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EFEITOS DA “REVELAÇÃO” DA
ADOÇÃO NA PESSOA ADOTADA
São Paulo
2011
NATÁLIA MARGATO CAMARGO
EFEITOS DA “REVELAÇÃO” DA
São Paulo
2011
Aos meus pais e irmãs, pelo apoio e
incentivos dedicados na realização
de mais um sonho.
Agradecimentos
Aos meus pais, que me apoiaram nos momentos mais difíceis e estão sempre prontos
para me ajudar.
Às minhas irmãs, mesmo estando longe procuram me passar paz e motivação para
seguir em frente.
À minha família, pelas demonstrações de interesse e disponibilidade.
Aos meus amigos, pelas contribuições e sugestões dadas ao longo deste trabalho.
À minha orientadora, que sempre me ajudou com as diretrizes, me incentivou nas
minhas ideias, demonstrou todo o interesse neste trabalho, sendo essencial para que esse fosse
concluído de maneira eficaz e alegre.
Resumo
Introdução............................................................................................................................5
1. O que é adoção?.............................................................................................................7
2. História da adoção........................................................................................................8
3. Adoção na atualidade....................................................................................................9
4. Processo de adoção......................................................................................................11
5. “Revelação”.................................................................................................................13
6. Método..........................................................................................................................17
6.1 Sujeitos....................................................................................................................17
6.3 Procedimento...........................................................................................................18
7. Cronograma.................................................................................................................18
8. Resultados....................................................................................................................19
9. Análise..........................................................................................................................26
10. Conclusão.....................................................................................................................29
12. Anexos..........................................................................................................................33
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Introdução
Entretanto, há casais ou pessoas que conseguem gerar e criar seus filhos, há os que
geram e não conseguem criar e há ainda os que não conseguem ou não querem gerar, mas
desejam ter filhos, crianças já nascidas. Estas crianças, por sua vez, impossibilitadas por
alguma razão muito forte de serem criadas por quem as gerou, têm o direito de conviver em
família, isto é, de encontrar pais que desejam criá-los como filhos. Assim é a adoção uma
medida de proteção para dar à criança uma família substituta, quando ela perdeu a sua.
(LEVINZON, 2009)
Conhecer sua história e suas origens também é um direito da criança, aliás de qualquer
pessoa. Para a criança que foi adotada, essa história é transmitida em geral oralmente em um
procedimento que chamamos comumente de “revelação”.
A partir desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo geral conhecer as
peculiaridades da revelação da adoção ou da origem familiar em adultos que foram adotados.
Além disso, tem como objetivos específicos conhecer como se deu o momento da revelação
para os adultos entrevistados, conhecer suas ansiedades e curiosidades sobre a família
biológica, compreender como a pessoa adotada lidou com este conhecimento e os sentimentos
envolvidos.
de dados científicos: Scielo e BVS-Psi. Ao se ler os resumos dos artigos que tinham a adoção
como tema principal, na primeira base, dos 26 encontrados, nenhum se adequou ao tema em
questão. Na segunda base, de 37 artigos, nenhum deles tratou do tema em pauta. Sendo assim,
torna-se urgente desenvolver mais trabalhos que possam contribuir com o conhecimento e
aprofundamento do assunto.
Além da escassez de trabalhos sobre o tema da adoção em geral, esta pesquisa também
será relevante do ponto de vista social, primeiramente porque dará oportunidade para que as
próprias pessoas que foram adotadas se expressem sobre a “revelação” e sobre sua
experiência na adoção em geral. Suas respostas podem ajudar a esclarecer dúvidas,
desmistificar certas lendas e, futuramente, contribuir para que seja dada mais importância a
esse momento tão delicado, chamado popularmente de momento de “revelação”.
1. O que é adoção?
A adoção, segundo a visão jurídica, consiste no ato ou efeito de adotar legalmente uma
criança, pelo qual o então candidato à adoção aceita outro como filho. Conforme o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), o adotando deve ter no máximo 18 anos de idade no
momento do pedido, exceto se já estiver sob a guarda ou a tutela dos adotantes.
(GUIMARÃES, 2010)
Para a psicóloga Gina Khafif Levinzon (2009), a adoção representa, de maneira geral,
uma forma de proporcionar uma família à criança, a qual os pais, por algum motivo, não
puderam criar. Em contrapartida, também proporciona um filho às pessoas que, por
apresentarem dificuldades biológicas para gerar ou simplesmente por optarem por crianças
que não tenham vínculo genético, desejam criar e cuidar de uma criança com as quais não foi
gerada por eles.
De acordo com Marmitt (1993, p.7; apud WEBER 2010), a adoção caracteriza-se
como:
decorrem da lei, não das partes, que não poderão alterá-los. Pelo relevante conteúdo
humano e social que encerra, a adoção, muitas vezes, é um verdadeiro ato de amor.
Além de seu caráter acentuadamente humanitário, a adoção também faz florescer os
sentimentos sublimes da generosidade, da afeição e da benemerência, eis que veste
alguém com o estado de filho com todas as vantagens decorrentes.
2. História da adoção
De acordo com Weber (2005), na Idade Média a Igreja não se mostrava favorável em
relação à adoção, pois acreditava que se pessoas podiam ter filhos não biológicos para
ampará-las futuramente e para imitar a natureza, o casamento poderia também ser considerado
desnecessário.
Devido a tais consequências, foi criada a chamada “Roda dos Enjeitados ou dos
Expostos” (1783), como uma tentativa de solucionar os escândalos. Consistia em uma roda
giratória, conectada no muro de instituições, onde o bebê era deixado e recebido do outro lado
pela instituição, garantindo assim o anonimato das mães. (FERREIRA e CARVALHO, s/d)
A adoção foi realmente legalizada apenas com a elaboração do Código Civil de 1916.
Todavia, as possibilidades de adotar uma criança eram de uma rigidez extrema, podendo
adotar apenas maiores de 50 anos que não tivessem filhos, o que dificultava demasiadamente
essa prática. (WEBER, 2005)
9
Em 1927 foi criado o primeiro Código de Menores brasileiro, que trouxe algumas
definições, como: abandono físico e moral, diferença de menor abandonado e menor
delinquente e a suspensão do poder familiar. Mas não contribuiu para reduzir o número de
crianças abandonadas e nem para facilitar as práticas de adoção.
Algumas modificações importantes para a adoção surgiram com a Lei 3.133/57, que
alterou as condições do adotante, podendo este ter filhos e reduzindo a idade mínima de 50
anos para 30 anos de idade, sendo que a diferença de idade entre adotando e adotado deveria
ser de 16 anos.
Diante do cenário político e social encontrado no país na década de 80, ocorreu uma
mudança significativa no que se refere à proteção da criança. Isso foi possível graças a
Declaração Universal de Direito da Criança em 1959 e, em seguida, a Convenção das Nações
Unidas sobre os Direitos das Crianças em 1989.
3. Adoção na atualidade
“Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e
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Caso não seja possível manter a criança em sua família de origem (em razão de falta,
omissão ou ação grave dos pais em relação aos deveres do poder familiar), pode-se recorrer a
três medidas de proteção: a guarda, a tutela e a adoção. Essas medidas visam garantir o direito
a convivência familiar e comunitária.
A tutela é concedida apenas quando fica comprovada a ausência dos pais, seja por
óbito ou destituição do poder familiar, contudo, diferentemente da adoção, não implica na
perda dos vínculos com o grupo familiar.
Para adotar é necessário ter mais de 18 anos e ter uma diferença de no mínimo 16 anos
de idade entre o adotando e o adotado. O estado civil do adotando é indiferente, não sendo
relevante como requisito para adoção. No entanto, se casado ou em união estável, deve
comprovar isso.
No Brasil, além da adoção formal, existem outras formas de adoção que atendem
inicialmente as exigências da lei. Uma delas é a chamada adoção “pronta” em que comumente
a mãe entrega seu filho a uma pessoa ou a um casal supostamente de sua confiança (Intuito
Personae) que solicita, na Vara da Infância e da Juventude, sua guarda para fins de adoção,
geralmente depois de ter estabelecido certo vínculo com a criança e às vezes sem ter se
cadastrado como pretendente. (FERREIRA e CARVALHO, s/d)
Outra forma, porém ilegal, é a “adoção à brasileira”. Esta consiste em dar como seu o
filho de outrem, registrando a criança como filho natural, sem tê-la gerado ou concebido. Por
se constituir um crime, as punições podem ser de dois a seis anos de reclusão, além da retirada
da criança do convívio familiar ou da pessoa que a registrou ilegalmente. (FERREIRA e
CARVALHO, s/d)
4. Processo de adoção
Para adotar, o pretendente deve ser maior de 18 (dezoito) anos, com diferença de idade
mínima entre adotante e adotado de 16 anos. Pode ser casado ou em união estável, solteiro,
divorciado ou viúvo, deixando provado que tem condições financeiras e emocionais para
tanto. (MELLO, 2011)
Esta autora (2011) explica que o processo de adoção tem início na Vara da Infância e
da Juventude devido a alguma ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente
que os tenha feito perder definitivamente a família, sendo a Justiça acionada para providenciar
a proteção integral às crianças. A intervenção da Justiça já ocorreu em conjunto com a rede
pública de serviços, com a intenção de avaliar e trabalhar a família biológica para que esta
ultrapasse os obstáculos ou solucionasse os problemas que ocasionaram a separação ou
remoção da criança, de modo que esta pudesse ser reintegrada ao lar de origem ou da família
estendida, garantindo assim o seu direito à convivência familiar. No entanto, se a adoção vai
ocorrer é porque foram esgotadas as possibilidades de reintegrar a criança à família de
origem.
Assim, uma vez que os vínculos já foram rompidos ou não há condições para o
“empoderamento familiar”, pois houve séria ameaça ou violação da integridade física e/ou
psíquica da criança, a criança então será encaminhada para colocação em família substituta.
Nesse último caso, a adoção é a forma definitiva e irrevogável de se garantir esse direito.
(MELLO, 2011)
Ao final deste processo, os pretendentes preenchem uma ficha detalhada com seus
dados e do perfil da criança que pretendem adotar, indicando o que aceitam nesta criança em
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relação ao seu histórico familiar e sua saúde física e mental, informando inclusive a
disponibilidade para adotar uma criança de outros estados e, em caso positivo, especificado
em quais. (MELLO, 2011)
5. “Revelação”
Não é possível esquecer que uma história de adoção está ligada a uma história de
abandono. Sendo assim, existe ou já existiu uma família anterior, de origem, que faz parte da
história da criança. (WEBER, 2004)
Ao se falar sobre origem, é sabido que uma criança existe antes mesmo de sua
concepção física, ela aparece em um desejo compartilhado entre duas pessoas que em algum
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momento surgiu na mente e nas emoções de ambas, gerando assim uma vida. Ou seja, é como
se ela já existisse em alguma dimensão espacial, antes mesmo de sua procriação.
(SCHETTINI, 1999)
De acordo com Neuburger (1995, apud WEBER, 2010), é injusto e inadequado dizer
para uma criança que ela é adotada, pois isso implicaria em uma inacabável obrigação de
justificar o seu comportamento por uma conduta diferente, devido ao fato de compreender que
não é uma criança como as outras. Ao invés de rotular a criança como adotada, é válido e
fidedigno ensinar-lhe que ela passou a fazer parte dessa família por adoção, família esta que,
por sua vez, foi constituída com a chegada desta criança.
Contar à criança sobre sua adoção constitui-se em um dos momentos mais sensíveis
para os pais adotivos. Alguns o encaram de maneira tranquila, às vezes até buscando por
auxílio especializado. Todavia, outros vêem este momento como um pesadelo, pois temem
que a confusão de sentimentos e angústias tenham um resultado desastroso. (LEVINZON,
2009)
É possível identificar que a decisão sobre contar ou não para a criança sobre sua
origem é muitas vezes advinda das fantasias criadas sobre as mudanças que ocorrerão após a
revelação, pois que elas existirão é um fato. Toda informação nova acrescenta algo na vida
das pessoas, alterando assim o seu jeito de interpretar e ver o mundo e as pessoas. O que faz a
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É importante considerar o fato de que muitos pais ainda não elaboraram certas
dificuldades, como a infertilidade, a existência dos pais biológicos da criança e até mesmo em
relação à solidez do vínculo criado. De modo geral, para os pais que estão tranquilos com
essas questões, contar à criança sobre sua adoção se torna natural, embora ainda possa haver
tensão. Contudo, muitas vezes as reações da criança em relação a sua história são decorrentes
das angústias dos pais adotivos, e não dela própria. Ou seja, “O temor exacerbado dos pais
pode estar ligado à projeção no filho de sua não-aceitação inconsciente da sua própria
condição de pais adotivos.”. (LEVINZON, 2009, p.49)
A dúvida é: quando e como contar à criança sobre a adoção? Não existe uma regra
para responder tal questão, porém, de acordo com Levinzon (2009), não há a necessidade de
ter um momento chamado “revelação”, em que os pais se sentam com a criança e contam
tudo. Isso pode ser feito de uma maneira mais amena, deixando a criança saber aos poucos,
preparando-a para a então conclusão. Quando a criança tem a sensação de que sempre soube o
que está sendo dito, evita-se o momento de revelação de um segredo, que pode ser traumático.
Segundo Melina (1986, apud WEBER, 2010), não é adequado falar para a criança que
ela foi escolhida. Isso pode acarretar em pensamentos de que, se ela foi escolhida e outras
crianças não, é porque ela é perfeita e não teria sido escolhida caso tivesse demonstrado
alguma imperfeição. Na verdade, parece que quanto mais se aproximar da situação e dos
motivos reais que levaram os pais à adoção, mais a criança entende que a adoção foi boa para
ambas as partes, eximindo-a de um sentimento de gratidão eterna.
Para Hamad (2002), é conveniente pensar em um instrumento que permita ao bebê ser
sempre defrontado com sua história, se maneira positiva. Uma alternativa é criar um álbum de
fotografias, representando a origem da criança, como se fosse uma espécie de pequena
reportagem sobre o encontro com os pais adotivos: fotos da maternidade, do abrigo onde
foram buscar a criança, do lugar de onde a criança vivia. Esse álbum deve ser de fácil acesso
para a criança, para que dessa maneira ela possa manipulá-lo tatilmente, como se fosse um
brinquedo, como se fosse a materialização do que se chamará de “nosso encontro contigo”.
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Assim, esse instrumento torna-se um objeto transicional, como uma placenta adotiva,
intermediária entre a realidade do encontro e a fantasia do nascimento.
Com respeito a quando contar para a criança, é recomendável que seja quando a
mesma demonstrar interesse pela origem dos bebês, em torno de três ou quatro anos de idade.
Outros estudiosos no assunto recomendam contar quando a criança for um pouco mais velha,
no período de latência, pois assim ela estaria mais preparada para elaborar tal informação e
consequentemente teria sua auto-imagem menos abalada. (LEVINZON, 2009)
Sendo assim, entende-se que cada criança tem seu próprio ritmo, condições e estrutura
para lidar com a sua adoção. Portanto, como outros assuntos, as dúvidas devem ser
esclarecidas, respeitando seus limites. Desta maneira, a criança poderá decidir o que quer
saber sobre o assunto e quando quer saber, buscando e pesquisando até que se sinta satisfeita.
(LEVINZON, 2009)
6. Método
6.1 Sujeitos
Os sujeitos que participaram da presente pesquisa foram pessoas que foram adotadas,
de ambos os gêneros, maiores de 18 (dezoito) anos de idade, que sabiam de sua adoção e
sentiram-se confortáveis para falar sobre este assunto. Tentar-se-á encontrar um número
mínimo de cinco pessoas que aceitem participar da pesquisa. O número pequeno justifica-se
pelo tempo exíguo da coleta de dados e, principalmente, pela dificuldade de se encontrar
pessoas que foram adotadas e que concordem em falar.
Foi utilizada uma entrevista semi-dirigida com intuito de obter informações sobre o
tema. Esta entrevista apresentou perguntas abertas para conceder mais liberdade ao
entrevistador, possibilitando também flexibilidade dentro de cada questão para o pesquisador,
tornando-a mais ampla. Desta maneira, este pôde igualmente levantar questões que não foram
anteriormente pré-estabelecidas, assim como o sujeito também pôde acrescentar outros dados
advindos de suas associações sobre o tema. (LAKATOS; MARCONI, 2007)
É importante ressaltar que, por se tratar de uma pesquisa com seres humanos, foram
tomadas as devidas precauções para que eventuais riscos de se tocar nessas questões sejam
mínimos. Apenas foi abordado o assunto com a concordância do sujeito, com o ritmo e
profundidade que ele estabeleceu, respaldando-o quanto a sua comunicação sobre os
sentimentos. Os sujeitos foram identificados com nomes fictícios, sua participação é
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6.3 Procedimento
7. Cronograma
8. Resultados
1. Angélica, dezoito anos, reside atualmente com a mãe e mais três irmãos, um com
dezesseis anos, outro com dez e mais um com seis, sendo que o mais velho e o mais
novo também foram adotados. Angélica contou que foi adotada quando bebê, com
poucos meses de vida. Falou que tinha em torno de cinco anos de idade quando sua
mãe lhe contou sobre a adoção. Para explicar, ela dizia que Angélica não havia vindo
da barriga, que era de outra família, mas que era a filha do coração. Angélica disse que
foi entendendo aos poucos e que quando tinha por volta de sete anos e já havia
entendido tudo melhor, sua mãe lhe perguntou se ela tinha curiosidade de conhecer
seus pais biológicos. Ela falou que não tinha curiosidade alguma.
Em relação a alguma mudança sofrida após a revelação, Angélica relatou não haver
nenhuma mudança. Disse que a única curiosidade que teve foi de pesquisar sobre
outras pessoas que também haviam sido adotadas e descobriu que havia pessoas que
ficavam com raiva, outras que queriam conhecer os pais biológicos. Angélica também
contou que com os seus irmãos a revelação se deu da mesma maneira e que, até o
momento da entrevista, nenhum havia manifestado desejo de conhecer os pais
biológicos. Além disso, ela disse que sempre falou abertamente sobre sua adoção.
Legenda
Biológico
Adotivo
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2. Antonio, 25 anos, reside atualmente com a mãe, que o adotou sozinha. Antonio foi
adotado com um dia de vida. Ele relatou que sua mãe biológica havia sofrido uma
ameaça por parte do tio, de que ou ela tirava o bebê ou iria embora de sua casa, então
ela decidiu dar à luz e depois entregar o bebê para alguém. Uma senhora fez a ponte
entre essa mulher e a mãe adotiva de Antonio. Esta esperou nove meses até encontrar
uma criança para ser adotada. A mãe biológica procurou saber sobre Antonio até
quando ele fez seis anos de idade, dizendo para a senhora que fez a ponte que caso a
mulher que o adotou não o quisesse mais, ela ficaria com ele. Como esta dúvida nunca
ocorreu, ela desistiu. Quando questionado sobre o momento da revelação, Antonio
contou que quando tinha quatro anos de idade perguntou a sua mãe: “Mãe, eu tenho
duas mães não é?”. Após, sua mãe ficou muito nervosa e disse que sim, mas não
conseguiu falar mais nada. Quando Antonio tinha cinco ou seis anos, ela o chamou
para conversar e contou que ele tinha sido adotado e ele disse que já o sabia. Antonio
contou que nunca teve problemas em relação a isso, que sempre teve mais problemas
com o fato de não ter tido pai. Disse que não sabe nada sobre sua família biológica,
que quando fez quatorze anos sua mãe revelou o nome completo da mãe biológica e
perguntou se Antonio tinha alguma curiosidade de conhecê-la, pois se tivesse ela iria
antes sem ele para ver como estava e depois iria junto com ele. Antonio disse que
estava muito bem com a sua mãe por adoção e que acredita que isso a machucaria,
então não quis saber, além de não ter curiosidade alguma em conhecer sua mãe
biológica. Disse que as únicas curiosidades que têm são em relação à história médica,
para saber se tem alguma doença que pode se desenvolver, e sobre a história
romântica, para saber como se deu sua concepção, se foi um caso rápido, como uma
ação impulsiva, ou se foi por amor.
Ao ser questionado sobre alguma mudança para ele ou na relação de mãe e filho após
a revelação, Antonio disse que não houve nenhuma, contando que sempre foi muito
apegado à mãe, tendo ganhado até o apelido de “agarradinho”. Ele também relatou
que se lembra de sua primeira mamada com a mãe biológica e de seu colo, dizendo
que tem uma imagem nítida. Como não sabia se o que lembrava era real, perguntou
para a senhora que o entregou para sua mãe e ela confirmou que sua recordação era
verdadeira.
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Antonio falou que não tem problemas por ter sido adotado e que até se esquecia disso
por muitas vezes, mas que seu problema era não ter tido um pai, o que fez muita falta
para ele. Ele relatou que em uma situação na escola ele contou à professora que era
adotado e, a partir de então, ela começou a tratá-lo de maneira diferente, dando-lhe
privilégios como se estivesse com dó. Ele, achando engraçado, contou essa situação
para sua mãe que também achou graça. Em uma reunião ela falou sobre isso à
professora que confirmou realmente ter agido diferente, mas que não sabia por que e
pediu desculpas.
Ele relatou ter absorvido muita coisa de sua família adotiva, coisas como jeito de
dormir e gosto por comidas. Dizem para ele que se parece muito com o seu avô,
porém Antonio nem chegou a conhecê-lo.
Em relação ao seu desejo de ter filhos, Antonio disse que quer sim ter filhos, porém
não gostaria de adotar, pois quer ver a barriga de sua esposa crescer, “ter uma família
estruturadinha”, com pai, mãe e filho.
Legenda
Biológico
Adotivo
3. Giovanna, 29 anos, reside atualmente com o marido e um filho de três anos. Giovanna
nasceu e no mesmo dia foi entregue para sua mãe adotiva. Sua mãe biológica já havia
tido outros filhos no mesmo hospital, em Campinas. Assim que ela nasceu, a médica
ligou para a mãe adotiva dizendo que tinha uma criança com tais características que a
mãe iria abandonar, perguntando se ela tinha interesse em ficar com a criança. Ela e o
marido responderam prontamente que queriam sim. Então a médica combinou que iria
encontrá-los no aeroporto, que registrariam a criança como filha biológica, nascida em
casa em uma cidade do interior. Segunda ela, quando eles a buscaram, pararam no
meio do caminho em um posto para trocá-la, pois haviam levado uma roupinha
especial. Contaram para a família que haviam conseguido adotar uma menina e que a
escolha de seu nome se deu pelo significado que é “enviada de Deus”. Giovanna
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nasceu no dia 05/04/1982, mas em sua certidão está registrado 26/03/1982, por
escolha dos pais adotivos.
Giovanna contou que desde pequena lembra que seu pai todo dia antes de ir trabalhar,
passava em seu quarto, lhe dava um beijo e dizia que ela era a “filhinha do coração”.
Quando ela completou sete anos de idade, seus pais a chamaram para conversar no
quarto. Quando ela entrou no quarto, percebeu os pais muito apreensivos e sua mãe
estava quase chorando de tanto nervoso. Então explicaram que ela era a filhinha do
coração, que não tinha vindo da barriga da mamãe e lhe contaram a história, de que ela
havia nascido em uma casa no interior, que sua mãe biológica não pôde ficar com ela e
então a médica ligou para os pais adotivos. Giovanna contou que após seus pais terem
lhe revelado sua história, ela olhou para eles e disse: “que bom que vocês me
adotaram, senão eu poderia estar na rua ou em algum orfanato!”. Ela contou que só
ficou conhecendo a história toda, sobre o hospital e tudo mais, há cerca de 10 anos.
Giovanna relatou que nunca teve problemas em relação a sua adoção, que achava
engraçado quando ia ao médico e ele perguntava se alguém de sua família já havia tido
alguma doença genética, pois ela não tinha como responder. Em relação aos
sentimentos mobilizados após a revelação, Giovanna disse que talvez tenha sentido até
mais confiança nos pais, por não terem escondido isso dela e sempre contarem
tranquilamente. Relatou também que a sua família adotiva nunca a tratou diferente,
mas que sabia que em alguns momentos tinha mais regalias.
Legenda
Biológico
Adotivo
4. Márcia (irmã de João), 58 anos, tem como família nuclear duas filhas e cinco netos.
Ela nasceu em um hospital que tinha uma creche. Sua genitora a abandonou no
hospital, então o fundador da creche, que logo virou uma escola, resolveu ficar com
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ela. Após um tempo, entregou-a para um casal de sua confiança que não podia ter
filhos. Todos moravam no mesmo lugar, dentro da escola. Márcia tem o sobrenome
dos dois pais, tanto dos que a adotaram quanto do fundador da escola que ficou com
ela a princípio. Ela relatou que tem muito amor por todos, dizendo que tem dois pais.
Sua mãe adotiva foi todos os meses no juiz para que ele concedesse a adoção e, após
um ano de processo, esta foi concedida.
Márcia contou que tem 26 irmãos de consideração, pois o fundador da escola cuidava
de 26 crianças, repetindo o mesmo processo que fez com ela, primeiro tirava a criança
de uma situação de abandono e depois a entregava para um casal de confiança que
também morava na escola. Todas as 27 crianças têm o sobrenome dos pais legalmente
adotivos e também o do fundador, sempre o considerando como um segundo pai.
Em relação ao momento da revelação, Márcia relatou que sua mãe quis contar sobre a
sua origem, mas que por morar na escola, ela sempre soube. Disse que recrimina sua
mãe biológica pelo abandono, dizendo que quem tem coragem de ficar nove meses
com uma criança na barriga, gerá-la e depois abandoná-la não tem coração. Ela
completou sua indignação dizendo que talvez fosse melhor abortar logo no início do
que fazer isso. Quando questionada se houve alguma mudança na relação com os pais
adotivos em decorrência da revelação, Márcia disse “De jeito nenhum!”. Ela indicou
que sempre soube disso e que não havia problema nenhum em ser adotada, além de ter
sido criada em um ambiente em que ser adotado sempre foi muito tranquilo, comum.
Legenda
Biológico
Adotivo
5. João (irmão de Márcia), 57 anos, reside com a esposa e dois filhos. João relatou que
foi morar com o fundador da escola quando tinha em torno de cinco anos de idade. Até
então morava com os pais biológicos, porém, por motivos de saúde (o sujeito não sabe
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Legenda
Biológico
Adotivo
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Angélica F 29/06/1993 Mãe e Poucos Se deu aos Neutra Não tem Procurou saber
– 18 anos três meses 5 anos de nenhuma mais sobre
irmãos idade – curiosidade adoção em
“Veio de em geral, como as
outra conhecer os pessoas
família”, pais reagiam
“Não é da biológicos. mediante a
barriga”... revelação.
Antonio M 01/02/1986 Mãe Dois dias Ele mesmo Neutra Não, pois Mãe biológica
– 25 anos de vida questionou tem medo perguntou até
se tinha de os 6 anos de
duas mães machucar a idade se a mãe
aos 4 anos mãe adotiva adotiva não
de idade, e não tem queria
então sua curiosidade devolvê-lo. Aos
mãe foi lhe Apenas 14 anos ficou
explicando gostaria de sabendo o
aos poucos. saber a nome da mãe
história biológica e foi
familiar e pesquisar,
sobre a sabe onde
concepção. mora, mas não
foi atrás.
Giovanna F 26/03/1982 Marido e Assim Os pais Positiva Nunca quis O seu nome
– 29 anos filho que sempre saber e nem significa
nasceu falavam que pergunta “Enviada de
era a filha sobre isso Deus”. Todas
do coração. para os pais, as manhãs o
Quando pois não pai dava um
tinha sete quer deixá- beijo e falava
anos os pais los tristes e que ela era a
chamaram se sentiria filhinha do
para mal por coração, que
explicar e isso. amava muito.
ela já sabia.
Márcia F 04/03/1953 - Duas Dois dias Sempre Neutra Não Diz que
58 anos filhas, de vida soube, os procurou, recrimina
marido, 5 pais os pais dela quem faz isso,
netos. falavam que são muito pois fica com
não era da bons e ela uma criança
barriga. não nove meses na
procuraria barriga e faz
por quem isso... Melhor
não a quis. tirar antes
João M 20/06/1959 - Esposa e Cinco Morou com Neutra Nunca mais Foi adotado
52 anos dois anos de os pais soube ou legalmente
filhos idade biológicos quis saber, com 15/16
até os 5 nunca teve anos.
anos, então curiosidade.
quando foi
morar com
outro pai, já
sabia.
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9. Análise
Diante das informações obtidas, foi possível notar que, dos cinco participantes
envolvidos, apenas um foi adotado na vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente
(1990), dois foram pelo primeiro Código de Menores (1927) e dois pelo segundo Código de
Menores (1979). Desse modo, compreende-se que as diferenças apresentadas nas histórias de
adoção são decorrentes das diferenças de tratamento da adoção de leis distintas, que
evoluíram ao longo do século XX. A participante Angélica foi adotada de acordo com todos
os trâmites impostos pelo ECA. Giovanna e Antonio foram adotados pelo que se denomina
“adoção à brasileira”, que consiste em dar como seu o filho de outrem, registrando a criança
como filho natural, sem tê-la gerado ou concebido. (FERREIRA e CARVALHO, s/d) Além
disso, este ato implica em outro crime, a falsidade ideológica, que consiste em “omitir, em
documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer
inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito,
criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”. (Art. 299 do
Código Penal)
A partir dessa primeira análise, observa-se que a adoção de Antonio, apesar de ter sida
denominada “adoção à brasileira”, possui algumas similaridades com a “adoção pronta”, uma
vez que ele foi entregue para alguém da confiança da mãe biológica, caracterizando o Intuito
Personae e, além disso, atualmente sua situação perante a lei está neutralizada, pois o crime
de falsidade ideológica já prescreveu.
Em relação aos quatro sujeitos que foram adotados previamente ao ECA, os seus tipos
de adoção, não realizados de acordo com o imposto pela lei da época, podem ser explicados
pela dificuldade e exigências que eram impostas para se poder adotar uma criança. Sendo
assim, os casais que desejavam ter um filho adotivo, acabavam por recorrer a alternativas
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mais fáceis. Essa tendência a burlar o imposto pela lei sempre existiu em nosso país, isso em
razão da ansiedade gerada na espera da adoção, dependendo principalmente da idade da
criança, pois quanto maior a criança, menor a espera e ansiedade, e quanto menor, maior a
espera e ansiedade. Pode-se pensar também que havia uma cultura na época que favorecia a
informalidade nesses procedimentos, cultura essa que teima em perdurar até hoje em certos
casos e regiões do país. Já em relação ao caso da Angélica, é possível notar que sua adoção se
deu de forma tranquila, sem complicações, dentro dos processos previstos pelo ECA, mesmo
tendo sido adotada com poucos meses de vida, o que mostra que realmente houve uma
melhora na agilidade do processo de adoção com o surgimento do ECA, diminuindo o tempo
de espera e as restrições para o adotante, sem deixar de assegurar os direitos das crianças.
No que diz respeito a quando contar, segundo Schettini (1999), em se tratando de uma
criança pequena, é importante ressaltar que há a necessidade de se contar apenas o essencial
para a compreensão de que ela veio da barriga de outra pessoa, sendo um início do processo
de conhecimento de sua origem biológica. As demais informações sobre sua história devem
surgir à medida que a criança demonstrar um nível de compreensão mais elevado ou quando
esta mesma buscar saber.
Nos relatos sobre essa problemática, foi possível perceber que os pais respeitaram a
curiosidade e a maturidade de cada criança, respondendo às dúvidas que apareciam com o
amadurecimento da história e expondo progressivamente os detalhes importantes, como no
caso de Antonio, que só veio a saber o nome completo de sua mãe biológica e onde vivia aos
quatorze anos de idade e também no caso de Giovanna, que relatou ficar sabendo de sua
história inteira quando tinha cerca de dezenove anos.
Isso pôde ser constatado na entrevistas, em que todos os participantes relataram ter
sido um processo de conhecimento contínuo, dizendo que nunca lhes foi imposto um segredo,
sendo a história de origem contada aos poucos, cada família da sua maneira e em seu tempo.
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Para João e Márcia não houve um momento propriamente dito para que o assunto fosse
abordado, já para os demais participantes, além do processo ter sido contínuo, também
tiveram um momento em que se sentaram com os pais adotivos para que lhes fossem
explicada toda sua história.
Levinzon (2009) afirma que alguns pais encaram esse momento de maneira tranquila,
às vezes até buscando por auxílio especializado. Na história de Giovanna, houve auxílio de
profissional. Ambos recorreram a uma psicóloga para que se sentissem mais calmos e
confiantes ao contar para Giovanna sua origem. Neste caso, é possível notar que foi uma
revelação bem sucedida, em que a ausência de segredo, além de proporcionar um ambiente
favorável, também gerou um sentimento de maior confiança.
Sobre ter curiosidade de conhecer a família biológica, nenhum participante relatou ter.
Contudo, é possível notar que dois, dos cinco participantes, justificam essa decisão pelo medo
de magoar os pais adotivos caso procurem saber sobre os pais biológicos. Desta maneira,
levanta-se a hipótese de que se não houvesse de fato nenhum receio da perda de amor ou de
magoar, tanto da parte dos filhos quanto da parte dos pais, talvez eles tivessem ido sim
procurar informações sobre suas famílias biológicas.
Além disso, segundo Schetinni (1999) há também muitos casos de filhos adotivos que,
ao obterem a disposição dos pais adotivos em ajudá-los na busca pela sua história de origem,
recuam, desinteressando-se pelo que antes tinham curiosidade. Esse interesse é causado,
provavelmente, por uma necessidade do filho de comprovação do vínculo existente entre ele e
seus pais adotivos que, uma vez comprovado, desestimula a busca. Isso pode ser
exemplificado no caso de Antonio que, quando obteve todos os dados e informações
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necessárias para chegar a sua genitora, recuou, perdendo o interesse de conhecê-la, embora
ainda tenha algumas curiosidades.
Sendo assim, pode-se afirmar que mudanças ocorreram e, com exceção do caso de
Giovanna, que relatou ter sentindo mais confiança em relação aos pais, na maioria dos casos
podem ser mudanças inconscientes. No caso de Márcia, ao dizer que recrimina os genitores
que abandonam uma criança, é possível perceber que há uma angústia por ter sido
abandonada que, gerou sua opinião quando ela soube de sua história.
10. Conclusão
Como conclusão do presente estudo, foi possível perceber que o procurado momento
de revelação nem sempre é feito em um determinado tempo. Além disso, cada família
encontra sua maneira de contar para a criança sobre sua história e origem. É importante
ressaltar o fato de que nenhum participante da pesquisa relatou ou demonstrou alguma
insatisfação por ter sido adotado.
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Esse é um dado de extrema relevância, pois muitos pais adotivos têm receio de que os
filhos saibam sobre sua adoção. Entretanto, fica nítida a aceitação por parte dos filhos
adotivos quando estes ficam sabendo pelos próprios pais adotivos, sem que haja um segredo
interferindo e assombrando uma relação.
Toda relação é baseada em confiança, sendo assim, esconder de uma criança a sua
história e origem é não apenas uma violação de seus direitos, mas também uma desconfiança
dos sentimentos, seja por parte dos pais ou filhos adotivos, investidos e envolvidos na relação
em questão.
No que diz respeito aos objetivos desta pesquisa, estes foram plenamente alcançados,
porque foi possível conhecer as peculiaridades da revelação da adoção ou da origem familiar
em adultos que foram adotados e saber como se deu o momento da revelação para os adultos
entrevistados, suas ansiedades e curiosidades sobre a família biológica, bem como
compreender como a pessoa adotada lidou com este conhecimento e os sentimentos
envolvidos.
HAMAD, N. A criança adotiva e suas famílias. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2002.
LEVINZON, G. K. Adoção. 3 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009. (Coleção Clínica
Psicanalítica/ dirigida por Flávio Carvalho Ferraz)
MELLO, A. C. C.; A realidade da adoção no Brasil. São Paulo, 2011. (artigo no prelo)
O presente estudo tem como objetivo conhecer as peculiaridades da revelação da adoção ou da história
de origem em adultos que foram adotados, que tenham a idade mínima de 18 (dezoito) anos. Os dados
para o estudo serão coletados em um único encontro em que será realizada uma entrevista semi-
estruturada. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de natureza exploratória e o material obtido será
posteriormente analisado, garantindo-se sigilo absoluto sobre as questões respondidas, sendo
resguardado o nome dos participantes. A divulgação do trabalho terá finalidade acadêmica, esperando
contribuir para um maior conhecimento do tema estudado. Os dados coletados serão utilizados para a
disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana
Mackenzie.
......................................................... ..........................................................
Fica claro que o sujeito de pesquisa ou seu representante legal podem, a qualquer
momento, retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do
estudo alvo da pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação
confidencial, guardada por força do sigilo profissional.
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Assinatura do sujeito
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Entrevista Semi-dirigida
Dados de Identificação
Idade
Sexo
Estado Civil
Núcleo Familiar
Itens a aprofundar: