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Teóricos e Metodológicos do
Serviço Social - Políticas Públicas
Professora Esp. Daniela Sikorski
AUTORA
Depois, na Unidade III, vamos tratar sobre o Projeto Ético-Político do Serviço Social.
Você ainda poderá se aproximar do Código de Ética e da Lei que Regulamenta a Profissão
de Serviço Social no Brasil. E para encerrar esta unidade de estudo lhe será apresentado a
trajetória de lutas e conquistas do conjunto CFESS/CRESS (Conselho Federal de Serviço
Social / Conselho Regional de Serviço Social).
E por fim na Unidade IV, veremos algumas legislações sociais e de proteção social,
com as quais o assistente social tem contato no seu cotidiano profissional.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em
nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional.
UNIDADE I....................................................................................................... 6
A Gênese do Serviço Social nos EUA, na Europa e na América Latina
UNIDADE II.................................................................................................... 43
O Serviço Social no Brasil
UNIDADE III................................................................................................... 72
O Projeto Ético-Político do Serviço Social
Objetivos de Aprendizagem:
• Contextualizar a gênese do Serviço Social.
• Compreender como se deu a racionalização da prática da assistência e origem da Ques-
tão Social.
• Conhecer a fundação e especificidades das primeiras escolas de Serviço Social.
Plano de Estudo:
• A racionalização da Assistência e a gênese do Serviço Social.
• Origem da Questão Social.
• A fundação das primeiras Escolas de Serviço Social.
• A história do Serviço Social na América Latina.
6
INTRODUÇÃO
Olá, você está preparado(a) para nossos estudos? Vamos conhecer a gênese da
nossa profissão?
Vamos, a partir deste momento, compreender um pouco mais sobre a história do
Serviço Social, o que possibilitará a você uma fundamentação pautada na história, em que
atores foram construindo e consolidando a profissão para que se tornasse o que é hoje.
Você verá que, historicamente, o Serviço Social possui uma grande influência da
igreja, que, em seguida, foi se somando a questão política.
Conheceremos brevemente como se deu a criação das principais escola de Serviço
Social no Mundo, sobretudo na Europa, América do Norte (EUA) e América Latina (Peru e
Chile).
Para alguns a história pode parecer desestimulante, porém reforço meu convite em
aprender a história da profissão. Por que estudar a história da profissão? Para que você se
torne um(a) profissional fundamentado(a), embasado(a) e capaz de propor estratégias de
intervenção condizentes com a realidade sócio-ocupacional em que está inserido(a), consi-
derando a realidade atual. Um(a) profissional que saberá intervir com segurança, pensando
a longo prazo e não imediatista, capaz de diferenciar as ações profissionais das ações de
caridade, rompida ao longo dos tempos, porém sem nunca negar a sua essência.
Atualmente, o Serviço Social é uma profissão inserida na divisão social e técnica do
trabalho, e não filantropia, como por longo tempo foi entendido.
Você, então, pode se questionar: como assim “reforma dos costumes”, professora?
Bem, quando se fala que é preciso “reformar” algo ou alguma coisa é porque ela
não serve mais do jeito que está, ou não serve mais para o meu “padrão” do que é ade-
A partir dos trabalhos mencionado temos algumas ações e marcos que permitem
compreender como as práticas de assistência vão se organizando. Um exemplo de ação
que permite essa compreensão foram as Conferências São Vicente de Paulo (1833). Elas
[...] organizam seu trabalho em torno de visitas e ajudas a domicílio, creches,
escolas de reeducação de delinquentes, cuidados e socorros a refugiados e
imigrantes. O que era feito apenas nas paróquias passa a ser feito por toda a
cidade. A princípio organizada em pequenos bairros, a assistência começou
a se expandir e procurou conquistar um espaço na cidade inteira.
Até aí a Assistência Social é exercida, em caráter não profissional, como
contribuição voluntária daqueles que possuíam bens para aqueles que
eram pobres (ESTEVÃO, 2006, p. 12, grifo nosso).
Caro(a) aluno(a), você está conseguindo perceber como eram realizadas as práti-
cas de assistência? Consegue perceber a dimensão caritativa das ações sociais?
Comentei, no início desta unidade de estudo, que a assistência era praticada por
“damas de caridades”, lembra? Sendo assim, como se dava essa prática na segunda me-
tade do século XIX? Vamos entender um pouco melhor? Veja a seguir:
Além do apresentado quanto a ação das damas de caridade, temos ainda um outro
marco acerca da organização da Assistência Social, que se deu em 1869: a Sociedade de
Organização da Caridade, fundada em Londres. A Sociedade tinha suas ações fundamen-
tadas em alguns princípios, os quais você poderá conferir a seguir:
1. Cada caso será objeto de uma pesquisa escrita;
2. Este relatório será entregue a uma comissão que decidirá o que se deve
fazer;
3. Não se dará ajuda temporária, mas metódica e prolongada até que o
indivíduo ou a família voltem às suas condições normais;
4. O assistido será agente de sua própria readaptação, como também seus
parentes, amigos e vizinhos;
5. Será solicitada ajuda às instituições adequadas em favor do assistido;
6. Os agentes dessas obras receberão instruções gerais e escritas e se
formarão por meio de leituras e estadias práticas;
7. As instituições de caridade enviarão a lista de seus assistidos para
formar um fichário central, com o objetivo de evitar abusos e repetições
de pesquisas;
8. Formar um repertório de obras de beneficência que permite organizá-las
conveniente (ESTEVÃO, 2006, p. 14, grifo nosso).
O Serviço Social, em sua gênese, é marcado pela forte influência da Igreja, bem
como encontram-se, em seu cerne, as contradições marcadas entre capital X trabalho,
que chamamos de questão social, seguido de seus desdobramentos, que nomeamos de
expressões/manifestações da questão social, como, por exemplo: fome, desemprego, vio-
lência, falta de acesso à saúde, educação etc.
Com o tempo, o Serviço Social foi se consolidando enquanto uma profissão inserida
na divisão social e técnica do trabalho, devidamente regulamentada e reconhecida por sua
luta pelos direitos da população.
Contudo, meu caro e minha cara aluna, precisamos compreender a nossa história
enquanto profissão, e ver que ela foi se transformando e adquirindo conquistas, quando não
mais utilizada enquanto instrumento da burguesia para manutenção da ordem e interesses
dessa classe dominante.
Estaremos mais que envolvidos com a questão histórica. Aliás, a história é mais
que necessária para que possamos compreender como e porque temos e vivenciamos
o mundo como ele é hoje.
A história não é sucessão de fatos no tempo, não é progresso das ideias,
mas o modo como homens determinados em condições determinadas cria os
meios e as formas de sua existência social, reproduzem ou transformam essa
existência social que é econômica, política e cultural (CHAUI, 2008, p. 8).
Não podemos apenas passar uma “borracha” em tudo o que já foi construído ou
simplesmente achar que os acontecimentos passados não influenciam em nossas vidas.
Não podemos desconsiderar as tentativas de melhorar as condições de vida realizadas por
nossos antepassados, os erros e acertos e a busca constante por um mundo melhor e que
atendesse às suas necessidades.
Vamos, então, ampliar nosso conhecimento? Aproveite a leitura!
Quando falamos em questão social não estamos abordando nenhum tema recente
ou algo novo. O surgimento da questão social está inserido em um contexto histórico, ligado
a uma gama de relações – mais especificamente trabalhistas. Relações contraditórias,
desiguais e que geraram mudanças na realidade social da época em que estava inse-
rida.
Assim, você pode compreender que a questão social deve ser apreendida a partir
de como as relações se configuram e se apresentam na sociedade e como acontece o
SAIBA MAIS
Várias relações foram estabelecidas ao longo dos tempos. Perceba que sempre se apre-
sentou uma constante oposição que podemos resumir entre “opressores e oprimidos”.
Homem livre X Escravo; Patrício X Plebeu; Barão/Senhor X Servo; Burguesia (patrão)
X Proletariado (empregado).
Fonte: Marx e Engels, 2005.
Outro aspecto que permanece com o sistema capitalista é que, assim como na
estrutura feudal, todos os membros da família eram trabalhadores, sujeitos aos mesmos
trabalhos, sem distinção. O que diferenciava era que a grande busca por mulheres e crian-
ças se dava por conta do baixo custo da mão de obra (mulheres recebiam salários bem
menores que os homens), representando uma maneira de baratear os custos de produção,
outro motivo era que estes dois grupos (mulheres e crianças) eram “facilmente” disciplina-
dos e fáceis de dominar.
A questão social, originalmente expressa no empobrecimento do trabalha-
dor, tem suas bases reais na economia capitalista. Politicamente, passa a
ser reconhecida como problema na medida em que os trabalhadores em-
pobrecidos, de forma organizada, oferecem resistência às más condições
de existência decorrentes de sua condição de trabalhadores para o capital
(SANTOS; COSTA, 2006, p. 12).
Conforme explanação de Dorigon (2006), a Lei dos Pobres era financiada pelo
imposto fundiário, estabelecendo, para quem não tinha meios de subsistência, o direito à
assistência social. Acontecia a partir dos seguintes princípios: a) Obrigação de socorro aos
necessitados; b) Assistência pelo trabalho; c) Taxa cobrada para o socorro dos pobres (poor
tax); d) Responsabilidade das paróquias pela assistência de socorros e de trabalho.
A Lei dos Pobres foi pensada a partir do aumento da população carente no país,
oriunda da expansão do sistema capitalista, o que afetou a estabilidade da ordem econô-
mica. Claro que a lei não foi pensada somente por pura preocupação da classe dominante
com os mais necessitados e afetados pelo sistema, por trás dessa ideia encontrava-se a
intenção da classe burguesa controlar esse segmento da população.
REFLITA
A história revela que mesmo o homem sendo um ser de relações e em constante evolu-
ção, ele foi capaz de gerar entre a sua própria espécie segregação e divisão, instaurando
a “verdade” de que uns “abençoados” são melhores e “superiores” que outros coitados.
Fonte: a autora.
Logo, podemos dizer que as relações que se estabelecem assim, dessa forma
desigual e tão conflituosa entre o capital e o trabalho, acabam por configurar a questão
social em que o sistema econômico se encontra.
A partir do exposto anteriormente, vamos entender uma das fontes das desigualda-
des presentes há tempos na sociedade, em que o valor de troca vai dando lugar ao valor de
uso. Entendamos um pouco mais o que significa o termo mais valia, de acordo com Karl
Marx (2003, p. 227, grifos do autor):
A teoria marxiana da mais-valia consiste não só em perceber o trabalho como
fonte geradora do valor, mas, principalmente, em perceber que existe uma
dupla natureza do trabalho – concreto e abstrato – e uma diferença de mag-
E você faz ideia de como isso se deu em meio à profissão na década de 1930/1940?
Vamos lá, vou te contar brevemente como esse método foi utilizado:
De início trata-se de um trabalho de organização da comunidade enten-
dido como a arte e o processo de desenvolver os recursos potenciais e
os talentos de grupos de indivíduos e dos indivíduos que compõem esses
grupos. Depois o Serviço Social de Comunidade vai ser concebido como
um processo de adaptação e ajuste de tipo interativo e associativo e mais
uma técnica para conseguir o equilíbrio entre os recursos e necessidades
(ESTEVÃO, 2006, p. 23).
O que pode ser confirmado na citação a seguir. Leia com bastante atenção qual era
o perfil da assistente social (antes chamada de visitadora social) que se buscava:
[...] a formação das visitadoras sociais católicas, que desenvolvam suas
atividades à base de uma verdadeira caridade cristã; visitadoras que não só
cuidem do aspecto material dos seus assistidos, mas que se dediquem com
amor a tratar também de suas almas [...]. Baseando-se nestes princípios, a
escola concebe o Serviço Social mais que uma simples profissão – concebe-
-a como vocação, para qual são tão necessários os conhecimentos técnicos
como o amor. Portanto o fim colimado pela Escola é conseguir formas visita-
doras que, onde forem, levem a paz, transmitam alegria, ofereçam segurança
e confiança, abrindo o seu coração a todos que necessitam de ajuda e de
orientação. Tais visitadoras hão de ser as mais alegres, tolerantes e com-
preensivas, as mais inteligentes e as mais amáveis de todas as mulheres
que se entreguem a este trabalho. Hão de ser sadias de alma e corpo, já
que deverão comunicar esta saúde e esta força aos que nunca as tiveram
ou aos que delas se vêem privados pelas vicissitudes da vida (ESCUELA DE
SERVIÇO SOCIAL ELVIRA MATTE DE CRUCHAGA, s.d., p. 7-8).
Fica evidente a questão religiosa, bem como a busca de um elitismo, que só abrangia
as damas da sociedade, pois ligado aos requisitos havia taxas de matrículas. Ressalta-se,
contudo, mesmo com forte viés religioso, a Escola apresentava uma real aproximação da
ciência e da técnica, uma preocupação metodológica que foi dando contornos a essa nova
profissão.
A Escola Elvira Matte de Cruchaga representou não só uma possibilidade
diversificada de ação profissional, mas também um centro de educação
especializado que definiu a sua fisionomia a partir do Serviço Social católico
– com decisiva influência europeia, é certo – e onde membros ilustres da
burguesia puderam desenvolver as suas mais arraigadas convicções doutri-
nárias (CASTRO, 2006, p. 76).
O programa de formação prévia tem três anos de duração, sendo dividido em duas
partes: teórica e prática. A parte teórica é composta pelos estudos sobre: religião, psico-
logia, pedagogia, sociologia, economia social, assistência social, direito, instrução cívica,
anatomia, fisiologia, higiene privada e pública e ética profissional (COSTA, 2006).
Dentre os programas que tratavam das questões práticas, tinha-se o
Veja bem como a história da nossa profissão traz elementos significativos e muito
importantes para a sua formação. Sem saber de onde viemos enquanto profissão, sem
sabermos nossa história, dificilmente entenderemos as bandeiras e posicionamentos ado-
tados pela profissão atualmente. Temos muito orgulho de nossa história, não somente no
Brasil (como veremos adiante) mas em todo o mundo.
Iniciamos nossa unidade estudando sobre a origem do Serviço Social, as suas raízes
históricas e sua relação com a Igreja Católica, o processo de racionalização da assistência
e o entendimento enquanto necessidade humana e cidadã. Em breve você compreenderá
como a assistência foi considerada um direito previsto na Constituição Federal de 1988.
Você conseguiu compreender a origem da questão social e como ela se tornou o
objeto de intervenção profissional do Serviço Social, em que o homem é o foco da ação
profissional.
Em seguida você conheceu como a profissão foi se desenvolvendo em diferentes
países da Europa, Estados Unidos e América Latina (Chile e Peru), onde tivemos diferentes
personagens que contribuíram para a construção do Serviço Social. Uma construção co-
nectada com movimentos sociais e econômicos da sociedade, sempre voltada para o bem
comum.
A marca trazida pela profissão nos faz compreender que não existe justiça sem
luta, empenho e determinação. Muitas profissões fazem parte dessa história e essa marca
precisa estar presente na sua formação e durante toda a sua atuação profissional.
A seguir iremos conhecer um pouco sobre a história do Serviço Social Brasileiro e
você conseguirá compreender algumas questões presentes em nossa profissão até os dias
atuais e de onde vêm algumas imagens atreladas à profissão. Esse conhecimento fará com
que você consiga compreender que a sua escolha pelo Serviço Social foi acertada e que
você tem uma grande missão pela frente!
Até a próxima e bons estudos!
O que fazem?
Analisam, elaboram, coordenam e executam planos, programas e projetos para viabilizar
os direitos da população e seu acesso às políticas sociais, como a saúde, a educação, a
previdência social, a habitação, a assistência social e a cultura. Analisam as condições de
vida da população e orientam as pessoas ou grupos sobre como ter informações, acessar
direitos e serviços para atender às suas necessidades sociais. Assistentes sociais elabo-
ram também laudos, pareceres e estudos sociais e realizam avaliações, analisando do-
cumentos e estudos técnicos e coletando dados e pesquisas. Além disso, trabalham no
planejamento, organização e administração dos programas e benefícios sociais fornecidos
pelo governo, bem como na assessoria de órgãos públicos, privados, organizações não
governamentais (ONG) e movimentos sociais. Assistentes sociais podem ainda trabalhar
Onde trabalham?
Em instituições públicas e privadas. Você pode encontrar assistentes sociais trabalhando
em ministérios, autarquias, prefeituras, governos estaduais, em empresas privadas, hospi-
tais, escolas, creches, unidades de saúde, centros de convivência, movimentos sociais em
defesa dos direitos da mulher, da classe trabalhadora, da pessoa idosa, de crianças e ado-
lescentes, de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), negros e negras,
de indígenas, em organizações não governamentais, em universidades públicas e privadas
e em institutos técnicos. E assistentes sociais podem trabalhar junto a outras categorias:
profissionais da psicologia, da educação, da enfermagem, do direito, dentre outras. Cabe
destacar que, durante o atendimento individual, assistentes sociais devem garantir sigilo à
pessoa que é atendida.
Qual a diferença entre serviço social, assistente social, assistência social e assisten-
cialismo?
Serviço social: é a profissão de nível superior regulamentada pela Lei 8.662/1993.
Assistente social: profissional com graduação em Serviço Social (em curso reconhecido
pelo MEC) e registro no Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) do estado em que
trabalha.
Assistência social: política pública prevista na Constituição Federal e direito de cidadãos e
cidadãs, assim como a saúde, a educação, a previdência social etc. É regulamentada pela
Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), constituindo-se como uma das áreas de traba-
lho de assistentes sociais.
Assistencialismo: forma de oferta de um serviço por meio de uma doação, favor, boa von-
tade ou interesse de alguém e não como um direito.
LIVRO
• Título: História do Serviço Social na América Latina
• Autor: Manuel Manrique Castro.
• Editora: Cortez Editora
• Sinopse: A obra registra o processo de constituição do Serviço
Social em nosso continente, analisando a sua emergência no Chi-
le, no Brasil e no Peru.
LIVRO 2
• Título: O que é Serviço Social
• Autor: Ana Maria R. Estevão
• Editora: Editora Brasiliense
• Sinopse: O livro trata dos tempos em que o Assistente Social
era reconhecido como “aquela moça boazinha ue o governo paga
ter dó dos pobres” até hoje, muita coisa mudou no conceito de
Serviço Social. Mudaram as pessoas: não mais “boas mocinhas”,
mas profissionais preparados. Mudaram os métodos: já não se
deve mais esperar sentado, mas sair às ruas. Ir direto nas regiões
carentes. O Serviço Social, hoje em vez de jogar “panos quentes”
nas feridas do capitalismo deve procurar melhores condições de
vida para a população.
FILME/VÍDEO
• Título: A casa dos espíritos
• Ano: 1993
• Sinopse: A história do Chile da década de 20 é contada através
da saga da família Trueba, que começa com a união de um ho-
mem simples (Jeremy Irons), que fica rico, com uma jovem (Meryl
Streep) de poderes paranormais. A saga se desenvolve até essa
família ser atingida pela revolução, que, no início da década de 70,
derrubou o presidente Salvador Allende.
• Link do vídeo: https://youtu.be/IMLSe0h1LOc
Objetivos de Aprendizagem:
● Apresentar o Serviço Social no Brasil: determinantes sócio-históricos.
● Estabelecer a importância das construções clássicas tradicionais da profissão, do
período de sua emergência e legitimação.
Plano de Estudo:
● As primeiras Escolas de Serviço Social no Brasil.
● As protoformas do Serviço Social.
● O Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo e a necessidade de uma
formação técnica especializada para a prestação de assistência.
● Conservadorismo religioso e bases teórico-metodológicas
43
INTRODUÇÃO
Pronto(a) para mais uma etapa de estudos? Tenho certeza que sim, pois se você
chegou até aqui, demonstra a sua convicção e empenho em buscar por uma formação de
qualidade. Certamente você será um(a) profissional diferenciado(a) no mercado de trabalho.
Nesta unidade estudaremos as primeiras escolas de Serviço Social no Brasil,
compreendendo as relações e a influência da Igreja Católica, em seguida conheceremos
a atuação do Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo e a necessidade de uma
formação técnica especializada para a prestação de assistência.
Dando seguimento ao nosso estudo, será apresentado o tópico acerca do conser-
vadorismo religioso e bases teórico-metodológicas que permearam o Serviço Social, são
conhecimentos importantes que contribuem para a sua fundamentação profissional.
Conhecer as bases profissionais é fundamental para a consolidação da formação
profissional, entender as bases que auxiliarão sua atuação futuramente.
Dedique-se a este momento com bastante atenção e cuidado, tenha sempre em
mente o contexto histórico, compreendendo que a influência religiosa em nada diminui
a profissão, ao mesmo tempo em que essa compreensão permite que você entenda o
Serviço Social como vemos hoje: fruto de uma longa história.
Deixo uma dica para você: não basta apenas nos voltarmos para a natureza da pro-
fissão, é preciso verificar as influências teóricas e filosóficas que historicamente a marcaram
e que dão uma configuração própria ao seu objeto de intervenção. Muito embora, desde
seus primórdios, o Serviço Social tenha seus objetivos dirigidos a aspectos de mudança
social, nem sempre conseguiu dar uma unidade de pensamento a essa finalidade.
Na verdade, os objetivos de mudar o homem e o meio, de transformar o homem
e a sociedade, sofreram influências do momento histórico e em decorrência das correntes
teóricas e filosóficas imperantes. Poderíamos citar, por exemplo, duas grandes influências:
a do funcionalismo e seus derivados e a da dialética hegeliana e/ou materialista.
Por fim, é necessário compreender que uma unidade de estudo está diretamente
relacionada à outra, bem como cada disciplina. Sendo assim, a formação é integrada,
complementar e articulada.
Bons estudos!
As obras de caridade realizadas pela Igreja e por pessoas leigas possuem uma vasta
tradição, remetendo aos primórdios do período colonial. A parca e a péssima infraestrutura
hospitalar e assistencial existentes até o período pós Império se justificam quase que unica-
mente à ação das ordens religiosas europeias que implementam e se disseminam pelo país.
A tentativa de intervenção na organização e controle da classe proletária
também não é atual. Os Carlistas, ou Scalabrianos, se efetivam no Brasil logo
depois das amplas ondas migratórias que surgem na Itália, para atuar conjun-
tamente com seus patriotas. Estes se constituíram no principal contingente
da Força de Trabalho que veio substituir o escravo nas vastas plantações
e, consequentemente, integrar o mercado de trabalho urbano (IAMAMOTO;
CARVALHO, 2007, p. 165).
REFLITA
A criação, em 1922, da Confederação Católica objetiva a centralização política e dinâ-
mica dos primeiros embriões do apostolado laico. As considerações dessas instituições
e obras e de sua centralização, a partir da cúpula da hierarquia, não podem ser subes-
timadas à compreensão da gênese do Serviço Social no Brasil.
Fonte: a autora.
REFLITA
Quando surgiu em nosso país, nas décadas de 1920 e 1930, o Serviço Social tinha
como fundamento para sua implantação o reconhecimento de conflitos sociais, acarre-
tados mediante a industrialização.
Fonte: a autora.
SAIBA MAIS
Protoformas são as instituições sociais que se mostram com origem confessional, prática
da ajuda, caridade e solidariedade, impregnadas pela filosofia tomista e a serviço da
classe dominante. As protoformas do Serviço Social brasileiro estão ligadas às institui-
ções e obras desenvolvidas no âmbito da assistência. As instituições ligadas à Igreja,
com o compromisso de desenvolver ações no âmbito da caridade, benemerência, em
processo de capacitação para melhor desenvolver as ações, começam a se aproximar
daquilo que se tornaria o Serviço Social brasileiro
Para saber mais, acesse o link: https://youtu.be/ecVs6FMwQcc
Fonte: BARBOSA (2016).
O Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo (CEAS), visto como manifestação
original do Serviço Social em nosso país, aparece, em 1932, com o incentivo e sob o
controle da hierarquia. Surge como condensação da necessidade sentida por setores da
Ação Social e Ação Católica – principalmente da primeira – de tornarem-se cada vez mais
concretas e acarretarem maior rendimento às iniciativas e obras realizadas pela filantropia
das classes dominantes paulistas sob patrocínio da Igreja e de dinamizar a mobilização do
laicato.
O CEAS foi considerado como o vestíbulo da profissionalização do Serviço
Social no Brasil – e aqui também, como no caso chileno, o trabalho de or-
ganização e preparação dos leigos se apoia numa base social feminina de
origem burguesa respaldada pro assistentes social belgas, que ofereceram
a sua experiência para possibilitar a fundação da primeira escola católica de
Serviço Social (CASTRO, 2006, p. 103).
Seu começo oficial será a partir do “Curso Intensivo de Formação Social para
Moças”, realizado pelas Cônegas de Santo Agostinho, para o qual fora convidada Mlle.
Adèle Loneaux, pertencente à Escola Católica de Serviço Social de Bruxelas. Com o final
do curso, será realizado um apelo para a organização de uma ação social, objetivando o
bem-estar da sociedade.
As participantes do curso, que na expressão do 1° relatório do CEAS, para ali
haviam ocorrido desejosas de se orientar, de esclarecer ideias, de formar um
julgamento acertado sobre os problemas sociais da atualidade constituíam-se
de jovens formadas em estabelecimentos religiosos de ensino, uma repre-
sentativa demonstração feminina das famílias que compõem as diferentes
frações das classes dominantes e setores abastados aliados (IAMAMOTO;
CARVALHO, 2007, p. 168-169).
Castro (2006, p. 104) ainda contribui com seus estudos quanto ao objetivo do CEAS:
Promover a formação dos seus membros através do estudo da doutrina social
da Igreja e fundamentar a sua ação nesta base doutrinária e no conhecimento
profundo dos problemas sociais, para tornar mais eficiente a atuação das as-
sistentes sociais e adotar uma orientação definida em face dos problemas por
resolver, favorecendo a coordenação de esforços dispersos nas diferentes
atividades e obras de caráter social.-
Os registros existentes sobre essa compreensão demonstram que seu núcleo or-
ganizador partia da consciência de vivenciar uma fase de profundas mudanças políticas e
sociais e da necessidade de interferir nesse processo a partir de uma perspectiva ideológica
e de uma prática homogênea:
Surge de maneira tão explícita que a origem desse movimento não pode ser des-
vinculada da conjuntura particular de São Paulo, principalmente porque ocorre no momento
em que as classes dominantes desse Estado se lançam no movimento surreal de 1932,
buscando reaver o poder local e nacional do qual havia sido alijado dois anos antes. Nessa
vertente, que se envolve dentro dos movimentos políticos e ideológicos do início da década
de 1930, que possui como pano de fundo as tentativas de reunificação e a reação a que se
lançam os antigos grupos dirigentes.
Existe também uma precisão referente ao sentido novo dessa ação social; tratar-
-se-á de intervir claramente junto ao proletariado para afastá-lo de influências subversivas.
Por que, então, não datar de 1932 uma nova era na atividade social feminina?
É que se até então a generosidade e o espírito cristão das Paulistas as
impeliram a fundar obras de socorro e assistência para acudir um sem-número
de males, foi apenas em 1932 que as moças residentes em São Paulo des-
pertaram interesses pelo estudo metódico da questão social, através da ação
nos meios operários nela abrangendo o problema do trabalho (IAMAMOTO;
CARVALHO, 2007, p. 48).
Até dezembro de 1932, o CEAS fundou quatro centros operários em que suas pro-
pagandistas, por meio de aulas de tricô e trabalhos manuais, conferências, conselhos sobre
higiene etc., procuraram interessar e atrair as operárias e entrar, assim, em contato com
Mas por qual motivo uma associação que importa moças da sociedade se ocuparia
com questões da classe operária?
Essa iniciativa é também legítima e é explicável: ela se baseia num sen-
timento profundo de justiça social e de caridade cristão, que leva aquelas
que dispõem de facilidade de tempo e de meios a auxiliar as classes sociais
mais fracas a formar as suas elites, para que estas também possam cumprir
eficientemente seu dever. Elas mostram a essas elites como deverão se
organizar para defender a Família e a Classe Operária contra os ambiciosos
e os agitadores que exploram seu trabalho ou a sua ignorância (IAMAMOTO;
CARVALHO, 2006, p. 177).
SAIBA MAIS
Rerum Novarum é uma encíclica escrita pelo Papa Leão XIII, em 15 de maio de 1891.
Era uma carta aberta a todos os bispos, na qual se debatiam as condições das classes
trabalhadoras. Leão XIII apoiava o direito dos trabalhadores formarem sindicatos, mas
rejeitava o socialismo e defendia os direitos à propriedade privada. Discutia as relações
entre o governo, os negócios, o trabalho e a Igreja, propondo uma estrutura social e
econômica que mais tarde se chamaria corporativismo.
Com o fim de nossa unidade, caro(a) aluno(a), podemos observar que o Serviço
Social se desenvolve e se origina na órbita de um universo teórico. Perpassa da influência
do pensamento conservador europeu para a sociologia conservadora norte-americana, a
partir da década de 40.
A compreensão do percurso histórico do Serviço Social em nosso país remete à
predominância de um comportamento basicamente conservador. Percebe-se que ao final
da década de 50 e começo da década seguinte é que se fazem presentes as primeiras
manifestações, no meio profissional, de posicionamentos questionadores a respeito do
status quo e contestações a respeito das práticas institucionais em vigência.
Essas indagações originam uma conjuntura marcada por uma situação de crise e
de profunda efervescência, no quadro do colapso dos populismos e de uma reorientação
estratégica do imperialismo em relação às sociedades autônomas. No âmbito político inter-
no essas manifestações coincidem com a constante radicalização política que marca a fase
final do pacto populista e que apresenta como desfecho uma expressiva transformação
desse pacto, ou seja, uma modificação na correlação existente entre as forças com o golpe
de 1964.
O rompimento com a herança conservadora se apresenta como uma busca, uma
luta para alcançar novos fundamentos de legitimidade da ação profissional do assistente
social que, enxergando as contrariedades sociais existentes nas condições do exercício da
profissão, procura colocar-se, efetivamente, à disposição das necessidades dos usuários,
ou seja, setores dominados da sociedade. Compreendido em uma dimensão processual,
esse rompimento tem como pré-condição que o assistente social aprofunde o entendimento
das implicações políticas de seu exercício profissional, reconhecendo como polarizado pela
luta de classes.
Grande abraço!
Portanto, autores vinculados a distintos projetos societários podem incorrer nos mes-
mos erros de análise sobre diversos aspectos da realidade, neste caso, sobre a origem do
Serviço Social. Observa-se, dessa forma, que a compreensão ideológica não é privilégio de
teóricos vinculados a uma classe apenas, mas a ideologização é um equívoco também de
teóricos vinculados a um projeto libertário e emancipatório.
Observemos agora as teses de alguns autores que Montaño (2009) analisou, refe-
rentes a origem do Serviço Social:
- Natálio Kisnerman (1980 apud MONTAÑO, 2009) afirma que a origem do Serviço
Social se deu ao lado do positivismo de Augusto Comte, no século XIX, e se caracterizava
pela ajuda sistêmica de orientação protestante. Ou seja, na concepção de Kisnerman o
Serviço Social profissionalizado da contemporaneidade é fruto de uma evolução histórica
da assistência em forma de ajuda. Nessa perspectiva não existe uma coerção exterior que
Obviamente que vinculada a defesa de um projeto societário, mas não com carac-
terísticas ideologizantes, a perspectiva histórico-crítica de compreensão sobre a gênese da
profissão desenvolve-se um pouco mais tarde no cenário do Serviço Social latino americano,
após um amadurecimento intelectual de compreensão da teoria crítica. Referências como
Netto (2011), Iamamoto e Raul de Carvalho (2013) são exemplos de como a compreensão
Ou seja, não se pode compreender a profissão a partir dela mesma, como se ela
fosse um fim em si própria. Mas a compreensão da profissão tem de levar em consideração
o contexto histórico externo às características “específicas” da mesma, para que dessa for-
ma, se compreenda a sua funcionalidade em determinado período histórico e consequen-
temente o motivo de sua origem com as características que lhe são peculiares.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
LIVRO
• Título: Relações Sociais e Serviço Social no Brasil
• Autor: Marilda Vilela Iamamoto e Raul de Carvalho
• Editora: Cortez
• Sinopse: Trata-se de trabalho indispensável, pelos aspectos
históricos e teóricos examinados. As atividades das instituições e
dos profissionais do Serviço Social revelam novos e surpreenden-
tes aspectos das relações sociais. Sob vários ângulos, este livro
é importante para o conhecimento da teoria e prática do Serviço
Social.
LIVRO 2
• Título: Serviço Social: Identidade e Alienação
• Autor: Maria Lúcia Martinelli
• Editora: Cortez
• Sinopse: Nesta obra, a autora aborda questões originais e com-
plexas, como a identidade profissional, a alienação, o fetiche da
prática e a consciência de classe da categoria profissional. Um
livro indispensável para o estudo da história do Serviço Social e
para a compreensão do real significado da profissão na sociedade
do capital.
LIVRO 3
• Título: O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e for-
mação profissional
• Autor: Marilda Vilela Iamamoto
• Editora: Cortez
• Sinopse: Este livro comporta uma nova e inquietante agenda
de questões para o trabalho e para a formação profissional do
assistente social. O Serviço Social sente hoje os impactos de uma
nova conjuntura, que lhe coloca o desafio de repensar a formação
profissional em tempos de novas demandas e de investimentos.
WEB
• Especial apresenta História da Assistência Social no Brasil:
comemorado em 15 de maio, o Dia do Assistente Social foi lembra-
do pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(MDS) neste vídeo que se propõe a contar um pouco da história
da profissão no Brasil e resgatar sua memória coletiva. A produção
foi realizada em 2010, antes da regulamentação atual do Sistema
Único de Assistência Social (SUAS), grande marco da área.
• Link: https://youtu.be/gq4YXI1pggg
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar o que são os projetos societários, projetos profissionais
e o Projeto Ético Político do Serviço Social.
• Compreender o que é ética profissional e o Código de Ética Profissional de 1993.
• Apresentar e compreender a trajetória de lutas e conquistas do conjunto CFESS/CRESS.
Plano de Estudo:
• Projetos Societários e Projetos Profissionais.
• O Projeto Ético Político Profissional.
• Ética Profissional, o que é?
• Código de Ética Profissional do Assistente Social de 1993 (11 princípios
fundamentais).
• A trajetória de lutas e conquistas do conjunto CFESS/CRESS.
72
INTRODUÇÃO
Olá. Chegamos a mais uma unidade de estudo em que você aprofundará um pouco
mais seus conhecimentos sobre a profissão. Traremos nesta etapa da formação um estudo
acerca do Projeto Ético Político do Serviço Social, para isso você entenderá o que são
projetos societários e projetos profissionais. Falar sobre o Projeto Ético Político, implica
conhecer as diretrizes e posicionamento da profissão frente a sociedade na qual atuam os
Assistentes Sociais.
Em seguida falaremos sobre a Ética Profissional, seu conceito e porque ela é im-
portante para a categoria profissional. Você terá a oportunidade de se aproximar ainda mais
da profissão a partir da explanação do Código de Ética Profissional do Assistente Social de
1993 (vigente nos dias atuais). Aqui daremos foco para os 11 princípios fundamentais que
pautam a atuação dos profissionais de Serviço Social.
Por fim abordaremos os Conselhos do Serviço Social; Conselho Federal de Serviço
Social (CFESS) e o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS), órgãos que fiscalizam,
orientam, normatizam, disciplinam e, sobretudo, defendem o exercício profissional do
Assistente Social, cada uma dentro das suas atribuições e competências.
Conto com seu empenho e dedicação neste processo formativo, pois no cenário
amplo e complexo que vivemos, precisamos investir na formação de qualidade. Conte
conosco para ser um profissional diferenciado, capaz de se destacar na sociedade e nos
diferentes espaços sócio-ocupacionais.
Vamos lá? Mãos à obra e bons estudos.
REFLITA
“Procure exercitar sua compreensão acerca dos diferentes projetos sociais em disputa
na realidade, analisando os diferentes enfoques dados pela mídia acerca de determina-
da informação ou fato” .
Fonte: CFESS (2005, p. 35).
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o projeto profissional, o código de ética e os valores éticos, leia o texto: CFESS.
Ética, cotidiano e práxis profissionais. In: CFESS. Ética e Sociedade. Brasília, 2005.
Olá, seja bem-vindo(a) a mais uma etapa de estudos. Está preparado(a)? Vamos
lá, vamos aproveitar nosso tempo e dar seguimento a mais um passo rumo à formação
profissional!
Já sabemos que o Serviço Social é uma profissão inserida na divisão sociotécnica
do trabalho, uma profissão ligada diretamente à elaboração e operacionalização das políti-
cas públicas, em que tais políticas dão vida aos direitos previstos na Constituição Federal
de 1988.
Neste primeiro momento nos dedicaremos a estudar sobre o Projeto Ético-Político
da Profissão. Mas você pode estar se perguntando: do que se trata esse projeto? Para que
ele existe e qual a influência na categoria profissional? Essas perguntas são muito comuns
e com base nelas iniciamos nossos estudos.
O projeto ético-político envolve interesses diversos, contidos em uma sociedade;
diz respeito a interesses particulares presentes em determinados grupos sociais (nesse
caso, os assistentes sociais), e não existem por acaso, independente da realidade histórica.
O Projeto Ético-Político é fruto do contexto em que se apresenta, por isso está vinculado à
sociedade e a seus anseios por transformações e melhorias.
O Projeto Ético Político do Serviço Social é um projeto profissional articulado com
o projeto societário de transformação social. Exige pensar a profissão no âmbito do conflito
de classes; e partindo das suas contradições e interesses fortalecer a consciência de classe
Tais questionamentos devem ser feitos antes da minha ação. Toda essa preparação
se inicia no processo de formação profissional, como estamos fazendo agora!
As leis de cada profissão são elaboradas com o objetivo de proteger os pro-
fissionais, as pessoas que dependem deles. Há, porém muitos aspectos não
previstos especificamente e que fazem parte do compromisso do profissional
com a ética, aquele que, independentemente de receber elogios, faz a coisa
certa (OLIVEIRA, 2012, p. 53).
Esse momento que estamos vivendo faz parte da sua formação profissional, e,
com certeza, as perguntas apresentadas fizeram parte do momento em que você estava
optando pelo curso de graduação e algo lhe chamou a atenção no momento da escolha.
O momento de escolha por uma profissão é optativo, ninguém é obrigado a escolher
esta ou aquela profissão. Contudo a partir do momento em que decido a profissão que
desejo seguir, o conjunto de deveres profissionais se torna obrigatório. A decisão pela
profissão é optativa, seu conjunto de deveres é obrigatório!
O caráter ético do Serviço Social é dado de forma concreta pela atitude profissio-
nal que entendemos como predisposição para pensar, sentir e atuar junto ao usuário.
O Serviço Social é uma profissão que, inserida na divisão social e técnica do tra-
balho, regulamentada em Lei e fundamentada em seu Código de Ética (1993), defende a
equidade e a justiça social.
Cada profissional, ao longo do seu exercício profissional, vai construindo a sua
identidade profissional. Assim também acontece com a categoria profissional, com o passar
dos anos e o seu amadurecimento o Serviço Social também foi construindo a sua identi-
dade, e isso se reflete no seu Código de Ética. A categoria profissional se configura num
grupo, que passa a existir a partir das relações estabelecidas entre aqueles que o compõe.
O processo de graduação, pelo qual você está passando agora, lhe possibilita a
assimilação de um processo interno da construção da representatividade dessa identidade
profissional, que vai ganhando mais força com o início do estágio.
Esta identidade pressupõe o fazer, as práticas de serviço social que realiza,
mas é a aceitação da identidade que força comportamentos, ações compatí-
veis com a profissão. É a aceitação que leva o assumir a postura ética exigida
pela profissão.
Por isto a identidade precisa ser continuamente resposta, que significa “agir
como”. Comparecer perante o outro como portador de um papel, mas como
representante de si e de um grupo profissional (FRANKE, 2007, p. 9).
Ter liberdade é fazer escolhas conscientes, é deixar de ser mero receptor de políti-
cas e serviços para se tornar sujeito do processo. Desse modo, os sujeitos passam a agir
eticamente e tem a possibilidade de questionar questões que até então eram tidas como
naturais e definitivas. Pobreza, violência, fome e desemprego passam a ser objetos de
análise crítica e reflexiva dos sujeitos que sofrem cotidianamente com essas mazelas.
Deste modo, a liberdade é central para a superação dos desafios cotidianos e deve
ser exercida através do respeito pelos usuários, suas angústias, necessidades e potencia-
lidades; do posicionamento crítico e munido de referencial teórico prático, para impedir que
o exercício profissional se frustre com a falta de recursos públicos, descaso dos agentes
públicos, falta de estrutura de trabalho e de equipe técnica que acabam limitando o assis-
tente social e tornando a prática profissional pontual e imediatista. Conforme Paiva e Salles
(2001, p. 183),
O assistente social comprometido com a construção e a difusão da liberdade
não sucumbe, porém a este “vão combate”, mas faz da necessidade o campo
de criação e do sonho da liberdade como realidade. Isto significa que o pro-
fissional aposta e é capaz de empreender sua ação como uma unidade entre
a autonomia e direção.
A liberdade como construção coletiva pode, então, ser considerada um desafio para
o alcance do exercício profissional, mas também é uma possibilidade e deve ser reconheci-
da como valor ético central do assistente social ético, político e competente no atendimento
às demandas da classe trabalhadora e de questionamento da ordem social vigente.
E para finalizar este tópico trago a reflexão a seguir:
[...] A emancipação humana refere-se a plena expansão dos indivíduos so-
ciais, o que requer autonomia e liberdade. Isto é, a emancipação humana
está relacionada à total superação da propriedade privada e de processos de
alienação e de dominação exploração a que estão submetidos os indivíduos
da sociedade burguesa [...] a emancipação humana só se realiza plenamente
com a liquidação do capitalismo. Entretanto, a antecipação e a projeção da
realização da emancipação humana devem se constituir no norte a balizar as
lutas sociais no presente (VINAGRE, 2011, p.111)
SAIBA MAIS
Democracia e Serviço Social
A entrevista coletiva sobre Democracia e Serviço Social foi realizada com profissionais
da área, protagonistas do movimento mudancista da profissão, no âmbito da organiza-
ção política, da formação profissional e do exercício profissional, nas décadas de 1970
e 1980. Os eixos abordados centraram-se na contribuição dos assistentes sociais nas
lutas pela redemocratização da sociedade civil e, em especial, sobre os marcos e resul-
tados das mudanças efetivas desse movimento no Serviço Social. Entre esses produtos
destacam-se o III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, em 1979, que redirecio-
nou o compromisso político da profissão; a criação da Associação Nacional de Assisten-
tes Sociais (ANAS), em 1983, a entidade sindical autônoma da categoria; a aprovação
do currículo mínimo pelo MEC, em 1982; o Novo Código de Ética Profissional, em 1986,
e a sua reformulação, em 1993, que incorporou o compromisso profissional da categoria
com a democracia, a liberdade e a justiça social; e a mudança, em 1993, da Lei de Re-
gulamentação da profissão de 1957, que garantiu competências e atribuições privativas
do assistente social.
Palavras-Chave: Organização Política; Categoria Profissional; Lutas Sociais; Redemo-
cratização da sociedade civil
Para ler o artigo sobre Democracia e o Serviço Social e como se relacionam ao longo da história da profis-
são, você pode acessá-lo na íntegra pelo link: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaempauta/
article/view/192/215
11 Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por questões
de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual,
idade e condição física:
Este princípio reitera o princípio de eliminação de todas as formas de preconceito.
A diferença é que também exige que isso se faça no interior da categoria profissional.
Respeitar os sujeitos não pode ser só uma prática de dentro do serviço social para com os
usuários, mas também deve ser realizada no respeito aos colegas de trabalho.
A retomada da crítica ao preconceito deve garantir, pela substantivação da
dimensão do direito, o exercício do Serviço Social e a relação com os que
integram a vida profissional cotidiana a partir do que são, isto é: famílias
de fazendeiros, camponeses, homem ou mulher, negro, índio ou branco,
petista ou pefelista, evangélico ou umbandista, brasileiro ou estrangeiro,
homo ou hetero, jovem ou idoso, portador de deficiência ou não, enfim, um
indivíduo como outro qualquer com manias, atributos, características que
particularizam exclusivamente, mas que em nada justificam qualquer tipo
de exclusão ou privilégio, que extrapolem o âmbito estrito da competência
profissional (PAIVA; SALLES, 2001, p. 206).
Este nosso tópico tratará de dois importantes conselhos da nossa profissão. Pri-
meiramente você conhecerá o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e em seguida
será apresentado o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS).
Vamos lá? Mãos à obra!
Em linhas gerais e de forma breve, o que é o CFESS?
O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) é uma autarquia pública
federal que tem a atribuição de orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e
defender o exercício profissional do/a assistente social no Brasil, em conjunto
com os Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS). Para além de suas
atribuições, contidas na Lei 8.662/1993, a entidade vem promovendo, nos
últimos 30 anos ações, políticas para a construção de um projeto de socieda-
de radicalmente democrático, anticapitalista e em defesa dos interesses da
classe trabalhadora (CFESS, 1996, on-line).
A primeira lei que regulamentou a profissão de Serviço Social no Brasil foi a Lei
3.252, de 27 de agosto de 1957. Quanto ao surgimento do CFESS e dos CRESS surgem
a partir do Decreto 994, de 15 de maio de 1962. Em seu artigo 6º determina, porém, com
outra nomenclatura, CFAS e CRASS, respectivamente: “Art. 6º A disciplina e fiscalização
do exercício da profissão de Assistente Social caberão ao Conselho Federal de Assistentes
Sociais (C.F.A.S.) e aos Conselhos Regionais de Assistentes Sociais (C.R.A.S.), criados
por este Regulamento” (BRASIL, 1962).
A alteração da nomenclatura veio com a revogação da primeira Lei e a regulamen-
tação da Lei 8.662, de 07 de junho de 1993, em que o artigo 6º foi reformulado:
Comissão Atribuições
Comissão Admi- Acompanha as receitas devidas aos Conselhos pelas pessoas físicas e ju-
nistrativo-Finan- rídicas, propondo a adoção de medidas administrativas legais e estratégias
ceira políticas para que mantenham a sua capacidade de arrecadação. Por meio
de um trabalho articulado com o Conselho Fiscal, o controle fiscal interno,
vem conduzindo uma política de qualificação gerencial e aprimoramento dos
mecanismos de gestão e controle democráticos, com resultados significativos
expressos no equilíbrio fiscal do CFESS. Essa ação tem como referência fun-
damental os princípios de transparência, gestão democrática, competência
técnica, compromisso político, responsabilidade, postura ética, direção social
da política e participação de todos os conselheiros nas discussões e viabili-
zação das ações.
Comissão de Éti- Pauta‐se na análise crítica e estratégica dos direitos humanos como mediação
ca e Direitos Hu- para a defesa de uma cultura política com direção emancipatória e respeito
manos à diversidade, com a perspectiva de conhecer as reais condições de vida da
população e buscar formas de intervir na defesa de direitos e contra todos os
processos de degradação da vida humana. Atua como instância recursal nos
julgamentos éticos e na capacitação de agentes multiplicadores, por meio
do curso Ética em Movimento, oferecido anualmente aos representantes de
todos os CRESS e Seccionais. Atua também na divulgação do código de
ética e na defesa dos princípios contidos no projeto ético‐político profissional,
articulando‐se com movimentos em defesa dos direitos humanos.
Comissão de Enfatiza e normatiza ações de orientação e fiscalização do exercício profis-
Orientação e Fis- sional, na perspectiva de valorizar, defender, garantir e ampliar os espaços de
calização Profis- atuação profissional, e propiciar condições adequadas de trabalho e qualida-
sional (COFI) de de atendimento e defesa dos direitos da população. Acompanha e formula
estratégias para desenvolvimento e implementação da Política Nacional de
Fiscalização do Conjunto CFESS-CRESS, atuando como instância de orien-
tação e apoio aos CRESS e Seccionais, de modo a unificar procedimentos
relativos à fiscalização profissional. Para tanto, observa as deliberações apro-
vadas no Encontro Nacional CFESS-CRESS.
O CFESS, conta com sua sede em Brasília (DF) e o Conselho Regional de Serviço
Social (CRESS) é dividido por regiões/estados do Brasil.
Para finalizar deixamos uma dica: desde já é importante que você acesse com
frequência o site do Conselho Federal de Serviço Social (www.cfess.org.br) e também do
Conselho Estadual de Serviço Social da sua região, para sempre saber as notícias, eventos,
publicações e demais materiais pertinentes à profissão.
Caro(a) aluno(a), estamos encerrando esta unidade de Estudo, por isso esperamos
que você tenha extraído o máximo de conteúdo possível. As ideias e discussões apresenta-
das nesta unidade são apenas portas de entrada para que você possa investigar e buscar
mais informação e conhecimento a respeito do tema.
Esperamos que tenha compreendido a importância do projeto ético político do
Serviço Social para o desenvolvimento de uma prática profissional que esteja articulada
com as necessidades da classe trabalhadora e que, para isso, é preciso garantir o cons-
tante processo de reflexão crítica e ética. Os princípios fundamentais são fundamentais
para alcançar essa tarefa, pois colocam para o assistente social valores e princípios éticos
construídos por toda a categoria profissional, buscando garantir o exercício ético, crítico e
consciente.
A reflexão acerca dos princípios fundamentais é de suma importância para que
vocês compreendam o que é o Código de Ética Profissional, pois vai muito além de um
código de conduta profissional, ele deve ser compreendido como eixo orientador para o
enfrentamento dos problemas cotidianos do assistente social. Se os princípios estiverem
bem fixados na consciência e no exercício profissional, automaticamente o código de ética
será respeitado e praticado.
Esperamos que faça as leituras complementares, leia os livros sugeridos e use esta
unidade como referência para compreender o Código de Ética Profissional do Assistente
Social.
O projeto profissional de acordo com Netto (2001), deve ser construído por toda a
categoria profissional: assistentes sociais em seus respectivos campos de exercício pro-
fissional, pesquisadores, docentes, estudantes, organismos corporativos e sindicais. Além
de seus aspectos normativos, traduzidos, sobretudo como direitos e deveres, este projeto
carrega também as escolhas teóricas, ideológicas e políticas da categoria profissional.
Após esta diferenciação entre projetos societários e projetos profissionais, Netto
LIVRO
Título: Projeto Ético Político do Serviço Social: Contribuições à
sua crítica
Autor: Valéria Forti
Editora: Lumen Juris
Sinopse: A coletânea expressa o compromisso histórico e político
na trajetória de uma profissão e em prol da defesa de uma socie-
dade emancipada. Em tempos de desmonte dos direitos sociais
conquistados, de financeirização e mercantilização da vida, de
criminalização dos movimentos sociais, em particular, de ataque à
educação e à formação crítica do Serviço Social, temos em mãos
uma publicação que nos fortalece, nos encoraja e reanima o ca-
minhar ético e político de nosso projeto profissional. A inquietação,
os desafios e os nossos princípios fundamentais dirigem os artigos
aqui presentes. É disso que precisamos, é assim que se faz ciên-
cia, política e História.
LIVRO 2
Título: Código de Ética Do/a Assistente Social Comentado
Autor: Lúcia Silvia Barroco e Sylvia Helena Terra
Editora: Cortez
Sinopse: Este livro preenche uma lacuna. Não havia até agora um
texto acadêmico destinado a comentar o Código de Ética em vigor,
de 1993, na sua totalidade. As autoras comentam o Código em
seus fundamentos sócio-históricos e ontológicos, bem como em
suas reais possibilidades de materialização, no contexto de uma
sociabilidade fundada na acumulação e na propriedade privada.
FILME/VÍDEO
Título: O Sorriso de Monalisa
Ano: 2003
Duração: 117 min
Direção: Mike Newell
Gênero: Romance, Drama, Obra de Época
Elenco: Julia Roberts, Kirsten Dunst, Julia Stiles, Magggie Gylle-
nhaal, Ginniger Goodwin, Topher Grace, Dominic West
Sinopse: Recria a atmosfera e os costumes do início da década de
1950. Conta a história de uma professora de arte que, educada na
liberal Universidade de Berkeley, na Califórnia, enfrenta uma esco-
la feminina, tradicionalista – Wellesley College, onde as melhores
e mais brilhantes jovens mulheres dos Estados Unidos recebem
uma dispendiosa educação para se transformarem em cultas
esposas e responsáveis mães. No filme, a professora tenta abrir
a mente de suas alunas para um pensamento liberal, enfrentando
FILME 2
Título: O Senhor das Armas
Ano: 2005
Sinopse: Nicolas Cage interpreta um traficante de armas (Yuri
Orlov) que vive em constante embate com um agente da Interpol,
Jack Valentine (Ethan Hawke), querendo estar sempre a dianteira
de seu rival, de seus concorrentes e também de seus clientes,
lidando com alguns ditadores mais famosos do planeta.
WEB
Acesse as Resoluções e Portarias CFESS. Neste site você encon-
tra as resoluções e portarias do CFESS que orientam e normatizam
o exercício profissional de assistentes sociais.
Link do site: http://www.cfess.org.br/visualizar/menu/local/resolu-
coes-e-portarias-cfess
WEB 2
Em uma de suas palestras, o Filósofo e Professor Mario Sergio
Cortella discorreu sobre a questão da ética nos dias atuais, numa
linguagem interessante. Então resolvi compartilhar com você para
que possamos entender a Ética. Acesse em: https://www.youtube.
com/watch?v=XNpfJwuh0Es
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar ao conhecimento dos direitos sociais,
cidadania e legislações sociais.
• Compreender os tipos de legislações e conceitos identificando o papel do
Estado frente à garantia de direitos para a poluição e conhecer algumas
legislações fundamentais para o exercício profissional.
• Estabelecer a importância da participação popular na garantia de direitos sociais,
apontando espaços para a intervenção do profissional e do cidadão.
Plano de Estudo:
● A Origem das Políticas Sociais e a Legislação Social
● LOAS: Lei Orgânica de Assistência Social
● LDB: Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9.394/1996)
● CLT: Consolidação das Leis Trabalhistas.
● ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente.
● Estatuto de Idoso
● LOS: Lei Orgânica da Saúde
● Lei Maria da Penha
● Estatuto da Igualdade Racial
● Lei da Previdência Social
● A Legislação frente à Política Social.
122
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, vamos demonstrar de forma breve para você, a importância das
políticas públicas e sociais e como as mesmas estão ligadas diretamente não somente em
nosso contexto profissional, como na sociedade em qual fazemos parte. Portanto, vamos
necessitar entender que estamos em uma sociedade capitalista, onde o Estado é desigual e
consequentemente contribui para a divisão de classes e assim, vamos perceber que apesar
de termos uma Constituição Cidadã (1988), muitos brasileiros diariamente não possuem
acesso aos seus direitos fundamentais.
Brevemente vamos apresentar algumas legislações específicas para que possamos
discutir aprender e fazer valer os direitos estabelecidos nas mesmas, visto que o assistente
social é um dos profissionais que em sua formação recebe conhecimentos não somente
para atuar, mas também administrar as políticas públicas.
Assim, esperamos que esta temática possa despertar e fazer com que você possa
perceber o vasto campo de possibilidades de nossa intervenção frente ao Estado e na
luta pela garantia de direito, que este mesmo Estado se omite, e que assim, você possa
ampliar sua visão frente a nossa Constituição e demais legislações, bem como acrescentar
conhecimentos não somente frente a esta discussão, mais possibilitando que você possa
fazer a relação com as demais disciplinas estudadas em nosso curso e ampliar ainda mais
sua visão. Desejamos uma boa leitura e pedimos que acesse os conteúdos indicados por
nós. Ficamos a disposição.
Tenha um ótimo estudo!
A formulação das políticas públicas no Brasil passou por diversas etapas, desde o
estabelecimento de uma agenda, elaboração, implementação e execução, não podendo
ser descartado o seu processo de avaliação e monitoramento.
As políticas públicas são compostas por um conjunto de decisões públicas desti-
nadas a determinados grupos ou como um todo, visando modificações da realidade que
causam impactos diretos na sociedade e na economia.
Políticas Públicas tratam do conteúdo concreto e do conteúdo simbólico de
decisões políticas, e do processo de construção e atuação nas decisões. [...]
uma política pública é uma orientação à atividade ou à passividade de al-
guém; as atividades ou passividades decorrentes dessa orientação também
fazem parte da política pública; uma política pública possui dois elementos
fundamentais: intencionalidade pública e resposta a um problema público;
em outras palavras, a razão para o estabelecimento de um política pública é
o tratamento ou a resolução de um problema entendido como coletivamente
relevante (SECCHI, 2012, p. 1-2).
Quadro 1: Quatro tipologias construídas para classificação de políticas públicas (Tipologia de Lowi)
Políticas Regula- Estabelecem padrões de compor- 1 – Exemplos desse tipo de políticas são as re-
tórias tamento, serviço ou produto para gras de tráfego aéreo, códigos de trânsitos, leis
atores públicos ou privados [...] se e códigos de ética em assuntos como aborto e
desenvolvem predominantemente eutanásia, ou ainda, proibição de fumo em locais
dentro de uma dinâmica pluralista, fechados e regras para publicidade de certos pro-
em que a capacidade de aprova- dutos.
ção ou não de uma política desse 2 – Uma lei que obrigue os motoristas a usar capa-
gênero é proporcional à relação de cetes e roupa adequada, a partir de um problema:
força dos atores e interesses pre- altos níveis de acidentes com motociclistas em
sentes na sociedade. centros urbanos e a gravidade desses acidentes.
Políticas Distri- Geram benefícios concentrados 1- Exemplos desse tipo de política pública, são
butivas para alguns grupos de atores e subsídios, gratuidade de taxas para certos usuá-
custos difusos para toda coletivi- rios de serviços públicos, incentivos ou renúncias
dade/contribuintes [...] esse tipo fiscais, etc.
de política se desenvolve em uma 2 - Ementas parlamentares ao orçamento da
arena menos conflituosa, conside- União, para realização de obras públicas regio-
rando que quem paga o “preço” é a nalizadas, [onde] congressistas e grupos políticos
coletividade. condicionam apoios a certezas emendas orça-
A grande dificuldade no desenho mentárias, caso recebam em troca apoio nas suas
de políticas distributivas é a delimi- emendas.
tação do grupo beneficiário (quem 3- Um programa público de crédito a baixo custo
é e quem não é beneficiário). oferecido a pequenos empreendedores que quei-
ram montar seu negócio, a partir de um problema:
necessidade de geração de renda.
1942 Legião da Boa Vontade (LBA) - com ações de cunho assistencialista e voltadas ao primeiro
damismo, fundado pela Primeira-dama Darcy Vargas.
1964-1985 Período da Ditadura Militar no Brasil, momento de grande repressão e supressão de direitos
constitucionais, perseguição política a diversos grupos que se apresentam contrários ao
regime.
Década de Crise do modelo de produção taylorista-fordista, a qual culmina em uma redução dos traba-
70 lhadores industriais, fabris, além da diminuição de postos de trabalhos estáveis e especiali-
zados, aumentando a massa de trabalho precarizado.
1974 Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) - Atendimento
médico prestado apenas aos trabalhadores com carteira assinada.
1988 Constituição Cidadã de 1988 - Definição de um Sistema de Seguridade Social, formado pelo
Tripé Assistência Social, Previdência Social e Saúde. Nesse momento, de fato, a saúde
torna-se direito de todo cidadão, integral e universal.
1990 Lei Orgânica Saúde nº 8.080/1990 e Lei nº 8.142/1990, que dispõem sobre a participação
da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde, além de darem outras pro-
vidências.
1993 Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).
2004 Aprovação da Política Nacional da Assistência Social (PNAS) - Resolução nº 78, de 22 de
junho de 2004.
2005 Implementação do Sistema Único da Assistência Social (SUAS). Norma Operacional Básica
do SUAS - Resolução CNAS nº 130, de 15 de julho de 2015.
Fonte: Elaborado pela autora.
No entanto, mesmo com todas essas conquistas, não podemos deixar de nos
situar frente ao sistema, ou seja, o Brasil inserido num sistema hegemônico neoliberal,
em especial durante a década de 90 do século XX, sistema este que visa a diminuição
das funções executivas do Estado, reestruturação das políticas públicas, em especial das
sociais, conforme vemos a seguir:
As tendências de construção de um Estado de proteção social de cunho
universalista entram em declínio e, em seu lugar, surgem as iniciativas de
alteração do consenso construído e contido na carta constitucional, tendo
como escopo a busca da igualdade social. O ideário do Estado Mínimo
predominou sobre o Estado de Bem-Estar, sendo os programas sociais
Essas reflexões contextuais e históricas, vistas até então, são necessárias para si-
tuarmos o Serviço Social inserido nessa arena conflituosa e contraditória da Política Pública
e num contexto de Estado Neoliberal.
A partir disso, cabe a nós o embasamento crítico para pensarmos e repensarmos
no cotidiano, nossa função e compromisso frente a esse cenário antagônico e complexo de
desigualdades sociais.
Na busca da garantia de segurança social e ampliação da capacidade dos sujeitos,
é fundamental termos em mente que não estamos atuando apenas com as questões da
pobreza econômica, mas sim, também, com dimensões não econômicas e multidetermina-
das. O combate à pobreza e às desigualdades não implica, exclusivamente, na melhoria de
renda, mas também no enfrentamento das vulnerabilidades e dos riscos sociais, no acesso
a bens e serviços, fornecidos e garantidos pelo Estado, de forma equânime e, acima de
tudo, com qualidade.
Com isso, conheça um pouco mais sobre as legislações sociais, como se consti-
tuem e se organizam.
Já a partir do artigo 7º, podemos ver que se trata de um item específico aos tra-
balhadores e até o artigo 11º, vamos observar que tratam à liberdade dos trabalhadores
sindicalizar-se, expressar-se e até mesmo o direito à greve.
Sabemos que infelizmente em nossa sociedade existe uma grande desigualdade
social, você mesmo pode conhecer pessoas sem condições dignas de moradia, desempre-
gadas, subempregadas, vítimas de violências domésticas, sem acesso a medicação de alto
custo ou tratamento de saúde adequado, entre tantas outra condições que refletem a falta
de acesso aos direitos previstos na Constituição.
A partir do exposto e das desigualdades por você conhecida em sua cidade é pos-
sível constatar que muitos brasileiros não gozam desses direitos, portanto, precisamos ter
clareza de que há uma garantia constitucional e, portanto, cabe ao poder público (em todas
suas esferas), buscar forma de garantir e implantar os direitos sociais, lembrando também
que é direito da população se organizar e cobrar para que seus direitos sejam respeitados.
Segundo Marshall (1967, p.70), “a educação e os serviços sociais estão diretamente ligados
aos direitos sociais”.
A partir dos direitos sociais contidos na Constituição Federal de 1988, nascem todas
as Políticas e Legislações Sociais que você poderá conhecer a partir de agora, vamos lá?
Todo município brasileiro tem conselhos de direitos, alguns exemplos são o conselho
da criança e adolescente, conselhos da assistência social, conselho da habitação e
conselho da saúde. Todos estes conselhos são paritários, ou seja, devem ser formados
pela sociedade civil organizada e pelo poder público local. Todo cidadão tem direito a
voz, e quanto conselheiro, direito a voz e voto. Os conselhos são espaços democráticos
de participação e controle social. Sendo que para receber alguns recursos financeiros
do governo federal, os municípios devem ter efetivado alguns destes conselhos citados
Outro espaço que todo cidadão brasileiro pode e deve participar, são as reuniões da
câmara de vereadores, pois as mesmas devem ser abertas à população.
Fonte: Orientações para conselhos da área de assistência social / Tribunal de Contas da União. – 3. ed.
– Brasília: TCU, Secretaria Geral de Controle Externo, 2012. NARCISO, Gerusa Ster V. S. O Controle
Social no Conselho do Idoso. COMID Vitória, ES, 2011.
A Lei Orgânica de Assistência Social ou, LOAS, como ficou conhecida, foi promul-
gada durante o governo do Presidente Itamar Franco, e nos afirma:
Art. 1°A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de
Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada
através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da socieda-
de, para garantir o atendimento às necessidades básicas (LEI Nº 8.742/93)
Importante evidenciar que desde que a LOAS foi criada, houve o reconhecimento
da assistência social como política pública, uma vez que a Assistência Social já havia sido
prevista como direito pela Constituição Federal. Sendo ainda que esta legislação entre
outros avanços para a política de assistência social, apresenta o Benefício de Prestação
Continuada (BPC), que até então estava previsto no artigo 203 da Constituição Federal de
1988:
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à
própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a
lei. (Brasil, 1988).
A LOAS, não deve ser compreendida somente como sendo a garantia deste benefí-
cio, a mesma deve ser vista em sua totalidade, pois é esta legislação que garante que toda
a população tenha suprido suas necessidades básicas.
Ao analisarmos a LOAS, observamos que a mesma visa à proteção e a garantia à
vida à família, à maternidade, à infância, à adolescência e juventude, à velhice, as pessoas
Art. 6o- B. As proteções sociais básica e especial serão ofertadas pela rede
socioassistencial, de forma integrada, diretamente pelos entes públicos e/ou
pelas entidades e organizações de assistência social vinculadas ao SUAS,
respeitadas as especificidades de cada ação. (LEI Nº 8.742/93).
Fonte: IAMAMOTO. Marilda. O Serviço Social na cena Contemporânea. CFESS, ABEPSS. Serviço
Social: direitos sociais e competências profissionais. CEAD/UnB. Brasília. 2009.
Quanto aos princípios da LDB, os mesmos também são coerentes com a Constitui-
ção Federal, em especial o artigo 206, são eles:
Observamos que esses princípios em si, visam o ensino com qualidade e igualdade
a todos os brasileiros, a LDB, prevê além do acesso à educação, a permanência de seus
alunos na política de educação, o que é considerado um avanço frente a questão de direitos.
O Ministério da Educação é o responsável pelo Plano Nacional de Educação, que
como prevê a LDB, deve ser revisto a cada 10 anos. O PNE que está em vigor é 2014-2020
e o mesmo possui 20 metas e 253 estratégias que norteiam os dirigentes educacionais no
planejamento e execução da realidade brasileira, sendo sempre com equidade e gratuidade.
Importante ressaltar o Plano Plurianual, documento que tem vigência durante quatro
anos e feito em todas as esferas de governo, sempre à luz do que contempla a Constituição
Federal, cada ente federativo deve destinar de forma obrigatório parte de seu recurso para
a política de educação.
A União precisa alocar 18% de sua receita líquida para essa área, enquanto
estados e municípios devem destinar 25% da receita líquida e transferências
constitucionais. Esses recursos são investidos em projetos e ações voltadas
para o financiamento da educação básica. (BLUME, 2016, online).
SAIBA MAIS
Em 2020 a CLT, completou 77 anos de existência trazendo algumas curiosidades tais
como: Divisão de férias; Aviso de férias; Definição de férias pode ser definida pelo empre-
gador; Pisos salariais; Carga máxima de peso que empregados pode pegar; Carga horária
de 06 horas para músicas, telefonistas e outros profissionais; lactantes podem amamentar
seus filhos por até 06 meses; Estabeleceu regras de promoção de funções; e estabelece
segurança ao trabalhador após 10 anos de trabalho. A CLT é leitura fundamental para
todo trabalhador que possui sua Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)
Fonte: ZANLUCA, Júlio César. A Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Guia Trabalhista. s/d. Dis-
ponível em: < http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/clt.htm>. Acesso em 12. jul. 2020.
Esta legislação surge para ampliação dos direitos dos idosos e apresenta vários
desafios da conquista de direitos já preconizados na Política Nacional do Idoso, (Lei nº
8.842), como por exemplo: gratuidade dos transportes e a redução da idade de 67 para 65
anos para obtenção do Benefício de Prestação Continuada (BPC). O Estatuto do Idoso é
composto por 118 artigos e apresenta uma série de direito aos brasileiros maiores de 60
anos, tais como:
Atendimento preferencial. Fornecimento gratuito de medicamentos pelo
Poder Público, especialmente os de uso contínuo, assim como próteses,
órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação;
Proibição de discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de
valores diferenciados em razão da idade. Descontos de 50% em atividades
culturais, de lazer e esporte; Proibição de discriminação do idoso em qual-
quer trabalho ou emprego. Fixação da idade mais elevada como primeiro
critério de desempate em concurso público; Estímulo à contratação de idosos
por empresas privadas; Reajuste dos benefícios da aposentadoria na mesma
data do reajuste do salário mínimo; Prioridade na aquisição de imóvel para
moradia própria, em programas habitacionais. Gratuidade nos transportes
coletivos públicos aos maiores de 65 anos, com reserva de 10% dos assen-
tos para os idosos; Reserva de duas vagas no sistema de transporte coletivo
interestadual para idosos com renda mensal de até dois salários mínimos,
com desconto de 50%, no mínimo, no valor das passagens, para os idosos
que excederem as vagas gratuitas; Reserva de 5% das vagas nos estacio-
namentos públicos e privados. (OBSERVATÓRIO NACIONAL DO IDOSO,
2008, online).
A Lei Maria da Penha (Lei nº.11.340) foi sancionada em 7 de agosto de 2006, (no
governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva), foi criada para combater a violência
doméstica e familiar, garantir a punição com maior rigor dos agressores e criar mecanismos
para prevenir a violência e a proteção à mulher agredida.
A proteção contra a mulher antes da criação desta lei estava presente somente na
Constituição Federal, (art. 226, § 8°), nos casos de violência até então eram tratados apenas
como atos infracionais, não tendo, portanto a característica de crime e consequentemente
a punição era branda.
A lei é composta por 46 artigos distribuídos em sete títulos, visando à proteção
de pessoas que identificam como sendo do sexo feminino, ou seja, heterossexuais e ho-
mossexuais e as mulheres transexuais também estão incluídas. A vítima em geral precisa
relatar que está em situação de desproteção em relação ao agressor, que não precisa ser
o cônjuge, podendo ser qualquer pessoa do convívio da mesma. Um fato relevante sobre
esta lei é que ela foi criada em um processo totalmente democrático, tendo a participação
de sociedade civil organizada de todas as regiões brasileiras, além de um forte apoio de
organizações internacionais.
A implantação da lei trouxe mudanças reais para as mulheres de todas das classes
sociais. Uma das maiores novidades trazidas pela Lei foi a criação dos Juizados de Violên-
Em pleno século XXI em uma sociedade evoluída, como a nossa, nos parece es-
tranho ter que ainda abordar a questão da igualdade racial, porém, e infelizmente, houve a
necessidade de criar-se uma legislação específica para combater o racismo e evidenciar a
toda a sociedade a questão da igualdade social.
Trata-se da Lei 12.888 de 20 de julho de 2010,no governo do então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, a mesma tem como o enfoque central a garantia à população negra a
efetivação de seus direitos e o combate à discriminação de todas as formas discriminação.
A legislação apresenta 65 artigos que definem precisamente o que se quer combater com
o estabelecimento desta Lei:
Toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em cor, descen-
dência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir
o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos
humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social,
cultural ou em qualquer outro campo da vida privada (BRASIL, 2010, inciso I,
parágrafo único do art. 1º).
O Estatuto da Igualdade Racial ainda evidencia que o Estado deve garantir a igual-
dade de oportunidade a todo brasileiro e estabelece mecanismos específicos para que seja
garantida a efetivação da participação popular negra.
Outro avanço é a promoção da igualdade nas áreas de educação, saúde, emprego
e renda entre outras, estabelecendo a obrigatoriedade de políticas de inclusão a esta po-
pulação nos planos plurianuais e dos orçamentos anuais da União, Estados e Municípios.
A última mudança significativa foi governo de Jair Bolsonaro em 2019, com a Lei nº.
13.846 de junho de 2019 que altera em especial:
Fixação de idade mínima para se aposentar (65 anos para homens e 62
anos para mulheres);tempo mínimo de contribuição (15 anos para mulheres
e 20 para homens no setor privado; e 20 para homens e mulheres no caso
de servidores); regras de transição para o trabalhador ativo tanto do setor
privado quanto para servidores; o valor da aposentadoria do setor privado e
de servidores será calculado com base na média de todo o histórico de con-
tribuições do trabalhador (e não descartando as 20% mais baixas, como feito
atualmente); para servidores, a regra é semelhante à do INSS, mas valerá
apenas para quem ingressou após 2003; para aqueles que ingressaram até
31 de dezembro de 2003, a integralidade da aposentadoria (valor do último
salário) será mantida para quem se aposentar aos 65 anos (homens) ou 62
(mulheres); o valor descontado do salário de cada trabalhador (quem ganha
menos vai contribuir menos para o INSS; quem ganha mais vai contribuir
mais). (BRASIL, 2019).
A legislação frente à previdência deve ser vista em sua totalidade, e ser sempre
consultada, pois a mesma está ligada a vida de milhões de brasileiros e ligada diretamente
a economia de nosso país.
A Política Social Brasileira é ampla e dinâmica, pois envolve diversas outras políti-
cas, (que muitas vezes são tratadas por nós como políticas transversais; como por exemplo,
a política de habitação, de segurança, educação, previdência e a própria política de saúde),
e assim, passa por atualizações para atender as necessidades da população. Este material
foi elaborado, pensando em lhe dar subsídios para que tenha entendimento frente alguns
aspectos desta política, porém, devemos saber que as políticas sociais no Brasil, surgem
como uma resposta do capitalismo, que traz à população a desigualdade social e assim,
o estado cria assim estas políticas visando atender aos mínimos sociais, ou visa-se o bem
estar da população.
Sabemos que houve avanços ao longo da história brasileira, tais como o SUAS,
SUS, a LOAS, os Estatutos, tais como da Criança e Adolescente, do Idoso, Racial, da
juventude, da Pessoa com Deficiência, entre outros, conquistados com lutas de diversos
segmentos e movimentos e garantindo assim, os direitos de diversos cidadãos.
É necessário que o Assistente Social esteja atento e atualizado ao contexto político
brasileiro, participar de espaços de discussões e garantia de direitos, tais como os conselhos
participativos de diversas áreas de proteção, lutando para que não haja retrocesso e
buscando novas conquistas, sendo que cabe ao assistente social a administração destas
políticas públicas. Não podemos deixar de seguir o projeto ético-político do serviço social
e sempre buscar alternativas que atendam o bem comum da população atendida, sem
Devemos perceber que nosso país é uma nação relativamente “nova”, pois temos
um pouco de 500 (quinhentos) anos de história desde a nossa colonização, onde vários
acontecimentos de extrema relevância aconteceram, como por exemplo, fomos o último
país do mundo a abolir a escravidão, o que ainda reflete em nossas encostas e periferias,
quando olhamos para uma favela brasileira... Sabemos por vivência diária, que somos uma
sociedade machista, e que muito recentemente ganhamos uma legislação de proteção
à mulher. Portanto, tivemos avanços, como a própria Constituição Federal de 1988, que
evidencia de forma clara os direitos sociais para todo cidadão.
Não podemos ainda nos esquecer de que infelizmente nunca tivemos de fato um
“estado do bem estar social” e assim, o Estado capitalista continua oferecendo a sua popu-
lação seus direitos, porém, de forma reduzida, sem ausência de prioridades políticas e com
um Estado que visa o lucro, porém, não de sua população e sim de uma classe específica,
ou seja, vivemos nitidamente a classe opressora e a classe dominada, que precisa vender
a sua mão de obra para que possa lhe ser garantido o mínimo.
Portanto, a cada vez mais precisamos evidenciar que os direitos sociais são direitos
da população e que esta população deve ser organizada, como a própria Constituição Fe-
deral estabelece que deve entre outros fatores acompanhar as decisões governamentais,
participar de espaços de direitos e ter consciência de que todo ser humano, necessita de
dignidade.
FILME/VÍDEO
• Título: “A Classe Operária vai ao Paraíso”
• Ano.1971
• Sinopse. Este filme chegou ao Brasil, somente em 1980, quando
saímos da Ditadura Militar e alguns movimentos sociais começam
a emergir em nossa sociedade. O filme aborda as condições dos
trabalhadores frente à alienação ao mundo do trabalho. O persona-
gem principal é o trabalhador padrão que trabalha de forma exem-
plar, buscando atender todas as imposições, o mesmo é odiado
pelos demais trabalhadores, que decidem criar um movimento. O
personagem principal, não quer se envolver com este movimento,
porém sofre um grave acidente na fábrica em que trabalhava.
• Link do vídeo
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-6095/
LIVRO
Título: O Cidadão de Papel.
Autor. Gilberto Dimenstein
Editora: Ática
Ano: 1999. Páginas: 184
Sinopse: O livro aborda conceitos sociais que o Brasil vem viven-
do, ele aborda como fonte principal a base social que é a criança
trazendo uma forma de conscientização como essência para que
a cidadania venha a sair do papel e se torne realidade no mundo
em que vivemos.
Link: https://pt.slideshare.net/Suellenufrpe/gilberto-dimenstein-o-
-cidado-de-papel-52999202
LIVRO 2
Título: Parâmetros para a Atuação de Assistente Sociais na Política
de Assistência Social.
Autor: Conselho Federal de Serviço Social CFESS (org)
Editora: CFESS e ABEPSS.
Ano: 2011. Páginas: 38.
Sinopse: Elaborado pelo Conselho Federal do Serviço Social,
aborda como deve ser a intervenção deste profissional dentro
da política nacional de assistência, bem como o trabalho com o
profissional de psicologia nos espaços sócio ocupacionais.
Link: www.cfess.org.br › Cartilha_CFESS_Final_Grafica
LIVRO 4
Título: O desmonte da Nação - Balanço do governo FHC
Autor. Ivo Lesbaupin (org)
Editora: Vozes. Ano 1999 Páginas: 200
Sinopse:. Trata-se de uma análise crítica, apoiada em dados ob-
jetivos, do que aconteceu com a Constituição, com as políticas
sociais, com a saúde, com a previdência, com a assistência, com
a distribuição de renda, com o emprego, com os trabalhadores
rurais. E de compreender como a política econômica de FHC foi
responsável pelo desastre social em que nos encontramos como
a mídia sustentou este governo e o pensamento único do qual se
nutre, como a democracia foi atingida em seus fundamentos pelo
comportamento autoritário deste governo. Trata-se, em suma, de
mostrar como FHC (quase) conseguiu desmontar nosso país
Link:https://teoriaedebate.org.br/estante/o-desmonte-da-nacao-
-balanco-do-governo-fhc/
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Ética e Direitos: ensaios críticos. Rio de Janeiro: Lumen Juris , 2011.
ZANLUCA, Júlio César. A Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Guia Trabalhista. s/d. Dispo-
nível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/clt.htm>. Acesso em 12. jul. 2020.
Prezado(a) aluno(a),
Foi um grande prazer preparar este material para você! Espero que tenha aprovei-
tado ao máximo essa etapa da sua formação profissional, pois temos um longo caminho
pela frente. Longo, porém sólido.
A minha sugestão é que você explore muito mais além do que é apresentado nos
livros. Ouse, cresça, empreenda, seja disruptivo.
Ao conhecer a história da profissão foi possível compreender como ela evoluiu
com os tempos, sempre conectada com as relações sociais estabelecidas na sociedade,
antenada a luta dos trabalhadores, combatendo a exclusão e a desigualdade.
Numa busca permanente pelos direitos dos cidadãos, assume um papel de grande
relevância com o passar dos tempos. Uma profissão que está sempre atenta ao seu código
de ética, à lei que regulamenta a profissão, às diretrizes curriculares e ainda a todas as
legislações e políticas que existem em nosso país.
Estamos num novo momento da nossa profissão, em que os fundamentos servem
como impulso para que o Serviço Social continue marcando com maestria o espaço na
divisão sócio-ocupacional no qual está inserido. Cada vez mais você precisará desenvolver
habilidades e competências que vão muito além daquilo que se aprende nos livros.
Logo, a partir dos estudos aqui realizados, procure olhar com muita atenção a his-
tória da nossa profissão, mas não perca o foco no futuro. Empreenda, crie, inove, renove e
continue dando vida nova a essa profissão maravilhosa.
Espero ter contribuindo com seu crescimento pessoal e profissional.
Sucesso sempre.