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28/06/2022 13:12 UNINTER

CONSTELAÇÕES FAMILIARES
AULA 2

Profª Talita Camargo de Lima Seguin

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/15
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CONVERSA INICIAL

CONSTELAÇÕES FAMILIARES: CONHECENDO AS FINALIDADES E APLICAÇÕES

Nesta aula, vamos percorrer o


caminho do entendimento sobre o conceito de constelação

familiar e as
modificações e aperfeiçoamentos que a técnica sofreu ao longo dos anos. Algumas

perspectivas técnicas sobre o que é, para que serve e como são aplicadas as
constelações familiares

serão abordadas.

Vimos, na aula anterior, o


contexto histórico da constelação familiar, o que nos possibilitou

elaborar uma
visão um pouco mais ampliada sobre o desenvolvimento dessa técnica que nos
inspira

a cada dia. Percebemos que as constelações familiares demandaram anos


de estudos, análises e

experimentações realizados por seu criador e


sistematizador Bert Hellinger, que pôde observar algo

mais sobre a teoria dos sistemas


(Hellinger; Heilmann, 2020; Hellinger; Hovel, 2007). Hellinger e

Heilmann
(2020) e Hellinger e Hovel (2007) observaram haver a atuação de uma ordem nos
sistemas,

condicionada a três leis:

1. lei
do pertencimento;

2. lei da
hierarquia

3. lei
do equilíbrio de troca.

Mais tarde, essas leis foram


denominadas como as ordens do amor. Agora, vamos aprofundar o

conhecimento acerca da técnica e de suas principais particularidades.

TEMA 1 – CONCEITO DE CONSTELAÇÃO FAMILIAR

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Podemos conceituar as constelações


familiares como uma ferramenta de ajuda e terapia breve,

de caráter sistêmico-fenomenológico,
que tem por objetivo auxiliar o indivíduo nos mais diversos

conflitos da vida
cotidiana, tais como traumas, dificuldades de relacionamento, doenças, entre
outros

fatores envolvidos quando esse indivíduo sente que está, de certa forma,
em sofrimento e estagnado.

Elas consistem em formar representações dos sistemas


familiares por meio de imagens, a fim de

buscar soluções para as dificuldades


apresentadas por quem busca essa técnica.

O sistema familiar é
preconizado como o primeiro e o mais importante sistema da vida de um

indivíduo.
Para Hellinger e Hovel (2007, p. 81), “não existe nada mais forte do que a
família”. Os
acontecimentos vivenciados em família são significativos, de
alguma forma, para todas as gerações

representadas nessa família e podem


impactar a vida e o desenvolvimento de outras gerações,

independentemente de se
o indivíduo tem ou não conhecimento sobre os seus antepassados ou

fatos
familiares. Assim, um destino trágico vivenciado no passado por um ente
familiar pode se

reproduzir na vida de vários outros descendentes, por exemplo,


de forma inconsciente, gerando os

chamados padrões de repetição, além de


outros sintomas como doenças e conflitos sem solução

aparente.

A vida é um milagre e um
fenômeno que experienciamos aqui nesse mundo e o nosso pai e a

nossa mãe
biológicos devem receber o nosso reconhecimento por esse ato de doação. Portanto,
para

que um facilitador em constelações familiares possa atuar, como afirmam


Hellinger e Hovel (2007, p.

81), nunca esse facilitador deve se colocar contra os


pais: ele não pode se opor nem aos seus pais e

nem aos de seus clientes.

As constelações familiares não


estão ligadas a nenhuma esfera política ou religiosa e não se

tratam de um
exercício de psicoterapia; tampouco se associam com a astrologia, a astronomia
ou

com as estrelas, conforme explica Vieira (2020, p. 24): “[...] em verdade o


termo constelar significa

‘colocar a familiar em posição’, ‘posicionar’ [...]”.


Em se estabelecendo essas imagens e se mantendo a

atenção ao que nos é


apresentado, as dinâmicas ou fatos que até então estavam ocultos por

movimentos
inconscientes tornam-se passíveis de serem visualizados e interpretados por quem
se

submete a um atendimento em constelação familiar.

1.1 PRINCIPAIS COMPOSIÇÕES DOS SISTEMAS FAMILIARES

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O objeto de estudo das


constelações familiares são as dinâmicas de relacionamento

estabelecidas nos
sistemas familiares, que são classificados como sistema de origem e sistema

atual.

Conforme observamos, o sistema


familiar de origem é o mais importante para cada um de nós. É

por meio dele que


recebemos todas as nossas características, sejam elas em nível físico, como o
tipo

sanguíneo, a cor dos cabelos e olhos e o tom da pele; sejam em nível sutil,
como padrões de

comportamentos e crenças. É com base no sistema familiar de


origem que nós vamos aprender a nos

comportarmos e nos relacionarmos no nível


social, além de cada integrante desse sistema ter a sua

própria função para


manter o equilíbrio e a sobrevivência do clã familiar.

Classificamos como integrantes


do sistema de origem esses personagens mais relevantes:

a. o
pai e a mãe, que tiveram a força e a coragem de fornecer a oportunidade da
vida, da

forma com que conseguiram fazê-lo, para que hoje estivéssemos aqui;

b. todos
os irmãos, vivos ou mortos;

c. os
avós;

d. ex-companheiros,
ex-namorados, ex-cônjuges ou qualquer parceiro(a) que tenha tido

vínculo
afetivo com qualquer um(a) dos pais ou avós (conhecidos ou reconhecidos pela
família

ou não);

e. filhos
nascidos ou não nascidos desses relacionamentos anteriores;

f. pessoas
de outros sistemas familiares que tenham sido assassinadas/mortas por qualquer

um(a) desses integrantes citados;

g. pessoas
de outros sistemas familiares que tenham sido prejudicadas de forma

irremediável por qualquer um(a) desses integrantes citados.

Em linhas gerais, a adoção


seguirá esse caminho biológico, porém é sempre necessário

considerar caso a
caso. Além dos personagens citados, em algum momento ou contexto histórico

desse sistema familiar podem ser relevantes também os tios, os bisavós, os trisavós
e os quadrisavós.

Quando firmamos um compromisso


com um(a) parceiro(a), denominado relacionamento entre
casal, formamos
um novo sistema familiar denominado sistema atual. Classificamos como

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integrantes
do sistema familiar atual, estes personagens mais relevantes, entre
possíveis outros a

serem analisados:

a. o
marido, a esposa ou parceiros(as);

b. os
filhos (vivos ou mortos) gerados nesses relacionamentos;

c. os(as)
parceiros(as) anteriores de cada integrante do casal, tanto em casos de vínculos
fortes, como ex-maridos, ex-esposas; como oriundos de relacionamentos pontuais,
entre outros

tipos de vínculo amoroso, em que se estabeleceu um contexto


significativo de situações como

abandono, desonra, entre outras;

d. os
filhos (vivos ou mortos; conhecidos, reconhecidos ou não) gerados nos

relacionamentos anteriores de cada integrante do casal.

1.2 FILOSOFIA E TERAPIA

Inicialmente, a constelação familiar


ganhou espaço e visibilidade sendo,   basicamente, tomada

como uma potencial


intervenção terapêutica e psicoterapêutica. Muito dessa referência terapêutica

às
constelações familiares se deu devido ao trabalho em psicoterapia que Bert
Hellinger praticava no

início de sua carreira. Aos poucos, a adequação da


técnica a outros sistemas de conhecimento, com

efeitos positivos e promissores,


mostrou-se possível e ela expandiu-se por áreas como a

administração e o
direito.

Porém, com o desenvolvimento


dos estudos e os avanços da aplicação da técnica das

constelações familiares, a
sua caracterização como método de ajuda observa-se como a mais
assertiva para
classificá-la. Ponderam Hellinger e Heilmann (2020, p. 135) “[...] que
ela também é

importante para leigos. Por isso, quando se trata de constelação


familiar e a nova constelação

familiar, [...] [trata-se] não de um método


terapêutico, e sim de uma ajuda para a vida, pois aquele

que irá constelar quer


esclarecer algo para si mesmo.”

As constelações familiares se utilizam


da observação fenomenológica para a sua análise e

realização. A fenomenologia é
um método filosófico e espiritual de conhecimento, muito antigo e

bem consolidado,
que tem caráter neutro, sem julgamento, sem intencionalidade, pelo qual se

observa
a manifestação daquilo que surge sem medo, sem a busca de atingir qualquer
resultado, de

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fazer interpretações, de elaborar sugestões, de manipular ou


privar-se da dor ou do sofrimento e se

permite perceber e descrever a realidade


dessas manifestações.

Atualmente, podemos considerar


a ferramenta das constelações familiares como uma terapia

breve, ou seja,
utilizada de forma pontual e específica, com contribuições a outros processos

terapêuticos em andamento e como uma ferramenta de ajuda para auxiliar no processo


de

autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.

TEMA 2 – UM NOVO PARADIGMA DAS RELAÇÕES HUMANAS

As constelações familiares fornecem


uma nova perspectiva sobre as relações humanas,
promovendo o questionamento
sobre os paradigmas (padrões) antes estabelecidos e mostrando que

os
relacionamentos não são tão orgânicos quanto imaginávamos, ou seja, que para que
os
relacionamentos sejam mais fluidos, é necessário se empreender para isso esforços
e reflexões,

principalmente nas relações familiares. Podemos afirmar que esse


novo paradigma impactou a zona
de conforto de todos nós, pois toca em
estruturas que são muito arraigadas e estruturadas

culturalmente.

A grande descoberta de
Hellinger e Heilmann (2020) e Hellinger e Hovel (2007) e que caracteriza

as constelações
familiares de forma bem distinta é acerca das dinâmicas sistêmicas que ocorrem
nos
relacionamentos. Hellinger e Heilmann (2020) e Hellinger e Hovel (2007) observaram
que nas
relações sociais impera uma ordem, ou seja, que, nos sistemas de
convívio existentes, quem chegou

antes tem certa preferência em relação a quem


veio depois e, com essa ordem, três leis acontecem
concomitantemente:

1. lei
do pertencimento;

2. lei da
hierarquia

3. lei
do equilíbrio de troca.

Mais tarde, essas leis foram


denominadas como as ordens do amor.

Lembra-se das experiências de


trabalho e vida pessoal de aspecto intercultural que Hellinger

realizou durante
seus estudos e exercício profissional? Hellinger observou como se dá a regência
das
leis, que percebeu como de ocorrência universal, e apontou que não importa
a nossa raiz cultural ou

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onde quer que tenhamos nascido pois, se nascemos no


planeta Terra, estamos sujeitos a essas leis

sistêmicas, tais quais as leis da


física. Por exemplo, se estamos no Brasil ou na Austrália, quando
soltamos, em
direção a um chão com consistência dura e sólida, a uma altura considerável, uma

maçã, no mínimo ela irá se partir, conforme a lei da gravidade do físico Isaac
Newton. Guarde essa
informação, porque é assim que as leis sistêmicas funcionam,
conforme observadas e para o

desenvolvimento da ideia de constelações


familiares (Hellinger; Heilmann, 2020; Hellinger; Hovel,
2007).

Assim, quando essas leis sistêmicas


sofrem, por qualquer motivo que seja, negligências no seu
desenvolvimento fluido,
nós experimentamos sintomas. Esses sintomas parecem ser uma forma de
apresentação, para que possamos refletir e analisar nossas dinâmicas de
relacionamento com as

pessoas no mundo. Quando infringimos essas leis sistêmicas


podemos ser surpreendidos com o
surgimento de doenças e distúrbios. Portanto,
não importa se temos ou não conhecimento sobre

essas leis – elas atuam sobre


nós de qualquer forma.

Outras formas de apresentação desses


sintomas de violação das leis sistêmicas podem ser a

emergência de conflitos,
perdas ou dificuldades financeiras, separações, mortes trágicas, mortes
prematuras, abandonos, abortos espontâneos ou infertilidades, doenças de ordem
física ou

psiquiátrica. Alguns estudos, como os da psicossomática, apontam que


fatores sociais e psicológicos
causam influências no corpo físico, afetando a
saúde e o bem-estar dos indivíduos. Esses são bons
direcionamentos para o que
as constelações familiares olham como possíveis identificações de

desequilíbrios nos sistemas.

Quando um sistema está em


harmonia e equilíbrio, ele funciona com mais disposição e se tem

mais
facilidade de percorrer os desafios impostos pelo cotidiano, mantendo-se o
desenvolvimento
natural de uma existência. Para compreender melhor o
comportamento de um sistema, basta fazer

uma breve análise sobre sua saúde. Quando


você está com a saúde boa, o seu corpo, que é formado
por vários sistemas – por
exemplo, circulatório, respiratório, digestório, entre outros sistemas que

funcionam de maneira interdependente e interligada –, se mantém ativo e você


consegue trabalhar,
estudar, dormir, aproveitar o seu lazer, tudo isso obtendo
uma boa experiência e desempenho. Ao

passo que, quando qualquer um desses


sistemas é afetado, seja por interação interna, seja por
interação externa, a
tendência é ele começar a sobrecarregar outros sistemas e tudo em seu corpo
começar
a funcionar com debilidade. Nesse caso, você tende a experimentar desconforto,
perda de

qualidade de vida e, quem sabe, até desenvolver uma doença crônica.


Eis uma analogia possível de

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como as leis sistêmicas evidenciadas nos estudos


de Hellinger e Heilmann (2020) e Hellinger e Hovel
(2007) atuam diante dos
relacionamentos humanos.

TEMA 3 – UMA FILOSOFIA APLICADA

O movimento das constelações


familiares está muito além de uma sessão de atendimento, é

uma nova forma ou,


como citado no tema anterior, um novo paradigma (padrão ou modelo) para
viver e
refletir as dinâmicas dos relacionamentos humanos. Por isso, pode ser
considerado como uma

filosofia aplicada à vida.

Ao passarmos por um processo


de constelação familiar adquirimos uma nova imagem e a nossa
percepção sobre um
fato observado é ampliada, assim como o nosso entendimento e compreensão

sobre
a vida. Essa imagem é altamente curativa e capaz de promover transformações e no
nível de
nossa alma. Ou seja, não cabe a nós, individualmente, decidir se
aquela imagem causará ou não essa

transformação; a nós cabe apenas observar e nos


entregar com confiança àquilo que se apresenta e
da forma com que se apresenta.

Porém, é possível levar essas


observações e reflexões para o nosso dia a dia e para a condução

das nossas
atividades e relacionamentos, possibilitando que alcancemos uma nova versão do
modo
com o qual vivemos e nos relacionamos. Constelações familiares não são
algo externo e tampouco

estático. Precisamos praticá-las em nossas relações,


levá-las como conduta para os nossos
relacionamentos, adotando novas atitudes e
novas posturas.

As bases da reflexão dessa


filosofia aplicada podem ser justamente as ordens do amor ou leis

sistêmicas.
Mas há outros embasamentos, que ainda conheceremos ao longo de nossas aulas,
que
também são de fundamental importância.

Se identificamos que temos um


padrão de dar mais em nossos relacionamentos do que receber,
neles, quem sabe esse
não seja um bom momento para olharmos como estão as relações de troca

em nossa
rede? Por que nós sempre damos mais? Por que não conseguimos dar apenas o
necessário? Será que conseguimos receber o que o outro tem para nos dar? Esses
são alguns

questionamentos que podem ajudar na percepção de como está nosso


equilíbrio de troca nas
interações que fazemos. É claro que não teremos todas
as respostas para todos os questionamentos

por nós vivenciados e, por isso, a


fenomenologia auxilia nesse processo de compreensão de que tudo

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o que há nesse
mundo e todas as experiências que são vivenciadas por nós, humanos, partem da

manifestação de um fenômeno, ou seja: tudo aquilo que se apresenta de uma determinada


maneira a
nós. E essa é apenas uma pequena parte do quanto podemos nos aproveitar
de todo o teor filosófico

aplicado das constelações familiares, para utilização


em nosso dia a dia.

TEMA 4 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS CONSTELAÇÕES


FAMILIARES

As constelações familiares
possuem características únicas, que as diferenciam de outras

ferramentas e
técnicas, tais como:

a. Característica
sistêmica: o princípio da constelação familiar é de que há uma interligação,
uma
interdependência e uma interferência entre tudo o que existe, de forma visível
e não visível

aos nossos olhos, o que é denominado teoria dos sistemas.


Tudo o que acontece com um
indivíduo do nosso sistema familiar pode impactar
vários outros indivíduos desse mesmo

sistema após gerações, mesmo que não se


conheça esse acontecimento ou o familiar que
participou desse acontecimento.

b. Característica
fenomenológica: observa-se o movimento que é apresentado. Fenômeno

é tudo
aquilo que se apresenta, do jeito com que se apresenta, no momento em que se
apresenta. Cabe a cada um de nós o observarmos e contemplá-lo sem tirarmos
qualquer

conclusão sobre ele. A característica fenomenológica das constelações


familiares alcançou
maior visibilidade a partir de um segundo momento da
evolução da proposta, no que foi

denominado por Hellinger e Heilmann (2020) como


novas constelações. De acordo com
Hellinger e Heilmann (2020, p. 137),
todo o seu trabalho foi conduzido sob tal metodologia, “[...]

de maneira
puramente fenomenológica, ou seja, [...] [orientada] apenas por aquilo que
sempre
aparecia e se verificava nas constelações”.

c. Embasamento
nas três leis sistêmicas: as três leis sistêmicas ou ordens do amor

(pertencimento,
hierarquia e equilíbrio de troca) regem as dinâmicas de relacionamento e,
quando negligenciadas por qualquer um dos integrantes de um sistema familiar de
origem ou

atual, isso faz com que os sistemas apresentem sintomas de


desequilíbrios, impactando o
desenvolver da vida do indivíduo.

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4.1 RECURSOS TÉCNICOS POSSÍVEIS PARA UTILIZAÇÃO DA CONSTELAÇÃO


FAMILIAR EM
UMA SESSÃO DE ATENDIMENTO

Os recursos técnicos passíveis


de utilização em uma sessão de atendimento de constelação

familiar são diversos


e, talvez, incontáveis. São definidos sempre pelo profissional que os empregará,
não havendo um recurso melhor que outro. Originalmente, as constelações familiares
eram aplicadas
por Bert Hellinger e ensinadas apenas com a presença de pessoas
em formato de encontros

presenciais e workshops. Com o crescimento expressivo


das constelações familiares e para melhorar
a capacidade de atendimento
individual, outros recursos técnicos passaram a ser utilizados e, a cada

novo
recurso surgido, as pessoas que os criavam se encorajavam, por exemplo, a
homologar suas
descobertas.

Jakob Schneider e sua esposa


Sieglinde Schneider foram os primeiros a oferecer o atendimento
individual em
constelação familiar com bonecos, sendo que Sieglinde Schneider dedicou mais
tempo

ao aprimoramento e desenvolvimento da técnica com bonecos, incluindo a sua


divulgação e ensino
no Brasil (Bassoi, 2016). Após participar de muitos cursos
voltados ao aprendizado da técnica com

bonecos, a professora brasileira Vera


Bassoi (2016) se encorajou a conduzir uma pesquisa, em nível
de mestrado, sobre
constelação familiar com manejo dos bonecos da Playmobil, desenvolvendo a
sua
própria técnica com bonecos. Bassoi (2016) observou que os bonecos podiam se
movimentar

com o auxílio da imposição sutil de um dedo humano, o que era


justificado pela informação do
campo mórfico de cada pessoa submetida a
atendimento individual em constelação familiar.

Há, ainda, inúmeros outros pesquisadores


que dedicaram e dedicam os seus estudos a
experimentar novos recursos para
aplicação da técnica de constelações familiares.

Para se estabelecer uma


constelação familiar não é necessário convidar ninguém da família;

apenas a
pessoa que tem um tema ou vivencia um conflito e deseja empregar a técnica é
quem deve
estar presente.

Os recursos de constelação
familiar mais conhecidos atualmente são:

a. Realização
de dinâmica de pessoas: recurso comum, era o único recurso utilizado por Bert
Hellinger em seus atendimentos. Consiste num encontro aberto ao público para o
qual pessoas são

convidadas à representação do contexto apresentado por um


cliente. Essas pessoas são posicionadas

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em uma parte com espaço vazio entre os


participantes. As pessoas que participam desse cenário

acessarão, por meio do


campo morfogenético, as informações necessárias.

b. Manejo
de bonecos: recurso que mais sofreu alterações e que, certamente, foi o mais
utilizado
ao redor do mundo com a popularização do atendimento individual em
constelação familiar. Há

inúmeros tipos de bonecos, como os da Playmobil fixos,


os da Playmobil que se movimentam por
meio do campo morfogenético, com base no
contato sutil de um dos dedos do cliente ou do

facilitador. Há também o manejo


de bonecos fixos de madeira, de pano, de plástico. Mais
recentemente, se
popularizou o uso de bonecos em um recipiente de água. Os bonecos são

posicionados e, no campo morfogenético, movimentam-se formando uma imagem para


o cliente
observar.

c. Emprego
de objetos: recurso que também é bem comum, em que objetos e utensílios

diversos, desde móbiles elaborados para o trabalho até vidros de esmalte,


móveis, pedras cristais,
canetas, latas, taças são utilizados na constelação
familiar, em uma gama de possibilidades

proporcional à criatividade do
profissional que aplicará a técnica.

d. Uso de
softwares: com o avanço tecnológico, softwares para atendimento de constelação

familiar foram surgindo no mercado, mas também é possível contratar uma empresa
especializada
para desenvolver um software próprio para o seu trabalho. Essa é
uma opção para quem se interessa

pelo trabalho com constelação familiar em um ambiente


mais tecnológico.

e. Prática
de meditação: sem a utilização de qualquer outro recurso físico, ocorre quando
o

cliente se mantém atento e concentrado nas orientações do profissional que


aplica a técnica. O

profissional mantém a conexão com o cliente e a constelação


acontece como em um formato de

meditação guiada.

Vale a pena ressaltar que não


existe o melhor ou o pior recurso. Cada profissional conduz seus
estudos e
escolhe os recursos com que mais tem afinidade ou atratividade. O objetivo
principal do

uso do recurso na constelação é representar de forma visual o tema


que está sendo exposto. Todos

os atendimentos, tanto presenciais quanto a


distância, podem ser realizados com emprego de

qualquer um dos recursos


apresentados anteriormente.

TEMA 5 – EVOLUÇÃO DA TÉCNICA

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Como já pudemos perceber, as


constelações familiares passaram por muitas alterações até
chegarmos aos dias
atuais. Além das influências científicas e filosóficas utilizadas por Bert
Hellinger

para elaborar a sistematização da sua prática – conforme Hellinger e


Heilmann (2020) e Hellinger e

Hovel (2007) –, outros profissionais que foram


aprendendo a técnica de constelações familiares

também contribuíram e ainda


hoje contribuem para o seu avanço. O que é necessário alertar é que,
hoje,
temos muitas outras influências, outras escolas de pensamento atuando sobre as
constelações.

Porém, antes de inovarmos e acrescentarmos outras técnicas e


formas de atuar, precisamos sempre

olhar para o método


sistêmico-fenomenológico, que á a grande essência das constelações familiares,

e refletir se a nova técnica e sua forma de aplicação estão adequadas ao método


original.

5.1 A APLICAÇÃO DA TÉCNICA: DAS SUAS ORIGENS ATÉ OS DIAS ATUAIS

Antes de ser apresentada como


conhecemos hoje, a técnica inicial de constelações familiares

contava com
muitos participantes no campo de apresentação. Eram utilizadas muitas frases de
cura e

movimentos, pelo facilitador, contando com análises e elaborações


racionais e cognitivas. Em uma

visão geral, o modelo inicial de constelação


familiar consistia em:

a. nformar-se
sobre o tema do cliente;

b. propiciar
aos representantes da família uma visualização;

c. utilizar
um script de vida previamente preenchido pelo cliente, como base de
orientação

da observação;

d. elaborar
uma síntese ou diagnóstico da imagem apresentada;

e. identificar
as dinâmicas negligenciadas pelo sistema familiar em questão;

f. pronunciar
frases de cura, durante a apresentação;

g. realocar
os representantes em nova posição, de acordo com a ordem, para promover

uma
nova imagem do sistema familiar, denominada imagem de solução.

Com base nesse modelo inicial


é que as mudanças foram acontecendo. Às vezes, por insights do

próprio
Hellinger – conforme Hellinger e Heilmann (2020) e Hellinger e Hovel (2007) – e,
outras
vezes, por movimentações naturais da própria formação da representação
da constelação. Um dos

movimentos observados no campo é que os representantes,


ao serem posicionados no campo,
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emitiam suas próprias frases e movimentos, que


faziam todo o sentido para a pessoa que estava

elaborando a sua constelação


familiar.

Aos poucos, o script de


vida foi também se revelando desnecessário e, quanto menos

informação o cliente
levava para o encontro, mais riqueza Hellinger encontrava para a elaboração de
seus estudos (Hellinger; Heilmann, 2020; Hellinger; Hovel, 2007). Perguntas-chaves
foram sendo

formuladas e adicionadas ao atendimento, como aquelas que


abordassem a história da família do

cliente, relacionadas a eventos importantes,


tais como: mortes prematuras, abortos, assassinatos,
doenças, perdas
financeiras, casamentos e divórcios, entre outras histórias importantes,

considerando-se sempre o tema principal apresentado pelo cliente.

Ao longo do tempo, também se


observou que não se fazia necessário dispor de toda a família

no campo de
representação da constelação familiar. Escolhiam-se apenas, para participar, os

representantes-chaves de um dado sistema familiar. Ao passo que as frases de


cura também

deixaram de ser empregadas, porque igualmente desnecessárias. Nesse


modelo, as constelações já se
aproximavam do que hoje conhecemos como as novas
constelações, de caráter essencialmente

fenomenológicas, em que o cliente


apresenta o tema a ser abordado na constelação familiar, é

escolhido um
representante para ele e mais um ou dois representantes-chaves e o próprio
campo faz
o seu movimento livre, buscando a sua autorregulação. Sem frases, sem
análises ou uso de qualquer

explicação racional e cognitiva.

Pode-se observar ainda que não


existe uma técnica única que possa ser considerada a melhor ou

a mais verdadeira,
em constelação familiar. Todas as suas formas podem ser utilizadas, assim como

diferentes formatos em um mesmo cenário de representações. Cabe ao facilitador


escolher e estudar

a técnica que melhor se adapte a seu modo de trabalho com a


constelação familiar.

NA PRÁTICA

Agora que vocês já conhecem um pouco mais as bases das


constelações familiares, vamos

praticar um pouco a sua sensibilidade de percepção.


Em um local tranquilo, sente-se, por alguns

instantes, e pratique uma


respiração consciente inalando o ar pelas narinas e exalando-o levemente

pela
boca, sem forçar a respiração, apenas concentrando-se nessa respiração
consciente por,
aproximadamente, 5 minutos. Escolha objetos de representação
para dois personagens: seu pai e sua

mãe. Esse exercício é para todos, mesmo


que você não tenha conhecido nenhum dos seus pais. Caso

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você tenha sido


adotado(a), defina representantes de seus pais biológicos e adotivos. Posicione
os

objetos escolhidos a sua frente. Observe as sensações, pensamentos,


sentimentos e emoções que aos

poucos vão surgindo. Perceba também o seu corpo,


a forma com a qual ele reage em relação às duas
figuras de representação. Ao
final do exercício, anote essas percepções em seu caderno de estudo.

FINALIZANDO

Nesta aula, conhecemos


um pouco mais os conceitos e as aplicações da técnica de constelações

familiares,
além de suas caraterísticas bem particulares. Assim, é possível vocês distinguirem,
a partir

de agora, o que são constelações familiares e como elas podem ser


aplicadas.

Compreendemos que a
constelação familiar pode ser considerada um novo paradigma das

relações
humanas, pois ela gera profundas reflexões, bem diferentes das reflexões a que
estamos
acostumados, e também em nível cultural. Compreendemos, também, os
motivos pelos quais a

técnica de constelações familiares é uma terapia breve e


uma filosofia de vida que precisa ir além do

atendimento pontual para ser


sentida e provada ao longo do tempo.

Conhecemos as
principais caraterísticas e meios de aplicação da técnica de constelações

familiares, bem como o desenvolvimento de sua aplicação, percebendo o quanto as


suas
modificações foram importantes ao longo dos anos e após os estudos realizados
a seu respeito e o

quanto ainda poderemos observar modificações dessa técnica nos


próximos anos.

REFERÊNCIAS

BASSOI, V. L. M. Comunicação
e pensamento sistêmico: um estudo sobre constelações

familiares.
Dissertação (Mestrado em Comunicação e Cultura), Universidade de Sorocaba, São
Paulo,

2016.

HELLINGER, B.;
HEILMANN, H. Bert Hellinger, meu trabalho, minha vida: a autobiografia
do
criador da constelação familiar. 1. ed. São Paulo: Cultrix, 2020.

HELLINGER, B.; HOVEL,


G. T. Constelações familiares: o reconhecimento das ordens do amor.

São
Paulo: Cultrix, 2007.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/15
28/06/2022 13:12 UNINTER

VIEIRA, A. C. “Constelar
para transformar”: um estudo de caso da constelação sistêmica em

processos
de violência doméstica contra as mulheres. 302 f. Dissertação (Mestrado em
Direitos

Humanos e Cidadania) – Universidade de Brasília, Brasília, 2020.

https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/15

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