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CIÊNCIAS DA NATUREZA

E SUAS TECNOLOGIAS

4 ensino médio
CIÊNCIAS DA NATUREZA

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


E SUAS TECNOLOGIAS

4
A evolução dos organismos vivos
ensino médio

1
Presidência:
Mário Ghio Junior
Vice-presidente de Educação Digital:
Camila Montero Vaz Cardoso
Direção Editorial:
Lidiane Vivaldini Olo
Gestão de Unidade de Negócios:
Claudia Regina Baleiro Rossini
Gestão de Projeto Editorial:
João Carlos Puglisi
Coordenação de Projeto Pedagógico:
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Produção Editorial:
Equipe SOMOS Educação e lab212
Imagens de capa:
carlos castilla/ Daniel M Ernst/
Sergey Nivens/Shutterstock

Presidência CNI:
Robson Braga de Andrade
Diretor de Educação e Tecnologia CNI:
Rafael Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Operações:
Paulo Mol Junior
Gerente-Executivo de Educação:
Wisley João Pereira
Gerência de Educação Básica:
Leonardo Lapa Pedreira
Coordenação do Projeto:
Edilene Rodrigues Vieira Aguiar e Nayra Claudinne Guedes Menezes Colombo
Equipe Técnica:
Diana Freitas Silva Neri
Especialistas Áreas de Conhecimento:
Denise Di Giovanni Lamberti (Matemática); Luciana Ribeiro Guimarães (Coordenadora da equipe de
especialistas; Ciências da Natureza); Tatiana Nunes de Lima Câmara (Linguagens); Ricardo da Silva
Rocha (Ciências Humanas e Sociais Aplicadas); Leonardo Alves Falcão (Ciências da Natureza);
Aline Sthefane Dias Abreu (Linguagens); Mariana Luiza Pereira dos Santos (Linguagens)

C 2022. SESI – Departamento Nacional


Todos os direitos reservados
Setor Bancário Norte, Quadra 1 – Bloco C, Edifício Roberto Simonsen.
CEP: 70040-903 – Brasília – DF.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


S491e
Serviço Social da Indústria. Departamento Nacional.
Ensino médio : Ciências da natureza e suas
tecnologias : 1ª série : 4º bimestre : caderno 4 /
Serviço Social da Indústria - Brasília : SOMOS Sistemas
de Ensino, 2022.

ISBN 978-85-0819-527-5

1. Ensino médio
CDD 373

Julia do Nascimento – Bibliotecária – CRB-8/010142

2022
1a edição
1a impressão
Impressão e acabamento
INTRODUÇÃO
A etapa final da Educação Básica vem apresentando grandes desafios para o
Brasil. Constata-se hoje que o Ensino Médio não corresponde aos anseios de quase
dois milhões de jovens que não ingressam, ou, após iniciar, desistem – há evasão
de 11%, segundo o Censo Escolar 2014/2015 (Inep, 2017).
Na atualidade, o modelo curricular em vigência e as práticas desenvolvidas
dificilmente motivam as novas gerações de nativos digitais imersos em ambientes
com ampla oferta de tecnologias, possibilidades múltiplas de interação, articulação
e produção de conhecimento.
A escola brasileira não tem acompanhado essas mudanças, que afetam não
somente comportamentos como também processos cognitivos, modos de apren-
der, ser e conviver. O projeto Itinerários do Novo Ensino Médio pauta-se no artigo
81 da Lei de Diretrizes e Bases (lei no 9 394/96) e atende às demandas da nova
legislação (lei no 13 415/2017).
A reforma do Ensino Médio preconiza a articulação de formação geral e forma-
ção técnica e se revela uma grande oportunidade de formular um itinerário educa-
tivo conectado ao mundo do trabalho. O objetivo é preparar adolescentes e jovens
para as profissões existentes, além de ocasionar reflexões sobre as transformações
das carreiras e o desenvolvimento de novos campos de atuação profissional, espe-
cialmente para a indústria nacional e a internacional.
Uma escola que envolva crianças, adolescentes e jovens e os torne protagonis-
tas das práticas educativas se faz fundamental para oferecermos a Educação Básica
de que necessitam cada brasileiro e o país. Portanto, é essencial ter clareza de que os
conhecimentos não se resumem à mera listagem de conteúdos fracionados e iso-
lados a serem ensinados pelos professores e aprendidos pelos estudantes. Importa
à escola proporcionar a construção de uma vida social, cultural e tecnológica que
permita o ingresso dos jovens no mundo do trabalho e possibilite a continuidade
de estudos em nível superior.
O Ensino Médio fragmentado em disciplinas especializadas e que raramente
estabelecem diálogo entre si e com a realidade cotidiana não é atrativo nem sig-
nificativo para nossos estudantes. É necessário mudar! Por esse motivo, o projeto
Itinerários do Novo Ensino Médio propõe uma experiência pedagógica com cur-
rículo organizado por áreas de conhecimento e objetivos de aprendizagem que se
relacionem à construção de competências e habilidades estreitamente relacionadas
à vivência social e aos itinerários de formação técnica e profissional.
APRESENTAÇÃO
Ciências da Natureza e suas Tecnologias

A área de Ciências da Natureza tem o papel de contribuir com a construção


do conhecimento dos fenômenos naturais de forma contextualizada. Está inserida
no processo de (re)conhecimento do meio, nos estudos de saúde, nas discussões
com implicações éticas, socioculturais, política e econômicas, além de propiciar o
desenvolvimento argumentativo e a tomada de decisões mais criteriosas. Pensando
uma educação voltada para o desenvolvimento humano e tecnológico, o ensino e
a aprendizagem de ciências devem abordar questões que possibilitem ao estudante
ultrapassar o senso comum e construir o pensamento científico.
É fundamental reconhecer e explicitar o caráter integrado dos conhecimentos
científicos relativos à Biologia, à Química e à Física, os quais devem permitir aos es-
tudantes interagir com o meio da observação, identificação, compreensão e análise
dos fenômenos sob uma perspectiva articulada, de área.
Nessa concepção, este material foi estruturado e construído: estruturado ao pen-
sar a práxis dos professores e as diferentes realidades dos estudantes, aliando o nível
de cada objeto de aprendizagem aos níveis cognitivos esperados para cada etapa, e
construído a partir de diálogos, vivências e inquietações, de acordo com a experiência
dos professores e técnicos da rede SESI-SENAI de escolas.
SUMÁRIO
Eixo: A eletricidade nossa de cada dia

1 A HISTÓRIA DA ELETRICIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Eletricidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Eletrização por contato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
Eletrização por indução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17

12
2 ELETRODINÂMICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Diferença de potencial – ddp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
Corrente elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34
Circuito elétrico e seus componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
1a lei de Ohm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
2a lei de Ohm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
Potência elétrica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
Associação de resistores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48
A eletricidade e o corpo humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .54

12
3 GERAÇÃO E CONSUMO DE
ENERGIA ELÉTRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Eletroímã. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62
Funcionamento dos motores elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67
O uso da eletricidade e suas diferentes fontes . . . . . . . . . . . . . .69
EIXO
A ELETRICIDADE NOSSA DE CADA DIA

A eletricidade é fundamental na vida do ser


humano no século XXI. Não apenas no dia a dia
doméstico, mas também na indústria. Saber como
funcionam os circuitos elétricos e os diversos
equipamentos dos quais eles fazem parte permite
fazer o uso consciente dessa forma de energia.
TCSABA/SHUTTERSTOCK
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
▶ COMPETÊNCIAS
C1 – Compreender as Ciências da Natureza e suas tecnologias como construções humanas associadas à cultura dos povos e suas
visões de mundo.
C2 – Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas procedimentais das Ciências da Natureza na explicação de fenômenos cotidia-
nos, bem como dominar processos e práticas da investigação científica.
C3 – Determinar os impactos das ações humanas nos ambientes, identificando suas causas e propondo soluções para a sua redução.
C5 – Determinar as características das tecnologias associadas às Ciências da Natureza aplicadas em diferentes serviços ou contextos
produtivos: indústria, manufatura, agricultura, agroindústria, extrativismo.
▶ HABILIDADES
H1 – Interpretar informações apresentadas nas diferentes linguagens usadas nas Ciências da Natureza como texto, gráficos, tabelas,
relações matemáticas, diagramas e representação simbólica.
H2 – Comparar interpretações científicas e baseadas no senso comum ao longo do tempo e em diferentes culturas.
H6 – Compreender os conceitos relacionados à Física em seus diferentes ramos: Astronomia, Mecânica, Acústica, Óptica, Termologia,
Calorimetria, Ondulatória, Eletricidade, Magnetismo e Física Moderna e Nuclear.
H11 – Empregar procedimentos e práticas de observação, levantamento de hipótese, experimentação, coleta de dados e conclusões
para resolução de problemas relacionados às Ciências da Natureza.
H12 – Relacionar informações para construir modelos em ciência e tecnologia.
H15 – Comparar propostas de intervenção ambiental aplicando conhecimentos científicos e tecnológicos, observando os riscos e
benefícios de sua implementação.
H18 – Identificar situações de risco ambiental na cidade onde reside.
H24 – Descrever as propriedades físicas, químicas e/ou biológicas dos materiais relacionando-os às finalidades às quais se destinam.
H28 – Reconhecer e utilizar nomenclatura e códigos científicos e tecnológicos para caracterizar materiais, substâncias e processos.
1
CAPÍTULO

A HISTÓRIA DA ELETRICIDADE

Competências

▶ C1 e C2

Habilidades

▶ H1, H2, H6, H11 e H12

K
OC
ST
TER
H UT
E/S
LE
IN
VAS

Após as nuvens se carregarem eletricamente, podem ocorrer


descargas elétricas que chamamos de raios. O relâmpago
é a descarga visível do raio, que vem acompanhado
de ondas sonoras, chamadas de trovão.
ELETRICIDADE
Para a compreensão da natureza elétrica da matéria, da interação entre as cargas elétri-
cas e da energia que tais cargas transportam, o estudo dos fenômenos elétricos é dividido em:
Eletrostática, Eletrodinâmica e Eletromagnetismo. “Eletricidade” é um termo que se refere aos
fenômenos resultantes da presença e do fluxo de cargas elétricas, e a carga elétrica é uma proprie-
dade intrínseca da matéria, já que todo corpo é constituído por átomos, os quais são formados por
prótons (carga elétrica positiva), elétrons (carga elétrica negativa). A unidade de grandeza da carga
elétrica no Sistema Internacional de Unidades é o coloumb, representado pela letra C.
A Eletrostática estuda as propriedades e o comportamento de cargas elétricas estacionárias,
ou seja, em repouso. Um exemplo de situação em que vivenciamos os fenômenos relacionados à
eletricidade estática ocorre quando encostamos em algo, como o registro do chuveiro, em outras
pessoas, no corrimão de escadas ou na lataria de um carro, e sentimos um choque. Isso acontece
porque cada corpo tem um acúmulo de carga diferente e o contato com outro corpo propicia a
transferência de carga em função do tempo, ou seja, produz uma corrente elétrica.

LAB212

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


O choque estático não traz grandes danos ao corpo humano, porque a corrente
gerada é muito baixa. Choques desse tipo são mais comuns no inverno, quando o
uso de roupas de lã sintética, material que mantém a carga elétrica, é mais comum.

Em contrapartida, a Eletrodinâmica estuda as cargas elétricas em movimento. Praticamente


qualquer aparelho elétrico doméstico funciona baseado no princípio de que as cargas elétricas se
movem constantemente. Da mesma forma, as lâmpadas do tipo incandescente emitem luz devido
à passagem de cargas elétricas ordenadas (correntes elétricas) pelos seus filamentos.
O Eletromagnetismo estuda a interação entre os fenômenos elétricos e magnéticos. O movi-
mento de cargas elétricas gera um campo magnético, e o fluxo magnético gera um campo elétrico.
A interação entre os campos elétricos e magnéticos é a base da teoria do eletromagnetismo.
DMYTRO BOCHKOV/SHUTTERSTOCK

A eletricidade presente nas lâmpadas


incandescentes é a corrente elétrica formada
pelo deslocamento das cargas elétricas em
determinada direção e em um sentido ordenado.

A eletricidade nossa de cada dia 9


O desenvolvimento de aparelhos eletrônicos utilizados em nosso cotidiano, como televisores,
fornos micro-ondas, telefones celulares, entre outros, só foi possível devido aos estudos sobre o ele-
tromagnetismo. Tais estudos também permitiram a compreensão de fenômenos naturais, como o
arco-íris, as auroras boreal e austral e os relâmpagos.

ANDREY_POPOV/SHUTTERSTOCK

JOHN D SIRLIN/SHUTTERSTOCK
Os raios são descargas elétricas que ocorrem entre a nuvem e a terra, por
causa do acúmulo de cargas elétricas nas nuvens. As cores dos raios fornecem
O forno micro-ondas emite ondas eletromagnéticas transmitidas pela informações sobre a atmosfera, por exemplo: vermelho indica a presença
oscilação entre os campos elétricos e magnéticos. Essas ondas agitam as de precipitação na atmosfera; azul indica a presença de partículas de gelo;
moléculas de água presentes no alimento, provocando seu aquecimento. amarelo indica a presença de poeira; branco é sinal de ar muito seco.

EXPERIMENTANDO
Eletrização por atrito
Existem aparelhos elétricos que podem apresentar eletrização por atrito, como os computadores, registros de torneiras, aviões e moto-
res industriais, o qual pode ser sentido por meio de choques. Esse efeito é indesejado principalmente na linha de produção de empresas,
pois, entre as consequências, têm-se mau funcionamento dos equipamentos, interferências, desperdícios de energia e riscos à saúde
dos operadores.
Reproduza os quatro experimentos propostos a seguir e elabore hipóteses para explicar como ocorre o mecanismo da eletrização em
cada uma das situações indicadas. Em seguida, exemplifique situações do cotidiano em que os mesmos eventos acontecem e indique
maneiras de como evitar esse fenômeno eletrostático. Converse com o professor sobre as hipóteses elaboradas para verificar a possibili-
dade de testá-las experimentalmente, para chegar a uma conclusão sobre a sua validade.
Material
▶ Régua plástica ▶ Papel toalha ▶ Balão de borracha (bexiga)
▶ Caneta esferográfica ▶ Canudo plástico (fino) ▶ Cachecol ou outra peça de lã
▶ Tesoura ▶ Linha de costura ▶ Suporte universal
▶ Papel ▶ Pente plástico de cabelo ▶ Bastão de vidro

Procedimento

Experimento 1
▶ Corte o papel em pedaços bem pequenos, para que fiquem leves.
▶ Aproxime a régua de plástico e os papéis sem tocá-los e observe o que acontece. Anote o resultado.
▶ Atrite a régua no papel toalha com um pouco de vigor, sempre mantendo o movimento em uma só direção.
▶ Aproxime novamente a régua dos mesmos pedaços de papel e registre o que aconteceu.

10 A eletricidade nossa de cada dia


Experimento 2
▶ Aproxime o pente dos pequenos pedaços de papel, observe e registre o que acontece. Anote o resultado.
▶ Passe o pente com um pouco de vigor em cabelo limpo.
▶ Aproxime o pente dos pequenos pedaços de papel novamente e verifique o que acontece. Anote o resultado.

Experimento 3
▶ Encha o balão (bexiga) de borracha com ar e dê um nó para o ar não escapar.
▶ Aproxime o balão do seu cabelo, do seu rosto e da parede. Veja o que acontece. Anote os resultados.
▶ Atrite o balão várias vezes no cachecol de lã em um único sentido.
▶ Aproxime-o novamente do seu cabelo, do seu rosto e da parede. Veja o que acontece. Anote os resultados.

Experimento 4
▶ Prenda o canudo plástico no suporte universal.
▶ Aproxime o bastão de vidro do canudo pendurado. Verifique o que ocorreu. Anote o resultado.
▶ Atrite um dos lados do canudo pendurado no papel toalha.
▶ Atrite um dos lados do bastão de vidro em outro papel toalha.
▶ Aproxime o lado atritado do bastão de vidro ao lado atritado do canudo, observe o que acontece e anote o resultado.

Compartilhe os resultados observados e as hipóteses levantadas com seus colegas. Em seguida, elabore um relatório científico contendo as
informações sobre os objetivos do experimento, os materiais utilizados e um resumo dos procedimentos realizados. Apresente também as
hipóteses levantadas, os resultados encontrados e as conclusões obtidas considerando a discussão coletiva.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Experimento 5
Material
▶ Dois canudos sanfonados ▶ Papel toalha ▶ Dez centímetros de linha de costura
▶ Um par de luvas de borracha ▶ Um suporte universal ▶ Luva de borracha

Procedimento
▶ Corte um dos canudos em duas partes; uma das partes deve ter aproximadamente 3 cm.
▶ Amarre a linha em um dos pedaços de canudo (pedaço maior) e amarre o conjunto (linha + canudo) no suporte universal de tal forma
que o canudo não encoste na base.
▶ Aproxime os dois canudos (o inteiro e o pedaço menor) do canudo pendurado pela linha e verifique o que acontece, um de cada vez.
Anote o resultado.
▶ Segurando o canudo que permaneceu inteiro com uma luva de borracha, atrite-o (eletrizando-o) com o papel toalha com bastante
vigor e sempre no mesmo sentido. Depois, aproxime-o novamente do canudo pendurado. Verifique o que acontece. Anote o resultado.
▶ Segurando o canudo eletrizado (o inteiro) com a luva de borracha, deixe-o próximo do canudo pendurado (sem encostar) e, com a outra
mão ou com a ajuda de um colega, encoste o dedo sem a proteção da luva no canudo pendurado. Não deixe os canudos se encostarem.
Em seguida, distancie o canudo maior.
▶ Pegue o pedaço menor do canudo e o aproxime novamente do canudo inteiro. Verifique o que aconteceu. Anote os resultados.
Orientações no Manual do Professor.

A eletricidade nossa de cada dia 11


CLIVE STREETER/DORLING KINDERSLEY/ALAMY/FOTOARENA
Um pouco de história
O primeiro registro do estudo sobre o processo de eletrização dos corpos foi desenvolvido por
Tales de Mileto (624-526 a.C.), que utilizou um pedaço de âmbar (resina fóssil de origem vegetal, dura
e transparente), chamado pelos gregos de elektron (daí o nome “eletricidade”), e o atritou com uma
pele de carneiro. Após o atrito, ele observou que o pedaço de âmbar passou a atrair objetos leves e
secos, como fragmentos de palha e sementes presentes na grama, e considerou que o âmbar tinha
alma, por isso podia atrair coisas.
Com base em suas observações sobre a eletricidade estática, Tales de Mileto acreditou que,
para um material produzir magnetismo, ou seja, atração ou repulsão entre determinados objetos,
era necessário o atrito. Contudo, logo foi possível observar o mesmo fenômeno em minerais como
a magnetita, que não precisava de fricção.
Somente no ano de 1600, o cientista e médico inglês Willian Gilbert (1544-1603) retomou, de
forma minuciosa, o estudo sobre a eletrização dos corpos e percebeu que outros minerais tinham
Representação do experimento
desenvolvido há 25 séculos por Tales de
o mesmo comportamento do âmbar: eram capazes de atrair materiais. Ele achava que os corpos se
Mileto. Após o atrito, o âmbar adquire eletrizavam com a fricção porque ocorria a remoção de um fluído, que escorria para o ambiente ou
uma propriedade nova, a eletrização. para os outros objetos. Gilbert chamou esses corpos de “elétricos” e aqueles que não tinham esse
comportamento (como os metais) de “não elétricos”. Os estudos de Gilbert também o levaram a
sugerir que a Terra tem propriedades magnéticas.
Na década de 1730, o químico Charles François de Cisternay

ACERVO MUSEU DE ARTE DA FILADÉLFIA, EUA./REPRODUÇÃO


du Fay (1698-1739), ao continuar o estudo sobre a eletrização dos
materiais por atrito, concluiu que corpos eletrizados tanto podiam
provocar atração como repulsão. Além disso, ele chegou à conclusão
de que todos os corpos são eletrizáveis e têm a mesma propriedade
que Tales observou no âmbar. Em uma carta publicada no ano de
1735, Du Fay fez sua maior contribuição para a compreensão da
eletricidade ao reportar a existência de duas eletricidades, a vítrea
e a resinosa, e determinou que corpos com eletricidades iguais se
repelem e corpos com eletricidades diferentes se atraem, consti-
tuindo a teoria dos dois fluidos elétricos.
O cientista Benjamin Franklin (1706-1790), opondo-se à teoria
dos dois fluidos elétricos, propôs a existência de um único fluido. Se
o fluido estivesse em excesso no corpo, era chamado de positivo;
caso estivesse em pouca quantidade, era chamado de negativo.
Sua proposta introduziu o princípio da conservação da carga elé-
trica. Outra importante descoberta de Franklin foi a de que o
raio é composto de eletricidade, o que possibilitou a invenção do
para-raios em 1752.
Dos estudos de Benjamin Franklin surgiram os Princípios da
Eletrostática.
▶ Princípio da atração e repulsão: cargas com mesmo sinal se
repelem e com sinais opostos se atraem.
▶ Princípio da conservação das cargas elétricas: em um sis-
tema eletricamente isolado, a soma algébrica das quantidades
de cargas positivas e negativas é constante.
Outra importante contribuição para a compreensão da rela-
ção entre a eletricidade e o magnetismo foi proporcionada pelo
físico e químico dinamarquês Hans Christian Oersted (1777-1851).
Benjamin Franklin drawing electricity from the sky (Benjamin Franklin
extraindo a eletricidade do cŽu), de Benjamin West (1816). Óleo sobre ardósia, Durante uma demonstração em aula, Oersted percebeu que uma
34,0 cm × 25,6 cm, Museu de Arte da Filadélfia, USA. A obra faz referência à sua corrente elétrica afetava o direcionamento da agulha de uma bússola
pesquisa com eletricidade feita em junho de 1752. Nesse experimento, Franklin magnética. Essa evidência prova que existe relação entre eletricidade
prendeu uma chave de metal próximo à barbela de uma pipa e, com a chave
atada à linha umedecida, a fez voar em uma tempestade. Desse evento surgiu
e magnetismo.
uma sucessão de faíscas saltando de uma segunda chave atada à linha para o Os estudos realizados pelos diversos cientistas ao longo
dorso da sua mão, o que mostrou que o raio tem, de fato, natureza elétrica. dos séculos foram de extrema importância para a compreensão

12 A eletricidade nossa de cada dia


dos fenômenos elétricos e sua relação com o magnetismo. A aplicação desses conhecimentos foi
fundamental para o desenvolvimento tecnológico e para o desenvolvimento de equipamentos
utilizados pelos seres humanos em várias atividades.

LAB212
- + - +
N
Ilustração esquemática do experimento realizado por
W E
Oersted, evidenciando a relação entre a eletricidade e o
S magnetismo. Nesse experimento, a corrente elétrica gerada
muda a orientação da agulha da bússola; ao interromper a
corrente, a agulha retorna para a sua posição original.

PARA AMPLIAR

Por que os carros dão choque no inverno

JAKRIN CHAISURI AWAT/SHUTTERSTOCK


Levar choque no veículo é comum em época de tempo seco. Saiba como evitar
o desconforto
Quem nunca se surpreendeu ao levar um choque ao abrir ou fechar a
porta do carro? O fenômeno, um efeito da eletricidade estática, é especialmente
comum nesta época do ano e, apesar de incômodo, não oferece riscos.
Engana-se quem pensa que o problema tenha a ver com a parte elétrica do
veículo. De acordo com o físico Mauro Andreassa, membro da Sociedade de
Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), uma das causas é o atrito do corpo
dos passageiros com o estofamento.
“Quando a roupa do motorista entra em atrito com o banco, esse movimen-
to provoca a perda ou o ganho de elétrons (partículas de energia de carga negativa), o que nós chamamos de eletricidade estática”,
explica o físico. “Se ele sai do carro e encosta em uma superfície neutra, opera-se um fluxo de cargas elétricas, e o choque é sentido.”
A descarga pode atingir valores de até 3 mil volts, mas, segundo Andreassa, não faz mal à saúde. “A tensão é alta, mas a cor-
rente é baixa. Portanto, gera apenas um desconforto.”
É senso comum acreditar que a maior incidência de choques no carro ocorre no inverno por causa do tempo frio. Porém, na
verdade o fenômeno está relacionado à baixa umidade [...].
“Nessas condições, os elétrons ficam mais concentrados, o que permite que sejam descarregados de forma súbita”, diz o físico.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Por essa mesma razão, o uso de ar-condicionado pode aumentar a possibilidade de choques, já que o ar da cabine do veículo
fica ainda mais seco.
Variações. Nem todo mundo é suscetível à eletricidade estática da mesma maneira. A composição corporal, em especial
o teor de água no organismo, pode influir no fenômeno. Os tipos de roupa e calçado que são usados também fazem diferença.
“Materiais sintéticos nas roupas e sapatos isolantes, com sola de borracha, podem potencializar o fenômeno. Por outro lado,
os tecidos naturais não acumulam cargas eletrostáticas”, conta Andreassa.
O presidente da Associação de Engenharia Automotiva (AEA), Edson Orikassa, acrescenta que os bancos de couro são menos
propensos a provocar eletricidade estática. “O atrito é maior nos bancos de tecido”, diz. Leia abaixo algumas dicas que podem
ajudar a diminuir a ocorrência desses choques.
DICAS
NA CABINE
Alguns minutos antes de chegar a seu destino, desligue o ar-condicionado e abra os vidros. Com isso, o ar ficará menos seco,
amenizando a possibilidade de choques.
NO CORPO
Prefira roupas feitas com tecidos naturais, como algodão, que não acumulam cargas eletrostáticas. Evite as feitas com fibras
sintéticas, como poliéster, acrílico e viscose, cujo atrito gera mais energia.
TÉCNICA
Ao abrir a porta, coloque a maior área possível da palma da mão em contato com a superfície. Se houver transferência de
eletricidade, o incômodo será menor do que se fossem usados só os dedos.
POR QUE os carros dão choque no inverno. Jornal do Carro, 2 set. 2015. Disponível em: https://jornaldocarro.estadao.com.br/carros/
por-que-os-carros-dao-choque-no-inverno/. Acesso em: 3 ago. 2020.
Orientações no Manual do Professor.

A eletricidade nossa de cada dia 13


PARA CONSTRUIR
1 Leia o texto e faça o que se pede.
H6
Os átomos são eletricamente neutros no estado fundamental, pois a quantidade de prótons no núcleo (partí-
culas positivas de carga igual a +1) é igual ao número de elétrons presentes na eletrosfera (partículas negativas de
carga igual a –1).
XAVIER, Lucas. Íons, cátions e ânions: o que são e como agem? Centro Universit‡rio de Brusque. Disponível em:
https://www.unifebe.edu.br/site/blog/ions-cations-e-nions-o-que-sao-e-como-agem/. Acesso em: 29 jul. 2020.

Explique como seria o comportamento elétrico de um átomo ou de um grupo de átomos ao perder ou ganhar elétrons.
Resposta: se um átomo ou um grupo de átomos perde ou ganha elétrons, formam-se íons. Os íons são espécies químicas carregadas
eletricamente porque apresentam número de prótons diferente do número de elétrons. Os íons negativos (carregados negativamente,
perdem prótons) são chamados de ânions. Os íons positivos (carregados positivamente, perdem elétrons) são chamados de cátions.

2 Observe a situação ilustrada a seguir.

LAB212
H1

H6

As esferas amarelas representam cargas elétricas negativas, e as azuis, cargas elétricas positivas. De acordo com os pressupostos
apresentados por Du Fay, identifique e descreva a tendência de comportamento dessas cargas na configuração apresentada.
Resposta: cada par de cargas positiva-negativa apresenta a tendência de se juntar, enquanto as cargas de mesmo sinal tendem a se afastar.
Analisando com cuidado a interação entre cada uma das cargas e sabendo que a força depende da distância, teremos que as duas cargas na
parte de cima vão se juntar, assim como as duas cargas na porção debaixo do quadrado, enquanto os pares presentes nas laterais esquerda
e direita da imagem devem se afastar entre si.

3 Considere que, ao realizar a limpeza de um pedaço de cano de PVC, o encanador utilizou um pano de lã.
H6 a) Explique como ocorre a eletrização dos corpos envolvido nessa ação.
Resposta: ao friccionar o pano de lã no cano de PVC para realizar a limpeza, o atrito entre os corpos faz com que ocorra a transferência
H12
de cargas elétricas entre os corpos.

b) Relacione a limpeza do cano de PVC com o fenômeno da eletrização dos corpos e ilustre a situação, indicando os sinais das
cargas que esses materiais terão após o processo de limpeza.

Resposta: como há o atrito PVC carregado



LAB212

de dois corpos de materiais negativamente 


diferentes e considerando 
 
 
o princípio de conservação    
  
de carga elétrica, ambos os   

corpos serão eletrizados com   
a mesma carga, porém de lã lã e PVC sendo 
lã carregada 
sinais opostos. Ilustrando: friccionados
PVC positivamente

14 A eletricidade nossa de cada dia


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Leia o texto e faça o que se pede.
H2
Os raios e os trovões aparecem com constância nos mitos das civilizações

HULTON ARCHIVE/GETTY IMAGES


H6 do passado. Profetas, sábios, escribas e feiticeiros os interpretavam como ma-
nifestações divinas, considerados principalmente como reação de ira contra as
atitudes dos homens. Nas mãos de heróis mitológicos e de divindades, eram
utilizados como lanças, martelos, bumerangues, flechas ou setas para castigar
e perseguir os homens pecadores.
[...] Acreditava-se que havia árvores que atraíam raios, enquanto outras as
repeliam. O grande deus romano, Júpiter, tinha como símbolo o carvalho, ár-
vore alta e majestosa, constantemente atingida por raios. Por outro lado, acre-
ditava-se no poder de proteção do loureiro, arbusto também encontrado na
região do Mediterrâneo, cujos ramos e folhagens eram utilizados sobre a cabe-
ça de imperadores e generais romanos. O loureiro era considerado um meio de
proteção contra a ira dos deuses da tempestade que, presumia-se, invejavam
os generais pelas vitórias e conquistas de seus exércitos.
PORTAL ELAT. Castigo dos deuses? Conheça os mitos e lendas sobre os raios.
Novoeste, 31 jan. 2014. Disponível em: http://www.novoeste.com/index.
php?page=destaque&op=readNews&id=6284. Acesso em: 20 ago. 2020.

O deus romano Júpiter.

a) Compare os dois fenômenos atmosféricos citados no texto considerando suas características físicas e elétricas.
Resposta: raio é o nome dado ao efeito elétrico causado pelo atrito entre moléculas de água e de gelo no interior das nuvens. O atrito
separa as cargas elétricas, de forma que as cargas positivas se acumulam no topo da nuvem e as cargas negativas se acumulam na base
da nuvem. Esse acúmulo de cargas negativas próximas ao solo faz com que as cargas positivas do solo saltem, gerando o encontro entre
essas duas correntes. Já os trovões são resultantes dos rápidos aquecimento e resfriamento das partículas de ar logo após o raio, que
comprimem e expandem o ar, gerando o barulho que conhecemos como trovão.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


b) Faça um contraponto do princípio da eletrostática com o trecho do texto apresentado acima.
Resposta: espera-se que os alunos apresentem argumentações relacionadas à atração e repulsão dos materiais, como o trecho
“Acreditava-se que havia árvores que atraíam raios, enquanto outras as repeliam. O grande deus romano, Júpiter, tinha como símbolo
o carvalho, árvore alta e majestosa, constantemente atingida por raios. Por outro lado, acreditava-se no poder de proteção do loureiro”.
Nesse trecho, o texto afirma que se acreditava que alguns objetos no solo atraíam os raios, enquanto outros os repeliam. Porém,
segundo o princípio da eletrostática, cargas com mesmo sinal se repelem e cargas com sinais opostos se atraem; portanto, sabemos
que a atração e a repulsão são resultado da carga de cada material e que, no caso apresentado no texto, não dependem da espécie
da árvore.

A eletricidade nossa de cada dia 15


c) Compare a interpretação dos povos antigos sobre os raios e trovões, apontando diferenças e semelhanças com a interpre-
tação científica atual.
Resposta: as respostas são pessoais. Entretanto, espera-se que os alunos discutam sobre a necessidade do ser humano de buscar
interpretações para os fenômenos da natureza e observem que, mesmo de forma mística, havia a concepção de atração e de repulsão
dos diferentes materiais.

2 (IFSP)
H6
Raios são descargas elétricas de grande intensidade que conectam as nuvens de tempestade na atmosfera e o solo.
A intensidade típica de um raio é de 30 mil amperès, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico, e eles
percorrem distâncias da ordem de 5 km.
GRUPO DE ELETRICIDADE ATMOSFÉRICA. Voc• sabia? Disponível em: www.inpe.br/webelat/homepage/
menu/el.atm/perguntas.e.respostas.php. Acesso em: 3 ago. 2020.

Durante uma tempestade, uma nuvem carregada positivamente se aproxima de um edifício que tem um para-raios, conforme
a figura a seguir.

Para-raios

IFSP/2013
De acordo com o enunciado, pode-se afirmar que, ao se estabelecer uma descarga elétrica no para-raios:
a) prótons passam da nuvem para o para-raios.
b) prótons passam do para-raios para a nuvem.
c) elétrons passam da nuvem para o para-raios.
d) elétrons passam do para-raios para a nuvem.
e) elétrons e prótons se transferem de um corpo a outro.
Resposta: alternativa d.
3 Foram colocados lado a lado dois objetos, A e B, com cargas elétricas de mesmo valor e sinais opostos, positivo e negativo
respectivamente. Posteriormente, próximo a eles foi colocado o objeto C, com uma carga de mesmo valor e sinal positivo.
H6
Elabore uma hipótese para explicar se a carga do objeto C será atraída ou repelida pelos objetos A e B e represente-a por meio
de uma ilustração.
Resposta: em um primeiro momento, as cargas dos objetos A e B vão se atrair. Ao adicionar o objeto C com carga positiva, ela tende a
se afastar da carga do objeto A, por ser semelhante, e tende a se aproximar da carga do objeto B, por ser negativa. Como as cargas dos
objetos A e B estão juntas, o comportamento geral vai depender de qual carga está mais próxima do objeto C, de forma que ela pode se
aproximar ou se afastar do sistema inicial.

16 A eletricidade nossa de cada dia


ELETRIZAÇÃO POR CONTATO PARA AMPLIAR
Toda vez que dois ou mais corpos com quantidades diferentes de cargas entram em contato,
eles transferem cargas entre si. Depois de um tempo, eles entram em equilíbrio eletrostático, Assista ao vídeo:
cessando a transferência de carga elétrica. Detector de elétrons caseiro
Podemos considerar que a soma algébrica das quantidades de carga elétrica em um sistema (eletroscópio – experiência
eletricamente isolado é constante. Isso significa que, se tivermos dois corpos, com cargas iniciais de Física)
QA e QB, e encostarmos um no outro, a soma das cargas será mantida, mesmo que haja transferência Veja como é feito um eletros-
de cargas entre os corpos. Caso os dois corpos sejam idênticos, após o contato e a separação, cada cópio de folhas e o funcio-
corpo ficará com a metade da soma da quantidade de carga dos dois corpos. Matematicamente, temos: namento de gerador Van de
Graaff. Assista ao vídeo do link:
https://manualdomundo.uol.
Qa + Qb com.br/2013/04/detector-de-
Q = eletrons-caseiro-eletroscopio
2
-experiencia-de-fisica/. Acesso
em: 20 ago. 2020.

LAB212
Orientações no Manual do Professor.
ANTES CONTATO DEPOIS

+ + + + +
+ + + + + + + +
+
+ + + +

+
+
+ + + +

+
B

+
+

A B B
+

A A

+
+
+
+

+
+

+
+
+
+

+ + + + + + + +
+ + + +

Quando um corpo carregado positivamente (corpo A), ou seja, com menos elétrons
que prótons, é colocado em contato com um corpo neutro (corpo B), ou seja, com
o mesmo número de prótons e de elétrons, ocorre uma transferência de elétrons
do corpo B para o corpo A, deixando os dois corpos carregados positivamente.

ANTES CONTATO DEPOIS LAB212

- - - - - - - - - - - -
- - - -
- - - -
- A - B A B - A - - B -
- - - -

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


- - - - - - - - - - - - - - -
-
Quando um corpo carregado negativamente (corpo A), ou seja, com mais elétrons
que prótons, é colocado em contato com um corpo neutro (corpo B), ou seja, com
o mesmo número de prótons e de elétrons, ocorre uma transferência de elétrons
do corpo A para o corpo B, deixando os dois corpos carregados negativamente.

ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO


Após a indução, o corpo é conectado a um fio terra, que é um fio de material condutor que
conecta o sistema à terra e cuja função é fornecer um escoamento para as cargas elétricas excedentes
do corpo. Se o fio for ligado na região onde estiverem concentradas as cargas positivas, a terra fornecerá
cargas negativas para esse corpo, deixando-o com carga negativa no final. Entretanto, se o fio terra
estiver ligado na região onde estiverem concentradas as cargas negativas, o corpo irá ceder elétrons
para a terra, tornando-o positivo.

+ + + + – + +

+ + + +

+
+ + + +


+ + +

LAB212

A – B

– +
+

+ + + –– +

Indutor Induzido
O corpo A é chamado de corpo indutor. Ele induz as cargas no
corpo B, que está inicialmente neutro. A carga fica polarizada
em dois hemisférios no início do processo da indução.

A eletricidade nossa de cada dia 17


+ + + + – + + + + –
– –

+ + + +

+ + + +
+ + + +

+ + + +
– –
A – B – A – B
– –
– –

LAB212

LAB212
+

+
+ + + –– + + + ––

Indutor Induzido Terra Indutor Induzido Terra


+–
Por meio do fio terra, o solo cede elétrons para Após o fio terra ser cortado, o corpo B ficará com
o corpo B até que as cargas negativas estejam cargas negativas a mais em relação às cargas
balanceadas nesse hemisfério. positivas. Portanto, estará eletrizado negativamente.

Após o fio terra ser desligado e o corpo B afastado do corpo A, as cargas elétricas negativas
de B se distribuirão uniformemente por sua superfície, como indica a imagem abaixo.
+ + + + – – –
– –

+ + + +

+ + + +
– –

LAB212
A – B –
– –
– –

+
–– ––
+ + +

Indutor Induzido
Após o desligamento do fio terra e da separação dos corpos, as cargas
do corpo B serão distribuídas uniformemente por sua superfície.

PARA CONSTRUIR
1 Observe a ilustração a seguir.
H6 Uma esfera eletricamente neutra está apoiada em um pedestal de material isolante.
Quando outra esfera carregada negativamente é aproximada, as cargas da esfera
branca tendem a reagir à sua presença. Descreva o comportamento das cargas
na situação ilustrada.
LAB212

Resposta: assim que a esfera amarela, carregada negativamente, é aproximada da esfera


no pedestal, suas cargas irão reagir de forma que as cargas negativas tendem a se afastar
da esfera amarela, enquanto as cargas positivas tendem a se aproximar da esfera amarela.
Como resultado, a metade esquerda da esfera no pedestal concentrará cargas positivas,
enquanto a metade direita concentrará a cargas negativas.

2 Uma das máquinas da linha de produção de uma indústria estava apresentando falhas no processo. Os operadores da má-
quina perceberam que o possível problema era o acúmulo de cargas, o que gerava eletricidade estática. Descreva possíveis
H6
estratégias para descarregar a eletricidade estática no equipamento com base nos fenômenos de eletrização.
Resposta: uma possível solução para o problema seria a utilização de materiais neutros para promover a eletrização por contato entre esses
materiais e o equipamento eletrizado. A cada contato, a parte da carga excedente indesejada no equipamento iria ser transferida para o
material neutro, até que, depois de certo tempo, a quantidade de carga no equipamento será baixa o suficiente para não causar mais
danos à produção.

18 A eletricidade nossa de cada dia


FAÇA VOCÊ MESMO
1 (PUC-PR) Uma indústria automotiva faz a pintura de peças de um veículo usando a pintura eletrostática, processo também
conhecido como pintura a pó. Nele, a pinça de um braço robótico condutor que segura a peça é ligada a um potencial de 1 kV.
H6
A pinça junto com a peça é imersa em um tanque de tinta em pó a 0 V. A diferença de potencial promove a adesão da tinta
à peça, que depois é conduzida pelo mesmo braço robótico a um forno para secagem. Após essa etapa, o robô libera a peça
pintada, e o processo é reiniciado. A ilustração a seguir mostra parte desse processo.

PUC-PR 2017
A indústria tem enfrentado um problema com a produção em série: após duas ou três peças pintadas, a tinta deixa de ter
adesão nas peças. Uma possível causa para tal problema é:
a) o movimento do braço robótico carregando a peça no interior da tinta gera atrito e aquece o sistema, anulando a diferença
de potencial e impedindo a adesão eletrostática.
b) a ausência de materiais condutores faz com que não exista diferença de potencial entre a peça e a tinta.
c) cada peça pintada diminui a diferença de potencial até que, após duas ou três peças pintadas, ela torne-se nula.
d) quando a pinça e a peça são imersas na tinta, ambos entram em equilíbrio eletrostático, o que impede que a tinta tenha

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


aderência sobre a superfície da peça.
e) com o tempo, a pinça acaba ficando recoberta por uma camada de tinta que atua como isolante elétrico anulando a dife-
rença de potencial entre a peça e a tinta.
Resposta: alternativa e.
2 Observe a imagem ao lado.
H6 Um bastão carregado negativamente
−−
se aproxima de dois blocos de material −− − −
H12 condutor posicionados sobre bases isolantes. − − + – + –
−− – –
Ilustre a posição das cargas induzidas pelo + – + –
+ – + –
bastão em cada um dos blocos e explique + – + –
o posicionamento das cargas.
LAB212

Resposta: nomeando os blocos de A e B, da esquerda para a direita, as cargas positivas no bloco A serão atraídas pelo bastão e ficarão do
lado esquerdo do bloco, enquanto as cargas negativas se deslocarão para o lado direito. Com isso, o bloco B sente os efeitos das cargas
negativas de A e, igualmente, suas cargas serão deslocadas, e as cargas positivas irão para a esquerda e as negativas para a direita.

A eletricidade nossa de cada dia 19


3 Após pentear os cabelos ainda molhados, uma jovem esfregou o seu pente de plástico na toalha para remover o excesso do
creme utilizado para desembaraçá-lo, o que gerou atrito. Depois, para auxiliar na remoção do restante do creme, ela o apro-
H6
ximou de um fino filete de água que jorrava pela torneira e observou que o filete se encurvou na direção do pente. Formule
uma hipótese para explicar o motivo pelo qual isso ocorreu.
Resposta: após o atrito, o pente ficou eletrizado. Ao aproximá-lo da água, as cargas de sinal oposto que compõem o líquido são atraídas pelo
pente, o que causa uma leve deflexão do fio de água.

4 Uma indústria apresentou um problema elétrico em uma das etapas de produção e, para resolver o problema, um eletricista
teve que cortar e emendar alguns fios energizados. Durante esse processo, ele ficou em cima de uma grossa camada de bor-
H6
racha, evitando qualquer contato com os demais materiais ao seu redor. Identifique qual material é isolante e qual é condutor,
discutindo a necessidade de cada um deles no processo ilustrado.
Resposta: os fios de energia são um exemplo de material condutor, pois eles estão conduzindo a eletricidade até o equipamento de produção.
Já o tapete de borracha no qual o eletricista se encontra é um exemplo de material isolante e está sendo usado para impedir que o corpo do
eletricista conduza eletricidade até o chão.

Forças entre cargas elétricas puntiformes: Lei de Coulomb


YURI KORCHMAR/SHUTTERSTOCK

Charles Augustin de Coulomb (1736-1806) foi um físico francês que enunciou a lei que descreve
a força de interação entre cargas elétricas puntiformes (dimensões desprezíveis). Para tanto, ele utili-
zou uma balança de torção, como mostra a figura, constituída por uma haste disposta na horizontal,
sustentada por um fio, e na qual existem duas esferas, uma em cada extremidade, carregadas com
uma carga cujo comportamento se deseja investigar.
Fibra
Considere duas cargas elétricas puntiformes, Q1 e Q2, separadas por uma distância d no vácuo.
Se as cargas forem opostas, haverá atração; se forem iguais, haverá repulsão. Como as esferas estão
carregadas, elas exercem uma força de atração ou de repulsão, dependendo de suas configurações.
Essa força gera uma movimentação da haste, que sofre uma torção, alterando seu ângulo. Essa al-
teração pode ser detectada na graduação do equipamento. Quanto maior a força, maior a torção.
Após realizar vários ensaios com diferentes distâncias entre as esferas e variando suas cargas
F elétricas, Coulomb enunciou a lei que leva seu nome, a lei de Coulomb, válida para cargas opostas
ou para cargas iguais, ou seja, para atração e repulsão, que diz:

Q2
Q1 A intensidade da força de interação entre duas cargas elétricas
puntiformes é diretamente proporcional ao produto dos valores
absolutos das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da
Balança de torção utilizada para distância que as separa.
medir a força elétrica entre cargas.

20 A eletricidade nossa de cada dia


Matematicamente, podemos escrever a lei de Coulomb da seguinte maneira:

Q1 ⋅ Q 2
Fe = k 0 ⋅
d2

em que:
Fe: força eletrostática (N).
N ⋅ m2 9 m2
k0: constante eletrostática no vácuo . Seu valor no vácuo é de 9 ⋅ 10 N ⋅
C2 C2
Q1 e Q2: cargas elétricas (C).
d: distância entre as cargas (m).
O comportamento da força elétrica em função da distância das cargas pode ser descrito
graficamente:

F (N)

F/4

F/9
F/16
LAB212

0 d 2d 3d 4d d (m)

Gráfico da força elétrica em função da distância das cargas.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Campo elétrico de cargas puntiformes
Quando temos uma carga elétrica puntiforme Q, por exemplo, na região que a envolve, um cam-
po de forças chamado campo elétrico surge em sua volta e em todas asurdireções. Se aproximarmos
outra carga elétrica puntiforme, esta ficará sujeita a uma força elétrica Fe . Se as cargas forem iguais
e de mesmo sinal, haverá repulsão, e, se forem de sinais opostos, atração. Campo elétrico é uma
grandeza física vetorial que indica a força elétrica exercida sobre cada unidade de carga elétrica em
cada ponto do espaço que está sob a influência de uma carga geradora.

LAB212

Fe
P

+ q

+
Q

Carga de prova (carga presente em um determinado campo elétrico, que está


sujeita a uma determinada força) sendo repelida pelo campo elétrico gerado
pela carga puntiforme Q.

A eletricidade nossa de cada dia 21


Matematicamente, podemos representar o campo elétrico da seguinte forma:

Q
E = k0 ⋅
d2

em que:
E: campo elétrico (N/C).
N ⋅ m2
k0 : constante eletrostática no vácuo .
C2
Q: carga elétrica geradora (C).
d: distância entre as cargas (m).
Graficamente, o comportamento do campo elétrico é o seguinte:
E (N/C)

LAB212
d (m)

Um campo elétrico pode ser representado por linhas de força, que são uma construção geo-
métrica, que ilustram
ur a direção e o sentido do campo. A direção de um campo elétrico é a mesma
da força elétrica Fe em cada carga de prova. Já o sentido do campo elétrico é determinado pela
carga de prova. Uma carga negativa gera um campo de aproximação em relação à carga que o
gera, ou seja, o sentido do vetor campo elétrico aproxima-se da carga geradora. Uma carga positiva
gera um campo de afastamento em relação a ela, ou seja, o sentido do vetor campo elétrico
afasta-se da carga geradora.
E se houver mais de uma carga geradora, como saber qual é o campo elétrico em determi-
nado ponto?
Como o campo elétrico é uma grandeza vetorial, basta obtermos a resultante dos vetores
do campo elétrico de cada carga geradora. Assim, matematicamente, temos o cálculo do campo
elétrico com base em n cargas geradoras (Q):
ur
u ur ur ur ur
ER = E1 + E 2 + E 3 + ... + E n
LAB212

+ –

Representação de um campo elétrico gerado por uma carga elétrica


positiva e outro por uma carga elétrica negativa.

22 A eletricidade nossa de cada dia


Gaiola de Faraday
Quando um condutor de eletricidade recebe cargas elétricas negativas, elas tendem a se distri-
buir uniformemente por toda a sua superfície. Se esse condutor tiver um formato de esfera oca, por
exemplo, as cargas ficarão todas na superfície externa, uma vez que existe a tendência de as cargas
negativas se repelirem, de modo a ficarem o mais distante possível umas das outras. A resultante de
todos os campos elétricos gerados por essas cargas no centro da esfera é nula, pois o campo elétrico
no interior do condutor oco será nulo.

LAB212
E=0

Em uma esfera oca, as cargas ficam


distribuídas uniformemente pela superfície,
resultando em um campo elétrico nulo.

Mesmo que o condutor não estivesse carregado, mas a região à sua volta tivesse um campo
elétrico, o interior ficaria com resultante nula porque ocorre uma blindagem eletrostática no centro.
Michael Faraday realizou, em 1836, um experimento para provar os efeitos da blindagem ele-
trostática. Para tanto, ele construiu uma grande gaiola metálica que era carregada por um gerador
eletrostático de alta voltagem e colocou um eletroscópio em seu interior para comprovar que o
campo elétrico era nulo. Certo de que a blindagem eletrostática funcionaria, Faraday entrou na gaiola
e realizou o teste sentado em uma cadeira de madeira. Após se submeter a fortes descargas elétricas,
que foram “barradas” pela gaiola, Faraday saiu em segurança da estrutura metálica.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


LAB212

Ilustração do experimento da gaiola de Faraday.

O princípio de funcionamento desse dispositivo é aplicado em muitas situações cotidianas,


como certas estruturas dos carros e aviões que atuam como gaiolas de Faraday, protegendo seus
ocupantes caso eles sejam atingidos por uma descarga elétrica.

A eletricidade nossa de cada dia 23


PARA AMPLIAR

Abelhas e flores se comunicam por sinais elétricos, aponta estudo


Plantas emitem impulsos a insetos polinizadores que sugam pólen e néctar. Cores vivas e
fragrância das flores também ajudam a atrair esses animais.
Abelhas e flores se comunicam usando sinais elétricos, aponta um novo estudo
feito pela Universidade de Bristol, na Inglaterra, e publicado na edição online da
revista Science [...].

IRISKAV/SHUTTERSTOCK
Abelhas e flores se comunicam por sinais elétricos

Pela primeira vez, uma pesquisa mostrou que as flores emitem impulsos elétricos
– equivalente a um sinal de neon – aos insetos polinizadores, como as abelhas, que são
capazes de distingui-los de outros campos e encontrar as reservas de pólen e néctar.
Esse “poder de publicidade” das flores atua em conjunto com outras formas de atra-
ção delas, como as cores vivas e a fragrância que elas exalam, destaca o professor Daniel
Robert, da Faculdade de Ciências Biológicas de Bristol, que participou do estudo, liderado
por Dominic Clarke.
De acordo com os autores, as plantas têm geralmente uma carga negativa e emitem
fracos campos elétricos. Já as abelhas são carregadas positivamente – até 200 volts – en-
quanto voam. Nenhuma faísca é produzida quando ambas se encontram, mas uma pe-
quena força elétrica se acumula e é capaz de transmitir informações entre as duas partes.
Ao pôr eletrodos nas hastes de petúnias (Petunia integrifolia), os cientistas observaram
que, quando uma abelha pousa, o potencial elétrico das flores muda e permanece assim
por alguns minutos.
Além disso, esses insetos conseguem diferenciar melhor duas cores quando os sinais
das plantas estão disponíveis. Os animais também são capazes de registrar os mínimos
detalhes dos campos elétricos das flores, como seus níveis, padrões e estruturas. Isso tudo
parece melhorar a memória das abelhas e as ajuda a lembrar da localização das flores ricas
em néctar.
A forma como esses insetos detectam os campos elétricos ainda não é conhecida
pelos pesquisadores, mas eles acreditam que os pelos delas se arrepiam com a força
eletrostática, da mesma forma que faz o cabelo humano em frente a uma televisão antiga.
Segundo Robert, a coevolução de abelhas e flores tem uma longa e benéfica história.
Por isso, não é de todo surpreendente que a ciência ainda esteja descobrindo quão sofis-
ticada é essa comunicação.
ABELHAS e flores se comunicam por sinais elétricos, aponta estudo. G1, 21 fev. 2013.
Disponível em: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/02/abelhas-e-flores-se-
comunicam-por-sinais-eletricos-aponta-estudo.html. Acesso em: 3 ago. 2020.
Orientações no Manual do Professor.

24 A eletricidade nossa de cada dia


PARA CONSTRUIR
1 O funcionamento das lâmpadas, que acendem ao acionar um interruptor, ocorre devido a um fenômeno conhecido como
campo elétrico. Ao acionar o interruptor, os elétrons, e, portanto, as cargas negativas, se movimentam em uma certa direção
H1
pelo fio condutor, o que faz com que uma lâmpada acenda. Um fato interessante é que, para percorrer o trajeto pelo fio e
H6 chegar à lâmpada, cada elétron demoraria cerca de quatro horas; porém, ao acender a luz podemos observar que tal efeito é
praticamente imediato. Isso só é possível por causa do campo elétrico. Elabore uma explicação de como o campo elétrico faz
com que uma lâmpada acenda quase que instantaneamente.
Resposta: quando ligamos o interruptor do circuito, o campo elétrico que surge no condutor é estabelecido quase que instantaneamente
em todo o fio, pois a velocidade de propagação desse campo é praticamente igual à velocidade da luz (cerca de 300 000 km/s). Então, em
um tempo muito curto (cerca de 10-9 s), todos os elétrons livres do fio estarão em movimento, embora os elétrons que começaram
a se mover nas proximidades do interruptor só alcancem o filamento da lâmpada depois de um tempo muito longo.

2 Em um programa de televisão, um cientista se isolou dentro de uma grande gaiola metálica. Em seguida, seu ajudante eletrizou a
gaiola, transferindo-lhe grande carga elétrica. Elabore hipóteses e descreva o que acontecerá com o cientista nesse experimento.
H6
Resposta: o cientista não foi afetado com a ação da carga elétrica aplicada, pois o potencial de seu corpo era o mesmo que o da gaiola e,
segundo o princípio da gaiola de Faraday, os efeitos de campo elétrico criados no interior do condutor carregado acabam se anulando porque
as cargas se espalham uniformemente por toda a sua superfície, uma vez que a repulsão entre as cargas faz com que elas se mantenham o
mais longe possível uma das outras, obtendo, assim, um campo elétrico nulo.

3 Leia o texto e responda ao que se pede.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


H4
Com complexidades e particularidades específicas em relação a obras residenciais e corporativas, obras em hos-
H6 pitais requerem expertise por parte dos profissionais envolvidos. [...] Acabamentos e instalações precisam ser previa-
mente planejados, seja de foco cirúrgico, isolamento eletromagnético com gaiola de Faraday no caso de equipamentos
de ressonância magnética, piso condutivo para salas de cirurgia com manta vinílica condutiva e chapas metálicas. Sem
um projeto adequado, um equipamento de grande potência ou de grande precisão poderia distorcer os diagnósticos
ou até mesmo causar grandes danos às instalações.
DINO. Empreendimentos hospitalares exigem um maior conhecimento e experiência por parte das construtoras. Mundo do Marketing,
5 jun. 2020. Disponível em: www.mundodomarketing.com.br/noticias-corporativas/conteudo/211816/empreendimentos-
hospitalares-exigem-um-maior-conhecimento-e-experiencia-por-parte-das-construtoras. Acesso em: 27 jul. 2020.

Considerando que a ressonância magnética é uma técnica utilizada na medicina para a obtenção de imagens diagnósticas por
meio de campos eletromagnéticos, investigue e explique a necessidade da construção de uma gaiola de Faraday no ambiente em
que esse equipamento está localizado.
Resposta: a gaiola de Faraday é uma blindagem eletrostática que considera que um corpo oco carregado eletrostaticamente tem campo
elétrico nulo em seu interior. Assim, o isolamento de uma sala em que há aparelhos de ressonância eletromagnética é importante para que
os campos eletromagnéticos do ambiente externo não interfiram na obtenção de imagens, ao mesmo tempo que o campo gerado pelo
próprio aparelho não se propague para o exterior da sala. Por isso, a gaiola de Faraday é necessária como forma de garantir resultados
mais precisos nos exames clínicos e como proteção para o ambiente externo.

A eletricidade nossa de cada dia 25


4 (Vunesp) Em um experimento de eletrostática, um estudante dispunha de três esferas metálicas idênticas, A, B e C, eletrizadas,
no ar, com cargas elétricas 5Q, 3Q e –2Q respectivamente.
H1
A B C
H6
5Q 3Q –2Q

Utilizando luvas de borracha, o estudante coloca as três esferas simultaneamente em contato e, depois de separá-las, suspende
A e C por fios de seda, mantendo-as próximas. Verifica, então, que elas interagem eletricamente, permanecendo em equilíbrio
estático a uma distância d uma da outra. Sendo k a constante eletrostática do ar, assinale a alternativa que contém a correta
representação da configuração de equilíbrio envolvendo as esferas A e C e a intensidade da força de interação elétrica entre elas.
10k Q2 2k Q2
a) eF = . d) eF = .

ILUSTRAÇÕES: LAB212
d2 d2

A C A C

4k Q2 4k Q2
b) eF = . e) eF = .
d2 d2

A C A C

10k Q2
c) eF = .
d2

A C

Resposta: alternativa b.
Resolução: Para obter a carga total, é necessário somar as cargas e dividir o resultado igualmente entre as esferas:
5Q + 3Q − 2Q 6Q
Qt = = = 2Q. Ao aplicar a fórmula da força elétrica, temos que:
3 3
K ⋅ Q1 ⋅ Q 2 K ⋅ 2Q ⋅ 2Q 4 ⋅ k ⋅ Q2
F = → F = → F =
d2 d2 d2

FAÇA VOCÊ MESMO


1 (Enem) Em uma manhã ensolarada, uma jovem vai até um parque para acampar e ler. Ela monta sua barraca próxima de seu
carro, de uma árvore e de um quiosque de madeira. Durante sua leitura, a jovem não percebe a aproximação de uma tempes-
H6
tade com muitos relâmpagos.
A melhor maneira de essa jovem se proteger dos relâmpagos é:
a) entrar no carro.
b) entrar na barraca.
c) entrar no quiosque.
Resposta: alternativa a. Dentro do automóvel, a jovem estará segura devido ao isolamento
d) abrir um guarda-chuva. elétrico que a borracha do pneu proporciona à carcaça do carro. Além do mais, por ser feita
de material condutor, a lataria do carro é equivalente a uma gaiola de Faraday – blindagem
e) ficar embaixo da árvore. eletrostática responsável por anular o campo elétrico no interior de um objeto condutor.

26 A eletricidade nossa de cada dia


2 (Enem-2010) Duas irmãs que dividem o mesmo quarto de estudos combinaram de comprar duas caixas com tampas para
guardarem seus pertences dentro de suas caixas, evitando, assim, a bagunça sobre a mesa de estudos. Uma delas comprou uma
H6
metálica, e a outra, uma caixa de madeira de área e espessura lateral diferentes, para facilitar a identificação. Um dia as meninas
foram estudar para a prova de Física e, ao se acomodarem na mesa de estudos, guardaram seus celulares ligados dentro de suas
caixas. Ao longo desse dia, uma delas recebeu ligações telefônicas, enquanto os amigos da outra tentavam ligar e recebiam a
mensagem de que o celular estava fora da área de cobertura ou desligado. Para explicar essa situação, um físico deveria afirmar
que o material da caixa cujo telefone celular não recebeu as ligações é de Resposta: alternativa b. O experimento conhecido como
gaiola de Faraday explica tal situação. Esse experimento
a) madeira, e o telefone não funcionava porque a madeira não é um bom condutor de eletricidade. provou que uma superfície
condutora eletrizada (no
b) metal, e o telefone não funcionava devido à blindagem eletrostática que o metal proporcionava. caso a caixa metálica) tem
c) metal, e o telefone não funcionava porque o metal refletia todo tipo de radiação que nele incidia. campo elétrico nulo em seu
interior, dado que as cargas se distribuem de
d) metal, e o telefone não funcionava porque a área lateral da caixa de metal era maior. forma homogênea na parte mais externa da
e) madeira, e o telefone não funcionava porque a espessura desta caixa era maior que a espessura da caixa de metal.
superfície condutora. Portanto, o metal propicia uma blindagem eletrostática ao telefone, deixando-o fora da área de cobertura.
3 Um caminhão precisou ser empurrado, mas seu dono não levava consigo cordas ou outros facilitadores. Como alternativa para
solucionar o problema, ele optou por utilizar a força elétrica. Com algum esforço, o caminhão foi carregado com carga de 1 C,
H6
mas para conseguir deslocar o caminhão, ainda era necessária uma força de 60 000 N, que ele cogitou conseguir carregando um
outro carro a 50 cm de distância. De acordo com a proposta elaborada pelo caminhoneiro, estabeleça qual a carga necessária
que o carro utilitário deve ter para deslocar o caminhão.
Resolução: a carga do carro deve ser dada pela expressão:
Q caminhão ⋅ Q carro
F = K ⋅ , em que F = 60 000 N, d = 0,5 m, k = 9 ⋅ 109 e q = 1 C.
d2
60 000 ⋅ (0,5)
2
F ⋅ d2
logo: Q carro= = = 1,66 ⋅ 10−6 C.
k ⋅ Q caminhão 9 ⋅ 109 ⋅ 1

Resposta: portanto, a carga necessária para para deslocar o caminhão é de1,66 ⋅ 10–6 C.

4 Considere que uma pessoa esteja sendo rastreada por criminosos e necessite temporariamente isolar seu dispositivo eletrônico

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


de uma forma simples e barata. Baseado nos conceitos apresentados nesse capítulo, estabeleça propostas de como ela pode
H6
resolver esse problema.
H12 Resposta: uma possibilidade é embrulhar inteiramente o dispositivo em papel alumínio. Porque esse papel é feito de um material metálico
e, portanto, condutor, ele funcionará como uma gaiola de Faraday, isolando os sinais, de modo que deixe o dispositivo inutilizado para
receber sinais eletromagnéticos.

A eletricidade nossa de cada dia 27


VOCÊ É O AUTOR
Filtros eletrostáticos
As atividades humanas em busca dos mais diversos recursos minerais, bens de consumo e do
conforto advindos da tecnologia estão gerando grandes impactos no meio ambiente. O principal
deles é a poluição atmosférica gerada pela liberação de gases e pequenas partículas sólidas na
atmosfera. Esses compostos alteram a composição do ar, acarretando consequências negativas
tanto para o ambiente, como para a saúde humana.

[...] A ONU aponta que, no setor da indústria, a queima de carvão para produção
de energia, além do uso de solventes nas indústrias de químicos e minerais, são os prin-
cipais responsáveis pela poluição do ar. Embora o Brasil tenha instituído até um “Dia
Nacional do Controle da Poluição Industrial”, celebrado no dia 14 de agosto, o cenário
não é tão positivo – principalmente por conta da falta de vigilância.
Há 30 anos, foi criado o Programa Nacional de Monitoramento da Qualidade do
Ar (Pronar), que deveria monitorar os níveis de poluição de todos os estados brasileiros.
Ainda hoje, apenas 10 estados contam com esse controle (Bahia, Ceará, Espírito Santo,
Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e o Distrito
Federal). Na região Norte, por exemplo, não há nenhuma estação de monitoramento.
ILHÉU, Taís. Dia Mundial do Meio Ambiente: conheça algumas causas da poluição do ar. Guia do Estudante,
jun. 2019. Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/dia-mundial-do-meio-ambiente-
conheca-algumas-causas-da-poluicao-do-ar/#:~:text=Ind%C3%BAstria,respons%C3%A1veis%20pela%20
polui%C3%A7%C3%A3o%20do%20a. Acesso em: 17 jun. 2020.

BRAM VAN BROEKHOVEN/SHUTTERSTOCK

Poluição atmosférica em uma planta industrial.

Uma forma de reduzir a poluição atmosférica industrial é a utilização de filtros eletrostáticos.


Nesse equipamento, os gases e pequenas partículas liberados pelos processos de produção passam
por eletrodos carregados. As partículas poluentes são eletrizadas e atraídas por placas com cargas
opostas, onde ficam retidas.

28 A eletricidade nossa de cada dia


Eletrodos
carregados
eletricamente

80% coleção
em placas

LAB212
negativas
Partículas coletadas
20% coleção
em placas
Ar sujo positivas Ar purificado

Unidade
coletora

Ilustração esquemática do funcionamento de um filtro eletrostático.

Em grupos, organizem e produzam um projeto para um grupo de investidores e governantes em uma conferência, propondo o uso
dos filtros eletrostáticos para minimizar a poluição atmosférica gerada pelas fábricas.

Para tanto, pesquisem e discutam com seus colegas como os setores de produção de produtos e de serviço contribuem com a polui-
ção do ar e sobre os diversos impactos dessa poluição para o meio ambiente e para a saúde humana. Após esse levantamento, façam
entrevistas com algumas pessoas da comunidade local que foram direta ou indiretamente impactadas pela poluição atmosférica. Em
seguida, analisem como os filtros eletrostáticos atuam para minimizar os impactos desse tipo de poluição e como se dá a sua imple-
mentação na planta industrial. Registrem as informações encontradas.

Após a coleta de dados, realizem uma conferência para o compartilhamento da pesquisa e defesa do uso dos filtros eletrostáticos à
equipe gestora. A proposta deve ser apresentada no software Prezi, para ser compartilhada e executada on-line.

Orientações no Manual do Professor.

A eletricidade nossa de cada dia 29


2
CAPÍTULO

ELETRODINÂMICA

Competência

c C2

Habilidades

c H6, H11 e H12

CK
TO
ERS
U TT
/SH
HKIN
SAS
DIFERENÇA DE POTENCIAL – DDP
Os equipamentos elétricos funcionam com a passagem de elétrons pelos seus componentes. Essa
passagem ocorre por causa da diferença de potencial (ddp), ou seja, da diferença entre o potencial
elétrico de dois pontos, como a que existe entre os terminais dos polos elétricos do equipamento,
fornecido por uma pilha, uma bateria ou pela linha de abastecimento elétrico da cidade.
Em homenagem ao físico Alessandro Volta (1745-1827), a unidade de medida da ddp foi nomeada
de volt (V). Volta foi o inventor da primeira pilha, que era composta por diferentes tipos de discos
dispostos um em cima do outro: um disco de cobre, seguido por um disco de feltro embebido em
ácido sulfúrico diluído em água, depois um disco de zinco e, sobre ele, outro disco de feltro embebido
em ácido sulfúrico diluído: as camadas se repetiam sucessivamente, de maneira a formar uma pilha.

polo negativo
EMRE TERIM/SHUTTERSTOCK

zinco
feltro
cobre
Ilustração esquemática
da primeira bateria
elétrica inventada por
polo positivo Alessandro Volta.

Ao ligar o cobre ao zinco com um condutor, ocorre a passagem de corrente elétrica, que segue do
eletrodo de cobre (polo positivo) para o de zinco (polo negativo), por causa da diferença de potencial
entre eles. Esse processo ocorre porque muitos metais, quando colocados em solução, liberam íons.
Portanto, na pilha de Volta, o zinco do eletrodo que estava neutro libera íons positivos bivalentes Zn2+
na solução de ácido sulfúrico, fazendo com que a quantidade de elétrons nessa solução se exceda. Os
íons de zinco não continuam a ser liberados de forma indefinida, o que ocorre porque, ao atingir um
valor determinado, a carga positiva de íons impede uma nova liberação dos íons de zinco. Dessa forma,
caso um novo íon seja liberado na solução, a carga positiva o repele de volta ao zinco, onde esse íon se

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


une a dois elétrons e forma um

LAB212
novo átomo neutro de zinco. e e e
O eletrodo de cobre tam-
bém libera íons positivos biva-
lentes de cobre na solução e
retém elétrons. Entretanto, nem
todos os metais têm a mesma Zn2+
e e
facilidade para liberar íons, uma Cu2+
vez que o cobre, por exemplo, e e Solução de H2SO4 produz: e e
libera menos íons que o zinco Zn2+ e e
e, portanto, retém menos elé- e e e e
(+) Cobre

trons. Em consequência disso, SO42 +2 H+


() Zinco

e e
apesar de ambos os metais e e e e
apresentarem potencial mais Zn2+ e e
baixo que a solução, o potencial Zn2+ Cu2+
e e e e e
do cobre fica mais alto que o
do zinco. Assim, quando eles Zn2+
Zn2+
são reunidos pelo condutor, Cu2+
ocorre a passagem de elétrons
do zinco para o cobre, devido e elétron H+ íon de hidrogênio Zn íon de zinco
2+
Cu2+ íon de cobre
à maior quantidade de elétrons
presentes no zinco. Representação esquemática do funcionamento da pilha de Alessandro Volta.

A eletricidade nossa de cada dia 31


Com o tempo, o número de elétrons se iguala entre zinco e cobre, cessando a diferença de
potencial, e a pilha, então, para de funcionar. Para impedir que isso ocorra, as moléculas de ácido
sulfúrico se dissociam em íons hidrogênio (H+) e sulfato ( SO2−
4 ), segundo a equação:

H2SO4 → 2H+ + SO24−

O íon SO2−4 segue em direção ao zinco, reage com ele e forma o sulfato de zinco, de acordo
com a seguinte reação:

SO24− + Zn → ZnSO 4 + 2 elétrons

Nessa reação, são liberados dois elétrons que o zinco transfere para o condutor. Por meio dessa
reação química, são gerados os elétrons que a pilha fornece para a geração de uma corrente elétrica.
O íon de hidrogênio dissociado segue em direção ao eletrodo de cobre, onde se transforma em
um átomo de hidrogênio neutro ao receber um elétron, como é representado pela equação:

H+ + elétron → H

Os hidrogênios neutros gerados por essa reação se unem e formam moléculas de hidrogênio,
que se desprendem junto ao cobre. Assim, a princípio, para construir uma pilha, são necessários
apenas dois metais quaisquer: um metal mais reativo a elétrons e um metal menos reativo. A união
de ambos promove uma diferença de potencial que gera uma corrente de elétrons, cuja intensidade
pode ser medida por um aparelho chamado voltímetro.
Se você olhar os equipamentos elétricos na sua casa e na escola, todos terão
DENIS KLIMOV 3000/SHUTTERSTOCK

essa informação. Alguns equipamentos têm uma voltagem de 110 volts, outros de
127 volts e outros de 220 volts. Alguns, inclusive, são bivolts.
A intensidade da corrente elétrica de uma pilha depende do potencial de redução
e de oxidação dos metais que compõem os eletrodos, porque, quanto maior for o
potencial de oxidação de um metal, maior será a sua capacidade de ceder elétrons.
E, quanto maior for o potencial de redução de um metal, maior será a sua tendência
de receber elétrons. Quando são utilizados eletrodos com grandes diferenças de
potencial, a intensidade da corrente também é muito grande.
Como a ddp de uma pilha está relacionada com a tendência de oxidação
do agente redutor e a redução do agente oxidante por convenção, adotou-se um
eletrodo-padrão para medir o potencial de redução e de oxidação das espécies
químicas que compõem os eletrodos de uma pilha. O eletrodo-padr‹o é formado
por hidrogênio e apresenta a característica de, em condições-padrão (25 oC e 1 atm),
ao ser mergulhado em uma solução de 1 mol/L de seus íons, ter potencial igual a
O voltímetro é um aparelho que
zero. Dessa forma, para conhecer os valores dos potenciais dos demais eletrodos é
mede a ddp que o gerador fornece, necessário conectá-los ao eletrodo de hidrogênio e medir o potencial da pilha com um voltímetro.
seja uma tomada, pilha ou bateria. O valor indicado será igual ao potencial do eletrodo do metal, uma vez que o potencial do eletrodo
de hidrogênio é zero. O potencial de uma pilha pode ser calculado pela seguinte expressão:

∆E0 = E0redução (cátodo) - E0redução (ânodo)

Considerando que os eletrodos da pilha de Volta formam uma pilha com o eletrodo-padrão
de hidrogênio, e o outro de zinco, mergulhado em uma solução de sulfato de zinco e com potencial
de redução mostrado no voltímetro de - 0,76 V, o sinal negativo indica que o zinco possui um po-
tencial de redução menor que o do hidrogênio e o sentido dos elétrons são do zinco (ânodo) para
o eletrodo de hidrogênio (cátodo).
Agora, se uma pilha formada por um eletrodo de cobre é ligada a um eletrodo-padrão de hidrogênio,
o valor do potencial de redução indicado no voltímetro será + 0,337 V. O sinal positivo indica que
o sentido da corrente elétrica é do eletrodo-padrão de hidrogênio (ânodo) para o eletrodo de cobre
(cátodo). Com base nesse método, foram realizados vários experimentos com os potenciais-padrão
de redução e de oxidação dos cátions de diversos metais, conforme mostrado na tabela a seguir:

32 A eletricidade nossa de cada dia


Força oxidante crescente aumenta o potencial de recebedor e-

Potenciais de redução Semirreação Potenciais de oxidação

- 3,045 Li ↔ Li+ + e- + 3,045 Força


oxidante
- 2,925 Rb ↔ Rb+ + 1e- + 2,925 crescente
- 2,924 K ↔ K+ + 1e- + 2,924 aumenta
o potencial
- 2,923 Cs ↔ Cs+ + 1e- + 2,923 de recebedor
- 2,92 Ra ↔ Ra2+ + 2e- + 2,92 e-

- 2,90 Ba ↔ Ba2+ + 2e- + 2,90


- 2,89 Sr ↔ Sr2+ + 2e- + 2,89
- 2,87 Ca ↔ Ca2+ + 2e- + 2,87
- 2,71 Na ↔ Na+ + 1e- + 2,71
- 2,375 Mg ↔ Mg2+ + 2e- + 2,375
- 1,87 Be ↔ Be2+ + 2e- + 1,87
- 1,66 Al ↔ Al3+ + 3e- + 1,66
- 1,18 Mn ↔ Mn2+ + 2e- + 1,18
- 0,76 Zn ↔ Zn2+ + 2e- + 0,76
- 0,74 Cr ↔ Cr3+ + 3e- + 0,74
- 0,48 S2+ ↔ S + 2e- + 0,48
- 0,44 Fe ↔ Fe2+ + 2e- + 0,44
- 0,403 Cd ↔ Cd2+ + 2e- + 0,403
- 0,28 Co ↔ Co2+ + 2e- + 0,28

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


- 0,24 Ni ↔ Ni2+ + 2e- + 0,24
- 0,14 Sn ↔ Sn2+ + 2e- + 0,14
- 0,13 Pb ↔ Pb2+ + 2e- + 0,13
- 0,036 Fe ↔ Fe3+ + 3e- + 0,036
- 0,000 H2 + 2 H2O ↔ 2 H3O+ + 2e- + 0,000
+ 0,15 Cu ↔ Cu+ + 1e- - 0,15
+ 0,15 Sn2+ ↔ Sn4+ + 2e- - 0,15
+ 0,337 Cu ↔ Cu2+ + 2e- -0,337
+ 0,40 2 OH1- ↔ 12 O2 + H2O + 2e- -0,40
+ 0,54 2 l1- ↔ l2 + 2e- -0,54
+ 0,77 Fe2+ ↔ Fe3+ + 1e- -0,77
+ 0,80 Ag ↔ Ag+ + 1e- -0,80
+ 0,85 Hg ↔ Hg2+ + 2e- -0,85
+ 0,88 2 OH1- ↔ H2O2 + 2e- -0,88

A eletricidade nossa de cada dia 33


+ 1,07 2 Br1- ↔ Br2 + 2e- -1,07
+ 1,36 2 Cl1-↔ Cl2 + 2e- -1,36
+ 1,41 Au1+ ↔ Au3+ + 2e- -1,41
+ 1,50 Au ↔ Au3+ + 3e- -1,50
+ 1,84 Co2+ ↔ Co3+ + 1e- -1,84
+ 2,87 2 F1- ↔ F2 + 2e- -2,87
Potenciais-padrão de redução e de oxidação dos cátions de diversos metais.

Como a tensão fornecida pela pilha depende dos potenciais de redução de cada material
utilizado, nem todas as substâncias são usadas em sua fabricação. Comumente são utilizados
zinco (Zn), dióxido de manganês (MnO2), cádmio (Cd) e lítio (Li), pois são capazes de gerar uma
tensão elevada.

CORRENTE ELÉTRICA
Quando ligamos um fio condutor de eletricidade nos dois polos de um gerador que produz
determinada tensão, os elétrons livres que estavam em movimento desordenado tendem a se des-
locar no sentido da carga positiva, por causa da força de atração entre essas cargas. Esse movimento
ordenado dos elétrons em uma direção no fio condutor é definido como corrente elétrica.

Na primeira imagem, o fio condutor, que está – – – – – – –

LAB212
no vazio, não está submetido a nenhuma diferença – – – – – – –
de potencial, portanto os elétrons se movimentam –


Movimento ordenado

de forma desordenada. Na segunda imagem, o –


fio está submetido a uma diferença de potencial, Movimento desordenado –


assim, o deslocamento dos elétrons ocorre de +
forma ordenada do polo negativo para o polo
positivo da bateria, como ilustram as setas. Bateria

Sentido da corrente elétrica


No interior do condutor metálico, há um campo elétrico criado pelas cargas em deslocamento,
cujo sentido é do polo positivo para o polo negativo. Com esse campo elétrico, obtêm-se diferentes
níveis de energia potencial, que provocarão uma diferença de potencial (ddp) ou tensão elétrica.
O movimento dos elétrons, ou seja, o sentido da corrente elétrica, nos condutores metálicos será
sempre no sentido do maior potencial; assim a corrente flui do polo negativo (menor potencial) para
o polo positivo (maior potencial); portanto no sentido oposto ao do campo elétrico. Já em condutores
iônicos, que têm os dois tipos de cargas livres, o movimento é simultaneamente nos dois sentidos.
Entretanto, por convenção, admite-se que o sentido da corrente elétrica é igual ao sentido do campo
elétrico no interior do condutor, ou seja, do polo positivo para o polo negativo. LAB212

+ +

– –
i i

Sentido real Sentido convencional

O sentido real da corrente elétrica é do polo negativo para o polo positivo; porém, o sentido convencional
é do polo positivo para o polo negativo.

34 A eletricidade nossa de cada dia


EAUM M/SHUTTERSTOCK
Intensidade da corrente elétrica
A intensidade da corrente elétrica na secção transversal de um condutor é calculada pelo
módulo da carga que o atravessa em determinado intervalo de tempo.
Matematicamente, temos:

Q
i=
∆t

em que: O amperímetro é utilizado para medir


i = intensidade da corrente elétrica em ampère (A); a corrente que atravessa o fio condutor
Q = n ⋅ e (n é a quantidade de elétrons, e é a carga de um elétron = 1,6 ⋅ 10-19C). A unidade de um circuito elétrico.
de Q é coulomb (C);
∆t = intervalo de tempo que a carga passa no fio condutor em segundos (s).
O equipamento que mede a corrente elétrica é o amperímetro.

Corrente contínua e corrente alternada

ROMAN ZAIETS/SHUTTERSTOCK
A maior parte dos circuitos elétricos, como pilhas e baterias, utiliza corrente contínua,
na qual o fluxo dos elétrons ocorre sempre em um mesmo sentido, que pode ser positivo,
quando ocorre do polo positivo para o polo negativo (sentido convencional da corrente),
ou negativo quando ocorre do polo negativo para o polo positivo (sentido real da corrente).
Já a corrente elétrica que recebemos em nossas casas pelos transformadores é do
tipo corrente alternada, na qual a variação periódica no sentido de fluxo de elétrons ora
é positiva, ora é negativa, dessa forma não é possível identificar, por exemplo, em uma
tomada, qual dos polos é positivo ou negativo. No sistema brasileiro de transmissão de
energia elétrica, ocorrem 120 inversões a cada segundo, ou seja, a corrente elétrica, a cada
segundo, percorre o condutor 60 vezes num sentido e 60 vezes em sentido contrário; por- Eletricista realizando medições elétricas com
tanto, a frequência da corrente elétrica brasileira é de 60 Hz, ou seja, 60 ciclos por segundo. um multímetro em uma placa de circuito elétrico.

CIRCUITO ELÉTRICO E SEUS COMPONENTES

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


De modo geral, um circuito elétrico corresponde à ligação de elementos elétricos, como gerador
elétrico, fios condutores, resistores, interruptores, capacitores, fusíveis, diodos e indutores, para formar
um caminho fechado que favorece a passagem da corrente elétrica.
Um gerador elétrico fornece energia para as cargas elétricas que o atravessam, pela transforma-
ção de qualquer tipo de energia em energia elétrica. Em contrapartida, um resistor faz a conversão
de energia elétrica em energia térmica, como ocorre nos aquecedores, secadores de cabelo, fogões
elétricos, ferros de passar roupa e lâmpadas incandescentes. A resistência de um resistor é representada
pela letra R e a unidade no Sistema Internacional (SI) é ohm (Ω). Existem resistores com resistência
fixa e outros com resistência variável (potenciômetro), como os encontrados no dimmer, aparelho
que muda gradualmente a intensidade da luz, à medida que se mexe no cursor.
Os capacitores são dispositivos capazes de acumular cargas elétricas quando submetidos a
uma diferença de potencial em seus terminais. Em geral, são formados por duas placas condutoras
paralelas, que podem ou não ser preenchidas por um meio altamente isolante. As cargas elétricas
não fluirão pelo circuito enquanto os capacitores não estiverem completamente carregados, o que
reduz o desgaste dos aparelhos elétricos produzidos pelas variações da corrente elétrica. Podem ser
usados em circuitos alimentados por correntes alternadas ou contínuas; neste último, temos como
exemplo os eletrodomésticos (geladeiras, liquidificadores, máquinas de lavar etc.). A unidade utilizada
para analisarmos a capacidade de armazenar cargas elétricas de um capacitor para determinada ddp
é chamada capacitância.
Diodo é um componente eletrônico que permite a passagem da corrente elétrica somente em
um sentido. Os diodos são construídos por materiais semicondutores, produzidos, principalmente,
com silício ou germânio. Usamos os diodos em carregadores de celulares ou similares, pois como ele só
permite a passagem da corrente em um único sentido, o efeito é a transformação da corrente alternada

A eletricidade nossa de cada dia 35


da tomada para corrente contínua, que carrega a bateria. Outra aplicação são os diodos emissores de
luz, conhecidos como LED (light emitting diode), usados em diversos instrumentos, como lanternas,
celulares, faróis de carros, telas de celulares e de televisores e até mesmo nas lâmpadas das casas.
Se você utiliza algum monitor ou celular com tela de LED, você está olhando para milhões de diodos.
Cada luz que se acende nos eletrônicos é um diodo emissor de luz. Um interruptor é essencial para
quando se pretende interromper o fluxo contínuo de elétron no circuito elétrico.
Fusível é um dispositivo de segurança do circuito elétrico, responsável pela interrupção da
passagem da corrente elétrica, quando há uma intensidade de corrente maior do que um equipa-
mento pode suportar. Nessa situação, o fusível se aquece e derrete, interrompendo o fornecimento
de eletricidade. Os fusíveis são feitos de uma liga metálica, geralmente o chumbo, que derrete ao
superaquecer, evitando a ocorrência de um incêndio.
Os disjuntores são dispositivos automáticos que também funcionam para proteger um circuito
elétrico quando há elevação na corrente elétrica fora do previsto, o denominado curto-circuito. Eles
são projetados para suportar determinada corrente elétrica e para desarmar em casos de elevação
indesejada da corrente elétrica; funcionam, portanto, como um interruptor para desligar o forneci-
mento de energia. A vantagem que eles têm em relação aos fusíveis é que, quando a corrente elétrica
volta ao normal, é possível religá-lo, ao passo que o fusível deve ser descartado e substituído por um
novo. A desvantagem é o preço, pois são bem mais caros que os fusíveis.
O amperímetro é um dispositivo de controle do circuito elétrico que mede a intensidade da
corrente elétrica. Ainda dentro dessa categoria encontra-se o voltímetro, que determina a ddp entre
dois pontos do circuito elétrico.
Para representarmos os diferentes componentes de um circuito elétrico, utilizamos alguns
símbolos, como os ilustrados a seguir:

Exemplos de símbolos elétricos


Resistor Gerador Interruptor Fusível Amperímetro Voltímetro

– + F
A V

PARA AMPLIAR

Instalação elétrica em residências: 5 erros para evitar!

LIGHTFIELD STUDIOS/SHUTTERSTOCK
[...]
1. Falta de projeto elétrico
Para que um projeto elétrico seja bem executado, é preciso, é claro, que ele seja bem ela-
borado e colocado em prática por profissionais capacitados. Afinal, somente uma equipe quali-
ficada poderá garantir que as instalações sejam desenvolvidas de forma competente e eficiente.
Um projeto para a instalação elétrica em residências abrange um levantamento prévio
de cargas e plantas de edificação para saber a melhor localização para tomadas e inter-
ruptores, dimensionamento de cabos, divisão dos circuitos, materiais a serem utilizados,
entre outros fatores.
A falta de um projeto elétrico pode acarretar os seguintes problemas:
• Desligamentos e acidentes como curtos-circuitos, incêndios e explosões, colocando em
perigo a vida das pessoas e a integridade de seu patrimônio.
• Possibilidade de ter negada, por parte das seguradoras, as indenizações decorrentes desses acidentes – afinal, eles ocorrem
devido a instalações inadequadas, o que foge às normas do seguro.
2. Falta de aterramento
De acordo com os órgãos de segurança que regem as normas elétricas, o aterramento é um item obrigatório em qualquer instala-
ção elétrica. Quando feito corretamente, é ele o responsável por garantir que as descargas elétricas sejam conduzidas pela instalação,
protegendo contra choques.

36 A eletricidade nossa de cada dia


O aterramento também evita que os aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos queimem por sobrecarga. O fio terra deve ser
instalado onde houver circuitos elétricos, inclusive nos de iluminação.
3. Não contratar bons profissionais
Um dos maiores erros que você pode cometer na hora de realizar a instalação elétrica em residências é a contratação de pessoal
não qualificado para fazer o serviço.
Muitos dispensam a presença de um Engenheiro Eletricista para a elaboração do projeto, mas acredite: esse profissional é
uma peça-chave na criação de normas para evitar incêndios, choques, gastos exorbitantes com material e prevenção de consumo
excessivo de energia por falhas de instalações elétricas.
Da mesma forma, a falta de um eletricista capacitado para executar o serviço terminará em um trabalho mal feito.
4. Usar condutores elétricos inadequados
Quando há o uso de condutores elétricos inadequados, ou dimensionamento incorreto de fios e disjuntores, pode ocorrer
um superaquecimento das instalações, gerando um curto-circuito.
Geralmente, isso acontece quando um disjuntor é colocado acima da capacidade dos condutores, fazendo com que não haja
uma correta proteção dos cabos. Esse é um problema bastante sério, pois uma sobrecarga desses componentes pode acarretar danos
mais graves, como incêndios e outros tipos de acidentes.
5. Uso de material incorreto
Na hora de comprar o material necessário para esse trabalho, muitos acabam optando por itens baratos para economizar na
obra. No entanto, o que acontece é que eles acabam escolhendo itens errados, ou ainda que não estejam certificados de acordo
com as normas técnicas – fator que, é claro, afeta a segurança e o desempenho do projeto.
Tenha em mente que, mais importante do que consertar problemas é preveni-los. Por isso, faça o planejamento correto de
uma instalação elétrica em residências, compre materiais de qualidade e contrate bons profissionais para realizar o serviço.
INSTALAÇÃO elétrica em residências: 5 erros para evitar! Eletroenergia. Disponível em: https://eletroenergia.com.br/
instalacoes-eletricas/instalacao-eletrica-em-residencias-5-erros-para-evitar/. Acesso em: 10 jun. 2019.
Orientações no Manual do Professor.

PARA CONSTRUIR
1 Em um quadro de força estão distribuídos os componentes elétricos conhecidos como disjuntores. Imagine que um quadro de
distribuição de uma residência apresente a seguinte configuração:
H6
Quadro de distribui•‹o

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


H24
HENNADII H/SHUTTERSTOCK

H32

Luz da sala Chuveiro


15 A 50 A

De acordo com a imagem, explique a diferença entre o disjuntor do chuveiro e o disjuntor das luzes da sala.
Resposta: o chuveiro tem um disjuntor de 60 A, porque é necessário o uso de muito mais energia para aquecer a água do que para acender
as luzes da sala (disjuntor de 15 A). Devido a isso, ele requer mais corrente elétrica, ou seja, mais cargas elétricas percorrendo o condutor
por unidade tempo.

A eletricidade nossa de cada dia 37


2 O raio é uma descarga elétrica causada por uma nuvem eletrizada negativamente que induz uma carga positiva no solo.
As correntes elétricas geradas pelos raios podem chegar a 200 kA, e a temperatura do gás ionizado que se forma pode chegar
H6
a 30 000 oC.
H24 a) Sabendo que os raios podem durar até 0,2 segundos, identifique a quantidade de carga em coulombs transferida para a
Terra nesse fenômeno.
∆Q
Resolução: i = → ∆Q = i ⋅ ∆t → ∆Q = 200 ⋅ 103 ⋅ 0,2 = 40 000 coulombs
∆t

b) Um site de monitoramento do clima informou que a média de descargas elétricas, em virtude dos raios, no Brasil, é de apro-
ximadamente 78 milhões por ano. Considerando que cada raio tem, em média, uma potência de 500 kilowatts, analise o
consumo energético de uma residência e explique se seria economicamente viável aproveitar esse recurso, caso existisse
uma tecnologia estabelecida para aproveitar essa energia.
Resposta: ao analisar uma conta de luz para calcular a energia média consumida por uma residência urbana, o aluno deve perceber que a
energia de um raio sustentaria, no máximo, uma casa de classe média com 4 moradores durante um mês. O aluno deve inferir, também,
que não se pode saber quando e onde um raio poderá cair e, portanto, que esse gerador de energia não teria nenhum tipo de controle
quanto à sua sustentabilidade e sua eficiência.

FAÇA VOCÊ MESMO


1 (Enem) Um curioso estudante, empolgado com a aula de circuito elétrico a que assistiu na escola, resolve desmontar sua lanterna.
Utilizando-se da lâmpada e da pilha, retiradas do equipamento, e de um fio com as extremidades descascadas, faz as seguintes
H33 ligações com a intenção de acender a lâmpada:
ENEM/2011

GONÇALVES FILHO, A.; BAROLLI, E. Instala•‹o ElŽtrica: investigando e aprendendo.


São Paulo: Scipione, 1997 (adaptado).

Tendo por base os esquemas mostrados, em quais casos a lâmpada acendeu?


a) (1), (3), (6). b) (3), (4), (5). c) (1), (3), (5). d) (1), (3), (7). e) (1), (2), (5).
Resposta: alternativa d.

38 A eletricidade nossa de cada dia


2 As lanternas são constituídas de uma lâmpada, que atua como um resistor quando feita de filamento, uma chave interruptora, um
fusível, e é alimentada por 3 pilhas de 1,5 V. Pesquise e elabore uma representação esquemática do circuito elétrico dessa lanterna.
H6
Resposta:

H12

LAB212
Revestimento
Anel de vedação plástico
Contatos metálicos
do interruptor
Botão do interruptor
Refletor

+ - + -
Filamento da
lâmpada

Mola
metálica
Terminal base Pilhas - c conectadas
da lâmpada em série

3 Leia os trechos do texto a seguir:

H4
TESLA VS EDISON: A DISPUTADA GUERRA DAS CORRENTES
H6 Conheça a disputa entre dois gênios que deu origem à era elétrica ULLSTEIN BILD/GETTY IMAGES

LIBRARY OF CONGRESS/CORBIS/VCG/GETTY IMAGES

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


À esquerda, Nikola Tesla (1856-1943) e à direita, Thomas Edison (1847-1931).

[...] “A disputa entre corrente alternada e corrente contínua começou como um conflito bem corriqueiro entre
dois padrões técnicos, uma batalha entre dois métodos competindo para entregar essencialmente o mesmo produto:
a eletricidade”, afirma Tom McNichol, autor de AC/DC: the savage tale of the first standards war (CA/CC: a selva-
gem história da primeira guerra dos padrões). “Mas a briga logo se transformou em algo maior e mais sombrio.”
O que estava em jogo pode parecer um enigma para quem não é familiarizado com a terminologia da ciência
elétrica. Brown – secretamente patrocinado por Thomas Edison – queria provar que a corrente alternada era uma
tecnologia, em suas próprias palavras, “amaldiçoada”. Ele e Edison eram os cruzados da corrente contínua, um sistema
de distribuição que eles consideravam muito mais seguro.
Do outro lado do debate estavam outros pesos pesados do pioneirismo elétrico: o capitalista e inventor George
Westinghouse e o sofrido gênio Nikola Tesla. Westinghouse havia sido pioneiro em divisar um sistema de distribuição
de eletricidade por corrente alternada, concorrendo diretamente com Edison.

A eletricidade nossa de cada dia 39


Tesla era um ex-funcionário de Edison que havia tornado o sistema de Westinghouse comercialmente viável, ao
criar, entre outras melhorias, o primeiro motor de corrente alternada eficiente o bastante para ser usado na indústria.
[...]
Até então, “o motor de corrente contínua era a maior cartada de Edison”, conforme a historiadora americana Jill
Jonnes, autora de Empires of light (Impérios da luz, sem tradução). “Os que defendiam a corrente alternada eram
chamados [pelo inventor] de ‘Joões Pães-Duros’ e ‘Apóstolos da Parcimônia’, trapaceiros empurrando equipamento
inferior aos desavisados.”
As Correntes
Corrente contínua é a que você aprende na escola: a eletricidade flui constantemente do polo negativo para o
positivo. Isso é verdade para pilhas e baterias, mas não é como uma tomada funciona. Na corrente alternada, os polos
são invertidos dezenas de vezes por segundo e a eletricidade corre em zigue-zague.
Parece contraintuitivo, mas é a forma mais natural como a energia elétrica pode ser gerada por movimento. Um
gerador com ímãs fixos e um eixo móvel – um alternador – produz corrente alternada.
É preciso uma peça adicional, o comutador, para produzir corrente contínua, o que chamamos de dínamo. Isso já era
conhecido na década de 1830, quando Michael Faraday e Hippolyte Pixii construíram os primeiros dínamos e alternadores.
É possível transmitir eletricidade por uma distância muito maior por corrente alternada, usando cabos de alta
voltagem e transformadores, que diminuem a voltagem para uso residencial. A corrente contínua perde poder demais
com a distância e também exige cabos mais robustos – caríssimos, porque são de cobre puro.
Edison havia sido o primeiro a criar uma central elétrica em 1882, em Nova York, usando corrente contínua. A
energia fluía direto do gerador para as casas, a baixa voltagem. Ele se gabava de que qualquer um podia encostar a mão
em qualquer parte de seu sistema recebendo (talvez) apenas um choque leve. Mas a distância máxima entre os clientes
e a usina era de 800 metros.
O plano de Edison era que a eletricidade urbana funcionaria por um sistema de uma usina a cada poucos quar-
teirões. “Todo o aspecto do sistema de corrente contínua de Edison foi criado do zero por ele próprio ou seus colegas”,
afirma Jill Jonnes. “É fácil imaginá-lo obstinadamente recusando incorporar as invenções dos outros, particularmente
se ele pudesse convencer a si mesmo que a outra tecnologia era perigosa.”
Westinghouse e Tesla acreditavam em grandes usinas longe da cidade, transmitindo por muitos quilômetros através
da corrente alternada, em cabos de alta voltagem, diminuída para uso residencial em transformadores locais. Essa parte da
alta voltagem – que, não é segredo, mata hoje tanto quanto então – seria o centro da campanha contra a corrente alternada.
[...]
Se você faz ideia de onde vem a eletricidade pela qual a luz da sala onde está agora é acesa, não é segredo quem
ganhou a Guerra das Correntes. A visão de Edison, de inúmeras termoelétricas espalhadas pela cidade, emitindo fu-
maça da queima de carvão, hoje parece um pesadelo distópico.
Mas há um detalhe que costuma ficar de fora da discussão: você sabe por que não é possível ligar um celular ou
notebook direto na tomada, precisando de uma fonte, aquela caixinha esquisita, no meio do caminho? Porque eles
usam corrente contínua.
A fonte também está escondida em todo televisor e qualquer aparelho eletrônico que precise de mais que um
motor ou uma lâmpada, as tecnologias do século 19. A eletricidade na tomada é corrente alternada, mas aparelhos
sofisticados só funcionam em corrente contínua. A fonte é mistura de conversor, transformador e retificador, que muda
o tipo de corrente para contínua e reduz a voltagem. Cada vez que você perde a fonte e se torna incapaz de carregar
seu notebook, o fantasma de Edison dá um sorrisinho sardônico.
[...]
Em 1891, ainda na época da Guerra das Correntes, Edison inventaria o cinetoscópio, o primeiro projetor viável
de cinema, que usava rolos de filme perfurado e funcionava – evidentemente – em corrente contínua. Dono de uma
das primeiras grandes empresas do ramo, ele se tornaria um dos fundadores de Hollywood.
TESLA vs Edison: a disputada guerra das correntes. Aventuras na Hist—ria, 9 set. 2019. Disponível em:
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-tesla-vs-edison-a-guerra-das-correntes.phtml. Acesso em: 10 ago. 2020.

Analisando os principais aspectos das ideias de Tesla e Edison, produza um vídeo para ilustrar qual seria sua decisão sobre a
Guerra das Correntes dos dois gênios, que deu origem à era elétrica. É importante que nesse vídeo estejam explícitos os critérios
que usou para fazer a sua avaliação.
Orientações no Manual do Professor.

40 A eletricidade nossa de cada dia


1a LEI DE OHM
George Simon Ohm (1789-1854), um físico alemão, realizou experimentos com diversos ma-
teriais condutores, aplicando a eles diferentes tensões à temperatura constante. Os experimentos
demonstraram que, em todos os tipos de materiais, a relação entre a corrente elétrica e a diferença
de potencial se mantinha constante, sendo grandezas diretamente proporcionais, mas que a tensão
era inversamente proporcional a uma terceira grandeza denominada resistência elétrica, obtida
pelas medidas dos resistores elétricos. Assim, ele determinou a 1a lei de Ohm, representada mate-
maticamente da seguinte maneira:

U=R⋅i

em que:
U = diferença de potencial medida em volts (V);
R = resistência medida em ohms (Ω);
i = corrente elétrica medida em ampères (A).
Como a diferença de potencial é diretamente proporcional à corrente, o gráfico obtido é uma
reta, e seu coeficiente angular dado por U corresponde ao valor da resistência elétrica. Os resistores
i
que obedecem à lei de Ohm são chamados de resistores ôhmicos.
U (V)

25

10
LAB212

0 2 5
i (A)
Curva característica de um resistor ôhmico.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


É importante considerar que para tensões muito altas, a resistência acaba não tendo um com-
portamento linear.
Para medir a resistência de um resistor, usa-se um ohmímetro.
Nós vimos até agora três instrumentos de medida: o voltímetro, o amperímetro e o ohmímetro.
Entretanto, é comum encontrarmos equipamentos que dispõem desses três medidores em um só
dispositivo, o multímetro.
SERGEY KAMSHYLIN/SHUTTERSTOCK

DZMITROCK/SHUTTERSTOCK

Representação de um ohmímetro. Medidas elétricas sendo realizadas com um multímetro.

A eletricidade nossa de cada dia 41


2a LEI DE OHM
A resistência elétrica de um resistor depende de algumas variáveis, dentre elas, o material de

LAB212
A que é feito o resistor, suas dimensões (área e comprimento) e a temperatura na qual ele se encontra.
Essas variáveis se relacionam matematicamente da seguinte forma:
L

L
Representação de um fio condutor, suas R = ρ
variáveis de comprimento (L) e área da A
seção transversal (A).

em que:
R = resistência do fio (Ω);
ρ = resistividade do material ( Ω ⋅ m);
L = comprimento do resistor (m);
A = área da seção transversal do resistor (m2).
A resistividade de um material é a medida de quanto esse material dificulta a passagem do fluxo
de corrente elétrica. Dessa forma, quanto mais baixa for a medida da resistividade, mais facilmente o
material permite a passagem de uma carga elétrica.

EXPERIMENTANDO
Analisando a resistência elétrica de materiais
Como vimos, a resistência elétrica é a capacidade de um corpo de opor-se à corrente elétrica.
Considerando os materiais e suas características descritas a seguir no roteiro da atividade, faça
uma previsão de qual deles apresenta maior resistência elétrica e justifique.
Material
▶ 5 m de fio de cobre de 1,5 mm2

▶ 5 m de fio de cobre de 6 mm2

▶ 1 multímetro

▶ 2 grafites de lapiseira com bitola de 0,5 mm2 e 2 mm2 (ou maior)

▶ Alicate para cortar os fios

Procedimento
▶ Corte um pedaço de cerca de 50 cm de fio de cobre de 1,5 mm2 e outro pedaço de 50 cm de
fio de cobre de 6 mm2.
▶ Descasque a ponta dos quatro fios: dois de 1,5 mm2 (com 50 cm e 4,5 m de comprimento) e
dois de 6 mm2 (com 50 cm e 4,5 m de comprimento).
▶ Calibre o multímetro para funcionar como ohmímetro.

▶ Meça a resistência dos cabos e anote o resultado em uma tabela.

▶ Efetue as mesmas medições para os grafites e anote em uma tabela.

Com base nos resultados obtidos, discuta com seus colegas sobre as hipóteses levantadas
inicialmente e o que foi observado com o ensaio. Em seguida, elabore um relatório científico
contendo informações sobre os objetivos do experimento, os materiais utilizados e um resumo
dos procedimentos realizados. Apresente também as hipóteses levantadas antes do desenvolvi-
mento da atividade experimental e compare-as com os resultados encontrados e com a discussão
realizada com seus colegas.

Alerta de segurança: os fios e o alicate devem ser manuseados com cuidado e com supervisão
do professor. Os fios podem ser descascados previamente pelo professor.

Orientações no Manual do Professor.

42 A eletricidade nossa de cada dia


PARA AMPLIAR

Como funcionam as linhas de transmissão de energia elétrica


Para que a energia chegue às residências, hospitais, escolas, comércios e indústrias, ela precisa ser transportada de sua fonte
geradora por meio de linhas de transmissão. Passando de ponto em ponto, a energia elétrica percorre milhares de quilômetros em
corrente alternada, até chegar a seu destino final.

PATARADON LUANGTONGKUM/SHUTTERSTOCK
Torre de energia e seus cabos de alta tensão.

ANGELH/SHUTTERSTOCK
Funcionamento da linha de transmissão de energia
A primeira etapa é a geração de energia: no Brasil, quase
70% da energia elétrica é produzida por hidrelétricas (como
Itaipu) que a transmitem por meio de cabos de alta resistência.
Para tal, é preciso que uma altíssima tensão elétrica seja gerada,
evitando desperdícios ao longo do caminho. Esta energia em
alta voltagem viaja pelos fios da rede elétrica, passando por

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


torres e subestações de energia que, por sua vez, adequam
a voltagem para o consumidor final. As subestações enviam
esta energia até as cidades, através da fiação elétrica que passa
pelos postes que vemos nas ruas.
Componentes do sistema de transmissão de energia elétrica
Todo o sistema de transmissão de energia elétrica pode
ser entendido se analisarmos três componentes principais:
torres, isoladores e subestações. As torres têm como função
principal erguer as linhas de transmissão a uma altura segu-
ra, principalmente para evitar qualquer tipo de contato com
pessoas, veículos, animais ou mesmo com a vegetação de uma
determinada localidade. Essas torres são projetadas e instala- Caminho da energia elétrica produzida nas usinas elétricas, passando
das para suportar a força dos ventos e até mesmo pequenos pelas subestações de distribuição até os postes dispostos nas ruas.
tremores de terra. Os isoladores, por sua vez, evitam que a
energia seja dissipada e suportam o peso dos cabos que transmitem a energia elétrica. Normalmente, são fabricados com polímeros,
cerâmica ou vidro. As subestações, por fim, são os locais em que a energia é retransmitida e adequada para o uso final, ou seja, a
corrente chega em um ponto com uma tensão muito elevada (imprópria para aplicação) e a subestação reduz a voltagem até um
padrão que permite utilização segura e eficiente.
COMO funcionam as linhas de transmissão de energia elétrica. Tecnogera, 3 fev. 2015. Disponível em: https://www.tecnogera.com.br/blog/como-funcionam-
as-linhas-de-transmissao-de-energia-eletrica#:~:text=Como%20funcionam%20as%20linhas%20de%20transmiss%C3%A3o%20de%20energia%20el%C3%
A9trica,-linhas%20de%20transmiss%C3%A3o&text=Passando%20de%20ponto%20em%20ponto,chegar%20a%20seu%20destino%20final.&text=As%20
subesta%C3%A7%C3%B5es%20enviam%20esta%20energia,postes%20que%20vemos%20nas%20ruas. Acesso em: 31 jul. 2020.
Orientações no Manual do Professor.

A eletricidade nossa de cada dia 43


PARA CONSTRUIR
1 É possível identificar o valor da resistência de um resistor aplicando-se diferentes tensões sobre ele e medindo-se a corrente
elétrica que o atravessa. Considere que um resistor foi submetido a uma tensão de 15 V e a corrente elétrica que o atravessou
H6
foi de 0,3 A. Ao receber uma tensão de 20 V, a corrente elétrica registrada foi de 0,4 A.
a) Com base nessas informações, construa um gráfico utilizando os valores de diferença de potencial e da corrente elétrica.
Resposta:
U (V)
30

LAB212
25

20

15

10

0 i (A)
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

b) Defina o valor da resistência desse resistor e classifique o tipo de resistor.


Resposta: sendo U = 15 V e i = 0,3 A e com base na primeira lei de Ohm, tem-se:

U 15
R = = → R = 50 Ω
i 0,3
Também é possível fazer o cálculo considerando-se os valores de U = 20 V e i = 0,4 A. O resultado será o mesmo.
O resistor apresenta uma resistência de 50 Ω e é um resistor ôhmico, pois a resistência se mantém constante, independentemente
da tensão aplicada.

2 O chuveiro elétrico funciona por meio de um dos fenômenos secundários da corrente elétrica – o efeito Joule. As resistências desses
equipamentos fazem com que os elétrons que percorrem um condutor aumentem o atrito entre si, liberando calor ao ambiente e
H6 aquecendo a água. Na figura a seguir, é representado o circuito elétrico de um chuveiro com ajuste para inverno e verão.
INVERNO/VERÌO
H24
FERNANDO FAVORETTO/CRIAR IMAGEM

Chave
H33
LAB212
comutadora

Verão

Inverno

Elemento de

÷
aquecimento

Resistência de chuveiro. Circuito exemplificando a mudança entre


inverno e verão.

Avaliando as informações apresentadas, explique o que ocorre no sistema elétrico quando as chaves de ajuste do chuveiro são trocadas.
Resposta: quando o chuveiro está ligado no verão, a corrente passa por um caminho de maior resistência, o que diminui a quantidade de
energia utilizada no aquecimento da água. Quando a chave está no inverno, a corrente passa por um caminho de menor resistência, o que
resulta na aplicação de maior quantidade de energia. Essa situação se justifica pelo fato de a corrente elétrica ser inversamente proporcional
à resistência, e de o comprimento da resistência ser diretamente proporcional ao valor da resistividade do resistor.

44 A eletricidade nossa de cada dia


3 Analise os dados apresentados na tabela a seguir:
H6
SEÇÃO DIÂMETRO BITOLA CORRENTE
H24 MÁXIMA
SEÇÃO DIÂMETRO AWG
(A)
mm2 mm NBR NM 247-3
1,0 1,13 16 14
1,5 1,38 14 17
2,5 1,78 12 24
4,0 2,26 10 32
6,0 2,76 8 41
10,0 3,57 6 57
Corrente conforme NBR 5410/2004 - B1.

Considerando os dados apresentados, explique a relação entre o tamanho dos fios e a quantidade de corrente elétrica, exem-
plificando com usos práticos do dia a dia.
Resposta: circuitos elétricos são dimensionados em função da aplicação a que se destinam e, em determinado momento, os fios condutores
devem ser selecionados de acordo com suas áreas de secção transversal. Fios de menores diâmetros são mais adequados para correntes
menores, assim como os fios condutores de maiores diâmetros o são para as correntes maiores. Pela análise da segunda lei de Ohm,
percebe-se que a área de secção de um condutor é inversamente proporcional à resistência do fio. A corrente também é inversamente
proporcional à resistência, portanto quanto menor a área, maior a resistência e menor a corrente elétrica R = ρ ⋅ L .
A

FAÇA VOCÊ MESMO

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


1 (Unicamp-SP) Tecnologias móveis como celulares e tablets têm tempo

UNICAMP-SP/2017
1200
de autonomia limitado pela carga armazenada em suas baterias. O grá-
H4
fico ao lado apresenta, de forma simplificada, a corrente de recarga de 1000
uma célula de bateria de íon de lítio, em função do tempo.
corrente [ mA ]

H6 800
Considere uma célula de bateria inicialmente descarregada e que é
carregada seguindo essa curva de corrente. A sua carga no final da 600
recarga é de:
400
a) 3,3 C.
b) 11 880 C. 200

c) 1 200 C. 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5
d) 3 300 C. tempo [ h ]
Resposta: alternativa b.
A carga final da recarga é dada pela área abaixo da curva apresentada. Passando as grandezas para o SI, como a área corresponde a um
trapézio, tem-se:
(4 ⋅ 3 600 + 1,5 ⋅ 3 600)
Q = ⋅ 1,2 → Q = 11880 C
2

A eletricidade nossa de cada dia 45


2

ENEM/2017
(Enem) A figura mostra a bateria de um computador portátil, a qual ne-
cessita de uma corrente elétrica de 2 A para funcionar corretamente.
H4
Quando a bateria está completamente carregada, o tempo máximo, em
H6 minuto, que esse notebook pode ser usado antes que ela “descarregue”
completamente é:
a) 24,0.
b) 36,7.
c) 132.
d) 333.
e) 528.
Resposta: alternativa c.

3 (Enem) A resistência elétrica de um fio é determinada pelas suas dimensões e pelas propriedades estruturais do material.
A condutividade (σ) caracteriza a estrutura do material, de tal forma que a resistência de um fio pode ser determinada co-
H4
nhecendo-se L, o comprimento do fio, e A, a área de seção reta. A tabela relaciona o material à sua respectiva resistividade
H6 em temperatura ambiente.

Tabela de condutividade
Condutividade
Material
(S . m/mm2)
Alumínio 34,2
Cobre 61,7
Ferro 10,2
Prata 62,5
Tungstênio 18,8

Mantendo-se as mesmas dimensões geométricas, o fio que apresenta menor resistência elétrica é aquele feito de:
a) tungstênio.
b) alumínio.
c) ferro.
d) cobre.
e) prata.
Resposta: alternativa e.

4 Quando uma corrente atravessa um condutor qualquer, parte da energia elétrica é convertida em calor. Para as empresas de
distribuição de energia, esse efeito é indesejado, uma vez que parte da energia transmitida está sendo perdida na forma de calor.
H6 Sabendo que a liberação de energia em forma de calor é proporcional à resistência dos fios, e com base na segunda lei de Ohm,
proponha uma alternativa para que as empresas de energia diminuam o prejuízo causado por esse efeito.
H24 L
Resposta: ao reduzir a resistência, estamos reduzindo o desperdício e que, com base na segunda lei de Ohm, R = ρ , podemos inferir
A
sobre a resistência do caminho de três maneiras. Uma opção é reduzir o comprimento do fio, estratégia já utilizada pelas empresas de energia.
O segundo meio é escolher um material com a menor resistividade possível, o que é muito útil, mas, como se pretende economizar, deve-se
naturalmente avaliar o custo do material. Por fim, se a área transversal do fio aumentar, sua resistência também diminuirá. Isso deve ser
balanceado com alguns aspectos técnicos, mas o conjunto desses fatores consegue promover uma redução efetiva no desperdício de energia.

46 A eletricidade nossa de cada dia


5 Atualmente, as lâmpadas fluorescentes também estão ficando obsoletas, sendo substituídas pelas lâmpadas de LED, que funcionam
com diodos semicondutores. Faça uma pesquisa e elabore uma tabela comparando as três lâmpadas, incandescente, fluorescente
H6 e LED, considerando os seguintes parâmetros: potência nominal, potência útil, luminosidade, componentes químicos, produção e
preço. Em seguida, avaliando os dados coletados, argumente sobre a evolução dos modelos de lâmpadas quanto ao fator ener-
H24 gético, de sustentabilidade e econômico.

FREEPIK
Comum Fluorescente LED

Tipo

Durabilidade 1 ano 5 anos 15 anos

Consumo 50 W 10 W 5W

Economia x até 80% até 95%

Emissão de calor ALTA MÉDIA BAIXA

Ecológica Não contém mercúrio Contém mercúrio Não contém mercúrio

Eficiência Pouca Mediana Muita

POTÊNCIA ELÉTRICA
Você ou alguém da sua família já deve ter ficado em dúvida na hora de comprar uma lâmpada e
escolher a descrição mais adequada: 110 V ou 220 V; 60 W ou 100 W? As duas primeiras estão ligadas
à tensão em que a lâmpada pode ser ligada, mas e o que significa a representação W?
O watt (W) corresponde à taxa de conversão da energia elétrica em energia luminosa, que a

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


lâmpada realiza, por unidade de tempo. Essa grandeza é denominada potência. Dessa forma, uma
lâmpada de 100 W tem uma potência e uma luminosidade maior do que uma de 60 W, por exemplo.
Para calcular a potência elétrica utiliza-se a seguinte equação:

τ ∆E
P = =
∆t ∆t

em que:
P = potência em watts (W);
τ = trabalho realizado em joules (J);
∆t = tempo que o trabalho demorou para ser realizado em segundos;
∆E = variação da energia em joules (J).
q⋅U
Como τ = Q ⋅ U , então: P =
∆t
Q
Mas como i = , então:
∆t

P = i⋅U

Como vimos no circuito elétrico, os resistores são os dispositivos elétricos que, em contato com
uma corrente, transformam energia elétrica em energia térmica. Esse fenômeno é chamado efeito Joule.

A eletricidade nossa de cada dia 47


ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES
Associação em série
Às vezes, não é possível obter a resistência elétrica necessária em um circuito com apenas um
resistor. Quando isso acontece, é necessário recorrer a uma associação de resistores, os quais podem
estar dispostos em série, em paralelo ou um misto, das duas formas. A imagem a seguir representa
diferentes formas de ilustrar os resistores dispostos em série.

DUCU59US/SHUTTERSTOCK
Representações de
i
circuitos em série.

Os resistores em série são percorridos pela mesma corrente elétrica. Sendo i a corrente fornecida
por uma fonte de tensão conectada aos terminais A e B, pode-se determinar que:
i = i1 = i2 = i3
Observe o diagrama:
i R1 R2 R3

LAB212
A B

i1 i2 i3

Se substituirmos todos os resistores de um circuito por um único resistor e este mantiver o circuito
funcionando da mesma forma, com as mesmas variáveis, dizemos que este é um resistor equivalente.
Em uma associação em série, a resistência equivalente é a soma das resistências de todos os
resistores. Assim, temos:
Req = R1 + R2 + … + Rn
Se aplicarmos a 1a lei de Ohm para cada um dos resistores, teremos a seguinte situação:
U1 = R1 ⋅ i
U2 = R2 ⋅ i
Un = Rn ⋅ i
Em uma associação de resistores em série, a tensão em cada um é diretamente proporcional à
sua resistência. Sendo assim, temos:
Req ⋅ i = R1 ⋅ i + R2 ⋅ i + … + Rn ⋅ i
UT = U1 + U2 + … + Un

Portanto, a ddp nos terminais de uma associação de resistores em série é a soma das ddps dos
terminais de cada resistor associado.
Esse tipo de associação de resistores não é muito utilizado em circuitos elétricos residenciais,
pois, se todos os aparelhos eletrônicos de uma residência estiverem em série e um deles queimar, a
corrente elétrica parará de circular e nenhum dos aparelhos funcionará, como ocorre com as luzes
dos enfeites de Natal.
WINYUU/SHUTTERSTOCK

Luzes de Natal
ligadas em série.

48 A eletricidade nossa de cada dia


Associação em paralelo
Observe a representação da associação de resistores em paralelo:

LAB212
i

V R1 R2 R3
i1 i2 i3

Quando vários resistores estão submetidos à mesma fonte de tensão V (ddp), dizemos que eles
estão associados em paralelo. A intensidade da corrente elétrica em uma associação de resistores em
paralelo é igual à soma das intensidades das correntes elétricas em cada um dos resistores da associação.
i = i1 + i2 + i3 + … + in

DUCU59US/SHUTTERSTOCK
i i

Circuito em paralelo Circuito em paralelo


Representações de circuitos elétricos em paralelo.

Se aplicarmos a lei de Ohm em cada um dos resistores, teremos a seguinte situação:


U1 = R1 ⋅ i1
U2 = R2 ⋅ i2
U3 = R3 ⋅ i3

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Un = Rn ⋅ in
A resistência equivalente da associação em paralelo (Rp) será percorrida pela corrente elétrica i
e submetida a uma ddp U. Sendo assim, podemos escrever a relação:

WHITE SNOW/SHUTTERSTOCK
U
U = Rp ⋅ i ou i =
Rp

Como i = i1 + i2 + i3 + ... + in , então temos:

U U U U U
= + + ++
Rp R1 R2 R3 Rn

Dividindo todas as parcelas por U, temos:


1 1 1 1 1
= + + ++
Rp R1 R2 R3 Rn

Ao contrário da associação em série, em associações de resistores


em paralelo, o fluxo de corrente elétrica não é alterado quando ocorre
a queima de um dos resistores. Portanto, esse tipo de associação é
mais adequado para a iluminação de residências e ruas, pois impede
que a possível queima de um resistor afete toda a rede de iluminação. Postes de iluminação de uma cidade com resistores em paralelo.

A eletricidade nossa de cada dia 49


EXPERIMENTANDO
Explorando alguns circuitos
No experimento a seguir, vamos analisar o circuito elétrico em série e em paralelo. Leia o procedimento e levante hipóteses em relação ao
item b para o circuito em série e para o circuito elétrico em paralelo.
Material
▶ 3 m de fio paralelo de 1,5 mm2

▶ 6 soquetes para lâmpada comum

▶ 6 lâmpadas com a mesma potência e com a tensão utilizada na instituição de ensino (110 V ou 220 V) – verificar com o professor

▶ 1 multímetro do tipo alicate

▶ 1 alicate

▶ 1 chave de fenda

▶ 2 plugues de tomada

Procedimento
1. Montagem
▶ Monte dois circuitos, sendo um em série e outro em paralelo. Utilize os materiais solicitados efetuando a montagem conforme as ima-
gens a seguir.

LAB212

2. Testagem
Após os dois circuitos estarem montados, teste cada um deles em uma tomada. Se necessário, peça o auxílio do professor.
a. Primeiramente, no circuito em série:
▶ Verifique se todas as lâmpadas acenderam.

▶ Verifique a luminosidade e compare o brilho de cada lâmpada do circuito.

b. Desenrosque uma lâmpada desse circuito (qualquer uma das três) e anote o que foi observado em relação ao brilho das lâmpadas:
“apagou”, “brilhou mais”, “brilhou menos”, ou “permaneceu com o mesmo brilho”.
c. Com o circuito ligado na tomada, usando o multímetro, meça a ddp em cada um dos soquetes. Se tiver dúvidas no funcionamento do
multímetro, peça ajuda ao seu professor. Faça o mesmo com a corrente elétrica e meça em cada um dos soquetes, anotando no caderno
todos os dados obtidos.
d. Faça o mesmo procedimento dos itens a, b e c com o circuito elétrico em paralelo e anote suas observações.
Após a realização do trabalho experimental, discuta com seus colegas sobre as hipóteses inicialmente levantadas e os resultados obtidos.
Em seguida, elabore um relatório científico contendo informações sobre os objetivos do experimento, os materiais utilizados e um resumo
dos procedimentos realizados. Apresente, também, as hipóteses levantadas, os resultados encontrados e as conclusões obtidas após a
discussão com seus colegas.
Orientações no Manual do Professor.

50 A eletricidade nossa de cada dia


PARA CONSTRUIR
1 As redes elétricas que realizam a transmissão e a distribuição de energia elétrica estão sujeitas a falhas que podem causar panes
e até incêndios. Para minimizar a chance de ocorrência desses fenômenos, foram desenvolvidos alguns dispositivos que são
H6
incorporados aos circuitos elétricos. Identifique dois desses dispositivos, descrevendo as principais diferenças entre eles, e esta-
beleça um uso para cada um.
H24
Resposta: fusíveis e disjuntores são exemplos de dispositivos de segurança que interrompem um circuito em caso de curto. No caso do
disjuntor, a corrente acima do permitido o desarma, como se fosse um interruptor automático, já o fusível possui, comumente, um filamento
que, quando submetido a uma corrente elevada, queima abrindo o circuito. Os fusíveis são naturalmente usados em filtros de linha, enquanto
o disjuntor é usado no quadro de distribuição das residências.

2 Os ímãs podem ser naturais ou de origem sintética, manufaturados pela imantação de materiais polarizáveis. Uma das formas
de se fabricar um ímã se dá com a aplicação de uma descarga elétrica em um material ferromagnético, alinhando-se suas car-
H6
gas elétricas e produzindo-se, assim, os campos magnéticos, que podem ser permanentes ou se esvair no decorrer do tempo.
4 Para tanto, é necessária uma máquina que funciona com a utilização de um banco de capacitores, capaz de produzir 600 V de
H2
tensão elétrica e até 2 000 A de corrente elétrica. Considerando as informações apresentadas, explique a relação entre o banco
de capacitores e a magnetização do material polarizável.
Resposta: os capacitores podem armazenar energia potencial por meio da concentração de cargas elétricas em suas placas. Ao ejetar essa
energia de uma vez, os capacitores produzem altas correntes elétricas que, ao passarem pelo material, alinham as cargas e produzem o
campo magnético.

3 Para se realizar a substituição de um fusível fundido, deve ser observada uma série de recomendações, orientada pelos técnicos
eletricistas. Entre elas:
H6
▶ Não utilizar um fusível com capacidade maior que o projetado para aquela aplicação, ainda que seja por um curto período.
H24 ▶ Jamais fazer algum tipo de remendo no fusível, na falta de uma peça equivalente.
▶ Avaliar se o rompimento do fusível foi provocado por sobrecarga antes de substituí-lo.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


a) Discuta cada uma das orientações dadas pelos técnicos e, em seguida, apresente outras instruções que você julga importantes
para serem acrescentadas ao manual.
Resposta: um fusível com capacidade maior permitirá a passagem de corrente maior do que o recomendado para os aparelhos ligados à
instalação, podendo causar prejuízos e acidentes.
Fazer remendos no fusível não garantirá que ele ofereça a mesma proteção, pois geralmente o remendo é feito com outros materiais
diferentes do original, que não se fundirão com a mesma temperatura e, portanto, também poderão causar a sobrecarga do sistema,
permitindo a passagem de corrente elétrica maior que a especificada.
Se o fusível se rompeu por sobrecarga de corrente elétrica, substituí-lo por outro não resolverá o problema, pois o segundo também
sofrerá o rompimento. Manter o sistema em sobrecarga pode ocasionar curtos-circuitos.

b) Na falta de um fusível idêntico ao rompido, qual medida de reparo pode ser adotada? Justifique sua resposta.
Resposta: o fusível original só pode ser trocado por outro que tenha capacidade menor. Isso se dá pelo fato de o fusível menor se romper
com correntes menores que às do fusível original, porém isso deve ser feito por um curto período, uma vez que, se o fusível for de
capacidade muito menor, poderá se romper com muita facilidade, desligando o sistema muitas vezes.

A eletricidade nossa de cada dia 51


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Considere a tirinha a seguir:

H4

© SINOVALDO/ACERVO DO CARTUNISTA
H6

H24

Fonte: Jornal VS, 15/04/2015. https://www.jornalvs.com.br/index.php?id=/noticias/regiao/


materia.php&cd_matia=150164&dinamico=1

a) Avaliando as informações fornecidas, explique a mensagem que a tirinha transmite e associe-a com os conceitos da
eletrodinâmica.
Resposta: a lâmpada fluorescente oferece a mesma luminosidade que a lâmpada incandescente, porém consumindo menor potência, ou
seja, transformando menor quantidade de energia, o que gera menor custo e mais economia.

2 (Enem) Uma lâmpada LED (diodo emissor de luz), que funciona com 12 V e corrente contínua de 0,45 A, produz a mesma quan-
tidade de luz que uma lâmpada incandescente de 60 W de potência.
H6
Qual é o valor da redução da potência consumida ao se substituir a lâmpada incandescente pela de LED?
H 3 2
a) 54,6 W. b) 27,0 W. c) 26,6 W. d) 5,4 W. e) 5,0 W.
Resposta: alternativa a.

3 (Enem) Alguns peixes, como o poraquê, a enguia-elétrica da Amazônia, podem produzir uma corrente elétrica quando se en-
contram em perigo. Um poraquê de 1 metro de comprimento, em perigo, produz uma corrente em torno de 2 ampères e uma
H4
voltagem de 600 volts.
H6
Equipamento elétrico Potência aproximada (watt)
Exaustor 150
Computador 300
Aspirador de pó 600
Churrasqueira elétrica 1 200
Secadora de roupas 3 600

O quadro apresenta a potência aproximada de equipamentos elétricos.


O equipamento elétrico que tem potência similar àquela produzida por esse peixe em perigo é o(a):
a) exaustor. c) aspirador de pó. e) secadora de roupas.
b) computador. d) churrasqueira elétrica.
Resposta: alternativa d.

52 A eletricidade nossa de cada dia


3 Os diodos retificadores são componentes eletrônicos semicondutores utilizados para converter sinais de corrente elétrica alternada
em corrente elétrica contínua. Largamente utilizados na eletrônica, podem ser utilizados para impedir que a corrente elétrica se
H6 propague nos dois sentidos. Nesses componentes, a corrente só pode se propagar do polo positivo, conhecido como ânodo,
para o polo negativo, conhecido como cátodo.
H24
a) Considerando as informações apresentadas, estabeleça uma aplicação prática dos diodos retificadores.
Resposta: como sua função principal é a de converter sinal alternado em sinal contínuo, os diodos retificadores são largamente usados em
fontes de computadores, que, além de demandarem transformação de tensão, também funcionam em corrente contínua, necessitando,
assim, de conversão para serem ligados à rede elétrica convencional.

b) Explique como um diodo comum presente nos circuitos eletrônicos pode ser importante para a instalação de uma TV em
um carro.
Resposta: TVs são alimentadas pela bateria do carro e, portanto, podem ter seus polos ligados de forma invertida, o que ocasiona a queima de
seus componentes, situação que não ocorre quando ligadas nas tomadas de uma casa. Dessa forma, um diodo pode ser usado na instalação
para fixar o sentido da corrente que passará pela TV, impedindo qualquer problema, caso a instalação seja feita com polos invertidos.

c) Pesquise sobre outros tipos de diodo, suas composições, funções e aplicações em um circuito e organize os dados em
uma tabela.
Resposta: a maioria dos díodos são semicondutores de silício, no entanto, o germânio é também por vezes usado, portanto, espera-se
que esses elementos estejam presentes nas tabelas produzidas. Eles executam as funções de regular a tensão (zener), emissão de luz
(LED), entre outras. Existem os fotodíodos, dioso varicap, diodos schottky, diodos túnel, entre outros.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


4 As câmeras fotográficas evoluíram significativamente desde que foram inventadas. As chapas fotográficas, utilizadas inicialmen-
te, foram substituídas por sensores de fótons, que produzem imagens digitais, por exemplo. Os mecanismos de abertura de
H6 lentes foram se aprimorando e ficando cada vez mais velozes para que as fotos tenham o tempo de exposição à luz adequado
aos diferentes objetivos de cada fotografia. Outra questão importante para que uma foto tenha boa qualidade é a fonte de luz.
Para que a imagem cumpra seu objetivo, o ambiente em que é produzida deve estar adequadamente iluminado e, por isso, as
câmeras fotográficas possuem um recurso conhecido como flash, constituído de uma lâmpada que emite uma forte luz branca
quando a lente se abre para captar a luz e receptá-la no sensor fotônico. Analisando as informações apresentadas, explique a
relação entre a lâmpada do flash e um capacitor elétrico.
Resposta: para se conseguir uma boa luminosidade, é necessária uma grande quantidade de energia em um curto período. As pilhas ou
baterias descarregariam rapidamente caso tivessem que executar a função de ligar a lâmpada do flash. Por isso, os flashes das câmeras
são equipados com um capacitor, que acumula uma energia eletrostática descarregada no ato de acender a lâmpada, o que produz o clarão
característico dos flashes. A diferença de tensão das pilhas recarrega o capacitor, que ficará pronto para a próxima foto.

A eletricidade nossa de cada dia 53


A ELETRICIDADE E O CORPO HUMANO
A eletricidade é algo natural do corpo humano e da maioria dos animais. O sistema nervoso
funciona por meio de potenciais elétricos da natureza de milivolts. Atualmente, esses potenciais
podem ser captados por exames clínicos, como o eletroencefalograma (EEG), que por meio de
imagens, geradas por equipamentos, informam a atividade de uma determinada região do cérebro.

AJ PHOTO/HOP AMERICAIN/SCIENCE PHOTO LIBRARY


Exame de eletroencefalograma (EEG). Eletrodos são colocados na cabeça do paciente
para registrar a atividade elétrica de diferentes partes do cérebro, à medida que ele
reage aos estímulos visuais ou auditivos externos.

Um impulso nervoso é um sinal elétrico que é conduzido pelo axônio dos neurônios e trans-
mitido para outros neurônios por meio das sinapses, regiões de conexão entre a extremidade do
axônio de um neurônio e a superfície de células vizinhas, que podem ser outros neurônios ou células
sensoriais, musculares ou glandulares, criando uma cadeia de informação dentro de uma rede neural.
O estímulo ocorrido em algum ponto do neurônio é transmitido em forma de mudanças bruscas de
carga elétrica, fenômeno chamado potencial de ação, que percorre todo o neurônio.
As sinapses podem ser químicas ou elétricas. As sinapses elétricas são mais comuns nos animais
invertebrados, mas também ocorrem nas células musculares cardíacas dos seres humanos. Nela, as
correntes iônicas passam diretamente pelos elos de comunicação até chegarem às outras células,
enquanto nas sinapses químicas, mais comuns nos seres humanos e nos mamíferos, a transmissão
ocorre por meio de pequenas moléculas denominadas neurotransmissores, que fazem com que íons
(partículas com carga elétrica) sejam levados de uma célula a outra, alterando o potencial elétrico e
gerando o potencial de ação. Essa transformação da informação em elétrica-química-elétrica é o que
torna possível as diferentes capacidades do encéfalo, como memória e aprendizado.

Sinapse
Sinapse

VECTORMINE/SHUTTERSTOCK
Denvdritos Denvdritos Sinapse
Núcleo Núcleo
Axônio
Denvdritos Sinapse

Sinais elétricos Sinais elétricos


Soma

Neurônio Neurônio

Representação da estrutura de comunicação do sinal elétrico do sistema nervoso.

54 A eletricidade nossa de cada dia


A descoberta da eletricidade nos seres vivos começou no século XVIII, quando Luigi Galvani
(1737-1798), médico e físico italiano, observou contrações nos músculos de uma rã, que estava sobre PARA AMPLIAR
uma mesa que continha uma máquina eletrostática. Galvani notou que isso ocorria quando a ponta
de um bisturi entrava em contato com o nervo interno da coxa do animal, ou seja, no momento em Leia o livro:
que os tecidos da rã eram tocados por dois metais diferentes. A partir de então, ele propôs a teoria da

ZAHAR/DIVULGAÇÃO
"eletricidade animal", na qual a eletricidade estaria contida nos músculos da rã e os metais eram apenas
condutores da eletricidade. Isso é possível porque em situações normais, as contrações musculares
são geradas através de um impulso nervoso, que propaga um sinal de despolarização da membrana
das fibras musculares. A passagem de uma corrente elétrica provoca esse sinal de despolarização,
gerando o efeito de contração dos músculos da perna da rã.

BRITISH LIBRARY/SCIENCE PHOTO LIBRARY


Frankenstein ou o Prometeu
moderno, de Mary Shelley. São
Paulo: Zahar, 2017.
O livro é considerado a primeira
obra de ficção científica da lite-
ratura e relata a história de Victor
Frankenstein, um estudante de
ciências naturais que constrói um
monstro em seu laboratório.
Orientações no Manual do Professor.

Experimentos de eletricidade de Galvani. Os experimentos e os diagramas demonstram o efeito


de contração dos músculos das pernas de rãs ao serem estimuladas com corrente elétrica, assim
como com os músculos da ovelha (à esquerda inferior).

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Anos mais tarde, graças a uma lei aprovada na Inglaterra que permitia a utilização de cadáveres de
pessoas condenadas à morte para dissecações e experimentos, o médico escocês Andrew Ure, inspirado
por Galvani, realizou experimentos com eletricidade em humanos. Ure usou uma bateria de 270 volts,
fazendo o corpo de cadáveres se retorcerem e convulsionarem. Esses experimentos trouxeram à tona a
questão de a eletricidade estar relacionada à força vital e, consequentemente, à possibilidade de ressus-
citar mortos. Os estudos de Ure inspiraram Mary Shelly a escrever o romance Frankenstein em 1818.
SHEILA TERRY/SCIENCE PHOTO LIBARRY

Andrew Ure conduziu experimentos sobre


o corpo de um assassino executado em
Clydesdale, no ano de 1818. Um grande
público reuniu-se no Teatro de Anatomia da
Universidade de Glasgow para testemunhar.
Ure usou uma pilha de Volta para estimular
eletricamente vários músculos do corpo em
uma tentativa de reviver o cadáver. Nenhum
sangramento ocorreu nos cortes feitos pelo
corpo, provando que Clydesdale estava
morto e não poderia ser ressuscitado.

A eletricidade nossa de cada dia 55


Apesar dos diversos estudos da eletricidade em humanos, o físico italiano Alessandro Volta
(1745-1827) provou que a teoria proposta por Galvani estava errada. Para tanto, Volta desenvolveu
um circuito elétrico constituído por eletrodos metálicos ligados por um fio condutor em uma solução
eletrolítica, ou seja, com diversos íons dissolvidos. Quando os metais utilizados eram diferentes, o
fluxo elétrico aparecia; quando o experimento era realizado com metais iguais, o fluxo não se formava.
Da mesma forma que ocorria com o animal, em que as convulsões não se manifestavam. Esse re-
sultado mostrou que o fluxo de eletricidade não era proveniente dos músculos da rã, mas sim dos
metais, e que os tecidos do animal é que conduziam a eletricidade. Além disso, Volta percebeu que,
dependendo dos metais que ele utilizava, o fluxo da corrente poderia ser maior ou menor.

Os efeitos positivos da eletricidade no corpo humano


A capacidade terapêutica da eletricidade começou a ser explorada por volta do século XVIII.
Joseph Priestley (1733-1804) utilizou a eletricidade para tratar diversas doenças, como ataque epi-
lético e paralisias temporárias, obtendo sucesso em alguns de seus tratamentos. Veja exemplos de
seus experimentos:

Algumas doenças tratadas por meio de aplicações de choques elétricos

Paciente Caso clínico Tratamento

Mulher, 18 anos de idade Paralisia e queixo travado Pequenas aplicações de choques elétricos nos músculos.

Mulher, 15 anos de idade Paralisia no braço direito Choques elétricos mais de quatro vezes para curar o braço.

Mulher Perda de voz por causa da paralisia Recebeu choques elétricos durante quatro meses e curou a doença.

Homem Ataque epilético Recebeu choques elétricos durante quatro meses e curou a doença.
PRIESTLEY, J. The History and Present State of Electricity with Original Experiments. 3.ed. Londres: J. Dosdley, T. Cadell, Johnson e Payne, 1775.
WARAPATRS/SHUTTERSTOCK

Atualmente, a eletricidade continua sendo usada de maneira terapêutica, por exemplo, nos
tratamentos de eletroacupuntura. Essa técnica usa eletrodos, que são peças metálicas, normalmente
em formato circular ou de agulha, conectadas por um fio a uma fonte de tensão, servindo como
ponto de contato entre a eletricidade e o corpo. A corrente elétrica auxilia na estimulação dos
pontos selecionados. Em fisioterapia, a eletroterapia é empregada para o relaxamento muscular,
com eletrodos adesivos em partes específicas do corpo.
Outra finalidade médica da utilização da eletricidade é para reverter a fibrilação cardíaca ou
durante uma parada cardiorrespiratória. Para esses fins, é usado um equipamento desfibrilador. No
coração, os batimentos cardíacos são coordenados por um marcapasso natural formado por tecido
nervoso, o nodo sinoatrial, que envia estímulos nervosos para o músculo cardíaco, estimulando
sua contração. Quando há uma parada cardíaca ou fibrilação, o desfibrilador é utilizado para gerar
uma corrente elétrica (entre 100 e 300 joules, de acordo com o peso e a altura do paciente) que
ANDREY_POPOV/SHUTTERSTOCK

estimula a contração muscular e o correto funcionamento do nodo sinoatrial, normalizando os


batimentos cardíacos.

Os efeitos nocivos da eletricidade no corpo humano


Os choques elétricos ocorrem quando uma determinada corrente elétrica percorre o corpo
humano, utilizando-o como condutor pois este é constituído por líquido salino (íons dissolvidos).
Vimos que um choque leve pode ser aplicado no tratamento de alguns males, causando apenas
um pequeno formigamento. Porém, se as correntes forem elevadas, podem causar queimaduras de
terceiro grau ou até mesmo o óbito de uma pessoa. Correntes com intensidade a partir de 0,1 A já
podem gerar riscos à saúde.
Na primeira imagem, aplicação de
A intensidade da corrente elétrica, que levará ao choque de um corpo, depende da voltagem e
eletroacupuntura na região lombar de
um paciente. Na segunda, aplicação da resistência elétrica. Por exemplo, no corpo humano molhado, a resistência é menor que no corpo
de eletroterapia na região peitoral. seco e a corrente que flui por ele nessa situação pode ser bastante alta, mesmo para uma tensão

56 A eletricidade nossa de cada dia


DAVID HERRAEZ CALZADA/SHUTTERSTOCK
pequena. Portanto, os possíveis danos causados pelos choques estão mais ligados
à corrente elétrica do que à voltagem. Choques que levam a óbito podem ocorrer
mesmo em voltagens baixas, como a de 20 V.
O efeito da eletricidade no organismo também depende da quantidade de
corrente e do tempo em que o corpo é exposto a ela. Quanto maior for a corrente,
menor é o tempo de exposição para que um ser humano sobreviva. Veja alguns
efeitos fisiológicos, em diferentes intensidades da corrente elétrica:

Valor da corrente elétrica Efeitos fisiológicos


De 1 a 10 mA Formigamento
até 10 mA Dor e contração muscular
A aplicação do desfibrilador tem como intuito o retorno dos
de 10 mA até 20 mA Aumento das contrações musculares batimentos cardíacos através de choques elétricos.

de 20 mA até 100 mA Parada respiratória


de 100 mA até 3A Fibrilação ventricular, que pode ser fatal
Acima de 3A Parada cardíaca, queimaduras graves

Outro fator que determina o impacto da corrente elétrica no organismo é o trajeto da corrente
ao longo do corpo, que depende da posição de contato do indivíduo com a instalação energizada
(circuito). Por exemplo, quando se segura um fio elétrico com as mãos, o caminho a ser percorrido
pela corrente passa mais próximo do coração.
A figura a seguir demonstra alguns possíveis caminhos para a passagem da corrente elétrica no
corpo humano.

LAB212

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Representação esquemática da eletricidade percorrendo o corpo humano em diferentes situações. A ilustração em azul representa uma porção de água.
A passagem de corrente através do coração ou do cérebro é mais fatal do que a corrente que passa através dos dedos.

Os diferentes tipos de corrente também influenciam os efeitos do choque, sendo eles: corrente
direta (CD) ou contínua, em que a eletricidade se move em uma única direção em um circuito, e
os sistemas de corrente alternada (CA), em que a intensidade e a direção são grandezas que variam
ciclicamente. A corrente CA de baixa frequência causa uma contração muscular prolongada, que
pode grudar a mão na fonte, e aumenta o tempo de exposição. Na CA de alta frequência e na CD, a
tendência é causar uma única contração convulsiva, que joga a pessoa para longe da fonte.
A parada cardíaca causada pelo choque também difere nos tipos de corrente. Na CA, o co-
ração tende a entrar em fibrilação, ou seja, o coração fica com contrações curtas e constantes,
já na CD, o coração tende a parar por completo. O fato é que recuperar um coração que parou
por completo é mais provável do que um coração fibrilante. Por isso, o desfibrilador produz uma
CD que interrompe a fibrilação, dando maior chance de recuperação ao coração.

A eletricidade nossa de cada dia 57


PARA AMPLIAR

Saiba como prevenir acidentes com eletricidade em dias de chuva


Nestes dias chuvosos, é muito importante redobrar os cuidados para garantir a segurança e evitar acidentes.

DARK MOON PICTURES/SHUTTERSTOCK


Se estiver na rua e começar a chover, fique longe de campos de futebol, piscinas, lagos, lagoas, árvores, mastros e locais elevados.

Em dias chuvosos, é muito importante redobrar os cuidados para garantir a segurança e evitar acidentes envolvendo eletricidade.
Muitas vezes, as precipitações vêm acompanhadas de ventos fortes e raios, que podem causar danos externos e afetar a rede elétrica.
Além disso, todo mundo sabe que água e eletricidade não combinam, afinal o líquido é um condutor natural de energia elétrica, poden-
do causar choques e até mesmo acidentes fatais. Para ajudar a garantir a sua segurança e da sua família [...] algumas dicas preventivas
para dias chuvosos. Confira:
Em casa
▶ Evite manusear aparelhos elétricos com as mãos molhadas ou pés descalços e tocar nas partes metálicas dos objetos, prevenindo o
risco de choque. Essa dica vale para qualquer período do ano, mas em dias de chuva a recomendação é ter mais atenção.
▶ Caso perceba que alguma parede da sua casa está úmida, não ligue equipamentos elétricos em tomadas instaladas nela. As paredes
podem ser fonte de choques e mau funcionamento de equipamentos, causando danos aos aparelhos.
▶ Não faça manutenções quando estiver chovendo. Em telhados, existe o risco de ser atingido por raios e, em equipamentos elétricos
ligados à tomada, há chance de choque elétrico.
▶ Em caso de alagamento, curto-circuito ou princípio de incêndio dentro de casa desligue imediatamente o disjuntor.
Na rua
▶ Se estiver na rua e começar a chover, fique longe de campos de futebol, piscinas, lagos, lagoas, árvores, mastros e locais elevados.
Evite encostar em grades e objetos metálicos, não se abrigue em lugares descampados, próximo de postes ou embaixo da fiação
elétrica. Esses locais se tornam perigosos por causa do risco de descargas elétricas naturais, como raios.
▶ Se observar fios caídos, objetos ou pessoas em contato com a rede elétrica, galhos ou árvores entre a fiação não se aproxime [...]
▶ Se, devido a ventania, observar algum objeto que foi arremessado na rede elétrica, como placas, árvores, entre outros, não se apro-
xime ou tente afastar a fiação. [...]
Além disso, podem ocorrer tempestades com raios que também podem provocar a falta de energia e danificar equipamentos elétricos.
Por exemplo, apenas em 2020, a Energisa (MS) observou que caíram cerca de 2 712 977 raios no estado. Em 2019, o número de ocor-
rências provocadas por eventos climáticos no estado chegou a 55 445.
E lembre-se: com eletricidade não se brinca. Apenas profissionais qualificados podem mexer na rede elétrica. O uso da eletricidade é
tão comum no nosso dia a dia que temos a falsa impressão de que não há perigo algum. Porém, quando utilizada de forma indevida,
pode causar danos irreversíveis e até mesmo acidentes fatais. Os famosos “jeitinhos” para resolver situações envolvendo a rede elétrica
só colocam a sua vida e a de quem você ama em risco. Por isso, em situações de perigo envolvendo eletricidade, não improvise, entre
em contato com a agência de eletricidade da sua cidade, que enviará uma equipe técnica especializada que, de forma segura, vai solu-
cionar o caso [...].
SAIBA como prevenir acidentes com eletricidade em dias de chuva. A cr’tica, 8 jun. 2020. Disponível em: https://www.acritica.net/
editorias/geral/saiba-como-prevenir-acidentes-com-eletricidade-em-dias-de-chuva/457325/. Acesso em: 8 jul. 2020. (Adaptado.)

58 A eletricidade nossa de cada dia


VOCÊ É O AUTOR
Energia furtada no Rio abasteceria Santa Catarina por um ano
Preju’zo estimado com ÒgatosÓ de luz Ž de R$ 1,25 bilh‹o
O total de energia elétrica furtada por meio de ligações clandestinas – popularmente
conhecidas como “gatos” – no estado do Rio de Janeiro em um período de 12 meses seria
suficiente para abastecer os 6,2 milhões de habitantes de Santa Catarina por um ano.
A quantidade de energia desviada – 7,8 mil gigawatts – equivale a uma vez e meia a pro-
dução anual da usina nuclear de Angra 1.
Os números se baseiam em estimativas da Light e da Ampla, concessionárias que
fornecem energia aos 92 municípios fluminenses. O prejuízo dos “gatos” é estimado em
R$ 1,25 bilhão e pode estar subestimado, segundo as concessionárias. Além de ser crime
– o artigo 155 do Código Penal prevê pena de um a quatro anos de prisão –, o furto de
energia oferece riscos [...].
O Rio é o estado do Sudeste com o maior número de casas que recebem eletricidade
de concessionárias, mas sem relógios medidores, segundo aponta o Censo 2010 do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A ausência desses relógios é um indício de fraude. Somados, cerca de 5% dos clientes
da Light e da Ampla (262 mil residências) não têm medidores de energia. No estado de
São Paulo, por exemplo, essa proporção cai pela metade: 2,6% do total.
O Censo 2010 também aponta que mais de 65 mil domicílios fluminenses têm aces-
so à energia elétrica “de fonte desconhecida”, o que coloca o Rio em terceiro lugar entre os
estados brasileiros (esse total inclui geradores usados em áreas rurais, por exemplo).
COSTA, Mariana. Energia furtada no Rio abasteceria Santa Catarina por um ano. GGN, 30 maio 2011.
Disponível em: https://jornalggn.com.br/gestao/o-alto-custo-das-ligacoes-clandestinas-de-energia-eletrica/.
Acesso em: 10 ago. 2020.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Imagine que você foi convidado por uma empresa de energia elétrica para fazer uma palestra
sobre o futuro energético do Brasil.
Para tanto, desenvolva um roteiro acerca dos seguintes temas:
▶ O problema social por trás das ligações elétricas clandestinas.
▶ Riscos pessoais e ambientais provocados pelas ligações elétricas clandestinas.
▶ Impacto na economia brasileira das ligações elétricas clandestinas no Brasil.
▶ Panorama brasileiro de investimento na matriz energética para barateamento da energia
elétrica fornecida pelas concessionárias.
▶ Métodos utilizados pelas pessoas e indústrias para diminuir o consumo da energia elétrica.
De acordo com esses temas, você pode trazer dados estatísticos e opiniões públicas e de auto-
ridades da área.
Após a coleta e a organização das informações em tópicos, elabore um vídeo personalizado de,
no máximo, 15 minutos, para que seja compartilhado com os demais colegas e, se possível, salve a
apresentação para compartilhar na rede social da escola para uma ampla divulgação.
Orientações no Manual do Professor.

A eletricidade nossa de cada dia 59


3
CAPÍTULO

GERAÇÃO E CONSUMO DE
ENERGIA ELÉTRICA
Competências

▶ C3 e C8

Habilidades

▶ H5, H18, H24 e H28

K
OC
RST
TE
UT
/SH
ED
YAZ
BA

Usina hidroelétrica de Itaipu, Paraná. A matriz


energética brasileira ainda é muito dependente
das usinas hidrelétricas – são 140 usinas ao todo.
Energias menos agressivas ao meio ambiente,
como a solar e a eólica, estão aos poucos
tomando espaço na matriz
energética brasileira.
EXPERIMENTANDO
Efeitos da corrente elétrica
No experimento a seguir, você vai poder verificar qual
é o comportamento de um fio condutor quando uma Alerta de segurança: o interruptor
corrente elétrica passa por ele. Para isso, será necessário não pode ficar ligado por muito
usar uma bússola. A bússola é composta basicamente de tempo, caso contrário a fiação
irá esquentar, o que pode causar
uma agulha imantada capaz de se movimentar de acordo
acidentes. Portanto, o interruptor
com os campos magnéticos a que está sujeita. deverá ser acionado somente
Leia os procedimentos a seguir e proponha hipóteses sobre nos momentos de teste e
o que acontecerá nas etapas de 5 a 8 do experimento, desligado imediatamente após.
justificando-os. Anote as hipóteses estabelecidas.
Material
▶ Pedaço de fio de cobre

LAB212
esmaltado (fio 24 ou similar)
▶ Bateria de 9 V
▶ Lixa fina
▶ Prego de aço comprido
▶ Bússola Interruptor.

▶ Fita isolante

LAB212
▶ 5 clipes metálicos
▶ Interruptor
▶ 1 adaptador para bateria de 9,0 V Adaptador para bateria.
Procedimento
1. Enrole duas camadas do fio de cobre no prego, como mostra a figura a seguir. Deixe em cada
uma das pontas um pedaço de aproximadamente 25 cm de fio.
LAB212

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


2. Corte uma das pontas ao meio e instale o interruptor. Para instalar, lixe as pontas do fio para
tirar o esmalte. Enrole as pontas dos fios nos dois terminais do interruptor.
3. Lixe as duas pontas dos fios e instale o adaptador para bateria de 9 V. Assim, em uma das
pontas do fio haverá o interruptor que servirá para ligar e desligar o fornecimento de energia; a
outra ponta será ligada diretamente ao adaptador da bateria de 9 V.
4. Instale a bateria encaixando-a no adaptador de bateria. Encontre os polos que se encaixam e
faça a instalação da bateria de tal forma que ela fique firme.
5. Aproxime a bússola do dispositivo montado e verifique para onde ela está apontando. Anote
o resultado.
6. Com a bússola no mesmo lugar, aperte o interruptor para acionar o dispositivo. Verifique para onde
ela está apontando agora. O que aconteceu com a indicação da bússola? Anote o que foi observado.
7. Aproxime os clipes a uma distância de aproximadamente 0,5 cm do dispositivo desligado.
Verifique o que aconteceu e anote.
8. Ainda com os clipes próximos, acione o interruptor para ligar o dispositivo. Anote o que foi observado.
Após a realização do trabalho experimental, discuta com seus colegas sobre as hipóteses inicial-
mente levantadas e os resultados obtidos. Em seguida, elabore um relatório científico contendo
informações sobre os objetivos do experimento, os materiais utilizados e um resumo dos pro-
cedimentos realizados. Apresente também as hipóteses levantadas, os resultados encontrados
e as conclusões obtidas após a discussão com seus colegas. Orientações no Manual do Professor.

A eletricidade nossa de cada dia 61


ELETROêMÌ
No início do século XIX, havia uma separação entre eletricidade e magnetismo, pois acreditava-se
que a eletricidade era responsável pelas descargas elétricas, como os raios, enquanto o magnetismo
era visto simplesmente como o efeito do campo terrestre que interagia com uma bússola. Entretanto,
como vimos no capítulo 1, o experimento realizado em 1820 pelo físico dinamarquês Hanz Oersted,
utilizando uma agulha imantada (utilizada em bússolas) e um fio condutor, permitiu-lhe observar
que a agulha sofria um desvio à medida que uma corrente elétrica passava pelo fio, o que indica
que a interferência observada se dava por uma relação direta entre a eletricidade e o magnetismo.
Ou seja, eletricidade pode gerar magnetismo e magnetismo pode gerar eletricidade; desse modo,
surgiu o conceito de eletromagnetismo.
Observe a figura a seguir, que ilustra como se comporta o campo eletromagnético criado pela
passagem de uma corrente elétrica por um condutor linear. Se colocarmos a mão direita com o
dedão no sentido da corrente elétrica, o movimento que os outros quatro dedos fazem é a direção
do campo criado. O sentido do campo é o mesmo do sentido descrito pelos quatro dedos indo em
direção à palma da mão. Esta é a regra da mão direita.

LAB212
B

Quando a corrente elétrica passa por um fio enrolado em uma barra metálica em forma de
solenoide, como realizado na seção Experimentando, o campo magnético passa a agir conforme
mostra a figura a seguir. Esse condutor recebe o nome de eletroímã.

B
B
i

LAB212
B B
i
B
B

Os eletroímãs estão presentes em motores, campainhas, geradores, guindastes, alguns disjuntores,


relés, alto-falantes e equipamentos médicos.
WARAKORN BUAPHUEAN/
SHUTTERSTOCK
IASHA/SHUTTERSTOCK

Em alguns
As campainhas mecânicas disjuntores, há
são equipadas com eletroímãs que
eletroímãs que acionam o funcionam como
badalo (haste); este incide no interruptores dos
gongo, que emite o som. circuitos elétricos.

62 A eletricidade nossa de cada dia


Indução eletromagnética
Em 1831, Michael Faraday (1791-1867) e Franz Ernst Neumann (1798-1895), em alguns experi- GLOSSÁRIO
mentos, descobriram que, ao se promover uma variação de fluxo magnético através de uma espira,
Força eletromotriz:
ocorria nela a indução de uma força eletromotriz.
Voltagem fornecida por um gerador
Com base nesse experimento, foi formulada a lei de indução de Faraday-Neumann, ou lei ou bateria, que origina uma corren-
da indução eletromagnética, que quantifica a indução eletromagnética. Matematicamente, essa te elétrica.
lei pode ser expressa da seguinte forma:

=
t

Em que:
ε : força eletromotriz induzida em volts (V).
∆Φ : variação de fluxo magnético em weber (Wb).
∆t : intervalo de tempo em segundos (s).

EXPERIMENTANDO
Campo magnético em eletroímã
Existem muitas formas de gerar energia elétrica. A matriz energética brasileira, por exemplo, é muito dependente da energia hídrica. Nesse
processo, a obtenção da energia elétrica ocorre por meio de uma turbina. Mas como é possível obter energia elétrica pela movimentação
de uma turbina? Elabore algumas hipóteses e, em seguida, realize o experimento proposto a seguir.
Material
▶ Ímã
▶ Aro com 80 espiras feito com fios de cobre
esmaltado (fio 24 ou similar)

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


▶ Multímetro i
i
▶ 4 garras do tipo jacaré

Procedimento
▶ Coloque o multímetro na função de amperí-
metro. Caso ele tenha subdivisões de medida
de correntes, coloque na menor possível. N S N S
▶ Com o sistema montado, como na figura,
coloque o ímã dentro da espira, tirando
e colocando, com certa velocidade. Altere a
velocidade de movimentação do ímã, reali-
zando movimentos lentos e rápidos. Verifique
o valor da corrente indicada no amperímetro
i
nas diferentes velocidades de movimentação i
i
LAB212

do ímã. Anote os resultados observados. i


▶ Coloque o ímã no centro da espira e deixe-o
parado. Verifique o valor que é mostrado
no amperímetro e anote o que se observou. Esquema de montagem do experimento.

Após a realização do trabalho experimental, discuta com seus colegas sobre as hipóteses inicialmente levantadas e os resultados obtidos.
Em seguida, elabore um relatório científico contendo informações sobre os objetivos do experimento, os materiais utilizados e um resumo
dos procedimentos realizados. Apresente também as hipóteses levantadas, os resultados encontrados e as conclusões obtidas após a dis-
cussão com seus colegas. Orientações no Manual do Professor.

A eletricidade nossa de cada dia 63


PARA AMPLIAR

O campo magnético da Terra está se comportando de maneira imprevista – e intrigando cientistas


Uma movimentação com características inesperadas no magne-

VCHAL/SHUTTERSTOCK
tismo da Terra está intrigando cientistas do mundo todo e fazendo
com que os modelos existentes de descrição do campo magnético pre-
cisem ser atualizados.
Por causa de seu núcleo feito de metal líquido, a Terra funciona
como um enorme ímã com polos positivo e negativo. O campo magnéti-
co é uma “camada” de forças ao redor do planeta entre esses dois polos.
Conhecida como magnetosfera, essa grande camada é extrema-
mente importante para a vida terrestre.
“É o campo magnético que nos protege das partículas que vêm
de fora, especialmente do vento solar (que pode ser muito nocivo)”,
explica o geólogo Ricardo Ferreira Trindade, pesquisador do Instituto
de Astronomia e Geofísica da Universidade de São Paulo (USP). O campo magnético ao redor da Terra é gerado pela
A maior parte do campo magnético é gerada pela movimentação movimentação dos metais líquidos no interior do planeta.
dos metais líquidos que compõem o centro do planeta. Conforme o fluxo varia, o campo se modifica.
A questão, segundo Trindade, é que nos últimos dez anos ele tem “variado
NAEBLYS/SHUTTERSTOCK

numa velocidade muito maior do que variava antigamente”.


O polo norte magnético muda constantemente de posição, mas sempre den-
tro de um limite. Embora a direção dessas mudanças seja imprevisível, a velocida-
de costumava ser constante.
No entanto, nos últimos anos, o norte magnético está se movendo do Canadá
para a Sibéria em uma velocidade muito maior do que a projetada pelos cientistas.
Modelo de campo
O campo magnético nos protege de partículas A mudança está forçando os especialistas em geomagnetismo a atualizarem o
do vento solar. Modelo Magnético Mundial, espécie de mapa que descreve o campo magnético no
espaço e no tempo.
“Ele é criado a partir de um conjunto de observações feitas no mundo inteiro ao longo de 5 anos, a partir dos quais se monta um
modelo global que muda no tempo e no espaço, mostrando a variabilidade do campo”, explica Trindade. “É uma espécie de mapa 4D.”
O modelo é importante porque é a base para centenas de tecnologias de navegação modernas – dos controles de rotas de
navios ao Google Maps. [...]
Segurança espacial
O modelo é essencial também para a segurança espacial.
Como distribuição do campo não é homogênea, onde ele é mais fraco, a proteção que oferece é menor – isso faz que com
que essas regiões, principalmente a altíssimas altitudes, sejam um pouco mais vulneráveis a ventos solares. [...]
“Equipamentos atmosféricos, satélites e telescópios, principalmente, têm maior probabilidade de sofrerem danos se estive-
rem sobre essas regiões”, explica.
As causas
Os cientistas estão trabalhando para entender por que o campo magnético está se modificando com tanta velocidade. [...]
A movimentação do polo norte pode estar ligada um jato de ferro líquido se mexendo sob a superfície da crosta terrestre na
região sob o Canadá, segundo um estudo de pesquisadores da Universidade de Leeds publicado na Nature Geoscience em 2017. [...]
O campo é tão variável que o polo norte e o polo sul magnéticos já se inverteram muitas vezes desde a formação do planeta.
A sua atual configuração é a mesma há 700 mil anos, mas pode começar a se inverter a qualquer momento. [... ]
“Pode ser que (a aceleração nas mudanças no campo) signifique que ele está caminhando para uma inversão, mas não é
certeza. Pode ser que seja apenas uma aceleração momentânea” [...].
MORI, Letícia. O campo magnético da Terra está se comportando de maneira imprevista – e intrigando cientistas.
BBC News Brasil, 11 jan. 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-46825941. Acesso em: 31 jul. 2020.
Orientações no Manual do Professor.

64 A eletricidade nossa de cada dia


PARA CONSTRUIR
1 Considere a existência de um campo eletromagnético em movimento.
a) Descreva o que seria observado caso um fio condutor fosse inserido nesse campo.
H6
Resposta: segundo a Lei da Indução de Faraday, a variação do fluxo de um campo magnético produz corrente elétrica sobre um condutor.

b) Explique o que aconteceria com o fio condutor caso o movimento do campo eletromagnético fosse interrompido.
Resposta: quando o campo magnético está parado, não deve surgir nenhuma corrente, já que o fluxo desse campo se mantém constante.

2 Os cartões magnéticos são dispositivos que têm uma tarja preta condutora feita por uma camada de material magnetizado, a
qual, ao ser atravessada por corrente elétrica, forma pequenos ímãs chamados de bastonetes, cada um com um polo positivo
H6 e um negativo. Quando o cartão passa por uma cabeça de leitura, ela identifica o comprimento dos ímãs pela indução de força
eletromotriz, em virtude da variação do campo magnético dos ímãs, revelando as informações do cartão.
H24
a) Analisando as informações do enunciado, descreva o que aconteceria com a leitora de um caixa eletrônico caso ele fosse
colocado embaixo de uma torre de transmissão elétrica de alta tensão?
Resposta: a rede de transmissão geraria um campo magnético de alta magnitude, porém constante; portanto, a leitora de cartão leria
a variação do campo magnético presente no cartão normalmente.

b) Imagine que, ao sair do banco, embaixo da torre de transmissão, a pessoa tente localizar o polo magnético norte com a ajuda
de uma bússola. Argumente sobre como será a informação que essa bússola fornecerá. Se a bussola estiver no celular, isso
também acontecerá? Explique.
Resposta: a bússola sofreria deflexão e faria uma leitura de orientação errada.

3 Para conseguir alimentar os aparelhos elétricos do nosso cotidiano, que funcionam Núcleo
com baixas tensões, geralmente 110 V, se faz necessária a utilização dos transforma-

MIPAN/
SHUTTERSTOCK
Voltagem
H6 dores, como o esquematizado ao lado. primária

Esses componentes aproveitam a variação do sentido da corrente na bobina primária,


H24 Espiras Espiras
que, por sua vez, provoca variação do fluxo magnético, induzindo corrente na bobina
(Ns) (Ns)

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


secundária. A diferença no número de espiras (voltas do fio condutor) na bobina
determina a transformação da força eletromotriz (tensão elétrica) na saída da bobina
Voltagem
U U
secundária. A relação entre as grandezas se dá pela seguinte proporção: 1 = 2 Fluxo magnético
secundária
N1 N2
Representação esquemática da porção
Em que N1 é o número de espiras da bobina primária e U1 é a tensão à qual está interna das bobinas de um transformador.
submetida, N2 é a quantidade de espiras da bobina secundária e U2 é a tensão à qual
está submetida.
Imagine que você possui uma lavadora de roupas que funciona com tensão de 220 V, porém, em sua casa, só existem tomadas
de 110 V. Você se lembra de que possui um transformador que não tem bobinas, mas tem um rolo de fios que podem ser usados
para enrolar as bobinas. Além disso, percebe que o rolo de fio tem comprimento suficiente para dar 7 500 voltas no total. Com
base nessas informações, explique como as bobinas devem ser enroladas para que a transformação seja efetiva.
Resposta: o aluno deve perceber que a proporção entre as tensões é de ½ e que as voltas dadas na bobina primária devem ter metade das
voltas dadas na bobina secundária para que a tensão de entrada de 110 V se transforme em 220 V na secundária.

4 No interior de um veículo, podemos encontrar uma série de aparelhos e equipamentos elétricos, como vidros, aparelho de som, luzes,
travas, entre outros. Considerando que a bateria dos carros funciona com corrente contínua como a bateria dos celulares e as pilhas dos
H6
aparelhos elétricos, compare seu funcionamento e explique por que ela não descarrega tão rapidamente como os demais exemplos,
mesmo com o uso contínuo e simultâneo dos acessórios que demandam gasto de energia. Se necessário, realize uma pesquisa.
H24
Resposta: espera-se que o aluno explique que os veículos têm um gerador elétrico, denominado alternador, que transforma a energia
mecânica do giro do motor para gerar energia elétrica por meio do fenômeno da indução eletromagnética.

A eletricidade nossa de cada dia 65


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Os captadores de guitarras elétricas, que captam o som do normal de um humano, e transportá-los para outros lugares.
instrumento e o transmite para um amplificador como um Guindastes são comumente empregados na indústria logís-
H6 sinal elétrico, funcionam seguindo os princípios de indução tica para a carga e descarga de mercadorias, na indústria da
eletromagnética, no qual o fio que liga o instrumento ao construção para a circulação de materiais e na indústria de
H24 amplificador é enrolado em um ímã, formando uma bobina, transformação para a montagem de equipamentos pesados.
conforme representado na imagem a seguir. Imagine que uma empresa não tenha um espaço para aco-
modar um guindaste e que você seja um vendedor de uma
S empresa de eletroímã. Compare o funcionamento dos dois
equipamentos e elabore argumentos para a realização da

LAB212
N
compra do eletroímã pela empresa.
Sa’da Resposta: diferentemente dos guindastes comuns, que utilizam
a força mecânica e necessitam de grandes estruturas para
S acomodar sua base e seus pesados componentes, os eletroímãs
funcionam por meio da indução de um campo magnético,
Estrutura de um captador.
são mais leves e podem ser instalados e retirados com facilidade
a) De acordo com as informações apresentadas, defina
das instalações onde serão utilizados.
quais alterações poderiam ser realizadas na estrutura do
instrumento para aumentar a sua captação.
Resposta: existem duas possibilidades para se aumentar a
captação de uma guitarra. Uma delas é utilizar um ímã mais 2 Analise o esquema do funcionamento de uma campainha
elétrica apresentado a seguir.
forte; outra opção seria aumentar o número de voltas do fio H6
condutor na bobina.
H24 Martelo Tímpano

Lâmina de
ferro
b) Considerando as alterações propostas no item anterior, S
Eletroímã

LAB212
explique que se pode prever sobre o som que será pro- Interruptor de N
duzido pela guitarra. contato Botão ou
pulsador
Resposta: a utilização de ímãs mais fortes intensifica a força Mola

da atração das cordas, o que pode reduzir suas vibrações,


Corrente de elétrons
fazendo com que o tempo de duração do som diminua. Ao
aumentar a quantidade de voltas do fio na bobina, aumenta-se
a resistência, de forma que a produção de sons com Analisando a ilustração, descreva como o som da campainha
é produzido quando o botão é acionado.
frequências mais altas podem ser afetadas.
Resposta: ao ser atravessado pela corrente, o eletroímã (bobina)
induz um campo magnético que atrai o martelo por meio da força
magnética; porém, isso faz com o que o contato desligue a
corrente, desligando a bobina e fazendo com que a mola puxe o
martelo de volta. Ao voltar ao seu ponto inicial, o contato religa
3 O guindaste é um tipo de máquina que, em geral, é equipada a corrente elétrica, gerando um ciclo intermitente que só se
com uma grua, cabos ou correntes e roldanas e pode ser utili-
H6 interrompe ao se desligar o botão.
zada tanto para elevar e abaixar materiais como para movê-los
horizontalmente. Esse equipamento é usado principalmente
H24
para levantar objetos pesados, que estão além da capacidade

66 A eletricidade nossa de cada dia


FUNCIONAMENTO DOS MOTORES ELÉTRICOS AS IMAGENS DESTA PÁGINA NÃO ESTÃO EM ESCALA.

Cerca de três anos depois de a lei de Faraday-

ZIVICA KERKEZ/SHUTTERSTOCK
BYJENG/ SHUTTERSTOCK
-Neumann ter sido enunciada, os primeiros mo-
tores elétricos foram produzidos. Os motores
elétricos transformam energia elétrica em energia
mecânica e são fontes de geração de energia
com baixa emissão de poluentes em sua cadeia
produtiva e em sua operação.
O funcionamento de um motor elétrico
ocorre pela condução de corrente elétrica em
uma bobina, gerando um campo magnético e
uma força magnética que origina o movimento. Na
bobina, está acoplado o eixo do motor. Os ventiladores têm um motor elétrico que faz As furadeiras têm um motor elétrico que
as pás girarem. promove o giro da broca.
A maior parte dos motores elétricos constitui-
-se basicamente de um estator e um rotor, com funções bem definidas.
Rotor Caixa de ligação
O estator é composto de anel com lacunas onde se localizam
bobinas de fio de cobre isoladas num núcleo formado por aço. Sua Estator Ventilação
função é conduzir o fluxo magnético para promover a rotação do motor.

NOSOROGUA/SHUTTERSTOCK
A corrente elétrica passa pelos fios, e formam-se campos magnéticos
em cada bobina.
O rotor gira em torno do próprio eixo e gera movimentos de
rotação. Essa peça é menor que o estator, formado por uma haste
circundada por barras metálicas condutoras de eletricidade, com
espaçamento uniforme.
Quando um motor elétrico está em funcionamento, o núcleo Invólucro
do rotor interage com o campo magnético gerado pelas bobinas do
estator. É isso que faz o motor girar. Representação das partes constituintes de um motor elétrico.

Motores de combustão
O motor presente na maioria dos carros hoje em dia é o motor de combustão, que apresenta
características próprias e diferentes dos motores elétricos. Seu funcionamento envolve uma série

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


de processos físicos e químicos, com dois componentes essenciais: o combustível e oxigênio (com-
burente), que, juntos, geram uma reação de combustão; a energia química liberada nesse processo
faz o carro se deslocar. Comumente, o motor de combustão funciona em quatro etapas, também
chamadas de tempos.
No primeiro tempo, o pistão do motor se move para baixo e puxa a mistura de combustível
na forma de vapor e ar atmosférico por meio da válvula de entrada; essa etapa é chamada de
admissão (1). No segundo tempo, denominado de compressão (2), o pistão sobe e comprime a
mistura ao máximo para que o combustível não exploda antes do tempo, diminuindo a potência
do motor. No terceiro tempo, o pistão atin-
ge seu ponto máximo, uma faísca elétrica é
SERGEY MERKULOV/SHUTTERSTOCK

produzida pela vela de ignição, e o processo


de combustão (3) é iniciado. Durante esse
processo, ocorre uma explosão controlada,
os gases se expandem, movimentam o eixo
do virabrequim e, por fim, fazem o carro se
movimentar. Nessa etapa, ocorre a transfor-
mação da energia química, do processo de
combustão, em energia mecânica. Por fim,
(1) (2) (3) (4)
no quarto tempo, o pistão sobe novamente,
a válvula de exaustão é aberta, permitindo o
Esquema do funcionamento de um motor de combustão em um carro. Observe
escape (4) dos gases, o que fornece espaço os processos envolvidos em cada um dos tempos de funcionamento: admissão (1),
para que o ciclo recomece.. compressão (2), combustão (3) e escape (4).

A eletricidade nossa de cada dia 67


Todo esse processo ocorre independentemente do tipo de combustível utilizado. Veja a seguir
as reações de combustão da gasolina e do etanol, combustíveis utilizados na maioria dos carros
utilitários brasileiros.
Reação de combustão da gasolina (C8H18):
25
C 8H18(g) + O2(g) → 8CO2(g) + 9H2O(l)
2
Reação de combustão do etanol (C2H6O):
C2H6O (g) + 3 O2 (g) → 2 CO2 (g) + 3H2O (l)
Comparando as reações químicas dos dois combustíveis orgânicos (que têm átomos de carbono),
observe que, em ambos os processos, ocorre a combustão completa, ou seja, há a formação de gás
carbônico, também chamado de dióxido de carbono (CO2), e água (H2O).
Muitas impurezas contidas na gasolina são compostas de enxofre (S). Assim, ao ser queimada,
ela produz grandes quantidades de dióxido de enxofre (SO2), um gás bastante tóxico e extremamente
poluente e um dos responsáveis pela acidificação da atmosfera.
S (s) + O2 (g) → SO2 (g)
O dióxido de enxofre, ao interagir com o gás oxigênio no ar, forma o gás trióxido de enxofre:
1
SO2(g) + O2(g) → SO3(g)
2
E trióxido de enxofre, ao interagir com o vapor de água no ar, forma o ácido sulfúrico:
SO3 (g) + H2O (l) → H2SO4 (l)
Esse ácido precipita-se com a água durante a chuva, formando a chuva ácida.
Durante o processo de combustão, pode haver a falta de oxigênio, o que leva a uma combus-
tão incompleta, ou seja, nem todo o combustível é queimado. Esse processo produz monóxido de
carbono (CO), substância com um oxigênio a menos do que o CO2.
Observe a combustão incompleta da gasolina:
17
C 8H18(g) + O2(g) → 8CO(g) + 9H2O(l)
2
Além de gerar uma grande quantidade de fuligem, o que pode causar problemas respiratórios,
o monóxido de carbono, liberado na combustão incompleta da gasolina, é tóxico ao ser humano.
Mesmo em pequenas concentrações, ele pode causar dores de cabeça e tonturas, pois, ao entrar no
sistema respiratório, atinge as hemoglobinas, proteínas responsáveis por transportar o oxigênio dos
pulmões para os demais tecidos do corpo, dificultando a renovação do oxigênio do sangue.

EXPERIMENTANDO
Vimos que os motores elétricos modernos, utilizados na maior parte Procedimento
dos eletrodomésticos, brinquedos acionado por pilhas, motores ▶ Faça uma bobina circular com

LAB212
de carro e máquinas industriais, necessitam de um giro regular 20 a 25 voltas com o fio de
contínuo, que ocorre com a relação entre a corrente elétrica e um cobre. Se preferir, use algum
imã. Leia e realize os procedimentos a seguir e proponha quais são objeto circular (um pedaço de
os fatores que influem no funcionamento de um motor elétrico de cano, uma garrafa pequena
corrente contínua. de refrigerante ou qualquer
outro objeto arredondado
Material
que tenha o diâmetro aproximado de 4 cm para dar forma à bobina).
▶ 90 cm de fio de cobre esmaltado (fio 24 ou similar) ▶ Deixe de cada lado uma sobra de fio de aproximadamente 4 cm.
▶ 2 pedaços de arame médio com 25 cm de comprimento cada Enrole as pontas do fio em torno do aro para que o fio não de-
senrole, de forma que
▶ Pilha tamanho grande de 1,5 V
ainda restem cerca de
▶ Ímã com tamanho aproximado de 3,0 cm × 3,0 cm 3 cm de fio de cada
LAB212

▶ Lixa fina ou palha de aço lado e a bobina este-


ja bem firme. Veja o
▶ Fita isolante
exemplo na imagem
▶ Suporte retangular de aproximadamente 20 cm × 15 cm ao lado.

68 A eletricidade nossa de cada dia


▶ Lixe as extremidades do fio em apenas um dos lados. ▶ Monte as hastes de arame para colocar a bobina e prender a
pilha. Veja a imagem:

LAB212
LAB212
▶ Coloque a bobina no suporte de arame. Cada um dos lados dela deve se encaixar na canaleta de arame. Coloque o ímã na parte de baixo de
tal forma que fique embaixo da bobina, mas não encoste nela.
Compartilhe os resultados observados e as hipóteses levantadas com seus colegas. Em seguida, elabore um relatório científico contendo
as informações sobre os objetivos do experimento, os materiais utilizados e um resumo dos procedimentos realizados. Apresente também
as hipóteses levantadas, os resultados encontrados e as conclusões obtidas considerando a discussão coletiva.
Orientações no Manual do Professor.

O USO DA ELETRICIDADE E SUAS DIFERENTES FONTES


Desde a Revolução Industrial e com
Evolução da demanda de energia e
o aumento do desenvolvimento tecnoló- da taxa de crescimento econômico (Brasil 1970-2030)
gico, estamos a cada dia mais dependentes

LAB212
% ao ano
da energia elétrica. Desde o momento em Mtap
que acordamos até a hora em que vamos
600 6
dormir, estamos conectados a algum equi-
pamento elétrico ou eletrônico. Isso traz um
certo conforto, mas também gera algumas
400 4

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


demandas, tanto do ponto de vista finan-
ceiro quanto do ambiental.
Dentro desse contexto, pesquisa-
200 2
dores fizeram uma prospectiva do se-
tor energético brasileiro para o período
2005-2030, como pode ser observado no 0 0
gráfico ao lado. 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030
Acredita-se que, assim como obser-
Demanda total de energia (Mtap) Taxa de crescimento na década (% ao ano)
vado nas décadas anteriores, a demanda
total de energia continuará a subir. Além Fonte: EPE

disso, a prospecção também apresentou que a estrutura da oferta de energia tende a continuar
se modificando, com o aumento da participação de fontes renováveis, porém de forma menos
significativa a partir do ano de 2000.

Consumo de energia elétrica residencial


Para analisarmos o consumo de energia elétrica que ocorre em nossas residências, é necessário
termos em mão a potência dos equipamentos elétricos e eletrônicos que utilizamos e o tempo es-
timado de uso de cada um deles.
Com esses dados, podemos compreender as informações presentes na conta de energia elétrica.
O Brasil tem várias concessionárias de energia elétrica, mas os princípios básicos de uma conta de luz
se repetem em todas. O que muda de uma para a outra é a disposição das informações.

A eletricidade nossa de cada dia 69


Segue um exemplo de uma conta de luz de uma agência brasileira.

LAB212
Conta do mês
Nota Fiscal | Fatura de Energia Elétrica | Serie 000000000
N° da Fatura 000000 0000000000 Aqui você sabe o mês pelo qual
Instalação
Centrais Elétricas S.A. está sendo cobrado na conta.

CONTA DO MÊS
00/0000
VENCIMENTO
00/00/0000
CONTA CONTRATO

000000 Conta contrato


Dados do Cliente Este é o número que identifica você
xxxxxxxxxx xxxxxxxxxx como cliente. Sempre que precisar
xxxx.xxx.xx.x xxxx.xxx.xx.x
xxxxxxxx xxxxxxxx falar com a agência responsável,
tenha ele em mãos.
Datas
Vencimento
Confira aqui a data de vencimento
Demonstrativo de Faturamento
da sua conta.
Fornecimento Quantidade Preço Valor (R$)
Consumo 000 000 000,00
Adicional Band. Amarela 0,00
Adicional Band. Vermelha Datas
Informa a leitura atual e a data
da próxima leitura na residência.

Demonstrativo do faturamento
Estes são os valores
que compõem a sua conta.

Total a pagar: R$ 000,00


Histórico de consumo
Informações de tributos: Rservado ao Físco
Aqui você visualiza um gráfico informando
Tributos Base de calculo Valor 000000000000000000000000
ICMS
Periodo Fiscal Número do Programa Social
seu consumo nos últimos doze meses.
PIS
COFINS 00/00/0000

Histórico de Consumo (KWh)

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN
Informações de consumo do mês
Consumo 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 Aqui você encontra informações importantes:
a data da leitura anterior e a leitura atual,
Informações de Consumo do mês
que representa o seu consumo do período
Constante Data Leitura Anterior Data Leitura Atual Qtde. Dias Resolução
0,00 00/00/0000 00/00/0000 00 0000
de faturamento.
Canal de Leitura Leitura Anterior Leitura Atual Consumo Resolução
Ativo total 0.000 0.000 000 kWh 0.000

Reaviso de Vencimento
Reaviso de vencimento
Espaço reservado para avisos
no caso de fatura em atraso. !
Informações para Clientes
Informações para clientes
* Períodos: Band. Tarif.: Vermelha: 06/10 - 31/10 Amerela: 01/11 - 07/11 * Redução
de base ICMS conf art 206 do capítulo XXXII do RICMS - PA *Bandeira Setembro 0000: Aqui você encontra informações importantes
vermelha (patamar 2) custo adicional de R$5,00 a cada 100 kWh
de seu interesse. Fique atento.
Conposição do Consumo

Compra de Energia Transmissão Distribuição Encargo Setoriais Perdas Tributos Outros


00,00 00,00 00,00 00,00 00,00 00,00 00,00 Composição do consumo
Aqui você fica sabendo como é composta
V: [1.1.0.0] a sua conta. Ou seja, a parte que fica com
C. Contrato: Competência: 00/0000 Data de Emissão:00/00/0000
Vencimento: 00/00/0000 Valor Total: 000,00 0000000000000000 a empresa e a parte repassada para
000000000000 000000000000 000000000000 000000000000 pagamentos de encargos, tributos e
iluminação pública, por exemplo.

Detalhamento da conta
de energia elétrica

Perceba que pagamos por uma quantidade de energia em watts multiplicada pelo número de
horas em que a energia foi consumida. Assim, por exemplo, se tivermos somente um equipamento
de 1 000 watts em casa e o deixarmos ligado todos os dias durante 1 hora, no final de um mês de
30 dias teremos consumido 30 horas de energia referentes a esse equipamento. Portanto, pagaremos
por 30 000 watts · hora ou 30 kWh, como comumente aparece nas contas de energia elétrica. O con-
sumo corresponde ao valor (preço) que cada concessionária cobra, que varia ao longo do ano, além
da incidência de impostos, conforme consta na fatura. Em alguns lugares, ainda há variação de preço
em função da incidência das chuvas. Isso ocorre porque a maior parte da energia elétrica produzida
no Brasil é proveniente das hidroelétricas, e, nesse sistema, para que se gere energia é necessário o
represamento da água, que será usada para movimentar as turbinas que geram a energia elétrica.

70 A eletricidade nossa de cada dia


MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
Quando chove pouco, o nível dos reservatórios diminui, e isso pode aumentar o risco de as
turbinas pararem. Por essa razão, a produção de energia elétrica por esse mecanismo diminui, e são
acionadas as usinas termelétricas de emergência para prevenir apagões energéticos nas cidades.
Nas termelétricas, a energia elétrica é produzida por meio da energia liberada em forma de
calor, normalmente por meio da combustão de algum tipo de combustível renovável ou não
renovável. Naturalmente, esse processo aumenta o custo de produção da energia elétrica, o que é
repassado para o consumidor pelo aumento das tarifas nas contas de luz.
Para um uso mais consciente do recurso energético, sempre é bom analisarmos os equipamentos
que adquirimos. Os eletrodomésticos apresentam, de fábrica, um selo que indica o consumo: o selo Procel
(Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica). Sua finalidade é oferecer informações ao con-
sumidor, de forma que seja possível analisar a eficiência do eletrodoméstico. Para que os equipamentos
recebam esse selo, eles devem ser submetidos a testes feitos em universidades e laboratórios parceiros
do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). A cada tipo de equipamento
correspondem índices e faixas de consumo que indicam seu desempenho. Assim, no selo Procel de um
refrigerador, por exemplo, constam informações como consumo em kWh/mês, faixa de consumo e tensão.
As faixas são classificadas de A a E, de mais eficiente a menos eficiente. Assim, um equipamento
classificado como A é mais eficiente (mais econômico) que um equipamento C, por exemplo. Selo do Procel (Programa Nacional de
A escolha de eletrodomésticos mais eficientes tem impacto no bolso do consumidor e nos re- Conservação de Energia Elétrica).
cursos naturais, cada vez mais escassos. Então, escolher entre um refrigerador que gaste 35,5 kWh/mês
em vez de um que gaste 60,0 kWh/mês pode levar a uma economia significativa.

PARA AMPLIAR

O que são as bandeiras tarifárias de energia elétrica?

PARILOV/SHUTTERSTOCK
Entenda como funcionam as tarifas cobradas de acordo com a cor da bandeira no m•s
Aqueles que pagam a conta de energia de sua casa ou empreendimento têm a noção
do consumo médio de energia de acordo com o uso do chuveiro elétrico, ar-condiciona-
do, ventiladores, televisão e outros aparelhos. No entanto, muitos ainda se assustam e não
entendem o motivo da variação no valor cobrado na conta de luz de um mês para o outro,
apesar de o consumo ter sido semelhante.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


A variação acontece por conta das bandeiras tarifárias de energia elétrica. Desde
2015, as contas de luz no Brasil apresentam esse Sistema de Bandeiras Tarifárias que faz
um acréscimo no valor repassado ao consumidor final, que varia de acordo com as condi-
ções de geração de eletricidade. O sistema é dividido em quatro categorias de bandeiras:

Bandeira verde Bandeira vermelha – Patamar 1


Condições favoráveis de geração de energia. Condições mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo
A tarifa não sofre nenhum acréscimo de R$ 0,40 para cada quilowatt-hora (kwh) consumido
Bandeira Amarela Bandeira vermelha – Patamar 2
Condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo Condições ainda mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo
de R$ 0,015 para cada quilowatt-hora (kwh) consumido de R$ 0,40 para cada quilowatt-hora (kwh) consumido

A Bandeira verde está acionada quando as condições hidrológicas para geração de energia são favoráveis, ou seja, o nível de
água nas diversas bacias do sistema, bem como o índice pluviométrico do período. Nesses casos, não há qualquer acréscimo nas
contas. Se as condições são um pouco menos favoráveis, passa a ser a Bandeira amarela a selecionada. Assim já há uma cobrança
adicional, proporcional ao consumo, na razão de R$ 1,50 por 100 kWh (ou suas frações). Em situações mais desfavoráveis, a
Bandeira vermelha é selecionada para o período e o adicional cobrado passa a ser proporcional ao consumo na razão de R$ 4,00
a cada 100 kWh no patamar 1, enquanto no patamar 2 é cobrado R$ 6,00 a cada 100 kWh.
ANTHONY, Igor. O que são as bandeiras tarifárias de energia elétrica? Educa+Brasil, 5 nov. 2019. Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/
cursos-e-faculdades/engenharia-eletrica/noticias/o-que-sao-as-bandeiras-tarifarias-de-energia-eletrica. Acesso em: 31 jul. 2020.
Orientações no Manual do Professor.

A eletricidade nossa de cada dia 71


PARA CONSTRUIR
1 Em grupo, realize o levantamento das informações solicitadas para os equipamentos utilizados em uma residência fictícia e
preencha o quadro abaixo. Nas colunas, coloque a quantidade de equipamentos que há na casa, a potência de cada um, o
H6 tempo de uso médio a cada mês e, por fim, o total de consumo estimado de cada equipamento.

H28
Quantidade de Total estimado
Tipo de equipamento Potência (kWh) Tempo de uso por mês (h)
equipamentos na casa em kWh/mês
H31
Chuveiro

Refrigerador

Fogão

Forno elétrico

Micro-ondas

Ferro de passar roupas

Aspirador de pó

Lâmpada

Portão automático

Televisor

Aparelho de som

Carregador de celular

Aquecedor

Ventilador

Máquina de lavar

Aquário

Secador de cabelo

Caso algum valor solicitado no quadro não seja encontrado b) Discuta quais sãos os eletrodomésticos que têm consumo
nos equipamentos, procure as informações nos sites de busca mais baixo de energia elétrica.
na internet, junto aos fabricantes. Resposta no Manual do Professor.

Após a construção do quadro, analise seus dados e responda


os itens a seguir.
a) Descreva quais são os principais responsáveis pelo valor c) De acordo com as respostas dos itens anteriores, esta-
da conta de energia elétrica nessa casa. beleça comportamentos que devem ser mudados para
Resposta no Manual do Professor. economizar energia elétrica nas residências?
Resposta no Manual do Professor.

72 A eletricidade nossa de cada dia


FAÇA VOCÊ MESMO
1 Analise os itens abaixo para uma casa em que moram 4 pessoas que utilizam um chuveiro de 6 500 W de potência.
H6 a) Se as 4 pessoas tomam um banho de 15 minutos por dia durante 30 dias, qual será o consumo dessa família com os banhos
em um mês?
Resposta: serão 30 horas de uso do chuveiro. Sendo assim, basta multiplicarmos a potência pelo tempo estimado de uso:
6 500 W ⋅ 30 h = 195 000 Wh ou 195 kWh.

b) Considerando que a tarifa da cidade é de R$ 0,26 por kWh, calcule o valor com que o banho da família contribuirá na conta
de luz.
Resposta: sabendo que o preço por kWh é de 0,26 reais, podemos calcular o valor (P) a ser pago da seguinte forma: P = 0,26 ⋅ 195 →
P = 50,70. Portanto, ao final do mês, a família irá pagar R$ 50,70 pelos banhos.

c) Considere que a família deseja diminuir o valor da conta de luz do mês. Defina quais medidas podem ser tomadas em relação
aos banhos.
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos apontem medidas como diminuir o tempo de banho, desligar o chuveiro durante
a lavagem de cabelos e ao fazer a barba, bem como diminuir o aquecimento do chuveiro em seu registro para uma faixa de temperatura
menor, caso não seja a estação de inverno, o que exigirá menos consumo de energia elétrica pelo chuveiro para aquecer a água.

2 Ao comprar aparelhos eletrodomésticos, é possível observar, colado à sua estrutura, um selo semelhante ao apresentado abai-
xo. Esse selo tem como objetivo apresentar ao consumidor as características de consumo e eficiência energética do produto,
H4 auxiliando-o na escolha do equipamento. Analise as etiquetas de eficiência energética de dois chuveiros distintos, Flex Ducha
e Gran Ducha, respectivamente apresentados a seguir:
H6
PROCEL- PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

PROCEL- PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA


H24
FEME FAME
GranDucha FlexDucha
220 V~ 220 V~
7 000 W 4 000 W

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


2 500 W N/T W

VAZÌO 6,0 L/MIN.

11,14 30,1 2,1 2,1

Avaliando as informações apresentadas, compare e explique qual dos dois chuveiros é mais eficiente.
Resposta: o chuveiro Flex Ducha é mais eficiente, pois, segundo a etiqueta, ele é classificado como C; em contrapartida, o Gran Ducha é
classificado como F.

A eletricidade nossa de cada dia 73


3 Considere as seguintes situações:

H4 I. Um carro a combustão andando em velocidade média de 60 km/h percorre até 10 km com um litro. Considere que o preço
médio de um litro de gasolina seja R$ 4,00.
H6 II. Segundo o site de uma revista sobre automóveis, um carro elétrico tem baterias que suportam cargas de até 60 kW, o que
gera uma autonomia de até 300 km. Suponha que o valor da tarifa é de R$ 0,30 kWh em média e que a tensão elétrica da
rede é de 110 V com corrente máxima de 20 A.
Com base nas informações apresentadas e considerando o aspecto econômico, avalie qual dos dois carros é mais vantajoso de
se utilizar.
Resolução:
Calculando o gasto do carro a combustão, temos que:
10 Km ------------ 1 L
300 Km ---------- x L
300
x = = 30 L
10
Para percorrer 300 km, o carro utiliza 30 L de combustível. Portanto, considerando que o calor do combustível é R$ 4,00, temos que: 30 ∙ 4 =
120,00. Ou seja, o consumo do carro à combustão é de R$ 120,00.
Calculando o gasto do carro elétrico, temos que:
Potência do carregador: P = U ⋅ i → P=110 ⋅ 20 =2200
60 k
Tempo que o carro ficará na tomada para o carregamento total: = 27 h aproximadamente
2,2 k
Consumo total de 60 kw em 27 h → 2,2 ⋅ 27 ⋅ 0,3 = R$ 17,82
Resposta: portanto, o considerando o aspecto econômico, o carro elétrico é mais vantajoso, pois, para andar 300 km no carro elétrico, seriam
gastos R$ 17,82 e, no carro a combustão, R$ 120,00.

Energia e sustentabilidade
A obtenção de energia elétrica para a realização das diversas atividades humanas também é,
naturalmente, uma questão que se relaciona diretamente com o meio ambiente e com a economia,
o que nos leva a refletir sobre a sustentabilidade envolvida nas formas de obtenção de energia.
A seguir, vamos analisar as diferentes fontes e formas de geração de energia, para compreender
como elas afetam o meio ambiente e o ser humano.

Fontes de energia renováveis e não renováveis


As fontes de energia têm duas características quanto à sua capacidade de regeneração e reno-
vação. Segundo esse critério, podem ser classificadas como renováveis ou não renováveis.
São consideradas fontes de energia renováveis as que podem ser aproveitadas sem se esgotarem,
como a energia eólica ou a solar.
Já as fontes de energia não renováveis são esgotáveis ou demoram muito tempo para serem
recompostas. São exemplos petróleo, carvão mineral e gás natural.
As fontes de energia limpa são aquelas que não emitem poluentes, como a energia hidráulica e
a eólica. Porém, isso não significa que as fontes de energia limpa não causem danos indiretamente ao
meio ambiente, como discutiremos adiante.

74 A eletricidade nossa de cada dia


Fontes de energia

SHANVOOD/SHUTTERSTOCK
ENERGIA RENOVÁVEL ENERGIA NÃO RENOVÁVEL

Biomassa
Nuclear

Maremotriz

Carvão
Solar

ENERGIA ENERGIA
ELÉTRICA ELÉTRICA

Hidráulica

Petróleo
Geotérmica

Eólica Gás natural Fontes de energia renováveis


e não renováveis.

Outra questão relevante acerca das fontes geradoras de energia é a da poluição. Segundo esse cri-
tério, as fontes de energia podem ser classificadas em poluentes, também chamadas de “sujas”, ou não
poluentes, conhecidas como “limpas”. As fontes sujas são aquelas que emitem poluentes na atmosfera,
como CO2 (gás carbônico), principal responsável pelo efeito estufa, e NOX (óxidos de nitrogênio) e SOX
(óxidos de enxofre), responsáveis pela chuva ácida. Esses poluentes prejudicam o meio ambiente, pois a
chuva se torna cada vez mais ácida pela presença desses compostos, o que pode favorecer a destruição

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


da cobertura vegetal, além de promover a acidificação do solo e da água de rios e lagos, o que afeta
a saúde e a sobrevivência de diversos seres vivos. A alteração das condições atmosféricas possibilita o
aparecimento de diversos problemas respiratórios nas pessoas. O petróleo e o carvão mineral estão
entre as fontes de energia mais poluentes.

SNAPGALLERIA/SHUTTERSTOCK
Energia hidráulica Linhas de energia

A energia hidráulica é gerada por Luzes residenciais


um fluxo contínuo de um curso de
Reservatório Barragem
água. As instalações são feitas em decli-
ves para aproveitar a energia potencial
gravitacional da queda de água, que Central de força
movimenta uma turbina acoplada a um
Transformador
gerador que converte energia cinética
em energia elétrica. Gerador
Para a instalação de uma usina Com
por
tas
hidrelétrica, é necessária a constru-
ção de um reservatório (represa): o
curso do rio é desviado para alagar
uma grande área adjacente. Embora
energia elétrica seja produzida a por
Ingestão Portões de controle Turbina Vazão
uma fonte renovável e não poluen-
te, a construção de uma hidrelétrica, Esquema da estrutura de uma usina hidrelétrica.

A eletricidade nossa de cada dia 75


DENI WILLIAMS/AGÊNCIA/SHUTTERSTOCK
em especial se for de grande porte, tem grande impacto ambiental (devido ao alagamento
e à alteração no curso dos rios) e, muitas vezes, social na região, pois pode requerer a
remoção de pessoas que vivem na área a ser alagada. Porém, é economicamente viável,
pois, uma vez instalada, uma usina hidrelétrica gera apenas gastos de manutenção; não
há mais gastos com matéria-prima, por exemplo.
O Brasil apresenta um dos maiores potenciais hidráulicos do mundo, atualmente
estimado em 260 GW. Porém, a maior hidrelétrica do mundo hoje se encontra na China: a
hidrelétrica de Três Gargantas tem capacidade de geração de 22 500 MW.
Para se ter ideia, uma casa no Brasil consome em média 160 W por mês. Com

BURAKYALCIN/SHUTTERSTOCK
a produção de 22 500 MW, seria possível abastecer mais de 140 milhões de casas
simultaneamente.

Energia térmica
A energia termelétrica é proveniente da queima de combustíveis fósseis como o
gás natural, petróleo e carvão mineral, e também pela combustão de biomassa, ou seja,
de fontes poluentes. Nesse sistema, a água é aquecida em uma caldeira e passa para o
Usina hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu, na tríplice estado de vapor (1). Em seguida, o vapor é resfriado e limpo (2) e encaminhado para
fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Acima, vista uma turbina (3) acoplada a um gerador, que converte energia cinética em energia elétrica.
aérea de parte do reservatório (represa) da usina. Abaixo, O vapor passa, então, por um condensador (4), no qual o fluxo de água também é usado
vista lateral do dique, com destaque para as tubulações
que levam água às turbinas.
para movimentar outra turbina (5) acoplada a um gerador. Observe o esquema a seguir.

Sistema de gaseificação

STUDIO BKK/SHUTTERSTOCK
Eletricidade

Eletricidade
Gaseificador Gás de
síntese

Oxigênio

Carvão
Refrigeração
e limpeza
Condensador

Água Escória Gás do escape

Esquema da conversão de energia térmica em energia elétrica.

Gás natural
TONTON/SHUTTERSTOCK

O gás natural apresenta um grande poder de geração


de calor e, em contrapartida, tem níveis baixos de emissão
de poluentes em relação ao petróleo e ao carvão. Outra
vantagem é sua rápida dispersão e baixos níveis de conta-
minantes em caso de vazamentos.
Esse combustível é uma mistura gasosa de hidrocarbo-
netos provenientes da decomposição de matéria orgânica
de origem fóssil, produzidos ao longo de milhares de anos.
Portanto, trata-se de uma fonte de energia não renovável.
As usinas termelétricas usam o gás natural para gerar ener-
gia elétrica para o abastecimento de casas e indústrias. As
maiores usinas de gás natural atingem, hoje em dia, a marca
de 330 MW, de potência suficiente para abastecer mais de
Esferas de armazenamento de gás natural em uma refinaria. 2 milhões de casas simultaneamente.

76 A eletricidade nossa de cada dia


O petr—leo
O petróleo é uma das fontes de energia mais utilizadas atualmente, pois seu refino, por meio
do processo de destilação fracionada, origina diversos subprodutos, como o gás natural, outros
combustíveis, produtos químicos diversos, entre outros. Esses produtos também são utilizados como
matéria-prima para a produção de diversos materiais, como o plástico.

TRGROWTH/SHUTTERSTOCK/LAB212
C1 a C4 gases

GLP
20 ºC
frações com
densidade,
peso molecular C5 a C9
e temperatura
fabricação de
de ebulição
produtos químicos
decrescente
nafta

70 ºC C5 a C10 gasolina
para veículos
gasolina

120 ºC combustível para


C10 a C16
aviões, aqueci-
querosene mento e energia

170 ºC
C14 a C20
diesel díesel

frações com 270 ºC


densidade, peso C20 a C50
molecular e óleos lubrificantes combustíveis
Petróleo cru para barcos e
temperatura
de ebulição C20 a C70 indústrias
crescente óleos combustíveis
alcatrão
600 ºC

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


>C70

Modelo esquemático de uma torre de fracionamento de petróleo em uma refinaria petroquímica. As setas indicam as diferentes frações do petróleo e os
subprodutos gerados por meio delas. Cada fração é obtida a partir de diferentes temperaturas às quais o petróleo é submetido na torre de fracionamento.

Como se pode observar, cada fração do petróleo apresenta diferentes quantidades de átomos
de carbono em sua composição, gerando subprodutos com diferentes características.
Atualmente, a geração de eletricidade por petróleo, principalmente pelo óleo diesel, corres-
ponde a aproximadamente 4% a 5% da eletricidade total gerada no planeta e é a fonte de energia
dominante em diversos lugares do mundo. A geração de energia elétrica por meio do petróleo é
similar à observada em todas as fontes térmicas de energia, ou seja, ela ocorre por meio da queima de
seus combustíveis (gasolina, diesel) ou gás liquefeito em caldeiras, turbinas e motores de combustão
interna. Os geradores a diesel são mais adequados ao suprimento de comunidades e de sistemas
isolados da rede elétrica convencional.
É importante ressaltar que essa fonte de energia, além de não ser renovável, é muito poluente
e é uma das principais responsáveis pelo efeito estufa, devido ao processo de combustão durante o
uso de suas frações combustíveis. O petróleo também é motivo de muitos conflitos entre os países,
em especial aqueles que dependem dele como fonte energética principal, como os Estados Unidos.
As áreas onde estão os depósitos naturais desse óleo, como a Arábia Saudita, tornam-se alvos de
disputas judiciais.

A eletricidade nossa de cada dia 77


PARA AMPLIAR

Energia – Entenda por que o petróleo está no centro de atuais disputas políticas no mundo

OIL AND GAS PHOTOGRAPHER/SHUTTERSTOCK


Gerar energia é uma das necessidades funda-
mentais do mundo industrializado. Nos séculos 18
e 19, o carvão foi importante fonte de energia para
a Primeira Revolução Industrial. No século 20, a
utilização do petróleo e seus derivados substituiu
o carvão como base da matriz energética mundial,
um recurso natural não renovável. Os combustíveis
fósseis envolvem questões econômicas, ambientais
e também políticas – a manutenção da segurança
energética e a disputa pelo controle do petróleo são
frequentemente associadas a fatores de conflitos em
diversos países.
A região do Oriente Médio, por exemplo, é de-
tentora das maiores reservas de petróleo em terra do
mundo. A abundante matéria-prima sustenta o PIB
(Produto Interno Bruto) de países como Arábia Sau-
dita, Iraque, Irã, Kuwait, Qatar e Emirados Árabes. Plataforma de processamento de petróleo e gás bruto no oceano.
Anos atrás, essa riqueza foi um dos grandes mo-
tivos de conflitos que aconteceram na região, principalmente no Golfo Pérsico, como a Guerra do Iom Kipur (1973) entre árabes e
israelenses, a Guerra Irã-Iraque (1980-1988) e a Guerra do Golfo (1991), quando o Iraque invadiu o Kuwait e sofreu intervenção
dos EUA.
Na Ásia, a Rússia é a grande produtora de petróleo e gás e exerce influência sobre as rotas de exportação dos recursos ener-
géticos produzidos na região do Cáucaso. Além de ser um dos maiores fornecedores de hidrocarbonetos para a União Europeia,
parte de seu território funciona como corredor de gasodutos que também passam por ex-repúblicas soviéticas, como a Ucrânia.
Na África, o Sudão do Sul, país criado em 2011 após a separação do Sudão, vive há cinco meses em uma guerra civil que já
deixou milhares de mortos e uma legião de refugiados. O motivo é a disputa de poder entre tropas do governo e rebeldes, que
acirra a tensão entre grupos étnicos no país. A ONU e organizações humanitárias alertam sobre o risco de uma epidemia de fome
capaz de deixar o país ainda mais vulnerável.
Um dos panos de fundo do conflito é o controle dos dividendos do petróleo, base da economia do país, um dos mais empo-
brecidos do mundo. Em abril deste ano, as forças rebeldes tomaram o controle de poços petrolíferos. A matéria-prima representa
98% das receitas de exportação do Sudão do Sul e seria o principal potencial de desenvolvimento econômico do país.
Em 2012, o clima já era tenso na região. A maior parte das reservas se situa na fronteira com o vizinho Sudão, que, com a
perda de divisas, viu a economia piorar após a independência. O país do sul se recusou a pagar taxas pelo uso dos gasodutos no
norte, e, como retaliação, o Sudão impediu a passagem de navios petroleiros e o sul fechou poços de perfuração.
Na América Latina, a Venezuela é o único país sul-americano a integrar a OPEP (Organização dos Países Exportadores de
Petróleo), e suas reservas petrolíferas são a maior fonte de renda do país. Os EUA são o principal comprador do petróleo vene-
zuelano. Em abril deste ano, o presidente Nicolás Maduro declarou a um jornal britânico que os recentes protestos da oposição
no país estão sendo apoiados pelos norte-americanos, que teriam interesse em derrubar o governo para ter mais liberdade no
mercado de hidrocarbonetos.
Em maio, o Congresso americano elevou a pressão pela imposição de sanções à Venezuela, com o argumento de que o país
estaria violando direitos humanos na repressão a opositores e protestos contra o governo. Entre as sanções propostas, estaria o
bloqueio à importação de petróleo.
História do petróleo no Brasil
No Brasil, o petróleo nunca chegou a gerar um conflito armado, mas sua exploração sempre foi estratégica para o Estado.
Desde o final do século 20, o Brasil aumentou progressivamente a produção de petróleo encontrado nos oceanos.
Por anos o país buscou a meta da autossuficiência em petróleo. O objetivo foi alcançado pela primeira vez em 2006. Outro
marco foi a descoberta dos campos de pré-sal, que prometem triplicar a produção brasileira. Hoje, o país se destaca pelo domínio
da tecnologia de exploração do petróleo em águas profundas. [...]
CUNHA, Carolina. Energia – entenda por que o petróleo está no centro de atuais disputas políticas no mundo. UOL. Disponível em: https://vestibular.uol.com.
br/resumo-das-disciplinas/atualidades/energia-entenda-porque-o-petroleo-esta-no-centro-de-atuais-disputas-politicas-no-mundo.htm. Acesso em: 31 jul. 2020.
Orientações no Manual do Professor.

78 A eletricidade nossa de cada dia


O carvão

RUDMER ZWERVER/SHUTTERSTOCK
Apesar de não renovável, a queima
do carvão mineral corresponde a 41% de
toda a energia elétrica gerada no mundo
segundo a Agência Internacional de Ener-
gia. O carvão mineral é bastante usado
para produzir energia elétrica em usinas
termelétricas e como matéria-prima para
fabricar aço nas fábricas siderúrgicas. De
acordo com a Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), o carvão é o combustível
fóssil com maior disponibilidade no mun-
Usina termelétrica de
do e uma das primeiras fontes de energia
carvão. Em primeiro plano,
usadas pelo homem. Esse combustível os reservatórios de carvão;
passou a ser utilizado em grande escala ao fundo, a usina.
no período da Revolução Industrial para
viabilizar o funcionamento das máquinas a vapor. Atualmente, o uso do mineral diminuiu, visto que
outras fontes de energia têm sido mais exploradas, como o petróleo e o gás natural.
Apesar das vantagens econômicas (abundância das reservas e baixo custo do processo
produtivo), a produção de energia elétrica pelo carvão mineral é agressiva ao meio ambiente. A
extração ou mineração do carvão pode ser subterrânea ou a céu aberto. Isso varia de acordo com
a profundidade em que o carvão é encontrado. A drenagem ácida (ácido sulfúrico) da mina e a
produção de rejeitos são impactos ambientais negativos comuns aos dois tipos de extração, pois
causam alterações no solo por meio da redução do seu pH, o que contribui para a solubilização
de metais, impactando a capacidade de retenção de água e a permeabilidade do solo. Como con-
sequência dessas alterações no solo, a qualidade da água subterrânea também é comprometida e,
em caso de ingestão, pode vir a afetar a saúde humana.

Biomassa
A biomassa é uma fonte de energia renovável, composta de diversos materiais oriundos de ma-
téria orgânica (de origem animal ou vegetal), como o bagaço de cana-de-açúcar, o álcool, a madeira, a
palha de arroz, os óleos vegetais, entre outros. Para a obtenção da energia, é realizada a queima direta

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


da biomassa em caldeiras em altas temperaturas na presença abundante de oxigênio, produzindo
vapor a alta pressão, que é usado para mover turbinas de geradores elétricos.
No Brasil, a biomassa é a terceira maior fonte de geração de energia, de acordo com dados do
Ministério de Minas e Energia (MME), perdendo só para a hidráulica e para a queima do gás natural.
Apesar de ser uma forma de produção de energia que libera gases poluentes na atmosfera, como
toda geração térmica de energia por combustão, pode ser considerada uma forma de produção
de energia limpa. Isso se deve ao fato de a matéria-prima utilizada ter origem em resíduos que de
qualquer maneira serão produzidos por setores da indústria, pelo extrativismo, pela agricultura e
pela pecuária. O cultivo de plantas, tanto da cana-de-açúcar, como de árvores

KLETR/SHUTTERSTOCK
para a extração de madeira, por exemplo, acaba por captar grandes quantidades
de CO2 atmosférico, devido à fotossíntese realizada pelos vegetais. Assim, os
gases emitidos no processo de combustão são compensados pela captação
no momento do cultivo. Além disso, uma vantagem adicional é que, ao se uti-
lizar a biomassa, outras formas de geração de energia por meio de fontes não
renováveis e menos sustentáveis podem ser substituídas ou menos utilizadas.
Um exemplo é o aproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar, bastante
abundante no Brasil, realizado em sistemas de cogeração. A cana-de-açúcar,
para a produção de álcool combustível, precisa ser processada, o que requer
consumo de energia elétrica, que pode ser gerada por seus próprios resíduos.
Isso pode resultar na autossuficiência energética desse setor e de outros que
geram biomassa, como as indústrias de processamento de madeira e produção Vista aérea da planta de uma indústria de biogás, em uma fazenda
de carvão, por exemplo. de criação de suínos, na República Checa, na União Europeia.

A eletricidade nossa de cada dia 79


Energia nuclear
A energia nuclear é gerada pela fissão do núcleo de átomos, normalmente do elemento urânio,
em um reator. O princípio geral de funcionamento é similar ao de uma termelétrica, onde o calor
proveniente da fissão aquece a água de uma caldeira e produz vapor, que aciona uma turbina co-
nectada a um gerador.
Esse processo é, normalmente, realizado por três circuitos. No circuito primário, a água é aquecida
a uma temperatura de aproximadamente 320 °C, sob uma pressão de 157 atm (atmosferas). A seguir,
passa por tubulações ao gerador de vapor, onde a água do circuito secundário é vaporizada, sem
que haja contato físico entre os dois circuitos. O vapor gerado aciona uma turbina, que movimenta
o gerador e produz corrente elétrica.

OLHA1981/SHUTTERSTOCK
Torre de
REATOR Turbina resfriamento
Hastes de Sistema
gerador
controle
Linha de
vapor Transformador

Gerador Eletricidade Eletricidade

Bomba

Bomba

Água de resfriamento
Condensador

Esquema de funcionamento de uma usina de geração de energia nuclear.

A energia nuclear não polui a atmosfera, é considerada uma fonte de energia limpa e apresenta
um altíssimo rendimento energético. Uma pequena pastilha de urânio, com o tamanho de uma bala, é
capaz de produzir a mesma eletricidade que 22 caminhões-tanques de óleo diesel. Porém, não é uma
fonte renovável; além disso, gera o chamado lixo atômico, resíduo radioativo e perigoso que deve ser
armazenado por um longo período de tempo para que perca a atividade radioativa. Existe também
o risco de acidentes, que, apesar de serem bastante incomuns, podem gerar grandes vazamentos de
radioatividade, como em Chernobyl, na Ucrânia (1986), e em Fukushima, no Japão (2011).

Energia e—lica
A energia eólica é uma fonte de energia renovável e limpa, que utiliza o fluxo de ar dos ventos
para girar grandes pás que estão acopladas a geradores, que convertem a energia de movimento
(cinética) do ar em energia elétrica.
O Brasil tem grande potencial para geração de energia eólica, pois apresenta quantidade de ventos
duas vezes superior à média mundial, com volatilidade baixa (5%), ou seja, com pouca variação entre
as estações climáticas, o que permite uma previsão de produção ao longo do ano. A Eletrobrás estima
um potencial de geração de energia eólica de 143,5 mil MW no Brasil, o que permitiria abastecer
quase 900 mil casas simultaneamente.
Outra vantagem é que essa forma de produção de energia pode ser usada de maneira
complementar à energia hidráulica, uma vez que os ventos são mais intensos durante períodos
de estiagem, preservando-se a água dos reservatórios em períodos de poucas chuvas. Além do
alto custo de implantação, as principais desvantagens desse tipo de energia estão relacionadas

80 A eletricidade nossa de cada dia


à poluição sonora e ao impacto para as aves. A produção de ruídos constantes faz com que as
zonas residenciais devam estar a, no mínimo, 200 metros de distância. O choque das aves com
as pás da turbina pode gerar efeitos ainda desconhecidos sobre a modificação de seus compor-
tamentos habituais de migração.

VITORMARIGO/SHUTTERSTOCK
Usina eólica da Lagoa Uruaú,
em Morro Branco, litoral leste
do estado do Ceará, Brasil.

Como funciona uma turbina eólica

Lâminas (pás) TATYANATVK/SHUTTERSTOCK

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Engrenagem de transmissão
3m

12m
Controlador

Fios nos quais os


fluxos de eletricidade
são obtidos

Eletricidade é fornecida
pela turbina eólica Gerador

Freio
Controlador

Conversor Controle de
direção
Eletricidade é fornecida Mastro
para as casas

Esquema da estrutura de uma turbina


Acumulador de energia eólica. A energia gerada nos
geradores passará em seguida por um
inversor e será armazenada em baterias.

A eletricidade nossa de cada dia 81


Energia solar
É a energia não poluente e renovável obtida por meio de células fotovoltaicas constituída por
materiais semicondutores, como o silício, que convertem a energia radiante proveniente dos raios
solares em energia elétrica. O primeiro uso das células solares ocorreu na indústria espacial para ali-
mentar os satélites. Atualmente, já é possível instalar painéis solares para o uso residencial, nos telhados
das casas, pois o custo de implementação desse sistema, somente entre 2009 e 2016, caiu em 80%.
A geração de corrente elétrica pelos painéis solares ocorre quando os fótons (partículas de luz
solar) colidem com os átomos do material do painel solar, provocando, assim, o deslocamento dos
elétrons. Esse fluxo de elétrons cria uma corrente elétrica – a energia solar fotovoltaica.

Luz do sol
ALEJO MIRANDA/SHUTTERSTOCK

Eletrodo negativo

Esquema do corte
Corrente transversal de uma
elétrica célula fotovoltaica.
Os fótons excitam os
elétrons (negativos),
que se deslocam
e geram corrente
elétrica.
Eletrodo positivo

Além dos conhecidos painéis solares, existem também coletores cilíndricos associados a espelhos parabólicos, que concentram a energia
solar e aumentam a capacidade de captação de energia.

ARTISTICPHOTO/SHUTTERSTOCK
KUMMELEON/SHUTTESRTOCK

A primeira imagem é de
painéis solares em um
lago em Xangai, na China.
A segunda é de coletores
cilíndricos parabólicos no
complexo solar de 354
MW SEGS (Solar energy
generating systems) no
norte do condado de San
Bernardino, Califórnia, EUA.

82 A eletricidade nossa de cada dia


Energia marítima ou maremotriz
A dinâmica dos oceanos e mares também pode servir como fonte de energia. A energia gerada
pela água do mar pode ser obtida por meio da energia cinética das ondas ou pela diferença do nível
do mar entre as marés altas e baixas (energia potencial), chamada de energia maremotriz.
Essa forma de geração de energia tem como vantagem o fato de ser renovável, não poluente e
de ter um grande potencial de geração. O potencial de energia estimado das marés no mundo gira
em torno de 22 mil TWh (terawatt-hora) por ano, dos quais 200 TWh seriam aproveitáveis. Outra
vantagem é que as marés, assim como as correntes marítimas, são extremamente previsíveis, o que
permite saber quando e o quanto será possível produzir de energia elétrica, diferentemente de outras
fontes alternativas, como a solar e a eólica. Além disso, os custos de operação e de manutenção de
usinas maremotrizes são baixos. As desvantagens desse tipo de geração de energia são: alteração das
características naturais do local, com possíveis impactos negativos sobre a fauna e flora, e o custo
inicial para a implantação de uma usina, que ainda é bastante elevado.

Energia maremotriz

OLHA1981/SHUTTERSTOCK
Geração
de energia

Turbina

Retorno da Boias
água do mar

Água do mar

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Ondas

Esquema de funcionamento de uma usina de geração de energia elétrica pela energia maremotriz. As ondas elevam e abaixam boias que bombeiam água
através de uma turbina ligada a um gerador.
LAB212

Energia geotermal
Os sistemas de energia geotérmica aproveitam a energia Uma das formas de
que vem no interior da Terra, que pode ser obtida pelo calor gerar eletricidade
natural de rochas, água líquida quente ou vapores. O processo por meio da energia
de aproveitamento dessa energia é feito por meio de grandes geotérmica é
bombear água para o
perfurações no solo, visto que o calor do nosso planeta existe interior do solo ou de
numa parte abaixo da superfície da Terra, ou ainda por meio rochas naturalmente
das fontes termais naturais de água, como os gêiseres. Esse aquecidas pelo
método de obtenção de energia é usado na Califórnia (EUA) e calor do interior do
planeta (em azul).
na Islândia, por exemplo. A água retorna para
Trata-se de uma fonte de energia renovável e normalmente cima quente ou em
não poluente, exceto quando a água vinda do interior do solo traz estado de vapor (em
substâncias tóxicas, como o ácido sulfídrico (H2S), que devem ser vermelho) e é então
usada para acionar as
tratadas antes de serem descartadas. Esse tipo de fonte de energia turbinas que geram
vem sendo aproveitada atualmente para cozinhar, aquecer casas, eletricidade; depois,
edifícios, piscinas e ainda na produção de estufas para vegetais. é distribuída.

A eletricidade nossa de cada dia 83


Solar e eólica Carvão Matriz energŽtica
6,9% 4,1% Petróleo e
derivados Podemos perceber, de acordo com o gráfico a seguir, que, entre as fon-
2,5% tes de energia utilizadas para atender a demanda de energia da sociedade,
ainda predominam as formas poluentes e não renováveis na geração de
Biomassa energia elétrica no mundo. Entretanto, no Brasil, cerca de 65% da energia
8,2% Nuclear
Gás natural 2,6%
elétrica corresponde à energia limpa, devido à grande quantidade de rios
10,5% com potencial hidrelétrico, o
Petróleo e derivados 3,7% que é ótimo, pois além de apre-
sentarem menores custos de
operação, as usinas que geram
energia por fontes renováveis

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA – EPE


Gás natural
em geral emitem bem menos
Hidráulica
65,2% 23,1% gases de estufa.
Carvão
38,3% Cabe destacar que a ma-
triz energética é diferente da
matriz elétrica. Enquanto a
Nuclear matriz energética representa o
10,4%
conjunto de fontes de energia
Hidráulica
16,6% disponíveis para movimentar
os carros, preparar a comida
Solar, eólica, no fogão e gerar eletricidade, a
Matriz elétrica mundial em 2016 geométrica,
maré matriz elétrica é formada pelo
(à esquerda) e a matriz energética
brasileira em 2017 (à direita). 5,6% conjunto de fontes disponíveis
apenas para a geração de energia
Biomassa 2,3%
elétrica. Portanto, a matriz elétri-
MATRIZ elétrica mundial. Agência Internacional de Energia (IEA), 2018. Disponível em: https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica. Acesso em: 3 ago. 2020. ca é parte da matriz energética.

PARA AMPLIAR

Hidrelétricas se tornam insustentáveis, dependendo de onde forem construídas


Cientistas afirmam que governos precisam atualizar protocolos para considerar mudanças climáticas e local da obra, que podem tor-
nar a usina insustentável ambiental e economicamente
Dois estudos, um deles publicado pela revista americana Science e outro pela Universidade Estadual de Michigan (MSU),
colocam em xeque a sustentabilidade das hidrelétricas. Tida como fonte energética “renovável e limpa” por parte dos estudiosos,
as usinas construídas em barragens – como as do Brasil – começam a ser questionadas por uma parte dos cientistas especializados.
Os autores de ambos os estudos discutem como o setor hidrelétrico precisa não apenas se concentrar na produção de energia, mas
também incluir os impactos sociais e ambientais causados por barragens e reconhecer a insustentabilidade das práticas comuns
atuais. Eles afirmam que a insustentabilidade não é apenas ambiental, mas também econômica, já que muitas das usinas não en-
tregam o nível energético prometido.
Desde 2005, a Amazônia passou por três secas que quebraram todos os recordes históricos (e três anos de inundações extre-
mas). Com isso, a barragem de Belo Monte no Rio Xingu, concluída em 2016, produzirá menos do que o prometido: serão apenas
4,46 dos 11,23 GW que fora construída para gerar, devido a níveis de água insuficientes e à variabilidade climática.
A barragem de Jirau e a de Santo Antônio, na Amazônia brasileira, concluída há apenas cinco anos, por exemplo, deve
produzir apenas uma fração dos 3 GW que foram projetadas para cada uma produzir, devido à mudança climática e à pequena
capacidade de armazenamento de reservatórios a fio d’água.
— A questão que se coloca é: será que esse modelo é o que mais interessa do ponto de vista de custo benefício? Há estudos
do próprio governo brasileiro que mostram, falando de maneira bem simples, que não adianta aumentar o tamanho da banheira
se não tiver mais água para colocar nela — argumenta o geógrafo Brent Millikan, diretor da International Rivers, referindo-se ao
tamanho das barragens que formam os reservatórios de água para as usinas hidrelétricas. As represas impactam a ecologia dos
rios, danificam as florestas e a biodiversidade, liberam grandes quantidades de gases de efeito estufa e causam o deslocamento de
pessoas enquanto afetam os sistemas alimentares, a qualidade da água e a agricultura local. [...]
BLOWER, Ana Paula; BORGES. Helena. Hidrelétricas se tornam insustentáveis, dependendo de onde forem construídas. O Globo. Disponível em: https://oglobo.globo.com
/sociedade/ciencia/meio-ambiente/hidreletricas-se-tornam-insustentaveis-dependendode-onde-forem-construidas-23215004. Acesso em: 11 jun. 2019.
Orientações no Manual do Professor.

84 A eletricidade nossa de cada dia


PARA CONSTRUIR
1 O Brasil possui duas usinas nucleares, a Angra 1 e a Angra 2, que são responsáveis por gerar cerca de 2% da energia elétrica
produzida no país. Uma das vantagens desse tipo de produção de energia é a pequena área ocupada pela usina; porém, di-
H15 ferentemente das usinas de energia solar e eólica, ela pode causar sérios impactos ambientais. Considerando as informações
apresentadas, discuta vantagens e desvantagens da energia nuclear quando comparada à energia solar e eólica.
Resposta: uma vantagem da energia nuclear que pode ser citada é o alto rendimento na geração de energia. É possível gerar grande quantidade
de energia com pouco combustível. Além disso, a usina de energia nuclear apresenta um custo de implantação menor em comparação à
energia solar e eólica. Porém, é uma usina de alto risco, pois os impactos ambientais de um possível acidente são devastadores, e o armazenamento
dos resíduos gerados deve ser realizado de forma muito criteriosa durante um longo período. Além disso, essa é uma fonte não renovável.
2 Leia o texto abaixo e faça o que se pede.
H15 Biocombustíveis são derivados de biomassa renovável que podem substituir, parcial ou totalmente, combustíveis deri-
vados de petróleo e gás natural em motores a combustão ou em outro tipo de geração de energia. Os dois principais biocom-
H18
bustíveis líquidos usados no Brasil são o etanol obtido a partir de cana-de-açúcar e, em escala crescente, o biodiesel, que é
produzido a partir de óleos vegetais ou de gorduras animais e adicionado ao diesel de petróleo em proporções variáveis.
BIOCOMBUSTÍVEIS. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Disponível em: www.anp.gov.br/biocombustiveis#:~:text=
Biocombust%C3%ADveis%20s%C3%A3o%20derivados%20de%20biomassa,tipo%20de%20gera%C3%A7%C3%A3o%20de%20energia. Acesso em: 31 jul. 2020.

a) Apesar do uso de biocombustíveis envolver a combustão e, consequentemente, a liberação de CO2 na atmosfera, essa é uma
fonte de energia considerada limpa. Justifique essa afirmação.
Resposta: o termo "energia limpa" leva em consideração o caráter não poluente da fonte geradora de energia. Apesar da queima dos
biocombustíveis liberar CO2 na atmosfera terrestre, sua contribuição para o efeito estufa é consideravelmente menor do que as
fontes de energia derivadas do petróleo. Além disso, considerando que o gás carbônico liberado na combustão dos biocombustíveis foi
originalmente removido da atmosfera por meio da fotossíntese realizada pelas plantas, essas emissões não apresentam impacto adicional
na concentração de CO2 na atmosfera, contribuindo para a estabilização da concentração desse elemento.

b) Identifique as possíveis desvantagens do uso de biocombustíveis.


Resposta: espera-se que entre as desvantagens identificadas pelo aluno estejam a interferência nos ciclos de outros elementos
químicos, como o ciclo do nitrogênio; a necessidade de amplas áreas agricultáveis, o que pode intensificar o desmatamento pela

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


expansão da fronteira agrícola, levando à perda da diversidade biológica; a pressão sobre o preço dos alimentos, cuja produção pode
diminuir para dar lugar à produção de biomassa; e o elevado consumo de água para a manutenção do cultivo.

FAÇA VOCÊ MESMO


1 (Enem) A economia moderna depende da disponibilidade de d’água em rios cercados por mata, alegando-se que causaria
muita energia em diferentes formas, para funcionar e crescer. impacto ambiental muito menor que uma usina termelétri-
H18 ca. Entre os possíveis impactos da instalação de uma usina
No Brasil, o consumo total de energia pelas indústrias cresceu
mais de quatro vezes no período entre 1970 e 2005. Enquanto hidrelétrica nessa região, inclui-se:
os investimentos em energias limpas e renováveis, como solar
a) a poluição da água por metais da usina.
e eólica, ainda são incipientes; ao se avaliar a possibilidade de
instalação de usinas geradoras de energia elétrica, diversos b) a destruição do habitat de animais terrestres.
fatores devem ser levados em consideração, tais como os im- c) o aumento expressivo na liberação de CO2 para a atmosfera.
pactos causados ao ambiente e às populações locais.
d) o consumo não renovável de toda água que passa pelas
RICARDO, B.; CAMPANILI, M., Almanaque Brasil Socioambiental.
Instituto Socioambiental. São Paulo, 2007. (Adaptado). turbinas.
Em uma situação hipotética, optou-se por construir uma e) o aprofundamento no leito do rio, com a menor depo-
usina hidrelétrica em região que abrange diversas quedas sição de resíduos no trecho de rio anterior à represa.
Resposta: alternativa b.

A eletricidade nossa de cada dia 85


2 (Enem) Deseja-se instalar uma estação de geração de ener- pode se tornar uma alternativa interessante aos carros movidos à
gia elétrica em um município localizado no interior de um combustão, que geram altos níveis de poluição atmosférica.
H15
pequeno vale cercado de altas montanhas de difícil acesso.
A cidade é cruzada por um rio, que é fonte de água para
consumo, irrigação das lavouras de subsistência e pesca. Na
região, que possui pequena extensão territorial, a incidência
solar é alta o ano todo. A estação em questão irá abastecer
apenas o município apresentado. Qual forma de obtenção
de energia, entre as apresentadas, é a mais indicada para
ser implantada nesse município de modo a causar o menor
impacto ambiental?
a) Termoelétrica, pois é possível utilizar a água do rio no
4 Como vimos ao longo deste capítulo, a energia elétrica
sistema de refrigeração.
é fundamental para o desenvolvimento das sociedades
b) Eólica, pois a geografia do local é própria para a captação H15
atuais. Por meio de transformações físicas e químicas, ela
desse tipo de energia. é capaz de gerar luz, movimentar motores e fazer funcio-
H18
c) Nuclear, pois o modo de resfriamento de seus sistemas nar diversos equipamentos elétricos e eletrônicos que
não afetaria a população. utilizamos em nossas residências, como computadores,
geladeiras, micro-ondas, chuveiros etc. Além disso, também
d) Fotovoltaica, pois é possível aproveitar a energia solar
tratamos das vantagens e desvantagens inerentes aos di-
que chega à superfície do local.
ferentes processos de produção desse recurso. Avaliando
e) Hidrelétrica, pois o rio que corta o município é suficiente os contextos apresentados, argumente como a geração e
para abastecer a usina construída. o consumo de energia elétrica podem se desenvolver de
Resposta: alternativa d.
forma sustentável.
3 Leia o texto abaixo e faça o que se pede.
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos discutam que
H15
Até o fim do ano deve estar pronto o primeiro a produção de energia mundial ainda prioriza energias não
carro elétrico nacional com células a combustível, que renováveis com recursos esgotáveis e não limpos, como o
adota o hidrogênio como fonte de energia. A tecnolo- petróleo, o carvão mineral e fontes nucleares. E que um dos
gia não emite poluentes – o único subproduto obtido
grandes desafios para o futuro é universalizar o acesso à energia
com o uso de hidrogênio é vapor d’água – e permite
elétrica de modo limpo, sem agredir o meio ambiente, porque
reduzir a dependência por combustíveis fósseis vindos
de fontes não renováveis, como o petróleo. Desenvol- isso atinge toda a sociedade, ao mesmo tempo em que gera
vido na Universidade Estadual de Campinas (Uni- impactos na natureza e sobre os demais seres vivos. Como
camp), o protótipo, batizado de Vega II, deve ser ex- exemplo desses impactos, temos o aumento do efeito estufa, o
posto em agosto no Salão de Inovação Tecnológica, aquecimento global, a formação da chuva ácida, que contamina
em São Paulo.
a água e o solo, e a diminuição da camada de ozônio, que pode
MELO, Adriana. O primeiro carro nacional movido a
célula de combustível. Ci•ncia Hoje On-line. Disponível em: aumentar os índices de câncer na pele, devido à maior
http://cienciahoje.org.br/o-primeiro-carro-nacional-movido-
incidência da radiação UV. Assim, as energias renováveis se
a-celula-de-combustivel/. Acesso em: 3 ago. 2020.
tornaram uma alternativa para o desenvolvimento sustentável,
mantendo o desenvolvimento econômico e possibilitando a
Pesquise e compare os aspectos econômicos e ambientais
da utilização dos carros movidos à célula de combustível proteção ambiental.

em relação aos automóveis à combustão.


Resposta: espera-se que o aluno destaque informações referentes
à não emissão de poluentes, dos carros movidos à célula de
combustível, à maior eficiência e à necessidade de grande
investimento para o desenvolvimento de armazenadores de
hidrogênio. Atualmente, ainda não é viável uma ampla utilização
desse tipo de combustível em automóveis, porém, no futuro

86 A eletricidade nossa de cada dia


VOCÊ É O AUTOR
Energia: impactos e alternativas
Entenda o atual cenário do mercado brasileiro de energia
A matriz energética brasileira tem uma fonte principal de geração, que é a hidrelétrica. De acor-
do com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), atualmente, mais de 60% do total da energia
consumida no Brasil vêm de usinas hidrelétricas.

Usinas hidrelétricas (UHEs) em operação no País – Setembro de 2003

ANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


N

O L

S
0 2 600 km

Fonte: Elaborado com base em dados da AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL.
Banco de Informações de Geração – BIG. 2003. Disponível em: www.aneel.gov.br/15.htm.

Usinas hidrelétricas em operação no Brasil.

Apesar de ser uma fonte limpa de geração de energia, baseada no recurso hídrico,
essas usinas trazem prejuízos específicos para o meio ambiente. [...]
Para reduzir a dependência brasileira deste tipo de geração, é imprescindível que os
investimentos em outras fontes sustentáveis e renováveis sejam ampliados no país.
Hoje, o mercado brasileiro de energia também conta com usinas eólicas, solares, ter-
melétricas e nucleares. A principal fonte geradora de energia elétrica no país é a Usina de
Itaipu, localizada no Rio Paraná.

A eletricidade nossa de cada dia 87


Com a sexta energia mais cara do mundo, o Brasil necessita de alternativas para gerar e distribuir eletricidade para sua
população. Como o país tem dimensões continentais, o desafio é grande!
A expectativa dos especialistas do mercado brasileiro de energia é que, até o ano de 2030, a participação das hidrelé-
tricas na matriz energética brasileira caia para algo em torno de 44%, abrindo espaço para as novas fontes de energia, com
soluções sustentáveis, limpas e renováveis.
BORNE Engenharia. Entenda o atual cenário do mercado brasileiro de energia. Gazeta do Povo. Disponível em: www.gazetadopovo.com.br/
conteudo-publicitario/borne-engenharia/entenda-o-atual-cenario-do-mercado-brasileiro-de-energia. Acesso em: 31 jul. 2020.

O Brasil é um país de escalas continentais, e, por isso, existem diferenças consideráveis nas matrizes energéticas dos estados
brasileiros. Faça uma pesquisa e identifique a composição da matriz energética do estado onde você mora. De posse dessas
informações, produza com a ferramenta Canvas um plano de negócios sugerindo uma nova forma de produção de energia
elétrica que seja limpa, sustentável e economicamente viável. Em seguida, apresente sua proposta para governantes e investi-
dores, representados pelos professores e colegas de turma, para conseguir recursos para a implementação dessa nova planta
de produção de energia elétrica tão essencial nas diferentes atividades do dia a dia. Nessa produção, é importante relacionar
as vantagens e desvantagens e as informações de fatores ambientais, econômicos e sociais, fazendo um comparativo entre a
forma com que a energia elétrica é produzida atualmente e como ela ocorrerá com a nova proposta.

Orientações no Manual do Professor.

88 A eletricidade nossa de cada dia


CIÊNCIAS DA NATUREZA E
SUAS TECNOLOGIAS

4
MANUAL DO PROFESSOR

ensino médio
H15 – Comparar propostas de intervenção ambiental aplicando

EIXO conhecimentos científicos e tecnológicos, observando os riscos e


benefícios de sua implementação.
H18 – Identificar situações de risco ambiental na cidade onde
A ELETRICIDADE NOSSA reside.
DE CADA DIA H24 – Descrever as propriedades físicas, químicas e/ou biológicas
dos materiais relacionando-os às finalidades as quais se destinam.
H28 – Reconhecer e utilizar nomenclatura e códigos científicos e
tecnológicos para caracterizar materiais, substâncias e processos.
Na maioria dos currículos propostos para o Ensino Médio, os temas
de eletricidade são exclusivos do 3o ano. Nossa opção, inserindo esse
tema no 1o ano, foi subsidiar os alunos que seguirão por itinerários
formativos relacionados a energia e eletrotécnica. Para desenvolver as
1 A HISTÓRIA DA ELETRICIDADE
competências e habilidades, relacionando-as aos fenômenos elétricos,
optou-se por uma abordagem mais histórica. Vamos iniciar com as Competências
“brincadeiras eletrostáticas”, que no século XVIII eram utilizadas como
entretenimento para os membros da corte francesa, para destacar a C1 – Compreender as Ciências da Natureza e suas tecnologias
relação entre os dois tipos de força (atração e repulsão) com a exis- como construções humanas associadas à cultura dos povos e
tência de dois tipos de cargas elétricas diferentes. Os processos de suas visões de mundo.
eletrização serão trabalhados de forma experimental e, em seguida, C2 – Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas
os objetos de conhecimento relacionados aos circuitos elétricos sim- procedimentais das Ciências da Natureza na explicação de
ples, como as grandezas e suas medidas e as utilizações de diferentes fenômenos cotidianos, bem como dominar processos e práticas
da investigação científica.
tipos de circuitos elétricos. A geração de energia elétrica também será
explorada neste eixo. Habilidades

Competências H1 – Interpretar informações apresentadas nas diferentes linguagens


usadas nas Ciências da Natureza como texto, gráficos, tabelas,
C1 – Compreender as Ciências da Natureza e suas tecnologias relações matemáticas, diagramas e representação simbólica.
como construções humanas associadas à cultura dos povos e H2 – Comparar interpretações científicas e baseadas no senso
suas visões de mundo. comum ao longo do tempo e em diferentes culturas.
C2 – Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas
H6 – Compreender os conceitos relacionados à Física em seus
procedimentais das Ciências da Natureza na explicação de
diferentes ramos: Astronomia, Mecânica, Acústica, Óptica,
fenômenos cotidianos, bem como dominar processos e práticas
Termologia, Calorimetria, Ondulatória, Eletricidade, Magnetismo e
da investigação científica.
C3 – Determinar os impactos das ações humanas nos Física Moderna e Nuclear.
ambientes, identificando suas causas e propondo soluções para H11 – Empregar procedimentos e práticas de observação,
a sua redução. levantamento de hipótese, experimentação, coleta de dados e
C5 – Determinar as características das tecnologias associadas conclusões para resolução de problemas relacionados às Ciências
às Ciências da Natureza aplicadas em diferentes serviços da Natureza.
ou contextos produtivos: indústria, manufatura, agricultura, H12 – Relacionar informações para construir modelos em ciência
agroindústria, extrativismo. e tecnologia.
Habilidades Habilidade complementar
H1 – Interpretar informações apresentadas nas diferentes
H4 – Identificar, em textos, diagramas, gráficos, imagens e tabelas,
linguagens usadas nas Ciências da Natureza, como texto,
informações relevantes para compreender um fenômeno ou
gráficos, tabelas, relações matemáticas, diagramas e
conceito relacionado às Ciências da Natureza.
representação simbólica.
H2 – Comparar interpretações científicas e baseadas no senso
comum ao longo do tempo e em diferentes culturas.
H6 – Compreender os conceitos relacionados à Física em seus Objetos de conhecimento
diferentes ramos: Astronomia, Mecânica, Acústica, Óptica,
Termologia, Calorimetria, Ondulatória, Eletricidade, Magnetismo
▶ Cargas elétricas.
e Física Moderna e Nuclear. ▶ História da descoberta da atração e repulsão – forças eletrostáticas.
H11 – Empregar procedimentos e práticas de observação,
levantamento de hipótese, experimentação, coleta de dados ▶ Lei de Coulomb.
e conclusões para resolução de problemas relacionados às ▶ História da criação de alguns instrumentos eletrostáticos.
Ciências da Natureza.
H12 – Relacionar informações para construir modelos em ciência ▶ História e formas de eletrização e importância do aterramento.
e tecnologia. ▶ Campo elétrico e blindagem eletrostática.

2 Manual do Professor
Objetivos específicos que solicite aos alunos que comparem a força gravitacional e a elétrica,
apontando as semelhanças e as diferenças entre elas. Oriente os alunos
▶ Distinguir cargas elétricas positivas de negativas.
a analisar o gráfico que apresenta a relação entre a força e a distância
▶ Enunciar a Lei de Coulomb. entre as cargas. Por meio da fórmula matemática e do gráfico na lousa
▶ Reconhecer a força eletrostática. ou no projetor, faça extrapolações em relação à distância das cargas
– bem perto e bem longe – e peça para os alunos interpretarem o
▶ Debater a construção histórica da eletrostática.
que ocorre no gráfico.
▶ Explicar a importância do aterramento num processo de eletrização.
▶ Para ampliar – página 24
▶ Analisar qualitativa e quantitativamente um campo elétrico.
Ao realizar a leitura desse boxe com os estudantes, sugerimos que
▶ Explicar como se dá uma blindagem eletrostática. destaque as informações dos últimos quatro parágrafos, em que o autor
comenta sobre alguns efeitos e acontecimentos, como a própria eletri-
ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES zação da abelha e das flores, e a mudança do potencial da flor depois
de a abelha passar. Proponha uma discussão com intuito de elaborar
▶ Experimentando – página 10 hipóteses para explicar as vantagens associadas às características das
Os experimentos são de desenvolvimento simples e em que se evi- flores e abelhas descritas. Sugerimos que durante a discussão levante
dencia a existência da carga elétrica. Para muitas situações, na indústria algumas questões, como, por exemplo, “Por que é boa para as plantas
da tecnologia, é necessário conhecer em detalhes o comportamento da (também para as abelhas, em uma próxima pergunta) a existência
carga elétrica dentro de determinado sistema para se obter o produto de tais fenômenos elétricos?”. A primeira vantagem está associada à
desejado, como é o caso do desenvolvimento de um chip eletrônico, força de atração entre os dois, que facilita seu encontro; outro fator
no qual o conhecimento preciso do comportamento das cargas elé- interessante é que, ao pousar na planta, seu potencial muda, o que
tricas nas trilhas que o compõem é de extrema importância. Ouça as pode funcionar como sinal e desestimular outras abelhas a pousar
hipóteses propostas pelos estudantes sobre como adequar cada um na mesma planta; dessa forma, ela pode repor o pólen. Além disso,
dos experimentos e direcione a discussão no sentido de se rastrear como mencionado, as abelhas parecem apresentar vantagens na
as cargas elétricas. Depois discuta com os grupos sobre os resultados diferenciação de cores na presença desses campos, o que pode ser
questionando quais foram as diferenças observadas entre o que foi também uma vantagem para as plantas mais coloridas. Finalmente,
previsto e o resultado, qual seria uma possível explicação para essas esse fenômeno possibilita que as abelhas memorizem onde buscar o
diferenças e quais as dificuldades encontradas para testar suas hipóteses. pólen quando necessário, o que também é benéfico para as plantas,
que serão polinizadas com maior frequência.
▶ Para ampliar – página 13 Espera-se que tal exercício auxilie os estudantes no entendimen-
Explore os conceitos físicos relacionados à ocorrência de um choque to de textos científicos, abstraindo informações de forma crítica e
comparando-as com conceitos já estabelecidos. É importante ressaltar,

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


elétrico nas principais situações do cotidiano, como, por exemplo, ao
ligar e desligar um chuveiro. Pode ser interessante questionar os alunos porém, que tais exercícios, embora muito válidos e necessários para uma
sobre situações em suas vidas nas quais levaram ou viram um choque. alfabetização científica, incluem o levantamento de hipóteses que nem
Explore alguns procedimentos para evitar tais situações, como não sempre representarão fielmente o comportamento real na natureza,
manusear aparelhos elétricos energizados, principalmente se estiver sendo sempre necessário compará-las com resultados experimentais.
molhado, desligar disjuntores para trocar lâmpadas ou mexer na fiação,
▶ Você é o autor – páginas 28 e 29
realizar fiscalizações periódicas na fiação da residência e, sempre que
necessário, realizar reparos, além de não soltar pipas perto da fiação Essa seção amplia de forma importante a discussão sobre as con-
elétrica. Proponha uma discussão com a classe explorando práticas sequências da poluição do ar. É importante que os alunos reconheçam
que devem ser evitadas, esclarecendo o funcionamento de cada fenômenos como a diminuição da camada de ozônio, o aquecimento
método de proteção. global e a chuva ácida como consequências da poluição atmosférica
causada por ações antrópicas. A associação desses fatores com a saú-
▶ Para ampliar – página 17 de humana também é bastante relevante, uma vez que eles podem
Como forma de ampliar o conhecimento do estudante sobre o acarretar maior incidência de doenças respiratórias e até mesmo de
fenômeno da eletrização, sugerimos que proponha, como atividade câncer de pulmão e de pele. Esse assunto deve ser desenvolvido em
para casa, a construção de um eletroscópio de forma individual ou associação ao conteúdo do capítulo, de forma que a compreensão
coletiva, em grupos, para que os alunos possam reconhecer a existência do processo de funcionamento dos filtros eletrostáticos, que é parte
de cargas elétricas. Depois, peça que tragam o equipamento para a essencial da atividade, seja abordada na apresentação da reunião.
escola e expliquem o seu funcionamento. Estabeleça uma data para a entrega do produto e verifique a pos-
sibilidade de disponibilizar as apresentações no Prezi para os demais
▶ Sugestões didáticas – páginas 20 a 22 alunos da escola e promover uma sessão de reuniões de avaliação
Retome o conteúdo sobre a Lei da Gravitação, abordado no pri- dos projetos do tipo licitação, como se seus participantes fossem os
meiro bimestre. À medida que o assunto for desenvolvido, sugerimos investidores e governantes.

A eletricidade nossa de cada dia 3


▶ Interpretar um experimento e levantar hipóteses.
2 ELETRODINÂMICA ▶ Explicar a importância de um fusível e de um disjuntor em um
circuito e diferenciar o uso dos dois dispositivos.
Competência ▶ Identificar a função de um capacitor em um circuito elétrico.
C2 – Aplicar os conceitos fundamentais e estruturas ▶ Identificar a função de um diodo em um circuito elétrico.
procedimentais das Ciências da Natureza na explicação de
fenômenos cotidianos, bem como dominar processos e práticas
▶ Reconhecer o comportamento da eletricidade no corpo humano.
da investigação científica.

Habilidades ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES


H6 – Compreender os conceitos relacionados à Física em seus ▶ Sugestões didáticas – página 31
diferentes ramos: Astronomia, Mecânica, Acústica, Óptica,
Termologia, Calorimetria, Ondulatória, Eletricidade, Magnetismo e Inicie o capítulo fazendo um levantamento dos conhecimentos
Física Moderna e Nuclear. prévios dos alunos acerca dos assuntos que serão desenvolvidos.
H11 – Empregar procedimentos e práticas de observação, Como são temas comuns no cotidiano, é provável que eles tragam
levantamento de hipótese, experimentação, coleta de dados e muitas informações e muitas dúvidas. É importante reconhecer os
conclusões para resolução de problemas relacionados às Ciências conhecimentos e a percepção baseados no senso comum, que podem
da Natureza.
não estar conceitualmente corretos. Anote tudo o que você julgar
H12 – Relacionar informações para construir modelos em ciência
e tecnologia. importante para que seja abordado ao longo do desenvolvimento do
capítulo. Caso seja possível, realize as aulas numa sala ou laboratório
Habilidades complementares que apresente equipamentos elétricos como voltímetros, amperíme-
H4 – Identificar, em textos, diagramas, gráficos, imagens e tabelas, tros, ohmímetros ou multímetros. Para iniciar a discussão, apresente
informações relevantes para compreender um fenômeno ou um vídeo que envolva os fenômenos em que existem cargas elétricas
conceito relacionado às Ciências da Natureza. em movimento. Notícias sobre rompimento de fios da rede elétrica
H24 – Descrever as propriedades físicas, químicas e/ou biológicas e acidentes com raios também podem ser excelentes motivadores
dos materiais relacionando-os às finalidades às quais se destinam. para a discussão inicial e para servir de disparador de pesquisas e
H32 – Identificar e interpretar grandezas e unidades de medidas
elétricas. desenvolvimento dos conceitos e habilidades relacionadas ao eixo.
H33 – Identificar o funcionamento de circuitos eletroeletrônicos.
▶ Para ampliar – página 36
Após a leitura do texto, proponha a elaboração de um projeto
Objetos de conhecimento elétrico simples para uma residência. Não é necessário seguir o rigor e
▶ Diferença de potencial. especificidade técnicos, pois o intuito é promover a reflexão sobre os
▶ Corrente elétrica. circuitos elétricos, sedimentando os conhecimentos adquiridos até o
momento. Sugerimos que a atividade seja elaborada pensando-se em
▶ Circuitos elétricos. uma casa com dois ou três cômodos, com uma lâmpada por cômodo
▶ Resistores. e a quantidade de tomadas que julgar necessária. É importante definir
▶ 1a lei de Ohm. os aparelhos elétricos que seriam usados e, com base em sua potência
▶ 2a lei de Ohm. média, estimar a corrente se todos estiverem ligados simultaneamente.
Ampliando um pouco a proposta, sugerimos que peça ao aluno que
▶ Associação de resistores.
estime a corrente de desarme de um disjuntor (ou outro aparelho
▶ Fusíveis. de proteção).
▶ Disjuntores.
▶ Experimentando – página 42
▶ Capacitores.
Ao desenvolver esse boxe, proponha que os relatórios sejam
▶ Diodos.
elaborados em grupo. Essa etapa é importante para que os alunos
▶ A eletricidade e o corpo humano. desenvolvam a habilidade de escrita científica, voltada para o registro
de atividades experimentais. Em relação às hipóteses, é possível que
Objetivos específicos os resultados indiquem a seguinte ordem de resistência: fio de cobre
▶ Identificar a ddp de um circuito elétrico. de 6 mm2 e 50 cm; fio de cobre de 6 mm2 e 4,5 m; fio de cobre de
1,5 mm2 e 50 cm; fio de cobre de 1,5 mm2 e 4,5 m; grafite 2 mm2; e
▶ Calcular a corrente elétrica em um circuito elétrico. grafite 0,5 mm2. Portanto, o cobre apresenta menor resistência elétrica
▶ Comparar os resistores de um circuito elétrico em função da sua em comparação com o grafite; podemos concluir que se trata de um
resistência e da sua disposição no circuito. material com maior condutibilidade elétrica.

4 Manual do Professor
▶ Para ampliar – página 43 Hoje, dos 36 estados que adotam a pena de morte nos
Professor, por meio do texto, é possível explorar diferentes formas EUA [...], apenas nove deles conservam a cadeira como uma
de gerar energia elétrica, como a energia solar, a hidrelétrica, a terme- das opções do condenado.
létrica, a energia eólica e a energia nuclear. Sugerimos que proponha De uso cada vez mais raro, o aparato, ainda assim, tem um
uma pesquisa em grupo com apresentação coletiva para compartilha- currículo macabro de quase 4 500 presos eletrocutados nos EUA
mento das descobertas e curiosidades. Complementarmente, realize desde a sua introdução.
a leitura do texto com os estudantes e peça que eles identifiquem Trono letal
os termos que foram estudados até então. Após a leitura, volte aos Aparato gera corrente de eletricidade que destrói órgãos
itens identificados e retome os conceitos e aplicações no sistema vitais e aniquila o condenado.
de fornecimento de energia elétrica para as residências, de forma a Esponja que assa
consolidá-los por meio da ressignificação. Uma esponja embebida em solução de água com sal é
▶ Experimentando – página 50 colocada entre o primeiro eletrodo e a cabeça do condenado.
A solução salina conduz bem a eletricidade, facilitando a passa-
Este experimento tem como objetivo principal ilustrar o papel gem de corrente para o cérebro. Sem a esponja, a cabeça pode
dos resistores num circuito elétrico e a forma como eles podem ser até pegar fogo!
arranjados dentro do circuito, considerando que seu comportamento
Equipamento de pró-tensão
muda de acordo com o arranjo realizado. Os dois tipos de arranjo
O capacete de metal abriga um eletrodo, também de me-
possíveis com dois resistores, em série e em paralelo, serão ilustrados
tal. É por esse eletrodo que a corrente vinda do gerador entra
e comparados neste experimento.
pelo corpo. O capacete é revestido internamente de lã, para
Quando o arranjo é feito em paralelo, a tensão (ou diferença de evitar que o metal entre em contato com a pele, queimando-a
potencial elétrico) entre os terminais das resistências será a mesma, e grudando na cabeça.
mas a corrente elétrica que percorre o circuito é dividida entre as resis-
tências, de forma que a corrente elétrica total é a soma das correntes Tapa-sangue
que passam pelos resistores. Já na associação em série, a corrente Um capuz cobre a cabeça do condenado para evitar que as
entre os terminais das resistências será a mesma, mas a tensão sobre o testemunhas vejam sua agonia. Com o choque, os músculos do
rosto se contraem e os olhos podem até saltar das órbitas. Além
circuito é dividida entre as resistências, de forma que a tensão total é a
disso, é comum ocorrer sangramento dos olhos, ouvidos e narinas.
soma das tensões em cada resistor. Após a realização do experimento,
espera-se que o estudante compreenda que a intensidade luminosa é Usina da morte
diferente nos dois tipos de associação e que as lâmpadas brilham mais Os geradores operam em ciclos de choques com tempos e
na associação em paralelo do que na associação em série. voltagens diferentes. Em geral, o condenado recebe uma descarga
de 2 300 volts por oito segundos, outra de 1 000 volts por 22 se-
▶ Para ampliar – página 55 gundos e, por fim, uma de 2 300 volts por mais oito segundos.

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


Verifique a possibilidade de propor aos alunos a leitura do livro,
ou então uma pesquisa sobre a história. Promova uma discussão, Cinta-e-liga
pontuando como a eletricidade é vista pelos personagens, de modo Feitas de couro ou de náilon, as cintas prendem o peito,
a compreender o conhecimento e as expectativas que esse fenômeno os pulsos e os tornozelos. Elas são apertadas bem firmemente
trazia para a época. Estimule a realização de comparações com a visão para manter o condenado imobilizado, pois o corpo chacoalha
violentamente durante a eletrocução.
moderna e, se achar conveniente, proponha a elaboração de uma
dissertação, comparando as visões moderna e antiga. Assento isolante
Firmemente presa ao chão, a cadeira, em si, é um objeto
▶ Texto complementar – página 55 simples, mas com um detalhe importante: é feita de madeira,
para não conduzir eletricidade de forma difusa. O chão em
Como funciona a cadeira elétrica? torno do assento é revestido de borracha, também para não
Por meio de uma violenta corrente elétrica que atravessa o conduzir corrente.
corpo do condenado, arruinando órgãos vitais como o cérebro e Curto-circuito
o coração. Quando surgiu, em 1890, nos Estados Unidos, ela foi Outro fio do gerador liga-se a um segundo eletrodo – como
apresentada como um sistema moderno e eficaz para substituir o da cabeça –, que é preso em uma das pernas. Assim, fecha-se o
métodos de execução considerados pouco civilizados, como o circuito entre os dois eletrodos, com o corpo funcionando como
enforcamento, em que a pessoa agonizava por muito tempo antes condutor entre eles.
de morrer. A questão é que a solução elétrica também não era
Vestido para morrer
imune a cenas de horror, como a de condenados literalmente
Como o criminoso é preparado para a execução.
fritando durante o procedimento – tudo isso diante de testemu-
nhas, muitas das quais desmaiavam, vomitavam ou deixavam a Depilação preventiva
sala de execução em pânico. Foi por essas e outras que, a partir Raspa-se um círculo de 8 centímetros no cocuruto do sujeito,
de 1978, com o surgimento da injeção letal, considerada mais para evitar que os cabelos peguem fogo. Pela mesma razão, são
“humana”, o uso da cadeira começou a declinar. raspados os pelos da região da perna em contato com o eletrodo.

A eletricidade nossa de cada dia 5


Em fraldas Habilidades
Durante a eletrocução, a pessoa perde o controle das funções
fisiológicas, ou seja, urina e defeca involuntariamente. Para evitar H15 – propostas de intervenção ambiental aplicando
o espetáculo grotesco, ela é vestida com uma fralda sob as calças. conhecimentos científicos e tecnológicos, observando os riscos e
benefícios de sua implementação.
Exibição final
H18 – Identificar situações de risco ambiental na cidade
Tudo pronto, leva-se o condenado à sala de execução.
onde reside.
Diante das testemunhas, ele diz algo, como o próprio nome, H24 – Descrever as propriedades físicas, químicas e/ou biológicas
só para provar que está vivo. Ele então é preso à cadeira – e dos materiais relacionando-os às finalidades às quais se destinam.
inicia-se a eletrocução. H28 – Reconhecer e utilizar nomenclatura e códigos científicos e
Falência múltipla de órgãos tecnológicos para caracterizar materiais, substâncias e processos.
A morte ocorre por um conjunto de fatores. Como a cor- Habilidades complementares
rente entra pela cabeça, a primeira região atingida é o cérebro.
A descarga inicial, de altíssima voltagem, paralisa o órgão, “apa- H4 – Identificar, em textos, diagramas, gráficos, imagens e tabelas,
gando” o condenado. informações relevantes para compreender um fenômeno ou
conceito relacionado às Ciências da Natureza.
Com cerca de 10 mA (miliampere), um choque já provoca
H6 – Compreender os conceitos relacionados à Física em seus
dor. O primeiro baque da cadeira é mil vezes maior que isso! diferentes ramos: Astronomia, Mecânica, Acústica, Óptica,
O coração para ou, no mínimo, ocorre intensa arritmia. Termologia, Calorimetria, Ondulatória, Eletricidade, Magnetismo e
Nas descargas seguintes, a parada cardíaca é certa. O calor ge- Física Moderna e Nuclear.
rado pela corrente elétrica literalmente frita os órgãos internos, H31 – Identificar características elétricas de materiais,
como pulmões, estômago e intestinos. Já chegaram a ocorrer componentes, instrumentos e equipamentos.
casos de o corpo pegar fogo!
FUJITA, L.; MIRANDA, F. Como funciona a cadeira elétrica?
Superinteressante. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-
Objetos de conhecimento
estranho/como-funciona-a-cadeira-eletrica/. Acesso em: 5 ago. 2020.
▶ Indução eletromagnética, princípio do gerador.
▶ Funcionamento de um eletroímã.
Solicite aos alunos que realizem a leitura do texto e, em seguida,
discuta os efeitos da corrente elétrica causados por esse tipo de exe- ▶ Funcionamento de motores elétricos.
cução. Levante uma discussão sobre questões de ética e se esse tipo ▶ Consumo de energia elétrica residencial e transformações da
de execução causa mais ou menos sofrimento que outros tipos. Pode energia elétrica em nossas casas.
ser discutido também o motivo da execução com uso de cadeiras ▶ Conta de energia elétrica.
elétricas não ser utilizado atualmente.
▶ Relação entre energia elétrica e energia solar.
▶ Você é o autor – página 59 ▶ Balanço energético mundial.
Espera-se que a elaboração de um roteiro e a produção dos vídeos ▶ Sustentabilidade – formas de obtenção de energia.
leve os alunos a ampliar seus conhecimentos acerca do tema, compreen-
dendo os aspectos éticos, econômicos e culturais envolvidos. Sugerimos Objetivos específicos
que os vídeos sejam apresentados para as demais equipes, de forma a
estimular uma discussão sobre os possíveis diferentes pontos de vista ▶ Descrever o fenômeno da indução magnética.
abordados, estimulando o desenvolvimento de um pensamento crítico. ▶ Construir e compreender o funcionamento de um motor elétrico.
Os vídeos também podem ser compartilhados nas mídias sociais da ▶ Estimar o consumo dos eletrodomésticos.
instituição, levando o tema discutido à toda a comunidade escolar.
▶ Analisar uma conta de energia elétrica.
▶ Reconhecer as principais formas de obtenção de energia, iden-
tificando pontos positivos e negativos em cada forma.
3 GERAÇÃO E CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA
ORIENTAÇÕES E RESOLUÇÕES
Competências
▶ Sugestões didáticas – página 61
C3 – Determinar os impactos das ações humanas nos ambientes,
identificando suas causas e propondo soluções para a sua redução.
No site a seguir é possível encontrar inúmeras videoaulas de pro-
C5 – Determinar as características das tecnologias associadas fessores da Universidade de São Paulo explicando os diversos aspectos
às Ciências da Natureza aplicadas em diferentes serviços do eletromagnetismo. Disponível em: http://eaulas.usp.br/portal/video.
ou contextos produtivos: indústria, manufatura, agricultura, action?idItem=5796. Acesso em: 5 ago. 2020. Com base no que foi
agroindústria, extrativismo. observado no experimento, apresente o que Faraday estudou dentro
do contexto histórico.

6 Manual do Professor
▶ Experimentando – página 61 estudantes, de forma que eles possam compreender a aplicação do
Esse experimento é proposto como uma ferramenta para iniciar princípio fundamental do eletromagnetismo.
o conceito de eletroímã, portanto, promova uma discussão sobre as
▶ Para ampliar – página 71
observações e concepções desenvolvidas pelos estudantes com o
experimento, e direcione a discussão de forma a introduzir o assunto Professor, após a leitura desse texto, sugerimos que retome a
abordado neste capítulo. Ao desenvolver o experimento espera-se discussão sobre o custo da energia elétrica e enfatize a importância
que os alunos observem que a agulha da bússola muda de direção e do uso consciente desse recurso energético. Para ampliar a discussão,
que os clipes são atraídos pelo dispositivo montado, e a partir disso, estimule os estudantes a refletir sobre os equipamentos mais utilizados
concluam que o procedimento realizado levou à formação de um no período de chuva e estiagem da sua região, e discuta quais medidas
campo eletromagnético ao redor do dispositivo, de forma que a agulha podem ser adotadas para minimizar o consumo de energia elétrica
da bússola muda de direção e os clipes são atraídos. nesses diferentes períodos, de forma a colaborar com a diminuição
do gasto de energia em suas residências.
▶ Experimentando – página 63
Ao desenvolver o experimento, espera-se que, ao movimentar o ímã, ▶ Para construir – página 72
o amperímetro indique a presença de uma corrente elétrica, de forma Ao desenvolver essa atividade, será necessário que os alunos te-
que, quanto maior a velocidade, maior será a variação da sua intensidade. nham acesso à internet para pesquisar em sites de busca as informações
No aro de cobre existem elétrons livres que são facilmente des- da tabela comparativa.
locáveis. Ao aproximar o ímã do aro, esses elétrons são submetidos a) Espera-se que os alunos percebam que o chuveiro é o principal
ao campo magnético do ímã, de forma que a movimentação do ímã responsável pelo consumo de energia. O refrigerador, o ferro
promove também a variação do campo magnético. Essa variação de passar roupas e o aquecedor também consomem bastante
promove o deslocamento dos elétrons, gerando assim uma corrente energia elétrica, de acordo com a forma como são usados.
elétrica cuja intensidade é indicada pelo amperímetro. Para ampliar o
desenvolvimento desse experimento, sugerimos que utilize o simula- b) Espera-se que os alunos concluam que carregadores de celular,
dor on-line PhET da Universidade de Colorado Boulder, disponível em aparelhos de som e fogões a gás consomem pouca energia.
português no link: https://phet.colorado.edu/sims/html/faradays-law/ c) Espera-se que os alunos concluam que é necessário tomar
latest/faradays-law_pt_BR.html (acesso em: 5 jun. 2020). Esse simulador banhos mais curtos, com o ajuste de temperatura adequado
apresenta um aro de fio condutor, associado a um voltímetro e contendo à estação do ano; evitar abrir e fechar a porta da geladeira com
uma lâmpada no circuito, o que permite visualizar a existência de uma muita frequência; usar o aquecedor de ar com moderação;
corrente capaz de acender a lâmpada com a movimentação do ímã. Ao
entre outros.
realizar o experimento ou utilizar o simulador, discuta com os alunos
sobre o fenômeno que está sendo observado. Conduza a reflexão para Destaque algumas observações importantes ao desenvolver essa
que eles sejam capazes de associar o ímã à presença de um campo atividade. A maioria das transformações é acompanhada por transfor-

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS


magnético, de forma que a movimentação crie variações no campo. mações secundárias. Por exemplo, as lâmpadas transformam energia
elétrica em energia luminosa. Entretanto, elas esquentam, ou seja, elas
▶ Para ampliar – página 64 também transformam a energia elétrica em energia térmica, mesmo
O texto deve ser utilizado para promover uma contextualização que em menor quantidade. Nessa situação ocorre também, em menor
do assunto que será abordado, campo magnético e eletroímã. Assim, escala, a transformação de energia elétrica em energia sonora. Se você
sugerimos que faça a leitura do texto com os alunos, destacando se aproximar de uma lâmpada, perceberá um som bastante baixo.
os conceitos estudados que também são abordados, sobretudo Porém, sinalizamos, na atividade, somente a transformação principal.
na perspectiva de como o campo magnético é gerado natural- Outro ponto importante a ser observado é que se o fogão for
mente pela Terra e suas importantes funções aos seres humanos: do tipo convencional, a transformação de energia será elétrica em
proteção e localização. luminosa, e se for do tipo cooktop haverá também a transformação
da elétrica em térmica. O aquecedor de ar talvez seja o equipamento
▶ Experimentando – páginas 68 e 69 mais difícil de se estimar, pois não fica ligado o dia todo, somente
Esse experimento é proposto para demonstrar que, quando a quando a temperatura do cômodo precisa ser corrigida. Uma forma
corrente elétrica percorre uma bobina imersa num campo magnético, de se resolver essa questão é buscar a informação no selo Procel,
provoca o aparecimento de forças que atuam sobre a bobina, fazendo-a pois nele são encontradas estimativas de quanto o eletrodoméstico
girar. Além disso, a bobina gira quando o campo magnético do ímã consome por mês.
exerce forças sobre as cargas elétricas em movimento (corrente elétrica). Outra possibilidade é propor que os alunos comparem os dados
Entre as hipóteses apresentadas pelos alunos, espera-se que eles obtidos com a conta de energia elétrica de uma casa que utilize os
concluam que o motor elétrico de corrente contínua funciona com base mesmos equipamentos que foram citados na tabela.
na ação magnética sobre um condutor e que, quando a corrente elétrica
atravessou a bobina, ela sofreu a ação de força magnética perpendicular. ▶ Sugestões didáticas – página 74
Para concluir a atividade, promova uma discussão sobre os resul- Ao desenvolver esse tópico, é importante lembrar os estudantes
tados observados e apresente as diferentes hipóteses sugeridas pelos que nenhuma ação humana tem impacto zero no meio ambiente.

A eletricidade nossa de cada dia 7


Explique que todas as atividades que realizamos precisam de energia os problemas apresentados no texto. Além disso, é importante discutir
e grande parte dela é de natureza elétrica. Essa discussão é relevante as vantagens e desvantagens dessas fontes alternativas mencionadas,
para avaliar as formas de geração de energia que os alunos conhe- baseando-se no texto ou nos conteúdos abordados neste capítulo.
cem. Promova um debate sobre o tema, discutindo as possibilidades
de obtenção de energia, e estimule-os a expressar suas opiniões em ▶ Você é o autor – páginas 87 e 88
relação aos pontos positivos e negativos de cada forma de obtenção Sugerimos que essa atividade seja realizada em grupos, de forma
de energia. Peça que baseiem suas opiniões nos dados que foram es- que cada grupo fique responsável por apresentar projetos voltados
tudados. O debate pode ser utilizado como instrumento de avaliação. a um estado diferente. Oriente os alunos na confecção dos materiais
para que eles sejam informativos e atrativos para quem irá assisti-
▶ Para ampliar – página 78 -los. É importante que abordem as vantagens e desvantagens dos
Professor, o texto trata dos conflitos territoriais e políticos mundiais diferentes tipos de processos de produção de energia, trabalhando
que envolvem o petróleo, os quais em diversos momentos impactam os impactos ambientais, os aspectos econômicos, como custo de
na sua precificação de diversas regiões do mundo; portanto, o texto se implantação e manutenção, e os impactos sociais, como necessidade
apresenta como uma ferramenta importante para o desenvolvimento do deslocamento de populações para implantação da usina e riscos
de um trabalho interáreas com ciências humanas e matemática. de acidentes. Verifique a possibilidade de organizar uma mostra de
apresentação dos vídeos para os demais alunos da escola e até mesmo
▶ Para ampliar – página 84 de disponibilizá-los no site da instituição.
Com o objetivo de auxiliar o estudante no desenvolvimento de um
senso crítico, proponha uma discussão sobre fontes para a produção de
energia elétrica que poderiam substituir as hidrelétricas, considerando

ANOTAÇÕES

8 Manual do Professor
PROFESSOR 693405

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