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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


CURSO DE PSICOLOGIA

NATÁLIA MARGATO CAMARGO

EFEITOS DA “REVELAÇÃO” DA
ADOÇÃO NA PESSOA ADOTADA

São Paulo
2011
NATÁLIA MARGATO CAMARGO

EFEITOS DA “REVELAÇÃO” DA

ADOÇÃO NA PESSOA ADOTADA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Presbiteriana
Mackenzie, como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em
Psicologia.

ORIENTADORA: PROFª. DRª. ANNA CHRISTINA DA M. P. CARDOSO DE MELLO

São Paulo
2011
Aos meus pais e irmãs, pelo apoio e
incentivos dedicados na realização
de mais um sonho.
Agradecimentos

Aos meus pais, que me apoiaram nos momentos mais difíceis e estão sempre prontos
para me ajudar.
Às minhas irmãs, mesmo estando longe procuram me passar paz e motivação para
seguir em frente.
À minha família, pelas demonstrações de interesse e disponibilidade.
Aos meus amigos, pelas contribuições e sugestões dadas ao longo deste trabalho.
À minha orientadora, que sempre me ajudou com as diretrizes, me incentivou nas
minhas ideias, demonstrou todo o interesse neste trabalho, sendo essencial para que esse fosse
concluído de maneira eficaz e alegre.
Resumo

O presente trabalho investigou os efeitos da “revelação” da adoção na pessoa adotada. Teve


como objetivo conhecer as peculiaridades da revelação da adoção ou da origem familiar em
adultos que foram adotados. Mostrou-se relevante estudar esta questão pelo fato de que as
pesquisas e os trabalhos encontrados sobre este assunto específico são extremamente
escassos. Além disso, esta pesquisa abriu espaço para que as próprias pessoas que foram
adotadas se expressem sobre o tema e sobre sua experiência na adoção em geral. Suas
respostas puderam ajudar a esclarecer dúvidas, desmistificar mitos e contribuir para que seja
dada mais importância a esse momento tão delicado, chamado popularmente de “revelação”.
Para isso foi realizada uma pesquisa de levantamento, utilizando como instrumento uma
entrevista semi-estruturada com cinco pessoas com mais de 18 (dezoito) anos de idade que
foram adotadas e se sentiram à vontade para falar sobre este assunto. Os dados coletados
foram organizados em categorias, e analisados tendo como base o referencial teórico
consultado sobre o tema. Foi possível perceber que não há um tempo exato determinado para
o procurado momento de revelação, de modo geral. Além disso, cada família encontra sua
maneira de contar para a criança sobre sua história e origem. Mesmo assim, em todos os casos
houve a revelação e na maioria deles esse momento foi tranqüilo e bem sucedido. No que diz
respeito aos objetivos desta pesquisa, estes foram plenamente alcançados, porque foi possível
conhecer as peculiaridades da revelação da adoção ou da origem familiar em adultos que
foram adotados, como aconteceu este momento da revelação segundo eles, suas ansiedades e
curiosidades sobre a família biológica, bem como quais os sentimentos envolvidos ao lidar
com este conhecimento.

Palavras-chave: adoção, revelação, família.


SUMÁRIO

Introdução............................................................................................................................5

1. O que é adoção?.............................................................................................................7

2. História da adoção........................................................................................................8

3. Adoção na atualidade....................................................................................................9

4. Processo de adoção......................................................................................................11

5. “Revelação”.................................................................................................................13

6. Método..........................................................................................................................17

6.1 Sujeitos....................................................................................................................17

6.2 Instrumento de coleta de dados...............................................................................17

6.3 Procedimento...........................................................................................................18

7. Cronograma.................................................................................................................18

8. Resultados....................................................................................................................19

9. Análise..........................................................................................................................26

10. Conclusão.....................................................................................................................29

11. Referências Bibliográficas..........................................................................................31

12. Anexos..........................................................................................................................33
5

Introdução

O ser humano tem como característica fundamental o desejo de procriar e dar


continuidade à espécie. Isso é conquistado por meio da experiência materna e paterna. De
acordo com Schettini (1998), o filho dá sentido ao casal e é o resultado esperado da relação
homem-mulher. (apud LEVINZON, 2009)

Entretanto, há casais ou pessoas que conseguem gerar e criar seus filhos, há os que
geram e não conseguem criar e há ainda os que não conseguem ou não querem gerar, mas
desejam ter filhos, crianças já nascidas. Estas crianças, por sua vez, impossibilitadas por
alguma razão muito forte de serem criadas por quem as gerou, têm o direito de conviver em
família, isto é, de encontrar pais que desejam criá-los como filhos. Assim é a adoção uma
medida de proteção para dar à criança uma família substituta, quando ela perdeu a sua.
(LEVINZON, 2009)

O termo adoção já existe há um extenso período, porém sua conceituação tem se


transformado ao longo do tempo. Desde a Antiguidade tornou-se necessária a criação de
práticas de adoção, pois diante de abandonos alguma precaução tinha que ser tomada.
Entretanto, esta medida ainda não visava garantir direitos e deveres para a criança. Enxergar a
criança como um sujeito de direitos é uma visão recente. (WEBER, 2005)

Conhecer sua história e suas origens também é um direito da criança, aliás de qualquer
pessoa. Para a criança que foi adotada, essa história é transmitida em geral oralmente em um
procedimento que chamamos comumente de “revelação”.

A partir desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo geral conhecer as
peculiaridades da revelação da adoção ou da origem familiar em adultos que foram adotados.
Além disso, tem como objetivos específicos conhecer como se deu o momento da revelação
para os adultos entrevistados, conhecer suas ansiedades e curiosidades sobre a família
biológica, compreender como a pessoa adotada lidou com este conhecimento e os sentimentos
envolvidos.

A maior justificativa para o presente projeto é evidenciada pelo fato de que as


pesquisas e os trabalhos encontrados sobre este assunto específico são extremamente
escassos. Foi possível chegar a essa constatação por meio de consulta a duas conhecidas bases
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de dados científicos: Scielo e BVS-Psi. Ao se ler os resumos dos artigos que tinham a adoção
como tema principal, na primeira base, dos 26 encontrados, nenhum se adequou ao tema em
questão. Na segunda base, de 37 artigos, nenhum deles tratou do tema em pauta. Sendo assim,
torna-se urgente desenvolver mais trabalhos que possam contribuir com o conhecimento e
aprofundamento do assunto.

Além da escassez de trabalhos sobre o tema da adoção em geral, esta pesquisa também
será relevante do ponto de vista social, primeiramente porque dará oportunidade para que as
próprias pessoas que foram adotadas se expressem sobre a “revelação” e sobre sua
experiência na adoção em geral. Suas respostas podem ajudar a esclarecer dúvidas,
desmistificar certas lendas e, futuramente, contribuir para que seja dada mais importância a
esse momento tão delicado, chamado popularmente de momento de “revelação”.

Por fim, há também relevância profissional e pessoal. Por encontrar-me próxima ao


término da graduação, pretendo seguir carreira pública trabalhando na Vara da Infância e
Juventude e, mais especificamente, com adoção. Portanto, acredito que este trabalho será de
demasiada importância profissional uma vez que terei a chance de entrar em contato mais
próximo e profundo com um assunto do qual pretendo tratar futuramente. E, pessoalmente, é
um tema que me trará mais conhecimentos, além de ser uma preocupação e uma área de
interesse para mim.
7

1. O que é adoção?

Inicialmente, é importante esclarecer a origem da palavra “adotar”. Esta palavra


provém do latim “adoptare”, que significa considerar, cuidar, escolher. Diante disto, faz-se
necessário compreender o que é a adoção por diferentes olhares.

A adoção, segundo a visão jurídica, consiste no ato ou efeito de adotar legalmente uma
criança, pelo qual o então candidato à adoção aceita outro como filho. Conforme o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), o adotando deve ter no máximo 18 anos de idade no
momento do pedido, exceto se já estiver sob a guarda ou a tutela dos adotantes.
(GUIMARÃES, 2010)

Para a psicóloga Gina Khafif Levinzon (2009), a adoção representa, de maneira geral,
uma forma de proporcionar uma família à criança, a qual os pais, por algum motivo, não
puderam criar. Em contrapartida, também proporciona um filho às pessoas que, por
apresentarem dificuldades biológicas para gerar ou simplesmente por optarem por crianças
que não tenham vínculo genético, desejam criar e cuidar de uma criança com as quais não foi
gerada por eles.

Triseliotis et al (1997, apud LEVINZON, 2009) propõem uma nova forma de


conceituar o termo “adoção”. Isto implica em compreendê-lo como uma maneira de contentar
as necessidades de desenvolvimento de uma criança, transferindo legalmente a
responsabilidade dos pais biológicos para os pais adotivos. Neste processo cria-se uma nova
rede de relações que une para sempre, simbolicamente, estas duas famílias por intermédio da
criança, que pertence a ambas. Nesta rede de relações podem ser inclusas também outras
pessoas importantes, que tomaram parte como intermediárias no processo de adoção.

De acordo com Marmitt (1993, p.7; apud WEBER 2010), a adoção caracteriza-se
como:

Um ato jurídico bilateral, solene e complexo. Através dela cria-se relações


análogas ou idênticas aquelas decorrentes da filiação legítima, um status semelhante
ou igual entre filho biológico e adotivo. Os laços de filiação e de paternidade são
estabelecidos pela vontade dos particulares, da pessoas entre as quais esta relação
inexiste naturalmente. Não se trata de mero contrato, mas de um ato jurídico, de um
ato-condição, que transforma a situação do adotado, tornando-o filho de quem não é
seu pai, com toda a garantia de direitos e deveres que tal ato gera, e cujos efeitos
8

decorrem da lei, não das partes, que não poderão alterá-los. Pelo relevante conteúdo
humano e social que encerra, a adoção, muitas vezes, é um verdadeiro ato de amor.
Além de seu caráter acentuadamente humanitário, a adoção também faz florescer os
sentimentos sublimes da generosidade, da afeição e da benemerência, eis que veste
alguém com o estado de filho com todas as vantagens decorrentes.

2. História da adoção

O termo adoção já existe há um extenso período, porém sua conceituação tem se


transformado ao longo do tempo. Desde a Antiguidade tornou-se necessária a criação de
práticas de adoção, pois diante de abandonos alguma precaução tinha que ser tomada.
Entretanto, esta medida ainda não visava garantir direitos e deveres para a criança. Enxergar a
criança como um sujeito de direitos é uma visão recente. (WEBER, 2005)

De acordo com Weber (2005), na Idade Média a Igreja não se mostrava favorável em
relação à adoção, pois acreditava que se pessoas podiam ter filhos não biológicos para
ampará-las futuramente e para imitar a natureza, o casamento poderia também ser considerado
desnecessário.

Já na Idade Moderna, após a Revolução Francesa, houve o retorno da adoção, visando


um pouco mais o interesse da criança adotada e também por morte ocasional dos pais.
Contudo, o nascimento de um filho “ilegítimo” era visto com forte reprovação, tendo como
consequência abortos, abandonos e infanticídios. (WEBER, 2005)

Devido a tais consequências, foi criada a chamada “Roda dos Enjeitados ou dos
Expostos” (1783), como uma tentativa de solucionar os escândalos. Consistia em uma roda
giratória, conectada no muro de instituições, onde o bebê era deixado e recebido do outro lado
pela instituição, garantindo assim o anonimato das mães. (FERREIRA e CARVALHO, s/d)

A adoção foi realmente legalizada apenas com a elaboração do Código Civil de 1916.
Todavia, as possibilidades de adotar uma criança eram de uma rigidez extrema, podendo
adotar apenas maiores de 50 anos que não tivessem filhos, o que dificultava demasiadamente
essa prática. (WEBER, 2005)
9

Em 1927 foi criado o primeiro Código de Menores brasileiro, que trouxe algumas
definições, como: abandono físico e moral, diferença de menor abandonado e menor
delinquente e a suspensão do poder familiar. Mas não contribuiu para reduzir o número de
crianças abandonadas e nem para facilitar as práticas de adoção.

Algumas modificações importantes para a adoção surgiram com a Lei 3.133/57, que
alterou as condições do adotante, podendo este ter filhos e reduzindo a idade mínima de 50
anos para 30 anos de idade, sendo que a diferença de idade entre adotando e adotado deveria
ser de 16 anos.

Apenas com a elaboração do novo Código de Menores (1979) que houve um


progresso em relação à adoção. Passou-se a admitir três formas de adoção: a adoção simples,
a adoção plena e a adoção civil. A primeira consistia em uma autorização do juiz aplicável
aos menores em situações de risco; a segunda, adoção plena, trata-se de uma substituição da
legitimação adotiva; já a adoção civil é realizada por meio de uma escritura feita no cartório
com um contrato entre as partes.

Diante do cenário político e social encontrado no país na década de 80, ocorreu uma
mudança significativa no que se refere à proteção da criança. Isso foi possível graças a
Declaração Universal de Direito da Criança em 1959 e, em seguida, a Convenção das Nações
Unidas sobre os Direitos das Crianças em 1989.

Como resultado dessas mudanças, houve a elaboração e a promulgação do Estatuto da


Criança e do Adolescente (ECA), considerado uma das leis mais avançadas do mundo em
relação aos direitos da criança e do adolescente e utilizado até os dias atuais, com algumas
modificações realizadas de acordo com a lei nº 12.010 de 2009.

3. Adoção na atualidade

O Estatuto da Criança e do Adolescente preconiza em seu artigo 19 que:

“Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e
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comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias


entorpecentes.”

Caso não seja possível manter a criança em sua família de origem (em razão de falta,
omissão ou ação grave dos pais em relação aos deveres do poder familiar), pode-se recorrer a
três medidas de proteção: a guarda, a tutela e a adoção. Essas medidas visam garantir o direito
a convivência familiar e comunitária.

A guarda objetiva regularizar legalmente a posse de uma criança ou adolescente.


Segundo o artigo 33 do ECA, “a guarda obriga a prestação de assistência material, moral e
educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a
terceiros, inclusive aos pais.”. É concedida por um período provisório estipulado em sentença
judicial ou por tempo indeterminado. Nesta medida, os pais biológicos não são destituídos do
poder familiar e, em geral, os vínculos entre eles e os filhos são preservados.

A tutela é concedida apenas quando fica comprovada a ausência dos pais, seja por
óbito ou destituição do poder familiar, contudo, diferentemente da adoção, não implica na
perda dos vínculos com o grupo familiar.

Já a adoção “é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas


quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural
ou extensa”(artigo 39 parágrafo 1 do ECA). Na condição de adotado, a pessoa adquire as
mesmas prerrogativas de um filho consanguíneo. Ou seja, possui os mesmos direitos e
deveres consonantes a um filho biológico, inclusive sucessórios, desligando-se de qualquer
vínculo com os pais e parentes, exceto os impedimentos matrimoniais.

Para adotar é necessário ter mais de 18 anos e ter uma diferença de no mínimo 16 anos
de idade entre o adotando e o adotado. O estado civil do adotando é indiferente, não sendo
relevante como requisito para adoção. No entanto, se casado ou em união estável, deve
comprovar isso.

Anteriormente à sentença de adoção, é realizado um estágio de convivência, por tempo


determinado judicialmente, dependendo da especificidade de cada caso. Esse estágio de
convivência permite a adaptação da criança ou adolescente e, concomitantemente,
proporciona aos adotantes que vivenciem seus novos lugares de pais. A função dos
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profissionais é de acompanhar a maneira como está ocorrendo a adaptação entre o adotante e


adotado, compreender as expectativas formuladas anteriormente e a situação vivida, como os
adotantes estão integrando essa criança nova à condição de filha. Passado o estágio de
convivência, se tudo houver ocorrido bem, a adoção é concedida judicialmente. (PAIVA,
2005)

Segundo o artigo 48 do ECA, “O adotado tem direito de conhecer sua origem


biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e
seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos.”. Entretanto, se o adotado quiser
saber sua origem biológica antes de completar 18 anos, poderá ter acesso à história, contanto
que seja assegurada assistência jurídica e psicológica.

No Brasil, além da adoção formal, existem outras formas de adoção que atendem
inicialmente as exigências da lei. Uma delas é a chamada adoção “pronta” em que comumente
a mãe entrega seu filho a uma pessoa ou a um casal supostamente de sua confiança (Intuito
Personae) que solicita, na Vara da Infância e da Juventude, sua guarda para fins de adoção,
geralmente depois de ter estabelecido certo vínculo com a criança e às vezes sem ter se
cadastrado como pretendente. (FERREIRA e CARVALHO, s/d)

Outra forma, porém ilegal, é a “adoção à brasileira”. Esta consiste em dar como seu o
filho de outrem, registrando a criança como filho natural, sem tê-la gerado ou concebido. Por
se constituir um crime, as punições podem ser de dois a seis anos de reclusão, além da retirada
da criança do convívio familiar ou da pessoa que a registrou ilegalmente. (FERREIRA e
CARVALHO, s/d)

4. Processo de adoção

O processo de adoção tem dois lados: o da criança ou adolescente e o dos candidatos à


adoção. Vale ressaltar que, pela lei, o direito de ter uma família é concedido a uma criança ou
adolescente e não do pretendente. (MELLO, 2011)
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Para adotar, o pretendente deve ser maior de 18 (dezoito) anos, com diferença de idade
mínima entre adotante e adotado de 16 anos. Pode ser casado ou em união estável, solteiro,
divorciado ou viúvo, deixando provado que tem condições financeiras e emocionais para
tanto. (MELLO, 2011)

Esta autora (2011) explica que o processo de adoção tem início na Vara da Infância e
da Juventude devido a alguma ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente
que os tenha feito perder definitivamente a família, sendo a Justiça acionada para providenciar
a proteção integral às crianças. A intervenção da Justiça já ocorreu em conjunto com a rede
pública de serviços, com a intenção de avaliar e trabalhar a família biológica para que esta
ultrapasse os obstáculos ou solucionasse os problemas que ocasionaram a separação ou
remoção da criança, de modo que esta pudesse ser reintegrada ao lar de origem ou da família
estendida, garantindo assim o seu direito à convivência familiar. No entanto, se a adoção vai
ocorrer é porque foram esgotadas as possibilidades de reintegrar a criança à família de
origem.

Assim, uma vez que os vínculos já foram rompidos ou não há condições para o
“empoderamento familiar”, pois houve séria ameaça ou violação da integridade física e/ou
psíquica da criança, a criança então será encaminhada para colocação em família substituta.
Nesse último caso, a adoção é a forma definitiva e irrevogável de se garantir esse direito.
(MELLO, 2011)

A psicóloga esclarece que, paralelamente a isso, ocorre o processo de habilitação do


pretendente à adoção, que consiste em uma reunião ou curso inaugural contendo informações
principais sobre o processo de adoção, seguida de avaliação psicossocial (entrevistas
psicológicas, aplicação de testes psicológicos, entrevistas sociais, visitas domiciliares, entre
outros) realizada por psicólogos judiciários e assistentes sociais judiciários, que têm liberdade
para definir técnicas e instrumentos de trabalho que serão utilizados, dentro do prazo
estabelecido por lei para isso. Com esses procedimentos, é emitido um laudo psicológico e um
laudo social, ou ainda um laudo psicossocial, com pareceres que recomendarão ou não a
aprovação dos candidatos para o cadastro de pretendentes à adoção. (MELLO, 2011)

Ao final deste processo, os pretendentes preenchem uma ficha detalhada com seus
dados e do perfil da criança que pretendem adotar, indicando o que aceitam nesta criança em
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relação ao seu histórico familiar e sua saúde física e mental, informando inclusive a
disponibilidade para adotar uma criança de outros estados e, em caso positivo, especificado
em quais. (MELLO, 2011)

Quando os pretendentes são chamados para conhecer uma criança, todas as


informações existentes sobre a mesma lhes são passadas e, após a total aceitação desse
histórico, a aproximação é iniciada de imediato, aguardando-se apenas o tempo para que a
criança e os pais adotivos sejam preparados, além da autorização judicial. Este período de
aproximação deve durar o tempo necessário para que ambas as partes se sintam confortáveis e
confiantes para irem para casa sem maiores dificuldades, além de a criança ter que passar por
um momento de separação dos vínculos que criou na instituição em que se encontrava. Após,
os adotantes entram com um pedido de guarda provisória, que lhes assegura direitos, mediante
documentos, como o de colocar a criança como sua dependente e de se opor a terceiros,
sendo-lhes atribuídos também os deveres de proteção, guarda e de apresentarem-se ao Juízo
sempre que necessário. (MELLO, 2011)

Com a guarda, inicia-se então o estágio de convivência. Este período é variável,


dependendo de fatores a serem analisados, que podem durar comumente de quatro a doze
meses, até que seja dada a sentença. Após a sentença e o tempo de recurso sem que haja
interposição, é expedido pelo Juiz um mandado para a confecção de uma nova certidão de
nascimento para a criança, constando os novos sobrenomes, os nomes dos pais adotivos e de
seus pais, que serão seus avós maternos e paternos, irrevogavelmente. (MELLO, 2011)

5. “Revelação”

Não é possível esquecer que uma história de adoção está ligada a uma história de
abandono. Sendo assim, existe ou já existiu uma família anterior, de origem, que faz parte da
história da criança. (WEBER, 2004)

Ao se falar sobre origem, é sabido que uma criança existe antes mesmo de sua
concepção física, ela aparece em um desejo compartilhado entre duas pessoas que em algum
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momento surgiu na mente e nas emoções de ambas, gerando assim uma vida. Ou seja, é como
se ela já existisse em alguma dimensão espacial, antes mesmo de sua procriação.
(SCHETTINI, 1999)

De acordo com Neuburger (1995, apud WEBER, 2010), é injusto e inadequado dizer
para uma criança que ela é adotada, pois isso implicaria em uma inacabável obrigação de
justificar o seu comportamento por uma conduta diferente, devido ao fato de compreender que
não é uma criança como as outras. Ao invés de rotular a criança como adotada, é válido e
fidedigno ensinar-lhe que ela passou a fazer parte dessa família por adoção, família esta que,
por sua vez, foi constituída com a chegada desta criança.

As recomendações existentes no que diz respeito a contar a história de vida da criança


para ela e, portanto, contar sobre sua adoção, são contundentes. Inicialmente pelo fato de que
dificilmente o segredo será mantido por muito tempo, podendo ser relevado de maneira
inadequada e assim causar sentimentos de traição e desconfiança em relação aos pais. Além
disso, considera-se uma relação saudável entre pais e filhos a que se baseia na honestidade.
Portanto, esconder da criança sua origem torna a relação baseada em falsas premissas, o que
influencia no desenvolvimento da criança, pois a criança já sabe deste fato, mesmo que
inconscientemente, o que a faz ficar confusa entre o que sente e o que sabe. Outra razão é
porque se houve a necessidade de omitir a adoção, para a criança indica que há algo errado
em relação a isso. (WEBER, 2004; LEVINZON, 2009) Além disso, segundo Weber (2010,
p.175), “uma das melhores razões para contar para a criança desde o começo que ela foi
adotada é que isso é ético, honesto e um direito da criança.”.

Contar à criança sobre sua adoção constitui-se em um dos momentos mais sensíveis
para os pais adotivos. Alguns o encaram de maneira tranquila, às vezes até buscando por
auxílio especializado. Todavia, outros vêem este momento como um pesadelo, pois temem
que a confusão de sentimentos e angústias tenham um resultado desastroso. (LEVINZON,
2009)

É possível identificar que a decisão sobre contar ou não para a criança sobre sua
origem é muitas vezes advinda das fantasias criadas sobre as mudanças que ocorrerão após a
revelação, pois que elas existirão é um fato. Toda informação nova acrescenta algo na vida
das pessoas, alterando assim o seu jeito de interpretar e ver o mundo e as pessoas. O que faz a
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diferença é o conteúdo a ser revelado, tendo maior ou menor repercussão. (SCHETTINI,


1999)

É importante considerar o fato de que muitos pais ainda não elaboraram certas
dificuldades, como a infertilidade, a existência dos pais biológicos da criança e até mesmo em
relação à solidez do vínculo criado. De modo geral, para os pais que estão tranquilos com
essas questões, contar à criança sobre sua adoção se torna natural, embora ainda possa haver
tensão. Contudo, muitas vezes as reações da criança em relação a sua história são decorrentes
das angústias dos pais adotivos, e não dela própria. Ou seja, “O temor exacerbado dos pais
pode estar ligado à projeção no filho de sua não-aceitação inconsciente da sua própria
condição de pais adotivos.”. (LEVINZON, 2009, p.49)

A dúvida é: quando e como contar à criança sobre a adoção? Não existe uma regra
para responder tal questão, porém, de acordo com Levinzon (2009), não há a necessidade de
ter um momento chamado “revelação”, em que os pais se sentam com a criança e contam
tudo. Isso pode ser feito de uma maneira mais amena, deixando a criança saber aos poucos,
preparando-a para a então conclusão. Quando a criança tem a sensação de que sempre soube o
que está sendo dito, evita-se o momento de revelação de um segredo, que pode ser traumático.

Segundo Melina (1986, apud WEBER, 2010), não é adequado falar para a criança que
ela foi escolhida. Isso pode acarretar em pensamentos de que, se ela foi escolhida e outras
crianças não, é porque ela é perfeita e não teria sido escolhida caso tivesse demonstrado
alguma imperfeição. Na verdade, parece que quanto mais se aproximar da situação e dos
motivos reais que levaram os pais à adoção, mais a criança entende que a adoção foi boa para
ambas as partes, eximindo-a de um sentimento de gratidão eterna.

Para Hamad (2002), é conveniente pensar em um instrumento que permita ao bebê ser
sempre defrontado com sua história, se maneira positiva. Uma alternativa é criar um álbum de
fotografias, representando a origem da criança, como se fosse uma espécie de pequena
reportagem sobre o encontro com os pais adotivos: fotos da maternidade, do abrigo onde
foram buscar a criança, do lugar de onde a criança vivia. Esse álbum deve ser de fácil acesso
para a criança, para que dessa maneira ela possa manipulá-lo tatilmente, como se fosse um
brinquedo, como se fosse a materialização do que se chamará de “nosso encontro contigo”.
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Assim, esse instrumento torna-se um objeto transicional, como uma placenta adotiva,
intermediária entre a realidade do encontro e a fantasia do nascimento.

Com respeito a quando contar para a criança, é recomendável que seja quando a
mesma demonstrar interesse pela origem dos bebês, em torno de três ou quatro anos de idade.
Outros estudiosos no assunto recomendam contar quando a criança for um pouco mais velha,
no período de latência, pois assim ela estaria mais preparada para elaborar tal informação e
consequentemente teria sua auto-imagem menos abalada. (LEVINZON, 2009)

Segundo Schettini (1999), em se tratando de uma criança pequena, é importante


ressaltar que há a necessidade de se contar apenas o essencial para a compreensão de que ela
veio da barriga de outra pessoa, sendo um início do processo de conhecimento de sua origem
biológica. As demais informações sobre sua história devem surgir à medida que a criança
demonstrar um nível de compreensão mais elevado ou quando esta mesma buscar saber.
Deve-se lembrar que “A revelação não é um ato único; é um processo.”. (SCHETTINI, 1999,
p.112)

Sendo assim, entende-se que cada criança tem seu próprio ritmo, condições e estrutura
para lidar com a sua adoção. Portanto, como outros assuntos, as dúvidas devem ser
esclarecidas, respeitando seus limites. Desta maneira, a criança poderá decidir o que quer
saber sobre o assunto e quando quer saber, buscando e pesquisando até que se sinta satisfeita.
(LEVINZON, 2009)

Certamente, a maneira como a criança assimilará e aceitará sua adoção, dependerá


essencialmente do modo com que os pais adotivos aceitam e sentem essa questão. Os pais que
se mostram confortáveis ao falar sobre o assunto, ou seja, sem medo, culpa ou vergonha,
passam esses sentimentos para os filhos. “O mais importante é construir os pilares para uma
relação de cumplicidade, de ternura e amor.”. (WEBER, 2004)
17

6. Método

O método escolhido foi o de pesquisa de levantamento. Essa escolha justifica-se pelo


fato de que é um método comum e importante para estudar as relações entre variáveis e a
mudança de atitudes e comportamentos no decorrer do tempo. Para tanto, foram realizadas
entrevistas, com o objetivo de solicitar aos participantes que falem sobre suas próprias
experiências de adoção. (COZBY, 2006)

6.1 Sujeitos

Os sujeitos que participaram da presente pesquisa foram pessoas que foram adotadas,
de ambos os gêneros, maiores de 18 (dezoito) anos de idade, que sabiam de sua adoção e
sentiram-se confortáveis para falar sobre este assunto. Tentar-se-á encontrar um número
mínimo de cinco pessoas que aceitem participar da pesquisa. O número pequeno justifica-se
pelo tempo exíguo da coleta de dados e, principalmente, pela dificuldade de se encontrar
pessoas que foram adotadas e que concordem em falar.

6.2 Instrumento de coleta de dados

Foi utilizada uma entrevista semi-dirigida com intuito de obter informações sobre o
tema. Esta entrevista apresentou perguntas abertas para conceder mais liberdade ao
entrevistador, possibilitando também flexibilidade dentro de cada questão para o pesquisador,
tornando-a mais ampla. Desta maneira, este pôde igualmente levantar questões que não foram
anteriormente pré-estabelecidas, assim como o sujeito também pôde acrescentar outros dados
advindos de suas associações sobre o tema. (LAKATOS; MARCONI, 2007)

É importante ressaltar que, por se tratar de uma pesquisa com seres humanos, foram
tomadas as devidas precauções para que eventuais riscos de se tocar nessas questões sejam
mínimos. Apenas foi abordado o assunto com a concordância do sujeito, com o ritmo e
profundidade que ele estabeleceu, respaldando-o quanto a sua comunicação sobre os
sentimentos. Os sujeitos foram identificados com nomes fictícios, sua participação é
18

voluntária e ele tem o direito a uma devolutiva, caso manifeste interesse.

6.3 Procedimento

Inicialmente, foram entrevistados indivíduos que foram adotados, indicados por


pessoas conhecidas. Se a pessoa concordar, será marcado então o dia e hora para a realização
da entrevista, sendo o local a combinar. O contato com o sujeito de pesquisa será feito por
telefone ou email, em que serão apresentados os objetivos da pesquisa. Os participantes foram
entrevistados pessoalmente, sem tempo delimitado, deixando livre para que o sujeito possa se
sentir confortável para falar o que quiser.

7. Cronograma

Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro


Retomada X
do projeto e
busca dos
sujeitos
Entrevistas X X
Organização, X X
discussão e
análise dos
resultados
Conclusão e X
entrega do
projeto
Preparação X
para mostra
19

8. Resultados

Foram realizadas entrevistas com cinco sujeitos de pesquisa especificados na Tabela 1,


cujas histórias serão relatadas a seguir.

Foram utilizados nomes fictícios na apresentação das histórias a fim de preservar a


identidade de cada participante. Ao final de cada relato, são apresentados genogramas de cada
entrevistado, incluindo duas gerações.

1. Angélica, dezoito anos, reside atualmente com a mãe e mais três irmãos, um com
dezesseis anos, outro com dez e mais um com seis, sendo que o mais velho e o mais
novo também foram adotados. Angélica contou que foi adotada quando bebê, com
poucos meses de vida. Falou que tinha em torno de cinco anos de idade quando sua
mãe lhe contou sobre a adoção. Para explicar, ela dizia que Angélica não havia vindo
da barriga, que era de outra família, mas que era a filha do coração. Angélica disse que
foi entendendo aos poucos e que quando tinha por volta de sete anos e já havia
entendido tudo melhor, sua mãe lhe perguntou se ela tinha curiosidade de conhecer
seus pais biológicos. Ela falou que não tinha curiosidade alguma.

Em relação a alguma mudança sofrida após a revelação, Angélica relatou não haver
nenhuma mudança. Disse que a única curiosidade que teve foi de pesquisar sobre
outras pessoas que também haviam sido adotadas e descobriu que havia pessoas que
ficavam com raiva, outras que queriam conhecer os pais biológicos. Angélica também
contou que com os seus irmãos a revelação se deu da mesma maneira e que, até o
momento da entrevista, nenhum havia manifestado desejo de conhecer os pais
biológicos. Além disso, ela disse que sempre falou abertamente sobre sua adoção.

Legenda

Biológico

Adotivo
20

2. Antonio, 25 anos, reside atualmente com a mãe, que o adotou sozinha. Antonio foi
adotado com um dia de vida. Ele relatou que sua mãe biológica havia sofrido uma
ameaça por parte do tio, de que ou ela tirava o bebê ou iria embora de sua casa, então
ela decidiu dar à luz e depois entregar o bebê para alguém. Uma senhora fez a ponte
entre essa mulher e a mãe adotiva de Antonio. Esta esperou nove meses até encontrar
uma criança para ser adotada. A mãe biológica procurou saber sobre Antonio até
quando ele fez seis anos de idade, dizendo para a senhora que fez a ponte que caso a
mulher que o adotou não o quisesse mais, ela ficaria com ele. Como esta dúvida nunca
ocorreu, ela desistiu. Quando questionado sobre o momento da revelação, Antonio
contou que quando tinha quatro anos de idade perguntou a sua mãe: “Mãe, eu tenho
duas mães não é?”. Após, sua mãe ficou muito nervosa e disse que sim, mas não
conseguiu falar mais nada. Quando Antonio tinha cinco ou seis anos, ela o chamou
para conversar e contou que ele tinha sido adotado e ele disse que já o sabia. Antonio
contou que nunca teve problemas em relação a isso, que sempre teve mais problemas
com o fato de não ter tido pai. Disse que não sabe nada sobre sua família biológica,
que quando fez quatorze anos sua mãe revelou o nome completo da mãe biológica e
perguntou se Antonio tinha alguma curiosidade de conhecê-la, pois se tivesse ela iria
antes sem ele para ver como estava e depois iria junto com ele. Antonio disse que
estava muito bem com a sua mãe por adoção e que acredita que isso a machucaria,
então não quis saber, além de não ter curiosidade alguma em conhecer sua mãe
biológica. Disse que as únicas curiosidades que têm são em relação à história médica,
para saber se tem alguma doença que pode se desenvolver, e sobre a história
romântica, para saber como se deu sua concepção, se foi um caso rápido, como uma
ação impulsiva, ou se foi por amor.

Ao ser questionado sobre alguma mudança para ele ou na relação de mãe e filho após
a revelação, Antonio disse que não houve nenhuma, contando que sempre foi muito
apegado à mãe, tendo ganhado até o apelido de “agarradinho”. Ele também relatou
que se lembra de sua primeira mamada com a mãe biológica e de seu colo, dizendo
que tem uma imagem nítida. Como não sabia se o que lembrava era real, perguntou
para a senhora que o entregou para sua mãe e ela confirmou que sua recordação era
verdadeira.
21

Antonio falou que não tem problemas por ter sido adotado e que até se esquecia disso
por muitas vezes, mas que seu problema era não ter tido um pai, o que fez muita falta
para ele. Ele relatou que em uma situação na escola ele contou à professora que era
adotado e, a partir de então, ela começou a tratá-lo de maneira diferente, dando-lhe
privilégios como se estivesse com dó. Ele, achando engraçado, contou essa situação
para sua mãe que também achou graça. Em uma reunião ela falou sobre isso à
professora que confirmou realmente ter agido diferente, mas que não sabia por que e
pediu desculpas.

Ele relatou ter absorvido muita coisa de sua família adotiva, coisas como jeito de
dormir e gosto por comidas. Dizem para ele que se parece muito com o seu avô,
porém Antonio nem chegou a conhecê-lo.

Em relação ao seu desejo de ter filhos, Antonio disse que quer sim ter filhos, porém
não gostaria de adotar, pois quer ver a barriga de sua esposa crescer, “ter uma família
estruturadinha”, com pai, mãe e filho.

Legenda

Biológico

Adotivo

3. Giovanna, 29 anos, reside atualmente com o marido e um filho de três anos. Giovanna
nasceu e no mesmo dia foi entregue para sua mãe adotiva. Sua mãe biológica já havia
tido outros filhos no mesmo hospital, em Campinas. Assim que ela nasceu, a médica
ligou para a mãe adotiva dizendo que tinha uma criança com tais características que a
mãe iria abandonar, perguntando se ela tinha interesse em ficar com a criança. Ela e o
marido responderam prontamente que queriam sim. Então a médica combinou que iria
encontrá-los no aeroporto, que registrariam a criança como filha biológica, nascida em
casa em uma cidade do interior. Segunda ela, quando eles a buscaram, pararam no
meio do caminho em um posto para trocá-la, pois haviam levado uma roupinha
especial. Contaram para a família que haviam conseguido adotar uma menina e que a
escolha de seu nome se deu pelo significado que é “enviada de Deus”. Giovanna
22

nasceu no dia 05/04/1982, mas em sua certidão está registrado 26/03/1982, por
escolha dos pais adotivos.

Giovanna contou que desde pequena lembra que seu pai todo dia antes de ir trabalhar,
passava em seu quarto, lhe dava um beijo e dizia que ela era a “filhinha do coração”.
Quando ela completou sete anos de idade, seus pais a chamaram para conversar no
quarto. Quando ela entrou no quarto, percebeu os pais muito apreensivos e sua mãe
estava quase chorando de tanto nervoso. Então explicaram que ela era a filhinha do
coração, que não tinha vindo da barriga da mamãe e lhe contaram a história, de que ela
havia nascido em uma casa no interior, que sua mãe biológica não pôde ficar com ela e
então a médica ligou para os pais adotivos. Giovanna contou que após seus pais terem
lhe revelado sua história, ela olhou para eles e disse: “que bom que vocês me
adotaram, senão eu poderia estar na rua ou em algum orfanato!”. Ela contou que só
ficou conhecendo a história toda, sobre o hospital e tudo mais, há cerca de 10 anos.

Giovanna relatou que nunca teve problemas em relação a sua adoção, que achava
engraçado quando ia ao médico e ele perguntava se alguém de sua família já havia tido
alguma doença genética, pois ela não tinha como responder. Em relação aos
sentimentos mobilizados após a revelação, Giovanna disse que talvez tenha sentido até
mais confiança nos pais, por não terem escondido isso dela e sempre contarem
tranquilamente. Relatou também que a sua família adotiva nunca a tratou diferente,
mas que sabia que em alguns momentos tinha mais regalias.

Legenda

Biológico

Adotivo

4. Márcia (irmã de João), 58 anos, tem como família nuclear duas filhas e cinco netos.
Ela nasceu em um hospital que tinha uma creche. Sua genitora a abandonou no
hospital, então o fundador da creche, que logo virou uma escola, resolveu ficar com
23

ela. Após um tempo, entregou-a para um casal de sua confiança que não podia ter
filhos. Todos moravam no mesmo lugar, dentro da escola. Márcia tem o sobrenome
dos dois pais, tanto dos que a adotaram quanto do fundador da escola que ficou com
ela a princípio. Ela relatou que tem muito amor por todos, dizendo que tem dois pais.
Sua mãe adotiva foi todos os meses no juiz para que ele concedesse a adoção e, após
um ano de processo, esta foi concedida.

Márcia contou que tem 26 irmãos de consideração, pois o fundador da escola cuidava
de 26 crianças, repetindo o mesmo processo que fez com ela, primeiro tirava a criança
de uma situação de abandono e depois a entregava para um casal de confiança que
também morava na escola. Todas as 27 crianças têm o sobrenome dos pais legalmente
adotivos e também o do fundador, sempre o considerando como um segundo pai.

Em relação ao momento da revelação, Márcia relatou que sua mãe quis contar sobre a
sua origem, mas que por morar na escola, ela sempre soube. Disse que recrimina sua
mãe biológica pelo abandono, dizendo que quem tem coragem de ficar nove meses
com uma criança na barriga, gerá-la e depois abandoná-la não tem coração. Ela
completou sua indignação dizendo que talvez fosse melhor abortar logo no início do
que fazer isso. Quando questionada se houve alguma mudança na relação com os pais
adotivos em decorrência da revelação, Márcia disse “De jeito nenhum!”. Ela indicou
que sempre soube disso e que não havia problema nenhum em ser adotada, além de ter
sido criada em um ambiente em que ser adotado sempre foi muito tranquilo, comum.

Legenda

Biológico

Adotivo

5. João (irmão de Márcia), 57 anos, reside com a esposa e dois filhos. João relatou que
foi morar com o fundador da escola quando tinha em torno de cinco anos de idade. Até
então morava com os pais biológicos, porém, por motivos de saúde (o sujeito não sabe
24

dizer ao certo quais), deixaram-no na escola. Ele também tem o sobrenome do


fundador além de seus pais biológicos. Ele contou que seus pais adotivos tinham
quatro filhos biológicos e mais três filhos adotivos. Todos também moravam na
escola. João só foi adotado legalmente quando tinha de quinze para dezesseis anos de
idade.
Ao ser questionado sobre curiosidades em relação a sua família biológica, João disse
que nunca mais soube de seus genitores e que não tinha curiosidade alguma a respeito.

Legenda

Biológico

Adotivo
25

Tabela 1 – Resumo dos resultados

Sujeito Sexo Data de Núcleo Idade Revelação Mudanças Procurou Comentários


nascimento Familiar em que após os pais
foi revelação biológicos
adotado

Angélica F 29/06/1993 Mãe e Poucos Se deu aos Neutra Não tem Procurou saber
– 18 anos três meses 5 anos de nenhuma mais sobre
irmãos idade – curiosidade adoção em
“Veio de em geral, como as
outra conhecer os pessoas
família”, pais reagiam
“Não é da biológicos. mediante a
barriga”... revelação.
Antonio M 01/02/1986 Mãe Dois dias Ele mesmo Neutra Não, pois Mãe biológica
– 25 anos de vida questionou tem medo perguntou até
se tinha de os 6 anos de
duas mães machucar a idade se a mãe
aos 4 anos mãe adotiva adotiva não
de idade, e não tem queria
então sua curiosidade devolvê-lo. Aos
mãe foi lhe Apenas 14 anos ficou
explicando gostaria de sabendo o
aos poucos. saber a nome da mãe
história biológica e foi
familiar e pesquisar,
sobre a sabe onde
concepção. mora, mas não
foi atrás.
Giovanna F 26/03/1982 Marido e Assim Os pais Positiva Nunca quis O seu nome
– 29 anos filho que sempre saber e nem significa
nasceu falavam que pergunta “Enviada de
era a filha sobre isso Deus”. Todas
do coração. para os pais, as manhãs o
Quando pois não pai dava um
tinha sete quer deixá- beijo e falava
anos os pais los tristes e que ela era a
chamaram se sentiria filhinha do
para mal por coração, que
explicar e isso. amava muito.
ela já sabia.
Márcia F 04/03/1953 - Duas Dois dias Sempre Neutra Não Diz que
58 anos filhas, de vida soube, os procurou, recrimina
marido, 5 pais os pais dela quem faz isso,
netos. falavam que são muito pois fica com
não era da bons e ela uma criança
barriga. não nove meses na
procuraria barriga e faz
por quem isso... Melhor
não a quis. tirar antes
João M 20/06/1959 - Esposa e Cinco Morou com Neutra Nunca mais Foi adotado
52 anos dois anos de os pais soube ou legalmente
filhos idade biológicos quis saber, com 15/16
até os 5 nunca teve anos.
anos, então curiosidade.
quando foi
morar com
outro pai, já
sabia.
26

9. Análise

Diante das informações obtidas, foi possível notar que, dos cinco participantes
envolvidos, apenas um foi adotado na vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente
(1990), dois foram pelo primeiro Código de Menores (1927) e dois pelo segundo Código de
Menores (1979). Desse modo, compreende-se que as diferenças apresentadas nas histórias de
adoção são decorrentes das diferenças de tratamento da adoção de leis distintas, que
evoluíram ao longo do século XX. A participante Angélica foi adotada de acordo com todos
os trâmites impostos pelo ECA. Giovanna e Antonio foram adotados pelo que se denomina
“adoção à brasileira”, que consiste em dar como seu o filho de outrem, registrando a criança
como filho natural, sem tê-la gerado ou concebido. (FERREIRA e CARVALHO, s/d) Além
disso, este ato implica em outro crime, a falsidade ideológica, que consiste em “omitir, em
documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer
inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito,
criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”. (Art. 299 do
Código Penal)

Os outros dois participantes, Márcia e João, foram adotados no que se denomina


“adoção pronta”, em que comumente a mãe entrega seu filho a uma pessoa ou a um casal
supostamente de sua confiança (Intuito Personae) que solicita, na Vara da Infância e da
Juventude, sua guarda para fins de adoção, geralmente depois de ter estabelecido certo
vínculo com a criança e às vezes sem ter se cadastrado como pretendente. (FERREIRA e
CARVALHO, s/d)

A partir dessa primeira análise, observa-se que a adoção de Antonio, apesar de ter sida
denominada “adoção à brasileira”, possui algumas similaridades com a “adoção pronta”, uma
vez que ele foi entregue para alguém da confiança da mãe biológica, caracterizando o Intuito
Personae e, além disso, atualmente sua situação perante a lei está neutralizada, pois o crime
de falsidade ideológica já prescreveu.

Em relação aos quatro sujeitos que foram adotados previamente ao ECA, os seus tipos
de adoção, não realizados de acordo com o imposto pela lei da época, podem ser explicados
pela dificuldade e exigências que eram impostas para se poder adotar uma criança. Sendo
assim, os casais que desejavam ter um filho adotivo, acabavam por recorrer a alternativas
27

mais fáceis. Essa tendência a burlar o imposto pela lei sempre existiu em nosso país, isso em
razão da ansiedade gerada na espera da adoção, dependendo principalmente da idade da
criança, pois quanto maior a criança, menor a espera e ansiedade, e quanto menor, maior a
espera e ansiedade. Pode-se pensar também que havia uma cultura na época que favorecia a
informalidade nesses procedimentos, cultura essa que teima em perdurar até hoje em certos
casos e regiões do país. Já em relação ao caso da Angélica, é possível notar que sua adoção se
deu de forma tranquila, sem complicações, dentro dos processos previstos pelo ECA, mesmo
tendo sido adotada com poucos meses de vida, o que mostra que realmente houve uma
melhora na agilidade do processo de adoção com o surgimento do ECA, diminuindo o tempo
de espera e as restrições para o adotante, sem deixar de assegurar os direitos das crianças.

No que diz respeito a quando contar, segundo Schettini (1999), em se tratando de uma
criança pequena, é importante ressaltar que há a necessidade de se contar apenas o essencial
para a compreensão de que ela veio da barriga de outra pessoa, sendo um início do processo
de conhecimento de sua origem biológica. As demais informações sobre sua história devem
surgir à medida que a criança demonstrar um nível de compreensão mais elevado ou quando
esta mesma buscar saber.

Nos relatos sobre essa problemática, foi possível perceber que os pais respeitaram a
curiosidade e a maturidade de cada criança, respondendo às dúvidas que apareciam com o
amadurecimento da história e expondo progressivamente os detalhes importantes, como no
caso de Antonio, que só veio a saber o nome completo de sua mãe biológica e onde vivia aos
quatorze anos de idade e também no caso de Giovanna, que relatou ficar sabendo de sua
história inteira quando tinha cerca de dezenove anos.

De acordo com Levinzon (2009), não há a necessidade de ter um momento chamado


“revelação”, em que os pais se sentam com a criança e contam tudo. Isso pode ser feito de
uma maneira mais amena, deixando a criança saber aos poucos, preparando-a para a então
conclusão. Quando a criança tem a sensação de que sempre soube o que está sendo dito, evita-
se o momento de revelação de um segredo, que pode ser traumático.

Isso pôde ser constatado na entrevistas, em que todos os participantes relataram ter
sido um processo de conhecimento contínuo, dizendo que nunca lhes foi imposto um segredo,
sendo a história de origem contada aos poucos, cada família da sua maneira e em seu tempo.
28

Para João e Márcia não houve um momento propriamente dito para que o assunto fosse
abordado, já para os demais participantes, além do processo ter sido contínuo, também
tiveram um momento em que se sentaram com os pais adotivos para que lhes fossem
explicada toda sua história.

Levinzon (2009) afirma que alguns pais encaram esse momento de maneira tranquila,
às vezes até buscando por auxílio especializado. Na história de Giovanna, houve auxílio de
profissional. Ambos recorreram a uma psicóloga para que se sentissem mais calmos e
confiantes ao contar para Giovanna sua origem. Neste caso, é possível notar que foi uma
revelação bem sucedida, em que a ausência de segredo, além de proporcionar um ambiente
favorável, também gerou um sentimento de maior confiança.

Esse momento, para os três últimos participantes, proporcionou reações diferentes.


Angélica passou a procurar informações sobre outras crianças que haviam sido adotadas, a
fim de conhecer outras histórias e saber se procuraram pelos pais biológicos. Giovanna
agradeceu o ato dos pais de a adotarem, dizendo que se não fosse por eles ela poderia estar em
algum orfanato ou até mesmo na rua; Antonio manifestou curiosidade em relação a dois
aspectos por ele descritos como história médica e história romântica. A primeira se trata da
saúde, para saber sobre possíveis doenças genéticas, a segunda é em relação a sua concepção,
para saber em que condições foi gerado e por que foi abandonado.

Sobre ter curiosidade de conhecer a família biológica, nenhum participante relatou ter.
Contudo, é possível notar que dois, dos cinco participantes, justificam essa decisão pelo medo
de magoar os pais adotivos caso procurem saber sobre os pais biológicos. Desta maneira,
levanta-se a hipótese de que se não houvesse de fato nenhum receio da perda de amor ou de
magoar, tanto da parte dos filhos quanto da parte dos pais, talvez eles tivessem ido sim
procurar informações sobre suas famílias biológicas.

Além disso, segundo Schetinni (1999) há também muitos casos de filhos adotivos que,
ao obterem a disposição dos pais adotivos em ajudá-los na busca pela sua história de origem,
recuam, desinteressando-se pelo que antes tinham curiosidade. Esse interesse é causado,
provavelmente, por uma necessidade do filho de comprovação do vínculo existente entre ele e
seus pais adotivos que, uma vez comprovado, desestimula a busca. Isso pode ser
exemplificado no caso de Antonio que, quando obteve todos os dados e informações
29

necessárias para chegar a sua genitora, recuou, perdendo o interesse de conhecê-la, embora
ainda tenha algumas curiosidades.

Quanto às possíveis mudanças consequentes da revelação, apenas um sujeito disse ter


havido uma mudança positiva, relatando que passou a sentir mais confiança nos pais por
terem revelado detalhes da história. Os outros quatro participantes dizem não haver
absolutamente nenhuma mudança de sentimentos e/ou comportamentos. Diante disso, é
importante ressaltar que toda informação nova acrescenta algo na vida das pessoas, alterando
assim o seu jeito de interpretar e ver o mundo e as pessoas. O que faz a diferença é o conteúdo
a ser revelado, tendo maior ou menor repercussão (SCHETTINI, 1999).

É possível analisar também que ao se falar de mudanças de sentimentos implica em


algo de muita dificuldade de ser mensurado e observado, ainda mais por quem está envolvido
na situação. Desta maneira, pode-se dizer que mudanças podem ocorrer, contudo podem ser
difíceis de serem nomeadas e até mesmo aceitas, receando que elas possam interferir
negativamente no relacionamento entre os pais adotivos e os filhos.

Sendo assim, pode-se afirmar que mudanças ocorreram e, com exceção do caso de
Giovanna, que relatou ter sentindo mais confiança em relação aos pais, na maioria dos casos
podem ser mudanças inconscientes. No caso de Márcia, ao dizer que recrimina os genitores
que abandonam uma criança, é possível perceber que há uma angústia por ter sido
abandonada que, gerou sua opinião quando ela soube de sua história.

10. Conclusão

Como conclusão do presente estudo, foi possível perceber que o procurado momento
de revelação nem sempre é feito em um determinado tempo. Além disso, cada família
encontra sua maneira de contar para a criança sobre sua história e origem. É importante
ressaltar o fato de que nenhum participante da pesquisa relatou ou demonstrou alguma
insatisfação por ter sido adotado.
30

Esse é um dado de extrema relevância, pois muitos pais adotivos têm receio de que os
filhos saibam sobre sua adoção. Entretanto, fica nítida a aceitação por parte dos filhos
adotivos quando estes ficam sabendo pelos próprios pais adotivos, sem que haja um segredo
interferindo e assombrando uma relação.
Toda relação é baseada em confiança, sendo assim, esconder de uma criança a sua
história e origem é não apenas uma violação de seus direitos, mas também uma desconfiança
dos sentimentos, seja por parte dos pais ou filhos adotivos, investidos e envolvidos na relação
em questão.

No que diz respeito aos objetivos desta pesquisa, estes foram plenamente alcançados,
porque foi possível conhecer as peculiaridades da revelação da adoção ou da origem familiar
em adultos que foram adotados e saber como se deu o momento da revelação para os adultos
entrevistados, suas ansiedades e curiosidades sobre a família biológica, bem como
compreender como a pessoa adotada lidou com este conhecimento e os sentimentos
envolvidos.

É importante destacar que talvez devido ao número restrito de participantes e o curto


tempo para a pesquisa não tenham sido encontrados participantes que tiveram uma
experiência negativa de revelação para que pudesse haver uma análise mais diversificada.
Desta maneira, reforça-se a necessidade de mais estudos em relação ao tema apresentado, que
possam abranger maior número de casos.
31

11. Referências Bibliográficas:

BRASIL, Código de Menores. Decreto nº 17.943-a de 12/10/1927 - Revogado pela Lei nº


6.697, de 1979. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-
1929/D17943A.htm. Acesso em 05 de março de 2011.

BRASIL, Código de Menores. Lei no 6.697, de 10/10/1979. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6697.htm#art123. Acesso em 05 de
março de 2011.

BRASIL, Código Penal. Lei nº 2.848, de 07/12/1940. Disponível em


http://www.planalto.gov.br /ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm. Acesso em 03 de novembro
de 2011.

BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069, de 13/07/1990. Disponível


em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm. Acesso em 04 de março de 2011.

COZBY, P. C. Métodos de pesquisa em ciências. 3ª reimpr. São Paulo: Atlas, 2006.

FERREIRA, M. R. P.; CARVALHO, S. R. 1º Guia de Adoção de Crianças e Adolescentes


do Brasil. Winners, s/d.

GUIMARÃES, D. T. Dicionário Técnico Jurídico. 13 ed. São Paulo: Rideel, 2010.

HAMAD, N. A criança adotiva e suas famílias. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2002.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. rev. e


ampl. São Paulo: Atlas, 2007.

LEVINZON, G. K. Adoção. 3 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009. (Coleção Clínica
Psicanalítica/ dirigida por Flávio Carvalho Ferraz)

MELLO, A. C. C.; A realidade da adoção no Brasil. São Paulo, 2011. (artigo no prelo)

PAIVA, L. D. . O psicólogo judiciário e as “avaliações” nos casos de adoção. In: Sidney


Shine. (Org.). Avaliação Psicológica e Lei: Adoção, Vitimização, Separação Conjugal, Dano
Psíquico e outros temas. 1ª ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005, v. 01, p. 73-112.

SCHETTINI, L. Adoção: origem, segredo e revelação. Recife: Bagaço, 1999.


32

WEBER, L. N. D. Laços de ternura: pesquisas e histórias de adoção. 3ed. rev. e ampl.


Curitiba: Juruá, 2004.

WEBER, L. N. D. O psicólogo e as práticas da adoção. In: Brandão, e. P., Gonçalves, H. S.


Psicologia Jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: NAU Ed., 2005, p. 51- 95.

WEBER, L. N. D. Pais e Filhos por Adoção no Brasil: características, expectativas e


sentimentos. 1ª Ed. (2001), 9ª reimpr. Curitiba: Juruá, 2010.
33

CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO DE PESQUISA

O presente estudo tem como objetivo conhecer as peculiaridades da revelação da adoção ou da história
de origem em adultos que foram adotados, que tenham a idade mínima de 18 (dezoito) anos. Os dados
para o estudo serão coletados em um único encontro em que será realizada uma entrevista semi-
estruturada. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de natureza exploratória e o material obtido será
posteriormente analisado, garantindo-se sigilo absoluto sobre as questões respondidas, sendo
resguardado o nome dos participantes. A divulgação do trabalho terá finalidade acadêmica, esperando
contribuir para um maior conhecimento do tema estudado. Os dados coletados serão utilizados para a
disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana
Mackenzie.

......................................................... ..........................................................

Natália Margato Camargo Profª. Dra. Anna Christina Cardoso de Mello

Universidade Presbiteriana Mackenzie

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Pelo presente instrumento, que atende às exigências legais, o(a)


senhor(a)________________________________, sujeito de pesquisa, após leitura da
CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO DA PESQUISA, ciente dos serviços e
procedimentos aos quais será submetido, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido
e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância em
participar da pesquisa proposta.

Fica claro que o sujeito de pesquisa ou seu representante legal podem, a qualquer
momento, retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do
estudo alvo da pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação
confidencial, guardada por força do sigilo profissional.

São Paulo,....... de ..............................de 2011.

________________________________________

Assinatura do sujeito
34

Entrevista Semi-dirigida

Dados de Identificação

Idade

Sexo

Estado Civil

Núcleo Familiar

Itens a aprofundar:

Momento em que ficou sabendo da adoção

Como se deu esse conhecimento

Sentimentos relacionados antes e depois da descoberta

Relações familiares após a revelação

Curiosidades sobre a família biológica

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