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Gestão de

Políticas Públicas

Unidade 1
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Gestão de Políticas Públicas

Juliane Marise Barbosa Teixeira


A AUTORA
Juliane Marise Barbosa Teixeira
Meu nome é Juliane Marise Barbosa Teixeira, sou doutoranda em
Engenharia da Produção e Sistema pela PUCPR (foco em Engenharia
das Organizações); mestre em Tecnologia e Desenvolvimento do
PPGTE na UTFPR; especialista em Gestão Estratégica de Pessoas pela
PUCPR, em Psicopedagogia, em Pedagogia Empresarial e Educação
Corporativa e em Formação Docente e Tutoria em EaD e possuo MBA
em Administração Pública e Gerência de Cidades. Sou graduada em
Letras pela PUCPR e graduanda em Administração. Atuei como Diretora de
EaD e Professora na Faculdade Inspirar; orientadora do Programa Agentes
Locais de Inovação - ALI SebraePR; coordenadora da Agência de Inovação
UNINTER; coordenadora adjunta do curso tecnológico superior em
Gestão Pública; MBA em Administração Pública e Gerência de Cidades
e MBA em Marketing Político e Organização de Campanha Eleitoral e
Especialização em Sustentabilidade e Políticas Públicas na Escola
de Gestão Pública, Política e Jurídica-EGPPJ no Centro Universitário
Internacional UNINTER. Atuei como professora tutora convidada na
coordenação de Tecnologia na Educação - COTED da UTFPR. Trabalhei
quatro anos em Angola como coordenadora de Recursos Humanos em
uma empresa de engenharia, com aproximadamente 2 mil funcionários
e cinco filiais pelo país. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir
minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões.
Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Conceitos e implicação das relações e dos processos da ética
na administração pública..........................................................................10

Conceito de ética.............................................................................................................................. 11

Ética na administração pública........................................................................... 12

Relações humanas na administração pública: ética e o papel do líder... 12

Princípios da ética pública......................................................................................................... 14

Improbidade administrativa................................................................................... 16

Lei de Responsabilidade Fiscal............................................................................................. 18

Os três poderes e suas funcionalidades........................................... 22

Poder Executivo ............................................................................................................................... 22

Poder Legislativo..............................................................................................................................25

Poder Judiciário ................................................................................................................................27

Princípios da administração pública................................................... 30

Base dos princípios para construção da eficiência................................................ 30

Princípio da Legalidade............................................................................................................... 31

Princípio da Impessoalidade....................................................................................................32

Princípio da Moralidade .............................................................................................................32

Princípio da Publicidade.............................................................................................................33

Princípio da Eficiência...................................................................................................................34
Gestão de Políticas Públicas 7

01
UNIDADE
8 Gestão de Políticas Públicas

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área Gestão de Políticas Públicas é uma das
mais demandas no mercado e será responsável pela geração de mais
empregos nos próximos anos? Isso mesmo. Sua principal responsabilidade
é gerir as políticas públicas e, nessas condições, iniciaremos nosso estudo
sobre essa temática compreendendo o processo ético na administração
pública, as funções dos poderes, sejam eles o Poder Executivo, o Poder
Legislativo e o Poder Judiciário no Brasil, e entender quais os princípios
que regem a administração pública.

Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar nesse


universo!
Gestão de Políticas Públicas 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 01. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Perceber os conceitos e as implicações das relações e dos


processos da ética na administração pública, desde o contexto
histórico, cenário atual até as tendências;

2. Compreender quais são os poderes do Brasil e suas funções;

3. Identificar e entender os princípios da administração pública.

Então? Preparado para adquirir conhecimento sobre um assunto


fascinante e inovador como esse? Vamos lá!
10 Gestão de Políticas Públicas

Conceitos e implicação das relações e dos


processos da ética na administração pública

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como e em que consiste as relações e os processos da
ética na administração pública. Isso será fundamental para
o exercício de sua profissão, tendo em vista que a ética
constitui um favor primordial em uma administração correta.
E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então, vamos lá. Avante!

Muitas empresas privadas e órgãos públicos ainda acreditam que


devem ter como objetivo o lucro a qualquer custo, principalmente se
puderem ser conseguidos com o prejuízo da concorrência e até mesmo
dos clientes. Em um ambiente em que aparentemente vale tudo, como no
competitivo cenário econômico, as considerações éticas são as primeiras
a perderem o valor.

No entanto, uma nova tendência vem crescendo a cada ano e


hoje é quase que uma realidade. Estamos falando das exigências do
cidadão, que não recaem apenas na procura por produtos ou serviços de
qualidade, mas também se as empresas que os fornecem são éticas e se
atuam com responsabilidade social e ambiental.

Em outras palavras, na hora da compra, além da relação custo-


benefício o consumidor também presta atenção se a empresa tem
uma atuação positiva na comunidade em que está inserida. Isso porque
sabemos que uma das questões mais “quentes” hoje é o controle sobre a
agressão ao meio ambiente.

Os altos custos ambientais, por exemplo, pela ameaça que


representam à população e ao planeta, estão colocando as empresas
devastadoras numa posição muito delicada. Afinal, os interesses deste
tipo de empresa (seja de caráter público ou privado) entram em conflito
direto com os interesses da coletividade.
Gestão de Políticas Públicas 11

Figura 1: Homem trabalhando

Fonte: Pixabay

Conceito de ética
Segundo Sá (2009, p. 15), a ética

estuda os fenômenos morais, as morais históricas, os códigos


de normas que regulam as relações e as condutas dos agen-
tes sociais, os discursos normativos que identificam, em cada
coletividade, o que é certo ou errado fazer.

A ética pode ser confundida com lei, embora, com certa frequência,
a lei tenha como base princípios éticos. Porém, diferentemente da
lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros
indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela
desobediência a estas, mas a lei pode ser omissa quanto a questões
abrangidas pela ética.

Sendo assim, a ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada
à vertente profissional. Existem códigos de ética profissional que indicam
como um indivíduo deve se comportar no âmbito da sua profissão. A
ética e a cidadania são dois dos conceitos que constituem a base de uma
sociedade próspera.
12 Gestão de Políticas Públicas

Ética na administração pública


A ética na administração pública está diretamente relacionada com
a forma que os agentes públicos exercem seus cargos e desempenham
suas funções. Conforme vimos, existem descritivos de condutas éticas
esperadas em algumas classes profissionais. Já dos agentes públicos
espera-se a exibição de valores morais pungentes – em destaque a boa
fé e todos aqueles necessários para manutenção de uma convivência
harmoniosa em sociedade.

Espera-se também que o agente público seja transparente,


comprometido com o bem-estar da sociedade, que aja e trabalhe em
prol do desenvolvimento social e comungue com os princípios da
administração pública em todos os seus atos, renunciando o favoritismo
e a beneficiação pessoal.

Relações humanas na administração


pública: ética e o papel do líder
A liderança é a questão central de todas as organizações, generaliza-
se porque de fato são esses os atores principais que vão conduzir as
organizações, quando um profissional resolve ser um líder e ao conquistar
o cargo, aceitar com humildade, responsabilidade e ética nas ações e
decisões.

No passado, a questão da obediência: “eu mando e você executa”,


era o processo de chefiar, já que não havia o principal, o diálogo, a
discussão sadia para verificar a melhor forma de alcançar os objetivos
traçados.

Se aprofundarmos no sentido da palavra consentimento ou


consenso, vamos verificar que não basta somente o consentimento, pois
devemos obedecer um superior, mas deve ser exaurido por meio do
diálogo qual a direção a ser tomada (TEIXEIRA; RIBEIRO, 2017).

Dessa forma, o papel do líder é de suma importância, pois deverá


ter o poder de influenciar na decisão que melhor aprouver a organização,
de posse das informações fornecidas durante o debate. É um momento
Gestão de Políticas Públicas 13

rico que faz com que o líder também compreenda melhor o caminho a ser
tomado (TEIXEIRA; RIBEIRO, 2017).

A lista não é estanque, pelo contrário, a cada virada de mercado,


que sabemos que é dinâmica, novas características são requisitadas
dos líderes. O profissional ao aceitar o desafio de assumir uma posição
de comando, deverá ter como princípio o quanto lhe será exigido, e
ele deve querer isso. Sabemos que não são todos os profissionais que
querem ser gestores, e com certeza as empresas não possuem essa
posição para todos. Por isso, as empresas devem ter, como já enfatizado,
programas bem estabelecidos de sucessão e de acompanhamento de
seus potenciais líderes (TEIXEIRA; RIBEIRO, 2017).

As empresas devem entender que o setor de Recursos Humanos


é extremamente estratégico, deve ter autonomia para estabelecer
programas de lideranças, auxiliar os CEOs, de forma isonômica, para
que possa ser um facilitador até para que os candidatos a essa posição
compreendam se estão preparados para essa missão ou não. Assim, para
assumir o papel de gestor, é preciso uma exaustiva reflexão e análise
(TEIXEIRA; RIBEIRO, 2017).
Figura 2: Liderança estratégica

Fonte: Pixabay
14 Gestão de Políticas Públicas

Princípios da ética pública


A seguir, elencamos os princípios da ética pública, que de acordo
com Fugagnoli et al. (2016) foi Cristina Seijo Suárez e Noel Añez Tellería
que descrevem os princípios éticos da administração pública como ações
positivas e voltadas ao bem coletivo. Vejamos:

a. Os processos seletivos para o ingresso na função pública devem


estar ancorados no princípio do mérito e da capacidade, e não
só o ingresso como carreira no âmbito da função pública (NAEF,
2016).

b. A formação continuada que se deve proporcionar aos funcionários


públicos deve ser dirigida, entre outras coisas, para transmitir
a ideia de que o trabalho a serviço do setor público deve ser
realizado com perfeição, sobretudo porque se trata de trabalho
em benefícios de outros (NAEF, 2016).

c. A chamada gestão de pessoal e as relações humanas na


administração pública devem estar presididas pelo bom propósito
e uma educação esmerada. O clima e o ambiente laboral devem
ser positivos e os funcionários devem se esforçar para viver no
cotidiano esse espírito de serviço para a coletividade, que justifica
a própria existência da administração pública (NAEF, 2016).

d. A atitude de serviço e interesse visando o coletivo deve ser o


elemento mais importante da cultura administrativa. A mentalidade
e o talento se encontram na raiz de todas as considerações sobre
a ética pública e explicam a importância do trabalho administrativo
(NAEF, 2016).

e. Constitui um importante valor deontológico potencializar o


orgulho são que provoca a identificação do funcionário com os
fins do organismo público no qual trabalha. Trata-se da lealdade
institucional, a qual constitui um elemento capital e uma obrigação
central para uma gestão pública que aspira à manutenção de
comportamentos éticos (NAEF, 2016).
Gestão de Políticas Públicas 15

f. A formação em ética deve ser um ingrediente imprescindível


nos planos de formação dos funcionários públicos. Ademais,
devem buscar fórmulas educativas que tornem possível que
essa disciplina se incorpore nos programas docentes prévios ao
acesso à função pública, embora deva estar presente na formação
contínua do funcionário. No ensino da ética pública, deve-se ter
presente que os conhecimentos teóricos de nada servem se não
se interiorizam nas práxis do servidor público (NAEF, 2016).

g. O comportamento ético deve levar o funcionário público à busca


das fórmulas mais eficientes e econômicas para levar a cabo sua
tarefa (NAEF, 2016).

h. A atuação pública deve estar guiada pelos princípios da igualdade


e não discriminação. Ademais, a atuação de acordo com o
interesse público deve ser o “normal” sem que seja moral receber
retribuições diferentes do oficial que se recebe no organismo em
que se trabalha (NAEF, 2016).

i. O funcionário deve atuar sempre como servidor público e não deve


transmitir informação privilegiada ou confidencial. O funcionário,
como qualquer outro profissional, deve guardar o sigilo de ofício
(NAEF, 2016).

j. O interesse coletivo no Estado social e democrático de Direito


existe para ofertar aos cidadãos um conjunto de condições que
torne possível seu aperfeiçoamento integral e lhes permita um
exercício efetivo de todos os seus direitos fundamentais. Para
tanto, os funcionários devem ser conscientes de sua função
promocional dos poderes públicos e atuar em consequência disso
(NAEF, 2016, tradução livre).
16 Gestão de Políticas Públicas

Figura 3: Lealdade institucional

Fonte: Pixabay

Sem nunca deixar de considerar que o novo modelo de gestão


pública – aquele conectado à TI e às redes sociais, visa manter um bom
perfil e uma elevada qualificação de seus usuários, os serviços como
Ouvidorias e Call Centers para atendimentos são regulamentados e
disponibilizados pela administração pública (direta e também indireta),
bem como a outros órgãos competentes que vistoriem e intervenham ao
bom funcionamento dos serviços públicos à sociedade.

Improbidade administrativa
Sob olhares da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, que dispõe
sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de
enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou
função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras
providências, cabe também a cobrança e fiscalização das condutas éticas
e morais dos agentes público, conforme descrito:
Gestão de Políticas Públicas 17

CAPÍTULO I

Das Disposições Gerais

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente


público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta
ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade
para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou
da receita anual, serão punidos na forma desta lei.

Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta


lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de
entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal
ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja
criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita
anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,


todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no
artigo anterior.

Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber,


àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se
beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia


são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no
trato dos assuntos que lhe são afetos.
18 Gestão de Políticas Públicas

Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou


omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-
se-á o integral ressarcimento do dano.

Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito perderá o agente


público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos
ao seu patrimônio.

Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio


público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade
administrativa responsável pelo inquérito representar ao
Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do
indiciado.

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput


deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral
ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial
resultante do enriquecimento ilícito.

Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio


público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
desta lei até o limite do valor da herança. (BRASIL, 2019)

Lei de Responsabilidade Fiscal


Não menos importante, podemos observar a Lei Complementar nº
101, de 4 de maio de 2000, que estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças


públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal,
com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.

§ 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação


planejada e transparente, em que se previnem riscos e
corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas
Gestão de Políticas Públicas 19

públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados


entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições
no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com
pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e
mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de
receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.

§ 2º As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

§ 3º Nas referências:

I. à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,


estão compreendidos:

b. o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os


Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;

c. as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias,


fundações e empresas estatais dependentes;

II. a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;

III. Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da


União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal
de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município.

Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se


como:

I. ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal


e cada Município;

II. empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital


social com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a
ente da Federação;

III. empresa estatal dependente: empresa controlada que


receba do ente controlador recursos financeiros para
pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral
20 Gestão de Políticas Públicas

ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes


de aumento de participação acionária;

IV. receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias,


de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de
serviços, transferências correntes e outras receitas também
correntes, deduzidos:

a. na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios


por determinação constitucional ou legal, e as contribuições
mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e
no art. 239 da Constituição;

b. nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por


determinação constitucional;

c. na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos


servidores para o custeio do seu sistema de previdência e
assistência social e as receitas provenientes da compensação
financeira citada no § 9º do art. 201 da Constituição.

§ 1º Serão computados no cálculo da receita corrente


líquida os valores pagos e recebidos em decorrência da Lei
Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo
previsto pelo art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias.

§ 2º Não serão considerados na receita corrente líquida do


Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os
recursos recebidos da União para atendimento das despesas
de que trata o inciso V do § 1o do art. 19.

§ 3º A receita corrente líquida será apurada somando-se


as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze
anteriores, excluídas as duplicidades.
Gestão de Políticas Públicas 21

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
o que é ética, sendo ela o ramo responsável por estudar
os fenômenos morais, as morais históricas, os códigos
de normas que regulam as relações e as condutas dos
agentes sociais, os discursos normativos que identificam,
em cada coletividade, o que é certo ou errado fazer.
A ética deve ser respeitada pelos agentes públicos,
exibindo valores morais pungentes – em destaque a boa
fé e todos aqueles necessários para manutenção de uma
convivência harmoniosa em sociedade. Vimos ainda quais
são os princípios da ética e o que vem a ser a improbidade
administrativa, que estão dispostos na Lei nº 8.429, de 2 de
junho de 1992, e a Lei de Responsabilidade Fiscal, disposta
na Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.
22 Gestão de Políticas Públicas

Os três poderes e suas funcionalidades

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de compreender


quais são os poderes do Brasil e as funções de cada um.
Isso será fundamental para o exercício de sua profissão,
tendo em vista que é necessário compreender a estrutura
dos poderes do país. E então? Motivado para desenvolver
esta competência? Então, vamos lá. Avante!

A partir da necessidade de dividir a gestão do Estado para maior


eficiência, a Constituição Federal de 1988 garantiu para administração
pública uma divisão em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Cada um deles deve zelar pelo equilíbrio entre os serviços à população,
garantindo em acima de qualquer prioridade o desenvolvimento e o pleno
ordenamento social.

Para que essa divisão funcione, as ações necessárias foram


categorizadas como: função típica e função atípica. A função típica é
aquela denominada a partir das ações que dão significado ao objetivo
da existência da instituição a qual ela se destina. Já a função atípica é
representada por ações que não estão dentro daquelas denominadas
essenciais para justificativa da existência da instituição. Entretanto, é
permitida e necessária para que haja harmonia e concretização entre os
objetivos e efetivos dos três poderes. A seguir, vejamos o que é e como
funciona cada um deles.

Poder Executivo
Este é o poder responsável pela representação da instituição estatal.
Dentro das atribuições típicas desse poder, está a atuação da chefia
governamental. Por atuação entende-se: administração, elaboração de
políticas públicas e execução de suas estratégias no âmbito que regula
(seja ele federal, estadual ou municipal).
Gestão de Políticas Públicas 23

Figura 4: Palácio do Planalto (Poder Executivo)

Fonte: Pixabay

Vejamos na íntegra o que diz a Constituição Federal de 1988:

CAPÍTULO II – Do Poder Executivo

SEÇÃO I – Do Presidente e do Vice-Presidente da República

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da


República, auxiliado pelos Ministros de Estado.

Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da Repú-


blica realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de
outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro,
em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término
do mandato presidencial vigente. (EC no 16/97) § 1o A eleição
do Presidente da República importará a do Vice-Presidente
com ele registrado.

§ 2o Será considerado eleito Presidente o candidato que,


registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de
votos, não computados os em branco e os nulos.
24 Gestão de Políticas Públicas

§ 3o Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na


primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após
a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos
mais votados e considerando- se eleito aquele que obtiver a
maioria dos votos válidos.

§ 4o Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte,


desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-
se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.

§ 5o Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer,


em segundo lugar, mais de um candidato com a mesma
votação, qualificar-se-á o mais idoso.

Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República toma-


rão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o
compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição,
observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sus-
tentar a união, a integridade e a independência do Brasil. Pará-
grafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a pos-
se, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força
maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.

Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e


suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. Parágrafo único.
O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições
que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o
Presidente, sempre que por ele convocado para missões
especiais.

Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Pre-


sidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessiva-
mente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da
Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo
Tribunal Federal.

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente


da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta
a última vaga.
Gestão de Políticas Públicas 25

§ 1o Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período


presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta
dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na
forma da lei.

§ 2o Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o


período de seus antecessores.

Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro


anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao
da sua eleição.

(ECR no 5/94 e EC no 16/97)

Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não


poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do
País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do
cargo. (BRASIL, 2010, p. 58-59)

Poder Legislativo
É o poder responsável por fiscalizar e aprovar todo trâmite
orçamentário para que seja possível executar as ações previstas para o
funcionamento e desenvolvimento do país. A função típica desse poder
é como o nome mesmo já sugere, legislar nos trâmites de criação,
aprovação e até mesmo na rejeição de leis que operam a ordem no país.

Um exemplo de função atípica desse poder é a gestão de pessoas:


ações como contratações, demissões, pagamentos, organização de
férias, entre outros dos órgãos públicos.
26 Gestão de Políticas Públicas

Figura 5: Congresso Nacional (Poder Legislativo)

Fonte: Freepik

Vejamos como a CF de 1988 define o Poder Legislativo:

CAPÍTULO I – Do Poder Legislativo

SEÇÃO I – Do Congresso Nacional

Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso


Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal. Parágrafo único. Cada legislatura terá a
duração de quatro anos.

Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes


do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado,
em cada Território e no Distrito Federal.

§ 1o O número total de Deputados, bem como a representação


por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei
complementar, proporcionalmente à população, procedendo-
se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para
que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos
de oito ou mais de setenta Deputados.

§ 2o Cada Território elegerá quatro Deputados.


Gestão de Políticas Públicas 27

Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos


Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio
majoritário.

§ 1o Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores,


com mandato de oito anos.

§ 2o A representação de cada Estado e do Distrito Federal será


renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um
e dois terços.

§ 3o Cada Senador será eleito com dois suplentes.

Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as


deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão
tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta
de seus membros. (BRASIL, 2010, p. 45)

Poder Judiciário
Este poder “fecha” a tríade da administração pública. Seu nome já
sugere sua ação: julgar o direito em uma aplicação nas ações a serem
realizadas em prol do funcionalismo social. É também o responsável por
mediar conflitos. Suas funções atípicas giram em torno da constituição de
documentos como regimentos internos a favor do ordenamento brasileiro.

Para concluir, vejamos na íntegra como a CF de 1988 designa o


Poder Judiciário:

CAPÍTULO III – Do Poder Judiciário

SEÇÃO I – Disposições Gerais

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: (EC no 45/2004)

I. O Supremo Tribunal Federal;

I.A O Conselho Nacional de Justiça;

II. O Superior Tribunal de Justiça;

III. Os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;


28 Gestão de Políticas Públicas

IV. Os Tribunais e Juízes do Trabalho;

V. Os Tribunais e Juízes Eleitorais;

VI. Os Tribunais e Juízes Militares;

VII. Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e


Territórios.

§ 1o O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de


Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.

§ 2o O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm


jurisdição em todo o território nacional. (BRASIL, 2010, p. 63)
Figura 6: Supremo Tribunal Federal (Poder Judiciário)

Fonte: Pixabay

SAIBA MAIS:

Para ler na íntegra a organização dos três poderes pela


Constituição Federal, clique aqui.
Gestão de Políticas Públicas 29

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que os três poderes são: Legislativo, Executivo e Judiciário.
Compreendeu que o Poder Executivo é responsável pela
representação da instituição estatal. O Poder Legislativo
é responsável por fiscalizar e aprovar todo o trâmite
orçamentário para que seja possível executar as ações
previstas para o funcionamento e desenvolvimento do país.
Por sua vez, o Poder Judiciário tem como função julgar o
direito em uma aplicação nas ações a serem realizadas em
prol do funcionalismo social.
30 Gestão de Políticas Públicas

Princípios da administração pública

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender os


princípios da Administração Pública. Isso será fundamental
para o exercício de sua profissão, tendo em vista que os
princípios são os pilares fundamentais para o bom exercício
de uma gestão. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então, vamos lá. Avante!

A ordem que rege os princípios da administração pública vem da


Constituição Federal, Capítulo VII – da Administração Pública, Seção I –
Disposições Gerais, no Art. 37: “a administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência [...]”. Ao longo desta aula iremos
discorrer sobre esses princípios, que devem ser a base de toda e qualquer
ação dentro da administração pública.

Base dos princípios para construção da


eficiência
Falar de administração pública é sempre uma missão difícil,
principalmente pelo descrédito social conquistado por décadas de
sucessões administrativas sem gerência, objetivo e planejamento.
Entenda: administração pública nada tem a ver com política ou partido
político (ou pelo menos, não deveria).

O conceito de administração é muito simples: basicamente é


planejar, organizar, controlar, coordenar, desenvolver e liderar uma
empresa. E quando essa administração é pública, a empresa em si é um
município, um estado ou um país.

Se estivéssemos falando de um conceito de administração privada,


certamente discorreríamos sobre cultura organizacional, missão, visão e
valores da organização e por aí vai. Esses são princípios válidos, assertivos
Gestão de Políticas Públicas 31

e essenciais para entender como funciona a organização, mas se ela é


pública, ela não pode inferir as vontades, os desejos ou o planejamento
de um CEO (Chief Executive Officer ou pessoa com maior autoridade na
hierarquia da organização), e sim de uma nação. Essa nação é representada
pela Constituição Federal de 1988.

Sim, verdade, ela é recente, mas ela é quem diz o que a


administração pública deve fazer e como se organizar pelo bem coletivo
do estado enquanto empresa. E é por isso que começamos por Thomas
Jefferson. Uma vez que se ocupa um cargo público deve-se entender
que não mais agiremos em razão de um bem próprio ou para os seus, e
sim para um bem de uma sociedade. Essa afirmação faz cair por terra a
herança de morosidade dos serviços públicos. Ou pelo menos deveria.

Sabemos então que os princípios que regem a administração


pública são regidos pela CF e devem ser consideradas no planejamento de
qualquer ação pública. Basicamente são cinco princípios constitucionais
expressos: Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência. Vejamos a seguir cada um deles.

IMPORTANTE:

O objetivo desta aula não é tratar de política ou debater


sobre o que não funciona na gestão pública, e sim entender
porque somos como somos quando o assunto é serviços
públicos, como deveria ser e o que faremos para depois de
ter acesso a essas informações mudar nossos conceitos,
parar a roda do “sempre foi assim” e acreditar que qualquer
ação começa do primeiro passo de alguém.

Princípio da Legalidade
O primeiro princípio expresso da CF, do Art. 37, é a Legalidade. No
geral, podemos definir o termo como: a lei determina o que pode ou não
pode ser feito e como devemos agir. Se falássemos apenas da lei na vida
privada, comungaríamos com o art. 5º da CF: “Ninguém será obrigado a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei” (BRASIL, 1988).
32 Gestão de Políticas Públicas

A interpretação correta para a legalidade na administração pública


é: o administrador público só poderá fazer o que está prevista em lei.

Princípio da Impessoalidade
Novamente recorremos ao art. 37 da CF. Os atos e recorrências da
administração pública devem estar pautados nas ações impessoais e
genéricas, com abrangência indistinta e sem preferência ou prevalência.
Figura 7: Político que age em seu benefício próprio e não como um representante do povo
que o elegeu

Fonte: Pixabay

A administração pública deve ser organizada de forma que todos


os grupos sociais sejam acolhidos e beneficiados. O agente político deve,
ainda, isentar-se de qualquer ação que promova seus interesses pessoais
ou de um grupo específico.

Princípio da Moralidade
Certamente, um dos princípios mais importantes e de maior grau
de dificuldade em processos de avaliação, o princípio da moralidade é
constantemente mutável, entretanto, altamente ético. Todo processo
administrativo para contar com a veracidade deverá ser obrigatoriamente
moral. Assim, o princípio da moralidade não pode apenas se apoiar
no princípio da legalidade (se está na lei pode ser feito), mas deve ser
associado aos pressupostos éticos em objetivo comum ao bem público,
caso contrário, ele é nulo.
Gestão de Políticas Públicas 33

IMPORTANTE:

Vamos relembrar o caso da duplicação da Serra do


Cafezal, na Rodovia Régis Bittencourt, que liga o estado
do Paraná com o estado de São Paulo, que por mais
de meio século foi considerado um dos trechos mais
perigosos das rodovias federais e entre a primeira licença
para início aos trabalhos até a finalização da obra conta-
se aproximadamente 15 anos.

A desapropriação de terras, as licitações para obras, os recursos


todos estavam previstos pela lei, entretanto, existiu por muitas décadas a
discussão sobre os impactos na fauna e flora da região.

A lei permitia, mas os processos éticos e morais sobre o impacto na


natureza levaram as ações a intermináveis discussões e procedimentos
focados na minimização dos impactos ambientais para aí então se
concretizar.

Princípio da Publicidade
Se for objeto público, logo, deve ser transparente. Na administração
pública todo processo deve ser dado ao conhecimento da sociedade, que
é quem financia as ações públicas por meio do pagamento de impostos.

Nos regimes democráticos de governo, é permitido aos cidadãos


fiscalizar as ações e os atos dos agentes públicos. É também por meio da
publicidade que se controla e combate a corrupção.

O princípio da publicidade anda “de mãos dadas” com o princípio


da impessoalidade. As ações dos agentes públicos devem ser voltadas
ao bem comum e geral. Seus atos não devem ser comunicados com
heroicos ou pessoais, e sim como a prestação dos serviços aos quais ele
foi designado pelo povo por meio das eleições.

A publicidade é o ato de transparência dos processos administrativos,


é a prestação de contas à sociedade e não uma vitrine pessoal ou coletiva
de agentes.
34 Gestão de Políticas Públicas

Princípio da Eficiência
O princípio da eficiência apoia-se na Emenda Constitucional nº
19/1998 (art. 37, CF), que tem por premissa a garantia dos serviços públicos
ofertados para a comunidade com os mesmos recursos, variedade,
qualidade e menor tempo que os serviços privados.

Diretamente interligado aos valores e pressupostos econômicos,


esse princípio é a base para o agente público planejar e organizar os
recursos da sua gestão.
Figura 8: Na interação pública, tempo também é dinheiro

Fonte: Pixabay

IMPORTANTE:

Existem outros princípios reconhecidos e construídos pelas


adendas nas leis ao longo da promulgação da Constituição
Federal de 1988 e que são aplicados e considerados para
a gestão dos processos da máquina pública, que devem
ser também considerados como: o princípio da supremacia
do interesse público; o princípio da isonomia; o princípio
da razoabilidade; o princípio da motivação; o princípio da
boa-fé; o princípio da tutela o princípio da continuidade;
o princípio da proporcionalidade; o princípio da finalidade;
entre outros.
Gestão de Políticas Públicas 35

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e
dos municípios obedecerá aos princípios da legalidade (a lei
determina o que pode ou não pode ser feito e como devemos
agir), impessoalidade (os atos e recorrências da administração
pública devem estar pautados nas ações impessoais e
genéricas, com abrangência indistinta e sem preferência ou
prevalência), moralidade (todo processo administrativo para
contar com a veracidade deverá ser obrigatoriamente moral),
publicidade (todo processo deve ser dado ao conhecimento
da sociedade, que é quem financia as ações públicas por
meio do pagamento de impostos) e eficiência (garantia dos
serviços públicos ofertados para a comunidade com os
mesmos recursos, variedade, qualidade e menor tempo que
os serviços privados).
36 Gestão de Políticas Públicas

REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 7 abr. 2021.

BRASIL. Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992. Disponível em: http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8429.htm. Acesso em: 7 abr. 2021.

BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm.
Acesso em: 7 abr. 2021.

FUGAGNOLI, G. et al. A responsabilidade civil da administração


pública no direito brasileiro. 2016. Disponível em: https://joaonaef.
jusbrasil.com.br/artigos/308535528/a-responsabilidade-civil-da-
administracao-publica-no-direito-brasileiro. Acesso em: 7 abr. 2021.

SÁ, A. L. de. Entrevista Professor Doutor Antonio Lopes de Sá.


Revista Brasileira de Contabilidade. Brasília, 2009.

TEIXEIRA, J. M. B.; RIBEIRO, M. T. F. Gestão de pessoas na


administração pública: teorias e conceitos. Curitiba: Intersaberes, 2017.

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