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CIÊNCIAS DA NATUREZA

E SUAS TECNOLOGIAS

2 ensino médio
CIÊNCIAS DA NATUREZA
E SUAS TECNOLOGIAS

2 ensino médio
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FURE/SHUTTERSTOCK
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Ensino médio : 2 : professor : Ciências da natureza


e suas tecnologias / obra coletiva : responsável Renato
Luiz Tresolavy. – 2. ed. – SOMOS Sistemas de Ensino,
2020.

Bibliografia.
ISBN: ISBN: 978-85-0819-525-1

1. Ciências naturais (Ensino Médio) - Estudo e ensino I.


Tresolavy, Renato Luiz

20-1538 CDD 507

Angélica Ilacqua CRB-8/7057


2020
1ª edição
1ª impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação
INTRODUÇÃO
A etapa final da Educação Básica vem apresentando grandes desafios para o Brasil.
Constata-se hoje que o Ensino Médio não corresponde aos anseios de quase dois
milhões de jovens que não ingressam ou, após iniciar, desistem – há evasão de 11%,
segundo o Censo Escolar 2014/2015 (Inep, 2017).
Na atualidade, o modelo curricular em vigência e as práticas desenvolvidas difi-
cilmente motivam as novas gerações de nativos digitais imersos em ambientes com
ampla oferta de tecnologias, possibilidades múltiplas de interação, articulação e pro-
dução de conhecimento.
A escola brasileira não tem acompanhado essas mudanças, que afetam não so-
mente comportamentos como também processos cognitivos, modos de aprender,
ser e conviver. O projeto Itinerários do Novo Ensino Médio pauta-se no artigo 81 da
Lei de Diretrizes e Bases (lei no 9 394/96) e atende às demandas da nova legislação
(lei no 13 415/2017).
A reforma do Ensino Médio preconiza a articulação de formação geral e forma-
ção técnica e se revela uma grande oportunidade de formular um itinerário educa-
tivo conectado ao mundo do trabalho. O objetivo é preparar adolescentes e jovens
para as profissões existentes, além de ocasionar reflexões sobre as transformações
das carreiras e o desenvolvimento de novos campos de atuação profissional, espe-
cialmente para a indústria nacional e internacional.
Uma escola que envolva crianças, adolescentes e jovens e os torne protagonistas
das práticas educativas se faz fundamental para oferecermos a Educação Básica de que
necessitam cada brasileiro e o país. Portanto, é essencial ter clareza de que os conheci-
mentos não se resumem à mera listagem de conteúdos fracionados e isolados a serem
ensinados pelos professores e aprendidos pelos estudantes. Importa à escola proporcio-
nar a construção de uma vida social, cultural, tecnológica que permita o ingresso dos
jovens no mundo do trabalho e possibilite a continuidade de estudos em nível superior.
O Ensino Médio fragmentado em disciplinas especializadas e que raramente esta-
belecem diálogo entre si e com a realidade cotidiana não é atrativo nem significativo
para nossos estudantes. É necessário mudar! Por esse motivo, o projeto Itinerários do
Novo Ensino Médio propõe uma experiência pedagógica com currículo organizado
por áreas de conhecimento e objetivos de aprendizagem que se relacionem à constru-
ção de competências e habilidades estreitamente relacionadas à vivência social e aos
itinerários de formação técnica e profissional.
APRESENTAÇÃO
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

A área de Ciências da Natureza tem o papel de contribuir com a construção


do conhecimento dos fenômenos naturais de forma contextualizada. Está inserida
no processo de (re)conhecimento do meio, nos estudos de saúde, nas discussões
com implicações éticas, socioculturais, política e econômicas, além de propiciar o
desenvolvimento argumentativo e a tomada de decisões mais criteriosas. Pensando
uma educação voltada para o desenvolvimento humano e tecnológico, o ensino e
a aprendizagem de ciências devem abordar questões que possibilitem ao estudante
ultrapassar o senso comum e construir o pensamento científico.
É fundamental reconhecer e explicitar o caráter integrado dos conhecimentos
científicos relativos à Biologia, à Química e à Física, os quais devem permitir aos es-
tudantes interagir com o meio da observação, identificação, compreensão e análise
dos fenômenos sob uma perspectiva articulada, de área.
Nessa concepção, este material foi estruturado e construído: estruturado ao pen-
sar a práxis dos professores e as diferentes realidades dos estudantes, aliando o nível
de cada objeto de aprendizagem aos níveis cognitivos esperados para cada etapa, e
construído a partir de diálogos, vivências e inquietações, de acordo com a experiência
dos professores e técnicos da rede SESI-SENAI de escolas.
SUMÁRIO
Eixo: Integração da matéria e energia
com os seres vivos nos ambientes

1 A MATÉRIA NO UNIVERSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8
Matéria: futuro e passado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Matéria e suas propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Transformações físicas e químicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Elementos, substâncias e misturas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
A matéria nos seres vivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

2 VIDA, MATÉRIA E ENERGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46


A Ecologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
A energia e a matéria no ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Tipos de energia e transformação de energia . . . . . . . . . . . . . 62
Reações químicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Lei de Lavoisier e Lei de Proust . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Ciclos biogeoquímicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

3 A DEGRADAÇÃO E A PRESERVAÇÃO
DOS AMBIENTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
O uso do ambiente pelo ser humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Resíduos sólidos e poluição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Os diferentes tipos de ondas e seus fenômenos . . . . . . . . . . . 95
A proteção ao meio ambiente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Recuperação de áreas degradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
EIXO
INTEGRAÇÃO DA MATÉRIA E ENERGIA COM
OS SERES VIVOS NOS AMBIENTES
FURE/SHUTTERSTOCK
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
▶ COMPETÊNCIAS
C1 – Compreender as Ciências da Natureza e suas tecnologias como construções humanas associadas à
cultura dos povos e suas visões de mundo.
C2 – Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas procedimentais das Ciências da Natureza na
explicação de fenômenos cotidianos, bem como dominar processos e práticas da investigação
científica.
C3 – Determinar os impactos das ações humanas nos ambientes, identificando suas causas e propon-
do soluções para a sua redução.
C5 – Determinar as características das tecnologias associadas às Ciências da Natureza aplicadas em
diferentes serviços ou contextos produtivos: indústria, manufatura, agricultura, agroindústria,
extrativismo.
▶ HABILIDADES
H1 – Interpretar informações apresentadas nas diferentes linguagens usadas nas Ciências da Natureza,
como texto, gráficos, tabelas, relações matemáticas, diagramas e representação simbólica.
H4 – Identificar, em textos, diagramas, gráficos, imagens e tabelas, informações relevantes para com-
preender um fenômeno ou conceito relacionado às Ciências da Natureza.
H6 – Compreender os conceitos relacionados à Física em seus diferentes ramos: Astronomia, Mecânica,
Acústica, Óptica, Termologia, Calorimetria, Ondulatória, Eletricidade, Magnetismo e Física Moderna
e Nuclear.
H7 – Compreender os conceitos relacionados à Química nos seus diferentes ramos: Fisioquímica,
Química orgânica e Química inorgânica.
H8 – Compreender os conceitos relacionados à Biologia nos seus diferentes ramos: Zoologia, Botânica,
Ecologia e Genética.
H9 – Explicar os conceitos de energia, matéria, vida e transformação para explicar fenômenos naturais
e procedimentos tecnológicos.
H10 – Aplicar os conceitos de Física, Química e Biologia de forma integrada na compreensão dos
fenômenos naturais.
H11 – Empregar procedimentos e práticas de observação, levantamento de hipótese, experimenta-
ção, coleta de dados e conclusões para resolução de problemas relacionados às Ciências da
Natureza.
H14 – Compreender questões ambientais, considerando as transformações e interações entre os
componentes bióticos e abióticos, a adaptação dos seres vivos, os processos evolutivos e as
relações ecológicas nos diferentes ambientes.
H15 – Comparar propostas de intervenção ambiental aplicando conhecimentos científicos e tecno-
lógicos, observando os riscos e benefícios de sua implementação.
H18 – Identificar situações de risco ambiental na cidade onde reside.
H24 – Descrever as propriedades físicas, químicas e/ou biológicas dos materiais, relacionando-os às
finalidades às quais que se destinam.
H25 – Identificar matérias-primas e etapas de transformação nos processos produtivos, descrevendo
os processos geológicos, físicos, químicos e /ou biológicos, relacionados às diferentes etapas
de produção ou reciclagem de materiais.
1
CAPÍTULO

A MATÉRIA NO UNIVERSO

Competências

▶ C1, C2 e C5

Habilidades

▶ H1, H4, H6, H7, H8, H10, H24 e H25


K
OC
ST
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UT
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S AN
AG
MATÉRIA: FUTURO E PASSADO
Quer fazer uma viagem ao futuro hoje? Vá para Tóquio. A capital do Japão reúne tudo o que
há de mais novo e moderno! Num passeio por suas ruas é impossível não se impressionar com o
ambiente futurista que transborda tecnologia.
Em Tóquio e no mundo atual, vemos a tecnologia avançar cada vez mais rápido e nos tornar-
mos mais dependentes dela. É só ficar sem o celular que já nos sentiremos completamente perdidos,
não é mesmo?

SHAWN.CCF/SHUTTERSTOCK
PETER MENZEL

PHOUNG D. NGUYEN/SHUTTERSTOCK

NED SNOWMAN/SHUTTERSTOCK

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Cidade de Tóquio, capital do Japão, onde predomina
um ambiente tecnológico e futurista. De cima para
baixo e da esquerda para a direita: vista de uma rua
do centro da cidade, um robô controlador de tráfego,
um trem metropolitano e um robô atendente de loja.
VERVERIDIS VASILLIS/SHUTTERSTOCK

Mas não é só o celular que nos conec-


ta a este mundo. Há computadores, tablets,
impressoras 3D, drones e até mesmo robôs
de última geração, sem falar das incríveis
máquinas que auxiliam a medicina moder-
na, como as de tomografia computadoriza-
da, ressonância magnética e PET/CT (exame
que combina imagens metabólicas com as
Máquina de PET/CT
anatômicas). Temos também GPS, satélites, (Tomografia Computadorizada
microfibra, fibra óptica, tecnologia 5G e por Emissão de Pósitrons)
muitas outras. Ufa! em Hospital da Grécia.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 9


O fato é que a dependência humana da tecnologia não é de hoje. Na realidade, somos depen-
PARA AMPLIAR dentes dela há alguns milhares de anos, desde antes do surgimento das primeiras civilizações.
Mas havia tecnologia naquela época? Afinal, o que é tecnologia?
Será que a tecnologia nos Há 12 mil anos, o ser humano já era dependente de instrumentos de (ou feitos com o auxílio
torna melhores, mais in- de) rochas com bordas moldadas e afiadas: a pedra lascada. Isso não poderia ser diferente, afinal,
teligentes e mais conecta- essa técnica permitiu que realizássemos de forma mais eficiente diversas atividades como caça,
dos com o mundo? pesca, proteção dos indivíduos, corte de peles de animais, entre outras coisas. Mas qual é a relação
O cientista Tom Wujec debate o entre a pedra lascada e seu celular? A tecnologia é a relação, pois a pedra lascada era a tecnologia
assunto no vídeo indicado abaixo, daquela época.
usando como exemplo uma tec-
nologia do século XIII, o astrolábio.
Assista ao vídeo e depois discuta a
respeito do tema.
Disponível em: <https://
www.youtube.com/

STEPHANIE FREY/SHUTTERSTOCK
watch?v=yioZhHe1i5M>.
Acesso em: 28 fev. 2020.

Diferentes pontas de flechas ou


lanças, feitas a partir da técnica da
pedra lascada. Era a tecnologia do
período Paleolítico.

Tecnologia (do grego τεχνη — “técnica, arte, ofício” e λογια — “estudo”) é o estudo para
desenvolvimento de ferramentas, instrumentos, materiais ou processos (técnicas) que podem auxiliar
o ser humano a realizar diferentes atividades. Portanto, um simples instrumento, como uma chave
de fenda, ou até mesmo um pedaço de pedra com uma ponta afilada, podem ser considerados tec-
nologias? Sim, mas na atualidade, quando mencionamos a palavra tecnologia ou dizemos que algo é
tecnológico, estamos normalmente nos referindo à tecnologia eletrônica, em especial a eletrônica
digital, que inunda ruas, lares e empresas de Tóquio e de muitos lugares do mundo.
Mas como saímos de meros primatas, passamos pela pedra lascada e chegamos até aqui? Como
foi que a revolução tecno-eletrônica da atualidade aconteceu? Naturalmente, são muitos os fatores
que influenciaram esse desenvolvimento, mas vamos focar por enquanto no fato de que toda a
tecnologia depende da escolha do material certo para cada instrumento, ou seja, se é rígido, flexível,
transparente, opaco, resistente, frágil, condutor, isolante etc.
Portanto, um dos segredos de toda a tecnologia moderna foi o crescente domínio da
matéria – um agrupamento específico de átomos e suas partes – pelos humanos. Compreender a
Diferentes modelos de telefones
matéria e como esta se comporta é a chave para entendermos tudo isso. Além disso, a eletrônica,
celulares, todos lançados nos como a própria palavra sugere, é basicamente a ciência do elétron, que, como veremos a seguir, tem
últimos 20 anos. relação com a matéria.
CHEYENNEZJ/SHUTTERSTOCK

10 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


MATÉRIA E SUAS PROPRIEDADES
Quais são as características da matéria?
Vimos que a matéria está relacionada aos átomos e suas partes. Mas, na prática, o que é matéria
e o que não é?
Observe as imagens abaixo. Quais itens representados são compostos de matéria?

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KOTENKO OLESKSANDR/SHUTTERSTOCK
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Observe os itens que você selecionou. Que características eles têm em comum? Você Da esquerda para a direita, de
consegue estabelecer um critério para separar aquilo que é composto por matéria daquilo que cima para baixo: estrela Sírius, vírus
bacteriófagos, arco-íris, representação
não é? do pensamento, atmosfera, vapor, raios
Na prática, a matéria apresenta diversas características gerais que a distingue daquilo que laser, molécula de DNA, raios de luz,
não é matéria. Um dos principais conceitos ligados à matéria é o de massa. Mas o que é massa? fogo, detecção de calor e ferrugem.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 11


Massa, peso e matéria
Observe a embalagem abaixo e veja a informação do rótulo.

TARAPATTA/SHUTTERSTOCK
O que significa a expressão “peso líquido” impressa na embalagem? E se o produto é sólido,
por que não seria “peso sólido”? Qual é a relação entre peso, massa e matéria?
Para compreender, é preciso entender um pouco melhor o que cada uma dessas grandezas
representa.
Todas as coisas que podemos tocar são compostas de átomos, cada qual com prótons, nêu-
trons e elétrons. Essas pequenas partículas são exemplos de matéria, ou seja, ocupam lugar no
espaço e têm massa. Já um raio de luz, por exemplo, não é constituído por átomos e, por isso, não
tem massa como um saco de arroz. Podemos dizer, então, que:
Matéria: tudo o que é composto de prótons, nêutrons e elétrons (partículas com massa).
Massa: grandeza relacionada à quantidade de matéria (prótons, nêutrons e elétrons) presentes
em um corpo.
Nas definições acima, estamos considerando situações em que a velocidade dos corpos não é
muito alta (no vácuo a luz se desloca em uma velocidade bastante alta, aproximadamente 300 milhões
de metros por segundo).
Então, um corpo constituído por muitos prótons, nêutrons e elétrons apresenta também muita
massa. Mas e o peso? Qual a relação entre essas duas grandezas?
Se você está sentado em uma cadeira agora, está exercendo uma força sobre ela. Se está de pé,
seus pés estão exercendo uma força sobre o chão. A força que puxa em direção ao centro do planeta é a
força gravitacional, também chamada de força peso, e depende da sua massa e da massa do planeta.
A unidade de medida de força é newton (N) ou o quilograma-força (kgf), que corresponde à força com
que 1 kg é puxado em direção ao centro do planeta. Assim, se alguém pergunta “qual é o seu peso?” a
resposta correta deve ser “x quilogramas-força” e não somente “x quilogramas” (quilograma é unidade
de medida de massa) ou “x quilos” (“quilos” representa 1 000, ou seja, é apenas uma quantidade).
Como mencionado anteriormente, sua massa depende do número de prótons, nêutrons e
elétrons que há em você. Já o peso depende da sua massa e da massa do planeta.

Peso em diferentes astros para um corpo com massa de 40 kg


Terra Lua Mercúrio Vênus Marte Júpiter Saturno
40 kgf 6,6 kgf 14,8 kgf 35,2 kgf 15,2 kgf 105,6 kgf 46 kgf

Isso significa que sua massa ficaria menor se você estivesse em outro planeta? Faria sentido
pensar que, ao viajar de um planeta para outro, o número de prótons, nêutrons e elétrons do meu
corpo sofreria alguma variação? Parece que não faz sentido. O que acontece é que os planetas têm
massas diferentes, ou seja, a força de atração entre seu corpo e determinado planeta varia de acordo

12 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


com a massa do planeta. Se você viajasse para um planeta com massa menor que a da Terra, seu peso
seria menor. Se o planeta destino da sua viagem tivesse massa maior, seu peso seria maior, ainda que
sua massa permanecesse a mesma.

GARFIELD, JIM DAVIS © 1994 PAWS, INC. ALL RIGHTS


RESERVED / DIST. BY ANDREWS MCMEEL SYNDICATION
Voltando ao problema inicial, avalie agora a expressão “peso líquido” apresentada na embala- GLOSSÁRIO
gem. A informação se refere ao peso ou à massa? O que representa o termo “líquido” na expressão?
Gravidade
Qual deveria ser a unidade de medida correta para representar o peso líquido do produto aqui
é a força de atração entre os corpos.
na Terra? É diretamente proporcional às mas-
sas dos corpos em interação e inver-
samente proporcional ao quadrado
da distância entre eles.
PARA AMPLIAR
Assista ao filme
A teoria de tudo, do diretor James Marsh, Reino Unido, 2014 (123 min). O filme conta a história
do físico teórico e cosmólogo britânico Stephen Hawking, desde o início de sua carreira e do
desenvolvimento de uma doença neuronal motora, bem como de sua vida conjugal. O filme foi
inspirado na obra Travelling to Infinity: My Life with Stephen, de Jane Hawking, que descreve seu
relacionamento com o físico. Hawking foi uma figura importante no avanço dos estudos sobre a

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


matéria, em particular, sobre a singularidade gravitacional.
PANTID123/SHUTTERSTOCK

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 13


Densidade
O que pesa mais: um quilograma de chumbo ou um quilograma de algodão?
Essa pergunta, feita como uma brincadeira de criança, induz muitas vezes as pessoas apensarem
que um quilograma de chumbo é mais pesado que um quilograma de algodão, mas, na verdade,
ambos têm a mesma massa, porém o quilograma de algodão terá mais volume que o quilograma
de chumbo medido nas mesmas condições. Para compreender como isso é possível, precisamos
conhecer o conceito de densidade.
Imagine que você possui 100 g de milho de pipoca e coloca todos esses grãos para aquecer em
uma pipoqueira. Após todos (ou a maioria) dos grãos estourarem e se transformarem em pipoca, qual
seria a massa de pipoca obtida? Levando-se em conta a massa de óleo utilizada no preparo e a massa dos
grãos que não estouraram, é de se esperar que a massa total de pipoca seja um pouco acima de 100 g
(por conta da massa do óleo que ficará impregnado na pipoca), mas não será muito maior. Entretanto,
ao comparar o volume da pipoca obtida com o volume ocupado pelos grãos inicialmente, vemos que
houve um aumento muito grande. O que ocorreu foi uma variação da densidade dos grãos de milho
transformados em pipoca. Toda a massa dos grãos de milho ocupava um pequeno espaço (volume).
Após a transformação do milho em pipoca, a mesma massa passou a ocupar um volume muito maior.
A densidade é uma grandeza que representa a distribuição de massa de uma substância em
um determinado espaço. Quanto mais espalhada está a massa, menor a densidade, e quanto mais
compactada está a massa, maior a densidade.
Matematicamente, definimos a densidade pela seguinte razão:

Densidade = massa/volume [kg/m³]

Assim, quanto maior a massa, maior a densidade e, inversamente, quanto maior o volume,
menor a densidade.
A densidade também interfere na flutuação. Uma substância, no estado líquido ou sólido,
com menor densidade flutua se colocada em outra substância líquida, de maior densidade. É o que
acontece, por exemplo, com a água líquida e o óleo. A água, mais densa que o óleo, ocupa o fundo
de um copo, enquanto o óleo de soja ou azeite, menos denso que a água, flutuam, ocupando a parte
superior do copo.

PARA AMPLIAR
Como utilizar a densidade para identificar ovos frescos Com o passar do tempo, a câmara de ar tende a aumentar de ta-
manho e o ovo perde um pouco de água através da casca porosa,
Para quem cozinha, uma das piores surpresas que se pode ter é quan- por evaporação. Como o volume do ovo é sempre o mesmo, sua
do, ao abrir um ovo, se descobre que ele está estragado. Mas é possí- densidade quando está fresco é maior em comparação a quando
vel utilizar a densidade para evitar esse tipo de surpresa desagradável está mais velho ou até mesmo estragado. Sabendo isso, é possível
e ainda identificar se um ovo está fresco ou se está mais “velho”. fazer um teste simples, com um copo ou uma tigela com água, que
No interior do ovo há uma pequena câmara de ar. Quando o ovo permita colocar o ovo inteiro em seu interior.
está fresco, essa câmara de ar é pequena e há muita água no interior

FROUAD A. SAAD/SHUTTERSTOCK
do ovo, que o deixa pesado.

1 2 3 4
LAB212

Gema Albúmen ou clara

Membrana 1) Fresco
externa 2) Uma semana
3) 2–3 meses
Câmara Membrana 4) Muito velho
de ar interna ou estragado

Se o ovo for fresco (maior densidade), deve se assentar no fundo do


Calaza ou chalaza
copo ou tigela, na horizontal. Se for um ovo não tão fresco, ficará
Casca Disco germinativo
no fundo, mas com a parte mais arredondada voltada para cima, na
Membrana vitelínica vertical. Se o ovo for um pouco velho, flutuará, mas com toda a casca
submersa. Se o ovo for muito velho e possivelmente estragado, flu-
tuará com parte da casca para fora da água.

14 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


A água – um caso particular Água no estado sólido Água no estado líquido

A maioria das substâncias, quando se encontra no estado

ILUSTRAÇÕES: LAB212
sólido, tem densidade maior que a mesma porção da substância
no estado líquido. Mas a água é uma das exceções a essa regra.
No processo de congelamento, as moléculas de água se organi-
zam e formam cristais, que ocupam volume maior que as mes-
mas moléculas no estado líquido. Observe as representações ao
lado. As esferas vermelhas representam os átomos de oxigênio e
as pequenas esferas azuis representam os átomos de hidrogênio.
É por essa razão que, ao se deixar uma garrafa de vidro
fechada em um congelador, quando o líquido de seu interior
congela, a garrafa se rompe. Nessa situação, como a mesma
massa de água passa a ocupar um volume maior, quando con-
gelada a densidade de um litro de água líquida é maior que a
densidade da mesma massa de água congelada.
E qual é a importância desta característica da
água? Como a água no estado sólido é menos den-
sa que a água no estado líquido, um lago congelado
permanece com água líquida sob o gelo, pois a água −6°C Gelo

LAB212
líquida desce e o gelo, menos denso, fica na superfície (a −6°C
água do lago congela de cima para baixo). Isso permite que 1°C Em regiões frias, o congelamento
os seres vivos aquáticos, como peixes, moluscos e vegetais, 2°C da água permite a sobrevivência
dentre outros, possam sobreviver em regiões extremamente 3°C de peixes e outros seres vivos. Se a
4°C água no estado sólido fosse mais
frias. Por mais baixa que fique a temperatura ambiente, na parte densa que a água no estado líquido,
mais funda de um lago, abaixo do gelo, a temperatura será de a maioria dos seres vivos presentes
aproximadamente 4 °C. em um lago morreria no inverno.

PARA AMPLIAR

A lenda de Arquimedes e a coroa do rei Hieron II

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Conta-se que na Grécia Antiga o rei Hieron II de Siracusa apresentou um problema a Arquimedes, um sábio da época.
O rei havia recebido a coroa de ouro, cuja confecção confiara a um ourives, mas estava desconfiado da honestidade do ar-
tesão. O ourives teria substituído parte do ouro que lhe foi entregue por prata. Arquimedes foi encarregado de descobrir
uma prova irrefutável do roubo. A lenda conta que o sábio teria descoberto o método de medir a densidade dos sólidos por
imersão em água quando se banhava. Ele notou que o nível da água aumen-
tou quando ele entrou na tina. Logo associou a quantidade de água deslo-
cada com o volume da parte imersa do seu corpo. Assim, comparando
o efeito provocado pelo volume da coroa com o do volume de igual
peso de ouro puro, ele poderia determinar a pureza da coroa. Nesse
instante, pelo que consta historicamente, Arquimedes teria saído su-
bitamente do banho e, ainda nu, teria corrido pelas ruas da cidade
gritando “eureka, eu descobri!”.
O método descoberto por Arquimedes se aplica a objetos com for-
mas geométricas irregulares e permite obter a densidade através do seu peso
FROUAD A. SAAD/SHUTTERSTOCK

aparente imerso em água e do peso imerso em ar.


Arquimedes. e-física. Disponível em: <http://efisica.if.usp.br/mecanica/basico/
empuxo/arquimedes/>. Acesso em: 6 jan. 2019.

Arquimedes repetiu o experimento acima com barras de ouro e de prata e


comparou os resultados com os obtidos ao mergulhar a coroa do rei. Assim, com
a análise dos volumes deslocados e a informação da densidade dos materiais
mergulhados, Arquimedes conseguiu provar que a coroa tinha sido feita por
uma mistura de ouro e prata, ou seja, não era de ouro maciço.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 15


Propriedades gerais da matéria e propriedades específicas
das substâncias
Os corpos (porção de matéria) apresentam propriedades comuns a todos eles. Essas caracte-
rísticas são conhecidas como propriedades gerais. Já outras características permitem identificar a
substância que compõe uma matéria, por serem propriedades que somente determinada substância
apresenta. Essas características são chamadas de propriedades específicas.
Podemos entender melhor a diferença entre essas propriedades fazendo uma analogia com a nossa
sociedade. Imagine uma situação em que se quer prender um criminoso e se faz a seguinte descrição:
“O criminoso tem dois braços, duas pernas, uma cabeça e um tórax. Ele costuma dormir deitado
e precisa de água para sobreviver, além de utilizar o oxigênio do ar na respiração.”
Com essa descrição, seria possível identificar o criminoso? Podemos concluir que seria pouco
provável. Grande parte das pessoas apresenta as características citadas, de modo que podemos con-
siderá-las como propriedades gerais da maioria da população. De forma análoga, quando se sabe
a massa ou o volume de determinada porção de matéria, não é possível saber se é ou não alguma
substância em particular, uma vez que toda matéria tem massa e volume, ou seja, são propriedades
gerais de toda matéria.
Voltando para a analogia, imagine agora que a descrição do criminoso procurado seja a seguinte:
“O criminoso tem entre 20 e 25 anos, um olho azul e outro castanho, cabelos loiros, altura de
2,05 m, tem uma tatuagem de dragão que cobre toda a perna direita, uma cicatriz no braço esquerdo
e costuma andar pelo centro da cidade”.
Com essa descrição seria possível identificar o criminoso? O conjunto de características descritas
são próprias de um único indivíduo, ou seja, são características específicas que somente ele apresenta.
Da mesma forma, quando sabemos a densidade e a temperatura de uma porção de matéria que
passa do estado sólido para o estado líquido, por exemplo, conhecemos algumas características que
permitem identificar determinada substância. Essas são as propriedades específicas, que variam
entre os diferentes materiais.
Além de permitir que um material se torne único, ou seja, com características próprias, essas
propriedades tornam certas substâncias e materiais ideais para compor determinado objeto. Por
exemplo, poderíamos construir um cano de água com papelão? E um livro escolar de vidro? Um fio
elétrico de madeira? Um forno de borracha? Eles seriam eficientes? Por quê?
Assim, o avanço da tecnologia depende do conhecimento e desenvolvimento dos materiais.
Características físicas como dureza, flexibilidade, elasticidade, fluidez, volatilidade, condutibilidade
(térmica ou elétrica), resistência, transparência, permeabilidade, cor, entre outras, são fundamentais
para escolha dos materiais para compor um objeto. Além dessas, também são consideradas carac-
terísticas químicas, como a solubilidade e capacidade de reagir com outras substâncias ou objetos.
Não podemos nos esquecer do fator econômico, pois o custo de certo material pode pesar
muito na escolha. Por exemplo, o ouro é um excelente condutor elétrico, além de ter muita flexibi-
lidade, o que o torna ideal para compor fios elétricos; porém, devido ao alto valor, sua utilização se
torna inviável para essa aplicação.

PARA CONSTRUIR
1 Em um experimento, foram colocados dentro de uma caixa de isopor com água e gelo, uma lata de refrigerante com açúcar
e uma lata de refrigerante sem açúcar. Assim, foi observado que apenas a lata de refrigerante com açúcar afunda. Explique o
H6
resultado do experimento.
Resposta: o resultado do experimento se deve ao fato de o refrigerante com açúcar ser mais denso do que aquele sem açúcar.

16 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


2 Em filmes de ação, cenas de ladrões abrindo cofres e carregando grandes quantidades de barras de ouro são comuns.
Considere que uma barra de ouro tenha volume de aproximadamente um litro (tamanho de uma caixa de leite) e que um
H6
ladrão coloque 5 barras em um saco. Qual seria a massa total de ouro que o ladrão teria de carregar? Considere a densidade
do ouro igual a 15 kg/L.
Resposta: 75 kg.

3 Na coleta de resíduos recicláveis, é comum encontrar embalagens produzidas com diferentes tipos de plásticos, como po-
lietileno (plástico PE), poliestireno (plástico PS) e policloreto de vinila (plástico PVC). Esses materiais são limpos, triturados e
H1
armazenados todos juntos. Para separá-los, são utilizados dois tanques, um com água (densidade de 1 g/mL) e outro com uma
mistura de água e sal (densidade de 1,1 g/mL). A tabela abaixo apresenta a densidade de cada um desses plásticos.
H25

Plásticos Densidades (g/mL)

Polietileno (PE) 0,91 a 0,98

Poliestireno (PS) 1,04 a 1,06

Policloreto de vinila (PVC) 1,35 a 1,42

Descreva o procedimento que deve ser utilizado para separar os diferentes tipos de plásticos.
Resposta no Manual do Professor.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 17


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Escolha 10 objetos do cotidiano, sendo 3 destes objetos eletrônicos. Pesquise e apresente informações sobre sua composição,
cite as propriedades dos materiais utilizados em sua fabricação e reflita como as propriedades do material podem influenciar
H24 em sua funcionalidade.

Resposta pessoal.

2 Na seção Para ampliar da página 14, vimos que é possível identificar se um ovo está fresco ou não. Revise o experimento
apresentado e responda as questões à seguir.
H10
a) Identifique uma propriedade da matéria observada neste experimento.
Resposta: a densidade.

b) Caso o ovo seja fecundado, ocorreriam em seu interior as mesmas mudanças que ocorrem em um ovo não fecundado?
Explique.
Resposta: não. Com o desenvolvimento e crescimento do embrião, o ovo tenderia a manter sua densidade ou até a aumentá-la; além disso,
a câmara de ar tenderia a diminuir e não a aumentar.

c) Qual fenômeno físico corresponde à força exercida por um líquido quando há um corpo imerso nele?
Resposta: o fenômeno físico é o empuxo.

18 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Estados de agregação da matéria
Você já ouviu falar de gelo seco? O gelo seco é um material comumente utilizado para conser- Da esquerda para direita, de cima
para baixo: máquina de fumaça,
var materiais biológicos em baixa temperatura (menor que o gelo comum); também é utilizado em barras de gelo seco, pedrinhas de
festas e em máquinas de “fumaça”, ou ainda para decorar drinks em eventos. Como é possível o gelo gelo seco usadas para conservar a
ser seco? De que material é composto? temperatura e drink com gelo seco.

BONDART/SHUTTERSTOCK

PHLOEN/SHUTTERSTOCK
GUSTIIMAGES

NIKKYTOK/SHUTTERSTOCK

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Todos sabemos que o gelo comum, água no estado sólido, se
transforma em água líquida quando é retirado do freezer. Mas isso não
ocorre com o gelo seco. Na atmosfera, ele se transforma diretamente
de sólido para gasoso, sem passar pelo estado líquido, daí o nome
gelo seco. Gelo seco nada mais é do que gás carbônico (CO2 – dióxido
de carbono) no estado sólido. Soa estranho um gás estar em estado
sólido, não é? Mas de fato não é apenas a água que pode mudar de
estado físico. Todos os compostos podem existir em diferentes estados
de agregação, dependendo das condições do meio em que estiverem.
Vamos entender melhor a seguir.
Olhe ao redor. Você consegue perceber corpos sólidos, como
talheres de metal; líquidos, como as bebidas em geral; e gasosos, como
o ar que você respira. Esses diferentes estados – sólido, liquido e gaso-
so – são conhecidos como estados de agregação da matéria, que,
como o próprio nome diz, estão associados à forma como os átomos
se encontram ligados (agregados) entre si na composição do corpo.
Os três estados dados como exemplos são minoria no Universo, pois
correspondem a menos de 1% de toda a matéria que conhecemos.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 19


A maior parte corresponde ao plasma, outro estado (abundante nas estrelas) que também vamos
conhecer mais adiante. Embora abundante no Universo, o estado de plasma não é comum no coti-
diano. Mas antes de conhecermos um pouco mais sobre esse estado, vamos analisar os três estados
mais comuns do cotidiano.
Os estados físicos dependem da temperatura e da pressão exercida sobre a massa de deter-
minado material. Em relação à temperatura, é fácil perceber essa relação. Sabemos, por exemplo,
que a água se encontra no estado sólido (gelo) se estiver a uma temperatura menor que 0 °C, que
estará no estado líquido se estiver entre 0 °C e 100 °C e que estará na forma de vapor se estiver em
temperaturas acima de 100 °C. Mas esses valores se referem à pressão ao nível do mar, ou seja, a
1 atmosfera de pressão (760 mm Hg). Se você estiver em uma região mais alta, por exemplo, onde
a pressão atmosférica é menor, a água entrará em ebulição em temperaturas menores que 100 °C.
E o que aconteceria se a pressão exercida sobre a água fosse maior do que 1 atmosfera? Pode-
mos ver o resultado disso em uma panela de pressão, que como o próprio nome já diz, acumula
a pressão em seu interior, o que faz com que a água não entre em ebulição a 100 °C, mas a 120 °C
aproximadamente, dependendo do peso da válvula.

JAVIER CRESPO/SHUTTERSTOCK
Em uma panela de pressão,
o alimento é cozido a uma
temperatura maior que 100 °C, o
que possibilita acelerar o cozimento.

Mas por que a temperatura modifica o estado de agregação de uma amostra de água, por
exemplo? O que acontece com as moléculas de água quando são aquecidas? Isso tem relação com
as forças de origem elétrica que há entre átomos e moléculas. Já vimos que os átomos são compostos
de prótons e nêutrons (núcleo) rodeados de elétrons (eletrosfera). De forma semelhante ao que se
observa com ímãs, em que os polos diferentes se atraem e os polos iguais se repelem, as moléculas
apresentam uma distribuição de cargas elétricas que pode ser uniforme (moléculas apolares) ou não
uniforme (moléculas polares). Entre essas moléculas atuam as forças intermoleculares, que podem
ser de atração ou repulsão. Quando aquecemos algo, aumentamos a agitação das moléculas que
compõem o corpo, que vibram mais intensamente.
O contrário também se aplica. Ao resfriarmos algo, é reduzida a agitação das moléculas, mas
nunca chegam a parar totalmente. Ao reduzir a agitação, as moléculas podem se organizar em
estruturas mais estáveis e com maior força de ligação intermolecular – é o estado sólido –, que
também depende da pressão exercida sobre as moléculas. Nesse estado, os corpos têm volume
e forma constante. É muito mais fácil manter as moléculas unidas, com pouca vibração, quando
há uma maior pressão aplicada sobre elas, que limita sua movimentação. Ao aquecer um pouco

20 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


a substância e aumentar o nível de agitação das moléculas, a
distância de separação entre elas aumenta a força de interação,

DESIGNUA/SHUTTERSTOCK
na maioria dos casos, diminui, e as moléculas permanecem
ligadas, mas com uma força menos intensa que anteriormente
– é o estado líquido. Nesse estado, o volume ocupado pela
substância é constante, mas sua forma se adapta ao recipien-
te que a contém. Aquecendo mais a substância, aumentará
também a agitação térmica das moléculas e a distância entre
elas ficará maior, de modo que praticamente não haverá forças
intermoleculares, devido às grandes distâncias de separação – é
o estado gasoso. Nesse estado, o volume e a forma variam de
acordo com o recipiente que contém o gás.
Em todos os estados de agregação que vimos até agora,
as moléculas e os átomos eram as unidades e apenas as forças
e distâncias entre eles mudam, mudando somente as forças
e as distâncias entre eles. Mas há mais um estado, conforme Sólido Líquido Gasoso
mencionado no início deste texto – o plasma. Nesse estado,
não há mais a organização da matéria em átomos e moléculas. A temperatura é tão elevada que os As partículas estão em constante
átomos deixam de existir e passam a formar uma “sopa” de núcleos e elétrons. Esse é o estado físico movimento. Em sólidos, estão
próximas e têm movimento limitado.
da matéria que compõe as estrelas, mas também podemos observá-la no interior de uma lâmpada Em um líquido, parte da atração
fluorescente, na chama de uma vela ou em um raio. entre as partículas é superada,
o que permite às partículas
maior liberdade de movimento.
Estados da matéria Em um gás, a atração das partículas
é reduzida e elas se movem
Adicionando energia (aquecimento) livremente por todo o recipiente.

LAB212/UDAIX/SHUTTERSTOCK
Legenda

Átomos
Núcleos

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Elétron
Ligação forte
Ligação fraca

Sólido Gasoso Sem ligação


Líquido Plasma

Esquema das
mudanças de estados
físicos e sua relação
Removendo energia (esfriando) com a energia.

Mudanças de estado de agregação da matéria


As mudanças de estado recebem nomes diferentes, de acordo com a alteração do estado
de agregação.

Mudança de... para... Nomenclatura Mudança de... para... Nomenclatura


Sólido Líquido Fusão Gás Líquido Condensação
Líquido Sólido Solidificação Sólido Gás Sublimação
Líquido Gás Vaporização Gás Sólido Sublimação ou ressublimação

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 21


TRANSFORMAÇÕES FÍSICAS E QUÍMICAS
Vimos até aqui que a matéria é composta de átomos e que esses átomos se agrupam por meio
de ligações químicas, e formam os mais diferentes materiais que conhecemos no cotidiano. Mas esses
materiais podem sofrer transformações? Como são essas transformações? São todas iguais?
Veja abaixo as imagens e tente separar as transformações que estão ocorrendo em dois
grupos diferentes.

TWOBEE/SHUTTERSTOCK

NAPAT/SHUTTERSTOCK

R.CLASSEN/SHUTTERSTOCK
DANA.S/SHUTTERSTOCK

EGOREICHENKOV EVGENII/SHUTTERSTOCK

DAVID RYO/SHUTTERSTOCK
Da esquerda para direita, de cima
para baixo: fogo, prego oxidado, gelo Você deve ter reparado que algumas transformações geraram matérias totalmente novas,
derretendo, fogos de artifício, antiácido enquanto em outras, as matérias permaneceram as mesmas. Por exemplo, o fogo acontece normal-
em contato com água e copo quebrado.
mente quando há reação de um combustível com um comburente. O combustível é a substância
que fornece energia para a queima (combustão) e o comburente é a substância que provoca a
queima, como, por exemplo, álcool e oxigênio. Quando o álcool entra em combustão, reage com
o oxigênio, e forma no mínimo outras duas substâncias totalmente diferentes das iniciais. Nesse
exemplo, o álcool é o combustível e o oxigênio o comburente. Assim também ocorre quando os
pregos enferrujam, pois sofrem um processo chamado oxidação, em que o ferro presente nos pregos
reage com o oxigênio do ar, formando a ferrugem. Nos fogos de artifício ocorre a reação da pólvora
e sais de diferentes elementos com o oxigênio do ar. O antiácido efervescente, quando colocado
na água, reage com ela, e libera gás carbônico, que pode ser observado como bolhas formadas na
água. Todos os fenômenos descritos ocorreram com a alteração da natureza da matéria, ou seja, da
sua composição química.
Já nos exemplos do gelo derretendo e do copo de vidro quebrado, não há formação de novas
substâncias. O gelo, que é formado por moléculas de água, ao derreter, continua sendo água; houve
apenas mudança para o estado líquido. Quando o copo de vidro se quebra, não se formam novas
substâncias, pois ocorreu apenas a partição do vidro. Cada caco continuará sendo vidro e a matéria
permanece a mesma.
Os fenômenos que ocorrem com alteração da matéria são os fenômenos químicos. Aqueles
em que a matéria não é alterada são os fenômenos físicos. Você poderia dar mais alguns exemplos
de cada fenômeno estudado?

22 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


PARA CONSTRUIR
1 O gelo seco é formado por gás carbônico resfriado a temperaturas menores que −78 °C, quando se torna sólido. Ao ser
aquecido à temperatura ambiente, passa diretamente para o estado gasoso, sem passar pelo estado líquido. Esse fenômeno é
H6 chamado de sublimação. Identifique o tipo de transformação que ocorre na situação descrita acima.
Resposta: na situação acima o gelo seco passa por uma transformação física, pois ocorre uma mudança no estado de agregação da matéria.

2 Identifique, nos itens a seguir, quais são as transformações físicas e químicas:

H7 a) obtenção de vinho pela fermentação de uvas.


Resposta: transformação química

b) queima de madeira em uma fogueira.


Resposta: transformação química

c) roupas secando no varal.


Resposta: transformação física

d) ebulição da água.
Resposta: transformação física

e) fabricação de fios a partir de uma barra de cobre.


Resposta: transformação física

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Agora apresente alguns exemplos de fenômenos físicos e químicos com que você teve contato nos últimos sieis meses.
Resposta pessoal.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 23


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Um aluno observou em seu livro didático uma figura que mostrava as mudanças de estado físico da água e notou que havia um
erro conceitual. Observe a imagem abaixo, explique o erro encontrado pelo aluno e proponha uma mudança para corrigi-la.
H4

H6 Mudan•as de Estado F’sico

LAB212
fusão vaporização

solidificação
liquefação
(condensação)

sublimação

Resposta: o erro apresentado na figura é classificar uma nuvem como água no estado gasoso. Para corrigir, deveria ser colocada uma
imagem que representasse vapor de água, no lugar da nuvem.

2 Leia o texto abaixo e responda às questões a seguir.

H1 Saiba o que Ž plasma, o quarto estado da matŽria


O plasma é com frequência chamado o quarto estado da matéria, ao lado dos estados sólido, líquido e gasoso. Ele
é criado quando um gás é superaquecido e os elétrons se rompem, deixando partículas eletricamente carregadas.
Conforme a temperatura aumenta, o movimento dos átomos do gás torna-se cada vez mais enérgico e frequente,
provocando choques cada vez mais fortes entre eles. Como resultado desses choques, os elétrons começam a se separar.
No seu conjunto, o plasma é neutro, já que contém uma quantidade igual de partículas carregadas positiva e
negativamente. A interação destas cargas dá ao plasma uma variedade de propriedades diferentes das dos gases.
O plasma “ideal” com as partículas atômicas completamente divididas corresponde a uma temperatura de várias
dezenas de milhões de graus. Em todos os lugares onde a matéria está extraordinariamente quente, ela encontra-se no
estado plásmico.

24 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Porém, o estado plásmico de uma substância gasosa pode surgir a temperaturas relativamente baixas de acordo
com a composição do gás. A chama de uma vela e a luminescência de uma lâmpada fluorescente são alguns exemplos.
O plasma aparece naturalmente no espaço interestelar e em atmosferas do Sol e de outras estrelas. Porém, ele
também pode ser criado em laboratório e pelo impacto de meteoros apesar de a Nasa afirmar que isso não teria cau-
sado o acidente do Columbia.
O Sol é feito de plasma, e o mesmo vale para a maior parte da matéria presente no universo. O plasma em geral
tem temperatura muito elevada, e é possível conservá-lo em frascos magnéticos.
SAIBA o que é plasma, o quarto estado da matéria. Folha Online, 14 fev. 2003. Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u8458.shtml>. Acesso em: 10 jan. 2019.

a) Avalie se a seguinte frase é verdadeira e explique: “Ele é criado quando um gás é superaquecido e os elétrons se rompem,...”
Resposta: a frase está cientificamente errada. Não é possível “romper” elétrons, que são partículas fundamentais e não são compostos
de partículas menores, como prótons e nêutrons.

b) Cite exemplos de materiais em que o plasma pode ser formado.


Resposta: de acordo com o texto, a chama de uma vela e as lâmpadas fluorescentes são exemplos de plasma, além do Sol.

c) Por que a maior parte de toda a massa do Universo se encontra na forma de plasma, mas é encontrada em apenas poucos
materiais do cotidiano?
Resposta: porque a maior parte da massa que conhecemos do Universo está nas estrelas, e estas têm matéria na forma de plasma.

ELEMENTOS, SUBSTÂNCIAS E MISTURAS

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Como vimos no bimestre passado, elemento químico é um conjunto de átomos com o mesmo
número atômico. Existem 118 elementos químicos diferentes, 92 naturais e 26 artificiais. Você já parou
para pensar em quantas coisas diferentes existem no Universo? E em nosso cotidiano? Olhe ao redor,
inclusive para você, e perceba quantas coisas diferentes você vai encontrar. São milhões de materiais
e objetos distintos uns dos outros. Mas como isso é possível se só há 118 elementos químicos dife-
rentes? O que encontramos no Universo não é composto somente por um tipo de átomo, mas, na
maioria das vezes, pela combinação de átomos. Por exemplo, a molécula da água é composta por
dois átomos do elemento químico hidrogênio e um átomo do elemento químico oxigênio. A repre-
sentação dessa molécula é H2O. Outro exemplo é a molécula da amônia, uma substância incolor,
que à temperatura ambiente é um gás bastante tóxico, muito utilizada na fabricação de fertilizantes
agrícolas, fibras e plásticos, de produtos de limpeza, explosivos, entre outras aplicações. A amônia é
formada por 1 átomo de nitrogênio e 3 átomos de hidrogênio. A representação dessa molécula, ou
seja, sua fórmula molecular, é NH3. O oxigênio que respiramos é formado somente por um elemento
químico; sua fórmula é O2. O nitrogênio gasoso presente no ar é uma substância formada por dois
átomos do mesmo elemento químico; sua molécula é representada por N2.
Veja como podemos representar essas moléculas. Você seria capaz de reconhecer cada uma delas?

O N
O O N N
H H H HH

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 25


Quando a matéria é formada por uma mesma composição de elementos químicos com pro-
priedades químicas e físicas definidas, damos o nome de substância química.
Você percebeu que algumas substâncias químicas são formadas por um só elemento químico
e outras por mais de um? As substâncias formadas por um só elemento químico são chamadas de
substâncias químicas simples. Já aquelas que são formadas por mais de um elemento químico são
chamadas de substâncias químicas compostas.
Assim, podemos dar alguns exemplos desses dois tipos de substâncias químicas:

Substâncias simples Substâncias compostas

Fórmula Nome Fórmula Nome

F2 Flúor HNO3 Ácido nítrico

CI2 Cloro H2SO4 Ácido sulfúrico

Na Sódio CO2 Dióxido de carbono

Fe Ferro NaOH Hidróxido de sódio

Au Ouro H2O2 Peróxido de hidrogênio

O3 Ozônio K2O Óxido de potássio

H2 Hidrogênio AI(OH)3 Hidróxido de alumínio

Veja como ficam algumas moléculas se representarmos os átomos por esferas:

Substâncias simples Fórmula molecular Substâncias compostas Fórmula molecular

H2 HCN

N2 H2O

O2 CO2

O3 CH4

Não podemos dizer, por exemplo, que a água potável é uma substância química, porque é com-
posta de inúmeras substâncias diferentes. Isso mesmo! Na água que bebemos, além da molécula da
água representada pela fórmula H2O, há vários sais minerais (CaSO4, NaCl, NaF, K2SO4, entre tantos
outros), oxigênio dissolvido (O2) e, na água gaseificada, há ainda o gás carbônico (CO2) dissolvido,
que reage com a água e forma o ácido carbônico (H2CO3). Você imaginava que em um simples copo
de água pudessem haver tantas substâncias químicas diferentes misturadas? Na natureza é muito
mais comum encontrarmos misturas de substâncias que substâncias puras. Misturas são quando
há mais de um tipo de substâncias químicas juntas. Por exemplo, a água potável é uma mistura de
inúmeras substâncias químicas. Porém, quando a substância não está em contato com outras subs-
tâncias diferentes, dizemos que é uma substância pura.

26 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


LAB212
GLOSSÁRIO
Solúvel
Substância que se dissolve esponta-
neamente em outra substância de-
nominada solvente.

Substâncias puras Misturas de substâncias

Outro exemplo de misturas é o ar que respiramos, que é uma mistura de muitas substâncias,
simples e compostas. Algumas substâncias, inclusive, são bastante prejudiciais ao meio ambiente e
ao nosso organismo. O nitrogênio (N2) e o oxigênio (O2) são as substâncias que existem em maior
quantidade na atmosfera do planeta, aproximadamente 78% e 21%, respectivamente. Mas, além
desses gases, estão presentes também em menor quantidade o gás carbônico (CO2), os gases nobres
hélio (He), neônio (Ne), argônio (Ar), criptônio (Kr), xenônio (Xe) e radônio (Rn). Há também vapor
de água, monóxido de carbono (CO), entre outras substâncias, dependendo da região do planeta.
Agora, analise a mistura de óleo, água e areia ao lado:
Você percebeu que essa mistura é diferente do ar ou da água potável,

DOTTA 2/SHUTTERSTOCK
por exemplo? A mistura é formada por componentes que não são solúveis
entre si e, portanto, formam mais de uma fase. Assim, a água e o óleo,
por exemplo, não são miscíveis, e quando colocamos os dois em contato,
mesmo após vigorosa agitação, se aguardarmos um pouco, notaremos que
a mistura vai se estabilizar em duas fases diferentes, o óleo acima e a água
abaixo. Nesse exemplo, com a presença da areia, formam-se três fases. A
fase de uma mistura é a porção de uma amostra que apresenta um aspecto
visual uniforme, a qual pode ser contínua em todas as direções ou não,
mesmo se observada por um microscópio comum.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Misturas com mais de uma fase são chamadas de misturas heterogê-
neas. Misturas formadas por uma só fase são chamadas de misturas ho-
mogêneas ou, ainda, soluções. A substância que é dissolvida é chamada Mistura de óleo, água
de soluto, e a substância que dissolve o soluto é chamada de solvente. A e areia em um béquer.
quantidade de soluto máxima que pode ser dissolvida no solvente é cha-
mada de solubilidade. Assim, quando dizemos, por exemplo, que a solubilidade do NaCl a 25 ºC é
35,9 g/100 mL, isso quer dizer que a quantidade máxima de NaCl a 25 °C possível de se dissolver em
100 mL sem que formem duas fases é de 35,9 g. Se adicionarmos mais NaCl, este não se dissolverá e
formará corpo de fundo, isso é, uma nova fase, e teremos uma mistura heterogênea. A solubilidade
não é constante, varia de acordo com a temperatura e as substâncias envolvidas.
Veja os exemplos de misturas abaixo:

Misturas homogêneas Misturas heterogêneas


Álcool hidratado Soro caseiro Água e gelo Água e óleo
GGW/SHUTTERSTOCK

M. UNAL OZMEN/SHUTTERSTOCK
FUNKYFROGSTOCK/SHUTTERSTOCK
DOTTA 2/SHUTTERSTOCK

2 fases;
1 fase; 1 componente
1 fase; 3 componentes (água no 2 fases;
2 componentes (água, sal estado sólido 2 componentes
(água e álcool) e açúcar) e líquido) (água e óleo)

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 27


PARA CONSTRUIR
1 2H2O(l) → 2H2(g) + O2(g)

H7 a) Identifique os estados físicos das substâncias presentes nessa equação química.


Resposta: H2O (água): estado líquido. H2 (gás hidrogênio) e O2 (gás oxigênio): estado gasoso.
H1
b) Identifique a(s) substância(s) simples e composta(s).
Resposta: H2O (água): substância composta. H2 (gás hidrogênio) e O2 (gás oxigênio): substâncias simples.

2 Observe as figuras a seguir. Considere que cada esfera representa um átomo.

LAB212
H1 I II III IV V

H7

Identifique:
a) A(s) substância(s) simples.
Resposta: I e II.

b) A(s) substância(s) composta(s).


Resposta: III e IV.

c) Mistura(s) de compostos.
Resposta: V.

3 Considere as misturas a seguir.

H7 I. Água, etanol, açúcar completamente dissolvido e pó de serra.


II. Água e óleo de soja.
III. Água, areia e pó de serra.
IV. Água, gelo e pó de café.
V. Ar atmosférico livre de poluição.
a) Identifique o número de componentes e de fases de cada uma.
Resposta: I: 4 componentes, 2 fases; II. 2 componentes, 2 fases; III. 3 componentes, 3 fases; IV: 2 componentes, 3 fases; V: diversos
componentes gasosos, 1 fase.

b) Classifique-as em sistemas homogêneos ou heterogêneos.


Resposta: I, II, III, IV são sistemas heterogêneos. V é sistema homogêneo.

28 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


FAÇA VOCÊ MESMO
1 O rótulo de uma embalagem de água mineral traz as seguintes informações:

H1
Composição química (mg/L)
H7 Bicarbonato de sódio 169,14
Cálcio 31,00
Magnésio 16,50
Nitrato 5,15
Sódio 4,180
Potássio 3,99

Analise as informações da tabela e responda:


a) Com base nos dados apresentados, essa água pode ser considerada pura? Explique.
Resposta: embora popularmente se diga que a água mineral é pura, é um termo incorreto, pois substância pura é formada por apenas um
composto químico. A água em questão é, na verdade, uma mistura de diversos componentes.

b) Identifique o número de componentes e de fases presentes nessa água mineral.


Resposta: sete componentes e uma fase.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


2 Os fluidos biológicos como sangue e leite parecem misturas homogêneas a olho nu, mas não podem ser classificadas dessa
forma. Faça uma pesquisa e responda:
H7
Por que os fluidos biológicos não são misturas homogêneas?
H8 Resposta: apesar da impossibilidade da visualização das fases dos fluidos biológicos a olho nu, com o auxílio de instrumentos é possível
ver as diferentes camadas/fases. Isso ocorre, porque os fluidos biológicos são formados por células e substâncias que não podem ser
dissolvidos formando diferentes fases.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 29


EXPERIMENTANDO
Experimento 1
Nesta atividade, utilizando materiais do cotidiano, vamos elaborar e classificar diferentes misturas como homogêneas ou heterogêneas,
identificar o número de fases e o número de componentes.
Materiais: 10 béqueres, água, álcool, óleo, gelo, areia, sal e açúcar.
Procedimento: adicione, nos béqueres, os materiais indicados na tabela abaixo, de acordo com a descrição. Agite cada mistura a fim de
solubilizar ao máximo todas as substâncias que forem solúveis. Por fim, observe o que aconteceu e preencha a tabela abaixo.

Número de Classificação
Experimento Sistema Número de fases
componentes da mistura

A Areia + sal 2 2 heterogênea

Água +
B 2 2 heterogênea
3 colheres de sopa de sal

C Água + areia 2 2 heterogênea

Água + areia +
D 3 2 heterogênea
1 pitada de sal

Água + 1 pitada de sal +


E 3 1 homogênea
1 pitada de açúcar

F Água + óleo 2 2 heterogênea

G Água + areia + óleo 3 3 heterogênea

é um sistema heterogêneo; não é mistura,


H Água + gelo 1 2
pois só tem água

I Água + gelo + óleo 2 3 heterogêneo

J Água + álcool 2 1 homogêneo

Respondam em grupo.
1. É correto dizer que o número de componentes de um sistema é sempre igual ao número de fases? Justifiquem sua resposta e deem
dois exemplos.
Resposta: não, pois nas misturas homogêneas, independentemente do número de componentes, haverá somente uma fase. Exemplo: água e
sal, água e álcool, gasolina e álcool.

2. Toda mistura que apresenta dois componentes é necessariamente heterogênea? Expliquem.


Resposta: não, pois os dois componentes podem ser solúveis entre se formar uma mistura homogênea. A mistura J é um exemplo disso.

30 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Experimento 2 – Torre de Líquidos
Vamos empilhar líquidos sem que se misturem, e formar várias fases diferentes?
Materiais:
▶ 4 béqueres
▶ 1 proveta (ou uma garrafa comprida e estreita)
▶ Glucose de milho
▶ Água
▶ Óleo
▶ Álcool etílico
▶ Querosene
▶ Corantes azul, amarelo, verde, vermelho e laranja
Procedimento:
Escolha uma cor de corante para cada substância. Em cada béquer adicione uma substância (glucose de milho, água, óleo, álcool etílico e
querosene) e o corante escolhido. Após a solubilização dos corantes, adicione os líquidos lentamente na proveta, na seguinte ordem: gluco-
se de milho, água, óleo, álcool etílico e querosene. Deverá ficar com o seguinte aspecto:

M. UNAL OZMEN/SHUTTERSTOCK

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


1. Por que os líquidos foram colocados nesta ordem?
Resposta: para que não se misturem.

2. O que aconteceria se misturássemos vigorosamente os líquidos dentro da proveta?


Resposta: alguns líquidos solubilizam entre si, e haveria menor número de fases.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 31


A MATÉRIA NOS SERES VIVOS
A matéria orgânica
A partir do discutido até então, já po-
demos deduzir naturalmente que os seres
vivos são compostos de matéria, já que
têm massa e volume, por exemplo,
e que, portanto, são compostos de
átomos e moléculas. Então, quimi-
camente, os seres vivos podem ser
NOPAINNOGAIN/SHUTTERSTOCK

considerados uma grande mistura


de substâncias. Mas será que
existem diferenças na composi-
ção química dos seres vivos em
relação ao restante da natureza?
Será que existem átomos restritos
apenas aos seres vivos?
Os seres vivos podem ser con-
siderados um universo à parte, mas
isso não significa dizer que a base da
matéria que os compõe, os átomos,
seja diferente do mundo ao redor; afinal,
é dele que os seres vivos retiram os átomos.
Portanto, os elementos que compõem os se-
res vivos são também encontrados no restante
do planeta e do Universo. Porém, há uma interes-
sante diferença em quantidade relativa.
Um ser vivo é basicamente formado por seis ele-
mentos dentre todos os existentes (cerca de 99%). São eles
Níveis de organização dos seres
vivos na natureza em nosso planeta,
carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo e enxo-
do átomo à biosfera. Podemos ver, fre, que podem ser resumidos pela sigla CHONPS (símbolos
iniciando na parte mais externa atômicos desses elementos respectivamente). Apesar do pre-
e inferior da espiral, que os seres domínio desses seis elementos, a presença de outros, mesmo
vivos são formados por átomos, que em pouquíssima quantidade, é essencial para que esses
que estruturam moléculas, que
vão formar a estrutura biológica da
seres se mantenham vivos. Bons exemplos são o magnésio,
célula, que, por sua vez, é a base de presente na clorofila das plantas, e o ferro, presente na hemo-
todos os seres vivos. globina do sangue.

Planeta Terra Seres Vivos Gráficos com a


quantidade relativa em
massa dos diferentes
oxigênio (O) oxigênio (O) elementos no planeta
63% 25,6% Terra e nos seres vivos,
respectivamente.
hidrogênio (H)
silício (Si) 65,4%
21,2%
LAB212

carbono (C) 7,5%


nitrogênio (N) 1,25%
fósforo (P) 0,24%
alumínio (Al) 6,5%
enxofre (S) 0,06%
sódio (Na) 2,4% traços de elementos 0,001%
cálcio (Ca) 1,9%
ferro (Fe) 1,9%
magnésio (Mg) 1,8% sódio (Na), magnésio (Mg), cálcio (Ca), manganês (Mn),
potássio (K) 1,4% cloro (Cl), potássio (K) ferro (Fe), cobre (Cu), iodo (I)

32 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


As substâncias que os diferentes elementos vão compor em um ser vivo podem ser classificadas
em compostos orgânicos e compostos inorgânicos.
São exemplos de compostos orgânicos presentes nos seres vivos: proteínas, aminoácidos,
peptídeos, carboidratos, lipídios, vitaminas, nucleotídeos e ácidos nucleicos.
O elemento básico das substâncias orgânicas é o carbono. Esse elemento, capaz de realizar 4
ligações com diferentes átomos, é imprescindível nas substâncias orgânicas, pois forma cadeias e anéis
estruturantes para esses compostos.
Durante muito tempo, acreditou-se que os compostos orgânicos só podiam ser produzidos
por seres vivos, em processos celulares como a fotossíntese, ou a síntese proteica. Porém, em 1828,
Friedrich Wöhler conseguiu sintetizar a ureia (uma substância orgânica sintetizada pelos animais a
partir da amônia, um resíduo do metabolismo dos aminoácidos) em laboratório a partir de subs-
tâncias inorgânicas; esse fato, além de ser um marco na história da Química, foi também um marco
da indústria química, uma vez que a ureia é um excelente fertilizante, por ser rica em nitrogênio, e

PETARG/SHUTTERSTOCK
passou a ser produzida para este fim.
LINNAS/SHUTTERSTOCK

MOLEKUUL_BE/SHUTTERSTOCK
Estrutura química de algumas
moléculas orgânicas simples. Da
esquerda para a direita: glicose,
carboidrato presente no sangue,
aminoácido hidroxiprolina,
Os compostos inorgânicos, como a água e os sais minerais, são substâncias encontradas tanto componente essencial do colágeno,
nos seres vivos quanto na natureza. Os compostos inorgânicos têm complexidade estrutural menor e ácido ascórbico (vitamina C),
encontrado em frutas cítricas. Os
em relação aos orgânicos. São exemplos de compostos inorgânicos (também chamados de nutrientes átomos são representados como

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


minerais nos seres vivos) ferro, magnésio, manganês, sódio, potássio, cálcio, fósforo, cobre, iodo, esferas com codificação de cores
entre outros. convencional: hidrogênio (branco),
carbono (cinza ou preto), nitrogênio
(azul), oxigênio (vermelho). Em todas,
SHEILA TERRY

é possível notar a estrutura central


composta por átomos de carbono.
LAGUNA DESIGN

Friedrich Wöhler e o modelo


molecular da ureia, composto
orgânico que desempenha
um papel importante no
metabolismo de compostos
com nitrogênio. Na agricultura,
pode ser usado como fertilizante,
pois participa no ciclo do
nitrogênio do solo. Os átomos
são representados como esferas
e são codificados por cores:
carbono (cinza), hidrogênio
(branco), nitrogênio (azul) e
oxigênio (vermelho).

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 33


LAGUNA DESIGN
Água é vida
É impossível falar de vida sem falar
de água. Afinal, por que precisamos bebê-
-la constantemente? A água é o principal
e mais abundante componente dos seres
vivos, cerca de 70%. Em estado líquido, é
fundamental para que a vida possa ocorrer.
Quando astrônomos sondam outros astros
à procura de vida como a conhecemos no
nosso planeta, buscam aqueles que tenham
condições de ter água líquida em condições
de temperatura e pressão ideais.
Mas o que tem a água líquida de tão
Ilustração de uma molécula de água, que consiste em um especial? Um dos segredos está na forma
átomo de oxigênio (esferas maiores) e dois átomos de da molécula da água, como os seus elemen-
hidrogênio (esferas menores) conectados por ligações. tos estão ligados e posicionados. A água é
Os prótons são representados em azul, os nêutrons, em
vermelho e os elétrons pelos sinais negativos. uma substância composta por dois átomos
de hidrogênio e um de oxigênio; cada átomo
de hidrogênio está ligado ao oxigênio com um ângulo de 104,5 graus. Isso faz com que a água tenha
GLOSSÁRIO
um polo positivo, na região dos hidrogênios, e um negativo, do lado do oxigênio, o que torna a água
Eletronegativo uma substância polar. Isto acontece porque o oxigênio é mais eletronegativo que o hidrogênio.
Tendência do elemento químico de A água terá, então, grande afinidade

CARLOS CLARIVAN
atrair elétrons. Quanto maior for a ca- com substâncias polares, pois funcionará
pacidade de atrair elétrons, mais ele-
tronegativo é o elemento químico.
como um minúsculo ímã que as atrai; essa
característica da água é chamada de pro-
priedade de adesão. Além de atrair outras
substâncias polares, as moléculas de água
atraem-se mutuamente e se mantêm coe-
sas (unidas) por ligações de hidrogênio,
uma força intermolecular eletrostática en-
tre um polo positivo de uma molécula e o
negativo de outra.
Uma consequência prática dessas pro-
priedades é a água líquida ser um excelente
solvente, sendo a base para as soluções in-
tra e extracelular. Por isso, a água é um ex-
celente meio para a ocorrência de reações
químicas, inclusive aquelas do metabolismo
dos seres vivos, pois as moléculas diluídas
na água se encontram para que ocorram as
Ligação de hidrogênio (linhas amarelas reações. As substâncias dissolvidas na água
pontilhadas) entre cinco moléculas de água. podem também ser transportadas mais facil-
Há uma carga negativa parcial e fraca nos átomos
mente para dentro e para fora das células de
de oxigênio (vermelho) e uma carga positiva
parcial nos átomos de hidrogênio (branco). um organismo, como veremos a seguir.
Assim, quando as moléculas de água estão A água também apresenta calor específi-
próximas, suas regiões positivas e negativas são co baixo, o que significa que conduz lentamente
atraídas. A força de atração é chamada de ligação
de hidrogênio. O oxigênio de uma molécula de o calor, pois esquenta e esfria de maneira relati-
água tem dois pares de elétrons, cada um deles vamente lenta. Por essa razão, a água é um meio
podendo formar uma ligação de hidrogênio com estável termicamente, o que favorece a estabi-
um átomo de hidrogênio em outra molécula de
lidade dos compostos nela dissolvidos, em es-
água. Isso pode se repetir de tal forma que cada
molécula de água pode se ligar com até quatro pecial os compostos orgânicos mais complexos,
outras moléculas. como as proteínas.

34 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Átomos nos cristais de sal

NOPAINNOGAIN/SHUTTERSTOCK
Dissolução do sal Representação esquemática da
dissolução do sal (cloreto de sódio –
NaCl) em água (H2O). À esquerda temos
Além de todas as características citadas, há uma relação entre a quantidade de água de um ser a representação da organização das
vivo ou de uma estrutura de um ser vivo com o metabolismo. Quanto maior a quantidade relativa moléculas de cloreto de sódio em um
cristal de sal; em seguida, a ligação dos
de água, mais intenso é o metabolismo. Isso também se aplica à idade de um organismo: quanto íons Na+ e de Cl− com as moléculas
mais idoso, menor é a quantidade de água presente no corpo e, consequentemente, o metabolismo de água, respectivamente, com o polo
é mais baixo. negativo (-) e positivo (+) da água, o que
permite que o cristal se dissolva.

PARA AMPLIAR

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Confirmação de água líquida em Marte estimula busca de vida fora
da Terra
Um grupo europeu liderado por cientistas italianos detectou um grande lago de
água líquida sob as calotas de gelo polar em Marte. De acordo com os autores da
pesquisa, publicada na revista Science, é a primeira vez que um grande reservatório
de água líquida foi identificado no Planeta Vermelho.
A presença de água congelada já havia sido comprovada há anos, mas a água
líquida é considerada pelos cientistas como uma condição indispensável para a exis-
tência de vida em um planeta. A nova descoberta, segundo especialistas ouvidos pelo
Estado, aumenta as probabilidades de que formas microscópicas de vida existam ou
tenham existido em Marte.
Para fazer a descoberta, eles utilizaram o radar Marsis, um instrumento da nave
Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA), que está na órbita marciana há
15 anos. O equipamento enviou pulsos de radar que penetraram a superfície e as
calotas de gelo do planeta. Foi medido como as ondas de rádio se propagaram e foram
refletidas de volta à espaçonave.
Como a temperatura média em Marte é de cerca de 60 °C negativos, seria de se
esperar que a água no planeta estivesse congelada. Mas, segundo Orosei, sabe-se
também que as rochas marcianas contêm sais de magnésio, cálcio e sódio, que, dis-
solvidos na água, formam uma espécie de salmoura. Essa condição, associada à pres-
são produzida pela cobertura de gelo, permitiria que a água do lago permanecesse em
estado líquido.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 35


"A longa duração da missão Mars Express e o esforço exaustivo feito pela equipe
do radar para superar vários desafios analíticos nos permitiram chegar a esses resul-
tados tão esperados. Isso demonstra que a missão ainda tem grande potencial cientí-
fico", disse Dmitri Titov, cientista da equipe da Mars Express, da ESA.
"Essa eletrizante descoberta é um ponto alto para a ciência planetária e vai con-
tribuir para nossa compreensão sobre a evolução de Marte, sobre a história da água
nos planetas vizinhos aos nossos e sobre sua habitabilidade", concluiu Titov.
CASTRO, Fábio de. Confirmação de água líquida em Marte estimula busca de vida fora da Terra.
O Estado de S. Paulo, 25 jul. 2018. Disponível em: <https://ciencia.estadao.com.br/noticias/
geral,cientistas-europeus-detectam-agua-liquida-em-marte,70002414820>. Acesso em: 26 fev. 2019.

DAVID DUCROS / EURELIOS / SCIENCE PHOTO LIBRARY/FOTOARENA


A
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SCIENCE PHOTO LIBRAR
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À esquerda observamos uma representação das calotas polares de Marte e à direita o radar MARSIS,
instrumento da nave Mars Express.

PARA CONSTRUIR
1 A água é o componente mais abundante em todos os seres vivos do planeta e tem diversas funções. Por ser um excelente
solvente, uma de suas funções é o transporte de substâncias. Identifique a característica físico-química da molécula da água
H7 permite que seja um excelente solvente?

Resposta: natureza polar.

2 A água é fundamental para o funcionamento do nosso corpo, e uma de suas funções refere-se à capacidade de dissolver subs-
tâncias e garantir um meio propício para a ocorrência de reações químicas. Compare as características da água e identifique
H7 uma delas que possibilita a realização da função citada no texto.
Resposta: a água é um solvente universal, ou seja, é capaz de dissolver grande parte das substâncias conhecidas, e possibilita que
as reações químicas essenciais à vida ocorram nos organismos vivos.

36 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Formem duplas e pesquisem as diferentes funções dos compostos orgânicos, como proteínas, carboidratos (glicídios), lipídios
e ácidos nucleicos e identifique suas funções nos organismos vivos. Organizem as informações em uma tabela ou infográfico.
H24 Não se esqueçam de citar exemplos de moléculas pertencentes a cada um dos grupos citados.

Resposta pessoal.

EXPERIMENTANDO

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Neste experimento, vamos verificar como a tinta de canetas hidrocor se comporta em contato com a água.
Materiais:
▶ Papel absorvente (papel-filtro)
▶ Canetas hidrocor (ao menos 3 cores diferentes)
▶ Copo ou recipiente com água
Procedimento: corte o papel filtro em tiras de aproximadamente 2 cm de largura. Em uma das extremidades das tiras, pinte bolas coloridas
com as canetas hidrocor. Em seguida, coloque as tiras em um recipiente ou copo com um pouco de água. Mantenha mergulhada apenas
a parte colorida. Você pode fixar as tiras na borda do copo ou em um lápis apoiado nas bordas do recipiente, de modo que as tiras fiquem
suspensas sobre a água. Aguarde por cerca de 15 a 20 minutos. Fotografe a montagem do experimento.
Responda:
1. Com base nas propriedades da água discutidas até aqui, explique o que aconteceu no experimento.
Resposta: espera-se que o desenhos feito com as canetas hidrocor borrem, pois a tinta dessas canetas é solúvesl em água.

2. Pesquise na internet tipos de canetas que, em contato com a água, apresentem resultados diferentes dos observados no experimento,
e explique por que isso ocorre.
Resposta pessoal.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 37


A água na célula e o transporte através da membrana
As substâncias orgânicas que os seres vivos precisam para seu metabolismo devem chegar às
células, e as substâncias tóxicas ou indesejadas devem sair para garantir o correto funcionamento do
organismo. Como será que isso acontece?
A célula apresenta um meio interno e um meio externo, sendo ambos formados por substân-
cias aquosas e delimitados pela membrana plasmática. Uma das características mais relevantes da
membrana plasmática para garantir o funcionamento ativo da célula é a permeabilidade seletiva.
Isto significa que a membrana é permeável a certas substâncias, mas pode controlar em parte o que
entra e o que sai da célula.
O controle de entrada e saída de substâncias das células pode gerar ou não gasto de energia.
Aquele que ocorre naturalmente pelas forças físicas moleculares devido à atração causada pela
polaridade da água, sem gasto de energia pela célula, é chamado de transporte passivo. Existe
também o transporte que ocorre contra as forças físicas naturais (contra o gradiente de concen-
tração, para o qual é necessário que a célula gaste energia); esse tipo de transporte é chamado de
transporte ativo.
Um dos tipos de transporte passivo é a difusão, caracterizada pelo fluxo de solutos, substâncias
dissolvidas em um solvente, do meio mais concentrado (hipertônico) para o menos concentrado
(hipotônico). A difusão ocorre devido ao fenômeno conhecido como teoria cinética das moléculas.
As moléculas em uma solução estão em constante movimentação; devido a isso, tendem, após um
tempo, a se distribuírem igualmente em certo espaço. Se pingarmos uma gota de tinta em um copo
de água, a tinta se espalhará em razão da movimentação e atração das moléculas de água. Assim, a
tinta se dilui e é distribuída para todos os lados do solvente (água), até que não se note a separação
entre ambos. Nesse caso, o meio mais concentrado é a gota de tinta e o meio menos concentrado
é a água ao redor.
No caso da célula, os meios

NARUDON ATSAWALARPSAKUN/SHUTTERSTOCK
hipertônico (mais concentrado)
e hipotônico (menos concentra-
do) podem ser o meio intracelu-
lar e o extracelular ou vice-versa.
A membrana que separa esses
meios é permeável a molécu-
las muito pequenas, como íons
(Na+, Cl−, K+) ou gases (CO2, O2),
que, portanto, passam por ela
livremente.
Considere a seguinte situa-
ção: nas células de nosso corpo, a
demanda por energia é constan-
te, e para a obtenção de energia,
é necessário que a célula consu-
Corante alimentício azul se ma gás oxigênio. Portanto, a quantidade desse gás diminui constantemente dentro da célula. Em
difunde em água em uma taça de
vidro até ambos formarem uma contrapartida, o sangue que chega pelos capilares sanguíneos a nossos tecidos tem alta concentração
mistura homogênea. de gás oxigênio. Assim, o meio externo (extracelular) às células é hipertônico (mais concentrado)
em O2 em relação ao meio interno (intracelular). Da mesma forma, o meio interno é hipotônico
(menos concentrado) em O2 em relação ao externo.
Como consequência dessa diferença de concentração, a difusão tende a ser mais intensa no
sentido do meio hipertônico para o meio hipotônico, ou seja, tende a haver maior entrada de O2 na
célula em relação à quantidade que pode sair. Como saldo final, notamos aumento de O2 dentro da
célula e diminuição fora. Esse fluxo tende a continuar até que os meios intra e extracelular atinjam
o equilíbrio, ou seja, até as concentrações desse gás se igualarem em ambos os meios. Porém, como
dito anteriormente, a célula está sempre consumindo O2 e, portanto, oxigenando o sangue que irá
chegar às células. Então, o O2 entra nas células continuamente por difusão.

38 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Podemos generalizar afirmando que a difusão é a passagem de solutos (substâncias dissolvidas)
através da membrana, no sentido do meio mais concentrado (hipertônico) para o meio menos
concentrado (hipotônico).

Difusão
FANCY TAPIS/SHUTTERSTOCK

Representação esquemática da difusão


de um soluto (esferas azuis) através da
membrana celular. As moléculas de soluto
inicialmente estão mais concentradas no
meio externo (hipertônico) em relação ao
meio interno (hipotônico); em seguida,
as concentrações entram em equilíbrio
devido à difusão.

CAROL & MIKE WERNER


É importante deixar claro que a di-
fusão pode ocorrer tanto no sentido do
MEIO EXTRACELULAR
meio externo para o interno quanto no Difusão facilitada
sentido oposto, dependendo da con- por transportador
Aquaporina
não específico
centração da substância entre os meios. H2O
Com o mesmo exemplo, na produção
de energia pela célula, além de consumir Glicose
O2, produz como resíduo desse processo
o gás carbônico (CO2). Portanto, a con- Difusão facilitada
centração desse gás aumenta dentro da por proteína
transportadora
célula conforme a energia é produzida, o
que cria um meio interno hipertônico de
CO2 em relação ao externo, que promove
sua saída da célula por difusão. Membrana
Há duas possibilidades de ocorrência bilipídica
de difusão na célula. A chamada difusão Proteína Osmose
simples, quando os solutos passam através

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


transportadora
MEIO INTRACELULAR – CITOPLASMA
da bicamada lipídica, como os exemplos
citados acima, e a difusão facilitada, quan-
do os solutos passam através de proteínas Esquema de transporte passivo pela membrana. Moléculas maiores, como a glicose, necessitam de uma
transportadoras, como as porinas e as per- proteína transportadora específica. Moléculas e íons menores (esferas verdes e laranjas) podem entrar
meases. Para que ocorra a difusão simples, através de um transportador ou canal não específico. Moléculas solúveis em água podem passar através
da membrana bilipídica por osmose ou, no caso da água, por meio de uma proteína conhecida como
as moléculas devem ser muito simples e aquaporina (mais à direita).
pequenas o suficiente para passar pelos
NELLI SYROTYNSKA/SHUTTERSTOCK

fosfolipídios da membrana; em contrapar-


tida, quando as moléculas são maiores, são
transportadas por proteínas específicas de
membranas, que servem como portões
para dentro ou fora da célula.
Osmose
Você já deve ter observado em seu
dia a dia a seguinte situação: as folhas de
uma salada antes e depois de serem tem-
peradas. É possível notar que as folhas
murcham e ficam amolecidas. Além disso, As folhas da salada quando
temperadas murcham e
nota-se depois de um tempo um acúmulo observa-se o acúmulo de
de água no recipiente em que as folhas es- água no recipiente onde
tão. O que será que causa esse fenômeno? as folhas se encontram.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 39


Esse fenômeno ocorre devido à saída de água das células do vegetal, o que as leva a perder vo-
lume e rigidez. Mas, por que a água sai nessa situação? O que explica isso é o fenômeno da osmose,
que é a passagem de água (solvente) do meio menos concentrado (mais diluído) para o meio mais
concentrado (menos diluído). Isto acontece quando as moléculas dissolvidas (soluto) não conse-
guem atravessar a membrana semipermeável da célula, porém, a água consegue. Assim, dá-se o nome
de osmose à difusão de água.

SCIENCE PHOTO LIBRARY


Fluxo de água (líquido)

moléculas
de soluto

Fluxo de água na osmose através de uma


membrana semipermeável. As moléculas
de água são representadas por duas membrana
esferas azuis (hidrogênio) e uma esfera semipermeável
vermelha (oxigênio). As grandes esferas
azuis (à esquerda) são moléculas de soluto
dissolvidas na água. As moléculas de água
formam ligações de hidrogênio com as moléculas
moléculas de soluto. Isso reduz o número de água
de moléculas de água “livres” (energia livre
ou potencial hídrico), o que resulta em um
fluxo líquido da direita para a esquerda para
restaurar o equilíbrio.

A osmose ocorre em todos os tipos de célula, mas as consequências podem ser diferentes em
células animais e vegetais. Isso se deve à presença de uma parede celular rígida nas células vegetais,
que apresenta alta permeabilidade, mas tem maior resistência e rigidez que a membrana plasmática.
Se mergulharmos hemácias (glóbulos vermelhos presentes no sangue), que são células animais,
em uma solução hipertônica, a água irá sair das células por osmose e as hemácias ficarão flácidas
(murchas). Se as mergulharmos em uma solução isotônica (de mesma concentração), nada acon-
tecerá, pois haverá equilíbrio entre os meios interno e externo. Mas se mergulharmos uma hemácia
em um meio hipotônico, a água irá entrar na hemácia, que vai ficar túrgida (cheia) e, dependendo
da diferença de concentração entre os meios, a entrada de água pode levar a membrana a se romper,
o que causa a lise (quebra) celular.
Em células vegetais, o fluxo de água será o mesmo que em células animais. Porém, em uma solu-
ção hipertônica, a célula sofrerá redução de seu volume interno e do vacúolo, a membrana poderá se
retrair, mas o volume externo se manterá praticamente o mesmo devido à rigidez da parede celular.
E em uma solução hipotônica, a água irá entrar na célula, mas devido à resistência da parede celular,
a célula ficará túrgida, mas não se romperá.

Em solução hipertônica Em solução isotônica Em solução hipotônica Em solução hipertônica Em solução isotônica Em solução hipotônica
SCIENCE PHOTO LIBRARY

SCIENCE PHOTO LIBRARY

Células murchas Células normais Células túrgidas Célula encolhe Célula normal Célula túrgida
que eventualmente dentro da parece
se rompem celular
Glóbulos vermelhos, à esquerda, e células vegetais, à direita, expostas a diferentes concentrações de soluções.

40 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Transporte ativo
Em certas situações, é necessário o fluxo de substâncias contra o gradiente de concentração,
contra a força de difusão. Como um barco furado, às vezes a célula tem de expulsar o que entra
naturalmente para manter a concentração ideal de certas substâncias vitais, ou transportar para seu
interior as substâncias que saem naturalmente por difusão.
Um exemplo são as concentrações dos íons Na+ e K+ nas células. É ideal que a concentração
+
de K seja sempre alta dentro das células, às vezes muito maior que a concentração no meio exter-
no, pois esse íon é essencial em diversas reações químicas metabólicas. Porém, a alta concentração
interna promove a saída de íons de potássio por difusão, além de promover a entrada excessiva de
água por osmose.
Para manter os níveis de potássio altos, a célula recupera os íons K+, que atravessam a mem-
brana por meio de proteínas transportadoras específicas. Como isso ocorre contra o gradiente de
concentração, a célula gasta energia para manter esse fluxo, que é chamado de transporte ativo. Em
razão da alta concentração de K+ no interior celular, a célula mantém a concentração de Na+ baixa no
meio intracelular e alta no meio extracelular, o que garante o equilíbrio osmótico, pois a quantidade
de íons entre os meios deve se igualar. Assim, a célula expulsa continuamente por transporte ativo os
íons Na+ que entram por difusão, e com isso mantém o equilíbrio ideal. A proteína que transporta
K+ para o interior da célula é a mesma que transporta Na+ para o exterior celular.
A célula mantém a concentração de potássio mais alta e a de sódio mais baixa (ambas em
relação ao meio extracelular), o que garante também o equilíbrio osmótico (e hídrico) da célula.
Esse mecanismo, realizado por uma proteína transportadora com gasto de energia, é chamado de
bomba de sódio e potássio.

Meio extracelular

2 K+

SCIENCE PHOTO LIBRARY


E1
E2
E2

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


ATP ADP Pi

3 Na+

Meio intracelular – citosol

Bomba de sódio e potássio (Na–K). Ilustração da bomba Na-K-ATPase (vermelha) que transporta íons através
de uma membrana celular (azul claro). A bomba se liga a três íons de sódio (azul escuro) em sua forma E1.
A hidrólise de ATP (adenosina trifosfato) produz ADP (adenosina difosfato) e Pi (fosfato inorgânico, rosa). O
fosfato se liga à bomba (centro à esquerda) e aciona sua forma E2 para liberar o sódio fora da célula. Dois íons
de potássio (amarelo) ligam-se à bomba (centro à direita). Quando o fosfato é liberado, a bomba retorna ao
formato E1 para liberar o potássio dentro da célula (direita).

Nesse processo, a energia é liberada pela quebra de ATP (adenosina trifosfato) em ADP (ade-
nosina difosfato) e fosfato inorgânico (Pi). Este último se liga à proteína e muda sua conformação
(expulsão de três íons Na+); na sequência, o fosfato se destaca da proteína, que volta à sua conforma-
ção original (captura de dois íons K+). É importante lembrar que o ATP é uma molécula energética
utilizada para a liberação de energia em processos específicos da célula. A produção de ATP será
discutida mais adiante.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 41


PARA CONSTRUIR
1 Nas células da tireoide, as concentrações de iodeto podem ser organismos decompositores não sobrevivem nessas condições.
30 vezes maiores que a concentração desse sal no sangue, e ao aplicar o sal, o meio externo torna-se hipertônico em relação
H8
podem ser 250 vezes maiores quando a glândula está em sua à carne, o que faz com que a água, por osmose, saia da carne,
atividade máxima. Sabendo que o iodeto é um sal que atravessa
desidratando-a. Também irá desidratar por osmose qualquer
livremente a membrana plasmática, responda:
micro-organismo que, por acaso, estiver no meio extremamente
Identifique o tipo de transporte que é realizado para man-
salino.
ter as concentrações altas de iodeto no interior da célula.
Explique como ocorre esse processo e use como exemplo
3 Para produzir energia, a célula necessita de nutrientes orgâni-
a bomba de sódio e potássio.
cos energéticos, por exemplo, a glicose. Em nosso organismo
Resposta: as células da tireoide mantêm a concentração de H8 essa substância chega constantemente às células por meio do
iodeto muitas vezes maior no meio intracelular do que no meio sangue e, dentro da célula, sua concentração vai diminuindo
extracelular por meio do transporte ativo. O soluto se movimenta constantemente devido à utilização para produzir energia.
do meio menos concentrado para o mais concentrado com Considerando que a glicose é uma substância que não atra-
vessa a bicamada lipídica da membrana plasmática devido ao
gasto de energia, via uma proteína de membrana.
seu tamanho, mas mesmo assim ela entra na célula sem haver
gasto de energia; explique como esse processo é possível de
ocorrer, considerando a concentração dos meios.
2 Para conservar certos alimentos, utiliza-se o método da
salga. Este método consiste em aplicar uma camada de sal Resposta: a glicose entra na célula através de proteína específica
H9
externamente a um alimento, como a carne por exemplo. de membrana, que forma um canal pelo qual a glicose atravessa
Explique porque este método é utilizado relacionando-o do meio externo (mais concentrado) para o meio interno (menos
com o processo de osmose.
concentrado) a favor do gradiente de concentração. Esse
Resposta: esse processo irá impedir que micro-organismos se processo é chamado de difusão facilitada.
desenvolvam, o que retardará decomposição; porque os micro-

FAÇA VOCÊ MESMO


1 Em muitas residências são utilizados para higienizar saladas 2 Duas amostras, uma com células vegetais e uma com he-
de folhas, como alface, e eliminar alguns microrganismos, mácias, são colocadas separadamente em soluções concen-
H7 H8
como a ameba, vinagre e sal de cozinha; as folhas são deixa- tradas (hipertônicas) de sal de cozinha. Após algum tempo,
das de molho na água com essa mistura. No entanto, após foi observada a lise (rompimento das hemácias) e as células
algum tempo, pode-se observar que as folhas murcham vegetais não se romperam, embora tenham aumentado
lentamente. significativamente de volume.

a) Explique por que o vinagre e o sal de cozinha são utilizados a) Identifique o fenômeno que ocorre no interior dos frascos.
para esse tipo de higienização. Resposta: osmose.
Resposta: o vinagre e o sal de cozinha fazem com que as
b) Explique por que ocorre essa diferença entre as células
amebas morram ao perderem água por osmose. vegetais e animais, durante o processo de osmose.
b) Por que as folhas de alface não murcham rapidamente Resposta no Manual do Professor.
na presença desses temperos?
Resposta: a presença da parede vegetal permite que as
células da alface mantenham a forma por mais tempo; por
isso, murcham lentamente.

42 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


VOCÊ É O AUTOR
O vapor e o desenvolvimento tecnológico
O desenvolvimento tecnológico é um processo contínuo que influencia diretamente a vida em
sociedade e as relações de trabalho e consumo. O texto abaixo explica como esse processo se iniciou
e suas aplicações na vida humana.

WORLD HISTORY ARCHIVE/


ALAMY STOCK PHOTO
[...]
A importância da utilização do fogo como instrumento
de transformação da nossa sociedade se acelerou com o pro-
gresso da cultura humana. Além de fornecer conforto térmico
e melhorar a preparação de alimentos, ele desde cedo foi usa-
do em rituais dos mais diferentes povos, na fabricação de ar-
mas (até os dias atuais), na produção de novos materiais (aju-
dando a fundir metais, por exemplo) e como fonte de calor
para máquinas térmicas...
Um grande salto no desenvolvimento tecnológico ocorreu justamente quando se
desenvolveu a máquina a vapor, dando início à Revolução Industrial, no final do sécu-
lo 18. Nesse caso, o principal combustível era o carvão e, a partir da sua queima, pro-
duzindo fogo, foi possível transformar a energia liberada em outra, com capacidade de
realizar trabalho – ou seja, impulsionar máquinas e equipamentos a fazerem tarefas que
antes dependiam da força bruta humana.
Essas primeiras máquinas foram usadas para extrair a água das minas de carvão,
mas logo foram aplicadas nas indústrias e no desenvolvimento dos trens. Em poucas
décadas, essas máquinas transformaram o mundo.
[...]
OLIVEIRA, Adilson de. A Descoberta que mudou a humanidade. Ciência Hoje. Disponível em:
<http://cienciahoje.org.br/coluna/a-descoberta-que-mudou-a-humanidade/>. Acesso em: 14 fev. 2020.

A primeira máquina a vapor, conhecida como Eolípila, foi inventada no ano de 120 a.C. por
Heron. Essa máquina é composta por uma esfera oca com água em seu interior, que, ao ser aquecida,
libera vapor por canos que geram o movimento de rotação.
Por meio do aperfeiçoamento da Eolípila, outras máquinas térmicas foram desenvolvidas, e
auxiliaram a realização de atividades e a locomoção.

1 Pesquise exemplos de máquinas térmicas utilizadas em nosso cotidiano e como funcionam.


Resposta: espera-se que o aluno indique máquinas como automóveis com motor a combustão,
locomotivas a vapor, usinas termoelétricas, entre outras, e descreva seu funcionamento.

2 Identifique o tipo de transformação ocorre em máquinas térmicas ao transformar água em


vapor.
Resposta: realizam uma transformação física.

3 Nomeie a mudança no estado de agregação da matéria que ocorre nesse processo.


Resposta: vaporização.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 43


4 Nas máquinas térmicas, o vapor gerado no sistema tende a subir, o que gera movimento. Porém, o ar atmosférico em tempera-
tura baixa tende a descer. Identifique a propriedade da matéria responsável por esse processo.
Resposta: a densidade.

5 Na sua opinião, qual foi a importância do desenvolvimento tecnológico para a sociedade atual?
Resposta: espera-se que o aluno descreva como o desenvolvimento tecnológico transformou a sociedade e facilitou várias tarefas, como aquelas
que dependiam da força humana.

6 O desenvolvimento das máquinas térmicas gerou impactos no meio ambiente? Quais?


Resposta: sim. Espera-se que o aluno indique a liberação de gases de efeito estufa e a poluição dos rios.

Você sabia que é possível construir uma máquina térmica com materiais simples? Observe abaixo os roteiros de construção e
reproduza.

Roteiro 1
Materiais:
• Barbante com 30 cm. • Seringa. • 3 velas.
• Lata de refrigerante fechada. • Canudo de plástico. • Caixa de fósforo ou isqueiro.
• Prego. • Cola quente. • Pires de cerâmica.

ILUSTRAÇÕES: LAB212
1 Com a ponta do prego, faça um furo em 2 Com a seringa, preencha a lata com 50 mL 3 Corte dois pedaços de 3 cm do canudo
cada lateral da lata de refrigerante e re- de água. de plástico, insira-os nos furos e fixe-os
mova o refrigerante de dentro da lata. com cola quente.

4 Amarre uma das extremidades do barban- 5 Fixe as três velas no pires de cerâmica e 6 Posicione o prato de cerâmica logo abaixo
te no lacre de abertura do refrigerante e acenda-as. da lata de refrigerante, de forma que o
a outra extremidade em uma superfície fogo das velas se mantenha em contato
plana, como um pedaço de madeira. com a lata.

44 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Roteiro 2
Materiais:
• Pedaço de madeira com 11 cm de • Prego pequeno. • Caixa de fósforo ou isqueiro.
comprimento e 8 cm de largura. • Pedaço de caixa de leite. • Cola quente.
• 4 parafusos de uma polegada. • Seringa. • Tampa de metal.
• 3 pedaços de arame com 3 cm. • Algodão. • Compasso.
• Lata de refrigerante fechada. • Álcool.

FOTOS: REPRODUÇÃO/YOUTUBE
1 Parafuse apenas a ponta dos parafusos na 2 Faça dois furos estreitos na madeira a 3 Dobre uma das extremidades dos arames
madeira, com 7,5 cm de distância entre 3 cm do parafuso para formar um gancho e prenda a outra
eles, formando um quadrado. extremidade no buraco da madeira.

4 Com um prego, faça um pequeno furo 5 Desenhe um círculo com 8 cm de diâ- 6 Recorte o círculo e as divisões desenhadas
na parte superior da lata de refrigerante, metro no pedaço da caixa de leite, com em seu interior. Dobre levemente todas
remova o conteúdo e com a seringa injete o auxílio de um compasso, e desenhe as pontas na direção da parte laminada
100 mL de água em seu interior. 7 divisões no interior do círculo. para formar um cata-vento.

7 Com um arame, fure o centro do cata- 8 Apoie o cata-vento entre os arames fixa- 9 Coloque a tampa de metal embaixo da
-vento. Utilize a cola quente para fixar o dos na estrutura de madeira e a lata de lata de refrigerante, encharque o algodão
cata-vento no centro do arame. refrigerante em cima dos parafusos. com álcool, coloque-o dentro da tampa
de metal e acenda-o com o fósforo.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 45


CAPÍTULO

2 VIDA, MATÉRIA E ENERGIA

Competências

▶ C1, C2 e C3

Habilidades

▶ H1, H4, H9, H10, H14 e H15

K
OC
ST
TER
UT
SH
EI/
EF
SZ

Raios solares penetrando em


um trecho de Mata Atlântica.
A ECOLOGIA
Com certeza, você deve ter ouvido falar sobre coisas ou atitudes ecologicamente corretas,
certo? Também, provavelmente, já sabe que é ecológico reciclar o lixo, ou resíduo sólido,
como agora é chamado. Ou, ainda, já ouviu falar de um eco-resort, ou de um ecoparque.
Você conhece o significado dessas expressões? A que elas remetem?

AMBIENTE TOTAL
O termo ecologia e o seu prefixo eco entraram em voga no Brasil principalmente
a partir dos anos 1990, com a Eco 92 – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento –, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, em 1992.
Nesse evento, que teve a intenção de introduzir a ideia de desenvolvimento sustentável,
um modelo de crescimento econômico menos consumista e mais adequado ao equi-
líbrio ecológico, reuniram-se representantes de 128 países para decidir ações que visavam
diminuir a crescente degradação ambiental. Desde então, o termo eco vem se tornando cada
vez mais popular. Logotipo da Conferência das Nações
No entanto, o que é a ecologia? O que ela tem a ver com a degradação ambiental e o desen- Unidas sobre o Meio Ambiente e o
volvimento sustentável? E com os produtos e estabelecimentos com o prefixo “eco”? E, finalmente, Desenvolvimento, realizada no Rio
o que tem a ver com vida, matéria e energia? de Janeiro, em 1992.
Ecologia é a ciência que estuda a interação dos seres vivos entre si e com o ambiente em que
vivem. O termo ecologia tem origem do grego, oikos, casa, e logos, estudo. Portanto, ecologia é, lite-
ralmente, o estudo da casa, ou seja, do ambiente onde estão incluídos os organismos, o meio físico
e suas inter-relações.
Para entender melhor a ecologia, vamos retomar a imagem do capítulo anterior, quando trata-
mos da organização dos seres vivos. A ecologia estuda a vida nos níveis de populações, comunidades
(biocenose), ecossistemas e a biosfera como um todo.

NOPAINNOGAIN/SHUTTERSTOCK

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS

Níveis de organização dos seres vivos


na natureza, do átomo à biosfera.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 47


População: conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que habitam determinado lugar
ou ambiente, interagem uns com os outros e apresentam maior chance de reprodução entre si. Vale
lembrar que os indivíduos de uma mesma espécie são geneticamente semelhantes e, ao cruzarem-se,
deixam descendentes férteis. Como exemplo de populações podemos citar gnus na savana africana,
tamanduás de um trecho do Cerrado brasileiro, elefantes de uma savana, sequoias da Califórnia,
entre outros.

JO CREBBIN/SHUTTERSTOCK
População de gnus migrando na savana africana.

VOLODYMYR GOINYK/SHUTTERSTOCK
Comunidade
ou biocenose: con-
junto de populações
de uma área ou um
ambiente que po-
dem estabelecer re-
lações entre si. Como
exemplo, podemos
citar os tamanduás,
os cupins e as gramí-
neas de certo trecho
do Cerrado brasileiro
ou diferentes popu-
lações em um recife
de coral.
Diversas populações de diferentes
animais interagindo em uma
comunidade de um recife de coral.

Ecossistema: interação entre os compo-

SHUTTERSTOCK/ DAMSEA
nentes bióticos e abióticos de uma área ou
um ambiente. Os componentes bióticos são
representados pelos seres vivos, ou seja, pelas
comunidades. Já os fatores abióticos são os
componentes físicos do ambiente, como o
solo, a luz, o calor, a umidade, entre outros. Um
exemplo de ecossistema pode ser um mangue-
zal, um lago, um rio, uma praia, um gramado,
uma floresta e até mesmo uma cidade.
Manguezal do mar do Caribe. Manguezal é um ecossistema localizado em faixas de marés
no encontro de rios com o mar, principalmente em regiões tropicais. No ecossistema da
imagem, há espécies vivendo acima e abaixo da superfície da água salobra.

48 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Bioma: região biogeográfica com características macroclimáticas, fitofisionômicas, de altitude e
solo semelhantes, compostas pela união de ecossistemas adjacentes. Os biomas terrestres brasileiros,
por exemplo, são Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Pampas. Em outros lugares
do mundo, são conhecidos biomas como as Tundras, a Savana africana, a Floresta Boreal, entre outros.

KLEBER CORDEIRO/SHUTTERSTOCK
Paisagem típica do bioma Caatinga, localizado no Nordeste brasileiro.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Biosfera: é o conjunto de todos os biomas terrestres e aquáticos da Terra,
sendo a faixa habitável do planeta pelos seres vivos. Essa faixa tem um limite

MARIAIT/SHUTTERSTOCK
aproximado de 11 000 metros de profundidade nos oceanos e 7 000 metros
de altitude. A ocupação nessa faixa não é homogênea, pois os seres vivos
habitam em lugares com condições de temperatura, pressão, umidade, entre
outras, que são mais favoráveis. De maneira geral, há maior diversidade nas
regiões próximas à linha do Equador, em regiões de menor altitude e também
nas áreas mais úmidas. Os polos, os lugares de elevada altitude e os desertos
apresentam menor biodiversidade.
Outro conceito importante é o habitat, o local específico ou região na
qual um ser vivo habita e desenvolve suas atividades ao longo da vida. Pode
se referir à espécie como um todo ou apenas a determinada população. Por
exemplo, os habitats da espécie tamanduá-bandeira podem ser campos, flo-
restas tropicais e áreas abertas.
De maneira geral, o objeto de estudo da ecologia é a dinâmica das po-
pulações, suas interações dentro de uma comunidade e como influenciam
o meio ambiente ao seu redor, determinando, o funcionamento e equilíbrio
de um ecossistema, de um bioma e até mesmo da biosfera. Portanto, trata-se
de um ramo da Biologia altamente complexo que envolve diversas outras
ciências, como a Química, a Física, a Geologia, as Geografias Física e Humana,
a Meteorologia, a Oceanografia, a Matemática, entre outras.
Com base nos estudos da ecologia, podemos perceber como as ações Representação da biosfera, composta por atmosfera, hidrosfera e
humanas interferem no ambiente e o afetam. litosfera, mostrando sua abrangência em altitude e profundidade.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 49


A ENERGIA E A MATÉRIA NO AMBIENTE
Como vimos anteriormente, os seres vivos são formados por matéria e a retiram do ambiente
em que vivem. Além disso, os compostos orgânicos que os formam são complexos e têm origem
em substâncias inorgânicas simples e; portanto, para serem formados, necessitam de energia. De onde
vem essa energia? Como ela é utilizada pelos seres vivos?
Você já deve ter ouvido a frase: “Se alimente para crescer forte!” de algum familiar. Para crescer,
precisamos de alimentos; mais especificamente, necessitamos dos nutrientes presentes neles. Esses
nutrientes irão nos fornecer matéria-prima para nossa composição, além da energia para realizar as
diferentes atividades vitais do dia a dia. Os alimentos consumidos pelos organismos têm origem em
outros seres vivos ou de parte deles.
Alguns seres vivos, entretanto, não se alimentam de outros seres vivos, pois produzem subs-
tâncias orgânicas por meio de substâncias inorgânicas simples. Um exemplo são os vegetais, que
sintetizam seu alimento em um processo chamado fotossíntese. Dessa forma, os seres vivos podem
ser classificados como heterótrofos, quando se alimentam de outros seres vivos ou de suas partes,
ou autótrofos, quando produzem seu próprio alimento.

Fotossíntese
Qual é a origem da energia dos alimentos? Veremos mais adiante que a energia não é produzida
e sim transformada. A principal fonte de energia para a produção de alimentos provém do Sol na
forma de energia radiante luminosa. Assim, vem do Sol toda a energia presente nos alimentos que
nós e todos os seres vivos utilizamos para nos movimentar, crescer e pensar. Vamos entender melhor
como isso é possível.
A energia dos raios solares luminosos é captada por uma molécula chamada clorofila, presen-
te nas células dos organismos autótrofos. Essa molécula, por meio de processos físicos e químicos
específicos, usa essa energia para sintetizar moléculas orgânicas (carboidratos) a partir de moléculas
simples como água e gás carbônico. Esse processo é chamado fotossíntese, do grego phos, luz, e
synthesis, síntese.
Quimicamente, na fotossíntese, ocorre a reação entre a água (H2O) e o dióxido de carbono
(CO2), na qual a energia luminosa é absorvida, formando um carboidrato, a glicose (C6H12O6), e
também um produto residual, o gás oxigênio (O2). A reação química da fotossíntese é representada
pela equação geral abaixo.
Dióxido de Carbono + Água Glicose + Oxigênio
Luz Solar

Esquema da estrutura de um cloroplasto, CO2 + 6 H2O C6H12O6 + 6 O2


organela sede da fotossíntese em seres Luz Solar
formados por células eucariontes vegetais.
Apesar de o gás oxigênio ter sido, inicialmente, um resíduo da fotossíntese, na história evolutiva
do planeta ele se tornou essencial com o surgimento dos primeiros seres vivos aeróbios (que utilizam o
Cloroplasto
gás oxigênio para a conversão de nutrientes em energia). Desde então, a fotossíntese tornou-se essencial
também para a produção desse gás, que é em grande parte liberado
DESIGNUA/SHUTTERSTOCK

DNA na atmosfera e, então, torna-se disponível para os seres vivos em geral.


Membrana externa
Estroma A fotossíntese pode ser realizada por bactérias, algas e vegetais,
Membrana interna e nestes dois últimos grupos de seres vivos ela ocorre em uma or-
Plastos
ganela celular chamada cloroplasto, onde se encontra a molécula
de clorofila. O cloroplasto apresenta uma membrana externa e uma
Ribossomos interna com um espaço entre elas (intermembranoso) e estruturas
internas em forma de discos empilhados, os tilaoides, onde está a
Tilacoides
clorofila. Além disso, os cloroplastos têm DNA próprio diferente do
DNA do núcleo. Isso reforça a hipótese de que essas organelas eram
Grão de amido
seres vivos independentes que, em algum momento, foram engloba-
dos por células passando a viver em simbiose com elas.

50 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Na fotossíntese, parte da energia luminosa quebra a molécula de água liberando o hidrogênio e o
oxigênio. Ao mesmo tempo, outra parte é absorvida pela clorofila para produção de ATP (adenosina
trifosfato), uma molécula envolvida na transferência energética nas células, responsável por armazenar
temporariamente a energia produzida. Em seguida, a energia contida nas moléculas de ATP é usada
na reação entre o CO2 e o hidrogênio (H+) proveniente da água, formando os carboidratos. Os íons de
oxigênio (O2−) originados da molécula de água irão formar gás oxigênio (O2), que será em grande parte
liberado para o ambiente, misturando-se à atmosfera.
Portanto, o processo de fotossíntese é, em grande parte, o responsável pela produção da matéria
orgânica existente nos seres vivos e na natureza, sendo os organismos fotossintetizantes a base das
cadeias alimentares marinhas e terrestres.

Fotossíntese

TRGROWTH/SHUTTERSTOCK
Luz do sol

Oxigênio
O2

2
Clorofila
Alimento
Dióxido de CO2
Carbono
Oxigênio
O2

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Molécula que capta a luz
do sol para iniciar o pro-
cesso de fotossíntese.

3
Água
Água e dióxido de carbono
são dois dos principais
ingredientes necessários
para a fotossíntese.

O átomo de hidrogênio se
combina com o dióxido de
carbono produzir a glicose (um
A fotossíntese quebra as moléculas de água, carboidrato) que a planta usar
separando os átomos de hidrogênio e oxigênio. como alimento.
O oxigênio é liberado para a atmosfera.

A fotossíntese não é o único processo realizado para a produção de matéria orgânica. A produ-
ção de alimento também pode ser realizada por meio da quimiossíntese. Nesse processo, a fonte
de energia para a síntese de carboidratos e gás oxigênio, a partir de dióxido de carbono e água, vem
de uma reação química primária que acontece no ambiente.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 51


Quimiossíntese

Diferentes tipos de quimiossíntese


Bactérias quimioautotróficas
Realizam a oxidação de compostos inorgânicos como fonte de energia para a síntese de substâncias orgânicas a partir do CO2.
Bactérias de enxofre oxidantes: H2S S SO42−
Metanotróficos: CH4 (metano) CO2
+ Energia
Bactérias nitrificantes: NH4+ NO−2 NO3−
Bactérias de ferro oxidantes: Fe2+ Fe3+

Nitrosomonas sp.
2 NH3 + 3 O2 2 NO2 + 2 H2O + 2 H+ + Energia
Nitrobacter sp.
2 NO2 + O2 2 NO3 + Energia

CO2 + H2O + Energia Compostos orgânicos + O2

A quimiossíntese pode ser realizada na ausência de luz, então ocorre preferencialmente nesse
tipo de ambiente, onde os seres quimiossintetizantes apresentam uma vantagem em relação aos
fotossintetizantes, por exemplo em regiões abissais do oceano ou embaixo do solo. Os seres qui-
miossintetizantes são normalmente bactérias.
Os carboidratos produzidos na fotossíntese e na quimiossíntese, normalmente a glicose, podem
ser usados para produzir energia para a célula, ou serem armazenados na forma de amido (principal-
mente em vegetais) ou outros carboidratos complexos. A glicose restante é usada como base para
a produção de outras moléculas orgânicas como os lipídios, ou, com a adição de nitrogênio, produz
outras moléculas, como aminoácidos, ácidos nucleicos e vitaminas.
EXPERIMENTANDO
Neste experimento, vamos realizar
VLADIMIR ARNDT/
SHUTTERSTOCK

uma demonstração da ocorrência da Observação: o sistema experimental montado no


fotossíntese em plantas aquáticas. interior do béquer não deve conter ar, devendo ficar total-
mente imerso.
Materiais:

LAB212
▶ 1 béquer ou recipiente de vidro
IMAGENS SEM ESCALA.
Elodea sp., planta aquática em
▶ 1 funil de vidro um aquário.
CORES FANTASIA.

▶ 1 tubo de ensaio
▶ 1 litro de água
▶ 1 luminária
▶ 1 maço de Elodea sp. (planta aquática). Esquema da
montagem do
Procedimento: experimento.
▶ Despejar todo o volume de água no interior do béquer;
1. Crie uma hipótese sobre o que ocorrerá após 24h.
▶ Submergir a planta aquática;
Resposta: espera-se que o aluno indique que poderá ser observado a
▶ Introduzir o funil, colocando sua abertura maior para baixo, de
formação de bolhas na água.
forma a envolver a planta;
2. Explique suas observações, com base no conteúdo estudado
▶ Tampar a abertura menor do funil com o tubo de ensaio.
neste capítulo.
▶ Posicionar uma luminária externamente e lateralmente ao béquer, Resposta: na presença de luz, a planta faz fotossíntese, que tem
mantendo a lâmpada acesa. Aguardar ao menos 24 horas.
como um dos produtos o gás carbônico (bolhas na água).

52 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


PARA CONSTRUIR
1 Identifique alguns fatores ambientais que influenciam nas características de um ecossistema terrestre, como um bosque. Indi-
que quais fatores são bióticos e quais são abióticos.
H8
Resposta: abióticos: temperatura, umidade, luz, características do solo.
Bióticos: incluem os serem vivos que fazem parte do ecossistema, como plantas, animais, fungos, bactérias.

2 A biosfera é o conjunto de todos os biomas terrestres e aquáticos da Terra, sendo a faixa habitável do planeta pelos seres vivos.
Identifique os três componentes da biosfera.
H8
Resposta: a biosfera é dividida em: hidrosfera, atmosfera e litosfera. A hidrosfera é formada pelo conjunto de corpos de água (oceanos, mares,
rios, lagos, águas subterrâneas) A atmosfera é formada por diversos gases, incluindo oxigênio, que é essencial à vida. A litosfera compreende
a crosta terrestre e parte superior do manto terrestre.

3 Em um experimento, um estudante construiu três terrários em frascos de vidro hermeticamente fechados com a seguinte
composição:
H11
▶ Frasco 1: solo e planta.
H14 ▶ Frasco 2: solo e besouro.
▶ Frasco 3: solo, planta e besouro.
O solo de todos os frascos foi umedecido antes de serem fechados.

Após alguns dias o estudante percebeu que o besouro do frasco 2 havia morrido, e as plantas dos frascos 1 e 2 e estavam vivas, e
o besouro do frasco 3 também. Explique por que os seres vivos dos fracos 1 e 3 sobreviveram e do frasco 2 não.
Resposta: os terrários funcionam como miniecossistema, como está fechado há ciclagem dos elementos: nutrientes, água e gases presentes
no ar. No frasco 3, a planta, ao fazer fotossíntese, produz oxigênio que e utilizado por ela e pelo besouro, além de fornecem alimento ao besouro.
No frasco 2, em razão da ausência da planta, o besouro morre, pois acaba o oxigênio e também porque fica sem alimento. No frasco 1, a planta
é autossuficiente em alimento e oxigênio por fazer fotossíntese, como já foi mencionado.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


4 "Suco de clorofila limpa organismo de toxinas e ajuda a emagrecer"

H1
A clorofila é o pigmento verde das plantas, substâncias existentes nas células vegetais e é muito importante para
a saúde, pois sua ação é antibacteriana, limpa nosso organismo de todas as impurezas e toxinas. Também conhecida
como suco da luz, a bebida ficou popular nos últimos anos por ser difundida entre as artistas que buscam uma boa
forma, mas também pelas suas inúmeras propriedades. Entre os benefícios do suco de clorofila estão o de eliminar as
toxinas do sangue e aliviar a irritabilidade, deixando a pessoa mais relaxada.
BARCELLOS, Yasmin. Suco de clorofila limpa organismo de toxinas e ajuda a emagrecer. Terra. Disponível em: <https://www.terra.com.br/vida-e-
estilo/saude/nutricao/suco-de-clorofila-limpa-organismo-de-toxinas-e-ajuda-a-emagrecer,b5b3a38234ae9310VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html>.
Acesso em: 25 fev. 2019.

Hoje é comum encontrarmos suco de clorofila em frutarias e bancas de sucos naturais. Por meio da interpretação do texto e
com base em seus conhecimentos, descreva o que é a clorofila e qual é sua função nos seres vivos? Onde ela se localiza nos
seres eucariontes?
Resposta: a clorofila é uma molécula capaz de absorver a energia luminosa e converter a luz em energia química para síntese de
carboidratos. Nos seres eucariontes ela se localiza nos cloroplastos.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 53


FAÇA VOCÊ MESMO
1 (Exercício Adaptado de Simulado X/ UNIFOR - CE) O esquema a seguir mostra os fatores ambientais em que um gafanhoto vive.
Alguns desses fatores são bióticos e outros são abióticos.
H8
plantas

SIMULADO X/ UNIFOR - CE
H14 luz vento

parasitas Gafanhotos

umidade predadores
outros

a) Identifique os fatores bióticos e abióticos do esquema.


Resposta: bióticos: gafanhoto, plantas, predadores, parasitas.
Abióticos: luz, vento, umidade.

b) Explique o que aconteceria com a população de gafanhotos se a população de predadores aumentasse muito.
Resposta: a população de gafanhotos diminuiria, pois seria consumida pelo excesso de predadores.

2 Leia o texto e responda o que se pede.


H1
Um vazamento de petróleo se espalha pelos nove Estados do Nordeste e chega ao litoral do Rio de Janeiro e do
H15 Espírito Santo, no Sudeste. O poluente foi identificado em uma vasta área da costa brasileira. O governo federal afirma
que análises já apontaram ser petróleo cru, de origem desconhecida e de tipo não produzido no Brasil.
CORDEIRO, F. Entenda o vazamento de petróleo nas praias do Nordeste e do Sudeste. Disponível em: < https://sustentabilidade.estadao.com.br/
noticias/geral,entenda-o-vazamento-de-petroleo-em-praias-do-nordeste,70003026922>. Acesso em: 12 fev. 2020.

O petróleo derramado na costa brasileira prejudica seriamente os ecossistemas marinhos e costeiros. Realize uma pesquisa
sobre as consequências de derramamentos de petróleo e:

a) Explique de que forma o derramamento interfere nos ecossistemas marinhos.


Resposta: a camada de óleo formada na superfície da água impede que a luz do sol penetre na água, o que interfere na produção primária
dos organismos fotossintetizantes presentes no plâncton, ocasionando falta de alimento em toda a cadeia, além disso, o óleo é tóxico para
os organismos, levando-os a morte.

b) Proponha formas de prevenção de derramamentos.


Resposta: resposta pessoal. Os alunos podem citar uso de embarcações preparadas, extração dentro da capacidade do tanque de coleta,
manutenção de equipamentos, dentre outros.

54 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


3 (Unicamp-SP) No século XVIII foram feitos experimentos simples mostrando que um camundongo colocado em um recipiente
de vidro fechado morria depois de algum tempo. Posteriormente, uma planta e um camundongo foram colocados em um
H4 recipiente de vidro, fechado e iluminado, e verificou-se que o animal não morria.
H11 a) Por que o camundongo morria no primeiro experimento?
Resposta: o camundongo morria por ter esgotado, pela sua respiração, o oxigênio existente na atmosfera do recipiente de vidro.

b) Que processos interativos no segundo experimento permitem a sobrevivência do camundongo? Explique.


Resposta: no segundo experimento, devido a presença da planta, ocorre o processo de fotossíntese que produz gás oxigênio que o
camundongo utilizará em sua respiração.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


4 A quimiossíntese e a fotossíntese são os processos de síntese de matéria orgânica pelos seres vivos autótrofos. Estabeleça uma
comparação de semelhanças e diferenças gerais entre esses dois processos. Você deve apresentar ao menos três semelhanças
H8
e três diferenças. Registre suas ideias na tabela abaixo.

Fotossíntese Quimiossíntese Ambos

Resposta pessoal.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 55


Consumidores Fluxo de energia e matéria nos seres vivos

NOPAINNOGAIN/SHUTTERSTOCK
quaternários
Os nutrientes produzidos pela fotossíntese ou pela quimiossíntese são utiliza-
dos no metabolismo dos seres autótrofos e, em grande parte, são incorporados em
seus tecidos, ficando disponíveis para os seres heterotróficos que os consomem.
A produtividade primária bruta (PPB) é o total de carboidratos e energia
produzidos pela fotossíntese convertido em energia química pelos seres autótro-
fos (seres produtores) em um certo período de tempo. Parte dessas moléculas
Consumidores são consumidas nos processos celulares e o restante é incorporado, como men-
terceários
cionamos acima. A energia na forma de compostos orgânicos, fica disponível
para os seres vivos heterotróficos e chamada de produtividade primária líquida
Consumidores (PPL). Portanto:
secundários

Produtividade primária líquida = Produtividade primária bruta –


Taxa de respiração

Consumidores Os seres heterotróficos são chamados consumidores, uma vez que não
primários
produzem seus próprios nutrientes orgânicos, tendo de obtê-los por meio da
alimentação. Os consumidores podem se alimentar de produtores, sendo, então,
chamados consumidores primários. Se um ser vivo se alimentar de um consumi-
dor primário, será classificado como consumidor secundário, e se esse indivíduo
Produtores
primários se alimentar de um consumidor secundário, será classificado como consumidor
terciário e assim por diante. Vejamos um exemplo.
Na figura ao lado, há um exemplo de cadeia alimentar de um ambiente ma-
rinho. O fitoplâncton é composto por seres autotróficos, portanto, produtores
Esquema de uma cadeia alimentar que ocupam o primeiro nível trófico. Os indivíduos do zooplâncton se alimentam do fitoplâncton,
marinha. São representados, de baixo sendo então, consumidores primários e ocupando o segundo nível trófico. Os peixes menores se
para cima, o fitoplâncton (produtor),
o zooplâncton (consumidor primário),
alimentam do zooplâncton, atuando como consumidores secundários e ocupando o terceiro nível
peixes pequenos (consumidores trófico. Na sequência, os peixes pequenos serão fonte de alimento para peixes grandes como o atum,
secundários), peixes grandes consumidores terciários, ocupando o quarto nível trófico. E, por fim, os tubarões ao se alimentarem
(consumidores terciários) e tubarões de peixes grandes como o atum, tornam-se consumidores quaternários, ocupando o quinto nível
(consumidores quaternários). As setas
indicam o fluxo de matéria e energia ao
trófico. Vale lembrar que, em uma representação de cadeia alimentar, as setas indicam o fluxo de
longo da cadeia. matéria e energia, e apontam para quem está se alimentando.
Em um ambiente ou ecossistema, os organismos muitas vezes não são consumidos em sua
totalidade, sobrando partes de seus corpos, ou até mesmos seus corpos inteiros, sem que sejam
consumidos; mas esses restos mortais não permanecem no ambiente indeterminadamente. O que
acontece com esses cadáveres ou restos mortais?

PHILLIPE WOODHEAD/SHUTTERSTOCK

Carcaça de animal se decompondo na savana africana, durante a época de seca.

56 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Notamos que, após

RATTIYA THONGDUMHYU/SHUTTERSTOCK
algum tempo, os restos
mortais como pedaços de
carne, órgãos, ossadas de
animais, ou ainda folhas e
galhos de vegetais simples-
mente apodrecem. Mas o
que é apodrecer? Veremos
adiante que a deterioração Rhizopus (mofo de pão), um
da matéria orgânica é um gênero de fungos saprófitas
exemplo de reação química, comuns, visto sob o microscópio.
causada pela ação de seres
vivos que utilizam essa matéria como alimento,

NOPAINNOGAIN/SHUTTERSTOCK
chamados de decompositores, representados
principalmente por bactérias e fungos.
Portanto, paralelamente às relações alimen-
tares representadas em uma cadeia alimentar,
estão os decompositores. Para representar essa
relação, incluímos setas partindo de todos os
consumidores e produtores apontando em di-
reção aos decompositores que irão consumir os
Esquema
restos mortais dos outros seres vivos, como no
mostrando
exemplo ao lado. duas cadeias
Os decompositores têm enorme impor- alimentares
tância no equilíbrio das cadeias alimentares, convergentes.
Em destaque,
pois quebram as moléculas orgânicas comple- no centro da figura
xas em estruturas mais simples. Devolvendo os são representados
nutrientes ao ambiente. Isso será visto com mais os seres vivos
detalhes no estudo dos ciclos biogeoquímicos. decompositores
que irão se nutrir dos
Na figura ao lado, que ilustra a participação restos mortais de
dos decompositores em um ambiente, notamos outros seres vivos.
que chegam duas setas à raposa, mostrando

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


que ela pode se alimentar do pequeno roedor

VECTON/SHUTTERSTOCK
ou do texugo. Então, a raposa é um consumidor
de que ordem? Que nível trófico ela ocupará?
As cadeias alimentares ilustram uma pos- Lobo
Leão da
Montanha Gato
sibilidade de fluxo de matéria e energia entre os
seres vivos de um ecossistema e suas relações
alimentares. No entanto, um ser vivo pode se
alimentar de diferentes organismos, ocupando
assim diferentes níveis tróficos. No exemplo aci-
ma, a raposa pode ser um consumidor terciário Gambá Lagarto Fuinha
Águia
ou quinquenário, ocupando, respectivamente, Lebre
o quarto e o sexto nível trófico.
Para representar essa gama de possibilida-
des alimentares e fluxos de matéria e energia em
um ecossistema, existem o que chamamos teias
alimentares, nas quais são apresentadas diversas
ou todas as possibilidades alimentares. Rato Representação de
Sapo Borboleta Esquilo Veado
Portanto, a energia e a matéria fluem nos Trepadeira-azul uma teia alimentar.
seres vivos pelas relações alimentares. A energia Matéria e energia
provenientes de
luminosa do Sol é convertida em energia quími- cada animal são
ca pela fotossíntese e quimiossíntese, incorpo- representadas por
rando matéria ao longo das cadeias alimentares. uma cor diferente.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 57


Pirâmides ecológicas
Você já ouviu falar em equilíbrio ecológico? Quando pensamos em equilíbrio ecológico, temos
de considerar o número de indivíduos que ocupam cada nível trófico em um determinado ecossis-
tema. Por exemplo, em uma teia alimentar, é possível haver mais consumidores do que produtores
por muito tempo? Qual seria a consequência disso?
A energia convertida em matéria orgânica durante a fotossíntese torna-se disponível para os
próximos níveis tróficos (consumidores e decompositores). Então, em condições ideais, a quantida-
de total de produtores deve ser maior do que de consumidores primários, que, por sua vez, tenderá
a estar em maior número do que os consumidores secundários e assim por diante. Para represen-
tar essa situação, são usadas as chamadas pirâmides de número. Veja o exemplo simplificado na
figura abaixo.

Plantas Produtores

Herbívoros Consumidores primários

ALINABEL/LAB212/SHUTTERSTOCK
Consumidores secundários

Consumidores terciários

Cadeira trófica simplificada


Consumidores quaternários

A figura à esquerda representa uma cadeia alimentar hipotética (de cima para baixo: gramíneas, gafanhotos, pássaros pequenos,
serpentes e corujas). A figura à direita representa uma pirâmide de número referente aos indivíduos da cadeia alimentar ao lado.

Imagine se, no exemplo acima, por algum motivo, houvesse um grande aumento de pássaros
LAB212

A
pequenos causados por uma migração. Como esse aumento afetaria a população de gafanhotos?
Sapos
E a de serpentes? Haveria alguma outra população afetada?
De maneira geral, todas as populações seriam afetadas por aumento ou por diminuição da
Insetos
oferta de alimento. Por isso, o equilíbrio ecológico é tão importante, e alterações em uma população
afetam a estrutura de toda a cadeia.
Plantas As alterações sofridas por uma comunidade ao longo do tempo são chamadas sucessões eco-
lógicas, que, ao se estabilizarem, formarão a comunidade clímax, que ocorre quando as populações
presentes na comunidade mantêm seu número mais ou menos estável, em equilíbrio.
B Em alguns casos, as pirâmides de número podem ter a base menor que o topo, quando os
Peixes indivíduos produtores são de grande porte, como uma árvore. Em uma cadeia alimentar composta
por uma árvore, formigas, pequenos pássaros e grandes pássaros, por exemplo, apenas a árvore de
Zooplâncton grande porte pode ser a base de toda essa cadeia alimentar.
As pirâmides ecológicas podem ser usadas para representar também a biomassa e a energia
Fitoplâncton
transferidas nas cadeias alimentares. Nesse caso, a base, onde estarão os produtores, tenderá a ser
maior que os outros níveis, com exceção das pirâmides de biomassa de ecossistemas aquáticos, pois
o fitoplâncton tende a ter menos biomassa que o zooplâncton. Isso ocorre porque o fitoplâncton
Exemplos de pirâmides ecológicas de
biomassa. No alto, uma pirâmide direta se reproduz muito rapidamente e sua população é constantemente reposta, mantendo a oferta de
e, abaixo, uma pirâmide invertida. alimento ao longo do tempo. Veja alguns exemplos.

58 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


LAB212
Pirâmide de Energia
Consumidores
Perda de 40 kcal/m2/ano secundários
energia
Consumidores
Perda de 600 kcal/m2/ano primários Pirâmide ecológica de energia. As pirâmides de
energia energia são sempre diretas. Nos dois primeiros
níveis, é apresentada a produtividade primária
Produtores
40 000 kcal/m2/ano bruta (PPB) e, no segundo nível, a produtividade
primária líquida (PPL).

LAB212
Número de
consumidores terciários
Número de consumidores
secundários

Número de consumidores
primários Pirâmides ecológicas de número. A imagem
Número de produtores da esquerda representa uma pirâmide direita:
a base (produtores) é maior em relação
aos outros níveis. À direita, é representada
Pirâmide direta Pirâmide invertida pirâmide invertida: a base é mais estreita.

PARA CONSTRUIR
1 Observe a teia alimentar abaixo.

H1

H4
NOPAINNOGAIN/SHUTTERSTOCK

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Analise o papel de cada componente desta teria alimentar e explique o que aconteceria com a retirada dos seguintes componentes:
a) ratos
Resposta: diminuiria a população de raposas que depende deles como alimento (as raposas ainda se alimentaria de ouriços, mas aumentaria
a competição entre elas), além disso aumentaria a população de lagartas, pois não teria predadores.

b) capim
Resposta: desapareceria a população de gafanhotos, pois dependem do capim para se alimentar.

c) serpentes
Resposta: aumentaria as populações de pássaros, pois ficariam sem predadores.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 59


2 Interprete a tabela abaixo e identifique os níveis tróficos de cada organismo.
H1
Organismo e hábito alimentar Nível trófico
H4
Águia (carnívoro) Decompositor
Lebre (herbívoro) Produtor
Gramínea (autótrofo) Consumidor
Fungos e bactérias (saprófagos) Consumidor
Serpente (carnívoro) Consumidor primário

Resposta: gramínea: produtor; lebre: consumidor primário; serpente: consumidor: águia: consumidor; fungos e bactérias: decompositores.

3 Pesquise e descreva uma cadeia alimentar simples de ecossistemas aquáticos. Determine os níveis tróficos de cada componente
da cadeia alimentar.
H8
Resposta pessoal.

4 João, em um jantar durante uma viagem para o Pantanal, comeu uma salada de alface e um bife de carne de jacaré. Já sua esposa,
Silvana, não muito afeita a carnes exóticas, comeu arroz e um filé de frango.
H1
a) Sabendo que os jacarés foram alimentados com carne bovina e o frango com ração à base de milho, quais níveis tróficos
H4 João e Silvana ocuparam durante essa refeição?
Resposta: ao consumir a salada, que é composta por vegetais, João ocupou o segundo nível trófico. Porém, ao consumir o Jacaré, João
ocupou o quarto nível trófico, pois o jacaré ocupa o terceiro nível trófico. Silvana ocupou o primeiro nível trófico ao consumir o arroz que é
um vegetal e o segundo nível trófico ao consumir o frango.

b) Desenhe, de maneira esquemática, a cadeia alimentar de João, descrita no enunciado. Você pode apenas incluir os nomes
dos animais.

Produtor Boi Jacaré João

60 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Pesquise e represente duas cadeias alimentares. Indique 3 componentes que ocupam o mesmo nível trófico.
H4 Resposta pessoal.

H8

2 Parte de uma cadeia alimentar é composta por capim → bois → carrapatos. Analise as pirâmides representadas abaixo e iden-
tifique o tipo de pirâmide de transferência que cada uma representa.
H4

Carrapatos Carrapatos

Boi Boi

Capim Capim

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Resposta: a primeira imagem representa uma pirâmide de biomassa e a segunda imagem representa uma pirâmide de energia

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 61


TIPOS DE ENERGIA E TRANSFORMAÇÃO DE ENERGIA
Vimos que, em um ecossistema, a energia “flui” de um organismo para outro pelas teias alimen-
tares. Grande parte dessa energia provém da energia radiante da luz do Sol, compostas por ondas
eletromagnéticas. Parte dela é convertida em energia química na forma de compostos orgânicos
(como carboidratos) pelo processo de fotossíntese, ficando disponível para outros seres vivos, que
a convertem em outros tipos de energia para realizar suas atividades, a outra parte será armazenada
nos tecidos como matéria orgânica. O que de fato pode acontecer com essa energia? Como ela se
transforma? E o que é energia? Vamos entender melhor a seguir.
Um carro em movimento, um pássaro voando, uma lâmpada acesa, um livro caindo da estante
e uma estrela brilhando são situações bem distintas. Apesar disso, todas elas envolvem diferentes
formas de energia, que se encontram em permanente transformação. Não é fácil dizer o que é energia,
mas é possível entender suas formas e seus processos de transformação. Quantas formas de energia
você conhece?
A energia é um bem natural, assim como a água, o ar, o solo, entre outros. Do ponto de vista do
desenvolvimento das relações econômicas entre as pessoas, as empresas e as nações, grande parte
desses bens passaram a ser encarados como recursos. Assim, no decorrer da história, as sociedades
humanas começaram a comercializar a obtenção, a distribuição e o consumo dos recursos naturais.
Além de bem natural e recurso, do ponto de vista das Ciências da Natureza, a energia é também uma
grandeza física. Grandezas físicas são atributos ou características naturais que podem ser medidas,
como espaço, tempo e velocidade. Já atributos como odor ou textura não podem ser medidos e,
assim, não são grandezas físicas. Cada grandeza apresenta uma definição que a diferencia das outras.
A energia é a única que não apresenta uma definição geral capaz de abranger todas as suas formas
de manifestação. No entanto, é possível definir cada uma das formas em que a energia se apresenta.
Vamos conhecer algumas delas.

Energia cinética de translação


Uma pedra de um quilograma pode ser colocada sobre uma placa de vidro sem quebrá-la.
No entanto, se ela for arremessada contra o vidro provavelmente vai quebrá-lo. Essa capacidade de
quebrar o vidro, que a pedra parada não tem, é dada pela energia cinética de translação – (ECt).
O radical grego cine se refere à movimento, como em "cinema" (imagens em movimento). Na Antigui-
dade, os guerreiros que utilizavam cavalos para se deslocar eram muito mais letais que os soldados que
lutavam a pé, justamente por terem maior energia cinética (relacionada à massa do cavalo e à maior
velocidade que esse animal consegue atingir). Isso fazia com que um golpe de espada executado por
um guerreiro a cavalo fosse muito mais forte que o mesmo golpe executado pelo mesmo guerreiro
a pé. Assim, todo objeto que se desloca com certa velocidade possui energia cinética de translação.

VOJTA HEROUT/SHUTTERSTOCK

O esquiador possui energia cinética


de translação, que aumenta com
sua velocidade de deslocamento.

62 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


BRAVISSIMOS/SHUTTERSTOCK
Energia cinética de rotação
Ao observar um pião totalmente parado e o mesmo
pião girando em altíssima velocidade, mas sem se deslocar,
podemos afirmar que há maior energia na segunda situação.
Qual é o tipo de energia, uma vez que o pião permanece no
mesmo local? Esse é um exemplo de energia cinética de
rotação (ECr). Corpos que giram, como rodas, piões, a Terra,
entre outros, possuem esse tipo de energia.

Energia potencial gravitacional


Você pode apoiar uma melancia sobre sua cabeça sem
correr grandes riscos, mas pode sofrer lesões muito sérias se a
mesma melancia for solta de uma altura de 1 metro acima de
sua cabeça e se chocar contra ela. Qual é a origem da ener-
gia cinética de translação da melancia, indicada na segunda
situação? É a energia potencial gravitacional (EPg), que está
associada à altura a que uma determinada massa se encontra.
Quando um corpo está próximo da superfície da Terra, ou
apoiado nela, o sistema Terra-corpo possui energia potencial
Um carrossel girando possui mais
gravitacional (EPg). Quanto mais alta a massa estiver, maior a energia potencial gravitacional. Sempre energia que o mesmo carrossel
que dois ou mais corpos celestes estão se atraindo, alguma quantidade de energia potencial gravi- parado. E quanto mais rápido o
tacional encontra-se armazenada. É o caso, por exemplo, do sistema Terra-Lua. Outro exemplo é o carrossel girar, maior a sua energia.
represamento de uma grande quantidade de água na construção de uma represa, a massa de água
é represada a uma certa altura e armazena energia potencial gravitacional, que pode se transformar
em energia cinética de translação se houver um caminho por onde a água possa escoar.

Energia potencial elástica


Na compressão ou distensão de uma mola, ao envergar uma lâmina de aço ou esticar um
elástico, armazena-se energia potencial elástica (EPela), que é liberada quando o objeto volta à
forma original.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


DIEGO BARBIERI/SHUTTERSTOCK

Ao esticar a corda do arco e vergar os


limbos superior e inferior, o arqueiro
está armazenando energia potencial
elástica no sistema formado pelo arco e
a flecha. Ao soltar a corda, essa energia
é liberada e transformada em energia
cinética de translação para a flecha.

Energia potencial magnética


Quando você separa um ímã de um prego, por exemplo, há armazenamento de energia po-
tencial magnética (EPm) no sistema. Ao aproximar novamente o ímã do prego, vemos que essa
energia potencial magnética se transforma em energia cinética de translação do prego, fazendo que
ele se mova na direção do ímã.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 63


SEKSAN 99/SHUTTERSTOCK
Energia elétrica
Energia transmitida por cargas elétricas em movimento, na maioria
das vezes, por elétrons. As redes elétricas de uma cidade ou de uma
casa, por exemplo, são feitas com fios metálicos, geralmente de cobre.
Nessas redes, as cargas se movimentam, formando a corrente elétrica, re-
lacionada à movimentação dos elétrons da estrutura atômica do metal.
A energia elétrica (EE) pode ser transformada em vários outros tipos de
energia. Em um chuveiro elétrico, por exemplo, pode se transformar em
calor, ao passar pelo resistor do chuveiro. Em um motor elétrico, pode
se transformar em energia potencial magnética e esta, por sua vez, em
energia cinética de rotação.

Energia térmica
O motor de arranque de um veículo Energia relacionada ao movimento de agitação de átomos ou mo-
é acionado pela energia elétrica, léculas dos corpos. Quanto maior a agitação dessas partículas, maior a energia térmica do corpo.
fornecida pela bateria. Essa energia faz Embora a temperatura e a energia sejam grandezas físicas diferentes, quanto maior a temperatura de
o motor de arranque girar e coloca o
motor do carro em funcionamento.
um corpo, maior sua energia térmica (ET).
M. CORNELIUS/SHUTTERSTOCK

Energia radiante
Energia transportada por radiações eletromagnéticas, como a luz visível (utilizada
na fotossíntese), as ondas de rádio e de TV, os raios X, as radiações infravermelha e ul-
travioleta, as micro-ondas e outras. A energia radiante (ER) – pode ser transmitida
em qualquer meio, mesmo no vácuo, fazendo com que a energia emitida pelo Sol, por
exemplo, chegue até a Terra.

Energia nuclear
É a energia armazenada no núcleo dos átomos e nas partículas que o constituem.
Nos reatores nucleares, usados para geração de energia elétrica, ocorrem reações nas quais
o núcleo dos átomos se quebra (fissão nuclear), transformando a energia nele armazenada
em enormes quantidades de calor. Estrelas obtêm energia a partir de reações nucleares nas
quais diferentes núcleos atômicos se fundem, formando núcleos maiores (fusão nuclear).
Um forno solar utiliza a energia radiante
Reações nucleares de fusão produzem quantidades gigantescas de calor, porém, ainda
do Sol e a transforma em energia térmica, não existem tecnologias para o aproveitamento dessa forma de energia. Em laboratório,
utilizada para cozinhar alimentos. é possível realizar fusões nucleares, mas em quantidades muito pequenas, apenas para estudos.
R. CLASSEN/SHUTTERSTOCK

MARKUS GANN/SHUTTERSTOCK

Em usinas termonucleares (imagem à esquerda), a energia nuclear é obtida a partir da fissão nuclear (“quebra” dos núcleos atômicos em núcleos menores)
enquanto, no interior das estrelas (imagem à direita), a energia nuclear é obtida a partir da fusão nuclear (“junção” de núcleos atômicos formando núcleos
atômicos maiores).

64 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Energia química
Energia armazenada nas ligações químicas entre átomos ou moléculas. É o tipo de energia
presente nos combustíveis, nos alimentos (compostos orgânicos) e nas pilhas e baterias. Quando,
por exemplo, um pedaço de madeira está queimando, a energia química (EQ) nela armazenada se
transforma em energia térmica e luminosa, presentes na chama.

Energia de transferência
Calor (Q) é o nome que se dá à energia térmica que está passando de um corpo para outro
(energia de transferência). Por exemplo, quando as pessoas pegam água da geladeira para beber e a
consideram muito gelada, costumam colocar um pouco de água do filtro, que está à temperatura
ambiente. Nesse caso, a água mais quente perde parte de sua energia térmica para a água mais fria.
As águas se misturam e ambas ficam com a mesma temperatura, ou seja, elas atingem um equilíbrio
térmico. A quantidade de energia térmica que transitou do corpo mais quente para o mais frio se
chama calor. Por isso, se diz que o calor é a energia térmica em trânsito.
Por exemplo, quando uma bola está parada no chão e você a chuta, ela passa a se mover.
A força que seu pé aplicou na bola transferiu energia cinética de translação a ela. Essa energia trans-
ferida do seu corpo para a bola é um trabalho mecânico. Em um carro, é o motor que realiza GLOSSÁRIO
trabalho mecânico. A energia cinética que o motor transfere para o carro tem origem na queima de Trabalho mecânico (TM)
um combustível, como a gasolina ou o álcool. Ao pegar uma pedra no chão e erguê-la acima de sua é o nome dado à energia mecânica
cabeça, a força aplicada para erguer a pedra realizou um trabalho mecânico e transferiu energia para que passa de um corpo a outro por
ela. Enquanto a pedra está em sua mão, parada, não tem energia cinética, porém, a certa altura do meio da aplicação de uma ou várias
chão, o sistema Terra-pedra tem energia potencial gravitacional. Essa energia foi transferida à pedra forças. É uma grandeza vetorial que
permite calcular a variação de ener-
pelo trabalho mecânico feito por você enquanto a erguia. Se você soltar a pedra, enquanto ela cai, a gia sofrida por um corpo.
energia potencial (armazenada) se transforma em energia cinética.

A energia se transforma e se conserva


A energia muda de forma. Passa de mecânica para térmica, de térmica para elétrica, de elétrica
para luminosa e assim por diante. Entretanto, apesar de se transformar, assumindo diferentes formas,
a energia se conserva em termos de quantidade. Para compreender melhor o que se quer dizer por

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


conservação de energia, vamos analisar a seguir uma situação hipotética.
Imagine 100 cubos de gelo, cada um com 10 g, em um total de 1 000 g ou 1 kg de gelo. Se você
deixar esses cubos à temperatura ambiente, com o passar do tempo eles começarão a derreter e
ficarão cada vez menores. Podemos concluir, então, que os 100 cubos de gelo não apresentarão mais
a forma inicial. Calculando-se, no entanto, a massa do gelo restante com a da água líquida resultante
do derretimento, obteremos a mesma massa verificada originalmente nos 100 cubos, ou seja, 1 kg.
Para não perder a água, suponhamos que você coloque o gelo em um balde e recolha a água líquida
com um pano, depositando-a também no balde. Após algum tempo, todo o gelo terá derretido, não
sobrando mais cubos. Ao medir, porém, a massa de água – sem considerar o balde –, você constata
que há somente 900 g. Como isso é possível se ninguém retirou água do balde?
Uma provável explicação é a de que parte da água evaporou e parte ficou no pano utilizado
para recolhê-la, completando assim os 100 g que faltavam. Isso, portanto, não significa que a água
deixou de existir. Ela só não está mais no estado líquido, dentro do balde, e sim no pano e também
dispersa na atmosfera. Nessa situação, podemos afirmar que a quantidade de água se conservou,
apresentando a mesma massa nas situações inicial e final, embora em alguns momentos tenhamos
a impressão de que ela variou. Apesar de não ser visível como a água, a energia também se con-
serva. De modo similar à água, que se apresenta em diferentes estados (líquido, sólido ou vapor),
a energia também pode se manifestar de diferentes formas (energia cinética, térmica e sonora,
por exemplo). Embora várias transformações sejam possíveis, as quantidades de água e de energia
se conservam.
Em todas as situações em que aparentemente a energia diminui ou aumenta, pode-se identifi-
car para onde vai ou de onde vem a energia supostamente perdida ou acrescida, respectivamente.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado ao caso da água líquida.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 65


Quando se recolhe a água com um pano, sempre uma parte fica retida nele, por mais que seja
torcido. Se considerarmos somente a água transferida para o balde, verificaremos que a quantidade
de água diminui. Contudo, se levarmos em conta a quantidade retida no pano, perceberemos que a
quantidade de água se mantém inalterada. De maneira semelhante, nas transformações de energia, há
sempre uma parte dela que se dissipa, convertendo-se em outras formas de energia, como sonora e
térmica, por exemplo. Assim, se não levarmos em conta essa energia dissipada, teremos a impressão
de que ela não se conserva. Por isso, quando a quantidade de energia parece variar é preciso buscar
formas de energia dissipadas ou outras fontes que possam estar fornecendo energia.

PARA CONSTRUIR
1 (Adaptado de IFRS - 2017) O salto com vara é uma das modalidades do atletismo, em que o competidor inicia com uma corrida
e deve passar por cima de um sarrafo (barra), usando a vara como apoio, sem derrubá-lo. Identifique e explique a sequência de
H6 transformações de energia que ocorrem durante a execução dessa modalidade esportiva.

H4 Resposta: o atleta obtém energia cinética durante a corrida, ela é transformada em energia potencial elástica quando a vara é cravada no solo,
que novamente é transformada em energia cinética quando o atleta ganha velocidade para executar o movimento de subida. Ao chegar na altura
máxima, a energiaé transformada em potencial gravitacional, que novamente transforma-se em energia cinética durante a queda até o solo.

2 Identifique as transformações de energia que ocorrem nos itens a seguir.


H6 a) O uso de um secador de cabelo.
Resposta: transformação de energia elétrica em energia térmica.

b) Uma pessoa que escorrega em tobogã.


Resposta: transformação de energia potencial gravitacional em energia cinética.

c) Queima de carvão em uma usina termoelétrica para a produção de energia para fornecimento e consumo residencial.
Resposta: transformação de energia térmica em energia elétrica.

FAÇA VOCÊ MESMO


1 (Enem) A figura ilustra uma gangorra de brinquedo feita Nesse brinquedo, observa-se a seguinte sequência de
com uma vela. A vela é acesa nas duas extremidades e, ini- transformações de energia:
H6
cialmente, deixa-se uma das extremidades mais baixa que
a) energia resultante de processo químico → energia po-
a outra. A combustão da parafina da extremidade mais bai-
tencial gravitacional → energia cinética.
xa provoca a fusão. A parafina da extremidade mais baixa
da vela pinga mais rapidamente que na outra extremida- b) energia potencial gravitacional → energia elástica →
de. O pingar da parafina fundida resulta na diminuição da energia cinética.
massa da vela na extremidade mais baixa, o que ocasiona
c) energia cinética → energia resultante de processo
a inversão das posições. Assim, enquanto a vela queima,
químico → energia potencial gravitacional.
oscilam as duas extremidades.
d) energia mecânica → energia luminosa → energia po-
ENEM 2014

tencial gravitacional.
e) energia resultante do processo químico → energia lu-
minosa → energia cinética.

66 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


2 (UFRN – adaptado) As usinas nucleares funcionam a partir Dentre os processos indicados na tabela, ocorre conserva-
da grande quantidade de calor liberada pelas reações nu- ção de energia: Resposta: alternativa a.
H6
cleares. O calor é absorvido por um circuito de água primá- a) em todos os processos.
H rio, do tipo ciclo fechado. Esse circuito fica em contato com
9
outro, o circuito secundário, que, por sua vez, produz vapor b) somente nos processos que envolvem transformações
de água a uma alta pressão, para fazer girar uma turbina de energia sem dissipação de calor.
capaz de acionar um gerador elétrico, conforme mostra, es- c) somente nos processos que envolvem transformações
quematicamente, a figura abaixo. Resposta: alternativa d. de energia mecânica.
d) somente nos processos que não envolvem energia

UFRN 2010
Reator Turbina a vapor Torre de
química.
Vapor refrigeração
de Gerador e) somente nos processos que não envolvem nem ener-
água elétrico gia química nem energia térmica.
Condensador
4 A energia nuclear é liberada em reação que ocorre nos nú-
Circuito secundário Rio, lago cleos atômicos, processo chamado de fissão nuclear. Pesqui-
Circuito primário
ou mar H10
se sobre o processo de funcionamento de uma usina nu-
clear e as consequências de vazamentos para os seres vivos
Com base nas informações acima, a sequência correta das
e responda aos itens a seguir.
principais formas de energia envolvidas nesse processo é:
a) energia nuclear, energia cinética, energia potencial e a) Identifique de onde vem energia presente no núcleo
energia elétrica. dos átomos.
Resposta: a energia está armazenada ente as partículas
b) energia nuclear, energia cinética, energia térmica e en-
ergia elétrica. atômicas donúcleo do átomo, que ao quebrarem liberam grande
quantidade de energia.
c) energia nuclear, energia potencial, energia cinética e
energia elétrica.
d) energia nuclear, energia térmica, energia cinética e en-
ergia elétrica. b) Quais tipos de energia são utilizados no processo
de produção de energia elétrica por meio de usinas
3 (Enem) A tabela a seguir apresenta alguns exemplos de nucleares.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


processos, fenômenos ou objetos em que ocorrem trans- Resposta: a partir da fissão nuclear é gerada energia nuclear.
H1 formações de energia. Nessa tabela, aparecem as direções
Com a liberação desta, a água é aquecida, produzindo energia
de transformação de energia. Por exemplo, o termopar é
H6 térmica, que transforma a água em vapor. O vapor movimenta
um dispositivo onde energia térmica se transforma em
energia elétrica. as turbinas, gerando energia cinética e acionam o gerador,
gerando energia elétrica.

De
Elétrica Química Mecânica Térmica
Em
c) Quais as possíveis consequências de um acidente nu-
Elétrica Transformador Temopar clear para os seres vivos?
Resposta: a energia nuclear é ionizante, ou seja, é capaz
Reações de arrancar elétrons dos átomos. Quando os seres vivos
Química
endotérmicas têm contato com essa energia ionizante, há alterações
(mutações) no DNA das células, que podem causar diversos
Mecânica Dinamite Pêndulo tipos de cânceres,anomalias nos gametas que ocasionam
malformações emfetos, além de causar a morte caso a
exposição à radiação seja imediata ou intensa.
Térmica Fusão

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 67


REAÇÕES QUÍMICAS
Quando estudamos fenômenos, vimos que existem dois tipos: os físicos e os químicos.
Os fenômenos químicos são também chamados de reações químicas.
Nas reações químicas, existe a alteração da matéria, ou seja, uma ou mais substâncias se transfor-
mam em uma ou mais novas substâncias. Dessa forma, reagente(s) se transforma(m) em produto(s).
Algumas reações químicas só ocorrem se determinadas condições estiverem satisfeitas.
Por exemplo, certas reações acontecem apenas se houver uma determinada quantidade de energia
nos reagentes. Outras só acontecem se houver presença de luz, como é caso da fotossíntese, que
estudamos anteriormente. Em algumas reações químicas pode ocorrer o desprendimento de algum
gás, de energia térmica, de luz ou mesmo de alteração da cor. Essas alterações ajudam muitas vezes
a identificar se aconteceu uma reação.
Além dessas características, é possível verificar a rapidez de uma reação. Há reações que acon-
tecem rapidamente, como uma explosão, e outras que ocorrem lentamente, como a oxidação de
uma placa de ferro.
Seguem alguns exemplos de reações químicas:

PICHET CHAIYABIN/SHUTTERSTOCK

LIGHTFIELD STUDIOS/SHUTTERSTOCK
A presença de fumaça, odor, fogo, assim como a mudança de aspecto são
indicativos de reações químicas. Na primeira imagem, ocorre uma reação
de combustão com liberação de calor. Na segunda, há oxidação da maçã.
Na terceira, dióxido de magnésio é adicionado a peróxido de oxigênio
(água oxigenada), formando água e gás oxigênio.

SCIENCE PHOTO LIBRARY

68 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Existem reações que liberam calor e outras que absorvem calor.

AVN PHOTO LAB/SHUTTERSTOCK


As reações químicas podem ser classificadas em relação às características dos reagentes
e dos produtos. São elas: síntese ou adição, análise ou decomposição, deslocamento ou
substituição, simples troca e dupla troca ou dupla substituição.
As reações de síntese ou de adição ocorrem quando temos duas ou mais substân-
cias reagindo entre si e formando uma única nova substância. Veja os exemplos a seguir.
Ao queimarmos um pedaço de carvão, ocorrem diversas reações, pois no carvão
há muitas substâncias diferentes. No entanto, a principal reação é:

C(s) + O2(g) → CO2(g)

Nessa reação, o carvão (C(s)) reage com o oxigênio (O2) do ar du-


rante a queima e forma gás carbônico (CO2).

BENJAMAS11/SHUTTERSTOCK
O gás carbônico (CO2), em contato com a água, forma o ácido car-
Carvão em brasa.
bônico (H2CO3). Esse gás é utilizado em bebidas gaseificadas, como os
refrigerantes.

CO2(g)+ H2O(l) → H2CO3(g)

Outro exemplo é o da queima do magnésio. Magnésio (Mg) é um


metal da família dos alcalinoterrosos e reage com certa facilidade quando

SCIENCE PHOTO LIBRARY


submetido a uma chama na presença de oxigênio (O2). Essa queima libera
uma energia luminosa muito intensa. As primeiras máquinas fotográficas
usavam essa reação química para obter a luminosidade necessária nas fotos
em ambientes escuros (os primeiros flashs). Em bebidas gaseificadas,
é adicionada o gás
carbônico, responsáveis
2 Mg(s)+ O2(g) → 2 MgO(s) pelas acidez e pelas bolhas
formadas nessas bebidas.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


As reações químicas são representadas por equações químicas, como as usadas nos exemplos
acima. Nessas equações, são representadas as transformações a partir das reações dos reagentes para
gerar os produtos. Os flashs das primeiras máquinas
fotográficas eram causados pela reação
Reagentes → Produtos química do magnésio (Mg) com o
oxigênio (O2).

Nessas representações, são usados símbolos e números para descrever as substâncias, as propor-
ções em que reagem e também os estados físicos em que as substâncias se encontram. Os estados
físicos são representados ao lado direito inferior de cada substância entre parênteses. Por exemplo,
na queima do carbono, é possível percebermos que o carbono está no estado sólido e reage com
o oxigênio no estado gasoso, formando gás carbônico também gasoso. Os possíveis estados físicos
que são assinalados nas equações químicas são:

sólido (s)
líquido (l)
gasoso (g)
aquoso (aq)

Apesar da representação aquosa não ser um estado físico, é indicada quando a substância está
dissolvida em água, pois isso interfere na reação.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 69


LEI DE LAVOISIER E LEI DE PROUST
Lei de Lavoisier
Um estudante decidiu investigar a variação de massa em uma reação química. Em uma
balança de precisão (balança de elevada sensibilidade, muito utilizada em laboratórios), colocou
uma quantidade de 267, 26 g de papel. Em seguida, ateou fogo. Após a queima total do papel,
verificou que a massa das cinzas era 261, 25 g. Para onde teria ido o restante da massa aferida pela
balança? Como, em experimentos laboratoriais é frequente que ocorram erros de medição, o
estudante repetiu o experimento, mas novamente a massa após a queima do papel foi menor do
que a aferida no início do experimento.
Após essas primeiras tentativas, o estudante decidiu realizar outro experimento. Aferiu a
massa de uma palha de aço de 228,10 g. Em seguida, com muito cuidado, o estudante aproximou
uma chama da palha de aço, que ficou com uma aparência avermelhada por um tempo e depois
apagou. A palha de aço ficou mais escura e quebradiça. Aferiu o material novamente e se espantou:
a massa era de 229, 83 g, maior do que a massa inicial. Por que, no primeiro experimento, a massa
final era menor e, no segundo, era maior?
Ele decidiu, então, fazer um outro experimento, agora com bicarbonato de sódio e vinagre.
Esse experimento já era conhecido pelo estudante – ele sabia que o bicarbonato de sódio, ao
entrar em contato com o vinagre, provoca uma efervescência e muito gás escaparia. Então, deci-
diu fazer algo diferente dos outros dois experimentos: realizou o experimento em um ambiente
fechado. Ele mediu as massas dos dois reagentes (bicarbonato de sódio e vinagre). Mediu a massa
do recipiente e descontou sua massa (utilizando o botão tara da balança que zera a contagem
mesmo com algo recipiente em cima dela, para que fosse medida a massa dos reagentes e não do
frasco). Em seguida, adicionou o bicarbonato de sódio no recipiente; ao adicionar o vinagre, fechou
rapidamente o frasco e, ao fim do experimento, a massa era exatamente a mesma massa inicial.
Então, o estudante retomou os dois primeiros experimentos realizando-o em ambiente fechado
e, dessa vez, as massas no início e após a reação permaneceram as mesmas.
Experimentos como esse realizado pelo estudante foram feitos por Antoine Laurent Lavoisier
no século XVIII, que o levaram a formular a Lei da Conservação das Massas, publicada em seu livro
“Tratado elementar de Química” (1789), em que diz:

Podemos estabelecer como um axioma incontestável, que em todas as operações da


arte e da natureza nada é criado: existe uma quantidade igual de matéria antes e depois
do experimento; a qualidade a quantidade dos elementos permanecem precisamente as
mesmas e nada acontece além de variações e modificações nas combinações desses ele-
mentos. Deste princípio depende toda a arte de executar experimentos químicos: devemos
sempre supor uma igualdade exata entre os elementos do corpo examinado e aqueles dos
produtos de sua análise.
Lavoisier, A. L. Tratado elementar de química. Tradução L. S. P. Trindade. São Paulo: Madras, 2007 [1789].

Frequentemente esse enunciado de Lavoisier é citado da seguinte forma: “Em uma reação
química feita em recipiente fechado, a soma das massas dos reagentes é igual à soma
das massas dos produtos.” ou, ainda, “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se
transforma”.
Pensando nisso, como você faria para executar o experimento da queima do papel e da palha
de aço em um ambiente fechado para poder comprovar esse enunciado de Lavoisier?

Lei de Proust
Em 1799, o químico francês Joseph Louis Proust sintetizou artificialmente uma substância quí-
mica chamada carbonato de cobre, que é encontrada também na natureza. Com esse dado, entre
outros, ele sugeriu que a composição constante poderia ser característica dos compostos químicos.

70 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Assim, a lei de Proust postula que a massa dos reagentes e produtos de uma reação são manti-
das em proporção fixa e invariável. Como podemos observar na reação de formação da água:
2 H2(g) +O2(g) → 2 H2O(g)
0,5 g 4,0 g 4,5 g
1,0 g 8,0 g 9,0 g
2,0 g 16,0 g 18,0 g

A proporção entre as massas de H2(g) e O(g) é sempre a mesma, ou seja, 1 para 8.

PARA CONSTRUIR
1 As transformações químicas envolvem alterações na matéria. Alguns fatores evidenciam que processos químicos ocorreram.
Identifique alguns desses fatores.
H7
Resposta: aumento de temperatura ou liberação de calor, produção de odores, desprendimento de gás, alteração cor, etc.

2 Ao ingerir bebidas gaseificadas, é possível sentir a formação de bolhas em nossa garganta. O gás carbônico é o responsável por
essa sensação. Ao ser adicionado às bebidas ele produz a seguinte reação:
H7
CO2(g)+ H2O(l) → H2CO3(g)

Sobre essa reação química:

a) Identifique os componentes dessa reação.


Resposta: CO2: gás carbônico; H2O: água; H2CO3: ácido carbônico.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


b) Identifique os reagentes e os produtos dessa reação?
Resposta:
Reagente: CO2(g) e H2O(l).
Produto: H2CO3(g).

3 As moléculas de ozônio na estratosfera podem ser destruídas, como resultado da fotodecomposição pela absorção de fótons
ultravioleta, formando oxigênio. Considere que esta reação seja reproduzida em um sistema fechado e responda:
H7
a) Quanto de massa de gás oxigênio é produzido a partir de 96g de gás ozônio?
Resposta: 96 g de gás oxigênio.

b) Explique por isso aconteceu?


Resposta: Lei de Lavoisier, lei da conservação das massas. Segundo essa lei, em um sistema a soma das massas dos reagentes é igual a
soma das massa dosprodutos. Nesse caso, como há apenas um reagente (gás e ozônio) e um produto (gás oxigênio), a massa de ambos
antes e depois da reação é a mesma.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 71


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Na bula de medicamentos, normalmente, há instruções para mantê-los em recipientes fechados e protegidos de luz e de calor.

H7 a) Explique o por que dessas instruções.


Resposta: a interação do medicamento com o ambiente (calor e luz) pode ocasionar reações químicas e físicas indesejadas.
H9

b) Pesquise quais transformações podem ocorrer em medicamentos inviabilizando seu uso.


Resposta: decomposição dos princípios ativos da fórmula, evaporação de seus componentes, reação dos componentes com o ar
ou umidade, entre outros.

2 Uma tesoura de ferro foi deixada no fundo de uma gaveta por muito tempo. Com o passar do tempo ela enferrujou.
H7 a) Explique o fenômeno que ocorreu com a tesoura. Que tipo de transformação foi observada neste caso?
Resposta: a tesoura é feita de material metálico que reage com a umidade do ar, ocasionando uma transformação química.

b) Pesquise a equação geral do fenômeno observado na tesoura. Como é chamada esse tipo de reação?
Resposta: 2Fe + O2 + 2H2O → 2Fe(OH)2. Essa reação é chamada de oxidação.

3 (Unicamp-SP) Numa balança improvisada, feita com um cabide, como mostra a figura a seguir, nos recipientes (A e B) foram
colocadas quantidades iguais de um mesmo sólido, que poderia ou ser palha de ferro ou ser carvão.
H1
Foi ateado fogo à amostra contida no recipiente B. Após cessada a queima, o arranjo tomou a seguinte disposição:
H7
UNICAMP-SP 2011

Recipientes
H11 com amostras

A Figura I B

Figura II B

72 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


a) Considerando o resultado do experimento, decida se o sólido colocado em A e B era palha de ferro ou carvão. Justifique.
Resposta: palha de aço, pois, em uma reação de combustão, ela reage com o oxigênio do ar formando óxido de ferro. Como o oxigênio
do ar é incorporado no produto da reação, o prato B da balança fica mais pesada.

b) Escreva a equação química da reação que ocorreu.


Resposta: 4 Fe(s) + 3 O2(g) → 2 Fe2O3(s)

4 (UFMG) O óxido de cálcio, cal virgem, reage com o dióxido de carbono, produzindo o carbonato de cálcio. Em um laboratório
de Química, foram realizados vários experimentos cujos resultados estão expressos na tabela a seguir:
H1

H7
Massa de carbonato
Experimento Massa de óxido de cálcio (g) Massa de gás carbônico (g)
de cálcio (g)

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


I 5,6 x 10,0
II y 22,0 50,0
III 56,0 44,0 z

Com base na lei de Lavoisier e nos experimentos realizados, conclui-se que

y
a) =5
x

b) x ⋅ y < z

z
c) = x ⋅ 3,5
5,6

56 22
d) ⋅ =1
y 44
Resposta: alternativa d.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 73


GLOSSÁRIO CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
Efeito estufa Outro exemplo de como a energia, a matéria e os seres vivos interagem e se transformam mu-
fenômeno natural de aquecimento tuamente e constantemente são o que conhecemos como ciclos biogeoquímicos.
térmico da Terra. Pode ser alterado Vimos que, para os produtores realizarem a fotossíntese, eles precisam de dióxido de carbono e
por ação antrópica, como a eleva-
ção da poluição atmosférica e de
água, e que também, para a produção de outras moléculas orgânicas, precisam de nutrientes inorgâ-
gases de efeito estufa, como o gás nicos nitrogenados e à base de outras moléculas como fosfatos (fonte de fósforo), sulfatos (fonte de
carbônico. enxofre), entre outros. A questão é, sendo esses compostos finitos, como os nutrientes se renovam
Aquecimento global no ecossistema? Como é mantida a quantidade de água e outras substâncias disponíveis se elas são
aumento da temperatura média constantemente consumidas pelos seres vivos?
dos oceanos e da atmosfera da Ter- Os seres decompositores possuem um papel importante na renovação destes compostos.
ra causado pela intensificação da
Além dos decompositores, outros seres vivos e fatores não vivos (abióticos) também são impor-
liberação de gases de efeito estufa
na atmosfera. tantes nesse processo.
Todos os elementos que os seres vivos utilizam passam por um ciclo de utilização e renovação
na natureza. São os ciclos biogeoquímicos e estão relacionados com as cadeias alimentares, a energia
e a Lei de conservação das massas.

Ciclo do carbono
Ciclo do carbono
Como vimos, o carbono é o
elemento central dos compostos

DANYLYUKK1/SHUTTERSTOCK
orgânicos, sendo essencial para os
CO2 seres vivos. Esse elemento químico
também está presente em compos-
tos inorgânicos muito impotantes,
como o dióxido de carbono (CO2).
O dióxido de carbono na atmosfera
é utilizado na fotossíntese e incor-
porado nos tecidos das plantas, que
são ingeridas pelos seres consumi-
dores. Os produtores, consumido-
Fotossíntese
res e decompositores (terrestres e
aquáticos) utilizam substâncias or-
gânicas produzidas a partir de car-
bono para produção de energia por
Emissões de
indústrias e processos como a respiração celular,
veículos que tem como produto o dióxido
de carbono, que, então, retorna
para a atmosfera.
Captação do oceano Além disso, parte da matéria or-
Respiração animal gânica não decomposta se acumula
Respiração da planta no interior dos solos e dos oceanos
Carbono sob certas condições, formando fós-
orgânico seis, como carvão e petróleo (vale
lembrar que esse processo demora
Organismos em Carbono milhões de anos). Os combustíveis
decomposição mineral fósseis, ao serem utilizados pelo ho-
Respiração
mem, por meio de sua queima, devol-
Organismos mortos
e resíduos da raiz vem à atmosfera o carbono contido
neles. Em razão dessa queima, temos
presenciado um crescente aumento
Fósseis e combustíveis fósseis na quantidade de dióxido de carbono
atmosférico, o que pode aumentar o
efeito estufa e consequentemente o
Esquema geral do ciclo do carbono na natureza. aquecimento global.

74 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Ciclo do nitrogênio
Outro elemento de extrema importância para os seres vivos é o nitrogênio. Grande parte dele
encontra-se na forma de gás nitrogênio (N2) na atmosfera, que é o gás atmosférico mais abundante
(78%), mas, ao contrário do dióxido de carbono ou do gás oxigênio (O2), poucos seres vivos conseguem
absorvê-lo ou fixá-lo na forma de gás.
O nitrogênio entra nas cadeias alimentares terrestres por meio de nitratos (NO3−), compostos
inorgânicos dissolvidos na água absorvida pelas raízes das plantas, que, por meio de de complexas rea-
ções químicas e juntamente a outros substratos (superfície ou sedimento que possa servir de suporte
a organismos vivos), forma aminoácidos e ácidos nucleicos (compostos orgânicos nitrogenados).
Ao serem metabolizados, esses compostos produzem o que chamamos excretas nitrogenadas, que
são liberadas no ambiente na forma de amônia (NH4) ou ureia e ácido úrico, pela urina dos animais,
e serão convertidos em amônia pelos seres decompositores com outros compostos nitrogenados
presentes nos restos mortais dos seres vivos. Além disso, as bactérias fixadoras de nitrogênio são ca-
pazes de converter o N2 atmosférico também em amônia. A amônia é então convertida em nitritos
(NO−2) e, a seguir, estes são convertidos em nitratos. Estes últimos podem ser transformados em N2,
que é liberado na atmosfera por bactérias desnitrificantes.
O N2 também pode ser fixado em nitratos sem a participação de seres vivos, pela ação de raios
durante tempestades. As descargas elétricas causam reações entre N2 e O2 atmosférico, formando
nitritos e nitratos, e em seguida os nitratos irão se dissolver na água da chuva que atingirá o solo.

Ciclo do nitrogênio

DANYLYUKK1/SHUTTERSTOCK
N2 N2
Fixação
(relâmpago) Fixação biológica

NO2

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


NO

+
NO3− NH4 Fixação de
Escoamento nitrogênio
NO2− por bactérias Esquema
geral do ciclo
Bactérias nitrificantes Nitrogênio
do nitrogênio
Bactérias desnitrificantes livre
na natureza.

As bactérias que fazem a conversão de amônia em nitritos pertencem ao gênero Nitrosomas sp., GLOSSÁRIO
e a conversão de nitritos em nitratos é realizada pelas bactérias do gênero Nitrobacter sp.
O ser humano também interfere no ciclo do nitrogênio com a liberação, por certas indústrias, Chuva ácida
de dióxido de nitrogênio (NO2), que atinge a atmosfera, reagindo com a água, formando ácido nítrico precipitação atmosférica com elevada
acidez, em razão do aumento de po-
e, consequentemente, a chuva ácida. Essa interferência também ocorre com a adição de fertilizantes luentes na atmosfera, como dióxido
nitrogenados ao solo, que atingem corpos de água. Além disso, a plantação intensiva de monoculturas de nitrogênio e dióxido de enxofre.
pode esgotar os recursos do solo, como nitritos e nitratos, interferindo também no ciclo do nitrogênio.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 75


PARA CONSTRUIR
1 Os ciclos biogeoquímicos representam a ciclagem de elementos da natureza.

H14 a) Pesquise qual ciclo biogeoquímico está intimamente ligado a participação de bactérias do gênero Rhizobium em leguminosas.
Resposta: ciclo do nitrogênio.

b) Explique como ele ocorre este ciclo biogeoquímico.


Resposta: as bactérias no gênero Rhizobium que vivem nas raízes de leguminosas, em uma relação de mutualismo obrigatório (simbiose),
transformamo nitrogênio do ar em amônia. As bactérias fornecem compostos nitrogenados às plantas e a planta fornece compostos
orgânicos as bactérias.

2 Pesquise em textos de revistas científicas e identifique como o ser humano pode interferir nos ciclos biogeoquímicos.

H14 Resposta: o aumento industrialização e da e queima de combustíveis fósseis aumenta a quantidade de CO2 na atmosfera, interferindo no ciclo do
CO2. O desmatamento influencia no ciclo da água e altera o regime de chuvas. A produção de fertilizantes interfere no ciclo no nitrogênio.

76 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Os seres vivos são compostos basicamente por 6 elementos representados pela sigla CHONPS (carbono, hidrogênio, oxigênio,
nitrogênio, fósforo e enxofre). Todos eles apresentam um ciclo biogeoquímico. Pesquise e identifique os demais ciclos bio-
H8 geoquímicos, escolha dois deles (exceto o do nitrogênio e o do carbono) 2 deles, sem contar o do nitrogênio e do carbono e
represente através de um desenho esquemático.
H14
Resposta pessoal.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


2 (Fuvest-SP – adaptada) Num ambiente aquático, vivem algas do fitoplâncton, moluscos filtradores, peixes carnívoros e mi-
crorganismos decompositores. Considerando um átomo de carbono, desde sua captura como substância inorgânica até sua
H8 liberação na mesma forma, depois de passar por forma orgânica, indique:

a) A substância inorgânica que é capturada do ambiente, a maior sequência de organismos nessa comunidade, pela qual esse
átomo passa e a substância inorgânica que é liberada no ambiente.
Resposta: a substância que é capturada e posteriormente liberada é o CO2 dióxido de carbono. A maior sequência seria: algas,
fitoplâncton, moluscos, peixes e organismos decompositores.

b) Qual único ser vivo dessa comunidade que pode realizar a captura e eliminação desse átomo? Explique.
Respostas: as algas do fitoplâncton, pois podem realizar a fotossíntese utilizando o dióxido de carbono, e liberá-lo a partir do processo de
respiração.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 77


VOCÊ É O AUTOR
Escrevendo um artigo científico
Leia o texto a seguir:

[...]
A energia renovável vai responder por quase metade da eletricidade mundial até 2050
com a contínua redução dos custos de fontes eólicas, solar e de armazenamento de ener-
gia por bateria.
A grande mudança prevista para as próximas três décadas será acompanhada por um
aumento de 62% da demanda por eletricidade e investimentos de US$ 13,3 trilhões em
novos projetos, segundo relatório divulgado na terça-feira pela BloombergNEF.
A redução do uso de combustível fóssil traz grandes implicações para os mercados
de energia e para a batalha contra a mudança climática. A fontes eólica, solar e de baterias
são as ferramentas para que o setor de energia cumpra a meta de cortes de emissões esta-
belecida no Acordo de Paris, pelo menos até 2030, segundo a BNEF. Mas, depois disso,
os países precisarão de outras tecnologias para fazer reduções mais profundas a um custo
razoável, disse Matthias Kimmel, analista que coordenou o relatório.
“Para que as emissões cheguem onde queremos, precisamos de algo mais”, disse
Kimmel em entrevista.
Até 2050, a energia solar e eólica deve responder por quase 50% da eletricidade
mundial, sendo que os recursos hídricos, nucleares e outros de energia renovável repre-
sentarão outros 21%, de acordo com a BNEF. O carvão será o grande perdedor: a estima-
tiva é que a participação do combustível na geração global de energia caia dos atuais 37%
para 12% em 2050, disse a BNEF.
[...]
DENT, Millicent & MARTIN, Christopher. Renováveis vão responder por 50% da eletricidade global até 2050.
Revista exame. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/economia/renovaveis-vao-responder-por-50-da-
eletricidade-global-ate-2050/>. Acesso em: 20 fev. 2020.

A energia elétrica é fundamental para o funcionamento das máquinas na produção de materiais


e objetos que utilizamos no cotidiano. Para a produção de energia elétrica vários processos de trans-
formação de energia são realizados e eles podem ser classificados como renováveis e não renováveis.
1 Com base nessa leitura, realize uma pesquisa sobre fontes de energia renováveis. Escolha
um tipo de geração de energia e produza um artigo científico explicando o processo de
geração de energia, as transformações de energia envolvidas neste processo, os impactos
ambientais, econômicos e a utilização destas fontes de energia renováveis no Brasil.
Para escrever o artigo científico siga o roteiro abaixo.
▶ Título
▶ Resumo – Descrever brevemente o que será tratado no artigo, da introdução à conclusão.
▶ Introdução – Iniciar a discussão sobre o tema, apresentando ao leitor o assunto.
▶ Materiais e métodos – Identificar como o estudo será realizado, descrevendo o tipo de
estudo e os procedimentos que serão realizados, como pesquisa bibliográfica, experi-
mentação, aplicação de questionários, entre outros.
▶ Resultados – Apresenta as informações e dados encontrados durante a pesquisa.
▶ Discussão e Conclusões – Interpretar os resultados, informando o que este conheci-
mento pode acrescentar ao leitor.
▶ Referências bibliográficas – Locais de onde as informações da pesquisa foram retiradas,
seguindo as regras da ABNT.

78 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


CAPÍTULO

3 A DEGRADAÇÃO E A
PRESERVAÇÃO DOS AMBIENTES
Competências

▶ C2, C3 e C5

Habilidades

▶ H9, H10, H11, H14, H15, H18 e H25

CK
TO
RS
TE
H UT
E/S
URA
JUK

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Trabalhadores removendo
petróleo bruto de
derramamento
em uma praia.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 79


O USO DO AMBIENTE PELO SER HUMANO
O ser humano, como todos os seres vivos, têm necessidades vitais básicas, e para supri-las
precisa de recursos do ambiente ao seu redor. Para isso se alimenta, respira, abriga-se e se reproduz.
Porém, com o passar do tempo, as sociedades humanas foram se tornando mais complexas e de-
senvolveram tecnologias cada vez mais elaboradas com o uso de diferentes materiais e o domínio
de técnicas, como a de fazer fogo. Tudo isso tornou possível o desenvolvimento da agricultura, da
construção civil e, mais recentemente, de indústrias e de dispositivos eletrônicos que, cada vez mais,
aumentaram a necessidade por mais recursos do ambiente.
Além disso, durante muito tempo o ser humano foi considerado um ser à parte da natureza,
predestinado a dominar e controlar a natureza a sua volta, incluindo os seres vivos nela existentes. A
mentalidade de que a natureza existe para ser subserviente ao ser humano fomentou uma exploração
desenfreada para o avanço e progresso mercantil e financeiro. Esse fato, aliado à capacidade do ser
humano de transforar um ambiente inóspito em habitável, com técnicas como as de irrigação em
ambientes secos, de construção de moradias e armazenamento de alimentos para suportar invernos
rigorosos, alterou tanto a natureza, de modo que, atualmente, a capacidade do ambiente de suportar
a exploração está chegando a pontos críticos.
A consequência é que o ser humano e suas ações se tornaram um sério fator de degradação dos
ambientes. Em razão disso, a preservação do meio ambiente vem sendo cada vez mais necessária, le-
vando o poder público a tomar medidas, como a realização da Eco 92, estudada no capítulo anterior.
Mas o que é degradação do meio ambiente? De que maneira isso acontece? É possível evitá-la?
Vimos que os ecossistemas são formados pelos fatores bióticos e pelos abióticos, que têm
influência no fluxo de energia e matéria pelos seres vivos (inclusive no ser humano), e se mantêm
num delicado equilíbrio. Portanto, a destruição ou a alteração parcial ou total da fauna e da flora
(componentes bióticos), bem como do solo, do ar e da água (componentes abióticos), consistem em
degradação do meio ambiente, comprometendo seu equilíbrio de maneira local ou global.
A degradação de um ambiente pode ter causas naturais, como terremotos, tsunamis, furacões,
erupções vulcânicas, queda

YULIA MOISEEVA/SHUTTERSTOCK
de meteoritos, entre outras,
e também por seres vivos. Es-
ses eventos podem alterar o
ambiente permanentemente
e de maneira drástica e glo-
bal, como a grande extinção
do final do período cretáceo,
há aproximadamente 65 mi-
lhões de anos, causada prova-
velmente pela queda de um
asteroide.
Qualquer ser vivo pode
impactar e degradar um am-
biente, um exemplo é o de-
sequilíbrio causado por uma
migração em massa. Porém,
normalmente, após um pe-
ríodo de tempo a população
que se elevou muito na nova
localidade poderá sofrer mor-
talidade por falta de alimento,
ou os predadores irão com o
tempo se tornar mais nume-
rosos, exercendo controle
sobre a nova população e, na
Floresta morta após a erupção do vulcão Tolbachik (Rússia, Kamchatka). Pode-se observar cinzas negras sobre a terra sequência, o equilíbrio se res-
e as árvores sem folhas. tabelecerá.

80 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Alguns animais, como o castor, podem alterar significativamente o ambiente ao seu redor, derru-
bando árvores e fazendo represas que modificam o curso dos rios e a dinâmica entre animais que vivem
ali. Porém, aquele ambiente se adapta à presença e às alterações causadas, como no exemplo, pelos
castores, também seus predadores, como os ursos, mantêm a população de castores sob controle.

RONNIE HOWARD/SHUTTERSTOCK

NANCY BAUER/SHUTTERSTOCK
Dique construído (a esquerda) e troncos desgastados (a direita) por castores (Castor canadensis).

Entretanto, ao longo da história, o ser humano vem alterando o meio ambiente de maneira
cada vez mais rápida e intensa, de forma que o ambiente não consegue se recuperar e sofre estragos
irreversíveis. É possível notar que isso é um grande problema para todos os seres vivos, inclusive para
o ser humano. Mas de que maneira especificamente isso nos afeta?
Todas e quaisquer alterações que ocorrem em um ambiente em razão de atividades humanas
em um certo espaço são chamadas de impacto ambiental. Eventualmente, esses impactos podem
promover benefícios para o ambiente e, portanto, serem positivos. Porém, na maioria das vezes,
os impactos causam prejuízos em grande escala, sendo então negativos. De todo modo, o termo
impacto ambiental é mais associado aos prejuízos causados pelas atividades humanas à natureza.
Também, o conceito de capacidade suporte está associado à quantidade de recursos am-
bientais que podem ser utilizados de um sistema ambiental ou de um ecossistema, garantindo a
sustentação e a conservação dos recursos e manutenção da qualidade ambiental.

A agricultura e a pecuária

FRONTPAGE/SHUTTERSTOCK

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


A atividade agrícola, desde seu surgimento, mudou sig-
nificativamente o modo de vida humano. A domesticação de
plantas e animais forneceu uma quantidade maior de alimento
e a possibilidade das populações humanas se fixarem em um
local, tornando-se sedentárias. Isso possibilitou maior qualidade
e tempo de vida, gerando um aumento populacional. Porém, o
cultivo de plantas e a criação de animais requerem espaço, que
é tomado do meio ambiente natural. Além disso, a plantação
de certas culturas podem esgotar os nutrientes do solo, degra-
dando-o de maneira muitas vezes irreversível.
Adubos químicos e defensivos agrícolas (agrotóxicos) po-
dem poluir e contaminar as culturas, os solos e a água, pois
a água das chuvas os arrastam para os corpos de água. Outra
questão é o cultivo de organismos geneticamente modificados,
os transgênicos, que podem causar a contaminação genética de
outros componentes do meio ambiente adjacente às culturas. Vista aérea de um grande campo de
A pecuária extensiva, principalmente a bovina, também requer um grande espaço para os soja na Floresta Amazônica, Brasil
animais pastarem, o que gera desmatamento e queimadas. O deslocamento dos rebanhos causa a
compactação do solo levando a diminuição de sua permeabilidade, o que dificulta a absorção de
ar e água.
Portanto, a implantação de atividades agropecuárias deve considerar a sustentabilidade, para
que estas atividades ocorram com o menor dano possível ao meio ambiente.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 81


PARA AMPLIAR

Apicultores de SP enfrentam a morte de milhões de abelhas


Pesquisadores divulgam relatório sobre causa das mortes. Na maioria dos casos, o uso de agrotóxicos provocou a mor-
tandade.

ZHDANHENN/SHUTTERSTOCK
Apicultores de São Paulo enfrentam um problema grave: abelhas aparecem mortas, aos milhões. O assunto despertou
interesse de pesquisadores de duas universidades paulistas. Só em um sítio em Pirassununga, região central de São Paulo,
50 caixas foram perdidas, o que equivale a quase dois milhões de abelhas mortas em abril.
Com tantas perdas, os apicultores paulistas querem saber o que tem provocado as mortes. Em busca dessas respostas,
pesquisadores da Unesp e da Universidade Federal de São Carlos coletaram amostras das abelhas mortas.
Em 78 cidades de São Paulo, os pesquisadores calculam que quase 255 milhões de abelhas morreram entre os anos de
2014 e 2017, e 107 produtores enfrentaram o problema. Na maioria dos casos, o uso de agrotóxicos provocou a mortandade.
Em Rio Claro, o professor e pesquisador da Unesp Rio Claro Osmar Malaspina coordenou a equipe que analisou as
abelhas. “Você tem produtos aplicados erradamente, quer dizer, não pode ser aplicado de avião. Você tem produtos que são
aplicados na área agrícola e só devem ser usados na área urbana. Você tem produtos que têm uma recomendação de uso de
certa quantidade, eles aplicam três, quatro vezes mais. São vários erros de aplicação”.
Foram 88 amostras, colhidas nos últimos três anos. Em 59, os cientistas encontraram algum tipo de resíduo químico.
Em um grupo, 27 tinham produtos usados fora da lavoura, como veneno para matar formigas. Em 21 amostras os pesqui-
sadores encontraram produtos pro controle de pragas em lavouras e só em 11 não deu para saber o tipo de resíduo.
O estudo foi financiado por indústrias do setor de defensivos agrícolas. O pesquisador da Unesp diz que uma forma de
evitar prejuízos é melhorar o diálogo entre apicultores e agricultores. “Avisar o vizinho para quando ele [o vizinho] tiver a ne-
cessidade de fazer a aplicação do defensivo, que avise com pelo menos 72 horas antes. Aí ele [apicultor] pode tomar algumas
providências. Por exemplo, uma das providências é fechar a colônia à noite, no dia anterior à aplicação”, orienta Malaspina.
A mortandade prejudica não só o equilíbrio na natureza, como também a produção de alimentos. Segundo pesquisa-
dores, 1/3 de tudo que chega à nossa mesa depende da polinização das abelhas. Quem acumula prejuízos não aguenta mais.
“Espero das nossas autoridades alguma providência mais séria, né? Que a agricultura possa trabalhar e eu também possa
tirar o meu sustento para a minha família”, diz o apicultor Gilberto Scherma.
O relatório da pesquisa foi encaminhado ao Ibama. O instituto informou que está avaliando o assunto.
CASTRO, Rafael. Apicultores de SP enfrentam a morte de milhões de abelhas. Globo Rural, 22 jul. 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/
agronegocios/globo-rural/noticia/2018/07/22/apicultores-de-sp-enfrentam-amorte-de-milhoes-de-abelhas.ghtml>. Acesso em: 17 jan. 2019.

82 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


PARA CONSTRUIR
1 Leia o texto abaixo.
H1 Considera-se Impacto Ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio am-
biente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem diretamente
H14
ou indiretamente:
I. a saúde, a segurança, e o bem estar da população;
II. as atividades sociais e econômicas;
III. a biota;
IV. as condições estéticas e sanitárias ambientais;
V. a qualidade dos recursos ambientais.
Fonte: Resolução n.o 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), artigo 1o. Disponível em: <http://www.palmares.gov.br/wp-content/
uploads/2018/09/res-conama-01-1986.pdf>. Acesso em: 13 fev. 2020.

Levando em consideração o conceito de impacto ambiental definido pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) iden-
tifique atividades humanas que geram impactos ambientais e os tipos de impactos gerados.
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos identifiquem impactos como a utilização de agrotóxicos, que pode modificar a qualidade dos
recursos naturais; a mineração, que pode afetar a saúde, segurança e bem estar da população; o descarte de resíduos sólidos em locais
inadequados, que pode afetar as condições estéticas e sanitárias ambientais; entre outros.

2 A agropecuária é a atividade humana que mais impacta o meio ambiente e modifica a forma de uso e ocupação do solo. Embo-
ra seja uma atividade importante para a humanidade, a forma como é realizada tem impactos bastante negativos. Identifique
H14 os impactos ambientais negativos causado pela agropecuária.

Resposta: degradação do solo, erosão, perda da camada fértil do solo, desmatamento, perda da fauna silvestre, desperdício de água,
contaminação dos lençóis freáticos por defensivos agrícolas e fezes de animais dos rebanhos, compactação do solo, entre outros.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Pesquise sobre a agricultura orgânica e descreva suas principais características. Em seguida, estabeleça uma comparação com
a agricultura tradicional destacando as vantagens e desvantagens de cada uma.
H15
Observação: verifique se há feiras de orgânicos próximas a sua casa e visite-as para aprender mais.
Resposta pessoal.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 83


2 Leia o texto à seguir e responda o que se pede.

H1
O meio ambiente, infelizmente, possui dois contrastes gritantes hoje em dia: o ambiente humano e o natural, no
H14 qual, este último está perdendo espaço pelo crescimento populacional e a grande demanda de recursos naturais. O
consumismo está degradando os recursos do planeta, esgotando-os e provocando graves e irreversíveis alterações
(BRASIL, 2002). Tudo isso, movido pelo sistema econômico que está no domínio de alguns e que detém as maiores
riquezas do planeta, em detrimento de uma maioria que vive em situações de pobreza e de escassez de atendimento
de suas necessidades básicas (MELO; HOGAN, 2006).
Fonte: Córdula, E. B. L. O meio ambiente, o ser humano e os problemas ambientais. ISSN: 1984-6290 - B3 em ensino - Qualis, Capes. Disponível em:
<https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/15/7/o-meio-ambiente-o-ser-humano-e-os-problemas-ambientais>. Acesso em: 13 fev. 2020.

O uso do espaço pelas sociedades humanas é um fator degradação dos ambientes naturais. Além disso, o próprio espaço urbano
causa sérios problemas socioambientais. Sobre essa problemática, reflita e responda às questões a seguir.
a) Identifique os problemas socioambientais que correm no espaço urbano que você conhece.
Resposta pessoal. Os alunos podem citar poluição sonora, visual, olfativa; grande quantidade de lixo; modificação do clina regional e
global; proliferação de doenças; entre outras.

b) Proponha alternativas para os problemas que você apontou no item anterior.


Resposta pessoal. Os alunos podem citar: políticas públicas para controle e fiscalização de poluição; destinação adequada do lixo; uso de
transporte coleto em detrimento do individual; controle de enchentes, entre outros.

Extrativismo
Extrativismo é, de maneira geral, a coleta ou extração de produtos de origem mineral, vegetal
ou animal. Trata-se da atividade humana mais antiga e realizada até hoje. Durante muito tempo as
comunidades primitivas praticavam o extrativismo, na maioria das vezes, sem grandes impactos ao
meio ambiente. Atualmente, essa prática pode ser predatória, se não houver preocupação com a
recuperação dos recursos.
O extrativismo mineral altera drasticamente o ambiente, principalmente quando realizado por
grandes mineradoras que ocupam uma extensa área, alterando-a permanentemente. A mineração,
tanto em grande escala como em pequenos garimpos, pode liberar efluentes altamente poluidores
com substâncias tóxicas, como mercúrio e arsênio, que contaminam o solo e água da região, gerando
problemas ambientais e de saúde pública.
T PHOTOGRAPHY/SHUTTERSTOCK

TARCISIO SCHNAIDER/SHUTTERSTOCK

Mina de Carajás, a maior mina de minério de ferro do mundo, localizada no


Pará, Brasil. Estima-se que a mina, operada a céu aberto, tem cerca 7,2 bilhões Área de mineração de ouro no Pará, Brasil. Os efluentes contaminam corpos
de toneladas de minério de ferro. de água e o solo da região.

84 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


YUSUFOZLUK/SHUTTERSTOCK
Construção civil
Com o crescente aumento populacional (de
1960 a 2011 a população mundial passou de 3 para
7 bilhões de habitantes) a demanda por moradias
e, consequentemente, áreas para a construção resi-
dencial e comercial teve grande aumento, ocupando
e devastando áreas naturais, o que causou redução
Vista aérea da
progressiva de espécies. urbanização
Com a diminuição de seus habitats, as espé- em torno
cies selvagens muitas vezes vão procurar abrigo e da cidade
de Ancara,
alimento nas cidades, gerando riscos à população.
Turquia,
Na Índia, por exemplo, os acidentes com tigres vêm sobre as áreas
aumentando. florestais.

Desmatamento e queimadas

PEDARILHOS/SHUTTERSTOCK
O desmatamento e as queimadas de áreas florestais são os modos mais
usados para converter uma área natural em área para mineração, plantio (des-
taque para o aumento da produção de soja na Amazônia), pasto, construção
de áreas habitacionais, comerciais ou industriais. Além disso, o desmatamento
ocorre para a extração de certas espécies vegetais para comercialização, e, para
isso, é derrubada a mata adjacente para que as máquinas e caminhões adentrem
a floresta para realizar o trabalho.
Embora as queimadas possam ocorrer de maneira natural em alguns am-
bientes, ainda assim são preocupantes, devido ao estado de degradação em
que esses ambientes se encontram. Além disso, as queimadas são comumente
utilizadas como técnica para limpar e fertilizar o solo. Esta atividade, além de
eliminar a cobertura vegetal natural e a fauna, polui o ar e prejudica o solo, pois
destrói a microfauna que ajuda na decomposição e ciclagem dos nutrientes.
Outro problema em relação à devastação das florestas é o desmatamento
especulativo. As pessoas derrubam a mata e tomam posse de uma área na
esperança de futuramente regularizar a terra e vendê-la. Queimada em trecho de Floresta

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


No Brasil, o estado do Mato Grosso é o mais atingido pelo desmatamento recente, seguido por Amazônica brasileira para abrir espaço
Pará e Rondônia. Atualmente, restam cerca de 7% da cobertura original da Mata Atlântica, menos para pastagem
que 48% do Cerrado, em torno de 40% da Caatinga, 82% do Pantanal, 46% dos Pampas e 77% da
Floresta Amazônica. A taxa de desmatamento no Brasil vem oscilando e apresentou uma queda no
início da década de 2010, mantendo-se mais ou menos estável até 2018, quando atingiu 7 900 km2,
mostrando uma tendência de crescimento dessa atividade.

19 014

14 286
12 911
1 651

7 464 7 893 7 900


7 000 6 418 6 947
LAB212

5 891 6 207
4 571 5 012

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

O gráfico mostra a
evolução das taxas de
desmatamento no Brasil
Taxa de desmatamento estimada na Amazônia em km2. Disponível em:
<https://forbes.uol.com.br/colunas/2018/11/brasil-tem-maior-taxa-de-desmatamento-da-decada/>. Acesso em: 17 jan. 2019.
em km2 nos últimos anos.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 85


Perda da biodiversidade
Em Ecologia a biodiversidade descreve riqueza ambiental e variedade do mundo natural.
Atualmente, estima-se que existam aproximadamente 8,7 milhões de espécies diferentes no
mundo. Porém, esse número tende a diminuir devido à extrema degradação do meio ambiente
observada nos últimos anos, por essa razão, o número de espécies tende a diminuir ao longo dos
próximos anos, se esse panorama não mudar.
A lista de animais em extinção cresce cada vez mais, o que deixa os ecossistemas desequilibrados
e frágeis. Uma espécie é considerada em risco de extinção quando o número de mortes supera o
número de nascimentos por anos consecutivos. A extinção das espécies está relacionada à destrui-
ção do habitat, ao desmatamento, à caça e à pesca predatória. Outro problema é o tráfico ilegal de
espécies de plantas e animais.

CATWALKPHOTOS/SHUTTERSTOCK
Nadadeiras de tubarão, extraídas
pela pesca ilegal.

Erosão, assoreamento e desertificação


O desgaste do solo de modo natural pela ação do intemperismo (chuvas, ventos, temperatura)
ou pela ação humana é chamado de erosão. As camadas superficiais do solo, que são as mais ricas
em nutrientes, são retiradas.
A principal causa da erosão é o desmatamento. Nas áreas com a cobertura vegetal a erosão
é muito pequena, pois os vegetais seguram o solo com suas raízes e também o protegem da ação
dos ventos e da chuva, além de manter a temperatura ambiente amena. Já em áreas degradadas,
a proteção vegetal é ausente ou muito pequena, o que faz com o que o solo se desgaste com
maior facilidade.
Uma das consequências da erosão é o assoreamento. Esse fenômeno é caracterizado pelo acú-
mulo excessivo de sedimentos no leito dos rios ou dos lagos, deixando os corpos de água mais rasos,
diminuindo o fluxo de água, causando enchentes e cheias. A principal causa desse fenômeno é o
desmatamento das matas ciliares, vegetação que fica ao redor de corpos de água. A ausência de
vegetação ciliar permite que o solo seja arrastado para o leito do rio.
A degradação do solo pode ter como consequência o fenômeno da desertificação. Nesse
processo, o solo degradado se torna extremamente árido e pobre em nutrientes. Apesar de poder
ocorrer por causas naturais, as ações humanas, como o uso intensivo e inadequado do solo pela
agricultura, o desmatamento, a diminuição dos recursos hídricos e as variações climáticas causadas
pelo aquecimento global intensificam o processo. A desertificação muitas vezes é irreversível, o que
gera, além problemas ambientais, problemas econômicos, uma vez que prejudica a pecuária e a
agricultura. No Brasil, a desertificação atualmente se concentra principalmente nas regiões Nordeste
e Sul, mas vem mostrando crescimento no Norte, no Centro-Oeste e no Sudeste.

86 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Degradação do solo

OLHA1981/LAB212/SHUTTERSTOCK
Perda de nutrientes do solo RESOLUÇÃO
EFEITOS DE PROBLEMAS
Erosão do solo

25
bilhões de toneladas
de terra são carregadas
ao oceano anualmente Há cerca de 500
SAARA anos Saara não
era um deserto

40% das terras


agrícolas do mundo
estão degradadas Plantando uma nova
12 bilhões de hectares Mesma área floresta. As raízes das
de terra fértil em todo de semeadura
mundo são perdidos
devido à degradação
do solo
na Austrália
100
anos
árvores protegem o solo

são necessários para formar


intemperismo uma camada fértil de terra
do solo com 1 cm de espessura

solo
carregado
para o
oceano
1/3
da superfície
da Terra é
Em 100 anos o deserto
DESERTO Eco-agricultura com
cresceu de 9,4% para 23,3%
o uso de fertilizantes
orgânicos não químicos

CAUSAS
AGRICULTURA
arar a terra

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


2
Desmatamento
(principalmente nas florestas de
1 montanha). As chuvas carregam
o solo para o oceano

PASTOS 4 Plantio de árvores entre


os campos para evitar
intemperismo do solo

3
Novas árvores
não terão raiz SUPERPOPULAÇÃO

MUDANÇA
5 CLIMÁTICA

Irrigações efetivas de
áreas semeadas

Esse fenômeno afeta negativamente


os habitantes subaquáticos

Infográfico mostrando as causas e consequências da degradação do solo.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 87


PARA CONSTRUIR
1 A extinção das espécies pode ocorrer de duas maneiras: causada por eventos naturais de grandes proporções como vulcanismo
e queda de meteoros, ou pela seleção natural. Estima-se que a taxa média normal de extinção seja entre 2 e 4,6 de famílias de
H14 animais e plantas por milhão de anos. No entanto, a ação humana tem elevado esse número entre 1 000 a 10 000 vezes que a
taxa natural de extinção.
a) Descreva atividades humanas que causam perda da biodiversidade.
Resposta: pesca predatória, desmatamento, mineração, agropecuária, extrativismo, entre outros.

b) Identifique quais os possíveis problemas de espécies serem extintas antes mesmo de seres descobertas.
Resposta: muitas plantas e microrganismos que podem ser matéria-prima para medicamentos e outros produtos podem ser extintos
antes mesmo de serem descobertos.

2 O desmatamento é a forma mais usada para converter áreas naturais em área para agropecuária, mineração, construções ha-
bitacionais etc. Nos últimos anos tem crescido o percentual de desmatamento da Amazônia. Veja a seguir os dados do INPE
H1 (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) do desmatamento em 2018 e estimativa de 2019 em diferentes estados.

H14
Valores absolutos e variação percentual para cada estado do desmatamento na Amazônia Legal
Estado PRODES* 2018 (km2) PRODES* 2019 (km2) Variação (%)
Acre 444 688 55,0
Amazonas 1 045 1 421 36,0
Amapá 24 8 −66,7
Maranhão 253 215 −15,0
Mato Grosso 1 490 1 685 13,1
Pará 2 744 3 862 40,7
Rondônia 1 316 1 245 −5,4
Roraima 195 617 216,4
Tocantins 25 21 −16,0
AMZ. Legal 7 536 9 762 29,5
*Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite.
Fonte: INPE. Disponível em: <http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=5294>. Acesso em: 13 fev. 2020.

Analise os dados da tabela, responda às questões a seguir.

a) O desmatamento na Amazônia de forma geral teve aumento ou reduziu de 2018 para 2019? Qual foi a variação percentual?
Resposta: aumento. 29,5%

b) Todos os estados apresentaram o mesmo comportamento em relação ao desmatamento? Explique.


Resposta: não. Embora a maior parte dos estados tenham apresentado aumento, alguns apresentaram diminuição do desmatamento,
como Maranhão, Rondônia e Tocantins.

c) Qual estado teve maior aumento do desmatamento?


Resposta: Roraima.

88 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


FAÇA VOCÊ MESMO
1 (Enem) b) Como aconteceu o acidente?
Resposta: houve o rompimento de uma barragem com
H15
Calcula-se que 78% do desmatamento na Ama- efluentes líquidos contaminados.
zônia tenha sido motivado pela pecuária – cerca de
35% do rebanho nacional está na região – e que pelo
menos 50 milhões de hectares de pastos são pouco
produtivos. Enquanto o custo médio para aumentar
a produtividade de 1 hectare de pastagem é de 2 mil
reais, o custo para derrubar igual área de floresta é c) Quais foram as consequências do acidente para o meio
estimado em 800 reais, o que estimula novos desma- ambiente e a sociedade?
tamentos. Adicionalmente, madeireiras retiram as Resposta: o derramamento de lama tóxica na região ao redor
árvores de valor comercial que foram abatidas para a
da barragem atingiu e contaminou o rio Doce, destruiu
criação de pastagens. Os pecuaristas sabem que pro-
blemas ambientais como esses podem provocar res- comunidades inteiras que foram soterradas pela lama, e
trições à pecuária nessas áreas, a exemplo do que houve perda de fauna e flora.
ocorreu em 2006 com o plantio da soja, o qual, pos-
teriormente, foi proibido em áreas de floresta.
Época, 3 mar. 2008 e 9 jul. 2008 (Adaptado).

3 (Enem)
A partir da situação-problema descrita, conclui-se que
a) o desmatamento na Amazônia decorre principalmente H14
da exploração ilegal de árvores de valor comercial. Quando um macho do besouro-da-cana localiza
b) um dos problemas que os pecuaristas vêm enfrentando uma plantação de cana-de-açúcar, ele libera uma
na Amazônia é a proibição do plantio de soja. substância para que outros besouros também locali-
zem essa plantação, o que causa sérios prejuízos ao
c) a mobilização de máquinas e de força humana torna o agricultor. A substância liberada pelo besouro foi sin-
desmatamento mais caro que o aumento da produtivi- tetizada em laboratório por um químico brasileiro.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


dade de pastagens.
Com essa substância sintética, o agricultor pode fazer
d) o superavit comercial decorrente da exportação de o feitiço virar contra o feiticeiro: usar a substância
carne produzida na Amazônia compensa a possível de- como isca e atrair os besouros para longe das planta-
gradação ambiental. ções de cana.
Folha de S. Paulo, Folha Ciência, 25 mai. 2004 (Adaptado).
e) a recuperação de áreas desmatadas e o aumento de
produtividade das pastagens podem contribuir para a
redução do desmatamento na Amazônia. Assinale a opção que apresenta corretamente tanto a fina-
Resposta: alternativa e.
lidade quanto a vantagem ambiental da utilização da subs-
2 O acidente da empresa Samarco em 2015 foi um dos maio- tância sintética mencionada.
res acidentes ambientais da história. Ele ocorreu na cidade
H14 de Mariana-MG. Pesquise na internet sobre este acidente e Finalidade Vantagem ambiental
responda: a) Eliminar os besouros Reduzir espécies que se alimentam
de cana-de-açúcar
a) Qual é o ramo atividade da empresa Samarco?
b) Afastar os predadores Reduzir a necessidade de uso
Resposta: mineração.
de agrotóxicos
c) Exterminar os besouros Eliminar o uso de agrotóxicos
d) Dispersar os besouros Evitar a incidência de novas pragas
e) Afastar os predadores da predação Aumentar a resistência dos canaviais
Resposta: alternativa b.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 89


SEVENTYFOUR/SHUTTERSTOCK
RESÍDUOS SÓLIDOS E POLUIÇÃO
Lixo ou resíduos sólidos? Definição, classificação e uma
análise crítica
Segundo o Dicionário Aurélio, "lixo" é “Tudo o que não presta e se joga fora; coisa
ou coisas inúteis, velhas, sem valor; resíduos que resultam de atividades domésticas, in-
dustriais, comerciais”. Atente para o trecho grifado, pois, atualmente, o termo resíduos
sólidos é mais utilizado pelo setor público, empresas e sociedade civil para repensar
o uso, a reutilização, a destinação adequada e a reciclagem de resíduos em geral e a
relação do homem com a natureza. Portanto, o conceito lixo é relativo e restritivo.
Uma lata de alumínio de suco ou refrigerante, por exemplo, após o término da bebida
Funcionários separam materiais que são recicláveis daqueles
que não são. Esse processo é bastante custoso e muitas
ainda é, em boa parte das vezes, descartada – colocada em uma lixeira. Entretanto, as
vezes inviabiliza economicamente a reciclagem. Por isso, é latas são recicladas na indústria para a produção de novos produtos. Há inúmeros ca-
importante fazer a separação dos resíduos já em casa. tadores e cooperativas que coletam e vendem latinhas usadas, por exemplo. O mesmo
ocorre com diversos outros materiais recicláveis que normalmente são descartados.
SPEEDKINGZ/SHUTTERSTOCK
Os resíduos sólidos podem ser classificado de acordo com o estado físico ou a
origem. Em relação ao estado físico, a classificação é sólido, líquido ou gasoso. Em rela-
ção à fonte dos resíduos, especialmente dos sólidos, temos as seguintes possibilidades:
Resíduos domiciliares – descartados a partir de alguma atividade nas residên-
cias. Têm um alto teor de materiais orgânicos, como sobras de alimentos, mas também
recicláveis, como embalagens e papelão, além do excedente, chamado de resíduos
comuns, entre os quais, papel higiênico, absorventes etc.
Resíduos comerciais – descartados a partir de atividades comerciais, serviços
prestados, estabelecimentos como restaurantes, supermercados, agências bancárias.
A composição varia muito em função da atividade comercial. Para restaurantes e
bares a parcela de resíduos orgânicos é altíssima. Já em comércios, como lojas e agên-
Resíduos orgânicos, coletados no âmbito doméstico. cias bancárias, os resíduos são compostos principalmente de recicláveis, como papéis,
embalagens plásticas etc.
MAGNIFIER/SHUTTERSTOCK

Resíduos industriais – provenientes de atividades industriais. A composição


varia bastante em função do tipo de atividade da indústria. Os resíduos industriais
costumam ser mais perigosos e podem ter alto grau de poluição.
Resíduos dos serviços de saúde – altamente contaminantes e podem trans-
mitir doenças. São produzidos em hospitais, laboratórios, farmácias, clínicas diversas,
incluindo as veterinárias. Compostos normalmente de seringas, agulhas, materiais ra-
dioativos, entre outros.
Resíduos públicos – provenientes dos serviços públicos, como limpeza de vias,
córregos, feiras, podas de árvores etc. Sua constituição depende muito da origem do
serviço público, mas grande parte é composta de restos de vegetais, podas das árvo-
res, madeiras, considerados material orgânico, contendo ainda papéis e plásticos em
Resíduos hospitalares. menor quantidade, os chamados recicláveis.
JOE GOUGH/SHUTTERSTOCK

SEVERIJA/SHUTTERSTOCK

Resíduos recicláveis provenientes do comércio, escritórios e agências bancárias. Resíduos metálicos de processo de fabricação.

90 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Resíduos especiais – oriundos da construção civil ou das indústrias, mas que

ALEKSANDR SHEPITKO/SHUTTERSTOCK
que precisam de algum tratamento especial, seja na manipulação ou no transporte.
São exemplos desse tipo as baterias e pilhas, embalagens de venenos e agrotóxicos em
geral, embalagens de remédios etc.
Resíduos radioativos – resultantes de processos que envolvem a radioatividade.
O descarte desses resíduos exige uma tecnologia mais específica por conta de sua
periculosidade.
Resíduos espaciais – formados por restos de objetos lançados pelo homem
no espaço. São compostos principalmente de peças de foguetes, satélites artificiais
e fragmentos de aparelhos que explodiram ou por ferramentas que escaparam dos
astronautas nos momentos de manutenção das naves espaciais.
Nesse caso, não existe um processo de descarte já que ficam em órbita até entrar
na atmosfera terrestre e se incendiar por conta do atrito com o ar, desintegrando-se
em poucos segundos. Serviço público de limpeza de ruas e podas de árvores.
Resíduos tecnológicos ou eletrônicos – gerados a partir de equipamentos
eletroeletrônicos. Devem ter uma destinação específica. Houve um aumento expressivo na quan-
tidade desse tipo de resíduos nos últimos anos em razão do aumento da produção e do consumo
de aparelhos eletrônicos.
KAYO/SHUTTERSTOCK

VCHAL/SHUTTERSTOCK

OSTARIYANOV/SHUTTERSTOCK
Resíduos eletrônicos. Contêineres de resíduos radioativos. Resíduos de construção civil.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Para onde vão os resíduos sólidos?
A dinâmica do ambiente natural, sem a interferência humana, é autossustentável, os restos or-
gânicos, como folhas, flores, galhos e animais mortos, são reaproveitados pelo próprio ecossistema.
O que ocorre nas cidades é um pouco diferente. Segundo os dados apontados pelo Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 60% dos municípios deixam os resíduos a céu aberto
nos chamados "lixões", locais de destinação incorreta para os resíduos. De acordo com a Política
Nacional de Resíduos Sólidos – Lei no 12 305/2010, desde 2014, todos os

VCHAL/SHUTTERSTOCK
lixões deveriam ter sido fechados. Entretanto, em 2015 o Senado aprovou
um novo projeto de Lei (no 2 289/15), que prorroga para 2021 essa medida.
Os lixões, que causam muitos problemas ambientais, poluem o solo
e contaminam os lençóis freáticos, além de produzir mau cheiro e facilitar
a transmissão de doenças. Há maneiras melhores de se dispor os resíduos.
Entre elas, temos:
Aterro sanitário: espaço para dispor resíduos sólidos provenientes
de residências, indústrias, hospitais, construções, dentro de alguns critérios
de classificação. Ele deve ser impermeabilizado e, cada camada de resíduos
deve ser compactada e coberta com uma camada de terra. Normalmente,
os aterros sanitários são afastados das grandes cidades. Os mais antigos
estão atingindo a capacidade máxima devido ao crescimento das cidades.
Como pontos negativos, existe o risco de vazamento e contaminação dos Resíduos
lençóis freáticos e do solo, também ocupam grandes espaços, além de não em um
permitirem o reaproveitamento dos resíduos. lixão.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 91


EVAN LORNE/SHUTTERSTOCK
Incineração: consiste em um processo de queima dos resíduos em um ambiente
rico em oxigênio a uma temperatura de aproximadamente 900 °C, com o propósito de
reduzir o volume dos resíduos e a transformá-los em material inerte. Durante muitos
anos, os gases provenientes desse processo eram um problema desse processo. Hoje
existem incineradores equipados com filtros que evitam a emissão de gases tóxicos e
que reaproveitam a energia liberada na combustão da queima dos resíduos. Não é uma
técnica recomendada para todo tipo de resíduo, mas para aqueles que não podem ser
reaproveitados ou reciclados.
Compostagem: técnica específica para os resíduos orgânicos, seja de origem do-
Composteira caseira. méstica, industrial, agrícola ou florestal. É um processo natural no qual os microrganis-
mos decompositores (fungos e bactérias) são responsáveis pela degradação da matéria

RECYCLEMAN/GETTY IMAGES
orgânica, transformando-a em material rico em nutrientes – o húmus. Existem diversos
modelos de composteiras, entre as quais, os minhocários, que podem ser feitos em casa.
Reciclagem: transformação do resíduo sólido em matéria-prima para produzir
novos produtos, diminuindo a necessidade da extração dos materiais da natureza. Essa
técnica é frequentemente inviabilizada economicamente quando não há coleta seletiva.
Reutilização: reutilizar um produto significa aplicá-lo novamente na mesma função
ou em diversas outras funções.
Você deve ter percebido que para cada técnica existem pontos fortes e pontos fracos.
Por isso, a solução para o problema dos resíduos deve ser encarada de forma multifacetada.
Plástico de garrafas PET triturados Não existe uma solução, mas sim um conjunto de soluções para minimizar o problema.
durante o processo de reciclagem. Essa questão deve ser trabalhada pelo poder público com a colaboração das empresas e da população.
O primeiro passo é reduzir o consumo, com o objetivo de produzir menos resíduos e dar preferência
aos materiais biodegradáveis. Em seguida é importante reutilizar tudo o que for possível, para então
separar o resíduo produzido, por meio da coleta seletiva e por fim, reciclar. Não faz sentido juntarmos
material orgânico com latinhas de alumínio, por exemplo, para depois termos de separar novamente,
além de gastar mais tempo e recursos. Portanto, é importante a implementação da separação dos
resíduos em casa e da coleta seletiva pelas prefeituras. Após a coleta, cada material deve ser tratado
de forma adequada – usinas de reciclagem, incineração, reutilização, compostagem etc.

PARA CONSTRUIR
1 Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com o estado físico ou origem. São exemplos de resíduos sólidos: domiciliares,
comerciais, industriais, hospitalares, radioativos.
H14
a) Apresente as formas corretas de destinação de resíduos e para que tipo de resíduo é mais apropriado.
Resposta: aterro sanitário: espaço para dispor resíduos sólidos provenientes de residências, indústrias, hospitais, construções.
Incineração: consiste em um processo de queima dos resíduos em um ambiente rico em oxigênio, é recomendado para resíduos
hospitalares. Compostagem: técnica específica para decomposição os resíduos orgânicos, seja de origem doméstica, industrial, agrícola
ou florestal.

b) Avalie quais são os riscos da destinação incorreta de resíduos como os industriais, os hospitalares e os radioativos.
Resposta: a destinação incorreta desse tipo de resíduos, além de comprometer seriamente o meio ambiente, podem contaminar com
componentes tóxicos os cursos de água e o solo, além de causar doença na população, podendo levar até a morte.

2 No Brasil, foram produzidos em 2018, diariamente, cerca de 255 mil toneladas de resíduos sólidos. Futuramente, os aterros sanitá-
rios não serão suficientes para acomodar essa quantidade de resíduos, mesmo levando em consideração que nem todo resíduo
H11 produzido é descartado de forma correta. Assim, o impacto causado pelo lixo produzido é bastante considerável.

H15 a) Pesquise como é feita a destinação dos resíduos da sua região e a quantidade produzida na sua cidade.
Resposta pessoal.

92 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


b) Na sua residência é realizada a separação dos resíduos recicláveis e não recicláveis? Identifique os tipos de materiais devem
ser reciclados.
Resposta pessoal.

c) Proponha soluções para a problemática do lixo no Brasil.


Resposta pessoal. O aluno pode citar redução de consumo, reaproveitamento de resíduos sólidos (reutilização e reciclagem),
desenvolvimento de novas tecnologias para produzir embalagens biodegradáveis, entre outros.

FAÇA VOCÊ MESMO


1 Pesquise quais são as matérias-primas que não terão de ser é o feldspato, um mineral constituído por aluminosilicato
retiradas da natureza ao promovermos a reciclagem, reuso e duplo de sódio e potássio que, ao se decompor, produz os
H24 redução do consumo dos seguintes objetos abaixo: óxidos de potássio, de sódio, de alumínio, e também sílica.

a) Latinhas de alumínio. Um processo para a obtenção do vidro consiste na fusão


Resposta: bauxita, um mineral encontrado no solo, formado desses materiais, seguido do Banho Float, no qual a massa
principalmente por óxido de alumínio (Al2O3). é derramada em uma piscina de estanho líquido, em um
processo contínuo. Devido às diferenças de densidade entre
b) Papel.
os materiais, o vidro flutua sobre o estanho, ocorrendo um
Resposta: árvores.
paralelismo entre as duas superfícies. A partir desse ponto,
c) Vidro. é determinada a espessura do vidro. A seguir, na galeria de
Resposta: sílica (areia). recozimento, a folha de vidro será resfriada controladamente
até aproximadamente 120 °C e, então, preparada para o cor-
d) Carcaças de aço.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


te. Antes de ser cortada, a folha de vidro é inspecionada por
Resposta: minério de ferro, com o principal componente, o um equipamento chamado “scanner”, que utiliza um feixe
óxido de ferro III (Fe2O3). de raio laser para identificar eventuais falhas no produto. O
corte é realizado em processo automático e em dimensões
e) Fios elétricos. pré-programadas e, depois disso, o vidro é armazenado.
Resposta: o cobre é encontrado em vários minerais, mas o
principal é a calcopirita, (CuFeS2).
a) Identifique, na obtenção do vidro, um processo que
não é considerado processo químico. Justifique.
2 (UFRN) Os vidros são materiais conhecidos desde a anti-
Resposta: o processo de fusão da sílica juntamente com os
guidade e têm um tempo de degradabilidade de mais de
fundentes. Além disso, há o banho Float, que consiste na
H25 mil anos. Sua importância, nas diferentes esferas da vida,
relaciona-se com suas propriedades, pois são materiais que mistura de materiais, sem transformações.
podem ser reutilizados e infinitamente reciclados sem per-
der suas propriedades. Na produção de vidros, a matéria
b) Por que a reciclagem do vidro pode ser considerada um
prima principal é o óxido de silício ou sílica (SiO2), um sóli-
processo químico sustentável que beneficia o meio am-
do cristalino que forma uma rede atômica contínua ou um
biente?
macrocristal obtido pela extração convencional de areia. O
Resposta: o vidro demora muito tempo para se decompor na
SiO2 apresenta elevada temperatura de fusão, que varia en-
tre 1 700 e 1 800 °C. Considerando esses valores de tempe- natureza – cerca de 1 000 anos. O descarte do vidro altera o
ratura, no processo de produção do vidro com sílica pura, meio onde ele foi descartado. A reciclagem, além de evitar
seria inviável não adicionar óxidos de sódio e de potássio, o consumo de matéria-prima, diminui o uso de energia do
que atuam como fundentes (diminuem a temperatura de
processo.
fusão). Na produção de vidro, outra matéria-prima usada

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 93


3 (Unicamp-SP) Na discussão atual sobre a sustentabilidade b) Em um condomínio residencial há quatro grandes re-
do planeta, o termo “3R” tem sido usado para se referir a cipientes para receber, separadamente, metais, vidros,
H25 práticas – Reutilizar, Reciclar e Reduzir – que podem papéis e plásticos. Seria importante que houvesse outro
ser adotadas para diminuir o consumo de materiais e recipiente, que até poderia ser menor, para receber out-
energia na produção de objetos. ro tipo de material. Que material seria esse, sabendo-se
que, do ponto de vista ambiental, ele é mais prejudicial
a) Tendo em vista a sustentabilidade do planeta, ordene que os outros mencionados? Explique por que esse ma-
os verbos “reutilizar”, “reciclar” e “reduzir”, colocando em terial é muito prejudicial ao ambiente, quando aí des-
primeiro lugar a ação que levaria a uma diminuição cartado.
mais significativa do consumo energético e material e,
Resposta: o material seria formado por pilhas, baterias e
em último, a ação que levaria a uma diminuição menos
acumuladores de diversos tipos, pois eles contêm metais
significativa.
pesados e substâncias tóxicas e poluentes.
Resposta: reduzir (o que traria o menor uso de energia e
matéria-prima), reutilizar e reciclar (das 3 ações, a menos
impactante, apesar de importante).

ALF RIBEIRO/SHUTTERSTOCK
Poluição
A poluição é a introdução indevida de substâncias ou de energia no
meio ambiente que causam efeitos negativos e desequilíbrio ambiental. Pode
acontecer naturalmente ou pela atividade humana, e causar danos aos seres
vivos e ao ecossistema local. Vejamos alguns tipos de poluição a seguir.
Poluição da água: é a contaminação de fontes de água por elementos
externos, sejam eles físicos, químicos ou biológicos, trazendo danos aos diversos
organismos presentes nesse ambiente. Uma das consequências da poluição
da água é o aumento de doenças e a diminuição da disponibilidade de água
potável.
Poluição térmica: embora pouco conhecida, a poluição térmica causa
impactos consideráveis. Ocorre quando há elevação da temperatura média
de um rio, lago, solo ou atmosfera, comprometendo a vida nesses ambien-
tes. Como consequência do aumento de temperatura em cursos de água, por
Espuma de poluição no rio Tietê, exemplo, há diminuição do oxigênio dissolvido, causando alterações significa-
principal bacia hidrográfica do tivas no ambiente aquático, como mortes de peixes e de outras formas de vidas ali presentes.
estado de São Paulo. Poluição do ar: está ligada à contaminação do ar por gases, líquidos, partículas sólidas em
suspensão, além de material biológico ou energia. Esses poluentes atmosféricos são provenientes de
fontes naturais ou artificiais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 7 milhões de
pessoas morrem por ano no mundo em decorrência da poluição atmosférica e 9 em cada 10 pessoas
respiram ar com altos índices de poluição.
Os poluentes atmosféricos mais comuns ainda são:
VANDERWOLF IMAGES/SHUTTERSTOCK

▶ Dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio: produtos da combustão do


enxofre presente nos combustíveis fósseis. Esses óxidos formam ácidos em
contato com a água, originando a chuva ácida.
▶ Clorofluorcarbonos: reagem com o gás ozônio, destruindo a camada de
ozônio.
▶ Monóxido de carbono: produto resultante da queima incompleta de
combustíveis fósseis. Podem se combinar facilmente com a hemoglobi-
na do sangue, impedindo a captação do gás oxigênio. Por isso, é perigoso
inalar esse gás.
▶ Material particulado: proveniente da queima de combustíveis fósseis,
como a fuligem. Esses materiais são extremamente poluentes e agem prin-
Fumaça sendo lançada de chaminés de uma indústria. cipalmente nos pulmões, causando doenças como o enfisema pulmonar.

94 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


▶ Chumbo: encontrado na gasolina para aumentar a octanagem. No Brasil, o chumbo foi substituí- GLOSSÁRIO
do pelo álcool etílico anidro, como aditivo à gasolina com essa mesma finalidade.
Octanagem :
▶ Ozônio: presente na estratosfera, entre 25 a 30 km de altitude, responsável por filtrar os raios ultra-
índice de resistência à detonação de
violeta. Na atmosfera onde respiramos não é bem-vindo, pois, causa muitos problemas respiratórios.
combustíveis usados em motores que
▶ Dióxido de carbono: produto originado da combustão de matéria orgânica e como produto da usam como gasolina, álcool, GNV e GPL.
respiração. É um gás que naturalmente está presente na atmosfera,
mas quando é lançado em grande quantidade, provoca desequilí-

FOTOKON/SHUTTERSTOCK
brios regionais e globais, entre eles, o efeito estufa.
Poluição radioativa: causada por ondas eletromagnéticas. Ondas
de alta frequência, como os raios gama. A existência da radiação é natu-
ral no meio ambiente, porém, se for liberada em excesso, pode causar
mutações nas células e originar doenças como o câncer. Esse tipo de
poluição é bastante comprometedor por não existirem métodos de
descontaminação.
Poluição causada por ondas: um tipo de poluição pouco co-
nhecida. O excesso de diferentes tipos de ondas configura um proble-
ma, e é considerado poluição.
Vista da cidade de Pripyat, na Ucrânia, de
uma janela de um hotel abandonado.
OS DIFERENTES TIPOS DE ONDAS E SEUS FENÔMENOS A cidade foi atingida pela radiação do
acidente da usina nulear de Chernobyl,
Para compreendermos de forma consistente os tipos de poluição associados á presença das
em 1986, e até hoje está contaminada.
ondas no ambiente, precisamos primeiro conhecer as características físicas dos diferentes tipos de
ondas. Quando pensamos em ondas, é comum pensarmos em movimentação da água em uma
praia. Mas há muitos outros exemplos de ondas. Observe as imagens abaixo. Você consegue perceber
alguma coisa em comum entre elas?
EPICSTOCKMEDIA/SHUTTERSTOCK

ANDREY VP/SHUTTERSTOCK

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


ODY_STOCKER/SHUTTERSTOCK

YURKOMAN/SHUTTERSTOCK
Nas imagens, podemos
observar diferentes aplicações
de ondas, que permitem a um
surfista se locomover na água
do mar; a um sismógrafo fazer
a medição das ondas sísmicas
que provocam os terremotos;
a um raio-x ser utilizado para
observar o interior dos seres
vivos; e à transmissão das ima-
gens captadas pelo telescópio
Hubble. Todos esses são exem-
plos de aplicações de diferentes
tipos de ondas. Representação de aplicações de diferentes tipos de ondas.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 95


Uma onda pode ser classificada por critérios diferentes e independentes:
a) Quanto à natureza física
▶ Ondas mecânicas – são aquelas que precisam de um meio material para se propagar. (Ex.: som,
ondas sísmicas, ondas em uma mola etc.)
▶ Ondas eletromagnéticas – são aquelas que não precisam de um meio material, ou seja, que se
propagam no vácuo. (Ex. luz visível, radiação infravermelha, raio X etc.)
b) Quanto às direções de propagação e vibração
▶ Ondas transversais – são aquelas em que as vibrações ocorrem em uma direção perpendicular
à direção de propagação da onda. (Ex.: onda em uma corda, onda em uma mola, luz, vaga no
mar etc.)

LAB212
vibração

Propagação

Representação de onda transversal.

▶ Ondas longitudinais – são aquelas em que as vibrações ocorrem na mesma direção da propa-
gação da onda. (Ex.: onda em uma mola, som, ultrassom etc.)

LAB212
Representação de onda longitudinal.

Qualquer tipo de onda pode ser representado por uma curva senoidal, curva matemática que
descreve uma oscilação repetitiva suave, sendo esta uma onda contínua. Veja, por exemplo, como
podemos representar uma onda sonora, formada por regiões de compressão e rarefação do ar, com
o uso de uma curva senoidal.

LAB212
Compressão
Rarefação

Variação de pressão
Variações de pressão

Crista
da onda

Representação da onda sonora Vale da onda

Representação de onda sonora.

96 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Vale destacar, nesse exemplo, que apesar da semelhança entre uma curva senoidal e uma onda
transversal, o som é uma onda longitudinal.
Na representação de uma onda são representadas as seguintes características:
LAB212

Comprimento da Onda

Amplitude

crista

vale

Crista (ou pico) e vale – partes mais alta e mais baixa, respectivamente, de uma onda. Nesses
pontos, o valor da amplitude é o máximo da onda.
Amplitude – distância máxima entre a onda e sua posição de equilíbrio (linha tracejada). No
caso das ondas sonoras, a amplitude está associada ao volume do som.
Comprimento de onda – distância entre duas cristas, dois vales ou outros dois pontos sub-
sequentes em um ciclo completo. Está associado à frequência: quanto maior o comprimento de
onda, menor a frequência; e quanto menor o
comprimento de onda, maior a frequência.
Em relação às ondas eletromagnéticas,
nossos olhos conseguem captar apenas al-
gumas dessas ondas, chamadas de espectro Comprimento da onda
visível. São as luzes que vemos nas cores do
arco-íris. Mas há várias outras ondas eletromag- 700
Ondas de rádio
néticas que não conseguimos ver. O infraver- 600 Micro-ondas
melho, utilizado em controles remotos de apa- Infravermelho
relhos de televisão, por exemplo, e os raios X 580

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


LAB212
não são captados por nossos olhos e, por isso, 550
não conseguimos enxergá-los. Ultravioleta
As ondas de rádio, micro-ondas e infra- 475
Raios X
vermelho não são captadas pelos nossos olhos. Raios Gama
450
Podemos sentir o infravermelho quando esta-
mos próximos a uma fogueira ou a uma chama. 400
Repare que a diferença entre as cores está rela- Representação do espectro
cionada à diferença no comprimento de onda eletromagnético e a região do
da luz. Quanto maior o comprimento de onda, espectro com comprimentos de
mais avermelhada é a luz e, ao contrário, quan- ondas visíveis ao olho humano.
to menor o comprimento de onda, mais azulada é a luz. Isso também está associado à energia que
essas ondas transportam: quanto menor o comprimento de onda (maior a frequência), maior será
a energia. Assim, uma luz azul transporta mais energia que uma luz vermelha.

Céu azul e a cor do Sol ao longo do dia


Você já se perguntou por que o céu é azul? E por que o vemos mais avermelhado antes do
nascer e do por do sol? Todos esses fenômenos têm relação com as diferenças de comprimento
de onda das diferentes cores. Observe a imagem acima. Repare que, entre as luzes visíveis, o com-
primento de onda da luz azul é um dos menores (o comprimento de onda da luz violeta é menor
ainda). Quanto menor o comprimento de onda, mais facilmente a luz é espalhada. O violeta e o
azul, por exemplo, são mais espalhados pelas moléculas de oxigênio e nitrogênio presentes no ar da
atmosfera que as demais cores, que também são espalhadas, mas em menor intensidade.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 97


LAB212.
O Sol emite todas as cores que vemos no arco-íris.
Assim, a luz que chega no topo da atmosfera é uma luz
branca (soma de todas as cores de luz). Quando essa luz
entra na atmosfera, os raios de luz azul e violeta são espalha-
dos pelos gases presentes na atmosfera. Um observador na
superfície da Terra recebe esses raios violeta e azuis vindos
de diferentes partes da atmosfera, de modo que vemos o
céu como sendo azul. Os raios do Sol que não foram tão
espalhados chegam até outro observador, que percebe o
Sol como sendo alaranjado (resultado da soma das cores
menos espalhadas).
Assim, o azul que vemos no céu varia muito em fun-
ção da quantidade de vapor de água presente na atmos-
fera. Lugares mais secos possibilitam ver um céu com uma
cor azul profundo em relação a outros lugares em que há
mais vapor de água ou partículas maiores que as molécu-
las de nitrogênio e oxigênio. Isso porque, na presença de
partículas maiores, luzes com maiores comprimentos de
Figura esquemática, fora de escala e com cores ilustrativas.
onda também são espalhadas, dando uma aparência mais
Representação da chegada da luz do Sol até um observador. esbranquiçada ao céu.

MAGICPITZY/SHUTTERSTOCK
Uma nuvem do tipo cumulus é formada
por gotículas de água líquida e pequenos
cristais de gelo, ambos com diferentes
tamanhos e maiores que o das moléculas
de nitrogênio e oxigênio. Isso faz com
que todas as cores da luz solar sejam
espalhadas pela nuvem, o que nos
permite vê-las como muito brancas. No
caso de nuvens muito extensas, como
as cumulus-nimbus, a luz é totalmente
espalhada e não consegue atingir as
regiões mais baixas, que são vistas com
uma cor bem mais escura.
LAB212.

Mas o Sol nem sempre é visto


como amarelado. No entardecer e
no nascer, vemos o Sol mais averme-
lhado. Como podemos explicar essa
diferença?
Durante o dia, a luz do Sol atra-
vessa uma camada mais estreita da at-
mosfera, de modo que as luzes verme-
lha e verde não são muito espalhadas
e chegam até a superfície. Já no pôr do
sol, a camada da atmosfera que é atra-
vessada é muito maior, fazendo com
que luzes de maior comprimento de
onda também sejam espalhadas. Como
a luz vermelha é a que é menos espalha,
é essa cor que chega, em maior inten-
Figura esquemática, fora de escala e com cores ilustrativas.
sidade, à superfície, fazendo com que
Esquema de representação da luz do Sol no entardecer. vejamos o Sol bem mais avermelhado.

98 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Por que o céu das grandes cidades tem “menos” estrelas que o céu
das cidades pequenas?
A observação do céu noturno é um espetáculo que sempre instigou os seres humanos, ao longo
de toda a história. Em diferentes culturas se utilizam as estrelas visíveis no céu para representar seres
fantásticos ou acontecimentos e lendas. No entanto, se você já teve a oportunidade de observar
o céu noturno longe de grandes cidades, percebeu a enorme diferença entre o número de estrelas
visíveis, em relação a uma observação em um grande centro urbano? A que se deve essa diferença?
Talvez você ainda não tenha ouvido falar, mas o excesso de luz mal direcionada também é causa
de um tipo de poluição – a poluição luminosa. Essa poluição pode ser definida como qualquer
efeito adverso causado ao ambiente pela luz artificial excessiva ou mal direcionada produzida pelo ser
humano nos centros urbanos e que prejudica a visibilidade do céu noturno. Ao lançar luz intensa, em
grande quantidade, para o céu, ocorre o fenômeno de espalhamento da luz, de forma semelhante ao
que se observa com a luz solar durante o dia. O espalhamento da luz à noite dificulta ou até mesmo
impede a observação de estrelas que possuem brilhos mais tênues. E esse tipo de poluição não afeta
apenas as pessoas que querem realizar observações astronômicas; uma grande diversidade de seres
vivos utiliza os estímulos luminosos para se orientar. Por causa da poluição luminosa, o ciclo de vida
desses seres é alterado, podendo resultar até mesmo em sua morte.

DUDAREV MIKHAIL/SHUTTERSTOCK

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


O uso de luz artificial nas praias afeta
as fêmeas e os filhotes de tartarugas
marinhas. As fêmeas não fazem a
postura de ovos se a praia estiver
iluminada. Os filhotes se orientam pelo
reflexo da luz da lua e das estrelas no
mar para saber para onde ir. Em praias
com muita poluição luminosa, os
filhotes caminham na direção oposta
ao mar e acabam morrendo.

Efeito estufa e aquecimento global


O efeito estufa é um fenômeno natural muito importante para a manutenção da temperatura
da Terra, permitindo a existência de vida no planeta. A Terra recebe radiação emitida pelo Sol. Ao
atingir a Terra, parte desta radiação é refletida para o espaço e outra fica retida na atmosfera. Isso
ocorre porque o vapor de água, o monóxido carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), óxidos
de nitrogênio (NxOx) e o gás metano (CH4), presentes naturalmente na atmosfera, impedem a
passagem de parte do calor para o espaço, mantendo a atmosfera aquecida. Os gases que provo-
cam esse efeito são chamados de gases de efeito estufa. Pela ação antrópica são lançados gases
na atmosfera que intensificam o efeito estufa, causando, portanto, um aumento excessivo de
temperatura – o que chamamos de aquecimento global.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 99


TRGROWTH/SHUTTERSTOCK/LAB212
Sol
b
c
gases do efeito estufa

gas
es
do
ef
eit
o
es
tu
f
d

a
Esquema simplificado do
efeito estufa no planeta
Terra. A radiação emitida
fa

pelo sol atravessa a


estu

atmosfera, parte dela é


absorvida pela superfície
efeito

terrestre (a), outra parte


é refletida pela superfície
gases do

e volta para o espaço (b).


Uma parte da radiação
absorvida pela superfície a
é liberada em forma de
calor (c). Parte desse
calor não atravessa a
atmosfera e é retido no
planeta Terra pelos gases
de efeito estufa (d).

O CO2 é o principal gás de efeito estufa e traz grande desequilíbrio na absorção de energia
térmica proveniente do Sol, contribuindo para o aquecimento global. O Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC) tem registrado informações a respeito disso. O século XX foi con-
siderado o período mais quente desde a última glaciação registrada. Um estudo de 2017 indicou que
há 90% de chances do aumento das temperaturas médias, no século XXI, atingirem valores entre 2 e
4,9 °C. Um aumento de 2 °C já resultaria em graves e irreversíveis problemas ambientais. No entanto,
alguns cientistas defendem a ideia de que esse aumento de temperatura é normal e não deverá causar
nenhum problema ao meio ambiente.
As razões não naturais que causam o efeito estufa são, principalmente, uso de combustíveis
fósseis, desmatamento, queimadas e as atividades industriais. O aquecimento global provoca uma
série de alterações no planeta, das quais destacamos:
▶ Mudança na composição da fauna e da flora em todo o planeta em função de um rearranjo
mundial;
▶ Derretimento de grandes massas de gelo das regiões polares;
▶ Possibilidade de aumento de casos de desastres naturais como inundações, tempestades e
furacões;
▶ Possível extinção de espécies que não se adaptarem à nova configuração;
▶ Possibilidade de desertificação de áreas naturais;
▶ Os períodos de secas poderão ser mais frequentes;
▶ Alteração na produção de alimentos;
Por essas razões, os acordos internacionais são tão importantes, como a Agenda 2030 da Orga-
nização das Nações Unidas (ONU), pois só medidas adotadas pela maioria dos países, ou principal-
mente pelos mais poluidores, podem reverter ou controlar os efeitos do aquecimento.

100 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


PARA AMPLIAR

Efeitos da Radiação Ultravioleta para a Saúde envolventes são melhores para proteger seus olhos por-
que bloqueiam os raios nocivos vindos lateralmente.
[...]
Além disso, um chapéu de abas largas pode oferecer pro-
A exposição aos raios UV pode causar sérios danos teção na medida em que evita que raios UV vindos dos
aos seus olhos. lados ou por cima dos óculos escuros atinjam seus olhos.
Catarata Efeitos Nocivos da Radiação UV na Pele
A exposição aos raios UV aumenta o risco de desen-
O câncer de pele é a forma mais comum. Os cân-
volvimento de catarata, uma enfermidade em que a lente
ceres de pele comuns podem ser quase sempre curados
do olho perde sua transparência, comprometendo a visão.
com relativa facilidade. O melanoma, um tipo de câncer
Mesmo a exposição a baixos níveis de radiação UV
de pele, é mais perigoso e mais difícil de tratar. Entre-
coloca os adultos idosos em risco de desenvolver cata-
tanto, é geralmente curável se diagnosticado no início,
rata, uma causa relevante de cegueira. A adequada pro-
antes de se espalhar para outras partes do corpo. O
teção dos olhos da exposição ao sol é um modo impor-
diagnóstico precoce do melanoma pode salvar sua vida.
tante de diminuir seu risco de desenvolver catarata.
A radiação UV promove a produção da vitamina D pelo
Câncer de Pele ao redor dos Olhos corpo, essencial para a absorção de cálcio e, consequen-
O carcinoma das células basais é o câncer de pele temente, a manutenção dos ossos. À medida que enve-
mais comum nas pálpebras. Na maioria dos casos as lhecemos, nossa pele perde a capacidade de sintetizar a
lesões ocorrem nas pálpebras inferiores, mas podem vitamina D e nossos rins são menos eficientes na con-
ocorrer em todo o entorno dos olhos: nos cantos, sob versão desta vitamina em sua forma hormonal ativa.
as sobrancelhas e em áreas adjacentes da face.
Com o tempo a exposição aos raios solares faz com
Degeneração Macular Relacionada à Idade que a pele engrosse, enrugue, manche e tome a aparên-
(DMRI) cia de couro. A proteção adequada contra os raios sola-
A DMRI é uma enfermidade que afeta a mácula, ou res minimiza esses efeitos. Quase 90% das alterações da
seja, a parte do olho que permite que sejam vistos deta- pele que são popularmente atribuídas à idade são, na
lhes. Os sinais de degeneração macular incluem a visão verdade, causadas pela exposição ao sol.
central desfocada, dificuldade de reconhecer rostos e a
necessidade de maior iluminação para a leitura. A radia- Quem Corre Risco

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


ção solar tem um papel relevante no desenvolvimento da Seguem alguns dos fatores mais importantes que
DMRI. A DMRI—que ocorre de duas formas: úmida e determinam o risco de sofrer danos aos olhos ou à pele
seca—acomete principalmente pessoas acima de 55 anos a partir da superexposição à radiação UV:
de idade. A maioria dos casos nos EUA é do tipo seco, • Todos, independentemente da cor, correm risco
que evolui gradualmente e resulta em visão central des- de danos aos olhos devidos à radiação UV;
focada. A DMRI úmida desenvolve-se mais rapidamente
e acarreta maior perda de visão. A degeneração macular • Pessoas com histórico familiar de câncer de pele
não tem cura. No entanto, o diagnóstico precoce e o tra- ou que se expuseram excessivamente ao sol no passado e
tamento imediato ajudam a diminuir seu impacto, outra pessoas que têm um grande número de pintas ou verrugas
razão para você ir regularmente ao oftalmologista. (mais de 50) têm maior probabilidade de desenvolver cân-
ceres de pele. Os indivíduos que ficam expostos à luz solar
Fotoqueratite durante o trabalho também devem ficar atentos.
Esta enfermidade temporária branda resulta da su-
perexposição aos raios UV em ambientes refletivos • Alguns medicamentos, tais como certos anti-
como a praia e a neve. Os sintomas incluem lacrimeja- bióticos, anti-histaminas e fitoterápicos, aumentam a
mento, dor, pálpebras inchadas, sensação de areia nos sensibilidade da pele e dos olhos à radiação UV.
olhos, visão diminuída ou embaçada. Melhora esponta- Verifique com seu médico se os medicamentos que
neamente, geralmente após alguns dias. você toma aumentam a sensibilidade à luz solar. [...]
Proteja Seus Olhos
Os danos aos olhos associados à radiação UV podem CETESB. Efeitos da Radiação Ultravioleta para a Saúde.
Disponível em: <https://cetesb.sp.gov.br/laboratorios/wp-content/
ser evitados. Para proteger seus olhos use óculos escuros uploads/sites/24/2013/11/radiacao_uv_portugues.pdf>.
que bloqueiem 99-100% dos raios UV. Os óculos Acesso em: 07 de fev. 2019.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 101


PARA CONSTRUIR
1 Ondas são perturbações no espaço ou qualquer meio material, transportando energia. O conhecimento e aplicação dos diversos
tipos de ondas proporcionou sua utilização em aparelhos tecnológicos tanto de telecomunicações como para melhorar a saúde e
H9
qualidade de vida das populações. Seu uso é amplo e permeia diversas áreas. Sobre as ondas responda aos itens a seguir.
H10 a) Diferencie ondas mecânicas e ondas eletromagnéticas.
Resposta: ondas mecânicas são aquelas que precisam de um meio material para se propagar. Ondas eletromagnéticas são aquelas que
não precisam de um meio material para se propagar, se propagam também no vácuo.

b) Exemplifique de aplicação tecnológica de cada uma delas.


Resposta: ondas mecânicas: aparelhos de ultrassom utilizados em exames laboratoriais. Ondas eletromagnéticas: satélites artificiais.

2 As ondas eletromagnéticas podem ser ionizantes, ou seja, podem fazer com que elétrons se desprendam de átomos e moléculas.
A radiação ionizante pode comprometer a saúde por influenciar nas células dos organismos.
H9
a) Explique como a radiação ionizante proveniente do Sol pode comprometer a saúde.
H10 Resposta: s radiação ionizante proveniente do Sol em contato com as células da pele, pode alterar a composição do DNA celular e causar
alguns tipos de câncer.

b) Indique uma aplicação tecnológica de radiação ionizante utilizada pelo ser humano.
Resposta: exames laboratoriais (radiografia, tomografia, mamografia), radioterapia (tratamento de canceres com radiação controlada),
dentre outros.

H14
Aquecimento global de 1,5 °C
Em outubro de 2018, o IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas] publicou um relatório
especial sobre os impactos do aquecimento global de 1,5 °C, concluindo que limitar o aquecimento global a 1,5 °C
exigiria mudanças rápidas, profundas e sem precedentes em todos os aspectos da sociedade.
Com benefícios claros para as pessoas e ecossistemas naturais, o relatório constatou que limitar o aquecimento
global a 1,5 °C, em comparação com os 2 °C, poderia garantir uma sociedade mais sustentável e equitativa.
Enquanto as estimativas anteriores se concentravam em estimar os danos se as temperaturas médias subissem 2 °C,
este relatório mostra que muitos dos impactos adversos das mudanças climáticas virão na marca de 1,5 °C.
O relatório também destaca vários impactos das mudanças climáticas que poderiam ser evitados ao limitar o
aquecimento global a 1,5 ºC, em comparação a 2 ºC ou mais. Por exemplo, em 2100, a elevação global do nível do
mar seria 10 cm mais baixa com aquecimento global de 1,5 °C, em comparação com 2 °C.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. A ONU e a mudança climática. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/acao/mudanca-climatica/>.
Acesso em: 13 fev. 2020.

102 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Embora o efeito estufa seja um fenômeno natural, seu aumento pela ação humana causa o denominado aquecimento global.
O aumento de 1,5 °C na temperatura do planeta pode parecer pouco, mas já causa efeitos nocivos ao planeta.

a) Explique por que o efeito estufa dentro dos limites naturais é importante para o planeta Terra.
Resposta: o efeito estufa dentro dos limites naturais faz com que a Terra retenha parte do calor do Sol, dentro da faixa de temperatura
que permite a existência de vida no planeta.

b) Identifique os efeitos nocivos do aumento do efeito estufa.


Resposta: derretimento das calotas polares, aumento no nível do mar, mudança na composição de fauna e flora, possível extinção de
espécies, desertificação em algumas áreas, entre outros.

FAÇA VOCÊ MESMO


1 Pesquise sobre as principais causas de poluição luminosa, seus efeitos sobre os seres humanos e outros seres vivos e como é
possível reduzi-la. Avalie a região em que você mora em relação à poluição luminosa e proponha ideias que possam ser imple-
H18 mentadas para reduzir esse tipo de poluição.

Resposta pessoal.

2 (Enem)

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


H15
Nos últimos 60 anos, a população mundial duplicou, enquanto o consumo de água foi multiplicado por sete. Da
água existente no planeta, 97% são de água salgada (mares e oceanos), 2% formam geleiras inacessíveis e apenas 1%
corresponde à água doce, armazenada em lençóis subterrâneos, rios e lagos. A poluição pela descarga de resíduos
municipais e industriais, combinada com a exploração excessiva dos recursos hídricos disponíveis, ameaça o meio
ambiente, comprometendo a disponibilidade de água doce para o abastecimento das populações humanas. Se esse
ritmo se mantiver, em alguns anos a água potável tornar-se-á um bem extremamente raro e caro.
MORAES, D.S.L.; JORDAO, B.Q. Degradação de recursos hídricos e seus efeitos sobre a saúde humana.
Saúde Pública São Paulo, v. 36, n. 3, jun. 2002 (Adaptado).

Considerando o texto, uma proposta viável para conservar o meio ambiente e a água doce seria
a) fazer uso exclusivo da água subterrânea, pois ela pouco interfere na quantidade de água dos rios.
b) desviar a água dos mares para os rios e lagos, de maneira a aumentar o volume de água doce nos pontos de captação.
c) promover a adaptação das populações humanas ao consumo da água do mar, diminuindo assim a demanda sobre a água doce.
d) reduzir a poluição e a exploração dos recursos naturais, otimizar o uso da água potável e aumentar captação da água
da chuva.
e) realizar a descarga dos resíduos municipais e industriais diretamente nos mares, de maneira a não afetar a água doce
disponível.
Resposta: alternativa d.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 103


A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE
A crescente degradação do meio ambiente pelo ser humano causa o esgotamento de recursos
e mudanças muitas vezes irreversíveis. O reconhecimento dessas ações é recente, o que levou os
governos a colocar restrições em algumas práticas que degradam o meio ambiente com a finalidade
de diminuir os impactos.
Mas quando a humanidade começou a se preocupar com o meio ambiente? Será que essa
preocupação pode fazer frente às questões econômicas ligadas à exploração do meio ambiente? É
possível haver desenvolvimento aliado à preservação do meio ambiente?

O ambientalismo e as políticas globais


Desde a Antiguidade, o apreço pela natureza e a necessidade de se preservar e cuidar da fauna
e da flora aparecem em escritos clássicos. Na Roma antiga, os proprietários de terras deviam dei-
xá-las em herança nas mesmas condições nas quais as adquiriram. Havia punições para a poluição
de corpos de água potável, controle para a derrubada de florestas e queimadas, e leis que proibiam
proprietários de causar danos em propriedades adjacentes com emissões de fumaça e até de resí-
duos líquidos. No século XVI, em Portugal, o rei Dom Manuel I proibiu o corte de árvores frutíferas
e a caça a diversas espécies de animais. Porém, de maneira contraditória, a exploração de pau-brasil
nas costas brasileiras seguia em um ritmo desenfreado e predatório. Em 1558 essas árvores, antes
abundantes na Mata Atlântica desde o litoral, só eram encontradas a mais de 20 km da costa. Após
a Revolução Industrial a degradação ambiental só aumentou. O movimento ambiental só tomou
corpo na segunda metade do século XX.
Na segunda metade do século XX, o marco inicial para a discussão internacional sobre o meio
ambiente foi a conferência de Estocolmo, na Suécia, em 1972. Na época o movimento hippie, as
revoltas estudantis e a Guerra Fria estavam no auge. Testes nucleares ocorriam com frequência,
contaminado o mundo com estrôncio-90 (um perigoso material radioativo), o uso de venenos na
agricultura que contaminavam os alimentos aumentou consideravelmente, e o conceituado instituto
de pesquisa Club Rome anunciava a tendência de que os recursos naturais não seriam capazes de
sustentar o consumo da crescente população. Em meio a esses acontecimentos, líderes de Estado
se reuniram para discutir estes assuntos e o meio ambiente entrou na pauta das políticas globais.
Em 1983, outra conferência ambiental foi realizada pela Organização nas Nações Unidas (ONU).
O relatório desse encontro foi publicado em 1987 e nele aparecia pela primeira vez o conceito de
desenvolvimento sustentável, aquele que “atende às necessidades do presente sem comprometer
a habilidade de gerações futuras de atender às suas próprias necessidades”. Nesse relatório fica claro
que os padrões de desenvolvimento adotados pelas grandes nações do mundo e reproduzido pelas
nações em desenvolvimento levaria ao esgotamento dos recursos naturais em poucos anos, levando
a humanidade ao colapso. Esse documento influenciou a legislação de vários países, inclusive a
Constituição brasileira de 1988.

RADIOKAFKA/SHUTTERSTOCK

Ativistas do Greenpeace em
protestos contra a construção de
novos reatores nucleares em Rivne &
Khmelnytsky, Kiev, Ucrânia.

104 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Paralelamente a essas conferências internacionais cresceram os movimentos ambien-
talistas na sociedade civil por meio de protestos e ações das mais diversas, como a fun-
dação de ONGs (Organizações Não Governamentais) como o Greenpeace e a WWF,
que ganharam força e atuam até hoje ao lado de outras ONGs com ações que visam a
preservação do meio ambiente.

STOCKBYTE/GETTY IMAGES
Em 1992, ocorre no Rio de Janeiro a conferência conhecida como Eco-92,
20 anos após a conferência de Estocolmo. Nesse encontro os países participan-
tes começaram a moldar ações com o objetivo de proteger o meio ambiente.
Também foi estabelecida a Agenda 21, um documento com medidas para
o desenvolvimento sustentável. A Agenda 21 motivou a criação, no Brasil,
do Ministério do Meio Ambiente.
Em 1997, é estabelecido no Japão o Protocolo de Kyoto, um acordo de
redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, visando a redução
do aquecimento global entre os países-membro da ONU.
Em seguida, vieram as convenções Rio+10 e Rio+20, realizadas, respectiva-
mente, nas cidades de Johanesburgo, na África do Sul, em 2002, e no Rio de Janeiro,
em 2012. Nessas reuniões se reafirmaram as questões referentes ao desenvolvimento
sustentável, porém, se destacaram algumas críticas, pois foi observado que muitos países
não abandonaram ou diminuíram suas ambições econômicas em prol da conservação
dos recursos. Uma crítica importante foi a falta de metas concretas e objetivas para a redu-
ção da emissão de poluentes e para a preservação de áreas naturais dos países participantes.
Países assinam o protocolo de Kioto
Em 2015, foi assinado por representantes de 195 países o Acordo de Paris, que propõe a re- (1997, Japão) estabelecendo metas
dução da emissão de gases de efeito estufa para o controle do aquecimento global. A proposta é para a redução da emissão de gases
de manter o crescimento das temperaturas globais abaixo dos 2 ºC, acima dos níveis pré-industriais, do efeito estufa.
e envidar esforços para limitar o aumento de temperatura 1,5 ºC, acima dos níveis pré-industriais.
Porém, apesar de todos os esforços, a tendência global ainda é de um aumento nos níveis de de-
gradação do meio ambiente. De acordo com o último relatório publicado do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que contou com o apoio técnico de 1 203 cientistas, de
diversas instituições científicas em mais de 160 governos, o mundo tende a enfrentar muitos proble-
mas em relação à escassez de recursos naturais. “Se a tendência atual continuar e o mundo fracassar
na busca de soluções para mudar os padrões atuais de produção e consumo, se nós fracassarmos
no uso sustentável dos nossos recursos, a situação do meio ambiente em todo o mundo continuará

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


a declinar”, afirma o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner.
FREDERIC LEGRAND - COMEO/SHUTTERSTOCK

Em 30 de novembro de 2015, Barack


Obama, então presidente dos Estados
Unidos da América, faz seu discurso em
Paris COP-21, Conferência das Nações
Unidas sobre as Alterações Climáticas.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 105


A legislação ambiental brasileira
O conjunto de leis que protegem o meio ambiente são de grande valia para sua preservação
quando há fiscalização e cumprimento adequado delas. No Brasil, a legislação ambiental é uma das
mais completas do mundo, porém, perde em eficiência devido à falta de fiscalização e à impunidade.
O artigo 225 da Constituição Federal diz o seguinte: “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações”. Isto torna claro a legitimidade da preservação do meio ambiente no Brasil, mas,
como já discutimos, as iniciativas de atividades econômicas comumente entram em conflito com as
de questões ambientais. Como é então possível conciliar as duas coisas?
Para exercer o controle prévio e acompanhar atividades que utilizem recursos ambientais,
foi criado o instrumento licenciamento ambiental, que tem como objetivo garantir que o meio
ambiente mantenha a sua sustentabilidade física, sociocultural e econômica. É destinado às ati-
vidades que empregam recursos naturais que sejam potencialmente poluidoras ou geradoras de
degradação ambiental.
O licenciamento ambiental é um procedi-

TARCISIO SCHNAIDER/SHUTTERSTOCK
mento realizado em três fases que concede aos
empreendimentos a autorização de localização,
instalação, ampliação e até mesmo a operação.
▶ Licença Prévia (LP) – deve ser solicitada na
etapa anterior à implantação, alteração ou
ampliação do projeto. Ela visa dar o aval de
viabilidade ambiental e estabelecer as con-
dições para o desenvolvimento do projeto.
Essa licença não autoriza a implantação
do projeto, apenas avalia sua possibilidade.
Nessa etapa, se o empreendimento apre-
sentar um considerável impacto ambien-
tal, o responsável deve solicitar a realização
de um Estudo e Relatório de Impacto
Ambiental (EIA/RIMA), um diagnóstico
ambiental e uma análise de impactos, com
foco nas condições da comunidade bioló-
gica local, nos recursos do ambiente, nas
questões paisagísticas, sanitárias e no de-
senvolvimento socioeconômico da região,
além de propor medidas de compensação
ambiental quando for o caso.
▶ Licença Instalação (LI) – concede a auto-
rização da implantação do projeto, desde
que sejam atendidas as condições impostas
na licença prévia.
▶ Licença de Operação (LO) – autoriza o
início do funcionamento da atividade após
uma vistoria, se as condições impostas an-
teriormente foram atendidas.
O órgão responsável pela fiscalização das
leis e pelo licenciamento ambiental é o Ibama
(Instituto Nacional Brasileiro do Meio Ambien-
te e Desenvolvimento Sustentável) no âmbito
nacional. Nos empreendimentos das esferas
Agente de inspeção ambiental da SEMA (atual SEMAS) do estado do Pará realizando uma inspeção estaduais e municipais, as secretarias do meio
em caminhão com carga ilegal de toras. Dom Eliseu, Pará, Brasil, 18 de março de 2013. ambiente são as responsáveis.

106 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Unidades de conservação
Áreas ambientais protegidas por lei que ocorrem em diferentes locais do país, e variam em cada
localidade. Essas áreas apresentam tipos, funções e usos distintos e com diferentes jurisdições. O não
cumprimento da legislação vigente recorre em crime ambiental com incidência de penas diversas.
De maneira geral, a função das áreas protegidas é conter a degradação do meio ambiente e manter
os recursos naturais locais.
Na legislação brasileira são previstas áreas chamadas de Unidades de Conservação (UCs) como
parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, e podem ter jurisdição federal, estadual ou
municipal, tendo como objetivos principais:
▶ contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território
nacional e nas águas jurisdicionais;
▶ proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;
▶ contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;
▶ promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
▶ promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de
desenvolvimento;
▶ proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
▶ proteger as características de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, paleontológica
e cultural;
▶ proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
▶ recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
▶ proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento
ambiental;
▶ valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
▶ favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato
com a natureza e o turismo ecológico;
▶ proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e
valorizando seu conhecimento, sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


No Brasil, existem 12 tipos de unidades conservação divididas em dois grandes grupos. O pri-
meiro grupo são as unidades destinadas à proteção integral, que têm como objetivo geral a pre-
servação da natureza. O segundo grupo são

ANDRE DIB/SHUTTERSTOCK
as unidades de uso sustentável, que têm
como objetivo conciliar a conservação da
natureza com o uso direto dos recursos na-
turais, permitindo uma exploração sustentá-
vel, de forma que mantenha a biodiversida-
de e os recursos naturais.
Como exemplo de áreas de proteção
integral temos: estações ecológicas (91 uni-
dades), reservas biológicas (54 unidades),
parques nacionais (306 unidades), monu-
mentos naturais (32 unidades) e refúgios de
vida silvestre (29 unidades). Unidades de uso
sustentável são áreas de relevante interesse
ecológico (45 unidades), reservas particula-
res do patrimônio natural (648 unidades),
áreas de proteção ambiental (254 unidades),
estações ecológicas (91 unidades), florestas
nacionais (101 unidades), reservas de de-
senvolvimento sustentável (29 unidades) e
reservas extrativistas (87 unidades). Morro das Agulhas Negras, Parque Nacional de Itatiaia, Brasil. Uma unidade de proteção integral.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 107


ROBERTO EPIFANIO/SHUTTERSTOCK

MARIANO VILLAFANE/SHUTTERSTOCK
Da esquerda para a direita: área de proteção
ambiental de Genipabu, Rio Grande do
Norte, Brasil; jovem deitado sobre as raízes
de “Samaúma Vovó”, uma das maiores
árvores da espécie na Floresta Nacional do
Tapajós, no Pará, Brasil. Ambas as áreas são
unidades de uso sustentável.

Unidade Conservação por classe de efetividade de gestão As UCs não são totalmente efi-

LAB212
49%
cazes em seu papel de proteção do
45% meio ambiente, pois nem sempre a
fiscalização é eficiente, comumente
36% há descumprimento da lei. Os rela-
34%
tórios do ICMBio (Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiver-
21% sidade), que é o instituto responsável
15% em administrar as UCs na esfera fede-
ral, apontam nas unidades do Bioma
Amazônia uma efetividade média
Proteção integral Uso sustentável (entre 40% a 60% de eficácia) em 49%
das UCs de proteção integral e uma
Alta (> 60%) Média (40% a 60%) Baixa (< 40%) efetividade alta (maior do que 60%)
em 45% das UCs de uso sustentável.
BRASIL. Ministério do Meio ambiente. Efetividade da Gestão de UCs. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/efetividadedagestaodeucs>.
Acesso em: 6 mar. 2020.

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADAS


As áreas degradadas são aquelas onde os ecossistemas foram parcialmente ou totalmente da-
nificados devido a ações humanas, como a mineração, o desmatamento e a contaminação por
diferentes tipos de resíduos. Nesses locais, muitas vezes, são observados grande erosão do solo, falta
ou rareamento de cobertura vegetal, e início do processo de desertificação.
Diversos métodos podem ser empregados, dependendo do dano sofrido e do tipo de ecossiste-
ma, para realizar restauração. Muitas vezes, pode-se restaurar a área visando um estágio intermediário
estável e não o estado original do local, o que pode ser de difícil realização.

Recuperação do solo
Em solos contaminados, primeiramente, deve-se fazer um processo de descontaminação ou
de remediação que podem ser muito diversos, dependendo do tipo de contaminantes. Em geral,
todo solo pode ser descontaminado, mas isso envolve custos elevados.
Entre as técnicas mais eficientes e sustentáveis estão a biorremediação e a fitorremediação.
Ambas envolvem o uso de seres vivos para descontaminar a área. Na primeira situação são usados
microrganismos específicos como fungos e bactérias, que irão transformar os contaminantes em
substâncias menos nocivas ao solo. No segundo caso são usadas espécies vegetais específicas que
vão degradar, extrair ou imobilizar os contaminantes.

108 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


Recuperação da cobertura vegetal – Reflorestamento
A recuperação da cobertura vegetal original de uma área degradada pode ser realizada de
três maneiras. Quando a área puder se recuperar naturalmente, estiver adequadamente protegida
e houver fatores como a presença de sementes, de dispersores e polinizadores, entre outros, a recu-
peração pode ocorrer de forma natural. Na ausência dessas condições, a recuperação da vegetação
ou reflorestamento pode incluir plantio de sementes, processo mais barato, lento e que requer mais
cuidados, ou plantio de mudas, processo mais custoso, rápido e efetivo.
Uma técnica é realizar o plantio de espécies nativas diversas juntamente com leguminosas.
Em suas raízes vivem bactérias simbiontes do gênero Rhizobium sp., capazes de fixar o nitrogênio
atmosférico na forma de gás nitrogênio (N2) em amônia (NH4). Essa técnica dispensa a adubação
da área e pode ser usada em áreas que foram utilizadas extensivamente para a agricultura, com
esgotamento do solo.

TARCISIO SCHNAIDER/SHUTTERSTOCK

XICO PUTINI/SHUTTERSTOCK
Área de reflorestamento natural e área
O reflorestamento pode ocorrer para cumprir as leis de licenciamento e compensação ambien- de reflorestamento com mudas nativas
tal. Por exemplo, para compensar grande emissão de gás carbônico causada por empreendimentos para recuperação ambiental.
humanos, pois as plantas captam o gás carbônico da atmosfera para realizar a fotossíntese. Atual-

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


mente, há empresas que comercializam os chamados créditos de carbono, que correspondem a
espécies com capacidade de fixar o CO2 atmosférico.
Há também o reflorestamento para fins comerciais, com a utilização de mudas específicas de
crescimento rápido, como o eucalipto e o pinus, para o uso de empresas de papel e celulose, e ainda
para interesses sociais como contenção de encostas.
DIETRICH LEPPERT/SHUTTERSTOCK

Área de reflorestamento para fins comerciais (papel e celulose) de eucalipto.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 109


PARA CONSTRUIR
1 O Acordo de Paris é um tratado das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, assinado em 2015, em que os países signatários
se comprometeram a reduzir a emissão de gases de efeito estufa para o controle do aquecimento global. Entretendo, em 2017,
H14
Donald Trump, presidente do EUA, anunciou a saída do país do acordo. Sabendo-se da importância dos EUA na economia e
produção mundial, explique o que representa a saída do país do acordo.
Resposta: os EUA é um dos países mais poluidores do planeta, então sua saída significa que o país não é mais obrigado legalmente a reduzir
as emissões o que impacta negativamente o meio ambiente e as metas de redução mundiais ficam comprometidas.

2 O licenciamento ambiental é um processo que tem como objetivo realizar controle prévio e acompanhamento de atividades e
empreendimentos que utilizem recursos naturais.
H14
a) Explique a importância do cumprimento da legislação ambiental e do estudo de impacto ambiental.
Resposta: a legislação ambiental é um instrumento do poder público para garantir que os recursos naturais sejam utilizados de forma a causar
menos impacto, para que seja usado com parcimônia na atualidade e para as gerações futuras. O estudo do impacto ambiental é importante
para se avaliar e quantificar os riscos ambientais da instalação de empreendimentos para que seja possível sua regulação e controle.

b) Descreva as etapas do processo de licenciamento ambiental.


Resposta: licença prévia (LP): deve ser solicitada na etapa anterior à implantação, alteração ou ampliação do projeto. Licença de
instalação (LI): concede a autorização da implantação do projeto desde que sejam tendidas as condições impostas na licença prévia.
Licença de operação (LO): autoriza o início do funcionamento da atividade após a vistoria e se as condições impostas foram atendidas.

c) Identifique o órgão responsável pela fiscalização da legislação ambiental em âmbito nacional.


Resposta: IBAMA (Instituto Nacional do Meio Ambiente).

FAÇA VOCÊ MESMO


1 O síndico de um condomínio preocupado com as questões ambientais e o impacto causado pelas atitudes de cada morador, deci-
diu convocar uma assembleia para que medidas que reduzam o impacto ambiental sejam implementadas no condomínio. Então
H14
pediu aos moradores que listassem as medidas que consideram importantes e praticáveis dentro da realidade do condomínio.
5
H1 a) Proponha medidas que poderiam ser indicadas na assembleia do condomínio.
Resposta pessoal. Os alunos podem citar: separação do lixo reciclável, aproveitamento de água da chuva, instalação de painéis solares,
entre outros.

b) Elabore uma proposta de intervenção para que as medidas indicadas por você possam ser colocadas em prática. As soluções
podem ser ou não caseiras e com uso de materiais acessíveis ou reutilizando materiais que seriam descartados.
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos façam a correlação com as indicações que fizeram no item anterior. Avalie se as propostas de
intervenção são coerentes e aplicáveis.

2 (Vunesp-SP) A revista Veja, em um número especial sobre a Amazônia, publicou em 2008 matéria de onde foi extraído o
seguinte trecho:
H15
Uma boa medida para diminuir a pressão sobre as matas seria mudar a lei e permitir que sejam plantadas espécies
exóticas, como o eucalipto, nas propriedades que desmataram além do limite de 20%. “Reflorestar com árvores exóticas
dá retorno econômico e é tecnicamente viável,” diz Francisco Graziano, secretário do Meio Ambiente de São Paulo.
Além dos aspectos econômicos e técnicos tratados no texto, cite uma vantagem e uma desvantagem, do ponto de vista ecológico,
de se recuperar áreas desmatadas da região amazônica com espécies vegetais exóticas.
Resposta pessoal. Orientações no manual do professor.

110 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


VOCÊ É O AUTOR
Reciclar é preciso
Leia o texto a seguir.

Um caminho para a diminuição do lixo.


A produção de resíduos sólidos vem aumentando a cada ano e descarte adequado
destes resíduos têm se tornado um debate cada vez mais importante. A reciclagem é con-
siderada uma importante iniciativa na diminuição dos resíduos sólidos que chagam aos
aterros sanitários e lixões, como destaca o texto abaixo.
De acordo com dados da ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais), em 2016 a média de produção de lixo per capta no Brasil
era de 1kg/dia. Considerando que somos quase 208 milhões de habitantes, conforme es-
timativa do IBGE (2017), é possível ter uma noção da quantidade de “lixo” que é gerada
anualmente em todo o Brasil. Só em 2016, foram mais de 78 milhões de toneladas. Entre-
tanto, não temos dimensão do problema que isso representa, uma vez que com a coleta
pública de resíduos, que na maioria das cidades ocorre, no mínimo, três vezes por semana,
é muito simples conviver com essa realidade. Afinal a partir do momento que o lixo sai da
nossa vista a gente não se preocupa mais com a destinação final desse material.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal 12 305/2010) determina que todo
material produzido pelas atividades domésticas e comerciais que serão possíveis de coleta
pelos serviços de limpeza pública, deve ser encaminhado para destinação final apenas
quando não é possível seu reaproveitamento, seja por meio da reciclagem, da reutilização,
da compostagem ou da geração de energia. Quando não existir tecnologias viáveis os re-
síduos devem ser destinados a aterros sanitários. Entretanto, do volume produzido em

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


2016, quase 30 milhões de toneladas não tiveram a destinação adequada, o que represen-
ta um percentual de 41,6% do total gerado, o que transforma os resíduos sólidos em um
grave problema ambiental, pois o descarte inadequado pode carregar esse material para os
córregos e rios e consequentemente, alcança os oceanos, além da problemática dos lixões,
os impactos na saúde pública dentre outros efeitos negativos.
De acordo com a definição do Ministério do Meio Ambiente, reciclagem é um con-
junto de técnicas de reaproveitamento de materiais descartados, reintroduzindo-os no
ciclo produtivo. De todo lixo produzido no Brasil, 30% tem potencial para ser reciclado,
porém apenas 3% deste total é efetivamente reciclado. A reciclagem é uma excelente alter-
nativa para a problemática de resíduos sólidos urbanos, alcançando a esfera ambiental, o
âmbito social e o desenvolvimento econômico.
É importante ressaltar apenas 22 milhões de brasileiros são contemplados por pro-
gramas municipais de coleta seletiva, o que representa 18% da população, o que demons-
tra uma grande barreira para que a reciclagem seja efetiva no Brasil. Além de mais políticas
públicas para favorecer a reciclagem, é necessário incentivo e esclarecimento da população
sobre os impactos resultantes do descarte incorreto. Se cada habitante individualmente
assumir a responsabilidade pela destinação de seus resíduos, o Brasil vai atingir outro
patamar mundial no âmbito da reciclagem. O meio ambiente agradece.
[...]

AMARAL, Daniela S. & RODRIGUES, Elisangela R. Reciclagem No Brasil: Panorama Atual E Desafios Para
O Futuro. FMU Centro Universitário. Disponível em: < https://portal.fmu.br/
reciclagem-no-brasil-panorama-atual-e-desafios-para-o-futuro/>. Acesso em: 18 fev. 2020.

Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes 111


Após ler o texto analise os gráficos abaixo que apresentam dados sobre a abrangência da coleta seletiva ao longo dos anos e a
composição dos resíduos recicláveis coletados no ano de 2018.

Municípios com coleta seletiva no Brasil Composição Gravimétrica da Coleta Seletiva

LAB212

LAB212
1227 2% 2%
1055 7% 17%
927 Plásticos 8%
766 Rejeitos
Papel/Papelão 9%
Alumínio
405 443
Metais Ferrosos
327 10%
Vidro 24%
192 237 Outros
135
81 Eletrônicos 21%
Longa Vida
1994 1999 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018
Adaptado de: Municípios com coleta seletiva no Brasil. 2018. Compromisso Empresarial para Adaptado de: Composição Gravimétrica da Coleta Seletiva. 2018. Compromisso Empresarial para
Reciclagem. Disponível em: <http://cempre.org.br/ciclosoft/id/9>. Acesso em: 07/03/2020. Reciclagem. Disponível em: <http://cempre.org.br/ciclosoft/id/9>. Acesso em: 07/03/2020.

1 Identifique os materiais recicláveis mais coletados no Brasil.


Resposta: papel/papelão e plásticos.

2 A coleta seletiva abrange todos os municípios do Brasil? E como ela se desenvolveu ao longo dos anos?
Resposta: não, até 2018 a coleta seletiva abrangia apenas 1227 municípios. Ao longo dos anos a coleta seletiva se expandiu, sendo observado
um importante salto na quantidade de municípios atendidos no ano de 2012.

Pesquise sobre o tema:


a) Os impactos, positivos ou negativos, que a reciclagem pode trazer ao meio ambiente e à economia.
b) Duas iniciativas de incentivo a reciclagem de materiais em diferentes países.
c) Objetos que são produzidos a partir de materiais recicláveis.
d) Iniciativas para diminuir a geração de resíduos e aumentar a reciclagem de materiais no Brasil.
Com base nas informações do texto e pesquisas realizadas, escreva o roteiro para um podcast sobre a reciclagem. O roteiro deve
conter o nome do podcast, uma introdução sobre o tema e a apresentação das informações pesquisadas.
Produção pessoal.

112 Integração da matéria e energia com os seres vivos nos ambientes


CIÊNCIAS DA NATUREZA E
SUAS TECNOLOGIAS
MANUAL DO PROFESSOR

2
ensino médio
H14 - Compreender questões ambientais, considerando as

EIXO transformações e interações entre os componentes bióticos e


abióticos, a adaptação dos seres vivos, os processos evolutivos e as
relações ecológicos nos diferentes ambientes.
INTEGRAÇÃO DA MATÉRIA E ENERGIA H15 - Comparar propostas de intervenção ambiental aplicando
conhecimentos científicos e tecnológicos, observando os riscos e
COM OS SERES VIVOS NO AMBIENTE benefícios de sua implementação.
H18 - Identificar situações de risco ambiental na cidade onde reside.
H24 - Descrever as propriedades físicas, químicas e/ou biológicas
dos materiais relacionando-os às finalidades as quais que se
Nesse eixo os alunos desenvolverão as habilidade e competências
destinam.
por meio dos objetos de conhecimento relacionados às características H25 - Identificar matérias-primas e etapas de transformação nos
básicas da matéria e energia. Em seguida, os temas abordados se refe- processos produtivos, descrevendo os processos geológicos, físicos,
rem à interação entre o fluxo da energia e da matéria para manter a químicos e /ou biológicos, relacionados às diferentes etapas de
organização fisiológica e ecológica de um organismo e sua integração produção ou reciclagem de materiais
com o meio-ambiente.

Competências 1 A MATÉRIA NO UNIVERSO


C1 - Compreender as Ciências da Natureza e suas tecnologias
como construções humanas associadas à cultura dos povos e suas
Competências
visões de mundo.
C2 - Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas C1 - Compreender as Ciências da Natureza e suas tecnologias
procedimentais das Ciências da Natureza na explicação de como construções humanas associadas à cultura dos povos e suas
fenômenos cotidianos, bem como dominar processos e práticas visões de mundo.
da investigação científica. C2 - Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas
C3 - Determinar os impactos das ações humanas nos ambientes, procedimentais das Ciências da Natureza na explicação de
identificando suas causas e propondo soluções para a sua redução. fenômenos cotidianos, bem como dominar processos e práticas
C5 - Determinar as características das tecnologias associadas da investigação científica.
às Ciências da Natureza aplicadas em diferentes serviços C5 - Determinar as características das tecnologias associadas
ou contextos produtivos: indústria, manufatura, agricultura, às Ciências da Natureza aplicadas em diferentes serviços
agroindústria, extrativismo. ou contextos produtivos: indústria, manufatura, agricultura,
agroindústria, extrativismo.
Habilidades
Habilidades
H1 - Interpretar informações apresentadas nas diferentes
linguagens usadas nas Ciências da Natureza, como texto, gráficos, H1 - Interpretar informações apresentadas nas diferentes
tabelas, relações matemáticas, diagramas e representação linguagens usadas nas Ciências da Natureza, como texto,
simbólica. gráficos, tabelas, relações matemáticas, diagramas e
representação simbólica.
H4 - Identificar, em textos, diagramas, gráficos, imagens e tabelas,
H4 - Identificar, em textos, diagramas, gráficos, imagens e tabelas,
informações relevantes para compreender um fenômeno ou
informações relevantes para compreender um fenômeno ou
conceito relacionado às Ciências da Natureza.
conceito relacionado às Ciências da Natureza.
H6 - Compreender os conceitos relacionados à Física em seus H6 - Compreender os conceitos relacionados à Física em seus
diferentes ramos: Astronomia, Mecânica, Acústica, Óptica, diferentes ramos: Astronomia, Mecânica, Acústica, Óptica,
Termologia, Calorimetria, Ondulatória Eletricidade, Magnetismo e Termologia, Calorimetria, Ondulatória Eletricidade, Magnetismo e
Física Moderna e Nuclear. Física Moderna e Nuclear.
H7 - Compreender os conceitos relacionados à Química nos H7 - Compreender os conceitos relacionados à Química nos
seus diferentes ramos: Fisioquímica, Química orgânica e Química seus diferentes ramos: Fisioquímica, Química orgânica e Química
inorgânica. inorgânica.
H8 - Compreender os conceitos relacionados à Biologia nos seus H8 - Compreender os conceitos relacionados à Biologia nos seus
diferentes ramos: Zoologia, Botânica, Ecologia e Genética. diferentes ramos: Zoologia, Botânica, Ecologia e Genética.
H9 - Explicar os conceitos de energia, matéria, vida e H10 - Aplicar os conceitos de Física, Química e Biologia de forma
transformação para explicar fenômenos naturais e procedimentos integrada na compreensão dos fenômenos naturais.
tecnológicos. H24 - Descrever as propriedades físicas, químicas e/ou biológicas
H10 - Aplicar os conceitos de Física, Química e Biologia de forma dos materiais relacionando-os às finalidades as quais que
integrada na compreensão dos fenômenos naturais. se destinam.
H11 - Empregar procedimentos e práticas de observação, H25 - Identificar matérias-primas e etapas de transformação nos
levantamento de hipótese, experimentação, coleta de dados e processos produtivos, descrevendo os processos geológicos, físicos,
conclusões para resolução de problemas relacionados às Ciências químicos e /ou biológicos, relacionados às diferentes etapas de
da Natureza. produção ou reciclagem de materiais.

2 Manual do Professor
▶ Matéria e suas propriedades – página 11
Habilidades complementares
H9 - Explicar os conceitos de energia, matéria, vida
Oriente os alunos a registrarem as respostas referentes às pergun-
e transformação para explicar fenômenos naturais e tas do teto em seus cadernos. A intenção aqui é sondar e checar o
procedimentos tecnológicos. conhecimento prévio dos alunos a respeito do tema, para que dedu-
zam alguns elementos da matéria. Para isso, discuta com os alunos as
características apontadas e o que há em comum com as propriedades
Objetos de conhecimento
da matéria. Por fim, relacione o que mencionaram com o conceito de
▶ Organização atômica da matéria - ligações e estruturas, estados massa e volume, ou a presença de átomos.
de agregação.
▶ Densidade. ▶ Massa, peso e matéria – página 12
▶ Massa. Proponha aos alunos que busquem responder os questionamentos
levantados no texto por escrito, revendo e discutindo as informações
▶ Peso e matéria.
apresentadas. A intenção é que percebam que a expressão “peso lí-
▶ Transformações físicas e químicas. quido” contida em diversas embalagens se refere a massa do produto,
▶ Substâncias. descontando a massa da embalagem. Você pode sugerir que eles
▶ Misturas e elementos. avaliem também outras informações encontradas em embalagens,
▶ Composição química dos seres vivos. como “peso drenado” encontrado em potes de conservas. A intenção
é que os alunos percebam que, no cotidiano, se utiliza os termos “peso”
Objetivos específicos do capítulo como sinônimo de “massa”, dois conceitos bem diferentes quando se
analisa do ponto de vista da Ciência.
▶ Estabelecer relações entre conceitos físicos e biológicos.
▶ Identificar estruturas biológicas presentes relacionadas ao sistema ▶ Para ampliar – página 13
locomotor e suas funcionalidades. O filme sugerido trata sobre a vida pessoal do físico e cosmólogo
▶ Conduzir experimentos científicos reconhecendo aspectos im- Stephen Hawking. Professor, para ampliar os conhecimentos sobre as
portantes relacionados à investigação científica. contribuições de Hawking para a ciência, sugerimos que seja proposto
▶ Ler textos de diferentes gêneros que abordem temas relacionados aos alunos, a realização de pesquisa em grupo sobre suas descobertas e
às Ciências da Natureza. apresentação dos resultados. Eles podem escolher uma das descobertas
▶ Identificar processos bioquímicos relacionados aos movimentos para produzir um vídeo informativo ou podcast, explicando sobre
humanos. a descoberta, porque ela se tornou importante e seu impacto nos
estudos atuais. O vídeo/podcast pode ser divulgado nas mídias sociais
da escola ou os alunos podem criar uma mídia social, incentivando a
ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES divulgação científica. É sugerido ao professor que ele monitore a esco-

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


lha do tema dos vídeos/podcast para garantir a variedade dos temas.
▶ Mas já havia tecnologia naquela época? Afinal, o que é
tecnologia? – página 10 ▶ Densidade – página 14
Proponha para aos alunos pensarem por alguns instantes nas Para auxiliar na compreensão do tema, você pode construir com
questões propostas no texto e, em seguida, ouça suas respostas e os alunos uma “torre de líquidos” com mel, xampu, água, azeite e
discuta-as com eles procurando relacioná-las ao real conceito de álcool etanol. Procure verter, cuidadosamente, cada um dos líquidos
tecnologia. Uma dica importante é a análise da própria palavra que em uma proveta e deixe que os alunos observem o que ocorre, sem
remete ao termo “técnica” – conjunto de procedimentos. agitar a mistura.

▶ Para ampliar – página 10 ▶ Para ampliar – página 14


Sugerimos algumas opções para trabalhar o vídeo dessa seção. Se Você pode realizar a demonstração do procedimento descrito
houver tempo e recursos, projete o vídeo para a turma durante uma nessa seção em sala de aula. E, para não ter que trabalhar com ovos
aula e em seguida, discuta com os alunos a questão de abertura da estragados, proponha aos alunos uma investigação: o que aconteceria
atividade. Outra possibilidade é pedir que assistam o vídeo em casa se, ao invés de utilizar a água potável (água doce) utilizasse água com
e na aula seguinte organize uma discussão sobre o assunto. Peça para sal? Eles devem perceber que, devido a presença do sal, a densidade
eles darem outros exemplos que conheçam de tecnologias e pergunte da água se torna maior em relação a água potável, o que fará com
como acham que a mesma função era realizada antigamente. Pode que os ovos flutuem.
também ser solicitada uma pesquisa a respeito do assunto. Por fim,
discuta se as tecnologias modernas apresentam apenas vantagens ▶ Para ampliar – página 15
a nossa vida cotidiana ou se apresentam desvantagens também. Sugerimos que nessa sessão o experimento de Arquimedes seja
Conclua que o desenvolvimento de uma nova tecnologia é apenas reproduzido, porém de forma simplificada, em uma demonstração
uma mudança e não necessariamente melhor ou pior que a anterior. em sala de aula. Para isso você pode utilizar um aquário ou recipiente

3
transparente com água e objetos com o mesmo formato, produzi- ▶ Estados de agregação da matéria – página 19
dos em materiais diferentes, como bola de borracha, bola de isopor, Proponha aos alunos que respondam os questionamentos do
pedra redonda, bola de papel, bola de madeira, entre outros. Os início do parágrafo, sonde-os para verificar se sabem a composição
objetos podem ser colocados na água em duplas, para comparar suas do gelo seco, não é necessário dar a resposta, apenas discuta com
densidades, identificando se eles flutuam ou boiam. Ao realizar esta eles as possibilidades. Aproveite para perguntar por que eles acham
atividade é interessante que os alunos expressem suas hipóteses sobre que o gelo seco a temperatura ambiente libera uma fumaça? A ex-
quais objetos são mais densos e o que ocorrerá ao colocá-los na água. plicação tem relação com as gotículas de água, em suspensão, que
são carregadas pelo CO2.
▶ Propriedades gerais da matéria e propriedades específicas
das substâncias – página 16 ▶ Página 20
Discuta as questões propostas no texto com os alunos. É possível Se possível, faça uma demonstração da relação entre pressão e ebu-
construir os objetos citados com os respectivos materiais, porém, seria lição utilizando uma seringa e água quente. Colocando um pouco de
o ideal? O que iria acontecer se fossem postos em prática? Quais as água quente dentro da seringa e tampando o orifício com o dedo, você
limitações e problemas? Registre a resposta dos alunos na lousa ao pode reduzir a pressão no interior da seringa puxando o êmbolo. Os
longo da discussão, ou peça que formem grupos, discutam e registrem alunos observarão a formação de bolhas de vapor de água, semelhantes
suas impressões a respeito. Tente, então, relacionar as respostas dos às que observam em uma panela com água em ebulição. Ao retornar
alunos com as propriedades dos materiais em questão. o êmbolo à posição inicial, o processo é interrompido, mas pode ser
Os canos de água são feitos com PVC (policloreto de vinila) que reiniciado com a redução da pressão dentro da seringa novamente.
é resistente, impermeável, insolúvel e flexível, ideal para suportar a
▶ Transformações físicas e químicas - página 22
pressão e o desgaste provocado pela água. Os livros são feitos de
papel que é um material flexível, não quebradiço, poroso e permeável. Seguem alguns exemplos que poderão ser dados aos alunos.
Os fios elétricos são compostos por metais como o cobre, que Fenômenos físicos: amassar um papel ou qualquer outro material,
tem alta condutibilidade elétrica, resistência e flexibilidade. Os fornos quebrar diferentes materiais, ferver a água, transformação de barras de
podem ser de alvenaria ou de metal, que são materiais com alto ponto metais em fios, dissolução do açúcar em água, congelamento da água,
de fusão (temperatura para passar do estado sólido para o líquido) e transformação de tecido em roupas, aquecer um metal. Fenômenos
são resistentes. Os de alvenaria também tem a propriedade de ser um químicos: queima de qualquer material, alimento se decompondo,
produção de queijo a partir do leite, fotossíntese realizada pelas plantas,
material com baixa condutibilidade térmica, evitando que esquente
azedamento do leite e do vinho.
muito por fora.
▶ Para construir – página 23
▶ Para construir – página 16
2. Os exemplos são muito diversificados. Será necessário verificar se
2. Primeiramente, deve-se observar que a unidade de densidade os exemplos têm coerência ou não a partir da definição dos dois
está de acordo com a unidade dada de volume fenômenos (físicos e químicos). Se formou novas substâncias é
5 barras = 5 litros fenômeno químico, caso contrário, é fenômeno físico.

D = m/v portanto 15 = m/5, então m = 75 Kg. ▶ Faça você mesmo – página 24


Ou, ainda, se a densidade é 15 kg/L então cada litro tem 15 kg, 1. A nuvem é composta por pequenas gotículas de água líquida,
portanto, 5 litros têm 5 vezes mais, 75 Kg. entre estas gotículas líquidas há moléculas de água em estado
gasoso, porém o que enxergamos é composto de água líquida, já
3. Primeiramente, deve-se jogar a mistura em um tanque com água
que a água no estado gasoso é invisível e se encontra misturada
comum, o material que boiar é polietileno, pois sua densidade
com os outros gases do ar.
é menor que a da água, e deve então ser recolhido. O restante
que afundar deve ser recolhido separadamente para ser lançado ▶ Elementos, substâncias e misturas - página – 25
em um tanque de água e sal. O material que boiar é poliestireno,
Ao iniciar essa discussão proposta no texto, levante os conheci-
pois sua densidade é menor que a da mistura de água e sal e o
mentos prévios dos alunos. Pergunte a eles as diferenças entre átomos,
que afundar é PVC, pois sua densidade e maior que a da mistura,
elementos químicos e substâncias químicas. Pergunte também a dife-
ambas as frações devem ser então recolhidas separadamente.
rença entre substâncias simples e compostas e, caso eles se arrisquem
a responder, peça para eles darem exemplos. Por fim, peça para os
▶ Faça você mesmo – página 18
alunos darem alguns exemplos de substâncias puras e misturas. Anote
1 A atividade dessa seção pode ser avaliada de acordo com os itens na lousa e no desenvolvimento da aula retome o que foi levantado
de informações citados de cada objeto e pode ser realizada em pelos alunos. Se possível, retome inclusive o nome dos alunos que
trios ou em duplas. É interessante também uma pesquisa prévia levantaram as informações, sempre tomando o cuidado de não expor
com as propriedades de materiais sólidos, líquidos e gasosos para alguma informação, que eventualmente, tenha sido colocada de forma
servir de base e referência para o trabalho final. equivocada, e precise ser corrigida.

4 Manual do Professor
▶ Experimento 1 – página 30 disso, também poderá haver divisão de tarefas como, por exemplo,
Sugerimos ao professor que peça que os alunos produzam um um aluno pode fotografar e outro montar o experimento. Outra
relatório, explicando o experimento realizado e suas hipóteses. questão procedimental é que o experimento pode ser montado em
Posteriormente os alunos podem comparar o resultado do experi- laboratório, outro espaço da escola, ou ainda em casa.
mento com suas hipóteses e explicar no relatório o motivo dela ter Os resultados podem ser explicados pelo fato de o papel filtro ser
se provado ou não. Esse experimento poderá ser usado na sequência poroso e feito de uma substância polar que irá atrair as moléculas de
prevista no livro ou pode ser utilizado ao se trabalhar as misturas água que irão subir pelos poros do papel e diluir a tinta, arrastando
homogêneas e heterogêneas. O experimento poderá ser utilizado os pigmentos para cima juntamente com ela. Isso ocorre, pois, a
como avaliação ou mesmo de sistematização dos conteúdos estu- água é uma substância polar que irá se aderir (como ímã) a outras
dados. Ou ainda para os alunos levantarem hipóteses acerca dos substâncias polares e, como as moléculas de água estão ligadas por
conteúdos que estarão sendo trabalhados, se utilizado no início da pontes de hidrogênio, as moléculas que forem subindo devido a
abordagem do tema. atração mencionada anteriormente irão levar consigo as outras
▶ Experimento 2 – página 31 moléculas de água para cima. Após a realização do experimento,
sugerimos que o aluno produza um relatório, explicando os proce-
Esse experimento pode ser utilizado no início do assunto: “Elemen- dimentos realizados, com as fotos tiradas durante o experimento e
tos, Substâncias e Misturas”, ao apresentar a temática para os alunos.
explicando o resultado obtido.
Também pode ser apresentado ao longo da discussão desse assunto
ou mesmo no final. Converse com os alunos sobre a ordem em que ▶ A água na célula e o transporte através da membrana
os líquidos foram colocados na proveta. Eles foram ordenados para – página 38
que não houvesse solubilização entre eles, mas se fosse selecionada É interessante reproduzir o experimento do corante alimentício
outra ordem, alguns poderiam se solubilizar. Caso você promova
para explicar o que é difusão. Faça o experimento, peça aos alunos
uma mistura vigorosa nessa mistura, os líquidos que forem miscíveis
para observarem e registrarem o que veem, em seguida peça para
entre si vão se solubilizar e uma das fases irá se juntar com outra.
explicarem o que está acontecendo a nível molecular e por que
Você também poderá explorar a densidade dos líquidos, já que foi
acontece.
trabalhado recentemente.
▶ A matéria nos seres vivos – página 32 ▶ Osmose – página 39
Discuta as questões do texto com os alunos. É esperado que Se houver possibilidade, faça o experimento da salada citado no
eles tenham a noção de que o ser vivo é composto dos mesmos texto com os alunos, ou peça para eles observarem o fenômeno em
elementos que estão presentes na natureza. Discuta também como suas casas e registrarem com fotos.
esses elementos chegam no organismo dos seres vivos. Será que eles
▶ Faça você mesmo - página 42
sofrem mudanças? Por fim, discuta a questão de que somos também

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


um aglomerado de moléculas que atuam de forma organizada, ou 2. b)Ambas as células receberam água por osmose, pois estavam
seja, segundo uma ordem, daí o termo organismo. imersas a soluções muito concentradas. Entretanto, a parede
celular das células vegetais as protege contra o rompimento,
▶ Para ampliar – página 35
pois oferecem resistência. As células animais, no caso hemácias,
Proponha aos alunos que realizem a leitura e reflitam sobre a por não apresentarem a parede celular se romperam, pois, sua
possibilidade de vida em Marte devido a presença de água. Apro- membrana plasmática não suportou a grande quantidade de
veite para recapitular o papel da água nos seres vivos e nas células. água que foi transportada por osmose para seu interior.
Outra questão importante levantada é a relação entre temperatura,
pressão e substâncias dissolvidas na água com o seu estado físico. ▶ Você é o autor – página 43
▶ Faça você mesmo – página 37 O objetivo dessa atividade é promover a compreensão do funciona-
1. Oriente os alunos a pesquisar as informações em mais de uma mento das máquinas e das transformações de energia, que possibilitam
fonte e em seguida cruzá-las e então sintetizá-las. É importante seu funcionamento, por meio da compreensão das máquinas térmicas.
que eles trabalhem a capacidade de síntese e comunicação das Além disso, estimular a autonomia do aluno ao realizar pesquisas sobre
informações, bem como aspectos gráficos e visuais. Se houver o tema, interpretar as informações coletadas e responder questões
possibilidade, essa é uma atividade que pode ser realizada com sobre o assunto, associando aos conteúdos aprendidos nesse capítulo.
a utilização de recursos digitais, como um aplicativo para gerar Você pode sugerir que os alunos construam em suas casas as máquinas
infográficos. térmicas dos roteiros de construção 1 e 2, para que o aluno aplique os
conhecimentos adquiridos na pesquisa e observe o funcionamento
▶ Experimentando – página 37 de máquinas térmicas semelhantes à Eolípila. É importante destacar
Essa atividade pode ser realizada em duplas ou grupos, e o profes- todas as atividades que precisam da utilização de fogo, como a desse
sor pode incentivar os alunos a compartilharem suas hipóteses sobre roteiro, devem ser realizadas apenas com o acompanhamento de um
o resultado do experimento, isto tornará a discussão mais rica. Além adulto, para evitar acidentes.

5
▶ Reações químicas 1: síntese.
2 VIDA, MATÉRIA E ENERGIA ▶ Leis de Lavoisier e Proust.

Objetivos específicos do capítulo


Competências ▶ Conduzir experimentos científicos reconhecendo aspectos im-
C1 - Compreender as Ciências da Natureza e suas tecnologias portantes relacionados à investigação científica.
como construções humanas associadas à cultura dos povos e suas
▶ Ler textos de diferentes gêneros que abordem temas relacionados
visões de mundo.
C2 – Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas procedimentais às Ciências da Natureza.
das Ciências da Natureza na explicação de fenômenos cotidianos, ▶ Conhecer conceitos básicos da Ecologia.
bem como dominar processos e práticas da investigação científica.
▶ Entender o ciclo dos elementos.
C3 – Determinar os impactos das ações humanas nos ambientes,
identificando suas causas e propondo soluções para a sua redução. ▶ Conhecer reações químicas e suas leis.

Habilidades ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES


H1 – Interpretar informações apresentadas nas diferentes
linguagens usadas nas Ciências da Natureza, como texto, gráficos,
tabelas, relações matemáticas, diagramas e representação simbólica. ▶ A ecologia – página 47
H4 – Identificar, em textos, diagramas, gráficos, imagens e tabelas, Discuta com os alunos as questões do texto com foco no excessi-
informações relevantes para compreender um fenômeno ou vo uso, e muitas vezes errôneo, do termo eco. É importante que eles
conceito relacionado às Ciências da Natureza. tenham noção de que o uso deste termo tem fins mais de marketing
H9 – Explicar os conceitos de energia, matéria, vida e
do que de real preservação ambiental. Por exemplo, um carro EcoSport
transformação para explicar fenômenos naturais e procedimentos
tecnológicos. é de fato ecológico? Discuta também com os alunos o que eles acham
H10 – Aplicar os conceitos de Física, Química e Biologia de forma que é a ecologia. Normalmente é associada com a preservação do
integrada na compreensão dos fenômenos naturais. meio-ambiente, com o movimento ambientalista, e até mesmo com
H14 – Compreender questões ambientais, considerando as salvar espécies ameaçadas de extinção e a diminuição da poluição.
transformações e interações entre os componentes bióticos e Mas na verdade veremos que a ecologia apesar de ter relação com as
abióticos, a adaptação dos seres vivos, os processos evolutivos e as questões acima é uma ciência que vai além disso, embora, entendê-
relações ecológicas nos diferentes ambientes.
-la seja crucial para compreender por que devemos ter atitudes mais
H15 – Comparar propostas de intervenção ambiental aplicando
conhecimentos científicos e tecnológicos, observando os riscos e positivas em relação ao meio-ambiente ao nosso redor.
benefícios de sua implementação.
▶ A energia e a matéria no ambiente – página 50
Habilidades complementares
Para trabalhar a origem da energia utilizada pelos seres vivos, pro-
H6 – Compreender os conceitos relacionados à Física em seus ponha uma discussão com base nas questões apresentadas no texto,
diferentes ramos: Astronomia, Mecânica, Acústica, Óptica,
lembrando que os alimentos possuem nutrientes orgânicos e que
Termologia, Calorimetria, Ondulatória, Eletricidade, Magnetismo e
Física Moderna e Nuclear. uma de suas funções na nossa alimentação é fornecer energia para as
H7 – Compreender os conceitos relacionados à Química nos diversas atividades, semelhantes a um combustível. Então questione-os
seus diferentes ramos: Fisioquímica, Química orgânica e Química de onde vem a energia do alimento. E como ela é extraída pelos seres
inorgânica. vivos? É possível que nesse momento os alunos ainda não tenham
H8 – Compreender os conceitos relacionados à Biologia nos seus a noção de que a energia nunca é criada e nem perdida, é apenas
diferentes ramos: Zoologia, Botânica, Ecologia e Genética. transformada, e não compreenderem que a energia dos alimentos
H11 – Empregar procedimentos e práticas de observação,
se origina de outra fonte. Esse conceito será discutido mais adiante,
levantamento de hipótese, experimentação, coleta de dados e
conclusões para resolução de problemas relacionados às Ciências entretanto é importante fazê-los pensar sobre isso, e trabalhar os
da Natureza. conceitos de forma progressiva ao longo do capítulo.

▶ Fotossíntese – página 50
Objetos de conhecimento Apesar da importância da fotossíntese na produção de oxigênio é
importante destacar que sua função primária é a produção de nutrien-
▶ Ecologia - conceitos básicos.
tes orgânicos. Também é importante ressaltar que não é a respiração
▶ Cadeia alimentar. das plantas, um erro conceitual muito comum de acontecer. Explique
▶ Fotossíntese. que as plantas também realizam a respiração como os animais.
▶ Ciclo Biogeoquímicos - Carbono e Nitrogênio. ▶ Experimentando – página 52
▶ Tipos de energia e transformação de energia: enfoque em luz e Ao apresentar o experimento, questione os alunos sobre que
▶ Energia química. evidências visíveis podem demonstrar a ocorrência da fotossíntese, ou

6 Manual do Professor
seja, que está havendo a conversão de água e gás carbônico, a partir Outro aspecto importante de ser abordado é a questão temporal,
da energia luminosa, em glicose e gás oxigênio. Peça então para os no exemplo do texto, o aumento de pássaros tenderia a aumentar o
alunos anotarem suas hipóteses. Depois de montar o experimento, número de cobras em razão de maior disponibilidade de alimentos.
peça para eles registrarem suas previsões de resultados e o que espe- Paralelamente, haveria a diminuição do número de gafanhotos devido
ram que ocorra ao longo do experimento. Espera-se que após um dia a predação pelos pássaros.
sejam observadas bolhas de ar no tubo de ensaio e um pouco de ar
▶ Faça você mesmo – página 61
acumulado em seu fundo.
Peça para os alunos compararem os resultados com suas previsões 1. Nessa questão espera-se que os alunos indiquem cadeias ali-
e com suas hipóteses. Pergunte a eles o que são as bolhas e como mentares e seus componentes, como produtores, consumido-
surgiram. É possível que cheguem à conclusão de que as bolhas são res e decompositores. Além disso, ele deve saber diferenciar os
gás oxigênio. Pergunte uma forma de provar esta hipótese. Uma elementos de uma cadeia alimentar e seus níveis tróficos e que
possibilidade é subir o tubo de ensaio sem deixar a água sair e com um consumidor, por exemplo, pode estar em diferentes níveis,
sua boca tapada virá-lo para cima, a água irá descer e o ar subir. En- dependendo dos componentes da teia alimentar.
tão, acenda um palito de fósforo deixando-o queimar um pouco e 2. Na pirâmide de transferência de biomassa da cadeia alimentar
apague-o deixando uma brasa remanescente. Aproxime o palito da composta por capim, boi e carrapatos, o capim está na base
boca do tubo, tire o dedo da boca do tubo e ponha a brasa do palito da pirâmide, seguido pelo boi e pelo carrapato, pois um boi se
em contato com o gás do interior do tubo. É esperado que o palito alimenta de uma grande quantidade de capim, porém ele pode
volte a pegar fogo ou que a brasa brilhe mais. Isso se deve ao fato de alimentar uma grande quantidade de carrapatos. A pirâmide de
o oxigênio ser um gás comburente, o que prova que o gás formado transferência de energia é sempre direta, sendo assim é represen-
no experimento é o oxigênio. tada com o capim na base, seguido pelo boi e pelos carrapatos,
▶ Faça você mesmo – página 54 representando a perde de energia em cada nível trófico.

4. Espera-se que na terceira coluna apareçam elementos como: ▶ Tipos de energia e transformação de energia – página 62
processos de produção de matéria orgânica, produção de gli- Verifique o que os alunos consideram como exemplos de energia.
cose, utilização de CO2, entre outros. E na coluna da fotossíntese É comum que considerem a corrente elétrica que chega as nossas
apareçam: utiliza a luz solar, seres clorofilados, plantas. Enquanto casas, o combustível utilizado pelos veículos ou o gás que permite
na da quimiossíntese espera-se que apareçam: utiliza a energia
cozer alimentos em fornos e fogões. Não é comum os alunos conside-
de outra reação química, predominante em regiões sem luz, são
rarem, por exemplo, um pião girando como um exemplo de energia.
realizados por alguns tipos de bactérias.
Durante essa discussão você pode diferenciar com os alunos o que são
fontes de energia (de onde obtemos a energia) dos tipos de energia
▶ Fluxo de energia e matéria nos seres vivos – página 56
fornecidas pelas diferentes fontes. O gás de cozinha (fonte), pode

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Questione os alunos sobre o que acontece com os restos mortais fornecer energia na forma de luz e calor.
dos seres vivos. O que causa o seu apodrecimento? São seres vivos
os responsáveis? Discuta com eles estas questões. É provável que eles ▶ A energia se transforma e se conserva – página 65
relacionem ao processo de decomposição realizado por bactérias e Proponha que os alunos escolham um exemplo de transformação
fungos, porém não é necessário ainda chegar a uma conclusão. Registre de energia e identifiquem todas as transformações envolvidas. Eles
as ideias na lousa para serem discutidas e/ou confirmadas adiante. devem perceber que, na maioria das vezes, o Sol é a fonte de energia
inicial de quase todos os processos. Por exemplo, ao observar uma
▶ Teias alimentares – página 57
fogueira identificamos que há energia radiante e energia térmica
Discuta com os alunos as questões sobre níveis tróficos propostas sendo liberada que tem origem na energia química armazenada nas
no texto. É importante que eles percebam que muitos animais têm substâncias que compõe a madeira. Essa energia química foi armaze-
dietas variadas, ou seja comem mais de um tipo de animal, ou vegetal, nada pelo processo de fotossíntese que a planta realizou enquanto
o que faz com que sua posição na cadeia alimentar varie. estava viva. E esse processo utilizou a energia radiante do Sol, que é
originada de reações nucleares que ocorrem no interior dessa estrela.
▶ Pirâmides ecológicas – página 58
Discuta com os alunos as questões sobre teia alimentar propostas ▶ Reações químicas – página 68
no texto e que fatores podem interferir e de que forma. É interessan- Inicie o tema reações químicas realizando um levantamento
te que eles registrem suas hipóteses utilizando exemplos. Comente de conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema. É possível que
com eles questões como o desmatamento e seus efeitos em toda a eles associem as reações químicas a explosões. Anote na lousa para
cadeia alimentar. Inicialmente os alunos tendem a pensar apenas na conversar sobre a velocidade das reações um pouco mais adiante,
consequência direta aos níveis tróficos adjacentes devido a predação, ainda nessa aula. Pergunte para eles se já presenciaram alguma reação
e ao aumento ou diminuição na oferta de alimento, faça-os perceber química e peça que expliquem. Lembre-os das reações trabalhadas
que ocorre um efeito dominó, pois ao se alterar significativamente quando foi estudada a fotossíntese. É possível que eles relacionem as
a população de um nível trófico, todos os outros serão alterados. reações químicas somente às que acontecem em laboratórios quí-

7
micos. Exemplifique com reações químicas que acontecem o tempo
Massa de óxido Massa de gás Massa de carbonato de
todo ao nosso redor. Por exemplo, na digestão dos alimentos, desde Experimento
de cálcio (g) carbônico (g) cálcio (g)
o início da mastigação com a atuação das enzimas que aceleram as
reações de digestão dos alimentos na boca. I 5,6 x = 4,4 10,0
Outros exemplos próximos aos alunos são os automóveis movidos
a combustão interna, em que ocorre a reação com oxigênio do ar. II y = 28 22,0 50,0
Ao preparar os alimentos também nos deparamos com uma série III 56,0 44,0 z = 100
de reações químicas – fritar um ovo ou um bife, é promover uma
transformação no alimento. Explique também que o corpo humano é [A] Incorreta. [C] Incorreta.
um grande laboratório químico, mais precisamente bioquímico. Nele
inúmeras reações ocorrem o tempo todo, para obtermos energia, para [B] Incorreta. [D] Correta.
excretarmos substâncias indesejadas, para digerirmos os alimentos ▶ Ciclos biogeoquímicos – página 74
ingeridos, para combatermos doenças, entre outros. Coloque uma
equação química na lousa, e verifique o que os alunos conhecem a Discuta as questões propostas no texto com os alunos. É possível
respeito. A partir daí, inicie as explicações como está proposto no que se recordem do ciclo da água e relacionem esse processo aos
tópico de reações químicas. seres decompositores. Mas é importante que apareçam elementos
que demonstrem um movimento cíclico da matéria, bem como da
▶ Lei de Lavoisier e Lei de Proust – página 70 energia de acordo com o que foi discutido anteriormente sobre o tema.
Caso seja possível executar esse experimento descrito no texto, ▶ Faça você mesmo – página 77
faça com os alunos no início da aula. Peça para eles levantarem hi-
póteses a respeito dos resultados obtidos. Mesmo que as hipóteses 1. Professor, uma sugestão nesta atividade é que os alunos traba-
não sejam comprovadas no final, o importante é eles exercitarem a lhem em pares. Você pode solicitar para que se organizem em
capacidade de levantar hipóteses e de estabelecer procedimentos duplas e esquematizem dois ciclos diferentes, apresentem e
que permitam a verificação dessas mesmas hipóteses. Sendo assim, expliquem para o colega de dupla. Outra possibilidade é pedir
quando os alunos queimarem o papel, se eles levantarem a hipótese que eles preparem uma pergunta sobre cada ciclo para o colega
que a razão da massa estar diminuindo é pelo fato do sistema estar responder. A resposta da questão pode ser avaliada pelo colega
aberto, deixe-os propor uma estratégia de montar um sistema fechado ou por vocês, ou ambas. Também é relevante nesta atividade a
que permita a combustão do papel. Uma ideia é pegar metade do clareza dos esquemas, estimule os alunos a capricharem para
papel e atear fogo e colocá-lo no sistema fechado de forma rápida facilitar a compreensão do colega.
para que as perdas sejam pequenas.
▶ Você é o autor – página 78
É importante que todos os itens de segurança sejam verificados
e que, se você não sentir que os alunos estão maduros para fazer O objetivo dessa atividade é que os alunos entendam a importância
esse experimento, faça você mesmo de forma demonstrativa e das transformações de energia no processo de produção industrial.
apresente os dados para os alunos discutirem. Caso você queira um Além disso, classificar e explicar as fontes de energia renováveis e não
experimento mais simples para comprovar a conservação das massas, renováveis. ao realizar uma pesquisa, sintetizar o conteúdo encontrado
uma reação de ácido e base é uma boa opção, como a reação de e organizar as informações para gerar um texto em forma de um artigo
vinagre e bicarbonato descrita no texto. É muito importante apro- científico. Auxiliando também, na compreensão da ciência e como ela
veitar para deixar os alunos levantarem hipóteses das observações é produzida, além de desenvolver a interpretação e análise de texto.
e arriscarem algumas explicações antes de finalizar com a Lei de
Conservação das Massas.
3 A DEGRADAÇÃO E A PRESERVAÇÃO DOS
▶ Faça você mesmo – página 72
AMBIENTES
3. As reações de queima da palha de aço e do carvão podem ser
representadas pelas seguintes equações químicas:
Competências
Fe(s) + 3 O2(g)→ 2 Fe2O3(s) C2 - Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas
Conclusão: em um sistema aberto, temos o aumento da massa procedimentais das Ciências da Natureza na explicação de
fenômenos cotidianos, bem como dominar processos e práticas
(recipiente B desce, fica mais pesado).
da investigação científica.
C(s) + O2(g) → CO2(g) C3 - Determinar os impactos das ações humanas nos ambientes,
identificando suas causas e propondo soluções para a sua redução.
Conclusão: em um sistema aberto, temos uma diminuição de C5 - Determinar as características das tecnologias associadas
massa (recipiente B sobe, fica mais leve). Portanto, temos palha às Ciências da Natureza aplicadas em diferentes serviços
de aço em B. ou contextos produtivos: indústria, manufatura, agricultura,
agroindústria, extrativismo.
4. Pela lei da Conservação de Massa, teremos:

8 Manual do Professor
Habilidades pensarem sobre isso.
Discuta as questões propostas no texto com os alunos, ouça suas
H9 – Explicar os conceitos de energia, matéria, vida e transformação
impressões e as discuta. Uma sugestão é registrar as principais ideias
para explicar fenômenos naturais e procedimentos tecnológicos.
H10 – Aplicar os conceitos de Física, Química e Biologia de forma na lousa. É provável que tenham ouvido notícias recentes sobre o
integrada na compreensão dos fenômenos naturais. assunto e comentem a respeito de desmatamento, perda da biodiver-
H11 – Empregar procedimentos e práticas de observação, sidade, espécies em extinção, entre outros assuntos. Comente sobre
levantamento de hipótese, experimentação, coleta de dados e a importância da preservação do meio ambiente e de medidas que
conclusões para resolução de problemas relacionados às Ciências favoreçam essas ações pelo poder público.
da Natureza.
H14 – Compreender questões ambientais, considerando as ▶ Para ampliar – página 82
transformações e interações entre os componentes bióticos e Ao trabalhar o conteúdo da página, destaque a questão polêmica
abióticos, a adaptação dos seres vivos, os processos evolutivos e as
dos agrotóxicos. Pergunte aos alunos se para plantar sempre é neces-
relações ecológicos nos diferentes ambientes.
H15 – Comparar propostas de intervenção ambiental aplicando sário utilizar esses produtos. Comente sobre as abelhas serem poliniza-
conhecimentos científicos e tecnológicos, observando os riscos e doras, ou seja, responsáveis pela reprodução das plantas e, portanto,
benefícios de sua implementação. pela produção de sementes, tão necessárias as atividades agrícolas.
H18 – Identificar situações de risco ambiental na cidade onde reside. Além disso, para destacar a influência da degradação ambiental na
H25 – Identificar matérias-primas e etapas de transformação nos vida dos seres humanos sugerimos a realização de uma atividade de
processos produtivos, descrevendo os processos geológicos, coleta de informação, pesquisa e discussão sobre a polinização, a
físicos, químicos e /ou biológicos, relacionados às diferentes etapas
importância para a produção dos alimentos que consumimos e sua
de produção ou reciclagem de materiais.
influência na manutenção da vida humana.
Habilidades complementares
▶ Faça você mesmo – página 83
H1 – Interpretar informações apresentadas nas diferentes
linguagens usadas nas Ciências da Natureza, como texto, gráficos, Essa atividade pode ser realizada em duplas e grupos, escolha a
tabelas, relações matemáticas, diagramas e representação simbólica. modalidade que considerar mais adequada. Exponha as produções
H24 – Descrever as propriedades físicas, químicas e/ou biológicas dos alunos pela escola. Uma sugestão de extensão é a visitação de uma
dos materiais, relacionando-os àsfinalidades às quais que se horta orgânica, ou até mesmo a criação de uma horta na própria escola.
destinam.
▶ Resíduos sólidos e poluição – página 90
Objetos de conhecimento Ao abordar esse tema aos alunos, apresente os dados sobre o
▶ Tipos de degradação: agricultura, urbanização, queimadas, asso- lixo no Brasil para iniciar a problematização do assunto. Se preferir,
reamento. traga a matéria a seguir para os alunos lerem em sala e debaterem: Os
▶ Tipos de poluição: resíduos sólidos; atmosfera e água. números “malcheirosos” da gestão de lixo no Brasil. Exame. Disponível

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


em: <https://exame.abril.com.br/brasil/os-numeros-malcheirosos-da
▶ Reciclagem.
-gestao-de-lixo-no-brasil/>. Acesso em: 14 de fev. de 2019. Ressalte a
▶ Ciência e cidadania: APPs - Áreas de Preservação Permanentes e quantidade de municípios que têm coleta seletiva, a destinação do
reflorestamento. lixo coletado, sua composição, a diferença do tratamento e coleta
Objetivos específicos do capítulo entre estados do Brasil, e entre os outros dados apresentados no artigo.
Aproveite para explicar os conceitos que aparecem no texto. Assim,
▶ Conhecer os diversos tipos de degradação do ambiente, e os seus ao abordar os 3Rs, pergunte para os alunos a diferença e importância
impactos. desses conceitos e construa com eles cada tema abordado. O curta
▶ Compreender os diversos tipos de poluição do meio ambiente. metragem Ilha das Flores, disponível gratuitamente na internet, é uma
▶ Conhecer os tipos de reciclagem e seus mecanismos. boa alternativa para iniciar essas discussões.
▶ Entender as questões do reflorestamento. ▶ Para construir – página 92
2. a) Professor, caso considere necessário, oriente os alunos a procurar
as informações solicitadas no site das prefeituras ou concessioná-
ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES
rios responsáveis pela gestão de resíduos. Nesta questão espera-se
que o aluno identifique se em seu município os resíduos sólidos
▶ O uso do ambiente pelo ser humano - página 80
são destinados ao aterro sanitário ou a um lixão, como são tra-
Ao trabalhar o conteúdo dessa página, é importante abordar a tados os resíduos perigosos e se há coleta seletiva e reciclagem
questão da necessidade, em especial dos bens de consumo. Será que de resíduos.
é necessário termos tudo que está disponível para comprarmos?
b) Neste item o aluno deve saber identificar que materiais como
Pergunte o que é desenvolvimento sustentável? Ele é possível? Discuta
plástico, papel, vidro e metal, são materiais recicláveis e que restos
essas questões com os alunos, não é necessário apresentar o conceito
de alimento, materiais hospitalares ou perfurocortantes e isopor
de desenvolvimento sustentável agora, mas apenas levar os alunos
não são materiais recicláveis.

9
▶ Efeito estufa - página 99 É importante que os alunos reflitam que a preocupação com o
Professor, é importante destacar aos alunos que o efeito estufa ambiente de maneira intensa e séria é recente, ainda em progresso seja
é um fenômeno natural e que a atmosfera é composta por gases de longe do ideal. Também o aluno deve ter em mente que as questões
efeito estufa, mas que a liberação destes gases principalmente por meio econômicas e desenvolvimentistas sempre prevaleceram em relação
da queima de combustíveis fósseis tem aumentando a concentração ao desenvolvimento de maneira sustentável, conceito que será dis-
desses gases na atmosfera. Além disso, que o aumento da liberação de cutido adiante. Por fim, discuta com os alunos suas impressões sobre
CFC's, que são gases de efeito estufa, pode danificar a camada de ozônio. um desenvolvimento equilibrado entre meio-ambiente e economia.
Peça aos alunos que registrem suas ideias a respeito do assunto para
▶ Para ampliar – página 101 retomarem depois.
Sugerimos que a leitura do texto seja realizada juntamente com os
alunos em sala de aula. É importante destacar aos alunos que a principal ▶ Faça você mesmo – página 110
fonte de raios ultravioletas, no sistema solar, é o Sol e que antes da 2. Uma das vantagens do reflorestamento com espécies exóticas
formação da camada de ozônio na atmosfera terrestre, o planeta Terra é a rápida cobertura do solo, que evita a sua erosão e lixiviação,
era bombardeado com este tipo de radiação. Além disso, pode ser que é a extração de constituintes químicos do solo. Dentre as
solicitado que os alunos realizem uma pesquisa sobre a relação entre desvantagens, podemos destacar o risco da espécie inserida se
a camada de ozônio e a radiação ultravioleta, para desenvolver uma tornar uma praga no local, uma vez que a espécie exótica não está
discussão de resultados em sala de aula ou a produção e exposição naturalmente inserida no ecossistema, não conseguiria realizar
de cartazes informativos sobre os efeitos do buraco da camada de seu próprio controle populacional. Com isto, iria prejudicar o
ozônio para a vida humana. ecossistema do lugar.
▶ Faça você mesmo – página 103 ▶ Você é o autor – página 111
1. Professor, nesta pesquisa é esperado que os alunos identifiquem O objetivo dessa sessão é que os alunos compreendam o panorama
os diferentes tipos de poluição luminosa, suas causas e como nacional da coleta seletiva no Brasil, para que assim, produzam um
reduzi-las. Eles devem analisar a região em que vivem para saber podcast. O roteiro do podcast será produzido com as informações
se alguns dos problemas apontados como consequência da coletadas em pesquisa, visando os impactos socioambientais e eco-
poluição luminosa são observados, e propor ações para reduzi-la. nômicos da coleta seletiva, propostas e iniciativas para ampliá-la. O
Um material que pode servir de referência para essa pesquisa é a podcast pode ter um teor informativo ou de discussão. Posteriormente
apostila “Identificação e combate à poluição luminosa – Garan- o podcast produzido pode ser inserido em uma plataforma digital
tindo o direito à luz das estrelas” desenvolvida pelo Laboratório e divulgado para a comunidade escolar, com o intuito de ampliar as
Nacional de Astrofísica, disponível em: <http://www.lna.br/lp/ discussões sobre o tema.
apostila_pl.pdf>, acesso em: 14 fev. 2019.

▶ A proteção ao meio ambiente – página 104

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10 Manual do Professor
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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


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