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Históricos e Teóricos-
Metodológicos
C U R S O A V A N Ç A D O
Profa Shellen
Olá concurshellens
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Por isso, um tema central e irmã siamesa dessa aula é a questão social,
entendida como as múltiplas expressões da desigualdade social e objeto de
intervenção de políticas sociais que requerem a força de trabalho do/a
assistente social. Mas, antes de adentrar nesse assunto, versaremos alguns
pontuações sobre o serviço social no mundo.
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Mary Richmond define o Serviço Social como um conjunto de técnicas que tem
por objetivo reajustar a personalidade humana, no sentido do seu pleno
desenvolvimento físico, intelectual, moral e social com o fim de tornar o homem
mais feliz e proporcionar maior bem-estar à comunidade.
Richmond apresentou a
1899 proposta de denominar a 1925
nova profissão como
Social Work
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Capitalismo
Na mesma relação o
Contradição elementar Esse processo envolve trabalho produz e
entre socialização da exploração, mais-valia reproduz tanto suas
produção e apropriação e reprodução das condições de existência
privada da riqueza. relações sociais. como sua dominação, a
classe capitalista.
Capitalismo e Sociabilidade
Profissão na interlocução do
movimento da realidade capitalista em
suas múltiplas dimensões: materiais,
culturais, espirituais...
Capitalismo Monopolista
Fase posterior ao capitalismo concorrencial que captura a lógica do Estado, este
que é comitê executivo da burguesia e também responsável pela conservação física
da força de trabalho ameaçada a partir do processo de agudização das expressões
da questão social.
É no capitalismo monopolista
Estado amplia suas funções
políticas e econômicas
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Em seu surgimento no Brasil, o Serviço Social está ligado como uma das estratégias
do empresariado e do Estado, com o suporte da Igreja Católica (YAZBEK, 2009, p.
129), com objetivo de regulação da vida social face à questão social. A consolidação e
a legitimação emergem-se principalmente pela ação social, assistencial e filantrópica
desempenhada pelo Estado com suporte da Igreja. Assim, mais uma vez destacamos
a ligação do surgimento do serviço social com os movimentos do mercado, do
Estado e da igreja católica:
PROFISSIONALIZAÇÃO
MERCADO DE TRABALHO / PS
VENDA DA FORÇA
DE TRABALHO
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Por isso se faz necessário entender a profissão sob dois ângulos, sendo estes
relacionados em unidade e de forma contraditória.
MARILDA IAMAMOTO
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Igreja Católica
O serviço social no Brasil surgiu na década de 1930. Para atender as novas
situações que vivia o país com o processo de industrialização/
urbanização.
A questão social, portanto, carrega no seu cerne um acesso desigual a riqueza, mas
isso não é o suficiente para a sua existência como tal. É quando os que produzem a
riqueza (classe trabalhadora) denuncia na cena pública (através de greves, protestos
e afins) que a sua situação é a de explorado pela minoria (classe burguesa, que a
questão social se torna uma questão pública, por tanto, de todos. Afinal, alguém tem
que se responsabilizar por isso.
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Mas para Iamamoto questão social vai muito além de desigualdade. Segunda a autora
esta é também rebeldia, "por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a
elas resistem, se opõem. É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção
da rebeldia e da resistência que trabalham os assistente sociais, situados nesse
terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou
deles fugir porque tecem a vida em sociedade”. (IAMAMOTO, 2011, p. 28).
Esse pequeno contexto histórico é para ilustrar como a revolução burguesa era
arrojada: além de depor a monarquia e instituir o próprio sistema econômico e
político, esta também almejava uma primazia ideológica baseada na teoria social, na
centralidade do homem e na criação humana por excelência. Para a burguesia era
hora de dar um fim a "Idade das Trevas" e iniciar a "Era das Luzes", ou para os íntimos:
o iluminismo.
E agora pense comigo: quantos reis restam no mundo? Pois é, a burguesia saiu
vitoriosa. Esta foi gerando um novo modelo econômico baseada no comércio e em
capital, por isso denominamos o sistema atual de Capitalismo. Assim, uma nova
classe dominante foi surgindo para compor esse novo modelo de organização social,
e essa classe é a classe burguesa.
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Mas voltemos a Igreja, afinal, ela não deixou de existir, mas podemos observar que
essa mudança de formatação social retirou poder essa instituição que antes era
soberana, seja a Igreja Católica, sejam os seus rachas, a Igreja Anglicana e a
Protestante.
A Igreja Católica tinha então uma tarefa missionária, e também política, de retomar o
seu poder ideológico, político, e claro, econômico. Assim surge, em resumo a
chamada reação católica.
ENCÍNCLICAS
PAPAIS
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A ação católica não era assistência pura e simples, mas sim uma AÇÃO SOCIAL,
UMA AÇÃO POLÍTICA. Essa via a questão social como um problema individual,
moral e religioso e buscava assim “remédios” para solucionar esse "problema
social", entre eles a educação e a intervenção social no sentido de correção e de
ajuste do que então se denominava “males sociais”, advindos das profundas
transformações econômicas e sociais do capitalismo industrial e que afetaram de
forma mais contundente as famílias das classes trabalhadoras.
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Essas são assim as protoformas do Serviço Social: uma ação bondosa, militante e
católica, portanto, que prezava pela dignidade do humano.
Igreja - Doutrinarismo
A primeira aproximação do serviço social com algum referencial filosófico foi com
a perspectiva (neo)tomista, de cunho humanista conservador. Isso se dava
também porque havia uma forte relação entre Estado e Igreja na conjuntura que
culminou no golpe de estado de 1930. Assim, a Igreja Católica era responsável
pelos conteúdos ensinados aos primeiros assistentes sociais, haja vista o trato
moral que era dado à questão social.
A/o Assistente social tinha que ser uma pessoa íntegra, devotada, comunicativa, ter
formação moral e preparo técnico e nutrir sentimento de amor ao próximo eram
características desejadas para o assistente social.
CARMELITA YAZBEK
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Primeiras Escolas
A primeira escola de Serviço Social surge em 1936, em São Paulo, instituída pelo
CEAS. Atualmente é a PUC-SP.
Em 1937, surge a escola do Rio de Janeiro e posteriormente em Pernambuco, Rio
Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Características do Neotomismo
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ANOTAÇÕES
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Conservadorismo
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A Legião Brasileira de
Assistência – LBA,
dentre outras ações,
consolidou e expandiu
o ensino especializado Na estrutura do Serviço
de Serviço Social. Nacional da Indústria – SENAI, o
Assistente Social aparece como
coordenador e, no quadro
teórico do projeto de prática
institucional, contribui para o
reforço da dominação de classe
e do aumento da taxa de
exploração.
No Serviço Social da
Indústria – SESI, o
Serviço Social se
organiza como um
trabalho coletivo
entre assistentes
sociais e entre esses e
outros profissionais.
Ocorre nesse período a chamada tecnificação do Serviço Social, e isto ocorre com a
aproximação junto ao Serviço Social norte-americano e suas propostas de trabalho
com a teoria positivista.
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Institucionalização e o positivismo
Positivismo
O método positivista trabalha com as relações aparentes dos fatos. Trabalha, pois,
com o imediato, o observado. Contesta o teológico e o metafísico. Busca a
regularidade e a invariabilidade. Circunscreve os objetos em uma perspectiva
formalista.
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Características do Positivismo
O método positivista
trabalha com as relações
Apreensão
aparentes dos fatos, evolui
manipuladora,
dentro do já contido e
instrumental e imediata
busca a regularidade, as
do ser social.
abstrações e as relações
invariáveis.
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Tratamento
Entrevista
(intervenções/
(conhecimento/ Diagnóstico social
ajustes das
coleta)
disfunções)
O Serviço Social de Caso orientava-se pelas teorias de Mary Richmond, Porter Lee e
Gordon Hamilton, cuja preocupação centrava-se na personalidade do cliente. O
trabalho orientado por essas teorias buscava conseguir mudanças no indivíduo, a
partir de novas atividades e comportamentos. O indivíduo era visto como o elemento
que deveria ser trabalhado, no sentido de ajustá-lo ao meio social e fazê-lo cumprir
bem seu papel no sistema vigente.
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Assim, o central no Serviço Social de caso é o aconselhamento, de tal modo que seja
desenvolvida a capacidade psicológica do cliente e seja levado a utilizar-se dos
serviços existentes para atender a seus problemas
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1950 - Desenvolvimentismo
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ANOTAÇÕES
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Movimento de Reconceituação
Esse processo é considerado tipicamente latino-americano, no
Brasil, ocorre em finais da década de 1960 e perdura na década
de 1970. Iamamoto define como período histórico 1965-1975.
Ademais, outro fator é basilar para o rompimento com o serviço social tradicional: a
subalternidade técnica que este impunha ao serviço social. A categoria se começava
a se ver além de um mero executor terminal das políticas sociais a partir de seu
ingresso no circuito universitário e, especialmente, político.
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Segundo Netto (2011), existem três elementos relevantes para detectar a erosão do
Serviço Social Tradicional:
c r o n ia a insuficiência
a d is s in s a suba
lternid
c om a da formação e xe c u t a d e
ç õe s iv a
s o l ic it a â n e a s profissional
p or
c o n te m
Segundo José Paulo Netto, essa refuncionalização passa pelo rompimento com o
confessionalismo, paroquialismo e o provincianismo que historicamente o serviço
social estava vinculado para dar conta dessa novas demandas.
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O Movimento de Reconceituação
Elementos de Renovação
Dentre os inúmeros elementos para uma reconceituação, podemos citar dois
principais, conforme Netto:
- A laicização, uma ruptura com os ideais da igreja católica;
- A inserção no circuito universitário a constituição de uma massa crítica, como
psicologia social, antropologia, ciências sociais etc.
Todo esse cenário, traz elementos base para uma mudança no serviço social, a saber:
Inaugura o pluralismo
Crescente diferenciações de
concepções da profissão
Constituição de segmentos de
vanguarda do âmbito acadêmico
(principalmente)
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Um marco simbólico do início desse movimento que foi marcado por vários
seminários foi I Seminário regional latino-americano de Serviço Social realizado em
Porto Alegre, em maio de 1965 com a participação de 415 participantes do Brasil
Argentina e Uruguai
No Brasil, com o golpe que instaurou a ditadura militar em 1964 e com o AI-5 em
1968, as discussões políticas, democráticas e progressistas ficaram subsumidas ao
metodologismo, o que fez com que a priori a renovação ocorrece sobre a Tutela da
Ditadura até meados da década de 1970 e de maneira muito tímida.
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MO dernização conservadora
RE atualização do conservadorismo
I nteção de ruptura
Datas Importantes
Seminário de Porto
Alegre
1965 Congresso da Virada 1979
Método de BH 1972
Seminário de
Teresópolis
1970
Seminário do Alto da
Seminário de Sumaré Boa Vista
1978 1984
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Perspectiva Modernizadora
Teresópolis – (cristalização)
Araxá – (afirmação) requalificação profissionais para
transformismo e recuperação o planejamento, administração...
do Serviço Social de Caso, Ressitua o Assistente social
Grupo e de DC, desde que como funcionário do
funcionais à mudança e ao desenvolvimento. Um cariz mais
desenvolvimento. Ainda operativo para a determinação
discute valores/sentido. de formas instrumentais/
operacionalidade
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Reatualização do Conservadorismo
Esta é a segunda tendência identificada por José Paulo Netto no movimento de
reconceituação, esta recupera elementos da herança histórica e conservadora do
Serviço Social, mas com uma roupagem que se declara nova, “supunha
reatualizar o conservadorismo, embutindo-o numa ‘nova proposta’, ‘aberta’ e
‘em construção’” (NETTO, 2005, p. 203)
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Seminário de Sumaré
Teve como foco principal a discussão sobre a cientificidade. Nele, o serviço social
deveria enfrentar três temas básicos: a relação do serviço social com a
cientificidade, a fenomenologia e a dialética.
Perspectiva Reatualização do
Modernizadora Conservadorismo Intenção de Ruptura
(tendência (tendência (tendência marxista)
funcionalista) fenomenológica)
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Intenção de Ruptura
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A contribuição de Iamamoto:
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Como tende a recusar a atividade assistencial, pelos estigmas que esta, muitas
vezes erroneamente identificada com a simples caridade, traz consigo, ele se vê
"perdido" diante da definição de suas atribuições diante de outras profissões
correlatas cujas frentes de trabalho são mais precisas, seja pelo caráter técnico mais
marcado, seja pela herança científica mais solidificada. (Iamamoto, 2004, p. 41)
Em suas demandas em programas multifacetados o Assistente Social é solicitado
não tanto pelo caráter propriamente "técnico-especializado" de suas ações, mas,
antes é basicamente, pelas funções de cunho "educativo", "moralizador" e
"disciplinador" que, mediante um suporte administrativo-burocrático, exerce sobre as
classes trabalhadoras das instituições que desenvolvem "programas
socioassistenciais". (Iamamoto, 2004, p. 42)
A subalternidade profissional
Uma das análises realizada por Iamamoto é a subalternidade do exercício profissional.
Em resumo, essa subalternidade profissional é estar inferiorizado, subjulgado ao
poder/domínio de outrem, no caso, de outra profissão. Em resumo, essa
subalternidade pode estar atrelada a dicotomia entre Trabalho intelectual / trabalho
prático e de Profissões masculinas / profissões femininas.
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O/a Assistente Social possui uma prática profissional contraditória, pois está
situado/a na contradição dos interesses do capital x interesses das classes
populares. Contudo, não há neutralidade [política] em sua atuação. Assim como os
usuários são sujeitos históricos, os/as profissionais de Serviço Social também são
[devem ser vistos em sua totalidade.
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Como dito anteriormente, o/a assistente social realiza seu trabalho profissional na
condição de trabalhador assalariado, que somado aos condicionantes da
subalternidade profissional, coloca como tônica uma autonomia relativa ã sua prática.
Como o Estado é contraditório, o trabalho também é contraditório. Assim, não
podemos limitar a autonomia apenas aos aspectos restritivos, mas também o
avaliando a partir das possibilidades de direcionamento do trabalho. O trabalho
profissional também é permeado por escolhas políticas e contradição da dinâmica
institucional, podendo assim formular estratégias individuais e coletivas que
escapem da reprodução acrítica das requisições do poder institucional
Vontade e direcionamento
dos agentes
(criação)
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O/a assistente social possui autonomia na sua prática profissional, então possui (...) a
possibilidade de apresentar propostas de trabalho que ultrapassem a mera demanda
institucional. (p. 102). Essa prática não pode ser reduzida a uma prática rotineira e
burocrática. Deve-se haver:
Messianismo e Fatalismo
O pensamento messiânico e fatalista foi influenciados por uma visão reducionista do
Serviço Social pós-reconceituação, portanto, desistorizada. Se trata de uma
desvinculação do Serviço Social da História mais ampla.
Fatalismo e messianismo: ambos prisioneiros de uma análise da prática social que
não dá conta da historicidade do ser social gestado na sociedade capitalista.
(Iamamoto, 2004, p. 116)
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Nos anos 1990, temos um cenário regressivo na perspectiva de direitos, e que vai de
encontro a tudo que se conquistou na Constituição de 1988.
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Em 1993, é realizada uma revisão do código de ética profissional, bem como é revisada
a antiga lei que regulamentada a profissão e é aprovada a atual, a 8.662/93
Anos 2000
Com o aumento do
A pós-modernidade é Os anos 2000 é palco
mercado de trabalho e
uma crítica ao de uma expressiva
com o crescimento
pensamento moderno, ampliação dos
inigualável da economia,
tanto positivista quanto programas sociais, o
proliferam os cursos à
o marxismo. Propõe uma que reflete
distância, colocando
análise mais subjetiva e sobremaneira na
outros desafios à
singular dos sujeitos os categoria profissional.
profissão, como por
desvinculando das
exemplo a criação do
classes sociais. Muitas
chamado “exército
vezes essa discussão é
assistencial de reserva”.
associada ao
neoconservadorimo.
Iamamoto em sua obra Serviço Social em tempos de capital fetiche (2017) busca
resgatar as principais teses dos fundamentos do serviço social, que segundo a
mesma são:
• Um balanço crítico de Relações Sociais e Serviço Social no Brasil;
• A tese do sincretismo e da prática indiferenciada;
• A tese da identidade alienada;
• A tese da correlação de forças;
• A tese da assistência social;
• A tese da proteção social;
• A tese da função pedagógica.
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