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INTRODUÇÃO:
Nome e idade:
Cristiane Aparecida da Costa, 31 anos.
Acredito que ainda nos dias atuais o Serviço Social é visto por muitas pessoas como
caridade e até mesmo assistencialismo, ainda existe quem diga que o Assistente Social só
distribui cestas básicas, não entendem que a área da Assistência Social possui natureza
preventiva e protetiva, já o assistencialismo possui um caráter imediatista, onde busca
prover uma necessidade momentânea. As pessoas não entendem qual é a verdadeira
função da assistência social. É comum que o papel dos profissionais da área esteja
associado à ajuda aos necessitados e aos mais vulneráveis, embora esta também seja parte
das atribuições, ela não é a única. Afinal de contas, o assistente social visa, sobretudo,
proteger os direitos sociais, civis, políticos e econômicos da população. E isso não
depende de classe social, mas vale para absolutamente todos os cidadãos. Com esse
objetivo, nós profissionais fazemos as intervenções necessárias. É por meio da garantia de
qualidade de vida e dignidade para todos que vamos em busca de uma sociedade mais
justa.
Lidar com o público em vulnerabilidade, embora esta seja uma das maiores funções da
assistência social, é ao mesmo tempo um dos grandes desafios. Por mais preparados que
os profissionais estejam, não é fácil ter que encarar alguns dos aspectos mais dolorosos da
nossa sociedade. É por isso mesmo que não é qualquer um que tem a capacidade de
trabalhar na área. Lidar com pessoas em situações de vulnerabilidade exige competências
especiais para propor boas soluções. De nada adianta diversos serviços assistenciais
existirem, se as pessoas que deveriam usá-los não estiverem indo ao encontro a eles.
Infelizmente isso acontece bastante. Muitas famílias que precisam de suporte não sabem
que têm direito à assistência social. Geralmente, é porque a população não é bem
informada sobre os seus próprios direitos, o que precisam fazer para usar os benefícios
etc. Além disso, os próprios assistentes sociais não conseguem chegar a quem precisa. Até
mesmo por conta de problemas com o sistema de cadastro, por exemplo, eles não
conseguem localizar as famílias.
Referencial Teórico:
De acordo com Yazbek (2000b, p.92), terá particular destaque na estruturação do perfi
da emergente profissão no país a Igreja Católica, responsável pelo ideário, pelos conteúdos e
pelo processo de formação dos primeiros assistentes sociais brasileiros. Cabe ainda assinalar,
que nesse momento, a questão social é vista a partir de forte infl uência do pensamento social
da Igreja, que a trata como questão moral, como um conjunto de problemas sob a
responsabilidade individual dos sujeitos que os vivenciam, embora situados dentro de relações
capitalistas. Tratase de um enfoque individualista, psicologizante e moralizador da questão,
que necessita para seu enfrentamento de uma pedagogia psicossocial, que encontrará no
Serviço Social efetivas possibilidades de desenvolvimento.
A política social no contexto mundial tem sua nascença em meados do século XIX, o
qual foi um período de intensa agitação da classe trabalhadora na Inglaterra. Esses
trabalhadores reivindicavam mais direitos trabalhistas e acessos a melhores condições de vida.
Durante o século XX, mais especificamente no Pós-Segunda Guerra Mundial, as políticas
sociais fizeram parte de um processo de combate às intervenções comunistas nos sindicatos e
na política.
A formação e constituição do início da colonização brasileira e os desdobramentos da
questão social no Brasil estavam longe de ter do Estado um olhar para a população
trabalhadora, este buscou privilegiar a classe burguesa, e os que detêm os meios de produção,
conforme vimos no capitulo anterior. O Brasil, em sua colonização, acabou gerando inúmeras
expressões da questão social, advindas da forma como se deu a ocupação desta terra.
A Proteção Social Básica é uma área de trabalho onde se poderia realizar muitas
coisas: possibilidade de mudança na vida dos usuários da política; emancipação dos mesmos;
reconhecimento e protagonismo dos indivíduos; e o objetivo principal a prevenção da
violação de direitos. Nesse sentido existe sim, a insatisfação em trabalhar nesta área, já que
não é possível realizar tudo o que foi mencionado, por isso na minha visão deveria ser
alterada a execução do Estado perante a Proteção Social Básica; priorizando principalmente
as equipes de referência e os equipamentos locais de trabalho da básica – CRAS. (Ass. Social,
2021).
Para Mota (1998), na atual conjuntura, os desafios postos aos profissionais se dão no
âmbito das novas modalidades de produção e reprodução social da força de trabalho. A autora
avalia que a principal tarefa imposta ao Serviço Social consiste na identificação do conjunto
das necessidades (políticas, sociais, materiais, culturais), tanto do capital, quanto do trabalho,
que são subjacentes às exigências de sua refuncionalização. Há, portanto, necessidade de se
“refazer – teórica e metodologicamente - o caminho entre a demanda e as suas necessidades
fundantes, situando-as na sociedade capitalista contemporânea, com toda a sua complexidade”
(p.26).
Diante desse re-ordenamento das funções o Estado, imposto pelo quadro de crise do
capital, surgem novas requisições no campo profissional do assistente social, que são
impulsionadas pelo movimento de reconstrução das classes subalternas em busca da
construção de um novo projeto societário. Sendo assim, os grandes desafios impostos ao
Serviço Social na contemporaneidade se direcionam para o engajamento nas lutas sociais, a
incorporação de um projeto ético-político voltado para a construção de uma sociedade
igualitária, justa e inclusiva, e a recuperação da crença de que os sujeitos históricos são
capazes de construírem novos padrões de sociabilidade. Acreditar, portanto, na possibilidade
de um mundo melhor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Podemos concluir que, Serviço Social tem sua gênese marcada por aspectos
filantrópicos, caritativos, ações clientelistas e na solidariedade religiosa, percorrendo uma
longa trajetória. Desenvolve-se como uma profissão reconhecida na divisão sóciotécnica do
trabalho, e é, portanto uma profissão histórica que comporta influências do contexto político,
econômico e social de cada época, tomando para si a realidade social enquanto objeto de
intervenção profissional.
O profissional vai trabalhar com a Questão Social e suas diversas expressões por meio
das políticas sociais, públicas, empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos
sociais, passando a ser objeto de intervenção da profissão. Dessa forma é importante conhecer
as contradições da sociedade capitalista, da questão social e suas expressões, que trazem um
desafio cotidiano para os profissionais. É preciso também, assimilar o processo de trabalho
profissional, ao deparar-se com as demandas da população.
Como profissão, o Serviço Social, surge de uma demanda posta pelo capital,
institucionaliza-se e legitima-se como um dos recursos mobilizados pelo Estado e pelo
empresariado, com a finalidade de atender as necessidades da classe burguesa, no entanto é
necessário não perder de vista seu compromisso com a classe trabalhadora. Esse processo de
institucionalização e legitimação do Serviço Social insere o mesmo na divisão sóciotécnica do
trabalho e traz uma desvinculação com as origens da igreja, porém não supera o
conservadorismo, pois o Estado cria e se associa a instituições fazendo com que a assistência
deixe de ser um serviço prestado exclusivamente pelas instituições privadas.
O Serviço Social não atua apenas sobre a realidade, mas atua na realidade [...] a
conjuntura não é pano de fundo que emolduram o exercício profissional; ao contrário são
partes constitutivas da configuração do trabalho do Serviço Social devendo ser apreendidas
como tais. (IAMAMOTO; CARVALHO: 2007; p. 55).
CFAS- Conselho Federal de Assistentes Sociais. Pela prática dos direitos sociais. Serviço
Social & Sociedade, n. 1, p. 5-16, set., 1979
_________. A Questão Social. In: A Idéia do Brasil Moderno. São Paulo: Brasiliense, 1992.
p. 87- 109.