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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social


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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO


SERVIÇO SOCIAL – A GÊNESE DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL –
INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL II

Dando continuidade à aula anterior, será tratado, nesta aula, sobre como foi o reflexo das
primeiras escolas de serviço social no Brasil.

Nova dinâmica

Conforme ressaltam Iamamoto e Carvalho (2009), houve uma importante demanda por
assistentes sociais diplomados. O mecanismo utilizado para ampliar o número de profis-
sionais se baseou na oferta de cursos intensivos para auxiliares sociais e na promoção de
bolsas de estudos mantidas pelas instituições que começaram a surgir a partir de 1942.
Esses auxiliares sociais são profissionais que trabalham na área social, mas não neces-
sariamente são assistentes sociais. Eles exerciam atividades análogas às do assistente, mas
não iguais.
Portanto, nesse período havia os:

• Agentes sociais: não na área social, detinham formação básica doutrinária e, por isso,
tinham funções nos vários órgãos públicos, mas sem necessariamente ter passado
pela Escola de Serviço Social;
• Assistentes sociais: concluíram seus estudos nas Escolas de Serviço Social.
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É um momento que é citado por algumas literaturas como a época de ouro do serviço
social, em que o Estado está aberto e necessitando de profissionais para que eles trabalhem
na perspectiva desse projeto de controle alicerçado na formação doutrinária.
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Alguns Campos de atuação profissional

São Paulo Rio de Janeiro


Departamento de Serviço Social do Estado em exercício
Juízo de Menores e Serviço de Assistência ao
de funções especializadas como de inspetores de traba-
Menor (SAM).
lho de mulheres e menores no Juízo de Menores.
Legião Brasileira de Assistência (LBA): assistência às
Legião Brasileira de Assistência (LBA).
famílias, como os Centros Familiares.
Serviço Social de Aprendizagem Industrial
Serviço social médico.
(SENAI).
Serviço Social da Indústria (SESI). Serviço Social do Comércio (SESC).
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Serviço Social da Indústria (SESI).
Fundação Leão XIII.
Escola de Serviço Social.
Hospitais e policlínicas.

Em São Paulo, havia o Departamento de Serviço Social do Estado, que solicitava os


assistentes sociais para atuar em funções especializadas, como o trabalho com os menores.
Esse cenário ocorre mais ou menos na década de 30, na égide do primeiro Código de Meno-
res, lançado no final da década de 20.
Na LBA, há figura muito simbólica que é a primeira-dama Darcy Vargas e esposa de
Getúlio Vargas, que iniciou junto ao empresariado esse processo de pensar a assistência.
Até então isso não era política de Estado.
Algumas provas dispõem também sobre o Sebrae ao tratar sobre o Sistema S, mas ele é
oficialmente lançado no decorrer dos anos 60 e 70.
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Entre Rio de Janeiro e São Paulo, há muitas semelhanças em termos de dinâmica, mas
no Rio há mais opções. Isso porque na década de 30 a cidade era a capital da República.
Assim, lá havia um maior aparato estatal.
Para Yazbek (2009), “a gênese do serviço social brasileiro é marcada (por esse) ideário
católico, o qual imprimiu à profissão um caráter de apostolado fundado em uma abordagem
da ‘questão social’ como um problema moral e religioso e numa intervenção que prioriza a
formação da família e do indivíduo para a solução dos problemas e atendimento de suas
necessidades materiais, morais e sociais. Portanto, em sua gênese, o serviço social brasileiro
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incidiu sobre os valores e comportamentos de seus “clientes” na perspectiva de sua integra-


ção à sociedade.”
O Estado, então, não possui grandes responsabilidades. O indivíduo que precisa se
esforçar.
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No primeiro Código de Ética de 1947, há inclusive um agradecimento a Deus, o que expli-
cita essa perspectiva de doutrinação.
A partir dessa perspectiva, não era a sociedade que estava com problemas, mas o indiví-
duo que precisava se integrar àquilo que a sociedade deseja hegemonicamente. A atuação é
individual, mas o desejo é de integração desse indivíduo para a sociedade de maneira con-
servadora, com uma metodologia tradicional.
A atuação era fortemente ideológica para implementar a assimilação no proletariado em
sua forma de pensar e viver – organização de métodos e técnicas de intervenção profissional
voltados à desmobilização da classe operária.
De forma análoga, Iamamoto (2008) analisa: “(...) o serviço social emerge como uma ativi-
dade com bases mais doutrinárias que científicas, no bojo de um movimento de cunho refor-
matório-conservador da sociedade brasileira, devendo ser entendida a história da profissão
e o seu significado dentro da reprodução das relações de classes e do relacionamento con-
traditório entre ambas; devendo ser entendido como processo de especialização do trabalho
coletivo na sociedade industrial em meio ao desenvolvimento do capitalismo monopolista”.
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Nesse sentido, é preciso entender o significado da profissão dentro das relações de
classe. Por isso, não se traz a tese endogenista, visto que isso seria pensar que essa boa
ação tecnificada evoluiu até os dias de hoje, o que não ocorre. No serviço social, até agora
existe uma necessidade de ter esse profissional e uma conciliação de projetos: o Estado pre-
cisa e a Igreja quer. Isso é mútuo interessante porque ambos terão justificativas para isso.
O sistema capitalista, como diz Iamamoto, é contraditório: poucos têm muito e muitos têm
pouco. Nesse sentido, os trabalhadores, por meio de greves e organizações, vão querer que
o Estado participe, o que cobrará da elite um novo posicionamento.

Serviço Social (1947-1961)

Nesse outro momento do serviço social, o Brasil se aproxima dos Estados Unidos, que-
rendo uma dinâmica de industrialização. O contato entre esses governos vai trazer teorias
diferentes.
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A partir dos anos 1940, o conservadorismo católico que caracterizou os anos iniciais do
serviço social brasileiro começou a ser tecnificado ao entrar em contato com o serviço social
norte-americano e suas propostas de trabalho permeadas pelo caráter conservador da teoria
social positivista (YAZBEK, 2009, p.4).
A Igreja, a partir da doutrina, então, estava tecnificando a perspectiva caridade, só que
agora, com essa aproximação política, os Estados Unidos afirmam que têm como contribuir
no âmbito um pouco mais científico. Trata-se do início de um diálogo com uma teoria socio-
lógica: o positivismo.
A matriz positivista foi então absorvida pelo serviço social brasileiro, particularmente em
sua orientação funcionalista, configurando para a profissão propostas de trabalho ajustado-
ras, com uma apreensão manipuladora, instrumental imediata do ser social (Ibidem, p.5).
Assim, tecnifica-se mais o serviço social, só que com base em teorias mais rígidas, que
não pensarão em problematizar esse contexto político, econômico e histórico da sociedade.
Compreende-se que essa sociedade tem uma estrutura que não está errada, mas o que
causa problemas são as pessoas que não estão dentro dessa estrutura. Por isso, o termo
“desestrutura” é considerado muito conservador, pois, quando se diz, por exemplo, “deses-
trutura familiar”, entende-se que há um parâmetro correto e o que foge a ele acaba sendo
considerado um erro.
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Ainda sobre essa relação entre os dois países, vale ressaltar: “o marco dessa relação
está situado no Congresso Interamericano de Serviço Social, realizado em 1941, em Atlan-
tic City (USA), evento que estabeleceu laços estreitos entre as principais escolas de serviço
social brasileiras e as grandes instituições, escolas e programas continentais de bem-estar
social norte-americanos” (ANDRADE, 2008, p.275).
Perde-se, desse modo, um pouco da influência europeia e cresce a influência norte-ame-
ricana. Nessa época, há uma corrida para que se tenham mais assistentes sociais.

Mudanças necessárias

O pensamento conservador tornou-se pouco eficiente face às demandas da realidade. A


mudança foi imposta para a própria sobrevivência do serviço social diante dos novos requeri-
mentos sociais. Os padrões de eficácia do período doutrinário, que se baseavam em padrões
morais – ser bom cristão era o suficiente – se mostravam precários diante do novo contexto
social (ANDRADE, 2008, p.271).
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Esse novo contexto social era a ampliação das escolas de serviço social e da partici-
pação do Estado em querer esses profissionais, além do desenvolvimento do capitalismo
industrial no Brasil.
30m
No decorrer dos anos 40 e 50, no contexto social do Brasil, houve uma maior aproxima-
ção entre o Presidente Getúlio Vargas e o governo norte-americano de Franklin Roosevelt
(interesses econômicos e políticos).
Nesse sentido, ocorre a emergência de um “arranjo teórico doutrinário” (IAMAMOTO,
2009), ou seja, junção de um discurso humanista cristão com o suporte tecno-científico da
teoria social positivista, assinalando o pensamento conservador agora guiado pelas ciên-
cias sociais.
Yazbek é mais cirúrgica em sua crítica e vai dizer que “nem o doutrinarismo, nem o
conservadorismo constituem teorias sociais” que validem a interpretação dessa realidade
(2009, p.5).
A atuação do assistente social limitava-se, então, a uma adequação do indivíduo ao sis-
tema social. Há uma ausência de autocrítica profissional na análise crítica da questão social
proveniente do sistema (modo de produção).
Além de não se considerar as especificidades do Brasil, não se consideravam as especi-
ficidades do sistema capitalista.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Douglas Gomes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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