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Saúde Mental

e Assistência
Farmacêutica
Mariana Martins Garcia

Unidade 02

Estratégia de
saúde da família
e de atenção
psicossocial
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora
MARIANA MARTINS GARCIA
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
A AUTORA
MARIANA MARTINS GARCIA

Olá. Meu nome é Mariana Martins Garcia. Sou formada em


Farmácia pela Universidade Federal do Paraná, mestre em Ciências
Farmacêuticas pela mesma instituição. Já atuei em farmácia de
dispensação, farmácia hospitalar, prática clínica e manipulação de
nutrição parenteral e quimioterapia, além de ser palestrante e professora.
Passei por empresas com a Droga Raia, Hospital da Policia Militar,
Stiefel, CEQNEP, Equilibra. Atualmente sou professora conteudista para
instituições como a São Braz e a própria Telesapiens. Sou apaixonada
pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que
estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou
muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho.
Conte comigo!
ICONOGRAFIA
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha
de aprendizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do desen- houver necessidade
volvimento de uma de se apresentar
nova competência; um novo conceito;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações es-
necessários obser- critas tiveram que ser
vações ou comple- priorizadas para você;
mentações para o
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e inda-
algo precisa ser gações lúdicas sobre
melhor explicado o tema em estudo, se
ou detalhado; forem necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamento atenção sobre algo
do seu conhecimento; a ser refletido ou
discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoaprendi- volvimento de uma
zagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Dispositivos da saúde mental............................................11

O que são dispositivos da saúde mental..............................11

Unidades Básicas de Saúde................................................12

Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)...........................14

Centros de Convivência e Cultura......................................15

Programa “de Volta para Casa”..........................................16

Serviço Residencial Terapêutico (SRT)..............................18

Hospital-Dia.......................................................................19

Leitos de retaguarda em Hospitais Gerais (noturno/feriado/


final de semana).................................................................20

Unidades de Pronto-Atendimento (UPA)...........................21

Integração e redes sociais em saúde mental....................22

Conceito de redes sociais...................................................22

Mapa de redes sociais..............................................23

Importância das redes sociais em saúde mental..................26


Rede social no auxílio ao tratamento..................................28

Atenção e cuidado em saúde mental................................29

A relação familiar no passado.............................................29

A importância da relação familiar.......................................32

Dificuldades na inserção da família no cuidado..................34

O cuidado com o cuidador..................................................35

Matriciamento em saúde mental......................................37

O que é matriciamento em saúde mental............................38

Instrumentos do processo de matriciamento em saúde


mental ...............................................................................40

Elaboração do projeto terapêutico singular no apoio


matricial de saúde mental.........................................41

Interconsulta como instrumento do processo de


matriciamento.........................................................42

Dificuldades na implantação da equipe de apoio matricial......42


8 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

02
UNIDADE

ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA E DE ATENÇÃO


PSICOSSOCIAL
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 9

INTRODUÇÃO
Vimos na aula anterior que o movimento pela luta antimanicomial
levou a uma progressiva substituição do modelo manicomial por uma
rede de atenção em saúde mental composta de uma série de serviços
e ações de saúde mental integradas ao SUS e à Estratégia de Saúde da
Família (ESF) substituindo a internação por longa permanência. Dentre
os serviços e ações voltadas à saúde mental, o foco principal está na
substituição das instituições de longa permanência por atividades que
incluam esse paciente na sociedade a partir de uma Rede de Atenção em
Saúde Mental voltada para uma mudança de paradigmas e de práticas no
campo da saúde mental.
O conceito de redes sociais e sua importância nos cuidados da
saúde mental podem auxiliar o tratamento do paciente com transtornos
mentais. As redes sociais são os membros que fazem parte do convívio
de indivíduos na sociedade, sendo de grande importância de uma rede
social sólida e disponível para apoiar o paciente com transtornos mentais
e a necessidade de acompanhamento desses indivíduos também.
Continuando a importância da rede social, a família, como parte
da reinserção social do paciente, se torna importante para a evolução da
condição de saúde do indivíduo, principalmente como suporte social para
o paciente. Mas, não apenas o paciente necessita de acompanhamento,
a família e, principalmente, o cuidador necessitam de apoio para poder
exercer suas funções sem sobrecarregar-se.
Por fim, vamos conhecer sobre a equipe de apoio matricial, uma
ferramenta de auxílio para a atenção básica de identificar e acompanhar
pacientes com transtornos mentais. Dando para dar suporte para a unidade
básica para identificar casos que necessitam de um acompanhamento
mais específico e especializado.
Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste
universo!
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OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:

1. Conhecer os dispositivos relacionados à saúde mental;


2. Entender sobre a sobre as redes sociais em saúde mental
3. Compreender a atenção e cuidado em saúde mental;
4. Conhecer sobre o matriciamento em saúde mental.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
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Dispositivos da saúde mental


INTRODUÇÃO
Como vimos na aula anterior, o movimento pela luta
antimanicomial levou a uma progressiva substituição por
uma rede de atenção em saúde mental composta de uma
série de serviços e ações de saúde mental no Sistema de
Saúde. Nesta aula vamos conhecer melhor essas ações,
como são realizadas, de que forma são integradas ao SUS e
à Estratégia de Saúde da Família (ESF) e como substituem a
internação por longa permanência. Pronto para aprofundar
seu conhecimento? Então vamos lá!

O que são dispositivos da saúde mental


A reforma psiquiátrica no Brasil aconteceu e ainda acontece,
de forma lenta, porém, tendo a desinstitucionalização como principal
vertente levando a construção de outras estruturas para tratamento das
pessoas com sofrimento psíquico. Esse processo foi viabilizado pela
Lei 10.216/2001 garantindo a proteção e os direitos das pessoas com
transtornos mentais, redirecionando o modelo assistencial em saúde
mental.
Com esse redirecionamento se tornou necessário modificar
as ações e serviços de saúde mental, por meio de um conjunto de
atividades capazes de oferecer condições amplas à recuperação dos
indivíduos, para neutralizar os efeitos da doença e das internações
psiquiátricas sucessivas. A reabilitação acontece por meio de uso de
recursos individuais, familiares e da comunidade, dando ao indivíduo
oportunidade para a restituição da identidade pessoal, social e a
autonomia.
A Lei 10.216/2001 estabelece que essa reabilitação deve
acontecer em base comunitária e próximo ao convívio com a família
e a sociedade. Para isso, foram criados equipamentos e dispositivos
em saúde mental ou serviços substitutivos, os quais são chamados os
serviços de atendimento em saúde mental na comunidade, formando
uma rede de atendimento psicossocial.
12 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

DEFINIÇÃO
Esses serviços substitutivos são um conjunto de dispositivos
sanitários e socioculturais para a integração das várias
áreas da vida do indivíduo, como educação, assistencial e
de reabilitação.

Cada município deve determinar suas ações e serviços de saúde


mental baseadas em processos coletivos garantindo o direito ao acesso
à atenção em saúde mental e aos programas existentes. Esses serviços
fazem parte da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) sendo responsável
pela articulação desses serviços. Dentre eles estão: Unidades Básicas de
Saúde; Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); Centros de Convivência
e Cultura; Unidades de Pronto-Atendimento (UPA); Serviço Residencial
Terapêutico (SRT); leitos de retaguarda em Hospitais Gerais (noturno/
feriado/final de semana); Programa “de Volta para Casa”; Hospital-Dia;
grupos de Produção; ações intersetoriais; mobilização; controle social e
a desconstrução do Hospital Psiquiátrico.
Entendendo quais são os dispositivos e como eles funcionam
conseguimos entender melhor o processo de cuidado do paciente com
transtornos mentais. Por isso, vamos conhecer os principais dispositivos
da saúde mental. (FIGUEIREDO & CAMPOS, 2009; ZAMBENEDETTI,
2009)

Unidades Básicas de Saúde


A Atenção Básica teve, e ainda tem, um papel importante no
processo da reforma psiquiátrica, pois, é por meio da Atenção Básica
de Saúde que se estrutura a rede de atendimento à saúde mental
principalmente em municípios pequenos. Isso porque, municípios com
menos de 20 mil habitantes não dispõem de serviços substitutivos ao
hospital psiquiátrico, tais como: os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), leitos em hospitais
gerais e Ambulatórios. Dessa forma a Atenção Básica se torna responsável
por organizar e desenvolver o atendimento a esses pacientes com o
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 13

objetivo de acolher e estabelecer vínculos terapêuticos. Nesses casos,


o médico da equipe de ESF deve ser generalista com capacitação em
saúde mental e deve dispor de um técnico de saúde mental, de nível
superior, para desenvolvimento do apoio matricial que é de extrema
importância no acompanhamento do paciente.
O atendimento central da Atenção Básica acontece nas Unidades
Básicas de Saúde (UBS), e o acompanhamento dos pacientes com
transtornos mentais, está vinculado às ações e serviços da Equipes
de Estratégia de Saúde da Família (ESF), isso para se fazer um
acompanhamento não apenas de consultas, mas também verificando o
convívio desse indivíduo na família e na sociedade. Dessa forma, se torna
um campo de práticas e de produção de novos modelos de cuidado em
saúde mental, tendo como proposta os cuidados dentro dos princípios
da integralidade, da interdisciplinaridade, da intersetorialidade e da
territorialidade, que são princípios do SUS.

REFLITA
Sabemos da necessidade do acompanhamento dos
pacientes com transtornos mentais, e que a Estratégia de
Saúde da Família é de extrema importância, mas, sabendo
que esse perfil de paciente deve ter um cuidado mais
especializado como os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), será que a ESF dos municípios pequenos tem
estrutura para isso? Em contrapartida, será que em
uma população pequena ter essa estrutura não afetaria
financeiramente as demais ações e serviços de saúde?

Nos casos mais graves, equipe presta o atendimento a paciente, e é


responsável pelo controle e, algumas vezes, pela aplicação da medicação
juntamente com a avaliação médica e acompanhamento psicológico.
Nos demais casos o controle e aplicação são responsabilidade do
próprio paciente ou responsável, isso porque entende-se que ele é
capaz desse autocuidado.
Dentre as atividades da equipe está a visita domiciliar, a qual é
definida como instrumento de realização da assistência domiciliar, sendo
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constituída pelo conjunto de ações para viabilizar o cuidado as pessoas


com algum nível de alteração no estado de saúde (dependência física
ou emocional) ou para realizar atividades vinculadas aos programas de
saúde. Para isso, a equipe de saúde da família cabe reconhecer quando
o núcleo familiar precisa de apoio além de entender que a família tem
o papel fundamental para o bom desenvolvimento do cuidado ao
paciente. (AOSANI & NUNES, 2013; CORREIA, 2011)

Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)


Segundo o Ministério da saúde, os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS) tem como definição:

DEFINIÇÃO
são pontos de atenção estratégicos da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS): serviços de saúde de caráter aberto e
comunitário constituído por equipe multiprofissional e que
atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente
atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno
mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes
do uso de álcool e outras drogas, em sua área territorial,
seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação
psicossocial e são substitutivos ao modelo asilar.

Esses centros tem como objetivos não apenas o atendimento


médico e psicológico, mas também a atenção na rede de cuidados
à saúde mental garantindo o acesso e a equidade, levando direito e
autonomia aos pacientes por meio da assistência realizada por equipe
multidisciplinar. Dessa forma, essa equipe é baseada em um trabalho
comunitário, humanizador e reintegrador do ser humano no contexto
social, trazendo novo significado individual e social para os usuários
desses serviços.
As atividades são desenvolvidas por intermédio de Projeto
Terapêutico Singular (PTS) estando relacionados com a equipe, o
indivíduo e a família, dessa forma, o PTS acaba sendo individualizado de
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 15

acordo com as necessidades do paciente.


É importante que a estrutura do CAPS, independente da
modalidade, seja acolhedor, remetendo ao convívio em casa e com a
família, para que seja atrativo ao paciente para ser possível acompanhar
o usuário, em sua história, cultura, projetos e vida cotidiana indo
além do próprio serviço, sendo também um suporte social, saberes
e recursos dos territórios. Apesar de serem individualizadas não
são, necessariamente, individuais, algumas dessas ações são coletivas,
outras junto com as famílias e ainda ações voltadas para as famílias.
Até aqui entendemos de forma superficial as ações e serviços
do CAPS, mas teremos uma aula para tratar esse tema com mais
detalhes, por isso, vamos para os próximos dispositivos da saúde mental.
(LEAL & ANTONI, 2013; MS, Centros de Atenção Psicossocial e Unidades
de Acolhimento como Lugares da Atenção Psicossocial nos Territórios,
2015; RIBEIRO, 2018).

Centros de Convivência e Cultura


A partir de uma avaliação dos profissionais responsáveis pelo
paciente, é importante que o tratamento tenha continuidade em
outros dispositivos, e o Centro de Convivência e Cultura é considerado
um dispositivo potente e efetivo na inclusão social dos pacientes em
tratamento.

DEFINIÇÃO
os Centros de Convivência e Cultura foram definidos pela
Portaria 396/2005 como “dispositivos componentes da
rede de atenção substitutiva em saúde mental, onde são
oferecidos às pessoas espaços de sociabilidade, produção
e intervenção na cidade” e, posteriormente pela Portaria nº
3.088 de 2011/2014 como “unidade pública, articulada às
Redes de Atenção à Saúde, em especial à Rede de Atenção
Psicossocial, onde são oferecidos, em geral, espaços
de sociabilidade, produção e intervenção na cultura e na
cidade.
16 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

Nestes centros, as pessoas da comunidade têm a liberdade para


se reunir livremente, com a finalidade de socialização para construírem
juntas, espaços de lazer, trabalho, saúde, cultura, entretenimento,
inclusão social, além da possibilidade de discussões sobre problemas
de sua comunidade sendo, dessa forma, alternativa de socialização
de pessoas com transtornos mentais, base do conceito da Reforma
Psiquiátrica.
Esse espaço permite a interação de grupos muitas vezes
discriminados pela sociedade, como dependentes químicos, idosos,
pessoas com algum tipo de deficiência física e pessoas com transtornos
mentais tendo como característica a participação voluntária sem controle
de frequência ou prontuários médicos.

SAIBA MAIS
É possível encontrar dissertações de mestrado e teses
de doutorados que descrevem um mapa territorial da
quantidade de Centros de Convivência e o número de
pessoas que utilizam esse espaço, além de estudos
descrevendo a implantação desses centros em algumas
cidades. Dentre eles estão a dissertação de Ferreira,
2014 utilizado como referência nessa aula. Vale a pena a
leitura! (MS, Saúde Mental no SUS: Acesso ao Tratamento
e Mudança do Modelo de Atenção, 2007; FERREIRA, 2014)

Programa “de Volta para Casa”


Esse programa criado pelo Ministério da Saúde “tem por objetivo
a inserção social de pessoas acometidas de transtornos mentais,
incentivando a organização de uma rede ampla e diversificada de
recursos assistenciais e de cuidados” (MS, Programa de volta para casa:
Liberdade e cidadania para quam precisa de cuidados em saúde mental,
2003).
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 17

SAIBA MAIS
O Ministério da Saúde, na cartilha elaborada em 2008
“Mostra Fotográfica Programa De Volta para Casa”, descreve
que o Programa de Redução de Leitos Hospitalares
de Longa Permanência em conjunto com os Serviços
Residenciais Terapêuticos e o Programa De Volta para
Casa formam o tripé essencial para o efetivo processo de
desinstitucionalização e resgate da cidadania das pessoas
acometidas por transtornos mentais submetidas à privação
da liberdade nos hospitais psiquiátricos brasileiros.

Para que o município possa participar desse programa deve ser


acompanhado através de Comissão de Acompanhamento do Programa
"De Volta para Casa", constituída pelo Ministério da Saúde, cujas
responsabilidades são:
• Elaborar e pactuar as normas aplicáveis ao programa e
submetê-las ao Ministério da Saúde;
• Pactuar a definição de municípios prioritários para habilitação
no programa;
• Ratificar o levantamento nacional de clientela de beneficiários
em potencial do programa;
• Acompanhar e assessorar a implantação do programa.
A Lei no 10.708/2003 regulamenta o auxílio-reabilitação
psicossocial para pacientes acometidos de transtornos mentais
egressos de internações, atualmente esse valor pago mensalmente é
de R$ 412,00, por um ano, podendo ser renovado pelo tempo necessário
para a reintegração social do paciente.
Para que o paciente possa ser incluído no programa e se
beneficiar com o auxílio-reabilitação é necessário que esteja de alta
hospitalar, sendo acompanhado por um Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS) ou outro serviço de saúde do município onde passará a residir.
Além do acompanhamento por uma equipe de profissionais encarregada
de prover e garantir a atenção psicossocial e apoiá-lo em sua integração
ao ambiente familiar e social. Entre os serviços do CAPS que esse
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paciente pode estar participando engloba o Serviço Terapêutico


que vamos ver a seguir. (MS, Programa de volta para casa: Liberdade
e cidadania para quam precisa de cuidados em saúde mental, 2003;
BRASIL, LEI No 10.708, DE 31 DE JULHO DE 2003., 2003)

Serviço Residencial Terapêutico (SRT)

DEFINIÇÃO
segundo a Portaria nº 3.588, de 21 de dezembro de 2017:
Entende-se como Serviços Residenciais Terapêuticos
(SRT) moradias inseridas na comunidade, destinadas a
cuidar dos portadores de transtornos mentais crônicos
com necessidade de cuidados de longa permanência,
prioritariamente egressos de internações psiquiátricas e de
hospitais de custódia, que não possuam suporte financeiro,
social e/ou laços familiares que permitam outra forma de
reinserção.

Esse serviço surge com a proposta de acolher os egressos ou não


de hospitais psiquiátricos, em geral sem suporte familiar, não tem condições
de garantia de espaço adequado de moradia. Tem por objetivo ajudar o
paciente a ressocializar, resgatar a autonomia e incentivá-los a assumir uma
posição de agentes ativos de produção de vida. Essas moradias, inseridas
em espaço urbano, podem alojar de um a oito pacientes necessitando de um
profissional de nível médio capacitado por uma equipe de referência como
cuidador além do ter suporte garantido pelo Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS), a Estratégia Saúde da Família (ESF), ou outros serviços de saúde)
caracterizando a interdisciplinaridade.
Na transição entre a hospitalização de longa permanência e a luta
antimanicomial esse serviço foi de extrema importância como serviço
intermediário dos pacientes que já estavam por anos internados e iniciariam
seu convívio com a sociedade novamente. Essa reestruturação levou a
diminuição do repasse de recursos aos hospícios e aumento de recursos
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 19

para os serviços residenciais terapêuticos, como descrito na Portaria


106/2000 “a cada transferência de paciente do Hospital Especializado para
o Serviço de Residência Terapêutica, deve-se reduzir ou descredenciar do
SUS, igual nº de leitos naquele hospital”. Dessa forma, é considerado um
facilitador do processo de desospitalização e um operador da substituição
da hospitalização. (FONSÊCA, 2018; MASSA & MOREIRA, 2019; WEBER, 2018)

Hospital-Dia
DEFINIÇÃO
Regime de Hospital Dia a assistência intermediária entre a
internação e o atendimento ambulatorial, para realização
de procedimentos clínicos, cirúrgicos, diagnósticos e
terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente
na Unidade por um período máximo de 12 horas. (MS,
PORTARIA Nº 44, DE 10 DE JANEIRO DE 2001, 2001)

Para se implantar esse programa é necessário que tenha uma


área específica, independente da estrutura hospitalar, com áreas para
atividades em grupo, área externa, leitos para repouso eventual e
ambiente para refeições. Deve ter uma equipe multiprofissional atuando
cinco dias na semana (segunda a sexta-feira) com carga horária de oito
horas por dia de forma que atenda à população de uma área geográfica
definida, para facilitar o acesso do paciente à unidade assistencial sendo
integrada à rede hierarquizada de assistência à saúde mental. (MS,
PORTARIA Nº 44, DE 10 DE JANEIRO DE 2001, 2001).
Com uma equipe multiprofissional avalia a necessidade de cada
paciente e inclui atividades como:
• Atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de
orientação, dentre outros);
• Atendimento grupal (psicoterapia, grupo operativo, atendimento
em oficina terapêutica, atividades socioterápicas, dentre outras);
• Visitas domiciliares;
• Atendimento à família;
20 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

• Atividades comunitárias visando trabalhar a integração do


paciente mental na comunidade;
• Inserção social.

Leitos de retaguarda em Hospitais Gerais


(noturno/feriado/final de semana)
Os leitos de Saúde Mental em Hospitais Gerais são componentes da
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), porém, não deve ser considerado
como um ponto de atenção isolado, mas complementar aos demais
serviços da Atenção à Saúde Mental. Trata-se de um componente de
urgência e emergência para garantir acesso dos usuários à tecnologia
hospitalar, particularmente no manejo do cuidado às intercorrências
clínicas, pois os serviços extra-hospitalares nem sempre dispõem de
uma estrutura que ofereça agilidade para esse tipo de atendimento.
São considerados um ponto estratégico para fortalecimento da
RAPS, devendo ser bem localizado em vários municípios, de fácil acesso
com propostas de intervenções breves e acesso a recursos clínicos
multidisciplinares diferentemente do que ocorre no Hospital Psiquiátrico.
Contribuindo para a diminuição do estigma do transtorno mental e propicia
práticas de cuidado mais transparentes, associado a uma integração efetiva
entre as equipes de profissionais, sendo utilizado principalmente para o
manejo do paciente com transtorno mental em crise que necessitem de
internamento. (BARROS, TUNG, & MARI, 2010; SES, 2016)

Figura 1 - Leito de hospital

Fonte: Freepik
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 21

Unidades de Pronto-Atendimento (UPA)


A procura pelas Unidades de Pronto-atendimento tem como
principal motivo o atendimento psiquiátrico de emergência, em geral,
com sintomas de agitação psicomotora e/ou agressividade. Sendo
indispensável a intervenção imediata da equipe multiprofissional,
adequadamente treinada, com o intuito de evitar maiores prejuízos à
saúde do indivíduo, ou possíveis riscos à sua vida ou à de terceiros.
No momento do atendimento é realizado uma triagem para verificar
a necessidade e a duração de internamento, ou se é possível estabilizar
e instituir o tratamento de casos agudos, isso de forma rápida e ágil,
buscando caracterizar aspectos diagnósticos, etiológicos e psicossociais
do quadro apresentado pelo paciente. Além disso, proporciona suporte
psicossocial, podendo ser considerado uma porta de entrada do
paciente da rede de atenção à saúde mental e organizando o fluxo das
internações, reduzindo as admissões hospitalares desnecessárias e
possibilitaram uma melhor comunicação entre as diversas unidades do
sistema de saúde. (BARROS, TUNG, & MARI, 2010; SOUZA, 2017)
E então? Gostou do tema trabalhado? Vimos os principais serviços
e ações voltadas à saúde mental, com foco principal na substituição
das instituições de longa permanência por atividades que incluam esse
paciente na sociedade a partir de uma Rede de Atenção em Saúde Mental.
Mas é importante destacar que vai além do simples deslocamento dos
espaços de cuidado, está relacionado a uma complexa mudança de
paradigmas e de práticas no campo da saúde mental.
22 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

Integração e redes sociais em saúde


mental
INTRODUÇÃO
Vamos conhecer agora o conceito de redes sociais, sua
importância nos cuidados da saúde mental, como podem
auxiliar o tratamento do paciente com transtornos mentais,
além da importância dessa rede social do indivíduo
participar de ações e serviços voltadas ao tratamento
desse transtorno.

Conceito de redes sociais


IMPORTANTE
Na literatura não há um consenso na utilização do termo
“rede social”, por isso, quando você for aprofundar seus
conhecimentos nessa área, pode deparar-se com o termo
“rede social significativa”, “rede social de apoio”, “redes
comunitárias” ou “redes de suporte” todos eles tendo a
mesma ideia de relação entre indivíduos na sociedade.

Desde o início da vida, o ser humano participa de grupo social,


uma trama interpessoal que os molda e contribui para moldar a seu
grupo social futuro. Trata-se do conjunto de pessoas com quem esse
indivíduo de maneira regularmente, com quem conversa e troca sinais.
Essa experiência ajuda a constituir a própria identidade, que se constrói
e reconstrói constantemente durante a vida com base na interação com
os outros tronando-se parte intrínseca da identidade de cada indivíduo.
A rede microssocial que o indivíduo faz parte contribui de maneira
significativa para gerar suas práticas sociais e a visão do mundo e de si
mesmos sendo parte crucial da própria identidade e evolui ao longo da
vida. Além disso, as mudanças nas redes sociais são consideradas um
marcador para os diversos períodos do ciclo da vida, sendo causa e
efeito das contínuas transformações do indivíduo.
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 23

Dessa forma, podemos dizer que a rede social é um grupo de


pessoas, membros da família, amigos, vizinhos e outras pessoas, com
capacidade de ajudar e apoiar a um indivíduo ou família. Correspondendo,
assim, ao nicho interpessoal da pessoa e contribuindo para seu próprio
reconhecimento como indivíduo e para sua autoimagem. As pessoas
que compõe essa rede, são todas as pessoas que o indivíduo considera
significativas no universo relacional no qual está inserido. (MORE C. ,
2005; UBER & BOECKEL, 2014).

IMPORTANTE
O termo “Redes Sociais” é encontrado hoje como
estruturas VIRTUAIS onde pessoas ou empresas se
relacionam através de conteúdos e mensagens diretas ou
postadas na internet, mas vale lembrar que esse conceito
é mais amplo e vai além da web. Rede no seu conceito
amplo pode designar comunicar, interligar ou distribuir
e quando falamos de rede social, estamos descrevendo
a comunicação ou interligação entre os indivíduos da
sociedade. Apenas para não confundir: em nosso estudo,
estamos falando da comunicação diretamente entre os
indivíduos da sociedade.

Mapa de redes sociais


A rede social de um indivíduo pode ser registrada em forma
de “mapa mínimo” o qual inclui todos os indivíduos que determinada
pessoa interage.
É constituído por um diagrama formado por três círculos
concêntricos dividido em quatro quadrantes:
• Família;
• Amizades;
• Relações de trabalho ou escolares, (companheiros de trabalho
e ou de estudos);
• Relações comunitárias, de serviços (exemplo, serviços de
saúde) ou de credos.
24 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

O círculo interno representa as relações mais íntimas consideradas


pelo indivíduo, seja da família ou de amizades. O círculo intermediário
registra as relações com menor grau de relacionamento (relações sociais
ou profissionais ou familiares) e o círculo externo registra as relações
ocasionais (tais como conhecidos de escola ou trabalho, familiares mais
distantes, vizinhos).

Figura2 - Mapa de rede social

Fonte: Autor

Esse registro é específico do momento atual ou situação


vivenciada pelo indivíduo, e só terá importância se realizada e avaliada
da forma correta. Para isso pode-se observar os seguintes aspectos:
• Tamanho: quantidade de pessoas que constituem a rede.
Redes muito pequenas são menos efetivas quando o indivíduo se
sente sobrecarregado ou em situações de tensão de longa duração, a
fim de poupar-se pode evitar contatos, da mesma forma, redes muito
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 25

numerosas podem não ser efetivas pois parte-se do pressuposto de


que o “outro” está cuidando do problema, dessa forma, as redes de
maior efetividade são as de tamanho médio;
• Densidade: qualidade da relação entre seus membros e o
quanto de influência que podem exercer no indivíduo;
• Composição ou distribuição: qual posição que cada membro
ocupa nos quadrantes;
• Dispersão: distância geográfica entre a pessoa e os membros
de sua rede;

Homogeneidade/heterogeneidade: variáveis como idade,
sexo, cultura e nível socioeconômico, que podem favorecer trocas ou
evidenciar tensões entre os membros e o indivíduo.
Outra análise que pode ser feita, diz respeito às funções dos
vínculos estabelecidos como de companhia social, de apoio emocional,
de guia cognitivo e de conselhos, de regulação social, de ajuda material
e de serviços e de acesso a novos contatos. Sendo que cada membro
pode estar relacionado a mais de um desses vínculos. Dessa forma é
possível perceber o tipo de interação que o indivíduo acompanhado
tem com sua rede social, entender quais são relevantes efetivamente
e de que forma esses membros podem auxiliar no tratamento e nas
atividades do indivíduo.

2.2 Redes sociais em saúde mental


Sempre que falamos sobre o cuidado de pacientes com
transtornos mentais comparamos os modelos atuais com os utilizados
antes da Reforma Psiquiátrica, pois, a necessidade de fazer diferente
que nos impulsiona à melhoria dos novos modelos de cuidados.
Por isso, vamos lembrar que a Reforma Psiquiátrica propõe
substituir o modelo asilar por um modelo de atenção baseado no convívio
com a comunidade, tendo o acompanhamento do tratamento dentro
do sistema de saúde, sendo os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
seus dispositivos estratégicos com prioridade na reinserção social e no
fortalecimento de vínculo dos usuários com a sociedade incentivando-o
na busca da construção da autonomia e cidadania.
26 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

Quando utilizamos o termo “redes sociais” na saúde mental,


estamos falando sobre o conjunto de todas as relações que circundam o
indivíduo e levando a interações interpessoais, não apenas na questão de
tratamento, mas de reconhecimento enquanto sujeito, para a construção
de identidade, para o sentimento de bem-estar, pertença e autonomia.
No momento em que integramos essas redes sociais, possibilitamos
que se organizem socialmente como uma estrutura descentralizada, em
que todos podem ocupar diferentes e distintas posições, dependendo
dos interesses e dos temas tratados. Para isso é importante que
essa rede seja diversificada para poder atender, ao menos, a maioria
dessas demandas. Sendo um sistema aberto, permitem, ao paciente,
aos membros da família ou da própria comunidade o benefício das
múltiplas relações estabelecendo e favorecendo seu desenvolvimento.
(BRUSAMARELLO & al, 2011; UBER & BOECKEL, 2014)

Importância das redes sociais em saúde


mental
O convívio social, em geral, leva ao paciente o entendimento da
sua inserção como indivíduo e sua importância para o desenvolvimento
da sociedade que está inserido. Entendendo que desempenha funções
importantes na vida dos sujeitos e na sociedade, auxiliando nas soluções
de problemas, oferecendo orientações e companhia.
Dessa forma, as redes sociais se tornam um dos principais recursos
que um sujeito dispõe referente ao apoio recebido e percebido, havendo
associação entre desenvolvimento humano saudável e qualidade das
redes sociais que um sujeito mantém. Por ser uma das chaves centrais
da experiência individual de identidade, competência, bem-estar e
autoria, incluindo os hábitos de cuidado de saúde e a capacidade de
adaptação em uma crise.
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 27

IMPORTANTE
Vale ressaltar que as redes sociais incluem o conjunto de
vínculos interpessoais que abrangem a vida de uma pessoa
contribuindo para a autoimagem do indivíduo. Dessa forma
podemos perceber a importância da desinstitucionalização
do tratamento psiquiátrico para o autoconhecimento do
paciente perante sua real situação e seu processo de
autocuidado. Com isso, notamos que os dispositivos da
saúde mental são extrema importância para a integração e
permanência do paciente nas redes sociais.

Muitas vezes, o sofrimento psíquico afasta o indivíduo do convívio


social, por isso, a reconstrução de um cotidiano com convívio social
torna-se um imprescindível suporte no tratamento a partir dos diversos
dispositivos de apoio e de solidariedade. Ganhando relevância na
reinserção e reabilitação do portador de transtorno mental na sociedade,
bem como no resgate de sua autonomia. Assim, os suportes sociais
percebidos e recebidos das pessoas significativas são fundamentais
para a manutenção da saúde mental, pois uma rede social fortalecida
ajuda o indivíduo a enfrentar situações estressantes, como uma doença
própria ou de algum familiar.
Quando essa rede social é estável, ativa e confiável o indivíduo
se sento protegido em sua vida diária, além de favorecer a construção e
manutenção da autoestima acelerando os processos de recuperação da
saúde.
Em contrapartida, se esse indivíduo permanece em uma
rede social que não proporciona suporte adequado sua fragilidade e
seu sentimento de insuficiência contribuem para a vulnerabilidade do
indivíduo podendo elevar o nível de doenças emocionais e físicas como
depressão, hipertensão arterial e obesidade. (BRUSAMARELLO & al,
2011; UBER & BOECKEL, 2014)
28 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

Rede social no auxílio ao tratamento


Quando o indivíduo se conscientiza de sua rede social de apoio e
do seu papel nas suas relações, tendem a mudar de comportamentos,
ampliam sua capacidade de enfrentar situações dolorosas e difíceis
além de melhorar sua autoestima ajudando a aumentar a possibilidade
de uma vida melhor, contribuindo promoção da saúde, favorecendo a
sua autonomia desse indivíduo com transtorno mental e seus familiares,
modificando sua posição em relação às intervenções.
Porém, vale ressaltar, que da mesma forma que a rede social
pode gerar benefícios ao indivíduo, depende da postura dos membros
pois, mesmo querendo dar suporte ao indivíduo, não tem conhecimentos
e habilidade para isso. Nesses casos, é de extrema importância o
acompanhamento desses membros, que em geral são familiares, para
garantir a melhora do paciente e evitar problemas aos demais membros
da família. Nos casos de pacientes envolvidos com drogas ilícitas e
álcool, os membros de sua rede, em geral, estão relacionados com
o problema e, dessa forma, acabam levando o indivíduo a recaídas,
nesses casos ou ocorre o afastamento do indivíduo, ou o tratamento
dos demais membros.

SAIBA MAIS
Estudos mostram que indivíduos com transtornos mentais
severos são quatro vezes mais propensos a não terem um
amigo mais próximo, e mais de um terço deles relatam
não ter ninguém a quem recorrer num momento de crise.
(MURAMOTO & MÂNGIA, 2011)

Nas intervenções terapêuticas desenvolvidas pelos profissionais de


saúde mental, é imprescindível a presença e o acionamento das redes sociais
do indivíduo. Primeiro por que o modelo existente não atende somente o
paciente, mas também auxilia à família com ações e intervenções terapêuticas.
Em segundo lugar, pela intervenção nas redes de suporte social, organizadas
no âmbito comunitário tendo um papel de destaque no contexto de programas
de reabilitação, prevenção e promoção da saúde dos indivíduos.
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 29

A variabilidade dos tipos de atendimento possíveis para pacientes


com transtornos mentais, como psicoterapia, visita domiciliar, atividades
de apoio social, etc.) vai depender da necessidade de cuidados à saúde
mental do paciente, das condições concretas de intervenção da equipe
multiprofissional e dos recursos terapêuticos disponíveis. O que permite
que os atendimentos sejam realizados de forma complementares é a
interligação profissional entre eles. (FILHO & NÓBREGA, 2004; MORE &
CREPALDI, 2012; MURAMOTO & MÂNGIA, 2011)
Vimos que redes socias são os membros que fazem parte do
convívio de indivíduos na sociedade como a família, os amigos, vizinhos,
colegas de trabalho, colegas de estudos, entre outros. Vimos, também, a
importância de uma rede social sólida e disponível para apoiar o paciente
com transtornos mentais e a necessidade de acompanhamento desses
indivíduos também. Além disso, a relação entre as pessoas auxilia no
desenvolvimento do paciente, e por essa razão as ações e atividades
em grupo se fazem tão importantes quanto a desinstitucionalização do
tratamento psiquiátrico.

Atenção e cuidado em saúde mental


INTRODUÇÃO
O cuidado em saúde mental não se restringe ao cuidado do
profissional da saúde. A família, como parte da reinserção
social do paciente, se torna importante para a evolução da
condição de saúde do indivíduo. Vamos entender como a
família era vista em relação aos transtornos mentais e qual
sua importância, junto com os profissionais da saúde para a
atenção e cuidado do paciente.

A relação familiar no passado


Nem sempre a família foi vista como uma instituição capaz de
acolher e cuidar de um indivíduo que está mentalmente adoecido.
Antes do capitalismo, o cuidado com o indivíduo era responsabilidade
da família, quando não havia quem o amparasse, esse indivíduo era
30 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

considerado uma questão pública ficando sob responsabilidade do rei


e seus auxiliares.
Com os avanços e as transformações da psicanálise no século
XX, a família começa a ser vista de forma negativa sendo culpabilizada
pelo surgimento de um portador de transtorno mental. Dessa forma, o
saber psiquiátrico procura afastar o paciente do ambiente familiar por
entender que esse ambiente, responsável pelo surgimento de sua
doença, o adoecerá ainda mais, iniciando a cultura do isolamento social.

IMPORTANTE
Existe outra vertente histórica, que justifica o procedimento
de isolamento como necessário para a proteger a família
da loucura e prevenir possíveis contaminações do outros
membros.

Ainda no século XX, principalmente com a influência das teorias


freudianas, a família entra para o rol das intervenções dos especialistas
por se destacar a importância das relações familiares sobre o psiquismo
dos sujeitos. Ao conhecer o universo familiar, esses especialistas buscam
identificar e determinar a causa da doença na maneira como os pais
conduzem a educação dos seus filhos, entendendo que o inadequado
comportamento da criança como má educação ou o próprio transtorno
mental acontece por culpa dos pais.
Quem nunca olhou uma criança fazendo “birra” e disse, ou pelo
menos pensou “cadê os pais dessa criança?” ou “nossa, esses pais de
hoje em dia são muito “frouxos” na educação dessa criança” ou ainda
“se fosse meu filho não estaria fazendo isso”. Se você já tem filho talvez
entenda melhor, mas é importante lembrar que o entendimento sobre
os sentimentos acontece aos poucos, o que nós adultos chamamos de
birra é, na verdade, a forma que a criança encontra de mostrar que tem
algo errado, sendo assim, ela ainda não sabe expressar em palavras
o que está sentindo pode ser sono, fome, tristeza, raiva, etc. Além
disso, o sentimento de frustração é um dos últimos a ser entendido
pela criança, por isso, quando não consegue o que quer tende a
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 31

chorar descontroladamente para demonstrar que está insatisfeita.


Percebem que, nesse caso estamos falando de um processo natural de
desenvolvimento psicoemocional e mesmo após anos de estudos sobre
o funcionamento da mente humana, ainda colocamos a culpa nos pais
para justificar o comportamento de seus filhos]]
A observação sistemática da família começa a acontecer nos
anos 50, pela pesquisa e pela intervenção direta no meio familiar,
ganhando destaque o papel da mãe e, alguns autores, a importância
para a função da patologia dentro do grupo familiar e o paciente com
transtorno mental passa a ser considerado o porta-voz da enfermidade
de toda a família tendo, agora um papel positivo, pois é considerado um
agente catalizador que adoece para proteger o grupo familiar e manter
sua homeostase. Mas essa caracterização do indivíduo sendo invalidado
impede os processos de mudanças nos padrões de relacionamento do
grupo.
Os estudos inserindo a família no contexto de saúde mental,
ganham visibilidade no Brasil na década de 70, quando surgem as
terapias familiares recaindo sobre as mudanças nos padrões de
relacionamento e comunicação dentro do sistema familiar. A partir da
Reforma Psiquiátrica no Brasil é que esses conceitos são incorporados
ao trabalho dos profissionais de saúde dando maior atenção à relação da
família com o portador de sofrimento psíquico. Além disso, o processo de
desinstitucionalização leva à família a responsabilidade do cuidado do
indivíduo, sendo inserida como objeto de estudos, surgindo diferentes
visões sobre ela, conforme sua relação com o paciente dentre elas
podemos destacar:
• A família como mais um recurso, uma estratégia de intervenção;
• A família como provedora de cuidado, com auxilio dos serviços
de saúde, principalmente nos momentos de crise;
• A família como um lugar de possível convivência para o paciente,
mas não exclusivo e nem obrigatório;
• A família como sofredora necessitando de suporte e assistência
social;
• A família como um sujeito de ação política e coletiva, construtor
de cidadania e avaliador dos serviços de saúde.
32 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

Essa inserção do paciente na sociedade e o apoio familiar no


provimento de cuidados do indivíduo é um dos focos da atenção à saúde
mental elabora nos Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) fazendo
parte da estratégia de cuidado da equipe multidisciplinar. (SANTIN &
KLAFKE, 2011; CARDOSO & GALERA, 2011; ROSA, 2005)

A importância da relação familiar


O novo modelo de cuidado em saúde mental volta seu olhar para
o indivíduo como um todo, como um ser que sofre e enfrenta momentos
desestabilizadores, como separação, perda de emprego, luto, carência
afetiva, entre outros problemas cotidianos que podem levá-lo a procurar
ajuda. Por isso, atenção à saúde está voltada à integração social do sujeito,
procurando mantê-lo em seu contexto familiar e comunitário servindo
como suporte fundamental para que o sujeito mantenha vínculos,
principalmente afetivos, revertendo o modelo manicomial. Com isso o
cuidado envolve também questões pessoais, emocionais, financeiras e
sociais, relacionadas à convivência paciente levando em consideração
as inúmeras dificuldades vivenciadas tanto pelos pacientes e seus
familiares, quanto pelos profissionais e a sociedade em geral.

DEFINIÇÃO
conjunto de pessoas ligadas por laços de sangue,
parentesco ou dependência que estabelecem entre si
relações de solidariedade e tensão, conflito e afeto (...) e
(se conforma) como uma unidade de indivíduos de sexos,
idades e posições diversificadas, que vivenciam um
constante jogo de poder que se cristaliza na distribuição de
direitos e deveres. (ROSA, 2005)

Essa nova perspectiva em relação à saúde mental leva a confirmar


a importância e a necessidade da participação da família no cuidado de
seus parentes com transtornos mentais. Dessa forma, a família passa a
ser posicionada como parceira no tratamento nos novos ambientes de
atendimento, sendo inserida como unidade de atenção e cuidado. Para
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 33

isso, é necessário a capacitação de todos os sujeitos envolvidos nesse


processo (pacientes, familiares, profissionais e sociedade) para entender
melhor os transtornos mentais, quebrando as barreiras restaurando
de acordo com os recursos disponíveis a autonomia desse indivíduo
acometido para viver em sociedade.
Na fase inicial do transtorno mental a família tem um papel
fundamental na construção de uma nova trajetória para o paciente,
mas seus recursos emocionais, temporais e econômicos além de
seus conhecimentos têm que ser bem direcionados, sendo função
importante dos trabalhadores e dos serviços psiquiátricos a orientação
da família. Vale ressaltar que a busca pelos serviços em saúde mental
acontece nas crises do paciente, momento que a família está fragilizada
e mais acessível às informações prestadas pela equipe e com facilidade
para manter o tratamento, apesar de existir receio de os psicofármacos
produzirem dependência.

SAIBA MAIS
O que destaca o papel fundamental do cuidador: ser uma
pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem
remuneração, cuida do doente ou dependente no exercício
das suas atividades diárias, tais como alimentação,
higiene pessoal, medicação de rotina, acompanhamento
aos serviços de saúde e demais serviços requeridos no
cotidiano como a ida a bancos ou farmácias, excluídas as
técnicas ou procedimentos identificados com profissões
legalmente estabelecidas, particularmente na área da
enfermagem.

A atenção e cuidado em saúde mental acontece decorrente de


uma intrínseca relação entre os serviços de saúde, seus profissionais,
o paciente e sua família, considerando as particularidades de cada
contexto cultural, social e econômico. Em muitos casos, o cuidador
está inserido no núcleo familiar deste paciente, por isso é importância
conhecer melhor quem são estes familiares cuidadores, uma vez que se
tornam parceiros da assistência em saúde mental.
34 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

Apesar do aspecto positivo da promoção dos laços familiares


e sociais, a responsabilidade pelo cuidado do paciente é marcada,
muitas vezes, pela sobrecarga do cuidador, em geral, devido à falta de
orientação e de apoio necessários para o desempenho do papel que
assumem no dia-a-dia.
Observa-se ainda que as associações de familiares são compostas
preponderantemente por mães, em geral com idade em que também
podem estar precisando de cuidados. O que leva ao desgaste emocional
e a consequente necessidade de cuidado com o cuidador. (SANTIN &
KLAFKE, 2011; CARDOSO & GALERA, 2011; MARTINS & LORENZI, 2016;
ROSA, 2005)

Dificuldades na inserção da família no


cuidado
Alguns pesquisadores argumentam sobre a inclusão da família
em tratamentos terapêuticos como sendo decisiva e importante para
a resposta de pacientes psiquiátricos. Entretanto, é um processo que
ocorre com tensões e contradições, pois, em alguns casos, ocorrem a
simples devolução do paciente para a família, devido a desarticulação
dos manicômios, sem que tenha havido a criação efetiva de recursos
de assistência substitutivos sem considerar adequadamente a estrutura
social para a qual se devolviam os pacientes.

IMPORTANTE
Os avanços a assistência à saúde mental são consideráveis,
porém, a dificuldade dos familiares em conviver com o
indivíduo leva a um processo de sucessivas internações,
esse fenômeno é conhecido como porta giratória.

Uma dificuldade encontrada nesse modelo é deixar claro para


os familiares e cuidadores os benefícios das mudanças em curso, pelo
temor de terem que assumir sozinhos as sobrecargas no ambiente
doméstico. Além disso, o familiar, exausto e estigmatizado, muitas vezes
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 35

teme tornar pública a condição de sua família, sendo exposto como


representante da “saúde mental” e conviver com o rótulo de “familiar
de louco”. Esse estereótipo sobre os transtornos mentais, muitas vezes,
leva a família a tentar resolver o problema internamente primeiro, e,
quando não consegue, chega a um serviço psiquiátrico com sentimento
de impotência, exaustão, culpa, desespero.
Outra dificuldade encontrada vem da própria equipe de saúde
sobre a forma de inclusão da família e o lugar que ela poderia ocupar
nem sempre correspondem ao seu desejo e às possibilidades reais
principalmente nos casos de famílias com possibilidades limitadas.
Além disso, poucos profissionais são capacitados academicamente para
trabalhar com a família e os que são, na grande maioria, está preparada
para lidar com famílias de classe média não com famílias de baixa
renda, em geral, com baixa escolaridade e dificuldade de relatar os
acontecimentos. Esse profissional está pouco habilitado para entender
códigos culturais, comportamentais e linguísticos dessa população
confundindo muitas vezes, pobreza econômica e material com pobreza
cultural. (SANTIN & KLAFKE, 2011; CARDOSO & GALERA, 2011; MARTINS
& LORENZI, 2016; ROSA, 2005)

O cuidado com o cuidador


Quando se identifica o aparecimento de um paciente com
transtorno mental na família, acontece um momento de crise, modificação
da rotina familiar e até conflito entre os membros. Além disso, o cuidado
com uma pessoa adulta, principalmente se for considerado líder da
família (pai ou mãe, por exemplo) gera a necessidade da reconstrução
da unidade familiar, se torna importante que todos os membros
aprendam a se relacionar com o transtorno mental, com os serviços de
saúde mental e com a linguagem dos profissionais que, muitas vezes,
não estão preparados para conversar com a população sem a educação
na área, e, muitas vezes, com baixo grau de instrução.
Dentre as ações e serviços realizados pelos Centros de Atenção
Psicossocial, está o acompanhamento dos familiares do paciente. Em
geral, há reuniões semanais onde se trocam experiências com familiares
36 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

de outros pacientes e recebem suporte tanto para tirar dúvidas sobre o


tratamento e o manejo do paciente, como um momento para o familiar
(em geral o cuidador) possa desabafar sobre suas angustias e seu
cansaço e também falar sobre si mesmo enquanto pessoas. Em geral,
esses grupos não tem número de participantes definidos por não ser
uma obrigação relacionado ao tratamento.

SAIBA MAIS
existem dois tipos de cuidadores: os cuidadores formais
são profissionais de saúde, geralmente enfermeiros ou
técnicos de enfermagem com competências centradas na
manutenção deste perfil de paciente cuidado sendo pago,
geralmente pela própria família, para cuidar do paciente.
Os cuidadores informais são, muitas vezes, familiares,
principalmente do sexo feminino, não remunerados,
orientados pelos serviços de saúde. Mas em ambos
os casos, a sobrecarga emocional é evidente devido à
proximidade com o paciente emocionalmente instável.

É importante ressaltar que a sobrecarga do cuidador pode implicar


em graves consequências ao cuidador e até mesmo ao paciente e toda
a família. Essa sobrecarga caracteriza-se uma experiência de fardo a
carregar descrita por mudanças no cotidiano relacionadas ao processo
de cuidado, implementação de hábitos e principalmente devido às
maiores responsabilidades. Estas mudanças, muitas vezes, exigem
adaptações de toda a família e podem interferir nas necessidades do
cuidador, gerando acúmulo de responsabilidades levando ao estresse e
até adiamento de planos pessoais do cuidador.
As maiores dificuldades que os cuidadores informais relatam são
relativas a condições financeiras, pois, muitas vezes o cuidador tem que
parar de trabalhar para cuidar de seu parente. Mas também são relatadas
dificuldades como falta de suporte social, baixo nível de funcionamento
dos pacientes, baixa escolaridade dos pacientes e familiares, estratégias
ineficientes de enfrentamento.
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 37

Uma característica marcante encontrada por CARDOSO 2015,


quando fez uma análise de vários estudos sobre perfil do cuidador de
paciente em saúde mental, é a presença feminina no papel de cuidador
principal. Mostrando que o cuidado à saúde está ligado a questões
sócio-culturais que incorporam à mulher o papel de principal provedora
de cuidados à família e aos necessitados muitas vezes entendida como
uma obrigação moral. Nesse estudo ele descreve que a sobrecarga
relacionada ao cuidado favorece o adoecimento do próprio cuidador o
qual negligencia o auto-cuidado a favor do cuidado ao próximo sendo
observado menor qualidade de vida do cuidador com maior risco de
desenvolvimento de doenças emocionais como depressão, diretamente
relacionadas à dependência do paciente, além da redução da atenção
com os demais membros da família. CARDOSO (2015), relata que a
atenção ao cuidador ainda necessita de maiores estudos para observar
suas necessidades e intervenções por parte dos profissionais e serviços
da área da saúde.
Vimos até aqui a importância da família como suporte social para
o paciente, e a necessidade, principalmente do cuidador, da integração
e participação das ações e serviços de saúde para conseguir entender
melhor o processo da doença e do cuidado sendo um elemento adicional
no tratamento. Outro ponto importante é a saúde física e mental do
cuidador, para que ele esteja bem para poder exercer sua função de
cuidador sem sobrecarregar-se.

Matriciamento em saúde mental


INTRODUÇÃO
Entendendo que a atenção básica, em geral, é a porta de
entrada dos indivíduos para o atendimento no Sistema
Único de Saúde, vamos conhecer nessa parte da aula
sobre a equipe de apoio matricial. Essa equipe foi criada
para dar suporte para a unidade básica para que ela possa
identificar casos que necessitam de um acompanhamento
mais específico e especializado. Então, pronto para
aprimorar seus conhecimentos?
38 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

O que é matriciamento em saúde mental


Tradicionalmente, o Sistema Único de Saúde se organizava
de uma forma vertical (hierárquica), com diferença de autoridade
entre quem encaminha um caso e quem o recebe, e consequente
transferência de responsabilidade ao encaminhar. A comunicação entre
os níveis hierárquicos ocorre, muitas vezes, de forma precária e irregular
sem uma boa resolubilidade. A nova proposta integradora, conhecida
como Redes de Atenção à Saúde, traz um novo modelo horizontalizado
no qual a Unidade de Saúde é, em geral, porta de entrada, e sendo
responsável pelo fluxo e contrafluxo de cada paciente integrando os
componentes e seus saberes nos diferentes níveis assistenciais.

DEFINIÇÃO
O Matriciamento, também chamado de apoio matricial, é
um novo modelo de produzir saúde em que duas ou mais
equipes, num processo de construção compartilhada, criam
uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica.

Na horizontalização decorrente do processo de matriciamento, o


sistema de saúde se reestrutura em dois tipos de equipes:
• Equipe de referência;
• Equipe de apoio matricial.
Nessa estrutura a Atenção Primária a Saúde (APS), como exemplo
equipe de Estratégia em Saúde da Família (ESF), funcionam como equipes
de referência interdisciplinares, atuando com uma responsabilidade,
incluindo o cuidado longitudinal, além do atendimento especializado
que realizam concomitantemente. E a equipe de apoio matricial uma
equipe específica de saúde mental sendo caracterizada como um
suporte técnico especializado ofertado a uma equipe interdisciplinar em
saúde a fim de ampliar seu campo de atuação e qualificar suas ações
como o Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Os profissionais matriciadores em saúde mental na atenção
primária podem ser psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais,
fonoaudiólogos, assistentes sociais, enfermeiros de saúde mental. Dessa
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 39

forma, existem áreas de atuação específicas de cada especialidade ou


profissão (área de saber e de prática profissional), chamada de núcleo,
e um espaço de limites imprecisos onde cada disciplina ou profissão
buscaria em outras o apoio para cumprir suas tarefas teóricas e práticas,
chamada de campo. Portanto, o processo de cuidado não é monopólio
nem ferramenta exclusiva de nenhuma especialidade, pertencendo
a todo o campo da saúde sendo o matriciamento um processo
multidisciplinar por natureza para a construção do conhecimento.

IMPORTANTE
a equipe de apoio não é responsável pelo encaminhamento
ao especialista, nem pela intervenção psicossocial coletiva
ou atendimento individual, pois isso faz parte da atividade
da equipe de referência. Funciona como a retaguarda
especializada da assistência e um suporte técnico
pedagógico para maior qualificação do cuidado na unidade
básica sendo um dispositivo para a formação continuada,
por meio de discussões de textos, casos e situações,
contribuindo assim para a ampliação da clínica. Assim,
torna-se possível compartilhar casos e situações com a
equipe de saúde local, favorecendo a co-responsabilização,
a horizontalização do cuidado.

A saúde mental é um tema bastante complexo e pouco


desenvolvido pelas equipes da ESF, principalmente, junto às famílias,
devido à falta de treinamento ou conhecimento específico dos
profissionais sobre o assunto. Entretanto, a ESF constitui uma estratégia
ideal para trabalhar a saúde mental, pois, suas equipes apresentam-se
engajadas no dia-a-dia da comunidade, com a perspectiva de melhorar
as condições de vida da população, incorporando ações de promoção e
educação para a saúde. Para isso o suporte técnico e de conhecimento
da equipe de apoio matricial se torna uma ferramenta eficaz para o
acompanhamento dos pacientes com transtornos mentais e seus
familiares.
40 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

O matriciamento constitui-se numa ferramenta de transformação,


não só do processo de saúde e doença, mas de toda a realidade dessas
equipes e da comunidade. A equipe de apoio matricial pode ser acionada
participar ativamente do projeto terapêutico:
• Nos casos em que a equipe de referência percebe a necessidade
de apoio da saúde mental para conduzir e abordar um caso que exige
esclarecimento diagnóstico, estruturação de um projeto terapêutico e
abordagem da família;
• Quando há necessidade de suporte para realizar intervenções
psicossociais específicas da atenção primária, como, por exemplo,
grupos de pacientes com transtornos mentais;
• Para integração do nível especializado com a atenção primária
no tratamento de pacientes com transtorno mental, apoiando na adesão
ao projeto terapêutico de pacientes com transtornos mentais graves e
persistentes em atendimento especializado em um Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS);
• Quando a equipe de referência sente necessidade de apoio
para resolver problemas relativos ao desempenho de suas tarefas, como
dificuldades nas relações pessoais ou nas situações especialmente
difíceis encontradas na realidade do trabalho diário. (AOSANI & NUNES,
2013; SILVA, 2014; CHIAVERINI, 2011; CAMPOS & DOMITTI, 2007).

Instrumentos do processo de
matriciamento em saúde mental
Os instrumentos utilizados pelos profissionais da equipe de apoio
para a realização do matriciamento consiste na elaboração do projeto
terapêutico singular no apoio matricial de saúde mental, a interconsulta,
a visita domiciliar conjunta, o contato à distância, o genograma, o
ecomapa, a educação permanente em saúde mental e a criação de
grupos na atenção primária à saúde. Através matriciamento a ESF passa
a ter instrumentos e conhecimento suficientes para a assistência em
situações de crise atuando além dos cuidados básicos de prevenção
aos agravos em saúde. Vamos conhecer alguns desses instrumentos.
(AOSANI & NUNES, 2013; SILVA, 2014; CHIAVERINI, 2011; CAMPOS &
DOMITTI, 2007).
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 41

Elaboração do projeto terapêutico singular no


apoio matricial de saúde mental
Os projetos elaborados podem ser territoriais, coletivos, familiares
ou até o indivíduo, exigindo um foco abrangente incluindo o entorno. Em
CHIAVERINI 2011, o qual descreve um guia prático de matriciamento em
saúde mental, é possível encontrar um roteiro para a discussão de casos
para orientar a coleta de informações com a equipe da ESF.
Nesse guia, é descrito para os matriciadores abordarem a equipe
referência reforçando as atitudes positivas e se faz importante que
as discussões busquem formulação diagnóstica, mas principalmente
compreendam a situação em suas várias faces de maneira a abrir uma
agenda interdisciplinar.

IMPORTANTE
ressaltar que no momento da interação entre as equipes,
os profissionais da ESF podem descrever sintomas que
não chegam a configurar diagnósticos psiquiátricos, mas
a equipe de apoio deve reforçar a capacidade da equipe
referência de identificar quadros mesmo sem precisão
psicopatológica potencializando o que pode ser feito
dentro da atenção primária.

Na construção do projeto terapêutico singular ele deve conter:


• Abordagens biológica e farmacológica;
• Abordagens psicossocial e familiar;
• Apoio do sistema de saúde;
• Apoio da rede comunitária;
• Trabalho em equipe: quem faz o quê.
Esse projeto auxilia e direciona a equipe referência, mas não
busca a total autossuficiência da equipe referência, tendo a retomada
periódica para atualizar o caminhar de cada caso repactuar e reformular
novos projetos terapêuticos e avaliar o que deu certo e o que deixou
a desejar. (AOSANI & NUNES, 2013; SILVA, 2014; CHIAVERINI, 2011;
CAMPOS & DOMITTI, 2007).
42 Saúde Mental e Assistência Farmacêutica

Interconsulta como instrumento do processo de


matriciamento
Esse é considerado o principal instrumento do apoio matricial na
atenção primária sendo, por definição, uma prática interdisciplinar para a
construção do modelo integral do cuidado, sendo uma ação colaborativa
entre profissionais de diferentes áreas.
Essa modalidade por ser desde discussão de caso por parte
da equipe como consulta e visitas domiciliares conjuntas permitindo a
construção de uma compreensão integral do processo saúde-doença
devido a interdisciplinaridade da equipe.
As discussões de casos é uma das partes do processo que
sempre deve estar presente, devendo entender o motivo pelo qual
aquele caso deve ser discutido, a situação atual analisando o contexto
e verificar os recursos positivos disponíveis além do principal objetivo
do cuidado. (AOSANI & NUNES, 2013; SILVA, 2014; CHIAVERINI, 2011;
CAMPOS & DOMITTI, 2007).

Dificuldades na implantação da equipe de


apoio matricial
Dentre as dificuldades que a equipe de apoio matricial pode
encontrar, uma das mais relevantes está no fato das equipes referência
não possuam uma definição clara sobre o apoio matricial, apresentando
dúvidas referentes ao conceito e dificuldades para empregar a
metodologia. Isso porquê, sem entender o que é o apoio matricial não é
possível identificar a percepção e as experiências com o matriciamento.
Além disso, a falta de entendimento de como funciona o
matriciamento faz com que a equipe de ESF compreenda que a atividade
da equipe de apoio esteja relacionada a trocas de favores, sendo que a
real função é suporte as atividades da equipe referência.
Dentre os desafios encontrados pela equipe de apoio está a
política de saúde mental infanto-juvenil, pois, historicamente, a criança
ainda possui pouca visibilidade no cenário da saúde mental, além dos
Saúde Mental e Assistência Farmacêutica 43

profissionais da ESF não possuírem formação para atuar com problemas


de saúde mental nessa faixa etária aparecendo dificuldades de identificar
casos que seriam importantes de ser estudados. (CHIAVERINI, 2011;
SALVADOR & PIO, 2016)
Podemos perceber que o matriciamento é uma ferramenta de
auxilio para a atenção básica de identificar e acompanhar pacientes com
transtornos mentais. Considerada de grande importância, mas, muitas
vezes, desconhecidas pelos próprios profissionais da equipe referência
não conseguindo atuar de formar eficaz.
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Mariana Martins Garcia

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