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PROJETO SOCIAL
Brasília/ DF
1. Título do projeto
2. Justificativa
Quando se pensa em maternidade, geralmente surge uma conexão como aspecto biológico da
gravidez e do nascimento de uma criança. Porém, esta não é a única maneira de uma mulher
exercer plenamente a maternidade, pois existe a possibilidade da adoção de um criança.
Se uma gravidez biológica tem seus desafios, o fato é que tornar-se mãe adotiva também traz
seus desafios. Uma das principais razões para o recurso à adoção é a infertilidade, seja
feminina, seja masculina, sendo que nos dois casos essa interdição da gravidez pode ser vista
para a mulher como uma ferida narcísica, que pode abalar seus referenciais identificatórios, já
que a maternidade parece ser um elo importante na construção da identidade feminina,
conforme nos ensina Ribeiro (2004).
Todavia, a adoção pode surgir também em função recasamentos, falecimento de filhos, saída
dos filhos mais velhos de casa, medo da solidão e preocupação com o grande número de
crianças institucionalizadas. Neste contexto, adotar é sempre um ato de amor e, no caso
específico de crianças especiais, incluindo os portadores da Síndrome de Down, ao amor,
junta-se o enorme desafio de lidar com a criança.
Nesta esteira, é mais comum ver estudos e práticas que foquem os sentimentos dos pais em
geral, e das mães em particular, se comparados com aqueles que se ocupam de questões
vinculadas à criança e ao seu ajustamento à nova família e ao processo de transição da
institucionalização para um lar. Conforme Paiva (2004), é importante dar atenção ao
sentimentos paternos e maternos envolvidos nesta forma de filiação, pois apesar de a
parentalidade adotiva não ser geradora de conflitos nem algo que predisponha os filhos
adotivos a dificuldades específicas, o ato tem peculiaridades que devem ser mais bem
compreendidas.
Segundo Freud (1914/1996) o desejo de gerar uma criança é compartilhado por um grande
número de mulheres, pois engloba um desejo maior, que é o desejo de imortalidade do ego.
Assim, filhos possibilitam aos pais um retorno de seu próprio narcisismo, o que pode ser
percebido, por exemplo, no fato de os pais geralmente atribuírem somente perfeições aos
filhos. Então, a possibilidade de ter um filho aproxima, psiquicamente, homens e mulheres da
imortalidade, mediante a herança genética.
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Todavia, o projeto foca as mães, pois, conforme Ribeiro (2004, p. 51) “uma forma ligação
entre maternidade e feminilidade faz com que o desejo de ter filhos tenha destinos psíquicos
diferentes para homens e mulheres, tornando-se mais central no psiquismo feminino”.
Finalmente, conforme Lebovici e Soulé (1980, p. 553) “é muito mais difícil ser um pai
adotivo do que uma criança adotada”. Filhos adotivos, salienta o autor, sentem-se como filhos
de sangue enquanto para pais adotivos a identificação com o filho adotivo, a questão do
narcisismo e mesmo o surgimento de uma angústia por perceber não ser fácil reencontrar a si
mesmo ou ao objeto amado na criança tornam o processo muito mais complexo e difícil. A
troca do filho ‘imaginado’ para o filho real, seja após seu nascimento, seja após a adoção
também constitui um desafio para pais.
O setor possui diversos problemas, incluindo uma das altas taxas criminalidade do DF, além
da falta de acesso da população a serviços públicos como saneamento básico, rede de água e
esgoto e energia elétrica, além de outros programas do governo.
O setor também carece de escolas, creches e de espaços públicos para lazer e educação. Há
déficit também de praças e pavimentação nas ruas, além de ruas tortas e estreitas que são
comparadas a labirintos.
O narcotráfico é algo presente no setor, e mesmo assim não são realizadas muitas operações
policiais. O narcotráfico ocorre livremente próximo a população civil, em um modelo muito
parecido ao que se vê nas comunidades mais famosas do Rio de Janeiro. No setor são
frequentes os apagões por conta da precarização da rede elétrica, caracterizada por diversos
gatos elétricos que pegam energia da rede do setor ao lado Setor de Oficinas. Trata-se de uma
regiões mais pobres e com pior IDH do Distrito Federal.
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exigirão cuidados especiais por toda a vida, multiplica o desafio por um parâmetro
incalculável.
Neste cenário o projeto proposto consistirá na abordagem dos profissionais de Psicologia que
realizam escuta qualificada das participantes dos projetos multidisciplinares da Comunidade,
a fim de identificar as demandas existentes na situação apresentada, podendo se desdobrar na
adoção de intervenções, embasadas em teorias científicas, como também em testes
psicológicos necessários para a situação, efetuando um processo de acompanhamento
continuado da família.
Espera-se com isso, não apenas entender melhor as motivações, dificuldades, dores e medos
dos envolvidos, mas também aplicar conhecimentos práticos da psicologia ao mundo real,
contribuindo para um melhor desenvolvimento emocional e intelectual de todos os
envolvidos.
Trazer as mães para o entendimento do self enquanto forças motivacionais internas e dos
processos afetivos, ou seja a caixa-preta revelada, despertando nessas mães a consciência da
complexidade do contexto onde estão inseridas, onde sua individualidade é muito importante.
3.2.3. Despertar nas mães a consciência de individualidade, trabalhando com essas mães a
autoconfiança, autocontrole, cognição e sociabilidade.
5. Referenciais Teóricos
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A proposta deste projeto é discutir a psicoterapia de grupo na abordagem fenomenológico-
existencial a partir de um processo psicoterapêutico de grupo realizado em quarenta encontros
na Comunidade – Santa Luzia Estrutural DF Comunidade – Santa Luzia Estrutural DF.
O diálogo entre essa experiência clínica de grupo e a fenomenologia teve como base teórica
os filósofos Martin Heidegger e também Jean Paul Sartre. A escolha destes autores se deu
pelo fato de que suas filosofias voltam-se para a existência, especificamente em suas obras
Ser e Tempo (1927), e Ser e o Nada (2015) em que apresentam as estruturas ontológico-
existenciais do modo de ser do homem. A abordagem fenomenológico-existencial parte da
concepção do homem enquanto ser-no-mundo, o que faz dele um ente desprovido de essência
positiva, lançado no mundo sem determinações prévias de qualquer espécie.
Essa concepção se deve ao fato de que o ‘ser-aí’ (Dasein) é sempre em situação, não havendo
o “fora” dela. Se o ser-aí é ser-no-mundo, sempre em relação com os outros, com as coisas,
enfim, está sempre envolvido em tudo o que lhe acontece, ele é constituído e transformado a
partir de suas relações.
Sendo assim, não há um estado anterior às relações, mas sempre um a partir de, no qual se
constituem modos diferentes de estar em relação (HEIDEGGER, 2015). Na situação
psicoterápica, ao fazer uma observação no grupo, o terapeuta parte sempre de alguma
tonalidade afetiva, que é uma correspondência ao clima grupal. O simples fato de estar
presente no grupo já modifica sua percepção e vice-versa, pois o grupo também se modifica
tanto com a ausência quanto com a presença de quem quer que seja no encontro.
Sendo assim, ao longo de cada encontro do grupo, não se esgota o vínculo terapêutico, porque
esse vínculo se afasta e se aproxima o tempo todo, nos diversos modos possíveis. E é nesse
aproximar e afastar que a terapia se desenrola, pois, é o que permite experienciar a identidade
e a diferença.
1 Dasein é conceito, é essência propositiva, é crença que se mantém e se renova ao longo da nossa narrativa.
Dasein, do alemão, ['da:zain], nos leva a significados ricos e férteis, como existência e presença em sua tradução
mais literal.
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Devido a essas características do vínculo psicoterápico é que todas as questões que surgem na
sessão atravessam o grupo por inteiro, e tocam a cada um de um jeito peculiar, inclusive o
terapeuta. Podemos investigar como cada um foi tocado por aquele tema, o que faz a partir
disto, o que pensa sobre isto, mas há que se ter cuidado para não gerar hipóteses de ser que
assim se mostram como algo interior, prévio ao ser-no-mundo-com.
Os participantes do grupo não são meros depositários de projeções das relações externas a ele.
Muito pelo contrário, é na convivência com esses que se abre a chance de poder olhar os
modos vinculares, que são modos de ser no mundo junto com outros. Por isso, a cada sessão o
modo como se configura o grupo depende de quem está presente nela.
Além da herança biológica, cada pessoa recebe também toda uma herança cultural, que
corresponde ao tempo e local onde nasceu e vive. Este ser, que corresponde ao ser existente,
está e se transforma no (e com o) mundo, sendo então um constante vir-a-ser. Dasein é um ser
de possibilidades, que se faz no mundo, enquanto é também feito pelo mundo, numa relação
dialética. Deste modo, cada pessoa está condenada ao mundo, pois não há como se separar
dele. Não há como não "ser-no-mundo", pois toda pessoa se faz no (e com o) mundo
(HEIDEGGER, 2015)
Sartre (2015, p. 182) relata que devemos separar o que é meu e o que é do outro: “O que me
importa não é o que fizeram comigo, mas o que eu vou fazer com o que fizeram comigo.” Isso
denota expressivamente o conceito de autenticidade. Quando conseguimos ser, sem ter que
ser algo para alguém. A existência vem primeiro, dentro dessa existência eu escolho, a partir
disso vem a nossa essência. Sabemos que o adoecimento vem na maioria das vezes com a
falta da própria identidade, sendo a mola mestra para o adoecimento. A pessoa simplesmente
não consegue ser.
Portanto, nos encontros ressaltaremos sempre a epoché 2, focando na análise intencional. Cada
um percebe algo de uma forma. Os nossos eventos serão justapostos de acordo com as
experiências anteriores.
2 Para a Fenomenologia, a epoché é a abstenção do pensamento ante a constância do “espetáculo do mundo”,
ela é definida na Krisis-Schrift como uma “distância em relação às validações naturais ingênuas” (Husserl, 1989,
p. 154).
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Se um objeto é sempre um objeto para uma consciência, ele não será jamais objeto em si, mas
objeto percebido, ou objeto pensado, rememorado, imaginado. Portanto, não se trata de uma
simples descrição das aparências, o que seria um simples ‘fenomenismo’ e sobre o qual não
poderíamos pronunciar. De acordo com a teoria embasada, não se pode separar o fenômeno
do ser. É o ser do fenômeno que interessa nessa discussão (SARTRE, 2015). Adotamos a
análise intencional equiparando-se à intencionalidade como os conceitos pilares da
fenomenologia.
6. Metodologia
O público-alvo do projeto serão mães que tenham filhos portadores de necessidades especiais
que participam de aulas de dança na Associação Comunidade – Santa Luzia, Estrutural - DF.
6.2. Procedimentos
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autoconhecimento e autonomia para o resgate da sua própria autoestima,
empoderamento feminino, autonomia profissional, autonomia dos filhos etc.
6. Resultados Esperados
Espera-se que cada participante do grupo possa ter uma visão pessoal centrada em si mesma,
tanto do lado das assistidas quanto do lado das integrante do projeto.
7. cronograma de execução
27 de setembro
Primeira reunião
para organização e
planejamento do
projeto.
4 de outubro
Primeira roda de
psicoterapêutica de
atendimento aos pais
11 de outubro
Segunda roda
psicoterapêutica de
atendimento aos pais
18 de outubro
Terceira roda
psicoterapêutica de
atendimento aos pais
8. Considerações Finais
Diante dos objetivos propostos, na roda terapêutica trabalha-se com todos os assuntos
pautados e direcionados na independência dos filhos em relação aos pais e vice-versa.
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humano não é determinado unicamente por fatores inconscientes, por traumas constituídos na
infância ou por condicionamentos diversos, mas pela organização pessoal de cada indivíduo a
partir da sua experiência única, ou seja, da sua subjetividade. Essa subjetividade, contudo,
está determinada pela natureza essencialmente boa e criativa do ser humano, pressuposto que
orientou a formulação da psicoterapia centrada na pessoa.
Nas rodas de conversa não acontecem dinâmicas específicas, pois o fluxo interativo da roda se
mantém de forma natural, onde os membros participantes instigam e ajudam uns aos outros,
trabalhando assim, para cumprir com o objetivo do trabalho, que é, desenvolver a autonomia
pessoal, independência e o Self dos pais e filhos.
9. Bibliografia