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Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG

Unidade Divinópolis – MG

Curso de Serviço Social – 4° período

Disciplina: ÉTICA PROFISSIONAL EM SERVIÇO SOCIAL I

Alunas: GERUZA A. SILVÉRIO

LARA BEATRIZ A. SANTOS

MARIA LUIZA ROSA DIAS

RAFAELA LOPES DOS SANTOS

RESENHA CRÍTICA

Em Reflexões Sobre o Serviço Social e o Projeto Ético-Político Profissional,


(Emancipação, ISSN-e 1982-7814, Vol. 6, Nº. 1, 2006, págs. 9-23) a autora Maria
Lúcia Martinelli chama atenção para a questão das construções sociais e da
intervenção no próprio tecido social, porque é importante pensarmos que somos
assistentes sociais por uma questão de identidade e que a profissão que escolhemos
tem um lugar social na divisão do trabalho, não podendo ser pensada apenas pela
tarefa que cotidianamente é realizada, mas faz-se necessário um imperativo ético de
conceber e assumir as consequências que isso traz como classe trabalhadora, visto
que é como classe trabalhadora que temos que lutar.
No artigo a autora aponta que somos os profissionais que chegam mais
perto da vida cotidiana dos usuários e desta forma é possível fazer mediações, pois
se queremos transformar uma realidade precisamos saber como ela se forma. Desta
maneira, não podemos reduzir as pessoas a simples usuários, já que estas fazem
parte de uma classe que também reivindica direitos e são sujeitos políticos.
José Paulo Netto por sua vez acrescenta ao debate a respeito da construção
histórica e seus desafios profissionais (Serviço Social e Saúde: Formação e Trabalho
Profissional. A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social. Brasília,
CFESS/ABEPSS/CEAD/UnB, mod. 1, 1999). Como já é sabido, o Serviço Social
advém de tradições conservadoras; foi vista e entendida como uma profissão que
trabalhava com a contenção social a partir das ordens e desejos da sociedade
burguesa.
No Brasil, após muita luta, anos de ditadura e inúmeros retrocessos, a profissão
começa a ver uma luz no fim do túnel com o advento da Constituição de 1988, só
então o projeto de sociedade e o projeto profissional do Assistente Social começam a
caminhar numa mesma direção.
Ainda se tratando de projeto profissional, o projeto Ético-político da profissão
toma rumos mais certeiros, porém não hegemônicos dentro da categoria, já que é
impossível se considerarmos o pluralismo político dos seus agentes. Porém, mesmo
com todas as dificuldades, hoje o Serviço Social conta com um projeto que também é
um processo, que tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como valor
central, que se vincula a um projeto de sociedade que luta pelo fim da exploração –
seja ela qual for – posicionado sempre ao lado da justiça e da equidade.
O autor deixa claro que a hegemonia profissional a respeito do projeto ético
político “conquistada” dentro das entranhas da profissão é constantemente ameaçada
não somente pelo modo capitalismo ao qual estamos inseridos, mas também pela
investida da onda neoliberal que assola não só o brasil, como também boa parte do
mundo.
Os resultados desse projeto de sociedade que lucra com o desemprego, a
desproteção social e a exploração deixam ainda mais claro a importância e a grandeza
do compromisso ético dos profissionais do Serviço Social no combate a esse sistema.
Traçando um paralelo entre os autores, é perceptível que somente a partir de
uma análise conjunta podemos redescobrir potencialidades e pensar coletivamente
alternativas de enfrentamento, partindo da realidade concreta dos sujeitos usuários,
de suas pratica sociais, buscando a superação do aparente, requerendo assim
também uma análise sobre os lócus de intervenção, ou seja, conhecer o local que
estamos inseridos. Quando temos conhecimento acerca da realidade em que
atuamos, nossa cadeia de mediações se torna mais ampla, pois quanto maior nosso
conhecimento teórico, maiores são as nossas possibilidades de construí-las.
Durante a leitura encontramos certa dificuldade acerca do vocabulário utilizado
por Netto, contudo com um pouco mais de atenção é possível meditar mais sobre a
importância do projeto ético político para a profissão e entendermos que somos
sujeitos sociais capazes de proporcionar mudanças na sociedade, importante também
pensarmos em projetos coletivos, pois as profissões não podem ser pensadas a
distância da sociedade na qual elas se realizam, visto que muitas vezes as profissões
estabeleçam competições entre si ao invés de ser cada vez mais pensadas na sua
profissionalidade. Já o texto de Martinelli é de fácil compressão, pois a autora usa uma
linguagem simples, e o artigo foi útil para sobretudo entendermos que os usuários são
sujeitos que nos auxiliam na construção de nossa identidade profissional, no entanto
é necessário termos uma escuta qualificada, bem como saber observar o olhar e os
gestos das pessoas; assim não faremos leituras superficiais mas, iremos analisar,
interpretar (no sentido de compreender a realidade) em conjunto com os sujeitos
usuários a realidade da qual somos parte e assim constituir um processo interativo.
Percebemos que é de extrema importância seguir o projeto ético-político para
um fazer profissional crítico emancipador e assim lutar contra o poder do Estado que
interfere nas vidas dos nossos usuários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

MARTINELLI, M. L. S. Reflexões Sobre o Serviço Social e o Projeto Ético-Político Profissional.


Emancipação, ISSN-e 1982-7814, Vol. 6, Nº. 1,págs. 9-23, 2006.
NETTO, José Paulo. Serviço Social e Saúde: Formação e Trabalho Profissional. A Construção do
Projeto Ético-Político do Serviço Social. Brasília, CFESS/ABEPSS/CEAD/UnB, mod. 1, 1999),
reeditado em Portugal (Henríquez, org., 2001) e difundido também na América Latina (Borgianni,
Guerra e Montaño, orgs., 2003).

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