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Modelos e Gestão

de Serviços em
Saúde
Hermínio Oliveira Medeiros

Unidade 1

Gestão de
sistemas e
serviços públicos
de saúde no
Brasil
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor
HERMÍNIO OLIVEIRA MEDEIROS
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
O AUTOR
Hermínio Oliveira Medeiros
Olá! Meu nome é Hermínio Oliveira Medeiros. Sou graduado em
Farmácia (Universidade Federal de Ouro Preto, 2005) e em Sociologia
(UNIP, 2018). Sou mestre em Administração em Saúde (Udelmar, 2014),
pós-graduado com MBA em Gestão de Negócios (Univiçosa, 2012) e
especializado em Gestão em Logística Hospitalar (FINOM, 2009), em
Qualidade e Acreditação Hospitalar (FCMMG, 2014) e em Qualidade em
Saúde e Segurança do Paciente pela (ENSP/FIOCRUZ, 2017). Atuo na
docência de cursos superiores da saúde e na gestão de saúde pública
e hospitalar. Por isso fui convidao pela Editora Telesapiens a integrar seu
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha
de aprendizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova com- novo conceito;
petência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou
mento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Princípios da gestão de sistemas e de serviços de saúde....................11

A necessidade da gestão especializada.........................................................................11

Gerenciamento de natureza técnico-assistencial................................................... 12

Conceituando a gestão em saúde..................................................................................... 14

Indicadores de gestão em saúde........................................................................................16

Atenção Primária à Saúde: Fundamentos e Desafios..............................21

Cenário nacional da saúde brasileira................................................................................ 21

Conceituando a Atenção Primária à Saúde (APS)...................................................23

Gestão da Atenção Primária à Saúde.............................................................................. 26

Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)..............................................................27

Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP)............................................. 29

Políticas e Legislação em Saúde no Brasil................................................. 32

O Sistema Único de Saúde no Brasil................................................................................32

A criação do SUS ...........................................................................................................................34

Direitos dos usuários .................................................................................................................. 36

Princípios do Sistema Único de Saúde...........................................................................37

O Pacto pela Saúde 2006: consolidação do SUS .................................................. 41


Conjuntura da gestão em saúde no Brasil.................................................. 45

Realidade nacional ...................................................................................................................... 45

A judicialização e a terceirização da saúde pública............................................. 48

Perspectivas teórico-metodológicas...............................................................................52
8 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

01
UNIDADE

GESTÃO DE SISTEMAS E SERVIÇOS


PÚBLICOS DE SAÚDE NO BRASIL
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 9

INTRODUÇÃO
Prezado aluno! Ainda hoje em nosso país a gestão dos sistemas
e serviços públicos de saúde acaba, por questões de cunho político,
sendo delegada a pessoas sem à devida qualificação para atribuição
de tamanha complexidade e responsabilidade. Sabe-se também que,
historicamente, os sistemas públicos de saúde do Brasil são marcados
pela carência de recursos, tidos sempre como insuficientes para suprir a
demanda crescente da população. Nesse contexto, será a especialização
dos profissionais da gestão a solução para os problemas atuais da saúde
no país? Vamos discutir a legislação, os modelos e a gestão dos serviços
de saúde no Brasil e como a profissionalização da gestão contribui de
forma inequívoca para o alcança de eficácia, eficiência e efetividade
administrativa em saúde. Vamos lá! Bons estudos!
10 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – Gestão de sistemas e
serviços públicos de saúde no Brasil. Nosso objetivo é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término
desta etapa de estudos:

1. Conhecer os princípios da gestão de sistemas e de serviços de


saúde;

2. Analisar os aspectos legais da gestão em saúde no Brasil;

3. Entender o funcionamento do SUS;

4. Reconhecer os desafios da gestão em saúde no Brasil.

Então? Preparado para adquirir conhecimento sobre um assunto


fascinante e inovador como esse? Vamos lá
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 11

Princípios da gestão de sistemas e de


serviços de saúde
INTRODUÇÃO:

Ao concluirmos esse capítulo você será capaz de entender


o universo da saúde brasileira, seus fundamentos e suas
políticas, identificando desafios e contribuindo para a evolução
de um sistema de saúde considerado padrão, altamente
dinâmico, em contínua construção. Preparados? Vamos lá!

A necessidade da gestão especializada


A gestão pública brasileira, em todos os seus setores, carrega
consigo a marca da precariedade administrativa e da corrupção, o que
acaba por impedir que se cumpra a legislação e se concretize as políticas
de saúde.

REFLITA:

Uma gestão profissional e especializada pode por fim à


precariedade administrativa e contribuir para o cumprimento
dos direitos constitucionais dos cidadãos brasileiros?

O gestor em saúde pública precisa compreender como a aplicação


dos princípios da gestão, buscando a profissionalização administrativa
no setor público, é capaz de mudar o paradigma vigente de uma saúde
deficitária e ineficiente. Também necessita ter competência para analisar
o atual cenário da gestão em saúde no Brasil e como a questão afeta
a efetivação das políticas de saúde públicas levando o Estado ao
descumprimento de seu próprio ordenamento jurídico com impactos
negativos e severos na saúde e qualidade de vida de seu povo.
12 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

IMPORTANTE:

Em se tratando de serviços públicos de saúde, a adoção


de uma gestão eficiente é de grande relevância e deve ser
vista como prioridade pelos governos devido à crise de
credibilidade que se associa ao setor, principalmente pela
carência de acesso à serviços de qualidade e uma política
extremamente irregular.

O ex-ministro da saúde José Serra em discurso pela Conferência do


Banco Interamericano de Desenvolvimento destacou que a saúde no Brasil
não podia ser sinônimo de desperdício, precariedade administrativa, falta
de metas e baixa qualidade dos serviços, demonstrando a preocupação
com o gerenciamento profissionalizado e especializado do setor (SERRA,
2002).

REFLITA:

Conseguiremos propor medidas interventivas para vencer


os desafios e buscar qualidade na gestão e prestação de
serviços públicos de saúde?

Dessa preocupação governamental (e necessidade coletiva)


surge a gestão especializada como um instrumento técnico-assistencial
em torno do qual se pode reestruturar o setor para fazer face às reais
necessidades de saúde do país. Essa gestão deve se basear na utilização
de ferramentas de natureza técnico-assistencial para transpor os desafios
diários na gestão de um sistema tão complexo como o Sistema Único de
Saúde (SUS).

Gerenciamento de natureza técnico-


assistencial
Para se instruir os estudos sobre a gestão dos serviços públicos de
saúde no Brasil, devemos compreender toda a base filosófica, doutrinária
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 13

e operacional que regem o SUS, definidas nas Leis no. 8.080/1990


que dispõe sobre as condições, a organização e o funcionamento dos
serviços de saúde, e a Lei no. 8.142/90 que versa sobre a participação
da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências de recursos
financeiros na área da saúde (BRASIL, 1990a; BRASIL, 1990b).

Figura 1 - Exemplo de administração pública especializada.

Fonte: Freepik

De acordo com Ramos e Grigoletto (2012), as ações e estratégias


para o gerenciamento técnico-assistencial devem ser operacionalizáveis
principalmente no âmbito da Atenção Primária baseando-se no respeito
aos princípios do SUS e os fundamentos da Estratégia Saúde da Família
(ESF), reafirmando o papel do Estado de gerir e prover o sistema nas três
esferas do governo.

NOTA:

Uma gestão eficiente, desses recursos irão claramente refletir


na eficácia e eficiência do sistema, trazendo melhorias visíveis
e mensuráveis na oferta de serviços, na qualidade de vida e
saúde da população.

Em saúde, é importante sempre lembrarmos que a gestão dos


recursos relacionados à execução das atividades deve sempre refletir na
melhoria da oferta de serviços e da qualidade da assistência prestada aos
usuários, foco primordial do sistema de saúde.
14 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

Considerando-se o resultado das políticas e ações de saúde espera-


se que a implementação de um sistema de gestão eficiente da saúde
pública aliada a um modelo de assistência coerente apresente impactos
para a organização, para os trabalhadores e, conseqüentemente, para os
usuários do serviço.

No setor saúde sabe-se que a avaliação da satisfação dos


profissionais e dos usuários passa pelos critérios da tríade estrutura,
processo e resultado nos serviços ofertados, sendo, assim, fundamental
para a construção da qualidade desenvolvida nos estabelecimentos de
saúde (PERTENCE; MELLEIRO, 2010).

IMPORTANTE:

O debate sobre a necessidade de mudança do modo de se


fazer e gerir a saúde pública defende que é necessário impactar
o núcleo do cuidado. É preciso investir nas necessidades dos
usuários, invertendo o foco do investimento para pessoas e as
suas relações (FERTONANI et al., 2015).

A melhor maneira de se intervir no sistema é utilizando-se de


ferramentas de gestão em saúde sempre avaliando as ações através de
indicadores mensuráveis de resultado.

Conceituando a gestão em saúde


De uma maneira geral, de acordo com Chiavenato (1999):

DEFINIÇÃO:

O gerenciamento consiste na execução sistemática de todas


as atividades próprias de uma organização, objetivando o
alcance da eficiência e da eficácia. Consideramos eficácia
o alcance dos objetivos propostos enquanto o conceito de
eficiência relaciona-se à busca da otimização dos recursos
disponíveis no alcance à essa meta.
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 15

Nas organizações prestadoras dos serviços de saúde busca-se a


satisfação dos objetivos individuais e organizacionais que são, de acordo
com os novos paradigmas da saúde, a integralidade do ser humano, a
qualidade de vida e a promoção da saúde, utilizando-se da melhor
maneira possível os recursos disponibilizados pelo sistema, quase sempre
considerados insuficientes pela ótica de gestores, equipe de saúde e
usuários.

O gerenciamento em organizações prestadoras de serviços de


saúde (OPSS) relaciona-se sempre a uma unidade social idealizada para
atingir objetivos e metas traçadas (RAMOS; GRIGOLETTO, 2012).

NOTA:

Essa unidade constitui-se de uma combinação de recursos


humanos, físicos, políticos, financeiros, econômicos,
tecnológicos, dentre outros, com o intuito de oferecer
assistência à saúde de seus usuários (JUNQUEIRA, 1990).

Pela complexidade das atividades realizadas nas unidades de


saúde, o seu gerenciamento envolve uma equipe multidisciplinar visando
que a junção dos conhecimentos em interdisciplinaridade funcione de
forma harmoniosa e de forma efetiva na organização das ações de saúde
nos âmbitos assistenciais, clínicos, educativos e gerenciais, atingindo as
metas traçadas (RAMOS; GRIGOLETTO, 2012).

Figura 2 - As organizações de saúde possuem equipe multidisciplinar.

Fonte: Freepik
16 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

A integralidade e a resolutividade do cuidado em saúde dependem


da oferta dos serviços, da sua execução com qualidade e da sua gestão
baseadas em princípios doutrinários fundamentais, na legislação e nos
aspectos gerenciais (que envolverá os aspectos estruturais do sistema e a
aplicação dos recursos disponíveis).

ACESSE:

A animação “A fuga das galinhas” é um engraçado e envolvente


exemplo de êxito de trabalho em equipe, de planejamento e
de estratégia (LORD; MARK; PARK, 2000). Assista o trailer em:
< https://bit.ly/2E5I0lD>.

A Organização Mundial da Saúde - OMS (2003) entende que, para


se atender às expectativas de saúde da população, faz-se essencial
garantir a cobertura universal evoluindo para a promoção, a proteção e a
recuperação da saúde.

NOTA:

No Brasil, a expectativa e a insatisfação da população com os


serviços de saúde é fato público e notório, estratégias devem
ser desenvolvidas no sentido de sanar as queixas sociais no
quesito saúde

A partir disso, os indicadores de resultado proporcionarão uma visão


das ações executadas e permitirão a sua avaliação pelo gestor, tornando-
se importantes parâmetros gerenciais para a tomada de decisão.

Indicadores de gestão em saúde


A avaliação dos resultados de uma ação proposta na cadeia de
assistência à saúde é de grande importância, uma vez que se permite
visualizar a sua efetividade e se transforma em parâmetro norteador para
o gestor.
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 17

NOTA:

Com essa finalidade padroniza-se indicadores que


proporcionarão medir, qualitativa e quantitativamente, as
repercussões das atividades gerenciais nas organizações de
saúde.

De acordo com Bittar (2001), o indicador é uma unidade de medida


que tem como alvo o resultado, o processo e a estrutura em saúde, e que
pode ser usado como um guia para monitorar e para avaliar a qualidade
e a quantidade da assistência ofertada aos usuários, imprescindível para
o planejamento, a organização, a coordenação, a avaliação e o controle
das atividades desenvolvidas em um determinado processo ou no todo.

NOTA:

A comparação entre meta e indicador cria importante dado no


conhecimento das mudanças ocorridas em uma organização.

Já Busato (2017) estabelece que as metas e os indicadores são


fundamentais no monitoramento das atividades de gestão, e que, esses
devem refletir não somente o ambiente interno das unidades de saúde,
mas também na qualidade de vida e no acesso da população aos serviços
de saúde.
Figura 3 - Indicadores podem ser apresentados em forma de gráficos.

Fonte: Freepik
18 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

Logo, toda a equipe de saúde está relacionada à busca das metas


determinadas e que, após levantamento e análise devem, em termos
gerenciais, culminar no desenvolvimento de indicadores, parametrizando
a tomada de decisão.

NOTA:

Importantes metas e indicadores de saúde coletiva que se


relacionam à qualidade de vida e saúde e acesso aos serviços
do sistema estão ligados à atenção primária.

Baseando-se em Bittar (2001) medir qualidade e quantidade em


programas e em serviços de saúde é imprescindível para o planejamento
e para a avaliação das ações executadas, sendo o alvo dessa medição os
resultados, os processos e as estruturas necessárias ou utilizadas, bem
como as influências e as repercussões promovidas no ambiente.

As comparações entre metas, fatos, dados e informações, e a


criação de parâmetros internos e externos são peças fundamentais para
o conhecimento das mudanças ocorridas em um serviço ou sistema de
saúde (BITTAR, 2001).

IMPORTANTE:

Assim sendo, a eficácia e a efetividades das ações de saúde


podem e devem ser avaliadas através da montagem de
indicadores, calculados através do levantamento de dados
pela equipe multidisciplinar e pela gestão.

A avaliação dos resultados dos indicadores, objetivando a


identificação de problemas e a proposição de soluções na busca de
melhoria contínua dos processos, refletindo a execução e a resolutividade
das ações de saúde, é denominada de Análise Crítica. Para cada indicador
deve ser realizada uma análise detalhada de sua tendência (COUTO;
PEDROSA, 2009).

A tendência representa as variações ocorridas em indicadores


ao longo de tempo, indicando o comportamento dos resultados em
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 19

determinado período e contribuindo para a formulação de hipóteses


sobre a causalidade dos fatores que se relacionam aos resultados, sendo
eles satisfatórios ou não (FRANÇA JUNIOR; MONTEIRO, 2000).

IMPORTANTE:

Para Gonçalves (2001), a tendência pode ser favorável (ou


positiva), desfavorável (ou negativa) ou constante (ou ausente),
de acordo com às mudanças detectadas pelo indicador em
um período de tempo definido.

Efetivada a análise, busca-se a identificação da causa raiz (o motivo


que possibilitou a ocorrência do fato). O conhecimento da causa raiz
tornará possível: 1 - analisar e identificar o procedimento adotado que
permitiu o alcance da meta do indicador; 2 - intervir na causa principal de
modo a diminuir o impacto negativo do resultado do indicador (COUTO;
PEDROSA, 2009).

Assim, após a análise dos indicadores, a identificação dos problemas


e a intervenção na sua causa-raiz, parte-se para o planejamento das ações
como estratégias para a garantia da resolutividade e da integralidade do
cuidado à saúde.
20 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

RESUMINDO (CONTINUAÇÃO):

Vimos também que essa gestão especializada deve ter o


foco nos usuários e sempre utilizar-se de planejamento,
de monitoramento e de avaliação dos resultados por meio
de indicadores de resultados que permitam visualizar se
as políticas, as ações e os investimentos estão refletindo
em qualidade de vida e saúde. Discutimos também que
as organizações prestadoras de serviços de saúde são
compostas por equipes multidisciplinares e que seus
profissionais necessitam estar engajados na busca das metas
determinadas pela gestão e pelos órgãos reguladores da
saúde pública.
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 21

Atenção Primária à Saúde: Fundamentos


e Desafios

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como funcionam as políticas de saúde no Brasil e o motivo
de se focar na atenção primária. Você compreenderá porque
a atenção primária é uma ferramenta tão importante para
a construção de um sistema de saúde público efetivo e
financeiramente viável. E então? Motivado para desenvolver
esta competência? Então vamos lá. Avante!

Cenário nacional da saúde brasileira


O envelhecimento populacional brasileiro acompanha uma
tendência mundial de aumento da parcela etária de pessoas com mais de
60 anos, sendo que os idosos com 80 anos ou mais constituirão um grupo
expressivamente importante.

IMPORTANTE:

No Brasil, a transição demográfica e epidemiológica elevou a


expectativa de vida, e trouxe a preocupação com a qualidade
de vida agregada à essa longevidade (BARRETO; CARRERA;
MARCON, 2015).

Contudo, o crescimento do número de idosos acarreta alterações


sensíveis na incidência, na prevalência e nos índices de óbitos causados
pelas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), o que demanda
políticas públicas que visem o cuidado contínuo e multidisciplinar desses
usuários (MIRANDA; MENDE; SILVA, 2016).
22 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

Figura 4 – O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial.

Fonte: Freepik

Como consequência, esse cenário juntamente com outros


relacionados à urbanização, à violência, ao sedentarismo e aos hábitos de
vida insalubres demandam políticas públicas de saúde em todos os níveis
de atenção, da atenção básica à hospitalar.

DEFINIÇÃO:

A atenção primária à saúde é tida como aquela de menor


complexidade, não especializada, com uso de baixa
tecnologia e que se baseia, principalmente, em medidas
preventivas de cunho individual e de cunho coletivo no âmago
das comunidades (OPAS, 2018).

Por ser a porta de entrada dos usuários no SUS e ser planejada


dentro das necessidades da população a que se destina, a atenção
primária utiliza-se de acompanhamento ambulatorial e da educação em
saúde como ferramentas para a manutenção da saúde e da qualidade de
vida dos usuários.
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 23

NOTA:

Desse modo, suas atividades são menos onerosas ao sistema,


mas produzem efeitos altamente impactantes no resultado
final acompanhado através dos indicadores epidemiológicos.

Para se adentrar na gestão da atenção primária faz-se


necessário a conceituação e a caracterização desse nível de
cuidado.

VOCÊ SABIA?

O Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS) é inspirado no


National Health Service Britânico (NHS), sistema de saúde
público britânico, criado em 1948 após a Segunda Guerra
Mundial (TANAKA; OLIVEIRA, 2007).

Conceituando a Atenção Primária à Saúde


(APS)
A atenção primária à saúde compreende grande parcela dos
esforços dos órgãos governamentais, uma vez que se espera que a maioria
das demandas em saúde da população sejam abordadas e resolvidas
neste nível (durante toda a sua vida de forma longitudinal), uma vez que
representa o primeiro nível de atenção e a principal porta de entrada dos
usuários ao sistema público de saúde (OPAS, 2018).

SAIBA MAIS:

Um ministro da saúde, seus textos e discursos sobre a situação


e a evolução das políticas de saúde no Brasil: ideologia,
polêmica e sonhos. Se interessou? Leia o livro: SERRA, José.
Ampliando o possível: a política de saúde do Brasil. 1ed. Rio de
Janeiro: Campus, 2002.
24 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

Ribeiro (2017) lembra que o Pacto em Defesa do SUS (BRASIL, 2006)


estabelece que as ações voltadas à atenção primária (ou atenção básica)
são de responsabilidade de todos os municípios brasileiros, e que esta
deve integrar e coordenar todo o cuidado à saúde dos usuários, tendo a
Estratégia de Saúde da Família (ESF) como seu principal instrumento de
fortalecimento.

IMPORTANTE:

Características importantes e idealizadas da Atenção Primária


fazem desse nível de atenção uma ferramenta eficiente
no cuidado à saúde da população, justificando a sua clara
priorização nas políticas de saúde brasileiras na atualidade.

Quatro atributos diferencia a atenção primária dos demais níveis de


assistência e faz com que ela seja tratada de maneira tão especial pelo
SUS:

•• Atenção ao primeiro contato;

•• Longitudinalidade;

•• Integralidade;

•• Coordenação.

IMPORTANTE:

A longitudinalidade se revela como característica importante


por definir um vínculo do usuário com a unidade e com o
profissional de saúde, fornecendo acompanhamento contínuo
de seu estado de saúde, de maneira preventiva e de maneira
curativa.

Starfield (2004) defende que o usuário precisa reconhecer a unidade


de saúde como fonte regular e habitual de atenção à saúde. Por sua
vez, o profissional deve conhecer o usuário e se responsabilizar pelo seu
atendimento e acompanhamento.
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 25

NOTA:

A atenção primária também deve funcionar como ferramenta


de comunicação sobre os usuários entre todos os níveis de
atenção à saúde.

Figura 5 - A longitudinalidade prega boa comunicação.

Fonte: Freepik

No âmbito da Atenção Primária à Saúde, a Estratégia da Saúde da


Família (ESF) configura-se como a sua principal modalidade de atuação.
Pautando-se na atuação territorial através do diagnóstico situacional, do
enfrentamento dos problemas de saúde em conjunto com a comunidade,
da promoção da longitudinalidade através dos cuidados aos indivíduos
e às famílias continuamente ao longo do tempo, da integração com
instituições e organizações sociai, do desenvolvimento de grupos e de
espaços de construção de saúde, e da qualidade de vida e cidadania
(TANAKA, 2011).

EXPLICANDO MELHOR:

Espera-se que nesse nível de atenção, haja comunicação


eficiente entre a equipe e os usuários de modo que se
garanta o acesso aos serviços dentro da sua necessidade,
favorecendo o seu acompanhamento contínuo, o que
proporciona continuidade e efetividade do tratamento, além,
da promoção e da prevenção de agravos de alta prevalência
na comunidade (BRASIL, 2006).
26 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

Desse modo, atenção especial também deve ser dada à gestão


da atenção primária da saúde, principalmente no que concerne ao nível
municipal, âmbito em que ela efetivamente é praticada.

Gestão da Atenção Primária à Saúde


A atenção primária é vista como o instrumento fundamental de
intervenção das políticas públicas de saúde no Brasil. Essa priorização
das ações de prevenção e de linhas de cuidado específicas da atenção
básica pode ser justificada pela rápida transição demográfica ocorrida no
Brasil, o aumento da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis
e o advento de novas formas de adoecer e de falecer (violência urbana,
doenças transmissíveis emergentes e reemergentes), situações que
influenciam diretamente na gestão do SUS (BRASIL, 2015).

Para Fonseca, Figueiredo e Porto (2017), a gestão na atenção


primária trata-se da coordenação dos recursos disponíveis e da tomada
de decisões nas unidades de saúde, fundamentadas nas evidências
e no conhecimento dos fenômenos do cotidiano das comunidades
relacionados ao contexto político local, à organização dos serviços, aos
aspectos gerenciais clínicos e à estrutura física.

Figura 6 - Ações de saúde na atenção primária.

Fonte: Freepik
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 27

Tanaka (2011) propõe que os serviços que compõem a Atenção


Básica devem passar por constante avaliação, um processo técnico-
administrativo com a finalidade de ser buscar parâmetros para a tomada
de decisão racional.

IMPORTANTE:

Essa avaliação deve envolver os componentes: medição;


comparação; emissão de juízo de valor e tomada de decisão.

Desse modo, tem-se a medição através de indicadores; a


comparação desses com outros serviços ativos de Atenção Primária no
município ou em outros na região; o juízo de valor que possibilitará uma
visão da comunidade sobre esse nível de serviço na porta de entrada da
rede de atenção, e; a tomada de decisão de intervenção com a finalidade
de se modificar/influenciar a realidade da atenção à saúde e a mobilização
de recursos.

IMPORTANTE:

Para uma gestão eficiente desses recursos necessários ao


pleno funcionamento do SUS, de modo que se contemple às
metas idealizadas, o gestor precisa conhecer as políticas de
saúde e a legislação específica vigentes no país.

Política Nacional de Atenção Básica


(PNAB)
A Atenção Básica é planejada e executada no país como mais
alto grau de descentralização e de capilaridade, ocorrendo próxima
do cotidiano dos usuários em suas comunidades. Ela deve representar
o contato direto e preferencial da população aos serviços de saúde, a
principal porta de entrada do SUS e o centro de comunicação com todo o
restante da Rede de Atenção à Saúde.
28 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

Por isso, é fundamental que ela se oriente pelos princípios da


universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado,
da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da
equidade e da participação social (BRASIL, 2012).

SAIBA MAIS:

A psiquiatra alagoana Nise da Silveira é considerada uma


das mulheres mais importantes da história da saúde pública
brasileira por sua luta na área da saúde mental. Sua biografia
foi retratada nas telas do cinema no filme “Nise: o coração
da loucura” (LEAL, 1994; BERLINER, 2015). Saiba mais em
<https://bit.ly/3eKu8Kh>.

A Portaria nº 2.436/2017 aprova a Política Nacional de Atenção


Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da
Atenção Básica, atualizando a legislação anteriormente e vigente (BRASIL,
2017).

A portaria define a Atenção Básica como sendo o conjunto de


ações de saúde individuais, familiares e coletivas que envolvem a
promoção, a prevenção, a proteção, o diagnóstico, o tratamento, a
reabilitação, a redução de danos, os cuidados paliativos e a vigilância
em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e
de gestão qualificada, realizada com equipe multiprofissional e dirigida
à população em território definido, sobre as quais as equipes assumem
responsabilidade sanitária (BRASIL, 2017).

NOTA:

A Política de Atenção Básica é a base da política de saúde


brasileira, mas o fortalecimento da rede hospitalar também
se faz importante para a integralidade e a resolutividade
das ações de saúde. Logo, vamos discutir um pouco sobre
a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) (BRASIL,
2013).
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 29

Política Nacional de Atenção Hospitalar


(PNHOSP)
Mesmo que o trabalho da atenção primária seja efetivo e alcance
a qualidade máxima, a nossa natureza humana não nos impede de
envelhecer, de adoecer e de perecer. O foco das políticas de saúde na
atenção primária não diminui a importância da rede hospitalar no Sistema
Único de Saúde.

A Portaria nº 3.390/2013 institui a Política Nacional de Atenção


Hospitalar (PNHOSP estabelecendo as diretrizes para a organização do
componente hospitalar da Rede de Atenção à Saúde (BRASIL, 2013).

IMPORTANTE:

A assistência hospitalar no Sistema Único de Saúde (SUS)


visa garantir o atendimento aos usuários na continuidade da
assistência prestada na atenção primária, com o objetivo de
garantir a resolutividade da atenção.

Os hospitais são definidos de acordo com o perfil epidemiológico da


região de saúde da qual são referência de atendimento, incorporados em
uma Rede de Atenção à Saúde (RAS).

DEFINIÇÃO:

Os hospitais são instituições de maior complexidade, com


tecnologia superior, contando com equipe multiprofissional e
interdisciplinar para atendimento dos usuários com condições
de saúde agudas ou crônicas potencialmente instáveis e com
possibilidade de complicações de seu estado de saúde. Esse
quadro justifica o cuidado contínuo em regime de internação
(BRASIL, 2013).
30 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

Um problema visível e muito discutido sobre a atenção especializada


e hospitalar no Brasil é que, historicamente, ela é composta por muitas
instituições filantrópicas, grande parte dela de pequeno porte (de até
cinquenta leitos) e que atualmente são fonte de grande preocupação pela
dificuldade de manutenção financeira dos mesmos.

IMPORTANTE:

O tema é foco de estudos, de deliberações e de políticas


específicas onde se busca que esses hospitais se comuniquem
na rede de atenção à saúde e se vocacionalizem de acordo
com as características regionais. O que se observa no atual
cenário é a insolvência sistemática e contínua dos hospitais
microrregionais de pequeno porte, o que pode, à longo prazo,
piorar a situação de superlotação dos grandes hospitais de
referência macrorregional do país, gerando grandes prejuízos
aos usuários.

Tanto as políticas de atenção básica quanto a hospitalar têm


influência direta do modelo vigente de assistência à saúde, que diz respeito
ao modo como se organiza às ações de atenção à saúde, envolvendo os
aspectos humanos, tecnológicos e assistenciais.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a atenção
primária à saúde é um modelo de cuidado importantíssimo
no SUS, por atender a maioria das demandas de saúde da
população de forma efetiva e financeiramente viável. Assim,
é fundamental para a sua vida profissional como gestor em
saúde que você saiba que as ações simples da atenção
primária, de baixa complexidade e realizadas junto às famílias
e nas comunidades possuem alta resolutividade no que se
refere ao retorno social em saúde e à qualidade de vida.
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 31

RESUMINDO (CONTINUAÇÃO):

Obviamente, você compreendeu que o envelhecimento


é um fenômeno natural do ser humano e que a parcela
idosa da população mundial vem crescendo, fazendo com
que cada vez mais as ações pautadas na prevenção sejam
o foco dos sistemas de saúde. Mesmo assim, por serem
o envelhecimento e o adoecimento naturais e inevitáveis,
a atenção devida deve também ser dada às políticas de
atenção hospitalar, fortalecendo o sistema de saúde e visando
a integralidade do cuidado.
32 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

Políticas e Legislação em Saúde no Brasil


INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender como


o SUS foi criado e como evoluiu para o sistema de saúde que
temos atualmente. Isto será fundamental para o exercício de
sua profissão, uma vez que você deve conhecer os princípios
e a filosofia do SUS que norteiam o direito à saúde no país
e, obviamente, orientam o exercício profissional. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos
lá. Avante!

O Sistema Único de Saúde no Brasil


Desde que definida como direito universal sob a responsabilidade
do Estado pela “Constituição Cidadã” de 1988, a saúde pública
brasileira passou a ser uma grande fonte de preocupação dos órgãos
governamentais de modo que políticas e leis foram promulgadas no
intuito de se regulamentar a oferta dos serviços de saúde no país.

Diversas conquistas jurídicas garantiram o direito social à saúde do


cidadão brasileiro, porém, ainda hoje, passadas três décadas da criação
do SUS, ainda persistem graves problemas como o subfinanciamento,
a insuficiência da gestão (principalmente a nível municipal), a baixa
resolutividade da rede básica, a formação deficiente de profissionais
de saúde e gestão, dentre outros pontos que tornam a efetiva e plena
implementação do SUS um grande desafio na atualidade, ocupando
estudiosos da gestão em saúde e preocupando constantemente os seus
gestores.

ACESSE:

O documentário História da saúde pública no Brasil - Um


século de luta pelo direito a saúde (BRASIL, 2006) enfatiza a luta
popular na busca pela melhoria de suas condições de saúde
em diversos momentos históricos brasileiros culminando na
sua efetivação como direito social pela Constituição de 1988.
Assista em <https://bit.ly/2OFFDrM>.
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 33

Os marcos regulatórios do direito à universalidade, a integralidade


e a equidade da saúde no Brasil demonstram grande embasamento
sociológico e jurídico mas, todavia, ainda estão distantes de serem
cumpridos conforme o preconizado.

IMPORTANTE:

O Sistema Único de Saúde brasileiro (SUS) foi idealizado


para ser universal e gratuito, desenvolvido e regulado com a
participação social e financiado pelas três esferas do governo
através de pactos de gestão. Porém, após trinta anos de
constituição do SUS podemos identificar que ele ainda está
distante do sistema proposto para resolver os problemas de
saúde dos brasileiros, e diversos pontos podem ser elencados
para melhoria.

Dentro do exposto, o financiamento é insuficiente para sanar todas


as necessidades de saúde, o controle social é ineficiente e o modelo
assistencial implantado no cerne da cultura brasileira (na postura da
população e na formação dos profissionais de saúde) não contribui em
nada para a resolução da problemática da assistência à saúde no país,
visto que ainda privilegiam a assistência médica curativa em detrimento
da promoção à saúde.

NOTA:

Em seu processo histórico de construção observamos que


o SUS é, acima de tudo, uma vitória dos cidadãos brasileiros
conquistado com muita mobilização popular e idealizado
de forma a ser um sistema de saúde satisfatório, pautado na
dignidade humana, na qualidade de vida e na promoção da
saúde.

Em 1988, foi promulgada a Constituição da República Federativa


do Brasil, a mais abrangente e extensa de todas as constituições
anteriormente vigentes no país até então no que se refere aos direitos e
garantias fundamentais.
34 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

NOTA:

Conhecida como a “Constituição Cidadã”, trouxe o ideal de


saúde como um direito de todos os cidadãos e dever do
Estado, além de grande avanço no que concerne aos direitos
sociais conquistados pelo povo brasileiro.

Na Seção II preconiza que as necessidades individuais e coletivas


devem ser consideradas de interesse público e o seu provimento um
dever do Estado. Em seu texto, apresenta a assistência à saúde integral,
de caráter universal e responsabiliza-se em assegurar a todos os cidadãos
o acesso aos serviços, hierarquizados segundo parâmetros técnicos, com
gestão descentralizada e regulada pelos Conselhos de Saúde, órgãos
colegiados oficiais (BRASIL, 1988).

IMPORTANTE:

Para se concretizar o acesso universal do direito à saúde, no


ano de 1990, a Lei nª. 8080 e a Lei no. 8142, forneceram o
subsídio legal para a criação, o funcionamento, a gestão e o
controle social do SUS.

A criação do SUS
Ato contínuo à Constituição de 1988, no ano de 1990, através da Lei
nº 8.080/90, foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS).

O documento legal conhecido como a Lei Orgânica da Saúde,


dispõe sobre as condições necessárias à promoção, à proteção e à
recuperação da saúde, além da organização e do funcionamento dos
serviços de saúde no âmbito do SUS (BRASIL, 1990a).
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 35

ACESSE:

O médico e cientista Oswaldo Gonçalves Cruz é considerado


um dos maiores nomes da construção da saúde pública no
Brasil pela sua contribuição nos idos dos anos 1900. Saiba
mais sobre esse ícone da saúde pública brasileira acessando:
<https://bit.ly/2OJDvzc>.

No mesmo ano foi promulgada a Lei nº 8.142/90 discorrendo


sobre a participação da comunidade na gestão do SUS, e abordando as
transferências de recursos financeiros para o provimento das ações de
saúde.

EXPLICANDO MELHOR:

Esta Lei traz importante contribuição à regulação do SUS ao


instituir os Conselhos de Saúde (federal, estadual e municipal),
além de conferir legitimidade aos órgãos de representação
da gestão estadual e municipal (Conselho Nacional de
Secretários Estaduais de Saúde e Conselho Nacional de
Secretários Municipais de Saúde) (BRASIL, 1990b).

A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) pode ser considerado


o marco fundamental do Sistema Único de Saúde ao instituir que a “Saúde
é direito de todos e dever do Estado”. O objetivo dos constituintes de
1988 era a criação de um sistema de saúde público para ser exemplo,
futuramente considerado como um dos maiores e mais resolutivos do
mundo.

No período anterior a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988)


o sistema público de saúde vigente no Brasil só oferecia assistência
aos trabalhadores vinculados à Previdência Social. A essa parcela da
população, os serviços eram oferecidos de forma gratuita na rede pública,
principalmente, os serviços hospitalares que, aos demais cidadãos era
realizado pelas entidades filantrópicas, ligados à igreja católica, como
36 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

as Santas Casa de Misericórdia, Sociedade São Vicente de Paula, dentre


outras que, ainda hoje compõem de maneira muito importante a rede
hospitalar vinculada ao SUS (BRASIL, 2018).

Nessa época, a assistência à saúde no país passava pela filantropia.


Paralelamente a isso, o Estado se responsabilizava por ações diante de
epidemias, como ações de vacinação e de saneamento básico, além de
intervir também em doenças negligenciadas como a doença mental, a
hanseníase e a tuberculose.

Em 1923, com a Lei Elói Chaves, marco da previdência social no


Brasil, atrelada à previdência, os trabalhadores contribuintes passaram a
ter acesso à serviços de saúde. A evolução da saúde atrelada à previdência
social trouxe ao advento do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS)
em 1966, do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
Social (INAMPS) em 1977, até que finalmente, a saúde foi delegada ao
Ministério da Saúde com a instituição do SUS e a posterior extinção do
INAMPS em 1993 (BRASIL 2018).

IMPORTANTE:

Nesse ínterim, tivemos como importante marco a 3ª


Conferência Nacional de Saúde no final de 1963, que discutia
pontos para a criação de um sistema de saúde introduzindo
os conceitos de universalidade e descentralização, porém
sepultada em 1964 pela ditadura militar (CARVALHO, 2013).

Instituído o direito à saúde, atualmente, o que se busca é o respeito


à “Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde” na oferta dos serviços de
saúde, sejam públicos ou privados.

Direitos dos usuários


A Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde foi aprovada pelo
Conselho Nacional de Saúde (CNS) no ano de 2009 e visa orientar os
cidadãos brasileiros sobre os seus direitos no que tange à oferta de
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 37

serviços de saúde gratuitos com resolutividade e qualidade (BRASIL,


2009).

Baseando-se nos princípios norteadores do SUS, o documento


define como direitos básicos dos usuários de serviços de saúde, públicos
ou privado, no Brasil (BRASIL, 2011 p. 3-4):

1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado


dos sistemas de saúde;

2. Todo cidadão tem direito ao tratamento adequado e


efetivo para seu problema;

3. Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado,


acolhedor e livre de qualquer discriminação;

4. Todo cidadão tem direito ao atendimento que respeite a


sua pessoa, os seus valores e os seus direitos;

5. Todo cidadão também tem responsabilidades para que


seu tratamento aconteça da forma adequada;

6. Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos


gestores da saúde para que os princípios anteriores sejam
cumpridos.

Esses direitos apontam diretamente para o cumprimento dos


princípios que norteiam o SUS.

Princípios do Sistema Único de Saúde


O SUS é a consagração dos princípios constitucionais da
Universalidade, da Equidade e da Integralidade na atenção à saúde.
Desse modo, concretiza a proposta de um sistema de saúde capaz de
garantir o acesso gratuito e universal à população, aos bens e aos serviços
que atendem às suas necessidades (de básicas às complexas) de saúde e
bem-estar, de forma equitativa e integral (BRASIL, 1990a).
38 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

SAIBA MAIS:

Em estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde sobre


a eficiência em sistemas de saúde no mundo, considerando-
se 191 países, o Brasil ocupou a 125º posição (IPEA, 2012). Você
concorda? Saiba mais em: <https://bit.ly/2xTZldY>.

Na legislação que institui e regulamenta o SUS podemos encontrar,


em seus fundamentos, os chamados “princípios finalísticos”, sobre a sua
natureza filosófica e doutrinária e os “princípios estratégicos” ou “princípios
organizativos” que orientam sobre às diretrizes políticas e operacionais do
efetivo funcionamento do sistema (TEIXEIRA, 2011).

IMPORTANTE:

A Constituição Federal apresenta na Seção II (Da Saúde), nos


artigos 196 a 198, as diretrizes para a construção do sistema
de saúde público do Brasil (BRASIL, 1988). Tais diretrizes
representam os princípios básicos, posteriormente delineados
de maneira específica na Lei Orgânica da Saúde (BRASIL,
1990a).

Assim sendo, de acordo com a Constituição Federal e a Lei Orgânica


da Saúde (BRASIL, 1988; BRASIL, 1990a) os três princípios finalísticos do
SUS são:

1. Universalização: trata-se da universalidade de


acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de
assistência. A saúde, como um direito de cidadania sob
a responsabilidade de provimento pelo Estado, deve ser
garantida a todas às pessoas, independente de sexo, de
raça, de ocupação, ou demais características sociais ou
individuais;

2. Equidade: relaciona-se à igualdade da assistência


prestada à saúde dos usuários, excluindo-se qualquer
forma de preconceitos ou privilégios. O fundamento desse
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 39

princípio é minimizar as desigualdades existentes, uma


vez que características individuais podem influenciar em
suas necessidades de saúde.

NOTA:

De um modo genérico, a equidade significa investir mais


onde as necessidades são maiores, respeitando-se as
vulnerabilidades, apesar de todos terem direitos iguais.

3. Integralidade: define a assistência à saúde como um


conjunto articulado e contínuo das ações e dos serviços
preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos
em todos os casos e níveis de complexidade do sistema.
Por este princípio, enxerga-se os indivíduos atentando-
se para todas às suas necessidades. Relaciona-se ao
conceito ampliado apresentado pela Organização Mundial
de Saúde, onde saúde é um estado de completo bem-
estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de
doenças ou enfermidades (OMS, 1946).

NOTA:

Para se efetivar esse princípio, deve-se integrar às ações de


promoção, de prevenção, de tratamento e de reabilitação,
articuladas com outras políticas públicas assegurando
atuação intersetorial em distintas áreas.

De maneira não menos importante, a legislação apresenta também


os princípios organizativos como forma de se nortear a operacionalização
do sistema em termos de gestão, de trabalho e de regulação.

Teixeira (2011) defende que os chamados “princípios estratégicos


ou organizativos”, relacionam-se às diretrizes políticas, organizativas e
40 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

operacionais, que determinam “como” deve o SUS deve ser construído


dentro do que se estabeleceu, pela legislação, e o que se pretende
institucionalizar.

Esses princípios são a Descentralização, a Regionalização, a


Hierarquização e a Participação social, que, de acordo com os documentos
regulamentadores representam (BRASIL, 1988; BRASIL, 1990a):

1. Regionalização e Hierarquização: esses dois princípios


organizativos complementares determinam que os
serviços devem ser organizados em níveis crescentes
de complexidade (primária, secundária e terciária),
circunscritos em uma área geográfica definida,
planejados estrategicamente e baseados em indicadores
epidemiológicos para que assim as políticas de saúde
sejam adaptadas à realidade da população atendida.

2. Descentralização e Comando Único: o princípios da


Descentralização leva à operacionalização do Comando
Único. A Descentralização é a distribuição de poderes e
responsabilidades entre os três níveis de governo (Federal,
Estadual e Municipal) com o objetivo de aumentar a
qualidade das ações de saúde e garantir o controle e a
fiscalização popular.

NOTA:

A responsabilidade pelas ações do SUS deve ser


descentralizada até o nível municipal e devem ser garantidas
ao município condições gerenciais, técnicas, administrativas e
financeiras para a execução dessa atribuição. Desse modo, a
descentralização tem como necessidade e consequência o
comando único, que é a autonomia das esferas de governo
em suas decisões e ações.
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 41

3. Participação Popular: um dos princípios organizativos visa


a participação da população no controle e na regulação
do sistema de saúde, possível através de sua participação
no cotidiano dos serviços de saúde.

NOTA:

Sua concretização se dá através da constituição dos


Conselhos e das Conferências de Saúde, para a discussão,
a formulação de estratégias, a efetivação do controle e a
avaliação da execução das políticas de saúde.

Para que esses princípios sejam respeitados e realmente reflitam em


qualidade de vida e saúde para a população brasileira, o sistema necessita
de uma fonte de financiamento contínuo e suficiente para atender às
demandas de saúde da população em todos os níveis de atenção à
saúde. Desse modo, estava constituído e fundamentado juridicamente o
Sistema Único de Saúde do Brasil. No ano de 2006, importantes pactos
foram firmados entre os entes governamentais para se consolidar o SUS e
aprovar diretrizes operacionais.

ACESSE:

O controle social no SUS exercido pelos conselhos de


saúde é pauta de um vasto conjunto de normas reguladoras.
Entenda a ação dos conselhos de saúde lendo o manual “Para
entender o Controle Social na Saúde” disponibilizado pelo site:
<https://bit.ly/2OLqWmQ>

O Pacto pela Saúde 2006: consolidação do


SUS
A partir das leis promulgadas em 1990, muitas das iniciativas
posteriores relacionaram-se à descentralização e a municipalização das
ações de saúde.
42 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

NOTA:

Desse modo, buscava-se uma maior autonomia por parte


dos gestores municipais no que diz respeito à construção
de um sistema de saúde que respeite as diferenças e as
características regionais em um país tão diversificado como
o Brasil.

No ano de 2006 foi instituído o documento que de título “Pacto


pela Saúde”, onde se propôs sensível reforma nas relações entre os entes
federados na busca do fortalecimento do SUS.

IMPORTANTE:

Esse pacto era composto por três dimensões (Pacto pela Vida,
Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão), englobando
tanto compromissos de financiamento quanto de execução
das ações de saúde entre os entes (CECÍLIO et al., 2007).

O Pacto pela Saúde foi divulgado através da Portaria nº. 399/2006 e trazia
os três compromissos firmados com dimensões distintas, sendo (BRASIL,
2006; BRASIL, 2008):

1. Pacto pela Saúde: focava na melhoria da qualidade de


saúde da população, traçando metas a serem alcançadas.
Esse pacto foi atualizado em 2008 e tem, atualmente,
como prioridades: Saúde do Idoso; Controle do Câncer do
colo do útero e da mama; Redução da mortalidade infantil
e materna; Fortalecimento da capacidade de resposta às
doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue,
na hanseníase, na tuberculose, na malária e influenza;
Promoção da Saúde; Fortalecimento da Atenção Básica;
Saúde do trabalhador; Saúde mental; Fortalecimento da
capacidade de resposta do sistema de saúde às pessoas
com deficiência; Atenção integral às pessoas em situação
ou risco de violência; Saúde do homem.
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 43

2. Pacto em Defesa do SUS: acordo para promover a


aproximação da população ao SUS tendo como diretriz uma
tentativa de repolitizar o sistema de saúde fomentando a
mobilização social em torno de discussões que busquem
a solução de desafios atuais e a construção conjunta do
SUS, além de garantir o financiamento a longo prazo das
ações de acordo com as necessidades regionais.

3. Pacto de Gestão: esse pacto teve como abordagem


a regionalização, o planejamento, a programação e o
financiamento do SUS.

INTRODUÇÃO:

Na adesão ao Pacto pela Saúde, os gestores assumiam


conjuntamente o compromisso com os eixos prioritários e
as metas a serem alcançadas, sendo acompanhados por
dezenas de indicadores de saúde na busca da efetivação
dos princípios de integralidade, de equidade e de qualidade
estabelecidos pelo SUS.

O Pacto promoveu importantes melhorias no SUS, porém uma


análise da conjuntura atual da gestão saúde pública brasileira mostra
importantes desafios a serem superados e mudanças fundamentais a
serem implantadas.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos
resumir tudo o que vimos. Concluímos esse capítulo em que
foi apresentada a evolução da saúde pública, passando pela
previdência social e culminando no Sistema Único de Saúde
como conhecemos hoje, fruto da luta e mobilização social em
prol dos direito à saúde gratuita, universal e integral.
44 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

RESUMINDO (CONTINUAÇÃO):

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos
resumir tudo o que vimos. Concluímos esse capítulo em que
foi apresentada a evolução da saúde pública, passando pela
previdência social e culminando no Sistema Único de Saúde
como conhecemos hoje, fruto da luta e mobilização social em
prol dos direito à saúde gratuita, universal e integral.
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 45

Conjuntura da gestão em saúde no Brasil


INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender a


situação de saúde do povo brasileiro e a atual conjuntura da
gestão em saúde no âmbito do SUS. Veremos os principais
desafios enfrentados pelos gestores como o financiamento
das ações de saúde e o fenômeno da judicialização. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos
lá. Avante!

Realidade nacional
O Sistema Único de Saúde do Brasil, apesar de manter firme sua
base filosófica e doutrinária, preconizada desde a sua constituição, vem
sofrendo grande mudanças em termos operacionais com a evolução
do ordenamento jurídico do país, tendo que conviver com os problemas
clássicos do subfinanciamento e da insuficiência da gestão local e
se adaptar aos novos desafios, como por exemplo a judicialização e a
terceirização da saúde pública.

Figura 7 - O desafio do financiamento do SUS.

Fonte: Freepik
46 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

Faz-se de extrema importância atualmente, na transposição das


grandes barreiras ao fortalecimento do SUS, a construção social da
realidade do nosso sistema de saúde, que somente pode ser concretizado
através de mobilização da sociedade e da formatação de uma consciência
coletiva focada na efetiva garantia dos direitos constitucionais. Para tal,
inicialmente buscaremos analisar e discutir a realidade da saúde pública
brasileira.

Problemas históricos acompanham o Sistema Único de Saúde


desde a sua constituição até os dias atuais. Tal situação leva a críticas
ferrenhas ao sistema que muitas vezes tem sua redação considerada
teórica, idealista e demagógica por não se concretizar na prática cotidiana
do serviço público e saúde do Brasil.

Os principais desafios a serem atualmente superados pelo SUS, de


acordo com Reis, Araújo e Cecílio (2012), são:

O subfinanciamento advindo da carência de recursos necessários à


operacionalização das ações do SUS;

1. A insuficiência da gestão local do SUS, considerada


aqui como a ausência das condições básicas ao
funcionamento do sistema;

2. A baixa resolutividade da rede básica de serviços,


levando à dificuldade de acesso a certos procedimentos,
a carência nas ofertas de serviços, a fragmentação do
cuidado e a formação de filas de espera;

3. A deficiência na formação dos profissionais de saúde, o


que afeta diretamente os cuidados aos usuários devido
ao modelo ainda muito centrado em práticas curativas, e;

4. A deficiência na gestão do SUS que pode se caracterizar


pela baixa especialização do gestor e leva à problemas
na regulação, na gestão do trabalho, no planejamento, na
organização e na alocação dos recursos.

Por deliberação constante na Constituição Federal, o SUS é


financiado de maneira tripartite, ou seja, a fonte dos recursos é de
responsabilidade dos três níveis de governo (União, Estados e Municípios).
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 47

IMPORTANTE:

Além das transferências do Fundo Nacional de Saúde (FNS),


os fundos estaduais e os fundos municipais recebem aportes
de recursos provenientes seus próprios orçamentos (BRASIL,
1988; SOUZA, 2002).

Os valores destinados à saúde pelas três esferas de governo,


estabelecidos como percentuais de investimento financeiro foram
instituídos através da Lei Complementar nº 141/2012, resultante da sanção
da Emenda Constitucional nº 29.

Os municípios são obrigados a empregar anualmente um valor


mínimo 15% da arrecadação dos impostos em ações e em serviços públicos
de saúde. Aos estados, esse valor mínimo é de 12% da arrecadação. No
caso da União, esse valor deve corresponder ao montante definido pelo
cálculo do valor empenhado no exercício anterior, somados ao percentual
relativo à variação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano antecedente ao
da lei orçamentária anual (BRASIL, 2000; BRASIL, 2012).

VOCÊ SABIA?

A média da aplicação dos municípios brasileiros em saúde no


ano de 2017 foi de 23% de suas receitas. Consulte a aplicação
do seu município em <https://bit.ly/3fPiajQ>.

Figura 8 – Pelo SUS são ofertados serviços preventivos e curativos, ambulatorial e


hospitalar, medicamentos, cirurgias e até transplantes.

Fonte: Freepik
48 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

Sabe-se que um dos problemas atuais do SUS é o subfinanciamento.


Planejar este financiamento e executar as ações de saúde dentro do
orçamento de forma a garantir o respeito aos princípios da universalidade
e da integralidade mostra-se um dos maiores dilemas da saúde pública
brasileira.

De acordo com a Fiocruz (2018) as restrições orçamentárias para


a saúde fazem com que as discussões sobre o financiamento ocupem
continuamente a pauta dos movimentos sociais e políticos que trabalham
em defesa da saúde pública brasileira (FIOCRUZ, 2018).

Salvador, Terra e Arêas (2015), entendem que o sucateamento e


o investimento insuficiente na saúde pública tornam o acesso universal
muito distante da realidade cotidiana do cidadão brasileiro.

NOTA:

A cada dia, observa-se uma maior invasão da terceirização


dos serviços acompanhados da insuficiência de funcionários
públicos no quadro de recursos humanos do SUS. Desse
modo, os usuários acabam por buscar alternativas discutíveis
para ter o seu direito constitucional à saúde respeitado e
acabam gerando novos problemas ao sistema, como no caso
da judicialização.

A judicialização e a terceirização da saúde


pública
Dois fenômenos atuais com grande impacto no sistema de saúde
vêm sendo muito discutidos por defensores e por opositores de sua
prática: a judicialização e a terceirização da saúde pública. De fato, todos
os dois trazem vantagens e desvantagens à gestão dos serviços públicos
de saúde e devem ser analisados pelos dois pontos de vista principais da
cadeia do cuidado: a gestão e os usuários.
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 49

SAIBA MAIS:

O livro “Saúde e democracia: história e perspectivas do SUS”


apresenta reflexões, conquistas e desafios sobre a busca
por um SUS pleno tido como “um processo civilizatório”.
Quer saber mais? Leia o livro: LIMA, N. T. et al. (orgs.). Saúde
e democracia: história e perspectivas do SUS. Rio de Janeiro:
Fiocruz, 2005, 502 pp.

A política neoliberal afeta as políticas de saúde por colocarem foco


na terceirização, na privatização e no fomento ao desenvolvimento da
saúde suplementar através do planos de saúde direcionando o cuidado
básico e gratuito àquela parcela da população que realmente não pode
arcar com seu custo.

NOTA:

Na visão dos autores Salvador, Terra e Arêas (2015), trata-


se de uma concepção individualista e fragmentada da
saúde que se contrapõe à idealização coletiva e universal
do Projeto da Reforma Sanitária preconizado. É nítido que o
governo brasileiro vem direcionando esforços que visam o
fortalecimento do projeto privatista.

Renúncia fiscal à planos e seguros privados, alocação crescente


de recursos públicos no setor privado, aplicação da lógica de mercado
na gestão dos serviços públicos e o crescimento da atividade das
Organizações Sociais (OS), Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIP), Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH)
e Fundações de Direito Privado (FEDP), demonstrando clara tendência à
terceirização dos serviços (BRAVO; MENEZES, 2013).

Se por um lado critica-se a terceirização por representar uma


desresponsabilização por parte do Estado em cumprir com seus deveres
constitucionais, por outro baseia-se no princípio da eficiência na gestão
pública.
50 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

A Emenda Constitucional nº 19 (BRASIL, 1998) que introduziu o termo


“eficiência” ao texto da Constituição Cidadã, aproximou a gestão pública e
a iniciativa privada no que concerne à prestação de seus serviços. Neste
contexto, justifica-se a contratação de empresas especializadas para a
execução das ações de saúde no âmbito do SUS (AVILA, 2011).

REFLITA:

Alguns estudiosos do tema entendem esse fenômeno


como a substituição do interesse público pelos particulares
numa “privatização perversa” do Estado que evidencia a
mercantilização da política de saúde brasileira (BRAVO;
MENEZES, 2013).

Quando se trata da judicialização, a polêmica é ainda maior. Como


consequência de não ter o seu direito universal à saúde respeitado, os
usuários buscam o Poder Judiciário para se fazer cumprir o que reza
a Constituição Federal: a saúde é direito de todos e dever do Estado
(BRASIL, 1988; BRASIL, 1990a). Desse modo, o usuário tem sucesso em
sua demanda individual, mas gera um problema grave à gestão.
Figura 9 - A judicialização da saúde.

Fonte: Freepik
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 51

De todo modo judicialização tem como consequência o desrespeito


a outros valores constitucionais como a isonomia (uma vez que usuários
que judicializam demanda de saúde acabam sendo beneficiados em
detrimento aos que seguem a tramitação normal do SUS), o princípio da
equidade (uma vez que torna desigual a distribuição dos serviços), além,
obviamente, de um grave problema na programação (principalmente
orçamentária) comprometendo todo o funcionamento do sistema de
saúde (VALLE; CAMARGO, 2010; PEREIRA et al., 2010).

REFLITA:

Como os recursos são limitados, a utilização de um valor


fora da programação orçamentária pode desestruturar uma
política de saúde implantada e todo um planejamento a ser
executado (BORGES, 2010).

Também, discute-se se os magistrados possuem qualificação


técnica para julgar questões dessa complexidade, uma vez que no país
ainda são poucas as varas especializadas em saúde, criadas justamente
por essa necessidade crescente que tornou-se tendência.

Existem situações em que medidas judiciais adiantaram


procedimentos de usuários em contraposição à pacientes em estado
mais grave ou até mesmo solicitaram uso de tecnologia ou medicamentos
ainda sem a devida comprovação de efetividade e de segurança.

NOTA:

Assim, existe a real necessidade da criação de varas


especializadas em saúde nos fóruns distribuídos pelo país,
e de que os mesmos se orientem pelas bases teórico-
metodológicas da saúde pública.
52 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

Perspectivas teórico-metodológicas
Devido à complexidade do tema da gestão dos serviços públicos
de saúde, principalmente no que se refere ao planejamento e à avaliação,
observa-se, entre os teóricos do tema, reflexões e discussões sobre as
bases teóricas e as metodologias utilizadas pelos gestores de saúde
nesse sentido.

TESTANDO: Geraldo é o gestor de saúde em pequeno município


do interior do estado que vem sendo muito criticado pela sua postura
considerada inadequada pelos seus métodos e sua conduta. A
comunidade reclamou com o prefeito que o gestor não considera as
críticas realizadas sobre o funcionamento do sistema. O conselho
de saúde, por sua vez, disse que Geraldo não possui critério em sua
programação orçamentária e fica insatisfeito quando os conselheiros
solicitam adequações dos planejamentos dos recursos da saúde. A
equipe da unidade básica de saúde questionou o foco dado pela gestão
na atenção secundária e na atenção terciária, deixando de lado as
atividades educativas e preventivas. Geraldo reclama que, nos últimos
meses, vem sendo cobrado de “eficiência na sua gestão, o que não
concorda por entender que o conceito não é aplicável e a gestão pública
por se tratar um termo administrativo para empresas privadas. Geraldo foi
convocado para uma reunião com o prefeito e procuradores do município
que lhe solicitaram que aceite a visão da comunidade fomentando assim
a construção conjunta do SUS e ajudando-o a entender a real situação da
saúde do população local, fato que pode auxiliá-lo a sanar a reclamação
do conselho de saúde quanto à sua postura na aplicação de recursos. Ele
também foi orientado a entender que a eficiência deve ser foco de sua
gestão e que o seguimento aos princípios da atenção primária pode ser o
início para essa mudança de postura e de melhor alocação dos recursos
da saúde no município. Geraldo recebeu mais uma chance de mostrar
que pode ser um bom gestor. Será que agora conseguirá corresponder
às expectativas?
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 53

Sabe-se que a saúde envolve questões muito mais abrangentes


que a “saúde biológica” em si, o que leva a um conceito ampliado para
o termo que carece da incorporação de distintas abordagens teórico-
metodológicas originárias, principalmente das ciências sociais.

IMPORTANTE:

Em Teixeira e Sá (1996), já se defendia que ciências como a


economia, a sociologia, as ciências políticas, a história, e a
antropologia formam um eixo muito importante de intervenção
e de análise da efetividade da gestão dos serviços de saúde,
uma vez que, conjuntamente, compõem os determinantes
sociais do processo de saúde-doença de uma população.
Essa abordagem multifacetada pode representar um viés
no planejamento e na avaliação dos serviços de saúde, até
mesmo camuflando situações e influenciando a análise de
indicadores.

Muito se discute sobre o subfinanciamento dos SUS, porém,


exemplos de outros países demonstram que a qualidade de vida e a
saúde de uma população não é exclusivamente relacionada aos aportes
de recursos financeiros destinados ao provimento do sistema. Cabe então,
aos gestores dos serviços públicos de saúde, a análise criteriosa de sua
realidade social local para a alocação racional e eficiente dos recursos
públicos.

EXPLICANDO MELHOR:

Assim, vimos que a gestão dos serviços públicos de saúde é


uma atribuição de grande complexidade e responsabilidade.
Os gestores precisam estar qualificados, preparados para
respeitar a legislação vigente no país, seguir as políticas
públicas de saúde adequando à sua realidade regional, se
adaptando a todo momento em um contexto tão dinâmico
e instável.
54 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

RESUMINDO:

Encerramos esse capítulo percorrendo os fundamentos da


gestão dos serviços públicos de saúde no Brasil. Apresentamos
a história da constituição do SUS, bem como os princípios, as
leis e as políticas de saúde que regem o seu funcionamento.
Também, apresentamos os problemas históricos e os desafios
atuais que ainda dificultam a efetivação do direito à saúde no
país, como preconizado no ordenamento jurídico causando
disfunções e descontentamentos que acabaram por abrir o
sistema às críticas e promoção de medidas e de intervenções
discutíveis. Assim, o profissional da gestão em saúde pode
compreender a complexidade da temática e buscar executar
suas atribuições baseando-se no conhecimento adquirido
para promover a eficiência gerencial em prol da qualidade de
vida e da saúde da população.
Modelos e Gestão de Serviços em Saúde 55
56 Modelos e Gestão de Serviços em Saúde

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Modelos e Gestão de
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Hermínio Oliveira Medeiros

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