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e organização da
atenção básica:
saúde da mulher,
da criança e do
adolescente
Ana Cláudia Barreiro Nagy
Livro
Didático
Digital
Unidade 01
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora
ANA CLÁUDIA BARREIRO NAGY
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
A AUTORA
ANA CLÁUDIA BARREIRO NAGY
INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do desen- houver necessidade
volvimento de uma de se apresentar
nova competência; um novo conceito;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações es-
necessários obser- critas tiveram que ser
vações ou comple- priorizadas para você;
mentações para o
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e inda-
algo precisa ser gações lúdicas sobre
melhor explicado o tema em estudo, se
ou detalhado; forem necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamento atenção sobre algo
do seu conhecimento; a ser refletido ou
discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoaprendi- volvimento de uma
zagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Determinantes de morbi-mortalidade no processo
reprodutivo humano e na situação ginecológica .............10
Sobre a morbi-mortalidade feminina..................................10
Tipos de Morbidade............................................................14
Implicações fisiológicas e psicológicas do ciclo menstrual e
da gestação........................................................................16
Sobre o ciclo menstrual (CM)............................................17
Sobre a gestação e as mudanças que ela provoca................21
Implicações fisiológicas e psicológicas do puerpério e do
climatério.........................................................................27
O puerpério........................................................................27
O Climatério.......................................................................30
Assistência de equipes multidisciplinares no pré-natal,
puerpério e climatério nas unidades de ESF...................34
Assistência das equipe multidisciplinares no Pré-natal e
Puerpério...........................................................................34
Assistência das equipes multidisciplinares no climatério......38
Considerações finais..........................................................40
Sistema de saúde e organização da atenção básica: saúde da
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mulher, da criança e do adolescente
01
UNIDADE
Sistema de saúde e organização da atenção básica: saúde da
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mulher, da criança e do adolescente
INTRODUÇÃO
Olá aluno!
Daremos início a mais uma unidade! Nessa unidade discutiremos
questões relativas à morbi-mortalidade, ao ciclo menstrual, à gestação,
ao puerpério e ao climatério, ao pré-natal e à ESF.
Cada um desses temas é de grande importância quando
analisamos a realidade brasileira e as condições de saúde oferecidas às
mulheres, gestantes ou não.
Há muito que ser discutido e apresentado sobre esse assunto, que
vai fazer parte do seu trabalho em campo.
Sugiro, para maior compreensão das temáticas, que você analise
os esquemas, reflita sobre a leitura e visite as indicações para ampliar
seus conhecimentos.
Bons estudos!
Sistema de saúde e organização da atenção básica: saúde da
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mulher, da criança e do adolescente
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:
Determinantes de morbi-mortalidade
no processo reprodutivo humano e na
situação ginecológica
INTRODUÇÃO
Vamos estudar agora sobre a morbi-mortalidade no
processo reprodutivo humano na situação ginecológica.
Esse conceito é muito importante, principalmente porque
estamos falando sobre um grupo muito específico e ainda
que, de certo modo, sofre as consequências da história
do nosso país, que ainda não valoriza a mulher como ela
merece.
DEFINIÇÃO
Morbi-mortalidade é um conceito da medicina que se
refere ao índice de pessoas mortas em decorrência de
uma doença específica dentro de determinado grupo
populacional. Assim, a morbimortalidade observa o número
de indivíduos que morreram como consequência de uma
enfermidade, em relação ao número de habitantes de dado
lugar e período de tempo.
Tipos de Morbidade
No contexto dessa definição, Fortney (1995) havia apresentado
anteriormente uma categorização quanto à morbidade reprodutiva,
portanto relacionada às mulheres, em três grandes grupos:
1) Morbidade Obstétrica (ou materna): consiste na consequente
à gravidez ou ao parto ou, ainda, a resultante de tratamento recebido no
decorrer da gravidez ou do parto. Também referindo-se às condições
que ocorrem até 42 dias ou 12 meses após o parto (respectivamente,
como na 9ª e na 10ª revisão da CID). Todavia, inclui problemas que
ultrapassam o puerpério, como o prolapso uterino pós-parto prolongado.
Tradicionalmente, é subdividida em quatro categorias:
a) Morbidade Obstétrica Direta: surgida em consequência
à gravidez ou ao parto; que não ocorreria se a mulher
não estivesse grávida. Ex: hemorragias, septicemias
puerperais, desordens hipertensivas, partos distócicos e
consequências do aborto, infecção pós-cesárea;
b) Morbidade Obstétrica Indireta: não resultante de
gravidez, mas agravada a partir de sua ocorrência (malária,
tuberculose, hipertensão crônica, hepatite, câncer de
mama);
c) Distúrbios Psicológicos: associados ao resultado de
gravidez ou a alterações hormonais consequentes à
gestação.
d) Morbidade Não-Obstétrica: agravos acidentais ou
incidentais durante a gravidez, o parto ou o puerpério.
2) Morbidade Ginecológica: problemas do sistema reprodutivo
não resultantes de gravidez ou parto, ou em consequências destes
problemas ou de seu tratamento, dividida em três subgrupos:
a) Morbidade Ginecológica Direta: doenças sexualmente
transmissíveis e outras infecções do trato reprodutivo;
neoplasias do sistema reprodutivo; distúrbios endócrinos
associados à disfunção menstrual/infertilidade;
malformações congênitas ou danos da genitália feminina;
disfunções sexuais; distúrbios associados à menopausa;
infertilidade primária ou secundária; outros problemas
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mulher, da criança e do adolescente
ginecológicos;
b) Morbidade Ginecológica Indireta: problemas resultantes
de práticas terapêuticas modernas ou tradicionais, como
fistulas consequentes à terapia por radioterapia do câncer
de colo uterino ou mutilação da genitália feminina por
religião ou culturais;
c) Distúrbios Psicológicos: trauma ginecológico ou sexual
e alterações hormonais, como depressão por infertilidade
ou DSTs.
3) Morbidade Contraceptiva: compreende os danos à saúde
decorrentes do uso de contraceptivos, incluindo efeitos locais (irritações,
reações alérgicas, sangramentos e infecções) e sistêmicos (entre outros,
a carcinogenicidade e os impactos sobre os sistemas cardiovascular e
hormonal) (FORTNEY, 1995 apud BRASIL, 2004).
De acordo com essa classificação, ainda haveria a possibilidade
de ampliação para quatro grupos acrescentando a Morbidade Sexual,
que se sobrepõe ao de morbidade ginecológica.
Em continuidade e atualização a esse trabalho, a OMS em
2018 lançou o “World Health Statistics 2018” . Esse relatório trouxe as
estatísticas mundiais de saúde atualizadas relativas à mortalidade,
morbidade, fatores de risco, cobertura de serviços de saúde e sistemas
de saúde como um todo, destacando progressos voltados aos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em algumas áreas (OMS, 2018 ).
SAIBA MAIS
Consulte os “Progressos rumo aos ODS: uma seleção de
dados das estatísticas mundiais de 2018” no site da OMS,
disponível em: http://bit.ly/39yMTxR
INTRODUÇÃO
Nosso objetivo agora é olhar atentamente para o que o
ciclo menstrual e a gestação trazem de consequências
para a vida das mulheres. Vamos entender o CM, suas fases
e as mudanças que ocorrem na gravidez.
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mulher, da criança e do adolescente
DEFINIÇÃO
SPM: aparecimento de sintomas na fase pré-menstrual do
ciclo, com caráter recorrente e suficientemente grave para
causar disfunção na vida da mulher, justificando assim a
procura de cuidados médicos. A expressão mais frustre
de um ou mais sintomas, sem impacto significativo na vida
cotidiana (disfunção), enquadra-se no conceito de sintomas
pré-menstruais exacerbados (INDUSEKHAR; O’BRIEN, 2008).
2º. Mês:
Formação do sistema
1º. Mês: 3º. Mês:
nervoso e aparelhos
Fecundação Período fetal
digestivo, circulatório e
respiratório
óvulo +
esqueleto,
espermatozoide
coração: bate costelas,
= zigoto, que se
aproximadamente 150 dedos de
instala no útero
vezes/minuto; mãos e pés se
após uma série de
desenvolvem
divisões celulares;
a placenta
começa a
olhos, boca, braços e todos os órgãos
se formar,
pernas começam a se internos se
envolvendo o
desenvolver; formam
embrião com o
líquido amniótico;
Fim do 1º. mês: o Fim do 2º. mês: o
Fim do 3º. mês: o
embrião tem entre embrião chega a ter 4
feto mede 14 cm.
0,4 cm e 0,5 cm. cm.
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mulher, da criança e do adolescente
6º. Mês:
4º. Mês: 5º. Mês:
Reconhecimento
Bebê Menino ou menina
de sons externos
Surgem primeiros fios
começa a se reconhece a voz
de cabelo, cílios e
movimentar, sugar e a respiração da
sobrancelhas; franze a
e engolir mãe;
testa e chupa o dedo
lábios e
sobrancelhas
percebe as trompas e o útero
ficam mais visíveis
alterações de nas meninas e os
e as pontas dos
luz e diferencia órgãos genitais dos
dedos apresentam
gostos amargos e meninos podem ser
sulcos se tornarão
doces vistos na USG
as impressões
digitais
Fim do 4º. mês: o
Fim do 5º. mês: o bebê Fim do 6º. mês: o
bebê mede cerca
tem 25 cm. bebê mede 32 cm.
de 16 cm.
8º. Mês: 9º. Mês:
7º. Mês:
Se preparando para Pronto para
Movimentação
nascer nascer
todos os
Boceja, abre os se prepara para a
órgãos estão
olhos, dorme, se posição de parto – de
completamente
movimenta cabeça para baixo
formados
uma camada de
os órgãos internos
gordura se forma sob
continuam já controla a
a pele para manter a
crescendo; respiração e pela
temperatura depois
ouve e reage a 40ª. semana, está
do nascimento; os
estímulos sonoros, preparado para
pulmões estão quase
como músicas e nascer
prontos e os ossos
conversas
ficam mais resistentes
Fim do 7º. mês: o Fim do 9º. mês: o
Fim do 8º. mês: o bebê
bebê mede ente bebê mede entre
tem de 40 cm a 45 cm.
36 e 40 cm. 45 cm e 50 cm.
Fonte: Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
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mulher, da criança e do adolescente
INTRODUÇÃO
Chegou a hora de falar sobre o nascimento do bebê,
que transforma a mãe em puérpera e que acompanha
frequentes mudanças de humor da nova mãe. Também
vamos falar sobre o climatério, fase de grandes alterações
para a vida da mulher.
O puerpério
O declínio hormonal que ocorre de modo intenso e rápido após a
chegada do bebê traz consigo um conflito interno para a mulher quanto
ao papel materno que ela agora precisa desempenhar.
DEFINIÇÃO
Puérpera : Aquela que acabou de dar à luz; mulher que teve
o(a) filho(a) há pouco tempo.
O Climatério
Outra fase complicada para a mulher é o climatério. Nesse
período, há diversas transformações de natureza biológica, psicológica,
social e cultural. Lembra que comentamos que nosso país é machista?
Então, com a chegada do climatério as mulheres sofrem ainda hoje, em
pleno século XXI, muito preconceito por conta disso, como se fosse uma
doença!
Os hormônios diminuem e, com o envelhecimento do corpo, a
mulher é considerada inapta para viver uma vida sexual ativa e pode até
ser considerada “desinteressante” aos olhos masculinos, especialmente
com o fim de muitos casamentos nessa fase com seus ex-maridos
“trocando sua companheira de vida por outra mulher mais jovem.
Embora seja um fenômeno biopsicossocial, historicamente
o enfoque maior tem sido dado aos fatores biológicos, aos sinais e
sintomas, inclusive o climatério algumas vezes sendo considerado como
uma síndrome ou um período patológico e anormal (BRASIL, 2008).
Entretanto, precisamos comentar que essa é “uma etapa normal do ciclo
biológico da mulher, da mesma forma que a adolescência, e não uma
doença que incapacita ou a limita para a vida” (BRASIL, 2008, p. 25).
O que se constata é que há profissionais da área da saúde que,
ao tocar no tema, reforçam essa visão negativa do climatério, inclusive
aconselhando as pacientes a fazerem uso de “terapia medicamentosa,
caracterizando o uso indiscriminado e muitas vezes desnecessário de
medicamentos” (BRASIL, 2008, p. 25).
Climatério é o nome dado ao período de transição entre a fase
reprodutiva e não reprodutiva da vida feminina, que acontece como
consequência do esgotamento da função ovariana. A Menopausa é o
período depois que se passaram 12 meses sem ocorrer menstruações.
A aplicação de medicamentos, contudo, nem sempre é
adequada, ou necessária, para todas as mulheres, o que gera grande
controvérsia entre os médicos. Diante disso, muitas mulheres sentem-
se desamparadas e frustradas com a nova realidade com a qual, de
repente, precisam lidar. Isso ocorre, principalmente, nas culturas que
desvalorizam as pessoas eu chegam à maturidade.
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mulher, da criança e do adolescente
SAIBA MAIS
SOUZA, J. B. A Melhor idade da mulher: manual prático
para viver com saúde os melhore anos da vida. São Paulo:
Alaúde, 2016.
Precisamos romper com o estereótipo de que a mulher
“deixa” de ser mulher, sexualmente falando, ao entrar nessa
fase!
INTRODUÇÃO
Nosso objetivo nesse tópico é entender a importância
do apoio das equipes multidisciplinares no período
denominado pré-natal, no puerpério e no climatério. Vamos
ver como isso ocorre nas ESF.
DEFINIÇÃO
A menarca, que comumente ocorre em torno dos 11 ou 12
anos, é encarada como marco importante, porque indica
aptidão à reprodução e mais um passo em direção à vida
adulta, a qual será instaurada definitivamente com o primeiro
filho. Este período de ‘mocinha’ é em geral curto, pois é
comum, nos grupos populares, as moças envolverem-se em
relações sexuais-amorosas que podem resultar em gravidez
ou em casamento ou em ambos, por volta dos 14 ou 15 anos
PAIM (1998, p. 36).
Para que isso ocorra, há algumas fases que devem ser cumpridas
nas unidades de saúde da família. Vejamos quais são elas no esquema
a seguir:
Considerações finais
Finalizamos mais uma etapa do nosso curso!
Esperamos que você tenha gostado da leitura e aprendido
bastante sobre as questões que tratamos, referentes às fases da vida
feminina que dizem respeito ao momento em que se torna fisicamente
capaz de gerar um bebê e tudo o que isso traz para a mulher.
São fases necessárias, mas cheias de dúvidas e alterações no
corpo e na cabeça da mulher, mas é importante ressaltar que nada disso
é doença, pelo contrário, é a possibilidade de gerar uma nova vida.
Nem todas as mulheres engravidam, como sabemos, mas isso
não as torna diferentes daquelas que vivenciam essa experiência. O fato
é que, exceto a gestação e o puerpério, todas as mulheres passarão
pelas demais fases, ou seja, a chegada do ciclo menstrual e o climatério
e os cuidados e a atenção profissionais devem ser dirigidas a todas elas.
Daí a necessidade de que as políticas públicas existentes sejam
cumpridas e ajudem as mulheres a passarem por cada uma das etapas
citadas da melhor forma possível.
É exatamente desse tipo de tratamento que as mulheres são
merecedoras e cabe às equipes multidisciplinares promovê-lo no pré-
natal, no puerpério e no climatério nas unidades de ESF.
Bom, vamos terminando aqui essa unidade com a certeza de que
fizemos grandes reflexões sobre os temas que tratamos.
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BIBLIOGRAFIA
AQUINO, E. M. L. de; ARAÚJO, T. V. B. de; MARINHO, L. F. B. Padrões e Tendências
em Saúde Reprodutiva no Brasil: bases para uma análise epidemiológica. In:
GIFFIN, K.; COSTA, SH. (orgs.). Questões da saúde reprodutiva. Rio de Janeiro:
Editora FIOCRUZ, 2000.
LOUREIRO, S.; DIAS, I; SALES, D.; ALESSI, I.; SIMÃO, R.; FERMINO, R. C. Efeito das
Diferentes Fases do Ciclo Menstrual no Desempenho da Força Muscular em
10RM. Rev Bras Med Esporte. Vol. 17, No. 1, Jan/Fev, 2011. Disponível em: http://
www.scielo.br/pdf/rbme/v17n1/v17n1a04.pdf. Acesso em: 14 jun 2019.
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