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de 5ª a 8ª série
Guia de Atividades
para sala de aula
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Presidente da República
Fernando Henrique Cardoso
Ministro da Educação
Paulo Renato Souza
Secretário-Executivo
Luciano Oliva Patrício
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Ministério da Educação
Secretaria de Educação Fundamental
Brasília 2001
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CDU 37:577.4
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Sumário
Apresentação ................................................................................................. 9
Transversalidade do tema Meio Ambiente ........................................ 10
O tema transversal Meio Ambiente e o projeto educativo ............... 12
Conteúdo do Guia............................................................................... 13
Água ............................................................................................................. 71
Os ecossistemas litorâneos e o litoral brasileiro................................. 71
Leituras de uma notícia sobre derramamento de petróleo .............. 77
O meio ambiente e os gêneros de divulgação científica ................... 82
História do abastecimento de água: bicas e chafarizes ..................... 90
A água que utilizamos em casa e na escola........................................ 92
Resíduos.......................................................................................................... 101
Lixo: de onde vem, para onde vai....................................................... 101
Atividades econômicas nas zonas rurais: sobre o uso de produtos
químicos na agricultura .................................................................. 106
Ainda sobre o uso de produtos químicos na agricultura................... 113
Poluição atmosférica em ambientes urbanos .................................... 114
Campanhas de educação .................................................................... 120
Procedimentos para pesquisas ........................................................... 122
Disseminação de informações ............................................................ 124
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Apresentação
“Afinal não se podem compreender as
práticas educativas como realidades
autônomas, pois estas só fazem sentido a
partir dos modos como se associam a um
contexto histórico mais amplo e aí se
constituem em projetos pedagógicos
datados e intencionados.”
Isabel Carvalho
• Na Geografia, por sua vez, que tem por objeto o espaço geográfico,
a transversalidade da questão ambiental é evidente, pois ocorre
quase uma assimilação entre os recortes. A Geografia estuda, por
exemplo, boa parte dos temas levantados na questão ambiental,
como a “degradação do meio ambiente” e o “impacto ambiental”.
• Indiscutivelmente, as Ciências da Natureza (Química, Física, Biologia)
analisam e elucidam os fenômenos do mundo natural, com os quais
podemos apreender os contornos da questão ambiental.
• Os modelos e a linguagem da Matemática, por sua vez, auxiliam a
compreender a realidade em seus diversos aspectos, assim como boa
parte das formas do meio ambiente e de seu funcionamento. Seus
instrumentos permitem que sejam revelados e identificados padrões
e dinâmicas universais, conhecimentos essenciais para orientar nossas
intervenções no meio ambiente – e, claro, para entendê-lo. Isso pode
ser exemplificado com trabalhos matemáticos sobre a dinâmica das
florestas e das águas, a multiplicação e desaparição de espécies e da
biodiversidade, as formas da natureza (do relevo, das declividades e
dos planos, dos seres vivos etc.), e assim por diante.
• A Língua Portuguesa, por sua vez, além de meio de comunicação, é
também recurso de construção de conhecimentos e de defesa de
posições. A divulgação dos esforços de sensibilização, bem como das
denúncias quanto à gravidade da questão ambiental, é registrada
nos jornais e revistas, na literatura, nas canções populares, na
legislação etc.
• A Arte, nas suas diversas manifestações, sempre encontrou o tema do
Meio Ambiente como fonte de inspiração. Sua abordagem estética,
não-utilitária, tem contribuído para enriquecer não só as abordagens
da questão ambiental, mas também o modo de sentirmos e
entendermos essa questão.
• A Educação Física e o meio ambiente são inseparáveis, sob todos os
pontos de vista. A questão do prazer corporal lúdico e estético, além
das diversas questões vinculadas à saúde, não pode ser discutida sem
levar em conta a relação com o meio ambiente. A viabilidade da
prática de atividades orientadas para a Educação Física está sempre
ligada à existência de espaços livres e de áreas verdes na região
urbana, por exemplo.
Indo além dos conteúdos e abordagens explicitamente tratados pelas
disciplinas na escola, a temática ambiental contribui com uma perspectiva
mais complexa, ao incorporar ao trabalho escolar problemáticas,
terminologias, conceitos e idéias (sustentabilidade, relação ser humano e
natureza, biodiversidade...) procedentes de pesquisas e conhecimentos
específicos. Para que isto seja possível, é necessário que o professor domine
estes novos conhecimentos e identifique os vínculos comunicativos entre sua
disciplina e a especificidade da temática Meio Ambiente.
Conteúdo do Guia
De modo geral, a transversalidade diz respeito à possibilidade de
estabelecer, na prática educativa, uma relação entre a aquisição de
conhecimentos teóricos (aprender sobre a realidade) e o conhecimento das
questões da vida real e de sua transformação (aprender na realidade e com a
realidade). É esse caráter de integração entre o mundo teórico e o mundo
real que fundamenta o trabalho da questão ambiental na escola – ou seja, o
estabelecimento de relações entre as disciplinas e a aplicação de seus
conhecimentos à realidade.
Nessa linha, a proposta do programa Parâmetros em Ação – Meio
Ambiente na Escola é possibilitar a realização de trabalhos que integrem a
escola, a comunidade e a realidade social, ao mesmo tempo que inclui, entre
os conteúdos escolares, a discussão sobre a especificidade da temática
ambiental e a aprendizagem essencial de valores e atitudes.
Com esse objetivo, este Guia de atividades para sala de aula oferece a
Atenção
As duas partes deste Guia se inter-relacionam de diversas maneiras. As
atividades da segunda parte podem ser muito úteis para a elaboração do
diagnóstico, e este pode ser o ponto de partida para aquelas atividades.
Assim, é interessante que os professores leiam antes o guia como um todo,
discutindo com os colegas maneiras de incorporar as sugestões às suas
aulas e ao projeto educativo, planejando a melhor forma de abordagem e
de planejamento de trabalhos interdisciplinares. Este Guia pretende dar
continuidade ao trabalho em grupo e integrado desenvolvido nos
encontros baseados no Guia do formador.
Parte I
Carl Friedrich Phillip von Martius. Vögelteich am Rio de S. Francisco (Lagoa das Aves, no Rio São
Francisco). Nanquim e sépia. Fundação Maria Luísa e Oscar Americano, São Paulo, Brasil.
Marcel Proust
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Introdução
O objetivo desta parte é orientar a realização de um diagnóstico socio-
ambiental do entorno da escola, levando os alunos a conhecer melhor a
realidade que os cerca do ponto de vista ambiental e a refletir sobre seu
papel como cidadãos.
O diagnóstico está organizado de modo a permitir que funcione como
um momento de aprendizado dos principais aspectos que dão contorno ao
tema transversal Meio Ambiente, tal como orientam os PCNs:
Público
As atividades têm vários níveis de aplicação, com versatilidade
suficiente para serem desenvolvidas por alunos de diferentes faixas etárias. A
escolha e a adaptação à série dependem do professor, considerando o
número de variáveis envolvidas na análise da realidade e o grau de
complexidade da abordagem do tema de estudo.
Recorte
A atividade começa pela escolha do recorte do quadro ambiental, que
pode ser:
• o entorno imediato da escola, levando em conta que é importante
saber avaliar a condição ambiental de qualquer espaço,
independentemente do fato de ele conter algo especial;
• outra área das proximidades que seja acessível para estudos de campo
e apresente alguma característica especial que valha a pena realçar.
• uma área distante da escola, implicando uma viagem. Esta é uma
alternativa interessante para comparar com o diagnóstico local.
O recorte espacial pode destacar uma área especializada (só produção
pecuária; só urbana; só de extrativismo; só área florestada etc.), ou incluir
espaços diversificados (um segmento de espaço urbano com seu entorno
rural; um circuito que articula uma atividade extrativa a um centro urbano
etc.). Outra possibilidade consiste em trabalhar uma bacia ou sub-bacia
hidrográfica. Mas é sempre fundamental fazer o recorte com consciência do
que o caracteriza em termos de ocupação. Por outro lado, convém planejar
um recorte de dimensão pequena – tanto para permitir um maior controle do
número de variáveis envolvidas quanto para evitar que o exercício perca o
sentido em função de um volume muito grande de dados para examinar.
Guias metodológicos
Para tornar possíveis o diagnóstico e a avaliação de um recorte
qualquer do quadro ambiental, estão apresentados aqui guias metodológicos
de observação de uma tipologia que considera três tipos de situação do meio
ambiente:
• ambientes rurais (que contêm zonas de predomínio de formações
naturais, ou seja, de baixa ocupação, com áreas florestadas, por
exemplo);
• ambientes urbanos;
• ambientes costeiros.
Esses guias foram concebidos com base nas disciplinas (na Geografia,
por exemplo) e nas elaborações do ambientalismo, e contemplam as diversas
situações referentes ao tema Meio Ambiente, de acordo com a
recomendação dos PCNs:
Legislação ambiental
Outro elemento indispensável para a avaliação e o diagnóstico de um
recorte ambiental é a legislação ambiental. No bloco de atividades da Parte II
deste Guia há uma série de atividades em torno desse tema. Sair a campo com
um entendimento a priori da legislação ambiental propicia a identificação de
ilegalidades que talvez não sejam ainda caracterizadas como problema
ambiental, mas que podem vir a sê-lo. Essa perspectiva leva em conta o fato
de que a lógica da legislação é ser preventiva e restringir os usos do
ambiente, tendo em vista evitar problemas ambientais. É dessa maneira que
a lógica inerente às leis contribui para a investigação. Além disso, esse
enfoque leva o aluno a exercitar mais clara e imediatamente sua cidadania,
ao perceber a quem cabe denunciar infrações, inadequação etc.
Resultados
Feito o diagnóstico, e definida a avaliação do recorte ambiental, o
próximo passo consiste em utilizar os resultados. Esse trabalho deve ser
equacionado no projeto educativo amplo da escola, refletindo-se na
elaboração de propostas de trabalho didático que possibilitem a gestão
ambiental do ponto de vista do cidadão. Como a cidadania pode agir ao
constatar, na avaliação do quadro ambiental do entorno da escola, aspectos
considerados indesejáveis? Por exemplo: será que as leis ambientais estão
sendo aplicadas no recorte examinado? Caso não estejam, como denunciar,
como acionar seu representante político, como acionar o sistema jurídico?
Outro exemplo: a própria comunidade adota práticas lesivas ao meio
ambiente e, conseqüentemente, à vida de todos? Como colaborar para criar
situações democráticas de esclarecimento? Como fazer pequenos projetos de
educação ambiental a partir da própria comunidade escolar?
Um dos resultados do diagnóstico pode ser a identificação de
diferentes temas para a elaboração de projetos em Educação Ambiental. O
diagnóstico contribui para o reconhecimento e a construção da identidade
entre o aluno e o professor e o espaço/comunidade em que vivem. Os
projetos de Educação Ambiental tanto podem se destinar a aprofundar os
temas eleitos como conteúdos importantes, como a fortalecer aspectos
ambientais positivos diagnosticados, investigar processos ou resolver
problemas detectados. Neste último caso, o Catálogo de endereços para
ações e informações em Educação Ambiental pode ser consultado para
procurar canais de comunicação com instituições e autoridades. Em todos os
casos, o envolvimento da comunidade é fundamental.
No diagnóstico, a construção do conhecimento parte da realidade local –
no caso, o local onde está inserida a escola. Mas ele não se restringe ao estudo
de um território delimitado, procurando identificar todo e qualquer fenômeno
ou variável presente nesses limites. Trata-se de uma reflexão crítica sobre o meio
em que se vive e a maneira de se inserir nesse cenário, de forma a possibilitar
uma intervenção da comunidade escolar que seja pedagogicamente
importante, e que propicie a compreensão de uma realidade multidimensional,
com diversos níveis de análise – temporais e espaciais. Esse processo estimula a
co-responsabilidade, a auto-estima e a participação.
Ao longo do trabalho na escola, desenvolvendo as atividades propostas
para o diagnóstico e a avaliação do quadro ambiental escolhido, os
professores e professoras devem lembrar de recuperar textos, reflexões e
propostas discutidos nos grupos de estudo do programa Parâmetros em Ação
– Meio Ambiente na Escola.