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Ergonomia e

Medicina do
Trabalho
Livro Didático Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ELAINE CHRISTINE PESSOA DELGADO
MARCOS RODOLFO DA SILVA
GISELLY SANTOS MENDES
AUTORIA
Elaine Christine Pessoa Delgado
Sou formada em administração de empresas pela Universidade
Federal de Campina Grande (2007), e tenho uma experiência técnico-
profissional de mais de 10 anos na área de gerência de empresas.

Marcos Rodolfo da Silva


Sou Graduado em Enfermagem, Pós-Graduado em Enfermagem
do Trabalho, Técnico em Radiologia e Instrumentador Cirúrgico pelo
Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos (UNIFEOB),
2010 - 2012 e 2008, respectivamente. Além disso, ao longo de minha
carreira, participei de cursos na área de urgência e emergência e atuei
como enfermeiro supervisor no Pronto Socorro Municipal Dr. Oscar Pirajá
Martins, na cidade de São João da Boa Vista (SP), de março de 2011 a
janeiro de 2014. Atualmente sou acadêmico do 5° ano do curso de Medicina
no Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino Unifae, São
João da Boa vista (SP). Além disso, desenvolvo materiais didáticos como
professor conteudista nas áreas de saúde pública, saúde do idoso, direito
à saúde e áreas correlatas.

Giselly Santos Mendes


Sou Mestre em Qualidade Ambiental, Tecnóloga em Polímeros,
Administradora, Educadora com uma experiência técnico-profissional de
mais de 12 anos na área de Processos Gerenciais e Educacionais.

Somos apaixonados pelo que fazemos e gostamos de transmitir


nossas experiências de vidas àqueles que estão iniciando em suas
profissões. Por isso fomos convidados pela Editora Telesapiens a integrar
seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Normas Regulamentadoras da Ergonomia....................................... 10
Normas Regulamentadoras da Ergonomia..................................................................10

Histórico da NR 17........................................................................................................ 13

Norma Regulamentadora 17................................................................................. 15

Métodos Ergonômicos .............................................................................. 19


Métodos Ergonômicos................................................................................................................. 19

RULA....................................................................................................................................... 22

REBA.......................................................................................................................................24

Checklist Rápido de Exposição (QEC – Quick Exposure


Checklist) ...........................................................................................................................25

OWAS.....................................................................................................................................25

OCRA......................................................................................................................................26

NIOSH....................................................................................................................................27

Análise e Laudo Ergonômico .................................................................29


Análise Ergonômica........................................................................................................................29

Laudo Ergonômico......................................................................................................................... 36

Programa de Ergonomia...........................................................................39
Programa de Ergonomia............................................................................................................ 39
Ergonomia e Medicina do Trabalho 7

03
UNIDADE
8 Ergonomia e Medicina do Trabalho

INTRODUÇÃO
Você sabia que existem muitas normas regulamentadoras
referentes ao ambiente de trabalho, mas apenas a NR 17 tem relação com
a Ergonomia? Que não existe indicação clara sobre a escolha de métodos
e técnicas que devem ser utilizadas? E que a análise ergonômica busca
a transformação das condições de trabalho, considerando a saúde
dos trabalhadores e uma maior produtividade? A NR 17 é uma norma
muito importante pois apresenta orientações sobre como proporcionar
condições apropriadas de trabalho levando em conta que o trabalhador
necessita de um ambiente com condições de oferecer produção elevada
e, ao mesmo tempo proteção. O método é formado de uma série de
etapas surgindo de uma hipótese para se chegar ao resultado da pesquisa,
confirmando ou rejeitando essa hipótese. E a análise ergonômica é
direcionada para a compreensão do trabalho com o propósito de
mudança. Já o programa de Ergonomia busca melhores condições de
trabalho, conforto e produtividade. Nesta unidade iremos conhecer as
normas regulamentadoras, os métodos, a análise ergonômica, o laudo
ergonômico e o programa de Ergonomia.

Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste


universo!
Ergonomia e Medicina do Trabalho 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Aplicar as normas regulamentadoras da ergonomia no contexto


da saúde e segurança do trabalho.

2. Entender os métodos ergonômicos e sua aplicação no ambiente


de trabalho.

3. Elaborar o laudo ergonômico em função da análise de uma


ambiência laboral.

4. Interpretar e elaborar um programa de ergonomia, compreendendo


seu conceito e aplicabilidade.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
10 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Normas Regulamentadoras da
Ergonomia

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender as


normas regulamentadoras sobre Ergonomia, em especial
a Norma Regulamentadora 17. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Normas Regulamentadoras da Ergonomia


Conforme Iida e Buarque (2018), os conhecimentos materializados
em Ergonomia tendem a se converter em documentos normativos.
Esses documentos determinam regras, diretrizes ou características para
atividades ou seus resultados compreendendo diversos instrumentos,
como normas regulamentadoras, normas técnicas, códigos de prática
e regulamentos em geral. No Brasil, existem dois conjuntos desses
documentos: as normas regulamentadoras e as normas técnicas.

Nosso interesse nesse momento é sobre as Normas


Regulamentadoras.

As normas regulamentadoras (NR) são desenvolvidas pelo governo


federal e têm disposição obrigatória, sendo empregadas com o propósito
de fiscalizar das condições de trabalho em vários ambientes, explicam
Iida e Buarque (2018).

Santos Junior (2018) destaca que as Normas Regulamentadoras do


Ministério do Trabalho e as normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) geralmente relacionam-se, direta ou indiretamente.
As normas da ABNT trazem contribuições técnicas, isto é, definem as
orientações precisas para garantir a correta especificação de variáveis que
serão empregadas como referência pelas Normas Regulamentadoras,
para garantir segurança aos profissionais e à sociedade.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 11

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) é o órgão da administração


federal que desempenha a fiscalização do trabalho, ao qual incumbe a
organização e revisão de normas regulamentadoras (NR). Essas NR são de
cumprimento imperativo por todas as empresas brasileiras dirigidas pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e são periodicamente revisadas
pelo MTE.

No Brasil, essas normas são organizadas e atualizadas por


comissões tripartites específicas, formadas por representantes do
governo, empregadores e empregados. As NR regulamentam e oferecem
orientações sobre os processos relativos à segurança e medicina do
trabalho (Figura 1), esclarecem Iida e Buarque (2018).
Figura 1 - Segurança e Medicina do Trabalho

Fonte: Freepik.

Mattos e Másculo (2011) informam que a única norma brasileira que


tem relação com a Ergonomia é a NR-17 e que, segundo essa norma,
para analisar a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, o empregador deve efetuar a análise
ergonômica do trabalho, que deve tratar, no mínimo, das condições de
trabalho, de acordo com o determinado na Norma Regulamentadora.
12 Ergonomia e Medicina do Trabalho

NOTA:

A última alteração realizada pela NR 17 foi por meio da


Portaria MTb 876/2018 – DOU 26/10/2018, contudo, as
normas regulamentadoras no Brasil estão passando por
uma extensa revisão.

A NR 17 estabelece que a organização do trabalho deve ser


correspondente às características psicofisiológicas dos trabalhadores e
à natureza do trabalho a ser exercido. Deve-se dar atenção às normas
de produção, ao modo operatório, à exigência de tempo, à determinação
do conteúdo de tempo, ao ritmo de trabalho e ao conteúdo das tarefas,
explicita Moraes (2014).

Oliveira (2018) explica que esta norma é muito importante, pois


apresenta orientações sobre como proporcionar condições apropriadas
de trabalho, levando em conta que o trabalhador necessita de um
ambiente com condições de oferecer produção elevada e, ao mesmo
tempo, proteção.

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos que você


leia o artigo: “Norma Regulamentadora 17: considerações
para sua revisão”, clicando aqui.

Conforme a NR 17, as condições de trabalho abrangem aspectos


relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao
mobiliário, aos equipamentos, às condições ambientais do posto de
trabalho e à própria organização do trabalho, menciona Oliveira (2018).

Outras NR trazem aspectos muito relevantes para a Ergonomia,


como a NR 11, que trata do transporte, movimentação, armazenagem e
manuseio de materiais, e também a NR 15, que versa sobre as atividades
insalubres.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 13

Histórico da NR 17
Moraes (2014) afirma que em 1986 aconteceram vários casos de
tenossinovite ocupacional (tipo de LER) em digitadores (Figura 2), o que
induziu os diretores do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento
de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (SINDPD/
SP) a entrarem em contato com a antiga Delegacia Regional do Trabalho,
em São Paulo, procurando recursos para prevenir essas lesões.
Figura 2 - Digitadores

Fonte: Freepik.

Moraes (2014) ainda lembra que, nessa época, quando a fiscalização


era realizada em diversas empresas por auditores fiscais do trabalho e
representantes sindicais, foi verificada a presença de fatores como:

•• Pagamento de prêmios por produção.

•• Ausência de pausas.

•• Prática de horas extras.

•• Dupla jornada de trabalho.


14 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Em 1988 e 1989, a Associação dos Profissionais de Processamento


de Dados fez reuniões com representantes da Secretaria de Segurança e
Medicina do Trabalho em Brasília, da FUNDACENTRO e da DRT/SP, para
organizar normas que determinassem limites ao trabalho, impedissem o
pagamento de prêmios de produtividade e criassem critérios de conforto
para os trabalhadores, que compreendiam mobiliário, conforto térmico,
acústico e iluminação, explana Moraes (2014).

IMPORTANTE:

Várias sugestões de alteração da NR 17 eram propostas,


contudo, elas só apresentavam alterações pontuais,
mantendo a estrutura geral em vigor (BRASIL, 2002).

Em dezembro de 1989 foi realizado um seminário nacional em São


Paulo, que contou com a participação de médicos do trabalho, no qual foi
decidido que a norma a ser organizada não deveria ser destinada apenas
aos profissionais de processamento de dados, pois estudos assinalavam
que a LER afetava também outros trabalhadores de várias atividades
profissionais, relata Moraes (2014).

Em março de 1990, a então Ministra do Trabalho Dorothéa Werneck


assinou a portaria que alterava a NR 17, pois o texto original compreendia
vários casos de trabalho não exclusivamente de digitação, remetendo-a
para publicação no Diário Oficial da União. Em junho de 1990, por
interferência do SINDPD/SP, o Ministro do Trabalho assinou a portaria
que dava nova redação à NR 17, cujo teor era o mesmo da portaria que
não foi publicada em março, menciona o Manual de Aplicação da Norma
Regulamentadora 17 (2002).

Após a publicação, a classe patronal, representada pela Federação


das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e pela Federação Brasileira
de Bancos (FEBRABAN), entendendo que a mudança se destinava
também a outras classes de trabalhadores, requereu prontamente uma
discussão com os técnicos do Ministério do Trabalho e os representantes
dessas instituições para alterar o conteúdo da norma.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 15

Os empresários declaravam que os aspectos da organização do


trabalho diziam respeito apenas às empresas. Felizmente, conseguiu-se
vencer a oposição patronal em quase todos os aspectos, pois sua redação
foi fundamentada em argumentos concretos (BRASIL, 2002). Com isso, a
nova proposta foi publicada e se encontra em pleno vigor.

Norma Regulamentadora 17
Segundo a NR 17, o transporte manual de cargas (Figura 3) caracteriza
toda atividade efetuada de maneira contínua ou que compreenda, mesmo
de forma descontínua, o transporte manual de cargas (BRASIL, 1978).
Figura 3 - Transporte manual de cargas

Fonte: Freepik.

Dessa forma, Pegatin (2020) destaca que, sempre que possível,


devem ser apontados meios auxiliares para o manuseio de cargas, como
pontes rolantes, carrinhos transportadores, talhas etc., para diminuir o
esforço físico dos trabalhadores.

Os limites de carga individual consentida dependem de vários


fatores, entre eles: peso efetivo, frequência de levantamento, qualidade
de pega, dimensões do objeto e distância atravessada no levantamento.
16 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Outro ponto interessante na NR 17 é que, de acordo com a norma,


sempre que possível, o trabalho deve ser projetado ou adaptado para
a posição sentada. Notadamente, o trabalho nessa posição fornece, no
geral, mais conforto e menos gasto energético do que o trabalho em pé,
informa Pegatin (2020).

Oliveira (2018) explica que uma organização que procura oferecer


ao trabalhador condições ergonômicas para o exercício do seu trabalho
deve organizar um projeto para o posto de trabalho levando em conta
os equipamentos e mobiliários indispensáveis, como também aspectos
como as condições de bem-estar disponibilizadas.

Contudo, a NR 17 estabelece requisitos mínimos que devem ser


seguidos para o que o mobiliário e os equipamentos sejam considerados
apropriados às atividades exercidas pelo trabalhador, quer seja na posição
sentada ou em pé.

EXEMPLO: Quando é possível ajustar a altura da mesa e da


cadeira, é possível adaptar ao perfil de cada trabalhador, personalizando
a experiência individual de cada um e acolhendo às condições legais,
exemplifica Pegatin (2020).

Segundo Oliveira (2018), entre as condições mínimas de conforto


determinados pela NR 17 para os assentos empregados no posto de
trabalho, podemos destacar: altura ajustável à estatura do trabalhador,
borda frontal do assento arredondada e encosto em formato adaptável ao
corpo para proteção da região lombar.

A Norma Regulamentadora 17 ainda recomenda algumas exigências


de conforto (Figura 4) nos locais de trabalho onde são desempenhadas
atividades que determinem solicitação intelectual e atenção contínuas,
estabelecendo o nível de ruído aceitável. Além disso, em todos os locais
de trabalho deve existir iluminação adequada, que seja correspondente à
natureza da atividade.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 17

Figura 4 - Condições de conforto

Fonte: Freepik.

A análise ergonômica do trabalho, conforme a NR 17, deve verificar


a organização do trabalho levando em conta as normas de produção, o
modo operatório, o ritmo de trabalho e a exigência de tempo, assim como
os conteúdos da tarefa e a determinação do conteúdo de tempo, elucida
Pegatin (2020).

Ainda segundo Pegatin (2020), a norma citada traz um anexo


que estabelece parâmetros e diretrizes mínimas para adequação das
condições de trabalho dos operadores de checkout, visando a prevenção
dos problemas de saúde e segurança relacionados ao trabalho.

NOTA:

Operadores de checkout são empregadores que


desempenhem atividade comercial empregando sistema
de autosserviço e checkout, como supermercados,
hipermercados e comércio atacadista.
18 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Outro anexo que consta na NR 17 é o que estabelece parâmetros


mínimos para o trabalho em atividades de teleatendimento/telemarketing
nas diversas modalidades desse serviço, de modo a proporcionar um
máximo de conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente, afirma
Pegatin (2020).

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Neste capítulo você deve ter compreendido que
os conhecimentos materializados em Ergonomia tendem
a se converter em documentos normativos que podem
ser as normas regulamentadoras e as normas técnicas,
e que as normas regulamentadoras são desenvolvidas
pelo governo federal por meio do Ministério de Trabalho e
Emprego. Você viu que a NR 17 é a norma regulamentadora
que analisa a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores e que
compete ao empregador efetuar a análise ergonômica
do trabalho, que deve tratar, no mínimo, das condições
de trabalho, devendo ser dada atenção às normas de
produção, ao modo operatório, à exigência de tempo, à
determinação do conteúdo de tempo, ao ritmo de trabalho
e ao conteúdo das tarefas. Por fim, você compreendeu o
histórico da NR 17 até a sua última atualização e conheceu
os principais pontos desta norma.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 19

Métodos Ergonômicos

OBJETIVO:

Neste capítulo iremos analisar os métodos ergonômicos,


conhecer alguns deles e compreender suas principais
características. Vamos juntos?.

Métodos Ergonômicos
Stanton et al. (2016) explica que a ciência ergonômica é farta em
métodos e modelos para análise de tarefas, design de trabalho, previsão
de desempenho, coleta de dados sobre desempenho humano, interação
com os artefatos e com o ambiente no qual essa interação acontece.

Apesar da quantidade de métodos, existem vários desafios


consideráveis enfrentados pelos desenvolvedores e usuários. Estes
desafios abrangem:

•• Desenvolver métodos que incorporem outros métodos.

•• Ligar os métodos à teoria ergonômica.

•• Fazer com que os métodos sejam de fácil utilização.

•• Fornecer evidências sobre confiabilidade e validade.

•• Demonstrar que os métodos levam a intervenções eficazes em


termos de custos.

•• Encorajar a aplicação ética dos métodos.

De acordo com Iida (2019), a unidade fundamental da Ergonomia é o


sistema homem-máquina-ambiente, o que significa que uma parte desse
sistema é conduzida pelas Ciências Naturais, como a Biologia, Fisiologia,
Física e Química, e a outra pelas Ciências Sociais, como a Psicologia,
Sociologia e Antropologia. Cada uma dessas divisões da Ciência utiliza
métodos e técnicas distintos.
20 Ergonomia e Medicina do Trabalho

NOTA:

No caso da Ergonomia, dependendo da natureza do


problema, pode preponderar um ou outro tipo. Se esse
problema estiver mais relacionado com a máquina,
ambiente ou funcionamento do organismo humano,
podem predominar os métodos das Ciências Naturais; se o
problema for de relacionamento humanos, predominam os
métodos das Ciências Sociais, afirma Iida (2019).

Não existem indicações claras sobre a escolha dos métodos


e técnicas apropriados (Figura 5) para cada caso: isso vai depender da
experiência e das habilidades do pesquisador, bem como das restrições,
como limites de tempo, equipe e dinheiro disponível para se chegar ao
resultado, lembra Iida (2019).
Figura 5 - Métodos e técnicas apropriadas

Fonte: Freepik.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 21

DEFINIÇÃO:

Mas o que é um método?


Segundo Rojas (2015, p. 86), “Método é um procedimento
de busca de solução a problemas teóricos que geralmente
parte de um conjunto formado por meios e procedimentos
práticos que permitem dar conteúdo a um modelo.”

Ida e Buarque (2018) descrevem método de pesquisa como uma


metodologia ou caminho usado pelo pesquisador para determinar
relações entre variáveis independentes (causas) e dependentes (efeito).
O método é formado de uma série de etapas, surgindo de uma hipótese
(também chamada de pressuposto) para se chegar ao resultado da
pesquisa, confirmando ou rejeitando essa hipótese. Em cada uma dessas
etapas pode-se empregar ferramentas para coleta e análise de dados,
chamadas de técnicas, para alcançar o objetivo.

As ferramentas disponibilizam, em geral, um escore, ou seja, um


parâmetro determinável, que pode ser interessante para a análise e para
a instituição de critérios de criticidade e comparação entre diferentes
postos e áreas. Contudo, destaca-se a importância de que o profissional
compreenda que toda ferramenta é de auxílio ao diagnóstico e que ele
não deve fundamentar seus relatórios somente nela, elucida Pegatin (2020).

SAIBA MAIS:

Aprofunde-se nesse tema lendo o artigo “Revisão de


ferramentas para avaliação ergonômica”, clicando aqui.

Iida e Buarque (2018) afirmam que a Ergonomia utiliza vários


métodos e técnicas. Assim, existem muitos métodos e muitas ferramentas
utilizadas para avaliações no âmbito da Ergonomia. Vejamos algumas
delas a seguir.
22 Ergonomia e Medicina do Trabalho

RULA
Conforme Stanton et al. (2016), a avaliação rápida dos membros
superiores, conhecida como método RULA (Rapid Upper Limb
Assessment), gera uma classificação para as cargas musculoesqueléticas
em atividades nas quais as pessoas estão sujeitas à sobrecarga no
pescoço e nos membros superiores (Figura 6).
Figura 6 - Membros superiores

Fonte: Freepik.

A ferramenta produz uma simples classificação, como um “retrato


instantâneo” da tarefa, que leva em consideração a postura, a força e o
movimento estabelecido.

O risco é calculado em uma pontuação que vai de 1 (baixa) a 7 (alta).


Essas pontuações são reunidas em quatro níveis de ação, que concedem
uma indicação do período de tempo durante o qual é aceitável esperar
que um controle de risco seja iniciado, esclarece Stanton et al. (2016).
Ergonomia e Medicina do Trabalho 23

Stanton et al. (2016) ainda explica que o método RULA é empregado


para avaliar a postura, a força e o movimento relacionados com as tarefas
sedentárias. Tais atividades compreendem ações com base em telas e
computadores, manufaturas ou tarefas de varejo nas quais o trabalhador
fica sentado ou em pé sem deslocamento.

As quatro principais aplicações do RULA, de acordo com Stanton


et al. (2016), são:

•• Aferir risco musculoesquelético, comumente como parte de uma


investigação ergonômica mais extensa.

•• Comparar a carga musculoesquelética de designs de estações de


trabalhos normais e alterados.

•• Analisar resultados, tais como produtividade ou adaptação do


equipamento.

•• Aperfeiçoar trabalhadores sobre os riscos musculoesqueléticos


indicados por diferentes posturas no trabalho.

NOTA:

Em todas as aplicações é intensamente aconselhado que


os usuários recebam um treinamento prévio no método
RULA, apesar de não serem exigidas habilidades prévias
de avaliação ergonômica (STANTON et al., 2016).

Iida e Buarque (2018) destacam que o RULA foi elaborado para


analisar o trabalho de digitadores, com foco na sobrecarga nos membros
superiores, com avaliação menos detalhada do resto do corpo. No caso
de trabalhos compreendendo várias posturas, o protocolo deve ser
utilizado para os dois lados do corpo e para todas as posturas que foram
identificadas como importantes.
24 Ergonomia e Medicina do Trabalho

REBA
Stanton et al. (2016) relata que avaliação rápida do corpo inteiro é
um método criado para analisar os tipos de posturas de trabalho (Figura
7) inesperados, identificados nos serviços de saúde e em outros setores
da indústria.

São apurados dados sobre a postura corporal, as forças


empregadas, o tipo de movimento ou ação, a repetição e as associações.
A pontuação final REBA indica o nível de risco e a urgência com a qual
alguma providência deve ser tomada.
Figura 7 - Posturas de trabalho

Fonte: Freepik.

O REBA pode ser empregado quando uma avaliação ergonômica


do local de trabalho define que uma análise postural mais aprofundada é
exigida, como afirma Stanton et al. (2016), e quando:

•• O corpo inteiro é usado

•• A postura é estática, dinâmica, instável ou altera rapidamente


Ergonomia e Medicina do Trabalho 25

•• Cargas animadas ou inanimadas são conduzidas frequente ou


raramente

•• Alterações no ambiente de trabalho, equipamento, treinamento


ou comportamento de risco para o trabalhador são observados
antes ou depois das transformações.

Iida e Buarque (2018) lembram que o REBA foi criado como uma
evolução do RULA, já que ele busca analisar as posturas de todo o corpo
de prestadores de serviços. O protocolo REBA é empregado para os dois
lados do corpo e para todas as posturas que foram apontadas como
importantes.

Checklist Rápido de Exposição (QEC – Quick


Exposure Checklist)
Stanton et al. (2016) define o QEC como uma ferramenta que
avalia rapidamente a exposição a riscos para distúrbios osteomusculares
pertinentes ao trabalho (DORT), tendo alto nível de sensibilidade,
usabilidade e confiabilidade inter e intraobservador.

Os estudos de campo reconhecem que o QEC é adequado para


uma extensa série de tarefas. A avaliação, na maioria das vezes, pode ser
preenchida rapidamente para cada tarefa. O QEC oferece a avaliação de
um local de trabalho e do design de um equipamento, o que facilita o seu
redesign e auxilia na prevenção de muitos tipos de DORT, pois desenvolve
e educa os usuários sobre os riscos presentes no local de trabalho, como
informa Stanton et al. (2016).

OWAS
O sistema OWAS (Ovako Working Posture Analysing System) é
uma técnica prática de registro e análise de posturas elaborada por três
pesquisadores finlandeses, Karhu, Kansi e Kuorinka, em 1977, afirma
Stanton et al. (2016).

Para Pegatin (2020, p. 163), é uma “ferramenta que identifica as


posturas mais frequentes em relação ao tempo de exposição”.
26 Ergonomia e Medicina do Trabalho

O método tem como base as verificações das posturas em


intervalos predefinidos (geralmente a cada trinta segundos) e admite que
sejam realizadas no mínimo cem observações, sendo cada uma dessas
observações avaliada e classificada, informa Stanton et al. (2016).

OCRA
Stanton et al. (2016) informa que Occhipinti e Colombini (1996)
criaram os métodos de ação ocupacional repetitiva (OCRA) para avaliar a
exposição dos trabalhadores a atividades que apresentam vários fatores
de risco de lesão (Figura 8) nos membros superiores. O índice OCRA
pode ser preditivo para risco de distúrbios osteomusculares relativos ao
trabalho (DORT) nos membros superiores em populações expostas.
Figura 8 - Risco de lesão

Fonte: Freepik.

Iida e Buarque (2018) explicam que, primeiramente, foi elaborado


o checklist OCRA, que serve para uma avaliação preliminar e, depois,
foi desenvolvido o índice OCRA. Os dois analisam os riscos das ações
técnicas que são variáveis expressivas para os movimentos repetitivos
dos membros superiores.

As ações técnicas são avaliadas de acordo com os seguintes


fatores de risco de DORT: repetitividade (frequência das ações), força,
postura, ausência de períodos de recuperação e fatores adicionais (como
Ergonomia e Medicina do Trabalho 27

exigência de precisão, movimentos bruscos, tipo de pega, uso de luvas,


temperaturas extremas e vibrações), mencionam Iida e Buarque (2018).

A base da metodologia, para Pegatin (2020), é constatar sobrecargas


funcionais ao longo da jornada a partir do número de ações por minuto, do
tempo de exposição efetivo no trabalho repetitivo, das posturas seguidas
durante os movimentos, do emprego da força, entre outros.

O escore final indica a criticidade do risco com uma escala de cores


idêntica à encontrada em outros métodos. Essa escala prevê quantas
pessoas (que estão naquela faixa de risco) podem desenvolver patologias
dentro de cinco anos.

NIOSH
Conforme Iida e Buarque (2018), a equação de NIOSH tem o propósito
de prevenir ou diminuir os casos de dores motivadas pelo levantamento
de cargas. Ela possibilita calcular o peso máximo recomendado em
atividades repetitivas de levantamento de cargas, referindo-se somente
à tarefa de apanhar uma carga, movimentá-la e colocá-la em outro nível
utilizando as duas mãos.

Pegatin (2020) destaca que a fórmula tradicional revisada recomenda


a avaliação de tarefas simples que se repetem ao longo do dia (variáveis
citadas não se alteram) e apresenta como variáveis de análise:

•• O peso do objeto levantado.

•• A distância horizontal entre o objeto e o corpo do trabalhador.

•• A distância vertical entre as mãos e o solo no início do levantamento.

•• A distância percorrida pelo objeto durante o levantamento.

•• A angulação (simetria) do objeto em relação ao plano sagital.

•• A frequência de levantamentos por minutos e em relação à jornada.

•• A qualidade de pega do objeto.

A carga constante para a equação de levantamento NIOSH revisada


(23 kg) é proveniente de tabelas psicofísicas. Designadamente, este é o
peso máximo admissível de levantamento entre o chão e a altura das
articulações para 75% de trabalhadoras sob condições ótimas. Essas
28 Ergonomia e Medicina do Trabalho

condições são determinadas como levantamento ocasional (uma vez a


cada oito horas), pequeno objeto (caixa de 34 cm), distância pequena de
levantamento (25cm) e boas alças, informa Stanton et al. (2016).

Pegatin (2020) ainda lembra que a equação NIOSH é empregada


para avaliação de sobrecargas funcionais durante o levantamento e a
descarga de materiais. Em seu escore final, ela determina o limite de peso
recomendado (LPR) e o índice de levantamento (IL), indicando o grau de
risco associado à atividade analisada.

RESUMINDO:

Agora, só para termos certeza de que você realmente


entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a Ergonomia
tem vários métodos e modelos para análise de tarefas, design
de trabalho, previsão de desempenho, coleta de dados
sobre desempenho humano e interação com artefatos e o
ambiente no qual essa interação toma lugar.

A utilização do método apropriado depende da experiência e das


habilidades do pesquisador, bem como das restrições, como limites de
tempo, equipe e dinheiro disponível para se chegar ao resultado. Você viu
alguns dos métodos e ferramentas utilizadas no âmbito da Ergonomia, que
são: RULA, que fornece uma classificação facilmente calculada para cargas
musculoesqueléticas em tarefas nas quais as pessoas correm o risco de
sobrecarga no pescoço e nos membros superiores; REBA, que avalia os tipos
de posturas de trabalho imprevisíveis, encontrados nos serviços de saúde
e em outros setores da indústria; o QEC, avalia rapidamente a exposição
a riscos para distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT);
OWAS, que é uma ferramenta que identifica as posturas mais frequentes
em relação ao tempo de exposição; OCRA, que identifica sobrecargas
funcionais ao longo da jornada a partir do número de ações por minuto, do
tempo de exposição efetivo no trabalho repetitivo, das posturas seguidas
durante os movimentos, do emprego da força, entre outros. Por fim, você
conheceu o método NIOSH, que tem como objetivo prevenir ou reduzir a
ocorrência de dores causadas pelo levantamento de cargas.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 29

Análise e Laudo Ergonômico

OBJETIVO:

Neste capítulo iremos descrever a análise ergonômica,


demonstrando seus principais pontos e sua importância.
Também iremos compreender o laudo ergonômico..

Análise Ergonômica
Segundo D’alva (2015), a análise ergonômica do trabalho trata-
se de uma perspectiva de intervenção que busca a transformação
das condições de trabalho, considerando a saúde dos trabalhadores e
uma maior produtividade. Refere-se a uma abordagem metodológica
direcionada para a compreensão do trabalho, mas com o propósito de
ação e de mudança. “A análise ergonômica visa observar, diagnosticar e
corrigir uma situação real de trabalho, aplicando os conhecimentos de
Ergonomia” (IIDA; BUARQUE, 2018, p. 68).

Quando a análise ergonômica do trabalho é abordada como método,


ela está relacionada com um conjunto de etapas e ações que conservam
uma coerência interna, especialmente quanto à probabilidade de se
discutir os resultados alcançados durante a coleta de dados, validando-
os ao longo do processo e aproximando-os da realidade pesquisada,
explicita Abrahão et al. (2009).

NOTA:

Diferentemente dos métodos científicos tradicionais, nos


quais as proposições são antecipadamente organizadas
e explicitadas, na análise ergonômica do trabalho elas
são construídas, validadas ou contrariadas ao longo do
processo (ABRAHÃO et al. 2009).
30 Ergonomia e Medicina do Trabalho

A condução do processo de análise é uma constituição que


surge de uma demanda particular de cada empresa e aponta para cada
intervenção concretizada, informa D’alva (2015).

Essa abordagem possibilita demonstrar a complexidade de


trabalhar. Ela se refere a um princípio básico, pois é durante o processo
de intervenção e construção do conhecimento que acontece a
modificação das representações sobre a atividade das do ergonomista,
do pesquisador, dos outros atores sociais relacionados e também dos
próprios trabalhadores.

Assim, é possível levantar um “ambiente” na organização para


transformações concretas no conteúdo das tarefas e na organização do
trabalho (Figura 9), menciona Abrahão et al. (2009).
Figura 9 - Organização do trabalho

Fonte: Freepik.

Rojas (2015) explica que existem dois tipos de abordagens para a


execução da análise ergonômica, que são a abordagem tradicional e a
abordagem ergonômica.

A abordagem tradicional tem como fundamento o estudo dos


movimentos corporais do ser humano, indispensáveis para efetuar
uma tarefa, e do tempo consumido em cada um desses movimentos.
Já a abordagem ergonômica tem como bojo o trabalho efetivado por
Ergonomia e Medicina do Trabalho 31

um indivíduo em uma circunstância na qual a pessoa, as máquinas, os


equipamentos e as ferramentas são mantidos de maneira constante, de
forma que cada parte colabora para uma perfeita integração, esclarece
Rojas (2015).

IMPORTANTE:

Para efetuar a análise ergonômica dos postos de trabalho,


é necessário conhecer o comportamento do profissional
enquanto ele desempenha as suas atividades, procurando
conseguir sua colaboração e comunicando sobre as
responsabilidades dele em relação ao resultado da análise
(ROJAS, 2015).

De acordo com Iida (2019), a análise ergonômica do trabalho se


divide em cinco etapas (Figura 10), que são: análise da demanda, análise
da tarefa, análise da atividade, diagnóstico e recomendações.
Figura 10 - Etapas

Análise da
demanda

Análise da
Recomendações tarefa

Diagnóstico Análise da
atividade

Fonte: Elaborado pelos autores com base em Iida (2019).


32 Ergonomia e Medicina do Trabalho

A análise da demanda busca entender a natureza e a dimensão dos


problemas exibidos. A demanda aparece como a descrição de problema
ou uma circunstância problemática que alega a necessidade de uma
ação ergonômica, podendo ter várias origens, tanto por parte da direção
da empresa quanto por parte dos trabalhadores e suas organizações
sindicais, descreve Iida (2019).

NOTA:

As possibilidades estabelecidas podem referir-se às ideias


elaboradas preliminarmente, a todo processo analisado ou
ao comportamento do trabalhador no desenvolvimento
das atividades e tarefas (ROJAS, 2015).

Rojas (2015) informa que, por meio dos resultados adquiridos e


descritos ao demandante, a análise da demanda permite a efetivação de
um plano de intervenção ergonômica baseado em: sugestões ergonômicas
para um novo posto, identificação de problemas ergonômicos em
postos de trabalho existentes e operação de mudanças de condições
ergonômicas no posto de trabalho em decorrência de modificações
organizacionais ou trocas de equipamentos.

Na análise das tarefas são verificadas as divergências entre aquilo


que é estabelecido e o que é executado na prática. Essas divergências
podem acontecer por condições como máquinas desajustadas,
diferentes daquelas que foram previstas, mas também porque nem todos
os trabalhadores seguem rigidamente o método prescrito, menciona Iida
(2019).

NOTA:

A tarefa é um conjunto de propósitos estabelecidos que os


trabalhadores deverão cumprir, descreve Iida (2019).
Ergonomia e Medicina do Trabalho 33

Ao realizar a análise da tarefa sob o enfoque ergonômico, deve-


se estabelecer se ela é uma tarefa prescrita, induzida ou redefinida, ou
se houve atualização da tarefa em razão de modificações ambientais ou
tecnológicas. Deve-se considerar, também, a delimitação da capacidade
humana para sua realização (sistema-humano-tarefa), elucida Rojas (2015).

A análise da atividade, conforme Rojas (2015), é realizada com base


no comportamento do trabalhador, ou seja, seus gestos, comunicação
e informação, de acordo com as regras, as leis, a natureza e a cognição.
Nessa etapa é essencial que os comportamentos individuais presentes
nos postos de trabalho sejam verificados.

NOTA:

A análise da atividade oferece informações explicativas


sobre como a comparação entre as características das
pessoas e as imposições do trabalho influenciam os
trabalhadores e a produção (ABRAHÃO et al., 2009).

A atividade (Figura 11) é influenciada por diversos fatores, que


podem ser internos - que são situados no próprio trabalhador e são
descritos pela sua formação, experiência, idade, sexo, entre outros, além
da sua disposição momentânea, como motivação, sono, fadiga - como
também por fatores externos - que são aqueles relacionados às situações
em que atividade é cumprida.

Os fatores externos são classificados como conteúdo do trabalho


(objetivos, normas e regras), organização do trabalho (constituição de
equipes, horários e turnos) e meios técnicos (máquinas, equipamentos,
arranjo e dimensionamento do posto de trabalho, iluminação e ambiente
térmico), menciona Iida (2019).
34 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Figura 11 - Atividade

Fonte: Freepik.

Rojas (2015) explica que os dados arrecadados e analisados são


fonte de proposições para desenvolver o diagnóstico da condição de
trabalho, que será empregado na elaboração do laudo ergonômico
e abrange tanto os dados coletados nas etapas anteriores quanto os
coletados especificamente nesta etapa.

A próxima etapa se refere à formulação do diagnóstico, que busca


encontrar as causas do problema apresentado na demanda e diz respeito
aos fatores que influenciam na atividade de trabalho, explica Iida (2019).

Exemplo: Segundo Iida (2019), os acidentes podem ser causados


por pisos escorregadios, sinalizações mal interpretadas, manutenção
deficiente das máquinas etc.

Abrahão et al. (2009) informa que essa concepção procura construir


uma coerência entre as várias etapas da análise ergonômica do trabalho,
pois uma grande quantidade de informações foi agregada e uma série de
interlocutores admitidos. Ela é organizada a partir dos dados adquiridos ao
longo da investigação, do funcionamento da empresa, das observações
globais livres e dos conhecimentos dos ergonomista.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 35

O ergonomista é levado a estabelecer várias hipóteses e é elaborado


um enunciado provisório de relação entre certas condições de execução
do trabalho, características da atividade e resultados da atividade.

D’alva (2015) ainda relata que o ergonomista deve organizar um


diagnóstico, divulgá-lo e debater sobre ele com todos os envolvidos
no processo avaliado, como também deve difundir seu diagnóstico em
outros setores da empresa que possam intervir ou estejam relacionados
com o segmento estudado.

SAIBA MAIS:

A profunde-se nesse tema lendo o artigo “Análise


Ergonômica do Trabalho no Brasil: transferência tecnológica
bem-sucedida?”, clicando aqui.

A última etapa são as recomendações ergonômicas que se


referem às medidas que deverão ser adotadas para resolver o problema
encontrado. Essas recomendações devem ser claramente explicitadas e
devem ser mostradas todas as etapas indispensáveis para solucionar o
problema.

Se for o caso, as explicações devem ser complementadas por


figuras que mostrem as alterações a serem feitas em máquinas ou postos
de trabalho. Elas devem apontar também as responsabilidades, isto é,
a pessoa e a seção de departamento encarregadas da implementação,
com indicação do respectivo prazo, esclarecem Iida (2019).

De acordo com Abrahão et al. (2009), é possível organizar soluções


integradas que considerem questões relativas aos aspectos físicos do
posto de trabalho, as características das ferramentas, a arquitetura dos
sistemas de informação, a divisão das tarefas, a organização dos tempos
de trabalho, as características do ambiente de trabalho, entre outros.

EXEMPLO: Caso os problemas do posto de trabalho não possam


ser solucionados de imediato, alterações podem ser feitas na organização
36 Ergonomia e Medicina do Trabalho

do trabalho, como a inclusão de pausas (que podem ser consideradas


um empecilho se não existirem medidas outras para impedir perdas
na produção), melhorias nos equipamentos, na manutenção, na
movimentação dos insumos e dos produtos, explicita Abrahão et al. (2009).

Abrahão et al. (2009) ainda lembra que as recomendações para a


alteração devem ser acompanhadas de um processo de concepção, que
resultará em um projeto, com a participação dos atores sociais envolvidos
no processo de análise.

Laudo Ergonômico
Rojas (2015) explica que a análise ergonômica é formalizada em um
laudo ergonômico (Figura 12) que aponta os riscos ergonômicos inerentes
às áreas de trabalho, bem como providências para minimizar esses riscos.
Figura 12 - Laudo ergonômico

Fonte: Freepik.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 37

O laudo ergonômico da atividade é um documento obrigatório para


todas as empresas que têm empregados cujas atividades ou operações
causem riscos relacionados aos esforços de levantamento, transporte
e descarga individual de materiais ou outras atividades que requerem
postura forçada e esforços repetitivos, descreve Rojas (2015).

A Análise Ergonômica do Trabalho é o documento legal que faz


parte da NR 17 e que, ao longo dos anos, ficou conhecido, de forma
errada, como laudo ergonômico, fazendo referência aos documentos
de saúde e segurança do trabalho que frequentemente são elaborados
nesse formato, destaca Pegatin (2020).

Pinheiro (2014) lembra que o laudo ergonômico deverá ser


elaborado sempre que preciso e o seu desenvolvimento e a efetivação
dos ajustes indispensáveis devem ser verificados. Deve-se, também,
estabelecer novas metas e prioridades, e o laudo deve ser refeito caso
existam alterações no posto, no trabalho ou no usuário.

IMPORTANTE:

O laudo ergonômico deve ser arquivado por um período


mínimo de 20 anos, relata Pinheiro (2014).

O laudo ergonômico de uma estação de trabalho deve ser


conduzido para a análise global do posto de trabalho, sempre levando em
conta o psicobiofísico do operador. Ele deve ser organizado por posto de
trabalho individual, levando em consideração a empresa como um todo.
Nada deve ser avaliado de forma segmentada, informa Pinheiro (2014).
38 Ergonomia e Medicina do Trabalho

RESUMINDO:

Neste capítulo você deve ter compreendido que a análise


ergonômica do trabalho é uma abordagem de intervenção
que busca a transformação das condições de trabalho com
o propósito de mudanças, corrigindo uma situação real de
trabalho, aplicando conhecimentos da Ergonomia. Você
viu também que existem dois tipos de abordagens para a
execução da análise: a tradicional e a ergonômica. Viu que a
análise ergonômica do trabalho está relacionada com etapas
e ações que estão associadas, sendo as cinco etapas a
análise de demanda, análise de tarefa, análise de atividade,
diagnóstico e recomendações. Por fim, você entendeu o
laudo ergonômico que aponta os riscos inerentes às áreas
de trabalho, como também as providências para minimizar
os riscos encontrados, sendo obrigatório para todas as
empresas que têm empregados que exercem atividades
que exigem esforços de levantamento, transporte e
descarga individual de materiais, ou outras atividades que
requerem postura forçada e esforços repetitivos.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 39

Programa de Ergonomia

OBJETIVO:

Neste capítulo iremos discutir o programa de Ergonomia,


demonstrar a sua importância para o ambiente de trabalho,
compreender o projeto de Ergonomia e entender a
importância da Ergonomia para a gestão.

Programa de Ergonomia
Para Silveira (2004), um programa é um projeto elaborado de forma
detalhada, com o objetivo de informar sobre os detalhes de um plano.

Couto (2002) entende que a introdução de um programa de


Ergonomia irá determinar e assegurar como serão as modificações com o
passar do tempo, por meio de um conjunto de acontecimentos, alterando
e excluindo as condições de trabalho impróprias geradoras de lesões ou
outras formas de perdas, para que os trabalhadores possam operar com
o máximo de conforto e produtividade.

Iida (2019) explica que o programa de segurança do trabalho deve


ter uma existência formal, fundamentando-se em documentos escritos
que façam parte da política geral da empresa, devendo também existir
recursos que sejam exclusivamente destinados à sua implementação,
para que os responsáveis tenham autonomia de ação e rapidez nas
decisões, sem depender de mecanismos complicados e burocratizados
de decisão.

NOTA:

O programa deve envolver a administração superior


da empresa, organizar uma unidade responsável pela
implementação e incluir todos os escalões administrativos
e de trabalhadores (IIDA, 2019).
40 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Segundo Vidal (2002), a introdução de um programa de Ergonomia


pode acontecer sob a perspectiva reativa – como resultado do acúmulo
de problemas provocados pelo descuido, justificado ou não, com os
pontos ergonômicas da empresa – ou proativa – que procura prevenir a
circunstância das coisas e garantir a efetividade a longo prazo por meio
de outros esforços, como as certificações de qualidade e uma engenharia
de produto bem desenvolvida.

A existência de um programa de Ergonomia não constitui uma


outra maneira de trabalhar com Ergonomia, mas a geração de exigências
favoráveis no ambiente e na concepção de uma equipe para a execução
de boas condutas, bons projetos e bons registros no campo.

Em contraste com um trabalho casual, preciso e centrado, os


programas de Ergonomia (Figura 13) têm como objetivo proporcionar
o exercício ergonômico de maneira contínua, gradativa e planejada,
esclarece Vidal (2002).
Figura 13 - Programas de Ergonomia

Fonte: Freepik.

Iida e Buarque (2018) destacam que o “espírito” de segurança


deve transcorrer toda a organização, desde a alta administração até o
Ergonomia e Medicina do Trabalho 41

trabalhador mais simples, e a administração superior deve manifestar


apoio ao programa, reportando-se aos empregados para discutir sobre a
política da empresa, as condições de trabalho e problemas de segurança.

NOTA:

As palestras podem ser realizadas em reuniões ou


encontros formais, mas são mais eficazes em um ambiente
informal (IIDA e BUARQUE, 2018).

Silveira (2004) demonstra algumas vantagens da introdução de


programas de Ergonomia na empresa, que são:
•• Ações mais sólidas, acrescentando as chances de parcerias e
envolvimento dos beneficiários, causando impacto.
•• Indivíduos estimulados a fazer parte de ações proporcionadas
pela organização, possibilitando parcerias internas.
•• Ações de melhorias nos ambientes de trabalho com melhores
resultados e menores custos, provocando confiança, por parte da
organização e seus colaboradores, causando um sentimento de
legitimidade e credibilidade.
•• Melhoria gradativa da reflexão coletiva sobre a experiência,
fornecendo produção de conhecimento expressivo a outros
programas dentro da empresa.
•• Promoção de ambiente para negociação e expressão dos
agentes, por estar alicerçado sobre metas, propósitos e critérios
de avaliação, provocando negociação de interesses.

No que diz respeito ao alcance, os programas de Ergonomia podem


ser sintetizados em um programa de saúde ocupacional e constituir o
delineamento produtivo da empresa, agindo concomitantemente nos
produtos e processos, ou até mesmo incorporar as decisões estratégicas
de modernização e de atualização tecnológica da organização, descreve
Vidal. (2002).
42 Ergonomia e Medicina do Trabalho

Já que o programa é um projeto elaborado de forma detalhada,


devemos compreender também o que é um projeto de Ergonomia.

Os projetos em ambiente industrial, geralmente têm menores custos


de produção quanto mais forem padronizados, contudo esses princípios,
muitas vezes, discordam dos preceitos de Ergonomia, que procura adequar
o trabalho ao homem e não o inverso, informa Pegatin (2020).

IMPORTANTE:

O projeto não é, necessariamente, sempre de criação e


algo novo, mas sempre de transformação. Nesse caso, é
importante que ele seja desenvolvido após uma análise
ergonômica do trabalho.

Rebelatto (2004) afirma que o projeto ergonômico deve dispor de


uma coleta de dados sólida e segura. Isso torna a abordagem ergonômica
mais científica, já que são reunidos dados sobre como as pessoas se
comportam com diferentes aspectos das condições de trabalho (Figura
14). Posteriormente, procura-se encontrar o melhor conjunto de condições
de conforto e de desempenho.
Figura 14 - Condições de trabalho

Fonte: Freepik.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 43

O projeto ergonômico do posto de trabalho, de acordo com Iida


e Buarque (2018), busca melhorar a eficiência do trabalho humano,
garantindo saúde, segurança e satisfação do trabalhador, com os
seguintes propósitos:

•• Garantir posturas adequadas, possibilitando realizar movimentos


corporais indispensáveis à execução das tarefas.

•• Conservar a carga de trabalho dentro dos limites de tolerância,


diminuindo os estresses físicos e cognitivos.

•• Promover a execução das tarefas, possibilitando a aquisição e


processamento de informações e cumprimento de movimentos
musculares favoráveis.

Projetos de postos de trabalho ou ferramentas com perspectiva


ergonômica precisam de informações sobre natureza da tarefa, posturas,
direcionamento dos gestos, olhares, fatores ambientais e processamento
de informações, menciona Pegatin (2020).

Iida (2019) diz que o projeto do posto de trabalho integra um


planejamento mais completo das instalações produtivas, também
chamado de arranjo físico ou layout de fábricas e escritórios. Esse
planejamento das instalações é realizado em três níveis:

•• Nível 1. Projeto do macro espaço – realização do estudo do espaço


global da empresa, no qual são determinadas as dimensões de
cada departamento e das áreas auxiliares.

•• Nível 2. Projeto do micro espaço – voltado para cada unidade


produtiva (posto de trabalho), inclui o trabalhador no seu ambiente
laboral, como também as máquinas, equipamentos, condições
locais de ruídos e temperaturas referentes a esse trabalhador.

•• Nível 3. Projeto detalhado – determina as características da


interface homem-máquina-ambiente, para que as interações
entre esses subsistemas sejam apropriadas.
44 Ergonomia e Medicina do Trabalho

IMPORTANTE:

A contribuição ergonômica pode acontecer nesses três


níveis. No macro, acontece o estudo de aspectos como
iluminação, temperatura, horários, trabalho em equipe;
no nível micro acontece, essencialmente, o estudo do
posto de trabalho e no detalhado acontecem estudos dos
controles e manejos e dispositivos de informação (IIDA E
BUARQUE, 2018).

Iida (2019) entende que as atividades de projeto de posto de trabalho


podem ser agrupadas em cinco etapas: análise da tarefa, arranjo físico do
posto de trabalho, dimensionamento do posto de trabalho, construção e
teste do modelo e ajustes individuais.

Vejamos, a seguir, as principais características de cada uma delas.

A análise da tarefa é o conjunto de ações humanas que faz o sistema


funcionar para que se atinja o objetivo pretendido. Ela envolve a descrição
da tarefa que determina o objetivo, o operador, as características técnicas,
as aplicações, as condições operacionais, as condições organizacionais e
as condições ambientais.

A análise de tarefa envolve, também, a descrição das ações que


se concentram mais nas características que influenciam no projeto da
interface homem-máquina e se classificam como informações e controles.
Além disso, ela envolve uma revisão crítica das tarefas e ações, que
busca, principalmente, avaliar as condições que poderiam provocar dores
e lesões osteomusculares nos postos de trabalho, devendo-se prestar
atenção às tarefas altamente repetitivas e às ações estáticas, esclarece
Iida e Buarque (2018).
Ergonomia e Medicina do Trabalho 45

IMPORTANTE:

A revisão crítica das tarefas pode ser realizada por meio


da aplicação da análise ergonômica do trabalho, para que
sejam corrigidos eventuais problemas antes que o projeto
avance (IIDA e BUARQUE, 2018).

O arranjo físico do trabalho é o estudo da distribuição espacial ou


do posicionamento relativo dos diversos elementos que compõem o
posto de trabalho (Figura 15), elucida Iida (2019).
Figura 15 - Posto de trabalho

Fonte: Freepik.

O dimensionamento, conforme Iida (2019), determina que a maioria


dos usuários deverá ter uma postura confortável no posto de trabalho,
46 Ergonomia e Medicina do Trabalho

devendo ser consideradas, para a adaptação do posto de trabalho aos


seus usuários, as seguintes dimensões:

•• Altura da superfície do trabalho.

•• Alcances normais máximos das mãos.

•• Espaços para acomodar as pernas e realizar movimentações


laterais do corpo.

•• Dimensionamento das folgas.

•• Altura para a visão e ângulo visual.

A etapa final é a construção e teste do posto de trabalho, no


qual poderão ser observados o alcance dos movimentos (Figura 16),
conforto, postura e a visibilidade dos instrumentos, assim como os ajustes
necessários poderão ser inseridos com poucos gastos de tempo e de
recursos, esclarece Iida (2019).
Figura 16 - Alcance dos movimentos

Fonte: Freepik.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 47

Pegatin (2020) afirma que os melhores resultados são alcançados


quando o produto de uma ação em Ergonomia é introduzido em um
programa de gestão em saúde e segurança do trabalho e, especialmente,
quando está alinhado à estratégia da alta administração. Para isso,
indicadores devem ser gerenciados sistematicamente, com a finalidade
de avaliar o alcance das ações.

Dessa forma, existem algumas vantagens que podem ser atribuídas


ao sistema de gestão, segundo Pegatin (2020):

•• Gerar uma estrutura na organização que possibilita atividades


futuras de forma consistente e controlada.

•• Melhorar a tomada de decisões, o planejjamento e a definição de


prioridades.

•• Colaborar para o uso mais eficiente do capital de recursos dentro


da organização.

Pegatin (2020) ainda afirma que, entre as ações norteadoras de


um programa de gestão de Ergonomia, merecem destaque as ações
práticas do cotidiano. Uma condição operacional que facilita o sucesso
do programa são os chamados comitês de Ergonomia (COERGOS).

Os trabalhadores que fazem parte do comitê de Ergonomia têm


como propósito identificar, priorizar e eliminar condições ergonômicas
críticas, distribuindo responsabilidades entre os níveis operacional e de
gestão. A estrutura desse comitê varia de acordo com as características
e com o porte da organização, de acordo com os recursos técnicos e
humanos disponíveis, explana Pegatin (2020).
48 Ergonomia e Medicina do Trabalho

RESUMINDO:

Neste capítulo você deve ter compreendido que um


programa é um projeto elaborado de forma detalhada,
que a introdução de um programa de Ergonomia pode ser
sob a perspectiva reativa ou proativa e que a existência
de um programa de Ergonomia constitui uma geração de
exigências favoráveis no ambiente e na concepção de uma
equipe para a execução de boas condutas, bons projetos
e bons registros no campo. Você viu também as vantagens
da introdução de programas de Ergonomia na empresa,
como é o projeto ergonômico, quais são seus propósitos e
suas etapas. Por fim, você compreendeu que os melhores
resultados são alcançados quando o produto de uma ação
em Ergonomia é introduzido em um programa de gestão
em saúde e segurança do trabalho, e que uma condição
operacional que facilita o sucesso do programa são os
chamados comitês de Ergonomia.
Ergonomia e Medicina do Trabalho 49

REFERÊNCIAS
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