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IMPORTANTE

Data limite para aplicação


desta prova: 06/04/2024
UNIP EAD
Código da Prova: 124315310689
Curso: ADMINISTRAÇÃO
Série: 1 Tipo: Bimestral - AP
Aluno: 2407017 - GAUDIERRE PALHOTTO MENDES
I - Questões objetivas – valendo 10 pontos
Gerada em: 02/04/2024 às 21h33
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Instruções para a realização da prova:
1. Leia as questões com atenção.
2. Confira seu nome e RA e verifique se o caderno de questão e folha de respostas correspondem à sua disciplina.
3. Faça as marcações primeiro no caderno de questões e depois repasse para a folha de respostas.
4. Serão consideradas somente as marcações feitas na folha de respostas.
5. Não se esqueça de assinar a folha de respostas.
6. Utilize caneta preta para preencher a folha de respostas.
7. Preencha todo o espaço da bolha referente à alternativa escolhida, a caneta, conforme instruções: não rasure, não
preencha X, não ultrapasse os limites para preenchimento.
8. Preste atenção para não deixar nenhuma questão sem assinalar.
9. Só assinale uma alternativa por questão.
10. Não se esqueça de responder às questões discursivas, quando houver, e de entregar a folha de respostas para o tutor
do polo presencial, devidamente assinada.
11. Não é permitido consulta a nenhum material durante a prova, exceto quando indicado o uso do material de apoio.
12. Lembre-se de confirmar sua presença através da assinatura digital (login e senha).
Boa prova!
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Questões de múltipla escolha

Disciplina: 536630 - INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS

Questão 1: Leia a charge e trechos de um ensaio, escrito pelo professor Eduardo Marks, publicado pela
filósofa Márcia Tiburi.

Disponível em: <http://angloguarulhos.com.br/temas-pos-verdade-e-manipulacao-das-redes-sociais/>. Acesso em: 5 fev. 2018.


Obs.: No primeiro quadrinho, vê-se uma caricatura do filósofo René Descartes (1596-1650) e a frase conhecida como
a máxima do seu pensamento.

No campo das pós-verdades; ou quando o verde também é azul

Eduardo Marks de Marques

Até meados de novembro de 2016, se alguém me falasse em “pós-verdade”, talvez a minha referência mental imediata
fosse ao trabalho realizado pelo Ministério da Verdade na Inglaterra, (já nem tão) distópica criada por George Orwell em
seu romance 1984. O referido ministério era responsável por promover ações de propaganda para a manutenção do
partido no poder e, talvez mais sintomaticamente para os tempos em que vivemos, rever e reescrever a história para que
ela sempre esteja alinhada aos interesses presentes do poder. Para mim, “pós-verdade” era isso: transformar o passado a
partir dos alinhamentos ideológicos do presente. No entanto, com a nomeação do termo como a palavra do ano pelos
lexicógrafos do Oxford Dictionaries, me vi obrigado a rever uma série de posições.
Conforme a definição, “pós-verdade” relaciona-se ou denota circunstâncias nas quais os fatos objetivos são menos
importantes em moldar a opinião pública do que apelos emocionais e crenças individuais. Ao ler tal definição, fiquei
duplamente surpreso; primeiramente, porque ela consegue, in a nutshell, resumir bem os últimos anos, ao menos no
Ocidente. Quem frequenta as redes sociais como eu não consegue mais ignorar não só a polarização maniqueísta pela
qual a sociedade está passando, mas também (e, quiçá, como sua causa e consequência ao mesmo tempo) essa
tentativa voraz de transformar vivências e opiniões pessoais em experiência universal e senso comum. A pós-verdade
surge para dar nome a essa prática humana assustadora não para entendê-la e eventualmente domesticá-la, mas, sim,
para validá-la. A pós-verdade é meta-pós-verdade em sua essência.
Estamos perdendo a habilidade de refletir criticamente sobre a realidade que nos circunda, e essa tentativa constante de
transformar ontologia em epistemologia de forma direta é sua consequência mais maligna, especialmente porque ela
vem acompanhada de um complexo de deus (…).
Na língua japonesa, o kanji pode referir-se ao mesmo tempo às cores azul e verde. O contexto faz com que saibamos
a qual delas o ideograma aponta em determinado momento. A aceitação da polissemia faz com que haja harmonia em
seu uso. Será que conseguiremos chegar a um estágio em que superemos as pós-verdades e consigamos voltar a
conviver com dúvidas?
Disponível em: <https://revistacult.uol.com.br/home/no-campo-das-pos-verdades-ou-quando-o-verde-tambem-e-azul/>. Acesso em: 8 fev. 2018
(com adaptações).

I. A charge valoriza a evolução do pensamento humano e a superação das ideias cartesianas, promovida pelo acesso
à informação que temos atualmente.
II. A charge e o texto indicam que a pós-verdade é marcada pela supressão da razão, da reflexão, que é substituída
pela mera crença.
III. De acordo com o texto, na era da pós-verdade, opiniões e crenças pessoais tendem a ser divulgadas como
verdades universais e alimentam o senso comum, que é desprovido de reflexão crítica.
IV. O autor espera que a pós-verdade seja superada e, assim, as pessoas reaprendam, por meio da razão, a separar o
azul do verde, eliminando dúvidas e divergências.

Está correto o que se afirma somente em:

A) I e II.
B) I e III.
C) II e III.
D) III e IV.
E) II e IV.

Questão 2: Leia o texto a seguir.

A descartabilidade das mercadorias e pessoas: consumo, obsolescência e relacionamentos humanos

Rita Alves

Recentemente, circulou pelas redes sociais digitais uma pequena história na qual um casal de idosos, juntos há décadas,
é interrogado sobre o segredo de se manter um relacionamento tão longo; respondem que na época em que se casaram
não se costumava jogar fora um aparelho quebrado, mas se buscava consertá-lo e, assim, seguia-se a vida por muitos
anos com os mesmos equipamentos. O casal estava dizendo, em outras palavras, que a longevidade de seu
relacionamento se baseava na capacidade de “consertar” as fissuras da relação em vez de descartá-la quando os
problemas aparecem.
Os relacionamentos, assim como as mercadorias, passam por um período de intensa descartabilidade. O cientista social
polonês Zygmunt Bauman já apontou a íntima relação entre as práticas de consumo contemporâneas e a fragilidade
dos laços humanos na atualidade.
O consumo é pautado pela obsolescência planejada e pelo desejo intenso por novidades, mudanças e, principalmente,
novos desejos. Para ele, a satisfação dos desejos é angustiante na medida em que nos obriga a eleger um novo objeto de
desejo; aponta que atualmente “o desejo não deseja a satisfação; o desejo deseja o desejo”. Daí a sensação constante de
angústia e a incessante busca por novos desejos e realizações. O mesmo acontece com os relacionamentos atuais. As
relações amorosas, as amizades, os contratos de trabalho e até mesmo os laços familiares são afetados por essa lógica
da descartabilidade e da efemeridade do consumo, ou melhor, do consumismo.
Segundo o antropólogo David Harvey, trata-se da lógica do capitalismo implementada após a Segunda Guerra Mundial,
que trouxe a alteração das nossas noções de tempo e espaço a partir da aceleração do tempo de giro das mercadorias.
Os bens materiais passaram a ser produzidos, distribuídos, consumidos e descartados com maior velocidade. Com essa
compressão do tempo, passamos a valorizar a velocidade e a aceleração, que se transformaram em valores
inquestionáveis, como se o veloz fosse, necessariamente, o bom e o desejável.
A partir daí, nosso cotidiano passou a ser pautado pela efemeridade, pela volatilidade, pela instantaneidade, pela
simultaneidade e, no limite, pela descartabilidade. Para Bauman, neste mundo líquido, flexível e mutável em que
vivemos, a única coisa sólida e perene que nos sobra é o lixo, que se amplia, acumula e permanece como um dos
maiores problemas do planeta.
O desejo de mudança já está interiorizado e presente nas nossas ações. Desejamos mudar os cabelos, a cor das paredes
das nossas casas, nossos corpos, automóveis. “Mude a sua sala de estar mudando apenas a mesinha de centro”, dizia o
anúncio de uma revista de decoração.
“Mude, seja outra pessoa”, sugere a cultura contemporânea. Os reality shows de intervenção trocam todo o guarda-
roupa dos participantes e jogam no lixo toda sua história, todas as suas lembranças e memórias impregnadas nas
roupas; trocam todos os móveis da casa por outros novos e alinhados com as tendências contemporâneas, mas que,
sabe-se, não durarão mais que cinco ou seis anos em boas condições, posto que são feitos apenas para atender à moda
do momento. Essas práticas de consumo envolvem não só a qualidade das mercadorias adquiridas, mas também a
quantidade, nunca tivemos tantos objetos.
É esse o cenário que envolve também os relacionamentos humanos, dos matrimônios às amizades, da sexualidade aos
circuitos familiares. As relações amorosas, por exemplo, entram na mesma lógica quantitativa e efêmera que
desenvolvemos com os objetos, especialmente entre os jovens, que não escondem a valorização dos “ficantes” nas suas
baladas noturnas; numa mesma noite “fica-se” com vários parceiros efêmeros e passageiros, às vezes nem mesmo
perguntam-se os nomes e já partem para outra conquista rápida; ao final da noite, uma contabilidade geral indica o
status de cada um. Mesmo quando a relação é duradoura, o tempo entre o namoro, o casamento e a separação pode ser
de alguns anos, às vezes meses. A angústia do compromisso duradouro está na base dessa volatilidade amorosa; “será
que estou perdendo algo melhor?”; o medo da descartabilidade aflige as duas partes: ou seremos descartados ou
descartaremos nosso par. Entre as amizades juvenis, acontece quase o mesmo; troca-se de turma, incorporam-se novos
amigos; as redes sociais digitais registram a intensidade do relacionamento, “adorei te conhecer!”, e, depois de alguns
dias de exposição das afinidades e afetos, deixa-se que a nova amizade esfrie até que seja substituída por outra mais
nova ainda. No âmbito de trabalho, antigamente dedicava-se à mesma empresa por 30 ou 40 anos; hoje em dia, dizem
os especialistas em gestão de carreiras que não se deve permanecer num mesmo emprego por mais de cinco anos, que
isso pode parecer acomodação e falta de ousadia profissional. Busca-se descartar o emprego antes de ser descartado
pelo patrão.
De certa forma, as redes sociais digitais vieram contribuir para essa situação, provocando o aumento dos
relacionamentos superficiais e passageiros, as conversas fragmentadas e teatralizadas, o excesso de “amigos” e convites
para eventos aos quais não conseguimos dar muita atenção.
As vozes pessimistas consideram que as tecnologias digitais estão contribuindo para o isolamento, a separação e a
superficialidade das relações humanas. Isso pode ser verdadeiro em muitas situações, mas existem outros lados dessa
questão. As redes on-line também resgatam antigas amizades e recuperam, mesmo que pontualmente, relações
deixadas no passado; recuperam-se fotografias antigas, marcam-se encontros de turmas do colégio, apresentam-se os
filhos e maridos ou esposas. Com a recente entrada dos idosos nas redes sociais, temos presenciado interessantes
alterações nas dinâmicas familiares, com a criação de novos canais de comunicação entre avós e netos, por exemplo, ou
ainda entre parentes há muito separados pela distância ou dificuldades de locomoção; as separações geográficas e
geracionais no âmbito familiar estão sendo reconfiguradas de forma interessante e contribuindo positivamente para o
resgate da socialização dos idosos.
Apesar do quadro desalentador que envolve o consumo exacerbado e os relacionamentos humanos, temos observado
práticas alternativas que vão na contramão dessa situação. Espalha-se pelo mundo o movimento slow, que questiona a
velocidade e a descartabilidade das mercadorias e relações, propondo um retorno às práticas desaceleradas de tempos
atrás. A vertente mais conhecida desse movimento é o slow food, que propõe que voltemos a preparar a comida
lentamente, que conversemos com o açougueiro, o padeiro e o verdureiro; que convivamos com nossos amigos na beira
do fogão enquanto preparamos a comida lentamente. Na contramão do fast food, o slow food busca resgatar os rituais
de alimentação que sempre estruturaram as relações familiares e de amizades. Vemos ainda a emergência de grupos
que questionam o consumo excessivo e inconsequente, propondo o consumo consciente no qual se buscam informações
sobre as práticas sociais das empresas produtoras, questionam-se as embalagens, aponta-se a possibilidade de reutilizar
e reciclar embalagens e objetos.
Existe ainda o recente consumo colaborativo, no qual os sujeitos partilham equipamentos como máquinas de cortar
grama, furadeiras elétricas e até automóveis, considerando que individualmente estão subutilizados e que com os usos
partilhados e coletivos pode-se otimizar os recursos. Do ponto de vista das relações humanas, temos observado nas
grandes cidades o surgimento de grupos que propõem o resgate das relações de vizinhança, a ocupação e revitalização
das praças públicas, a produção de hortas urbanas comunitárias, piqueniques coletivos e o resgate da convivência
comunitária nos bairros. Na base desses movimentos está uma consciência ecológica renovada, que vai além dos
discursos de preservação da natureza e que se volta à transformação dos cotidianos e das relações interpessoais. Para
além da descartabilidade das mercadorias e pessoas, continuamos com a certeza de que a base da humanidade não
está no avanço da tecnologia ou no acúmulo de riquezas, mas na força dos relacionamentos humanos; foram eles que
ergueram o edifício da sociedade e da cultura e, seguramente, não serão descartados com tanta facilidade.
Disponível em: <http://www.sescsp.org.br/online/artigo/6687_OBSOLESCENCIA+PROGRAMADA#/tagcloud=lista>. Acesso em: 15 dez. 2015.

Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta.

I. O foco do texto é valorizar o mundo atual, em que os produtos são efêmeros e o consumo é possível, pois há
liberdade de mercado.
II. Segundo o texto, apesar do consumismo desenfreado da sociedade atual, surgiram movimentos contrários a essa
tendência, que propõem a desaceleração das atividades cotidianas e questionam a descartabilidade de objetos e
relacionamentos.
III. Para o sociólogo Bauman, vivemos na época das relações líquidas e qualquer mudança é negativa.
IV. A autora posiciona-se contra o fim dos matrimônios, que deveriam ser indissolúveis como antigamente.

A) Apenas as afirmativas I e II são corretas.


B) Apenas a afirmativa II é correta.
C) Apenas as afirmativas II e III são corretas.
D) Apenas as afirmativas I, II e IV são corretas.
E) Nenhuma afirmativa é correta.

Questão 3: Leia o texto e os quadrinhos a seguir.

O papel da mulher mudou radicalmente nas sociedades mais desenvolvidas durante as últimas quatro décadas.
Mas ainda há muito a fazer. E o apoio dos homens é fundamental para conseguir a tão esperada igualdade.
A palavra “empoderar” aplica-se perfeitamente à mulher do século XXI. Ela, que se adapta a qualquer papel na
sociedade, mudou nos últimos 40 anos, em parte devido à sua progressiva incorporação ao mercado de trabalho. Desde
então, a incessante luta pela igualdade salarial e para ocupar posições de poder empresarial e institucional, bem como a
conciliação trabalhista e as medidas de ação afirmativa configuraram um papel feminino mais ativo. Mesmo assim, as
estatísticas mostram que isso não é suficiente. Nenhum país alcançou a igualdade de gênero. E mesmo os mais
igualitários oferecem menos oportunidades para as mulheres. Um dado significativo: 44% dos europeus continuam
pensando que o papel mais importante da mulher é cuidar da casa e da família. Essa é a opinião de 44% das mulheres e
de 43% dos homens. A mesma porcentagem afirma que a função mais importante do homem é ganhar dinheiro. Elas
continuam ganhando muito menos. Portanto, esses dados revelam que ambos os gêneros têm um longo caminho pela
frente até alcançar a verdadeira igualdade.
RAMIREZ, P. El País. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/27/eps/1511812441_406375.htm. Acesso em: 21 fev. 2020. Adaptado.
Disponível em: http://soacomomusica.blogspot.com.br/. Acesso em: 21 fev. 2020.

Com base na leitura, analise as afirmativas.

I. De acordo com o texto, mais de 40% de mulheres e homens europeus mantêm arraigados valores tradicionais da
sociedade, pois consideram que o trabalho doméstico é função feminina.
II. Os quadrinhos têm o objetivo de mostrar que homens e mulheres exercem as mesmas funções hoje em dia,
contrariando o que afirma o texto.
III. As desigualdades de gênero ocorrem apenas em países subdesenvolvidos, como no Brasil, em que até o idioma é
pobre para expressar a condição feminina, como evidenciam os quadrinhos.
IV. O objetivo dos quadrinhos é apontar que o uso da linguagem é ideológico e reflete as desigualdades presentes na
sociedade.

Assinale a alternativa certa:

A) Nenhuma afirmativa é correta.


B) Apenas a afirmativa I é correta.
C) Apenas as afirmativas I e IV são corretas.
D) Apenas as afirmativas III e IV são corretas.
E) Apenas as afirmativas I e II são corretas.

Questão 4: Leia o trecho extraído do livro As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano.

É a América Latina, a região das veias abertas. Do descobrimento aos nossos dias, tudo sempre se transformou em
capital europeu ou, mais tarde, norte-americano, e como tal se acumulou e se acumula nos distantes centros do poder.
Tudo: a terra, seus frutos e suas profundezas ricas em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo,
os recursos naturais e os recursos humanos. O modo de produção e a estrutura de classes de cada lugar foram
sucessivamente determinados, do exterior, por sua incorporação à engrenagem universal do capitalismo. Para cada um,
se atribuiu uma função, sempre em benefício do desenvolvimento da metrópole estrangeira do momento, e se tornou
infinita a cadeia de sucessivas dependências, que têm muito mais do que dois elos e que, por certo, também
compreende, dentro da América Latina, a opressão de países pequenos pelos seus vizinhos maiores, e fronteiras adentro
de cada país, a exploração de suas fontes internas de víveres e mão de obra pelas grandes cidades e portos.

Com base na leitura, analise as afirmativas.

I. De acordo com o autor, historicamente, a América Latina serviu aos interesses dos países centrais do capitalismo
internacional.
II. Segundo o texto, os países da América Latina são explorados pela Europa e pelos Estados Unidos, mas são
parceiros e solidários entre si.
III. A organização social, econômica e política dos países latino-americanos, segundo Galeano, foi determinada de
modo a atender à engrenagem do sistema capitalista internacional.
IV. A metáfora das veias abertas refere-se à cordialidade e à pouca produtividade dos povos latinos, responsáveis
pelo baixo desenvolvimento econômico desses países.

É correto o que se afirma somente em:

A) I, II e III.
B) I e II.
C) II, III e IV.
D) I e III.
E) I e IV.

Questão 5: Leia o texto a seguir.

A pipoca

Rubem Alves

A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com
as palavras do que com as panelas.
Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de "culinária
literária". Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nóbis, picadinho de carne
com tomate, feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.
As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto,
que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu.
A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira deliciosa, sem
dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca.
E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas ideias começaram a estourar como pipoca.
Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que
estoura, de forma inesperada e imprevisível.
A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas,
meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido
religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem.
Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria
(porque vida, só vida, sem alegria, não é vida…). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir
juntas.
Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano: que a pipoca é a
comida sagrada do Candomblé…
A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos
aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas.
Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais.
Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a ideia de debulhar as espigas e colocá-las numa
panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos.
Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter
imaginado.
Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário
era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as
crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa,
brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente das crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri que eles ignoram o que
seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me
valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos e desvendou
cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no
mundo da poesia, as explicações científicas não valem.
Por exemplo: em Minas “piruá” é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, passada dos
quarenta, lamentava: “Fiquei piruá!”.
Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior. Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se
recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
Ignoram o dito de Jesus: “Quem preservar a sua vida perdê-la-á”. A sua presunção e o seu medo são a dura casca do
milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca
macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás
que não servem para nada. Seu destino é o lixo.
Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande
brincadeira…
Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu.
Disponível em: <http://www.releituras.com/rubemalves_pipoca.asp>. Acesso em: 3 out. 2013.

Com base na leitura, analise as afirmativas a seguir.

I. A pipoca é usada como metáfora para a transformação de pessoas fisicamente feias em bonitas.
II. O autor emprega a palavra “piruá” para pessoas duras que resistem às transformações.
III. O autor considera que só as pessoas não religiosas tornam-se piruás, pois são incapazes de se transformarem.

Está correto o que se afirma somente em:

A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) II e III.

Questão 6: Observe a ilustração a seguir.

Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/333336809906423953/>. Acesso em: 20 set. 2018.

Com base na análise, considere as afirmativas:

I. O objetivo da ilustração é defender a pena de morte como punição a quem comete crimes hediondos.
II. A ilustração ratifica a ideia do ditado popular “em terra de cego, quem tem um olho é rei”.
III. A ilustração opõe a singularidade à massificação, mostrando que aquele que não se insere no padrão social pode
ser punido.

É correto o que se afirma somente em:

A) I e III.
B) II.
C) I e II.
D) II e III.
E) III.

Questão 7: A primeira ilustração foi construída com base no mito de Narciso, cuja imagem mais conhecida é a
representada no quadro de Caravaggio (a segunda ilustração). De acordo com a mitologia grega, Narciso era
um jovem extremamente belo e, embora muito assediado, preferia ficar só. Um dia, ele debruçou-se à beira de
um lago e viu sua imagem na água. Sem saber que era ele a figura refletida, apaixonou-se pela sua beleza. Em
uma versão, Narciso, ao tentar alcançar a “pessoa” no lago, acabou morrendo afogado. Em outra, Narciso
ficou tão enfeitiçado pela imagem que não saiu mais de lá e definhou, morrendo de fome e de sede.
O termo narcisista é, então, usado para se referir às pessoas que idolatram a própria imagem.

Com base nas informações e nos seus conhecimentos, analise as afirmativas.

I. A ilustração, ao colocar uma tela do celular com uma rede social no lugar do lago, altera o conceito de narcisismo,
uma vez que a imagem do dispositivo é compartilhada socialmente.
II. A ilustração tem como objetivo alertar sobre o perigo de morte que a moda das selfies vem provocando no mundo.
III. A ilustração critica o modo narcisista como algumas pessoas utilizam as redes sociais.
IV. A ilustração tem por objetivo mostrar os aspectos positivos das redes sociais, que melhoram a autoestima.

Está correto o que se afirma apenas em:

A) I e IV.
B) II e III.
C) I e III.
D) III.
E) III e IV.

Questão 8: Leia o trecho do sociólogo contemporâneo Zygmunt Bauman, extraído do livro Amor líquido, e o
meme feito com sua imagem.

Nos compromissos duradouros, a líquida razão moderna enxerga a opressão; no engajamento permanente percebe a
dependência incapacitante. Essa razão nega direito aos vínculos e liames, espaciais ou temporais. Eles não têm
necessidade ou uso que possam ser justificados pela líquida racionalidade moderna dos consumidores. Vínculos e liames
tornam “impuras” as relações humanas - como o fariam com qualquer ato de consumo que presuma a satisfação
instantânea e, de modo semelhante, a instantânea obsolescência do objeto consumido. […]
A vida consumista favorece a leveza e a velocidade. E também a novidade e a variedade que elas promovem e facilitam.
É a rotatividade, não o volume de compras, que mede o sucesso na vida do Homo consumens.
Em geral, a capacidade de utilização de um bem sobrevive à sua utilidade para o consumidor. Mas, usada
repetidamente, a mercadoria adquirida impede a busca por variedade, e a cada uso a aparência de novidade vai se
desvanecendo e se apagando. Pobres daqueles que, em razão da escassez de recursos, são condenados a continuar
usando bens que não mais contêm a promessa de sensações novas e inéditas. Pobres daqueles que, pela mesma razão,
permanecem presos a um único bem em vez de flanar entre um sortimento amplo e aparentemente inesgotável. Tais
pessoas são os excluídos da sociedade de consumo, os consumidores falhos, os inadequados e os incompetentes, os
fracassados - famintos definhando em meio à opulência do banquete consumista.
BAUMAN, Z. Amor líquido. p. 31.

Observação: Tinder é um aplicativo que promove relacionamentos.


Disponível em: https://www.picbear.org/tag/modernidadeliquida. Acesso em: 21 fev. 2020.

Com base na leitura, analise as asserções e a relação proposta entre elas.

I. Segundo o pensamento de Bauman, os relacionamentos atuais seguem a mesma lógica do consumo de


mercadorias: observam-se a descartabilidade e a valorização da novidade.

PORQUE

II. O meme, ao colocar uma foto de Bauman em que ele parece espantado, ratifica as ideias do sociólogo, criticando a
volatilidade dos relacionamentos atuais.

Assinale a alternativa correta:

A) As duas asserções são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.


B) As duas asserções são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira.
C) A primeira asserção é verdadeira, e a segunda é falsa.
D) A primeira asserção é falsa, e a segunda é verdadeira.
E) As duas asserções são falsas.

Questão 9: Sociedade e economia: globalização (desigualdade social).


Leia a charge e o trecho de Milton Santos.
Disponível em: <https://mcartuns.wordpress.com/2013/08/02/globalizacao-3/>. Acesso em: 15 ago. 2017.

De fato, para grande parte da humanidade, a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades. O
desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário
médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes. A mortalidade infantil permanece,
a despeito dos progressos médicos e da informação. A educação de qualidade é cada vez mais inacessível. Alastram-se e
aprofundam-se males espirituais e morais, como o egoísmo, o cinismo e a corrupção. A perversidade sistêmica que está
na raiz dessa evolução negativa da humanidade tem relação com a adesão desenfreada aos comportamentos
competitivos que atualmente caracterizam as ações hegemônicas. Todas essas mazelas são direta ou indiretamente
imputáveis ao presente processo de globalização.
SANTOS, M. Por uma outra globalização, do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2001.

Com base na leitura, analise as afirmativas.

I. A charge e o texto apresentam visões antagônicas sobre o processo de globalização, pois a charge mostra a
inclusão de todos, e o texto critica a perversidade da economia global.
II. Para Milton Santos, a perversidade caracterizada pelas desigualdades é intrínseca à globalização.
III. A charge destaca o aumento das ofertas de emprego promovido pela globalização, ao contrário do texto, que
afirma que o desemprego é crescente e crônico.
IV. A charge e o texto contrapõem-se ao discurso comum de que a globalização promove igualdade e crescimento a
todos os países e classes sociais.

É correto o que se afirma somente em:

A) II e IV.
B) I, II e IV.
C) II, III e IV.
D) I e III.
E) II e III.

Questão 10: Considere o gráfico a seguir, que mostra a distribuição dos brasileiros maiores de 25 anos de
acordo com os anos de estudo em 2007 e em 2015.
Disponível em: https://brasilemsintese.ibge.gov.br/educacao/anos-de-estudo.html. Acesso em: 21 fev. 2020.

Com base na leitura, analise as afirmativas.

I. Os dados do gráfico mostram que não houve variação no número de pessoas maiores de 25 anos com 8 a 10 anos
de estudo no período de 2007 a 2015.
II. De acordo com os dados, observa-se tendência de aumento nos anos de estudo das pessoas maiores de 25 anos
no período de 2007 a 2015.
III. Pelos dados, infere-se que pouco mais de 10% da população brasileira havia concluído o ensino superior em 2015.

É correto o que se afirma em:

A) I, II e III.
B) I e II, apenas.
C) II e III, apenas.
D) I e III, apenas.
E) II, apenas.

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