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REDES SOCIAIS E TIC’S

PROF.ª ESP. DANIELA SIKORSKI


Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior


A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que está inserida.

Missão da Faculdade Católica Paulista

Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.
www.uca.edu.br

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria,
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a
emissão de conceitos.
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SUMÁRIO

AULA 01 EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS – BREVES 05


CONSIDERAÇÕES

AULA 02 QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 12

AULA 03 CIBERESPAÇO, CIBERCULTURA, CYBERBULLYING 19

AULA 04 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO – MUNDO DO TRABALHO 31

AULA 05 ACESSO DIGITAL E SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO 43

AULA 06 POLÍTICAS INFORMACIONAIS NO BRASIL 52

AULA 07 TECNOLOGIAS SOCIAIS E INTERFACES COM AS 62


POLÍTICAS PÚBLICAS

AULA 08 TECNOLOGIA EM SAÚDE E O SERVIÇO SOCIAL – 72


CONTRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS

AULA 09 A INFLUÊNCIA DAS NOVAS TECNOLOGIAS NA 80


FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO
SÉCULO XXI

AULA 10 INSERÇÃO DAS TIC’S NOS ESPAÇOS DE TRABALHO DO 87


ASSISTENTE SOCIAL

AULA 11 AS TIC’S ENQUANTO FERRAMENTA DE TRABALHO DO 96


ASSISTENTE SOCIAL

AULA 12 BOAS PRÁTICAS NO USO DAS REDES SOCIAIS E TICS 105


NO SERVIÇO SOCIAL

AULA 13 CULTURA MIDIÁTICA E O SERVIÇO SOCIAL 112

AULA 14 COMUNICAÇÃO 125

AULA 15 FERRAMENTAS DIGITAIS 134

AULA 16 EMPREENDEDORISMO 144


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INTRODUÇÃO

Olá, seja bem-vindo e bem-vindo para mais uma disciplina do Curso de Serviço Social.
Nesta disciplina você terá a oportunidade de conhecer e se aprofundar nas influências
das novas tecnologias na sociedade e também nas organizações.
Vamos perceber a mediação das novas tecnologias em diferentes contextos, tanto
na formação profissional quanto na atuação em diferentes espaços sócio-ocupacionais.
Como trabalhar com as novas mídias? Como elas podem contribuir para facilitar a atuação
profissional?
Na sociedade da informação na qual estamos inseridos é necessário que o Assistente
Social esteja atento e apto para fazer uso das tecnologias de maneira que sua atuação venha
ao encontro das finalidades e objetivos profissionais.
Nossos estudos estão subdivididos a princípio em três grandes blocos didáticos. O primeiro
deles consiste em compreender a evolução das tecnologias; o que é e como se apresenta
a quarta Revolução Industrial; conceitos e reflexões sobre o ciberespaço, cibercultura,
cyberbullying; a importância de se conhecer a sociedade da informação e seus impactos
no mundo do trabalho, no qual nós assistentes sociais também estamos inseridos e por fim
uma análise sobre a temática do acesso digital e sociedade da informação.
Num segundo bloco didático você terá a oportunidade de estudar sobre as Políticas
Informacionais no Brasil; descobrir e se aprofundar sobre as tecnologias sociais e suas
interfaces com as políticas públicas; conhecer a relação entre a tecnologia em saúde e o
serviço social, relacionando as possíveis contribuições do Serviço Social; veremos ainda a
influência das novas tecnologias na formação e atuação do Assistente Social no Século XXI e
a inserção das Tic’s nos Espaços de trabalho do Assistente Social e como as tecnologias da
informação e comunicação podem ser utilizadas como ferramentas de trabalho do Assistente
Social.
E por fim, no nosso último bloco veremos algumas boas práticas no uso das redes sociais
e TICs no Serviço social; a cultura midiática e o Serviço Social; nos aprofundaremos sobre os
processos de comunicação levando em consideração inclusive as ferramentas digitais e para
fechar com chave de ouro a nossa discussão estará pautada no empreendedorismo social.
Gostou? Vejam quantas oportunidades de crescimento se abrem a partir deste momento,
aproveite!
Grande abraço.

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AULA 1
EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS –
BREVES CONSIDERAÇÕES

Robô. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/04/10/17/49/connection-3308188_1280.jpg

Prezado(a) aluno e aluna, como está? Vamos juntos iniciar uma nova jornada, rumo a
novos conhecimentos!
Nesta primeira aula vamos refletir como se deu a evolução das tecnologias e como elas
impactam a vida cotidiana dos seres humanos. É importante que conforme você siga com a
aula, procure relacionar o conteúdo com a profissão, pois o Assistente Social também está
inserido e faz uso de diferentes tecnologias. Está preparado(a), vamos em frente?

Estamos em uma realidade em que hoje seria impensável viver sem a


tecnologia, uma vez que está presente em todos os espaços do nosso
desenvolvimento cotidiano comum. A tecnologia está presente em todas
as atividades da nossa vida: no lar, nos veículos e nos transportes, em
nossos locais de trabalho e de estudo, assim fazendo parte ativa da

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revolução digital. Em suma, não se deve esquecer que a tecnologia


existe para servir o homem, para proporcionar uma vida mais fácil e
agradável por meio de inovações tecnológicas que a melhore e simplifique
(PINOCHET, 2014, p. 2).

Na grande maioria das vezes, quando falamos em tecnologia nos vem à mente rapidamente
algum aparelho com internet (celulares, tablets, smart tv etc.), e você não está errado(a), pois
é difícil nos imaginarmos sem a tecnologia e todas as comodidades que ela nos proporciona.
Mas você sabe dizer por que isso acontece?
Isso ocorre em decorrência da percepção da realidade que temos hoje, um novo momento,
um cotidiano conectado, uma cultura conectada, fruto de uma evolução histórica, seguindo
sempre a necessidade do ser humano. É próprio do ser humano buscar sempre mais.
Boa parte de nós que nascemos antes dos anos 2000 pode acompanhar a rápida evolução
dos computadores, celulares, o surgimento e popularização da internet e não foi uma evolução
pequena, foi uma grande re-evolução ligada às tecnologias digitais, você testemunhou e
viveu esta evolução.

Em um ponto, a grande maioria dos autores que discutem o processo


da mudança e o impacto da tecnologia em nosso meio ambiente é
unânime: nossa forma de pensar o meio ambiente e a forma de adquirir
e utilizar conhecimento está passando por drásticas transformações.
Transformações que representam uma ruptura com uma forma de pensar
adquirida em árduo desenvolvimento intelectual da humanidade e a
adoção de um novo modelo ainda não muito claramente formatado, mas
que irá nos conduzir a novos caminhos em nosso processo evolutivo
[...] (LIMA, 2000, p. 2).

Para os que nascem hoje o “antes” desconectado simplesmente não existe e, por vezes,
é muito difícil se imaginar, muito se ouve que as crianças “já nascem conectadas”, mas
pouco paramos para refletir o significado desta concepção, a força do processo evolutivo
que existe por trás desta colocação.
Não significa apenas a evolução das tecnologias em si, mas também uma transformação
das relações sociais, relações comerciais/econômicas, trabalhistas, culturais, familiares,
influenciando inclusive na linguagem, no vocabulário, entre outros.
A partir desta apresentação inicial vamos discutir alguns aspectos da evolução das
tecnologias, no sentido amplo, de forma que possa levá-lo futuramente relacionar este
processo com o Serviço Social.
Para isso iniciaremos com os diferentes conceitos de tecnologias a partir de diferentes
autores, iniciamos com a apresentação de Pinochet:

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A palavra ‘tecnologia’ possui origem grega e é formada por duas palavras:


‘tekne’, que significa ‘técnica’, e ‘logos’ que significa ‘conjunto de saberes’.
A tecnologia consegue permear todas as áreas do conhecimento
permitindo construir e transformar o meio ambiente, com a finalidade
de satisfazer as necessidades essenciais do homem (2014, p. 2).

Trazendo a contribuição acima podemos compreender a relação das tecnologias com as


necessidades humanas, sobretudo, as relacionadas ao aprimoramento do trabalho, neste
sentido considere a concepção de Veloso que nos diz:

[...] em uma perspectiva mais superficial, o conceito de tecnologia pode


ser aplicado a tudo aquilo que, não existindo na natureza, o ser humano
inventa para expandir seus poderes, superar suas limitações físicas,
tornar seu trabalho mais fácil e a sua vida mais agradável. Além disso,
tecnologia não é apenas instrumento, ferramenta ou equipamento
tangível. Ela pode constituir-se por elementos intangíveis, como
procedimentos, métodos, técnicas etc. (VELOSO, 2011, p. 3, grifo nosso).

A partir do exposto podemos perceber que o conceito de tecnologia é bastante amplo,


bem como a forma como ele é utilizado. Ao falarmos de tecnologia devemos ter claro que
ela não diz respeito apenas a aparelhos e instrumentos, ela está relacionada também a
conhecimentos adquiridos pelo ser humano ao longo de sua trajetória, trata de saberes que
são necessários para diferentes ações que realiza no dia a dia.
O uso das tecnologias e o conjunto de conhecimentos e saberes está sempre em constante
evolução com uma finalidade clara: facilitar/simplificar cada vez mais a vida dos seres humanos
em sociedade. Nesta percepção trazemos o caráter positivo e benéfico das tecnologias.
Contudo, a tecnologia pode ser percebida por alguns como uma ameaça, conforme
apontado pelo autor Lévy, ainda nos anos de 1990:

[...] para os indivíduos cujos métodos de trabalho foram subitamente


alterados, para determinada profissão tocada bruscamente por uma
revolução tecnológica que torna obsoletos seus conhecimentos [...] - ou
mesmo a existência de sua profissão -, para as classes sociais ou regiões
do mundo que não participam da efervescência da criação, produção e
apropriação lúdica dos novos instrumentos digitais, para todos esses a
evolução técnica parece ser a manifestação de um “outro” ameaçador
(LÉVY, 1999, p. 28).

Neste sentido, ao considerarmos a reflexão acima, conseguimos perceber os polos


contrários no que diz respeito à evolução das tecnologias. Sendo assim, cabe aqui uma
reflexão que gostaria que você respondesse: as tecnologias são boas ou más?
Pensou? E a que conclusão chegou?

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Pois bem, se a tecnologia é/será boa ou ruim, vai depender do uso que se faz dela.
Por exemplo: ela pode ser utilizada na área da saúde para promover a criação de novos
equipamentos, novas medicações, novos tratamentos. Pode ser utilizada na indústria para
melhorar e aperfeiçoar processos e a qualidade dos produtos. Mas também podemos citar
alguns exemplos não tão positivos, por exemplo: criação de armamentos de guerra, violação
de dados pessoais, violência cibernética etc.
Tudo dependerá da maneira como ela é utilizada, por quem é utilizada e com qual
intencionalidade.

O problema não está na tecnologia em si, mas no uso social que se faz
dela. Este entendimento considera a incidência de determinado padrão de
organização das relações sociais que absorve as inovações tecnológicas
no sentido de alcançar as finalidades e projetos hegemônicos neste tipo
de sociedade (VELOSO, 2011, p.11).

Também não podemos esquecer que os avanços tecnológicos podem evidenciar as


desigualdades sociais em nossa sociedade, no que diz respeito ao acesso refletindo a
exclusão social.
Mesmo que se entenda que a ação humana esteve sempre apoiada e até mesmo
intermediada pelo uso da tecnologia, não da maneira como vemos hoje.
Vamos entender melhor? Por exemplo, na pré-história o ser humano criava instrumentos
com pedras e ossos para auxiliá-los na caça de suas presas a fim de conseguir alimento
pode até parecer arcaico, mas para a época era uma tecnologia “de ponta” que facilitava a
captura de animais e que possibilitava alimentar família e grupos.
Por mais que pareça distante do ponto de vista histórico não podemos desconsiderar
o processo de evolução, pois a cada momento o ser humano teve sua vida facilitada por
alguma tecnologia que foram sendo aperfeiçoadas de acordo com a necessidade do homem,
instigando a criatividade, planejamento, tentativas de sucesso e fracasso.
Outras criações e ações desenvolvidas que marcaram profundamente a história da
humanidade: desenhos nas paredes das cavernas, gravações, esculturas, todas estas com
fins de registrar acontecimentos, por exemplo.
Já na antiguidade, o homem cria novas ferramentas de trabalho que muito lhe facilitaram
seu desempenho, isso foi possível graças à descoberta de metais (cobre, ferro, bronze).
Outros exemplos tecnológicos que contribuíram com a realização do trabalho do homem:
o arado, sistemas de irrigação que facilitaram os processos agrícolas. Sem deixarmos de
citar os meios de transportes: carroças, bicicletas e automóveis (graças à invenção da roda).

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Os meios de transportes marítimos também possibilitaram as grandes navegações a


outras terras e continentes, dentre tantas outras invenções. Quem não se lembra de Thomas
Edison e suas inúmeras tentativas até criar a lâmpada elétrica, ou Alexander Graham Bell e
sua busca por facilitar a comunicação entre as pessoas, criando assim o primeiro telefone.
Todas as criações com seu propósito inicial, nenhuma delas nasceu sem uma determinada
finalidade.

Isto está na rede

Para saber mais sobre as invenções que revolucionaram a humanidade e que deram
início a tantas outras invenções, acesse o link a seguir e amplie seus conhecimentos!
Fonte: ESCOLA EDUCAÇÃO. Evolução da Tecnologia e suas mudanças na sociedade.
Disponível em: <https://escolaeducacao.com.br/evolucao-da-tecnologia/>. Acesso em:
10 ago. 2020.

Como citamos anteriormente, “as grandes criações tecnológicas atuais resultam do


aproveitamento do conhecimento socialmente produzido pela própria humanidade e, por
conta disso, nada têm de desumano” (VELOSO, 2011, p. 5) e ainda,

Os homens produzem as inovações tecnológica em decorrência de


um processo de invenção e projeção, o que demanda um acervo de
informações sobre as qualidades das coisas para condicionar seus
movimentos operatórios a esse projeto de ação, o qual se converte em
finalidade consciente. As diversas tecnologias que nos cercam, e das
quais dependemos cada vez mais, são resultado de um longo processo
de acumulação de conhecimentos. Essa invenção humana se dá a partir
de necessidades sociais postas pelo próprio desenvolvimento histórico
e social. É a sociedade e as relações sociais nela estabelecidas que
oferecem a base sobre as quais se demandará a invenção, a projeção
e a fabricação de meios para as finalidades buscadas pelos homens
sejam alcançadas (VELOSO, 2011, p. 9).

Além da afirmativa vista acima, temos ainda a contribuição de Kenski:

[...] o homem iniciou seu processo de humanização, distinguindo-se dos


demais seres vivos, a partir do momento em que se utilizou dos recursos
existentes na natureza, dando-lhes outras finalidades que trouxessem
algum benefício à sua vida. Assim, quando os nossos ancestrais pré-
históricos utilizaram-se de galhos, pedras e ossos como ferramentas,
dando-lhes múltiplas finalidades que garantissem a sobrevivência e uma

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melhor qualidade de vida, estavam produzindo e criando tecnologias


(SIMONDON, 1969 apud KENSKI, 1998, p. 59).

A partir da apresentação acima é possível observar que as diferentes atividades e


também o desenvolvimento das tecnologias possuem influência direta ou indireta em toda
a sociedade, em diferentes aspectos, como já apresentado no início desta aula. Nesse
sentido, apresentaremos as formas de veiculação e disseminação das tecnologias, que no
contexto atual e que também é objetivo desta aula, as chamadas Tecnologias da Informação
e Comunicação, as TIC’s.

[...] Tecnologia da Informação, também conhecida pela sigla TI. A TI,


como o seu nome sugere, baseia-se no estudo, no desenvolvimento
e na prática de sistemas de computador, especificamente no que diz
respeito à união de software, hardware e peopleware, de modo que podem
rapidamente definir a sua atividade na evolução da computação apoiada
por redes de comunicação (PINOCHET, 2014, p. 2).

Neste momento você pode estar se perguntando, mas do que trata especificamente as
TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação)? Considerando a citação acima acerca
da TI, agregamos a questão da comunicação, pois desde os primórdios o ser humano tem
a necessidade de se comunicar e ao longo dos tempos foi aperfeiçoando as maneiras e
formas de fazê-lo.
A comunicação tem início a partir de desenhos rupestres e em seguida através da escrita,
a partir de então cada vez mais o ser humano foi se fazendo uso de ferramentas para se
fazer compreender, transmitir e receber mensagens/informação.
O final do século XIX é um marco no que diz respeito à utilização de aparatos tecnológicos
que amplia e expande a comunicação, isto se deve à invenção do telégrafo e do telefone.
Mais tarde, no início do século XX, a comunicação fica facilitada pela invenção do rádio e
da televisão inaugurando o que se convencionou chamar de comunicação em massa. Já
na década de 1970, com a produção em larga escala do computador pessoal (PC) e da
utilização da ARPANET no âmbito acadêmico, é que o termo Tecnologias da Informação e
Comunicação (TICs) começa a ser popularizado.

Anote isso

TIC’s “conjunto de técnicas utilizadas na recuperação, no armazenamento, na organização,


no tratamento, na produção e na disseminação da informação” (MARQUES NETO, 2002,
p.51).

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Definir as Tic’s é ao mesmo tempo simples e complexo, pois ela não se encerra em si,
pois é a soma de vários determinantes, pelo impacto que provoca, pois além de abranger
hardwares e softwares (citado acima), ela engloba todo um sistema de telecomunicações,
inclui todo um sistema de gestão das informações e dados que levam a um conjunto de
ações que envolve: acessar, produzir, armazenar, transmitir e divulgar informações, ou seja,
é muito mais complexo que se imagina.
Por analogia, utilizamos o termo TIC para designar a utilização de aparatos tecnológicos
a fim de potencializar e facilitar a comunicação. Você deve se lembrar da nossa afirmação
anterior de que a percepção do homem ocorre de modo linear. Pois bem, seguindo esta
linha de raciocínio, atualmente está cada vez mais em uso o termo novas tecnologias da
informação e comunicação (NTIC). E o que isso significa? Nada mais que a ênfase nas
novidades e inovações do setor tecnológico, resultante de um avanço exponencial das TICs. A
constante evolução das TICs e a crescente influência dos recursos tecnológicos em diversas
áreas trazem consequências para a sociedade.

O argumento recorrente em torno destas noções é que: a ‘sociedade da


informação’, além dos benefícios por ela prometidos e por muito de nós
esperados, contribuiria decidida e incisivamente na construção, com
impacto sociológico e na formulação de novas identidades coletivas.
Ou mesmo talvez de uma única identidade coletiva, denominada de
‘globalizada’ (PINOCHET, 2014, p. 2).

Esta identidade coletiva apresentada pelo autor acima citado denomina-se sociedade da
informação, a qual abordaremos nas próximas aulas, não deixe de acompanhar.
Estamos apenas começando, não fique de fora e acompanhe as próximas aulas, aguardo
você!

Anote isso

Quanto mais avança a tecnologia, mais respeitado será o Ser que mantiver humano!
Marco Aurélio Ferreira

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AULA 2
QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Mão humana - digital. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/09/18/10/48/hand-3685829_1280.jpg

Iniciamos a nossa segunda aula com uma pergunta: você sabia que estamos vivenciando
uma Quarta Revolução Industrial? Por mais estranho que isso possa parecer dizemos a
você que sim, estamos vivendo uma revolução, não como aquela que ouvimos na escola,
com guerras, mobilizações etc. Mas que igualmente está provocando grandes mudanças
na humanidade.
Neste início de aula é importante que você compreenda a diferença entre evolução e
revolução.

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Anote isso

Evolução: é um processo que ocorre em fases contínuas dependendo diretamente do


processo anterior para a criação de um novo (atualização do produto/serviço).
Revolução: ocorre quando há uma quebra de paradigma, na qual a forma de pensar
e agir é substituída.
Fonte: (PINOCHET, 2014).

Conforme apresentado acima, quando a humanidade passa por uma revolução, há uma
mudança de pensamento, de ação, incorporação de novos conhecimentos, modelos são
alterados e um novo contexto surge apontando para novos caminhos, os quais não voltam
ao seu estado primeiro.
As mudanças pelas quais estamos passando impactam diretamente nas relações sociais
estabelecidas, em diferentes âmbitos: familiares, culturais, sociais, econômicos e de trabalho.
Sobre as mudanças nas relações sociais de trabalho é que falaremos a seguir e saiba que
ela está diretamente ligada a você que se encontra no processo de formação profissional,
pois tais mudanças impactam diretamente à formação de novas habilidades e competências
para o exercício das profissões não somente do Serviço Social, mas de todas as demais
profissões. Tanto para atender às expectativas do mercado de trabalho, quanto para preparar
os novos profissionais para estar preparados para inovação.
Uma vez que “o emprego crescerá em ocupações e cargos criativos e cognitivos e diminuirá
em trabalhos repetitivos e rotineiros” (FIGUEIREDO, 2019 apud REIS, 2019, p.7). Para isso
serão necessárias novas habilidades e muitas qualificações profissionais.
No que tange às tecnologias sabe-se que tudo está mudando muito rapidamente, de forma
até espantosa e na mesma velocidade o mundo do trabalho está sendo impactado. Já estamos
sentindo as alterações, de formas nunca vistas antes na história da humanidade, num ritmo
vertiginoso relacionado às novas tecnologias. Pois vivemos num mundo interconectado.

2.1 As Revoluções Industriais

Para iniciarmos nossa apresentação sobre as 4 Revoluções Industriais, vamos observar


a figura a seguir:

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Figura 01 – Revoluções Industriais na História. Fonte: (PHILBECK, 2019, p. 33).

Esta figura nos auxilia na contextualização histórica, nos dá a ideia de como a sociedade
passou por revoluções que provocaram grandes mudanças. Para que você compreenda a
revolução que passamos nos dias atuais é importante retomar brevemente as 3 primeiras.
A Primeira Revolução Industrial, por volta de 1760, também a mais conhecida, está
relacionada à questão da mecanização, a força hidráulica e a máquina à vapor. Lembrando
que naquele momento estes foram considerados a melhor tecnologia na época. Quais as
mudanças provocadas pela Primeira Revolução Industrial?

Esta revolução causou grande mudança no equilíbrio de poder e na


produção, mas afetou também que tínhamos de nós mesmos como
seres humanos, como membros da sociedade e como trabalhadores.
Nossa produtividade econômica ganhou valor e se tornou nosso ativo
mais importante (PHILBECK, 2019, p. 34)

Esta revolução marcou o início da era moderna, trazendo novas tecnologias, mexendo
nas estruturas da economia e de toda estrutura da sociedade, provocando migração do
campo para a cidade, obrigando as pessoas a buscarem capacitação para atenderem as
necessidades do novo mercado, esta revolução também acabou provocando um aumento
desordenado das cidades, provocando desigualdades e agravamento da questão social.
No que diz respeito à Segunda Revolução Industrial, está ligado, como vimos na figura
anterior à produção em massa, linha de montagem e eletricidade. Ligada diretamente à
questão da ciência e sua relação com a produção. Ao pensar em linha de montagem podemos
relacionar diretamente aos princípios científicos nos processos de gestão, em especial à
padronização dos processos, a fim de ser ter uma produção de qualidade e em larga escala.
Aumenta-se também o consumo. O que a Segunda Revolução Industrial deixou de legado?

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A composição técnica e a complexidade dos objetos atingiram nível mais


elevado. Colocamos tudo em linha de produção e tudo passou a ser feito
para consumo de massa. Os seres humanos se tornaram não apenas
trabalhadores, mas também consumidores (PHILBECK, 2019, p. 34).

Tida como um marco na ciência e produção foi neste período que muitas outras invenções
apareceram, tais como o avião, os motores à gasolina, energia elétrica, rádio, telefone entre
outros. Que tanto influenciaram a forma de viver e se comunicar das pessoas. O método
científico avança, contribuindo muito para o desenvolvimento mundial.
Passamos para a Terceira Revolução Industrial com início na década de 1950 que está
relacionada à computação e informática “constitui uma importante mudança na teoria da
informação e no poder de dos dados, depois desta revolução digital o ser humano e quase
todas as coisas começaram a assumir a metáfora da máquina” (PHILBECK, 2019, p. 34).
Basicamente tudo e todas as coisas estão relacionadas ao digital. Transição do analógico
para o digital, influenciando nos novos modelos de negócios.
E a Quarta Revolução Industrial? É um desdobramento da revolução digital.

Entende-se por Quarta Revolução Industrial, a convergência de tecnologias


digitais, físicas e biológicas, isto é, tecnologias como robótica, inteligência
artificial, big data (análise de grande volume de dados), nanotecnologia,
impressão 3D etc., que serão conectados uma às outras por meio da
internet (FIGUEIREDO, 2019 apud REIS, 2019, p. 11).

Integração das tecnologias e das suas interfaces, interação do mundo físico com o mundo
digital. Mundo real interagindo diretamente com o mundo virtual.

[...] os seres humanos já não são apenas trabalhadores, consumidores ou


máquinas; agra, somos híbridos também. Somos ciborgues trabalhadores
e consumidores – é nisso que estamos nos transformando. É bastante
interessante, porque é real. [...] A infraestrutura de informática envolve
o mundo a ponto de transformar até a política (PHILBECK, 2019, p. 35).

Todas as áreas e setores são atingidos por esta Revolução de forma ampla e irrestrita
provocando um novo modelo mental, uma nova forma de agir, pensar e se comportar.
Impactando tanto nossa vida pessoal quanto nossa vida profissional.
No que diz respeito à formação profissional é possível afirmar que até algum tempo não se
pensava em discutir tecnologias no Serviço Social, atualmente grande parte das Instituições
de Ensino Superior já incorporaram em sua grade esta formação, inclusive no Serviço Social,
isso comprova os novos rumos da profissão e do que o mercado espera dos profissionais

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do século XXI. Exigindo além do conhecimento técnico específico, competências emergentes


para atuação e colocação profissional:

Pensamento analítico e inovação; criatividade, originalidade e iniciativa;


aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem; design e programação
de tecnologia; raciocínio, resolução de problemas e ideação; liderança e
influência social; pensamento crítico e análise; resolução de problemas
complexos; resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade; inteligência
emocional (PHILBECK, 2019, 41).

Evidentemente que você não terá todas as competências, mas considerando a profissão que
você escolheu (Serviço Social), algumas farão mais diferença que outras pense nisso! Como
estamos no início da Quarta Revolução Industrial devemos estar atentos nas mudanças que
já estão sendo provocadas e com isso você consiga sobressair e galgar possibilidades que
lhe permitam inovar, pois muitas ocupações tradicionais estão sendo alteradas, e algumas
até mesmo estão desaparecendo, novas necessidades vêm surgindo.
Nesse contexto vale a pena a reflexão:

Como uma nação pode alinhar a criação de novas tecnologias com o


desejo de sua população em termos políticos, sociais e econômicos?
Nos EUA, por exemplo, que se apresenta como um centro de tecnologias
digitais e tecnologias emergentes, 49% dos graduados fazem cursos
de humanidades, ciências sociais e saúde. Esse é um tipo diferente de
combinação (PHILBECK, 2019, p.43).

Fica evidente que a humanidade está passando por transformações onde devemos estar
sempre atentos para que não sejamos dominados pelas tecnologias, mas que consigamos
desenvolver habilidades e competências para dominá-las, usando-as a nosso favor com
consciência e conhecimento, pois

O bem estar da sociedade e o acesso às tecnologias estão correlacionados,


mas essa relação não é causal. É importante tomar decisões sobre
políticas e programas educacionais, assim como trabalhar em nossa
instituições acadêmicas de forma a garantir que a Quarta Revolução
Industrial seja inclusiva e sustentável (PHILBECK, 2019, p. 43).

Ao olharmos o cenário educacional do Brasil podemos perceber que temos muito a avançar,
uma vez que a desigualdade e exclusão social são gritantes, o que representa um grande
desafio. Pois além de estamos integrados com as máquinas devemos estar integrados uns
com os outros, reduzindo a exclusão digital e social. De forma coletiva e não individual, as

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mudanças não podem se dar de forma isolada, pois muitos dos problemas sociais não são
isolados, eles se manifestam na coletividade do social.
Vejam a citação a seguir:

Muitas vezes, vemos esse comportamento nos profissionais de tecnologia


da informação. Provavelmente foram eles os primeiros a reconhecer a
necessidade do trabalho coletivo. Isso porque o desenvolvimento de um
novo aplicativo, por exemplo, exige uma pessoa com visão dos problemas
sociais que não é quem tem as capacidades estatísticas e matemáticas
para construir uma solução prática, nem a pessoa que tem a habilidade
de programação. Então, podem ser necessárias três pessoas para criar
um aplicativo (PHILBECK, 2019, p.50).

E como isso poderá ser operacionalizado no futuro próximo? Você já se perguntou


como um assistente social poderia contribuir para o desenvolvimento de um aplicativo?
Quais conhecimentos um profissional de Serviço Social possui que possa contribuir para o
desenvolvimento de um software? Provavelmente muito mais do que você imagina. De acordo
com Philbeck (2019, p.50), “no futuro, a solução de uma questão legal poderá envolver não
apenas um advogado, mas uma equipe que tenha compreensão de governança, legislação,
tecnologias e também da forma de interagir umas com as outras”.
Para que isso ocorra é necessário desenvolver um pensamento voltado para o coletivo,
avaliando e desenvolvendo um novo conjunto de habilidades que ainda está nascendo,
formando um novo conhecimento especializado, diferente do que temos hoje. Habilidades
como colaboração, trabalho em equipe, proatividade, senso crítico e analítico serão muito
bem-vindos.

Será essencial nos comunicar efetivamente com as partes interessadas


e ser inclusivos, trabalhando com ética e valores, entendendo como
equilibrar os diferentes interesses e sendo capazes de nos colocar
com inteligência emocional no espaço delas. Esses são os conjuntos
de habilidades em torno dos quais construiremos uma dinâmica de
trabalho bem sucedida – trata-se de uma mudança que envolve questões
filosóficas e taxonômicas (PHILBECK, 2019, p. 50).

Para irmos finalizando a aula, se faz necessário algumas provocações, algumas


problematizações que nos levem a compreender de todo o conteúdo trabalhado e sua relação
com o Serviço Social. Primeiramente é importante retomar que estamos em meio a Quarta
Revolução Industrial que está provocando grandes mudanças na sociedade e alterando o
nosso próprio comportamento enquanto seres humanos e na forma como nos relacionamos.

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A presença ativa e constante das AIs (inteligências artificiais) que permeiam nosso cotidiano
é prova disso. Você já parou para pensar como já nos tornamos digitalmente dependentes de
muitas delas? Seja nos aplicativos bancários, de alimentação, compra, lazer e entretenimento,
redes sociais de interação e relacionamento etc.
A dica de ouro para você que está começando essa jornada de estudo acerca das novas
tecnologias é primeiramente: conhecer a si mesmo para que consiga conhecer e compreender
as tecnologias que o rodeiam, o que quer delas, o que fazer com elas e porque precisa delas.
Considerando que as tecnologias devem existir para facilitar a vida humana, contribuindo
para resolução de problemas que permeiam a sociedade. Para tanto precisamos compreender
as demandas existentes e este é um desafio, mas também uma oportunidade.
Para tanto algumas imposições devem (deveriam) ser consideradas no que diz respeito
à criação e uso das diferentes tecnologias e da Quarta Revolução Industrial:

• Garantir que os benefícios dessa revolução sejam distribuídos de forma


justa;
• Garantir acesso à educação, levando mais pessoas para o lado da
oferta crescente;
• Pensar em como gerenciar as externalidades dessa revolução, a
mentalidade que leva à automação e a maneira com isso pode afetar
os empregos;
• Por fim, mas fundamental, nos certificar de que essa revolução seja
liderada por seres humanos e centrada neles (PHILBECK, 2019, p. 52-53).

Espero que tenha ficado mais claro para você o quanto as novas tecnologias se aproximam
do Serviço Social no século XXI perceba que mesmo falando em tecnologias o tempo todo,
o ser humano sempre esteve presente em nossas discussões, pois é para ele que elas
existem. Os valores humanos e éticos devem ser refletidos em cada nova criação tecnológica.
Investimentos em sustentabilidade, educação, diversidade e igualdade de gênero, promovendo
a inclusão social e digital. Retomar princípios por hora esquecidos, apurar a criatividade,
fortalecer a educação e aprendizagem permanente, focar no diálogo interdisciplinar, onde a
competitividade deve ser um ponto de convergência e crescimento.
Não há como voltar ao que éramos antes e nem devemos querer, o que temos em nossas
mãos é a possibilidade de contribuirmos um mundo diferente mediado pelo uso (bom uso)
das novas tecnologias. Buscarmos soluções, testar ideias e inovar.
Grande abraço e até a próxima aula!

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AULA 3
CIBERESPAÇO, CIBERCULTURA,
CYBERBULLYING

Seja bem-vindo e bem-vinda para mais uma aula! Aos poucos vamos desvelando e
desmitificando a questão das novas tecnologias e ao mesmo tempo situando a sua relação
com o Serviço Social e a necessidade de estar enxergando a necessidade de se ter uma
formação completa e atualizada.
Depois das primeiras aulas onde pudemos contextualizar o momento pelo qual estamos
passando no que diz respeito aos avanços tecnológicos e os seus impactos, na aula de hoje
apresentaremos algumas terminologias recentes que surgiram e que procuram explicar a
realidade, a “nova realidade”.
Conheceremos os significados de Ciberespaço, Cibercultura, Ciberbulling, de uma forma ou
de outra, direta ou indiretamente somos impactados por estes conceitos em nosso cotidiano.

3.1 Ciberespaço

Ciber, Ciberespaço. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/02/01/12/39/world-2030121_1280.jpg

A primeira pergunta que não quer calar: você já ouviu o termo CIBERESPAÇO? Acredito
que boa parte de vocês sim, alguns não, mas certamente todos estão inseridos nele!

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Não se sinta constrangido(a) se você nunca ouviu falar em ciberespaço, afinal estamos
em meio a Quarta Revolução Industrial, lembra? Embora a terminologia tenha surgido faz
muito tempo, agora ela está se popularizando. E como tudo na vida sabemos que a única
coisa permanente na vida é a mudança e em virtude do uso das tecnologias em diferentes
espaços e circunstâncias o termo tem sido cada vez mais popularizado.
Ao autor William Gibson é atribuído a criação do termo ciberespaço ao utilizá-lo pela
primeira vez no ano de 1984 em seu livro, um romance científico chamado Neromancer,
onde se referia ao ciberespaço enquanto o “universo das redes digitais” (LÉVY, 1999, p. 92),
ou seja, um espaço virtual, um local com ligação de base de dados. Em sua versão brasileira
Alex Antunes, apresenta no prefácio da obra Neuromacer a seguinte apresentação para o
termo ciberespaço: “um lugar para onde se vai com a mente, catapultada pela tecnologia,
enquanto o corpo fica para trás” (ANTUNES, 2003, p. 6).
Lévy, um entusiasta das tecnologias, em seu livro Cibercultura apresenta a definição de
ciberespaço como:

o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos


computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material
da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações
que ele abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam
esse universo (LÉVY, 1999, p. 17).

A partir deste momento o conceito de ciberespaço vai se tornando mais claro, pois vamos
conseguindo relacioná-lo com nosso cotidiano e tudo o que nos rodeia e possui relação
com a rede, formada pelos equipamentos tecnológicos pelas informações que circulam por
meio destes equipamentos, bem como pelas pessoas que se utilizam ou produzem estas
informações.
O ciberespaço consiste no espaço onde existe a circulação de ideias e todas as informações
que além de gerar avanços também servem como palco para discussões, ou seja, a rede se
apresenta como um espaço onde todos nós podemos atuar, adicionar, modificar e disseminar
conteúdos.

Anote isso

Ciberespaço consiste nas redes digitais onde se pode atuar, adicionar, modificar e
disseminar conteúdos!

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O exposto acerca do ciberespaço nos conecta com o que propõe Lemos (2003, p. 12):
“hipertexto mundial interativo, onde cada um pode adicionar, retirar e modificar partes dessa
estrutura telemática, como um texto vivo, um organismo auto-organizante”.
Fique atento(a) e conectado(a), pois o ciberespaço se apresenta nos dias atuais como
um espaço global virtual que em muito potencializa e as ações produzidas no mundo real, ou
seja, podemos perceber que as do virtual simula e até mesmo imita o mundo real, alterando
a forma como nos comunicamos, nos conhecemos e até mesmo sentimos.

o ciberespaço é um espaço cibernético, um universo virtual formado


pelas informações que circulam e/ou estão armazenadas em todos
os computadores ligados em rede, especialmente a Internet; uma
dimensão virtual da realidade, onde os indivíduos interagem através
de computadores interligados. Ao falarmos em ciberespaço é comum
pensar em algo que não é palpável, algo imaterializado, um lugar distante
de nossa realidade, onde relações sociais, culturais, econômicas ao se
estabelecerem se fazem no imaginário, um ambiente futurístico (RABAÇA;
BARBOSA,2001 apud MONTEIRO, 2007, s/n):

Um local tido por muitos ainda como imaginário, contudo, ao reproduzir as relações reais,
trazem consigo características do real, como: por muitos anos as transações bancárias
só eram possíveis se você fosse diretamente à agência bancária, no caixa físico, com um
atendente também humano, em seguida, passamos a utilizar os caixas eletrônicos, onde
poderíamos realizar diferentes operações e se precisássemos poderíamos pedir ajuda a
outro humano, que ali estava para nos ajudar a lidar com a máquina. Mas nos dias atuais
fazemos as transações bancárias?
Pois bem, eu, por exemplo, faço tudo pelo aplicativo da minha operadora bancária, sem
sair de casa, sem falar com nenhum outro humano e muito menos retirar senhas e enfrentar
filas, tudo isso sem levantar do sofá, desde que eu esteja conectado na internet. Aliás, há
muito me dei conta que passo semanas sem encostar numa nota de dinheiro, pois todos
os pagamentos são online.
Ficou claro para você que as ações antes presenciais agora se dão de forma virtual? O
que acontecia no mundo real migrou para o mundo virtual, porém não deixou de existir.

A interação no ciberespaço se dá pelos diversos tipos de websites e


aplicativos de celulares que contribuem para uma comunicação mais
dinâmica e eficiente. No entanto, na mesma medida em que a internet
facilita a interação social, ela também pode obscurecer o limite da
liberdade de expressão de cada usuário e trazer à tona o preconceito e
a intolerância linguística, revelados de forma patente em comentários
de sites, posts, twittes, mensagens de celular, entre outros (ROMANO;
PEREIRA, 2017, p. 334).

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Outro exemplo muito claro sobre o que venha a contemplar o ciberespaço, diz respeito às
relações sociais que antes só poderiam acontecer fora deste espaço, agora também se dão
por meio das tecnologias. Nas palavras de Monteiro (2007, s/n), “esse universo não é irreal
ou imaginário, existe de fato, e o faz em um plano essencialmente diferente dos espaços
conhecidos”.

O ciberespaço funciona por meio da conexão em rede, como uma grande


teia que se constrói sem bordas e sem ponto central. Nesse arranjo, a
comunicação eletrônica move-se na velocidade da luz, em tempo real.
Assim, os usuários estão conectados por uma rede mundial que pode
interferir em sua cultura, mesmo sendo uma realidade multidirecional
e artificial que se incorpora a uma rede global que deriva, em parte, do
mundo natural e físico (ROMANO; PEREIRA, 2017, p. 333).

E ainda temos que considerar o que nos apresenta Costa e Souza (2006, p. 87), “vemos
a tela, mas não visualizamos a quantidade de informações, de comandos, expressões e
códigos que estão por trás” é tudo tão próximo e tão distante.
E para você que nasceu a partir dos anos 2000 e que acredita que o mundo sempre foi
conectado, e que a internet sempre foi acessível. Possivelmente muitos de nós explicaremos
o mundo para os nossos filhos e netos da seguinte maneira:

Uma das coisas que nossos netos irão achar muito estranho sobre
nós é que distinguimos o digital do real, o virtual do real. No futuro,
isso se tornará literalmente impossível. A distinção entre ciberespaço
e o que não é ciberespaço se tornará inimaginável. Quando escrevi
Neuromancer, em 1984, ciberespaço já existia para algumas pessoas,
mas eles não gastavam todo seu tempo lá. Então, ciberespaço estava
lá, e nós estávamos aqui. Agora, ciberespaço está aqui para muitos de
nós, e lá tem se tornado qualquer estado de relativa desconectividade.
Lá é onde eles não têm Wi-Fi (GIBSON, 2007 apud SNYDER, 2009, p. 24).

Podemos dizer que vivemos o digital e somos o digital, inclusive cotidianamente fazemos
o digital; isso já faz parte de nós, veja você que escolheu um curso EaD. A distinção entre
digital e não digital, entre real e virtual não faz mais sentido, logo, precisamos entender
e criar formas de nos apropriarmos da melhor maneira possível das ferramentas que o
computador e suas redes disponibilizam, para que possamos fazer bom uso delas. “A partir
das telas dos computadores, que servem de plataforma e via de acesso ao ciberespaço, é
possível experimentar formas de viver e conviver nesse novo espaço” (NICOLACI DA COSTA;
PIMENTEL, 2011, p. 7).
Você já parou para pensar no quanto a realidade virtual, as ações que você desempenha
no ciberespaço, interferem em sua vida real? Você já reparou que a ausência das limitações

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do espaço físico trazida pela cultura digital possibilita, entre outras coisas, a vivência de
muitas experiências que antigamente só eram possíveis em um mundo físico concreto?
Temos muito no que pensar, não é mesmo?

Isto acontece na prática

Dentro do ciberespaço uma modalidade, por exemplo, que demonstra a possibilidade


de nos expressarmos assumindo identidades virtuais é o Role Playing Game (RPG) que
significa “jogo de interpretação de personagem”. A sua base de funcionamento está
relacionada com a interpretação e imaginação de seus jogadores; este tipo de jogo possui
versões de mesa, eletrônico, presencial, denominado Live Action Role-Playing e online;
este último se trata do jogo virtual que se situa no ciberespaço (ROSA, 2008).O game
possui seu cenário, personagens e história que são definidos pelo criador do jogo
e é através da interface do computador que os personagens podem se movimentar e
viver as aventuras propostas. Esses personagens contam com características físicas
e sexo escolhido pelo jogador e são utilizados como avatares, personagens gráficos
que permitem ao usuário viver dentro dessa realidade virtual. Esta categoria, que é
jogada de forma online, traz ambientes com chat, e-mails e fóruns que permitem a
interação entre os jogadores, mesmo estando a distância; por não haver contato
face a face, são evitados constrangimentos relacionados à aparência, e o jogador
pode se revelar e se assumir da forma como bem quiser.
Fonte: CORRÊA, Danielle Rezende. JUNIOR, Manoel Deusdedit. Perfis fakes, avatares
e exibicionismo virtual: o ciberespaço sob a lente da teoria psicanalítica freudiana.
Pretextos - Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas. v. 3, n. 6, jul./dez.
2018, p. 541-549. Disponível em: < http://periodicos.pucminas.br/index.php/pretextos/
article/view/15968/13639>. Acesso em: 11 ago. 2020.

3.2 Cibercultura

Ciber, Cultura. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2016/06/09/10/00/smartphone-1445489_1280.jpg

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Desde a nossa primeira aula, estamos falando de mudanças na vida humana e as formas
de se relacionar e viver; bem como a influência das tecnologias em nosso meio.
Essa mudança digital está provocando também uma mudança cultural. Mas antes de
falarmos da mudança de cultura ligada às tecnologias vamos ver o conceito amplo da
palavra cultura:

4. O conjunto de conhecimentos de uma pessoa: Nosso professor tem


uma grande cultura. 5. O conhecimento acumulado pela humanidade
através das gerações: a cultura ocidental; a cultura do Oriente; a cultura
Árabe. 6. Valores, costumes e estética de um certo período: cultura
clássica; cultura pré-colombiana (ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS,
2008, p. 384).

Ainda nos apropriando do termo cultura, é necessário compreender que todos os indivíduos
possuem cultura, própria do espaço e relações que vive e estabelece, não havendo um
conceito único. Talvez o conceito mais abrangente do ponto de vista sociológico, seja o
apresentado por TYLOR “cultura é aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença,
arte, moral, direito, costume e outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como
membro da sociedade” (1871 apud DIAS 2005, p. 51).
Em uma de suas sínteses Dias (2005) apresenta um conjunto de traços os quais podemos
compreender melhor as características da cultura:

Quadro 1- Cultura e suas características. Fonte: Adaptado de (DIAS, 2005, p. 52, 56-57)

Considerando o exposto no quadro anterior, conseguimos compreender que a cultura


consiste em um agente transformador que influencia diretamente nosso comportamento,
a nossa maneira de ver e compreender o mundo e também a nossa corporalidade. Como

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pode isso? Basta pensar em outros países diferentes do Brasil, onde hábitos, costumes,
valores e crenças são muito diferentes do nosso.
Os hábitos dos seres humanos são adquiridos e modificados a partir dos modelos com os
quais têm contato com a sociedade na qual convive e interage. Neste contexto é explicado
diferentes hábitos e comportamentos, gostos e preferências, atitudes diferenciadas diante
dos mesmos fenômenos.
Lembrando ainda que tais modelos são alterados com o tempo não sendo estática ou
permanente, ela se reestrutura ao longo da história onde sempre surgem novas formas
de mediação entre os indivíduos e seu ambiente. Uma forma importante de mediação na
atualidade é o uso de ferramentas, neste caso, as tecnologias.

Anote isso

A cibercultura nasce no desdobramento da relação da tecnologia com a modernidade


que se caracterizou pela dominação, através do projeto racionalista-iluminista, da
natureza e do outro.
Fonte: (LEMOS, 2008, p.12).

Considerando a reflexão proposta fica evidente que o ser humano é influenciado pelo meio
social e num mundo cada dia mais digital é possível pensar que em meio a tanta tecnologia
estamos vivenciando uma era digital – uma cultural digital: Cibercultura.

cibercultura, especifica [...] o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais),


de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se
desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço (LÉVY,
1999, p. 17).

Neste sentido, o uso de aparatos tecnológicos como computadores, celulares e acesso ao


ciberespaço, por meio da internet faz surgir essa nova cultura, conhecida como cibercultura
ou cultura digital. Porém

A cibercultura não representa o fim da indústria cultural/massiva. Por


sua vez, a indústria cultural não vai absorver e massificar a cultura
digital pós-massiva. A cibercultura é essa configuração na qual se
alterarão processos massivos e pós massivos, na rede ou fora dela. [...]
Em várias expressões da cibercultura trata-se de reconfigurar práticas,
modalidades midiáticas, espaços, sem a substituição de seus respectivos
antecedentes (LEMOS, 2008, p. 18).

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Somado a exposição de Lemos (2008) temos ainda a contribuição de Rüdiger “as tecnologias
de comunicação contemporâneas promovem a cibercultura porque potencializam, em vez
de inibir, as situações lúdicas, comunitárias e imagináveis da vida social” (2011, p. 190).
Mesmo com as reflexões propostas até aqui no que tange à Cibercultura é importante
nos atermos ao senso e entendimento crítico e ampliado acerca do termo. Não podemos
ter uma ideia simplista:

[...] a cibercultura, para ser praticada, [...] supõe um conjunto de condições


materiais, políticas e sociais, onde entram em jogo o poder de compra
dos seus sujeitos, o registro jurídico que a cerceia, ou não, a produção
dos equipamentos que a viabilizam tecnologicamente, o controle e
a exploração econômicas dos fluxos eletrônicos de informação, a
manutenção das redes de telecomunicação por vastos conglomerados
transnacionais, as lutas contra a sua apropriação privada ou monopolística
etc. (RÜDIGER, 2011, p. 149).

Falaremos com maior profundidade sobre os diferentes conjuntos de condições nas


próximas aulas. Neste momento cabe ressaltar que a cibercultura se configura, além de
um meio para a expressão da cultura, num espaço de diferentes reproduções de vários
interesses, disputas, discursos, etc. Ligados a questões econômicas, sociais e ideológicas.

Anote isso

A cibercultura é a cultura contemporânea marcada pelas tecnologias digitais. Vivemos já


a cibercultura. Ela não é o futuro que vai chegar, mas o nosso presente (home banking,
cartões inteligentes, celulares, palms, pages, voto eletrônico, imposto de renda via rede,
entre outros). Trata-se assim de escapar, seja de um determinismo técnico, seja de
um determinismo social. A cibercultura representa a cultura contemporâneas sendo
consequência direta da evolução da cultura técnica moderna.
Fonte: (LEMOS, 2011, p. 11-12)

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3.3 Cyberbullying

Ciber, Ciberbullying. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2013/06/07/14/33/cyber-bullying-122156_960_720.jpg

Dentro do universo tecnológico podemos nos deparar com inúmeras situações, você se
lembra que na primeira aula pontuei a questão sobre as tecnologias serem boas ou ruins?
Agrego aqui mais um elemento, as tecnologias são como o fogo, se utilizado de forma correta,
cozinha, aquece, protege, se usado de maneira incorreta, queima, devasta e pode até matar.
Pois bem, vou trazer brevemente para você um ponto bastante preocupante que ocorre
nas internet: o cyberbullying.
Vamos por partes para compreender melhor o conceito, primeiramente vamos compreender
o que significa bullying:

O bullying, palavra de origem estrangeira e sem tradução específi


ca para a língua portuguesa, refere-se a um processo que pode ser
circunscrito dentro do rol de comportamentos entendidos como
agressivos ou violentos (Hong & Espelage, 2012). Em geral, o uso do
termo no contexto brasileiro alude a comportamentos de intimidação,
violência e humilhação, embora o processo não se restrinja somente a
essas ações (Wendt, Campos, & Lisboa, 2010). Em termos conceituais,
entende-se que o processo de bullying ocorre na medida em que uma
pessoa ou um grupo busca, sistematicamente, excluir, intimidar, molestar
ou maltratar outra pessoa ou mesmo um grupo de pessoas, levando
a exclusão social (Olweus, 1993). [...] o bullying pode ocorrer tanto de
modo direto, através de atos envolvendo agressões físicas e ataques
verbais, ou ainda de modo indireto e relacional, como nas situações de
isolamento, chantagem, ameaças, difusão de rumores e fofocas, furtos,
entre outros (RIGBY, 2004). (WENDT; LISBOA, 2014, p. 41).

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Para ficar mais claro o cyberbullying consiste em um tipo de violência/agressão praticada por
meio do ciberespaço, amparado pelas tecnologias da informação e comunicação (ferramentas
tecnológicas), “um tipo de bullying que utiliza a tecnologia” (SHARIFF, 2011, p. 59), além de
se configurar num problema social que acaba por violar os direitos humanos. Contudo,
o cyberbullying é, de modo geral, um bullying que acontece no ciberespaço (virtualmente)
próprio da cibercultura.
Vale a pena reforçar que o “cyberbullying é um tema relativamente novo na literatura e
envolve o uso das tecnologias digitais por crianças e adolescentes com o intuito de promover
constrangimento moral ou psicológico” (MAIDEL, 2009, p. 14).
É fundamental descrever o cenário em que o cyberbullying ocorre ele pode se dar por
meio de violações de senhas, roubo de dados pessoais, piadas, utilização de informações
pessoais, fotos em redes sociais, e-mails entre outros, sem autorização ou conhecimento,
com o intuito de desacreditar sua imagem perante um grupo ou sociedade. Além do mais o
cyberbullying pode se manifestar de diversas maneiras, tais como injúria, difamação, ofensa,
falsa identidade, calúnia, ameaça, racismo, constrangimento ilegal e incitação ao suicídio
(MAIDEL, 2009).
Muitos alegam que são apenas brincadeiras que não tinham a intenção de ferir, magoar
ou zombar, porém, uma brincadeira só é brincadeira quando as duas partes se divertem,
caso contrário é agressão, violência.
Segundo Hinduja e Patchin (2009 apud WENDT; LISBOA, 2014) o cyberbullying é um
processo no qual alguém executa, proativa e repetidamente, atitudes como piadas acerca
de uma pessoa em contextos virtuais, ou quando um indivíduo “assedia” alguém através de
e-mails ou mensagens de texto, ou ainda por meio de postagem de tópicos sobre assuntos
que a vítima não aprecia.
Pois bem, esta nova cultura também reconhecida como era digital, começou a se organizar,
pesquisar e se preparar para buscar soluções, contudo, o virtual (manipulado por pessoas
reais) se altera com muita rapidez, encontrando novas maneiras de gerar novos tipos de
cyberbullying. Isso demonstra a importância da formação, educação e reflexões sobre o
comportamento humano.
Uma vez que nos dias atuais o cyberbullying é muito frequente entre adolescente e crianças
que ainda são seres em formação, merecem atenção, proteção e orientação, no que diz
respeito às relações humanas (reais e virtuais), bem como o uso das novas tecnologias. Mas
não podemos esquecer também que esta prática abusiva também é praticada por adultos.

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Não existe somente um responsável pelo combate à violência virtual cabe a família, escola,
entidades e organizações (públicas, privadas e terceiro setor) o combate através da orientação
e formação quanto esta prática. Estamos numa nova cultura, a cibercultura.

Isto está na rede

[...] a Intel Security desenvolveu uma pesquisa que mostra como crianças e adolescentes
lidam com esse problema. O estudo foi realizado no Brasil com 507 crianças e
adolescentes de idades entre 8 e 16 anos, e mostra que a maioria (66%) já presenciou
casos de agressões nas mídias sociais. Cerca de 21% afirmaram que já sofreram
cyberbullying e grande parte das vítimas tem entre 13 e 16 anos.
Entre as atividades realizadas em redes sociais por 24% dos entrevistados da pesquisa,
que são consideradas cyberbullying, 14% das crianças admitiram falar mal de uma
pessoa para outra, 13% afirmaram tirar sarro da aparência de alguém, 7% marcaram
pessoas em fotos vexatórias, 3% ameaçaram alguém, 3% assumiram zombar da
sexualidade de outra pessoa, 2% disseram já terem postado intencionalmente sobre
eventos em que um colega foi excluído, entre outros casos.
As crianças entrevistadas justificaram o comportamento com três principais motivos:
defesa, porque a pessoa afetada as tratou mal (36%); por simplesmente não gostar
da pessoa (24%); e para acompanhar outras pessoas que já estavam praticando o
cyberbullying.
Fonte: CANALTECH. Pesquisa da Intel revela dados sobre cyberbullying no Brasil. 28
de Julho de 2015. Disponível em: https://canaltech.com.br/comportamento/pesquisa-
da-intel-revela-dados-sobre-cyberbullying-no-brasil-46105/. Acesso em 10 ago. 2020.

E o Serviço Social diante desta questão do cyberbullying? Como a profissão deve encarar,
analisar e atuar diante dessa expressão da questão social? A partir de estudos anteriores
foi possível conhecer a gênese da profissão, sabendo que ela traz como marca a questão
social, fruto da contradição capital X trabalho.
A relevância do Serviço Social deve ser considerada na atuação junto as diferentes expressões
da questão social e nos dias atuais consideramos o bullying e também o cyberbullying como
uma dessas expressões. Ambos se configuram como ato/ação de violência, que na maioria
das vezes nasce nas relações escolares entre crianças, adolescente e jovens como foi visto
há pouco. Nossa atuação profissional consistirá no trabalho interdisciplinar para combater,
prevenir e reduzir este problema social.

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Ao exercer seu trabalho, o assistente social deve se caracterizar


não apenas como um profissional que executa, mas também como
aquele que propõe alternativas viáveis para dar resposta e soluções a
determinada demanda que se apresenta no seu contexto de trabalho.
Diante disso, Guimarães (2005) ressalta que o assistente social deve ser
cada vez mais empoderado para que possa desvendar os desafios que
a realidade os impõe, não sendo apenas aquele profissional executivo,
mas também propositor, fazendo que ele envolva e compreenda não
só a questão social, mas também suas variáveis expressões (SILVA;
ARAÚJO, 2015, online).

Logo, o/a assistente social deve pautar sua atuação no sentido ainda de viabilizar o
acesso e ampliação dos direitos, exercício da cidadania. Desenvolvendo trabalhos em grupos
e individuais considerando o contexto existente. Buscar indicadores acerca do bullying e
cyberbullying consiste em uma das maneiras de compreender o movimento da sociedade,
a fim de propor ações efetivas e eficazes.

Isto está na rede

As 10 principais perguntas sobre o cyberbullying


1. Estou sofrendo bullying online? Como saber a diferença entre brincadeira e bullying?
2. Quais são os efeitos do cyberbullying?
3. Com quem devo falar se sofro bullying online? Por que denunciar é importante?
4. Estou sofrendo cyberbullying, mas tenho medo de conversar com meus pais sobre
isso. Como devo tratar o assunto com eles?
5. Como posso ajudar meus amigos a denunciar um caso de cyberbullying, principalmente
se eles não quiserem fazer isso?
6. Estar conectado me dá acesso a muitas informações; no entanto, também significa
que estou vulnerável ao abuso. Como impedimos o cyberbullying sem desistir do acesso
à internet?
7. Como eu evito que minhas informações pessoais sejam utilizadas para me manipular
ou me humilhar nas mídias sociais?
8. Existe punição para o cyberbullying?
9. As empresas de internet não parecem se importar com bullying e assédio online.
Elas estão sendo responsabilizadas?
10. Existem ferramentas online contra o bullying para crianças, adolescentes ou jovens?
Fonte: UNICEF. Cyberbullying: O que é e como pará-lo -10 coisas que adolescentes
querem saber sobre cyberbullying. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/
cyberbullying-o-que-eh-e-como-para-lo. Acesso em: 11 ago. 2020.

Um grande abraço e até a próxima aula!

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AULA 4
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO –
MUNDO DO TRABALHO

Robô sucata. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2019/10/25/19/55/robot-4577932_960_720.jpg

Seja bem-vindo, caro aluno, para mais uma aula! Quem nunca ouviu de alguém: “Meu
celular faz tudo, serve até para fazer ligações!”? É para se pensar e repensar sobre como
nossas vidas são impactadas pelas tecnologias em suas diferentes configurações:

Todos nós vivemos hoje com o celular na mão, olhando 80 vezes por
hora para a tela do aparelho. É comum ficarmos deprimidos se não
recebemos uma modificação qualquer sobre qualquer coisa. Ficamos
em pânico se, por acaso, não encontramos a rede wi-fi, ou se acaba a
bateria do aparelho. Provavelmente, começaremos a ficar aflitos, vamos
sair e comprar uma bateria, se é que já não temos uma bateria reserva.
E não é só o jovem, todos nós estamos assim (OLIVEIRA, 2019, p.163)

Neste início de aula vale ressaltar que assim como a cultura não é única, estática e
imutável, a sociedade também passa por constantes transformações! Você já pensou quais
e quantas transformações ocorreram desde quando você nasceu?

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Do ponto de vista econômico, político, religioso, social! Quantos novos produtos foram
criados, inovações de produtos, serviços, tecnologias. Quantas alterações no campo das
relações pessoais, interpessoais, profissionais e comunicacionais.
A seguir confira uma breve apresentação que consta no Livro Verde da Sociedade da
Informação:

Assistir à televisão, falar ao telefone, movimentar a conta no terminal


bancário e, pela Internet, verificar multas de trânsito, comprar discos,
trocar mensagens com o outro lado do planeta, pesquisar e estudar são
hoje atividades cotidianas, no mundo inteiro e no Brasil. Rapidamente
nos adaptamos a essas novidades e passamos – em geral, sem uma
percepção clara nem maiores questionamentos – a viver na Sociedade
da Informação, uma nova era em que a informação flui a velocidades
e em quantidades há apenas poucos anos inimagináveis, assumindo
valores sociais e econômicos fundamentais (TAKAHASHI, 2000, p. 03).

Considerando as aulas anteriores estudamos de forma mais específica as transformações


bem como o avanço das tecnologias da informação e comunicação (TIC), tais tecnologias
são “como um dos principais fatores na formação da ‘sociedade da informação’” (VELOSO,
2011, p.15), provocando um novo modo de organização social, onde nos deparamos com
novos paradigmas, embasado na produção, disseminação e consumo da informação.

[…] sociedade da informação, era da informação, sociedade do


conhecimento, era do conhecimento, era digital, sociedade da
comunicação e muitos outros termos são utilizados para designar a
sociedade atual. Percebe-se que todos esses termos estão querendo
traduzir as características mais representativas e de comunicação nas
relações sociais, culturais e econômicas de nossa época (SANTOS, 2012,
p. 2).

Nunca as informações chegaram tão rápido e em tão grande volume a todos nós. Logo,
essa sociedade da informação com a qual nos deparamos hoje consiste numa “sociedade
em que as principais atividades estão integradas pelas novas tecnologias da informação e
comunicação e a informação circula em redes eletrônicas” (NEVES, 2007, p. 60) e que se
encontra em constante modificação, nada é permanente por muito tempo.
O que nos remete ao que apresenta os autores Coutinho e Lisboa (2011, p. 6) “a ideia
subjacente ao conceito de Sociedade da Informação é o de uma sociedade inserida num
processo de mudança constante, fruto dos avanços na ciência e na tecnologia”.

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Figura 02 – A tecnologia centrada nas pessoas. Fonte: (NORMAN, 1993) adaptado.

Neste contexto, levando em consideração a relação entre a necessidade humana, aquilo


que a ciência estuda e aquilo que a tecnologia adapta para que as pessoas tenham suas
necessidades satisfeitas, temos a sociedade da informação em pelo desenvolvimento nas
primeiras décadas do XXI, no qual estamos vivendo.
Todas essas reflexões nos servem para compreender com mais clareza a importância
de compreendermos toda a composição dessa tão falada sociedade da informação, como
nos aponta Assmann: a “[...] sociedade da informação é a sociedade que está atualmente a
constituir-se, na qual são amplamente utilizadas tecnologias de armazenamento e transmissão
de dados e informação de baixo custo” (2000, p.8).
É importante que tenhamos em mente também a contribuição a seguir, acerca do conceito
de sociedade de informação, que pode ser entendido como:

[...] conglomerado humano cujas ações de sobrevivência e desenvolvimento


estejam baseadas predominantemente em um intensivo uso, distribuição,
armazenamento e criação de recursos de informação e conhecimentos,
mediados pelas novas tecnologias de informação e comunicação
(MERCOSUL, 1999 apud JARDIM, 2000, p. 7).

Ao nos aproximarmos dos conceitos vamos ampliando nosso conhecimento, nossa


criticidade e nossa capacidade de analisar à realidade atual, alguns podem se identificar
quanto ao uso constante das tecnologias, alguns, por outro lado, pode estar pensando: “Ah!
Nem sou tão dependente assim para mim não mudou muita coisa, e até mesmo, que a
tecnologia é coisa para jovem”.
Não podemos deixar de considerar neste momento também a questão da comunicação
em massa, nessa sociedade da informação que contribui em muito para a sociedade do
consumo, onde a propaganda se tornou uma acentuada ferramenta, que vai muito além

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do consumo, pois gera impactos sociais com desdobramentos em muitas áreas do ser
humano, por exemplo:

Isto acontece na prática

Se você assiste uma propaganda de algum produto que lhe agrada e lhe desperta o
interesse, você logo pensa em possuí-lo, tê-lo para si. Torna-se uma “necessidade”.
Se você possui capital (dinheiro) para adquirir o produto, tudo bem. Mas quais as
consequências que podem ocorrer caso você não tenha o capital necessário?
Uma criança da periferia e outra de condomínio de luxo assistem à mesma propaganda
de um novo vídeo game ou celular…. ambas receberão este produto, fruto do seu desejo
provocado pela mídia? Quais os desdobramentos sociais, econômicos, emocionais,
entre outros que isso pode causar?

Mesmo que o crescente acesso à informação e ao conhecimento por meio das tecnologias
tenha se tornado mais acessível por meio da internet, sabe-se através de pesquisas que
este acesso tem-se tornado cada vez maior entre os segmentos sociais de menor renda.
Precisamos compreender com clareza isso, pois ao mesmo tempo em que o acesso deve
ser sem dúvida possibilitado promovendo a inclusão digital, como ficam as exposições dos
conteúdos mercadológicos e capitalistas para essas pessoas?
A comunicação e o acesso à informação é um direito. Porém, como ficam os demais
direitos? Vamos falar mais sobre estes pontos nas próximas aulas.
Pois se faz importante apontar que nos dando conta ou não as Tecnologias da Informação
e Comunicação estão mais presentes em nossa vida do que podemos imaginar. O fato de não
nos apropriarmos de todas as tecnologias, ou pelo menos, aquelas mais diretamente ligadas
ao nosso cotidiano (pessoal e profissional) pode nos colocar num cenário de desvantagem
nesta cultura da informação. Não é possível negar que estamos na era da informação e do
conhecimento, dito muitas vezes até aqui e que ainda será dito várias vezes até o final das
aulas dessa disciplina.

Entende-se por Era da Informação e do Conhecimento a configuração


de um padrão sócio-técnico-econômico, hoje emergente, em que as
atividades humanas estão centralmente baseadas e organizadas em
torno das atividades de geração, recuperação e uso de informações e
conhecimentos (LASTRES; ALBAGLI, 1999, p.290-291).

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Intensifica-se as discussões acerca da sociedade da informação com o advento da Internet,


no início dos anos de 1960, nos EUA, termo mais popularizado a partir dos anos de 1990.
Segundo Takahashi (2000, p.05):

A sociedade da informação não é um modismo. Representa uma profunda


mudança na organização da sociedade e da economia, havendo quem
a considere um novo paradigma técnico-econômico. É um fenômeno
global, com elevado potencial transformador das atividades sociais e
econômicas, uma vez que a estrutura e a dinâmica dessas atividades
inevitavelmente serão, em alguma medida, afetadas pela infra-estrutura
de informações disponível. É também acentuada sua dimensão político-
econômica, decorrente da contribuição da infra-estrutura de informações
para que as regiões sejam mais ou menos atraentes em relação aos
negócios e empreendimentos. Sua importância assemelha-se à de uma
boa estrada de rodagem para o sucesso econômico das localidades. Tem
ainda marcante dimensão social, em virtude do seu elevado potencial
de promover a integração, ao reduzir as distâncias entre pessoas e
aumentar o seu nível de informação.

As buscas por chegar a conceito único acerca da sociedade da informação há tempos vem
sendo apresentado por diferentes autores, muitas reflexões são oportunizadas e publicadas,
porém vale ressaltar que ainda estamos em meio a tantas mudanças tecnológicas. Mas
alguns consensos são percebidos, sobretudo quanto as possibilidades e desafios trazidos
pelo aumento crescente dos meios informáticos pela sociedade. Como por exemplo, afirma
Veloso:

[...] a cibercultura emerge com o ciberespaço, o qual é constituído por


novas atitudes, novas práticas comunicacionais (tais como e-mails,
listas, blogs, chats, dentre outros), novos modos de pensamento,
valores, e empreendimentos que aglutinam grupos de interesse os mais
diversificados (VELOSO, 2011, p. 45).

Fazemos parte de uma sociedade radicalmente diferente! Onde várias profissões


desaparecem, na medida em que novas surgem.

Precisamos aprender a aprender.


Recentemente, um programa de televisão, ao falar de determinada
atividade profissional, apresentou vários indivíduos com seus currículos.
Um deles disse o seguinte: ‘Eu sou formado na universidade do Youtube’.
Curioso, mas é fato. Estamos ouvindo referências sobre a universidade do
Linkedin, a do Facebook... Atualmente, uma pessoa tem como ‘se formar’
no Youtube. A informação está fluindo de várias formas e precisamos
simplesmente aprender (OLIVEIRA, 2019, p.169).

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Um grande fator é que além de aprender nesta sociedade conectada, é que temos a
sensação que todas as nossas ações estão relacionadas a um aplicativo (app) em nosso
smartphone. Em muitas vezes nos afastamos do senso crítico e pensamento complexo, e
isso é preocupante, perdendo a capacidade de questionar. Uma maneira de manter o cérebro
em um terreno confortável, buscando informação de maneira rápida e fácil, não em nossa
mente, mas sim em algum tipo de aplicativo. Porém grande parte dos aplicativos possuem
uma intencionalidade na sua formatação e execução.

Isto acontece na prática

Quanto ao uso dos aplicativos que nos colocam na zona de conforto e nos levam a
ações cada dia mais acomodada, veja o seguinte exemplo:
“Isso causa na pessoa uma série de comportamentos. Um bom exemplo é o uso do
Waze. Acessamos esse aplicativo para percorrer um trajeto de oito quadras, porque
entendemos que o Waze faz o melhor caminho, o caminho mais rápido, o caminho
mais eficiente. Mas, para andar essas oito quadras, descobrimos que vamos dar uma
volta muito maior. E por que ele faz isso? Talvez alguns achem: ‘Ah! É um erro. Esse
aplicativo ainda não está tão perfeito’. Não é por isso não. O Waze tem que ser pago,
então, ele vai criar um algoritmo que nos aproxima dos anunciantes dele.
Você já deve ter percebido que, quando colocamos o endereço, o Waze nos dá o local,
a quilometragem e, no momento em que falamos ‘Vamos lá’, ele sutilmente aumenta o
trajeto 2, 3 quilômetros em média. Você diz: ‘Ele está me tirando do trânsito’. Na verdade,
ele está levando você para mais perto dos anunciantes. E quem são os anunciantes
do Waze? Posto de gasolina, concessionária...
Quando percebemos isso, sentimos certo incômodo, uma certa raiva. E aí decidimos:
‘Não vou mais usar o Waze, vou usar o Google Maps’. Esquecendo que o dono do
Waze é o Google...
A questão não é a importância de todo esse conhecimento. Esse conhecimento é ótimo.
A questão é que não podemos parar de olhar para a frente, olhar para a realidade. Não
podemos delegar tudo à ferramenta, mas estamos começando a achar essa entrega
sedutora.
Fonte: Oliveira, 2019, p. 170-171.

Vamos a partir do exposto acima, pensar como você enquanto futuro Assistente Social
tem um papel considerando esta sociedade da informação? Quais são e serão os desafios a
serem enfrentados? Um novo perfil de trabalhador tem se formado, exigindo cada vez mais

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flexibilidade, resiliência, criatividade e inovação. Competências que vão além do conhecimento


técnico.
As novas habilidades e competências que o mercado profissional tem solicitado devem ser
trabalhados desde a infância, nos ambientes escolares, extracurriculares. Nas universidades
o desafio continua, pois muitos dos alunos não foram letrados e alfabetizados digitalmente
e neste contexto precisam desenvolver tais requisitos.
Ressalto que é preciso uma abertura intelectual para se abrir a estas possibilidades, enfrentar
resistências, desafios, pois na formação acadêmica o professor acaba por assumir cada vez
mais o papel de mediador do conhecimento, estimulando o protagonismo do processo..
De acordo com Werthein (2000, p. 77l):

[...] será essencial identificar o papel que essas novas tecnologias podem
desempenhar no processo de desenvolvimento educacional e, isso posto,
resolver como utilizá-las de forma a facilitar uma efetiva aceleração do
processo em direção a educação para todos, ao longo da vida, com
qualidade e garantia de diversidade. As novas tecnologias de informação
e comunicação tornam-se, hoje, parte de um vasto instrumental
historicamente mobilizado para a educação e aprendizagem.

Se você observar no seu curso, será possível compreender diferentes ferramentas


digitais que utiliza para o seu processo formativo, um exercício de autodisciplina e auto
responsabilidade. É disponibilizado à você condições para que com o devido acesso às redes
digitais, busca o conhecimento.
Esta Sociedade da Informação que falamos aqui, é composta pela união da comunicação
e informática, que media e também constrói relações, dotada de símbolos que por vezes
não são devidamente compreendidas.
Vamos observar um pouco o cenário brasileiro por alguns instantes, acerca do movimento
de mudança acerca da formação de profissionais X formação? Pois bem, é notória a urgência
e a máxima necessidade de repensarmos nossos processos educacionais desde a educação
infantil até o ensino superior, a partir de três dados:

O primeiro deles diz respeito ao número de adultos no Brasil que são


analfabetos funcionais. Recentemente, um estudo mostrou que 7 em
cada 10 adultos brasileiros não conseguem ler nem escrever plenamente.
Ou seja, vivemos em um país onde a grande maioria da população,
quando recebe um comunicado da escola de seus filhos, por exemplo,
não entende o que está escrito ali. Então, é muito difícil falar sobre o
futuro quando falta o básico, que é a leitura (AMARAL, 2019, p. 187).

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Este primeiro dado traz uma informação significativa, refletindo a educação brasileira, não
só dos dias atuais, mas aquela dispensada ao longo de anos. Trata também do acesso à
formação, o que impacta no mercado de trabalho e no cotidiano das pessoas. Os aplicativos
e redes sociais são criadas de forma que sejam manipuladas intuitivamente, o que não pede
muito esforço mental e crítico do ser humano, o que acaba por manter seus usuários na
condição de passivo.
O incentivo à leitura ainda é um ponto crítico, pois a leitura adequada leva à reflexão e
esta à criticidade acerca daquilo que é lido.
Um segundo dado a ser considerado nesta discussão que não pode ser descartado:

O segundo dado está relacionado à geração atual. Eu cresci com meu


pai falando: ‘Na minha época, escola pública era coisa de rico’. E meu pai
tinha razão. Alguns anos atrás, a escola básica pública era para poucos.
O Brasil vem trilhando, de fato, um longo caminho para a inclusão. Mas
ainda hoje, a escola pública não é para todos. Atualmente, há quase 2
milhões de crianças e adolescentes fora da sala de aula. Então essa é
uma batalha que ainda temos que enfrentar (AMARAL, 2019, p. 187 - 188).

Mesmo com todo o avanço de inclusão escolar, garantido por lei, no Brasil temos muitas
crianças e adolescentes fora da escola, não descartamos ainda que em muitos locais se
encontra a formação de baixa qualidade e um processo de ensino e aprendizagem com
métodos tradicionais que não contemplam a necessidade das novas tecnologias na educação.
A inclusão das novas tecnologias na educação é necessária para a formação de pessoas
voltada para realidade, considerando seu contexto e exigências. Para isso é necessário a
formação continuada de educadores desde a educação básica até o ensino superior. É
preciso romper com paradigmas construídos ao longo do tempo.
A partir das reflexões até então realizadas, apresentarei o terceiro dado:

O terceiro dado é o que mais chama a atenção, pois diz respeito ao


principal entrave que precisamos enfrentar para depois falar sobre o
futuro. Na atualidade, estar em uma escola pública não significa muito
em termos de aprendizado. De cada 100 alunos que terminam o ensino
médio na rede pública - e sabemos que uma grande parte deles abandona
a escola, se evade no meio do caminho -, apenas 20 aprenderam o
mínimo adequado em português e 3 aprenderam o mínimo adequado
em matemática. O que isso quer dizer? quer dizer que, assim como
aqueles que conseguem chegar ao ensino superior, alunos que terminam
o ensino médio sabendo ler e escrever plenamente e sabendo frações
ainda fazem parte de um pequeno grupo. Esse é o atual estado da
educação brasileira! (AMARAL, 2019, p. 188).

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Pois bem caro aluno a partir de todo o exposto, para falarmos do mundo do trabalho,
precisamos pensar com clareza sobre a sociedade da informação na qual estamos vivendo
e experienciamos cotidianamente.
A mudança perpassa pela educação, e esta mudança se faz urgente, devendo se adequar
às novas exigências do século XXI, pois

Um estudo feito por professores de Oxford estima que, nos próximos


12 anos, cerca de 2 bilhões de empregos serão extintos no quadro de
uma população mundial de 7 bilhões de pessoas. E, nos próximos dois
anos, a estimativa é de que 7 milhões de empregos sejam extintos com
as novas tecnologias, e só 2 milhões de novos empregos sejam criados.

Tais considerações trazem as reflexões pertinentes a todos os cidadãos e sobretudo a


você futuro/a Assistente Social, considere as transformações que estão ocorrendo a partir
da Revolução 4.0:

Muda o cenário de Neste caso, profissões disponíveis hoje deverão se tornar


tendência de emprego obsoletas no futuro, mas novos tipos de trabalhos e atividades
surgirão para atender à demanda da Revolução Industrial 4.0.
Muda o cenário das A era digital de crescimento exponencial traz consigo
tecnologias tecnologias desconhecidas; daí as IES [Instituições de Ensino
Superior] precisarem antecipar e preparar consistentemente sua
clientela para habilidades em mutação e novos conhecimentos.
Mudam as atitudes e De imigrantes digitais a nativos digitais.
o comportamento dos
estudantes
Muda o cenário das Seremos confrontados com problemas e situações
demandas imprevisíveis no futuro.

Quadro 2: Transformações Revolução 4.0. Fonte: adaptado de Amaral, 2019, p. 200.

Desta maneira apresentado, caro aluno, fica claro que considerando todas as transformações
provocadas na sociedades os avanços devem promover além da modernidade, a inclusão.
Mas, será que é isso mesmo que está acontecendo nesta sociedade da informação?
Pois,

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A sociedade da informação [...]. Representa uma profunda mudança na


organização da sociedade e da economia, havendo quem a considere um
novo paradigma técnico-econômico. É um fenômeno global, com elevado
potencial transformador das atividades sociais e econômicas, uma vez
que a estrutura e a dinâmica dessas atividades inevitavelmente serão, em
alguma medida, afetadas pela infra-estrutura de informações disponível.
É também acentuada sua dimensão político-econômica, decorrente da
contribuição da infra-estrutura de informações para que as regiões sejam
mais ou menos atraentes em relação aos negócios e empreendimentos.
Sua importância assemelha-se à de uma boa estrada de rodagem para
o sucesso econômico das localidades. Tem ainda marcante dimensão
social, em virtude do seu elevado potencial de promover a integração, ao
reduzir as distâncias entre pessoas e aumentar o seu nível de informação
(Livro Verde da Informação no Brasil, 2000).

É necessário um nível de criticidade para que saibamos analisar os pontos positivos, os


desafios que as tecnologias nos apresentam. Num mundo movido a informações rápidas
como promover a inclusão digital e social no mesmo ritmo?
Como promover a inclusão social e digital num país com alto índice de desigualdade
social e econômica? Como possibilitar a formação educacional igualitária e uma formação
profissional que possibilite a inserção no mercado de trabalho tão competitivo e exigente?

O aumento da desigualdade de renda e de patrimônio e um aperto da


classe média, é [um] fator a ser considerado. Isso leva a disparidades
em relação ao acesso à educação, aos cuidados da saúde, aos serviços
sociais e ao consumi, sendo grande a possibilidade de que a Quarta
Revolução Industrial gere ainda mais desigualdade globalmente
(MCMILLEN, 2019, p. 94)

São questionamentos que devemos ter em mente não só como cidadãos, mas como
futuros assistentes sociais também. Outro fator a ser considerado meu caro futuro Assistente
Social, diz respeito aos idosos que num crescente aumento da expectativa de vida, tem se
mostrado ao mesmo tempo um desafio, uma oportunidade para aqueles profissionais que
desejam se especializar e fazer a diferença, vamos entender por quê? Isso diz respeito às
mudanças demográficas e você não pode desconsiderar esta questão.

Segundo o McKinsey Global Institute, por volta de 2030 haverá 300 milhões
de pessoas com idades acima de 65 anos a mais do que havia em 2014.
E, à medida que as pessoas envelhecem, suas necessidades e padrões
de consumo mudam. Isso significa que haverá enorme demanda por uma
série de ocupações, incluindo as de médicos, enfermeiros, assistentes
de enfermagem, cuidadores pessoais, assessores de saúde doméstica
e técnicos em saúde - ocupações demandadas que as instituições de
ensino não estão fazendo muito para atender (MCMILLEN, 2019, p. 94).

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Essas questões aqui apresentadas denotam que em meio a tantos avanços não podemos
perder de vista o futuro próximo, enxergar as possibilidades, exercitar as múltiplas possibilidades
que se apresentam para isso é preciso de profissionais antenados aos indicadores sociais e
econômicos. Considerando que enquanto Assistentes Sociais temos muito a contribuir com
inúmeros problemas atuais e na busca por soluções e respostas, não podemos ficar de fora.
Os Assistentes Sociais possuem uma formação generalista, capaz de fazer uma leitura
de realidade considerando todos os seus aspectos e nuances, somos profissionais críticos
e propositivos que se soubermos aproveitar as oportunidades, daremos vez e voz a muitos
questionamentos da sociedade. Esta é uma disciplina que possibilita pensar “fora da caixa”,
pensar o potencial social da profissão e do quanto ela é indispensável para a sociedade,
mas é necessário um profissional atualizado, sem perder as convicções e compromissos
ético-políticos.
Mesmo que todos estejamos inseridos nesta sociedade da informação, nem todos
usufruímos dela, nem todos possuem acesso às redes digitais.
Esses questionamentos precisam permear toda a nossa disciplina, considerando a sua
formação profissional.
Para fecharmos esta aula alguns apontamentos da relação entre a sociedade da informação
e o mercado de trabalho. Esta sociedade em constante transformação provoca no mesmo
ritmo transformações no mercado de trabalho inserido num sistema capitalista de produção
que não pode ser desconsiderado, como estar preparado para o mercado, o que ele espera
dos profissionais e futuros profissionais?

De acordo com a pesquisa de McKinsey, que ouviu 350 presidentes de


empresas em todo o mundo, as principais competências necessárias
até 2030 serão: coordenação com outras pessoas, gestão de pessoas,
criatividade, pensamento crítico e resolução de problemas complexos. [...]
trabalho em equipe, habilidades de comunicação, inteligência emocional,
gerenciamento de projetos são capacidades dos novos profissionais do
futuro (MCMILLEN, 2019, p. 92,93).

Vejam quantas questões nos são exigidas nesta sociedade. Por fim deixo à você um
quadro reflexivo acerca do que especialistas apontam como as novas necessidades do
mercado de trabalho, vejam que elas transcendem os conhecimentos técnicos (obrigação
do profissional especializado), olhe para o quadro e procure também fazer uma autoanálise,
aperfeiçoando pontos que possui e desenvolvendo aqueles que julga precisar:

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Criatividade - Costumava ser a décima posição neste tipo de lista,


agora está entre as 3 principais habilidades. Por que isso? Porque as
pessoas são bombardeadas com novas tecnologias, e os empregadores
estão buscando pessoas criativas, que possam aplicar esse conjunto
de habilidades a novos produtos e serviços.
Pensamento Crítico - Diz respeito também ao aumento da automação,
que aumenta a necessidade de empregar a lógica e raciocínio [...] Os
empregadores querem pessoas que possam dizer se a tecnologia é usada
ou abusada, e se está beneficiando um conjunto mais amplo de pessoas.
Aspectos Éticos - A tecnologia pode tornar a vida mais fácil, mas
também exige solução de problemas complexos. Sem um ser humano
com habilidades de pensamento crítico, não seremos capazes de resolver
problemas (MCMILLEN, 2019, p. 92,93).

Em posse de tantas informações, reflexões e questionamentos te pergunto: que profissional


de Serviço Social você deseja se tornar? Pense nisso e te aguardo na próxima aula!

Revolução 4.0. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/07/12/08/33/industry-2496188_1280.jpg

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AULA 5
ACESSO DIGITAL E SOCIEDADE DA
INFORMAÇÃO

Criança digital. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2020/05/21/15/31/childhood-5201334_1280.jpg

Seja bem-vindo, caro aluno, para mais uma aula! Na sociedade contemporânea podemos
verificar uma tendência mundial para a aplicação de tecnologias e inovações tecnológicas
em diversas áreas e não poderia ser diferente no Serviço Social. E você é um exemplo nessa
nova realidade.
Se um dos objetivos da formação profissional de Assistentes Social consiste em preparar
os profissionais críticos, capazes de analisar e refletir criticamente os aspectos de forma
macro e micro da sociedade, não se pode pensar o Serviço Social e sua prática investigativa e
interventiva isolado das práticas culturais, econômicas e sociais desenvolvidas no ciberespaço,

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ou ainda deixar de fora as ações dos indivíduos (profissionais, usuários, entidades) na


cibercultura ou cultura digital. Assim é que pensamos o lugar do Serviço Social, junto à
Sociedade da Informação.
Ao falarmos de Sociedade da Informação muitos questionamentos podem ter vindo à
tona, na sua mente. Reflexões relacionados à questão da exclusão digital, considerando,
sobretudo, a realidade brasileira e suas desigualdades, falta de acesso a recursos, inclusive
digitais (sistemas e máquinas/aparelhos).
Ao falarmos de tecnologias modernas, educação, informação, acesso, falamos de inclusão
digital, contudo, ao olharmos para o nosso cenário brasileiro em especial, cabe a discussão:
ao falarmos sobre inclusão digital precisamos falar também do seu oposto, a exclusão
social/digital.

Fique atento

“A exclusão, no caso da internet, não se manifesta apenas pela falta de acesso (como
seria o caso da eletricidade e do saneamento básico), mas nas consequências sociais,
econômicas e culturais da distribuição desigual do acesso”.
Fonte: (BUZATO, 2007, p. 37).

Influenciado pelos meios de comunicação, a inclusão digital

[...] equivaleria ao acesso, preferencialmente domiciliar, de comunidades


em desvantagem (econômica, geográfica, física, educacional, etc.) aos
artefatos técnicos (dispositivos digitais e meios de comunicação às
redes telemáticas) e aos bens simbólicos (bibliotecas digitais, softwares,
websites, jogos de computador, bancos de dados, serviços de e-commerce,
etc.) relacionados às TIC (BUZATO, 2007, p. 37).

Mas aqui eu te provoco a refletir: para você o que significa inclusão digital (ID)? Para isso,
já no início, peço a sua atenção para o exposto a seguir:

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Fique atento

Quem fala em inclusão, no entanto, fala, na maior parte dos casos, do lugar de incluído,
isto é, fala como alguém que se entende como pertencente a um contexto estável e
homogêneo no qual o objetivo ou ideal que aqueles termos desgastados descrevem
teria sido plenamente alcançado, alguém que já definiu aquilo que é tem ou faz como
bom e necessário para todos e que está disposto a trazer para esse mesmo espaço
idílico e perfeitamente regulado o outro, o excluído, que por influência do destino, da
natureza, da tradição, de seus próprios hábitos, da sua própria ignorância, ou de alguma
fatalidade histórica, não atingiu o estágio ou condição de igual.
Fonte: (BUZATO, 2007, p. 23)

Fique atento para que não caiamos numa hipocrisia, como cotidianamente vemos. O
discurso muitas vezes se dá do ponto de vista do incluído, a partir daquilo que imaginamos
como o outro vive/sobrevive, ou ainda do ponto de vista do “nosso imaginário” acerca de
como o outro sente a realidade.
Ou seja, as diferentes dimensões devem ser vistas e encaradas de forma correlacionadas,
pois somos seres múltiplos, complexos e relacionais, como podemos perceber a seguir:

Articular a dimensão social à dimensão cultural da inclusão significa


articular desigualdade e diferença, cidadania e identidade, binômios com
os quais as Ciências Sociais têm se debatido ao longo dos últimos
dois séculos, mas que nesse momento passam por uma intensa
revisão. Num mundo caracterizado crescentemente por uma nova
(des)ordem que inclui, simultaneamente, o esfacelamento do Estado-
nação e o recrudescimento das ideologias nacionalistas e das formas de
identificação coletiva pré-modernas, tais como a religião ou a tribo, ambos
os processos alimentados pela pressão do capital transnacional que, ao
mesmo tempo, homogeneíza e estratifica o mundo pela via do consumo,
experimentamos uma mudança radical naquilo que costumávamos
entender como “comunidades”. Imersos, como estamos, num fluxo
incessante de pessoas, bens culturais, comodities e tecnologias vindos
de todos os cantos do mundo, começamos a nos dar conta de que
agora, como sempre, “cada um de nós pertence não a uma mas a várias
comunidades éticas, cujas demandas são muitas vezes conflitantes “
(GRAY 2000, p.24).

Contudo, vale ressaltar para os fins de estudo dessa aula (e todo o conjunto de conteúdos
dessa disciplina) que acesso não equivale à inclusão, pois de acordo com Buzato (2007),
a inclusão digital está vinculada à inclusão social, isso fica mais evidente quando o autor
aponta que “a exclusão, no caso da internet, não se manifesta apenas pela falta de acesso

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(como seria o caso da eletricidade e do saneamento básico), mas nas consequências sociais,
econômicas e culturais da distribuição desigual do acesso” (BUZATO, 2007, p. 37).
Seguindo esse raciocínio, vamos avançando no entendimento acerca do entendimento
sobre o que vem a ser a inclusão digital, os requisitos estabelecidos para que uma pessoa seja
considerada incluída digitalmente. Neste assunto, Rondelli (2003) aponta que a alfabetização
digital faz parte do processo de inclusão digital, onde a aprendizagem e alfabetização digital
compõem o rol de necessidades do indivíduo para que possa, dessa maneira, interagir no
ciberespaço, consumindo, interagindo e também produzindo conteúdo.
Ou seja, inclusão digital não significa somente a oferta de computadores e outros
aparelhos (esse é apenas o primeiro passo), pois sem a inteligência, sabedoria, habilidades
e competências mínimas no que tange à inclusão digital, é inútil.

[...] podemos afirmar que, incluir um indivíduo na sociedade digital, não


é apenas entregar-lhe a ferramenta, ou ainda orientá-lo como ligar/
desligar, ou utilizar tal e tal programa, é importante que este consiga
receber informações, mas através delas, constrói seu próprio capital
social, cultural, técnico e intelectual (APOLINÁRIO, 2014, p. 17)

Não se trata apenas de usar/manusear e sim como e com que finalidade o fazer, sendo
assim compreendemos que o que fará significativa relevância é o seu modo de ser e agir
na cibercultura/ cultura digital. Para isso,

A forma de se proporcionar este acesso deve estar integrada às condições


locais existentes, em termos de suas organizações, tanto quanto seus
referenciais culturais. Centros de produção, criação e compartilhamento
cultural (e de acesso à rede) devem estar interligados a associações
comunitárias [...] etc. (LAZARTE, 2000, p. 48)

Ter acesso não implica necessariamente que a pessoa saiba utilizar os recursos de
maneira adequada, considerando sua realidade, seu contexto, seus conhecimentos prévios.
Como incluir digitalmente a população se não conseguimos garantir nem mesmo o acesso
à tecnologia digital?

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Fique atento

Falar em informação e conhecimento no século XXI significa incorporar a comunicação


e a linguagem digital como requisitos fundamentais para a formação dos cidadãos. [...]
A inclusão digital constitui fator de equidade social, na medida em que as tecnologias da
informação e comunicação podem ser utilizadas para introduzir perspectivas inovadoras
para a educação, contribuindo para a melhoria da qualidade do ensino.
Fonte: CENPEC. Conexões da vida: o letramento digital mudando histórias. São Paulo:
Type Brasil, 2008, p.2.

De acordo com Veloso (2011, p. 23), “alguns dados disponíveis permitem verificar a
existência de uma distribuição marcadamente desigual dos recursos tecnológicos, cuja
tendência geral consiste na reprodução dos principais traços de nossa organização social”.
Para isso o Estado e as políticas públicas também se fazem necessárias e podem fazer a
diferença, atendendo as demandas, viabilizando o acesso às Tecnologias da Informação e
Comunicação, promovendo a inclusão digital.

Ele [Goldmann] aposta, na capacidade dos indivíduos construírem


uma verdadeira uma verdadeira comunidade humana no futuro,
fundamentando nossa reflexão sobre o papel dos profissionais que
atuam no campo da informação: contribuir, de um lado, para ampliar e
teia mundial de comunicação da informação e, de outro, para diminuir
a ‘info-exclusão’, aumentando as possibilidades de livre acesso aos
estoques de informação (FREIRE, 2004. p. 193)

E no século XXI,

O acesso à informação torna-se um fator-chave na luta contra a pobreza,


a ignorância e a exclusão social. Por essa razão não se pode deixar
apenas nas mãos das forças do mercado o cuidado de regular o acesso
aos conteúdos das ‘autovias da informação’. Pois são esses conteúdos
que vão tornar-se o desafio fundamental do desenvolvimento humano
nos âmbitos da sociedade da informação; o ciberespaço deve permitir a
todos o acesso às informações e aos conhecimentos necessários para
a educação e para o desenvolvimento de todos os homens (QUÉAU,
2001, p. 179).

Quanto ao acesso à informação e inclusão digital existem várias frentes de discussão, a


seguir você poderá estabelecer um processo reflexivo a partir de três elementos, acompanhe
a seguir

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Figura: Inclusão e Exclusão digital? Fonte: Elaborado pela autora.

Pois bem, a partir do apresentado acima fica claro que o acesso à tecnologia não garante
inclusão. Outro elemento significativo é que cada pessoa precisa interagir de maneira crítica
com os conteúdos/informações.

Fique atento

Falar em inclusão digital implica falar também em exercício de cidadania, consiste em


criticidade, ação consciente e politizada promovendo transformação social!

Para que os indivíduos estejam em contato com os avanços tecnológicos e os paradigmas


emergentes da sociedade da informação, o Serviço Social deve buscar alternativas para
oportunizar modos de aproximar pessoas, grupos e até mesmo as comunidades, às tecnologias
por meio da utilização de novas metodologias que conjuguem as necessidades de formação
digital desses sujeitos aos avanços tecnológicos.

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Figura: a inclusão digital depende de 4 passos. Fonte: Rondelli ( 2003) adaptado.


Figura 1- https://cdn.pixabay.com/photo/2015/07/27/08/19/social-media-862133_1280.jpg
Figura 2: https://cdn.pixabay.com/photo/2016/04/14/07/54/face-1328417_1280.jpg
Figura 3: https://cdn.pixabay.com/photo/2016/03/11/10/01/head-1249999_1280.png
Figura 4: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/04/30/07/58/social-media-3362037_960_720.png

Chegando na etapa final da nossa aula não posso deixar de instigar você mais uma
vez, a partir de todo o exposto, o que significa então inclusão digital? Você sabe quais são
os requisitos para considerar alguém incluído digitalmente? Segundo o critério utilizado
pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Geográfica (IBGE), é considerada digitalmente incluída
toda pessoa que tenha acessado a internet pelo menos uma vez nos últimos três meses
anteriores à pesquisa censitária. Este conceito mostra-se frágil quando pensamos inclusão
como sinônimo de incorporação e integração.
Você poderá ver o exposto acima e muitas outras informações na sugestão a seguir, onde
apresentamos o resultado da PNAD – Pesquisa Nacional de Domicílios Contínua, relacionadas
às TICs – Tecnologias da Informação e Comunicação. Acesse e navegue com bastante
atenção!

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Isto está na rede

Além de informações conjunturais sobre as tendências e flutuações da força de trabalho


brasileira, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua),
investiga, trimestralmente, outros indicadores sobre temas suplementares da pesquisa.
Os domicílios selecionados são visitados por cinco trimestres consecutivos, uma
vez a cada trimestre cabendo destacar que para o tema contemplado no presente
informativo – Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) foram acumulados os
dados correspondentes ao 4º semestre de 2018, que foram divulgados em abril de
2020. Tem como foco aspectos de acesso à internet e à televisão e posse de telefone
móvel celular para uso pessoal, com detalhamento geográfico para Brasil e Grandes
Regiões, oferecendo comentários analíticos sobre variados indicadores.
No que diz respeito aos domicílios, pesquisou-se a existência de televisão; o seu tipo
(tela fina ou de tubo); a existência de aparelho com conversor para receber o sinal
digital de televisão aberta e daqueles que já a estavam recebendo; a utilização do
serviço de televisão por assinatura; a existência de microcomputador, tablet e telefone
(fixo convencional ou móvel celular); aspectos de uso da Internet, com destaque para
os equipamentos utilizados para o respectivo acesso e os tipos de conexão (discada,
banda larga fixa e móvel) utilizadas no domicílio; e, ainda, o motivo principal da não
utilização da Internet no domicílio. No que concerne às pessoas de 10 anos ou mais
de idade, pesquisou-se a utilização da Internet, por qualquer meio e em qualquer local,
pelo menos em algum momento do período de referência dos últimos três meses
que antecederam a data da entrevista no domicílio. Nesse sentido, investigou-se o
equipamento utilizado para acessar a Internet; o tipo de conexão usada; a finalidade
de tal acesso; o motivo principal de sua não utilização; e a posse de telefone móvel
celular para uso pessoal.
Fonte: IBGE. PNAD Contínua TIC 2018: Internet chega a 79,1% dos domicílios do país.
Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-
agencia-de-noticias/releases/27515-pnad-continua-tic-2018-internet-chega-a-79-1-dos-
domicilios-do-pais. Acesso em: 15 ago. 2020.

Após o acesso ao material podemos observar que os indicadores de acesso subiram de


um ano para outro, contudo, alguns parâmetros ainda precisam ser melhor definidos, pois
considerar incluído digital aquela pessoa que teve pelo menos um acesso à internet nos
últimos três anos não reflete a realidade atual.

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Você enquanto futuro Assistente Social deve estar sempre alerta quanto aos indicadores
digitais apresentados por fontes seguras, por exemplo, os fornecidos pelo IBGE – Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. Por quê?
Porque os indicadores nos auxiliam profissionalmente no entendimento da realidade
brasileira, onde pode através de filtros e delimitações fazermos análises comparativas com
a realidade específica onde estamos inseridos profissionalmente. Evita achismos.
Finalizamos nossa aula frisando a necessidade de se buscar a integração das tecnologias
de informação e comunicação no trabalho do Assistente Social. Necessitando além dos
conhecimentos específicos da profissão, ampliar os conhecimentos acerca da sociedade
da informação, comporta pelo ciberespaço e a cibercultura. Você é prova viva de que a
sociedade da informação trouxe avanços e também desafios, uma vez que fez a opção pela
Educação à Distância, cada um de vocês pelos próprios motivos.
Você que está passando por esta experiência de aluno na modalidade a distância e digo
uma coisa: você está em vantagem perante muitos. Espero que você esteja gostando dos
temas propostos nessa disciplina e mais que isso, que esteja percebendo a aplicação prática
deles em seu fazer profissional! Até a próxima aula!

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AULA 6
POLÍTICAS INFORMACIONAIS NO
BRASIL

Teclado, cadeado, segurança. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2020/01/02/18/44/computer-4736566_1280.jpg

Seja bem-vindo, caro aluno, para mais uma aula! Nessa aula que você inicia agora faremos
um breve apanhado acerca das políticas informacionais no Brasil, abordando a sua relação
com a profissão de Serviço Social diante de todos os avanços e desafios do cotidiano.
Ao falarmos sobre as políticas informacionais não podemos compreender que elas dizem
respeito somente a ações imediatista ou alguns programas pontuais. Precisamos olhar para
os direitos de acesso, dos princípios da democracia brasileira, bem como o que prevê as leis
nacionais, uma vez que no Brasil existe a premissa do livre acesso às redes de informações,
diferente de outros países.

Fique atento

“Política de informação significa uma decisão governamental, direcionando as atividades


do setor. Explícita ou implícita - difusa na massa das políticas públicas - ela é o resultado
de uma correlação de forças dentro do Estado”. (SILVA, 1991, p. 11).

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Considerando este contexto, vê-se que as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação)


se constituem enquanto ferramentas que auxiliam na prática interventiva e investigativa do
Serviço Social brasileiro, capaz de trazer diferentes benefícios que auxiliam e otimizam tanto
o processo quanto a gestão de serviços sociais, como veremos em outra aula.
Nesse sentido é relevante que o Assistente Social aprenda, compreenda e se aproprie
das diferentes ferramentas digitais trazidas pelas novas tecnologias, na perspectiva do
conhecimento, cidadania, gestão e democratização.
Trataremos a partir de agora a questão da Política de Informação e suas interfaces com
a profissão, de maneira a contribuir com sua formação e futura atuação profissional no
século XXI.

Partimos da primíssima que o processo de transformação na sociedade


capitalista é também informacional, pois se originou na sociedade atual
não por acaso, mas em um período histórico de reestruturação global
do capitalismo, para o qual a tecnologia informacional é uma ferramenta
básica (GOMES, 2016, s/p).

Neste contexto apresentado acerca de que a sociedade se encontra em constante


transformação, onde de tempos em tempos temos uma sociedade renovada, alterada,
transformada em vários aspectos, neste caso a transformação capitalista e também ligada
a questões informacionais.
Segundo Blondel (2005), “um dos maiores riscos do séc. XXI é a marginalização dos
excluídos deste progresso, por via da disseminação destas, o seu conhecimento por todos
os cidadãos e profissionais torna-se igualmente pertinente” (BLONDEL, 2005 apud GOMES,
2016, s/p).
Na sociedade da informação/sociedade de rede, as informações são entendidas também
como um tipo de “mercadoria”, no que tange o Serviço Social: “o debate sobre as tecnologias
de informação nos processos de trabalho do Serviço Social não pode ser encarado como
algo isolado do conjunto das condições históricas e sociais” (SILVA, 2003, s/p).
Isso também se faz necessário para não se correr o risco de desqualificação frente a
outros profissionais, outras profissões, enfim, perante o tão competitivo mercado de trabalho,
que exige novas habilidades e competências, conforme visto em aulas anteriores.

Europa As políticas de informação surgem no Século XVIII, com a criação das


primeiras bibliotecas reais.

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Espanha Alguns eruditos elaboraram reflexões especificando suas ideias para


configuração de um “sistema bibliotecário nacional.
Suécia Lei aprovada em 1766 de acesso a informação.
Estados Unidos Primeira Lei de Liberdade de Informação em 1966, denominada como
Freedom of Information Act – FOIA

Quadro 3: Breve contextualização sobre as Políticas de Informação. Fonte: Ferreira et al. (2012, apud GOMES, s/p) adaptado.

Após a Segunda Guerra Mundial (1947) as questões relacionadas à informação passam


a ser encaradas como uma das estratégias para alavancar o desenvolvimento nas áreas
tecnológica e científica, sobretudo, nos países do Ocidente a partir de então muitos países
começam a formular políticas no que tange políticas e suas formas de regulação da informação.
Tais políticas estavam cada vez mais ocupando lugar de destaque em muitos países,
pois mesmo sendo relacionadas ao desenvolvimento tecnológico e científico o destaque
vai pelos impactos no que diz respeito ao desenvolvimento econômico, fomentando ações
cada vez mais acentuadas ligadas à inovação e competitividade.
Daí em diante se avançam, cada vez mais, em diferentes países do mundo as políticas
de informação e também sobre documentação (e a relação entre as duas).

Portugal 1967 – Centro Nacional de Documentação.


Unesco Década de 1970 - Lança o Programa UNISIST (World Science Information
System), NATIS (National Information System) e PGI (General Information
Programme)
Alemanha 1974 – Programas da Informação e Documentação.

Quadro 4: Breve contextualização sobre as Políticas de Informação pós II Guerra Mundial. Fonte: (TERRA, 2008) adaptado.

Isto está na rede

Você sabe o que é a UNESCO e a sua importância? Apresento brevemente a você


informações sobre esta relevante Organização. Em seguida você poderá conferir maiores
informações no link sugerido.
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Esse
é o significado da sua sigla. Criada em 16 de novembro de 1945, pós Segunda Guerra
Mundial. Surge com o Objetivo de garantir a paz por meio da cooperação intelectual
entre as nações, acompanhando o desenvolvimento mundial e auxiliando os Estados-

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Membros – hoje são 193 países – na busca de soluções para os problemas que
desafiam nossas sociedades. Atua nas seguintes áreas de mandato: Educação, Ciências
Naturais, Ciências Humanas e Sociais, Cultura e Comunicação e Informação.
No Brasil a representação da UNESCO foi estabelecida em 1964 e seu Escritório,
em Brasília, iniciou as atividades em 1972, tendo como prioridades a defesa de uma
educação de qualidade para todos e a promoção do desenvolvimento humano e social.
Ainda desenvolve projetos de cooperação técnica em parceria com o governo – União,
estados e municípios –, a sociedade civil e a iniciativa privada, além de auxiliar na
formulação de políticas públicas que estejam em sintonia com as metas acordadas
entre os Estados Membros da Organização.
Fonte: UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura. Disponível: https://nacoesunidas.org/agencia/unesco/#:~:text=A%20
Organiza%C3%A7%C3%A3o%20das%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas,os%20
Estados%2DMembros%20%E2%80%93%20hoje%20s%C3%A3o . Acesso em: 14 ago.
2020, adaptado.

A UNESCO ao longo do tempo tem promovido conferências intergovernamentais,


publicações de boletins, manuais, guias, atas e normas dos programas relacionados ao acesso
à informação. Sempre levantando a bandeira de que o acesso à informação é fundamental
para se tenha uma sociedade mais inclusiva, em todos os seus aspectos.

Assim, assumimos a política de informação como um conjunto


estruturado de princípios, normas, ações e instituições que enquadram
o processo inforcomunicacional (incluindo a produção, organização,
acesso e uso da informação) num contexto determinado (Estado ou
organização nacional ou internacional) tendendo para a optimização
do aproveitamento deste recurso de acordo com objetivos globais
predeterminados (TERRA, 2008, p.155).

Relacionando à questão da informação como centro das inquietações contemporâneas


ressalta-se que

Por política de informação entende-se o conjunto de princípios, normas e


procedimentos com vista à proteção e correta utilização, nos termos da
Lei, da informação produzida ou acedida, independentemente da forma
e do motivo de acesso (JARDIM, 2008, p. 6).

Vamos a partir de então compreendendo que as políticas de informação vão transcendendo


apenas a criação de sistemas de armazenamento, como repositórios de arquivos ou bibliotecas
elas passam a contemplar as TIC’s de maneira mais ampla. Mas isso falando de países

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de primeiro mundo, década de 1990, nos países subdesenvolvidos continuava-se a pensar


nos centros de armazenamentos de documentos, bibliotecas e arquivos. De acordo com
Terra (2008, p.153), “a política de informação tem de atender aos processos de criação,
comunicação e transmissão e uso da informação bem como de conservação”. E ainda, “As
Políticas Públicas de informação são, cada vez mais, objeto de ações governamentais e de
investigação em vários campos do conhecimento” (JARDIM; SILVA; NHARRELUGA, 2009, p. 2).
Segundo Terra (2008), para que haja uma organização e formulação de políticas de
informação eficientes é necessário que sejam contemplados alguns princípios:

Figura: Princípios das Políticas de informação. Fonte: Adaptado de Terra (2008).

A partir do exposto na figura acima é possível compreender que

[...] uma política de informação não se limita a um conjunto de decisões


governamentais, programas de trabalho, sistemas e serviço, mas,
pressupõe a existência de um conjunto de valores políticos que irão
balizar a sua elaboração, execução, além de delimitar o escopo das
questões que envolvam o processo e os fluxos de informação, permeadas
pela disputa entre os interesses da sociedade civil, os interesses do
Estado e os interesses do mercado. (FERREIRA et al., 2012,p.4).

Quando o acesso à informação surge pela primeira vez no Brasil de maneira oficial? Foi
somente a partir da redemocratização, onde com a promulgação da Constituição Federal
de 1988, em seu artigo 5º parágrafo XIV, aponta:

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“XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando


necessário ao exercício profissional” (BRASIL, 1988, s/p.).

Logo, considerando que o Brasil vinha de uma Ditadura onde sabemos de todas as
restrições, cercamentos e proibições, com a democracia no país tem-se nesse direito um
princípio fundamental, num contexto de época que a internet estava surgindo de maneira mais
acessível (não da maneira como vemos hoje é claro!), os movimentos sociais clamavam e
reivindicavam todo tipo de informações públicas junto ao Estado, pois durante muito tempo
isso não foi possível.
Esta luta reivindicatória fez com que no ano de 2011, fosse criada a Lei de Acesso à
Informação (LAI) - Lei n. 12.527, de 18 de novembro, com objetivo claro de combate à
corrupção e transparência pública.

Com a aprovação da Lei 12.527 de 18 de novembro de 2011, a Lei


de Acesso à Informação, o Brasil dá mais um importante passo para
a consolidação do seu regime democrático, ampliando a participação
cidadã e fortalecendo os instrumentos de controle da gestão pública.
Ao regulamentar o artigo 5º, inciso XXXIII da Constituição Federal, o
Brasil, além de garantir ao cidadão o exercício do seu direito de acesso
à informação, cumpre, também, o compromisso assumido pelo país
ante a comunidade internacional em vários tratados e convenções. [...].
A Lei 12.527 representa uma mudança de paradigma em matéria de
transparência pública, pois estabelece que o acesso é a regra e o sigilo,
a exceção. Qualquer cidadão poderá solicitar acesso às informações
públicas, ou seja, àquelas não classificadas como sigilosas, conforme
procedimento que observará as regras, prazos, instrumentos de controle e
recursos previstos (CGU, 2012, p. 4, https://jus.com.br/artigos/25526/lei-
12-527-2011-uma-mudanca-de-paradigma-em-materia-de-transparencia-
publica).

Isto está na rede

Não deixe de acessar a Lei de Acesso da Informação na íntegra, veja quantas informações
e direitos garantidos e que muitas vezes não paramos para nos informar:
Acesso: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm

Com a LAI, o Serviço Social tem uma ferramenta a mais no desenvolvimento de suas
atribuições, sobretudo, no que diz respeito às políticas públicas, bem como junto aos conselhos
gestores.

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A Lei possibilita que qualquer cidadão possa buscar informações públicas, para que seus
direitos sejam garantidos. Você sabia que o acesso às informações sobre órgãos e entidades
públicas é um direito fundamental do cidadão?

Reconhecido como um direito humano fundamental, o acesso à


informação pública está inscrito em diversas convenções e tratados
internacionais assinados pelo Brasil. Ao contemplá-lo, o País integra-se,
ainda, a um amplo grupo de nações que reconhece ser a informação
sob a guarda do Estado um bem público. Preceito que, como mostra a
experiência internacional, favorece a boa gestão e, fundamentalmente,
fortalece os sistemas democráticos, resultando em ganhos para todos.
[...] O cidadão bem informado tem melhores condições de conhecer e
acessar outros direitos essenciais, como saúde, educação e benefícios
sociais (CGU, 2012, p. 8).

Órgãos e entidades públicos devem informar e divulgar publicamente todas as informações


de interesse do cidadão, por meio de fontes confiáveis e oficiais, salvo aquelas cuja
confidencialidade esteja prevista, como informação de cunho de segurança nacional.

Isto acontece na prática

Você já acessou o Portal da Transparência do Governo Federal? Este portal é administrado


pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria Geral da União (CGU). E
o que podemos encontrar neste portal?
1. Informações sobre TRANSFERÊNCIAS de recursos federais para estados, municípios,
ao exterior, pessoas jurídicas, pessoas físicas.
2. Informações sobre GASTOS DIRETOS do Governo Federal, contratação de obras e
compras governamentais, por órgão, despesas por ação governamental, por favorecidos
(empresas privadas ou pessoas físicas), diárias pagas, cartões de pagamento do Governo
Federal.
3. Informações sobre RECEITAS, as previstas e as realizadas pelo Governo Federal, por
órgão e por categoria das receitas. Informações sobre CONVÊNIOS.
4. Informações sobre a lista de EMPRESAS SANCIONADAS (inidôneas, impedidas de
contratar com o poder público federal).
5. Informações sobre cargo, função e situação funcional dos SERVIDORES E AGENTES
PÚBLICOS do Poder Executivo Federal.
Fonte: Brasil (2010, on-line) .

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Para que fique claro o que venham a ser as Políticas Informacionais e sua relevância para
a sociedade, convido você a observar a reflexão apresentada por Guerra e Massensini (2012):

A disponibilização de informações governamentais por meio de sites,


onde a sociedade seja capaz de utilizá-las para solucionar parte de
suas demandas exige dos cidadãos um nível de conhecimento de uso
das tecnologias da informação e da comunicação para se tornem
participativos no e-governo, porém cabe ao Estado diminuir a carência da
população sobre o letramento informacional [...] Deste modo, a prática da
democracia digital torna-se importante quando relacionada à prática dos
serviços de e-governo promovida pelo Estado, o que nos permite pensar
nas políticas públicas capazes de promover a inclusão informacional do
cidadão brasileiro e sua participação por meio da governança eletrônica
(GUERRA; MASSENSINI, 2012, p. 109).

O Serviço Social deve considerar o seu compromisso com o cidadão, levando informações
que possibilitem o cidadão ter conhecimento sobre seus direitos, zelar para que todos tenham
a informação clara e correta daquilo que está previsto. Para isso deve considerar o exposto
pelos autores acima, pois para acessar recursos digitais, a pessoa deve minimamente ser
letrada digitalmente, como o Assistente Social pode contribuir para a inclusão dos cidadãos
nos espaços digitais para que os cidadãos sejam capazes de acessar os serviços eletrônicos
disponível pelo Estado?

Pense nisso

Você já acessou o site da Prefeitura do seu Município? Todas as informações que


dizem respeito ao cidadão estão disponíveis neste site? As informações são claras e
entendíveis para qualquer cidadão? A localização das informações são fáceis de serem
encontradas?

Enfim, são questões que precisam ser pensadas, pois se o profissional de serviço social
não se apropria das informações, como poderá auxiliar o usuário e falar sobre o acesso aos
serviços.
No que diz respeito à relação do Serviço Social com as políticas informacionais, tem-se que:

Uma das exigências do mundo globalizado são as habilidades e


conhecimento do profissional em um mercado de trabalho que se
encontra em constantes mudanças, e neste contexto, os profissionais
de Serviço Social não são diferentes, pois “as transformações no mundo
do trabalho atingem sem distinção a todas as categorias profissionais

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ao longo do processo sócio-histórico do capitalismo, potencializado pela


globalização” (GUIMARÃES; ROCHA, 2008, p.24).

Nesse aspecto, tem-se por objetivo debater a importância da implantação de políticas


de informação voltada para o Serviço Social que se valendo das tecnologias da informação
em prol de melhorias da prática, a fim de utilizar essas novas ferramentas tecnológicas
“para obter respostas às demandas sócio profissionais, onde os valores profissionais sejam
preservados” (QUEIROZ, 2008, p.17).
As tecnologias contribuem para que nós, cidadãos possamos estar atentos ao que se
passa nos órgãos públicos, contudo, devemos zelar pela busca de ferramentas confiáveis
de forma a não disserminarmos fake news ou seja, notícias falsas, pois

[...] a evolução tecnológica, em sua pluralidade de manifestações,


sobretudo o desenvolvimento da informática, deve ser operada em favor
da sociedade, através do poder público para atendimento das demandas
sociais (GOMES, 2016, p.8).

Fique atento!
Para encerrar você deve ter clareza que a Política de Informação:
[...] consiste em um conjunto de regras formais e informais que
diretamente, restringindo, impulsionando ou de outra maneira, formam
fluxos de informação. Assim, a política de informação inclui, entre outros
aspectos, a privatização e distribuição da informação governamental,
liberdade de acesso à informação, proteção da privacidade individual,
sem esquecer também dos direitos de propriedade intelectual (JARDIM;
SILVA; NHARRELUGA, 2009, p. 456).

Isto acontece na prática

Você já parou para pensar que o portal de informações disposto pelo Estado, através
de suas prefeituras e demais órgãos públicos possibilitam ao cidadão além do seu
compromisso com a transparência, o acesso a serviços públicos, como Emissão de
atestados, segunda via de contas de água e luz; emissão de boletos como IPVA/IPTU
agendamento para emissão de documentos etc.
Agora vamos pensar juntos, você provavelmente já se utilizou de algum destes serviços
eletrônicos e certamente não possui muitas dificuldades, mas será que esta destreza
no manuseio é comum para todos os cidadãos? Certamente que não, neste sentido o
Serviço Social poderá contribuir com ações que visem o acesso à informação, inclusão
e tenha sua cidadania digital garantida.

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Lembre-se sempre: um dos eixos importantes da inclusão digital é a política pública de


informação. E você futuro Assistente Social precisa estar antenado.
Um forte abraço e até a próxima aula!

Estudante. Fonte:https://cdn.pixabay.com/photo/2019/07/02/07/38/student-4311732_1280.jpg

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AULA 7
TECNOLOGIAS SOCIAIS E
INTERFACES COM AS POLÍTICAS
PÚBLICAS

Cadeia de bloco. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/10/15/09/36/block-chain-2852998_1280.jpg

Olá! A cada aula que passa você estabelece maiores conexões acerca das tecnologias e
sua relação com o Serviço Social.
O objetivo desta aula é apresentar a você o conceito das Tecnologias Sociais e suas
interfaces com as Políticas Públicas e Sociais brasileiras. Possibilitando a você a reflexão
crítica e conexões atualizadas acerca da atuação profissional.

Anote isso

De tanto ver a gente banaliza o olhar — vê... não vendo. Experimente ver, pela primeira
vez, o que você vê todo dia sem ver. Parece fácil, mas não é: o que nos cerca, o que
nos é Familiar, já não desperta curiosidade. [...] Nossos olhos se gastam no dia a dia,
opacos. ... é por aí que se instala no coração o monstro da indiferença. Otto Lara
Resende (1992).

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Preparar-se para a atuação profissional exige compromisso e dedicação. Pede abertura


ao novo e às novas possibilidades de atuação, pois como temos visto nas aulas anteriores
todas as profissões estão se modificando seu agir profissional, adaptando-se às novas
demandas e buscando as melhores formas de atender seu objeto de trabalho e as pessoas
que necessitam daquele serviço especializado.

Anote isso

Uma mente que se abre a uma nova ideia, nunca mais volta ao seu tamanho original
(Albert Einstein)

7.1 O que são Tecnologias Sociais (TS)?

Vamos aos pontos ampliando nosso conhecimento e assim, encontrando respostas para
perguntas já existentes e a partir de tais respostas criar novas perguntas. Esse movimento
dialético move e transforma o mundo em que vivemos.
Assim, para iniciar a explanação sobre o que entende-se por tecnologia social é importante
retomar e também fazer alguns alinhamentos:

Para compreender o conceito de TS partimos do significado da palavra


tecnologia como sendo um conjunto de conhecimentos, processos e
métodos empregados em diversos ramos. De forma genérica, tecnologia
pode ser definida como uma atividade socialmente organizada e baseada
em planos e de caráter prático (Baumgarten, 2006). Ao empregarmos o
complemento social, entendemos que esse conjunto de conhecimentos,
processos e métodos deva estar à disposição da sociedade, visando
efetivação e expansão de direitos, assim como o desenvolvimento social.
A adesão do termo social à tecnologia traz a dimensão socioambiental
e a construção de processos democráticos e o objetivo de solucionar
as necessidades da população, para a esfera do desenvolvimento
tecnológico (MACIEL; FERNANDES, 2011, p.149).

De acordo com o ITS Brasil (ITS: Instituto de Tecnologia Social), tecnologias sociais se
refere ao

Conjunto de técnicas, metodologias transformadoras, desenvolvidas e/


ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que
representam soluções para inclusão social e melhoria das condições
de vida (ITS BRASIL. Caderno de Debate – Tecnologia Social no Brasil.
São Paulo: ITS. 2004, p. 26).

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Neste sentido as tecnologias sociais envolvem o desenvolvimento de ferramentas que


visem à solução de problemas encontrados na sociedade, ou como chamamos: problemas
sociais. De acordo com Irma Passoni, uma das fundadoras do ITS Brasil, a “Tecnologia Social
é a ferramenta que agrega informação e conhecimento para mudar a realidade. Por isso
dizemos que ela é a ponte entre as necessidades, os problemas e as soluções que a gente
encontra” (PASSONI, 2004).

Anote isso

A tecnologia revolucionou nossa forma de consumir, de nos relacionar e informar. No


entanto, também é útil para resolver problemas sociais e ambientais. A conhecida
como tecnologia social está ajudando-nos a conseguir os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Muitos estudiosos sobre a questão das tecnologias sociais apontam que ela não consiste
num modelo pronto e acabado, e que através da busca por soluções para os problemas
sociais visam promover a cidadania, a inclusão social, a acessibilidade, além de educação,
participação e cultura. Ou seja: mudança e transformação social.
Quais os benefícios possíveis de serem alcançados pelo investimento na criação de
tecnologias sociais? Que áreas (dimensões) ela envolve? Veja a seguir:

Conhecimento - Ciência - Tecnologia A TS tem como ponto de partida os problemas


sociais.
A TS é feita com organização e sistematização.
A TS introduz ou gera inovação nas
comunidades.
Participação - Cidadania - Democracia A TS enfatiza a cidadania e a participação
democrática.
A TS impulsiona sua disseminação e
reaplicação.

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Educação A TS realiza um processo pedagógico por


inteiro.
A TS se desenvolve num diálogo entre saberes
populares e científicos.
A TS apropriada pelas comunidades, que
ganham autonomia.
Relevância Social A TS é eficaz na solução de problemas sociais.
A TS tem sustentabilidade ambiental.
A TS provoca transformação social.

Quadro 5: Dimensões da Tecnologia Social (TS). Fonte: http://itsbrasil.org.br/conheca/tecnologia-social/

Segundo Dagnino (2008), o conceito de tecnologia social é novo,


“revolucionário” (transformador social) e será cada vez mais incorporado
às políticas públicas, às ações de governo, ao mercado e ao meio
acadêmico. De acordo com esse autor, essa tecnologia visa promover
a inclusão social e surgiu para contestar a tecnologia convencional, que
causou altos índices de desemprego. (BONILHA; SACHUK, 2011, p. 414).

Como se estrutura e se organizam as Tecnologias Sociais?

É uma corrente tecnológica com implicações filosóficas que utiliza todo


o conhecimento disponível e as ferramentas digitais ao seu alcance
para transformar a sociedade. O termo surgiu no final do século XIX e
evoluiu até nossos dias atuando de forma transversal para identificar
e resolver os principais desafios da humanidade: a desigualdade, a
pobreza, a fome ou a democratização do acesso à energia, o trabalho,
a educação e a saúde.

Isto está na rede

Não deixe de visitar o link indicado, nele você conseguirá perceber as diversas
possibilidades das tecnologias sociais e como, a partir do conteúdo apresentado
conseguirá compreender as diferentes formas de promover transformação social.
A Tecnologia Social e os ODS: O impacto social e ambiental da Tecnologia.
Disponível em: <https://www.iberdrola.com/compromisso-social/tecnologias-sociais>

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7.2 Tecnologias Sociais e Políticas Públicas?

Meios de Comunicação. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2014/06/18/19/37/social-371649_640.png

Ao iniciarmos nossos estudos vamos ter em mente que ao falarmos em tecnologias


sociais e sua interface com as políticas públicas e sociais devemos considerar o contexto e a
realidade brasileira, suas desigualdades, contraditoriedades, exploração e todos os processos
de exclusão.
O exposto acima revela ainda o descompasso brasileiro no que tange ao avanço científico-
tecnológico e o desenvolvimento social. Desenvolvimentos que não se dão de forma harmônica
e conjunta.
Pois, o

‘caminho que vai da realização de um descobrimento ou progresso


científico em algum laboratório até que a sociedade se beneficie dele
é longo, difícil e exige a atuação contínua do Estado’ (ITS, 2005, p.
3). Portanto, a discussão sobre as relações entre ciência, tecnologia,
inovação e sociedade são complexas e heterogêneas, principalmente
quando se trata de construir alternativas e políticas públicas que sejam
capazes de promover melhorias significativas nas condições de vida da
classe trabalhadora, aproximando o ‘saber do fazer, os problemas de suas
soluções, em sintonia com a diversidade socioeconômica e ambiental
das regiões brasileiras’ (ITS, 2005, p. 3 apud MACIEL; FERNANDES, 2011,
p. 147-148).

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Ao considerarmos a citação acima é possível entender que ao falarmos nas tecnologias


sociais no contexto brasileiro temos um grande e longo desafio.

Nesta perspectiva, as tecnologias sociais têm emergido no cenário


brasileiro como um movimento de “baixo para cima”, que se caracteriza
pela capacidade criativa e organizativa de segmentos da população em
gerar alternativas para suprir as suas necessidades e/ou demandas
sociais. Não se constituem, ainda, em políticas públicas, mas vêm
obtendo um reconhecimento crescente no que se refere à sua capacidade
de promover um novo modelo de produção da ciência e da aplicação
da tecnologia em prol do desenvolvimento social. (ITS, 2005, p. 3 apud
MACIEL; FERNANDES, 2011, p.148)

Anote isso

“Há um casamento que ainda não foi feito no Brasil: entre o saber acadêmico e
o saber popular. O saber popular nasce da experiência sofrida, dos mil jeitos de
sobreviver com poucos recursos. O saber acadêmico nasce do estudo, bebendo
de muitas fontes. Quando esses dois saberes se unirem, seremos invencíveis”.
Leonardo Boff (2011).

E como entender os objetivos das tecnologias sociais e a quem se destinam? A quem


engloba? Vale a penas observarmos a apresentação a seguir:

O objetivo da RTS [Rede de Tecnologias sociais] é ampliar a difusão e


a reaplicação de tecnologias sociais possibilitando a inclusão social, a
geração de trabalho e renda e a promoção do desenvolvimento local
sustentável. São experiências que permitem a reaplicação e já são
usadas em diversas localidades do Brasil e em outros países. Ações
como essas, que incentivam a interação das comunidades locais e
promovem soluções na vida das pessoas, são apoiadas pela referida
rede. As instituições que fazem parte da Rede, até o momento têm
um propósito comum: entender as TS como importantes ferramentas
para o desenvolvimento humano e a formação de uma sociedade mais
justa. Também pactuam desta concepção a Fundação Banco do Brasil
(FBB), entidade que hoje protagoniza um conjunto de iniciativas que
promovem a disseminação das TS em diferentes regiões do país e o
próprio Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Este último reconhece
que o objetivo da TS é o de contribuir para a redução do quadro de
pobreza, analfabetismo, fome e exclusão social por meio da utilização
das tecnologias sociais (MACIEL; FERNANDES, 2011, p. 147-148, grifo
nosso).

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A partir do apresentado acima, acerca dos objetivos das Tecnologias Sociais e como se
organizam, acompanhe os exemplos de alguns projetos que estão no rol das TS, de repente
tem algum desses próximos a sua cidade:

Barraginhas Projeto de contenção de águas da chuva: como um


telhado, o solo coleta a água das chuvas e a concentra
em forma de enxurradas. Ao contê-las com barraginhas
sucessivas e dispersas na propriedade, são barrados
danos como erosões, assoreamentos, poluentes e outros.
A tecnologia social barraginhas se aplica à região do
cerrado, semiárido e outras onde predominam solos
porosos.
Banco de Palmas Banco comunitário organizado pela Associação dos
Moradores do Conjunto Palmeira, localizado em Fortaleza
(CE). Trata-se de um sistema econômico que conta com
uma linha de microcrédito alternativo (para produtores e
consumidores), instrumentos de incentivo ao consumo
local (cartão de crédito e moeda social circulante) e
alternativa de comercialização (feiras e lojas solidárias),
promovendo localmente geração de emprego e renda
para diversas pessoas.
Encauchados de vegetais da Tecnologia social combina técnicas ancestrais de saber
Amazônia indígena, no manuseio do látex nativo, com as atuais
tecnologias usadas nas indústrias para a transformação
da borracha em artefatos. O projeto em implantação nas
comunidades extrativistas dos estados do Pará, Acre,
Rondônia e Amazonas, com populações indígenas [...],
com seringueiros, em reservas extrativistas e projetos
de assentamento, está proporcionando condições para o
desenvolvimento local, de forma sustentável.

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Central Justa Trama Trata-se de agricultores familiares, coletores de


sementes, fiadoras, tecedores e costureiras que
formam a Justa Trama, marca da Cadeia Ecológica do
Algodão Solidário. Esta experiência de TS reúne mais
de setecentos trabalhadores e trabalhadoras em sete
estados do país e tem capacidade para produzir até 40
mil peças por ano. Os empreendimentos cobrem todos
os elos da indústria têxtil — do plantio do algodão à
roupa (produzida na Cooperativa Justa Trama em Porto
Alegre-RS).
Rede Industrial de Formada por grupos de trabalhadoras gaúchas que
Confecção Solidária (RICS) integram a rede de empreendimentos autogestionários
da RICS; esta Tecnologia Social foi consolidada a partir
de um convênio entre a Oscip Guayi e o Grupo Hospitalar
Conceição de Porto Alegre, para costurar a linha
hospitalar e, atualmente, se desenvolve por sete grupos
com perspectiva de reaplicação para outras localidades.

Quadro 6: Exemplos das Tecnologias Sociais no Brasil. Fonte: Adaptado de (MACIEL; FERNANDES, 2011).

Assim como estas Tecnologias Sociais existem tantas outras espalhadas por todo o
Brasil, procure em seu município, se existem iniciativas com estas características. Estes
exemplos permitem compreender como as diferentes tecnologias podem ser utilizadas a
favor da inclusão social e econômica, tanto no meio urbano quanto no meio rural.
Com um olhar que visa a transformação social, envolvendo pessoas e até famílias inteiras
em projetos de geração de renda, visando a superação da condição de vulnerabilidade e
desproteção social:

É diante desse cenário que a defesa das TS como política pública se


apresenta como uma estratégia promissora para superar os limites do
atual modelo e padrão de ciência e tecnologia vigente no país, bem
como a resposta mais sintonizada com as demandas da sociedade
por um modelo de desenvolvimento social que tenha centralidade
no processo de inclusão social e como atores principais a própria
sociedade. Atualmente, as TS apresentam significativo avanço no país,
seja pelas organizações que se instituíram na última década, visando a
disseminação dos conceitos e práticas,seja pela capacidade de criação
das mesmas, por meio das iniciativas populares e da sua reaplicação

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em todo o território nacional (MACIEL; FERNANDES, 2011, p. 154, grifo


nosso).

Esta pauta deve ser considerada cada vez com mais urgência em nosso país. Precisamos
fomentar iniciativas capazes de gerar propostas e respostas inovadoras diante dos problemas
da sociedade. É urgente a formação de profissionais capazes de olhar e analisar as tão
conhecidas demandas sociais e em conjunto com a comunidade propor projetos de impacto
social. Utilizar as tecnologias a favor do homem, inovar e ser disruptivo.

[...] reconhecer no cenário atual do país as TS como política pública


significa avançar na história da democratização do conhecimento, da
ciência, da tecnologia e da inovação social, contribuindo com a efetiva
concretização do direito do ser humano à autonomia, à informação,
à convivência familiar e comunitária saudável, ao desenvolvimento
intelectual, às oportunidades de participação e ao usufruto do progresso
sustentável (Pereira, 2008). Reconhecer que o desenvolvimento
social apresenta particularidades distintas daquelas relacionadas ao
desenvolvimento econômico é fundamental, pois se a lógica do segundo
é a produtividade e a lucratividade, a lógica do primeiro é a garantia dos
direitos sociais, portanto, permeada pelos valores da igualdade e justiça
social (MACIEL; FERNANDES, 2011, p. 161).

Ao compreender a apresentação acima podemos perceber que os valores pontuados vem


ao encontro dos princípios fundamentais do Serviço Social, bem como o

[...] compromisso ético-político com um projeto societário vinculado aos


interesses da classe trabalhadora e iluminado teoricamente por uma
perspectiva crítica em que os assistentes sociais têm como desafio,
no seu trabalho profissional cotidiano, apreender e revelar os novos
meandros da questão social (IAMAMOTO, 2002, p. 31).

Neste sentido, todas as iniciativas de Tecnologias Sociais se configuram no seio do Serviço


Social, como iniciativas eficazes no enfrentamento das expressões/manifestações da questão
social.

[...] por se tratar de experiências constituídas por meio das iniciativas


comunitárias locais, pelo saber popular em articulação com os
saberes acadêmicos, por processos participativos e democráticos e,
fundamentalmente, pela capacidade em romper com a lógica linear
de produção do conhecimento científico, já que a necessidade/
demanda social é o fim primeiro da produção do conhecimento, ou
seja, o conhecimento é colocado a serviço do desenvolvimento social
e a tecnologia é uma mediação para a garantia dos direitos sociais, e
não um meio para ampliar a competitividade do país na oferta de novos
bens para o consumo. (MACIEL; FERNANDES, 2011, p. 163).

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Uma da maneiras de promover a transformação social, de maneira prática e inclusiva.

Este é um movimento promissor que nasce das comunidades, vem se


ampliando nas redes que apoiam e disseminam as TS e se potencializa
como uma futura política pública. Portanto, é uma demanda que a
profissão está desafiada a compreender e a intervir. Com uma vantagem:
o movimento histórico das TS no Brasil e os atores que a sustentam
apresentam uma grande proximidade com os princípios e valores que
norteiam o projeto político do Serviço Social. Tal proximidade,se coaduna
com a intervenção dos assistentes sociais pode vir a qualificar ainda mais
as TS, tornando-as um exemplo concreto de inovação social. (MACIEL;
FERNANDES, 2011, p. 163-164).

Isto acontece na prática

O assistente social é o profissional que precisa ver. Acreditamos que ele, necessariamente,
tem que ver o que ninguém vê. Nosso receio é que, em meio ao cotidiano, o profissional
perca a visão e passe apenas a ver sem enxergar, sem curiosidade e sem criticidade.
Consideramos que há uma linha muito tênue entre a visão crítica e a indiferença. Em
meio aos olhares atentos, procurando sempre ver, identificamos algumas curiosidades,
em relação às TS e sua conexão com o Serviço Social (SILVA, 2013, p. 54).

Isto está na rede

1. 6 Tecnologias Sociais capazes de transformar comunidades em risco social.


Disponível em:<https://www.childfundbrasil.org.br/blog/6-tecnologias-sociais-
capazes-de-transformar-comunidades/?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_
campaign=blogposts&utm_term=tecnologia-social&gclid=CjwKCAiA4o79BRBvEiwAjte
oYBUU6xPazx-BxlF9tiNDB6LnbsV_j_HqQ5X84XoMlf4G4ad-kfAmCBoCIbAQAvD_BwE>
2. Tecnologias sociais: como os negócios podem transformar comunidades / Cuiabá,
MT: Sebrae.
Disponível em: <http://sustentabilidade.sebrae.com.br/Sustentabilidade/Para%20
sua%20empresa/Publica%C3%A7%C3%B5es/Tecnologias-Sociais-final.pdf>

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AULA 8
TECNOLOGIA EM SAÚDE
E O SERVIÇO SOCIAL –
CONTRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS

Dedo, toque, mão. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/02/23/09/14/finger-3175060_1280.jpg

Ao falarmos das tecnologias na área da saúde e o Serviço Social, muito claramente


precisamos trazer para a reflexão a questão da democratização e também a garantia do
direito à saúde previsto na Constituição Federal de 1988. E nesta aula procuraremos traçar a
relação da tecnologia – política – saúde - democracia, como se articulam e complementam.
A ação profissional do Assistente Social na política de saúde também é mediada pelas
tecnologias.
De acordo com Mangini, Kocourek e Silveira (2018):

A tecnologia não é neutra e consiste em uma das principais formas


de poder na contemporaneidade. Ela está presente na educação, na
educação, na indústria, nos meios de comunicação, no exército, nos
meios de transporte e em outros espaços, como a saúde. Estudar essa
temática relacionada à saúde oportuniza o debate dos diferentes projetos

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sanitaristas e, por consequência, a integralidade do cuidado e a efetivação


do direito à saúde (MANGINI; KOCOUREK; SILVEIRA, 2018, p. 66).

Neste sentido é preciso lembrar de como a tecnologia se aproxima das políticas, na


questão do acesso ao direito e de como o usuário é impactado pelo uso (positivo ou negativo)
desta tecnologia. Uma vez que os usuários, partindo do princípio da democracia deve ser
contemplado na construção destas tecnologias, de maneira ativa.
Já estudamos em outras aulas o conceito de tecnologias, e já compreendemos que vai
além da televisão, do celular, tablets etc. As tecnologias contemplam processos reinventados
e aperfeiçoados que visam facilitar a vida humana, neste contexto é evidente que a tecnologia
tem íntima relação com o conhecimento e saber.

Aquilo que denominamos tecnologia se apresenta, pois, como uma


realidade polifacetada: não apenas em forma de objetos e conjuntos
de objetos, mas também como sistemas, como processos, como modos
de proceder, como certa mentalidade. A essa presença multifacetada
devemos acrescentar uma ambiguidade daquilo que aludimos como
tecnologia (CUPANI, 2011, p. 12).

Nos estudos realizados pelo autor acima, é possível compreender que a tecnologia tem
um valor a ser considerado, no que diz respeito a sua criação, desenvolvimento e utilização,
que pode ser tanto positiva quanto negativa, o que depende se ela é boa ou não é a sua
intencionalidade de uso. A tecnologia pode ser criada para salvar vidas (vacinas, transportes,
medicações) ou para destruir vidas (armas, venenos).
No que tange à saúde,

É importante salientar que as tecnologias não descartam o aspecto


humano e a habilidade pessoal, a exemplo das tecnologias leves em
saúde. Essas tecnologias estão pautadas em valores, por exemplo:
o conforto de tomar uma injeção, a segurança de tomar uma vacina
e a eficácia que pode se traduzir no restabelecimento da saúde e no
cuidado integral. Portanto, tais tecnologias possibilitam que o usuário
sinta-se confortável e seguro ao utilizá-las, pois o uso dessas tecnologias
rebate diretamente no processo de manutenção e/ou restauração da
sua saúde. Mas outros tantos aspectos relacionais como cuidado e o
acolhimento ainda precisam ser problematizados como valores da saúde,
especialmente, do cuidado médico. (MANGINI; KOCOUREK; SILVEIRA,
2018, p. 73).

Na apresentação acima destaca-se os pontos positivos da tecnologia na área da saúde, o


quanto ela contribui para o bem-estar, saúde e conforto do ser humano. Porém se observarmos
bem ao final da citação vamos perceber que os autores apontam que mesmo em posse de

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tantas tecnologias, o cuidado humano-humano, profissional-paciente é fundamental e que


apresenta fragilidades e pontos de atenção para melhoria. Ou seja, tecnologia e contato
humanos devem caminhar juntos. Até porque quem opera a tecnologia é um ser humano,
que está a serviço de outro ser humano.

Ao olharmos com atenção os processos de trabalho realizados no


conjunto das intervenções assistenciais vamos ver que, além das várias
ferramentas-máquinas, tais como o raio-x, os instrumentos de exames
laboratoriais, os instrumentos para examinar o paciente, ou mesmo
fichários para anotar dados do usuário; mobilizamos intensamente
conhecimentos sobre a forma de saberes profissionais bem estruturados,
como a clínica do médico, a clínica do dentista, o saber da enfermagem,
do psicólogo, do assistente social, etc. (MERHY, 1999, p. 3).

Muito bem, espero que você tenha começado a estabelecer a importância de ser ter
tecnologias atualizadas no cuidado e zelo pela vida e a importância da humanização. O
conhecimento técnico-profissional e a humanização (atenção e acolhimento). O domínio
da tecnologia em saúde somado ao acolhimento e humanização tende a ser o caminho de
sucesso da humanidade. Para Merhy (1999), as tecnologias estão classificadas em leves,
leveduras e duras (MANGINI, KOCOUREK e SILVEIRA, 2018, p. 74).
Na área da saúde as tecnologias ganham sentido de todo o esforço humano. No que
tange a classificação das tecnologias em saúde: leves, leveduras e duras entende-se:

LEVES Aquelas que permitem a produção de relações, autonomização,


acolhimento e gestão. Processo de produção de um acolhimento que
pode ser realizado até mesmo na rua, ou em qualquer outro espaço
físico, pois neste caso, ocorre o trabalho vivo em ato.
LEVEDURAS Seriam os saberes já estruturados, tais como a clínica médica, a clínica
psicanalítica, a epidemiologia, o taylorismo e o fayolismo, e permitem
processar um recorte com centralidade no olhar do profissional sobre
o usuário. Este olhar é considerado duro, pois é construído a partir de
certos saberes bem definidos, configurando-se como trabalho morto e,
é considerado leve, pois no momento da concretização do trabalho do
profissional diante do usuário exige-se a necessidade do trabalho vivo
em ato.
DURAS São os processos que consomem trabalho morto (das máquinas) e
trabalho vivo de seus operadores.
Quadro 7: Classificação das tecnologias em saúde. Fonte: adaptado de (MANGINI, KOCOUREK ; SILVEIRA, 2018, p. 74-75).

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Anote isso

Por trabalho morto, o autor entende, com base em Marx, o trabalho cristalizado, isto é,
o produto de um processo de trabalho, que um dia foi trabalho em ação, mas tornou-
se trabalho consolidado, a exemplo das máquinas. O trabalho vivo é o trabalho em
ato, momento de criação, de construção de algo novo, sempre posto em movimento
(MANGINI, KOCOUREK; SILVEIRA, 2018, p. 75).

É necessário que você que está neste processo formativo uma análise crítica acerca
das tecnologias, ampliando a sua capacidade analítica, não se deixando dominar e nem
a utilizando de forma opressora. Ela é fruto da evolução humana, desde os homens das
cavernas até os dias atuais, as vemos diariamente em renovação.

Comumente a tecnologia é vista como um meio de exploração e opressão


dos trabalhadores, pois o uso hegemônico da tecnologia encontra-se
submetido aos interesses do capital, e os crescentes processos de
informatização e automatização têm culminado na economia e na
exploração do trabalho vivo, entretanto, essa mesma tecnologia pode
ser considerada a chave para a prosperidade humana e a libertação do
trabalho alienado. A transformação da tecnologia supõe pensá-la como
um “fenômeno ambivalente que pode ser direcionado para diferentes
projetos civilizatórios” (MANGINI, KOCOUREK; SILVEIRA, 2018, p. 76).

Do ponto de vista profissional e também do ponto de vista da cidadania como você analisa
o uso das tecnologias em saúde? Elas são apropriadas?
Você já parou para pensar sobre o emprego das tecnologias nas políticas de saúde? Já
parou para fazer esta reflexão? Se não fez, este é o momento que você tem para analisar
como são realizados os cadastros nos serviços de saúde (UBS, Hospitais, clínicas, secretarias
de saúde...), quais os processos de coletas e análise de exames? Em que as tecnologias
contribuem na saúde do cidadão? Como se dá o processo de faturamento dos atendimentos?
As tecnologias devem emancipar e não tornar o homem escravo do sistema, de maneira
autoritária. As tecnologias devem ser aplicadas e democratizadas.

O tema da democratização das tecnologias em saúde e dos serviços


de saúde precisa ser debatido. Esse tema impacta diretamente no fazer
profissional do Assistente Social, considerando que o modelo médico-
hegemônico, ao centrar suas ações nas atividades da clínica médica
curativa individual, secundariza e desqualifica as ações e atividades
profissionais que não se constituem objeto de práticas privilegiadas por
esse modelo assistencial, tais como as ações educativas, de informações

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e de comunicação, além das atividades de outras categorias profissionais


como assistente social, psicólogo, nutricionistas, entre outros (MANGINI,
KOCOUREK; SILVEIRA, 2018, p. 82).

Neste contexto, falamos agora sobre o trabalho profissional desenvolvido pelo Assistente
Social junto ao SUS (Sistema Único de Saúde), ressaltando que a profissão dentre todos os
seus princípios e objetivos visa fortalecer e emancipar o indivíduo.
O fortalecimento “implica no questionamento da lei, da distribuição desigual da renda
e do poder e na denúncia da desigualdade” (FALEIROS, 1999, p. 61), contemplando ainda
a busca pelo rompimento de relações de dominação, as ações que visam a emancipação
devem estar respaldadas nos direitos preconizados na Constituição Federal de 1988.
Em saúde a centralidade do atendimento está focado na pessoa, no usuário. Não cabe
mais o modelo centralizado na prática médica. Onde o saber soberano está no profissional
da medicina e as tecnologias diretamente ligadas a ele.
A saúde entendida como bem estar bio-psico-social-espiritual contempla a ação multi/
interdisciplinar, ou seja, deve ser prestada e ofertada considerando a relevância de profissionais
de diferentes áreas. Considerando ainda que fatores sociais também contribuem para o fator
doença. Além de tudo considera-se que a Política de Saúde deve contemplar as ações de
prevenção e não centralizar medicina curativa, como em tempos antigos.
Quais as consequências de um modelo médico-hegemônico? Quando se centra apenas
no conhecimento soberano do modelo médico-hegemônico percebe-se claramente a:

a falta de informação do usuário; a ausência de escuta profissional;


relações de poder desiguais entre usuários e profissionais, além da
desconsideração da autonomia do usuário; entre outros [...] essa
visão médico-centralizada, numa perspectiva de saúde focalizada,
exclusivamente, no saber/fazer médico tem como consequências uma
ação profissional centrada nos procedimentos, esvaziada no outro e com
uma escuta empobrecida. [...] essa relação empobrecida, na qual o outro
é tomado como apenas um corpo biológico/físico e, visto como objeto
da ação e não como sujeito protagonista do processo de tratamento,
acaba por deslegitimar todos os outros saberes sobre saúde. Trata-se de
uma relação vertical unidirecional, baseada numa lógica que prescinde
a ação e cooperação do usuário que está solicitando atenção à saúde
(MANGINI; KOCOUREK; SILVEIRA, 2018, p. 85).

Fica evidente nos dias atuais que este modelo não é mais possível de ser admitido em
pleno século XXI e sim um modelo de saúde centrado no usuário é o mais considerado,
inclusive pela Política Nacional de Saúde.
A Saúde compreendida como “produto das condições objetivas de existência e resultado
das condições de vida biológica, social, econômica, cultural; particularmente das relações

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que os homens estabelecem entre si e com a natureza, por meio do trabalho” (PAIM, 2008,
p. 625).
O que devem considerar as tecnologias em saúde, quando falamos na questão do acesso
à saúde enquanto direito?

[...] a garantia do direito à saúde passa pela democratização do acesso às


tecnologias de saúde (consultas, exames, procedimentos), mas também,
e, sobretudo, pela participação dos usuários na tomada de decisões
relativas às tecnologias de saúde, como o direito de participar do seu
tratamento, o que pressupõe a capacitação e ampliação do conhecimento
desses sujeitos sobre as questões relativas à sua saúde. Assim, não
basta garantir apenas o acesso às tecnologias de saúde para garantir o
direito à saúde, essa efetivação depende da subversão da organização
tecnocrática das tecnologias de saúde, especialmente, a partir das
tecnologias leves, tendo em vista o atendimento de qualidade, resolutivo
e integral (MANGINI; KOCOUREK; SILVEIRA, 2018,88 -89).

A partir das reflexões apresentadas nesta aula, fica bastante evidenciado que as tecnologias
contribuem com os processos de atenção à saúde, desta maneira nós, assistentes sociais,
devemos ficar atentos às tecnologias ligadas à esta área, no que tange às especificidades
da profissão, neste sentido é preciso compreender a:

[...] ênfase nas tecnologias de uso intensivo de trabalho vivo, que


implicam na participação dos usuários não apenas no uso de exames e
consumo de procedimentos, mas também na construção de pesquisas e
conhecimentos tecnológicos democráticos, como premissas da garantia
do direito à saúde (MANGINI; KOCOUREK; SILVEIRA, 2018, p. 89).

Ao irmos finalizando nossa aula, vale a pena frisar e analisar que,

[...] o Serviço Social como profissão inserida na divisão sociotécnica do


trabalho, está envolvido com diversas tecnologias nos mais diferentes
espaços sócio ocupacionais, como os objetos tecnológicos (telefone,
computador para registrar atendimentos), os sistemas tecnológicos
(internet e softwares para operar programas sociais), os conhecimentos
e saberes tecnológicos (teorias, regras, valores e categorias específicas,
como a de redes sociais) e os procedimentos e serviços tecnológicos
(perícias, projetos sociais, etc), não somente no que se refere ao seu
fazer específico mas também na relação com a equipe multiprofissional
(equipamentos médicos, procedimentos, saberes, etc) (MANGINI;
KOCOUREK; SILVEIRA, 2018, p. 89-90).

Não podemos nos esquecer de que o ambiente é o local onde a pessoa se encontra com
as coisas ao seu redor e que exercem nela influências, afetando-a de várias maneiras. É
necessário compreender as condições impostas como passíveis de interferência e atentar

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para não culpar os indivíduos quando tais condições forem insalubres e interferirem em seu
estilo de vida.

Ao trabalhar na perspectiva de socializar informações e democratizar


o acesso aos serviços, o assistente social pode contribuir para o
questionamento de relações hierárquicas e subordinadas mediadas pela
tecnologia, que mais dificultam do que facilitam a garantia do direito à
saúde, especialmente compreendida como a construção da autonomia,
segundo Merhy (2002). O Serviço Social também pode contribuir para
ampliar a compreensão dos aspectos políticos da tecnologia, incentivando
sua reconstrução e uso críticos, mediante a participação dos usuários nos
procedimentos, como sujeitos de seu tratamento (MANGINI; KOCOUREK;
SILVEIRA, 2018, p. 90).

Trabalhar com as condições de vida impostas requer um trabalho interdisciplinar e


intersetorial. A área da saúde, sozinha, não consegue assegurar qualidade de vida e,
consequentemente, de saúde. É na esfera da ética que compreenderemos a necessidade
do empenho de parte significativa da sociedade para assegurar a dignidade da vida humana.

O assistente social ainda pode contribuir para conscientizar, juntamente


com a equipe multiprofissional, os usuários e a coletividade sobre a
importância da mudança do modelo de atenção em saúde, no qual o
acolhimento, a escuta e a garantia do direito à informação, bem como,
o planejamento do tratamento sejam tecnologias compartilhadas. A
necessidade de tais contribuições encontram sustentação em Merhy
(1999), para ele, dentro do campo da saúde, a produção do cuidado
é o objeto central, no entanto, conforme os modelos de atenção à
saúde adotados, nem sempre essa produção de cuidados está de fato
comprometida com a promoção e garantia da saúde dos usuários.
Consequência disso é a crítica que os usuários fazem em relação à falta
de interesse e de responsabilização por parte de alguns profissionais
das equipes multiprofissionais nos diferentes serviços em torno de si
e de seus problemas, o que remete ao modelo médico-centrado. Esses
mesmos usuários relatam que se sentem inseguros, desamparados,
desinformados, desrespeitados e desprezados diante dos profissionais
e do tratamento indicado (MANGINI; KOCOUREK; SILVEIRA, 2018, p. 90).

O conhecimento adquirido aqui será fundamental para a compreensão das demais aulas
e disciplinas, além de permitir uma visão mais ampliada e crítica sobre a organização dos
serviços de saúde no Brasil, contexto no qual o gestor de tecnologia hospitalar irá atuar.

Merhy e Feuerwerker (2009) afirmam que durante os processos de


assistência à saúde há um encontro entre o profissional (com seus
conhecimentos, instrumentos e equipamentos) com os usuários da saúde
(com sua intencionalidade, expectativas e representações). Esse encontro
faz com que o usuário faça parte do ato produtivo, e não devemos
vê-lo com objeto, mas sim como sujeito protagonista que interfere no

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processo saúde-doença. Sendo assim, “o trabalho em saúde, que se


realiza mediante o encontro entre o trabalhador e o usuário, é centrado no
trabalho vivo em ato, que consome trabalho morto visando a produção de
cuidados” [...] Neste sentido, a contribuição do Assistente Social nesses
espaços, além do desvelamento das relações sociais contraditórias
expressadas nas condições de vida e de trabalho dos usuários dos
serviços de saúde, que se traduzem na negação de uma ampla gama
de direitos, passa pela busca da democratização e horizontalização das
relações de poder, entre os profissionais e os usuários. O direcionamento
das ações profissionais nesta perspectiva exige uma efetiva atuação
norteada por princípios do Código de Ética (CFESS, 1993) e requer um
profissional com conhecimento teórico-metodológico acumulado, crítico,
competente e compromissado para a realização dos procedimentos
centrados nos usuários e que reconheça nesse usuário um sujeito
político a ser estimulado para, numa perspectiva ampliada, participar
na luta política a fim de subverter o modelo hospitalocêntrico e/ou
médico-hegemônico dentro do quadro no qual as relações sociais e
as tecnologias hegemônicas estão fundadas (MANGINI; KOCOUREK;
SILVEIRA, 2018, p. 91).

Assim terminamos a nossa aula de hoje! Espero que você possa ter compreendido, melhor
e um pouco mais, sobre o nosso sistema público de saúde, seus avanços e desafios e todas
as tecnologias que a envolve.
Muitos desafios ainda temos pela frente e aos poucos vamos construindo a identidade
profissional. Bons estudos! E continue firme no propósito.

Pensamento. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo\/2015/08/10/09/49/woman-882567_1280.jpg

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AULA 09
A INFLUÊNCIA DAS NOVAS
TECNOLOGIAS NA FORMAÇÃO E
ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL
NO SÉCULO XXI

Robô - mundo. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/04/11/13/24/earth-3310421_1280.jpg

Olá! Nessa aula temática que organizamos especialmente para você falaremos sobre como
as novas ferramentas de tecnologias da informação influenciam o processo de formação do
Assistente Social no contexto da realidade do mundo digital em que as organizações estão
inseridas no campo profissional dos espaços sócio ocupacionais.
Discutiremos sobre a importância da informação para a elaboração de estratégias e o
seu na intervenção profissional do Assistente Social na defesa intransigente dos direitos

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humanos e sociais. Assim, se gera conhecimento e, consequentemente novas metodologias


que precisam ser utilizada de maneira planejada para alcançar os objetivos traçados pela
ação profissional.

Acreditamos que, deve-se admitir que as tecnologias de informação


trouxeram inúmeros benefícios ao processo de trabalho do Assistente
Social, como por exemplo, uma manutenção atualizada de banco de
dados da população usuária do serviço, a possibilidade da utilização de
softwares que cruzam dados de atendimento com indicadores sociais,
facilitando e otimizando o processo de gestão de serviços sociais, assim
como o planejamento eficiente e eficaz, e ainda um constante processo
de monitoramento e avaliação (SILVA, 2003, http://www.uel.br/revistas/
ssrevista/c_v6n1_marcio.htm).

Como o cenário global tem sido pautado pela transformação tecnológica, a discussão
sobre ética profissional neste contexto deve ser sublinhada nas mais diversas esferas, visto
ser fundamental para as decisões mais assertivas frente ao que está posto de desafio aos
profissionais e às instituições sociais.
Que este tema possa te instigar e o motivar para mergulhar no maravilhoso mundo da
tecnologia como ferramenta importante para o cenário profissional, sendo assim lhe convido
a arregaçar suas mangas e se lançar nesse aprendizado.

Informação Digital. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/01/17/04/14/industry-3087393_1280.jpg

E de início convido você a fazer uma reflexão: É possível, no mundo atual, viver sem
informações?
Com certeza sua resposta é negativa, pois todos vão concordar que realmente, não é
possível viver hoje em dia sem informações disponíveis e isso não está apenas relacionado
à sua atuação profissional. Informação é algo que faz parte da nossa rotina, das coisas mais

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simples, como preparar uma receita de bolo ou nos remete as mais complexas decisões
com base em indicadores produzidos pela inteligência artificial.
Pessoas que detém informação podem ser consideradas poderosas. Instituições que
sabem utilizá-la conseguem desenvolver estratégias competitivas para se posicionar no
mercado. Países que a controlam podem se sobressair em relação às nações menores ou
mais fracas. Note que, no contexto atual, a Informação é vista e reconhecida como um bem
patrimonial.
Ela possui valor, assim como uma estrutura física que uma instituição possui.

Anote isso

É comum, você ler e ouvir que estamos na Era da Informação e do Conhecimento.


Realmente isso é fato!!

Observamos que as instituições perceberam a necessidade de valorizar esses bens, com


a mesma intensidade, ou até maior, do que a valorização de seu patrimônio físico. Sendo
assim, da mesma maneira que a informação possui seu valor e pode ser moeda de troca
no mundo moderno, o conhecimento também é valorizado.
É importante destacar que toda experiência que você acumula em sua trajetória faz
parte da construção do seu conhecimento.
O seu processo de aprendizado e formação profissional, durante os anos que você já
se dedicou e tem se dedicado, tem auxiliado na construção seu conhecimento. Por outro,
reconhecer neste processo as dores que você passou em momentos de dificuldades no
trabalho ao lidar com situações que, até então, você não sabia como solucionar, levaram-te
a enriquecer o conhecimento levam você a fortalecer sua expertise, seu know-how.

O Serviço Social precisa se capacitar para este debate e para inovar


na sua prática profissional, procurando incorporar os novos produtos e
processualidades da Revolução Informacional, traduzindo-os em práxis
ídeo-política, enquanto cultura profissional, para não correr o risco de
ver-se desqualificado frente às novas exigências histórico-estruturais
da chamada “Sociedade da Informação”. O não enfrentamento desse
debate, ao nosso ver, impedirá que o Serviço Social dê um passo à
frente, em continuidade à necessária crítica ao conservantismo e ao
tecnicismo na profissão, propondo nesse novo patamar uma grade
operativa vinculada à produção teórico-metodológica conseqüente com
o movimento hegemônico na profissão (SOUZA, http://www.uel.br/cesa/
sersocial/principalgeral.html)

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Davenport (1998 apud CARVALHO, 2012, p. 9) explica que conhecimento é “a informação


que, devidamente tratada, muda o comportamento do sistema”.
Para Carvalho (2012, p. 9), “o conhecimento é o resultado de um processamento de
informação complexo e altamente subjetivo”, pois “ela interage com os processos mentais
lógicos e não lógicos, experiências anteriores, insights, valores, crenças, compromissos e
inúmeros outros elementos que subjazem na mente do sujeito”.
E agora você consegue dimensionar a importância da informação para a formação do
assistente social?
Espero que sim!! Que nessa etapa de reflexão você tenha compreendido e assimilado os
conceitos de informação e conhecimento. E lembre-se que, mesmo tendo sua distinção, eles
são interdependentes e se relacionam de alguma forma. Então, na prática, todos possuem
sua importância.

a) Considerando que o Assistente Social tem habilidade e competência


em trabalhar com as pessoas, formando vínculos, parcerias e mediações,
ele deve despertar a consciência crítica para que elas busquem seus
direitos e resgatem sua cidadania. O Assistente Social tem que procurar
realizar ações em nível macro.
b) Tem que saber muito sobre informática e sobre como lidar com a
informatização.
c) Temos que procurar resgatar a nossa profissão, mostrando que o
Serviço Social pode fazer muitas coisas para contribuir com a instituição,
procurando, cada vez mais, modificar aquele serviço assistencialista,
da ajuda. Temos que mostrar para as pessoas que nós temos uma
capacitação técnica, uma formação, que nós não saímos do nada, pois
temos todo respaldo teórico e metodológico referendando a nossa
prática. Temos que divulgar nosso trabalho. (ABREO, RIBEIRO, 2001,
http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v4n1_demandas.htm )

Toda essa construção tem nos impulsionado a buscar coisas novas, a inovar cotidianamente.
Portanto, o processo de aprendizagem nesse contexto nos leva ao desenvolvimento como
pessoa e como profissional. Essa realidade é confirmada em Possoli (2012):

Buscar a inovação contínua – por intermédio do desenvolvimento de


novos processos e produtos, da implementação de tecnologias avançadas,
da gestão da qualidade, da diferenciação perante a concorrência, do
posicionamento de marca, entre outras ações – e uma atitude que visa
garantir altos níveis de eficácia, competitividade e produtividade nas
organizações. Tal ação implica constante construção de conhecimentos e
habilitação tecnológica que são efetivadas por práticas de aprendizagem
organizacional. Essa aprendizagem, por sua vez, é entendida como o
processo mais significativo para a inovação tecnológica (POSSOLI, 2012,
p. 115).

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No contexto do mundo atual é preciso observar que os processos de aprendizagem


promovem a busca pelo conhecimento que se renova a todo instante.
Agora analise a seguinte frase: “a busca pelo conhecimento configura-se, assim, como
grande luz para qualquer profissional”. Traduzindo, o conhecimento é remetido como a luz
para os profissionais, significa que é o caminho para a empregabilidade e construção de uma
carreira sólida. Sendo assim, se estamos vivendo a Era do Conhecimento, o convido para uma
rápida leitura a respeito do assunto, extraída da coluna Economia & Negócios, do Estadão:
Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,a-era-do-conhecimento-
imp-,945262>.
Diante deste contexto, pode-se afirmar que todo indivíduo vivencia um processo de constante
aprendizagem, por meio do qual adquire-se conhecimento e expertise que os leva a aprender
novamente e construir novos conhecimentos. Portanto, perceba que se trata de um círculo
virtuoso. A vida é um eterno aprendizado e nesse processo geramos conhecimento todos
os dias, ainda que nas experiências negativas e nos momentos que cometemos erros.
A partir de todas essas informações e conhecimento você já parou para refletir o quanto
que o Serviço Social se beneficia das tecnologias de informação?
As novas tecnologias da informação se apresentam como importante ferramenta que surge
para auxiliar os processos de trabalho do Assistente Social, além de otimizar o processo
de gestão de serviços sociais.

Isto acontece na prática

Com relação ao Serviço Social, as tecnologias de informação apresentam-se como


ferramentas que surgem para auxiliar os processos de trabalho do Assistente Social. Na
maioria dos casos, o profissional não questiona em quais condições e quais objetivos
estão implícitos nessas tecnologias de informação, limitando-se apenas a operá-las.
Um exemplo prático é o Sipia – Sistema de Informação para Infância e Adolescência,
que é um programa de microcomputador que operacionaliza as medidas de proteção a
crianças e adolescentes, aplicadas por Conselheiros Tutelares. O modelo, desenvolvido
pelo Ministério da Justiça, obriga aos Conselhos Tutelares do Brasil a utilizarem essa
plataforma. Já, aqueles municípios que não implantarem o SIPIA, são ameaçados de
ter recursos estaduais e federais cortados.
Fonte: SILVA, Márcio Antunes da. Assistente social e tecnologias da informação. Serviço
Social em Revista, v. 6, n.1, Londrina: UEL, 2003. Disponível em: <http://www.ssrevista.
uel.br/> . Acesso em: 25 jul. 2020.

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Nesse sentido, o Serviço Social precisa incorporar as políticas informacionais na sua


prática profissional, bem como os novos produtos da Revolução informacional, para não
correrem o risco de serem desqualificados frente às novas exigências da sociedade da
informação (SILVA, 2003).

As mudanças no mercado de trabalho em decorrência das tecnologias


de informação modificam e reconfiguram o processo de reprodução
das forças de trabalho, representado pela dinamicidade desse processo,
que como uma avalanche, “engole” aqueles que não se adaptam a
essas mudanças. Conforme Colmán Duarte: As alterações que o recente
desenvolvimento tecnológico provocou nos processos de trabalho dos
diversos setores da economia são inegáveis. Caracterizado como
revolução informacional, esta onda tecnológica redesenha as profissões,
os papéis de grupos profissionais, chegando inclusive a extinguir
profissões e criar outras. Os impactos incidem sobre um amplo leque
de condições, que vão das modalidades operativas até a alteração de
identidades dos sujeitos sociais (SILVA, 2003, http://www.uel.br/revistas/
ssrevista/c_v6n1_marcio.htm ).

É uma das exigências do mundo globalizado, o desenvolvimento de habilidades e


conhecimento do profissional em um mercado de trabalho que se encontra em constantes
mudanças, e neste contexto, não é diferente para os profissionais de Serviço Social,
considerando que “as transformações no mundo do trabalho atingem sem distinção a todas
as categorias profissionais ao longo do processo sócio histórico do capitalismo, potencializado
pela globalização” (GUIMARÃES & ROCHA, 2008, p.24.).
Sob a perspectiva de análise histórica, o Serviço Social se institucionaliza como profissão
socialmente construída no movimento da transformação da sociedade capitalista. Portanto,
é nessa dinâmica que se operacionaliza a prática profissional, e os recursos tecnológicos
podem ser entendidos, como instrumentos importantíssimos para viabilizar a atuação dos
profissionais do Serviço Social na coleta de dados, no gerenciamento de informações e
também na adoção de metas e resultados dentro do seu âmbito de atuação.
Queiroz (2008) ao retratar a incorporação das tecnologias de informação no âmbito do
Serviço Social, ressalta,

[..] o quanto é necessária à incorporação pelos assistentes sociais,


destas novas ferramentas de trabalho de modo a redirecioná-los abrindo
novas direções para a construção, na área social, voltada não apenas
ao gerenciamento de ações, mas a possibilidade de sustentar novos
modos de criação de redes sociais, políticas e formas inovadoras de
participação democrática (QUEIROZ, 2008, p.16).

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Portanto, é fundamental a participação do assistente social frente às políticas públicas e


sociais aliadas à informação e as tecnologias de informação.
Entendida não como um mero instrumento de gerência ou a aplicação de uma tecnologia
moderna para tomada de decisão, mas que seja uma perspectiva de cidadania e universalização
de direitos universais de inclusão social.

A prática profissional, inserida no contexto da Revolução Informacional


coloca a profissão em uma conjuntura estratégica de reconfiguração da
identidade profissional. O modo de produção capitalista a cada momento,
de forma mais intensa, coloca demandas ao Serviço Social, travestidas
de “questão social”, e, diante disso, pode parecer que a simples utilização
das tecnologias de informação poderia ajudar a “resolver” tais “questões”.
Contudo, a “solução” das chamadas questões sociais não é do âmbito
tecnológico, mas histórico social. É de fundamental importância que os
Assistentes Sociais “tomem de assalto” o desenho e a construção das
tecnologias de informação dentro da profissão, e não sejam meramente
operadores de sistemas construídos (SILVA, 2003, http://www.uel.br/
revistas/ssrevista/c_v6n1_marcio.htm ).

Temos um longo caminho pela frente, espero que você esteja atento a todas as oportunidades
que você tem nas mãos!
Um grande abraço e até a próxima aula.

Isto está na rede

SILVA, Márcio Antunes da. Assistente social e tecnologias da informação. Serviço Social
em Revista, v. 6, n.1, Londrina: UEL, 2003. Disponível em: <http://www.ssrevista.uel.
br/> . Acesso em: 25 jul. 2020.
SOUZA, P. C. Sociedade da Informação e Serviço Social : uma nova estratégia de
intervenção? Disponível em <http://www.uel.br/cesa/sersocial/principalgeral.html> .
Acesso em: 10 ago. 2020.

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AULA 10
INSERÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO NO TRABALHO DO
ASSISTENTE SOCIAL

Androide e Humano. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/12/04/21/57/fantasy-3856750_1280.jpg

Anote isso

Não basta a tecnologia, é necessário e preciso a participação intensa e organizada da


sociedade, em que o acesso à informação é um direito fundamental e ponto de partida
o acesso aos outros direitos sociais, políticos e civis (QUEIROZ, 2008, p. 12-13).

A partir dos conceitos já estudados, você vai compreender como se dá o processo de


trabalho do assistente social e a utilização de políticas de informação na área da assistência
social, visto que na atualidade constitui-se em um importante instrumento de trabalho
imprescindível para viabilizar a gestão de ações e resultados, no âmbito das intervenções
sociais.
Considerando o cenário da evolução tecnológica, em sua pluralidade de manifestações,
sobretudo, o desenvolvimento da informática em favor da sociedade, através do poder público

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para atendimento das demandas sociais. Percebe-se a sua operacionalização como um


instrumento estratégico da gestão pública em todas as esferas de governo. É nesse contexto
que o Serviço Social se insere junto às tecnologias da informação.
De acordo com Marcomim e Maciel:

[...] a compreensão acerca das práticas profissionais do Serviço Social


na atualidade requer um olhar crítico, inovador, consciente dos desafios
contemporâneos e dos avanços teóricos, metodológicos, técnico-
operativos e ético-políticos da profissão, que impõem ao fazer profissional
uma configuração crítica e mobilizadora de potenciais individuais e
coletivos (2016, p.10).

Estamos diante de uma nova perspectiva enquanto categoria profissional, um novo contexto
social pede também um novo direcionamento de atuação, pois as demandas mudam, exigindo
inovação sempre com um embasamento crítico.
O Serviço Social vai se afirmando neste contexto social, investindo sempre das discussões
coletivas de análise da realidade, buscando capacitação permanente e um olhar bastante
assertivo, por este motivo:

As dimensões teórico – metodológica, ético – política e técnico – operativa


do Serviço Social, servem justamente para trazer um direcionamento a
profissão , no intuito de resgatar ao profissional a valorização dos seus
princípios contido na absorção de informações teóricas, condizentes
com o caráter ético a fim de executar sua ação profissional de maneira
compreensiva no âmbito de trabalho, 19 do qual são compostos por
instrumentais que auxiliem a intervenção com efeito de proporcionar
conhecimento na atuação em frente a garantia de direitos (ATANAZIO,
2019, p. 18).

É necessário um novo olhar para a realidade, pois as políticas informacionais cada vez
mais presentes nas organizações requer um profissional apto a lidar com elas, o desempenho
profissional também está atrelado ao uso correto e proveitoso das TIC’s, pois

[...] o debate sobre as tecnologias de informação nos processos de


trabalho do Serviço Social não pode ser encarado como algo isolado
do conjunto das condições históricas e sociais. Nesse sentido, afirma-se,
mais do que nunca a necessidade de enfocar estas tecnologias como
parte das forças produtivas sociais. Categoria central no edifício teórico
do materialismo histórico, as forças produtivas são o elemento dinâmico
no desenvolvimento dos diversos modos de produção (SILVA, 2003, p. 1).

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Inovação, dinamismo, capacitação profissional, revisão dos processos de formação


profissional são apenas alguns elementos necessários para o Assistente Social do século
21, uma vez que as tecnologias da informação podem

[...] oferecer uma importante contribuição para o (a) profissional em sua


tarefa de articular as diversas mediações no seu campo de atuação. Ou
seja, mais do que um instrumento a ser utilizado no exercício profissional.
As TI’s podem ser também entendidas como um elemento que potencializa
outras dimensões já previamente existentes. A apropriação desse recurso
pode permitir a otimização de competências e habilidades na atuação
junto às expressões da questão social nas diferentes políticas sociais
(SILVA, 2003, p. 1).

Anote isso

Atualmente, as tecnologias da informação e comunicação representam um poderoso


instrumental para o Assistente Social no seu agir profissional, pois contribui para a
dinamização dos processos de trabalho.

Neste cenário apresentado,

as Tecnologias de Informação surgiram para os assistentes sociais


como modernos recursos que podem auxiliar no desempenho de
sua atividade profissional. Inicialmente encarados como sofisticadas
máquinas de escrever ou potentes calculadoras, estes instrumentos
foram gradativamente aproveitados nas suas outras potencialidades,
a de manipular e processar uma imensa quantidade de informações
espalhadas pelo mundo todo (BOGADO, 2006, p.56).

Queiroz (2008) ainda retrata a incorporação das tecnologias de informação no âmbito do


Serviço Social, destacando:

[...] o quanto é necessária à incorporação pelos assistentes sociais,


destas novas ferramentas de trabalho de modo a redirecioná-los abrindo
novas direções para a construção, na área social, voltada não apenas
ao gerenciamento de ações, mas a possibilidade de sustentar novos
modos de criação de redes sociais, políticas e formas inovadoras de
participação democrática. (QUEIROZ, 2008, p.16).

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O uso dos recursos tecnológicos como instrumentos técnicos-operativos viabiliza uma


atuação eficaz dos assistentes sociais na coleta de dados, no gerenciamento de informações
e também na adoção de metas e resultados.
Historicamente, o Serviço Social foi marcado pela filantropia, a qual convergia para o
atendimento imediatista e fragmentado em prol dos miseráveis, ancorados por uma política
social meramente distributiva e não inclusiva.
No Brasil o assistencialismo imperava por conseguinte não havia o interesse de construir
uma consciência de cidadania, posto que sobrepunha um sentimento de caridade e de
benevolência, de modo que mantinha ativa a marginalização dos assistidos para a continuidade
da dependência de recursos e de conhecimento.
A inovação presente na Constituição de 1988 alavancou a atuação da Assistência Social
a partir que a reconhece como política pública e parte integrante da seguridade social para
promover a inclusão social e a garantia dos direitos sociais. Paralelamente, o tema sistemas
de informação ganhou forte relevo no contexto da nova geração de políticas públicas
descentralizadas.
Nesse sentido, destaca-se, ainda, a Lei de Acesso à informação que foi um avanço muito
importante para promover uma cultura de acesso livre à informação de natureza política,
que segundo Ferreira et al. (2012):

(...) as informações governamentais são de fundamental importância para


o exercício da democracia, a sua disponibilização possibilita o diálogo
claro e transparente entre o governo e a sociedade civil, permitindo
um maior controle desta sobre a administração pública, objetivando o
aprimoramento constante de suas ações. (FERREIRA et al., 2012, p.3-4).

É responsabilidade do poder público investir na modernização de instrumentos de trabalho


dos assistentes sociais, com foco na democratização das informações, instituindo meios
de sistematizar dados, informação e também de treinamento dos recursos humanos para
atender as necessidades sociais.
A ideia de uma administração racional que baseia suas decisões em informação de boa
qualidade, ainda hoje parece a muitos gestores públicos uma espécie de luxo. Os governos
estão sempre pressionados por prioridades urgentes e falta de recursos (CASTRO; DIAS,
2014, p.5).
Já para os profissionais de Serviço Social há um compromisso ético-político para a
utilização da tecnologia da informação, conforme Queiroz (2008, p.2) é “mediada por
estratégias concretas, articuladas à competência teórico-metodológica com objetivo de
efetivar os direitos sociais”.

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A autora assim refere sobre a atuação profissional:

(...) O profissional de Serviço Social deve ultrapassar as ações burocrática


e tecnicista que a primeira vista parece responder às requisições
institucionais feitas à profissão. O Serviço Social enquanto especificidade
profissional tem como uma de suas principais funções a execução de
políticas sociais e apresentar propostas criativas conectadas à direção
da profissão. (QUEIROZ, 2008, p.8).

Essa perspectiva de atuação profissional tem evoluído, de modo que tem direcionado
ações que contribuem para o exercício da cidadania através da implementação de sistemas
tecnológicos no âmbito da administração pública.

Isto acontece na prática

Em alguns momentos percebe-se certo limite do Assistente Social mediante as inovações


tecnológicas, pois consideram a inserção da tecnologia como “desvio de função” assim
como o autor destaca acima, porém isso não tende a ocorrer se o profissional estiver
aberto a possibilidades novas de trabalho, não caracterizando a perda da legitimidade
da profissão, mas, agregar ao profissional conhecimento em que explore a competência
profissional e a capacidade de se destacar no decorrer do trabalho (ATANAZIO, 2019,
p. 21)

Não podemos ignorar as tecnologias da informação nos processos de trabalho profissional,


pois o acesso à informação de forma ética promove a difusão da prestação de um serviço
social pautado na inclusão, em face da propagação do conhecimento. Neste contexto a
informação e o conhecimento desempenham um papel estratégico na prática dos assistentes
sociais. (QUEIROZ, 2008). Somado a autora citada temos a contribuição de Veloso (2011)
acerca das tecnologias e o Serviço Social:

[...] esse recurso (TI] pode oferecer uma importante contribuição para
o (a) profissional em sua tarefa de articular as diversas mediações no
seu campo de atuação. Ou seja, mais do que um instrumento a ser
utilizado no exercício profissional, as TI podem ser também entendidas
como um elemento que potencializa outras dimensões já previamente
existentes. A apropriação desse recurso pode permitir a otimização de
competências e habilidades na atuação junto às expressões da questão
social nas diferentes políticas sociais (VELOSO, 2011, p. 21).

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É preciso enxergar todo o potencial que as tecnologias podem trazer ao exercício profissional,
usá-la a nosso favor. Promover debates, reflexões e estudos que visem encontrar e identificar
as possibilidades de impactos que as TIC’s podem trazer à profissão é preciso gerar um maior
engajamento dos profissionais no que tange a compreensão das TIC’s enquanto poderosa
ferramenta para fazer circular as informações junto aos usuários e organizações. Informação
é poder!
Ainda de acordo com Renato Veloso (2011):

[...] a utilização crítica e competente dos recursos da TI pode provocar


alterações no desempenho das atribuições e competências profissionais,
tanto no atendimento aos usuários e usuárias, quanto em atividades
como assessoria, supervisão, formulação e implementação de políticas,
podendo gerar efeitos positivos em relação ao acesso aos direitos sociais
(VELOSO, 2011, p.522).

A adoção de medidas de implementação de políticas de informação no âmbito da Assistência


Social atua em favor da sociedade, pois viabiliza a coleta de dados, o armazenamento, a
gestão de informações e os resultados mensurados no âmbito das intervenções sociais.

a oferta de informação detalhada para gestores locais, órgãos de


fiscalização, mídia, sociedade em geral pode ameaçar estruturas de
poder burocrático consolidadas em diferentes unidades administrativas
(CASTRO; DIAS, 2014, p. 17).

Assim destaca-se a relevante tarefa do Serviço Social ao criar estratégias que incorpore às
políticas informacionais e seus recursos das tecnologias de informação como ferramentas
para auxiliar sua práxis no âmbito das políticas sociais possibilitando formas inovadoras
de participação democrática e da gestão da informação, com efetiva democratização das
informações.
De tudo que foi visto até agora pode-se observar que dentre as inúmeras questões
contemporâneas que impactam a formação profissional do Serviço Social encontra-se aquelas
que indicam possibilidades de uso das inovações tecnológicas e os desafios para o exercício
profissional e para a consolidação do projeto ético-político profissional.

As mudanças na forma como é visto as novas ferramentas de trabalho


cabe somente ao profissional sua aceitação ao utilizá-lo, deixando claro
que o mesmo tem a liberdade, diante da utilização da tecnologia de
promover conforme suas condições a melhor maneira de transpor
a funcionalidade dos instrumentos tecnológicos para o ambiente
de trabalho e destacar a importância de proporcionar ao usuário o
acesso à informação sobre a garantia de direitos seja, através de, por
22 exemplo, endereços eletrônicos de transparência sobre as leis e

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direitos do cidadão; locais em que o usuário possa ser encaminhado


para conclusão de sua demanda; endereços eletrônicos cuja função é
a emissão de documentação otimizando o tempo do usuário e evitar
possível frustração, além da otimização de tempo do próprio profissional
do Serviço Social, etc (ATANAZIO, 2019, p. 21-22)

Anote isso

“As tecnologias de informação apresentam-se como ferramentas que surgem para


auxiliar os processos de trabalho do Assistente Social, pois não é um instrumento
neutro da prática, mas trazem inúmeros benefícios como facilitando e otimizando o
processo de gestão de serviços sociais”
Fonte: (GOMES, 2006, p. 2).

Para a atuação profissional empreendedora no que concerne a área de gestão aliada


à tecnologia da informação, nos mostra quantos desafios está posto ao serviço social. E
você precisa estar qualificado para o mercado de trabalho na cena contemporânea. Um
momento que traz

[...] possibilidades novas de trabalho se apresentam e necessitam ser


apropriadas, decifradas e desenvolvidas; se os assistentes sociais
não o fizerem, outros farão, absorvendo progressivamente espaços
ocupacionais até então a eles reservados. Aqueles que ficarem prisioneiros
de uma visão burocrática e rotineira do papel do assistente social e de
seu trabalho entenderão como, “desprofissionalização” ou “desvio de
funções” as alterações que vêm se processando (IAMAMOTO, 2003
apud BOGADO).

Vamos lá!! Comece a projetar a sua carreira profissional nesta nova era da informação e
observe que você é o protagonista desta cena.
A proposta aqui trazida neste processo de aprendizagem, vem identificar as potencialidades
da Tecnologia da Informação para o trabalho do Assistente Social que pode ser incorporado
pelos profissionais à medida que se disponha de alguns requisitos que remetam em primeira
instância a formação profissional sob diversas dimensões.
O exercício profissional do assistente social se constitui em dupla perspectiva: investigação/
intervenção:

[...] a atitude investigativa é uma dimensão inseparável do processo de


formação profissional e do cotidiano do Serviço Social, e que não se trata
apenas de avançar no campo do conhecimento. É fundamental garantir

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a unidade entre o saber, o fazer, o saber fazer e o refazer, ancorados em


uma clara compreensão do tipo de sociedade que queremos construir
(MORAES; JUNCÁ; SANTOS, 2010)

O domínio das ferramentas das novas Tecnologias da Informação permite ao profissional


de Serviço Social a lidar com uma gama enorme de dados e a capacidade de gerir, controlar e
disseminar a informação, além de subsidiar as tomadas de decisões e aprimorar a condução
para os processos de gestão.
Contudo, fique atento/a pois,

as competências profissionais não podem ser reduzidas ao domínio


do recurso tecnológico apenas, mas envolver, também, a competência
crítica que permita uma apropriação do recurso tecnológico como
elemento potencializador, capaz de estimular, constituir e aprimorar
modalidades de atuação profissional 23 alternativas ao tradicionalismo
e ao conservadorismo profissionais (VELOSO, 2011, p. 521).

Portanto, sua importância reside na possibilidade de uma mudança qualitativa da ação


profissional a partir do seu uso como recursos capazes de promover o desenvolvimento de
habilidades na apropriação da tecnologia da informação como estratégia para o atendimento
qualificado ao usuário do Serviço Social.
Outro benefício de se desenvolver os conhecimento das TICs no Serviço Social consiste em:

o conhecimento e o uso da TI colocam a possibilidade de lidar com uma


grande quantidade de dados, extraindo deles informações preciosas
para o trabalho, que, por sua vez, possibilitam a avaliação do trabalho
desenvolvido e a construção de novas propostas de intervenção.
Considera-se a capacidade de gerir, controlar e distribuir a informação
um aspecto de grande importância para o trabalho, já que, além de
subsidiar a tomada de decisões e otimizar a condução dos processos de
gestão, pode potencializar o exercício profissional (VELOSO, 2006, p.17).

Neste sentido, o uso das TICs podem contribuir em quais aspectos? Elas podem contribuir

[...] para o gerenciamento da configuração do seu trabalho, da otimização


de tempo, da qualificação e de aprendizado, pois se transfigura em uma
ferramenta capaz de organizar as tarefas diárias e possibilitar que haja
fluidez na criatividade profissional, tendo em vista que é importante que
os profissionais estejam condicionados a explorar novas perspectivas de
trabalho, não se limitando a funções comuns, mas atribuindo e gerando
novos conhecimentos que propiciem em escala maior um significado na
ação profissional (VELOSO, 2006 apud ATANAZIO, 2019, p. 26).

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É nessa perspectiva que o Serviço Social pode se apropriar da Tecnologia da Informação


para potencializar e instrumentalizar o trabalho profissional, a uma incorporação que atenda
aos interesses dos usuários dos serviços da política pública.
Grande abraço!

Isto acontece na prática

Você Conhece o Sistema de Informação da Rede Suas?


O Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de Assistência Social (Rede
SUAS) tem a função de suprir as necessidades de comunicação no âmbito do SUAS
e de acesso a dados sobre a implementação da Política Nacional de Assistência Social
(PNAS).
A Rede é um instrumento de gestão, organizando a produção, o armazenamento, o
processamento e a disseminação dos dados.
Com isso, dá suporte a operação, financiamento e controle social do SUAS e garante
transparência à gestão da informação. A Rede SUAS é composta por ferramentas que
realizam registro e divulgação de dados sobre recursos repassados; acompanhamento e
processamento de informações sobre programas, serviços e benefícios socioassistenciais;
gerenciamento de convênios; suporte à gestão orçamentária; entre outras ações
relacionadas à gestão da informação do SUAS.
Para saber mais sobre o Sistema, acesse:
https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/assistencia-social/gestao-do-
suas/sistemas-de-informacao-da-rede-suas

Estudante. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2019/07/02/07/40/student-4311769_1280.jpg

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AULA 11
AS TIC’S ENQUANTO FERRAMENTA
DE TRABALHO DO ASSISTENTE
SOCIAL

Tablet. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/04/10/09/00/businessman-3306755_1280.jpg

Preparado/a para mais uma aula?


Na aula de hoje falaremos um pouco mais sobre as tecnologias da informação enquanto
ferramenta de trabalho do Assistente Social.
O trabalho do Assistente Social é composto por diferentes instrumentos e técnicas que
possibilitam a prática interventiva profissional. O exercício profissional vai se caracterizando a
partir do uso de tais instrumentos que permitem ao profissional o alcance de seus objetivos, bem
como lhe oportuniza o conhecimento da realidade onde está inserido. Pois, “é imprescindível
uma compreensão da realidade social que viabilize uma atuação profissional responsável e
consequente” (FORTI; GUERRA, 2009, p.1).
A prática do Assistente Social acontece no espaço das relações do ser humano, dadas
em suas diversas expressões de vida, afetiva, social, política, junto à família, os grupos de
trabalhos, os grupos comunitários etc... a prática profissional acontece também a partir dos
organismos sociais, sistemas e estruturas que se constituem o espaço e processo de vida
coletiva.

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Anote isso

A prática exige um marco histórico, elaboração da teoria e conhecimento científico de


solução de problema, dependendo da especificidade da atuação profissional (FALEIROS,
1982, p.86).

É importante ressaltar que a ação do Serviço Social envolve, necessariamente, a utilização


complementar de várias unidades de intervenção. Se trabalhamos com um cidadão ou com
um grupo, trabalhamos ao mesmo tempo a rede de serviços, estruturas e sistemas operantes
nas situações apresentadas pelo cidadão ou pelo grupo.

A ação profissional do assistente social não consiste em fazer coisas


por e para o seu [usuário]; consiste em motivá-lo para que ele conceba,
planifique e implemente os cursos de ação que poderão levá-lo a meta
fixada.o assiste social não anestesia o seu paciente para operá-lo; ao
contrário, ajuda-o a conscientizar-se para que decida e faça. Este traço do
exercício profissional é de particular importância na análise do conceito
da práxis (KRUSE, 1986, p.95).

Se faz necessário analisar criticamente a dinamicidade deste contexto sociocultural, bem


como compreender a técnica no âmbito da dinamicidade da prática social.
De acordo com Sarmento (1994), o que caracteriza o trabalho fundante do ser social é
o trabalho mediatizado. O homem é o único ser que na sua atividade produtiva introduz
mediações entre ele e o objeto dessa atividade.

A técnica é concebida como criação do homem, na medida que este


procura satisfazer suas necessidades. Sendo uma criação do homem,
é através da técnica que ele faz com que seu conhecimento opere,
objetive-se, sobre as coisas. Torna-se, portanto, um meio de facilitação
das suas realizações. Como um ato político, a técnica vai sendo re-
criada de modo a atender melhor a realização de tarefas. É na prática
e através da técnica que o homem vai conhecendo e ao mesmo tempo
transformando (SARMENTO, 1994, p. 245).

Por que falamos das TIC’s enquanto ferramenta instrumento do Assistente Social? É
através dos instrumentos que experenciamos a teoria social, pois não aplicamos a teoria à
prática, a primeira fundamenta a segunda. O instrumento serve ara reconhecer a realidade
é necessário conhecê-las para pode intervir junto a ela.

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O instrumento é sempre orientado por um determinado conhecimento,


uma teoria social, ou seja, é sempre utilizado intencionalmente. É através
do instrumento que vamos, experimentando a teoria social, na medida,
em que permite que se vá objetivando as categorias da realidade
(SARMENTO, 1994, p. 245, grifo nosso).

As ações intencionais do profissional configuram-se como estratégicas e táticas para


a consecução de objetivos que decorrem de um determinado projeto social e de uma
determinada leitura da realidade social.
Para tanto é importante que o profissional amplie seu olhar, dedique-se a compreender
a estrutura ocupacional o que cerca, se apropriando dos elementos que poderão contribuir
para a dinâmica profissional cotidiana.
Sobre a incorporação das TICs no trabalho pelo Assistente Social temos a contribuição
de Veloso (2011)

a intenção aqui é pensá-la [TICs] como mediação, como integrante foi


de um conjunto de instrumentos teórico-metodológicos, ético-políticos
e técnico-instrumentais socialmente construídos que possibilitem à
profissão alcançar as finalidades presentes em seu projeto profissional.
Trata-se de um recurso que possui um potencial estratégico para o trabalho
profissional. Sua importância reside na possibilidade de potencializar, de
imprimir uma mudança qualitativa ao trabalho profissional, a partir de
seu uso como recurso capaz de propiciar a ampliação das capacidades
e habilidades profissionais. (VELOSO, 2011, p. 525).

Fica claro para você aluno, o potencial estratégico que as TICs podem assumir na práxis
profissional? Elas podem contribuir para o planejamento, avaliação, monitoramento de
indicadores e dados, armazenamento de registros, viabilização de reuniões, atendimentos,
encontros remotos, e tem-se a certeza que

[...] o Serviço Social enquanto profissão que em decorrência das


transformações ocorridas na contemporaneidade o profissional é
desafiado a reavaliar e aprimorar com relação às tecnologias de
informação, ou seja, todas as mudanças em sociedade fizeram com
que o Serviço Social repensasse sua forma de atuação e a inserisse
com uma nova visão, para que possa contemplar aquilo que possui de
atual (QUEIROZ, 2008, p.8).

Tais mudanças visam contribuir para a independência e maior abertura para ações
mediatas, planejadas, mas isso só ocorrerá se o profissional tiver domínio das ferramentas
tecnológicas, caso contrário, se tornará refém da mesma.

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[...] na era informacional e o impacto que as tecnologias de informação


faz necessária e mais precisamente para o Serviço Social a incorporação
das mesmas na profissão, uma vez que, evidencia a necessidade da
inserção das tecnologias e também a apropriação de tais recursos aos
valores profissionais e a um aprofundamento reflexivo à própria profissão
(QUEIROZ, 2008, p.10).

A partir daqui, vai se delineando as habilidades e competências ligadas às tecnologias,


por parte do Serviço Social. Gradativamente a categoria profissional começa a rever seus
conceitos relacionados às TICs.
Por exemplo, por um bom tempo a categoria profissional, junto aos seus órgãos fiscalizadores
manifestaram-se publicamente contra a Educação a Distância na formação de Assistentes
Sociais, no nível de graduação, acreditando que as tecnologias da informação e comunicação,
seriam incapazes de promover a formação profissional dentro daquilo que prevê as diretrizes
curriculares, atualmente as discussões se pautam na busca pela qualidade do ensino, e
independe da modalidade.
Não que ainda não haja no seio da categoria profissional pensamentos contrários à
modalidade a distância, porém foi preciso tempo para que se conseguisse aceitar os benefícios
das TICs na sociedade é preciso conhecer para se elaborar uma ideia, um posicionamento.
Outro apontamento que faço aqui é que muitos profissionais possuem grandes dificuldades
no manuseio do computador, em realizar tarefas básicas no Word, Excel, Power Point.
Profissionais que não conseguem trabalhar com arquivos compartilhados nas nuvens, onde
o envio de anexos e conversão de arquivos por email são demasiadamente um desafio.
Quantos profissionais sofrem no momento de digitar, configurar e salvar um relatório,
montar um gráfico ou confeccionar uma apresentação?
Assistentes Sociais que não conseguem gravar e editar um vídeo, ou até mesmo montar
convites para reuniões, palestras, eventos utilizando programas da internet.
Você pode pensar, “Ah, mas eu estou fazendo Serviço Social, não preciso saber destas coisas!”
Engano seu caro aluno, muitas instituições empregadoras dos Assistentes Sociais, não
possuem um profissional exclusivo para essas funções. Não podemos mais ficar reféns das
TICs, nem mesmo nos tornarmos dependentes de colegas que sabem um pouco mais, por
medo de aprender. E como se aprende? Fazendo.
As TICs não são o fim das nossas ações, elas são meio para que a nossa intervenção
profissional aconteça, por isso elas são denominadas ferramentas que o profissional dispõe.

[...] tomá-las [as TICs] como uma mediação, significa entendê-las como
um meio a ser utilizado para alcançar finalidades específicas, como
uma forma de se implementar determinado projeto, o qual, por sua

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vez, consiste num ato consciente de intervenção no mundo. O uso das


TI, assim, encontra-se condicionado a ideias e valores vinculados a
finalidades projetadas, a projetos que expressam o relacionamento da
ação a uma finalidade, em vista da qual são preparados e dispostos
os meios necessários e adequados, são escolhidos os objetos e os
procedimentos de ação (VELOSO, 2011, p. 526).

Ainda sobre as TICs enquanto ferramenta de trabalho do Assistente Social, temos a


contribuição de Atanazio (2019):

As TI’s sendo compreendidas como um conjunto de ferramentas que são


dispostas para o uso pessoal e profissional, a TI não se complementa
sozinha sem que haja uma finalidade existente, no caso, para o Assistente
Social a TI pode ser utilizada na condição de auxiliar a rotina de trabalho,
tanto nos agendamentos de atendimentos aos indivíduos nos atuais
programas de assistência existentes, na produção de conteúdos no ramo
da pesquisa científica para o Assistente Social, na articulação em rede
socioassistencial etc. A ação em que a TI se forma para o profissional
de Serviço Social remete a condição atual daquele profissional do
usufruto das ferramentas tecnológicas como instrumental de trabalho
e composição de uma mediação muitas vezes necessária para atribuir
informação no ambiente de trabalho e proporcionar vislumbre aos
conhecimentos do profissional reforçando até mesmo o projeto ético
– político da profissão (ATANAZIO, 2019, p 31-32).

Vejam que, aos poucos a resistência, vai dando lugar ao entendimento dos benefícios das
tecnologias no cotidiano e fazer profissional. Esse medo essa resistência vai dando lugar à
valorização das TICs à medida em que mais profissionais vão se apropriando do seu uso e
percebendo seus benefícios.
Vamos pensar no ano de 2020, quando em tempo de uma grande pandemia, muitos
profissionais, precisaram se apropriar do uso das ferramentas tecnológicas para o
desenvolvimento do seu trabalho. Para alguns foi muito difícil, pois por longo tempo
acreditavam que a única maneira de fazer Serviço Social era presencialmente (não que não
tenhamos esta profunda característica que nos identifica).
A questão que deve ser levantada é: esta é a única e exclusiva maneira de fazer Serviço
Social, presencialmente? Durante o ano de 2020 isso caiu por terra, pois, muitas ações
que antes eram presenciais (reunião de conselhos, grupos, eventos, formação) passaram a
ser feitas de maneira remota, online. E neste movimento aligeirado de adaptação, quantos
profissionais adoeceram ou ficaram mais estressados pela dificuldade em manusear a
tecnologia, do que com a demanda de trabalho em si… eu por exemplo conheço vários!
Veja a seguir um trecho de uma reportagem publicada no informativo: CFESS Manifesta
do dia 23/03/2020, onde perceberá que mesmo resistente ao atendimento remoto ou uso

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das tecnologias para a operação de algumas práticas profissionais do Assistente Social, a


reflexão acerca dos seus benefícios foram considerados:

Isto está na rede

Nesse momento de pandemia do novo Coronavírus/Covid 19, em que algumas


instituições determinaram o trabalho remoto, é possível fazermos atendimento
online ou por videoconferência? Em que situações é possível a sua realização?
[...] Após debatermos o tema e, apesar de entendermos que a automação progressiva
tende a ser um processo irreversível articulado às mudanças tecnológicas e nas relações
de trabalho, não avaliamos que seja uma alternativa para o trabalho realizado pelo Serviço
Social. Há atividades próprias do cotidiano profissional que não são compatíveis com essa
modalidade de trabalho. Assim, não indicamos a sua adoção quando há possibilidade
do atendimento presencial. Nesse momento de excepcionalidade, compreendemos que
algumas atividades podem ser realizadas nas modalidades teletrabalho, videoconferência
e on-line, para que nossas atividades não sofram descontinuidade. Contudo, entendemos
que avaliação social para concessão de benefícios sociais, bem como estudo social e
parecer social, não devem entrar no rol dos procedimentos que podem ser executados
à distância. Isso porque a avaliação resultante dessas atividades depende da análise de
elementos e circunstâncias concretas da realidade social, que não podem ser inferidos
por meio da análise documental, dependendo também de outros procedimentos técnicos
que devem ser operacionalizados. Entendemos também que é possível ter acesso aos
prontuários e informações dos/as usuários/ as durante a realização do trabalho remoto,
uma vez que o transporte e guarda dessas informações fora do espaço institucional
não constitui quebra do sigilo. Assim, ratificamos que a utilização das tecnologias para
atendimento social está autorizada nesse momento específico. Contudo, o tema carece
de debates mais amplos. [...]
Fonte: CFESS. Os impactos do Coronavírus no trabalho do/a assistente social. CFESS
Manifesta Série conjuntura e impactos no trabalho. Brasília, 23/03/2020. Disponível
em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/2020CfessManifestaEdEspecialCoronavirus.
pdf>. Acesso em: 27 ago. 2020.

[...] a alternativa mais adequada não deveria ser a negação do uso da


TI, mas o aprofundamento deste uso, o domínio das possibilidades de
segurança e de restrição de acesso existentes. Tal fato demonstra que a
incorporação da TI ao trabalho não se reduz à existência de computadores
no serviço social, mas sim ao domínio deste recurso, o que só é possível
com qualificação e aprimoramento constantes (VELOSO, 2006, p. 269).

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Certamente após a pandemia as TICs ganham novo significado na vida dos Assistentes
Sociais. Em alguns espaços sócio-ocupacionais os atendimentos aos usuários ocorreram
por chamada de vídeo, whatsapp, meet etc. Isso quer dizer que a qualidade e compromisso
ético-político foi esquecido? Claro que não. Mas muitos profissionais foram obrigados a
enxergar nas possibilidades disponíveis a única ferramenta para continuar atendendo as
necessidades apresentadas pelos usuários.

Isto acontece na prática

Escutamos assistentes sociais que estão trabalhando na linha de frente, integrando


as equipes de saúde no enfrentamento à pandemia do coronavírus, para entender,
na perspectiva dos trabalhadores, como vem sendo o atendimento às famílias e o
desempenho do trabalho com segurança também para os profissionais. Confira abaixo
os relatos:
“Nossa rotina de trabalho tem sido muito exaustiva. A gente tem tido demanda
completamente diferente e ao mesmo tempo, contraditoriamente, muito parecida. Porque
o volume de trabalho é maior e muito mais intenso. Isso porque atualmente o serviço
social tem sido a porta de entrada das famílias nos serviços de saúde. É por intermédio
do serviço social que as famílias conseguem acesso aos repasses. A gente não faz
repasse médico, clínico, mas somos nós que identificamos a rede de apoio daquele
paciente, somos nós que identificamos a rotina familiar, a socioeconomia, somos nós
que viabilizamos algumas demandas em relação a informações, a documentos. Tem
sido uma rotina completamente alterada. Além de tudo, a nossa intervenção sempre
se dava com atendimento direto ao usuário, mas com o contexto de pandemia e a
prioridade do atendimento ser remoto, então a gente está tendo que articular os serviços
de forma remota. A gente atende presencialmente, mas a prioridade é o atendimento
por telefone ou WhatsApp.
Fonte: BRITTO, Débora. Sob pressão e invisibilizados, assistentes sociais garantem
direitos a famílias de pacientes com Covid-19. Marco Zero Conteúdo. 25/05/2020.
Disponível em: <https://marcozero.org/sob-pressao-e-invisibilizados-assistentes-sociais-
garantem-direitos-a-familias-de-pacientes-com-covid-19/> Acesso em: 28 ago. 2020.

Vários projetos surgiram no ano de 2020 em decorrência da pandemia, contudo, muitos


outros projetos já estavam em andamento no que diz respeito ao uso das TICs pelos Assistentes
Sociais em seus ambientes de trabalho. Veremos as boas práticas em uma aula específica.

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[...] a TI oferece potencialidade no trabalho do Assistente Social, porque


estabelece uma conexão na utilização de registros em meio informatizado,
onde a TI tem como objetivo o processamento desses dados, facilitando a
procura de informações que o profissional possa a vir pesquisar, além 33
de que, por haver assuntos de caráter sigiloso na atuação do Assistente
Social, existem ferramentas tecnológicas que proporcionam a segurança
no arquivamento desses dados, além de recursos que transcrevem
atendimentos tornando um espaço de trabalho organizado e sucinto,
com fácil visualização e com possibilidade de investigação da situação
trabalhada mais concreta (ATANAZIO, 2019, p 31-32).

Anote isso

Os instrumentos são os meios pelos quais potencializamos: determinada força, em


determinada direção de determinada forma.

Para finalizarmos esta aula trazemos a contribuição de Atanazio (2019) que aponta:

Haja vista que a tecnologia de modo geral não venha como processo
de substituição é necessário então, compreendê-la como processo de
atribuição profissional, onde se tem uma ferramenta que apresenta como
um instrumental de trabalho e que influencia nas ações profissionais,
positivamente de maneira auxiliadora, tornando o cotidiano do Assistente
Social mais límpido (Lagares, Carmona e Serrano, 2011) (ATANAZIO,
2019, p. 33).

Não podemos mais negarmos que o estudo e a aceitação das ferramentas tecnológicas
como potencial agregador no desenvolvimento das ações do Assistente Social.
Vamos considerar os benefícios, vamos trazer o profissional de Serviço Social para o
centro e apresentar esta nova roupagem profissional. Profissionais com formação generalista,
conectada e ainda mais comprometida com o projeto ético-político. Assim apontamos as
contribuições e as novas discussões acerca das tecnologias da Informação.
De antemão sinalizo, se você tem alguma dificuldade com o manuseio das TICs aproveite
a sua formação profissional para agregar conhecimento, praticar, explorar a infinidade de
possibilidades de ferramentas disponíveis no ciberespaço, não espere alguém pedir, não
espere se deparar com a situação onde deverá aprender rapidamente, se antecipe, saia na
frente, seja um profissional diferenciado.

Além de possuir diversas funcionalidades para o exercício profissional


do Assistente Social, a TI baseia-se no aprimoramento das funções
consideradas burocráticas, diminuindo o tempo gasto na descrição

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dos dados, pois traz-se a informatização para dinamizar o processo


de arquivamento de dados, além de que os processos de pesquisas
ficam mais fáceis , podendo acessar dados de situações atendidas
pelo Assistente Social anos atrás sem perder alguma anotação, outra
aplicação que a TI possui é a capacidade de gerir informações que
possam ser utilizadas para gerar dados quantitativos e qualitativos para
uso em projetos ou desenvolvimento na quantificação das informações
(ATANAZIO, 2019, p. 33-34, grifo nosso).

Independente da ferramenta a ser utilizada é necessário que você se prepare, compreenda


para que as tecnologias da informação e comunicação servem, quais suas finalidades, bem
como qual a sua intencionalidade ao utilizá-la. Entenda quais são os benefícios na sua
utilização

[...] o Assistente Social precisa apropriar-se para que represente seu


projeto profissional, estabelecendo valores primordiais para a profissão
e demonstrando a competência profissional, capaz de estar engajada
com as mudanças e conseguir conquistar espaços de fala e propósito,
reforçando a categoria profissional e enrijecendo o projeto de ação no
exercício profissional do Assistente Social (ATANAZIO, 2019, p. 33-34).

Alguns elementos podem ser grandes aliados dos profissionais no momento da atuação
profissional. Elementos que auxiliam o profissional no desenvolvimento de suas atividades e
que somados aos princípios teóricos do profissional garantem uma prática coerente e ética.
Compreenda que todas as profissões existentes fazem uso de tecnologias que auxiliam na

[...] relação de mediação aos novos padrões da metodologia de trabalho


consistindo na otimização de tempo do profissional, facilitando a
capacidade de analisar suas demandas, diminuindo os processos
burocráticos que se depara ao longo da atuação e faça com que a
TI traga informação aos usuários atendidos, relembrando os direitos
básicos da população e garantindo aquilo que a profissão se designa a
fazer, a promover a garantia de direitos e fortalecer o indivíduo através
da informação e dos engajamentos em rede, que pode ser aprimorado
através da TI (ATANAZIO, 2019, p. 33-34).

Espero que você tenha conseguido perceber a importância das TICs no trabalho do
Assistente Social, considerando que o processo de formação profissional é propício para
realizarmos tais reflexões.
Conto com você na próxima aula.

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REDES SOCIAIS E TIC’S
PROF.ª ESP. DANIELA SIKORSKI

AULA 12
BOAS PRÁTICAS NO USO DAS
REDES SOCIAIS E TICS NO
SERVIÇO SOCIAL

Mulher, fotos. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2016/08/15/08/35/woman-1594711_1280.jpg

Olá, esta é uma aula diferente, onde compartilharemos com você boas práticas na utilização
das redes sociais e tecnologias da informação e comunicação.
Podendo assumir a característica de Negócio Social, Empreendedorismo SOcial, Tecnologia
Social - independente do nome a causa é a mesma: SOCIAL.
Conheça algumas ideias práticas para empreendedorismo social relacionado a diferentes
áreas, e pode inspirar você nos trabalhos realizados no futuro:

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Exemplos de Empreendedorismo Social

Instituto Iniciativa que tem como mentora e principal líder a pedagoga Cybele
Chapada Oliveira, é uma organização focada em ajudar a melhorar a qualidade
da educação pública. A entidade faz isso oferecendo, principalmente,
apoio à formação continuada de professores e gestores de escolas.
Além disso, auxilia a criação de redes colaborativas voltada a
fortalecer o ensino formal e políticas públicas de educação.
www.institutochapada.org.br
Ateliê Bicudinho- Negócio de impacto socioambiental que tem a missão de utilizar
do-brejo a arte como ferramenta para promover conservação da natureza
e qualidade de vida. Trabalha principalmente na confecção de
peças de cerâmica únicas, que remetem a temas da biodiversidade
brasileira e do mundo dos animais. Parte do lucro dos produtos do
ateliê é revertido para a manutenção da Reserva Bicudinho-do-brejo,
localizada em Guaratuba (Paraná).
Badu Design Negócio social que leva aos consumidores produtos de
papelaria, presentes e organização feitos à mão por mulheres em
vulnerabilidade social, utilizando resíduo têxtil. Atualmente cerca
de 170 mil toneladas de resíduos têxteis são descartados no meio
ambiente e somente 36 mil toneladas são reaproveitadas. O restante
é direcionado para aterros e outros locais impróprios. A Badu Design
contribui para mudar este panorama, transformando o resíduo em
produtos, tornando-o fonte de renda e empoderando mulheres.

Fonte: Elaborado pela autora

Vamos imaginar que você já está formado e precisa mobilizar um grupo ou uma
comunidade em prol de algo que beneficie a todos, por onde começar? O que fazer?
Primeiramente, sempre importante ouvir as dores (necessidades) daqueles que estão
em contato direto com a realidade, em seguida promover a discussão e participação sobre
quais são as prioridades.
Em seguida colocar as mãos na massa propriamente dito. A seguir trazemos possibilidades
de ações que pode auxiliar você na condução das ideias:

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1- Água e Saneamento Básico: Por exemplo: um negócio social que


desenvolve e comercializa tecnologia inovadora e de baixo custo para
o reaproveitamento e reutilização de água escura, para uso doméstico,
em comunidade afetada pela estiagem.
2- Agricultura: Por exemplo: um negócio social que trabalhe com a
formação de pequenos agricultores dentro das técnicas da agroecologia
e cria um modelo de distribuição de cestas de produtos orgânicos aos
consumidores, promovendo uma eficiente cadeia produtiva.
3- Artesanato: Por exemplo: um negócio social que desenvolve acessórios
e brindes artesanais provenientes de resíduos gerados da operação
de outras empresas e os comercializa em grandes feiras de brindes
corporativos ou venda direta, gerando receita para os artesãos e outras
instituições envolvidas.
4- Canais de Distribuição: Por exemplo: um dos maiores problemas para
artesãos e pequenos produtores rurais é a comercialização dos produtos.
Uma das saídas que busca resolver esta questão é a criação de uma
rede de venda direta, porta a porta, de produtos artesanais produzidos
por grupos de baixa renda. A rede é operada por vendedoras que ganham
comissão a partir de suas vendas. E os grupos produtivos ampliam sua
receita não só com as vendas, mas com o fortalecimento da qualidade
produtiva.
5- Cultura: Por exemplo: um negócio social que preste consultoria a
espaços culturais como museus para adequação à acessibilidade de
pessoas com deficiências auditivas, visuais, mentais ou motoras. Além
de promover mudanças na arquitetura desses locais, também são
formados agentes culturais para o atendimento especializado deste
público e desenvolvidos novos projetos culturais e exposições de arte,
que já inclui a acessibilidade na sua concepção.
6- Educação: Por exemplo: creches comunitárias particulares oferecendo
educação de alta qualidade e em horário comercial para que os pais
possam trabalhar, a um preço acessível para as famílias de baixa renda;
ou aulas interativas de reforço escolar para determinadas disciplinas via
plataforma online que pode ser acessada gratuitamente.
7- Energia: Por exemplo: negócio social que desenvolve tecnologia de
geração de energia solar, como é o caso de fogões solares, a preços
acessíveis para famílias sem acesso à rede de distribuição elétrica.
8- Habitação: Por exemplo: um negócio social que produz e comercializa
tijolos ecológicos para baratear o custo em obras de construção em
comunidades carentes e envolve o público na sua fabricação.
9- Meio Ambiente: Por exemplo: um negócio social que presta serviços
a grandes empresas que desejam certificar suas operações e obter
licenças ambientais e capacitam técnicos a trabalharem com o manejo
sustentável em área de reservas ambientais.
10- Tecnologia de Informação e Comunicação: Por exemplo: plataforma
online de divulgação de dados sobre medicamentos de baixo custo,
vacinação e postos de atendimentos de saúde, com o intuito de oferecer
acesso à informação de qualidade e contribuir para a prevenção de
doenças.
11- Turismo: Por exemplo: uma agência de turismo que tem compromisso
com o desenvolvimento dos locais que serão visitados por seus clientes,
oferecendo vivência e conhecimento sobre as manifestações culturais
locais. Além disso, preparam a população local para receber bem os
turistas, com aberturas de casas de albergues, pequenas pousadas e
transformam a visita de um ateliê de um artista popular em uma aula
experimental.

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12- Saúde: Por exemplo: oferecimento de consultas e exames médicos


de boa qualidade a preços acessíveis para a população de baixa renda
que não tem acesso a planos de saúde e desenvolvimento de aparelhos
médicos com tecnologia de ponta, mas de baixo custo financeiro.
13- Serviços financeiros/microfinanças: Por exemplo: um negócio
social que fornece crédito ágil e desburocratizado para pequenos
empreendedores, em sua maioria comerciantes formais ou informais
excluídos da política do sistema financeiro e também oferece um trabalho
de fortalecimento da gestão financeira desses pequenos negócios
(SEBRAE, 2015).

Isto está na rede

Nos últimos anos a economia brasileira vem se desenvolvendo de maneira que os


empreendedores passaram a identificar uma série de oportunidades e nichos de
negócios promissores. É nesse contexto que surge o interesse pelos negócios sociais,
que aliam esforços para suprir lacunas socioambientais de parte da nossa sociedade,
sem abrir mão dos lucros e da dinâmica empresarial.
Negócios sociais 2013. Serviço Brasileiro de Apoio aas Micro e Pequenas Empresas
– Sebrae.
LINK: http://maratonadenegociossociais.com.br/sc/wp-content/themes/maratona/
file/cartilha_ns_ii.pdf

Outra ideia que pode ser viabilizada junto às comunidades e pode contar com um grande
suporte das TIC’s para sua viabilização são negócios sociais ligados à moda sustentável.
Você já ouviu falar?

A moda sustentável é uma vertente que se preocupa em utilizar métodos


que não produzam ou minimizem os impactos ambientais gerados no
processo de desenvolvimento de produtos. Ela surgiu da necessidade
de repensar a conduta da nossa sociedade, do ponto de vista ecológico.
Da etapa de produção de tecidos ao consumo desenfreado e descarte
de peças usadas, a humanidade tem extraído grande quantidade de
recursos naturais não renováveis, poluído e degradado a natureza, sem
se preocupar com as consequências disso Disponível em: https://www.
ecycle.com.br/3481-moda-sustentavel.html.

Projetos ligados à moda ecológica estão diretamente relacionado à sustentabilidade. Um


projeto ou negócio sustentável é aquele que possui uma preocupação baseada no tripé:
social - ambiental - econômico. Garantido assim geração de renda, preservação do meio
ambiente e inclusão social.

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A seguir você poderá se inspirar em alguns projetos relacionados à moda ecológica e


também moda circular:

Moda ecológica, circular e reuso

RECMAN A marca reutiliza câmaras de ar de pneus velhos como


matéria-prima para a confecção de bolsas de luxo com
uma pegada sustentável. Produz acessórios femininos e
masculinos, principalmente bolsas e mochilas.
PANO SOCIAL Além de usar matérias primas sustentáveis — 100% Algodão
Orgânico, Pigmentos Naturais, 100% PET Reciclado, Algodão
Reciclado —, assim como seus processos produtivos —
reciclagem têxtil e up cycling —, a empresa é um projeto de
re-inclusão social: seus empregados são exclusivamente
egressos do sistema prisional. Além de tudo as estampas
são incríveis.
COMAS A Comas trabalha com o reaproveitamento (upcycling)
de camisas masculinas que não passam pelo controle de
qualidade e seriam descartadas. O resultado são saias,
vestidos, e blusas repaginadas incríveis!
Brechó Nega do Objetivo: arrecadar fundos para a manutenção e estabelecer
Garimpo vínculos com a comunidade. Parte dessa troca de ideias
sobre economia surge de um detalhe: não há preço fixo, é o
cliente que atribui valor à peça. O brechó oferece a opção de
encomendar peças pela página on-line
Roupa Livre Funciona quase como um app de paquera: você posta as
imagens de suas peças usadas, navega entre as milhares
de opções (já são mais de 15 mil usuários em todo o país)
e, quando der match com quem também se interessou por
seus itens, combina a entrega. Além de diminuir o descarte
das roupas, o consumo colaborativo ajuda a democratizar o
acesso às marcas mais caras.

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Brechó do Barulho As vendas, além do espaço físico, podem ser feitas via redes
sociais e os pedidos entregues em estações de metrô.
Fonte: Elaborado pela Autora

Isto está na rede

Se você está com mil ideias na cabeça este é o momento de começar a interagir.
Comece a dar asas aos seus conhecimentos. Para ajudar você a compreender como
as redes sociais podem contribuir com projetos sociais e iniciativas empreendedoras,
separei alguns materiais que poderão te auxiliar:
1) Divulgação x Projetos Sociais
Link: <https://www.pressmanager.com.br/divulgacao-x-projetos-sociais/>
2) Rede social é focada em ações sociais e meio ambiente - Com formato similar
ao Orkut e Facebook o objetivo do BigChain.org é estimular as pessoas a interagir seja
em relação ao meio ambiente ou a educação infantil
Link: <https://olhardigital.com.br/noticia/rede-social-e-focada-em-acoes-sociais-e-meio-
ambiente/12731>
3) Presença digital: redes sociais para ONGs - Estar presente nas redes sociais
vem se tornando uma grande necessidade
Link: <https://blog.trackmob.com.br/presenca-digital-redes-sociais-para-ongs/>
4) 6 Dicas para sua ONG bombar nas redes sociais:
Link: <https://nossacausa.com/sua-ong-nas-redes-sociais/>

Além de tudo o que foi apresentado temos ainda algumas ações que geram impacto
positivo, gostaria de falar sobre os projetos ligados à àrea do cooperativismo. Atualmente,
muitas cooperativas têm sido apresentadas nas redes sociais, outras têm feito uso positivo
das tecnologias da informação e comunicação para alavancarem suas ações.
É importante que você tenha em mente a gama de possibilidades de trabalho que você
dispõe. No que tange ao cooperativismo você pode estabelecer parcerias para que as
cooperativas saiam do papel, além disso, esta é uma ferramenta que instiga a participação
social, estimula o empreendedorismo social promovendo o desenvolvimento local.
Muitas vezes ouvimos falar de cooperativas formadas por adultos, ligadas a diferentes
causas sociais. Mas você já ouviu falar das cooperativas mirins?
Por exemplo: o Instituto Sicoob viabiliza a formação de cooperativas mirins por todo o
Brasil, através do seu:

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Programa Cooperativa Mirim [que] incentiva, prepara e apoia a formação


de cooperativas em escolas e outras instituições que atendam crianças
e adolescentes. Constitui-se por uma associação de alunos - de
escolas públicas ou privadas – que, supervisionados por um professor
orientador, se unem voluntariamente para satisfazer aspirações comuns
- necessidades econômicas, sociais e culturais - por meio da vivência
prática do cooperativismo. Essas cooperativas são dirigidas pelos próprios
alunos que têm a oportunidade de desenvolver competências, cultura
empreendedora, senso de coletividade, hábitos e atitudes alinhados aos
princípios do cooperativismo (INSTITUTO SICOOB, 2019, p. 19).

Isto acontece na prática

Cooperativa mirim conta com quase 80 crianças associada na região de Toledo -


Você sabia que a maior cooperativa mirim do Brasil fica no distrito de Vila Nova, em
Toledo, no Oeste do Paraná? A ideia surgiu em 2012 e conta com quase 80 crianças
associadas. É uma das mais importantes cooperativas do tipo da América Latina.
Link: https://youtu.be/VGPQY21Bjmg

A possibilidade de atuar diretamente na sociedade é infinita, porém necessidade de muito


empenho, conhecimento e vontade de fazer a diferença, de ser a resposta. As redes sociais
são uma porta riquíssima de ideias.
Seja você um canal de transformação social. Seja a resposta! Saindo da condição de
reclamante para a condição de atuante. Inspire pessoas.
Para auxiliar você assista a história a seguir:

Isto está na rede

Descobrindo o Brasil dos Negócios Sociais: Fábio A. Serconek e Pedro H.G.


Vitoriano (TEDx Lacador) - Negócios sociais são empreendimentos que promovem o
desenvolvimento de pessoas e comunidades em situação de vulnerabilidade social ao
mesmo tempo em que são lucrativos.
Descubra exemplos de negócios sociais de todo o Brasil e conheça histórias de
empreendedores que estão, na prática, mostrando que é possível fazer o bem e ganhar
dinheiro com isso.
Link:https://youtu.be/K8uc9lUEVSU

Espero que tenha gostado e se inspirado! Um grande abraço e até a próxima aula.

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AULA 13
CULTURA MIDIÁTICA E O SERVIÇO
SOCIAL

Reunião. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2016/03/09/09/22/workplace-1245776_1280.jpg

Olá, querido aluno e aluna, preparados para mais uma aula? Você já conseguiu perceber
a importância do estudo das tecnologias e como elas se relacionam com o Serviço Social?
Espero que sim.
Nesta aula vamos estudar um pouco mais sobre a questão da convivência necessária
acerca da cultura midiática e o Serviço Social, sobretudo considerando o fazer profissional
nos dias atuais, à luz do Código de Ética Profissional do/a Assistente Social.
Pois no “contexto das transformações tecnológicas da informação e, ao mesmo tempo,
analisar os paradigmas impostos midiaticamente que permeiam o pensar e o agir dos
[assistente sociais] na contemporaneidade” (ARRAIS, 2009, p. 344). Neste sentido se faz
necessário a compreensão que o profissional precisa cada vez mais estar antenado quanto

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às exigências do contexto no qual está inserido (social, cultural, econômico, etc.) a partir
do domínio destas informações os Assistentes Sociais, poderão “[...] potencializar suas
competências e atribuições e vir progressivamente a fazer uso da denominação de agentes
transformadores de informação” (ARRAIS, 2009, p. 344).
Muito se engana o profissional que julga não ser necessário o domínio e o conhecimento
aprofundado das Tecnologias da Informação e Comunicação, bem como o profissional que
não considera a comunicação enquanto ferramenta essencial na relação com o usuários
e seu empregador. Este tipo de pensamento é completamente excludente e muitas vezes
preconceituoso, indo na mão contrária do Projeto Ético Político e Código de Ética do/a
Assistente Social.

Quando falamos em cultura midiática apreciamos as conexões entre a


oralidade, visibilidade e tecnicidade, num momento em que deixamos de
ser meramente agentes passivos numa comunicação e formação cultural
massiva, excludente e vertical, e passamos à condição de agentes ativos
num processo mais participante, interativo, literalmente comunicacional.
Eis uma perspectiva que concebe a cultura midiática como afirmativa,
na medida em que esta pode levar os indivíduos e grupos sociais a
modalidades de des-envolvimento, pela utilização dos processos técnicos
como meios de intervenção na realidade, o que significa a conquista
da autonomia, emancipação e inclusividade (PAIVA, 2008, grifo nosso).

Sendo assim, é preciso pensar na interlocução do Serviço Social com esta cultura midiática,
a palavra interlocução pressupõe interação, contato entre uma ou mais pessoas, entre um
ou mais profissionais. Por isso é importante ter em mente que a interdisciplinaridade é
fundamental para um processo de comunicação que contemple a informação.
O profissional de Serviço Social tem à sua disposição uma série de possibilidades de
uso de diferentes mídias, e

Não se pode ignorar, porém, que a análise das transformações


tecnológicas e culturais propiciadas pelos meios de comunicação de
massa consiste sempre em um desafio, porque técnicas que agilizam e
aperfeiçoam a transmissão de informações e notícias estão em constante
desenvolvimento e também não se estabeleceram de modo definitivo
na sociedade (ARRAIS, 2009, p. 344).

Você enquanto futuro profissional precisa compreender a organização e operacionalização


desta cultura midiática e tecnológica, assumindo assim, “[...] um papel mais propositivo
e atuante no processo educacional e informativo em um país de múltiplas necessidades
sociais como o Brasil” (ARRAIS, 2009, p. 344). Ressaltando que a compreensão da cultura

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midiática e tecnológica, deve ter a intenção de despertar a visão crítica e reflexiva, tanto
do profissional, quanto do usuário.
Como os Assistentes Sociais podem atuar como agentes de socialização de informações?
Sobre este assunto temos no seio da profissional consensos e dissensos. De uma maneira
ou outra um ponto é comum: é mais do que hora de colocarmos em pauta a discussão
sobre o papel e as contribuições dos assistentes sociais, enquanto categoria profissional,
no que tange às transformações tecnológicas da informação.

A relação do profissional de Serviço Social com o processo de socialização


de informações não é uma relação desprovida de fundamentos teóricos;
está antes assentada nos princípios do seu Còdigo de Ética, quando
preconiza a defesa intransigente dos direitos humanos, a ampliação e
consolidação da cidadania, a defesa do aprofundamento da democracia,
dentre outros (ARRAIS, 2009, p.344).

Observado isso, podemos rapidamente podemos compreender e identificar na citação da


autora acima citada os princípios fundamentais contemplados no Código de Ética Profissional
do/a Assistente Social, o primeiro que abordaremos é o segundo princípio, que traz a: “Defesa
intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo” (CFESS, 2012,
p. 23).

Figura: Princípios fundamentais e Comunicação Social. Fonte: Elaborado pela autora.

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A partir deste princípio vemos a necessidade de atuação do profissional, como compreender


esta relação, entre os princípios fundamentais e as TIC’s? Pois bem, acompanhe comigo a
apresentação a seguir:

[...] observa-se que os meios de comunicação, inclusive aquelas


relativas aos direitos humanos. cabe a esses profissionais, portanto,
o conhecimento, a análise crítica e o desvendamento das notícias
midiáticas que são frequentemente veiculadas (ARRIAS, 2009, p. 350).

Sendo assim, é importante trazer à tona a reflexão aberta e aprofundada sobre o assunto
no coletivo profissional, pois é necessário

Compreender a comunicação como direito humano fundamental nos


marcos do Século XXI e da rápida evolução tecnológica e do mundo da
informação essencial para democratizar o acesso da população não só
a formas de reproduzir suas próprias informações e cultura. Obviamente
esta compreensão deve estar expressa não só teoricamente, restando-
nos o desafio de dar0lhe concretude nas plataformas e estratégias de
lutas dos diversos movimentos sociais (RUIZ, 2005, p. 10, grifo nosso).

A partir do exposto acima, cito outro princípio fundamental previsto no Código de Ética:
“III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade,
com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras” (CFESS,
2012, p. 23). Acerca deste princípio e considerando o histórico da atuação profissional vemos
que os Assistentes Sociais, acabam por assumir “uma postura de intérpretes sociais dos
direitos” (ARRIAS, 2009, p. 350).
Mas o que isso significa professora? Como posso compreender a relação deste princípio
com o Serviço Social e a Cultura Midiática? Vamos lá, preste atenção:

Isto equivaleria ou complexificaria o papel já reconhecido da mediação


exercida pelos assistentes no cotidiano institucional, mas agora
ampliada socialmente num debate com a mídia, o que requer um
trabalho educativo quanto ao direito à informação dirigido aos usuários,
e complementarmente de defesa dos direitos desses sujeitos no espaço
público, enquanto categoria profissional (ARRIAS, 2009, 350-351).

O acesso aos direitos por parte do cidadão se dá a partir do conhecimento que este tem
sobre os mesmos. Ou seja, os direitos sociais necessitam ser compartilhados, socializados,
esclarecidos a todo e qualquer cidadão. É necessário uma comunicação, clara e fluída
quanto ao acesso a serviços e como acessá-los.

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A socialização de informações relativas aos direitos sociais, é uma ação


profissional que fortalece o usuário no acesso e no processo de mudança
da realidade da qual se insere, na direção da ampliação dos direitos e
efetivação da cidadania (SILVA, 2000, p. 144).

Temos ainda a contribuição de Arrias (2009) que relata que,

[...] o terreno da comunicação social contém espaços que são passíveis


da interlocução e inserção dos assistentes sociais, torna-se indispensável
que os profissionais de Serviço Social, em consonância com o projeto
ético-político, estabeleçam uma convivência necessária com as diversas
mídias, Às quais os seus usuários e eles próprios estão cotidianamente
expostos. Tal formação teórico-política e direcionamento prático-
metodológico irão corroborar não só para o fortalecimento dos usuários
à informação, segundo um processo de leitura e perspectiva de mudança
da realidade, como também ampliarão os horizontes do fazer profissional
dos assistentes sociais (ARRIAS, 2009, p.352).

Anote isso

O profissional do Serviço Social consiste num agente privilegiado neste campo de


acesso à informação, pelo seu contato direto com as mais diversas faces da Questão
Social, mas é claro que essa reflexão tem o objetivo de contagiar inclusive os demais
profissionais das ciências sociais interessados em se vincular a este movimento de
aproximar das culturas das mídias.
Fonte: (ARRIAS, 2009, p. 352)

Para melhor compreensão vamos pensar na prática como isso pode acontecer? Como
você, caro aluno/a, se mantém informado? Quais recursos você lança mão para atualização
pessoal e profissional? Que ferramenta midiática você consome e que lhe permite adquirir
e interpretar dados e informações?
As informações são lançadas no ciberespaço, numa velocidade absurda, de forma
constante, uma diferença claramente percebida. Multiplataformas que permite que se escolha
a mídia, e que informação consumir. Contudo, você já se questionou quanto a veracidade e
confiabilidade das notícias e informações que consome diariamente?
Veloso (2005, p. 8) aponta que:

A informação [...] é de grande importância para o exercício da profissão de


serviço social. Ela deve ser trabalhada no sentido de reforçar os direitos
humanos, de contribuir para a eliminação da miséria e das desigualdades

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sociais, e ao mesmo tempo subsidiar os processos decisórios nas diversas


dimensões da política social, em prol de uma prestação de serviços com
efetividade, qualidade e respeito aos indivíduos e à população.

Os seus posicionamentos e convicções sofrem influência considerando o material


informativo que você consome? Você se permite a ler, ouvir, assistir conteúdos informativos
que vão de encontro (que são contrários) com seus posicionamentos, valores e crenças?
Se sim, ótimo.
Agora se você evita para não ser contrariado, fique atento/a, pois é necessário que a
categoria profissional esteja “[...] preparada substancialmente para refletir sobre as informações
midiáticas que são repassadas à sociedade, muitas vezes de forma homogeneizada e
desconectada de seus impactos políticos e culturais” (ARRIAS, 2009, p. 353). É preciso evoluir,
transcender o senso comum. O que faço com o conteúdo que consumo e os impactos deste
com o meu fazer profissional, atuação junto aos usuários perpassa pela maneira como eu
reflito sobre a informação recebida.

Com relação à postura da categoria dos assistentes sociais frente à


cultura midiática, almeja-se a inserção destes de forma mais presente e
propositiva no conhecimento e discussão dos meios de comunicação de
massa, produtores e reprodutores de informações. É interessante notar
que os assistentes sociais que deram este passo adiante, compreendem
os meios de comunicação como fortalecedores da prática profissional,
porque capazes de lhes proporcionar um conhecimento e socialização
do saber num esforço ampliado de enfrentamento da questão social.
Entende-se, assim, o terreno da comunicação como um locus possível,
por que não dizer necessário, da prática profissional dos assistentes
sociais (ARRIAS, 2009, p. 355, grifo nosso)

É preciso compreender que ao falarmos da cultura midiática estamos falando de algo


completamente novo neste século XXI, sempre se valorizou o letramento (capacidade de ler e
compreender o que foi lido), contudo, a cultura midiática traz elementos visuais, imagens que
falam muito mais do que palavras, transmitem mensagens que nem sempre são devidamente
“lidas e entendidas” pelas pessoas que a acessam. Passamos da comunicação escrita, papel,
para uma comunicação eletrônica, digital, muito mais rápida, ágil e também perigosa se não
consumida adequadamente.
Uma mídia de massa que imprime uma manipulação escancarada não percebida por
muitos, devido à questão chamada letramento. Por isso, meu caro aluno, esteja atento ao
material que consome e produz. Esteja atento à toda informação que chega até você, pois
nada é por acaso. A mídia de massa influencia fortemente toda a sociedade.
De acordo com Fimon (2013):

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gerações futuras precisarão compreender como a mídia de massa


influencia a sociedade. Ou mais precisamente, nós definitivamente
pertencemos à uma civilização da imagem, que está ditando novos
questionamentos sobre o letramento humano na vida contemporânea. É
por isso que precisamos desenvolver novas habilidades de comunicação
- o letramento midiático (FIMON, 2013, p. 18)

Anote isso

Letramento Midiático é a habilidade de filtrar e analisar as mensagens que informam,


entretêm e nos são vendidas todos os dias. É a habilidade de ensinar o pensamento
crítico que abrange todas as formas de mídia, desde clipes musicais e ambientes web
até o merchandising de produtos em filmes e displays virtuais de conteúdos diversos.
Está relacionada com o questionamento sobre o que está na mídia, e perceber o que
não está. É o instinto de questionamento por detrás dos produtos da mídia, como filmes,
dinheiro, valores e propriedade, e a consciência de como esses fatores influenciam a
produção de conteúdo[…] (TALLIM, 2011 apud FIMON, 2013, p. 18-19).

E como você e eu podemos utilizar os ensinamentos aqui expostos na prática profissional


do Serviço Social? Como materializar este conteúdo, que a princípio parece tão distante da
profissão em nosso cotidiano profissional? Veja bem o que apresenta o autor a seguir e
analise se o que ele nos apresenta possui ou não relação com os princípios fundamentais
da nossa profissão:

Letramento Midiático é buscar dar poder aos cidadãos e transformar


sua relação passiva com a mídia para um engajamento ativo, capaz de
desafiar as tradições e estruturas de uma cultura privatizada e comercial,
e encontrar novas formas para um discurso cidadão (BOWEN, 1996
apud FIMON, 2013, p. 19).

Veja que nós Assistentes Sociais diariamente estamos nos comunicando com alguém, seja
um usuário e sua família, seja numa reunião, seja com profissionais das instituições onde
atuamos, todo momento interagimos, ouvindo ou falando sobre algum assunto. Temos um
compromisso e uma responsabilidade ética e política em nossa atuação profissional. Por isso
precisamos desse entendimento, sermos capazes de analisar os processos comunicacionais
nos quais estamos envolvidos. Uma capacidade analítica que deve ser incansavelmente
estimulada, para não se deixar manipular.
Como tornam consciência e compreender o letramento midiático?

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Figura: Três estágios que levam à capacitação midiática. Fonte: Adaptado de Fimon (2013, p. 19)

A partir do apresentado na figura acima, vimos que estamos mesmo em evolução


permanente, chegamos a um momento que precisamos nos re-educar no uso das tecnologias,
principalmente as digitais e redes sociais. Somos agentes de informação e comunicação
junto aos nossos usuários e instituições empregadoras, aí reside também nosso caráter
pedagógico e educativo. Somos agentes de transformação.
O zelo e o cuidado por informações corretas frente a um mundo capitalista e cruel, que
usam das tecnologias para manipular e incentivar o consumo. Como lidar com isso?

As pessoas com letramento midiático entendem que a mídia é construída


para transmitir ideias, informações e notícias a partir da perspectiva de
outra pessoa. Elas compreendem que há uma técnica específica que
é usada para criar emoções, e conseguem identificar essas técnicas
e suas intenções e efeitos reais. Estão cientes que a mídia beneficia

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algumas pessoas, mas deixam outras de fora e podem formular (e às


vezes responder) questões sobre quem se beneficia, quem fica de fora,
e o porquê. Pessoas que têm letramento midiático usam a mídia para
seu próprio benefício e satisfação. Elas sabem agir, em vez de serem
as vítimas (FIMON, 1023, p. 19)

O nosso caráter educativo que perpassa pelo uso das tecnologias e inserido numa cultura
midiática visa contribuir para a formação de cidadãos conscientes de sua atuação na
sociedade. Buscar em nossas ações profissionais atividades que visem também o letramento
midiático, o que se objetiva com isso? Acompanhe a figura a seguir:

Figura: Seis razões para ensinar o Letramento Midiático. Fonte: adaptado de (BLAKE, 2011, p. 3)

Estas são razões sérias que devem ser consideradas visando preparar todos os cidadãos
para um cultura consciente, de paz e cidadania. A educação transforma vidas e pessoas. Gera
empoderamento e autonomia. Em todos os nossos processos comunicacionais deveríamos
ter em mente a relação Cultura Midiática versus Letramento Midiático (educação midiática).
Não falamos somente sobre o uso das redes sociais, mas tudo o que circula no ciberespaço,
mídias impressas, televisão, rádio. Todos os equipamentos e plataformas devem ser utilizadas
para o bem comum e coletivo e não como uma ferramenta de poder e manipulação da
opinião e valores controversos.
A partir de hoje comece a analisar a sua relação com as mídias disponíveis e as quais
você tem acesso, procure compreendê-las criticamente, veja o quanto é influenciado por ela e
quanto você também influencia. Nossa cultura é marcadamente digital e foi se transformando
ao longo destes últimos 20 anos.
Vamos considerar aqui oito elementos que contribuem para nossa compreensão da cultura
midiática e a necessidade de ações conscientes transformadoras, ressaltando que quando
falamos em mídia, não nos referimos somente a vídeos. Mídia é um termo para tudo o que
comunica (FIMON, 2013).

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1. Toda mídia é construção A mídia não apresenta reflexões simples acerca da


realidade externa. Em vez disso, traz construções
especialmente elaboradas que refletem muitas
decisões e resultam de muitos fatores determinantes.
O letramento midiático trabalha desconstruindo esse
processo, dividindo-os em pedaços para mostrar como
são feitos.
2. A mídia constrói a A mídia é responsável pela maioria das observações
realidade e experiências através das quais nós construímos
nosso entendimento pessoal do mundo e de como
ele funciona. Grande parte da nossa percepção da
realidade é baseada em mensagens da mídia pré-
construídas e têm atitudes, interpretações e conclusões
pré-estabelecidas. A mídia, em grande extensão, nos
confere senso de realidade.
3. A audiência negocia o A mídia nos proporciona muito do material com o qual
significado da mídia podemos vislumbrar uma nuance da realidade, e nós
todos “negociamos” significados de acordo com fatores
individuais: necessidades pessoais e ansiedades, os
prazeres ou problemas do dia a dia, atitudes sexuais ou
raciais, bagagem familiar e cultural, e assim por diante.
4. A mídia tem implicações Letramento midiático visa encorajar o conhecimento
comerciais a respeito de como a mídia é influenciada por fatores
comerciais, e como estes afetam conteúdo, técnica e
distribuição. A maior parte da produção midiática é um
negócio visando gerar lucro. Questões de propriedade
e controle são centrais: um relativamente pequeno
número de indivíduos controla o que assistimos, lemos
e ouvimos na mídia.

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5. A mídia contém mensagens Todos os produtos midiáticos são “publicidades”, em


ideológicas e valorativas algum sentido, na medida em que estão delineados
valores e maneiras de viver. Explicitamente ou
implicitamente, os principais veículos da mídia
transmitem mensagens ideológicas sobre o sentido da
vida, as virtudes do consumismo, o papel da mulher, a
aceitação da autoridade, e o patriotismo inquestionável,
entre outros.
6. A mídia tem implicações A mídia tem grande influência na política e nas
sociais e políticas mudanças sociais. A televisão pode influenciar
consideravelmente a eleição de um líder nacional
com base na imagem. A mídia nos envolve em
preocupações como os direitos civis, fome na África,
e a epidemia de AIDS. Nos dão uma sensação de
proximidade com relação aos problemas nacionais e
preocupações globais, assim nos tornamos cidadãos
da “Aldeia Global” de Marshal McLuhan.
7. Forma e conteúdo são Como Marshall McLuhan notou que cada meio tem sua
intimamente relacionados na própria gramática e codifica a realidade de uma forma
mídia particular. Mídias diferentes irão reportar o mesmo
evento, mas criar diferentes impressões e mensagens.
8. Cada meio tem uma Assim como percebemos o prazeroso ritmo de certas
estética única poesias e prosas, também devemos ter a habilidade de
perceber as formas e efeitos das diferentes mídias.
Quadro 8: Oito conceitos chave sobre a cultura midiática. Fonte: adaptado de (PUNGENTE, 1989).

Para finalizarmos esta aula trago presente os 11 princípios fundamentais da profissão,


previstos no Código de Ética do/a Assistente Social, na medida em que for lendo cada um
procure relacionar com a cultura midiática e como podemos enquanto profissionais, contribuir
para a emancipação, democracia, garantia dos direitos através dos processos relacionados
à comunicação e informação:

I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas


políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão
dos indivíduos sociais;

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II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do


autoritarismo;
III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial
de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e
políticos das classes trabalhadoras;
IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização
da participação política e da riqueza socialmente produzida;
V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure
universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas
e políticas sociais, bem como sua gestão democrática;
VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito,
incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos
socialmente discriminados e à discussão das diferenças;
VII. Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais
democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso
com o constante aprimoramento intelectual;
VIII. Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de
construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração
de classe, etnia e gênero;
IX. Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais
que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos/as
trabalhadores/as;
X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população
e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência
profissional;
XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem discriminar,
por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião,
nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, idade e condição
física (CFESS, 2012, p. 23-24, grifo nosso).

Perceba que a nossa atuação se dá de maneira articulada, não existe uma fórmula mágica
para atuação, mas temos à disposição as diretrizes muito bem fundamentadas um projeto
ético político que apresenta o compromisso profissional.
Sendo assim, esta aula nos apresentou a complexidade, completude e relevância do
Assistente Social, junto a questões tão emergentes e atuais.
Espero que tenha gostado e aprendido, um grande abraço!

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Isto está na rede

Em nossa “modernidade líquida” as exigências pessoais e coletivas se fazem em termos


de conforto, segurança e tecnologia. O lar atual tem ares de uma caverna eletrônica,
em que a esfera privada se confunde com a esfera pública; e distintamente do tempo
forte da cultura de massa, os indivíduos interagem ligados através de suas próprias
redes de sociabilidade. Para o pior e para o melhor, estamos imersos numa cultura
midiática, que exige uma epistemologia que decifre o seu sentido.
PAIVA, Cláudio Cardoso de. Elementos para uma epistemologia da cultura midiática.
IN: Culturas Midiáticas. Ano I, n. 01, jul./dez./2008, p. 09-27, 2008. Disponível em: <https://
periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/cm/article/download/11622/6662/> Acesso em: 10
ago. 2020.

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AULA 14
COMUNICAÇÃO

No corre-corre diário o Assistente Social acaba ficando preocupado/a com as urgências


do dia a dia com os prazos estourando, planilhas para preencher, cadastros para realizar,
relatórios para escrever e por aí vai.
Vamos falar nesta aula sobre os processos comunicacionais e a relação do assistente
social nestes processos.

Canais de comunicação. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2016/02/03/15/48/social-media-1177293_1280.png

DICA para acompanhar a aula: se veja formado/a, se imagine já um/a Assistente Social,
um profissional e que de repente é chamado para atuar numa grande instituição, além do
atendimento aos usuários, você também é responsável por uma equipe de profissionais,
você é um gestor/a!
Muitas vezes ao se descuidar da comunicação, os assistentes sociais acabando deixando
passar despercebidos os conflitos que acontecem, os desentendimentos, desmotivação

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e falhas. Fatos que naturalmente acontecem, mas que não precisa que aconteçam com
frequência.
É questão de comunicar-se melhor, de um pouco de planejamento, de incentivar as pessoas
à nossa volta, de reunir-se para refletir sobre as dificuldades, e motivar para que haja um
envolvimento da equipe e também dos usuários.
É próprio da natureza humana estar sempre “rachando lenha e nunca parar de afiar o
machado”, como diz o provérbio, ou seja, vivemos preocupados com as urgências da vida,
ficando sempre na defensiva. É importante compreender os processos de comunicação como
parte integrante do seu cotidiano de trabalho. Compreendendo a comunicação enquanto
direito, pois

[...] a conquista de direitos é, em geral, oriunda do reconhecimento


de determinada demanda social como direito. A história dos direitos
humanos, mais que se confunde, é produto das lutas históricas dos
trabalhadores. Reconhecer a comunicação como direito que deve estar
disponível a todos é estratégico para democratizar acesso, produção,
divulgação das informações, ideias e teses, interferindo na construção de
uma sociedade de efetiva promoção dos direitos (RUIZ, 2009, p. 82-83).

Todo cidadão tem o direito de acesso à informação, por meio de uma comunicação, clara
e segura.
Falando mais claramente é preciso estar preparado caso o profissional não tenha clareza
dos processos comunicacionais e domínio da oratória, poderá enfrentar alguns problemas
em seu cotidiano, acarretando inclusive em desgaste pessoal, baixa produtividade, sensação
de que “eu não sirvo para isso”!, por exemplo.
O jeito é afiar a ferramenta, ou seja, se capacitar permanentemente. Aprender e praticar
habilidades comunicação, interpretação, análise crítica. Para isso vamos refletir sobre elas.
A começar por saber se comunicar.
É costume acharmos que se alguma coisa está clara para nós, está também para os
outros. Você pode achar que a orientação que você está dando, que a instrução que está
passando ou que as coisas que você está dizendo e que para você estão muito claras, muito
explicadas, também estão para os outros.
Na maioria das vezes as pessoas não entenderam ou não estão entendendo. Então, é
necessário verificar o que as pessoas entenderam, fazendo perguntas assim: Bom, e quando
vamos começar o serviço? Onde é mesmo que vocês vão executar o conserto? Como pensam
em fazer isto? Pelas respostas você vai certificar-se do que realmente as pessoas entenderam.

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Isto acontece na prática

Quem conta um conto...


“Quem conta um conto aumenta um ponto”, diz um conhecido provérbio. É verdade (e
não é maldade!), quando informamos alguma coisa a outro, ou contamos algum fato
ou retransmitimos alguma instrução ou orientação, sempre acrescentamos alguma
coisa ou deixamos de lado algum detalhe. E é claro, o que nos foi comunicado não
será passado exatamente como o recebemos. É natural que assim aconteça e há
explicações para isso. Mas o fato é que isso prejudica a comunicação.

A partir do exposto até aqui é preciso compreender que a

[...] comunicação como direito humano fundamental nos marcos do


século XXI e da rápida evolução tecnológica e do mundo da informação
é essencial para democratizar o acesso da população não só a formas
de reproduzir suas próprias informações e cultura. Obviamente esta
compreensão deve estar expressa não só teoricamente, restando-nos
o desafio de dar-lhe concretude nas plataformas e estratégias de lutas
dos diversos movimentos sociais (RUIZ, 2009, p. 99)

O que fazer? Primeiro: quando é você que inicia a comunicação, pense sobre o que vai
transmitir, para transmitir, só o que é necessário, o que é verdadeiro, o que é de utilidade,
com as palavras apropriadas.
Segundo: quando você é informado (e, principalmente, quando fica em dúvida, desconfiado
em relação aquilo de que está tomando conhecimento!), investigue de onde veio a informação,
solicite mais detalhes, mais dados. Assim é possível ficar sabendo exatamente o que foi
informado e como foi.

Anote isso

Saber avaliar as notícias que chegam até às mãos do assistente social, é fundamental.

Por fim dois recados:

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1- Evite conflito, confusão dissabor. Não fique supondo que o que está claro e explicadinho
para você, está também claro e explicadinho para os outros.
2- Quando puder, evite intermediários na comunicação (aquele recado que fulano deve
dar a alguém, que por sua vez deve repassar a outra pessoa...) comunique-se por escrito,
use o telefone, o email, o faz, vá conversar pessoalmente.
Comunicar eficazmente é fundamental na tarefa de liderar.
Importante é o receptor.
Quando comunicamos sempre achamos que nos fazemos entender. Acontece que a
comunicação é para que o receptor entenda.
Receptor é a pessoa com quem falamos é quem está nos ouvindo. No caso do líder os
receptores são os membros da equipe. Para comunicar bem você deve levar em muita
consideração o receptor. Como? Eis algumas orientações:

1- Ouça. Ouvir não é fácil. Conforme a ciência, ouvir provoca aumento das batidas do
coração e subida da temperatura interna do organismo.
2- Pare o que está fazendo, pare de andar, de escrever, de operar... e olhe para o receptor,
enquanto este lhe dirige a palavra.
3- Veja à sua frente o receptor e não o “seu” subordinado, o “seu” chefe, “aquele cara
chato”, “aquele molecão”.
Veja, sem preconceitos, o receptor. Porque se você em vez de ver ali o receptor, vê ali o
“seu” subordinado ou “aquele molecão” pode querer não dar importância ao que está dizendo.
Se você vê o “seu” chefe pode ficar tenso e inibido, o que impede de ouvir com atenção; se
você vê “aquele cara chato” pode irritar-se e de propósito não querer prestar atenção. Assim,
o receptor não está sendo levado a sério e você não está se comunicando bem.
4- Considere se o lugar e o momento são apropriados a uma conversa útil, às vezes é
interessante esperar outra oportunidade; é importante buscar um local confortável, sem
ruído, para um diálogo proveitoso.
5- Coloque-se (imaginariamente) no lugar do receptor para perceber como ele está se
sentindo no momento, no que acredita, no que pensa, a fim de entendê-lo e estabelecer
com ele melhor comunicação.
6- Fale de um jeito que o entendam, usando palavras apropriadas, de acordo com a
capacidade de entender o outro.
7- Observe como o receptor faz gestos, como está a expressão do rosto dele, porque
através desses sinais do corpo também se comunica.

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Alguém diz: - Estou com um problema! (seu rosto aparenta calma, sua fala é sossegada:
o problema talvez seja pequeno).
Outro diz: - Estou com um problema! (seu rosto está branco, sua fala é trêmula, os olhos
estalados: o problema provavelmente é grave).
8- Crie situação para que perguntem, peçam esclarecimentos, de modo que você tenha
certeza de que o comunicado foi mesmo entendido.
9- Seja paciente.
10- Acredite que vale a pena gastar tempo para estabelecer boa comunicação.

Isto acontece na prática

Abra-se para comunicar:


Analise os seguintes diálogos:
1) Turma: - Olha, chefe, estamos pensando num jeito novo de...
Chefe: - Pessoal, até posso concordar. Mas não sei se vai dar certo. Vocês sabem
como é...
2) Iracema - Não fique aborrecida comigo, mas o que eu queria dizer...
Fernanda: -Espere também não sou tão melindrosa assim.

Antes mesmo que a turma concluísse já o chefe veio julgando que não ia dar certo, porque
na sua empresa... e a Nanci, querendo dizer algo à amiga, julgava que ela poderia aborrecer-
se, julgava sem mais nem menos um comportamento que a amiga poderia ter ou não.
Para que a comunicação aconteça, não pode haver barreira ou bloqueios e sim abertura
entre quem fala e quem ouve.
Formas inadequadas de expressar-se, tanto de quem fala como de quem ouve, em vez
de abrir, bloqueiam o fluxo das comunicações.

Declarações bloqueadoras da comunicação:


1- Julgamento, julgar (veja exemplos do chefe e da Nanci)
2- Declarações animadoras:
- Vamos rapaz, ânimo. Você tem muita vida pela frente!
- Por que está aí? Entre na roda, divirta-se com a turma!
3- Dar conselhos. (quando não pedidos, é claro!)
- Olha, se eu fosse você, nesse caso eu...

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- acho que você devia... Por acaso, você não gostaria?...


Vai haver abertura entre você e o ouvinte e com isso verdadeira comunicação se forem
usadas expressões que abrem portas à comunicação, como por exemplo:
1. Começar dizendo à pessoa como ela está (bem ou mal), como está sua aparência
física, como está vestida, qual a sua postura corporal (elegante, firme, abatida, desajeitada)
e dizer isso de forma sincera.
- Você está ótimo, parece animado.
- Vejo que está aborrecido. Precisa de ajuda?
2. Convidar a pessoa a falar ou a continuar falando.
- Sim, pode falar. Estou ouvindo. – Quer falar sobre isso?
- O que você está me dizendo me interessa. Continue.
3. Ficar em silêncio, dar ao outro a oportunidade de falar, falar, falar...
4. Prestar atenção. Que o outro tenha certeza que você está atento: olhá-lo de frente, o
tronco inclinado para frente, mostrando interesse.

Comunicar – uma orientação de cada vez


Ordens são formas de comunicação, através das quais o líder informa e tenta conseguir
que tarefas sejam realizadas.
As ordens podem não ser cumpridas, o que vai prejudicar tanto a empresa quanto o
funcionário; por isso elas têm de ser bem dadas. Isso exige técnica, que inclui um ANTES,
um DURANTE e um DEPOIS.
Antes:
É preciso que você saiba com clareza o que deve ser executado.
Se a orientação não vem de você, mas de alguém mais acima na hierarquia, esteja certo
que se entendeu a orientação recebida para poder repassar à equipe.

Anote isso

Pense nos recursos a serem colocados à disposição para que o pessoal possa executar
a orientação: equipamentos, ajudantes, qual o local, quando, quanto tempo, tecnologias
disponíveis que podem facilitar a sua comunicação.

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E quem vai executar? É preciso pensar também neles:


É funcionário novo, inexperiente? É veterano, experiente? Já executou ordens parecidas
anteriormente? E como se saiu? (porque se nas vezes em que lhe foi dada orientação
parecida, a pessoa não a cumpriu direito, algum problema existe.) passando novamente
ordem semelhante corre-se o risco de acontecer o que já ocorreu antes.
E como será dada a ordem? Em pessoa, verbalmente? Por escrito? Por telefone? Pensar
e escolher a melhor forma.

Durante:
Ao dar orientações, quer verbalmente, quer por escrito, ou outra ferramenta seja:
• Claro: dê uma orientação de cada vez, para não confundir.
• Completo: fale de uma vez tudo o que o pessoal tem de fazer, evitando ficar dando
ordens de “picadinho”. Cada hora, mais uma coisinha... Daqui a pouco mais um detalhe!
• E mais: faça perguntas ou incentive que façam perguntas, se esclareçam, para verificar
como a orientação foi compreendida.
E nunca finaliza com ameaças: “E se não fizerem assim como estou mandando, vocês
vão se ver comigo...”

Depois:
Acompanhar a execução. Caso a orientação não esteja sendo realizada de acordo com o
esperado, verifique por quê retomando a orientação, não deixando que o erro ocorra ou que
alguém saia com alguma informação equivocada, por falta de um diálogo franco e aberto.
O prejuízo que essa atitude causa não compensa.
Tendo a equipe executado a orientação, reconheça o desempenho; principalmente quando
se trata de tarefas duras, desagradáveis, mas que a turma executou a contento.

Informar o que é preciso


Uma empresa seja ela uma fábrica, uma loja, um banco, um hospital, uma escola está
subdividida em seções: existe, por exemplo, o almoxarifado. É daí que os funcionários retiram
materiais para seu próprio uso. Numa loja há o depósito de onde saem as mercadorias
para as casas de seus compradores. Sempre existe aquela seção que faz o pagamento que
controla o dinheiro. Numa fábrica há aquela seção que programa o que precisa ser produzido
e que deve ser, naturalmente, o que Vendas conseguiu vender. Enfim, uma empresa é assim.
Tal como nosso organismo:
Como cada seção pode realizar corretamente suas tarefas?

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Veja: cada uma está interligada. Para que a fábrica produza. Vendas precisa informar o que
e quanto vendeu. Para que financeiro realize os pagamentos é preciso que seja comunicada
sobre o que o pessoal gastou e assim por diante.
Deve estar claro que, como um organismo (e por isso também as empresas são chamadas
de organização), as partes que o compõem se entendam, se ajudem, cooperem do mesmo
modo como partes de nosso organismo (pulmão, coração, fígado e estômago) trabalham
em conjunto para o nosso bem-estar para a nossa saúde.
Então, como realizar isto?
Através das reportagens que são as conversas, os telefonemas, as comunicações internas
por escrito, as planilhas, os gráficos, as fichas, os relatórios etc.
Tudo isso serve para;
1- Informar e ser informado.
2- Garantir a coordenação das atividades.
3- Prever problemas e ter soluções preparadas.
4- Fazer que as decisões sejam acertadas.
5- Mostrar como todos estão se empenhado.

Pergunte antes para si mesmo:


Reportar: eis uma coisa que o líder precisa fazer bem feito! Então, para fazê-lo, procure
responder – antes – às perguntas:
• Para quê? Para que vou falar com fulano? (Para simplesmente informar, para pedir
providências, para dar sugestões, para recomendar alguma ação, alguma medida, para
dar respostas a uma consulta etc...) Para que vou telefonar, para que vou escrever este
memorando, para que vou enviar este faz? Para que vou preencher esta ficha?
• A quem? A quem vou falar, escrever, telefonar? Tal pessoa está por dentro do assunto
sobre o qual quero falar? Está interessada em saber isso? Será que precisa mesmo saber
disso? Só esta pessoa pode resolver? O que será que vai fazer com a informação que lhe
passar? É o momento certo?
• O quê? O que vou comunicar? Os dados que vou informar estão completos? Têm
fundamento estão comprovados? São mesmo importantes? Estão em ordem? (primeiro, o
mais importante, depois os outros...)
• Como? Vou falar pessoalmente, vou usar o telefone, vai ser por escrito, por memorando,
carta, telex, fax, através do terminal de computador, por rádio, interfone, etc? Conheço o jeito
da pessoa a quem vou me dirigir? (Para saber como fazer a comunicação adequadamente.)

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É bom lembrar: um profissional eficaz (aquele que dá resultados) é um ótimo comunicador;


sabe como reportar. Seus superiores como também seus companheiros recebem dele
informações completas, fundamentadas, claras e no momento certo. Assim, podem tomar
decisões e acertar e dar continuidade às suas tarefas com tranquilidade.
Te espero na próxima aula, cheio/a de energia!
Até a próxima aula.

Isto acontece na prática

O exercício da comunicação, na maioria das vezes, irá encontrar o Assistente Social


na qualidade de [usuário]. Em outras ocasiões, ele é membro da equipe na execução
de campanhas informativas e educativas. Nos dois casos, sucessivas mudanças no
contexto social têm levado à necessidade de ampliar mutuamente o conhecimento:
[usuários] precisam se qualificar para identificar demandas de comunicação, avaliar,
criticar e aprovar e campanhas que contrata; agências de comunicação precisam
conhecer melhor o universo sobre o qual se debruçam, ao atender organizações quando
tratam de questões sociais. A Metara Comunicação tem experimentado em alguns de
seus projetos, em grande parte um aprendizado com seus parceiros, ampliar ao máximo,
e sempre que possível, a participação do público na construção de suas campanhas
educativas (NASCIMENTO e FISCHER, 2009, p. 144-145)

Pessoas, humano. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/03/21/06/30/people-3245739_1280.png

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AULA 15
FERRAMENTAS DIGITAIS

Conexões, cabeças. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2016/12/18/10/24/man-1915377_1280.jpg

Olá, caro(a) aluno(a), chegamos a mais uma aula da nossa disciplina.


O objetivo desta aula é aproximar você um pouquinho mais de algumas ferramentas que
são disponíveis online e que podem contribuir para facilitar tanto os seus estudos durante
a formação quanto a atuação profissional enquanto assistente social.
Alguns profissionais possuem resistência e até certo medo das ferramentas online é
compreensível, pois o ser humano tende a ter medo ou resistir àquilo a que não conhece
ou não domina.
Contudo, vimos desde o início dos nossos estudos que o homem deve dominar as TIC’s e
não ser dominado por ela. Agora pergunto a você: qual sua escala “de medo” e/ou resistência
diante das TIC’s?
Boa parte de nós nascemos sem termos à disposição com tanta agilidade essa infinidade
de recursos, tivemos que aprender, outros de nós pode até ter feito aulas de datilografia e
sabemos que eram aulas com muito treino e repetição. Em seguida, vieram as “aulas de
informáticas” onde aprendíamos o que era um software e um hardware, na sequência o
word, excel, paint, power point etc…

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Os novos modos das pessoas se relacionarem foi ampliado hoje às


chamadas redes sociais criam espaços virtuais e reais de comunicação
que ocorrem em qualquer lugar do planeta a qualquer hora e com
quaisquer pessoas. Agora todos nós somos iguais perante as redes
sociais. Nossos momentos de divulgar nossos atos cotidianos passam a
estar em rede por tempo indeterminado e não se trata de 15 minutos de
celebridade. Aplacamos a saudade dos amigos, familiares e dos amores
reais e virtuais por meio das redes de relacionamentos que nos conectam
ao mundo com um simples clicar. Acessamos informações a respeito do
clima, da política e da economia por veículos de informações simultâneas
mais rápidas que as transmitidas por rádios, jornais ou revistas. A vida
cotidiana experiência e esmaecimento da distinção entre comunicações
particulares e comunicações de massa diante do fenômeno das redes
sociais (PEZZELA; CAMARGO, 2009, p. 87)

Independente da época ter acesso a esse aprendizado possuía um investimento financeiro


considerável, porém era um grande diferencial para se ingressar no mercado de trabalho
pode acreditar.
Hoje você está em um curso EaD de nível superior, se preparando para ser Assistente
Social, um curso com metodologias ativas diversificadas para oportunizar uma aprendizagem
significativa, e os conhecimentos de informática são pré-requisitos básicos para que você
possa cursá-lo. Mesmo que para alguns de vocês isso já seja “normal” para alguns outros
alunos a questão das tecnologias para os estudos ainda requer um esforço para que consiga
compreender, manusear e entender.
Viemos de um ensino tradicional presencial, do quadro, giz e saliva, onde as novas
tecnologias não fizeram parte do cotidiano escolar e nem vistos como ferramenta a ser
utilizada a favor da educação e formação.
No meio profissional para muitos assistentes sociais, o domínio das ferramentas básicas
de tecnologia ainda significa um desafio.
Neste sentido, nesta aula, você poderá confirmar seu conhecimento, ampliar seu
conhecimento ou ainda aprender algo novo.
Vamos lá? Para isso é necessário engajamento no estudo dos conteúdos aqui apresentado.
Vamos, além de tudo, compartilhar algumas ferramentas que poderão te auxiliar futuramente
no trabalho com grupos de usuários (crianças, adolescentes, adultos, idosos, equipes etc),
na elaboração de materiais online entre outros que você poderá aproveitar, com objetivo
profissional.

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FERRAMENTA PARA QUE SERVE TUTORIAL


Finalidade Onde encontrar e
aprender?
Google Forms É um serviço gratuito para criar formulários https://www.
online. Você pode utilizar esta ferramenta para techtudo.com.
gerar os registros de frequência/avaliação br/dicas-e-
por parte de usuários e também a enquete tutoriais/2018/07/
avaliativa. google-forms-o-
que-e-e-como-
usar-o-app-de-
formularios-online.
ghtml
Stream Yard É uma ferramenta ou programa digital do https://youtu.be/
tipo “freemium” para fazer streaming de vídeo XhI55XdoMtc
através de redes sociais, com o recurso de que
ele funciona totalmente no seu navegador, sem
precisar baixar nenhum software.
Permite interação entre o entrevistador/
transmissor através de chat.
Microsoft Teams Permite que você interaja virtualmente em https://youtu.be/
palestras, seminários, reuniões etc. HthSYSy9CCc
Permite interação entre os participantes através
de imagem e voz.
Permite compartilhamento de power point,
vídeos etc.

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Google Meet Permite que você interaja virtualmente em https://youtu.be/


palestras, seminários, reuniões, etc, com até 250 gW-ncVx3G8I
pessoas.
Permite interação entre os participantes através
de imagem e voz.
Permite compartilhamento de power point,
vídeos etc. a ferramenta permite que a
transmissão seja gravada (dependendo da
conta de acesso). É possível ainda, a realização
de enquetes, perguntas dentro da própria
ferramenta.
Zoom Permite que você interaja virtualmente em https://youtu.
palestras, seminários, reuniões, etc. be/0R3vVPtcic8
Permite interação entre os participantes através
de imagem e voz.
Permite compartilhamento de power point,
vídeos etc.
Canva É um editor gratuito que permite criar artes link 1- https://
sem complicações pelo celular ou computador. youtu.be/S-KCKC_
O grande diferencial do aplicativo está na sua cfKM
galeria de templates, que conta com uma link 2- https://
enorme variedade de modelos prontos. youtu.be/
Você poderá usar esta ferramenta para fazer k5Q6sOlRJtY
o convites, gerar postagem para facebook,
whatsapp, instagram, entre outras funções.
BLOG WebBlog (web = rede; blog = diário) uma espécie https://youtu.be/
de diário pessoal eletrónico frequentemente ope0u-IfPAk
atualizado onde, os posts ou conteúdos
publicados são, regra geral, textos curtos
organizados cronologicamente, sendo sempre
o conteúdo mais recente o primeiro a surgir no
topo da página

Quadro 9: Ferramentas digitais que podem te ajudar na elaboração do seu seminário. Fonte: Elaborado e adaptado pela autora.

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Ambiente Virtual de Atividade (AVA): um ótimo exemplo é este que você mesmo utiliza
aqui no curso, como este existem tantos outros, visam mediar e interagir no processo de
ensino e aprendizagem. São ambientes virtuais que permitem a conexão entre duas ou mais
pessoas com uma finalidade, um objetivo definido. Os

[...] ambientes digitais de aprendizagem são sistemas computacionais


disponíveis na internet, destinados ao suporte de atividades mediadas
pela TIC. Permitem integrar múltiplas mídias e recursos, apresentar
informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas
e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em
vista atingir determinados objetivos. As atividades se desenvolvem no
tempo, ritmo de trabalho e espaço em que cada participante se localiza,
de acordo com uma intencionalidade explícita e um planejamento prévio
denominado design educacional, o qual constitui a espinha dorsal das
atividades a realizar, sendo revisto e reelaborado continuamente no
andamento da atividade (ALMEIDA, 2003, p. 99).

O que é possível ser realizado nos ambientes virtuais de aprendizagens?

Quadro 10: Ações que podem ser realizadas nos AVA. Fonte: Elaborado pela autora.

Mesmo que alguns não compreendam desta maneira, o ambiente virtual de aprendizagem
é um ambiente coletivo e cooperativo. É necessário compreender os conceitos trazidos nas
primeiras aulas, sobre como o ciberespaço pode viabilizar as relações humanas, neste caso
possibilitando as interações em prol da educação.
Por que existem dificuldades na interação entre pessoas via AVA? Pelo fato de sermos
fruto de uma formação educacional tradicional presencial. Estamos reaprendendo a aprender
mediatizados pela tecnologia.

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Você conhece todas as funcionalidades do ser AVA? Já explorou todas as opções e


ferramentas disponíveis? Para isso você precisa se colocar na condição de “explorador”, ler
todas as orientações. Não tenha medo, costumo dizer aos meus alunos que o sistema não
morde, basta interagir com ele!
Seguindo os nossos estudos, pergunto: você lembra do conceito de “analfabeto funcional”?
Um analfabeto funcional terá muito mais dificuldades em se ambientar numa plataforma
de aprendizagem virtual! ATENÇÃO: eu falei dificuldade e não impossibilidade para isso a
maioria das escolas, universidades e serviços que optam pelo uso do AVA, contam com
uma equipe de suporte, tanto para tirar dúvidas, quanto para a realização de ambientações
ou treinamento de manuseio.
O que acontece muitas vezes é que mesmo que não tenhamos domínio de todas as
ferramentas tecnológicas à nossa disposição, temos sempre muita pressa, urgência em
querer entender ficamos chateados quando não conseguimos compreender como ela funciona
rapidamente. Tempo, calma e clareza é necessário para que aprendamos, é preciso paciência.
O AVA pode ser uma ferramenta utilizada por universidades, escolas organizações do
terceiro setor, para fomentar a aprendizagem de maneira bastante eficiente.

Redes Sociais. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2015/10/21/08/22/media-998990_1280.jpg

Você sabe o que significa a sigla SRS? Pois bem, é o que popularmente chamamos de
redes sociais. E o que se entende por redes sociais?
As Redes Sociais são “estruturas fundadas por instituições e sujeitos que têm valores e
objetivos afins voltados para o compartilhamento de informação em dispositivos tecnológicos”
(KOMESU; ARROYO, 2016, p. 177).

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E o que os SRS pode ter a ver com o Serviço Social?


Muito bem, dentre as redes sociais mais utilizadas e conhecidas atualmente temos o
Facebook / Instagram / WhatsApp; Twitter; LinkedIn, que têm sido utilizados de maneira muito
semelhante ao AVA (ambiente de aprendizagem virtual). Volte ao conceito apresentado acima
e observe as redes sociais citadas, veja que elas integram finalidades bastante semelhantes:

[...] ainda que os SRS (sites de redes sociais) e aplicativos sociais como o
Facebook, Twitter, Instagram e WhatsApp não tenham sido criados com
propósitos educacionais, seus potenciais como espaços de ensinagem
se revelam ao analisarmos suas possibilidades de socialização, interação
e comunicação (FINARDI; PORCINO, 2016, p. 95).

Perceba que as autoras citadas acima usam um termo um pouco diferente: ensinagem.
Com isso elas se referem ao processo de ensino-aprendizagem de uma maneira muito
pertinente.
Neste aspecto eu já peço que, se você faz uso de uma ou mais redes sociais citadas a
pouco, procure fazer uma breve autoavaliação: como você utiliza as redes sociais? Com qual
frequência utiliza? Qual a finalidade?
Já refletiu?
Muito bem, agora eu peço que novamente você as olhe como uma ferramenta potencial a
ser utilizada profissionalmente! Mas não utilizada como muitas empresas de propaganda ou
anúncios. Mas como uma ferramenta que pode contribuir como instrumento de disseminação
da informação, conhecimento e inclusão.
Observe e analise as redes sociais como potencial instrumento profissional do ponto de
vista do Serviço Social. Como podemos nos valer das redes sociais a fim de dar voz, vez,
informar, ensinar, compartilhar informações sobre direitos, acesso a serviços e promover
participação?

Isto está na rede

As redes sociais (Mário Sérgio Cortella)


Link: https://youtu.be/0vLXrMzAJyE
As mídias sociais são vilãs da democracia? (Luiz Felipe Pondé)
Link de acesso: https://youtu.be/25hZOOrdoGg

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Neste sentido, é que as autoras Finardi e Porcino (2016) trazem o termo ensinagem para
o meio das redes sociais. Junto a elas trago mais uma contribuição, bastante direcionada
a nossa profissão:

[...] o ato de ensinar [deve ser compreendido] enquanto atividade social,


tem o compromisso de assegurar que todos aprendam; dessa forma,
contribuímos para a redução das desigualdades sociais, em uma
perspectiva progressista (LEAL; MIRANDA; NOVA, 2018, p. 05).

Neste contexto que contempla os conhecimentos disseminados por Paulo Freire, patrono
da educação, retomamos a ensinagem como fundamento e a dialética como métodos onde
não há apenas um receptor do conhecimento ou das mensagens, mas alguém que recebe
a mensagem, compreende, processa e é capaz também de produzir novos conhecimentos.
A “ensinagem” visa formar cidadãos autônomos, conscientes, críticos. As redes sociais
possuem uma força muito intensa sobre nossas vidas. Devemos zelar com atenção e cuidado.
Ao mesmo tempo em que podemos em posse da informação usá-la a nosso favor.
Para o uso adequado das redes sociais nas organizações onde trabalha, o Assistente Social
deve seguir as orientações institucionais, saber se esta possui um setor de comunicação e
caso não tenha deve juntamente com o corpo diretivo organizar um plano de ação, traçando
as devidas estratégias.
O quê queremos transmitir? Por que queremos transmitir? Para quem queremos transmitir?
Quem irá postar? Quem fará a organização dos conteúdos? Terá algum custo?
São alguns pontos que devem ser levados em consideração não somente pelos aspectos
técnicos, mas também pelas questões éticas, políticas e organizacionais. Pois a partir do
momento em que estamos inseridos nos espaços sócio institucionais e ao fazermos uso
de contas organizacionais, não nos manifestamos de maneira individual e sim coletiva.
Como posso utilizar o Facebook como ferramenta de disseminação da informação, de
maneira a contribuir com a coletividade? Por ser uma plataforma com grande número
de usuários é possível que o Assistente Social também aproveite para se comunicar
institucionalmente com os usuários dos serviços. Para tanto deve montar uma conta da
instituição, pois como citado anteriormente, o profissional não falará em nome próprio (para
isso ele deve utilizar sua conta pessoal).
O Facebook possui ampla abrangência e uma ferramenta capaz de disseminar informações
diversas, vamos verificar no quadro a seguir algumas operações possíveis de serem realizadas:

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Grupos É possível criar um grupo fechado, com participantes ligados


àquela conta, pode ser grupo de mulheres que estão ligadas ao
programa bolsa família, por exemplo, onde serão repassadas
informações acerca da política, direitos e deveres. Pode ser
utilizado para levantamento de temas interessantes etc.
Compartilhamentos Compartilhar de maneira aberta ou fechada sobre política públicas,
acesso a serviços, informações pontuais sobre o serviço prestado
pela entidade, notícias, vídeos. Sempre lembrando que o material
deve ser cuidadosamente selecionado, primando pelo respeito,
ética. Antes de publicar algo observe se ele está condizente com
os princípios fundamentais. Também procure checar a fonte
quando for compartilhar notícias e informações de outras contas.
Cuidado com o Fake News.
Eventos É permito pelo facebook criar eventos, assim pode, por exemplo,
deixar agendado no grupo fechado as reuniões e encontros. Ele
auxilia na comunicação, pois serve como um lembrete para os
usuários.
Likes Os likes ou curtidas nas postagens servem também como um
direcionador quanto aos interesses dos usuários, você consegue
verificar qual o comportamento dos participantes. Por isso escolha
conteúdos relevantes, criativos e confiáveis.
Chat Permite o bate-papo em tempo real. Tirar dúvidas, envio de recados
e lembretes de maneira individual e personalizadas.
Quadro 11: Ferramentas do Facebook. Fonte: Elaborado pela autora.

Essas são apenas algumas funcionalidades desta rede social. Algumas delas também são
passíveis de serem executadas pelo Instagram. Que possui também algumas funcionalidades
específicas.
Queridos alunos, certamente as redes sociais não substituem o atendimento presencial, elas
são apenas um reforço, uma ferramenta que pode ser utilizada como apoio nos processos
de comunicação junto aos usuários e comunidade.
Atualmente muito dos usuários possuem acesso às redes sociais, este perfil mudou, logo
muito se engana que o uso das Redes Sociais é um privilégio de uma determinada classe
social. As tecnologias estão permeando por diferentes camadas.

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Basta observar os diferentes aplicativos criados pelo próprio governo federal para a liberação
de benefícios sociais, onde o usuário necessita de um aparelho de celular e acesso à Internet.
Este é um momento para se refletir, pois as possibilidades de interação com o usuário é
infinita, o novo profissional de Serviço Social precisa estar antenado as ferramentas que as
tecnologias permitem. Usá-las a favor da cidadania, da disseminação da informação correta,
gerar engajamento e compromisso com o conhecimento.

Isto está na rede

Foi em 2011 que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou publicamente
que o acesso à internet deve ser enxergado como um direito humano. De acordo com
ela, a rede mundial de computadores “permite que indivíduos busquem, encontrem e
compartilhem informações de todos os tipos, de uma forma instantânea e barata”, além
de “impulsionar o desenvolvimento econômico, social e político das nações, contribuindo
para o progresso da humanidade como um todo”.
Hoje em dia, todo mundo sabe que a web é uma poderosa ferramenta para exercer a
democracia e garantir seus direitos como cidadão. Redes sociais e outras plataformas
digitais vêm sendo usadas há tempos para dar voz àqueles que nunca puderam
falar, disseminar culturas alternativas, tornar a educação mais acessível e servir
como ponto de encontro para discussões construtivas. A internet também se provou
o melhor meio de expressar suas ideias e opiniões, e é justamente por isso que ela vem
sofrendo tantas tentativas de censura ao longo dos últimos tempos, especialmente
em países politicamente conturbados [...]
Fonte: TECMUNDO. Como as comunidades carentes estão usando a tecnologia a seu
favor? Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/tecnologia/102284-comunidades-
carentes-usando-tecnologia-favor.htm>.

As possibilidades estão postas, os desafios também! Compreendendo o cotidiano de forma


que consigamos oportunizar a todos uma sociedade mais justa e igualitária. Aproveite as
oportunidades que as tecnologias dispõem.
Conto com você! Seja um profissional diferenciado e sempre conectado com o que se
passa!
Até a próxima aula, espero você!

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AULA 16
EMPREENDEDORISMO

Computador, tecnologia. Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2020/02/27/14/56/computer-4884911_960_720.png

Seja bem-vindo(a)! Chegamos ao fim de mais uma disciplina esta é a nossa última aula,
então aproveite para vislumbrar novas possibilidades e a contribuição das tecnologias para
o Serviço Social.
Esta disciplina é bastante provocativa, nos permite experimentar, fazer escolhas, tomar
decisões, realmente o nosso intuito é sair da zona de conforto e se conectar com o mundo
digital.
Falaremos sobre empreendedorismo e empreendedorismo social, onde empreender possui
íntima relação com a busca por oportunidades que sejam inovadoras e que devem estar
relacionadas com as necessidades das pessoas.
Vamos ainda desvelar o entendimento do que é ser empreendedor. Veremos que ser
empreendedor não tem nada a ver com alguém com dom divino ou então aquele que é
dotado de muita sorte. Este pensamento não existe mais, pois de acordo com Dornelas
(2002, p.20), “[...] qualquer pessoa pode aprender o que é ser um empreendedor de sucesso”!
O empreendedorismo é o ato praticado por aquele que deseja empreender.

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Problemas novos nos pedem novas soluções! Nos pedem criatividade, inovação, ousadia
e coragem. No campo profissional é válido ressaltar que o mercado de trabalho pede cada
vez mais profissionais ágeis para atuar nesta realidade competitiva, isso obviamente abrange
o Serviço Social onde busca-se assistentes sociais capazes de buscar dados, analisar e
propor soluções.
E não é só buscar – analisar – propor! O diferencial encontra-se na capacidade do
profissional ser capaz de implantar, ou seja, colocar em prática suas ideias obtendo assim
um impacto positivo na realidade social onde está inserido profissionalmente.
De acordo com Sarkar (2008, p. 14),

[...] o mundo de hoje está feito para os empreendedores, com o


desenvolvimento das tecnologias, a globalização e a rede de comunicações.
O que os empreendedores fazem é aproveitar oportunidades, por vezes
pequenas, que podem ser criadas por um vazio de um produto.

E, ainda, temos a contribuição de Dolabela (2006, p. 26) que afirma que “[...] só pode ser
chamado de empreendedor aquele que gera valor positivo para a coletividade, incluída aqui,
evidentemente, toda a natureza”.
Um profissional empreendedor tem sido considerado uma virtude relevante para a decisão
de contratação ou não do candidato. Ser capaz de empreender faz parte da estratégia de
gestão das organizações mais modernas.
De acordo com Dolabela (2006, p. 54), “[...] o empreendedor é um insatisfeito que transforma
seu inconformismo em descobertas e propostas positivas para si mesmo e para os outros.
O empreendedor nunca para de aprender e de criar”.
O termo empreendedorismo, qual a sua origem e como foi se transformando ao longo
dos tempos.

A palavra empreendedorismo deriva do francês “entre” e “prende” que


significa qualquer coisa como “estar no mercado entre o fornecedor e
o consumidor” muitas vezes é dada à palavra empreendedorismo uma
conotação diferente, devido à diversidade de significados que tem sido
utilizados há séculos (SARKAR, 2008, p. 21).

Temos, ainda, a contribuição de Cho (2006, p. 36) que diz que empreendedorismo é “[...]
um conjunto de práticas institucionais que combinam a busca por objetivos financeiros e a
promoção de valores substantivos”.
Segundo Dornellas (2008), o empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos
que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades. O empreeendedor

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é alguém capaz de pensar além do aqui e agora, ou seja, do imediato, o empreendedor é


capaz de idealizar, reunir informações e transformar ideias em ações inovadoras.
Para Kirzner (1973, apud DORNELAS, 2005, p. 39), o empreendedor é aquele que cria um
equilíbrio, que encontra uma posição positiva e clara em meio a um ambiente de caos e
turbulência, ou seja, aquele que identifica oportunidades.
De acordo com Alvord, Brown e Letts (2004, p.262), o empreendedor “cria soluções
inovadoras para problemas sociais imediatos e mobiliza as ideias, capacidades, recursos e
arranjos sociais necessários para as transformações sociais sustentáveis”.
Além do empreendedor temos na atualidade um conceito novo que está relacionado à
pessoa que é capaz de criar, inovar, identificar e detectar oportunidades, considerando a
resolução de problemas sociais ele é chamado de empreendedor social, aquele que pratica
o empreendedorismo social, vamos conhecer estes conceitos, pois no final você perceberá
que está muito ligado ao nosso exercício profissional enquanto assistentes sociais:

Anote isso

Empreendedorismo social é uma atividade inovadora de geração de valor social


que ocorre nos setores sem fins lucrativos, de negócios e governamental (AUSTIN;
STEVENSON; WEISKILLERN, 2006. p.2).

Além do conceito acima, temos ainda as seguintes definições de empreendedorismo social:

Empreendedores sociais são pessoas com novas ideias para resolver


grande problemas, que são incansáveis na busca de suas visões (…) que
não desistem enquanto não tiverem disseminado suas ideias o mais
longe possível (BORNSTEIN, 2004, p. 1-3).

E os empreendimentos/empresas sociais o que são?

Empresa social é um termo coletivo para uma série de organizações que


comercializam para um propósito social. Eles adotam um de uma série de
diferentes formatos legais, mas têm em comum os princípios de buscar
soluções de negócios para alcançar objetivos sociais, e o reinvestimento
do excedente para o benefício da comunidade. Seus objetivos focam no
socialmente desejada, metas não-financeiras e seus resultados são as
medidas não-financeiras da demanda implícita e prestação de serviços
(HAUGH, 2006, p.5).

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As empresas sociais podem ser definidas simplesmente organizações que procuram


soluções de negócios para os problemas sociais (THOMPSON; DOHERTY, 2006, p. 362).
Quantas empresas sociais você conhece na sua cidade? Qual o impacto que elas causam
na sociedade local?
O conceito de empreendedorismo social vai assumindo significados que estão em sintonia
com a realidade onde acontecem, ou seja, refletem o cotidiano local, analise cada conceito
com atenção procurando identificar se no seu município ou grupo de conhecidos uma ou
mais pessoas que possuem estas características, vamos tentar!

ORGANIZAÇÃO DEFINIÇÃO
LEITE (2003) O empreendedor social é uma das espécies do gênero dos
Empreendedores. São empreendedores com uma missão social,
que é sempre central e explícita.
ASHOKA; MCKINSEY Os empreendedores sociais possuem características distintas
(2001) dos empreendedores de negócios. Eles criam valores sociais
através da inovação à força de recursos financeiros em prol
do desenvolvimento social, econômico e comunitário. Alguns
dos fundamentos básicos do empreendedorismo social estão
diretamente ligados ao empreendedor social, destaca-se a
sinceridade, paixão pelo que faz, clareza, confiança pessoal,
valores centralizados, boa vontade de planejamento, sonhar e
uma habilidade para o improviso.
MELO NETO; FROES Quando falamos de empreendedorismo social estamos buscando
(2002) um novo paradigma. O objetivo não é mais o negócio do negócio
[...] trata-se, sim, do negócio do social que tem na sociedade
civil o seu principal foco de atuação e na parceria envolvendo
comunidade, governo e setor privado a sua estratégia.
PÁDUA;ROUERE Constituem a contribuição efetiva de empreendedores
(2002) sociais inovadores, cujo protagonismo na área social produz
desenvolvimento sustentável, qualidade de vida e mudança de
paradigma de atuação em benefício de comunidades menos
privilegiadas.

Quadro 12 – Conceitos diversos sobre empreendedorismo social – visão nacional. Fonte: Oliveira (2004).

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Então, você conseguiu identificar alguém com as descrições acima? Como você compreende
a relevância de empreendedores sociais para a sociedade brasileira?
Depois de tudo o que acabamos de estudar, vale a pena citar a reflexão apresentada no
site www.destinonegocio.com, sob o título de “Empreendedorismo social: como promover
mudanças na sociedade”, que traz alguns pontos válidos para todas as pessoas e, sobretudo,
para você sujeito em formação profissional, futuro assistente social. A citação a seguir visa
provocar em você a necessidade de entendermos que o assistente social é e deve ser um
empreendedor e de provocar o empreendedorismo social nas realidades onde estivermos
inseridos:

Quando se ouve falar em empreendedorismo, é comum associar o termo


à iniciativa privada e pensar na ideia de lucro em primeiro lugar. Mas não é
disso que estamos falando quando o assunto é empreendedorismo social:
na intenção de promover melhorias na sociedade, os empreendedores
sociais atuam como agentes de mudança da comunidade.
Problemas sociais são o foco do empreendedorismo social
O conceito está relacionado à qualidade inovadora dos empreendedores.
Enquanto aqueles que atuam na iniciativa privada são capazes de criar
negócios do zero e garantir a sustentabilidade das empresas com
soluções inteligentes, os empreendedores sociais focam em problemas
da sociedade, encontrando alternativas para melhorar os sistemas e
promover mudanças em larga escala.
Assim, o empreendedorismo social utiliza técnicas de gestão, inovação e
criatividade para maximizar o chamado capital social de uma comunidade,
como bairros e cidades. Em outras palavras, o empreendedores se
propõem a transformar a vida das pessoas e agregar valor à comunidade,
utilizando técnicas presentes no cotidiano das empresas. Outra
característica do empreendedorismo social é o engajamento gerado por
quem se dedica à sociedade. Para potencializar os projetos e viabilizar
as próprias ideias, os empreendedores se transformam em recrutadores,
buscando apoio generalizado da sociedade. A ideia é adotar iniciativas
em larga escala e difundir as melhorias ao máximo.
Disponível em:http://destinonegocio.com/br/empreendedorismo/
empreendedorismo-social-como-promover-mudancas-na-sociedade/

Para contribuir ainda mais para este entendimento elaboramos um quadro comparativo
e com características entre empreendedorismo privado, responsabilidade social empresarial
e empreendedorismo social. O quadro é uma das formas didáticas de em termos elementos
novos e sistematizar nossas informações:

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EMPREENDEDORISMO PRIVADO RESPONSABILIDADE EMPREENDEDORISMO


SOCIAL EMPRESARIAL SOCIAL
É individual É individual com possíveis É coletivo e integrado
parcerias
Produz bens e serviços para o Produz bens e serviços para Produz bens e
mercado si e para a comunidade serviços para a
comunidade, local e
global
Tem o foco no mercado Tem o foco no mercado Tem o foco na busca
e atende à comunidade de soluções para os
conforme sua missão problemas sociais
e necessidades da
comunidade
Sua medida de desempenho é o Sua medida de desempenho Sua medida de
lucro é o retorno aos envolvidos no desempenho são
processo stakeholders. o impacto e a
transformação social
Visa a satisfazer necessidades Visa a agregar valor Visa a resgatar
dos clientes e a ampliar as estratégico ao negócio e pessoas da situação
potencialidades do negócio a atender expectativas do de risco social e a
mercado e da percepção da promovê-las, e a gerar
sociedade/consumidores. capital social, inclusão
e emancipação social.

Quadro 13 - Características do empreendedorismo social, responsabilidade social empresarial e empreendedorismo privado. Fonte: adaptado de Melo Neto e Froes (2002).

Vamos neste momento conhecer um pouco sobre o perfil da pessoa que é um empreendedor
social, quais os conhecimentos, habilidades, competências e posturas que formam este
empreendedor:

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CONHECIMENTOS HABILIDADES COMPETÊNCIAS POSTURAS


Saber aproveitar as Ter visão clara. Ser visionário Ser inconformado
oportunidades, Ter iniciativa. Ter senso de e indignado com
Ter competência Ser equilibrado. responsabilidade. a injustiça e
gerencial. Ser participativo. Ter senso de desigualdade.
Ser pragmático e Saber trabalhar em solidariedade. Ser determinado.
responsável. equipe. Ser sensível aos Ser engajado.
Saber trabalhar de Saber negociar. problemas sociais. Ser comprometido e
modo empresarial Saber pensar e agir Ser persistente. leal.
para resolver estrategicamente. Ser consciente. Ser ético.
problemas sociais. Ser perceptivo e Ser competente. Ser profissional.
atento aos detalhes. Saber usar forças Ser transparente.
Ser ágil. latentes e regenerar Ser apaixonado pelo
Ser criativo. forças pouco que faz (campo
Ser crítico. usadas. Saber correr social).
Ser flexível. riscos calculados.
Ser focado. Saber integrar vários
Ser habilidoso. atores em torno dos
Ser inovador. mesmos objetivos.
Ser inteligente. Saber interagir com
Ser objetivo. diversos segmentos
e interesses dos
diversos setores da
sociedade.
Saber improvisar.
Ser líder.

Quadro 14 - Perfil do empreendedor social. Fonte: Oliveira (2004).

Vamos agora conhecer alguns exemplos de empreendedorismo social ?

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Grupo Primavera - organização da sociedade civil (OSC) fundada em 1981,


desenvolve programas de educação complementar para meninas
de 8 a 18 anos de idade, em Campinas, com receita proveniente da
venda de seus produtos artesanais.
Grupo Primavera - organização da sociedade civil fundada em 1991, tem a missão
Associação Saúde de promover o bem-estar biopsicossocial de crianças e suas
Criança famílias que vivem abaixo da linha da pobreza. Sua atuação é
baseada em metodologia própria, o Plano de Ação Familiar (PAF),
que engloba o atendimento das necessidades da população-alvo
em cinco áreas: saúde, profissionalização, moradia, educação e
cidadania.
Comitê para - organização da sociedade civil fundada em 1995, abriu a primeira
Democratização da Escola de Informática e Cidadania no Morro Dona Marta, no
Informática (CDI) Rio de Janeiro, que oferece cursos de informática por meio de
metodologia própria. Sua missão é melhorar a qualidade de vida da
população de baixa renda e fomentar a cidadania.
Rede Asta - organização da sociedade civil e negócio social fundado em 2007
que transforma os grupos comunitários de artesãs em negócios
sustentáveis e promove a inclusão socioeconômica de mulheres
de baixa renda. São 700 artesãos e 800 revendedoras de produtos
exclusivos, criados a partir de fibra de bananeira e bambu.
Sementes de Paz - criada em 2008 é uma empresa social com distribuição de lucro,
que objetiva fortalecer a cadeia produtiva da agricultura ecológica
e do comércio justo, atuando como um elo entre produtores e
consumidores, por meio de parceria com mais de 50 produtores.
Geekie - fundada em 2011 é uma empresa social com distribuição de
lucro que desenvolve a primeira plataforma de ensino adaptativo
no Brasil para otimizar os estudos de cada aluno de forma
personalizada e interativa. O aluno é desafiado de acordo com
suas habilidades em cada matéria, para que seu aprendizado seja
contínuo.

Quadro 15- Exemplos de Negócios Sociais no Brasil. Fonte: Rede Asta (http://www.redeasta.com.br); Saúde Criança; (http://www.saudecrianca.org.br); CDI (http://www.cdi.
org.br); Grupo Primavera (http://www.gprimavera.org.br); Banco Palmas (http://www.bancopalmas.org.br); GEEKIE: http://www.geekie.com.br/; Sementes de Paz (http://www.
sementesdepaz.com.br )

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Após o que acabamos de ver na tabela acima podemos perceber que é possível iniciar e
dar seguimento a muitas ações em favor do desenvolvimento social do nosso país.
Para Santos (1983, p.32), “a ação empreendedora (entrepreneurship) compreende: iniciativa,
inovação, gosto por mudanças, liderança, flexibilidade, oportunismo, dedicação, controle,
seleção e uso da competência”.
Como foi a leitura até aqui? Foi possível vislumbrar a relevância para o assistente social
compreender o que é o empreendedorismo e o empreendedorismo social? De como podemos
identificar potencialidades em cada usuário, grupos de trabalhos e comunidades?
Muito bem, chegamos ao final desta aula, como você foi até aqui? A aula trouxe novos
conhecimentos?
Encerrando nossa reflexão deixo a seguinte análise: as organizações estão buscando a
cada dia mais, profissionais positivos e carismáticos, capazes de ir além do conhecimento
técnico-operacional. Busca-se profissionais capazes de interagir com os usuários, instruindo,
indagando, demonstrando preocupação e comprometimento.
Lembre-se sempre que os usuários julgam sua experiência com o assistente social pelo
modo como foram tratadas enquanto pessoa e não pelo modo como foram tratados por
seus problemas.
Logo você pode pensar: mas o tempo é curto e os problemas são muitos!!!! Em seu campo
de estágio você realmente pode constatar que a demanda do Serviço Social é muitas vezes
numerosa e urgente, contudo, o que apresentamos nesta aula, sobretudo, no que diz respeito
ao empreendedorismo social, mostrou que é possível.
E a cada dia fica muito mais claro que existem muitos profissionais que buscam desculpa
para sua inércia e fracasso; os profissionais de sucesso procuram trabalhar as suas dificuldades
e superar a condição opressora e “limitadora”.
O empreendedorismo em sua essência busca descobrir maneiras de se conseguir o que
se quer, ao invés de viver procurando desculpas e culpados para as dificuldades diárias. Pois
a maneira como enfrentamos e lidamos com nossas dificuldades e problemas (pessoais e
profissionais) é uma escolha nossa! Pense nisso!
Um grande abraço e até a próxima.

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CONCLUSÃO

Agora que chegamos ao final desta jornada gostaria que você fizesse um balanço sobre
como foram seus estudos. Foi possível compreender a relevância das tecnologias da
informação e comunicação no cotidiano profissional?
Que o entendimento das TICs não se tratam de modismos e sim que nossa sociedade
está em plena e constante transformação, exigindo profissionais cada vez mais capacitados
e habilitados para o exercício profissional, independente da formação técnica?
Mesmo que estejamos vivendo em uma cultura digital, moramos em um país marcado
pela exclusão social e também digital, e que enquanto profissionais temos a capacidade e
expertise para promover a inclusão social e digital, a partir da nossa intervenção profissional….
você já pensou nisso?
Para recapitular saiba que trabalhamos muito ao longo desta disciplina, pois ao longo
do caminho tivemos a oportunidade de compreender a evolução das tecnologias; o que é e
como se apresenta a quarta Revolução Industrial; conceitos e reflexões sobre o ciberespaço,
cibercultura, cyberbullying; a importância de se conhecer a sociedade da informação e seus
impactos no mundo do trabalho no qual nós assistentes sociais também estamos inseridos
e por fim uma análise sobre a temática do acesso digital e sociedade da informação.
Num segundo momento tivemos a oportunidade de estudar sobre as Políticas Informacionais
no Brasil; descobrindo e se aprofundando sobre as tecnologias sociais e suas interfaces com
as políticas públicas; conhecendo a relação entre a tecnologia em saúde e o serviço social
relacionando as possíveis contribuições do Serviço Social; vimos ainda a influência das
novas tecnologias na formação e atuação do Assistente Social no Século XXI e a inserção
das Tic’s nos Espaços de trabalho do Assistente Social e como as tecnologias da informação
e comunicação podem ser utilizadas como ferramentas de trabalho do Assistente Social.
Por fim pudemos conhecer ações práticas no uso das redes sociais e TICs no Serviço
Social e a importância da compreensão desta cultura midiática para o Serviço Social; nos
aprofundamos acerca dos processos de comunicação levando em consideração inclusive
as ferramentas digitais mais utilizadas. Fechamos com chave de ouro discutindo elementos
sobre empreendedorismo social.

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Muitas oportunidades nos foram ofertadas, pois esta disciplina pretendeu além de tudo
despertar em você o seu potencial criativo e como as TICs podem e devem contribuir para
o desenvolvimento humano e a transformação social.
Desejo a você todo sucesso!

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