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Redes Sociais e as TIC'S

Carlos Eduardo Cayres


Redes Sociais e as TIC'S

Carlos Eduardo Cayres


Diretor Geral: Daniel Porto Campello

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Pró-Diretoria de Educação à Distância: Thiago Silveira Coelho

Coordenação de Curso: Marcelle Chaves Sodré

Capa e Editoração: Andresa Guilhen Zam; André Morais; Diego R. Pinaffo;


Renata Sguissardi; Welder Henrique O. Carvalho

Revisão Textual e Normas: Rosângela Maria de Carvalho

FICHA CATALOGRÁFICA - SERVIÇO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO –

FACULDADE TRÊS MARIAS

C385r Cayres, Carlos Eduardo.

Redes Sociais e as Tecnologia da


Informação e Comunicação. / Carlos Eduardo
Cayres. – João Pessoa: FUNEPI, 2016.

125f.

ISBN:

1. Redes Sociais. 2. Tecnologia. 2.


Informação. 3. Comunicação. I. Título.

FUNEPI CDD: 371.3

Ficha catalográfica realizada pela bibliotecária


Este livro é publicado pelo Programa de Publicações Digitais da FACULDADE TRÊS
MARIAS
SOBRE A FACULDADE

A Faculdade FUNEPI, atualmente, Três Marias é


uma instituição de ensino superior pluricurricular,
credenciada pela Portaria do Ministério da Educação nº
663 de 1º julho de 2015, que tem como objetivo ministrar
cursos presenciais e a distância nas diversas áreas de
conhecimentos; atender a demanda do setor produtivo,
industrial, comercial e de prestação de serviços;
desenvolver pesquisa nas áreas de saúde, educação,
ciência e tecnologia, bem como atuar na extensão
universitária. Para atendimento aos estudantes, contará
com as organizações empresariais como parcerias que
terão papel de auxílio na integração da faculdade com a
comunidade, além dos programas institucionais de apoio
aos discentes.

MISSÃO

Formar profissionais diferenciados, que atuem de


forma autônoma, capazes de atender a demanda do
mercado, com ética e espírito empreendedor.

VISÃO

Ser reconhecida como instituição de ensino superior


por meio da oferta qualificada de cursos de graduação e de
pós-graduação de alto nível.

VALORES

Gestão consciente, ética, respeito mútuo, qualidade de


ensino, e compromisso social.
Redes
Sociais e as

APRESENTAÇÃO
Tecnologias da
Informação e
Comunicação
Carlos Eduardo Cayres

Olá caro(a) aluno(a),


Sou Carlos Eduardo Cayres, graduado em Ciência da Computação
pela UNIDERP – Universidade para o Desenvolvimento do Estado e
da região do Pantanal, Especialista em Desenvolvimento de Aplicações
para Internet pela mesma IES. Atuo como professor universitário
desde 1998 na área de teoria da computação, desenvolvimento web
e programação de computadores. Atualmente sou coordenador
do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas
da Universidade Anhanguera-Uniderp e trabalho na área de
desenvolvimento de Sistemas para Internet.
APRESENTAÇÃO A disciplina de Redes Sociais e Tecnologia da Informação
e Comunicação terá seu conteúdo dividido em 3 unidades.
Na unidade I serão abordadas as mudanças na sociedade
e no trabalho, provocadas pelas novas tecnologias. Na
unidade II trabalharemos com a aplicação das novas
tecnologias na EaD e suas formas de mediação. Já na
unidade III, vamos debater a organização e construção da
ação educativa em ambientes virtuais.
Bons estudos!
AS MUDANÇAS NA SOCIEDADE E NO TRABALHO, PROVOCADAS
PELAS NOVAS TECNOLOGIAS 11

UNIDADE 1 11

INTRODUÇÃO .................................................................................. 13

NOVAS TECNOLOGIAS NA CULTURA E NO TRABALHO .............. 13

CONCEITO DE TECNOLOGIA .......................................................... 17

A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E O TRABALHO ......................... 18

SUMÁRIO
A INSERÇÃO DAS TIC NO TRABALHO ............................................ 21

A INTERNET ..................................................................................... 24

A ESTRUTURA ESTRATÉGICA DAS TIC ............................................ 26

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL........................................................ 30

AS CONDIÇÕES DE TRABALHO ...................................................... 32

NOVAS TECNOLOGIAS NA EAD E SUAS FORMAS DE


MEDIAÇÃO 59

UNIDADE 2 59

INTRODUÇÃO ................................................................................. 60

NOVAS POSTURAS FRENTE À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.............. 60

A INTERATIVIDADE NA EAD .......................................................... 63

POSSÍVEIS CAMINHOS DA INTERATIVIDADE ................................ 70


REDES SOCIAIS COMO ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM NA WEB .. 73

SUMÁRIO
ORGANIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO DA AÇÃO EDUCATIVA EM
AMBIENTES VIRTUAIS 105

UNIDADE 3 105

INTRODUÇÃO .................................................................................
106

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ..............................................................


106

NOVOS MODELOS PEDAGÓGICOS MEDIADOS PELAS NOVAS


TECNOLOGIAS .................................................................................
111

TECNOLOGIAS, MÍDIAS E RECURSOS DE UM AMBIENTE VIRTUAL


122

CONCLUSÃO ...................................................................................
164
UNIDADE 1

As mudanças na sociedade
e no trabalho, provocadas
pelas novas tecnologias
Carlos Eduardo Cayres

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Apresentar as novas formas de relações pessoais e de


trabalho medianas pela Tecnologia da Informação e da
Comunicação, seus recursos e ferramentas..

PLANO DE ESTUDO

Serão abordados os seguintes tópicos:

• Novas tecnologias na cultura e no trabalho


• Conceito de tecnologia
• A sociedade da informação e o trabalho
• A inserção das TIC no trabalho
• A internet
• A estrutura estratégica das TIC
• A formação profissional
• As condições de trabalho
UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

INTRODUÇÃO
O trabalho colaborativo tem sido potencializado pelo
uso das tecnologias, possibilitando também que se es-
tenda a questões teóricas e práticas. A ênfase em torno
do trabalho agora é criar possibilidades de cooperações
e produções coletivas.

É preciso tomar cuidado ao examinar tudo isso. Serão


apresentadas especulações em torno do trabalho e sua
organização a partir das novas técnicas em rede, sem a
pretensão de fechar este ponto ainda em pleno desen-
volvimento, introduzindo um diálogo sobre a cultura tec-
nológica e suas implicações nas mudanças no trabalho.

NOVAS TECNOLOGIAS NA CULTURA E NO


TRABALHO
Grande parte dos trabalhos relacionados à Cibercultura
tem deixado de lado um aspecto importante que é seu

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
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lado sociológico, definindo-se três aspectos em uma for-


ma nova de trabalho social:

• Uma mudança cultural, estabelecendo uma nova relação

mais horizontal e interativa que as mídias anteriores.

• Tendo aspecto de trabalho, ainda de forma não muito clara,

pode ser classificado como imaterial.

• Como principal aspecto é que este produto é socializado e

existe a tendência de ser produto livre de código aberto.

Como se deu o surgimento do primeiro instrumento


de trabalho, um pedaço de pau para atingir um animal
ou pegar uma fruta em uma árvore, isso não importa.
Foi com o uso do fogo com elemento transformador
do alimento que o homem introduziu a subjetividade
no trabalho e na sobrevivência, para transformar o ali-
mento produzido em um novo alimento ou para seu
aquecimento.

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Provavelmente, a escrita surgiu nesta fase, ainda que


expressa na forma de desenho de animais, também é
provável que os chifres de animais abatidos fossem um
dos primeiros instrumentos de trabalho deste homem.

Este foi certamente, um dos elementos acelerador da


formação da comunidade e de transformação da sim-
ples coleta do alimento na natureza, para a formação
de comunidades sedentárias com o início de cultivo. Os
rios tiveram grande influência na formação das primei-
ras grandes civilizações do ocidente.

Surgem neste período os primeiros códigos e as primei-


ras escritas, os escribas passam a ocupar papel de des-
taque nas cortes, dando um impulso no desenvolvimen-
to da subjetividade humana.

A forma de expressão deste período é tradicionalmente


oral, ou seja, fundamentada nos ensinamentos passa-
dos às pessoas de forma “falada”, pois os escritos em

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papirus tinham alto custo e muitas vezes estes eram la-


vados destruindo as informações ali contidas, para es-
crita de novas informações.

A indústria moderna organizou os aspectos objetivos do


trabalho, como conjunto de atividades, recursos, instru-
mentos e técnicas de que o homem se serve para pro-
duzir, em uma velocidade não conhecida antes.

O desenvolvimento das técnicas químicas e mecânicas


inicialmente, e as elétricas e eletrônicas em uma segun-
da fase, apresentaram um progresso material jamais
experimentado pela humanidade em tão curto espaço
de tempo, porém os aspectos subjetivos necessários ao
desenvolvimento humano foram deixados em segundo
plano, quando não ignorados.

A subjetividade agora não implica apenas na distribui-


ção dos bens materiais e culturais, mas na aceitação
destes bens entre diversas formas de bens da cultura,

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Tecnologias da Informação e Comunicação

incluindo a espiritualidade e a religião.

É sensível que os povos desejam esta autonomia e ao


mesmo tempo desejam a coparticipação no desenvolvi-
mento global, porém a gestão de bens e de sua distribui-
ção sofre ainda os antagonismos que precipitaram duas
grandes guerras mundiais.

CONCEITO DE TECNOLOGIA
Tecnologia é um termo que abrange o conhecimento
técnico e científico e a aplicação destes conhecimentos
por meio de sua transformação no uso de ferramentas,
processos e materiais elaborados ou empregados a par-
tir de tal conhecimento.

A tecnologia tem ganhado cada vez mais espaço na vida


social dos indivíduos. As atuais inovações tecnológicas
têm como principal ferramenta os computadores, que
são utilizados em atividades práticas no dia a dia das

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pessoas. Nas últimas décadas o crescimento do uso dos


computadores tem sido apontado como uma das princi-
pais causas do desenvolvimento tecnológico, como pode
ser observado na Figura 1.

Figura 1 - Recursos tecnológicos.

A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E O
TRABALHO
Segundo Bonilla (2005), o termo “sociedade da infor-
mação” vem sendo utilizado para caracterizar a épo-
ca atual em que vivemos referenciando as mudanças

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

relacionadas às TICs, à economia, estilo de vida e outros


aspectos. A autora destaca algumas definições de socie-
dade da informação:

• Definição tecnológica: a ênfase reside no espetacular avanço

das tecnologias e das notáveis transformações nos processos

de armazenamento e transmissão da informação.

• Definição econômica: relacionada à mensuração do tamanho

e crescimento da indústria da informação.

• Definição ocupacional: baseada nas transformações que vêm

ocorrendo no setor do trabalho.

• Definição espacial: sustentada pelas ideias de velocidade e

compreensão do espaço-tempo global.

• Definição cultural: referente ao crescente volume de infor-

mações que circulam diariamente pelos meios de comuni-

cação e formam um novo ambiente informacional.

As definições citadas ainda não tornam o conceito

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
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de sociedade da informação preciso. Tais conceitos


atribuem destaque as TICs no cotidiano da socieda-
de moderna, mas são insuficientes para defini-las por
completo.

Muitas são as interpretações sobre as inovações tecnoló-


gicas, criando-se diversos conceitos a respeito. Segundo
Schaff (1993), as mudanças sociais que estão ocorrendo
são definidas como “revolução técnico-científica”, tendo
como um de seus desdobramentos a “segunda revolu-
ção técnico-industrial”, trazendo a microeletrônica com
eixo principal. Para o autor o desemprego foi uma das
maiores consequências de tal “revolução”, as pessoas
perderam seus empregos para a automatização indus-
trial. Isso provocou um incremento da produtividade e
da riqueza social e ao mesmo tempo a redução da de-
manda de trabalho humano.

Realmente, ao se incorporar novas tecnológicas ao pro-


cesso produtivo, tende-se a gerar uma maior valorização

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do capital, reduzindo o uso de material humano. Não quer


dizer que a mão de obra humana seja substituída pelas
máquinas, mesmo porque, as máquinas são consideradas
instrumentos de trabalho. Desprezar o trabalho humano
faz com que o entendimento das mudanças históricas da
época se tornem sem sentido.

É fato que as novas tecnologias estão cada vez mais pre-


sentes na sociedade atual, mas isto não quer dizer que
ela seja o centro das relações sociais, mesmo que exer-
çam um forte impacto nestas relações.

A INSERÇÃO DAS TIC NO TRABALHO


As Tecnologias da Informação e da Comunicação são a
definição de ferramentas criadas para satisfazer neces-
sidades do homem, tendo como principal criador a so-
ciedade capitalista.

Algumas formas de regulação social foram criadas para


se manter as bases da sociedade capitalista. Segundo
Gerra (2000), destaca-se a “racionalidade instrumental”,

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

que encontra-se dependente do alcance de fins particu-


lares e resultados imediatos. Isso a torna útil às estrutu-
ras da sociedade capitalista, reduzindo a reflexão crítica
humana a meras técnicas.

A tecnologia tem grande expansão com o surgimento


da computação eletrônica e da informática. Na cultura
moderna faz parte do cotidiano dos indivíduos em to-
das as áreas de conhecimento e atuação, até mesmo
no convívio humano através das redes sociais.

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Figura 2 - Tecnológicos no trabalho.


A utilização desta tecnologia não passa apenas pelo sa-
ber as técnicas e ferramentas, mas deve passar pelo ver-
dadeiro por que da sua utilização pelo indivíduo agente.

As novas tecnologias da informação e da comunicação


trazem muitas consequências e pode-se observar seu
poder multiplicador em praticamente todos os meios de
convivência dos indivíduos. Em várias áreas as TIC têm
trazido novas formas de expressão, conhecimentos,
possibilidades, pensamentos e por consequência, novos
desafios e perspectivas.

Diante da importância de se reconhecer o verdadeiro pa-


pel da tecnologia na sociedade atual, não sendo apenas
caracterizado como conhecimento dos meios e ferramen-
tas disponíveis, mas sim como algo que modifica, produz
e reproduz métodos inovadores e diferenciados de viver e
de se inserir nas relações sociais (VELOSO, 2012).

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

A INTERNET
A internet em seus vários desdobramentos quanto a
disponibilização de recursos de interação entre indiví-
duos, tem apresentado um potencial significativo. Seus
recursos facilitam a interação e comunicação entre gru-
pos heterogêneos, possibilitando em tese, a manuten-
ção das identidades culturais e dos valores éticos.

Atualmente a Internet se configura não apenas como


uma questão tecnológica, ela pode ser entendida como
um importante fator cultural que influencia nas mudan-
ças das formas de se relacionar e viver em sociedade.

Os meios de comunicação instantâneos, por exemplo,


as redes sociais, blogs, Skype, e-mails e outros (Figura 3),
a Internet tem modificado significativamente os meios
de comunicação entre os indivíduos. Da mesma forma,
a Internet tem sido utilizada como meio de produção e
disseminação de grandes quantidades de informação,
por exemplo, bibliotecas digitais, livros disponíveis em

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Tecnologias da Informação e Comunicação

rede, e a própria Wikipédia uma grande enciclopédia


virtual. Utilizada de forma correta, a Internet pode-se
configurar como uma importante ferramenta para o de-
senvolvimento pessoal e coletivo, proporcionando inú-
meras contribuições para o trabalho, o ensino, o laser e
a cultura (VELOSO, 2012).

Figura 3 - Ferramentas de comunicação.

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

A ESTRUTURA ESTRATÉGICA DAS TIC


A possibilidade de produzir mudanças na qualidade re-
ferentes ao contexto social aponta para a importância
da tecnologia. É um potencial que pode servir tanto ao
interesse das classes dominantes da sociedade, e tam-
bém contribuir para elaboração de um projeto voltado a
população de massa (VELOSO, 2012).

Para que todo o potencial das TIC seja realmente se-


dimentado, faz-se necessário um processo adequação
deste recurso, valorizando outras competências e não
somente a tecnologia (VELOSO, 2012).

Utilizar de forma crítica e rígida os recursos tecnológicos


pode trazer alterações na realização de muitas atribui-
ções e competências. Isso tende a gerar efeitos positivos
no desenvolvimento das diversas profissões. A utilização
dos recursos das TIC pode contribuir para que os pro-
fissionais potencializem competências e habilidades no
contexto de sua atuação em diversas políticas sociais

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

públicas (VELOSO, 2012).

As TIC podem nos ajudar a identificar as desigualdades e


potencializá-las, ao mesmo tempo estipular as relações
entre diferentes dados e informações, estimulando es-
paços para o diálogo, aprendizagem e compartilhamen-
to (VELOSO, 2012).

Segundo Veloso (2012), no que se refere às profissões


quanto ao uso das TIC aponta-se para algumas condi-
ções fundamentais, sendo três elementos básicos que
possibilitam a integração das TIC ao trabalho: vontade
e interesse dos profissionais em utilizar as tecnologias;
existência de condições de trabalho adequadas; existên-
cia de formação profissional voltada para o tratamento
deste tema (VELOSO, 2012).

Um dos fatores importantes para uma melhor absorção


das TIC ao trabalho é a formação profissional, que deve
contribuir para operacionalizar os recursos técnicos e

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

também, quebrar o paradigma da resistência do seu uso,


demonstrando as diversas alternativas e efeitos positi-
vos da utilização correta da tecnologia (VELOSO, 2012).

Uma das alternativas para tentar quebrar a resistência


ao uso das TIC por parte dos profissionais das diversas
áreas é a reflexão que pode ser realizada nos meios de
capacitação, como cursos de graduação, pós-gradua-
ção, capacitações e demais espaços de debate (VELOSO,
2012).

No que se refere à formação profissional, não se pode


pensar em um simples ensino da informática básica,
mas uma formação que direcione os profissionais para
o entendimento e absorção dos potenciais das TIC, pos-
sibilitando a inserção dos benefícios da tecnologia no
ambiente de trabalho. Não se pode esquecer que para
uma adequação das TIC ao ambiente de trabalho é pre-
ciso verificar as condições e disponibilidade de recursos
físicos, materiais e humano em quantidade e qualidade

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

necessárias para realização das atividades tecnológicas.

Outro fator relevante quanto à absorção das TIC no am-


biente de trabalho, está relacionada ao interesse dos
profissionais no seu uso. A resistência dos profissionais
em inserir no seu trabalho os recursos oferecidos pelas
tecnologias pode estar relacionada à falta de interesse
no seu uso, ou seja, não há interesse, mas na verdade,
há uma resistência quanto à incorporação das TIC no
ambiente de trabalho.

Tal resistência está relacionada às mudanças e me-


lhorias que as TIC podem introduzir na realização das
tarefas do cotidiano do profissional. Isso implica em
atualização profissional, mudança de perfil, que traz
melhorias na execução dos trabalhos, direcionando o
profissional para as novas tendências inovadoras e fir-
mando sua presença no mercado de trabalho cada vez
mais tecnológico.

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Tecnologias da Informação e Comunicação

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Uma abordagem mais aprofundada da importância da
inserção das TIC no trabalho durante a formação pro-
fissional é um fator que pode contribuir muito para a
quebra da barreira que ainda existe a tal inserção.

Para fixar a inserção das TIC no ambiente de trabalho


subtende-se que no processo de formação profissio-
nal sejam abordando tanto os aspectos gerais do uso
da tecnologia, quanto os benefícios que as TIC podem
agregar às profissões.

Alguns profissionais buscam qualificação por meio de


cursos de informática básica voltada para os editores
de texto, planilhas eletrônicas e outros aplicativos mais
utilizados no cotidiano do trabalho. Em alguns casos a
qualificação se dá dentro da própria empresa, até mes-
mo por necessidade de aperfeiçoamento em virtude de
mudanças nos sistemas operados pelos profissionais.

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

A grande demanda das atividades desenvolvidas no dia


a dia dos profissionais fomenta a necessidade da inser-
ção das TIC. É importante identificar as necessidades
nos processos do trabalho para adequação das tecnolo-
gias apropriadas.

A importância da abordagem das TIC na formação pro-


fissional não quer dizer que tal conteúdo deva ter prio-
ridade sobre os demais conteúdos que contemplam a
formação profissional nas diversas áreas. A tecnologia
deve ser trabalhada em igualdade de relevância com as
demais competências e habilidades que fazem parte do
trabalho profissional, deixando bem claro que a tecnolo-
gia não é prioridade na autonomia do trabalho, mas se-
gundo Veloso (2012) no projeto profissional, nos valores
e nas referências fundamentais das profissões.

Sendo assim, a formação profissional preocupada com a


abordagem das TIC pode contribui para que seja tratada
como conteúdo complementar na formação profissional,

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

útil partindo do princípio que possibilita uma articulação


das competências profissionais, não sendo no processo
de formação, o principal item.

Conforme Veloso (2102), a presença das TIC na forma-


ção profissional é uma condição de grande importância,
embora não seja a única para que o processo de intro-
dução das tecnologias ao trabalho aconteça de forma
rica e consistente. A abordagem das TIC na formação
profissional pode tornar-se fundamental para que os
profissionais possam desenvolver uma percepção crite-
riosa de tais tecnologias.

AS CONDIÇÕES DE TRABALHO
Com as discussões anteriores é possível verificar que
informatizar não leva naturalmente a introdução das
TIC no trabalho. Tal introdução precisa de condições
para que os profissionais entendam o verdadeiro po-
tencial que os recursos da tecnologia podem agregar ao
trabalho.

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Tecnologias da Informação e Comunicação

Segundo Veloso (2012), isso demanda um série de esfor-


ços que envolvem a existência de condições adequadas
de trabalhos, bem como envolvimento com o trabalho,
vontade política, formação e qualificação profissional
contínuas, dentre outros fatores. Muitas vezes as condi-
ções necessárias para a incorporação das TIC não estão
disponíveis para os profissionais, dificultando tal incor-
poração. Portanto, conhecer as condições de trabalho
dos profissionais é vital para que a incorporação das TIC
seja possível.

Embora condições para incorporação não seja o único pré-


-requisito, considera-se aspecto básico, sendo condição a
presença de materiais e objetos necessários à incorporação.

Em muitas organizações a falta de condições adequadas


de trabalho, até mesmo a falta de requisitos mínimos
necessários para o desenvolvimento profissional sobre-
carregando o trabalhador, gerando um ambiente tenso
e estressante.

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Mesmo com tantas dificuldades muito profissionais so-


nham com a inserção com a introdução das TIC nas ro-
tinas do trabalho, tentando eliminar as barreiras reais
presentes no dia a dia. Pode-se apontar a dificuldade de
acesso a equipamentos básicos para a prática das TIC,
como computadores, impressoras, suprimentos de in-
formática, e também, a falta de espaços para qualifica-
ção na área.

Para uma efetiva introdução das TIC no ambiente pro-


fissional é relevante que as condições de trabalho sejam
favoráveis. Ma maioria dos casos a frequência da tecno-
logia se dá em ambientes de trabalho que existam con-
dições que os profissionais acreditam ser adequadas.

Incentivar a introdução das TIC à rotina do trabalho


deve passar por uma reflexão da importância que as
condições de trabalho exercem em tal processo. A
simples existência de condições não garante a intro-
dução das TIC, é preciso articulação entre condições

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

e potencialidades que as TIC poderão agregar ao tra-


balho, aí sim, processos de formação profissional que
atenda as demandas e especificidades de cada profis-
são se fazem necessário, ajudando no processo de in-
trodução da TIC no trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
As tecnologias possibilitam que o trabalho colaborativo
também se estenda a questões teóricas e práticas. A ên-
fase em torno do trabalho agora é criar possibilidades
de cooperações e produções coletivas.

É preciso tomar cuidado ao examinar tudo isso, foi apre-


sentada uma deliberada especulação em torno do tra-
balho e sua organização a partir das novas técnicas em
rede, sem a pretensão de fechar este ponto ainda em
pleno desenvolvimento, mas de introduzir o diálogo so-
bre Cibercultura.

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

FIQUE POR DENTRO


No link a seguir há um vídeo sobre TIC – Tecnologia da Informação
e da Comunicação:
<http://www.youtube.com/watch?v=cl1291SqSow>.

REFLITA
É apresentado abaixo um artigo da professora Martorelli
Dantas debatendo EaD, ambiente corporativo e formação
continuada. Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos bri-
lhantemente debatidos pela professora.

O ENSINO A DISTÂNCIA NO AMBIENTE CORPORATIVO,


UMA FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA
Martorelli Dantas(*)
Não é de hoje que se diz que é preciso estudar sempre. É
necessário que os profissionais, sejam quais forem as suas
áreas de atuação, estejam em contínuo processo de desen-
volvimento e aprendizado. Esta realidade tem feito profissio-
nais já estabelecidos no mercado de trabalho retornarem aos
bancos escolares, para fazerem MBA’s e cursos de especia-
lização. Refletir, repensar e trocar experiências com outras

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

pessoas igualmente envolvidas no mundo produtivo tornou-


-se compulsório.
Mas nem todas as pessoas têm oportunidade de tempo e
condições financeiras para estes cursos, que em geral são
caros e demandam o deslocamento do profissional, freqüen-
temente, para outros países, e quando não, para outros esta-
dos. Há profissionais que estão em um momento tal de suas
vidas que a retirada do “front” de trabalho neste instante não
seria estratégica. As razões são várias: dificilmente consegui-
riam retornar para ocupar a mesma posição depois do perío-
do de estudos, não têm reservas financeiras para bancarem
tal afastamento, não contam com um projeto de estímulo à
educação continuada em suas empresas. É para esses profis-
sionais, inclusive, que o modelo corporativo de EaD (Ensino a
Distância) parece-me especialmente apropriado.
Disse “inclusive” porque EaD não é uma forma de estudar
para quem não tem tempo ou dinheiro. Quem não tem tem-
po para estudar e não tem recursos para financiar este estu-
do, nem conta com quem possa fazê-lo, simplesmente não
pode estudar. É urgente que desfaçamos o engano de que
é possível fazer bons cursos, ter bons professores e ter um
crescimento profissional real sem investimento. Isso não é
possível, e acredito que nunca foi nem nunca será.
Mas voltando à questão da utilização do Ensino a Distância no
ambiente corporativo, devo afirmar que esta tem sido uma

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

tendência dos nossos dias.


Primeiro foram as grandes universidades do mundo que co-
meçaram a utilizar com seus alunos de MBA, já na década de
80, meios como apostilas, fitas de vídeo e áudio, para instruí-
rem aqueles com maior dificuldade de deslocamento. Com o
advento da Internet parece que todos esses recursos encon-
traram um só caminho para ligarem alunos, professores e a
própria instituição de ensino. Isso com a facilidade de que a
comunicação pode ser feita não apenas de um para muitos,
mas de forma completamente interativa, constituindo uma
verdadeira comunidade de aprendizado.
Mais recentemente as empresas de grande porte como a
Accor Brasil, BankBoston, DataSul e Visa perceberam o poten-
cial e a necessidade de manter suas estrelas dentro de suas
próprias portas e criaram as Universidades Corporativas. Elas,
nada mais são, que a criação, intramurus, de comunidades
de aprendizado colaborativo, que oferecem a oportunidade
aos funcionários da empresa de trocarem suas experiências
e aprenderem com especialistas convidados. E nenhum canal
se mostrou mais eficaz para isso que a Internet, com seus re-
cursos multimídia e infindas possibilidades de interação.
Se a escola entrou na empresa, e não mais para alfabetizar,
é preciso também que a pedagogia faça o mesmo. Não há
formação, crescimento e transformação sem educação, e o

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

ensino corporativo não é exceção à regra. É preciso formar


educadores capazes de dimensionar modelos e estratégias
próprias para a implantação de sistemas de educação con-
tinuada através do EaD dentro das empresas, sob risco de
despendermos inutilmente esforços, tempo e recursos.
A Aquifolium é uma empresa, entre outras, que tem se dedi-
cado a preparar esses educadores para agirem dentro de uni-
versidades, escolas, corporações e iniciativas independentes.
Já passaram por nossos cursos, eventos e palestras mais de
mil alunos, os quais estão engajados em um mercado de tra-
balho crescente e exigente. Acredito que muitas empresas
que já possuem toda uma estrutura de comunicação interna
através da Internet, poderiam usar os equipamentos e o pes-
soal treinado, sob a supervisão e orientação de educadores,
para desenvolver seus próprios cursos de aperfeiçoamento
profissional. Para implementá-los não precisa ser rico, basta
ser grande.
(*) A autora é professora da Escola Superior de Marketing do
Recife, da Universidade de Pernambuco e membro da Equipe
Pedagógica da Aquifolium Educacional.

Fonte : <http://www.aquifolium.com.br/educacional/artigos/
martorelli.html.> Acessado em 23/09/2013.

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

REFLITA
É apresentada abaixo uma entrevista do professor Wilson
Azevedo debatendo a tecnologia na educação. Aproveite a
leitura e reflita sobre os assuntos brilhantemente debatidos
pelo professor.

TECNOLOGIA EM FAVOR DA EDUCAÇÃO


Entrevista concedida ao portal WWWork
Wilson Azevedo
wwwork: Quais são os serviços oferecidos pela Aquifolium?
Wilson Azevedo: A Aquifolium é uma empresa que desenvol-
ve projetos para a internet, com forte ênfase no aspecto huma-
no e comunicacional da rede, sem negligenciar o tratamento
adequado da tecnologia. Nossa unidade de negócios educa-
cionais, a Aquifolium Educacional, dedica-se especificamente
à educação on line, isto é, ao desenvolvimento de projetos de
educação utilizando redes informatizadas, sendo a educação
à distância o principal campo que vem demandando nossa
atuação.
wwwork: Na sua opinião, como está sendo o desenvolvimen-
to do ensino à distância no Brasil?
Wilson Azevedo: Primeiramente, creio que deve-se destacar
que o Brasil ocupa posição de destaque em nível mundial no

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

que diz respeito à educação à distância. Aqui foram desenvol-


vidos os mais bem-sucedidos programas com uso de rádio e
TV. Um exemplo deles é o TeleCurso 2000, caso de sucesso,
destacado mundialmente. Mas, ainda estamos num proces-
so embrionário. Temos algumas iniciativas que deveriam ser
corretamente classificadas no campo editorial e no mercado
de publicações, embora esteja muito claro para a maioria das
pessoas que o fato de se ler um livro que tem o título “curso
de alguma coisa” não significa que se esteja efetivamente fa-
zendo um curso. Ainda não se tem a mesma clareza quando
se trata de publicações eletrônicas em páginas na web.
wwwork: A educação à distância existe desde fins do século
XVIII. A evolução da tecnologia é um dos principais motivos
para a popularização do ensino à distância? Você acha que é
uma tendência a utilização cada vez mais frequente e usual
da internet no ensino?
Wilson Azevedo: Não diria que estejamos assistindo a uma
popularização da EaD no Brasil. Pelo contrário, estamos as-
sistindo a um processo compreensível de elitização da edu-
cação à distância. A EaD no Brasil sempre foi vista como uma
modalidade popular, ou voltada para os andares inferiores do
edifício social, uma maneira de, supletivamente, atender aos
que iam ficando excluídos do sistema educacional presencial.
Nossos principais programas à distância sempre estiveram

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

voltados à alfabetização e à formação básica da população


de baixa renda.
O advento das redes corporativas e da internet conferiu um
novo status a educação à distância. A educação online vem
sendo vista por empresas e instituições de ensino como uma
forma nova de atender a outro tipo de excluído, não o ex-
cluído social, mas o excluído pela falta de disponibilidade de
tempo ou pela distância em relação aos centros de excelên-
cia, uma elite gerencial, executiva, profissional que vem se di-
rigindo os mais recentes esforços em educação online.
wwwork: Quais são as vantagens e desvantagens da educa-
ção à distância para os alunos e professores?
Wilson Azevedo: As principais vantagens, mas também os
maiores perigos, se encontram na flexibilidade em relação ao
tempo. Alunos e professores não ficam mais presos às gra-
des de horários que definem uma hora para começar e outra
para encerrar uma aula. Alunos e professores precisam de
maior disciplina para estabelecer os horários que lhes são
mais convenientes - e efetivamente dedicar-se ao estudo nes-
tes horários. Isto requer um perfil mais autônomo e indepen-
dente para o aluno, coisa que nosso sistema educacional não
incentiva nem desenvolve.
Além disto, no caso específico da educação on line, o alu-
no - e também o professor - precisa adaptar-se a uma outra

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

ecologia pedagógica, um outro ambiente caracterizado por


uma temporalidade multissincrona, uma espacialidade virtu-
al e uma sociabilidade comunitária. Esta adaptação é um pro-
cesso delicado que precisa ser bem trabalhado para evitar-se
o fracasso, a angústia e a frustração.
wwwork: E a relação entre estudante e professor, não fica
prejudicada?
Wilson Azevedo: Na EaD convencional, baseada em módu-
los auto-instrucionais, com uso de servico postal, rádio ou TV,
este sempre foi um problema. Mais ainda do que a relação
estudante-professor, a fecunda experiência de relaciona-
mento interpessoal e comunitário em turmas de alunos era
totalmente impossível com uso destas tecnologias. Mas jus-
tamente uma das maiores contribuições das novas tecnolo-
gias da informação e da comunicação, notadamente da inter-
net, reside na possibilidade de interação coletiva à distância
- que pode ser intensa, de altíssima qualidade e elevado grau
de profundidade, quando bem incentivada e trabalhada. A
maior contribuição está nesta possibilidade de envolver alu-
nos e professores em comunidades virtuais de aprendizagem
colaborativa.
wwwork: A motivação do estudante não diminui com o en-
sino à distância? Esse tipo de ensino não estimula uma indi-
vidualização dos estudantes por não estarem reunidos em

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

grupos?
Wilson Azevedo: No modelo baseado na chamada auto-ins-
trução isto é um fato. Mas este foi um modelo desenvolvido
diante dos limites impostos pelas tecnologias classificadas
como da primeira (rádio, TV) e da segunda geração (software
educativo, CD-ROM) e pela orientação do contexto econômi-
co e cultural da sociedade industrial. Com o advento da cha-
mada “sociedade da informação” e das tecnologias de tercei-
ra geração, as das redes de computadores, não precisamos
ficar presos a este modelo. Aliás, é um desperdício utilizar a
internet apenas para a auto-instrução, um equívoco de enfo-
que desenvolver um curso on-line como se fosse um CD-ROM
educativo. A internet combina as 3 possibilidades de comu-
nicação: de um-para-um, de um-para-muitos e, sobretudo,
de muitos-para-muitos. Via internet, comunidades virtuais
de aprendizagem colaborativa podem envolver o estudante,
mantendo sua motivação e estimulando a constante e inten-
sa troca e cooperação de todos com todos. Não perceber
isto tem sido um equívoco, infelizmente, ainda muito comum
em iniciativas educacionais na internet. Mas acho que esta-
mos assistindo a um processo de gradual amadurecimento,
tanto de instituições, quanto do público, que nos fará perce-
ber com mais nitidez que a aprendizagem colaborativa em

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

comunidades virtuais oferece o modelo mais adequado à


educação on-line.

É apresentado abaixo um artigo debatendo EaD e o


mercado de trabalho. Aproveite a leitura e reflita sobre
os assuntos brilhantemente debatidos pela professora.

A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E O MERCADO DE


TRABALHO

Ana Carolina Garcez Bueno Carneiro

César Augusto Garcez Bueno Carneiro

Mariana Mayrink Giardini

RESUMO

A revolução tecnológica mudou costumes, hábitos e


valores na sociedade contemporânea e trouxe facilida-
des para a área da educação, que é uma das que mais faz
uso dos recursos tecnológicos. A competição e exigência

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

do mercado de trabalho levam cada vez mais pessoas


a buscarem conhecimento e uma formação (gradua-
ção, pós-gradução, mestrado, doutorado) e o EAD tem
proporcionado essa facilidade a muita gente, que por
motivo de distancia, financeiro e outros, não pode es-
tar presente em uma faculdade, mas também surge a
preocupação da aceitação do mercado com relação
ao profissional na área da Aquacultura/Engenharia
de Pesca/Aquicultura, Técnico em Piscicultura, formado
pelo ensino a distância.

PALAVRAS-CHAVE: EAD, Tecnologia, Profissional.

INTRODUÇÃO

As novas tecnologias já fazem parte da vida cotidiana da


sociedade, e as mudanças comportamentais já são bem
evidentes. A internet facilita a vida das pessoas, princi-
palmente com relação a informações e pesquisas e agili-
dade em alguns tipos de serviço, a exemplo compras. A

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

quantidade de informações também é grande, então é


necessário filtrar as informações de seu interesse.

As pessoas que pela correria do cotidiano, problemas


financeiros, e outros de cunho pessoal que estão à pro-
cura de estudo para ingressar no mercado de trabalho,
que está cada vez mais exigente, têm a necessidade de
fazer uma faculdade, e hoje em dia temos o método EaD
(EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA), que permite acesso a educa-
ção de forma mais fácil, inclusive em menos tempo que
uma faculdade com ensino presencial.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

É um ensino na qual o aluno não precisa esta fisicamen-


te presente em um ambiente de ensino como escola,
universidade. A didática deste ensino depende da tecno-
logia, a exemplo, a internet, via mais utilizada hoje como
estudos a distância por outro lado o aluno tem que se

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

esforçar porque se torna um estudo mais autônomo


que é empregado nos horários em que o aluno despose
para dedicar-se ao estudo.

EAD NO BRASIL

Segundo a enciclopédia Wikipédia, no Brasil, desde a


fundação do Instituto Rádio Técnico Monitor, em 1939,
o hoje Instituto Monitor, iniciaram várias experiências
de educação a distância com relativo sucesso. As ex-
periências brasileiras, governamentais e privadas, fo-
ram muitas e representaram, nas últimas décadas, a
mobilização de grandes contingentes de recursos. No
passado, os resultados não foram suficientes para ter
aceitação governamental e social da modalidade de
educação a distância no país. Porém, a realidade bra-
sileira já mudou e o governo brasileiro criou leis e es-
tabeleceu normas para a modalidade de educação a
distância no país.

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

As bases legais para essa modalidade foram estabeleci-


das pela Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional
n°9.394, de 20 de dezembro de 1996, regulamentada pelo
decreto n°5.622 de 20 de dezembro de 2005, que revogou
os decretos n°2.494 de 10/02/98, e n°2.561 de 27/04/98,
com normatização definida na Portaria Ministerial n°4.361
de 2004. No decreto n°5.622 dita que, ficam obrigatórios
os momentos presenciais para avaliação, estágios, defe-
sas de trabalhos e conclusão de curso.Classifica os níveis
de modalidades educacionais em educação básica, de jo-
vens e adultos, especial, profissional e superior. Os cursos
deverão ter a mesma duração definida para os cursos na
modalidade presencial e ainda, poderão aceitar transfe-
rência e aproveitar estudos realizados em cursos presen-
ciais, da mesma forma que cursos presenciais poderão
aproveitar estudos realizados em cursos a distância.

Regulariza o credenciamento de instituições para


oferta de cursos e programas na modalidade a

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

distância (básica, de jovens e adultos, especial, pro-


fissional e superior).

ASPECTO IDEOLÓGICO

A EaD caracteriza-se por estabelecer uma comunica-


ção de diversas maneiras, suas possibilidades amplia-
ram-se em meio às mudanças tecnológicas como uma
modalidade alternativa para superar limites de tempo e
espaço. Seus referenciais são fundamentados nos qua-
tro pilares da Educação do Século XXI publicados pela
UNESCO, que são: aprender a conhecer, aprender a fa-
zer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

Desta forma, a Educação deixa de ser concebida como


apenas transferência de informações e passa a ser nor-
teada pela contextualização de conhecimentos úteis ao
aluno. Na educação a distância, o aluno é desafiado a
pesquisar e entender o conteúdo, de forma a participar

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

da disciplina.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E O MERCADO DE TRABALHO

Apesar de a educação a distância ser um modelo sério,


legalizado e com respaldo e amparo do MEC, e de ser
adotado hoje em quase todas as faculdades e universi-
dades do Brasil, algumas pessoas que pretendem fazer
uma faculdade à distância têm se preocupado com sua
aceitação ou não pelo mercado de trabalho. Uns usam
a expressão reconhecimento pelo mercado de trabalho,
outros apenas aceitação, mas no fundo a preocupação
é a mesma. O mercado de trabalho formal vai sempre
optar pelo que é mais formal. O mercado menos formal
tende a observar a capacidade do indivíduo e não ape-
nas a sua formação. Então, diante disso é evidente que
a preocupação com o mercado de trabalho poderá se
justificar ou não.

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

OS ALUNOS DE HOJE E PROFISSIONAIS DE AMANHÃ

A grande preocupação não é o que o mercado e traba-


lho acha ou deixa de achar da educação a distância e
sim o tipo de profissional que as faculdades EAD vão
enviar para o mercado. O receio maior é que muitas
pessoas estejam despreparadas para enfrentar um
curso a distância e conseqüentemente para ingressar
no mercado de trabalho em que se pretende formar,
dependendo da área, a exemplo a saúde, por irrespon-
sabilidade de um mau profissional, vidas podem estar
em jogo. Diante do estudo feito, foi possível perceber
que alguns alunos têm dificuldade de compreensão de
um simples texto, prova disso são as dúvidas, comen-
tários em chats, rodapés, posts, sem contar nos erros
de português (ortografia), grafia errada, a faculdade
não corrige esses erros e provavelmente irão parar no
mercado de trabalho. As baixas mensalidades de EAD
e comodidade de horário e local despertam o interesse

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

de muita gente, isso é bom, pois a faculdade é uma ex-


tensão e não o básico, logo os alunos devem fazer estu-
dos por conta própria, seja em cursinho ou através de
conteúdo gratuito disponível na internet, criar o hábito
de leitura e informação, adquirindo mais conhecimen-
to e experiência sobre a área de estudo desejada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É indiscutível que a educação a distância é a modalidade


de ensino que mais cresce no país. O mercado de tra-
balho passa a reconhecer o valor e a importância que a
EAD proporciona aos novos profissionais formados por
um sistema que inibe a atitude passiva e capacita traba-
lhadores com perfis de autonomia e independência. “Os
que se formaram mostram que têm bastante disciplina,
empenho, são organizados e cumprem prazos”, acredita
Constantino Cavalheiro, diretor da Catho Educação. “No

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

processo seletivo, a empresa não avalia a modalidade


de ensino, mas a instituição. Se é de renome, é aceita.
O que conta é a reputação da escola. E mais importante
que o certificado é o conhecimento do aluno e sua capa-
cidade de apresentar resultado.”

Foram observados os crescentes índices de empresas


que tanto acreditam na educação a distância como
também usufruem dela como eficiente método de trei-
namento para a capacitação de seus colaboradores.
“Em 2007, pela primeira vez desde a criação do Enade
(2004), o Inep (órgão de avaliação e pesquisa do MEC)
comparou o desempenho dos alunos dos mesmos cur-
sos nas modalidades a distância e presencial. Em sete
das 13 áreas onde essa comparação é possível, alunos
da modalidade a distância se saíram melhores do que
os demais.” (Fonte: Folha de São Paulo)

A realidade é que haverá sim empresas que irão torcer o


nariz para quem fez uma faculdade a distância, mas isto

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

não é regra no mercado. O importante é se preocupar com


a sua formação e fazer a diferença, procurar uma institui-
ção confiável, usufruir de todos os recursos disponíveis
para sanar as possíveis duvidas de conteúdo, para ser um
bom profissional , enfim, assim terá aceitação do mercado
sem nenhum problema.

Fonte: www.abed.org.br/congresso2013/cd/380.doc

INDICAÇÕES DE LEITURA

VELOSO, Renato. Tecnologias da


informação e comunicação. São
Paulo: Saraiva, 2011.

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

LAURINDO, Fernando José Barbin;


ROTONDARO, Roberto Gilioli.
Gestão Integrada de Processos e
da Tecnologia da Informação. São
Paulo: Atlas, 2006.

ATIVIDADES
1) Reflita sobre o que você entende por Tecnologia da
Informação.

2) Continuando as reflexões. Agora que você já tem


a percepção do que é Tecnologia da Informação, o
que você entende por Tecnologia da Informação e
da Comunicação?

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UNIDADE I - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

3) Faça uma pesquisa sobre a utilização de recursos


tecnológicos no cotidiano das pessoas quanto às re-
lações sociais. O objetivo é identificar que tipos de
recursos da TIC as pessoas têm utilizado nas rela-
ções pessoais de trabalho mediadas pela tecnologia.

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UNIDADE 2

Novas tecnologias na EAD e


suas formas de mediação
Carlos Eduardo Cayres

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Debater as mudanças que as novas Tecnologias de


Informação e da Comunicação têm provocado nas relações
socioculturais e na forma de promover a aprendizagem
por meio dos recursos disponibilizados pelas novas
ferramentas tecnológicas..

PLANO DE ESTUDO

Serão abordados os seguintes tópicos:

• Novas posturas frente à Educação a Distância


• Redes sociais como espaços de aprendizagem na web
• Possíveis caminhos da interatividade
• A interatividade na EAD
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

INTRODUÇÃO
Uma das principais ferramentas das TIC favorável à demo-
cratização do saber é sem dúvida a internet. O conheci-
mento não se restringe somente a um grupo, é comparti-
lhado por um amplo número de indivíduos, independente
do local em que é produzido.

Os ambientes em rede minimizam as distâncias, promo-


vendo trocas colaborativas, criativas e autônomas. A es-
cola e a família tem que estar atentas a essas mudanças
inevitáveis, nunca deixando de lado os valores humanos
e éticos, indispensáveis a um bom convívio social.

NOVAS POSTURAS FRENTE À EDUCAÇÃO A


DISTÂNCIA
As novas tecnologias de informação tendem a provo-
car mudanças socioculturais que a sociedade atual
ainda não tem condições de assimilar. Ao se modificar

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

aspectos sociais, resistências surgirão, principalmente


por que, não se sabe o impacto que estas transforma-
ções provocarão.

As redes sociais, como Facebook, Orkut, Skype (Figura 4),


entre outras, apresentam formas de interação que atra-
em pela diversidade de informações com recursos varia-
dos: sons, imagens, tudo muito interativo. A escola tradi-
cional não traz novos desafios e isso causa desconfiança
nas metodologias tradicionais de ensino. Isso gera um
descaso diante das formas de aplicação de conteúdos e
formas de avaliação que fogem ao cotidiano do jovem do
século XXI. É preciso incorporar os meios audiovisuais em
suas práticas estudantis e a gama de riquezas que as TICs
podem proporcionar.

61
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Figura 4 - Facebook e Skype.

Os jovens do século XXI querem dialogar, discutir, di-


versificar e não apenas participar de um modelo de as-
similação de conteúdo. O conceito de “nativos digitais”
segundo Belloni (1999) define estes jovens com muita
propriedade, pois, frente à geração dos “imigrantes di-
gitais”, eles possuem habilidades e competências para o
uso das novas tecnologias principalmente porque inte-
ragem no ambiente em rede com extrema naturalidade.

Com isso, o compartilhamento de informações se tornou

62
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

uma marca da nova web, em que os jovens procuram e


desejam criar juntos, muito próximos do que Pierre Lévy
(1999) definiu como inteligência coletiva. No entanto,
existem desafios a serem desvendados na rede de infor-
mações, pois, se por um lado, ela pode ser fascinante,
por outro, pode ser igualmente obscura, percorrendo
caminhos perigosos.

A INTERATIVIDADE NA EAD
Mudar a postura passiva do telespectador, aproximan-
do-os das novas TICs, é um grande desafio para os indi-
víduos do século XXI. Pesquisas indicam um crescimento
na modalidade em educação a distância e o ensino pre-
sencial não pode ser apenas transferido para o ensino a
distância, por meio das novas ferramentas tecnológicas.
É preciso ter cuidado com a preparação dos materiais,
atentando para as especificidades dos educandos, con-
textualizando os conhecimentos na região onde o aluno

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

está inserido.

O governo, a partir de 2007, estabeleceu políticas de


referências de qualidade para regulamentação dos cur-
sos a distância, com a finalidade de minimizar os efei-
tos muitas vezes insatisfatórios desta modalidade de
ensino, preocupado com a grande expansão da EAD no
Brasil.

Um dos objetivos é garantir que uma proposta de pro-


jeto de curso superior a distância precisa estar atento
a um forte compromisso institucional visando garantir
uma formação técnico-científica para o trabalho, consi-
derando também, a dimensão política para a formação
do cidadão. Além do mais, a educação superior presen-
cial ou a distância, nas suas diversas formas de combi-
nações entre presencial, presencial virtual e a distância,
precisa evidenciar o desenvolvimento humano, diante
do comprometimento da concepção de uma sociedade
mais justa.

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Outro fato importante no documento é que a educa-


ção deve superar a visão fragmentada do conhecimen-
to, elaborando uma estrutura de interdisciplinaridade e
contextualização.

A educação encontra nesse panorama um ambiente


desafiador e diferente dos meios de comunicação de
massa. Por exemplo, a televisão apresenta um material
voltado ao consumo e à padronização do pensamento,
a estrutura teórico/prática dos cursos de EAD percorre
um caminho contrário, pois deve basear-se nos ques-
tionamentos, práticas e discursos inovadores para que
consiga despertar a autonomia, criatividade e cidadania
no seu público-alvo.

Atentado para o problema, a EAD deve promover a in-


teração entre alunos e entre alunos e professores, uti-
lizando-se de ambientes que propiciem ferramentas
como fóruns e chats, disponibilizando o conhecimento
de forma autônoma. Assim sendo, é preciso diferenciar

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

interação e interatividade, que, muitas vezes são colo-


cadas de forma prolixa. Para Belloni (1999), o conceito
sociológico de interação é a ação recíproca entre dois ou
mais atores onde ocorre intersubjetividade, isto é, en-
contro entre dois sujeitos, que pode ser mediada por al-
gum veículo técnico de comunicação (telefone ou carta).

Em contrapartida, interatividade é o recurso técnico dis-


ponibilizado por um determinado meio, como hipertex-
tos em geral ou jogos eletrônicos. Existe também o con-
ceito de interatividade como a atividade humana que
age sobre a máquina e recebe em troca uma resposta.

Torna-se inevitável a mudança no papel do professor


diante dos novos modelos de interatividade. O novo pa-
radigma exige que o professor se transforme em me-
diador do conhecimento rompendo a barreira dos en-
contros clássicos em sala de aula. No modelo tradicional
a aprendizagem acontecia, muitas vezes, mediante tro-
cas teóricas por meio dos diálogos. Educadores atentos

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

aos objetivos propostos pela disciplina devem recorrer


a diferentes linguagens, diversificando a compreensão
dos diferentes conteúdos, indo ao encontro do mundo
sociocultural dos educandos. O professor torna-se tam-
bém é um aprendiz das linguagens visuais e sonoras na
atual quebra de paradigmas hierárquicos e cabe tam-
bém a ele a autoaprendizagem diante do novo contexto
educacional. É um a caminho sem volta.

O uso das redes sociais, como prática de interação social,


tem arrebanhado inúmeros adeptos, entretanto a mu-
dança da prática para o ambiente de aprendizagem, não
consegue obter a mesma aceitação. Estudos apontam
que os alunos de educação a distância ainda não con-
seguem dominar as diferentes formas interativas dis-
poníveis. Os ambientes virtuais de aprendizagem, como
fóruns, salas de bate-papo, emails ainda não são bem
utilizados pelos estudantes, isso faz com ele não se sin-
ta integrado ao curso do qual faz parte. Segundo Serra

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

(2005), este fator é um dos determinantes para a evasão


dos cursos na modalidade a distância. Talvez por esta
razão que a nova regulamentação (2007) tenha definido
que os cursos precisam estimular as trocas de saberes
por meio de fóruns, salas de bate-papo, chats, pois são
estas formas de convivência que permitem que o aluno
avance nas etapas de compreensão dos conteúdos.

A dificuldade de se expressar por meio da escrita é outro


aspecto a considerar como obstáculo à interatividade,
em especial ao eixo comunicativo (SERRA, 2005). Os tex-
tos podem apresentar duplo sentido ou ser escrito de
forma confusa, dificultando a compreensão por parte do
professor/tutor na aprendizagem. Na rede a quantidade
de informações encontradas é muito diversificada e os
alunos têm dificuldade em filtrar, pois não conseguem
distinguir a relevância de um texto para outro, bem
como a confiabilidade dos links das pesquisas. A habi-
lidade de filtrar o que realmente é relevante torna-se

68
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

uma das competências indispensáveis ao saber e que


se desenvolvem ao longo da prática de aprendizagem,
tanto no ensino a distância quanto no ensino presencial.

É preciso considerar também o acesso aos meios tecno-


lógicos dos educandos: bibliotecas, laboratórios, video-
teca, entre outros. Além disso, a educação, sobretudo,
na modalidade a distância, precisa disponibilizar cursos
introdutórios sobre alfabetização digital, a fim de sanar
dúvidas, para que os estudantes tenham condições de
produzir bons resultados.

Enfim, é indispensável que o material a ser disponibiliza-


do deve ser pensado e articulado por uma equipe mul-
tidisciplinar para que o ambiente de ensino-aprendiza-
gem seja atrativo, diminuindo o crescente abismo que
separa a escola da sociedade.

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

POSSÍVEIS CAMINHOS DA INTERATIVIDADE


Pesquisas apontam que, a não interação provoca au-
sência de laços de comunicação, como consequência,
um distanciamento do ambiente de aprendizagem em
rede. A mudança de comportamento, porém, vem sen-
do exercitada de forma espontânea por meio das redes
sociais ou pelas buscas de informação mediante maté-
rias jornalísticas, músicas, blogs, entre outros.

Pode-se perceber que os usuários em rede gostam de ler


notícias em rede e expor o seu pensamento aos demais,
tecendo seus próprios comentários sobre o assunto. Esta
prática tem se tornado frequente, mas ela nem sempre
contribui para um debate democrático; pode-se criar um
ambiente muitas vezes constrangedor, pois a divergência
de opiniões acaba cirando uma atmosfera de hostilidade
entre alguns indivíduos.

As dificuldades em criar um ambiente de trocas de ideias


verdadeiramente efetivas em rede, por meio do debate,

70
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

são as mesmas que se vê em sala de aula.

Apesar disso, ferramentas tecnológicas como o Orkut


e o Facebook, enquanto redes sociais, têm demonstra-
do um envolvimento promissor no que diz respeito às
comunidades associadas por um determinado assunto.
Ainda assim, o fato de os participantes de comunidades
estabelecerem trocas a partir de um interesse comum,
muitas vezes, expressa um aprendizado que vai a além
do ambiente em rede.

A colaboração é surpreendente neste aspecto, seja pela


disposição no esclarecimento de dúvidas ou pela troca
de material entre os membros. Com a mesma proposta
surgem os ambientes nos quais os usuários têm espaço
para expor sua criação individual por meio de expres-
sões literárias, musicais. Por sua vez, o ambiente escolar
do ensino presencial, também tem utilizado tais formas
de interação fazendo a articulação entre os conteúdos
curriculares.

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

As mudanças que norteiam as boas práticas sociais e


que vem ocorrendo em meio ao ambiente em rede, ain-
da são novidade para grande parte da população. Faz-se
necessário, um debate mais amplo em torno de políticas
públicas, no contexto brasileiro, buscando uma demo-
cratização no acesso à rede, pois a falta de recursos que
possibilitem o acesso às redes pela massa da população
ainda é realidade no Brasil.

Não podemos deixar de lado a má qualidade técnica da


internet que dificulta a operacionalização do seu uso.
Da mesma forma, encontram-se os estímulos legais que
permitirão que a ampla população tenha acesso à TV
digital, dinamizando assim, recursos interativos a favor
destas mudanças.

O acesso às tecnologias de informação e comunica-


ção tende a fortalecer os laços entre gerações, visto
que, percebe-se uma diversidade entre os que viven-
ciam estas ferramentas desde o início do processo da

72
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

aprendizagem, os chamados “nativos digitais”, e os que


não contaram com tal condição.

REDES SOCIAIS COMO ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM


NA WEB
As redes sociais têm atraído cada vez mais um número
maior de participantes, buscando interagir com pessoas
conhecidas, estabelecer interação com outras pessoas e
até mesmo interagir com grupos afins.

Tendo em vista este quadro de interação, a forma e a


frequência de utilização das redes sociais pelos alunos
do ensino superior, será possível criar um meio para
diagnosticar novas técnicas pedagógicas para a educa-
ção e formação.

As redes sociais na Web emergem das práticas de inte-


ração orientadas para a partilha e formação de grupos
de interesse que estão na origem das narrativas digitais

73
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

da Sociedade do Conhecimento. A construção coletiva e


colaborativa na Web representa uma das principais ca-
racterísticas destas organizações.

As formas e contextos de interação na rede são realiza-


dos por meio da mediação digital. Entretanto, o proces-
so se estende além da visão tecnológica da mediação
e incide igualmente, nas práticas de mediação social e
cognitiva entre os indivíduos que fazem parte da rede.
Sendo assim, o conhecimento construído no contexto
da rede torna-se uma representação coletiva.

O conceito da rede no sentido de abertura nos reme-


te para a flexibilidade de um modelo organizacional
com tendência não hierárquica, não centralizada e ho-
rizontal, descrito ainda pela interação nos meios digi-
tais e pelas experiências sociais e colaborativas.

Tal flexibilidade integra a capacidade de reconfiguração


do sentido e objetivos da rede social no seu processo

74
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

de desenvolvimento. Novos desafios surgem para a


reflexão educacional, ao nível da inovação nos contex-
tos e práticas de aprendizagem para a Sociedade do
Conhecimento.

Atualmente as redes sociais na Internet representam


uma nova forma de relacionamento na sociedade atu-
al. Cada vez mais as redes sociais têm assumido um
papel central na Web 2.0, sendo vislumbrada como
uma plataforma que aproveita a finalidade da rede,
considerando que se utilizar as aplicações, mais ricas
elas se tornam.

As novas tecnologias têm causado profundas mudanças


na compreensão dos processos de interação social, afe-
tando igualmente o processo de aprendizagem e conhe-
cimento. Pode-se citar a percepção de rede para a in-
teração social em um cenário globalizado, isso acarreta
um novo pensamento sobre os modos de organização
dos grupos e comunidades.

75
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

O conceito de Web 2.0, referindo-se a rede de produção


individual, coletiva e colaborativa, introduz aos alunos
novas formas e possibilidades de criação de conteúdos
e de utilização desses, definidos como blogues, redes
sociais, atividades em mundos virtuais e wikis, como
mostra a Figura 5.

Figura 5 - Interatividade através das redes de computadores.

76
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Os recursos da Web 2.0 como as redes sociais e os wikis,


como diferencial para acrescentar novas metodologias
de ensino e aprendizagem, permite desenvolver formas
interativas e colaborativas para os estudantes, fazendo
uso de recursos com os quais estão familiarizados.

A preparação de novos conteúdos baseados na Web.


A criação de conteúdos nas plataformas baseadas na
Web acarreta o envolvimento dos alunos no desenvol-
vimento das suas competências, buscando aumentar
a capacidade crítica e criativa.

A utilização de blogues, wikis e redes sociais transfor-


mou a Internet com o aumento das suas potencialidade,
dando ênfase a grande quantidade de informação rela-
cionadas entre si, e sempre disponível para os indivídu-
os conectados.

As redes sociais tornaram-se frequentes em ambientes


de aprendizagem, permitindo a exploração de novas

77
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

formas de ensino e aprendizagem, salientando-se, como


exemplo, o Facebook, que foca o espírito de comunida-
de colaborativa.

O paradigma do estudo centrado no estudante está em


conformidade com a utilização que eles fazem das re-
des sociais, criando assim, de acordo com o seu perfil,
uma rede de contatos e de partilha de informação e de
conhecimento.

Como exemplos de redes sociais, destacamos: Facebook,


Youtube e Twitter.

O Facebook (Figura 6) surgiu em fevereiro de 2004, come-


çou por ser uma rede usada apenas por estudantes, mas
foi ganhando espaço, tornando-se a rede social mais utili-
zada em todo o mundo. É uma rede social que permite a
partilha de informação e mensagens, proporcionando aos
utilizadores aderir a grupos organizados de trabalho, de
ensino ou de região, para interagirem com outras pessoas

78
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

com interesses comuns.

Figura 6 - Facebook.

O YouTube (Figura 7) é uma rede, essencialmente orien-


tada para a partilha de vídeo. Tem vindo a ser dotada
de características mais sociais, nomeadamente, ao nível
da inserção de comentários de vídeos e de partilha de
opiniões. Surgiu em 2005 e é atualmente um dos sítios
mais populares devido à diversidade e quantidade de
conteúdos disponibilizados que variam desde vídeos de
entretenimento até vídeos educativos e de promoção

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

empresarial. A revista Time elegeu o YouTube, em 2006,


como a maior invenção do ano, por constituir uma pla-
taforma educativa e de entretenimento utilizada por mi-
lhões de pessoas.

Figura 7 - Youtube.

O Twitter ou Tweeter (Figura 8) é uma rede social livre


que apareceu em 2006 e desde então tem crescido em
todo o mundo. É muitas vezes descrito como o “SMS da
Internet”. O Twitter pode ser caracterizado por possuir
uma interface que permite aos seus utilizadores enviar
e ler “tweets” ou mensagens de outros utilizadores co-
nhecidos. Os tweets são baseados em textos que não
ultrapassam 140 caracteres, sendo atualizados pelo

80
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

próprio utilizador. É necessária a criação de uma conta


para poder aceder a esta interface, na qual se partilha
conhecimento sobre diversos assuntos, tais como músi-
cas, fotos e filmes.

Figura 8 - Twitter.

Mesmo sendo possível caracterizar com as redes sociais


mais utilizadas atualmente, tal caracterização tende a ser
imperfeita. Isso se justifica pelo dinamismo das suas po-
tencialidades e objetivos de utilização tornando difíceis
tais caracterizações, bem como a diversidade de indivídu-
os e interesses por trás da utilização das redes sociais.

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso das TICs, principalmente a internet, permite um
espaço favorável para a democratização do saber. O
conhecimento não se restringe somente a um grupo,
é compartilhado por um amplo número de indivíduos,
independente do local em que é produzido.

As distâncias são minimizadas pelo ambiente em rede,


promovendo trocas colaborativas, criativas e autôno-
mas. A escola e a família têm que estar atentas a essas
mudanças inevitáveis, nunca deixando de lado os valo-
res humanos e éticos, indispensáveis a um convívio so-
cial mais harmônico.

Não basta apenas ter acesso às tecnologias, é preciso


preparar os indivíduos, tanto na sua formação cultural,
principalmente no domínio do código escrito, quanto no
exercício de uma postura ética e responsável em relação
aos ambientes em rede.

82
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Por fim, as bases para uma democratização do ensino,


seja presencial ou a distância, ainda vem sendo estru-
turadas, pois são inúmeros os fatores que envolvem a
aprendizagem nos dias atuais.

FIQUE POR DENTRO


Vídeos da entrevista com o Prof. Dr. Gilberto Lacerda – Redes
Sociais e EaD
Parte 1:
<http://www.youtube.com/watch?v=RMIWsxFumFo>.
Parte 2:
<http://www.youtube.com/watch?v=lHzKgcjajIM>.
Parte 3:
<http://www.youtube.com/watch?v=XQYu-yh64I0>.
Parte 4:<http://www.youtube.com/watch?v=PcmZHbNfK_M>.

REFLITA
É apresentado abaixo um artigo de uma personalidade im-
portante da educação brasileira, o professor Fredric M. Litto.
Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos brilhantemente
debatidos pelo professor.

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

EDUCAÇÃO A DISTANCIA NO BRASIL: INFLEXÍVEL E


TUTELADA
Apesar da mão pesada e da visão estreita dos que controlam os
freios da educação no país, a educação a distância é realidade
consolidada e oportuna para o nosso desenvolvimento.
Fredric M. Litto
A confrontação de experiências e pesquisas entre instituições
públicas e privadas de todo o país e do exterior discutidas no
VIII Congresso Internacional de Educação a Distância, de 6 a 8
deste mês em Brasília, deixou como resultado a perplexidade
sobre como essa abordagem pedagógica está crescendo qua-
litativamente apesar dos ‘‘freios’’ colocados pelas entidades
encarregadas de fiscalizar o andamento do ensino superior
no Brasil.
As universidades corporativas virtuais de instituições res-
peitáveis como Petrobras, Caixa Econômica Federal, Xerox,
Brahma, Algar, Accor, e Banco Boston, que podem operar li-
vremente, sem tutela governamental, estão ampliando cada
vez mais as atividades. E o ensino fundamental e o básico,
por meio de renomados e bem-sucedidos projetos como
Telecurso 2000 (da Fundação Roberto Marinho em parceria
com a Fiesp), Klick Educação e Biblioteca Virtual do Estudante
Brasileiro, revelam um celeiro de capacitação a distância de

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

centenas de milhares de brasileiros.


O gargalo segurando o desenvolvimento pleno de aprendiza-
gem a distância ocorre no ensino superior, onde a cultura se-
cular brasileira de centralização, credencialismo e tutelagem
está criando situação paradoxal em que o próprio governo
força os cidadãos e instituições do país a caminhar na direção
de desobediência civil. Embora a Constituição garanta às uni-
versidades do país autonomia no tocante a seus currículos e
auto-organização, de fato isso não ocorre, e instituições auto-
rizadas para ministrar cursos presenciais são obrigadas a so-
licitar nova autorização quando querem oferecer os mesmos
cursos a distância. Durante o VIII Congresso, o responsável
pela área de educação a distância no Ministério da Educação
informou dados desconcertantes: nos últimos dois anos, ape-
nas seis cursos (cinco de graduação e um de pós-graduação
latu senso) foram aprovados; atualmente existem quatro mil
pedidos de autorização de cursos a distância aguardando
averiguação; e, por ora, o Ministério não está aceitando no-
vos pedidos.
Está configurada, assim, situação clara de ‘‘freio’’, por meios
burocráticos e antidemocráticos, visando favorecer certos
atores que buscam favores particulares no cenário educacio-
nal brasileiro. Nos anos que restam a esta administração, não
será possível averiguar a viabilidade pedagógica de quatro

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

mil cursos. Dessa forma, fechando a porta para novas solici-


tações, são beneficiados os poucos que estavam na fila. E isso
num cenário em que muitas instituições particulares estão
iniciando atividades de educação a distância, visando a novas
fontes financeiras que substituam mensalidades inadimplen-
tes nos cursos presenciais, enquanto as públicas querem dar
acesso mais democrático ao ensino superior.
O mais incrível é que fora do Brasil a educação a distância é
considerada ‘‘educação flexível’’, porque permite que o aluno
participe do seu curso virtualmente, no dia e hora que qui-
ser, sem interferir em seu horário de trabalho. Parece que
as autoridades do Ministério de Educação ignoram o fato de
que países como Índia, Indonésia, Turquia e China têm me-
gauniversidades, instituições oferecendo ensino superior a
distância para mais do que quinhentos mil alunos cada uma.
No mês passado, a nova Universidade Estadual de Amazonas
realizou um vestibular gratuito; foram 190 mil inscritos, o que
representa 10% da população do estado. A demanda repri-
mida para a educação superior no Brasil é vasta e só pode
ser plenamente atendida mediante opções como educação
a distância. Trinta tentativas já foram feitas nos últimos trin-
ta anos para estabelecer uma ‘‘universidade aberta a distân-
cia‘‘ no país; todas fracassadas devido a forças ocultas que
temem perder a hegemonia geográfica educacional. Já estão

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

correndo rumores de que os proprietários de instituições par-


ticulares, capazes de financiar as campanhas para as próxi-
mas eleições, estão favorecendo quem não favorece a expan-
são de educação a distância. Sem nova atitude, será inevitável
repetir os erros do passado, quando o Brasil era um dos líde-
res internacionais de educação a distância (Telecurso, Projeto
Minerva, Telepostos no Maranhão...) e perdeu essa posição
devido à descontinuidade e ao desinteresse governamental.
Em reuniões recentes na América do Norte e na Espanha, tes-
temunhei a existência de projetos para a invasão da América
Latina de cursos universitários a distância de boa qualidade.
Por um lado, considero isso benéfico porque aumentaria
para a nossa população a oferta de acesso ao conhecimen-
to; por outro, preocupa-me a evidente ameaça de uma nova
colonização, tanto intelectual quanto econômica, que isso
representa. Temo, também, o efeito que a invasão teria nas
universidades públicas e privadas. De qualquer forma, trata-
-se de fenômeno irreversível, não controlável por portarias
ou tentativas de censurar as redes digitais.
O ministro de Educação não pode continuar desestimulando
os interessados em ensino superior a distância, como fez numa
conferência com o Conselho de Reitores das Universidades
Brasileiras, em dezembro passado; como o fez de novo no
dia 4 de agosto último nas páginas deste jornal; e como o fez

87
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

para um grupo de reitores de universidades católicas que


estavam em Brasília recentemente para inaugurar sua rede
multiinstitucional de educação a distância. Desinformado, ele
não acredita que as universidades brasileiras tenham capaci-
dade e metodologia apropriadas para realizar aprendizagem
de qualidade a distância. Os sucessos no exterior, nesse se-
tor, argumentam contra essa opinião desinformada. A vizinha
Argentina, por exemplo, apesar da crise econômica que en-
frenta, é exemplo de expansão na área.
Apesar da mão pesada e da visão estreita dos que controlam
os freios da educação no país, a educação a distância é reali-
dade consolidada e oportuna para o nosso desenvolvimento.
(*) Graduação em Rádio-Televisão – University of California,
Los Angeles (1960) e doutorado em História do Teatro
- Indiana University (1969). Desde 1995 é presidente da
Associação Brasileira de Educação a Distância; Membro do
Comité Executivo do ICDE - International Council of Open
and Distance Learning; e membro do Conselho Editorial das
revistas científicas: American Journal of Distance Education, -
Revista Iberoamericana de Educación a Distancia, - Advanced
Technology and Learning, - International Review of Research
in Open & Distance Learning e - Open Learning.
Fonte : http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista9/
forum%209-5.htm. Acessado em 24/09/2013.

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

REFLITA
É apresentada abaixo uma entrevista do professor Wilson
Azevedo. Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos bri-
lhantemente debatidos pelo professor.

COMUNIDADES VIRTUAIS PRECISAM DE ANIMADORES DA


INTELIGÊNCIA COLETIVA
Entrevista concedida ao portal da
UVB (Universidade Virtual Brasileira)
Wilson Azevedo
Wilson Azevedo é diretor da Aquifolim Educacional e con-
sultor técnico-pedagógico do Senai. Nesta entrevista exclusi-
va à uvb.br, afirma que comunidades virtuais precisam de
animadores, não de normas. “O segredo não está nem em
normas, nem em tecnologia, está em pessoas, educadores
capacitados para atuarem como animadores da inteligência
coletiva em comunidades virtuais.”
UVB.BR - A adaptação de um estudante ao ambiente vir-
tual de estudo é fácil? Quais as maiores dificuldades e
causas?
Wilson Azevedo - Nenhuma adaptação pode ser caracteriza-
da como “fácil”. Qualquer processo de adaptação envolve o
ser humano como um todo. Não se trata apenas de “saber

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

mexer”, mas de sentir-se à vontade, e isto envolve aspectos


sócio-afetivos, além de cognitivos e psico-motores.
A adaptação de estudantes ao ambiente virtual vai além do
mero adestramento técnico-operacional. O ambiente on-line
caracteriza-se por uma experiência com o tempo e o espaço
diversa daquela que encontramos em ambientes presenciais,
uma temporalidade multi-sincrona e um espaço fundamen-
talmente comunicacional, não-físico.
Não é uma questão de aprender a navegar na internet ou de
aprender a usar o e-mail. É uma outra temporalidade dentro
da qual o aluno precisa aprender a agendar-se e um novo
espaço no qual precisa aprender a se movimentar, uma sen-
sação de contigüidade sem simultaneidade que a maioria da-
queles que iniciam cursos on-line nunca experimentou antes.
Mas é também uma outra experiência em termos de sociabi-
lidade, uma intensa troca interpessoal e comunitária sem o
contato face a face. Estas coordenadas temporais, espaciais e
sociais definem uma outra ecologia pedagógica à qual o estu-
dante precisará adaptar-se. Sem dúvida, esta adaptação não
é fácil, por mais familiarizado que o estudante esteja com o
software e o hardware.
O maior risco é confundir este processo psico-pedagógico de
ambientação on-line com o mero adestramento técnico-ope-
racional. Considerar apto e ambientado um aluno apenas

90
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

porque sabe clicar nas áreas corretas da tela é não compre-


ender os aspectos que realmente importam num processo
de ambientação on-line.
UVB.BR - Quais as soluções possíveis para estes problemas?
Azevedo - A principal solução está em levar a sério a necessida-
de psico-pedagógica de ambientação; está em desenvolver um
programa de ambientação com alunos que ingressam pela pri-
meira vez num curso on-line. Assim como a adaptação de crian-
ças em idade pré-escolar deve ser bem encaminhada e quando
não o é, cria problemas futuros para o aprendizado da criança,
um processo mal-sucedido de ambientação on-line pode afetar
o rendimento de alunos on-line e, por isto, precisa ser encami-
nhado com todo cuidado.
Um bom programa de ambientação deve fazer o aluno sentir o
que chamamos de “vertigem” virtual, um pouco da tontura que
a mudança de referências espaço-temporais e sociais provoca.
Neste processo de adaptação, o aluno precisa ser acompanha-
do com cuidado, pois emoções são despertadas. Em alguns
casos pode ser senão doloroso, no mínimo desconfortável, e
uma equipe pedagógica deve estar apta a amparar estudantes
neste processo.
O aluno precisa receber orientações que o auxiliem a ad-
ministrar seu tempo numa outra temporalidade, precisa
experimentar a interação entre pessoas e sentir como ela

91
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

pode ser intensa, apesar da distância e da falta de contato


face a face, precisa sentir que a comunicação face a face
não representa a plenitude comunicacional, mas também é
afetada por limitações, que comunicação, seja on-line, seja
presencial, sempre importa limitações e potencialidades. É
preciso criar condições e oportunidades para que ele viven-
cie isto e adapte-se a esta ecologia pedagógica específica do
mundo virtual.
Há muito o que ser feito num programa de ambientação on-
-line e nada disto tem a ver com o mero adestramento ope-
racional. Até macacos são capazes de aprender a tocar no
lugar certo de uma tela. Mas aprender a ser um aluno on-line
mobiliza muito mais do que o reflexo condicionado...
UVB.BR - ...E para os professores, como se dá a migração
da aula presencial à virtual?
Azevedo - Ela começa com a experiência de ser aluno on-li-
ne e, portanto, de passar também por um processo de am-
bientação on-line. Mas prossegue com um processo sério de
reflexão sobre o que é aprender e o que é ensinar e sobre
como isto pode acontecer on-line. Eu costumo definir este
processo como um processo de “conversão” pedagógica. O
mundo virtual é um outro mundo. Exige uma abordagem pe-
dagógica especifica que aproveite o que de melhor ele ofere-
ce para o processo de ensino-aprendizagem. Não levar isto

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

em consideração tem resultado em cursos muito ruins. Aliás,


uma grande confusão em educação on-line tem sido chamar
de “curso” o que não é curso...
Na educação presencial em geral temos muita clareza sobre
o que é um livro, uma apostila, e o que é um curso. Mesmo
que na capa esteja escrito, digamos, “Curso de Geometria”,
ninguém imagina que ao comprar e ler o livro estará fazendo
um curso de Geometria. Um livro, mesmo que tenha o titulo
de “curso”, é um livro, não um curso, e ninguém tem o menor
problema em fazer esta distinção. Todos entendemos que ele
pode ser um bom recurso didático em um curso, um elemen-
to auxiliar - mas não é um curso...
Não existe esta mesma clareza quando se trata de internet.
Fico impressionado com a facilidade com que se aceita hoje
que um website com o nome de “curso” seja confundido com
um curso. Muita gente acredita que ao navegar num site está
fazendo um curso, só porque colocaram no site o nome de
curso.
Ora, um website, mesmo que tenha o nome de “curso”, não
é um curso, é uma publicação eletrônica. Pode ser um bom
recurso didático, assim como um livro. Mas não pode ser
confundido com um curso. No entanto, com muita freqüên-
cia faz-se esta confusão. Por quê? Basicamente porque falta
reflexão séria, aprofundada, sobre o que é educação on-line,

93
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

o que é ensinar e aprender em redes informatizadas.


Professores que não se aprofundam em educação on-line
são muito facilmente induzidos a vender gato por lebre e a
atuar como autores de apostilas eletrônicas que são empur-
radas para o mercado com o nome de “curso”. É preciso su-
perar esta “ingenuidade virtual” e amadurecer uma pedago-
gia on-line.
UVB.BR - É possível identificar o tipo de professor que me-
lhor se adapta ao meiovirtual?
Azevedo - O professor que tem maiores dificuldades para
adaptar-se ao meio virtual não é o tecnofobo ou o que tem
dificuldades de adaptação com a tecnologia. Dificuldades
de adaptação operacional são facilmente resolvidas. Quem
tem mais dificuldade de adaptar-se ao ambiente virtual de
ensino-aprendizagem é o professor que só se sente seguro
quando o aluno está calado. Sabe aquele professor que abre
a aula dizendo “bom dia” e só pára de falar quando toca o
sinal indicando o fim da aula?
Este professor tem dificuldades com a interação social em
sala de aulas, seja ela virtual ou não. Por isto tende a utilizar
a internet da mesma maneira, sem permitir interação entre
pessoas. Seu modelo pedagógico pressupõe que sua função
principal é a de distribuição de informações, a transmissão
de conteúdos. É o tipo de professor que facilmente cai na

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

arapuca da “apostila-eletrônica-com-o-nome-de-curso”.
O professor que se adapta com mais facilidade é o que tra-
balha de maneira cooperativa, que abre espaço para as colo-
cações de seus alunos, que trabalha dentro de um processo
de intensa troca mútua, comunitária, de todos com todos,
alunos e professor.
Este professor percebe melhor o imenso potencial das comu-
nidades virtuais de aprendizagem colaborativa. Pode até ter
alguma dificuldade inicial de apertar o botão certo e clicar no
lugar certo da tela, mas isto ele logo supera. Para este perfil
de professor a “conversão” pedagógica é mais suave e, geral-
mente, mais bem-sucedida.
UVB.BR - As dificuldades de alunos e professores com am-
bientes virtuais só serão superadas com a simplificação
dos procedimentos de uso da internet, tornando-a mais
“amigável”?
Azevedo - Não. Certamente a “superação” de ambientes vir-
tuais é hoje um tema importante da agenda de discussão em
torno da internet em geral. Mas não é o único e nem o princi-
pal fator a ser considerado.
As superação destas dificuldades requer, antes de mais
nada, que se desenvolva um sério programa de ambienta-
ção on-line. Somente depois disto é que se pode proceder a
um “ajuste fino”, com um redesenho de ambientes virtuais

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

de ensino-aprendizagem segundo o critério da facilidade de


uso...
UVB.BR - A educação a distância está amarada aos am-
bientes virtuais de aprendizagem - programas?
Azevedo - Não diria que está “amarrada”. Diria que alguns
projetos correm o risco de ficar “amarrados” porque partem
do terrível equívoco de pensar que educação on-line é uma
questão de tecnologia. Educação on-line é uma questão de
pedagogia.
A tecnologia é um elemento absolutamente secundário, aces-
sório. Mas alguns projetos colocam a carroça na frente dos bois
e tratam primeiramente de selecionar uma ferramenta de sof-
tware sem ter a menor clareza quanto ao modelo pedagógico
com o qual pretendem trabalhar. O problema, neste caso, não
está no software, mas na estreiteza de visão de quem assim
procede...
UVB.BR - Os ambientes virtuais de aprendizagem (progra-
mas) disponíveis hoje atendem por completo as necessi-
dades de alunos e professores?
Azevedo - Não, não atendem. Percebe-se neles um capricho
exagerado no que tange ao gerenciamento e controle, estatís-
ticas de acesso, rastreamento da navegação do aluno e coisas
assim, e algum cuidado com ferramentas para disponibiliza-
rão de conteúdos. Mas evidencia-se um desleixo absoluto no

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

trato das ferramentas para interação comunitária on-line, se-


jam assíncronas (fórum, listas), sejam sincronas (chats, video-
conferência, whiteboards virtuais). Isto é altamente revelador
do modelo pedagógico que está neles embutido, dos pres-
supostos pedagógicos que orientaram seu desenvolvimento.
UVB.BR - O que estaria faltando?
Azevedo - Numa palavra, falta Pedagogia. Os pacotes de sof-
tware hoje disponíveis no mercado são concebidos a partir
de pressupostos pedagógicos não explicitados e não questio-
nados, irrefletidos; pressupostos que hoje estão sendo am-
plamente criticados. Trabalham com modelos educacionais
hoje considerados superados.
Em grande medida vale para eles a caracterização de “van-
guarda do atraso” ou, como dizem alguns especialistas, “um
passo à frente no que diz respeito à tecnologia e dois passos
atrás no que diz respeito à Pedagogia...”
UVB.BR - Ao invés de forçar o aluno a usar um ambiente
virtual de aprendizagem, não seria melhor deixá-lo esco-
lher o modelo que melhor se adapta ou dimensioná-lo,
por exemplo, através da escolha de “ferramentas buffet”?
Azevedo - Isto equivaleria a deixar que o aluno decida, numa
escola presencial, como deve ser o projeto arquitetônico do
prédio escolar. Não é o tipo de opção que deva ser deixada à
exclusiva opção do aluno. Pode-se e, na verdade, deve-se ou-
vir o aluno sempre. Mas não se pode fugir da responsabilidade

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

de definir um projeto pedagógico e sua conseqüência arqui-


tetônica, presencial ou virtual, o ambiente escolar.
Talvez faça algum sentido deixar à livre escolha do aluno se
o projeto pedagógico pressupõe que ele será deixado isola-
do, sozinho, interagindo com software, apostilas eletrônicas
ou impressas, e muito rara e eventualmente interagindo com
outras pessoas, talvez um “tutor”, um estagiário para tirar
eventuais dúvidas ou corrigir alguns testes.
Num projeto assim, faz sentido deixar o aluno escolher seu
ambiente. Afinal é ele que vai ficar ali sozinho a maior parte
do tempo mesmo. Mas se o modelo pedagógico se baseia
em aprendizagem colaborativa, estimulada por espaços de
intensa interação coletiva entre pessoas, então isto não faz
muito sentido...
UVB.BR - Os ambientes virtuais de aprendizagem não são
pouco intuitivos e/ou ergonômicos para os alunos?
Azevedo - Além dos problemas de natureza pedagógica, de
filosofia educacional, muitos têm este tipo de problema de
usabilidade. Mas este não é um problema exclusivo destes
ambientes ou pacotes de software. É um problema generali-
zado na web.
A web traz uma dupla marca de imaturidade: além de ser coi-
sa nova, é feita por profissionais muito novos, alguns recém
saídos da adolescência, que não tiveram oportunidade de

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

viver experiências diferenciadas no campo da comunicação


social. Por isto a imaturidade impera na web.
O que mais se vê são sites onde tudo se mexe, tudo pisca e
tudo fala, mas que são uma impenetrável floresta para o usu-
ário. Um recurso tecnológico é selecionado mais em função
do gosto do desenvolvedor, do que em função das necessida-
des de comunicação do site ou das facilidades que oferece ao
usuário. Um discutível critério de “beleza” ou “sedução” acaba
pesando mais que a usabilidade.
UVB.BR - Embora os ambientes virtuais de aprendizagem
favoreçam o surgimento de comunidades virtuais, não
há instrumentos para normatizar a aprendizagem nessas
comunidades. Que instrumentos o senhor sugeriria para
que as comunidades apresentem maior aproveitamento
de aprendizagem?
Azevedo - Nenhum. Não é uma questão de normatização.
Comunidades virtuais precisam de animadores, não de nor-
mas. Quando não dispõem de animadores competentes,
pouca coisa acontece. Quando dispõem de elementos com
boa formação, experientes e capazes para a tarefa de anima-
ção comunitária, o aproveitamento é altíssimo.
Não sugiro um instrumento: sugiro pessoas bem prepara-
das. O segredo não está nem em normas, nem em tecnolo-
gia, está em pessoas, educadores capacitados para atuarem

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UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

como animadores da inteligência coletiva em comunidades


virtuais...
UVB.BR - Qual o futuro dos ambientes virtuais de apren-
dizagem? Para onde eles caminham?
Azevedo - Não vou “descrever” um futuro. Vou apenas apontar
a direção para a qual eu gostaria que este futuro caminhasse.
Gostaria que os ambientes virtuais de ensino-aprendizagem
caminhassem para uma maior integração entre tecnologia e
educação. Gostaria que a pedagogia comandasse o processo
de desenvolvimento destes ambientes e não a informática.
Gostaria que pudéssemos contar com bons recursos síncro-
nos e assíncronos para interação comunitária, bem desenha-
dos e adaptados especificamente a necessidades educacio-
nais. Gostaria, enfim, que fossem pensados e concebidos a
partir de novos paradigmas educacionais, coerentes com a
nova realidade, com a nova economia e com a nova cultura
que a internet vem ajudando a fazer avançar e disseminar.
Fonte : http://www.aquifolium.com.br/educacional/artigos/
entruvb.html. Acessado em 24/09/2013.

100
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

INDICAÇÃO DE LEITURA

GITOMER, Jeffrey. Boom de Mídias


Sociais. São Paulo: Makron Books,
2012.

101
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

ATIVIDADES
1) Responda as questões relacionadas ao Facebook. O
objetivo é identificar os passos básicos para conhe-
cer uma das mídias sociais mais utilizadas para rela-
cionamento mediado por tecnologias da informação
e da comunicação.

a. Como usar o Facebook?


b. Como linkar perfis no seu Facebook?
c. Como criar um grupo compartilhado no Facebook?
d. Como criar eventos e convidar amigos no Facebook?
e. Como criar um link amigável para seu perfil no
Facebook?

2) Vários dos serviços ou ferramentas atualmente uti-


lizados na internet têm uma aplicação direta nos
serviços de informação, bem como na área de pes-
quisa e ensino. Cada um deles têm aplicações diver-
sas, podendo atender a diferentes finalidades. Faça

102
UNIDADE II - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

um breve resumo dos recursos de comunicação e


interação disponibilizados pelo chat, observando as
possibilidades de sua aplicação como ferramenta de
mediação na EAD.

103
UNIDADE 3

Organização e construção
da ação educativa em
ambientes virtuais
Carlos Eduardo Cayres

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Debater a EaD e as vertentes da educação mediada pelas


novas tecnologias de informação e da comunicação,
explorando as reflexões de professores e autores que
acompanharam e até mesmo participaram das mudanças
nos rumos da EaD no Brasil..

PLANO DE ESTUDO

Serão abordados os seguintes tópicos:

• Educação a distância.
• Novos modelos pedagógicos mediados pelas novas
tecnologias.
• Tecnologias, mídias e recursos de um ambiente virtual.
• Educação inflexível e tutelada.
• E-learning como elemento de integração no processo
educacional.
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

INTRODUÇÃO
A EaD tem apoiado sua metodologia em diversas tecno-
logias para que a proposta de implementação na prática
tenha o efeito esperado.

Um dos fatores que mais tem contribuído para o su-


cesso da implementação da EaD é justamente o uso
de ferramentas de interação e comunicação, que cada
vez mais disponibilizam recursos que vão de encontro
com a proposta da EaD. Tais ferramentas tecnológicas
são agrupadas em ambientes de interação e comunica-
ção chamados de Ambientes Virtuais de Aprendizagem
– AVA.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A Lei 9.394 de dezembro de 96 confere à Educação a
Distância (EAD) a oportunidade de integrar-se plena-
mente ao sistema educacional, permitindo, de forma

106
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

regulamentar, sua utilização no oferecimento de disci-


plinas e cursos.

De acordo com Behrens (2000, página ?):

A acelerada mudança em todos os níveis leva a


ponderar sobre uma educação planetária, mun-
dial e globalizante. Estas mudanças exigem que
as pessoas estejam preparadas para aprender ao
longo da vida, podendo adaptar-se e criar novos
cenários.

Nesse contexto, a EAD transformou-se em uma exce-


lente alternativa para a formação acadêmica, em decor-
rência do crescimento do potencial interativo das novas
tecnologias de comunicação e da informação.

O termo “Educação a Distância” abrange várias formas


ou modelos que variam conforme os princípios peda-
gógicos e tecnológicos, assumidos no planejamento de
suas estratégias.

Segundo o Decreto nº 2.494 de 10 de fevereiro de 1998,

107
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

em seu artigo 1º, a educação a distância é:

Uma forma de ensino que possibilita a auto-apren-


dizagem, com a mediação de recursos didáticos
sistematicamente organizados, apresentados em
diferentes suportes de informação, utilizados isola-
damente ou combinados, e veiculados pelos diver-
sos meios de comunicação.

Outra definição é assinalada por Aretio (1994):

A Educação a Distância é um sistema tecnológico


de comunicação bidirecional, que pode ser massivo
e que substitui a interação pessoal, na sala de aula,
entre professor e aluno, como meio preferencial de
ensino, pela ação sistemática e conjunta de diversos
recursos didáticos e pelo apoio de uma organização
e tutoria que propiciam a aprendizagem indepen-
dente e flexível dos alunos.

Nesse sentido, Preti (1996) destaca que: (i) a presença física


do professor tutor (interlocutor com quem o estudante vai
dialogar) não é necessária e indispensável para que se dê

108
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

a aprendizagem. Ela se dá de outra maneira, mediada por


tecnologias de comunicação, “virtualmente”; (ii) o processo
de ensino-aprendizagem mediatizado deve oferecer su-
porte e estruturar um sistema que viabilize e incentive a au-
tonomia dos estudantes nos processos de aprendizagem;
(iii) o uso de novas tecnologias de comunicação permite
romper com as barreiras das distâncias, das dificuldades
de acesso à educação e dos problemas de aprendizagem
por parte dos alunos que estudam individualmente, mas
não isolados e sozinhos. Oferecem possibilidade de estí-
mulo e motivação ao estudante, de assimilação e divulga-
ção de dados, de acesso às informações mais distantes; e
(iv) o estudante não é mero receptor de informações, de
mensagens.

Para Moran (1999), a Educação a Distância é o proces-


so de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias,
no qual professores e alunos são separados espacial e/
ou temporalmente. Apesar de não estarem juntos, de

109
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

maneira presencial, eles podem estar conectados, inter-


ligados por tecnologias, principalmente as telemáticas,
como a internet ou outros meios, como correio, televi-
são, vídeo, telefone e tecnologias semelhantes.

Moran (1995) esclarece que as tecnologias de comuni-


cação não substituem o professor, mas modificam algu-
mas das suas funções, uma vez que a tarefa de passar
informações pode ser deixada aos bancos de dados, li-
vros, vídeos e programas em CD. Desse modo, o pro-
fessor transforma-se em estimulador da curiosidade do
aluno por querer conhecer, por pesquisar, por buscar
a informação mais relevante. Em um segundo momen-
to, coordena o processo de apresentação dos resulta-
dos pelos alunos. Depois questiona alguns dos dados
apresentados, contextualiza os resultados e os adapta à
realidade dos alunos.

110
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

NOVOS MODELOS PEDAGÓGICOS MEDIADOS


PELAS NOVAS TECNOLOGIAS
Atualmente, vivencia-se um período de mudança do pa-
radigma que norteia as relações entre os homens e as
nações. Por conseguinte, o processo de educação en-
contra-se em momento de construção de novos mode-
los e as novas tecnologias, presentes nos processos pro-
dutivos contemporâneos requerem da escola, enquanto
meio por excelência da mediação do saber, a sua inser-
ção no processo educativo (SAVIANI, 1999).

A discussão contemporânea encaminha-se, porém,


sobre as formas possíveis de relação entre educação
e tecnologia. De acordo com Lévy (1999) a tecnologia
abre possibilidades de ação, mas não determina por si
só as decisões humanas. O essencial, no momento, é
avaliar os efeitos que seus usos podem trazer e decidir
o que fazer dela.

Maraschin (2000, p.107) pensa tais efeitos à luz da

111
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

constatação que o impacto das novas tecnologias pro-


duz alterações no cotidiano da vida escolar:

Os sintomas seriam sinalizadores dos pontos de im-


pacto de algumas transformações técnico-científicas
no cotidiano escolar, sendo reconhecidos como pon-
tos críticos de desestabilização, mas também de cria-
ção, de potencialidades.

Moran (2000), trazendo esta discussão especificamente


para o ensino, esclarece que há a expectativa de que os
meios trarão resultados rápidos para o ensino, como já
se pensou também em outras épocas.

Sem dúvida as novas tecnologias nos permitem


ampliar o conceito de aula, espaço e tempo, de co-
municação audiovisual, e estabelecer pontes novas
entre o presencial e o virtual, entre estar juntos e
o estarmos conectados a distância. Mas se ensinar
dependesse só de tecnologias já teríamos achado
as melhores soluções há muito tempo .

112
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

O ensino depende de outras relações mais amplas, que


implicam e extrapolam o uso de novos meios. Assim,
conclui que as tecnologias novas são importantes, mas
não resolvem questões de fundo. Para o autor,

[...] ensinar e aprender são desafios maiores que


enfrentamos em todas as épocas e particularmente
agora em que estamos pressionados pela transição
do modelo de gestão industrial para o da informação
e do conhecimento (MORAN, 1999).

Em outras palavras, o aspecto essencial continua sen-


do a organização do processo educativo, visto enquanto
trabalho humano e, portanto, condicionado às modifica-
ções globais, que trazem novos processos de produção
e desencadeiam solicitações diferentes para o trabalha-
dor e alterações em sua formação.

O meio impele ao trabalhador contemporâneo o desen-


volvimento de capacidades: de autogestão, resolução
de problemas, adaptabilidade e flexibilidade diante de

113
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

novas tarefas, assumir responsabilidades e aprender de


modo autônomo, trabalhando coletivamente, de modo
cooperativo e pouco hierarquizado (BELLONI, 1999).

Para tanto, não bastam modificações periféricas de


processos educativos, mas mudanças estruturais, as-
sociadas à ampliação do acesso à educação, inicial e
continuada.

Neste contexto, Belloni (1999) alerta para o papel funda-


mental do ensino a distância, pois o considera não ape-
nas como meio de superar problemas emergenciais ou
de consertar fracassos dos sistemas educacionais em
dado momento de sua história, mas entende que:

A EaD tende doravante a se tornar cada vez mais um


elemento regular dos sistemas educativos, necessá-
rio não apenas para atender as demandas e/ou gru-
pos específicos, mas assumindo funções de crescen-
te importância no ensino pós-secundário, ou seja, na
educação da população adulta, o que inclui o ensino
superior regular e toda a grande e variada demanda

114
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

de formação contínua gerada pela obsolescência


da tecnologia e do conhecimento (BELLONI, 1999,
pp.4-5).

A autora situa a EaD no contexto do capitalismo e dos


modelos econômicos, criticando a aplicação de modelos
instrucionais e behavioristas a EaD, que traria não ape-
nas a passividade do estudante considerado como ob-
jeto e como público de massa, mas envolveria também
o professor, que no entender de Belloni (1999) citando
Renner (1995) estaria fadado, como o estudante, aos
aspectos da educação industrializada: “proletarização,
desqualificação, divisão do trabalho, democratização do
espaço de trabalho e produção nova...”.

A autora coloca como essencial a superação destes mo-


delos, que têm marcado as experiências de EaD e sugere
a adoção da concepção de Aprendizagem Aberta – AA,
articulada com as necessidades da Educação a Distância,

115
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

propondo a Aprendizagem Aberta e a Distância – AAD,


pois entendida como mais coerente com as transforma-
ções sociais e econômicas, já que caracterizada pela fle-
xibilidade, abertura dos sistemas e maior autonomia do
estudante. Enfatiza a necessidade da criação de instru-
mentos teórico-práticos voltados à educação de adul-
tos e à autoaprendizagem, em um ensino centrado no
aluno:

Um processo de ensino e aprendizagem centrado no


estudante será então fundamental como princípio
orientador de ações de EaD. Isto significa não ape-
nas conhecer o melhor possível suas características
socioculturais, seus conhecimentos e experiências, e
suas demandas e expectativas, como integrá-las re-
almente na concepção de metodologias e materiais
de ensino, de modo a criar através deles as condi-
ções de auto-aprendizagem (BELLONI, 1999, p.31).

Estas características, e não as propostas pelas correntes


behavioristas, de caráter empiricista e positivista, que são co-
erentes com as capacidades requeridas neste novo milênio.

116
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

No que toca ao acesso e estruturação da informação,


Levy (2000) discute os bits da informática como gens
que fazem parte de um conjunto de tecnologia indo em
direção a um controle molecular de seu objeto, o que
dá uma fluidez a todas essas mensagens e lhes dá tam-
bém a possibilidade de uma circulação muito rápida. O
que há em comum em todas as bases nos bancos de da-
dos do espaço cibernético? Não são as mensagens fixas,
mas um potencial de mensagens e que, dependendo de
quem vai utilizá-las, toma uma direção ou outra.

O autor acredita que o importante é que a informação


esteja sob forma de rede e não tanto a mensagem por-
que esta já existia em uma enciclopédia ou dicionário.
Assim, a verdadeira mutação se passa em três aspectos
principais: 1. Não é mais o leitor que vai se deslocar dian-
te do texto, mas é o texto que, como um caleidoscópio,
vai se dobrar e se desdobrar diferentemente diante de
cada leitor; 2. Tanto a escrita como a leitura vão mudar

117
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

o seu papel. O próprio leitor vai participar da mensagem


na medida em que ele não vai estar apenas ligado a um
aspecto. O leitor passa a participar da própria redação
do texto à medida que ele não está mais na posição pas-
siva diante de um texto estático [...] Dessa forma, o es-
paço cibernético introduz a ideia de que toda leitura é
uma escrita em potencial; 3. Estamos assistindo a uma
desterritorialização dos textos, das mensagens, enfim,
de tudo que é documento: tanto texto como mensagem
se tornam matéria em potencial.

A educação a distância, inclui toda a gama de processos


(carta, rádio, televisão, internet...) que visam o repasse
sistemático de informações, por meio de sistemas não
presenciais ou semipresenciais.

Vianney (2000) esclarece que nos encontramos na ter-


ceira geração da educação a distância. A primeira foi ca-
racterizada pelo ensino por correspondência, com mate-
rial impresso, acrescido de guia de estudo, com tarefas

118
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

e exercícios enviados pelo correio. A segunda geração,


a partir da década de setenta, inicia-se com o surgimen-
to das primeiras universidades abertas, que fazem uso,
além do material impresso, transmissões por televisão
aberta, rádio e fitas de áudio e vídeo, integrando telefo-
nes, satélites e TV a cabo. E a terceira geração é centrada
na internet, baseada em redes de conferência por com-
putador com estações de trabalho multimídia e redes
de videoconferência.

Nesse contexto, Zhang (1996) descreve a web como um


ambiente de cooperação que facilita a aprendizagem,
porque cria um “espaço” (mesmo que virtual) no qual os
alunos interagem uns com os outros, gerando estraté-
gias de aprendizagem e integrando novas informações
em um conhecimento já existente. Segundo a auto-
ra, a web ajuda também no compartilhamento de res-
ponsabilidades e habilidades, contribuindo assim para
uma possível redução de sobrecarga cognitiva. Erickson

119
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

(1996) compartilha esse mesmo pensar ao argumentar


que a web serve como um hipertexto social, porque, por
meio dos trabalhos individuais que são disponibilizados,
forma uma imensa teia de conhecimentos.

Quanto ao processo de aprendizagem, Updegrove (1995)


salienta que o papel do estudante muda enormemen-
te com o amplo uso dos recursos da internet. Quando
os métodos de ensino são mais flexíveis, os estilos de
aprendizagem também podem ser e as necessidades
individuais e os interesses dos estudantes podem ser
facilmente acomodados. Isso indica que uma varieda-
de de estilos de aprendizagem pode ser verificada por
meio das ferramentas da Internet, e os estudantes não
precisam ficar limitados pelo tempo, espaço ou recursos
locais.

Conforme Bédard (1998), a mediatização dos conteú-


dos e dos caminhos de aprendizagem para EAD per-
mitem uma grande flexibilidade das modalidades de

120
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

aprendizagem. Assim, é possível colocar o aprendiz


no bojo do processo e tomar conta de seu meio físico,
das suas disponibilidades temporais, do seu estilo de
aprendizagem e do seu meio ambiente cultural. Isso
pode ser viabilizado oferecendo-se caminhos pedagó-
gicos que podem ser adaptados aos aspectos dos con-
teúdos, da estrutura e das modalidades de interações,
compondo uma atividade de formação a distância.

Do observado por diversos autores, constata-se que,


com o uso das novas tecnologias aplicadas ao processo
educacional dos cursos a distância, os alunos adquirem
um conjunto de habilidades mais diversificado. Nesse
sentido, as novas tecnologias não assumem apenas ca-
ráter somatório à atividade humana, mas sim, caráter
transformador.

Esta nova tendência que percebe a inserção da tecno-


logia na educação como meio transformador do traba-
lho docente e da aprendizagem no processo educativo

121
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

ainda está em constituição, não sendo possível visualizar


sua completude e assim, adotá-la com segurança. Por
conseguinte, a proposta pedagógica atual está pautada
nas teorias de ensino e aprendizagem progressistas e
aberta a novas construções, na medida em que acredita
na ruptura de paradigmas.

TECNOLOGIAS, MÍDIAS E RECURSOS DE UM


AMBIENTE VIRTUAL
Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem devem dispor
de interface amigável, simples, autoexplicativa, de fácil
acesso e construído levando-se em conta pressupostos
pedagógicos que valorizam a construção interativa e co-
laborativa do aluno valorizando a participação, a colabo-
ração e o apoio à aprendizagem. Segue abaixo algumas
ferramentas que compõe diversos Ambientes Virtuais
de Aprendizagem:

• Área de Aprendizagem – na área de aprendizagem o aluno

encontra recursos que normalmente são disponibilizados na

122
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

web, como: textos, imagens, animação, som e aplicações in-

formáticas. Os recursos utilizados na área de aprendizagem

são:

• new window – o texto assinalado, ao ser clicado, aciona a aber-

tura de uma nova janela com informações complementares;

• mouse-over – ao passar o mouse sobre o texto assinalado,

aparece sobre a tela uma caixa com o hipertexto;

• link de URL para new window – ao clicar o texto assinalado,

por meio de uma nova janela, o aluno visitará a página reco-

mendada, fora do ambiente;

• link de URL para dentro do próprio ambiente – ao clicar o

texto assinalado, é possível remeter o aluno para uma visita a

uma nova URL, sendo este recurso muito utilizado para visita

guiada;

• link para outra página ou unidade – ao clicar sobre o texto

assinalado, o aluno é remetido para outra parte da página ou

123
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

disciplina enquanto o texto fica conectado;

• link direto para algum recurso ou ferramenta – ao clicar so-

bre o texto assinalado, o aluno é remetido diretamente para o

recurso ou ferramenta que necessita;

• outros recursos disponíveis – download de texto, vídeo, áu-

dio ou gráfico, no formato de arquivos GIF animado ou Flash.

• Barra de navegação e impressão – contendo os seguintes

ícones:

• saída – permite ao aluno sair do ambiente de

aprendizagem;

• volta – permite ao aluno voltar à página anterior;

• avança – permite ao aluno avançar para a página seguinte;

• imprime – permite ao aluno realizar impressão da página

visível.

124
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

• Barra de comunicação e apoio – contendo os ícones que

remetem às ferramentas:

• mural – onde estão apresentadas as informações relevan-

tes aos alunos. Permite constante atualização sobre o de-

senvolvimento do curso;

• perfil – ferramenta que possibilita a identificação e inte-

gração dos participantes. Essa ferramenta pode consti-

tuir-se em um importante espaço para o reconhecimento

de afinidades e projetos comuns entre os participantes,

características importantes para o desenvolvimento de

atividade cooperativa, colaborativa e interativa;

• chat – permite interação em tempo real (síncrona) entre

os alunos e também entre alunos e professores;

• correios – possibilita a comunicação e interação assíncro-

nas. É um importante instrumento de interação e colabo-

ração. Os alunos de uma turma podem, a todo o momen-

to, trocar informações;

125
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

• monitoria – promove suporte aos alunos durante todo o

curso, possibilitando comunicação contínua entre o alu-

no e a instituição de ensino. Oferece um FAQ com as per-

guntas e respostas das dúvidas mais frequentes, o que se

constitui em uma importante fonte de informações para os

alunos. Além disso, oferece espaço para o envio de ques-

tões relativas as suas dúvidas e sugestões. Essa ferramen-

ta configura-se como um importante apoio ao desenvol-

vimento de aprendizagem efetiva, uma vez que auxilia o

aluno a superar dificuldades operacionais que podem pôr

em risco ou prejudicar o processo de construção pelo qual

está passando;

• ajuda – oferece informações sobre como usar o ambiente

virtual de aprendizagem, como utilizar a internet e outras

questões relativas ao ambiente.

• Barra de ferramentas de aprendizagem – contendo os

126
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

ícones que remetem às ferramentas:

• anotações – possibilita ao aluno realizar anotações, regis-

trar ideias, lembretes, referências, endereços e links im-

portantes etc.;

• galeria – possibilita a publicação de atividades para serem

compartilhadas com os colegas. Isso permite a visualiza-

ção para apreciação possibilitando troca, aperfeiçoamen-

to e reestruturação de ideias. Espaço importante para a

aprendizagem colaborativa;

• midiateca – disponibiliza as referências bibliográficas

e complementares da disciplina, links para sites de inte-

resse, vídeos, downloads para os textos utilizados etc.

Objetiva funcionar como um banco de dados;

• fórum – ferramenta que possibilita a realização de debates

relacionados a temas relativos aos conteúdos sugeridos

pelo professor com todos os alunos da turma. Importante

ferramenta assíncrona que possibilita a participação de

127
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

todos de forma colaborativa, promovendo a construção

de ideias, a troca de informações, o confronto positivo de

opiniões. Oportuniza a mediação do professor de forma

efetiva e planejada. Outro ponto positivo: as intervenções

ficam registradas e todos os participantes podem visuali-

zar quando necessitarem;

• relatório – permite ao professor tutor, no decorrer da dis-

ciplina, disponibilizar ao aluno informações sobre o seu

desempenho nas atividades realizadas. Os alunos enviam

suas atividades a esta área, onde ficam associados a seu

nome. Os trabalhos são avaliados pelo professor que faz

comentários sobre o desempenho do aluno;

• tutoria – nesta ferramenta o aluno pode fazer perguntas

ao professor tutor sobre os conteúdos ou sobre aspectos

pedagógicos do curso. O professor tutor registra suas res-

postas e dessa forma a ferramenta constitui-se em um es-

paço importante para o diálogo e, portanto, a construção

128
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

interativa/colaborativa do conhecimento. Constitui-se em

um importante banco de informações para todos os alu-

nos, uma vez que as perguntas e respostas ficam registra-

das e disponíveis para todos.

• Barra de informações curriculares e menu de unidades –

contendo os seguintes links:

• curso – aciona a abertura da página com as informações

gerais sobre o curso (instituição, coordenador responsável

pela certificação, normas de funcionamento, critérios de

avaliação);

• disciplina – aciona a abertura da página com informações

sobre a disciplina (programa, objetivos, orientações ge-

rais, metodologia, calendário, programa de avaliação);

• professor – abre uma janela contendo o perfil do profes-

sor (minicurrículo);

• aluno – apresenta ao aluno o seu próprio perfil, objetivan-

do a promoção do sentimento de identidade com o curso;

129
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

• unidades – apresenta a relação de unidades que com-

põem a disciplina (módulo) e a sequência das atividades

propostas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de ferramentas tecnológicas potencializaram a
EaD à medida que ferramentas de interação e comu-
nicação foram desenvolvidas com o intuito de criar um
ambiente apropriado para a aplicação das metodologias
propostas pela EaD. Tais ferramentas são conhecidas
como Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVA, sendo
recursos indispensáveis para a implementação da EaD
em toda sua potencialidade.

FIQUE POR DENTRO


No link a seguir há um vídeo do professor Fredric Litto falan-
do sobre Educação a Distância:

130
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

<http://www.youtube.com/watch?v=D_5HhfcE-io>.
No link a seguir há um vídeo sobre o papel do professor na
EAD:
<http://www.youtube.com/watch?v=e6OJPp9GqkY>.
No link a seguir há um vídeo sobre o papel do aluno na EaD:
<http://www.youtube.com/watch?v=ZtvyfHH8uJw>.

REFLITA
É apresentado abaixo um artigo de uma personalidade im-
portante da educação brasileira, o professor Wilson Azevedo.
Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos brilhantemente
debatidos pelo professore.

E-LEARNING COMO ELEMENTO DE INTEGRAÇÃO NO


PROCESSO EDUCACIONAL
Palestra proferida no Forum Internacional de Tecnologia
para Gestão de Pessoas como parte da programação do 27º
Congresso Nacional da Associação Brasileira de Recursos
Humanos.
Wilson Azevedo (*)
Afinal, o que queremos dizer quando falamos de e-learning?

131
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Estamos falando, fundamentalmente, de educação online. E


por educação entendemos o processo de ensino-aprendiza-
gem - o que justifica uma pequena crítica ao termo e-lear-
ning, pois ele foca excessivamente a sua preocupação numa
parte - sem dúvida de grande importância - do processo edu-
cacional, que é o processo de aprendizagem. Durante muito
tempo a educação foi tratada como uma questão de ensino,
quase sinônimo de ensino, e o foco na aprendizagem ficou
em posição secundária. De algumas décadas para cá, a ênfa-
se na aprendizagem nos ajudou a restabelecer o equilíbrio.
Mas precisamos entender o processo educacional como um
processo de mão dupla. Não apenas de aprendizagem, mas
um processo de ensino “e” aprendizagem. Um processo de
construção de conhecimento, que é coletivo e acontece em
todos os ângulos dessa relação. Não apenas o aprendiz, o
educando, aprende, mas o educador também aprende. Ao se
relacionar com aqueles que eram vistos como aprendizes, se
coloca também como aprendiz. De outra parte, aqueles cuja
tarefa principal era apenas aprender também se colocam en-
sinando, não só ao professor, mas também aos seus cole-
gas de aprendizagem. De forma que o processo de ensino e
aprendizagem se torna cada vez mais complexo e baseado
em múltipla interação. Esse aspecto hoje é salientado quan-
do falamos em educação.

132
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Educação on-line, portanto, é educação. Só que a sua especi-


ficidade está precisamente no fato de utilizar tecnologias que
permitem novas formas de interação primeiramente com con-
teúdos informativos. Esse é um dos aspectos que nos chama a
atenção ao travarmos contato com essas novas tecnologias. O
outro aspecto é que são novas tecnologias também da comuni-
cação, que permitem novas formas de interação entre pessoas.
E essa é uma descoberta que se faz aos poucos. À medida que
se vai entrando em ambientes online, percebemos que, além
da informação que vem até nós, e que às vezes nos sobrecar-
rega, dispomos de recursos de comunicação interpessoal com
o uso dessas novas tecnologias. Esse aspecto da comunicação
é que nos interessa especificamente quando pensamos em
e-learning e em aprendizagem colaborativa. Vejamos então a
classificação e tipologia da comunicação.
O rádio ou a televisão nos permitem, a partir de um foco
emissor, distribuir a informação para múltiplos receptores,
característica básica dos veículos de comunicação de massa,
a chamada comunicação de “um para muitos”. Já o telefone é
a tecnologia mais típica do “um a um”, embora hoje ele per-
mita que, utilizando o viva-voz, comuniquem-se “muitos com
muitos”. O correio é outra tecnologia de comunicação “um a
um” que, às vezes, é comunicação “um para muitos” também.
Um grande avanço oferecido pelas novas tecnologias das

133
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

redes informatizadas é que nós podemos combinar as diver-


sas formas de comunicação, a de “um para muitos”, e a web
é o principal meio para se perceber isso, a comunicação “um
a um”, e o correio eletrônico é a mais conhecida ferramenta
usada nesse tipo de comunicação. Mas é a comunicação de
muitos para muitos, a ampla interação entre pessoas, intera-
ção coletiva em ambientes virtuais projetados para isso que
é a grande novidade introduzida pelas novas tecnologias de
informação e, especialmente, de comunicação.
O grande diferencial destas novas tecnologias é a possibilida-
de de integração de todas essas formas - TV, rádio, telefone e o
uso do correio - e, principalmente, a comunicação de “muitos
para muitos”. As novas tecnologias nos trazem o que tenho
chamado de “outra ecologia pedagógica”. Por ecologia enten-
do aqui a descrição de um ambiente que tem características
específicas e diversas daqueles a que estamos acostumados,
principalmente no campo educacional. Os ambientes em que
acontecem o ensino e a aprendizagem nos são conhecidos
desde a infância. A entrada de novas tecnologias, a possibili-
dade combinada da comunicação de “um para um”, de “um
para muitos” e de “muitos para muitos”, dá origem a um ou-
tro ambiente que precisa ser conhecido antes de se pensar
em desenvolver educação através de ambientes online.
Essa outra ecologia pedagógica implica uma outra experiência

134
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

com o tempo. Com o serviço postal temos um histórico de


experiência social bastante difundida, de uso da comunica-
ção chamada assíncrona, a que acontece ao longo do tempo,
sem hora marcada. Mas o surgimento da Internet, do correio
eletrônico, nos colocou diante de uma velocidade, de uma in-
tensificação do uso desse tipo de comunicação, que deu ori-
gem a uma outra experiência, com uma outra temporalida-
de. A conjugação da temporalidade que nós já conhecemos
e vivenciamos, a temporalidade síncrona, com os recursos
assíncronos produz um outro tipo de temporalidade, a tem-
poralidade multissíncrona, tanto distribuída no tempo quan-
to simultânea. Isso permite que continuemos desenvolvendo
nossas atividades enquanto, em outros canais, vamos nos
comunicando com pessoas de forma distribuída ao longo do
tempo. É como se no ambiente online, pudéssemos intera-
gir com outros como que em câmara lenta, num tempo mais
elástico, enquanto desenvolvemos as atividades cotidianas
síncronas.
É a sensação que temos quando desenvolvemos cursos que
funcionam em ambiente online. É como se duas horas de
curso pudessem ser esticadas para caber ao longo de uma
semana sem que interrompamos nossas atividades para in-
gressar nessa interação coletiva de “todos com todos”. Isso
acontece como se fosse em outra dimensão, num outro

135
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

espaço. A sensação que têm aqueles que convivem e intera-


gem em ambientes online é que eles estão compartilhando
um espaço, estão se encontrando e isso acontece em um es-
paço. Não um espaço físico, mas virtual, um espaço de co-
municação, um espaço relacional. Nesse novo tempo, nesse
outro espaço, nós travamos contato com outra experiência
social, a possibilidade de interação de “muitos com muitos”
intensa, afetiva inclusive, base das chamadas “comunidades
virtuais de aprendizagem colaborativa”. Mas o que são elas?
Em primeiro lugar estamos falando de comunidades. Esse é
um fenômeno que não é tecnológico. É proporcionado pela
tecnologia, mas é fundamentalmente sociológico. Na socio-
logia a distinção entre comunidade e sociedade foi um fator
fundamental até para o avanço das ciências sociais. Estamos
agora voltando ao conceito de comunidade quando falamos
de e-learning, de educação online e, especialmente, de co-
munidades virtuais de aprendizagem. É um fenômeno huma-
no. São coletividades de pessoas, mas comunidades virtuais.
Quando falamos em comunidades virtuais de aprendizagem
colaborativa estamos falando de alguma coisa que não de-
pende mais da identificação local, como no tradicional con-
ceito sociológico de “comunidade”. É uma comunidade de in-
teresse. É localizada por um endereço, sim, mas um endereço
lógico, e não físico.

136
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Essas comunidades virtuais são de aprendizagem. Há comu-


nidades de diversos tipos, com os interesses mais diversos.
Há comunidades dedicadas a hobbies, criação de animais,
pescarias, etc. Nesse sentido estamos tratando aqui especial-
mente de comunidades virtuais de aprendizagem, as que se
formam com o objetivo de aprender mais, com o objetivo de
construir conhecimento, de localizar informações que, orga-
nizadas e processadas, resultem em novos conhecimentos.
Estamos falando de comunidades virtuais de aprendizagem,
em que é possível a interação de “muitos com muitos” pro-
porcionada pelas novidades introduzidas pela tecnologia da
informação e da comunicação.
Comunidades virtuais de aprendizagem colaborativa funcio-
nam na base da colaboração. A regra básica é a reciproci-
dade. Todos ensinam a todos, todos aprendem com todos.
Aquela concepção sócio-interacionista que hoje se torna cada
vez mais importante em Educação, em que todos aprendem
com todos e todos ensinam a todos, se realiza de forma plena
nessas comunidades virtuais de aprendizagem colaborativa.
Esta outra ecologia pedagógica leva a uma conseqüência im-
portante. Ela requer um reconhecimento de que esse am-
biente é diferente daquilo que temos experimentado tradi-
cionalmente. É novo para muitas pessoas, o que requer um
trabalho sério de ambientação. As pessoas estão mudando

137
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

de ambiente quando entram em cursos online. Estão traba-


lhando em um ambiente que requer uma adaptação opera-
cional. É preciso aprender a usar isso, a mexer com aquilo,
operacionalmente. Mas há uma dimensão psico-pedagógica
que precisa ser trabalhada. É um novo tempo. Mas como eu
me agendo nesse tempo? Como eu me sinto atrasado ou
adiantado em relação a essa temporalidade que acontece
em câmara lenta em relação à temporalidade do cotidiano?
Uma adaptação a um espaço que não é físico. Como é que eu
posso me localizar nesse espaço, se ele não tem coordenadas
físicas? Uma nova experiência social: como é que eu simpati-
zo ou antipatizo com pessoas que nunca vi?
É preciso dar tempo para que as pessoas se adaptem.
Ambientação é fundamental. Isso requer a definição de no-
vos perfis. Um perfil de educando que seja autônomo é mui-
to importante para a aprendizagem, mas a sociedade hoje
está exigindo outras coisas. Ela exige competências em “co-
-labor-atividade”. É um neologismo para caracterizar essa
capacidade de aprender colaborando com muitos. Portanto,
é um binômio que precisa ser desenvolvido, o binômio da
autonomia e da interdependência. Também exige um outro
perfil de educador. Um educador que, além do domínio que
precisa ter da sua especialidade, além das técnicas didáticas
que ele precisa conhecer, precisa desenvolver habilidades e

138
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

competências de um líder comunitário, de um animador.


O termo animador é abundante na literatura especializada,
usado por muitos teóricos que trabalham os novos ambien-
tes virtuais. O animador de comunidades virtuais é alguém
que desperta o ânimo das pessoas, que desperta a alma de
uma coletividade. Anima quer dizer alma. Portanto, o anima-
dor é alguém que tem um papel de liderança nesse sentido,
um facilitador dos processos de integração entre as pessoas,
um guia que apresenta mapas para percursos individuais ou
coletivos dentro de uma comunidade.
Quais as implicações embutidas em tudo isso? A primeira de-
las se torna a conseqüência imediata disso. Em empreendi-
mentos de e-learning, se você busca resultados e quer o su-
cesso do projeto, é fundamental investir em aprendizagem
colaborativa. Essa riqueza que está envolvida nos ambientes
virtuais, a novidade da comunicação de “muitos para muitos”
numa tecnologia até então desconhecida para a humanidade.
As redes informatizadas, tornaram possível essa comunica-
ção. Investir nisso, portanto, se torna o diferencial. Se você
está pensando em desenvolver projetos de e-learning e de-
seja alcançar sucesso, invista em aprendizagem colaborativa.
Dá quase para enunciar uma lei: “Quanto mais você investir
em aprendizagem colaborativa, mais condições de sucesso
você terá”. Quanto mais interação entre pessoas e ambientes

139
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

favoráveis à colaboração e à aprendizagem colaborativa,


maiores serão os índices de sucesso e menores os índices de
fracasso.
A segunda implicação já é uma conseqüência: investir em
“peopleware”. O e-learning tem sido muito ligado à tecno-
logia e, não há dúvida, ele depende da tecnologia. Para de-
senvolver bons projetos em e-learning é preciso, sim, investir
em tecnologia, em hardware, em software, em conectividade.
Mas a quantidade de investimento crítica e decisiva para um
projeto de educação online é em peopleware, em pessoas
capazes de utilizar essa tecnologia, não apenas capazes de
operar. Operar é uma coisa, mas ser capaz de utilizar pedago-
gicamente um ambiente online é outra coisa, de extrema re-
levância. Se você está envolvido em um projeto de e-learning,
compare a quantidade de investimento feita em hardware,
em software, em conectividade e em peopleware. Preparar
professores e alunos, educandos, ambientação de alunos on-
line, é tarefa fundamental. Quanto você está investindo nis-
so? Quem já está implantando projetos, analise os resultados
e verifique se está sendo feito o investimento adequado em
peopleware. Não apenas operacionalmente. Não estamos fa-
lando de aprender a mexer no correio eletrônico ou navegar
na web. Isso é necessário também, mas estamos falando de
pedagogia.

140
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Pedagogia é a chave para compreender isso. Na história dos


recursos utilizados em educação, constituiu-se uma diferen-
ça muito clara: uma coisa é um livro e outra coisa é um curso.
Mesmo que alguém dê a um livro o nome de curso, não há a
menor possibilidade de passar pela cabeça de ninguém que,
ao comprar um livro com nome de curso, e ao ler esse livro,
uma pessoa esteja fazendo um curso. Há uma percepção cla-
ra na sociedade: livro é uma coisa, curso é outra. Essa clareza
ainda não temos na Internet. Livros eletrônicos, conteúdos
estruturados, planejados, organizados e trabalhados para
serem disponibilizados utilizando os melhores recursos de
tecnologia da informação, têm sido abundantes na Internet.
Costumamos denominar este material de “recurso didático”.
Mas, diante da novidade que ainda é o e-learning para a so-
ciedade em geral, nós ainda não amadurecemos essa distin-
ção que fazermos em relação ao livro. Ao chamarmos o re-
curso de “curso”, as pessoas acreditam que aquilo é mesmo
um curso. E, pasmem, há pessoas se matriculando, como se
fosse possível se matricular num livro. Em material interativo,
com conteúdo disponibilizado na Internet, nós navegamos,
não nos matriculamos. Não é curso. Pode ter o nome de “cur-
so” porque pode servir como material didático para cursos,
inclusive cursos online. É conteúdo organizado, serve para
cursos, mas não é curso.

141
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Curso é uma seqüência de atividades pedagógicas organiza-


das, planejadas, para atender objetivos de aprendizagem e
que envolve fundamentalmente, quer na dimensão presen-
cial quer na dimensão online, interação coletiva. Mesmo que
um aluno em sala de aula se levante para fazer uma pergunta
ao professor, ele está sendo ouvido por todos, e aquela per-
gunta pode ser interceptada por um outro aluno, que pode
complementá-la ou respondê-la. O professor pode relançar
essa pergunta para todo o grupo e pipocam respostas que
conjugadas ajudam aquela coletividade, aquela comunidade
a construir o conhecimento. A possibilidade de interação co-
letiva faz a diferença entre o que é um curso e o que é uma
publicação. E isto vale para a educação online também.
Infelizmente essa clareza ainda não está dada quando se trata
de educação online, porque a percepção de que essas novas
tecnologias não são apenas tecnologias de informação, mas
são também da comunicação, ainda não está suficientemen-
te difundida. Não se trata de má fé. É pelo momento, pela
imaturidade do mercado, tanto do lado de desenvolvedores
quanto do lado de consumidores, que ainda não alcançaram
clareza suficiente para não chamar de “curso” o que não é
curso.
Para concluir, gostaria de deixar com vocês esta citação de
um excelente livro (1) que chama a atenção para os aspectos

142
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

ligados à construção de comunidades virtuais para aprendi-


zagem, para e-learning:
Não é a conversão de um curso que precisa ocorrer, mas
antes uma mudança de paradigma com relação à maneira
com que nos vemos como educadores, como vemos nossos
alunos, e como vemos a própria educação. Não é um cur-
rículo que estamos convertendo, mas nossa pedagogia. A
pedagogia eletrônica não diz respeito a fantásticos pacotes
de software ou a simples conversão de cursos. Diz respeito
ao desenvolvimento de habilidades envolvidas com a cons-
trução de uma comunidade em meio a um grupo de apren-
dizes, de modo a maximizar os benefícios e o potencial que
esse meio oferece na arena educacional.
(1) Palloff& Pratt, Building Learning Communities in
Cyberspace. S. Francisco, Jossey-Bass, 1999.
(*) Especialista em educação on-line e consultor de empresas e
universidades em projetos de e-Learning. Diretor técnico-peda-
gógico da Aquifolium Educacional.

Fonte: http://www.aquifolium.com.br/educacional/artigos/
palestra.html. Acessado em 24/09/2013.

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UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

REFLITA
São apresentados abaixo dois artigos da professora Cristina
Haguenauer. Aproveite a leitura e reflita sobre os assuntos brilhan-
temente debatidos pela professora.

Ambientes Virtuais de Aprendizagem


Cristina Haguenauer*
Este artigo, adaptado do texto publicado originalmente
na Revista Mídia e Educação em 7/08/2003, apresenta e
discute aspectos relativos ao uso de Ambientes Virtuais de
Aprendizagem.
É notável que o avanço tecnológico possibilitou uma nova
realidade educacional: o ensino mediado por computador. A
inserção do computador na educação provoca uma mudança
de comportamento dos participantes do processo ensino -
aprendizagem. Um de seus efeitos é o aumento crescente da
quantidade de informação disponível e acessível aos alunos e
professores. Paralelamente, surge a possibilidade de contato
remoto entre os participantes do processo através da comu-
nicação pela Internet. Desta forma, a sala de aula perde gra-
dativamente suas fronteiras de tempo e espaço.
Esse novo ambiente de aprendizagem favorece também
a reflexão e a reformulação das metodologias de ensino

144
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

praticadas nas escolas e nas universidades.


O ambiente virtual propicia o resgate de uma postura mais
ativa e menos passiva dos alunos. O professor também é afe-
tado por estas mudanças, deixando de ser o centro do pro-
cesso - detentor de todo o conhecimento – para transformar-
-se em um mediador das atividades de aprendizagem. Nessa
nova realidade, o ensino tende a tornar-se mais individualiza-
do, adaptando-se aos diferentes perfis psicológicos, formas
de aprender e comportamentos dos diferentes alunos. O es-
tudo adquire maior flexibilidade, podendo ser realizado de
acordo com a disponibilidade de tempo do aluno e no local
mais adequado.
O professor também precisa adaptar-se à nova tecnologia e
ao seu novo papel na sala de aula virtual. Como essa é uma
mudança brusca nos paradigmas do ensino tradicional, a op-
ção pela modalidade semi-presencial atende às dificuldades
de difusão e absorção de novas tecnologias, além de permitir
um custo mais acessível do que nos programas de ensino to-
talmente a distância. Esse formato de transição (semi-presen-
cial) não entra em choque com o modelo tradicional, apenas
incorpora elementos novos ao modelo com que professores
e alunos estão acostumados, facilitando a introdução das no-
vas tecnologias.
O desenvolvimento de materiais didáticos para uso em

145
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Ambientes Virtuais de Aprendizagem exige conhecimentos


de diversos campos, como informática, programação visual,
psicologia da aprendizagem e o conteúdo específico a ser en-
sinado, o que pressupõe a existência de uma equipe trans-
disciplinar. Esse novo formato de trabalho leva o professor
a uma reformulação de suas práticas e métodos de ensino,
de forma a obter uma mudança de qualidade significativa no
processo ensino - aprendizagem.
É fundamental fornecer suporte na preparação do professor
para exercer suas funções neste novo ambiente, aproveitan-
do ao máximo os recursos oferecidos pela plataforma. É de
vital importância que o professor esteja preparado para se
relacionar com seus alunos através da interface computacio-
nal e para isso ele precisa dominar as ferramentas disponí-
veis. Uma barreira a ser ultrapassada é a visão tradicional do
professor sobre o ensino. A aplicação da tecnologia na edu-
cação, o que para muitos professores é vista como um risco,
não substitui nenhum dos elementos envolvidos com o ensi-
no presencial tradicional. O ensino semi-presencial mantém
ainda as principais referências do ensino presencial. Desta
forma, tanto alunos quanto professores, podem realizar uma
transição suave para o novo contexto e os professores po-
dem se concentrar na adaptação e utilização das estratégias
mais adequadas ao novo ambiente de ensino.

146
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Acreditamos que o uso de Ambientes Virtuais de Aprendizagem


é mais uma alternativa para dinamizar o ensino e tornar as
aulas presenciais mais agradáveis e interessantes. Porém,
sua adoção como suporte ao ensino presencial, depende for-
temente da existência de uma infra-estrutura adequada e de
uma proposta pedagógica eficiente, fatores primordiais na
promoção de uma melhoria significativa do processo ensino
- aprendizagem.
Professores e alunos precisam ser alfabetizados em relação
às possibilidades das novas tecnologias, de modo que os
desníveis de conhecimento tornem-se cada vez menores. A
curiosidade e o interesse, tanto dos alunos quanto dos pro-
fessores, por novidades tecnológicas pode contribuir muito
para o avanço da Educação apoiada pelas Novas Tecnologias
da Informação e da Comunicação (NTICs).
* Profa. Cristina Haguenauer é Engenheira Civil pela UERJ,
Mestre em Ciências pela PUC-RJ, Doutora pela Coppe/UFRJ.
Professora da Escola de Comunicação e do Programa de Pós-
Graduação em Lingüística Aplicada da Faculdade de Letras
da UFRJ. Pesquisadora na área de Tecnologias da Informação
e da Comunicação aplicadas à Educação e à Gestão do
Conhecimento, coordena o Latec – Laboratório de Pesquisa
em Tecnologias da Informação e da Comunicação desde de
2000.

147
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

** Adaptado do texto publicado originalmente na revista mí-


dia e educação em 7/08/2003, http://www.tvebrasil.com.br/
educacao.
Fonte: http://www.latec.ufrj.br/educaonline/index.php?op-
tion=com_content&view=article&id=49:ambientes-virtuais-
-de-aprendizagem&catid=41:artigos-tecnicos&Itemid=58.
Acessado em 27/09/2013.

Análise das Ferramentas do Sistema Quantum de


Educação Online

Cristina Haguenauer*

Este artigo apresenta uma análise das ferramentas e


funcionalidades do Sistema Quantum de Educação onli-
ne, utilizado como base para a construção do sistema de
gestão de aprendizagem do Consórcio CEDERJ.

O CEDERJ (Centro de Educação Superior a Distância do


Estado do Rio de Janeiro) é formado pelo consórcio das
universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro,

148
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

congregando seis universidades: UENF, UERJ, UniRio,


UFF, UFRJ e UFRRJ.

A equipe do CEDERJ percebendo a grande demanda do


ensino a distância adotou uma plataforma que atende
aos objetivos do processo ensino–aprendizagem virtual,
tantos aos acadêmicos e aos administrativos. Esta plata-
forma está sendo desenvolvida por uma equipe técnica
do CEDERJ, que conta com a participação de equipes das
universidades consorciadas na testagem do desenho ló-
gico; do projeto físico e do ambiente virtual.

A equipe de testagem da Plataforma de aprendiza-


gem é ligada ao LATEC/UFRJ – Laboratório de Pesquisa
em Tecnologias da Informação e da Comunicação, da
Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Essa equipe de pesquisa vem estudando a
Plataforma CEDERJ com o objetivo de produzir uma aná-
lise ampla de suas funcionalidades, além de discutir as

149
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

metodologias de ensino mais adequadas ao uso da plata-


forma CEDERJ. A equipe do LATEC/UFRJ conta atualmente
com cerca de dez pesquisadores envolvidos com o estu-
do de Ambientes Virtuais de Aprendizagem e com a tes-
tagem da Plataforma CEDERJ do CEDERJ.

A plataforma CEDERJ – Sistema Quantum é um sistema


gerenciador que permite a administração de cursos da
mesma forma que a secretaria de uma universidade;
matrícula, freqüência, notas e participação dos alunos
podem ser verificadas. Oferece ferramentas de intera-
ção e comunicação, ferramentas de informação e ferra-
menta de conteúdo que auxiliam e facilitam o processo
de ensino-aprendizagem.

Descrição das ferramentas

Agenda do curso: a agenda do curso é um calendário


onde o coordenador pode registrar os principais even-
tos relacionados ao curso como época para matrícula,

150
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

datas de exames, horário de bate-papo (chat), data de


início e termino do evento divulgado.

Bibliografia: são colocados os títulos e resumos dos li-


vros, artigos, teses, revistas e outros materiais que fo-
ram utilizados no desenvolvimento do curso.

Biblioteca: são apresentados links com sinópses para


webpages indicados no curso.

Chat: o chat (ou bate-papo) é um ambiente que per-


mite uma comunicação sincróna entre os participan-
tes. Ao entrar no chat o participante tem uma visão
de todos que estão conectados a internet naquele
momento, podendo ter uma conversa reservada,
com apenas um participante, ou com todos os inte-
grantes da sala.

E-mail: o link e-mail apresenta a relação dos participan-


tes. Para mandar uma mensagem para um participante
basta seleciona-lo na lista, que funciona como uma lista

151
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

de distribuição.

Download: o professor pode disponibilizar arquivos,


contendo aplicações específicas que o aluno pode usar
mesmo depois de se desconectar da internet.

FAQ: Frequently Asked Questions (perguntas mais fre-


quentes) - é uma relação de perguntas e respostas que
estão disponíveis para consulta a qualquer momento,
alimentada pelo professor e coordenador.

Fórum: é um recurso para a realização de discussões e


debates na internet. Ele permite que tanto professores
como alunos exponham suas idéias e opiniões acerca
dos assuntos referentes ao curso. O fluxo de comunica-
ção do Fórum é de todos para todos e, neste caso, deve
ser feito através do ambiente, isto é, você tem que estar
conectado ao curso.

Mural: Área onde os coordenadores e professores

152
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

disponibilizam recados e avisos para os alunos. Há a op-


ção de permitir ao aluno colocar mensagens também.

Quadro de avisos: É uma área livre onde somente os


professores e coordenadores podem colocar recados.

Tira dúvidas: Área específica para a exposição das


dúvidas do aluno para posterior esclarecimento pelo
professor.

Janela Pop up: ao entrar na sala de aula o aluno visua-


liza esta janela, onde o professor pode inserir informa-
ções diversas.

Classificação das ferramentas

As ferramentas apresentadas anteriormente são classi-


ficadas como Ferramentas de Interação e Comunicação,
Ferramentas de Informação e Ferramenta de Conteúdo.

As ferramentas de interação e comunicação permi-


tem a comunicação síncrona ou assíncrona em várias

153
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

direções; As ferramentas de informação possibilitam o


aluno o acesso às fontes utilizadas para a realização do
curso e as indicadas. Ocorre de forma unidirecional, ou
seja, é realizada somente do professor ou coordenador
para todos os alunos;A ferramenta de conteúdo possibi-
lita ao aluno aprofundar ou não seu estudo, de acordo
com sua necessidade e sua disponibilidade.

Comparação e análise das ferramentas

Chat, fórum, e-mail, agenda, faq, tira dúvidas... São


muitas as ferramentas disponibilizadas pelas platafor-
mas de EAD em geral e, em particular, pela plataforma
CEDERJ sistema Quantum. A utilização das ferramentas
para melhorar o desempenho do ponto de vista ensino
aprendizagem deve passar por uma “seleção criterio-
sa”, pois dependendo da funcionalidade aplicada a cada
uma das ferramentas, a sua seleção pode tornar-se re-
dundante. Assim, é fundamental que utilização das fer-
ramentas esteja inserida no desenho instrucional do

154
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

curso.

A criatividade torna-se um diferencial quando nos referi-


mos a funcionalidade de uma determinada ferramenta;
a mesma pode ser utilizada de diversas formas; a agen-
da por exemplo, pode conter o cronograma de um cur-
so ou eventos importantes relacionados ao conteúdo
deste.

As ferramentas agrupadas abaixo possuem caracte-


rísticas semelhantes, porém apresentam diferentes
especificidades:

Fórum X Chat

A diferença entre estas ferramentas consiste na forma


como a comunicação ocorre; no fórum a comunicação
ocorre assincronamente enquanto no chat, de forma
síncrona. O chat tem um inconveniente pois exige que
todos os participantes estejam conectados em deter-
minada hora, excluindo, desta forma, os que não estão

155
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

disponíveis na hora marcada e fugindo assim da propos-


ta da EAD. Outro inconveniente do chat é que ele não
“grava” as informações que foram debatidas. No fórum,
as mensagens ficam registradas e podem ser acessadas
a qualquer momento, possibilitando que algum assunto
discutido e colocações feitas sejam revistas. Isso possibi-
lita que o aluno verifique, ao longo do curso, a evolução
de sua aprendizagem em relação a um determinado as-
sunto discutido.

Mural X Quadro de Avisos

A diferença entre estas ferramentas consiste na forma


como a comunicação ocorre; no fórum a comunicação
ocorre assincronamente enquanto no chat, de forma
síncrona. O chat tem um inconveniente pois exige que
todos os participantes estejam conectados em deter-
minada hora, excluindo, desta forma, os que não estão
disponíveis na hora marcada e fugindo assim da propos-
ta da EAD. Outro inconveniente do chat é que ele não

156
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

“grava” as informações que foram debatidas. No fórum,


as mensagens ficam registradas e podem ser acessadas
a qualquer momento, possibilitando que algum assunto
discutido e colocações feitas sejam revistas. Isso possibi-
lita que o aluno verifique, ao longo do curso, a evolução
de sua aprendizagem em relação a um determinado as-
sunto discutido.

Bibliografia X Biblioteca

É imprescindível que o desenvolvedor do curso saiba


distinguir a funcionalidade de cada uma destas ferra-
mentas. Na bibliografia devem ser inseridos os mate-
riais utilizados no conteúdo do curso, já na biblioteca se
insere materiais diversos relacionados a assuntos estu-
dados no curso.

Tira dúvidas X FAQ

Dependendo do desenho do curso, as ferramen-


tas tira dúvidas e o FAQ podem tornar-se repetitivas,

157
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

confundindo o aluno pois este pode não saber qual fer-


ramenta deve utilizar para esclarecer suas dúvidas. Nos
cursos produzidos, foram utilizadas principalmente as
seguintes ferramentas, com as seguintes funções:

AGENDA – foi utilizada para possibilitar ao aluno um acesso


rápido ao cronograma do curso;

FÓRUM – utilizado como espaço de discussão as


questões propostas pelo tutor. A dinâmica propos-
ta seria a discussão entre os alunos, porém como a
maior parte dos alunos nunca teve uma experiência
anterior com ensino a distância via web, houve muita
resistência e a eficiência da utilização do Forum ficou
bastante reduzida.

FAQ – teve como proposta a colocação das perguntas


referentes ao uso da plataforma e das ferramentas;

TIRA DÚVIDAS – A utilização desta ferramenta mostrou-


-se redundante e criou certa confusão entre os alunos

158
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

sobre a melhor forma de postar suas dúvidas,

E-MAIL – permitiu a troca de e-mails entre alunos e tuto-


res de forma bastante eficiente.

MURAL – foi utilizado para que os alunos se apresentas-


sem, fazendo uma dinâmica de apresentação. A dinâmica
funcionou bem, pois isso fez com que o aluno se sentisse
mais a vontade, criando um vínculo emocional com o pro-
cesso. Desenvolveu-se uma atividade tipo gincana, onde
os alunos colocaram arquivos de determinado conteúdo
e os mesmos foram usados para gerar tópicos de discus-
são no fórum.

Janela Pop up – informações e sugestões do tema estu-


dado enviadas pelos alunos foram disponibilizados por
três dias após o envio; isto fez com que os alunos esti-
vessem sempre informados.

Conclusão

159
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

Devido às várias possibilidades oferecidas pela plata-


forma, é de extrema importância um estudo detalhado
das funcionalidades das ferramentas, de forma a utili-
zar apenas aquelas estritamente necessárias e da forma
mais adequada.

Devido à grande semelhança nas funções de algumas


ferramentas, deve-se tomar muito cuidado com esco-
lhas inadequadas, que podem criar redundâncias e con-
flitos, causando prejuízos ao processo de aprendizagem.

Plataformas de ensino a distância oferecem diversas fer-


ramentas de comunicação e diversas formas de disponi-
bilização do material didático, que facilitam o processo
de aprendizagem. No entanto, o computador e a Internet
ainda se apresentam como interfaces que se colocam
entre o aluno e o professor e entre o aluno e o objeto
de estudo. Portanto, é sempre importante ressaltar que
a metodologia, a pedagogia e a eficácia da atuação das
equipes de implementação assumem o papel principal

160
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

no processo ensino - aprendizagem. Neste contexto, o


projeto pedagógico é o principal responsável pelo êxito
do programa de ensino.

Fonte: http://www.latec.ufrj.br/educaonline/index.
php?option=com_content&view=article&id=63:ferra-
mentas-da-plataforma-quantum&catid=41:artigos-tec-
nicos&Itemid=58. Acessado em 27/09/2013.

INDICAÇÕES DE LEITURA

BELLONI, M. L. Educação a distân-


cia. São Paulo: Cortez, 2002.

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UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

MORAN, José Manuel; MASETTO, M.


T.; BEHRENS, M. A. (org.). Novas tec-
nologias e mediação pedagógica.
Campinas-SP: Papirus, 2000.

ATIVIDADES
Abaixo são relacionados alguns questionamentos a
respeito da EaD. Responda aos questionamentos re-
fletindo sobre os debates apresentados nesta unida-
de. Escreva um breve parágrafo sobre cada um dos
questionamentos.

1) Na EaD, a utilização da tecnologia como didática alte-


rou os papéis tradicionais do professor e do aluno. O
que mudou nestes papéis?

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UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

2) Quais as principais dificuldades para a implementa-


ção do Ensino a Distância no Brasil?

3) A EaD pode ter a mesma qualidade da educação


presencial?

4) A EaD pode representar um importante fator de de-


mocratização da educação, principalmente com rela-
ção a educação Superior?

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UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

CONCLUSÃO
A disciplina de Redes Sociais e Tecnologia da Informação
e Comunicação trabalhou temas relevantes sobre as
tecnologias que possibilitam que o trabalho colaborati-
vo também se estenda a questões teóricas e práticas.

O uso das TICs, principalmente a internet, permite um


espaço favorável para a democratização do saber. O
conhecimento não se restringe somente a um grupo, é
compartilhado por um amplo número de indivíduos, in-
dependente do local em que é produzido.

As distâncias são minimizadas pelo ambiente em rede,


promovendo trocas colaborativas, criativas e autôno-
mas. A escola e a família têm que estar atentas a essas
mudanças inevitáveis, nunca deixando de lado os valo-
res humanos e éticos, indispensáveis a um convívio so-
cial mais harmônico.

Entretanto, não basta apenas ter acesso às tecnologias,

164
UNIDADE III - Redes Sociais e as
Tecnologias da Informação e Comunicação

é preciso preparar os indivíduos, tanto na sua formação


cultural, principalmente no domínio do código escrito,
quanto no exercício de uma postura ética e responsável
em relação aos ambientes em rede.

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REFERÊNCIAS
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mento. Porto Alegre: Artmed, 1994.

2. BÉDARD, Roger (1998), tradução de DESCHÊNES


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4. ______. ______. São Paulo: Cortez, 2002.

5. BONILLA, M. H. Escola aprendente: para além da


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6. ERICKSON, T. The world wide web as social hyper-


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8. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.

9. MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento:


REFERÊNCIAS
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10. MORAN, José Manuel; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M.


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Campinas-SP: Papirus, 2000.

11. SCHAFF, Adam. A sociedade informática. São Paulo:


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12. SERRA, Daniela Tereza Santos. Afetividade, aprendiza-


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13. SILVA, M. Sala de aula interativa. 2. ed. Rio de Janeiro:


Quartet, 2001.

14. VELOSO, Renato. Tecnologias da informação e comuni-


cação: desafios e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2012.

15. VIANNEY, J. As transformações da educação a distância


no Brasil em direção à universidade virtual. In: Curso de
preparação de professores autores e tutores para
educação a distância. São Paulo: Rede brasileira de
EAD, 2000.

16. ZHANG, L. Cooperation in a hypertext environment.


In: Proceedings of ED-MEDIA96 – World conference
on educational multimedia and hypermedia. Boston,
Massachusetts, June 1996, pp.720-725.

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