Você está na página 1de 64

Técnica e tecnologia

PRINCÍPIOS DO PROJETO DE CURRÍCULO (PRINCIPLES OF CURRICULUM DESIGN) - EDU500 - 3.1


Técnica e tecnologia • 2/15

Técnica e tecnologia
Conteúdo organizado por Natasha Young Buesa em 2022 do livro
Convergências entre Currículo e Tecnologias, publicado em 2019 por Siderly
do Carmo Dahle de Almeida.

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer a origem das técnicas e tecnologias com a origem da civilização.
• Compreender a diferença entre os termos técnica e tecnologia.
• Entender qual o vínculo existente entre tecnologia, educação e currículo.
Técnica e tecnologia • 3/15

Introdução
‘Sociedade da Informação e do Conhecimento’, ‘Tecnologias da Informação e
Comunicação’ (TIC), ‘Tecnologias Digitais’, ‘Aprendizagem’, ‘Currículo’, ‘Práticas
Pedagógicas’, e tantas outras… Como juntar todas essas expressões no pensar sobre
a educação contemporânea?
Qual a relevância das tecnologias da informação para o processo de ensino e
aprendizagem moderno? Será que essa inserção alterou a forma de ‘fazer’ educação?
Conhecemos as respostas a essas perguntas, visto que as tecnologias, quando
articuladas ao currículo escolar levam consigo a promessa de transformações
significativas e positivas, superando a forma de ensino tradicional, no qual docentes
são os transmissores únicos da informação, o centro do ‘fazer educação’ e os discentes
são sujeitos passivos, recebedores desse saber pronto e expositivo.
Com essa relação a aprendizagem ganha outra roupagem, vislumbra outras
possibilidades e a prática pedagógica se transforma em fomentadora de
conhecimentos significativos. (Tezani, 2017)
Reforçaremos a ideia de que as tecnologias digitais nos auxiliam, atualmente, a
transformar o processo pedagógico em algo mais dinâmico e proveitoso.

A origem da civilização e das técnicas e tecnologias

Em tempos remotos, para garantir a sua sobrevivência, os seres humanos usavam a


astúcia para controlar os elementos da natureza como o fogo, os ossos e pedaços de
madeira que podiam ser utilizados para sua defesa ou mesmo para o ataque, caso
fosse preciso.
O tempo foi passando e os seres humanos, que tinham as melhores ferramentas, iam
se sobrepondo aos outros, então, além de seu próprio corpo, usavam o cérebro para
raciocinar e guardar informações conforme suas necessidades.
Sabemos, daquela época, que o ser humano foi se diferenciando dos demais animais
a partir do momento em que passa a usar os recursos da natureza para sobreviver
e se desenvolver, empregando-os em benefício próprio, no processo chamado
‘humanização’.
Técnica e tecnologia • 4/15

A habilidade cerebral e o fato de andar sobre suas próprias pernas deram ao ser
humano a capacidade de sobreviver, e ao ter as mãos livres foi capaz de produzir as
primeiras ferramentas e objetos úteis para seu uso e que lhe permitiram enfrentar as
adversidades da natureza.
Além dessas habilidades, a capacidade de agregação social lhe permitiu conviver em
sociedade, superando a fragilidade biológica, criando vestimentas, armas, habitação,
utensílios e outros elementos e objetos que lhe ajudavam a sobreviver e a se
desenvolver.
Em grupos nômades, esses seres primitivos iam criando objetos de pedra, idealizando
técnicas de caça e de pesca e dominando o fogo. Mais adiante, ao conviver em aldeias
passaram a ser capazes de construir vivendas e ferramentas de cerâmica e de metal e
assim iam se desenvolvendo, criando, inovando e descobrindo novas ferramentas e
assim iam ampliando cada vez mais as suas perspectivas de sobrevivência.
À medida em que foram fomentando a agricultura, os seres humanos aumentaram o
uso da roda, do arado e dos moinhos, desenvolveram a metalurgia, criaram os sistemas
de irrigação e a utilização dos animais domésticos. O aperfeiçoamento da agricultura
propiciou a construção de obras públicas e a fundação das cidades. Aos poucos,
foram desenvolvendo diferentes maneiras de obter energia elétrica e diversificando
suas forças produtivas até o surgimento de grandes indústrias, chegando, no contexto
civilizatório atual. (Tezani, 2017)
Técnica e tecnologia • 5/15

Saiba Mais
Para conhecer um pouco mais sobre as tecnologias primitivas e a
evolução ao longo do tempo leia os seguintes textos e veja os vídeos
indicados:
1. Rodrigues, P. E. Tecnologias na pré-história. https://www.infoescola.
com/historia/tecnologias-na-pre-historia/ acessado em 09 de junho
de 2022
2. Hayne, L. A; & Wyse, A. T de S. (2018) Análise da evolução da
tecnologia: uma contribuição para o ensino da ciência e tecnologia.
https://periodicos.utfpr.edu.br/rbect/article/download/5947/pdf
acessado em 09 de junho de 2022
3. Vídeo da profª Cíntia. A evolução tecnológica. https://www.
youtube.com/watch?v=eK1vUVsXYM8 acessado em 09 de junho
de 2022.
4. Vídeo do Projeto dias. Evolução das tecnologias na educação.
https://www.youtube.com/watch?v=tcLLTsP3wlo acessado em 09
de junho de 2022.
Técnica e tecnologia • 6/15

Diferença entre técnica e tecnologia

Vamos então agora determinar a diferença entre os termos técnica e tecnologia.


A técnica corresponde à habilidade do ser humano para executar alguma coisa,
colocar ações em prática, está ligada ao ‘fazer’, ao ‘executar algo’. Por outro lado, a
tecnologia é o resultado das técnicas. Engloba as técnicas, os conhecimentos e tudo
que o ser humano foi capaz de criar e desenvolver.
Ao pensarmos na evolução da civilização, percebemos que ela ocorre a partir da
descoberta e da aplicação de novas ideias, de novas técnicas de trabalho e de produção.
Essa evolução está intimamente ligada às tecnologias que foram desenvolvidas em
determinado período, que foram identificadas em função do avanço tecnológico
atribuído à sua época. Afinal, a medida que o tempo passou e a civilização evoluiu
ocorreram criações, descobertas e desenvolvimento contínuo ao longo do tempo.
Vale ressaltar que a medida em que há avanço científico, amplia-se o conhecimento
existente até aquele momento sobre determinado recurso, como por exemplo, sobre
a pedra e o ferro que foram sendo utilizados para novas práticas e para a criação de
novas ferramentas, cada vez mais sofisticadas.
Ainda há que se ressaltar que o avanço tecnológico não se restringe ao uso de materiais
e de objetos, ele também transforma o comportamento humano de um grupo social,
como a roda, por exemplo, que transformou imensamente o deslocamento e a
produção, gerando novas descobertas e transformações.
O mesmo ocorre ainda hoje no que tange aos avanços nas comunicações com o
surgimento e divulgação das tecnologias digitais, que alteraram, profundamente, a
forma como as pessoas se comunicam e trabalham.
Não se pode pensar, hoje em dia, em como as informações eram transmitidas nos
ambientes profissionais antes do avanço gritante das tecnologias digitais. Talvez alguns
de nós se lembre de uma época em que a comunicação entre as pessoas quando não
era presencial, era feita por ligação por meio de telefone fixo que era caríssimo de se
ter, o acesso a ele era apenas para poucos. A comunicação também ocorria por meio
do envio de cartas que demoravam, às vezes, meses a chegar ao destinatário, ou por
telegrama, dentre algumas outras tecnologias existentes até aquele momento.
Técnica e tecnologia • 7/15

Parece estranho falar sobre isso, mas o pior é que não faz tanto tempo assim. Mas,
vamos em frente.
Da mesma maneira que ocorreu com os ‘homens das cavernas’, essa relação entre
poder e técnica se agravou a ponto de a inovação tecnológica dar ainda mais poder
e chances de dominar e de acumular riquezas a quem as tem.
A tecnologia não diz respeito apenas a máquinas, também tem a ver com a inteligência,
e a linguagem reflete a tecnologia da inteligência, pois gera a construção humana que
permite a comunicação entre as pessoas, e que se transforma a todo instante. Temos
ainda as TICs, que se associam à tecnologia da inteligência, que não se apresentam em
apenas um suporte (formato, meio), e que são capazes de causar respostas emocionais,
prender a nossa atenção e nos influenciar, como a televisão e os computadores
pessoais, para citar alguns dos mais convencionais apenas. (Tezani, 2017)
Técnica e tecnologia • 8/15

Mas afinal o que são tecnologias e qual o seu vínculo com a


educação e o currículo?

Já faz alguns anos que ouvimos falar sobre o uso das tecnologias no processo educativo,
afinal, atualmente elas estão tão presentes que nem nos lembramos ou percebemos
que as estamos utilizando, e muito menos nos lembramos de como era nossa vida antes
delas. Porém, nesse caso, são as tecnologias digitais de informação e comunicação
(TDICs) que surgiram juntamente com a internet. São tecnologias bem mais modernas
do que aquelas surgidas no início da civilização, não é verdade?
Diga-me a verdade… você consegue hoje em dia ficar sem acessar seu e-mail, seu
WhatsApp, seu Facebook, seu Instagram, ou algum outro desses aplicativos ou
ferramentas digitais por 24h? Provavelmente, a resposta obtida seja que não. Vale
ressaltar que, hoje, podemos resolver quase todas as nossas pendências e necessidades
por meio de um aparelho celular, como pagar uma conta, comprar qualquer coisa,
inclusive em outro país, diga-se de passagem, saber o que está acontecendo no Brasil
e no mundo, e inclusive … telefonar.
Com tantos benefícios e facilidades, por qual motivo nós ainda não conseguimos
associar, efetivamente, a tecnologia e o currículo escolar? O que está faltando? Será
que estamos exigindo demais das tecnologias? Será que mesmo com tanta tecnologia
a base de tudo está no conteúdo e na forma como é transmitido? Após mais de 20
anos de existência da internet, será que a educação mudou efetivamente? (Almeida,
2019)

Breves pinceladas sobre tecnologias educacionais

Nos dias atuais, as instituições educacionais (não todas, mas muitas delas) contam
com diversos recursos tecnológicos como projetores (datashow por exemplo),
computadores, tablets, celulares, internet, mídias sociais, ambientes virtuais, além das
várias opções de hardware e software, algumas pensadas especificamente para a
educação, outras vieram de outras aplicações e foram adaptadas para a escola, porém,
todas fazem muita diferença na qualidade das aulas ministradas.
Técnica e tecnologia • 9/15

Perfeito, estamos nos habituando a elas, mas … e o quadro-negro (ou branco) e o


giz? Será que podem ser consideradas tecnologias educacionais? Estão lembrados
do estudo que (re)fizemos sobre a origem das técnicas e tecnologias na origem da
civilização? Pois bem, vale dizer que a partir do momento em que o homem começa
a criar objetos e ferramentas para resolver seus problemas e que esses objetos e
ferramentas suprem essas necessidades estamos diante da ‘tecnologia’. Portanto
o quadro-negro e o giz são tecnologias tradicionais, aquelas que foram a base da
educação, e que, com certeza, continuam e continuarão fazendo a sua parte do
processo educativo. Mesmo que se insiram todas as mais modernas tecnologias em
sala de aula, ainda assim a figura do professor, ali na frente da sala de aula, com seu giz
ou pincel atômico (estamos ficando mais modernos), diante do seu quadro (seja ele
qual for, o negro, o branco, o de vidro ou o digital, estamos realmente ficando mais
modernos) dificilmente será substituído 100%. Afinal, nós, somos seres que vivemos
em sociedade, que gostamos de estar com pessoas e que precisamos de contato com
as pessoas para a nossa socialização.
Diante do exposto, é preciso refletirmos que para que exista uma relação entre
tecnologia e currículo, a tecnologia precisa ser necessária, independentemente
de sua utilidade, e que a presença da tecnologia por si só não garante que ocorra
o processo de ensino e aprendizagem. Por exemplo, o fato de uma escola ter um
laboratório de informática com computadores de última geração, não garante que os
alunos saibam informática, mas não ter professores capacitados para usá-lo, impactará
no aprendizado, não é verdade?
É preciso que exista um preparo, um treinamento, um verdadeiro envolvimento e
conhecimento, para utilizar, da melhor forma possível, a tecnologia a serviço da melhor
aprendizagem, afinal, não é a tecnologia que torna o mundo mais democrático, mas o
homem e a forma como ele a utiliza.
Técnica e tecnologia • 10/15

Em Resumo

Estudamos, nesta aula, que em tempos remotos, para garantir a sua sobrevivência,
os seres humanos usavam a astúcia para controlar os elementos da natureza, que
poderiam ser utilizados para sua defesa ou mesmo para o ataque, caso fosse preciso.
Atualmente, o ser humano recorre a uma série de recursos, mais ou menos tecnológicos
para sua sobrevivência, e quanto mais existe o domínio sobre eles, mais esse ser humano
sobressai. Aprendemos que a técnica corresponde à habilidade do ser humano para
executar alguma coisa, que está ligada ao ‘fazer’, e que por outro lado, a tecnologia é
o resultado das técnicas, as engloba, e inclui ainda os conhecimentos e tudo que o ser
humano for capaz de criar e desenvolver. Também estudamos que o vínculo entre as
tecnologias e a educação ocorre quando existe, de fato, um uso que gere conhecimento
significativo na escola, não sendo apenas uma representação de uma prática tradicional
com cara moderna, como o uso do computador apenas para digitar as respostas de uma
atividade. E assim como aconteceu no passado, que novas necessidades foram surgindo
e com isso foram criadas novas ‘tecnologias’, o mesmo ocorre nos dias atuais e continuará
acontecendo, portanto, cabe a nós, docentes e demais agentes das instituições de ensino
nos adaptarmos a essa nova realidade.
Técnica e tecnologia • 11/15

Na ponta da língua

Referências Bibliográficas
Almeida, Siderly do Carmo Dahle de. (2019). Convergências entre currículo e
tecnologias. [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes.
Tezani, Thaís. (2017) Tecnologias da Informação e comunicação no ensino. São Paulo:
Pearson Education.
Técnica e tecnologia • 15/15

LIVRO DE REFERÊNCIA:

Convergências entre Currículo e Tecnologias


Siderly do Carmo Dahle de Almeida.
Intersaberes

Imagens: Shutterstock
currículo
As tecnologias digitais de
informação e comunicação e o
PRINCÍPIOS DO PROJETO DE CURRÍCULO (PRINCIPLES OF CURRICULUM DESIGN) - EDU500 - 3.2
As tecnologias digitais de informação e comunicação e o currículo • 2/16

As tecnologias digitais de informação e


comunicação e o currículo
Conteúdo organizado por Natasha Young Buesa em 2022 do livro
Convergências entre Currículo e Tecnologias, publicado em 2019 por Siderly
do Carmo Dahle de Almeida.

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender como ocorre a inserção das tecnologias nos currículos.
• Conhecer alguns programas de inclusão de tecnologia nos currículos.
As tecnologias digitais de informação e comunicação e o currículo • 3/16

Introdução
Estamos estudando, e vivenciando, que as tecnologias da informação e comunicação
transformaram as formas de se relacionar, e claro, de se comunicar, dos seres humanos.
A possibilidade de uso dos telefones móveis, o rápido e fácil acesso às informações
(hoje em nossas mãos, literalmente), a digitalização cada vez mais crescente de
documentos, substituindo os arquivos físicos em papel, o acesso à literatura digital e
a automação de ações cotidianas, como transferir dinheiro, fazer compras, passar por
uma teleconsulta, são exemplos que deixam clara a passagem do século XX para o
século XXI, período que ficará gravado como de passagem do mundo analógico para
o digital.
Nos dias atuais, as redes sociais são fundamentais para a transmissão e divulgação
rápida de informações, encurtando (ou eliminando) as distâncias (ainda que não
sejam físicas) e modificando sobremaneira os modos de ser e de agir. (Wunsch, 2018)
Diante desse contexto, as instituições de ensino e seus agentes não poderiam ficar de
fora. Portanto, vamos estudar as influências e benefícios das tecnologias no processo
educativo, mas principalmente nos currículos.
Vejamos primeiro como ocorreu o processo de inserção das tecnologias digitais de
informação e comunicação no currículo escolar.

Inserção das tecnologias nos currículos

A inserção das TICs no currículo escolar no Brasil ocorreu antes do boom no uso
da internet como conhecemos hoje. Foi no início da década de 1980, atendendo
às recomendações advindas dos encontros realizados pelo Ministério da Educação
(MEC), no Projeto Educom.
Nele, surgiu a ideia de distribuir em 5 instituições de ensino superior públicas,
centros de informática em educação. São elas: a Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e
a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
As tecnologias digitais de informação e comunicação e o currículo • 4/16

A escolha deveu-se ao fato de elas já desenvolverem pesquisas sobre o uso de


computadores como recurso para melhorar a aprendizagem. Cada uma delas
organizava seus projetos partindo de problemas, encontrando soluções.
Essa proposta inovadora procurava desenvolver um currículo que fomentasse uma
formação crítica, empregando a tecnologia para a escolha, aquisição e compartilhamento
de informações de forma a construir novos conhecimentos e modificar os antigos,
colocando em evidência a mudança necessária no papel do professor, que precisaria
ser menos conteudista para ser mais questionador, mostrando aos seus alunos a
importância da pesquisa, da descoberta e da dúvida, estimulando a busca pelo saber.
(Almeida, 2019)
Do início de 1980 até o final de 1990, os softwares educacionais ofereciam programas
que pareciam com instruções programadas ou com linguagem de programação, que
empregavam a linguagem Logo. Os softwares vinham em disquetes, e mais adiante,
em CD-ROM, a cada nova mídia que surgia proporcionava mais interatividade e
simultaneidade, principalmente a partir do uso de recursos de hipermídia.
Quem se lembra de usar aqueles disquetes enormes e com pouco armazenamento
para salvar arquivos ou baixar informações?
As tecnologias digitais de informação e comunicação e o currículo • 5/16

Castells (2005, como citado em Tezani 2017), a respeito do uso das novas tecnologias
de telecomunicações de 1980 a 1990, explica que elas passaram por 3 estágios:
○ a automação de tarefas;
○ as experiências de usos; e
○ a reconfiguração das aplicações.
No caso dos dois primeiros estágios, o processo baseou-se no ‘aprender usando’, e
no terceiro no ‘aprender fazendo’, o que causou uma reconfiguração das redes e a
descoberta de novas formas de aplicação e uso. (Tezani, 2017)
Continuando com nossa trajetória da inserção das TICs no currículo, um docente
do Massachusetts Institute of Technology (MIT) chamado Seymour Papert, que
tinha trabalhado com Jean Piaget, organizou um movimento que procurava realizar
transformações significativas nas práticas pedagógicas, usando computadores
para o ensino.
Antes, porém, em 1967, junto com Marvin Minsky, um especialista em inteligência
artificial (IA), desenvolveu a linguagem de programação chamada Logo, que
possibilitava que o usuário executasse seus programas de forma lúdica e fácil.
Do ponto de vista da educação, o Logo era simples, porque apresentava características
que permitiam aos usuários de diversas áreas e níveis de escolaridade, usá-lo. Do
ponto de vista da computação, era uma linguagem complexa, porque apresentava
características de 3 paradigmas computacionais diferentes: o procedural, o orientado
a objetos e o funcional. Porém, o Logo é mais conhecido pelo primeiro paradigma,
o procedural, especialmente o Logo Gráfico, caracterizado pela presença de uma
tartaruga no cursor, que se deslocava pela tela com alguns comandos.
Esse comando da tartaruga auxiliava os alunos no aprendizado de importantes
conceitos matemáticos ligados à geometria, que ficaram conhecidos como ‘geometria
da tartaruga’. Vale ressaltar que essa abordagem, denominada ‘construcionista’
(fundamentada no construtivismo de Piaget), visava causar uma intensa mudança no
processo de ensino e aprendizagem.
As tecnologias digitais de informação e comunicação e o currículo • 6/16

Saiba Mais
Para conhecer um pouco mais sobre a Geometria da Tartaruga, leia os
seguintes textos:
Atractor. (2010) No rastro da tartaruga. https://www.atractor.pt/
publicacoes/270.pdf acessado em 09 de junho de 2022.
Motta, M. S & Miranda, D. F. de. (2008) Geometria da Tartaruga.
http://www1.pucminas.br/imagedb/documento/DOC_DSC_NOME_
ARQUI20140528143213.pdf acessado em 09 de junho de 2022

Essa abordagem foi muito utilizada por pesquisadores da Universidade Federal do


Rio Grande do Sul (UFRGS) que se preocupavam com as dificuldades que os alunos
do ensino fundamental apresentavam no estudo da matemática, nas escolas públicas.
Em 1990, quando Paulo Freire foi Secretário da Educação no município de São Paulo,
originou-se o ‘Projeto Gênese’ que procurava unir a tecnologia aos currículos como
ferramenta interdisciplinar. Em algumas escolas, iniciou-se uma disciplina voltada
para o desenvolvimento de competências de domínio básico dos equipamentos de
informática, o que propiciou a inserção no currículo dos conteúdos ministrados nessa
disciplina.
No entanto, após a inserção de computadores em algumas escolas como apenas ‘mais
um recurso disponível’, percebeu-se que essa inserção tinha sido feita da mesma forma
que outrora ocorrera com os recursos audiovisuais, sem uma análise anterior sobre as
possibilidades de colaboração significativa, de fato, ou seja, sem preparo.
De forma a articular as diferentes áreas de ensino com a tecnologia, as instituições
tentaram usar o computador no desenvolvimento de projetos. Assim, a informática
seria usada pelos estudantes como uma ferramenta para solucionar um problema
ou implementar um projeto, percebendo-se que para ter sucesso nesse feito, seria
necessário o apoio político pedagógico institucional, bem como redefinir os conceitos
de conhecimento, de ensino e de aprendizagem.
As tecnologias digitais de informação e comunicação e o currículo • 7/16

A partir de então, foram surgindo diversos programas dos governos federal, estadual
e municipal, e estímulos das instituições privadas de ensino que fomentaram a inserção
das tecnologias de informação e comunicação nos currículos, atraindo a atenção
dos estudantes de todos os níveis de ensino, mas preocupando-se, também com a
formação e preparo dos professores para essa nova realidade. (Almeida, 2019)

Programas de inclusão de tecnologia nos currículos

A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), de 1997 a 1998, em


uma parceria com a Secretaria de Estado de Educação de São Paulo (SEE/SP), criou
o subprojeto ‘Informática na Educação’ (inserido no Programa de Educação
Continuada - PEC), voltado para a formação docente, de forma a conseguirem inserir
o computador nos conteúdos curriculares, com novas propostas para a formação e
conhecimento sobre esse equipamento como ferramenta para que os estudantes
fossem capazes de aprender sozinhos, realizando pesquisas e descobertas.
Foi nessa época que surgiu o Programa Nacional de Informática na Educação, o
ProInfo, que implantou 119 núcleos de tecnologia educacional em 26 Estados e no
Distrito Federal, desenvolvendo cursos de especialização em informática que foram
oferecidos a 1419 multiplicadores desses núcleos.
As tecnologias digitais de informação e comunicação e o currículo • 8/16

Para o ano de 1999, a proposta era de entrega de 30 mil computadores a escolas e


outros 100 núcleos e a previsão para 2002 era a de atender 6 mil escolas. (Almeida,
2019)
Figura 1 - ProInfo - planejado x realizado

Fonte: Valente, 2016, p. 61, como citado em Almeida, 2019, p. 97

Percebe-se que poucas metas foram superadas.


Há que se reforçar que até então ainda não tinha sido possível a convergência entre as
TICs e os conteúdos inseridos nos currículos. A partir de 2007, o ProInfo se transforma
em ProInfo Integrado, propondo fornecer infraestrutura e treinamento, assim como
a criação de comunidades virtuais e o oferecimento de conteúdos e recursos digitais
para conectar tecnologia e educação.
Por meio do ProInfo Integrado, o Ministério da Educação (MEC) desenvolveu várias
estratégias para implementar as tecnologias nos currículos. Seguem algumas das que
vêm sendo implementadas há pouco mais de 10 anos e que podem ser encontradas
no Portal do Ministério da Educação:
● Cursos de extensão do ProInfo Integrado: são cursos que articulam as
tecnologias no dia a dia do sistema escolar, distribuindo equipamentos nas
escolas e oferecendo conteúdos e recursos tecnológicos pelo Portal do Professor,
pela TV Escola, pelo Domínio Público e pelo Banco Internacional de Objetos
de Aprendizagem. São cursos dos mais básicos aos mais avançados para que os
professores possam inserir as tecnologias em suas práticas.
As tecnologias digitais de informação e comunicação e o currículo • 9/16

● Mídias na Educação: são cursos de extensão, aperfeiçoamento e especialização,


oferecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes), desde 2009, aos professores da educação básica.
● Projeto UCA (um computador por aluno): desenvolvido desde 2007, é a
primeira real iniciativa governamental de integração da tecnologia ao currículo
para a educação como um todo e não apenas como um projeto de inserção
de laboratórios exclusivamente para aulas de informática. Os dados do projeto
indicam que, em 2009, foram inseridos 150 mil laptops em 350 escolas públicas
do Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
● Banda larga nas escolas: foi um programa lançado em 2008 pelo governo,
com gestão do MEC, em parceria com a Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel), o Ministério das Comunicações, mais o Ministério do Planejamento e as
Secretarias de Educação dos Estados e municípios, para oferecer infraestrutura e
levar a internet às escolas públicas, com manutenção até o ano de 2025.
Considerando que este último projeto não foi desenvolvido a contento, em 2015,
ao ocorrer o ‘Seminário Escolas Conectadas: equidade e qualidade na educação
brasileira’, escolas públicas e privadas propuseram a universalização das tecnologias nas
escolas, com disponibilidade de ferramentas e equipamentos acessíveis e interativos,
o fomento técnico-profissional para os docentes, o suporte necessário para as áreas
de infraestrutura, para os desenvolvedores e para os próprios docentes. (Conselho
Nacional de Secretários de Educação - Consed, 2015, como citado em Almeida, 2019)
Vale ressaltar que a implantação de projetos e programas por parte do governo deixa
muito a desejar no que se refere à integração dos programas que são oferecidos.
Há um grande esforço sendo feito para se oferecer um produto de qualidade, no
entanto, o que se observa é que não existe um envolvimento dos estados e municípios,
portanto o engajamento da comunidade escolar quase não existe, e termina sendo
ouvida apenas quando da implantação dos projetos, causando insatisfação nos alunos
e professores. Uma pena!
As tecnologias digitais de informação e comunicação e o currículo • 10/16

Saiba Mais
Para conhecer um pouco mais sobre os projetos do Ministério da
Educação acesse o portal: https://www.gov.br/mec/pt-br acessado em
09 de junho de 2022
Para compreender melhor as dificuldades enfrentadas na tentativa de
conectar tecnologia e currículo, assista ao seguinte vídeo:
Mário Sérgio Cortela. (2010). Paradigmas da Tecnologia na Educação.
https://www.youtube.com/watch?v=VJbouCuoJKk acessado em 09 de
junho de 2022

Em Resumo

Pudemos aprender, ao longo desta aula, que a inserção das TICs no currículo escolar
brasileiro ocorreu antes do boom no uso da internet como conhecemos hoje em dia, mais
precisamente, no início da década de 1980, atendendo às recomendações advindas dos
encontros realizados pelo Ministério da Educação (MEC), no Projeto Educom. Também
acompanhamos algumas estratégias que foram sendo implementadas ao longo do
tempo. No entanto, ainda percebe-se que para que exista, realmente um verdadeiro
vínculo entre tecnologia e educação é necessário criarmos, a cada dia, possibilidades
de ensino significativo, e não apenas empregar recursos tecnológicos para transmitir os
conteúdos de uma forma ‘digital’, sem inovação, sem novas metodologias, sem motivar
os estudantes do século XXI que são hiperativos e que precisam de novos tipos de
motivação.
As tecnologias digitais de informação e comunicação e o currículo • 11/16

Na ponta da língua

Referências Bibliográficas
Almeida, Siderly do Carmo Dahle de. (2019). Convergências entre currículo e
tecnologias. [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes.
Tezani, Thaís. (2017) Tecnologias da Informação e comunicação no ensino. São Paulo:
Pearson Education.
Wunsch, Luana Priscila. (2018) Tecnologias na Educação: conceitos e práticas. Curitiba:
InterSaberes.
As tecnologias digitais de informação e comunicação e o currículo • 15/16

a) B - C - A - D
b) C - B - D - A
c) A - C - D - B
d) B - D - A - C
LIVRO DE REFERÊNCIA:

Convergências entre Currículo e Tecnologias


Siderly do Carmo Dahle de Almeida.
Intersaberes

Imagens: Shutterstock
educacionais
e comunicação nas abordagens
As tecnologias digitais de informação
PRINCÍPIOS DO PROJETO DE CURRÍCULO (PRINCIPLES OF CURRICULUM DESIGN) - EDU500 - 3.3
Capturando valor através da transformação digital • 2/16

As tecnologias digitais de informação e


comunicação nas abordagens educacionais
Conteúdo organizado por Natasha Young Buesa em 2022 do livro
Convergências entre Currículo e Tecnologias, publicado em 2019 por Siderly
do Carmo Dahle de Almeida.

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender em que consiste o Instrucionismo.
• Conhecer a abordagem Construcionista.
• Entender o que aborda o Conectivismo.
Capturando valor através da transformação digital • 3/16

Introdução
Ao longo desta Unidade, estamos conversando sobre a associação que deve
ocorrer, a cada dia, entre a tecnologia e os conteúdos inseridos nos currículos.
Também percorremos o trajeto dos projetos educacionais inseridos pelo governo
no Brasil e observamos que muito ainda precisa ser feito para que tenhamos, de
fato, a verdadeira educação tecnológica. Convenhamos que não basta que as escolas
recebam equipamentos, internet e que criem laboratórios de informática se não
houver pessoas (docentes, mas outros agentes educacionais também) que saibam
usar ou dar o suporte para o uso dessas tecnologias, de forma que deixem de ser
apenas recursos e passem a criar efetiva aprendizagem significativa.
Vivemos em um mundo e em um momento no qual estamos e continuaremos
vivenciando uma imensa ampliação dos meios de comunicação, que está modificando
a forma como apreendemos a realidade, e no que se refere à escola, modificando
a forma como ensinamos e como aprendemos. Antigamente as pessoas precisavam
ouvir os relatos dos viajantes para conhecer o mundo em terras distantes, atualmente
podemos conhecer o mundo na palma de nossas mãos, podemos inclusive ‘entrar’
remotamente em muitos dos lugares do mundo sem estarmos presencialmente lá.
Não é mais possível conceber o mundo sem as TICs, que fazem parte de nossas vidas
e que transformaram o comportamento das pessoas, que muitas vezes passaram a
depender completamente dessas novas tecnologias para viver.
Trazendo essa conversa novamente para a educação, a escola é o local que vai fazer
com que seus usuários (discentes e demais agentes) se apropriem desses meios e
os usem de forma reflexiva, desenvolvendo uma consciência crítica, fortalecendo a
identidade das pessoas e de seus grupos sociais.
Como já verificamos, a tecnologia está em constante evolução, o que faz com que
precisemos estar estudando e nos aprimorando constantemente também, e sendo
assim, é necessária uma reflexão sobre as formas de ensino tradicionais, para que se
abram às inovações e se insiram no contexto tecnológico moderno, que não tem mais
volta.
Capturando valor através da transformação digital • 4/16

A sociedade contemporânea, conectada, exige que as pessoas estejam conectadas


para que seja possível a interação, criando uma comunidade virtual, que permita
a construção do conhecimento por meio da troca de informações e saberes no
espaço cibernético, o que, por sua vez, exige indivíduos independentes, criativos e
autocríticos, que sejam capazes de selecionar informações (as melhores) e construir o
conhecimento, aliás, o seu próprio conhecimento.
Assim, as TICs exigem do professor atual diversas competências técnicas e pedagógicas,
e um fazer em sala de aula que não se limita a simplesmente a transmitir o conteúdo,
mas precisa levar seu aluno a pensar sobre si próprio, a se comunicar e a questionar
a realidade. (Tezani, 2017)

As diferentes abordagens educacionais

A sociedade moderna vem exigindo a inserção das tecnologias digitais de informação


e comunicação nos currículos, porém ela requer também que essas tecnologias sejam
inseridas de forma adequada, considerando os objetivos e intenções da atividade
proposta ou do conteúdo a ser ministrado.
O século XXI apresenta uma infinidade de programas, de jogos, de atividades, de
aplicativos, de filmes, de vídeos, de materiais e outros, que podem ser usados em
sala de aula com o propósito de criar um ambiente mais lúdico e motivador para
os estudantes. No entanto, é necessário prestar atenção a uma questão: porque é
necessário interligar essa tecnologia à intenção da atividade, e ligar a atividade
ao recurso mais apropriado para ela, caso contrário, corre-se o risco de o aluno
não entender a proposta e associá-la, meramente, ao uso de um ‘simples elemento
tecnológico’, sem que se gere uma aprendizagem significativa.
É necessário que se tenha domínio sobre as tecnologias que serão aplicadas para que
o processo seja bem sucedido, mas apenas o domínio não é o suficiente para manter
o sucesso, pois, mais do que dominar a técnica, é preciso saber exatamente quais são
as possibilidades de uso e como e por que usar essa tecnologia. (Almeida, 2019)
Capturando valor através da transformação digital • 5/16

O Instrucionismo

Vários autores afirmam que aliar as práticas pedagógicas com a utilização das TICs
envolve o instrucionismo. Almeida (2005 como citado em Almeida, 2019) explica
que para o instrucionismo, o aprender associado ao uso de tecnologias implica
em apreender informações em ordem crescente de complexidade, que vão sendo
assimiladas pela repetição.
Skinner, um psicólogo norte-americano que viveu entre 1904 e 1990, passou a vida
estudando o comportamento humano, tentando entender suas reações perante os
estímulos que recebiam. Foi ele que fundou o behaviorismo, uma corrente que ao
longo do século XX dominou o campo da psicologia. Em 1968, Skinner publicou a obra
‘Tecnologia do Ensino’ na qual defendia que os estudantes seriam capazes de aprender
sozinhos com o uso de um material didático criado para essa finalidade, com respostas
que serviriam de estímulo à medida que construíam novos conhecimentos. Essa
organização foi chamada de ‘máquinas de aprendizagem’ ou ‘instrução programada’.
Assim, com esses ensinamentos, a forma como dividimos os conteúdos nos dias atuais,
dos mais simples aos mais complexos, baseia-se nos estudos de Skinner.
No instrucionismo, o software é o detentor das informações transmitidas, que funciona
como um material de instrução ao apresentar o conteúdo de forma clara, precisa
e objetiva, usando recursos sensoriais e multimídias como sons, gráficos, desenhos,
animações, imagens, textos, entre outros, e o estudante vai recebendo aquelas
informações no seu ritmo e conforme suas necessidades, favorecendo a construção
do seu conhecimento. (Almeida, 2019)
Capturando valor através da transformação digital • 6/16

Saiba Mais
Para conhecer um pouco mais sobre Skinner e a ideia base do
Behaviorismo, leia os seguintes textos:
Ferrari, Márcio. (2008) B. F. Skinner, o cientista do comportamento e
do aprendizado. https://novaescola.org.br/conteudo/1917/b-f-skinner-
o-cientista-do-comportamento-e-do-aprendizado acessado em 10 de
junho de 2022.
Santana, Ana Lucia. Behaviorismo. https://www.infoescola.com/
psicologia/behaviorismo/ acessado em 10 de junho de 2022.

O Construcionismo

Conforme já estudamos em nossas aulas, Seymour Papert, matemático e discípulo


de Piaget, desenvolveu a linguagem Logo, resultado da relação entre conceitos de
Inteligência Artificial (IA) e a teoria construtivista proposta por Piaget. Vale ressaltar
que o construtivismo vem da psicologia do desenvolvimento.
O construcionismo, por sua vez, pode ser considerado uma extensão do construtivismo.
Está baseado em algo concreto, que pode ser visto, discutido, analisado, observado,
sendo tanto um objeto construído com peças de Lego, por exemplo, quanto uma
escultura ou um software, portanto existe a construção concreta do objeto que será
utilizado.
Indo contra as bases do Instrucionismo, Papert propunha o uso das tecnologias como
instrumento para construir conhecimento significativo. Nesta abordagem, o uso da TICs
na educação se dá envolvendo o estudante, os professores, as próprias tecnologias,
os demais recursos e as interrelações que ocorrem, favorecendo o desenvolvimento
da autonomia do aluno de forma que este construa o seu próprio conhecimento
mediante explorações, experimentações e descobertas.
Capturando valor através da transformação digital • 7/16

Vale reforçar que a internet potencializa a interatividade e a colaboração, visto


que mesmo a distância, os sujeitos envolvidos conseguem ter e trocar informações,
pesquisar e questionar conhecedores sobre o assunto, ‘construindo seu conhecimento’.
Figura 1 - Ciclo de construção do conhecimento no Construcionismo

Fonte: Valente (1993) & Almeida (1996) como citado em Almeida, 2019

Tendo como base esse ciclo, para que ocorra a construção do conhecimento o sujeito
precisa articular os novos saberes a partir de sua descrição, colocando-os em prática
(no processo de execução), refletindo sobre eles, associando essas novas informações
com as previamente adquiridas pelos sujeitos, até a depuração de um novo saber, em
um ciclo contínuo de autonomia do estudante, sempre terminando e iniciando novas
buscas.
Nesse contexto, os estudantes deixam de ser meros espectadores e passam a ser
pesquisadores de seu próprio saber, sendo responsáveis por seu aprendizado, de
forma autônoma e dinâmica, estimulando sua criatividade, com o professor como seu
parceiro e motivador. (Almeida, 2019)
Capturando valor através da transformação digital • 8/16

O Conectivismo

Pesquisadores do conectivismo afirmam que as teorias de aprendizagem até então


apresentadas, não foram eficientes ao determinar as características dos sujeitos que
aprendem nesta sociedade moderna organizada em redes.
Assim, surge o Conectivismo que sugere a ‘conexão’ que se origina nas redes. Por
meio dos nós estabelecidos nas redes, o conhecimento parte do individual para o
coletivo, e está sujeito a diversas transformações.
Bates (2016, com base em Siemens, 2004) apresenta os princípios do Conectivismo:
1. aprendizagem e conhecimento estão baseados nas diferentes opiniões;
2. a aprendizagem procura conectar os nós ou fontes de informação;
3. a aprendizagem pode estar em dispositivos que não são humanos;
4. a capacidade de assimilar cada vez mais, é mais crítica do que o conhecimento
que já está assimilado;
5. é preciso cultivar e manter conexões para favorecer o aprendizado contínuo;
Capturando valor através da transformação digital • 9/16

6. é uma habilidade essencial ser capaz de enxergar as conexões que ocorrem entre
as ideias, as áreas e os conceitos;
7. a ‘circulação’ das atividades é a intenção plena do aprendizado conectivista;
8. a tomada de decisão sobre o que aprender e o que significa esse saber
apreendido está sempre em alteração, visto que a cada dia essas informações
podem sofrer transformações, conforme as necessidades do ambiente no qual
estamos inseridos, ou seja, são mutáveis.
Assim, entendemos que as comunidades que surgem nas redes existem em função
da construção, da desconstrução e da reconstrução permanente do saber a todo
momento, e este pode ser modificado, ampliado ou sintetizado conforme as distintas
necessidades.
Vamos ressaltar agora algumas das ferramentas mais utilizadas atualmente para o
compartilhamento de conteúdos e informações nas redes sociais e comunidades
colaborativas on-line:
● Wikipedia: talvez a mais famosa, é uma enciclopédia virtual que apresenta
diversos conteúdos. É construída de forma colaborativa por diversos profissionais
de diferentes áreas do saber, porém não é considerada uma fonte confiável para o
desenvolvimento de pesquisas porque não apresenta fundamentação científica,
visto ser aberta e poder ser editada por qualquer pessoa;
● Wiki: é a base que permitiu o desenvolvimento da Wikipedia, e que permite
que diferentes pessoas editem um mesmo documento na internet;
● Weblog (ou blog): originalmente apresentou um formato de um diário on-line,
e era usado para as pessoas exporem o seu dia a dia, publicando preferências,
planos e rotinas. Atualmente, empresas usam os Weblogs para contatar possíveis
clientes;
● Fotolog: é parecido com o Weblog, porém é usado para a exposição de fotos e
imagens.
● Redes sociais: são as ferramentas mais usadas nos dias atuais. Só para citar
algumas:
1. Facebook: criado em 2004, interliga as páginas de perfil de seus usuários.
Essas páginas contêm informações, imagens, vídeos e mensagens.
Capturando valor através da transformação digital • 10/16

2. Twitter: parece um microblog, no qual os usuários contam o que estão


fazendo naquele momento no qual estão postando suas informações.
● Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA): são plataformas de ensino
pensadas para oferecer e estruturar cursos, tanto a distância como para o blended
learning (ensino híbrido, uma mistura entre o ensino presencial e o ensino a
distância). Geralmente, apresentam bibliotecas virtuais e atividades, além de
possibilitar o contato (síncrono e assíncrono) entre seus usuários.
Podemos inferir, então, que o conectivismo fomenta o ‘saber fazer junto’, ou seja,
os estudantes aprendem a medida em que vão relacionando os saberes previamente
apreendidos com os novos, advindos de outras pessoas ou de sua própria busca.
(Almeida, 2019)

Em Resumo

Nesta aula, compreendemos que para o instrucionismo o estudante aprende


informações, com o uso de tecnologias, em ordem crescente de complexidade, que vão
sendo assimiladas pela repetição, e assim, seu conhecimento vai sendo construído. No
construcionismo de Papert, o uso da tecnologia na educação serve de base para construir
um conhecimento realmente significativo, envolvendo o estudante, os professores, as
próprias tecnologias, os demais recursos e as inter-relações que ocorrem, favorecendo
o desenvolvimento da autonomia do aluno. Com relação ao conectivismo, aprendemos
que a ‘conexão’ surge das redes, e assim, o conhecimento parte do individual para o
coletivo, e está sujeito a diversas transformações.
Capturando valor através da transformação digital • 11/16

Saiba Mais
Quer conhecer mais sobre o compartilhamento de informações e
conteúdos nas redes sociais e comunidades colaborativas on-line? Então
leia os seguintes textos:
Ávila, R. E.; Spinelli, O. M.; Ferreira, A. S. S. B. S.; Soñez, C.; Samar, M.
E.; & Junior, R. S. F. (2011) Colaboração docente online na educação
universitária. SciELO - Brasil - Colaboração docente online na educação
universitária Colaboração docente online na educação universitária
acessado em 10 de junho de 2022.
Mussoi, E. M.; Flores, M. L. P.; & Behar, A. A. (2007). Comunidades
Virtuais – Um Novo Espaço De Aprendizagem. https://www.academia.
edu/80306023/Comunidades_Virtuais_Um_Novo_Espa%C3%A7o_
De_Aprendizagem acessado em 10 de junho de 2022.
Capturando valor através da transformação digital • 12/16

Na ponta da língua

Referências Bibliográficas
Almeida, Siderly do Carmo Dahle de. (2019). Convergências entre currículo e
tecnologias. [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes.
Tezani, Thaís. (2017) Tecnologias da Informação e comunicação no ensino. São Paulo:
Pearson Education.
LIVRO DE REFERÊNCIA:

Convergências entre Currículo e Tecnologias


Siderly do Carmo Dahle de Almeida.
Intersaberes

Imagens: Shutterstock
educação escolar
Os impactos da tecnologia na
PRINCÍPIOS DO PROJETO DE CURRÍCULO (PRINCIPLES OF CURRICULUM DESIGN) - EDU500 - 3.4
Os impactos da tecnologia na educação escolar • 2/16

Os impactos da tecnologia na educação escolar


Conteúdo organizado por Natasha Young Buesa em 2022 do livro
Convergências entre Currículo e Tecnologias, publicado em 2019 por Siderly
do Carmo Dahle de Almeida.

Objetivos de Aprendizagem

• Entender o vínculo existente entre a tecnologia, a educação e a interatividade.


• Compreender o que é o web currículo.
• Conhecer as diferentes tecnologias empregadas no ensino presencial, no
ensino a distância e no ensino híbrido.
Os impactos da tecnologia na educação escolar • 3/16

Introdução
Um dos principais desafios da educação moderna é atingir as necessidades pessoais
e sociais dos estudantes, dos professores, dos gestores e demais responsáveis pelo
processo educativo, e essa tarefa não está sendo fácil, visto que as necessidades são
muitas, as desigualdades existentes também são muitas, e muitas vezes adotar uma
mesma postura, escolher um padrão, não é cabível em função dessas diferenças.
Em uma sociedade repleta de informações que vêm de todos os meios, é fundamental
refletir sobre como as novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs) estão
impactando nessas necessidades e gerando outras, novas.
Sendo a escola um dos mais importantes espaços promovedores e disseminadores de
conhecimento, claro que não poderia ficar alheia aos recursos digitais. Parece-me que
vale a pena entendermos essa noção de ‘novas’ tecnologias. Basta relembrarmos que
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394 de 1996), estudada por
nós, já citava a questão tecnológica, portanto, atualmente traz-se uma nova roupagem
para as novas metodologias e tecnologias usadas em sala de aula. (Wunsch, 2018)

Tecnologia, Educação e Interatividade

Como estudado, sabemos que o uso das TICs em sala de aula vem mudando a forma
como aprendemos e como ensinamos. E a medida que novas necessidades surgem,
novas modificações serão necessárias, de forma a sempre buscarmos o conhecimento
significativo.
Ao inserir as TICs em nosso cotidiano escolar, aprendemos a lidar com a diversidade,
com a abrangência e com a rapidez de acesso que temos às informações, e ainda
com as novas formas de comunicar e interagir fomentando novas maneiras de
produzir conhecimento.
O propósito é criar uma rede de saberes que favoreça a democratização do acesso
às informações, a troca de conhecimentos e experiências, a compreensão e reflexão
crítica da realidade e o desenvolvimento humano, social, cultural e educacional, na
tentativa de criar uma sociedade mais justa e igualitária.
Os impactos da tecnologia na educação escolar • 4/16

A aprendizagem colaborativa precisa de planejamento, atitudes, recebimento,


seleção e envio de informações, conexões, reflexão em conjunto, desenvolvimento da
interaprendizagem, capacidade para resolver problemas em conjunto, e a autonomia
para procurar e fazer por si.
O estudante passa a ser o autor do processo de construção de conhecimento,
enquanto o professor é o responsável por propor atividades que estimulem a livre
participação, a interação e a articulação das informações, objetivando a construção
do saber, agindo como um mediador, como um facilitador, como um incentivador
da própria prática, seja individual ou em grupos, exercendo a autoria quando se
posiciona como um parceiro dos alunos, respeitando a maneira de trabalhar de cada
um, seu ritmo e suas necessidades.
No entanto, há que se ressaltar que usar as TICs nas instituições de ensino requer
ousadia para superar todos os obstáculos e dificuldades que aparecem, articulando
conhecimentos, integrando tecnologias diferentes, linguagem hipermídia, teorias
educacionais, construindo, executando uma mudança, de fato, tanto no ambiente
escolar quando na sociedade. (Tezani, 2017)

Web Currículo

A ideia de currículo, conforme estudamos, origina-se na proposta de objetivar e


organizar a cultura, o conhecimento, em uma série de conteúdos. Passou por várias
ressignificações, transformando-se em polissêmico.
Com a disseminação das tecnologias digitais nas escolas, a partir da década de 1980,
os computadores ficaram restritos a serem utilizados nos laboratórios de informática,
exclusivamente para aulas de informática, em horário restritivo, sem alterar o cotidiano
das escolas. Foi a partir dos anos 2000 que essa prática passou a ser questionada. E
desde então elas passaram a reconfigurar a prática pedagógica, permitindo a abertura
e flexibilidade do currículo favorecendo a coautoria entre docentes e estudantes.
Mediante a midiatização das NTICs o desenvolvimento dos currículos vai além das
fronteiras espaço-temporais das escolas, superando a prescrição dos conteúdos
curriculares dos livros e materiais, relacionando-se com as diferentes áreas do saber e
acontecimentos da vida em sociedade, transformando as experiências, os valores, os
conhecimentos públicos.
Os impactos da tecnologia na educação escolar • 5/16

Almeida e Valente (2012, como citado em Almeida, 2019) explicam que o web
currículo pode ser entendido como a relação existente entre linguagens e sistemas de
signos diferentes, que são usados para midiatizar as práticas sociais fomentadas pelas
TICs. Essa integração forma uma totalidade que se transforma reciprocamente. O web
currículo é uma construção conceitual na qual as tecnologias digitais são entendidas
como linguagens que estruturam os modos de pensar, fazer, agir, comunicar, se
relacionar com o mundo e representar o saber. Com ele, há uma expansão dos tempos
e espaços educativos, envolvendo a busca, a organização, a interpretação, a escolha
de informações, a reflexão crítica sobre elas, o compartilhamento de experiências e a
produção de novos conhecimentos. (Tezani, 2017)
Vale ressaltar que o que define a qualidade da aprendizagem não são os recursos
existentes nas instituições, mas os profissionais que estão envolvidos nesse processo
e o seu compromisso, a gestão, as interações e o projeto pedagógico estipulado.

Saiba Mais
Para aprofundar seus estudos sobre o web currículo, acesse o seguinte
texto e aproveite. Tem muita novidade a esse respeito. Seja curioso e
procure inovar em suas práticas.
Arquer. O que é o webcurrículo. O impacto do uso das tecnologias no
aprendizado. O que é o webcurrículo. O impacto do uso das tecnologias
no aprendizado. – + Informações (arquer.com.br) acessado em 10 de
junho de 2022.
Os impactos da tecnologia na educação escolar • 6/16

A Escola nos dias atuais

Os avanços tecnológicos causam mudanças rápidas na sociedade, porém a instituição


escolar pouco mudou. Moran (2015, como citado em Tezani, 2017) informa que é
necessário que a escola reaprenda para se transformar em uma instituição significativa
e empreendedora, visto que tem ficado previsível e burocrática, afastando professores
e alunos.
Contudo, é preciso relembrar que não há uma fórmula rápida e fácil para modificar
essa realidade. O ato de educar requer saber acolher, motivar, estimular, engajar,
mostrar valores, impor limites e propor atividades desafiadoras.
Por outro lado, as tecnologias, em especial a móvel, ou seja, o m-learning, que é a
aprendizagem móvel, que ocorre quando a interação se dá por meio de dispositivos
móveis como celulares, smartphones, laptops, iPods e outros nos levam a pensar
em uma nova forma de organizar o processo de ensino para que seja interessante
e motivador para os alunos, já seja na escola, ou fora dela, para que os ambientes
presencial e remoto sejam bem produtivos.
Os impactos da tecnologia na educação escolar • 7/16

Uma educação inovadora e integral precisa estar baseada em algumas características:


1. conhecimento integrador e inovador para todos os envolvidos;
2. desenvolvimento de autoestima e autoconhecimento, de forma que haja uma
valorização de todos;
3. fomento de alunos empreendedores, que sejam criativos e que tenham iniciativa;
e
4. desenvolvimento de alunos-cidadãos, que tenham estabelecido seus valores
individuais e sociais. (Moran, 2015, como citado em Tezani, 2017)
Refletir sobre os avanços que estão ocorrendo na educação é reexaminar o passado,
analisando o que pode ser mantido e o que deve ser modificado, conforme o atual
estágio de desenvolvimento do ser humano. Lembrando que também é necessário
‘desaprender’ visto que alguns ensinamentos passados em determinado momento
precisam ser revisitados, uma vez que surgem novas necessidades e alguns conteúdos
ultrapassados podem ser desnecessários hoje.
Dessa forma, a educação se mostra como sendo um processo contraditório, complexo
e permanente que visa a formação de pessoas menos narcisistas e materialistas e mais
amorosas, perceptivas, empáticas e realizadas.
Na sala de aula moderna, é preciso que os docentes sejam mais orientadores do
que produtores de conteúdos, que as aulas estejam mais direcionadas à pesquisa e à
experimentação, que a escola fomente as redes conectadas de aprendizagem entre
professores e alunos, para que possam aprender estando na escola, ou fora dela.
Para finalizar, vamos estudar algumas tecnologias que podem ser utilizadas nas diversas
modalidades de ensino. (Tezani, 2017)

Tecnologias no ensino presencial

Algumas pesquisas recentes mostram que integrar as tecnologias ao ensino presencial


ainda é um desafio, visto ser uma inovação que não está completamente ligada aos
recursos em si, mas sim à metodologia empregada e à formação docente.
Para saber se esses recursos são deveras significativos é necessário que os professores
se perguntem:
Os impactos da tecnologia na educação escolar • 8/16

1. são realmente fontes de apoio para a transmissão do conhecimento ou servirão


apenas para digitalizar o que já é realizado?
2. quais os desafios que deverão ser superados para utilizar esse recurso em salas
de aula com 20, 30, 40 ou mais alunos simultaneamente? É possível superá-los?
3. esse recurso pode auxiliar o professor a realmente melhorar a comunicação
com os alunos?
Em pesquisa realizada por Wunsch (2013), verificou-se que a maioria dos professores
acredita nas potencialidades das ferramentas tecnológicas na aula presencial, porém
geralmente recorrem a elas apenas para a apresentação dos conteúdos, como o Power
Point.
A autora percebeu em suas pesquisas, que para o planejamento das aulas é preciso
que os professores destinem mais tempo para prepará-las, empregando ferramentas
de pesquisa, de imagem, de áudio e de vídeo, inserindo, deveras, novas tecnologias
em sala de aula.
Na aplicação das aulas, caso os recursos estejam de acordo com os objetivos, e forem
usados de forma atrativa, podem servir como impulsionadores para o desenvolvimento
da criatividade, da criticidade, da comunicação e da colaboração, podendo assumir
um caráter mais ‘face-to-face’, ou seja, cara a cara, por meio do desenvolvimento de
projetos, dinâmicas, análises de casos, resolução de problemas ou mesmo para as
aulas expositivas, porém com mais interatividade.
No caso da avaliação, podem ser realizadas análises baseadas nos resultados das
pesquisas, na autoria dos conteúdos desenvolvidos e no compartilhamento de
produções.

Tecnologias no ensino a distância

Principalmente realizado no ensino superior, foi ganhando espaço nos outros níveis
de ensino. É necessário compreender que nos dias atuais a sala de aula já não se
encontra exclusivamente nos espaços físicos, entre as paredes de uma escola. Portanto,
é preciso redesenhar as fronteiras do ensino.
Essa linha de ensino permite que as instituições ofereçam estudos e serviços on-line,
para uma sociedade mais dinâmica e conectada.
Os impactos da tecnologia na educação escolar • 9/16

Os cenários virtuais de aprendizagem possibilitam que os participantes façam


perguntas, discutam temas, e se beneficiem do apoio e orientação recebidos
remotamente. Ferramentas de planejamento, de aplicação e de avaliação também
são usadas nesta modalidade, ainda que estejam inseridas nos Ambientes Virtuais de
Aprendizagem (AVA), que contêm ferramentas, comunidades e serviços, e possibilitam
que os estudantes sejam direcionados à aprendizagem.
E como fica o professor nessa modalidade? Ele atua como tutor, moderador de
discussões em encontros síncronos (que são os que ocorrem no momento da sua
programação) e assíncronos (são os que ocorrem em qualquer momento, sem que
haja uma data e horário marcados especificamente para tal), e ainda como analista
dos trabalhos e atividades realizadas pelos estudantes.
Na autoaprendizagem on-line, as atividades incluem momentos de autoestudo, de
forma que os estudantes possam ser autônomos em seu processo de aprendizagem e
que possam definir os próprios objetivos mediante as leituras indicadas ou estimuladas,
bem como as tarefas recomendadas pelos professores. (Wunsch, 2018)

Tecnologias no blended learning (semi-presencial)

O ensino semipresencial é organizado de forma híbrida, mista, na qual os alunos


participam de uma parte das aulas de forma presencial e de outra parte de forma
remota. É mais uma modalidade que vem expandindo a autoaprendizagem.
Nas situações em que as aulas são presenciais, existe a presença, normalmente, de
um tutor, e atividades desenvolvidas por workshops. No restante da aprendizagem,
o estudante dita o seu próprio ritmo, acessando os conteúdos disponibilizados no
AVA, interagindo assincronamente.
Podemos dizer que essa modalidade vem sendo empregada em 3 abordagens que
podem ser convergentes: a autoaprendizagem, as práticas interativas e as simulações
e testes. (Wunsch, 2018)
Os impactos da tecnologia na educação escolar • 10/16

Em Resumo

Aprendemos, nesta aula, que não tem sido fácil tentar inserir as TICs nas instituições
de ensino, visto que muitos são os obstáculos que precisam ser superados com relação
à infraestrutura e recursos, mas também muitas são as dificuldades que os professores
sentem para realizar essa inserção. Há que se transformar o processo de ensino e
aprendizagem e isso requer coragem e ousadia. Também vimos que a educação inovadora
e integral precisa inserir conhecimentos integradores, desenvolver a autoestima e o
autoconhecimento dos estudantes, fomentar o empreendedorismo, a criatividade e a
iniciativa e desenvolver alunos-cidadãos. Aprendemos que no ensino presencial, muitas
vezes, apesar de o professor acreditar nas potencialidades dos recursos tecnológicos,
não os utiliza ou não sabe utilizá-los além de meramente para a apresentação de seus
conteúdos, como quando usam o datashow em suas aulas expositivas. No caso do
ensino remoto, os ambientes virtuais de aprendizagem possibilitam que os participantes
façam perguntas, discutam temas, e se beneficiem do apoio e orientação recebidos
virtualmente. Ferramentas de planejamento, de aplicação e de avaliação também são
usadas nesta modalidade. Já no que se refere ao ensino híbrido, vimos que parte das
aulas ocorre de maneira presencial e parte remota, e dessa forma o aluno vai ditando
seu próprio ritmo, porém, sem estar completamente ‘por sua conta’.

Saiba Mais
Caso tenha ficado curioso e queira conhecer um pouco mais sobre o
modalidade de ensino remoto, leia os seguintes textos:
Carvalho, Rafael. (2016). O que é e como funciona o blended learning?
https://www.edools.com/blended-learning/ acessado em 28 de
fevereiro de 2023.
Iberdrola. ‘Blended learning’: como funciona a aprendizagem
semipresencial? https://www.iberdrola.com/talentos/o-que-e-
blended-learning acessado em 28 de fevereiro de 2023.
Os impactos da tecnologia na educação escolar • 11/16

Na ponta da língua

Referências Bibliográficas
Tezani, Thaís. (2017) Tecnologias da Informação e comunicação no ensino. São Paulo:
Pearson Education.
Wunsch, Luana Priscila. (2018) Tecnologias na Educação: conceitos e práticas. Curitiba:
InterSaberes.
Os impactos da tecnologia na educação escolar • 15/16

a) B - A - C
b) C - B - A
c) B - C - A
d) C - A - B
LIVRO DE REFERÊNCIA:

Convergências entre Currículo e Tecnologias


Siderly do Carmo Dahle de Almeida.
Intersaberes

Imagens: Shutterstock
As tecnologias integradas ao
currículo e à formação do docente
PRINCÍPIOS DO PROJETO DE CURRÍCULO (PRINCIPLES OF CURRICULUM DESIGN) - EDU500 - 3.5
As tecnologias integradas ao currículo e à formação do docente • 2/16

As tecnologias integradas ao currículo e à formação


do docente
Conteúdo organizado por Natasha Young Buesa em 2022 do livro
Convergências entre Currículo e Tecnologias, publicado em 2019 por Siderly
do Carmo Dahle de Almeida.

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender como se dá o vínculo entre a formação dos professores e a
inserção das tecnologias em suas práticas.
As tecnologias integradas ao currículo e à formação do docente • 3/16

Introdução
Levando em consideração todas as mudanças que vêm ocorrendo com a inserção das
tecnologias digitais de informação e comunicação no ensino, é necessário que todos
os atores do processo educativo sejam envolvidos, portanto, não poderíamos deixar
de lado os docentes.
Essas transformações fazem com que seja imperativo progredir nas políticas de
implementação dessas tecnologias ao currículo, interligando-as às diferentes instâncias
do processo. Vale ressaltar que todos os níveis da educação, Educação Básica, Educação
Superior e Educação Profissional precisam estar envolvidos e dispostos a realizar essa
mudança.
A efetiva transformação, com a inserção tecnológica ao currículo ocorrendo de fato,
vai além da mera incorporação das tecnologias. Devem ser oferecidas oportunidades
para que os professores se familiarizem com as TICs, de modo que seja possível inseri-
las em suas práticas cotidianas. Dessa forma, com essas competências, serão capazes
de analisar por quê, para quê, com o quê, como e quando integrar esse novo
conhecimento em suas práticas pedagógicas.
Então, vamos conhecer um pouco melhor sobre as características desse processo de
incorporação das NTICs no trabalho dos docentes.

A formação dos professores e as tecnologias

É importante que todos os envolvidos no processo educacional, como gestores, docentes,


discentes, equipe pedagógica, membros do Conselho da escola, prontifiquem-se a
juntos elaborarem um plano que conecte recursos físicos, infraestrutura, recursos
financeiros, tempo e espaço da escola.
Dessa forma, cabe à gestão liderar a inserção das tecnologias digitais no currículo
escolar após os objetivos serem analisados, debatidos, avaliados e aceitos por todos
os envolvidos. Além de zelar pela incorporação das informações no sistema de ensino,
cabe ao gestor e à sua equipe analisar e usar as informações para realizar um diagnóstico
da instituição e fomentar a tomada de decisão compartilhada, estabelecendo diálogo
com a comunidade local, recorrendo a diferentes meios, inclusive às redes sociais.
As tecnologias integradas ao currículo e à formação do docente • 4/16

Essa interação exige que a interatividade seja efetivamente inserida na educação,


modificando a forma como os professores pensam e aplicam seus conhecimentos em
sala de aula, oferecendo diferentes modelos e possibilidades, novas ideias e recursos
para que consigam atingir todos os alunos, conforme suas necessidades, considerando
as potencialidades dos recursos tecnológicos aos quais têm acesso.
Devemos destacar que as tecnologias já fazem parte da vida dos estudantes (e dos
docentes), e é por isso mesmo que se faz imperativo repensar de que maneira as
tecnologias digitais podem e devem ser inseridas nos currículos.
A autora, baseada em seus 18 anos de experiência com a educação básica e com
a formação de professores, incluindo pesquisas realizadas por ela, cita o que os
professores que atuam na educação básica dizem a respeito da inserção da tecnologia
no currículo:
● que permite a interação entre professor e aluno, aluno e professor e aluno com
aluno;
● que oferece informações diversificadas, superficiais ou profundas, sobre todos
os assuntos;
● que faz com que a aula fique mais agradável e que gere mais interesse nos alunos;
● que amplia a aprendizagem para fora das paredes da escola;
● que possibilita a socialização dos conhecimentos; e
● que ajuda na inclusão digital de alunos e professores.
Porém, ela acrescenta que os professores apresentam muitas dificuldades para
organizar seus planos de aula com o uso de tecnologias.
As tecnologias integradas ao currículo e à formação do docente • 5/16

Figura 1 - Dificuldades dos docentes no uso das tecnologias em sala de aula

Fonte: Almeida, 2019, p. 111

Observa-se que algumas dessas dificuldades poderiam ser solucionadas com a


capacitação e treinamento dos docentes. Outras, no entanto, precisam de outros
tipos de ações.
Com relação ao número insuficiente de computadores e ao uso restrito dos laboratórios
com agendamento, fica clara a dependência da aquisição de mais equipamentos e de
espaço, ou de uma melhor organização da escola para que todos tenham acesso aos
computadores.
Quanto à falta de conhecimento para o uso dos equipamentos, bastaria oferecer um
bom curso, e haver interesse dos professores em fazer esse curso. Porém, no caso
dos problemas técnicos, seria necessário que existisse nas escolas uma equipe de
manutenção.
As tecnologias integradas ao currículo e à formação do docente • 6/16

A terceira dificuldade está diretamente ligada à formação dos professores. Cabe a


cada instituição oferecer aos seus professores cursos e preparo, mas também cabe a
cada docente correr atrás de sua educação continuada e quantos mais cursos fizer,
quantas mais ferramentas conhecer, mais apto estará para trabalhar com as diferentes
ferramentas e tecnologias e mais seguro se sentirá. Compartilhar informações com
seus pares também é de suma importância, porque as experiências dos outros
docentes podem nos ajudar a escolher as melhores estratégias para aplicarmos em
nossas próprias práticas.
Sobre o acesso a informações incompletas ou inadequadas para a faixa etária dos
alunos, é preciso que, ao usar as tecnologias, o professor relacione esses recursos
ao que pretende ensinar, visto que conforme as necessidades, o perfil e o estilo de
aprendizagem, cada turma pode aprender de forma diferente e para tanto é necessário
um planejamento prévio, e se possível, a experimentação do recurso tecnológico que
se pretende utilizar.
Agora, no que se refere à cópia de trabalhos por parte dos alunos, é preciso lembrar
que esse tipo de subterfúgio já acontecia antes mesmo da inserção dos recursos
tecnológicos. A diferença é que antes o aluno tinha o trabalho de ao menos copiar
o texto no papel para entregar ao professor. Hoje basta um ‘copia e cola’ e a cópia é
entregue, muitas vezes sem ao menos o aluno se dar ao trabalho de alterar o formato
ou cor da letra de onde saiu aquela cópia. Boa parte dos alunos ou não sabe como
fazer ou não quer fazer boas pesquisas. Só que isso não é ‘culpa’ das tecnologias, mas
do comportamento inerente àquele estudante.
Tal fato pode ser resolvido com a proposta, pelo professor, aos alunos, de pesquisas
que requeiram um pouco mais do que uma simples busca. O docente pode solicitar
aos alunos algum tipo de reflexão sobre aquela pesquisa, ou um confronto de ideias
entre os vários pesquisadores do assunto.
Ressaltamos que vale a pena ensinar aos alunos a forma como colocar no ‘papel’ o
resultado dessas pesquisas, estimulando a comparação entre o que os diferentes
autores falam a respeito de tal ou qual assunto, ou nos insights que os estudantes
podem desenvolver enquanto realizam aquele trabalho. Esse também pode ser um
foco de aula para os alunos.
As tecnologias integradas ao currículo e à formação do docente • 7/16

De qualquer forma, mesmo superando as dificuldades, para que as potencialidades


das NTICs possam surtir efeito no processo de ensino e aprendizagem, é essencial
que o docente esteja qualificado, e mais, que essa formação seja atual, visto que os
conhecimentos precisam ser revistos e atualizados. Por exemplo, um docente que ficou
alguns anos distante da sala de aula, pode ser que ao retornar precise passar por um
processo de reciclagem para resgatar os conteúdos aprendidos e apreender novos
saberes de sua área de atuação, mais modernos e condizentes com as necessidades
atuais.
Vamos conhecer alguns dos fatores necessários para a formação docente visando a
inserção das tecnologias digitais aos currículos:
1. bom embasamento teórico sobre a qualidade da educação necessária para a
inserção de tecnologias;
2. experimentação da tecnologia;
3. orientações sobre o uso do software que será empregado para ministrar
determinado conteúdo;
4. debate entre os participantes antes e após o curso;
5. análise sobre os desafios, os limites e as possibilidades de uso das diferentes
tecnologias.
O vínculo bem estreito entre a tecnologia e o processo de ensino e aprendizagem no
processo de formação docente possibilita que a escola e os agentes envolvidos possam
avançar na construção e compartilhamento do conhecimento e no oferecimento de
aulas mais dinâmicas e motivadoras para os alunos. (Almeida, 2019)
As tecnologias integradas ao currículo e à formação do docente • 8/16

Saiba Mais
Escola 2.0 foi um seriado jovem brasileiro, produzido e exibido pela
TV Cultura, entre 25 de setembro de 2010 e 4 de novembro de 2011,
semanalmente, mesclando temáticas educativas com teledramaturgia
do dia-a-dia dos adolescentes. É interessante assistir alguns capítulos
por apresentar tanto cenários cheios de tecnologias quanto um prédio
de uma escola tradicional, mostrando que elementos antagônicos
podem ser complementares. A série também mostra que os alunos não
precisam ter uma disciplina específica no currículo para usar tecnologia
no aprendizado. Amplie seus conhecimentos e acesse o endereço
eletrônico da TV Cultura.
https://tvcultura.com.br/busca/?q=escola+2.0 acessado em 28 de
fevereiro de 2023.
As tecnologias integradas ao currículo e à formação do docente • 9/16

Um pouco mais sobre a formação do professor para o uso das


TICs em sala de aula

Podemos refletir então sobre a necessidade de reorientar o trabalho do professor


para que deixe de utilizar a apresentação tradicional, sequencial e linear, com o uso de
algum recurso tecnológico como o datashow, apenas como um instrumento, que não
reflete, de fato uma aprendizagem significativa plena, para que passe a estimular
a relação entre diversas disciplina e recursos, gerando um conhecimento em rede.
Vamos enumerar agora quatro papéis que professores e alunos podem assumir em
diversas situações de ensino-aprendizagem nas quais podem ser utilizadas tecnologias:
(Laurillard, 1995, como citado em Tezani, 2017)
1. o professor como contador de histórias: o professor pode ser substituído
por algum recurso audiovisual, como um vídeo, uma videoconferência ou até
mesmo um podcast.
2. o professor como mediador: baseado em um conteúdo disponibilizado
extraclasse, o ensino em sala de aula acontece por meio do debate sobre o
conteúdo passado previamente, como um tipo de sala de aula invertida, na qual
o docente atua como parceiro e intermediário dos alunos para com o material.
3. o aluno como pesquisador: o aluno é o responsável por interagir com os
diferentes materiais/recursos, para descobrir, para apreender o saber. O docente
apenas passa os comandos, organizando a atividade.
4. o professor e o aluno como colaboradores: ambos exploram juntos os
recursos multimidiáticos, criando um novo espaço de ensino e aprendizagem,
agora ressignificado. Isso pode ocorrer no uso de ferramentas colaborativas,
como Wikis e blogs.
As tecnologias integradas ao currículo e à formação do docente • 10/16

Vale ainda destacar que alguns docentes que optaram pelo uso das tecnologias
em suas práticas reclamam da baixa qualidade da internet e dos programas, das
dificuldades de acesso, dos equipamentos, entre outros, porque existe um fetiche
de que as tecnologias são a solução para todos os problemas no processo de ensino
e aprendizagem. A questão é que parte dos problemas não está nos programas,
mas nas equipes que fazem esses programas ou que compram esses programas, que
muitas vezes não estão diretamente ligadas à prática pedagógica, no dia a dia. Alguns
softwares de baixa qualidade são adquiridos por escolas sem que tenham, de fato,
um bom resultado.
Talvez uma maneira de sanar esse problema seria que as equipes de produção de
softwares tivessem entre seus integrantes, educadores. Porém, para que isso seja
possível, seria necessário que os professores tivessem em suas formações essas
competências, para que pudessem ser agentes, produtores, operadores e críticos dessa
nova educação mediada por tecnologias eletrônicas de informação e comunicação.
(Tezani, 2017)

Em Resumo

Aprendemos, nesta aula, que os docentes, de maneira geral, enxergam com bons olhos
a inserção das tecnologias nas práticas educativas, visto que permitem uma melhor
interatividade entre professores e alunos (e entre os alunos), oferecem conhecimentos
diversificados, com aulas mais agradáveis e interessantes, extrapolando as paredes
da escola, possibilitando a socialização do saber e a inclusão de estudantes e alunos.
Porém, é nítido que existem certas dificuldades enfrentadas por eles que precisam ser
superadas e que se referem a problemas com infraestrutura ou falta de recursos nas
escolas, falta de informações que embasem suas práticas de maneira mais certeira,
falta de conhecimento sobre o uso de alguns recursos e metodologias, dentre outras.
Aprendemos que no dia a dia escolar, professores e alunos podem assumir o papel de
contador de história, e de mediador, no caso do professor, de pesquisador, no caso do
aluno, e de colaborador no caso do docente e também do estudante.
As tecnologias integradas ao currículo e à formação do docente • 11/16

Aplicação na Prática
Pense se a escola onde trabalha (ou na qual estuda ou estudou caso não
seja professor) passou por alguma reforma ou atualização nos últimos
anos de forma a inserir novos recursos e tecnologias no currículo. Faça
suas anotações aqui e procure refletir e compartilhar com seus colegas.
Pode usar o fórum da semana 4 que está para começar.
As tecnologias integradas ao currículo e à formação do docente • 12/16

Na ponta da língua

Referências Bibliográficas
Almeida, Siderly do Carmo Dahle de. (2019). Convergências entre currículo e
tecnologias. [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes.
Tezani, Thaís. (2017) Tecnologias da Informação e comunicação no ensino. São Paulo:
Pearson Education.
LIVRO DE REFERÊNCIA:

Convergências entre Currículo e Tecnologias


Siderly do Carmo Dahle de Almeida.
Intersaberes

Imagens: Shutterstock

Você também pode gostar