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Social I
IESDE BRASIL
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
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UNIDADE 1
1 Fundamentos sócio-históricos da política social 9
1.1 O nascimento das políticas sociais na sociedade capitalista 9
1.2 A origem e a organização das políticas sociais no Brasil 14
1.3 Políticas públicas setoriais 21
UNIDADE 2
3 O serviço social e as políticas sociais 62
3.1 O projeto ético-político do serviço social e a garantia de direitos
sociais 62
3.2 Articulação histórica entre serviço social e políticas sociais 66
3.3 O trabalho do assistente social na política de assistência social 69
UNIDADE 3
4 As políticas sociais na era dos desmontes de direitos 75
4.1 Avaliação de políticas sociais 75
4.2 Reformas e contrarreformas 79
4.3 Perspectivas para os tempos atuais 82
Gabarito 87
Vídeo APRESENTAÇÃO
A política pública social é um instrumento imprescindível ao serviço
social, pois é por meio dela que os assistentes sociais constroem os
encaminhamentos necessários para a efetivação dos direitos constitucionais,
principalmente no que diz respeito ao direito à assistência social.
Com este livro você compreenderá que o direito à assistência social
se materializa por intermédio da sua política. E esta objetiva, entre outros
propósitos, a concretização do Estado democrático de direito e, na mesma
linha, a universalização da seguridade social brasileira. Essa perspectiva
requer dos profissionais do serviço social uma postura interventiva, crítica,
ética, criativa e politicamente comprometida com a classe trabalhadora.
Desse modo, reforçamos a importância da leitura integral de todos os
capítulos, pois eles oferecem um amplo leque de informações a respeito da
origem e da organização da política pública social, bem como sobre vários
outros elementos essenciais à compreensão do universo da garantia de
direitos e em relação ao trabalho dos assistentes sociais.
O livro também aborda conteúdos sobre fenômenos e fatos sócio-
históricos e socioculturais que podem nos ajudar a compreender as
dinâmicas de discriminação, violência e criminalização, as quais constituem
o cotidiano de vida de diversos grupos historicamente excluídos.
Em suma, este estudo oferece conhecimentos gerais e específicos para
que possamos compreender a importância das políticas públicas e das
políticas públicas sociais. Os capítulos estão divididos de modo a levar ao
entendimento da origem, da operacionalidade, das potencialidades, das
limitações, das contradições postas no campo do debate dos direitos sociais
e, principalmente, de onde e em que medida os assistentes sociais podem
fazer a diferença.
Desejamos que você aproveite esta oportunidade de aprimoramento.
Bons estudos!
UNI
DA
DE
- Fundamentos sócio-históricos
da política social
- As políticas afirmativas e os
distintos sociais
1
Fundamentos sócio-históricos
da política social
As políticas sociais ocupam um lugar significativo na história das
sociedades, pois é por meio delas que a humanidade tem conse-
guido avançar no enfrentamento às desigualdades sociais. Para o
serviço social, esse é o ponto central do debate da importância das
políticas públicas sociais.
É nesse sentido que a leitura deste capítulo se faz essencial,
visto que você terá acesso aos fenômenos e fatos sócio-históricos
que fizeram parte da construção e da organização das políticas so-
ciais, desde o seu nascimento.
Segundo José Paulo Netto (2005), autor que estuda a origem da extre-
ma desigualdade social, configurou-se um período inédito da história mun-
dial, dado que a dinâmica da pobreza passou a se generalizar na Europa
e nos demais países onde o processo de industrialização se instaurava.
Se não era inédita a desigualdade entre as várias camadas so-
ciais, se vinha de muito longe a polarização entre ricos e pobres,
se era antiquíssima a diferente apropriação e fruição dos bens
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As políticas sociais são instrumentos essenciais a toda sociedade que
tenha como meta a efetivação da democracia e/ou ao menos a ampliação
da igualdade social. No serviço social, as políticas sociais ocupam lugar
central, pois é por meio delas que os/as assistentes sociais desenvolvem
a maior parte da sua atuação cotidiana.
Não há como desenvolver um trabalho com vistas à emancipação
humana sem os meios que possam concretizá-la. Portanto, as políticas
sociais são instrumentos insubstituíveis (ao menos nas sociedades ca-
pitalistas), visto que são capazes de promover os acessos necessários
à garantia de condições mais dignas de vida, sejam econômicas, sociais,
culturais, habitacionais, educacionais, relacionadas ao equilíbrio do psico-
lógico humano e/ou à proteção social contra situações de violência, maus
tratos e negligências sociais diversas.
O nascimento das políticas sociais também é um marco no que diz
respeito às conquistas efetivadas pelos trabalhadores. Demonstra a
força da organização popular com relação ao avanço da humanidade,
tendo em vista que suas lutas resultaram no aprimoramento de di-
versos setores da sociedade.
Nesse sentido, também comprova que o rumo social das nações não
pode ser deixado apenas nas mãos dos grupos que historicamente ocu-
pam os espaços de poder, dado que estes só voltam sua atenção aos gru-
ATIVIDADES
1. O contexto europeu do século XIX foi marcado por experiências de
guerra, alterações no modo de produção, radicalizações diversas
nos tipos de Estado e por intensos conflitos de classes; conjuntura
social, econômica e política que desencadeou níveis extremos de
desigualdade social, como o nascimento do desemprego e da pobreza
extrema. Com essas experiências, a Europa compreendeu que não
seria possível desenvolver-se enquanto sociedade sem medidas com
relação à má distribuição de renda. Dado o contexto, qual foi a principal
medida tomada pelos países europeus?
REFERÊNCIAS
ABRANCHES, S. H. The politics of Social Welfare development in Latin America. In: 12,
CONGRESSO MUNDIAL DA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE CIÊNCIA POLÍTICA. Anais [...]
Rio de Janeiro, ago. 1982.
BOULOS JR., A. História: sociedade & cidadania. São Paulo: FTD, 2009.
BRAGA, J. S. de S. Alemanha: império, barbárie e capitalismo avançado. In: FIORI, J. L. (org.).
Estados e moedas no desenvolvimento das nações. Petrópolis: Vozes, 1999.
BRASIL. Lei n. 10.741, de 1 de outubro de 2003. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 3 out. 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/
o estigma é um construto
social, ou seja, um tipo de No que se refere à história mundial dos povos e das nações, a exclu-
entendimento sobre o outro que são, o abandono, a exploração ou até mesmo o extermínio de recém-
não condiz com a realidade e
que, em suma, está relacionado -nascidos com deficiência foram práticas desenvolvidas durante muitos
à desqualificação, à negação séculos. Há registros, por exemplo, de povos nômades e de tribos in-
ou à não aceitação do outro. O
dígenas que abandonavam as pessoas com deficiência à própria sorte.
estigma resulta da cultura social
estabelecida, daquilo que cada Elas acabavam tendo suas vidas encerradas pela fome ou pelo ataque
sociedade estabelece enquanto de animais ferozes. Há, também, registros de tribos que exterminavam
sinônimo do que considera
crianças nascidas com deficiência em cultos de purificação por acredi-
desejável e aceitável com
relação a atributos individuais e tarem que elas eram detentoras de maldições que poderiam assolar a
coletivos. O estigma normatiza tribo (CARMO, 1991).
modos de perceber e lidar com
determinados tipos de pessoas, Na Grécia Antiga, por exemplo, o povo espartano (mundialmente
ou seja, há uma dimensão reconhecido pela habilidade de guerra) cultuava a beleza física, a força
subjetiva, ao mesmo tempo que
se materializa em ações diretas e a perfeição como atributos essenciais para a formação de seu povo.
contra o ser estigmatizado. Desse modo, a decisão de vida ou morte dos nascidos com deficiência
Quem é estigmatizado e quem
cabia ao julgamento do conselho de Esparta.
detém o poder de estigmatizar
são definidos pelo contexto A rejeição à pessoa com deficiência, fosse física ou mental, também
sociocultural de cada povo.
era muito comum na Roma Antiga, havendo uma tolerância aos que
passavam à condição de deficiência devido às mutilações de guerra (a
estes, cabia ao Estado o sustento, e ao todo da sociedade, a aceitação).
Contudo, aos nascidos na condição de deficiência, o Estado romano
autorizava legalmente o extermínio (SILVA, 1997).
Nesse ínterim, em 1989, institui-se uma das leis federais de maior abran-
gência no que diz respeito aos direitos da pessoa com deficiência. A Lei n.
7.853 (regulamentada pelo Decreto 3.298, de 1989) – que dispõe sobre a
inclusão, proteção, apoio, integração social e garantia de acessibilidade à
pessoa com deficiência – institui a Coordenadoria Nacional para Integração
da Pessoa Portadora de Deficiência, define o preconceito contra a pessoa
com deficiência como crime e dá outras providências (BRASIL, 1989).
Nos anos 2000, outra grama de direitos foi inaugurada, com a im-
plantação da Secretaria Nacional, em 2010; a criação da Lei Federal n.
10.048 e da Lei n. 10.098/2000, que tratam da implantação de aces-
sibilidade, e a edição da Lei n. 10.436, em 2005, que dispõe sobre
a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Ocorre, também, a Convenção
sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, da ONU, aprovada em
julho de 2008 pelo Decreto Legislativo n. 186 e promulgada pelo De-
creto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009, com equivalência de emen-
da constitucional. Este foi um marco extremamente relevante para o
movimento das pessoas com deficiência, visto que tornou possível a
alteração dos termos portador de deficiência e portador de necessida-
des especiais para pessoas com deficiência.
Outro exemplo bem atual é a Lei n. 13.409 (BRASIL, 2016), que passa
a incluir a pessoa com deficiência na Lei de Cotas destinadas ao ingres-
so nas universidades federais de ensino superior, implantada pelos Ins-
titutos Federais de Ensino Superior (IFES), em 2017. A proposta de lei
foi apresentada ao Ministério da Educação pela Universidade Federal
do Paraná (UFPR), instituição que tem reserva de vagas para a pessoa
com deficiência desde 2008, como uma das ações do seu programa de
políticas afirmativas. No Paraná, 21,86% da população apresenta algum
tipo de deficiência, o que equivale a dois milhões de paranaenses com
deficiência; destes, menos de 1% cursam o ensino superior (UFPR, 2018).
Por meio da CF/1988, o Brasil inaugura uma nova era para a pessoa
idosa, visto que, para além dos direitos fundamentais (vida, alimenta-
ção, moradia, saúde, educação), ela enfatiza e particulariza um sistema
de proteção. Em suma, ela apresenta a pessoa idosa enquanto sujei-
to de direitos e enfatiza que suas necessidades peculiares devem ser
atendidas. A Carta Magna brasileira teve papel fundamental, pois foi
por meio dela que a proteção à pessoa idosa se tornou lei e ganhou
força na agenda política brasileira.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O debate das políticas afirmativas é permeado por discussões contra-
ditórias, visto que uma significativa parcela da sociedade continua a insis-
tir no entendimento de que as políticas sociais redistributivas já seriam
suficientes para o pagamento da dívida histórica do Estado e da sociedade
diante dos grupos historicamente excluídos. No entanto, isso não se com-
prova na realidade social, visto que existem outros condicionantes para
além do econômico que impedem a efetivação da cidadania plena das
pessoas com deficiência.
Há, também, questionamentos sobre as condições efetivas do Estado
em implementar as políticas afirmativas. Um tipo de discurso que tende
a reproduzir a ideia de que o Estado estaria prejudicando a população
em geral em detrimento dos distintos sociais e insiste em ignorar o fato
de que as ações e as políticas afirmativas objetivam o abrandamento dos
danos sócio-históricos causados aos sujeitos.
Esses posicionamentos, contrários à efetivação de políticas afirma-
tivas, ignoram o fato de que a realidade comprova a necessidade de
ATIVIDADES
1. Qual é a relação das políticas afirmativas com a raiz da desigualdade
social brasileira?
REFERÊNCIAS
ALCÂNTARA, A de. O.; CAMARANO, A. A.; GIACOMIN, K. C. Política Nacional do Idoso: velhas
e novas questões. Rio de Janeiro: Ipea, 2016.
ARBEX, D. O Holocausto brasileiro. 1. ed. São Paulo: Geração Editorial, 2013.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo: fatos e mitos. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1960.
BIEGER, J. et al. O Envelhecimento (como) expressão da Questão Social e algumas
considerações pertinentes ao Exercício Profissional. In: I CONGRESSO CATARINENSE DE
ASSISTENTES SOCIAIS. Anais [...], Florianópolis, ago. 2013. Disponível em: http://cress-sc.
org.br/wp-content/uploads/2014/03/O-envelhecimento-como-express%C3%A3o-da-
quest%C3%A3o-social.pdf. Acesso em: 7 ago. 2020.
BLESSMANN, E. J. Corporeidade e envelhecimento: o significado do corpo na velhice. Porto
Alegre, 2003. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) – Programa de
pós-graduação Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
BOURDIEU, P. Le capital social: notes provisoires. Actes de la Recherche en Sciences Sociales,
v. 31, p. 2-3, 1980. Disponível em: https://www.persee.fr/doc/arss_0335-5322_1980_
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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 7 ago. 2020.
Leitura
A leitura integral do Código de Ética do/a Assistente Social (Lei n. 8.662/1993) é essencial
aos estudantes e profissionais do serviço social, visto que todo seu agir profissional é
regido pela lei que regulamenta a profissão.
BRASIL. Brasília: Conselho Federal de Serviço Social, 2012. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_
CFESS-SITE.pdf. Acesso em: 28 set. 2020.
Como visto nas seções anteriores, o quadro foi alterado a partir das
transformações societárias demarcadas pelo fim do governo militar e
pela abertura da era de direitos, promulgados pela Carta Cidadã de
1988. Nesse período da história social brasileira, o serviço social já se
apresentava reconfigurado e focado em trabalhar em prol da emanci-
pação dos trabalhadores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, a relação do serviço social com as políticas sociais foi
configurada desde os primórdios da profissão e reconfigurada conforme
os processos de redemocratização do Brasil avançaram.
São, portanto, indissociáveis e encontram, em ambos os espaços (po-
lítica social e serviço social), desafios constantes, pois nem mesmo as
transformações societárias que possibilitaram o avanço da democracia
e do exercício da cidadania no país foram suficientes para eliminar por
completo as antigas práticas que historicamente demarcam o campo da
assistência social.
Tem-se, então, que as antigas práticas, de cunho funcionalista e fe-
nomenológico, ainda resistem no campo da assistência social e, por isso,
configuram-se como constantes desafios, uma vez que ameaçam tanto a
evolução dos processos emancipatórios quanto a hegemonia da centrali-
dade da questão social enquanto objeto interventivo.
Esse processo tem se mostrado cada vez mais desafiador, visto que
muitos governos assumem uma postura conservadora e articulada ao
ideário neoliberal. Esses elementos configuram uma conjuntura de amea-
ça aos direitos constitucionais e, na mesma medida, repercutem em signi-
ficativos retrocessos à profissão e ao país.
ATIVIDADES
1. Quando surgiram as primeiras escolas de serviço social no Brasil e
em que medida o surgimento da profissão tem relação com o ideário
capitalista?
Aos poucos, a prática também foi abraçada por outros países. Por
volta da década de 1970, por exemplo, a França inaugurou novos sis-
temas avaliativos que ampliaram a concepção de avaliação de políti-
cas sociais. Os novos modelos abrangiam problemáticas de Estado, de
território e agregavam dados sobre os usuários dos serviços públicos.
Essas experiências demonstraram que a avaliação de políticas públicas
poderia ser uma importante ferramenta para o entendimento aprofun-
dado das desigualdades sociais (ALMEIDA, 2008).
http://www.cressrn.org.br/files/arquivos/V6W3K9PDvT66jNs6Ne91.pdf
• Fase 1: demarcada pelo seu surgimento (século XVIII), que se apresentava como um
capitalismo mais primitivo, de características concorrenciais.
• Fase 2: inaugurada no século XX, quando começou a fase monopolista, com os siste-
mas de monopólios.
• Fase 3: atual estágio de desenvolvimento do sistema, conhecido como capitalismo
imperial. Nessa fase, o sistema projeta sua expansão em nível mundial, para assegurar
a perpetuação do poder dos países imperialistas, por meio da exploração dos países
tidos como periféricos.
As políticas sociais na era dos desmontes de direitos 79
O Brasil adentra essa história como território de exploração de re-
cursos naturais e humanos. Logo, remete ao entendimento de que o
Brasil foi construído sob as rédeas do ideário capitalista, ou seja, suas
estruturas políticas, econômicas e sociais foram construídas para servir
aos interesses neoliberais.
O termo reforma estatal foi muito usado pelo movimento dos traba-
lhadores para fazer referência às conquistas alcançadas com relação
a benefícios e ampliações de direitos sociais. O contexto da década de
1988, por exemplo, explicita bem esse tipo de reforma. Todavia, quan-
Contudo, não podemos negar que muito já foi conquistado pelos tra-
balhadores, haja visto a Carta Cidadã e o leque de direitos que ela pres-
creve. O que nos revela o fato de que a organização popular ainda é a
única alternativa que se apresenta efetiva no enfrentamento à perspecti-
va neoliberal. Os vetos e as contrarreformas só ocorrem mediante a con-
testação ferrenha dos movimentos sociais e demais grupos organizados.
A educação popular tem se constituído num paradigma teóri-
co que trata de codificar e descodificar os temas geradores das
lutas populares, busca colaborar com os movimentos sociais e os
partidos políticos que expressam essas lutas. Trata de diminuir
o impacto da crise social na pobreza, e de dar voz à indignação
e ao desespero moral do pobre, do oprimido, do indígena, do
camponês, da mulher, do negro, do analfabeto e do trabalhador
industrial. (GADOTTI, 2007, p. 26)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar das conquistas efetivadas por meio da luta dos trabalhadores
e dos incessantes movimentos quanto à primazia da cidadania, o Brasil
continua a ser regido pelas elites políticas e econômicas que, em suma,
preocupam-se apenas com o crescimento e a expansão de seus investi-
mentos e lucros. O que remonta à classe trabalhadora uma série de pre-
juízos, visto que, a cada conjuntura econômica e política, novas estratégias
de desmonte de direitos são engendradas pelos neoliberais.
A atual conjuntura tem demonstrado que o governo brasileiro vigen-
te assumiu o ideário neoliberal, com o conjunto de valores conservado-
res e elitistas que o constitui. Quadro que tem resultado em constantes
ameaças aos direitos conquistados em 1988, principalmente com relação
à seguridade social brasileira. Só no ano de 2019, diversas contrarrefor-
mas foram efetivadas sobre as estruturas sociais, econômicas e políticas.
A reforma da previdência social, as alterações no regime CLT e as propos-
tas de lei que estão em tramitação no congresso nacional, apontam que
o país tem priorizado os interesses do capital e, para tal, tem rumado ao
desmonte de vários direitos fundamentais.
Nesse contexto, a profissão tem se organizado a fim de manter re-
sistência no enfrentamento ao retrocesso das políticas sociais. O apoio
aos trabalhadores é fundamental, uma vez que esse é o nosso lugar de
classe e é nosso compromisso ético-político, conforme prescrito na lei
que regulamenta a profissão.
ATIVIDADES
1. Por que avaliar políticas sociais?
Gabarito 87
3. As políticas afirmativas têm como alvo os distintos grupos sociais que
historicamente foram e são discriminados pela sociedade. Sujeitos que
por suas características peculiares são ignorados, massacrados e/ou
excluídos de processos sociais: mulheres; negros e negras; indígenas;
quilombolas; pessoas com deficiência; população LGBTQIA+; moradores
de favelas; população em situação de rua; idosos, entre outros.
Gabarito 89