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e Imunologia
Clínica
Natália Gindri Fiorenza
Maria Paula de Souza Sampaio
Unidade 3
Livro Didático
Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autoras
NATÁLIA GINDRI FIORENZA
MARIA PAULA DE SOUZA SAMPAIO
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
AS AUTORAS
NATÁLIA GINDRI FIORENZA
INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do desen- houver necessida-
volvimento de uma de de se apresentar
nova competência; um novo conceito;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações es-
necessários obser- critas tiveram que ser
vações ou comple- priorizadas para você;
mentações para o
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e inda-
algo precisa ser gações lúdicas sobre
melhor explicado o tema em estudo, se
ou detalhado; forem necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamento atenção sobre algo
do seu conhecimento; a ser refletido ou
discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoaprendi- volvimento de uma
zagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Introdução, conceitos básicos e dogmas imunológicos........11
Tecidos linfoides.......................................................................13
Complexo de histocompatibilidade...........................................14
Imunidade humoral..........................................................17
Doenças autoimunes...............................................................35
Miastenia Grave........................................................................39
Diabetes Mellitus......................................................................40
Esclerose múltipla.....................................................................41
8 Microbiologia e Imunologia Clínica
03
UNIDADE
Microbiologia e Imunologia Clínica 9
INTRODUÇÃO
A imunologia é a ciência responsável pelo estudo do sistema
imunológico e suas funções. Esse sistema inclui um conjunto de células,
tecidos, órgãos e moléculas que operam de forma organizada e inter-
relacionada no combate e eliminação de agentes e moléculas estranhas ao
organismo. Quando falamos em imunologia clínica, estamos nos referindo
à subárea responsável pela investigação das estratégias traçadas pelo
Sistema Imune para controlar e/ou eliminar esses diferentes patógenos.
O conhecimento dos mecanismos utilizados pelo organismo no combate
ao agente invasor é fundamental para a compreensão da fisiopatologia
de doenças infecciosas e para a busca de novos tratamentos e formas de
prevenção a essas.
Sendo assim, irei lhe apresentar aqui os principais conceitos
e conhecimentos básicos da imunologia, além dos mecanismos
imunológicos associados à infecção, alergias e doenças autoimunes.
10 Microbiologia e Imunologia Clínica
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:
1. Compreender os conceitos básicos de imunologia, com enfoque
em imunologia clínica. Entender os aspectos imunológicos da resposta
adquirida, dos antígenos e tecidos órgãos linfoides, do sistema HLA e das
imunidades humoral e celular.
2. Aprender sobre os mecanismos imunológicos envolvidos na
resposta à agentes infecto parasitários, incluindo as interações neuro-
imuno-endócrinas e a ação regulatória dos anticorpos nessa.
3. Estudar a Imunologia Clínica da anafilaxia e urticária, da alergia a
fármacos e da alergia alimentar.
Integrar os conhecimentos básicos da imunologia com a
4.
fisiopatologia das principais doenças autoimune, tais como lúpus
eritematoso sistêmico e miastenia gravis.
OBJETIVOS
Após o término deste capítulo espera-se que você tenha
revisado sobre os principais conceitos em imunologia,
relembrando as diferentes células envolvidas na resposta
inata e adaptativa, e o mecanismo de interação entre
essas células para uma resposta eficaz contra agentes
patogênicos. Esse capítulo servirá como base para o estudo
da imunologia clínica, que se segue. Vamos começar com
nossos estudos? Então adiante!
SAIBA MAIS
Os primeiros estudos documentados em imunologia são
atribuídos à Edward Jenner, que, em 1796, verificou proteção
induzida pelo cowpox (vírus da varíola bovina) contra a
varíola humana, nomeando tal processo da vacinação. Pra
saber mais sobre esse experimento revolucionário, acesse:
http://www.judithscliar.com/2016/06/09/historia-da-
vacina/.
Microorganismo
Barreiras
epiteliais Anticorpos
Fagócitos
Linfócitos T Células T
Complemento Células NK, ILCs efetoras
Horas Dias
0 6 12 1 4 7
Tecidos linfoides
Os tecidos linfoides estão divididos em centrais ou primários, que
têm como função a produção e/ou diferenciação dos linfócitos, como a
medula óssea e o timo, e tecidos periféricos ou secundários, especializados
na captura do antígeno, como os nódulos linfáticos difusos ou encapsulados
e não encapsulados, as tonsilas e o baço. As células presentes nesses
(linfócitos T e B) são provenientes dos tecidos primários e chegam através da
circulação sanguínea. Enquanto os linfócitos B (ou células B) completam o
seu amadurecimento na medula óssea, os linfócitos T são enviados ao timo
para continuar sua diferenciação. Uma vez que deixam a medula (linfócitos B)
e o timo (linfócitos T), eles transitam livremente entre os tecidos secundários.
Quando ocorre uma infecção, células dendríticas e macrófagos carreadores
de antígenos chegam até esses órgãos onde células dendríticas maduras
apresentam o antígeno para os linfócitos, dando início a resposta imune
adaptativa. A figura 2 mostra uma representação da estrutura e localização dos
tecidos linfoides humanos, assim como da distribuição dos vasos linfáticos.
14 Microbiologia e Imunologia Clínica
SAIBA MAIS
Os tecidos linfoides não encapsulados são também
conhecidos como tecidos linfoides associados à mucosa
(MALT do inglês mucosal-associated lymphoid tissue) e
estão presentes em regiões subjacentes à mucosa de
alguns órgãos. Seus componentes incluem:
Complexo de histocompatibilidade
O complexo de histocompatibilidade (MHC) desempenha um papel
importante no reconhecimento de agentes patogênicos e na discriminação
entre o que é estranho e o que é próprio do organismo. Em humanos, o
cromossomo 6 apresenta genes que, em conjunto, são denominados
antígenos leucocitário humanos (HLA), que codificam as moléculas do MHC.
De acordo com sua estrutura molecular e função, esses complexos
estão divididos em 4 classes: classes I e II ligados ao processamento e
apresentação de antígenos e classes III e IV que codificam para outras
proteínas, estando algumas relacionadas com a resposta imune, tais
como componentes do sistema complemento e algumas citocinas
inflamatórias. As moléculas de classe I são codificadas por 3 loci humanos,
que recebem o nome de: HLA-A, HLA-B e HLA-C, enquanto as de classe
II são também codificadas por 3 loci e denominadas HLA-DP, HLA-DQ e
HLA-DR. As moléculas do MHC de classe I, que estão presentes na maioria
das células nucleadas, são reconhecidas principalmente pelo receptor de
Microbiologia e Imunologia Clínica 15
Imunidade humoral
Quando ativados pelas células CD4+Th2, os linfócitos B proliferam
e se diferenciam em plasmócitos, células efetoras com função de
produzir e secretar anticorpos, os quais são os mediadores desse
tipo de resposta. Os anticorpos são glicoproteínas que pertencem
à superfamília das imunoglobulinas; sua síntese é estimulada pelas
moléculas antigênicas presentes nos microrganismos, os quais são
marcados pelos anticorpos. Esse processo facilita o reconhecimento de
microrganismos por células fagocíticas do sistema imune inato, ativa o
sistema complemento potencializando a opsonização e recrutamento
de mais células inflamatórias para a região.
As imunoglobulinas são formadas por uma região variável de
ligação ao antígeno (região V) e uma parte constante (região C), que
participa da função efetora e não varia entre as diferentes classes de
imunoglobulinas. Estruturalmente são formadas por duas cadeias
leves (L-light-leve), idênticas e duas cadeias pesadas (H- heavy-
pesado), também idênticas entre si, ligadas por pontes dissulfídicas.
O número exato e as posições destas pontes entre as cadeias diferem
entre as classes e subclasses de imunoglobulinas. Além disso, ambas
as cadeias, leves e pesadas, possuem uma região variável e outra
constante. A estrutura de cada uma das classes de imunoglobulinas está
representada na figura 4.
DEFINIÇÃO
Opsonização é um termo usado em imunologia que
se refere ao processo de fixar opsoninas (anticorpos e
moléculas do sistema complemento) na superfície da
bactéria, permitindo que ocorra o reconhecimento dessa
pelas células imunológicas.
RESUMINDO
E então? Conseguiu relembrar os mecanismos básicos
do processo imunológico? Para podermos avançar em
imunologia clínica, vamos agora fazer um resumo dos
principais tópicos deste capítulo. Iniciamos fazendo uma
visão geral sobre os mecanismos envolvidos na resposta
imune inata: barreira físico-química, células fagocíticas,
alguns linfócitos, proteínas plasmáticas, células dendríticas
e natural killers; e na resposta adquirida: os linfócitos T e B e
seus anticorpos. Falamos sobre as etapas da resposta imune,
que envolvem reconhecimento do antígeno patogênico,
ativação da resposta inflamatória, controle da invasão
e retorno a homeostase. Abordamos sobre os tecidos
linfoides primários, importantes da produção e maturação
de leucócitos e linfócitos e sobre os tecidos linfoides
secundários, onde ocorre a apresentação do antígeno aos
linfócitos. Vimos que o complexo de histocompatibilidade,
formado pela expressão do sistema HLA, está dividido em
4 classes, responsáveis pela apresentação do antígeno (I
e II) e pelas codificações de outras proteínas associadas à
resposta imune (III e IV). Revisamos sobre a resposta imune
mediada por células, que envolve a ativação de células T
CD4+ e T CD8+ pelo antígeno e a posterior diferenciação
dessas em CD4+Th1 e CD4+Th2 e linfócitos citolíticos.
Também estudamos sobre a diferenciação dos linfócitos
B em plasmócitos secretores de anticorpos, que ocorre
na resposta imune humoral, assim como a estrutura e
diferentes classes das imunoglobulinas.
Microbiologia e Imunologia Clínica 19
OBJETIVOS
Neste capítulo, abordaremos os principais mecanismos
de resposta imunológicas às ações dos vírus, bactérias,
protozoários e helmintos que parasitam o organismo
humano. Você aprenderá sobre as diferenças e semelhanças
na resposta inata e adaptativa do sistema imunológico para
cada um desses patógenos. Então, vamos adiante!
ACESSE
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts
desenvolveram uma nova técnica que parece promissora
para vencer a AIDS e outras doenças infecciosas. A técnica
consiste em injetar proteínas do vírus HIV ou de outro vírus
de interesse dentro dos linfócitos B. Essas células passarão
a produzir anticorpos específicos à essas proteínas.
Para saber mais, acesse: http://www.nanocell.org.br/
nova-tecnica-ajudar-a-vencer-a-aids-e-outras-doencas-
infecciosas/ (acesso em: 15/01/20).
Microbiologia e Imunologia Clínica 21
VOCÊ SABIA?
O choque séptico é uma das consequências graves da
infecção por bactérias extracelulares Gram-negativas
e Gram-positivas. Esse é caracterizado pelo colapso
circulatório e coagulação intravascular disseminada.
Na fase inicial do choque, os macrófagos são ativados
por componentes da parede bacteriana, como os
lipopolissacarídeos (LPS) e peptideoglicanos e passam a
liberar uma grande quantidade de citocinas inflamatórias.
A presença do fator de necrose tumoral (TNF) e de
interleucinas, como a IL-6 e IL-1, contribuem para a
tempestade de citocinas associada à essa patologia. Nas
fases seguintes, ocorre depleção ou supressão de linfócitos,
resultando em disseminação microbiana não controlada.
Fonte: ABBAS, e col., Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed.
22 Microbiologia e Imunologia Clínica
IMPORTANTE
A ativação de macrófagos através das células CD4+
também pode causar lesão tecidual, manifestada pela
reação de hipersensibilidade tardia (DTH ou HT), assim
como as observadas nas infecções virais e em outros
agentes infecto parasitários.
Microbiologia e Imunologia Clínica 23
Controle da infecção
Células T
Células
NK
CD40L,
IL-12 IFN-γ IFN-γ
Erradicação
da infecção
Neutrófilos Macrófagos Macrófagos
Imunidade inata Imunidade adaptativa
0 7 14
Dias após a infecção
IMPORTANTE
As infecções crônicas normalmente estão associadas
com produção reduzida de IFN- γ pelas células NK e
provavelmente explicam a alta incidência de tuberculose e
toxoplasmose em pacientes com AIDS, os quais possuem
números reduzidos de células T CD4+.
26 Microbiologia e Imunologia Clínica
RESUMINDO
Ufa, acabamos essa unidade. Como foi estudar todos
esses mecanismos do processo imunológico? Para facilitar
seu aprendizado, vamos agora ao nosso resumo. Nós
iniciamos falando sobre a resposta imunológica aos vírus,
onde a estimulação por IFN representa um dos principais
mecanismos de resposta inata. A resposta imunológica
adaptativa à infecção por vírus não citopático é mediada,
principalmente por células CTLs, enquanto a resposta
a vírus citopáticos é mediada por anticorpos, sendo a
fagocitose desempenhada pelos macrófagos, a fase final
desse processo. Com relação à resposta imune contra
bactérias, são necessárias estratégias de neutralização
às bactérias e suas toxinas. Para bactérias extracelulares,
temos a importância do sistema complemento, na resposta
inata e das células CD4+Th2 na imunidade adaptativa. Em
se tratando de bactérias intracelulares, o papel do sistema
NK-IFN-γ-macrófagos e da resposta mediada por células
CD4+Th1 e CD8+ torna-se fundamental. A resposta à infecção
parasitária é bastante complexa e depende da natureza
e fase evolutiva do parasita. Nesse caso, a resposta inata
frequentemente torna-se insuficiente; em caso de parasitas
intracelulares, há predomínio de resposta mediada por
CD4+Th1, enquanto para parasitas extracelulares a resposta
é mediada por CD4+Th2.
Microbiologia e Imunologia Clínica 27
OBJETIVOS
O objetivo deste capítulo é entender os aspectos
imunológicos associados à anafilaxia e urticária, além de
estudar sobre outras alergias, como alergias a fármacos e a
alimentos, compreendendo os diferentes tipos de reações
de hipersensibilidade. E então? Vamos lá?
VOCÊ SABIA?
Em 1993, descobriram que a febre-dos-fenos (rinite
alérgica) era causada pelo pólen, após isso, descobriram
que as reações alérgicas eram produzidas através de uma
substância presente no sangue.
VOCÊ SABIA?
Alérgeno é a substância que provoca reação alérgica nas
pessoas, são antígenos não parasitas capazes de estimular
respostas em indivíduos alérgicos.
28 Microbiologia e Imunologia Clínica
DEFINIÇÃO
As citocinas são proteínas produzidas por leucócitos que
produzem a resposta imune.
Anafilaxia sistêmica
Esse tipo de anafilaxia ocorre logo após a reação, similar a um
choque. Os seus sintomas são graves e pode ser letal. Muitos são os
antígenos capazes de provocar essa reação, como venenos advindos de
abelha, vespa, vespão ou formiga; drogas como penicilina ou insulina;
frutos secos e mariscos. Os principais sintomas são respiração ofegante,
pressão arterial baixa, constrição gastrointestinal e bronquial, edemas e
choque.
IMPORTANTE
Quando uma pessoa tem esse tipo de reação, ela precisa
ser tratada rapidamente, pois os sintomas se agravam e
pode levar a morte.
Microbiologia e Imunologia Clínica 31
Anafilaxia local
Nessa anafilaxia, a reação é limitada a um tecido ou órgão. É
uma reação que ocorre devido a hereditariedade e inclui asma, rinites
alérgicas, dermatites atópicas e alergias alimentares. A asma pode ser
provocada por alérgenos do ar ou alérgenos transportados pelo sangue,
como pólen, poeira, fumo, produtos de insetos ou antígenos virais. A
crise asmática também pode ser induzida pelo frio ou por exercícios
físicos, independente da estimulação de alérgenos. A resposta asmática
pode ser dividida em resposta antecipada e resposta retardada, sendo
que a resposta antecipada ocorre após a exposição ao alérgeno e
envolve histaminas, enquanto a resposta retardada ocorre horas após
a exposição e envolve mediadores adicionais, como interleucinas. Os
sintomas mais comuns são: edema e respiração ofegante.
As reações do tipo I são identificadas através de testes na pele.
Esses testes funcionam da seguinte maneira: pequenas porções de
alérgenos são introduzidas na pele e então se observa se a pessoa terá
reação. Se a pessoa for alérgica a algum alérgeno, a desgranulação dos
mastócitos e liberação de mediadores provocarão uma mancha em
menos de 30 minutos.
NOTA
A vantagem desse teste é que pode identificar vários
alérgenos ao mesmo tempo, porém, também pode
provocar um choque anafilático ou provocas novas alergias.
células alvos para que a histamina não se ligue. Existem outras drogas
que bloqueiam a liberação dos mediadores.
IMPORTANTE
As lesões causadas pelas reações do tipo IV podem ser
irreversíveis, como rejeição de transplantes e alergias
cutâneas.
SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o
acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento:
Artigo: “Imunopatologia da dermatite de contato alérgica”
(MARTINS & REIS), acessível pelo link http://www.scielo.br/
pdf/abd/v86n3/v86n3a01.pdf (Acesso em 12/01/2020).
34 Microbiologia e Imunologia Clínica
RESUMINDO
Durante esse capítulo vimos que existem reações
imunológicas que ocorrem no nosso organismo, de forma
diferente das que ocorrem normalmente. Essas reações,
que são conhecidas como reações de hipersensibilidade,
podem ocorrer de diversas maneiras. Você aprendeu que
essas reações podem ser classificadas em quatro tipos,
sendo que a primeira é mediada por IgG, a segunda por
IgM/IgG, a terceira por imunocomplexos e a quarta é
tardia (DTH). Conheceu sobre as principais alergias que
compõem cada grupo de reações e os alérgenos que as
causam. Aprendeu sobre os mecanismos imunológicos e
as células envolvidas em cada uma. Viu que existem testes
que podem ser feitos para identificar os alérgenos e que
existem formas de tratar, seja com medicamentos ou com
terapias. Enfim, conheceu um pouco sobre a imunologia
das alergias e das reações que ocorrem quando uma
substância entra em contato com o nosso corpo, seja
através de alimentos, medicamentos, pólen, venenos de
insetos, entre outros.
Microbiologia e Imunologia Clínica 35
Doenças autoimunes
OBJETIVOS
Ao final deste capítulo, você será capaz de ter o
conhecimento básico da imunologia e fisiopatologia das
principais doenças autoimunes. Então vamos lá finalizar
essa unidade com chave de ouro!
VOCÊ SABIA?
Algumas doenças autoimunes são mais frequentes em
mulheres.
VOCÊ SABIA?
Os gêmeos idênticos possuem uma prevalência maior das
doenças autoimunes quando comparados aos gêmeos não-
idênticos, ou seja, existe a influência dos fatores genéticos.
Fonte: https://www.researchgate.net/profile/Isabela_Wastowski2/publication/236221011_
Patogenia_das_Doencas_Auto-Imunes/links/02e7e517186ca80139000000/Patogenia-das-
Doencas-Auto-Imunes.pdf.
Miastenia Grave
Essa doença é caracterizada pelo surgimento de debilidade
muscular devido a uma anormalidade na funcionalidade da junção
neuromuscular. O sistema imune produz anticorpos que irão atacar os
receptores da junção neuromuscular e esses receptores são os que
recebem o impulso nervoso da acetilcolina, que é um neurotransmissor.
Os fatores genéticos são muito importantes para o surgimento dessa
doença e a mãe pode transmiti-la para o feto através da placenta.
DEFINIÇÃO
Miastenia neonatal é a condição onde há o surgimento da
debilidade muscular no recém-nascido, que desaparece
em poucos dias após o nascimento.
Diabetes Mellitus
Essa doença é muito comum e conhecida, caracterizada pela
elevação do nível de glicose no sangue, provocando hiperglicemia.
Sabe-se que a insulina possui função de metabolizar a glicose e é
produzida pelo pâncreas. Existem duas condições para a diabetes, que
é a diabetes do tipo 1 e do tipo 2. A diabetes do tipo 1 está relacionada
à destruição das células beta pancreáticas e é mais frequente em
crianças. Essa destruição pode ocorrer por um processo imunológico. A
diabetes do tipo 2 está associada a uma resistência insulínica, já que há a
produção da mesma pelas células beta pancreáticas, mas há um quadro
de resistência devido a sua ação estar dificultada.
VOCÊ SABIA?
Além desses dois tipos de diabetes, existe a diabetes
gestacional, que ocorre durante a gestação, podendo
terminar ao fim da gravidez.
Artrite reumatoide
A Artrite Reumatoide (AR) causa a inflamação crônica das articulações,
afetando as articulações menores no corpo (dedos, polegares, punhos, pés
e tornozelos). A natureza sistêmica da condição significa que também pode
afetar o corpo como um todo, incluindo os órgãos internos e o sistema
vascular. Na AR os processos inflamatórios focam no tecido que circunda
cada articulação (sinovial), levando ao edema e a danos na cartilagem e
ossos das articulações revestidas pela sinovial.
Microbiologia e Imunologia Clínica 41
Esclerose múltipla
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica que apresenta
desmielinização neuronal. Essa desmielinização é progressiva e
incapacitante. Essa doença não apresenta um padrão de evolução, porém
é possível identificar fases de exacerbação da atividade inflamatória,
pois elas se alternam com períodos de remissão ou progressão da
desmielinização ou pela combinação de ambos os quadros. É uma
doença imunomediada, onde ocorre uma resposta autoimune contra
vários antígenos presentes na mielina do sistema nervoso central. Na
fase inicial da doença, as lesões desmielinizantes são resultantes de
processos inflamatórios onde participam vários componentes do sistema
imune inato e adaptativo. As lesões imunes são ativadas e coordenadas
por linfócitos T auxiliares pró-inflamatórios juntos com células TH2
e T reguladoras. Além disso, participam deste processo células
apresentadoras de antígenos (macrófagos e micróglias), linfócitos T
citotóxicos e linfócitos B (que produzem anticorpos antimielina). A EM
é uma doença heterogênea e ainda não possui marcadores biológicos
conhecidos.
O tratamento das DAI deve ser baseado na avaliação dos
mecanismos patogênicos essenciais para as manifestações clínicas de
uma doença específica. Na patogênese da AR ocorre uma interação
complexa entre o sistema imune inato e adaptativo. Ou seja, em AR
há múltiplas formas de modulação ou supressão imunes eficazes. No
LES ocorre a sobreposição desses mecanismos patogênicos, sendo
apenas parcial. Algumas abordagens utilizadas no tratamento de AR
também são eficazes no tratamento de LES, porém, outras abordagens
podem agravar o LES. A complexidade das respostas imunes reflete
na diversidade das DAI e de seus mecanismos. Algumas condições
inflamatórias não necessitam de alterações na imunidade adaptativa,
pois são totalmente acionadas por mecanismos envolvidos em
respostas inatas, são chamadas de doenças auto inflamatórias e incluem
as síndromes de febre periódica.
42 Microbiologia e Imunologia Clínica
SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso
à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo:
“Doenças autoimunes e autoanticorpos em pacientes
pediátricos e seus parentes de primeiro grau com deficiência
de imunoglobulina” (FAHL et. al), acessível pelo link http://
www.scielo.br/pdf/rbr/v55n3/0482-5004-rbr-55-03-0197.
pdf (Acesso em 14/01/2020).
RESUMINDO
Durante esse capítulo conhecemos um pouco sobre as
doenças autoimunes. Você aprendeu que o nosso corpo
possui um sistema imunológico que funciona corretamente,
porém, podem haver falhas e o sistema pode se virar contra
ele mesmo. Entendeu que nosso sistema imunológico
consegue distinguir substâncias desconhecidas e
patógenos de componentes presentes no nosso
organismo. Aprendeu que quando ele não consegue fazer
isso e produz anticorpos contra o próprio organismo pode
gerar as doenças autoimunes. Entendeu que as doenças
autoimunes podem ser sistêmicas ou órgão-específicas.
Conheceu sobre os fatores ambientais, genéticos e
hormonais que podem influenciar no surgimento dessas
doenças. Percebeu que a causa delas, na maioria das
vezes, é desconhecida, por ser multifatorial ou por outros
fatores. Aprendeu sobre os mecanismos imunológicos
que ocorrem em diversas situações e conheceu também
um pouco sobre as principais doenças autoimunes que
acometem as pessoas.
Microbiologia e Imunologia Clínica 43
BIBLIOGRAFIA
ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S.; Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed.
Rio de Janeiro. Elsevier, 2015.
http://www.fiocruz.br/ioc/media/ConceitosMetodos_volume4.pdf
Lundy SK, PhD, Fox DA, MD, Gizinski A, MD. Introduction to clinical
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immunosuppressive therapeutics. ACP Medicine. 2015. (disponível em: http://
www.medicinanet.com.br/conteudos/acp-medicine/6726/introducao_a_
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https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/orgaos-
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http://home.uevora.pt/~sinogas/TRABALHOS/2002/imuno02_alergias.pdf
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uploads/2015/01/Alergia-e-Resposta-Imune-para-t%C3%A9cnicos-de-
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doen%C3%A7as-relacionadas-%C3%A0-hipersensibilidade/doen%C3%A7as-
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http://www.doencasdofigado.com.br/Autoimunidade.pdf
https://repositorio.hff.min-saude.pt/bitstream/10400.10/741/1/
DOEN%C3%87AS%20AUTO-IMUNES%20SIST%C3%89MICAS%20na%20
Medicina%20IV%20%281%29.pdf
44 Microbiologia e Imunologia Clínica
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condicoes_autoimunes_e_da_terap.htm