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Volume doze
Nicola Abbagnano
HISTÓRIA DA FILOSOFIA
VOLUME XII
III
BERGSON
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tos, poderá fazer supor que tal diversidade seja de algum modo
irredutível, isto é, que a matéria e o espírito constituam duas
realidades últimas, ainda que em mútuo contacto e com mútuas
possibilidades de aproximação e de inserção. Porém, a Evolução
criadora tem, entre as suas partes mais significativas, uma "génese
ideal da matéria" que é uma tentativa para explicar a matéria
mesma por meio de unia detenção virtual ou possível do impulso
vital, que é pura espiritualidade.
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BERGSON
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Bergson aspira a que surja algum génio místico que venha corrigir os
males sociais e morais de que sofre a humanidade. A técnica
moderna, estendendo, a esfera da acção do homem sobre a
natureza, tem de certo modo engrandecido desmedidamente o
corpo do homem. Este corpo engrandecido "espera um suplemento
de alma, e a mecânica exigiria uma mística" (Ib,, p. 355). Os
problemas sociais e políticos internacionais que nascem desta
desproporção poderiam ser eliminados por um renascimento do
misticismo. Neste caso, a mecânica que curvou ainda mais a
humanidade para a terra, poderia servir-lhe para se endireitar e
olhar o céu. E a humanidade poderia então retomar no nosso planeta
"a função essencial do universo, que é uma máquina de fazer
deuses" (1b., p. 343).
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NOTA BIBLIOGRÁFICA
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IV
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da acção e grande parte da fenomenologia. Este idealismo
gnoseológico é o dominador comum de todas as filosofias
antipositivistas que caracterizaram os últimos decénios do século
passado e os primeiros do nosso; enquanto que o seu oposto, o
realismo, foi,
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§ 703. AS ORIGENS DO IDEALISMO INGLÊS E NORTE-
AMERICANO
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axiomas da física não são mais do que a tradução das leis -da ética.
Mas o espírito humano é o próprio espírito de Deus. "0 inundo - diz
Emerson (Nature, ed. 1883, p. 68), -procede do mesmo espírito de
que procede o corpo do homem: é uma inferior e mais remota
encarnação de Deus, uma projecção de Deus no inconsciente. Mas
difere do corpo num aspecto importante: não está como o corpo,
sujeito à vontade humana. A sua ordem serena é inviolável para nós.
Ele é, portanto, para nós, o testemunho presente do Espírito divino,
é um ponto fixo em
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§ 704. BRADLEY
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nova relação, o que implica uma nova modificação e uma nova cisão; e
assim até ao infinito. Deste modo, a relação que deveria tornar
inteligível a unidade dos termos relativos, não faz mais do que
dividi-los e
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§ 706. MCTAGGART
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termo que será alcançado após um período muito longo, mas finito,
de tempo.
§ 707. ROYCE
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sentido, Royce diz que a ideia é -uma vontade que busca a sua
própria determinação. Mesmo as ideias expressas como hipóteses
ou definições universais
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O IDEALISMO ITALIANO
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Gioberti, 1923).
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§ 711. GENTILE: O ACTO PURO
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cria), pensando-o, e cuja individualidade-e, por consequência, supera
no próprio acto em que o põe.
O verdadeiro sujeito, o Sujeito infinito ou transcendental, não pode
nunca tomar-se objecto para si próprio. " A consciência-diz Gentile
(Teoria gen.,
1, § 6)-, enquanto objecto de consciência, já não é consciência;
enquanto objecto apercebido, a apercepção originária já não é
apercepção; já não é propriamente sujeito, mas objecto; já não é
Eu, mas sim não-eu... O ponto de vista transcendental é o que se
obtém na realidade do nosso pensamento, quando o pensamento se
considera não como acto consumado, mas, por assim dizer, como
acto em acto: acto que não se pode absolutamente transcender,
pois que ele é a nossa própria subjectividade, isto é, nós mesmos;
acto que não se pode nunca nem de modo algum objectivam. Os
outros eus são, por sua vez, objectos, enquanto outros, mas no acto
de os conhecer o eu transcendental unifica-os. Os problemas
morais surgem, em troca, no terreno da diversidade e da
oposição recíproca entre os eus
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O pressuposto de tudo isto é o postulado segundo o qual "conhecer
é identificar, superar a alteridade como tal" Qb., 2, § 4). Em
virtude deste pressuposto, Gentile pode afirmar que ws outros fora
de nós, não podem existir, falando com rigor, se nós os
conhecermos e falarmos deles"; e' que o outro (isto é, a outra
pessoa) é, simplesmente, uma etapa através da qual se passa, mas na
qual não nos devemos deter. "0 outro não é tanto outro que não seja
nós mesmos" (ib., 4, § 5). Não se vê como se pode conciliar com
afirmações tão explícitas aqueloutra, feita com o propósito de
distinguir o idealismo do misticismo, de que "a realidade do eu
transcendental implica também a realidade do eu empírico" e que o
eu absoluto unifica mas não destrói em si o eu particular e empírico
Ub, 2, § 6). E, de facto, os eus empíricos poderão distinguir-se
entre si como objectos diversos do Eu transcendental, do
pensamento em acto, mas não já subsistir como eu, isto é, como
sujeitos na unidade simples e infinita daquele Eu. Isto é tão
verdadeiro que o próprio acto da educação é conhecido por Gentile
como a unidade do mestre e do aluno no espírito absoluto, unidade
que chega a eliminar o problema da comunicação espiritual (Sumário
de pedagogia, 1, 2.o 4, § 3). O próprio pressuposto do conhecimento
como unificação e identificação entra em jogo na polémica contra
tudo o que está "fora" do espírito e da consciência. A consciência é
infinita e nada existe fora dela. O "fora" está sempre dentro
porque designa uma relação entre dois termos que, exteriores um
ao outro, são no en-
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GENTILE
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tal, já não é o ignoto; "é enquanto não é". E assim a morte, a qual
"não existe". "A morte é temível porque não existe, como não existe
a natureza nem o passado, como não existem os sonhos. Há o homem
que sonha, mas não as coisas sonhadas. E assim a morte é negação
do pensamento mas não pode ser actual o que se realiza pela
negação que o
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Ir-,
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defesa dos ideais da liberdade, tanto mais eficaz quanto era alheia
a toda a retórica e impregnada de cultura e de pensamento. Nos
anos do fascismo e
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arte não é um acto utilitário e nada tem a ver com o útil, e com o
prazer ou com a dor; nem é um acto moral, e por isso exclui de si as
valorizações pró-
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acalma e transfigura o sentimento, é uma "teorese, um conhecem
que une o particular ao universal e, por conseguinte, tem sempre
uma marca de universalidade e totalidade. Dela se distingue a
expressão sentimental ou imediata, a da prosa, a expressão oratória
e a literária. A expressão sentimental ou
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forma prática tem lugar o erro, que cai fora do conhecimento, que é
sempre verdade absoluta. "Aquele que comete um erro não tem
nenhum poder para Iorcer, desvirtuar ou corromper a verdade, que
é o seu próprio pensamento, o pensamento que opera nele como em
todos; ainda mais, logo que toca o
pensamento, é tocado por ele: pensa e não erra. Tem apenas o poder
prático de passar do pensamento ao
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grupo" (Ética e pol., p. 216). As leis, as instituições o os costumes
em que se concretiza a vida do estado não são mais do que "acções
dos indivíduos, vontades que eles actuam e mantêm firmemente,
concernentes a certas directivas mais ou menos gerais, que se
considera útil promover". Neste sentido o estado realiza-se
inteiramente no governo e não se distingue dele (1b., p. 218). A vida
do estado é unia relação dialéctica de força e consenso, autoridade
e liberdade. "Todo o consenso é forçado, mais ou menos
forçado, mas forçado, isto é tal que surge sob a "força" de certos
factos e, por conseguinte, "condicionado" : se a condição de facto
muda, o consenso, como é natural, é retirado, desencadeia-se o
debate e a luta, e um novo consenso se estabelece sob nova
condição. Não há formação política que se subtraia a esta
alternativa: no mais liberal dos estados, como na mais opressiva das
tiranias, existe sempre o consenso, e é sempre forçado,
condicionado e mutável. Se assim não fosse, não haveria nem o
Estado nem a vida do Estado" (Ib., p. 221). O erro da concepção
ética do estado, tal como, por exemplo, se encontra em Hegel,
consiste em ter concebido a vida moral numa forma da vida política
e do estado inadequada para ela. A vida moral, ao invés, não se
deixa reduzir à vida política mas transborda dela e contribui para
desfazer e refazer perpetuamente a vida do estado. É igualmente
erróneo, segundo Croce, o
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origem reside "nos esquemas da matemática e da mecânica, inaptos
a compreender o ser vàvente" (1b., p. 226).
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aos adversários da liberdade e aos períodos históricos em que a
liberdade é amarfanhada ou suprimida. "Presta, pois, justiça
também aos primeiros (a saber, "aos tempos de reacção e aos
homens das reacções"), não ao coração da humanidade, mas à mente
liberal, não já enquanto fundamento de vida e de luta prática, mas
enquanto juízo histórico que considera as suspensões de liberdade e
os períodos reaccionários como doenças e crises de crescimento,
como incidentes e meios da mesma eterna vida da liberdade, e
portanto entende o papel que desempenharam e a obra útil que
realizaram (1b., p. 290).
O liberalismo está, pois, ao mesmo tempo, fora da luta e dentro
dela; fora da luta, como juízo histórico o concepção dialéctica da
realidade; dentro da luta como "fundamento de vida e de luta
prática". Pode-se perguntar o que é o liberalismo neste último
aspecto, já que, evidentemente, enquanto luta e
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distinção que deveria evitar que aquela tese servisse para a cínica
aceitação do facto consumado ou do êxito. Quer dizer, distinguiu a
racionalidade da história da racionalidade do imperativo moral.
Tudo na história é racional porque tudo nela "tem a sua
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do próprio Croce. E este reconhecimento de um "racional" diferente
da racionalidade necessária -da história, tem o mesmo efeito que,
no domínio da estética, tinha o reconhecimento de formas ou modos
de expressão diferentes dos da expressão poética: a
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NOTA BIBLIOGRÁFICA
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O NEO-CRITICISMO
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mais causas, que não são efeitos, mas causas primeiras. "0 mundo-
diz Renouvier (Ib., 1, pág-s.
282-3) depende de uma ou mais causas que não são efeitos, mas
actos antecedentes: tende para um ou mais fins, cujos meios
adquiridos não se prolongam interminavelmente no passado nem no
futuro; e e~ fins e estas causas estão n&e, de algum modo, já que
todo o devir implica força e paixão; e como
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respeito à psicologia. Hodgson revela assim, em todas as suas
análises, a preocupação de assinalar os limites precisos entre a
investigação -psicológica
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de libertação do sentimento religioso as divide. O santo deve ser a
substância e a causa do seu contrário. Disto depende a completa
insalubilidade do problema da teodiceia, o problema da origem do
mal no mundo" (Prãludien, 4.11 ed., 1911, p. 433).
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por ambas as espécies de ciências e, por vezes, os
§ 728. RICKERT
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valor eterno.
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NATORP
cesso infinito, mas é um processo que não está privado de lei nem
de direcção. Se o objecto do conhecimento é o ser, é preciso dizer
que só no
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não fiquemos parados num determinado estádio dela, que não nos
detenhamos aí, mas que avancemos sempre" (Ib., p. 71). A ética é
precisamente a ciência deste dever ser, o qual, enquanto lei -da
vontade, prescreve o progresso para uma comunidade total e
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§ 732. CASSIRER
A escola de Marburgo influiu eficazmente sobre a filosofia alemã
dos primeiros decénios deste século; as ressonâncias do seu
princípio fundamental (redução do conhecimento a objectiVidade
pensável) notam-se também em orientações filosóficas diversas: na
filosofia dos valores, na fenomenologia e em certas formas de
realismo (como a teoria dos objectos). A interpretação ética do
socialismo, proposta por Cohen e Natorp, encontrou também
numerosos continuadores; entre outros, Karl Vorlânder, autor de
um estudo comparativo de Kant e-Marx, e Eduard Bernstein,
discípulo de Marx, autor de uma obra intitulada Sobre a história e a
teoria do socialismo (1901).
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§ 733. BRUNSCHVIEG
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§ 734. BANFI
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BRUNSCI1VICG
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VII
O HISTORICISMO
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O compreender é assim a operação cognitiva fundamental no campo
das ciências do espírito; e o
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DILTHEY
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ser uma força que quer reformar a vida (Das Wesen der Phil., em
Ges. Schrift., V, p. 400). Quando a
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homem e o mundo; mas não é possível uma relação total que resulte
do conjunto destas três categorias. Isto significa que a metafísica
é impossível: deverá, com efeito, tentar unir ilusoriamente tais
categorias ou mutilar a nossa relação vivida com o mundo,
reduzindo-a a uma só delas. A metafísica é impossível mesmo no
âmbito de cada um dos três tipos fundamentais, já que não é
possível determinar a unidade última da ordem causal (positivismo),
nem o valor incondicionado (idealismo objectivo), nem o fim absoluto
(idealismo subjectivo). Contudo, a última palavra não é a
relatividade das intuições do mundo mas a soberania do espírito
frente a todas elas e, ao mesmo tempo, a consciência positiva de
que na sua
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§ 739. SIMMEL
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ideal (valor, dever ser, forma, mundo histórico) parece ter sido o
tema constante da filosofia de Simmel.
§ 740. SPENGLER
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§ 741. TROETSCH
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acção que pode ser mais forte ou mais débil, mais ou menos
compreensível, mais ou menos pessoal; mas que justifica a
superioridade do Cristianismo o
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todo, ela é universal, não é menos verdade que ela só pode ser
atingida individualmente e a partir de outros níveis sociais de
cultura, os quais, por sua
valor, assim vai delimitando o seu campo. Deste ponto de vista, toda
a disciplina constitui o seu próprio objecto, orientando as escolhas
que efectua para os
valores que correspondem aos seus interesses. É por isso que "são
as ligações conceptuais do problema que se encontram na base do
campo de trabalho das ciências, e não as conexões objectivas entre
as coisas: quando se estuda um novo problema usando novos
métodos, e desse modo se descobrem verdades que dão lugar a
novos pontos de vista significantes, surge uma 'ciência'" (Ges.
Aufsülre z. Wiss., p. 166). O conhecimento histórico é portanto
assistemático, no sentido de que não pode dar lugar a
decisão sobre os objectos que têm ou não -valor, quer dizer, daquilo
que é ou não significativo, daquilo que é " importante" ou não. A
investigação não pode ser iniciada e conduzida sem este factor
decisivo que é a escolha do investigador, mas por outro lado,
segundo Weber, este factor não torna subjectiva ou arbitrária
toda a investigação, não limita a sua validade ao investigador que a
efectuou. Com efeito, qualquer que seja o valor que guiou o
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MAX WEBER
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outro género: "0 que se deve fazer numa dada situação concreta e
de que ponto de vista é que essa situação pode ser considerada ou
não satisfatória" (Gesammelte Aufsãtze zur Wissenschftslehre, p.
495). É óbvio que Weber não nega que a ciência possa e
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NOTA BIBLIOGRÁFICA
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Sinn und vom Sinn der Geschichte, Leipzig, 1939; trad. italiana,
Nápoles, 1948.
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íNDICE
§ 692- Vida e Obra ... ... ... ... ... 7 § 693. A duração real
... ... ... ... 9 § 694. Espírito e corpo ... ... ... ... 13 § 695.
O impulso vital ... ... ... ... 17 § 696. Instinto e inteligência
... ... ... 20 § 697. A intuição ... ... ... ... ... 24 § 698.
Gênese ideal da matéria ... ... 27 § 699. Sociedade
fechada e sociedade
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§ 704. Bradley ... ... ... ... ... ... 53 § 705. Desenvolvimento
do idealismo inglés ... ... ... ... ... ... ... 59 § 706. MeTaggart
... ... ... ... ... 61 § 707. Royce ... ... ... ... ... ... 68 § 708.
Outras manifestações do idealismo inglês e norte-americano
77
§713. Gentile: a arte ... ... ... ... 102 §714. Gentile: a
religião ... ... ... ... 105 §715. Gentile: o direito e o estado
... 107 §716. Croce: Vida e Obra ... ... ... 111
270
§ 717. Croce: a filosofia do espírito ... 113 § 718. Croce: a
arte ... ... ... ... ... 116 § 719. Cr(>ce: a ciência, o erro e a
forma
271
histórico ... ... ... ... ... ... 215 § 738. Dilthey: o c,)nceito da
filosofia 219 § 739. Simmel - ... ... ... ... ... 222 § 740.
Spengler ... ... ... ... ... ... 227 § 741. Troeltsch ... ... ... ... ...
... 231 § 7-12. Meinecke ... ... ... ... ... ... 236 § 743.
Weber: 4ndividualidade, significado, valor ... ... ... ... ... 239
272
(fim)