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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

E SUSTENTABILIDADE

ENSINO A
DISTÂNCIA
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Avantis e ao Centro Universitário Avantis – UNIAVAN.
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da Editora, por escrito. O Código Penal brasileiro determina, no art. 184, “dos crimes
contra a propriedade intelectual”.

Projeto gráfico e diagramação: Ana Lúcia Dal Pizzol

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca do


Centro Universitário Avantis - UNIAVAN
Maria Helena Mafioletti Sampaio. CRB 14 – 276

Pisa, Rosane Cristina Coelho.


P673e Educação ambiental e sustentabilidade. /EAD/ [Caderno
pedagógico]. Rosane Cristina Coelho Pisa. Balneário
Camboriú: Faculdade Avantis, 2021.
132 p. il.

Inclui Índice
ISBN: 978-65-5901-150-6
ISBNe: 978-65-5901-153-7

1. Educação ambiental e sustentabilidade. 2. Meio


ambiente e desenvolvimento. 3. Inovações tecnológicas e
Impactos ambientais. 4. Ensino de educação ambiental. 5.
Educação ambiental - Ensino a Distância. I. Centro
Universitário Avantis - UniAvan. II. Título.

CDD 21ª ed.


363.7 - Educação ambiental e sustentabilidade.
PLANO DE ESTUDOS

OBJETIVOS DA DISCIPLINA

• Contribuir para a formação de um cidadão crítico capaz de avaliar os impactos


que as inovações tecnológicas causam ao meio ambiente.

• Possibilitar que o aluno se perceba como ser atuante dependente e transformador


na natureza, com condições de assumir atitudes de conservação.

• Proporcionar conhecimentos sobre a pegada ecológica para que o aluno tenha


condições de perceber a necessidade de reduzir o consumo diário a fim de
contribuir com o equilíbrio do meio ambiente.

• Refletir sobre as principais ações fundamentais para a preservação do meio


ambiente, a fim de minimizar o impacto ambiental causado pelo desperdício.

• Desenvolver no estudante uma postura crítica frente a realidade ambiental, para


que possa tomar decisões que contribuam com a proteção do meio ambiente.

• Sensibilizar o estudante quanto a importância do patrimônio ambiental,


histórico, cultural e ambiental existente no nosso país.

• Analisar a importância da educação ambiental no espaço escolar a fim de


compreendê-la como ferramenta para a conscientização.
O PAPEL DA DISCIPLINA PARA A FORMAÇÃO DO ACADÊMICO

As inúmeras descobertas cientificas trouxeram grandes conquistas para a


humanidade e impactaram na melhoria da qualidade de vida da população. No entanto,
fatores como o aquecimento global, a extinção de inúmeras espécies de animais e
vegetais, a excessiva quantidade de gases poluentes, entre outros, comprometeram a
vida dos seres vivos aqui no planeta.
A atual sociedade consumista vem deixando profundas marcas no planeta. A
natureza dá demonstrações diárias de seu limite, com imprevisíveis tempestades,
enxurradas, furacões, deslizamentos, entre outros eventos.
Diante da retirada sem limites de recursos naturais e a intensa ocupação do espaço,
é urgente a conscientização quanto a necessidade de equilibrar o uso desses recursos, a
fim de preservar o meio ambiente.
Neste contexto a disciplina de Educação, Meio Ambiente Sustentabilidade
possibilita conhecimentos e informações que possam contribuir para a formação de
cidadãos que se percebam como peça fundamental para a preservação do meio ambiente.
As mudanças são urgentes e demandam transformações no modo de vida da
população e capacidades para compreender a importância do desenvolvimento sustentável
para o planeta. Contudo, a disciplina enfatiza a importância da educação ambiental no
espaço escolar, como ferramenta para a conscientização das ações desenvolvidas pelo ser
humano. A emergência de como este conceito foi se delineando ao longo das décadas,
podemos perceber a necessidade de mudança desse modelo consumista para uma nova
concepção de desenvolvimento.
PROFESSORA

APRESENTAÇÃO DA AUTORA

ROSANE CRISTINA COELHO PISA

Mestranda em Educação pela Universidade


Regional de Blumenau- FURB. Graduada em Ciências
Biológicas pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado
de Santa Catarina- UDESC. Especialista em Gestão e
Tutoria pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Especialista em Práticas Pedagógicas Multidisciplinares
e Gestão Escolar- Aupex/ SC. Atualmente trabalha como
tutora no UNIAVAN (Centro Universitário Avantis)-
Balneário Camboriú.

Lattes: http: //buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4414649Z6


SUMÁRIO

UNIDADE 1 - MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.. . . . . . 11


INTRODUÇÃO À UNIDADE I......................................................................................................................................12
1.1 AS RELAÇÕES ENTRE O HOMEM E MEIO AMBIENTE...........................................................................13
1.1.1 Da descoberta do Fogo à Inovação Tecnológica...................................................................................13
1.2 A CRÍTICA AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO................................................................................18
1.3 A CRISE AMBIENTAL E O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA....................................22
1.3.1 Como surgiu o termo Desenvolvimento Sustentável?.....................................................................23
1.3.2 Primavera Silenciosa de Rachel Carson....................................................................................................24
1.3.3 O Seminário Internacional de Educação Ambiental- A Carta de Belgrado.................25
1.3.4 Crescimento Econômico Zero- Clube de Roma .................................................................................25
1.3.5 A Conferência da Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Huma-
no o (CNUMA) ou Conferência de Estocolmo................................................................................................... 27
1.3.6 Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão de Brun-
dtland)..............................................................................................................................................................................................28
1.3.7 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(CNUMAD), conhecida como Eco-92 ou Rio-92..............................................................................................29
1.4 A RESPONSABILIDADE SOCIAL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.............................. 30
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................................................41
EXERCÍCIO FINAL.........................................................................................................................................................42
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................................ 44
UNIDADE 2 - O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SUA RELAÇÃO COM A
PEGADA ECOLÓGICA.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
INTRODUÇÃO À UNIDADE....................................................................................................................................... 48
2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E O CONSUMO.......................................................................... 48
2.1.1 Classificação dos Diferentes Tipos de Meio Ambiente.....................................................................51
2.2 AS MARCAS QUE DEIXAMOS NO PLANETA......................................................................................... 58
2.3 A PEGADA ECOLÓGICA COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL....................... 61
2.3.1 O que Mede a Pegada Ecológica?..................................................................................................................62
2.3.2 Componentes da Pegada Ecológica...........................................................................................................67
2.3.3 A Pegada Ecológica Brasileira..........................................................................................................................69
2.4 POLÍTICA DOS 3RS..............................................................................................................................................73
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................................................76
EXERCÍCIO FINAL.........................................................................................................................................................77
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................................82

UNIDADE 3 - A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUA RELEVÂNCIA PARA A


SOCIEDADE.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................................................................... 86
3.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: EM BUSCA DA CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA.......................................87
3.2 A HISTÓRIA DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............................ 88
3.3 CRIMES AMBIENTAIS........................................................................................................................................ 93
3.3.1 Crimes Contra a Fauna (arts. 29 a 36):.......................................................................................................94
3.3.2 Crimes Contra a Flora: (arts. 38 a 52).........................................................................................................96
3.3.4 Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural (art. 62 a 65): .......99
3.3.5 Crimes Contra a Administração Ambiental (arts. 66 a 69): ...................................................100
3.4 TRAGÉDIAS QUE OCORRERAM NO MUNDO ..................................................................................... 100
3.5 ALGUNS DESASTRES CAUSADOS NO BRASIL..................................................................................104
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................................108
EXERCÍCIO FINAL...................................................................................................................................................... 109
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................................111

UNIDADE 4 - A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO E NA PRÁTICA


ESCOLAR.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
INTRODUÇÃO À UNIDADE.......................................................................................................................................114
4.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS .............................................................................................114
4.2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.......................120
4.3 TRABALHAR COM PROJETOS NA ESCOLA .........................................................................................122
4.3.1 Projetos de Ação ........................................................................................................................................................123
4.3.2 Reciclagem....................................................................................................................................................................123
4.3.3 Horta na Escola..........................................................................................................................................................125
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................................128
EXERCÍCIO FINAL.......................................................................................................................................................129
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................................131
1
UNIDADE
MEIO AMBIENTE E O
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
INTRODUÇÃO À UNIDADE I

A sociedade do século XXI vivencia nas últimas décadas uma crise ambiental
sem precedentes. A ingerência do homem em relação ao meio ambiente tem causado
um grande esgotamento dos recursos naturais e exploração de diversas formas de
vida, colocando em xeque os limites impostos pela natureza. O homem maximizou a
exploração dos recursos naturais deixando marcas de destruição em grande escala, sem
a preocupação de uma gestão satisfatória a nível nacional e mundial.
O meio ambiente passou a ser uma preocupação concreta para a humanidade
somente a partir do momento em que foi apresentado ao homem uma série de fatores
que vem contribuindo com a sua degradação. A problemática ambiental é uma realidade
presente em nosso planeta e que não pode ser ignorada. A moção de meio ambiente vai
muito além dos elementos naturais (físico, químico e biótico), pois há uma complexa
relação de interdependência entre a natureza e sociedade (aspectos econômicos e sociais).
A temática Meio Ambiente passou a fazer parte de grandes debates e discussões
em nível mundial, sendo reconhecida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos
como um direito fundamental à vida. Nas últimas décadas vem sendo muito discutido a
necessidade de uma relação mais harmoniosa, entre o homem e o meio ambiente, para
a garantia da sobrevivência do planeta e de todas as espécies. De acordo com Barbieri
(2004), a preocupação com o meio ambiente não é algo recente, no entanto, foi nas últimas
três décadas que esta temática entrou para a agenda dos governos de vários países.
Nesse sentido essa disciplina tem como objetivos contribuir para a formação de
um cidadão crítico e capaz de avaliar os impactos que as inovações tecnológicas causam
ao meio ambiente, além de despertar no estudante, o senso de responsabilidade em suas
ações para a preservação dos recursos naturais
Estudaremos ao longo das unidades que o termo desenvolvimento sustentável
ganha força nos debates políticos e sociais quanto as novas perspectivas de incluir o
meio ambiente nas questões relacionadas ao desenvolvimento econômico dos países
(GONÇALVES, 2005).
Veremos que a busca pelo desenvolvimento sustentável do planeta, vem sendo
fortemente discutida por estudiosos em todo mundo, passando a ser um desafio a ser
enfrentado pelas sociedades.

12
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
1.1 AS RELAÇÕES ENTRE O HOMEM E MEIO AMBIENTE

A conquista do planeta Terra pela espécie humana vem modificando o espaço e


ocasionando profundas mudanças na natureza. Mudanças no clima, catástrofes naturais,
inundações, secas, entre outros, destacam-se como temas mais noticiados diariamente e
promovem discussões em todo o mundo.
A problemática ambiental e seus efeitos causados à natureza, são cada vez mais
visíveis, tornando-se uma preocupação com o futuro do planeta e de todos os seus
habitantes. Pesquisadores e estudiosos de diferentes áreas da ciência atribuem ao
homem, a responsabilidade pelos problemas ambientais que se configuram atualmente.
Dentre tantas outras ações humanas, estão o elevado crescimento da população, a
pobreza, a falta de responsabilidade ambiental e a falta de uma construção cultural,
social e econômica equilibrada.
Nesta unidade faremos um breve resgate a acerca da relação do homem com a
natureza no decorrer da história. Veremos que nos diferentes estágios de desenvolvimento
o homem provocou grandes alterações no meio ocasionando ameaças ao destino da
espécie.

1.1.1 Da descoberta do Fogo à Inovação Tecnológica

Na pré-história, a busca pela subsistência de grupos humanos nômades, se deu


diretamente na natureza. Exemplo disso, foi o período paleolítico em que os indivíduos
utilizaram o espaço natural para atender as suas necessidades básicas, como a coleta
alimentos (frutos, raízes, caça, pesca) e a busca por cavernas para protegerem-se do frio,
de predadores e das chuvas.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Figura1 - Período Paleolítico.
Fonte: Shutterstock (2021).

No paleolítico, os principais instrumentos de trabalho utilizados pelos nossos


ancestrais eram pedras e ossos. A medida que eles atuavam sobre a natureza, modificavam
o ambiente onde viviam e se transformavam. Segundo Lima (2005, p.20):

O homem paleolítico era hábil artesão, conhecem-se mais e cem tipos


de instrumento e de ferramenta de pedra que eles confeccionaram,
incluindo furadores, buris, pontas de lança, propulsores para lança,
flechas, arpões e agulha. Um número crescente de ferramentas passou
a ser feito de osso de chifre, que sendo menos quebradiços do que a
pedra permitiu a construção de artefatos menores, porém mais fortes
e mais pontudos.

Neste estágio de evolução humana a relação do homem com a natureza permaneceu


equilibrada. A atividade de retirada dos recursos naturais, no qual era estritamente para
a manutenção dos indivíduos, pouco interferiu em mudanças significativas ou implicou
em danos aos recursos naturais, pois eles respeitavam os ritmos do meio.
O período neolítico, surge a partir de 9 mil ou 8 mil a.C. (Mendonça, 2005). As

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
civilizações do Neolítico consideravam a natureza como deusa-mãe, como divindade
principal.

Figura 2 - Período Neolítico.


Fonte: Shutterstock (2021).

Esses povos tiveram uma visão de mundo muito diferente da qual fomos adotando
ao longo dos tempos. A natureza era entendida como algo vivo e sua relação com o
homem pré-histórico era de respeito mútuo.
Segundo Mendonça (2005), as culturas pré-históricas que cultuavam a natureza
como a deusa-mãe eram conhecidas como culturas matrísticas ou de matriz. Esses
povos estabeleceram uma relação mais equilibrada e harmoniosa com a natureza. Suas
atividades de caça e pesca, não foram tão invasivas a ponto de colocar em extinção as
espécies animais. Para Mendonça (2005, p. 56):

Considerar que os seres humanos já viveram em harmonia entre si e


com a Terra, mesmo quando em sociedades complexas e de tamanho
considerável, indica que isso, então, é possível. Ou seja, já foi possível
para os seres humanos. Faz parte da natureza humana.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Com a revolução industrial, as relações de dominação e exploração ambiental
ficaram ainda mais intensas. O objetivo de crescimento econômico para os países esteve
fortemente relacionado ao setor produtivo. O desenvolvimento econômico a “ todo vapor”
não considerou as possíveis consequências quanto aos aspectos ecológicos e sociais. A
regeneração natural não conseguiu alcançar o ritmo de extração dos recursos naturais.
Com isso, surge um novo modelo de sociedade expandindo-se por todos os continentes:
a patriarcal.

A grande mudança de sociedades matrísticas para patriarcais aconteceu


quando a tecnologia disponível deixou de ser aplicada unicamente
para a produção (agrícola e de artefatos) e passou efetivamente a ser
utilizada para a fabricação de armas. Paulatinamente as sociedades se
tornaram dominadoras. Surgiram os impérios. A ideia de dominação e
apropriação da natureza e de outros povos foi se ampliando e difundindo
pela região que hoje corresponde ao Oriente Médio e Europa (de onde
importamos nosso modo de ser atual) (Mendonça, 2005, p. 59).

Com as primeiras cidades e a divisão do trabalho, desenvolveu-se a agricultura de


subsistência, o cultivo de espécies vegetais e a domesticação de animais. Com a clareza
de consciência e discernimento sobre a sua ação, o homem começa gradativamente a sua
intervenção na natureza. Ao controlar os processos naturais, percebeu que podia decidir
e interferir no meio.

Figura 3 - A Intervenção do Homem na Natureza.


Fonte: Shutterstock (2021).

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Grandes extensões de terras, florestas e savanas foram transformadas em campos
para a criação de gados e para a agricultura, o que imprimiu grandes modificações na
paisagem natural. O sedentarismo abre espaço para as relações interpessoais e a formação
de organizações políticas e produtivas.
Com o surgimento da agricultura o homem descobriu que podia alterar os
ecossistemas para suprir as suas necessidades, esquecendo o seu lugar na natureza. O
cenário de destruição ambiental vem sendo delineado ao longo do processo civilizatório
quando o homem passou a usar a natureza como fonte de exploração.

Figura 4 - A natureza como fonte de exploração.


Fonte: Shutterstock (2021).

Com o surgimento de tecnologias cada vez mais sofisticadas, o homem aumenta a


sua intervenção no planeta levando a exaurirem-se os recursos naturais. O novo modelo
de vida que advém da exploração do meio, se acentua com os meios de produção. Passam
a visar o lucro, ou seja, os produtos explorados comercialmente, obtém vantagens
financeiras sobre a natureza, que continua sendo a principal fornecedora de matéria-
prima. Eisler (1989), enfatiza que os problemas atuais causados ao meio ambiente não se
encontram no uso da tecnologia em si, mas na ênfase que é dada ao seu uso.
Num primeiro momento o desenvolvimento econômico e social possibilitou uma
melhor qualidade de vida aos habitantes. No entanto, essa revolução econômica, social e
tecnológica, desencadeou num excessivo consumo de recursos, acarretado graves danos
ao meio ambiente.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Figura 5 - Poluição Ambiental
Fonte: Shutterstock (2021).

1.2 A CRÍTICA AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Ao longo da história, a humanidade estabeleceu inúmeras relações com a natureza.


Em cada período da história, ela passou a ser interpretada de acordo com os valores e
objetivos de cada povo, tendo significado próprio e específico. “Evidentemente que a
definição do que seja natureza depende da percepção que temos dela, de nós próprios, e,
portanto, da finalidade que daremos para ela” (Carvalho, 2003, p.13).
Embora o planeta possua uma abundância de recursos naturais e inúmeros
biomas que abrigam uma variedade de seres vivos, a humanidade enfrenta nas últimas
décadas graves problemas socioambientais. A degradação causada ao meio ambiente
e as constantes mudanças provocadas em razão de novas técnicas para o aumento
da produção, acabaram afetando os seres vivos, que são os agentes responsáveis pelo
equilíbrio entre todas as forças naturais.
O planeta Terra vem a cada ano diminuindo a sua capacidade de gerar recursos
e de fornecer matéria-prima para atender ao estilo de vida da modernidade atual. O
acelerando ritmo de degradação, não está dando espaço e tempo suficiente para que a
natureza possa reabastecer os seus recursos.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
A relação que o homem vem estabelecendo com o meio ambiente, revela-se cada vez
mais insustentável, pois visa o lucro sem medir consequências. O modelo de crescimento
desenvolvimentista contribuiu para a negligência em relação ao patrimônio ambiental e,
consequentemente, para o bem-estar humano. Isso se deu porque é um modelo “que assumiu
notoriedade a partir do reconhecimento da sobrevalorização da cultura urbano-industrial
que molda os modos de produção e consumo da sociedade” (SCHMIDT, 2007, p. 36).
Os problemas socioambientais vêm ocorrendo com maior frequência e intensidade
após a Revolução Industrial. Os instrumentos de baixa produtividade foram substituídos
progressivamente por máquinas e novas ferramentas, tornando crescente a extração de
recursos naturais.
A Revolução Industrial que teve início na Inglaterra, foi ocorrendo de forma
gradativa a partir do século XVIII em todos os países do mundo. Ela se tornou um
divisor de águas para o progresso da humanidade, ocasionando profundas mudanças
nos meios de produção, afetando diretamente os modelos econômicos e sociais de
sobrevivência humana. No final do século XIX, o modelo capitalista acaba colocando
em risco a sobrevivência da espécie humana em nome do desenvolvimento econômico,
comprometendo assim, o equilíbrio do planeta e a vida de todos os seres vivos. Segundo
Meszáros (1989, p. 27):

A determinação operativa onipresente no sistema capitalista é continua


sendo o imperativo da lucratividade. [...] o sistema como um todo é
absolutamente dissipador, e tem de continuar a sê-lo em proporções
sempre crescentes.

A partir da segunda metade do século XX, os problemas demográficos mundiais


tomaram uma imensa proporção com a implantação de máquinas no campo, com o
desmatamento de milhares de hectares de terra para a criação de gado e com a substituição
da energia humana pela energia motriz. A indústria provocou uma grande demanda
de fontes energéticas e matérias-primas, resultando no acelerado desaparecimento de
alguns recursos naturais. Segundo Bernardes e Ferreira apud Cunha e Guerra, 2003, p.
28 apontam:

Todavia, quanto mais poderosa é a maquinaria, mais riscos ela provoca


para a vida humana e tanto maior é a pressão econômica para tirar
dela mais lucro e desempenho. Explorando as riquezas da Terra, a forma
capitalista de produzir afeta diretamente o meio ambiente, muitas vezes
provocando impactos negativos irreversíveis ou de difícil recuperação.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Hoje os riscos produzidos se expandem em quase todas as dimensões
da vida humana, obrigando-nos a rever a forma como agimos.

Diante dessa realidade, se a espécie humana continuar atuando intensamente sobre


o meio em que vive e todos os países continuarem consumindo e produzindo com o mesmo
ritmo, será inviável a possibilidade de preservação do patrimônio natural, o que implica
na redução da chamada qualidade ambiental. O ser humano, ao se considerar o senhor
supremo de todas as coisas, trata a natureza como algo inferior, assumindo a missão de
dominá-la, controlá-la e explorá-la. Essa exploração não é somente para a sua sobrevivência,
mas principalmente para satisfazer as suas necessidades socialmente construídas.
Desta forma, a espécie humana não está percebendo a crescente destruição que
está sendo realizada no meio em que vive. Essa visão antropocêntrica que faz uso da
natureza para atingir o crescimento econômico é muito mais intensa do que a ação de
qualquer outro animal.
É inegável que os desastres ambientais vêm ocorrendo por causa da ação do homem.
No início, o homem para sobreviver, teve de se adaptar a natureza e hoje quer adaptá-
la ao seu estilo de vida para satisfazer as suas necessidades e às suas conveniências,
ficando alheio aos danos ou impacto que possa causar a ela. A espécie humana parece
não perceber a constante inter-relação que nos mantem conectados com o universo.
Diante disso, é primordial e urgente repensarmos a nossa atuação sobre o planeta
Terra. É necessário a conscientização da gravidade no qual o planeta vem enfrentando
com o processo em curso de exploração e contaminação excessiva do meio ambiente.

SUGESTÃO DE VÍDEO:
Assista ao filme “Ilha das Flores”. Ele retrata
muito bem as contradições entre a sociedade
capitalista e o meio ambiente. Suas reflexões
são acerca dos problemas sociais como resultado da pobreza
e das péssimas condições de vida da população.

Figura 6 - Filme “Ilha das Flores”.


Fonte: disponível em: < https://www.dailymotion.com/
video/xdz8t5. Acesso em: 06 de jan 2021.

20
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Acerca da preservação da natureza, inúmeras são as discussões políticas, sociais
e econômicas sobre o meio ambiente, no entanto, parece não ter contribuído para a
superação da crise ambiental que afeta todo o planeta e a humanidade. Para Mendonça
(2005), como consequência para a desenvolvimento econômico, os problemas ambientais
estão entre os inúmeros problemas que a humanidade criou.
Pudemos verificar através da evolução histórica da relação homem/ natureza, que
nos primeiros períodos da humanidade, o homem sentia-se parte do ambiente natural
não causando intensas degradações. Com o surgimento da agricultura a degradação
ambiental tomou maiores proporções, porém, foi com o advento da industrialização que
a natureza passa a ser intensamente agredida, dando lugar às indústrias e a urbanização.
O lucro impera como um dos fatores mais importantes para a sociedade. Diante dessa
problemática ambiental a sociedade necessita rever alguns conceitos para melhorar a
sua convivência com o meio ambiente.
Embora se considere que há uma dinâmica própria de transformação da natureza,
a espécie humana, “nós”, considerados evoluídos, estamos causando os problemas
ambientais e levando à extinção a nossa própria espécie. O modelo de desenvolvimento
econômico criado no século XX, vem atendendo cada vez mais as necessidades exigidas
pela sociedade consumista. A busca por maior lucratividade, ocasionou uma devastadora
exploração ambiental.
Mediante o que já foi exposto, é possível considerar que nos últimos séculos, a
capacidade de produtividade da biosfera não acompanhou o rápido desenvolvimento e
consequentemente o crescimento populacional, o que contribuiu para a possibilidade de
extinção/destruição dos recursos naturais. Segundo Duarte (2003, p.245),

[...] é preciso entender que as formas de produzir e comercializar os


bens e serviços que sustentam a existência da nossa sociedade forçam
o ecossistema no sentido de uma transformação irreversível, para um
novo ponto de equilíbrio. Nesse novo ponto, toda a organização social
ruiria, por ser incompatível com o conjunto de recursos naturais e
limites de temperatura, quantidade de chuvas e nível dos oceanos, que
seriam regulares após as transformações.

Várias discussões acerca da nossa posição diante do mundo são levantadas por
estudiosos e ambientalistas. Estudos mostram que as consequências desse capitalismo
selvagem, que busca pelo desenvolvimento econômico às custas da exploração e a perda da
biodiversidade, vêm crescendo, ameaçando o ecossistema e limitando a disponibilidade
dos recursos naturais.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
PARA REFLETIR:
Como é possível estabelecer de forma harmoniosa a convivência humana em
um planeta que apresenta seus recursos cada vez mais limitado?

Esta situação exige de todos nós uma redefinição nas políticas de desenvolvimento
e uma reflexão mais crítica quanto a nossa responsabilidade enquanto membros de uma
sociedade.

1.3 A CRISE AMBIENTAL E O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA

Com o advento da sociedade moderna os problemas socioambientais se


intensificaram de forma crescente. A sociedade capitalista não foi a única a provocar
modificações na natureza, mas com o aumento populacional, a acelerada produção de
consumo, a demanda por energia, minério, alimentos, entre outros fatores, irreversíveis
perdas foram causadas ao planeta. Segundo Viola (1987, p. 1), “a conduta predatória
causada pela humanidade não é uma atividade nova. O que é novo são os instrumentos
desenvolvidos pelo homem para realizar a exploração da natureza”.
O século XX, foi um dos mais agitados e intensos da história. Eventos internacionais
marcaram a década de 70, com questionamentos e manifestações ecológicas para um novo
modo de vida humano, pois a forma como o destino do planeta vinha sendo conduzido
pela humanidade, tornaria o século seguinte insustentável para as próximas gerações.
Os grandes desastres ambientas impulsionaram várias discussões acerca da proteção ao
meio ambiente e ao crescimento das economias mundiais.
Os primeiros passos foram trilhados com agenda de reuniões, convenções e
conferências para o estabelecimento de políticas públicas voltadas para a preservação
do meio ambiente. As discussões ganharam mais consistência com as conferências
internacionais, que ultrapassaram a barreira do movimento ambientalista, despertando
interesse público, o que impulsionou um moderado reposicionamento dos Estados
nacionais para o atendimento desta nova demanda, que constitui um dos eixos

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
norteadores do debate centrado essencialmente na reorganização da agenda política
internacional (SCHMIDT, 2007, p.54).
Diante deste cenário faremos um resgate da construção histórica de preocupação
com a natureza ao longo das décadas do século XX, tendo como fio condutor as
Conferências Internacionais e seus desdobramentos, consideradas relevantes iniciativas
para o enfrentamento da crise ambiental.

1.3.1 Como surgiu o termo Desenvolvimento Sustentável?

No século XVIII a ciência ganha destaque com a publicação de vários textos, como
por exemplo, o livro sobre economia silvícola (Sylvicultura econômica, 1713), escrito por
Hans Carl von Carlowitz.
O termo “sustentável” ou “sustentabilidade” tem sua origem na obra de Carlowitz,
no qual o alemão traz conceitos relevantes sobre a sustentabilidade do planeta ao destacar
a necessidade de manejo e conservação das florestas, garantindo assim, um bom legado
para as futuras gerações.

Figura 7 - Livro Sylvicultura econômica (1713).


Fonte: Disponível em:< http://www.centralflorestal.com.br/2020/05/a-ciencia-florestal-de-hans-carl-
-von.html> Acesso em 15 de jan. 2021.

23
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
1.3.2 Primavera Silenciosa de Rachel Carson

Publicações e eventos internacionais como o livro Primavera Silencionsa, da bióloga


americana Rachel Carson, foi considerado um clássico do movimento ambientalista
moderno, por apresentar denúncias sobre o uso indiscriminado de pesticidas nas
plantações, ocasionando a bioacumulação do mesmo nos organismos (BONZI, 2013).

Figura 8 - Livro Primavera Silencionsa.


Fonte:https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2018/09/085_PRIMAVERA-
-SILENCIOSA-uma-resenha.pdf Acesso em 07 de jan. 2021.

O termo “meio ambiente” esteve por muito tempo associado as questões ecológicas
e naturais. Com passar do tempo, foi incorporado a uma outra dimensão, envolvendo
questões sociais e culturais. Após o lançamento do livro de Carson (1962), diversos
eventos foram realizados com o objetivo de discutir internacionalmente a problemática
ambiental.

24
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
1.3.3 O Seminário Internacional de Educação Ambiental- A Carta de
Belgrado

Diversas esferas da sociedade passaram a discutir os problemas ecológicos, que


ganharam consistência e relevância a partir da década de 70.
Conferências internacionais, como a de Belgrado em 1975, (Iugoslávia), resultou
na Carta de Belgrado considerado um dos documentos mais importantes da época, por
abordar temas como a erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição,
entre outros.

1.3.4 Crescimento Econômico Zero- Clube de Roma

Cientistas, economistas, empresários, servidores públicos e ex-chefes de Estado de


diversos países reuniram-se na Academia dei Lincei, em Roma, para discutir o futuro
da humanidade em relação a preservação do meio ambiente. Segundo Watts (1972), esse
grupo informal de pesquisadores culminou no chamado Clube de Roma que teve como
finalidade:

promover o entendimento dos componentes variados, mas


interdependentes – econômicos, políticos, naturais e sociais – que
formam o sistema global em que vivemos; chamar a atenção dos que
são responsáveis por decisões de alto alcance, e do público do mundo
inteiro, para aquele novo modo de entender, e assim, promover novas
iniciativas e planos de ação (WATTS, 1972, p. 10).

O Clube de Roma elaborou um relatório para mensurar qual a capacidade


ecológica da natureza e seus limites para continuar atendendo o modo de vida que a
sociedade vinha se organizando. Esses estudos deram origem a publicação do “Limites
para o Crescimento”, também conhecido como Relatório Meadows em 1972. O relatório
propunha um método de ação emergencial que visava à estagnação da produção industrial

25
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
- na tentativa de impedir o estrangulamento de matérias-primas, “o congelamento do
crescimento da população global” (BURSZTYN; BURSZTYN, 2006; JACOBI, 1999, citados
por SCHMIDT, 2007, p. 37).
Apesar da inciativa positiva, o relatório foi alvo de muitas críticas por apresentar
ênfase massiva na degradação ambiental, relegando o fato de que, a estagnação total
da produção industrial, impediria o crescimento das nações em desenvolvimento e não
afetaria do mesmo modo as nações industrializadas; o que consequentemente, seria
o aspecto propulsor para uma crescente desigualdade social, ou seja, “[...] o problema
principal do Clube de Roma foi a defesa do crescimento zero, na medida em que se
fechava o caminho para o crescimento dos países mais pobres” (BRÜSEKE, 1995 citado
por BERNARDES et al., 2003, p. 35).
O relatório considerou que o impedimento aos processos geradores de impactos
econômicos, sociais e ambientais - tanto positivos quanto negativos; garantiria a
qualidade de vida para a população dos países ricos e pobres. Por outro lado, essa premissa
apontada, não considerou que poderia condenar os países pobres a uma condição
imutável de subdesenvolvimento, eterna dependência e até possivelmente a um índice
extremo de pobreza e desigualdade perante as nações ricas (SCHMIDT, 2007).

SAIBA MAIS:
A produção industrial triplicou nos últimos anos, aumentando a exploração e
consumo de matéria–prima. Técnicas novas são utilizadas para tornar mais efi-
ciente o controle de poluentes. Mas, isso não significa que os problemas ambientais foram resol-
vidos. Tais técnicas ainda não são utilizadas em países pobres, no qual utilizam procedimentos
antiquados e poluentes.

A salvação do meio ambiente global através de mudanças sociais e tecnológicas,


representaria a atrofia do desenvolvimento dos países “pobres”, por meio do sacrifício
de seu crescimento econômico, nos quais, a desigualdade é uma marca, e permitiria uma
conveniente redenção para os países “ricos”, os maiores responsáveis pela degradação
ambiental (GIDDENS, 2004, p. 59).

26
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
1.3.5 A Conferência da Organização das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente Humano o (CNUMA) ou Conferência de Estocolmo

A Conferência da Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano o


(CNUMA) ou Conferência de Estocolmo, realizada entre 5 e 16 de junho de 1972, na Suécia,
foi considerada um marco histórico pela elaboração de um documento internacional que
chamou a atenção dos países desenvolvidos e em desenvolvimento quanto a gravidade
da situação na área ambiental, causada pelo processo de industrialização. A preocupação
manifestada pela Conferência de Estocolmo era com a contaminação causada pela
industrialização aos ecossistemas naturais. (Guimarães, 1991).
O termo “Ecodesenvolvimento” surgiu pela primeira vez durante a Conferência de
Estocolmo como um termo alternativo para o conceito de desenvolvimento. Segundo
Vieira, (1995) esse termo consistia em

[...] uma concepção alternativa, potencialmente fértil para direcionar


ações em zonas rurais dos países em desenvolvimento e sensível a
preocupação ambiental. Esta concepção antitecnocrática preconizava
a gestão mais racional dos ecossistemas locais aliada à valorização
do know-how e da criatividade das pessoas envolvidas no processo
(VIEIRA, 1995, p. 108).

Essa Conferência repercutiu mundialmente desencadeando outras conferências


internacionais. O professor Ignacy Sachs apresenta na década de 80, uma nova versão
para Ecodesenvolvimento. Sua reelaboração preconizava um conceito “estruturado a
partir do reconhecimento de cinco dimensões: sustentabilidade social, sustentabilidade
econômica, sustentabilidade ecológica, sustentabilidade espacial e cultural” (SACHS,
1993 citado por JACOBI, 1999, p. 176). Privilegiava um modelo de desenvolvimento nos
contextos rural e urbano, assim como a ruptura da dependência, através da busca por
autonomia (self reliance) que visasse a “satisfação prioritária das necessidades básicas
das populações envolvidas” – em suma, a população carente; assim como a sincronia
dos mesmos com a dimensão ambiental e sua vasta gama de recursos, desde que,
prudentemente utilizados e em respeito “à solidariedade sincrônica e diacrônica entre as
gerações” (VIEIRA, 1995, p. 108-109, citado por SCHMIDT, 2007).
A Conferência de Estocolmo foi a primeira conferência da história a reunir vários

27
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
representantes mundiais. Nesse encontro importantes estratégias e diretrizes foram
propostas, visando proteger o meio ambiente. A Conferência de Estocolmo reconheceu
a Educação Ambiental como necessária para solucionar os problemas ambientais. A
Educação Ambiental passou a ser uma temática bastante discutida para o desenvolvimento
de ações voltadas ao meio ambiente. Foi vista como um instrumento que efetivasse o
ser humano o direito a um ambiente ecologicamente equilibrado, indispensável para as
gerações presentes e futuras (PIOVESAN, 2015).

1.3.6 Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento


(Comissão de Brundtland)

Em 1987 um novo modelo alternativo de desenvolvimento foi proposto pela Comissão


Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no qual ficou conhecido como relatório
de Brundtland que destaca a pobreza como principal causa para os problemas ambientais.
Um dos principais objetivos era estimular o crescimento econômico sem comprometer os
recursos naturais disponíveis (Relatório Brundtland, 1987).

Essa Comissão, chamada de Comissão Brundtland, circulou o mundo


e encerrou seus trabalhos em 1987, com um relatório chamado “Nosso
Futuro Comum”. E é nesse relatório que se encontra a definição de
desenvolvimento sustentável mais aceita e difundida em todo o Planeta:
“Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades
do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras
satisfazerem suas próprias necessidades”. Segundo a Comissão, o
desafio era trazer as considerações ambientais para o centro das
tomadas de decisões econômicas e para o centro do planejamento
futuro nos diversos níveis: local, regional e global (Oficina de Educação
Ambiental para Gestão, p. 5).

O relatório Nosso Futuro Comum, discute ações e estratégias que pudessem


conciliar o crescimento econômico dos países, sem comprometer o futuro das próximas
gerações. Uma lista de ações e metas foram propostas para as nações mundiais, no

28
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
entanto, não foi suficiente para o alcance da sustentabilidade planetária. Era necessário
o cumprimento de novas alternativas para alcançar desenvolvimento sustentável.

1.3.7 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o


Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como Eco-92 ou Rio-92

Entre os dias 3 a 14 de junho de 1992, a cidade do Rio de Janeiro serviu de sede para
a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUMAD), conhecida como ECO-92 ou Rio 92. A conferência Rio-92 foi um marco
histórico para as discussões acerca do desenvolvimento sustentável. Teve grande
participação de dirigentes políticos, organizações não-governamentais, movimentos
ambientalistas e sociedade civil. Vários países participaram desse evento, sendo
considerada a maior já realizada no âmbito da ONU (BARBIERI, 2008).
A “Cúpula da Terra” Rio 92, ocorreu 20 após a conferência de Estocolmo, sendo
considerada um marco para a “evolução” da Educação Ambiental. Nesta conferência
foram discutidas estratégias sustentáveis de desenvolvimento, resultando na elaboração
de documentos importantes como a “Agenda 21”, um instrumento de planejamento
participativo que teve como eixo central a sustentabilidade, na medida em que visa
compatibilizar a conservação ambiental, a justiça social e o crescimento econômico
(SCHMIDT, 2007) e a Carta Brasileira para a Educação Ambiental.
Podemos perceber que foram promovidas várias discussões para estimular
novas mudanças na relação do homem com a Natureza. As conferências apresentadas
ao longo das décadas fizeram o mundo pensar na questão ecológica sob o enfoque de
outros olhares. Contudo, tem sido crescente as relações desarmônicas entre os homens
e a natureza. O modelo de desenvolvimento econômico capitalista tem intensificado a
cultura do desperdício, o consumismo exagerado, a facilidade em descartar os produtos,
tornando cada vez mais insustentável o convívio entre espécie humana e meio natural.
Nas palavras de Maurice Strong:

Perdemos a inocência. Hoje sabemos que nossa civilização e até


mesmo a vida em nosso planeta estarão condenadas, a menos que
nos voltemos para o único caminho viável, tanto para os ricos quanto

29
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
para os pobres. Para isso, é preciso que o Norte diminua seu consumo
de recursos e o Sul escape da pobreza. O desenvolvimento e o meio
ambiente estão indissoluvelmente vinculados e devem ser tratados
mediante a mudança do conteúdo, das modalidades e das utilizações
do crescimento. Três critérios fundamentais devem ser obedecidos
simultaneamente: equidade social, prudência ecológica e eficiência
econômica.

Rees e Wackernagel (1996, p. 223) corroboram dizendo que: “a dramática mudança


necessária na relação material e espacial do homem com o resto da natureza é a chave
para a sustentabilidade”. A busca pela sustentabilidade, só será alcançada quando o
homem pensar coletivamente em construir uma nova forma de desenvolvimento.

1.4 A RESPONSABILIDADE SOCIAL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O conceito de desenvolvimento sustentável passou a ser amplamente utilizado


após a sua inauguração mundial que ocorreu em 1987, com o relatório da Comissão de
Brundtland. Alcançou grande notoriedade pela massiva divulgação na Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada no Rio de Janeiro em 1992.
Segundo o Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) a definição do
conceito de desenvolvimento sustentável “é aquele que atende às necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas
próprias necessidades”. A estratégia do desenvolvimento sustentável visa promover a
harmonia entre os seres humanos, a humanidade e a natureza.
No contexto específico das crises do desenvolvimento e do meio ambiente surgidas
nos anos 80, as atuais instituições políticas e econômicas nacionais e internacionais
ainda não conseguiram e talvez não consigam superar, pois a busca do desenvolvimento
sustentável requer:

um sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos


no processo decisório; um sistema econômico capaz de gerar
excedente e know-how técnico em bases confiáveis e constantes;

30
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um
desenvolvimento não equilibrado; um sistema de produção que respeite
a obrigação de preservar a base ecológica do desenvolvimento; um
sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções; um
sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comercio
e financiamento; um sistema administrativo flexível e capaz de
autocorrigir-se (BRUNDTLAND, 1988, citado por VIOLA; LEIS, 1995, p. 78).

No entanto, é importante considerar que mesmo alcançando notoriedade, o


conceito de desenvolvimento sustentável recebeu muitas críticas, que apontavam que:

[...] a noção de desenvolvimento sustentável é demasiado vaga e que


ela negligencia as necessidades específicas dos países mais pobres
[ou seja,] a ideia de desenvolvimento sustentável tende a concentrar
atenção apenas nas necessidades dos países mais ricos, não
considerando o modo como os níveis de consumo nos países ricos são
satisfeitos à custa de outros (GIDDENS, 2004, p.615).

O caos ambiental e a necessidade de desenvolvimento, assim como a busca por


equidade social (especificamente nos países pobres), foram temas debatidos pelos
movimentos ambientalistas e ecologistas bem antes do discurso sobre desenvolvimento
sustentável ter assumido um status oficial.
Mesmo apresentado aspectos negativos, o conceito de desenvolvimento sustentável
(enunciado pela Comissão Brundtlandt), alcançou grande repercussão, o que o tornou
“uma panaceia, como se, ao ser evocado, todos os males do mundo se resolvessem”
(BURSZTYN; BURSZTYN, 2006, p. 59).
Segundo Binswanger (1999), é notória a improbabilidade de efetivação de uma
sustentabilidade perfeita – que pressuponha uma causalidade mecânica entre o
crescimento (material) e desenvolvimento (social e ambiental) -, em virtude das perdas
consideráveis sofridas pelo meio ambiente natural, mas por outro lado, o autor defende
que, “ a aplicação do conceito de sustentabilidade pode contribuir para a amenização da
destruição acelerada dos recursos naturais” (BINSWANGER, 1999, citado por SCHMIDT,
2007. P. 23).
Diante das opiniões expostas, é importante destacar que alcançar a sustentabilidade,
não se resume e soluções simples e imediatas, mas sim, o “mérito de reaquecer a discussão
em escala internacional sobre a caracterização precisa do critério de sustentabilidade”
(VIEIRA, 2005, p. 113, citado por SCHMIDT, 2007).

31
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
A falta de comprometimento de todas as nações mundiais, para que se atinja a
sustentabilidade, não se traduz no simples reconhecimento do problema ou a um plano
de ações, principalmente se consideramos que existem “fatores inerentes aos sistemas
políticos e econômicos, impedindo que, a orientação para o bem comum possa se impor
no momento da negociação de acordos, como também na fase de implementação de
políticas públicas” (FREY,2001, p. 2, citado por SCHMIDT, 2007).
Segundo a UNESCO, (2000), o desenvolvimento sustentável pode ser definido como
um dever de proteger e de restaurar a integridade dos sistemas ecológicos terrestres, tal
como se encontra expresso no texto da Carta Terra, sob a definição de um imperativo de
integridade ecológica.
A Carta da Terra mencionada pela UNESCO é um documento que está previsto no
contexto da educação para a sustentabilidade. Este documento foi desenvolvido de forma
democrática, tendo a participação de mais de 100 mil pessoas de 46 nações e aprovada
pelas Nações Unidas em 2000, sendo reconhecida como “Código Ético Planetário”
(LOURES, 2008).
Segundo Loures (2008), a Carta da Terra, apresenta uma visão ética e holística, e
considera as interdependências entre pobreza, degradação ambiental, injustiça social,
conflitos étnicos, paz, democracia, ética e crise espiritual. “Ela representa um grito de
urgência face às ameaças que pesam sobre a biosfera e o projeto planetário humano,
além de representar um apelo em favor da esperança e de um futuro comum da Terra e
da humanidade” (LOURES, 2008, p 69).
Assim, o documento pode ser utilizado como um código universal de conduta
para guiar os povos e as nações na direção de um futuro sustentável (LOURES, 2008).
‘É uma espécie de código de ética planetário, semelhante à Declaração Universal dos
Direitos Humanos, só que voltado à sustentabilidade, à paz e à justiça socioeconômica”
(PLANETA SUSTENTÁVEL, 2016, p. 34).
A Carta da Terra, foi idealizada pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento das Nações Unidas, em 1987, mas, somente na Cúpula da Terra (Rio-
92), é que efetivamente foi delineada.
Finalizada no ano 2000, foi traduzida para 40 idiomas e atualmente recebe o
incentivo de 4,6 mil organizações em todo o mundo. Está fundamentada em dezesseis
princípios, organizados em quatro dimensões:

32
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
I - RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA
Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade a. Reconhecer que todos os seres são interligados e
cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos. Afirmar a fé
na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da
humanidade.
Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor a. Aceitar que, com o direito de
possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de impedir o dano causado ao meio ambien-
te e de proteger os direitos das pessoas. b. Assumir que o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do
poder implica responsabilidade na promoção do bem comum.
Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas a. Assegurar
que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e
proporcionem a cada um a oportunidade de realizar seu pleno potencial. b. Promover a justiça econômica
e social, propiciando a todos a consecução de uma subsistência significativa e segura, que seja ecologica-
mente responsável.
Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações a. Reconhecer que a liberdade
de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras. b. Transmitir às futuras
gerações valores, tradições e instituições que apoiem, em longo prazo, a prosperidade das comunidades
humanas e ecológicas da Terra.

II - INTEGRIDADE ECOLÓGICA
Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela
diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a Vida a. Adotar planos e regulamenta-
ções de desenvolvimento sustentável em todos os níveis, que façam com que a conservação ambiental e
a reabilitação sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento. b. Estabelecer e proteger as
reservas com uma natureza viável e da biosfera, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para prote-
ger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural. c.
Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçadas. d. Controlar e erradicar organismos não
nativos ou modificados geneticamente que causem danos às espécies nativas e ao meio ambiente, e pre-
venir a introdução desses organismos daninhos. e. Manejar o uso de recursos renováveis como água, solo,
produtos florestais e vida marinha, de forma que não excedam as taxas de regeneração e que protejam a
sanidade dos ecossistemas. f. Manejar a extração de recursos não renováveis, como minerais e combustí-
veis fósseis, de forma que diminuam a exaustão e não causem dano ambiental grave.
Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento
for limitado, assumir uma postura de precaução a. Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios ou
irreversíveis danos ambientais, mesmo quando a informação científica for incompleta ou não conclusiva.
b. Impor o ônus da prova àqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará danos significa-
tivo e fazer com que os grupos sejam responsabilizados pelo dano ambiental. c. Garantir que a decisão
a ser tomada se oriente pelas consequências humanas globais, cumulativas, de longo prazo, indiretas e
de longo alcance. d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento
de substâncias radioativas ou tóxicas, ou outras substâncias perigosas. e. Evitar que atividades militares
causem danos ao meio ambiente.

33
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da
Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados
nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas
ecológicos. b. Atuar com restrição e eficiência no uso de energia e recorrer cada vez mais aos recursos
energéticos renováveis, como a energia solar e a do vento. c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a
transferência equitativa de tecnologias ambientais saudáveis. d. Incluir totalmente os custos ambientais
e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que
satisfaçam as mais altas normas sociais e ambientais. e. Garantir acesso universal à assistência de saúde
que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável. f. Adotar estilos de vida que acentuem a
qualidade de vida e a subsistência material num mundo finito.
Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do conhe-
cimento adquirido a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade,
com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento. b. Reconhecer e preservar os
conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuam para a proteção
ambiental e o bem-estar humano. c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e
para a proteção ambiental, incluindo informação genética, estejam disponíveis ao domínio público.

III - JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA


Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental a. Garantir o direito à água potável, ao ar
puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e ao saneamento seguro, distribuindo
os recursos nacionais e internacionais requeridos. b. Prover cada ser humano de educação e recursos
para assegurar uma subsistência sustentável, e proporcionar seguro social e segurança coletiva a todos
aqueles que não são capazes de manter-se por conta própria. c. Reconhecer os ignorados, proteger os
vulneráveis, servir àqueles que sofrem, e permitir-lhes desenvolver suas capacidades e alcançar suas
aspirações.
Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento
humano de forma equitativa e sustentável a. Promover a distribuição equitativa da riqueza dentro e entre
as nações. b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desen-
volvimento e isentá-las de dívidas internacionais onerosas. c. Garantir que todas as transações comerciais
apoiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e as normas trabalhistas progressistas. d.
Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência
em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas consequências de suas atividades.
Afirmar a igualdade e a equidade de gênero como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e as-
segurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas a. Assegurar
os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas. b. Promover a
participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural
como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias. c. Fortalecer as famílias e
garantir a segurança e a educação amorosa de todos os seus membros.

34
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de
assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo especial atenção
aos direitos dos povos indígenas e minorias a. Eliminar a discriminação em todas suas formas, como as
baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social. b.
Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como
às suas práticas relacionadas a formas sustentáveis de vida. c. Honrar e apoiar os jovens das nossas
comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis. d.
Proteger e restaurar lugares notáveis pelo seu significado cultural e espiritual.

IV - DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ


Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação de
contas no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça a. Defender
o direito de todas as pessoas no sentido de receber informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais
e todos os planos de desenvolvimento e atividades que poderiam afetá-las ou nas quais tenham interesse.
b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os
indivíduos e organizações na tomada de decisões. c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão,
de assembleia pacífica, de associação e de oposição. d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos
administrativos e judiciais independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e
pela ameaça de tais danos. e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas. f. Fortalecer
as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades
ambientais aos níveis governamentais onde elas possam ser cumpridas mais efetivamente.
Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilida-
des necessárias para um modo de vida sustentável a. Oferecer a todos, especialmente a crianças e jovens,
oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável. b.
Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para a sus-
tentabilidade. c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no sentido de aumentar a sua
sensibilização para os desafios ecológicos e sociais. d. Reconhecer a importância da educação moral e
espiritual para uma subsistência sustentável.
Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração a. Impedir crueldades aos animais mantidos em
sociedades humanas e protegê-los de sofrimentos. b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, ar-
madilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável. c. Evitar ou eliminar ao máximo
a captura ou destruição de espécies não visadas.
Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a
solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro e entre as nações. b. Implementar estratégias
amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para manejar
e resolver conflitos ambientais e outras disputas. c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até
chegar ao nível de uma postura não provocativa da defesa e converter os recursos militares em propósitos
pacíficos, incluindo a restauração ecológica. d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras
armas de destruição em massa. e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico mantenha a proteção
ambiental e a paz. f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com
outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.
Fonte: Disponível em:<. http://www.cartadaterrabrasil.com.br/prt/Principios_Carta_da_Terra.pdf>.
Acesso em 23 de jan. 2021.

35
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
PARA REFLETIR:
Em se tratar de Desenvolvimento Sustentável, é possível considerar que seja
possível conciliar a preservação do meio ambiente com a atividade econômica?

O principal desafio da humanidade é encontrar soluções para manter as atividades


econômicas (extraindo, transformando e distribuindo recursos naturais), em conciliação
a capacidade de reposição daqueles recursos naturais renováveis com a possibilidade de
substituição daqueles não renováveis. Acrescenta-se a esse desafio: controlar o aumento
da população, reduzir a miséria e a violência e assegurar vida digna para todas as pessoas.

Quanto ao termo “recurso natural” não pode mais ser entendido como uma
riqueza que está disponível para que o ser humano o utilize de forma indiscriminada e
mercantilista. Independente do conceito que é dado aos recursos naturais, é necessário
que a população humana tenha o entendimento de sua inter-relação com todas as
espécies existentes, para o equilíbrio do planeta.

Os recursos naturais podem ser:

São recursos que voltam a ser disponíveis na natureza. Exemplo: flora (plantas) e
Renováveis
fauna (animais).
São recursos que ao se esgotarem, o seu processo de formação pode levar cente-
Não renováveis
nas de anos. Exemplo: minerais e petróleo

Para que seja possível a nossa sobrevivência, é necessário que ocorra o equilíbrio
entre a atividade econômica, a preservação do meio ambiente e a garantia de condições
dignas de vida para as pessoas. A ideia está centrada em três eixos: ambiental, social e
econômico.

36
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
SAIBA MAIS:
O alto nível de consumo nos países desenvolvidos é maior do que a capaci-
dade do planeta em renová-los. A possibilidade de esgotamento dos recursos
naturais poderá contribuir para o fim da vida humana, isto é, para a nossa sobrevivência.

Segundo apontamentos apresentados nos relatórios de organizações internacionais


e não governamentais, o modelo atual de desenvolvimento, aumentou o número de
pessoas pobres e vulneráveis degradando simultaneamente o ambiente. Ex.: Pessoas que
vivem sem infraestrutura adequada em termos de saneamento, condições de habitação,
saúde, educação etc., estão mais predispostas a contribuir negativamente para o aumento
da degradação.

Figura 9 - Impactos sociais e as alterações no meio ambiente.


Fonte: Shutterstock (2021).

Estando a pobreza diretamente associada a degradação ambiental, é preciso criar


condições de desenvolvimento que sejam pautadas no fortalecimento do capital cultural,

37
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
social e intelectual dos indivíduos. Dentro desse contexto, é preciso considerar também,
as minorias sociais compostas também por povos indígenas e tribais, que são dignos de
especial atenção, pois, seus estilos de vida tradicionais - estilos que podem dar lições as
sociedades modernas relativamente a gestão dos recursos como florestas, montanhas, e
terras de cultura – foram interrompidos pelo desenvolvimento do industrialismo.
Alguns destes povos estão ameaçados de possível extinção devido a um
desenvolvimento insensato, sobre o qual não tem qualquer controle. Assim, o
reconhecimento dos direitos tradicionais, impulsiona-os a uma voz ativa na formulação
de políticas relativas ao desenvolvimento dos recursos nas suas áreas.
Dentro desse contexto, o desenvolvimento sustentável, como conceito e objetivo, é
a possibilidade de manter qualquer atividade de forma perpétua, sem nunca se atingir a
exaustão dos recursos naturais básicos que proporcionam o crescimento humano, já que
os seres humanos necessitam da continuidade e manutenção dos sistemas naturais para o
fornecimento de alimentação, abrigo, energia e o desenvolvimento de suas necessidades
espirituais (ALVES, CAIEIRO, 1998).
O desenvolvimento sustentável não é um estado de harmonia fixo, mas, um processo
de mudança que requer uma readequação na exploração de recursos, na orientação dos
investimentos, no desenvolvimento tecnológico e nas transformações institucionais,
para que seja possível o atendimento às necessidades tanto presentes quanto futuras.
Atualmente, o desafio consiste em atribuir aos governos nas esferas global,
nacional e local, a responsabilidade pelos efeitos das suas decisões sobre a qualidade do
ambiente humano, dando maior poder aos organismos responsáveis pelo ambiente de
forma a fundamentar uma atuação mais ampla, com vista ao fim da insustentabilidade.
Assim, é possível considerar que o desenvolvimento dos recursos humanos é
uma exigência crucial não só na formação do conhecimento e das capacidades técnicas,
mas, também na criação de novos valores que vão ajudar os indivíduos e as nações, a
enfrentar uma rápida mudança na realidade social, ambiental e de desenvolvimento.
Os conhecimentos partilhados em nível mundial ajudarão a garantir um melhor
entendimento mútuo e criar uma maior vontade de partilhar equitativamente os recursos
globais (ALVES, CAIEIRO, 1998).
Quando se pensa em sustentabilidade, diretamente é possível considerar
que o estado atual da tecnologia e da organização social requerem certos limites,
especificamente em relação aos recursos ambientais e a capacidade de a biosfera
absorver os efeitos da atividade humana. A busca por um modelo de desenvolvimento
que atenda às necessidades essenciais da população mundial, deve representar também,
uma nova era no crescimento econômico, principalmente para as nações desfavorecidas,
com a garantia de que elas terão direito a respectiva quota dos recursos necessários para

38
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
assegurar esse crescimento.
Dessa forma, a redução da pobreza generalizada torna-se inevitável, pois, o
desenvolvimento sustentável exige que as necessidades básicas de todos sejam atendidas,
dando a oportunidade de realização de uma vida melhor. No entanto, mesmo com a
adoção do ideário da sustentabilidade são necessários mais esforços para que a questão
efetivamente se cumpra na prática.
Mediante os dados apresentados, é possível considerar que os países
industrializados, a maior parte incluindo os em desenvolvimento, suportam encargos
econômicos devido a problemas como poluição do ar e água, contaminação das águas
subterrâneas e a proliferação de substâncias químicas toxicas e resíduos perigosos.
Além desses problemas, existem outras dificuldades associadas como: a erosão, a
desertificação, a acidificação, os produtos químicos e a produção de novas formas de
resíduos, diretamente relacionados com as políticas e práticas agrícolas industriais, de
energia, de silvicultura e de transportes.
Segundo foi possível observar, os problemas relacionados às dificuldades de se
implementar o desenvolvimento sustentável, não são elucidados porque muitos países
desfavorecidos, demasiadamente pequenos, com uma capacidade de gestão limitada,
apresentam dificuldade em alcançar este objetivo.
Para que isso ocorra, os sistemas políticos devem garantir a participação efetiva
dos cidadãos nas tomadas de decisão em nível local e nacional, e em nível internacional.
Para tal, grande parte dos Estados nacionais, ainda precisam evoluir em termos de
desenvolvimento das instituições. O processo não é fácil nem simples, pois, também,
depende da vontade política. Para que a realidade se transforme, será necessário suporte
financeiro e técnico, bem como formação profissional adequada, já que as modificações
necessárias (para serem realmente efetivas) envolvem todos os países pequenos, grandes,
ricos e pobres.
Diante do que foi visto até aqui, foi possível observar que com o aumento da
população mundial, a concepção de desenvolvimento, se estende além do contexto
econômico restrito aos países em desenvolvimento. Desse modo, podemos concluir que
é necessário o surgimento de uma nova via de desenvolvimento que possa assegurar
o progresso humano não só em alguns lugares durante anos, mas também em todo o
planeta, num futuro longínquo.

39
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
SAIBA MAIS:
Nos países em que a pobreza e a desigualdade social persistem, estará sem-
pre suscetível a crises ecológicas.

Nesse sentido, é possível concluir que o desenvolvimento sustentável implica


que os mais abastados optem por estilos de vida dentro das possibilidades econômicas
do nosso planeta, como por exemplo, a forma que utilizam os recursos naturais. Logo,
o desenvolvimento sustentável só pode ser levado a bom termo se a dimensão e o
crescimento das populações estiverem em harmonia com o potencial produtivo dos
ecossistemas, em constante alteração.

SUGESTÃO DE TEXTO:
Para ter acesso ao texto: A educação ambiental e a sustentabilidade como
medida preventiva à violência gerada pelo consumo infantil exagerado, de Nálbia
Roberta Araújo da Costa, acesso o link:
https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/Sustentabilidade_ambiental_ebook.pdf

40
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao término desta unidade. Realizamos um passeio histórico sobre as


principais conferências mundiais que discutiram a questão ambiental e as influências
que o ser humano exerce sobre o meio ambiente natural. A crise ambiental que se
estabeleceu nos últimos anos se deu em virtude da não preocupação do homem em
relação a natureza. Foram significativas alterações causadas a natureza devido ao modelo
capitalista adotado ao longo das décadas. O consumo permanente de recursos não
renováveis expõe o meio ambiente à uma situação degradante e irreversível, colocando a
natureza como uma fonte inesgotável.
O Relatório Brundtland trouxe uma proposta de desenvolvimento sustentável para
satisfazer as necessidades da população, conciliando com as possibilidades ofertadas pela
natureza, pois a degradação causada ao meio ambiente é algo que vem ocorrendo a muitos
anos, em vários países do globo terrestre. Mesmo com os dispositivos também propostos
pela Carta Magna em defesa do meio ambiente, percebe-se que a crise ambiental vem se
agravando, a cada ano, colocando em risco a vida das futuras gerações.
Não há dúvidas de que o desenvolvimento sustentável exige mudanças de toda a
sociedade e dos governantes das nações. Diante disso, é evidente que precisamos adotar
novas posturas de respeito para garantir a sua preservação. Nesse sentido, como alcançar
o desenvolvimento sustentável?
Sabemos que esta é uma resposta incipiente ainda e para atingir tal objetivo é
necessário mudanças, transformações e investimentos.
Você pode conhecer um pouco sobre o conceito de desenvolvimento sustentável
e que ele pode ser considerado a base para a melhoria da qualidade de vida de toda a
população. A inciativa do desenvolvimento sustentável é algo viável na prática, porém,
para que a ideia saia da iniciativa de discussão para o plano prático e para que o equilíbrio
ecológico seja viável, é necessário que tanto governos quanto instituições internacionais
tomem as medidas necessárias, e que cada cidadão faça inúmeros esforços para o alcance
do equilíbrio ecológico.

41
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
EXERCÍCIO FINAL

1 - As questões ambientais passaram a ser uma preocupação da sociedade atual.


A grande exploração dos recursos naturais ocorreu para atender as demandas
das produtivas. Com base no texto, assinale a alternativa que melhor descreve
a finalidade do desenvolvimento sustentável?

a. Promover a cada dia a redução do uso dos recursos naturais para melhorar a
camada de ozônio.
b. Investir no ecoturismo para a utilização indiscriminada do meio ambiente.
c. Atender as necessidades da população a fim de preservar os recursos para as
futuras gerações.
d. Incentivar apenas a retirada de combustíveis fósseis para o crescimento das
industrias.
e. Auxiliar na preservação apenas de locais áridos do norte brasileiro.

2 - O Desenvolvimento Sustentável deve ser desenvolvido para suprir as


necessidades da geração atual, sem que as necessidades básicas dos seres vivos,
seja comprometida. A partir dos seus conhecimentos sobre sustentabilidade e
meio ambiente, assinale qual alternativa apresenta. A sustentabilidade,

a. serve para evitar o desenvolvimento industrial.


b. garante que o desenvolvimento contemporâneo continue crescendo cada vez
mais.
c. utiliza a natureza para sustentar o estilo de vida das pessoas.
d. avalia de forma equilibrada o desenvolvimento com as possiblidades que o
meio ambiente pode oferecer.
e. serve para fazer divulgação dos trabalhos realizados sobre o meio ambiente.

3 - O problema ambiental está relacionado a quantidade de recursos naturais que


as pessoas existentes no planeta necessitam para atender as suas necessidades
diárias.

42
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Nesse contexto analise as afirmativas a seguir:

a. A educação propõe que os professores tenham formação e experiências para


ampliar a consciência sobre questões do meio ambiente.
b. O professor deve discutir a educação ambiental somente na fase da educação
infantil, pois neste período a criança desenvolve a construção de valores.
c. O professor deve centrar suas aulas na construção do significado da palavra,
mesmo que isso não dê espaço para a interação em sala de aula.
d. A educação ambiental deve ser trabalhada dentro da sala de aula, pois nos
espaços externos as crianças perdem a concentração.
e. A responsabilidade de conscientizar as crianças quanto aos problemas
ambientais é do professor e não da família.

43
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
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46
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
2
UNIDADE
O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL E SUA
RELAÇÃO COM A
PEGADA ECOLÓGICA
INTRODUÇÃO À UNIDADE

Ao longo desta unidade veremos que a busca pelo equilíbrio do planeta, quanto
a retirada de recursos naturais para atender ao estilo de vida da sociedade atual, é algo
urgente, frente as intervenções realizadas pelo homem. Estudaremos a importância da
pegada ecológica como ferramenta de auxílio para os países realizarem seu planejamento
e gestão do meio ambiente, a fim de observar as reais necessidades de novas ações tanto
individuais como coletivas. A pegada ecológica nos ajuda a perceber a importância de
nos atentarmos para o estilo de vida adotado nas últimas décadas e para a necessidade
de mudanças de comportamento humano.
O estudo dessa unidade nos trará maiores conhecimentos, a fim de que possamos
nos perceber como seres atuante, dependentes e transformadores da natureza. A unidade
nos fará refletir sobre as nossas ações em relação a preservação do meio ambiente, a fim de
assumirmos atitudes de redução do consumo diário, minimizando o impacto ambiental
causado, contribuindo assim, com o equilíbrio do meio ecológico.

2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E O CONSUMO

O comportamento humano, não o


tamanho da terra, é a variável na
equação da sustentabilidade.
Wackernagel e Silverstein (2000, p. 393).

A crise ambiental que vivenciamos nas últimas décadas tem se tornado um fato
preocupante para as gerações atuais e futuras. As relações que o homem estabeleceu
com a meio ambiente é de desrespeito e desgastes contínuos ao planeta. A medida em
que a sociedade foi se desenvolvendo ao longo dos períodos, o homem passou a intervir
gradativamente na natureza com o intuito de atender as suas necessidades. Com a
chegada de novos conhecimentos na área da ciência, o homem adotou uma postura
antropocêntrica em relação a natureza.

48
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Há um descuido e um descaso na salvaguarda de nossa casa comum,
o planeta Terra. Solos são envenenados, ares são contaminados,
águas são poluídas, florestas são dizimadas, espécies de seres vivos
são exterminadas; um manto de injustiça e de violência pesa sobre
dois terços da humanidade. Um princípio de autodestruição está em
ação, capaz de liquidar o sutil equilíbrio físico-químico e ecológico do
planeta e devastar a biosfera, pondo assim em risco a continuidade do
experimento da espécie homo sapiens (BOFF, 1999, p. 20).

A exploração direta voltada para fins comerciais, se torna fonte de economia e


poder. Com o advento do capitalismo o ambiente ecológico veio se constituindo como
um modelo industrial no qual o maior erro do ser humano reside em buscar e manter

[...] o equilíbrio entre o desejado desenvolvimento econômico e a


preservação da sadia qualidade de vida. A preservação do meio
ambiente leva atualmente todas as sociedades do planeta a uma
mudança drástica das grandes referências que marcaram os modelos
de desenvolvimento econômico (CAMPOS JÚNIOR, 2007, p.127).

É recente a preocupação manifestada pela sociedade quanto a progressiva escassez


dos recursos naturais. O conceito de meio ambiente foi evoluindo e adquiriu uma forma
mais complexa, a partir do momento em que o homem passou a perceber a sua relação de
interdependência com a natureza. O termo meio ambiente (milieu ambiance) foi utilizado pela
primeira vez por Geoffrey de Saint-Hilaire, em sua obra Études progressives d´un naturaliste,
de 1835. Milieu significa o local onde o ser vive ou o local onde um ser vido se movimenta e
ambiente, é o que rodeia esse ser. Para o jurista José Afonso da Silva (2000, p. 20):

O meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos naturais,


artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado
da vida em todas as suas formas. A integração busca assumir uma
concepção unitária do ambiente, compreensiva dos recursos naturais
e culturais.

Para Sánchez (2008), o meio natural é entendido por algumas pessoas, como local
essencial para a extração de recursos necessários à sobrevivência. Para outras pessoas,
ele é visto como local de retirada de recursos necessários para o desenvolvimento
socioeconômico.

49
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
A expressão meio ambiente tem sido muito utilizado a partir do final da década de
80 com a chegada do termo desenvolvimento sustentável. A Lei nº 6.938/81 da Política
Nacional do Meio Ambiente determina em seu art. 3º, I, que meio ambiente é “o conjunto
de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Para Milaré (2001, p. 63):

Tanto a palavra meio quanto o vocábulo ambiente passam por


conotações, quer na linguagem científica quer no vulgar. Nenhum
destes termos é unívoco (detentor de um significado único), mas
ambos são equívocos (mesma palavra com significados diferentes).
Meio pode significar: aritmeticamente, a metade de um inteiro; um
dado contexto físico ou social; um recurso ou insumo para se alcançar
ou produzir algo. Já ambiente pode representar um espaço geográfico
ou social, físico ou psicológico, natural ou artificial. Não chega, pois, a
ser redundante a expressão meio ambiente, embora no sentido vulgar
a palavra identifique o lugar, o sítio, o recinto, o espaço que envolve
os seres vivos e as coisas. De qualquer forma, trata-se de expressão
consagrada na língua portuguesa, pacificamente usada pela doutrina,
lei e jurisprudência de nosso país, que, amiúde, falam em meio ambiente,
em vez de ambiente apenas.

Assim considerando a complexidade dos elementos que forma o meio ambiente e


as relações estabelecidas que nele ocorrem, Tostes citado por Dulley (2004), definem que:

meio ambiente é toda relação, é multiplicidade de relações. É relação


entre coisas, como a que se verifica nas reações químicas e físico-
químicas dos elementos presentes na Terra e entre esses elementos e
as espécies vegetais e animais; é a relação de relação, como a que se
dá nas manifestações do mundo inanimado com a do mundo animado
[…] é especialmente, a relação entre os homens e os elementos naturais
(o ar, a água, o solo, a flora e a fauna); entre homens e as relações que
se dão entre as coisas; entre os homens e as relações de relações, pois
é essa multiplicidade de relações que permite, abriga e rege a vida, em
todas as suas formas. Os seres e as coisas, isoladas, não formariam
meio ambiente, porque não se relacionariam (DULLEY, 2004, p.19).

50
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Dessa forma, o conceito de meio ambiente que circunda todas as formas de
interações de ordem física, química e biológica compreende os seguintes aspectos: Meio
ambiente natural, Meio ambiente artificial, Meio ambiente cultural e Meio Ambiente do
Trabalho.

2.1.1 Classificação dos Diferentes Tipos de Meio Ambiente

• Meio Ambiente Natural- Constituído por todos os recursos naturais,


envolvendo fisicamente solo, água, ar, flora, fauna, mares, rios etc.

Figura 10 - O meio ambiente natural.


Fonte: Shutterstock (2021).

A constituição Federal do Brasil de 1988 em seu artigo 225 § 1º, I, III, VII destaca que:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

51
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Figura 11 - O meio ambiente natural.
Fonte: Shutterstock (2021).

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo


ecológico das espécies e ecossistemas;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade.

52
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Figura 12 - O meio ambiente natural.
Fonte: Shutterstock (2021).

• Meio Ambiente Artificial- compreende todos os espaços urbanos habitáveis


construídos pelo homem, como as edificações, prédios, casas, ruas, avenidas, etc.

Figura 13 - As transformações causadas pelo homem ao meio ambiente.


Fonte: Shutterstock (2021).

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Segundo Fiorillo (2008, p. 21): O meio ambiente artificial recebe tratamento
constitucional não apenas no art. 225 da CF, mas também nos arts. 182, ao iniciar o
capítulo referente à política urbana; 21, XX, que prevê a competência material da União
Federal de instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos; 5º, XXIII, entre alguns outros”.

• Meio Ambiente Cultural- refere-se aos patrimônios histórico, paisagístico,


artístico, turístico e arqueológico, crenças, religiões, manifestações indígenas
etc. São locais criados pelo próprio homem ou independentemente de sua
intervenção, distingue-se do ambiente natural pelo seu valor cultural. De
acordo com o art. 216 da CF: “O bem que compõe o chamado patrimônio
cultural traduz a história de um povo, a sua formação, cultura e, portanto, os
próprios elementos identificadores de sua cidadania, que constitui princípio
fundamental norteador da República Federativa do Brasil”.

Figura 14 - Mercado Público de Florianópolis.


Fonte: Shutterstock (2021).

• Meio Ambiente do Trabalho- Local em que as pessoas realizam as suas


atividades laborais, podendo ser o local urbano ou rural, remuneradas ou
não, “ cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de
agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores,
independente da condição que ostentem” (FIORILLO, 2008, p. 22).

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Figura 15 - Meio Ambiente de Trabalho.
Fonte: Shutterstock (2021).

Podemos perceber que é complexa a definição para o meio ambiente. Para Coimbra
(2002), o conceito não é o fator mais relevante, mas a compreensão de que as ações
desenvolvidas pelos seres humanos sobre o meio ambiente, podem representar grandes
impactos para todos os seres vivos.

SUGESTÃO DE VÍDEO:
Paulo Saldiva: Exclusão e racismo ambiental
Paulo Saldiva é um médico sanitarista que discute os impactos da poluição
atmosférica sobre a saúde da população.
Fonte: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HfgFGsrur9w. Acesso em: 19 de
mar 2021.

Vimos que no início, a relação estabelecida entre a humanidade e a natureza era


de pouca intervenção no meio ambiente. No entanto, a grande revolução criou uma
sociedade consumidora que se omite em defesa ao meio ambiente, para atender o seu

55
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
conforto e manter o seu padrão de vida. Uma cultura extrativista foi se estabelecendo,
colocando em risco a própria a vida humana. Desejos são atendidos e materializados.
O modelo de crescimento desenvolvimentista contribuiu para a negligência em
relação ao patrimônio ambiental e, consequentemente, o bem-estar humano. Segundo
Schmidt (2007, p.36) é um modelo “que assumiu notoriedade a partir do reconhecimento
da sobrevalorização da cultura urbano-industrial que molda os modos de produção e
consumo da sociedade” (SCHMIDT et al, 2007, p. 36).
A humanidade impõe ao meio ambiente repentinas e profundas mudanças,
alterando seu estado natural e isso implica em perda de sustentabilidade, ou seja, suas
ações ocasionam um estado de desordem natural irreversível. A intervenção humana é
tão impactante no mundo natural, que praticamente não existem mais processos naturais
que não tenham sofrido nenhum tipo de alteração (GIDDENS, 2012). Uma sociedade
que compromete a qualidade ambiental e torna o próprio local de vida insustentável
em detrimento do bem-estar proporcionado pelos padrões de consumo, caminha para a
própria destruição.
Os graves problemas ambientais têm atraído a atenção de todos neste século, pelo
grande impacto causado ao meio ambiente. À medida que o homem passou a tratar a
natureza como uma fonte de recursos disponíveis para atender seu estilo de vida, os
problemas socioambientais começaram a aparecer e a ameaçar a sobrevivência do nosso
planeta. O planeta Terra vem apresentando indícios de que não pode mais sustentar os
altos níveis de atividade econômica e de consumo.
O impacto da ação humana sobre o meio ambiente está diretamente relacionado ao
crescimento da população mundial, que em 1950, haviam 2,5 bilhões de pessoas, enquanto
agora em 2021, estamos chegando a marca dos quase oito bilhões. De acordo com o
relatório de 2003 da Divisão de População do Departamento de Assuntos Econômicos
e Sociais das Nações Unidas, as projeções realizadas indicam que para o ano de 2050,
teremos uma população de mais de 10 bilhões de pessoas (ONU, 2010).

Gráfico 1: Crescimento da População Mundial 1950- 2050

56
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Fonte: Dados obtidos no relatório (ONU, 2010).

Questões relativas à sustentabilidade deve ser uma preocupação dos governantes


de Estados. O crescimento da população é um desafio a ser enfrentado pela dependência
cada vez maior de recursos não-renováveis, para a manutenção do estilo de vida da
população no planeta.
O desenvolvimento de um país não se resume a um padrão monetário de vida. Para a
OECD - Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (2008), mensurar
o desenvolvimento sustentável de um país ou região não é tarefa fácil, sendo necessário
considerar uma série de outros aspectos da vida humana. O termo desenvolvimento
sustentável vai além das questões ambientais, atingindo também outras áreas como
social, institucional, cultural e econômico.
Nesse viés, surgem os indicadores de sustentabilidade que atuam como ferramentas,
para avaliar as condições do meio e conhecer qual é a marca deixada pela sociedade no
planeta. Esses indicadores foram construídos com o intuito de conhecer a realidade social
e institucional dos países, como o crescimento populacional, os impactos ambientais
causados pelo desenvolvimento econômico, o PIB (Produto Interno Bruto) ou ainda o
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

57
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
2.2 AS MARCAS QUE DEIXAMOS NO PLANETA

Atualmente vivemos uma degradação em curso, com elevados índices de poluição,


contaminação das águas, devastação de florestas, entre outras formas de agressão ao
meio ambiente (LIMA, 1998). A espécie humana vem cada vez mais extraindo recursos
da natureza para atender o seu nível de evolução, revertendo os bens naturais em lucros.
Com o intuito de melhorar a qualidade de vida, a sociedade não está se dando conta de que
tudo que utilizamos para viver, é retirado da natureza de forma direta ou indiretamente.
Essa grande quantidade de recursos naturais além de serem finitos, serão transformados
mais tarde em resíduos, ocasionando outros problemas para o meio ambiente que é muitas
vezes o seu descarte de forma incorreta. A sociedade vem sendo cada vez mais induzida aos
apelos consumistas, como se os recursos naturais fossem infinitos.
A Rede WWF (Fundo Mundial para a Natureza), é uma ONG (Organização não-
governamental) criada em 1961 na Suíça que trabalha em defesa da preservação da
natureza e da vida (fauna, flora, hidrografia etc.).

Figura - 16 WWF.
Fonte: Shutterstock (2021).

Esta Rede está presente em vários países do mundo, inclusive no Brasil, com mais
de 13 mil projetos distribuídos em 157 países. A cada dois anos a WWF publica a um
relatório com informações sobre as condições em que se encontra a vida no planeta-
O Relatório Planeta Vivo.

58
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Figura 17 - Relatório Planeta Vivo.
Fonte: Shutterstock (2021).

A humanidade vem causando uma destruição catastrófica na natureza, não apenas


na fauna e na flora, mas na saúde humana em todos seus aspectos. O consumo exagerado
da população para manter seu estilo de vida, está comprometendo seriamente a sua
própria espécie e todas as outras existentes no planeta.
Segundo o Relatório Planeta Vivo (2020, p. 3):
Em nível global, a natureza vem sofrendo uma deterioração jamais vista em milhões
de anos. Devido à maneira como produzimos e consumimos alimentos e energia, bem
como ao flagrante desrespeito ao meio ambiente arraigado em nosso modelo econômico
atual, o mundo natural está chegando a seu limite. A Covid-19 é uma manifestação clara da
ruptura de nosso relacionamento com a natureza, pois destaca a profunda interconexão
entre a saúde das pessoas e do planeta.
No levantamento realizado em 2020, pelo Relatório Planeta Vivo, a espécie
humana vem destruindo o planeta em um ritmo sem precedentes na história, causando
uma drástica redução da biodiversidade.

59
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Desde a Revolução Industrial, as atividades humanas
têm, cada vez mais, destruído e degradado florestas, campos, áreas
úmidas e outros ecossistemas importantes, ameaçando o bem-estar
humano. Setenta e cinco por cento da superfície terrestre sem gelo
de nosso planeta já foi significativamente alterado; a maior parte
dos oceanos está poluída; e mais de 85% das áreas úmidas foram
perdidas.
O principal vetor direto da perda de biodiversidade em
sistemas terrestres nas últimas décadas foram as mudanças no uso
da terra, principalmente a conversão de habitat nativos intocados
em sistemas agrícolas. Ao mesmo tempo, grande parte dos oceanos
sofre com a pesca excessiva. As mudanças climáticas ainda não
representam o principal fator de perda de biodiversidade global, mas,
ao longo das próximas décadas, elas devem se tornar tão ou mais
importantes que os outros fatores.
A perda de biodiversidade não é apenas um proble-
ma ambiental. Ela também afeta o desenvolvimento, a economia,
a segurança global, a ética e a moral. Além disso, é uma questão
de autopreservação. A biodiversidade desempenha um papel de
suma importância para o fornecimento de alimentos, fibras, água,
energia, medicamentos e outros recursos genéticos; e é vital para a
regulação do clima, a qualidade da água, a poluição, os serviços de
polinização e o controle de inundações e tempestades.
Ademais, a natureza sustenta todas as dimensões da
saúde humana, além de oferecer contribuições intangíveis, tais como
inspiração e aprendizado; experiências físicas e psicológicas; e a
formação de nossa identidade. Esses elementos são fundamentais
para a qualidade de vida e a integridade cultural dos seres humanos.

Fonte: Relatório Planeta Vivo (2020, p.6).

Uma das formas de calcular os impactos do consumo que os seres humanos


causam sobre os recursos naturais é por meio da Pegada Ecológica, no qual já foi citada
anteriormente, como uma metodologia que nos dá subsídios para adequar o nosso
consumo com a capacidade ecológica do planeta. O WWF-Brasil utiliza essa ferramenta
como meio para incentivar a população a adotar hábitos e práticas de consumo mais
sustentáveis.

60
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
De acordo com a Cartilha WWF-Brasil (2013, p.5):

A Pegada Ecológica é uma ferramenta importante para trabalhar


as questões ambientais, por meio da análise do consumo e de seus
impactos sobre os recursos ambientais. Ela também traz informações
importantes que possibilitam direcionar políticas públicas municipais,
estaduais e federais.

2.3 A PEGADA ECOLÓGICA COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Figura 18 - Pegada Ecológica.


Fonte: Shutterstock (2021).

No início da década de 90, os especialistas procuravam formas de medir a dimensão


crescente das marcas que deixamos no planeta. Contudo, surge o conceito da Pegada
Ecológica, uma ferramenta desenvolvida primeiramente por Wackernagel e Rees (1996),

61
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
utilizada como indicador de sustentabilidade. Esse método teve como objetivo medir a
relação entre o consumo humano e a natureza. O indicador fornece informações a grosso
modo do impacto que um país, atividade ou setor, pode causar sobre o meio ambiente.

2.3.1 O que Mede a Pegada Ecológica?

A pegada ecológica ou Ecological Footprint Method (EF) é uma ferramenta proposta


por Wackernagel e Rees (1996), que mede se o espaço ecológico disponível consegue
sustentar um determinado estilo de vida de uma população. Essa ferramenta calcula a
quantidade de matéria e energia capaz de sustentar um determinado sistema econômico
(VAN BELLEN, 2006). Em outras palavras o princípio fundamental da pegada ecológica
é a capacidade que o meio ambiente possui para suportar a retirada de recursos e as suas
condições de absorção dos resíduos deixados pela população.
A pegada ecológica é expressa (hectares), no qual cada hectare representa a área
biologicamente produtiva. Significa dizer qual é o tamanho das áreas produtivas de
terra e de mar, necessárias para fornecer produtos, bens e serviços capaz de atender a
determinados estilos de vida (WWF BRASIL, 2007). Em outras palavras podemos dizer
que a pegada ecológica mede a capacidade máxima que a natureza pode suportar quanto
a retirada de recursos sem prejudicar nem reduzir seu fornecimento para a sobrevivência
dos indivíduos, no qual pode ser definido como biocapacidade.

A biocapacidade representa a capacidade dos ecossistemas em


produzir materiais biológicos úteis (que o consumo humano exigiu em
um determinado ano) e absorver os resíduos gerados. Assim como
a Pegada Ecológica, a biocapacidade é expressa em uma unidade
comum, o hectare global (gha) (CARTILHA WWF-BRASIL, 2013, p.9).

A pegada ecológica calcula a área bioprodutiva utilizada pela população, como


sendo todos os espaços utilizados para bens e serviços, como também áreas que estão
indiretamente envolvidas. De acordo com Footprint Network (2019), a população

62
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
mundial tem um consumo acima da capacidade estimada pelo planeta. Em 2016, a média
per capita global da pegada ecológica foi de 2.75 hag., contra o 1.63 hag. de biocapacidade
per capita (NETWORK FOOTPRINT, 2019).

Tabela 1: População, Pegada Ecológica e Biocapacidade para o mundo e por categorias de renda: 2016.

Na década de 1961 a população mundial era em torno de 3 bilhões de habitantes e, a


biocapacidade do planeta encontrava-se em 9,6 bilhões de gha. Podemos perceber que a
pegada ecológica da população nesta época, deixou um resultado positivo quanto a 27%
da biocapacidade global (NETWORK FOOTPRINT, 2019).

Gráfico 2: População global x Pegada Ecológica global

Fonte: Network Footprint (2019).

A partir da década de 1970 o mundo começou a registrar sucessivos déficits


ecológicos devido ao crescimento da população. De acordo com os últimos dados da

63
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Footprint Network (2019), podemos perceber no gráfico a seguir que a biocapacidade
teve um aumento em 2016, no entanto, o crescimento da população chegou a 7.4 bilhões
de habitantes, e isso elevou a pegada ecológica global, atingindo um nível de extrapolação
de sua capacidade.

Gráfico 3: Biocapacidade pc x pegada ecológica pc (1961-2016)

Fonte: Network Footprint (2019).

Figura 19 - Mapa da Pegada Ecológica

64
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
A Network Footprint (2019), avalia o impacto humano causado sobre o meio
ambiente e a disponibilidade de recursos naturais que se encontra no mundo.
Em 2012, com uma população 7,1 bilhões de pessoas, e uma pegada ecológica
per capita de 2,84 hectares globais (gha), tínhamos um déficit ambiental de 64%,
considerando que a pegada ecológica deveria ter uma biocapacidade de 1,73 gha.
A pegada ecológica é maior nos países mais ricos onde o IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano), é mais alto. No mapa, acima, os países que apresentam
cor clara, tem pegada ecológica igual ou menor do que 1,73 gha. Já os países com uma
coloração mais escuras, apresentam uma pegada ecológica superior a 6,7 gha. O Brasil
em 2012, apresentou uma pegada de 3,1 gha, considerada acima da média mundial que é
de 2,8 gha.

Tabela 2: Dados da Footprint Network


Biocapacidade por hec- Pegada Ecológica
Ano Resultado
tare global. per capita
1961 3.2 gha 2,28 Superávit de 0,92 hag.
2016 1.6 gha. 2.75 Déficit de 1.15 hag.
Fonte: Network Footprint (2019).

Para entender melhor:


Para calcularmos a pegada ecológica é necessário calcularmos a biocapacidade
global pelo número total da população mundial:

Uma das grandes vantagens de se utilizar a pegada ecológica é a possibilidade de


comparar o nível de sustentabilidade dos locais, para se ter uma visão mais geral dos
impactos causados pelas atividades humanas como um todo.
Wackernagel e Rees (1996), fizeram uma analogia para tentar explicar o conceito de
pegada ecológica:

65
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Fonte: Wackernagel e Rees (1996).

Imagine um balde sendo cheio com água a uma taxa fixa. A água é o estoque que só pode ser retirado na
mesma taxa que o balde é cheio. Essa seria uma taxa sustentável. De forma similar, a natureza é o balde
que é continuamente alimentado pelo sol: fotossíntese produz matéria orgânica, a base para todo o capital
biológico. Sustentabilidade implica na utilização do capital natural na mesma taxa em que ele é produ-
zido. No entanto, comercio e tecnologia possibilitaram a exploração progressiva da natureza além dos
níveis sustentáveis. Isso faz com que futuras gerações tenham um capital natural de menores qualidades
produtivas.

Figura 20 - Uso sustentável: Analogia do balde água.


Fonte: Wackernagel e Rees (1996).

66
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
2.3.2 Componentes da Pegada Ecológica

Vejamos a seguir os principais componentes da Pegada Ecológica:


CARBONO

Representa a extensão de áreas florestais capazes de sequestrar


emissões de CO2, derivadas da queima de combustíveis fósseis,
excluindo-se a parcela absorvida pelos oceanos que provoca a
acidificação dos mesmos.

ÁREAS DE CULTIVO

Representa a extensão de áreas de cultivo usadas para a pro-


dução de alimentos e fibras para consumo humano, bem como
para a produção de ração para alimentar os animais que criamos
(gado, suínos, caprinos, aves), oleaginosas e borracha.

PASTAGENS

Representa a extensão de áreas de pastagem utilizadas para a


criação de gado de corte e leiteiro e para a produção de couro e
produtos de lã.

FLORESTAS

Representa a extensão de áreas florestais necessárias para o


fornecimento de produtos madeireiros, celulose e lenha.

67
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
ÁREAS CONSTRUÍDAS

Representa a extensão de áreas cobertas por infraestrutura


humana, inclusive transportes, habitação, estruturas industriais e
reservatórios para a geração de energia hidrelétrica.

ESTOQUES PESQUEIROS

Calculada a partir da estimativa de produção primária necessária


para sustentar os peixes e mariscos capturados, com base em
dados de captura relativos a espécies marinhas e de água doce
(WWF Brasil, 2016).

Fonte: Cartilha WWF-BRASIL, (2013, p.10-11).

De acordo com o Relatório Planeta Vivo (2013), a população mundial vem crescendo
a cada ano e isso implica em mais demanda por recursos naturais. O estilo de consumo
dos países desenvolvidos na atualidade consome tantos recursos que seria necessária a
existência de um planeta Terra, mais ¼.

Figura 21 - O Planeta Terra pede urgência nas ações.


Fonte: Shutterstock (2021).

68
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Ainda de acordo com o Relatório Planeta Vivo (2013), se a população continuar
crescendo neste ritmo, em 2050, vamos precisar do equivalente a 2,9 planetas para
atender nossas necessidades anuais.
Com esse consumo excessivo de recursos naturais utilizados para atender ao estilo
de vida de sociedade contemporânea, teremos um colapso ambiental, comprometendo
seriamente a capacidade ecológica.

SUGESTÃO DE LEITURA:
ZERO - ASSOCIAÇÃO SISTEMA TERRESTRE SUSTENTÁVEL
https://zero.ong/a-global-footprint-network-e-a-zero-mostram-a-evolucao-
desde-1961-da-pegada-ecologica-de-portugal-com-um-aumento-de-73-somos-o-
pais-com-a-9a-pegada-mais-elevada-no-mediterraneo-e-com-6a-mais-baixa/.
A GLOBAL FOOTPRINT NETWORK E A ZERO MOSTRAM A EVOLUÇÃO DESDE 1961 DA PEGADA
ECOLÓGICA DE PORTUGAL

2.3.3 A Pegada Ecológica Brasileira

O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do mundo, porém, com o


crescimento de sua população, ela vem diminuindo a cada ano. A metodologia conhecida
por pegada ecológica, por ser utilizada por vários países e entidades internacionais,
ainda é pouco realizada no Brasil, pela falta de uma metodologia específica que possa
contabilizar todas as peculiaridades do país, pois o cálculo da pegada ecológica estima o
consumo de produtos produzidos no país, como os que são importados de outros países.
De acordo com a Cartilha BR (2013), a Pegada Ecológica do Brasil é de 2,9 hectares
globais por habitante. O consumo do brasileiro é próximo ao consumo da média mundial,
equivalente a 2,7 hectares globais. Em relação a média mundial precisaríamos de 1,5
planeta para atender ao nosso estilo de vida.
A pegada ecológica não está relacionada apenas aos recursos naturais de um país,
mas a importação e exportação desses recursos. De acordo com Wackernagel e Rees (1996),

69
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
há diversas metodologias disponíveis, porém, nenhuma ainda, aceita como definitiva.

Tabela 3: Fórmula da pegada ecológica para cálculo da população de um país:


PEC Consumo

PEP Produção,

PEI Importação

PEE Exportação,

Fonte: Cartilha BR (2013), adaptado pelo autor (2021).

PARA SABER MAIS


A biodiversidade está diminuindo rapidamente, enquanto a demanda da hu-
manidade sobre a natureza é crescente e insustentável. Populações de espécies
no mundo todo diminuíram 52% desde 1970. Precisamos de 1,5 planetas para satisfazer nossa
demanda anual por recursos naturais. Isso significa que estamos erodindo nosso capital natural
e fazendo com que seja mais difícil satisfazer as necessidades das gerações futuras.
O duplo efeito de uma população humana crescente e uma pegada ecológica per capita alta
multiplicará a pressão que exercemos sobre nossos recursos. Os países com um nível alto de
desenvolvimento humano tendem a ter uma pegada ecológica mais alta. O desafio que estes
países enfrentam é aumentar seu nível de desenvolvimento humano e manter suas pegadas
ecológicas em níveis globalmente sustentáveis. É possível que já ultrapassamos os “limites
planetários” que poderiam causar mudanças ambientais abruptas ou irreversíveis.
O bem-estar humano depende dos recursos naturais como água, terra arável, pesca e madei-
ra; e serviços ecossistêmicos tal como polinização, ciclagem de nutrientes e controle de erosão.
As populações mais pobres continuam a ser as mais vulneráveis, enquanto questões interliga-
das de segurança alimentar, hídrica e energética afetam todos.
A perspectiva one planet da wwf oferece soluções para um planeta vivo – seu foco é prote-

70
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
ger o capital natural, produzir de forma melhor, consumir de forma mais inteligente, redirecionar
fluxos financeiros e compartilhar nossos recursos de forma mais equitativa. Mudar de rumo e
achar caminhos alternativos não é fácil. Mas pode ser feito.
Fonte: Planeta Vivo- Relatório, 2014, p.2-3.

Como é possível transformar essa realidade? Como conciliar o consumo e a


preservação dos recursos naturais de forma consciente? Quais práticas devem ser
utilizadas para a construção de uma realidade sustentável e para a desaceleração da
degradação ambiental?
Para assegurar a existência das condições favoráveis à vida, é necessário viver de
acordo com a “capacidade” do planeta, ou seja, de acordo com o que a Terra pode fornecer,
e não com o que gostaríamos que ela fornecesse. Assim, é necessário avaliar até que ponto
o nosso impacto ultrapassa os limites estabelecidos de acordo com a biocapacidade do
planeta, pois só assim poderemos saber se vivemos de forma sustentável.

Como podemos contribuir para a preservação do planeta?


Repensar nossos hábitos de consumo; adotar atitudes mais harmoniosas com
a natureza; modificar nosso estilo de vida. Wackernagel e Rees (1996), destacam que a
alimentação, a moradia, os bens de consumo, a energia e o transporte, são os fatores
chaves para a pegada ecológica.

Reflita sobre os recursos utilizados para manter nosso estilo de vida:

• Água: O avanço populacional e a industrialização aumentaram a demanda de


água no planeta contribuindo com seu esgotamento em algumas regiões. Como
é um recurso muito utilizados todos os dias, devemos considerar qual o nosso
consumo diário para atender as nossas necessidades (WWF BRASIL, 2013).

Somos hoje aproximadamente 6 bilhões de habitantes no planeta, com um consumo


médio diário de 40 litros de água por pessoa. Um europeu gasta em média 140 a 200
litros por dia, um norte-americano, de 200 a 250 litros, enquanto em algumas regiões da
África há somente 15 litros de água disponíveis a cada dia para cada morador. Segundo

71
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o consumo
médio diário por habitante da cidade de São Paulo é de 200 litros de água, considerado
altíssimo” (WWF BRASIL, 2013, p.26).

• Energia elétrica: A energia elétrica no Brasil em sua maior parte é produzida


por usinas hidrelétricas. A construção dessas hidrelétricas causa graves
impactos ao meio ambiente (WWF BRASIL, 2013).

[...] a maior parte da energia elétrica consumida é produzida por


hidroelétricas, que exigem para seu funcionamento, a construção
de grandes barragens. Assim, com o aumento de consumo e a de
corrente necessidade de produzir cada vez mais energia elétrica, torna-
se necessário represar mais rios e inundar mais áreas, reduzindo as
florestas, impactando a vida de milhares de outros seres vivos, retirando
comunidades de suas terras e alterando os climas locais e regionais
com o aumento das superfícies de evaporação” (WWF BRASIL, 2007,
p.17).

• Alimentação: sabemos o quanto é essencial uma boa alimentação. No


entanto, é uma das principais causas para o aumento da pegada ecológica,
pelo fato das plantações demandarem grandes extensões de terra produtiva.
O desmatamento das florestas para a criação de áreas de pastagens, reduz-se a
produção de recursos ecológicos importantes para a saúde do meio ambiente.
Lembre-se de que “não faltam alimentos no mundo e sim uma distribuição
mais justa” (WWF BRASIL, 2007, p. 18).

• Consumo e descarte: uma das principais causas para o esgotamento dos


recursos naturais é o excessivo consumo por parte da população. O descarte
dos resíduos também um desafio para o planeta, pois muitos não podem ser
eliminados facilmente, por levarem milhares de anos para se desfazer no
ambiente (WWF BRASIL, 2013).

• Transporte: os combustíveis fosseis são os principais produtos utilizados


pela maioria dos meios de transporte. Esses recursos não são renováveis por
ser fonte proveniente do petróleo, do carvão ou do gás natural. É uma poluição
jogada na natureza que vem contribuindo com o aquecimento global e com o
efeito estufa na atmosfera. Nesse sentido, um transporte público mais eficiente

72
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
e de qualidade, poderá reduzir os efeitos nocivos lançados no ambiente (WWF
BRASIL, 2013).
A partir do que foi exposto, vamos apresentar duas fontes naturais que estão sendo
constantemente ameaçadas pela poluição: a água e o ar.

• Poluição da água: a contaminação no fornecimento de água pode ser por


elementos como minerais, substâncias químicas tóxicas, pesticidas e esgoto
sem tratamento. Os sistemas de saneamento continuam subdesenvolvidos em
países pobres e os resíduos produzidos pelos seres humanos são muitas vezes
lançados diretamente em rios, córregos e lagos. Nos países industrializados,
há uma grande quantidade de resíduos tóxicos lançados nos rios, sendo “a
contaminação da água a responsável pela transmissão de uma variedade de
doenças” (GIDDENS, 2012, p. 490).

• Poluição do ar: causada pela emissão de substâncias tóxicas na atmosfera. A


poluição do ar é produzida principalmente pelos poluentes industriais e pelas
emissões dos gases dos automóveis.

Se a grande parte da população mundial entendesse a importância da adoção de


práticas sustentáveis, haveria a possibilidade de redução do impacto ambiental negativo
e a disponibilidade dos recursos naturais por muito mais tempo. Você, enquanto cidadão
consciente pode adotar essas práticas em casa ou no ambiente de trabalho.
Para que haja mudança nesta realidade é necessário o empenho de governos, sociedade
civil, empresas e organizações não governamentais, além da mudança no comportamento
das pessoas, para a adoção de atitudes mais sustentáveis. Uma perspectiva da educação
ambiental poderá ser almejada se todos se engajarem no processo.

2.4 POLÍTICA DOS 3RS

A população vem manifestando preocupação em relação a poluição causada pelo


lixo. Diante de uma sociedade consumista, vivenciamos cada vez mais o aumento no
consumo e na quantidade de lixo que se forma devido as práticas ide descarte inadequados.

73
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
De acordo com Hoffmann et al (2011), as grandes cidades enfrentam o desafio de atingir
a sustentabilidade, tentando conciliar com a vida urbana.
A quantidade de lixo produzida pela sociedade é um dos graves problemas
ambientais enfrentados pelo planeta Terra. A população mais carente é a mais atingida
pelo contato com esses ambientes e por utilizar o lixo como forma de sobrevivência. Isso é
resultado das atividades desenvolvidas pelo homem e que podem ser reduzidas se houver
a implementação de uma política que contribua com a promoção da sustentabilidade.

Figura 22 - O Planeta Terra pede urgência nas ações.


Fonte: Shutterstock (2021).

A exploração do meio ambiente não foi sendo realizada de forma consciente ao


longo dos anos. Segundo Silva (2012), os desastres ambientais, exigiu da população novas
posturas referentes ao meio ambiente. Na Conferência da Terra, realizada em 1992 no
Rio de janeiro, foi proposto a implantação da política dos 3RS. Um conjunto de medidas
para preservar os recursos naturais por meio de três principais ações: reduzir, reutilizar
e reciclar o lixo produzido.

• Reduzir: Conter a prática do consumismo pode ser o primeiro passo a ser


adotado. Utilizar somente o necessário contribui para a redução do desperdício.
• Reutilizar: todos deveríamos adotar esta prática. O aproveitamento de muitos
produtos, embalagens, etc., poderiam ganhar novas utilidades e voltar ao

74
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
mercado para serem novamente consumidos.
• Reciclar: para que esta etapa seja concretizada é necessário a adoção das duas
etapas anteriores. A prática da reciclagem ocorre quando os resíduos passam
pelo processo de reaproveitamento dos materiais.

SUGESTAO DE LEITURA COMPLEMENTAR


Leia o texto: Quanta água é gasta na produção do seu smartphone?, disponível
no seguinte link: https://www.akatu.org.br/noticia/quanta-agua-e-gasta-na-pro-
ducao-do-seu-smartphone/. Acesso em: 22 de fev. 2021.

75
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vimos que o impacto causado ao meio ambiente tem relação direta com o
crescimento da população e com a demanda de recursos naturais para atender ao estilo
de vida. A “era do consumo”, tomou conta da sociedade contemporânea que passou
a satisfazer de forma imediata as suas necessidades e atender ao mercado quanto a
obtenção de lucro.
O avanço da tecnologia trouxe melhorias para a vida de todos. No entanto, isso
demandou um aumento absurdo de recursos naturais. Diante das atitudes manifestadas
pelas pessoas parece não estar claro o processo negativo que vem se estabelecendo com o
meio ambiente. A facilidade com que as coisas são adquiridas dão a sensação de que tudo
está disponível, sem considerar o futuro do meio ambiente para as próximas gerações.
Nesse viés, surgem os indicadores de sustentabilidade que atuam como ferramentas
para avaliar as condições do meio e conhecer qual é a marca deixada pela sociedade
no planeta. Conhecendo qual a nossa pegada ecológica podemos perceber o quanto
utilizamos dos recursos da natureza para sustentar nosso estilo de vida, e isso inclui a
cidade e a casa onde moramos, os móveis que temos, as roupas que usamos, o transporte
que utilizamos, aquilo que comemos, o que fazemos nas horas de lazer, os produtos que
compramos, e assim por diante.
A questão ambiental tem despertado nas últimas décadas uma preocupação maior
com a dimensão apresentada pelos efeitos de degradação do meio ambiente. O termo
desenvolvimento sustentável foi apresentado como um desafio para ser atingido por
meio de um consumo responsável e economicamente viável. A sustentabilidade passa a
ser condição essencial para a qualidade de vida de todas as populações.
Muito bem! Neste capítulo foi possível conhecer uma alternativa que ajuda você a
entender o seu impacto para o meio ambiente. Agora, para finalizar, responda a atividade
sobre a Pegada Ecológica. Primeiramente você vai calcular a sua pegada ecológica, por
meio do teste a seguir:

76
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
EXERCÍCIO FINAL

1 - Calcule sua Pegada Ecológica respondendo ao questionário e conheça o tamanho estimado de


sua Pegada Ecológica.
1 – Quantas pessoas vivem em sua casa?
A – ( ) Mais que 3 pessoas
B – ( ) 3 pessoas.
C – ( ) 2 pessoas.
D – ( ) 1 pessoa.
2 – Em média, quanto tempo você gasta para tomar banho?
A – ( ) Menos de 5 minutos.
B – ( ) Entre 5 a 10 minutos.
C – ( ) Entre 10 a 15 minutos.
D – ( ) Mais de 15 minutos.
3 – Você costuma tomar banho quente?
A – ( ) Não, prefiro tomar banho frio.
B – ( ) Sim, mas somente quando está fazendo frio.
C – ( ) Sim, independente da condição climática, mas morno.
4– Você desliga o chuveiro para se ensaboar?
A – ( ) Sempre.
B – ( ) Algumas Vezes.
C – ( ) Quase nunca.
D – ( ) Nunca.
5– Durante a escovação dos dentes você mantém a torneira aberta?
A – ( ) Nunca
B – ( ) Quase nunca
C – ( ) Algumas Vezes
D – ( ) Sempre
6 – Ao sair dos cômodos você costuma apagar as luzes?
A – ( ) Sempre.
B – ( ) Algumas Vezes.
C – ( ) Quase nunca lembro.
D – ( ) Nunca.

77
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
7 - Em média, quantas horas por dia a TV fica ligada em sua casa?
A – ( ) Menos que 30 minutos.
B – ( ) 30 minutos.
C – ( ) Entre 1 e 2 horas.
D – ( ) Mais que 2 horas.
8 – Alguma luz costuma ficar acesa durante a noite?
A – ( ) Nunca.
B – ( ) Quase nunca.
C – ( ) Algumas vezes.
D – ( ) Sempre.
9 – Sobre o uso do ar condicionado em casa:
A – ( ) Não possuo.
B – ( ) Possuo, mas uso prioritariamente o ventilador.
C – ( ) Uso em dias mais quentes.
D – ( ) Uso todos os dias.
– Quantos habitantes moram na sua cidade?
( ) Acima de 500 mil pessoas.
( )De 100 mil a 500 mil pessoas.
( ) De 20 mil a 100 mil pessoas.
( ) Menos de 20 mil pessoas.
10 – Sobre a compra de roupas e sapatos:
A – ( ) Compro novos para repor os que estão imprestáveis e priorizo a reciclagem.
B – ( ) Compro de vez em quando para repor e para ter mais opções.
C – ( ) Compro frequentemente.
D – ( ) Renovo o guarda roupa para manter-me na moda.
11– Quantas vezes por semana a máquina de lavar é usada em sua casa?
A – ( ) Não possuo.
B – ( ) 1 a 2 vezes.
C – ( ) 3 vezes.
12 – Você costuma demorar muito tempo com a porta da geladeira aberta?
A – ( ) Não demoro muito, penso sempre antes no que vou pegar.
B – ( ) Raras vezes demoro um pouco p/ achar o que quero.
C – ( ) Muitas vezes me demoro.
D – ( ) Nem presto atenção.
13 – Você costuma separar seu lixo de acordo com os materiais?
A – ( ) Sim, em minha casa há recipientes apropriados para cada material.
B – ( ) Separo o lixo orgânico do reciclável.
C – ( ) Separo as vezes papel ou garrafas.
D – ( ) Não, nunca me importei com isso.

78
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
14 – Em média, como é o lixo que você produz?
A–( ) Produzo lixo principalmente orgânico e em pouca quantidade (pois evito produtos embala-
dos) e reciclo .
B – ( ) Produzo muito, mas encaminho para Reciclagem.
C – ( ) Produzo muito e não reciclo.
D – ( ) Não sei.
15 – Qual meio de transporte você utiliza para se locomover?
A – ( ) Ando a pé.
B – ( ) Transporte coletivo .
C – ( ) Bicicleta ou Motocicleta.
D – ( ) Carro individual.

16 – Para transportar suas compras você:


A – ( ) Leva sua própria sacola reutilizável.
B – ( ) Quando lembra, leva a sacola.
C – ( ) Trás em sacos plásticos, mas evita usá-los muito.
D – ( ) Aceito o modo como é feito normalmente pelos embaladores nas lojas.
17 – Ao sair de sua sala por longo período você desliga a luz?
A – ( ) Sempre.
B – ( ) Algumas Vezes.
C – ( ) Raramente.
D – ( ) Nunca.
18 – Ao sair de sua sala por longo período você desliga o ar condicionado?
A – ( ) Sempre.
B – ( ) Algumas Vezes.
C – ( ) Raramente.
D – ( ) Nunca.
19 – O que você costuma fazer com o papel já utilizado?
A – ( ) Costumo transformar em rascunho antes de encaminhar para reciclar.
B – ( ) Repasso p/ empresas de reciclagem. C – ( ) As vezes reutilizo.
D – ( ) Jogo no lixo.
21 – Você costuma abrir a janela para aproveitar a iluminação natural e a ventilação?
A – ( ) Sempre.
B – ( ) Algumas Vezes.
C – ( ) Quase nunca.
D – ( ) Nunca.

79
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
22 – Para qual qualidade de impressão a sua impressora está configurada?
A – ( ) Rascunho.
B – ( ) Normal.
C – ( ) Alta qualidade.
D – ( ) Não sei.
23 – Você tem atitudes para amenizar sua “pegada ambiental”?
A–( ) Sim, evito gasto energético e de matéria prima sempre que possível, planto árvores. e busco
ajudar na conscientização geral.
B – ( ) Sim, mas ainda acho que posso melhorar.
C – ( ) Um pouco.
D – ( ) Nunca pensei nisto.
Somatório:
Veja quanto vale cada resposta dada por você, some os pontos e veja em que categoria
você se encaixa.
A–1 B–3 C–5 D–7
Fonte: Disponível em: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/12978/1/DV_CO-
BIO_2019_1_07.pdf. Acesso em: 22 de fev. 2021.

Até 23 pontos: Você demonstrou ser uma pessoa totalmente preocupada com o
meio ambiente e faz a sua parte para cuidar dele, policiando seus hábitos de consumo,
necessitando de um planeta para suportar seu estilo de vida.
De 24 a 44 pontos: Você demonstrou ser uma pessoa que pensa em seus hábitos
de consumo e que se esforça para contribuir com a preservação do meio ambiente, mas
ainda assim necessitaria de dois planetas para suportar seu estilo de vida.
De 45 a 66: Você demonstrou ser um consumidor pouco consciente. Precisa rever
seus hábitos de consumo, necessita de mais de três planetas.
Igual ou maior que 88: Você demonstrou ser uma pessoa totalmente alheia às
problemáticas causadas ao meio ambiente, fruto do consumo desenfreado. Mude seus
hábitos urgentemente, o planeta precisa disso, necessita de mais de quatro planetas.

Fonte: Disponível em:


http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/12978/1/DV_COBIO_2019_1_07.pdf. Acesso em: 22
de fev. 2021.

80
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
2 - Segundo o relatório do Planeta Vivo ( 2012), do WWF (Fundo Mundial para
Natureza) a pegada ecológica, avalia o impacto que nós causamos sobre o meio
ambiente e a biocapacidade, serve para demonstrar o quanto de agua e terra estão
disponíveis para gerar os recursos biológicos e de que forma seus resíduos serão
absorvidos. Com base no texto, assinale a alternativa correta:

a. Para se calcular a biocapacidade do planeta não é necessário termo os recursos


naturais disponíveis, apenas ela será considerada a partir do aumento da
população.
b. O superávit ambiental é alcançado mesmo quando a pegada ecológica é maior
que a biocapacidade.
c. O valor da pegada ecológica oscila conforme as questões climáticas atingem a
natureza.
d. A pegada ecológica é reduzida a medida que diminui a exploração do recursos
naturais.
e. A biocapacidade diminui a medida em que ocorre o aumento da população, o
crescimento econômico entre outros fatores.

3 - As mudanças que ocorrem no clima trazem consequências negativas para


o meio ambiente, para a população, animais e plantas. Nesse contexto, assinale a
alternativa correta.
As alterações que ocorrem no clima podem estar relacionadas:
a. aumento da temperatura em todo o planeta.
b. diminuição dos níveis dos oceanos.
c. diminuição da densidade demográfica.
d. crescimento dos índices de empregos.
e. a redução dos gases poluentes que causam o efeito estufa.

81
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
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83
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
84
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
3
UNIDADE
A EDUCAÇÃO
AMBIENTAL E SUA
RELEVÂNCIA PARA A
SOCIEDADE
INTRODUÇÃO À UNIDADE

São muitas as mudanças que ocorreram no meio ambiente a partir da Revolução


Industrial nos séculos XVIII e XIX. O desenvolvimento econômico mundial, por visar o
crescimento dos países deixou suas marcas por todo o planeta, especialmente na forma
de explorar as riquezas naturais.
O modelo de desenvolvimento atual tem levado à exaustão os recursos naturais.
A crescente industrialização levou a natureza a um estado de degradação, pelos níveis
elevados de poluição no ar, produtos químicos nocivos jogados nos rios, extração
excessiva de combustíveis fósseis, entre outros. A quantidade de resíduos resultantes
dessa exploração, tem sido prática comum realizada pelo homem ao longo de sua
existência, e que tem contribuído para a acelerada degradação ambiental no qual o
planeta se encontra nos dias hoje.
O mundo vem enfrentando ao longo dos últimos anos, diversos eventos que
causaram riscos e prejuízos à sociedade como o desastre de Fukushima (Japão, 2011), o
tufão Hagibis (Japão, 2019), o furacão Dorian (Estados Unidos, 2019), entre outros.
A destruição da biodiversidade que vem ocorrendo em todas as partes do globo
terrestre, pode estar intimamente relacionada à conduta que a sociedade tem adotado
para atender ao seu estilo de vida. A apropriação dos recursos naturais e sua exploração
desenfreada e inadequada vem causando um desequilíbrio na natureza, gerando uma
progressiva perda da qualidade de vida no planeta. Segundo Botelho (2013), cada
indivíduo tem a responsabilidade de cuidar do lugar onde vive. A fim de que tudo que o
planeta disponibiliza possa ser também desfrutado pelas próximas gerações
Diante do que foi exposto a disciplina tem por objetivos levar o estudante a
compreender que ele pode por meio de ações conscientes, ser o agente transformador
da natureza, pois depende dela para sua sobrevivência. É necessário desenvolver uma
postura crítica frente a realidade ambiental, para que possam tomar decisões que
contribuam com a proteção do patrimônio ambiental, histórico, cultural e ambiental
existente no nosso país.
Temáticas como degradação ambiental, preservação da natureza e desenvolvimento
sustentável tem marcado a história da evolução de muitos debates para o desenvolvimento
de uma consciência mais ecológica, a fim de chamar a atenção para os problemas
causados ao meio ambiente e pelo descontrolado uso dos recursos naturais.
Ao longo das décadas, ações foram sendo desenvolvidas, como já estudamos na

86
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Unidade I deste Cadernos de Estudos, como as Conferências e eventos propostos para a
busca do desenvolvimento sustentável dos países.

3.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: EM BUSCA DA CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA

Vivemos atualmente uma crise socioambiental pelo modelo predatório de


exploração adotado. A preservação do meio, o desenvolvimento sustentável e a educação
ambiental, são temáticas que clamam por relações mais harmônicas que respeitem a
biodiversidade biológica, cultural e étnica dos países.
Na tentativa de frear a degradação ambiental, já na década de 60 iniciaram-se os
embates a nível global. No entanto, somente a partir de 1977, com a Conferência de Tbilisi
na Geórgia, as políticas ambientais no Brasil voltadas para a conscientização do indivíduo,
se intensificaram. Em virtude das fortes demandas sociais, a EA surge como contestação
aos modelos adotados pelo desenvolvimento industrial dos países capitalistas. A
Educação Ambiental (EA), se apresenta como estratégia para fazer frente a um contexto
de crise ambiental, que ganha força e significativa importância. De acordo com Jacobi
(2003) a educação ambiental deve promover acima de tudo uma transformação social e
a busca por uma perspectiva holística que considera os recursos naturais finitos, sendo o
homem o principal responsável pela sua degradação (JACOBI,2003).

SUGESTÃO DE LIVRO:
O livro destaca a capacidade do homem de continuar
produzindo, com uma quantidade menor de poluição e
com as tecnologias e conhecimentos já existentes. Segun-
do o autor, é possível satisfazer o cliente, lucrar mais e ao mesmo tempo,
ajudar o meio ambiente a se reestabelecer ecologicamente.

87
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Este cenário demanda a busca por um ambiente mais equilibrado e harmônico
entre o homem e a natureza e isso, tem despertado a necessidade de uma conscientização
que possa trazer mudanças de hábitos e sobretudo minimizar os impactos ambientais
causados pela forma de desenvolvimento econômico dos países, que se apresenta
incompatível com a capacidade do planeta em gerar os recursos naturais.

SUGESTÃO DE VÍDEO:
Shigeru Ban: Moradias emergenciais feitas de papel
O arquiteto Shigeru Ban, mesmo antes da palavra sustentabilidade ser utiliza-
da com tanta frequência, já usava materiais de construção ecologicamente corretos, como os
tubos de papelão. Ele constrói estruturas temporárias para países atingidos por desastres, como
Haiti, Ruanda e Japão.
https://www.ted.com/talks/shigeru_ban_emergency_shelters_made_from_paper#t-51

Para que possamos compreender melhor o contexto da EA no Brasil, faremos um


breve levantamento histórico das principais ações políticas que influenciaram o processo
de formação e institucionalização da política ambiental brasileira para a sua efetiva
consolidação.

3.2 A HISTÓRIA DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Em 1500, o meio ambiente teve a sua primeira atenção, quando Pero Vaz de Caminha
envia uma carta ao Rei de Portugal destacando a beleza e todo o patrimônio da natureza
brasileira. O período sequente de colonização do país, inicia com uma exploração intensiva
dos recursos naturais. Algumas medidas foram tomadas para regular a exploração dos
recursos, mas no período colonial a fiscalização não apresentava muitos resultados e na
sua maioria, ela era ignorada. Os órgãos públicos de fiscalização possuíam carências de
recursos financeiros e/ou falta de vontade política dos dirigentes (SÁNCHEZ, 2008).
Até o final do século XIX, e início do século XX não haviam iniciativas para

88
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
disciplinar o uso de recursos naturais no Brasil. O processo de industrialização em 1930,
foi determinante para a construção de uma base regulatória, que deu início a primeira
fase das políticas ambientais. Era necessário agir com responsabilidade ao utilizar
os recursos naturais, indispensáveis para a sobrevivência do homem. A partir desse
período, a preocupação dos governos em reconstituir e restaurar as florestas brasileiras
pelo grande desmatamento, deram origem a primeira medida de ação governamental,
com a criação do Serviço Florestal do Brasil, em 1921.
A Educação Ambiental começa a chamar a atenção mundialmente para os
problemas ambientais em 1968, em Roma, quando as temáticas como o uso dos recursos
naturais e o crescimento da população mundial passaram a ser uma preocupação.
Com a Conferência de Estocolmo de 1972 (Conferência Mundial das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente Humano), a Educação Ambiental passa a ser discutida
internacionalmente. “Essa conferência teve como principal recomendação a ênfase na
Educação Ambiental como forma de se criticar e combater os problemas ambientais
existentes na época” (DIAS, 2004, p. 79).
A finalidade da EA é

promover a compreensão da existência e da importância da


interdependência econômica, social, política e ecológica; proporcionar,
á todas as pessoas, a possibilidade de adquirir os conhecimentos,
o sentido dos valores, as atitudes, o interesse ativo e as atitudes
necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente; induzir novas
formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na sociedade
em seu conjunto, a respeito do meio ambiente (DIAS, 2004, p. 109-110).

Diversos Eventos e Conferências se intensificaram e se tornaram mais conhecidos


marcando a história da EA ao longo das décadas, como a de Belgrado, Tbilisi, Comissão
Brundtland, ECO 92, no qual já estudamos na Unidade I.

SUGESTÃO DE LIVRO:
Radar Rio + 20
Por dentro da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/publications/S7D00027.pdf

89
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
No Brasil a segunda fase das políticas ambientais foi marcada pela criação da
Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA em 1973. A criação do órgão foi influenciada
pela Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente ocorrida em Estocolmo em
1972. Ela destaca em seu Decreto n° 73.030, de 30 de outubro, a necessidade de incluir
questões ambientais no planejamento estratégico e dar orientação ao povo brasileiro
quanto ao uso adequado dos recursos naturais, tendo em vista a conservação do meio
ambiente. Este Decreto representou para o Brasil uma grande inovação em questão de
políticas públicas.
No entanto, o papel da SEMA não favorecia dispositivos legais ou estratégia de
crescimento econômico que conflitassem com o desenvolvimento em “marcha forçada”
que se caracterizava no país (Castro; Souza, 1985). Com a instalação de indústrias em
regiões densamente urbanizadas, como Rio de Janeiro e São Paulo, a política ambiental
adotada nos anos 70 negligenciou os impactos ambientais causados pelo desenvolvimento
urbano. Com a prioridade dada ao crescimento do país, o Brasil teve uma imagem negativa
internacionalmente (SACHS, 2008).
Em 1981 a EA é formalmente instituída no Brasil, pela Lei Federal de nº 6.938,
com a criação da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e pelo Sistema Nacional
do Meio Ambiente (SISNAMA), com funções de articular a proteção e a melhoria na
qualidade ambiental. No Brasil, essa política é considerada um marco para a EA, pois
menciona em seu artigo 2º, que “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental propícia à vida[...]”. Em seu inciso X, destaca como um dos seus princípios a
implementação da Educação Ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação
da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio
ambiente (BRASIL,1981).
O meio ambiente como objeto de cuidado e proteção necessita de mecanismos de
controle para a sua preservação e recuperação, a fim de evitar as ações depredativas que
buscam de forma descontrolada o desenvolvimento socioeconômico.
Tratando-se do meio ambiente como um bem coletivo, ele deve ser amparado pelo
Poder Público com Leis que possam defendê-lo dos danos causados pela ação humana.
Cabe ao Estado, regular o seu uso, por meio da elaboração de leis, a fim de coibir ações
que causem degradação ambiental. A Constituição Federal de 1988 inclui a EA em seu
Art. 225, inciso VI. Pela primeira vez a EA ganha espaço na legislação brasileira, sendo o
meio ambiente entendido como patrimônio público e um “bem de uso comum do povo”
(BRASIL, 1988).
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

90
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Cabe ao Poder Público “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente (BRASIL, 1988).
Percebe-se por meio do artigo 225 da Constituição Federal, que o meio ambiente
ecologicamente equilibrado é entendido como um direito fundamental de todo homem
(BRASIL, 1988).
A Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, foi promulgada pela Constituição Federal como
lei da Educação Ambiental, no qual apresenta em seu Art. 1º, o conceito legal: Entendem-
se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade (Brasil, 1999).
Em seu Art. 10º a Lei Ambiental nº 9.795/99, menciona que “a Educação Ambiental
será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em
todos os níveis e modalidades do ensino formal”(Brasil, 1999). Ainda seu Art. 2º, afirma
que “a educação ambiental é um componente essencial e permanente na educação
nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades
do processo educativo, em caráter formal e não formal” (Brasil, 1999).
Em seu Artigo 4º, à referida Lei estabelece de forma explícita os princípios básicos
da Educação Ambiental no Brasil onde diz:

São princípios básicos da educação ambiental:


I. o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II. a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a
interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o
enfoque da sustentabilidade;
III. o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter,
multi e transdisciplinaridade;
IV. a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V. a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI. a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII. a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais
e globais;
VIII. o reconhecimento e o respeito pluralidade e à diversidade individual e
cultural. (BRASIL, 1999).

Ainda em seu Art. 5º, parágrafo primeiro, a lei reitera que a EA deve proporcionar o
desenvolvimento “de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas

91
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos,
sociais, econômicos, científicos e éticos” (Brasil, 1999).
Em seu artigo 9° incumbiu “ao Poder Público, definir políticas públicas que
incorporem a dimensão ambiental [...] e o engajamento da sociedade na conservação,
recuperação e melhoria do meio ambiente” (inciso I); às instituições educativas “de maneira
integrada aos programas educacionais que desenvolvem” (inciso II) (BRASIL,1999).
Nesta perspectiva, o documento supramencionado, destaca que a EA, deve ser
entendida como um processo contínuo que possibilita aos indivíduos à aquisição de
novos valores e novas experiências, a fim de atuarem com responsabilidade sobre os
problemas presentes e futuros do planeta (Dias, 2004).
Carvalho (2006, p. 71), destaca que a EA é “considerada inicialmente como uma
preocupação dos movimentos ecológicos com a prática de conscientização, que seja
capaz de chamar a atenção para a má distribuição do acesso aos recursos naturais”.
Nas décadas de 70 e 80, o Brasil enfrenta várias situações de devastação do meio
ambiente no qual gerou a necessidade de uma gestão mais integrada. Os órgãos que atuavam
na área ambiental eram: a SEMA (Secretaria do Meio Ambiente), Superintendência da
Borracha (SUDHEVEA), Superintendência da Pesca (SUDEPE) e Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal (IBDF).
Após oito anos de formalização da PNMA, foi criado em 1989 o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O Ibama foi criado pela fusão
das quatro entidades, por meio da Lei n° 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. Era o único órgão
Federal, com função de execução, concessão de licença ambiental, fiscalização, controle,
monitoramento, autorização e outras atribuições. Uma de suas principais atuações era
licenciar grandes projetos de infraestrutura, verificando seus impactos na natureza, ficando
aos órgãos Estaduais, a responsabilidade pelos licenciamentos de menor porte.
Em decorrência da ECO-Rio-92, o governo cria o Ministério do Meio Ambiente
(MMA), um órgão de hierarquia superior ao Ibama, com objetivo de organizar a política
do meio ambiente no Brasil.
Em 2007, por considerar a estrutura do Ibama precária, quanto a sua eficiência no
que diz respeito à fiscalização, a ministra do Meio Ambiente do ano corrente, propõe
reestruturação e modernização das unidades do MMA, como a divisão do Ibama e a
criação do instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
O Instituto Chico Mendes assume a função de gerir unidades de conservação,
educação ambiental e os centros especializados, enquanto o Ibama, a responsabilização
da proteção e do licenciamento ambiental.
Segue uma sugestão de artigo para conhecer um pouco mais o trabalho do Instituto
Chico Mendes:

92
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
TEXTO COMPLEMENTAR
Leia o texto A construção social de políticas públicas. Chico Mendes e o movi-
mento dos seringueiros. Fonte:
https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/04D00076.pdf

3.3 CRIMES AMBIENTAIS

A Constituição Federal de 1988, deixa claro que o meio ambiente ecologicamente


equilibrado é um direito fundamental de todos e como tal deve ser assegurado e protegido.
Em seu Art. 225, ao reconhecer a sua importância para a existência da vida de todos os
seres vivos, impõe ao Poder Público e a toda a sociedade a responsabilidade pela proteção
ambiental.
É considerado crime quando um direito protegido é violado, sendo todo o crime
passível de penalização. Nesse contexto, foi criada a Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998,
que dá possibilidades de responsabilizar penalmente as pessoas pelos crimes cometidos
contra a natureza. “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
De acordo com a Lei, é considerado crime ambiental todo e qualquer dano ou
prejuízo causado aos elementos que compõem o ambiente (BRASIL, 1988).
A aprovação dessa Lei passa ser um mecanismo de punição para que os órgãos
ambientais e o Ministério Público possam punir os infratores dos crimes cometidos
contra o meio ambiente. Esta Lei dedica espaços específicos aos crimes contra a fauna, a
flora, a poluição, o ordenamento urbano e o patrimônio cultural e contra a administração
ambiental (COSTA NETO, 2003. p. 316).
A Constituição Federal, disciplina em seu art. 225, § 3º, que “as condutas e
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e, administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados” (BRASIL, 1988).

93
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
No entanto, mesmo com a implementação de políticas, os acidentes e desastres
ambientais vem tomando grandes proporções nas últimas décadas causando grandes
impactos a natureza.
No art. 225, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, a expressão “impacto
ambiental”, pode ser entendida como qualquer alteração das propriedades físicas,
químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetam a saúde,
a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais,
conforme previsto na lei da Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1986).
As lacunas deixadas pela falta de punições diante de tantos desastres ambientais,
que vem ocasionando perdas humanas e prejudicando a vida de milhares de pessoas, são
os grandes questionamentos da sociedade em geral.
Abordaremos os crimes contra o meio ambiente previstos na Lei de Crimes
Ambiental da Constituição Federal de 1988:

3.3.1 Crimes Contra a Fauna (arts. 29 a 36):

Figura 23 - Tráfico de animais.


Fonte: Shutterstock (2021).

94
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Art. 29.
I. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos
ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da
autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:
II. quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
III. quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou
depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre,
nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos,
provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença
ou autorização da autoridade competente.

Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem
a autorização da autoridade ambiental competente.
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e
licença expedida por autoridade competente.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o
perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas,
baías ou águas jurisdicionais brasileiras.
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados
por órgão competente:
I. pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos
inferiores aos permitidos;
II. pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de
aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;
III. transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da
coleta, apanha e pesca proibidas.

Art. 35. Pescar mediante a utilização de:


I. explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito
semelhante;
II. substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente.

Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar,
extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes,
crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento

95
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais
da fauna e da flora.

3.3.2 Crimes Contra a Flora: (arts. 38 a 52)

Figura 24 - Extração ilegal de madeiras.


Fonte: Shutterstock (2021).

Art. 38- Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado


ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das
normas de proteção.
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem
permissão da autoridade competente.
Art.40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação
independentemente de sua localização.
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta.
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar
incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo
de assentamento humano.
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação
permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:

96
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato
do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração,
econômica ou não, em desacordo com as determinações legais.
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha,
carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor,
outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o
produto até final beneficiamento.
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de
vegetação.
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas
de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia.
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou
nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente.
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de
vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente.
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou
instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos
florestais, sem licença da autoridade competente.

3.3.3 Poluição e Outros Crimes Ambientais (arts. 54 a 61)

Figura 25 - Peixes mortos na Baía de Guanabara RJ.


Fonte: Shutterstock (2021).

97
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais
ou a destruição significativa da flora:
I. tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
II. causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea,
dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da
população;
III. causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento
público de água de uma comunidade;
IV. dificultar ou impedir o uso público das praias;
V. ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos,
óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas
em leis ou regulamentos.

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente
autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida.
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer,
transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica,
perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências
estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos.
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte
do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores,
sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as
normas legais e regulamentares pertinentes.
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à
agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas.

98
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
3.3.4 Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural (art. 62
a 65):

Figura 26 - Depreciação de Monumento Tombado.


Fonte: Shutterstock (2021).

Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:


I. bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;
II. arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar
protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial.

Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente


protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico,
ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico
ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a
concedida.
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim
considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico,
cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da
autoridade competente ou em desacordo com a concedida.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:
§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor
artístico, arqueológico ou histórico. § 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada
com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação
artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou
arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão
competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos
governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e
artístico nacional.

3.3.5 Crimes Contra a Administração Ambiental (arts. 66 a 69):

Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade,
sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou
de licenciamento ambiental.
Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em
desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização
depende de ato autorizativo do Poder Público.
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir
obrigação de relevante interesse ambiental.
Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou
qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total
ou parcialmente falso ou enganoso.

3.4 TRAGÉDIAS QUE OCORRERAM NO MUNDO

Vejamos a seguir de forma cronológica, alguns dos principais acidentes causados


pela mão humana que trouxeram danos irreversíveis à população. Os desastres ambientais

100
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
foram frequentes ao longo da existência do planeta, sendo provocado por erro humano,
bem como pela própria natureza.

1945 - Bombas de Hiroshima e Nagasaki – no final da segunda guerra mundial, a


busca pela hegemonia entre EUA e Japão, resultou na morte de mais de 200 mil japoneses
pelo lançamento de duas bombas nucleares. Houve também uma perda irreversível da
fauna e da flora devido às ondas de choque e calor.

Figura 27 - Cidade Hiroshima destruída pela bomba atômica.


Fonte: Shutterstock (2021).

1954 - Doença de Minamata - A população desta ilha no Japão apresentou doenças


como convulsões e perda ou descontrole das funções motoras. Estudos indicaram que
estes comportamentos estavam relacionados ao envenenamento das águas causado por
mercúrio e outros metais pesados (HOGAN, 2007).

1976 - Nuvem de Dioxina - A explosão de uma fábrica de produtos químicos na


cidade de Seveso, na Itália, lançou substâncias perigosas no ar. Os produtos químicos
dentre eles a dioxina (substância suspeita de ser cancerígena), atingiu mais de 37 mil
pessoas. Mesmo não tendo registros de mortes, causou o aparecimento de feridas na pele,
sintomas como náuseas, e visão turva, dentre outros sintomas (PEREIRA e QUELHAS,
2010).

101
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
1979 - Three Mile Island – Pensilvânia- Gases radiativos foram lançados no ar
devido a falha de um reator de uma usina nuclear. O episódio ficou conhecido como
“Pesadelo Nuclear”. Após este acidente, discussões foram levantadas quanto ao uso da
energia nuclear (AREOSA, 2012).

Figura 28 - Pesadelo Nuclear.


Fonte: Shutterstock (2021).

1984 - Vazamento em Bhopal- Na Índia, houve um vazamento de agrotóxicos


que despejou no ar mais de 40 toneladas de gases nocivos à saúde. A cidade teve uma
perda humana de mais de oito mil pessoas, pelo contato com as substâncias letais
(GREENPEACE, 2002).

1986 - Explosão de Chernobyl – Foi um dos acidentes mais graves ocasionados à


população e ao meio ambiente. Quatro reatores de uma usina em Chernobyl, na Ucrânia,
ao se romperem liberaram uma quantidade de radiação dezenas de vezes maior que as
bombas lançadas em Hiroshima e Nagasaki. Estudos apontam que muitos apresentaram
câncer ao longo das décadas e o número de mortos é estimado entre 9000 a 16000.

102
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Figura 29 - Chernobyl após o pior acidente nuclear do mundo.
Fonte: Shutterstock (2021).

1989 - Navio Exxon Valdez – Um derramamento de 40 milhões de litros de petróleo


no Alasca contaminou uma área de mais de dois mil quilômetros de praias, causando a
morte de cem mil aves.
1991 - Queima de petróleo no Golfo Pérsico –Centenas de poços de petróleo
foram despejados no Kuwait, sob a ordem de Saddam Hussein. Pessoas e animais foram
infectados e mortos com a fumaça lançada no ar, devido a queima de uma parte desse
petróleo.
2002 - Navio Prestige –Um derramamento de petróleo causado por um petroleiro
grego na costa da Espanha, matou mais de 20 mil aves e contaminou 700 praias do litoral
da Galícia.

103
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
3.5 ALGUNS DESASTRES CAUSADOS NO BRASIL

Principais acontecimentos que causaram danos ambientais no Brasil:

1980 - Vale da Morte -Toneladas de gases tóxicos foram lançados no ar por


indústrias localizadas na cidade de Cubatão/ SP. Sérios problemas ambientais afetaram
o solo e a água. Problemas inclusive respiratórios afetaram a população local, gerando
deformidades físicas nos recém-nascidos.

Figura 30 - Cubatão/ São Paulo.


Fonte: Shutterstock (2021).

1984 - Vila Socó – O vazamento de um dos dutos subterrâneos da Petrobras causou


incêndio em uma comunidade local em Cubatão/ SP, deixando quase cem mortos.

1987 - Césio 137- O material radioativo como o Césio foi encontrado por dois
catadores de lixo, em um local abandonado em Goiânia. O material continha um pó
branco que emitia luminosidade azul. O material foi encaminhado a outros lugares da
cidade, causando contaminação da água, do solo e a morte de pessoas.

104
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
2000 - Vazamento de óleo na Baía de Guanabara - Um derramamento de mais
de um milhão de litros de petróleo é causado pela Petrobrás na Baía de Guanabara/ RJ no
ano de 2000. A morte de animais daquela região e poluição do solo resultou em multas
para a Petrobras.

2011 - Vazamento de óleo na Bacia de Campos- Uma empresa americana Chevron,


causou um vazamento de três mil barris de óleo no Rio de Janeiro, causando uma mancha
de 160 quilômetros de extensão. A empresa pagou multas e indenizações pelos danos
causados ao meio ambiente.

Figura 31 - Vazamento de óleo na Bacia de Campos.


Fonte: Shutterstock (2021).

2015 - Rompimento da barragem de Mariana – O rompimento da barragem


do Fundão da empresa Samarco, provocou em Mariana (MG), Santarém (MG) e Bento
Rodrigues (MG), uma onda de lama que deixou rastros de destruição, famílias desalojadas
e mortos.

105
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Figura 32 - Barragem Mariana.
Fonte: Shutterstock (2021).

2019- Rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais.

A cidade de Brumadinho também foi alvo do rompimento da barragem I da


mineradora Vale. O mar de lama destruiu casas, estradas e vegetação, fazendo mais de
241 vítimas fatais.

Figura 33 - Desequilíbrio ambiental- Brumadinho.


Fonte: Shutterstock (2021).

106
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Além do que destacamos aqui, outros desastres ambientais ocorreram no país
ao longo das últimas décadas. Podemos perceber quantas marcas foram deixadas que
comprometeram a vida da população, dos animais e dos ecossistemas.

SAIBA MAIS:
Para atingirmos a meta da sustentabilidade são necessárias mudanças
radicais no cotidiano das pessoas. A busca por uma sociedade mais consciente
e menos consumista, pode ser alcançada com a Educação Ambiental que representa uma das
melhores alternativas para o futuro do planeta.

Neste contexto, a Educação Ambiental é entendida como uma ferramenta capaz


de sensibilizar a população quanto aos problemas ambientais e fazer a mudança social
(ABREU e MORAIS, 2009).
Na próxima unidade abordaremos a importância da educação ambiental ser
trabalhada nas escolas. Reconhecer a importância da Educação Ambiental está no diálogo
das várias áreas do conhecimento. De acordo com Leff (2001), a Educação Ambiental
quando trabalhada de forma transversal, em todas as disciplinas pode construir
conhecimentos para resolver os complexos problemas da sociedade contemporânea.

SUGESTÃO DE TEXTO COMPLEMENTAR :


Para ler o texto: O pior acidente nuclear da história transformou Chernobyl em
algo que ninguém esperava, acesso o link:
https://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2019/05/20/152060-o-pior-acidente-nuclear-
-da-historia-transformou-chernobyl-em-algo-que-ninguem-esperava.html

107
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando tudo que foi exposto, percebe-se que o meio ambiente é um direito
amparado por Leis, Decretos e Resoluções, além da própria Constituição Federal. A
implantação da Lei nº 9.605/98 foi uma grande inovação para o Brasil, no entanto, diante
de tantos desastres e acidentes causados ao meio, a Educação Ambiental ainda carece de
uma aplicabilidade mais efetiva, pois a proteção ao meio ambiente ainda não é uma ideia
principal.
A falta de proteção à natureza, por não ser vista ainda como uma prioridade, tem
causado graves impactos ao planeta e a vida das pessoas, que no qual poderia ser evitado.
Chegamos num ponto em que devemos reduzir drasticamente os impactos
causados ao meio ambiente, devido aos erros cometidos no passado e que nos foram
deixados como legado, a fim de que essas falhas não sejam repetidas.
A tão sonhada consciência ecológica requer de todos, mudanças de práticas,
valores, atitudes e comportamentos, num processo evolutivo que transcenda para novas
formas de enxergar a natureza. Em vista de sua amplitude, a educação ambiental requer
o envolvimento de toda a sociedade, cabendo a cada um de nós em nosso contexto
particular, fazer a diferença.
A chave para a busca do desenvolvimento sustentável, mostra-se como pertinente
um diálogo entre economia, política e meio ambiente, um projeto de sociedade, que
envolva toda a área da educação. O desenvolvimento sustentável para assim atingi-lo,
cabe a cada um de nós traçá-lo a fim de adotar um compromisso social, associando a
ética, a responsabilidade, a lucidez e solicitude com o local onde vivemos.

108
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
EXERCÍCIO FINAL

1 - A educação ambiental pode ser entendida como um conjunto de valores,


atitudes e comportamentos podendo ser construída de forma individual ou
coletiva em busca da preservação do meio ambiente.

Com base nesse contexto, analise as afirmativas a seguir, quanto aos princípios
básicos da educação ambiental:
I. Tem como foco principal os princípios democráticos e participativos.
II. A educação ambiental deve ser de responsabilidade dos professores de ciências.
III. A temática educação ambiental é priorizada no ensino formal.

Está correto o que se afirmam em:


a. I e II
b. II
c. II e III
d. I
e. I, II e III

2 - A mineradora Samarco teve uma de suas barragens rompidas em novembro


de 2015, considerado ser um dos maiores desastres ambiental causados no
Brasil.

Considere as afirmações abaixo, sobre as consequências desse desastre, analise as


afirmativas a seguir:
I. O impacto ambiental causado com o vazamento de 35 bilhões de litros de
rejeitos de minérios, destruiu apenas a vida aquática dos rios próximos a cidade.
II. A lama contaminada prejudicou o abastecimento de água de várias cidades
próximas, causando sérios problemas à população local.
III. O solo atingido pela lama contaminada ficou impróprio para a plantação,
devido aos sedimentos depositados.

Está correto o que se afirmam em:

109
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
a. I, II e III.
b. II e III.
c. III
d. I e III
e. II

3 - A Lei N° 9.795 – Lei da Educação Ambiental, em seu Art. 2° afirma: “A educação


ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades
do processo educativo, em caráter formal e não-formal.”

Com base no texto acima, analise as afirmativas a seguir, quanto ao contexto da


educação ambiental:
I. Ela deve ser entendida como um componente curricular.
II. Ela deve ser trabalhada de forma transversal em diferentes áreas.
III. Ela é um conhecimento interdisciplinar.
IV. ode ser desenvolvido uma ação educativa no planejamento curricular.

Está correto o que se afirmam em:


a. II e III
b. I, II, III e IV
c. I, II e III.
d. I e II
e. II e IV

110
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
REFERÊNCIAS

ABREU, I. G.; ABREU, B. S.; MORAIS, P.S.A. Educação Ambiental e sustentabilidade:


Exercício de cidadania. In: SEABRA, G.; MENDONÇA, I. T. L. Educação para a
sustentabilidade e saúde global. João Pessoa: Editora Universitária da UFCG, 2009.

AREOSA, J. O contributo das ciências sociais para a análise de acidentes maiores: dois
modelos em confronto. Análise Social, Lisboa, v.42, n.204, p.558-84, 2012.

BOTELHO, Tiago Resende. O reconhecimento do meio ambiente ecologicamente


equilibrado como direito humano e fundamental. In: LIMA, José Edmilson de Souza
Lima; SOUZA, Maria Cláudia da Silva Antunes de; GARCIA, Denise Schmitt Siqueira
(coords.). Direito Ambiental II: XXII Encontro Nacional do CONPEDI Unicuritiba. p. 301-
330. Florianópolis: FUNJAB, 2013.

Brasil. Decreto n° 73.030, 30 de outubro de 1973. Cria, no âmbito do Ministério do


Interior, a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA, e dá outras providências.
Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-73030-
30-outubro-1973-421650-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 06 mar de 2021.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1988.

BRASIL. Lei Federal n.6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Disponível em:
Acesso em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1980-1987/lei-6938-31-agosto-
1981-366135-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 06 de mar 2021.

BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Disponível em: http://www.planalto.


gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm. Acesso em: 06 de mar 2021.

CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. 2.ed. São


Paulo: Cortez, 2006.

CASTRO, Antônio Barros de; SOUZA, Francisco E.P. de. A Economia Brasileira em
Marcha Forçada. 3 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

COSTA NETO, Nicolao Dino de Castro e. Proteção jurídica do meio ambiente. Belo
Horizonte: Del Rey, 2003.

DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental, princípios e práticas. 9. ed. São Paulo:
Gaia, 2004.

GREENPEACE. Greenpeace: Bhopal, o descaso continua. Greenpeace Brasil, 7 maio 2002.

HOGAN, D. J. População e Meio Ambiente: a emergência de um novo campo de estudos.

111
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
In: HOGAN D. J. (Org.) Dinâmica populacional e mudança ambiental: cenários para o
desenvolvimento brasileiro. Campinas: Núcleo de Estudos de População-Nepo, 2007.

JACOBI.P. Educação Ambiental, Cidadania e Sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa,


n. 118, março/ 2003.

LEFF, E. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2001.

PEREIRA, A. F. de A. N.; QUELHAS, O. L. G. Os acidentes industriais e suas consequências.


In: CONGRESO DE INGENIERÍA DE ORGANIZACIÓN, 14., 2010, Donostia-San Sebastián.
Anais eletrônicos… Donostia-San Sebastián: ADINGOR, 2010.

SACHS, I. Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed.


Garamond, 2008.

112
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
4
UNIDADE
A EDUCAÇÃO
AMBIENTAL NO ENSINO E
NA PRÁTICA ESCOLAR
INTRODUÇÃO À UNIDADE

O desenvolvimento das ciências trouxe ao homem a capacidade de utilizar a natureza


para seu benefício próprio. No entanto, vimos ao longo das unidades que condutas
inadequadas foram sendo adotadas em relação ao meio ambiente, que resultaram em
desperdício e degradação. Essa relação de dominação e exploração sugere grandes
transformações nos hábitos das sociedades para que a vida na Terra seja preservada.
Nesse viés, a escola, juntamente com a legislação torna-se corresponsável na
área ambiental. Contudo, algumas demandas no campo educacional necessitam ser
reestruturadas para enfrentar esse desafio.
Diante desse contexto a disciplina tem como objetivos possibilitar conhecimentos
acerca da importância da educação ambiental no espaço escolar, como ferramenta para
a conscientização do ser humano, a fim de que se perceba como peça fundamental para
a preservação do meio e passe a cuidar da natureza.

SUGESTÃO DE LIVRO:
Educação Ambiental: Conceitos e Princípios
http://www.mpap.mp.br/images/CAOP-meio-ambiente/Educacao_Ambien-
tal_Conceitos_Principios.pdf

4.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS

O termo Educação Ambiental surge durante a Conferência em Educação na


Universidade de Keele, o ano de 1965 na Grã-Bretanha (DIAS, 2004). Nesta conferência
ficou acordado que “a Educação Ambiental deveria se tornar uma parte essencial da
educação de todos os cidadãos e seria vista como sendo essencialmente conservação ou

114
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
ecologia aplicada” (DIAS, 2004, p. 78).
Com as políticas desenvolvidas ao redor do mundo a partir da década de 70, a EA
teve sua maior ênfase no meio educacional. Inicialmente ela surge com os movimentos
ecológicos. Passa a ser vista como uma ferramenta indispensável para atuar frente à
destruição que vem sendo causada ao meio ambiente. Preocupados com a má distribuição
e o esgotamento dos recursos naturais, era necessário envolver o cidadão em ações sociais
adequadas à preservação do meio ambiente (CARVALHO, 2006).

A educação ambiental é um dos eixos fundamentais para impulsionar os


processos de prevenção da deterioração ambiental, do aproveitamento
dos direitos dos cidadãos a um ambiente sustentável. Ela implica uma
nova concepção do papel da própria escola. A articulação de seus
conceitos, métodos, estratégias e objetivos é complexa e ambiciosa:
dimensões ecológicas, históricas, culturais, sociais, políticas e
econômicas da realidade e a construção de uma sociedade baseada
em princípios éticos e de solidariedade (COLESANTI, 1996, p.35).

Foi se tornando uma realidade nas escolas e passa a fazer parte do currículo
escolar brasileiro como uma das temáticas sociais necessárias a ser trabalhada de forma
transversal e interdisciplinar, permeando toda prática educacional.
Segundo Dias (2004, p. 100), a educação ambiental “é um processo por meio do
qual as pessoas apreendam como funciona o ambiente, como dependemos dele, como
o afetamos e como promovemos a sua sustentabilidade”. Com seu papel de desenvolver
novas iniciativas e novas práticas, a EA surge como um mecanismo de quebra de
paradigmas sociais, econômicos, éticos, filosóficos, ideológicos e científicos, adotados
pela sociedade.
Observa-se que o conceito de EA parece não ter sido compreendido em sua total
dimensão, principalmente pela forma como ela é abordada em sala de aula. As escolas
possuem um enfoque mais naturalista ao trabalhar esta temática. Muitos docentes
abordam os conceitos relacionados à natureza, o ar, o solo, a água, como se o meio
ambiente fosse apenas a parte física. Essa forma genérica como é interpretado, impede
que o estudante compreenda o meio ambiente na sua totalidade.
Contudo, a eficácia da EA deve desenvolver, conhecimentos e habilidades que
modifiquem as formas do ser humano se relacionar com o meio ambiente, a fim de efetivar
de forma contínua a sua prática de comportamento respeitoso com o meio ambiente.

115
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Sabemos que a educação ambiental possui uma diversidade de amparos legais, no
entanto, ter apenas um tema previsto em lei que deve ser trabalhado de forma transversal
na escola, não garante a mudança dos hábitos da sociedade.

Não se trata tão somente de ensinar sobre a natureza, mas de educar


“para” e “com” a natureza; para compreender e agir corretamente ante
os grandes problemas das relações do homem com o ambiente; trata-se
de ensinar sobre o papel do ser humano na biosfera para compreensão
das complexas relações entre sociedade e a natureza e dos processos
históricos que condicionam os modelos de desenvolvimento adotados
pelos diferentes grupos sociais (Medina & Santos, 2008, p.25).

A EA precisa ser trabalhada nas escolas, a fim de informar as crianças e os


adolescentes sobre os problemas que o estilo de vida da sociedade contemporânea tem
causado ao meio ambiente. Ela não deve ser apenas trabalhada dentro de uma disciplina
especifica, mas como uma ferramenta que possa interligar com todas as disciplinas.
Trabalhar a EA possibilita o estudante desenvolver uma conscientização crítica
dos problemas ambientais e hábitos de respeito com a diversidade que ainda existe. De
acordo com Dias (1991), a escola é o local privilegiado para propiciar essa reflexão. Nela o
aluno adquiri os conhecimentos, para quando estiver fora dela, possa colocar em prática
as suas ações. Nesse contexto, a educação passa a ser uma importante ferramenta de
humanização para a incorporação de uma cultura (CHARLOT, 2006).
A temática sobre EA surgiu para atender as necessidades que não estavam sendo
contempladas pela educação formal. Segundo a UNESCO (2005, p. 44), “Educação
ambiental é uma disciplina bem estabelecida que enfatiza a relação dos homens com o
ambiente natural, as formas de conservá-lo, preservá-lo e de administrar seus recursos
adequadamente”.
A educação ambiental não é a única ferramenta que irá resolver todos os problemas,
mas, atua como agente formador, que poderá tornar os estudantes aptos para a resolução
de problemas socioambientais.

116
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Figura 34 - Educação Ambiental.
Fonte: Shutterstock (2021).

SUGESTÃO DE LIVRO:
Educação Ambiental: aprendizes de sustentabilidade
http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental.pdf

Além de conceitos e dados que informam a situação em que se encontra o meio


ambiente, é necessário trabalhar novas atitudes e a formação de valores, para que o aluno
aprenda as ações de respeito à conservação ambiental. Quando a temática, permanece
somente na teoria, impede que o aluno seja um agente transformador desse contexto que
é meio ambiente.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 1996, é de grande
urgência a reestruturação curricular a fim de superar a fragmentação do ensino brasileiro.
Para BOFF (2010) a EA sendo contemplada no currículo escolar, poderá produzir novas
concepções a fim de provocar mudanças de atitudes nos alunos.
A escola deve trabalhar com os alunos situações práticas, para que eles aprendam
as ações de preservação e conservação ambiental, a fim de desenvolver uma consciência
global das questões que afetam o meio ambiente. Para isso é necessária uma abordagem
de forma interdisciplinar, no qual o estudante perceba a relação que existe entre a
natureza e as diversas áreas do conhecimento.

117
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Figura 35 - Educação Ambiental na Escola.
Fonte: Shutterstock (2021).

No entanto, um dos desafios da escola é compreender o que consiste efetivamente


a prática do professor nas instituições escolares. A perspectiva da interdisciplinaridade
como estratégia metodológica, tem se mostrado um desafio para as escolas e professores,
que ainda trabalham esta temática de forma pontual e descontextualizada da realidade
em que o aluno está inserido. A concepção de ensino que o professor tem sobre o meio
ambiente, está intimamente relacionada com as suas experiências e vivências e isso irá
refletir sobre as suas práticas diárias.
Segundo Farnesi (1999), muitos professores não se consideram preparados para
trabalhar esta temática em sala de aula, por este tema não ter sido abordado de forma
mais abrangente, durante a sua formação acadêmica.
As abordagens parecem divergir do que determina a lei, sendo essa temática
contemplada, muitas vezes, por algumas disciplinas apenas, pela dificuldade do
professor articular um trabalho interdisciplinar. Morales (2009), afirma que a EA deve ser
contemplada de forma urgente e interdisciplinar, considerando as diversas dimensões
do conhecimento.

O trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente,


em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e
coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação

118
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que
precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para
que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente,
à descoberta das formas mais adequadas de atingir esse objetivo
(SAVIANI, 2005, p. 21).

O trabalho sobre EA na escola, por se tratar de um tema interdisciplinar necessita


de preparação do corpo docente. O professor também precisa ser sensibilizado por meio
de cursos e capacitação, pois ele é o principal agente promotor na escola (DIAS,1991).
Diante disso, destaca-se a importância da formação docente do professor para o
conhecimento acerca do entendimento e complexidade da questão ambiental, para um
mundo ecologicamente melhor.
É necessário realizar projetos que envolvam integrar a comunidade com o meio
ambiente em que ela está inserida. Oliveira (2000) sugere que sejam contemplados os
projetos interdisciplinares dentro do planejamento escolar, a fim de preparar os professores.
A escola deve possibilitar esses conhecimentos de forma contextualizada com
a realidade do aluno. É na escola que alunos e professores se tornam os atores com
capacidade para realizar as transformações e melhorar as condições do planeta. Barbosa
(2016), destaca que a Educação Ambiental, reafirma o seu compromisso rumo a mudanças
tanto comportamental quanto atitudinal nos sujeitos (BARBOSA, 2016).

Figura 36 - Educação Ambiental- para uma sociedade melhor


Fonte: Shutterstock (2021).

119
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
A sociedade necessita assumir uma postura mais realista, para que as ações
desenvolvidas pelo homem tenham como base o equilíbrio do meio ambiente.

4.2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

O docente no ensino fundamental ao contemplar a temática ambiental deve ter uma


visão ampla acerca dos elementos que compõem o meio ambiente (naturais quanto os
elementos construídos pelo homem). A educação ambiental deve ser discutida no ensino
fundamental, nos primeiros anos de escolaridade especialmente na educação infantil,
assim, a criança vivencia desde cedo a construção de valores e atitudes de respeito ao meio
ambiente, uma vez que é nesta etapa que elas desenvolvem a formação da personalidade
para a construção de cidadãos mais conscientes e equilibrados (MEDEIROS et al., 2011).
Aulas práticas promovem o interesse e o gosto pela educação ambiental. As
atividades que envolvem as crianças em tarefas como manusear objetos e materiais
desperta maior prazer e atenção. “As crianças são curiosas e é esta curiosidade que move
o seu interesse, que favorece as ampliações, que provoca aprendizagens, que desenvolve
capacidades” (CORSINO, 2009, p. 40).
A escola poderá trabalhar de forma interdisciplinar no ambiente natural, sem
fragmentar o conhecimento. Ao aproximar o estudante do contexto a ser estudado, o
docente poderá problematizar os temas relacionados ao meio ambiente, promovendo a
participação e a interação de todos.
Ao valorizar os conhecimentos trazidos pela criança, o docente poderá incentivar
atividades que despertem a curiosidade para novos questionamentos, impulsionando-as
a compreenderem “a necessidade de estabelecer uma nova dinâmica de relação com o
seu ambiente” (BARROS, 2009, p.7).
O docente ao estabelecer um elo entre as questões do cotidiano, com os conceitos
teóricos, torna a aprendizagem mais significativa. O ensino investigativo leva o aluno
a reflexão do processo de construção do conhecimento. “É preciso muita atenção com
o trabalho nos anos iniciais, fase em que as crianças estão repletas de curiosidades e
trazem saberes diversos, articulados em momentos distintos de sua socialização”
(BARROS, 2009, p. 7).
Algumas atividades são excelentes para serem trabalhadas utilizando a temática

120
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Educação Ambiental, como por exemplo, fantoches, peças teatrais e brincadeiras
diversas, que fazem a criança refletir de forma lúdica. “A brincadeira é, por excelência,
um meio para a criança elaborar e reelaborar o conhecimento, é um processo essencial
para aprender sobre seu entorno” (VIZENTRIN, FRANCO, 2009, p. 56).
A temática Educação Ambiental pode ser trabalhada nos anos iniciais do Ensino
Fundamental utilizando outros instrumentos, como, vídeos, filmes ou documentários
que “podem ser interessantes como atividade preliminar para um debate ou para a
sensibilização dos alunos para as questões ambientais” (BARROS, 2009, p. 33).
Ainda de acordo com o autor, letras de músicas, textos de literatura infantil,
poesias, entre outros, são atividades indicadas para serem trabalhadas com as crianças e
adolescentes por possibilitarem ao estudante, fazer reflexões acerca da importância em
preservar a natureza (BARROS, 2009).
Seguem alguns exemplos de livros infantis que são disponibilizados gratuitamente:

http://www.apoema.com.br/ http://www.apoema.com.br/ebookde- http://www.apoema.com.br/


ebookumreino.pdf. quasetudo.pdf ebookCartaTerraInfantil.pdf

http://www.apoema.com.br/ebooke- http://www.apoema.com.br/
http://www.apoema.com.br/ ebookambiente.pdf
ebookreciclagem.pdf cologia.pdf

121
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
4.3 TRABALHAR COM PROJETOS NA ESCOLA

O trabalho pedagógico por meio de projetos possibilita o professor planejar melhor


as suas ações. Freire (2002,) destaca que os projetos são estratégias de aprendizagem que
propõem novos desafios aos estudantes.
De acordo com Ilha (2015), trabalhar com projetos na escola, significa utilizar
novas formas para ensinar e aprender, a fim de que o aluno possa fazer conexões entre os
conhecimentos que já possui com aqueles que serão construídos ao longo do processo.
A apresentação de um conteúdo por meio de projetos, possibilita que o aluno saia da
posição de sujeitos passivos para participar, criar e modificar. Nas palavras de Moço
(2011, p. 52), “Um bom projeto é aquele que indica intenções claras de ensino e permite
novas aprendizagens relacionadas a todas as disciplinas envolvidas.
Martins (2001, p.18) cita que:

Um projeto é bem construído quando a investigação, a construção de


novos conceitos e a tomada de atitudes diante de fatos da realidade
é favorecida quando é bem construído. Quando a metodologia de
projeto é interdisciplinar e a abrangência da área de conhecimento é
maior, onde as diferentes disciplinas se relacionam com o objetivo de
aprofundar o conhecimento, tornando os estudos mais dinâmicos e
interessantes, onde uma disciplina auxilia outra.

Os projetos são ferramentas que permitem o estudante o contato com os problemas


reais enfrentados na comunidade. Além disso, possibilita o desenvolvimento de
habilidades de cooperação para enfrentarem no coletivo esses problemas. O professor
é peça fundamental para dar iniciação ao projeto e servir de mediador para ajudar os
estudantes a escolher a temática.
Vasconcellos (2005. p. 160), diz-nos que:

A maneira de se fazer o projeto pode ser fruto de uma aprendizagem


coletiva, através da troca de experiências e de uma reflexão crítica e
solidária sobre as diferentes práticas. É preciso compreender onde
é que o grupo estão e quais suas necessidades. Ou seja, na busca
de mudança do processo de planejamento, o ideal é a coordenação

122
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
construir a proposta do roteiro de elaboração do projeto junto com
professores; “se não for ainda possível, pode propor, justificar mostrar
como aquele roteiro pode ajudar o professor a fazer um bom trabalho.

Para Alarcão (2003), trabalhar com projetos favorece tanto o aluno quanto o professor.
A escola se torna um espaço de transformação por quem ensina e por quem aprende.

4.3.1 Projetos de Ação

Seguem alguns exemplos de projetos de ação que podem ser trabalhados na escola
utilizando a temática Educação Ambiental.

4.3.2 Reciclagem

Figura 37 - Reciclagem na escola.


Fonte: Shutterstock (2021).

123
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Com a quantidade de resíduos produzidos pela população nos últimos anos,
a reciclagem é um benefício que pode ser feito ao meio ambiente. Esta temática pode
contemplar algumas formas para adquirir os itens que serão utilizados para a reciclagem,
como por exemplo, disponibilizar contentores de reciclagem nas salas de aula, refeitório,
biblioteca, sala dos professores, para coletar os resíduos.
Os alunos devem ser orientados a incentivar os demais alunos a reduzir o
desperdício. Ao longo de um determinado período, a equipe poderá avaliar se esta
atividade trouxe resultados positivos, quanto a quantidade de resíduos produzidos na
escola.

Figura 38 - Brincando e Aprendendo.


Fonte: Shutterstock (2021).

Outra possibilidade para realizar um projeto de ação é envolver a comunidade na


doação de materiais para a reciclagem. Lima (2013), destaca a importância do trabalho
com oficinas dentro da escola. Para este autor, essa forma de trabalho, possibilita
envolver toda a comunidade, como por exemplo, na confecção de objetos com materiais
recicláveis, incentivando a promoção de novos hábitos, a partir da coleta seletiva do lixo.
A exploração de um local fora da escola, com a supervisão do professor, também

124
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
pode ser uma atividade interessante, para a retirada do lixo em locais que esteja causando
perigo ao ecossistema. Este tipo de projeto traz para os alunos resultados imediatos,
possibilitando que eles percebam os benefícios de seu trabalho.

4.3.3 Horta na Escola

A horta é uma temática bastante interessante para ser trabalhada dentro da escola.
O professor deve fazer um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o
assunto, para assim tornar o processo de investigação mais interessante.

Figura 39 - Educação Ambiental: a Horta na escola.


Fonte: Shutterstock (2021).

A construção de uma horta na escola é uma maneira interessante do estudante


compreender a importância de cuidar do solo, como recurso necessário para o
fornecimento dos alimentos.
O projeto com a horta pode favorecer a participação da comunidade e dos
familiares, a fim de oportunizar o trabalho coletivo. Outros projetos como investigar a

125
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
qualidade da água, a compostagem, o reflorestamento em locais em que houve a remoção
de árvores, o levantamento de aves da região, são temas que podem ser trabalhados de
forma interdisciplinar.
A participação nos projetos de ação desenvolvidos na escola são momentos
significativos para os estudantes. Um dos objetivos importantes a ser alcançado com o
projeto de ação, envolvendo toda a comunidade é que todos possam se enxergar como
agentes transformadores da natureza e responsáveis pelo efeito causado sobre o planeta.

SUGESTÃO DE VÍDEOS PARA TRABALHAR NA ESCOLA:

https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.
https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/
br/educacaoambiental/prateleira-ambiental/bitu-
educacaoambiental/prateleira-ambiental/pesca-fan-
cas-de-cigarro-tambem-sao-lixo-pemalm/
tasma-pemalm/

126
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov. https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/
br/educacaoambiental/prateleira-ambiental/ educacaoambiental/prateleira-ambiental/minuto-am-
minuto-ambiental-participacao-social/ biental-consumo-sustentavel/

https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov. https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/
br/educacaoambiental/prateleira-ambiental/ educacaoambiental/prateleira-ambiental/minuto-am-
minuto-ambiental-fauna-urbana/ biental-fauna-silvestre/

127
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo do estudo da Unidade 4, foi possível compreender a importância da


educação ambiental na escola principalmente nas séries iniciais. As crianças no ensino
fundamental, aprendem com maior facilidade a cuidar da natureza e a ter hábitos mais
saudáveis, e assim, desenvolver novos conhecimentos.
As atividades na Educação Ambiental devem ser desenvolvidas de forma
interdisciplinar, para que o aluno, consiga assimilar os conceitos relacionados ao meio
ambiente, contribuindo para a formação de um cidadão que colabore com a preservação
da natureza.
As transformações no sujeito são percebidas através das posturas adotadas em
relação ao meio ambiente. E a escola como local mobilizador e transformador possibilita
descobertas e discussões que perpetuam diferentes concepções. Neste contexto,
é necessário o professor desenvolver atividades que levem o aluno à reflexão e a
conscientização dos cuidados com o planeta.
Trabalhar com projetos favorece uma melhora significativa, na aprendizagem,
especialmente, quando trabalhado de forma interdisciplinar. É necessário entender
que o estudo sobre o tema abordado deve ser contínuo, para que o aluno se aproprie de
comportamentos e práticas que façam a diferença.

128
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
EXERCÍCIO FINAL

1 - Compreende-se por Educação Ambiental a construção de novos


conhecimentos, novas habilidades, atitudes e valores. Ela pode ser entendida
como uma prática que favorece a proteção do meio ambiente natural e
construído.
Com base no texto acima, analise as afirmativas a seguir:
I. A EA foi construída para que haja reciprocidade nas relações estabelecidas
entre os seres humanos e a natureza.
II. É uma temática que envolve valores, outras visões de mundo e na prática
educativa assume dimensões políticas e pedagógicas.
III. A EA é componente essencial para a educação nacional, devendo ser articulada,
apenas para os níveis e modalidades da Educação Básica.
IV. A EA deve ser desenvolvida como uma prática interdisciplinar, contínua e
permanente, não podendo ser implantada como disciplina ou componente
curricular específico.

Está correto o que se afirma em:


a) I, II e IV.
b), II, III e IV.
c) III e IV.
d) I, III e IV
e) II e IV.

2 - A EA brasileira é reconhecida como uma prática pedagógica que visa uma


sociedade justa, sustentável e democrática, no qual é amparada legalmente.
Com base no que foi exposto acima, analise as afirmativas a seguir:

I. A sociedade civil é responsabilizada pelos danos causados ao meio ambiente.


II. A EA zela pelo desenvolvimento sustentável para que o homem consiga
atender as suas bases vitais e garanta igualmente para as futuras gerações a
oportunidade de desfrutar os mesmos recursos.
III. As leis que amparam a EA não se estendem para ambientes que tenham um valor
histórico, pois a degradação causada a estes locais não afeta qualidade ambiental.

129
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Está correto o que se afirma em:
(A) I e III.
(B), II e III.
(C) III.
(D) I e II.
(E) II.

3 - Para que ocorra uma aprendizagem significativa, a EA pode contribuir


desenvolvendo nas crianças uma personalidade moral voltada para o meio
ambiente.
I. Diante desse contexto, analise as afirmativas a seguir sobre a educação
ambiental:
II. Deve ser responsabilizada para resolver os problemas do mundo e dos seres
humanos.
III. Deve estar presente em todas os componentes curriculares com o objetivo de
estabelecer relações entre natureza e a sociedade.
IV. Acontece de fato quando os professores trabalham a temática meio ambiente,
considerando os conhecimentos que as crianças já possuem.
V. Assume uma importância no campo de estudos e se constitui como uma
necessidade social, como uma possível solução para a crise ambiental.

Está correto o que se afirma em:


a) I, II e IV.
b), II, III e IV.
c) III e IV.
d) I, III e IV
e) II e IV.

SUGESTÃO DE TEXTO COMPLEMENTAR:


Construindo novas relações: Projeto de Educação Ambiental com estudantes
de ensino público na cidade de Areia – PB
http://www.prac.ufpb.br/anais/xenex_xienid/x_enex/ANAIS/Area5/5CCADCFSPEX01.pdf

130
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
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