Você está na página 1de 181

CAPA

Universidade do Sul de Santa Catarina

Cibercultura e prática profissional em Tecnologia da Informação

Unisul Virtual

Página 1

Universidade do Sul de Santa Catarina

Cibercultura e prática profissional em Tecnologia da Informação

UnisulVirtual
Palhoça, 2015

Página 2

Créditos

Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul

Reitor

Sebastião Salésio Herdt


Vice-Reitor

Mauri Luiz Heerdt

Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão

Mauri Luiz Heerdt

Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional

Luciano Rodrigues Marcelino

Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos

Valter Alves Schmitz Neto

Diretor do Campus Universitário de Tubarão

Heitor Wensing Júnior

Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis

Hércules Nunes de Araújo

Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual

Fabiano Ceretta

Campus Universitário UnisulVirtual

Diretor

Fabiano Ceretta

Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios


e Serviços

Amanda Pizzolo (coordenadora)

Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Educação, Humanidades e Artes

Felipe Felisbino (coordenador)


Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e
Agroindústria

Anelise Leal Vieira Cubas (coordenadora)

Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social

Aureo dos Santos (coordenador)

Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos

Moacir Heerdt

Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão

Roberto Iunskovski

Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos

Márcia Loch

Gerente de Prospecção Mercadológica

Eliza Bianchini Dallanhol

Página 3

Angelita Marçal Flores

Ana Luisa Mülbert

Cibercultura e prática profissional em Tecnologia da Informação

Livro didático

Revisão

Angelita Marçal Flores


Designer instrucional

Carmelita Schulze

2 ª edição revista

UnisulVirtual

Palhoça, 2015

Página 4

Copyright ©

UnisulVirtual 2015

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem
a prévia autorização desta instituição.

Livro Didático

Professoras conteudistas

Angelita Marçal Flores

Ana Luisa Mülbert

Designer instrucional

Carolina Hoeller da Silva Boeing (1ªed.)

Carmelita Schulze (2ªed. revista)


Revisão

Angelita Marçal Flores

Projeto gráfico e capa

Equipe UnisulVirtual

Diagramador(a)

Frederico Trilha

Revisor(a)

Diane Dal Mago

303.483

F65 Flores, Angelita Marçal

Cibercultura e prática profissional em tecnologia da informação

: livro didático / Angelita Marçal Flores, Ana Luisa Mülbert ; design

instrucional Carmelita Schulze, [Carolina Hoeller da Silva Boeing]. – 2.

ed. rev. / por Angelita Marçal Flores – Palhoça : UnisulVirtual, 2015.

109 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.

1. Cultura e tecnologia. 2. Tecnologia da informação. 3.

Computadores e civilização. I. Mülbert, Ana Luisa. II. Schulze,


Carmelita. III. Boeing, Carolina Hoeller da Silva. IV. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

Página 5

Sumário

Introdução – 7

Capítulo 1

Cibercultura e a Sociedade da Informação | 9

Capítulo 2

Inclusão Digital, Direitos Humanos, Meio Ambiente e Questões Étnico-raciais


no contexto da sociedade em rede - 31

Capítulo 3

Mercado de trabalho em TI - 61

Capítulo 4

Formação, atuação e perfil profissional do tecnólogo em gestão da TI - 93

Considerações Finais - 101


Referências - 103

Sobre as professoras conteudistas – 109

Página 6 – Em branco

Página 7

Introdução

Prezado(a) estudante, este material foi elaborado para possibilitar a reflexão, a


análise e a discussão sobre a formação e atuação profissional no campo da
Tecnologia da Informação (TI), em especial na área para a qual você está se
formando: a Gestão da TI. Para o alcance desse objetivo, você irá estudar a
relação da TI com a formação da sociedade da informação, suas implicações
econômicas, sociais, educacionais e políticas. Compreenderá temas
importantes para a sua vida em sociedade, como direitos humanos, meio
ambiente e questões étnico-raciais, bem como sua relação com a Tecnologia
da Informação. Refletirá sobre o significado do trabalho, sua evolução e o
cenário atual do mercado para os profissionais de TI. Também compreenderá o
processo de regulamentação das profissões na área de TI, projeto esse que se
arrasta no Brasil há muitos anos e que já apresentou grupos favoráveis ou
contra a criação de conselhos profissionais, visando à reserva do mercado de
trabalho.

No primeiro momento, composto pelos capítulos 1 e 2, você irá visualizar a


área de TI como um todo, passando, a seguir, para as especificidades da
Profissão de TI e da Gestão da TI, nos capítulos 3 e 4. Você conhecerá quem
são, como atuam e como se formam os profissionais de Gestão da TI.
Durante o processo de leitura dos conteúdos, procure promover um elo entre o
contexto que está sendo estudado com as demais Unidades de Aprendizagem
cursadas e com as situações que acontecem no seu cotidiano. A ideia é que
você consiga aprender de forma significativa.

Ao iniciar o estudo, é importante ter em mente que a Tecnologia da Informação


que você estudará neste material refere-se aos recursos computacionais
(hardware e software), ligados em rede ou não, sendo, portanto, um recorte do
universo das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs). Essa
escolha se justifica pelo foco do curso em que está inserida esta Unidade de
Aprendizagem, além da impossibilidade de abordamos em um único material
todo o conjunto de recursos tecnológicos disponíveis para o armazenamento, o
processamento e a comunicação das informações.

Página 8

Do ponto de vista organizacional, você encontrará uma gama de


oportunidades, desde que compreenda os recursos que irá gerir, como eles se
inserem e quais resultados podem apresentar. Esse entendimento também
deverá estar contextualizado com o local onde você atuará, seja em empresas
pequenas, médias ou grandes, públicas ou privadas, nas instituições
educacionais ou nos organismos não governamentais, nos organismos
financeiros, entre outros espaços do universo nacional ou internacional. Se
você está lendo este material é porque já começou a encarar esses desafios,
então, vá em frente.

Aproveite este material didático para vislumbrar de forma ampla o contexto em


que está inserida a área de Gestão da TI, além de conhecer minuciosamente o
campo de estudo do curso que você está realizando.
Bons estudos!

Professoras Ana Mülbert e Angelita Flores.

Página 9

Capítulo 1

Cibercultura e a Sociedade da Informação

Seção 1

Tecnologia, ciberespaço e a sociedade da informação

Você já percebeu que, a partir de informações disseminadas em parte pela


mídia de massa e em parte provenientes de discussões acadêmicas, a
expressão “sociedade de informação” transformou-se em jargão dentro do
vocabulário dos cidadãos?

Por isso, o ponto de partida nesta seção é levar você a entender o teor da
expressão “sociedade da informação”, de forma que possa compreender as
transformações pelas quais já passou esse conceito e suas implicações
sociais.

A expressão “sociedade da informação” passou a ser utilizada no final do


século passado como substituta para o conceito complexo de “sociedade pós-
industrial” e como forma de transmitir o conteúdo específico do “novo
paradigma técnico-econômico”. Tratava de expressar as transformações
técnicas, organizacionais e administrativas que têm como fator-chave não mais
os insumos baratos de energia – como na sociedade industrial –, mas os
insumos baratos de informação, propiciados pelos avanços tecnológicos na
microeletrônica e nas telecomunicações.

Essa sociedade pós-industrial ou informacional, como prefere Castells, está


ligada à expansão e reestruturação do capitalismo, e vige desde a década de
80 do século passado. As novas tecnologias e a ênfase na flexibilidade – ideia
central das transformações organizacionais decorridas dessa reestrutura do
capitalismo– têm permitido realizar com rapidez e eficiência os processos de
desregulamentação, privatização e ruptura do modelo de contrato social entre
capital e trabalho característicos do capitalismo industrial. (WERTHEIN, 2000).

Página 10

Como você pode perceber, a proposta nesta seção é desmistificar esse


conceito e, principalmente, iniciar este estudo partindo do pressuposto de que o
desenvolvimento da tecnologia não é um evento isolado e nem determinante
dos demais acontecimentos na sociedade. Para isso, entre outras coisas,
estudaremos o surgimento da sociedade da informação, pois acreditamos que
a compreensão do porquê do seu nascimento lançou as bases para muitas das
características que vimos viger atualmente, atreladas a esse conceito.

Como surgiu a sociedade da informação?

Desde as primeiras sociedades, os indivíduos sempre procuraram o


desenvolvimento de suas técnicas, métodos e processos, buscando o
incremento de suas atividades. O que torna necessário então distinguir dois
conceitos que são facilmente confundidos: técnica e tecnologia. A técnica (do
Grego tekhné) visa a distinguir o fazer humano do fazer da natureza. São
atividades práticas, desde a elaboração de leis até a produção de artefatos e
as belas artes. Já as bases para a tecnologia moderna surgem apenas a partir
do século 17, com a ação humana sobre o universo, o entendimento e a
dominação dos fenômenos da natureza por meio do uso da física moderna,
cartesiana e newtoniana (LEMOS, 2003, p. 27-39).

O século 17 foi a era de Galileu e Newton, a era das revoluções científicas. Foi
o tempo de inúmeras controvérsias na Religião, na Filosofia e na Teoria Social,
as quais serviram depois como balizas para o pensamento moderno. Foi o
grande divisor de períodos históricos. Antes deles, a humanidade tinha vivido
meia dúzia de séculos no período que os autores chamam, genericamente, de
Idade Média. Após o impacto da revolução copernicana, nas primeiras décadas
do século 17, o curso da História se viu irrevogavelmente modificado, passando
a rumar na direção do que hoje chamamos de Era Moderna (POLANYI apud
MENEGASSO, 2005).

Assim, surge também o conceito de Modernidade. Um dos pesquisadores


reconhecidos como autoridade neste assunto, o inglês Anthony Giddens
(1991), diz que este é um fenômeno recente, datado dos últimos três ou quatro
séculos. É caracterizado pelas mudanças rápidas e globalizadas, pelo sistema
político do estado-nação, a dependência de enormes fontes de energia, a
completa transformação de mercadoria em produtos e o trabalho assalariado.

No final do século 19 e início do século 20, a escala global das redes de


comunicação começou a ser organizada, devido, em grande parte, à evolução
do transporte físico das mensagens, mas também a fatores econômicos,
políticos e militares.

Thompson, em seu livro Mídia e Modernidade (1998), citou que a evolução das
tecnologias de informação e comunicação foi promovida em decorrência de
uma série de inovações técnicas associadas à invenção da impressão,
Página 11

com a consequente codificação elétrica da informação, as formas simbólicas


começaram a ser produzidas, reproduzidas e distribuídas numa escala, sem
precedentes. E assim, os modelos de comunicação e interação se
transformaram de maneira profunda e irreversível.

Mas o que contribuiu de forma crucial para a globalização da comunicação foi o


surgimento da internet.

Anunciando uma nova revolução, no campo comunicacional, o surgimento da


internet oportunizou as pessoas do mundo todo vivenciar novas experiências
na educação, no trabalho, nas culturas, na produção, nos mercados, nas
formas de consumir e, especialmente, na forma de o homem conviver consigo
e com o outro. Novas práticas sociais surgiram num meio denominado
ciberespaço.

O conceito de ciberespaço advém do romance Neuromancer, de William


Gibson, de 1984. Para o autor, por meio de softwares especiais e da
interligação de computadores, as informações circulam das mais variadas
formas, possibilitando a desmaterialização espacial, o instantaneísmo, a troca
de conhecimentos e a formação da cibercultura – cultura que inter-relaciona
informação, comunicação e tecnologia. Pierre Levy (1999, p. 15-17) utiliza e
comenta estes termos:

O “ciberespaço é o novo meio de comunicação que surge da interconexão


mundial de computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura
material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de
informações que ele abriga, assim como os seres humanos que navegam e
alimentam esse universo”.

A “cibercultura é o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas,


de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem junto
com o crescimento do ciberespaço”. Ela “expressa o surgimento de um novo
universal, diferente das formas culturais que vieram, antes dele, no sentido de
que ele se constrói sobre a indeterminação de um sentido global qualquer”.

Você já parou para pensar como o surgimento da internet está promovendo


uma verdadeira revolução em termos de comunicação?

O clássico Sociedade (Sociedade em Rede Quando houver oportunidade, não


deixe de ler este livro. Nele, o autor apresenta importantes reflexões das
implicações sociais do desenvolvimento tecnológico, em especial da internet.)
em Rede, de Manuel Castells (1999, p. 43-44), conta que na década de 70,
apesar dos financiamentos militares, o surgimento da internet nos EUA deu-se
a partir dos ideais de liberdade dos movimentos dos anos 60.

Página 12

A internet originou-se no ARPA (Advanced Research Projects Agency), do


Departamento de Defesa dos Estados Unidos, para impedir a tomada ou
destruição do sistema norte-americano de comunicação pelos soviéticos, em
caso de uma guerra nuclear. A arquitetura da rede internet foi desenvolvida de
forma que não houvesse controle centralizado interligando diversas outras
redes de computadores, autônomas e com diferentes formas de conexão.
Para alguns autores, a exemplo de Castells (1999), a revolução da tecnologia
da informação, especialmente a internet, deve ser utilizada como ponto de
partida para analisar as mudanças econômicas, sociais e culturais da
sociedade.

Para qual caminho está sendo conduzido este processo de transformação?

São muitas as transformações em direção à sociedade da informação. Elas


estão em estágio avançado nos países industrializados, são tendências
dominantes mesmo nas economias menos industrializadas e definem um novo
paradigma, o da tecnologia da informação, a qual expressa a essência da
presente transformação tecnológica em suas relações com a economia e a
sociedade. Esse novo paradigma tem, segundo Castells (1999 apud
WERTHEIN, 2000), as seguintes características fundamentais:

Quadro 1.1 – Características do novo paradigma da Tecnologia da Informação

Início da tabela

A informação como As tecnologias se desenvolvem para


matéria-prima permitir ao homem atuar sobre
a informação propriamente dita, ao
contrário do passado, quando
o objetivo predominante era utilizar
informação para agir sobre
tecnologias, criando implementando
ou adaptando novos usos.
Efeitos das novas tecnologias com A informação é parte integrante de
alta penetrabilidade toda a atividade humana,
individual ou coletiva, e, portanto,
todas essas atividades tendem
a ser afetadas diretamente pela nova
tecnologia.
Predomínio da lógica de Esta lógica, características de todo
redes tipo de relação complexa,
pode ser, graças às novas
tecnologias, materialmente
implementada em qualquer tipo de
processo.
Flexibilidade A tecnologia favorece processos
reversíveis, permite
reorganização por modificação de
componentes e tem alta
capacidade de reconfiguração.
Crescente convergência de Principalmente tecnologias como
tecnologias microeletrônica,
telecomunicações, optoeletrônica e
computadores, mas também,
e, crescentemente, a biologia. O
ponto central aqui é que
trajetórias de desenvolvimento
tecnológico em diversas áreas do
saber tornam-se interligadas e
transformam-se nas categorias,
segundo as quais pensamos todos os
processos.

Fonte: Castells (1999 apud WERTHEIN, 2000).

Fim da tabela

Página 13
Como obter uma análise mais profunda das implicações dessas
transformações?

É fundamental levar em conta que ao longo da história muitas invenções


humanas receberam representações e significados diversos, foram
condenadas, idolatradas e até ignoradas.

É provável que você já tenha escutado frases como: “a tecnologia causa


desemprego”, “a tecnologia mudou a vida das pessoas”, entre outras. Nessas
frases, as tecnologias são consideradas sujeitos com vida e vontade própria,
exteriores ao meio social e cultural, provocando nele um impacto, tal como um
meteoro caindo do espaço e abrindo crateras na crosta terrestre. Todavia, a
partir desse debate sobre impacto, especialmente na fase da TI, é importante
perceber que as invenções humanas não são exteriores e nem são a salvação
ou a perdição para o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade.

E para o filósofo Levy (1999, p. 17), assim como há contradições no mundo do


contato físico, o ciberespaço projeta de forma potencializada as mesmas
emoções, intenções e projetos. Assim, somos coletivamente responsáveis por
nossas escolhas, quer elas ocorram no ciberespaço ou no espaço físico. Você
concorda?

Como afirmou Turkle, em oposição à ideia de um mundo virtual e um outro real:


“cada vez mais, há menos necessidade de usar uma oposição tão categórica”
(apud CASALEGNO, 1999, p. 118). A autora deixa claro que o virtual não pode
e não deve tirar os contatos reais e pessoais, o olho no olho, mas ser sim mais
uma possibilidade de contato. Vive-se essa mistura, que pode tanto integrar as
pessoas como também isolá-las. O que fará a diferença é o uso que se dará a
essas novas tecnologias. As novas gerações, que desde tenra idade já
puderam participar do mundo virtual, já percebem, aparentemente, as relações
entre o mundo real e o mundo virtual.

Não se trata de dois indivíduos, um virtual e outro real, mostrando diferentes


aspectos de si mesmo (CASALEGNO, 1999, p. 119). Esses aspectos são
existentes com ou sem tecnologia, e o mundo on-line apenas os evidencia.

Observe que o surgimento da TI está criando um novo cenário, no qual a


informação e a comunicação tornam-se mais flexíveis e permitem novas formas
de interação entre os indivíduos. A internet é só uma aparente tecnologia de
solidão, pois pode possibilitar fortes interações sociais relacionadas com a vida
cotidiana dos sujeitos. Isto torna a TI um importante instrumento para a
sociedade.

Alguns exemplos dessas possibilidades podem ser encontrados em casos


como:

- a utilização da internet pelo subcomandante Marcos, líder dos Zapatistas de


Chiapas, para comunicar-se com o mundo;

- o uso da internet para o crescimento da seita chinesa Falun Gong, que


desafiou o partido comunista chinês em 1999;

Página 14

- o uso da rede para a organização e divulgação do protesto contra a


Organização Mundial do Comércio (OMC) em Seattle, em dezembro de 1999
(Castells, 1999, p. 44).
Perceba que para fazer valer essa afirmação, a sociedade deve aceitar a sua
corresponsabilidade na produção, no uso e na democratização da tecnologia
da informação.

O entendimento desse contexto inicia-se com o estudo de como os indivíduos


entendem as mensagens armazenadas, processadas e transmitidas por meio
da TI. O que fazem com elas, como as incorporam em suas rotinas e práticas
da vida cotidiana? Somente com a participação e compreensão dos sujeitos
nesta atividade, será possível a superação das desigualdades geradas pelo
processo de desenvolvimento (THOMPSOM, 1998, p. 147).

Esse será o tema de estudo da próxima seção. Siga em frente!

Seção 2

Exclusão digital: riscos e possibilidades da sociedade da informação

Na seção anterior, você pode observar que no dia a dia se desenvolvem novas
formas de integrar a tecnologia da informação ao cotidiano e, com isso, altera-
se a forma de fazer, ver e pensar o mundo.

Em meio a essas transformações, surgem maneiras diferentes de organizar-se


social, cultural, política e economicamente, originando também novas formas
de exclusão, entre elas, a digital.

De acordo com Silveira (2003, p. 18), a exclusão/inclusão digital começa a


partir de “uma definição mínima que passa pelo acesso ao computador e aos
conhecimentos básicos para utilizá-lo”, seguida de “um consenso que amplia a
noção de exclusão digital e a vincula ao acesso à rede mundial de
computadores”.
Você sabe o que isso representa e por que isso ocorre?

Certamente, não há uma resposta ou causa única, mas a seguir é possível


encontrar algumas pistas e refletir para encontrar respostas a essas questões.

Página 15

Para começar, veja o que Manuel Castells (1999, p. 70) relembra a esse
respeito:

Início da citação

Na verdade há grandes áreas do mundo e consideráveis segmentos da


população que estão desconectados do novo sistema tecnológico [...] Além
disso, a velocidade da difusão tecnológica é seletiva tanto social quanto
funcionalmente. O fato de países e regiões apresentarem diferenças quanto ao
momento oportuno de dotarem seu povo do acesso ao poder da tecnologia
representa fonte crucial de desigualdade em nossa sociedade.

Fim da citação

Observe, portanto, que a democratização do acesso à TI, bem como da sua


utilização, ainda não é um processo cotidiano em todos os países e para todos
os indivíduos.

Também conhecida por “divisão digital”, essa situação é “criada entre os


indivíduos, firmas, instituições, regiões e sociedades que têm as condições
materiais e culturais para operar no mundo digital, e os que não têm ou não

conseguem se adaptar à velocidade da mudança.” (CASTELLS, 1999, p. 221).

E como é o acesso à internet no Brasil?

A tabela a seguir mostra o número de domicílios com acesso à internet no


Brasil em 2013:

Tabela 1- Domicílios com acesso À internet, por região – proporção e


estimativa em milhões

Domicílios com acesso à internet, por região


Proporção (%) Estimativa (em milhões)
Sim Não Sim Não
Sudeste 51 48 14,1 13,16
Nordeste 30 69 4,9 11,4
Sul 51 49 4,9 4,6
Norte 20 74 1,2 3,4
Centro 44 54 2,1 2,6

Fonte: COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL, 2014, p.173

Fim da tabela

Segundo a pesquisa, entre o total dos domicílios pesquisados na amostra, 43%


possuem acesso à internet e 56% não possuem.
A respeito da ausência de acesso à internet nos domicílios, a pesquisa TIC
Domicílios 2013 mostra que entre os principais motivos estão os fatores de:
não ter acesso ao computador (63%) e a falta de necessidade e interesse dos

Página 16

moradores por esse tipo de serviço (50%) O custo elevado também é uma das
razões mais mencionadas para a falta de acesso à internet no domicílio (38%),
mas em menor proporção em relação a 2012 (44%).

Início da citação

Para explicar a falta de acesso à Internet nos domicílios brasileiros, questões


relativas à infraestrutura de provimento de Internet também são relevantes. Em
12% deles não há acesso à Internet pois os respondentes relatam falta de
disponibilidade do serviço na área. Ademais, diferenças regionais na
infraestrutura de Internet podem ser observadas a partir dos resultados desse
indicador, uma vez que a indisponibilidade do serviço é mais citada como
motivo para não haver conexão de Internet no domicílio na região Norte (38%)
e nas áreas rurais (27%). (COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL,
2014, p.175)

Fim da citação

Você observou nas informações acima que temos acentuadas diferenças entre
as regiões, especialmente em relação ao acesso à internet?

Para Sorj & Guedes (2007, p. 103),


Início da citação

a exclusão digital não se refere a um fenômeno simples, limitado ao universo


dos incluídos e excluídos, polaridade real, mas que por vezes mascara seus
múltiplos aspectos. A razão é simples: a oposição entre acesso e não acesso é
uma generalização razoável quando se trata de serviços públicos ou de bens
tradicionais de consumo intermediário. Para aferir a exclusão digital, contudo, o
número de proprietários de computador ou de pessoas com acesso à Internet é
uma medida primitiva demais, já que vários outros fatores devem ser
considerados: o tempo disponível e a qualidade do acesso afetam
decisivamente o uso da Internet; as tecnologias da informação e comunicação
são muito dinâmicas e requerem constantes atualizações de hardwares,
softwares e dos sistemas de acesso, que exigem um investimento regular por
parte do usuário para não ficarem obsoletos; seu potencial de utilização
depende da capacidade de leitura e interpretação da informação pelo usuário
(no caso da internet) e por sua rede social (no caso do e-mail).

Fim da citação

O que acontece, então, quando os indivíduos não têm acesso à TI ou não


sabem como utilizá-la adequadamente? Ou, por que é desejável promover a
inclusão digital na sociedade da informação? E por que o acesso às
informações provenientes do uso adequado da tecnologia da informação é um
diferencial para o desenvolvimento das populações?

Página 17

Início da citação (Continuação da citação da página 16)


Para entidades como a UNESCO (GYRANEK, 2002), o acesso universal ao
conteúdo da teia de informações está na raiz da construção de uma “sociedade
do conhecimento” baseada em aprendizado contínuo, valores e direitos
humanos básicos. Isso se torna necessário não somente como simples
vantagem para um desempenho pessoal e profissional, mas principalmente
como capital social.

Fim da citação

Antes de seguir o seu estudo é importante reforçar que:

a. a tecnologia da informação não deve ser confundida com o processo de


comunicação em si, e nem deve ser considerada exterior ou um acessório do
processo de comunicação;

b. ela não é determinista e sim condicionante;

c. ela abre algumas possibilidades e algumas opções culturais ou sociais que


não poderiam ser pensadas a sério sem a sua presença.

Essas premissas devem estar sempre em sua mente para recordá-lo de que os
resultados obtidos com o uso da TI dependem de tudo e de todos. Esse
recurso não é um ser independente, e por detrás de todo o seu
desenvolvimento temos os indivíduos e seus contextos.

Alguns fatores que justificam as expectativas positivas sobre a inclusão digital e


a formação de uma sociedade da informação são apresentadas por Werthein
(2000), quando defende que é desejável promover a sociedade da informação
porque o novo paradigma oferece a perspectiva de avanços significativos para
a vida individual e coletiva, elevando o patamar dos conhecimentos gerados e
utilizados na sociedade, oferecendo estímulo para constante aprendizagem e
mudança, facilitando a salvaguarda da diversidade e deslocando o eixo da
atividade econômica em uma direção mais condizente com o respeito ao meio
ambiente.

A partir do que foi estudado até aqui, você observou que as tecnologias da
informação não são usadas por todos os indivíduos, mesmo entre os que
possuem acesso a elas, e nem todos que a utilizam conseguem explorar todo
o seu potencial de informação e comunicação.

Também deve ter compreendido o quanto é importante modificar essa


situação, uma vez que são inúmeras as possibilidades de utilização da
tecnologia da informação para o desenvolvimento em todos os âmbitos.

Observe e pense:

É possível superar as barreiras sociais e tecnológicas para realizar a inclusão


digital de toda a sociedade brasileira? O que está acontecendo rumo à
formação da sociedade da informação?

Página 18

Esses processos podem ser alcançados a partir das ações humanas. Contudo,
como nos apresenta Castells (1999, p. 221), “isso não é apenas uma questão
de conhecimento e vontade política, embora essas sejam condições
indispensáveis para qualquer curso alternativo de ação”. Segundo a linha de
pensamento do autor, a superação da divisão digital está atrelada a uma série
de características sociais, econômicas, educacionais, entre outras.
Algumas iniciativas no Brasil representam indícios da preocupação da
sociedade civil, da iniciativa privada e do governo com esse quadro.

Uma das primeiras ações governamentais nesta área foi o projeto denominado
Livro Verde para a Sociedade da Informação, lançado em 2000 por iniciativa do
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). A finalidade do Livro Verde (O Livro
Verde para Sociedade da Informação pode ser lido na íntegra no endereço:
<http://livros01.livrosgratis.com.br/ci000005.pdf>Acesso em: 16 mar. 2011.),
segundo Ronaldo Motta Sardenberg, ministro da Ciência e Tecnologia, naquele
ano, foi de:

Início da citação

Lançar os alicerces de um projeto estratégico, de amplitude nacional, para


integrar e coordenar o desenvolvimento e a utilização de serviços avançados
de computação, comunicação e informação e de suas aplicações na
sociedade. O livro verde contém as metas de implementação do programa
sociedade da informação e constitui a súmula consolidada das possíveis
aplicações das tecnologias da informação. (TAKAHASHI, 2000, p. 9).

Fim da citação

O organizador do Livro Verde, Tadao Takahashi (2000, p. 31), expõe que


perante o novo paradigma - a universalização dos serviços de informação e
comunicação - é condição fundamental, não exclusiva, para se construir uma
sociedade da informação para todos. É urgente trabalhar no sentido da busca
de soluções efetivas para que as pessoas dos diferentes segmentos sociais e
regiões tenham amplo acesso à internet, evitando, assim, que se crie uma
classe de infoexcluídos.
Para compreender melhor essa preocupação, observe que a interação entre o
ciberespaço e os processos de conflito na sociedade tem foco em áreas
distintas, porém, relacionadas. São elas:

a. o governo, a política e a democracia eletrônica;

b. as práticas de inclusão digital;

c. o movimento de software livre e suas implicações para a mudança de rumos


do desenvolvimento tecnológico.

d. o uso das redes sociais por todos os segmentos da sociedade

A próxima seção discute o último desses tópicos, cujo surgimento vem


revolucionando a forma como as pessoas se comunicam e se relacionam no
dia a dia.

Página 19

Seção 3

Redes Sociais

Uma vez que a internet está se tornando um meio essencial de comunicação e


organização em todas as esferas de atividade, é obvio que também os
movimentos sociais e o processo político a usam, e farão cada vez mais, como
um instrumento privilegiado para atuar, informar, recrutar, organizar, dominar e
contradominar. (CASTELLS, 2003, p. 114).
Para conhecer o atual panorama desse processo, você deve considerar a
necessidade de conexão na internet como ponto inicial, seguida da
necessidade de inserção dos indivíduos na cibercultura, usufruindo de todos os
benefícios que com ela possam surgir.

Você já percebeu que o acesso à internet móvel e às redes sociais modificaram


esse contexto? Mas afinal, o que são as redes sociais?

As redes sociais são espaços de relacionamento, com mapeamento das


amizades, assuntos em comum, troca de mensagens, vídeos e informações
pessoais e profissionais entre os usuários. Esse recurso permite os usuários
que tenham um cadastro (perfil) em um site interligar-se com outros perfis
desse site. Os mais conhecidos, entre essas redes são: o Facebook, Twiter, o
Linkedin, Youtube.

Os usuários dessas redes podem participar de comunidades, debater em


fóruns, fazer comentários, publicar fotos e vídeos, além de outras atividades.
As redes sociais estão se tornando uma febre e o seu uso vem sendo discutido
por especialistas de diversas áreas, em especial de comunicação e de
tecnologia.

As redes sociais são redes de produção e compartilhamento de saberes. Um


espaço onde o foco é o sujeito que busca o saber desejado e não o saber
imposto. É um sujeito que não está mais restrito ao espaço físico de sua casa,
escola, trabalho ou lazer.

Mas quais são os benefícios e os riscos quando as informações são livremente


distribuídas e acessadas, incluindo as pessoais e profissionais, em redes de
relacionamento? A comunicação pelas redes sociais está substituindo a
comunicação face a face e o contato físico entre os sujeitos?
Em relação à preocupação da substituição do contato humano direto pela
comunicação no ciberespaço, Levy (1999, p. 212-219) relembra que em
nenhum momento da história um modo de comunicação foi totalmente
substituído por outro novo. A partir de uma série de comparações entre os usos
dos diversos meios de comunicação, o autor conclui que a ideia da substituição
surge da dificuldade de “captar, imaginar, conceituar o surgimento de novas
formas culturais, de dimensões

Página 20

inéditas do mundo humano”. Mesmo reconhecendo que “há alguns viciados na


internet que passam noites em frente ao seu computador, jogando RPGs na
rede, participando de discussões on-line ou surfando interminavelmente de
página em página”, para ele, essas exceções fazem parte do fenômeno de
novas relações e contatos universais, para além do território geográfico.

Com o fenômeno das redes sociais não é diferente. São muitos os usos que os
indivíduos e grupos fazem dessa nova forma de relacionamento, expondo
muitas vezes a sua rotina de vida, ou a parte que mais lhe interessa mostrar
aos outros.

Segundo o estudo “A vida secreta dos adolescentes: o comportamento dos


jovens na web” (DIAS, 2011), das dez principais atividades de jovens
brasileiros na internet em sete há compartilhamento de informações pessoais
com desconhecidos.

Início da citação
Os resultados apontaram que 83% dos adolescentes utilizam as redes sociais
e trocam informações pessoais publicamente; 67% fazem upload de fotos; 57%
compartilham vídeos; 37% divulgam informações em fóruns de discussões;
36% publicam posts em blogs; 31% conversam com desconhecidos por chat e
5% transmitem informações sobre os locais onde vivem e se encontram O
estudo mostra ainda que oito em cada dez adolescentes participam ativamente
das redes sociais – 71% atualizam seus perfis frequentemente e 46%
mencionam os locais onde estão. Apesar de revelar informações que podem
gerar riscos, 79% afirmam saber como se manter em segurança on-line (DIAS,
2011).

Fim da citação

A preocupação com a segurança das informações divulgadas nas redes sociais


precisa estar presente em todos os indivíduos, sejam eles pais de crianças ou
adolescentes, jovens ou profissionais.

Já existem pesquisas mostrando, por exemplo, que as empresas buscam


informações dos candidatos nas redes sociais. Então, é preciso tomar cuidado
com a forma e o conteúdo do que é publicado. Por outro lado, redes sociais
para uso profissional, como por exemplo, o Linkedin, são um campo de
oportunidades para divulgar seu currículo, criar uma rede de relacionamentos
com empresas e outros profissionais. Um recurso interessante dessa rede é,
por exemplo, o fato de pessoas com as quais você trabalha ou trabalhou
poderem fazer recomendações ou indicar áreas em que você tem
conhecimento.

Enfim, as redes sociais permitem aos sujeitos expressarem o que sentem,


pensam ou fazem, mas é necessário evitar o excesso de exposição ou até
mesmo a ilusão de uma vida perfeita, apenas como momentos felizes!
Pense a respeito e siga em frente com os estudos sobre outra área onde a
Tecnologia da Informação está causando grandes transformações: o setor
governamental.

Página 21

Seção 4

Governo, democracia e política na era digital

Para o entendimento desse cenário, você deve partir do princípio de que as


administrações públicas modernas são entidades prestadoras de “serviços
públicos” de várias naturezas, incluindo a informativa.

Com o surgimento da Tecnologia da Informação, esses organismos passaram


a utilizá-la de forma progressiva. Esse procedimento foi rotulado de “governo
eletrônico”, ou simplesmente e-Gov. Este novo modelo de relacionamento, da
sociedade com o poder público, foi chamado de “governança eletrônica”
(FREY, 2002, p. 146).

Início da citação

O esgotamento do modelo político-institucional baseado na gestão burocrática


trouxe para a agenda política temas como desempenho, transparência e
prestação de contas, constituindo-se em questões centrais no processo de
modernização da gestão pública. Como resultado, novos modelos de gestão
estão sendo implementados, e a adoção de recursos tecnológicos e de
programas de e-governo tornou-se vital. Esses programas não são apenas
uma especialização na administração pública, mas uma força transformadora
que afeta todos os níveis e funções do governo, criando um novo conceito: o
da governança eletrônica. (BARBOSA, CUNHA & PINTO, 2007, p. 179).

Fim da citação

Observe o quanto é importante não só a análise desse fenômeno, como


também o registro do surgimento de uma nova forma de governar.

Os atores institucionais envolvidos nos serviços governamentais, segundo o


Livro Verde (2000, p. 69) são “o próprio Governo (‘G’), Instituições Externas
(‘B’, de business), e o Cidadão (‘C’)”.

Eles podem interagir nas aplicações governamentais (É importante observar


que esta classificação não pode ser aplicada isoladamente para um site
governamental, já que muitas aplicações acabam por atender a todos os atores
envolvidos), conforme três tipos de relações.

- G2G (Government to Government): são as funções que integram ações do


governo horizontalmente (por exemplo, ações do poder executivo, quer
municipal, estadual ou federal) ou verticalmente (por exemplo, entre o governo
federal e um governo estadual;

- G2B e B2G (Business to Government): são as ações do governo que


envolvem interação com entidades externas. Por exemplo, as compras,
contratações, licitações etc. entre o governo e as empresas privadas por meios
eletrônicos;
Página 22

- G2C e C2G (Citizen to Government): são as ações do governo para a


prestação (ou recebimento) de informações e serviços ao cidadão por meios
eletrônicos. Por exemplo, a veiculação de informações em um website de um
órgão do governo aberto a quaisquer interessados.

Vale relatar ainda que nem sempre todas as iniciativas desenvolvidas no


âmbito do governo eletrônico apresentam resultados 100% efetivos. Klauss
Frey (2002, p. 150-151) estudou experiências de uso da TI por administrações
públicas de cidades europeias, tais como Bremen (Alemanha), Helsinki, Espoo
e Tampere (Finlândia), Bolonha (Itália), Newhan e Birminghan (Inglaterra).
Segundo o pesquisador, a preocupação nesse processo não foi somente de
acesso físico ao ciberespaço, mas, principalmente, “a busca de um ambiente
mais interativo nas comunidades locais”. Os objetivos desses projetos foram
criar uma administração mais amigável ao usuário e mais eficiente e, por outro
lado, de revigorar as comunidades locais, fortalecer laços sociais e de
solidariedade locais, além de aumentar a participação política na tomada de
decisão.

O que o autor pôde verificar nesta pesquisa foi que em alguma das cidades
pesquisadas o tipo de uso da internet pela população não foi como planejado
nos objetivos iniciais, além dos custos de manutenção e da criação de novos
pontos de acesso público, que eram muito altos. Porém, em outras cidades
pesquisadas, os locais de acesso público à internet se tornaram pontos de
referência cultural e participação política.

Você conhece as iniciativas no âmbito do E-gov que foram já desenvolvidas no


Brasil? Conhece as experiências que vêm apresentando resultados positivos
para o acesso a informações, serviços e o debate público com o uso da
internet?
No Brasil, o uso da TI pelo governo deu-se, em primeiro lugar, como fonte de
disseminação de informações e de propaganda. Em seguida, de forma mais
geral, para dar apoio e informações individualizadas e atualizadas dos serviços
públicos ao cidadão.

Um dos primeiros desafios do Comitê Executivo governamental em nosso país,


que tem como função a criação do governo eletrônico, foi a criação de páginas
na internet de órgãos públicos, como da presidência, dos diversos ministérios,
do senado e da câmara dos deputados, assembleias legislativas, câmaras
municipais e outros. E, assim, esforços nesse sentido foram despendidos.

Você sabe dizer como está esse processo de implantação do governo


eletrônico? Você sabe dizer o que está sendo aproveitado do potencial da TI
para apoiar e melhorar a função de governo (nos dois sentidos, seja em
relação à coletividade governada, seja por parte dela)?

Página 23

Você sabe dizer se está havendo um autêntico salto de qualidade (de eficiência
e eficácia) no exercício da função de governo por parte das diferentes
entidades públicas em virtude desse uso da internet?

Calma aí, você não irá encontrar neste livro didático todas as respostas para
essas questões, mas a seguir terá contato com exemplos de ações atuais do
governo quanto ao E-gov. Com isso, poderá refletir, pesquisar mais sobre o
assunto e chegar às suas próprias conclusões.
Atualmente, é possível encontrar na internet sites onde o acesso à informação
e o contato com governos federais, estaduais e municipais podem ser
agilizados. Partidos políticos e candidatos vêm colocando seus programas na
rede, debates e decisões sobre legislação, orçamento público e outras
informações.

Um exemplo é o portal da câmara dos deputados onde são realizadas


enquetes para consulta pública sobre temas em votação no Legislativo Federal.

O quadro abaixo mostra as cinco enquetes mais votadas em junho de 2015:

Início do quadro

Conceito de núcleo familiar no Estatuto da Família - 8.146.725 votos

Fim do auxílio-reclusão e criação de benefício para vítimas de crimes -


1.705.344 votos

Revogação do Estatuto do Desarmamento - 335.145 votos

Criação de polícia única e desmilitarizada - 262.551 votos

Descriminalização das drogas - 200.910 votos

Fonte: Brasil, 2015. Brasil. Câmara dos deputados, Enquetes ativas.

Fim do quadro

Além desse, há outros setores do governo que estão preocupados com a oferta
de serviços on-line, pois o governo busca possibilitar ao cidadão realizar
serviços on-line de obtenção de certidões negativas, contagem simulada do
tempo de serviço, acompanhamento de processos e muitos outros.
O tribunal de contas da união, como outro exemplo, é um dos órgãos
preocupados em proporcionar informações para o controle das contas do
governo, com o apoio da TI e de seus usuários.

Página 24

Início do quadro

Tecnologia para a Transparência

Presidente do Tribunal de Contas da União no biênio 2005-2006, o ministro


Adylson Motta, que deixa o cargo neste mês de agosto, priorizou, durante sua
gestão à frente do principal órgão de fiscalização do gasto público no país, a
participação social no controle do governo. [...]

Como a tecnologia da informação tem contribuído para o controle e fiscalização


da administração pública no Brasil?

A tecnologia da informação possibilita novas formas de controle e fiscalização,


pois torna disponíveis ferramentas automatizadas que permitem uma atuação
mais eficiente e eficaz por parte das equipes de fiscalização, e conduzem a
resultados mais efetivos.

O que deve ser feito para que essa contribuição seja cada vez maior?

Capacitar as pessoas envolvidas com controle e fiscalização para utilizarem a


tecnologia da informação a seu favor, extraindo ao máximo suas vantagens,
seu potencial para suporte na melhoria de desempenho e ao alcance de metas.
Além disso, os sistemas poderiam ter mais informações que facilitassem o
controle e a fiscalização da administração pública.
O setor de TI evolui em ritmo acelerado. Em sua opinião, os gestores públicos
das diversas esferas têm conseguido acompanhar essa evolução?

A informatização atinge todas as áreas do governo. Entretanto, o ritmo está


aquém do necessário, como nos casos de aplicação dos recursos do Fust e da
implementação do governo eletrônico no Brasil, só para citar dois exemplos.
Portanto, atualmente, é de extrema importância o acompanhamento da
aplicação dos recursos na área de TI pelo governo federal, inclusive para que
se possa avaliar operacionalmente a ação dos gestores públicos nessa área
vital para qualquer nação. Nessa linha, propus recentemente ao plenário do
TCU, e foi aprovada, a criação de uma Secretaria de Fiscalização de
Tecnologia da Informação, como unidade técnica especializada na fiscalização
de TI no setor público federal.

“Somente com a utilização da tecnologia da informação é possível alcançar

maior transparência dos gastos públicos.”

Fonte: Serviço Federal de Processamento de Dados (2007).

Fim do quadro

Como você já percebeu, aqui o objetivo de estudo não é conhecer os serviços


desses sites em detalhes, mas refletir se a internet, enquanto um instrumento
do Estado, está sendo capaz de propiciar uma real interação entre cidadãos e
governo.

Página 25
Segundo a Pesquisa TIC Domicílios 2013,

Início da citação

[...] dos indivíduos pesquisados, 68% declararam ter utilizado algum dos
serviços de governo eletrônico monitorados (três pontos percentuais a mais em
relação a 2012). Entre os usuários de Internet que utilizam tais serviços com
mais frequência, estão aqueles que possuem Ensino Superior (86%), com
idade entre 35 a 44 anos (74%) e pertencentes à classe A (87%). Estima-se
que 48,4 milhões de brasileiros de 16 anos ou mais sejam usuários de algum
dos serviços de governo eletrônico pesquisados pela TIC Domicílios. Entre as
atividades investigadas pela pesquisa, a consulta ao Cadastro de Pessoa
Física (CPF) foi realizada por 27% dos usuários de Internet com 16 anos ou
mais. A busca de informações sobre serviços públicos de educação foi
mencionada por 25%. Já pagamento de impostos, multas ou taxas foram feitos
por 21% deles. Por outro lado, algumas atividades não são muito praticadas,
como fazer boletim de ocorrência (6%) e participar de fóruns, chats e votações
relacionados ao governo (8%). (COMITÊ GESTOR DA INTERNET, 2014, p.
180).

Fim da citação

Por outro lado, é importante notar que alguns usuários ainda não fazem uso de
serviços de governo pela internet.

Você tem ideia de quais são as barreiras ao uso desses serviços?

A pesquisa TIC Domicílios 2013 traz informações interessantes a esse


respeito,
Início da citação

Da parcela da população que não usa os serviços de governo eletrônico,


merecem atenção os usuários que preferem fazer o contato pessoalmente com
os órgãos do governo (63%). O destaque nesse ponto é para questões de
escolaridade, faixa etária, classe e renda. Assim, a proporção dos que afirmam
preferir o contato pessoal é de 71%, entre os indivíduos com escolaridade mais
baixa (Analfabeto/Educação Infantil). Essa proporção é alta também (68%)
entre aqueles com idade de 45 a 59 anos e entre os de 35 a 44 anos (67%). No
que tange à renda familiar, 74% dos brasileiros com renda familiar de mais de
três até cinco salários mínimos preferem o contato pessoalmente. Nas classes
D e E esse número é de 69%. (COMITÊ GESTOR DA INTERNET, 2014, p.
181).

Fim da citação

Observe, portanto, que você precisa ficar atento, uma vez que além do acesso
a serviços públicos, a tecnologia da informação necessita também permitir ao
cidadão participar ativamente do governo da sua cidade, estado, região ou até
nação. Nesse contexto, deve haver a possibilidade do debate acerca de
questões fundamentais para a integração dos processos sociais, econômicos e
tecnológicos, no sentido de agilizar a efetiva participação da população na
sociedade do conhecimento.

Página 26

Início do quadro
Por meio da internet, é possível conhecer rapidamente os valores
encaminhados aos municípios pelo governo federal para áreas como saúde,
educação, segurança pública e outras.

Leia um trecho da reportagem Como abrir a caixa-preta do poder, publicada na


revista A Rede.

Como abrir a caixa-preta do poder

04 de outubro de 2006

Entidades da sociedade civil usam a internet para atuar em rede e controlar os


gastos dos governos. A web oferece informação sobre os orçamentos públicos,
além de cursos e cartilhas para conseguir entendê-los.

[...] Em várias cidades do Brasil, entidades da sociedade civil estão aprendendo


a ler e a entender os orçamentos municipais, estaduais e o federal, de modo a
poderem intervir e influenciar na decisão sobre os gastos públicos — ou seja,
participar da formulação das políticas públicas. Seus representantes,
vinculados a sindicatos, associações, grupos religiosos, movimentos culturais,
articulam-se em rede com organizações não governamentais que já acumulam,
há algum tempo, experiência na análise orçamentária, na sua maioria,
oferecem capacitações gratuitas – presenciais ou a distância —, assessoria
técnica e estratégica, além de guias e manuais para baixar da web.

Um grande passo para o controle social dos gastos governamentais foi dado,
nos últimos anos, com a publicação na internet de dados orçamentários,
análises e cartilhas para compreendê-los. De acordo com o diretor do Instituto
Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), João Sucupira, encontra-
se um volume razoável de informação na rede, especialmente sobre o governo
federal, os governos estaduais, as capitais ou grandes municípios. Falta,
contudo, na sua opinião, uma ação mais abrangente de formação da sociedade
para apropriar-se desse conhecimento. “Há um descompasso entre o que já
existe de informação na internet sobre orçamento, e a capacidade de a
sociedade digerir esses dados e atuar politicamente”, diz Sucupira. Ele acredita
que os telecentros, ao lado das rádios comunitárias, são um espaço importante
para expandir essa massa crítica. Por exemplo, com a introdução do tema nas
capacitações dos educadores e implementadores sociais.

Fonte: Como Abrir (2007).

Fim do quadro

Página 27

Acredito que você, ao tomar contato com essas iniciativas, também ficou com
outras dúvidas como: por que essas iniciativas não se expandem ainda mais?
O que impede prefeituras, governos estaduais e federais de disponibilizarem
aos cidadãos cada vez mais oportunidades de acesso a informações, execução
de serviços públicos, controle das ações públicas e participação nas decisões
via internet? E nos casos em que esses recursos estão disponíveis, o que falta
para o efetivo engajamento popular no seu uso?

Seria muita ousadia nossa responder a todas essas questões, uma vez que
envolvem temas que ultrapassariam os limites de nossa discussão. O que é
possível perceber, sem adentrar a polêmica da vontade política, é que um dos
grandes problemas para a realização da democracia eletrônica, principalmente
no Brasil, é o acesso e a apropriação da tecnologia da informação pelos
indivíduos no seu cotidiano. Para o engajamento dos cidadãos neste processo,
são necessários estímulos, tal como podem ser encontrados nos movimentos
da sociedade civil, que estão de alguma maneira ligados ao uso do
ciberespaço.

Seção 5

O movimento de software livre e a inclusão digital

A filosofia do software livre encontra as suas raízes na livre troca de


conhecimentos e de pensamentos, que pode tradicionalmente ser encontrada
no campo científico. Tal como as ideias, os programas de computador não são
bens tangíveis e podem ser copiados sem perda. A sua distribuição é a base
de um processo de evolução que alimenta o desenvolvimento do pensamento.

O movimento de software livre é a maior expressão da imaginação proveniente


de uma parte da sociedade que busca mais do que a venda de mercadorias
(SILVEIRA, 2003, p. 23).

Seria este um movimento que busca menos dependência? Se, por um lado, é
por meio da imaginação que os cidadãos são disciplinados e controlados pelos
estados, mercados e outros interesses dominantes, por outro, também é por
meio da imaginação que os cidadãos desenvolvem sistemas coletivos de
dissidência e novos grafismos da vida coletiva (SANTOS, 2002, p 46).

Você já pensou sobre a lógica do software livre?

Qual o papel das políticas públicas perante esta ideia de resgate do direito do
cidadão ao conhecimento digital pleno?
Página 28

O governo deve buscar a alternativa do softtware livre para reduzir o orçamento

público que é destinado ao pagamento de royalties?

Início do quadro

Sintonia Mundial

Nova era do software livre une governo, empresas, pesquisadores e usuários


num esforço estratégico contra a escravidão em relação às licenças
proprietárias.

Recentemente, o presidente da República reiterou que o uso do software livre


deve ser prioridade para todos os órgãos da administração pública federal.
Trata-se de uma diretriz que vem ao encontro do que o Serpro já faz há
bastante tempo: buscar novas opções de uso das ferramentas de TI, mediante
o desenvolvimento e a disseminação de aplicativos de código aberto, que
possam ser adaptados às necessidades de cada usuário, seja ele público ou
privado, e que não contenham as amarras financeiras inerentes ao software
proprietário.

[...] “O software livre não vem para criar uma briga de Davi contra Golias, nem
para criar uma situação de disputa ideológica. Trata-se de uma visão
estratégica. Sua utilização permite que possamos nos contrapor ao modelo de
negócios de licenciamento dos proprietários, que hoje é muito danoso para os
usuários”, afirma Luis Gustavo Loyola, coordenador corporativo de soluções
tecnológicas do Serpro.

Nova era do Software Livre

Até o início dos anos 1990, em sua primeira fase, o software livre era resultado
de iniciativas isoladas, de algumas pessoas ou grupos que se interessavam
pelo tema. [...]

Já entre o final dos anos 90 e início do século 21, passou-se para uma fase na
qual era muito forte a ideia da comunidade. Apostava-se que as comunidades
iriam sustentar o uso do software livre, sua evolução.

Acontece que, a exemplo do ocorrido durante a primeira era, existia ainda um


risco significativo de não haver garantia de sustentabilidade desse tipo de
produto. [...] As comunidades até atualizavam em algum momento, mas isso no
tempo em que elas queriam ou podiam; não havia um comprometimento
estratégico para isso, uma visão de negócio. [...]

Há algum tempo o mundo assiste à terceira fase do software livre, a chamada


era dos consórcios. Nessa etapa, reúnem-se os conglomerados e empresas,
os usuários, o governo, o meio acadêmico e a comunidade de software livre,
para, em conjunto, trabalharem na redução de riscos, desenvolvendo
aplicativos de código aberto que tenham garantia de atualização e suporte. Os
próprios consórcios garantem que aqueles produtos saídos dali terão essa
garantia. [...]

Fim do quadro
Página 29

Início do quadro (Continuação do quadro da página 28)

Mas uma coisa é certa: apesar de dar prioridade total para o uso do software
livre, o Serpro não pretende fazer nenhuma ruptura brusca em relação ao
modelo atual. Trata-se de uma transição planejada e segura, como afirma
Loyola. “Software é uma coisa que está sempre precisando de muito
investimento, não só de inteligência, mas também de tempo. Você pode até
saber o que é necessário para construir um banco de dados igual ao Oracle.
Mas leva tempo fazer com que o produto saia de uma maturação ‘x’ e chegue
até a maturação do Oracle. Igualmente para um software de gerência. Você
sabe o que fazer para ficar igual ao Open View, mas leva tempo para fazer. Por
isso apostamos na convivência híbrida. Sempre que houver a oportunidade de
software livre, preferencialmente vamos utilizá-lo. Porque estrategicamente nós
vemos que estamos fugindo daquele modelo escravizador”, esclarece o
coordenador corporativo.

Fonte: Serviço Federal de Processamento de Dados (2007).

Fim do quadro

Neste debate entre software livre e proprietário, há opiniões amadurecidas


como esta da Serpro, como também há visões radicais, daqueles que
defendem a mudança para o software livre de forma imediata ou a
permanência do software proprietário.

Existe relação entre a lógica do software livre e o movimento de inclusão


digital?
Silveira (2003, p. 35) entende que sim. Os movimentos de inclusão digital
devem ser aliados ao movimento de software não proprietário e ao
desenvolvimento tecnológico próprio, nos países periféricos. Para o autor, o
movimento de inclusão digital deve levar em conta as soluções não
proprietárias, livres e desenvolvidas de modo compartilhado por grupos
inteligentes e dispersos pelo planeta.

Porém, assim como foi relatado pela Serpro, desde o surgimento de propostas
de uso de software livre em telecentros, órgãos públicos, escolas e outras
entidades, há relatos das vantagens bem como depoimentos acerca das
dificuldades, como o treinamento de pessoal e a instalação/manutenção dos
programas.

Essas ambivalências vêm gerando divergências entre todos os envolvidos,


sendo de difícil solução. Cabe a cada um de nós, como usuários domésticos ou
comerciais, empresários ou funcionários públicos, refletir sobre as alternativas
possíveis, decidir o rumo a seguir e contribuir para a realização dessas
escolhas.

Página 30 – Em branco

Página 31

Capítulo 2

Inclusão Digital, Direitos Humanos, Meio Ambiente e Questões Étnico-raciais


no contexto da sociedade em rede
Seção 1

A prática de inclusão digital no Brasil: uma questão de cidadania

Perante a necessidade de promoção da inclusão digital, muitas organizações


vêm buscando recursos para a disseminação de computadores com acesso à
internet, produção de conteúdo, formação de redes e educação para o uso do
ciberespaço.

Muitas ONGs e associações realizam projetos que pressupõe a internet, como


Rede Favela, Sampa.org, Cidade do Conhecimento, Informática e
Comunidade, Garagem Digital, entre outros.

São os movimentos sociais em rede. Uma vez que as lutas sociais (de classe)
foram enfraquecidas pelo novo modelo de industrialização, do vasto exército de
reserva dos desempregados e da mudança de foco dos sindicatos combativos
para os acordos coletivos, outros movimentos sociais têm surgido ou se
modificado para preencher o vazio deixado.

Que movimentos são esses, o que fazem e como fazem uso da tecnologia da
informação como fator de inclusão social e de exercício da cidadania?

Há os novos movimentos, que “são essencialmente mobilizados em torno de


valores culturais”, e os movimentos mais antigos, como os religiosos ou
nacionalistas (CASTELLS, 2003, p. 116).

Página 32
Os movimentos culturais encontram no ciberespaço o ambiente propício para
disseminarem seus valores e significados. Os indivíduos passam a se
mobilizar, independentemente de um local físico, e têm na internet o seu meio
essencial de expressão e organização.

Início da citação

Mas ainda há um outro tipo de movimento que vêm crescendo e se


diversificando na nossa era. São movimentos muito mais influentes e que
atuam em seu contexto local, mas voltados para a disseminação global. Esses
movimentos agem localmente e utilizam a internet para fazer suas coalizões,
obter e transmitir informações importantes para sua legitimidade e receber
apoio globais (idem, p. 118).

Fim da citação

A realidade acima descrita é que chamamos de Ciberativismo, prática essa que

vem se ampliando a cada dia, em especial com o uso das redes sociais.

É importante observar, porém, que em países como o Brasil, onde o acesso à


TI bem como aos demais recursos necessários ao desenvolvimento ainda são
precários, os movimentos envolvidos com a inclusão digital acabam por
fortalecer os traços da comunidade, bem como promover a integração para fora
do espaço local. Tal como afirmam Sorj & Guedes (2007, p. 103), “em certos
contextos a inclusão digital de instituições comunitárias pode melhorar a
qualidade de vida das populações pobres, em particular daquelas
espacialmente isoladas, oferecendo serviços e informações de valor cultural,
econômico e social”.
Você lembra daquela pesquisa sobre o uso da internet divulgada pelo CETIC
(2006)? Também foi relatado neste levantamento que, entre os indivíduos que
já utilizaram a internet, o principal local de uso é em casa (40%), seguido de
centros públicos de acesso pago, como lan-houses e cybercafés (30%), do
trabalho (24,5%) e da casa de pessoa conhecida (16,1%). Nos últimos três
lugares aparecem o acesso da escola (15,5%) e dos centros públicos de
acesso gratuito (3,5%), seguidos de outros locais (1,7%).

O que é necessário fazer para incentivar novas adesões ao processo de


inclusão digital?

A partir das dificuldades de democratizar o uso da internet, surge a


necessidade de um movimento que tenha a preocupação específica com
relação ao rumo do acesso e formas de uso das tecnologias de informação e
comunicação. Surgem, então, os movimentos que lidam diretamente com a
problemática da exclusão digital e podem auxiliar os demais movimentos a se
conectarem e/ou se organizarem na rede.

As dificuldades apresentadas nesse modelo são, geralmente, a demora na


aquisição de equipamentos e na posterior manutenção, além da falta de
capacitação dos educadores para fazerem uso desses recursos e
potencializarem a educação.

Página 33

Uma proposta que está surgindo nesse modelo é a abertura das salas de
informática das escolas para a comunidade não escolar, com uso dos
laboratórios nos períodos em que estão ociosos (SILVEIRA, 2001, p. 33). Uma
outra iniciativa recente e bastante polêmica é o projeto do “computador
popular” ou “computador para todos”, do Ministério da Ciência e Tecnologia e
Ministério da Educação.

Com relação ao acesso público à internet, uma proposta é a criação de pontos


eletrônicos de presença em áreas de grande fluxo de pessoas. Diversas
instituições, empresas e governos têm experimentado a instalação de totens e
quiosques com acesso à rede ou a alguns serviços da rede.

Uma alternativa bastante difundida de acesso público à internet são os


Telecentros. Essa experiência foi amplamente empregada na Escandinávia,
sendo disseminada em outros países do mundo.

Inicialmente, o telecentro foi concebido como um espaço físico para alojar


computadores conectados à internet, visando ao acesso de qualquer cidadão a
esses recursos em horário livre e ofertando alguns cursos de capacitação na
área de software básico. Atualmente, os telecentros se expandiram dentro das
entidades que os abrigam, ofertando, de acordo com as características locais,
oficinas nas áreas de artes, comunicação, inserção no mercado de trabalho,
cursos avançados para profissionalização como design de sites, manutenção
de computadores, redes etc.

No conceito do Programa de Inclusão Digital, os Telecentros Comunitários são


espaços com uma média de dez a vinte computadores conectados à internet
banda larga. Esse é um projeto de uso intensivo da tecnologia da informação
para ampliar a cidadania e combater a pobreza, visando a garantir a
privacidade e a segurança digital do cidadão, sua inserção na sociedade da
informação e o fortalecimento do desenvolvimento local. Nessa concepção, a
gestão dos telecentros deve necessariamente ser realizada com o apoio de um
Conselho Gestor, eleito pelos moradores da comunidade em que foram
implantados. O objetivo é que a comunidade se envolva em todo o processo de
constituição e funcionamento do telecentro.
Início da citação

As experiências demonstram, no entanto, que é difícil um telecentro se


sustentar sem uma entidade ativa na comunidade. Por uma questão de cultura,
as pessoas raramente apoiam algo que surgiu de fora para dentro; é difícil
fazer a mobilização para usar a internet e manter um projeto “vivo”, num
universo em que ainda não há o costume de acesso e nem a apropriação de
uma ideia. Quando há envolvimento comunitário, é possível obter resultados
sociais tal como ações de educação ambiental, geração de renda com
reciclagem de lixo, criação de cooperativas e outros.

Fim da citação

Página 34

Destacamos, ainda, como movimentos em prol da inclusão digital, a REDE CDI


e a RITS, como esforços fundamentais de disseminação da informática e da
internet entre a população mais carente e os movimentos sociais.

O CDI (Comitê para a Democratização da Informática) é uma experiência


inovadora de capacitação das populações excluídas das novas tecnologias
(SCHERER-WARREN, 2002, p. 76-77). Trata-se de uma organização não
governamental, sem fins lucrativos, que, desde 1995, desenvolve o trabalho de
promover a inclusão social, utilizando a tecnologia da informação. Tem como
objetivo trabalhar em comunidades de baixa renda e junto a instituições que
atendam públicos com necessidades especiais. A proposta político-pedagógica
aplicada pelo CDI está baseada na metodologia de projetos sociais,
procurando investir na capacidade de o aluno exercer ativamente sua
cidadania.

A RITS (Rede de Informações para o Terceiro Setor) é uma organização


privada, autônoma e sem finalidade lucrativa, fundada em 1997, com a missão
de ser uma rede virtual de informações. Está entre os seus objetivos possibilitar
a apropriação da internet como meio para o empoderamento de indivíduos,
organizações da sociedade civil, movimentos sociais e comunidades -
principalmente por meio da formação de consciência a partir do acesso à
informação. Também exerce a reflexão sobre o direito à liberdade de
expressão no ciberespaço, que encerra novos caminhos e possibilidades para
o exercício da cidadania.

Um outro aspecto, que dificulta a inclusão digital por completo, é a questão do


acesso à internet, seja por limitações financeiras ou tecnológicas, muitos locais
onde já há computadores ainda não possuem conexão com a internet. De
acordo com as pesquisas mais recentes, acreditamos que se trata de uma
questão de tempo para esse cenário ser alterado, em especial com o uso de
tecnologias móveis, tal como apresentado na pesquisa TIC Domicílios e
Empresas de 2013.

Esses são alguns exemplos que têm como eixo, de forma direta ou indireta, a
questão do acesso, aprendizado sobre o uso e aplicações dos recursos
tecnológicos, em especial da internet.

Por outro lado, nesses movimentos, que lidam com a questão da democracia e
cidadania, há uma questão que paira no ar. Como de fato as novas tecnologias
podem:

a. auxiliar a população na defesa de seus direitos, em especial os humanos,


conforme preconizado pela ONU?
b. contribuir para o desenvolvimento sustentável, ajudando na proteção dos
recursos ambientais?

c. contribuir de forma positiva nas discussões sobre questões étnicas raciais,


evitando a proliferação do preconceito e auxiliando na manutenção de suas
culturas?

Página 35

Nas seções a seguir, abordaremos conceitos e exemplos que ajudarão a


responder as questões acima. Siga em frente nas suas leituras!

Seção 2

Direitos Humanos na era digital

A partir do momento em que o homem passa a viver em sociedade surge a


discussão a respeito de seus direitos individuais, bem como dos direitos sociais
e como respeitá-los para viver de forma harmoniosa com o seu grupo.

Quando remetemos esse debate para o âmbito das ciências humanas e


sociais, como por exemplo, a sociologia, a filosofia, o direito, entre outras,
surge um conceito que você certamente já ouviu em algum momento da sua
vida, dos “Direitos Humanos”.

Com o surgimento da era moderna e a possibilidade da comunicação quase


instantânea, essa discussão é ampliada para um contexto global, já que uma
ação, mesmo que num local distante, poderá afetar indivíduos em qualquer
lugar do planeta.
Você concorda então que as novas tecnologias de informação e comunicação
têm o poder de ampliar os reflexos das ações humanas sobre os seus direitos,
em especial com o uso das redes de comunicação digitais?

As ações individuais ou de um grupo podem limitar ou ampliar os direitos de


outros indivíduos, sejam eles em relação à liberdade individual, ao direito
político, ao direito de expressão, a seu direito a uma vida digna e muitos
outros?

Nesta seção, você será conduzido a refletir sobre a intersecção entre Direitos
Humanos e Tecnologia da Informação, por meio dos temas atualmente
debatidos nesse contexto e exemplos de uso das tecnologias que podem ferir
ou defender os direitos humanos.

2.1 Direitos humanos: conceito e um breve histórico

A questão dos direitos humanos, apesar de estar sempre presente de forma


implícita na história da sociedade, ganhou importância sumária no século 20,
em especial com as barbáries cometidas durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1948, com a formação da Organização das Nações Unidas (ONU), surge a
declaração universal dos direitos humanos, cujo entendimento sobre o tema,
atualmente, suplanta o texto original. Nesse processo de evolução sobre os
direitos humanos, o tema passou a ser discutido de forma muito mais aberta a

Página 36

partir do fim da Guerra Fria, com o debate entre os blocos econômicos, oriental
e ocidental, em relação ao fim do socialismo e a ascensão do capitalismo
(MATSUMOTO, 2013).
Mas você sabe exatamente o que são Direitos Humanos?

O tema dos direitos humanos é bastante complexo e por isso de difícil


definição. Devido à inexistência de um conceito único, você conhecerá a seguir
alguns dos recortes de autores sobre o assunto.

Para Menke e Pollmann (apud MATSUMOTO, 2013, p. 43), os direitos


humanos podem ser conceituados de duas maneiras:

Início da citação

a) uma concepção moral: os direitos humanos são compreendidos “como


direitos legítimos que cada homem tem em razão das circunstâncias de sua
vida, independentemente dos compromissos contraídos pelo Estado a que
pertence”.

b) uma concepção de direito político: os direitos humanos devem ser


entendidos como direitos das gentes, abarcando todos os direitos humanos
como normas para o interior dos Estados, na relação dos Estados com todas
as pessoas, limitando a soberania estatal.

Para o entendimento mais profundo da questão, vale ressaltar que numa


primeira concepção de direitos humanos, proveniente da filosofia jusnaturalista,
os direitos humanos foram concebidos literalmente como direitos naturais.

Essa conceituação traduz a ideia de que, apesar da perspectiva moral,


Início da citação

[...] para essa concepção dos direitos humanos não possuíam um caráter de
exigibilidade, tornando-se meras ideias, meras orientações. Tal foi a crença
durante muito tempo. E com a evolução para a ideia positivista, passou-se a
considerar direitos do homem desde que expressamente declarados no textos
de cada Estado, individualizando, portanto, o conceito de direitos humanos.
Como consequência desse positivismo e individualismo, pode-se destacar as
atrocidades cometidas pelo nazismo, que estavam previstas na lei alemã da
época, sendo portanto “justificável”, possuindo um fundamento legalista
(MATSUMOTO, 2013, p. 45).

Fim da citação

Perceba que com o passar dos anos, a noção de direitos humanos precisou
evoluir para que muitas das ações do homem não fossem mais justificadas em
uma visão limitada desse conceito.

Página 37

Nesse contexto, Mondaini (2009, p.58) relata que:

De um modo geral, os direitos humanos precisam ser vistos como um


agregado de direitos que deve ser assegurado a todos os seres humanos,
independentemente de suas diferenciações de caráter biológico-natural,
cultural-ideal e econômico-material – direitos esses adquiridos historicamente,
no decorrer da modernidade, em quatro dimensões diversas: a) os direitos civis
b) os direitos políticos; c) os direitos sociais; d) o direito dos povos e da
humanidade. Tal entendimento traz como corolário, a percepção de que, nesse
início de século 21, a ideia de cidadania deve ir muito além da necessária,
ainda que não suficiente, igualdade jurídico-formal, tendo como horizonte de
luta a construção de uma sociedade assentada no ideal de conquista da
“igualdade social com liberdade individual e respeito a diversidade”.

Essa concepção mais abrangente de direitos humanos, válida universalmente,


aparece como uma necessidade da era pós-guerra, sendo demonstrada por
meio de Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU em 1948, bem
como por meio de outros tratados internacionais que surgiram posteriormente
para tratar dos direitos políticos e sociais da humanidade. Infelizmente, a
violação dos direitos humanos permaneceu, inclusive pelo próprio Estado, o
que reforçou a visão que os direitos humanos precisam ser fundamentados em
raízes éticas, muito mais do que numa visão positivista jurídica-institucional
(MATSUMOTO, 2013).

Na atualidade, a grande fundamentação dos direitos humanos está na sua


Universalidade e Internacionalização, bem como no entendimento de seu
processo de construção contínua, resultado de muitas lutas e sofrimentos, em
constante processo dialético, “[...] um agregado de direitos, valores intrínsecos
a qualquer ser humano, que devem ser observados em qualquer lugar da
esfera terrestre” (MATSUMOTO, 2013, p. 48).

Essas são algumas visões acerca do assunto, mas que de forma alguma
conseguem dar conta ou esgotar a necessidade de muitos outros estudos
sobre Direitos Humanos.

Para ir um pouquinho mais além nessa discussão, na sequência do texto, a


temática será entrecruzada com questões que, ao mesmo tempo, relacionam-
se e são parte fundamental dos Direitos Humanos.
Siga em frente com as leituras!

Página 38

Início do quadro

Para saber mais: não deixe de ler a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, no livro, “Direitos Humanos” de Marcos Mondaini, p. 148-154.

MODAINI, Marcos. Direitos Humanos. São Paulo: Contexto, 2006.

Disponível no Link da Pearson: <http://unisul.bv3.digitalpages.com.br/users/

publications/9788572443425>

Fim do quadro

2.2 A era da tecnologia e os direitos humanos

São muitas as discussões em torno das mudanças sociais, econômicas,


culturais e, principalmente, do desenvolvimento tecnológico dos últimos dois
séculos. O eixo principal desse debate gira em torno das mudanças na
organização da vida, agora regida por um sistema que defende o mercado
como a única forma de coordenação da sociedade moderna. Conforme relata
Nodari (2013, p.82), “Este processo foi possível devido a uma série de
decisões políticas e que tiveram sua efetivação acelerada pela nova revolução
tecnológica, que fez da ciência e da técnica as forças impulsionadoras do novo
paradigma de produção.”
Ao mesmo tempo em que este cenário, agora com base no valor da informação
e do conhecimento, permite a produção de riquezas antes inimagináveis,
também há o aumento da desigualdade, da miséria, da fome, que levam a um
sem número de mortes e abandono, sem nenhuma dignidade de seres
humanos.

Seria a tecnologia moderna então a mola propulsora dessas desigualdades?

Essa é uma discussão que certamente seria impossível de levar a alguma


conclusão definitiva, pois as opiniões pessoais, bem como estudos acadêmicos
sobre o assunto, conduzem à diversidade de roteiros, métodos e resultados.

O objetivo de abordar essa temática é que você reflita, leia e, assim, possa,
sempre que oportuno, ser capaz de discutir e posicionar-se sobre o assunto.

Muitos autores tratam desse assunto, sendo de um lado os que apresentam a


visão das novas tecnologias apenas como mais uma ferramenta a serviço do
poder de mercado para dominar e excluir o homem do mundo do trabalho e do
outros aqueles que vislumbram as novas tecnologias, em especial nas redes
digitais, uma oportunidade para o acesso universal à informação, reduzindo as
barreiras entre os homens, por meio de oportunidades de educação e exercício
da cidadania.

Seria reducionista de nossa parte dizer que em apenas algumas páginas você
poderá conhecer todos os ângulos dessa discussão. Isso porque são muitos os
temas a serem tratados.

Página 39
A discussão da nova era da informação abrange assuntos que abarcam a
realidade social daqueles que têm ou não acesso às tecnologias de informação
de comunicação (TICs), o uso das redes como suporte para o individualismo ou
a vida em grupo, dos movimentos sociais em rede e o exercício da cidadania, a
privacidade e a segurança nas redes digitais, a liberdade e o controle no
ciberespaço, entre tantos outros desafios da sociedade em rede.

Se partirmos do princípio que o verdadeiro autor de todas as decisões sobre a


humanidade é o próprio ser humano, seria correto afirmar que também é
possível fazer o uso das tecnologias para a defesa de seus direitos? Tomando-
se como eixo principal essa temática, você terá a oportunidade de conhecer
algumas práticas que demonstram ser possível essa realidade, bem como os
riscos das redes digitais para a disseminação de práticas que violam os direitos
do ser humano, preconizadas pela declaração de 1948.

2.3 Ciberativismo e Direitos Humanos

Uma vez criada a maior rede mundial de computadores, a internet, deu-se


início a uma era diferente das anteriores, no que diz respeito aos processos
comunicacionais. Isso porque, os meios anteriores, excetuando-se o telefone e
a correspondência escrita, basicamente tinham uma direção única no processo
de emissão-recepção das mensagens.

Para Castells (2003, p. 225), “a Internet é de fato uma tecnologia da liberdade”.


Mas não podemos ser ingênuos em acreditar que esse é um processo natural,
pois muitos são os desafios a serem vencidos, tal como relata o autor: falta de
infraestrutura tecnológica, obstáculos econômicos ou institucionais de acesso
às redes, capacidade educacional e cultura para usar a internet de maneira
autônoma, desvantagem na produção do conteúdo publicado nas redes, entre
outros.
Para a alegria dos defensores dos benefícios sociais do uso da Internet, o
desenvolvimento de novas formas de acesso, a exemplo das redes e
dispositivos móveis, está ajudando a superar as barreiras tecnológicas entre os
indivíduos, mesmo em camadas sociais díspares ou em locais antes cerceados
das possibilidades de comunicação instantânea.

Como consequência dessa evolução, uma parcela da população, interessada


na apropriação do ciberespaço como um local de atuação, já se encontra na
internet com o intuito de se articula e mobilizar outros indivíduos para as
causas com as quais simpatizam e defendem. É o que está sendo chamado de
“Ciberativismo”, o ativismo no Ciberespaço, tal como já citado no início desse
tópico.

Página 40

Uma vez que o tema dessa seção são os Direitos Humanos e as TICs, um dos
exemplos do uso da internet que há 20 anos faz uso da rede para divulgar
informações e mobilizar a população em torno do tema é a DHnet.

Início da citação

Criada em 1995, quando a internet chegou ao Brasil, A DHnet – Rede Direitos


Humanos e Cultura (http://www.dhnet.org.br) é um provedor digital de
informações que possui o maior e mais completo acervo de dados e
informações sobre Direitos Humanos em língua portuguesa. É produzido pelo
CENARTE – Centro de Estudos, Pesquisa e Ação Cultural, entidade membro
da Rede Estadual de Direitos Humanos do Rio Grande do Norte (REDH-RN),
na Região Nordeste do Brasil. A DHnet tem como eixo central a promoção e a
difusão de informações sobre Direitos Humanos e Cidadania, distribuídos nos
macrotemas Direitos Humanos; Desejos Humanos; Educação para os Direitos

Humanos; Cibercidadania; Memória Histórica; Central de Denúncias e Cultura.”


(DHnet, 2015).

Fim da citação

Nesse portal, é possível ter acesso as mais variadas informações sobre direitos

humanos, na forma de textos, áudios e vídeos. O portal agrega um conjunto de

conhecimentos e de outras redes, nacionais e internacionais, sobre direitos


humanos.

Reúne ainda endereços de diversos centros de direitos humanos em todos os

estados brasileiros, informações sobre como fazer denúncias de violação dos

direitos humanos, entre outros serviços.

Ainda na linha do Cibertivismo e Direitos Humanos, muitas discussões têm


ocorrido sobre as redes sociais, a mobilização e a disseminação de
informações com os mais diversos propósitos dentro do tema.

Entidades em defesa dos direitos Humanos, bem como fundações que visam à
coleta de recursos para organismos de defesa dos direitos humanos também,
fazem uso da internet para divulgar seus propósitos, interligar as entidades
participantes e fortalecer a causa.

Nas redes sociais como Facebook e Twiter também é possível identificar desde
grandes ações relacionadas aos direitos humanos promovidas por entidades
organizadas da sociedade civil ou entidades públicas, bem como pequenas
ações de autoria de cidadãos comuns para causas, como obtenção de
recursos para tratamentos de saúde, encontro de pessoas desaparecidas,
localização de animais de estimação e outros.

Vale ressaltar que a internet, apesar de abrir possibilidades para uma


comunicação mais horizontal e de favorecer os alegados efeitos desinibidores,
pode ser utilizada de forma altamente hieráquica, reproduzindo padrões
autoritários de comunicação de grupos sectários e xenófobos.

Página 41

Há estudos que mostram a existência na internet de grupos com intolerância


racial, homofóbicos, extremistas religiosos, entre outros. Esses grupos
propagam a violência e captam adeptos para as suas causas, utilizando as
mais diversas fraquezas do ser humano. Há relatos da abordagem para
adolescentes em fase de formação da personalidade, com o uso de
mensagens de convencimento e exaltação da sua importância como auxiliares
da mudança em determinada situação no planeta.

Visando a combater crimes contra os direitos humanos na internet, foi criada


uma Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos. Essa ação é
operada pela SaferNet em cooperação com a Secretaria de Direitos Humanos
da Presidência da República, Polícia Federal e Ministérios Públicos.

Início da citação
A Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos é única na América
Latina e Caribe, e recebe uma média de 2.500 denúncias (totais) por dia
envolvendo páginas contendo evidências dos crimes de Pornografia Infantil ou
Pedofilia, Racismo, Neonazismo, Intolerância Religiosa, Apologia e Incitação a
crimes contra a vida, Homofobia e maus tratos contra os animais. Para realizar
este trabalho, foi desenvolvido um sistema automatizado de gestão de
denúncias, baseado em Software Livre, que permite ao internauta acompanhar,
em tempo real, cada passo do andamento da denúncia realizada por meio da
Central Nacional de Denúncias. Do total de denunciantes, 99% escolhem a
opção de realizar a denúncia anonimamente. E ao 1% restante é garantido total
e completo anonimato. O projeto representa a resposta brasileira a um esforço
internacional, que reúne atualmente 22 países empenhados em coibir o uso
indevido da Internet para a prática de crimes contra os Direitos Humanos
(SAFERNET, 2015).

Fim da citação

Esses são apenas alguns exemplos de como a internet pode e deve ser
utilizada em prol dos direitos humanos.

Como dito anteriormente, não seria possível esgotar este assunto em algumas
páginas e também não seria frutífero estender em demasia o assunto, já que
você, enquanto estudante, tem a sua disposição a própria internet para buscar
outras informações sobre o assunto ou até participar ativamente de uma rede,
com finalidades de ativismo em defesa dos direitos humanos.

Pense sobre isso!

Página 42
Seção 3

Meio Ambiente e a TI verde

Início da citação

Desde seus primórdios, a humanidade vem provocando modificações no meio


natural em que vive. Pode-se dizer que há mais de 100 mil anos, época em que
o homem conseguiu dominar o fogo, as atividades pode ele desenvolvidas vêm
transformando o meio ambiente. (Melphi, p. 19)

Fim da citação

Muito se tem discutido acerca do progresso tecnológico e a sua relação com o


meio ambiente. Essa interseção tornou-se ainda mais forte a partir da
revolução industrial e suas consequências sobre a natureza como “inevitáveis”
para o bem do progresso da sociedade.

A poluição, o desmatamento, as queimadas, o uso indiscriminado da água e


fontes de energia não renováveis, a falta de respeito aos animais e seu habitat,
entre outras atrocidades são ações que condenam a cada segundo o nosso
planeta e todos os seres que nele vivem.

Até mesmo na temática dos Direitos Humanos, vista na seção anterior, a


questão ambiental é tratada, como nos relata Rodrigues e Leonardeli (2013, p.
363),
Início da citação

Os direitos humanos visam garantir a todos uma existência digna e saudável. O


meio ambiente está inserido nesse contexto como sendo primordial para a
sadia qualidade de vida. A Constituição federal/88 assegura a todos o meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem como o eleva ao status de direito
fundamental. Pelo princípio da solidariedade, é possível analisar que a
responsabilidade pela efetivação dessa norma é do Estado e de toda a
coletividade.

Fim da citação

Falar em meio ambiente nos remete ainda a um outro conceito que você
certamente já ouviu falar, o desenvolvimento ambiental sustentável.

Mas o que exatamente significa isso, tão em moda e tão comentado


ultimamente?

Rodrigues e Leonardeli (2013, p. 363) relatam que:

Início da citação

O desenvolvimento é condição essencial, mas não suficiente para o


crescimento econômico, com a consequente garantia de terem atingidos os
direitos humanos a ele atrelados. Entretanto, mostra-se cada vez mais
necessário vigiar esse desenvolvimento para não resultar em degradação
ambiental. A liberação de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera,
devido à ação antrópica, causa alterações climáticas revelando a necessidade
urgente de uma mudança na matriz energética, como forma de garantir um
desenvolvimento sustentável e recursos para as gerações vindouras.

Fim da citação

Página 43

Como você pode perceber, a questão ambiental assume grande importância na


atualidade e são muitas as vertentes dessa discussão. Por exemplo, no âmbito
da formação superior dos Cursos Superiores de Tecnologia, conforme o
parecer do BRASIL/MEC/CNE (2002, p.29), é imprescindível “Propiciar a
compreensão e a avaliação dos impactos sociais, econômicos e ambientais
resultantes da produção, gestão e incorporação de novas tecnologias”.

Essa preocupação governamental de que as Universidades incorporem a


educação ambiental em seus currículos justifica-se pelo fato de que,

Início da citação

O compromisso com a “sustentabilidade” que se firmou a partir do final dos


anos oitenta, deixa claro que se tornou imprescindível encontrar meios de
desenvolvimento que permitam conciliar o crescimento econômico e a
conservação ambiental. Nas últimas décadas, um número crescente de
organizações públicas e privadas têm buscado alternativas que contribuam
para simultânea melhoria do desempenho ambiental dos processos produtivos,
para a consequente redução dos seus impactos. É necessário, portanto,
estimular a compreensão sobre os impactos, positivos e negativos, gerados
pela introdução de novas tecnologias e de sistema de gestão que incorporem
as variáveis ambientais. No âmbito público, voltado à gestão dos espaços
coletivos, o entendimento desses fenômenos se dá, principalmente, pela
análise integrada da problemática ambiental, considerando-se as relações que
se estabelecem entre o meio físico, biológico, socioeconômico, político e
cultural (Leonardeli, 2013, p. 363)).

Fim da citação

Como você pode perceber, enquanto estudante e cidadão, é recomendável


estar a par dessa temática.

Mas enquanto profissional de TI, de que forma é possível agir em prol do


desenvolvimento ambiental sustentável? Você sabe como se dá a relação entre
a Tecnologia da Informação e o Meio Ambiente? Já ouviu falar ou leu a
respeito do termo “TI verde”? Será que as redes estão sendo um ambiente
propício para os movimentos que defendem o meio ambiente?

A partir da leitura dos textos propostos a seguir, esperamos que você


compreenda algumas das questões acima e seja capaz de relacioná-las com a
sua realidade, para então estar ciente da importância de conviver de forma
harmoniosa com a vida no nosso planeta.

Página 44

3.1 Tecnologia da Informação e Desenvolvimento Ambiental Sustentável

Desde a chamada Revolução Industrial, o progresso sempre foi considerado


um vilão quando se trata da temática ambiental. A poluição causada por
resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, depositados na terra, na água ou no ar,
ao longo dos anos foram degradando os recursos naturais do nosso planeta.

Com o surgimento das novas tecnologias de informação e comunicação, o


consumo, por vezes exagerado e muito veloz de novos produtos, também
apresenta impactos na questão do meio ambiente. É o que nos relata
Prudêncio (2012),

Início da citação

Vivemos na chamada “Era da Informação”, onde a cada ano são consumidos


mais e mais produtos tecnológicos decorrentes do rápido e constante avanço
da ciência na criação de novos dispositivos, soluções inovadoras e
equipamentos portáteis, que chegam para facilitar a vida das pessoas no
ambiente de trabalho e fora dele. Entretanto, o consumo inconsciente
provocado por estes avanços, não só na área de tecnologia da informação
como em todas as áreas de desenvolvimento, nos obriga a pensar sobre as
futuras consequências que este ato pode provocar no decorrer deste consumo
desenfreado.

Fim da citação

Mas como as empresas de TI estão trabalhando com ações verdes?

São diversas as ações realizadas por indústrias das chamadas tecnologias de


informação e comunicação, começando com a preocupação pela redução de
custos com energia elétrica, com aquisição de equipamentos que contribuam
para isso, bem como a preocupação com o rápido crescimento do volume de
resíduos eletrônicos no planeta.
Mas por onde começar um programa de TI verde?

Segundo o Gartner Group, a equipe de gerenciamento de TI deve inicialmente


decidir as prioridades e o escopo do seu programa ambiental para, em seguida,
definir as métricas que conduzirão às melhorias, mudanças de comportamento
e inovações. Após, será indispensável os executivos acompanharem a
variação dessas métricas em determinado período de tempo. O fato de haver
um controle do programa ambiental de TI e uma avaliação constante de como
a área de tecnologia irá contribuir para melhoraria do desempenho ambiental
das operações da organização reflete em seus negócios, produtos e serviços
(Prudêncio, 2012).

Você acredita que este processo é viável? Como é possível para a sociedade
acompanhar este processo?

Página 45

Já existem diversas iniciativas no sentido de controlar as empresas na


implementação de políticas de sustentabilidade na condução de seu negócio.
Algumas são do ponto de vista legal, por meio de leis que determinam a forma
como as indústrias devem tratar o destino do lixo tecnológico. Um exemplo é a
lei que institui normas e procedimentos para a reciclagem, gerenciamento e
destinação final de lixo tecnológico no Estado de São Paulo, a Lei do Lixo
Tecnológico, nº 13.576, de 6 de julho de 2009 (SÃO PAULO, 2009).

Esta lei determina que,

Início da citação
Artigo 1º - Os produtos e os componentes eletroeletrônicos considerados lixo
tecnológico devem receber destinação final adequada que não provoque danos
ou impactos negativos ao meio ambiente e à sociedade.

Parágrafo único - A responsabilidade pela destinação final é solidária entre as


empresas que produzam, comercializem ou importem produtos e componentes
eletroeletrônicos. (SÂO PAULO, 2009).

Mas para além das questões legais, a sociedade e as entidades não


governamentais também podem desempenhar um importante papel no controle
social desse processo. O Greenpeace é uma das organizações com essa
preocupação, divulgando para o público em geral informações sobre como as
empresas estão agindo em seus processos de fabricação e tratamento de
resíduos eletrônicos no planeta.

Por meio do “Guide to Greener Electronics” (Guia para Eletrônicos Verdes), a


ONG apresenta um ranking das grandes empresas de tecnologia do mundo,
fabricantes de equipamentos eletrônicos, de informática e telefonia móvel,
levando em consideração vários fatores, entre eles a utilização de substâncias
tóxicas como mercúrio, chumbo e cádmio na fabricação dos seus componentes
eletrônicos e a adoção de processos de reciclagem para seu lixo tecnológico.

Segundo o Greenpeace (2015),

Início da citação

Apesar de essas empresas terem progredido na remoção de substâncias


químicas tóxicas de telefones celulares, computadores e tablets que produzem,
suas estruturas de fabricação e abastecimento ainda são muito dependentes
de fontes de energia sujas que contribuem para mudanças no clima. ´O
próximo desafio ambiental para companhias de bens eletrônicos de consumo é
reduzir sua poluição de carbono´, disse o analista de TI do Greenpeace
Internacional Casey Harrell. ´Consumidores já afirmaram que querem
eletrônicos mais ecológicos, o que significa aparelhos com bom funcionamento
fabricadas e abastecidos por energias renováveis.´

Fim da citação

Página 46

Após a iniciativa deste Guia, publicado de 2006 a 2012, muitas outras ações
foram realizadas pela sociedade para auxiliar no controle e acompanhamento
das questões ambientais. Essas iniciativas ganham ainda mais força com o uso
da própria tecnologia da informação, em especial a internet, para disseminar
propostas em prol da defesa do meio ambiente.

Mas como isso vem ocorrendo? É o que você verá na leitura a seguir.

3.2 Ciberativismo e meio ambiente

Os defensores das teorias que foram apresentadas nas leituras anteriores


acreditam que, além de ser possível fabricar e fazer o uso sustentável das
tecnologias de informação e comunicação, também é possível usar essas
mesmas tecnologias enquanto ferramentas de comunicação, para levar as
pessoas a verem a necessidade de trabalhar a favor da preservação ambiental.

Início da citação
A internet ganha cada vez mais espaço político ao permitir que as pessoas
exponham publicamente sua vontade e sua opinião de modo interativo,
dinâmico e veloz. As redes sociais conectam e aproximam pessoas que
partilham valores e interesses como, por exemplo, a defesa e proteção do meio
ambiente (Greenpeace, 2015).

Fim da citação

O relato acima da ONG Greenpeace descreve muito bem o que intitulamos de


Ciberativismo em prol do meio ambiente na internet. Essa instituição incentiva
os usuários da rede a participarem de diversas formas em prol das campanhas
ambientais, opinando ou disseminando as ideias desse movimento
mundialmente conhecido. Acompanhe publicação dessa ONG nesse sentido:

Início da citação

Há muitas maneiras para se tornar um ciberativista. Você pode assinar e


compartilhar nossas petições on-line, comentar nossas notícias, publicar
reportagens, vídeos e banners do Greenpeace em sua rede social ou blog.
Cada uma destas ações é fundamental para que mais pessoas se engajem e
se mobilizem pelo meio ambiente (Greenpeace, 2015).

Fim da citação

Além dessa forma de Ciberativismo direta, muitas outras campanhas e projetos


para o desenvolvimento ambiental sustentável podem ser encontradas em
portais, no Brasil e no mundo, divulgando formas e permitindo o engajamento
de cidadãos comuns, empresas e da sociedade civil organizada nesta causa.
Um outro importante organismo não governamental que desenvolve
campanhas globais para a defesa do meio ambiente é a WWF.

Início da citação

Criada em 1961, nas últimas décadas, a Rede WWF (antes conhecido como
Fundo Mundial para a Natureza) se consolidou como uma das mais
respeitadas redes independentes de conservação da natureza.

Fim da citação

Página 47

Com sede na Suíça, a Rede WWF é composta por organizações e escritórios


em diversos países que têm como característica a presença tanto local quanto
global e o diálogo com todos os envolvidos na questão ambiental: desde
comunidades como tribos de pigmeus Baka nas florestas tropicais da África
Central, até instituições internacionais como o Banco Mundial e a Comissão
Europeia.

[...] A história do WWF no Brasil começou em 1971, quando a Rede WWF


iniciou o seu trabalho no país apoiando os primeiros estudos feitos sobre um
desconhecido primata ameaçado de extinção do Rio de Janeiro. Esse trabalho
pioneiro viria a se transformar no Programa de Conservação do Mico-Leão-
Dourado, um dos mais bem-sucedidos do gênero no mundo, que há 30 anos
vem sendo executado pelo WWF em parceria com outras organizações. (WWF,
2015).

As campanhas desenvolvidas com apoio da internet pela WWF podem ser


acompanhadas pelo site da ONG. Além disso, qualquer cidadão, empresa ou
outras entidades podem apoiar a campanha ambiental por meio do site da
WWF, com ações na aba Participe, mostrada na figura a seguir:

Figura 1 – Acesso no site da WWF para participar dessa ONG

Início da imagem

Fonte: WWF (2015).

Fim da imagem
Descrição da imagem: Solicitar auxílio visual.

Página 48

Na opção “Você em Ação” encontram-se formas de participar diretamente com


atitudes para auxiliar na proposta da WWF, tais como:

Ajude a divulgar: essa parte do site apresenta uma das formas de fazermos a
nossa parte e aproveitar o potencial da internet, dos jornais, das rádios e TVs
para conscientizar sobre a necessidade da conservação da natureza.

Dicas: como você pode ajudar o meio ambiente: essa parte do site apresenta
informações sobre como adotar estilos de vida mais equilibrados e amigáveis
com o meio ambiente. São dicas para alteração dos nossos hábitos de
moradia, alimentação, consumo, locomoção e até de lazer, que têm relação
direta com a utilização dos recursos naturais.

Denuncie: essa parte do site incentiva a população para denunciar às


autoridades competentes atividades ou práticas que ameacem o meio
ambiente. Com essa ajuda, as denúncias podem chegar mais rapidamente aos
órgãos responsáveis pela fiscalização, aumentando as chances de adoção das
medidas necessárias para a resolução do problema. O site traz informações
sobre onde e como fazer denuncias de acordo com o tipo do problema
encontrado (No Ibama, Conselhos Municipais e Estaduais de meio ambiente,
Ministério Público do Estado ou Procuradorias, Rede Nacional Contra o Tráfico
de Animais Silvestres – Renctas etc.).
A partir do que foi apresentado até o momento, você pode perceber que
Tecnologia da Informação e Sustentabilidade são conceitos que podem
perfeitamente caminhar juntos?

Você notou que, com planejamento, responsabilidade social e, acima de tudo,


com bom senso, é possível termos um mundo melhor para os habitantes deste
planeta?

Mas e o governo? Ele também não tem a sua parcela de responsabilidade


sobre a questão ambiental? Que ações são desenvolvidas no Brasil nesse
sentido?

No Brasil, o órgão máximo, responsável por essas ações é o Ministério do Meio


Ambiente. No seu portal na internet, além de projetos, informações sobre
financiamento, também se encontram campanhas em prol do Meio Ambiente.
Alguns exemplos são mostrados no quadro a seguir:

Página 49

Início do quadro

Passaporte Verde – é uma campanha parte do Projeto Férias Sustentáveis,


desenvolvido no âmbito da Força Tarefa Internacional para o Desenvolvimento
do Turismo Sustentável (FTI-DTS), coordenada pelo Governo Francês. Parte
das ações do Plano de Implementação da Conferência Internacional de Meio
Ambiente e Desenvolvimento de Johannesburgo, a FTI-DTS, é uma iniciativa
voluntária, da qual participaram inicialmente 20 países membros, dentre os
quais o Brasil, por meio dos ministérios do Meio Ambiente e de Turismo, e visa
estimular mudanças globais em direção a padrões de produção e consumo
sustentáveis.

No site <http://www.passaporteverde.org.br/>, as empresas do ramo de


Hospedagem ou um Serviço de Alimentação podem aderir à campanha como
voluntários, assumindo compromisso com ações da campanha, baixando
banners da campanha, e assim, disseminando junto ao seu público essa
conscientização.

Saco é um Saco - Chamar a atenção sobre o enorme impacto ambiental dos


sacos plásticos e sugerir outros caminhos para um consumo consciente, esse é
o objetivo maior dessa campanha lançada pelo Ministério do Meio Ambiente, e
que tem um nome super sugestivo: Saco É Um Saco.

No site <http://www.sacoeumsaco.gov.br/>, pode-se conhecer a campanha, ler


textos que explicam o tamanho do problema, encontrar dicas sobre como
reduzir o problema, assistir a vídeos, participar de concursos que incentivam a
campanha, entre outras ações.

Fonte: BRASIL/MMA (2015)

Fim do quadro

Com todas essas possibilidades, esperamos que você, enquanto cidadão e


profissional da área de tecnologia da informação, reflita e não ignore a
importância das ações para a preservação do meio ambiente.

Você está disposto a fazer a sua parte?


Esperamos que sim, pois apenas com as ações individuais e coletivas será
possível pensar que existe futuro para esse Planeta chamado Terra e todo o
Universo que nos cerca.

Página 50

Seção 4

A diversidade cultural e as questões étnico-raciais no contexto da sociedade


em rede

Ao pensarmos em muitas das questões discutidas na sociedade moderna, a


questão da cultura talvez não ocupe o patamar mais importante, porém,
questões que dela derivam conduzem muitos dos comportamentos, às vezes
até impensados, no nosso dia a dia.

Derivam dessa temática, por exemplo, questões de desigualdade social,


questões de gênero, de raça, de crenças, das manifestações e costumes, entre
outras, que permeiam o nosso cotidiano.

Para compreendermos essas intersecções, é importante desmistificar a visão


que se tem comumente de cultura,

Início da citação
A palavra “cultura” tem para o senso comum o significado de um acúmulo de
conhecimento, de saber. É culto o indivíduo que sabe as coisas. Ter cultura é
ter conhecimento acumulado. É comum a afirmação de que ´fulano´ é um
homem culto, no sentido de cultura; ou de que os índios apresentam uma
cultura inferior a dos brancos. Todas estas afirmações são falsas do ponto de
vista científico e, ao adotar-se uma postura crítica, será facilmente
demonstrado que não apresentam nenhum valor do ponto de vista de verdade.
Todos os seres humanos possuem cultura, e esta não pode ser melhor ou
inferior a uma outra – senão somente diferentes (DIAS, 2004, p. 49).

Quando nos damos conta da afirmação acima, podemos compreender também


que muitas atitudes da humanidade, baseadas na concepção de que uma
cultura é superior a outra, são inaceitáveis. A exemplo das invasões que
destruíram as culturas indígenas nas Américas do Norte e Latina, da
escravidão dos negros capturados na África, da colonização e quase
destruição de culturas de países orientais e muitas outras.

Mas antes de seguirmos adiante nessa reflexão, vamos conhecer algumas


definições de cultura, a partir da sociologia e da antropologia, na visão de Dias
(2004, p. 50),

Início da citação

A definição considerada a mais importante e na qual muitas outras se


basearam, é a formulada por Edward B. Tylor, em 1871, que a afirmou que
‘cultura é aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, direito,
costume e outras capacidades

Fim da citação
Página 51

Início da citação (Continuação da citação da página 50)

e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade’. Em 1941,


Bronislaw Malinowsky (1997), em seu ensaio intitulado ‘uma teoria científica da
cultura’, afirma que, ‘a cultura consiste no conjunto integral dos instrumentos e
bens de consumo, nos códigos constitucionais dos vários grupos da sociedade,
nas ideias e artes, nas crenças e nos costumes humanos’.

Fim da citação

Com o advento dos meios de comunicação, começam a surgir debates sobre


uma nova cultura, mais ampliada, resultado das possibilidades de
disseminação da informação.

Início da citação

Com a globalização emergem novas maneiras de manifestação cultural, num


processo de transculturação. São criadas expressões culturais que não
apresentam raízes históricas, mas são o resultado de interconexões culturais
facilitadas pela expansão da tecnologia da informação e pela rede de
computadores mundial. [...] Em várias partes do chamado mundo dos países
desenvolvidos, que receberam um grande número de imigrantes, há um
processo de criação de novas comunidades que apresentam características
que não se identificam exatamente uma com a outra. Nos EUA há uma
importante comunidade de afro-americanos, a comunidade latino americana se
funde trazendo influências de suas comunidades de origem (equatorianos,
mexicanos, guatemalcos etc.) e que formam um agrupamento único não
identificado com nenhum outro (DIAS, 2004, p. 76).

Fim da citação

Perceba então que a questão cultural também está sendo ampliada na


sociedade globalizada, não apenas pelas possibilidades de deslocamento, mas
também porque as informações sobre cada uma das culturas locais se
dissemina e se mistura muito mais rapidamente por meio das tecnologias de
informação e comunicação.

Isso significa que finalmente a Humanidade está se fundindo e as


desigualdades entre as pessoas de diferentes culturas e etnias está
diminuindo?

Infelizmente, não. Pelos mesmos meios de comunicação também percebemos


que a desigualdade social está muito mais ampliada e mais próxima do que
poderíamos imaginar.

Início da citação

O problema da desigualdade social está presente mais do que nunca neste


início de século: em função da facilidade oferecida pelos meios de
comunicação, vemos a pobreza entrando em nossa casa pela televisão, pela
internet, isso, quando não chega ao vivo pelas ruas (DIAS, 2004, p. 153).

Fim da citação
Página 52

Mas o que entendemos por desigualdade é possível de ser substituída por uma
igualdade social? Não, pois segundo os estudos do tema,

Início da citação

[...] a igualdade é uma impossibilidade social. Toda sociedade compõe-se de


indivíduos com diferenças finitas de idade, sexo, força, resistência, velocidade,
acuidade visual ou auditiva, inteligência, beleza e assim por diante. Um vez que
não é possível uma sociedade composta por membros exatamente iguais,
quando utilizamos a expressão ‘sociedade igualitária’ estamos nos referindo à
igualdade de oportunidades que devem ter todos os indivíduos dessa
sociedade, sem discriminação de nenhuma espécie (DIAS, 2004, p. 152).

Fim da citação

Mas por que existe tanta desigualdade social? Por que as oportunidades não
são iguais para todos em nossa sociedade?

Para respondermos essa questão é necessário um olhar sobre a história


mundial, já que desde as primeiras civilizações havia o entendimento de que
alguns seres humanos eram superiores a outros, seja devido a sua condição
social, origem familiar ou de naturalidade, de raça e outras.

Com base nessa crença de superioridade, construíram-se e derrubaram-se


impérios, ocorreram muitas guerras e mortes, invasões e tentativa de
sobreposição de uma cultura sobre as outras.
No caso da realidade Brasileira, por exemplo, as raízes da desigualdade social
no Brasil estão presentes desde o processo de colonização, com a profunda
dependência externa do país, a acumulação de riquezas pelas camadas altas
da população, a marginalização histórica de parcelas significativas da
população, como os negros e indígenas, aliadas a práticas administrativas que
privilegiam o apadrinhamento político e favorecem o desvio de verbas. Tudo
isso pode explicar a tamanha situação atual de pobreza, desigualdade e
miséria em que vive uma parcela significativa da população.

Mas para além da questão da desigualdade social no tocante a questões


econômicas, um outro tipo de desrespeito à cultura também precisa ser
lembrado. São questões de preconceito para com determinadas etnias, raça,
opção sexual ou escolha religiosa, bem como a dificuldade de preservação de
conhecimentos e tradições dessas comunidades. Para fins de nossas reflexões
e relacionamento posterior com a tecnologia da informação, vamos tratar a
seguir de um desses temas, as questões de etnia e de raça.

Página 53

4.1 Questões étnico-raciais

De uma forma geral, nas sociedades encontramos tipos de discriminação


ligados à composição étnica e racial. Ocorre sobre agrupamentos humanos
identificados por suas características externas – sejam elas culturais (modos de
vida, de falar, hábitos e costumes etc.), físicas ou hereditárias (a cor da pele, o
formato dos olhos, porte físico, etc.). Esses agrupamentos facilitam o
desenvolvimento do espírito comunitário entre seus membros com
solidariedade, identificação religiosa e defesa dos interesses do grupo.
Você saberia conceituar o que é etnia e o que é raça? Que grupos étnicos
estão presentes no Brasil e por que existem preconceitos contra estes grupos?
O que é raça e por que há preconceito racial?

Vejamos, segundo DIAS (2004, p. 172),

Início da citação

Grupos étnicos são populações que tem senso de identidade de grupo


baseado em distintos padrões culturais e, de um modo geral, ancestrais
comuns assumidos ou não. A diferença fundamental entre grupos étnicos é de
natureza cultural. [...] O preconceito contra determinados grupos étnicos
costuma atribuir aos indivíduos características comuns a todos os seus
integrantes. Assim os membros de um grupo étnico podem ser considerados,
todos avarentos, enigmáticos, espertos, indolentes, ladrões, etc.

No Brasil, entre outros, são considerados grupos étnicos: os pomerânios do


Espírito Santo; os Poloneses no Paraná; os italianos em São Paulo; os
alemães em Santa Catarina; os xavantes em Mato Grosso do Sul; os
ianomâmis em Roraima; os pataxós na Bahia; etc.

Fim da citação

Com o conceito acima você provavelmente já consegue imaginar a importância


da preservação da cultura dessas etnias para que costumes, tradições
musicais, religiosas, alimentares e outras não se percam. Também deve
imaginar a possibilidade de fusão entre as etnias, e que precisamos aceitar e
conviver de forma harmoniosa uns com os outros.
Mas além da questão ética, também precisamos compreender o conceito e as
questões que envolvem as raças.

De acordo com Dias (2004, p.72), há duas formas de conceituar raça, uma
primeira, que é biológica, ou seja,

Início da citação

[...] a classificação racial baseada no tipo físico é arbitrária. O formato da


cabeça, dos lábios, do nariz, a textura, a forma do cabelo e, ainda, a
predominância de um tipo de sangue não revelam diferenças significativas
entre os seres humanos para identificá-los como raças diferentes.

Fim da citação

Página 54

E uma visão sociológica, em que

Início da citação

[...] as pessoas acreditam e agem em função do se entende do conceito de


raça. Por esta razão, podemos falar em raça do ponto de vista social como
significando uma população em que membros compartilham certas
características físicas herdadas.

[...] No Brasil, são considerados como grupos raciais: os brancos


(caucasóides), os negros (negróides) e os asiáticos (mongoloides). Estas
diferenças físicas visíveis conduzem os indivíduos a assumirem determinados
comportamentos provocando ações e gerando atitudes que são objeto de
estudo da sociologia. São os conceitos de: preconceito, discriminação e grupo
minoritário. (DIAS, 2004, p. 72).

Não vamos nesse momento detalhar esses conceitos, mas a partir de tudo o
que foi visto até agora já podemos dar início a algumas importantes reflexões
sobre a relação entre a Tecnologia da Informação, a temática da diversidade
cultural e o respeito as culturas, em especial, questões étnico-raciais, proposta
para esta seção de nosso material didático.

4.2 Etnia, Raça e a Tecnologia da Informação

A esta altura das leituras de nosso material didático, você deve estar se
perguntando, mas qual é a relação na atualidade entre as questões de etnia,
raça e as tecnologias da informação e comunicação?

De forma direta, talvez seja mesmo difícil compreender essa interseção, mas
ao refletirmos sobre os estudos realizados até o momento (sobre movimentos
sociais em rede e ciberativismo), podemos inferir que a rapidez com que as
redes de comunicação digital disseminam opiniões e informações podem
ajudar na redução ou na ampliação dos conceitos de preconceito e
discriminação das diversas etnias e raças no Brasil e no mundo.

Um dos movimentos que atualmente faz uso frequente da internet são aqueles
ligados à defesa dos direitos e ao resgate da cultura afro-brasileira.

Esses espaços, denominados públicos, ampliam de forma bastante significativa


as ações políticas efetivas, como por exemplo, denúncias, circulação de
manifestos, criação de fórum de debate, protestos, entre outras. Por meio
delas, pessoas de diferentes localidades podem ficar a par da atual militância
realizada pelos movimentos em prol dos afrodescendentes.

Na internet são encontrados sites de entidades ligadas ao governo, entidades


não governamentais e iniciativas de pequenos grupos, todos ligados a esse
movimento. Alguns exemplos são listados a seguir:

Página 55

Fundação Cultural Palmares (http://www.palmares.gov.br/): a primeira


instituição

pública voltada para promoção e preservação da arte e da cultura afro-


brasileira.

Entidade vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), possui 25 anos de trabalho

por uma política cultural igualitária e inclusiva, que busca contribuir para a

valorização das manifestações culturais e artísticas negras brasileiras, como

patrimônios nacionais.

A FCP divide-se em três estruturas administrativas: O Departamento de


Proteção

ao Patrimônio Afro-brasileiro (DPA); O Departamento de Fomento e Promoção


da

Cultura Afro-brasileira (DEP); e o Centro Nacional de Informação e Referência


da

Cultura Negra (CNIRC). Por meio do portal da FCP é possível conhecer um


pouco

mais a respeito da cultura afro-brasileira, bem como participar de concursos e


outras formas que auxiliem na preservação dessa expressão cultural.

Blog Afrodescendentes (<http://afrodescendentes1.blogspot.com.br>): um

espaço que desde 2011 publica matérias a respeito dos afrodescendentes,


além

de fazer link com diversos outros sites e movimentos da mesma temática.

Movimento Negro Unificado (<https://www.facebook.com/pages/Movimento-

Negro-Unificado-Brasil-MNU/200904580057528>): Uma página no Facebook


onde

são publicadas notícias, protestos, divulgação de encontros, vídeos, links e


outras

informações envolvendo questões do movimento negro. Um exemplo é o post a

seguir, de 31/03/2015, divulgando um evento relacionado à cultura afro-


brasileira:

Início da imagem
Fim da imagem

Descrição da imagem: Solicitar auxílio visual.

Fonte: Movimento Negro Unificado Brasil (MNU), 2015.


<https://www.facebook.com/874875655881685/photos/a.874953605873890.1
73741828.874875655881685/910872 442282006/?type=1>

Página 56

Por meio dos exemplos citados, você pode perceber que o movimento negro,
por meio das redes digitais, alcançou a capacidade de disseminar as suas
tradições e mobilizar em tempo real milhares de pessoas, não perdendo seu
tradicional modo de ação política e sim aumentando o leque de possibilidades
de mobilização.

Um outro movimento encontrado na Internet em defesa dos chamados grupos


minoritários são aqueles ligados aos direitos dos indígenas no Brasil.

Da mesma forma que os movimentos afrodescendentes, os movimentos


indígenas também vêm fazendo uso das redes digitais para a disseminação de
informações, defesa de seus direitos e preservação de suas tradições.

A seguir alguns exemplos encontrados na internet:

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil


(<https://mobilizacaonacionalindigena.wordpress.com>): um blog com notícias,
fotos, vídeos e informações sobre as mobilizações indígenas, mantido pela
APIB. Essa entidade atua, entre outras formas, por meio do envio das
demandas das populações indígenas aos órgãos governamentais e faz uso da
internet para divulgar essas ações e fazer pressão política em prol de suas
reivindicações.

Centro de Trabalho Indigenista – CTI (<http://trabalhoindigenista.org.br>) – site


mantido por uma uma associação sem fins lucrativos, fundada em março de
1979, por antropólogos e indigenistas. Tem como marca de sua identidade a
atuação direta em Terras Indígenas por meio de projetos elaborados a partir de
demandas locais, visando a contribuir para que os povos indígenas assumam o
controle efetivo de seus territórios, esclarecendo-lhes sobre o papel do Estado
na proteção e garantia de seus direitos constitucionais.
O CTI atua em Terras Indígenas inseridas nos Biomas Amazônia, Cerrado e
Mata Atlântica e possui duas grandes linhas de ação: Controle territorial e
gestão ambiental: monitoramento e regularização fundiária, proteção territorial;
apoio a atividades tradicionais, a alternativas econômicas e ao manejo
sustentável; Ações de formação e referência cultural - formação de
pesquisadores indígenas e a manutenção/fortalecimento das práticas
socioculturais das sociedades indígenas, educação escolar, propostas culturais
e ambientais e projetos políticos.

Fundação nacional do Índio – FUNAI (<http://www.funai.gov.br/>): portal do


órgão indigenista oficial do Estado brasileiro. Criada por meio da Lei nº 5.371,
de 5 de dezembro de 1967, vinculada ao Ministério da Justiça, é a
coordenadora e principal executora da política indigenista do Governo Federal.
Sua missão institucional é proteger e promover os direitos dos povos indígenas
no Brasil.

Além da divulgação de todas as ações apoiadas pela entidade, um dos

importantes pontos do portal é a possibilidade de enviar denúncias acerca de

Página 57

violações contra direitos indígenas, bem como reclamações de desagrado ou


protesto sobre um serviço prestado, ação ou omissão da administração e/ou do
servidor público, críticas a atos da Administração ou de servidores da Funai.

Os exemplos apresentados nesta seção são apenas alguns, entre tantos outros
portais, blogs, sites e páginas nas redes sociais que permitem a esses
movimentos darem visibilidade para as suas causas.
Obviamente que as redes digitais também são utilizadas no sentido oposto de
disseminar preconceitos, mensagens de ódio e incentivar a violência contra as
pessoas e a cultura de determinadas raças e etnias. Diariamente podemos
acompanhar casos assim, mas, felizmente, também acompanhamos o repúdio
a essas ações, as quais acabam, muitas vezes, até gerando mudanças de
atitudes e providências legais.

De tudo isso uma lição é importante: o respeito ao ser humano, as suas


crenças, opiniões e tradições, independente de raça, etnia, gênero, isso precisa
estar presente nas nossas mentes.

Você concorda que o mundo seria bem melhor sem “Pré-conceitos”?

Pense a respeito e siga em frente com seus estudos!

Seção 5

O papel do profissional de TI no contexto da sociedade em rede

Até o momento você teve contato com exemplos de organizações que realizam
projetos direta ou indiretamente, com o propósito da inclusão digital. As
pesquisas sobre esses projetos e seus resultados ainda não são suficientes
para afirmar sua eficácia. Isso ocorre, segundo Silveira (2003, p. 31), “pela sua
dispersão, pela ausência de indicadores consolidados, pela inexistência de
uma coordenação pública unificada da implementação dos projetos de
inclusão”. Para o autor, é necessário definir o papel do Estado, do mercado e
das ONGs nessa transformação.
Essas são limitações a serem superadas no Brasil e no mundo, até porque
ainda há muitas ideias divergentes sobre o assunto. As universidades e centros
de pesquisa necessitam envolver-se mais com essa temática e investigar a
efetividade dos projetos nessa área. Além disso, as instituições públicas,
privadas ou da sociedade civil são corresponsáveis pela alavancagem da
mudança tão esperada. Perceba que todos têm uma fatia de responsabilidade
nesse cenário.

Página 58

Você concorda que o sucesso dos movimentos de inclusão digital pode ser
ainda maior com a conscientização e a contribuição dos cidadãos?

Talvez você concorde ou não com isso, ou talvez não tenha opinião formada, já
que nunca avaliou as possibilidades de participação nesse processo. Seja qual
for a sua posição, convidamos você para que, na sequência deste estudo,
tenha o conhecimento de como é possível esse envolvimento, como
profissional de TI.

Primeiramente, como já visto aqui, você pode utilizar os recursos da TI para


informar-se sobre o planejamento e a execução de obras públicas, para
conhecer e reivindicar seus direitos, para ficar a par de seus deveres, fiscalizar
o uso do dinheiro público em nível federal, estadual e, principalmente,
municipal.

Pode ainda ser por meio de ações individuais, tais como serviços voluntários
nas entidades que utilizam a tecnologia da informação, seja para o auxílio na
instalação e manutenção de computadores e softwares, para atuar como
educador, ministrando aulas em cursos da área de TI, ofertados para a
comunidade, ou para auxiliar na utilização da tecnologia da informação para a
organização interna e articulação em rede pela entidade.

A internet já funciona como meio de comunicação e articulação para diversas


ONGs e ativistas do mundo inteiro. Para ScharerWarren (2002, p. 84), “as
oportunidades para o empoderamento destas redes, para além da participação
nos novos canais institucionais, também vieram das facilidades de interação
por meio do ciberespaço”.

Você pode auxiliar esses movimentos sociais a utilizarem as características da


rede internet para se comunicarem, facilitarem a interação e a colaboração
entre pessoas e organizações; participarem em processos decisórios,
realizarem consultas e fiscalizarem os gastos públicos.

É possível ainda envolver-se para que entidades e pessoas façam uso do


software livre, evitando o pagamento das licenças dos softwares proprietários
ou as instalações ilegais (muitas vezes, a única opção conhecida para colocar
os computadores em funcionamento).

Além dessas ações do ponto de vista individual, a sociedade da informação


oferece novas oportunidades de atuação para o profissional de TI. As
entidades promotoras dos movimentos sociais não vivem apenas de serviço
voluntário, pelo contrário, a partir do processo de profissionalização, surge uma
gama de oportunidades de trabalho com tecnologia da informação, seja como
funcionário, consultor, em projetos especiais etc.

Além disso, com os investimentos governamentais e o interesse em projetos de


inclusão digital, o profissional de TI atuante na área pública tem a sua frente
inúmeros desafios. Entre as áreas de atuação estão, por exemplo, o
planejamento
Página 59

ou a intervenção em decisões sobre investimentos em projetos de inclusão


digital, o desenvolvimento de projetos para acesso público à internet, a
pesquisa de novas tecnologias de acesso à rede, a coordenação de projetos no
âmbito local, regional ou federal, entre outros. Quanto ao investimento em
software livre no âmbito governamental, a decisão dependerá, em alguns
momentos, de sua opção, em outros das políticas públicas sobre o uso de
software livre.

Ao apresentar este e outros exemplos de possíveis ações, nas quais é possível


ao profissional de TI inserir-se em projetos de inclusão digital, nossa intenção
foi levar você à reflexão. Ao repartir as informações e ideias que você adquiriu
ou está adquirindo ao longo de sua vida, você pode ter a certeza de que tudo
será potencializado pelo poder das redes de relacionamentos construídas a
cada nova conexão. Isto é Network, ou seja, rede de relacionamentos
profissional!

Ao citarem a inclusão digital, de forma quase poética, Pellanda et al. (2005, p.


22) a considera como uma poderosa ferramenta de solidariedade e expansão
humana, e a sua ocorrência se dá quando,

Início da citação

Usamos as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para possibilitar


que cada ser possa descobrir sua autoimagem, levando-o a acreditar em si
próprio e mostrando aos outros do que é capaz.
Fim da citação

E você, qual o seu posicionamento enquanto cidadão mediante as


possibilidades do uso das novas tecnologias de informação e comunicação?
Você se envolveria com a defesa dos direitos humanos? A preocupação com a
preservação do meio ambiente é parte de sua rotina de vida? Você considera
importante a defesa da cultura dos indígenas e dos afrodescendentes, bem
como a defesa e a ampliação de seus direitos?

Mais do que respostas únicas, esperamos que as leituras apresentadas neste


capítulo tenham contribuído para a sua reflexão desses temas e o seu
crescimento enquanto profissional e, principalmente, com cidadão.

Página 60 – Em branco

Página 61

Capítulo 3

Mercado de trabalho em TI

Seção 1

Afinal, o que é o trabalho?

Nesta seção você é convidado a fazer uma viagem ao longo da história, entrar

em contato com as transformações no mundo do trabalho, da pré-história até


os dias atuais. Observará que essas mudanças estão intrinsecamente ligadas
ao desenvolvimento da própria humanidade. E porque é interessante você
fazer essa viagem? Porque, como bem disse De Masi (1999, p. 41): “Para
escrever o futuro é preciso não perder de vista o passado, repercorrendo a
marcha do progresso tecnológico, longa, acidentada, interrompida em vários
pontos (...)”.

É importante conhecer o passado que recebemos de nossos antecessores;


para melhor compreender o presente, o qual se constrói a cada dia,
conduzindo nosso futuro e dos que habitarão este planeta. Nesta seção, você
poderá observar que ao longo da história o trabalho recebeu significados
diversos. Nos primórdios da humanidade, era apenas um meio de subsistência,
depois foi símbolo de sacrifício ou castigo, seguido da ideia de servidão e, nos
últimos dois séculos, um meio de acumulação de capital. Veja no quadro-
resumo a seguir as principais etapas que compõem essa evolução.

É importante conhecer o passado que recebemos de nossos antecessores;


para melhor compreender o presente, o qual se constrói a cada dia,
conduzindo nosso futuro e dos que habitarão este planeta.

Nesta seção, você poderá observar que ao longo da história o trabalho recebeu
significados diversos. Nos primórdios da humanidade, era apenas um meio de
subsistência, depois foi símbolo de sacrifício ou castigo, seguido da ideia de
servidão e, nos últimos dois séculos, um meio de acumulação de capital.

Veja no quadro-resumo a seguir as principais etapas (As informações desse


período apresentam diferenças na literatura, especialmente no que diz respeito
ao início da Idade Moderna) que compõem essa evolução.

Página 62
Figura 3.1 – A evolução do trabalho

Início da imagem

Fim da imagem

Descrição da imagem: Demonstra a evolução do trabalho, começando com o


homem na pré-história, perpassando pela Revolução Agrícola até 1750 D.C.
Após isso, começa a Revolução Industrial que vai até 1970 até chegar a
Revolução da Informação.

Início das descrições do quadro

Período pré-histórico:

- Extrair da natureza o sustento;

- Nómades;

- Divisão do trabalho conforme capacidade física.


Período helênico e romano:

- Trabalho associado a castigo;

- Executado por escravos.

Feudalismo, surgimento e ascensão do comércio:

- Vassalos e submissão do camponês;

- Cruzadas e rotas comerciais;

- Surgimento de cidades e comércio.

As corporações, os Artesãos e o trabalho:

- Comerciantes e mercadores unidos em corporações;

- Artesões eram proprietários da matéria prima, das ferramentas de trabalho,


comercialização;

- Surgimento de guildas.

Renascimento e os passos para a revolução industrial:

- Grande desenvolvimento da técnica e das manufaturas;

- Novos modos de organização de trabalho – assalariados;

- Mercado de trabalho instituído pela oferta de mão-de-obra.

A revolução industrial:

- Sociedade passa a ser orientada pelo mercado;

- Produção de massa;

- Mudança radical no processo de produção;

- Tayloristas/fordistas;
- Salário gera status quo, valor.

A revolução tecnológica e o surgimento da sociedade da informação:

- Atividades de serviços conectados a atividade industrial;

- Toyotismo;

- Produtividade baseada em conhecimento;

- Organizações em rede

Fonte: Adaptado de Menegasso (1998).

Fim das descrições do quadro

Como essa evolução foi acelerada marcadamente após o Renascimento,


conheça no quadro seguinte mais detalhes a respeito.

É importante frisar que o resumo a seguir trata apenas de alguns fatos que
dizem respeito diretamente à questão do trabalho. Ele não pode ser
compreendido isoladamente às questões sociais, políticas, econômicas e
culturais do contexto no qual se insere. Assim, procure relacioná-lo a outros
conteúdos que você já estudou ou vem estudando, tal como a história geral, a
geografia, a filosofia e, principalmente, a história da administração.

Página 63

Quadro 3.1 – Sobre a evolução do trabalho após o Renascimento


Início do quadro

Fase histórica Eventos ocorridos

Renascimento e os passos para a - grande desenvolvimento da técnica


Revolução Industrial e das manufaturas, aparecem
diferentes ofícios, novos modos de
Este período também é organização de trabalho e as grandes
identificado por alguns autores empresas, concentrando capital,
com a “Primeira Revolução agrupando um número significativo de
Industrial”. operários - “os assalariados”;
- surge a evolução tecnológica do
trabalho, da instrumentação para a
mecanização, bem como as
revoluções científicas, a primeira das
revoluções liberaldemocráticas e a
filosofia das instituições capitalistas;
- o “mercado de trabalho” começou a
ser instituído com base na demanda e
oferta de mão de obra, que garantia
a reprodução da força de trabalho. No
início deste período, as condições de
trabalho eram muito precárias, longas
jornadas de trabalho de até 80 horas
por semana e exploração da mão de
obra de mulheres e crianças;
- estas mudanças geraram conflitos
sociais, econômicos e guerras civis,
que marcaram o final do período.
A Revolução Industrial - sociedade industrial passou a ser
orientada para o mercado, tendo
Esta fase também é conhecida como prioridade a produção de bens
por “Industrialismo”, já por em massa e maximização dos
alguns autores, é considerada a resultados do trabalho, organizado em
“Segunda Revolução Industrial”. torno de princípios de eficiência e de
funcionalidade;
- mudança radical no processo de
produção (evolução e uso intenso das
máquinas), de distribuição (estradas
de ferro, rodovias e canais) e de
comunicação e informação (telégrafo,
telefone, rádio, fotografia, cinema
etc.);
- multiplicava-se a mão de obra para a
indústria, proveniente do meio rural ou
em consequência do crescimento
populacional, sendo a compra da
força de trabalho do homem condição
predominante de reprodução do
trabalho e do capital;
- surgem os pensadores que
contrapõem a visão de mundo do
capital e do trabalho. Karl Marx é o
mais importante representante desse
debate e defendeu a concepção
original do trabalho. Ele ajudou a
intensificar os movimentos operários
que exigiam, dentre outras coisas, a
intervenção do Estado para disciplinar
as relações de trabalho;

- Marx teve participação como


intelectual e como revolucionário no
movimento operário, sendo que
ambos (Marx e o movimento operário)
influenciaram uns aos outros durante
o período em que o autor viveu.

Página 64

- o trabalho foi adaptado para atender


às características do modelo de
organização da produção taylorista /
fordista, que necessitava de um
grande quantitativo de empregados
fixos, com formação profissional
voltada para atender às necessidades
da empresa, de forma a dar conta de
todas as etapas do processo
produtivo;

-Taylorista. O Taylorismo é assim


chamado como referência ao seu
mentor, Frederick Winslow Taylor.
Esta doutrina integra o movimento de
racionalização do trabalho chamado
de administração científica, em que o
processo de divisão do trabalho, já
existente é aperfeiçoado e passa a
ser medido com uso de métodos e
técnicas adequados (LUNARDI, 2004,
p.58-59).

- Fordista O Fordismo é assim


chamado por associação ao seu
mentor, Henry Ford, fundador da
indústria automobilística Ford, em
Detroit (EUA). Esse modelo se
caracteriza por um aumento intenso
do uso de máquinas, equipamentos,
da produtividade em escala e do
consumo em massa. Torna-se um
modo social e cultural de vida após a
Segunda Guerra Mundial (OLIVEIRA
et al, apud LUNARDI, 2004, p.63).
- os trabalhadores conquistaram um
regime de emprego fixo/ assalariado,
com todos os direitos trabalhistas
garantidos pelo poder público e certa
estabilidade no emprego, dessa
forma, ficou caracterizada a
sociedade do emprego;
- com a ajuda intensa dos meios de
comunicação, foi disseminada a ideia
de que o esforço individual podia levar
o trabalhador ao sucesso e à
independência econômica. Isso gerou
uma grande mudança econômica e
social na sociedade da época e
também provocou uma mudança de
mentalidade nas pessoas. O trabalho
era visto como um dever, uma
atividade agradável e satisfatória por
si mesma, passando a ser central na
vida das pessoas. O salário tornou-se
o diferencial, o status quo, a
importância e o valor na vida.

Página 65
A revolução tecnológica e o - a partir da Segunda Guerra Mundial
surgimento da sociedade da ocorreram as
informação principais descobertas tecnológicas
em eletrônica, o
primeiro computador programável,
seguido do transístor
(1945 - 1950), do chip (1957) e do
microprocessador
(1971) (CASTELLS, 1999, p. 75-92);
- foco nas atividades de serviços,
fortemente
conectadas com a atividade industrial,
em que o
sistema produtivo passa a ser
organizado em torno
da maximização da produtividade
baseada em
conhecimentos. Isto é possível por
intermédio das
tecnologias da informação, pela
formação de recursos
humanos capaz de utilizá-las e pela
existência de
infraestrutura de comunicações (Idem,
p. 268).
- diminui o poder do Estado, os
sindicatos
enfraquecem e o trabalho começa a
ser desvinculado
do emprego e da proteção social.
Cresce o trabalho
informal, a terceirização da mão de
obra e a
flexibilização dos contratos de
trabalho;
- um novo modelo de organização da
produção,
o toyotista, é experimentado pelas
empresas, com
a finalidade de se adequar às novas
exigências do
mercado, focado na competitividade,
na diversidade
de produtos, nos altos níveis de
qualidade e nos baixos
custos dos produtos;

- O toytismo ou ohnonismo é assim


chamado por referência à fábrica da
Toytota (Japão), onde começou a ser
aplicado o Taiichi Ohno, um dos seus
formuladores. Esse modelo também é
conhecido
como produção enxuta.
- surge a força de trabalho global, as
organizações
em rede, a fonte de produtividade e
crescimento
reside na geração de conhecimento.
É a sociedade da
informação, sociedade em rede, era
da informação,
sociedade do conhecimento, pós
modernidade, pósindustrialismo,
terceira revolução industrial e tantos
outros nomes que designam o
presente período.
Fonte: Elaboração das autoras (2007).

Fim do quadro

Página 66

Após o contato com o histórico apresentado, reflita e responda:

O trabalho recebeu novos significados no contexto da sociedade da


informação? Com qual desses significados o trabalho se apresenta quando
olhamos para a nossa realidade?

Para responder a essas questões, você precisa pensar, com o apoio das
Ciências Sociais, bem mais a fundo acerca das visões de trabalho e das
práticas oriundas dessas concepções. Sem isso, correrá o risco da
superficialidade em uma discussão que é ampla, envolve muitas variáveis,
muitas contradições e muitas lutas.

Nossa sugestão é que as reflexões iniciadas nesta seção sirvam como ponto
de partida para incentivá-lo a buscar novas informações, fazer comparações
com a sua experiência e a construir uma visão de trabalho que não precisa ser
única ou definitiva, pelo contrário, que possa ser ressignificada conforme o
contexto no qual se insere.

A leitura da próxima seção é um convite a este desafio. Siga em frente!

Seção 2

O mundo do trabalho no Brasil


Para iniciar este tema, convidamos você a ler a interessante letra do samba-
enredo da escola de Samba de São Paulo Tom Maior, do carnaval de 2007

Com licença, eu vou à luta

Maradona, Didi, Turko e Diego Poesia

“Numa era industrial

A ambição, gerou ganância e cobiça

Máquinas devoram o trabalhador

Uma escravidão... onde o capital é o que importa

Se o tempo é dinheiro a ganhar

A vida é só trabalhar Pra sobreviver, não basta!

Surgem movimentos pelo mundo

Irmanados por um ideal

Pra nossa dignidade 1º de maio, conquista universal

Quero ter o meu direito, chega de exploração

Com licença, eu vou à luta (bis)

Faço greve, vou pra rua

Página 67

Digo não a opressão

Está em nossas mãos


Transformar o sonho em realidade

Acreditar num mundo com mais igualdade

Sindicatos livres no país

A força do ABC, nossa raiz

Quero ter salário justo e um melhor viver

Pro crescimento da nossa nação, educação

Acorda Brasil... a nossa gente vale ouro

O trabalho é nosso tesouro Orgulho dessa pátria mãe gentil

Sou Tom Maior amor... (meu amor)

Razão do meu viver... (refrão)

Alô companheiro de luta e de fé

A nossa união vem do Sumaré”

Fonte: Poesia (2007).

Após ler o samba-canção, responda: O que vem na sua mente com a letra
deste samba-enredo?

Nada é mais brasileiro do que o carnaval e o samba-enredo, símbolos da


cultura nacional e que podem ajudá-lo na percepção e reflexão do modo como
se construiu essa realidade.

Procure ficar à vontade e deixar os seus pensamentos circularem, pois nesta


seção a ideia é que você possa relacionar os diversos estágios do mundo do
trabalho e como eles foram emergindo no cenário brasileiro, desde a sua
colonização (correspondente ao período da expansão europeia) até os dias
atuais.

Como a organização do trabalho evoluiu no Brasil?

No Brasil-Colônia e Imperial, o trabalho era basicamente agrícola, realizado


pela mão de obra escrava. depois surgiram as primeiras fábricas, ainda com
base principal na mão de obra escrava. Com a proibição do tráfico de negros
(1870), a mão de obra foi sendo substituída gradativamente por imigrantes
assalariados. Eles se ocuparam com as lavouras de café, atividades
comerciais, os serviços e o artesanato, contribuindo para o processo de
urbanização da sociedade brasileira. Observe que nesse momento introduziu-
se um dos elementos-chave para a instituição do sistema de acumulação de
capital (lembra da “mais valia”?).

Página 68

A indústria brasileira, especialmente a têxtil, deu mais alguns passos, e o


trabalho já era realizado com o apoio de alguns equipamentos importados e
outros fabricados no Brasil.

Na República Velha, o trabalho continuou concentrado na cultura do café,


passando ainda pela extração da borracha. Este também foi um período de
modernização, com o trabalho operário nas indústrias, especialmente durante a
Primeira Guerra Mundial. O trabalho feminino se concentrava na indústria têxtil,
mas registram-se casos de mulheres até mesmo na mineração.

Com a chegada das indústrias, como se davam as relações trabalhistas nesse


período?
Semelhante aos movimentos operários europeus, a imprensa brasileira da
época criticava as indústrias artificiais e o primado do “moderno”, da técnica
acima de tudo, do progresso copiado dos países industrializados. Essas
críticas apareceram nas revistas de maior circulação, sob a forma de divertidas
charges, revelando o conceito negativo que pairava sobre a atividade industrial.
Exemplos dessa época foram publicados no site da Federação das Indústrias
do Estado de Minas Gerais, o qual apresenta a exposição “Indústria, a força do
Brasil”.

Início da citação

A legislação protetora do trabalho não existia e os benefícios sociais eram no


estilo patriarcal. Ofereciam-se aos operários vilas residenciais, armazéns,
escola, hospital, lactário, cinema e outros benefícios, enfim, toda uma estrutura
social que propiciou o surgimento de uma sociabilidade proletária, sob controle
patronal. (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS,
2007)

Fim da citação

E foi face a essa realidade massificadora e alienante do trabalho do período


descrito acima que ocorreram as primeiras greves, o crescimento de
movimentos anarquistas (Anarquismo é uma palavra que deriva da raiz grega
αναρχία — an (não, sem) e arché (governador) — e que designa um termo
amplo que abrange desde teorias políticas a movimentos sociais, que advogam
a abolição do Estado, enquanto autoridade imposta e detentora do monopólio
do uso da força (WIKIPEDIA, 2007b)., e depois comunistas, nos grandes
centros urbanos do país.
Na Nova República, o reconhecimento de uma realidade industrial foi traduzido
na criação do Ministério do Trabalho, das leis sociais e de sindicalização. Mas
somente após a Segunda Guerra Mundial é que a industrialização consolidou-
se no Brasil. A mão de obra começou a deslocar-se gradualmente dos campos
para as cidades, para atender à demanda da indústria e, com isso, o trabalho
no setor de serviços começou a se ampliar e diversificar. A indústria brasileira
cresceu em termos de tecnologia, estrutura e capacidade.

Página 69

Os marcos dessa época foram: a produção de veículos automotores,


impulsionada na década de 1950, com a instalação de diversas montadoras
produzindo automóveis, ônibus, caminhões e tratores; e a era nuclear com a
construção da Usina de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

De 1930 a 1980, houve diversos avanços em termos de emprego,


especialmente dos postos de trabalho com carteira assinada. Com a abertura
do mercado, grande parte do setor estatal foi privatizado, muitas indústrias
passaram para o controle de investidores estrangeiros, houve aumento da
automação e da produtividade industrial, buscando a inserção no mercado
globalizado.

A partir dos anos 80, o emprego com carteira assinada foi reduzido
drasticamente e aumentaram os postos de trabalho sem registro. Isto continuou
aumentando na década de 1990, as vagas assalariadas sem registro eram
insuficientes para compensar a perda das vagas assalariadas com registro.

2.1 E o cenário da TI ?
Em 1974 ocorre a instalação da primeira fabricante brasileira de computadores,
a empresa estatal “Computadores Brasileiros S.A, Cobra”, protegida
posteriormente pela reserva de mercado (Veja mais sobre esse período e a
Política Nacional de Informática (Lei 7232/84).)

E hoje? Como estão ocorrendo as relações de trabalho?

Assim como nos demais países capitalistas, a maior parte das vagas abertas
no mercado de trabalho não tem sido de assalariados, mas de ocupações sem
remuneração fixa, autônomos, trabalho independente, de cooperativa, entre
outras.

Além disso, outras formas de ocupar as atividades nas organizações estão se


expandindo, como o trabalho terceirizado e o contrato de trabalho por tempo
determinado.

Para a inserção de trabalhadores nesse regime, alguns países estão adotando


a flexibilização do mercado de trabalho. Isso significa uma redução de
encargos sociais, um menor rigor com a regulamentação para a contratação e
desligamento dos empregados, a possibilidade de modificações na jornada de
trabalho, a subcontratação, dentre outras.

No Brasil, a legislação trabalhista já prevê algumas formas de contratação mais


flexíveis, mas ainda há interpretações diferenciadas dos tribunais de trabalho, o
que mantém este processo ainda lento. (LUNARDI, 2004, p. 125-126).

Página 70

É importante que você faça uma reflexão profunda de várias visões, por vezes
complementares ou opostas, do mercado de trabalho no mundo e no Brasil.
Isto é necessário porque, mesmo com a disseminação das tecnologias da
informação e globalização, ainda há diferenças consideráveis entre a realidade
dos países. E mesmo dentro de um país, muitas realidades são encontradas
nas diferentes regiões.

Qual seriam as relações entre: Tecnologia da Informação - emprego -


desemprego?

Na visão de Castells (1999, p. 328),

Início da citação

(...) parece que como tendência geral, não há relação estrutural sistemática
entre a difusão das tecnologias da informação e a evolução dos níveis de
emprego na economia como um todo. Empregos estão sendo extintos e novos
empregos estão sendo criados, mas a relação quantitativa entre perdas e
ganhos varia entre empresas, indústrias, setores, regiões e países em função
da competitividade, estratégias empresariais, políticas governamentais,
ambientes institucionais e posição relativa na economia global.

Fim da citação

Para o autor, após analisar inúmeras pesquisas sobre a transformação do


trabalho e do mercado de trabalho, em diferentes países, o resultado específico
da interação entre tecnologia da informação e o emprego depende amplamente
dos fatores citados nesse trecho acima.
Conforme cenário apresentado na seção, reflita e responda: Como se
encontram os profissionais especializados na área de Tecnologia da
Informação na atualidade? Como é possível analisar as oportunidades de
trabalho em TI?

Essas entre outras questões serão estudadas por você nas próximas seções.

Seção 3

Regulamentação e ética nas profissões em TI

Antes de entrar diretamente no debate acerca do mercado de trabalho em TI, é


importante que você entenda uma questão polêmica, que trata da
regulamentação das profissões no Brasil e como as ocupações na área de TI
se enquadram neste contexto.

Página 71

No Brasil, a regulamentação é exercida e fiscalizada por meios de diversos


conselhos que possuem normalmente uma estrutura federal e estruturas
regionais e estaduais. Como por exemplo:

- Nível federal: Conselho Federal de Administração (CFA)

- Nível estadual: Conselho Regional de Administração (CRA)

Mas qual é a real dimensão da regulamentação profissional?


Esse, talvez, seja o aspecto mais contraditório e de difícil consenso acerca
deste tema. Uma vez que o Estado possui o poder de aprovar ou não a
regulamentação de uma profissão, estudiosos propõem que para o parecer
final, toda a sociedade seja envolvida e não só os profissionais da área.

Isso porque, segundo uma das correntes de pensamento no assunto, a


regulamentação da profissão tem por finalidade proteger a sociedade dos
riscos do exercício profissional desqualificado. Mas outra linha de pensamento
também predomina no assunto da regulamentação das profissões, esse é o
caminho para os grupos interessados fazerem reservas no mercado de
trabalho.

E a profissão de TI é regulamentada? Qual a posição dos profissionais,


entidades da área e sociedade em geral acerca dessa regulamentação? Qual a
relação entre regulamentação, conselho profissional e reserva de mercado?

Não existe até o presente momento no Brasil uma lei aprovada para
regulamentar a profissão de TI. O que existem são propostas, provenientes de
uma demanda da sociedade e que continuam sendo discutidas entre
associações profissionais, sociedades científicas, estudantes e profissionais.

A comunidade científica da área de computação discute a regulamentação da


profissão de Informática desde 1978.

Um dos aspectos da regulamentação e da reserva de mercado diz respeito a


quem teria o direito de exercer atividades profissionais na área.

Em julho de 2007, tramitava na Câmara dos Deputados um o projeto de lei (PL-


7109/2006). Ele teve parecer favorável do relator em 21/11/2006, mas não foi
votado neste mesmo ano, sendo arquivado. Em março de 2007, o projeto foi
desarquivado e foi aprovada a solicitação para encaminhamento à Comissão
de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI). Após idas e
vindas devido ao despacho incompleto, em 12/06/2007, finalmente o projeto
chegou a esta comissão com a proposição PL-7236/2006 apensada.

Página 72

O que diz este projeto?

O projeto restringe o exercício da atividade profissional, na forma de “reserva


de

mercado”, a profissionais formados ou aos que comprovarem 5 anos (ou mais)


de

atividades na área. Assim está no projeto:

Início da citação

Art. 2º As atividades ocupacionais mencionadas no artigo anterior poderão ser


exercidas pelos: a) Os diplomados em nível superior em cursos de informática
ou computação, processamento de dados, sistemas de informação e áreas
correlatas reconhecidos pela legislação de ensino do País. b) Os possuidores
de diplomas de escolaridade estrangeira do mesmo nível superior mencionado
no inciso anterior que possam ser revalidados em nosso País, de acordo com a
legislação em vigor. c) Os tecnólogos e os formados em cursos sequenciais e
cursos técnicos que venham a ser capacitados no respectivo nível ocupacional,
de acordo com os devidos diplomas, segundo as exigências legais desses tipos
de formação profissional. d) Os que na data desta lei tenham exercido
comprovadamente cinco (5) anos em atividades de informática, computação ou
correlatas, mencionadas nas letras anteriores. (BRASIL, 2007a, p.1)

Fim da citação

Além disso, tramita junto a esse projeto um apensado (o PL 7236/2006) que


regulamenta a criação dos Conselhos de Inscrição Profissional da área
tecnológica.

Início da citação

Art. 1º Todos que tiverem diplomas de Cursos Tecnológicos ou Sequenciais,


obtidos em instituições universitárias com funcionamento devidamente
legalizado, poderão se inscrever em Conselhos Profissionais existentes no
País, desde que estejam os mesmos vinculados as suas ocupações, segundo
o entendimento dos respectivos órgãos dirigentes; Art. 2º Se o curso
profissional Tecnológico ou Sequencial não se inserir no disposto no Artigo
anterior, o interessado poderá, com seu respectivo diploma, ser registrado em
repartição do Ministério do Trabalho, na forma regulamentar, até que seja
criado o respectivo Conselho da sua ocupação profissional; Art. 3º O Poder
Executivo, no prazo de 120 dias, remeterá à Câmara dos Deputados Projeto de
Lei disciplinando a criação de Conselhos Profissionais das novas ocupações de
trabalho não previstas na legislação e no mercado econômico; (BRASIL,
2007b, p.1)

Fim da citação

Na trajetória dessa discussão e contrária a essa proposta, está uma das


entidades de grande representação nacional, ou seja, a Sociedade Brasileira
de Computação (SBC) (Para conhecer essa Sociedade acesse:
http://www.sbc.org.br/), uma sociedade científica que fomenta e desenvolve
pesquisa científica na área da Computação.

Página 73

Antes mesmo da atual proposição de lei, após inúmeros debates, a SBC


(2006), elaborou um documento que define a posição da instituição sobre o
assunto, sendo favorável a proposta de um outro projeto de Lei PL 1561/2003
(arquivados em 31/01/2007 em função da nova legislatura).

Em resumo, para a SBC, os princípios que deveriam ser observados em uma


eventual regulamentação da profissão são:

a. o exercício da profissão de informática deve ser livre e independer de


diploma ou comprovação de educação formal;

b. nenhum conselho de profissão pode criar qualquer impedimento ou restrição


ao princípio acima;

c. a área deve ser autorregulada.

Esses princípios foram elaborados com base em argumentos construídos pela


comunidade da SBC e estão detalhados em um documento justificando o
Projeto de Lei (Este projeto, apresentado ao Plenário da Câmara Federal dos
Deputados, em 27 de julho de 2003, entrou em tramitação e desde então
outros projetos de lei foram anexados a ele, chegando-se ao atual PL
7109/2006.) apoiado por ela que é o da autorregulamentação.

Início da citação
[...] posiciona-se CONTRA o estabelecimento de uma reserva de mercado de
trabalho, geralmente instituída pela criação de conselho de profissão em
moldes tradicionais, o qual, como já ocorre em muitas outras áreas, pode levar
a uma indevida valorização da posse de um diploma, em detrimento da posse
do conhecimento, que é a habilitação que ele deveria prover. Por outro lado, a
SBC é a FAVOR de liberdade do exercício profissional, sendo o conhecimento
técnico-científico e social, normalmente adquirido em curso superior de boa
qualidade, o principal diferencial de competência profissional. O diploma, com
todas as informações que o compõem, é o principal e melhor instrumento para
proteção da Sociedade. (Idem).

Fim da citação

A SBC emitiu um longo parecer analisando os prós e contras da


regulamentação da profissão, bem como da reserva de mercado, da criação de
conselhos profissionais e outros itens desta lei. Para a SBC:

Início da citação

Diferentemente de outras áreas do conhecimento humano, a Informática


permeia de forma profunda e evidente quase todas as áreas do conhecimento
humano. Para resolver problemas com nível adequado de qualidade, além dos
conhecimentos técnicos de Informática, o profissional deve possuir
competência nas áreas da aplicação específica, sejam elas de engenharia,
medicina, administração, música etc. Se no início a multidisciplinaridade da
formação profissional era uma consequência direta da

Fim da citação
Página 74

Início da citação (Continuação da citação da página 73)

inexistência de cursos superiores de Informática, hoje é uma exigência para


atender à demanda da sociedade por aplicações novas e cada vez mais
sofisticadas. E multidisciplinaridade se constrói sobre as férteis bases da
liberdade de atuação profissional. (SBC, 2007)

Em resumo, para a SBC, “a exigência de diplomas ou outros documentos


indicadores de qualidade deve ser facultada às entidades contratantes, e não
uma obrigação legal”, e a autorregulação da profissão, proposta pela SBC,
daria-se por meio de “algum órgão fiscalizador que, de alguma forma, garanta a
qualidade do exercício profissional”. (Idem).

Para tal, a proposta é que,

Início da citação

[...] as entidades organizadas do setor de Informática, representativas dos


trabalhadores, de empresas e da comunidade científica de ensino e pesquisa
em Computação deveriam constituir um Conselho de autorregulação, o qual
deve obrigatoriamente diferir dos tradicionais conselhos de profissão, nos
seguintes aspectos: 1) a função deste Conselho seria primordialmente o
controle de qualidade das atividades profissionais e monitoramento de
possíveis desvios de conduta ética; 2) o Conselho de autorregulação, por ser o
resultado

de um ato espontâneo da sociedade, sem aprovação formal


no Congresso Nacional, não teria poder de sanção penal,

mas somente as de cunho moral e ético; 3) o Conselho de

autorregulação teria o compromisso de criar, rever e divulgar

periodicamente à sociedade padrões de referência de qualidade

que poderiam ser exigidos dos profissionais pela sociedade;

3) não haveria obrigatoriedade de registro de qualquer espécie

neste Conselho, nem para indivíduos e nem para empresas e 4) o

Conselho não teria poderes para emitir Resoluções Normativas,

restringindo à liberdade de quem quer que seja. (Ibidem)

Fim da citação

Nesse debate, encontramos ainda uma outra a posição da Executiva Nacional


dos Estudantes de Computação (ENEC), apresentada num primeiro momento,
na forma de um projeto de regulamentação da profissão, em assembleia
nacional, no ano de 2006.

Nessa proposta, o exercício profissional deve ser livre:

Início da citação

Art. 2º - É livre em todo o território nacional o exercício de qualquer atividade


econômica, ofício ou profissão relacionada com as áreas de computação,
informática e suas correlatas, respeitando-se o direito universal do exercício da
cidadania do ser humano. Art. 3º - Poderá exercer a profissão das
Fim da citação

Página 75

Início da citação (Continuação da citação da página 74)

áreas de computação, informática e suas correlatas todo e qualquer cidadão,


tendo a alternativa de filiar-se ou não ao CFCI - Conselho Federal de
Computação e Informática, e ao seu respectivo CECI - Conselho Estadual de
Computação e Informática. (ENEC, 2007)

Fim da citação

A diferença entre esta proposta e a posição da SBC é a sugestão da criação


dos conselhos profissionais. Na proposta da ENEC “Cria o CFCI - Conselho
Federal de Computação e Informática e dos seus respectivos CECI -
Conselhos Estaduais de Computação e Informática.”.

A adesão dos profissionais a esse conselho é facultativa, e os que desejarem


se filiar aos conselhos devem atender aos quesitos de:

Início da citação

a. Possuidores de diploma de nível superior na área de computação,


informática e suas correlatas;
b. Possuidores de diploma de pós-graduação (Lato Sensu e Stricto Sensu) na
área de computação, informática e suas correlatas;

c. Possuidores de diploma de nível técnico na área de computação, informática


e suas correlatas

d. Possuidores de certificação na área de computação, informática e suas


correlatas;

e. Que exerçam atividade na área de computação, informática e suas


correlatas, desde que aprovados em avaliação de conhecimentos específicos,
dentro de sua área de atuação. (Idem)

Fim da citação

Diante dessas questões, você saberia responder para que serviria o conselho
numa proposição como essa da ENEC?

Nesse caso, seria de identificar especializações dos profissionais de


informática e estabelecer suas denominações e atribuições e atualizar sempre
que se faça necessário as especificidades da área. Além de regulamentar
questões como jornada de trabalho e outras para defender a qualidade do
trabalho na área de TI.

Assim, os projetos na área de TI deveriam ser assinados sempre por um


profissional técnico, ficando esse, bem como a empresa que o contratou,
responsável judicialmente.

Em resumo, na proposta da ENEC, qualquer cidadão é livre para o exercício


profissional de TI, podendo ou não ser filiado ao conselho, mas qualquer um
que esteja nesta função será responsável por seus projetos.
E como ficou a situação desta proposta da ENEC após o PL 7109/2006? ?

Página 76

Em uma proposta de substitutivo mais atual para o PL 7109/2006, a ENEC,


apoiada por outras entidades como a Assespro (Associação das Empresas
Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet) e a Fenainfo
(Federação Nacional das Empresas de Serviços Técnicos de Informática e
Similares), pressupõe algumas mudanças. Dentre elas, sobre quem poderia
afiliar-se aos conselhos profissionais. Ficando assim:

Início da citação

1. Os possuidores de diploma de nível superior em Processamento de Dados,


Análise de Sistemas, Ciência da Computação, Informática ou Engenharia de
Software expedido no Brasil por escolas oficiais ou reconhecidas pelo Governo
Federal; 2. Os diplomados por escolas estrangeiras reconhecidas pelas leis de
seus países e que revalidem seus diplomas de acordo com a legislação em
vigor; 3. Os que, na data de entrada em vigor desta lei, possuam diploma de
pós-graduação em Processamento de Dados, Análise de Sistemas, Ciência da
Computação, Informática ou Engenharia de Software expedido no Brasil por
escolas oficiais ou reconhecidas pelo Governo Federal; 4. Os que, na data de
entrada em vigor desta lei, comprovem o exercício, durante período não inferior
a cinco anos, das atividades e atribuições definidas no Art 4°. (ASSESPRO,
ENEC & FENAINFO, 2007).

Fim da citação

O que dizem os estudantes e profissionais de informática sobre este debate?


Acompanhando um Fórum de debates sobre o tema, há os que defendem a
formação acadêmica obrigatória (curso superior ou curso técnico
profissionalizante), com o argumento que o exercício da profissão exige
conhecimentos e responsabilidades adquiridos somente com a formação
adequada.

Esta é a opinião de Luis Fernando (é Administrador de Rede da Instituto


Educacional de Castro, formado em Tecnologia em Sistemas de Informação.
Comentário publicado em 04/06/2007.), ao participar de um debate sobre o
assunto: “Imaginei como isso seria importante para todos nós, pois se por
acaso acontecesse acabariam esses picaretas de esquina, pois dai não
ocorreriam mais esses caras que fazem programa de uma loja por R$100,00 e
também acabava esta triste fama que os profissionais de informática
carregam[...]”

Para ele e outros colegas, as empresas não poderiam contratar “qualquer um”
que se diga qualificado, que tenha realizado apenas cursinhos complementares
e não tenha se dedicado aos estudos na área com profundidade.

Página 77

Por outro lado, há os que defendem que a regulamentação deveria ocorrer pela
possibilidade dos profissionais comprovarem a capacidade do exercício
profissional, por meio de avaliações de conhecimentos específicos. Em um
outro debate, esta foi a opinião de Gilfran Ribeiro, enquanto aluno do curso de
computação:

Início da citação
Defendo a regulamentação da profissão, mas não só favorecendo os formados
ou formandos, e sim os PROFISSIONAIS DE INFORMÁTICA como um todo,
os técnicos, analistas e demais ramificações da área, mas para isso
precisamos de um conselho forte, que nos certifique e mostre para a sociedade
que o membro deste conselho está apto a responder pelas tarefas no qual o
conselho (no meu caso SBC) me certifica, ou seja, usando meu exemplo, a
SBC me “testaria” e através deste teste me “indicaria” (ou não) para exercer tal
função, aí caberia à empresa que está contratando um profissional de
informática, contratar um que seja indicado pelo conselho, ou que não tem tal
indicação (o conhecido barato que sai caro...), e para tal certificação não seria
obrigatório apenas certificar pessoas de 3º grau, poderia haver variações de
certificação, por exemplo: Sou um bacharel certificado, ou sou um técnico
certificado, e tal “status” poderia ser conferido através da entidade, por telefone
ou via web mesmo. Fonte: http://www.profissionaisdetecnologia.com.br/
modules.php?name=Forums&file=viewtopic&t=2&high light=

Fim da citação

E por fim, para reflexão, a opinião de Washington Fazolato, analista de suporte


que está há bastante tempo na área:

Início da citação

Atuo na área há 18 anos e sempre ouvi falar em regulamentação. O que alguns


companheiros escreveram sobre o mercado ser invadido por pessoas com
qualificação mínima é verdade, mas esse movimento é provocado por algumas
empresas. No entanto, convém lembrar que, como em qualquer área, os bons
profissionais são valorizados e se destacam. O lado ruim de uma eventual -
não provável - regulamentação é que teríamos “anuidades” a pagar e não creio
que teríamos um órgão a lutar por nós. Outro problema seria quanto à
qualificação. Só poderiam ser aceitos profissionais com cursos específicos de
TI ou qualquer curso de ciências exatas serviria? Parece que já rolou uma
discussão sobre isso, inclusive na comissão que trata do projeto e não
chegaram a um acordo. Existem várias empresas que possuem profissionais
em altos postos de TI, com formação em Engenharia, Administação de
Empresas e outras. Essas empresas, com certeza, não abrirão mão desses
profissionais. (Disponível em . Acesso em 12 ago. 2007.)

Fim da citação

Página 78

O que mais deve ser levado em conta na temática do exercício profissional em


TI?

Como em qualquer outra profissão, um aspecto fundamental que você precisa


observar são as obrigações do ponto de vista da conduta Moral, da Ética Social
e Profissional (A Moral é disciplina com fundamento na Filosofia Moral e na
Teologia Moral. A Ética é a prática da Moral. Embora lastreada em disciplina
teórica, a Ética é essencialmente prática. Há que se distinguir a ética social da
ética profissional. A Ética Social é aquela cujo controle é difuso, é disperso pela
sociedade. Diz respeito a um grupo social, maior ou menor. É a Ética Social
que, embora não escrita, não admite, por exemplo, que os fiéis de uma igreja
cristã compareçam ao culto religioso em traje de banho. Já a Ética Profissional
é de controle unificado, por uma entidade que congrega os profissionais de
determinada área. (CUNHA JÚNIOR, 2006).).

Esses preceitos ditam, dentre outras coisas, como deve ser o comportamento
diante de questões onde há dilema e riscos, como por exemplo, a segurança
de informações, a privacidade dos usuários, uma relação adequada com os
clientes internos e externos, bem como com os colegas de trabalho,
independente do nível hierárquico.

Ao comentar a importância da conduta ética para o profissional de TI, o


Professor de Direito de Informática da Universidade Católica do Salvador,
Eurípedes Brito Cunha Júnior, cita que:

Início da citação

Agir conforme a Ética é um requisito da vida em sociedade e é tão importante


que até mesmo o mundo empresarial globalizado está a exigir de todos
aqueles que pretendem sobreviver profissionalmente um comportamento ético,
uma postura politicamente correta diante dos consumidores, fornecedores e
meio ambiente. Por isso, as empresas põem em prática cartilhas de conduta,
manuais de atendimento ao cliente, cartilhas de política de utilização de
recursos tecnológicos, acesso à internet, privacidade e segurança etc. (CUNHA
JÚNIOR, 2006, p. 1)

Fim da citação

Para esse autor, de nada adianta a definição de regras de conduta se elas não
forem claras, se os indivíduos não entenderam a sua importância e não as
seguirem.

Mas como e por quem é definido o código de ética das profissões? Existe
código de ética profissional em TI?
No Brasil, compete aos Conselhos Federais a criação dos Códigos de Ética,
“[...] fixando condutas obrigatórias, permitidas e proibidas, e as penas para sua
violação, bem como os regimentos que cuidam dos procedimentos ético
disciplinares, ou seja, da tramitação dos processos contra os profissionais
acusados de violar as normas ético-profissionais.” (Idem).

Lembre-se do que você estudou no início desta seção, ou seja, que não há

regulamentação da profissão de TI no Brasil e, por consequência, não há um

Código de Ética Profissional instituído oficialmente.

Página 79

Seção 4

Panorama do mercado de trabalho em TI

Segundo a IDG Now, site que divulga números, pesquisas e estatísticas do


mercado de tecnologia da informação, com base em estudos:

Em 2006 foi estimado que 1,9 milhão de pessoas atuam e estima-se que 630
mil novos empregos deverão ser gerados em TI nos próximos quatro anos na
América Latina.

Antes de seguir em frente, é importante relembrar que nas organizações


desenvolvidas o sistema produtivo gira em torno de princípios do aumento da
produtividade baseada em conhecimentos, por intermédio do desenvolvimento
e da difusão das tecnologias da informação e pelo atendimento dos pré-
requisitos para utilizá-las (CASTELLS, 1999, p. 268).

Isso significa que as profissões administrativas, especializadas e técnicas, de


uma forma ou de outra, sofrem variações e interagem diretamente com a
Tecnologia da Informação, sendo muitas vezes difícil de distinguir entre as
categorias profissionais que são apenas usuárias da TI e as categorias
profissionais que atuam diretamente no seu planejamento e desenvolvimento.

Como entender essas diferenças e situar a atuação do profissional e o


mercado de trabalho em TI?

As denominações das áreas de atuação profissional variam mundialmente, em


cada país, região ou organização. Por isso, para listar um rol de profissões em
TI no Brasil, vamos utilizar a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).

As categorias da CBO, em constante construção, são divididas em famílias


(áreas), as quais se desdobram nas ocupações e seus sinônimos (subáreas).

A classificação das áreas e subáreas que você acompanhará a seguir é


bastante clássica e tem apenas a finalidade de facilitar este estudo, uma vez
que, no contexto real, elas poderão estar agrupadas ou serem desenvolvidas
por diferentes profissionais. Além disso, elas se interligam e se alteram com
grande mobilidade.

Veja as principais categorias encontradas:

Página 80
Início da tabela

Família Descrição Ocupações


Analistas de sistemas Desenvolvem e Analista de
computacionais implantam desenvolvimento de
computacionais sistemas;
Desenvolvem e
implantam sistemas Analista de redes e de
informatizados, comunicação de dados;
dimensionando
requisitos e Analista de sistemas de
funcionalidade do automação; Analista de
sistema, especificando suporte computacional.
sua arquitetura,
escolhendo ferramentas
de desenvolvimento,
especificando
programas, codificando
aplicativos.

Administram ambiente
informatizado, prestam
suporte técnico ao
cliente e o treinam,
elaboram documentação
técnica.

Estabelecem padrões,
coordenam projetos e
oferecem soluções para
ambientes
informatizados e
pesquisam tecnologias
em informática.
Engenheiros em Projetam soluções em Engenheiro de
computação tecnologia da aplicativos em
informação, computação;
identificando problemas
e oportunidades, criando Engenheiro de
protótipos, validando equipamentos em
novas tecnologias e computação;
projetando aplicativos
em linguagem de baixo, Engenheiro de sistemas
médio e alto nível. operacionais em
computação.
Implementam soluções
em tecnologia da
informação, gerenciam
ambientes operacionais,
elaboram
documentação,
fornecem suporte
técnico e organizam
treinamentos a usuários.

Continua

Página 81

Família Descrição Ocupações


Administradores de Administram ambientes Administrador de banco
redes, sistemas e computacionais, de dados;
definindo parâmetros de
banco de dados utilização de sistemas,
implantando e Administrador de redes;
documentando rotinas e
projetos e controlando Administrador de
os níveis de serviço de sistemas operacionais.
sistemas operacionais,
banco de dados e redes.

Fornecem suporte
técnico no uso de
equipamentos e
programas
computacionais e no
desenvolvimento de
ferramentas e
aplicativos de apoio para
usuários, orientam na
criação de banco de
dados de sistemas de
informações
geográficas, configuram
e instalam recursos e
sistemas
computacionais,
gerenciam a segurança
do ambiente
computacional.

Podem aplicar
geotecnologia em
sistemas
computacionais.
Continua

Página 82

Família Descrição Ocupações


Diretores de serviços de Planejam e coordenam
informática atividades de tecnologia
de informação e de
serviços de informática,
definindo objetivos,
metas, riscos, projetos,
necessidades dos
clientes e
acompanhando
tendências tecnológicas.

Dirigem e administram
equipes, delegando
autoridade e
aperfeiçoando perfil e
desempenho da equipe
e fornecedores;
controlam qualidade e
eficiência do serviço;
implementam serviços e
produtos; prestam
contas, reportando
andamento dos projetos,
riscos, resultados de
rentabilidade e
pesquisas de satisfação,
aos acionistas, clientes,
funcionários,
fornecedores e
sociedade.

Organizam recursos
humanos, materiais e
financeiros.
Gerentes de tecnologia Gerenciam projetos e Gerente de rede;
da operações de serviços
informação de tecnologia da Gerente de
informação. Identificam desenvolvimento de
oportunidades de sistemas;
aplicação dessa
tecnologia. Gerente de produção de
tecnologia da
Administram pessoas e informação;
equipes e interagem
com outras áreas. Gerente de projetos de
tecnologia da
informação;

Gerente de segurança
de tecnologia da
informação;

Gerente de suporte
técnico de tecnologia da
informação.

Continua

Página 83
Família Descrição Ocupações
Técnicos em operação e Operam sistemas de Operador de
monitoração de computadores e computador (inclusive
computadores microcomputadores, microcomputador);
monitorando o Técnico de apoio ao
desempenho dos usuário de informática
aplicativos, recursos de (helpdesk)
entrada e saída de
dados, recursos de
armazenamento de
dados, registros de
erros, consumo da
unidade central de
processamento (CPU),
recursos de rede e
disponibilidade dos
aplicativos.

Asseguram o
funcionamento do
hardware e do software;
garantem a segurança
das informações, por
meio de cópias de
segurança e
armazenando-as em
local prescrito,
verificando acesso
lógico de usuário e
destruindo informações
sigilosas descartadas.
Atendem clientes e
usuários, orientando-os
na utilização de
hardware e software;
inspecionam o ambiente
físico para segurança no
trabalho.
Técnicos de Desenvolvem sistemas Programador de
desenvolvimento de e aplicações, internet;
sistemas e aplicações determinando interface Programador de
gráfica, critérios sistemas
ergonômicos de de informação;
navegação, montagem Programador
da estrutura de banco de máquinas -
de dados e codificação ferramenta
de programas; projetam, com comando numérico;
implantam e realizam Programador de
manutenção de multimídia.
sistemas e aplicações.

Selecionam recursos de
trabalho, tais como
metodologias de
desenvolvimento de
sistemas, linguagem de
programação e
ferramentas de
desenvolvimento.

Planejam etapas e
ações de
trabalho.
Quadro 2.2 – Rol de profissões em TI no Brasil

Fonte: Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)

Fim da tabela

Página 84

Além dessas, são apresentadas, na CBO, outras ocupações e sinônimos


ligadas a famílias da área de educação e pesquisa em geral. São exemplos:

- Pesquisador em ciências da computação e informática: desenvolve pesquisas


científicas em computação e informática, coletando, analisando e tratando
dados. Cria metodologias, técnicas, equipamentos e ferramentas para
pesquisa, com a realização de experimentos e a construção de modelos e
teorias. Elaboram projetos e coordenam atividades de pesquisa, formam
recursos humanos, disseminam conhecimentos científicos. Podem prestar
serviços de consultoria, realizar avaliações em P&D, bem como dar aulas.

- Professor de informática (no ensino superior): leciona, realiza pesquisas,


produz trabalhos acadêmicos em sua área de competência; orienta alunos,
planeja e implementa cursos e disciplinas, avalia desempenho do aluno, de
programas e instituições. Coordena atividades acadêmicas e científicas. Pode
prestar assessoria nas áreas técnica e científica e colaborar em atividades
institucionais.

- Instrutor de informática (ensino profissional): planeja e desenvolve situações


de ensino e aprendizagem voltadas para a qualificação profissional de jovens e
adultos, orientando-os nas técnicas específicas da área em questão. Avalia o
processo de ensinoaprendizagem; elabora material pedagógico; sistematiza
estudos, informações e experiências sobre a área ensinada; garante
segurança, higiene e proteção ambiental nas situações de
ensinoaprendizagem; faz registros de documentação escolar, de oficinas e de
laboratórios. Pode prestar serviços à comunidade, desenvolvendo atividades
que mobilizam capacidades comunicativas.

Essas não são as únicas áreas de atuação dos profissionais de TI. Pelo
contrário, essa lista nos remete a questões sobre o presente e futuro das
ocupações em TI no Brasil e no mundo. Em função de inúmeras dificuldades,
não há indicadores precisos dos recursos humanos em TI.

Para Galvão (apud OLINTO, 2004), as principais barreiras para mensuração


das ocupações nessa área são:

- a sociedade atual, em constante e acelerada mudança;

- a generalização das TICS, fazendo com que se torne difícil distinguir o


trabalho especializado na área;

- a valorização de determinadas qualidades intangíveis do trabalhador.

Página 85

Você já ouviu falar em CIO?

Este é um título dado em muitas organizações para o responsável pela área de


TI. A sigla significa Chief Information Officer.

Não há uma qualificação especial típica para CIOs. Cada posição diferente

de um CIO tem a sua própria maneira de trabalho. Até pouco tempo, muitos
CIOs possuíam formação em ciência da computação, engenharia de software
ou sistemas de informação, mas isso não é uma generalidade. Muitos eram
tidos como técnicos há algum tempo. Mais recentemente, é mais importante
para um CIO demonstrar sua capacidade de liderança, seu faro para negócios
e sua perspectiva de estratégias muito mais do que habilidades técnicas. É
muito comum, hoje, o CIO ser apontado no lado executivo de uma organização,
e não mais técnico.

Você observou como os nomes dos cargos bem como as funções


desempenhadas na área de TI são cada vez mais abrangentes?

Por outro lado, mesmo com as limitações, há alguns indícios que permitem
avaliar o espaço ocupado pelo profissional em TI. Essas pistas mostram que o
mercado de trabalho tem crescido, mesmo que isso não seja uma regra geral
em todos os países ou em todas as regiões de um país.

Como é este cenário no Brasil? Como avaliar, então, a expansão ou retração


do mercado de trabalho em TI em um país com tantas diferenças regionais e
com uma realidade social tão desigual?

Há opiniões divergentes a esse respeito, como, por exemplo: existe uma


diminuição na indústria de informática, como enxugamento de oportunidades
de trabalho no setor de serviços em TI (POCHMAN, 2003); ou, há o
crescimento das ocupações em TI, mas com diminuição do prestígio
profissional, queda e variação nos salários e diferenças na remuneração da
profissão entre homens e mulheres. (JANNUZZI, 2003).

Por outro lado, encontram-se opiniões otimistas acerca do crescimento do setor


de TI, o que representa uma boa fatia do mercado para o profissional dessa
área. É o que diz Ricardo Kurtz, empresário e presidente da Associação das
Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet –
ASSESPRO:
Início da citação

Estamos vivendo um momento no qual conseguimos ter a percepção de que


existe grande potencial e várias condições necessárias para que o Brasil inicie
um novo e pujante ciclo de desenvolvimento econômico, tendo como
protagonista o setor de tecnologia da informação (TI). Isso pode acontecer de
duas formas: Primeiro, pela geração de emprego e renda proporcionados pelas
próprias Empresas de TI. Trata-se de

Fim da citação

Página 86

Início da citação (Continuação da citação da página 85)

uma indústria limpa, que utiliza mão de obra em larga escala,

pagando remunerações acima da média dos outros segmentos

econômicos, com produtos e serviços que geram um alto valor

agregado. A outra forma é pelo ganho de produtividade que

toda a economia do País terá, pois a TI é o único setor que,

através de seu trabalho, consegue ajudar a elevar a qualidade e

produtividade de todos os outros.

Fim da citação

Outros indícios de que o segmento de TI apresenta novas oportunidades de


trabalho foram apresentados na revista Você S/A (agosto de 2006).

Início da citação

As empresas de TI são as que mais bem remuneram os

funcionários no país. O salário médio pago pelo setor de

tecnologia e computação em 2005 atingiu 4.955 reais, contra

a média de 2.761 reais dos demais setores. (...) 89 Prática

Profissional em TI Unidade 2 O salário gordo reflete o crescimento

acelerado do mercado de trabalho em tecnologia e telecom. No

ano passado, as empresas de TI demitiram 38% dos funcionários

que tinham em 2004, mas contrataram 64% mais pessoas,

refletindo a renovação e a expansão do quadro de pessoal. E a

aceleração prossegue. Só a IBM, sexta melhor empresa de TI

para se trabalhar no ranking da Você S/A, deve contratar 2.500

profissionais este ano.

Fim da citação

Em conjunto com esses indicadores de crescimento, encontramse muitos


outros

dados positivos relacionados com o aumento da economia no setor de TI. E

quase toda mão de obra que atua nas organizações produtoras de tecnologia,

especialmente nas funções altamente qualificadas, são profissionais da


computação.
Início da citação

872 mil era o número de profissionais de tecnologia no Brasil em 2005

e 158 mil empregos diretos eram gerados pelo mercado de software no

Brasil, dizia a IDC em janeiro de 2006. Fonte: IDGNOW (2007).

Fim da citação

Nesse cenário, ressalta-se que dentre as ocupações em TI com maiores

oportunidades estão as que exigem um preparo largamente especializado.

Entre as ocupações com crescimento mais rápido estão várias relacionadas

à tecnologia da informação de alta qualificação, como analista de redes e de

comunicação de dados, engenheiros de software, administradores de bases de


dados,

analistas de sistemas de computação e administrador de sistemas de


informação e de

computação. Por outro lado, entre as profissões em maior declínio estão várias
ligadas

a TICS, mas com um perfil diferenciado. Entre elas, observa-se uma série de
baixa

qualificação: operadores de computador, montadores de equipamentos


eletrônicos,

digitadores, operadores de telemarketing e telefonistas. (DLS apud OLINTO,


2004).
Página 87

Além disso, você não pode esquecer do mercado de negócios na área de TI e


que conta com incentivos provenientes do setor público e de outras instituições
com interesse no desenvolvimento tecnológico no Brasil.

Você já pensou em ser um empreendedor do setor de TI?

Observe, por exemplo, o fomento para a realização de negócios,


desenvolvimento de empresas e produtos em TI, dentre outros.

Início da citação

Veja o seguinte exemplo. Programa para o Desenvolvimento da Indústria


Nacional de Software e Serviços Correlatos - PROSOFT Objetivo: contribuir
para o desenvolvimento da indústria nacional de software e serviços correlatos,
de forma a: „ ampliar significativamente a participação das empresas nacionais
no mercado interno; „ promover o crescimento de suas exportações; „ fortalecer
o processo de P&D e inovação no setor de software; „ promover o crescimento
e a internacionalização das empresas nacionais de software e serviços
correlatos; „ promover a difusão e a crescente utilização do software nacional
por todas as empresas sediadas no Brasil e no exterior; „ fomentar a melhoria
da qualidade e a certificação de produtos e processos associados ao software.
São financiáveis os investimentos e os planos de negócios de empresas
sediadas no Brasil, a comercialização no mercado interno e as exportações de
softwares e serviços correlatos. Fonte: Banco Nacional de Desenvolvimento
(2007).
Fim da citação

Um outro exemplo é a criação dos parques tecnológicos, com incentivos


fiscais, financiamentos especiais, isenção de tributos federais e estaduais etc.

Mas para que sejam sustentáveis, especialmente nos primeiros anos de vida,
as novas organizações almejam a contratação de profissionais por tempo
determinado para desenvolver projetos, bem como a maleabilidade no horário
e local de trabalho, dentre outras possibilidades. Para isso, têm interesse em
mudanças na relação entre o exercício profissional em TI e as leis trabalhistas.

Este é um tema polêmico, defendido por estudiosos, como o jurista Almir


Pazzianotto Pinto. No quadro a seguir, você acompanha alguns trechos de um
artigo dele publicado na revista do Instituto Brasil para Convergência Digital
(IBCD).

Página 88

Início do quadro

Flexibilização das Leis Trabalhistas em TI

“O trabalho dignifica a alma humana”. Esse ditado popular, repetido durante


gerações, é um dos focos do estudo “Convergência Digital e adequação das
leis trabalhistas no Brasil”, do jurista, ex-ministro do Trabalho e ex-presidente
do Tribunal Superior do Trabalho, Almir Pazzianotto Pinto.
O estudo encomendado pelo Instituto Brasil para Convergência Digital (IBCD) e
entregue ao Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, traça uma ampla
interpretação do atual cenário e proposições para auxiliar o governo na
montagem de uma mobilidade trabalhista para as empresas de tecnologia
instaladas no País.

Segundo o estudo, uma das mais urgentes reformas para as empresas do


setor de informática é a trabalhista. “À semelhança do que fez a Argentina, o
nosso País deve aprovar uma lei que discipline as atividades de informática,
determinando-lhe horário flexível de trabalho, segundo escalas que atendam às
exigências técnicas e operacionais do setor”. (...) a fim de viabilizar a
concorrência no mercado global e local, com a manutenção de postos de
trabalho e criação de novos empregos no Brasil. (...)

Veja as reivindicações da empresas de TI, para aumentar a competitividade no


exterior e se consolidar no Brasil:

- Autorização para que os empregados executem as tarefas em residência ou


escritório pessoal, sem risco de fiscalização e condenação do empregado;

- Pagamento de diferenças salariais;

- Autorização para que empregador e empregado organizem bilateralmente


banco de horas; 92 Universidade do Sul de Santa Catarina;

- Instituição de horário flexível;

- Reconhecimento de que as atividades ligadas à informática estão entre


aquelas que, por exigências de natureza técnica e de mercado, não podem
sofrer solução de continuidade.

- Liberdade de negociação dos períodos de férias anuais;

- Dilatação do período previsto para o contrato de trabalho de experiência e por


prazo determinado;
- Permissão de contratação para desenvolvimento de projetos específicos, sem
formação de vínculo empregatício;

- Validade integral do contrato bilateral de trabalho, se o empregado exercer o


direito de não sindicalização, e tratar-se de mão de obra especializada;

Página 89

- Reconhecimento da validade do recibo de quitação, passado sem ressalva;


do termo de conciliação, lavrado perante comissão de conciliação prévia; e de
sentença arbitral;

- Dedução do Imposto de Renda de despesas, como treinamento de mão de


obra, capacitação e aprendizagem de idiomas, assistência médica e
previdência privada;

- Autorização para que os recursos direcionados à Contribuição Sindical


obrigatória, SESC, SENAI, SESI, sejam aplicados em capacitação profissional.

Fonte: Pinto (2007).

Fim do quadro

As propostas interferem diretamente nas relações de trabalho entre os


profissionais de TI e as empresas.

Cabe a você, enquanto profissional, futuro empregado ou empregador, analisar


os riscos e as facilidades das propostas que tratam da flexibilização nas
relações de trabalho.
Além de incentivos financeiros e em função da alta competitividade no mercado
de TI, é importante que os empreendimentos em tecnologia da informação
tenham condições de manter profissionais qualificados, que gerem resultados
positivos nos negócios.

Quando um profissional é considerado qualificado? Este é o assunto da


próxima

Seção 5

O perfil do profissional em TI

Como você estudou nas seções anteriores, o mercado de trabalho em TI


desponta em micro, pequenas, médias e grandes empresas, seja para atuar no
setor de tecnologia da informação, como funcionário ou consultor
independente. Expande-se também em negócios próprios para distribuir
produtos ou prestar serviços a outras empresas e pessoas físicas, além da
área pública, o terceiro setor e em muitas outras atividades econômicas.

Nunca é demais ressaltar que nesse contexto não basta ter uma formação para
ter sucesso no desenvolvimento da profissão. Essa diferença aparece nos
conceitos de empregabilidade e formação profissional, sendo que uma
definição mínima sobre eles deve ser conhecida por você.

Página 90

A empregabilidade é o conjunto de competências que facilitam a inserção no


trabalho, mesmo que em profissões não relacionadas com a formação
específica; diz respeito à aquisição de condições culturais e intelectuais que
permitem uma mais fácil adaptação a um posto de trabalho específico.
Enquanto que a formação profissional é mais estreita e sem essa flexibilidade,
tem a função de preparar para uma determinada área ou profissão. (NUNES,
2005).

A empregabilidade está relacionada à qualificação pessoal; as competências


técnicas deverão estar associadas à capacidade de decisão, de adaptação a
novas situações, de comunicação oral e escrita, de trabalho em equipe. O
profissional será valorizado na medida da sua habilidade para estabelecer
relações e de assumir liderança.

Veja, a seguir, um resumo de habilidades, além do conhecimento técnico, que


podem melhorar a sua empregabilidade como profissional de TI. Ser um
especialista em conhecimento técnico não é suficiente para garantir uma
carreira de sucesso ao profissional em tecnologia (Saiba quais habilidades
você precisa ter, além do conhecimento técnico, para melhorar o seu
desempenho profissional na área de TI).

Início do quadro

Confira as dicas

Do you speak english?

É consenso entre todos os especialistas ouvidos, o inglês é fundamental. Jairo

Okret, sócio da Korn/Ferry, consultoria de recrutamento executivo, diz que, em

processos seletivos, não é raro o contato com o candidato não evoluir por falta
de

domínio da língua. “Isso acontece todos os dias”, diz ele.


Gostar de gente, não só de máquina

Outra característica fundamental é a habilidade de lidar com pessoas.


Profissionais de tecnologia muitas vezes são especialistas em resolver
problemas relacionados à informática e lidam muito bem com máquinas, mas
têm dificuldade para se relacionar com colegas e gerenciar equipes. Para
Danielle Sarraf, headhunter e colunista do IDG Now!, o profissional de
tecnologia precisa ter em mente que não basta o conhecimento técnico em si.
“É importante a habilidade de se comunicar com outras áreas, interagir com
pessoas dentro e fora da empresa”.

Formação acadêmica é indispensável

Apesar de alguns profissionais acharem que o domínio da técnica dispensa a


necessidade de um curso superior, Sarraf rebate. “É indispensável no mundo
corporativo. Não é uma questão de escolha, é um pré-requisito básico, um
critério

Página 91

Continuação do quadro da página 90

de seleção”. Na hora de fazer a escolha, o profissional deve pesquisar bastante


as possibilidades, pedir recomendações para colegas e levar em conta que um
curso sempre demanda horas de dedicação. “Para aproveitar, tem que fazer
com vontade”, diz Sarraf.

Aprendendo na prática
Outras habilidades importantes, como a de lidar com equipes e comandar
projetos, são aprendidas na prática em “empresas que são boas escolas”,
segundo Okret. Passar por boas firmas ajuda a construir uma reputação e a
adquirir uma variedade de experiências ao passar de uma função para outra, a
formar um perfil de competências completo. Isso tudo é muito valorizado pelo
mercado.

É preciso saber que um bom salário não é sinônimo de carreira bem-sucedida.

Para Okret, sucesso é mais que conseguir um bom emprego: é “se


desenvolver, ser feliz e ter satisfação naquilo está fazendo”.

Fonte: IDGNOW (2007b)

Fim do quadro

O mercado valoriza a experiência profissional, mas exige além da formação


superior inicial uma permanente capacitação e, principalmente, o
desenvolvimento de habilidades e a ação com ética.

Após refletir acerca dessa questão, não se esqueça de que se por um lado
ocorre a expansão das profissões ricas em informação, por outro, a sociedade
informacional também é caracterizada por sua estrutura social polarizada,
especialmente nos países ainda não desenvolvidos ou em desenvolvimento,
nos quais o Brasil se enquadra.

Assim, é importante que você identifique as principais exigências do mercado


de trabalho para o profissional de TI, em termos de formação e de habilidades.
Assim, você poderá avaliar a sua situação em relação ao perfil apresentado e
até traçar um plano para vencer as adversidades e seguir firme rumo ao seus
objetivos.

Página 92 – Em branco

Página 93

Capítulo 4

Formação, atuação e perfil profissional do tecnólogo em gestão da TI

Seção 1

O que é a gestão de tecnologia da informação (GTI)?

Como já estudado nos primeiros capítulos, em síntese, no atual cenário de


afirmação local e de visibilidade global, cada vez mais as organizações
necessitam de estratégias e recursos para elevar a sua competitividade. E as
ferramentas da tecnologia da informação (TI) surgem para prover informações
para as áreas de negócios desenvolverem suas atividades e tomarem decisões
de forma rápida e eficiente. Além disso, a TI também age como o elo entre
essas áreas, integrando e sintetizando o quadro global da organização, além
de capturar informações e permitir a sua relação com o meio externo.

Mas como uma única área pode agregar tantos conhecimentos e dar conta
desses objetivos?

Não há fórmulas mágicas, mas muito estudo e análise. A área da Gestão da


Tecnologia da Informação (GTI) buscará, nas diversas ciências e na
experiência organizacional, os subsídios necessários para a sua concepção e
inserção como um campo de estudos a ser altamente respeitado e aplicado.

Página 94

Início da citação

Cada vez mais a TI precisa falar a língua dos negócios e estar totalmente
alinhada com os objetivos corporativos da empresa. Foi-se o tempo onde as
pessoas que trabalhavam no CPD poderiam ser os nerds da empresa, e
ficavam trancadas nas salas comendo e digitando o dia todo. Hoje, TI tem que
estar dentro do negócio, participando dele e apoiando, e participando das
tomadas de decisões. (RODRIGUES, 2006).

Fim da citação

Para você melhor compreender como a GTI pode alcançar esses objetivos, é
importante conhecer os conceitos apresentados a seguir.

O que é gestão?

Desde a administração científica de Taylor, a gestão tem como base o


planejamento, a implementação dos planos e seus respectivos mecanismos de
controle, para se alcançar os objetivos.

Hoje, gerir envolve uma gama muito mais abrangente e diversificada de


atividades do que no passado. Consequentemente, o gestor precisa estar apto
a perceber, refletir, decidir e agir em condições totalmente diferentes do que
antes (TEIXEIRA, 2005).

Em função da complexidade do mundo atual, a gestão, segundo o mesmo


autor, deve relacionar aspectos como:

Quadro 4.1 – Aspectos relacionados à Gestão

Início da tabela

Interdisciplinaridade pressupõe o envolvimento de pessoas


com perfis profissionais e linguagens
diferentes
Complexidade ter o entendimento da diversidade de
situações e suas varáveis
Exiguidade o cumprimento de prazos que exige a
administração do tempo e a tomada
de decisões rápidas
Multiculturalidade a convivência com outras culturas
para lidar com situações de contato
com clientes, fornecedores, parceiros,
terceiros, equipes de outras unidades
organizacionais, inclusive do
estrangeiro
Inovação a necessidade de acompanhar a
evolução das formas de gestão, da
tecnologia da informação
Competividade a atenção ao ambiente de mercado,
em especial das entradas de outras
organizações e produtos
Fonte: Teixeira (2005).

Fim da tabela

Página 95

Em resumo, é importante que você entenda a gestão como a otimização dos


recursos disponíveis para alcançar os objetivos de uma organização ou
empresa.

O que é a tecnologia da informação?

O termo tecnologia da informação serve para designar o conjunto de recursos


tecnológicos e computacionais para geração e uso da informação. A TI está
fundamentada nos componentes de hardware e seus dispositivos periféricos,
de software e seus recursos; de sistemas de telecomunicações; e de gestão de
dados e informações. (WIKIPEDIA, 2007).

O que é gestão da tecnologia da informação?

A gestão da tecnologia da informação, segundo Mañes (2001), é a aplicação


das técnicas de gestão em apoio a processos de inovação tecnológica,
integrando princípios e métodos de gestão (administração), avaliação,
economia, engenharia, informática e matemática aplicada.

Para a adequada gestão da tecnologia da informação, segundo o mesmo autor,


é necessário ao gestor desenvolver a visão de:
Quadro 4.2 – Visões que o gestor deve desenvolver

Início da tabela

Estratégia enquanto obtenção da vantagem


competitiva da
tecnologia utilizada, em face do
desenvolvimento dos
sistemas de informação;
Liderança aquela que se obtém por meio das
relações com o
grupo de trabalho, no sentido de levá-
las a realizar os
objetivos estabelecidos; e
Empreendedorismo necessário quando se está
introduzindo mudanças
nos processos da organização, ou
seja, na
implantação de novas tecnologias.

Fonte: Mañas (2001).

Fim da tabela

Como para uma efetiva gestão da TI é indispensável que haja uma integração
com o negócio no qual ela está estabelecida, neste contexto, a figura do gestor
é essencial. Portanto, cabe à organização fazer escolhas adequadas de perfil e
formação do profissional que estará à frente da gestão de TI.
Página 96

Seção 2

Quem é e onde o gestor de TI pode atuar?

O perfil do profissional de gestão da TI compreende os conteúdos que ele


deverá dominar e as habilidades que deverá desenvolver para o exercício de
suas atividades.

Independente do vínculo trabalhista ou do empreendimento no qual atuará, o


gestor de TI necessita de uma sólida formação, preferencialmente de nível
superior, complementada por cursos de pós-graduação, de curta duração ou de
certificações profissionais.

Você recorda do CIO?

A missão de dar suporte à direção das corporações no processo de tomada de


decisão estratégica está cada vez mais vinculada ao perfil de um Chief
Information Officer (CIO). Hoje, é valorizado o profissional que consegue
enxergar o que é necessário para o futuro, que percebe as ações da
concorrência, consegue terceirizar os processos e ganhar com isso. O CIO de
hoje também é mais envolvido com gestão de contratos e tem atuação direta
no controle de eficiência dos processos e sistemas em relação aos custos.
Esse novo perfil contrasta-se com o CIO do passado, que tinha como missão
gerenciar a tecnologia mais como infraestrutura do que como negócio. Além de
tentar buscar o diferencial que as empresas estão procurando, o CIO deve
avaliar e desenvolver aspectos de liderança, pensando exatamente nas
impressões que passará à sua equipe, de forma que os profissionais se
lembrem dele como exemplo de carreira. (FUSCO, 2007).

Observe que, independente do nome do cargo, o novo desafio dos gestores de


TI está no alcance de metas e objetivos organizacionais específicos, em vez de
somente satisfazer pedidos isolados de usuários, muitas vezes não
relacionados aos objetivos organizacionais.

O líder em TI deve saber conciliar esses dois lados dentro da organização. É


importante que ele seja capaz de argumentar sobre clientes, concorrência
global e retorno sobre investimento, e não falar somente de plataformas,
computação cliente/servidor e orientação a objetos. Precisa combinar
habilidades de liderança e comunicação com conhecimentos técnicos e do
negócio, ser capaz de exercer um papel decisivo em todas as questões de
gestão da informação e de aprimoramento dos processos organizacionais.
(CARMO, 2007)

Na era da complexidade organizacional, as funções dos gestores tendem a se


ampliarem. Mas saiba, também, que as funções estudadas até agora ainda não
esgotaram todas elas. Saiba que no âmbito de formação geral é recomendável
ao gestor possuir capacidade de escrita e leitura em dois ou mais idiomas
(incluindo a língua portuguesa), boa cultura, visão geral da sociedade, da
gestão

Página 97

nas organizações, dentre outros. E no âmbito pessoal, ter espírito inovador,


senso crítico, bom relacionamento interpessoal, capacidade de comunicação e
liderança, desenvolver a flexibilidade, capacidade de resolução de problemas,
dentre tantas outras. E, por último, mas não menos significante, é muito
importante que a sua formação esteja associada a uma visão ética e
humanística.

Em quais atividades atuará o gestor de TI?

Há um mercado de trabalho promissor para os profissionais dessa área que,


dependendo da sua formação e experiência, poderão atuar nas áreas de
sistemas, redes, banco de dados, comércio eletrônico, educação e outras.
Podem ser desde gerentes de TI ou de projetos específicos, consultores de
tecnologia de informação ou até empreendedores.

A seguir acompanhe algumas das atividades desenvolvidas pelo gestor de TI


(BORGES, 2007):

Quadro 4.3 – Atividades desenvolvidas pelo gestor de TI

Início da tabela

Gestão Descrição
das estratégias de utilização da TI é o alinhamento estratégico da
utilização da tecnologia da
informação, visando à continuidade
dos negócios da organização em face
da concorrência. Requer do gestor de
TI capacidade de avaliar sua
contribuição no resultado global do
negócio.
do banco de dados deve haver uma forte preocupação
com a administração dos dados da
empresa, integrando conceitos de
dimensionamento, modelagem,
construção e gestão das bases de
dados individuais e corporativas com
as demais áreas da companhia.
de pessoas e comportamento o gestor de TI estará à frente de sua
organizacional equipe, o que requer uma integração
entre as diversas áreas de
conhecimento da organização, a fim
de alinhar interesses individuais com
o retorno do investimento global da
empresa. Irá preocupar-se com a
administração, avaliação,
treinamento, desenvolvimento e
compensação das pessoas
subordinadas à área de TI.
da segurança a segurança e o controle dos
sistemas de informações requerem o
comprometimento de todos os
envolvidos no processamento de
dados. O gestor de TI deverá
preocupar-se com metodologias
adequadas à redução das
contingências e dos riscos e ameaças
às organizações, combinando
medidas manuais e automatizadas
que, juntas, correspondem ao efetivo
controle.

Continua

Fim da tabela
Página 98

Gestão Descrição
Dos sistemas envolve a escolha, implantação e o
acompanhamento de soluções que
podem atender determinadas áreas
da empresa (vendas, finanças etc.) ou
a integração das áreas por meio de
sistemas integrados de gestão (ERP).
Podem ser direcionadas à gestão do
relacionamento com clientes (CRM)
ou ainda para a gestão da cadeia de
suprimentos (SCM), dentre outras.
De e-business além dos conceitos de mercado
eletrônico e de suas categorias, cabe
ao gestor da TI avaliar o desempenho
de um comércio eletrônico,
abrangendo o estudo de modelos de
negócio, de comportamento de
usuário e de recursos.
De documentos nos casos em que a publicação de
informações digitalizadas
(documentos, vídeos, imagens etc.)
abrange o acesso por todos dentro da
organização, o gestor de TI deve
estar alinhado com esses processos
para definições de infraestrutura,
sistemas de gerenciamento eletrônico
de documentos e outros.
De contratos a aquisição de recursos de TI
(hardwares, softwares e serviços)
necessita da tomada de decisão
sobre a melhor forma (compra,
aluguel, leasing), exigindo do gestor
de TI a capacidade de negociação e
avaliação desses contratos.
da informação e do conhecimento o planejamento da utilização eficaz da
informação tornou-se fundamental
para a tomada de decisão nas
instituições, bem como para a
inovação e a aquisição de
conhecimento. Armazenar, processar
e disponibilizar informações para as
pessoas certas, na hora certa e do
jeito certo é o objetivo da gestão da
informação. A gestão do
conhecimento vai além, pois visa a
agregar valor para as organizações
por meio da disseminação da cultura
organizacional, do registro e da
disseminação de melhores práticas,
da aprendizagem organizacional e
outras ferramentas para este fim.

Fonte: Borges (2007).

Fim da tabela

Lembre-se: em qualquer projeto de TI para atender às demandas internas, a


seleção das soluções é um processo que deve envolver obrigatoriamente
outras áreas da organização.
O nível de seu envolvimento enquanto gestor de TI em cada uma dessas
atividades dependerá da função e do vínculo de trabalho que terá com a
empresa.

Página 99

Por exemplo, na função de alta gerência certamente você fará parte do quadro
funcional e estará liderando uma equipe para essas atividades. Neste caso,
estará mais afastado do dia a dia operacional. Se estiver como responsável por
projetos em uma ou mais dessas áreas, independente de fazer parte do quadro
funcional ou ser um consultor, o seu envolvimento será mais próximo da
execução das tarefas.

Seção 3

Como ficar preparado para a atuar em gestão da TI?

Para a sua formação profissional, é possível encontrar uma gama de ofertas de


cursos, em todos os níveis de ensino. É essencial avaliar qual o tipo mais
apropriado para as atividades que pretende desenvolver. Caso não tenha ainda
informações precisas, deverá informar-se ao máximo sobre o programa
escolhido.

Você deve levar em conta a instituição, o tipo de curso, o programa do curso,


os professores, se receberá diploma ou certificado, dentre outros aspectos de
qualidade.
É importante que a proposta de um curso para a Gestão da TI esteja
preocupada não somente com os aspectos técnicos da TI, mas também com a
construção do perfil profissional almejado pelo ingressante.

Que tipos de cursos existem para a formação do gestor de TI?

Essa é uma pergunta cuja resposta depende da atual formação do profissional


e de seus propósitos. A seguir são listados alguns exemplos.

- Formação inicial de graduação como tecnólogo ou bacharel.

- Cursos de pós-graduação em nível de especialização, mestrado e doutorado.

- Cursos de capacitação de curta e média duração para aperfeiçoamento


profissional.

É importante que você identifique os cursos para:

- a atualização em técnicas e métodos de trabalho. Por ex.: gerência de


projetos, qualidade de serviços etc.;

- o entendimento de áreas da organização. Por ex.: contabilidade e finanças,


logística, marketing, recursos humanos etc.;

Página 100

- o desenvolver habilidades. Por ex.: criatividade, empreendedorismo,


inovação, liderança e outras.

Uma das variáveis que você deve levar em conta para a escolha da sua
formação inicial ou capacitação continuada é o tipo de vínculo que terá com as
organizações.
Se você pretende, por exemplo, ingressar na carreira de consultor, deverá
buscar aperfeiçoamento para entender o que é o trabalho do consultor, como
ele trabalha, como fazer o marketing pessoal e potencializar as vendas dos
seus serviços. Isso tudo, claro, além dos conhecimentos e das habilidades do
gestor de TI já apresentados anteriormente.

Você também encontra os cursos que oferecem preparo para realizar as


provas e receber uma determinada certificação, habilitando-o para trabalhar
com produtos ou metodologias que são largamente disseminados e utilizados
nas organizações.

No momento de investir em uma certificação, você precisa considerar que ela


não representa garantia de sucesso no projeto de melhoria dos serviços.
Dificilmente uma certificação dará conta sozinha da formação de um
profissional para a gestão da TI. Só haverá resultados se forem agregados
conhecimentos suficientes e uma aplicação adequada.

Página 101

Considerações Finais

Caro(a) aluno(a),

Neste livro, você teve a oportunidade de refletir acerca do papel da TI em uma


Sociedade da Informação em constante construção, do desenvolvimento e da
utilização da TI alicerçada por uma proposta ética que subsidie suas ações.
É importante que você se dê conta de que o seu cotidiano está em contato com
a TI, que lhe possibilita o acesso a dados, cultura, lazer, trabalho,
entretenimento e educação. Nesse contexto, é importante perceber que a TI
viabiliza resultados de acordo com as condições sociais e históricas de cada
civilização, mas não é a responsável direta por esses resultados, já que isso
depende, em grande parte, da forma como os sujeitos a utilizam.

Isso mesmo! O acesso à TI pode permitir que os atores do mundo real


desfrutem do mundo digital, desde que sejam capazes de compreender
aspectos relativos aos modos de utilização das informações geradas e suas
implicações sociais.

Nesse cenário, você foi apresentado às possibilidades de desenvolvimento das


suas atividades profissionais, bem como às necessidades de formação inicial e
contínua, necessárias para o seu acesso e sua manutenção neste contexto.

Enquanto profissional de TI, você percebeu que tem um importante papel, em

prol de uma prática, com posicionamento crítico perante as possibilidades. É

importante que haja uma consciência individual e coletiva dos riscos contidos

em uma sociedade em que o uso da tecnologia da informação está


concentrado

em determinadas regiões, pessoas ou organismos, criando-se uma divisão


digital

entre os que têm e os que não têm acesso a ela.

Esperamos que, a partir de agora, você se considere plenamente inserido no


curso e comprometido com a busca de uma prática profissional ética e
responsável (caso isso ainda não tenha ocorrido), e que na vida acadêmica
que tem pela frente busque oportunidades de crescimento, de troca e
aprendizado, com toda a comunidade de alunos, tutores e coordenadores que
está reunida neste curso. Sucesso!

Professoras Ana e Angelita.

Página 102 – Em branco

Página 103

AFRODESCENDENTES. Blog Afrodescendentes. Disponível em <http://

afrodescendentes1.blogspot.com.br/>. Acesso em: 21 jun. 2015.

APIB. Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Disponível em <https://

mobilizacaonacionalindigena..wordpress.com>. Acesso em: 21 jun. 2015.

A REDE: Tecnologia para Inclusão Social. Disponível em <http://www.

ideiasustentavel.com.br/2011/02/tecnologia-aponta-caminhos-para-
engajamentoe-inclusao-social/> . Acesso em: 21 nov. 2005.

______. Ponto Cidadania: o mapa on-line dos municípios fluminenses. 14 abr.

2006. Disponível em: <http://www.revista.arede.inf.br/site/edicao-n-13-abril-

2006/3064-pontocidadania-o-mapa-online-dos-municipios-fluminenses> .
Acesso em: 22 jun. 2006.

ASSOCIAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE TECNOLOGIA DA


INFORMAÇÃO (ASSESPRO); EXECUTIVA NACIONAL DOS ESTUDANTES
DE COMPUTAÇÃO (ENEC); FEDERAÇÃO NACIONAL DAS EMPRESAS DE
SERVIÇOS TÉCNICOS DE INFORMÁTICA E SIMILARES (FENAINFO).
Projeto substitutivo da regulamentação da profissão das entidades. Disponível
em: . Acesso em 10 set. 2007.

AUDY Jorge Luis Nicolas. Fundamentos de sistemas de informação. Porto


Alegre: ARTMED. 2008.

BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO – BNDES. Programa para o

desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços Controlados –


PROSOFT. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/bndesprosoft>. Acesso
em: 12 mai. 2007>.

BARBOSA, Alexandre Fernandes; CUNHA, Maria Alexandra, PINTO, Sólon

Lemos. Governança eletrônica no setor público: o caso da institucionalização


do programa e-Governo no Brasil. In: OLIVEIRA, Fátima Bayama (Org.).
Tecnologia da informação e da comunicação: a busca de uma visão ampla e
estruturada. São Paulo: Pearson Prentice Hall; Fundação Getúlio Vargas, 2007.
p. 179-195.

BRASIL. Proposição: PL-7109/2006. Disponível em <http://www.camara.gov.br/

proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=325794>. Acesso em: 10


ago. 2007a.

___________. Apensado: PL 7236/2006. Disponível em


<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?
idProposicao=328310>. Acesso em: 10 ago.2007b.
Página 104

BRASIL/MEC/CNE. Parecer 29/2002 sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais


Gerais para a Educação Profissional de Nível Tecnológico. Publicado no Diário
Oficial da União de 13/12/2002. Disponível em <http://portal.
mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/cp29.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2015.

BRASIL/MJ/FUNAI. Fundação Nacional do Índio. Disponível em


<www.funai.gov.br>. Acesso em: 21 jun. 2015.

BRASIL/MMA. Campanhas e Informativos. Disponível em


<http://www.mma.gov.br/comunicacao/campanhas>. Acesso em: 21 jun. 2015.

BORGES, T. N. O controller como gestor da tecnologia da informação.


Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rac/v9n4/v9n4a07>. Acesso em 02
mar. 2007.

CARMO, R. M. Gestão da tecnologia da informação. Disponível em:


<http://www.guiarh.com.br/p62.htm> . Acesso em 29/01/2007.

CASALEGNO, Federico. Sherry Turkle: fronteiras do real e do virtual. Revista

Famecos, n. 11, dez. 1999. [on-line] Disponível em: <http://revistaseletronicas.

pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/3057/2335>. Acesso em:


28 jul. 2005

CASTELLS, Manoel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os


negócios e a sociedade. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2003.
_____. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CASTRO, Fábio de. Debandada feminina. Disponível em


<http://agencia.fapesp.br/debandada_feminina/6583/> . Acesso em: 19 mar.
2007.

CENTRO DE ESTUDOS SOBRE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA

COMUNICAÇÃO - CETIC. TIC domicílios e usuários 2006. jul./ago. 2006.

Disponível em: <http://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/tic-edicao-especial-

5anos.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2006.

COMO ABRIR a caixa preta do poder. A Rede. 4 out. 2006. Disponível em:
<http://www.revista.arede.inf.br/site/edicao-n-18-setembro-2006/3236-capa-
como-abrir-acaixa-preta-do-poder>. Acesso em: 22 jan. 2007.

CUNHA JÚNIOR, Eurípedes Brito. Faltam regras para profissionais de


Tecnologia da Informação. Disponível em???: . Acesso em: 10 jan. 2006.

COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL. TIC Domicílios e Empresas


2013: Pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no
Brasil. São Paulo, 2014. Disponível em
<http://www.cetic.br/media/docs/publicacoes/2/TIC_DOM_EMP_2013_livro_elet
ronico.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2015.

CTI. Centro de Trabalho Indigenista. Disponível em


<http://trabalhoindigenista.org.br>. Acesso em: 21 jun. 2015.
Página 105

DHnet. DHnet – Rede Direitos Humanos e Cultura. Disponível em


<dhnet.org.br>. Acesso em: 23 maio 2015.

DIAS, Cora. Crianças na web: responsabilidade de todos. In: Revista a Rede.


Nº 65 dezembro 2010. Disponível em
<http://www.revista.arede.inf.br/site/edicao-n-65-dezembro-2010/4741-
criancas-na-web-responsabilidade-de-todos-edicao-65>. Acesso em: 25 jun.
2015.

DIAS, Ronaldo. Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson Prentice Hall,


2004.

EXECUTIVA NACIONAL DOS ESTUDANTES DE COMPUTAÇÃO (ENEC).


Projeto de Regulamentação da Profissão de Informática aprovado na
Assembleia Geral dos Estudantes de Computação em 04/08/2006. Disponível
em <http://www.enec. org.br/Regulamentacao>. Acesso em: 10 set. 2007.

FCP. Fundação Cultural Palmares. Disponível em


<http://www.palmares.gov.br>.Acesso em: 21 jun. 2015.

FREY, Klaus. Governança eletrônica: experiências de cidades européias e

algumas lições para países em desenvolvimento. In: EISENBERG, José;


CEPIK, Marco (orgs.). Internet e política: teoria e prática da democracia
eletrônica. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002. p. 141-163.
FUSCO, C. CIO está menos técnico e mais estratégico. Disponível em <http://
pt.slideshare.net/seniorsistemas/valor-econmico-perfil-do-cio-deve-ser-
menostcnico-e-mais-estratgico> . Acesso em 15 fev 2007.

GREENPEACE. Eles precisam fazer mais. Disponível em


<http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Fabricantes-de-eletronicos-ainda-
precisam-eliminar-aenergia-suja-de-sua-cadeia-de-suprimentos>. Acesso em:
20 jun. 2015.

GREENPEACE. Proteste nas ‘ruas’ da internet. Disponível em <http://www.


greenpeace.org/brasil/pt/Participe/Ciberativista/>. Acesso em: 20 jun. 2015.

GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo. Editora da

UNESP, 1991.

GUESSER, Adalto Herculano. Software Livre e Controvérsias. Juruá:


Tecnocientíficas., 2006.

GYRANEK, Gunther. A visão do UNESCO sobre a sociedade da informação.


IP: Informática Pública, Belo Horizonte, ano 03, n. 1, p. 129, maio de 2002.

IDGNOW. O Brasil é o décimo país com o maior número de internautas do


mundo. [on-line] Disponível em: <http://www.infonova.com.br/noticias/brasil-e-
o-decimopais-com-maior-numero-de-internautas.html> . Acesso em: 20 fev.
2007a. _

Página 106
____. Dicas para impulsionar sua carreira em tecnologia. Disponível em:
<http://www.lensminarelli.com.br/site/wpcontent/uploads/pdf/294220141127171
134-17Mar09_IG_G_Dicas-para-impulsionar-sua-carreira-em-tecnologia.pdf>.
Acesso em: 10 abr. 2007b.

INTERNET WORLD STATS – Usage and Population Statistics. Disponível em:


<http://www.internetworldstats.com>. Acesso em: 19 mar. 2007.

INTERNET: novas tecnologias facilitam o acesso. Disponível em:


<http://www.abtbr.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=320:-
internet-novas-tecnologiasfacilitam-o-acesso&catid=31:nternet&Itemid=80> .
Acesso em: 21 nov. 2005.

JANNUZZI, P. M. Biblioteconomistas e outros profissionais da informação no


mercado de trabalho brasileiro. V ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO. 2003. Belo Horizonte. Anais do V ENANCIB,
2003, p.15. Disponível em CDRom.

LEMOS, André. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura


contemporânea. Porto Alegre: Sulina. 2003.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Trad. de Carlos Irineu Costa. São Paulo: Ed. 34,
1999.

LUNARDI, Giovani Mendonça. Educação, cidadania e o mundo do trabalho.

Palhoça : UnisulVirtual, 2004.


MAÑAS, A. V. Gestão de tecnologia e inovação. 3. ed. São Paulo: Érica, 2001.

MATSUMOTO, Meggie Iara. Considerações sobre concepções dos direitos


humanos. In: Direitos Humanos: emancipação e ruptura. Org. Maria de Oliveira,
Sergio Augustin. Caxias do Sul (RS): EDUCS, 2013. Pgs. 40-48. Disponível na
Pearson:<http://unisul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/
9788570617231>

MELPHI, Adolpho José. Prefácio. In: JR. PHILIPPI, Arlindo, ROMÉRO; Marcelo
de Andrade; BRUNA, Gilda Collet (editores). Barueri (SP): Manoele, 2004. Pgs.
XIX-XX.

MENEGASSO, M. E. O declínio do emprego e a ascensão da empregabilidade:


um protótipo para promover a empregabilidade na empresa pública do setor
bancário. Florianópolis, 1998. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção).

MNU. Movimento Negro Unificado do Brasil. Disponível em <https://


www.facebook.com/pages/Movimento-Negro-Unificado-Brasil
MNU/200904580057528>. Acesso em: 21 jun. 2015.

MONDAINI, Marco. Direitos Humanos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org).


Novos temas nas aulas de História. 2ª. Ed. São Paulo: Contexto, 2009. P. 55-
72. Disponível na Pearson em: <http://unisul.bv3.digitalpages.com.br/users/
publications/9788572444187>.

Página 107
NODARI, Paulo Cesar. Direito Cosmopolita à Hospitalidade em Kant e a
mobilidade Humana Moderna. In: Direitos Humanos: emancipação e ruptura.
Org. Maria de Oliveira, Sergio Augustin. Caxias do Sul (RS): EDUCS, 2013. P.
81-89.

NUNES, Nuno Jardim (Coord.). Projecto de Bolonha. Ilha da Madeira, Portugal:

Universidade da Madeira, nov. 2005. Disponível em: <http://www.cee.uma.pt/pt/

people/faculty/Nuno.Nunes.html>. Acesso em: 10 maio 2007.

OLINTO, Gilda. Ocupações em tecnologia de informação e política de


formação de recursos humanos na área de informação.

PINHEIRO, Patricia Peck. Direito digital. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

PINTO, Almir Pazzianotto. Flexibilização das leis trabalhistas em TI. Revista do


Instituto Brasil para Convergência Digital (IBCD). Disponível em:
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/tag/almir-pazzianotto-pinto Acesso
em: 22 mar. 2007.

POCHMANN, M. As possibilidades do trabalho e a nova economia no Brasil. In:

RUBEN, G; WEINER, J.; DWYER, T. Informática, organizações e sociedade no

Brasil. São Paulo: Cortez, 2003, p. 93-132.

POESIA, Diego et al. Com licença, eu vou à luta.

PROCEEDINGS CINFORM - ENCONTRO NACIONAL DE CIÊNCIA DA


INFORMAÇÃO V, Salvador, Bahia, 2004.
PRUDENCIO, Dayanne. TI Verde: tecnologia ajudando o desenvolvimento
sustentável. Publicado em 9 de outubro de 2012. Disponível em <http://www.
tiespecialistas.com.br/2012/10/ti-verde-tecnologia-da-informacao-ajudando-
odesenvolvimento-sustentavel/>. Acesso em: 20 jun. 2015.

RODRIGUES, Isabel In: Direitos Humanos: emancipação e ruptura. Org. Maria


de Oliveira, Sergio Augustin. Caxias do Sul (RS): EDUCS, 2013. P. 40-48.

SAFERNET. Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos.


Disponível em < http://www.safernet.org.br/site/institucional/projetos/cnd>.

SÃO PAULO. Lei do Lixo Tecnológico - Lei nº 13.576, de 6 de julho de 2009.


Disponível em <http://governo-sp.jusbrasil.com.br/legislacao/817923/lei-do-
lixotecnologico-lei-13576-09>. Acesso em: 20 jun. 2015.

SARDENBERG, Ronaldo Mota. Apresentação. In: TAKAHASHI, Tadao (org).


Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília: Ministério da Ciência e
Tecnologia, 2000.

SBC. Liberdade do exercício profissional na área de informática defendida pela


SBC. Disponível em
<http://homepages.dcc.ufmg.br/~bigonha/Sbc/plsbcjustificacao.html> . Acesso
em 10 set. 2007.

Página 108

______. Regulamentação da profissão de informática. Disponível em


<http://www.sbc.org.br/index.php?
option=com_content&view=category&layout=blog&id=324&Itemid=964> .
Acesso em: 10 dez. 2006.

SCHERER-WARREN, Ilse. Redes e sociedade civil global. In: HADDAD, Sérgio


(org). ONGs e universidades: desafios para a cooperação na América Latina.
São Paulo: Abong, 2002. p. 63-92.

SERVIÇO FEDERAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS – SERPRO.


Tecnologia para a transparência. Ministério da Defesa. Brasília, DF. Disponível
em <http://www4.serpro.gov.br/> . Acesso em: 25 mar. 2007.

SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Exclusão digital: a miséria na era da


informação. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001.

______. Inclusão digital, software livre e globalização contra-hegemônica. In:


SILVEIRA, Sérgio Amadeu da; CASSINO, João (Orgs). Software livre e
inclusão digital. São Paulo: Conrad editora do Brasil, 2003.

SORJ, B.; GUEDES, L. E. Exclusão digital: problemas conceituais, evidências


empíricas e políticas públicas. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo. php?
script=sci_arttext&pid=S0101-33002005000200006> . Acesso em: 05 fev.
2007. STARNEWS 2001. Disponível em . Acesso em: 05 fev. 2007. 143 P

TAKAHASHI, Tadao (org). Sociedade da informação no Brasil: livro verde.


Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.
TEIXEIRA, J. Repensando a gestão. Disponível em
<http://wiki.sj.ifsc.edu.br/wiki/images/4/4c/Artigo6.pdf >. Acesso em: 15 abr.
2005.

THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia.

Petrópolis: Vozes, 1998.

WERTHEIN, Jorge. A sociedade da informação e seus desafios. Ci. Inf.,


Brasília, v. 29, n. 2, 2000. Disponível em: . Acesso em: 04 fev. 2007.

WWF. Home Page. Disponível em: <http://www.wwf.org.br>. Acesso em: 21


jun. 2015.

Página 109

Sobre as professoras conteudistas

Ana Luísa Mülbert

É Doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Mestre em


Administração e Bacharel em Ciências da Computação pela Universidade
Federal de Santa Catarina - UFSC. É pedagoga pela Universidade do Estado
de Santa Catarina – UDESC. Professora da Unisul desde 1996, foi
coordenadora do curso de Ciências da Computação e atualmente coordena o
Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação na
modalidade a distância. É também pesquisadora do Grupo de Pesquisa em
Sistemas Integrados de Gestão da Unisul. Atuou como programadora, analista
de sistemas e consultora em tecnologias e sistemas de informação em
empresas de indústria, comércio e serviços.

Angelita Marçal Flores

É formada no curso de Tecnólogo em Processamento de Dados pela


Universidade Regional de Blumenau (FURB), especialista em Informática e
Mestre em Educação. Participou, de 2003 a 2004, na condição de aluna
especial, de disciplinas do programa de pós-graduação em Sociologia Política
da UFSC. No início de sua carreira, atuou em empresas privadas e,
posteriormente, como consultora independente na função de desenvolvimento
de sistemas. Docente nos cursos presenciais da Unisul desde 1992, atuou em
paralelo na Assessoria de Tecnologia da Informação da universidade de 1993
até 2001, nas áreas de treinamento em TI, de helpdesk e de infraestrutura.
Atualmente, coordena a equipe de capacitação e acompanhamento
pedagógico à tutoria, é autora de materiais didáticos e professora tutora nos
cursos a distância da UnisulVirtual, onde atua desde 2002. Voluntária no
Comitê para Democratização da Informática (CDI), na função de diretora
pedagógica da Regional Santa Catarina - Florianópolis (SC), desde julho de
2001.

Página 110

Cibercultura e prática profissional em Tecnologia da Informação

Os conteúdos reunidos neste livro abordam a temática da cibercultura e do


profissional de TI neste contexto. Abordam ainda a relação da sociedade da
informação e o ciberativismo nas redes digitais. Especificamente, por meio de
quatro capítulos, você estuda teorias modernas relativas à sociedade da
informação; a questão do exercício da cidadania por meio da internet, dos
direitos humanos, do meio ambiente e questões étnico-raciais dentro do
contexto midiático; estuda o mercado de trabalho em TI, a formação e atuação
do profissional de gestão da TI. Os textos aqui reunidos objetivam proporcionar
ao leitor uma compreensão acerca da dinâmica e da diversidade da
cibercultura para agir responsavelmente como cidadão e profissional de TI.

Você também pode gostar