Você está na página 1de 37

Sistema e Saúde

e Organização da
Atenção Básica:
Saúde do Homem,
Adulto e Idoso
Paulo Heraldo Costa do Valle

Unidade 03

Modelos da
relação médico
paciente
e as suas
estratégias
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor
PAULO HERALDO COSTA DO VALLE
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
O AUTOR
PAULO HERALDO COSTA DO VALLE

Olá. Meu nome é Paulo Heraldo Costa do Valle. Sou formado em


fisioterapia, com mestrado e doutorado em fisiologia pela Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar), com uma experiência técnico,
profissional e acadêmica na área de saúde a mais de 25 anos.
Trabalhei em várias como a Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ),
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
(UNIJUI), Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), Universidade
Gama Filho (UGF), Universidade Ibirapuera (UNIb), Universidade Nove
de Julho (UNINOVE) e Kroton Educacional.
Já trabalhei como consultor AD HOC do MEC para autorização,
reconhecimento e renovação de cursos de graduação durante 10 anos e
fui membro da Comissão Assessora do Curso de Fisioterapia do Exame
Nacional de Desempenho do Estudante – ENADE.
- Fui membro da Comissão de Qualificação de Cursos e da
Comissão de Educação do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional – COFFITO e membro da Comissão de Sindicância do
Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - CREFITO.
- Fui Vice Presidente da Associação Brasileira de Ensino em
Fisioterapia e Presidente da Associação Brasileira de Ensino em
Fisioterapia.
- Além da Telesapiens já produzi conteúdos para a Kroton
Educacional, Editora Guanabara Koogam, 5G Educacional, Uninter,
Delínea, Must e Campanha Nacional de Escolas da Comunidade.
Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por
isso trabalho junto com a Editora Telesapiens compondo o seu elenco
de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta
fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo sempre.
ICONOGRAFIA
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha
de aprendizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do desen- houver necessidade
volvimento de uma de se apresentar
nova competência; um novo conceito;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações es-
necessários obser- critas tiveram que ser
vações ou comple- priorizadas para você;
mentações para o
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e inda-
algo precisa ser gações lúdicas sobre
melhor explicado o tema em estudo, se
ou detalhado; forem necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamento atenção sobre algo
do seu conhecimento; a ser refletido ou
discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoaprendi- volvimento de uma
zagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Relação médico paciente...................................................11

Relação médico paciente na antiguidade............................11

Juramento de Hipócrates....................................................13

Relação médico paciente na história moderna e


contemporânea...................................................................14

Importância dos meios de comunicação na área da saúde...16

Modelos da relação médico paciente e a atenção


humanizada......................................................................18

Modelos da relação médico paciente..................................18

Sistema Único de Saúde e as políticas públicas..................19

Relação humanizada médico paciente................................20

Estratégias de saúde da família.......................................23

Diretrizes Curriculares Nacionais.......................................23

Especificidades da estratégia da saúde da família...............23

Processo de trabalho..........................................................24
Papel de cada um dos membros da equipe..........................25

Agente Comunitário de Saúde.................................25

Enfermeiro..............................................................27

Médico.....................................................................28

Auxiliar e Técnico de Enfermagem.........................29

Cirurgião Dentista...................................................30

Técnico de saúde bucal......................................................30

Auxiliar de saúde bucal...........................................31

Núcleos de apoio e assistência.................................32

Núcleos de Apoio à Saúde da Família................................32

Assistência multidisciplinar................................................33

Visão holística e integral do ser humano..................33

Paradigmas nas relações Assistenciais.....................34


Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
8 Homem, Adulto e Idoso

03
UNIDADE

MODELOS DA RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE E AS


SUAS ESTRATÉGIAS
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 9

INTRODUÇÃO
Olá tudo bem com você!!! Prezado aluno gostaria de convidar você
neste momento para continuarmos este processo de conhecimento e
aprendizagem, tenho certeza que será muito enriquecedor, repleto de
desafios e estímulos para o seu o crescimento.
Você é o nosso convidado especial para continuar esta viagem
por meio do conhecimento, durante esta trajetória você irá se deparar
com trilhas muito interessantes e desafiadoras em todo este percurso.
Podemos continuar?
O tema desta terceira unidade é “Modelos da relação médico
paciente e as suas estratégias”, o qual está dividido nos seguintes
conteúdos:
• Relação médico paciente.
• Modelos da relação médico paciente e a atenção humanizada.
• Estratégias de saúde da família.
• Núcleos de apoio e assistência.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
10 Homem, Adulto e Idoso

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:

1. Estudar em detalhes a relação médico paciente.


2. Estudar em detalhes os modelos da relação médico paciente e a
atenção humanizada.
3. Estudar em detalhes as estratégias de saúde da família.
4. Estudar em detalhes os núcleos de apoio e assistência.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 11

Relação médico paciente


Relação médico paciente na antiguidade
A relação entre o médico e o paciente sempre foi historicamente
uma questão de foro muito mais íntimo do que algo mais coletivo,
passando por várias transformações ao longo da história.
Nos primórdios da medicina existia uma questão religiosa
relacionada com o médico, de forma até dogmática, onde o mesmo
podia ser considerado como um ser superior comparado com o paciente.
Na antiguidade para os gregos a vida social e comunitária
na chamada polis, era muito importante, eles participavam
ativamente na construção de todos os valores e normas
sociais, porém quanto ficavam doentes eles recebiam
uma atenção muito especial, quanto à manutenção da
privacidade e da intimidade do indivíduo que se encontrava
doente, como também a sua relação com o médico (DE
MARCO, 2013).

Figura 1: Retrato de Hipócrates (1787) – (Museu de Évora)

Fonte: Wikimedia Commons


Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
12 Homem, Adulto e Idoso

Um dos grandes destaques nessa época foi Hipócrates, que


foi considerado como o pai da medicina. Em suas obras existem
importantes considerações e descrições clínicas para o diagnóstico
de várias doenças, como: a malária, a pneumonia, a tuberculose, entre
outras.
Muitos dos seus comentários na naquela época ainda são
válidos até os dias atuais, ele apresentou, por exemplo, vários escritos
sobre anatomia representando informações importantes e claras tanto
sobre os instrumentos utilizados para a dissecação, como também os
procedimentos necessários.
Os textos que constituem o conhecido Juramento de Hipócrates
o qual é utilizado até os dias atuais, representam um exemplo para os
cuidados em saúde. Nele Hipócrates recomenda o sigilo, a descrição e
vários procedimentos com relação à proteção e o apoio, quanto a todos
os procedimentos relacionados com o doente.

IMPORTANTE

Esse juramento é utilizado pelos médicos no dia da


formatura, onde os mesmos juram praticar a medicina de
forma honesta. Acredita-se que esse juramento foi escrito
em grego no século V a.C. e que, quem o escreveu tenha
sido Hipócrates, ou um dos seus alunos.

Por meio da teoria dos quatro humores ele conseguiu


fundamentar as suas práticas como também garantir melhor forma para
a compreensão do organismo humano. Nessa teoria foram inclusos:
o sangue, o fleuma, a bílis amarela e a bílis negra, e que, de acordo
com as suas quantidades existentes no corpo humano poderiam
proporcionar um estado de equilíbrio ou saúde que era chamado de
eucrasia, enquanto que o seu desequilíbrio, doença ou dor era chamado
de discrasia.
Essa sua teoria influenciou posteriormente Galeno que acabou
desenvolvendo a teoria dos humores sendo que esse conhecimento foi
mantido até por volta do século XVIII.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 13

Para Hipócrates em sua prática da medicina todas essas


práticas são chamada de Corpus Hippocraticum. As
doenças durante certo período apresentam uma evolução
silenciosa até quando atingiam um momento mais decisivo
que foi chamado de krisis que tinha o significado de crise,
sendo exatamente nesse momento que a doença era
definida, podendo caminhar ou não para a sua cura (DE
MARCO, 2013).
Para Hipócrates o bom médico deveria saber como identificar
esse momento chamado de kairós que significa o momento oportuno
para poder então agir, ele acreditava que esse momento oportuno
possuía um pequeno período de duração, e por isso, o médico não
poderia perder tempo.

Juramento de Hipócrates
A seguir você verá a versão do Juramento de Hipócrates que é
utilizada por vários conselhos regionais de medicina no Brasil:
Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Hígia e Panaceia, e tomo
por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo
meu poder e minha razão, a promessa que se segue:
Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou essa
arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens;
Ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esa arte,
se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem
compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo
o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos
segundo os regulamentos da profissão, porém, só a esses.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder
e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém
darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza
a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância
abortiva.
Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
14 Homem, Adulto e Idoso

Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado;


deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-
me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo
longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres
ou escravizados.
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no
convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso
divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.
Se eu cumprir esse juramento com fidelidade, que me seja dado
gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre
entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.

Relação médico paciente na história


moderna e contemporânea
A relação médico paciente passou por várias transformações
ao longo da história, podendo ser observada bastante semelhança do
comportamento até certo ponto da antiguidade, até o início da história
moderna, quando foi assumido um novo comportamento na história
moderna vigente até os dias atuais.

Figura 2: Relação médico paciente

Fonte: Freepik
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 15

Até o século XVII o médico costumava ir à casa do doente e entrar


em seu quarto onde estava em seu leito, sendo então nesse momento
considerado como o local onde acontecia essa relação entre o médico
e o seu paciente, tendo também normalmente a participação de toda a
família. Esse cenário foi aos poucos sendo transformado para um leito
no hospital instalado em quartos.

IMPORTANTE

A partir do final do século XVII com a criação dos hospitais


e os mesmos passando a serem o centro desse cenário
médico, todas as situações que envolviam a relação
médico paciente começaram a ser alteradas, porém todas
essas mudanças passaram a ficar mais marcantes só ao
longo do século XVIII.

Começou então existir as chamadas consultas e os atendimentos


ambulatoriais, onde foi possível ser verificada mudança gradual quanto
ao cenário dessa relação que antes ocorria na casa do paciente, para
ocorrer nos consultórios que começaram a aparecer naquela época.
Com o aumento crescente de pacientes, o procedimentos
médicos mais complexos como também a necessidade de uma maior
infraestrutura relacionada com os seus padrões originais de intimidade
e privacidade foram sendo necessárias nos hospitais.
A assistência à saúde e a utilização dos benefícios fornecidos
pelos serviços de saúde começaram a fazer parte das políticas públicas
e dos governos em todas as esferas.
O aparecimento de hábitos relacionados com a seguridade,
a necessidade da contração de serviços de seguros para
dar conta dos riscos inesperados com os gastos pessoais
em saúde. Isso acabou provocando novas características
quanto a esse relacionamento médico paciente, surgindo
então um terceiro elemento que são os prestadores dos
serviços de saúde, que são considerados como instâncias
intermediadoras que estão muitas vezes presentes entre
esses dois elementos (DE MARCO, 2013).
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
16 Homem, Adulto e Idoso

Em função dessa grande mudança com a inclusão de um terceiro


elemento nessa relação fazendo a intermediação entre o médico e o
paciente, começou então a serem observados vários problemas devido
a crescente participação dessas instâncias intermediadoras, podendo
ser destacados algumas delas:
• Sistema Único de Saúde e as políticas públicas.
• Planos e empresas particulares oferecendo assistência a saúde.
• Atividades de seguro na área da saúde.
• Os meios de comunicação e as suas divulgações das notícias
na área da saúde.
Todas essas questões não são diferentes umas das outras, ou
seja, existem sim um ponto comum que é a introdução de um terceiro
elemento entre o médico e o paciente, alterando vários aspectos da
relação que antes era apenas realizada pelo médico e o paciente.
Pode então ser observada uma mudança quanto à responsabilidade
de cada um, como também a confiança, expectativas ocorrendo então
uma redistribuição e também sendo criadas outras variáveis.

Importância dos meios de comunicação na


área da saúde
A comunicação está dentro de uma das necessidades humanas
básicas, devendo estar presente no âmbito da saúde, sendo primordial
no momento da assistência ao paciente para todos os profissionais da
saúde.
Independente de qual for a área de formação do profissional da
saúde o mesmo deve sempre ter como base as relações humanas por
meio de uma boa comunicação.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 17

Figura 3: Comunicação na área da saúde

Fonte: ©Freepik

Para o filósofo grego Aristóteles o principal fator que está


envolvido quanto à recuperação de um paciente, está relacionado com
a cura dentro do próprio paciente.

IMPORTANTE

Portanto é uma função de todo o profissional da saúde


auxiliar para a cura de todos os pacientes, procurando
remover todas as barreiras que dificultem a cura do
paciente.

O médico precisa entender que ele é apenas um facilitador para


todo o processo da cura, e que o processo de comunicação possui
papel fundamental, muito mais significativo nos casos onde existe um
grande conteúdo emocional envolvido. Isso é fundamental para formar
um importante elo entre o médico e o paciente.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
18 Homem, Adulto e Idoso

Modelos da relação médico paciente e a


atenção humanizada
Nesse item serão estudados os quatro modelos referente a
atenção médico paciente, como também o Sistema Único de Saúde e a
relação médico paciente de forma humanizada.

Modelos da relação médico paciente


Em um trabalho realizado na Universidade Georgetown em 1972,
no Instituto Kennedy de Ética foram definidos quatro tipos de modelos
da relação médico paciente, que são:
• Modelo Sacerdota: Este modelo é considerado como o mais
arcaico de todos, uma vez que existe uma completa submissão do
paciente ao seu médico, não sendo, portanto, valorizado nem a sua
cultura, nem a opinião. Não existe praticamente nenhum envolvimento,
ou seja, uma relação entre os dois, por isso a decisão é tomada apenas
pelo médico em nome da sua beneficência.
• Modelo Engenheiro:Já o modelo Engenheiro é contrário do
sacerdotal, nesse modelo o médico tem a importante função de informar
e executar todos os procedimentos, porém, a decisão é inteiramente
do paciente. Nesse modelo o médico apresenta uma postura de
acomodação, não se envolvendo com nada.
• Modelo Colegial: Nesse modelo existe um envolvimento entre
ambas as partes, ou seja, do o médico e do paciente, porém o poder
de decisão é compartilhado de uma forma igualitária por meio de
uma negociação, não existindo uma relação de superioridade ou de
inferioridade.
• Modelo Contractualista: Esse modelo é considerado como o mais
adequado de todos, nele o conhecimento e as habilidades do médico
são todos valorizados, sendo garantido a sua coordenação em todo esse
processo. Existe uma troca de informações e um comprometimento
tanto do médico como também do paciente.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 19

Sistema Único de Saúde e as políticas


públicas
Nos países onde existe certa visão paternalista do Estado
como podemos, por exemplo, observar no Brasil, há vários anos que a
assistência à saúde é encarada como um bem onde os governos têm a
obrigação de garantir à população.
Essa questão pode ser confundida com apenas mais um dos
serviços públicos, podendo levar a uma certa acomodação aceitando
o que está recebendo sem nenhuma ação quanto ao discernimento
e avaliação do que está sendo oferecido, infelizmente isso ocorre na
grande maioria dos serviços públicos brasileiros.
Apenas poucas pessoas conseguem perceber essa atitude
passiva, inercial que vai ocorrendo na população, fazendo com que
esses clientes dos serviços de saúde acabem não exercendo mais as
suas responsabilidades, quanto a vigilância com relação a qualidade e a
adequação dos serviços que estão recebendo
Para que exista um aspecto mais saudável das relações entre um
cliente e o profissional da saúde, está relacionado com a capacidade do
paciente acabar não assumindo uma atitude mais dependente mantendo
a sua autonomia, o que vai possibilitar avaliar o tipo de atenção que está
recebendo ao mesmo tempo poder reivindicar o que achar necessário.
É necessário que exista um equilíbrio entre as forças,
de forma que nem o médico ou o paciente se sintam
inferiorizados. Infelizmente normalmente como o paciente
já vem pedir ajuda acaba já existindo certa tendência quanto
a uma atitude mais passiva ou submissa (DE MARCO, 2013).

No sistema onde existe uma visão paternalista, existe certa


tendência onde tudo deve ser sempre agradecido e não se pode
se queixar de nada, nesse caso o Estado está funcionando como o
terceiro elemento dessa relação, e que muitas vezes acaba exercendo
certa função de criar um clima de submissão sendo que pode passar
despercebido para ambos.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
20 Homem, Adulto e Idoso

Para o médico isso pode significar um clima onde existe


certa acomodação, o que acaba reduzindo os seus esforços em
várias situações, enquanto que para o paciente pode mostrar certa
acomodação que está sendo refletido como possível conformismo
presente nos indivíduos que frequentam os serviços públicos de saúde,
e infelizmente os indivíduos estão tão acostumados que essá situação
acaba passando despercebido.
Não se pode esquecer que o serviço de saúde que é oferecido pelo
estado a toda a população não é gratuito, uma vez que todos os cidadãos
acabam fazendo as suas contribuições por meio do pagamento dos impostos.
A melhoria da saúde não vai ocorrer só por meio dos recursos
tecnológicos, é fundamental uma importante mudança quanto a
qualidade do fator humano, por meio de uma maior qualidade pessoal
dos médicos, para assegurar um melhor relacionamento com todos os
seus pacientes nos serviços públicos, contribuindo de forma bastante
significativa quanto aos resultados nos serviços prestados.
Por meio da unificação dos serviços públicos de saúde houve
uma importante melhora quanto a utilização dos recursos, visto que por
meio da centralização administrativa como também a integração entre
os setores, acabou trazendo vários benefícios para os usuários.
Por meio do Sistema Único de Saúde muitas questões foram
superadas e ao mesmo tempo resolvidas, trazendo importantes
benefícios quanto ao atendimento para toda a população, porém
ainda é necessário a inclusão quanto aos critérios tanto de qualidade
como de reconhecimento das boas condições de trabalho para todos
os profissionais da saúde, como também com relação a percepção da
importância de uma ótima relação entre os profissionais e os pacientes.
Esses são considerados fatores determinantes que vão garantir melhoras
significativas quanto a qualidade.

Relação humanizada médico paciente


Acredita-se que neste século deve-se buscar a humanização da
atuação do médico, como também todos os aspectos relacionados com a
comunicação e as tecnologias, além é claro, dos avanços técnico científicos
que estão sendo contemplados por meio da medicina moderna.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 21

Figura 3: Relação humanizada médico paciente

Fonte: Freepik

A relação médico paciente no contexto voltado principalmente


com relação a atenção primária é considerada ainda como um importante
desafio por parte dos gestores e dos próprios médicos, visto que ainda
falta muito para que todas as práticas possam ser consideradas como
humanizadas em saúde, devido a sua grande importância como também
a relevância e a necessidade da humanização como uma necessidade
social por parte de todos esses profissionais.
Algumas pesquisas realizadas tem demonstrado que os médicos
residentes atualmente estão começando a “descobrir os seus pacientes”,
ou seja, estão preocupados em buscar o maior número de informações
possíveis dos seus pacientes por meio de suas fichas de avaliação,
exames de imagens e os dados laboratoriais, colocando o paciente no
devido lugar, ou seja, como o centro de toda a sua atenção.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
22 Homem, Adulto e Idoso

IMPORTANTE

Entre todos os países do mundo que estão passando por


estas importantes mudanças sem dúvida alguma um dos
grandes destaques pode ser observado é no Canadá,
onde os médicos de família de lá, realmente acompanham
toda a evolução de forma bastante detalhada todos os
seus pacientes, aliado aos objetivos convencionais quanto
ao diagnóstico e a cura, como também o auxílio quanto
a utilização de todos os métodos clínicos centrados no
paciente.

No Brasil esse tema da relação médico-paciente está sendo


explorado por meio de vários contextos onde estão envolvidos tanto as
abordagens teóricas, os aspectos institucionais como também a própria
formação médica.
A união da ética com a técnica para o processo de tomada de
decisão na clínica aliado ao atendimento humanizado tem possibilitado
importantes avanços.
A relação médico-paciente, no cenário da atenção primária à
saúde, vem ganhando cada vez mais espaço, uma vez que resume o que
significa a união de todas as necessidades de saúde que um paciente
pode apresentar, por meio de todas as suas expectativas e experiências
vividas, como também todos os saberes e as práticas médicas que
devem estar presentes nesse momento de encontro entre o médico e
o paciente.
Esse encontro pode ser definido como o ato de estar um diante
do outro, unir, descobrir todas as informações necessárias, porém nem
sempre o resultado desse encontro é certo, portanto, é necessário que
seja realizada ampla busca, além de uma interação entre os distintos
interesses entre o médico e o paciente.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 23

Estratégias de saúde da família


Diretrizes Curriculares Nacionais
Antes de ser abordado em detalhes sobre as especificidades da
estratégia da família, será abordado um importante documento que são
as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN).
Estas diretrizes foram propostas para toda as áreas da saúde
entre os anos de 2001 a 2004, e no ano de 2015 e 2016 passaram por
uma revisão.
Em linhas gerais, a função das diretrizes é estabelecer o perfil
profissional para cada área da saúde, o conjunto de competências e o
rol de conteúdos que deverão ser ministrados para a formação de todos
esses profissionais.
Os profissionais da saúde devem ter uma formação generalista,
humanista, crítica e reflexiva, para que possam atuar, com base em
princípios éticos, no processo de saúde-doença em seus diferentes
níveis de atenção, com senso de responsabilidade social e compromisso
com a cidadania.
Os papéis a serem desempenhados pela equipe de saúde,
conforme estabelecidas pela Portaria nº 648 de 28/03/06
do Ministério da Saúde, foram baseados por meio de várias
reflexões sobre o fazer e o ser de um profissional da saúde
(SILVA, et al, 2013).

Especificidades da estratégia da saúde da


família
A estratégia de saúde da família tem o objetivo de reorganizar a
Atenção Básica no País, de acordo com os preceitos do Sistema Único
de Saúde, de acordo com a Portaria nº 648 de 28/03/06.
Pode-se destacar os seguintes itens nessa portaria:
• Ter caráter substitutivo em relação à rede de Atenção Básica
tradicional nos territórios em que a Saúde da Família atua;
• Atuar no território, realizando cadastramento domiciliar,
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
24 Homem, Adulto e Idoso

diagnóstico situacional, ações dirigidas aos problemas de saúde em


conjunto com a comunidade onde atua, buscando o cuidado dos
indivíduos e das famílias, mantendo pró-atividade em relação aos
problemas de saúde-doença da população;
• Desenvolver atividades com foco na família e na comunidade,
de acordo com o planejamento e a programação realizados com base
no diagnóstico situacional;
• Pesquisar a integração com as instituições e organizações
sociais, para o desenvolvimento de parcerias;
• Ser um espaço de construção de cidadania.

Processo de trabalho
O trabalho em campo é considerado como a melhor forma do
profissional aprender a atuar na estratégia de saúde da família. Mais do
que estabelecer todas as competências, o grande desafio é a torná-las
as condutas como uma forma de rotina.
As características específicas do processo de trabalho da
Estratégia de Saúde da Família são:
• Cadastramento: manter o cadastro das famílias e dos indivíduos
atualizado para utilização dos dados para análise da situação de
saúde (características sociais, econômicas, culturais, demográficas e
epidemiológicas) do território;
• Definir território de atuação: mapear e reconhecer a área
adstrita, que compreenda o segmento populacional determinado, com
atualização contínua;
• Riscos à saúde: Diagnosticar, programar e implementar
atividades segundo critérios de risco à saúde, dando prioridade para
solução dos problemas de saúde mais frequentes;
• Cuidado familiar ampliado: Prática aplicada com o
conhecimento da estrutura e da funcionalidade das famílias, visando
propor intervenções que influenciem os processos de saúde-doença
dos indivíduos, das famílias e da comunidade;
• Trabalho interdisciplinar e em equipe: integração das áreas
técnicas e profissionais de diferentes formações;
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 25

• Ações Intersetoriais: promover e desenvolver essas ações,


buscando parcerias e a integração de projetos sociais e setores voltados
para a promoção da saúde, com prioridade e sob coordenação do
município;
• Criação de vínculos de confiança: valorizar abordagem integral
e resolutiva, para criar relação de confiança com ética, compromisso e
respeito;
• Participação da comunidade: promover e estimular que a
comunidade participe do controle social, planejamento, execução e
avaliação das ações;
• Avaliação: acompanhar e avaliar sistematicamente as ações
praticadas/implementadas, com a finalidade de readequar o processo
de trabalho.

Papel de cada um dos membros da equipe


As atribuições de cada um dos profissionais da atenção básica
devem ser normatizadas pelos municípios e o Distrito Federal, com
base nas prioridades definidas pela gestão e com base nas prioridades
nacionais e estaduais.

IMPORTANTE

O Anexo I da Portaria nº 648 do Ministério da Saúde de


28/03/06 define quais são as atribuições específicas de
cada um dos profissionais que fazem parte da equipe de
saúde da família, conforme poderá ser observado a seguir:

Agente Comunitário de Saúde


Nem sempre um membro pode ser considerado como um
participante “efetivo” da Equipe de Saúde da Família, uma vez que se
não participar das reuniões com os demais profissionais e/ou não tiver
acesso ao prontuário e às informações dos pacientes.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
26 Homem, Adulto e Idoso

As funções de todos os membros são:


• Desenvolver ações para a integração de toda a equipe de saúde
junto com a população adscrita à unidade básica de saúde, considerando
as características e as finalidades do trabalho de assistência aos
indivíduos e grupos sociais ou a coletividade;
• Trabalhar com qualidade para todas as famílias com uma base
geográfica definida, a chamada microárea;
• Estar em contato efetivo com as famílias por meio de ações
educativas, buscando à promoção da saúde e a prevenção das doenças,
de acordo com o planejamento da equipe;
• Listar todas as pessoas de sua microárea e manter os cadastros
atualizados;
• Acompanhar as famílias com relação à utilização dos serviços
de saúde disponíveis;
• Realizar as atividades de promoção da saúde, prevenção das
doenças e agravos, vigilância à saúde, por meio de visitas domiciliares
e ações educativas tanto individuais como coletivas nos domicílios e
na comunidade, mantendo a equipe informada, principalmente com
relação às situações de risco;
• Acompanhar por meio da visita domiciliar todas as famílias e os
indivíduos que estiverem sob a sua responsabilidade, em função das
necessidades que foram definidas pela equipe;
• Exercer todas as atribuições atualmente definidas para os
agentes comunitários de saúde com relação à prevenção e ao controle
da malária e da dengue, por meio da Portaria nº 44/GM, de 3 de janeiro
de 2002 (SILVA, et al, 2013).
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 27

Enfermeiro
Figura 4: Enfermeira

Fonte: Freepik

Quanto ao enfermeiro as suas funções na estratégia da saúde da


família são as seguintes:
• Realizar uma assistência integral por meio da promoção e
proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento,
reabilitação e manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias na unidade
de saúde da família, quando indicado ou necessário, no domicílio e/
ou nos demais espaços comunitários (escolas e associações), durante
todas as fases do desenvolvimento humano (infância, adolescência,
idade adulta e terceira idade);
• Conforme os protocolos ou outras normativas técnicas
estabelecidas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, observadas
as disposições legais da profissão, realizar a consulta de enfermagem,
pedir exames complementares e prescrever as devidas medicações;
• Idealizar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações desenvolvidas
pelos agentes comunitários de saúde;
• Coordenar, supervisionar e realizar todas as atividades de educação
permanente dos agentes comunitários de saúde e da equipe de enfermagem;
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
28 Homem, Adulto e Idoso

• Participar e contribuir de todas as atividades de Educação


Permanente do Auxiliar de Enfermagem, auxiliar de consultório dentário
e técnico de saúde bucal.
• Participar do acompanhamento dos insumos necessários para o
adequado funcionamento da unidade de saúde da família.

Médico
Quanto ao médico que participa da estratégia da saúde da família
as suas funções são as seguintes:
• Promover uma assistência integral (promoção e proteção da
saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e
manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias em todas as fases do
desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira
idade;
• Executar as consultas clínicas e procedimentos na unidade de
saúde da família e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc.);
• Participar das atividades de demanda espontânea e programada
na clínica médica, pediatria, ginecoobstetrícia, cirurgias ambulatoriais,
pequenas urgências clínico cirúrgicas e procedimentos para fins de
diagnósticos;
• Conduzir quando for necessário, os usuários tanto aos serviços
de média a alta complexidade, considerando os fluxos de referência
e contra referência locais, garantindo a sua responsabilidade pelo
acompanhamento do plano terapêutico do usuário, proposto pela
referência;
• Manifestar a necessidade da internação hospitalar ou domiciliar,
mantendo a responsabilização pelo acompanhamento do usuário;
• Participar e contribuir com relação as e atividades de Educação
Permanente dos agentes comunitários de saúde, auxiliares de
enfermagem e auxiliar de saúde bucal;
• Colaborar com o gerenciamento dos insumos necessários para
o adequado funcionamento da unidade de saúde da família.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 29

Auxiliar e Técnico de Enfermagem


Esse profissional deve acompanhar todas as visitas domiciliares
com uma grande frequência, sendo considerado como o principal
responsável pelas ações educativas na unidade.
Este profissional tem as seguintes funções:
• Participar ativamente das atividades de assistência básica
realizando todos os procedimentos regulamentados no exercício de
sua profissão na unidade de saúde da família e, quando indicado ou
necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas
e associações);
• Participar das atividades de educação em saúde nos grupos
específicos e a famílias em situação de risco, de acordo com o
planejamento da equipe; e
• Fazer parte do gerenciamento dos insumos necessários para o
adequado funcionamento da unidade de saúde da família.

Figura 6: Auxiliar técnico de enfermagem

Fonte: ©Freepik
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
30 Homem, Adulto e Idoso

Cirurgião Dentista
As principais funções do cirurgião dentista estão descritos a
seguir:
• Realizar um diagnóstico com a finalidade de obter o perfil
epidemiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal;
• Realizar os procedimentos clínicos da Atenção Básica em
saúde bucal, estando incluso o atendimento das urgências e pequenas
cirurgias ambulatoriais;
• Proporcionar a atenção integral em saúde bucal (promoção
e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento,
reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a todas as
famílias, a indivíduos e a grupos específicos, de acordo com planejamento
local, com resolubilidade;
• Orientar e encaminhar os usuários, quando necessário, a
outros níveis de assistência, mantendo sua responsabilização pelo
acompanhamento do usuário e o segmento do tratamento;
• Participar e coordenar todas as ações coletivas voltadas à
promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
• Apoiar, acompanhar e desenvolver toda as atividades referentes
à saúde bucal com os outros membros da equipe de saúde da família,
buscando aproximar e integrar todas as ações de saúde de forma
multidisciplinar.
• Participar das atividades de educação permanente do técnico
de saúde bucal, auxiliar de saúde bucal e estratégia de saúde da família;
• Fazer a supervisão técnica do técnico de saúde bucal e auxiliar
de saúde bucal;
• Participar da coordenação dos insumos necessários para o
funcionamento adequado da unidade de saúde da família.

Técnico de saúde bucal


A seguir será abordado as principais funções do técnico de saúde
bucal:
• Realizar a atenção integral em saúde bucal (promoção,
prevenção, assistência e reabilitação) tanto individual como coletiva a
todas as famílias, indivíduos e a grupos específicos, de acordo com a
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 31

programação e segundo as suas competências técnicas e legais;


• Coordenar e realizar a manutenção e a conservação dos
equipamentos odontológicos;
• Apoiar, acompanhar e desenvolver todas as atividades
referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe de saúde
da família, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma
multidisciplinar.
• Apoiar todas as atividades dos auxiliares de saúde bucal e dos
agentes comunitários de saúde nas ações de prevenção e promoção da
saúde bucal;
• Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o
adequado funcionamento da unidade de saúde da família.

Auxiliar de saúde bucal


As funções do auxiliar de saúde bucal são as seguintes:
• Realizar as ações de promoção e prevenção em saúde bucal
para as famílias, grupos e indivíduos, por meio do planejamento local e
protocolos de atenção à saúde;
• Proceder à desinfecção e à esterilização de materiais e
instrumentos utilizados;
• Organizar todo o instrumental e os materiais necessários;
• Instrumentalizar e auxiliar o cirurgião dentista e/ou o técnico de
saúde bucal nos procedimentos clínicos;
• Cuidar da manutenção e a conservação dos equipamentos
odontológicos;
• Organizar toda a agenda clínica;
• Acompanhar, apoiar e desenvolver as atividades relacionadas
com à saúde bucal e com os demais membros da equipe de saúde
da família, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma
multidisciplinar;
• Participar do gerenciamento de todos os insumos necessários
para o funcionamento adequado da unidade de saúde da família.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
32 Homem, Adulto e Idoso

Núcleos de apoio e assistência


Nesse item serão estudados os núcleos de apoio a saúde
da família a sua criação por meio do Ministério da Saúde, assistência
multidisciplinar como também a visão holística e integral do ser humano
como também os paradigmas nas relações assistenciais.

Núcleos de Apoio à Saúde da Família


No ano de 2008 o Ministério da Saúde criou os Núcleos de Apoio
à Saúde da Família (NASF), por meio da Portaria nº 154, de 24 de janeiro
de 2008, sendo republicada em 04 de março de 2008), com o objetivo
de buscar a integralidade da atenção e a interdisciplinaridade das ações,
ou seja, a importante participação das outras categorias profissionais.
O Núcleo de Apoio à Saúde da Família é constituído por nove
áreas que são consideradas como estratégicas, sendo entre elas:
• Saúde da criança e do adolescente.
• Saúde do jovem.
• Saúde mental.
• Reabilitação/saúde integral da pessoa idosa.
• Alimentação e nutrição.
• Serviço social.
• Saúde da mulher.
• Assistência farmacêutica; atividade física.
• Práticas corporais; práticas integrativas e complementares.
Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família são considerados
como um programa muito inovador tendo como fundamentos o apoio,
ampliação e o aperfeiçoamento da atenção e a gestão da saúde na
atenção básica e saúde da família.
Os principais requisitos estão relacionados com o conhecimento e
a responsabilidade sobre um determinado número de equipes de saúde
da família e o desenvolvimento de habilidades que estão envolvidas
com este importante paradigma que é a Saúde da Família.
Sendo necessário também o comprometimento com as mudanças
na atitude e na atuação dos profissionais da Saúde da Família e entre
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 33

sua própria equipe, como também com relação ao exercício das ações
intersetoriais e interdisciplinares, promoção, prevenção, reabilitação da
saúde e cura, além de humanização dos serviços, educação permanente,
promoção da integralidade e da organização territorial dos serviços de
saúde.
A integralidade pode ser encarada como a principal diretriz
a ser praticada pelos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, estando
relacionadas com:
• Abordagem integral do indivíduo levando em consideração seu
contexto social, familiar e cultural e com garantia de cuidado longitudinal;
• As práticas de saúde organizadas a partir da integração das
ações de promoção, prevenção, reabilitação e cura;
• A organização do sistema de saúde de forma a garantir o acesso
às redes de atenção, conforme as necessidades de sua população.

Assistência multidisciplinar
A Estratégia Saúde da Família enfrenta um grande desafio que
é o de superar o processo de trabalho no qual foram estabelecidos os
modelos de organizações sanitárias e, nesse contexto, configurou-se uma
iniciativa inovadora no campo sanitário internacional. Diferentemente de
outros países que basearam seus sistemas na atenção primária à saúde,
a estratégica de saúda da família propõe o trabalho multiprofissional e
em equipe.

Visão holística e integral do ser humano


A questão da assistência multidisciplinar à saúde é um desafio,
considerando a necessidade do trabalho em equipe e do trabalho
com uma visão holística e integral do ser humano. Há que se envolver
o conhecimento de diversas disciplinas, não apenas a área da saúde,
mas também das ciências humanas e das ciências sociais. O trabalho no
enfoque do ciclo vital, abrangendo o bebê, a criança, o adolescente e
assim por diante, garante uma visão integral das condições de saúde e
daquelas que desencadeiam as doenças nos seres humanos.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
34 Homem, Adulto e Idoso

Todos os profissionais da área da saúde estabelecem relações


com outras pessoas, pacientes e equipes.

Paradigmas nas relações Assistenciais


Existem três paradigmas que estão envolvidos com as relações
assistenciais que são:
• Técnico científico;
• Financeiro;
• Humanitário.
• Técnico-científico
Nesse caso é quando a doença se torna mais importante que
o doente, quando os equipamentos técnicos (de tratamento, de
diagnóstico) se interpõem entre o profissional e o paciente, dificultando
/impedindo) que se estabeleça um relacionamento adequado entre o
profissional e o paciente;
Financeiro: Esse item busca incessante pelo lucro, ou em evitar
prejuízos financeiros, por exemplo processos judiciais;
Humanitário: Esse item está relacionado com o entendimento da
importância das relações humanas.
Todos os profissionais devem buscar um equilíbrio entre esses
paradigmas, pois não é possível abandonar a técnica, caso contrário
não seria possível oferecer o melhor tratamento para o paciente, porém
também não se poderia trabalhar sem pensar na remuneração.
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudo?
Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema
de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que foi abordado.
No conteúdo a relação médico paciente foi abordado esta relação
na antiguidade, história moderna e contemporânea e a importância dos
meios de comunicação na área da saúde.
Já no conteúdo modelos da relação médico paciente e a atenção
humanizada foram estudados os modelos da relação médico paciente,
Sistema Único de Saúde e as políticas públicas e a relação humanizada
médico paciente.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 35

No item Estratégias de saúde da família foi abordado as Diretrizes


Curriculares Nacionais, especificidades da estratégia da saúde da
família, processo de trabalho e o papel de cada um dos membros da
equipe (agente comunitário de saúde, enfermeiro, médico, auxiliar e
técnico de enfermagem, cirurgião dentista, técnico de saúde bucal e
auxiliar de saúde bucal).
E por último foi estudado os núcleos de apoio à saúde da família,
assistência multidisciplinar, visão holística e integral do ser humano e os
paradigmas nas relações assistenciais.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
36 Homem, Adulto e Idoso

BIBLIOGRAFIA
CAPONERO, R. A comunicação médico paciente no tratamento oncológico.
Editora Sumus, 2015.

DE MARCO, MA. A face humana da medicina: do modelo biomédico ao


modelo biopsicossocial. 2ª Edição, São Paulo, Editora Casa do Psicólogo, 2010.

LUZ, PL. As novas faces da medicina. Barueri, São Paulo, Editora Manole, 2014.

SILVA, PA.; SILVA, GML.; RODRIGUES, JD.; MOURA, PV.; CAMINHA, IO. &
FERREIRA, DKS. Atuação em equipes multiprofissionais de saúde: uma revisão
sistemática. ConScientiae Saúde, 12(1): 153-156, 2013.
Sistema e Saúde e Organização da Atenção Básica: Saúde do
Homem, Adulto e Idoso 37

Sistema e Saúde e
Organização da Atenção
Básica: Saúde do Homem,
Adulto e Idoso
Paulo Heraldo Costa do Valle

Você também pode gostar