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Educação Infantil

Unidade 4
Aspectos Docentes e de
Gestão Escolar na Educação Infantil
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS-
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ANALICE OLIVEIRA FRAGOSO
AUTORIA
Analice Oliveira Fragoso
Olá! Meu nome é Analice Oliveira Fragoso. Sou formada em
Pedagogia, especialista em Psicopedagogia, mestre e doutora em
Distúrbios do Desenvolvimento. Tenho experiência como professora no
ensino superior há mais de quatro anos, tanto no curso de graduação em
Pedagogia quanto no curso de especialização em Neuropsicopedagogia.
Sou apaixonada por educação, por isso há mais de sete anos realizo
pesquisas nessa área do conhecimento. É um grande privilégio transmitir
minha experiência àqueles que estão iniciando suas profissões. Agradeço
à Editora Telesapiens pelo convite para integrar seu elenco de autores
independentes e estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de
muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:

para o início do houver necessidade


desenvolvimento de se apresentar um
de uma nova novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:

quando necessária as observações


observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR:
algo precisa ser
curiosidades e
melhor explicado ou
indagações lúdicas
detalhado;
sobre o tema em
estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências
bibliográficas se houver a
e links para necessidade de
aprofundamento do chamar a atenção
seu conhecimento; sobre algo a ser
refletido ou discutido
sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar
um ou mais sites quando for preciso
para fazer download, se fazer um resumo
assistir vídeos, ler acumulativo das
textos, ouvir podcast; últimas abordagens;
SUMÁRIO
O professor na Educação Infantil.......................................................... 10

Educar x cuidar..................................................................................................................................10

A identidade do professor na Educação Infantil....................................................... 12

Trabalhando a linguagem na Educação Infantil........................................................ 15

O ensino da matemática na Educação Infantil .......................................................... 18

A arte na Educação Infantil....................................................................................................... 19

Aspectos nutricionais e culturais na Educação Infantil............... 22

Educação infantil x família.......................................................................29

Tendências para a Educação Infantil .................................................. 34

Práticas pedagógicas da educação infantil baseadas em evidências

científicas................................................................................................................................................35

Neurociências e a aprendizagem: linguagem, cognição na

Educação Infantil.......................................................................................................... 36

Funções executivas.................................................................................................... 39

Método fônico................................................................................................................ 40

Mindfulness....................................................................................................................... 41

Escolas bilíngues..............................................................................................................................43

Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ...................................................................44

Educação socioemocional.....................................................................................45
Educação Infantil 7

04
UNIDADE
8 Educação Infantil

INTRODUÇÃO
Nesta última aula você verá as práticas que o professor de educação
infantil pode ter nas diversas etapas do desenvolvimento das crianças e
o importante papel que exerce durante o processo de desenvolvimento
delas.

Você terá a oportunidade de refletir sobre sua identidade docente,


conhecendo os aspectos que contribuíram para a formação desse
profissional. Além disso, poderá ampliar seus conhecimentos sobre a
importância de uma alimentação saudável para o bom desenvolvimento
das crianças e, como você, enquanto professor, pode contribuir durante
esse processo. Também vai compreender que apesar do papel do
professor ser importante para a formação dos pequenos, a participação
ativa da família e da escola são fundamentais para uma construção eficaz
do processo de aprendizagem.

Por fim, para encerrarmos nossa unidade, você mergulhará nas


novas tendências presentes na educação infantil e aprenderá como a
ciência contribui com estudos voltados para essa modalidade de ensino.
Educação Infantil 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Definir as práticas que os professores de Educação Infantil devem


ter em seu cotidiano;

2. Definir a importância de uma alimentação saudável na Educação


Infantil e como funcionam as suas políticas públicas;

3. Identificar que a boa interação entre escola e família pode contribuir


positivamente no processo de aprendizagem das crianças;

4. Refletir sobre as novas tendências presentes na Educação Infantil.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Educação Infantil

O Professor na Educação Infantil

OBJETIVO:

O papel do professor na Educação Infantil é um tema que


gera muitos questionamentos, mesmo sabendo que a
prática pedagógica é fundamental em todos os níveis de
ensino.

Então, qual será minha ação enquanto docente na Educação


Infantil? Educar ou cuidar? Devo respeitar o desenvolvimento da criança
sem fazer nenhuma intervenção ou devo ter ações pedagógicas para
estimular seu desenvolvimento?

No decorrer desse tópico, responderemos esses questionamentos


e veremos a atuação do professor dessa modalidade de ensino nas diver-
sas áreas do conhecimento.

Educar x Cuidar
Considerando os significados dessas duas ações, pode-se dizer
que o educar e o cuidar devem caminhar juntos na Educação Infantil.

O cuidar é a ação de tratar alguém com cuidado e atenção, é


preocupar-se com o bem-estar do outro de uma forma geral. O educar é
ação de oferecer conhecimentos, de instruir alguém.

EXEMPLO: Vamos imaginar uma situação do cotidiano nas creches


e Educação Infantil: como podemos diferenciar a ação de cuidar e educar
em uma troca de roupa? Nesse contexto, a professora ao vestir uma
criança pode fazê-lo de forma automática, vestindo uma criança atrás da
outra em uma sequência de rotina (cuidar) ou pode auxiliá-la a realizar
essa ação, dando-lhe autonomia na situação (educar).

Percebam a importância da formação do professor para que ele


seja capaz de diferenciar essas duas ações em sua prática pedagógica
e fazer desse momento simples uma oportunidade de desenvolvimento
da criança.
Educação Infantil 11

A rotina de tarefas como vestir, lavar, levar ao banheiro e alimentar


pode ser trabalhada de diferentes formas. Essas ações podem ser
organizadas de uma forma que as crianças desenvolvam autonomia em
diversas habilidades. Em algumas ocasiões as crianças podem ajudar os
outros na execução das tarefas, colocando-os em uma posição mais ativa,
de alguém competente, capaz de aprender diversas funções, exercendo
assim a ação de educar (ROSSETTI-FERREIRA, 2003).

TESTANDO:

Faça um exercício: escreva uma situação que costuma


ocorrer no espaço da Educação Infantil que pode ser
conduzida de diferentes formas e diferencie o cuidar do
educar nessa situação.

Educar e cuidar na Educação Infantil significa ver possibilidades


do desenvolvimento das crianças em todas as situações do cotidiano,
como troca de fraldas, banho, descanso, alimentação e higiene. Esses
momentos além do cuidado para que fiquem sempre limpos e saciados,
também permitem proporcionar o desenvolvimento integral das crianças
(ROSSETTI-FERREIRA, 2003).

O professor deve ser capaz de compreender que o educar e o


cuidar são processos complementares e indissociáveis no trabalho com
as crianças. As crianças nessa faixa etária têm necessidades de atenção,
carinho e segurança, mas nesse mesmo tempo elas entram em contato
com o mundo que as cerca, o que ocorre por meio das experiências
vivenciadas em seu cotidiano. Essa inserção no mundo só é possível
através de atividades que proporcionem tanto o cuidar quanto o educar
(CRAIDY; KAERCHER, 2007).

Os educadores precisam compreender que o trabalho com


bebês também é uma ação efetiva de intervenção pedagógica. Através
dessas ações o professor consegue estabelecer práticas educativas
que contribuem para o desenvolvimento integral dos bebês (RAMOS;
ALEGRE, 2003).
12 Educação Infantil

EXEMPLO: Quando trocamos a fralda de um bebê, ele chora, mexe


braços e pernas, tenta tocar algum objeto deixado por perto etc. Durante
esse momento de cuidado, o educador pode interagir com a criança
cantando (estimula linguagem), mantendo brinquedos por perto (estimula
os movimentos), entre outras ações práticas e estimulantes.

Dessa forma, fica claro que o professor de Educação Infantil tem o


papel de proporcionar às crianças momentos de cuidado, aprendizado,
crescimento e desenvolvimento.

ACESSE:

Clique aqui e conheça o papel da creche no


desenvolvimento infantil.

A Identidade do Professor na Educação


Infantil
O termo identidade docente é a forma identitária da relação
estabelecida entre o “eu-nós”, ou seja, na interação do eu com o outro
(DUBAR, 2006).

Quando refletimos sobre a construção da identidade docente,


logo pensamos em uma formação adequada e contínua. Essa formação
deve ter como objetivo promover a apropriação de saberes no educador,
levando-o a ter autonomia para refletir sobre suas ações e questionar suas
práticas, aperfeiçoando seu trabalho a cada dia (PIMENTA, 1999).

A profissão docente passou por um período de “crise identitária” em


razão da separação do eu pessoal e do eu profissional. A identidade é
a maneira de ser e estar em uma profissão, o que se constrói ao longo
da vida através da experiência, isso deve levar em consideração as
características pessoais e profissionais de cada um (NÓVOA, 1995).

Não é possível ser um profissional independente da pessoa que


exerce esse trabalho, ou seja, não é possível sair de casa e vestir uma
capa de professor quando adentra a escola.
Educação Infantil 13

A identidade profissional está diretamente associada à identidade


pessoal. Crenças, valores e projetos futuros são elementos importantes
que influenciaram diretamente a prática do trabalho (NÓVOA, 1995).

Diante do conceito de identidade docente, como é ou será sua


identidade enquanto professor(a)?

Agora, vamos pensar no processo de formação dos profissionais


que atuam na Educação Infantil.

Durante muito tempo, a formação do professor de Educação Infantil


não era tida como fundamental e, por isso, muitos profissionais que
atuavam em instituições que atendiam crianças pequenas não tinham
formação mínima para exercer tal função (MICARELLO, 2006). Assim,
durante muito tempo vigorou a ideia de que qualquer pessoa poderia
atuar na Educação Infantil.

É muito comum ouvirmos de estudantes do curso de pedagogia


que a razão de escolherem essa profissão é porque gostam de crianças.
Isso é necessário, mas será que é o bastante para construir uma identidade
docente?

A identidade do professor de educação infantil começou a se


construir com a feminização da docência, ou seja, apenas mulheres
podiam exercer essa função. Formadas no magistério, eram conhecidas
como “tias”, construindo um pensamento de que a mulher já nasce uma
educadora nata (SOUSA; MELO, 2017).

Paulo Freire nos leva a refletir sobre reduzir a identidade das


professoras de Educação Infantil a “tias” descrevendo o seguinte:
[...] a professora pode ter sobrinhos e por isso é tia da
mesma forma que qualquer tia pode ensinar, pode ser
professora, por isso, trabalhar com alunos. Isso não
significa, porém, que a tarefa de ensinar transforme a
professora em tia de seus alunos da mesma forma como
uma tia qualquer não se converte em professora de seus
sobrinhos só por ser tia deles. Ensinar é profissão que
envolve certa tarefa, certa militância, certa especificidade
no seu cumprimento, enquanto ser tia é geograficamente
ou afetivamente distante dos sobrinhos, mas não pode ser
14 Educação Infantil

autenticamente professora, mesmo num trabalho a longa


distância, “longe” dos alunos”. (FREIRE, 1997, p. 10-11)

Por não serem reconhecidas como professoras, essa categoria


profissional passou a ser desvalorizada pela sociedade. Mas, com o
passar dos anos, a necessidade da formação e do reconhecimento
desses profissionais foi ganhando espaço através de políticas, pesquisas
e investigações sobre essa área.

Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional (LDB) (Lei nº 9.394/1996), a formação desses profissionais passou a
ser reconhecida. O artigo 62 afirma que:
A formação de docentes para atuar na educação básica
far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de
graduação plena, em universidades e institutos superiores
de educação, admitida, como formação mínima para o
exercício do magistério na Educação Infantil e nos 5 (cinco)
primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em
nível médio na modalidade normal. (BRASIL, 1996, p. 21)

As Diretrizes Curriculares Nacionais (Resolução CNE/CP n. 1, de


15 de maio de 2006) também apontam a necessidade da formação em
pedagogia para atuar na Educação Infantil.

A partir dessas mudanças, o professor de Educação Infantil deve


obrigatoriamente ter adquirido habilidades necessárias para interagir e
estimular o desenvolvimento das crianças pequenas.

ACESSE:

Assista ao vídeo no YouTube sobre a identidade do professor


de Educação Infantil clicando aqui.

Assim como em todas as profissões, o professor deve ser


reconhecido como um profissional, pois não basta ter um dom. São
necessários conhecimentos teóricos, técnicos e científicos.
Educação Infantil 15

Os artigos 63 e 67 da Lei nº 9.394/1996 além de estimular esses


profissionais a investirem em uma formação contínua, asseguram-lhes o
direito à melhoria das condições de trabalho (BRASIL, 1996). Dessa forma,
o professor de Educação Infantil tem um papel fundamental na formação
do ser humano.

É na Educação Infantil, considerada primeira fase do ensino básico,


que a criança deve desenvolver suas capacidades físicas e mentais.
Os professores podem utilizar diferentes áreas do conhecimento para
estimular o desenvolvimento dessas competências.

A seguir, veremos a prática do professor de educação infantil


na promoção de habilidades, como a linguagem e o conhecimento
matemático.

Trabalhando a Linguagem na Educação


Infantil
A linguagem está muito presente no cotidiano das escolas, porém
precisa ser trabalhada com intencionalidade pelos professores.

É importante que você saiba que a linguagem é um campo amplo


a ser trabalhado e sua forma de comunicação pode ter diversas variantes,
como a oral, a escrita e a de sinais (GIL, 2010).

De uma forma geral, a linguagem tem algumas características:

•• Comunicativa: permite a comunicação entre pessoas que


compartilham a mesma língua;

•• Arbitrariamente simbólica: é a relação entre o símbolo e o referente;

•• Regularmente estruturada: suas unidades mínimas recombinam-


se segundo regras pré-determinadas;

•• Estruturada em múltiplos níveis: correspondem a sons, morfemas,


palavras, frases e discursos;

•• Gerativa: pode-se recombinar suas unidades e criar um número


ilimitado de enunciados novos;
16 Educação Infantil

•• Dinâmica: visto que a língua está em contínua mudança


(STERNBERG, 2008).

ACESSE:

os links a seguir para ver exemplos de cada uma das


características citadas acerca da linguagem:

Linguagem Oral Parte 1.

Linguagem Oral Parte 2.

Todo contato que a criança estabelece com o mundo é sempre


mediado pela linguagem através da relação com o outro (VYGOTSKY,
2002). Por isso, o professor tem um papel fundamental como mediador
dessa interação com as crianças.

E como estimular a linguagem com os bebês? Será que eles


entendem?

A resposta é sim. De forma universal todas as crianças


pronunciam vocalizações e balbucios sem significados. Porém, quando
escutamos esses sons e respondemos pronunciando palavras, além do
estabelecimento de vínculo, estamos mostrando a ela como funciona o
discurso em nossa língua (AUGUSTO, 2011).
Educação Infantil 17

EXEMPLO: Quando um bebê começa a diferenciar “sim” e “não”, não


é porque ele compreendeu o significado dessas palavras, e sim porque
ele é capaz de diferenciar as expressões e entonações na fala.

Ou seja, a criança inicia sua compreensão da linguagem através das


diferentes representações que vivencia.
Figura 1: Compreensão da linguagem

Fonte: Pixabay

A comunicação deve ser uma prática presente no cotidiano


dos professores desde o berçário. O professor deve estabelecer uma
comunicação verbal com os bebês a partir do uso de expressões faciais e
diferentes entonações.

O RCNEI (BRASIL, 1998), documento visto na unidade anterior,


indica que “a capacidade de uso da língua oral que as crianças possuem
ao ingressar na escola foi adquirida no espaço privado: contextos
comunicativos, informais, coloquiais, familiares”. Nessa perspectiva,
a escola em suas práticas deve ensinar aos alunos o significado e a
importância da fala. Os professores devem apresentar às crianças
várias formas de comunicação, conversando com elas e levando-as a
se expressarem. Há uma diversidade de trabalhos que o professor de
Educação Infantil pode realizar para desenvolver a linguagem das crianças.
18 Educação Infantil

ACESSE:

Para ampliar seus conhecimentos acerca do assunto, leia


o artigo “O desenvolvimento da oralidade das crianças na
Educação Infantil”. Disponível clicando aqui.

O Ensino da Matemática na Educação


Infantil
Assim como a linguagem, a matemática também está presente em
nossa vida desde o momento em que nascemos.

Desde cedo, as crianças entram em contato com o conhecimento


matemático em diferentes contextos, elas ouvem e falam sobre números,
ordenam, agrupam e comparam. A troca de experiências com outras
crianças ou com adultos através de brincadeiras e situações lúdicas
proporcionam a elas os conhecimentos matemáticos (CURITIBA, 2012).

Dessa forma, é o professor quem deve proporcionar maneiras


de fazer com que esses conhecimentos sejam ampliados. Vamos ver
algumas atividades que o professor pode trabalhar com as crianças.

•• Estabelecer rotina: se o professor estabelece rotinas em suas


aulas, utilizando objetos de mediação como calendário ou relógio,
as crianças passam a ver significado em suas funções;

•• Cantar músicas e contar histórias que contenham números:


quando o professor canta uma música, por exemplo: “quatro
patinhos foram passear, além das montanhas para brincar...”, a
criança entra em contato com a sequência numérica;

•• Contar nas atividades diárias: o professor pode criar a rotina de


contar as crianças ao início das aulas, contar a quantidade de
peças que existe em um brinquedo no momento de guardar etc.;
Educação Infantil 19

•• Utilizar brinquedos que contenham números: o professor pode


dar oportunidade para que as crianças explorem brinquedos que
contenham números, por exemplo: telefones, relógios, calculadora
etc.

•• Atividades que trabalhem medidas: trabalhar noções de medidas


com as crianças, ensinando cheio/vazio, grande/pequeno etc.;

•• Trabalhar espaços e formas: o professor deve ensinar noções


de localização e orientação espacial, utilizando como referência
pessoas e objetos.

Essas atividades devem ser ampliadas, aumentando seu grau de


complexidade para que pouco a pouco as crianças reconheçam a função
social dos números.

ACESSE:

Conheça várias formas divertidas e fáceis de estimular as


habilidades matemáticas. Disponível clicando aqui.

O professor deve trabalhar todas as habilidades de forma lúdica e


divertida, para que em todas as atividades elas estejam em contato com
o brincar ao mesmo tempo que aprendem, esse é o papel do professor
de educação infantil.

A Arte na Educação Infantil


Através da arte é possível construir diferentes caminhos para
alcançar o desenvolvimento integral das crianças. Alguns documentos
oficiais que norteiam a construção dos currículos escolares já mencionados
na unidade anterior contemplam a arte dentro de suas diretrizes e
orientações.

A arte abrange vários segmentos: artes visuais, dança, música


e teatro (BRASIL, 1997). Dentro dessas áreas, o professor tem inúmeras
possibilidades de trabalhos, o que possibilita que a criança se expresse
livremente visto que a arte não pode ser ensinada e sim expressada.
20 Educação Infantil

Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, a arte trabalha a


imaginação e criatividade das crianças:

O conhecimento da arte abre perspectivas para que


o aluno tenha uma compreensão do mundo na qual a
dimensão poética esteja presente: a arte ensina que é
possível transformar continuamente a existência, que é
preciso mudar referências a cada momento, ser flexível.
Isso quer dizer que criar e conhecer são indissociáveis e
a flexibilidade é condição fundamental para aprender.
(BRASIL, 1997, p. 49)

Os PCNs também apontam que a arte pode contribuir no aspecto


social, pois através dela as crianças podem ter acesso a outras culturas.
Figura 2: A Arte na educação

Fonte: Pixabay

Os Parâmetros Curriculares também apontam que o ensino da arte


pode contribuir com as demais áreas do conhecimento:

O aluno que conhece arte pode estabelecer relações mais


amplas quando estuda um determinado período histórico.
Um aluno que exercita continuamente sua imaginação es-
tará mais habilitado a construir um texto, a desenvolver es-
tratégias pessoais para resolver um problema matemático.
(BRASIL, 1997, p. 59)
Educação Infantil 21

O documento também prevê que a arte não pode ser vista como
um momento de recreação ou como uma atividade de descanso sem
objetivo:
Sem uma consciência clara de sua função e sem uma
fundamentação consistente de arte como área de
conhecimento com conteúdos específicos, os professores
não conseguem formular um quadro de referências
conceituais e metodológicas para alicerçar sua ação
pedagógica; não há material adequado para as aulas
práticas, nem material didático de qualidade para dar
suporte às aulas teóricas. (BRASIL, 1997, p. 59)

Diante disso, o professor de Educação Infantil mesmo sem


ter formação específica em arte, precisa buscar os conhecimentos
necessários para conduzir sua prática com o objetivo adequado.

ACESSE:

Leia mais sobre o papel da arte na Educação Infantil


clicando aqui..

Vale ressaltar que o professor deve desenvolver um planejamento


com um objetivo a ser alcançado a partir da atividade proposta. Entretanto,
não pode limitar as crianças a uma tarefa previamente determinada, de
22 Educação Infantil

forma a impedir que ela mostre sua criatividade e se expresse de maneira


livre.

RESUMINDO:

Neste capítulo vimos a diferença entre os educar e o cuidar.


Estudamos a identidade do professor na Educação Infantil
e compreendemos a importância do ensino da linguagem,
da matemática e da arte na Educação Infantil.

Aspectos Nutricionais e Culturais na


Educação Infantil

INTRODUÇÃO:

Devido à escola ser um lugar onde os alunos passam bom


tempo de suas vidas, é um ambiente para a promoção
dos cuidados da saúde e alimentação. Por integrar alunos,
professores, famílias e funcionários de diversas áreas, a
escola deve propor um ambiente favorável à convivência
saudável, promovendo os cuidados básicos (COSTA;
RIBEIRO; RIBEIRO, 2001). Sendo assim, a Educação Infantil
tem um papel importante na educação alimentar devido
ao fato de ter influência sobre os alunos (PINHO, 2019). Por
isso, neste capítulo, vamos estudar quais são os aspectos
nutricionais e culturais na Educação Infantil.

A partir dos estudos científicos, podemos entender as funções


dos diversos nutrientes presentes nos alimentos que beneficiam a nossa
saúde. Alimentos como frutas, verduras, legumes e castanhas contém
compostos anti-inflamatórios e antioxidantes que auxiliam na nossa
imunidade (GUIA ALIMENTAR, 2014).
Educação Infantil 23

A escola, por ser um ambiente educativo, proporciona uma saúde


escolar, pois no seu cotidiano com as crianças, relaciona as diversas
realidades sociais e culturais de cada membro. Os educadores envolvidos
com esse processo podem estimular a alimentação no ambiente escolar
propondo transformações nas experiências alimentares dos seus alunos
(PINHO, 2019).

Os hábitos alimentares de uma criança são formados a partir


do estilo de vida de sua família. Crianças com os hábitos alimentares
inadequados tendem a ter problemas de saúde no decorrer dos anos
(COSTA et al., 2014).
Figura 3: Hábitos saudáveis de alimentação

Fonte: Pixabay

A partir de uma educação nutricional, é possível desenvolver


hábitos alimentares saudáveis e respeitar a necessidade de cada sujeito.
Por isso, nesse momento a escola assume um papel primordial, pois
possibilita uma educação nutricional junto à família de seus alunos. Para
isso, é importante considerar os diferentes contextos familiares, sociais e
ambientais, bem como todos os envolvidos para a promoção de hábitos
24 Educação Infantil

que proporcionem o desenvolvimento de uma saúde preventiva (COSTA


et al., 2014).

A educação alimentar na infância pode gerar resultados positivos em


uma reeducação alimentar e na capacidade de fazer escolhas alimentares
saudáveis. Por isso, esses novos hábitos precisam ser contínuos (COSTA
et al., 2014).

Os objetivos propostos para a educação alimentar na Educação


Infantil são: propor boas atitudes diante dos alimentos e durante a
alimentação; estimular uma alimentação saudável e variada; ensinar
a relação da alimentação com a saúde para o desenvolvimento de
bons hábitos. Para uma proposta de sucesso, é preciso incluir todos da
comunidade – alunos, familiares, educadores e demais funcionários
(COSTA et al., 2014).

O perfil nutricional da criança é fundamental para seu


desenvolvimento e crescimento. A infância é a melhor fase para ensinar
sobre as práticas nutricionais ao indivíduo, pois os hábitos alimentares
estão se desenvolvendo e são necessários incentivos para que possam
fazer refeições saudáveis (COSTA et al., 2014).

Por meio da motivação e curiosidade é possível trazer práticas


alimentares saudáveis para as crianças através de refeições com os
alimentos certos e seguros para a faixa etária. Estimular alimentos
saudáveis como as frutas e vegetais, bem como reduzir as gorduras e
açúcares em excesso são alguns hábitos para se ter ao longo da vida
(COSTA et al., 2014).

A recusa e o medo de provar novos alimentos é muito comum nessa


idade, por isso, no momento de oferecer novos alimentos para a criança é
importante deixá-la ter contato através do cheiro, do sabor e até do toque
para uma melhor aceitação, o que pode demorar de 12 a 15 ingestões do
alimento. Elas preferem alimentos que já conhecem ou com aparência
suave e doce (COSTA et al., 2014).
Figura 4: Alimentação na infância
Educação Infantil 25

Fonte: Pixabay

Os hábitos alimentares saudáveis estimulados desde cedo, além


que contribuírem para uma conscientização alimentar, auxiliam no
desenvolvimento, crescimento e na prevenção de doenças. Também é
na infância, no momento da socialização, que as crianças diferenciam os
sabores, começam a ter suas preferências alimentares e desenvolvem
um comportamento alimentar. Com isso, as crianças passam a preferir os
alimentos que gostam mais e nem sempre essas escolhas são compatíveis
com uma alimentação saudável. Por isso é importante educar para uma
conscientização alimentar (COSTA et al., 2014).

Segundo o “Manual de orientação para alimentação escolar na


educação infantil, ensino fundamental e ensino médio e na educação
de jovens e adultos” (2012), a educação nutricional precisa acontecer da
maneira correta ao inserir os alimentos: escolher os alimentos conforme
o desenvolvimento das crianças, apresentar o alimento sozinho para que
se conheça seu sabor e características. É importante também respeitar os
hábitos alimentares, o perfil socioeconômico e cultural da família (BRASIL,
2012).

Para os envolvidos nesse processo, é importante incentivá-los e


orientá-los através de palestras, oficinas, degustação de alimentos entre
outras atividades para assim contribuir com uma formação e preparação
para melhores resultados do projeto (BRASIL, 2012).
26 Educação Infantil

ACESSE:

Para conhecer o “Manual de orientação para alimentação


escolar na educação infantil, ensino fundamental e ensino
médio e na educação de jovens e adultos” na íntegra,
clique aqui.

Um estudo propondo atividades lúdicas de educação alimentar


e nutricional foi aplicado para crianças de uma creche e pré-escola
com o objetivo de promover o desenvolvimento de hábitos alimentares
saudáveis em crianças de 2 e 6 anos. Foram desenvolvidas atividades
como identificação dos sabores doce, azedo, amargo e salgado; descobrir
os alimentos através dos sentidos; elaborar uma sopa de legumes; nomear
e identificar alimentos; trazer de casa o seu alimento preferido; exercitar
mastigação lenta, entre outras. O resultado desse estudo mostrou o
interesse por parte das crianças e um processo de mudanças nos hábitos
alimentares junto a família (MARIZ et al., 2015).

Ao falar da alimentação das nossas crianças, não podemos esquecer


do Plano Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), um programa do
Ministério da Educação (MEC). Um dos principais objetivos do programa é
oferecer alimentos apropriados para atender as necessidades nutricionais
do aluno durante o período escolar, além de contribuir para hábitos
alimentares saudáveis durante toda a Educação Básica.

ACESSE:

Para conhecer um pouco mais sobre o PNAE, assista ao


vídeo a seguir: https://bit.ly/3rWgmLM.

Outro órgão importante é o Fundo das Nações Unidas para a Infância,


mais conhecida como Unicef. Ele propõe 10 passos para a alimentação
saudável nos dois primeiros anos de vida do bebê.
Educação Infantil 27

•• Passo 1 – Amamentação: o bebê deve ser alimentado somente


com o leite materno até os 6 meses. Não há necessidade de
outras bebidas como chás, sucos e até mesmo água;

•• Passo 2 – Não oferecer açúcar: nem mesmo mel ou melaço, pois


o açúcar pode atrapalhar o aleitamento materno. O leite materno
oferece todos os nutrientes que o bebê precisa, por isso que
é importante que mãe tenha bons hábitos alimentares para a
formação de hábitos alimentares;

•• Passo 3 – O sexto mês é o momento de novos hábitos alimentares:


a partir desse mês o bebê irá conhecer novos alimentos como
frutas e verduras até os 2 anos. Mês a mês deverá seguir as devidas
orientações para a alimentação. Lembrando que a amamentação
não deve ser interrompida até os 2 anos;

•• Passo 4 – A criança quando está com fome, come comida: o bebê


deve comer quando tiver fome e o período de 2 horas sem comida
e bebida é o tempo ideal para abrir o apetite dele. As refeições
do almoço e jantar não devem ser substituídas por mingau ou
biscoito;

•• Passo 5 – Ensinar a criança a mastigar: a mastigação é importante,


pois ajuda a fortalecer as bochechas, a formação dos dentes e
também para o desenvolvimento da fala. Por isso, é importante
sempre oferecer para o bebê comidas espessas;

•• Passo 6 – Oferecer alimentos saudáveis: grãos, carnes, raízes,


verduras e frutas, ou seja, feijão, arroz, batata, couve-flor, cenoura,
beterraba, peixe, folhas verdes, entre outros. Lembrando que
alimentos com excesso de sal, gorduras e açúcares não fazem
bem para nenhuma pessoa, quem dirá para as crianças;

•• Passo 7 – Verduras, legumes e frutas: oferecer uma alimentação


com diferentes cores e variar também na escolha dos alimentos
para que o bebê possa ter um bom paladar e aproveitar todos
os nutrientes necessários. Quando o bebê não gostar de algum
alimento, não se preocupe e ofereça novamente;

•• Passo 8 – Antes dos 2 anos nada de refrigerantes, doces, biscoitos,


salgadinhos, café: esses primeiros anos são fundamentais para o
28 Educação Infantil

bem das crianças e dos seus hábitos alimentares, por isso o ideal
é continuar não oferecendo mesmo depois dessa idade;

•• Passo 9 – Lavar bem as mãos, os alimentos e os utensílios: isso


evita doenças e contaminações como a diarreia. A higiene é
essencial para o bebê;

•• Passo 10 – Bebê ativo é um bebê saudável e feliz: deixar sempre


perto do bebê e da criança um brinquedo para estimular as
brincadeiras e seu desenvolvimento, levar para fazer passeios,
estimular exercícios com bola, evitar a televisão, entre outros. E
lembre-se, bebê acima do peso não é bebê saudável. Precisa ser
acompanhado mês a mês.
Educação Infantil 29

ACESSE:

A Unicef disponibilizou cartilhas para auxiliar na alimentação


de crianças e adolescentes. Acesse-as pelos links a seguir:

10 passos para alimentação e hábitos saudáveis.

COMER BEM E MELHOR: Dicas para promover alimentação


saudável entre crianças e adolescentes. Clique aqui.

RESUMINDO:

Uma criança bem alimentada e bem nutrida aprende com


mais facilidade. Além disso, o trabalho com os alimentos
também é uma ótima opção para o professor desenvolver
atividades que estimulem as crianças a manterem hábitos
saudáveis em sua alimentação.

Educação Infantil x Família

OBJETIVO:

Neste capítulo, vamos ver a importância da relação da


educação infantil com a família.

O importante papel que a família exerce juntamente com a escola é


destacado na Política Nacional para Educação Infantil:
A educação infantil tem função diferenciada e
complementar à ação da família, o que implica uma
profunda, permanente e articulada comunicação entre
elas. (BRASIL, 2006)
30 Educação Infantil

A relação escola, aluno e família é conhecida como o tripé que


sustenta o processo de formação da criança.

Outro documento que aborda o papel da família dentro do contexto


educacional é o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI):
Constata-se que as famílias independentes da classe
social a qual pertencem se organizam das mais diversas
maneiras. Além da família nuclear que é constituída pelo pai,
mãe e irmãos, proliferam hoje as famílias monoparentais,
nas quais apenas a mãe ou o pai está presente. Existem,
ainda, as famílias que se reconstruíram por meio de novos
casamentos e possuem filhos advindos dessas relações. Há,
também, as famílias extensas, comuns na história brasileira,
nas quais convivem na mesma casa várias gerações e/
ou pessoas ligadas por parentescos diversos. É possível
ainda encontrar várias famílias para os arranjos familiares
na atualidade. As crianças têm direito de serem criadas e
educadas no seio de suas famílias. O Estatuto da Criança e
do Adolescente reafirma, em seus termos, que a família é a
primeira instituição social responsável pela efetivação dos
direitos básicos das crianças. Cabe, portanto, às instituições
sociais responsáveis pela efetivação dos direitos básicos
das crianças. Cabe, portanto, às instituições estabelecerem
um diálogo aberto com as famílias, considerando-as como
parceiras e interlocutoras no processo educativo infantil.
(BRASIL, 1998)
Figura 5: Pais na escola

Fonte: Freepik

O RCNEI apresenta o que está contido no ECA sobre as diferentes


constituições de família, traz que independentemente do seu formato, as
Educação Infantil 31

crianças têm o direito de serem criadas junto a ela e incumbe as escolas


de terem um bom relacionamento com a família de seus alunos.

No entanto, essa boa relação entre família e escola nem sempre


se dá de forma tranquila. Isso acontece pela falta de clareza sobre as
obrigações de cada um no que se refere ao desenvolvimento da criança.

O RCNEI ainda relata que:


[...] em muitas instituições que estas relações [familiares]
têm sido conflituosas, baseadas numa concepção equivo-
cada de que as famílias dificultam o processo de socializa-
ção e de aprendizagem das crianças. No caso das famílias
de baixa renda, por serem consideradas como portadoras
de carências de toda ordem. No caso das famílias de maior
poder aquisitivo, a crítica incide na relação afetiva estabe-
lecida com as crianças. Esta concepção traduz um precon-
ceito que gera ações discriminatórias, impedindo o diálogo.
Muitas instituições que agem em funções deste tipo de
preconceito têm procurado implantar programas que visam
a instruir as famílias, especialmente as mães, sobre como
educar e criar seus filhos dentro de um padrão preestabe-
lecido e considerado adequado. Essa ação, em geral mo-
ralizadora, tem por base o modelo da família idealizada e
tem sido responsável muito mais por um afastamento das
duas instituições do que por um trabalho conjunto em prol
da educação das crianças. (BRASIL, 1998)

Mas, afinal, qual o papel da escola e qual o papel da família nesse


processo?

O envolvimento de ambos é fundamental para garantir o


desenvolvimento integral das crianças de educação infantil, vamos
conhecer um pouco do papel de cada um.

A família é considerada a primeira educadora da criança, responsável


por ensinar valores morais e sociais e a forma como ela se vê enquanto
sujeito (SZYMANZKI, 2003).

Dentro do contexto familiar podem ser desenvolvidas práticas que


facilitarão o processo de aprendizagem quando essa criança ingressar na
escola.
32 Educação Infantil

EXEMPLO: Desenvolver hábitos de conversação, autonomia, lidar


com as emoções, etc.

Dessa forma, a família passa a participar do processo educacional


da criança realizando ações que geram grandes mudanças em seu
comportamento e aprendizado.

Quando a criança ingressa na escola, a família deve continuar


contribuindo para o desenvolvimento educacional do filho:

•• Mostrar interesse na rotina da criança na escola;

•• Valorizar as produções feitas pelas crianças na escola;

•• Valorizar o trabalho da escola.

A escola vem contribuir para a formação integral dos alunos nos


fatores:

•• Emocionais

•• Sociais;

•• Educacionais.

ACESSE:

Assista ao vídeo do YouTube sobre a influência da família na


vida escolar das crianças. Disponível clicando aqui.

É importante que você compreenda que mesmo cada um tendo


seu papel na formação da criança enquanto sujeito, a ação deve ser
coletiva com a participação e o envolvimento de ambos (MARANHÃO,
2004).

Muitos estudos já comprovaram que quanto maior o envolvimento


família-escola, melhor o desempenho da criança. A escola tem a
fundamental tarefa de organizar o ambiente escolar, com o objetivo de
envolver pais e professores a colaborarem de forma ativa na educação das
crianças. Dessa maneira, tanto os pais quanto os professores devem estar
Educação Infantil 33

preparados para trabalhar conjuntamente para o pleno desenvolvimento


das crianças (ARRIBAS, 2004).

Com o objetivo de aproximar a família da escola, alguns trabalhos


nacionais e internacionais foram realizados para construir esse laço.

O Programa Internacional FAST (Família e Escola Juntas) tem obtido


bons resultados com esse trabalho. Apesar de não ser voltado apenas
para a educação infantil, vale a pena conhecer.

O objetivo do programa é construir conexões entre o ambiente


escolar e familiar, criando uma comunidade envolvida na promoção do
desenvolvimento integral das crianças.
34 Educação Infantil

ACESSE:

Conheça mais sobre o FAST clicando aqui.

Conheça também a proposta do programa, clicando aqui.

RESUMINDO:

Neste capítulo, vimos a importância da família no


desenvolvimento do aprendizado da criança baseado
no Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil
(RCNEI), além de conhecermos o Programa Internacional
FAST. Assim, concluímos que enquanto professores
devemos investir nesse bom relacionamento com a família
de nossos alunos.

Tendências Para a Educação Infantil

OBJETIVO:

Chegamos ao último capítulo e, ao longo do nosso


estudo, vimos a criança em seu desenvolvimento desde o
momento em que era vista como um adulto em miniatura
e como passou ser respeitada em sociedade. Tivemos
muitos pesquisadores que contribuíram com suas teorias
e ajudaram muitas famílias e educadores para a educação
e formação delas. Neste tópico vamos ver quais são as
tendências para a educação daqui para frente.
Educação Infantil 35

Sabemos que a Educação Infantil não é apenas um lugar para


cuidados básicos de alimentação e higiene, pelo contrário, outros
aspectos envolvem os cuidados e a educação, como a afetividade.

É considerado um período muito importante para a formação


da criança, pois contribui no seu desenvolvimento emocional, físico,
cognitivo, social, ético e afetivo. Momento também de descobrimento de
mundo e inserção na vida social. Porém, é muito importante que a escola
respeite a individualidade de cada aluno, pois cada um tem seu perfil de
aprendizagem.
Figura 6: Tendências nas brincadeiras infantis

Fonte: Pixabay

Atualmente, muitos estudiosos continuam se dedicando a essa área


e com isso trazer novas tendências. A seguir, vamos apresentar algumas
delas baseadas nas discussões atuais.

Práticas Pedagógicas da Educação Infantil


Baseadas em Evidências Científicas
Na década de 80 a medicina foi a área que inicialmente discutiu a
prática baseada em evidências e consequentemente influenciou outras
áreas até chegar na educação (ORSATI et al., 2015).
Figura 7: Evidências científicas na educação infantil
36 Educação Infantil

Fonte: Pixabay

A educação baseada nas evidências descreve os conhecimentos a


partir dos resultados de pesquisas científicas para respaldar e orientar boas
práticas para a educação. Essas práticas proporcionam aos profissionais
envolvidos identificar com mais clareza as melhores estratégias para
seus alunos, com embasamento e comprovação científica. Porém, essas
pesquisas precisam de uma condução com rigor metodológico para ter
eficácia e esse caminho não é assim tão simples (ORSATI et al., 2015).

Diferentemente, mas não menos importante, as discussões


realizadas a partir das práticas em sala de aula podem mostrar opiniões
diferentes em relação às estratégias utilizadas com os alunos.

Se eu perguntar: “quais habilidades você acredita que influenciam


no sucesso acadêmico do aluno e que poderiam ser estimuladas na sala
de aula?”, provavelmente eu terei diferentes opiniões, pois cada leitor vai
responder com base nos seus conhecimentos e experiências (ORSATI et
al., 2015).

Todas essas respostas resultariam em variadas opiniões, porém não


em evidências. Pode ser que algumas delas poderiam ser eficazes em um
contexto e outras não, dificultando o processo de aprendizagem (ORSATI
et al., 2015).

A realidade escolar, na maioria das vezes, é influenciada por essas


diversas opiniões de aprendizagem, tanto de professores como de
seus gestores e isso pode ser decorrente de vários motivos: diferentes
formações, experiências e o ambiente em que os educadores atuam. As
Educação Infantil 37

práticas baseadas em evidências colaboram para o desenvolvimento dos


alunos. Assim, os professores podem atribuir na sua prática propostas
que comprovadas resultam em melhores resultados para os seus alunos
(ORSATI et al., 2015).

ACESSE:

Para saber um pouco mais sobre a importância dessa


prática, assista a nossa sugestão de vídeo clicando aqui.

Neurociências e a Aprendizagem: Linguagem,


Cognição na Educação Infantil
As crianças, ao entrarem na escola de Educação Infantil, já
apresentam diferenças em suas habilidades e conhecimentos,
influenciados pelas crenças familiares, situação socioeconômica e
cultural (SARGIANI; MALUF, 2018).

No contexto socioeconômico, as crianças de classes baixas, por


suas situações mais escassas, não só na alimentação, saúde e higiene,
mas também em questões culturais como o contato com livros, tendem a
ter prejuízos no desenvolvimento da linguagem (SARGIANI; MALUF, 2018).

O desenvolvimento do vocabulário nos primeiros anos contribui,


posteriormente, para a fase de alfabetização. Assim, cada estrutura
familiar influencia nesse processo de acordo com a frequência de
conversas e interações com a crianças. Filhos que interagem mais com
seus pais tendem a ter melhor desenvolvimento de vocabulário do que a
situação oposta. Estudos apontam que as crianças de classe social baixa
tendem a escutar menos palavras que crianças de família de classe média
ou superior, influenciando, assim, o vocabulário oral dessas crianças na
escolarização (HART; RISLEY, 2003).
Figura 8: Desenvolvimento do vocabulário com a família
38 Educação Infantil

Fonte: Pixabay

As crianças, ao longo dos seus 6 primeiros anos, aprendem


habilidades importantíssimas para o seu aprendizado, as quais influenciam
na sua vida escolar: cognitivas e de linguagem. O desenvolvimento
cerebral acontece nesse processo juntamente com as vivências
influenciadas pelos ambientes e principalmente os estímulos linguísticos
que contribuem para a área específica do cérebro responsável pela
linguagem. Assim, as crianças da educação infantil, com seus diferentes
perfis de aprendizagem, podem apresentar limitações ou não nos anos
posteriores (SARGIANI; MALUF, 2018).

As crianças quando pequenas ao apresentarem melhores


habilidades na linguagem oral e inicias da linguagem escrita, tendem
a ter melhor desempenho durante a aprendizagem da leitura e escrita.
Oferecer para essas crianças programas durante a Educação Infantil pode
auxiliar nesse processo e garantir uma educação de qualidade (SARGIANI;
MALUF, 2018).

Muitas discussões acontecem em torno do ensino para Educação


Infantil referente ao brincar e às vivências, outras linhas mostram a
possibilidade de inserir propostas que possam garantir o desenvolvimento
das habilidades para os anos seguintes da alfabetização, sem perder a
ludicidade e baseadas em evidências (SARGIANI; MALUF, 2018).
Educação Infantil 39

ACESSE:

Para saber um pouco mais sobre essa forma lúdica de


trabalhar na educação infantil assista a nossa sugestão de
vídeo clicando aqui.

Muitas pesquisas na área da leitura e escrita desde os anos 1970


promoveram a criação da Ciência da Leitura. Essa ciência se constitui a
partir de evidências científicas em torno de como ensinar e como aprender
a leitura e escrita vindo de teorias voltadas da psicologia cognitiva que
têm como embasamento científico os processos psicológicos como
linguagem, memória, atenção e raciocínio essenciais para a aprendizagem
a partir da neurociência cognitiva (SARGIANI; MALUF, 2018, MALUF, 2015;
MALUF & CARDOSO-MARTINS, 2013).

As evidências da Ciência da Leitura mostram as alterações


causadas no cérebro e na cognição com a aprendizagem da leitura e
escrita, viabilizando novos meios para assimilar novos conhecimentos e
processar as informações (SARGIANI; MALUF, 2018).

ACESSE:

Para saber mais sobre as definições de neurociência e


neurociência cognitiva assista ao vídeo clicando aqui.

Funções executivas
Funções executivas (FE) é um termo muito comum na
neuropsicologia e, aos poucos, está se aproximando da área educacional,
pois seus estudos estão mostrando sua relação com a aprendizagem e
a importância na Educação Infantil. Mas antes de falar mais sobre isso,
vamos entender o que significa esse termo.

As funções executivas são o conjunto de habilidades, dos


processos cognitivos e metacognitivos do indivíduo que influencia no seu
40 Educação Infantil

autocontrole e autorregulação de comportamentos e pensamentos para


estabelecer e alcançar suas metas e seus objetivos (DIAMOND, 2013).

Muitos são os estudos e discussões sobre o tema, porém o modelo


mais aceito e utilizado na literatura define três habilidades principais:

1. Memória de trabalho: é a habilidade capaz de receber e manipular


as informações mentais.

2. Controle inibitório: habilidade capaz de inibir distratores e


comportamentos impróprios.

3. Flexibilidade cognitiva: é a habilidade em se adaptar a imprevistos


e diferentes ambientes, agindo assim conforme as exigências.
Outras habilidades também presentes nas funções executivas são
o planejamento e a tomada de decisões (DIAMOND, 2013).

ACESSE:

Para entender mais o significado de funções executivas


assista ao vídeo clicando aqui.

Pensando no ambiente escolar, muitas tarefas no dia a dia, desde


conteúdos sobre a área da linguagem oral e escrita e o raciocínio até os
voltados para a organização do material, compreensão e cumprimento
das regras e em sala de aula, entrega de atividades, manejo de tempo,
entre outras, têm grande influência no desempenho acadêmico dos
alunos e todas elas demandam funções executivas (MELTER, 2010).

A pesquisadora Pazeto (2016), em sua pesquisa de doutorado,


mostrou que as habilidades de funções executivas junto com a linguagem
oral e as habilidades iniciais de leitura escrita na Educação Infantil
influenciam no desempenho acadêmico da leitura e escrita para o Ensino
Fundamental. Outro estudo realizado anteriormente por León (2015), em
seu mestrado, corrobora com esses resultados.

As autoras Dias e Seabra (2013) publicaram o primeiro programa


de intervenção em autorregulação e funções executivas (Piafex) no Brasil
para a sala de aula.
Educação Infantil 41

ACESSE:

Para aprender mais sobre as funções executivas e a sua


influência na aprendizagem durante a educação infantil,
assista ao vídeo clicando aqui.

Método Fônico
Outra proposta baseada em evidências é o método fônico para
alfabetização, que pode ser estimulado na Educação Infantil. Quando
se fala estimular, não é alfabetizar antes do primeiro ano, mas propor
atividades para preparar as habilidades prévias da alfabetização. Ou seja,
a criança recebe um suporte para que as habilidades que ela precisa
para leitura e escrita sejam desenvolvidas no momento certo da sua
aprendizagem (SEABRA; CAPOVILLA, 2010).

E quais seriam essas habilidades prévias? A Linguagem oral e a


consciência fonológica.

Na linguagem oral temos o vocabulário, o contato com diferentes


tipos de textos através da contação de histórias, que podem ser
estimulados pelo professor sem ter as atividades escritas. Essa habilidade
futuramente vai auxiliar na compreensão de texto durante a leitura
(SEABRA; CAPOVILLA, 2010).

A consciência fonológica é a capacidade de manipular os sons da


nossa língua através de rimas, aliteração e segmentação, por exemplo.
Ao manipular os sons, a criança percebe que a nossa fala não é contínua
e pode ser quebrada em palavras, sílabas e fonemas. Pode estimular a
consciência fonológica através de brincadeiras com músicas ou cartas
(SEABRA; CAPOVILLA, 2010).
42 Educação Infantil

ACESSE:

Para saber um pouco mais sobre a estimulação dessas


habilidades para alfabetização, assista ao vídeo a seguir
clicando aqui.

Mindfulness
Provavelmente você deve estar escutando muito sobre o termo
mindfulness e o quanto essa prática pode trazer benefícios a longo prazo
para a qualidade de vida de todo ser humano. Além disso, essa tendência
está chegando nas escolas. Mas o que seria o mindfulness?

O termo mindfulness significa atenção plena e tem como objetivo


aprender a se concentrar e se conectar no presente sem lembranças do
passado e pensamentos do futuro através da meditação. Portanto, essa
prática propõe que as pessoas possam alcançar a atenção plena para o
momento que se encontra e aprendam a lidar com seus pensamentos
e sentimentos sem julgamentos (KABAT-ZINN, 1990). O mesmo autor
propõe algumas atitudes em suas práticas como: o não julgamento, a
paciência, a confiança, a perda, a aceitação, a gratidão e a generosidade.

O praticante aprende a lidar com sentimentos como a raiva por uma


pessoa da qual gosta muito ou algum medo que sente, pensamentos não
aceitos por outras pessoas e ansiedade por conta de uma situação que está
para acontecer (KABAT-ZINN, 1990).
Figura 9: Meditação infantil
Educação Infantil 43

Fonte: Pixabay

Com o mindfulness, podemos aprender uma nova maneira


de lidar com os nossos sentimentos, pensamentos e emoções sem
necessariamente mudar, eliminar ou lutar contra eles, pois podemos
mudar o foco. Assim, desviando a atenção e aprendendo uma forma
melhor de nos relacionar com nós mesmos e consequentemente nos
ajudar a lidar com o que se passa ao nosso redor (SANCHES, 2016)................

O mindfulness chegou no mundo da educação por Kabat-Zinn, em


1997, discutindo como o mindfulness pode contribuir para a relação dos
pais com seus filhos. No momento, outras publicações como Educar com
mindfulness, de Mikaela Oven (2015), e Mindulness para pais, de Laura
Sanches (2016), propõe aos pais e educadores práticas para a construção
de relações saudáveis (NUNES, 2018).

Um estudo realizado por Nunes (2018) sobre a prática de mindfulness


na educação pré-escolar, mesmo com algumas limitações e dificuldades,
conclui que essa prática pode contribuir para o nosso sistema de educação,
pois pode ajudar na formação das nossas crianças a se tornarem mais
confiantes, conscientes de seus pensamentos e emoções.
44 Educação Infantil

ACESSE:

Para saber um pouco sobre a prática mindfulness no


ambiente escolar e sua relação com a neurociências,
clique aqui.

Escolas Bilíngues
Você já deve ter reparado que o número de escolas bilíngues tem
aumentado nos últimos tempos. O ensino bilíngue sempre foi muito
discutido sobre suas vantagens e desvantagens. Porém, atualmente essa
modalidade de ensino tem sido alvo de muitas famílias para a formação
de seus filhos.

O dicionário Oxford define bilíngue como: sujeito capaz de falar dois


idiomas simultaneamente bem porque as utiliza desde muito novo.

Segundo a ABEBI (Associação Brasileira do Ensino Bilíngue), é


na infância o melhor momento para aprendizagem de uma segunda
língua, pois o cérebro está aberto a novos conhecimentos e o seu
desenvolvimento é rápido. Também, muitas pesquisas sugerem que as
crianças não se confundem e que diferenciam o momento certo em que
vão utilizar cada língua.

Um ensaio realizado por Nobre e Hodges (2010) mostrou que o


bilinguismo não oferece danos ao desenvolvimento cognitivo da criança
e nem perdas durante a aprendizagem da escrita.

ACESSE:

Existe uma Associação Brasileira do Ensino Bilíngue


(ABEBI). Para conhecer mais sobre essa tendência e
entender melhor os fundamentos dessa proposta,
clique aqui para acessar.

Base Nacional Comum Curricular (BNCC)


Educação Infantil 45

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um dos assuntos


muito discutidos atualmente, visto que as escolas precisam se adaptar ao
novo planejamento curricular de ensino.

A BNCC é um documento normativo que descreve quais são as


aprendizagens específicas que todos os alunos precisam desenvolver em
cada etapa da Educação Básica. Foi criada com o objetivo propor uma
educação de qualidade de acordo com direito dos alunos.

A Base vai guiar a nova formulação dos currículos, dos sistemas e


das escolas de todo o país, mostrando as competências e habilidades
que são esperadas para que os alunos se desenvolvam ao longo da vida
acadêmica (BRASIL, 2017). O novo documento está organizado pela BNCC
assim:
Textos introdutórios (geral, por etapa e por área);

Competências gerais que os alunos devem desenvolver ao


longo de todas as etapas da Educação Básica;

Competências específicas de cada área do conhecimento


e dos componentes curriculares;

Direitos de Aprendizagem ou

Habilidades relativas a diversos objetos de conhecimento


(conteúdos, conceitos e processos) que os alunos devem
desenvolver em cada etapa da Educação Básica — da
Educação Infantil ao Ensino Médio. (BRASIL, 2017)

O novo documento propõe os direitos de aprendizagem e


desenvolvimento na Educação Infantil com as seguintes etapas descritas
resumidamente:
Conviver com outras crianças e adultos;

Brincar diariamente de formas variadas em diferentes


ambientes com as crianças e adultos;

Participar ativamente dos planejamentos e atividades,


com adultos e outras crianças;

Explorar todas as diversas formas de aprendizagem por


movimentos, sons, texturas, cores, palavras, emoções,
transformações, relacionamentos, histórias, objetos, ele-
mentos da natureza, entre outros.
46 Educação Infantil

Expressar suas opiniões, pensamento e emoções por


meio de diferentes linguagens.

Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e


cultural. (BRASIL, 2017)

ACESSE:

Está disponível no site da BNCC o documento completo,


planilhas e materiais de apoio e todas as orientações para
os educadores e profissionais envolvidos nesse processo.
Clique aqui para acessar.

Educação Socioemocional
Ao ingressarem na escola com habilidades socioemocionais pre-
judicadas, as crianças podem apresentar dificuldades de aprendizagem.
Porém, muitos professores dizem que não estão capacitados para auxiliar
seus alunos a desenvolver essas habilidades. Por isso, é importante dar
atenção para todos os profissionais envolvidos com a educação, para que
possam compreender o desenvolvimento do aluno, porém não é uma
ação fácil em nosso país (COLAGROSSI; VASSIMON, 2017).

Você sabia que as habilidades socioemocionais podem ser ensinadas


e aprendidas para os alunos? Pois é, o ensino dessas habilidades pode
ser considerado uma das estratégias mais relevantes para promover aos
alunos uma formação acadêmica e as devidas reformas escolares. Muitas
pesquisas mostram que a aprendizagem socioemocional contribui para
que os alunos melhorem suas relações sociais, diminuindo os conflitos,
melhorando a disciplina em sala de aula, auxiliando no desenvolvimento
da autorregulação e melhorando resultados acadêmicos ao longo da vida
(COLAGROSSI; VASSIMON, 2017).

Casel (2019), em seus estudos, propõe as habilidades socioemocio-


nais que devem ser ensinadas: autoconhecimento, reconhecer as próprias
emoções e pensamentos; autorregulação, poder regular em diversas
situações as próprias emoções, pensamentos e comportamentos; rela-
cionamento pessoal, saber como estabelecer e manter relacionamentos
Educação Infantil 47

saudáveis; consciência social, entender a visão da outra pessoa e mos-


trar empatia; tomada de decisões, conseguir fazer escolhas próprias e em
suas interações sociais.

Os adultos também fazem parte desse processo. Tanto educadores


como os pais precisam estar juntos e acompanhar suas crianças. Outro
fator importante é o equilíbrio das áreas social, cognitiva e emocional
(MCCOY, 2017).

As pesquisas mostram a importância do papel dos adultos na


relação com as crianças na primeira infância. As estratégias utilizadas
pelos professores têm muita importância para o vínculo com as crianças
e suas famílias, pois podem influenciar as habilidades socioemocionais
por toda a vida delas. A família é essencial para dar continuidade no
processo, assim, permitindo que as crianças deem continuidade ao que
foi aprendido na escola (COLAGROSSI; VASSIMON, 2017).
48 Educação Infantil

Com as novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular


(BNCC), todas as escolas brasileiras a partir de 2020 terão que incluir
as habilidades socioemocionais nos seus currículos. Assim, todos os
programas escolares deverão ser adaptados e seus professores devem
estar capacitados para assumir esse papel (Revista Educação, 2018).

ACESSE:

Já existem alguns programas preparados para atender as


escolas para o cumprimento da nova lei como Nuvem 9
Brasil, Líder em Mim, Programa Liv, Amigavelmente, entre
outros. Caso queira saber mais, acesse os respectivos links:

http://bit.ly/3qPtktn;

https://bit.ly/3lnrhLY;

https://bit.ly/30O0K1d;

https://bit.ly/3rZfvdm.

Chegamos ao final do nosso curso. Diante de um momento com


tantas informações, como nós educadores devemos nos preparar frente
a tantas mudanças? Cabe a nós seguirmos em busca de estudos e
aperfeiçoamento para contribuir com o futuro de nossas crianças.
Educação Infantil 49

RESUMINDO:

Neste capítulo, vimos que neurociência é o estudo do


sistema nervoso e a neurociência cognitiva é o estudo da
memória, linguagem, atenção e pensamento que são as
habilidades básicas para a aprendizagem, ou seja, é o estudo
de como se aprende. Estudamos as práticas pedagógicas
da educação infantil baseadas em evidências científicas.
Vimos o que são escolas bilíngues e a importância da
educação socioemocional para a aprendizagem da criança.

REFERÊNCIAS
ABEBI. Bilinguismo e educação bilíngue: discutindo conceitos.
Associação Brasileira do Ensino Bilingue, 2015. Disponível em: http://
abebi.com.br/bilinguismo-e-educacao-bilingue-discutindo-conceitos/.
Acesso em: 25 abr. 2019.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. 2017. Disponível em:


http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base. Acesso em: 12 mar. 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento


da Educação. Manual de orientação para a alimentação escolar na
educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e na educação
de jovens e adultos. 2. Ed. Brasília, 2012.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº


9.394 de 20 de dezembro de 1996. Disponível em:http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 12 mar. 2021.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de


Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a
educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998, v. 3.
50 Educação Infantil

CASEL. The Collaborative for Academic, Social and Emotional


Learning. Disponível em: www.Casel.org. Acesso em: 25 abr. 2019.

COLAGROSSI, A. L. R.; VASSIMON, G. A aprendizagem socioemocional


pode transformar a educação infantil no Brasil. Constr. psicopedag., São
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COSTA, E. Q.; RIBEIRO, V. M. B.; RIBEIRO, E. C. O. Programa


de alimentação escolar: espaço de aprendizagem e produção de
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COSTA, G. G.; DIAS, L. G.; BORGHETTI, C. B.; FORTES, R. C. Comun.


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DUBAR, C. A crise das identidades: a interpretação de uma mutação.


Tradução: Catarina Matos. Portugal: Edições Afrontamentos, 2006.

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Revista Educação, 2018. Disponível em: http://www.revistaeducacao.com.
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