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Gestão

Educacional
Gestão Escolar e o Projeto
Político-Pedagógico
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
TATIANA DE MEDEIROS SANTOS
AUTORIA
Tatiana de Medeiros Santos
Olá! Sou formada em Pedagogia e especialista em Educação Infantil
e também em Gestão Educacional, com experiência técnico-profissional
na área de educação. Sou mestre em Educação Popular e doutora em
Educação, professora do Ensino Fundamental e Ensino Superior há mais
de 10 anos. Passei por instituições como a Universidade Federal da Paraíba,
como professora substituta do curso de Pedagogia. Sou professora
da rede municipal de ensino de João Pessoa, da UNAVIDA – UVA, da
UNINASSAU e tutora do curso a distância de Pedagogia da UFPB. Sou
apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida
àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes.
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e
trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
A Escola e o Projeto Político-Pedagógico......................................... 10
Conceitos e Finalidades do Projeto Político-Pedagógico ......... 19
O Projeto Político-Pedagógico da Escola na Perspectiva de uma
Educação para a Cidadania.....................................................................28
A Gestão da Escola Básica e o Princípio da Autonomia
Administrativa, Financeira e Pedagógica.......................................... 37
Administrativa ................................................................................................................................... 40

Financeira............................................................................................................................................... 41

Jurídica ...................................................................................................................................................43

Pedagógica .........................................................................................................................................44
Gestão Educacional 7

04
UNIDADE
8 Gestão Educacional

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área da gestão educacional é uma das mais
demandadas no setor e está garantida para acontecer nas escolas públicas pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) – Lei nº 9.394/1996.
A gestão educacional é responsável pela elaboração e execução do Projeto
Político-Pedagógico de forma democrática. Por isso, instituiu na escola pública
a importância do diálogo e da participação efetiva de todos nas decisões. Além
disso, é responsável por institucionalizar o Conselho de Escola como forma de
organizar seus representantes. Vamos ver como isso acontece na prática? Ao
longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo!
Gestão Educacional 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Reconhecer os mecanismos de participação no processo de


gestão nas instituições escolares.

2. Explicar o que é e como funciona um Projeto Político-Pedagógico.

3. Apontar o processo de cidadania que acontece no interior da


gestão democrática.

4. Interpretar como é a gestão na educação básica que deve garantir


o princípio da autonomia administrativa, financeira e pedagógica.

Então, preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Gestão Educacional

A Escola e o Projeto Político-Pedagógico

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de reconhecer


os mecanismos de participação no processo de gestão
nas instituições escolares. Isso será fundamental para o
exercício de sua profissão. A gestão deve garantir que
o Projeto Político-Pedagógico seja construído de forma
democrática. E, então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então, vamos lá. Avante!.

Figura 1 – PPP: diversos olhares sobre a escola

Fonte: Pixabay

Na atualidade, temos nas escolas públicas o modelo de gestão


escolar democrática. Essa é uma prática assegurada por lei e se baseia
na gestão de tudo que acontece no interior das escolas, respeitando as
particularidades de cada uma, e suas ações envolvem tanto as pessoas
no contexto escolar como os recursos materiais e financeiros relacionados
a ensinar e aprender.
Gestão Educacional 11

O foco do gestor deve estar, principalmente, na proposta pedagógica


da escola, que deve ser construída a partir do coletivo, e esse documento,
em uma escola, representa o que orientará as atividades desse processo.

EXPLICANDO MELHOR:
A prática do gestor escolar deve acontecer por meio de
um ambiente acolhedor e as decisões tomadas na escola
devem estar focadas na melhoria da qualidade do ensino.
Na escola pública, é preciso que se abra espaço para
dialogar, expor opiniões, trocar experiências, sempre na
busca de soluções para as problemáticas cotidianas da
escola. Para tanto, faz-se necessária a construção de uma
proposta educativa que seja de conhecimento de todos.

Veiga (1995) defende que o projeto pedagógico construído na escola


seja político e ligado diretamente ao modelo de cidadão que se pretende
formar para a sociedade. Essa preocupação deve atender aos interesses
coletivos da população. Trabalhar com educação é um ato político, na intenção
de sabermos em qual modelo de sociedade vivemos. Assim, precisamos estar
atentos para questionar qual perfil de aluno queremos formar.

IMPORTANTE:
É preciso estarmos atentos às transformações da sociedade,
e a gestão deve orientar a repensar as diversas formas de
estrutura de poder da escola. Veiga (1995) defende que a
construção do Projeto Político-Pedagógico é algo muito
importante em uma escola e não podemos cair no erro
de produzi-lo e guardá-lo. O gestor e os profissionais que
fazem parte da escola devem buscar caminhos para colocar
em prática o que foi pensado para acontecer e registrado
nesse documento, que é o que chamamos de identidade
da escola pública. No PPP, devem estar registrados a
concepção teórica que desejamos trabalhar, o contexto
histórico dessas escolas, as necessidades e problemas
enfrentados, bem como a proposição de soluções para
que ocorra a mudança da realidade em que a escola se
encontra no momento.
12 Gestão Educacional

Para a construção do Projeto Político-Pedagógico de uma escola,


primeiro devemos entender que a escola pública trabalha com gestão
democrática e que esta deve definir a prática político-pedagógica e
administrativa, e que que esse documento deve estar fundamentado na
participação da comunidade escolar. Esses representantes, juntos, devem
ter claro o tipo de escola que pretendem alcançar e propor a construção
de um Projeto Político-Pedagógico condizente com a realidade escolar
local (DOURADO; PARO, 2001, p. 18).
Figura 2 – Para construir o PPP, é preciso ter planejamento

Fonte: Pixabay

Quando uma escola se propõe a construir um projeto, a ideia


primordial é a de realizar um planejamento que não fique só no papel,
mas que esteja apto a propor ações para o futuro dos que fazem a escola
acontecer. Para isso acontecer, precisamos que os que fazem parte dessa
escola tenham consciência do presente. Por isso, devemos construir os
projetos planejando de acordo com o que deve acontecer (VEIGA, 1995).

A necessidade na hora da elaboração desse documento é que


todos os segmentos da escola estejam presentes. Sabemos que reunir
representantes de todos os segmentos num determinado horário não
é uma tarefa fácil. Mas o ideal seria poder contar com todos da escola
e ouvi-los de uma só vez. Outra dificuldade é que a construção do PPP
requer mais de uma reunião, isto é, envolve tempo e disponibilidade em
colaborar dos representantes de cada segmento escolar.
Gestão Educacional 13

O Projeto Político-Pedagógico não pode ser construído pela visão


de poucos. Assim, o gestor deve articular um dia e horário para conseguir
a maior quantidade possível de participantes.

NOTA:

É preciso ter cuidado para evitar que se faça cópia de um


projeto de outra escola, haja vista que cada escola possui
a sua elaboração conjunta, na qual o foco deve levar em
conta cada realidade. Por mais que uma escola tenha as
mesmas características físicas de outra, elas são diferentes.
O mais importante é que cada escola possa em equipe,
pensar ou repensar seus métodos e fins pedagógicos, com
base na realidade de sua comunidade escolar.

A construção do Projeto Político-Pedagógico nas escolas públicas


está embasada no modelo de gestão democrática, assegurado pela
LDBEN, no art. 12, inciso I: “os estabelecimentos de ensino, respeitados
as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência
de elaborar e executar a sua proposta pedagógica”; e no art. 14, que
defende que nas escolas deverá haver “I - a participação dos profissionais
da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola” e ainda
garante a “II - participação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalentes” (BRASIL, 1996, on-line).

EXPLICANDO MELHOR:

A elaboração do PPP deve acontecer em conjunto, nunca


na visão de uma única pessoa. Deve-se ouvir a todos e, ao
final, registrar as necessidades reais da escola, para que,
juntos, os profissionais coloquem as soluções em prática,
de forma coesa (GRACINDO, 2004).
14 Gestão Educacional

Dourado e Paro (2001, p. 28) destacam que esse documento não


pode ser algo a ser escrito e guardado em uma gaveta. Deve servir de
base para movimentar a escola na busca por melhores resultados. Trata-
se de um processo dinâmico, porque, além de ser uma exigência legal,
precisa que todos da escola caminhem juntos cotidianamente no sentido
de colocá-lo em prática e refletir sobre ele constantemente.

Nesse sentido, é evidente a importância do PPP, uma vez que


deve servir de base para orientar todo o trabalho docente. De acordo
com Veiga, o PPP está ligado diretamente à autonomia pedagógica, pois,
quando a escola reúne seus professores e demais profissionais, ela se
organiza para traçar seu caminho pedagógico e educativo a partir de sua
realidade. Dessa forma, a “autonomia e liberdade fazem parte da própria
natureza do ato pedagógico” (2003, p. 18-19).

Na construção do PPP, deve-se levar em contar a colaboração


dos representantes que fazem parte da comunidade escolar. Nessa
construção, é preciso realizar o diagnóstico da realidade, favorecendo,
assim, o diálogo e a cooperação de todos.

Libâneo (2004) destaca algumas questões que não podem faltar na


formulação do PPP: contextualizar e caracterizar a escola e a concepção
de educação que a escola quer seguir; escrever sobre as práticas
escolares; realizar o diagnóstico da situação atual da escola; traçar os
objetivos gerais; estruturar a organização e gestão da escola; definir como
as propostas curriculares serão trabalhadas; a formação continuada de
professores, dos pais de alunos e comunidade; integração ou não com
escolas próximas; e, finalmente, as avaliações do projeto.

REFLITA:

O PPP é de suma importância para a escola, pois nele


estão registrados a identidade da escola, os princípios que
esclarecerão a forma como o professor ensinará e como o
aluno vai aprender, e como serão entendidas as avaliações
que os professores deverão realizar.
Gestão Educacional 15

O Projeto Político-Pedagógico nas escolas públicas deve ser


compreendido como um planejamento maior, que reflete o projeto
educativo e envolve todos os que fazem parte da escola. Sendo assim,
Libâneo (2004, p. 72) o define como “um instrumento de avaliação entre
fins e meios que faz o ordenamento de todas as atividades pedagógicas,
curriculares e organizativas da escola, tendo em vista os objetivos
educacionais”.

Na ótica de Veiga, o Projeto Político-Pedagógico é um meio de unir


a comunidade escolar para integrar, com diversas ações, propostas e:
soluções alternativas para diferentes momentos do
trabalho pedagógico-administrativo, desenvolver o
sentimento de pertença, mobilizar os protagonistas para
a explicitação de objetivos comuns definindo o norte das
ações a serem desencadeadas, fortalecer a construção
de uma coerência comum, mas indispensável, para que
a ação coletiva produza seus efeitos. (VEIGA, 2003, p. 275)

De acordo com Gadotti (1994), para o Projeto Político-Pedagógico


ser colocado em prática, não dependerá apenas da direção da escola, mas
de todos que fazem parte da instituição. Deve ser um elo de aproximação
entre professor e alunos na busca de melhores aprendizagens, tendo o
aluno como sujeito do processo do aprender. De maneira resumida, o
PPP tem as características do fazer educativo para um grupo presente em
determinado espaço e tempo. Nele, devem conter as intenções da escola
e o planejamento dos caminhos que se quer seguir.

Ferreira (2007) enfatiza o caráter político que deve estar explícito


no PPP com intenções claras sobre como serão as interações na escola e
como agir para que objetivos e desejos sejam alcançados. Por isso, essa
atividade educacional requer planejamento.

As etapas necessárias para a organização do PPP exigem


construção coletiva e planejamento participativo, uma vez que é um
esboço das competências esperadas do educador e das ações escolares.
Para realizar a construção de um PPP, é preciso se organizar com muita
antecedência e ter clareza, pois não é algo que se resolve com uma, duas
ou três reuniões, demanda tempo e planejamento.
16 Gestão Educacional

Tudo isso deve acontecer na tentativa de contemplar a realidade


da escola, com as suas aspirações e interesses locais. No entanto, trata-
se de um documento burocrático, com estrutura formal para ser seguida
e que deve ser realizado com base no modelo de gestão democrática.
Ferreira nos apresenta algumas características que o PPP deve ter:

a. Singularidade: por representar as características daquela


comunidade, seus anseios e suas perspectivas. Portanto, uma
percepção diferenciada da educação, da escola, do conhecimento,
porque própria daquele ambiente cultural, não se aplicando a
nenhum outro;

b. Intencionalidade: não há ingenuidades nas escolhas dos sujeitos


da escola. Escolhem porque acreditam ser necessárias estas
escolhas e não outras. Em decorrência, é necessário apresentar
objetivos sem ambiguidades, revelar as teorias que embasadoras,
enfim, estar em acordo com um rumo pensado pela comunidade
escolar;

c. É democrático e democratizante: muitas experiências têm


demonstrado que o PPP ao ser elaborado em gabinetes fica
restrito a poucas pessoas. O processo de planejamento é uma
excelente oportunidade para a prática democrática, não só na
discussão, mas no assumir responsabilidades e contribuir. Por isso,
o PPP é político, porque compromete a partir das escolhas feitas.

d. Sistematização: além de organizar o trabalho pedagógico,


relacionando os espaços e os tempos educativos a que se propõe
a instituição, o PPP prevê os rumos da instituição.

e. Coerência: o PPP deverá estar embasado em um referencial teórico


que contenha as definições dos elementos que, para aquela
realidade, faz-se necessário conhecer e considere os elementos
próprios da cultura institucional e de seu contexto.

f. Inclusão: através de uma proposta educacional centrada nos


sujeitos, o PPP pretende a inclusão das diversidades. (FERREIRA,
2007, p. 42-43)
Gestão Educacional 17

Esse documento deve contemplar, ainda, os princípios éticos da


autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito, e o de
formar cidadãos aptos a atuarem e serem críticos em sociedade, de forma
democrática.

Para a construção do PPP, o planejamento inicial, muitas vezes


modificado em reuniões por sugestões da equipe, prevê as seguintes
etapas:

•• constituição de espaços-tempos para diálogo em todos os níveis


da instituição e envolvendo os diferentes sujeitos;

•• estímulo à circulação da palavra, como possibilidade de reinventar


a dialogicidade nos espaços instituídos e instituintes da escola;

•• reconstituição da historicidade dos sujeitos da práxis pedagógica;

•• reflexão sobre a pesquisa, buscando torná-la fundamento


pedagógico;

•• reflexão sobre a profissionalidade dos sujeitos da práxis


pedagógica;

•• revisão da práxis pedagógica, em suas crenças e fazeres;

•• sistematização da historicidade, crenças, propostas e perspectivas


da instituição;

•• aprovação do texto em plenária, envolvendo o máximo da


população integrante dessa comunidade escolar;

•• implementação da proposta;

•• acompanhamento, avaliação e revitalização contínua dos


princípios orientadores: pesquisa, dialogicidade, historicidade e
reflexão. (FERREIRA, 2007, p. 43-44)

Como podemos ver, a questão do espaço-tempo, a historicidade da


escola, a reflexão sobre a importância da pesquisa, o estímulo ao diálogo,
a práxis pedagógica, a aprovação do texto em plenária e a implementação
da proposta devem acontecer como manda os trâmites para a elaboração
do Projeto Político-Pedagógico.
18 Gestão Educacional

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura


do artigo “O que é o Projeto Político-Pedagógico”, de
Noêmia Lopes, disponível aqui.

RESUMINDO:

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que o Projeto Político-Pedagógico é um documento
importante e que nele devem estar todos os aspectos da
escola (administrativo, pedagógico e financeiro), sempre
embasado na lei. O PPP não deve ser construído em
apenas um dia, deve haver várias reuniões para que se
possa discutir o tema e tomar decisões. Esse documento
deve ser construído na escola com a participação de todos
que compõem o contexto escolar interno e externo, em
busca de melhorias na qualidade de ensino. É preciso ter
consciência da importância da participação dos membros
da escola em prol de soluções. O PPP deve contemplar
os princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da
solidariedade e do respeito, na busca de formar cidadãos
críticos e reflexivos para viver em sociedade, de forma
democrática.
Gestão Educacional 19

Conceitos e Finalidades do Projeto


Político-Pedagógico

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


o que é e como funciona um Projeto Político-Pedagógico.
Isso será fundamental para o exercício de sua profissão.
Você vai compreender o significado do Projeto Político-
Pedagógico e por que ele existe na escola pública. E,
então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então, vamos lá. Avante!

Figura 3 – Projeto Político-Pedagógico: diálogo e participação

Fonte: Pixabay

O Projeto Político-Pedagógico é um documento de muita


importância para a escola. Nele constam dados que consideramos
como a identidade da escola, já que foi construído a partir de um esforço
coletivo, na busca de retratar a realidade em que a instituição se encontra
e propor soluções para atingir a qualidade da educação. No entanto, a sua
construção nas escolas, na prática, não tem acontecido como deveria.
20 Gestão Educacional

Conforme a Constituição Federal de 1988 e, na sequência, a Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional, temos garantido que a educação
deve ser provida com base nos princípios de igualdade, liberdade de
aprender, respeito à pluralidade de ideias, gestão democrática do ensino
público e valorização das experiências extraescolares (BRASIL, 1996).
Esses são objetivos educacionais que a escola democrática deve garantir
que aconteça no seu interior.

Veiga (1995) explica que:


o projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação
intencional, com um sentido explícito, com um compromisso
definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico
da escola é, também, um projeto político por estar
intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com
os interesses reais e coletivos da população majoritária. É
político no sentido de compromisso com a formação do
cidadão para um tipo de sociedade. [...] Pedagógico, no
sentido de definir as ações educativas e as características
necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e
sua intencionalidade. (VEIGA, 1995, p. 13)

Ainda sobre o projeto pedagógico da escola, Vasconcellos (1995, p.


143) destaca que se trata de “um instrumento teórico-metodológico que
visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma
forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial,
participativa”.

VOCÊ SABIA?

Na dimensão política, é preciso que haja transparência e


que “sua existência pressupõe a construção de um espaço
público vigoroso e aberto à diversidade de opiniões e
concepções de mundo, contemplando a participação de
todos os que estão envolvidos com a escola” (ARAÚJO,
2000, p. 155).
Gestão Educacional 21

Marques (1990, p. 21) explica que é por meio da ampla participação


dos diversos segmentos da escola que, na hora de decidir, se garante a
transparência das coisas discutidas e se “fortalece as pressões para que
elas sejam legítimas, garante o controle sobre os acordos estabelecidos
e, sobretudo, contribui para que sejam contempladas questões que de
outra forma não entrariam em cogitação”.

Segundo Dourado e Duarte, a gestão democrática configura-se na


descentralização de poderes, participação e transparência:

•• Descentralização: a administração, as decisões e as ações devem


ser elaboradas, tomadas e executadas de forma não hierarquizada;

•• Participação: todos os envolvidos no dia a dia escolar devem


participar da gestão, ou seja, professores, estudantes, funcionários,
pais ou responsáveis, pessoas que participam de projetos
escolares e toda a comunidade ao redor da escola;

•• Transparência: qualquer decisão e ação tomada/decidida ou


implantada na escola deverá ser de conhecimento de todos.
(DOURADO; DUARTE, 2001, p. 32)

NOTA:

O sistema educacional brasileiro lança normas gerais sobre


as instituições escolares, que devem funcionar como um
caminho que orienta o ensino escolar. Na construção do
PPP, é importante que o gestor tenha um perfil democrático
e participativo. Acredita-se que, apenas com a participação
de modo ativo, por meio do diálogo, opiniões, escuta do
outro, tão comum no decorrer do processo de ensino-
aprendizagem, a gestão se tornará de fato democrática.

Sobre a organização das escolas públicas que trabalham no modelo


de gestão democrática, o Conselho Escolar é o local de direito à fala,
debates e votações sobre questões particulares à escola. Fazem parte
do Conselho Escolar representantes dos docentes, dos funcionários, da
direção, dos alunos, dos pais e da comunidade interna e externa.
22 Gestão Educacional

A escolha dos membros do Conselho Escolar deve acontecer de


forma democrática, com a eleição dos representantes de cada segmento
da escola, que deve ocorrer por votação.

O candidato, que poderá ser um representante já eleito, no


momento de sua candidatura deve estar consciente de que tem tempo
e se disponibiliza à participação efetiva e responsável nos processos
decisórios da escola.

Ele deve se comprometer com o bem comum, dialogar e expor


os desejos e as opiniões do grupo que representa. Também é preciso
que tenha o perfil de escuta do outro e respeite as decisões tomadas
em grupo. Vale salientar que todas as propostas e decisões devem ser
tomadas dentro do que permitem as leis brasileiras, em prol da qualidade
do ensino.

Navarro et al. (2004) explica que o Conselho Escolar tem


responsabilidades e deve criar o seu Regimento Interno, realizando
seu calendário de reuniões e definindo como acontecerá o processo
de tomada de decisões. Assim, o Conselho Escolar representa um dos
sustentáculos do Projeto Político-Pedagógico, pois seus membros têm
importante participação na elaboração deste documento, além de
acompanharem se o que está acontecendo no interior da escola cumpre
com o prometido.

Além disso, essa instância deve zelar para manter as relações


pedagógicas, respeitar a diversidade, cuidando para valorizar a cultura da
comunidade escolar e da escola. Todo o trabalho do Conselho Escolar
deve acontecer em um ambiente agradável, com discussões organizadas
em assembleias, com seus representantes, de forma que se sintam à
vontade para opinar, ouvir e dialogar.
Gestão Educacional 23

Figura 4 – Respeitar difrentes culturas

Fonte: Pixabay

O Conselho Escolar deve acompanhar, ainda, o que está de fato


acontecendo dentro e fora da escola. Por isso, é preciso que o Projeto
Político-Pedagógico não esteja apenas no papel.

É função do Conselho Escolar fiscalizar, por meio de seus


membros, se o PPP saiu das gavetas da escola para ser aplicado na
prática. Seus membros devem estar atentos às mudanças que ocorrem
constantemente dentro e fora do contexto escolar, para saber registrá-las
no PPP, aperfeiçoando o procedimento de aprendizagem de acordo com
a história, proporcionando informações aos discentes e à comunidade.

Veiga (1995) explica que o Projeto Político-Pedagógico trilha uma


determinada direção: é uma ação propositada, com um sentido explícito,
em relação ao acordado coletivamente. Após sua produção, serve para
termos conhecimento sobre a realidade da escola em que estamos
inseridos. Para que esse documento se encontre pronto, é preciso a
“participação dos profissionais da educação deve ser assegurada e
incentivada na preparação do projeto pedagógico da escola, assim
como das comunidades escolar e local nos órgãos de decisão colegiada”
(DOURADO; PARO, 2001, p. 28).
24 Gestão Educacional

O Conselho Escolar tem a responsabilidade de realizar


procedimentos avaliativos e acompanhar o PPP. Em meio a essas
responsabilidades, podemos destacar a de manter as relações
pedagógicas visando a respeitar o saber do discente e valorizar a cultura
histórica tanto da comunidade escolar quanto da escola.

Esse órgão colegiado também tem função de aprovar o Plano Anual,


relacionado à parte dos recursos financeiros e construído pela direção
escolar. Sobre a parte pedagógica, deve acompanhar o desenvolvimento
dos indicadores educacionais, a exemplo da aprendizagem dos alunos,
o abandono escolar e a aprovação, buscando sugerir intervenções e/ou
medidas socioeducativas para o alcance da qualidade da educação.

O processo de democratização da gestão permite aos membros do


Conselho Escolar estarem presentes na construção do PPP. Para tanto,
devem discutir pautas relacionadas ao conteúdo curricular exposto, trocar
informações e experiências, a fim de chegarem a soluções que resolvam
os problemas oriundos do contexto escolar. Isso amplia os saberes
e esses espaços se tornam aliados na luta para que, de fato, ocorra a
democratização.
Figura 5 – Construção coletiva

Fonte: Pixabay
Gestão Educacional 25

Ao longo dos anos, houve um avanço significativo na aceitação


da gestão democrática por parte de alguns gestores que estão
compreendendo que isso ajudará na melhoria do processo escolar. No
entanto, ainda há muito a percorrer para que, de fato, não fique apenas
no papel. Os membros da comunidade escolar (pais, professores, alunos,
gestores, funcionários, comunidade, entre outros) devem ter consciência
da importância de sua participação nesse processo.

IMPORTANTE:
A teoria e a prática devem andar de mãos dadas, pois
termos conhecimento da teoria pode evitar os erros do
passado, ou seja, a escola deve fornecer conhecimentos
e buscar o apoio e a participação ativa da comunidade
escolar com ações políticas. Porém, isso só ocorre se
tivermos conhecimento e competência técnica ligados ao
compromisso político da transformação da sociedade.

Na construção do PPP, uma das principais medidas é democratização,


que deve ocorrer dentro do espaço da sala de aula, com alunos ativos,
críticos e reflexivos. Eles devem ter consciência de que são cidadãos com
direitos e deveres e que podem emitir suas opiniões e propor soluções.
Figura 6 – Participação de todos da escola

Fonte: Pixabay
26 Gestão Educacional

Infelizmente, ainda há um distanciamento na gestão democrática


em relação à teoria e prática. Nesse contexto, o Conselho Escolar surge
para conhecer a realidade da escola e trabalhar em prol de melhorias no
processo de ensino-aprendizagem.

A escola democrática proporciona a seus representantes um


momento de fundamental importância no sentido de facilitar reuniões em
ambiente favorável e propício ao diálogo, à troca de conhecimentos, à
escuta do outro, ao respeito à opinião da maioria, reflexão, avaliação e
reconstrução do PPP.

Schneckenenberg (2009, p. 118) afirma que “o gestor escolar se torna


porta voz de propostas, de intenções que nem sempre se concretizam, já
que a transformação da realidade depende da reflexão crítica do trabalho
coletivo para fins específicos”. Desse modo, a escola, na construção do
PPP, deve lutar para que haja a participação de todos os representantes
nas reuniões com a finalidade de construção ou reconstrução desse
processo. Algo que acaba fortalecendo a autonomia e a identidade
escolar.

A autonomia de trabalhar dessa forma só é garantida, de fato, se as


escolas tiverem consciência da importância do trabalho coletivo na busca
de soluções. Dourado e Paro (2001, p. 67) explicam que “a autonomia da
escola se amplia com ações de incentivo à participação e, também, com
a criação de mecanismos de construção coletiva do projeto pedagógico”.
Dessa forma, a reflexão coletiva tem a intenção de propor ações que
façam parte da identidade da escola, com novos conteúdos, objetivos
e avaliação, que devem estar de acordo com a realidade do contexto
escolar.

Todavia, Dourado e Paro (2001, p. 67) advertem que ter autonomia


implica conhecer diferentes pontos de vista dos seus representados e
argumentar a respeito de ideias e decisões para colocar em prática uma
proposta educativa que seja fruto da vontade das comunidades escolar
e local.
Gestão Educacional 27

Dentro desse processo, o gestor, na gestão democrática, tem


o papel de mediar, observar e direcionar as aspirações das pessoas
envolvidas nesse processo. A troca de experiências, opiniões, reflexões e
a divisão de responsabilidades por meio da participação ativa na gestão
democrática contribuem na busca de uma educação de qualidade.

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura


do artigo “Projeto Político-Pedagógico”, de Emanuelle
Oliveira, disponível aqui.

RESUMINDO:

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido que o Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um
documento que contém a identidade da escola. Após ser
construído pelos membros da escola, serve para termos
conhecimento em relação à realidade do cotidiano escolar.
No PPP, temos a participação do Conselho Escolar,
encarregado de realizar procedimentos avaliativos e
acompanhar a prática dessas ações no contexto escolar.
Assim, em meio a todas essas responsabilidades, merecem
destaque as relações pedagógicas, que, além de respeitar
o conhecimento do professor, devem valorizar a cultura
histórica da comunidade e da escola. O Conselho Escolar
tem, ainda, a finalidade de aprovar o Plano Anual da escola,
que é elaborado pela direção escolar e está ligado à parte
dos recursos financeiros.
28 Gestão Educacional

O Projeto Político-Pedagógico da Escola


na Perspectiva de uma Educação para a
Cidadania
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de perceber o


processo de cidadania que acontece no interior da gestão
democrática. Isso será fundamental para o exercício de
sua profissão. A gestão deve garantir que, na sua escola,
aconteça a democracia na hora de tomar decisões,
promovendo discussões, garantindo a participação de
todos, escutando possibilidades de sugestões e resolvendo
conflitos por meio do diálogo. A escola deve saber que tipo
de cidadão quer formar, preparando seus alunos para a
vida e o exercício da cidadania. E, então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então, vamos lá. Avante!.

Figura 7 – Gestão democrática e cidadania

Fonte: Pixabay
Gestão Educacional 29

A elaboração do PPP existe na perspectiva de se ter uma


sistematização do trabalho pedagógico da escola de uma maneira geral.
A construção desse documento surge a partir da determinação de sua
elaboração na LDBEN e serve para que, por meio de um planejamento
que engloba toda a escola, toda a comunidade interna e externa realizem
suas atividades de modo dinâmico e participativo.

É exatamente na elaboração desse documento global que


estará registrada a história da escola desde a sua fundação (principais
acontecimentos) até a atualidade, bem como seu currículo, planejamento,
formas de avaliações, funcionamento, profissionais, cômodos (estrutura
física) e materiais duráveis. É no PPP que haverá o quadro de funcionários
e professores, o detalhamento da formação acadêmica destes e assim
por diante. Também se encontram nesse documento os princípios
educacionais da escola, como é compreendida a educação e que tipo
de cidadão se pretende formar para atuar futuramente na sociedade. Por
isso, para a sua elaboração, precisamos contar com a gestão, professores,
especialistas. Enfim, representantes da comunidade interna e externa à
escola.

Sobre essas questões, Libâneo adverte que, se a gestão é


democrática e está garantida por lei, não podemos fazer uma opção nesse
documento sobre a concepção funcionalista, conforme vemos a seguir:
As concepções de gestão escolar refletem, portanto,
posições políticas e concepções de homem e sociedade.
O modo como uma escola se organiza e se estrutura tem
um caráter pedagógico, ou seja, depende de objetivos
mais amplos sobre a relação da escola com a conservação
ou a transformação social. A concepção funcionalista,
por exemplo, valoriza o poder e a autoridade, exercidas
unilateralmente. Enfatizando relações de subordinação,
determinações rígidas de funções, hipervalorizando a
racionalização do trabalho, tende a retirar ou, ao menos,
diminuir nas pessoas a faculdade de pensar e decidir
sobre seu trabalho. Com isso, o grau de envolvimento
profissional fica enfraquecido. (LIBANEO, 2016, p. 3-4)
30 Gestão Educacional

Desse modo, deve haver a forma coletiva de gestão, com decisões


tomadas em conjunto e discutidas com o público. Após essas tomadas
de decisões, a equipe escolar deve assumir a sua parte no trabalho, com
coordenação e avaliação sistemática das decisões tomadas em coletivo.

•• Definição explícita de objetos sócio-políticos e pedagógicos da


escola, pela equipe escolar. Articulação entre a atividade de
direção e a iniciativa e participação das pessoas da escola e das
que se relacionam com ela.

•• A gestão é participativa, mas espera-se, também, a gestão da


participação.

•• Qualificação e competência profissional.

•• Busca de objetividade no trato das questões da organização e


gestão, mediante coleta de informações reais.

•• Acompanhamento e avaliação sistemáticos com finalidade


pedagógica: diagnóstico, acompanhamento dos trabalhos,
reorientação dos rumos e ações, tomada de decisões.

•• Todos dirigem e são dirigidos, todos avaliam e são avaliados.


(LIBÂNEO, 2001, p. 3)

Esse projeto deve estar atento para atender às diferentes presenças


que se encontram na escola; e isso não é tarefa fácil, haja vista que
os pensamentos não são nem devem ser homogêneos. Dentro da
heterogeneidade de pensamentos, deve haver reuniões nas quais ocorra
o debate sobre problemas, necessidades e possibilidades de melhorias
para a escola.

Não espere que tudo seja acordado com todos balançando a


cabeça e dando um sim, sem questionar as discussões problematizadas.
É justamente aí que nasce o conflito, e o grupo só cresce se for maduro
para ouvir e esgotar as possibilidades de ideias propostas com sim e
também com não (LÜCK, 1998).
Gestão Educacional 31

Na figura a seguir estão as especificidades da participação para a


construção de um PPP.
Figura 8 – Projeto Político-Pedagógico

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

O mais importante nas reuniões com a finalidade de construção do


PPP é que haja diálogo e que cada profissional entenda por que a sua
proposta ganhou um sim ou um não, para deixar claro que não existem
predileções. Isso pode alimentar a ideia de não participação, e o diálogo
deve ser premissa. Deve ser claro que tudo vai acontecer em prol de, cada
vez mais, os profissionais das escolas alinharem seus discursos e suas
para alcançar a qualidade do ensino das escolas públicas.

Nesse momento, você pode estar se perguntando por que a


prefeitura ou o estado não manda esse documento já pronto e acaba
de uma vez por todas com a necessidade de reuniões, elaboração
de documento e possibilidades de conflitos nas discussões com os
profissionais das escolas?
32 Gestão Educacional

É por entender que a legislação da educação existe, mas, apesar


dessa existência, temos um Brasil muito grande e cada escola, em seu
funcionamento interno, possui particularidades e necessidades que
precisam ser resolvidas. E a construção desse documento dá autonomia à
escola para resolver questões mais urgentes, em parceria com a secretaria
de educação do seu estado ou município.

O PPP deve ser escrito de maneira responsável, de forma a ter


posicionamento para possíveis soluções em prol da qualidade do ensino,
mas estas devem, obrigatoriamente, seguir a legislação brasileira.
Assim, nada nele escrito poderá acontecer de forma ilegal, só porque foi
sugestão dos profissionais. Por isso não se pode resolver tudo que vai para
o documento em uma única reunião. São necessárias muitas discussões
até se decidir o que pode e não pode acontecer no interior da escola.

Você já imaginou se cada decisão em particular, de cada escola


brasileira, tivesse de ser escrita para enfrentar a burocracia de mandar
para o Ministério da Educação e voltar à decisão em forma de lei? Não
daria tempo de resolver todas as particularidades de nosso país.
Figura 9 – A diversidade nas particularidades das escolas brasileiras

Fonte: Pixabay
Gestão Educacional 33

Tudo deve ser pensado de forma que todos sejam beneficiados


com o projeto, já que se espera a qualidade no processo de ensino-
aprendizagem, que é o objetivo fundamental das instituições de ensino. A
escola deve ter autonomia para suas deliberações, observando as normas
vigentes, as esferas superiores, porém, sempre buscando inovar para que
se efetive a qualidade do ensino.

Um bom PPP deve acontecer com representantes da comunidade


interna e externa à escola. É importante que tudo que acontece nessas
reuniões seja proposto e decidido de forma democrática, pois se trata
de decisões importantes que formarão cidadãos críticos e atuantes em
nossa sociedade. É por isso que essas reuniões não devem acontecer
de qualquer forma e em uma única vez, mas, sim, em várias e não se
encerram na finalização da constituição do documento.

A partir da finalização desse documento, ele deve ser divulgado


para todos que fazem parte da escola para colocar o que foi escrito no
papel em prática.

As reuniões não param a partir da materialização das ideias escritas


no papel e na execução, pois são periódicas e devem ser marcadas para
avaliação do PPP, com a finalidade de discutir se o que foi planejado está
ocorrendo e surtindo efeito. Essas reuniões têm o papel de verificar se
o que foi proposto está sendo feito, como vai o andamento. E, se não
estiver, tentar entender por que ainda não foram colocadas em prática e
quem sabe até redimensionar ou redirecionar a equipe escolar em prol de
cumprir metas que foram propostas a curto, médio e longo prazo.

Na gestão democrática, um fator primordial é que o gestor


conquiste a sua equipe escolar, para que venha para dentro do projeto
maior da escola que é o educativo. Para tanto, foi preciso acabar com
aquela versão histórica hierárquica de autoritarismo e de os funcionários
trabalharem sob pressão. Temos garantido pela LDBEN o direito à gestão
democrática e um de seus sustentáculos é o PPP. Por isso, deve haver
uma boa articulação na gestão para colocar em prática o que foi decidido
para acontecer globalmente na escola pública, de forma particularizada,
por meio do PPP.
34 Gestão Educacional

O PPP é o documento que traz a identidade da escola, ele dá vida ao


que deve acontecer no interior das escolas públicas, apontando caminhos
para alcançar uma educação de qualidade. Oliveira (2006) defende que o
entendimento do conceito de gestão como administração e organização
da escola e o estabelecimento de um PPP organizado também de forma
democrática devem caminhar de forma entrelaçada e reconhecendo sua
complexidade. Assim, o planejamento global da escola, que se materializa
nesse documento, deve ser subsidiado pela realidade escolar.

IMPORTANTE:
É por meio do PPP que se decide o modelo de cidadão
que essa escola quer formar. Sobre essa questão, Pimenta
(1993, p. 79) acrescenta que esse documento é o que resulta
da construção coletiva dos atores da educação escolar:
“ele é a tradução que a escola faz de suas finalidades, a
partir das necessidades que lhe estão colocadas, com o
pessoal – professores/alunos/equipe pedagógica/pais – e
com os recursos de que dispõe”. Nesse sentido, a gestão
deve fazer um trabalho de conquista e comprometimento
de toda a sua comunidade escolae e esse vínculo tem de
começar com o gestor.

Conquistar uma equipe para trabalhar de forma democrática e com


comprometimento com o que foi definido pela escola requer primeiro o
compromisso do gestor. Como vou me comprometer com algo, como
parte da equipe, se não enxergo esse comprometimento de meus
gestores? O gestor, para realizar esse trabalho, deve ter um perfil de
liderança, que traga a equipe para junto dele. Todos devem estar unidos
em prol do projeto educativo da escola.

A partir desse entendimento, Libâneo (2001) cita como princípios da


organização escolar que visa buscar a participação:

•• A autonomia das escolas e da comunidade educativa.

•• Relação orgânica entre a direção e a participação dos membros


escolares.
Gestão Educacional 35

•• Envolvimento da comunidade escolar.

•• Planejamento de tarefas.

•• Formação continuada para o desenvolvimento pessoal e


profissional dos integrantes da comunidade escolar.

•• Utilização de informações concretas e análise de cada problema


em seus múltiplos aspectos, com ampla democratização das
informações.

•• Avaliação compartilhada.

•• Relações humanas produtivas criativas assentadas na busca por


objetivos comuns.

Segundo Libâneo, “autonomia aqui é definida com a faculdade


de pessoas se autogovernarem-se, de decidir o seu próprio destino”.
Em relação a essa responsabilidade de cada um e a gestão da escola, a
gestão democrática não pode ficar restrita ao discurso da participação,
das eleições, assembleias e reuniões. Libâneo ressalta que “a organização
escolar democrática implica não só a participação na gestão, mas a gestão
da participação” (2015, p. 118).

Sobre esses princípios, é interessante destacar que o primeiro


“conjuga o exercício responsável e compartilhado da direção, a forma
participativa da gestão e a responsabilidade individual de cada um”
(LIBÂNEO, 2015, p. 119). Também é preciso ter cuidado nas manipulações
de desejos, de interesses, zelando para que esse grupo não se torne um
jogo de interesses e vire massa de manobra para atender aos interesses
de poucos.

Enfim, é preciso que se realize uma boa gestão, organizando-se


para se comprometer com toda a equipe escolar, e não somente com
alguns. A gestão deve se envolver nas discussões das ideias e propostas
sugeridas, de todos, não esquecendo a maior finalidade da escola, que é
a educativa; o lado pedagógico também merece atenção da gestão.
36 Gestão Educacional

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar nesse tema? Recomendamos a leitura


do artigo “PPP, Escola e Cidadania”, de Eliane da Costa
Bruini, disponível aqui.

RESUMINDO:

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido que a gestão democrática e o Projeto Político-
Pedagógico devem ser construídos na perspectiva de
uma educação para a cidadania. Na construção do Projeto
Político-Pedagógico dentro do contexto escolar, a gestão
democrática deve ter um gestor com responsabilidade,
liderança, que conduza as pessoas que fazem parte do
contexto escolar a participar ativamente de sua construção.
Essas pessoas devem saber ouvir, opinar, dialogar para
que juntas cheguem a uma conclusão sobre determinados
temas na busca da qualidade do ensino. A construção do
PPP surgiu a partir da LDBEN, com o intuito de que todos
os membros da comunidade escolar atuassem ativamente
em suas atividades, de forma dinâmica e participativa.
Sendo assim, é de suma importância que haja uma boa
articulação da gestão para que possa colocar em prática
o que foi decidido para ocorrer globalmente na escola
pública, especificamente, por intermédio do PPP.
Gestão Educacional 37

A Gestão da Escola Básica e o Princípio da


Autonomia Administrativa, Financeira e
Pedagógica

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de compreender


como é a gestão na educação básica, que deve garantir
o princípio da autonomia administrativa, financeira e
pedagógica. Isso será fundamental para o exercício de sua
profissão. A gestão deve garantir que o Projeto Político-
Pedagógico seja construído de forma democrática, sendo
fiscalizado pelo Conselho de Escola, e colocar em prática
os princípios da autonomia administrativa, financeira e
pedagógica. E, então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!.

Figura 10 – Gestão democrática: participação e diálogo

Fonte: Pixabay

O uso do termo “gestão democrática” é algo real e acontece com


o intuito de se contrapor a concepção centralizadora e burocrática de
administração, que por muito tempo perdurou em nossa sociedade. Por
isso, é entendida como dinâmica, mobilizadora, que faz articulações na
escola na busca da cooperação e participação de todos os integrantes
da escola. Sobre a questão da gestão educacional, Ferreira explica que:
38 Gestão Educacional

A gestão da educação, enquanto tomada de decisão,


organização, direção e participação, não se reduz e
circunscreve na responsabilidade de construção do projeto
político-pedagógico. A gestão da educação acontece e se
desenvolve em todos os âmbitos da escola, inclusive e
especialmente na sala de aula, onde se objetiva o projeto
8 político-pedagógico não só como desenvolvimento do
planejado, mas como fonte privilegiada de novos subsídios
para novas tomadas de decisões e para o estabelecimento
de novas políticas. (FERREIRA, 2003. p. 16)

Desse modo, é perceptível que a gestão deve se fazer presente


dentro dos muros da escola de forma democrática. Assim, não existem
funcionários maiores ou menores, deve existir o gestor que é o líder que
atuará com especialistas, professores, conselheiros, funcionários de
modo geral, alunos, pais de alunos e assim por diante; todos contribuindo
conforme suas competências.

O professor também é um gestor pedagógico, pois media a


aprendizagem entre os conhecimentos que se encontram nas propostas
pedagógicas curriculares e a realidade de seus alunos.

Na sala de aula, o professor, como gestor de sua turma, deve


trabalhar em prol da democratização do conhecimento, socializando
com todos, tendo claros seus objetivos, critérios avaliativos, com respeito
ao combinado para acontecer de fato na escola e aos regulamentos do
Regimento Escola. Tudo isso deve acontecer na busca do professor por
melhor gerenciar o processo de ensino-aprendizagem.

Sobre a gestão democrática, Veiga explica que:


É um princípio consagrado pela Constituição vigente
e abrange as dimensões pedagógica, administrativa
e financeira. Ela exige uma ruptura histórica na prática
administrativa da escola, com o enfrentamento das questões
de exclusão e reprovação e da não-permanência do aluno
na sala de aula, o que vem provocando a marginalização das
classes populares. Esse compromisso implica a construção
coletiva de um projeto político-pedagógico ligado à
educação das classes populares. A construção do projeto
político pedagógico parte dos princípios de igualdade,
qualidade, liberdade, gestão democrática e valorização do
magistério. (VEIGA, 1995, p. 17)
Gestão Educacional 39

Pensando na garantia da gestão democrática e da construção do


Projeto Político-Pedagógico por todos que fazem parte da escola, com
base nos princípios de igualdade, qualidade, liberdade e valorização do
magistério, Bastos complementa que:
A gestão democrática da escola pública deve ser incluída
no rol de práticas sociais que podem contribuir para a
consciência democrática e a participação popular no
interior da escola. Esta consciência, esta participação, é
preciso reconhecer, não tem a virtualidade de transformar
a escola numa escola de qualidade, mas têm o mérito
de implantar uma nova cultura na escola: a politização,
o debate, a liberdade de se organizar, em síntese, as
condições essenciais para os sujeitos e os coletivos se
organizarem pela efetividade do direito fundamental:
acesso e permanência dos filhos das classes populares na
escola pública. (BASTOS, 2001, p. 22-23)

Após entender que, para tudo isso acontecer, é preciso criar uma
cultura de politização dos que fazem parte da escola para que saibam
aonde querem chegar, podemos observar que o Projeto Político-
Pedagógico é um documento que legitima a gestão democrática e tem
como foco a busca pela melhoria da qualidade da educação.
Figura 11 – Diálogo com a comunidade interna e externa à escola

Fonte: Pixabay
40 Gestão Educacional

Desse modo, essa autonomia veio para dentro dos muros


escolares com a ideia de descentralizar o poder que por muito tempo
ficou centralizado nas mãos de poucas pessoas, que decidiam muito
pela escola, de forma hierarquizada. A partir da década de 1980, as
coisas começaram a mudar no Brasil e junto com essas mudanças vem
a democracia, que também é regulamentada para acontecer dentro das
escolas. Aí surgem a participação, a colaboração, o poder sugerir, discutir
e chegar a conclusões para possíveis tomadas de decisões. O principal
foco discutido o tempo todo em relação a essas mudanças é a autonomia,
que o tempo todo visa trilhar caminhos que atinjam a qualidade com
equidade quanto à diversidade. Assim, podemos dividir a autonomia em
quatro dimensões, que serão abordadas adiante.

Administrativa
Figura 11 – O líder é o gestor

Fonte: Pixabay

Essa dimensão visa tomar decisões por meio da elaboração de


planos, programas e projetos. Para tanto, é preciso que sejam elaborados
por pessoas que fazem parte da escola, porque, conhecendo essa
realidade escolar, entende-se que há mais possibilidades de acertar nas
decisões para o bem de todos que fazem parte dela. Sendo assim, faz-
Gestão Educacional 41

se necessário organizar um grupo com essa finalidade, nesse caso, o


Conselho Escolar, que é um órgão colegiado.
Para fazer parte, é preciso que haja candidatura de pessoas que
se disponibilizem a representar a categoria. Feita a eleição, define-se a
função que cada um deve desempenhar nesse conselho e acontecem
reuniões públicas e periódicas, lideradas pelo presidente do órgão.
Aquele da comunidade interna ou externa que desejar participar pode
ter momentos de fala nos debates sobre questões da pauta do dia, mas
quem tem direito ao voto são os representantes eleitos por cada categoria.

O Conselho Escolar também tem a função fiscalizadora sobre


tudo o que e foi decidido, verificando se está acontecendo de fato. Se
está, ótimo! Se não, deve tentar descobrir o porquê e buscar caminhos
para resolver. Portanto, o Conselho Escolar tem o caráter de contribuir
efetivamente para que a comunidade escolar participe, por meio de sua
representação, de forma democrática nas tomadas de decisões.

Financeira
Figura 13 – Administrar recursos financeiros

Fonte: Pixabay

A escola recebe recursos financeiros que não podem ser gastos de


qualquer forma, pois possuem regras e finalidades. Isso quer dizer que
não se pode empregar para determinada finalidade um recurso financeiro
destinado a outro fim.
42 Gestão Educacional

Também não se trata do simples fato de destinar o dinheiro para


comprar aquilo a que ele foi destinado. Os motivos devem estar claros, para
não se comprar algo supérfluo e acabar faltando os insumos necessários.
Por isso, é preciso discutir em grupo e planejar as compra. Ainda, deve-
se analisar se o dinheiro recebido suprirá o que a escola precisa. Se não,
deve-se promover uma discussão acerca de quais seriam as prioridades
para esse gasto. Além disso, não se trata apenas de comprar o que
precisa de fato ser comprado, é preciso que seja emitida nota fiscal e
cumpridos os pré-requisitos recomendados quando o dinheiro entra na
conta da escola.

Feito isso, chega o momento da prestação de contas. Se faltar


algum desses pré-requisitos, a sua prestação de contas é rejeitada para
que o que faltou seja feito. Enquanto a escola não resolver e finalizar
essa prestação de contas, não é feito o envio de outra verba. Desse
modo, conforme o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos
Escolares, os sistemas de legislação e normas de ensino no Brasil conferem
aos conselhos escolares as seguintes competências: deliberativas,
consultivas, fiscais e mobilizadoras, com as seguintes funções:

a. Deliberativas: quando decidem sobre o projeto político-pedagógico


e outros assuntos da escola, aprovam encaminhamentos de
problemas, garantem a elaboração de normas internas e o
cumprimento das normas dos sistemas de ensino e decidem sobre
a organização e o funcionamento geral das escolas, propondo à
direção as ações a serem desenvolvidas. Elaboram normas internas
da escola sobre questões referentes ao seu funcionamento nos
aspectos pedagógico, administrativo e financeiro.

b. Consultivas: quando têm um caráter de assessoramento,


analisando as questões encaminhadas pelos diversos segmentos
da escola e apresentando sugestões ou soluções, que poderão ou
não ser acatadas pelas direções das unidades escolares.

c. Fiscais (acompanhamento e avaliação): quando acompanham a


execução das ações pedagógicas, administrativas e financeiras,
avaliando e garantindo o cumprimento das normas das escolas e
a qualidade social do cotidiano escolar.
Gestão Educacional 43

d. Mobilizadoras: quando promovem a participação, de forma


integrada, dos segmentos representativos da escola e da
comunidade local em diversas atividades, contribuindo assim
para a efetivação da democracia participativa e para a melhoria da
qualidade social da educação. (BRASIL, 2004, p. 41)

Desse modo, fica visível que a escola tem de adequar os recursos


financeiros no caminho da efetivação de seus planos e projetos.

Jurídica
Figura 14 – Fique atento à legislação brasileira e legislação da educação

Fonte: Pixabay

Cada unidade escolar pode e deve elaborar suas normas escolares,


como transferências, disciplina, avaliações, admissão de professores,
entre outros, respeitando o que rege a legislação de ensino.

Essas normas de funcionamento fazem parte de um regime interno,


elaborado com a colaboração dos representantes de cada segmento da
escola. Não é o caso do regimento que pertence a todas as instituições
escolares.
44 Gestão Educacional

Pedagógica
Figura 15 – O professor é o gestor da sua sala de aula

Fonte: Pixabay

As questões pedagógicas devem estar definidas de forma bem clara


no Projeto Político-Pedagógico, não esquecendo a condição necessária
ao ensino e à pesquisa. Nesse sentido, temos a identidade e a função
social da escola. Também é nessa parte que a escola decide as atividades
pedagógicas curriculares.

Desse modo, quando falamos em autonomia, devemos lembrar de


que esta deve acontecer como uma forma de inserir a comunidade nos
processos decisórios da escola. Tendo a gestão como democrática, isso
passa a ser uma prática diária, comum a todos, que passam a assumir
uma postura de participação e emancipação. A autonomia deve acontecer
na escola no sentido de buscar formas eficazes de trilhar o caminho do
ensino de qualidade. Por isso, exige muito diálogo, participação, debates,
conflitos e resolução de conflitos, além do amadurecimento da equipe
escolar para melhores decisões que visem ao desenvolvimento da
Gestão Educacional 45

aprendizagem dos alunos. Por isso, é necessário avaliar seus custos e


benefícios políticos, ajustando-os sempre aos interesses da escola.

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos a leitura


do artigo “A autonomia na gestão escolar: um olhar sobre a
realidade da escola pública em Maceió”, de Gilvanildo da
Silva e Inalda Maria dos Santos, disponível aqui.

RESUMINDO:

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a gestão democrática surge com o intuito de não ser
vista como uma gestão que é burocrática, centralizadora,
rígida em relação à parte administrativa, e sim como uma
gestão que permite a participação, divisão nas tomadas
de decisões, na construção do PPP e nos assuntos que
garantem às pessoas da comunidade escolar fazer parte da
escola. Em relação aos princípios de igualdade, qualidade,
liberdade e gestão democrática que vise valorizar o
magistério, esta deve ser dinâmica, mobilizadora, e ter um
gestor-líder que busque abertura para que a comunidade
escolar interna e externa possa estabelecer a troca de
conhecimentos na proposição de soluções para melhorar
a qualidade do ensino.
46 Gestão Educacional

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