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Metodologias

Ativas
Unidade 4
Sala de aula invertida e Design thinking
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ANDRÉA CÉSAR
TATIANE KUCKEL
AUTORIA
Andréa César
Especialista em Educação a Distância, graduada em Administração,
mestranda em Pedagogia do e-Learning pela Universidade Aberta
de Portugal. Atua no mercado de educação a distância há 10 anos,
inicialmente no segmento de educação profissional, coordenando cursos
e produzindo conteúdos, migrando há cerca de 5 anos para a Educação
Superior, com foco no design educacional e formação continuada de
professores e tutores, participando de equipes multidisciplinares de
desenvolvimento de Ambientes Virtuais de Aprendizagem e Objetos de
Aprendizagem para EaD em projetos de pesquisa para a UAB-BR. Sente-
se feliz em fazer parte desse projeto, pois representa uma oportunidade
ímpar de compartilhar experiências e reflexões que podem ser muito úteis
para a disseminação de boas prática para a Educação, independente da
modalidade.

Tatiane Kuckel
Graduada em Gestão da Informação, licenciada em Desenho e
mestre em Educação e Novas Tecnologias, atua no mercado de educação
e tecnologias digitais há mais de 12 anos, onde teve a oportunidade de
experimentar e desenvolver diversos projetos educacionais e de apoio
ao Ensino Superior em faculdades como Uninter e Uniandrade e, mais
recentemente, na própria Editora Telesapiens, onde participa de vários
projetos de P&D.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de se apresentar um
de uma nova novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessária as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido
sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Escola do século XXI...................................................................................12

Sala de aula tradicional e os pilares da educação para o século XXI....... 14

A sala de Aula do Século XXI.................................................................................................. 16

Perfil do estudante do século XXI........................................................................................ 19

Sala de aula invertida................................................................................ 22

Importância dos vídeos na sala de aula invertida....................................................24

Benefícios da sala de aula invertida...................................................................................26

Vamos inverter?.................................................................................................................................28

Cenário 1 | Educação Infantil e/ou Ensino Fundamental 1.............29

Cenário 2 | Ensino Fundamental 2 e/ou Ensino Médio.....................29

Cenário 3 | Ensino Superior....................................................................................29

Origem e evolução do design thinking................................................. 31

Conceito de design................................................................................................. 34

A Evolução do design thinking........................................................................... 34

O design thinking na resolução de problemas complexos.............................35

Fundamento, pilares e as etapas do design thinking...................................37

Ferramentas para aplicação do design thinking............................. 40

Pesquisa................................................................................................................................................. 40
Benchmarking...........................................................................................................41

Observação e Entrevista............................................................................................................. 41

Os cinco porquês.............................................................................................................................42

Netnografia...........................................................................................................................................43

Jornada do usuário.........................................................................................................................43

Personas.................................................................................................................................................44

Brainstorming.......................................................................................................... 45

Storytelling............................................................................................................... 45

Enquadramento................................................................................................................................ 46

Prototipagem...................................................................................................................................... 46

Protótipo de função crítica .................................................................................. 46


Metodologias Ativas 9

04
UNIDADE
10 Metodologias Ativas

INTRODUÇÃO
Em nossa última unidade de estudos vamos mergulhar na
metodologia ativa mais popularizada atualmente: a Sala de Aula Invertida.
Conheceremos também o Design thinking, que nos permite pensar a
modelagem de nossos processos de forma integrada e com um fluxo
que incentiva a colaboração, a criatividade e a inovação para resolver
problemas. Serão duas abordagens com propostas disruptivas com o
modelo tradicional, que aplicam de forma intensa todas as características
das Metodologias Ativas que estudamos em nossa primeira unidade,
partindo da problematização da realidade como mobilização do
trabalho em equipe, da reflexão para criação de soluções inovadoras;
tudo isso com a mediação do professor e o protagonismo do aluno.
Convidamos você para o processo de construção das competências que
irão possibilitar a aplicação prática da Sala de Aula Invertida e do Design
thinking nas suas práticas docentes, tornando-as ainda mais dinâmicas e
prazerosas, contribuindo de forma efetiva para o alcance dos objetivos de
aprendizagem modelados nos planos de ensino. Sigamos, porque temos
muita coisa boa para aprender!
Metodologias Ativas 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Discernir sobre as tendências e perspectivas da escola do século


21.

2. Aplicar a metodologia ativa da sala de aula invertida,


compreendendo sua fundamentação e suas várias ferramentas de
apoio.

3. Compreender a origem e a evolução do Design Thinking como


metodologia ativa da aprendizagem.

4. Aplicar o Design Thinking nos vários contextos e situações do dia a


dia da aprendizagem.

O acesso ao conhecimento é o primeiro passo para a construção


das competências listadas acima, então recomendamos uma leitura
atenta, buscando sempre complementar com pesquisas e conversas
com os colegas nos fóruns de discussões. Compartilhe também suas
descobertas e vivências que tenham relação com as metodologias que
trabalharemos nesta última etapa de estudos! Quanto mais interagirmos,
mais aprenderemos! Contamos com sua participação ativa e construtiva!
12 Metodologias Ativas

Escola do século XXI


INTRODUÇÃO:

Neste tópico de estudos refletiremos sobre os desafios


da escola do século XXI, apresentando as demandas
atuais que encontramos na nossa sociedade, que impacta
diretamente na necessidade de aplicar metodologias
mais eficientes no processo de construção de novas
competências. Será fundamental que a relevância
e o caráter destrutivo da Sala de Aula Invertida seja
compreendido e você consiga contextualizar a aplicação
na sua prática pedagógica. Motivado para desenvolver
esta competência? Então vamos lá. Avante!

“We don’t need no education


We don’t need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave us kids alone
Hey! Teachers! Leave us kids alone!”
Another Brick In The Wall – Pink Floyd

Em 1979 a banda britânica Pink Floyd lançou seu décimo primeiro


álbum, The Wall, uma verdadeira ópera rock que contou a história de uma
personagem de comportamento isolado, decorrente de vários traumas,
entre eles abusos de seus professores.

Quem de nós não tem algum relato triste do período de escola,


no qual a experiência de aprender algo causou sofrimento e frustração?
Desse tipo de educação, de fato, ninguém precisa. Roger Waters tem
razão quando reflete que um sistema educacional abusivo e autoritário
contribui para a construção de muros de isolamento, responsáveis por
uma sociedade doente e infeliz.

Etimologicamente, a palavra “escola” deriva do grego skholê, que


significa “descanso, repouso, lazer, tempo livre; estudo; ocupação de um
homem com ócio, livre do trabalho servil, que exerce profissão liberal, ou
seja, ocupação voluntária de quem, por ser livre, não é obrigado a; escola,
lugar de estudo” (Dicionário Etimológico). Surpreendente, não é mesmo?
Metodologias Ativas 13

Onde já se viu dizer que a escola é um lugar de ócio? Mas era exatamente
isso que acontecia na antiguidade, pois apenas os abastados de origem
nobre podiam frequentá-la e se apropriar dos saberes necessários para
perpetuar seu estilo de vida.

Mas com a evolução tecnológica, tornou-se necessário escolarizar


também a base da pirâmide, para fins de produção e de trabalho, e nesse
momento o modelo implantado foi inspirado nas academias militares,
que eram bem-sucedidas em treinar soldados dispostos a dar a vida
pelo seu país, porém, sem refletir sobre isso. Neste momento, nasceu a
escola tradicional da sociedade moderna, mas ainda não tecnológica e
globalizada.

A escola do século XXI não cabe mais nesses muros, até porque
eles ruíram com o acesso à informação e ao conhecimento, que não
circulam mais em ambiente exclusivamente escolar, pois a globalização e
a tecnologia mudaram radicalmente a forma como aprendemos, e em um
mundo com o conhecimento ao alcance das mãos (literalmente), o papel
da escola e de suas metodologias teve que ser revisto e vem passando
por uma profunda transformação.

Uma das transformações está relacionada a ordem na qual os


processos de aprendizagem acontecem: as tarefas eram realizadas em
casa, lembram? Na sala ouvíamos a explicação do professor. Que tal
subverter essa ordem? Será possível?

Para fundamentarmos nosso entendimento para a implementação


da metodologia da Sala de Aula Invertida devemos compreender o
contexto em que se encontra a instituição escolar nesta fase de mudanças
tão intensas que tiveram início na segunda metade do século passado.

A prática pedagógica deve estar sintonizada às necessidades


de seu tempo, pois só assim poderá contribuir de forma efetiva com a
formação de sujeitos preparados de forma técnica e cidadã, que serão
capazes de interagir e contribuir para a melhoria contínua dos padrões de
qualidade de vida da sociedade na qual vivemos.
14 Metodologias Ativas

Convidamos você para essa imersão, enfatizando a necessidade de


compartilhar suas conquistas, reflexões e contribuições com seus colegas,
utilizando os meios de comunicação adotados pela sua instituição de
ensino.

Sala de aula tradicional e os pilares da


educação para o século XXI
A sala de aula tradicional tem características marcantes, que
provavelmente você deve conhecer, pois a grande maioria de nós passou
boa parte de nossas vidas frequentando esses espaços de aprendizagem:

• Professor ocupa lugar central na transmissão do conhecimento.

• Dinâmica de ensino consiste, em primeiro lugar, no repasse da


teoria, seguido de atividades de fixação por meio de tarefas de
casa e avaliações de aprendizagem.

• Nivelam-se todos os alunos com base na inexistência de


conhecimentos prévios (o aluno é uma folha em branco na qual o
professor pode escrever o que quiser).
Figura 1 – Sala de aula tradicional, com bancas enfileiradas
e o espaço do professor em destaque, à frente da turma.

Fonte: Pixabay
Metodologias Ativas 15

O mundo mudou, e mudou muito em um espaço curto de tempo.


No século XX os computadores entraram em cena, a partir da evolução
da eletrônica, que passou a ser digital, e os meios de comunicação e
informação passaram a contar com a grande rede de computadores:
a Internet. A transformação foi tão intensa que impactou também os
processos de ensino e aprendizagem.

De acordo com o dicionário Michaelis, “Tecnologia é o conjunto de


processos, métodos, técnicas e ferramentas relativos a arte, indústria,
educação etc.” São elas que tornam possível a modificação do ambiente,
tornando-o mais confortável, seguro, saudável e produtivo para o ser
humano.

SAIBA MAIS:

Assista ao vídeo “Evolução da Tecnologia” e amplie seus


conhecimentos sobre os avanços tecnológicos e seus
impactos no mundo contemporâneo. Clique aqui.

Com o progresso tecnológico e a transformação social, as


metodologias de ensino também passaram por mudanças, e novas
propostas surgiram com novas competências para o professor, que
continua com importância estratégica e fundamental no processo de
aprendizagem dos alunos, mas com um novo posicionamento: o de
mediador.

O Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação para o


Século XXI, elaborado pelo grupo de trabalho da UNESCO, liderado por
Jacques Delors, de 1992 a 1996, estabelece que os processos de ensino
devem ter como base os pilares apresentados na Figura 2. Você pode
acessar o conteúdo integral do relatório, Clique aqui.
16 Metodologias Ativas

Figura 2 – Pilares da educação para o século XXI

Fonte: UNESCO, 1996 (Adaptado).

Para o século XXI a ênfase na transmissão de conteúdos é substituída


pela missão de contribuir com a formação do ser humano integral, que
necessita construir competências cognitivas e comportamentais que
comportem o domínio dos conteúdos com a finalidade de aplicar na
transformação do ambiente em que vive, melhorando a sua vida e da
coletividade. A Educação do Século XXI tem como grande missão formar
cidadãos do mundo, que interajam e cooperem entre si, que se respeitem
nas diversidades, que realizem trabalhos multidisciplinares e integrados,
enfim, que possam atuar de forma efetiva na construção de um mundo
melhor!

Qual a aplicabilidade dos Pilares da Educação, na prática? Você


enxerga alguma dificuldade? Qual? Socialize suas impressões com os
colegas e analise as opiniões diferentes das suas.

A sala de Aula do Século XXI


Para nossos estudos, vamos considerar a sala de aula como
um espaço formal no qual os processos de ensino e aprendizagem
Metodologias Ativas 17

acontecem. É um ambiente de troca e comunicação entre professores e


alunos, inserida em um contexto escolar.

Ela vem se modernizando e adaptando-se às mudanças


tecnológicas, inserindo elementos que auxiliam na construção de saberes.

Como vimos anteriormente, na antiguidade grega a escola era


considerada um lugar de ócio e as salas de aula geralmente eram espaços
públicos de debates e especulações filosóficas, nas quais apenas as elites
tinham acesso.

Com o progresso e a necessidade de massificar o acesso à


educação para qualificação da mão de obra para o trabalho, o modelo
para conseguir uma formação eficiente foi o das academias militares, que
moldou a sala de aula tradicional, a qual não atende às demandas da
sociedade moderna.

SAIBA MAIS:

O documentário “Educação Proibida” retrata a decadência


deste modelo e propõe alternativas. Acesse e assista,
Clique aqui.

Diante dos desafios de repensar suas práticas, na década de 1990


a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(UNESCO) reuniu 15 pesquisadores para mapear as demandas sociais para
a educação do século XXI. Além dos pilares, que estudamos no tópico
anterior, também indicou pontos de tensão que precisam ser superados e
equilibrados para que as novas metodologias de ensino e aprendizagem,
dentre elas a sala de aula invertida, motivo de nosso estudo, possam ser
aplicadas de forma satisfatória.

É importante refletir que a superação das tensões existentes não


significa que devemos privilegiar um aspecto em detrimento do outro.
Como a imagem abaixo ilustra, devemos buscar o equilíbrio entre os
fatores que podem coexistir em um mesmo cenário, levando-se em conta
a diversidade e a pluralidade dos elementos que compõem os processos
de ensino e aprendizagem.
18 Metodologias Ativas

Figura 3 – Tensões a superar na educação para o século XXI

Fonte: UNESCO, 1996 (Adaptado).

Vamos conhecer um pouco mais as tensões citadas no relatório.

• Global versus local

A sala de aula do século XXI deve nortear suas ações para contribuir
para a formação do cidadão do mundo, porém sem que se percam as
raízes, pois elas irão assegurar o fortalecimento e o progresso cultural de
todos os povos, com suas especificidades e vocações produtivas.

• Universal versus singular

O fato de a globalização facilitar a propagação de culturas massivas


não deve comprometer as individualidades e suas respectivas formas de
expressão.

• Tradição versus modernidade

O avanço tecnológico tem um ritmo tão acelerado que naturalmente


nos cobramos a mesma velocidade na apropriação dos conhecimentos.
A sala de aula do século XXI precisa respeitar o tempo de evolução de
cada indivíduo.
Metodologias Ativas 19

• Longo prazo versus curto prazo

Nesta tensão também se apresenta o ritmo acelerado das mudanças,


desta vez na geração do clima de urgência, que não deve comprometer o
tempo necessário à reflexão e à internalização dos fluxos e processos.

• Competição versus respeito

A escola tradicional utiliza a competição como fator motivacional


que segrega e cria situações de conflito. Na sala de aula do século XXI
a igualdade de oportunidades deve ser priorizada e a única competição
que deve ser estimulada é a que incentiva a educação ao longo da vida,
fundamentada nos valores de solidariedade e na qual a cooperação faz
parte do dia a dia escolar.

• Extraordinário desenvolvimento dos conhecimentos versus


capacidade de assimilação do homem

Nunca tivemos acesso a tanta informação. A internet hoje, ao alcance


da mão, nos possibilita um repositório quase ilimitado de conteúdos
dos mais diversos, e os currículos, seguindo essa tendência, foram
enriquecidos com novas disciplinas, o que torna a tarefa de selecionar
o que realmente importa, uma habilidade que deve ser trabalhada
na sala de aula do século XXI. Filtrar o que de fato é essencial para o
desenvolvimento integral do indivíduo é fundamental.

Além dos aspectos citados acima, o relatório também apresenta


a tensão entre o espiritual e o material, enfatizando a importância do
respeito às tradições e às convicções de cada indivíduo, devendo a
prática educacional reconhecer o pluralismo de crenças e filosofias, sem
privilegiar nenhuma em particular.

Perfil do estudante do século XXI


Antes de apresentar as características do estudante contemporâneo,
vamos apresentar a teoria das gerações e suas características. Você já
ouviu falar em baby boomers e as gerações X, Y, Z? Essa classificação
nos dá pistas preciosas de como os indivíduos de cada geração costuma
aprender. Vamos conhecê-la?
20 Metodologias Ativas

SAIBA MAIS:

Para ampliar seus conhecimentos sobre as gerações,


recomendamos que assista aos seguintes vídeos:
Geração Y, X e baby boomers: Clique aqui.
Geração Z: Clique aqui.

Acredito que neste momento você deve estar relacionando o perfil


dos seus alunos com as gerações, não é? E isso é super importante,
afinal, as características de cada geração darão pistas preciosas sobre a
forma como devemos aplicar as metodologias que irão turbinar nossos
processos de ensino, tornando a experiência de aprendizagem de nossos
alunos mais efetivas e prazerosas.

Mídia é toda estrutura de difusão de informações, notícias,


mensagens e entretenimento que estabelece um canal intermediário
de comunicação não pessoal, de comunicação de massa, utilizando-
se de vários meios, entre eles jornais, revistas, rádio, televisão, cinema,
mala direta, outdoors, informativos, telefone, internet etc. (DICIONÁRIO
MICHAELIS)

Os resultados nos mostram que a TV é a preferida para acesso às


informações, em todas as gerações; e que as gerações Y e Z também
preferem os buscadores da web e as redes sociais, conectadas à grande
Metodologias Ativas 21

rede de computadores. Esses números nos dão pistas acerca dos motivos
da escolha do vídeo com elemento básico da metodologia da sala de aula
invertida, mas esses detalhes veremos no próximo capítulo.

RESUMINDO:

Neste capítulo de estudos fizemos uma viagem no tempo


a fim de refletir sobre o histórico da sala de aula, e de como
o modelo tradicional limita a criatividade e a participação
ativa e efetiva dos estudantes, prejudicando assim todo
o processo de aprendizagem. Conhecemos os pilares
da educação para o século XXI e o perfil do estudante
desta época. Com esses conhecimentos conseguimos
contextualizar a importância da aplicação da sala de aula
invertida para transformar essa realidade. Sigamos para
conhecer melhor essa grande metodologia!
22 Metodologias Ativas

Sala de aula invertida


INTRODUÇÃO:

Neste tópico de estudos conheceremos como surgiu


a metodologia da sala de aula invertida, com base nas
percepções de seus idealizadores, contextualizando com
a prática docente em sala de aula, suas demandas e os
pontos positivos de aplicação da metodologia, de forma a
potencializar ainda mais o aprendizado dos alunos. Vamos
seguir com nossos estudos!

Vamos agora conhecer a metodologia da sala de aula invertida, em


conformidade com as propostas idealizadas e aplicadas de seus criadores,
Jonathan Bergmann e Aaron Sams. Veremos o objetivo, as características
e as bases para implementação nas salas de aula.

Jonathan e Aaron ensinavam Química em uma escola do interior


do Colorado, nos EUA, quando, no ano letivo de 2007/2008, movidos
pela frustração com a “incapacidade dos alunos de traduzir o conteúdo
de nossas aulas em conhecimentos úteis, que lhes permitissem fazer o
dever de casa” (BERGAMAN; SAMS, 2016), resolveram inverter o processo
e iniciaram a preparação de vídeos para que os alunos assistissem como
“dever de casa” (BERGAMAN; SAMS, 2016).

No livro Sala de Aula Invertida, os autores destacam a reflexão do


professor Aaron, que inspirou a criação da metodologia:
O momento em que os alunos realmente precisam de
minha presença física é quando empacam e carecem de
ajuda individual. Não necessitam de mim pessoalmente ao
lado deles, tagarelando um monte de coisas e informações;
eles podem receber o conteúdo sozinhos (BERGAMAN;
SAMS, 2016, p. 4).

Acredito que você já tenha tido essa mesma inquietação, sem


ao menos conhecer a Sala de Aula Invertida. O tempo que o professor
perde repetindo a mesma teoria em várias turmas, de forma praticamente
automática, compromete a qualidade não do aprendizado, pois o tempo
que os alunos terão para o esclarecimento de dúvidas será reduzido; mas
Metodologias Ativas 23

o processo de ensino fica empobrecido, pois a ênfase na validação da


construção das competências requeridas pela matéria não poderá ser dada.

O resultado é uma aula monótona, o professor desmotivado por


repetir sempre a mesma coisa e os alunos dispersos, pois não veem, neste
primeiro momento, o sentido de aprender aquele assunto. Além do fato,
não menos importante, de que cada um aprende em um tempo diferente.

Lembra quando o professor escrevia longos textos no quadro e


tínhamos que copiar? Antes do celular para registrar com foto, tínhamos
que pedir o caderno do colega que conseguia copiar tudo antes que o
professor apagasse. Tempo sofrido esse!

Os criadores da metodologia deixam muito claro no livro que não


existe receita para que os resultados sejam garantidos. Eles inclusive
rejeitam o rótulo de metodologia. Falam de um modelo de sala de aula
que, após ser experimentado por vários educadores em todo o mundo,
mostrou ser “replicável, escalável, personalizável e facilmente ajustável às
idiossincrasias de cada professor” (BERGAMAN; SAMS, 2016, p. 7).

Vamos então, buscar um ponto de equilíbrio para manter a fidelidade


ao que foi idealizado por Jon e Aaron, e o movimento de classificar a Sala
de Aula Invertida como uma metodologia. O melhor é começarmos pelo
conceito de metodologia:

DEFINIÇÃO:

De acordo com o dicionário Michaelis on-line, metodologia


é a parte da lógica que trata dos métodos aplicados nas
diferentes ciências, e corresponde ao estudo dos métodos,
especialmente dos métodos científicos.

Por sua vez, método pode ter os seguintes significados:

1. Emprego de procedimentos ou meios para a realização de algo,


seguindo um planejamento; rumo.

2. Processo lógico e ordenado de pesquisa ou de aquisição de


conhecimento.
24 Metodologias Ativas

3. Qualquer procedimento técnico ou científico.

4. Conjunto de princípios ou técnicas de ensino.

Quando analisamos as definições, compreendemos que o receio


dos idealizadores do modelo de sala de aula invertida era justamente
engessar o processo, pois como eles mesmos disseram, não existe
fórmula, existe sim uma nova concepção de aproveitamento do tempo da
aula para o que realmente importa, que é a validação da aprendizagem
por meio das práticas realizadas.

Mas, para fins de replicação do modelo, é importante definir


um método, e o estudo deste método, em sua especificidade e suas
particularidades, configura-se uma metodologia.

E a base desta metodologia é a preparação cuidadosa dos vídeos


que serão disponibilizados. Vamos conhecer melhor.

Importância dos vídeos na sala de aula


invertida
Com a disseminação da Educação a Distância, criamos o paradigma
com uma produção sofisticada, feita por uma equipe multidisciplinar, com
expertise na produção audiovisual. Seria assim também na sala de aula
invertida? Pode ser que sim, sem problemas. Mas, se não houver essa
estrutura sofisticada, você, professora ou professor, pode SIM criar seus
próprios vídeos!

Vamos manter a fidelidade à proposta dos idealizadores da


metodologia, fundamentada na disponibilização prévia de vídeos, que
correspondem às preleções tradicionais dos professores em salas de aula,
que tomavam a maior parte do tempo no repasse de teorias, sobrando
quase nada para as interações e as práticas.

Você poderá usar vídeos produzidos por outros profissionais ou de


outras fontes, desde, é claro, que a licença de uso permita. Mas legal
mesmo é que você produza seus próprios vídeos. Isso fará com que você
desenvolva habilidades inclusive para atuar de forma autônoma, criando
um canal particular. Vamos às dicas de como produzir um bom vídeo:
Metodologias Ativas 25

1. Elabore seu Plano de Aula, pois a ação didática precisa ser bem
planejada para ter sucesso.

2. Certifique-se que os equipamentos são de boa qualidade.

3. Utilize recursos complementares caso seja pertinente a aula,


como quadro branco interativo, mesa digitalizadora, entre outros.

4. Partindo de um roteiro prévio, grave sua aula. Lembre-se que a


aparência e o tom de voz são muito importantes.

5. Escolha o software de captura de tela. Existem os pagos e os de


uso livre. Pesquise e experimente!

6. Providencie a edição de forma integrada com a proposta da aula,


inserindo imagens, referências e créditos.

7. Escolha uma boa plataforma para hospedar seus vídeos, que


possa ser acessada com tranquilidade.

Agora que a estrutura está pronta, temos mais algumas dicas para
que seus alunos amem suas aulas!

• Seja objetivo e tenha muito atenção com o tempo. Lembre-se de


que nossos alunos são objetivos e pragmáticos!

• Quando possível, convide outros professores para participar de


sua aula.

• Esteja sempre de bom humor. A aula é para ser divertida!

• Cuidado e atenção no preparo do material! Imagens significativas


e anotações são muito bem vindas!

• Destaque os pontos mais importantes.

• Utilize os recursos de zoom.

• Respeite os direitos autorais.

Não existe um tempo de duração ideal, mas caso o conteúdo seja


extenso, fragmente em pequenos vídeos que tratem isoladamente cada
tópico do conteúdo. Vídeos com mais de 5 minutos induzem à distração
do aluno.
26 Metodologias Ativas

Figura 4 – Ilustração de um momento de aprendizagem na sala de aula invertida

Fonte: Pixabay

Após a inversão da sala de aula com a produção dos vídeos você


irá se surpreender com o tempo que terá para trabalhar com a turma no
que realmente interessa: a resolução de problemas que irão validar a
compreensão do conteúdo. Você terá tempo para exercer o verdadeiro
papel de professor: conduzir, provocar, avaliar, facilitar e, principalmente,
fazer com que seus alunos se apaixonem pelo ato de aprender!

Benefícios da sala de aula invertida


Sair da zona de conforto não é nada confortável, apesar de
corrermos o risco de termos melhores resultados. O novo assusta pelos
riscos de não ser tão positivo como o planejado.

A sala de aula invertida está intimamente ligada ao uso de


tecnologias e novas mídias, como os vídeos, que são o carro chefe.

No livro Educação e Tecnologias, os relatos dos professores a


respeito do uso de tecnologias nos trazem um recorte deste cenário:
[...] um desafio, pois os professores não usam ainda todos
os recursos das novas tecnologias de forma sistemática e
para realizarem seus planejamentos. (Professor A)
Metodologias Ativas 27

A escola apresenta um dos maiores desafios que é aliar


as tecnologias com as relações dos conhecimentos
científicos; as didáticas e as metodologias adotadas por
alguns professores, na maioria das vezes, estão obsoletas e
ultrapassadas. (Professor B)

Talvez o maior desafio seja os adultos aprenderem,


dominarem, usarem e orientarem sobre os recursos
(Professor C) (ALMEIDA; MEDEIROS; MATTAR, 2017. p. 62-63).

Percebemos que o maior desafio é quebrar com os paradigmas


didáticos que já estão ultrapassados e, para isso, um importante fator
motivacional é conhecer os pontos positivos da mudança.

Vamos conhecê-los?
Figura 5 – Benefícios da sala de aula invertida

Fonte: Elaborado pelas autoras.


28 Metodologias Ativas

Diante de tantos pontos positivos, acredito que você esteja motivado


a experimentar o modelo de Sala de Aula Invertida, comprovando os
resultados positivos do processo de ensino e aprendizagem na sua turma!

Para finalizar, deixamos uma provocação por meio de um texto de


BOSWELL (1791, apud BATES, 2016, p. 124):
As pessoas hoje em dia [...] têm uma opinião estranha
de que tudo precisa ser ensinado com aulas expositivas.
Entretanto, não vejo o que elas podem fazer que uma boa
leitura dos livros nos quais foram baseadas não faça. [...]
Aulas expositivas já foram úteis, mas agora, quando todos
sabem ler, e há tantos livros, são desnecessárias.

Guardando-se inúmeras reservas, a inquietação do autor quanto


a transmissão de teoria, quando existem fontes para tal, pode ser
transportada para os dia de hoje, que não tem apenas livros, mas recursos
que possibilitam a captura do momento de explicação para que o professor
possa cumprir de fato com o seu papel, que é o de ser mediador nos
processo de construção de conhecimentos. Desejamos muito sucesso na
empreitada e convidamos você para aplicar nossas sugestões de inversão
a seguir.

Vamos inverter?
Lembra-se dos pilares para a educação do século XXI? Agora
vamos fortalecer o SABER FAZER aplicando os princípios da sala de aula
invertida nas nossas práticas docentes. A seguir iremos propor alguns
cenários alternativos que dependerá da realidade na qual você está
inserido. São esses os cenários propostos:

1. Educação infantil e/ou ensino fundamental 1

2. Ensino fundamental 2 e/ou ensino médio

3. Ensino superior

Professor, escolha a sua realidade e selecione a exemplificação de


cenário desejada. Interessado em conhecer todos eles? Não se acanhe.
Vá fundo!
Metodologias Ativas 29

Cenário 1 | Educação Infantil e/ou Ensino


Fundamental 1
Monte um plano de aula com o uso da sala de aula invertida, com
tema de sua escolha, contemplando também o engajamento das famílias
das crianças.

No site da Nova Escola você pode acessar a atividade para a pré-


escola intitulada Músicas que são poemas. Clique aqui.

Com base nesse exemplo, proponha uma atividade aplicando os


princípios da Sala de Aula Invertida, utilizando uma das ferramentas de
sua plataforma Google Education.

Cenário 2 | Ensino Fundamental 2 e/ou Ensino


Médio
Na primeira etapa, você deverá pesquisar um vídeo alusivo ao
tema, montando um plano de aula com o uso da sala de aula invertida,
propondo atividades sobre a cidadania que utilizem tecnologias digitais,
as quais deverão ser realizadas em sala de aula.

A atividade proposta deve utilizar uma das ferramentas de sua


plataforma Google Education.

Acesse o artigo que trata de Cidadania Digital, Clique aqui.

Cenário 3 | Ensino Superior


A produção de ciência é uma das demandas da formação superior,
sendo fundamental que os estudantes deste nível sejam capazes
de produzir conteúdos inéditos e com propostas para resolução de
problemas pertinentes às suas áreas de atuação. Na aplicação da Sala
de Aula Invertida no contexto do ensino superior, utilizando a plataforma
Google Education, propomos a seguinte atividade:

• Delimite um tema.

• Monte um plano de aula.


30 Metodologias Ativas

• Grave um vídeo e disponibilize na plataforma.

• Elabore um Guia de Orientações para o aluno, acerca da atividade


que será realizada em sala de aula.

SAIBA MAIS:

Veja os links abaixo, que descrevem casos práticos de


aplicação da metodologia no ensino superior:
Desafios no uso da sala de aula invertida no ensino superior:
Clique aqui.
Sala de aula invertida: a análise de uma experiência na
disciplina de Cálculo I: Clique aqui.
Aprendizagem ativa no ensino superior: a proposta da sala
de aula invertida: Clique aqui.

RESUMINDO:

Neste capítulo de estudos compreendemos que os


vídeos estão na base da metodologias da sala de aula
invertida, conforme a concepção de seus idealizadores,
os professores Jon Bergman e Aaron Sans. Na sequência
foram apresentados os motivos pelos quais essa
metodologia traz inúmeros benefícios aos processos de
ensino e aprendizagem. Por fim, propusemos algumas
possiblidades de aplicação para que você comece a pôr
em prática! Vamos adiante!
Metodologias Ativas 31

Origem e evolução do design thinking


INTRODUÇÃO:

Neste capítulo conheceremos a origem e a evolução do


design thinking, metodologia que coloca pessoas no centro
do processo para compreensão de suas necessidades.
Pretendemos ajudar a conhecer a origem e a evolução do
design thinking, entender como ele auxilia na resolução
de problemas complexos, compreender seu fundamento,
seus pilares e suas etapas.

Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao


trabalho!

O design thinking é uma metodologia que aplica ferramentas do


design na área da administração para o desenvolvimento de produtos,
serviços e negócios e compõe também o quadro das Metodologias Ativas
utilizadas na atualidade na área da educação, em ambos os casos para a
Resolução de Problemas Complexos.

Atualmente o design thinking assumiu um papel importante nas


instituições, pois, conforme a atividade exercida e a velocidade com que
as informações se processam no campo das empresas e dos mercados,
estão cada vez mais competitivos e requerem maneiras eficazes para a
resolução dos problemas. Ao longo desta aula iremos conhecer sobre
essa importância, mostrando o cenário atual. Dúvidas? Não se preocupe.
No fórum de dúvidas e discussões você divide seu conhecimento e
esclarece todas as suas dúvidas. Depois, desenvolva as atividades e
as questões sugeridas. Nós estaremos a sua disposição em caso de
dificuldades!

O início da tecnologia nasce ligada à arte e à técnica. Neste tripé,


arte, técnica e tecnologia, podemos considerar que o design de produto se
fez presente desde os primeiros elementos criados para a sobrevivência
do homem.
32 Metodologias Ativas

A metalurgia e a cerâmica que são consideradas como arte de


menor importância, tem relação com a história do design de produto
(MELO; ABELHEIRA, 2015).

É necessário compreender que a Tecnologia é uma ciência que se


encontra em todos os níveis de processos de inovação de todas as áreas,
e que envolve o desenvolvimento de algo que vai ser produzido.
Figura 5 – Da tecnologia ao design thinking

Fonte: Lupion, 2018.

Sabemos que neste milênio o cenário mundial de produção


se apresenta com um novo ponto de vista, que está ligado aos
avanços produzidos pela tecnologia e pela necessidade de alguns
países sobreviverem nos mercados. Assim, muitos países buscam a
especialização em determinadas áreas.

Com isso, os pontos de produção deslocaram-se e diversos


países passam a ser donos de inovações, muitas vezes marcadas por um
objetivo que foi resultado da abertura dos mercados na expectativa de
mudança econômica e social, criando políticas de prioridades nacionais,
infraestrutura e capitais humanos condizentes com este novo momento.

Na realidade, o que vivemos atualmente em relação à chamada


“tecnologia” é a utilização da informação por meio dos diversos recursos
tecnológicos que possibilitam um acesso mais rápido e algum tipo
de inteligência. Como celulares, smartphones, tablets, entre outros.
Assim, surgiram os termos: Tecnologia da Informação e Tecnologia do
conhecimento, sempre relacionados às máquinas.
Metodologias Ativas 33

Com base no cenário que falamos acima, notamos ainda que a


tecnologia, estudando cientificamente a técnica e o uso dos meios de
trabalho, geram o conhecimento necessário para a inovação de produtos
e serviços que promove e soma a busca da competitividade.

E ainda, certifica então o importante papel do designer em


sua atuação, que acaba por se distanciar um pouco de seu papel de
desenvolvedor de produto ou de comunicação visual para se aproximar
da área estratégica das empresas, ou seja, dos negócios.

REFLITA:

Por que o designer? Porque ele, como criador de produtos,


fica mais próximo da inovação, explora a criatividade e seu
foco é o consumidor (MELO; ABELHEIRA, 2015).

Sabemos que a inovação dos processos, especialmente quando


é relacionado aos serviços, é a soma de todas as forças com objetivo
da diminuição de custos, do aumento de produtividade e dos níveis de
clientes satisfeitos.

Para inovar é necessário acompanhar as evoluções do mercado,


antecipar e procurar novos cenários, comportamentos de clientes e
o indispensável ponto de vista prático que se espera do design de
produtos, transformando produtos mais atraentes, fáceis de produzir
e consumir. Olhando para a questão das exigências de um produto ou
serviços, sabemos que nada é produzido sem que seja uma necessidade
da sociedade. Os modelos de celulares que tiveram uma evolução muito
rápida em suas funções, diante da necessidade de comunicação mais
rápida e em tempo real.

Estudando o papel do design ao longo do tempo podemos afirmar


que: da comunicação surgiu o design gráfico, da revolução industrial ou
tecnológica surgiu o design de produto e da informação surgiu o design de
interfaces. E é neste quadro que se entende a origem do design thinking:
com base no termo design, da evolução da profissão de design(er) e das
necessidades consequentes da sociedade presentes no novo contexto
mundial.
34 Metodologias Ativas

Conceito de design
Podemos definir o termo design dentro do quadro das empresas da
seguinte maneira:

DEFINIÇÃO:

O que é então o design? O design refere-se ao projeto, desde


o início de um produto ou serviço até chegar ao seu usuário.
O cuidado do design, também é com a forma do que será
produzido, que é considerado os requisitos específicos de
um produto ou serviço: emocionais, técnicos, ergonômicos
entre outros (MELO; ABELHEIRA, 2017).

A Evolução do design thinking


A expressão design thinking, de maneira simples, tem o significado
de “o pensamento do design(er)”. Foi utilizada pela primeira vez em 1992
em um artigo de Richard Buchanan com uma abordagem de extensas
possibilidades do design no dia a dia, como: comunicação visual, na
função que um produto tem, nos processos que envolvem serviços e no
pensar os ambientes para as pessoas viverem e trabalharem.

Em 1995 a Koln International School – KISD – iniciou um curso


de design de serviços em que os alunos aprenderiam a fazer uso da
metodologia de design thinking para a construção de estratégias nesta
área. Popularizada em 1999, por Faste, como uma forma de ação criativa e
pela IDEO consultoria, com um grande portfólio de produtos, como uma
metodologia utilizada por ela. Em 2006, no Fórum Econômico de Davos,
foi aceito como modelo de pensamento para lidar com a complexa esfera
dos negócios.

Na relação do trio de círculos da Figura 8 destacamos a abordagem


de Pinheiro (2011), que diz que o quinto “P” do marketing representa
as pessoas, onde encontramos o elo, pois a partir deste ponto se
compreende e se inicia a necessidade e o significado das coisas para elas.
É onde somamos as possibilidades de realização e se isto é lucrativo. E o
design thinking é que faz a relação da proposta das soluções.
Metodologias Ativas 35

A figura abaixo apresenta essa forma de pensamento.


Figura 6 – Demonstração do elo das necessidades

Desejável
para as
pessoas

Design
Thinking
Tecnicamente Rentável para
possível o negócio

Fonte: Pinheiro, 2011.

E então, a partir de 2011, a metodologia do design thinking passa


a ser amplamente divulgada e abordada no Brasil, com sua primeira
divulgação por meio da emissora de TV por assinatura Globo News.

O design thinking na resolução de


problemas complexos
Como visto anteriormente o DT (design thinking) surgiu ao final do
século XX, por isso ainda tem alguns resíduos do modelo de construção
de dentro para fora. Contudo, hoje com um consumidor mais ativo, este
cenário vem se modificando.

A apreciação do produto passa a ser definida pelo consumidor,


os problemas do século XX não são os mesmos problemas do século
XXI. Há uma nova formação das necessidades da sociedade. Por isso, o
pensamento no design veio para auxiliar e manter conveniente a criação
de soluções para grandes desafios, sempre com foco nas necessidades
dos usuários, de forma colaborativa e interativa.

As ferramentas que normalmente são utilizadas auxiliam nas


discussões e nos processos de criação, construindo grandes números de
ideias para resolução das necessidades e ou problemas de um cliente. E,
em todas as situações a identificação das falhas e dos erros sempre são
36 Metodologias Ativas

considerados como oportunidades de melhoria, nunca são vistos como


fracassos. Vejamos a seguir.

Segundo Melo e Abelheira (2015, p. 15) o design thinking


é uma metodologia que aplica ferramentas do design
para solucionar problemas complexos. Propõe o equilíbrio
entre o raciocínio associativo, que alavanca a inovação,
e o pensamento analítico, que reduz os riscos. Posiciona
as pessoas no centro do processo, do início ao fim,
compreendendo a fundo suas necessidades. Requer
liderança ímpar, com habilidade para criar soluções a partir
da troca de ideias entre perfis totalmente distintas.

O design thinking engloba todo processo de geração de ideias, no


qual se reúnem várias pesquisas e estudos para se resolver os problemas,
sendo que a atuação do design vai além de produzir a aparência dos
produtos, mas aplica-se na criação de soluções que engloba desde os
aspectos estratégicos do negócio (BONINI; SBRAGIA, 2011).

DEFINIÇÃO:

Bukowitz (2013) assegura que o design thinking atua na


abordagem das soluções dos problemas que utiliza
de ferramentas de criatividade e conceitos de diversas
disciplinas para encontrar uma solução.

Todas as definições tendem para que o design thinking faça a


resolução de problemas, porém deve-se ter o cuidado com a abordagem,
o modelo e a metodologia, que tem sentidos diferentes. Metodologia,
modelo e método também não possuem o mesmo significado e a mesma
abrangência.

Enfim, esta metodologia do design thinking auxilia na resolução


de problemas complexos, por buscar incansavelmente uma solução
em cada uma das etapas do processo e esgotar todas as possibilidades
existentes tanto em relação a informações e dados como na busca por
alternativas de soluções.
Metodologias Ativas 37

Fundamento, pilares e as etapas do design


thinking
O design thinking é uma metodologia baseada na afinidade e na
experimentação onde se busca, ao se colocar no lugar do usuário, entender
a necessidade ou o desejo do cliente e, por meio da experimentação,
encontrar as soluções.

A metodologia é fundamentada no pensamento intuitivo e analítico;


sua estrutura compõe pilares de empatia, colaboração e experimentação;
e o processo se desenvolve por meio dos mecanismos de imersão,
cocriação e prototipação.

Esta metodologia vai em busca do equilíbrio entre o pensamento


analítico com o intuitivo, estimula a criação de ideias, justifica qualquer
questão e testa o tempo todo para experimentação e verificação.

O pensamento intuitivo tem como base a intuição, a resolução de


problemas, a experimentação, mas não tem comprovação, ou seja, tem
uma tendência nas emoções. Já o pensamento analítico é voltado para
a razão, recolhe dados, descobre regras, reduz custos, tem provas da
eficácia dos resultados que são consistentes. Vejamos agora cada um
desses pilares.

Os pilares têm como mecanismos de construção para qualquer


processo a imersão, a cocriação e a prototipação, e estes funcionam
como uma engrenagem.

A imersão serve para mergulhar e buscar compreender totalmente


as necessidades do cliente. Pode-se dizer que este mecanismo se
relaciona com a habilidade de empatia, ou seja, saber colocar-se no lugar
do outro, entender sentimentos e reações. Isto forma uma engrenagem
que possibilita a compreensão do problema ou da necessidade.

A cocriação, como o próprio termo já diz, é a criação em conjunto,


a construção ou levantamento do maior número de ideias, de preferência
de diferentes fontes.
38 Metodologias Ativas

A prototipação tem como objetivo testar as ideias de várias formas


para se retirar as mais viáveis e que tenham maior impacto, priorizando
aquelas para desenvolver futuramente (PINHEIRO, 2011).
Figura 7 – Prototipagem

Fonte: Freeimages

Ou seja, na prototipação é que ocorrem as junções das necessidades


do público e a repetição de testes para se eliminar erros em relação ao
produto ou serviço.
Metodologias Ativas 39

Quadro 1 – Síntese do design thinking, construindo o passo a passo

Fonte: Lupion (2018)

No próximo capítulo estudaremos as ferramentas para aplicação do


design thinking.

RESUMINDO:

Neste capítulo conhecemos o conceito do design thinking


e sua evolução, compreendendo seus objetivos na
resolução de problemas complexos de uma forma criativa
e colaborativa. Você já sabe também qual é o fundamento
desta metodologia, juntamente com seus pilares (imersão,
ideação e prototipação) e com suas respectivas etapas de
desenvolvimento. Guarde bem esses conhecimentos, pois
serão muito úteis na aplicação prática da metodologia!
40 Metodologias Ativas

Ferramentas para aplicação do design


thinking
INTRODUÇÃO:

Neste capítulo conheceremos as principais ferramentas


para aplicação do design thinking: pesquisa, benchmarking,
observação e entrevista, os cinco porquês, netnografia,
jornada do usuário, personas, brainstorming, storytelling,
enquadramento e prototipagem. De posse desse
conhecimento, a aplicação da metodologia na prática
será conduzida de forma a focar os esforços da equipe, o
método e os respectivos registros das etapas de trabalho.
Animado? Vamos adiante!

Pesquisa
A pesquisa é considerada como a primeira ferramenta, por ser a
base em todos os tipos de trabalhos de investigação que na sua origem
exigem método e comprovação e, ainda a observação bem realizada e
devidamente estruturada, possibilitando fazer o diagnóstico da situação
encontrada e do problema a ser resolvido. Esta pesquisa deve ser tanto
quantitativa como qualitativa.

A pesquisa quantitativa representa como serão obtidos dados, por


meio da aplicação de questionários de fácil interpretação, cuja tabulação
ocorre por meios estatísticos convencionais, ou seja, números.

A pesquisa qualitativa possibilita levantar as questões mais


profundas, ligadas a valores e posturas. Traduz-se o quanto, as causas
e as intensidades. Por meio de observações complementa-se a coleta,
assim como workshops, entrevistas com grupos e individuais são boas
maneiras de realizar esse tipo de pesquisa.

Este conjunto irá definir um panorama descobrindo “O quê?”, “Por


quê?”, “Quando?”, “Como?”, “Onde?” e “Quem?”.
Metodologias Ativas 41

Há uma técnica de construção mental chamada “Escada de


Perguntas” que pode auxiliar neste processo: QUEM?, O QUÊ?, ONDE?,
QUANDO?, POR QUÊ? e COMO? com as ações de SER, FAZER e PODER
(MELO; ABELHEIRA, 2015).

Benchmarking
Outra técnica que pode ser desenvolvida pelo design thinking
é o benchmarking, que compara empresas que oferecem produtos
ou serviços semelhantes. Identificar o que é comum e destacar o que
ninguém tem pode ser uma oportunidade única.

Ainda no campo da pesquisa, a observação e a entrevista podem


ser uma boa ferramenta.

Observação e Entrevista
A observação estruturada com anotações, quadros, fotos, gravações,
vídeos ajudam a capturar detalhes, momentos únicos que às vezes
passam despercebidos como importantes para quem está envolvido.
Hábitos, atividades, a relação com o entorno, motivações e insatisfações
podem ser a chave para inovações em processos e produtos.

É fundamental para o processo de entrevista a construção das


perguntas e fazer o teste dessas perguntas de entrevista. Isto faz com o
índice de resultados seja mais assertivo. Assim como preparar o ambiente
antes de receber os entrevistados. É necessário cuidar da forma como
conduzir e a maneira de finalizar.

Lembre-se: pode ser que você precise voltar para falar com as
pessoas, e se o processo não for conduzido de maneira correta pode
acarretar relacionamentos afetados.

Entrevistas bem-sucedidas devem seguir etapas, as pesquisas


devem conter o método, como podemos ver abaixo:

1. Prepare as perguntas. Procure agrupá-las por temas, pois isso


facilita a tabulação. Evita ir e vir sobre questões relacionadas a
uma mesma temática.
42 Metodologias Ativas

2. Duplas facilitam a entrevista, enquanto um anota, o outro pergunta


e interage com o entrevistado.

3. Teste as perguntas com uma pessoa antes de aplicá-la com todas


as pessoas, de forma a ver se todas estão de fácil entendimento.

4. Durante a entrevista estimule a imaginação do entrevistado, de


forma a observar as emoções, e aprofunde as declarações que
considere relevantes.

5. Ao encerrar, pergunte ao entrevistado se deseja complementar


algo.

Os cinco porquês
De forma complementar, o uso dos cinco porquês, da filosofia Lean,
ajudam a ultrapassar e identificar a raiz de todos os problemas e evita
desgastes. Os cinco porquês é uma técnica de investigação criado na
Toyota e difundido entre as melhores mentes empresariais dos séculos
XX e XXI.

O “Sistema Toyota de Produção”, segundo o autor Taiichi Ohno,


não é apenas um sistema de produção, ele revela sua força como um
sistema gerencial adaptado à era de mercados globais e de sistemas
computadorizados de informações de alto nível.

Essa prática foi idealizada por Taiichi Ohno, autor do livro O Sistema
Toyota de Produção, de 1988, também considerado o pai do Sistema
Toyota de Produção. Observe um exemplo de uso dos cinco porquês:

1. Por que a máquina parou? Houve uma sobrecarga e o fusível


queimou.

2. Por que houve uma sobrecarga? O rolamento não foi lubrificado


como deveria.

3. Por que não foi devidamente lubrificado? Porque a bomba


lubrificadora não estava bombeando o suficiente.

4. Por que a bomba não estava bombeando o suficiente? O eixo da


bomba estava danificado e fazia barulho.
Metodologias Ativas 43

5. Por que o eixo estava danificado? Porque não havia proteção e


cavacos acumulavam-se na bomba.

Netnografia
Ao conhecer as causas ou os problemas, pode-se avançar e
buscar conhecer mais sobre o comportamento das pessoas. Para isto é
possível utilizar a internet e a ferramenta netnografia, que nada mais é
que a etnografia digital, originária da antropologia e do design, que busca
informações do usuário de um serviço, ou seja, segue os consumidores em
comunidades e em redes sociais. Em seguida mapeia o comportamento
desses consumidores para melhorar o produto ou o serviço.

As etapas a se percorrer são: a definição do objetivo pretendido e a


comunidade a ser analisada; a coleta das informações nas comunidades,
identificando-se aos membros e relatando seu propósito; a solicitação de
autorização de uso das informações; e, por último, a apresentação para
alguns membros para avaliarem e, se possível, contribuírem.

Sites de relacionamento e grupos no facebook são comunidades


possíveis de estudo.

Jornada do usuário
Esta atividade você deve começar listando em um storyboard as
etapas que ilustram a forma como um determinado usuário interage com
um produto ou serviço (ou, ainda, um sistema).

EXPLICANDO MELHOR:

Storyboards são itens organizados, por exemplo, uma série


de ilustrações ou imagens colocadas em sequência com
o objetivo de pré-visualizar um filme, uma animação ou
um gráfico animado, incluindo elementos interativos em
websites. Sendo um roteiro desenhado, seu layout gráfico
se assemelha ao de uma história em quadrinho.
44 Metodologias Ativas

1. Pense no que esse usuário faz e como faz, buscando identificar


possíveis pontos de dificuldades ou dúvidas.

2. Organize as ideias do início para o meio e o fim, isto auxilia na


compreensão.

3. Defina quais etapas contribuem para a construção da experiência.

4. Represente de forma visual a jornada das pessoas que são


diretamente afetadas pelo problema, o qual precisa ser resolvido
por meio de um diagrama de fluxo, fotografias, cartões ilustrativos
e storyboards.

5. Faça um ranking e avalie as partes e o todo de forma sistemática.

Personas
Persona é uma ferramenta de empatia. Termo que faz referência
a arquétipos, ou seja, primeiros modelos ou imagens de algo. Seu
significado é relacionado à máscara ou face que uma pessoa assume ao
interagir com seu entorno.

Nessa ferramenta personas são personagens fictícios, criados pelos


participantes, que inseridos em um cenário ajudam a obter a compreensão
do comportamento de um determinado usuário ou grupo de usuários que
estão envolvidos com um produto, um serviço ou uma experiência, de
maneira que possibilita a exploração de pontos de vista para um posterior
processo de criação.

Para a criação das personas, na realização desta atividade, as


pessoas às vezes utilizam máscaras para fazer a dinâmica.

Sugere-se para a aplicação desta ferramenta o modelo Dinamarquês


de Design e Interação, em que as etapas a serem percorridas são: a coleta
e análise dos dados, a definição do número de personas e a construção
destes, a construção dos cenários para análise do problema, a ideação
e aceitação das personas, além das soluções propostas pela empresa e
pelos clientes. (MELO; ABELHEIRA, 2015).
Metodologias Ativas 45

Brainstorming
É uma técnica para estimular a criatividade e a resolução de
problemas, que deve ser realizado em grupo. Inicia-se com a escrita da
ideia central em um papel e todos devem ir anotando o que lhes vem à
mente relacionado àquela ideia.

Storytelling
A arte de contar histórias é uma das habilidades dos designers e
do pessoal de comunicação. Muitas vezes, para a montagem de uma
apresentação de um projeto, os profissionais da comunicação sugerem
utilizar a técnica de contação de história.

O storytelling nada mais é que contação de história visando


preparar para a ideação. Ao ter um processo de contação coletiva,
tem-se a possibilidade de emergir diversas hipóteses válidas a serem
aprofundadas. Inicia-se com o ponto de partida e o caminho. O destino
final é a etapa mais difícil.

Coloque as ideias no papel, uma boa ferramenta auxiliar é o pitch.


As etapas de elaboração do pitch preveem a identificação de uma
oportunidade. Deve-se começar indicando qual a oportunidade que se
pretende atender e que não é bem atendida pelas empresas existentes.
Procure ser objetivo e claro, pois isto é a chave no processo. Depois
exponha rapidamente qual a solução que propõe para atender esta
necessidade, destacando qual será sua inovação/diferenciação.

Apresente amostras do seu produto/serviço, fotos de um protótipo


ou um vídeo explicativo, algo que auxilie na visualização do produto e
facilite o entendimento. Ao mesmo tempo, demonstre sua capacidade de
execução e destaque os diferenciais oferecidos. Em seguida elabore sua
apresentação, discuta e utilize o feedback dos colegas para complementar.

Coloque as ideias no papel elaborando argumentos chaves, pois


esta técnica possibilita a definição de oportunidades. Evite julgamentos e
resolver o problema. Lembre-se que você está construindo hipóteses, e é
a construção de um enredo que inspira a geração de ideias. O pitch pode
46 Metodologias Ativas

fazer parte da criação de um negócio, mas para que este se concretize é


necessário parceiros ou clientes. Assim, em uma apresentação relâmpago,
use o pitch para fazer parte da criação de um negócio. Afinal de contas,
nenhum negócio pode se concretizar sem parceiros ou clientes que
possam auxiliar na cocriação.

Enquadramento
Trata-se de um esforço de concentração necessário, pois o design
thinking às vezes tem um volume enorme de informações originadas de
pesquisa, da netnografia (hábitos de usuários), da história e das narrativas
possíveis (storytelling), dos resultados de apresentações (pitch). Enfim,
o enquadramento vai dar o foco necessário organizando as ideias e a
geração de soluções.

Boas maneiras de direcionar para isso são os mapas mentais, os


painéis semânticos, ou seja, um quadro de referências visuais e a famosa
pergunta: Como podemos? O mapa mental enumera e representa ideias,
além de suas consequências.

Prototipagem
As etapas da prototipagem são diversas, tem finalidades diferentes,
complementam-se e sua escolha dependerá do nível de complexidade
e da necessidade do desafio que se tem no projeto a se executar. Nesta
fase é importante a opinião de usuários (MELO; ABELHEIRA, 2015).

Os diferentes tipos de protótipo citados por diversos autores e


que podem ser utilizados quando se desenvolve um produto, serviço ou
negócio são:

Protótipo de função crítica


Quando se busca resolver uma situação crítica que compromete
algo, por exemplo, uma tampa que não está vedando adequadamente
um produto e pode gerar problemas, o problema está apenas na vedação.
Metodologias Ativas 47

Protótipo azarão

São ideias consideradas como impossíveis. Produtos de alta


tecnologia são bons exemplos.

Protótipo “maneiro”

Este protótipo define e comprova fisicamente antes do detalhamento


do produto final.

Protótipo funcional

Demonstra a aparência e a interface do protótipo final.

Protótipo de características chaves

Neste protótipo é analisada as dificuldades e os problemas a serem


enfrentados em relação ao esperado e à funcionalidade essencial.

Protótipo final

Como já diz o próprio nome, é o protótipo em alta resolução.


São funções e características testadas que, combinadas e testadas,
demonstram o potencial da proposta desenvolvida.

A complexidade da prototipagem dependerá do produto e do


segmento. Dessa forma, o método de prototipagem pode ser ou não o
mais preciso. Técnicas de prototipagem de componentes de máquina
de lavar, por exemplo, podem ser diversas em relação aos serviços de
manutenção.

Existem situações em que o design pode utilizar de materiais


como sucata para prototipar, assim como a vivência do usuário torna-se
relevante quando o produto é de uso em sua atividade de trabalho, por
exemplo, a facilidade de uso, os níveis de segurança, entre outros.
48 Metodologias Ativas

RESUMINDO:

Neste capítulo conhecemos as ferramentas que podem


nos auxiliar na implementação e no desenvolvimento da
metodologia do design thinking nos processos de ensino e
aprendizagem, partindo da apresentação objetiva de cada
uma, com suas respectivas aplicações. Neste momento
de sua trilha de aprendizagem acreditamos que já tenha
uma boa base de conhecimentos sobre o design thinking.
O momento agora é de aplicação em uma situação prática,
com objetivo de resolver algum problema ou propor uma
determinada melhoria. Mãos à obra!
Metodologias Ativas 49

REFERÊNCIAS
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tecnologias: refletindo e transformado o cotidiano. 1 ed. São Paulo:
Artesanato Educacional, 2017.

BATES, A. W. Educar na era digital: design, ensino e aprendizagem.


1. ed. São Paulo: Artesanato Educacional. 2016.

BERGMAN, J.; SAMS, A. Sala de aula invertida: uma metodologia


ativa de aprendizagem. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC. 2016.

BONINI, L. A.; SBRAGIA, R. O modelo de design thinking como


indutor da inovação nas empresas: um estudo empírico. Revista de
Gestão e Projetos, 2(1), 2011.

BUKOWITZ, W. R. Fidelity Investments: adopting new models of


innovation. Strategy & Leadership, 41(2), 58-63, 2013.

DELORS, J. (org.). Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para


a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI.
2010. Disponível em: https://bit.ly/2SoLUxc. Acesso em: 08 ago. 2020.

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DICIONÁRIO ON-LINE MICHAELIS. Definição de Metodologia.


Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?id=G97VM. Acesso em:
08 ago. 2020.

MACEDO, M. A.; MIGUEL, P. A. C.; CASSAROTTO FILHO, N. A


caracterização do design thinking como um modelo de inovação. In: Revista
de Administração e Inovação, São Paulo, v. 12, n .3 p. 157-182, jul./set. 2015.

MELO, A.; ABELHEIRA, R. Design thinking & thinking design.


Metodologia, ferramentas e reflexões sobre o tema. São Paulo: Novateck
Editora Ltda, 2015.

OHNO, T. O sistema Toyota de produção: além da produção em


larga escala. São Paulo: Bookman, 1997.

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