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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PSICOLOGIA

GABRIEL DA SILVA MONTES

UM NOVO OLHAR SOBRE O CONCEITO DE FAMÍLIA: UMA ANÁLISE DO


DISCURSO DE JOVENS GAYS E LÉSBICAS SOBRE FAMÍLIA

Ba Vista, RR
2023

GABRIEL DA SILVA MONTES


UM NOVO OLHAR SOBRE O CONCEITO DE FAMÍLIA: ANÁLISE DO DISCURSO DE
JOVENS GAYS E LÉSBICAS SOBRE A FAMÍLIA

Projeto de pesquisa apresentado como pré-requisito


para o Trabalho de Conclusão de Curso I (TCC) do
Curso de Psicologia do Centro de Educação da
Universidade Federal de Roraima.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria do Socorro Lacerda


Gomes

Boa Vista, RR
2023

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................4
2 PROBLEMA...............................................................................................................6
3 OBJETIVOS...............................................................................................................6
3.1 Geral..........................................................................................................................6
3.2 Específicos................................................................................................................6
4 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................7
5 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................8
5.1 Sobre a família: da pré-história ao Estado moderno..............................................................8
5.1.1 Aspectos históricos acerca da família tradicional brasileira.
5.1.1 A família moderna.................................................................10
5.2 Os movimentos sociais e o advento das novas configurações familiares
5.3 A problemática familiar LGBTQIA+

6 METODOLOGIA....................................................................................................17
7 RESULTADOS ESPERADOS................................................................................18
8 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO.......................................................................19
9 ORÇAMENTO.........................................................................................................20
REFERÊNCIAS......................................................................................................21
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca estudar o discurso produzido por jovens LGBTQIA+ a respeito do
conceito de “família”, partindo da investigação dos processos de significação subjetiva destes
indivíduos e considerando a problemática da vivência familiar de minorias sexuais, assim como o
contexto das recentes transformações sociais e políticas no campo da conquista de direitos
LGBTQIA+ que marcam uma abertura às possibilidades de famílias que se opõe à proclamada
“família tradicional brasileira”.

A palavra família, como conceito e objeto de discurso, existe de uma forma extremamente
ativa na contemporaneidade. Muitas vezes compreendida e descrita como instituição social básica, é
elemento constante no palco das discussões políticas, no qual se apresenta de formas distintas, é
uma palavra que de um lado assume um lugar simbólico fundamental, representativo de valores a
serem defendidos. Neste lugar, a família existe como a base de um discurso, o discurso em defesa
da família, ou em defesa da “família tradicional brasileira”.

De um outro lado, esse mesmo conceito é objeto de críticas e questionamentos a respeito de


sua construção e forma. A crítica ao conceito tradicional de família se desenvolve paralelamente a
um período histórico de evolução de pautas sociais e de conquistas de direitos políticos por grupos
socialmente minoritários.

Segundo Adorno (1963, apud Butler, 2015) Podemos provavelmente dizer que as questões
morais sempre surgem quando as normas morais de comportamento deixam de ser auto evidentes e
indiscutíveis na vida de uma comunidade. Desta forma, a questão da família entra no palco das
discussões morais, quando são evidenciadas novas possibilidades de constituições familiares.

Neste contexto, este estudo assume como suporte teórico, a perspectiva genealógica, no
sentido de buscar entender historicamente como instituições e práticas discursivas, constituem o
conceito de família no Brasil. Portanto, tendo primeiramente como um de seus objetivos, apresentar
alguns aspectos de como se estrutura historicamente e discursivamente a construção e manutenção
do que se compreende como família tradicional brasileira. E da mesma forma, direcionar um olhar
sobre a família como instituição que age na reprodução e manutenção de discursos tradicionais,
fundamentalmente heteronormativos (MELLO, 2005).
A partir disso, este estudo se propõe a direcionar uma investigação de como indivíduos gays
e lésbicas, em suas experiências subjetivas, percebem e se relacionam com este conceito de família.,
buscando uma compreensão do conceito de família a partir do discurso daqueles que não se inserem
na estrutura hegemônica tradicional e heteronormativa de família, mas que são ao menos tempo,
violentamente atravessados por ela.

A investigação de um discurso a partir da experiência subjetiva de jovens LGBTQIA+, parte


de um aporte teórico, fundamentado na teoria crítica de Butler, prometendo lançar luz sobre a
complexidade das interações entre as instituições familiares e as identidades LGBTQIA +. Pondo
em análise as produções discursivas assinalando-as como historicamente datadas. Ao mesmo
tempo, pensando-as, conforme Deleuze e Guattari (2011) de forma duplamente descentrada, tanto a
partir de uma natureza extra pessoal, econômica e social, como de natureza infra-humana,
intrapsíquica.

A escolha de analisar o discurso específico de jovens LBGTQIA+, se dá pela consideração


de que esta faixa etária, se insere em um contexto sociodiscursivo particular, onde embora prevaleça
uma compreensão tradicional e heteronormativa de família, há abertura a novas constituições
familiares, são estes indivíduos, os jovens, que se aproximam mais à abertura de percepções e
representações sobre família completamente novas, possibilitando reflexões sobre futuros possíveis
e inclusivos. Tornando possível analisar ao mesmo tempo, como o modelo familiar heteronormativo
hegemônico atravessa as subjetividades de indivíduos LBTQIA+ e como as recentes transformações
sociais impactam a experiência relacional familiar destes indivíduos e suas percepções e
representações sobre a família.

Para a análise do discurso dos jovens LGBTQIA+, utilizar-se-á neste trabalho, a


metodologia da Análise de Discurso Foucaultiana que, conforme Fischer (1995) considera o aspecto
formal da linguagem, mas sempre o vê e o trata na sua radical e inseparável relação com os
conflitos subjetivos e sociais que envolvem os atos de fala. Importará analisar os discursos enquanto
efeitos de sentido, produzidos no momento mesmo da interlocução.

2. PROBLEMA

O problema de pesquisa que orienta este projeto consiste em analisar o discurso de jovens LGBTQ+
sobre a família, a partir de um cenário de transição da prevalência de um modelo hegemônico
heteronormativo para formas familiares contemporâneas. Trata-se, portanto, de investigar as
representações subjetivas desses jovens, considerando como são atravessados pela estrutura
heteronormativa tradicional ao mesmo tempo em que estão em contato com novas concepções de
família na contemporaneidade.

3. OBJETIVOS

Objetivo Geral

Analisar o discurso de jovens LGBTQIA+ sobre o “Família”.

Objetivos Específicos

Apresentar como se produziu historicamente o discurso da “família tradicional brasileira”


Realizar o levantamento dos discursos de jovens LGBTQIA+ na cidade de Boa Vista sobre a
família
Correlacionar os discursos com as conquistas de direitos LBGTQIA+

4. JUSTIFICATIVA

Este estudo tem como justificativa a contribuição para um entendimento mais amplo e inclusivo do
conceito de família. Além disso, a abertura ao discurso daqueles indivíduos cujas identidades não se
encaixam no modelo heteronormativo de família, permite problematizar o conceito de família e seu
papel social.

5. REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 Sobre a família: da pré-história ao Estado moderno

Segundo Escardó (1955) a palavra família não designa uma instituição padrão, fixa e
invariável. Historicamente a família adota diferentes formas e mecanismos concisamente diversos e
na atualidade coexistem tipos de família constituídos sobre princípios morais e psicológicos
diferentes e ainda contraditórios e inconciliáveis. Desta forma, para que seja possível compreender
o pensamento sobre família, é importante entender a construção e evolução histórica deste conceito

A palavra família teve muitos significados que se reestruturaram ao longo da história. Os


estudos e os esforços para realizar um retrospecto histórico do conceito de família são diversos,
embora este esforço tenha se mostrado desafiador, alguns autores nos fornecem algumas
informações que operam como bases teóricas fundamentais para este entendimento. Entre eles,
Engels, no livro A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1984), tomando como
referência estudos prévios desenvolvidos por Lewis Henrij Morgan.

Segundo Engels (1984) a origem etimológica da palavra família vem do latim “famulus”,
que quer dizer escravo doméstico, a família estaria então inserida dentro das relações de dominação
e poder. Em sua análise, o autor estabelece uma perspectiva histórica, explorando a evolução da
família desde do que ele se refere como estágios pré-históricos de cultura até a civilização. Os
modelos primários de família são característicos dos estágios pré-históricos de cultura e marcados
pelo matrimônio entre grupos e pela relação conjugal comunitária sem limites proibitivos às
relações sexuais entre os indivíduos. A transição para a família na forma como se compreende na
modernidade, tem como marco histórico o século XVIII e a instituição da sociedade capitalista.

5.1.1 A família moderna

Conforme é desenvolvido por Carvalho e Mansani (2017) a proveniência da instituição


familiar moderna, a família burguesa, remonta ao período de transição das sociedades feudais para o
capitalismo que abarca o período entre os séculos XVI e XVIII. Com a substituição do modelo de
produção, as instituições que o sustentavam também sofreram transformações. A partir disso,
tem-se o surgimento da família burguesa, instituição comprometida com a manutenção da ordem
social capitalista.

A estrutura da família burguesa é basicamente composta por marido e mulher e seus filhos,
desta forma também é referenciada com família conjugal. Um dos principais pontos de
diferenciação, na família burguesa, em relação ao período feudal anterior, é a prevalência da
distinção e valorização da vida privada em relação à vida pública. No contexto de precariedade, que
marca a gênese do capitalismo e formação dos grandes centros urbanos, há a formação de um
discurso higienista na qual o mundo externo era retratado como um lugar de insegurança, perigo,
sordidez e imoralidade (FOUCAULT, 1985).

Essa mudança tem impactos em como se desenvolvem as relações e vínculos sociais, a


unidade familiar homem-mulher-filhos, e o próprio espaço no qual ela se estabelece, a casa,
assumem um lugar de suma importância na estruturação do modelo familiar moderno, o espaço
doméstico passa a representar a proteção ao mundo externo, caótico e desordenado. Segundo
Foucault (1985) essa família é alicerçada pelo que ele se refere como “dispositivo de aliança”,
relacionado a proteção e manutenção do vínculo conjugal, que opera como sistema de regras que
delimita o que é permitido e proibido.

Nessa estrutura, com a prevalência do vínculo conjugal monogâmico homem-mulher, a


própria sexualidade é, sob os valores da moral burguesa, limitada, reduz-se a sexualidade ao casal
— ao casal heterossexual, em um contexto em que o sexo só interessa no sentido de produção de
corpos úteis ao trabalho, a sexualidade é implantada sobre o espaço doméstico, somente legitimada
nos limites do espaço da casa de família. De acordo com Foucault:

A sexualidade é, então, cuidadosamente encerrada. Muda-se para dentro de casa. A família


conjugal a confisca. E absorve-a, inteiramente, na seriedade da função de reproduzir. Em
torno do sexo, se cala. O casal, legítimo e procriador, dita a lei. Impõe-se como modelo, faz
reinar a norma. [...] No espaço social, como no coração da moradia, um único lugar de
sexualidade reconhecida, mas utilitário e fecundo: o quarto dos pais (1985, p. 9-10).

Por sua vez, para Mello (2005):

A constituição dessa nova família, como lugar obrigatório, dos sentimentos e do amor e
espaço privilegiado de eclosão da sexualidade, seria uma decorrência daquilo que Foucault
(1997) chama de fixação do dispositivo de aliança e do dispositivo de sexualidade na forma
da família. [...] O caso passa a significar, portanto, basicamente a união entre dois
indivíduos que dizem se amar e não mais, apenas, entre dois grupos sociais ou linhagens
(p. 26).

Deste modo, os dispositivos de controle da sexualidade, do corpo e prazeres, gradualmente


se centram no interior da família. Os pais e cônjuges desempenham um papel central na gestão do
sexo. A família torna-se palco exclusivo da manifestação de amor e da sexualidade. O ambiente
familiar passa a ser representado como lugar de proteção afeto e cuidado, há uma intensificação na
dimensão afetiva no vínculo matrimonial (FOUCAULT, 1985).

Estas percepções estruturam os valores e os discursos produzidos sobre família que operam
até a contemporaneidade. Posicionando-a justamente como espaço de proteção, e marcados pela
valorização do vínculo e da afetividade e amor no pacto matrimonial. Desta forma, conforme Mello
(2005) os valores desta família moderna até recentemente ocupam um lugar de universalidade, em
uma perspectiva que assume diferente como inferior, são poucos os espaços em que se é possível
pensar fora deste ideal de família.
Este retrospecto é relevante não somente para a compreensão da constituição histórica e
social da estrutura familiar moderna, mas também das suas funções sociais que a família como
instituição social assume e desempenha no contexto de sua formação.

5.1.2 Aspectos históricos acerca da família tradicional brasileira

Na historiografia brasileira, o tema família percorre um longo percurso e embora


inevitavelmente influenciado pelo contexto macro das transformações sociais e econômicas
ocidentais, é carregado de uma série de especificidades, diante disso, alguns autores contribuem
para o entendimento da historicidade do desenvolvimento da família no contexto brasileiro, dentre
eles Gilberto Freyre, aparece como um dos autores influentes, principalmente em referência ao
período colonial no Brasil. Em seu livro, Casa Grande e Senzala (1933), o autor discorre sobre a
tipologia da família patriarcal brasileira. Este trabalho assim como outras produções até a década de
60 fornecem um valioso panorama sobre a família, com ênfase no poder e nas bases patriarcais da
sociedade brasileira (SAMARA, 2002).

Samara (2002) desenvolve que a família brasileira no período colonial, foi moldada por
diversos fatores, incluindo a influência da colonização portuguesa, o impacto da escravidão africana
e a rica miscigenação racial que caracteriza o país. Ela ressalta como as relações senhoriais de poder
e dominação e a prevalência da figura do patriarca detentor das terras, foram determinantes na
estruturação de um modelo familiar patriarcal.

A partir disso, tem-se uma perspectiva das bases da construção da família no Brasil,
tomando este ponto de partida, é possível compreender historicamente as mudanças
socioeconômicas e culturais e a produção de correntes de pensamento que acompanham estas
mudanças e operaram na estruturação da tradição familiar brasileira. Conforme Azzi (1987) na
transição entre monarquia e república no Brasil, a família patriarcal de caráter rural, em sua
formação é gradativamente substituída pela família urbana, de caráter burguês ou proletário. E foi
influenciada por quatro principais linhas de pensamento: o pensamento católico, positivista, liberal
e o comunista. Neste texto será dado destaque aos três primeiros, que foram, conforme aponta o
autor, os que mais tiveram prevalência na produção de um pensamento sobre a família como
instituição social.

O pensamento católico teve grande prevalência da tradição histórica brasileira, sustentado


em princípios reacionários em oposição às mudanças sociais, baseados na moral religiosa, no
controle sexual, na divisão de papéis de gênero, no ideal de uma ordem social conservadora e de
forma mais explícita, na imposição de limites ao papel da mulher na sociedade, restringindo sua
existência para dentro dos muros do ambiente familiar.

Azzi (1987) destaca que a instituição católica continuamente entalhou um modelo de


família, tipicamente hierarquizado, seguindo a lógica, marido-mulher-filhos, o homem, marido e
pai, é detentor de um lugar de liderança como chefe da unidade familiar, no qual o cabe fornecer
sustento financeiro. A mulher, esposa e mãe, assume aspectos de submissão e fidelidade ao
homem. E aos filhos cabe a obediência aos pais.

Conforme Azzi (1987, p 89-90) neste modelo estabelece-se, portanto, uma separação
explícita entre os papéis de gênero na dinâmica familiar:

Outra característica nesse pensamento católico é a divisão do trabalho externo e a vida no


lar. [...] À mulher compete o cuidado do lar, mediante a procriação e educação dos filhos.
Estando o marido frequentemente ausente, a mulher torna-se de fato polo principal ao redor
do qual gira a vida familiar (AZZI, 1987, p. 89-90).

Outro elemento prevalente no discurso católico, é o da moral sexual, e da consequente


mortificação do corpo e restrição das práticas sexuais, pontua Leers (1987),

No plano teórico, a doutrina sexual e familiar, expressa e comunicada na catequese oficial


da igreja, possui duas características estruturais: a limitação estrita da energia sexual e o
absolutismo. O terreno reduzido em que a vida familiar e a sexualidade são permitidas
inclui, conforme as normas do magistério, a monogamia, o casamento na forma da igreja, as
relações heterossexuais do casal dentro deste casamento, ao lado da proibição mortal, de
manipulações sexuais incestuosas, solitárias e homossexuais (p. 132).

O pensamento positivista, também assume um papel relevante na estruturação do modelo


familiar, e da mesma forma, reforça a divisão dos papéis de gênero e da limitação das funções
sociais da mulher, no entanto, agora sobre um discurso pretensamente científico, que atribuiria a
restrição da mulher à atividade doméstica a uma suposta “natureza feminina” ligada às práticas do
cuidado.

Azzi (1987) pontua que, segundo a perspectiva positivista, existem duas esferas básicas da
atividade humana, a família e a sociedade. A atuação na esfera social é uma prerrogativa do sexo
masculino, e como tal deve ser preservada, ficando a atividade da mulher limitada ao âmbito
familiar.

Sob os ideais positivistas de ordem social, a dinâmica familiar se estabelece, portanto,


cabendo à mulher a manutenção da ordem no ambiente doméstico e por consequência a efetividade
do trabalho do homem na manutenção da ordem social no espaço público.
Estas duas correntes de pensamento, se desenvolvem como um movimento reacionário, em
oposição ao pensamento liberal republicano, conforme desenvolve Azzi (1987) no período que
marca a transição entre monarquia e república, a sociedade patriarcal escravocrata latifundiária
entra em uma progressiva desagregação. A ideologia liberal, de fato, influencia de modo expressivo
as mudanças nos costumes que atravessam a instituição familiar na sociedade burguesa em
formação.

O pensamento liberal, por sua vez, se opõe aos ideais católicos e positivistas os descrevendo
como autoritários e retrógrados. Em síntese a rigidez moral da educação católica, supervalorizando
a pureza, incentivando a mortificação do corpo, era vista pelos liberais como um instrumento de
enfraquecimento da própria convivência familiar (AZZI, 1987).

Há, deste modo, um estímulo e incentivo à participação da mulher na vida social e uma
transformação nos valores familiares mais alinhadas à realidade dos centros urbanos. O movimento
protestante, influenciado pela ideologia liberal, exerce um importante papel ativo neste processo. A
educação mista, marcada pela integração dos sexos nas instituições educacionais, em oposição a
rígida separação sexual católica, é uma marca desta mudança.

Cabe destacar que ao pensamento liberal, a abertura do papel social da mulher, interessava
menos por uma questão moral e ética e mais pela intenção de preparar a mulher para um papel
significativo no mercado de trabalho, como força produtiva, assim como no mercado, como
consumidora.

Portanto, percebe-se que as as principais linhas de pensamento que fortalecem e reestruturam


os valores da instituição familiar brasileira, que prevalecem na sociedade contemporânea. Se
estruturam em uma dinâmica reacionária. Conforme se estabelece progressivamente uma abertura a
novos formatos nas relações sociais e familiares, há, em contrapartida, o fortalecimento de valores e
de discursos que buscam defender e recuperar uma realidade anterior.

5.2 Os movimentos sociais e o advento das novas configurações familiares

De acordo com Woodward (2000) os “novos movimentos sociais” emergiram no ocidente


nos anos 60 e especialmente após 1968, com a rebelião estudantil, o ativismo político e a lutas pelos
direitos civis, eles desafiaram a ordem social e suas hierarquias burocráticas. Estes movimentos
atravessaram as divisões de classe e se direcionava às identidades particulares dos grupos que os
sustentavam. Neste sentido, se inserem o movimento feminista, o movimento negro e o movimento
político-sexual, inicialmente representados pelas pessoas gays e lésbicas.
O movimento feminista encabeça uma transformação nas dinâmicas sociais de gênero, ao
questionar o discurso hegemônico em relação ao papel da mulher, e a naturalização do feminino aos
lugares maternais e domésticos. Da mesma forma, o movimento de gays e lésbicas, questionam as
práticas discursivas que enquadram a homossexualidade como algo anormal ou imoral
(WOODWARD, 2000).
O surgimento destes movimentos sociais resultou em uma transformação da realidade
ocidental, e a família como instituição social reflexo e agente estruturante da ordem social, a partir
do século XX, foi atravessada por profundas mudanças. De acordo com Mello (2005, p. 28) “As
críticas aos imperativos absolutos da monogamia, da coabitação, da indissolubilidade, da
exclusividade, da complementaridade e da compulsória reprodução biológica, ganharam a arena
política.” É estabelecido um contexto de conflito no campo discursivo, as práticas normativas, as
instituições, os modos de ser e de se relacionar são progressivamente desafiados.
Estas mudanças, onde se inserem a redefinição dos papéis de gênero, a abertura à
multiplicidade nas relações afetivo-sexuais, proporciona uma intensa transformação nas
representações sociais de família (MELLO, 2005).
A crítica dos movimentos sociais, conseguiu explicitar que a família, muitas vezes , é um
espaço dramático de violências e conflitos diante da predominância de estruturas hierárquicas e
desiguais. Este intenso processo de motilidade nas correntes de pensamento e no campo discurso,
inevitavelmente, direciona transformações no campo jurídico e consequentemente, a gradual
conquista de direitos por grupos minoritários e a legitimação de novos formatos de família pelo
meio legislativo.
Desta forma a virada do século XX ao XXI é marcada pela ocupação da demanda pelos
direitos da população LGBTQIA+ no campo político em diferentes países. Conforme Nagamine
(2019) no período entre o final dos anos 1990 até a metade nos anos 2000, são discutidos nesses
diferentes países, a descriminalização da sodomia, a regularização das relações conjugais de casais
formados por pessoas do mesmo sexo, a parentalidade de gays e lésbicas e o acesso a
procedimentos de redesignação sexual.
No Brasil, instâncias judiciais e políticas debatem os direitos sucessórios de companheiros
do mesmo sexo em relação estável, os direitos de parentalidade de pais sobre filhos biológicos em
casos de disputa de guarda e a discriminação por orientação sexual em casos de adoção individual
ou conjunta (MOREIRA, 2012, apud NAGANIME, 2019).
A propostas do reconhecimento jurídico do vínculo matrimonial entre pessoas do mesmo
sexo e a reivindicação do direito a liberdade sexual, a partir da inserção de uma política contra a
descriminalização por orientação sexual, tornam-se símbolo principal do movimento de gays e
lésbicas. E marca a abertura a novas concepções e representações de família.
No entanto, conforme elaborado por Mello (2005) diante dessas novas configurações
matrimoniais e familiares, surge um forte movimento reacionário, geralmente fundado em bases
religiosas, e sobre a premissa discursiva de defesa da família “verdadeiramente legítima”,
sustentadas no argumento do “sagrado” e do “natural”. Esse movimento se fortalece politicamente,
principalmente por influência de instituições religiosas e promove a manutenção e permanência de
valores, pensamentos e da estrutura “tradicional” de família. Tudo isso entrava no processo de
trâmite dessas propostas jurídicas e sua efetiva instituição legal. O casamento homoafetivo somente
se se tornou uma realidade quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu em 2011, a união
estável entre casais do mesmo sexo como entidade familiar. Além disso, em 2013, o Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução que obriga os cartórios de todo o país a celebrar
o casamento civil e converter a união estável homoafetiva em casamento.
Todas essas conquistas são fruto de luta política e de um longo processo de enfrentamento
por parte dos movimentos sociais aos discursos que buscam a hegemonia heterossexual e a ordem
social estabelecida. Essa batalha envolve desafiar normas tradicionais, questionar estigmas e
enfrentar preconceitos enraizados. O movimento, impulsionado pela necessidade de superar
barreiras sociais que historicamente marginalizaram e excluíram pessoas com identidades de gênero
e orientações sexuais diversas, veem a necessidade de transformação no campo jurídico.
A conquista de direitos e marcos legais desempenha um papel fundamental na construção de
novas formas de vida para grupos marginalizados, como a população LGBTQIA+. Esses avanços
representam não apenas uma mudança legal, mas também uma transformação social e cultural que
redefine as normas e percepções previamente estabelecidas.
Além disso, ao assegurar direitos parentais, como a possibilidade de adoção por casais do
mesmo sexo e a proteção legal em disputas de custódia, a legislação contribui para a construção de
novos modelos familiares. Isso desafia normas tradicionais, permitindo que pessoas LGBTQIA+
vivam autenticamente e formem famílias baseadas no afeto e na escolha, em vez de conformidade a
padrões pré-estabelecidos (MELLO, 2005).
Os marcos legais não são apenas instrumentos jurídicos, mas também catalisadores de
mudanças culturais mais amplas. Eles sinalizam o reconhecimento oficial da diversidade e validam
as identidades da população LGBTQIA+. Esses avanços jurídicos não apenas protegem os direitos
individuais, mas também desempenham um papel crucial na criação de um ambiente propício para
o florescimento e a afirmação plena da vivência da comunidade LGBTQIA+.

5.3 A problemática familiar LGBTQIA+


A experiência familiar do indivíduo LGBTQIA+ é marcada por um contexto em que muitas
vezes o preconceito se articula como dispositivo de legitimação da violência, ocasionando a ruptura
do vínculo, o afastamento temporário ou permanente entre jovens lésbicas e gays e seus familiares
(PERUCCHI; BRANDÃO; VIEIRA, 2014).
Isso pode ser analisado a partir do que Butler (2010) elabora como “violência ética” conceito
que dispõe sobre como a ética o sistema de regras morais, pode se articular de forma violenta sob a
pretensão de imposição de uma suposta universalidade coletiva, ao ignorar a realidade sociocultural
e suas reformulações.
A família, como ambiente social normatizador, apresenta problemáticas para os indivíduos
gays e lésbicas ao moldar identidades e reforçar normas heteronormativas, agindo como um entrave
para a identificação e o reconhecimento desses sujeitos.
Segundo Butler (2010) o sistema de sexo/gênero ocorre como um mecanismo social
regulamentado, comandado por instituições sociais, como a família e é inculcado pelas leis que
estruturam o desenvolvimento psíquico individual.
Butler, em suas teorizações, utiliza-se das problemáticas psicanalíticas e edipianas, e do
desenvolvimento sexual infantil, porém, destacando seu caráter histórico e cultural, não as tomando
como fato universal e atemporal, mas determinados por uma realidade cultural e social, que proíbe e
regula os corpos.
Segundo Butler (2010) a criança internaliza as normas culturais, reforçadas por instituições
sociais como a família, sobre o que é aceitável em termos de relações amorosas e sexuais, e isso
influencia sua identificação de gênero e orientação sexual e desempenha um papel central na
criação de fronteiras e normas em torno das relações de gênero e da sexualidade na sociedade. Essa
reprodução normativa muitas vezes se manifesta como uma força restritiva nos processos de
subjetivação de indivíduos LGBTQIA+, impondo padrões rígidos que não se alinham com a
diversidade sexual e de gênero (LONGARAY, RIBEIRO, 2015).
Butler (2010) destaca como as normas de gênero são internalizadas e performadas por meio
de repetições ritualísticas. Na família, essa internalização pode começar desde a infância, onde as
crianças aprendem e internalizam as expectativas de comportamento associadas aos papéis de
gênero tradicionais. Para os indivíduos LGBT, essa socialização muitas vezes cria um ambiente que
não reconhece ou valida suas identidades, contribuindo para um entrave em seu processo de
subjetivação. A família pode se tornar um espaço de conflito entre a normatividade sexual
hegemônica e suas identidades autênticas. A pressão para conformidade pode resultar em
experiências de alienação e invisibilidade (PERUCHI; BRANDÃO; VIEIRA, 2014).
Mata et al (2013) destaca que ao tomar consciência de sua homossexualidade, o jovem
muitas vezes enfrenta o temor de que essa orientação seja descoberta por seus familiares e pela
sociedade. Consequentemente, em certos casos, optam pela negação de sua identidade como forma
de proteção. Por outro lado, quando os familiares tomam conhecimento da homossexualidade dos
jovens, estes podem ser submetidos a pressões concretas por parte da família para se conformarem à
norma sexual predominante. A coerção, tanto física quanto psicológica, é frequentemente utilizada
com esse propósito. Como resultado, os jovens enfrentam angústias psicológicas, incertezas e medo
diante dessas situações adversas.
No entanto, é importante notar que a resistência a essas normas está em ascensão.
Movimentos sociais e avanços legais estão desafiando a concepção tradicional da família e
promovendo uma visão mais inclusiva (MELLO, 2005). Ao questionar as normas impostas pela
instituição familiar, abre-se espaço para a afirmação das identidades LGBT e a desconstrução dos
padrões que historicamente limitaram os processos de subjetivação desses indivíduos. No entanto,
para a população LGBTQIA +, a busca da aceitação fora do espaço doméstico é comum, pois
muitos abandonam ambientes restritivos para viver autenticamente (PERUCHI, BRANDÃO,
VIEIRA, 2014).
Desta forma, no que concerne às relações familiares, ainda que, no senso comum, se
considere que o espaço familiar seja de agregação de indivíduos, há nesta agregação a exigência de
que a postura de seus membros seja compatível ao modelo hegemônico, tanto na organização e
estruturação da família, enquanto instituição social, quanto às condutas de seus membros. Sendo
assim, se seus membros são considerados como desviantes a tais regras, a família passa a se dispor
de mecanismos violentos, sejam estes físicos ou psicológicos, na tentativa de repreendê-los e
enquadrá-los à norma (SOLIVA, 2009).
Safatle (2010) desenvolve como na teoria de Butler, o poder, pela imposição discursiva age
colocando aqueles a ele sujeitos em uma posição de melancolia.

A força da submissão dos sujeitos, seja à identidades de gênero pensadas em uma matriz
estável e insuperável, seja à própria forma geral da identidade, é indissociável dos usos da
melancolia. O poder age produzindo em nós melancolia, fazendo-nos ocupar uma posição
necessariamente melancólica. Desta forma, a melancolia aparece como uma das múltiplas
formas, mas a mais paralisante, de aceitar ser habitado por um discurso que, ao mesmo
tempo, não é meu mas me constitui (pp. 175).
Podemos então compreender a relação entre identidades LGBTQIA + e o ambiente familiar,
como marcado por um sofrimento que diz respeito aos mecanismos de subjetivação e práticas
discursivas estruturais operando sobre a emergência de subjetividades dissidentes.

6. METODOLOGIA

O presente estudo consistirá em uma pesquisa de base qualitativa que se realizará em duas
etapas: Na primeira, realizou-se um se levantando bibliográfico, para um aprofundamento da
compreensão da temática, a despeito da questão LGBTQIA+ no Brasil e da formação histórica e
contemporânea de família, e evidente da relação entre ambos os temas. No qual tomou-se como
ponto de referência, respectivamente, os seguintes autores: Riolando Azzi e Luiz Mello à despeito
dos aspectos históricos da construção da família.
Na primeira etapa será realizada a leitura dos teóricos que pesquisam a temática tendo em
vista o aprofundamento do conhecimento sobre o tema abordado e o levantamento das principais
problemáticas a respeito da experiência familiar LGBTQIA+, para o adequado embasamento que
respalde a realização da segunda etapa da pesquisa.
A segunda etapa consistirá na realização de uma pesquisa de campo, onde serão realizadas
entrevistas semiestruturadas, com jovens LBGTQIA+, a partir de busca ativa na comunidade de
jovens na faixa etária de 18 a 28 anos, com o objetivo de realizar o levantamento e análise do
discurso produzido por estes a respeito do conceito de família.
A Análise do Discurso (AD) é um campo de estudo interdisciplinar que se debruça sobre a
linguagem em uso, especialmente considerando o contexto social, político e histórico em que os
discursos são produzidos. Não se limitando a uma análise gramatical convencional, mas
examinando como os discursos contribuem para a produção de significados. Ela investiga não
apenas as estruturas linguísticas, mas também os processos sociais que moldam a linguagem
(MUSSALIM, 2012).
A interpretação e análise dos relatos será orientada a partir das análise do discurso de
Foucault pondo em análise as produções discursivas assinalando-as como historicamente datadas.
Ao mesmo tempo, pensando-as, conforme Deleuze e Guattari (2011, Apud Butler, 2015) de forma
duplamente descentrada, tanto a partir de uma natureza extra pessoal, econômica e social, como de
natureza infra-humana, intrapsíquica.
7. CRONOGRAMA

Atividade Ago/23 Set/23 Out/23 Nov/23 Dez/23 Jan/24 Fev/24 Mar/24 Abr/24 Mai/24 Jun/24
Leitura e elaboração do
X X X X
projeto de pesquisa
Qualificação do projeto
X
de pesquisa
Submissão do projeto de
pesquisa na Plataforma X
Brasil
Busca/contato com as
X
participantes
Realização das
X
entrevistas
Análise dos dados das
X
entrevistas
Escrita do TCC II X
Defesa do TCC II X

8. REFERÊNCIAS
GUATARRI, Félix; ROLNIK, Suely. Cartografias do Desejo. 4º ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
BUTLER, Judith. Relatar a Si Mesmo. Crítica da Violência Ética. Belo Horizonte: Autêntica,
2015.
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade. 3º ed. Rio de
Janeiro
MUSSALIM, Fernanda. Análise do discurso. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna
Christina [Orgs.]. Introdução à linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez,
2012.
ENGELS, Friedrich. A Origem da Família da Propriedade Privada e do Estado. 9º ed. Rio de
Janeiro, 1984.
SAMARA, Eni de Mesquita. O que mudou na Família Brasileira? (Da Colônia à Atualidade).
Vol. 12. São Paulo, 2002.
LONGARAY, DEISE; RIBEIRO, Paula. Espaços educativos e produção das subjetividades gays,
travestis e transexuais. Rio Grande: Revista Brasileira de Educação, 2015.
POMBO, Mariana. Família, Filiação, Parentalidade: novos arranjos novos questões. Rio de
Janeiro, 2019.
AZZI, Riolando. Família e Valores no Pensamento Brasileiro (1870-1950) Um Enfoque Histórico.
In: RIBEIRO, Ivete. Sociedade contemporânea, família no Brasil e valores: alterações e
permanências. Revista Brasileira De Estudos De População, 1987.
FOUCAULT, Michel. A História da Sexualidade I: A vontade de Saber. 13º ed. Rio de Janeiro,
1999.
ESCARDÓ, Florencio. A Anatomia de La Familia. 2ª ed. Rio de Janeiro, 1955.
SAFATLE, Vladimir. Dos problemas de gênero a uma teoria da despossessão necessária: ética,
política e reconhecimento em Judith Butler. In: BUTLER, Judith. Relatar a Si Mesmo. Crítica da
Violência Ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

Roteiro de Entrevista Semi-Estruturada

Roteiro de Entrevista
1. Definição de Família

I. Como você definiria família?


Esta pergunta visa entender em termos gerais como o participante percebe e conceitua o termo
família.

II. Como você acha que a sociedade em geral percebe e define “família”?
Esta pergunta investiga as percepções dos participantes sobre as normas e expectativas
sociais em relação ao conceito de família, e como essas percepções podem influenciar
sua própria definição pessoal de família.

III. Quais são os elementos essenciais que compõem uma família, na sua
opinião?
Esta pergunta busca identificar os elementos ou características que o participante
considera fundamentais para definir uma família, fornecendo noções sobre suas crenças
e valores relacionados à estrutura familiar.

IV. Você acredita que sua definição de família difere da definição de família da
maioria das pessoas? Se sim, de que forma?
Esta pergunta investiga a percepção do participante sobre as representações de família
na sociedade e se estas refletem sua própria experiência, estimulando uma reflexão
sobre as influências culturais e sociais na construção das noções de família.

V. Como você acredita que sua identidade de gênero e/ou orientação sexual
influencia sua definição de família?
Esta pergunta investiga como a identidade de gênero e/ou orientação sexual do
participante pode moldar sua visão e experiências em relação à família, destacando a
interseccionalidade entre identidade e estrutura familiar.

​2. Desafios:

Quais desafios você percebe para os jovens LGBTQIA+ em relação ao âmbito familiar?

3. Perspectivas Futuras:

Como você visualiza o futuro da família na vida de jovens LGBTQIA+?

Encerramento:

4. Agradecimento e Consentimento.

Nota:

Este roteiro busca proporcionar uma conversa aberta e reflexiva sobre a temática, permitindo que os
participantes compartilhem suas experiências e perspectivas de forma significativa. A adaptação das
perguntas conforme o andamento da entrevista é recomendada para garantir um diálogo mais
natural e enriquecedor.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(Conforme as resoluções 466/2012 e 510/2016 do CNS)

Você está sendo convidado/a/e a participar da pesquisa “O LBGTQIA+ na família: Uma análise

do discurso de jovens LGBTQIA+ sobre a família” sob a responsabilidade dos pesquisadores:

Maria do Socorro Lacerda Gomes (pesquisador principal) e Gabriel da Silva Montes (pesquisador

assistente). Sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você pode desistir de participar

e poderá sair da pesquisa sem nenhum prejuízo para você ou para os pesquisadores.

1. O objetivo geral deste estudo é: Analisar o discurso de jovens LGBTQIA+ sobre a

família. E como objetivos específicos: 1) Apresentar como se produziu historicamente o discurso da

família tradicional brasileira, 2) Realizar o levantamento dos discursos de jovens LGBTQIA+ na

cidade de Boa Vista sobre a família e 3) Correlacionar os discursos com as conquistas de direitos

LBGTQIA+. Esta pesquisa de campo, de natureza qualitativa, fará o uso de entrevista não diretiva

partindo da seguinte questão: como os jovens LGBTQIA+ são atravessados pela estrutura

heteronormativa tradicional ao mesmo tempo em que estão em contato com novas concepções de

família na contemporaneidade?

2. Sua participação nesta pesquisa consistirá em comparecer a uma entrevista e responder as

perguntas, se assim quiser e sentir-se à vontade. Você poderá negar resposta a qualquer pergunta

apresentada pelo entrevistador; bem como, solicitar a qualquer momento esclarecimentos a respeito

das perguntas. O curso da entrevista poderá ser gravado em áudio, se você concordar, para

possibilitar uma transcrição e análise de dados mais apurados. No entanto, logo após o fim da

transcrição e análise de dados, o áudio de sua entrevista será permanentemente excluído.

3. O principal benefício relacionado com a sua participação será: Produzir conhecimentos

capazes de problematizar questões relativas à questão LGBTQIA+ na família.

4. O principal risco relacionado com a sua participação será: A pesquisa pode oferecer riscos

mínimos aos participantes, tais como, possibilidade de constrangimento, desconforto e vergonha;

cansaço ao responder às perguntas; vazamento e divulgação de dados confidenciais (registrados no


TCLE) ou registros em áudio e transcrição da entrevista; Desconforto ou constrangimento durante

gravações de áudio. Para tais fatores salientamos que as participantes serão respeitadas durante seus

relatos e após a conclusão da pesquisa, todo material coletado será destruído definitivamente.

5. Análise de dados e confidencialidade: As informações pessoais obtidas por meio desta

pesquisa serão confidenciais e garantimos que somente os pesquisadores, saberão a respeito de sua

participação. Durante todo processo, desde a entrevista até a análise de dados, serão adotadas

medidas para assegurar sigilo e confidencialidade. Referente às futuras publicações de dados e

resultados, não serão expostos conteúdos ou informações que poderão identificá-la. Você receberá

uma via deste termo com o telefone e o endereço institucional do pesquisador principal e poderá

tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Você poderá

entrar em contato conosco, sempre que achar necessário, através do telefone da pesquisadora

responsável Maria do Socorro Lacerda Gomes, número (95) 98801-6763, caso tenha alguma

dúvida.

Boa Vista-RR, _____ de _________________ de 2024.

__________________________________________________________

Pesquisadora principal

__________________________________________________________

Pesquisadora assistente

Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e concordo

em participar:

__________________________________________________________

Participante da Pesquisa
Endereço dos pesquisadores:

Maria do Socorro Lacerda Gomes – Universidade Federal de Roraima (UFRR) Centro de Educação
(CEDUC) - Campus Paricarana, Av. Cap. Ene Garcês, 2413 - Bairro Aeroporto, Boa Vista - RR, 69310-000.
E-mail: socorro.lacerda@ufrr.br - Telefone: (95) 98801-6763.

Gabriel da Silva Montes – Universidade Federal de Roraima (UFRR) Centro de Educação (CEDUC) -
Campus Paricarana, Av. Cap. Ene Garcês, 2413 - Bairro Aeroporto, Boa Vista - RR, 69310-000. E-mail:
silvamontessgabriel@gmail.com - Telefone: (95) 99143-4168.

Endereço do Comitê de Ética em Pesquisa: Universidade Federal de Roraima (UFRR) Centro de


Educação (CEDUC) - Campus Paricarana, Av. Cap. Ene Garcês, 2413 - Bairro Aeroporto, Boa Vista - RR,
69310-000- Telefone: (95) 3621-3112, Ramal 26.

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