou até mesmo não dá importância à abordagem
de conteúdos de modo que se valorize a contextualização e a interdisciplinaridade.
Nessa perspectiva, destaca-se o papel do professor em apresentar aos alunos situações com
diferentes possibilidades de solução para problemáticas de interesse deles, como por exemplo, as
novas tecnologias, mostrar pontos positivos e negativos e promover neles autonomia para
escolherem o caminho a ser seguido de forma mais consciente. Entretanto, essa proposta de ensino
apenas sugere um caminho, por isso cada professor pode adequá-la para a sua realidade.
Com isso, espera-se que o trabalho possa ter contribuído com a escola EEPAC, despertando
os alunos para que percebam o papel social da química e suas aplicações, e que os professores
tenham consciência sobre a importância de se tratar desse tema em suas aulas, e que experiências
como essa possam servir de incentivo aos docentes que atuam nesse nível de ensino para repensar
sua prática didática.
REFERÊNCIAS
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manual prático. 12ª ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
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MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica. 6ª ed. - São
Paulo: Atlas, 2011.
SOUZA, Andriele Tamagno et al. Estudo para avaliar os efeitos do descarte do lixo eletrônico em
ambientes naturais simulados. Mostra IFTec em Resumos, n. 5, 2018.Disponivel em:
<https://periodicos.ifrs.edu.br/index.php/MostraIFTec/article/view/2901/1872> Acesso em:
22/08/2018.
RESUMO
O presente trabalho tem o objetivo de discutir temas relacionados ao meio ambiente com crianças
de 4° e 5° ano da Escola Estadual Padre Sátiro Cavalcanti Dantas, localizada no município de
Mossoró/RN. A princípio foi realizada uma palestra, com tópicos sobre lixo, as implicações da sua
destinação, a importância da reciclagem e do reaproveitamento de resíduos. Para verificar o índice
de aprendizagem prévia e significativa dos alunos, foi aplicado um questionário antes e após a
apresentação da palestra. Como demonstrado nos resultados e discussões houve um aumento
considerável em relação ao conhecimento dos alunos sobre o tema proposto. Também foi realizada
uma Oficina de Jogos Educativos que teve o objetivo de demonstrar a aplicação da reciclagem e
reutilização de materiais, com a confecção de jogos educativos a partir de materiais reutilizáveis.
Palavras-chave: Crianças; Jogos educativos; Meio ambiente; Reciclagem.
ABSTRACT
The present work has the objective of discussing environmental issues with children of 4th and 5th
grade of the Padre Sátiro Cavalcanti State School, located in the city of Mossoró/RN. At first a
lecture was held, with topics on waste, the implications of its destination, the importance of
recycling and reuse of waste. To verify the students' previous and significant learning index,
questionnaires were applied before and after the presentation of the lecture. As demonstrated in the
results and discussions there was a considerable increase in relation to the students' knowledge
about the proposed topic. There was also an Educational Games Workshop that aimed to
demonstrate the application of recycling and reuse of materials, with the making of educational
games from reusable materials.
Keywords: Children; Educational games; Environment; Recycling.
INTRODUÇÃO
A educação ambiental pode ser entendida com toda ação educativa que contribui para a
formação de cidadãos conscientes da preservação do meio ambiente e aptos a tomar decisões
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Local de estudo
O presente trabalho foi desenvolvido com alunos do 4° e 5° ano, da Escola Estadual Padre
Sátiro Cavalcanti Dantas, localizada no Município de Mossoró - Rio Grande do Norte.
Questionário
Inicialmente, foi aplicado um questionário para cada aluno com 5 questões, cada questão
abordava um tema relacionado ao meio ambiente, como por exemplo: Qual a importância de
separar o lixo com as cores da coleta? Logo após, foi apresentada uma palestra sobre os assuntos
Palestra
Foi apresentada uma palestra (Figura 1), logo após a primeira aplicação do questionário.
Com o tema geral sendo o meio ambiente, foi abordado subtemas, como por exemplo os tipos de
lixo e sua destinação correta, os benefícios da reciclagem, etc. A palestra foi realizada na sala de
vídeo da escola para um total de 42 crianças, ou seja, a junção do 4° e 5° ano.
Duas semanas após a palestra e a aplicação dos questionários foi desenvolvida uma oficina
com jogos educativos. Foi proposto que as duas turmas levassem garrafas pet e a turma que levasse
uma maior quantidade de garrafas participaria da oficina. No dia da oficina foram distribuídos aos
alunos brinquedos feitos com material reciclado (Figura 2): garrafas pet, tampinhas de garrafa,
palitos de churrasco, pedaços de madeira, palitos de picolé etc. Dentre os brinquedos estavam o cai-
não-cai, jogo da velha, jogo de damas, bilboquê e o jogo da memória.
A oficina de Jogos Educativos se desenvolveu em dois momentos. No primeiro momento,
pedimos que as crianças fizessem grupos e escolhessem algum desses brinquedos citados no
parágrafo acima, para brincarem (Figura 3). E no segundo momento pedimos que elas escolhessem
quais brinquedos elas gostariam de produzir. E assim finalizamos a oficina de jogos educativos com
a confecção de brinquedos com materiais recicláveis (Figura 4).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a aplicação do questionário antes e após a palestra, pudemos avaliar a desenvoltura das
duas turmas a respeito do assunto abordado. E verificar os níveis de compreensão dos alunos
participantes. Os resultados podem ser mostrados nos gráficos abaixo:
53% 47%
50% 30% 34%
18%
6%
0%
Pergunta 1 Pergunta 2 Pergunta 3 Pergunta 4 Pergunta 5
Perguntas do questionário.
Acertos Erros
47%
50% 35% 33%
6% 6% 6%
0%
Pergunta 1 Pergunta 2 Pergunta 3 Pergunta 4 Pergunta 5
Perguntas do questionário.
Acertos Erros
80% 60%
60% 40%
40%
20% 8% 8% 12% 12%
0%
Pergunta 1 Pergunta 2 Pergunta 3 Pergunta 4 Pergunta 5
Perguntas do questionário.
Acertos Erros
Acertos Erros
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo assim, por meio da realização deste projeto pudemos observar a importância de
atividades práticas e educativas com crianças do ensino fundamental. Na tentativa de sensibilizá-las
sobre as consequências do lixo e mostrando maneiras de reutilização dos resíduos do cotidiano. Por
meio das palestras, os alunos mostraram que já tinham uma boa noção a respeito de reciclagem, o
que facilitou bastante na aplicação dos questionários. Já a ação prática educativa de confecção de
brinquedos, despertou interesse nos alunos, a qual contribuiu positivamente para o objetivo do
trabalho, de educá-las a respeito do direcionamento do lixo, formando sujeitos mais conscientes.
REFERÊNCIAS
FOEPPEL, Ana Gardênia Sampaio. MOURA, Francisco Marcôncio Targino de. EDUCAÇÃO
AMBIENTAL COMO DISCIPLINA CURRICULAR: POSSIBILIDADES FORMATIVAS.
Revista da SBEnBio, São Paulo, n.7, p. 4, out. 2014.
RESUMO
A complexidade dos problemas socioambientais contemporâneos ultrapassa fronteiras disciplinares
no sentido da sua resolução, evidenciando também uma crise civilizatória e não somente ambiental,
conforme discutem alguns autores. Assim, refletir a respeito do impacto da nossa presença no
planeta se faz urgente, se pensarmos que o modelo de desenvolvimento predominantemente adotado
pelas sociedades tem gerado grande poluição nas suas mais diversas dimensões. Dentro dessa
perspectiva, o objetivo do presente trabalho é apresentar a reflexão e os resultados obtidos a partir
de uma instalação artística envolvendo a série de TV “The Walking Dead”, utilizada como
instrumento de sensibilização, de forma a estabelecer conexão da arte com a questão
socioambiental, propondo um novo olhar, e agir para os desafios sociais e ambientais
contemporâneos. A instalação foi desenvolvida pelo grupo Quimicando com a Ciência, e como
referência metodológica foi adotado o “Processo Colaborativo”, adaptado do teatro. Participaram da
atividade 52 estudantes de graduação da Universidade Federal de São Paulo. O presente trabalho
alcançou o objetivo pretendido, pois além de propiciar situações diversas de aprendizagem entre os
componentes do grupo também promoveu a Educação Ambiental Crítica por meio da arte, de forma
a fomentar a reflexão a respeito dos valores sociocultural e ambiental de nossa sociedade.
Palavras Chave: Arte; Educação Ambiental; Meio Ambiente.
ABSTRACT
The complexity of contemporary socio-environmental problems goes beyond disciplinary
boundaries in the direction of its resolution, also showing a civilization crisis, not only
environmental, as some authors have pointed out. Thus, reflecting on the impact of our presence on
the planet becomes urgent, if we think that the development model predominantly adopted by
societies has generated great pollution in its most diverse dimensions. In this perspective, the
objective of the present work is to present the reflection and the results obtained from an art
installation involving the series "The Walking Dead", used as an instrument of awareness in order
to connect the art with the socioenvironmental question, proposing a new look and act towards
contemporary social and environmental challenges. The installation was developed by the group
"Quimicando com a Ciência", and the "Collaborative Process" adapted from a theater
methodological reference. 52 undergraduate students from the Federal University of São Paulo
participated in the activity. The present work achieved the intended objective, since in addition to
providing diverse learning situations among the members of the group, it also promoted Critical
Environmental Education through art, in order to foster reflection on the socio-cultural and
environmental values of our society.
Keywords: Art; Environmental Education; Environment.
INTRODUÇÃO
“(...) o olho a si mesmo não se enxerga, senão pelo reflexo em outra coisa.”
(William Shakespeare)
Na famosa série de TV “The Walking Dead” vemos que em um mundo invadido por zumbis
a sobrevivência está em primeiro lugar, tal qual o ser humano no início da sua trajetória pelo
planeta, mas diferentemente daquela época somos agora fruto de uma civilização anteriormente
constituída, oriunda em grande parte da filosofia de René Descartes, da dúvida metódica, da
fragmentação do conhecimento e da desconexão do todo. Uma civilização em crise, conforme
reflete Leff (2001) e, nesse sentido, se no passado, ao lutarmos pela sobrevivência, tentávamos nos
harmonizar com uma natureza por vezes ameaçadora por meio da submissão e estabelecimento de
uma afetividade infantil, na série é possível perceber que a luta pela sobrevivência no mundo pós-
apocalíptico e, consequentemente, a maneira de se observar essa natureza, se dá de forma
totalmente diversa, fazendo com que uma visão utilitarista e antropocêntrica, segundo preconiza
Reigota (2007), permeie inúmeros episódios. Tal representação nos permite questionar a nossa
própria sociedade “pré-apocalíptica”, pois refletir a respeito do impacto da nossa presença no
planeta se faz urgente, se pensarmos que o modelo de desenvolvimento predominantemente adotado
pelas sociedades tem gerado grande poluição nas suas mais diversas dimensões, evidenciando que a
Educação Ambiental tem um papel importante para se pensar sobre esse processo.
A arte é uma importante linguagem e permeia nosso cotidiano mais do que, a princípio,
podemos perceber. Desde as mais tradicionais como a pintura, escultura, arquitetura e gravura até as
surgidas a partir do desenvolvimento da mais tecnológica, como por exemplo, a fotografia, cinema,
vídeos, instalações, infoarte, entre outras. Neste contexto, a partir do interesse que a série “The
Walking Dead” desperta, principalmente entre o público jovem, pensou-se em utilizar a instalação
artística como forma de integrar Educação Ambiental Crítica (LOUREIRO, 2006) e sensibilização
socioambiental, onde o expectador teria a oportunidade de refletir acerca da própria sociedade na
qual está inserido, bem como da forma como se relaciona com o meio ambiente.
O uso da arte vem sendo bastante discutido na literatura como instrumento sensibilizador
para diferentes temáticas, dentre as quais a socioambiental. Conforme discute Silva e Batista
(2016), a arte inclui um conjunto de conhecimentos diversos que favorecem a sensibilização do ser
humano, de forma a propiciar o desenvolvimento do pensamento artístico crítico, aguçando a
reflexão, a sensibilidade, a criatividade e a imaginação. Tal como a Educação Ambiental, a arte
pode ser uma estratégia de desenvolvimento que mobiliza experiências, percepções e reflexões
significativas acerca de processos educacionais e socioambientais.
Por fim, a presente proposta foi idealizada a partir de um trabalho teórico anterior
apresentado no XVIII Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ) (ALMEIDA; FARIAS,
2016) que analisou as possíveis representações sociais presentes nas duas primeiras temporadas da
série, a partir da classificação de Reigota (2007), com relação a questão socioambiental. Duas foram
as questões que nortearam o estudo inicial: (i) como a série representava o meio ambiente? (ii)
como essas reflexões podem contribuir para o processo de construção da uma Educação Ambiental
Crítica (LOUREIRO, 2006) a partir da visão materializada no ambiente midiático? Estas questões
também nortearam a elaboração da instalação.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A instalação artística foi desenvolvida pelo grupo “Quimicando com a Ciência”, um grupo
de extensão que congregava estudantes da Universidade Federal de São Paulo – Campus Diadema,
no período de 2015 a 2016. Para que tal instalação funcionasse, foi elaborado o roteiro da proposta,
o cenário das salas, o figurino e maquiagem para sala dos zumbis, além de preparação e ensaio. A
estreia ocorreu na semana “Unifesp Mostra sua Arte”, em 2016, constituindo-se como alternativa
que, além de entreter, também ofereceu uma reflexão de forma lúdica e prazerosa a respeito da
nossa sociedade, hábitos de consumo e a nossa relação com o meio ambiente. Participaram
efetivamente dessa atividade 52 pessoas de diferentes áreas de estudo da Universidade, conforme
mostra a Tabela 1.
Descrevendo a Trajetória
Pré-sala – Na entrada havia um balaio com cartões representando imagens com simbolismo
classificado de acordo com as três visões em relação ao meio ambiente discutidas por
Reigota (1995): visão naturalista, antropocêntrica e globalizante. Um aluno-monitor
acompanhava o visitante para conduzir as reflexões ao longo do percurso. Os participantes
eram orientados a escolher, entre quinze apresentadas aleatoriamente, três imagens de sua
preferência, as quais deveria levar durante o restante do percurso.
Sala um – Mundo Pré - Apocalipse - Apresentava um visual da nossa sociedade atual.
Poluição sonora e visual (músicas em volume alto e recortes de jornais) foram a tônica
adotada para essa sala visando a provocar incômodo, com “bombardeio” de informações e
desenvolvimento científico e tecnológico exposto. Para finalizar entrava um áudio
notificando a possibilidade de infecção da sociedade por um vírus (mas a notícia não era
concluída, dando a ideia de que algo grave aconteceu). Silêncio total e entrada na sala dois.
Figura 1 – Seleção de fotos das etapas e momentos da instalação artística. Foto (A) – grupo de extensão
Quimicando com a Ciência; Foto (B) - montagem da sala um, pré-apocalíptica; Foto (C) – montagem da sala
dois, ruptura social e invasão zumbi; Foto (D) – montagem da sala pós-apocalíptica; Foto (E) – montagem da
sala quatro, corredor zumbi; Foto (F) – foto cenográfica de sobrevivente sendo atacado; Foto G – elaboração
da maquiagem do elenco; Foto (H) – momento de reflexão e discussão do grupo frente à uma dificuldade na
realização de uma etapa.
Sala dois – Início Invasão Zumbi - Ao entrar na sala dois, totalmente escura (simbolizando
a ruptura da sociedade anterior), uma sirene era ouvida e notícias eram veiculadas,
mostrando de forma confusa que algo estava acontecendo. Dentro da sala havia uma corda
para guiar o visitante. Houve também uma reflexão do avanço tecnológico e científico e seu
impacto no ambiente na fala do aluno-monitor, com pequenos flashes de luz que
iluminavam imagens nas paredes com cenas que sinalizavam o que poderia estar
acontecendo. Ao se encaminharem para a saída desta sala, os visitantes visualizavam a saída
da sala iluminada e se deparavam com uma cena de uma sociedade pós-apocalíptica.
Sala três - Mundo Pós - Apocalipse – Ao adentrarem na sala três, os participantes
encontravam um grupo de seres humanos acampado, em uma típica cena da série. Esse
cenário representava um ambiente destruído, prédios caídos, poluição, pneus jogados,
abandono e total desespero. O participante assistia uma performance, na qual era simulada
uma briga pela água dentro do acampamento. Nesse ponto, o aluno-monitor conduzia uma
reflexão a respeito dessa nova sociedade, relacionando-a com o livro do escritor Saramago –
“Ensaio sobre a Cegueira”, levando o participante a se questionar sobre possíveis
sentimentos que se lhe despertariam em uma situação limite. A cena ganhava proporção,
envolvendo o participante, que era conduzido de forma inesperada para a próxima sala.
Sala quatro – A Conclusão – Nessa sala o participante era atacado por Zumbis. Era um tipo
de “corredor polonês” bem estreito, sendo que para sair dali o participante teria que escolher
uma das três portas possíveis, cada uma contendo uma imagem representando uma
classificação de Reigota (1995): (i) visão antropocêntrica; (ii) visão globalizante; (iii) visão
naturalista. Ao escolher e atravessar a porta o visitante era convidado a refletir sobre sua
escolha inicial das imagens e essa escolha final, por meio de esclarecimento a respeito das
visões com relação ao meio ambiente de acordo com a proposta de Reigota (1995).
A seleção das imagens utilizadas na instalação e citadas na pré-sala e na sala quatro foi
realizada a partir de uma trabalho anterior de pesquisa do grupo, com aproximadamente 200
entrevistados, o qual teve por objetivo avaliar se o significado simbólico atribuído às imagens pelo
grupo de extensão para representar as visões de Reigota (1991) com relação às representações
sociais sobre meio ambiente - naturalista (visão ingênua), antropocêntrica (visão utilitarista) e
globalizante (visão integral) - teriam o mesmo sentido para a maior parte dos participantes da futura
instalação, de forma a validar tais imagens para serem utilizadas na proposta. No referido trabalho,
por meio de análise de correspondência das escolhas dos entrevistados, constatou-se que aqueles
que tendiam a escolher, dentre as 15 alternativas iniciais, imagens naturalistas, também tendiam
escolher a imagem correspondente que representaria a saída naturalista. Entretanto, não foi possível
constatar estatisticamente essa correlação para as imagens iniciais escolhidas e a porta de saída
adotada, para as representações antropocêntricas e globalizantes. A partir dessa constatação,
surgiram as seguintes questões de investigação que nortearam a proposta: haveria associação na
escolha entre as imagens iniciais e finais com relação à representação de meio ambiente? Ou seja,
os indivíduos que no início da instalação tendessem a escolher imagens relacionadas a uma
determinada representação de meio ambiente, também tenderiam a escolher a imagem
correspondente à mesma representação de meio ambiente no final da instalação?
Após percorrer toda a instalação foi realizada com os participantes uma reflexão final sobre
as imagens escolhidas, a escolha da porta de saída, bem como as inter-relações com as salas
percorridas. Por fim, foi aplicado um questionário a respeito da instalação (Figura 2).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A B
A B
Com relação à escolha da porta de saída, a Figura 5 mostra que 61,5% dos participantes
escolheram a saída cuja imagem está associada à representação social antropocêntrica, na qual o
meio ambiente é reconhecido por seus recursos naturais, mas são de utilidade para a sobrevivência
do homem, segundo a mesma proposição de Reigota (2007). Assim, parece contraditório o fato de
se apontar que a natureza está acima da sociedade para justificar a escolha das imagens na pré-sala.
No entanto, esta contradição encontra eco em pesquisas que tratam das inconsistências entre os
discursos e intenções favoráveis ao meio ambiente e as práticas efetivamente realizadas
(ECKHARDT et al., 2010; HASSAN et al., 2013).
19,2% 19,2%
61,5%
30,0%
24,0%
25,0%
20,0% 17,3%
15,4%
15,0%
11,5%
9,6% 9,6%
10,0%
3,8% 4,8% 3,8%
5,0%
0,0%
Im. naturalista Im. Antropocentrica Im. Globalizante
Fonte:Dados da pesquisa.
Questionou-se os participantes sobre qual a sala mais gostaram entre as que foram
percorridas. A Figura 7 apresenta na forma gráfica as proporções obtidas com as respostas. “Início
da Invasão Zumbi”, foi a mais citada (54,9% das vezes).
21,6%
11,8%
54,9%
Na Figura 8, temos as palavras associadas a cada uma das salas conforme a quantidade de
ocorrências. Por suas frequências e significados nota-se que os ambientes transmitiram a ideia que
se pretendia pois as palavras elencadas em cada uma das salas coadunam com o ambiente
preparado, evidenciando que se atingiu o objetivo desejado, pré-dispondo emocionalmente o
participante à uma reflexão crítica da nossa sociedade, pois, segundo Capra (2003), não há
praticamente nada mais eficaz que as artes para nos instigar e refinar a nossa reflexão. Portanto, a
arte é um instrumento poderoso para ensinar o pensamento complexo, além de acessar a dimensão
emocional, que tem sido cada vez mais reconhecida como um componente essencial do processo de
reflexão socioambiental.
(A) – Sala um – Mundo Pré - Apocalipse; (B) - Sala dois – Início Invasão Zumbi; (C) – Sala três -
Mundo Pós - Apocalipse; (D) – Sala quatro – A Conclusão.
A B
C D
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, P. A.; FARIAS, L. A. Representações sociais com relação ao meio ambiente na ficção
de um mundo apocalíptico, onde os mortos ganham vida: the walking dead. In: XIII Encontro
Nacional de ensino de Química, Florianópolis, 2016.
CAPRA, F. Alfabetização Ecológica: O Desafio para a Educação do Século 21. IN: Meio Ambiente
no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento.
Coordenação André Trigueiro. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
ECKHARDT, G. M., BELK, R.; DEVINNEY, T. M. Why don’t consumers consume ethically?
Journal of Consumer Behavior, v 9, p. 426-436, 2010.
FARIAS, L. A.; SILVA, J. A.; COLAGRANDE, E. A.; ARROIO, A. Opposite shores: a case study
of environmental perception and social representations of public school teachers in Brazil.
International Research in Geographical and Environmental Education, v 1, p. 1-13, 2017.
HASSAN, L.; SHAW, D.; SHIU, E.; WALSH, G.; PARRY, S. Uncertainty in ethical consumer
choice: a conceptual model. Journal of Consumer Behavior, v 12, p. 182-193, 2013.
LEFF, E. Epistemologia Ambiental. Tradução de Sandra Valenzuela; revisão de Paulo Freire Vieira.
São Paulo: Cortez, 2001. 240 p.
REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. 7a ed. São Paulo: Cortez, 2007, 88 p.
Marciele FELIPPI
Docente Magistério Superior, Coordenação de Ciências Biológicas – COBIO, UTFPR-DV
marcielefelippi@utfpr.edu.br
Diesse Aparecida de Oliveira SEREIA
Docente Magistério Superior, Coordenação de Ciências Biológicas – COBIO, UTFPR-DV
diesseoliveira@utfpr.edub.r
Jheniffer Valmira WARMLING
Mestranda do PPG em Agroecossistemas
jheniffervalmira@hotmail.com
Maycon RECK
Graduando do Curso de Ciências Biológicas-licenciatura, UTFPR-DV
mayconreck_estudio@hotmail.com
RESUMO
O conhecimento e valorização da nossa flora são ações capazes de sensibilizar e conservar a
biodiversidade. Neste contexto, e com o intuito de proporcionar informações sobre espécies
florestais nativas presentes na região Sudoeste do Paraná, estão sendo desenvolvidas atividades a
cerca da Educação Ambiental e Silvicultura. As atividades são desenvolvidas na Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois vizinhos, e em escolas de educação básica,
pertencentes ao município de Dois Vizinhos, Paraná. A primeira etapa do trabalho consiste na
coleta, pré-identificação e beneficiamento das sementes. Após, as sementes são semeadas para a
produção de mudas, as quais são distribuídas durante eventos ocorrentes na UTFPR e nas escolas
envolvidas. Além disso, são ministradas palestras e desenvolvidas dinâmicas em grupo a respeito de
temas envolvendo a educação, florestas, ecossistemas, entre outros. Até o presente momento foram
distribuídas 1.920 mudas de diferentes espécies, sendo realizadas atividades envolvendo discentes
dos cursos de Ciências Biológicas e Engenharia Florestal, bem como, alunos de escolas de educação
básica. Percebe-se que a adoção de práticas e atitudes que contribuam para a melhoria do ambiente
escolar e da comunidade acadêmica tem auxiliado a despertar a consciência ambiental. O
conhecimento das espécies florestais nativas é um importante aliado nas práticas de Educação
Ambiental, podendo-se envolver os participantes, em relação a sua percepção quanto as
características, uso e importância das espécies regionais.
Palavras-chave: recursos florestais; produção de mudas; sensibilização.
ABSTRACT
The knowledge and appreciation of our flora are actions capable of sensitizing and conserving
biodiversity. In this context, and in order to provide information on native forest species present in
the Southwest region of Paraná, activities are being developed around Environmental Education and
Forestry. The activities are developed at the Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus
Dois Vizinhos, and in basic education schools, belonging to the municipality of Dois Vizinhos,
Paraná. The first stage of the work consists of the collection, pre-identification and processing of
the seeds. Afterwards, seeds are sown for the production of seedlings, which are distributed during
events occurring in UTFPR and in the schools involved. In addition, lectures are given and group
dynamics are developed on themes involving education, forests, ecosystems, among others. Up to
the present moment, 1,920 seedlings of different species have been distributed, with activities
involving students from the Biological Sciences and Forestry Engineering courses, as well as
students from basic education schools. It is perceived that the adoption of practices and attitudes
that contribute to the improvement of the school environment and the academic community has
helped to awaken environmental awareness. Knowledge of native forest species is an important ally
in Environmental Education practices, and participants may be involved in their perception of the
characteristics, use and importance of the regional species.
Keywords: forest resources; seedling production; awareness.
INTRODUÇÃO
Os recursos florestais nativos têm sofrido grande pressão ao longo dos tempos, seja pela
exploração madeireira, abertura de frentes agrícolas ou pela falta de informação quanto a sua
importância ecológica. Estudos têm demonstrado que a demanda por mudas de espécies florestais
nativas é maior do que a oferta. Além disso, os projetos de restauração necessitam de elevado
número de espécies regionais, já que a preocupação envolvendo causas ambientais tem sido
constante nos últimos tempos, principalmente com relação à recuperação de áreas degradadas que
priorizam estas espécies (FELIPPI, 2010).
Devido aos desmatamentos e exploração florestal seletiva no passado, o Estado do Paraná,
segundo a Fundação (SOS) Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (2008)
possuía área territorial coberta com formação florestal no ano de 2005 abaixo de 10% da área
original. Na região Sudoeste do Paraná a situação é mais crítica, com a cobertura florestal natural
estimada em 11,7% da área, distribuída em 5,8% em estágios iniciais, 5,4% em estágio médio e
apenas 0,5% em estágio avançado (PADILHA, 2004).
Nas décadas de 50, 60 e 70, a exploração madeireira foi intensa. As inúmeras serrarias que
existiam, realizaram cortes indiscriminados de espécies que compunham as reservas naturais. Esta
realidade ainda é notada nos dias atuais, onde nas Regiões Oeste e Sudoeste do estado o
desmatamento desenfreado afetou até mesmo áreas de preservação permanente. Tal situação
resultou em uma grande redução populacional de espécies florestais regionais.
Tem-se no presente a situação que indivíduos de algumas espécies encontram-se confinados
ou até mesmo isolados em poucos remanescentes de mata nativa ainda existente. Este fato faz com
que haja uma pressão deletéria quanto à variabilidade genética e até mesmo a biologia reprodutiva.
Muitas espécies, como Aspidosperma australe (guatambu), Aspidosperma ramiflorum
(pequiá) e Aspidosperma cylindrocarpon (peroba-poca), Balfourodendron riedelianum (pau-
marfim), em decorrência da sua intensa exploração no passado, fazem parte da lista oficial de
espécies ameaçadas de extinção do estado do Paraná (IBAMA, 2008). Outras espécies, como,
Diatenopteryx sorbifolia (maria-preta), Cordia trichotoma (louro-pardo), Holocalyx balansae
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Figura 01: Beneficiamento de sementes. Cupania vernalis Cambess (a) fruto, (b) sementes; Vitex
megapotanica (Spreng) (c) frutos, (d) sementes.
Figura 02: a - Semeadura de sementes de Cupania vernalis Cambess. b - Sacos de polietileno contendo muda
de Prunus myrtifolia (L.).
Figura 03: Preparo das mudas. A) Lote de mudas selecionadas para distribuição; B) Identificação das mudas
para distribuição.
RESULTADOS
Até o momento foram distribuídas 1.920 mudas das espécies florestais Trema micrantha
(L.) Blume (Grandiúva), Aspidosperma parvifolium A. DC. (guatambu amarelo), Balfourodendron
riedelianum (Engl.) Engl (pau-marfim), Diatenopteryx sorbifolia Raldk. (maria-preta), Cupania
vernalis Cambess. (camboatá), Cabralea canjerana Vell. Mart. (canjerana), Prunus myrtifolia (L.)
(pessegueiro do mato), Vitex montevitensis (Spreng) (tarumã), Gochnatia polymorpha (Less.)
Cabrera (cambará), Parapiptadenia rigida (Benth.) Brennan (angico vermelho), Peltophorum
dubium (Spreng.) Taub. (canafistula), Eugenia uniflora L. (pitangueira), Delonix regia (Hook.),
Eugenia huvalha (Cambess.) e Schinus terebinthifolius Raddi.
A entrega das mudas vem ocorrendo durante a realização de Semanas Acadêmicas dos
Cursos de Ciências Biológicas e Engenharia Florestal, bem como, durante Congressos realizados na
Universidade, e durante a Mostra de Estágio do Curso de Ciências Biológicas, evento no qual estão
presentes estudantes e professores da educação básica de ensino, do município de Dois Vizinhos
(Figura 04).
Figura 04: Mudas florestais nativas. (a) aguardando distribuição em eventos; (b) durante acondicionamento
em casa de vegetação; (c) muda em fase de crescimento.
Durante a entrega das mudas, banners são expostos, contendo informações a respeito do
projeto. Simultaneamente, são repassadas dicas sobre o manejo e os tratos silviculturais de cada
espécie, bem como, entregue flyer informativo (Figura 05).
Figura 05: Flyer contendo informações a respeito do projeto “Educação e Silvicultura: alternativas para a
conservação de espécies florestais nativas”.
Palestras vêm sendo realizadas em escolas de educação básica. Também foram realizadas
palestras envolvendo a temática “Invasão biológica em florestas e remanescentes florestais
paranaenses”, para os calouros do Curso de Ciências Biológicas nos anos de 2015 a 2017 (Figura
6). Ainda, no ano de 2016, em evento organizado pelo Centro Acadêmico de Engenharia Florestal,
foram explanadas informações a respeito do projeto. Dessa forma, o projeto tem atendido
aproximadamente 480 estudantes.
Figura 06: Acadêmicos do Curso de Engenharia Florestal no ciclo de palestras da semana acadêmica, maio
de 2016.
Figura 07. Atividades desenvolvidas em escolas de educação básica no município de Dois Vizinhos, Paraná.
(a) preparo de embalagens para semeadura de sementes, (b) dinâmicas em grupo, (c) plantio de mudas no
pátio da escola.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente/
MEC, 1999.
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Educação
Ambiental no Parque Nacional da Tijuca. CECIP, Rio de Janeiro, RJ. 1998.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Lista Oficial
de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção. 2008. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/estruturas/ascom_boletins/_arquivos/83_19092008034949.pdf>.
Acesso em: 15 abr. 2018.
RESUMO
A pesquisa consistiu em analisar o nível de conhecimento e envolvimento das escolas e
comunidades com o Araripe Geoparque Mundial da UNESCO (AGM/UNESCO) que é
caracterizado por uma gestão compartilhada que possuem fortes atrativos naturais e culturais,
manifestando claramente o potencial de produção e de desenvolvimento econômico e social
integrado, a partir das atividades do Setor de Educação Ambiental e dos projetos desenvolvidos em
todo o território. Desse modo, é de fundamental importância a realização de trabalhos voltados para
o meio ambiente e que envolvam as comunidades nos vários seguimentos educacionais da região. O
trabalho caracteriza-se por uma pesquisa de abordagens qualitativa, utilizando como instrumentos
para coleta de dados questionários e entrevistas. Os instrumentos da pesquisa foram aplicados nos
municípios que compreendem o território do AGM/UNESCO e teve a participação de alunos,
professores, coordenadores, diretores e representantes de Associações, Institutos e Fundações, com
um levantamento geral de 601 participantes. A partir do levantamento dos dados, identificamos que
a maioria afirma conhecer o GeoPark mesmo sem conceituá-lo adequadamente e conhecem alguns
projetos desenvolvidos pelo Setor de Educação Ambiental. Isso aponta para o provável fato de que
a divulgação sobre o AGM/UNESCO ainda apresenta fragilidades. Com tudo é necessário que
aconteça mais ações onde envolvam mais escolas e comunidades para que os mesmo possam ter
conhecimento e saber cuidar das riquezas de sua região.
Palavras-Chave: GeoPark Araripe, Escola, Educação Ambiental.
ABSTRACT
The research consisted on analyze the level of awareness and involvement of schools and
communities in the Araripe UNESCO Global Geopark (UGG), which is characterized by shared
management and has strong natural and cultural attractions, clearly demonstrating the potential of
production and integrated economic and social development, based on the activities of the
Environmental Education Sector and the projects developed throughout the territory. In this sense, it
is of fundamental importance to carry out works focused on the environment, and involve the
communities in the various educational segments of the region. The research has a qualitative
approach, using questionnaires and interviews as instruments to collect data. The research
instruments were applied in the six municipalities that comprise the territory of the Araripe UGG
and had the participation of students, teachers, coordinators, headmasters and representatives of
Associations, Institutes and Foundations, with a general sample of 601 participants. From the
obtained data, we identified that the majority claims to know the Araripe UGG even without
properly conceptualizing it, and know some projects developed by the Environmental Education
Sector. With this results we conclude that it is important to strong the divulgation efforts about the
importance of the Geopark. It is necessary that more actions take place, involving schools and
communities so that they can have knowledge and know how to take care of the riches of the
region.
Keywords: Araripe UNESCO Global Geopark, Environmental education, School involvement.
sendo 120 do município de Barbalha, 122 de Nova Olinda, 155 de Crato, 68 de Santana do Cariri,
68 de Juazeiro do Norte e 68 de Missão Velha. Com os resultados dessa pesquisa, espera-se que o
AGM/UNESCO implante novas ações junto às escolas e as comunidades.
O GeoPark nas Escolas foi um dos primeiros trabalhos desenvolvidos pelo Setor de
Educação Ambiental do AGM/UNESCO desde 2011. Iniciou-se no município de Missão Velha
depois de se fazer um levantamento do total das escolas municipais dos seis municípios dentro do
território do AGM/UNESCO, a partir das escolas mais próximas dos Geossitios. Durante as ações
foi utilizado como material um vídeo informativo sobre o AGM/UNESCO, intitulado “Lugar onde
nasce o dia”, depois, foi desenvolvida a oficina e apresentação do “Teatro de Bonecos”, para
despertar a atenção dos estudantes e em sequência os alunos desenharam o que mais gostaram a
partir das apresentações que viram ou das quais participaram. Essas ações foram criadas pelo Setor
de Educação Ambiental para apresentar e divulgar o território do AGM/UNESCO aos alunos,
professores e gestores da rede municipal, estadual do Ensino Infantil ao Médio. Com o objetivo de
difundir entre ambos o conhecimento local da Geologia, Paleontologia e falar sobre as riquezas
naturais.
Uma das ações de continuidade desse projeto “GeoPark nas Escolas” é o projeto “GEA –
Terra Mãe” que é desenvolvido pela Universidade Regional do Cariri (URCA) através do GeoPark
Araripe. Foi lançado em dezembro de 2013 através do Projeto de Cooperação Portugal/Brasil na
área das Geociências com o tema “A água que nos une”, organizado pela UNESCO, o Comitê
Português e pelo Comitê, Geopark Arouca e GeoPark Araripe, que na oportunidade firmaram
parceria para o desenvolvimento do projeto. Assim, houve o I Concurso Escolar GEA – Terra Mãe
em 2014.
O GEA – Terra Mãe tem como objetivos partilhar conhecimentos de modo temático
articulado, em torno das reflexões gerais sobre Geociências, educação ambiental e o
desenvolvimento regional sustentável. Conforme dito no tópico anterior, é um trabalho que está
sendo realizado em escolas do território do AGM/UNESCO, do Ensino Fundamental e Médio da
Rede Municipal e Estadual. Esse trabalho é realizado com a participação direta das escolas, com
exposição de trabalhos escolares e um concurso que contempla dimensões científicas, artísticas e
culturais.
No Projeto “GeoPark nas Escolas” também são realizadas diversas oficinas com temas
voltados para a Educação Ambiental. As mais frequentes nesse projeto são:
O boneco ganha vida pela animação, que acontece pela manipulação de uma pessoa
que geralmente fica escondida por trás de um pano, apresentando o Teatro de
Bonecos. A movimentação, os gestos são adquiridos de acordo com a manipulação:
quanto mais adequada, melhor a expressão gestual do boneco (GALVÃO, 1996,
p.45-46).
aos moradores com oficinas também de artesanato, biojóias, réplicas de fosseis e sabão artesanal.
Desde 2009, já foram realizadas mais de 15 ações deste projeto, atendendo a um público superior a
1.400 participantes.
Várias oficinas foram aplicadas durante as atividades do Projeto “GeoPark nas
Comunidades”. E vale ressaltar que todas as oficinas têm uma parte teórica e outra prática para
fornecer uma melhor formação ao público a que se destina. Algumas de destaque são:
MATERIAL E MÉTODO
Em Nova Olinda, na primeira visita, aplicamos o questionário aos alunos e professores das
escolas de Ensino Fundamental Padre Cristiano Coelho e Avelino Feitosa. Em outro momento, o
questionário foi direcionado para as Escolas Reunidas de Santo Expedito e Wellington Belém de
Figueiredo. Na terceira visita, entrevistamos o responsável do Instituto de Arqueologia Dr. Rosiane
Lima Verde, que tem como principal objetivo conservar e preserva os acervos arqueológicos
encontrados na região. E o representante da Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Cariri,
que desenvolvem atividades que são direcionados a todos, como leitura, teatro, rádio, cinema entre
outras atividades totalmente gratuitas. E por fim aplicamos o questionário na escola de Ensino
Fundamental e Médio Padre Luís Filgueiras.
Em Crato, as primeiras escolas nas quais aplicamos o questionário foram a de Ensino
Fundamental Estado da Paraíba, a Escola de Ensino Médio de Tempo Integral Governador Prefeito
Raimundo Coelho de Bezerra Farias e a Escola Liceu Diocesano de Artes e Ofícios. Em seguida,
visitamos as Escolas Governador Adauto Bezerra e Professor Álvaro Madeira e em uma última
visita, entrevistamos as representantes da Associação dos Artesãos do Crato que reuni um grupo de
pessoas associadas para produção, exposição e venda de seus produtos, e o Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que é uma autarquia em regime especial vinculada ao
Ministério do Meio Ambiente e integrada ao Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), e na
região trabalha com a proteção Ambiental da Chapada do Araripe.
No município de Barbalha, o primeiro contato foi apenas para entregar o pedido de
autorização nas escolas. A segunda visita foi para a aplicação do questionário nas escolas aos
professores e alunos de uma turma selecionada pela direção escolar. E uma última visita, realizamos
as entrevistas na Instituição Escola de Saberes de Barbalha (IESBA) que tem como o intuito de
favorecer propósitos educativos voltados para a sustentabilidade cultural, a partir da valorização e
transmissão dos saberes, da memória e do patrimônio cultural material e imaterial do município de
Barbalha e da região do Cariri, e na Associação dos Catadores de Recicláveis de Barbalha
(ACARB), essa associação vem como uma forma de conscientizar a população acerca da coleta
seletiva de lixo que é de extrema importância para a sociedade, pois gera renda para milhares de
pessoas.
Em duas visitas à Missão Velha, aplicamos o questionário nas Escolas Doutor Stênio
Dantas, Monsenhor Antônio Feitosa e Joaquim Gonçalves Ribeiro e entrevistamos a representante
da Associação de Pais, Amigos e Profissionais dos Autistas do Cariri/CE (AMA Cariri). que é uma
associação beneficente sem fins lucrativos, tem entre suas atividades um projeto de alfabetização
das crianças Autistas em parceria com a URCA campos de Missão Velha, palestras mensais em
municípios da região
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O questionário que foi aplicado para os 551 alunos continha 5 perguntas relacionadas ao
AGM/UNESCO, Educação Ambiental e aos projetos desenvolvidos. No dos 39 professores e
gestores continham 7 questões, referente as ações que o AGM/UNESCO já desenvolveu na escola.
E nos roteiros de entrevistas com tópicos referentes à Instituição e ao AGM/UNESCO.
A primeira pergunta do questionário sonda o nível de conhecimento dos alunos, quanto ao
GeoPark. 290 alunos afirmou conhecer, mais poucos deram uma definição clara e objetiva a
respeito do que é o GeoPark. Apesar das equipes do GeoPark terem realizado várias ações nas
escolas e nas comunidades, poucas pessoas sabem definir o conceito do GeoPark. Outro fator pode
ser talvez por conta do pouco nível de inserção de todos os setores do AGM/UNESCO nos
municípios. professores, gestores e dos entrevistado
A segunda pergunta objetivou sondar o número de participantes em alguma ação promovida
pelo GeoPark. 291 alunos não participaram das ações, poucos já tiveram a oportunidade de
participar como relataram nos questionários. Entre os que comentários ter participado, notou-se
várias ações diferentes, dando a entender que o GeoPark está presente em muitas atividades.
Em outra pergunta, acerca do que os professores apresentaram sobre o GeoPark, 256 alunos
comentaram que os professores explanaram assuntos relacionados ao turismo, cultura, animais,
meio ambiente entre vários outros temas que se pode trabalhar com os alunos dentro e fora da
escola, mostrando todo o conjunto de riquezas do GeoPark. Alunos destacaram bem as questões que
a escola ensinou sobre o GeoPark, e deixam respostas como: ”conservação”; “preservação”;
“conservação do ambiente”, e ensina sobre as “reservas naturais e patrimônio cultural”.
A pergunta seguinte do questionário foi relacionada ao conhecimento sobre o que seria
Educação Ambiental. Essa foi uma das perguntas que houve mais respostas, no total de 412 alunos
responderam. Os alunos mesmo não descrevendo um conceito acadêmico sobre educação
ambiental, sabem do que se trata e qual a sua finalidade: “preservar a natureza evitando as
queimados e o desmoronamento do ambiente; saber lhe dar com a natureza, e reaproveita seus
recursos de forma justa”. A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, que deve imprimir
ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e com os outros
seres humanos (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, Art. 2°).
A última pergunta do questionário dos alunos, foi mais um pedido de sugestão dos
participantes sobre o poderia ser melhorado quanto à divulgação do GeoPark. Foram sugeridas
divulgações por meio de panfletos, palestras, redes sociais e mais visitas principalmente nas escolas,
onde ainda há uma grande necessidade de serem desenvolvidos mais projetos e ações para divulgar
o GeoPark.
A primeira pergunta do questionário aplicado para os professores e gestores foi com relação
ao conhecimento que os mesmo têm sobre o que é o GeoPark Araripe. Todos afirmam conhecer,
sendo que 8 responderam apenas sim. Os demais demostram ter conhecimentos sobre GeoPark, e
sabem sua importância para a região e de trabalhar esse tema em toda a comunidade escolar.
Outra pergunta foi em relação como os professores e gestores tiveram conhecimento sobre o
GeoPark Araripe. 33 comentaram que conheceram através de sua formação acadêmica. Em uma
resposta o professor diz que conheceu através de “uma palestra na semana do meio ambiente na
escola”. A escola é assim o ponto de partida para a comunidade escolar ter acesso aos
conhecimentos da região.
Questionamos também sobre a participação dos em alguma ação promovida pelo GeoPark
Araripe e qual teria sido, 15 afirmaram não terem participado e 23 comentaram, sendo que grande
parte respondeu ter participado de palestras. Foi citado entre as respostas o concurso escolar Gea-
terra mãe, que de acordo com Oliveira (2014, p.39) “O concurso proporcionará a revelação de
talentos artísticos das escolas púbicas municipais e estaduais, bem como a investigação cientifica do
aluno nas pesquisas”.
Uma pergunta direcionada aos professores e gestores sobre se algum trabalho sobre o
GeoPark foi realizado na referida escola, 23 afirmou que sim, mais poucos comentaram quais
atividades foram desenvolvidas. As atividades citadas foram as visitas dos estagiários para
apresentar o Concurso Escolar Gea-Terra Mãe, palestras e a Oficina de Réplica de Fósseis.
Na questão de número cinco listamos os projetos e oficinas que são desenvolvidos pelo setor
de Educação Ambienta do GeoPark, e perguntamos quais das atividades os professores e gestores
conhecem. 10 deixaram em branco, e o restante marcou. Todas as opções entre, replica de fosseis,
teatro de bonecos, biojoias, Gea terra mãe; pintura de garrafas, livro de pano, oficina de reciclagem
GeoPark na Comunidade, GeoPark na Escola, Colônia de férias e visita ao Centro de Interpretação,
foram marcadas. Sendo a oficina de replica de fosseis que os professores e gestores mais conhecem.
A oficina de réplicas de fósseis inicia-se mostrando a importância da preservarão dos fósseis
encontrados na região. E é uma das oficinas mais procuradas e levadas para serem desenvolvidas
nas escolas através do Centro de Interpretação e Educação Ambiental.
Das atividades citadas na questão anterior, perguntamos aos professores e gestores quais das
atividades chamas mais sua atenção e pedimos para eles comentarem. A maioria no total de 21
optaram pelo projeto GeoPark na escola, já que este incentiva o conhecimento dos alunos sobre o
território existente na comunidade, e obtendo este conhecimento os mesmo podem divulgar para
seus familiares e a comunidade em geral.
A última pergunta do questionário dos professores e gestores, referia-se a que sugestão eles
dariam para melhorar as ações e a divulgação do GeoPark Araripe. 36 responderam, e foram
colocadas muitas idéias relevantes, em geral traz a perspectiva de uma maior aproximação do
GeoPark até as escolas como formas diferenciadas para suas ações serem postas com mais
frequência nas escolas.
No roteiro, os entrevistados falaram sobre o histórico e os objetivos das instituições as quais
representam. No que diz respeito ao GeoPark, boa parte afirmou conhecer e já ter participado de
algum tipo de ação, mas apenas 6 souberam conceituá-lo. Essa dificuldade em conceituar é algo
curioso, visto que o GeoPark já desenvolveu ações com palestras e oficinas, por exemplo, no
Instituto Karius, na Associação das Mulheres da Palha, AMA Cariri, ICMBio e no Instituto de
Arqueologia do Cariri.
O último ponto abordado foi com relação à sugestão que os representantes dariam para que o
GeoPark conseguisse atingir o maior número de pessoas no sentido de divulgação. Um diferencial
das opções levantadas por eles foi que o GeoPark trabalhe mais nas comunidades, envolvendo as
crianças, jovens, adultos e idosos.
Reconhece-se, portanto, que ainda há muito para se melhorar nas ações desenvolvidas pelo
GeoPark em termo de divulgação para realizar projetos nas escolas e nas comunidades, com a
finalidade de atingir o maior público possível.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho constatamos que já existe conhecimento nas comunidades e nas escolas sobre
o GeoPark, apresentados a partir dos projetos desenvolvidos pelo Setor de Educação Ambiental, a
exemplo: o Projeto “Colônia de Férias”, “GEA - Terra Mãe”, “GeoPark na Comunidade”, “GeoPark
nas Escolas” e as diversas oficinas ofertadas. Mas há, ainda, a necessidade de melhorar e ampliar as
informações sobre o AGM/UNESCO no geral, de forma a abranger todo o território dos 3.441 km².
A Coordenação do Setor de Educação Ambiental já deixou nos seis municípios,
informativos, livros, vídeos e realizou dois cursos de formação para gestores e professores. No
entanto ainda existem carências no sentido de publicar mais materiais em maior quantidade para
que possa servir de pesquisa e informação para os docentes e discentes nas escolas. A Coordenação
também espera que esses materiais possam ficar em salas de leitura e/ou biblioteca das escolas e
divulgados nas Redes Sociais.
Conforme verificado, várias atividades foram desenvolvidas nos locais aonde as entrevistas
aconteceram, entretanto, 5 participantes das entrevistas não faz menção aos fatos do trabalho
realizado pela equipe, significando que é necessário refazer e repensar novas estratégias e ações
para melhorar a divulgação e o conhecimento sobre o AGM/UNESCO nos municípios.
Dessa forma, é necessário que haja com mais frequência ações que envolvam o máximo de
público possível nas comunidades, em torno dos Geossítios e nas escolas. Assim a comunidade terá
mais envolvimento nas atividades e conhecerá mais sua região como também ajudar a cuidar
daquele local, e nas escolas para que a criança divulgue em casa e com seus amigos, e cresçam com
o pensamento de preservar o meio ambiente e os Geossítios.
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RESUMO
As praias do Forte, do Meio e Ponta Negra integram o complexo de praias urbanas da cidade do
Natal (RN). Objetivou-se investigar a ocorrência do ouriço-do-mar Echinometra lucunter
(Echinoidea, Echinometridae) nos arrecife intertidais dessas praias e seu potencial como ferramenta
de ação para a promoção de ensino interdisciplinar de Zoologia e Educação Ambiental (EA),
enfatizando a sensibilização jurídico ambiental. Propõe-se que, através de visitas de campo
monitoradas por pessoas habilitadas, a observação dessa espécie seja utilizada para a divulgação de
conteúdos de EA, Zoologia e princípios do Direito do Ambiente dispostos no art. 225 da
Constituição Federal de 1988 conforme diretrizes da Convenção da Biodiversidade e da Política
Nacional da Biodiversidade.
Palavras-chave: entremarés, letramento jurídico, legislação ambiental, curriculum de Biologia
ABSTRACT
The beaches of Forte, Meio and Ponta Negra are part of the complex of urban beaches of the city of
Natal (RN). The objective was to investigate the occurrence of Echinometra lucunter (Echinoidea,
Echinometridae) in the intertidal zone of these beaches and its potential as an action-tool for the
promotion of the interdisciplinary teaching of Zoology and Environmental Education, emphasizing
legal awareness of environmental issues. It is proposed that, through field visits monitored by
qualified persons, the observation of this species be used for the dissemination of contents, in
Zoology and the directives of Environmental Law set forth in article 225 of the Brazilian Federal
Constitution of 1988 in accordance with the guidelines of the Convention on Biodiversity and the
Brazilian National Biodiversity Policy.
Keywords: intertidal zone, invertebrates, legal literacy, environmental law, Biology curriculum
INTRODUÇÃO
quanto aos princípios e normas que regem o acesso à biodiversidade no Brasil. Esse estudo segue
Coelho et al. (2007), que propuseram o uso de “ferramentas de ação", isto é, temáticas extraídas da
observação da natureza e contextualizadas numa perspectiva conservacionista.
METODOLOGIA
Os locais pesquisados foram os arrecifes intertidais nas praias do Forte, Meio e Ponta Negra,
classificadas como praias urbanas da cidade do Natal (RN) (NATAL, 2011). Nos arrecifes,
denominados recifes de Natal, encontramos depressões que durante a maré baixa continuam cheias
de água do mar, formando as poças de maré (OLIVEIRA, 1971). Essas praias estão localizadas na
zona urbana da cidade do Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, situam-se em uma zona de
predominância do tipo climático As’, isto é “clima tropical quente e úmido” segundo a classificação
de Koeppen (NATAL, 2011).
O presente estudo propõe protocolo que envolve observação, identificação e registro de
campo, alinhado com proposta de educação para a sustentabilidade e em conformidade com o
disposto na Instrução Normativa nº03/2014-ICMBio, no que tange às atividades didáticas que
prescindem de autorização expressa por não envolver captura ou coleta de material biológico.
A metodologia de pesquisa constou de visitas em campo onde foi observada a ocorrência do
ouriço-do-mar Echinometra lucunter nos arrecifes, bem como na compilação de registros a partir da
literatura e de material depositado na Coleção de Invertebrados do Departamento de Botânica e
Zoologia (UFRN). As observações em campo foram realizadas em junho/julho de 2016 e janeiro de
2017. Informações sobre a biologia e identificação dos espécimes de equinodermos observados em
campo foram baseadas em consulta a literatura especializada (GONDIM et al. 2011; VARELA-
FREIRE, 1997; HADEL, 201; HARRIS; STEPHEN, 2015; BYRNE; OHARA, 2017).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No que concerne à saúde pública, espécimes de E. lucunter (como outros ouriços do mar)
podem causar acidentes que envolvem a penetração dos espinhos na pele que causam lesões
dolorosas e podem levar a eventuais inflamações (HSU 2012); como evidência corroborativa,
Sciani et al. (2013) isolaram, em espécimes de E. lucunter, o peptídeo equinometrina que apresenta
ação pró-inflamatória. Contudo, apesar de existirem espécies de ouriços do mar consideradas
venenosas para a espécie humana, e.g. Toxopneustes pileolus e Diadema spp. (ver HALSTEAD,
1978, BYRNE; O´HARA, 2017a), E. lucunter não está arrolado entre elas (HADEL, 2012).
Da Silva e Araújo-de-Almeida (2013) verificaram a percepção do público quanto à presença
de equinodermos no ambiente costeiro e Araújo-de Almeida et al. (2010) enfatizam a
biodiversidade das poças de maré e seu potencial para a EA, possibilitando ao educador informar o
público alvo sobre a variedade da biota e de suas relações ecológicas. Outro aspecto a ser abordado
são as consequências das atividades antropogênicas exemplificadas pela construção de diques,
pisoteio, captura de espécimes silvestres, erosão, presença de efluentes de esgoto, acúmulo de lixo e
manipulação dos animais in loco. Tais colocações tem o potencial de ensejar discussões a respeito
dos princípios constitucionais que regem o Direito do Ambiente, mormente, o princípio jurídico da
precaução e prevenção (disposto no art. 225 da Constituição da República Federativa do Brasil de
1988) e o princípio bioético de não-maleficência, que implicam na prevenção de danos aos
componentes da biota e suas funções ecológicas (Santos, 2011). Em respeito a esses princípios,
ressalta-se que as atividades de campo deverão: a) envolver apenas a observação dos espécimes em
seus habitats, b) reposição das rochas que foram eventualmente manipuladas para a observação de
espécimes crípticos, evitando-se danos à assembleia de organismos que lá habitam. Os espécimes
silvestres podem ser observados in situ, fotografados e filmados para apresentações em sala de aula,
em anuência ao art. 10º da Instrução Normativa nº03 de 01.09.2014 do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade.
Conforme recomendado por Araújo-de-Almeida et al (2011) e Santos (2011) para aulas de
campo em Zoologia, além de se coadunar com princípios bioéticos e com legislação vigente que
disciplina o acesso a biodiversidade para fins didáticos (ARAÚJO-DE-ALMEIDA et al 2017), a
observação da diversidade de equinodermos na região de entremarés seguindo o protocolo proposto
no presente trabalho poderá suscitar discussões sobre o impedimento taxonômico e à necessidade de
formação especialistas e fomento às atividades de Taxonomia e Sistemática Zoológica. Justifica-se
tal medida considerando-se que a descrição de novos táxons e entendimento dos padrões
filogenéticos aos quais pertencem trazem muitas consequências para o conhecimento da
biodiversidade, sua importância na manutenção dos ecossistemas e suas eventuais aplicações nas
atividades humanas (WILSON, 1987; AMORIM, 2008). No caso dos equinodermos, tais aplicações
potenciais são vastas nos campos da ciências da saúde, toxicologia, farmacologia e química de
produtos naturais (por exemplo, como substâncias antifouling para proteger cascos de embarcações)
(KELLY, 2005; PETZELT, 2005; MATRANGA, 2005; FERRARI et al., 2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O educador poderá planejar as visitas às praias, as quais são acessíveis por transporte
público e privado, consultando as tábuas de maré publicadas no site da Marinha do Brasil
(https://www.marinha.mil.br/chm/tabuas-de-mare), selecionando-se a localidade “Porto de Natal” e
a data e horário desejados. Dada a sua localização na área urbana da cidade do Natal, as praias
citadas são de acessíveis por transporte público ou particular. Verificou-se que é possível observar
exemplares de E. lucunter em seu habitat nas baixa-mares com cotas inferiores a 0.2 m. Sugere-se
que o instrutor deverá utilizar lupa manual e/ou dispositivo fotográfico para melhor observação e
registro dos espécimes em campo.
Seguindo a recomendação de Berchel et al. (2012), no que diz respeito à educação ambiental
em ambiente marinho, os autores reiteram a relevância das visitas aos arrecifes como opções para a
divulgação de conteúdos de EA e Zoologia através de preleções tendo por público-alvo discentes
de ensino fundamental, médio e superior. De acordo com Santos e Araújo-de-Almeida (2015),
recomenda-se que, antes da visita em campo, o instrutor informe sobre medidas de segurança como
uso de calçados antiderrapantes, manter distância de locais com alto hidrodinamismo e proteção
contra a insolação.
O responsável pela visita poderá fomentar o letramento jurídico e ministrar conteúdos
pertinentes aos princípios jurídicos que norteiam o Direito do Ambiente no Brasil, entre eles os
princípios da precaução, prevenção e educação ambiental, conforme o disposto no art. 225
AGRADECIMENTOS
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RESUMO
A classe Insecta compreende o táxon com maior diversidade no grupo dos Artrópodes e entre os
animais, também se destaca pela sua enorme abundância e presença nos mais diversos habitats,
contribuindo de forma essencial para o equilíbrio ecológico. Entretanto, a concepção que muitas
pessoas têm sobre esses animais é errônea, desde o entendimento do que realmente são e sobre os
aspectos negativos e repulsivos que a eles são associados. Diante da enorme relevância dos insetos
para o ambiente natural e para o homem, este trabalho teve como objetivo capacitar os alunos do
ensino fundamental (7° ano) e médio (2° ano) de uma escola pública do município de Areia – PB
utilizando a entomofauna local para conservação do meio ambiente, tornando-os multiplicadores do
conhecimento. A metodologia utilizada consistiu na aplicação de um questionário para avaliar o
conhecimento prévio dos alunos, aulas expositivas teóricas com o uso de slides, aulas práticas sobre
montagem e discussão sobre as ordens de insetos e por último um questionário para avaliação sobre
suas percepções pós aulas. A partir da avaliação dos questionários realizadas nas turmas
participantes das aulas foi possível constatar um melhor desempenho quanto ao critério de definição
e caracterização dos insetos onde 68% e 77% responderam corretamente ou parcialmente em
comparação aos 34% e 51% anteriores as aulas e quanto ao critério de percepção dos alunos sobre a
importância dos insetos e sua conservação, observa-se nos resultados que 88% e 78% dos alunos
responderam corretamente essas concepções após as aulas em comparação aos 41% e 71% antes das
aulas para turmas do 7º ano do Ensino Fundamental e 2º ano do Ensino Médio, respectivamente. As
aulas teóricas aliadas as práticas tiveram um resultado favorável quanto a melhora na compreensão
sobre importância dos insetos para o meio ambiente como um todo e a conservação desse grupo.
Palavras-chave: Insetos; concepções entomológicas; alternativa metodológica; Educação
Ambiental.
ABSTRACT
The Insecta class includes the most diverse taxa in the group of Arthropods and among animals. It is
also noted for its enormous abundance and presence in the most diverse habitats, contributing in an
essential way to the ecological balance. However, the conception that many people have about these
animals is erroneous, from the understanding of what they really are and about the negative and
repulsive aspects associated with them. In view of the enormous importance of insects for the
natural environment and for humans, this work had the objective of training elementary school
students (7th grade) and high school (2nd year) of a public school in the city of Areia - PB using the
entomofauna for the conservation of the environment, making them multipliers of knowledge. The
methodology used consisted of the application of a questionnaire to evaluate the students' previous
knowledge, theoretical lectures with the use of slides, practical classes on assembly and discussion
on insect orders and lastly a questionnaire to evaluate their perceptions after classes. Based on the
evaluation of the questionnaires carried out in the classes attending classes, it was possible to verify
a better performance regarding the definition and characterization of insects, where 68% and 77%
answered correctly or partially compared to 34% and 51% to the students' perception of insects
importance and their conservation, it is observed in the results that 88% and 78% of the students
correctly answered these conceptions after the classes compared to 41% and 71% before the classes
for the 7th year of Elementary School and 2nd year of High School, respectively. The theoretical
classes allied to the practices had a favorable result regarding the improvement in the understanding
about importance of the insects for the environment as a whole and the conservation of this group.
Keywords: Insects; entomological conceptions; alternative methodological; Environmental
education.
INTRODUÇÃO
A classe Insecta (RUPERT, 2005) possui entre 870.000 e 1.200.000 espécies catalogadas e
compreende o maior táxon no Reino Animalia. Os insetos não se destacam apenas pela sua enorme
diversidade mais também pela sua imensa abundância, para cada ser humano vivente estimasse que
hajam 200 milhões de insetos. Acreditasse ainda que o número de espécies seja muito maior do que
hoje é catalogado.
Os insetos têm uma importância essencial para a manutenção e continuidade de muitas
formas de vida na Terra, incluindo a espécie humana, pode-se dizer inclusive que a vida tal qual é
hoje deixaria de existir sem a presença desses artrópodes. Sua importância se destaca
principalmente na polinização de grande quantidade de plantas de culturas humanas e plantas
nativas, participação nas teias alimentares contribuindo para a dieta de muitos animais terrestres e
também atuam na decomposição de madeira e folhas mortas no solo, os isópteros, e como
trabalhadores do solo, os himenópteros. A polinização realizada pelos insetos contribui direta e
indiretamente para a indústria alimentícia, farmacêutica e têxtil, sendo incalculável a sua
importância para a agricultura (BRUSCA, 2007).
Entretanto devido aos impactos ambientais causados pelo ser humano nos últimos anos
inúmeras espécies são destruídas e muitas espécies desconhecidas acabam por serem extintas antes
mesmo de serem identificadas. Toda essa perda de diversidade contribui para a desordem sem
precedentes nos mais diversos ecossistemas. Muitos desses insetos são predadores de outros
invertebrados, e sua extinção ocasiona em um descontrole populacional de muitos grupos de insetos
importantes.
Essa desordem tem consequências devastadoras para a espécie humana como o surgimento
de muitas doenças nas quais os insetos são vetores, tornam-se assim um problema de saneamento
ambiental e público. Outro aspecto importância é o seu papel como praga agrícola que resulta em
uma enorme perca de produtividade nas lavouras, provocando assim um grande problema na
economia global. Tal perca de produtividade ocasiona no uso exagerado de agrotóxicos que trazem
sérios problemas para a saúde humana e para o meio ambiente natural.
Compreendendo a importância dos insetos e sua diversidade é, portanto, necessário meios
que promovam a conscientização para a preservação e conservação desse grupo de animais e seus
habitats. O meio mais importante e que resulta na participação social e coletiva é a Educação
Ambiental que compreende além dos aspectos naturais, os aspectos culturais, sociais e econômicos
de cada lugar e cada povo (MMA, 1999). A EA também ressalta a importância da conservação
ambiental a partir do conhecimento das pessoas com o seu ambiente, ou seja, não se promove ideias
de conservação a um povo com algo que eles não tenham conhecimento e que não faça parte da
vida desse grupo.
O conhecimento das pessoas sobre os insetos é bastante difuso, confundindo-os com outros
vertebrados e também se possui ideias bastantes negativas quanto a eles, considerando-os nojentos,
pragas e que precisam ser mortos (COSTA NETO, 2006). No ensino básico nas escolas os alunos,
principalmente nas fases inicias, possuem suas ideias atreladas ao medo do desconhecido e o
conhecimento equivocado que é transmitido ao longo das gerações. Os insetos apesar se serem
muitas vezes os primeiros animais que uma pessoa tem contato quando se visita uma mata por
exemplo, ou mesmo os primeiros animais que se tem contato no dia, são por vezes generalizados
como coisas ruins e que não possuem importância.
A educação formal não privilegia aulas práticas como se deveria (AUSEBEL 2003), estas
que são alternativas eficazes nos princípios da Educação Ambiental. E nesse cenário o estudo dos
insetos se configuram como excelente opção para as práticas ambientais já que são abundantes e
servem de modelos em áreas de ecologia, anatomia e evolução (CAJAÍBA, 2014).
A localidade para a realização desse trabalho, a Escola Estadual Carlota Barreira, situada na
cidade de Areia - PB está inserida em um ambiente propício para a temática da conversação
ambiental a partir dos insetos, já que nessa cidade possui a Reserva da Mata do Pau Ferro, um
resquício de mata Atlântica e também condições ambientais típicas de brejos que favorecem uma
fauna peculiar e abundante. O presente trabalho teve como objetivo capacitar os alunos do Ensino
Fundamental (7° ano) e Médio (2° ano) da Escola Estadual Carlota Barreira utilizando a
entomofauna local para conservação do meio ambiente, tornando-os multiplicadores do
conhecimento.
METODOLOGIA
O trabalho foi realizado em uma escola pública do município de Areia -PB para duas turmas
do Ensino Fundamental (7° ano) e para as turmas do Ensino Médio (2° ano) configurando em torno
de 80 alunos ao todo.
A metodologia usada consistiu na aplicação de dois questionários do tipo semiestruturado
(Apêndice I e II) para analisar o conhecimento prévio dos alunos sobre os insetos e posteriormente
para avaliar suas percepções pós-aulas, aulas expositivas e dialógica, aulas práticas em sala para as
duas turmas do 7º ano e duas turmas do 2º ano do Ensino Médio.
AULAS TEORICAS: Foram realizadas através de Datashow, com slides de fácil
assimilação. O cronograma das aulas teve como temas abordados uma ideia geral da biologia dos
insetos com enfoque para as características gerais, sua importância ecológica, bem como sua
importância para a espécie humana e economia e as principais classificações taxonômicas a nível de
ordem. Durante todas as aulas foram mantidas um clima de familiaridade com os insetos
considerando a entomofauna da região.
AULAS PRÁTICAS: Foram realizadas na sala de aula e consistiram na apresentação dos
meios de conservação de insetos em via úmida e seca disponibilizada pelo Laboratório de
Invertebrados Campus II UFPB. A amostragem via úmida consistiu um pote com insetos no álcool
70° e a via seca consistiu na apresentação de uma caixa entomológica (Figura 1). Também foi
realizada a montagem de alguns representantes das principais ordens dos insetos, cujo material
consistiu em alfinetes para fixar e isopores para dá suporte na montagem. Toda a manipulação foi
realizada sob constante vigilância e cuidados necessários para evitar problemas a serem causados
principalmente com os alfinetes.
Fonte: os autores
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 2: Gráfico representando as respostas dos alunos do 7° Ano quanto a caracterização e definição dos
insetos.
Pós-aulas
Fonte: os autores
Cajaíba (2016) observou que nas turmas do Ensino Médio utilizando também de práticas
com a entomofauna foi percebido que antes das aulas, 35% acertaram as classificações taxonômicas
e esse valor foi para 91% após as intervenções, ressaltando o poder que aulas com o contato com os
insetos permitiu aumentar o conhecimento dos alunos para com o despertar da conservação
ambiental.
Para o mesmo critério para as turmas do 2° Ano do Ensino Médio, onde participaram 45
alunos nas faixas de idade 14-20 anos, 51% souberam definir os insetos antes da intervenção contra
77%. Os resultados não foram tão significativos quanto para os alunos do Ensino Médio devido a
bagagem escolar dos alunos do Ensino Médio ser maior e, portanto, seus conhecimentos sobre esse
grupo de animais previamente eram mais completos. (Figura 3)
Figura 3 :Gráfico representando as respostas dos alunos do 2° Ano quanto a definição e caracterização dos
insetos.
Pós-aulas
Fonte: os autores
Pós-aulas
Incorretamente Corretamente
Fonte: os autores
Outro critério avaliado a partir dos questionários foi quanto a importância e conservação dos
insetos onde antes das intervenções 41% eram favoráveis e após essa metodologia esse valor foi
para 78%, indicando um aumento na percepção dos alunos quanto a relevância desses animais para
as turmas do 7° Ano. (Figura 5)
Durante as aulas os alunos relataram que não sabiam sobre importância benéficas dos
insetos para a natureza e muito menos para os humanos, relatando que sempre os viam com sinal de
perigo e que deviam ser evitados.
Resultados similares foram vistos por Tavares (2014), onde foi perguntado se os insetos
faziam mal e 91% dos alunos de turmas do Ensino Fundamental afirmaram que sim e que desse
percentual 70% que matavam os insetos ao avistarem um deles.
Figura 5 :Gráfico representando as respostas dos alunos do 7° Ano quanto a importância e conservação.
Antes das
aulas
Pós-aulas
Fonte: os autores
Esse mesmo critério para as turmas do 2° Ano indicaram que 71% foram favoráveis antes
das aulas em comparação aos 88% após as aulas. (Figura 6)
Figura 6 :Gráfico representando as respostas dos alunos do 2° Ano quanto a importância e conservação dos
insetos.
Pós-aulas
Fonte: os autores
Ao longo das aulas os alunos do Ensino Médio demostraram maior sensibilidade para com a
problemática ambiental, isso demostra o fato que a maior carga escolar aumenta suas percepções,
levando-se em consideração que se foi questionado (para todos os alunos entrevistados) onde eles
adquiriram o conhecimento sobre os insetos e a maioria respondeu que foi na escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados categorizados e das observações nas aulas foi possível chegar as seguintes
conclusões. As aulas expositivas aliadas as práticas contribuíram para uma maior compreensão da classe
Insecta bem como a relevância da conservação do meio ambiente. O uso de alternativas metodológicas no
ensino de Ciências e Biologia se mostra eficaz na transmissão do conhecimento. Os resultados foram
menos significativos para as turmas do Ensino Médio devido a maior carga escolar quando se comparados
as turmas do Ensino Fundamental. Para dados mais expressivos considerando a dificuldade no ensino dos
insetos é interessante a didática em campo tornando os alunos agentes participativos assim como o
requerimento de maiores detalhes sobre a classe.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, J. B. R.; SILVA, E. F.; SANTOS, V. M.; SOARES, H. K. L.; LUCENA, R. F. P.;
BRITO, C. H. Percepção e uso de “insetos” em duas comunidades rurais no semiárido do
estado da Paraíba. Paraíba: Biofar. 2012. Volume especial.
BRUSCA, G. J.; BRUSCA, R. C. Invertebrados. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2 ed.
2007.
CAJAIBA, R.L. Difficulty of science and biology teachers to teach entomology in elementary and
high schools in the state of Pará, Northern Brazil. American Journal of Educational Research,
2014. v. 2, n. 6.
MODRO, A. F. H.; COSTA, M. S.; MAIA, E.; ABURAYA, F. H. Percepção entomológica por
docentes e discentes do município de Santa Cruz do Xingu, Mato Grosso, Brasil. Biotemas,
2009. V.2.
Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, Art 1º. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=321. Acesso em: 11/12/2007 as
15:11.
RUPERT, E. E.; FOX, R. S.; BARNES, R. D. Zoologia dos invertebrados: uma abordagem
funcional-evolutiva, 7 ed. São Paulo: Roca, 2005.
Edvaldo OLIVEIRA
Prof. do Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB.
edvaldocartografia@gmail.com
RESUMO
A carta topográfica sempre foi um instrumento aplicado aos trabalhos técnicos e, dada a sua
importância na informação geográfica de base, tem sido negligenciada no ensino em geral. Diante
disso, este artigo visa apresentar material e recurso didático para leituras de cartas topográficas
aplicados ao ensino de Geografia. O trabalho foi realizado no formato de oficina com três turmas
do terceiro ano do turno matutino do Ensino Médio do Colégio Estadual Dom Climério de Almeida
Andrade, na cidade de Vitória da Conquista - BA. No desenvolvimento dos trabalhos foram
utilizadas as folhas topográficas analógicas de Anagé e Vitória da Conquista, localizadas no sudeste
da Bahia. Os resultados apontaram que a leitura de cartas topográficas nas aulas de Geografia
possibilita aos alunos um exercício de interpretação sobre os aspectos socioambientais de seu
espaço vivido, permitindo-lhes verificar descobertas referentes ao espaço vivido. Constatou-se,
ainda, que atividades com cartas topográficas nas aulas de Geografia pode ser um instrumento que
possibilita desenvolver habilidades de leitura do espaço de vivência e, consequentemente, a
aplicação de uma metodologia que vai além das atividades do livro didático.
Palavras chaves: Cartografia. Cartas Topográficas. Espaço vivido. Ensino de Geografia.
ABSTRACT
The topographical chart has always been an instrument applied to technical work and, given its
importance in basic geographic information, has been generally neglected in teaching. Therefore,
this article aims to present material and didactic resource for readings of topographic charts applied
to the teaching of Geography. The work occurred in a workshop format with three classes of the
third year of the high school morning shift of the Dom Climério State College of Almeida Andrade,
in the city of Vitória da Conquista - BA. The work procedure used the analog Topographical Maps
of Anagé and Vitória da Conquista, located in the southeast of Bahia. The results demonstrated that
the reading of Topographic Maps in Geography classes allowed students to interpret the socio-
environmental aspects of their lived space, favored them to verify discoveries related to the lived
space. Additionally, the results observed that activities with topographic maps in Geography classes
could be an instrument that allows the development of reading skills in the living space and,
consequently, the application of a methodology that goes beyond the activities of the textbook.
Keywords: Cartography. Topographical Maps. Living space. Geography teaching.
INTRODUÇÃO
Conhecer o espaço em que vive é um direito de todo cidadão, uma vez que cada indivíduo,
com este conhecimento, haja vista que, a partir do seu espaço de vivência e do conhecimento da
dimensão dos recursos naturais e sobre os possíveis problemas socioambientais, econômicos e
históricos presentes no seu espaço pode exercer seus direitos. Conhecer o espaço é uma forma de
todo cidadão estar ciente dos aspectos de seu município, região, estado e país e, assim, poder
intervir em situações na tentativa de contribuir para equacionar os problemas sociais e ambientais,
bem como buscar alternativas para melhoria de seu espaço vivido. Contudo, é necessário conhecer
seu lugar de existência e fazer investigações pertinentes a respeito da realidade, quais os seus
problemas, potencialidades e benefícios revertidos para a cidadania. Com essas atividades será
possível levantar um acervo de diretrizes e analisar quais os possíveis impactos positivos e
negativos que remetem à população local, bem como em escala mais ampla.
A representação espacial torna possível a visualização do espaço vivido, ainda que na forma
de abstração, na figura do mapa, da carta ou da planta. Particularizando a questão para o caso da
carta topográfica, esta é muitas vezes confundida com o mapa e vice e versa, uma vez que um
conjunto de cartas resulta em um mapa, embora muitas vezes parecem sinônimos.
No que concerne às propostas para leitura de cartas topográficas em salas de aula no ensino
de Geografia, as atividades devem levar o estudante a entender os componentes espaciais, quais
sejam: hidrografia, relevo, via de circulação, lugares habitados, entre outros. No campo do
posicionamento espacial, resguardadas a época da elaboração da carta, é possível vislumbrar os
municípios lindeiros ao do aluno, além da observância dos aspectos técnicos, da escala, das
convenções cartográficas, da orientação, da malha de coordenadas, entres outras informações.
A leitura, para além dos aspectos apresentados, permite classificações, estabelecimentos de
categorias, seleção de informações importantes e dessa forma, fazer generalizações. Essas
atividades em todo o processo de desenvolvimento/execução conduzirão o estudante a ter
oportunidade de interagir com o espaço que está sendo estudado e desenvolver seu raciocínio
lógico-espacial. Nesse sentido a disponibilidade de mapas ou cartas para a leitura pelos alunos
torna-se instrumento importante, pois, segundo Passini. “[...] a aquisição para leituras de mapas
deve ser entendida como o processo de aquisição, pelos alunos, de um conjunto de conhecimentos e
habilidades, para que consigam efetuar a leitura do espaço, representá-lo e desta forma construir os
conceitos das relações espaciais [...]”.(1994, p. 9).
Entende-se aqui, que a leitura de mapas, bem como de cartas topográficas e suas
representações na forma de símbolos, leva o aluno a adquirir um conjunto de conhecimentos e
habilidades desenvolvendo capacidade para ir além do visível e compreender a dinâmica da
sociedade atual.
Nesse contexto, a aplicação da lógica do entendimento do espaço pelo aluno orientado (a)
pelo (a) professor (a), Almeida e Passini (2011) esclarecem que compreender o mapa e, por
extensão, a carta topográfica, possibilita um ganho qualitativo no desenvolvimento de habilidades
de pensar e interpretar o espaço. As autoras ratificam, ainda, que o mapa e nesse contexto, também
a carta, permitem, no cognitivo do aluno, vislumbrar signos que resultam na compreensão,
sistematização, representação e principalmente na sinterização do espaço vivido. Assim, a
[...] representação do espaço através de mapas permite ao aluno atingir uma nova
organização estrutural de sua atividade prática e da concepção do espaço. No entanto, isso
somente ocorrerá se o aluno participou ativamente do processo de construção
(reconstrução) do conhecimento através da prática escolar orientada pelo professor. E
quanto ao domínio espacial envolve pré-aprendizagens relativas a referenciais e categorias
essenciais ao processo de concepção do espaço. (ALMEIDA E PASSINI, 2011, p. 13).
[...] o aluno realmente aprende, por exemplo, a entender um mapa, a compreender relevo, o
que é região, nação, município. Ao conhecer, analisar e buscar explicações para
compreender a realidade que está sendo vivenciada no seu cotidiano, ao extrapolar para
outras informações e ao exercitar a crítica sobre essa realidade concreta, teorizar sobre ela e
construir o seu conhecimento. Ao construir conceitos, o aluno aprende e não fica apenas na
memorização. (KAERCHER, 2010, p.61).
PROCEDIMENTOS EXECUTADOS
Para a realização dos procedimentos, foi necessário, a priori, a busca da literatura sobre a
temática da cartografia em sala de aula no Ensino Básico, sobretudo no que concerne a leituras de
cartas topográficas, tendo como base os modelos propostos por Libault (1971) e, principalmente
por Diniz (1988), através da utilização de matriz de leitura de cartas, na forma de quadro, em que
são extraídas informações gerais (qualitativas) e depois no formato quantitativo, que permitem
uma leitura sistematizada da carta, sem perder a visão da totalidade.
Para a execução do trabalho, utilizou-se as folhas topográficas analógicas de Anagé com o
índice de nomenclatura SD. 24-Y-A-V, elaborada em 1975-1976 e Vitória da Conquista, SD. 24-Y-
A-VI, 1977, ambas com Escala 1:100.000 e localizadas no sudeste do Estado da Bahia.
A proposta de estudo envolveu o desenvolvimento de oficinas em três turmas de terceiro ano
do Colégio Estadual Dom Climério de Almeida Andrade (CEDOCA). Considerando a estrutura da
escola, buscou-se na metodologia, distribuir os trabalhos no turno matutino e, diante do quadro de
horário para a disciplina geografia, ficou definido o espaço de tempo em quatro horas aula para
execução das atividades.
A dinâmica adotada envolveu ainda quatro monitores, estudantes do VI semestre do curso
de licenciatura em Geografia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB. A dinâmica
previu um monitor fixo para cada turma e outro volante para observar a prática nas três turmas.
Cada turma foi divida em quatro grupos para a execução da leitura da carta. Na realização prática da
oficina, utilizou-se oito cartas topográficas – quatro da folha Vitória da Conquista e quatro da folha
Anagé.
A dinâmica da leitura da carta dividiu-se em leitura interna e externa com grade/roteiro
impresso conforme Figura 1.
Figura 2- Grade/roteiro para verificar as habilidades dos alunos como pesquisadores de seu espaço.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Acredita-se, que para ser um agente ativo e transformador do seu espaço vivido, o cidadão
necessita, desde cedo, adquirir ferramentas que facilitem a compreensão do espaço geográfico, tanto
nos aspectos ambientais quanto sociais e econômicos. Logo, é preciso que, na escola, todo
indivíduo aprenda a ler seu espaço de vivência, através do desenvolvimento de habilidades que
fomentem o sentimento de identificação dos elementos constituintes do seu entorno e, também
distantes. Na Geografia em particular, o professor tem muitas ferramentas para auxiliar no
desenvolvimento destas habilidades. No caso, especificamente, de exercício de leituras de cartas
topográficas, o professor incentiva os alunos a lerem o seu espaço em seus aspectos mais gerais, isto
é, além do que a visão do aluno pode alcançar.
No caso da realização da oficina de leitura de cartas topográficas, foi possível comprovar
que esta atividade aguçou as habilidades dos alunos como agentes ativos do seu espaço, em que,
aprenderam a ler seu espaço de vivência e, a partir deste momento, a pesquisar, questionar e buscar
respostas para muitas indagações da configuração do espaço que foi lido. Isto porque, na leitura
externa da carta, que envolve informações mais técnicas, os alunos verificaram a escala da carta, os
municípios limítrofes a data e fonte de elaboração das cartas topográficas entre outras.
Na leitura interna os estudantes, que neste momento já são leitores do seu espaço,
identificaram a rede hidrográfica e entenderam como se faz a distribuição e onde há a maior
concentração dos recursos hídricos, destacando os lagos, lagoas, rios, riachos, açudes e até mesmo
as possíveis nascentes existentes na carta. Em seguida, a partir da interpretação das curvas de nível,
analisaram a situação do relevo, levantamento da quantidade de serras e morros, examinando se o
município possuía ou não uma topografia acidentada e quais eram as regiões mais baixas e mais
elevadas. No plano da ocupação e das atividades agrícolas, foi feito um levantamento da
quantidade de fazendas e do uso da terra, buscando identificar a maior concentração. Para
entendimento do sistema viário, identificaram as rodovias, estradas vicinais, estradas secundárias e
caminhos e trilhas, presentes na carta, direcionando-os a levantar a quantidade, avaliando se estas
vias de circulação facilitam ou não o acesso ao seu espaço de vivência.
No ato da leitura, interna e externa, todos os grupos ficaram concentrados na leitura, como
pode ser observado no mosaico de fotografias na figura 3. É importante ressaltar que o
envolvimento dos alunos na leitura das cartas topográficas levou a muitas indagações, ficando a
cargo dos monitores sanar as dúvidas. Como exemplo, dois grupos de leitores da carta de Vitória
da Conquista expôs que a carta era bem organizada, porém que a elaboração era muito antiga
(1975-1976) e que muitos aspectos mudaram no espaço representado, ao longo do tempo.
Figura 3 - Ilustração dos grupos envolvidos com a leitura de cartas topográficas – parte prática, Vitória da
Conquista-BA, 2017.
Observa-se ponto positivo no questionamento dos alunos, uma vez a carta em leitura é do
mesmo município de vivência deles. Com isto, verificou-se que, com a leitura, os alunos tiveram
noção de seu espaço registrado no período de elaboração da carta, compreendendo um pouco mais
das feições antigas e comparando com as atuais. Com estas interpretações e inter-relações, os alunos
puderam verificar e comprovar a dinâmica do espaço geográfico e que a sociedade modifica o
espaço conforme a dinâmica de produção.
No campo de avaliação da oficina, no roteiro entregue aos grupos para a execução da leitura,
foi indagado aos grupos de alunos se encontraram alguma dificuldade na leitura da carta
topográfica. A maioria dos grupos, 80%, responderam que não tiveram dificuldade alguma e 20%
afirmaram que encontraram dificuldade devido à escala. Todos os grupos na discussão das leituras
das cartas, afirmaram que gostaram da oficina, uma vez que aprenderam de forma prática e
divertida sobre seu espaço de vivência. Os grupos ainda ratificaram que o período da oficina foi
muito proveitoso, pois tiveram aulas diferentes, saindo do lugar comum do livro didático e
socializando a aprendizagem, uma vez que a oficina privilegiou a coletividade.
Para finalizar a avaliação das oficinas, foi feito questionamento junto aos alunos sobre a
leitura de cartas topográficas. Parte dos estudantes afirmou gostar da leitura de cartas topográficas,
considerando a prática interessante, o que levou a um melhor conhecimento de seu espaço de
vivência. Outros grupos responderam que foi muito interessante, pois tiveram noção de escala,
destacando a dimensão do espaço estudado, bem como o conhecimento de diversos lugares
próximos ao seu espaço de vivência.
Com estes depoimentos, pôde-se comprovar que a leitura de cartas topográficas realmente
permitiu aos alunos conhecer um pouco mais de seu espaço vivido ou de outros próximos, ter uma
maior dimensão dos aspectos socioambientais e históricos, assim como o tamanho e localização de
seu espaço de vivência. Portanto, a leitura de carta topográfica possibilitou aos estudantes colocar a
carta sobre a mesa e viajar numa leitura grandiosa de novas descobertas, reconhecendo seu lugar de
existência, levando-lhes a interpretar e entender seu espaço e, consequentemente, a adquirir e/ou
firmar ainda mais uma consciência social, na compreensão do espaço em que vive e a agir neste
espaço com atitudes que conduzem ao bem social, conforme observações feitas nas discussões.
Esta situação pode ser reafirmada nos depoimentos dos monitores onde todos acreditam que,
com a leitura de cartas topográficas, o professor poderá levar os alunos a reconhecer seu espaço de
existência. Os monitores expressaram, ao participar das oficinas, que a carta topográfica vai além
do território político- administrativo. Dessa forma, ela possui uma vasta variedade de elementos
indispensáveis para se compreender a estrutura e identidade do espaço representado.
Por fim, em seus depoimentos, os monitores, admitiram que a leitura de cartas topográficas
despertam interesse e curiosidade nos alunos e envolve-os numa interação coletiva. Neste momento
eles estão descobrindo um novo mundo em seu próprio espaço de vivência. Isto é possível porque
as cartas topográficas são compostas por vários elementos que despertam e necessitam de
interpretação. Ainda pode-se afirmar que a leitura de carta topográficas, na modalidade destas
oficinas, possibilitam uma leitura coletiva, onde juntos os alunos expõem suas descobertas, fazem
questionamentos entre si e, assim, vão aumentando o acervo de informações, como foi observado na
execução da oficina.
Com este exercício os alunos adquirem conhecimentos sistematizados que podem contrapor
as informações acumuladas ao longo de sua vida a respeito de seu espaço. Com isto, os alunos
produzem conhecimentos geográficos e têm uma visão mais ampla, ou seja, além do senso comum,
do empírico, do individual e do coletivo; dos aspectos e feições antigas e atuais, compreendem o
processo histórico de formação e dinâmica de seu espaço.
Portanto, diante das afirmações comprovadas, tanto nas respostas dos alunos como dos
monitores, é possível comprovar que a prática de leituras de cartas topográficas é uma maneira
prazerosa e proveitosa do professor trabalhar a cartografia em sala de aula e como um recurso
didático capaz de possibilitar grandes benefícios para os alunos nas aulas de Geografia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
sentiram como leitores de seu espaço vivido. Verificou-se também, que a prática desta atividade
permite aos estudantes uma maior interação do espaço que está sendo lido com a importância de o
fazerem de forma coletiva.
Nas observações feitas pelos monitores, indicaram que o trabalho de condução da leitura de
cartas topográficas permite uma inter-relação com os alunos, bem como a exploração de conteúdos
no ensino de geografia. A prática nas oficinas leva a um comprometimento com novas práticas
pedagógicas, para além do livro didático.
Frente aos depoimentos dos alunos e dos monitores que executaram a oficina, ainda
comprovou que a leitura de cartas topográficas pode ser um recurso didático que torna o uso de
mapas em salas nas aulas de Geografia num exercício de muitos benefícios tanto para o professor
como para os estudantes. E também que esta atividade é um instrumento que pode desenvolver nos
estudantes habilidades e ferramentas em que é possível ampliar o senso de leitor/pesquisador de seu
espaço de vivência.
Por fim, entende-se que a metodologia adotada se mostrou eficiente e eficaz enquanto
prática pedagógica e que pode ser replicada no ensino de geografia, em seus diversos níveis,
resguardadas as especificidades de cada modalidade, seja classes normais em suas diferentes
“faixas” primário, médio e superior, bem como em classes específicas, tais como Educação de
Jovens e Adultos e Ensino Rural.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Rosângela Doin de; PASSINI, Elza Yasuko. O espaço geográfico: Ensino e
representação. 15. Ed. São Paulo: Contexto, 2008
DINIZ, José Alexandre Felizola. Análise de cartas e ensino da Geografia. Revista Geografia e
Ensino, Belo Horizonte, v. 3, n. 9 p. 10-17, 1988.
RESUMO
Buscando legitimar a importância do administrador como fator de mudança no cenário de
degradação ambiental atual, através de uma análise quali quantitativa, o presente artigo teve como
objetivo geral, buscar via questionários, analisar o nível de sensibilidade dos administradores em
formação do 8º e 9º período da Universidade Federal de Campina Grande, frente aos impactos
ambientais. O estudo foi norteado para questões sobre a relação entre empresa e meio ambiente,
capacitação dos estudantes para operar com recursos limitados e sobre o uso da educação ambiental
na vida dos discentes. Como resultado das análises foi identificado que existe uma conscientização
ambiental em suas perspectivas profissionais, entretanto, também foi constatado que a prática de
atividades sustentáveis ainda é insuficiente e precisa ser mais trabalhada tanto por parte da
universidade quanto por parte dos estudantes, assim, é possível inferir que os discentes que estão
saindo para o mercado entendem a relevância da adesão de políticas voltadas à educação ambiental
dentro das empresas tornando parte da cultura organizacional.
Palavras-chave: Discentes do curso de administração; Educação ambiental; Problemas ambientais;
Empresas;
ABSTRACT
Seeking to legitimize the administrator importance as a change factor in the current environmental
degradation scenario, the present article had the general goal to analyze the sensitivity level of the
administrators in training from 8th and 9th period of the Federal University of Campina Grande
against environmental impacts through questionnaires. The study was guided by questions about the
relation between companies and the environment, students capacity to operate with limited
resources and use of environmental education in the their lives. As a result of the analyzes, it has
been identified that environmental awareness exists in the professional perspectives of students,
however, it has been also found that the practice of sustainable activities is still insufficient and
needs to be further discussed, both by the university and by students. Thus, it is concluded that the
students who are going to the labor market understand the relevance of adhering to policies aimed at
environmental education within the companies, making them part of the organizational culture.
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
resultados confiáveis, que minimizam a subjetividade e que respondem às principais críticas das
estratégias de abordagens isoladamente: qualitativas ou quantitativas. Portanto, o estudo em questão
pode ser caracterizado como tal, pois possui caráter subjetivo de avaliação e se utiliza de métodos
matemáticos para realização de análises.
RESULTADOS
Empresa x sociedade
Deste modo, se faz necessário que as empresas atentem para a produção consciente,
respeitando os limites das suas fontes naturais de matéria-prima, caso contrário, a escassez de
recursos será um problema eminente para a operação da organização e para a sociedade como um
todo.
Análise de dados
A partir dos dados coletados nos questionários pelos estudantes de administração foi
possível fazer uma análise sobre como esses acadêmicos vem se preparando dentro da universidade
e qual o entendimento deles sobre uma eficiente gestão de recursos limitados não só dentro das
organizações, mas também no meio que sofre os impactos da produção de bens e serviços de
consumo, dessa forma abaixo foram elencadas as questões com os devidos comportamentos
percentuais para facilitar a interpretação e associação da análise realizada.
Os estudantes, ao serem questionados a respeito do desenvolvimento de atividades
relacionadas à educação ambiental, no cotidiano, foi percebido que a maior parcela dos alunos
entrevistados, não desenvolvem atividades do gênero, tais dados representam uma certa
preocupação no que se refere a por em prática o que é necessário para que se tenha um
desenvolvimento sustentável da sociedade como um todo, mas principalmente, porque tais
estudantes podem vir a estar gerenciando e operando dentro das organizações, e suas decisões a
respeito sobre práticas de ambientalmente corretas são demasiadamente importantes.
com tal cenário. Pode-se observar que existe uma determinada divergência quando é levado em
consideração a rotina dos estudantes com atividades relacionadas a educação ambiental (questão 1)
e a eficiência futura de um administrador lidando com recursos limitados (questão 2), onde, 47%
dos estudantes não desenvolvem nenhuma atividade, porém, na questão dois, mais da metade, com
cerca de 60% sentem-se preparados para lidar com recursos limitados na função de administrador,
deixando sujeito a interpretação de que os estudantes usados como amostra confundem gestão de
escassez de recursos naturais com gestão de recursos limitados das organizações, assim torna-se
claro o motivo pelo qual o percentual obtido de desenvolvimento de atividades voltadas à
sustentabilidade foi tão baixo, visto que a preocupação do administrador em formação está voltada
para o interior da organização e não para a sociedade que a envolve. Deste modo, se faz necessário
que o ambiente de ensino propicie ao estudante ferramentas eficazes para relacionar as decisões
organizacionais com os impactos ambientais.
Gráfico 2: “Para atuar como um administrador lidando com recursos limitados, você se considera:”
Gráfico 3: ‘Você já fez curso ou trabalha algum projeto de pesquisa e extensão voltado para área de
educação ambiental?”
Do ponto de vista dos estudantes, a universidade ainda não tem muita preocupação em
oferecer meios e recursos aos alunos para que possam visualizar profissionalmente os impactos que
as decisões organizacionais podem causar no meio ambiente, entretanto, é possível entender que
não só falta por parte dos estudantes tomarem consciência sobre a importância da sua profissão para
o futuro, como exposto nas questões anteriores, mas que a própria instituição de ensino superior
também não está devidamente preparada para formar “administradores sustentáveis”, sendo
importante considerar que a finalidade da administração deve ultrapassar os limites organizacionais,
estando comprometida com a melhoria das condições humanas.
Gráfico 4: “A universidade propicia uma estrutura favorável para uma boa compreensão do quanto sua
profissão pode impactar na forma como as organizações atingem o ambiente?”
Gráfico 5: “Para você, falar sobre Empresa x Natureza no seu curso é:”
Gráfico 6: “Com que frequência os professores abordam assuntos sobre educação ambiental nas aulas?”
Gráfico 7: “Em meio a situação de degradação do meio ambiente nos dias atuais, para você, cuidar do meio
ambiente é um assunto em que nível de importância?”
Gráfico 8: “Como futuro administrador, se você fosse abrir ou trabalhar em uma empresa, qual seria seu
nível de interesse em adotar a educação ambiental como política a ser seguida?”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
cerca as organizações que estarão sobre suas responsabilidades, assim a utilização de ferramentas de
gestão de qualidade total como o ciclo PDCA facilita a tarefa do administrador e permite o
acompanhamento e melhoramento contínuo do desenvolvimento sustentável da organização,
acompanhados de certificações que dão suporte e respaldam seus processos, como as ISO’s que são
reconhecidas internacionalmente.
Os resultados obtidos são promissores e mostram que o perfil do administrador caminha
para uma abordagem de busca do lucro organizacional atrelado ao desenvolvimento ambiental das
organizações e de seus próprios colaboradores, de modo que, ainda com base nos questionários
aplicados, os discentes que estão saindo para o mercado entendem a relevância da adesão de
políticas voltadas à educação ambiental dentro das empresas tornando parte da cultura
organizacional.
Dessa forma se faz necessário posterior estudo para acompanhar os avanços no pensamento
dos discentes e também em relação às medidas adotadas pela universidade para capacitar seus
estudantes mediante os problemas sociais que são enfrentados atualmente e que podem vir a ser
prevenidos diante de uma formação superior de qualidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Isabel (Ed.). Repensando nosso olhar sobre as relações entre sociedade e natureza.
In: CARVALHO, Isabel (Ed.). Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. São
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Edição Especial, Santa Maria - Rs, v. 8, p.1-22, 2002. Mensal. Disponível em:
<http://www.seer.ufrgs.br/index.php/read/article/view/42728/27083>. Acesso em: 19 jul. 2018.
RESUMO
Nas últimas décadas o consumo demasiado de produtos industrializados, guloseimas e refrigerantes
tem contribuído para um aumento significativo em taxas de obesidade e problemas como diabetes e
doenças cardiovasculares. Além disso, a agricultura convencional emprega defensivos agrícolas em
larga escala, repercutindo em danos irreversíveis ao meio ambiente e na saúde das pessoas. A
escola, nesta concepção, tem um papel fundamental na orientação do aluno em adquirir hábitos
alimentares saudáveis e na preservação ambiental. O objetivo desse estudo consiste em demonstrar
a importância da criação de hortas escolares no desenvolvimento de atividades de educação
ambiental e alimentar em escolas municipais no município de Pedro Régis, Paraíba, Brasil. Para
tanto, empregou-se questionários pré-avaliativos, aulas teóricas e atividades práticas de criação de
hortas orgânicas. Os alunos auxiliaram na organização do espaço, cultivo, irrigação e controle de
plantas daninhas e insetos-praga. Todas as hortaliças produzidas foram incorporadas na merenda
escolar. As atividades de educação ambiental e alimentar revelaram maior interesse e aprendizado
dos alunos sobre a importância de uma dieta saudável, além de uma maior aceitação das hortaliças e
alimentos naturais para o consumo.
Palavras-chave: Alimentação natural, Educação ambiental, Educação alimentar, Hortas orgânicas.
ABSTRACT
The consumption of processed products, candy and soft drinks contributes to a significant increase
in rates of obesity and problems such as diabetes and cardiovascular diseases. In addition,
conventional agriculture employs large-scale agricultural pesticides, resulting in irreversible
damage to the environment and human health. The school, in this conception, has a fundamental
role in the student's orientation in acquiring healthy eating habits and environmental preservation.
The objective of this study is to demonstrate the importance of the creation of organic vegetable
garden in the development of environmental and food education activities in municipal schools in
the city of Pedro Régis, Paraíba, Brazil. Questionnaires, theoretical and practical activities of
organic horticulture were used. The students assisted in the organization of space, cultivation,
irrigation and control of weeds and pest insects. All vegetables produced were incorporated into
school meals. Environmental and food education activities contributed increased student interest in
ecological issues, and learning about the importance of a healthy diet, as well as greater acceptance
of vegetables and natural foods for consumption.
Keywords: Natural food, Environmental education, Food education, Organic vegetable garden.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, grande parte da população brasileira apresenta alterações no estilo de
vida referentes ao hábito alimentar, consumindo de forma demasiada alimentos industrializados,
refeições em fast-foods, guloseimas e refrigerantes (BATISTA FILHO & RISSIN, 2003; SOUZA,
2010). Além disso, é observada ainda uma redução em atividades físicas diárias e crescimento do
sedentarismo (MELLO et al., 2004; SUÑE et al., 2007). Como consequência, verifica-se um
aumento na prevalência de obesidade e alta incidência de doenças crônicas não transmissíveis,
como diabetes e doenças cardiovasculares (SOUZA, 2010), afetando, em muitos casos, crianças e
adolescentes (MELLO et al., 2004; KARAGEORGIADIS, 2014).
Outra questão bastante discutida no âmbito da qualidade alimentar consiste no modo
tradicional de produção agrícola. A agricultura convencional utiliza todos os recursos disponíveis
para uma produção em larga escala, sem visar o equilíbrio ambiental e sustentável (CASTRO,
2007). Assim, para aumentar a produtividade, controlar pragas e vetores, baratear os custos,
diminuir perdas e desperdícios vêm sendo utilizado substâncias químicas em grande escala
(agrotóxicos). Embora sejam eficientes para o controle de pragas, os mesmos são agentes
poluidores, causando danos irreversíveis ao meio ambiente e a saúde das pessoas (SILVA et al.,
2005).
A escola, neste contexto, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de
atividades relacionadas à educação ambiental e alimentar, levando os alunos a refletirem sobre seus
hábitos de consumo e as consequências dos mesmos para a saúde pessoal (LOUREIRO, 2004;
SANTOS, 2012). Estas práticas educativas aparecem de forma fundamental para a formação dos
estudantes, tendo em vista que durante a infância e adolescência os hábitos alimentares e atitudes
comportamentais (conservacionistas, por exemplo) são mais propícios de serem fixados
(MORGADO & SANTOS, 2008).
Diferentes mecanismos podem ser empregados para facilitar a aprendizagem do aluno em
relação à educação ambiental e alimentar, como palestras, apresentação de vídeos e discussão de
textos interativos, jogos educativos e dinâmicas de grupo (DAVANÇO et al., 2004). Entre as
atividades que podem ser empregadas, a criação de hortas nas escolas favorecem discussões,
estudos e pesquisas sobre questões relacionadas a meio ambiente, alimentos e nutrição
(VASCONCELOS et al., 2014; BÖHM et al., 2017). Segundo Belik e Chaim (2009) as hortas
escolares são iniciativas criativas que tem um impacto positivo no sistema de alimentação escolar,
com aproveitamento de espaços para cursos de educação alimentar e ambiental. Além disso, a horta
orgânica na escola contribui para o desenvolvimento do alunado e um maior interesse dos mesmos
pelo envolvimento nas atividades agroecológicas com foco na produção e no consumo de alimentos
saudáveis (SILVEIRA-FILHO et al., 2011).
O objetivo desse estudo consiste em demonstrar a importância da criação de hortas escolares
no desenvolvimento de atividades de educação ambiental e alimentar em escola municipal no
município de Pedro Régis, Paraíba, Brasil.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1 – Relação de alimentos e frequência de consumos apontados pelos alunos da escola “Ozéias Aranha
de Vasconcelos”, Pedro Régis, Paraíba. Frequência de consumo: Diariamente (consumo do grupo de
alimento todos os dias), Alternadamente (consumo do grupo de alimento entre 4-6 dias na semana),
Ocasionalmente (consumo do grupo de alimento entre 1-3 dias na semana), Raramente (consumo do grupo
de alimento menor que 1 dia por semana). Fonte das imagens: A (flores.culturamix.com), B
(piramidealimentar.blogspot.com), C (comoemagrecercomsaudeagora.-blogspot.com), D
(produto.mercadolivre.com.br), E (cozinhandopara2ou1.com.br), F (dietaemagrece.com.br).
Nas palestras e aulas expositivas dialogadas foi transpassada para os alunos a importância da
alimentação saudável, além de explicações baseadas em pirâmides alimentares, alimentos orgânicos
e naturais. Apresentações de consequências de dietas alimentares desbalanceadas também foram
apontadas, especialmente doenças relacionadas à obesidade, problemas cardíacos e hipertensão. A
importância da produção de alimentos de forma natural (sem uso de defensivos agrícolas) para a
saúde humana e a conservação ambiental constituiu em outro ponto debatido durante as palestras,
sendo apresentados vídeos e textos interativos. Conforme Terra et al. (2015) as aulas teóricas
referentes à educação alimentar contribuem para a construção coletiva de um diagnóstico sobre à
alimentação saudável, promovendo o senso crítico e novos olhares sobre a necessidade de
implementação de hábitos saudáveis. As aulas teóricas no âmbito da educação ambiental,
especialmente planejadas antes de atividades de campo, tem um papel importante no
desenvolvimento cognitivo dos alunos, os quais irão correlacionar informações provenientes da
teoria com a prática, melhorando o aprendizado e despertando maior interesse pelas temáticas
abordadas (SENICIATO & CAVASSAN, 2004; CORDEIRO & OLIVEIRA, 2011).
Hortas orgânicas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CASTRO, J. Geografia da fome - O dilema brasileiro: pão ou aço. Rio de Janeiro, RJ: Civilização
Brasileira, 2007. 318p.
CUPPARI, L. Nutrição nas doenças crônicas não-transmissíveis. Barueri, SP: Manole, 2009. 534p.
MELLO, E. D.; LUFT, V. C.; MEYER, F. Obesidade infantil: como podemos ser eficazes? Jornal
de Pediatria, v. 80, p. 173-182, 2004.
SOUZA, E. B. Transição nutricional no Brasil: análise dos principais fatores. Cadernos UniFOA, v.
5, n. 13, p. 49-53, 2010.
Mariana GUENTHER
Profª. Adjunta Instituto de Ciências Biológicas – UPE
mariana.guenther@upe.br
RESUMO
O acúmulo dos resíduos domésticos está entre os maiores problemas de poluição urbana da
atualidade, estando diretamente relacionado ao consumo exagerado de bens materiais pelas
populações humanas ao redor do planeta. A educação ambiental tem como propósito a
sensibilização da sociedade quanto à sua relação com o ambiente, os efeitos da exploração dos
recursos além dos limites de renovação e da consequente geração de resíduos não degradáveis e as
alternativas para reduzir esse processo de devastação ambiental que estamos vivenciando. Desde
meados do século XX cientistas, educadores, sociólogos, políticos e vários outros segmentos da
sociedade vem discutindo em escala mundial como a educação pode reduzir a devastação que nós
submetemos ao nosso planeta. Ações pontuais, simples e diretas podem ter um efeito significativo
na sensibilização do público, atuando como multiplicadores da mensagem a ser transmitida. Neste
capítulo, apresento uma compilação de ações realizadas pelos estudantes graduandos em Ciências
Biológicas com públicos de diversas faixas etárias e níveis de escolaridade, desde a educação
infantil até o ensino superior, usando como fio condutor a gestão dos resíduos urbanos. Todas as
ações tiveram o objetivo de sensibilizar o público no sentido de reduzir o consumo, separar os
resíduos orgânicos e não orgânicos em seus domicílios, destinar os resíduos recicláveis aos devidos
coletores e reutilizar os resíduos que não podem ser reciclados através das mais variadas oficinas.
Pretendo, através destes relatos de atividades de fácil execução, baixo custo e alta viabilidade e
eficácia, inspirar o desenvolvimento de novas ações tanto na educação formal quanto na educação
não formal e que assim continuemos trabalhando por um mundo mais justo, equilibrado e
sustentável.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Poluição, Resíduos Sólidos, Sustentabilidade, Estratégias
educativas
ABSTRACT
Domestic waste accumulation represents one of the greatest recent urban pollution problems and is
directly related to the exaggerated consumption of material goods by human populations
worldwide. Environmental education aims to raise society's awareness of its relationship with the
environment, of the effects of resource exploitation beyond renewal limits and, as a consequence, of
the production of non-degradable waste, as well as alternatives to reduce the ongoing process of
environmental degradation. Since the mid-twentieth century scientists, educators, sociologists,
politicians and other segments of society have been arguing on a worldwide scale how education
can reduce the impact we impose on our planet. Local, simple and direct actions can have a
significant effect on public awareness, acting as multipliers of the message to be transmitted. In this
chapter, I present a compilation of actions executed by Biological Sciences undergraduate students
with audiences of different age groups and levels of education (from kindergarten to higher
education), using as a guideline the management of urban waste. All actions focused on raising
public awareness on consumption reduction, separating organic and non-organic waste at home,
allocating recyclable waste to the appropriate collectors and reusing waste that cannot be recycled
through several workshops. Through these reports of low-cost, easy-to-execute, and highly viable
and effective activities, I wish to inspire the development of new actions in both formal and non-
formal education and thus continue to work for a fairer, more balanced and sustainable world.
Keywords: Environmental Education, Pollution, Solid Waste, Sustainability, Educational Strategies
INTRODUÇÃO
O acúmulo dos resíduos domésticos está entre os maiores problemas de poluição urbana da
atualidade. Estima-se que a população mundial tenha alcançado 7.6 bilhões de pessoas em 2017,
com previsão de atingir 8.6 bilhões em 2030 (UN, 2017). O crescimento populacional aliado ao
aumento da exploração dos recursos naturais e consequente geração de resíduos têm colocado nosso
planeta em uma crise ambiental sem precedentes. O consumo exacerbado por grande parte da
população é estimulado pelas grandes empresas, visando o lucro imediato, sem planejamento
futuro. Assim, consumimos além das nossas necessidades, dizimando nossos recursos naturais seja
pela exploração direta seja pela poluição através do despejo dos resíduos.
Nossa grande preocupação enquanto educadores e ambientalistas é como reverter esse
processo enfrentando as grandes corporações a partir de movimentos advindos da sociedade. Essa
preocupação, no entanto, não é atual, sendo tema de discussões em âmbito mundial desde meados
do século XX.
Em 1965, em uma Conferência sobre Educação na Universidade de Keele, Grã-Bretanha,
surge pela primeira vez o termo Educação Ambiental como parte essencial da educação de todos os
cidadãos. Em 1972, na 1ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Ambiente
Humano realizada em Estocolmo, Suécia, surge a proposta de um plano de ação mundial para o
controle da poluição e a recomendação de que se estabeleça um Programa Internacional de
Educação Ambiental, partindo da ideia de que a solução para os problemas ambientais está na
educação dos cidadãos. Assim, em 1975 foi realizado o 1º Encontro Internacional sobre Educação
Ambiental, promovido pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura) em cooperação com o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente),
em Belgrado, então Iugoslávia, onde foram definidos as metas, objetivos, destinatários e diretrizes
básicas dos Programas de Educação Ambiental, publicados em um documento conhecido como
“Carta de Belgrado” (UNESCO-UNEP, 1975). Continuando, em 1977, foi realizada a 1ª
Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, promovida pela UNESCO em
cooperação com o PNUMA, em Tbilisi na Geórgia (ex- URSS). O resultado desta conferência, que
discutiu e atualizou a Declaração de Estocolmo e a Carta de Belgado incluindo novas metas,
objetivos, características e diretrizes para a Educação Ambiental, foi publicado em um documento
conhecido como a Declaração de Tbilisi, que constitui a referência mundial para as atividades em
Educação Ambiental (UNESCO-UNEP, 1977).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
crianças uma nova perspectiva quanto à reutilização dos resíduos, como os jornais e os rolos de
papel higiênico utilizados na confecção dos bonecos.
Foram atividades simples, de custo extremamente baixo (apenas o material já existente na
escola como cola, tesoura, canetas e linha, além dos resíduos trazidos de casa) que se mostraram
altamente eficazes para o objetivo proposto. Sucesso garantido!
confeccionar seus próprios brinquedos agregou ainda mais valor a este material, despertando o
interesse das crianças na separação deste material dos demais resíduos orgânicos.
Figura 1. Atividade com material reciclável (esquerda); desenhos realizados após a apresentação do vídeo
(centro); oficina de confecção de brinquedos a partir de resíduos sólidos reutilizáveis (direita).
O ensino médio, que inclui geralmente jovens de 15 a 19 anos, já tem um enfoque mais
voltado para a preparação dos estudantes que desejam ingressar no Ensino Superior. Geralmente se
caracteriza por uma formação mais prática e técnica no sentido de suprir os anseios dos estudantes
em alcançar sua meta no ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio. Nesse contexto, é importante
que as ações de Educação Ambiental voltadas para essa faixa etária tenham uma aplicação prática,
que prendam a atenção dos estudantes e que os coloquem na condição de protagonistas.
Desenvolvida com jovens de 15 a 17 anos de uma Escola Estadual de Referência no estado
de Pernambuco, nordeste do Brasil, essa ação teve como objetivo a criação de uma composteira
para gerar adubo orgânico e defensivo natural para ser utilizado na horta já existente e mantida
pelos estudantes da escola.
Essa ação foi dividida em três etapas. Na primeira etapa foi apresentada uma palestra para os
alunos onde foram discutidos a importância do cultivo de alimentos orgânicos, os malefícios da
utilização dos agrotóxicos e o reaproveitamento dos restos de alimento para utilização como adubo
orgânico e defensivo natural através da compostagem. Nesse encontro todas as etapas de confecção
de uma composteira artesanal foram repassadas aso alunos.
A segunda etapa consistiu na confecção da composteira. Utilizando materiais simples e de
baixo custo como baldes, furadeira e terra, os alunos juntamente a nossa equipe aprenderam a
montar a composteira enquanto foram discutidos na prática os conceitos de química, física e
Na terceira e última etapa, que consistiu na avaliação do projeto, foi realizada uma gincana
com perguntas que versavam sobre o tema trabalhado onde os estudantes tinham um minuto para
responder. Neste momento foram colhidos depoimentos dos estudantes que fizeram parte de um
documentário sobre todas as etapas desenvolvidas.
Essa ação, de cunho extremamente prático e aplicável, veio trazer mais eficiência no manejo
da horta já existente no sentido de reduzir o despejo de resíduos orgânicos e minimizar o custo com
adubo e defensivos, além de trabalhar na prática conceitos estudados por eles nas aulas. Os
estudantes se mostraram muito interessados e dispostos em manter a composteira não só na escola
como em suas próprias casas. Aliando o cuidado com o ambiente e com a saúde através da
alimentação mais saudável, conseguimos transmitir nossa mensagem com sucesso.
da reciclagem do óleo de cozinha, tanto evitando o despejo no ambiente, quanto para a geração de
renda.
Essa ação foi dividida em três etapas. Na primeira etapa, os gerentes das lanchonetes do
campus foram entrevistados e indagados sobre a utilização e despejo do óleo de cozinha utilizado.
Dos seis estabelecimentos entrevistados, quatro doavam o óleo para empresas de reciclagem que o
coletavam no local, enquanto dois descartavam na pia. Após as entrevistas, foi realizada uma breve
conversa sobre os efeitos ambientais resultantes do descarte do óleo na pia, e das alternativas de
reutilização desse óleo, como por exemplo para a fabricação de sabão. Foram então entregues aos
entrevistados cartilhas explicativas e recipientes de 5L para armazenamento do óleo utilizado, e
estes foram convidados a participar de uma oficina para produção de sabão a partir de óleo de
cozinha usado que seria realizada na semana seguinte.
A segunda etapa consistiu na realização da oficina, onde participaram os funcionários dos
estabelecimentos e alunos do curso de Graduação em Ciências Biológicas desta Universidade,
totalizando em torno de 20 pessoas. Primeiramente foi explicado todo o processo de confecção de
sabão a partir do óleo, sua vantagem econômica, bem como os malefícios do descarte incorreto
desse resíduo no ambiente. Em seguida foi preparado o sabão utilizando o óleo coletado e soda
cáustica. Todo o processo foi realizado sob supervisão da professora de Química do curso.
A terceira e última etapa consistiu na avaliação da ação. Foram produzidos 14 kg de sabão,
que foram doados aos participantes que por fim gravaram depoimentos sobre a ação. Apesar da
maioria dos estabelecimentos doarem o óleo para reciclagem, poucos sabiam o que poderia ser feito
desse óleo, tampouco da facilidade da transformação do óleo em sabão. Os alunos que participaram
também puderam vivenciar na prática conceitos de Química que estavam aprendendo na teoria
durante o curso.
Foi uma ação simples, de baixo custo e eficiente no sentido de demonstrar a viabilidade da
reutilização de um dos resíduos mais nocivos para o ambiente. Muitos mencionaram a possibilidade
de utilizar esse aprendizado como forma de aumentar sua renda, aliando a conservação ambiental à
um ganho financeiro.
As turmas de EJA apresentam uma faixa etária diversa, variando de 18 a mais de 60 anos.
Além disso, as histórias de vida dos alunos são as mais variadas. As ações de educação ambiental
desenvolvidas para esse público devem levar em consideração essa diversidade e devem possuir
uma aplicação prática, preferencialmente voltada para as habilidades dos alunos. Sendo assim, um
levantamento prévio do conhecimento dos alunos sobre o tema a ser trabalhado é fundamental para
o sucesso da ação.
Essa ação foi desenvolvida em quatro etapas com a turma do 1º ano do ensino médio da EJA
em uma Escola Estadual do estado de Pernambuco, nordeste do Brasil, e teve como objetivo
trabalhar a redução e reutilização dos resíduos através do artesanato.
A primeira etapa consistiu na aplicação de um questionário onde foi avaliado o descarte e
reutilização dos resíduos por parte dos alunos, conhecimento sobre reciclagem e coleta seletiva. Em
seguida, foi apresentada uma palestra sobre as diversas possibilidades de reutilização dos resíduos
não orgânicos, culminando com a proposta da realização da oficina de artesanato. Nesse momento,
foi solicitado aos alunos que trouxessem no próximo encontro a maior quantidade de resíduos
possível para a oficina.
Na segunda etapa, que constituiu 3 encontros semanais, foi realizada a oficina de artesanato.
Dentre os materiais trazidos estavam embalagens de papelão, tetra-pak, latas de alumínio, garrafas
de vidro, e embalagens plásticas dos mais variados tamanhos. As produções partiram de ideias dos
próprios alunos, que se empenharam bastante durante a oficina.
A terceira etapa consistiu na avaliação da ação, onde foram colhidos depoimentos dos
alunos sobre as atividades. Os participantes relataram a dificuldade em coletar os resíduos na
vizinhança para realizar a oficina, sentindo-se envergonhados em tal tarefa, mas sentiram-se muito
felizes em realizar o trabalho de artesanato. A maioria desconhecia essa possibilidade de
reutilização desse material e muitos disseram que continuarão a realizar esses trabalhos em casa
para vender.
A quarta e última etapa consistiu em uma exposição realizada pelos alunos para toda a
escola para divulgação do trabalho realizado (Fig. 3). Além de trabalharmos a importância da
reutilização dos resíduos na redução do volume de lixo doméstico produzido, essa oficina
possibilitou aos alunos perceberem uma vocação na produção de artesanato nunca antes imaginada.
Além disso, a possibilidade de incremento de renda através da venda desses produtos vem a se
somar às inúmeras vantagens da reutilização. Utilizando material de baixo custo além dos resíduos
coletados gratuitamente, essa ação se mostrou bastante viável e eficaz quanto aos seus objetivos,
gerando resultados que serão multiplicados para além da sala de aula.
Figura 3. Exposição das peças construídas pelos alunos a partir dos resíduos sólidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
Sou imensamente grata aos estudantes do curso de graduação em Ciências Biológicas que
participaram com extremo afinco e dedicação nessas ações bem como aos diretores, professores e
alunos de todas as escolas participantes dessas ações, pela participação, acolhida e respeito pela
nossa equipe.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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WOOD, D.S.; WOOD, D.W. Como planejar um programa de educação ambiental. US Fish and
Wildlife Service (FWS) & World Resources Institute (WRI), 1990. 52p.
RESUMO
Os Parques Zoológicos através dos anos transformaram sua maneira de abrigar os animais. Não
mais com o intuito de proporcionar entretenimento e demonstração de poder dos donos, mas agora
com um perfil ecológico e conservacionista, incluindo um setor de Educação Ambiental. O objetivo
deste artigo foi analisar a percepção ambiental de visitantes do Parque Zoobotânico Arruda Câmara
(PZAC – BICA), João Pessoa/PB, Brasil em relação à atuação do setor de Educação Ambiental e a
influência de suas atividades. Quinhentos questionários foram aplicados utilizando o método quali-
quantitativo tendo o tamanho amostral estipulado como não-paramétrico e os entrevistados
escolhidos por conveniência. Os dados obtidos pelas repostas dos entrevistados foram confrontados
pelo arcabouço conceitual de autores como Reigota, Ramos, Sauvé, Brito, Sanders & Feijó, dentre
outros. Como resultado têm-se a percepção de visitantes em relação à implementação, manutenção
e investimento no setor de Educação Ambiental nesses espaços, além de um estímulo maior em
cuidar do meio ambiente após a realização de atividades educativas, mesmo a maioria dos mesmos
tendo escolhido o lazer como principal objetivo desses espaços.
Palavras-Chave: Educação Ambiental. Percepção Ambiental. Parques Zoológicos. Parque
Zoobotânico Arruda Câmara. BICA.
ABSTRACT
Zoos over the years have transformed their way of sheltering animals. No longer intended to
provide entertainment and power demonstration of owners, but now with an ecological and
conservationist profile, including an Environmental Education sector. The objective of this article
was to analyze the environmental perception of visitors of the Zoobotanical Park Arruda Câmara
(PZAC - BICA), João Pessoa / PB, Brazil in relation to the performance of the Environmental
Education sector and the influence of its activities. Five hundred questionnaires were applied using
the quali-quantitative method, with the sample size stipulated as non-parametric and interviewees
chosen for convenience. The data obtained by the respondents' answers were confronted by the
conceptual framework of authors such as Reigota, Ramos, Sauvé, Brito, Sanders & Feijó, among
others. As a result visitors are perceived in relation to the implementation, maintenance and
investment in the Environmental Education sector in these spaces, as well as a greater incentive to
take care of the environment after carrying out educational activities, even though most of them
have chosen the leisure as the main objective of these spaces.
Keywords: Environmental Education. Environmental Perception. Zoological Parks. Zoobotanical
Park Arruda Camara. BICA.
INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental (EA) é definida por Reigota (2007, p. 10-11) como um conjunto de
conhecimentos e práticas observados pelos mais diversos grupos humanos, visando sensibilização e
mudança de atitude no modo de vida da sociedade em função da conservação do meio ambiente
entendido de forma ampla, levando-os a compreensão de que estão relacionados à natureza.
Para o cumprimento deste objetivo, a EA deve ser implementada em escolas e universidades
(ensino formal) assim como em comunidades, associações, condomínios, clubes, instituições
religiosas e parques zoológicos (ensino não formal).
Carvalho, I. (2002, p. 01) afirma que “o atributo ‘ambiental’ especifica uma educação em
particular que teve origem em um contexto histórico determinado: os movimentos sociais e
ambientais” do século passado, caracterizados por Souza (2011, p. 13) como uma resposta de
defensores e pacifistas aos impactos causados pela humanidade ao Meio Ambiente. Grün (1996)
explica isto pelo simples fato de não existir ambiente na educação moderna. A sociedade atual nos
induz à ideia de sermos educados e educarmos fora de um ambiente.
A Educação Ambiental, desenvolvida em qualquer âmbito, demanda não apenas estudos nas
áreas de ciências e ecologia, mas a necessidade de promover mudanças de comportamento da
sociedade para com o meio, através de noções de responsabilidade (TOZONI-REIS, 2004, p. 70).
Sauvé (2005) exemplifica a importância da EA no modo como ela pode ser um meio de induzir
dinâmicas sociais tendo o intuito da sociedade colaborar à uma compreensão do meio e pensar
resoluções para problemáticas ambientais locais e, posteriormente, globais, demonstrando assim
uma escala de crescimento.
A EA, além de ser um tema abrangente, está relacionada a vários temas convergentes:
cuidado com o meio ambiente, impacto maléfico causado pela sociedade envolvendo o tráfico ilegal
de espécies, desmatamento, construções em locais de risco, além da questão do desenvolvimento
sustentável, o consumo acelerado dos recursos naturais não-renováveis, e tantos outros.
Dentre estes temas convergentes, encontra-se a Percepção Ambiental da população do local,
pois assim o desenvolvimento da Educação Ambiental se dará de forma mais viável pela relação
mútua existente. Como suporte a essa ideia temos a observação de Moscovici (2007) sobre as
Representações Sociais apresentando duas funções:
Para Tuan (1980, p. 05) o conceito de Topofilia se apresenta como um “elo afetivo entre a
pessoa e o lugar ou ambiente físico” e se relaciona à ligação existente com a Percepção Ambiental.
Valores, percepção, atitudes e suas consequências devem ser o foco no entendimento da relação
Homem x Natureza e seus respectivos reflexos.
Ramos (2009, p. 03) ressalta que a EA não deve ser implementada estritamente em
instituições escolares, mas também em jardins zoológicos, parques, museus, dentre outros lugares,
pois atingirá outros seguimentos da população instruindo-as às práticas conservacionistas.
Os Parque Zoológicos ou Jardins Zoológicos estão inseridos na aplicação da EA no modo
não-formal. Para Wemmer et al., (1991 apud ACHUTTI 2003, p. 19) “um zoológico é toda ou
qualquer coleção de animais silvestres em cativeiro ou em exibição, seja de caráter público ou
particular, e que possui animais exóticos ou nativos”.
Muito se debate sobre a datação correta de quando foi criada a primeira coleção de animais
capturados e levados para fora de seu habitat natural. Segundo Nunes (2001, p. 3) “a história nos
mostra que as coleções de animais eram mantidas por vários motivos: como símbolos de bem-estar
e poder para a ostentação de um ‘status’, por interesse zoológico, para entretenimento e diversão”.
Brito (2012, p. 16-17) afirma que apenas no final do século XX as mudanças nestes espaços
chegaram a evoluir a ponto de demonstrar preocupação com o bem-estar das espécies e, adquirir um
perfil conservacionista para preservação da fauna e da flora.
No Brasil, em 1977, os zoológicos passaram a ter uma visão conservacionista mais palpável
com a criação em Sorocaba/SP da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB), uma
instituição sem fins lucrativos que visa unificar as ações dos zoológicos e focar as quatro metas
básicas dos zoológicos: lazer, pesquisa, conservação e educação (BRITO, 2012).
Atualmente, os Parques Zoológicos são classificados, em três categorias, “A”, “B” e “C”,
segundo o Art. 2º, da Portaria N° 283/P, de 18 de maio de 1989, do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Essas categorias irão determinar o nível
de qualificação de um Parque Zoológico, partindo da classificação “A” de menor exigência até a
“C” com maiores exigências. No Art. 4°, dessa portaria, está registrado que zoológicos da categoria
"B" deverão desenvolver programas de educação. Um setor de Educação Ambiental em Parques
Zoológicos proporciona uma possível mudança na percepção dos visitantes sobre assuntos
relacionados ao meio ambiente, por ser um local com grande fluxo de pessoas (BRASIL, 2000).
Existe, porém, uma discussão ética atual envolvendo a existência de parques zoológicos.
Alguns argumentos contra esses locais têm em vista que nenhuma espécie nasceu para ser mantida
em reclusão ou convivendo com um número limitado de outras espécies em espaços que se
assemelham ao habitat natural não refletindo a real experiência de como seria aquela espécie
faunística em vida livre.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
pesquisa qualitativa. Bartunek & Seo (2002) afirmam que o método qualitativo tem grande
importância para pesquisas científicas tanto para entender os fenômenos que estão sendo estudados
como para criar novas compreensões no que se refere aos fenômenos sociais.
O tamanho amostral foi estipulado em um total de 500 indivíduos e por ser uma análise não-
paramétrica de cunho não-probabilístico não se utilizou de fórmula matemática para obtenção do
tamanho da mesma, obedece ao sistema que uma análise por conveniência sugere.
Visando o cumprimento dos objetivos foram aplicados questionários estruturados por ser um
instrumento de análise que oferece referência mais objetiva da percepção de uma pessoa sobre
determinado assunto. Dois critérios foram utilizados nesta pesquisa, para o indivíduo ser
considerado apto a responder o questionário. Foram as seguintes: encontrar-se dentro do perímetro
que compreende a área do PZAC – BICA e ter 18 anos de idade ou mais.
O Parque Zoobotânico Arruda Câmara (PZAC – BICA), local utilizado para a aplicação dos
questionários, recebe aproximadamente 120 mil pessoas ao ano (JOÃO PESSOA, 2015) pagando a
taxa de R$ 2,00 (dois reais) por entrada, não abrangendo crianças de até sete anos de idade e idosos
com mais de 60 anos por ter entrada gratuito. Por este valor de entrada ser acessível, pessoas de
diferentes classes sociais e de vários lugares do Brasil e do mundo se interessam em visitar este
espaço no centro de João Pessoa, capital da Paraíba.
O questionário pré-teste possuía um total de 23 questões, sendo cinco abertas e 18 de
múltipla-escolha. 30 visitantes o responderam no dia 03 de dezembro de 2015, das 13h às 16h.
Segundo Chagas (2000, p. 14), “o processo de correção será repetido quantas vezes for necessário
até que o material encontre-se maduro para ser aplicado finalmente”. Após a análise dos 30
questionários aplicados, no pré-teste, as alterações foram feitas e resultaram no questionário-final,
possuindo um total de 25 questões, sendo 12 delas dicotômicas, 09 de múltipla-escolha e 04 abertas.
O questionário final foi aplicado entre os dias 06 e 31 de janeiro de 2016, período de férias
em que houve um grande fluxo de turistas, compreendendo a totalidade dos dias que o PZAC é
aberto ao público – de terça a domingo, das 08h às 17h. Após a aplicação dos questionários houve a
análise do conteúdo, comparação das respostas de cada questão e, posteriormente, elaboração de
gráficos para uma melhor visualização dos dados, aos quais submetidos a uma discussão descritiva
sobre a visão dos participantes em relação aos autores que a pesquisa usa como base.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1 – Questão 16: “Para você, qual a função de um Parque Zoológico? (OBS: você pode escolher mais de uma
opção, se achar necessário)”:
30,00%
25%
25,00% 22,78% 22,47%
20,00% 17,94%
15,00%
11,35%
10,00%
5,00%
0,46%
0,00%
234 - Pesquisa 297 - Conservação 326 - Lazer 293 - Educação 148 - Refúgio 06 - Não sei
Fonte: Pesquisa direta
Figura 2 – Questão 19: “Se você já participou de alguma atividade do setor de Educação Ambiental da BICA, qual(is)
foi(ram) a(s) atividade(s)?”
40,00%
36,60%
35,00%
30,00%
24,18%
25,00%
20,00%
15,00% 13,72%
10%
10,00% 8,50%
4,60%
5,00% 1,96%
0,00%
56 TRILHA 13 OFICINA 16 07 JOGO 37 21 03 NÃO
DINÂMICA PALESTRA INTERAÇÃO LEMBRO
ANIMAL
Fonte: Pesquisa direta
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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WEMMER, C.; et al. apud ACHUTTI, Márcia Regina do Nascimento Gonçalves. O zoológico
como um ambiente educativo para vivenciar o ensino de ciências. Itajaí, SC, 2003.
RESUMO
Nos últimos anos, grande ênfase vem sendo dada aos diversos problemas enfrentados pelo meio
ambiente. As catástrofes ambientais ocorridas recentemente revelam que o planeta terra está em um
processo de transformação constante, porém, acelerado pela própria ação do ser humano. A cada dia
que passa a tecnologia se desenvolve cada vez mais, abrangendo diversas áreas, trazendo cada dia
novos conceitos. É certo que um país com maior nível de tecnologia tende a ter uma economia mais
poderosa, mas até que preço a terra será capaz de suportar tamanho desenvolvimento. Contudo,
muitas vezes esse avanço tecnológico se da em contrapartida da preservação ambiental. De fato, que
pensar na convivência da natureza com o avanço desenfreado da tecnologia é quase uma luta de box
infindável. Contudo, ao passo que o homem busca meios tecnológicos para resguardar o meio
ambiente esta poderá ser uma valiosa aliada para o desenvolvimento sustentável do nosso planeta.
De um tempo para cá algumas empresas estão pensando nisso, e investem altas cifras para buscarem
essa união. Contudo o uso da tecnologia em favor do meio ambiente deve ser pensado não apenas
por empresários, mas também pelo poder público e principalmente pela população. Existem vários
exemplos que iremos abordar ademais, de casos em que o homem por buscar ou utilizar da
tecnologia acabou por gerar grandes prejuízos ambientais, mas de certo que novas ideias ou
reinvenções de antigas práticas podem ajudar-nos a tornar o nosso amanhã mais saudável e mais
gostoso de viver. Certo que com menos poluição, menos desmatamento, integração da economia,
com tantas vantagens hoje empresas aprendem que produzir com sustentabilidade, é bom para todo
mundo. São várias as maneiras que o desenvolvimento tecnológico pode ser visto como uma grande
aliada da sustentabilidade, o combate aos desperdícios, a melhoria na qualidade dos transportes
(públicos ou privados), o desenvolvimento de produtos recicláveis, a difusão e implementação de
sistemas de reaproveitamento de águas são apenas alguns exemplos de como podemos ajudar o
meio ambiente, que por sua vez nos ajudará a acelerar o desenvolvimento sustentável visando um
amanhã com uma melhor qualidade de vida.
Palavras-chave: desenvolvimento sustentável; tecnologia; ambiente
ABSTRACT
In recent years, great emphasis has been placed on the various problems facing the environment.
The recent environmental catastrophes reveal that the planet earth is in a process of constant
transformation, but accelerated by the very action of the human being.With each passing day
technology is developing more and more, covering several areas, bringing new concepts every day.
It is true that a country with a higher level of technology tends to have a more powerful economy,
but at what price the earth will be able to withstand size development.However, often this
technological advance is in return for environmental preservation. In fact, thinking about the
coexistence of nature with the unbridled advancement of technology is almost an endless boxing
match. However, while man seeks technological means to protect the environment, this can be a
valuable ally for the sustainable development of our planet.From time to time some companies are
thinking about this, and they invest high numbers to seek this union. However, the use of
technology in favor of the environment should be considered not only by entrepreneurs, but also by
the public power and especially by the population.There are several examples that we will address
in addition to cases where the man for seeking or using technology ended up causing great
environmental damage, but of course that new ideas or reinvention of old practices can help us to
make our tomorrow healthier and more nice to live. Certainly with less pollution, less deforestation,
integration of the economy, with so many advantages today companies learn that producing with
sustainability is good for everyone.There are several ways that technological development can be
seen as a great ally of sustainability, combating waste, improving transport quality (public or
private), developing recyclable products, disseminating and implementing reuse systems. waters are
just a few examples of how we can help the environment, which in turn will help us accelerate
sustainable development aimed at a tomorrow with a better quality of life.
Keywords: sustainable development; technology; environment
INTRODUÇÃO
“O homem é o lobo do próprio homem”, ao citar esta frase, o filósofo Thomas Hobbes, não
sabia o quão atemporal ela seria, podendo ser utilizada em vários contextos e em qualquer época.
Trazendo-a para o contexto ambiental, vê-se que o homem a partir do momento em que deixa de
conviver harmonicamente com o meio ambiente, torna-se o lobo da sua própria espécie, e até hoje,
corre atrás de meios para trazer de volta a harmonia entre si e o meio ambiente que está inserido,
tendo em vista que até mesmo por ignorância, em muitas épocas atrás, a humanidade foi o lobo do
seu próprio futuro.
Hoje em um contexto de desenvolvimento tecnológico vemos que ao passo que esse
desenvolvimento foi benéfico, ele também foi e é o grande causador dos danos provocados ao meio
ambiente. De fato, tal afirmação não está totalmente errada. Algumas das maiores invenções do
homem são causadoras de graves efeitos negativos para nossa natureza. Muitas das vezes não
podemos prever que ao decorrer do tempo aquela invenção tecnológica poderia proporcionar algum
prejuízo, outras vezes a certeza é evidente, mas não resta outra saída senão arriscar.
Entretanto, a mesma tecnologia que ontem se desenvolveu de forma a agredir, hoje e
amanhã, pode ver e também prever os grandes benefícios que ela pode trazer ao meio ambiente, até
mesmo ao ponto de transformar positivamente ambientes completamente degradados pelo próprio
homem com grandes e pequenas ações desenvolvidas pelo próprio agente de transformações
negativas, em seu próprio habitat, após o mesmo ter a percepção de que ele é parte desse meio e que
a preservação dele, nada mais é do que a preservação de sua própria espécie.
No decorrer desse artigo, veremos o quanto as modificações do homem tem interferido em
sua própria vida e na sobrevivência de outras espécies, como também, pequenas medidas que
podem ser feitas a fim de contribuir para a preservação do meio ambiente, das futuras gerações dos
Com o início da era de industrialização por volta do ano de 1760, com a criação da máquina
a vapor por James Watt, houve também o start principal para a era de danos agressivos ao meio
ambiente. Tais danos só começaram a ser realmente difundidos, estudados, minimizados e
realmente sentidos muito tempo depois, porém, muito pouco se fez, haja vista que até hoje, não se
existe uma consciência ambiental massificada, o que, caso existisse, geraria efeitos ainda maiores
do ponto de vista ambiental.
O primeiro grande passo à favor do meio ambiente dado pela ONU (Organização das
Nações Unidas) foi a Conferência de Estocolmo, que ocorreu na Suécia entre os dias 5 e 16 de
junho de 1972 (dois séculos após a primeira grande revolução), a qual iniciou a implantação da
ideia de que o cuidado com o meio ambiente é uma questão importante que afeta diretamente todos
os povos e que é dever do governo de cada país, zelar pela proteção, e desenvolvimento ambiental
consciente, tendo em vista que os desgastes ambientais já tinham tomado grandes proporções e que
desenvolvimento inconsciente afeta diretamente o bem estar físico, mental e social do ser humano.
Em suma, a conferência de Estocolmo tinha como princípios básicos, a visão de que o
homem é um ser em constante evolução física e material, que como a tecnologia, tem desenvolvido
cada vez mais, contudo, o desenvolvimento humano era antagônico a sustentabilidade e que é dever
governamental garantir que houvesse um desenvolvimento sustentável, assegurando que as futuras
gerações também pudessem usufruir dos recursos naturais.
Vinte anos depois, ocorreu, no Brasil, a convenção Rio 92. Apesar de todo o discurso
pregado na primeira convenção, foi a partir desta, que os representantes dos países começaram a
admitir a necessidade de mudanças de suas atuais posturas, para uma postura de desenvolvimento
sustentável (termo, primeira vez utilizado), tendo em vista que, se todos os países almejassem um
desenvolvimento como o de países ricos não sobrariam recursos ambientais suficientes para suprir a
todos sem que fossem feitos danos, irreversíveis, ao meio ambiente. Por fim, foi concluído que se
não fossem tomadas medidas nos âmbitos econômico, social e ambientai, não poderia ser garantido
o desenvolvimento sustentável. Após discussões, foi acordado que os países iniciariam suas
mudanças integrando desenvolvimento socioeconômico e meio ambiente.
Após dez anos, em Joanesburgo, na África do Sul, entre os dias 26 de agosto e 4 de
setembro de 2002, houve a Rio +10, que foi uma conferência para analisar as ações e o progresso
que foram implementadas a partir da Agenda 21 criada na conferência Rio 92, que foi um plano de
ações para desenvolvimento sustentável de escala global para serem efetivados em aspectos globais,
regionais e locais que em resumo, enumera objetivos que devem ser alcançados pelas sociedades a
fim de inseri-las em meio mais sustentável.
Posteriormente, em junho de 2012, no Rio de Janeiro, ocorreu a Rio+20, outra conferência
de cunho sustentável, organizada pela ONU, e intitulada por “O futuro que queremos ”, onde, os
líderes e representantes de estado, renovaram o compromisso com desenvolvimento sustentável,
em prol de um futuro, social, econômica e ambientalmente sustentável, reconhecendo que a
erradicação da pobreza, a promoção de padrões sociais de consumo sustentável e a produção,
proteção e gestão da base de recursos naturais, são requisitos prioritários para a gestão de um
desenvolvimento sustentável.
E por fim, no ano de 2015, em Nova York, na sede da ONU, ocorreu a Cúpula de
Desenvolvimento Sustentável que definiu novos objetivos para o desenvolvimento sustentável
como parte dos objetivos para o milênio e que faz parte da Agenda 2030 para o desenvolvimento
sustentável que tem por título: “Transformando o mundo”, nela, há o reconhecimento que a
erradicação da pobreza, em todas as escalas, é o maior impedimento para o desenvolvimento
sustentável e esse é o maior desafio da humanidade que requer o trabalho conjunto da esfera
política, social e midiática, mundial para alcançar o objetivo de por toda a humanidade em um
caminho de desenvolvimento sustentável.
Um dos derivados dos combustíveis fósseis, o petróleo, da origem aos combustíveis mais
utilizados nos meios de transportes mais comuns da humanidade; o veículo automotivo (carro,
ônibus, etc.) tais meios de transporte certamente foram desenvolvidos para auxiliar no nosso dia-a-
dia. Certamente que foram desenvolvidos com um propósito, o de nos levar de um lugar para outro
em menos tempo, contudo, a poluição causada por este meio de transporte é notoriamente
comprovada, mas mesmo assim ainda amplamente utilizada.
Além da gasolina e do diesel, são derivados do petróleo: combustível de aviação, óleo
diesel, óleos lubrificantes, óleos combustíveis, GLP, produtos asfálticos, querosene de iluminação,
lubrificantes industriais.
Conforme mencionado acima, outro derivado do petróleo que merece nossa atenção são os
produtos asfálticos, cada vez mais comum no nosso habitat. Para onde quer que olhamos em nossas
cidades vemos ruas e rodovias asfaltadas. A princípio sua derivação não era do petróleo (como nos
dias atuais), mas sim de piche, extraído de lagos pastosos. Contudo, com o passar do tempo, foi
percebido que o seu material aglutinante foi relacionado a algo firme e seguro, com capacidade de
tolerância de pesadas cargas, levando a sua recorrente utilização em pavimento de vias terrestres.
(ASFALTO, 2015).
O asfalto é um resíduo derivado do refino de petróleo, que contém uma mistura de
hidrocarbonetos alifáticos, parafínicos, aromáticos, compostos contendo carbono, hidrogênio,
oxigênio e nitrogênio, dentre eles, HAP – Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos. Os sinônimos
de asfalto são piche e betume. A produção de asfaltos no Brasil se iniciou em 1.956, na Refinaria
Presidente Bernardes, em Cubatão/SP (FREITAS GUIMARÃES, 2003)
Os asfaltos podem ser encontrados em estado sólido, pastoso e líquido (quando diluídos e
aquecidos). Há duas classificações básicas para os asfaltos: de pavimentação e industrial. O asfalto
em estado pastoso ou líquido, usado em pavimentação, é obtido com a diluição em querosene ou
nafta, além de ser aquecido em tanques, antes de sua aplicação. O asfalto de uso industrial, mais
voltado para impermeabilização e revestimento de dutos, é conhecido como asfalto oxidado (ou
seja, com injeção de ar na massa asfáltica, durante sua fabricação), acrescido de pó de asfalto no
revestimento externo. É muito resistente à corrosão e à água (NIOSH, 2000).
Conceituando, podemos caracterizar o asfalto como uma substância plástica que fornece
flexibilidade controlável às misturas com agregado mineral, considerado como um material forte e
resistente, prontamente aderente, altamente impermeabilizante e durável (COELHO et al., 2011).
De acordo com o mencionado no item anterior uma das propriedades do asfalto é a sua
impermeabilização, fazendo com que as águas provenientes das chuvas não adentrem no solo,
causando grave prejuízo ao meio ambiente. Outro fato que deve ser mencionado são as
propriedades cancerígenas presentes nessa substância, a emissão de toxinas presentes são tantas que
os trabalhadores que lidam com esta substância possuem direitos trabalhistas de receberem
insalubridade em grau máximo.
Se você tiver a oportunidade de observar uma obra de pavimentação de uma rua ou estrada,
verá que “nuvens” são formadas durante a aplicação do asfalto no piso, geralmente de cor azulada.
Estas “nuvens” são uma mistura de fumos de asfalto com vapores de asfalto. Quando os produtos
dessa substância são aquecidos, vapores são produzidos. Quando tais vapores esfriam, eles se
condensam na forma de fumos de asfalto. Assim, os trabalhadores que usam asfalto aquecido estão
expostos a esses fumos e a vapores de asfalto. Quando o asfalto líquido é usado em temperatura
ambiente, não há exposição a fumos, apenas ao líquido e aos vapores. Os vapores contêm
particulados e, quando condensados, ficam viscosos (NIOSH, 2000).
Dentre as emissões gasosas, temos o metano, o dióxido de enxofre, o monóxido de carbono
e dióxido de nitrogênio. Também são encontrados nas emissões de asfalto outros solventes
aromáticos, como o BTX – Benzeno, Tolueno e Xileno (WHO, 1998).
Os Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos, apresentam comprovadamente grandes riscos à
saúde humana, tendo em vista que os mesmos, apresentam propriedades cancerígenas.
Tanto a organização mundial de saúde, desde 1998, quando o ministério da saúde do Brasil,
desde 2001, alertam para esse fato, relacionando o processo de pavimentação com o asfalto,
também como um agente contribuinte para a formação de diversos tipos de cânceres, como, por
exemplo, cânceres no trato respiratório, urinário, e na pele, por exemplo. Assim sendo causando
grandes riscos à saúde daqueles trabalhadores que desenvolvem suas atribuições nas operações de
pavimentação,
Outro exemplo de atos humanos em prol da tecnologia que acabaram dando errado ocorreu a
poucos anos, precisamente no dia 05 de novembro de 2015, nós brasileiros e uma boa parte do
mundo, fomos chocados com a notícia do rompimento da barragem de Fundão, de propriedade da
mineradora Samarco e controlada pelas empresas Vale e pela BHP Billiton. Tal acidente resultou na
devastação da cidade de Bento Rodrigues, localizada no município de Mariana, em Minas Gerais,
destruindo casas e levando a morte de 19 pessoas, incluindo moradores e funcionários da própria
mineradora.
A finalidade dessa barragem era de estocagem dos rejeitos resultantes do processo de
extração e beneficiamento do minério de ferro.
Com o estouro da barragem foi liberada o equivalente a 25 mil piscinas olímpicas de
resíduos em forma de lama. Essa lama ao secar vira uma espécie de cimento onde nada cresce.
Outro motivo que provocará a infertilidade daquele terreno é que a referida lama não possui
nenhum tipo de matéria orgânica.
Devido a tal vazamento, milhares de peixes que viviam naquelas águas morreram, tanto
decorrente da falta de oxigenação da água, quanto pela obstrução de suas brânquias. Além da
infertilidade do terreno, ocorreu a desestruturação química e afetando o pH da terra, a morte de
peixes, micro-organismos e outros seres vivos. O próprio rio sofreu por conta desse acidente, pois
ocorreram assoreamentos no curso de suas águas, as matas ciliares e a vegetação próxima à região
foram destruídas.
Segundo matéria publicada pelo site do jornal “The daily dot”, cinco garotas do nono ano da
Escola Hjallerup, na Jutlândia do Norte, na Dinamarca comprovaram através de experimento que as
micro-ondas emitidas por roteadores de internet Wi-Fi emitiam radiação semelhantes as emitidas
por um telefone celular e essas ondas estavam matando as plantas.
O dia 4 de outubro de 1957 está marcado na história da humanidade, foi nesse dia que a
União Soviética lançou ao espaço o primeiro satélite artificial da humanidade. Após esses sessenta
e um anos a humanidade já lançou diversos outros satélites que orbitam ou orbitaram o nosso
planeta. As suas funções são muitas, entre elas podemos citar as comunicações ou para mapeamento
de GPS.
Ocorre que os impactos causados pelo lançamento de um foguete espacial são devastadores
para nosso meio ambiente, desde o seu lançamento onde são queimados milhares de litros de
combustível, como posteriormente a poluição espacial com incontáveis satélites em operação,
satélites abandonados e também destroços e\ou fragmentos desprendidos de satélites correndo em
altíssimas velocidades pelo céu, podendo se chocar com outros satélites a qualquer momento e gerar
ainda mais lixo espacial.
Mas o problema não se encontra apenas fora do nosso alcance, vagando pelos céus, pois
tudo que se é lançado ao redor da terra tenderão a retornar ao nosso planeta, sendo incerto onde
deverão cair. Mas o mais preocupante ainda estar por vir, os satélites possuem substancias
radioativas e estas serão jogadas de volta a terra, como ocorreu em 1979 com o satélite russo
COSMOS-954 que se chocou em território Canadense.
Nos dias atuais, dificilmente encontramos alguma pessoa que não possua um telefone móvel
(celular), para ser mais exato, o mais comum é encontrarmos pessoas possuindo dois ou mais
aparelhos. Segundo dados trazidos no endereço eletrônico da “teleco” a Anatel ( Agência Nacional
de Telecomunicações) registrou no final de junho deste corrente ano de 2018, 235,1 milhões de
celulares no brasil, levando em consideração que segundo o IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) a população total do Brasil (dados colhidos no momento da produção deste artigo) são
de 208.759,025 milhões de habitantes.
Ocorre que, em cada aparelho celular existe uma bateria que o alimenta, segundo o site do
brasil escola, a composição destas baterias são “níquel-cádmio: elas têm um eletrodo (cátodo) de
Cd, que se transforma em Cd(OH)2, e outro (ânodo) de NiO(OH), que se transforma em Ni(OH)2.
O eletrólito é uma mistura de KOH e Li(OH)2.”
Como é sabido a grande parte da coleta de lixo do Brasil, não ocorre de forma seletiva, e
essas baterias acabam parando em lixões e suas propriedades tóxicas acabam por contaminar os
lençóis d’água subterrâneos.
Não estamos apenas nos referindo as baterias de celular, mas pilhas, baterias de carro todas
possuem substâncias tóxicas que por não haver uma preocupação em seu recolhimento apropriado
terminam por prejudicar ainda mais nosso meio ambiente.
Não poderíamos deixar de citar também as conhecidas garrafas PET, que são descartadas
pela humanidade em todo canto e segundo pesquisadores da UNIFESP, o tempo de decomposição
da garrafa PET pelo meio ambiente é de no mínimo cem anos. Além da poluição terrestre essas
garrafas jogadas em mares ou rios provocam a morte de vários animais marinhos.
Podemos fazer uma analogia desses exemplos citados acima com o uso de um medicamento
que, utilizamos para atacar uma determinada doença e que por outro lado pode desencadear efeitos
colaterais não esperados. Assim sendo é um preço que devemos estar dispostos a pagar, e essa
dívida pode vir recheada com juros e correções monetárias que tornaram o débito principal
devastador, talvez não para nós, mas certamente para nossas futuras gerações.
Mas nem tudo são problemas, se o homem voltasse a sua inteligência em prol do meio
ambiente poderiam ser criadas diversas tecnologias que ajudassem a reverter esse quadro, na
verdade, já temos algumas, senão vejamos:
Com o decorrer do tempo, algumas pessoas também se preocuparam em desenvolver
técnicas que visassem o auxílio ao meio ambiente, a evolução do uso da energia renovável é um
exemplo claro disso.
A princípio, devemos esclarecer o que são as energias renováveis, que nada mais são do que
aquelas fontes inesgotáveis de energia encontrada na natureza, como exemplo podemos citar as
principais: energia eólica, energia solar e energia hidráulica. Os benefícios na utilização desses tipos
de energias são também são evidentes, o baixo custo, a grande e fácil quantidade encontrada
(comparada com os combustíveis fósseis) e principalmente a não poluição do meio ambiente, como
a redução da emissão de CO2.
O mercado de placas e aparelhos voltados para utilização de energia solar está cada vez mais
em alta, deixando de serem vistas apenas em telhados de prédios. O francês de nome Vivien Mulle,
criou um aparelho intitulado “Etectree+” um bonsai que utiliza pequenos espelhos para captar a luz
solar e gerar energia capaz de carregar um celular, por exemplo.
O aparelho conta com 27 (vinte e sete) painéis solares ajustáveis, e uma bateria que leva
cerca de 36 (trinta e seis horas) para ser completamente carregada e possui capacidade de carregar
nove vezes a bateria de um iphone5.
Em 2012 as empresas Air Canadá e a Airbus anunciaram que estavam fazendo testes em
aeronaves para que as mesmas pudessem fazer voos utilizando óleo de cozinha reciclado como
combustível, segundo as empesas tal novidade acarretaria uma diminuição de cerca de 40% nas
emissões do voo AC 991, que iria realizar um voo teste entre as cidades de Toronto-Canadá e
Cidade do México.
Desenvolvimento sustentável, é um termo criado durante as conferências das nações unidas
sobre o meio ambiente, que retrata nada mais, nada menos que a capacidade do país de se
desenvolver sendo capaz de suprir suas necessidades, sem comprometer a capacidade de suprimento
das gerações futuras. Porém, para ser aplicado, são necessários, planejamento e consciência de que
os campos de desenvolvimento politico, econômico e social, passem a andar juntos para um
verdadeiro equilíbrio do desenvolvimento. Outra consciência necessária para atingirmos esse
desenvolvimento, é saber que os recursos naturais são finitos, e que as futuras populações
necessitam de recursos naturais para seu desenvolvimento social, físico, cultural e econômico.
Por muitos anos, o mundo se desenvolveu degradando o meio ambiente e
consequentemente, colocando em risco o “bem estar ambiental”, muitas vezes tendo até mesmo
como fim, a extinção de espécies naturais, colocando em cheque cadeias alimentares,
desequilibrando a ordem natural e também colocando a vida humana em riscos. Como exemplo,
podemos citar o popularmente chamado “buraco na camada de ozônio” que é uma fina camada de
um gás, o ozônio, que envolve o planeta terra e faz refletir os raios ultravioletas do sol, os chamados
raios UV, que são prejudiciais a saúde humana, o qual pode ser fator principal para o
desencadeamento do câncer de pele nos seres humanos.
Tomando como base o exemplo anterior e trazendo de volta o desenvolvimento sustentável.
O buraco na camada de ozônio, foi ocasionado pelo uso indiscriminado de CFC’s, que são gases
clofofluorcarbonados (que utilizam em sua estrutura os elementos cloro e flúor) em aparelhos como
ar-condicionado, geladeiras e sprays, que ao serem geridos, liberavam esses gases no ambiente e
chegando eles nessa camada, reagiam com o ozônio formando óxidos de cloro (junção dos
elementos oxigênio, presente no ozônio e cloro presente nos CFC’s) e fazendo com que a camada se
dissipasse, formando o chamado buraco. Caso o desenvolvimento sustentável já tivesse sido
implementado ainda na época em que esses gases estivessem sendo utilizados, poderíamos, talvez,
garantir que a geração futura (a geração de hoje) não sofreria como a ação tão violenta da incidência
desses raios, evitando também muitos gastos com saúde, que poderiam ser investidos em outras
áreas de desenvolvimento.
Garantir que as gerações futuras, nossos filhos, e netos, possam ter acesso aos mesmos
recursos que temos hoje, esse é o papel do desenvolvimento sustentável, tentando fazer a
humanidade de hoje, menos individualizada e cada vez mais humanizada, desenvolvida e ecológica.
Sim, há como garantir que as gerações futuras possam utilizar dos recursos naturais que temos
disponíveis hoje. Gerir o impacto ambiental de hoje, é o primeiro passo a ser dado para esse fim,
como por exemplo, com o uso de fontes de energia renováveis, reutilização de água,
reflorestamentos, reciclagens, troca de combustíveis fósseis por combustíveis não poluentes e/ou
menos degradantes, etc. olhando para o passado e para muitas ações do presente, vemos que muito
ainda temos a mudar, tendo em vista os grandes desgastes naturais que foram feitos até hoje, que
mesmo agindo ignorantemente no passado o homem proporcionou perdas até mesmo irreparáveis
ao eco sistema.
Poluição em rios, águas, desflorestamento, entre tantas desconstruções, vemos no dia a dia e
como já dissemos, o ser humano é um ser capaz de subverter seu meio, tanto para o lado, positivo,
quanto para o lado negativo. Hoje, estamos tentando descontruir as más construções do passado,
efeito estufa agravado, aquecimento global, aceleração intensificada do derretimento das calotas
polares, poluições, desequilíbrios em cadeias alimentares, extinção de espécies animais e naturais, e
muitos maus à saúde humana, como a exemplo a eclosão de muitos tipos de cânceres, e doenças,
entres tantos outros distúrbios, são consequências desenvolvimento humano, e mau
desenvolvimento ambiental consequente do mesmo. Atualmente muito se vê de ações que
contribuem para o aceleramento de um desenvolvimento sustentável e a tecnologia tem sido, sem
sobra de dúvida, uma grande aliada da preservação, cuidado e desconstrução das nossas más
formações do passado.
Na natureza, o ser humano é o único ser capaz de transformar seu destino, e
consequentemente, o destino do mundo, de modo racional e ao perceber que a preservação do meio
ao qual faz parte, é uma questão de sobrevivência, e não, apenas, meras questões que podem ser
relevadas, o ser humano tem buscado uma mudança de comportamento urgente e tem dividido sua
racionalidade e capacidade cognitiva com a percepção de biosfera, que em significado, quer dizer,
“a esfera da vida”.
Atualmente temos vivido o que muitos chamam de revolução tecnológica, e muitos desses
avanços tem visado não apenas a economia ou lucro, mas também, principalmente, um
desenvolvimento mais sustentável e consequentemente um meio ambiente mais puro e agradável.
Certamente que a grande maioria de smarthphones conhece ou fazem uso de aplicativos de
GPS (Global Positioning System) com fim de se localizarem ou acharem um caminho. O GPS está
cada vez mais popular e difundido em nossa sociedade. Não indo nessa contramão, pesquisadores e
biólogos buscam esse artificio tecnológico para tentar ajudar nossa fauna, vários animais em
extinção são rastreados via GPS.
Aqui mesmo no Brasil, entidades como o ‘Enel Green Power’ buscou fazer uso desse meio
tecnológico para tentar combater a caça e a extinção de uma espécie de arara conhecida como arara-
azul-de-lear, habitantes no Parque Delfina, na Bahia. Segundo dados trazidos pelo site da “enel”
existem apenas 1260 espécies dessa ave e já são consideradas “funcionalmente extinta”. Além de
mapear a sua localização atual, o serviço de GPS presente nesses animais, registram os locais mais
visitados por elas, tanto para alimentação quanto para descanso e reprodução.
Tal experimento realizado nas araras azuis também estão em funcionamento em outros
animais, como tartarugas, onças pintadas, leopardos, dentre outros tantos. Outro projeto que utiliza
a mesma ideia é o “Technology for Nature”, idealizado pela Universidade de Londres, a Sociedade
Zoológica de Londres e a Microsoft.
Pois é, ocorre que infelizmente essas tecnologias começaram a se voltar contra as intenções
de seus criadores, pois quando aqueles inventaram-na tinham apenas a intenção de buscar o
combate a caça e a extinção de determinadas espécies agora estas correm o risco de serem
totalmente desarticuladas, isso porque mentes do mal, recentemente tem invadido os sistemas de
monitoramento e vendendo as informações para caçadores profissionais.
Segundo matéria publicada no site da “nakedsecurity”, o fato ocorreu em 2013, quando um
hacker invadiu a conta de e-mail de um funcionário da reserva de tigres Satpura-Bori na Índia,
buscando nesse correio eletrônico as localizações dos tigres. Fato semelhante ocorreu no mesmo
ano nos Estados unidos, quando funcionários do “conservacionistas em Yellowstone National Park”
começaram a dar conta do aparecimento frequente de lobos mortos por caçadores equipados com os
aparelhos de rastreamento.
Em 2015, o fato se repetiu na Austrália quando cientistas que mapeavam espécies de tubarão
descobriram que o governo do estado da Austrália Ocidental, utilizavam as informações coletadas
pelo GPS para caça-los com a desculpa de que era necessário “reduzir o conflito entre humanos e
animais selvagens”.
Como foi dito inicialmente, a marcação dos animais por meio do GPS é tido como um
extraordinário esforço científico, contudo os pesquisadores precisam perceber que este mecanismo
infelizmente transporta consigo graves perigos crescentes.
Ao se ouvir falar em gases estufa, ou mesmo em aumento ou aceleração do efeito estufa, que
tem sido um tema recorrente em muitos meios, pensamos, o que é o efeito estufa, o que o está
agravando e como podemos reverter, ou mesmo não intensificar ainda mais esse efeito?
Bem, a princípio, o efeito estufa é um processo natural da terra que o permite manter-se
aquecido para que haja a manutenção de uma temperatura agradável para manutenção dos
ecossistemas e ocorre da seguinte forma: o principal gás que permite o acontecimento desse efeito,
é denominado dióxido de carbono (CO2), que permite a passagem e também retenção dos raios
solares que incidem sobre a terra, onde, parte fica retido próximo a terra e outra parte é refletido por
nuvens e pela própria terra de volta para o espaço (em condições normais), esse gás principal, é, em
condições naturais normais, liberado por meio da respiração dos seres humanos e pela respiração,
de seres vegetais, que quando estão em processos de fotossíntese, retêm esse gás o transformando e
liberando em forma de oxigênio (O2), que é o principal gás para a respiração humana.
Em condições de desequilíbrio ambiental, como a que estamos vivendo, a liberação do
principal gás estufa, CO2, é liberado através, também da queima de combustíveis fósseis, que são
os meios que fazem com que os carros operem com qualidade, contudo, a queima desses
combustíveis, aumentam a liberação desse gás no meio, agravando ainda mais o efeito estufa,
elevando as temperaturas da terra, levando a uma série de outros problemas, a exemplo, do
derretimento das calotas polares da terra que leva, ocasiona ainda, outros problemas.
Pensando nesses fatos, citados anteriormente, muitas empresas, como a Tesla, por exemplo,
tem dedicado parte do seu rendimento a questões ambientais que ajudariam a minimizar o problema
da emissão de gases estufa por veículos automotivos, já que os mesmos existem em enorme
quantidade em todo o mundo e são questão de necessidade humana, criaram um carro que
minimizam drasticamente o uso de combustíveis fósseis para sua locomoção e aderem ao uso de
eletricidade como uma forma ainda mais sustentável, por diminuir significativamente a emissão de
gases estufa, além de econômica, já que devido ao seu menor desgaste mecânico, tem menores
custos de manutenção, eficiente, por apresentar uma eficiência estimada em 90% em seus motores e
confortável, por serem mais silenciosos, diminuindo também, outro tipo de poluição muito
encontrada principalmente em grandes cidades, que é a poluição sonora. A única desvantagem que
podemos encontrar até agora em relação aos carros elétricos, que podem ser utilizados, muitas vezes
por meio de bateria e combustíveis, é que o mesmo não possui, ainda, grande autonomia que possa
ser aplicada a grandes distâncias. Inegavelmente ainda há muito a se melhorar quanto ao
desenvolvimento desse meio, contudo, sem dúvidas, ele é um meio muito mais sustentável a ser
pensado como fonte de ajuda ao meio ambiente.
Em muitas outras situações, a tecnologia tem tomado à frente no que diz respeito a
preservação, manutenção e auxílio ao meio ambiente, como é o caso do uso de drones em
monitoramento em áreas de desmatamento e queimadas, fazendo com que essas ações possam ser
minimizadas, ou em alguns casos, até mesmo evitadas, tendo em vista que países como o Brasil, a
cobertura vegetal é extensa, como na região amazônica, onde é muito comum focos ilegais de
desmatamento, ou mesmo o cerrado, onde é comum, áreas de queimadas devido ao clima quente e
seco em algumas épocas do ano.
METODOLOGIA
Como metodologia para o desenvolvimento desse artigo, foi utilizada a pesquisa de caráter
bibliográfico, dedutivo, descritivo e qualitativo, buscando compreender, como a tecnologia pode
ajudar ao meio ambiente. A coleta de dados foi realizada feita pela pesquisa empírica com análise
dedutiva, indutiva e analítica, sendo os dados coletados observados, analisados, classificados e
interpretados sem a interferência em uma abordagem qualitativa de modo a buscar compreender a
interação das variáveis, em um processo dinâmico, em tema de tecnologia e maio ambiente, a que é
submetido todo corpo social
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É certo que o homem busca a cada dia uma melhor qualidade de vida, infelizmente nem
sempre pondera os fins para se conseguir chegar aos meios. Como vimos neste artigo várias
invenções tecnológicas acabou por prejudicar o nosso meio ambiente gerando graves danos sofridos
até hoje, e outros tantos que ainda nem imaginemos que iremos sofrer. Mas por outro lado, uma
outra parcela da humanidade (infelizmente uma minoria) buscam por meio de aperfeiçoamento
técnico ou novas criações reverter os quadros lastimáveis causados pela ação imprudente do
homem. Contudo a chave principal para um amanhã mais limpo, é a consciência.
Através da consciência de cada um podemos construir um futuro mais saudável para nós e
nossos filhos. Certo de que o problema vigente não se resume a poluição causada por grandes
empresas, não devemos esperar pela tecnologia salvadora do meio. Na verdade, devemos começar a
difundir essa ideia criando uma conscientização geral ou até mesmo simplesmente fazermos a nossa
parte, com práticas simples, como não jogar lixo nas ruas ou nas praias, não atear fogo em terrenos,
não aprisionar animais. Pois é, talvez o nosso grande problema seja estarmos apenas criticando o
próximo ou esperando uma solução de terceiros, enquanto permanecermos apenas reclamando
dentro de nossas bolhas.
REFERÊNCIAS
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em-formato-de-bonsai-absorve-luz-solar-para-carregar-eletronicos.html>. Acesso em:
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FREITAS GUIMARÃES, João Roberto Penna de. Apostila de Riscos Químicos. Santos: SENAC,
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<http://www.un-documents.net/aconf48-14r1.pdf>. Acesso em: 10.08.2018
RESUMO
A compreensão ambiental envolve uma visão dialética, sistêmica e complexa, exigindo ainda um
encontro das abordagens inter e transdisciplinar. A assimilação e dispersão da compreensão das
relações entre natureza e sociedade é extremamente beneficiada por meio da educação ambiental e
de sua práxis. Assim, o objetivo deste trabalho foi fazer um consolidado de experiências exitosas
em educação ambiental realizadas no Brasil. A pesquisa caracterizou-se por ser exploratória,
descritiva, bibliográfica e documental. A técnica utilizada para a coleta de dados foi por meio de
análise de material de cunho científico publicado em periódicos. As experiências mencionadas neste
estudo contam com cursos para professores e alunos com a temática educação ambiental, visitas em
áreas verdes, margens de rios poluídos, elaboração e execução de projetos com objetivo de
conscientizar e sensibilizar alunos e comunidade sobre a importância da educação ambiental;
prevenção de incêndios, co-responsabilizar os alunos sobre a manutenção de um ambiente limpo,
além da discussão de temas como turismo, lixo e compostagem, biodiversificação, comunicação e
gênero. Amparado em relatos de experiências exitosas na educação ambiental, sugere-se que se dê
continuidade aos projetos, que as instituições imitem as proposituras aqui descritas e que as
autoridades governamentais sintam-se convidadas a financiar projetos e executá-los de forma mais
intensa. Além disso, propõem-se a realização de mais pesquisa-ação com esta temática
incontestavelmente necessária à situação atual do Planeta Terra.
Palavras-chave: Educação ambiental; Projetos ambientais; Experiências; Brasil.
ABSTRACT
Environmental understanding involves a dialectical, systemic and complex view, and requires a
meeting of inter and transdisciplinary approaches. The assimilation and dispersal of the
understanding of the relations between nature and society is greatly benefited through
environmental education and its praxis. Thus, the objective of this work was to consolidate
successful experiences in environmental education carried out in Brazil. The research was
characterized as exploratory, descriptive, bibliographical and documentary. The technique used for
data collection was through the analysis of scientific material published in periodicals. The
experiences mentioned in this study include courses for teachers and students with the theme of
environmental education, visits to green areas, polluted river banks, elaboration and execution of
projects with the objective of raising awareness and sensitizing students and community about the
importance of environmental education; prevention of fires, co-responsibility of students on the
maintenance of a clean environment, and discussion of topics such as tourism, garbage and
composting, biodiversity, communication and gender. Trimmed in reports of successful experiences
in environmental education, it is suggested that projects be continued, that institutions imitate the
proposals described here, and that government authorities feel invited to finance projects and
execute them more intensively. In addition, it is proposed to carry out more research-action with
this subject undoubtedly necessary to the current situation of the Blue Planet.
Keywords: Environmental education; Environmental projects; Experiences; Brazil.
INTRODUÇÃO
O meio ambiente tem sido noticiado por graves problemas acometidos, em sua maioria, por
ações antrópicas, os quais trazem sérias repercussões à saúde pública ao longo dos anos. Acredita-se
na necessidade de uma educação ambiental (EA) continuada e focada na preservação do meio
ambiente para os diversos seguimentos da sociedade na tentativa de mitigar esta situação.
A EA é um processo de ensino-aprendizagem para o exercício da cidadania. A ela cabe
formar novos valores e novas relações sociais dos seres humanos com a natureza, formando atitudes
dentro de uma nova ótica, a da melhoria da qualidade de vida para todos. (PHILIPPI JÚNIOR e
PELICIONI, 2002).
De acordo com a Lei Federal 9.795, de 27 de abril de 1999, a EA compreende os processos
por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a EA em seu Art. 2º definem EA como:
uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que deve imprimir ao
desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e com os
outros seres humanos, visando potencializar essa atividade humana com a finalidade de
torná-la plena de prática social e de ética ambiental (BRASIL, 2012, p.2).
dos recursos naturais. Nesse sentido, a educação ambiental deve ser desenvolvida de maneira
contínua e permanente em todos os níveis e modalidades de ensino formal e não formal, a fim de
sensibilizar a comunidade sobre questões ambientais, sua organização e participação em defesa do
meio ambiente.
A EA com ênfase interdisciplinar é também importante porque proporciona uma melhor
leitura da realidade e promove outra postura do cidadão frente aos problemas socioambientais. E
essa reflexão precisa ser aprofundada à medida que a saúde e a qualidade de vida dessa geração, e
das futuras, dependem de um desenvolvimento sustentável (SOARES; CARPILOVSKY;
COSTABEBER, 2012).
Assim sendo, este trabalho foi desenvolvido com a premissa de fazer um consolidado de
experiências exitosas em EA realizadas no Brasil e, a partir daí, sugerir metodologias que visem
modificar as relações entre a sociedade e a natureza a fim de melhorar a qualidade de vida,
propondo uma transformação nas pessoas com a solidariedade, afetividade e cooperação.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os critérios de inclusão adotados para pesquisa foram: a publicação possuir como temática
principal a EA; publicações disponíveis nas bases de dados científicos; estar disponível eletrônica e
gratuitamente na íntegra; estar divulgado na língua portuguesa, inglesa ou espanhola. Os descritores
utilizados para a busca foram: Educação ambiental; Projetos ambientais; Experiências; Brasil.
Procurou-se materiais científicos com experiências na EA em regiões diferenciadas do país com a
finalidade de apreciar e somar criatividades, estratégias e culturas diversificadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os trabalhos selecionados para inclusão neste artigo contam várias experiências aplicáveis.
Em uma pesquisa realizada em Mossoró/RN (SILVA et al., 2016), as autoras apresentam os
resultados de um projeto de intervenção junto a uma escola de Ensino Fundamental I, a exemplo
das atividades desenvolvidas na/pela escola, no âmbito da EA. O projeto objetivava abordar a
questão ambiental com tema “novas atitudes e desafios”, em que foi feito um aparato, breve, da
questão ambiental, introduzindo o aparecimento dos estudos relacionados ao pensamento contrário
à exploração ambiental que ocorria devido à ação do homem.
Nesse trabalho realizado em Mossoró/RN, foi enfocado também o surgimento do sujeito
ecológico e do educador ambiental, que deve ser o sujeito capaz de formar uma sociedade
sustentável, alguém que deixa todas as regalias tecnológicas em busca de um ambiente menos
poluído. Os relatos e as experiências das professoras colaboradoras do Ensino Fundamental I
revelaram o envolvimento com a questão ambiental, e como aplicam esses conhecimentos na
prática pedagógica. Elas trabalhavam a EA com os alunos por meio de pesquisas na internet, slides,
oficinas, palestras, atividades integradoras, conversas informais, textos e vídeos. Ainda foi
apresentado os resultados da criação da mini horta na escola pesquisada, como forma de ilustrar as
propostas de EA vivenciadas na instituição (SILVA et al., 2016).
Dentro de uma perspectiva interdisciplinar, propôs-se, em um trabalho realizado em uma
Escola em Brasília/DF experiências vividas no processo de EA com alunos do Ensino Médio entre
2003 a 2005 (BENTES e SILVA, 2007). Partindo de uma primeira etapa em que se pretendia a
resolução do problema detectado em estudo, na sala de aula. A segunda etapa consistia em uma
mobilização, desenvolvimento e conscientização sobre a importância do problema. Para isso, se
formulou estratégias de envolvimento dos alunos a cada saída de campo planejada, para que estes
pudessem participar efetivamente na construção e ressignificação dos objetivos pretendidos. Na
terceira etapa - a visita a campo - tanto professores quanto alunos eram envoltos, na relação com a
encantadora natureza. O desafio maior para o educador era da mediação no processo de uma EA
que proporcionasse ao aluno uma visão crítica e holística sobre seu ambiente sociocultural, tanto no
nível formal quanto no não formal (BENTES e SILVA, 2007).
espécies existentes, mas com ênfase nos animais peçonhentos, visto que a discriminação desses
animais pelos seres humanos os tem colocado em desvantagem diante da vida, ameaçando sua
existência. Comunicação: a possibilidade de sermos protagonistas das notícias, em vez de
testemunharmos as barbáries cometidas. Gênero: na busca de mitos, lendas e histórias do Pantanal,
estudar os símbolos presentes na água para a equidade das relações de gênero, conferindo espaços
sociais e biológicos aos homens e às mulheres (RODRIGUES; ZAKRZEVSKI; MARCONDES,
s/a).
Estes cinco temas possuíam como meta o desenho pedagógico que possibilitasse uma leitura
mais crítica do mundo. Por meio do diálogo entre a escola e a comunidade, buscou-se extrair
elementos que alcançassem uma educação mais crítica e propositiva. Cursos, oficinas, reuniões,
palestras, projetos escolares, entrevistas e outras dinâmicas pedagógicas auxiliaram na formação
continuada de professores (RODRIGUES; ZAKRZEVSKI; MARCONDES, s/a).
A EA foi, assim, projetada nas realidades ambientais e nas dinâmicas sociais, inserindo-se
na dimensão curricular própria da escola, com abandono do “eu, periférico e isolado” para um “nós,
coletivo e solidário”. Todos se tornam sujeitos capazes de ação e reflexão, formando uma
comunidade de aprendizagem capaz de atuar no processo da transformação educativa, que alcance a
desejada construção de uma sociedade com menos disparidades sociais e com mais cuidados
ecológicos (RODRIGUES; ZAKRZEVSKI; MARCONDES, s/a).
Em uma escola da cidade de Recife/PE, foi realizado um projeto sobre Educação Ambiental
Crítica em três fases (CAVALCANTI, SALES, SANTOS, 2012): Primeiro foi avaliado o
conhecimento socioambiental dos alunos, buscando compreender as atitudes dos mesmos em
relação ao conhecimento que possuem. Para tanto foram criados debates a partir de leitura de textos
e/ou recursos audiovisuais, com bases em temas gerais (resíduos sólidos, aquecimento global, etc.);
A segunda etapa consistiu em aprofundar a reflexão sobre as atitudes ecológicas dos alunos a partir
de temas vivenciados no seu cotidiano utilizando dos mesmos recursos anteriores (leitura de textos
e/ou recursos audiovisuais); A última etapa foi para subsidiar a formulação projetos de EA na
comunidade escolar, com o objetivo de ampliar as atitudes ecológicas.
Também foi realizada uma prática pedagógica utilizando o trabalho de campo, o qual foi de
fundamental importância, pois o aluno pode construir o conhecimento a partir do seu cotidiano.
Assim, foram utilizadas diversas técnicas para atividades de EA como a exploração do ambiente
local, realizada a partir de um trabalho de campo. Foram abordados os assuntos relacionados ao
planejamento urbano e organização habitacional. Os alunos foram estimulados a pensar e discutir
sobre a organização do espaço na cidade do Recife e puderam observar a poluição e a degradação
do Canal do Rio Jordão. Neste momento, os discentes foram questionados quanto às ações
necessárias à mitigação dos problemas até então discutidos. Por fim, foi elaborado um relatório em
grupo contendo as impressões dos alunos sobre o trabalho de campo e suas sugestões para a
resolução dos problemas ambientais do bairro (CAVALCANTI, SALES, SANTOS, 2012).
No Sul do país (Florianópolis/SC) foi desenvolvido um projeto de EA em uma Escola
Básica Municipal com crianças da quarta série do Ensino Fundamental (TAVARES, 2010). Ao
longo do projeto, o educando foi incentivado a descobrir sua relação com o local em que vive e
estuda e a ampliar seu relacionamento com o meio ambiente, tornando-se apto a atuar junto à
comunidade. Com o fim de alcançar os objetivos propostos, foram realizadas atividades
pedagógicas de observação, identificação, comparação e representação do espaço vivenciado pelos
educandos.
O projeto permitiu que as crianças abrangidas tivessem oportunidade de observar as
mudanças sofridas pelo bairro com o processo de urbanização, o qual acarretou profundas
alterações ambientais. As crianças foram incentivadas a considerar o meio ambiente e a perceberem
que fazem parte dele, que são sujeitos importantes, com direitos e deveres em relação ao Planeta
Terra. Os alunos mostraram-se preocupados com o que foram descobrindo sobre o bairro ao longo
do Projeto: falta de balneabilidade dos rios, problemas de encostas, manguezal poluído, extinção de
algumas espécies nativas de animais e substituição destas por outras. Verificou-se, no final do
Projeto, que os educandos encontravam-se sensibilizados sobre os problemas ambientais da região
da escola e motivados a atuarem na comunidade em prol do meio ambiente, propondo soluções e
apresentando-as (TAVARES, 2010).
Conforme Reigota (1991, p.38), a Educação Ambiental deve empregar “metodologias que
permitam ao aluno questionar dados e ideias sobre um tema, propor soluções e apresentá-las”. Este
autor sugere que em projetos de EA seja empregado o método ativo, o qual permite que o educando
participe das atividades, desenvolva progressivamente o seu conhecimento e comportamento em
relação ao tema, de acordo com sua idade e capacidade.
No ano de 2015, o Ministério do Meio Ambiente elaborou um consolidado de registros de
experiências em EA e comunicação, desenvolvidas em Unidades de Conservação Federais
(BRASIL, 2015). Várias motivações foram observadas em Projetos desenvolvidos, a exemplo do
uso sustentável dos recursos naturais; ciclo de gestão participativa; cursos de EA; resgate de ações
bem sucedidas; combate a incêndios; fomento à construção de material didático; construção de
programa de EA; educomunicação; estreitamento do relacionamento com universidades; formação
de cidadãos flagrados em ações que configuram infrações ambientais; mitigação do desmatamento;
ocupação das crianças no período de recesso escolar; e ordenamento do turismo.
A comunicação foi apontada como um gargalo em algumas unidades de conservação, pois
os comunitários eram semianalfabetos. Neste caso, para propiciar um melhor entendimento do
processo de EA, a maioria das experiências relatadas era com o uso educativo da comunicação por
meio da produção de programas de rádio (BRASIL, 2015).
A abordagem dos conceitos tão bem elaborados sobre EA, em várias instâncias e em
períodos diferentes traz a indispensabilidade de se repensar novas ações. É necessário discutir os
conceitos aplicados na EA e associá-los à prática de forma coerente. A temática ambiental deve
fazer parte não só da prática profissional, mas também de todo cotidiano das pessoas. Dessa forma,
o papel do educador ambiental, é propor novos hábitos e novas posturas que garantam a qualidade
de vida aos seres do planeta.
Essas posturas devem gerar uma ética moderna, ou seja, uma racionalidade ambiental, que
se manifesta em comportamentos humanos em harmonia com a natureza; em princípios de uma vida
democrática e em valores culturais que dão sentido à existência humana. A racionalidade ambiental
se constrói e se concretiza numa inter-relação permanente entre a teoria e a práxis, a qual depende
da constituição de novos atores sociais que objetivem, por meio de sua mobilização e concretizem
em suas práticas, os princípios e potenciais do ambientalismo. Parte-se em busca de uma
racionalidade, que promova o desenvolvimento econômico, coerente com a preservação e
conservação da natureza buscando a minimização da degradação ambiental (LEFF, 2001).
Novas práxis na perspectiva da complexidade ambiental não apenas leva à necessidade de
aprender fatos novos, mas também inaugura uma nova pedagogia, que implica reapropriação do
conhecimento desde o ser do mundo e do ser no mundo, a partir do saber e da identidade que se
forjam e se incorporam ao ser de cada indivíduo e cada cultura. A pedagogia da complexidade
ambiental reconhece que apreender o mundo parte do ser de cada sujeito, de seu ser humano. Além
de uma pedagogia do ambiente, que volta seu olhar ao entorno, à história e à cultura do sujeito, a
fim de rearmonizar seu mundo desde suas realidades empíricas, a pedagogia ambiental reconhece o
conhecimento; entende a realidade como construção social (LEFF, 2009). Assim, toda
aprendizagem implica uma transformação do conhecimento a partir do saber que constitui o ser.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Projetos desenvolvidos, a exemplo do uso sustentável dos recursos naturais; ciclos de gestão
participativa; cursos de EA; resgate de ações bem sucedidas; combate a incêndios; fomento à
construção de material didático; educomunicação; estreitamento do relacionamento com
universidades; formação de cidadãos flagrados em ações que configuram infrações ambientais;
mitigação do desmatamento e ordenamento do turismo devem ser solidificados e imitados.
Amparado nesses relatos de experiências exitosas na EA, sugere-se que se dê continuidade
aos programas de EA e que as autoridades governamentais sintam-se convidadas a financiar
projetos e executá-los de forma mais intensa. Além disso, propõem-se a realização de mais
pesquisa-ação com esta temática incontestavelmente necessária à situação atual do Planeta Terra.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁGICAS
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VILLAR, L. M.; et al. A percepção ambiental entre os habitantes da região noroeste do estado do
Rio de Janeiro. Esc. Anna Nery, 2008, v.12, n.2, pp. 285-290.
RESUMO
A educação ambiental tornou-se um tema relevante no cenário nacional, um marco importante com
relação a legislação nacional foi a Lei Federal n.º 9.795 (BRASIL, 1999), regulamentada pelo
Decreto Federal n.º 4.281 (BRASIL, 2002), que institui a Política Nacional de Educação Ambiental
com base em práticas comprometidas com a construção de sociedades justas e sustentáveis. Em
2012 foi publicada a Resolução CNE/CP n.º 01/2012 (BRASIL, 2012a), que estabelece as
Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, que tem como um de seus princípios a
sustentabilidade socioambiental; a Resolução CNE/CP n.º 02/2012 (BRASIL, 2012b), que
estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental no Sistema de Ensino
Superior e Educação Básica que estimula a inserção de conhecimentos de temas e práticas
pedagógicas relacionados com o meio ambiente e a sustentabilidade socioambiental. Diante da
complexidade da sociedade atual e dos desafios da escola e da Instituições de Ensino Superior (IES)
de serem sustentáveis e de educar para a sustentabilidade, a EA se apresenta como um instrumento
de transformação social. Nesse sentido, essa pesquisa tem por objetivo avaliar a sustentabilidade
socioambiental no Centro de Humanidades da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG
por meio da Matriz de Indicadores de Vieira, Campos e Morais (2016). Caracterizada como uma
pesquisa quantitativa, os dados foram tabulados no Microsoft Excel e indicaram que o Centro de
Humanidades na Universidade Federal de Campina Grande ainda precisa ultrapassar barreiras para
atingir a sustentabilidade socioambiental. Tanto relacionados as questão de gestão democrática,
como a inserção da Educação Ambiental nos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) e no espaço
físico e seu entorno, utilizando-os como meios para aprendizagem.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Indicadores de sustentabilidade; Universidade.
ABSTRACT
Environmental education became a relevant topic in the national scenario, an important milestone in
relation to national legislation was Federal Law 9,795 (BRASIL, 1999), regulated by Federal
Decree No. 4.281 (BRAZIL, 2002), which establishes the National Environmental Education Policy
based on practices committed to the construction of just and sustainable societies. In 2012, CNE /
CP No. 01/2012 was published (BRAZIL, 2012a), which establishes the National Guidelines for
Human Rights Education, which has as one of its principles socio-environmental sustainability;
Resolution CNE / CP No. 02/2012 (BRAZIL, 2012b), which establishes the National Curricular
Guidelines for Environmental Education in the System of Higher Education and Basic Education
that stimulates the insertion of knowledge of pedagogical themes and practices related to the
environment environment and social and environmental sustainability. Faced with the complexity of
today's society and the challenges of the school and Higher Education Institutions (HEIs) to be
sustainable and to educate for sustainability, EA presents itself as an instrument of social
transformation. In this sense, this research aims to evaluate socioenvironmental sustainability in the
Humanities Center of the Federal University of Campina Grande - UFCG through the Matrix of
Indicators of Vieira, Campos and Morais (2016). Characterized as a quantitative research, the data
were tabulated in Microsoft Excel and indicated that the Humanities Center at the Federal
University of Campina Grande still needs to overcome barriers to achieving socio-environmental
sustainability. Both related to the issue of democratic management, as well as the insertion of
Environmental Education in the Pedagogical Political Projects (PPP) and in the physical space and
its surroundings, using them as a means for learning.
Keywords: Environmental education; Sustainability Indicators; University.
INTRODUÇÃO
ambiental que está se constituindo, não perpassa apenas a discussão de aspectos naturais, como
muitas vezes é utilizado pelo senso comum, mas também das questões sociais, econômicas,
políticas e culturais, como forma de tornar os indivíduos mais cidadãos e acima de tudo, reflexivos
para a necessidade de construção de novos valores sustentáveis. Assim, cabe a universidade,
enquanto formadora dos profissionais da educação, fomentar discussões que permitam a inferência
por parte desses profissionais, de como abordar a educação ambiental nesses projetos, de forma
verdadeiramente autêntica.
Assim sendo, essa pesquisa é guiada pelo conceito de EA presente na Política Estadual de
Educação Ambiental, entendido como um processo contínuo e permanente de aprendizagem, no
qual são construídos de forma participativa saberes, conceitos, valores socioculturais, atitudes,
práticas, experiências e conhecimentos voltados ao exercício de uma cidadania socioambiental.
Distendo como objetivo avaliar a sustentabilidade socioambiental no Centro de Humanidades da
Universidade Federal de Campina Grande – UFCG por meio da Matriz de Indicadores de Vieira,
Campos e Morais (2016).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
autores a realidade acadêmica que, em seguida, foi aplicado com os coordenadores de cada unidade
acadêmica que formam o CH.
Os dados obtidos foram tabulados em planilha eletrônica utilizando o software Micro
software Excel. Neste estudo foram consideradas as seguintes pontuações: 2 pontos para as
respostas frequentes (F), 1 ponto para as respostas eventuais (E) e valor zero (0) ponto para as
respostas nunca (N). Como a matriz de indicadores possui cinquenta questões, será possível chegar
ao total de 100 pontos. Quanto mais próximo a 100 pontos supõem-se que a unidade acadêmica está
no caminho da sustentabilidade socioambiental. Nessa tabulação é possível verificar a pontuação de
cada indicador realizando a soma dos pontos das respostas das cinco questões descritoras de cada
uma das dimensões: gestão, currículo e espaço físico. A pontuação total para cada dimensão pode
então ser obtida pela soma dos pontos dos seus indicadores e, a pontuação total da escola (Total)
corresponderá à soma dos pontos das dimensões.
Assim, foi possível diagnosticar as potencialidades e os limites/fragilidades socioambientais
do ambiente acadêmico que permitirão verificar a atual situação da sustentabilidade socioambiental
deste.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pode-se perceber, de acordo com o Quadro 3 que a dimensão gestão apresentou maior
representatividade em relação ao valor total com 45,65%, o que demonstra a presença de recursos
humanos e financeiros destinados à sua manutenção e ao desenvolvimento de ações de Educação
Ambiental. Porém, a dimensão currículo possui apenas 14 pontos, com valor relativo de 30,46%,
seguido da dimensão espaço físico que só representa 23,91% do valor total.
verificar que ocorre instrumentos de planejamento e gestão, como também a inclusão da Educação
Ambiental no Projeto Político Pedagógico (PPP) e o planejamento conjunto de forma
interdisciplinar, multidisciplinar para a promoção de ações socioambientais.
A dimensão gestão como pode-se perceber no Quadro 7, também possui maior valor em
ralação as outras dimensões, seguida pela dimensão currículo. Entende-se que há uma maior
preocupação pela Unidade Acadêmica de Filosofia de proporcionar espaços participativos tanto
para os discentes como para os docentes, como também a utilização do diálogo na resolução de
conflitos; além destes a unidade procura incluir a educação ambiental no seu projeto político
pedagógico. Porém, observa-se que o valor total da matriz de indicadores possui valor 48, indicando
a unidade ainda tem que enfrentar algumas barreiras para atingir a sustentabilidade socioambiental.
A dimensão gestão possui maior valor de 21,4 pontos, indicando que o CH possui uma
gestão democrática com espaços participativos, utilizando o diálogo para a resolução de conflitos.
Porém, no outro extremo, encontra-se a dimensão espaço físico com apenas 12,7 pontos, indicando
a necessidade da utilização dos espaços e do seu entorno para a promoção da aprendizagem, afim
que o CH alcance a sustentabilidade socioambiental.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo: Cortez;
Brasília, DF: UNESCO, 2000.
RESUMO
A Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) propõe uma série de ações visando tornar as
Instituições públicas mais sustentáveis. Em todos os campi do IFRN, esta agenda foi adotada por
meio do Projeto Campus Verde (PCV). O presente artigo apresenta a A3P e o PCV e discute as
ações instituídas pelo PCV no IFRN/ Mossoró. Utilizamos, como metodologia, a pesquisa
qualitativa, com a realização de entrevista semiestruturada com o Coordenador do Projeto no
Campus Mossoró e a análise documental. O PCV conseguiu instituir algumas ações sustentáveis
importantes, vinculadas à gestão ambiental, tais como a coleta de pilhas e baterias, a reciclagem de
papel e o descarte correto de lâmpadas. No entanto, entende-se ser necessária a intensificação de
ações planejadas de interseção entre a gestão e a educação ambiental para ampliar e sensibilização e
a participação da comunidade escolar em atividades já existentes (como a coleta seletiva) em busca
de uma escola mais sustentável.
Palavras-chave: A3P; Escola sustentável; sustentabilidade na gestão pública.
ABSTRACT
The environmental schedule in Public Administration, called A3P, proposes a series of actions
aimed more sustainability in public institutions. In all IFRN, this schedule was adopted through the
Green Campus Project (PCV). This article presents the A3P and the PCV and discusses the actions
instituted by the PCV in the IFRN/Mossoró. We used, as methodology, the qualitative research,
with the accomplishment of a semi-structured interview with the Project Coordinator in the
Mossoró Campus and the documentary analysis. The PCV was able to institute some important
sustainable actions related to environmental management, such as the collection of batteries, the
recycling of paper and the correct disposal of light bulbs. However, it is understood to be necessary
to intensify planned actions of intersection between management and environmental education to
increase and raise awareness and participation of the school community in activities already
existing (such as selective collection) in search of a more sustainable school.
Keywords: A3P; Sustainable school; sustainability in public management.
INTRODUÇÃO
Enquanto na Europa e Estados Unidos os marcos legais que alicerçam a proteção ao meio
ambiente foram criados na década de 70, no Brasil, o marco legal que iniciou essas discussões foi à
criação da Lei nº 6.938, ocorrida apenas em agosto de 1981, instituindo a Política Nacional do Meio
Ambiente (PNMA). A partir da instituição da PNMA buscou-se imprimir em todo território
nacional as ações para a proteção e conservação ambiental e inserção do tema nas atividades dos
mais diversos setores da sociedade. Desde então, outras regulamentações surgiram a fim de
disciplinar a questão ambiental, tais como a regulamentação do uso sustentável dos recursos
naturais, (água, minerais, fauna, flora), medidas de conservação ambiental (criação de unidades de
conservação, por exemplo), leis que controlam o uso do patrimônio genético, e a instituição da
educação ambiental nas escolas, entre outras.
Um marco significativo foi à criação da lei 9.795/99 que disciplina a Política Nacional de
Educação Ambiental, determinando a inserção da Educação Ambiental em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, formal ou não formal, de forma articulada e integrada com as
disciplinas do currículo (BRASIL, 2009).
Seguindo essa perspectiva de busca constante em efetivar as ações de proteção ao meio
ambiente e fortalecer o papel da administração pública no enfrentamento dessa questão, no ano de
1999 foi criado pelo Ministério do Meio Ambiente, o programa Agenda Ambiental na
Administração Pública (A3P), que busca institucionalizar uma nova cultura nos órgãos e entidades
públicos.
Outro avanço importante foi à regulamentação quanto à destinação dos resíduos sólidos,
instituída pela lei nº 12.305/10, estabelecendo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, definindo a
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto entre o poder público e fabricantes,
importadores, distribuidores ou comerciantes; essa lei reporta os deveres dos geradores de resíduos
sólidos, seja ele pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, regulando a coleta seletiva,
o controle social, destinação e disposição final ambientalmente adequada, o gerenciamento esses
resíduos, a gestão integrada de resíduos sólidos, a logística reversa, padrões sustentáveis de
produção e consumo, a reciclagem, os rejeitos e a reutilização dos resíduos sólidos (BRASIL,
2010).
Essas leis são instrumentos importantes no enfretamento dos principais problemas
ambientais atuais, pois o reconhecimento por parte do poder público e o amparo legal dão
mecanismos para que as ações propostas sejam efetivadas e prevê punições, em caso de
descumprimento das legislações mencionadas.
A A3P, em consonância com os acordos firmados na Agenda 21 global, nascida na Eco 92
no Rio de Janeiro, propõe a adoção de medidas, dentro da gestão publica, que sigam um novo
padrão de produção e promova o desenvolvimento de maneira sustentável; busca identificar os
problemas prioritários, como enfrentá-los e as metas a serem estabelecidas para as próximas
décadas (BRASIL, 1995).
Dessa maneira, as diretrizes da A3P se fundamentam nas recomendações presentes no
capítulo IV da Agenda 21 que orienta aos países sobre as mudanças nos padrões de consumo:
Nesse sentido, a A3P, com o intuito de promover e incentivar as instituições públicas do país
a adotarem ações de responsabilidade socioambiental em suas atividades internas e externas,
tornou-se um guia para a iniciativa voluntária que demanda o envolvimento pessoal e coletivo ao
desempenhar ações sustentáveis no ambiente de trabalho.
A A3P reconhece a importância de se incorporar, no âmbito da administração pública, os
princípios da responsabilidade socioambiental em suas atividades e provoca uma reflexão sobre a
ação direta de todos no ambiente de trabalho, propondo alternativas para superar esses padrões
insustentáveis de produção e consumo. Além disso, baseia-se nos princípios dos cinco R’s:
Repensar, Reduzir, Reaproveitar, Reciclar, e Recusar consumir produtos que gerem impactos
socioambientais significativos. (BRASIL, 2009). Para tanto, a A3P estrutura suas propostas em
cinco eixos temáticos: uso racional dos recursos naturais e bens públicos, gestão adequada dos
resíduos sólidos, qualidade de vida no ambiente de trabalho, sensibilização e capacitação dos
servidores e licitações sustentáveis.
Por força do Decreto 5.940 de 25 de outubro de 2006 que instituiu a separação de resíduos
recicláveis, a A3P passou a ser implantada em várias instituições públicas; a medida principal foi à
criação da Coleta Seletiva Solidária. Com essa determinação por parte do poder público, a A3P
passou a ser incorporada na proposta de trabalho de várias instâncias governamentais, e a Coleta
Seletiva Solidária se tornou o ponto de partida na difusão dessa nova cultura institucional,
assumindo o caráter de um novo modelo de gestão ambiental de resíduos no âmbito das instituições
públicas. No entanto, para que essa coleta seja verdadeiramente eficiente é necessário o
engajamento de todos, e que esse modelo se torne realmente parte da rotina de trabalho dos que ali
estão.
A efetividade da coleta necessita de um trabalho cooperado com os diversos setores,
formando parcerias para que o resultado final seja a destinação correta do material para reciclagem.
Para a implantação da Coleta Seletiva Solidária, o Ministério de Desenvolvimento Social e
Combate a Fome desenvolveu uma cartilha que aponta as etapas para execução dessa proposta. 124
A efetividade da A3P na administração pública demanda o envolvimento de todos os entes
partícipes nesse processo, a começar pela mudança de condutas e hábitos rotineiros, seja na
124
http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf
economia de água, papel, coleta seletiva, enfim, consumo responsável dos bens e serviços na esfera
pública.
Resumidamente, o objetivo da A3P é o estímulo aos gestores públicos para incorporar em
suas práticas, princípios e critérios de gestão socioambiental, contribuindo para a economia de
recursos naturais e a redução de gastos institucionais por meio do uso racional dos recursos
públicos, da gestão adequada dos resíduos, da licitação sustentável e da promoção da sensibilização,
capacitação e qualidade de vida no ambiente de trabalho (BRASIL, 2009).
Dessa forma, o Instituto Federal de Ciência e Tecnologia – IFRN, junto à Gestão Ambiental
do Campus Central, com o objetivo de implantar a A3P e institucionalizar práticas sustentáveis por
meio de sua responsabilidade social, criou o Projeto Campus Verde (PCV) implantado e difundido
em todos os campi do Estado a partir do ano de 2011, com o objetivo de instituir a Gestão
Ambiental e um Plano de Gerenciamento de Resíduos, tendo como meta principal a Coleta Seletiva
Solidária em cada campus do IFRN.
O PCV pretende incorporar em cada campus do IFRN a responsabilidade socioambiental
nas suas ações, visando o alcance dos preceitos do desenvolvimento sustentável. São muitas as
ações propostas e desenvolvidas nesse projeto, e iremos descrevê-las e discuti-las ao longo desse
trabalho.
Os objetivos da nossa pesquisa foram os de conhecer a atuação do Projeto Campus Verde no
IFRN/Mossoró e compreender a relação do Projeto com a Agenda Ambiental na Administração
Pública – A3P; buscamos conhecer e analisar as diretrizes do Projeto e ações que estão em
andamento no campus IFRN/Mossoró. Para tanto, Foi realizada uma análise documental e uma
entrevista com o coordenador do projeto no Campus Mossoró/RN, com o objetivo de levantar as
principais ações na gestão ambiental do Campus, seus avanços e fragilidades detectadas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
sustentável, por meio do Decreto 7.746/12 e a elaboração dos Planos de Gestão de Logística
Sustentável presente na Instrução Normativa nº 10/12.
No ano de 2011, o IFRN resolveu implantar o PCV em todos os campis do Estado do Rio
Grande do Norte (RN), reconhecendo a importância da atuação das instituições públicas no
processo de conscientização da sociedade e seu papel frente à proteção ambiental. Um dos objetivos
específicos do projeto é a implantação da A3P no Instituto, incluindo um plano de gerenciamento de
resíduos, com o objetivo de caracterizar e quantificar os resíduos sólidos, implantar a coleta seletiva
de papel, plástico e lixo eletrônico, dando-se, assim, a destinação correta dos resíduos decorrentes
das atividades institucionais e encaminhando o material para associações ou cooperativas de
catadores. O PCV surgiu inicialmente no Campus Natal Central e se expandiu nos demais campi;
todos eles possuem uma comissão que é responsável pela concepção e desenvolvimento das ações a
serem realizadas. O objeto de estudo da nossa pesquisa foi o Campus Mossoró.
Segundo o Coordenador, inicialmente a comissão do PCV em Mossoró era formada por
cinco membros da instituição, entre professores e técnicos administrativos. Hoje a comissão está
constituída por nove membros, e a partir de 2013 passou a contar também com a participação de
uma aluna, escolhida por edital de seleção. De acordo com o Coordenador, existe a necessidade de
se discutir a função desta comissão, no que diz respeito ao processo de atuação dos membros.
Como todo projeto que demanda o envolvimento coletivo, com pessoas de diferentes
pensamentos, existe certa dificuldade no que concerne ao planejamento, ações, acompanhamento e
avaliações, bem como, imprimir uma nova rotina ao longo do desenvolvimento do ano
letivo/administrativo.
De acordo com o Coordenador, inicialmente a previsão era que houvesse duas reuniões
anuais que tratassem dos planejamentos e uma avaliação geral sobre as ações que estavam sendo
desenvolvidas; porém, apenas uma reunião vem acontecendo anualmente, o que para ele é pouco,
sugerindo que pelo menos duas a cada semestre seria fundamental, para que as informações não se
perdessem nesse intervalo de tempo.
Outro problema que o Coordenador explica, é a falta de engajamento por parte dos demais
membros da comissão; isso tem dificultado as ações, pois não se tem conseguido reuni-los para
planejar e avaliar o que tem sido feito. Dessa forma ele apresenta a necessidade de refazer a
comissão, para que ela possa ser mais atuante. Os autores (JACOBI; TRISTÃO, FRANCO, 2009)
reafirmam a importância de participantes ativos na condução dessas iniciativas:
O projeto está vinculado a Pró Reitoria de Extensão, porém ele explica que não existem
recursos específicos destinados ao projeto. Sendo um trabalho totalmente voluntário, os membros
não recebem nenhum incentivo financeiro, apenas uma declaração de participação na comissão.
Com isso, é necessário um envolvimento ideológico e interesse pessoal com as questões ambientais
para fazer parte da comissão e executar as ações do projeto.
O Coordenador mencionou a necessidade de ter um monitor para ajudá-lo na execução das
ações, fazer o trabalho de apresentação e divulgação do projeto nas salas de aula, para que os alunos
se aproximem das atividades que estão sendo desenvolvidas. Esse trabalho de divulgação nas salas
é uma ação necessária para melhorar o engajamento dos alunos com o projeto e aumentar o nível de
participação dos cursos para que haja maior efetividade na execução das propostas.
Quando o PCV foi lançado uma equipe passava nas salas falando sobre o projeto, e pedindo
a participação na destinação correta dos materiais nos coletores espalhados pelo campus. Porém,
esse ano o trabalho de divulgação não ocorreu; o entrevistado reitera a necessidade de continuar
realizando essa apresentação nas turmas que ingressam a cada ano na unidade, pois são alunos que
não conhecem a política local e precisam conhecer as ações que são realizadas desde o momento de
sua seleção. Outra medida importante a ser adotada é incluir os professores nesse processo de
divulgação do projeto, levando informações sobre o que vem sendo desenvolvido para sala de aula,
para que os alunos possam se interessar e vir a contribuir com o projeto.
Para o coordenador, a participação dos alunos está intrinsecamente ligada ao envolvimento
dos professores com as ações do projeto. A falta de engajamento dos alunos se deve também ao
papel representativo do professor ao abraçar o projeto, “Essa falta de engajamento demonstra que
necessita-se de uma maior articulação com os professores, pois o professor é a figura que faz a
diferença”. Conclui dizendo:
Aqui em Mossoró o Projeto Campus Verde era pra estar com um nível maior de ações,
vários projetos em andamento até por termos o curso de Gestão Ambiental (...). Se os
alunos se envolvessem com o projeto campus verde eu teria muita coisa para passar, por
toda a minha experiência nessa área. (Entrevista concedida em 21/03/2017).
ser aproveitado segundo ele, são as pontas de fio que sobram do Curso Técnico em Eletrotécnica,
copos plásticos e os resíduos gerados pela cantina que ainda são misturados ao material e
inviabilizam o material para a coleta.
Outra ação neste eixo, apresentada pelo nosso entrevistado, foi uma campanha de
sensibilização dos servidores sobre o uso excessivo de copos plásticos. Para isso foram distribuídas
canecas e “squeezes” para substituir os copos descartáveis, porém essa ação apresentou resistência
por parte de alguns servidores e não se efetivou da maneira que estava proposta. Em um trabalho
acadêmico discutindo esse mesmo projeto, no campus Natal, com os coordenadores do PCV
daquela unidade, os autores (LOPES; MOURA, 2005) constataram o mesmo problema “No IFRN
Campus Natal Central foram distribuídas canecas reutilizáveis para os servidores, porém, como
relatado pelo coordenador do eixo temático de Resíduos Sólidos, ainda há uma resistência a essa
substituição”. Desta forma, cabe inferir que não é uma situação isolada e sim um gargalo que
precisa ser discutido entre as comissões dos demais campis a fim de buscar alternativas viáveis para
enfrentar e superar o problema.
Foi apresentada pelo entrevistado outra questão que demanda atenção e preocupação por
parte da comissão do PCV, que é o consumo de água; ele informou que os banheiros da Instituição
foram feitos há vinte e dois anos e as descargas provocam um consumo muito alto de água; tais
descargas precisariam passar por uma modificação a fim de reduzir esse consumo. A escola conta
ainda com uma piscina e um campo de futebol que precisa ser irrigado constantemente,
contribuindo para esse alto consumo. Outra questão é que não existe um controle sobre a quantidade
real do consumo mensal, visto que a Instituição dispõe de um poço próprio sem hidrômetro que
pudesse registrar esse consumo. É feita apenas uma estimativa por demanda pela quantidade de
alunos que passa o dia na escola.
O PCV busca parcerias com outras comissões com o objetivo de encontrar soluções para
problemas reais e diminuir os impactos ambientais provocados por ações cotidianas na Instituição.
Assim, junto com a comissão de eficiência energética e contando com a participação de alunos,
realizou-se um levantamento do que estaria provocando o alto consumo de energia elétrica. Uma
das causas principais encontradas foi o uso do ar condicionado, que não eram desligados ao final
dos turnos das aulas.
Com relação às ações que não se efetivam por falta de engajamento pessoal, o coordenador
critica a falta de tempo para se dedicar ao projeto, a pouca participação dos demais membros da
comissão e espera por um maior interesse por parte da gestão escolar. Para evidenciar esse
pensamento, nos contou que no ano de 2015 recebeu a solicitação da Associação dos Deficientes de
João Câmara, para a coleta de garrafas PETs, para que pudessem criar um fábrica de vassouras;
porém, ele explica que não encontrou apoio para estocar o material e teria que haver uma
mobilização dos alunos por meio de gincanas, com premiação e certificados para que eles pudessem
se interessar por essa atividade de coleta do material. Essa foi mais uma ação que deixou de ser feita
por não haver o interesse de todos em realizá-la.
Mesmo com as dificuldades evidentes, como a descrita anteriormente, podemos perceber
que as iniciativas propostas e as já em andamento no PCV do Campus Mossoró estão em
consonância com vários apontamentos trazidos pela A3P, no eixo temático que trata do uso racional
dos recursos naturais e bens públicos. Porém, como ressalta (LOPES; MOURA, 2005) o PCV não
se restringe as diretrizes da A3P:
Verifica-se que esse projeto engloba as ações previstas na A3P, inclusive os eixos temáticos
propostos no projeto seguem o direcionamento dado pelo programa federal. Porém,
conforme relatado pela presidente do projeto, aquele não se restringe ao recomendado na
A3P e tem um planejamento mais amplo. (LOPES; MOURA 2005, p. 143).
Podemos concluir que, as ações desenvolvidas pelo PCV em Mossoró se mostram positivas,
por minimamente envolver a comunidade escolar e ter diferentes frentes propositivas; ainda assim,
necessitam de uma maior participação dos diferentes segmentos escolares, integração, planejamento
e monitoramento das atividades, possibilitando uma autoavaliação periódica para melhor
compreensão da responsabilidade socioambiental da Instituição e de cada participante dessas ações
e para que o projeto caminhe com aprimoramento constante, no intento de provocar mudanças
estruturais e de comportamento da comunidade escolar no que tange à busca da sustentabilidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Trouxemos aqui a visão do coordenador, mas esse olhar pode e deve ser ampliado, em
estudos futuros, trazendo a concepção dos professores, gestores e dos técnicos administrativos sobre
o PCV, de acordo com suas compreensões e vivências. Acreditamos que o levantamento das
percepções de toda comunidade escolar pode contribuir para um melhor diagnóstico das
fragilidades e méritos do projeto e levar à busca de ações que visem à melhoria da execução das
propostas, aproximando-as cada vez mais daquelas ideais para a construção de um IFRN/Mossoró
Sustentável.
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RESUMO
As organizações estão sendo desafiadas a reconhecer que os impactos de seus produtos e serviços
não se limitam apenas à fase de produção. Em verdade, todos os estágios do ciclo de vida de um
produto ou mesmo da prestação de um serviço influenciam na carga ambiental e impactos sociais de
uma empresa. Desta forma, a implantação de práticas de sustentabilidade dentro destes processos
torna-se um desafio constante para essas instituições. Levando em consideração esta problemática,
o estudo em questão teve como principal objetivo propor um modelo de maturidade a partir de um
framework conceitual sobre práticas de sustentabilidade ambiental e social, partindo da análise de
fatores facilitadores (enablers) para a implantação destas práticas dentro dos diferentes níveis de
percepção das empresas com relação ao desenvolvimento sustentável. Foram realizadas análises
bibliográficas e temáticas partindo da metodologia de uma análise sistemática da literatura de
artigos publicados na língua inglesa entre os anos de 2010 e 2018. Desta forma, construiu-se o
framework que selecionou os enablers, classificando-os de acordo com o alcance das abordagens e
dimensões das práticas. Dentro deste, foi possível a observação das relações entre as atividades
realizadas por empresas que estabelecem diferentes níveis de maturidade com relação ao seu
desenvolvimento sustentável.
Palavras-chave: Sustentabilidade empresarial; Revisão sistemática da literatura; Práticas
sustentáveis.
ABSTRACT
Organizations are being challenged to recognize that the impacts of their products and services are
not limited to the production phase alone. In fact, all stages of the life cycle of a product or even the
provision of a service influence the environmental and social impacts of a business. Hence, the
implementation of sustainability practices within these processes becomes a constant challenge for
these institutions. Taking this problematic into account, the main objective of this study was to
propose a maturity model based on a conceptual framework on environmental and social
sustainability practices, starting from the analysis of enablers for the implementation of these
practices within the different levels of perception of companies with regard to sustainable
development. Bibliographical and thematic analyzes were carried out starting from the methodology
of a systematic literature review of articles published in the English language between the years of
2010 and 2018. Thereby, a framework was constructed selected and ranked them according to the
scope approaches and dimensions of practices. Within this, it was possible to observe the
relationships between the activities carried out by companies that establish different levels of
maturity in relation to their sustainable development.
Keywords: Business sustainability; Systematic literature review; Sustainable practices.
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A Revisão Sistemática da Literatura (RSL) foi baseada em Tranfield et al. (2003) e Danyer
& Tranfield (2009), sendo constituída, então, por duas etapas: o planejamento, onde o protocolo de
busca por artigos foi formulado; e o estágio de pesquisa, no qual os artigos foram selecionados e os
dados extraídos, analisados e sintetizados. A análise foi guiada pelas seguintes perguntas
direcionadoras: 1- Quais são as práticas de sustentabilidade mais comuns adotadas pelas empresas?
2- Quais enablers podem ser mencionados como influências na a implantação de práticas
sustentáveis?
De forma a abranger um número representativo de artigos relacionados às perguntas
direcionadoras da pesquisa, formaram-se 28 combinações de palavras-chave, incluindo: “sustain*”;
“corporate”; “management”; “governance”; “practices”; “compliance”; “performance”; “strategy”;
e “maturity”. Estes foram conectados pelo operador booleano "AND", a fim de promover uma
adição entre os assuntos trazidos por cada termo. Por sua vez, os bancos de dados escolhidos foram
Scopus e Web Of Science, usando o critério de oferecer acesso a revistas internacionais de alto
índice e bem avaliadas. Considerando o grande volume de materiais, considerou-se razoável
restringir a pesquisa quanto à qualidade da contribuição de forma a incluir somente artigos
científicos revisados e publicados na língua inglesa. No total, foram encontrados 6.631 documentos,
e 3.983 dos artigos eram duplicatas, sendo, desta forma, removidos.
Os títulos e resumos foram lidos utilizando critérios explícitos de inclusão e exclusão para
selecionar documentos relevantes. Especificamente, o documento deveria apresentar algum
panorama quanto à relação entre práticas de sustentabilidade ambiental e social em um contexto
empresarial, e/ou pontos facilitadores para a inserção destas. Esta triagem resultou em um total de
69 artigos, que foram codificados e analisados. Para identificar questões relevantes relacionadas às
práticas de sustentabilidade empresarial, analisou-se o conteúdo dos trabalhos selecionados
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Análise descritiva
Fonte:Autoria própria.
Figura 2 – Distribuição dos trabalhos revisados de acordo com a metodologia empregada e as escolas
acadêmicas.
Fonte:Autoria própria.
A maioria dos trabalhos baseou-se em metodologias empíricas (61% dos estudos), como o
desenvolvimento de surveys (questionários) (32 artigos) e estudos de caso (8 artigos) (Ex.:
ORMAZABAL & BARKEMEYER, 2015; PRENDEVILLE & O'CONNOR, 2017). Enquanto isso,
28% foram baseados em revisões da literatura, com 18 artigos de revisão (Ex.: JUDE & DREW,
2017) e 6 artigos utilizaram o método de revisão sistêmica da literatura (Ex.: TARNE &
TRAVERSO, 2017). Os outros 11% eram uma mistura de metodologias (estudo de caso /
questionário) (Ex.: MAIALLE & JABBOUR, 2016).
Quanto às revistas, foram incluídas 39 revistas diversas. Com 19 trabalhos, Journal of
Cleaner Production foi o periódico predominante, seguida pela revista Corporate Social
Responsibility And Environmental Management, com 4 trabalhos. O setor econômico que teve
maior ênfase foi o setor de tecnologia da informação, refletindo o aumento dos interesses no
desenvolvimento tecnológico nas últimas décadas. Além disso, o setor diversificado foi construído
por múltiplos setores diferentes (por exemplo, alimentos, energia, metalurgia, farmacêutico e
financeiro).
A dimensão social, de acordo com Clinning & Marnewick (2017) pode ser considerada
como a mais negligenciada pelas empresas. Ainda assim, os autores apontam que as práticas sociais
sobressalentes estão dentro das questões de segurança do trabalho e legislações de diversos países
abrangem a mitigação de riscos para funcionários dentro de empresas (CLINNING &
MARNEWICK, 2017) sob uma perspectiva de compliance. Clinning & Marnewick (2017)
Foram localizadas 24 práticas ambientais. Em sua maioria, discutem ações a serem tomadas
para a redução de emissões ou poluição numa forma geral, geradas pelas atividades das
organizações. A redução da emissão de gases de efeito estufa é amplamente discutida, e considerada
como uma grande influência no desenvolvimento sustentável.
Taghavi & Chinnam (2014) discutem a necessidade da adoção de medidas para redução de
emissões de gases do efeito estufa como uma exigência da legislação no contexto norte-americano.
Babin & Nicholson (2011), por sua vez, analisam a relação entre a redução de emissões com a
diminuição do gasto energético nas empresas, tomando ambas as práticas como uma forma de
melhoria do desempenho competitivo destas organizações. Em nível de strategy, Dragomir (2012)
menciona a ISO 14064, ao discutir a emissão de gases de efeito estufa por parte de indústrias, sendo
esta uma norma internacional que expõe as emissões, voluntariamente verificadas, de gases de
efeito estufa por parte de organizações. Desta forma, percebe-se que a redução de emissão de gases
de efeito estufa contempla as abordagens compliance, performance e strategy, sendo então uma
prática de influência em todos os níveis de maturidade.
Outra prática bastante reportada na literatura consiste na implantação de sistema de gestão
ambiental estruturado pela norma ISO 14001. JABBOUR (2015) considerada a ISO 14001 como
uma grande influência na evolução de organizações em níveis de maturidade em gestão ambiental.
Segundo Ferreira et al. (2017) o contexto da certificação se estende também para a cadeia de
suprimentos, onde considera-se a adoção da certificação ISO 14001 para os fornecedores como uma
Curiosamente, ao consultar relatórios de emissões feitos por empresas de petróleo e gás para o
Carbon Disclosure Project (CDP), Dragomir (2012) concluiu que o relatório não é apenas uma
ferramenta valiosa para a avaliação do desempenho da sustentabilidade ambiental, mas também
ajuda as empresas na padronização de estratégias quando aderem diretrizes internacionalmente
reconhecidas. A reprodução desses relatórios ao público externo pode, ainda, ressaltar a seriedade
das atividades desempenhadas pela organização, reforçando uma imagem verde e fortalecendo laços
com stakeholders (CASTRO, SALVADÓ & NAVAS-LOPEZ, 2016).
Fonte:Autoria própria.
Molla et al. (2011) aponta a importância da gerência do orçamento por parte da governança
para a aplicação de estratégias sustentáveis. A cultura e os valores organizacionais também podem
ser considerados fatores de grande influência na adoção da sustentabilidade (POULIKIDOU et al.,
2015). Marques-Mendes & Santos (2015) reforçam essa ideia para a criação da responsabilidade
social corporativa, visto que os valores sociais atribuídos à uma organização advém diretamente das
crenças por ela expressadas. Por outro lado, Maialle et al. (2016) atrela estes fatores aos valores
ambientais, expressos, também, nos relatórios apresentados ao público externo. Assim, a relação
com stakeholders é trazida como grande influência para a sustentabilidade empresarial; caso
engajados nos interesses da empresa, podem vir a contribuir com atividades de cunho social e
ambiental (GLUCH et al., 2014; YATES, 2014; JABBOUR, 2015; FERREIRA et al., 2017). Ideia é
reforçada por Castro & Salvadó (2016), que denotam a importância da comunicação com os
funcionários, e Poulikidou et al. (2014) que chama atenção para os requisitos dos clientes.
Ao estudar níveis de maturidade da gestão de energia, Introna et al. (2014) traz fatores
facilitadores para a implantação de práticas ambientais, ao apontar tanto o alinhamento estratégico
quanto os conhecimentos técnicos e organizacionais, como o volume da produção ou condições
climáticas como essenciais para a aplicação de práticas. Os autores esclarecem ao mencionar a
importância do conhecimento, por parte da gestão, de detectar, prevenir e resolver possíveis falhas
em processos durante a execução das práticas ambientais. Esse raciocínio é complementado por
Ormazabal et al. (2013), quando apresenta a difusão da consciência ambiental entre os diversos
setores organizacionais como uma parte crucial da inovação de processos e produtos.
Outro facilitador descrito dentro de níveis de performance, são metas que seguem um
benchmarking trazido por empresas com sustentabilidade já estabelecidas em seus planos de
negócios, essa fundamentação garante a formulação de estratégias com padrões pré-estabelecidos
por organizações que já obtiveram sucesso na implementação do desenvolvimento sustentável
(MASALSKYTE et al., 2014). Este facilitador é descrito por Masalskyte et al. (2014) como um
facilitador, visto que o benchmarking contribui na identificação das práticas por empresas que
começaram a jornada em busca da sustentabilidade recentemente.
A intercomunicação e cooperação com stakeholders é descrita por Gluch et al. (2014) como
um enabler para a aplicação de práticas sustentáveis. Yates (2014) complementa este raciocínio ao
apontar aspectos como a colaboração para projetos ambientais como design sustentável ou o
estabelecimento de metas sociais através do acesso às opiniões de stakeholders, mantendo uma
linha de comunicação com a empresa e facilitando a implantação dessas práticas.
Jabbour et al. (2015) adiciona a importância do alinhamento do empoderamento com o
treinamento dos funcionários, mas ressalta que durante o treinamento tende a possuir maior
influência no desenvolvimento da performance, visto recebem maior orientação. Os autores
coalescem esse enabler com a adoção de equipes ambientais, ou green teams, que seriam
responsáveis pelos projetos ambientais da empresa.
Moran & Kuns (2016) realçam a relevância de uma aplicação inteligente do capital em
diferentes setores da organização para diferentes projetos, de forma a não permitir a criação futuros
obstáculos financeiros.
Por fim, Jabbour et al. (2014) afirma que o setor público deve prestar atenção especial às
empresas menores, dado que o tamanho da empresa tende a controlar o desempenho verde;
significando que empresas menores podem precisar de treinamento específico e investimentos
ambientais diferenciados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho em questão apresentou uma visualização dos aspectos a serem considerados por
empresas que pretendem localizar-se dentro do espectro do desenvolvimento sustentável, bem como
observações a serem feitas quanto às capacidades e possibilidades para a implantação de práticas
sustentáveis. Este estudo constitui, portanto, uma ferramenta considerada anteriormente como uma
lacuna na literatura relacionada ao tema.
Quanto aos resultados, observou-se uma maior concentração de práticas dentro dos níveis
de strategy nos artigos estudados (por exemplo, BARATA & QUELHAS, 2014; BECHTSIS &
TSOLAKIS ,2016; MIGDADI 2016). Naturalmente, empresas que estão no ápice da busca pelo
desenvolvimento sustentável buscarão uma constante evolução dentro de seus processos produtivos,
através da ampliação de práticas sustentáveis.
Conclui-se que os níveis estratégicos e de desempenho, seguintes ao de conformidade, são
desenvolvidos partindo da percepção corporativa da necessidade da implantação de programas e
processos que tragam a organização para além da esfera econômica da sustentabilidade. Ainda
REFERÊNCIAS
DAUB, C.H. ; SCHERRER, Y.M. ; VERKUIL, A.H. Exploring Reasons for the Resistance to
Sustainable Management within Non-Profit Organizations. Sustainability 2014, 6, 3252-3270;
doi:10.3390/su6063252
EPSTEIN, M. ; BUHOVAC, A.R. Making Sustainability Work: Best Practices in Managing and
Measuring. Green leaf publishing, 2a Ed. San Francisco, California, 2014.
MACHADO, C.G. et al. Framing maturity based on sustainable operations management principles.
International Journal Of Production Economics, 2017.
MARQUES-MENDES, A.; SANTOS, M.J. Strategic CSR: An integrative model for analysis.
Social Responsibility Journal, 2015.
MAXWELL, J.A. Qualitative research design. 3a Ed.Applied Social research method series. 2013.
MELLO, M.F. ; MELLO, A.Z. ARTICLES An analysis of the practices of social responsibility and
sustainability as strategies for industrial companies in the furniture sector: a case study.
Gestão & Produção . vol.25 no.1 São Carlos Jan./Mar. 2018 Epub Oct 30, 2017
MILES, M.B. & HUBERMAN, A.M. Qualitative data analysis: an expanded sourcebook - Sage,
2nd. Ed. Londres, 1994.
MOLLET, J.C.; ZIEGLER, A. Socially responsible investing and stock performance: New
empirical evidence for the US and European stock markets. Review of Financial Economics, V.
23, p. 208-206, 2014.
NIDUMOLU, R.; PRAHALAD, C. K.; RANGASWAMI, M. R. Why sustainability is now the key
driver to innovation? Harvard Business Review, 2009.
NG, A.C.; REZAEE, Z. Business sustainability performance and cost of equity capital. Journal of
Corporate Finance, p.128-149 , 2015.
SA, A. et al. Assessing the driving factors for energy management program adoption. - Renewable
And Sustainable Energy Reviews, 2017.
Assessment: Towards a Comprehensive Framework. – Business Strategy & the Environment. 21,
211–222 , 2012
A lista completa dos trabalhos analisados nesta revisão sistemática da literatura pode ser acessada
em:https://sites.google.com/view/praticasdesustentabilidade/t%C3%ADtulo-da-sua-
p%C3%A1gina
RESUMO
A Educação Ambiental vem se colocando cada vez mais presente nos cenários
educativo/político/social/ambiental/econômico, assumindo uma posição crítica e atuante. Ela tem
contribuído para a construção e mudanças de crenças, atitudes e valores em prol de comportamentos
mais ecológicos. Os parques ecológicos são considerados espaços de preservação e conservação
ambiental, porém, são também espaços de lazer, cultura e educação. Aqui no Distrito Federal, o
Cerrado é o Bioma de maior presença nestes espaços e, portanto, um dos principais “instrumentos”
apreciados e utilizados pela Educação Ambiental para a formação de sujeitos ecológicos. Diante
deste contexto, durante o primeiro semestre do ano de 2018, foi realizada a primeira etapa do
projeto “Parque Educador”. Este projeto atendeu a alunos de escolas públicas do Distrito Federal
visando formar valores socioambientais e patrimoniais destes estudantes. Ao final do curso, foi
aplicado um questionário aos monitores, professores e alunos que participaram do projeto,
totalizando 118 pessoas. Após a análise dos dados, chegou-se ao resultado de que, a maioria dos
integrantes participou do curso porque se interessou pelo tema e, 97% destes, indicaria o curso para
seus conhecidos. Dentre as atividades oferecidas, o que mais gostaram foram das trilhas, das
caminhadas e das gincanas e, dos temas trabalhados, tais como o Bioma Cerrado, a história do no
nome “Três Meninas” e do contato com a própria natureza.
Palavras-chave: Educação Ambiental e patrimonial; Comportamentos Ecológicos; Parque
Ecológico.
ABSTRACT
Environmental Education has become increasingly present in the educational, political, social,
environmental and economic scenarios, assuming a critical and active position. It has contributed to
the building and shifting of beliefs, attitudes and values towards more ecological behavior. The
ecological parks are considered areas of environmental preservation and conservation; however,
they are also spaces of leisure, culture and education. Here in the Federal District, the Cerrado is the
Biome with the greatest presence in these spaces and, therefore, one of the main "instruments"
appreciated and used by Environmental Education for the formation of ecological subjects. In this
context, during the first half of 2018, the first stage of the "Paque Educador" project was held. This
project attended students of public schools in the Federal District, aiming to form socio-
environmental and heritage values of these students. At the end of the course was applied a
questionnaire to the monitors, teachers and students who participated in the project, totaling 118
people. After analyzing the data, the result was that most of the participants applied in the course
because they were interested in the subject and 97% of them would indicate the course to their
acquaintances. Among the activities offered, the most liked were the trails, the hiking and the
gymkhana, and the themes worked, such as the Biome Cerrado, the story of the name "Três
Meninas" and the contact with nature itself.
Keywords: Environmental and patrimonial education; Ecological Behaviors; Echologic Park.
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Ambiente de pesquisa
Sujeitos de pesquisa
Alunos selecionados das escolas públicas atendidas pelo projeto no parque Três
Meninas;
Monitores e professores das escolas que acompanham os alunos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os questionários foram aplicados aos sujeitos da pesquisa participantes do projeto das três
escolas atendidas neste semestre. Deste total, 118 eram alunos, 3 professores e 5 monitores. Do
total de respondentes, 57,1% eram do sexo feminino e 42,9% do sexo masculino. A idade dos
participantes variou entre 7 anos e 51 anos, sendo que, apenas entre os alunos, a idade variou entre
7 anos e 16 anos. A maior parte dos alunos tinha entre 11 e 14 anos.
Nas tabelas abaixo, “N” significa o número de ocorrências para cada variável.
Na tabela 1 podemos observar o número de respondentes por escola.
Tabela 1: Número de participantes por escola. Elaboração: Marina Rodrigues e Luzia Barbosa.
ESCOLA N %
CEF Boa Esperança 45 35,7
CEF 404 43 34,1
CEF 412 38 30,2
TOTAL 126 100
Fonte: pesquisa de campo, 2018.
Tabela 2: Motivo por terem participado do projeto. Elaboração: Marina Rodrigues e Luzia Barbosa.
RESPOSTAS N %
Interesse pelo tema 103 81,7
Obrigado pela família 3 2,3
Obrigado pela Escola 13 10,3
Outros 21 16,6
Fonte: pesquisa de campo, 2018.
Tabela 3: Indicaria o projeto a algum conhecido. Elaboração: Marina Rodrigues e Luzia Barbosa.
RESPOSTA N %
Sim 123 97,6
Não 1 0,8
Omissos 2 1,6
TOTAL 126 100
Fonte: pesquisa de campo, 2018.
Quadro 1: Categoria 1 – Opinião pessoal sobre o que os participantes mais gostaram no projeto.
N
RESPOSTAS
CLASSES
ATIVIDADES
Das caminhadas e das pinturas.
Das gincanas e trilhas.
Conhecer o córrego Taguatinga e
onde as 3 meninas moravam. 86
Quando entramos no casarão.
Caminhadas ecológicas.
Cajá-caju.
Das gincanas, passeios nas nascentes
e águas pluviais.
CONTEÚDO
Tipos de solo, cerrado e tipos de
plantas.
Dos assuntos abordados.
Conhecer o cerrado e a história das
três meninas.
Aprender coisas sobre o cerrado: 22
plantas, animais, frutas, etc.
Eu gostei de saber mais coisas do
cerrado, da natureza e como se fazia
papel reciclado, conhecer outras
plantas que não conhecia.
ENSINO/APRENDIZAGEM
Gostei porque aprendi coisas que eu
não sabia. 14
Gostei de conhecer sobre os animais.
Descobri novas plantas, novos seres
vivos e animais.
Modo de ensinar.
PARQUE
De ter conhecido o parque.
Da paisagem do parque.
Do parque Três Meninas. 11
ALUNOS
Interação dos alunos nas atividades. 2
Elaboração: Marina Rodrigues e Luzia Barbosa. Fonte: pesquisa de campo, 2018.
RESPOSTAS N
CLASSES
ATIVIDADES
Mais trilhas.
Trilhas mais longas. Ter um pouco de
aula livre.
Poderia jogar bola, vôlei e fazer 49
outros esportes.
Mais gincanas.
Mais atividades para ajudar o parque.
Mais palestras e mais trilhas.
Ter menos palestras.
PERMANECER COMO ESTÁ
Na minha opinião, nada poderia ser
melhorado.
Tudo perfeito, nada pra melhorar. 40
Nada, porque foi ótimo.
Nada. Quem não gostou foi porque
não entendeu ou não prestou atenção.
HORÁRIO/DURAÇAO DO PROJETO
Disponibilizar mais de um dia para os
alunos da vila olímpica.
Aumentar o tempo de aula para
aprendermos melhor. 15
Ter um dia inteiro no parque.
A duração do projeto deveria ser o
ano inteiro.
PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS
Algumas pessoas que entram aqui 9
acabam atrapalhando
Possibilidade para outros alunos da
escola.
Desempenho dos alunos.
Interesse dos alunos.
RECURSOS E ESPAÇOS FÍSICOS
Mais disponibilidade de bebedores.
Ventilador. 7
Repelente.
A cachoeira que vimos e a trilha
poderiam ser mais limpas.
PROFESSORAS
Mais compreensão das professoras.
Nota 100 para o parque e para as
professoras. 6
PARQUES
Conhecer outros parques.
Abrir as portas para as pessoas
conhecerem o parque. 3
O processo ensino-aprendizagem na escola não pode mais ser restrito apenas ao ambiente da
sala de aula, com os mesmos planejamentos reproduzidos há anos e os mesmos recursos materiais,
muitas vezes reduzidos ao quadro, pincel e folhas xerocopiadas. Esse processo, muito pelo
contrário, tem se expandido cada vez mais para outros ambientes, antes não considerados como
“educativos” e hoje abertos para novas experiências. Parques Ecológicos, por exemplo, podem ser
excelentes ambientes de aprendizagem.
Esse processo de “pensar” e “repensar” as práticas tradicionais de ensino/aprendizagem não
é uma tarefa fácil; exige esforço e dedicação de todos aqueles que estão envolvidos com a
educação. A práxis pedagógica é fundamental para que a educação seja cada vez mais democrática
e qualificada. Para tanto, os educadores devem concordar que só se educa democraticamente
quando se busca atender à demanda dos aprendentes; aprendendo também com estes, visto que “[...]
não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os
conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro.” (Freire, 1996, p.12). Valorizar os
conhecimentos dos educandos e a educação/cultura familiar é respeitar o outro como também
detentor de saber.
A prática constante da reflexão sobre as ações realizadas deve ser algo permanente na rotina
de qualquer educador. Refletir sobre suas próprias práticas confere sua abertura à autocrítica, às
novas ideias, ao respeito e à valorização do outro e do meio onde está inserido, às mudanças do
mundo, enfim, reflete sua vontade de não se estagnar no tempo e contribuir para uma educação de
maior qualidade, além de mais envolvente e proativa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme se pode observar por meio dos dados coletados e analisados, os resultados obtidos
neste primeiro semestre do projeto “Parque Educador” foram bastante positivos. Os participantes
expuseram opiniões positivas relativas ao parque de modo geral, às atividades realizadas, aos temas
desenvolvidos, aos seus próprios processos de aprendizagens e às educadoras ambientais.
Outras questões ainda poderão ser aprimoradas tais como: algumas das atividades
desenvolvidas, a segurança, a limpeza do parque, a alimentação e a relação professor/aluno.
Espera-se que os conhecimentos adquiridos pelos alunos no projeto possam mudar suas
vidas de maneira positiva, fazendo com que os mesmos repensem seus valores, modificando seus
comportamentos em prol da melhoria da sua qualidade de vida e de outros. Espera-se também, que
os resultados adquiridos ao final do projeto gerem “bons frutos” e que os participantes deste
primeiro semestre possam usufruir da melhor forma possível dos conhecimentos a que foram
expostos e que, assim, agora enquanto novos “Educadores Ambientais”, possam ser também
agentes transformadores em seus espaços de convivência e atuação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
O presente texto intitulado “educação ambiental no bosque da ciência: uma possibilidade na cidade
de Manaus-AM”, busca apresentar esse lugar como um ambiente propício para se ensinar princípios
ambientais, como por exemplo os da proteção, preservação, conservação, recuperação, degradação, e o da
responsabilidade com o meio, uma vez que estudo apontam que os espaços educativos fora dos
portões da escola também possuem alto potencial educativo (ROCHA e FACHÍN TERÁN, 2013).
O bosque da ciência é uma área de aproximadamente 13 (treze) hectares, localizado no perímetro
urbano da cidade de Manaus/AM, na zona central – leste. Pesquisas como as de Rocha e Fachín
Terán, (2013) pontuam que as escolas já não são mais o único local onde se pode ensinar, de modo
que os espaços não formais (bosque da ciência) se configuram como alternativas pedagógicas
salutares e de altas contribuições no processo de ensino. Para enriquecer nossas ideias, fomos beber
além dos autores supracitados, como ainda em Oliveira, Oliveira e Fachín Terán (2013), Queiroz et
al (2013). Essa pesquisa é de cunho qualitativo reforçando a ideia de dinamicidade do homem em
Leite (2008). Nossos dados surgem a partir de observações diretas no local, como também por meio
de registros fotográficos, tais como placas informativas, tanque dos Peixe-boi (Trichechus
inunguis), galhos com fungos e cogumelos, e até mesmo uma varal feito com folhas secas com
frases de cunho ambiental e de preservação, feito por alunos em excursão ou em aulas práticas pelo
bosque, nos quais buscamos mostrar uma pequena parte interna do Bosque. A pesquisa fica a
disposição para contribuir com futuros trabalhos com relação a prática da educação ambiental.
Palavras-Chave: Educação Ambiental. Bosque da Ciência. Espaços Não-Formais.
ABSTRACT
The present text entitled "environmental education in the forest of science: a possibility in the city
of Manaus-AM", seeks to present this place as a propitious environment to teach environmental
principles, such as protection, preservation, conservation, degradation , and that of the responsibility
with the environment, since study shows that educational spaces outside the school gates also have
high educational potential (ROCHA and FACHI-TERÁN, 2013). The forest of science is an area of
approximately 13 (thirteen) hectares, located in the urban perimeter of the city of Manaus / AM, in
the central - east zone. Researches such as Rocha and Fachi Terán (2013) point out that schools are
no longer the only place where they can be taught, so that non-formal spaces (forest of science) are
configured as salutary pedagogical alternatives and high contributions in the teaching process. In
order to enrich our ideas, we have been drinking besides the authors mentioned above, as in
Oliveira, Oliveira and Fachin Terán (2013), Queiroz et al (2013). This research has a qualitative
character reinforcing the idea of man's dynamicity in Leite (2008). Our data come from direct
observations on the spot, as well as through photographic records such as information boards,
Manatees tank (Trichechus inunguis), fungi and mushroom branches, and even a clothesline made
of dried leaves with environmental phrases and preservation, made by students on excursion or
practical classes in the forest, in which we seek to show a small internal part of the Forest. The
research is available to contribute with future work regarding the practice of environmental
education.
Keywords: Environmental Education. Forest of Science. Non-formal spaces
INTRODUÇÃO
PERCURSO METODOLÓGICO
p. 100) diz que “a pesquisa qualitativa possui o poder de analisar os fenômenos considerando o
contexto [...] o método qualitativo valoriza os valores culturais e a capacidade de reflexão do
indivíduo”. Debruçamo-nos sobre este tipo de pesquisa, pois acreditamos que através dela nossas
analises seriam melhor concebidas, de modo que ela nos permitir perceber o contexto pesquisado,
aqui o Bosque da Ciência.
Os dados foram coletados por meio de observações diretas in lócus e registros fotográficos.
No que se refere às observações, Silva (2005) comenta que existem a observação direta intensiva e
a observação direta extensiva. Aqui usamos a observação direta; foi feita várias observações no
espaço visitado, sendo assim, essa estrutura nos permitiu uma maior absorção dos elementos que
sustentaram o trabalho.
Fotografias foram feitas dos lugares que apresentam potencial pedagógico para o ensino na
perspectiva da Educação Ambiental, tais como placas informativas, tanques dos Peixe-boi
(Trichechus inunguis), galhos com fungos e cogumelos, e até mesmo uma varal feito com folhas
secas com frases de cunho ambiental e de preservação, feito por alunos em excursão ou em aulas
práticas pelo bosque. Esses registros fotográficos nos ajudaram analisar melhor o ambiente em
questão, porquanto nelas ficaram registrados coisas que no momento da visita não foram
perceptíveis, visando aumentar a capacidade de percepção e valorização do que está em volta, como
dizem Fachin Terán e Jacaúna (2015).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A imagem acima apresenta o Bosque da Ciência de maneira geral, com suas trilhas, tanques
dos Peixe-boi (Trichechus inunguis), jaulas das ariranhas (Pteronura brasiliensis), a ilha que existe
no centro, seu lago artificial, etc. A Educação Ambiental consiste, segundo os PCN’s em
Nessa perspectiva, acreditamos que o Bosque da Ciência apresenta elementos que possam
contribuir com a necessidade de ensinar e esclarecer essa relação que temos com o meio e a
interrelação que todo ser sente um pelo outro.
O Bosque da Ciência com espaço não formal institucionalizado, como propõe Maciel e
Fachín Terán (2014); Rocha e Fachín Terán (2014) se transforma em uma possibilidade de
ambiente educativo, no qual diversos temas podem ser trabalhados, dependendo do planejamento do
professor, com os alunos, de modo a conscientizar à uma sensibilidade ambiental.
Apresentaremos a seguir imagens fotografadas dentro das propriedades do Bosque da
Ciência, como por exemplo placas informativas, sementes e galhos com fungos e cogumelo, um
varal com folhas secas com frases ambiental.
A placas informativas se configuram como um recurso para se realizar uma atividade
educativa na Educação Ambiental nesse lugar. Nelas contém algumas informações sobre o que os
animais comem, o nome cientifico, lugar de maior predominância, família, etc., isso são recursos
que podem ser aproveitados. Nas placas abaixo pode-se observar informações sobre os animais, a
cutia (Dasyprocta) e a ariranhas (Pteronura brasiliensis).
Percebemos que as placas são de cunho informativo, onde dizem que devesse respeitar os
animais, não fazer barulho e não os alimentar. Diante disso, o conceito, de como por exemplo os da
proteção, podem ser trabalhados como diz Brasil (1997)
ato de proteger. É a dedicação pessoal àquele ou àquilo que dela precisa; é a defesa daquele
ou daquilo que é ameaçado. O termo “proteção” tem sido utilizado por vários especialistas
para englobar os demais: preservação, conservação, recuperação (BRASIL, 1997, p. 28)
Falar sobre Educação Ambiental, também sugere que falemos sobre o aprender a ler e
escrever o mundo com o olhar reflexivo, como já apontava Paulo Freire (FREIRE, 2011), termos
que Lorenzzeti e Delizoicov (2001, p. 04) definem como “capacidade do indivíduo ler,
compreender e expressar opinião sobre assuntos que envolvam a Ciência, parte do pressuposto de
que o indivíduo já tenha interagido com a educação formal, desta forma, o código escrito”. Tal
como Freire também diz que é o indivíduo alfabetizado consegue ver o mundo com um olhar mais
apurado, isto é, com mais criticidade e reflexão (FREIRE, 2011).
Os PCN’s ainda nos dizem que devemos possibilitar uma educação com o meio, com a
comunidade onde esse aluno estar, o que também nos leva a crê na aplicabilidade da Educação
Ambiental no bosque, (BRASIL, 1997)
Os ambientes do Bosque da Ciência que oferecem condições para trabalhar temas
relacionados com a Educação Ambiental são diversos, a exemplo é o tanque dos peixe-boi
(Trichechus inunguis), onde o tema da preservação dos animais, hidrografia, e até mesmo a cadeia
alimentar podem ser detalhadas com os alunos, de modo a leva-los a uma reflexão sobre os temas
mencionados.
Imagens 3: Placa e tanque sobre o projeto peixe-boi no Espaço do Bosque da Ciência- INPA
Krasilchik e Marandino (2007), nessa perspectiva comentam que hoje não podemos viver
em uma sociedade onde os conceitos científicos não sejam disseminados à população. De fato,
notamos a relevância da ciência no cotidiano quando pensamos em remédios, vacinas, avanços
tecnológicos para a sociedade, então se reflete o porquê se deve trabalhar desde a mais tenra idade
a alfabetização cientifica, com a Educação Ambiental, uma vez que ela proporciona uma melhor
visão de mundo aos seus alfabetizados (LORENZZETI e DELIZOICOV, 2001).
O Bosque da Ciência com espaço não formal institucionalizado como levanta Queiroz et al
(2013), oferece uma infraestrutura e com possibilidade para quem o visita e deseja realizar práticas
educativas, uma vez que possui uma pequena porção de mata, animais em habitat livre como
macacos e cutias, que podem servir como recursos para prática de ensino nesse lugar.
A escola a muito deixou de ser “o único lugar de legitimação do saber”, pontuam Silva e
Fachín Terán (2013, p. 53), de modo que hoje já não consegue sozinha suportar toda a bagagem de
informações que a todo instante são produzidas. Nesse contexto, surgem os espaços não formais,
como o Bosque da Ciência, com a intenção de ajudar no processo de ensino.
O lago Amazônico, figura acima, é uma das mais magníficas criações desse lugar, de modo
que é artificial, uma réplica de um lago original, onde habitam inúmeros tracajás, tartarugas,
matas-matas e iças e peixes da Amazônia como o tambaqui, tucunaré, pirarucu, imitando a um
lago original (MACIEL e FACHÍN TERÁN, 2015).
Imagem 05: Varal com folhas secas encontrado Espaço do Bosque da Ciência- INPA
Imagem 06: Frase escrita em uma folha no varal com folhas secas encontrado Espaço do Bosque da Ciência-
INPA.
Identificar elementos que viabilizem o ensino é algo que Brasil (1997) diz ser
imprescindível. Nas imagens acima, percebemos um varal com folhas secas e frases de cunho
ambiental e de afeto pela natureza. É salutar trabalhar essa sensibilidade nos alunos e com os
alunos, pois princípios de preservação, proteção, responsabilidade com o meio, de interdependência
podem surgir durante as aulas e com o tempo serem amadurecidos.
Ainda nessa perspectiva os espaços não formais (como o Bosque da Ciência) se tornam
lugares estratégico à educação. Jacobucci (2008) menciona que esses espaços não formais de
Educação é uma abordagem em ambientes fora do contexto da escola, uma vez que, espaço não
formal é todo aquele espaço onde pode ocorrer uma prática educativa. Queiroz et al (2013);
Maciel e Fachín Terán (2014); Rocha e Fachín Terán (2014) comungam com essa ideia da
existência e potencialidade de ensino nesses espaços.
Por fim, buscamos mostrar as possibilidades e aplicabilidade da Educação Ambiental no
contexto do Bosque da Ciência- INPA, com relação aos princípios de proteção, preservação,
conservação, recuperação, degradação, e o da responsabilidade com o meio, uma vez que estudo
apontam que os espaços educativos fora dos portões da escola também possuem alto potencial
educativo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
nossos alunos. Dessa maneira, os espaços acima descritos podem contribuir eficaz e efetivamente
para a Educação Ambiental, de modo que possui um potencial pedagógico como ambiente para a
aprendizagem para o Ensino de Ciências, ofereçam condições para trabalhar temas relacionados
com o Ensino de Ciências e infraestrutura e os recursos para prática de ensino, que oferece um
espaço não formal institucionalizado.
REFERÊNCIAS
MACIEL, H, M. FACHIN TERAN, A. O potencial pedagógico dos espaços não formais da cidade
de Manaus. Curitiba, PR: CRV, 2014.
QUEIROZ, R. M. A caracterização dos espaços não formais de educação cientifica para o ensino de
ciências IN: FACHÍN TERÁN, A. SANTOS, S. C. S. (org). Novas perspectivas de ensino de
ciências em espaços não formais amazônicos. Manaus/AM: UEA Edições, 2013.
SILVA, C. C. FACHIN-TERÁN, A. A utilização dos espaços não formais como contribuição para a
educação cientifica: uma prática pedagógica (que se faz) necessária. IN: FACHÍN TERÁN, A.
SANTOS, S. C. S. (org). Novas perspectivas de ensino de ciências em espaços não formais
amazônicos. Manaus/AM: UEA Edições, 2013.
RESUMO
Espaços de experimentação para novas práticas docente são de suma importância para um sistema
educacional que busque alternativas ao velho modelo tradicional, visto que este há muito não
corresponde às necessidades da sociedade atual muito menos as características do estudante do
século vinte e um. Trabalhar os conhecimentos por meio do desenvolvimento de projetos tem
demonstrado bastante potencial visto que este aproxima o estudante e professor da produção real do
conhecimento, desenvolvendo predicados de grande valor como iniciativa, protagonismo e
autonomia. O programa Práticas Profissionais Integradas (PPI) ofertado pelo campus São Vicente
do Sul do Instituto Federal Farroupilha propicia um espaço de integração das disciplinas em torno
de projetos desenvolvidos pelas diferentes turmas dos cursos. Não diferente, a utilização da mesma
prática nas disciplinas apresenta grande potencial, ainda mais em cadeiras experimentais como a
Química que tem em sua gênese a curiosidade e a experimentação em linha com o desenvolvimento
de um projeto. Neste sentido, o presente trabalho relata o desenvolvimento de projetos como forma
de construção de conhecimentos e integração de conteúdos de uma turma do curso integrado em
Agropecuária.
Palavras-chave: Trabalho por Projetos; Ensino de Química; Práticas Pedagógicas.
ABSTRACT
Experimental spaces for new teaching practices are of paramount importance for an educational
system that seeks alternatives to the old traditional model, since this has long not matched the needs
of present society much less the characteristics of the student of the twenty-first century. Working
knowledge through project development has shown considerable potential since it brings the student
and teacher closer to the real production of knowledge, developing predicates of great value such as
initiative, protagonism and autonomy. The Integrated Professional Practices (PPI) program offered
by the São Vicente do Sul campus of the Instituto Federal Farroupilha provides a space for
integrating the disciplines around projects developed by the different classes of the courses. Not
unlike this, the use of the same practice in the disciplines presents great potential, even more in
experimental chairs such as Chemistry that has in its genesis curiosity and experimentation in line
with the development of a project. In this sense, the present work reports the development of
projects as a way of building knowledge and integrating the contents of a course group integrated in
Agriculture.
Keywords: Work by Projects; Chemistry teaching; Pedagogical practices.
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Com o início do ano letivo de 2017 foi apresentada aos estudantes a proposta de utilizar a
postura pedagógica conhecida como Trabalho por Projetos para a construção de alguns
conhecimentos em Química Orgânica, paralelamente foram realizados seminários com o objetivo de
formatar o tema das Práticas Profissionais Integradas.
Até o momento sempre que foi proposta tal postura pedagógica notou-se grande entusiasmo
dos alunos, pois trabalhar de maneira não tão tradicional parece lhes agradar, ainda mais quando o
objeto de estudo é de seu interesse.
Sendo aceita a proposta de trabalho foram organizados 5 grupos com 5 membros, no qual
cada grupo poderia escolher um tema ligado a ementa da disciplina para pesquisar durante o
primeiro semestre, sendo reservados períodos das aulas para discussões sobre a elaboração dos
projetos bem como dos resultados parciais obtidos. É interessante destacar que a maior parte do
tempo utilizado para o desenvolvimento dos projetos foi em horários alternativos às aulas, contando
com as características da instituição por ofertar período em tempo integral e internato (moradia
estudantil).
Após a finalização dos trabalhos a turma realizou a apresentação dos seus resultados e
colocou-se em discussão a utilização dos projetos desenvolvidos como base para o programa
institucional chamado Práticas Profissionais Integradas (PPI), este com o objetivo de viabilizar um
espaço de integração das disciplinas e conteúdos trabalhados sob orientação dos professores.
A PPI do referido ano teve como temática a sustentabilidade no campus, e desta forma os
estudantes decidiram utilizar dois projetos desenvolvidos como ponto de partida para participação
no programa. Foram convidados três professores das disciplinas de Química, Alimentos e
Agricultura e construída a proposta para dar destino aos resíduos do refeitório do campus
utilizando-os como fonte de carboidrato para produção de álcool etílico, de proteínas para a
produção de ração canina e fibras vegetais para produção de adubo orgânico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Cabe ressaltar a importância do uso das redes sociais na organização das atividades bem
como para ampliar o tempo de envolvimento com os projetos, possibilitando a diminuição das
distâncias, Figura 2, visto que na maioria das vezes, os estudantes residem em cidades diferentes e
distantes, bem como os professores possuem outras atividades.
melhor aproveitamento dos resíduos, foi acrescentada a produção de ração canina utilizando como
base os resíduos de proteínas, como mostra a Figura 3. Para tanto o grupo contou com três
professores para orientação das áreas de Química, Alimentos e Agricultura.
Com a finalização da parte experimental então foi realizada a apresentação dos projetos
desenvolvidos para a comunidade local em um dia de campo, Figura 4, sendo que o evento contou
com a visita de mais de 30 escolas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
que apesar de terem formação teórica para temas importantes como interdisciplinaridade, educação
ambiental, uso das TIC’s e metodologias participativas necessitavam de atividades praticas capaz de
servir de exemplo para fugir do modelo tradicional.
Não menos importante, as propostas construídas pelos estudantes como soluções
sustentáveis foram de boa profundidade científica e realmente poderiam ser implementadas estando
alinhadas com as boas práticas ambientais sustentáveis.
E por fim, a satisfação como docente de trabalhar de maneira diferente com um dia a dia
mais desafiador, com novas descobertas, torna-se parte importante para algo tão necessário no
trabalho docente que é o estimulo diário de trabalhar com um estudante entusiasmado com vontade
de aprender.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
Os espaços não formais de aprendizagem, sejam institucionalizados ou não, podem ampliar as
possibilidades de aprendizagem, pois despertam novas sensações e emoções, diferentes da sala de
aula tradicional, que motivam o interesse pelo conhecimento, proporcionando ganho cognitivo. A
partir da interação do pós-graduando com representantes da sociedade comprometidos com as
questões ambientais, foi criada uma “Sala de Aula Verde” no pátio da Estação de tratamento de
água e esgoto (Saneago) do município de Jaraguá - Goiás. Estruturada ao ar livre, com bancos de
madeira, à sombra de uma grande árvore, em meio a um bosque e com um espaço para produção de
mudas, ela tem por objetivo proporcionar um ambiente não formal de aprendizagem voltado para
Educação Ambiental. Em funcionamento desde abril/2016, a sala tem atendido às escolas do
município. A partir do agendamento para visitação, membros do grupo de profissionais parceiros
palestram sobre preservação ambiental, juntamente com os respectivos professores. Além da
abordagem oral, geralmente as visitas envolvem os estudantes na produção de mudas, incluindo
desde o preparo da terra, explicações sobre a coleta e preparo das sementes, plantio, até a produção
e doação para a comunidade em geral. A relevância e benefícios educacionais desse ambiente não
formal de aprendizagem podem ser verificadas por meio das solicitações, cada vez mais frequentes,
de agendamentos das escolas para a utilização do espaço, das postagens das aulas pelos professores
participantes nas mídias e pela própria repercussão local.
Palavras-chave: Educação; Sustentabilidade; Aula campo.
ABSTRACT
The non-formal learning spaces are institutionalized or not, they can increase the possibilities of
learning, as they awaken new sensations and emotions different from the traditional classroom, that
motivate the learning, providing cognitive gain. From the interaction of a group of professionals
committed to environmental issues, a "green classroom" was created in the courtyard of the
Saneago water and sewage treatment plant in the municipality of Jaraguá. Structured in the open,
with wooden benches, in the shade of a large tree, in the middle of a forest and with a space for
seedlings production, it aims to provide a non formal learning environment focused on
Environmental Education. In operation since April / 2016, the room has served the municipal
schools. From the scheduling to visitation, members of the group of professional partners lecture on
environmental preservation together with their respective teachers. In addition to the oral approach,
the visits usually involve students in the production of seedlings, including from the preparation of
125
Professor do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Jaraguá, Goiás. Mestrando do Programa de Pós-
Graduação Mestrado Profissional em Ensino de Ciências (PPEC), UEG, Campus Anápolis de Ciências Exatas e
Tecnológicas (CCET).
the soil, explanations about seed collection and preparation, planting, to production and donation to
the community at large. The relevance and educational benefits of this non-formal learning
environment can be verified through the increasingly frequent requests of school schedules for the
use of space, classroom postings by teachers participating in the media and the local repercussion
itself.
Keywords: Education; Sustainability; Classroom course.
INTRODUÇÃO
A educação é uma grande aliada na direção de contribuir para um mundo melhor, de mais
qualidade de vida e respeito ao meio ambiente, seja ela formal, não formal ou informal. Os espaços
não formais de aprendizagem podem proporcionar ricos ganhos no processo ensino-aprendizagem,
pois, podem despertar sensações, emoções e olhares diferentes dos espaços formais, contexto que
poderá estimular ações pedagógicas inovadoras, integradoras tanto no âmbito do conhecimento
como das relações interpessoais, dentre outros benefícios.
Vieira et al (2005) conceituam a educação formal como a que acontece nos ambientes
formais de educação, a não formal a que acontece em espaços não formais, porém, em
circunstâncias onde há finalidade de ensinar e ampliar aprendizagens e a informal a que ocorre em
ocasiões informais como diálogo entre pessoas, entre outros. Garcia (2005) defende que existe
alguma relação entre o conceito de educação formal e o de educação não-formal, uma relação
indireta, onde ambos são independentes:
O conceito de educação não-formal, assim como outros que têm com elo ligação direta,
habita um plano de imanência que não é o mesmo que habita o conceito de educação
formal, apesar de poder haver pontes, cruzamentos, entrechoques entre ambos e outros
mais. A educação não-formal tem um território e uma maneira de se organizar e de se
relacionar nesse território que lhe é própria; assim, não é oportuno que sejam utilizados
instrumentais e características do campo da educação formal para pensar, dizer e
compreender a educação não-formal (Garcia, 2005, p.31).
cognitivo acerca da aprendizagem dos teores de ciências, pode ainda contribuir para a formação de
atitudes e valores, que permite colocar em prática os conhecimentos construídos nessas aulas.
Nessa direção, uma sociedade entre a escola e esses ambientes não formais, pode conceber
uma possibilidade para a observação e problematização dos acontecimentos de um jeito menos
abstrato, oportunizando aos alunos edificarem conhecimentos científicos que auxiliem na tomada de
decisões no tempo oportuno. De acordo com Coimbra e Cunha (2007, p. 4) “os valores só podem
ser assumidos com base em referenciais bem definidos, quer sejam de atitudes, quer sejam de
conhecimento”.
Pesquisas dessa natureza vêm corroborar com a opinião de que os ambientes não formais
concebem uma excelente oportunidade para o processo ensino-aprendizagem de ciências dos alunos
em geral, e das crianças, em particular. De acordo com Carvalho (1998), é na infância que se
desenvolvem os alicerces para as aprendizagens mais peculiares de Ciências Naturais.
Sendo assim, os afazeres em sociedade com os ambientes não formais, tornam-se ainda mais
expressivos na educação das crianças, quando entendemos e consideramos os aportes desses
ambientes como recurso para o Ensino de Ciências, ou seja, perceber que estes permitem um
desenvolvimento mais integral e estimulador, com rendimentos na aprendizagem dos teores
curriculares, na formação de atitudes e valores, além de ampliar as relações sociais.
Os ambientes não formais, geralmente possuem um caráter mais lúdico devido às suas
características, e por isso, assumem um papel importante na aprendizagem científica das crianças
(Zimmermann e Mamede, 2005). Todavia, é necessário estar atento que, nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, conhecendo a etapa de desenvolvimento dos alunos desse nível de ensino, compete ao
professor o papel essencial de planejar, organizar, instigar e interceder às situações de
aprendizagem nesses ambientes, ainda que tenham monitores. Pode-se falar que um procedimento
expressivo de aprendizagem envolvendo visitas a ambientes não formais, inicia-se e finaliza na sala
de aula (Lorenzetti e Delizoicov, 2001). Caso o professor não organize a visitação, situando bem os
objetivos e os procedimentos que deverão ser alcançados, ela pode terminar se transformando em
somente um passeio e recreação, deixando escapar uma excelente chance para ensinar ciências
(Delizoicov, Angotti e Pernambuco, 2007).
Nesse sentido é imprescindível que o professor organize as visitas nos espaços não formais,
tendo e deixando claro para os alunos os objetivos que se pretende alcançar. Pois, a associação civil
(ONGs, associações, sindicatos, igrejas...) está se fortalecendo, não apenas como ambiente de
afazeres, mas ao mesmo tempo como ambiente de propagação e de reconstrução de conhecimentos.
Com essa premissa, a partir da interação com diferentes integrantes da sociedade, entre
profissionais de áreas diversas, inclusive professores, preocupados e comprometidos com as
questões ambientais, foi implementada a “Sala de Aula Verde”, visando proporcionar um ambiente
não formal de aprendizagem para Educação Ambiental.
DESENVOLVIMENTO
A Sala de Aula Verde foi idealizada e começou a ser concretizada a partir de uma reunião
envolvendo diferentes integrantes da sociedade, incluindo profissionais de diversas áreas que foram
convidados para discutir acerca das questões ambientais do município de Jaraguá (Figura 1 A). Na
ocasião, foram apresentadas propostas de ações para contribuir com a Educação Ambiental no
município, entre elas a criação de uma Sala de Aula Verde. A ideia foi apreciada, discutida e
aprovada por todos, que se comprometeram em contribuir para viabilizar o projeto.
Em diferentes outros momentos, o grupo se reuniu para discutir o planejamento e tomar as
providências cabíveis (Figura 1 B). Desse modo, o pátio da estação de tratamento de água e esgoto
(Saneago) do município foi eleito como o mais viável para a implementação da proposta. A partir
da autorização da gerência desse órgão, as obras foram iniciadas com a contribuição de voluntários
de diferentes setores da sociedade, tanto em materiais de construção, empréstimo de ferramentas,
quanto em mão-de-obra, colaborativa, parte dela constituída por servidores da própria Saneago. A
sala foi construída ao ar livre, à sombra de uma grande mangueira, em meio a um bosque, portando
bancos de madeira, com capacidade para acomodar aproximadamente 50 pessoas, além de um
espaço para o preparo da terra e produção de mudas (Figura 1 C-F).
A Sala de Aula Verde de Jaraguá, Goiás, foi inaugurada em abril/2016 e, desde então, tem
possibilitado o desenvolvimento de várias atividades relacionadas às questões ambientais, entre
atividades teóricas e práticas. A partir do agendamento das escolas para visitação, membros do
grupo de profissionais parceiros organizam as atividades de acordo com a demanda da escola.
Podendo incluir palestras, rodas de conversas, oficinas, contemplando situações relacionadas com o
respeito à natureza, consumo responsável, extinção de espécies, recursos hídricos e sua relevância à
vida, coleta de sementes, produção de mudas, entre outros. Além da abordagem oral, geralmente as
visitas envolvem os estudantes na produção de mudas, incluindo desde o preparo da terra,
explicações sobre a coleta e preparo das sementes, plantio, até a produção e doação para a
comunidade em geral (Figura 1 G-I).
Tais atividades possibilitam aos visitantes o contato com o conhecimento científico de uma
maneira diferente da sala de aula formal. Além da maior interação entre alunos, professores e
demais envolvidos entre si e deles com a natureza, trazendo expressivos ganhos cognitivos,
emocionais, motivacionais, relações interpessoais, conceitos científicos, valorização da natureza e
novos olhares e ricos encaminhamentos para a Educação Ambiental para a sociedade jaraguense.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNANDES, J. A. B.; Você vê essa adaptação? A aula de campo em ciências entre o retórico e o
empírico, 2007. Tese (doutorado) Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2007.
FERNANDES, D. Relatório da ONU culpa homem por aquecimento global. 2007; Disponível em:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/02/070202_dani. s html acessado em
24/02/2017.
Agroecológica, 2001.
ANEXO
RESUMO
A crescente geração de resíduos sólidos urbanos nas cidades vem provocando diversos problemas
ambientais e sociais, de modo que a efetiva aplicação da Politica Nacional de Resíduos Sólidos só
poderá acontecer quando a responsabilidade for de fato compartilhada por todas as partes geradoras.
Assim com esforços para mudar esse quadro, além de investimento capital, necessita-se de interesse
politico nesse tipo de intervenção. A primeira medida é a Educação Ambiental, que informa e educa
toda uma população que pode se encontrar totalmente desinteressada ou desresponsabilizada pelo
“lixo” que produz. Esse trabalho tem o objetivo de evidenciar ações educativas nas escolas e
apontar alvos para futuras ações nas cidades de Pedras de Fogo/PB e Itambé/PE.
Palavras-chave: Resíduos Sólidos; Sustentabilidade; Educação Ambiental.
ABSTRACT
The growing generation of urban solid waste in the cities has been causing various environmental
and social problems, so that the effective application of the National Solid Waste Policy can only
happen when responsibility is shared by all generating parts. Thus, with efforts to change this
framework, in addition to capital investment, political interest in this type of intervention is needed.
The first action is Environmental Education, which informs and educates an entire population that
may be totally disinterested or unresponsive to the garbage they produce. This work has the
objective of evidencing educational actions in schools and aims for future actions in the cities of
Pedras de Fogo / PB and Itambé / PE.
Keywords: Solid waste; Sustainability; Environmental education.
INTRODUÇÃO
O lixo tem diversas conotações, que varia de acordo com a situação que o homem está
inserido socio e culturalmente, de modo que ele é destacado como aqui que é inservível, aquilo que
não se quer contato ou aquilo que é posto para “fora de casa”. (GOMES E CARVALHO, J. M.,
2008)
Diferente do que está enraizado na cultura do país, “Lixo”, que muitas vezes é um adjetivo
pejorativo, com o advento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei Federal
12305/2010, ganha um nome mais técnico e com potencial de agregar valor econômico,
denominado assim: Resíduos Sólidos Urbanos.
Embora todas essas questões sejam apresentadas, não se pode exigir o não consumo, pois é
insustentável na sociedade, restando assim a construção do bom senso com a implantação de ações
de educação ambiental voltada para a preservação do meio e a redução da geração de resíduos.
(SOTOCORNO, L. M. et al, 2013)
O ato da Educação Ambiental é parte de toda uma responsabilidade que é compartilhada
entre Municípios, Estados, União e cada gerador, seja os domicílios e/ou industrias, assim prevista
na PNRS, que se encontra com grandes dificuldades para sua execução.
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” Essa frase foi incialmente
proposta por Mikhail Lomonosov (1711-1765) e coube a Antoine-Laurent de Lavoisier (1743 –
1794) transformá-la mundialmente conhecida. Assim é na natureza, todas as interações ecológicas
fazem um ciclo, os animais mais acima nas teias alimentares e que morrem sendo decompostos e
remineralizados, fazendo parte de uma reciclagem infinita, uma reintrodução ao ciclo e uma perene
transformação. De forma análoga, deve-se fazer em relação aos Resíduos Sólidos. A reciclagem
além de prover matéria prima e economia de energia, poupa recursos da natureza dando mais tempo
para que sejam recompostos, ainda ajuda a reduzir a velocidade de preenchimento dos aterros,
criam vários postos de trabalho na limpeza urbana, seleção e triagem de resíduos.
A coleta seletiva junto com a Educação ambiental é o começo do melhor acondicionamento
dos RSU, onde dispõe da segregação do resíduo na origem e coleta dos materiais já selecionados.
Reintroduzindo-os na cadeia produtiva, além de ser fonte de renda a associações e cooperativas de
catadores de materiais recicláveis.
Esse trabalho tem o objetivo de mostrar pequenas ações que fundamentam e servem como
vetor para a multiplicação da consciência socioambiental, além evidenciar ações educativas nas
escolas e apontar alvos para futuras ações nas cidades de Pedras de Fogo/PB e Itambé/PE.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Em primeiro momento, para que fossem desenvolvidas as ações educativas, foram feitas
reuniões para tratar as problemáticas dos municípios acerca da disposição de resíduos sólidos
urbanos nas cidades de Itambé-PE e Pedras de Fogo-PB, percebeu-se que a Escola de Referência
em Ensino Médio Frei Orlando (EREMFO) poderia atuar como vetor para a propagação da
consciência de sustentabilidade, com um forte exercício de projetos e eventos, a escola poderia
auxiliar na melhora da qualidade socioambiental das duas cidades, a reunião contou com um dos
docentes da Escola, Professor Manoel Santana, que articulou junto a escola e orientou todos os
trabalhos desenvolvidos.
As palestras foram ministradas para todos os alunos, no Pátio da escola, com auxílio de
projetores e caixas de som. O método que se utilizou foi o de participação, com perguntas e
comentários livres durante as apresentações. Assim realizou-se o fornecimento de informações
técnicas da situação atual dos municípios quanto aos resíduos sólidos, ainda a sensibilização e
fomento do sentimento de “Pertencimento” e o incentivo para a tomada de decisões por parte deles.
O corpo docente, responsáveis pelo ensino, também foi sensibilizado e familiarizado com as
questões ambientais.
Com o objetivo de avaliar o nível de conhecimento da população acerca dos resíduos sólidos
e meio ambiente também foi realizada, durante um evento da escola, o X Viver Ciência, uma
pesquisa com os visitantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Instigou-se em geral o interesse pelo manejo de resíduos sólidos, ao passo que os alunos
foram incentivados a propor soluções para mitigar os danos ambientais já existentes nas cidades,
como também com ações para melhorar a qualidade socioambiental no futuro.
De forma concreta, foi proposto pelos alunos vários projetos de intervenção socioambiental,
como a separação do lixo e educação ambiental propagada para outras escolas, feira de ciências
com estandes especializados com o tema, coleta de óleo de cocção e auxilio com tecnologias
(aplicativo de celular) para facilitar o trabalho dos catadores de materiais recicláveis.
Conhecimento popular acerca dos Resíduos sólidos Urbanos
Como mostra a figura 3, a maioria dos entrevistados disseram saber qual era o destino dos
resíduos sólidos em sua cidade, onde os que sabiam responderam majoritariamente lixão, que
infelizmente é uma realidade de ambos os municípios estudados e país como um todo.
Figura 3 – Gráfico dos que disseram saber sobre a disposição final dos seus resíduos domiciliares.
Ainda como mostra a figura 5, pode-se aferir que mais da metade não sabe quanto lixo
produz em um dia, embora a grande parte disse ter consciência de o lixo após seu descarte poderia
prejudicá-lo de alguma forma.
Para evidenciar ainda mais a falta de informação da população, pode-se observar, como
mostra na figura 6 que uma pequena parte dos entrevistados fazem a separação do lixo em Seco e
Úmido (reciclável e matéria orgânica), ainda que saibam que existe a coleta seletiva, ou não sabem
faze-lo ou simplesmente não se interessam em separar o lixo domiciliar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Júlia Maria G. O mercado das sombras e das sobras: uma análise acerca do processo
da reciclagem na cidade de Marília-SP. Trabalho de conclusão de curso. UNESP-FFC. Marília-
SP, 2008. Disponível em: < http://livros01.livrosgratis.com.br/ea000804.pdf> Acesso em: 30 ago
2018
CHASSOT, A. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira
de Educação. Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em
Educação. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n22/n22a09.pdf>. Acesso em: 29 ago
2018.
CUBA, Marcos Antonio. Educação ambiental nas escolas. Educação, Cultura e Comunicação, v. 1,
n. 2, 2011. Disponivel em:
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GUMIEL, Fabricio; NETO, José Lopes Soares. Estudo e implantação de sistema de coleta seletiva e
reciclagem em habitações coletivas: estudo de caso no condomínio Solar Tocantins. Disponível
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MEDEIROS, J. E. S. F.; PAZ, Adriano Rolim da; MORAIS JUNIOR, J. A. Análise da evolução e
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Acesso em: 30 ago 2018.
RESUMO
O solo exerce grande influência no meio ambiental e social, sendo um recurso natural essencial para
a vida na terra. Nele e a partir dele é possível o homem plantar, construir, morar e obter seus
recursos. Ao longo das eras foi sendo observadas que os solos apresentavam diferentes texturas,
cores e que alguns produziam mais que outros, fazendo com que o homem buscasse respostas às
suas perguntas a respeito dos diferentes tipos de solos. Embora seja um assunto de relevante
importância, esse tema não é muito abordado em sala de aula e o pouco que se trata é insuficiente
para o conhecimento dos alunos do ensino fundamental. Trazer ao entendimento de crianças desse
nível escolar qual a importância dos solos em sua vida é algo essencial. Este projeto objetivou
construir uma proposta pedagógica com alunos de nível fundamental da Escola Municipal
Professora Virginia Cury no município de Balsas (MA). Procurou-se despertar o interesse dos
estudantes para a importância do solo em suas vidas, bem como adequar a terminologia usada na
pedologia à linguagem cotidiana dos alunos procurando enfatizar que o solo é um componente do
ambiente natural que deve ser adequadamente conhecido e preservado tendo em vista sua
importância para a sobrevivência de todos que dele dependem. Não somente os alunos, como
também os professores e os pais foram beneficiados por este trabalho que buscou proporcionar a
esses futuros cidadãos um conhecimento que eles levarão para a vida toda, entendendo que o solo
não somente é como também proporciona vida.
Palavras-chave: ensino-aprendizagem, educação básica, meio ambiente
ABSTRACT
The soil exerts great influence in the environmental and social environment, being an essential
natural resource for life on earth. In and from it it is possible for man to plant, to build, to live and
to obtain his resources. Throughout the eras it was observed that the soils presented different
textures, colors and that some produced more than others, causing the man to seek answers to his
questions about the different types of soils. Although it is a subject of relevant importance, this
subject is not much approached in the classroom and the little that is treated is insufficient for the
knowledge of the elementary students. Bringing the understanding of children at this school level
about the importance of the soil in your life is essential. This project aimed to build a pedagogical
proposal with fundamental level students of the Municipal School Professor Virginia Cury in the
municipality of Balsas (MA). It was sought to arouse students' interest in the importance of soil in
their lives, as well as to adapt the terminology used in pedology to the everyday language of
students, emphasizing that the soil is a component of the natural environment that must be properly
known and preserved taking into account given its importance for the survival of all who depend on
it. Not only the students, but also the teachers and the parents were benefited by this work that
sought to provide these future citizens with a knowledge that they will take for a lifetime,
understanding that the soil is not only as it also provides life.
Keywords: teaching-learning, basic education, environment
INTRODUÇÃO
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Figura 1- Alunos do 5º ano, Professora de Ciências e aluno bolsista em frente à Escola Municipal Professora
Virgínia Cury.
O corpo docente avalia que as dificuldades no ensino do solo na escola não se relacionam
somente com o nível de complexidade do assunto, mas com as limitações que existem na formação
do próprio professor, dificultando a compreensão e abordagem que os livros didáticos fazem
(FALCONI, 2004). Desse modo os principais alvos visados pelo projeto foram alunos do 5° ano,
justamente pela dificuldade dos professores da rede pública em assimilar e propagar o ensino do
solo em sala de aula e no processo de construção do conhecimento dos alunos que estão sendo
formados.
As aulas passaram a ser ministradas no início do ano letivo de 2017, tendo como proposta
conciliar a disciplina de Ciências (Geografia, Biologia, Química, Física entre outras disciplinas),
com as aulas de Solo. Juntamente com o corpo docente da Escola Municipal Professora Virginia
Cury, estratégias de aula foram desenvolvidas com a finalidade de utilizar positivamente o tempo
concedido pela escola, os dias, os horários e as propostas lançadas, cumprindo com êxito todo o
roteiro do projeto.
O projeto teve a duração de doze meses. Nos meses de outubro, novembro e dezembro de
2016, a professora orientadora do projeto e o aluno bolsista participaram de alguns encontros
quinzenais, no próprio ambiente escolar, com o corpo docente da escola onde foi apresentado o
projeto ao diretor da escola e coordenadores com o objetivo de criar um cronograma que
favorecesse a execução das aulas sem interferir o planejamento escolar da própria instituição.
Decidiu-se que as aulas seriam aplicadas nos horários da disciplina de Ciências, no turno matutino
em um intervalo de 10 a 15 dias entre uma aula e outra, com duração de 50 a 60 minutos.
Foi feito um reconhecimento da sala de aula e dos alunos, com uma abordagem do projeto,
destacando os benefícios a serem adquiridos por eles como alunos, futuros cidadãos profissionais e
para o meio em que vivem.
Figura 2- (A) Torrão de solo, pedra e esponja utilizados para a aula de porosidade, (B) Bolas de gude
para representação dos espaços porosos existentes no solo, (C) Frascos de garrafa pet contendo solo para
averiguação das diferentes texturas de solo em sala de aula.
Temas como: Fatores e Processos de Formação do Solo foram tratados em sala de aula com
exemplos práticos; Porosidade, exemplificando os espaços existentes no solo (microporos e
macroporos); Estrutura, abordando a formação de agregados por partículas primárias e
demonstração com torrões de solo; Tipos de solos; Compactação do solo e sua interferência no
desenvolvimento de raízes; A importância da matéria orgânica no solo; Saturação do solo; Erosão, o
que ela representa e como pode ser evitada; A importância da cobertura vegetal no solo; A
conservação do solo tendo em vista a preservação do meio ambiente.
Nos encontros os alunos produziram pinturas livres baseadas nas aulas sobre fatores e
processos de formação do solo, horizontes do solo e cobertura vegetal. E sabendo-se que existe uma
grande dificuldade em relacionar os conhecimentos adquiridos em cada uma das fases de
aprendizagem, ou seja, associar os conteúdos apreendidos de maneira teórica em cada uma das
séries escolares de tal forma que esses conhecimentos aparentam estar desconexos na compreensão
do aluno (GONÇALVES; LOPES; DURÃES, 2012), foram desenvolvidos questionários com a
finalidade de averiguar o conhecimento dos alunos, tendo como base as aulas ministradas durante o
período letivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ensino dos solos nas salas de aulas do ensino fundamental não é algo que se resume ou
limita somente aquele ambiente, mas transcende essas barreiras. Os alunos passaram a trazer para o
dia a dia, práticas e maneiras de conservar o solo e conscientizar outras pessoas a respeito do seu
conhecimento adquirido, passando assim adiante suas informações.
Pode-se afirmar que os alunos apresentaram grande desenvolvimento conceitual através da
observação das pinturas confeccionadas por eles (Figuras 3A, 3B e 3C). Deixando claro que
compreendem que o solo está muito além daquilo que se pode observar com os olhos, que não se
trata apenas de um senso comum sobre o assunto, mas que o solo, do ponto de vista pedológico, é
algo que está atrelado ao seu conhecimento, que o solo não é somente “a terra”, mas que ele é
formado a partir do material de origem, a rocha, e que de acordo com os fatores que estão
relacionados à sua formação (relevo, organismos, clima e tempo).Trabalhos dessa natureza também
vem sendo desenvolvidos por Bicca et al. (2017) ao estudarem o solo na escola e observarem que
foi despertado o interesse dos alunos para a importância e preservação desse recurso natural.
Figura 03 - Pintura a lápis de colorir produzida por alunos, demonstrando: (A) Seu entendimento na
formação do solo a partir do material de origem, em função do tempo, clima, relevo e organismos, (B)
Horizontes do solo, e os fatores de formação, juntamente com a cobertura vegetal e (C) os horizontes
presentes no perfil do solo e a cobertura vegetal.
Figura 04- (A) Garrafas pet representando solos com cobertura vegetal viva, cobertura vegetal morta e solo
sem cobertura (B) Experimento sendo executado em sala de aula juntamente com os alunos abordando a
importância da cobertura vegetal.
1900ral
Número de alunos
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
Partes do solo Fases do Solo Processo de Camadas do Fatores de
formação dos solo formação dos
solos solos
1900ral
Número de alunos
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
Erosão do solo Relevo Causas da Formas da Cobertura
erosão erosão vegetal do solo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora o solo apresente grande importância para a sociedade de uma maneira geral, as
escolas não abordam esse tema como deveriam, porém as limitações encontradas não só se
restringem à sala de aula, ao professor, ou ao aluno, mas a condições adversas como o ambiente, a
cultura, a economia, a política e a sociedade.
O presente projeto obteve resultados satisfatórios tanto para os envolvidos, quanto para a
escola e a sociedade, não somente os alunos, como também os professores e os pais foram
beneficiados por este trabalho que buscou proporcionar a esses futuros cidadãos um conhecimento
que eles levarão para a vida toda, entendendo que o solo não somente é como também proporciona
vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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solo na escola em bagé. Revista de projetos comunitários e extensão-congrega,p.98-103, 2017.
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sobre solos: aplicação à preservação ambiental. Terra e Didática, v.9, n. 2,p.74-81. 2013
RESUMO
A questão ambiental e toda a sua problemática está vinculada às condições de vida em todo o
mundo, tornando necessários estudos aprofundados, reflexivos e críticos, para o seu entendimento,
dimensionamento e descoberta das possíveis soluções, uma vez que desde o início da civilização o
ser humano enfrenta o problema de como gerenciar seus próprios resíduos, ou seja, o lixo.
Atualmente, a população é a maior da história e a quantidade de resíduos também, seja gerada
diretamente pela necessidade de consumo ou pela produção industrial. Ante ao exposto, fez-se
necessário, um estudo tendo como principal objetivo direcionar um novo pensamento sobre Meio
Ambiente através da Educação Ambiental. A presente pesquisa englobou uma revisão bibliográfica,
com literaturas que tratam do tema. Foi possível concluir que a geração de lixo é muito alta, com
estimativas de aumentar ainda mais caso não sejam executadas ações minimizadoras deste impacto.
Verificou-se ainda que a reciclagem é perfeitamente viável e que pode gerar boas perspectivas,
inclusive, econômicas caso haja um bom aproveitamento dos resíduos recicláveis que muitas vezes
são descartados.
Palavras chave: Educação Ambiental, Coleta Seletiva, Escola Local.
RESUMEN
La cuestión ambiental y toda su problemática está vinculada a las condiciones de vida en todo el
mundo, haciendo necesarios estudios profundizados, reflexivos y críticos, para su entendimiento,
dimensionamiento y descubrimiento de las posibles soluciones, ya que desde el inicio de la
civilización el ser humano se enfrenta al problema de cómo manejar sus propios residuos, es decir,
la basura. Actualmente, la población es la mayor de la historia y la cantidad de residuos también,
sea generada directamente por la necesidad de consumo o por la producción industrial. Ante lo
expuesto, se hizo necesario, un estudio teniendo como principal objetivo dirigir un nuevo
pensamiento sobre Medio Ambiente a través de la Educación Ambiental. La presente investigación
englobó una revisión bibliográfica, con literaturas que tratan del tema. Es posible concluir que la
generación de basura es muy alta, con estimaciones de aumentar aún más si no se realizan acciones
minimizadoras de este impacto. Se verificó que el reciclaje es perfectamente viable y que puede
generar buenas perspectivas, incluso, económicas si hay un buen aprovechamiento de los residuos
reciclables que muchas veces son descartados.
Palabras clave: Educación Ambiental, Recolección Selectiva, Escuela Local.
INTRODUÇÃO
O Brasil tem um vasto patrimônio natural, com uma das floras mais ricas do mundo e um
quarto de todas as plantas do planeta, é o primeiro país no mundo em espécies de peixes de água
doce de anfíbios e um dos primeiros em mamíferos e aves (AMARAL, 2018). Para o uso adequado
desses recursos naturais, a humanidade precisa adquirir conhecimentos de como utilizá-los sem
prejudicá-los, mais para isso, devemos desenvolver uma educação ambiental, pois somente assim,
teremos consciência que devemos respeitar e preservar para evitar a extinção.
Justifica-se este artigo pela necessidade de mostrar o quanto devemos preservar as riquezas
naturais, mostrando vários conceitos acerco do desenvolvimento sustentável, suas aplicabilidades, o
que está prejudicando o meio ambiente e como combater os desperdícios. Com base nas
aplicabilidades, analisa-se a importância da coleta seletiva e a reciclagem de lixo, enquanto
atividade relevante para se ter um país menos poluído e mais educado ecologicamente, pontuando
variados exemplos de fatos reais da má utilização do meio ambiente.
A coleta seletiva e a reciclagem são atividades de altíssima significância, fruto do esforço e
do interesse prazeroso e conjunto, os quais podem contribuir para a melhoria do desenvolvimento
sustentável de uma nação. Assim sendo, apresenta-se como problema da pesquisa: em que medida
equacionar o problema do tratamento e da destinação final do lixo, é uma questão de cidadania?
Para responder tal questionamento levantaram-se as seguintes hipóteses: a implantação de
um sistema de coleta seletiva contribui para a formação de cidadãos conscientes.
Ante ao exposto, a presente proposta tem por objetivo direcionar um novo pensamento sobre
Meio Ambiente através da Educação Ambiental, importante para formação de um cidadão
consciente.
Os objetivos específicos traçados para este artigo são: Discorrer acerca do surgimento da
educação ambiental e suas diversas formas de preservação; sensibilizar as pessoas para a
problemática do lixo, desenvolvendo uma consciência crítica e torná-las agentes defensores do meio
ambiente “multiplicadores”; analisar o conceito de lixo e de resíduos, reconhecendo que estes
podem variar conforme a época e o lugar; classificar os resíduos sólidos urbanos.
A metodologia utilizada consiste de uma pesquisa bibliográfica exploratória a qual permitiu
e elaboração de forma sucinta de análise da história da educação ambiental, os principais fatos e
eventos em prol do meio ambiente, discorremos ainda sobre as políticas de educação ambiental e
como esta é abordada nos temas transversais. Em seguida, será analisada ainda, a importância da
coleta seletiva, como forma de transformação da realidade e formação de um cidadão consciente,
destacando alguns tipos de materiais recicláveis. E por último, as considerações finais.
A questão ambiental desponta como problema significativo, a nível mundial, em torno dos
anos 70, apresentando uma série de incoerências entre o modelo dominante de desenvolvimento
econômico-industrial e a realidade socioambiental. Essas incoerências, produzidas pelo
desenvolvimento técnico-científico e pela exploração econômica, se revelaram na degradação dos
ecossistemas e na qualidade de vida das populações, levantando, inclusive, ameaças à continuidade
da vida no longo prazo (DIAS, 1998).
É sabido ainda, que o avanço tecnológico advindo da indústria bélica dos países
desenvolvidos no pós-guerra foi chave para a abertura do conhecimento para várias descobertas no
setor industrial. Desenvolveu-se neste período da história da humanidade a indústria
automobilística, química (agricultura com seus fertilizantes e pesticidas), petrolífera (com suas
infinitas aplicações), bélica (bombas e outros equipamentos homicidas de todos os tipos),
cinematográfica (com sua forte carga ideológica de propaganda do modo moderno de viver -
principalmente o American Way of Life - Modo Americano de Vida) e tantas outras formas de
“industrializar” cada vez mais o homem, desnaturalizando-o. Com isto as preocupações com o meio
ambiente ficaram mais aceleradas nos anos que se seguiram o pós-guerra. Algumas pessoas
perceberam que o homem (leia-se Estados Unidos da América - EUA e a antiga União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS) poderia se autodizimar da face da terra através de um
instrumento de poderio destrutivo nunca visto - a bomba atômica (DIAS, 1998).
Deste fato principal, e de outros mais como a Guerra do Vietnam, o Homem na Lua, etc,
apareceu nos EUA o movimento pacifista que reivindicavam o total banimento das armas nucleares
nos dois lados do mundo bipartido - do lado capitalista (EUA) e do lado “socialista” (antiga URSS).
Criou-se em lugares bucólicos as chamadas “sociedades alternativas” que contrariamente ao modo
de produção e reprodução capitalista começaram a viver de forma totalmente natural - longe das
cidades e de seus alimentos produzidos com agrotóxicos e animais criados com química para
aquisição de peso em curtíssimo prazo (DIAS, 1998).
A estes se uniram pessoas preocupadas com o meio natural selvagem, que, para elas teria
que ser intocável, sem nenhuma intervenção do homem - às vezes nem para estudo. Esta idéia
chama-se de preservacionismo, que para Mello e Souza (2000, p. 25) é “o cultivo do símbolo
energizante da montanha, vales e florestas, com forte sentimento panteísta no ponto de vista
filosófico e é claramente estetizante sob o ponto vista da relação homem-natureza”.
Esta idéia errada era empregada pelas primeiras pessoas a se preocuparem com o meio
ambiente. Ela utiliza o preservacionismo como base de parâmetros (e somente como), para o
desenvolvimento sustentável, mas se pode confundir com o próprio. É do preservacionismo que
nasce, principalmente nos Estados Unidos, a primeira idéia de Parques Nacionais, segundo esta
concepção, são belezas naturais intactas e longe da ação do homem.
Além da discussão deste termo preservacionismo, também é importante discutir os termos
ambientalismo e conservacionismo, para se ter uma idéia clara do que seja os mesmos e não
confundir um termo com outro.
Diferentemente, mas não em oposição ao preservacionismo, o ambientalismo “é a
preocupação corretiva, a tese do equilíbrio dos ecossistemas, apoiando-se decisivamente nos
estudos dos cientistas físicos e naturais...” (MELLO e SOUZA, 2000, p. 27). Para este autor, o
ambientalismo é também um movimento onde a ecologia lança mão para seus estudos, porém os
cientistas sociais nunca poderiam ser ambientalistas (tendo como pressupostos suas ciências
primeiras), pois os últimos são essencialmente físicos ou naturais, pois o ambientalismo vale-se
destas ciências para existir. É como ambientalista que se trabalha as correções daquilo que já foi
degradado (casos físicos) e prejudicado (casos de animais e plantas).
Este movimento trabalha o desenvolvimento ambientalmente sustentável, aquele que não
está coadunado com a natureza intocável, nem com o desenvolvimento desejável do capitalismo.
Trata a natureza como bem maior da humanidade, porém sem ser intocável, dentro de uma redoma
de vidro onde o homem seria um mero espectador da beleza cênica sem poder dela usufruir.
Por Educação Ambiental entende-se que seja alguma parte da educação que trata das
relações do homem com o seu meio natural, suas interferências no mesmo, as causas que levam o
homem a realizar tal tarefa e suas conseqüências. Segundo Oliveira (2000, p. 18), Educação
Ambiental é
[...] um processo voltado para a apreciação da questão ambiental sob sua perspectiva
histórica, antropológica, econômica, social, cultural e ecológica, enfim, como educação
política, na medida em que são decisões políticas todas as que, em qualquer nível, dão lugar
às ações que afetam o meio ambiente.
Para Dias (1998), após análise da evolução do conceito de educação ambiental, sintetiza que
seja um processo por meio do qual as pessoas apreendam como funciona o ambiente, como
dependemos dele, como o afetamos e como promovemos a sua sustentabilidade. Segundo Leff e
Orth (2010), a preocupação maior não é conceituar Educação Ambiental e sim definir consciência
ambiental, o que nos leva a refletir sobre o que precisamos realmente saber sobre a verdadeira
Educação Ambiental: A consciência ambiental manifesta-se como uma angústia de separação de
sua origem natural, como pânico de ter entrado num mundo incerto, impenetrável, evasivo e
pervertido da ordem simbólica. Ela remete a análise que o homem separado da natureza, visto que
ele é por si só natureza, entra num estado de crise existencial.
Ter uma consciência ecológica, isto é, “ser ecologicamente alfabetizado”, significa olhar o
mundo de outra forma, pensar diferentemente, pensar em termos de relações e encadeamentos das
hierarquias para as redes cooperativas (comunidades de aprendizagem), das estruturas para aos
processos (CAPRA, 1999, p. 231).
Existem alguns princípios importantes para uma efetiva alfabetização ecológica. Os
princípios ecológicos extraídos dos ecossistemas e aplicados nas comunidades de aprendizagem sob
a forma de princípios educacionais são: interdependência, sustentabilidasde, ciclos ecológicos,
associação, flexibilidade, diversidade e coevolução (CAPRA, 1999).
A Educação Ambiental vai além da questão conservacionista; é uma opção de vida. Capra
(1993, p.28), argumenta sobre as razões históricas da degradação da natureza:
O novo mundo ocidental é marcado por uma visão de mundo calcada na crença do método
científico como única forma válida de conhecimento; na divisão matéria e espírito; no
universo como um sistema mecânico; na vida em sociedade como uma luta competitiva
pela existência e na crença no progresso material ilimitado, a ser alcançado através do
crescimento econômico e tecnológico.
acordo com Boff (2008), “Quem ama cuida”. Especialmente, porque uma atitude ambiental cidadã é
importante, uma que se tratada vida humana e de toda a biodiversidade existente na Terra.
A Cronologia do Ambientalismo
sancionada a Lei no 9.795, dispondo sobre a Educação Ambiental, que instituiu a Política Nacional
de Educação Ambiental (BARBOSA e BARBOSA, 2008).
PUCPR (2018) como sistema de separação dos resíduos conforme é chamado de Coleta Seletiva ,
que traz mais vantagens para o processo da reciclagem pois: melhora a qualidade dos materiais,
evitando-se a mistura de componentes diferentes no lixo que podem tornar muitos materiais
potencialmente recicláveis inúteis, aí sim irão virar lixo pela atitude mal pensada do gerador;
facilita o controle de impactos ambientais; menor geração de rejeitos; menor área de instalação das
usinas; menos gastos com esta instalação e com os equipamentos de separação, lavagem e
secagem.
Dentre as soluções encontradas para os problemas de resíduos sólidos, destaca-se o
programa de Coleta Seletiva e Reciclagem do Lixo Doméstico, que deve ser feito especialmente,
com o engajamento da população na separação do lixo orgânico do reciclável nas próprias
residências gerando vantagens econômicas e ecológicas.
Segundo VEGA (2018) as vantagens da coleta seletiva para o meio ambiente são as
seguintes: Redução de custos com a disposição final do lixo (aterros sanitários, incineradores), pela
diminuição do volume de lixo a ser disposto; aumento da vida útil dos aterros sanitários; diminuição
de gastos com remediação de áreas degradadas pela má destinação do lixo (lixões clandestinos);
educação/Conscientização ambiental da população; diminuição de gastos gerais com limpeza
pública, a médio e longo prazo; proporciona boa qualidade dos materiais recuperados, uma vez que
estes estão menos contaminados pelos outros materiais presentes no lixo; melhoria das condições
ambientais e de saúde pública do município; estimula a cidadania, pois a participação popular
reforça o espírito comunitário.
Aponta ainda VEGA (2018) como benefícios sociais: geração de empregos diretos e
indiretos, com a instalação de Centrais de Triagem, a instalação de novas indústrias recicladoras na
região e ampliação das atividades das indústrias recicladoras já estabelecidas; resgate social de
indivíduos, através da criação de associações/cooperativas de catadores ou o seu trabalho nas
Centrais de Triagem.
Como desvantagens da coleta seletiva VEGA (2018) apresenta: necessita de esquemas
especiais, levando a um aumento dos gastos com a coleta. Por exemplo, no caso da coleta porta a
porta, utiliza caminhões especiais, que passam em dias diferentes dos da coleta convencional;
necessita, mesmo com a segregação na fonte, de um centro de triagem, onde os recicláveis são
separados por tipo.
Além desses dados, acrescente-se que a coleta seletiva onera, também, as despesas
domésticas, na visão das pessoas, pois ao invés de utilizar apenas um saco para armazenar todo o
lixo, terá que, no mínimo, gastar três sacos. Logo, para que ocorra de fato a coleta seletiva é preciso
um investimento maciço em conscientização das pessoas, no sentido de fazer perceber que os
ganhos serão muito maiores para a saúde ambiental, quando se tem a consciência, dos danos
causados pelo lixo que é deixado qualquer jeito na natureza e do desperdício deste lixo que pode ser
reciclado.
A coleta seletiva é o primeiro passo para a reciclagem, porque permite a separação dos
materiais no próprio local onde eles são descartados. Os resíduos colocados nos sacos de lixo estão
misturados, plásticos, metais, restos de comida, papel, vidro. Mas atualmente existem recursos que
permitem a separação e o reaproveitamento de boa parte desse material. Para isso, é preciso que
cada um dê sua contribuição, adotando medidas individuais e coletivas.
Trabalhar a questão da coleta seletiva a partir do local de vivência do indivíduo é de grande
significância para que ele compreenda a dimensão do problema (nacional, regional e global). “A
escola é o cenário ideal para o desenvolvimento desse trabalho” (CASTRO, 2003, p.120).
Por entender que o homem (sociedade) constrói, destrói, poluí ou conserva o espaço a partir
das relações. E por este ser organizado pelo homem, além das demais estruturas sociais, uma
estrutura subordinada – subordinante, logo “trabalhar a coleta seletiva na escola conscientizará o
aluno enquanto sujeito pártice e atuante da sociedade em que se encontra inserido” (SANTOS 1978,
p. 27).
Uma ação educativa consciente e comprometida com a biodiversidade compreende
formação continuada, sensibilização, conscientização, diagnósticos ambientais e responsabilidades
nas ações a serem desenvolvidas. E ainda, deve trabalhar em conjunto com os diversos segmentos
sociais em processos reflexivos, críticos e emancipatórios, num encontro de saberes que
potencializa o papel da educação nas mudanças culturais e sociais rumo à sustentabilidade. Tudo
isso, focando atitudes que favoreçam o desenvolvimento de valores e práticas socioambientais
imperativas para uma melhor qualidade de vida e do meio ambiente.
Mais do que nunca está provado que relação do homem equilibrada com a natureza é
fundamental. Ainda, que as universidades, escolas, associações, cooperativas, sindicatos,
movimentos sociais, precisam investir em iniciativas sustentáveis. Haja vista que nossas ações
refletem o local em que vivemos.
Isto posto, nos remete ao acordado na agenda 21, estabelecida na Eco - 92 do Rio de Janeiro,
onde ficou clara a necessidade de edificar um mundo sob as bases de um desenvolvimento
sustentável.
CONCLUSÃO
Ao analisar as questões ambientais no tópico 1 constatamos que diversos eventos têm sido
desenvolvidos com a intenção de sanar problemas ambientais, tanto no aspecto legal, quanto
político e, também, educacional, inclusive, tornando a questão ambiental num tema transversal.
O segundo tópico, evidenciou que a problemática do lixo vem sendo discutida há bastante
tempo, em âmbito mundial, mas no Brasil vem sendo debatida de forma mais generalizada na
última década, motivada pelos impactos ambientais causados pela disposição inadequada dos
resíduos sólidos jogados na natureza. Os lixões são exemplos clássicos dos problemas causados.
Assim, a coleta seletiva é vista como o primeiro passo para alcançar essa harmonia.
Diversos segmentos sociais e institucionais já estão pondo em prática programas de coleta que
promovem o retorno dos materiais recicláveis para o ciclo produtivo, utilizando-os na fabricação de
novos produtos e ajudando a diminuindo a quantidade extraída de recursos naturais, contribuído
para a preservação do meio ambiente.
Também, ficou evidenciado que por Educação Ambiental define-se toda a ação do homem
em empreender ato de conscientização de seus semelhantes em favor da conservação, preservação
da natureza.
Logo, enquanto o homem não se conscientizar que ele é parte da natureza enquanto espécie
inserida da mesma, e não um ser fora dela, a natureza estará em perigo. Enquanto o homem não
retirar a idéia de que a natureza está aqui para servi-lo, como quer nos fazer crer as religiões, a
natureza estará em perigo. Enquanto o homem não perceber que ele é a própria natureza a mesma
estará em perigo. Enquanto o homem não perceber que ele deve viver em favor da natureza e não ao
contrário a mesma estará em perigo.
A educação ambiental é um instrumento político que deve ser usado para que populações
sejam esclarecidas sobre o modo de produção e reprodução do capitalismo. Não teremos futuro
promissor se continuarmos a nos mover dentro do sistema como se não fosse da nossa conta a
problemática do meio ambiente. Devemos estar conscientes e termos a percepção de que com o
estado de coisas estabelecidas que aí estão não iremos ter e nem poderemos dar aos nossos
descendentes uma vida de boa qualidade ou vida alguma.
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Compartilhada. Ed. IBAMA. Brasília, 1999.
RESUMO
A produção social do risco é estimulada pelas mudanças oriundas da modernidade, a qual podemos
citar como exemplo, o aumento da produção de resíduos sólidos. No Brasil, a Lei 12.305/2010
estabelece a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), e um dos seus objetivos é inserir
socialmente o catador de materiais passíveis a reciclagem. O artigo visa refletir a importância da
ética e da educação ambiental frente aos riscos socioambientais provocados pelos resíduos sólidos.
A metodologia utilizada versou por um caráter teórico com base em pesquisa bibliográfica. Como
os riscos são problemas enfrentados pela sociedade que está estratificada em segmentos, todos têm
responsabilidades sobre eles, sejam elas, normativas ou morais. Nesse sentido, atitudes pautadas na
ética devem permear tais condutas, que podem e devem ser promovidas, sobretudo, por uma
educação ambiental voltada à sustentabilidade e que priorize a corresponsabilidade socioambiental
no que condiz à questão dos resíduos sólidos.
Palavras-chave: Coleta Seletiva. Educação ambiental. Ética. Responsabilidade Compartilhada.
ABSTRACT
The social production of risk is stimulated by changes from modernity, which we can cite as an
example, the increase in solid waste production. In Brazil, Law 12.305/2010 establishes the
National Solid Waste Policy (PNRS), and one of its objectives is to insert socially the collector of
materials that can be recycled. The article aims to reflect the importance of ethics and
environmental education in relation to socio-environmental risks caused by solid waste. The
methodology used was based on a theoretical character based on bibliographical research. Because
risks are problems faced by society that is stratified into segments, everyone has responsibilities
over them, be they normative or moral. In this sense, attitudes based on ethics must permeate these
behaviors, which can and should be promoted, above all, by an environmental education focused on
sustainability and that prioritize socio-environmental co-responsibility in what concerns the issue of
solid waste.
Keywords: Environmental education. Ethic. Shared Responsibility.
INTRODUÇÃO
129De acordo com dados populacionais do IBGE (2010), os municípios considerados de pequeno porte se subdividem
em 1 e 2, sendo considerado município de Pequeno Porte 2, os que possuem de 20.001 até 50.000 habitantes.
Para Gonzatti (2012) a problemática dos resíduos sólidos domésticos enfrenta dificuldades
tanto nos grandes centros urbanos, quanto nos municípios de pequeno porte e reforça que, embora
tais municípios produzam menor quantidade de resíduos, também sofrerão com a degradação
socioambiental.
É de suma importância destacar que a globalização e a modernização, exigem muito dos
recursos naturais existentes, os quais não conseguem se autorregular na velocidade em que são
consumidos e/ou exigidos. Dupas (2005) aponta a degradação ambiental como grande ameaça à
vida na Terra. O planeta não está sendo capaz de fornecer matéria-prima para a escala de
desenvolvimento pretendido, gerando uma crise ambiental global.
A atual sociedade vivencia uma realidade em que o ato de consumir hierarquisa os
indivíduos e os caracteriza com superioridade frente aos demais, há mudanças de valores sociais e
éticos. Nesse sentido há uma ideia de quem mais consome está em uma classe hierarquica superior
aos que não podem/conseguem consumir à velocidade em que se produz. A satisfação pessoal só é
alcançada com o consumo desregrado e não com o bem estar da coletividade e do ambiente. Esse
consumo faz com que os individuos produzam muito mais resíduos ditos “inservíveis”.
A geração, o acúmulo, a destinação e a disposição de materiais inservíveis trazem inúmeros
transtornos, ocasionadas, especialmente pela falta de planejamento urbano, falta de sensibilização e
conscientização da população e empresas, perpassando pela omissão por parte do poder público. Os
desafios incidem em problemas de ordem social, econômica, de saúde e ambiental que se acentuam
por não haver uma preocupação em atender às normas de segurança sanitária e ambiental.
Para Beck “a produção social da riqueza é acompanhada sistematicamente pela produção
social do risco” (BECK, 1944/2010, p. 23). O conceito de risco está estritamente vinculado à
economia, aos impactos e às preocupações referentes à ação antrópica sobre o ambiente. Guiavant
concorda com essa posição de Beck e acrescenta que, “o conceito de sociedade de risco se cruza
diretamente com o de globalização: os riscos são democráticos, afetando nações e classes sociais
sem respeitar fronteiras de nenhum tipo” (GUIAVANT, 2001, p. 02).
Os riscos se materializam em danos socioambientais e ser uma sociedade de risco implica
em desenvolver uma cultura que permite a prevenção de situações de risco bem como, estimular a
autoproteção em caso de perigo. É, portanto, uma sociedade preocupada com o futuro e com a
própria segurança causada, sobretudo pelo medo do risco. A sociedade de risco deve ser
considerada como àquela que naturaliza os riscos e passa a conviver com eles de forma a ver, sentir
e vivenciar suas consequências. O risco é visto por Motta (2009) como um resultado da civilização,
pertencentes à própria existência humana e que se relaciona com a modernidade.
A problemática que envolve os resíduos sólidos é exemplode risco visto que os resíduos
sólidos são grandes geradores de danos ambientais. No que concerne ao problema elencado, veio a
lume a Lei 12.305/2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que
compreende um conjunto de princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes
relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às
responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis
(BRASIL, 2010). .
Ela prevê a redução da geração de resíduos, cria metas para a eliminação dos lixões além de
orientar e instituir instrumentos de planejamento e gerenciamento dos resíduos sólidos. Faz a
distinção entre resíduo (materiais que pode ser reaproveitado ou reciclado) e rejeito (o que não é
passível de reaproveitamento), além de se referir a vários tipos de resíduos considerando a origem:
doméstico, industrial, da construção civil, eletroeletrônico, da área de saúde, perigosos, dentre
outros (BRASIL, 2010). É um dispositivo legal que busca propiciar ações minimizadoras e/ou
mitigadoras dos riscos provocados pelos resíduos que são lançados na natureza sem os devidos
tratamentos.
Nessa discussão devem ser invocados os princípios da precaução e prevenção, dispostos no
inciso I do art. 6º da PNRS. Tais princípios apontam que, uma vez ocorrido um dano ambiental, sua
reparação efetiva é praticamente impossível. O princípio de prevenção postula que, os danos
ambientais devem ser evitados, prevenidos, que se caso haja o conhecimento de que a atividade
causará algum dano, devem ser realizadas medidas de prevenção para que o dano não ocorra ou que
aconteça em circunstâncias controláveis. Por sua vez, o princípio da precaução deve ser entendido
como o antecessor do anterior, pois, este pretende evitar que qualquer risco de dano ao ambiente
ocorra. A intenção destes princípios não é apenas evitar os danos que se sabe que podem ocorrer
(prevenção), mas também evitar qualquer risco de sua ocorrência (precaução).
Nessa discussão, Pereira e Passinato (2015) acrescentam que os riscos atuais são
considerados globais devido à quantidade de pessoas atingidas e o distanciamento geográfico
encontrado entre elas e, ao comentar a obra de Ulrick Beck, “Sociedade de risco” afirmam que, a
sociedade se une num medo comum, o risco passa a ser de todos, e esse risco atual é fruto da
modernidade. O risco passa então a ser um problema social que deve ser gerido pelas autoridades
competentes e (re) pensado pela sociedade, afinal, muitos dos riscos são oriundos e ou
intensificados com as atividades antrópicas e repercurtem negativamente no próprio bem estar da
população.
Analogicamente Beck (1944/2010) descreve que, tais contornos da sociedade de risco são
analisados de forma a extinguir o distanciamento entre as pessoas pelo fato de os riscos serem
globais e todos se encontram suscetíveis aos riscos de forma equânime. Porém, visualiza-se que
âmbito local o risco dos resíduos promove o distanciamento entre as pessoas, ao passo em que gera
a exclusão de uma determinada parcela da população. Daí a importância de se discutir o papel
desempenhado pelos catadores frente aos riscos impostos pelos resíduos sólidos.
Nesse sentido, a PNRS inova ao buscar promover uma gestão integrada dos resíduos, o que
inclui as ações que visam à busca por soluções aos problemas e impactos ocasionados pelos
resíduos. Na gestão integrada devem se fazer atuantes todos os segmentos da sociedade civil e entes
federados. Dupas (2005) contribui para a temática ao argumentar que, a gestão dos resíduos sólidos
pode ser agrupada em três grandes áreas: capital, sociedade civil e o Estado, porém, afirma que,
cada uma delas envolve uma grande quantidade de grupos e subgrupos que representam interesses
múltiplos.
No tema em questão, é válido discutir, a importância de ações integradas entre todos os
seguimentos da sociedade. Nos tópicos seguintes, pretende-se discutir a importância da ética e da
educação ambiental nesse contexto, com vistas para a possibilidade de se minimizar os riscos
criados pelos resíduos sólidos na busca de um ambiente saudável, a partir da implementação plena
da cidadania que se expressa pelo conjunto de direitos e deveres, que dá aos individuos o poder de
participar ativamente das ações cotidianas e do desenvolvimento sócio-econômico-ambiental.
Considerando que os riscos são problemas enfrentados pela sociedade que está estratificada
em segmentos, todos têm responsabilidades sobre eles. É necessário que haja comportamentos
adequados e políticas públicas para propiciar um ambiente saudável e sem riscos. Em relação aos
riscos oriundos dos resíduos sólidos, a Lei nº 12.305/2010 responsabiliza coletivamente e
individualmente cada segmento.
A norma elenca três atitudes imprescidíveis para que haja uma responsabilidade
compartilhada, a saber: a coleta seletiva, que será discutida mais profundamente nesse artigo; a
logística reversa; e, os planos de gestão integrada de resíduos, que uma vez obedecidos e
constituídos de forma correta e regular implicam em melhorias na qualidade ambiental. Nesse
sentido, discute-se acerca das ações individualizadas, porém, se faz necessário a cooperação
subsidiária em que reciprocamente os envolvidos passem a compartilhar de ações preventivas e
mitigadoras. Por responsabilidade compartilhada a PNRS entende que,
contribui para a construção do risco social. Nessas circunstâncias torna-se muito maior a
responsabilidade do agente público agir eticamente.
No que condiz a conduta da sociedade civil, eis a importância de ações éticas para que
ocorram os atos locais e pontuais. Enquanto o agente público busca ações de reflexão coletiva, o
indivíduo tem a responsabilidade pontual e quando todos contribuem com atitudes positivas, as
ações passam a ter uma visibilidade maior.
Quanto às empresas e demais setores da sociedade as ações éticas devem preservar o bem
coletivo e não apenas atender aos interesses do capital e alcançar sua promoção e reconhecimento.
Todos devem pautar e pensar suas atitudes de maneira que o coletivo seja beneficiado, de forma
ética, “a ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é a
ciência de uma forma específica de comportamento humano” (VÁZQUEZ, 2008, p. 23).
A responsabilidade compartilhada parte do princípio que a sua eficiência fundamenta-se nas
ações humanas. A eficiência do processo estabelecido na PNRS depende fundamentalmente da
participação popular, do poder público e dos demais segmentos. Porém, para que isso ocorra fazem-
se necessários que tais indivíduos se reconheçam pertencentes a um único meio, a um único
ambiente. Afinal,
[a] proteção contra avalanchas, incêndios florestais ou poluições industriais e agrícolas leva
irresistivelmente a preocupar-se conjuntamente com os processos naturais e atividades
técnicas que interferem com eles: tem de se assumir o caráter híbrido da catástrofe e, por
precaução, situar os homens no meio ambiente que eles produzem (LARRÈRE;
LARRÈRE, 1997, p. 193).
O homem deve ser e se reconhecer como coresponsável pelo ambiente em que vive e
vivencia suas atitudes. A gestão dos riscos, sobretudo necessita de ações multiplicadoras através de
uma sensibilização ambiental que promova nas pessoas comportamentos mais adequados em
relação ao meio em que vivem.
Considerando os segmentos da sociedade e das responsabilidades exigidas, destaca-se a
existência dos catadores de materiais recicláveis. Profissionais que retiram dos materiais
“inservíveis” uma oportunidade de trabalho e renda para o sustento familiar. Nas análises de Silva
(2017, p. 14) “os catadores realizam um trabalho que consiste em coletar, separar, transportar,
acondicionar e, às vezes, beneficiar o material dos resíduos sólidos utilizados que tem valor de
mercado e poderá ser vendido para reutilização ou reciclagem”.
No que concerne às consequências vivenciadas pela sociedade de risco, os catadores de
materiais recicláveis e reutilizáveis surgem como uma parcela marginalizada da sociedade. Pessoas
que trabalham diretamente com os possíveis riscos oriundos da globalização, que, como citada
outrora desencadeou o individualismo e a competição na sociedade através do consumismo
exacerbado. Os que podem e conseguem consumir, se afastam dos que não conseguem acompanhar
essa leva de produtos que diariamente é posto no seio da sociedade.
Para Dupas (2005), a globalização além de acirrar a competição dificulta a criação de
vínculos humanos, onde apenas os donos do capital, conseguem levar vantagem, sobretudo
econômica. Para o autor, a globalização contribui de forma significativa para o crescimento da
miséria, sobretudo para uma determinada parcela da população. Nessa esteira, os problemas
relacionados aos resíduos sólidos se caracterizam claramente como riscos, afinal, é visível perceber
a existência da estratificação social, onde uma parcela da sociedade consome produtos, produz
resíduos e descartam sem os devidos cuidados e outra pequena parcela, vê nessas ações, muitas
vezes, a única oportunidade de sobrevivência.
A coleta seletiva é uma responsabilidade socioambiental e que quando bem estruturada
contribui significativamente para mudanças no estilo de vida, nos hábitos de consumo e padrões de
comportamento além de mudanças na organização social na medida em que propicia aos catadores
uma maior capacidade de mobilização enquanto categoria profissional. A coleta seletiva é uma
atividade econômica rentável, pois pode gerar emprego e renda, sobretudo para os menos
favorecidos.
Os catadores de materiais recicláveis são componentes fundamentais nesse processo e
protagonistas de um trabalho com singular importância ambiental, social e econômica, porém, são
marginalizados, enfrentam um trabalho exaustivo com poucas oportunidades no mercado de
trabalho formal, atuam em ambientes impróprios e insalubres, tem baixas remunerações, além de
não adquirirem direitos trabalhistas.
A coleta seletiva deve estar integrada ao trabalho de limpeza urbana de forma que todas as
etapas favoreçam a transformação de materiais inservíveis em novos produtos por meio da
reciclagem e contribuam para a inserção social dos profissionais que recolhem esses materiais.
Deve ser praticado por vários seguimentos da sociedade, cada um contribuindo da melhor forma
para que o compartilhamento das responsabilidades possam fornecer meios de redução dos riscos
oriundos da geração desordenada de resíduos.
Euzébio (2017) reconhece os benefícios da atividade de separação de materiais recicláveis e
assevera que quando essa tarefa é realizada de forma correta, os materiais, que antes eram
considerados inservíveis, retornam as indústrias em maior quantidade e melhor qualidade, pois, são
bem tratados antes de seguir para a comercialização. O autor ainda afirma que, quando a seleção
dos materiais é feita de forma adequada se eleva os ganhos dos “catadores e reduzem os riscos à
saúde pública e ao meio ambiente, reduzindo também a extração de recursos naturais na forma de
matéria-prima” (EUZÉBIO, 2017, p. 50).
A partir do momento que os resíduos sólidos são enxergados como riscos, as análises de
suas externalidades são fundamentais para entender sua dimensão. O risco não é algo novo, e
segundo Giddens (2002) é fruto da modernidade instalada no seio da sociedade. Porém, a novidade,
a necessidade que se instala é a de gerir, entender, compreender e agir com ele e suas
consequências.
No entanto, é necessário que se estabeleçam normas e atitudes éticas para que a gestão
desses riscos possam atenuar tais externalidades, através, sobretudo de uma sensibilização e
conscientização estimuladas por uma educação ambiental que promova nas pessoas um
comportamento adequado frente aos problemas existentes. A partir do momento em que os riscos
foram se instalando no seio da sociedade, a busca por um ambiente salubre e livre dos riscos passou
a ser uma preocupação/responsabilidade de uma grande parcela da sociedade.
Como outrora foi exposto, a coleta seletiva é uma das formas que busca minimizar os
impactos dos riscos oriundos da problemática apresentada, podendo ser realizada de duas formas:
informal e formal. A coleta seletiva formal é realizada por catadores organizados em associações ou
cooperativas e sucede quando a Prefeitura realiza a “contratação de organizações de catadores
constituídas por pessoas físicas de baixa renda para a prestação do serviço” (BESEN, 2012, p. 404).
A coleta seletiva informal, portanto, é aquela em que é realizada por catadores sem que haja uma
contratação por parte do Poder Público, ela é executada por pessoas não organizadas: autônomos e
garimpeiros130. Silva (2017) acrescenta ainda que a coleta formal de resíduos sólidos, constituída
através de cooperativas é um fenômeno relativamente novo e contribui para a valorização
profissional dos que atuam nesse segmento, os reconhecidos catadores associados.
Nesse sentido, entende-se a importância das ações tanto do poder público quanto da
sociedade civil para a valorização desse profissional e a importância social e econômica que tais
indivíduos passam a ter quando seu trabalho é apoiado. Nessa direção, Nani ressalta que:
130
A classificação dos catadores foi realizada com base em Silva (2013).
Os mecanismos trazidos pela PNRS para a inclusão e valorização dos catadores não são
capazes de garantir condições dignas de vida e de trabalho, pois, mesmo sabendo que a atividade de
“catação possibilita a sobrevivência de muitos trabalhadores, que se encontravam excluídos e sem
alternativas para subsistência” (MEDEIROS; MACEDO, 2006, p. 66), destaca-se a precariedade
nas condições de trabalho, o alto grau de periculosidade, a insalubridade, o não reconhecimento por
parte da população além do preconceito pela atividade que desenvolve.
Quando todos os segmentos tem a consciência, em realizar o papel que lhe é atribuído não se
discute o caráter normativo e sim ético. Daí, a importância novamente de uma educação ambiental
pautada na sensibilização social. Os indivíduos devem perceber-se como integrantes do meio,
pertencentes ao todo, devem enxergar que suas atitudes têm reflexões diretas ao meio em que estão,
devem se preocupar e compreender que, o meio ambiente é indispensável para as diversas formas
de vida.
O afloramento da sociedade de risco impõe uma nova forma de pensar sobre os problemas
existentes e os indivíduos se sentem na posição de mediador de conflitos, onde buscam solucionar,
mitigar e minimizar os problemas existentes. As principais práticas desenvolvidas pela sociedade de
risco tem ligação direta com o processo de educação ambiental. Para Loureiro (2005, p. 69), “a
educação ambiental é uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores,
conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade da vida e a atuação
lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente”.
A educação ambiental adota um papel fundamental para a radicalização dos problemas
socioambientais causados pelas ações antrópicas, além de ser responsável pela formação de
indivíduos preocupados com os problemas ambientais. O sucesso da implantação e efetivação da
coleta seletiva e à valorização do catador de material reciclável está diretamente relacionado com o
desenvolvimento de uma educação ambiental consciente e transformadora. Exige-se, portanto,
mudanças de atitudes e comprometimento social.
Dupas (2005) critica o modelo atual de educação vigente e que estabelece que é necessário
criar mecanismos e reformas quanto à sua forma e conteúdo. Para o autor, a educação perpetua
ainda mais as diferenças entre classes sociais, é preciso que haja modificação de paradigmas. A
educação ambiental deve dialogar com a ética para que o homem se sensibilize e se conscientize
sobre a necessidade da conservação dos recursos naturais essenciais para a sobrevivência das
espécies existentes no planeta.
A educação ambiental que se discute nessa pesquisa não é a pautada em teoria, práticas e
historicidade, mas, sim, a que busca promover uma educação voltada à sustentabilidade, na busca
por indivíduos conhecedores da realidade e dos problemas existentes, autônomos, críticos e
sensibilizados ambientalmente, questionadores e reflexivos. Mileipe (2011) acrescenta ainda que,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O escopo do presente artigo foi uma reflexão a luz da discussão e da interação entre a teoria
dos riscos e os danos socioambientais provocados pelos resíduos sólidos, o caráter ético e a
importância da educação ambiental na busca de soluções para minimizar os impactos produzidos.
A modernidade proporcionou uma mudança de comportamento na sociedade elevando o
consumismo que, por conseguinte, promoveu uma maior geração de resíduos que têm se
comportado como um dos grandes geradores de danos ambientais.
Nesse contexto, os resíduos sólidos se caracterizam claramente, no contexto do risco aqui
mencionado. Para tanto, discutiu-se a importância da responsabilidade compartilhada e do caráter
ético das condutas humanas, empresariais e do setor público frente às externalidades negativas
originadas pela má gestão e pelo mau gerenciamento dos resíduos.
A lógica da discussão sobre educação e ética ambiental, é a de buscar promover uma
mudança na percepção do ambiente por parte da sociedade. Inicialmente a mudança buscaria a
sensibilização para os problemas existentes e, posteriormente a mudança comportamental e
institucional. Na busca de soluções para minimizar as externalidades têm-se a educação ambiental
como uma das principais ferramentas que contribui para a mudança comportamental e atitudinal
tanto da sociedade civil quanto da esfera pública e empresarial.
Para a construção da sensibilização e conscientização coletiva e individual, que pode
contribuir para novos caminhos da sociedade de risco, as normas e leis, embora fundamentais, não
são as ferramentas essenciais para a resolução de conflitos. Nesse sentido, todas as ações,
pensamentos, atitudes e reflexões devem estar amparadas também por valores éticos.
Apenas com a mudança na percepção pode-se ter uma postura sensível e proativa para com
os desafios encontrados nas relações socioambientais elencadas. O catador de recicláveis só terá
visibilidade e importância social a partir do momento em que houver uma sensibilização
sociopolítica por parte da população em geral, do poder público e dos demais segmentos da
comunidade. Isso só será alcançado através de ações éticas e de educação ambiental que busquem
uma mudança de percepção ambiental dos indivíduos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LARRÈRE, C.; LARRÈRE, R. Do bom uso da natureza. Trad. Armando Pereira da Silva. Lisboa:
Instituto Piaget, 1997.
SIRVINSKAS, L. P. Manual de direito ambiental. 10.ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva,
2012.
VÁZQUEZ, A. S. Ética. Civilização brasileira. Rio de Janeiro, RJ. 1915. Tradução de Dell’Anna-
30º edição. 2008.
RESUMO
O presente trabalho analisou como ocorre a abordagem da temática Educação Ambiental nos Livros
Didáticos de Ciências (química, física e Biologia), do 1º ano do Ensino médio em uma escola
pública da cidade de Caruaru/PE. Ao investigarmos os LDs de Ciências, através da análise do
conteúdo e ao realizarmos as inferências, percebemos que eles não contemplam o que preconizada
as políticas Nacionais da Educação Ambiental, uma vez que os seus conteúdos, textos, figuras e
suas atividades propostas não contemplam de forma integradora as questões ambientais. Nesse
sentido, salientamos que essas reflexões expostas devem ser entendidas como ponto de partida para
novas discussões.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Ensino de Ciências; Livro Didático.
ABSTRACT
The present study analyzed the approach of the theme Environmental Education in Science Didactic
Books (Chemistry, Physics and Biology), of the 1st year of High School in a public school in the
city of Caruaru / PE. When we investigate the LDs of Science, through content analysis and
inferences, we realize that they do not contemplate the National Environmental Education policies,
since their contents, texts, figures and their proposed activities do not contemplate integrating
environmental issues. In this sense, we emphasize that these reflections should be understood as a
starting point for further discussion.
Keywords: Environmental Education; Science Teaching; Textbook.
INTRODUÇÃO
Segundo Stompka (1998), a mudança social é o objeto central do estudo sociológico, porque
a sociologia se ocupa basicamente em analisar as mudanças ocorridas nas sociedades e busca
interpretações para esse fenômeno. Essa é uma preocupação manifestada desde as origens da
sociologia enquanto ciência.
Sabe-se que as comunidades não são estáticas e as transformações sociais acontecem de
acordo com as necessidades atuais. A esse respeito, Layrargues (2006, p.73) argumenta que “as
sociedades se transformam, e essas mudanças podem ser profundas ou superficiais, podem ser
lentas ou rápidas e podem ser geradas por diversas ou múltiplas causas de natureza social,
econômica, tecnológica e natural”. Nessa perspectiva, Althusser (1985) destaca que a “reprodução
das relações de produção é garantida pelo exercício do poder do Estado, através de seus aparelhos
repressor e ideológico no sentido que o aparelho ideológico do Estado mais importante e dominante
é a escola”.
Na escola está vigente a reprodução da cultura e das estruturas de classes, no momento em
que a escola qualifica os indivíduos perpassa os valores sociais, culturais e ideológicos. Além disso,
é também na escola que se favorece a formação social capitalista do sujeito, através da reprodução
da força de trabalho, esse sujeito é direcionando a desenvolver habilidades para que possa trabalhar
e consumir.
Loureiro (2006, p. 132) enfatiza que “a Educação Ambiental integra propostas educativas
oriundas de concepções teóricas e matrizes ideológicas distintas, sendo reconhecida no Brasil como
de inegável relevância para a construção de uma perspectiva ambientalista de mundo e de
sociedade”.
Assim, a Educação Ambiental é baseada na aprendizagem permanente e vinculada ao
respeito a todas as formas de vida, pautada na prática social a nível local, nacional e global
oportunizando-a a desenvolver-se culturalmente e historicamente, possibilitando evoluir no sentido
homem/meio, modificando o seu entorno de acordo com suas necessidades e visões. Para Leff:
Ambiental perde a finalidade, deixando de ser voltada à transformação das injustas e das condições
sociais.
Diante das crescentes ações antrópicas na natureza é importante que a sociedade se
posicione efetivamente frente à crise ambiental a fim de entender e desfrutar dos avanços científico-
tecnológicos, apontando argumentos que venham a discutir os problemas dentro de uma visão
social, cultural, crítica, ética, política, consciente, ambiental permeado de justiça social.
A Educação Ambiental é essencial e deve gerar conhecimentos que sirvam a toda a
sociedade. A escola deve atuar como um instrumento social que permita a sua efetividade,
possibilitando criar um novo modelo de comportamento que propicie um equilíbrio entre o homem
e o ambiente.
Como bem coloca Leff (2001):
A crise ambiental é crise do nosso tempo. [...] esta crise apresenta-se a nós como um limite
no real que ressignifica e reorienta o curso da história: limite de crescimento econômico e
populacional; limite dos desequilíbrios ecológicos e das capacidades de sustentação da
vida; limite da pobreza e da desigualdade social (LEFF, 2001, p.191).
Tales (2010) afirma que a educação sozinha não muda o mundo, mas pode influenciar na
mudança de hábito das pessoas, preenchendo lacunas relevantes na construção social e ambiental do
homem. Contribuindo, assim, para construção de sociedades sustentáveis com relação direta entre a
preservação ambiental e a justiça social. Assim, a escola apresenta-se como um ambiente propício
para que os indivíduos desenvolvam conhecimentos voltados ao respeito com a natureza,
construindo valores, competências e habilidades que despertem a sensibilização nos estudantes na
construção de uma cidadania ambiental.
Corroborando com esse autor, vários pesquisadores têm mostrado que a sociedade acordou
para as necessidades ambientais do planeta, em que as afirmações de progresso ilimitado,
consideradas como verdades indiscutíveis, não cabem mais no mundo contemporâneo, como
podemos observar a partir das considerações de Porto-Gonçalves:
[...] 20% dos habitantes mais ricos do planeta consomem 80% das matérias-primas e
energia produzidas anualmente, nos vemos diante de um modelo- limite. Afinal, seriam
necessários cinco planetas para oferecermos a todos os habitantes da Terra o atual estilo de
vida vivido pelos ricos dos países ricos e pelos ricos dos países pobres que, em boa parte, é
preterido por aqueles que não partilham esse estilo de vida (PORTO-GONÇALVES, 2006,
p. 71).
Diante da crise ambiental e civilizatória é preciso ponderar o agir em torno das questões
ambientais num aspecto contemporâneo e ser capaz de ressignificar a nossa existência no planeta,
pois, como adverte para Freire (2006, p. 69):
[...] somos os únicos seres que, social e historicamente temos a capacidade de aprender. Por
outro lado, o ato de aprender é uma aventura criadora, algo, muito mais rico do que
meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir e constatar para
Corroborando com esta proposta, Leff (2001) discute sobre crise ambiental e o papel do
conhecimento:
Nesse contexto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional evidência no seu Art.3º,
Parágrafo IV, que todas as escolas deverão garantir a igualdade de acesso para os alunos a uma base
nacional comum, que vise estabelecer a relação entre a educação e a vida cidadã por meio de
articulações entre vários dos seus aspectos como: saúde, sexualidade, vida familiar e social, meio
ambiente, trabalho, ciência e tecnologia, cultura e as linguagens (BRASIL, 1996).
Por outro lado, Carvalho (2004) afirma que o ensino de ciências possibilita aos estudantes a
reflexão da tomada de decisões, ao mesmo tempo em que promove um processo de
amadurecimento em que o professor tem um papel de guia, fazendo com que os alunos participem
desta construção, de modo que sejam capazes de argumentar e exercitar a razão. Diante desses
fatos, a inclusão da Educação Ambiental no ensino das ciências tem por objetivo instigar os
envolvidos a retratar o homem/natureza de forma integradora.
131
Interdisciplinaridade, Multidisciplinaridade, Transdisciplinaridade e Pluridisciplinaridade são formas de articulação
das disciplinas. São estratégias para reunir as possibilidades de produção de conhecimentos a partir dos conteúdos de
cada área.
Nesse sentido, é fundamental que, dentro desses critérios, o professor fique atento como os
conteúdos curriculares, os recursos visuais do livro e também as atividades propostas fazem a
interseção com a Educação Ambiental.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O livro didático tem grande influência em relação a qualidade da aula que acontece na
escola. Os livros elencados foram: livro de química ao qual nomeamos para os resultados e
discussões nesta pesquisa com o nome de “Rio Ipojuca”, o livro de física; nomeamos como “dono
da lavanderia têxtil” e livro de biologia nomeamos como “jacaré do papo amarelo”, uma forma que
encontramos para valorizar os nossos aspectos econômicos, naturais e geográficos locais,
característica da Educação Ambiental.
Nesse sentido, a pesquisa buscou investigar como os livros didáticos de (Química, Física e
Biologia) do primeiro ano do ensino médio adotados pela escola abordam os conceitos científicos
relacionados com a temática ambiental na perspectiva de promover a concepção ambiental nos
estudantes.
Assim, observando o livro Rio Ipojuca, de maneira geral foi identificado desde o início ao
final da obra a contemplação em cada capítulo do enfoque CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e
Ambiente). Porém, essa abordagem CTSA apresenta-se apenas com textos informativos trazendo
em seguida uma análise e discussão não contextualizada, modelo pergunta e resposta que não
contempla as consequências dos impactos ambientais do descarte de materiais recicláveis, bem
como não ressignifica os conceitos de desenvolvimento econômico e cidadania (Figura 1).
Ao analisar a figura Acima, percebe-se que o livro Rio Ipojuca não auxilia na promoção de
uma aprendizagem voltada à reflexão socioambiental. As questões que são relativas ao texto se
apresentam de forma limitada e não instiga o aluno a ir além do que está exposto no texto.
Observa-se que a questão um (1) que mesmo que seja estimulada uma discussão em grupo,
essa discussão apenas propõe que o aluno retire a informação que é apontada no texto, verificando-
se que este tipo de questionamento não contribui na discussão das questões ambientais, uma vez que
não apresenta envolvimento dos aspectos educacionais com os aspectos sociais, econômicos,
políticos, éticos e culturais. Os quais não se encontram inter-relacionados, através do ambiente
físico/natural e social, bem como não propicia o entendimento do uso dos recursos matérias com
características exploratórias do ambiente.
Nesse sentido, os posicionamentos de como os conteúdos com enfoque ambiental são
apresentados e problematizados nos livros didáticos, contribui para a construção de uma concepção
de Educação Ambiental que é encaminhada apenas como mudança comportamental sem a devida
contextualização social, política e histórica abandonando o caráter transformador e emancipador.
Assim, segundo Krasilchik, a sociedade brasileira necessita de:
[...] cidadãos conscientes de seus direitos e deveres e capazes de opinar a respeito dos
destinos da ciência e da tecnologia e dos múltiplos assuntos de suas vidas que, de alguma
forma, são afetados por elas. O ensino das Ciências nos currículos escolares passa a agregar
a importância de adquirir, compreender e obter informação e também a necessidade de usar
a informação para analisar e opinar acerca de processos com claros componentes políticos e
sociais e, finalmente, agir no seu meio. Esse acréscimo implica um desafio novo para os
interessados no ensino de Ciências, com a introdução de aspectos éticos, o que pode colocar
em conjunção, ou mesmo em confronto, a sociedade e a comunidade científica
(KRASILCHIK, 1988, p.40).
Merece destacar a contribuição que Brasil (1998), quanto ao seu destaque em relação ao o
livro didático, onde enfatiza que é um material de forte influência na prática de ensino em todos os
estados do Brasil, e que é preciso que os professores estejam atentos à qualidade, à coerência e a
eventuais restrições que apresentem em relação aos objetivos educacionais propostos. Além disso, é
importante considerar que o livro didático não deve ser o único material a ser utilizado, pois a
variedade de fontes de informação é que contribuirá para o aluno ter uma visão ampla do
conhecimento a ser estudado.
Ao analisarmos o livro didático jacaré do papo amarelo, a sua obra é organizada por
unidades temáticas com seus respectivos capítulos, em que a autora analisa criticamente as relações
entre o conhecimento científico e o desenvolvimento cientifico, tecnológico, social e ambiental.
Porém essas relações apresentam-se meramente em trechos delimitados em uma ou duas páginas ao
final de cada unidade temática. Cabe descrever um exemplo a fim de demonstrar como acontece
esta abordagem CTSA.
Assim, na unidade temática que traz o título relações entre os seres vivos, encontrada no
capítulo cinco, o conteúdo científico é apresentado expondo as interações ecológicas, as relações
intraespecíficas e as relações interespecíficas, ao finalizar do capítulo observam-se na página cento
e quarenta e um, exercícios propostos referentes ao conteúdo trabalhado. Dando sequência, na
página cento e quarenta e dois, os exercícios seguem com questões que destacam a modalidade
CTSA, no topo da página. O que chama a atenção é em relação a não abordagem CTSA dentro do
texto do conteúdo cientifico estudado, como também se apresenta de forma isolada nos exercícios
propostos.
As primeiras atividades com o título revendo e aplicando conceitos, seguem em destaque,
em relação a outros exercícios com o título Ciências, Tecnologia e Sociedade às questões de
resoluções CTSA são questões prontas do Enem e de vestibulares das principais universidades do
país. Observa-se que esse enfoque CTSA não apresenta conexão com conteúdo a ser abordado, não
contemplam questões relativo a ciência, a sociedade, a tecnologia, ambiente por cada unidade
temática.
Nesse sentido, não existe uma articulação entre os conteúdos científicos e a temática
Educação Ambiental, isso rebate no trabalho pedagógico do professor, na reprodução dessa pratica
em sala estimulando uma concepção de Educação Ambiental compartimentada.
Desse modo é importante que este instrumento didático dialogue com a temática ambiental
em todos os conteúdos científicos apresentados no decorrer da obra, sempre os relacionando e
entendendo que a Educação Ambiental não é um modelo especial de educação, e sim um processo
continuo de reflexão entre sociedade/natureza.
O PCN - meio ambiente vem corroborar com os achados da pesquisa, uma vez que propõe
no processo educacional que os estudantes e professores adquiram uma postura crítica sobre as
questões ambientais no seu dia a dia através das metodologias propostas no ambiente escolar, e
assim, permitir a promoção de uma concepção de Educação Ambiental política e social (BRASIL,
1997). Nesse sentido, o livro didático deve ser um instrumento que venha a contribuir com a
formação cidadã favorecendo a construção de uma educação comprometida com os valores éticos,
incentivando a sociedade atuar de maneira efetiva no ambiente que estão inseridos.
Nessa perspectiva ao observar a obra o dono da lavanderia têxtil, de maneira geral aponta
para uma abordagem conservacionista dos conteúdos de física. Apresenta-se organizados em
capítulos a partir de um sumário inicial. Ao passear em todos os capítulos, não se enxerga nenhuma
temática ligada à questão ambiental.
No capitulo sete, no conteúdo cientifico: a energia, formas de energia e conservação foi
observado ênfase nos conteúdos conceituais, postos sem valorizar nenhuma relação entre ambiente
e valores políticos, sociais, econômicos e culturais, indicando uma visão acrítica durante o processo
de construção do conhecimento. Essas observações vão de encontro com o que preconiza o Guia de
orientação do Livro Didático do PNLD 2015-2017 quando afirma que o ensino de ciências deve
proporcionar aos alunos uma compreensão do meio em que vivem, possibilitando-os a intervir na
sociedade ao desenvolver atitudes, competências, conhecimentos, comportamentos e valores sociais
em relação ao ambiente.
Nas obras de Ciências do ensino médio adotados pela escola verifica-se que apenas o Rio
Ipojuca trabalha os conteúdos de forma interdisciplinar. Nesse sentido, a prática interdisciplinar
reforça a importância do diálogo, da reflexão, da indagação.
Essa metodologia faz com que professores e alunos intervenham no seu cotidiano ao
promover um vínculo entre o conhecimento e as suas vivências, como intuito de superar a
fragmentação do conteúdo.
A pesquisa evidencia que na interdisciplinaridade o indivíduo passa a ter uma visão
globalizante do ambiente em que possibilita a interação entre o equilíbrio nas relações do homem,
da natureza e o meio social, fator indispensável para o alcance da Educação Ambiental.
Outro destaque sobressaído em comum nas três obras analisadas, apenas em alguns trechos e
de forma muito superficial a Educação Ambiental é abordada de forma transversal. Observa-se a
falta de situações com eixos articuladores entre as temáticas e as disciplinas. Cabendo apenas o uso
da transversalidade por aquele professor sensível a necessidade de utilizar na sua prática cotidiana
educacional, conhecer os documentos oficiais procurando entender os seus propósitos, acreditamos
que seria o primeiro passo.
Assim como recomendação seria interessante uma aproximação entre as situações cotidianas
do aluno através de observações do ambiente local e regional através de questionamentos e
reflexões, adotando práticas que valorizem situações com ênfase nas pesquisas e com foco nas
questões socioambientais e planejar situações didáticas em que o livro didático ausentou-se.
Ao promover a E.A temos como fundamento em todo desenvolvimento da sua abordagem
uma prática interdisciplinar, a partir desse caráter podemos utilizá-la como um instrumento a fim de
reconhecer e intervir nas práticas educacionais mais tradicionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entende-se que, grande parte dos livros didáticos prioriza a discussão dos conteúdos
científicos focalizados em suas respectivas áreas de conhecimento, no entanto, pouco se tem a
articulação com a temática ambiental.
Mediante os resultados desta pesquisa, ressaltamos que a falta de contextualização e reflexão
socioambiental foram os pontos mais evidenciados na análise dos três exemplares de ciências. O
enfoque CTSA apresenta maior predominância nos livros didáticos, entretanto é abordado nos
textos de modo mais informativo e sem uma ligação de conteúdos que coadunem com os
pressupostos de uma discussão ambiental global e interdisciplinar. Podemos frisar que apenas um
exemplar (Rio Ipojuca) trabalha os conteúdos de maneira interdisciplinar.
Considerando a influência que o livro didático tem com o educador e com o educando,
sugerimos a inclusão dessa temática, de forma interdisciplinar, transversal e contextualizada como
preconiza a lei federal nº 9.795/1999, assim também como elemento classificatório, na seleção dos
livros para o Programa Nacional Livro Didático.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
________. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
LAYRARGUES. P.P. Muito além da natureza: educação ambiental e reprodução social. In:
LIBÂNEO, José Carlos. Didática: velhos e novos temas. Edição do Autor, 2002.
RESUMO
O intenso processo de urbanização culminou no agravamento de problemas como falta de
planejamento urbano, poluição e crise hídrica. Embora muitos destes problemas afetem diretamente
a população, observa-se hoje uma desconexão das pessoas com o ambiente em que vivem. Uma
consequência deste comportamento é a cegueira botânica, que impacta diretamente na forma como
a população percebe e valoriza a arborização urbana, trazendo prejuízos estéticos e ambientais.
Torna-se necessário, portanto, o desenvolvimento de atividades que promovam a sensibilização da
população para as problemáticas ambientais e urbanas. Esse trabalho teve o objetivo de desenvolver
e avaliar uma atividade interdisciplinar aplicada a três turmas de alunos do segundo ano do ensino
médio, utilizando a arborização urbana como tema gerador. A atividade consistiu em: estudo do
meio nas ruas do centro de São João da Boa Vista, produção de um portfólio com os dados
coletados e uma roda de conversa para socialização das produções. A avaliação foi realizada pela
análise dos portfólios, da roda de conversa e de relatos individuais. O estudo do meio permitiu aos
alunos ampliarem as suas percepções sobre diversos aspectos das ruas da cidade e trocar
experiências com moradores das ruas, possibilitando um novo olhar sobre a questão. Também
mostrou-se uma atividade eficaz para promover a coleta e organização de dados, contribuindo para
o engajamento dos alunos. A importância da atividade para o desenvolvimento do olhar dos alunos
para a cidade e a flora urbana foi ressaltada na roda de conversa e nos relatos individuais.
Concluímos, portanto, que a atividade proposta contribuiu para uma compreensão complexa do
ambiente urbano e pode ser utilizada como estratégia para trabalhar a cegueira botânica dos jovens.
Palavras-chave: arborização urbana; cegueira botânica; urbanização; interdisciplinaridade.
ABSTRACT
The intense urbanization process has culminated in the intensification of problems such as lack of
urban planning, pollution and hydric crisis. Although many of these problems directly affect the
population, it is observed a disconnection of people with the environment in which they live. One
consequence of this behavior is botanical blindness, which directly impacts the way the population
perceives and values the urban afforestation, causing aesthetic and environmental damages. It’s
necessary, therefore, to develop activities that promote the awareness of population to urban issues.
This work aimed to develop and evaluate a interdisciplinary activity applied to three classes of
second grade students, using urban afforestation as generator theme. The activity consisted in:
environmental study on the streets of São João da Boa Vista, development of a portfolio with
collected data and a conversation circle to socialize productions. The evaluation was carried out by
portfolios analysis, the conversation circle and individual reports. The environmental study allowed
students to broaden their perceptions about many aspects of the city’s streets and exchange
experiences with residents, allowing a new look at the issue. The activity was also effective to
promote the collection and organization of data, contributing to students engagement. The
importance of the activity for the development of students’ perceptions of the city and urban trees
were emphasized in the conversation circle and individuals reports. We conclude that the activity
proposed contributed to complex comprehension of urban environment and it can be used as
strategy to work on the botanical blindness of young people.
Keywords: urban afforestation; botanical blindness; urbanization, interdisciplinary
INTRODUÇÃO
as plantas se tornem meros objetos estáticos que compõem o plano de fundo de uma paisagem.
Dentre as causas desta cegueira botânica temos o distanciamento das pessoas com os ambientes
naturais e o uso de metodologias de ensino de botânica nas escolas que não despertam o interesse
dos alunos e não estabelecem relações entre o que estão aprendendo em sala de aula com seu
cotidiano (TOWATA et al., 2010). O desconhecimento da flora com a qual convivem afeta a
percepção, inclusive, dos problemas decorrentes do mau planejamento urbano, assim como a
atuação da população em prol de melhorias para as cidades. Tal comportamento pode ter sérias
implicações no planejamento da arborização urbana e no conhecimento necessário às pessoas para
exigirem uma arborização urbana condizente com as especificidades de locais como praças,
avenidas e ruas comerciais aos setores administrativos responsáveis.
A temática ambiental, em um aspecto geral, e de aspectos da arborização nas cidades,
especificamente, engloba uma ampla gama de conhecimentos, impossíveis de serem mobilizados
por uma única disciplina, o que necessita de uma atuação interdisciplinar. Muitos trabalhos e
práticas pedagógicas porém, ainda estão alicerçados pelo paradigma moderno, que compreende a
natureza a partir de leis naturais gerais. A superação desse paradigma implica em uma visão
complexa da natureza, a partir dos sentidos produzidos pelo homem, de uma racionalidade
compreensiva (CARVALHO, 2017).
Inserido nessa perspectiva, o estudo do meio vem a ser um tipo de atividade escolar que
promove a integração entre diversas disciplinas e, se constitui como um método ativo, em que o
aluno é levado a interagir com o ambiente ao redor, a intervir no mesmo, estabelecendo relações
com o conhecimento disciplinar desenvolvido nos espaços escolares. Além disso, trata-se de um
procedimento que tem uma longa tradição nas práticas de ensino em geral, dada sua característica
de lidar com o meio, entendendo o meio como um processo de interrelação da natureza e da
sociedade.
Associado ao estudo do meio, tem-se a importância da sensibilização da sociedade perante
os problemas ambientais atuais, principalmente aqueles relacionados aos espaços nos quais as
pessoas vivem e socializam, e a necessidade de se melhorar a forma como as pessoas observam e
percebem a natureza ao seu redor. Neste sentido, este trabalho objetivou a sensibilização ambiental
de alunos do ensino médio a partir de uma atividade interdisciplinar de Biologia e Geografia, tendo
a arborização urbana como tema gerador em educação ambiental.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O estudo foi realizado com alunos dos segundos anos do Ensino Médio Integrado do IFSP,
câmpus São João da Boa Vista, nas ruas centrais do município. Tomou-se como material empírico,
o próprio município de residência dos alunos para estimular um olhar mais analítico sobre o espaço
frequentado por eles.
O município está situado na porção leste do estado de São Paulo, se encontra na fronteira
territorial entre os estados de São Paulo e Minas Gerais (figura 1). O município tem uma estimativa
populacional de 90.089 habitantes (IBGE, 2017), apresenta um IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano) de 0,797 (IBGE, 2017) e uma economia diversificada baseada nos setores na agricultura,
pecuária, em atividades industriais, comerciais e de mineração.
coleta de dados. Para que os alunos pudessem ter um contato prévio com as informações
trabalhadas e com a metodologia de coleta de dados solicitada, foi realizada uma visita piloto, com
a presença das professoras e um monitor, em uma praça próxima ao campus do IFSP, com duração
de 100 minutos.
Estudo do meio
Para a coleta de dados foram elaborados dois roteiros de campo considerados apropriados ao
estudo. O primeiro foi direcionado às características de infraestrutura urbana das ruas da cidade,
enquanto que o segundo roteiro foi centrado na caracterização morfológica da flora presente nas
ruas e praças visitadas.
O primeiro roteiro (tabela 1) foi elaborado com perguntas que visavam uma análise centrada
na caracterização da infraestrutura urbana, totalizando 10 perguntas qualitativas.
qual eles deveriam fazer o registro das árvores e das características urbanísticas. Foi estipulado um
limite máximo de 30 árvores para coleta de dados de arborização, sendo que os dados urbanísticos
deveriam ser coletados ao longo de todo o trecho percorrido das ruas.
Para termos um olhar mais complexo sobre a realidade vivenciada, os alunos também foram
orientados a conversar com moradores das ruas visitadas. O tema debatido deveria ser a segurança
da rua e como a arborização interfere nessa questão.
Após a entrega dos portfólios, a atividade foi avaliada a partir das seguintes estratégias:
análise dos portfólios, relatos individuais que foram solicitados por meio de redes sociais e de uma
roda de conversa realizada em sala de aula. A escolha de diferentes estratégias teve como objetivo
privilegiar a pluralidade de visões e de registros, uma vez que alguns alunos preferem a
comunicação em grupos, enquanto outros alunos se sentem mais confortáveis com a comunicação
individualizada das redes sociais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Alguns dados foram recorrentes nos registros e nos relatos das duplas e refletem alguns
padrões de arborização da cidade. O primeiro apontamento é a recorrência de árvores em conflitos
com o ambiente urbano, o que pode ocasionar calçadas quebradas, árvores que expandem suas
copas pela área de tráfego de carros e copas de árvores que atingem a fiação elétrica da rua (figuras
3 e 4).
Fonte:Portfólio do aluno B.
porém a falta de treinamento das equipes responsáveis ocasiona a realização indevida em regiões
que sequer têm fiação (VELASCO, 2003). Segundo a autora, quando a poda não é realizada
corretamente, a planta pode se tornar mais suscetível a doenças. Também há uma perda dos
benefícios ambientais fornecidos pela arborização urbana, como conforto climático, aspectos
estéticos e sombra. Torna-se necessária a conscientização e treinamento das equipes que realizam
esses serviços.
Algumas duplas relataram que alguns moradores gostariam de fazer a retirada das árvores,
justamente pelos problemas apontados. Tais problemas poderiam ser evitados caso houvesse algum
conhecimento prévio sobre as características morfológicas básicas das espécies antes do plantio, ou
um serviço público de orientação a população sobre quais espécies seriam mais adequadas às vias
públicas. Esse comportamento pode ser um indicativo de desconhecimento, dessensibilização sobre
os benefícios fornecidos pela arborização urbana, já tendo sido retratado em outros estudos
(SOUZA et al, 2011; VELASCO, 2003). Velasco (2003) em um estudo comparativo entre
diferentes cidades, observou que as reclamações são mais frequentes em cidades onde não há uma
intervenção pública no sentido de sensibilizar a população para a importância da arborização urbana
e da manutenção adequada das árvores da cidade. Este estudo de meio contribuiu para que os alunos
aplicassem os conhecimentos que haviam sido trabalhados nas aulas de Biologia e Geografia.
As duplas organizaram seus registros fotográficos e dados coletados sobre as árvores das
ruas em portfólios que foram compartilhados virtualmente através do google drive. Optamos pela
solicitação de um portfólio reflexivo, que permita que os alunos reflitam sobre a própria construção
do conhecimento. Na figura 5 temos um modelo de organização dos dados de uma árvore em um
portfólio.
132
O município de São João da Boa Vista prevê na lei nº 1.366 de 07/07/2004, em seu artigo 15, inciso IX, o plantio de
uma árvore por lote ou uma árvore a cada 12 metros, para que seja liberado o alvará para o loteamento.
Os relatos individuais recebidos por meio de redes sociais foram mais subjetivos, buscando
uma análise dos benefícios que a atividade trouxe e uma reflexão sobre as mudanças em seus
cotidianos, como no relato abaixo.
A reflexão realizada pela aluna acima demonstra que a atividade conseguiu romper com a
cegueira botânica que a mesma possuía. Observar as árvores começou a fazer parte do cotidiano,
sua percepção sobre o ambiente se modificou a partir da atividade proposta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos dados e relatos analisados, podemos concluir que este estudo do meio foi
significativo para os alunos e possibilitou a prática interdisciplinar entre as disciplinas de Biologia e
Geografia, possibilitando a aplicação de conceitos sobre urbanização e botânica aos espaços que
pertencem ao cotidiano dos alunos. O estudo do meio é uma atividade que promove uma reflexão
sobre as relações sociais e ambientais existentes no local e promovem um trabalho conjunto entre
professores e alunos. Além de ampliarem seu conhecimento sobre diversos aspectos da flora urbana
e sobre os elementos urbanísticos que compõem as vias da cidade, os alunos desenvolveram a
capacidade de observação e análise crítica do meio que os cerca, tornando-os mais sensibilizados
em relação aos elementos ambientais e estruturais que podem afetar diretamente na sua qualidade
de vida. Concepções a respeito da escolha adequada de espécies vegetais para arborização urbana,
importância das árvores nas cidades, e condições básicas de segurança e acessibilidade das vias,
antes distantes do pensamento dos alunos, passaram a integrar seu dia a dia.
Acreditamos que este trabalho, para além dos limites disciplinares, possibilitou um novo
olhar desses estudantes para a cidade, uma reflexão sobre pontos muitas vezes não discutidos, como
a biodiversidade próxima dos lugares que frequentam e elementos do planejamento urbano, que
frequentemente passam despercebidos pela ausência de práticas que possibilitem aos alunos se
apropriarem desse conhecimento. Atividades como esta também desmistificam os conteúdos da
geografia e da biologia, que muitas vezes são tratados em uma perspectiva tradicional e conteudista.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMBRÓSIO, M. O uso do portfólio no Ensino Superior. 2ed. Petrópolis- RJ: Editora Vozes, 2013.
CARVALHO, I. C.M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. Cortez Editora, 2017.
RAPOSO, M.B.T.; SILVA, M.L.S. Avaliação no ensino médio: o portfólio como proposta.
Cadernos de Educação. v. 42, p. 259-281. 2012.
SOUZA, G.S.; SILVA, L.F. Planejamento da arborização: por que é necessário conhecer a
percepção dos munícipes? Educação Ambiental: Responsabilidade para a conservação da
sociobiodiversidade. João Pessoa: Editora da UFPB, 2011.
RESUMO
Este artigo pretende apresentar o exitoso trabalho promovido pela disciplina eletiva apresentada no
Centro de Excelência Professora Maria das Graças Azevedo Melo (CEPMGAM), que teve por
objetivo contribuir com a Educação Ambiental em uma perspectiva crítica. Por sua vez, o aspecto
teórico da pesquisa será evidenciado a partir das reflexões a respeito da Educação Ambiental,
Interdisciplinaridade, Percepção e práticas pedagógicas. Para o devido alcance desse propósito,
optou-se pela utilização dos seguintes instrumentais metodológicos: pesquisa in loco, levantamento
e registro fotográfico, aplicação de mapas mentais e de entrevistas semiestruturadas, além da
revisão bibliográfica. Ao final dos trabalhos foram identificados resultados significativos nas
posturas e nas falas do público pesquisado.
Palavras-Chave: Educação Ambiental. Interdisciplinaridade. Saberes. Práticas Pedagógicas.
ABSTRACT
This article intends to present the successful work promoted by the elective course presented at the
Center of Excellence Professora Maria das Graças Azevedo Melo (CEPMGAM), whose objective
was to contribute with Environmental Education in a critical perspective. In turn, the theoretical
aspect of the research will be evidenced from the reflections on Environmental Education,
Interdisciplinarity, Perception and pedagogical practices. In order to achieve this, the following
methodological tools were used: on-site research, survey and photographic registration, application
of mental maps and semi-structured interviews, as well as bibliographic review. At the end of the
work, significant results were identified in the postures and speeches of the researched public.
Keywords: Environmental Education. Interdisciplinarity. You know. Pedagogical practices.
INTRODUÇÃO
133Mestra em Ensino das Ciências Ambientais (Universidade Federal de Sergipe – PROFCIAMB/UFS). Especialista em
Educação de Jovens e Adultos (FANESE); Graduada em Geografia (UFS). Membro do Grupo de Pesquisa Território,
Cultura e Representações - GPTeC/CNPq.
134Vice diretor do CECH/UFS; professor do PROFCIAMB/UFS - Líder e pesquisador do GPTeC/UFS-CNPq.
135 Mestra em Ensino das Ciências Ambientais (Universidade Federal de Sergipe – PROFCIAMB/UFS);Licenciada em
DESENVOLVIMENTO
Ainda que estes profissionais ministrem suas aulas em áreas diferenciadas, a disciplina
eletiva proposta dialogacontinuamente com as diversas fontes do saber para a construção de
análises mais amplas, corporificando atitudes interdisciplinares, pois Fazenda (2010) compreende a
interdisciplinaridade enquanto “a imagem sempre acaba contemplando aspectos da totalidade do
conhecimento numa espiral ascendente que nos movimenta em direção à sacralidade (FAZENDA,
2010, p. 8)”.
Em efeito, com o intuito de promover a interligação entre as vastas áreas do conhecimento,
para apreensão dos saberes, parece oportuno levantar aquilo que Leff chama atenção, de que “a
interdisciplinaridade ambiental estabelece a transformação dos paradigmas estabelecidos do
conhecimento para internalizar um saber ambiental (LEFF, 2011, p. 318)”. Implica dizer que, para
que se estabeleça uma transformação dos paradigmas, como propõe Leff (2011), seria preciso
transcender o que entendemos atualmente como prática de ensino, para Paiva (2014):
Preside a ideia de que através do olhar investigativo dos estudantes – que precisam se despir
de certos preconceitos para identificar e analisar com objetividade os dados importantes para
apreensão do conhecimento da realidade – que se manifesta o expressivo exercício e exame de
alguns conceitos e principalmente, o reconhecimento e valorização dos saberes popular –
designados, em substância, como variados aspectos que se fazem primordiais para uma
reconstrução do pensamento e reavaliação do conhecimento. A análise objetiva mencionada,
contudo, pode ser alcançada através da concretização das etapas planejadas da disciplina eletiva.
Contudo, é valioso trazer à baila que não foram desprezados os procedimentos e os
instrumentos quantitativos, pois de acordo com Minayo (2008), os métodos quantitativos são
utilizados para exibir dados, indicadores e tendências que são perceptíveis, ou produzir modelos de
teorias apoiados em uma condição abstrata, mas que carregam possibilidades de aplicação prática.
Assim, os procedimentos metodológicos que foram adotados pela pesquisa fundamentaram-se na
revisão: histórico-literária, no trabalho de campo, em entrevista semiestruturada, levantamento
fotográfico e análise dos dados primários e secundários.
Isso posto, a análise de dados que tem como objetivo organizar e sumariar os dados de
forma tal que possibilitem o fornecimento de resposta são problema proposto para investigação”
(GIL,1989,p.166), apresenta sua realização neste estudo a partir da interpretação das informações
colhidas durante todas as etapas, e portanto, efetivada através da análise de dados primários –
adquirido junto aos sujeitos através dos trabalhos de campo, entrevistas e registro fotográfico.
RESULTADOS
Envolto nos objetivos apresentados, foram identificados ao final das ações que, os
estudantes em sua maioria 9,1% foram capazes de identificar os grandes componentes do complexo
geomorfológico do local onde a escola está inserida, passaram a compreende rmelhor a função dos
ecossistemas não só no local, mas em qualquer circunstância equivalente, percebido nas falas dos
entrevistados, que 93% apontam a necessidade de cuidar dos ambientes, porque tudo está
interligado. Deste modo, a maioria compreendeu a integração entre os elementos fisiográficos: a
APA do Morro do Urubu, do rio Sergipe e sua sub-bacia o rio do Sal, e a relação destes com o bem
estar social e o subjetivo local.
Utilizaram-se algumas categorias para pautar as discursões relacionadas aos ambientes
locais e a relação destes com os aspectos globais e as ações de interesse do poder público,
importante ressaltar que nem sempre as ações governamentais tem a devida preocupação com as
populações locais e os ambientes naturais, de fato, as atitudes manifestadas pelas lideranças
públicas estão claramente submetidas às forças do sistema em vigor: o capitalismo.Diante dos fatos
em relevo, as categorias em destaque levam em consideração a percepção dos estudantes avaliados
em relação:a) A sub-bacia do Rio do Sal, b) A bacia do Rio Sergipe, c) Ao Morro do Urubu, d) A
Área de Proteção Ambiental (APA), e) Aspectos da sustentabilidade; f) Ações individuais; g) Ações
coletivas; h) Ações governamentais. O gráfico abaixo apresenta os resultados das análises
empregadas em questionários e entrevistas semiestruturadas.
nas categorias acima, as colunas em tom azul indicam tais percentuais da pesquisa. Na segunda
análise, demonstrada pelas barras em tom vermelho, mostram claramente os ganhos em relação à
percepção ambiental, pois a diferença entre a análise inicial e final está em torno dos 33%.
Por conseguinte, igualmente se ressalta a importância de que os educandos abram
perspectivas para a conscientização e o pensamento crítico a respeito destes ambientes. É preciso,
portanto, que estejam sempre protegidos e conservados, no sentido de estabilizar as dinâmicas
naturais da biosfera, uma vez que este é o ambiente no qual o homem é ser integrante e ao mesmo
tempo ser impactante, atuando como potencial agente degradador ambiental. Em face desse relevo,
o estudo convida a refletir um panorama em que os estudantes também sejam capazes de relacionar
os acontecimentos locais com os processos globais, numa análise interpretativa dos aspectos que
interligam as ações econômicas, sociais, políticas e ambientais, em um contexto holístico, pela
retotalização do saber.
Evidencia-se, nesse viés, a importância de que as visitas e excursões configuram, porquanto,
com o objetivo de integrar o conteúdo as vivências práticas, aos sentidos, as emoções,
reconhecendo os signos e os significados dos ambientes que se entrelaçam, das teias que formam o
vasto tecido daquela comunidade, formando aspectos representados nas expressões culturais do
povo e nos monumentos plasmados pelas relações de poder que ali se desenharam, para
‘corporificação’ do conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todas as leituras textuais e visuais que foram apresentadas, além das discussões e
das reflexões acerca dos propósitos apresentados pela pesquisa em relevo, manifesta-se uma
perspectiva sobressalente e decisiva de que educandos sejam capazes e atuantes no papel de
discernir sobre a política econômica de massificação do poder, monopolização dos bens de
produção e do domínio dos ambientes naturais para obtenção contínua de matéria-prima que
movimenta as indústrias e os seus grandes monopólios. Isto se compreende, em detrimento das
condições de vida do trabalhador, criando contingentes de excluídos sociais e promovendo o
aniquilamento das espécies, tanto da fauna quanto da flora, em favor da obtenção de lucros
exorbitantes.
Sobretudo, em função de tais exercícios que propiciam novos olhares e atitudes, se torna
iminente que as discussões e atividades aplicadas no transcorrer da disciplina eletiva (que tem uma
proposta interdisciplinar, pautada na teoria da Educação Ambiental Crítica)que contribuiu para o
desenvolvimento nos discentes das competências e algumas práticas sustentáveis. Mas,
especialmente, que tais exercícios possam desenvolver e fomentar habilidades e atitudes que
permitam a estes sujeitos enfrentarem os desafios propostos, na perspectiva de fortalecer as relações
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 9795 - 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental. Política Nacional
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RESUMO
O monitoramento ambiental surge como forma eficaz para responder questões ligadas ao estado
funcional dos ecossistemas e como estes estão sendo prejudicados com as ações antrópicas. Sendo
assim, o biomonitoramento é uma possibilidade de monitorar o meio ambiente. Biomonitoramento
consiste na utilização dos organismos vivos no acompanhamento ambiental a fim de se avaliar
mudanças no meio, com a utilização de organismos vivos cujas populações e distribuição são
estudadas durante certo tempo e comparadas a um modelo, onde os desvios são avaliados. Dessa
forma, o biomonitoramento surge como ferramenta de sensibilização ambiental por intermédio do
ensino da Educação Ambiental. Essa pesquisa teve como objetivo, atribuir ferramentas que
embasem e auxiliem o ensino, criando e instigando diálogos referentes ao monitoramento biológico,
ou biomonitoramento, e suas vantagens. Além de discutir a problemática acerca dos malefícios da
queima da cana de açúcar, especificamente, para a Zona da Mata Norte. Para desenvolver essa
pesquisa foram elaboradas oficinas realizadas em escolas da Rede Pública de Ensino,
semanalmente, durante o segundo semestre de 2017. Dentre as atividades realizadas, a oficina de
educação ambiental apresentou resultados positivos, onde os estudantes demonstraram estar
sensibilizados com as observações e com os esclarecimentos realizados, no qual passaram a
entender que os mesmos também são atores e difusores na busca pela mudança.
Palavras-chave: biomonitoramento; educação ambiental; cana de açúcar; queimadas.
ABSTRACT
Environmental monitoring emerges as an effective way to answer questions related to the functional
state of ecosystems and how they are being harmed by human actions. Therefore, biomonitoring is a
possibility to monitor the environment. Biomonitoring consists of the use of living organisms in the
environmental monitoring in order to evaluate changes in the environment, with the use of living
organisms whose populations and distribution are studied for a certain time and compared to a
model, where deviations are evaluated. In this way, biomonitoring emerges as a tool for
environmental awareness through the teaching of Environmental Education. This research aimed to
assign tools that support and assist teaching, creating and instigating dialogues related to biological
monitoring, or biomonitoring, and its advantages. Besides discussing the problematic about the
damages of the burning of the sugar cane, specifically, for the Zona da Mata Norte. To carry out
this research, workshops were carried out in schools of the Public School Network, weekly, during
the second semester of 2017. Among the activities carried out, the environmental education
workshop presented positive results, in which the students showed to be sensitized with the
observations and with the clarifications made, in which they come to understand that they are also
actors and diffusers in the quest for change.
Keywords: biomonitoring; environmental education; sugar cane; burned.
INTRODUÇÃO
A qualidade do ar é um tema que vem sendo cada vez mais estudado desde a década de 70.
Acidentes com gases, problemas com a chuva ácida e, os crescentes níveis de poluição do ar nas
cidades do mundo, aumentam a demanda por maiores informações do ambiente em que se vive,
uma vez que alguns poluentes possuem efeitos retardados, ao passo que outros são imediatos.
As usinas produtoras de açúcar e outros derivados da cana, bem como demais indústrias,
produzem uma gama enorme de rejeitos e poluentes, que, por força da legislação vigente no Brasil,
devem ser tratados antes de sua emissão à natureza. No entanto, alguns poluentes são mais difíceis
de serem tratados (gases liberados na queima da cana para aquecimento das caldeiras e corte).
Diante desta problemática, o monitoramento dos níveis de gases danosos à saúde tornou-se
corriqueiro.
Diante dessa problemática, o monitoramento ambiental pode ser utilizado para analisar a
qualidade do meio ambiente. Uma das alternativas do monitoramento ambiental é o
biomonitoramento:
METODOLOGIA
Em linhas gerais, pode-se afirmar que a investigação científica esteve baseada num estudo
de caso (sendo o locus da pesquisa, oficinas de monitoramento ambiental, realizada na Escolas da
Rede Publica de Ensino da cidade de Nazaré da Mata). Para o estudo de caso, adotou-se a
metodologia de pesquisa ação, uma vez que em diversos momentos havia a intervenção do sujeito
estudado: como se detalha a seguir:
Para o desenvolvimento da pesquisa, inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica
acerca do assunto tratado, buscando a ampliação do arcabouço teórico, sobre biomonitoramento
ambiental; queimadas, poluição e saúde.
Para desenvolver essa pesquisa foram realizadas oficinas semanalmente, durante o segundo
semestre de 2017 em escolas da Rede Pública de Ensino (três escolas) e convidados estudantes do
Ensino Médio. A cidade de Nazaré da Mata, está localizada na Zona da Mata Norte do Estado de
Pernambuco (figura 1).
Figura 1: Estado de Pernambuco com ênfase para a Zona da Mata Norte e detalhe
para Cidade de Nazaré da Mata.
Essa pesquisa, teve uma abordagem interdisciplinar, onde segundo Rossato; Suertegaray
(2014, p.60) “a interdisciplinaridade é o caminho a ser seguido para a ascensão da educação no
Brasil”, durante o desenvolvimento da pesquisa, foram abordadas questões relacionadas a
Geografia, História, Biologia, Cartografia, Sociologia, etc .
As atividades foram fundamentadas em exercícios práticos e dinâmicos, através de oficinas
divididas em dois momentos: o primeiro foi baseado em uma explanação sobre os malefícios da
monocultura canavieira sobre o meio ambiente e os possíveis impactos à saúde da população.
No segundo momento, os estudantes foram convidados a participarem de experimentos de
biomonitoramento da qualidade do ar com liquens. Assim os participantes além de colaborarem
com a montagem de experimentos também adquiriram conhecimentos que propiciaram “um
processo de formação e informação, para desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A ciência geográfica é trabalhada nas escolas em geral de forma mais teórica, trazendo
desinteresse por parte de muitos alunos pela ciência, principalmente na Educação Infantil e Ensino
Fundamental, onde as crianças e jovens estão em uma fase de desenvolvimento na qual a
aprendizagem faz-se sobre tudo através dos sentidos. Portanto, é fundamental que exista uma
dinâmica que cause o interesse de todos pelo aprendizado, além da vontade de participar e se
relacionar mais intimamente com toda a sala e com o conteúdo designado.
Em pesquisas paralelas (PEREIRA et al, 2015), foi detectado que a saúde da população está
bastante vulnerável aos efeitos da prática da queima da cana de açúcar, que, infelizmente, persiste
há décadas na região da Mata Norte do estado de Pernambuco. Portanto, é preciso que haja
engajamento por parte da comunidade acadêmica em desenvolver estudos que detalhem as
consequências ambientais e as implicações à saúde humana provocadas pelas queimadas no período
da colheita da cana-de-açúcar.
Dentre as atividades realizadas, a oficina de educação ambiental com estudantes da Rede
municipal de ensino de Nazaré da Mata - PE apresentou resultados positivos, uma vez que
indicadores de qualquer modificação natural ou antrópica causada aos ambientes. Alguns são
sensíveis, outros mais resistentes às variáveis ambientais, conferindo uma escala de sensibilidade às
modificações que estes fatores extrínsecos podem causar.
No Nordeste do Brasil, o biomonitoramento da qualidade do ar vem sendo realizado, com
comprovada eficácia, especialmente nas cidades do Recife, Jaboatão dos Guararapes, Suape, Poção,
Garanhuns, Belo Jardim, Vertente do Lério e Nazaré da Mata (MOTA FILHO et al 2007; ARAUJO
et al., 2009, SILVA et al., 2009; CRUZ et al., 2009; DUARTE, 2012, SILVA et al., 2014, SILVA et
al., 2015), onde foram comprovados a partir de ensaios químicos, danos estruturais internos e
externos e alterações no metabolismo liquênico devido à poluição.
Nesse contexto, informar aos estudantes que a técnica utilizada nessa pesquisa/oficina já é
algo que vem sendo desenvolvida e pode auxiliar na compreensão do ambiente. Em adição a este
tipo de biomonitoramento, outro método bastante utilizado é o Índice de Pureza Atmosférico (IPA),
que é baseado na soma de frequências de espécies liquênicas dentro de uma grade de amostragem
(SILVA et al 2014), cuja cobertura e a diversidade de espécies na área de amostragem são
mensuradas (LIJTEROFF et al., 2009). Entretanto, para a realização dessa investigação o
pesquisador necessita estimar o percentual da cobertura liquênica in loco, o que torna essa análise
de difícil precisão, no caso da pesquisa em questão, estudo foi realizado de maneira mais simples,
vislumbrando um maior entendimento por parte dos estudantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como mencionado, a poluição atmosférica vem recebendo uma maior atenção dentre os
trabalhos desenvolvidos com temática ambiental. No entanto, percebe-se que na maioria das vezes
as fontes de emissões locais são desconsideradas, o que faz com que a abordagem não seja realizada
de forma integra. No caso da poluição ocasionada pela queima da palha da cana-de-açúcar há a
necessidade de semear conhecimentos a respeito das consequências geradas, no intuito de instruir a
população. Assim, se torna essencial construir uma Educação Ambiental que atue com ênfase na
região da Mata Norte do estado de Pernambuco abordando os malefícios da poluição atmosférica
ocasionada, principalmente, pelas queimadas. Porém, é importante que também haja preocupação e
engajamento em debater todas as temáticas ambientais, na tentativa de tornar a população cada vez
mais crítica e sustentável.
Por conseguinte, o biomonitoramento com liquens não ocasiona altos custos para seu
desenvolvimento, podendo ser uma prática utilizada dentro e fora dos muros escolares, se
certificando que esses ambientes estudados tenham árvores e seres bioindicadores.
Com a realização dessa pesquisa, foi observado que o biomonitoramento permitiu o
despertar da curiosidade e da vontade de aprender de forma prazerosa, possuindo sua parcela de
contribuição no processo de ensino-aprendizagem.
Sendo assim, além de ser uma ferramenta para avaliar a qualidade do ar, apresentando
respostas sobre os níveis de poluição existentes, por intermédio dos bioindicadores, torna-se
também, um instrumento para o ensino da Geografia escolar e transversalmente trabalhando a
educação ambiental, como caminho de sensibilização ecológica acerca das situações encontradas.
REFERÊNCIAS
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RESUMO
O Brasil hoje considerado o celeiro do mundo, essa característica é contextualizada por um
processo cultural de nossa história, e está relação do brasileiro com a terra nunca foi justa, o que
levou a um processo fatídico de desigualdade. No Nordeste brasileiro as desigualdades sociais
ficam mais contrastes, sendo os pequenos municípios os mais evidentes. No município de Ibiara-PB
as comunidades sofreram com a seca, assim como os diversos municípios do nordeste brasileiro,
além disso sofreu com o não-investimento no setor agrícola, e possui um agravante que é o número
de jovens analfabetos. Dessa forma objetivamos a construção de uma horta no perímetro da escola,
assim como a plantação de ervas e plantas regionais de fins medicinais, além de frutíferas, e a parti
dessa prática estimular o ensino e aprendizagem de conteúdos de letramento, dialogando com
práticas sustentáveis e conhecimento popular. O projeto foi realizado na Escola Estadual de Ensino
Fundamental de Ibiarinha, em Ibiara – PB, que funcionar o núcleo do Projovem Campo Saberes da
Terra, que atende 120 jovens. O trabalho contou com participação de todas as áreas de
conhecimento desenvolvidas no programa, promovendo a integração das disciplinas a parti de um
problema comum. E dentro dessa percepção avaliamos a participação dos alunos e sua visão em
relação a essa atividade, em que esses dados foram coletados através de entrevistas não-
estruturadas, permitindo assim maior liberdade e proximidade de um diálogo com os entrevistados.
Com fim do programa e do projeto, esperamos a continuidade do espaço da horta preservado, assim
como de todo terreno, dessa forma a proposta sustentável e social da vida em comunidade. Ainda
esperamos que haja investimentos e pesquisas nessa aérea de educação, assim como a valorização
do homem do campo e de seus valores e trabalho essencial para a sociedade.
Palavras-chave: Educação colaborativa; Meio Ambiente; Educação de Jovens e Adultos.
ABSTRACT
Brazil is now considered the breadbasket of the world. This characteristic is contextualized by a
cultural process of our history, and the relationship of the Brazilian with the land was never fair,
which led to a fateful process of inequality. In the Brazilian Northeast as sociais inequalities may be
more contrasting, with small municipalities more evident. In the municipality of Ibiara-PB,
communities suffer from drought, as well as regions of northeastern Brazil, in addition, there are a
large number of young people in the agricultural sector, and an aggravating factor is the number of
illiterate youth. For evaluation of plant in the perimetral of school, such as plantations of plants and
teaching regional purposes and methods of diet, and the knowledge of knowledge are intensive and
knowledge of data lectures and knowledge knowledge knowledge. popular. The project was carried
out at the State School of Elementary Education, in Ibiara - PB, which operates at the core of
Projovem Campo Saberes da Terra, which serves 120 young people. The work counted on the
participation of all areas of knowledge in the program, promoting the integration of the disciplines
into a common problem. And this understanding presents a participation of the students and their
vision in relation to this activity, as they are inserted through the non-recorded interviews, thus
allowing greater freedom and proximity of a dialogue with the interviewees. With the program and
project, we hope that a constant of the garden space preserved, as well as all terrain, will form a
sustainable and social proposal of community life. We still expect investment and research in the
area of education, as well as the valuation of man and his own work and essential jobs for society.
Keywords: Collaborative education; Environment; Youth and Adult Education.
INTRODUÇÃO
para promoção do repasse de saberes técnicos e/ou empíricos sobre produção, podendo refletir no
desenvolvimento dos educandos em múltiplos setores.
Hortas escolares destacam-se também como colaboradores da saúde pública (World; WHO,
2003), pois possuem grande potencial para auxiliar na promoção da atividade física, podendo ainda
contribuir para ingestão dietética adequada, favorecendo um equilíbrio energético apropriado (HILL
e PETERS, 1998; WELL et. al, 2007).
Tendo em vista esses fatores positivos objetivamos a construir de uma horta no perímetro da
escola, assim como a plantação de ervas e plantas regionais de fins medicinais, além de frutíferas, e
a parti dessa prática estimular o ensino e aprendizagem de conteúdos de letramento, dialogando
com práticas sustentáveis e conhecimento popular.
Tendo como premissa a conservação do ambiente escolar com a limpeza do terreno da
escola, e discutir a relação do trabalho da agricultura e a preservação ambiental, conectando o
processo social e cultural de nossa região, com a agricultura. Dessa forma produzindo laboratório de
pesquisa de campo no perímetro da escola, dessa forma analisando a relação de letramento e
formação social com a prática agrícola e promover um espaço integrador entre o trabalho e a
educação.
REVISÃO DA LITERATURA
Há, nesse contexto, os que passam a trabalhar na construção das novas institucionalidades
propostas, afirmando a necessidade de mudanças, e, também, há os que buscam
restabelecer ou manter as posições vigentes, deslegitimando a proposta de alteração do
Com tudo isso a propositura para uma mudança real passa por diversos elementos nos quais
se tornam interligados por propostas políticas sociais, educacionais e econômicas. Que muitas vezes
fica entrelaçado a práticas inovadoras e sistematizado, para “revolução social”.
O Projovem Campo Saberes da Terra (PJCST) almeja em seu Projeto Político Pedagógico
(PPP) qualificar jovens agricultores, como citado em seus objetivos:
Nessa compreensão o fluxo de trabalho deve conta com a mobilização comunitária assim
como a participação colaborativa, almejando uma transformação relativa e construtiva de ações
marcantes e significantes para os participantes, mas sempre valorizando a cultura local.
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
HORTA NA ESCOLA
Através da horta também nos tornamos conscientes de que fazemos parte da teia da vida;
com o tempo, a experiência da ecologia na natureza nos proporciona um senso de lugar.
Nós nos damos conta de que estamos inseridos em um ecossistema, numa paisagem com
flora e fauna peculiares, em um sistema social e uma cultura próprios.
METODOLOGIA
negociação, que com ela está entrelaçada, é, assim, uma dimensão incontornável do mundo de
hoje”.
Montando a horta contara com espaço para trabalha Ciência da Natureza e Matemática,
preservação ambiental, educação nutricional, geometria plana, história de matemática, sistema de
medição, problemas do cotidiano resolvido com porcentagem, equação de primeiro grau, etc.; nas
Linguagens e Códigos e suas Tecnologias produção textual do conhecimento de receitas, analise e
interpretação de texto, discurso e gênero textual, etc.; com Ciências Humanas as atividades sobre a
relação humana do trabalho, história da formação econômica e social de nossa comunidade, etc.; em
Ciências Agrárias relação do home com a terra, manejo e cultivo de espécies agrícolas, etc.
A manutenção da horta seguiu pela continuidade do programa, proporcionando oportunidade
para discussão entre diversos temas como já citados. Além de uma produção de hortaliças para
merenda da escola ou distribuição com a própria comunidade escolar.
E dentro dessa percepção avaliamos a participação dos alunos e sua visão em relação a essa
atividade, em que esses dados foram coletados através de entrevistas não-estruturadas, permitindo
assim maior liberdade e proximidade de um diálogo com os entrevistados (BELEI et al., 2008).
RESULTADOS E DISCURSÕES
O trabalho teve início com o diálogo com os alunos em relação a proposta da atividade, e
conscientização da importância de aulas práticas, assim como conservação e melhorias do ambiente
estudantil. Partindo assim para limpeza do terreno da Escola Estadual de Ensino Fundamental de
Ibiarinha, em Ibiara – PB (FIGURA 1).
Essa medida de limpeza foi mais do que necessária, o terreno estava em estado de abandono
pela comunidade, e a escola não tinha condições de acompanhar regulamente a manutenção. Sendo
assim um ambiente nada receptivo, e ainda desmotivador. Com a intervenção do projeto foi
realizado a capinagem e retirada de lixo inorgânico, como pode ser visto na Figura 2.
Após a limpeza se iniciou aulas em que incentivava ao início da horta escolar, para produção
de plantas medicinais, hortaliça, frutíferas e arbustivas. Em que se motivou os alunos para trabalho
solidário e sustentável, fazendo aproveitamento do conhecimento empírico da comunidade,
trazendo técnicas e manejos refutados pelo conhecimento cientifico. Dessa forma integrando os
saberes científicos com o da terra, o que dá reconhecimento aos alunos e os motiva a participar
(FIGURA 3).
Essa atividade proporcionou aos educadores um laboratório vivo e a céu aberto, para aulas
práticas e dinâmicas. Demostrando a importância do ensino cientifico e como ele já faz parte do
seus dia-a-dia, como na medição de áreas e volumes, por exemplo. E ainda valorizou aulas em sala,
permitindo a criação de oficinas para manejos agrícolas e experimentos na horta escolar, como a
produção de mascaras recicláveis para uso de ativos naturais
O trabalho também trouxe informação de uma agricultura sustentável, com manejo
consciente na irrigação, e no uso de defensivos naturais. Além de resgatar o uso de plantas
medicinais, com uso preventivo através de chás, infusão, e outras técnicas. De acordo com Maciel
et al (2002, p.29):
questão fica evidente que é muito incoerente se fazer educação apenas com trabalho sem ações, sem
dá o exemplo, sem mostra na prática o que muitas vezes está na ponta da língua em discursos.
Dessa forma a valorização do patrimônio público é uma amostra do poder da educação, que dever
ser transformadora.
As atividades foram continuas e fazendo parte da prática didática pedagógica em todos os
momentos do percurso formativo do Projovem Campo Saberes da terra. Sendo uma lógica rotineira
dos eixos - Agricultura Familiar: Cultura, Identidade, Etnia e Gênero; Sistemas de Produção e
Processos de Trabalho no Campo; Cidadania, Organização Social e Políticas Públicas; Economia
Solidária e Desenvolvimento Sustentável e Solidário com Enfoque Territorial. E dessa forma
valorizado os processos e ações populares e movimentos sociais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho demostrou grande valor na conexão das atividades pedagógicas entre a escola e
toda comunidade. Favorecendo os processos de ensino e aprendizagem através de integração de
atividades. O projeto cumpriu os objetivos de interdisciplinaridade de conteúdos e de saberes
valorizando, em que a horta foi um laboratório educativo.
As atividades do projeto levantaram o debate sobre agroecologia na comunidade,
principalmente no tocante do uso de agrotóxicos, preservação de águas e conservação de massa
orgânica nos solos.
Com fim do programa e do projeto, esperamos a continuidade do espaço da horta
preservado, assim como de todo terreno, dessa forma a proposta sustentável e social da vida em
comunidade. Ainda esperamos que haja investimentos e pesquisas nessa aérea de educação, assim
como a valorização do homem do campo e de seus valores e trabalho essencial para a sociedade.
REFERÊNCIA
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Sula SALANI
Professora-doutora do ensino médio do IFC-Camboriú
sula.mota@ifc.edu.br; sulasm@gmail.com
RESUME
Balneário Camboriú, ciudad costera de Santa Catarina, es económicamente dependiente del turismo
en el verano, la proporción de personas aumenta al mínimo cinco veces, junto con la produccion de
basura. En ese contexto está dirigido conocer el asistentes de la playa central entender la relación
persona-barusa y saber la opnión de ellos en relación las acciones del ayuntamiento pertinentes a
limpieza de la arena. Para realizar estos objetivos fue creado un cuestionario y aplicado en la playa
central del Balneário Camboriú y em línea a través de la plataforma Google Docs entre enero y
maio de 2018. El asistente es joven con conciencia sobre su papel en la generación de resíduos
sólidos y cuál es el destino que debe darse a él, pero se quejan de la calidad de la basura encontrada,
y para la mayoría, el ayuntamento esta realizando un buen trabajo, apesar de sentirem falta de un
trabajo de educación ambiental. Estos resultados pueden utilizarse para perfeccionar servicios
relacionados limpieza y mantenimiento de la playa.
Palabras clave: Basura. Eliminación de residuos. Conciencia ambiental. Playas metropolitanas.
INTRODUÇÃO
inovadores, a cidade possui comércio forte e atuante durante todo ano (SECTUR, 2018). Sua
principal orla marítima está unida ao centro comercial, propiciando aos turistas conhecê-la sem o
deslocamento por vários quilômetros. Na temporada, há um grande aumento de pessoas e com isso
é comum aumento da poluição, ocasionando mal-estar para todos, inclusive a devastação da fauna e
flora da região (RECILUX,2015).
A poluição pode ser líquida, gasosa ou sólida, esta última é mais evidente por possuir um
grau de dispersão menor, concentrando-se no local que a produz (DEMAJOROVIC, 1995), sendo a
principal causadora da degradação visual (perda estética) do lugar (Araújo & Costa, 2004; Araújo &
Costa, 2007).
Ademais, o lixo é um grave problema ambiental, tanto pela falta de sistemas adequados de
coleta e de disposição (fatores que possibilitam sua entrada no ecossistema marinho), quanto pelo
tempo necessário para se decomporem no ambiente (ARAÚJO; COSTA, 2006), podendo causar
ferimentos nas pessoas e prejudicando a atividade turística (WILDMER; REIS, 2010), pois os
frequentadores estão preocupados em encontrar praias limpas, seguras e saudáveis para suas
atividades (ARAÚJO; COSTA, 2004; ARAÚJO; COSTA, 2007).
Por sermos usuários da praia urbana de Balneário Camboriú e percebemos que muitas vezes
ela estava suja, surgiu a ideia de criar um projeto para entender: a relação pessoa-lixo na praia
Central de Balneário Camboriú, saber se as ações da prefeitura da cidade estão sendo satisfatórias
de acordo com os frequentadores e, se houver, as recomendações para a melhoria no quesito lixo-
limpeza-manutenção. (dois espaços simples
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A coleta de dados foi realizada na praia Central de Balneário Camboriú, localizado em Santa
Catarina (Figura 01) , o local faz parte da rota do sol - juntamente com Itapema, Bombinhas, Porto
Belo, Penha, Balneário Piçarras e Itajaí – que são praias que se destacam pela paisagem natural,
com áreas formadoras de formadoras de balneários que atrai um grande fluxo de turistas
anualmente, sobretudo no verão (entre dezembro e março) (Zotz e Kaiser, 2004).
Fonte: Mapa de Santa Catarina e Brasil . Mapa Balneário Camboriú. Adaptado de Googlemaps
Legenda: Numerais: pontos de coleta, 1- foi no norte da praia, da rua 2001, ao deck da Barra Norte; 2-
Centro, da rua 2000 até a rua 1500; 3- sul da praia, da rua 4000 até o molhe da Barra Sul.
Este aumento de pessoas causa, consequentemente, o aumento de sujeiras, por isto a cidade
de Balneário Camboriú foi escolhida para a pesquisa, pois, segundo a secretaria de Turismo de
Balneário Camboriú, é a praia da cidade com maior fluxo de pessoas (CASA DO TURISTA, 2015).
Para realizá-la, confeccionou-se um questionário trilíngue (português, inglês e espanhol)
dividido em quatro partes. As três primeiras eram perguntas objetivas (dados quantitativos) -
divididos em três partes: 1) a primeira tratava-se de perguntas sociodemográficas para que fosse
possível conhecer o perfil dos entrevistados; a segunda parte abordava sobre o as atitudes dos
mesmos em relação ao lixo; a terceira discorria sobre as ações da prefeitura sobre a coleta do lixo e
manutenção da limpeza. A quarta parte era uma pergunta discursiva (dados qualitativos) para que o
entrevistado pudesse expor sua opinião e sugestões de melhorias.
O questionário foi criado na plataforma Google Docs através do Formúlário Google
(www.forms.google.com.br) e impresso para as entrevistas presenciais; além disto, a pesquisa foi
divulgada através de panfletos em lojas com acesso à internet, através de um QR-Code (código de
barra em 2D) e do link da pesquisa em mídias socias (Facebook e Twitter) e no Instituto Federal
Catarinense – Camboriú através de cartazes e avisos em sala de aula.
Fixou-se três pontos de entrevistas ao longo da praia. O primeiro foi no norte da praia, da
rua 2001, ao deck da Barra Norte; o segundo no Centro, da rua 2000 até a rua 1500; e o terceiro ao
sul da praia, da rua 4000 até o molhe da Barra Sul. Estes pontos foram escolhidos com auxílio do
Google Maps. Os dados foram tabulados e analisados na plataforma Google Docs e no Microsoft®
Office Excel 2016.
(dois espaços simples em branco entre uma seção e outra)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação ao lixo, 89,6% dos entrevistados recolhem o próprio lixo e/ou dos outros (Figura
02). Apesar da preocupação com a limpeza da praia, 47,5% (102 pessoas) não agem ao presenciar o
outro deixando o lixo no âmbito da praia; alguns (20,9%, 45 pessoas) chamam a atenção da pessoa
que joga o lixo no chão, 59 pessoas (27,0%) recolhem o lixo sem falar com quem jogou. Durante a
entrevista muitos dos que não fazem nada ou só recolhem o lixo relataram o medo de ser agredido,
uma das entrevistadas relatou que ao pedir para um rapaz coletar o lixo ele a respondeu assim:
“Deixei para a empregadinha apanhar mesmo, pode pegar”.
Fonte: Autores, 2018. Legenda: vermelha: pessoas que recolhe somente o próprio lixo; verde: pessoas que
recolhem o próprio lixo e dos outros; azul: pessoas que recolhem o lixo somente às vezes; amarela: pessoas
que nunca recolhem o lixo.
Figura 03: Pergunta – Se as pessoas conhecem o projeto Praia limpa e se sim, se utilizam os recursos do
projeto.
Fonte: Autores, 2018. Legenda: Azul: Sim; vermelho - já ouviu falar; verde- nunca escutaram sobre o projeto;
amarelo: não; preto – não respondeu; e os tons de cinza são sobre os que usam os recurso os recursos.
Sobre as lixeiras da faixa de areia da praia, 59,5% acham que elas são adequadas para
coleta; os demais acham que são irrelevantes, pois o lixo é visto em volta e não dentro da lixeira,
seja porque as pessoas não se importavam de colocar os resíduos no seu interior ou por constituírem
somente de um aro de ferro e um saco sem nenhuma proteção contra o vento (fazendo o lixo ser
jogado para fora), além de prejudicarem a estética do local. Este último fator é dito de suma
importância para o turismo (GONÇALVES; SOUZA, 1997), porém o primeiro fator é de saúde
pública, pois causa doenças nas áreas de recreação (DIAS-FILHO et al 2011), a forma de
acondicionamento e/ou o número de coletas poderiam ser revistos para aumentar a eficiência desta
ação.
Sobre a coleta de lixo e a ação dos garis, as respostas foram positivas (57,2%), porém ao
analisar separadamente as respostas dos residentes, constata-se que 57,3% acham que ainda precisa
melhorar em algum aspecto. Segundo Franco; Luz (2006) esta divergência é pela falta de
consciência dos turistas com as responsabilidades individuais e com o “outro”, não respeitando as
normas e as condutas locais. Entretanto destacam o crescimento econômico e social da cidade
turística, chamando a atenção para o desenvolvimento sustentável como uma ação conjunta entre
governo, empresas, ONG’s e indivíduos.
Com a última pergunta (133 respostas) pode-se perceber que as maiores reclamações vieram
de moradores enquanto que a maior parte dos estrangeiros (56,5%) responderam que estava tudo
bem no local e a maioria (74,4 %) das pessoas acham que é responsabilidade da prefeitura a
manutenção da limpeza do local. Contudo, como demonstrado no primeiro parágrafo, a prefeitura a
sua atuação aprovada, e entre os que apontam os problemas, o mais citado foi a falta de
conscientização ambiental (34,6%), seguido por lixeiras (13,5%- tamanho, cores, quantidades) e
infraestrutura, em especial - esgotos liberados nos rios (7,5%) e o número de banheiros (4,5%).
Entre várias sugestões para a melhoria do ambiente, o mais pedido: foi projeto de conscientização
ambiental, exemplificaram o projeto Sujismundo (2013), - enfatizando o pouco alcance do projeto
Praia Limpa em 2018, e o uso da multa. Este último recurso já ocorre em dez cidades do Brasil
(MIWA, 2014).(
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Maria Christina Barbosa de. COSTA; Monica Ferreira da. The significance of solid
wastes with land-based sources for a tourist beach: Pernambuco, Brazil. Pan-American journal
of aquatic sciencies, Recife, Pernambuco, Brazil., 01 maio 2006. p. 30.
ARAÚJO, Maria Christina Barbosa de. COSTA; Monica Ferreira da. Quali-quantitative analysis of
the solid wastes at Tamandaré bay, Pernambuco, Brazil. Tropical Oceanography, 2004.
ARAÚJO, Maria Christina Barbosa de. COSTA; Monica Ferreira da. An analysis of the riverine
contribution to the solid wastes contamination of an isolated beach at the Brazilian Northeast.
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Capacidade de Carga: Uma Reflexão Sobre os Aspectos Sociais e Culturais. Caxias do Sul,
Brazil, 2006.
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para o Brasil. 1a Ed. Brasilia: IBAMA edições. 2002 Cap. 02, p. 66-68.
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http://thegreenestpost.com/conheca-10-cidades-brasileiras-que-multam-quem-joga-lixo-na-rua-
2/. Acesso em: 07 ago. 2018.
RECILUX. Lixo nas praias causa impactos ambientais e prejudica os banhistas. Disponível em:
https://recilux.wordpress.com/2015/12/30/lixo-nas-praias-causa-impactos-ambientais-e-
prejudica-os-banhistas/. Acesso em: 18 jun. 2018.
SOUZA, Jaqueline Lopes de; SILVA, Iracema Reimão. Avaliação da qualidade ambiental das
praias da Ilha de Itaparica, Baia de Todos os Santos,Bahia. Sociedade & Natureza, Uberlândia,
v. 27, n. 3, set/out 2015,
VISSE. Projeto Praia Limpa realiza arrastão do bem para conscientizar banhistas em Balneário
Camboriú, 2018. Disponível em: http://www.visse.com.br/projeto-praia-limpa-realiza-arrastao-
do-bem-para-conscientizar-banhistas-em-balneario-camboriu/. Acesso em: 07 ago. 2018.
ZOTZ, W.; KAISER, J. Santa Catarina retratos: gente e paisagens. Florianópolis: Letras
Brasileiras, 2004.
WILDMER, Walter Martin; REIS, Rodrigo Arante. Uma avaliação experimental da eficácia de
cinzeiras de praia na prevenção da contaminação do mar. Arquivo Brasileiro de Biologia e
Tecnologia, Curitiba, v. 53, n. 5, 2010.
RESUMO
A Educação Ambiental constitui um movimento voltado para a transformação social, que visa
conscientizar os indivíduos sobre sua corresponsabilidade no desenvolvimento de um ambiente
equilibrado. Tal meta é alcançável por meio de estratégias fundamentadas no dinamismo,
participação e ludicidade, trabalhadas com antecedência no desenvolvimento humano. Sob esta
perspectiva, neste trabalho pretende-se realizar algumas considerações acerca do potencial de
ferramentas inovadoras para promover a transformação significativa de comportamentos e valores,
almejada pela Educação Ambiental. Os resultados de um projeto de extensão, desenvolvido em
2015, com 53 alunos (3º e 5º ano) do Ensino Fundamental da Escola Estadual Professora Maria
Luzia Antunes Calçado, em Ubá (MG), embasaram reflexões sobre os benefícios da aplicabilidade
da música para a Educação Ambiental. A partir da análise do livro “A história do João-de-barro”,
desenvolvida em um projeto de pesquisa em 2016, também foram traçadas relações dos livros
infantis como mediadores no trabalho de sensibilização ambiental de crianças. Os dois recursos
mostraram-se promissores por fornecerem uma ótica inovadora e distinta dos discursos pragmáticos
ou teóricos. As músicas permitiram estimular reflexões, promover debates, assim como estabelecer
um ambiente agradável e participativo. O livro “A história do João-de-barro” exibiu potencial para
a sensibilização ecológica, por viabilizar tanto a problematização de impactos negativos da ação
antrópica, como a reflexão sobre relações mais harmoniosas entre o ser humano e o meio ambiente.
A música e a Literatura Infantil demonstraram ser ferramentas que expressam de maneira simples e
dinâmica questões relacionadas à preservação do meio ambiente. Sendo assim, assumem papel
fundamental para atender a necessidade de se trabalhar uma Educação Ambiental que favoreça o
alcance de uma nova relação homem/natureza.
Palavras-chave: Recurso Metodológico, Lúdico, Dinâmico, Sensibilização Ambiental.
ABSTRACT
Environmental Education is a movement aimed at social transformation, which focuses on making
individuals aware of their co-responsibility in the development of a balanced environment. This
goal is achievable through strategies based on dynamism, participation and playfulness, stimulating
them in the early stages of human development. In this perspective, this work intends to make some
considerations about the potential of innovative tools to promote the significant transformation of
behaviors and values, sought by Environmental Education. The results of an extension project,
developed in 2015, with 53 students (3rd and 5th year) of the Elementary School of the State School
Professor Maria Luzia Antunes Calçado, in Ubá (MG), supported reflections on the benefits of the
applicability of music to the Environmental Education. In the same way, a research project,
developed in 2016, analysed the literature book called “A história do João-de-barro”, looking for his
potential as mediator in a process of children's environmental awareness. The two methods were
promising for providing an innovative and distinct view of pragmatic or theoretical narratives. The
songs allowed to stimulate reflections, to promote debates, as well as to establish a pleasant and
participative environment. The book "A história do João-de-barro" exhibited the potential for
ecological sensitisation, by making possible both the problematic of inducing negative impacts of
anthropic behaviours and reflection on a more harmonious interaction between human beings and
the environment. Music and Children's Literature have proved to be tools that express, in a simple
and dynamic way, questions related to the preservation of the environment. Therefore, these play a
fundamental role in supporting the need to work on an Environmental Education framework that
favors the achievement of a new relationship between people and nature.
Keywords: Methodological Resource; Playful; Dynamic; Environmental Sensitivity.
INTRODUÇÃO
ensino não estimula transformações, nem sensibiliza (SILVA; LEITE, 2008). Pelo contrário,
pode gerar desinteresse ou falta de perspectiva de mudança e resolução de todo o problema,
dado sua gravidade (HETZEL, 2001). Para Reigota (2001, p.49) os “recursos didáticos mais
artísticos e criativos são os mais adequados na perspectiva inovadora da educação ambiental”.
Seguindo esta linha de pensamento, Ribas e Guimarães (2004, p. 2) destacam que,
A visão do prazer como agente motivador e estimulador da aprendizagem parece ser uma
das chaves para uma educação inteligente e proveitosa. Aquilo que nos chama atenção, que
nos revela coisas com as quais nos identificamos ou nos rebelamos; que nos desperta
sensações ou mesmo emoções, parece ser o que constrói nossos conhecimentos mais
significativos. Talvez poderíamos perguntar as bases de tal reflexão e encontraríamos, entre
as muitas respostas, duas de peso considerável: o estímulo da crítica e a vivência de cada
um.
METODOLOGIA
CONTEÚDOS
OFICINA ABORDADOS MÚSICAS UTILIZADAS
<https://goo.gl/T3GMd2>.
140 De Rachel Rodrigues. Disponível em: <https://goo.gl/oDM2yx>.
141 Dos alunos do Colégio COC Semeador. Disponível em: <https://goo.gl/ZxgaWz>.
Figura 1 – Sorteio dos cartões com desenhos de animais Figura 2 – Exposição de reportagem sobre o Rio Ubá,
na turma do 3º ano. Fonte: Dos autores (2015). e de fotos de sua alteração. Fonte: Dos autores (2015).
Figura 3 – Alguns instrumentos musicais produzidos por alunas do 5º ano a partir de materiais recicláveis.
Fonte: Dos autores (2015).
Figura 4 - Apresentação do 5º ano durante Hora Cívica. Fonte: Dos autores (2015).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
142
Artista plástica e professora da Universidade Federal de Juiz de fora (UFJF) na faculdade de Artes e Design.
Na época do desenvolvimento do projeto, a cidade de Ubá sofria com a seca e falta de chuvas,
então a música permitiu abordar a interferência humana no ciclo da água. As discussões foram
aprofundadas a partir de comentários dos alunos sobre pessoas que continuam desperdiçando água,
mesmo com sua escassez, e que também poluem e desmatam nascentes.
De um modo geral, através das observações feitas em sala, verificou-se que os conteúdos
foram trabalhados de forma prazerosa, estimulando a sensibilidade e a criatividade, bem como a
reflexão sobre valores e comportamentos. Tais resultados foram visíveis através das respostas do
último questionário, bem como pelo comportamento dos alunos durante as atividades.
Conforme exposto por Santos (2010), o uso estratégico da música no processo de ensino-
aprendizagem permite: alterar rotina e estados de ânimo; estabelecer um ambiente agradável e
descontraído; estimular os sentidos; desenvolver a criatividade, sensibilidade e autoconhecimento.
Trata-se de um recurso simples, lúdico, dinâmico e contextualizado, que oportuniza ao aluno
estabelecer relações interdisciplinares (BARROS; ZANELLA; ARAÚJO-JORGE, 2013, p. 82).
Dessa forma, o uso da música como ferramenta didático-pedagógica pode levar ao desenvolvimento
de novas aptidões e de um vínculo mais direto para com o assunto abordado. Em trabalhos de
Educação Ambiental, ao potencializar a sensibilização e assimilação de novas informações,
contribui para a compreensão de problemas socioambientais (SILVA; SOUZA, 2013).
As cores influenciam o ser humano e seus efeitos, tanto de caráter fisiológico como
psicológico, intervêm em nossa vida, criando alegria ou tristeza, exaltação ou depressão,
atividade ou passividade, [...] equilíbrio ou desequilíbrio, ordem ou desordem, etc. As cores
podem produzir impressões, sensações e reflexos sensoriais de grande importância, porque
cada uma delas tem uma vibração determinada em nossos sentidos e pode atuar como
estimulante ou perturbador na emoção, na consciência e em nossos impulsos e desejos.
Com base no significado cultural e psicológico das cores exposto por Farina, Perez e Bastos
(2008), observa-se que nos primeiros momentos do livro em análise, enquanto o ambiente é
tranquilo e segue seu curso natural (Figura 6), predominam as cores verde - que sugere calma,
equilíbrio, paz, tranquilidade, segurança, serenidade - e azul - transmite harmonia, paz, serenidade.
Estas duas cores se apresentam em tons mais claros, sendo os pássaros de uma cor mais viva - o
amarelo remete a conforto. Quando o pássaro retorna para seu ninho à noite (Figura 7), o uso de
cores e tons escuros mantém a mesma sensação de serenidade, pois prevalece o azul-escuro, cor que
transmite a ideia de acolhimento, recolhimento, descanso, segurança.
No momento da queda do jequitibá (Figura 8), há uma mudança mais enfática das cores: o
céu assume uma coloração violeta, que transmite a sensação de violência e agressão, sendo uma cor
que se associa materialmente a enterro; as montanhas apresentam cor laranja, que sugere perigo,
agressão, dominação, advertência; no tronco de jequitibá caído são usados tons avermelhados que
se assemelham à sangria, remete à ferida e morte, e o uso desta cor chama a atenção para o
elemento no qual é usada, além de passar a sensação de perigo e violência.
propormos às crianças e ao Brasil conservar o meio ambiente [...], estamos sugerindo que
podemos superar as inúmeras ameaças que nosso próprio modo de viver vem provocando
ao planeta e a nós mesmos. E, até hoje, não surgiu melhor combustível para a imaginação
do que as histórias, a Literatura. Creio ser por isso, que, instintivamente, em todas as
culturas, nos dedicamos a contar histórias às crianças desde a primeira infância: para
alimentar sua imaginação, para humanizá-las e torná-las capazes de transformar o mundo.
Neste sentido, a Literatura Infantil pode trazer a leveza necessária para levar o leitor a
imaginar meios para superar a problemática ambiental, ao apresentá-la através de histórias
divertidas, com elementos ficcionais e um caráter lúdico, imaginário e de entretenimento
(FIGUEIRA; CAMPOS; SANTANA, 2001). Deve-se tirar o melhor proveito deste recurso, que
pode servir para disseminar ideias, valores e preocupações com o meio ambiente, atendendo, assim,
os preceitos da Educação Ambiental de atuar na formação cidadã e, por consequência, na
constituição de uma nova relação entre homem e meio ambiente (COELHO; SANTANA, 1996;
TAVARES, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, M. D. M.; ZANELLA, P. G.; ARAÚJO-JORGE, T. C. A música pode ser uma estratégia
para o ensino de ciências naturais? Analisando concepções de professores da educação básica.
Revista Ensaio, v.15, n. 01, p. 81-94, 2013.
FARINA, M.; PEREZ, C.; BASTOS, D. Psicodinâmica das cores em comunicação. 5. ed. São
Paulo: Edgard Blucher, 2006. 101 p.
HETZEL, B. PGM5 - Literatura, Meio Ambiente e Saúde. In: SERRA, E. (Orgs). Literatura e
Temas Transversais: Boletim do Salto para o futuro – TV Escola. Brasília: Secretaria de
Educação a distância - Ministério da Educação, 2001.
LIMA, L. A.; COLAÇO, N. J.O.; LIMA, R. A.; CASEMIRO, T. C.; CASTRO, L. H. P.;
PANTOJA, L. D. M.; PAIXÃO, G. C. “Musicalizando a Biologia”: Cantando e encantando
através de paródias. Rev. Ciênc. Ext., v.14, n.2, p. 147-158, 2018.
ODUM, E. P. Fundamentos da Ecologia. 6ª ed. São Paulo: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
REIGOTA, M. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Ed, Brasiliense 2001, Coleção Primeiros
Passos.
RESUMO
O cultivo de hortaliças em sistema de produção coletiva, a exemplo de uma horta socioeducativa,
representa uma alternativa promissora para contribuir para a segurança alimentar e ressocialização
da população carcerária. O presente projeto teve como objetivo l promover um trabalho de extensão
junto a comunidade da cadeia pública do município de Areia-PB, visando a implantação de uma
horta orgânica alicerçado na Educação Ambiental para ser utilizada como ferramenta
socioeducativa. O projeto foi implementado a partir do Modelo Dinâmico de Construção e
Reconstrução do Conhecimento, MEDICC, o qual compreende um conjunto de estratégias
metodológicas que permite a realização do processo educativo para o meio ambiente de forma
dinâmica. Assim, o conhecimento é construído e reconstruído de forma dinâmica, criativa, lúdica,
participativa, inovadora, de acordo com a realidade local. Como resultados obtivemos o cultivo de
cenoura, couve, beterraba, alface, coentro, manjericão, cebolinha, salsa, quiabo, capim santo, erva
cidreira e hortelã da folha miúda, além do conhecimento referente aos benefícios de cada hortaliça
cultivada, formas de plantio, importância dos animais envolvidos no processo, Criação da
composteira, aumento na quantidade e na variedade de nutrientes consumidos pelos detentos.
Portanto, o presente projeto despertou um maior interesse pela temática horta orgânica, houve uma
maior introdução de nutrientes e variedade de hortaliças na alimentação dos albergados, houve a
sensibilização por parte dos albergados com relação à questão ambiental, existiu o domínio de
conteúdos referentes à temática produção orgânica de hortaliças, além da produção de um local
agradável e harmonioso no ambiente prisional, desmistificando, no âmbito social, o estigma e o
preconceito com que a Sociedade encara o preso do Sistema Penitenciário. Assim, a Educação
Ambiental surge neste contexto, como um importante instrumento de mudanças, por corresponder
ao um processo educativo contínuo, permanente, dinâmico, criativo, interativo; com enfoque
interdisciplinar.
Palavras-chave: Inclusão social, direitos humanos, alimentação saudável, meio ambiente
ABSTRACT
The cultivation of vegetables in a collective production system, like a socio-educational vegetable
garden, represents a promising alternative to contribute to food security and resocialization of the
prison population. The objective of this project was to promote extension work with the community
of the public chain of the city of Areia-PB, aiming at the implementation of an organic garden based
on Environmental Education to be used as a socio-educational tool. The project was implemented
from the Dynamic Model of Construction and Reconstruction of Knowledge, MEDICC, which
comprises a set of methodological strategies that allows the educational process to be carried out for
the environment dynamically. Thus, knowledge is built and rebuilt in a dynamic, creative, playful,
participatory, innovative way, according to local reality. As a result we obtained the cultivation of
carrots, cabbage, beets, lettuce, coriander, basil, chives, parsley, okra, holy grass, lemon grass and
mint of the small leaf, besides the knowledge regarding the benefits of each cultivated vegetable,
importance of the animals involved in the process, Creation of the compost, increase in the quantity
and variety of nutrients consumed by the inmates. Therefore, the present project aroused a greater
interest in the organic vegetable theme, there was a greater introduction of nutrients and variety of
vegetables in the food of the lodges, there was the sensitization on the part of the lodges with regard
to the environmental question, there was the domain of contents referring to the theme organic
production of vegetables, and the production of a pleasant and harmonious place in the prison
environment, demystifying, in the social sphere, the stigma and prejudice with which the Society
faces the prisoner of the Penitentiary System. Thus, Environmental Education appears in this
context, as an important instrument of change, because it corresponds to a continuous, permanent,
dynamic, creative, interactive educational process; with an interdisciplinary approach.
Keywords: Social inclusion, human rights, healthy eating, environment
INTRODUÇÃO
Programas de ressocialização nas unidades prisionais também levam uma nova chance a
reeducandos, afinal, a transformação social de seres humanos, sem nenhuma perspectiva de vida,
em pessoas probas, por saberem que poderão garantir o seu sustento e de sua família honestamente.
A parceria entre o presídio e a comunidade, iniciada em Abril de 2018, é um fator de
aproximação entre os detentos e a sociedade local, servindo como uma espécie de estágio para um
retorno positivo à vida em liberdade, fazendo com que a iniciativa tenha papel fundamental na
ressocialização, pois além de ocupar o tempo ocioso dos recuperandos, contribuirá para a
qualificação e humanização, servindo de estímulo à reinserção social, ou seja, além do caráter
social, a ação complementa o cardápio da unidade e funciona como terapia para reeducandos,
propiciando o acesso a tecnologias simples de produção de alimentos por meio de processos
educativos e agroecológicos. (SERAFIM et al,2013).
Diante do exposto, o presente projeto teve como objetivo geral promover um trabalho de
extensão junto a comunidade da cadeia pública do município de Areia-PB, visando a implantação
de uma horta orgânica alicerçado na Educação Ambiental para ser utilizada como ferramenta
socioeducativa.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentro do campo intelectual, são muitas as produções teóricas que analisam o fracasso e a
utopia do projeto de ressocialização da pena privativa de liberdade prevista na Lei de execução
Pena- LEP. Alguns mais críticos chegam a apontar a prisão como uma instituição bem-sucedida do
sistema capitalista, pois vem alcançando os objetivos de reprodução e manutenção das
desigualdades sociais.
Há quem sustente que a pena deve ter função retributiva pelo dano causado, outros
valorizam-lhe o aspecto intimidativo, que visa reprimir futuros atos ilícitos e outros ainda afirmam
que a pena deve ter caráter reeducativo, sendo essa última opção mais condizente com a nossa
realidade. É preciso que o infrator tenha uma marca na alma, no intelecto, da pena a ele aplicada.
Segundo José et al (2010), a pena reeducativa é capaz de cumprir essa tarefa e desviar o
reeducando do processo que ele sempre acaba sendo vítima. Processo esse que divide-se em duas
fases: a desculturalização do indivíduo para conviver junto aos seus semelhantes, em sociedade,
uma vez que, dentro da prisão ele têm sua autoestima, sua vontade e o senso de responsabilidade
reduzidos, ele se vê longe dos valores da sociedade, sendo necessário reafirmar a necessidade de
uma instituição penitenciária humana, que recupere de fato o reeducando, para que dessa forma a
sociedade não sofra as consequências da revolta gerada pela degradação humana do reeducando
como há muito vem ocorrendo.
Assim, a condução de uma horta doméstica ou comunitária é uma atividade importante,
pelos benefícios que traz às pessoas que a praticam, como a obtenção de produtos frescos sadios
para consumo próprio e, também, pela economia para o orçamento doméstico. Não necessita de
muitas ferramentas nem máquinas especializadas, mas exige um acompanhamento diário e
sistemático (JESUS e SANTOS,2018).
Cada espécie apresenta cultivada tem certas características próprias como forma, tamanho,
cor, precocidade, resistência a determinadas doenças ou pragas e condições de clima, tendo portanto
a necessidade de se fazer um levantamento junto aos detentos responsáveis pela cozinha do que eles
mais utilizavam no preparo das comidas e/ou como fármaco no dia a dia, sendo os mais citados:
cenoura, couve, beterraba, alface, coentro, manjericão, cebolinha, salsa, quiabo, capim santo, erva
cidreira e hortelã da folha miúda (Figura 01).
A-Vala para escoamento da água, B-Cobertura orgânica para sementes recém plantadas, C-
Salsa, D-Sementeira de alface crespo com armação para receber a proteção vegetal, E-Beterraba, F-
Local destinado a compostagem, G-Coentro, H-couve folha, I-Quiabo, J-Capim Santo, K-
Sementeira, L-cenoura, M-Manjericão, N-Hortelã da folha miúda, O- Erva cidreira, P- Cebolinha
Após as sementes terem sidos compradas, foi repassado o benefício de cada uma, de acordo
com o quadro 01.
Prevenção do AVC
Coentro Facilita a perda de peso, controla as taxas de
glicose, diminui a pressão arterial, melhora a
digestão, fonte de vitamina C, elimina metais
pesados, atua como antibacteriano e antifúngico.
Couve manteiga Combater problemas digestivos, enfermidades do
fígado, cálculos renais, artrite, bronquite, além de
curar úlceras estomacais, aliviar ressacas, prisão de
ventre, evitar a má disposição e aliviar dores
causadas pelas úlceras gástricas.
Erva Cidreira Insônia, ansiedade, tensão muscular ou nervosa
Hortelã da folha miúda Possui ação analgésica, antiespasmódica,
afrodisíaca e analgésica
Manjericão Melhora do sistema imunológico, alívio de tosse,
Anti-estresse, Melhora da visão, Melhorar a pele,
Melhora a saúde bucal, Elimina pedras nos rins.
Salsa Diurética, Propriedades anti-inflamatórias;
Controlar o açúcar no sangue; Impede a formação
de coágulos, evitando derrames;
Atua no combate a anemia; Reduz a pressão
arterial; Ajuda na digestão dos alimentos,
eliminando distúrbios alimentares.
Quiabo Controla a diabetes, fortalece os olhos, protegem
os olhos, melhora a saúde da pele e cabelos.
Fonte: Elaborado pelo autor
Para iniciar, o local foi cercado com varas e tela para proteção, pois a noite a cadeia pública
deixa solto dois cachorros da raça pastor alemão que auxilia na segurança local. Pretende-se com o
evoluir do projeto que a cerca seja revestida de cerca viva, para proteção das hortaliças do vento frio
e vento forte.
Após esse momento, foi explanado as técnicas de cultivo: Profundidade e espaçamento das
sementes, transplante, luminosidade, quantidade de água, preparação dos canteiros.
A planta retira do solo todos os nutrientes necessários ao seu desenvolvimento, sendo o solo
portanto a base fundamental da horta. É necessário tratar o solo bem, repondo os nutrientes
retirados pelas plantas, para garantir a produção de hortaliças por muito tempo (BATISTA et
al,2015).
O adubo utilizado inicialmente, por volta de 25 dias antes do primeiro plantio, foi
proveniente de esterco animal, doado pela Universidade Federal da Paraíba, campus Areia, o
mesmo foi entregue em ponto de uso e foi misturado na proporção de uma medida de adubo para
duas de Terra, conforme Chaves (2015).
Paralelo à horta ocorreu o momento de iniciação a compostagem. Foi explicitado que o
processo de compostagem consiste em utilizar os restos de cascas de frutas, verduras, legumes,
folhas de varrição, resto de comidas para transformação em adubo orgânico.
Quadro 02: Tempo de cultivo das hortaliças cultivadas na cadeia pública do município de Areia.
Cultivado Tempo mínimo de colheita
Alface crespo 2 meses
Beterraba 2 meses
Capim Santo/capim limão 4 meses
Cebolinha 3 meses
Cenoura 3 meses
Coentro 2 meses
Couve folha 2 meses
Erva Cidreira 3 meses
Hortelã da folha miúda 1 mês
Manjericão 2 meses
Salsa 2 meses
Quiabo 2 meses
Fonte: Elaborado pelo autor
Na agricultura orgânica quanto menos revolver o solo melhor será para a produção. Deve-se
também manter a sua cobertura pelo maior espaço de tempo possível, evitando-se deixar o solo
exposto ao sol e a chuva, portanto, assim que as sementes eram plantadas, ou o canteiro estava
vazio, era utilizado uma cobertura vegetal feita com folhas de coqueiro para proteção e germinação
do solo e das sementes.
Um outro tema importante debatido em um dos encontros foi sobre desbaste ou raleamento
que é usado nos plantios feitos através de semeadura direta nos canteiros, como cenoura, beterraba e
rabanete ou em covas como o quiabo, feijão-vagem e abobrinha. Consiste em arrancar o excesso de
plantas, deixando-se as mais vigorosas, para que cresçam sem a concorrência das outras. Cada
espécie tem um momento apropriado para se fazer o desbaste ou raleamento (VASQUES,2015).
O local era limpo/capinado sempre que havia necessidade, sem uma periodicidade. Na
agricultura orgânica, as ervas invasoras não devem ser erradicadas totalmente, mas manejadas no
possível. A sua presença no terreno é importante porque aumentam a biodiversidade
(desenvolvimento e manutenção dos inimigos naturais, proteção e dispersão do ataque de pragas
sobre a cultura), cobertura e estruturação do solo, além de reduzir a erosão (SERAFIM et al,2013).
O trabalho do educador, por mais padronizado que seja, é permeado constantemente por
tensões, imprevistos e condutas que demandam um preparo extremamente especializado. O
atendimento e o cuidado com cada participante que, apesar de viverem juntos, devem ser vistos a
partir de uma perspectiva única e singular, exige dos profissionais uma coesão, reflexão e
alinhamento contínuo de ações. Fato este comprovado em um de nossos encontros quando um dos
participantes demonstrou não corroborar com a atitude do colega quando o mesmo matou a
pauladas um sapo que havia pisoteado a plantação de coentro.
Neste momento foi detectada a necessidade de explanar a importância de cada ser vivo
presente no processo, conforme Quadro 03, mesmo não ocorrendo a presença de algum desses no
local, sentiu-se a necessidade de citar por ter sido relatado que os detentos já presenciaram em outra
horta.
Quadro 03: Animais presentes em horta orgânica com suas respectivas funções
Animal Benefício
Sapo Predador natural de insetos, indicador
ambiental
Minhoca Um dos principais fatores de sucesso de uma
boa horta, a minhoca cava túneis e buracos
que, além de arejar o solo para que as plantas
“respirem” melhor, escoa a água da chuva e
de irrigação, além de despejar suas fezes no
solo e colaborar na produção do húmus,
matéria orgânica que inclui fezes e
decomposição de animais e restos orgânicos
de plantas, essencial para o enriquecimento e
fortalecimento do solo.
Abelha As abelhas são extremamente eficazes no
processo de polinização, essencial para as
plantas.
Joaninha Uma das principais responsáveis pelo controle
biológico dos pulgões, que se alimentam da
seiva das plantas e causam estragos nas
hortas. Além disso, sua dieta também
inclui larvas, ácaros e
pequenas lagartas prejudiciais às plantas e aos
seres humanos. Uma joaninha é capaz de
devorar 200 pulgões em um dia.
Aranha Grande predador de insetos
Percevejos Predador das pequenas pestes, como pulgões
e formigas que se alimentam do caule e das
plantas, tendem a fugir do habitat de
percevejos. As que ficam são devoradas por
eles, que ajudam a manter o controle
biológico da horta.
Libélula Conhecida como a ave rapina dos insetos, a
libélula está no topo da cadeia alimentar dos
insetos, mantendo importante controle sobre
pragas e animais indesejados ou prejudiciais,
comem sem parar e, são capazes de consumir
até 30 moscas em um dia.
Fonte: Elaborado pelo autor
Alguns desses animais fazem tão bem para a produção de alimentos que substituem os
agrotóxicos, pois combatem seus inimigos naturais (pragas) que atacam os alimentos, realizando o
controle biológico, afinal alimentos orgânicos não são apenas produtos cultivados sem o uso de
agrotóxicos ou adubos químicos. A produção orgânica envolve uma série de outros processos que
visam não só à qualidade dos alimentos, mas ao equilíbrio da natureza e melhores condições de vida
para as famílias rurais e os consumidores.
Para caso da existência de pragas, foi repassada a receita de calda de pimenta do reino , alho
e sabão para auxiliar no combate.
Ingredientes: 100 gramas de pimenta do reino moída 100 gramas de alho 50 gramas de sabão neutro
02 litros de álcool Como preparar: A. Colocar os 100 gramas da pimenta do reino moída e 1 litro de
álcool em um recipiente de vidro com tampa. Deixar em repouso por uma semana. B. Triturar as
100 gramas de alho, mistura 1 litro de álcool e colocar em um recipiente de vidro com tampa.
Deixar em repouso por uma semana. C. Dissolver os 50 gramas de sabão neutro em 1 litro de água
quente, no dia em que for usar a calda. D. No dia em que for utilizar a calda, colocar 1 copo ( 100ml
) do extrato do extrato de pimenta do reino (A), ½ copo ( 50ml ) do extrato de alho (B) e a solução
de sabão neutro (C) em um pulverizador de 20 litros. É interessante coar os ingredientes (A) e (B)
para evitar o entupimento do bico do pulverizador. Agitar a mistura dos três componentes,
completar o volume do pulverizador (20L) com água e pulverizar as plantas. Atenção: Não utilizar a
calda nas horas quentes do dia.
A irrigação é feita de uma a duas vezes por dia, com auxilio de um regador de crivo fino,
suavemente para não descobrir as sementes ou raízes das hortaliças.
O sistema de drenagem foi feito abrindo-se valas em declive, a espaços de acordo com as
características do terreno. Abriu-se uma vala maior, central, no sentido da corrente da água, para a
qual convergem outras valas menores.
Logo, a atividade pedagógica proposta para ser realizada na horta não se resume à produção
de alimentos, mas num laboratório de ação participativa, onde há formação de procedimentos e de
atitudes sensíveis à complexidade do mundo.
Um outro tema importante e discutido ao longo dos encontros citou a necessidade da
importância das culturas. O plantio sucessivo de hortaliças de uma mesma família numa mesma
área, causa diminuição da produção e mais ataque de pragas e doenças, por isso deve-se fazer a
rotação de culturas, plantando espécie de família diferente daquela que ocupou o terreno
anteriormente. Uma boa sequência a ser utilizada é: folha, raiz, flor, fruto (exemplo: alface,
cenoura) (VASQUES,2015).
Em momento algum durante esse processo pode se esquecer dos direitos humanos que o
reeducando também possui. “Não se deve ver no mesmo apenas a figura do marginal que violou
normas do nosso ordenamento jurídico que, privilegiando o patrimônio em detrimento do ser
humano, é em muitos pontos injusto” (Jose et al, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As hortaliças são excelentes fontes de vitaminas e sais minerais, pois ajudam em todas as
funções da alimentação. Com o presente projeto, por perceptível a partir da fala dos participantes
um maior interesse pela temática horta orgânica, houve uma maior introdução de nutrientes e
variedade de hortaliças na alimentação dos albergados, houve a sensibilização por parte dos
albergados com relação à questão ambiental, existiu o domínio de conteúdos referentes à temática
produção orgânica de hortaliças, além da produção de um local agradável e harmonioso no
ambiente prisional, desmistificando, no âmbito social, o estigma e o preconceito com que a
Sociedade encara o preso do Sistema Penitenciário.
A Educação Ambiental surge neste contexto, como um importante instrumento de
mudanças, por corresponder ao um processo educativo contínuo, permanente, dinâmico, criativo,
interativo; com enfoque interdisciplinar, que permite aos seres humanos conhecer as leis que regem
a natureza; compreender as relações e interações existentes entre eles, os seres vivos e o ambiente;
reconhecer os problemas ambientais locais e globais e valorizar os aspectos sociais, históricos,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RESUMO
A educação ambiental tornou-se um tema relevante no cenário nacional e estabelece as Diretrizes
Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, que tem como um de seus princípios a
sustentabilidade socioambiental; a Resolução CNE/CP n.º 02/2012 (BRASIL, 2012b), que
estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental no Sistema de Ensino
Superior e Educação Básica que estimula a inserção de conhecimentos de temas e práticas
pedagógicas relacionados com o meio ambiente e a sustentabilidade socioambiental. Diante da
complexidade da sociedade atual e dos desafios da escola de serem sustentáveis e de educar para a
sustentabilidade, a EA se apresenta como um instrumento de transformação social. Nesse sentido,
essa pesquisa tem por objetivo avaliar a percepção ambiental de estudantes do 5° ano do Ensino
Fundamental I de uma escola do munícipio de Campina Grande – PB. Caracterizada como uma
pesquisa quantitativa, os dados foram tabulados no Microsoft Excel, indicaram que percepções
acerca das temáticas como a caracterização do meio ambiente, os recursos naturais, a fauna nativa,
os problemas ambientais estão dentro do escopo esperado. No entanto, a tomada de temas
particulares como os temas Lixo e Ações de Proteção ao Meio Ambiente a percepção ambiental dos
alunos é mais restrita, entrando em discordância nas respostas em algumas questões.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Percepção Ambiental; Escolas.
ABSTRACT
Environmental education has become a relevant subject in the national scenario and lays down
national guidelines for education in human rights, which has as one of its principles the socio-
environmental sustainability; Resolution CNE/CP N. º 02/2012 (Brazil, 2012B), which establishes
the national curricular guidelines for environmental education in the system of higher education and
basic education that encourages the insertion of knowledge of topics and pedagogical practices
related Environment and socio-environmental sustainability. Faced with the complexity of today's
society and the school's challenges of being sustainable and educating for sustainability, EA
presents itself as an instrument of social transformation. In this sense, this research aims to evaluate
the environmental perception of students of the 5th year of elementary School I of a school of the
municipality de Campina Grande-PB. Characterized as a quantitative survey, the data was
tabulated in Microsoft Excel, indicated that perceptions about themes such as characterization of the
environment, natural resources, native fauna, environmental problems are within the scope
Expected. However, the taking of particular topics such as garbage and environmental protection
actions the perception of the students is more restricted, entering into disagreement in the answers
in some questions.
Keywords: Environmental Education; Environmental Perception; Schools.
INTRODUÇÃO
A ação humana impactou negativamente a natureza ao longo do tempo, provocou alterações
climáticas, reduziu a fauna, a flora, e tornou os recursos naturais escassos. A degradação do meio
natural propõe uma reflexão sobre os desafios na mitigação dos impactos causados pelo homem, a
conscientização e sensibilização do homem, bem como, a compreensão da sua interdependência
com o meio ambiente, a fim de transformar a realidade acerca das questões ambientais.
Nesse cenário a Educação Ambiental (EA) surge como forma de construir uma nova
consciência socioambiental que estabeleça um elo de respeito entre homem e natureza, e diminua o
enorme distanciamento entre ele (GUARIM, 2002). O campo de atuação da EA, considerada uma
dimensão da educação é caracterizada “como um fenômeno social complexo que tem como desafio a
construção de um saber ambiental, articulado e inseparável de um esforço fundamental reflexivo e
interdisciplinar, pautado na complexidade socioambiental” (MORALES, 2009, p. 23).
Nesta perspectiva, a educação tem papel fundamental na construção do conhecimento, na
mudança comportamental e na conscientização individual e coletiva a respeito dos problemas
sociais e ambientais que interferem na vida da sociedade. A relação entre meio ambiente e educação
assume um papel desafiador que demanda a construção de novos saberes para compreender
processos sociais cada vez mais complexos e riscos ambientais intensos (JACOBI, 2003).
O processo cognitivo de interação do indivíduo com o meio, ocorre por intermédio de suas
perspectivas, valores e conhecimentos adquiridos previamente. Enquanto, os julgamentos e
expectativas, oriundos das percepções e dos processos cognitivos geram respostas ou manifestações
de cada indivíduo. Assim, a percepção ambiental é influenciada pela cultura, grupo socioeconômico
e realidade urbana na qual o indivíduo convive. Para Faggionato (2004), a percepção ambiental
consiste no ato de perceber o ambiente em que se está inserido, ou seja, a tomada de consciência do
ambiente pelo ser humano.
Segundo Tuan (1980), existem várias formas de se perceber as paisagens, e de construir a
realidade por meio de experiências. Ao estabelecer contato com o meio ambiente, o indivíduo faz
uso dos cinco sentidos em um processo de associação com os mecanismos cognitivos, dessa forma,
cada indivíduo compreende, reage e responde diferentemente às ações sobre o ambiente em que
vive. A escola é responsável pela disseminação do conhecimento e dos valores na sociedade. Ações
voltadas à transformação do meio ambiente, por parte das instituições de ensino são necessárias
para formação de indivíduos ambientalmente conscientes. Ao analisar a percepção ambiental de
uma comunidade é possível compreender o comportamento dos indivíduos, assim como, promover
ações que busquem sensibilizar e desenvolver a tomada de consciência ambiental.
Assim sendo, essa pesquisa é guiada pelo conceito de EA presente na Política Estadual de
Educação Ambiental, entendido como um processo contínuo e permanente de aprendizagem, no
qual são construídos de forma participativa saberes, conceitos, valores socioculturais, atitudes,
práticas, experiências e conhecimentos voltados ao exercício de uma cidadania socioambiental.
Distendo como objetivo avaliar a percepção ambiental dos alunos do 5° ano do Ensino Fundamental
I de uma escola municipal situada na cidade de Campina Grande – PB.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Com o objetivo de analisar a percepção ambiental dos alunos do 5º ano do Ensino
Fundamental de uma escola municipal, a presente pesquisa configura-se como descritiva-
exploratória, quanto aos fins, uma vez que expõem características de determinada população ou
fenômeno, definindo correlações entre variáveis (VERGARA, 2000), neste caso alunos de uma
instituição de ensino municipal. Atualmente a escola desenvolve atividades de reciclagem e
cuidados com o meio ambiente, logo, optou-se pelo estudo de caso, pois, é uma estratégia de
pesquisa abrangente, que busca esclarecer um conjunto de decisões ao utilizar-se de evidências
tanto quantitativas, como qualitativas (YIN, 2010). Quanto a natureza desta pesquisa, a abordagem
foi quantitativa, uma vez que pleiteou mensurar quantitativamente a frequência das respostas entre
as variáveis analisadas.
O instrumento de coleta de dados para a execução desta pesquisa foi um questionário
composto por 16 questões objetivas, o qual se deu a partir do levantamento bibliográfico acerca dos
trabalhos realizados por Marczwski (2006), sendo ainda adaptado à realidade local, a fim de
compreender, da melhor forma, como se constroem as interações entre percepção ambiental e
educação ambiental a partir da relação entre questões referentes à percepção do meio ambiente e
seus recursos, como também a percepção da relação entre o homem e o meio ambiente. Os dados
coletados foram tabulados e dispostos em gráficos informativos de superfície do software Microsoft
Excel 2016, no qual o objetivo foi o de recolher dados reais a respeito da percepção dos alunos em
relação ao meio ambiente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A importância da pesquisa em percepção ambiental para o planejamento do ambiente foi
ressaltada pela UNESCO em 1973, esta enfatizou as dificuldades para a proteção dos ambientes
naturais frente às diferenças nas percepções dos valores e da importância dos mesmos entre os
indivíduos de culturas diferentes ou de grupos socioeconômicos que desempenham funções
distintas, no plano social, nesses ambientes (MERIGUETI, 2004).
constituintes do meio ambiente (Q2) 25,8% demonstram ter percepção do meio ambiente
integrando elementos naturais e antrópicos. A maior parte dos alunos entendem os elementos
constituintes do meio ambiente apenas elementos da natureza com 51,60% e, nenhum aluno
acredita que o meio ambiente possui como elementos os morros, os campos e o terreno do vizinho.
As questões 3 e 4 foram de caráter de resposta indutiva e abordaram a água como recurso
natural, questionando sobre a origem e o destino da água antes e após o uso domiciliar. A história
do abastecimento público na Paraíba se confunde com o início da colonização portuguesa no
Estado. Uma série de fatos se sucedeu até 26 de julho de 1972, quando as companhias de
Saneamento da Capital (Sanecap) e de Saneamento de Campina Grande (Sanesa) foram
incorporadas pela Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa). Dessa união, surgiu a
empresa, nos moldes mantidos até hoje, desde então, praticamente todas as cidades paraibanas
passaram a ser atendidas pela companhia. Quanto à destinação da água utilizada pelas residências, o
município conta com uma estação do Centro de Desenvolvimento e Tecnologia em Reuso de Água,
a área é composta por uma “bateria” de tanques e reatores que irão armazenar e fazer a limpeza da
água contaminada. Espera-se que o aluno seja capaz de identificar a origem da água que utiliza em
sua residência e o destino dado a ela após o uso.
Fica claro que os alunos entendem de onde vem a água que chega em sua residência, com
87,10% apontando a alternativa correta; apenas 3,20% não sabem de onde ocorre o abastecimento.
Ao contrário ocorreu na Q4, pois apenas 10% identificaram que o município conta com uma
estação de tratamento de água e esgoto. A maior frequência de respostas com 33,30% refere-se a
uma pequena corrente de água como destino, o que pode acontecer em alguns lugares envoltos à
escola, pois, esta localiza-se na periferia, onde não há encanamento, a água acaba sendo despejada
no canal que tem mais de 1km (um quilômetro) de extensão e a construção de saneamento básico
para o bairro que apresenta esgotos a céu aberto, com córregos cortando as ruas e até casas.
Para avaliar a percepção dos alunos quanto ao recurso natural solo, foi apresentada uma
frase inacabada que deveria ser complementada com uma das alternativas listadas em seguida: Você
considera que o solo... O solo é constituído de minerais e orgânicos; no processo de formação do
solo, existe um acréscimo contínuo de matéria orgânica proveniente da decomposição dos seres
vivos, denominado húmus, este é misturado à fração mineral constitui, finalmente, o solo.
(MARCZWSKI e VELEZ, 1999). Espera-se que o aluno seja capaz de reconhecer o solo
como uma porção do meio ambiente constituído por fração mineral e fração orgânica, onde se
desenvolve intensa atividade biológica e antrópica.
Os alunos como pode-se perceber no gráfico demonstraram ter melhor nível de percepção
ambiental, pois, identificaram o solo como local onde componentes minerais e seres vivos
interagem, porém 22,60% dos alunos seja composto apenas por elementos minerais.
A Q6 tem o enfoque na percepção dos alunos para que serve o ar, este é uma mistura gasosa
que envolve o planeta, constituído por uma grande diversidade de gases, é de importância
fundamental para a vida na Terra, participando ativamente dos processos de fotossíntese e
respiração dos seres vivos, dispersão de substâncias. Tem sido utilizado também como fonte de
energia. Espera-se que o aluno seja capaz de reconhecer a importância do ar para o ambiente e sua
possível utilização como fonte para a produção de energia pelo ser humano. Com frequência
relativa de 90,30% os alunos tem a percepção do ar apenas para os seres vivos respirarem,
desconsiderando o fator energia; a resposta mais esperada é de todas as alternativas estarem
corretas, ou seja, o ar serve para os seres vivos respirarem, como fonte de produção de energia, para
refrescar (o vento) e, para ajudar na reprodução das plantas. Porém, a alternativa e obteve 3,20%.
A Q7 quer saber o que é a floresta ou mato na opinião dos alunos. A floresta é um tipo de
formação vegetal terrestre caracterizada por ser essencialmente arbórea, continua e de grande
extensão, constitui-se de um ambiente rico em recursos e condições propicias para a ocorrência de
animais e outros seres vivos; em função de sua biodiversidade, pode ser utilizada pelo ser humano
como fonte de matérias-primas e alimentos. Espera-se que o aluno seja capaz de reconhecer a
floresta como um ambiente complexo, que abriga vida e pode servir de extrativismo de recursos
pelo ser humano. Admite-se como satisfatória a alternativa a, ou seja, os alunos entendem que o
mato como lugar onde há muitas plantas e serve de morada aos animais, que ali encontram
alimento, água limpa e ar puro, porém a resposta mais esperada é alternativa e, onde o mato é um
ambiente que oferece abrigo e alimento para animais e plantas e de onde o ser humano pode extrair
recursos, esta alternativa apresentou frequência relativa de 29%. Assim, pode-se entender que os
alunos possuem uma boa percepção acerca do que é uma floresta.
A percepção acerca da origem de energia elétrica utilizada na região foi avaliada a partir da
questão: “Qual a principal fonte de produção de energia elétrica que abastece tua região?”. A
energia elétrica consumida no município é de origem hidrelétrica. Espera-se que o aluno seja capaz
de identificar usinas hidrelétricas como local de produção de energia elétrica que abastece a sua
região. Os resultados observados para essa questão na escola obteve maior frequência relativa na
alternativa esperada (alternativa c). Causa admiração alguns alunos apontarem a água do mar como
fonte de energia elétrica (12,90%) uma vez que essa não é uma fonte de produção de energia
utilizada no Brasil.
Figura 7: Energia
Os problemas ambientais foram abordados através das questões: 10, 11 e 12. A Q10 refere-
se a percepção dos alunos a respeito da diferença entre lixo e poluição. Dá-se a denominação de
lixo, restos ou coisas inaproveitáveis; a poluição, pode ser definida como efeito de qualquer
substância ou energia que, lançada para o meio, interfere no funcionamento de parte ou de todo
ecossistema. A rigor, nenhuma das alternativas apresenta uma conceituação perfeita desses termos
embora a alternativa d seja a única que não traz problemas conceituais, sendo a mais aceitável. O
que não ocorreu na escola analisada, os alunos entendem que a poluição é causada por indústrias,
carros e máquinas e lixo é produzido pelo ser humano, com maior frequência relativa (58,10%).
Ainda sobre o lixo, a Q11 objetivou avaliar a percepção dos alunos acerca do destino do lixo
doméstico. O serviço de recolhimento do lixo no município é de responsabilidade Secretaria
Municipal de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (Sesuma) que deposita no Aterro Sanitário
localizado na Zona Rural, próximo ao Distrito de Catolé de Boa Vista. Espera-se que o aluno seja
capaz de identificar a diversidade de destinação do lixo e a não existência de serviço de coleta
seletiva. Um percentual preponderante de alunos acreditam que a Prefeitura recolhe e uma parte vai
para reciclagem, na própria comunidade existe um grande número de ‘catadores de materiais
recicláveis’, por isso a resposta dos alunos.
Figura 8: Lixo
O problema ambiental da poluição foi abordado em relação a saúde pública através da apresentação
da questão: Você acredita que a poluição pode estar afetando a saúde da população? A poluição, em
qualquer de suas formas, tem como grande consequência a diminuição da qualidade ambiental,
através da depreciação de recursos naturais e serviços do ecossistema. Espera-se, assim, que
admitindo haver poluição na região, o aluno perceba que afeta a população humana. Os alunos,
entendem que a poluição afeta a toda a população, com maior porcentagem na alternativa e
(80,60%).
Figura 9: Poluição e Saúde
As Q13 e Q14 foram analisadas e discutidas em conjunto, uma vez que ambas tratam dos
danos que o ser humano causa ao meio ambiente. Os alunos apontam em geral a sociedade em geral
como o principal responsável pelos danos ao meio ambiente, com maior percentual de respostas a
alternativa d (48,40%). É possível concluir também que os alunos percebem os setores comercial e
agrícola como os menores responsáveis pelos danos causados ao meio ambiente. Porém ocorre uma
inconsistência nas repostas nas questões 13 e 14, nesta há um equilíbrio entre as respostas e na
pergunta anterior os setores comercial e agrícola obtiveram os menores valores percentuais.
As questões 15 e 16 foram analisadas e discutidas também em conjunto, uma vez que ambas
tratam da proteção ao meio ambiente. O governo é apontado por 35,50% dos alunos como o
segmento mais diretamente envolvido com a proteção do meio ambiente, seguido pelo setor
agrícola. Na percepção dos alunos, as indústrias é o menos envolvido com a proteção do meio
ambiente, sendo indicado por 29% dos entrevistados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer desta pesquisa foi possível refletir sobre vínculo entre Percepção Ambiental e
Educação Ambiental, sob a ótica da disseminação do conhecimento, compreensão e sensibilização
do homem frente aos problemas ambientais. Assim, como propiciar desenvolvimento de atitudes
cidadãs com vistas a preservação do meio ambiente que reflitam em qualidade de vida.
A partir desta perspectiva, é possível perceber que os alunos não apresentaram dificuldades,
no que diz respeito, ao conhecimento dos processos ambientais que ocorrem na comunidade local,
pois os resultados se apresentaram dentro da faixa do esperado. As percepções acerca das temáticas
como a caracterização do meio ambiente, os recursos naturais, a fauna nativa, os problemas
ambientais estão dentro do escopo esperado.
No entanto, a tomada de temas particulares como os temas Lixo e Ações de Proteção ao
Meio Ambiente a percepção ambiental dos alunos é mais restrita, entrando em discordância nas
respostas em algumas questões. Em face disto, faz-se necessário que a escola enquanto agente
formador, contribua no aprofundamento dos conhecimentos a respeito do meio ambiente, dos
processos ambientais que permeiam as atividades dos alunos diariamente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo: Cortez;
Brasília, DF: UNESCO, 2000.
RESUMO
A relação homem-natureza, ao longo da história da humanidade, foi marcada por diversas
problemáticas socioambientais, implicando em inúmeros processos de degradação ambiental, os
quais põem em risco a vida do homem no planeta. Ao passo em que o homem se apropriou dos
elementos naturais, enquanto recursos a serem explorados, as relações socioambientais tornaram-se
complexas e frágeis. Nesse sentido, visando a (res)significação da relação entre sociedade e
natureza, de maneira crítica, reflexiva e particip(ativa), a Educação Ambiental (EA) pode ser uma
forma de discussão e apreensão de conceitos e práticas colaborativas para a formação de cidadãos.
O presente estudo teve por objetivo propiciar a reflexão teórica, a partir dos conceitos de EA,
ampliando o debate político sem, contudo, perder a dimensão das práticas cotidianas desenvolvidas
no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe (CODAP/UFS). Para isso, foram
realizados levantamentos bibliográfico e documental e, posteriormente, oficinas de EA com
estudantes do Ensino Fundamental e Médio dessa unidade de ensino federal. Por conseguinte,
foram aplicados questionários para avaliar a concepção de EA entre os estudantes do referido
colégio, que fomentaram a ampliação do debate através de discussões e conferências com a
participação de docentes, em variados momentos. Os dados revelaram que, para a maioria dos
estudantes, a visão de natureza encontra-se fragmentada e que existem dificuldades em perceber o
homem enquanto integrante dessa natureza. De forma mais expressiva, a definição e
representatividade da EA pouco existiu entre os estudantes participantes, sugerindo o pouco
entendimento de EA pela comunidade escolar. Nesse contexto, é imprescindível que o
desenvolvimento de ações de EA, com alunos da Educação Básica, esteja vinculado ao Projeto
Político-Pedagógico da escola, contando com a participação efetiva dos docentes das variadas áreas,
possibilitando assim, a formação integral de sujeitos aptos a con(viver) de maneira sustentável.
Palavras-chave: Educação Ambiental. Educação Básica. Percepção Ambiental.
RESUMEN
La relación hombre-naturaleza, a lo largo de la historia de la humanidad, fue marcada por diversas
problemáticas socioambientales, implicando en innumerables procesos de degradación ambiental,
los cuales ponen en riesgo la vida del hombre en el planeta. Mientras que el hombre se apropió de
los elementos naturales, en cuanto recursos a ser explotados, las relaciones socioambientales se
volvieron complejas y frágiles. En este sentido, visando la (res)significación de la relación entre
sociedad y naturaleza, de manera crítica, reflexiva y participa(activa), la Educación Ambiental (EA)
puede ser una forma de discusión y aprehensión de conceptos y prácticas colaborativas para la
formación de los ciudadanos. El presente estudio tuvo por objetivo propiciar la reflexión teórica, a
partir de los conceptos de EA, ampliando el debate político sin perder la dimensión de las prácticas
cotidianas desarrolladas en el Colegio de Aplicación de la Universidad Federal de Sergipe
(CODAP/UFS). Para ello, se realizaron encuestas bibliográficas y documentales y posteriormente
talleres de EA con estudiantes de la Enseñanza Fundamental y Media de esa unidad de enseñanza
federal. Por lo tanto, se aplicaron cuestionarios para evaluar la concepción de EA entre los
estudiantes de dicho colegio, que fomentaron la ampliación del debate a través de discusiones y
conferencias con la participación de docentes, en variados momentos. Los datos revelaron que, para
la mayoría de los estudiantes, la visión de naturaleza se encuentra fragmentada y que existen
dificultades para percibir al hombre como integrante de esa naturaleza. De forma más expresiva, la
definición y representatividad de la EA poco existió entre los estudiantes participantes, sugiriendo
el poco entendimiento de EA por la comunidad escolar. En este contexto, es imprescindible que el
desarrollo de acciones de EA, con alumnos de Educación Básica, esté vinculado al Proyecto
Político-Pedagógico de la escuela, contando con la participación efectiva de los docentes de las
variadas áreas, posibilitando así la formación integral de sujetos aptos a con(vivir) de manera
sostenible.
Palabras-clave: Educación Ambiental. Educación Básica. Percepción ambiental.
INTRODUÇÃO
A curta história do homem no planeta Terra tem acarretado significativas alterações que
comprometem o funcionamento natural dos ecossistemas, ultrapassando, em alguns casos, o limiar
de resiliência, ou seja, a capacidade de autorregeneração, tendo como consequência a redução da
biodiversidade. Desse modo, a reprodução do sistema econômico vigente, que visa o lucro, num
desenvolvimento insustentável, na maioria dos casos, tem levado ao esgotamento sem precedentes
dos recursos naturais disponíveis para a humanidade, gerando desequilíbrios.
Como saída para esse desequilíbrio entre homem e meio ambiente, corrobora-se com Trajber
e Sorrentino (2007), que a Educação Ambiental (EA) assume assim a sua parte no enfrentamento
da crise ambiental que está posta e é resultado das más práticas dos seres humanos sobre a natureza,
radicalizando seu compromisso com mudanças de valores, comportamentos, sentimentos e atitudes,
que deve se realizar junto à totalidade dos habitantes de cada base territorial, de forma permanente,
continuada e para todos. Uma Educação que se propõe a fomentar processos continuados que
possibilitem o respeito à diversidade biológica, cultural, étnica, juntamente com o fortalecimento da
resistência da sociedade a um modelo devastador das relações de seres humanos entre si e destes
com o meio ambiente.
De acordo com Leff:
REFERENCIAL TEÓRICO
da justiça social.
Fundamenta-se nos preceitos críticos que a EA deve ser emancipatória, afastando-se de
tendências conservacionistas/pragmáticas e configure o caráter de Educação
Libertadora/Problematizadora. Tais práticas, pautadas na dialogicidade, fornecem autonomia tanto
para o educando quanto para o educador e, quando considerada a dimensão ambiental, dota de
criticidade os pares que passam a perceber que, no contexto educacional, ações isoladas garantem
pouca efetividade na construção do pensamento e de resolução de problemas oriundos em instâncias
maiores. Nessa perspectiva, a EA efetiva garante o contexto reflexão/ação, pautado na coletividade
e no diálogo de aspectos de múltiplas escalas para as quais se quer encontrar resolução.
Segundo Freire (2011), a Educação libertadora faz com que os envolvidos, educador e
educando, se façam sujeitos do processo, de maneira a superar a falsa consciência de mundo. Nesse
contexto, desenvolver projetos em EA de maneira crítica, emancipatória e libertadora deve estar
pautada em metodologias de ensino que insiram, num contexto holístico, a discussão sobre a
natureza da ciência e suas relações com as tecnologias e seus impactos sobre a sociedade.
Conforme Amorim (1997), a abordagem CTS no ensino exige mudanças tanto na escolha
dos temas quanto das metodologias de ensino e de aprendizagem. Como então incorporar a
perspectiva CTS nos conteúdos, tendo como objetivo desenvolver a capacidade de avaliar o uso
social da ciência e tecnologia? Como modificar as abordagens metodológicas nas atividades de
ensinar e de aprender a fim de desenvolver, entre outras, a capacidade de reflexão, de
argumentação, de trabalho cooperativo, de forma a dar condições para um posicionamento crítico
frente a ciência, a tecnologia e ao uso social das mesmas?
As práticas de EA propõem transformar nossos velhos hábitos e estilos de vida assentados
na cultura do desperdício e no desrespeito com a natureza. Para que a mudança de fato ocorra faz-se
necessário realizar o processo pedagógico de modo participativo e permanente. Educador e
educando são atores imprescindíveis deste processo de transformação de atitudes num esforço
conjunto em habitar um mundo melhor. No entanto, atrelada a essas práticas, a EA deve objetivar a
formação holística do cidadão e incentivá-lo à participação coletiva nas ações de sua comunidade,
pois, a garantia de direitos fundamentais enquanto coletividade deve estar associada ao
desenvolvimento de lideranças e na efetivação de políticas públicas.
Depreende-se do exposto que a EA é de caráter essencialmente transformador, aliás, diria
que o ato de transformar constitui uma de suas características. O ato de transformar, neste âmbito,
prende-se diretamente ao reconstruir, remodelar, alterar e se reporta a situações como reconstruir
valores, remodelar conceitos, alterar princípios, enfim, modificar o processo de inter-
relacionamento homem/natureza, homem/homem com vistas a uma transformação de cunho
socioambiental. Para Loureiro (2004, p.265) a característica transformadora da EA:
Tal visão implica numa nova forma de encarar as questões ambientais por parte das
instituições escolares, para além dos reducionismos e simplificações instalados. A possibilidade
interdisciplinar, por sua vez, tem se constituído um discurso presente, em especial nas
universidades, mas uma prática ainda muito tímida e, na maioria das vezes, mal interpretada e
malconduzida. No entanto, já existem inúmeras experiências inovadoras que têm dado conta de
avançar tanto conceitual quanto metodologicamente, no campo da EA, enquanto prática
interdisciplinar, voltada para a qualidade de vida.
A sensibilização dos docentes da rede pública de ensino para a importância do seu
engajamento nesse processo de produção/construção de novas práticas pedagógicas mediadas pela
EA se constituiu em um desafio a ser perseguido e alimentou cada um dos momentos desse projeto
de pesquisa. Segundo Mello e Trajber (2007), vive-se em um momento bastante propício para a EA
atuar na transformação de valores nocivos que contribuem para o uso degradante dos bens comuns
da humanidade. Nesse contexto, a EA precisa configurar-se como um processo de educação
permanente, continuada, para todos e todas, ao longo da vida, sendo a escola um espaço
privilegiado para isso.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os procedimentos metodológicos tiveram início com uma ampla revisão bibliográfica sobre
temas relevantes para a pesquisa, em livros impressos e digitais, periódicos com Qualis CAPES,
teses e dissertações de Programas de Pós-Graduação que disponibilizam um banco digital de teses e
dissertações na Internet. Posteriormente, foram realizadas oito oficinas com 92 (noventa e dois)
alunos do Ensino Fundamental e Médio, com o objetivo de analisar as concepções de natureza e EA
que esses possuíam. Foi solicitada a confecção de desenhos/figuras, nos quais eles representassem a
visão desses temas. Após finalizadas as oficinas, as gravuras foram analisadas e interpretadas pelos
bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (PIBIC Jr./CNPq), no
qual esse projeto se insere.
Num segundo momento, foram elaborados e aplicados 276 (duzentos e setenta e seis)
questionários com os discentes do CODAP, a fim de entender a concepção destes em relação à EA.
Como forma de ampliar o debate sobre aspectos metodológicos e contextos em EA, foram
convidados alguns docentes da UFS para realizar palestras/conversas com os docentes das diversas
séries do colégio em questão. Ao todo, aconteceram nove palestras e/ou roda de conversas.
Durante toda a pesquisa, seja na fase de oficinas, aplicação de questionários, debates e
palestras, foi investida mão de obra para confecção de cartazes e outros artifícios que levaram
informação à comunidade escolar sobre as atividades que estavam sendo desempenhadas no
projeto. Além disso, todos os produtos da pesquisa foram disponibilizados através de um blog
gratuito e, após conclusão, a equipe da pesquisa ofertou um minicurso sobre a pesquisa aos
participantes de da Jornada Esportiva Cultural e Científica (JECCCA).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RESUMO
O objetivo do estudo foi realizar uma atividade que estimulasse o debate e a reflexão a respeito de
como pequenas práticas cotidianas contribuem na conscientização ambiental e que pequenas
atitudes podem evoluir para ações concretas passíveis de contribuir na formação de futuros
profissionais ecologicamente conscientes. Para a realização deste estudo foi utilizada uma
adaptação de duas atividades lúdicas propostas por Wendell 2015. A primeira a técnica denominada
de Mutirão do Obrigado(a) e a outra Sobrenome Natureza. A técnica aconteceu durante uma aula da
disciplina Ecologia e Meio Ambiente e envolveu duas turmas-Turma A e Turma B totalizando 70
alunos do curso de Agronomia da Universidade Federal de Goiás. Os resultados permitem concluir
que dentre as ações descritas pelos estudantes à maioria são voltadas para ações conservacionistas
predominando a economia de água e o lixo e suas destinações. Ações que se destacam em maior
porcentagem na turma B.
Palavras chaves: Educação Ambiental, lixo, degradação Ambiental.
ABSTRACT
The objective of the study was to carry out an activity that stimulated debate and reflection about
how small daily practices contribute to environmental awareness and that small attitudes can evolve
into concrete actions that can contribute to the formation of future ecologically conscious
professionals. For the accomplishment of this study was used an adaptation of two play activities
proposed by Wendell 2015. The first one is called Mutirão do Obrigado (a) and another Surname
Natureza. The technique happened during a class of Ecology and Environment and involved two
classes - Class A and Class B totaling 70 students of the Agronomy course of the Federal University
of Goiás. The results allow to conclude that among the actions described by the students are mostly
focused for conservation actions predominating the saving of water and garbage and its
destinations. Actions that stand out in higher percentage in class B.
Keywords: Environmental Education, garbage, Environmental degradation.
INTRODUÇÃO
É plausível considerar que na educação ambiental existam duas vertentes dicotômicas. Uma
com um componente prático muito forte cujo intuito é alterar o comportamento das pessoas em
questões relacionadas com o ambiente. Propõe mudanças de fora para dentro.
O equilíbrio natural não é base só para o equilíbrio material e biológico do homem, mas,
O meio ambiente natural é a interação de vida no seu pleno sentido. Por isso é a seriedade
que se exige nas decisões de alterá-lo. Nesse processo a maior vítima é quase sempre o
homem como epicentro da natureza.
O objetivo do estudo foi realizar uma atividade que estimulasse o debate e a reflexão a
respeito de como pequenas práticas cotidianas contribuem na conscientização ambiental e que
pequenas atitudes podem evoluir para ações concretas passíveis de contribuir na formação de
futuros profissionais ecologicamente conscientes.
Cm essa atividade buscou-se também levar os estudantes a refletirem sobre a alienação dos
seres humanos diante da natureza e dessa maneira levando-os a interagiram ludicamente consigo,
com o outro e, consequentemente, com a natureza
MATERIAL E MÉTODO
Para a realização deste estudo foi utilizada uma adaptação de duas atividades lúdicas
propostas por Wendell, 2015. A primeira a técnica denominada de Mutirão do Obrigado(a) e a
outra denominada Sobrenome Natureza. Com a primeira, a proposta é ser uma ferramenta de
transformação, de despertar, através de uma atitude simples de agradecer, o reconhecer o valor do
outro. Na segunda levar a refletir como é se sentir um “ser” da natureza e saber agradecê-la
Wendell, 2015, p. 28 e 78.
A técnica transcorreu durante uma aula da disciplina Ecologia e Meio Ambiente e envolveu
duas turmas - a Turma A e a Turma B, totalizando 70 alunos do curso de Agronomia da
Universidade Federal de Goiás. Os alunos de ambas as turmas com faixa etária entre de 18 a 28
anos. A dinâmica foi aplicada na mesma data, todavia em horários distintos. Primeiro com a Turma
A e posteriormente com a B.
A fusão das dinâmicas aplicadas segue descrita como foi conduzida.
No primeiro momento os participantes foram convidados a retirarem as cadeiras da sala de
aula. Organizados em uma fila que terminava fora da sala, os alunos passaram cadeira por cadeira
de mão em mão, de forma que todas as cadeiras fossem carregadas por todos. Ao receber a carteira
era preciso agradecer ao colega que a passava, consequentemente, sempre ao receber ou entregar
uma cadeira deveria dizer – Obrigado (a) – até que a última cadeira fosse retirada da sala. Com esta
dinâmica buscou-se estabelecer um elo de bem estar e respeito mutuo.
Na etapa da dinâmica, todos os alunos se sentaram nas cadeiras retiradas da sala de aula e,
ao ar livre, cada um deveria escrever em uma folha o que realizavam pelo planeta, numa total
liberdade para que escrevessem o que julgassem necessário.
Ao findarem a elaboração da relação de ações os alunos foram convidados a retornarem à
sala de aula agora vazia. No círculo formado todos, individualmente, foram ao centro ler o que
haviam escrito. Antes de iniciar a leitura, o discente se apresentava com o seu nome acrescido do
sobrenome Natureza. Ao final de cada leitura os alunos ouvintes respondiam em coro – Nós
agradecemos a (nome do aluno + Natureza) pelo o que você faz pelo planeta.
No final das leituras a professora fez uma síntese das ações mais comuns, como também
destacou sobre a necessidade de se refletir sobre o porquê das ações individuais poderem contribuir
para o meio ambiente e para o bem da sociedade.
As cadeiras foram recolocadas na sala, pelo mesmo método da primeira parte da dinâmica,
encerrando a aula.
Os dados foram tabulados e os resultados obtidos foram submetidos a análise de frequência
univariada.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
1. Educar/ Conscientizar
Atitudes diante de irmãos e primos mais novos, falando da relevância de se preservar o
planeta, de orientar pessoas que são vistas realizando ações prejudiciais ao planeta, como
jogar lixo em local não apropriado e a tomar as corretas decisões nessas pequenas ações
diárias.
2. Gentileza/ Respeito/ Ética
Ser gentil com o próximo, respeitar as diferenças e o espaço do outro, ter empatia, ter
respeito com a própria natureza, ser grato, tratar bem os animais, agir corretamente com as
leis, almejar um futuro melhor para as próximas gerações.
3. Economia de Água
Reduzir o tempo gasto nos banhos, manter a torneira fechada enquanto se escova os
dentes, reaproveitar água de enxague de máquinas de lavar roupa para outros fins como
lavar calçada, lavar com menos frequência o carro, ligar a torneira só no momento do
enxague das louças de cozinha.
4. Economia de Energia Elétrica
Apagar as luzes acessas desnecessariamente, retirar eletrônicos das tomadas, utilizar de
forma consciente o chuveiro, utilização de energia renovável - energia solar.
5. Lixo/ Separar
Não jogar lixo no chão ou em qualquer lugar não apropriado, realizar a separação do lixo
doméstico em recicláveis, orgânicos e dar a destinação correta para lixo eletrônico e óleo de
cozinha.
6. Doações
Roupas, livros, brinquedos, tempo. A ideia de passar adiante o que não lhe é mais útil,
pode ser a diferença entre ter ou não ter determinado produto para aqueles que não têm
condições de prover por conta própria. Assim como doar seu tempo para servir ao próximo.
7. Reaproveitar/ Reutilizar/ Reciclar
Reaproveitar embalagens de margarina, vidros de azeitona e palmito, copos de requeijão
e extrato de tomate, além de fazer brinquedos com garrafa pet, separar o lixo para coleta
seletiva e evitar desperdício de comida com receitas criativas.
8. Transporte
Oferecer e pegar carona, utilizar transporte público, evitar usar o carro e ir a pé a lugares
próximos, usar bicicleta e meios de transporte não poluentes e fazer manutenção correta dos
automóveis.
9. Boas práticas agrícolas
Reaproveitar os restos de comida para compostagem, fazer uso dos conhecimentos
agronômicos de forma consciente, dando prioridade para ciclagem de nutrientes fornecidos
por fontes naturais de matéria orgânica; adotar estratégias de conservação do solo e manejo
integrado de pragas e doenças, de forma que as relações específicas e interespecíficas entre
os indivíduos sejam usadas de forma consciente e segura. Estudar, aplicar e incentivar as
práticas propostas pela Agroecologia.
10. Consumismo
Evitar comprar coisas desnecessárias, dar preferência para produtos com menos
embalagens, evitar produzir muito lixo, levar garrafas descaráveis para faculdade para evitar
o uso de copos descartáveis, aproveitar cadernos antigos, usar o papel dos dois lados e usar o
lápis até o final.
11. Mudas / Reflorestamento
Fazer plantio de mudas e promover atividades relacionadas ao reflorestamento de áreas,
preservar e valorizar a fauna e flora do cerrado.
Ressalte-se que no conjunto de ações descritas pelos alunos há um conjunto de valor
incalculável e de uma sensibilidade necessária neste mundo inóspito. Essas proposições, trazem
uma brisa de esperança no que tange ao futuro do planeta. Um planeta habitável e capaz de
promover o bem estar e a união de pessoas.
25,9%; Educar/ Conscientizar com 14,8%; Boas Práticas Agrícolas com 11,1% e igual resultado
entre as ações de Mudas/ Reflorestamento e Consumismo com 7,4%.
Estes resultados apontam para práticas conservacionistas, fato reforçado pelo menor
destaque dado ao item consumismo em particular e a Educação Ambiental. Uma tendência que tão
somente tangencia a urgência da mudança no que concerne á prática de educar ambientalmente ou a
fomentar a redução de consumo. Essa última essencial na manutenção da vida humana no planeta
com qualidade. Isto porque os recursos naturais tendem a não serem suficientes para todos terem
uma vida com qualidade necessária Tabela 1 e Figura 1
Numa análise comparativa os resultados apontam para o fato que os alunos da turma B têm
melhor percepção ambiental como também acreditam na Educação Ambiental como ferramenta de
mudança: as práticas que se destacaram estavam relacionadas com Economia de água, 84,8%;
seguida do lixo 75,8%; Economia de energia, 60,6%; Doações com 51,5%; Reaproveitar/
Reutilizar/ Reciclar, 48,5%; Transporte e Educar/ Conscientizar ambas com 45,5% Tabela 3.
Todavia no contexto de uma atividade sobre prática ambientalista com alunos do curso de
agronomia, os dados sobre as Boas Práticas Agrícolas em ambas as turmas são relativamente
discretos. Nesse quesito a Turma A destaca-se mesmo que comparativamente seja um resultado
modesto. Quanto a esse fato em tela o resultado pode explicitar uma possível lacuna no currículo do
curso no que concerne a questões relativas a práticas de uma agricultura sustentável. Necessidade
premente na redução da poluição por sustâncias advindas da agricultura dita moderna ora praticada
no Brasil.
Quanto ao fato de ambas as turmas demonstrarem uma prioridade acima da média com
ações voltadas para um recurso prioritário, a água, reforça a preocupação expressa no PHI-VIII –
SEGURIDADE HÍDRICA, UNESCO 2018
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados permitem concluir que dentre as ações descritas pelos estudantes à maioria são
voltadas para ações conservacionistas predominando a economia de água e o lixo e suas
destinações. Ações que se destacam em maior porcentagem na turma B. Considerando que a faixa
etária dos alunos da disciplina está entre de 18 a 28 anos é possível concluir que esta geração de
jovens demonstra consciência ambiental e preocupação com o recurso essencial a vida no planeta, a
água. Outro fato relevante é a preocupação dos estudantes com a destinação correta dos resíduos
sólidos e preocupação com o equilíbrio do meio ambiente.
Todavia ressalte-se que, de acordo com os resultados deste estudo, carece de relevância
especialmente para a turma A: a necessidade de se repensar para uma mudança urgente e global.
Repensar sobre quais produtos e bens são realmente necessários para alcançar o bem-estar e enfim
buscar a redução do consumo essa sim ação primordial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SORRENTINO, M. Vinte anos de Tbilisi, cinco da Rio 92. A Educação Ambiental no Brasil. In:
Meio ambiente & Educação para a cidadania. São Paulo: CEDEC. 1997.36p. p.3-5
RESUMO
O estudo da percepção ambiental é uma importante ferramenta para o planejamento ambiental, bem
como manejo de espécies e ações que busquem a mobilização de uma determinada população. Este
estudo é na maioria das vezes realizado com adultos, contudo, é de igual importância que seja
também realizado com crianças e jovens, pois estes terão papel decisivo frente a decisões futuras a
respeito dos ambientes naturais. Dessa forma, o presente trabalho busca compreender a percepção
ambiental dos estudantes das turmas de 6º a 9º ano do Colégio Municipal Dom Mota, localizado em
Nazaré da Mata – PE, através de redações e desenhos construídos a partir de estímulos que fizessem
os alunos pensarem sobre as matas da região em que vivem. Buscou-se responder as seguintes
perguntas: a) as representações ambientais de estudantes residentes em áreas urbanas e rurais são
diferentes? b) há variação nas representações dos alunos sobre a paisagem local atual e futura? Foi
feita a categorização das representações e utilizado o teste de Kruskal-Wallis para avaliar diferenças
estatísticas. As representações de estudantes urbanos e rurais se assemelham, embora os residentes
em área urbana tenham mencionado maior quantidade de elementos que os da área rural; notou-se
aspectos negativos em relação ao futuro da mata, havendo grande degradação e redução de
elementos presentes na mesma, redução atribuída a ações antrópicas de degradação, ocupação e a
urbanização local. Os estudantes demonstram perceber os danos gerados pela atividade humana nos
ambientes de mata, bem como a possível devastação se a mesma continuar progredindo nesses
ambientes.
Palavras-chave: Percepção Ambiental; Etnobiologia; Mata Atlântica.
ABSTRACT
The environmental perception study is an important tool for environmental planning, as well as
species management and actions that seek community mobilization. this kind of study is regularly
conducted with the adult demographic. However, it is just as important to be conducted with young
people- given that they will have a say in future decisions regarding natural environment. Therefore,
this study’s purpose is to understand the environmental perception of students from 6th to 9th grade
in Municipal School Dom Mota, in Nazaré da Mata – PE, Brazil, the students, through stimulus to
think about forests in their local region, were asked to writing and drawing about these. We
researched to answer the following questions: a) are there differences between the environmental
perception of students living in urban and rural areas? b) is there a change between the present and
future of forest representation? The analysis was made using categorization and data quantification
through a statistic Kruskal-Wallis’ test. The urban and rural students’ representation are similar, but
the urban students indicate to have a higher degree of knowledge about natural elements than
students do from rural areas; we noted negative aspects about the forest’s future, having great
devastation and element reduction from the forest. This reduction is attributed to anthropic
degradation actions, occupation and local urbanization. The pupils showed to have perceived
damages linked to human activity in the forest, as well as possible devastative activities of this kind
continuing to progress in these environments.
Keywords: Environmental Perception; Ethnobiology; Atlantic Forest.
INTRODUÇÃO
percepções, juntamente dos conhecimentos e valores, são alguns dos fatores que afetam as atitudes
frente ao ambiente (CAMPOS; NATES; LINDEMANN-MATTHIES, 2013).
Silva e Albuquerque (2014) relatam que há influencias culturais e psicológicas na
percepção, e estas agem de forma decisiva na atribuição de valores, significados e utilidades entre
certos grupos para determinados elementos. Assim, torna-se necessário o estudo com grupos de
diferentes áreas, e aqui destacamos a importância de estudar percepções de pessoas inseridas em
espaços urbanos e rurais, e para isso, a escola é um dos locais mais propícios, pois pode influenciar
diretamente nos modelos de percepção da paisagem dos estudantes, sendo um excelente universo de
investigação (SILVA et al. 2010).
Neste trabalho, como sugerem Silva e Albuquerque (2014), o termo “representação
ambiental” será utilizado para substituir “percepção ambiental”, já que o conceito de representação
leva em consideração fatores psicológicos e culturais. Os autores complementam que “a
representação é a externalização do que o indivíduo percebe por vias fisiológicas, e tem influência
de determinados fatores”, como mencionado anteriormente.
Portanto, para esse tipo de estudo com crianças e jovens, a escola torna-se um dos locais
mais propícios, pois, a partir deste ambiente, se começa o processo de sensibilização para as
questões ambientais (SOARES; DORNELES, 2015). Nesse sentido, este estudo tem como objetivo
investigar a representação ambiental de estudantes residentes em áreas urbanas e rurais das turmas
de 6º a 9º ano do Colégio Municipal Dom Mota, localizado em Nazaré da Mata – PE (Figura 1),
através de redações e mapas mentais construídos a partir de estímulos, com o intuito de analisar os
fatores que influenciam no modelo de representação ambiental dos mesmos, e quais as suas
expectativas em relação ao futuro dos fragmentos de mata atlântica da região.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Inicialmente foram realizadas visitas na escola selecionada, para explicar a equipe de gestão
escolar os objetivos do trabalho. Dada autorização para a realização do estudo, foram identificadas
as turmas do 6º ao 9º ano, e os alunos foram convidados a participar da pesquisa, aqueles que
concordaram de forma voluntária somaram um total de 125 alunos, sendo 77 estudantes residentes
na zona urbana e 48 na zona rural, com faixa etária entre 11 e 16 anos, em relação ao gênero
totalizou-se 70 meninas e 55 meninos. Desse total de alunos entrevistados 23 são do 6º ano, 55
alunos do 7º ano, 26 do 8º ano e 21 do 9º ano.
Para dar início à pesquisa, os pais dos estudantes menores de idade foram convidados a
assinar o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) a fim de permitir a participação
deles no estudo (Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde). A coleta de dados foi
realizada em 3 etapas, aplicadas simultaneamente em cada turma. Na primeira etapa os estudantes
foram convidados a produzir uma redação com base no estímulo “Quando falam em mata penso
em...” (BARRAZA e CEJA-ADAME, 2005).
Em um segundo momento, os alunos foram convidados a realizar desenhos a partir dos
estímulos: “O que você vê na mata próxima da sua região?”, e finalmente em um terceiro momento
eles foram estimulados a fazer outro desenho através do estímulo “O que você espera ver no futuro
nesta mata?” (PELLIER et al. 2014), com a finalidade de verificar os componentes considerados
mais importantes, os tipos de relações que os alunos estabelecem com os elementos representados e
o que esperam para o futuro da mata. Após a produção, os alunos foram questionados sobre o local
onde moravam, para que, a partir disso, pudéssemos classifica-los em relação a sua origem (urbana
ou rural).
A redação e desenhos de cada aluno foram analisados individualmente, e todos os elementos
mencionados no texto e representados nos desenhos, após identificados, foram classificados de
acordo com as categorias: a) abiótico: inclui elementos como rio, solo, cachoeira, lagos, montanha;
b) adjetivo: incluindo palavras como linda, verdejante, boa, bonita, cheirosa, desmatada, famosa,
importante.; c) antrópico: incluiu elementos como casa, comércio, fazendeiros, shopping, cerca,
estrada, prédios; d) biótico: contém elementos e palavras como árvore, flor, animais nativos e
exóticos, plantas; e) conservação: incluiu palavras como conservar e preservar; f) degradação:
quando fez-se presente elementos e palavras como caçadores, corte de árvore, desmatamento,
poluição, extinção, queimadas, tronco de árvore; g) sentimento: incluiu a palavra gostar (esta
categoria se fez presente, também, apenas para os dados obtidos a partir das redações); h) utilitário:
que inclui elementos e palavras como caçar, frutas (laranja, jaca, manga), plantas medicinais,
madeira, lenha, respirar. Além dessas, foram criadas subcategorias para os elementos bióticos,
estando divididos em fauna e flora.
Após essa análise e classificação, os dados foram transcritos para um banco de dados usando
o Software Microsoft Office Excel para posterior contagem e a comparação quantitativa dos
elementos registrados entre os grupos urbanos e rurais, entre as diferentes séries e também para a
comparação quantitativa dos elementos mencionados nos desenhos referentes ao presente e ao
futuro da mata. Para analisar a média de citação dos elementos representados nas redações e
desenhos foi utilizado o teste estatístico Kruskal-Wallis através do Software BioEstat 5.0 (AYRES
et al., 2007).
Figura 1: Localização do município de Nazaré da Mata no estado de Pernambuco, Brasil.
Fonte: IBGE e Google Maps (Adaptado pelos autores)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da análise das redações dos estudantes foi possível identificar a representação de
187 elementos distintos, sendo 97 registrados entre alunos residentes na zona rural e 129 registrados
entre alunos residentes nas zonas urbanas. Notou-se a prevalência de elementos bióticos nas
redações, somando um total de 78 elementos sem repetição, sendo destes, 37 citados por alunos da
zona rural e 45 por alunos da zona urbana (Tabela 1). Cabe destacar que o maior número de
elementos totais representados por alunos residentes em áreas urbanas pode estar sendo
influenciado pelo maior número de entrevistados com este perfil.
Analisando o número médio de elementos citados nas redações, os alunos residentes em
áreas urbanas mais uma vez se destacaram citando em média mais elementos (5,49) que os de áreas
rurais (4,93), mas esses valores não apresentaram diferenças estatísticas (Tabela 1). Analisando a
média de citações de elementos em cada categoria percebeu-se que apenas a de elementos bióticos
mencionados entre os dois grupos analisados apresentaram diferenças estatísticas significativas,
sendo os alunos residentes em áreas urbanas aqueles que representaram mais elementos bióticos
(média= 2,63) nas redações que alunos de áreas rurais (1,73) (p<0,05) (Tabela 1). Em relação as
outras categorias, embora exista diferenças entre as médias, não há significância nos valores,
definindo que os alunos urbanos e rurais representaram de forma similar os elementos abióticos,
antrópicos, de degradação e utilitários relacionados as matas, além de mencionaram de maneira
igualitária adjetivos e elementos referidos a sentimento e conservação.
Tabela 1: Média de elementos citados por aluno nas redações dos estudantes do
Colégio Municipal Dom Mota, Nazaré da Mata – PE.
Número total de elementos citados Média de elementos citados
CATEGORIA
Zona rural Zona urbana Zona rural Zona urbana
A partir da análise dos desenhos, foi possível identificar a representação de 104 elementos
distintos, sendo 46 mencionados pelos estudantes que residem na zona rural, e 58 por estudantes da
área urbana. Assim como aconteceu nas redações, é possível notar que prevaleceu um maior
número de representações entre os estudantes residentes em áreas urbanas (Tabela 2), no entanto
não houve diferença estatística entre nenhuma das categorias analisadas (Tabela 2), o que evidencia
que através dos desenhos os estudantes analisados apresentaram a mesma média de elementos
representados.
Tabela 2: Média de elementos ilustrados por aluno nas representações por mapas mentais dos
estudantes do Colégio Municipal Dom Mota, Nazaré da Mata – PE.
Número total de elementos citados Média de elementos citados
CATEGORIA
Zona rural Zona urbana Zona rural Zona urbana
Com base nas análises acima, podemos obter dados relevantes em relação ao conhecimento
dos alunos sobre a mata próxima a sua região. Esperava-se que os alunos residentes na zona rural
mencionassem maior quantidade de elementos bióticos, uma vez que estes tendem a ter contato
mais direto e constante com o meio natural, diferente dos alunos da área urbana. Çubukçu,
Kahraman e Yavasal (2018) evidenciaram que crianças as crianças da área rural alegam gostar mais
da natureza, enquanto as urbanas a diversidade de ambientes para lazer e entretenimento, estes
autores associam essa diferença às características do espaço físico onde esses estudantes vivem e a
liberdade para a exploração da natureza por crianças de ambientes rurais, enquanto as urbanas
preferem ficar em casa.
De maneira semelhante, Zhang, Goodale e Chen (2014), em seu estudo com crianças de
escolas urbanas e rurais, na China, concluiu que estudantes rurais têm maior contato com a natureza
que os urbanos, entretanto, o processo de urbanização em áreas rurais pode afetar diretamente o
contato com a natureza, uma vez que tornará o espaço natural reduzido. No entanto, o que se
encontrou nesta pesquisa foram diferenças estatísticas significativas mostrando que são os alunos
residentes em áreas urbanas que representam maior número de elementos bióticos associados a
mata.
Uma problemática que pode estar refletindo no modelo de representação dessas crianças,
como Pellier et al. (2014) citam em seu trabalho, é a síndrome de base, eles a definem como “o
esquecimento de como as florestas eram, e a adaptação de como elas são atualmente”. Essas
mudanças nas representações podem ocorrer devido à falta de comunicação entre as gerações sobre
as condições ambientais do passado, tornando-se preocupantes entre crianças e as gerações mais
jovens de uma comunidade, pois eles desempenharão papel importante na gestão e utilização futura
do ambiente natural.
As ilustrações feitas pelos alunos obtiveram resultados semelhantes às análises das redações,
estes apresentam de maneira geral, uma visão naturalista do meio ambiente. Segundo Reigota
(2007), a visão naturalista é aquela com predominância de elementos naturais, tais como elementos
abióticos e bióticos. Resultado semelhante pode ser observado no trabalho de Garrido et al. (2014),
onde as crianças, por meio de mapas mentais, representaram o meio ambiente com predominância
de elementos naturais (bióticos e abióticos).
No trabalho de Pellier et al. (2014), realizado com crianças de uma comunidade da área rural
na Indonésia, os alunos demonstraram também uma visão naturalista do meio ambiente,
representando mais animais que qualquer outro elemento, e neste mesmo trabalho, as crianças
representaram pessoas realizando atividades na floresta, o que insere o ser humano como parte do
meio ambiente de maneira semelhante as crianças entrevistadas por Garrido et al. (2014), em que os
indivíduos são inseridos no meio natural com a função de exploração.
Representações dos alunos sobre mudanças na paisagem local em relação ao momento atual e
futuro
Quando questionados sobre o presente e futuro da mata próxima a sua região, foi possível
observar uma grande quantidade de elementos no presente, 605 no total, e em contrapartida, é
representada uma diminuição destes elementos nas representações futuras, sendo reduzido a 476
elementos (Figura 2).
605
476
307
242
188
152
67
54
22
20
15
14
Fonte: Os autores
compreender os impactos das atividades humanas sobre a vida selvagem e outros recursos naturais.
Essa ferramenta metodológica de obtenção de dados torna-se interessante uma vez que os desenhos
são uma forma poderosa de obtenção e compreensão dos pensamentos das crianças sobre as
florestas, vida selvagem e alterações ambientais (PELLIER et al., 2014).
Em quantidades representadas pelos estudantes, podemos notar a redução de elementos
naturais a partir da análise dos desenhos, havendo uma drástica redução de faunísticos e florísticos
(Tabela 3).
Alguns elementos apareceram com maior frequência e/ou exclusivamente no futuro, como
árvore derrubada que foi representada 30 vezes nas incidências futuras, árvore seca 6 vezes, foram
representadas imagens de desmatamento (3), pé de milho (1), e uma quantidade alta de troncos de
árvores (155), o que mostra a ação direta do homem frente ao desmatamento. As crianças associam
o desmatamento futuro da área com a urbanização e ocupação humana, incluindo a criação de
shoppings e cinemas, prédios e casas, estradas e cercas. Também trazem resultados da ação humana
como rios poluídos com lixo, esgoto, peixe morto, inclusive enfatizando as queimadas (11) como
um dos principais agentes futuros para o fim da mata.
Figura 3: Representação da mata no presente e futuro respectivamente, por um aluno do 8º ano
do Colégio Municipal Dom Mota, em Nazaré da Mata –PE.
Fonte: Estudante do 8º ano do Colégio Municipal Dom Mota (Nazaré da Mata, PE)
Fonte: Estudante do 6º ano do Colégio Municipal Dom Mota (Nazaré da Mata, PE)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise das representações dos estudantes residentes na área urbana e rural, diferente dos
trabalhos realizados anteriormente com públicos semelhantes, nos mostra modelos similares de
representação, sendo que, dessa vez, os alunos da área urbana conseguiram mencionar e representar
mais elementos do meio natural que os da zona rural. Essa ocorrência pode ser, de certa forma,
justificada pela ocorrência da Síndrome de Base, não havendo comunicação e compartilhamento de
informações a respeito de como era a mata no passado, de pessoas mais velhas com as crianças,
havendo também diminuição do interesse das mesmas em conhecer os elementos presentes na mata,
bem como pouco ou nenhum contato com esse ambiente por ambas as partes, limitando assim o
desenvolvimento de sua percepção pelo ambiente natural ou pela pouca ou nenhuma existência de
área natural preservada onde vivem.
Os resultados comparativos entre o estado presente e futuro da mata demonstram aspectos
negativos, evidenciando a realidade, levando em conta a constante destruição dos meios naturais.
Foi possível notar que os alunos, em sua maioria, percebem negativamente o futuro da mata,
podendo esta, inclusive, não mais existir no futuro. Assim, este trabalho não conclui, mas deixa em
evidência da necessidade de trabalhos futuros acerca das representações ambientais das crianças,
pois essas se mostram coerentes com os danos possíveis causados pela redução de áreas naturais,
principalmente em ambientes já fragilizados, como a Mata Atlântica.
REFERÊNCIAS
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RESUMO
Educação ambiental é fundamental para o processo de formação dos futuros atores do planeta no
sentido de atuarem de forma consciente e responsável na utilização dos escassos recursos existentes.
Esse trabalho procurou diagnosticar através de questionário com perguntas abertas e entrevistas
com os responsáveis pela Educação Ambiental (E.A.) nas escolas da rede pública estadual do
município de Paranaguá, buscando caracterizar a forma como é trabalhado o ensino ambiental,
nestas escolas, nas séries do 6º ao 9º ano do ensino fundamental 2, abordando as seguintes
informações: a importância de trabalhar a E.A. nessas séries; quais as ações desenvolvidas, em que
situações são desenvolvidas e sua frequência; quais as temáticas e os critérios de escolha dessas
ações; principais carências e dificuldades na realização das atividades. Os dados foram analisados,
interpretados e discutidos segundo a técnica da análise de conteúdo (Bardin, 1977), sendo expostos
graficamente. A partir dos resultados obtidos identificou-se a carência da temática ambiental nas
escolas, deficiências de abordagem e de conteúdos abarcados pela E.A. Diante dos fatos levantados,
verificou-se a necessidade de uma ação direta, trabalhando as bases epistemologicas da educação
ambiental junto aos docentes e gestores, com a proposta da oferta de cursos de formação continuada
em E.A., conferindo um embasamento maior e consequente melhoramento do desenvolvimento das
ações e projetos junto aos alunos, além de necessidade de fortalecimento e fomento das ações
relacionadas à educação ambiental crítica no ensino fundamental como forma de mudança de
paradigma e de comportamentos, com vistas à sustentabilidade.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Ensino Fundamental;
ABSTRACT
Education is learned at home, at school, at work, at the fair, in the marketplace and everywhere and
wherever there are people willing to change and undergo the changes of behavior, attitude,
conscience or even physical and in the face of this premise, in this work, to diagnose through a
questionnaire with open questions and interviews with those responsible for Environmental
Education (EA) in the schools of the state public network of the city of Paranaguá, seeking to
characterize the way in which environmental education is worked in these schools, in the 6th to 9th
year of elementary school 2, addressing the following information: the importance of working the
EA in these series; what actions are developed, in what situations they are developed and their
frequency; what are the themes and the criteria for choosing these actions; main difficulties and
difficulties in carrying out the activities. The data were analyzed, interpreted and discussed
according to the technique of content analysis (Bardin, 1977), being exposed graphically. Based on
the results obtained, it was identified the lack of environmental themes in schools, deficiencies in
approach and contents covered by the EA. Faced with the facts, it was verified the need for a direct
action, working the epistemological bases of environmental education with the teachers and
managers, with the proposal of offering continuing education courses in EE, giving a greater basis
and consequent improvement of the development of actions and projects with students, as well as
the need to strengthen and foster actions related to critical environmental education in elementary
education as a form of paradigm change and behavior, with a view to sustainability.
Keywords: Environmental Education; Elementary School;
INTRODUÇÃO
Uma questão pungente quando se ouve falar de educação ambiental (EA) nas escolas, mas
não somente como algo restrito a uma sala de aula, é se aquilo que esta sendo ensinado, é coerente
com a realidade ambiental. Nesse sentido, percebe-se a necessidade de traçar um paralelo entre a
educação ambiental conservadora e a crítica, visto que, num mundo globalizado e com sérias
consequências ambientais em virtude principalmente do consumismo exacerbado, ainda se tem a
noção ecologista de que Educação Ambiental se resume ao ato de plantar uma árvore no pátio da
escola. Assim, percebendo a urgência de uma nova consciência e uma nova visão de mundo, é que
se faz necessário uma remodelação não só dos padrões de consumo, mas também de ensino e
principalmente de uma nova ordem politica, econômica, social, cultural e mesmo planetária.
Dessa forma Capra (2011) expõe que, nas últimas décadas, é evidente o crescimento e a
complexidade dos problemas ambientais. O autor relata que tudo está relacionado intrínseca ou
extrinsecamente como uma grande rede que se associa a uma intensa degradação, tanto do meio,
como das condições de vida, gerando uma crise fragmentada e que causa reflexo maior na área
ambiental. Fatores como a miséria, fome, exclusão, desigualdade de renda, recessão e a consequente
violência, estão relacionados ao modo como se utiliza e se distribuem os resultados da exploração
dos recursos naturais. Isso tudo reforça o ponto de vista que indica que nossas atividades
econômicas estão prejudicando a biosfera e a vida humana de tal modo que, se não forem tomadas
medidas corretivas, em pouco tempo, os danos poderão tornar-se irreversíveis (CAPRA, 2002).
Nessa precária situação, é fundamental que a humanidade diminua drasticamente o impacto das
suas atividades no meio ambiente (CAPRA, 2002). Desta forma é necessário refletir sobre o modo
de pensar e agir, bem como, sobre o espaço de relações entre os homens e a natureza.
Segundo Dias (2004) existem ainda uma grande ingenuidade no que se refere ao ensino
ambiental, o que torna imprescindível refletir sobre os conhecimentos transmitidos sobre o
ambiente natural e se esse ambiente interage com o ambiente antropicamente modificado, pois a
dicotomia do ensino formal e ambiental presente por décadas nas grades curriculares das escolas
brasileiras, fizeram com que algumas ações ficassem pelo meio do caminho, fruto de um País
emergente que pratica uma política extremamente desenvolvimentista.
Ainda tratando da dicotomia Paula Brüger situa:
Sorriento (2005), afirma que a EA, especificamente o ato de educar para a cidadania, pode
construir a possibilidade da ação política, contribuindo para a formação de uma coletividade
responsável pelo local onde vive. Dessa responsabilidade surge a noção de que somos parte desse
todo e não estamos e nem devemos ser alienados nesse processo evolutivo achando que a nossa
existência na terra não interfere no meio em que estamos, mas a ação antrópica é consequência de
governos, empresas e da má administração dos recursos naturais, o que sustenta em resumo:
[...] a visão socioambiental não nega a base “natural” da natureza, ou seja, suas leis físicas e
seus processos biológicos, mas chama a atenção para os limites de sua apreensão como
mundo autônomo reduzido à dimensão física e biológica. Trata-se de reconhecer que, para
aprender a problemática ambiental, é necessária uma visão complexa de meio ambiente, em
que a natureza integra uma rede de relações não apenas naturais, mas também sociais e
culturais. Compreendendo a natureza como ambiente, ou seja, lugar das interações entre a
base física e cultural da vida neste planeta (CARVALHO, 2012, p. 37).
Neste contexto a pesquisa teve por objetivo diagnosticar o modo como a educação ambiental
vem sendo desenvolvida nas escolas da rede estadual do ensino fundamental 2 (6° a 9° séries) do
município de Paranaguá, Estado do Paraná.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O litoral paranaense em toda a costa brasileira é a única região litorânea que possui faixa
continua de Mata Atlântica. Por essa peculiaridade abriga várias espécies, uma baia que favorece a
navegação e consequente atividade portuária e a inserção de várias Unidades de Conservação tanto
municipais, como estaduais e federais e que se caracteriza também por ser uma região frágil e
passível de impactos ambientais.
A pesquisa foi desenvolvida em 14 escolas estaduais do município de Paranaguá, Paraná, a
partir da aplicação de questionário com perguntas abertas e entrevistas com os responsáveis pela
Educação Ambiental (E.A.) nas escolas da rede pública estadual buscando caracterizar a forma
como é trabalhado o ensino ambiental, nestas escolas, nas séries do 6º ao 9º ano do ensino
fundamental 2, abordando as seguintes informações: a importância de trabalhar a E.A. nessas séries;
quais as ações desenvolvidas, em que situações são desenvolvidas e sua frequência; quais as
temáticas e os critérios de escolha dessas ações; principais carências e dificuldades na realização
das atividades.
Optou-se pelas escolas estaduais em detrimento das municipais e particulares, devido a
peculiaridade do estudo ser baseado na educação ambiental critica e por consequência sem a
questão lúdica que envolve os projetos das séries iniciais, visando como referido em todo o corpo
desse trabalho ao ensino fundamental 2, na faixa etária de 11 a 14 anos segundo a LDB.
Os dados foram analisados, interpretados e discutidos segundo a técnica da análise de
conteúdo (Bardin, 1977), sendo expostos graficamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com as diretrizes do MEC, que baseado na LDB (Lei de Diretrizes Básicas da
Educação), definiu como escola as instituições que abrigam apenas o ensino fundamental e colégio
para instituições que abrigam o ensino médio. Há casos em um dos Colégio estudado que abriga
ensino fundamental e médio no mesmo prédio, alunos com idade variando de 9 a 20 anos, mas em
horários diferenciados para não gerar conflitos de idade.
Nesses casos há uma parceria entre o município que ficou definido como gestor das escolas
de ensino fundamental 1 de 1ª a 5ªs séries e o estado responsável pelos colégios de ensino
fundamental 2 da 6ª a 9ªs séries.
Pelos dados analisados, é possível observar a situação das escolas em relação à Educação
Ambiental, há discrepância quando se fala em ações e projetos e a própria importância da E.A., o
que ainda é visto como atividade complementar apenas, e não como elemento da
interdisciplinaridade no ensino em foco. Isto fica explicito na escola 14, onde o diretor se
prontificou a participar da entrevista agendada anteriormente, por não haver um responsável direto
pela E.A., o diretor afirmou que: “apesar de ser uma instituição tão grande em estrutura e
contingente não havia nenhum projeto em andamento e que a escola estava de portas abertas para os
alunos da UFPR desenvolverem projetos e ações relacionados ao tema”.
A grande maioria dos responsáveis pelas ações de Educação Ambiental tem formação em
Ciências Biológicas o que leva a uma reflexão sobre o ensino ambiental no sentido de que o mesmo
ainda é relegado as aulas de Ciências quando muito a Geografia que parece ter uma afinidade
maior.
Em relação à formação dos professores responsáveis pela Educação Ambiental verificou-se
uma professora formada em administração, duas em matemática e o restante em ciências, um
quadro que precisa ser mudado em virtude da legislação qualificar a E.A. como transversal ou seja,
docentes que ministram aulas de português e gramatica podem sim exercer educação ambiental.
Não adianta dizer que não há relação alguma entre tais disciplinas e Educação Ambiental, pois
todos estão inseridos num contexto de graves deformações do pensamento colonialista que ainda
vigora no ensino escolar brasileiro, que considera que a natureza é exuberante e inesgotável,
levando uma geração de alunos em formação básica a acreditarem que o Brasil por possuir a maior
floresta tropical do mundo e um dos maiores aquíferos (Guarani) das Américas, esta livre e longe de
qualquer escassez seja de ar, água ou solo. Assim, se torna necessário buscar refletir junto às
instituições de formação de professores para que se faça um trabalho de base com Educação
Ambiental não opcional, mas com uma integralização curricular plena.
De acordo com os dados expostos na tabela 1, verifica-se que a grande maioria das escolas
não possui muitos alunos envolvidos em projetos ou ações relacionadas à E.A., sendo verificadas
escolas que indicaram não possuir nenhum projeto ou ação de E.A. e/ou nenhum estudante
envolvido em projetos deste tipo, como é o caso de 6 das 14 escolas. de apresentando número
reduzido de alunos envolvidos com esta temática. O fato é que não se percebe um engajamento de
instituições que comportam um grande contingente de alunos como é o caso da “escola 8” com seus
1300 alunos matriculados e apenas 80 envolvidos em ações e projetos de E.A. (6,15%).
O que poderia estar ocorrendo nesse caso? Segundo Genebaldo Freire Dias (2004), talvez
seja a falta de recursos instrucionais ou livros didáticos especializados ou até mesmo as publicações
que chegam as mãos dos docentes e vem impregnadas com a visão preservacionista exclusiva,
ingênua e desatualizada cientificamente. Seria realmente somente a falta de recursos instrucionais
como já foi citado ou estamos diante de uma gama de fatores, como professores desestimulados,
seja pela questão financeira, seja pela questão instrucional, ou pelo sentimento de impotência ou de
não urgência em relação a temática, ou ainda pela falta de conhecimentos, ou ainda talvez, pela
influência da mídia, que estimula o consumo exacerbado ou até mesmo pela nossa própria
configuração como país capitalista, que coloca o lucro antes de qualquer outra coisa, relegando a
segundo plano questões que não tem interesse econômico aparente, o fato é que ainda encontramos
muitos professores que insistem em desenvolver atividades reducionistas com seus alunos, batendo
em teclas saturadas de informações que não tem levado a uma atitude realmente eficaz, apenas para
cumprir uma determinação ou obrigatoriedade, lançando mão de ações pontuais, como catar
latinhas para reciclagem, reciclar papel artesanalmente, entre outras, sem incentivar o pensamento
crítico e a mudança de hábitos/atitudes/concepções. Será que isso realmente é estimulante para
alunos do ensino fundamental 2 ávidos por novos desafios e descobertas?
comemorativas
Esporádica
extraclasse
Quinzenal
Atividade
Bimestral
Nenhum
Semanal
ciências
Aula de
Mensal
Diária
Datas
1 X - - - X - - - - -
2 - - X - - - - - - X
3 - - X - - - - X - -
4 - - - X - - - - X -
5 X - - - - X - - - -
6 - - - - - - - - - -
7 X - - - - X - - - -
8 X - - - X - - - - -
9 - - - - - - - - - -
10 - X - - - X - - - -
11 - X - - - - - - - X
12 X - - - - - - - - X
13 X - - - X - - - - -
14 X - - - - - X - - -
Fonte: Murata e Collini, 2018.
Verifica-se a partir da análise dos dados apresentado na Tabela 1, que a grande parte das
ações e/ou projetos de E.A. são realizados nas aulas de Ciências (50%), sendo sua frequência,
nestes casos, diária, semanal ou quinzenal. Observa-se ainda que, em três escolas não se realizam
nenhum projeto ou ação de E.A. e em três outras estas ações/projeto se realizam de forma
esporádica, ou apenas mensalmente em datas comemorativas ou atividades extraclasse.
O conceito biologizante na E.A. ainda é muito forte e quando se menciona dessa forma, há
de se ter em mente a maneira como muitos educadores ainda tem a visão limitada sobre o meio
ambiente fazendo a dicotomia entre homem e natureza, tornando-a intocável, ficando evidente no
meio escolar a forte tendência a tratar dos assuntos relativos ao meio ambiente apenas nas aulas de
ciências.
A ideia que permeia os educadores ainda é aquela simplista de que a natureza é intocada e a
educação ambiental é apenas uma forma de entreter os alunos com atividades extraclasses,
engessando as expectativas de um rompimento com a idéia do adestramento ambiental que sucumbe
às aulas de ciências como única fonte de conhecimento a respeito da natureza.
Acrescentando aos dados da Tabela 1, os dados sobre a formação dos responsáveis pela
E.A., fica evidente que a maioria a frente das ações e projetos tem sua formação em ciências,
relegando a essa disciplina, toda uma responsabilidade pela informação e ação no que diz respeito
ao ensino ambiental. A Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 que instituiu a Politica Nacional de
Educação Ambiental, é bem clara e definida quando expõe a E.A. como tema transversal que deve
perpassar todas as demais disciplinas, mas como incutir na mente de educadores e educadoras a
ideia de que a E.A. não é e nem pode ser uma disciplina eletiva obrigatória nas grades curriculares e
sim uma parametrização para o desenvolvimento de ações e projetos que incluam não somente as
aulas de ciências, mas também física, matemática, geografia, quimica e porque não português.
Ainda pelos dados da Tabela 1 fica claro que a maioria das respostas dos educadores leva
em conta o despertamento sensitivo dos alunos, ou seja, uma sensibilidade maior para as questões
ambientais, como no caso da incursão de algumas escolas/colégios no projeto “Escola/Parque” da
secretaria estadual do meio ambiente, que proporciona transporte gratuito para os alunos visitarem o
Parque Estadual Rio das Onças em Matinhos, com caminhadas pelas trilhas temáticas e um contato
direto com uma fração da floresta atlântica preservada em forma de parque estadual protegido por
lei. Um despertamento da sensibilidade crítica para as questões ambientais é fruto de um
engajamento de educadores comprometidos com o ensino ambiental, que pensam não apenas em
reciclagem, mas em como fazer os alunos entenderem a real necessidade de se preservar o pouco
que ainda resta do bioma Mata Atlântica ainda que seja apenas uma pequena fração da mesma.
Essa questão foi colocada na pesquisa visando instigar os responsáveis pela E.A. a terem
como importante essa fase do ensino para criar um embasamento das realidades ambientais e não
apenas da questão lúdica do ensino ambiental e também porque é nessa etapa da formação escolar
que poderá despontar futuros cientistas que trarão soluções viáveis para as questões não somente
ambientais, mas de toda uma situação justamente pela falta desse incentivo primário básico.
Figura 2: Temáticas abordadas nas ações/projetos de educação ambiental e frequência que são
desenvolvidos nas escolas pesquisadas no município de Paranaguá, Paraná.
Série1; Não
respondeu; 1
Série1; Saúde e
Meio Ambiente; 1
Série1;
Sustentabilidade; 3
Série1; Reciclagem;
6
Série1; Poluição; 7
Série1; Recursos
naturais; 7
Série1; Preservação;
7
Quanto às temáticas (Figura 2), abordadas nos projetos e ações das escolas visitadas
destacam-se a preservação do meio ambiente, a utilização dos recursos naturais, a poluição em geral
e reciclagem. Estas temáticas são comumente abordadas quando se pensa e se discute E.A. No
entanto, a forma como são abordadas e os objetivos que se pretende alcançar ao se discuti-las
podem variar enormemente, indo desde a simples informação até sua articulação com processo mais
complexos ou reflexões mais aprofundadas. Neste sentido o Educador tem papel fundamental no
processo de aprendizagem, pois ele deve estimular o aluno a desenvolver o senso crítico para que
estes ao desenvolverem projetos na área busquem alternativas para minimizar ou extirpar a
degradação desenfreada dos recursos naturais.
A E.A. tem um forte apelo para um conjunto de situações que a torna tão peculiar na sua
transversalidade a exemplo de uma aula de matemática ou de língua portuguesa onde surge a
pergunta: como tratar de questões ambientais nessas disciplinas? É possível quando se trabalha no
viés da transversalidade, em que uma disciplina contempla as demais naquilo onde há insuficiência
de argumentação para se incentivar a criação de projetos. Será que uma aula de matemática pode
conter elementos de E.A.? Ou uma aula de gramática poderá vir a ser um instrumento para se
ensinar sobre o meio ambiente? A princípio parece não haver qualquer ligação, mas o fato é que
essas disciplinas podem e devem contribuir para a E.A. das aulas de ciências tanto quanto de
geografia, química, física, enfim explorando e transbordando toda a transversalidade que a E.A.
necessita para se desenvolver.
Figura 3: Critério adotado para escolha das temáticas nos projetos e ações de educação
ambiental nas escolas pesquisadas no município de Paranaguá, Paraná
Diretrizes da escola
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Era de se esperar que um dos critérios com maior numero de respostas fosse o interesse dos
alunos por determinado tema ou situação ou alguma questão envolvendo uma demanda atual a
exemplo do desmatamento constante. Ou ainda de temáticas atuais como o desastre de Belo Monte.
Outro critério seria a situação socioambiental dos alunos as quais podem interferir e
influenciar opiniões sobre as situações em que se encontram inseridos no contexto, a exemplo de
um aluno que supostamente poderia estar residindo na Vila Santa Maria, entorno do lixão municipal
de Paranaguá. Com a eminência da desativação do lixão e a construção de um aterro sanitário
controlado a situação socioambiental dos moradores do entorno do lixão ficam grandemente
prejudicados, pois muitas famílias vivem diretamente da coleta de resíduos que possam ser
recicláveis os quais são despejados ali pelos veículos da coleta pública e com certeza essas mesmas
serão proibidas de adentrar no novo aterro controlado em virtude de ser gerido por uma empresa
particular, estando essas famílias a mercê de alguma solução do poder público para que elas possam
continuar com suas atividades. Menos importantes na ordem de respostas seriam os temas
previamente escolhidos em sala de aula ou ainda em fóruns, oficinas, seminários e debates, como
também as datas alusivas ao dia mundial da água comemorado no mês de março, a semana do meio
ambiente em junho, o dia da árvore em setembro, enfim um emergente calendário ambiental,
fechando com as diretrizes da escola/colégio, do NRE ou mesmo da Secretaria de Educação.
Finaliza com as temáticas provenientes dos noticiários recheados de problemas ambientais, muito
mais do que soluções.
Nº de escolas; Falta
de apoio dos pais ;
1
Nº de escolas;
Infraestrutura; 2
Nº de escolas;
Problemas sócio-
econômicos dos
alunos; 3
Nº de escolas; Falta
de tempo; 3
Nº de escolas;
Recursos
financeiros; 5
Nº de escolas;
Comprometimento
dos alunos; 6
Comprometime…
Fonte: Murata e Collini, 2018.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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RESUMO
A educação ambiental é uma importante ferramenta para a sensibilização da sociedade, uma vez
que a formação de educadores ambientais pode contribuir na mudança de comportamento, que
levem ao equilíbrio da relação homem/natureza. Nessa perspectiva, este trabalho tem como objetivo
refletir a importância da formação de educadores ambientais no contexto socioambiental do Distrito
de Serra Pelada, município de Curionópolis, no Estado do Pará. Os dados foram coletados entre
agosto de 2016 a janeiro de 2017, por meio de formações didático-pedagógicas, tendo como
público-alvo membros da Associação de Moradores de Serra Pelada (AMOSP). As formações
ocorrerão em oito módulos temáticos, constituindo três eixos, sendo: Eixo “Formação Presencial”
ou “Conhecer”; Eixo “Percepção Local” ou “Ser”; Eixo “Intervenção Situacional” ou
“Fazer/Compartilhar”. Este estudo teve como metodologia a pesquisa quantitativa, utilizando como
ferramenta a coleta de dados por meio de testes, observação simples e uso de questionário. O
período de execução das formações didático-pedagógicas contemplou 96 horas de duração e a
capacitação de 157 membros das comunidades de Serra Pelada, sendo o público composto por
professores da rede municipal de ensino, agentes comunitários de saúde, técnicos de enfermagem,
cooperados das diversas instituições que ocorrem no Distrito, estudantes de nível técnico e donas de
casa. Vale ressaltar que, o ambiente de aprendizagem permitiu uma reflexão sobre as questões
ambientais do local e do conhecimento dos agentes sociais participantes, pois buscava-se efetivar
uma interação histórica e social, visando a autoafirmação desse agente social e de sua importância
para a comunidade, desta maneira, possibilitando a formação de cidadãos conscientes, críticos,
reflexivos e atuantes na sociedade.
Palavras-chave: Educador Ambiental; Agentes Sociais; Meio Ambiente
ABSTRACT
Environmental education is an important tool for raising the awareness of the society, since the
training of environmental educators can contribute to behavior change, that lead to the equilibrium
of the man/nature relationship. In this perspective, this work aims to reflect the importance of the
INTRODUÇÃO
As questões ambientais estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas,
principalmente quando se fala nos desafios da preservação da qualidade de vida em relação aos
recursos naturais necessários para sustentá-los. Assim, a problemática ambiental possibilitou um
processo de mudança no conhecimento, evidenciando a necessidade de implementar metodologias
integradas e multifacetadas na busca da resolução dos problemas ambientais globais (LEFF, 2001).
Uma evidência disso, é a crescente quantidade de atividades e projetos desenvolvidos sobre
a temática ambiental nos diversos segmentos da sociedade. No entanto, apesar da multiplicidade de
ações todas têm como foco central a sensibilização das comunidades quanto aos hábitos danosos ao
meio ambiente e quais atitudes podem favorecer a sua conservação e preservação (ALVES, 2009).
Segundo Casseb & Trufem (2009) uma importante ferramenta para despertar um olhar
ambiental é o processo educativo, pois esse possibilita a formação de atores sociais aptos a uma
efetiva sustentabilidade socioambiental. Diante disso, temos como importante aliada a Educação
Ambiental (EA) que possibilita a agregação de conhecimentos, metodologias e habilidades numa
visão multidisciplinar, onde, através dela é possível obter uma proposta educativa aliada a uma
visão crítica e transformadora do atual modelo de vida da sociedade e assim viabilizar um
desenvolvimento pautado em valores éticos, sociais e ambientais.
Pela Lei 9.795/99 a Educação Ambiental consiste nos processos dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade. Trata-se de uma educação pautada sobre o objetivo de
modificar/transformar a maneira que o indivíduo interage com ele e sobre o ambiente que o cerca,
para que ele possa se sentir um agente integrado a esse contexto e somente então ser corresponsável
por um novo modelo de desenvolvimento voltado para a sustentabilidade, ou seja, seria uma nova
forma de desenvolvimento econômico, que preze pelo uso racional dos recursos naturais e sem
prejuízo ao meio ambiente (BARBOSA, 2008).
No entanto, não se pode esquecer sobre quais parâmetros a Educação Ambiental deve
ocorrer, se no nível formal, transmitida no ambiente escolar e integrada ao currículo ou não formal
que prioriza práticas educativas voltadas à sensibilização coletiva sobre as questões ambientais fora
das instituições educacionais. Nesse contexto essa Educação Ambiental deve percorrer diferentes
espaços e meios de comunicação que vão desde as residências, as associações de diversas
finalidades, as entidades religiosas, os ambientes laborais, os espaços de cultura e lazer, o rádio, a
tv, a internet entre outros (SILVA, 2008).
Independentemente do nível de Educação Ambiental que se for aplicar (formal ou não
formal) ou qual será o público alvo, a principal finalidade desse processo deverá ser a efetivação da
cidadania, feita através da formação de cidadãos ativos, capazes de identificar problemas, atuar
preventivamente e buscar soluções que promovam a conservação ambiental (MELO, 2007).
Neste contexto, surge o educador ambiental, cujo papel é sensibilizar o ser humano para que
ele entenda a necessidade de praticar ações ecologicamente equilibradas, compreendendo a
importância das nossas interações com a natureza e que sem ela não podemos sobreviver. É que
devemos ter ciência de que não seria possível ocupar qualquer espaço geográfico sem causas danos
ao ambiente, no entanto a proporção que ocorrem esses danos pode e deve ser minimizada
(MEDINA & SANTOS, 1999).
Dessa forma, a efetivação da Educação Ambiental só vai ocorrer quando houver mudanças
na conduta da sociedade, sendo essa capaz de promover a conservação dos ambientes naturais e de
seus agentes integradores, assim como a manutenção da qualidade de vida humana. Entendendo que
esse processo é possível, entretanto que o “eu” passe a entender uma causa coletivista podendo
então intervir na realidade do meio, permitindo que através da Educação Ambiental se alcance essa
nova percepção (MARTINS, 2013).
Tendo a educação ambiental como uma importante ferramenta para a conscientização da
sociedade, uma vez que a formação de educadores ambientais pode contribuir na mudança de
comportamento, que levem ao equilíbrio da relação homem/natureza. Este trabalho se insere neste
contexto e tem como objetivo refletir a importância da formação de educadores ambientais no
contexto socioambiental do Distrito de Serra Pelada, no Estado do Pará.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Área de estudo
O estudo foi realizado no Distrito de Serra Pelada (Figura 1), município de Curionópolis, no
Sudeste do Estado do Pará, estando situada entre os municípios de Eldorado dos Carajás e
Parauapebas e atualmente possui aproximadamente 7.350 habitantes. O acesso é feito via terrestre
pela vicinal PA Serra Grande Sereno, uma via não pavimentada distante 30 quilômetros da Vila
Gurita da Serra (km 16) as margens da PA-275.
O Distrito de Serra Pelada surgiu em 1980, quando na Fazenda Três Barras, foi encontrada a
primeira pepita de ouro, resultado da grande quantidade do ouro de aluvião, que são fragmentos de
ouro localizado nas camadas superficiais do solo. A notícia se espalhou pelo país e trouxe para a
região cerca de 90 mil homens, que entre os anos de 1980 e 1992 exploraram o maior garimpo a céu
aberto do mundo, resultando para os cofres da união 42 toneladas de ouro. Até que a perfuração do
lençol freático e as fortes chuvas da região transformaram em um grande lago a mina com mais de
100 metros de profundidade de onde se extraía o mineral deixando a lavra impossível e os
garimpeiros de Serra Pelada sem emprego: aumentando a pobreza e a violência na região (Globo,
2013).
Figura 1 – Vista aérea do Distrito de Serra Pelada, Município de Curionópolis no Estado do Pará.
O clima assemelha-se aos demais municípios do sudeste do Pará sendo tipo tropical, com
temperaturas variando entre 23,5°C e 26,4°C caracteriza-se por apresentar uma estação seca (baixo
índice de pluviosidade) que compreende os meses entre junho e setembro e uma estação chuvosa
que abrange os meses de setembro e maio (elevado índice pluviométrico). Além disso, a Serra
Pelada está inserida nas bacias hidrográficas dos rios Parauapebas e Vermelho, que são micro-
bacias do Rio Itacaiúnas (HENRIQUE & FERREIRA, 2016).
A vida econômica do Distrito consiste na atividade garimpeira de baixa escala, no comércio
varejista (venda de secos, molhados, confecções, utensílios domésticos, farmácia entre outros), no
serviço público, na fruticultura, na bovinocultura, na concessão de ajuda financeira advinda do
governo federal por meio de programas sociais e/ou aposentadorias e na extração de minério de
ferro que ocorre através da Mina de Serra Leste. Sobre os aspectos educação e saúde a comunidade
dispõe de uma Unidade Básica de Saúde, uma escola de educação infantil, três escolas municipais
de ensino fundamental e uma escola de ensino médio. No entanto, vale ressaltar que somente em
2018 iniciou-se o trabalho de pavimentação asfáltica, que a localidade não é coberta por rede de
esgoto e faz parte do contexto local da comunidade o alto índice de desemprego e o enfrentamento
de doenças como a leishmaniose e a hanseníase.
Coleta de dados
Os dados formam coletados entre agosto de 2016 a janeiro de 2017, por meio de formações
didático-pedagógicas, tendo como público-alvo membros da Associação de Moradores de Serra
Pelada (AMOSP) composto por homens e mulheres entre 20 e 60 anos residentes do Distrito de
Serra Pelada. Está demanda surgiu após a participação de diversas ações educativas promovidas na
comunidade por meio do Programa de Educação Ambiental de uma mineradora, voltado para a
comunidade do município de Curionópolis e também aos empregados que trabalham na Mina de
Serra Leste, como parte integrante do Licenciamento Ambiental conduzido pela Secretária de
Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMAS).
As formações ocorreram em oito módulos temáticos, sendo que cada um abrangia as
seguintes etapas de consolidação do ensino-aprendizagem, constituindo três eixos formativos:
existente por meio do olhar de cada módulo temático, a fim de contextualizar e dar
significância à aprendizagem.
Eixo “Intervenção Situacional” ou “Fazer/Compartilhar” para buscar fomentar nos
participantes o planejamento de ações de intervenção no contexto social local, a fim de
contribuir para a produção de culturas sustentáveis, ou seja, de modelos sistemáticos e
vivenciais onde os participantes interagissem com os demais sujeitos sociais, de modo
conceitual e/ou prático na busca por uma educação para construção de um ambiente
sustentável.
Este estudo teve como metodologia a pesquisa quantitativa, que visa traduzir em números as
percepções apresentadas possibilitando analisá-las posteriormente. Além disso, utiliza ferramenta
para a coleta de dados por meio de testes, observação simples e uso de questionário. Em relação a
amostragem desse estudo foi não probabilística, o que significa que apenas alguns elementos da
população têm chance (probabilidade) de serem escolhidos ou não se conhece universo amostral
(MINAYO, 2010).
Nessa perspectiva, a coleta de dados ocorreu por meio da utilização de questionários (fichas
avaliativas) que consiste no agrupamento de perguntas cujo objetivo é gerar os subsídios
necessários para elucidar as questões que norteiam a pesquisa. Onde as respostas são preenchidas
pessoalmente pelo participante (auto administrado), sem o auxílio de mediadores, evitando assim
qualquer tipo de influências (SAMPIERI, et. al., 2006).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O segundo critério avaliado buscou medir o nível de expectativa sobre as formações, como
resultado pode-se observar que os participantes se encontravam motivados para abordas as questões
ambientais. Dessa forma, segundo Reigota (2004) quando a educação ambiental desperte no aluno
(aqui agente formando) o sentido de exercer um papel ativo, é fundamental que esse seja instigado
por meio de questionamentos que aprimorem o seu senso crítico e o façam perceber que tudo que o
rodeia é o meio ambiente e que ele é um membro integrante disso. Além disso, é fundamental,
promover formações que possibilitem compreender os espaços ao qual encontra-se integrado,
percebendo seus aspectos históricos e ambientais, entendendo e conhecendo as identidades e os
saberes dos sujeitos sociais, criando um sentido de pertencimento e tornando-os capazes de
identificar tais aspectos enquanto agentes transformadores dessa realidade (GONZALEZ, 2006).
Dessa forma é preciso garantir os espaços para a participação e mobilização social crítica,
com o objetivo de conduzi-la à sustentabilidade. Possibilitando a criação de espaços para discussão
dos conflitos que geram os problemas ambientais da realidade local. Assim, o papel da Educação
Ambiental deve ser voltado para a formação da cidadania, superando a Educação Ambiental
ingênua por meio do aprofundamento do debate a partir de uma vertente de educação
socioambiental que corresponda à participação da comunidade com seus diversos saberes regionais,
pois a formação do indivíduo só faz sentido se pensada em relação com o mundo em que ele vive e
pelo qual é responsável (CARVALHO, 2004; GONZALEZ, 2006).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASSEB, D. C.; TRUFEM, S.F. B. Educação ambiental em escolas da rede pública na área da
Represa de Guarapiranga, São Paulo. 2009. Disponível em:
http://www.saomarcostatuape.com.br/portal2/pesquisaEmDebate/docs/pesquisaEmDebate_espec
ial1/artigo_17.pdf. Acesso em: 21 de julho de 2018.
MINAYO, M. C. S. Desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12ª ed. São Paulo:
Hucitec, 2010.
SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, P. B. Metodologia de pesquisa. 3º ed. São Paulo:
McGraw-Hill, 2006.
GOLDER ASSOCIATES BRASIL. Estudos Ambientais para o Projeto Serra Leste, município de
Curionópolis, no Estado do Pará, 2006.
RESUMO
Esta pesquisa almejou fortalecer a relação entre o Ensino de Química e a Educação Ambiental, por
meio de uma metodologia contemporânea, partindo da utilização de ferramentas didáticas como a
contextualização, problematização e o uso de experimentação com materiais alternativos e de baixo
custo, com o intuito de edificar uma base de conhecimentos mais relevantes e significativos que
propiciam a formação de cidadãos responsáveis, pensantes e conscientes em um mundo
globalizado. A pesquisa foi realizada numa Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio,
localizada na cidade de João Pessoa – Paraíba, com uma turma do 2° ano do Ensino Médio, por
uma equipe de discentes do curso de Licenciatura em Química do campus João Pessoa e membros
extensionistas do Programa Despertando Vocações para as Licenciaturas (PDVL), empregando uma
metodologia qualitativa, com caráter participativo junto a uma abordagem quantitativa. Com isso,
pretendeu-se avaliar o uso de uma metodologia diferenciada para o conteúdo de Cinética Química.
Dentro dessa perspectiva, os resultados alcançados foram satisfatórios, visto que foi perceptível a
edificação de um conhecimento químico significativo com participação ativa do alunado durante a
aplicação das ações propostas.
Palavras-chave: Contextualização, Experimentação, Educação Ambiental, Processo de
ensinoaprendizagem.
ABSTRACT
This research aimed to strengthen the relationship between Chemistry Teaching and Environmental
Education, through a contemporary methodology, based on the use of didactic tools such as
contextualization, problematization and the use of experimentation with alternative and low-cost
materials in order to build a more relevant and meaningful knowledge that enables the formation of
responsible, thinking and aware citizens in a globalized world. The research was carried out in a
State School of Elementary and Secondary Education, located in the city of João Pessoa - Paraíba,
with a class of the 2nd year of High School, by a team of students of the course of Degree in
Chemistry of the João Pessoa campus and members extensionists of the Awakening Vocations
Program for the Degree Programs (PDVL). For this purpose, a qualitative methodology was used,
with a participatory character and a quantitative approach. Therefore, it was intended to evaluate the
use of a differentiated methodology for the content of Chemical Kinetics. The results achieved were
satisfactory, since it was noticeable the construction of a significant chemical knowledge with
active participation of the student during the application of the proposed actions.
Keywords: Contextualization, Experimentation, Environmental Education, Teaching-learning
process.
INTRODUÇÃO
A química, é a ciência que busca explicar a natureza da matéria, bem como suas
propriedades e transformações, desde as reações que ocorrem em nosso organismo até os produtos
que consumimos e utilizamos, como, alimentos, produtos de limpeza, materiais de higiene pessoal,
entre outros. Apesar de evidente em nosso dia a dia, na sala de aula, a química é uma das disciplinas
na qual os alunos apresentam maior dificuldade em compreender o conteúdo que é ministrado pelo
professor.
De acordo com Silva (2017, p. 2), “esse fato pode ser justificado por diversos fatores, dentre
eles, há a forma descontextualizada com que o conteúdo é trabalhado em sala de aula e a falta de
subsídios adequados para a realização de aulas contextualizadas”. Este cenário é identificado na
educação básica, pois ainda se permeia o método tradicional de ensino, o qual muita das vezes se
torna ineficiente no processo de ensinoaprendizagem dos discentes. Tal abordagem é conhecida por
Freire (2011) como método bancário de ensino, o qual afirma que o professor atua meramente como
um descritor, passivando o papel do aluno, subsidiando-o a apenas decorar as informações que são
apresentadas em sala de aula.
Com o intuito de modificar esse quadro, julga-se pertinente uma busca por novas
metodologias e ferramentas pedagógicas. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais + –
PCN+ (BRASIL, 2002), os conteúdos químicos que são abordados em sala de aula, devem
apresentar relação com o cotidiano dos alunos, seus interesses e vivências, visto que muitos dos
fenômenos químicos estão presente diariamente, como por exemplo, a emissão de gases por
automóveis e indústrias que contribui diretamente para a ocorrência da chuva ácida e do efeito
estufa, o descarte incorreto de materiais sólidos e líquidos no meio ambiente que pode contaminar o
solo e também nascentes de água potável, dentre outros.
Diante dessa vertente, a contextualização é uma ferramenta indispensável no processo de
ensinoaprendizagem, principalmente tratando-se do Ensino de Química, pois “muitos professores
consideram o princípio da contextualização como sinônimo de abordagem de situações do
cotidiano, no sentido de descrever, nominalmente, o fenômeno com a linguagem científica” (DOS
SANTOS, 2008, n.p.), todavia a "contextualização não deve servir para banalização dos conteúdos
das disciplinas, mas sim como um recurso pedagógico capaz de contribuir para a construção de
conhecimentos e formação de capacidades intelectuais superiores" (BRASIL, 1999, p. 95-96).
Diante do exposto, uma pesquisa foi realizada em uma turma de Ensino Médio da Educação
Básica, utilizando-se várias ferramentas didáticas como a contextualização, problematização e
experimentação no ensino de química para o conteúdo de “Cinética Química”, junto à
interdisciplinaridade dos conceitos com a educação ambiental, visando proporcionar aos discentes
um processo de ensinoaprendizagem mais ativo e significativo.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.
Esta pesquisa foi desenvolvida por uma equipe do PDVL (Programa Internacional
Despertando Vocações para as Licenciaturas) em conjunto com o professor da turma do 2º ano do
nível médio de ensino, da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor José Baptista
de Melo, localizada na cidade de João Pessoa - Paraíba. Para o desenvolvimento dessa aplicação
foram necessárias um total de seis (6) aulas, com duração de 45 minutos cada, com vinte e oito (28)
estudantes participantes.
A metodologia empregada se baseou na pesquisa qualitativa, almejando uma maior
interação entre discente e docente, dado que a abordagem qualitativa “trabalha com valores,
crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. Ela aprofunda a complexidade de fenômenos,
fatos e processos; passa pelo observável e vai além dele ao estabelecer inferências e atribuir
significados ao comportamento” (DA SILVA, 2010, p. 6).
A pesquisa também contou com uma abordagem quantitativa, a qual é mais objetiva
operando com números e uma linguagem matemática (DA SILVA, 2010). E ainda uma pesquisa de
cunho participativo que visa “a inserção de um pesquisador num campo de investigação formado
pela vida social e cultural de um outro, próximo ou distante, que, por sua vez, é convocado a
participar da investigação na qualidade de informante, colaborador ou interlocutor” (SCHMIDT,
2006, p. 14).
No primeiro momento, aula inicial, foi exposta a proposta do programa PDVL, explanando
os objetivos e metas da pesquisa e, ainda, foi entregue um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), para que os alunos que desejassem participar, coletassem a assinatura de seus
responsáveis, já que grande parte da turma é menor de idade.
No segundo momento, segunda e terceira aula, foi elaborada e aplicada uma aula de revisão
utilizando quadro branco e pincel, com base nas dificuldades que a turma possuía. Nesta, explanou-
se os tópicos de velocidade das reações, superfície de contato, concentração de reagentes, efeito da
temperatura e pressão em uma reação química, com o uso da contextualização e problematização
como instrumentos didáticos.
O terceiro momento, quarta, quinta e sexta aula, foi dividido em duas partes. Na primeira
parte foram realizados os experimentos: "Decompondo um sonrisal" (dois experimentos – análise
de dois fatores) e "Em busca da enzima catalítica", os quais pretenderam correlacionar os conteúdos
teóricos abordados em sala. Para tanto, foram utilizados reagentes de baixo custo, como:
comprimido efervescente, água, fígado bovino e água oxigenada dez (10) volumes.
Na primeira parte desse momento, o primeiro experimento foi aplicado com o intuito de
avaliar o efeito da superfície de contato na velocidade de uma reação. Logo, foram separados dois
béqueres, em que foi colocado em ambos 50 ml de água em temperatura ambiente. Com isso, um
comprimido inteiro e outro pulverizado foram adicionados, simultaneamente, em cada recipiente
para observação dos efeitos. O segundo experimento foi realizado com dois béqueres, em que um
continha o solvente na temperatura ambiente e outro a uma temperatura de 10ºC. Em seguida,
colocou-se, ao mesmo tempo, um comprimido efervescente (Sonrisal) inteiro em cada béquer e
observou-se o efeito da temperatura na velocidade das reações.
Para o terceiro experimento, "Em busca da enzima catalítica", foram separados três tubos de
ensaio, em que no primeiro foi colocado pedaços de fígado cozido, no segundo colocou-se pedaços
de fígado cru com cerca de 5 ml de água e no terceiro tubo foi posto apenas o fígado cru. Feito isso,
acrescentou-se cerca de 10 ml de água oxigenada em cada tubo e os fenômenos foram observados
atentamente para posterior discussão.
Ao término dos experimentos, partiu-se para a segunda parte desse momento, na qual foi
feita uma avaliação com cinco questões, sendo quatro objetivas e uma subjetiva, com a finalidade
de avaliar o conhecimento dos alunos após a aplicação das ações propostas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No primeiro encontro foi aplicado o TCLE, no qual foi constatado que todos os alunos (e
responsável, para o aluno menor de idade) aceitaram participar do estudo. No segundo encontro
(segunda e terceira aula), foram ministradas aulas expositivas dialogadas com o uso da
contextualização, problematização e interdisciplinaridade buscando a participação ativa do alunado,
visto que previamente as aplicações, os discentes tiveram uma aula introdutória sobre o conteúdo
Cinética Química, com o professor regente, sob uma postura de educador bancário, que de acordo
com Freire (2011, p. 80) “o educador faz comunicados e depósitos que os educandos, meras
incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem”.
Tal abordagem acarreta uma má formação de ideias e conceitos, em que os conhecimentos
químicos não são estruturados, mas sim memorizados, tornando-os insignificantes à visão do
alunado. Sob esse viés, a aula foi iniciada com as seguintes indagações: “Por quais motivos
devemos aprender Cinética Química?” e “Será que é possível observar algum fator no nosso dia a
dia?”. Os alunos responderam enfatizando o efeito da velocidade em que as reações se processam,
como exemplo, no apodrecimento de alimentos, pois a partir do conhecimento cinético, era possível
entender como acelerar ou retardar esse processo de reação.
Aproveitando o exemplo destacado, o docente questionou sobre o processo de reação e quais
fatores o influenciavam. A priori, não conseguiram responder. Logo, foi necessária a intervenção do
professor, o qual ilustrou no quadro, moléculas de dois reagentes representativos junto as várias
possibilidades de choques entre elas. Feito isso, foi questionado dentre as quais possibilidades
haveria uma reação efetiva. Como não souberam responder, foi explanado o conceito de colisão
efetiva, a qual é imprescindível para resultar em uma reação química.
Para isso, a posição adequada dos átomos é determinante para formar novas ligações, porém
a orientação da posição molecular não é o único fator que influencia na produção de uma reação. Há
também a necessidade de uma quantidade mínima de energia para que as moléculas se movimentem
e haja uma colisão significativa. Essa energia, denominada energia de ativação, é originada a partir
da energia cinética gerada entre as moléculas, que após o choque, rompe algumas ligações para
formação de compostos diferentes. Sendo assim, pode-se afirmar que quanto mais rápido as
moléculas se movimentarem (probabilidade maior de choques efetivos), maior será a probabilidade
de modificação molecular (BROWN, BURSTEN; BURDGE, 2005).
De início foi notório a confusão por parte dos alunos, com os termos e características do
gráfico, pois são fatores que apresentam um grau de abstração, porém, quando exemplificados com
o uso da contextualização, em que partiu-se de analogias com situações cotidianas, os conceitos
foram esclarecidos e consequentemente os discentes tornaram-se mais participativos.
Além disso, foi feito algumas relações com sistemas básicos, como: o que acontece com as
moléculas da água quando aquecida até o ponto de ebulição (variação de energia cinética por meio
do fator temperatura), a energia necessária para um ser humano realizar atividades (conversão de
energia potencial em energia cinética), entre outros.
Por meio dessas situações, os estudantes conseguiram compreender e associar os
conhecimentos químicos abordados com práticas cotidianas, demonstrando uma construção
significativa do saber químico. E isso se dá por que a contextualização é um instrumento utilizado
pelo docente para relacionar os conteúdos com os fenômenos que há no cotidiano dos discentes,
proporcionando uma compreensão mais ampla (FIGUEIRÊDO et al, 2015).
Feito isso, introduziu-se os fatores que alteram a velocidade de uma reação, os quais são:
concentração, temperatura, superfície de contato e catalisador. Todos os fatores foram abordados
teoricamente, explanando o comportamento de cada um em relação a velocidade de uma reação
química. Para esclarecer cada tópico, foram feitas relações com diversos fenômenos e
acontecimentos do dia a dia a partir de problematizações, afim de incentivar o alunado a raciocinar
sobre todo o contexto e propor uma solução adequada para o problema em estudo.
Para complementar as ações que viabilizam a compreensão desses conceitos, foram
realizadas aulas experimentais (terceiro momento da aplicação – quarta, quinta e sexta aula). Na
primeira parte desse momento, os experimentos foram realizados para que os estudantes pudessem
perceber, de modo prático, a influência dos fatores supramencionados numa reação química. Nessa
etapa, foram empregados materiais alternativos, visando uma prática de caráter ambiental não
agredindo o meio ambiente quando descartados. Essa perspectiva corrobora os princípios da
Química Verde, que tem como principal estratégia desenvolver metodologias que minimizem a
produção de materiais tóxicos e inflamáveis (SILVA, LACERDA; JÚNIOR, 2005 apud
JANUÁRIO et al, 2010).
No primeiro experimento (Decompondo um sonrisal), pretendeu-se analisar o efeito da
superfície de contato e para isso utilizou-se o comprimido efervescente de forma inteira e
pulverizada para ser adicionado em água. Antes da realização da prática, foi questionado qual iria se
dissolver primeiro e a maioria da turma respondeu que seria a forma pulverizada do comprimido.
Quando os comprimidos foram adicionados simultaneamente à água, pode-se constatar que o
comprimido pulverizado diluiu mais rápido em comparação ao adicionado inteiro e foi indagado
por qual motivo isso acontecera.
Um dos estudantes se prontificou e afirmou que o pulverizado diluiu mais rápido porque
apresentava uma superfície de contato maior. Em concernência, o comprimido pulverizado em
contato com a água aumenta a probabilidade dos choques efetivos entre as moléculas de água e as
partículas do comprimido, ocasionando o aumento da velocidade da reação (BROWN, BURSTEN;
BURDGE, 2005).
Com esse mesmo sistema de aparelhagem, procedeu-se o segundo experimento (Figura 2),
em que neste foi estudado o efeito da temperatura na velocidade de uma reação química. Logo, foi
solicitado o auxílio de dois discentes para realizar essa prática. Nesta, foi informado que ambos
deveriam soltar o comprimido de forma sincronizada para que o efeito pudesse ser avaliado
corretamente. Antes que isso fosse feito, a opinião dos discentes foi investigada por meio do
questionamento “Em qual béquer o comprimido diluirá primeiro?”.
Uma pequena parte da turma respondeu que o béquer com solvente em temperatura
ambiente seria onde o comprimido dissolveria primeiro. Em seguida, o experimento foi realizado e
foi possível observar que o comprimido se dissolveu mais rapidamente no béquer que apresentava o
solvente com maior temperatura. Desse modo, foi exposto que ao aumentar a temperatura da água,
o tempo que essa reação se processa é ainda menor, pois há um aumento na energia cinética das
moléculas e consequentemente os choques entre as partículas são elevados (BROWN, BURSTEN;
BURDGE, 2005).
O terceiro experimento (Em busca da enzima catalítica), demonstrou a decomposição da
água oxigenada (H2O2 – peróxido de hidrogênio) em contato com o fígado, o qual permitiu observar
a ação do catalisador em uma reação química. Sendo assim, foi feito uma análise da decomposição
deste reagente com adição da água oxigenada em três tubos de ensaio: um com fígado cozido, um
com fígado cru mais água e outro com apenas o fígado cru, para observação da decomposição do
peróxido de hidrogênio, representada pela equação I.
Após a adição de 10 mL de água oxigenada em cada tubo, foi possível observar que no
primeiro tubo não foi perceptível modificação, já no segundo (mais lento) e no terceiro, foi visível a
liberação exacerbada do gás oxigênio, que pode ser percebido pela formação excessiva de espuma
(Figura 3). Nesse momento, os alunos foram indagados por qual motivo houve diferença entre as
reações em estudo. Alguns citaram o cozimento como um fator que estava influenciando, mas não
conseguiram especificar, logo, foi necessário a intervenção do docente.
Sendo assim, o professor explanou que a catalase, uma enzima presente nas células do
sangue e dos tecidos animais e vegetais, desempenha um papel muito importante em tecidos
humanos. Essas enzimas são substâncias do grupo das proteínas e atuam como catalisadores de
reações químicas. Elas estão entre as biomoléculas mais notáveis devido a sua extraordinária
especificidade e poder catalítico, que são muito superiores aos dos catalisadores produzidos pelo
homem. Em contato com a água oxigenada, dissocia o peróxido de hidrogênio (H2O2) em água
(H2O) e oxigênio (O2). Entretanto, após o cozimento da matriz, essas enzimas se tornam inativas
por conta da elevada temperatura. (RODRIGUES; BARBONI, 1998 apud NOVAES, et al., 2012).
Vale salientar que a todo momento durante as práticas foram ressaltados os motivos e a
importância de se trabalhar com materiais alternativos e de baixo custo, não optando por utilizar
reagentes puros laboratoriais. Nessa perspectiva, utilizou-se exemplos de acidentes ambientais
causados pelo descarte impróprio, como as indústrias que despejam os seus dejetos em um lago ou
rio, contaminando os fluídos e possivelmente a biota. Outro exemplo destacado foi a prática
inadequada presente em instituições de ensino, nas quais são produzidas soluções para estudos, com
reagentes tóxicos e os mesmos são descartados sem haver um tratamento adequado, possibilitando a
contaminação no sistema de tubulações ou até mesmo no meio ambiente, entre outros.
Por fim, foi cedido um momento para que os discentes pudessem questionar e tirar dúvidas a
respeito da aula e dos experimentos, mas não houve questionamento por parte desses. Logo, os
materiais foram destinados aos lugares corretos e os reagentes despejados na pia, uma vez que todos
utilizados durante a atividade não iriam proferir nenhum tipo de agressão ao meio ambiente.
Na segunda parte desse momento, foi entregue aos discentes um questionário pós-aplicação,
contendo seis questões referente às práticas. A primeira e segunda questão, abordava os
experimentos em que foi empregado o comprimido efervescente. Nestas, pode-se constatar que
93% dos alunos conseguiram acertar a primeira questão, enquanto 82% dos alunos a segunda.
O gráfico exposto representa a característica de uma reação exotérmica com valor de energia
de ativação de 20 kcal/mol. Nesta, apenas 36% dos discentes acertaram, porém, todos conseguiram
identificar que se tratava de uma reação exotérmica, observando que a energia dos produtos é menor
que a dos reagentes (ATKINS; JONES, 2012).
A quinta indagação referiu-se à prática da decomposição da água oxigenada (H2O2) em
contato com o fígado, a qual demonstra o efeito do catalisador em uma reação. Os discentes foram
questionados por qual fator a água oxigenada era decomposta em água e oxigênio quando em
contato com o fígado cru e o porquê esse processo ocorre de forma mais lenta quando cozinhamos
esse alimento. Logo, constatou-se que 89% dos alunos souberam identificar o fator determinante
que influenciava essa reação, citando o sangue como principal causador.
De acordo com um estudante “a água oxigenada entrou em decomposição por conta do
sangue. Após o fígado ser cozinhado ele perde as suas proteínas, e em contato com a água
oxigenada ele não se decompõe”. Essa afirmação está de acordo com Novaes e colaboradores
(2012), os quais ditam que após o cozimento, essas enzimas são inativas e a decomposição do H2O2
é extremamente lenta. Apesar dos discentes responderem de forma incompleta, o docente deve
buscar analisar a progressão dos alunos e trabalhar em cima dos seus erros até que aperfeiçoem suas
respostas. Essa perspectiva é confirmada por Vygotski et al. (2010) quando abordam sobre
aprendizagem e desenvolvimento na idade escolar.
A partir dos dados avaliados, pode-se atestar que é possível conceber um processo de
ensinoaprendizagem significativo adaptando a metodologia com o uso de instrumentos didáticos e
materiais que fazem parte da realidade dos alunos, em conjunto com um tema gerador como a
Educação Ambiental, pois estes, podem contribuir de forma progressista para edificação do
conhecimento químico significativo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A busca por novas metodologias para o ensino da Química torna-se imprescindível, dado
que essas podem contribuir de forma significativa no processo de ensinoaprendizagem, conduzindo
a participação do discente para uma posição mais crítica e ativa. Nesse sentido, o emprego das
ferramentas didáticas e a adoção de atividades experimentais visando ínfima contaminação e/ou
poluição, possibilitaram promover a construção cognitiva dos discentes, a formação de uma
sociedade mais consciente, bem como a preservação do meio ambiente.
Além disso, o manuseio de materiais alternativos proporcionou aos estudantes a visão de
uma química mais perceptível, tendo em vista que esses estão disponíveis em nosso dia a dia. Logo,
pode-se constar que não foi necessário aderir equipamentos sofisticados para alcançar resultados
positivos e uma progressão satisfatória na edificação dos conceitos, pois demonstrou-se que a
química se encontra presente nos mais simples objetos, produtos, alimentos e não apenas nos
reagentes de um laboratório. Desse modo, os conceitos e fundamentos considerados abstratos foram
explicitados, desmitificando a ideia de que a química é uma ciência apenas para cientistas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Acesso em: 22/07/2018.
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alternativo e de baixo custo. Química Nova na Escola, n. 16, p. 41-44, 2002.
RESUMO
Este trabalho apresenta uma reflexão sobre o estágio supervisionado desenvolvido no curso de
Geografia/UFPB, que ocorreu na Escola João Navarro Filho. O estágio supervisionado é uma
atividade de suma importância, pois, além de aproximar o licenciando do espaço escolar, permite
pensar sobre o mesmo. Nesta perspectiva, o presente trabalho tem o intuito de apresentar uma
abordagem sobre o temário da chamada Geografia Física ou Geografia da Natureza em sala de aula.
Temas que comumente apresentam dificuldades de compressão por parte dos alunos. Nesse sentido,
procuramos evidenciar os caminhos percorridos para abordagem da temática, bem como reflexões a
respeito.
Palavras-Chave: Estágio supervisionado; espaço escolar; Geografia Física.
RESUMEN
Este artículo presenta una reflexión sobre el entrenamiento supervisado desarrollado en el curso de
Geografía/UFPB, que tuvo lugar en la Escuela João Navarro Filho. El escenario supervisado es una
actividad de suma importancia, ya que además de acercarse a la concesión de licencias de espacio
en la escuela, nos permite pensar en ello. En esta perspectiva, el presente trabajo tiene como
objetivo presentar un enfoque en la agenda de la llamada Geografía Física y Geografía aula de la
naturaleza. Problemas que comúnmente presentan dificultades de compresión para los estudiantes.
En este sentido, se pretende mostrar las rutas de acceso al enfoque temático y reflexiones sobre.
Palabras clave: Entrenamiento supervisado; la escuela; Geografía física.
INTRODUÇÃO
práticas diferenciadas que estimulem o interesse do aluno pelo estudo da geografia da natureza, a
chamada Geografia Física, a exemplo da contribuição dos fatores (clima, pedologia, geologia, etc.)
que se relacionam com as formas e que interveem na dinâmica e evolução do relevo, são relevantes
para o processo cognitivo de estudantes do ensino fundamental e médio de modo que refletir sobre
as práticas adotadas para tanto é imprescindível para o ensino-aprendizagem desse temário que
compõem a Ciência Geográfica.
Sabe-se que a grande maioria dos professores de ensino fundamental e médio têm grandes
dificuldades na exposição de temas referentes aos aspectos físicos da ciência geográfica, de uma
maneira geral, como o relevo, clima, hidrografia, relevo dentre outros fatores, acomunado com o
alto grau de abstração por parte dos alunos, fator ainda mais aguçado dependendo da idade
cognitiva (alunos de 6º e 7º ano do ensino fundamental).
Diante do exposto e entendido conforme Souza (2013), que o estágio supervisionado
obrigatório nos cursos de licenciatura tem a função de aproximar os licenciados das escolas,
possibilitando a obtenção de experiências que lhes garantam uma maior maturidade para a vida
profissional, este trabalho tem por objetivo apresentar algumas reflexões sobre o ensino da
Geografia física no espaço escolar. Esse trabalho surge através de um estágio supervisionado
obrigatório no curso de licenciatura em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB, no
período 2015.2, desenvolvido na disciplina Estágio Supervisionado I, ministrada pelo Prof. Lenilton
Francisco de Assis, na qual a escola estadual Doutor João Navarro Filho sagra-se como o vetor
dessa experiência. Onde através de aulas de geografia física da Paraíba apresentadas em 5 (cinco)
turmas do ciclo 4 (quatro) do ensino do EJA, foram possíveis tecer reflexões sobre as dificuldades
em transmitir essa temática geográfica.
Este trabalho apresenta além dessa parte introdutória, apontamentos sobre as ferramentas
utilizadas em sala; caracterização geográfica e diagnostico da escola em que se desenvolveu o
estagio; o percurso metodológico trilhado; resultados e discussões acerca da proposta trabalhada no
estagio; e por fim, as considerações finais.
Umas das ferramentas que auxiliaram muito na compreensão dos estudos da geografia da
natureza, seriam objetos tridimensionais, como maquetes com representação do espaço físico e
objetos mnemônicos, ou seja, uma transformação de um plano bidimensional (mapas) em
tridimensional (maquetes). Essa afirmação fica mias nítida no que afirma Gisele Girard (2003), que:
A escola E. E. F. Dr. João Navarro Filho de ensino, encontra-se situada na Rua Professor
Alesandrina de Oliveira Lima, n° 35, no bairro de Valentina de Figueiredo (ver figura 1), fundada
no Governo de Wilson Leite Braga em convenio com o Ministério da Educação e Cultura (MEC),
realizada através da SUPLAN, foi inaugurada em outubro de 1984 e sua institucionalização
efetivada pelo Decreto n° 10. 610, funcionando em prédio próprio nos três turnos: Manhã – o
fundamental I (1° ao 5° ano); Tarde – fundamental II (6° ao 9° ano) e a noite o EJA – Educação de
Jovens e Adultos. A escola atende aproximadamente a 1.009 alunos administrada pelo diretor João
Francisco dos Santos Neto, e a adjuntas Monica Maria Medeiros da Silva (PPP).
Figura 1: Imagens de satélite a partir do Google Earth localizando a escola João Navarro Filho.
ambientes para recreação e um laboratório de informática inativo. Quantos aos recursos didático-
pedagógicos a escola possui mapas, notebook, data show, telas de transparências, livros didáticos e
caixa de som amplificada, os quais podem ser utilizados se estiverem previamente e rigidamente
agendados. É de fundamental importância ressaltar que são os famosos quadros negros e o giz que
são as principais ferramentas dos professores.
De acordo com o IDBE – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – a escola J.N.F.
atingiu uma média para o ano de 2015, 2,2, uma nota muito abaixo da média. Desta forma fica
entendido que para cada 100 alunos 49 não foram aprovados. Na escola no momento não existe um
apoio pedagógico, da mesma forma que não existe no momento encontros escolares tanto com os
professores quanto com os alunos. Os programas como PIBID, PROBEX e FLUEX nunca
chegaram a comtemplar a escola, mas programas de educação em combate as drogas sim, o qual foi
financiado pela Policia Militar Local, devido a uma tentativa de homicídio ocorrido no ano de 2015
dentro da escola. A média de titulação dos professores é 80% de especialização e nenhum com
mestrado ou doutorado. Atividades como aula de campo, visitas técnicas e competições são pontos
fora de pauta no momento, mas feiras de ciências são realizadas anualmente, trabalhadas em cima
de temáticas como: drogas, dengue, meio ambiente, etc. São nesses momentos que trabalhos
interdisciplinares ocorrem.
Figura 2: Imagens de satélite ilustrando a Escola do João Navarro Filho e os seus entornos.
predominam alunos com uma faixa etária entre 30 e 40 anos, e poucos são os alunos entre 15 a 20
anos de idade.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Essa reflexão se conjectura por questões pessoais ainda como aluno de graduação do curso
de Licenciatura em Geografia na Universidade Federal da Paraíba, por perceber a grande
quantidade de recursos que os professores universitários possuem para ministrar suas aulas, se levar
em consideração os laboratórios existentes e se comparado como os inexistentes nas escolas
públicas. E por mais que possam ser defasados e ainda muito carentes de materiais, segundo os
professores universitários, é de se constatar que ainda é considerável do ponto de vista lúdico-
pedagógico. Mas mesmo diante de tais afirmações, é de se apontar que os professores universitários
carecem ainda do que é válido mais importante: recursos para atividades extraclasse (atividade de
campo), já que o laboratório dos profissionais da geografia é a Terra. A respeito disso, Vesentini
(2002), destaca que os professores de Geografia precisam de uma sólida formação pluralista:
...ter um adequado curso básico: que seja pluralista e contemple as diversas áreas e
tendências da ciência geográfica; que esteja voltado não para produzir especialistas e sim
para desenvolver nos alunos a capacidade de “aprender a aprender”, de pesquisar, de
observar, de ler e refletir, de desconfiar de clichês ou estereótipos, de ter iniciativa e
capacidade próprias (Vesentini, 2002, p. 239).
são obrigados a compartilhar desses mesmos equipamentos com os outros professores, isso quando
esses recursos não estão quebrados ou são furtados. Se retornar a caracterização da Escola João
Navarro filho (posta mais acima) se perceberá que a escola enquanto escola, só é merecedora do
nome enquanto espaço físico, mas que de recursos está totalmente falida.
A premissa para tais indagações vem ainda de tempos pretéritos, ainda enquanto aluno da
mesma escola em períodos do ensino fundamental. Pois era perceptível a preocupação dos
professores do João Navarro, em conseguir proceder com suas aulas sem materiais didáticos. E é
por este viés que surge a grande chave para essa reflexão: que mesmo diante das grandes
dificuldades nas escolas do João Navarro, era possível realizar uma grande aula ou verdadeiras
palestras nas salas de aula, a partir dos recursos disponíveis pela escola, como assim disponibilizou
a escola do João Navarro Filho. Pois utilizando o método de aula expositiva e dialogada como
assim tratou Anastasiou (2004), auxiliada de mapas temáticos, documentários, notebook e data
show foi possível apresentar uma excelente aula sobre a Geografia Física da Paraíba, mesmo que
sem a presença de maquetes ou ferramentas similares.
É de salutar que a colaboração tanto da direção quanto da professora de Geografia Fátima
Fernandes dos Santos e dos professores foram de fundamental importância para o desenvolvimento
de todas as regências. Cabe também ressaltar que os professores que cederam parte das suas aulas
contribuíram com a sua presença. A falta de introdução de verba na escola e de recursos didáticos
como oferecidos nas universidades, não impediu em nada a presença dos alunos em sala de aula,
pois cada vez mais era perceptível a cedo pelo conhecimento por parte dos alunos. Pois, parte
desses alunos além de estudarem à noite, trabalhavam durante o dia. De modo que a sua
permanência na sala de aula, também tornaram fonte de recurso didático para os professores, que
nessa trajetória animadora dos alunos tornaram motivações para o planejamento das aulas.
A grande questão da apresentação da geografia física da Paraíba pautava-se em fazer com
que os alunos do ensino fundamental e/ou EJA, desmitificassem que a geografia é uma disciplina
enfadonha e decorativa. De modo que entendam que ela não é uma ciência onde se decoram nomes
de rios, formas de relevo, climas e etc., mas sim, uma ciência que uma vez entendida pode se
assemelhar a um grande organismo humano. Não sendo, portanto, interessante fragmentar
conteúdos ou propor a memorização destes a partir de conteúdos específicos seja da Geografia
Física ou Geografia Humana. Assim, diferente do passado, em que não havia certa preocupação
com a “explicação da inter-relação entre os processos, fossem eles de ordem natural ou social”
(SUERTEGARAY, 2000, p.98). Devemos atentar para o estudo da totalidade, contemplando de
forma articulada os assuntos naturais (Geografia Física) dos assuntos sociais (Geografia Humana).
Ainda, enfatizamos que concordamos com Suertegaray (2000, p.97), ao afirmar que “não
haveria nenhum conteúdo padronizado como Geografia Física que devesse ser, a priori,
desconsiderado por ser irrelevante”. Além disso, a autora enfatiza que “toda a informação desejada
e desejosa de ser conhecida e reconhecida por parte do aluno”, ou seja, precisa ser transmitida.
Dessa maneira, nenhum conteúdo deve ser priorizado em relação a outro. Acreditamos que os
conteúdos devem ser abordados em conjunto e de forma articulada, formando um grande sistema.
Pois se objetivou fazer com que os alunos a partir das aulas, realizassem suas próprias reflexões
sobre: como, onde e por que ocorrem tais manifestações da natureza na Paraíba, e
consequentemente realizando inferências.
Pode-se perceber um enorme interesse da parte dos alunos durante e no fim das
apresentações por descobrirem que, por habitarem por tanto tempo no Estado da Paraíba e não
saberem de quase nada da sua terra, muito menos da cidade em que residem. A partir dessas
apresentações sugiram vários debates polêmicos do Estado da Paraíba como: a transposição do Rio
São Francisco que beneficiará parte do Estado; a nascente do Rio Paraíba; o ponto oriental das
Américas; as reservas de mata atlântica; as ocorrências de chuva no Estado, dentre outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das regências na escola Doutor João Navarro Filho no bairro do Valentina, foi
possível afirmar que é possível contribuir de forma alarmante para o ensino se souber utilizar os
poucos recursos disponíveis na escola. De modo que o auxilio, cooperação e colaboração da equipe
escolar na escola foram de grande pertinência nestas etapas. E que por mais simples que fosse a
apresentação da Geografia Física da Paraíba, foi possível destrepar nos alunos reflexões que os
levassem a inferir determinadas ocorrências sobre o Estado da Paraíba a partir das ocorrências física
dela.
É claro que poderiam ser abordados outros temas neste trabalho como problemas da relação
dos alunos com os professores; o envolvimento dos alunos com as drogas; a metodologia dos
professores e os projetos que a escola não esta engajada. Mas por questões de falta de recurso que
beneficiasse e auxiliasse o professor, preferiu-se tratar desta temática, pelo fato da Geografia Física
ser uma temática muito difícil de se trabalhar e por ser mais uma ciência que essencialmente requer
estudos de campo, e não apenas do que de sala de aula. No entanto, acreditamos que pesar das
dificuldades encontradas e dos diversos empecilhos presentes na educação brasileira hoje, as quais
recaem sobre as práticas educativas adotadas em sala, é possível com poucos recursos realizar
interessantes aulas de geografia física, refletindo não só sobre os aspectos naturais, mas também
sobre os aspectos sociais, isto é, articulando os fenômenos e os compreendo de forma conjunta.
REFERÊNCIAS
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pensamento geográfico. São Paulo: Atlas, 1987. 143p.
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SOUZA, A. S.; MELO, J. B. A Globalização como possibilidade de intervir no cotidiano das aulas
de geografia. Revista de Geografia da UFPE. V.30, No. 1, 2013. 18 p.
RESUMO
A gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) no país é um tema relevante, já que seu destino está
diretamente relacionado com questões sociais, ambientais e econômicas. Em 2016 os brasileiros
geraram aproximadamente 78 milhões de toneladas de RSU, dos quais cerca de 51% foram resíduos
sólidos orgânicos (RSO). Infelizmente, poucos se preocupam com o aproveitamento de RSO, esse
fato se deve à falta de informação e contato com temas ambientais no período escolar. Com isso,
este trabalho objetivou usar a compostagem como estratégia pedagógica de sensibilização ambiental
no espaço escolar. Os trabalhos sucederam em uma escola pública, no município de José Boiteux,
Santa Catarina. Primeiramente, construiu-se uma composteira e aplicou-se um questionário aos 6º e
7º anos em 2017. Os alunos participaram de oficinas, realizaram manejo na composteira,
participaram de rodas de conversa e excursão ao aterro sanitário. Depois de 100 dias letivos, em
2018, as mesmas turmas, compondo 7º e 8º anos responderam novamente o questionário. Como
resultado deste período, encaminhou-se 100% dos RSO, totalizando 696,09 kg. Entre fevereiro e
março, 28 dias letivos, gerou 313,41 kg de RSO, ocupou um espaço de 0,20 m³, após compostado o
adubo pesou 9,56 kg com volume de 0,032 m³. Houve uma representativa evolução nas respostas
obtidas na reaplicação do questionário. Os trabalhos com compostagem, influenciaram
positivamente a diretoria da escola a desenvolver iniciativas em educação ambiental. Apesar dos
satisfatórios resultados, acredita-se que os escolares não se apropriaram expressivamente da
importância da compostagem, já que algumas vezes demonstraram desinteresse e desinformação,
fato que se justifica pelo curto período de desenvolvimento do projeto e insuficiente
acompanhamento por parte da idealizadora. Afirma-se que a compostagem pode ser usada como
ferramenta de sensibilização ambiental desde que se conheça o público, respeite culturas, e
mantenha-se frequência de acompanhamento para que haja continuidade no processo de ensino-
aprendizagem.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Resíduos Sólidos Orgânicos, Adubo Orgânico,
Sustentabilidade
ABSTRACT
The municipal solid waste (MSW) management in the country is a matter of relevance, once its
destination is directly related to social, environmental and economic issues. In 2016 the Brazilian
population generated approximately 78 million tons of MSW, which it is estimated that about 51%
was organic solid waste (OSW). Unfortunately, only a few are concerned with its exploitation, due
to the lack of information and contact with environmental topics during the school. Therefore, this
work aimed to use composting as a pedagogical strategy of environmental awareness in the school
field. Tasks were developed in a public school, located in the municipality of José Boiteux, Santa
Catarina. At first, a composting container was built and a questionnaire applies to 6th and 7th years
classes in 2017. The students had workshops, managed the compost, participated in a conversation
and excursion to the sanitary landfill. After 100 school days, in 2018, the same groups, now on 7th
and 8th year, answered the questionnaire again. As a result, 100% of the OSW was forwarded,
totalizing 696,09 kg. Between February and March, 28 school days, generated 313.41 kg of OSW,
occupied 0.20 m³, after composting the fertilizer weighed 9.56 kg with a volume of 0.032 m³. There
was a representative evolution on the answers obtained on questionnaire reapplication. The work
with composting positively influenced the school board to develop environmental education
initiatives. Despite the satisfactory results, it is believed that the schoolchildren did not expressively
were aware of the importance of composting, since sometimes they’ve shown disinterest and
disinformation, a fact that is justified by the short period of the project and insufficient follow-up by
the idealizer. Composting can be used as an environmental awareness tool, since public is known,
crops are respected and follow-up frequency is maintained so teaching-learning process will be
continuous.
Keywords: Environmental Education, Organic Solid Waste, Organic Fertilizer, Sustainability
INTRODUÇÃO
As questões ambientais são cada vez mais debatidas pela sociedade, a nível nacional e
internacional. Isso demonstra a preocupação da população, mesmo que tardia, com os recursos
naturais, assim como a degradação destes.
O Brasil é considerado um país continental com estimativas de crescimento da população, a
qual encontra-se hoje em 209 milhões de pessoas, as quais geraram, no ano de 2016, 78,3 milhões
de toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) (ABRELPE, 2016). Apesar das pesquisas terem
apontado uma diminuição na geração de RSU do ano de 2015 para 2016, este número continua
sendo alarmante, já que a disposição final dos RSU coletados no país é insatisfatória e vista como
um problema para gestores e sociedade.
Os problemas ambientais encontrados no Brasil, incluso a questão do RSU, estão
diretamente ligados à falta de conscientização ambiental por parte da população, a qual, por
diversos motivos, não se preocupa com o meio e tão pouco com as condições deixadas para as
futuras gerações. Uma das causas de falta de sensibilização é a falta de contato com iniciativas de
educação ambiental (EA) durante a vida escolar e/ou acadêmica, limitando assim a abrangência do
olhar ecológico.
A escola é um espaço de formação intelectual, porém, é também um ambiente de
desenvolvimento ambiental e social, onde os escolares podem criar e testar ideias e tecnologias
possíveis de serem replicadas na sociedade, de maneira interdisciplinar, integrando diversas áreas
do ensino. É nesse espaço que deve existir a comunicação e o intercâmbio de informações com a
comunidade externa.
Diante de um cenário de necessidade de destinação correta dos RSU e de otimização do
ambiente educacional, tem-se a necessidade de encontrar alternativas que incluam educandos para o
desenvolvimento da consciência ambiental, com o benefício de solucionar problemas existentes.
Neste sentido a compostagem dos RSU é apresentada como ferramenta pedagógica de fácil gestão e
com possibilidade de replicação para comunidade não escolar.
Com isso, este trabalho objetiva usar a compostagem como uma estratégia pedagógica para
sensibilizar ambientalmente escolares e, indiretamente, a sociedade como um todo sobre a
problemática da geração de RSU e suas consequências. Tem-se como intenção concomitante dar o
destino adequado aos resíduos orgânicos gerados na Escola de Educação Básica José Clemente
Pereira (EEB José Clemente Pereira), no município de José Boiteux, Santa Catarina, Brasil.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa foi realizada na EEB José Clemente Pereira, que possui 258 alunos, de 6º ano do
ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, localizada na área urbana do município de José
Boiteux. O espaço que a escola dispõe para atividade extraclasse é consideravelmente grande. O
público alvo foram alunos de 6º e 7º anos cursados em 2017 e 7º e 8º ano cursando em 2018, além
do público indireto, professores funcionários e comunidade externa.
A idealização do projeto foi da engenheira agrônoma e extensionista rural da empresa
estadual de extensão rural, lotada no município de José Boiteux, com apoio de seu colega de
trabalho, também extensionista rural. Os trabalhos foram realizados em parceria entre as duas
instituições.
O trabalho constitui-se em uma pesquisa-ação-participante que, seguindo os pressupostos de
Thiollent (1994), trata-se de uma pesquisa construída a partir de uma base empírica. Considera
ainda que ela envolve os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do
problema, cooperando ou participando de uma ação ou resolução de um problema.
Outrossim, para Brandão (1985), com a finalidade de melhoria da realidade dos
participantes e através da observação social do meio, a pesquisa participante se insere. Ressalta
ainda a fundamental e plena participação da comunidade na busca pelo conhecimento de sua própria
realidade.
O primeiro passo para a realização do projeto foi a construção da composteira. Neste local
foi depositado todos os resíduos sólidos orgânicos oriundos da alimentação escolar. O diretor da
escola e o exensionista rural colaboraram na construção e o modelo escolhido foi o Protótipo
Londrinense, o qual vem sendo usado por escolas de Londrina, estado do Paraná.
A escolha do modelo se deu por tratar-se de uma estrutura barata, de fácil construção e com
um viés didático, em que os educandos podem estar em volta conversando e observando o processo.
O Protótipo Londrinense é também eficiente em relação aos manejos, pois conta com uma cobertura
que protege o composto da chuva direta, tem aberturas na parte de baixo para circulação de ar e é
aberta nas laterais permitindo a entrada de sol e ar.
Por meio de conversas, foram levantadas informações com os funcionários da escola sobre a
geração de resíduos sólidos orgânicos (RSO) e seu destino antes da implantação do projeto. Da
mesma maneira, foi possível ter uma noção do grau de conhecimento da comunidade geral sobre os
temas ambientais, antes do início dos trabalhos.
Os dados foram coletados através de questionários aplicados em 21 de novembro de 2017
para alunos do 6º e 7º ano e em 13 de junho de 2018 para as mesmas turmas do ano anterior, sendo
7º e 8º anos, no início e final da pesquisa. Além disso, foram realizadas conversas informais com os
participantes para obtenção de informações adicionais sobre a experiência.
A partir das informações levantadas foram realizadas oficinas e rodas de conversas
objetivando capacitar e estimular alunos, professores e demais funcionários sobre o processo de
compostagem e sua importância no ambiente escolar, com reflexo para toda comunidade externa.
Após a construção da composteira na escola, os alunos responderam a um questionário e, em
seguida, começaram os trabalhos práticos de compostagem. O acompanhamento do processo por
parte dos estudantes teve frequência semanal. O manejo da composteira, constituído por atividades
como a rega, o revolvimento e a adição de RSO, foi realizado majoritariamente pela direção escolar.
Os escolares envolvidos no projeto participaram de uma excursão ao aterro sanitário, o qual
recebe os resíduos do município de José Boiteux, com intuito de sensibilizá-los a respeito da
geração de resíduos e a destinação mais adequada, assim como as consequências da destinação
incorreta no ambiente.
As turmas em questão também receberam a oficina “Cores da Terra”, em que a composteira
foi pintada com geotintas (tintas à base de terra), que teve como objetivo o diálogo e o despertar de
interesse para as ações ambientais que dialogassem com a compostagem e pudessem servir como
estímulo aos menos interessados.
Por meio das práticas de manejo da compostagem, realizadas semanalmente, quantificou-se
os RSO gerados, com auxílio de uma balança convencional durante 100 dias letivos, entre
novembro de 2017 e junho de 2018. Esses valores foram contabilizados, assim como a quantidade
de adubo produzido em 28 dias letivos, entre os meses de fevereiro e março, possibilitando avaliar a
redução de peso e volume dos RSO.
Os dados e informações levantados durante o desenvolvimento do projeto foram avaliados
qualitativamente através da tabulação dos resultados provindos dos questionários, além da
apresentação dos relatos de experiência por parte dos atores envolvidos direta e indiretamente no
processo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dados produzidos
Durante os 100 dias letivos de pesagem de resíduos da alimentação escolar, entre novembro
de 2017 e junho de 2018, a EEB José Clemente Pereira gerou um total de 696,09 kg de resíduos
orgânicos, os quais foram encaminhados para a composteira.
O resíduo gerado nos meses de fevereiro e março, com 28 dias letivos de aula totalizou
313,41 kg e ocupou um espaço de 0,20 m³. Esta quantidade de resíduo comportado gerou 9,56 kg de
adubo orgânico ou composto com volume de 0,032 m³, apresentado na (figura 1), ou seja, houve
uma redução de 97% de seu peso inicial e 84% de seu volume inicial. Este resultado mostra como
foi expressivo o processo de compostagem desenvolvido pela escola, o que satisfaz a diretoria e
incentiva os escolares em dar continuidade ao projeto.
Figura 1 - Composto pronto produzido na EEB José Clemente Pereira em 28 dias letivos.
Questionário aplicado
Figura 3 - Respostas à pergunta “Você tem interesse em aprender sobre o processo de compostagem?”.
Figura 5 - Respostas à pergunta “Qual sua sugestão para o destino do resíduo orgânico produzido em casa?”.
Outro fator a ser considerado para tal resultado, é o curto período de tempo em que o projeto
de compostagem foi desenvolvido na EEB José Clemente Pereira até a aplicação do 2º questionário.
De Lima (2016), obteve bons resultados em período parecido de tempo, porém com frequência
maior de atividades desempenhadas pelo idealizador.
Para pergunta “A escola ou em sua casa fazem a destinação correta dos resíduos?”, os
resultados são apresentados na figura 6, apontando que 32% dos escolares assinalaram “sim, as
duas”, 18% responderam “apenas a escola”, 17 % responderam “apenas a casa” e 33% marcaram a
opção “nenhuma”. Para 2018 (figura 6), mostra que 47% dos escolares assinalaram “sim, as duas”,
33% responderam “apenas a escola”, 3% responderam “apenas a casa” e 17% marcaram a opção
“nenhuma”.
Figura 6 - Respostas à pergunta “A escola ou em sua casa fazem a destinação correta dos resíduos?”.
Com este resultado, sugere-se que os escolares compreenderam que a escola está realizando
a destinação correta e que, possivelmente, suas residências passaram a encaminhar corretamente os
resíduos.
O aumento na porcentagem nas opções “sim, a duas” e “apenas a escola”, pode ser fruto da
excursão vivenciada pelos alunos ao aterro sanitário, onde foi visível a compreensão do processo e
entendimento o que realmente está sendo encaminhado ou não ao aterro. Pode também ter refletido
na diminuição dos que assinalaram “apenas a casa”, já que muitos reconheceram que o caminhão da
coleta municipal não passa em suas casas devido a localidade, por decisão da prefeitura.
É apresentado na figura 7 as respostas da pergunta “Você acredita que a compostagem pode
ser considerada um processo de reciclagem e que auxilia na conservação do ambiente?”, mostrando
que ano de 2017, 47% dos escolares assinalaram “sim”, 0% responderam “não”, e 53% marcaram a
opção “talvez”. Para 2018, a figura 7 mostra que, 83% dos escolares assinalaram “sim”, 0%
responderam “não”, e 17% marcaram a opção “talvez”.
Figura 7 - Respostas à pergunta “Você acredita que a compostagem pode ser considerada um
processo de reciclagem e que auxilia na conservação do ambiente?”.
O composto pronto foi apresentado para comunidade externa durante a feira de ciências da
escola, realizada em julho de 2018. Posteriormente o adubo foi aplicado na horta e viveiro da escola
para produção de alimentos, flores e mudas florestais, otimizando os recursos gerados localmente.
Com todas essas atividades sendo realizadas no ambiente escolar, a EEB José Clemente
Pereira foi exemplo ao participar das etapas da V Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio,
em 2018, até chegar à nível nacional, com o projeto intitulado “O Renascer das Águas”, o qual
conta com descrição dos projetos ambientais desempenhados pela escola e relacionados à água,
incluso a compostagem.
De acordo com Schmidt et al. (2011), afirmam que a EA deve ser um processo de
aprendizagem permanente que se deve manter ao longo da vida do cidadão, no entanto, ocorre
basicamente nas escolas e raramente envolve a comunidade.
Portanto, a frequência de acompanhamento das atividades de EA na EEB José Clemente
Pereira por parte da idealizadora poderia ter sido maior e mais representativa, para que mesmo em
pouco tempo pudesse alcançar melhores resultados. Caso houvesse parcerias com outras instituições
e com a própria comunidade poderiam ter sido enriquecedoras do projeto e possivelmente o tornaria
socialmente mais justo.
Deve-se encontrar um caminho para inclusão da comunidade com as atividades escoares.
Uma EA para a cidadania deve compreender o modo de vida das pessoas, no contexto de
determinada formação histórico-social, e procurar resolver problemas concretos do meio ambiente,
assim como estimular o cidadão a assumir uma atitude crítica face à realidade (NETO et al., 2010;
ARAÚJO et al., 2014). Um exemplo de envolvimento dos escolares com a comunidade externa foi
o plantio de mudas produzidas no viveiro da escola em áreas rurais degradadas, ação que já
acontece há 3 anos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a destinação correta dos RSO e produção de composto de 100% dos resíduos gerados
da alimentação escolar e de jardinagem, a EEB José Clemente Pereira pode representar um exemplo
a ser seguido por outras instituições de ensino no que diz respeito ao gerenciamento deste material.
A não sensibilização dos escolares de maneira satisfatória pode ser atribuída à pouca
inclusão destes nas atividades práticas, concomitantemente com a insuficiente frequência de
acompanhamento por parte da idealizadora do projeto. Além disso o período de 6 meses é
considerado curto para o desenvolvimento de uma atividade diferenciada na visão da comunidade
escolar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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IPEA. Diagnóstico dos resíduos sólidos urbanos: Relatório de pesquisa. Brasília, 2012. 82 p.
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tema incentivador de educação ambiental. Scientia Plena, v. 12, n. 6, 2016.
NETO, A. C., FILHO, F. D. M.; BATISTA, M. S. S. (Orgs.). Educação ambiental. Brasília: Liber
Livro, 2010.
SCHMIDT, L.; NAVE, J. G.; O'RIORDAN, T.; GUERRA, J. Trends and Dilemmas Facing
Environmental Education in Portugal: From Environmental Problem Assessment to Citizenship
Involvement. Journal of Environmental Policy & Planning, v. 13, n. 2, p. 159-177, 2011.
RESUMO
Diariamente a situação dos resíduos se agrava no Brasil, visto que, há um aumento desordenando
das cidades que leva tanto ao aumento da população, quanto do número de resíduos devido à
necessidade constante de o homem satisfazer os seus anseios cotidianos. O destino dos resíduos
sólidos é um problema compartilhado por todas as grandes cidades. Fruto da concentração
demográfica e o grande aumento do consumismo da sociedade contemporânea. Assim, o objetivo
deste trabalho foi investigar e analisar a gestão dos resíduos sólidos gerados na praça de
alimentação de um shopping localizado na cidade de Natal/ RN, caracterizando e apontando as
etapas utilizadas do gerenciamento dos resíduos sólidos e propor uma reflexão da importância da
EA na gestão desses resíduos. A metodologia utilizada foi de caráter teórico, com pesquisas
bibliográfica, além de entrevistas com os consumidores da praça de alimentação e aos encarregados
dos setores de manutenção e serviços gerais. Espera-se que essa pesquisa proporcione a reflexão aos
responsáveis e usuários do shopping e dos lojistas de que precisam de iniciativas que visem a
conscientização ambiental junto aos consumidores para que se obtenha uma melhoria nas condições
ambientais. É importante frisar que tais iniciativas de cunho ambiental pode ser um diferencial na
imagem do shopping e das suas empresas.
Palavras-chave: educação ambiental, resíduos sólidos; consumo; gerenciamento de resíduos.
ABSTRACT
Every day the situation of waste is aggravated in Brazil, since there is a disorderly increase of the
cities that leads to both the increase of population and the number of residues due to the constant
need of man to satisfy his daily anxieties. The fate of solid waste is a problem shared by all major
cities. Fruit of the demographic concentration and the great increase of the consumerism of the
contemporary society. Thus, the objective of this work was to investigate and analyze the solid
waste management in the food court of a shopping mall located in the city of Natal / RN,
characterizing and pointing out the solid waste management steps used, and to propose a reflection
on the importance of EA waste management. The methodology used was theoretical, with
bibliographical research, as well as interviews with the consumers of the food court and those in
charge of the maintenance and general services sectors. It is hoped that this research will provide a
reflection to shopkeepers and shopkeepers that they need initiatives aimed at environmental
awareness among consumers in order to obtain an improvement in environmental conditions. It is
important to emphasize that such initiatives of an environmental nature can be a differential in the
image of the mall and its companies.
Keywords: environmental education, solid waste; consumption; waste management.
INTRODUÇÃO
Diante deste contexto, Natal/ RN aparece como uma cidade que também enfrenta problemas
dos resíduos sólidos devido ao aumento desordenado da população e um gerenciamento que ainda
precisa ser desenvolvido com seriedade.
Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo investigar e analisar a gestão dos
resíduos sólidos gerados na praça de alimentação de um shopping localizado na cidade de Natal/
RN, caracterizando e apontando as etapas utilizadas do gerenciamento dos resíduos sólidos e propor
uma reflexão da importância da EA na gestão de resíduo sólido.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Quanto à natureza metodológica, caracteriza-se como um estudo caso, visto que tem por
objetivo colocar a realidade e os interesses locais para geração de conhecimento e posterior
aplicação prática, podendo ser útil na solução de problemas (SILVA; MENEZES, 2001).
Para alcançar esse fim, a pesquisa realizada constituiu-se de 3 etapas: pesquisa e análise
bibliográfica e definição de técnicas e estratégias de ação, pesquisa de campo e análise e
interpretação dos dados.
Na primeira foram feitas pesquisas de caráter bibliográfico e documental em busca de
informações para embasar e contextualizar as discussões e resultados provenientes das etapas
posteriores. Ainda, foram definidos os meios de coleta de dados in loco, os quais foram dois
questionários: um questionário fechado voltado aos consumidores e frequentadores da praça de
alimentação com a intenção de sondar o comportamento e suas preferências por serviços naquele
espaço; e outro aberto, junto a empresa que faz o recolhimento do lixo, destinado a identificar o
modo como é feito o gerenciamento dos resíduos produzidos naquela área do shopping. Vale
ressaltar que no questionário aplicado aos consumidores foi reservado um espaço para que o
entrevistado expressasse a sua opinião.
A segunda etapa da pesquisa foi a pesquisa de campo, a qual consistiu na observação da
dinâmica na área de estudo e da aplicação dos questionários. Para o questionário destinado aos
consumidores foi definida uma amostragem intencional, pois se buscou saber a opinião de um
grupo específico, no caso os consumidores que frequentam aquele lugar específico do shopping.
Nesse tipo de amostragem, de acordo com determinado critério, é escolhido intencionalmente um
grupo de elementos que irão compor a amostra. O investigador se dirige intencionalmente a grupos
de elementos dos quais deseja saber a opinião (SILVA, 2002). Sendo assim, foram aplicados os
questionários a 50 pessoas. As entrevistas foram feitas entre os dias 12 e 17 de fevereiro de 2018.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultado obtido após a realização das entrevistas junto aos consumidores contém uma
análise descritiva e exploratória propondo expor de forma acessível os resultados e o perfil do
público entrevistado.
Focando na área de estudo, um shopping da cidade, o empreendimento vem desde a sua
inauguração, em 2006, dinamizando o espaço social, econômico e cultural da cidade, sendo o
shopping mais frequentado, com um fluxo de cerca de 60.000 pessoas/dia. O estabelecimento conta
com 300 lojas que oferecem os mais variados serviços: supermercado, perfumarias, artefatos de
decoração, roupas, calçados e uma praça de alimentação.
Para este último item será detida uma maior atenção, uma vez que é na área reservada para
esse serviço a problemática do nosso estudo: a geração de resíduos sólidos e seu gerenciamento.
Estão distribuídos na praça de alimentação 33 estabelecimentos comerciais, classificados em fast-
foods, cafés, pizzarias, sorveterias, especializados em frutos do mar e culinária internacional.
A amostragem foi aleatória e foram entrevistadas 50 pessoas, no período de fevereiro de
20018. Dessa forma, considerando os dados obtidos, seguem a seguir as análises realizadas.
Com essa logística de trabalho, o esvaziamento das lixeiras é feito constantemente, não
havendo um horário específico para a retirada dos móveis que servem como coletores. Esse serviço
é feito por um funcionário específico que chega a trabalhar cerca de doze horas por dia só retirando
o depósito da praça de alimentação e transferindo para outro coletor do tipo “gaiola”.
Nas “gaiolas” ficam depositados tanto os resíduos da praça de alimentação quanto os das
lojas do mesmo piso. Ressalta-se que são os próprios comerciantes responsáveis por retirar o lixo
das lojas e levá-lo as “gaiolas”.
Em seguida, uma empilhadeira transporta as “gaiolas” até uma área específica, onde o lixo é
novamente transferido para grandes contentores (no formato “disk entulho”). Nessa área, o papelão
e o plástico são separados e destinados a empresa recicladora; e os demais rejeitos são
encaminhados ao aterro sanitário de Ceará Mirim, conforme contrato com empresa terceirizada
(BRASECO), onde é realizada a destinação final dos resíduos.
Conforme funcionário responsável, estima-se que sejam gerados no shopping e
encaminhados ao aterro, diariamente, cerca de 10 contentores com capacidade para cinco metros
cúbicos de lixo, em períodos normais. Essa quantidade é visivelmente maior em feriados e no final
do ano. Não se sabe, ao certo, quanto de papelão e plástico são produzidos e separados.
De forma geral, esse é o caminho pelo qual os resíduos seguem até serem, finalmente,
depositados no aterro. Conforme servidor do próprio empreendimento, não é feita a separação de
todos os resíduos, pois a manutenção não dispõe de equipe suficiente para isso. Portanto, pode-se
citar que não é de interesse da alta administração o desenvolvimento desse tipo de atividade, visto
que, caso contrário, seriam contratados mais funcionários para o desempenho dessa função.
A praça de alimentação do shopping dispõe de lojas dos mais variados tipos, desde
lanchonetes Fast-food, Self-Service a cafeterias. Considerando que algumas delas produzem um
volume maior de resíduos que outras (pois em praticamente todas as refeições utilizam material que
é todo descartado), considerou-se importante fazer a caracterização do consumidor em relação ao
tipo de refeição que procuram.
Dentre os tipos de restaurantes citados na pesquisa, percebe-se o uso massivo dos fast-foods,
que notadamente detêm o maior fluxo das pessoas que usam os serviços da praça de alimentação.
Ressaltamos, ainda, que esses empreendimentos são, também os que geram maior resíduo, já que
para o fornecimento de uma refeição desse tipo, apenas a bandeja plástica retorna para o processo
produtivo.
Feita a caracterização dos consumidores conforme o tipo de alimentação que consomem, foi
feito também um questionamento sobre a frequência que essas pessoas utilizam os serviços da praça
de alimentação.
A maior parte apresenta uma frequência considerável e apenas 10% dos entrevistados nunca
utilizam os serviços fornecidos pela área em estudo. Feita a caracterização do consumo, buscou-se
obter informações sobre qual a opinião em relação ao gerenciamento dos resíduos. É possível
perceber que a maior parte dos entrevistados considera o gerenciamento dos resíduos do shopping
classificados como de boa qualidade.
Os entrevistados, também, forneceram outras informações relevantes e, dessa forma,
percebe-se que aqueles que conhecem a rotina da praça à nível do gerenciamento dos resíduos a
considera ruim ou péssima, diferentemente daqueles que são espectadores ou somente
frequentadores do shopping, que dão boas qualificações para tal gerenciamento. Isso pode ser
resultado da limpeza e conservação do ambiente, que, de fato, apresentam boas condições.
Fazendo uma análise de correlação entre duas vaiáveis questionadas aos frequentadores da
praça de alimentação, que são o tipo de refeição e a faixa etária percebeu-se que uma influência na
outra. Assim, percebe-se que quanto a faixa etária que mais consome fast-food é a jovem
(classificada entre 0-25 anos). Ainda pode-se inferir que quanto maior o fluxo de pessoas jovens
com a intenção de consumir ou fazer uma refeição no shopping, maior será a geração de resíduos,
uma vez que notadamente são os fast-foods os grandes potenciais de geração de resíduos. Esse fato
se dá pela utilização massiva de copos descartáveis e embalagens de papel ou plástico para os
sanduíches. Além disso, ainda existem as propagandas em papel que forram as bandejas, este que
são um desperdício, pois na maioria das vezes o consumidor não se atenta ao que está escrito ou
exposto no cartaz.
Com as observações in loco, percebeu-se que há uma grande falta de conscientização da
população, que se acomoda e deixa os resíduos oriundos do consumo de sua refeição em cima das
mesas, apesar da existência de funcionários no local para manter o ambiente limpo. Com a simples
observação do local se percebe notoriamente que a maioria dos resíduos é de papel e plástico devido
ao tipo de refeição mais consumida.
Ao considerar o shopping como um todo, a parcela de geração de resíduos da praça de
alimentação é menor que a dos demais estabelecimentos (lojas). Porém, os tipos de resíduo gerado
por estes são em sua maioria papelão, os quais podem ser reciclados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ambientais. É importante frisar que tais iniciativas de cunho ambiental pode ser um diferencial na
imagem da empresa.
Nesse cenário, na busca de melhorar a gestão ambiental do shopping em estudo e tentar
mudar o modo de agir dos consumidores, apresentamos algumas sugestões que caso forem levadas
em consideração, podem contribuir com a melhoria das condições do meio ambiente. São elas: que
seja inserido, no shopping, um sistema de coleta seletiva no qual a separação já seja feita na própria
praça de alimentação; que sejam realizados eventos e utilizadas placas para conscientização da
população e dos lojistas; que o shopping tente desenvolver políticas internas para que as lojas
apresentem uma mínima geração de resíduos (com a eliminação dos papéis de bandeja que tem
apenas caráter publicitário e nem sequer são eficazes); e que seja feita uma gestão centrada e
específica, já que, com isso, não somente a população e o meio ambiente terão benefícios, como
também a empresa, caso os resultados sejam utilizados com inteligência e da maneira correta.
Sugere-se ainda que o shopping em questão apresente uma melhoria no que compete ao
gerenciamento de resíduos sólidos, e se possível implantar um SGA como forma de melhoria
contínua para o meio ambiente e os consumidores que frequentam o local. Para tal o shopping
poderia incrementar programas que visem a melhoria do meio ambiente, como por exemplo, a
implantação de restaurantes que servissem comida saudável, visto que quase 100% das lojas que
servem comida trabalham com fast-foods.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São
Paulo: Saraiva, 2007. 382 p.
FONSECA, Edmilson Montenegro. Iniciação ao estudo dos resíduos sólidos e da limpeza urbana.
João Pessoa: JRC Gráfica e Editora, 2001.
LIMA, José Dantas de. Gestão de resíduos sólidos urbanos no brasil. João Pessoa: ABES, 1998.
MAIA, Lerson Fernando dos Santos; OLIVEIRA, Marcus Vinícius de Faria. Trabalhos
Acadêmicos: princípios, normas e técnicas. Natal: Editora do CEFET, 2009. 149 p.
NASCIMENTO, Luis Felipe; LEMOS, Ângela Denise da Cunha; MELLO, Maria Celina Abreu de.
Gestão Socioambiental Estratégica. Porto Alegre: Bookman, 2008. 229 p
SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muszkat. Metodologia da pesquisa e elaboração de
dissertação - Apostila. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC. 2001. 120p.
SILVA, Paulo Cézar Ribeiro. Introdução a estatística econômica. 2002. Disponível em:
http://www.geocities.com/pcrsilva_99/2A3.HTM. Acesso em: 10 set. 2009.
TIBOR, Tom; FELDMAN, Ira. ISO 14000: um guia para as novas normas de gestão ambiental.
São Paulo: Futura, 1996. 352 p.
RESUMO
Objetiva-se com esta pesquisa, identificar por meio de desenhos a percepção ambiental de alunos do
ensino fundamental de uma escola pública situada no município de Acarape- Ceará, visando-se
conhecer como percebem e interpretam o Meio Ambiente. A iniciativa da pesquisa partiu da
execução de um projeto de educação ambiental nas séries iniciais do ensino fundamental que,
trabalha-se a temática “Educação Ambiental: brincando e aprendendo sobre a arte de preservar” e
para tanto, surgiu a necessidade de identificar o conhecimento prévio das crianças, sobre os
elementos que constituem o meio ambiente. A pesquisa de cunho qualitativo foi realizada entre os
meses de fevereiro e março de 2018, direcionada aos alunos do 1° e 2° ano do ensino fundamental
onde, analisou-se 64 desenhos identificando-se 323 representações, sendo a maioria das ilustrações
consideradas concretas e de elementos naturais. Os desenhos realizados pelas alunas apresentaram
maior número de representações e riqueza de detalhes. As ilustrações demonstraram o Meio
Ambiente como um espaço natural, podendo este estar em constante transformação pela atuação do
ser humano, no qual foi representado de forma significativa nos desenhos analisados,
compreendendo-se que este elemento está diretamente relacionado com a mudança do meio onde
vive.
Palavras-chaves: Educação; Sensibilização; Representações; Ambiente.
ABSTRACT
The objective of this research is to identify, through drawings, the environmental perception of
elementary school students from a public school located in the municipality of Acarape-Ceará,
aiming to know how they perceive and interpret the Environment. The research initiative started
with the execution of an environmental education project in the initial grades of elementary
education. The theme "Environmental Education: playing and learning about the art of preserving"
was developed and, therefore, the need to identify the knowledge about the elements that make up
the environment. The qualitative research was carried out between February and March of 2018,
directed to the students of the 1st and 2nd year of elementary school, where 64 drawings were
analyzed, identifying 323 representations, most of the illustrations being considered concrete and
natural elements. The drawings made by the students presented a greater number of representations
and richness of details. The illustrations demonstrated the environment as a natural space, and this
can be in constant transformation by the performance of the human being, in which it was
represented in a significant way in the analyzed drawings, understanding that this element is
directly related to the change of the environment where it lives.
Keywords: Education; Awareness; Representations; Environment.
INTRODUÇÃO
A humanidade tem-se preocupado cada vez mais com as problemáticas ambientais em todas
as esferas da sociedade, por causa da intensa utilização dos recursos naturais que são realizadas
forma desordenada, colaborando-se para geração de danos ao meio ambiente. De fato, os atos
inconsequentes dos seres humanos são responsáveis pelo desequilíbrio socioambiental, uma vez
que, realizam a destruição das diversas formas de vida do planeta terra para unicamente suprir as
necessidades individualistas e consumistas (LUTZ, 2006).
Diante disso, compreende-se que a “falta de conhecimento e conscientização ambiental pode
desempenhar um papel de obstáculo para aquisição de um futuro sustentável para a humanidade em
escala global e local” (TALERO et al., 2004). Para Fernandes (2011), a falta de percepção do
homem como parte integrante do meio em que vive e do lugar que ocupa na frágil cadeia que
sustenta a vida no planeta, gerou o caos ambiental e para reverter esta situação, necessita-se que seja
trabalhada uma nova relação do homem com a natureza mostrando-se que a sua sobrevivência e de
outras espécies de diversos ecossistemas, dependem diretamente da preservação dos recursos
naturais.
Pensando-se na perspectiva de mudar as ações incorretas dos seres humanos ao Meio
Ambiente, surge a Educação Ambiental com a missão de “contribuir para a formação de uma
sociedade sustentável, na reorientação e na capacitação de pessoas para a construção de um novo
estilo de desenvolvimento local, visando-se formar cidadãos conscientes” (TELLES et al., 2012).
E para tornar a mudança de atitudes definitiva, foi necessário incluir o estudo da educação
ambiental no ambiente escolar, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB
9394/96) que passou a considerar a importância da compreensão do Meio Ambiente na educação
básica, contribuindo para a participação nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) (BOSA et
al., 2014). De acordo com Medeiros et al. (2011), a Politica Nacional da Educação Ambiental tem
como um de seus princípios o “pluralismo de ideias e concepções pedagógicas na perspectiva da
interdisciplinaridade, no sentido de que permeie o currículo das disciplinas”.
Para Cantanhede et al. (2016) “as propostas pedagógicas em educação ambiental são
responsáveis pela promoção do desenvolvimento de valores e atitudes cidadãs, que devem ser
construídos centrados na participação dos educandos no processo de conscientização”. Esta
educação deve ser reorientada nos princípios da sustentabilidade, só assim será contemplada na sua
totalidade com a revisão de currículos, programas, como também o papel da escola e dos
professores (GADOTTI, 2006).
Para Medeiros et al. (2011), a escola é o lugar onde o aluno dá sequencia ao processo de
socialização, e por esse motivo é um espaço que deve propiciar na prática e no decorrer da vida
escolar, comportamentos ambientalmente corretos aos educandos, por meio de conteúdos
ambientais que devem ser contextualizados de acordo com a realidade de forma a contribuir para a
formação de cidadãos responsáveis.
A implementação da Educação Ambiental na escola, contribui na aproximação dos alunos ao
objeto de estudo (meio ambiente) facilitando os educandos na compreensão da realidade, além
disso, os estimula a formar opinião critica por meio da problematização das questões ambientais
promovendo positivamente o processo de aprendizagem (MACHADO et al., 2010; LIMA, 2004).
De fato, visa-se que a educação ambiental tornar-se essencial em todos os níveis dos
processos educativos, principalmente nos anos iniciais da escolarização, uma vez que é considerada
mais fácil a conscientização de crianças sobre a problemática ambiental, do que os próprios adultos
que já apresentam consciência formada (MEDEIROS et al., 2011). E para obter êxito, a educação
ambiental precisa ser entendida como um processo de continuo aprendizagem valorizando-se as
diversas formas de conhecimento, procurando-se formar cidadãos com consciência local e a nível
global (JACOBI, 2003).
Desse modo, é de fundamental importância compreender como as crianças percebem e
representam o ambiente, assim como na identificação da percepção do meio em que vivem tornando
o processo educativo proveitoso (CANTANHEDE et al., 2016). Os sujeitos percebem o ambiente
de forma diferente de acordo com o meio no qual estão inseridos, gerando para que suas respostas e
manifestações sejam resultados de suas percepções dos processos cognitivos, julgamentos e
expectativas de cada um (FERNANDES et al., 2004).
Nesse sentido, o desenho e a escrita são considerados exemplos de produções dos alunos que
podem ser analisados para identificar a percepção ambiental por meio de concepções e
representações de emoções (REIGADA; TOZONI-REIS, 2004). O desenho é a representação
gráfica de um objeto real, sendo compreendida por muitos pesquisadores como uma fonte de
informação, comunicação, de expressão e de conhecimento (MÈREDIEU, 2006).
Por tanto, a iniciativa da pesquisa partiu da execução de um projeto de Educação Ambiental
nas séries iniciais do ensino fundamental, de uma escola pública no município de Acarape-Ceará,
que norteia à temática “Educação Ambiental: brincando e aprendendo sobre a arte de preservar”.
Objetiva-se com esta pesquisa, identificar a percepção ambiental de alunos do 1° ao 2° ano
do ensino fundamental, como percebem e interpretam o meio ambiente, por meio da análise de
desenhos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 64 desenhos analisados, 30 foram elaborados por alunas e 34 elaborados por alunos.
Observou-se que os desenhos realizados por alunas desempenharam maior número de
representações e riqueza de detalhes do meio ambiente.
O desenho é uma ferramenta que pode contribuir no desenvolvimento social, na
aprendizagem e linguagem da criança, uma vez que estabelece um diálogo entre o imaginar, fazer e
compreender (SILVA; SOUZA, 2011). De fato, procurar entender a complexidade da relação
homem-natureza, envolvendo a realidade local a partir da compreensão onde os alunos estão
inseridos é de fundamental importância para a formação de indivíduos críticos e participativos
(BACCI; PATACA, 2008).
Analisando-se a maioria dos desenhos, observou-se que tanto as alunas quanto os alunos
desenvolveram formas definidas e de fácil identificação (Figura 1). Porém, cinco destes desenhos
(14,7%) foram representados pelos alunos de forma abstrata, já as alunas ilustraram somente um
desenho (3,3%) demonstrando formas não identificáveis (Figura 1).
Já os elementos naturais foram os mais frequentes nas representações, diferente do meio
artificial representado somente em oito desenhos, sendo cinco destas ilustrações representadas pelos
alunos e três pelas alunas (Figura 2). Isso demonstra a percepção das crianças sobre o meio
ambiente como um espaço natural, uma vez que de acordo como Tamoio (2002) a “compreensão de
ambiente remete explicitamente ao mundo natural”.
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Contabilizou-se um total de 323 representações, sendo 168 desenhos realizados pelas alunas
e 155 pelos alunos (Tabela 1). Sobre os elementos naturais, identificou-se que as árvores (43
vezes), os animais (42 vezes), as flores (39 vezes), os rios (20 vezes) e o solo (19 vezes)
desempenharam maior representatividade nos desenhos de ambos os sexos (Tabela 1). Na maioria
dos desenhos, estes elementos foram representados juntos, demonstrando que a visão de meio
ambiente está relacionado com a interação da fauna e flora possibilitando no equilíbrio ecológico.
Observou-se a representação de dez morfotipos de animais, que dentre estes os mais citados
foram as borboletas (19 vezes), os gatos (6 vezes) e tatus (4 vezes). A esta representatividade, pode-
se inferir que estes animais são mais perceptíveis, sendo que as borboletas são animais voadores
fáceis de serem avistados, pela sua beleza e cores chamativas (CANTANHEDE et al., 2016). Já os
gatos são animais domésticos considerados companheiros e de fácil relação com seres humanos. Os
tatus são considerados animais pertencentes ao bioma Caatinga e por esse motivo, são fáceis de
serem identificáveis já que a maioria dos alunos entrevistados reside na zona rural, demonstrando-se
que ambos têm maior contato com o ecossistema onde vivem (DOURADO, 2013).
Identificou-se a representação de três animais exóticos (girafa, jacaré e leão), isso se atribui
provavelmente pela “influencia da mídia (filmes, desenhos) ou recursos didáticos utilizados na
própria escola” (CANTANHEDE et al., 2016; SCHWARZ, SAVEGNANI, ANDRÉ, 2007;
PEDRINI et. al., 2010).
Sobre a atmosfera, foram identificados seis elementos: arco-íris, céu, chuva, nuvem, sol e
solo. O elemento sol foi o mais destacado, sendo citado em 42 desenhos de ambos os sexos (Tabela
1). Estes dados podem ser comparados com a pesquisa de Cantanhede et al. (2016), que realizando
uma pesquisa por meio de desenhos com alunos do 6° e 7° ano, obtiveram representação do sol em
52 desenhos (78,78%).
Em relação à ação humana no meio ambiente, observou-se que foram representados o
elemento seres humanos em 37 desenhos e o elemento casa em 4 desenhos compreendidos nas
ilustrações de alunas e alunos (Tabela 1). Isso demonstra que quando se pensa em meio ambiente
compreende-se intrinsecamente a relação homem-natureza, podendo-se inferir que os alunos
compreendem a presença do ser humano como fator diretamente envolvido ao meio ambiente em
que vivem. Isso se justifica quando Tamaio (2002) afirma que “a natureza é resultante de uma
produção humana, em que as significações se constroem no ambiente por meio da relação dos
homens entre si”.
Representações F M Total
Abelha 2 0 2
Arco-íris 0 2 2
Árvores 21 22 43
Borboleta 15 4 19
Casa 2 2 4
Céu 2 1 3
Chuva 7 7 14
Descarte do lixo 3 1 4
Flores 21 18 39
Fruta 4 3 7
Gato 5 1 6
Girafa 1 0 1
Jacaré 1 0 1
Leão 0 2 2
Minhoca 0 1 1
Nuvem 16 21 37
Pássaro 1 2 3
Peixe 2 1 3
Consumo consciente da água 1 3 4
Representação abstrata 1 5 6
Rio 10 10 20
Seres Humanos 19 18 37
Sol 20 22 42
Solo 11 8 19
Tatú 3 1 4
Total 168 155 323
* Feminino (F) e Masculino (M).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOSA, Cláudia Regina; TESSER, Hanlandey Camilo de Borba. Desafios da Educação Ambiental
nas escolas municipais do município de Caçador - SC. Revista Monografias Ambientais, Santa
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Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade, 2004.
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ambiental na escola municipal de educação infantil gente miúda (o ambiente escolar como um
caminho para transformações) na cidade de Mata, RS. Revista Monografias Ambientais, Rio
Grande do Sul, v. 4, n. 4, p.707-717. 2011.
GADOTTI, M. Pedagogia da terra. 6ª Ed. São Paulo: Editora Peirópolis, 2006. p. 217
PEDRINI, A.G.; RUA, M.B.; BERNADES, L.M.C.; MARIANO, D.F.C.; FONSECA, L.B.;
ADAMS, B. A percepção através de desenhos infantis como método diagnóstico conceitual para
educação ambiental. In: PEDRINI, A. G. & SANTO, C.H. (Orgs). Paradigmas metodológicos
em educação ambiental. Editora Vozes, 2014.
TELLES, Chayanne Alessandra; SILVA, Guilherme Leonardo Freitas. Relação criança e Meio
Ambiente: Avaliação da percepção ambiental através da análise do desenho infantil. Revista
Techno@ng, Paraná, n. 6, p.1-15, dez. 2012.
RESUMO
A educação ambiental tem o objetivo de imprimir ao indivíduo um caráter social em sua relação
com a natureza e com os outros seres humanos. Mostrar essa relação tornou-se um grande desafio,
principalmente, em áreas muito urbanizadas. De forma geral é comum as pessoas conhecerem
alguma planta com propriedades medicinais. Esse conhecimento torna-se um elo importante para
iniciar ensinamentos sobre a importância dos recursos naturais e sua preservação, visto que já há um
pequeno entendimento dos benefícios que podem ser advindos de plantas. Assim, o trabalho tem
como objetivo relacionar a extensão universitária com a educação ambiental na comunidade do
entorno da UFRRJ por meio da distribuição de mudas de plantas medicinais que incentivariam uma
melhor percepção ambiental dos moradores da região. O projeto foi uma parceria do grupo PET-
Floresta com a Secretaria do Meio Ambiente e Agronegócios do Município de Seropédica. O grupo
PET Floresta produziu 281 mudas de 8 espécies diferentes que foram distribuídas a comunidade em
comemoração ao dia do Meio Ambiente na praça central do município de Seropédica. No dia do
evento, obtiveram-se a participação de 288 pessoas, entre elas a maioria teve o interesse nas mudas
de plantas medicinais, por causa dos benefícios, de seu pequeno porte e fácil cultivo. O evento
possibilitou diálogos do grupo PET-Floresta com as pessoas que participaram da ocasião,
fornecendo informações sobre a importância da reciclagem de materiais e cuidados das plantas,
estimulando assim o início de uma conscientização ambiental da comunidade do entorno a
universidade. O resultado aqui apresentado foi importante para o delineamento de novas parecerias
entre Universidade e Prefeitura, e principalmente acolhimento da comunidade. Acredita-se que
novos projetos surgirão a partir dos bons resultados obtidos.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Meio Ambiente, Reciclagem.
ABSTRACT
The Environmental Education is a dimension of education, it is the activitie of social pratice , that
must print to individual development to a social character in their relationship with the nature and
143
Orientadora: Vanessa Maria BASSO Professora do Departamento de Silvicultura, Instituto de Florestas – UFRRJ
(nessabasso@yahoo.com.br)
with the others humans, aiming increase this human activity with the purpose of making it full of
social practice and environmental ethics”, according to the National Curricular Guidelines for
Environmental Education , Art. 2°. This work have with objective relationship the universitary
extension with the environmental education in the community around the UFRRJ through the
distribution of seedlings that would encourage a better environmental perception of the habitant of
the region.Therefore, the Pet-Florest group feat with the Environmental and Agrobusiness
Secretary of the Seropedica’s Municipal, Pet-Forest group, Flora Jr- Junior Enterprise of Forest
Engineering, Embrapa, CEDAE and Flona Mario Xavier-ICMBio developed activities were based
on the delivery of the seedlings with the use of recycled cups as containers, these seedlings were
produced by the students of forestry engineering during a mini-course withthe theme Propagation of
medicinal plants, in wich were produced 281 seedlings of 8 different species. O the day of the
event, the participation of 288 people was obtained, among them the majority had the interest in the
seedlings of medicinal plants, because of the benefits, of its small size and easy cultivation. This
project enabled dialogues of the PET-Forest group with the people who participated in the occasion,
thus stimulating an environmental awareness of the society and encouraging the reuse of packaging,
so increasing its useful life.
Keywords: Environmental Education , Environmento , Recycle.
INTRODUÇÃO
espécies medicinais herbáceas é uma opção que pode ser cultivada em pequenos vasos e pode atrair
o interesse de mais pessoas, sendo novamente um elo para falar sobre meio ambiente.
Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo relacionar a extensão universitária com
a educação ambiental na comunidade do entorno da UFRRJ por meio da distribuição de mudas
medicinais que incentivariam uma melhor percepção ambiental dos moradores da região.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
As plantas cultivadas foram escolhidas com base nas suas propriedades medicinais,
facilidade em serem encontradas e cultivadas, além de serem mais conhecidas pela comunidade, são
elas: boldo (Peumus boldus), erva cidreira (Melissa officinalis), terramicina (Alternanthera
dentata), camomila (Matricaria chamomilla), arruda (Ruta graveolens), salsa (Petroselinum
crispum), pimenta vermelha (Capsicum sp), alecrim (Rosmarinus officinalis), manjericão (Ocimum
basilicum) e coentro (Coriandrum sativum).
Foram utilizados copos de suco reciclados como recipientes para as mudas. Esses copos
foram recolhidos do restaurante universitário da UFRRJ, higienizados e furados para permitir a
drenagem. Essa reutilização de material plástico descartado corrobora com sustentabilidade
empregada nessa atividade, além de demonstrar aos envolvidos as possibilidades de reuso de
produtos utilizados diariamente na universidade.
Depois de produzidas, as mudas foram alocadas no canteiro do viveiro onde foram
acompanhadas pelos integrantes do grupo PET-Floresta até o dia 10 de junho de 2018.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram produzidas com sucesso 281 mudas no total, de acordo com a tabela 1.
O evento aconteceu no domingo, 10 de junho de 2018, com início às 8:00 horas na Praça
Nildo Romano, centro do município de Seropédica. Além das mudas medicinais distribuídas pelo
PET-Floresta, os outros grupos envolvidos na atividade distribuíram mudas e sementes de espécies
arbóreas nativas, frutíferas e aromáticas.
A participação da comunidade de Seropédica no evento foi significativa, totalizando 288
pessoas cadastradas com retirada de mudas medicinais e/ou arbóreas (Figura 3).
Figura 3. Integrantes do PET Floresta no evento do Dia Mundial do Meio Ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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jul. 2018.
BELGRADO. Carta de Belgrado: Uma estrutura global para educação ambiental, 1975.
Disponível
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<http://editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Modalidade_2datahora_25_05_2014_21_4
9_44_idinscrito_1436_4a0526327b4af5>. Acesso em: 26 jul. 2018.
PAGANI, C. A.; SILVA, B. F. da. Uso popular de plantas medicinais no tratamento da ansiedade.
Universidade Do Planalto Catarinense – UNIPLAC, 2016. Disponível em: <
http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2017/09/Claudia-Arruda-Pagani.pdf>.
Acesso em: 25 jul. 2018.
RESUMO
Os recursos hídricos são importantes por se tratarem de uma fonte de vida única e mantenedora do
equilíbrio dos ecossistemas, sendo necessárias ações que busquem a conservação do mesmo. O
presente trabalho tem como objetivo realizar um ciclo de atividades educativas, com alunos de duas
escolas no estado de Sergipe, sobre a importância e poluição dos recursos hídricos, utilizando como
cenário a Bacia Costeira do Sapucaia. O trabalho foi realizado com os alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental II de duas instituições públicas de ensino fundamental e médio localizadas nos
municípios de Pirambu e Japaratuba. A atividade foi dividida em duas etapas, iniciadas com uma
palestra para embasamento teórico do tema, seguido de debate e uma atividade prática que
culminou na confecção de cartazes informativos. Os resultados apontam que os alunos
desconheciam informações sobre a BCS. Entretanto, após a execução de atividades didáticas estes
demonstraram ter assimilado o conteúdo que despertou um olhar diferente e o pertencimento para
com os recursos ambientais locais.
Palavras-chave: Escola; Educação Ambiental; Água.
ABSTRACT
Water resources are significant because they are a unique source of life and maintain the balance of
ecosystems, and actions are needed to conserve It. The present work aims to carry out a cycle of
educational activities, with students from two schools in the state of Sergipe, on the significance
and defilement of water resources, using as a backdrop the Bacia Costeira de Sapucaia. The work
was executed with students on the last year of Junior High of two public schools, institutions of
primary and secondary education located in the municipalities of Pirambu and Japaratuba. The
activity was divided in two stages, started with a lecture for theoretical basis of the theme, followed
by debate and a practical activity that culminated in the production of informative posters. The
results indicate that the students did not know about BCS. However, after the execution of didactic
activities, they demonstrated assimilation of the content that aroused a different look and belonging
to the local environmental resources.
Keywords: School; Environmental education; Water.
INTRODUÃO
A conservação dos recursos hídricos tem extrema relevância para a manutenção da vida no
planeta, e o conhecimento sobre a sua importância é fundamental nas suas mais diferenciadas
vertentes, sendo um recurso indispensável para uma boa qualidade de vida e insubstituível para
todos os seres vivos (TUNDISI, 2006; BACCI & PATTACA, 2008; ALCÂNTARA et al., 2012).
Apesar de ser um bem substancial para a manutenção do equilíbrio das cadeias
ecossistêmicas, o ciclo hidrológico vive sob constante ameaça, principalmente em virtude do seu
uso irracional em diversas atividades humanas, que acarretam na alta demanda pela água, na
poluição dos meios hídricos, além da ausência de ações de conservação e sensibilização
(BUTCHART et al., 2010; RANDS et al., 2010). Esse conjunto de problemas engloba os contextos
social, econômico e ambiental, acarretando na problemática denominada “crise da água”
(MORAES & JORDÃO, 2002; TUNDISI et al., 2008; GALDINO et al., 2018).
A partir da segunda metade do século XX, diversos movimentos, tratados e ações foram
organizados com intuito de discutir questões relativas ao meio ambiente, inclusive sobre
distribuição, acesso e manutenção do meio hídrico mundial. A exemplo da Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, no ano de 1972 em Estocolmo na Suécia; o Relatório
Brundtland publicado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento em
1987; a ECO 92 ou Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
realizada em 1992; e a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +
20), em 2012, no Rio de Janeiro, Brasil. Em todas essas ocasiões, foram discutidas e abordadas as
questões ambientais, os riscos do uso irracional dos recursos naturais e planejadas ações de
conservação, incluindo os problemas referentes à crise hídrica mundial, sobretudo a distribuição,
manejo e conservação dos corpos d’água (MEADOWS et al., 1972; PASSOS, 2009; BARBIERE &
DA SILVA, 2011; VIEIRA, 2012).
Tais problemáticas ambientais reforçam a importância do processo de sensibilização da
sociedade por meio dos programas de Educação Ambiental (EA), que podem ser executados nas
mais diferentes escalas, incluindo intervenções com enfoque interdisciplinar (MARCATTO, 2002).
A Educação Ambiental é uma ferramenta que estimula e contribui para formação de
indivíduos mais conscientes, críticos e comprometidos com a conservação ambiental, além de
auxiliar na tomada de decisões para transformar positivamente ambientes comunitários promovendo
o desenvolvimento local e regional (BERLINCK et al., 2003; BENACHIO, 2011). Ela estabelece
um diálogo com a comunidade a respeito das questões de temática ambiental locais mostrando ao
indivíduo o seu valor como cidadão (FREITAS & RIBEIRO, 2007; NARCIZO, 2009).
Quando abordada no contexto escolar, a Educação Ambiental contribui para o conhecimento
dos discentes sobre as causas e efeitos dos problemas ambientais do seu cotidiano, estimulando a
reflexão e participação mais ativa destes na solução de tais problemas (MARCATTO, 2002). A
escola tem um papel fundamental na construção de valores, conceitos e no fortalecimento da
cidadania com a finalidade de tornar a comunidade mais responsável pela conservação ambiental
local (SILVA & FERREIRA, 2014).
Segundo Oliveira, Vargas (2009), as diversas ferramentas utilizadas para o desenvolvimento
da educação ambiental dentro da escola fortalecem a construção de diferentes interpretações e
significados e finalmente levam a sensibilização ambiental com mudança de valores e atitudes.
Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo realizar um ciclo de atividades educativas
sobre a importância e poluição dos recursos hídricos com alunos de duas escolas no estado de
Sergipe, utilizando como cenário a uma bacia hidrográfica local.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A Bacia Costeira do Sapucaia (BCS), é uma nova Bacia Hidrográfica do Estado de Sergipe
reconhecida em 2015 e com área de 118,34 km², localizada nos municípios de Pirambu e Japaratuba
entre as Bacias Hidrográficas do Rio Japaratuba e do Rio São Francisco. A BCS desempenha um
importante papel de abastecimento de parte da população dos municípios abrangidos e segundo
informações do Estado, a área da bacia vem apresentando um elevado crescimento imobiliário e
turístico devido à beleza dos recursos naturais da região (SERGIPE, 2015; SERGIPE, 2012).
Escolas
O trabalho foi realizado com os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II, com idades
entre 14 e 18, de duas instituições públicas de ensino fundamental e médio localizadas nos
municípios de Pirambu e Japaratuba, área de abrangência da BCS.
Atividades Educativas
Inicialmente, o projeto foi proposto para a direção das escolas e realizado o planejamento
das atividades em duas etapas/dias: (1) importância dos recursos hídricos e (2) poluição dos
recursos hídricos por resíduos sólidos. Ambas as atividades iniciaram com uma palestra, momento
teórico para embasamento sobre o tema trabalhado, seguida de debate e uma atividade prática que
culminou na confecção de cartazes informativos. Para o tema recursos hídricos foi solicitada a
representação da BCS em cartaz e para o tema poluição, foi realizada com os alunos uma atividade
de coleta de resíduos sólidos na escola e construído de um cartaz informativo com o tempo de
decomposição das diversas categorias de resíduos coletados (Quadro 1).
Quadro 1: Tema da atividade, conteúdo das palestras e material utilizado para confecção dos cartazes. Fonte:
Elaborado pelos autores, 2017.
Tema Abordado Conteúdo Material
Recursos Hídricos Conceitos de recursos hídricos Cartolina branca
Conceito de bacia hidrográfica Tinta guache
Bacia Hidrográfica do Sapucaia Pincéis
Lápis grafite
Poluição por Resíduos Poluição por resíduos sólidos Papel kraft
Sólidos Riscos da poluição por resíduos sólidos Pincel atômico
Poluição local por resíduos sólidos Cola quente
Lixo coletado nas escolas
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1 - Cartazes sobre a BCS confeccionados pelos alunos das escolas de Japaratuba (A) e Pirambu (B).
A figura 1A mostra que os alunos de Japaratuba não representaram a junção dos rios da BCS
antes do deságue no mar, enquanto na figura 1B houve a correta caracterização da mesma. A
pintura 1A confeccionada mostra a falta de entendimento por parte dos alunos e durante a atividade,
a equipe do projeto enfatizou para os alunos a informação correta, retomando ao conteúdo abordado
na palestra onde foi mostrado que a área de uma bacia é geralmente íngreme, seus rios tendem a se
unir em um ponto mais baixo, contribuindo para o rio principal que vai desaguar no mar. Esse fato
pode ter relação com a localização, uma vez que, Japaratuba encontra-se na região de formação da
BCS, enquanto Pirambu está situada na foz da bacia.
Oliveira et al. (2015), também realizou palestras com temas relacionados a preservação de
recursos hídricos e os impactos causados pelas ações antrópicas e confeccionou cartazes com 23
alunos de uma escola estadual de Mandirituba/PR, utilizando como cenário as nascentes e rios da
região. O autor argumenta que alunos demonstraram baixa percepção quanto à importância de
preservação dos recursos hídricos, porém notou interesse dos alunos ao utilizar como cenário os
recursos locais. O autor reforça a importância dos trabalhos de educação ambiental na escola
utilizarem a realidade e conhecimento local para melhorar a percepção sobre o tema abordado,
contribuindo assim para formação de cidadãos conscientes.
O segundo tema abordado também gerou surpresa diante dos números alarmantes de
produção de lixo no Brasil, além das formas de poluição dos resíduos sólidos aos recursos hídricos
abordadas em diversas pesquisas (COSTA et al., 2016; SOARES & LEÃO, 2015). Os tipos de
impactos ambientais causados pela geração de resíduos sólidos foi um questionamento levantado
pelos alunos e discutido durante a apresentação, ressaltando os efeitos sobre os recursos hídricos.
Após a coleta de resíduos nas escolas, os alunos separaram o material em categorias e
buscaram informações sobre o tempo de decomposição de cada uma delas. Em seguida,
confeccionaram um cartaz contendo o material coletado, sua descrição e o tempo de decomposição
(Figura 2).
Figura 2 - Cartazes sobre tempo de decomposição dos resíduos sólidos confeccionados pelos alunos das
escolas de Japaratuba (A) e Pirambu (B).
Durante essa atividade os alunos conheceram o real tempo de decomposição de cada tipo de
resíduo e tiveram oportunidade para discutir e entender como o descarte inadequado destes pode
afetar a natureza e consequentemente a qualidade de vida da sua comunidade.
Silva & Lemos (2015), também desenvolveram um trabalho sobre o lixo produzido na
escola com alunos do ensino fundamental de uma escola estadual de São Luiz do Norte, Goiás.
Foram realizadas atividades de coleta e separação do lixo escolar, pesquisa sobre os tipos de lixo e o
tempo de decomposição, desenhos, confecção e exposição de cartazes sobre o tema. Os autores
relatam que as atividades trouxeram uma nova visão para os alunos sobre o ambiente que os cercam
e os riscos que o descarte inadequado do lixo pode causar no meio ambiente. Adicionalmente, a
realização do ciclo de atividades proporcionou aos alunos uma forma mais interativa para trabalhar
temas na sala de aula, tornando a aula mais atrativa e consequentemente despertando o interesse dos
alunos.
A realização de trabalhos de EA abordando as temáticas recursos hídricos e poluição são
relevantes para conscientização da população sobre o cenário atual de degradação dos recursos
hídricos, especialmente por meio dos resíduos sólidos.
Para Branco et al. (2018):
Dado que, a história da humanidade sempre esteve ligada a água, desde o surgimento das
primeiras civilizações próximas a corpos hídricos como os rios Nilo no Egito e o Tigre e Eufrates
na Mesopotâmia que serviram de base para construção das primeiras civilizações. A fundação de
cidades normalmente próximas a corpos hídricos se dava para facilitar a obtenção de água e mesmo
com a evolução na forma de construção e do funcionamento dessas civilizações, na zona rural ou
urbana, a dependência da água sempre foi inquestionável (REZENDE FILHO, 1992; MUCELIN &
BELLINI, 2008).
Apesar da sua grande importância, os recursos hídricos são altamente impactados pelas
ações antrópicas, principalmente com o descarte inadequado dos resíduos sólidos que pode
provocar a contaminação direta da água, enchentes que levam a proliferação de vetores
transmissores de doenças além de afetar toda a biodiversidade presente nesse recurso (MUCELIN
& BELLINI, 2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BACCI, D. C.; PATACA, E. M. Educação para a água. Estudos Avançados, v 22, n. 63, p. 211 –
226, May./ Aug. 2008.
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pública participativa. Revista Geográfica de América Central, v 2, n. 47, p. 2 – 12, Jul. 2011.
MORAES, D. S. L.; JORDÃO, B. Q. Degradação de recurso hídricos e seus efeitos sobre a saúde
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REZENDE FILHO, C. B. História Econômica Geral. São Paulo: Contexto, 1992. 360 p.
SERGIPE. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. Atlas de Recursos Hídricos.
Aracaju: Semarh/SRH, 2015. (Pen card).
SERGIPE. Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Plano Estadual de Recursos Hídricos de
Sergipe (PERH/SE). Aracaju: Secretaria de Meio Ambiente, 2012.
SILVA, E. C.; LEMOS, C. L. S. Educação ambiental ¬ o lixo que produzimos na escola: um relato
de experiência. Educação Ambiental em Ação, n. 53, p. 1-9, 2015.
TUNDISI, J. G. Novas perspectivas para a gestão de recursos hídricos. Revista USP, n. 70, p. 24 –
35, Jun./Jul. 2006.
TUNDISI, J. G. Recursos hídricos no futuro: problema e soluções. Estudos Avançados, v 22, n. 63,
p. 7-16, May./Aug. 2008.
RESUMO
Atualmente o planeta vem passando por momentos de grande devastação ambiental,
comprometendo todas as formas de vida. A educação ambiental (EA) é uma das formas de levar a
sensibilização e conscientização da importância da preservação dos recursos naturais. Um espaço
muito importante para o desenvolvimento da EA é a escola, pois esta é capaz de trabalhar na
formação integral do sujeito. Dentro do ambiente escolar, uma das formas de se trabalhar EA, que
tem se mostrado bastante eficiente, é a utilização de jogos didáticos, pois são dinâmicos e divertidos
e os alunos participam de forma prazerosa. Dentro desse contexto, o presente trabalho objetivou
realizar educação ambiental com foco em mata ciliar em escolas ribeirinhas amazônicas, localizadas
no município de Laranjal do Jari, estado do Amapá, Brasil. As metodologias utilizadas foram
compostas de quatro etapas: aplicação de questionário I, aula teórica expositiva, jogos didáticos e
aplicação de questionário II. O estudo foi realizado no mês de maio de 2018 com 45 alunos, 30 da
educação infantil e 15 do ensino fundamental, de ambos os sexos com idades variando entre 7 a 14
anos, com composição familiar de aproximadamente 5 pessoas. O questionário I, apontou que os
estudantes não obtinham nenhum conhecimento sobre mata ciliar (99%). A aula teórica deu-se com
auxílio de retroprojetor e os jogos foram denominados: perguntas e respostas, a lista de mais nomes,
boliche das árvores ciliares, encontre o tesouro, mímica das matas, eu amo a natureza e protejo as
matas ciliares. Após a aula e os jogos, 100% dos alunos sabiam definir mata ciliar, sua importância
e consequência da devastação, comprovados pela aplicação do questionário II. Os resultados foram
alcançados. Anseia-se que essa proposta possa contribuir para formação de cidadãos com
consciência ambiental e os jogos didáticos possam ser utilizados como recursos de metodologias de
ensino.
Palavras-chave: Preservação. Sustentabilidade. Ensino-aprendizagem.
ABSTRACT
Recently, the planet has been passing through a large environmental devastation, jeopardizing all
forms of life. Environmental education (EA) is one of the ways to raise sensibility, awareness and
importance of preserving the natural resources. A very important place for the development of EA
is the school, since it’s capable of working on the integral formation of the subject within the school
environment. One way of working EA, which has shown great efficiency, is the usage of
educational games which are dynamic and enjoyable and students participate pleasantly. Based
upon this context, the current work aims to carry out environmental education with focus on ciliary
forest in riverside Amazonia schools located in the Municipality of Laranjal do Jari, Amapá state of
Brazil. The methodologies used were composed of four stages: application of questionnaire I,
theoretical lectures, didactic games and application of questionnaire II. The study was held in May
2018 with 45 students, 30 from the kindergarten and 15 from the elementary school, 7 to 14 years
old female and male students. Each student s family is compound of approximately 5 people.
Questionnaire I, pointed out that the students did not obtain any knowledge about riparian forest
(99%). The theoretical class was given with the help of overhead projector and the games were
called: Questions and answers, the list of more names, bowling of the ciliary trees, find the treasure,
mimic of the woods; I love nature and protect the riparian forests. After class and games, 100% of
the students knew how to define riparian forest, its importance and the consequences of devastation,
proved by the application of the questionnaire II. The results were achieved. It is hoped that this
proposal can contribute to the formation of citizens with environmental awareness. Didactic games
can be used as resources of teaching methodologies.
Keywords: Preservation. Sustainability. Teaching-learning.
INTRODUÇÃO
A interação homem-meio ambiente era baseado em mutualismo, não existia separação entre
o homem e o meio geográfico, havia abastança de recursos naturais que pareciam inesgotáveis,
consequentemente não refletiam a respeito de sua degradação. Mas em devido momento surgiu no
homem o desejo de dominar, manipular e comercializar a natureza, e se perdurou anos após anos.
(FELIPE et al. 2012).
Atualmente na sociedade industrializada e tecnológica, temas relacionados à
sustentabilidade e preservação ambiental tem sido abordado com frequência. Diversos eventos são
realizados ao redor do mundo para conscientizar e sensibilizar a população mundial que os recursos
naturais do planeta Terra estão se esgotando.
Uma das alternativas de levar essa conscientização à população, é através da educação
ambiental. Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental – Lei nº 9795/1999, Art 1º:
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
tendo assim responsabilidade de melhorar a condição de vida dos indivíduos, por meio de
informação e conscientização. Segundo Medeiros et al (2011), é relevante que a educação ambiental
se inicie nos primeiros anos da escolaridade, pois é quando começa o processo de formação da
personalidade do aluno, e essa educação contribuirá para que haja cidadãos preocupados com os
dias atuais e as gerações futuras.
A prática da EA necessita de projetos complementares e atividades para atingir seus
objetivos e assim alcançar a valorização de conceitos importantes para uma cidadania
ambientalmente responsável (BREDA E PICANÇO, 2011). Mediante isto, é preciso construir
estratégias de ensino que levem os estudantes a alcançarem uma aprendizagem significativa, uma
metodologia alternativa, é o uso de jogos didáticos.
O jogo didático é aquele que tem o objetivo de facilitar a aprendizagem, é distinto do
material pedagógico, por conter características lúdicas (CUNHA, 1988). De acordo com Kishimoto,
(1996) In Silva et al. (2014), o jogo lúdico é a base que conduz um conteúdo didático específico,
resultando em uma ação divertida que concede ao aluno o ato de obter informações, além de atuar
no desenvolvimento de habilidade como a coordenação motora, criatividade, concentração, rapidez,
responsabilidade e trabalho em equipe.
Devido os assuntos abordados em educação ambiental serem muito abrangentes, o estudo se
especificou em conservação das matas ciliares, que recebem este nome devido a correlação entre a
proteção dos cílios dos olhos e a função protetora quanto aos corpos d’água (KUNTSCHIK, et al.
2011). As matas ciliares são áreas de vegetação que recobrem as margens dos rios e de suas
nascentes, são importantes por apresentarem um conjunto de funções ecológicas relevantes para a
qualidade de vida, afirma Castro et al. (2012). Além disso atuam como corredores naturais de
espécies da flora e da fauna, possibilitando deslocamento, alimentação e reprodução, garantindo a
biodiversidade da região.
A retirada da mata ciliar faz com que a água da chuva escoe sobre a superfície, diminuindo a
infiltração consequentemente diminuindo o armazenamento no lençol freático, o que acarreta em
enchentes durante as chuvas, uma vez que volume de água no subsolo é reduzido (BACELLAR
2005). Sem a mata ciliar ocorre o assoreamento, onde a erosão das margens leva terra para dentro
do rio (SCHUCH, 2010).
O presente trabalho foi realizado em escolas ribeirinhas do município de Laranjal do Jari
que surgiu de forma desorganizada em 1967, decorrente principalmente da chegada à região do
Vale do Jari da Companhia Jari Florestal e Agropecuária Ltda. Em busca de melhorias de condições
de vida, várias pessoas migraram para a cidade, e se estabeleceram na margem esquerda do rio Jari
(SIQUEIRA et al., 2011), degradando uma boa parte da mata ciliar.
A bacia hidrográfica do rio Jari situa-se na região amazônica, parte setentrional da bacia do
rio Amazonas, apresenta cerca de 57.000 km2 de área. O rio Jari tem sua nascente na Serra do
Tumucumaque e é um importante contribuinte da margem esquerda do rio Amazonas, que faz a
divisa natural dos estados do Pará e do Amapá (HYDROS, 2011). Não diferindo do padrão
amazônico o rio e suas matas ciliares são ricos em biodiversidade.
Este estudo teve como objetivo ensinar através de jogos didáticos os benefícios das matas
ciliares e as consequências de sua devastação, com o intuito de ampliar o conhecimento dos alunos
e consequentemente promover ações que contribuam para preservação dessas matas que ainda
existem e resistem às margens do rio Jari.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O trabalho foi realizado com alunos ribeirinhos amazônicos de duas escolas públicas, a
escola Municipal Samaúma e a Escola Estadual Gal Emilio Garrastazu Médici, pertencentes ao
município de Laranjal do Jari no estado do Amapá, ambas estão localizadas à margem direita do rio
Jari, nos bairros denominados Malvinas e Sumaúma.
Figura 1 – Localização da cidade de Laranjal do Jari, Amapá, Brasil.
Fonte: CEA, 2006. Adaptação José Alberto Tostes 2011. IBGE 2006.
Após aplicação dos questionários, foi ministrada uma aula expositiva com o auxílio de um
retroprojetor, nela foram abordados conceitos relacionados ao tema, fazendo um paralelo com os
conhecimentos dos alunos, empregando a metodologia da teoria de David Ausebel, a qual propõe
que os conhecimentos prévios dos alunos sejam valorizados (PELIZZARI, 2002). Foi explicado o
que era meio ambiente e que as matas ciliares faziam parte dele, o que são essas matas, suas
funções, a importância de sua preservação e as consequências provenientes de sua devastação.
Após a exposição da aula teórica, os alunos foram divididos em duas equipes, na escola
Municipal Samaúma cada grupo foi composto de 15 alunos, e na escola Estadual G. E. G. Médici
um grupo com 7 alunos e outro com 8. Assim poderiam participar de forma organizada dos jogos
didáticos, as brincadeiras foram tituladas conforme os autores de:
“Pergunta e respostas”. Eram feitas perguntas da aula expositiva, e conforme os acertos os
grupos ganhavam pontuações.
“A lista de mais nomes”. Dava-se uma folha de papel A4 para equipe e tinham que escrever
nomes de peixes que encontravam no rio Jari, frutas que encontravam nas matas ciliares e
animais que viviam nessas matas. A equipe que escrevesse mais nome em menos tempo
ganhava a pontuação.
“Boliche das árvores ciliares”. Os pinos eram feitos de garrafas pet, no meio deles haviam
garrafas diferentes que representavam as árvores; ao jogar a bola para derrubar os pinos não
podiam derrubar os que eram representativos, pois perdiam pontuação.
“Encontre o tesouro”. Foram escondidos papéis com a escrita “mata ciliar” e o grupo que os
encontrasse em menos tempo ganhavam os pontos.
“Mímica das matas”. Um integrante de cada equipe foi escolhido e este teria que
representar, através de mímica, partes do assunto abordado, instruído pelos autores.
“Eu amo a natureza – protejo as matas ciliares”. Dois integrantes de cada equipe teriam que
fazer uma declaração de amor à natureza e dizer por que deveriam proteger as matas ciliares;
as melhores explanações ganhavam pontuação.
A fim de levar o aluno a refletir sobre o tema exposto, antes da aplicação de cada jogo,
fazia-se se uma breve explicação dos objetivos. Após as brincadeiras foi verificada a equipe que
mais pontuou, tornando-se assim a equipe vencedora. No entanto, diante da turma foi enfatizado
que as duas equipes eram vencedoras, pois se tratando de assuntos relacionados a preservação da
natureza, tanto das matas ciliares, quanto dos rios, animais e de tudo que engloba o ecossistema,
todos tendem a ganhar, pois somos participantes dele.
Em seguida foi aplicado o questionário II, que consistiu em analisar a aprendizagem dos
alunos após a aula e a aplicação dos jogos didáticos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa foi realizada no mês de maio de 2018, com 30 alunos do 2º e 3º ano da educação
infantil da escola Municipal Sumaúma e com 15 alunos do 6º ano do ensino fundamental da escola
Estadual Gal Emilio Garrastazu Médici.
Segundo a secretaria de educação do município, a escola Municipal Samaúma reside às
margens do rio Jari, há 17 anos e a escola Estadual Gal Emilio Garrastazu Médici há 30 anos.
Quanto ao entendimento sobre mata ciliares, 99% não sabiam do que se tratava,
consequentemente não sabiam sua importância.
Na aula expositiva os alunos ficaram atentos a cada explicação dada, se mostraram
envolvidos no assunto proposto e na observação das imagens do slide. Segundo Nogueira (2011),
slides são ótimos mecanismos, pois em função de ser uma forma dinâmica, facilita na
aprendizagem.
Na operacionalização dos jogos, como as turmas foram divididas em duas equipes, uma se
chamou “mata” e a outra “ciliar”, havia um graduando como líder de cada equipe. Os alunos
ficaram bastante animados em saber que teriam jogos e brincadeiras para participarem. Conforme
Pereira (2000) os jogos educativos são desenvolvidos para divertir os alunos e potencializar a
aprendizagem de conceitos, conteúdos e habilidades embutidas no jogo.
O primeiro jogo efetuado foi o de “perguntas e respostas” e se mostram dominantes do
assunto acertando cerca de 98% das perguntas. O próximo foi “a lista de mais nomes” demostraram
conhecimento também das espécies de peixes do rio Jari, e citaram aproximadamente 25 espécies, e
foi possível averiguar uma interação e boa comunicação entre os componentes das equipes. No
“boliche das árvores ciliares”, ficaram muito empolgados e tinham todo o cuidado para não
derrubarem as garrafas que representavam as árvores, nesse jogo, vale salientar que para a
confecção usou-se de material reciclado e as garrafas foram encontradas no lixo e reaproveitadas.
No jogo “encontre o tesouro” procuravam com bastante euforia e na “mímica das matas” se
mostraram criativos e participativos. O último jogo foi “Amo a natureza - protejo a mata ciliar”, em
foram obtidas declarações de grande importância como:
[...] eu amo a natureza porque ela me dá tudo que eu preciso, por isso que
devemos cuidar dela para sempre.
[...] eu amo a natureza por tudo, e devemos cuidar da mata ciliar para que
o nosso rio não fique seco.
[...] projeto a mata ciliar para que minha casa não caia na água.
Figura 03: Alunos participando dos jogos. AP; 2018. Acervo dos autores.
Diante dos resultados obtidos, foi evidenciado que o estudo foi proveitoso e válido, pois os
alunos absorveram e assimilaram muito bem os conteúdos e aprimoraram seus conhecimentos com
relação ao tema. A Educação Ambiental vem sendo inserida como uma indispensabilidade à
minimização e à prevenção dos problemas ambientais que atingem todo o planeta (GURGEL et al.
2010), trabalhos e projetos voltados ao tema são de grande relevância, principalmente nas escolas, e
o podem ser ensinados através de ferramentas diferenciadas como jogos didáticos.
Silva e Liers (2013) retrata que a educação ambiental associada aos jogos é de grande
validade. Produção de jogos didáticos favorecem aquisição de habilidades referentes à cognição,
afetividade e socialização, fundamentais para as atividades de educação ambiental na escola.
Kishimoto (1996) In Jann (2010) afirma que os jogos didáticos favorecem a obtenção e retenção de
conhecimentos de modo simples e divertido. Os alunos que participaram desse estudo demostraram
isso, confirmado através dos resultados do questionário II aplicado após os jogos, em que os alunos
mostraram melhores resultados, uma vez que 100% dos alunos sabiam definir mata ciliar, sua
importância e as consequências da devastação, evidenciando como os jogos são uma importante
ferramenta no processo de ensino-aprendizagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, D.; MELLO, R. S. P.; POESTER, G. C. Práticas para restauração da mata ciliar. Porto
Alegre, 2012.
HYDROS, E. Bacia Hidrográfica do Rio Jari / PA-AP Estudo de Inventário Hidrelétrico. Empresa
de Pesquisa Energética. São Paulo, 2011. Relatório Final.
KISHIMOTO, T. M. In: Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. Cortez, São Paulo, 1996. In
SILVA, J. S.; SOUSA, F. S.; SANTOS, F. C.; DANTAS, S. M. M. M. Baralho dos animais
invertebrados”: aprendendo de forma dinâmica. Revista da SBEnBio. 2004.
KISHIMOTO, T. M. In: Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. Cortez, São Paulo, 1996. In
JANN, P. N.; LEITE, M. F. Jogo de DNA: um instrumento pedagógico para o ensino de ciências
e biologia. Revista Ciência e Cognição. 2010.
MARCATTO, Celso. Educação ambiental: conceitos e princípios. Belo Horizonte: FEAM, 2002.
NOGUEIRA, E. J.; GOMES, L. F.; SOARES, M. L. A. Data show em sala de aula: fetiche
tecnológico contemporâneo. Revista EDaPECI, v.9, n.9, 2011.
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Casa Civil - Subchefia para Assuntos Jurídicos. LEI Nº 9.795,
DE 27 DE ABRIL DE 1999. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
cfm?codlegi=321. Acesso em: 28/03/2018
SILVA, R. L. F; LIERS, L. A. Jogo didático para educação ambiental no contexto das mudanças
ambientais globais: elementos do processo de apropriação por professores da educação básica.
Atas do IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – IX ENPEC Águas de
Lindóia, SP – 10 a 14 de novembro de 2013.
RESUMO
Trabalhar com educação ambiental significa pensar num futuro melhor para nosso mundo e para as
pessoas que aqui vivem, colocando em prática uma ação transformadora das nossas consciências e
de nossa qualidade de vida. Diante dos problemas ambientais que vêm se intensificando, é muito
importante que as novas gerações possam ter em sua vivência práticas de educação ambiental e a
escola é o lugar ideal para que esse processo aconteça. O objetivo deste estudo foi levar aos alunos
do quarto e quinto ano da Escola Estadual Padre Sátiro Cavalcante Dantas, no município de
Mossoró/RN, conhecimentos acerca do meio ambiente, aplicando palestras, oficinas e
questionários, visando comparar o grau de compreensão dos alunos.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Reutilização; meio ambiente; Sensibilização.
ABSTRACT
Working with environmental education means thinking of a better future for our world and for the
people who live here, putting into practice a transforming action of our consciences and our quality
of life. Given the environmental problems that have been intensifying, it is very important that the
new generations can have in their experience environmental education practices and the school is
the ideal place for this process to happen. The objective of this study was to bring to the pupils of
the fourth and fifth year of the state school Padre Sátiro Cavalcante Dantas, in the municipality of
Mossoró/RN, knowledge about the environment, applying lectures, workshops and questionnaires,
aiming to compare the degree of understanding of the students.
Keywords: Environmental education; Reuse; environment; Awareness.
INTRODUÇÃO
contexto, surge a Educação Ambiental, como auxílio a tantas crises socioambientais, caracterizada
por processos aos quais os indivíduos e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente.
As questões ambientais começaram a se apresentar pelos idos dos anos 1970, quando eclode
no mundo um conjunto de manifestações, incluindo a liberação feminina, a revolução estudantil de
maio de 1968 na França e o endurecimento das condições políticas na América Latina, com a
instituição de governos autoritários, em resposta às exigências de organização democrática dos
povos em busca de seus direitos à liberdade, ao trabalho, à educação, à saúde, ao lazer e à definição
participativa de seus destinos (PÁDUA; TABANEZ, 1997, p. 225- 263).
Para Pereira (1993) Educação Ambiental é uma adaptação contínua do homem ao ambiente
onde vive e ao seu nicho ecológico, tentando sempre manter o equilíbrio harmônico em suas
relações com o meio e com as populações que o rodeiam. Para o autor a EA, devido as suas
características multidimensionais, se insere em outras dimensões educacionais, tais como a
educação para os direitos humanos, para a saúde, para o desenvolvimento e para a cidadania.
Conforme a Lei nº 9.795/99, a educação ambiental envolve a promoção de processos pedagógicos
que favoreçam a construção de valores sociais, conhecimentos, habilidades e atitudes voltadas para
a conquista da sustentabilidade socioambiental e a melhoria da qualidade de vida. Portanto, é
necessário que a educação para a sustentabilidade faça parte do processo ensino-aprendizagem,
conscientizando e abrindo portas para um futuro ambiental melhor.
Nesse sentido, o presente trabalho expõe uma das experiências de educação ambiental
desenvolvidas com as crianças do quarto e quinto ano da escola Padre Sátiro Cavalcante Dantas,
localizada no município de Mossoró/RN, com a finalidade de expandir entendimentos acerca da
temática ambiental e despertar um novo olhar para com o meio ambiente.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Pesquisa Bibliográfica
A metodologia deste trabalho teve como primeiro passo a pesquisa bibliográfica, que
segundo Gil (2002) é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente
de livros e artigos científicos. Neste sentido tem como objetivo uma análise mais aprofundada
dessas publicações em determinada área do conhecimento, assim como conhecer como e quais
metodologias foram empregadas nesses estudos, analisando a que melhor se encaixa nos aspectos
deste trabalho.
Pesquisa de Campo
O trabalho foi realizado com alunos do quarto e quinto ano da Escola Estadual Padre Sátiro
Cavalcante Dantas, no município de Mossoró/RN, onde o número de alunos são, respectivamente,
25 e 32, somando um total de 57 alunos. Antes de dar início às demais etapas, foi feito um estudo
de campo, que "consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente,
na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presume relevantes, para
analisá-los" (MARCONI; LAKATOS, 2011, p.69).
Palestra
Em seguida, foi realizada uma palestra aos alunos do quarto e quinto ano da referida escola,
enfocando na temática do meio ambiente, poluição, coleta seletiva e 3R’s. Buscou-se conscientizar
os alunos de ações que por mais que parecessem inofensivas, causam algum impacto negativo ao
ambiente, trazendo reflexões sobre suas próprias ações, com pensamentos voltados para a
verdadeira importância do meio ambiente. É necessário que a educação para a sustentabilidade faça
parte do processo ensino-aprendizagem, conscientizando e abrindo portas para um futuro ambiental
melhor.
Questionário
Pesquisa Quantitativa
Gincana
Durante a palestra foi proposto para as duas turmas trazerem de casa rolinhos de papel
higiênico, que seriam contabilizados e a turma que mais acumulasse iria ganhar uma oficina sobre
reutilização para fabricação de brinquedos com esses rolinhos, após isso eles os ganhariam como
brindes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
100%
80%
60%
0,95
40% 0,69
20% 0,31
0,05
0%
Como mostrado no gráfico 1, antes das palestras a maioria (69%) dos alunos não
consideravam a escola um meio ambiente a ser cuidado, isso porque a maioria justificou que a
escola não seria meio ambiente pelo fato de ser um ambiente construído, não natural. A visão foi
mudada após a reaplicação do questionário, onde 95% das crianças responderam que a escola é sim
um meio ambiente a ser cuidado, principalmente por eles, dada a convivência diária que as crianças
têm com o lugar.
20%
0%
O gráfico 2 denota que 59% dos alunos inicialmente não sabiam a melhor finalidade a ser
dada para o lixo orgânico. Além disso, nenhuma criança sabia o que é e quais os benefícios da
compostagem. Essa problemática é bastante notada no âmbito doméstico, pois a visão dominante
que se tem da compostagem é que é uma coisa anti-higiênica, o que faz muita gente desconhecer
essa técnica, que de fato é benéfica para o meio ambiente. O gráfico 3 também traz à tona a questão
da falta de atenção da população para com a reciclagem, uma vez que 61% das crianças não
souberam nem responder o que é reciclagem. Após a palestra, a quantidade de acertos para essa
pergunta foi de 71%. Também chamou atenção o fato de nenhum aluno ter dito ser praticante da
coleta seletiva em suas casas, o que é um agravante, uma vez que boa parte do lixo produzido nas
casas pode ser reciclada ou reutilizada por eles mesmos.
O que é reciclagem?
80%
70%
60%
50%
40% 0,71
0,61
30%
20% 0,39
0,29
10%
0%
famílias sobre a temática da produção de lixo, além de ter incentivado a criatividade e coordenação
motora das crianças na oficina. O quinto ano obteve maior números de rolinhos de papel higiênico,
então a oficina de produção de Minions com o material coletado foi ministrada para essa turma.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
Lei 9.795, de 20 de dezembro de 1999. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 21 dez. 1996.
PEREIRA, A. B. Aprendendo ecologia através da educação ambiental. Porto Alegre: Sagra. 1993
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
RESUMO
As questões ambientais atualmente tornaram-se assunto de discussões por toda a nação, na busca de
alternativas para o desenvolvimento e ao mesmo tempo preservar a natureza. Desta forma pode-se
manter os recursos naturais disponíveis para as atuais e próximas gerações. Nesta perspectiva, o
trabalho desenvolvido busca sensibilizar os alunos de uma escola particular e pública no município
de São Luís - MA a refletir sobre a problemática ambiental, bem como provocar o despertar do ser
humano para com as causas ambientais nas últimas décadas Assim, realizou-se em três momentos, a
aplicação de questionário inicial, na sequência uma palestra sobre a temática em discursão e,
finalizando, com um pós-questionário para assegurar os resultados dos dados ao longo da realização
do projeto. Desta forma, buscou-se promover discussões e reflexões tendo base a sensibilização
ambiental e posteriormente a formação de uma consciência ambiental e principalmente mudanças
de hábitos no uso dos recursos naturais.
Palavras-chave: Meio Ambiente; Recursos Naturais; Consciência Ambiental.
ABSTRACT
Environmental issues have now become the subject of discussions throughout the nation. In ordert
to search for alternatives for development, while preserving nature, so as to keep the natural
resources available for the current and next generations. In this perspective, the work developed
seeks to sensitize the school community of a private and public school in the city of São Luís/MA.
To reflect on the environment, as well as provoke the awakening of the human being to the
environmental causes in the last decades, emphasizing the importance of the environment in the life
of the man, since the human being needs the natural resources for its survival. Thus, in three
moments, the application of an initial questionnaire, followed by a lecture on the theme in the
discursion and ending with a post-questionnaire to ensure the results of the data throughout the
project. In the search to promote discussions and reflections based on environmental awareness and
subsequently the formation of an environmental awareness and mainly changes in habits in the use
of natural resources.
Keywords: Environment; Natural resources; Environmental Awareness.
INTRODUÇÃO
O contato do homem com a natureza teve de início interferência mínima nos ecossistemas,
mas nos dias atuais há uma forte pressão exercida sobre os recursos naturais. É comum, ouvir falar
diariamente em contaminação dos cursos de água, a poluição atmosférica, a devastação das
florestas, a caça indiscriminada e desperdício dos recursos naturais, além das variáveis formas de
agressão do homem ao meio ambiente. Diante desta situação, faz-se necessário a ocorrência da
mudança de hábitos e comportamento perante a relação com a natureza no sentido de promover o
desenvolvimento sustentável. Intenciona também assegurar uma gestão responsável dos recursos
naturais do planeta de forma a preservar os interesses das gerações futuras e também atender as
necessidades das gerações atuais (ANDRADE, 2001). Desta forma, compatibilizar práticas
sustentáveis, econômicas e conservacionistas, proporcionando reflexos positivos junto à qualidade
de vida.
A Educação Ambiental para a sustentabilidade deve ser imposta como fonte de vida para
que todos possam compreender a necessidade de preservar e conscientizar perante os recursos
naturais para a sobrevivência da humanidade com qualidade em busca de um bem comum,
proporcionando o conhecimento para que perceba as relações sociais e econômicas, construídas ao
longo da história da humanidade na terra a partir da limitação dos seus recursos naturais existentes.
Nessa perspectiva, a escola é uma mediadora social no acesso ao conhecimento, conceitos e valores
éticos, de transformação nas ações concretas e viáveis no desenvolvimento ambiental. Em 1987, no
documento final do Congresso Internacional promovido pela UNESCO sobre a educação e
formação relativas ao meio ambiente, ressaltou-se a necessidade de atender primeiramente à
formação de recursos humanos nas áreas da Educação Ambiental e na inclusão da dimensão
ambiental nos currículos de todos os níveis de ensino. Desde então, disseminou a importância do
ambiente escolar na sensibilização ambiental (UNESCO/PNUMA, 1975). Pereira (2011) retifica
que a educação ambiental é um procedimento de formação humana, amplo, contínuo e complexo,
seja para idosos, adultos, jovens e crianças, assim como em variados espaços educativos onde
vivem socialmente, preparando-o para prática sustentável e a participação ativa na defesa do meio
ambiente. Segundo Oliveira (2013) não é simples mudar hábitos mesmo quando se tem certeza que
irá proporcionar melhorias para a vida, e a educação ainda é o melhor acesso para que ocorram as
mudanças, e que a partir dessa iniciativa tenha uma transformação na conduta de cada um.
A Educação Ambiental é um elemento essencial no processo de formação do ser na
educação permanente da sociedade, tendo uma aproximação direta com os problemas e
contribuindo para o envolvimento ativo da comunidade escolar. Desta forma, deve ser estimado o
sistema educativo o mais relevante e mais presente para se estabelecer uma maior relevância entre
os sistemas, o ambiente natural e o social (ROSA, 2001). A escola é o ambiente formal no qual tem
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Diante dessa premissa, desenvolveu-se o projeto Ação Educativa: Um Olhar Sobre Educação
Ambiental nas escolas Complexam Educacional Laúne e Centro de Ensino Professor Ignácio
Rangel, escolas do Ensino Fundamental das series finais 8º e 9º da Rede pública e particular, no
Bairro da Cidade Operária, São Luís - MA.
Inicialmente aplicou-se um questionário contendo oito questões para diagnóstico da
percepção a respeito do meio ambiente com os alunos e conhecimento da temática desenvolvida no
ambiente escolar. Logo após realizou-se palestra sobre a problemática do meio ambiente, ação e
comportamento humano com relação à sociedade/natureza. Em seguida aplicou-se questionário
final com apenas quatro questões com os alunos, sendo questões objetivas e discursivas. Com a
obtenção das respostas, foi utilizado o método avaliativo. A pesquisa quantitativa busca a validação
das hipóteses mediante a utilização de dados estruturados, estatísticos, com análise de um grande
número de casos representativos e atendendo o nível de realidade (MATTAR, 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O diagnóstico ambiental foi realizado através dos aspectos de percepção ambiental. Foram
aplicados 141 questionários iniciais e 141 finais, de uma turma do 8º ano com 11 alunos e duas
turmas do 9º ano com 42 alunos totalizando 53 alunos da escola particular. Já na pública foram duas
turmas do 8º ano com 34 alunos e duas turmas do 9º ano com 54 alunos totalizando 88 alunos de
ambos os sexos, com faixa etária de 13 e acima de 16 anos, de ambas escolas.
No questionário inicial, ao serem perguntados se já ouviram falar em meio ambiente ou
problema ambiental, em resposta mais de 90% dos alunos de ambas as escolas afirmaram que sim.
Os principais problemas ambientais relatados foram, poluição das ruas, rios, mares, desmatamento,
queimadas, aquecimento global e desperdício dos recursos naturais. Quando retratamos ao meio
ambiente, as associações da população são com poluição, lixo depositado em locais inadequados,
esgotos a céu aberto, chorume, dejetos químicos nos rios, lagos e oceanos, devastação das florestas
e áreas de mata e queimadas (CÓRDULA, 2012). Não foi diferente com os alunos trabalhados,
sendo perceptivos seus conhecimentos em relação aos agravantes provocados pelas ações do
homem. Desta forma, foi estimulante perceber que o público conseguiu diagnosticar as grandes
causas existentes nos dias atuais, tornando assim, mais prática a sensibilização voltada a essa
temática.
Em relação ao conhecimento sobre o que é um problema ambiental, 91% dos alunos da
escola particular responderam que já teriam conhecimento. Já, os da escola pública, 85% também
afirmaram que sim. Considerando a porcentagem apresentada, percebe-se que, no cotidiano dos
alunos, são visíveis e perceptivos a agressões que a natureza vem sofrendo. Caberia ao professor
reforçar nosso comportamento perante a essa realidade, através da Educação Ambiental com o seu
importante papel de auxiliar as pessoas a se questionar sobre as causas, compreendendo a inter-
relação existente entre as grandes tragédias ambientais e as disposições político-econômicas que
acarretaram a tais situações. Isto teria o papel de fortalecer a capacidade crítica e criativa do ser
humano, promovendo mudança de hábitos frente ao cenário real, procedendo de decorrência, em
modificações reais dos princípios que norteiam a sociedade e na influência do homem no meio
natural (BIGLIARDI; CRUZ, 2008).
A respeito de ser trabalhado em sala de aula a temática meio ambiente, mais de 60% dos
alunos afirmam que não é trabalhado a questão ambiental na escola particular, já na pública, 92%
dos alunos informaram que sim, é trabalhado. Assim, percebe-se que na escola pública existe uma
preocupação maior a respeito do comportamento no meio ambiente. Já em relação à escola
particular, surpreende o resultado negativo, já que é uma abordagem presente nos dias atuais.
Nos Parâmetros curriculares nacionais – PCN, ressalta que é imprescindível que a escola
esteja sempre apta a buscar novas informações, voltada ao tema da questão ambiental, para que seja
transmitido aos alunos um ensino com conteúdo atuais de qualidade (BRASIL, 2000). Portanto, não
é necessário que o professor tenha conhecimento de tudo a respeito do tema, mas que esteja
disposto a buscar informações atualizadas, pois o conhecimento é constante.
É interessante que seja trabalhado a realidade local voltava para a educação ambiental, para
que assim, os engajados percebam a agressão e consequências causadas pela ação do homem. Isto,
caso não ocorra mudança de comportamento, além de proporcionar um maior conhecimento
promovendo fatos concretos rotineiro da vida (BRASIL, 2000).
Sabe-se que a educação ambiental é uma prática educativa de ensino formal ou mesmo
informal, multidisciplinar, não restrito ao ambiente escolar, com poder de transformar e construir
novas posturas, hábitos e condutas, formando, sensibilizando e conscientizando os cidadãos de suas
responsabilidades, da relação com o ambiente em que vivem, sendo, portanto, condição necessária
para a modificação do quadro crescente de degradação ambiental (TANNER, 1978; JACOBI, 1997;
PEDRINI, 1997; BRASIL, 1998; SEARA FILHO, 2000; DI GIOVANNI, 2001; TRISTÃO, 2002;
DIAS, 2006). Dessa forma, a educação ambiental é “um aprendizado social baseado no diálogo e na
interação, um processo de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significados”
(JACOBI, 2003, p. 198).
Questionou-se se na escola seria desenvolvida alguma atividade relacionada ao meio
ambiente. Na escola particular 62% afirmaram que não, enquanto na escola pública 66% falaram
que sim. A educação ambiental estaria relacionada diretamente com o homem, surgindo, assim, a
necessidade se ser inserida no planejamento escolar, já que os alunos de hoje serão os propagadores
do futuro.
Nos dias atuais o assunto recorrente ao meio ambiente é reconhecido mundialmente. A
problemática dos danos aos recursos naturais que devem serem inseridos no planejamento das aulas,
pois o tema é transversal dos currículos escolares, permeando toda prática educacional
(MEDEIROS et al., 2011, p.02). É importante que os educadores, independente da disciplina,
trabalhem e desenvolvam o raciocínio dos alunos, pois as questões ambientais é presente, necessita
de conhecimento e exige mudança.
Ao ser questionado sobre o descarte correto do lixo, acima 60% das respostas de ambas as
escolas trabalhadas afirmou descartar o lixo na lixeira, justificando ser a melhor forma de ajudar
contra a poluição das ruas.
É de suma importância reconhecer que pode ser feito algo para mudar o cenário atual
positivamente com pequenas atitudes, saber que cada um pode fazer sua parte e contribuir para uma
vida com qualidade. “Um local onde todos os indivíduos se preocupem com a limpeza, descartando
o lixo no recipiente correto para reutilização do mesmo para o mundo.” (MEDEIROS
e outros, 2011, p.15).
Foi questionado aos alunos, a respeito da preservação do meio ambiente, com mais de 90%
responderam que é dever de todos. Justificando que a melhor forma de ajudarem é preservar o meio
ambiente, é sensibilizando e conscientizando as pessoas dos recursos que ele fornece, do bem que a
natureza promove ao homem. Dias (2003) afirma que a mudança inicia dentro de cada um, com
mudança de hábitos, modos e precisões; e através de adaptações de novos comportamentos. Desta
forma, contribuirá diretamente com a diminuição e degradação ambiental e obterá qualidade de
vida.
Em relação de como pode ajudar a preservar o meio ambiente, 55% dos alunos da escola
particular, e 67% da pública responderam que sensibilizando e conscientizando as pessoas de
convívio e amigos do bairro da importância da preservação e conservação do meio ambiente. Deve-
se entender que a educação ambiental é um conjunto de práticas e conceitos voltados para a busca e
execução de ações que promova a qualidade de vida, pois seu objetivo é utilizar seus recursos
pensando no próximo, uma vez que os recursos são finitos e todos tem dever de cuidar do meio em
que vive sustentavelmente.
Como a educação ambiental está inserida na escola, 45% dos alunos da escola particular
citaram nos livros, e com 64% da escola pública afirmaram que está nos livros, trabalhos,
seminários e nos projetos desenvolvidos pela coordenação pedagógica da escola.
A educação ambiental surge como um método educativo que conduz a um saber ambiental
solidificado nos valores éticos e nas normas políticas de convívio social e de mercado, que implica
a questão entre benefícios e prejuízos, da assimilação e do uso da natureza. Ela deve deste modo,
ser submetida para a população com empoderamente, no sentido de pertencimento e de
responsabilidade, mediante ação coletiva e organizada, na busca da compreensão e a superação das
causas e problemas ambientais (CAVALCANTI, 1999).
No segundo momento do projeto, realizou-se através das palestras, os alunos tiveram a
oportunidade de saber alguns conceitos do meio ambiente, sustentabilidade, e conheceram também
alguns órgãos que protegem e trabalham direto ou indiretamente com o meio ambiente, como:
ICMBIO, CETAS, IBAMA, ECOCEMAR e entre outros, para alguns alunos esses órgãos eram
desconhecidos. Através do projeto, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer e aprender um
pouco mais sobre a temática, levando assim conhecimentos além dos muros das escolas, colocando
em prática o que foi explanado nas palestras como desligar uma lâmpada ao sair de um local,
aproveitar a luz do dia, fechar bem as torneiras, atitudes simples, que fazem diferença em qualquer
ambiente.
Em seguida foram entregue aos alunos um pós-questionário, para análise de conhecimento a
respeito das ações desenvolvidas anteriormente. Perguntou-se, após a realização das ações qual a
importância da educação ambiental no meio social, com mais de 60% os alunos citaram a falta de
sensibilização da sociedade com ambiente que vive usando dos recursos sem darem a devida
importância provocando desperdício e lixo.
A UNESCO, na Conferência de Belgrado em 1975, afirma o desejo de obter uma população
mundial consciente e atentada com o ambiente e ao que a ele estar relacionado, almejando uma
população empenhada que trabalhe individualmente e coletivamente na busca da solução para
resolver os problemas atuais, e impeça que os mesmos não se repitam (BRASIL, 1975). Educação
ambiental é trabalhar a sustentabilidade, pois esta pode recuperar o desenvolvimento para
determinados fins e ações.
A respeito de conhecimento dos órgãos públicos apresentados durante a palestra, com mais
de 65% afirmaram que sim de ambas as escolas, que haviam visto algo, mas não tinha
conhecimento de suas competências. A princípio a prevenção se diferencia pela "prioridade que
deve ser dada à medida que evitem o nascimento de atentados ao ambiente, de molde a reduzir ou
eliminar as causas de ações suscetíveis de alterar sua qualidade" (MIRALÉ, 1998). Portanto, "a
implementação do princípio da precaução não tem por finalidade imobilizar as atividades humanas,
mas o princípio da precaução que visa à durabilidade da sadia qualidade de vida das gerações
humanas e à continuidade da natureza existente no planeta" (MACHADO, 2002).
Quando perguntados se as ações desenvolvidas contribuíram para o conhecimento
relacionado ao meio ambiente, 70% dos alunos de ambas as escolas responderam sim, que foi
esclarecedor e grande enriquecimento de informações, que aprenderam algumas lições.
É importante que a escola, como intermediadora de conhecimento, preencha as lacunas
existentes a respeito da temática, permitindo aos alunos que percebam que dela fazem parte,
proporcionando a construção de novos conhecimentos que persistirá para toda a vida, e que os
mesmos possam estar sempre em círculo permitindo sempre a participação do outro. Possibilitando
assim, através dos alunos, o conhecimento a toda sociedade, pois de acordo com o PCN a sociedade
é promissora pelo processo de formação de cidadãos conscientes e hábeis para determinarem e
atuarem na realidade socioambiental (BRASIL, 2000).
Finalizando os questionamentos, perguntou-se o que tinham absorvido ao longo da palestra e
o que poderia ser realizado para contribuir na conservação do meio ambiente. Citaram que podem
poupar desperdício de água, energia, papel, que podem contribuir para uma cidade mais limpa, e
que a ação do homem na natureza é o maior fator agressor ao meio ambiente. Observa-se o quanto
uma ação significativa com algumas informações e dados podem contribuir para comunidade, sendo
disponibilizadas das mais variadas formas da educação formal ou informal, ao longo das gerações,
propagando a temática ambiental nos diversos ambientes na sociedade (VIEL, 2008).
Os resultados obtidos mostram que a escola particular não é trabalhada tanto quanto a escola
pública. O ensino sobre a educação ambiental não está sendo aplicados ou inseridos conforme os
PCNs (BRASIL, 2000). Contudo, os alunos têm conhecimento da temática abordada, através de
atividades paralelas que alguns professores abordam durante as aulas.
Notou-se que algumas questões básicas sobre o meio ambiente os alunos não souberam
responder, quando questionados durante a palestra. Os resultados mostraram que tanto a escola
particular e pública não insere a questão ambiental na preocupação dos anos futuros. Mas, mesmo
assim, eles têm um conhecimento prévio do que vem a ser e quais são as ações praticadas pelo
homem que trazem danos e prejuízo ao meio ambiente que agravar a qualidade de vida e a natureza.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Educação ambiental é uma temática atualmente bastante trabalhada, apesar de fazer parte
dos conteúdos dos livros, trabalhos e seminários ainda existe um índice bastante significativo de
desconhecimento dos alunos, principalmente da escola particular. Foi possível observar o interesse
sobre a temática ambiental a partir da análise dos questionários. Inicialmente promovendo
discussões e reflexões tendo base a sensibilização ambiental e posteriormente a formação de uma
consciência ambiental e principalmente possíveis mudanças de hábitos no uso dos recursos naturais.
A Educação Ambiental deve ser exercida de forma contínua e permanente seja em caráter
formal, envolvendo todos os alunos, assim contribuindo para a formação de multiplicadores e de
cidadãos conscientes e responsáveis, engajados para o uso consciente dos recursos naturais que é
indispensável para o ser vivo, principalmente aos humanos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Sueli A. de. Educação Ambiental: curso básico à distância: questões ambientais,
conceitos, história, problemas e alternativas. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2001.
5v. 2ª Edição ampliada.
DIAS, G. F. Educação Ambiental: Princípios e práticas. 8 ed. São Paulo: Gaia, 2003.
DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2006.
MACHADO, Paulo Affonso de Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 10ª ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2002.
MEDEIROS, B. Aurélia, et al. A Importância da educação ambiental na escola nas séries iniciais.
Revista Faculdade Montes Belos, v.4, n.1, set.2011
MIRALÉ, Edis. Direito do Ambiente. Editora RT. Revista dos Tribunais, São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, outubro de 1998, nº 756.
OLIVEIRA Costa S. Educação Ambiental para promoção da saúde com trânsito solidário. São
Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP;2013.
VIEL, V. R. C. A educação ambiental no Brasil: O que cabe à escola? Revista eletrônica mestrado
em educação ambiental. Rio Grande do Sul. v.21. jul./dez. 2008.
RESUMO
A disponibilidade, o fluxo e a qualidade de água para o consumo vêm diminuindo com os descuidos
dos rios e das fontes deste recurso natural essencial para a vida. A Educação Ambiental exerce a
importante função de sensibilizar e comover as pessoas para com as questões ambientais, tentando
reverter estes problemas e estabelecer a sustentabilidade das gerações atuais e futuras. As nascentes
e matas ciliares são grandes protetoras e conservadoras dos parâmetros de qualidade e
disponibilidade hídrica, no entanto também se encontram impactadas com as ações antrópicas. O rio
Jirau Alto localizado no município de Dois Vizinhos- PR é um exemplo de inexistência de mata
ciliar e que sofre os impactos de demasiadas ações antrópicas. Diante disso este trabalho objetivou
sensibilizar os alunos sobre a importância de preservar e ter atitudes éticas, valorizando e
respeitando a natureza e todos seus recursos. O mesmo foi desenvolvido e aplicado nos meses de
setembro, outubro e novembro de 2017 com 28 alunos do Ensino Médio de um Colégio Estadual
de Dois Vizinhos-PR, sendo abordado o tema mata ciliar e preservação de nascentes como
elementos essenciais para se manter a sustentabilidade e o equilíbrio hídrico. Para este trabalho
foram desenvolvidas aulas expositivas dialogadas, práticas e saída a campo até o rio, observando as
margens, acúmulo de lixo, pontos de assoreamento, erosão e degradações, discutindo as possíveis
causas e o que poderia ser feito para reverter a situação. Os resultados e a eficiência do projeto
foram avaliados através de pós-questionário sendo que deste, 93% dos alunos responderam que o
projeto foi norteador para a sensibilização dos mesmos sobre a importância da mata ciliar e da
preservação de nascentes.
Palavras chave: Água, meio ambiente, sensibilização, preservação e sustentabilidade.
ABSTRACT
The availability, flow and water quality for consumption has been decreasing due to human
oversights related to rivers and water sources essential for life. Environmental education has an
important role to raise awareness and people sensibility about environmental issues, trying to
reverse the problems and establish the sustainability of current and future generations. The river
springs and riparian forests are great protectors and conservative parameters of water quality and
availability, however they are also impacted by anthropic actions. The Jirau Alto river located at
Dois Vizinhos, PR, Brazil, is an example of a lack of riparian forest that suffers the impacts of too
many negative anthropic actions. This work aimed to sensitize students about the importance of
preservation and ethical atitudes over the rivers, valuing and respecting nature and all its resources.
The research was developed and applied during September, October and November of 2017, with
28 High School students from a State College. The subject was ciliar forest and preservation of
river springs as essential elements to maintain sustainability and water balance. For this work,
expositive and dialogic classes were developed, practicing and going to the river, where it was
walked along its margin observing rubbish and sedimentation, erosion and degradation points,
discussing possible causes and what could be done to reverse the situation. The results and the
efficiency of the project were evaluated through a questionnaire, where 93% of the students
answered that the project was a guideline to sensitize them about the importance of ciliary forest
and the preservation of river springs.
Keywords: Water quality, environmental education, ciliar forest, river springs and sustainability.
INTRODUÇÃO
agropecuárias, mas também para o consumo de humanos e de diversos animais. A importância deste
recurso se estende a utilização na produção industrial, na geração de energia e demais processos e
consumos urbanos (SILVA; BARBOSA; BARROSO, 2008 Apud RAMOS et al., 2004). Desta
forma denotam uma necessidade evidente de proteção desses sistemas para a manutenção do
equilíbrio hidrológico e assim de todos os ecossistemas.
As matas ciliares e nascentes exercem grande importância para conservação e proteção
destas águas, visto que a água proveniente da chuva e as demais superficiais não estão totalmente
disponíveis para o consumo humano, pois em partes tendem a infiltrar no solo, serem absorvidas
pelas plantas e outras parcelas tendem a armazenarem-se em lençóis freáticos, aquíferos, corpos
d´agua subterrâneos que se localizam sobre solos impermeáveis (SILVA; BARBOSA; BARROSO,
2008; FELIPPE, 2009; CBRN, 2009). As nascentes podem ser caracterizadas como manifestações
naturais e superficiais de lençóis subterrâneos, podendo ser temporário, efêmera ou perene. São
locais de importância majoritária para a dinâmica hidrológica, pois marcam a passagem da água
subterrânea para a parte superficial, auxiliando para a manutenção e disponibilidade hídrica dos
cursos d´água (SILVA; BARBOSA; BARROSO, 2008; VALENTE; GOMES, 2005; FELIPPE,
2009).
No Brasil as nascentes são consideradas ambientes de preservação e conservação pela lei n°
4.771, sobre as Áreas de Preservação Permanente (APP) e regulamentada pela resolução do
CONAMA n°303 que constitui uma APP com raio mínimo de cinquenta metros, em torno de
nascentes ou olhos d´agua (FELIPPE, 2009; BRASIL, 2002. art. 3º, II) sendo estipulado novamente
pelo Código Florestal de 2012. No entanto, grande parte das nascentes já sofreram redução da
vazão, perda da qualidade da água ou até mesmo secaram. Isso porque o processo de urbanização se
desenvolveu demasiadamente e associado ao gerenciamento inadequado acabaram afetando
drasticamente regiões próximo as nascentes (SILVA; BARBOSA; BARROSO, 2008; YAMATO;
PARMA; SCHUTZER, 2014). As ações antrópicas são as grandes vilãs, causando diversos
impactos para a disponibilidade hídrica. Dentre estas ações, pode-se apontar: redução da capacidade
de percolação do solo decorrente de construções, asfaltos, canalização de rios e córregos,
aterramentos, erosões, assoreamentos, poluição das águas superficiais e subterrâneas com resíduos
líquidos e sólidos, contaminados ou não, drenagens incorretas, retirada da cobertura vegetal e mata
ciliar e consequentemente alteração no padrão das chuvas (YAMATO; PARMA; SCHUTZER,
2014).
A mata ciliar, também conhecida como mata de galeria, mata de várzea ou floresta ripária,
cumpre uma importante função, pois exerce proteções sobre os rios, nascentes e demais cursos ou
reservatórios hídricos, realizando o fortalecimento e firmeza do solo, impedindo o desmoronamento
dos barrancos (erosão) e o assoreamento de rios, diminuindo assim os riscos de enchentes. Também
servem como uma barreira para os poluentes, fertilizantes e agrotóxicos de lavouras e lixos que são
lixiviados e carregados impedindo que esses cheguem ao leito do rio e poluam as águas, mantendo a
qualidade da água, assim diminuindo o custo do seu tratamento. As matas ciliares realizam o
sombreamento que atuam na interceptação e absorção da radiação solar, contribuindo para a
estabilidade térmica dos pequenos cursos d'água, aumentando a percolação de água e o
armazenamento desta em poros no solo, mantendo o ambiente mais úmido e auxiliando no
armazenamento e ciclo de nutrientes no solo, servindo também como corredor ecológico para a
fauna (SILVA; BARBOSA; BARROSO, 2008; VAZ; ORLANDO, 2012; MOCELLIN, 2014).
A mata ciliar é uma APP e segue metragens estabelecidas primeiramente pelo Art. 2º da Lei
nº 4.771/65, regulamentada pela Resolução nº 303 e a Resolução nº 302, de março de 2002
(CONAMA), sendo reformuladas pelo Novo Código Florestal de 2012 estabelecendo que a largura
da APP presente ao longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e de reservatórios a ser
preservada deverá estar relacionada com a largura do curso d'água, medida a partir do nível mais
alto alcançado pela água por ocasião da cheia sazonal (SILVA; BARBOSA; BARROSO, 2008;
CBRN, 2009; BRASIL, 2012). Estabeleceram-se então larguras mínimas de: 30 metros, para cursos
d’água com menos de 10 metros de largura; 50 metros, para cursos d’água com 10 a 50 metros de
largura; 100 metros, para cursos d’água com 50 a 200 metros de largura; 200 metros, para cursos
d’água com 200 a 600 metros de largura; 500 metros, para cursos d’água com mais de 600 metros
de largura para áreas não consolidadas (CBRN, 2009; BRASIL, 2012).
A ausência ou redução da mata ripária causa impactos demasiados e em alguns casos
irreversíveis, afetando todas as condições de proteção citadas anteriormente. Apesar da relevância
das matas ciliares sobre a preservação e conservação da qualidade dos recursos hídricos,
infelizmente, a pressão sobre o uso dessa vegetação no cotidiano da população tem degradado
gradualmente os rios e principalmente nascentes que são ambientes mais frágeis (SILVA.L. C. S;
SILVA. A. P. L., [2013]). Neste âmbito Mocellin (2014) em seu trabalho descreveu que o
percentual de agricultores que sabem da importância da mata ciliar e fazem descaso com a prática é
alarmante. Este comportamento também se aplica para uma grande porcentagem da população
urbana.
O problema é ainda mais acentuado em centros urbanos, onde os rios se encontram sem ou
com mata ciliar extremamente impactada, decorrentes de construções e pavimentações até as
margens dos rios que muitas vezes são canalizados (BOZZA et al., 2005). É o que ocorre no
município de Dois Vizinhos, onde seu principal Rio o Jirau Alto se encontra em grande parte
assoreado, com desmoronamentos, depósitos de lixos, sem vegetação ripária e quando tem são
poucas árvores, destas algumas exóticas. A reconstituição da mata ciliar envolve politica, economia,
cultura e estrutura social, visto que é necessário retirar todos os moradores realocando-os em outro
local e reestruturar toda a margem do rio, projetando para o plantio e revitalização da mata ciliar.
Diane deste contexto é de extrema importância se estabelecer uma relação harmoniosa entre
humanos e a natureza, reconhecendo a importância desta para a sobrevivência e o quanto já
exploramos de seus recursos. Esta relação se inicia com gestos simples e cotidianos que promovam
o contato e interação com a natureza, com intuito de alcançar uma sensibilização para com as
questões ambientais. A Educação Ambiental atua com este compromisso, e para isso precisa ser
dinâmica, abrangente, interdisciplinar e contínua.
Com isso o presente trabalho foi desenvolvido com alunos do Ensino Médio, objetivando
sensibiliza-los sobre a importância de se preservar e termos atitudes éticas, valorizando e
respeitando a natureza, abordando o tema mata ciliar e preservação de nascentes como elementos
essenciais para se manter a sustentabilidade e equilíbrio hídrico a partir de aulas expositivas
dialogadas e práticas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho foi realizado com alunos do primeiro e terceiro ano do Ensino Médio de um
Colégio Estadual localizado no município de Dois Vizinhos e se desenvolveu em três momentos, de
acordo com o planejamento e a disponibilidade da escola.
Nas três primeiras aulas do período matutino foi trabalhado com o primeiro ano, sendo
abordados conceitos teóricos de forma oral, com apresentação de slides e vídeos explicativos sobre
o assunto, ocorrendo o mesmo nas duas ultimas aulas com o terceiro ano. A aula abordou os
seguintes temas: importância da água para os organismos vivos; a valorização que destinamos para
bens materiais em relação aos recursos verdadeiramente essenciais para vida; o demasiado
consumismo; a participação dos rios e nascentes no abastecimento e distribuição da água;
importância de se preservar nascentes e mata ciliar para se manter um curso hídrico de qualidade;
importância de corredores ecológicos para fauna; as atitudes antrópicas que impactam e prejudicam
a natureza e a ética de nossas atitudes e consciência.
A prática ocorreu nas três primeiras aulas com o terceiro e posteriormente nas duas ultimas
aulas com o primeiro ano do ensino médio. Nesta aula foi demonstrado três práticas sobre os
assuntos abordados, para isto iniciou-se no laboratório de Ciências da escola realizando uma prática
sobre assoreamento de rios em que os alunos confeccionaram um rio com garrafa pet, água, terra,
grama e caixa e simularam um rio com mata ciliar em um lado e somente terra em outro conforme
ilustra a Figura 1.
Posteriormente os alunos molharam um lado de cada vez com um regador e observaram os
resultados, relacionando os conceitos a respeito da ação da chuva sobre o solo. Logo após seguiu-se
até um local onde localiza-se um talude com solo desprotegido. Os alunos simularam chuva neste
local, distribuindo água pelo solo e observando o que acontecia com o mesmo decorrente da ação da
água.
Para finalizar as práticas, foi realizada uma visita até o rio Jirau Alto, localizado a uma
quadra do colégio, onde andou-se pela margem do rio discutindo e apontando os problemas
ambientais visíveis relacionados ao que foi falado na teoria. Foi-se discutindo sobre possíveis
soluções para eles e qual seria o dever de todos como cidadãos conscientizados, pois o rio apresenta
uma heterogeneidade de problemas ambientais, abrangendo todos comentados em sala.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A aula teórica se desenvolveu de forma expositiva dialogada com o auxilio de slides com
imagens, vídeos e informações sobre os assuntos. Desta forma foi possível questionar os alunos e
direciona-los a pensar sobre suas ações quanto ao cuidado e preservação das nascentes, matas
ciliares e consequentemente da água. Durante a aula os alunos foram participativos e se
demonstraram interessados e curiosos em saber mais sobre o assunto e surpresos com informações
que eles não tinham como exemplo quando apresentamos as metragens de APPs estabelecidas para
margens de rios e nascentes.
Durante as práticas os alunos participaram, auxiliaram na confecção do rio com garrafa pet
apresentado na figura 1 e conversaram entre eles levantando hipóteses e concluindo o que estava
ocorrendo ao molhar o lado do litro que estava com terra e depois o lado com grama, o que cada um
destes lados representava em um rio e as causas pelas quais o rio ficou sujo, relacionando com a
realidade. Os jovens demonstraram gostar de ir ao laboratório e relataram ser raras as visitas ao
mesmo o que entusiasmou eles a colaborarem e interagir com a aula. Na prática onde foi derramado
água sobre o solo desprotegido os alunos observaram que a água formava caminhos e canais
desagrupando as partículas de solo e carregando-as ocasionando uma pequena erosão, no entanto
quando relacionamos com enxurrada e chuvas fortes o resultado pode ser impactante e ocasionar
um grande estrago dependendo da localização, em casos de encostas com moradores até provocar
soterramentos.
A terceira prática quando se caminhou até o rio Jirau Alto e andou-se pela margem deste foi
identificado vários problemas como pontos de assoreamentos, erosão, lixos pela calha e margens do
rio, odor de esgoto, ausência de mata ciliar e restos de construções despejadas na calha do rio. Desta
forma conforme eram apontados os problemas, estes iam sendo discutido sobre as causas, soluções
e formas de amenizar estes impactos. Os alunos se comportaram e participaram dos diálogos bem
como fizeram muitas contribuições sobre o rio visto que este se encontra inserido em seu cotidiano
por se localizar no bairro onde os alunos morram o que facilitou o entendimento e aprendizado
deles bem como a animação com que participaram da aula. Desta forma foram aulas tranquilas e
satisfatórias com participações constantes e relevantes por parte de alunos e professores.
A avaliação deste projeto ocorreu a partir de pós-questionário referente aos assuntos
abordados e também foi observada a interação e participação dos alunos durante a aplicação de todo
o projeto.
17% 17%
Sim
Não
Em parte
66%
Fonte. Autores
Em virtude dos demasiados problemas resultantes da falta de mata ciliar e das poluições de
nascentes e alunos que serão futuros cidadãos tomadores de decisões é alarmante a porcentagem de
alunos que responderam não ter sido abordado em nenhum momento este tema no período escolar,
visto que estão na reta final do processo de ensino obrigatório. A educação ambiental esta inserida
no ensino como um tema transversal e interdisciplinar, no entanto muitas vezes seus assuntos não
são inseridos dentro do planejamento, por falta de tempo ou por falta de capacitação do educador.
Esta condição aumenta o desinteresse e falta de informação dos jovens para com os problemas
ambientais.
4%
0%
Sim
Não
Não sei
96%
Fonte. Autores
3% 4%
Sim
Não
Não sei
93%
Fonte. Autores
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOZZA, A. N. et al., Conscientização Sobre a Importância da Mata Ciliar Realizada com Alunos
do Ensino Fundamental da Escola Sistema Educacional Realidade, Campinas-SP. Centro de
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2009. Disponível em:
http://www.enapet.ufsc.br/anais/CONSCIENTIZACAO_SOBRE_A_IMPORTANCIA_DA_MA
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BRASIL. Lei n0 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera
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dezembro de 2006; revoga as Leis nos4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril
de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras
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VAZ, L.; ORLANDO, P. H. K. Importância das matas ciliares para manutenção da qualidade das
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Nacional De Geografia Agrária. 21., 2012, Uberlândia, MG. Anais. Catalão, GO. p. 1–20, 2012.
Disponível em: <http://www.lagea.ig.ufu.br/xx1enga/anais_enga_2012/eixos/1035_1.pdf>.
Acesso em: 07out./2017.
RESUMO
A Educação Ambiental é um importante mecanismo que busca informar e sensibilizar as pessoas a
respeito de atitudes corretas a serem tomadas em relação ao meio ambiente. Ela utiliza-se de ações
práticas e pedagógicas para buscar reduzir os impactos antrópicos sobre a biodiversidade e os
ecossistemas, de modo a permitir uma vida confortável aos seres humanos sem que a natureza seja
desproporcionalmente afetada. No Brasil são registrados mais de 32 mil acidentes com animais
peçonhentos por ano, sendo mais da metade causados por serpentes. A produção de conhecimento
sobre acidentes com animais peçonhentos, sua importância biológica e medidas que auxiliam na
prevenção tem contribuição direta para a conscientização do homem sobre a conservação desses
animais e na redução do número de acidentes. Com isso, este trabalho visa utilizar-se da Educação
Ambiental como ferramenta para instruir os funcionários do campus II da Universidade Federal da
Paraíba sobre como se comportar diante de situações que envolvam o contato com animais
peçonhentos. Foram realizadas entrevistas para investigar o conhecimento dos funcionários a
respeito desses animais e, posteriormente, uma palestra a fim de transmitir informações precisas a
respeito dos animais peçonhentos encontrados no campus. As entrevistas foram realizadas com dez
funcionários, todos do sexo masculino com média de 47 anos de idade. A maioria deles não soube
definir o que é um animal peçonhento. Quando questionados sobre o que fariam em caso de
encontro com esses animais, 30% afirmaram que os matariam, além disso, 80% afirmaram sentir
medo ou repulsa por eles. Esses dados são preocupantes do ponto de vista conservacionista,
refletindo a dificuldade da proteção desses animais menos “desejáveis” pela grande população.
Mesmo com um distanciamento dos funcionários com esses animais, espera-se que através da
difusão do conhecimento em uma linguagem acessível previna que funcionários e animais saiam
prejudicados a partir dos eventuais encontros.
Palavras-chave: Animais silvestres; Biodiversidade; Meio Ambiente; Ofidismo.
ABSTRACT
Environmental Education is a mechanism that seeks to inform and sensitize people to respect the
correct attitudes to taken in relation to the environment. It uses action and pedagogical practices to
seek to reduce impacts on biodiversity and ecosystems, so as to enable a child to feel human
without disproportionately affecting nature. In Brazil, more than 32 thousand accidents are
registered with animals per year, being more than half destroyed by snakes. The production of
knowledge about accidents with animals, their biological importance and the measures that aid in
the prevention have been responsible for the human awareness about the life and the reduction of
the number of accidents. With this aim, this work can be used as a tool for the training of teachers
of the campus of the Federal University of Paraíba, with the practices focused on the participation
of pets. Questions were selected to investigate the knowledge of a pet's animals, and then there was
a series of accurate animal experiments that were not found on campus. As the people were with ten
employees, all males averaged 47 years old. Most of them could not define what a venomous
animal is. When asked what they would do in case of an encounter with animals, 30% said they
would kill them, and 80% said they felt fear or repulsion for them. The data are concerned with the
conservationist point of view, reflecting a demand for attention from less desirable animals by the
large population. The lecture was important for the po- ters who deal with cases of confrontation
and accidents. In addition, the results are expected to be shorter and later reflected for a local
wildlife conservation program and for those that are avoided with the workers.
Keywords: Biodiversity; Environment; Snake Bite; Wild Animals.
INTRODUÇÃO
são aqueles capazes de produzir ou modificar algum tipo de veneno, e, ao contrário dos venenosos,
possuem um aparato natural capaz de injetá-lo em suas presas (Portal da Saúde, 2017).
No Brasil são registrados mais de 32.000 acidentes com animais peçonhentos por ano, sendo
que, desses dados, mais da metade são causados por serpentes. Contudo, outros registros de
acidentes incluem aranhas, escorpiões, lacraias e centopeias, sendo animais facilmente encontrados
mesmo em ambientes urbanos, sendo, portanto, animais com alto risco potencial de acidentes (Wen
et al., 2017). Estudos revelam que uma forma bastante eficaz na prevenção de acidentes com
animais peçonhentos e na conservação dos mesmos é expandir o conhecimento sobre esses
organismos através da divulgação e compartilhamento de informações sobre a importância desses
animais e ações e prevenções relacionadas a acidentes (Jeronimo, 2013).
Nesse contexto, a produção e transmissão de conhecimento sobre acidentes com animais
peçonhentos, os dados em torno dos acidentes e as medidas que auxiliam na prevenção e sua
importância biológica têm uma contribuição direta na conscientização do homem sobre a
preservação desses animais e na redução do alto número de acidentes envolvendo envenenamento.
Portanto, fazem-se necessárias abordagens que estimulem e conscientizem as pessoas a contribuir
com desenvolvimento dos ambientes naturais, nesse caso, capacitando os servidores para ações a
serem tomadas em eventuais contatos com esses organismos, com o intuito de preservar a vida dos
animais e das pessoas, conservar o meio e contribuir para que os acidentes com animais
peçonhentos sejam evitados (Pinto et al., 2017). Em caso de encontros casuais, é importante saber
quais medidas devem ser tomadas para evitar acidentes com esses animais. Portanto, a Educação
Ambiental é utilizada para colaborar com estratégias de prevenção de acidentes e preservação da
biodiversidade, desmistificando alguns conhecimentos empíricos equivocados sobre esses animais,
buscando direcionar uma melhor interação do homem com a natureza (Moura et al., 2010).
Desta forma, este trabalho teve como objetivo investigar o conhecimento básico e as atitudes
dos servidores do campus II da Universidade Federal da Paraíba perante o encontro com animais
peçonhentos durante o horário de trabalho e instruir os mesmos acerca das atitudes corretas a serem
tomadas em eventuais encontros com esses animais. Esses servidores se encontram em ambientes
propícios para o encontro de animais silvestres devido aos serviços prestados ao campus e pelo
mesmo estar cercado por fragmentos de Mata Atlântica (Tabarelli & Santos, 2004). Esses
fragmentos apresentam uma fauna diversificada, especialmente de serpentes, aranhas e escorpiões,
que são os maiores causadores de acidentes no Brasil (Bochner, 2003). Por estarem em contato
direto com esses locais, os servidores estão mais vulneráveis a acidentes, assim como os animais
estão mais propícios a sofrerem ações antrópicas devido a interação negativa do homem com esses
organismos (Souza et al., 2014).
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao todo, dez funcionários responderam as entrevistas. Todos do sexo masculino com média
de 47 anos de idade. As perguntas foram sempre direcionadas a situações do cotidiano do trabalho
dos entrevistados.
A primeira pergunta buscava saber se os mesmos conheciam o que era um animal
peçonhento, pedindo uma breve explicação em caso afirmativo. De acordo com o analisado, 60%
dos entrevistados afirmaram saber o que era um animal peçonhento, porém, destes, apenas 33,3%
tentaram defini-los (afirmando ser um animal que possui veneno), a outra parte (66,7%) apenas
citou exemplos de animais peçonhentos, como cobras e aranhas, sem tentar uma definição do que
seria a característica determinante desses animais.
Na segunda questão foi citada uma lista de animais (cobra, escorpião, aranha, abelha,
cavalo-do-cão, caranguejeira e marimbondo) a fim de descobrir quais destes os funcionários já
haviam avistado no campus, além de dar a opção deles citarem outros animais vistos, mas não
contemplados na lista. De todos os funcionários, apenas dois não viram todos os animais citados,
um não tendo visto escorpião e outro a caranguejeira. Como complemento, 14 outros animais foram
citados, com destaque para raposa (Cerdocyon thous, com quatro citações), teju (lagartos do gênero
Tupinambis, com três citações), “papa-vento” (uma espécie de lagarto, possivelmente do gênero
Enyalius) rato e capivara (com duas citações cada), mostrando uma grande diversidade de animais
com atividade no campus, desde de animais com potencial risco de envenenamento ao ser humano,
como é o caso de algumas espécies de cobras e escorpiões que ocorrem no campus, até animais
relativamente inofensivos como alguns lagartos citados.
Outra questão abordada foi a respeito da atitude dos funcionários ao encontrar esses animais
(figura 1), onde, a maioria dos entrevistados (70%) afirmou que não fazer nada diante do encontro.
Outros 30% afirmaram matar o animal e 20% disse afugentá-lo para o mato. Mesmo que em um
número menor, ainda é de se preocupar que a atitude de 30% desses funcionários que estão
diariamente sujeitos a entrar em contato com esses animais seja tentar matá-los. Essa atitude além
de prejudicar a sobrevivência e, consequentemente, a conservação desses animais ainda coloca em
risco a integridade física dos funcionários, que podem acabar se acidentando ao tentar matar o
animal.
Matar
0 2 4 6 8
Número de citações
Figura 2. Sentimento dos entrevistados em relação aos animais peçonhentos encontrados no campus.
Repulsa
Medo
0 2 4 6 8
Número de citações
A quinta questão perguntava a respeito dos animais perigosos que eles já tinham se deparado
no campus. Foram 24 citações de dez animais diferentes, com jararaca e coral sendo os mais citados
(com 7 e 5 citações, respectivamente), como visto na figura 3. Essa pergunta para buscar
compreender quais animais vistos por eles no campus são entendidos como animais perigosos, onde
a líder se citações foi a cobra jararaca, cuja espécie nunca foi encontrada e não possui registro em
literatura em nenhum dos levantamentos envolvendo répteis na cidade de Areia. Provavelmente a
serpente que eles apontam como jararaca trata-se de espécies do gênero Sibynomorphus, que são
serpentes não peçonhentas (portanto, sem veneno nocivo ao ser humano) que se alimentam de
lesmas e caracóis (Pereira-Filho et al, 2017; Marques et al, 2017). Além disso, animais como
raposa, caranguejeira e cobra-cipó também foram citados, sendo animais não considerados nocivos
à saúde humana, com o veneno não ativo em humanos ou sem registro de agressividade. Enquanto a
frequência com que esses animais são vistos no campus, 40% afirmou vê-los quase toda semana,
30% disse vê-los pelo menos uma vez ao mês e 30% disse vê-los raramente, ou seja, poucas vezes
ao ano.
Figure 3. Relação dos animais considerados perigosos citados pelos entrevistados.
Raposa
Marimbondo
Abelha
Animais citados
Escorpião
Salamanta
Cobra cipó
Caranguejeira
Coral
Jararaca
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Número de citações
Em relação aos acidentes sofridos em eventuais encontros com animais peçonhentos, 30%
dos entrevistados afirmaram já terem sofrido acidentes, sendo dois por abelha e marimbondo
(66,7%) e um com caranguejeira (33,3%); 20% afirmou conhecer alguém que já se acidentou,
destacando um funcionário que relatou ser um acidente com cobra coral. Dos cinco casos de
acidentes citados, apenas um (20%) foi ao hospital, dos demais, dois funcionários (40%) relataram
que se automedicaram sem ir ao hospital e dois (40%) que usaram terapia alternativa aplicando
fumo no local da mordida. Esse resultado causa preocupação, por quê além dos mesmos correrem
riscos mais sérios com as práticas de automedicação e terapias alternativas que possam vir a
complicar ainda mais o caso de envenenamento, ainda deixa de se realizar o registro oficial dos
casos de acidentes com animais peçonhentos, o que prejudica a implementação de políticas públicas
mais eficientes no tratamento de futuros casos.
A última pergunta da entrevista questionava os funcionários sobre como eles diferenciam
cobras peçonhentas das não-peçonhentas, grande parte dos entrevistados (80%) afirmaram que as
diferencia pela cor, 10% afirmou ser pelo tamanho da cabeça e 10% afirmou não saber. Essa
diferenciação errônea dos entrevistados acerca das serpentes peçonhentas pode trazer sérios riscos,
onde 90% dos entrevistados disseram diferenciá-las por características altamente confundíveis e
subjetivas como a cor do animal e o formato da cabeça, pode-se trazer a falsa confiança de que um
animal não apresenta risco quando na verdade pode-se ter sérios riscos de acidentes em eventuais
encontros.
A fim de tentar organizar melhor as ideias e compartilhar o conhecimento básico sobre
alguns desses animais, foi realizada a intervenção em formato de palestra para que os funcionários
pudessem tirar suas dúvidas e, ao mesmo tempo, houvesse uma troca de experiência entre as duas
partes. A palestra foi realizada com auxílio de DataShow para buscar passar da melhor forma o
conteúdo e permitir ilustrar através de esquemas e fotografias o conteúdo a ser abordado. Foi
possível observar o interesse dos funcionários em aprender e tirar suas dúvidas sobre o assunto
abordado, os mesmos interagiram com a equipe, contavam relatos de casos acontecidos com eles ou
com conhecidos e respondiam aos questionamentos levantados durante a palestra. Foi abordado
conceitos básicos sobre Educação Ambiental, biodiversidade, diferença entre animais não
venenosos, venenosos e peçonhentos, algumas características básicas para identificação de
serpentes peçonhentas, a importância desses animais para o equilíbrio e manutenção do meio
ambiente e principalmente o que não deve ser feito e procedimentos corretos em casos de acidentes.
As discussões durante a palestra foram de suma importância, onde sempre buscávamos exemplificar
o que estava sendo tratado, além de trazer para a realidade dos funcionários, usando como exemplo
animais da fauna local. A aplicação da entrevista foi essencial para a realização do projeto por
fornecer subsídios para que a palestra fosse conduzida da melhor forma possível, apresentando-nos
o conhecimento intrínseco dos servidores e possibilitando o melhor aproveitamento do projeto.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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saude/animais_peconhentos.pdf. Acessado em: 10/12/2017.
RESUMO
O desenvolvimento de atividades destinadas ao ecossistema Caatinga no ambiente escolar, promove
uma construção de conhecimentos relevantes sobre essa temática. Esses conhecimentos possibilitam
um pensamento crítico acerca dos problemas vividos nessa região, permitindo assim a adoção de
medidas sustentáveis que visam melhorar a relação com a Caatinga. Diante disso, o estudo
desenvolvido teve como objetivo avaliar os conhecimentos dos alunos do Ensino Fundamental II da
Escola Costa e Silva – PB sobre a Caatinga, além do método de escrita desenvolvida pelos alunos.
A pesquisa foi realizada no período de 09 a 13 de julho e foi composta por uma amostra de 115
alunos. Os dados foram coletados por meio de produções textuais. Os resultados indicam que os
discentes apresentam um grande conhecimento sobre o ecossistema, conseguindo relacionar com
outras áreas, porém só é trabalhado dentro da sala de aula, sem se preocupar em interagir com o
ambiente ao redor. Em relação as produções, nota-se uma deficiência no processo de escrita,
indicando que a escola necessita de atividades que estimulem a escrita dos discentes. Esses dados se
mostram relevantes para a construção de conhecimentos sobre a Caatinga como de desenvolvimento
da escrita.
Palavra-chaves: Caatinga, construção de conhecimento, ambiente escolar
ABSTRACT: The development of activities about the Caatinga ecossystem in the school
environmente, promotes a construction of relevant knowledge on this theme. This knowledge
enables a critical thinking about the problems lived in this region, thus allowing the adoption of
sustainable measures aimed at improvin the relationship with the Caatinga. With this, the obective
of this study was to evaluate the knowledge of the Elementary School II students of the Costa e
Silva School – PB about the Caatinga, in addition to the writing method developed by the students.
The research was done between July 9 to 13 and was composed of a sample of 115 students. The
results indicate that students have a great knowledge about the ecosystem, being able to relate to
other áreas, however, it is worked within the classroom, without worring about interacting with the
surrounding environment. In relation to the productions, there is a deficiency in the writing process,
indicating that the school needs activities that stimulate the writing of the students. These data are
relevant for the construction of knowledge about the Caatinga as a development of writing.
Keywords: Caatinga, knowlede construction, school environment
INTRODUÇÃO
De todos os ecossistemas brasileiros, a Caatinga é o que mais está presente no cotidiano dos
alunos da região Nordeste, embora seja o menos trabalhado pelas escolas. Esse fato se deve pela
preferência em se estudar outros ecossistemas por considera-los com mais biodiversidade do que a
Caatinga. Além disso, quando se trabalha ecossistemas no ambiente escolar, este é feito com pouca
importância, destacando-se apenas alguns pontos sobre flora e fauna e alguns aspectos econômicos,
deixando de lado a questão da interdisciplinaridade, tendo em vista que o tema “ecossistema” pode
ser trabalhado junto com outras disciplinas, como Português e Geografia, por exemplo.
O termo “caatinga”, de origem do Tupi-Guarani, significa “floresta branca” ou “floresta
esbranquiçada”, o que caracteriza o aspecto da vegetação no período de estiagem, quando as folhas
caem e somente os troncos brancos das árvores e arbustos dominam a paisagem seca. Sua área se
estende por cerca de 800.00 km2, localizada nos estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Ceará, Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Minas Gerais, o que faz a Caatinga ser um
ecossistema exclusivamente brasileiro. (LEAL; TABARELLI; SILVA, 2003).
Segundo Cruz, Borba e Abreu (2005), o ecossistema Caatinga é considerada como a
vegetação mais diversificada do Brasil, levando em conta a existência de variações em relações à
altura e densidade das plantas que a compõe. Apesar das difíceis condições climáticas, a flora da
Caatinga tem condições peculiares, sendo conhecidas como xerófilas. A vegetação é composta por
estratos arbóreos, arbustivo e o herbáceo. Das 932 espécies vegetais que habitam a Caatinga, 318
são endêmicas, ou seja, apenas existe nessa região, como as bromélias e os cactos. As plantas ainda
têm a funcionalidade de possuírem raízes tuberosas para o armazenamento de água. Em relação a
fauna, a particularidade da Caatinga resulta numa fauna diversificada, formada por mais de 800
espécies de animais, sendo registradas 148 espécies de mamíferos, 510 de aves, 154 de répteis e
anfíbios e 240 espécies de peixes. (CERRAGATINGA, 2017).
Apesar de sua conservação ser de suma importância para a manutenção regionais e globais
do clima, pouco se trabalha esse ecossistema nas escolas. Diante disso, o conhecimento e a
conservação do ecossistema se tornam extremamente importante. Com isso, a extensão do ensino
do bioma caatinga no ambiente escolar vem possibilitar o rompimento do senso comum sobre o
mesmo. Para isso, é necessário desmitificar alguns preceitos, em especial aqueles relacionados com
a pobreza em relação a paisagem e a pouca biodiversidade existente no local. (LEAL;
TABARELLI; SILVA, 2003).
Assim, para a compreensão do ecossistema Caatinga, a escola tem um grande compromisso,
sendo necessárias atividades educacionais voltadas a contextualização e interdisciplinaridade como
forma de obter o interesse, resgate e propagação dos conhecimentos acerca da Caatinga.
(MEDEIROS; BATISTA, 2014).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
interrogação direta dos comportamentos das pessoas que se querem estudar. (SILVA E MENEZES,
2013).
Os sujeitos da pesquisa foram os alunos do Ensino Fundamental II da Escola Municipal
Costa e Silva, tendo em vista que o assunto abordado é trabalhado em todas as séries, em diferentes
níveis.
O Ensino Fundamental II possui 260 alunos, para essa pesquisa utilizou-se o método de
amostragem aleatória simples, chegando a uma amostra de 115 discentes, utilizando-se a equação
abaixo para o cálculo amostral, considerando N = 260, 95% de nível de confiança de e 7% margem
de erro para mais ou para menos.
( )
N = tamanho da população;
e = margem de erro (7%);
z = escore z (1,96).
A coleta de dados, ocorreu por meio da aplicação de produção textual, após intervenção,
afim de verificar os conhecimentos dos alunos sobre a Caatinga adquiridos depois da intervenção
metodológica.
A análise dos dados qualitativos foi realizada através categorização das produções textuais
em grupos que abordaram características semelhantes referentes a Caatinga. A análise quantitativa
foi realizada utilizando-se planilha eletrônica, por meio de somatórios e frequência relativa.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 01: Frequência relativa das características da Caatinga apresentadas pelos discentes
Fuga do tema 7%
Desmatamento 13%
Atividades econômicas 5%
Flora 12%
Fauna 30%
Em relação aos aspectos gerais, os alunos falaram sobre o ecossistema ser exclusivamente
brasileiro, assim como os Estados em que a Caatinga se encontra, como pode ser analisada nos
trechos a seguir:
No que diz respeito a flora e fauna, os alunos destacaram a quantidade de espécies existentes
no ecossistema, exemplificando a biodiversidade que ocorre na Caatinga ao contrário do que
aparenta, ressaltando algumas características, além de citarem exemplos de plantas e animais
encontradas na região.
Aluno 15 – “Para as plantas sobreviverem com a pouca água que há, muitas árvores
perdem suas folhas e apresentam raízes longas para armazenar o máximo de água
possível”.
Aluno 13 – “As árvores da Caatinga tem características diversificadas, como perca de
folhas, raízes longas para facilitar a captura de água, folhas modificadas”.
Aluno 07 – “Se adaptam ao clima seco, como o juazeiro, aroeiro, cactos e araraúna”.
Aluno 08 – “Alguns animais que vivem na Caatinga são: veado-catingueiro, preá, gambá,
sapo-cururu, cutia, tatu-peba, perereca de capacete, etc”.
Aluno 21 – “Muitos animais que vivem na Caatinga são adaptados aquele clima
semiárido”.
Esses dados revelam que o tema Caatinga é trabalhada em todos os seus aspectos, sendo
relacionada a outras disciplinas, como geografia, por exemplo, porém, resume-se a assuntos
estudados em sala de aula, sem ocorrer interação com o ecossistema ao redor, sendo assim um fator
negativo para o conhecimento acerca da Caatinga.
Além do conhecimento sobre o sistema Caatinga, foi analisada a estrutura da produção, afim
de verificar o processo de escrita dos alunos. A partir disso, foi observado que 37% dos alunos
conseguiram fazer uma produção satisfatória, atendendo a requisitos básicos como coerência,
parágrafo e pontuação. A escrita apresentada por esses 37% foi clara, com poucos ou nenhum erro
de português, podendo ser considerados irrelevantes tendo, em vista que, não modificava a estrutura
da redação.
A maioria das produções, porém, foi considerada de nível mediano. Essas produções correspondem
a 44% e foram consideradas deste modo devido a estrutura do texto que não continha parágrafos e
nem sinais de pontuação, apesar de relatarem de forma correta sobre o ecossistema Caatinga. O
restante das produções, correspondendo a 19% foi considera insatisfatória, seja por fugir do tema
proposto ou por escrever a produção em forma de questionário (Figura 02).
100%
80%
60% 44%
37%
40%
19%
20%
0%
Conseguiu descrever Mediano Insuficiente
bem
CONCLUSÕES
Essas produções indicam que grande parte dos discentes apresentam conhecimentos
significativos acerca do ecossistema Caatinga, como também da relação desse assunto com outras
disciplinas. Porém, os alunos apresentam insuficiência no que diz respeito a escrita, sendo
necessário um maior enfoque nessa questão. Além disso, a temática Caatinga poderia ser mais
explorada, tendo em vista que é o ecossistema ao qual os alunos estão inseridos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MATTER, J.A. A interdisciplinaridade nos anos iniciais do ensino fundamental. 2012. 29f.
Monografia (Graduação em Pedagogia) – Universidade Noroeste do Rio Grande do Sul, Santa
Rosa. 2012