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SLIDES DO CAPÍTULO

Os objetos de estudo da Sociologia

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As interações sociais e suas consequências são alguns dos temas de interesse da Sociologia.
Wikimedia Commons

A Sociologia trata do funcionamento e das transformações de grupos humanos. Ela estuda as

normas, os códigos, as crenças, as hierarquias, os papéis e os ritos que estruturam e

organizam uma sociedade, assim como os signos e símbolos por meio dos quais ela se

exprime e os conflitos e contradições que a transformam. Seu objeto de estudo é a sociedade

e sua estrutura organizativa.

Interessam ao sociólogo as relações interpessoais, sejam as mais restritas e imediatas, como

em uma família ou comunidade, e as esferas de maior amplitude, como as classes, as nações

ou as civilizações. Isso quer dizer que essa disciplina pode ser definida tanto como ciência da

sociedade quanto como o estudo das relações humanas no interior de determinadas

sociedades. A Sociologia propõe, portanto, a compreensão a respeito dos seres humanos, por

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meio da categoria de sociedade, ou seja, estuda a humanidade em sua sociabilidade

permanente, analisando suas ações pela perspectiva da totalidade, e não do isolamento.

Para a Sociologia, a ação individual não pode ser pensada fora da sociedade, assim como a

sociedade se faz presente em cada ação individual. É essencial ao pensamento sociológico o

exercício de estranhamento, a capacidade de interrogar e de perceber como uma construção

humana se estrutura e dá forma à vida social.

Sociologia: metodologias para a construção do


conhecimento científico
Para analisar o funcionamento real de determinadas instituições sociais, como a escola, o

mundo do trabalho, o campo político ou a esfera familiar, o sociólogo pode-se valer de

diversas técnicas de pesquisa empírica, como a observação direta, a entrevista, o

questionário etc. Isso está diretamente relacionado à intenção de consolidar o saber

sociológico como um saber científico. Tal pretensão exige que esse profissional renuncie a

moldar a realidade com base em conceitos abstratos, construindo sua teoria com base em

investigações rigorosas da realidade.

Devido, talvez, ao seu desenvolvimento tardio em relação às outras ciências, a Sociologia se

vê, desde suas origens, constantemente confrontada com a questão de sua cientificidade. Se

às ciências puras, como a Matemática ou a Física, é possível certo distanciamento dos

problemas do mundo social, a Sociologia, por sua vez, vincula-se justamente às questões

inquietantes da sociedade, desde a sexualidade até às questões políticas, o que acaba

levantando um outro tipo de problema relacionado à polêmica em torno de sua

cientificidade: o problema da neutralidade ou da objetividade científica.

Levando-se em conta que a Sociologia tem por particularidade tomar por objeto de estudo as

transformações sociais que envolvem contextos socioculturais diversos e que o sociólogo

ocupa um lugar social, é necessário discernir com clareza os efeitos que o seu

posicionamento político pode ter na atividade científica que quer exercer.

Atualmente, parece superado o debate que de início ameaçava classificar a Sociologia como

ciência natural. Trata-se, hoje, a Sociologia em seu caráter específico; no entanto, vive-se uma

época, que se convencionou chamar de crise da pós-modernidade, caracterizada, entre outras

coisas, pela desilusão com as promessas modernas de emancipação humana. Essa crise
atingiu fortemente as ciências sociais, de modo que se questiona até que ponto seria possível

reverter esse quadro sem uma revisão de seus principais modelos.

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A crise da Sociologia deve-se principalmente ao descompasso entre sua capacidade

explicativa e a nova realidade social. Por exemplo, ainda se utiliza, algumas vezes, o sistema

de classes burguesia e proletariado – típico do capitalismo industrial – no contexto de

relações muito mais complexas do capitalismo globalizado. O fato é que se vivencia hoje uma

nova era de transição social: a sociedade industrial nacional está sendo substituída por uma

sociedade informacional global, na qual a identidade gerada, tanto pelo trabalho quanto pela

nação, está sofrendo um processo profundo de desconstrução, devido à revolução

informacional e à globalização. Nesse sentido, questiona-se, por exemplo, a concepção do

trabalho como categoria central da sociabilidade humana, já que, para alguns estudiosos,

caberia à linguagem, e não ao trabalho, esse papel fundamental.

O que se verifica, portanto, é a necessidade de se fazer um balanço crítico das conquistas e

fragilidades da Sociologia, assim como de seus impasses epistemológicos, a fim de que seja

possível a essa disciplina continuar exercendo o seu papel na explicação dos fenômenos

sociais. Já não faz mais sentido partir simplesmente das relações de produção como

dimensão condicionante da política, da cultura e da própria consciência. As questões são

bem mais complexas na atualidade, e não se deixam capturar por tais reducionismos.

A Sociologia estuda o ser humano inserido em seu meio. Sendo esse meio variado e

heterogêneo, cabe ao sociólogo a tarefa de, na medida do possível, buscar encontrar as

semelhanças que possibilitem uma descrição social válida. O universo social global, híbrido e

multicultural, é o objeto de estudos desse profissional tanto quanto uma pequena aldeia

indígena, com seus hábitos particulares. O horizonte de aplicação da análise sociológica


pretende-se, portanto, ao mesmo tempo local e global.

A Sociologia quer fazer não apenas a experiência concreta de uma dada realidade social, mas

quer também projetar suas informações para a consecução de teorias mais abrangentes. Foi

assim que, no começo do seu desenvolvimento, a Sociologia ocupou-se tanto das observações

restritas, quanto das teorias gerais. Atualmente, constata-se uma espécie de ruptura ou de

intervalo entre esses dois métodos. De um lado, postulam-se teorias abrangentes, e, de outro

lado, compilam-se informações. Essa fissura precisa ser superada, pois cabe a essa disciplina

tanto a acuidade da investigação empírica quanto a perspicácia da hipótese generalizada.

Sociologia para quê?


Depois de toda essa discussão, podemo-nos perguntar:

• Por que estudar Sociologia?

• Por que estudar o que o ser humano tornou possível?

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• Por que estudar aquilo que ele realizou, o modo pelo qual concebeu suas ideias e a
forma como essas ideias sustentaram civilizações?

Estuda-se para saber que o indivíduo reage a uma esfera maior, e que a estrutura social na

qual se insere provoca nele reações e o impele a novas conquistas. Satisfazer-se apenas com

a ciência em voga, sem estender o questionamento para as causas sociais que a tornaram

possível, é limitar o pensamento e restringir as possibilidades de ação, pois a ação humana

depende da compreensão de seus condicionamentos.

Sempre que a Sociologia se faz presente, o que se pretende é alcançar um nível de

interpretação capaz de propiciar ao ser humano não apenas o espetáculo de uma história já

desenvolvida, mas aumentar o poder criativo e a capacidade de transformação.

A Sociologia favorece a compreensão das sociedades, das culturas e dos diversos processos

que lhes asseguram a existência. O conhecimento da Sociologia torna possível uma tomada

de consciência das dimensões sociais subjacentes aos sistemas políticos, econômicos e

jurídicos, por exemplo. Além disso, no que concerne ao seu estudo no Ensino Médio, ela

relaciona-se diretamente às demais Ciências Humanas, favorecendo bastante a capacidade

crítica do aluno em relação a essas disciplinas.

Como toda ciência, a Sociologia é capaz de criar saberes; mas, devido a algumas

particularidades, ela requer uma vigilância constante em relação ao conhecimento que

produz, pois esse conhecimento pode, além de ser falso, tornar-se uma ideologia. Essa

necessidade de velar sempre por uma concepção não dogmática de saber faz dessa disciplina

um exercício incessante de reflexão.

A importância da Sociologia está no fato de que a sociedade atual, que se torna cada vez

mais carente de interpretação, cada dia mais desafiadora e mais atravessada por conflitos,

pede um pensamento hábil e perspicaz, uma reflexão crítica, sem ideologias, que abarque a

complexidade da sociedade contemporânea, pede uma audácia investigativa capaz de

desvendar tudo aquilo que se esconde por trás de discursos, ideias e atitudes.

Pratique: objetos e metodologias da Sociologia


Questão 01

Acerca da Sociologia, de seus métodos e de suas características, assinale a alternativa correta.

A A Sociologia toma como ponto de partida conceitos abstratos e, por meio deles,
elabora suas teorias.
B Na investigação sociológica não é necessária a observação direta da realidade, sendo

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suficiente para a compreensão dos fenômenos sociais o recurso às teorias
já concebidas.
C A pesquisa empírica efetuada na forma de observação direta, entrevistas ou
questionários é um método já defasado e irrelevante do ponto de vista sociológico.
D Para lograr êxito na interpretação dos complexos fenômenos sociais da atualidade, a
Sociologia precisa vincular-se mais fortemente às teorias clássicas, evitando revisões
ou reconstruções de suas categorias de análise que devem sempre ser concebidas
como realidades históricas imutáveis.
E O estudo da Sociologia possibilita a compreensão do mundo social no qual o indivíduo
está inserido, além de favorecer o espírito crítico em relação àquilo que subjaz a
discursos, ideias e atitudes.

O indivíduo na sociedade e a sociedade no indivíduo


A Sociologia parte de um pressuposto: a sociabilidade como característica fundamental, ainda

que não exclusiva, do ser humano. Embora o distinga a sua individualidade, personalidade,

interioridade ou psique, o sociólogo precisa estabelecer critérios para a execução de seu

trabalho. Nesse sentido, a individualidade não é negada, mas é, de um certo modo, afastada

em favor de um método cuja objetividade precisa buscar, antes de tudo, o caráter social do

ser humano, que se expressa em suas relações com o ambiente, com o trabalho, com o outro,

com a história etc.

A possibilidade de averiguar aquilo que relaciona ou que assemelha os seres humanos entre

si torna-se o objeto próprio do estudo sociológico, que tende a uma metodologia singular

para a qual o ambiente externo ao indivíduo vale mais do que as ideias que o definem.
Contudo, nem o indivíduo se ausenta da sociedade, nem a sociedade se ausenta do indivíduo.

Há entre essas duas partes uma contínua relação em meio a qual o sujeito constrói a sua

própria vida e se inclui na história comum a todos.

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Diego Cervo/Shutterstock

Cada um de nós pertence à sociedade, tanto quanto a si mesmo. Se nossa consciência,


laborando em profundidade, nos revela, à medida que desce além, uma personalidade cada
vez mais original, incomensurável com as demais e de resto inexprimível, pelo nosso aspecto
superficial, somos parecidos com as outras pessoas, semelhante a elas, unidos a elas por
uma disciplina, que cria entre elas e nós uma dependência recíproca.

BERGSON, Henri. As duas fontes da Moral e da Religião. Zahar: Rio de Janeiro, 1978.

As conexões sociais
O indivíduo não apenas constata a sua ligação social; ele também permite essa ligação se
doando sistematicamente ao esforço coletivo de construção, de empreendedorismo e de

inovação. Cada indivíduo, ao se consagrar ao próprio trabalho e à própria família, fortalece


uma engrenagem maior do que aquela que o cerca mais intimamente. Produzindo o que lhe

compete e dando o melhor de si, contribui para algo que o ultrapassa, a sociedade, dela
tirando proveito na mesma medida em que a mantém.

A solidez do indivíduo encontra-se no seu entrelaçamento social, na solidariedade que o une

aos outros seres humanos. A sociedade simultaneamente constrange e impulsiona o


indivíduo, porque faz dele um dos pilares de sua coesão e requer dele a energia de ação

para renovar a si mesma. A sociedade, portanto, arrebata o indivíduo do seu isolamento,


fazendo-o ator, mesmo que inconsciente, da produção social e histórica da humanidade, com

suas transformações, suas conquistas, seus erros e seus acertos. Mesmo solitário, o ser
humano se socializa na medida em que sua linguagem, sua cultura, sua vestimenta e seu

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ambiente estão impregnados de construções históricas, de ações sociais, de valores e de

simbolismos.

Ilustração representando a história de Robinson Crusoé.


Reprodução

Até materialmente, Robinson em sua ilha permanece em contato com os demais homens,
porque os objetos manufaturados que salvou do naufrágio, e sem os quais não teria
escapado dos apuros, o mantêm na civilização e, por conseguinte, na sociedade.

BERGSON, Henri. As duas fontes da Moral e da Religião. Zahar: Rio de Janeiro, 1978.

A questão da aceitação social


Tanto quanto seja possível ao indivíduo vincular-se à sociedade e buscar a sua aceitação, ele

o fará. Mesmo que o propósito de suas ações não seja adequado aos padrões sociais vigentes,
ainda assim buscará a aceitação social, seja de um grupo, da família, de um amigo ou de

uma instituição a qual se vincule.

O reconhecimento do outro atua, portanto, como uma espécie de ímã que o leva à busca

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constante de algum respaldo para as suas próprias ações.

Diante da dificuldade de lidar com comportamentos, desejos ou crenças que não tenham aceitação generalizada, busca-
se acolhimento em um determinado grupo, com o qual seja possível compartilhar as mesmas ideias.
Reprodução

A adesão do indivíduo à sociedade se dá de forma mais ou menos elementar: inicialmente na

família, posteriormente na escola, no trabalho etc. Em cada um desses campos de atuação, o


indivíduo acostuma-se a solicitar de si mesmo a constância nas suas obrigações, que,

imperceptivelmente, o vinculam a uma esfera de relações maiores. A coesão social


dependerá, em grande parte, da boa inserção de cada indivíduo na esfera de atuação que lhe

seja própria.

Reprodução

Um exemplo da tensão entre o individual e o social é demonstrado na síndrome do espectro

autista. Em geral, os indivíduos portadores dessa síndrome desenvolvem outras formas de


socialização. É o caso da menina inglesa Iris Grace Halmshaw, que foi diagnosticada autista

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em 2011. A criança não consegue falar devido a um problema de desenvolvimento neural,
mas descobriu na pintura uma maneira de se expressar. Apesar de não interagir

verbalmente com outras pessoas ou mesmo manter contato visual, Iris gosta de ficar em
contato com a natureza e manifesta sua afeição por árvores, água e vento em suas obras. Os

quadros da menina são mundialmente famosos.

Além de um programa já traçado pela sociedade e a que cada um se esforça mais ou menos
para seguir, cada um de nós constrói, ainda, uma espécie de juiz interno que nos afiança a

legitimidade e a correção de nossas ações e o seu grau de aceitação perante a sociedade. O


filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) costumava apregoar que o dever moral atua

sobre o indivíduo como um imperativo. Tal imperativo, ou a obrigação que dele emana,
torna possível a coexistência entre os homens e a manutenção da sociedade, pois induz o

indivíduo à aceitação das estruturas culturais e dos valores morais já enraizados no meio em
que se vive. A obrigação moral confunde-se, dessa maneira, com a exigência social.

No entanto, convém notar que a obrigação moral é atributo dos indivíduos livres. Pelo

menos a obrigação tal como concebida por Kant, no sentido de uma maturidade intelectual
que faz do indivíduo o único capaz de legislar sobre as próprias ações. Dependendo da

situação histórica a que se refira, é possível ver na obrigação moral o ponto culminante da
estrutura social bem organizada. Em outras palavras, a sociedade na qual o indivíduo age em

benefício dos outros pela própria razão e não pela coerção externa encontra-se em um
patamar mais complexo que aquelas sociedades em que a ação do indivíduo precisa ser

continuamente punida pelos seus desvios.

Pratique:
olhar sociológico sobre os indivíduos, as relações
sociais e a sociedade
Questão 01

Normalmente, quando se fala de socialização, se pensa no processo de interiorização de

normas e de comportamentos sociais pela criança. Durkheim afirma que a


socialização primária da criança, que ocorre nos primeiros anos de vida, é de

responsabilidade da família, e a socialização secundária se faz em instituições como a igreja


e a escola.

Considerando que vivemos no século XXI, que outras instituições participam hoje da

socialização da criança? Cite duas e justifique sua escolha.

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Questão 02

Escolha um fenômeno social que lhe interesse e faça uma análise dele na tentativa de
compreender seus condicionamentos, seus efeitos, as ideias que o sustentam e o modo como

se reflete em alguns indivíduos. Registre suas ideias no caderno.

Como analisar a sociedade?


Com base nessas reflexões, é possível construir um critério de avaliação da situação de cada
sociedade e, assim, emitir um juízo de valor sobre o nosso próprio tempo. A sociedade na

qual o indivíduo se propõe um ideal de humanidade, ou seja, aquela em que o alvo da ação
do indivíduo ultrapassa o interesse próprio pode ser considerada como uma sociedade bem-

sucedida, exitosa. Trata-se apenas de um critério, mas ele torna possível a reflexão sobre o
valor de um dado momento histórico e de uma dada realidade social. Ele abre espaço para a

pergunta: é boa a sociedade em que eu vivo? Por quê? É legítimo compará-la com outras
sociedades cujos valores me são estranhos?

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