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Importância da Sociologia

A Sociologia pode ser entendida como uma ciência humana que trata de


questões da vida cotidiana de forma sistemática, elaborando conceitos e
metodologias para o entendimento de determinadas “realidades” sociais.
Por ser uma ciência que reflete o dia a dia das relações sociais, tem forte
importância ao suscitar questões que envolvem conflitos, convergência de
interesses, estruturas de poder etc.

A Sociologia procura estudar o homem em sociedade. Nesse sentido, as


análises sociológicas envolvem desde questões relativas às condições
materiais de vida até o conjunto de valores, de elementos culturais, que
produzem as teias de relações humanas na vida coletiva. Assim, surgem
estudos sobre sociedades agrárias e sociedades industriais, indicando certas
especificidades históricas que delineiam as interações entre os homens em
um determinado contexto social.

A gama variada de motivações atuantes da vida coletiva se torna objeto do


estudo sociológico. Quando um sociólogo aborda um tema, este logo é
reconhecido pelos integrantes de uma dada sociedade analisada. Afinal, o
sociólogo pode estar tocando em “feridas” que marcam o conjunto daquele
grupo humano. Pode ser a questão racial, por exemplo.

O sociólogo inicia um debate sobre o preconceito racial ou o conflito étnico


no interior de uma sociedade, buscando encontrar os elementos que
iluminem a questão. É óbvio que muitos dos assuntos tratados além de
serem reconhecidos pelo conjunto social podem ser controversos. A
importância de tratá-los pela sociologia é, entre outros aspectos, sair do
lugar comum do “achismo”, da opinião, para algo mais complexo e dotado
de capacidade crítica.

Um professor de Sociologia dos Estados Unidos pode abordar a questão do


“racismo” naquela sociedade, mesmo estando em um estado sulista, por
exemplo, a Virgínia. Para muitos dos estudantes, a princípio aquilo não
será novidade. Eles provavelmente conhecem histórias a respeito, pois
vivem naquela sociedade marcada pelo preconceito.

Talvez o assunto escolhido pelo professor seja até mesmo entediante para
muitos naquela sala de aula. Porém, o professor, como estratégia de
sensibilização, desloca a discussão para a Índia, tratando daquele tema
delicado ao falar da sociedade de castas na terra dos indianos.

O professor poderia discutir o que seria este tipo de organização social,


quais os problemas dos relacionamentos sexuais entre grupos de castas
diferentes na visão hindu, quais as interdições existentes nas relações entre
uma casta e outra, além da exploração econômica decorrente desse modelo
de organização social.

Questões como a discriminação racial e a xenofobia podem ser tratadas


pela Sociologia

Depois de desenvolver determinados conceitos e trabalhá-los


historicamente na Índia, o professor poderá voltar para a questão do
racismo nos Estados Unidos. É possível que alunos vejam a sua aula como
esclarecedora de uma sociabilidade desenvolvida nos estados sulistas dos
Estados Unidos. Ali não existiu uma organização social de castas, mas uma
experiência de escravidão africana e de discriminação racial que, em alguns
aspectos, pode se assemelhar ao modelo de sociabilidade indiano.

Não se afirma aqui que a sociedade norte-americana é constituída por


castas, mas a elaboração de categorias de análise pela Sociologia pode
elucidar certas tensões vividas socialmente. São feitas análises mais
profundas, descortinando determinadas funções e relações sociais que
talvez aqueles estudantes não conseguissem realizar em conversas
domésticas ou pela leitura de jornais. Por isso tudo, já se percebe a
importância da Sociologia como uma ciência humana.

O sociólogo está próximo do mundo que estuda, por isso os termos que
utiliza são familiares ao conjunto da sociedade que, muitas vezes, considera
sua investigação simples e óbvia. Entretanto, a profundidade conferida às
categorias de análise abre uma perspectiva nova a determinadas situações
sociais, garantindo conhecimentos até ali não compreensíveis a muitos. O
trabalho do sociólogo permite a aquisição de novos conhecimentos e a
possibilidade de disseminá-los. Isso contribui para o pensar do conjunto
social sobre as suas práticas.

Pode-se afirmar que a Sociologia é uma forma de conhecimento científico


que possibilita a compreensão de certos fenômenos sociais, de certa
organicidade do coletivo, de suas interações e dinâmicas, saindo do que se
denomina senso comum.

A Sociologia não pode ser vista como uma ciência que afirma a existência
de leis da mesma forma que um físico pode fazer afirmações a respeito da
natureza. E isso se relaciona com a compreensão de que não é possível
reduzir realidades sociais múltiplas e repletas de motivações a alguma lei
universal e atemporal. As sociedades são dinâmicas, modificam-se não
apenas por refletirem linhas de força oriundas do passado, da tradição, mas
por estarem sempre em tensão e conjugarem os atritos de formas variadas,
cabendo sempre um espaço à criatividade que modifica condições de vida e
disposições sociais.

O estudo sociológico envolve necessariamente a adoção de um sistema


conceitual, a construção de categorias de análise, teorias que possam
conferir inteligibilidade a processos sociais.
Nesse sentido, é possível existirem diferenças teóricas que definam visões
diferentes sobre o mesmo fenômeno.

Nesse sentido, a construção de categorias de análise e de sistemas


interpretativos é fruto da sociedade em que o estudioso está inserido,
portanto marcada por uma historicidade. As perspectivas são várias
dependendo da adoção deste ou daquele sistema de interpretação
considerado válido para análises da sociedade. Pode-se falar, então, em
sociologias.

A pluralidade de interpretação analítica não reduz o caráter científico do


estudo sociológico, mas o coloca como um problema a ser enfrentado pelo
sociólogo. A responsabilidade é necessária e a aceitação desta ou daquela
teoria sociológica é, também, uma forma de atuação social. Daí certas
questões levantadas pela Sociologia terem conteúdo político, pois elas
estão sempre associadas a relações de poder.

O trabalho do sociólogo opera, em geral, a constituição de consciências


sociais, vai além das fachadas das convenções e procura, no edifício social,
as estruturas, as funções, as arquiteturas que estabelecem certos padrões de
sociabilidade. E isso envolve a compreensão das linhas de força, dos
comandos, das instituições, dos valores formados no interior da sociedade.
É essa operação cognitiva que possibilita a construção de determinadas
consciências a respeito de elementos que existem, mas não são
imediatamente vistos e compreendidos pelo conjunto social.

Bibliografia:

 BERGER, Peter. Perspectivas sociológicas: uma visão humanística.


Petrópolis: Vozes, 1973.
 GIDDENS, Anthony. Sociologia. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2008.

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