Você está na página 1de 12

TIAGO MACIEL MAGALHÃES

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO


SERVIÇO SOCIAL

O CONTEXTO SOCIOECONÔMICO E POLÍTICO


BRASILEIRO, NO PERÍODO DE EMERGÊNCIA DO
SERVIÇO SOCIAL, ATÉ A CHEGADA DO MOVIMENTO DE
RECONCEITUAÇÃO, NA DÉCADA DE 1960

Sobral
2022
TIAGO MACIEL MAGALHÃES

O CONTEXTO SOCIOECONÔMICO E POLÍTICO


BRASILEIRO, NO PERÍODO DE EMERGÊNCIA DO
SERVIÇO SOCIAL, ATÉ A CHEGADA DO MOVIMENTO DE
RECONCEITUAÇÃO, NA DÉCADA DE 1960

Trabalho de Produção Textual apresentado à


Universidade UNOPAR, como requisito parcial para a
obtenção de média semestral nas disciplinas de
Acumulação Capitalista e Desigualdade Social,
Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do
Serviço Social I, Estatísticas e Indicadores Sociais,
Formação Social Histórica e Política do Brasil e
Comunicação Oral e Escrita.

Orientadores: Profª Neuma dos Santos Assunção Galli


Profº Paulo Sérgio Aragão
Profª Hallynnee Hellenn Pires Rossetto
Profª Altair Ferraz Neto
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................3

2 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................4

3 CONCLUSÃO............................................................................................................9

4 REFERÊNCIAS........................................................................................................10
3

1 INTRODUÇÃO

O serviço social tem sua fundamentação nos primórdios da


humanidade a partir do crescimento populacional, que gerou desigualdades, fome,
falta de trabalho, más condições socias de vida familiar e comunitária, esse abrupto
crescimento populacional, alteração de classes, mudanças de modo de viver,
ocorreu no Brasil em meados dos anos 1930, com o início do processo produtivo
industrial, crescimento e urbanização populacional no país, nessa mudança de
trabalho escravo para um trabalho livre, desencadeou a necessidade de fazer parte
do Estado a visão social, essa alteração para uma prática capitalista, regidos pelo
controle de capital, salientando que com essa nova conduta e a exploração por mais
serviço e trabalho prestado gera incomodo a classe proletariada que busca por
melhores condições, fazendo o Estado incrementar em suas políticas, a política
social.
Vamos aprofundar no decorrer desta produção, sobre a pratica
capitalista que culminou na emergência do trabalho de serviço social no Brasil,
juntamente com seus fundamentos históricos pautados na questão central do
Serviço Social, criando uma abordagem necessária ao conhecimento do
desenvolvimento dessas atuações, desse modo, apresentarei uma sistematização
sobre a atuação do Serviço Social nos processos de enfrentamento da questão
social na sociedade capitalista brasileira.
4

2 DESENVOLVIMENTO

O Serviço Social no Brasil, se evidencia, após o Estado intervir no


que estava acontecendo no país, pelos processos de modernização, em meados de
1930, pelo novo dimensionamento de classes sociais que se criavam. A crise em
Nova York, na bolsa de valores, afeta o Brasil, fatos que contribuíram e geraram
mudança na estrutura política e econômica. O Brasil era o principal exportador de
café, na época, sendo também um dos principais exportadores de açúcar, diante de
tudo isso o Brasil passou a investir no processo de industrialização, o principal
objetivo era fugir da crise mundial buscando no comércio interno o suprimento
necessário, então pós a crise capitalista de 1929, o Estado tem um crescimento de
atuação, em concordância com as tendências mundiais, já que a questão social se
apresentava na sociedade de forma cada vez mais intensa, com essa forma de
acumulação de capital passa a ser, de certa forma, prioritariamente industrial, as
condições de vida e de trabalho da classe trabalhadora era mínima, degradante,
humilhante, moradias baratas e de péssimas condições em locais favoráveis a
doenças e violência. Visando altos lucros, os salários eram baixíssimos, até porque
a quantidade de pessoas ávidas por um emprego era enorme, e com essa grande
demanda de trabalhadores, os empregadores abusavam para obter mais lucros.

[...] o trabalhador (classe trabalhadora) se vê obrigado a vender, para


sobreviver, a única mercadoria que possui: sua força de trabalho. Ou
seja, vende parte de si mesmo, já que de outro lado se lhe enfrentam
como propriedade alheia todos os meios de produção e condições de
trabalho necessários à materialização de seu trabalho, assim como os
meios necessários à sua subsistência. (IAMAMOTO; CARVALHO,
1986, p. 38).

O salário era insuficiente para que o trabalhador tivesse uma vida


digna com sua família, mesmo praticamente todos da família trabalhassem,
mulheres e crianças, ainda assim o salário era insuficiente para suas necessidades
básicas. Além desses fatores externos os ambientes eram sem segurança e higiene
no local de trabalho, e em meio a tudo isso surge a necessidade da classe
trabalhadora unir-se, organizar-se em prol de melhores condições de vida.
5

Surgem por exemplo, mediante esta necessidade, as Ligas


Operárias que vão dar origem aos Sindicatos e as Sociedades de Resistência.
Coube ao serviço social viabilizar esse acesso aos serviços e
benefícios controlados pelas políticas sociais, proporcionando rapidez e eficiência.
Numa ação direcionada a esclarecer à população quanto aos direitos, serviços e
benefícios proporcionados, e dos deveres dos usuários desses benefícios. É desta
forma, pois, que o Serviço Social deixa de ser um mecanismo de caridade e
filantropia e se transforma em um mecanismo de execução das políticas sociais do
Estado e dos setores privados. Por isso, é impossível desvinculá-la da relação com
as novas formas de enfrentamento da questão social, que se expressam no
surgimento de instituições encarregadas da implementação e operacionalização de
políticas sociais e assistenciais.

No Brasil, até meados do ano de 1940, os assistentes sociais tinham


dificuldade de ter acesso aos conteúdos técnicos para a área profissional do Serviço
Social, e a partir dessa necessidade muitos profissionais buscavam fora do país
essa profissionalização, essa busca por procedimentos e instrumentais que eram
usadas pelo Serviço Social, principalmente pela escola americana, sendo mais
influenciado pela doutrina católica em detrimento aos pensamentos positivistas.

Essas doutrinas e influências, católicas e positivistas, passaram por


um declínio na Proclamação da República em 1889, A Igreja Católica tinha
posicionamentos políticos o que fazia certa mistura de informações, a Igreja
precisava transformar essa ideia e demonstrar interesse em difundir seu trabalho
social para tentar consolidar um novo posicionamento, e ser mais vista, e melhor
vista por parte da sociedade.
Após a Constituição Federal de 1934, algumas medidas
beneficiaram esse processo social para a igreja Católica, como o ensino religioso
que fica facultativo nas escolas públicas, a lei permite construir cemitérios religiosos,
e nesse contexto a Igreja reassume seu papel na sociedade e nessa condição
surgem as primeiras escolas de Serviço Social no Brasil, em São Paulo (1936) e no
Rio de Janeiro (1937). Segundo Aguiar (1995, p. 31), o Serviço Social “nasce ligado
à Igreja Católica, a serviço de sua ideologia.”. O Serviço Social e a Igreja têm,
pontos em comum, na medida em que lutam e defendem condições dignas de
6

trabalho à classe proletária, outro aspecto importante é que consideram a família


como instituição sólida para a sociedade. Se surgissem problemas no núcleo
familiar, seria necessária a luta do Serviço Social e da Igreja no sentido de fazer com
que o Estado assuma seu papel na promoção do bem-estar da população. Para os
profissionais do Serviço Social, era necessário se apropriar de técnicas e
instrumentos operacionais que pudessem ser utilizados em suas ações a partir da
compreensão da realidade.

Historicamente, o Serviço Social institui-se com práticas de caridade


respaldadas e difundidas por entidades religiosas com o objetivo de desenvolver
“obras sociais” voltadas aos pobres e excluídos, a pobreza de acordo com os
religiosos era concebida como uma graça divina, e as obras de caridade viriam para
salvar, dar uma melhor vida a essas pessoas carentes. Aquelas pessoas com baixo
nível social e econômico, recebem esse nome, mas essa definição, nos dias de hoje,
já se encontra ultrapassado, utilizando-se o termo “pessoas em situação de
vulnerabilidade ou risco social”.

Analisando desde o início, veremos que desde os primórdio


existiram pobres e pessoas que não possuíam bens materiais básicos para sua
sobrevivência, nessa época a pobreza se revelava em momentos de combates,
conflitos territoriais e por poder e até desastres naturais que atingiam a população e
destruíam as plantações e a agricultura, das quais geralmente vinha o sustento das
famílias. Nesse período da história, as sociedades eram formadas por clãs ou tribos,
as quais deveriam prover os meios de subsistência aos seus familiares. Existiam
também sociedades míticas, em que a miséria, doenças e catástrofes eram
consideradas castigos divinos, impingindo à natureza todos os males sofridos. Com
o passar dos anos, as sociedades tiveram transformações e, consequentemente, as
transformações históricas e sociais permitiram novas práticas de atuação desse
profissional.
Assimilando os fundamentos históricos e teórico-metodológico do
Serviço Social brasileiro a partir da teoria social crítica de Marx, contribui ao longo da
produção histórica da profissão, para o entendimento de importantes elementos
entre teoria e prática no Serviço Social brasileiro. Essa certeza está fixa na produção
de conhecimentos que tem embasado a análise sobre o trabalho profissional.
7

Apresentar soluções para superar algumas incoerências na relação


teórica e prática no Serviço Social brasileiro, traz à tona a necessidade de um
reanalise dos clássicos da teoria social marxiana, com objetivo de aprofundar no
pensamento as mediações, e reconstruir formas de pensar buscando entender as
logísticas do Serviço Social. Essa colocação se faz necessária no atual contexto de
retrocessos do campo dos direitos sociais, e do aprofundamento do
conservadorismo na realidade contemporânea, que vem incidindo também na
profissão. Uma observação mais aprofundada da Economia Política para entender o
contexto que o Serviço Social se insere no mundo do trabalho, se coloca como
questão central do estudo. Princípio da economia política onde o trabalho é
dimensão do trabalho concreto, condição inerente a atividade humana. E dimensão
do trabalho abstrato, relação historicamente determinada pelo modo de produção
capitalista. Nesta discussão um dos elementos importantes é ter clareza da condição
de classe trabalhadora da/o assistente social na divisão sócio técnica do trabalho,
reconhecendo também os limites que essa realidade impõe à condição do estatuto
de assalariamento.
Como situamos acima, o trabalho na sua dimensão de trabalho
abstrato. Mas ao mesmo tempo, reconhecendo a/o assistente social como sujeito
pensante e crítico, consciente de suas escolhas e compromissos ético-políticos,
fundamentado em um projeto profissional crítico e propositivo. E que vislumbra
possibilidades no exercício profissional para além das determinações da dinâmica
da sociedade capitalista. Reconhecemos aqui que, ao mesmo tempo, o trabalho na
sociedade contemporânea também envolve uma dimensão do trabalho concreto,
inerente ao ser humano genérico. Visto que o trabalho necessariamente envolve a
teleologia, ou seja, a capacidade do homem pensar, projetar onde vislumbra chegar.
Nesta direção, à luz da teoria de Marx, diante das contradições desta sociabilidade
do capital, importa apreender a análise do trabalho profissional da/o assistente social
sob essa dupla dimensão. O que para nós implica a apreensão da realidade a partir
da unidade teoria/prática.

Um dos desafios que vem se colocando no cotidiano do processo de


formação e trabalho profissional tem sido o questionamento de que a teoria de Marx
não dá mais conta da análise e intervenção sobre a realidade social, como já
8

abordado.
Esse problema aparece em vários espaços de debate do próprio
Serviço Social, tanto na apreensão da questão social e suas expressões, como na
forma de enfrentá-las. E é na direção da defesa da teoria de Marx, e devemos
analisar os elos entre a teoria marxista e o trabalho profissional do Serviço Social
significa avançar sempre no rigor teórico dos fundamentos teórico-metodológicos do
Serviço Social crítico. A apropriação deste rigor, em sintonia com a teoria social
crítica de Marx, contribuirá de forma efetiva se articulada de forma indissociável com
o cotidiano do trabalho profissional do assistente social nos diferentes espaços.

A sociedade contemporânea é frenética e em constante processo de


mudança, a profissão do Serviço Social também se insere nesse processo contínuo
de discussões e reflexões do papel do assistente social na sociedade. Podemos
dizer que os desafios e limites da profissão são inúmeros, pois o Estado tem sido o
maior empregador dos assistentes sociais e não opera com eficiência no que diz
respeito às mais diversas áreas: saúde, educação, habitação, assistência social,
segurança, entre outras. Os assistentes sociais, em seus locais de atuação, devem
sempre buscar o zelo pelos direitos das pessoas, respeitando as formas de
organização das instituições em que estão inseridos. É um constante desafio a
mediação de questões e demandas que devem ser superadas a partir de uma
construção coletiva, almejando alcançar o processo de libertação do cidadão.
Segundo Iamamoto (2004), o assistente social enfrenta limites em seu cotidiano
profissional, pois se depara com as contradições das relações sociais impostas pela
sociedade capitalista.

O Assistente Social precisa verificar como se dão as relações de


produção e reprodução social e que geram tantas desigualdades sociais que se
expressam na questão social, pois é o objeto de trabalho do assistente social. Essas
desigualdades se apresentam nas mais diversas áreas, como: saúde, educação,
habitação, assistência social, emprego, entre outras. O Serviço Social, então, se vê
na condição de levantar propostas que possam mediar essas relações em busca de
novas possibilidades e perspectivas em prol do desenvolvimento integral dos
sujeitos envolvidos no processo.
9
10

3 CONCLUSÃO

Diante do exposto, identificamos que as questões sociais são


inerentes as pessoas desde os primórdios das civilização, e que ficaram mais
latentes, mais visíveis no inserir do capitalismo, onde a força monetária criou
claramente situações e condições de desfavorecimento social, com a
industrialização e urbanismo dos meios de produção essa segregação ficou mais
latente, apesar de ser tratada como “vontade de Deus” ter uma condição sofrível, a
igreja católica viabilizava meios de acalentar essas dores sociais. O cidadão se via
obrigado, por necessidade social e urbana, de vender sua mão de obra, pois era o
único produto que ele tinha disponível, ele mesmo, com péssimas condições de
trabalho e salários vergonhosos, onde se viam obrigados a morar em condições de
baixa salubridade. Nesse trabalho social da igreja, em buscar alternativas para suprir
essas condições o serviço social ganha um caminho, a caridade ao povo sofrido é
acalentadora, diante do mal que o capitalismo cria na sociedade.
Diante dessa nova condição o Estado assume responsabilidade em
cuidar socialmente, avaliando melhores condições de cuidar da comunidade, caindo
a questão da caridade e ganhando moldes de direito social. Dando forças as lutas
da sociedade por melhorias, emergindo o serviço social para uma comunidade com
mais equidade, lutas sociais, viés ideológicos, estudos, para que o serviço social
fosse algo transformador para a comunidade.
11

REFERÊNCIAS

IAMAMOTO, Marilda Villela; CARVALHO, Raul de. Relações sociais e serviço


social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 5. ed.
São Paulo: Cortez, 1986.

AGUIAR, Antonio Geraldo de. Serviço social e filosofia: das origens a Araxá. 5.
ed. São Paulo: Cortez, 1995

IAMAMOTO, Marilda Villela. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e


formação profissional. São Paulo: Cortez, 2004.

PEREIRA, Mariana Figueiredo de Castro; OLIVEIRA, Natalia Coelho de. Serviço


social e movimentos sociais: história e reflexões sobre o amadurecimento
teórico-metodológico. Revista Serviço Social em Debate v. 2, n. 1, 2019, p. 143-
157. Disponível em:
<https://revista.uemg.br/index.php/serv-socdebate/article/view/4305>. Acesso em:
01/06/2022.

SANTOS, Taina Rocha dos; SILVA, Victor Felipe Lins da. As desigualdades no
capitalismo e as intervenções do estado: Estratégias de manutenção e
reprodução sistemática. Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em
Serviço Social, 2018. Disponível em:
<https://periodicos.ufes.br/abepss/article/view/22151/14665#:~:text=J
%C3%A1%20no%20modo%20de%20produ%C3%A7%C3%A3o,mais
%20empobrecimento%20e%20desigualdades%20sociais>. Acesso em: 31/05/2022

ZALAMENA, Juliana Costa Meinerz. Emergência e institucionalização do Serviço


Social no Brasil. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 20,
n. 4475, 2 out. 2015. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/38134/emergencia-e-
institucionalizacao-do-servico-social-no-brasil> Acesso em: 31/05/2022

A origem do Serviço Social. Portal Educação. Disponível em


<https://blog.portaleducacao.com.br/a-origem-do-servico-social/>. Acesso em
01/06/2022

CIOTOLA, Gennaro Portugal. A era Vargas e a construção da cidadania. Site


Brasil Escola. Disponível em: <https://monografias.brasilescola.uol.com.br/historia/a-
era-vargas-construcao-cidadania.htm>. Acesso em 02/06/2022

FONSECA, Clarisse Tavares; OLIVEIRA, Julliane Trindade de; SOUZA, Jozeneide


de Sales. Principais tendências históricas e teórico-metodológicas do serviço
social e suas influências na formação profissional. Congresso Brasileiro de
Assistentes Sociais, v. 16, n. 1, 2019. Disponível em:
<https://broseguini.bonino.com.br/ojs/index.php/CBAS/article/view/1212>. Acesso
em 02/06/2022

Você também pode gostar