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Terry Bolryder

(Spin-off da série Rent-A-Dragon)

Um dragão como um noivo falso? Arriscado ...

Dante Gildenstern, líder dos Dragões de Metais Nobres, costumava ter tudo. Riqueza,
privilégio, mulheres bajulando sua beleza. Agora, recém-despertado no mundo moderno,
seus poderes são restringidos e ele é forçado a trabalhar em uma agência de namoro em um
esforço para familiarizar os Dragões de Metais Nobres com a humanidade e
esperançosamente ajudá-los a encontrar companheiras. O único problema? Dante não está
interessado em humanas. Isso é até que Ella Stanton entre—cheia de curvas e sagacidade,
precisando da ajuda dele mais do que ela pode imaginar.

Ella Stanton precisa de um encontro e ela não se incomoda com todas aquelas críticas
negativas sobre a Agência Encontro-com-Dragões. Eles são sua última esperança de um
encontro para o casamento de sua irmã em sua cidade natal, e ela não está prestes a ir
sozinha. Dante ao mesmo tempo que é lindo é também frio e ligeiramente ego-maníaco. Ele
é diferente de qualquer homem que ela já conheceu, o mais sexy, o mais forte, e às vezes
parece ser de outro mundo. Mas quanto mais perto ela chega de Dante, mais percebe que
pode haver segredos por baixo da superfície desse lindo homem.

Apesar das reservas de Ella, Dante está nisso para conquistar seu coração desde o início. E
com um pouco de sorte e muito romance, o dragão superprotetor pode conquistar sua
companheira sexy. Mas mesmo o mais forte dos dragões não pode prever os perigos que
espreitam nas montanhas da cidade natal de Ella.
DANTE GILDENSTERN, O MAIS NOBRE dos Dragões de
Metal, superior tanto aos humanos miseráveis quanto àqueles
Dragões de Metal comum, encontrava-se em uma situação
inesperada.

Quando ele caiu em uma armadilha centenas de anos atrás e uma


avalanche os jogou em um sono profundo, não houve tempo para
pensar em arrependimentos. Em coisas que ele não tinha feito e que
não iria mais poder fazer.

E, honestamente, Dante nunca havia pensado muito no futuro.


Ele vivia o momento, seja angariando riquezas, realizando bailes,
cortejando mulheres ou desfrutando do privilégio que recebeu ao
nascer.

Acordado neste novo mundo, sem tudo o que estava acostumado


a sua disposição, ele e sua equipe lutaram muito contra aqueles que
consideravam os responsáveis pela armadilha.
Mas estavam errados e relativamente indefesos neste novo mundo
moderno onde o ouro não era facilmente usado como moeda e tudo
era um milhão de vezes mais complicado.

Ser levado—mais precisamente, capturado—pelos mocinhos,


significava que Dante e sua equipe tinham obtido um curso intensivo
sobre a vida moderna e se ajustado a muitas das regras e conveniências
prevalecentes. Mas isso não tornou sua situação atual menos
insustentável.

Ele estava preso por um colar—bem, preso por um anel que o


tornava impossível de mudar de forma—a disposição de uma Oráculo
que ele nunca tinha conhecido, até que ele pudesse provar que poderia
ser um defensor da humanidade.

Dante também deveria encontrar uma companheira humana.

Citrino , o Dragão de Pedras Preciosas encarregado de guiá-los,


estava atualmente andando na frente deles, as mãos cruzadas
nervosamente atrás das costas, seu cabelo longo e escuro balançando
contra seus ombros, olhos dourados brilhando.

pedra lapidada pedra bruta Citrino, também chamado de quartzo citrino é uma variedade de
quartzo de cor amarela, laranja, excepcionalmente vermelha. Basicamente, é um quartzo com impurezas férricas. A maior parte do citrino
comercial é na verdade ametista ou quartzo fumado aquecido artificialmente.
Dante e Citrino tinham cores de olhos semelhantes, exceto que os
de Citrino eram quentes, como o sol nas flores amarelas, e os de Dante
eram frios, como o ouro com uma camada de gelo sobre ele.

Disseram-lhe que ele era muito frio. Às vezes sentia o frio por
dentro, às vezes sentia que nunca teve uma razão para ser diferente.

Ele duvidava que uma humana pudesse mudar isso.

— Não entendo por que estamos fazendo isso, —Adrien, o


Dragão de Prata e seu segundo em comando, mexeu-se na cadeira,
curvando-se ligeiramente. O cabelo prateado geralmente claro de
Adrien foi tingido de preto para se misturar melhor entre os humanos.
Isso fez os olhos prateados dele, excepcionalmente brilhantes,
parecerem ainda mais brilhantes.

Adrien era o mais jovem entre eles, embora não tanto quanto seu
belo e desprezível rosto de bebê levava as pessoas a acreditar.
Provavelmente a maioria das mulheres acharia que Adrien era um
homem humano em seus vinte e poucos anos.

— Que tal uma agência onde as mulheres podem contratar


acompanhantes? —Citrino perguntou.

Adrien grunhiu.
— Bem, vocês não sabem fazer trabalhos manuais. A Agência de
Empreiteiros foi o que funcionou para os outros Dragões de Metal,
isso os ajudou a entrar em contato com mulheres humanas. —Citrino
inclinou a cabeça. — Mas com vocês, não posso correr o risco de
entrarem e estragarem o encanamento de alguém ou algo assim.

— Claro, —disse Adrien. — Como se quiséssemos. Não é que


não sabemos fazer isso. Seria indigno para nós. Assim como nos
vender para encontros.

Citrino olhou para ele. — Então, de que outra forma vocês


planejam ter contato com as mulheres humanas? Ou estão planejando
ficarem solteiros?

— Eu ficaria bem solteiro, —disse Adrien. — Não tenho grande


admiração pelos humanos.

— Isso para dizer o mínimo, —Sever murmurou.

Citrino foi até Adrien e o agarrou pelo colarinho, segurando-o.


Adrien parecia testar o comportamento tipicamente calmo e paciente
de Citrino mais do que qualquer outra pessoa.

— Quase todas as companheiras dos meus amigos são mulheres


humanas. Elas são algumas das pessoas mais gentis e incríveis que já
conheci. —Citrino soltou Adrien com um empurrão. — Mal posso
esperar para vê-lo se apaixonar por uma e fazê-lo engolir suas
palavras.

Adrien cruzou os braços e se afastou. — Até parece.

— E você, Dante? —Citrino perguntou. — Vai tornar isso difícil


para mim?

Dante negou com a cabeça. — Não. Eu quero minha forma de


dragão de volta. Tenho minhas dúvidas sobre se serei capaz de me
apaixonar por uma humana. —Apaixonar-me por qualquer uma,
realmente. — Mas não consigo imaginar usar este anel de restrição para
sempre, então, se eu quiser escapar dessa servidão, devo fazer o que
você diz.

— Estamos nos preparando para isso há meses, —disse Citrino,


esfregando a testa. — Estou tentando ajudá-los. Querem acabar em
uma masmorra? —Ele abaixou a cabeça, murmurando baixinho.

— O que disse? —Dante perguntou.

— Eu disse: ‘Por que esses caras não podem ser tão fáceis de
trabalhar quanto os outros Dragões de Metais foram?’

— Porque nós temos cérebro, —Adrien disse. — E estamos


acostumados a ter livre arbítrio.
Sever olhou com um sorriso irônico para isso e então voltou para
sua postura estoica.

— Eu vi o sorrisinho, —disse Citrino. — Sever, você precisa sair


da sua concha.

— Eu não estou em uma concha, —Sever disse, ligeiramente na


defensiva. — Simplesmente não tenho muito a dizer na maior parte
do tempo.

De todos eles, Sever havia sofrido o maior choque ao acordo nesse


mundo moderno. Ele procurou vingar sua companheira, apenas para
descobrir que ela não existia e era uma farsa poderosa ou o havia
traído.

De todos eles Sever foi o que menos mudou em sua aparência. Ele
manteve sua longa trança, e com seu queixo quadrado, traços bonitos
e corpo enorme, sua aparência chamava atenção.

Dante foi o que mais mudou. Ele não sentiu nenhum


arrependimento por ter cortado seus cachos dourados para se misturar
melhor com o mundo real. No passado, as mulheres bajulavam sua
juba longa e masculina, mas no mundo moderno, o cabelo curto era
mais admirado.

E Dante gostava de ser admirado.


O que não era incomum. Dante Gildenstern era lindo. Ele sempre
foi, sempre seria.

— Dante, preste atenção, —Citrino disse. — Não se distraia.


Ainda não houve nenhum sinal de Mercúrio, e a Oráculo está de olho
nisso. Portanto, agora precisamos nos concentrar exclusivamente em
fazer com que todos vocês acasalem. Esta noite é nossa primeira
visitação pública. Vocês estão prontos? Alguma pergunta?

Dante sabia que Citrino provavelmente tinha três dragões


petulantes olhando para ele agora.

Citrino suspirou, colocando a mão na testa. — Olhem. Treinamos


bastante. Vocês conhecem as regras modernas. Devem entender as
mulheres modernas.

— Mulheres humanas. —Adrien zombou.

— Certo, —disse Citrino. — E se quiserem nunca mais mudarem


para suas formas de dragão novamente, nuca mais sentirem o ar sob
suas asas, então sejam um bando de idiotas e estraguem tudo. Não me
importo mais. —Ele ergueu as mãos. — Eu vou deixar as mulheres
entrarem.

Adrien olhou para Dante. — O que está incomodando-o?

— Você, —disse Sever.


— Calem a boca, vocês dois, —disse Dante, endireitando o terno
impecável que vestia. Um cinza claro destacava sua pele bronzeada.
Tudo o que precisavam fazer era agradar às mulheres. Seria fácil. Ele
seria o exemplo para sua equipe, mostraria como se faz.

— Vamos todos nos comportar pelo bem da nossa liberdade.

— Impossível, —Adrien murmurou. — Eu não posso acasalar


com uma humana.

Sever apenas encolheu os ombros pesados e parecia


desconfortável em seu terno feito sob medida. Eles tiveram que ser
feitos sob medida porque os ternos prontos simplesmente não foram
feitos para homens corpulentos que tinham entre um metro e noventa
e dois metros.

Os olhos cinzentos de Sever foram para as grandes portas duplas


e então dispararam para longe.

Dante se levantou, endireitando os ombros. Antigamente, ele


sempre lidou perfeitamente com tudo, seja cortejando mulheres nas
aldeias, visitando mercadores ou dignitários, ou perseguindo dragões
desonestos que ameaçavam seu território.

Esperava que se saísse bem agora.


Citrino estava às portas agora, respirando fundo. — Boa sorte
para nós, —Dante o ouviu murmurar.

Dante sorriu. Eles não precisariam de sorte. Eram os Dragões de


Metais Nobres.

ELLA Stanton largou seu livro, um romance particularmente

suculento, para olhar o texto que estava apitando e iluminando seu


telefone.

Ela estendeu a mão para pegá-lo com um gemido e suspirou


quando viu de quem era.

Sua irmã. Sua irmã perfeita, linda, prestes a se casar.

E Ella ainda não tinha um acompanhante para o casamento.

Ella caiu de costas, seus cachos rebeldes formando um halo crespo


ao redor de sua cabeça. Não queria ir para esse casamento. Ao todo,
seria cerca de uma semana com a família dela. O que ela não se
importava. Já esperava por isso. Mas era o fato de estar de volta à sua
cidade natal que ela temia. A última coisa que queria era voltar para
casa sozinha.

Todos os seus esforços para encontrar um namorado em sites de


namoro foram em vão. Ella simplesmente não queria começar um
relacionamento só para ir a um casamento. Isso não era justo com a
outra pessoa e, além disso, há muito tempo desistiu de qualquer
esperança de romance.

Ela não precisava disso. Trabalhava como consultora de negócios


para empresas em dificuldades e era boa no que fazia. Seja auxiliando
com marketing, representação ou gerenciamento de produto, sempre
foi capaz de fazer uma diferença positiva.

E então ela voltava para casa, para seu pássaro e seus livros e tinha
uma noite tranquila sozinha. Com um pouco de vinho e boa comida.

A vida estava bem, obrigada, e não precisava de ninguém para


bagunçar tudo só porque ela precisava de uma companhia por uma
semana.

Ela bebeu sua taça de vinho, sentindo-se apenas um pouco quente


e nada bêbada. Nunca bebeu em excesso. Jogou-se na cadeira giratória
em frente ao computador e abriu o Google.
Não deveria haver alguém que ela pudesse pagar por isso? Riu enquanto
digitava ‘contrate um encontro’ e sua cidade e apertou enter. Quando
os resultados apareceram, seus olhos foram para o primeiro resultado.

Nome esquisito.

Ela clicou no site e ofegou com o que viu. O design era simples,
quase amador, mas eles não precisavam de nenhum material de
marketing sofisticado. Os homens nas imagens faziam todo o
trabalho.

Literalmente, ela imaginou.

Havia três deles e eles eram além de lindos. Ela nunca tinha visto
homens tão lindos quanto qualquer um deles em todos os seus anos
nesta terra, e vê-los todos em uma única página era o suficiente para
fazer uma garota cair de sua cadeira giratória.

Ela se serviu de outra taça de vinho e bebeu rapidamente, lendo


todos os detalhes que conseguiu encontrar. Aparentemente, você
poderia encontrar os homens em um clube ou marcar um encontro.
Eles tinham acabado de abrir a agência.

Será que há comentários?


Um homem em particular, com cabelo loiro, fez seu coração
disparar como um cavalo árabe no deserto. Não, chamá-lo de loiro
era como chamar o sol de quente. O cabelo dele era uma linda mistura
de cores douradas, quase parecendo como se fosse feito de metal. Seu
rosto era lindo demais para filmes. Lindo demais para ser modelo.

Ela bufou. Ele provavelmente era baixinho.

Clicou de volta nos resultados da pesquisa e viu que já havia


comentários.

Interessante.

Clicou no resumo da avaliação e se engasgou ao ver a média. 3,2


estrelas. Nada bom.

Ela pousou o copo e inclinou-se para ler as principais críticas. Os


comentários eram uma mistura de ódio virulento e admiração melosa.

O que exatamente anda acontecendo com este lugar?

Clicou no comentário principal:

Outro:
Ela clicou em outro, um três estrelas:

Ella voltou à página com os belos homens para ligá-los aos seus
nomes. Adrien era um homem carrancudo e classicamente bonito,
com impressionantes olhos prateados como espelhos e cabelos escuros
e despenteados indo em todas as direções. Havia quase algo de outro
mundo sobre ele.

Sever tinha cabelo cinza escuro, e ela não conseguia distinguir se


os olhos eram azuis escuros, cinza, verdes ou alguma mistura. Seu
cabelo parecia curto nas laterais e puxado para trás. Ele era bonito
quase como um guerreiro Viking. Um contraste meio estranho com
os outros, mas ela supôs que a variedade era a chave para esse tipo de
serviço.
Ella riu novamente enquanto rolava para Dante, aquele com
cabelo dourado.

Tão lindo.

Voltou aos comentários de avaliação, desta vez verificando as


positivas.

Ella sorriu. Provavelmente ela não se importaria. Não estava


procurando romance de qualquer maneira. Não precisava da ilusão
de que esses homens gostavam dela.

Oh inferno, amei o Dante. Ele faz a calcinha de qualquer mulher cair


apenas andando pelo salão. Juro que nunca tive como ...

Ella clicou longe desse, pois ficou um pouco gráfico demais.

Não sei se concordo com os outros comentários. Claro, Sever é um pouco


reservado e Adrien um idiota completo. Mas Dante não é terrível, se você pode
lidar com o ego. Meu palpite é que eles se comportariam em um encontro. Mas
se não, oh meu Deus, você nunca vai encontrar homens mais quentes do que
este. Nunca.
Ella poderia lidar com o ego. Se fosse contratar alguém para levar
para casa, poderia muito bem ir atrás do loiro dourado, por assim
dizer. E talvez as críticas negativas fossem apenas exageradas.

Clicou de volta para os comentários.

Ou talvez não.

Apoiou a bochecha na mão, pensando. Claramente, esta agência


tinha os homens certos, mas o negócio iria fechar logo se essas
avaliações continuarem acontecendo. Eles precisavam de um gerente
e algum controle de danos com relações pública e algum treinamento.
Seu cérebro de consultora de negócios já estava funcionando sem que
ela pedisse.

Era isso! Isto pode ser vantajoso para todos. Ela gostava de
economizar, e essa poderia ser uma maneira de conseguir um dos
homens por uma semana (já que tinha certeza de que o valor para
contratar homens tão bonitos deveria ser insano). Ela poderia oferecer
seus serviços de consultoria para consertar o negócio deles em troca.

Contanto que Dante se comportasse.


Piscou para a foto dele enquanto voltava para a cama e abria o
livro. Amanhã, ligaria para a Encontros com Dragões e marcaria um
encontro com eles.

A primeira coisa que teria que mudar na agência seria esse nome
esquisito.

DANTE caminhou em direção ao escritório de Citrino com uma

sensação de mau presságio que ele não conseguia afastar. Seu dragão,
normalmente tranquilo, poderia ficar extremamente agitado às vezes,
e agora estava, devido às experiências ruins que a agência estava tendo
até agora.

Citrino vinha reclamando ultimamente sobre as avaliações deles


enquanto segurava seu dispositivo eletrônico pessoal, e Dante não viu
qual era o grande problema.

Eles estavam se esforçando, além disso, merecia um tempo de


adaptação nessa coisa de servir aos humanos. Nunca precisaram em
suas vidas passadas servir a ninguém. Ter seus poderes bloqueados,
ser forçado a esta situação, não estava ajudando em nada.

Dante abriu a porta do escritório e viu Citrino trabalhando atrás


de sua mesa, olhando para a tela de seu computador. Os
computadores eram coisas muito interessantes, mas Dante não tinha
muito interesse neles por enquanto. Ele sabia que se podia aprender
quase tudo com um deles, mas Dante era um dragão e não precisava
se preocupar com tais assuntos humanos.

Poderia obter o que precisava dos livros e se sentiria muito mais


em casa fazendo isso.

Ele se sentou em uma cadeira em frente à mesa, cruzando uma


perna sobre a outra.

Citrino recostou-se, passando a mão pelo cabelo comprido e


sedoso. Dante sentiu um pouco de inveja por um momento,
lembrando-se de seu próprio cabelo. Mas dado o quanto as mulheres
humanas já tinham dificuldades em se conter na presença deles, ele
imaginou que elas não precisavam de mais estímulos.

— Diga-me uma coisa, —disse Citrino. — O que eu posso fazer


para ajudá-los? O que posso fazer para ajudá-los a ver que a agência é
para o bem de vocês?
Dante descruzou e cruzou as pernas novamente, tentando
permanecer casual, apesar do formigamento de frustração crescendo
dentro dele. Não era como se ele estivesse feliz com a forma como as
coisas estavam indo. Estava acostumado com uma vida onde tudo era
mais fácil, e isso era tudo menos fácil. — Eu não sei o que você quer
dizer.

— O que eu quero dizer é que isso não está dando certo. E você
precisa controlar Adrien.

— Ele é arrogante, —admitiu Dante.

— Arrogante é um eufemismo, —murmurou Citrino. — É mais


do que isso. É o desdém dele. Adrien literalmente fez as mulheres
chorarem.

— Isso não foi culpa dele, —disse Dante. — Estamos aqui para
conhecer mulheres, não deixá-las colocar as mãos em nós. —Ele
balançou a cabeça severamente. — Adrien tem todo o direito de sentir
desprezo por toques indesejados.

— Eu sei, —Citrino disse. — Mas há outras maneiras de lidar com


isso.

— Nós concordamos em conhecer mulheres humanas, não em


nos prostituirmos, —Dante disse. — E só concordamos em levar a
diante algum relacionamento com mulheres que sentirmos que podem
ser nossas companheiras.

— E como terão a chance de saber disso se as afugentar?

— Adrien é quem está as afugentando, não eu, —Dante disse. —


Mas imagino que se alguma delas fosse nossa companheira, nós
saberíamos disso. Pelo que entendi, o reconhecimento é instantâneo.

— Não sei, —murmurou Citrino. — Mas parece que é verdade.


Eu ouvi algo assim. —Ele se inclinou para trás em frustração, fazendo
as costas da cadeira rangerem. — O que você sugere?

Dante hesitou. — Admito que subestimei nosso apelo às fêmeas


humanas, mas não é como se as empurrássemos daqui. Não fazemos
isso. Somos cavalheiros.

— Então vocês gritam com elas? —Citrino disse.

— Só Adrien. E sim, talvez ele seja um pouco mimado e não


saiba como controlar seu temperamento. Mas você tem que lembrar
que fomos criados com todos agindo de acordo com nossos caprichos.
Adrien odeia humanos, por algum motivo. Ele sempre odiou. Mesmo
sob pena de prisão, não tenho certeza se Adrien vai mudar os
sentimentos dele sobre os humanos.
— Eu não quero que Adrien seja preso, —disse Citrino,
colocando a cabeça entre as mãos com um gemido. — Não odeio o
cara. Compreendo a angústia de despertar neste mundo. Deus sabe
que também estive perdido aqui.

— Por que você não encontrou uma companheira? —Dante


perguntou.

Os olhos calorosos e dourados de Citrino se ergueram. — Eu não


sei. Não é uma prioridade, —disse ele. — E isso não é sobre mim.
Não estou restrito de forma alguma. —Ele olhou para o anel de
restrição de Dante. — Devo dizer que são uma grande melhoria em
relação aos colares que meus amigos tiveram que usar no pescoço. O
anel é muito mais discreto.

— Lógico que tinham que ser mais discretos, já que estamos


interagindo com grupos de humanos, —disse Dante.

— Olha, você pode pelo menos falar com Adrien? —Citrino


perguntou, frustrado. — Não podemos continuar assim. Ele está
literalmente expulsando as mulheres. E isso prejudica a oportunidade
de você e de Sever encontrar uma companheira.

Eu não quero uma companheira, Dante quase deixou escapar, mas


ele parou. — Vou falar com ele. —Que escolha tinha? Ele meio que
simpatizava com Adrien e seu desconforto com as humanas de mãos
ligeiras, algumas não tinham nem mesmo vergonha em tentar tocar
em suas virilhas ou traseiros. Elas pensavam erroneamente que os
homens não podiam se ofender com essas coisas.

Ou talvez os dragões fossem tão bonitos que destruía todo o


controle que as mulheres tinham.

Quem sabia?

— Obrigado, —disse Citrino. Mas assim que ele se levantou para


apertar a mão de Dante, houve uma batida na porta. — Oh, certo. Eu
tenho uma entrevista marcada. Você pode querer ficar para participar.

— QUE TIPO DE ENTREVISTA? —Dante perguntou,

sentando-se na cadeira hesitantemente.

— Isso é interessante, —disse Citrino, levantando-se para abrir a


porta. — Uma mulher me ligou mais cedo, oferecendo serviços de
consultoria de negócios em troca da contratação de um de nossos
dragões.

— Como é mesmo que devemos explicar aos humanos o porquê


de ‘dragões’ no nome da agência?

— Diga-lhes que nossos homens são tão sexys que são quase
míticos.

Dante torceu o nariz, mas permaneceu sentado enquanto Citrino


passava por ele.

— Eu sou Ella, —disse uma voz de mulher.

— Oi, —Citrino respondeu, baixando a voz educadamente. —


Meu nome é Citrino, e este é Dante. Acredito que ele é quem você
está interessada em contratar?

Dante se animou com isso. Quando ele viu a mulher na porta,


ficou inconscientemente prestando atenção para vê-la melhor. Apesar
da aparência absolutamente normal da mulher, algo nela quase que
instantaneamente o atraiu.

Quando a porta se abriu e Citrino saiu do caminho, Dante se viu


cara a cara com uma das mulheres mais inquietantes que ele já
conheceu.

Talvez a mais inquietante.


Os olhos castanhos escuros dela o olharam de cima para baixo
enquanto ele fazia o mesmo. Ela era seu oposto. Pálida, baixa,
curvilínea, seu corpo enfiado em um terno elegante e quadrado que
parecia feito sob medida para esconder suas curvas. Sapatos
desajeitados que não valorizavam em nada suas pernas, que
provavelmente eram belas pernas sob aquela saia longa demais.

O cabelo dela o fez inclinar a cabeça em confusão. Era difícil dizer


como parecia porque estava preso em um coque enorme, apertado e
enrolado na nuca. Tão apertado que poderia ter tensionado seu rosto.

Mas ela não estava nem um pouco tensa. Estava toda calma e fria,
mesmo quando seus olhos chocolate iluminaram cada parte do corpo
dele, deixando-o aquecido e desconfortável.

Quase ... predatório?

Mas então os olhos dela se moveram para os dele e ela estendeu


a mão, dando um passo à frente com um sorriso que só poderia ser
chamado de profissional e um tom que só poderia ser descrito como
enérgico.

— Dante, não é? —Ela perguntou friamente, apertando a mão


dele com firmeza. Ela era forte para uma coisinha pequena. A mulher
passou por ele e se sentou à mesa, e os olhos dele se estreitaram em
consternação quando ela tomou sua cadeira.
Ou ele estava apenas perturbado com a facilidade com que ela
passou por ele? Sem ofegar, sem expressão congelada, sem ofegos
declaradamente de admiração ou excitação. Nenhuma tentativa de
apalpá-lo enquanto passava.

Apenas um aperto de mão e ela voltou ao trabalho.

Dante suprimiu um resmungo enquanto puxava outra cadeira e


se sentava ao lado dela. Ela deu a ele um olhar rápido e um sorriso,
deixando seus olhos dispararem sobre ele mais uma vez, e então se
voltou para Citrino.

A mulher entregou a Citrino algumas páginas de papel


grampeados e começou a falar com ele sobre seu plano enquanto
Dante afundava em sua cadeira, tentando não fazer beicinho.

Por que ele se importaria se essa pequena ‘toda-profissional’ não olhasse


para ele como as outras mulheres?

Isso não seria uma coisa boa? Ele não estava ficando irritado com toda a
atenção exagerada?

Então por que estava tão irritado com o fato de que ele queria que essa
mulher tivesse se comportando como as outras e ela não estava?

Ele poderia conquistar princesas. Por que estava deixando essa pequena
megera mexer com ele dessa forma?
Citrino disse algo. A mulher soltou uma risada que foi mais como
uma gargalhada, totalmente pouco feminina, e Citrino sorriu
calorosamente para ela, totalmente rendido.

O ciúme fez os pêlos de Dante se arrepiarem.

Companheira.

O que?

O cérebro dele deve estar em pane devido ao seu ego


completamente ferido. Tinha que ser isso. Precisava se controlar. —
Se não precisa de mim aqui ...

Citrino olhou para ele como se tivesse esquecido que ele estava
ali. — Eu posso lidar com isso, Dante. Você pode esperar com Sever
e Adrien. Eles sabem sobre a entrevista e estão esperando lá também.

Dante assentiu, desviando os olhos de sua inspeção fervorosa do


corpo de Ella. Ele não conseguiu descobrir exatamente o que ela
estava escondendo sob o terno, mas ele queria.

Dante afrouxou o colarinho, se forçou a se acalmar e foi esperar


com os outros de sua equipe.
ELLA esperava que o batimento louco de seu coração não estivesse

tão óbvio enquanto seguia Citrino para fora do escritório dele em


direção ao salão de recepção, onde encontraria os homens.

Ela já havia conhecido um, e foi quase demais para seus


hormônios aguentarem. Nunca soube que um homem pudesse ser tão
... masculino. Era como se o ar ao redor dele estivesse saturado com
sua masculinidade, e sua beleza pura a fizesse querer cair a seus pés.

Magia.

Se não fosse uma mulher totalmente pouco romântica, poderia ter


sucumbido.

Mas havia desistido dos homens há muito tempo, satisfeita em


simplesmente ler sobre eles ou observá-los de longe. Então ela tinha
certeza de que poderia lidar com esses lindos homens, com ou sem
feromônios.
Citrino colocou a mão nas maçanetas prateadas e ornamentadas
das enormes portas duplas brancas. — Espero que eles não a assustem.

— Eu não me assusto facilmente, —disse ela, esperando enquanto


ele abria a porta.

Ela entrou na sala, recusando-se a hesitar, e sentiu como se o


mundo congelasse ao seu redor enquanto absorvia tudo.

O salão era lindo, uma mistura de moderno e ornamentado. Tudo


em cinza, branco ou prata, exceto os sofás, que eram de veludo preto.
O ladrilho era de mármore brilhante salpicado de ouro e prata que
brilhavam enquanto ela observava.

Quem havia construído um lugar tão bonito para eles? Tudo,


desde o rodateto até o lustre elegante, era da mais alta qualidade.

Ela precisava saber o nome do empreiteiro para que pudesse


indicar para outras empresas.

A iluminação do ambiente era suave, apenas o suficiente para


fornecer uma sensação de elegância relaxada, mas ela podia ver
facilmente os homens no salão e distingui-los.

O molde de coroa é uma forma de cornija criada a partir de moldagem decorativa instalada em cima de uma
parede interior. Também é usado em cima de portas, janelas, pilastras e armários.
Um deles, Adrien, estava parado perto das janelas na parede dos
fundos, que davam para a paisagem urbana. As janelas eram largas e
tomava a parede de toda a parte de trás do salão, tão altas quanto o
teto.

Ao contemplar a vista deslumbrante do céu escuro e das luzes dos


prédios, ela ficou feliz ter agendado a visita à noite.

Então Adrien se virou e a olhou, os olhos prateados brilhando,


uma frieza em sua expressão que a atingiu como um frio de inverno.
— O que você está olhando, mulher?

Ela quase deu um passo para trás, mas se manteve firme. Dane-se
isso. — Você. Acostume-se.

Todo o rosto de Adrien mudou de surpresa, quase infantil em sua


beleza. Ela imaginou que ele tinha vinte e poucos anos. O mais novo
do grupo.

Ella olhou ao redor e viu Dante sentado no sofá mais distante


dela, estudando-a com aqueles olhos dourados inescrutáveis.

Ele não era como ela esperava, baseada nas avaliações que leu.
Dante deveria ser o mais sociável. Extremamente amigável,
excessivamente charmoso, presunçoso e não um homem retraído. Ela
esperava um bajulador.
Dante não estava bajulando-a agora. Em vez disso, estava
olhando para ela com cautela, e mesmo com seu corpo alto recostado
no sofá, as pernas cruzadas, os braços cruzados de forma combativa,
como se estivesse se protegendo dela, ela não pôde deixar de se sentir
atraída.

Dante era a perfeição personificada.

Enquanto lia os comentários das avaliações achou que Dante


tinha uma estatura baixa. Estava errada. Ele não era baixo. Na
verdade, era surpreendentemente alto, provavelmente perto de um
metro e noventa. Sua pele era lisa e quase brilhante. Seus olhos eram
de um âmbar claro que era quase dourado como seu cabelo. Eles eram
grandes, em forma de amêndoa e ligeiramente inclinados nos cantos,
dando-lhe uma aparência quase felina.

Ele tinha um nariz comprido, forte e reto. Lábios carnudos e


profundamente curvados. Uma mandíbula forte combinada com um
queixo saliente, que atualmente estava erguido com altivez. Um belo
homem dos sonhos.

Dante estava tensionando os músculos da mandíbula sob as


maçãs do rosto salientes e pontiagudas. Como parecia que ela estava

Âmbar claro
o deixando desconfortável com a leitura de seu rosto, os olhos dela
vagaram pelo resto do corpo dele.

Pescoço forte e musculoso, depois clavículas desaparecendo no


colarinho de camisa ligeiramente solta. Ombros largos e musculosos,
braços grandes que se flexionavam mesmo em sua camisa social. Ele
tirou o paletó, e ela podia ver as linhas de seus peitorais enormes, seu
abdômen definido. Sua cintura estreita presa em um cinto de grife, ela
quase podia ver seu ...

Ella ergueu o olhar, percebendo o quão inadequada estava sendo.


Pensou ter visto um leve sorriso malicioso no rosto dele, mas o sorriso
discreto sumiu quando ela o olhou desafiadoramente.

Ainda assim, não era certo que fosse desrespeitosa. Ela teria que
se esforçar mais para permanecer no controle.

Dante era apenas um homem de boa aparência. Isso não o


tornava melhor do que ninguém. Só nasceu com sorte.

Ela olhou em volta procurando Sever e o viu sentado perto da


parede em uma pequena mesa, lendo um livro. Ele não levantou a
cabeça nenhuma vez. Ela ficou surpresa ao ver uma trança longa e
grossa descendo pelas costas dele.
Os ombros poderosos de Sever pareciam como se estivessem
prestes a explodir seu paletó, e ele estava obviamente ignorando-a
enquanto ela o encarava de cima a baixo, dos fortes bíceps até as
enormes panturrilhas dele.

Olhando para Adrien novamente, percebeu que até ele era muito
mais alto do que ela poderia imaginar. Todos pareciam ter mais de
um metro e noventa.

A sala estava completamente silenciosa, exceto por uma música


clássica tocando baixinho. Uma escolha estranha para um ambiente tão
estranho.

Ela cruzou os braços e bateu o pé no mármore algumas vezes,


fazendo um som de clique com o salto baixo e robusto de seus sapatos.

Sever olhou e então a ignorou novamente. Adrien olhou


ferozmente. Dante evitou seu olhar.

— Se todos odeiam tanto isso aqui, por que resolveram trabalhar


nisso?

A surpresa no salão foi evidente.

— Por que você acha que odiamos isso? —Adrien gritou,


caminhando para frente com os braços cruzados. Ele era uma criatura
intimidante, vestindo um terno de três peças sem gravata. Enquanto
ele se aproximava, o terno enfatizava seu peito e abdômen fortes.

Quando Adrien se aproximou dela, ele a olhou de cima a baixo


com desprezo. — Você não está vestida como as outras mulheres que
já vieram aqui.

Ela encolheu os ombros. — Eu não me importo com o que você


pensa de mim.

Adrien inclinou a cabeça. — Interessante.

O cabelo dele era naturalmente tão preto? Como seus olhos eram
tão claros e prateados? Ele era lindo, requintado, rosto de anjo e corpo
de lutador. E parecia estar tentando decidir se a odiava ou não.

Isso combinou com comentários sobre ele nas avaliações.

Dante ficou de pé então, deslizando as mãos nos bolsos de sua


calça apertada, esticando-a ligeiramente, e ela teve que lutar para
manter os olhos no mesmo nível dos dele. — Por que você está aqui
se vai zombar de nós? —Ele perguntou.

— Estou aqui para oferecer ajuda, —disse ela, movendo-se para


um sofá vazio no meio de outros dois. — Se todos vocês se sentarem,
podemos conversar.

Isso se o poder absoluto dos feromônios na sala não a atingisse primeiro.


— E por que nos ajudaria? —Adrien perguntou, surpreendendo-a
ao se aproximar. Ele parou na frente do sofá ao lado dela e então
sentou-se rigidamente. — O que você quer?

Dante parecia tão chocado quanto ela com a ação de Adrien, e


ele se juntou a Adrien em seu sofá, sentando-se mais perto dela,
olhando-a fixamente.

Ele a lembrava de um gato desconfiado.

Um grande gato.

— Sever, —Dante chamou, relaxando no sofá enquanto Adrien


se afastava um pouco dele. — Venha aqui e pare de ser rude.

Sever bufou e fechou o livro antes de se arrastar até o sofá do outro


lado dela. Ele fez o chão tremer quando se sentou. Sever era o maior
dos três. — O que você quer?

Ela olhou entre eles, absorvendo o ar de desdém frio de Adrien, a


confusão de Dante e a falta de interesse de Sever. — Vocês não são
tão ruins quanto suas avaliações sugerem.

— É que você até agora não tentou colocar suas mãos em nós, —
Adrien disse friamente, mantendo os braços cruzados.

Ah, isso fazia sentido. Homens como esses provavelmente deixavam


as mulheres um pouco ousadas demais. Talvez o anúncio de seus
serviços não estava deixando claro o suficiente de que eles não eram
um tipo de Chippendales . Isso era algo em que ela poderia ajudar.

— Parece que é preciso haver regras mais rígidas sobre o contato


com a clientela. É necessário mudar o anúncio dos serviços da
agência.

Adrien sentou-se um pouco mais reto.

— Acho que não precisa mudar nada, —disse Dante com firmeza.
— Está tudo indo bem.

— Tudo indo bem? —Ela perguntou, pegando seu telefone. —


Tudo bem se o que pretendem é falir o negócio de vocês. Com
comentários como ‘este lugar deveria se chamar Agência de Babacas’, é
isso que vai acontecer.

Sever soltou um bufo.

Dante enrijeceu. — Estamos nos adaptando. Estamos bem. Se vai


nos insultar, então não precisamos de você.

Ela olhou nos teimosos olhos dourados de Dante, muito mais


frios do que esperava que fossem. Esperava que os outros fossem

Chippendales é uma trupe de dança em turnê mais conhecida por suas apresentações de strip-tease masculino e
pelo traje característico da parte superior do corpo de seus dançarinos: gravata borboleta, colarinho e punhos de camisa usados em um
torso nu.
cáusticos, mas pensou que pelo menos Dante seria sociável e estaria
disposto a ouvi-la. Ela tinha lido que ele era um bajulador que vivia
para agradar as mulheres e ser admirado por isso.

Não com ela aparentemente.

E uma vez que ela não considerou contratar nenhum dos outros,
realmente não fazia sentido perder mais tempo.

O que ela iria fazer agora? Esta tinha sido sua última esperança.

Ella se levantou, escovando a saia e desviando os olhos. — Tudo


bem. Estou indo embora. Eu diria que foi um prazer conhecê-los, mas
honestamente não posso.

Ela acenou enquanto caminhava com as pernas rígidas de volta


para a porta. — Boa sorte com a agência de vocês.

Ela ouviu murmúrios atrás dela, mas saiu da sala antes que
alguém pudesse dizer qualquer coisa para impedi-la. Não que eles
tentariam.

Deixou a porta se fechar atrás dela e, enquanto caminhava até o


escritório de Citrino para dizer-lhe que o negócio estava cancelado,
sentiu suas defesas emocionais subirem ao seu redor.

Ela tinha sido estúpida em esperar por uma solução simples, mas
se ajustaria e daria outro jeito para resolver seu problema.
Sempre dava.

DANTE se moveu desajeitadamente enquanto os outros dragões o

olhavam, horrorizados. Ele não conseguia nem disfarçar e estava


francamente incomodado com a maneira como Ella o olhou antes de
fugir de cena. Ela tentou se mostrar indiferente e deu a ele um olhar
de desafio, mas Dante viu a dor nos olhos dela.

— Diabos. O que aconteceu aqui? —Adrien perguntou.

— Também quero saber, —Sever disse, parecendo mais divertido


e engajado do que antes. — Que raio foi isso?

— Não sei o que vocês querem dizer, —disse Dante.

— Você sempre foi o mais caloroso com as mulheres, bajulando-


as só para ser bajulado de volta. E agora foi todo frio com essa mulher
que acabou de sair daqui, —Sever disse.
— Sim, você é o legal. Aquele que faz as mulheres se derreteram
aos seus pés. —Adrien ergueu uma sobrancelha escura, tingida para
combinar com seu cabelo. — Eu nunca vi você sendo um idiota assim.

— Eu não fui um idiota, —disse Dante defensivamente, passando


a mão pelo cabelo, fazendo-o se erguer em todas as direções. — Ela
estava sendo condescendente e rude e olhando para nós como se
fossemos um pedaço de carne e ...

— Isso nunca o incomodou antes, —Sever disse, recostando-se,


inclinando a cabeça em pensamento. Ele cruzou os braços lentamente.
— O que você acha que isso significa, Adrien?

— Não tenho certeza, Sever. O que você acha que isto significa?

— Droga, —disse Dante. — Tudo o que isso significa é que


preciso me desculpar. —Ele se levantou, cerrando e abrindo os
punhos. Dante não sabia o que havia na pequena e sincera humana
que o pegou desprevenido. Ele era um dragão. Um nobre. E nunca
perdeu sua calma ou seu charme.

Ainda assim, vê-la interagindo com os outros dragões, olhando


por muito tempo para outros machos, e falando baixo com eles sobre
o trabalho deles, o incomodou de uma forma que nunca aconteceu.
— Ela é bem interessante, vocês não acham? —Adrien perguntou
secamente. — Talvez valha a pena manter uma mulher interessante
como ela por perto.

— Olha só, é a primeira vez que ouço Adrien falando sobre uma
mulher dessa forma, —Sever disse, acenando com a cabeça. — Vá
atrás dela, Dante.

Dante balançou a cabeça enquanto se afastava deles, as mãos nos


bolsos. — Eu estava indo de qualquer maneira. Não preciso de idiotas
como vocês me dizendo o que fazer.

Para ser honesto, ele se sentia péssimo. No início, quando Ella


olhou para ele em estado de choque, Dante se sentiu presunçoso por
ter toda a atenção dela nele. Mas então viu a dor nos olhos dela,
apenas um lampejo antes que ela escondesse, e ele se sentiu péssimo.

Dante nem sabia que era capaz de sentir culpa pelos sentimentos
de outra pessoa.

Ele suspirou enquanto abria a porta e olhava para um corredor


vazio. Será que ela já tinha pegado um dos elevadores?

Sua pergunta foi respondida quando a porta do escritório de


Citrino se abriu e Ella e Citrino saíram. A mulher balançava a cabeça,
parecendo decepcionada, enquanto se afastava de Citrino que
claramente tentava acalmá-la.

Uma onda de proteção veio sobre ele quando viu Citrino estender
a mão para pegar o cotovelo dela. Ella se afastou da tentativa de
aproximação de Citrino. No flash dos olhos dela, Dante pode ver a
dor disfarçada pela raiva. Ele sentiu todo o corpo tensionar quando o
olhar dele pousou no rosto dela, e percebeu que queria manter
qualquer dor longe de Ella.

Queria protegê-la de tudo.

Queria conhecer a mulher por trás das palavras afiadas, do


terninho conservador e das paredes que ela colocou ao redor de si
mesma.

Quando Dante olhou para o rosto dela, que era realmente bonito
quando ela não estava se escondendo de propósito atrás de um sorriso
tenso, ele sentiu algo como uma onda de choque passar por ele,
emanando de seu coração.

Percebeu agora porque estava tão irritado perto dela. Porque não
resistiu em olhar para ela, apesar dela tentar esconder um pouco de
sua beleza. Porque ele foi hipersensível aos insultos dela e sentiu
ciúmes quando os outros homens olharem para ela.
De alguma forma, no meio desta ideia ridícula da
Dante havia encontrado sua companheira.

Com base no olhar que Ella deu a ele antes de ir em direção aos
elevadores, ela absolutamente o odiava.

Ele precisava consertar isso e rápido.

ELLA SENTIU A IRRITAÇÃO DOMINÁ-LA quando viu


Dante sair do salão de recepção em direção ao escritório de Citrino.
Ela saiu rapidamente, não querendo falar com o idiota arrogante.

Estava quase no elevador quando o ouviu gritar.

— Espere!

Droga, até sua voz era atraente. Por que caras atraentes sempre
têm que ser tão rudes?
Ela o ignorou e apertou o botão do elevador para descer.

Ele a alcançou, apoiando as mãos nos joelhos para recuperar o


fôlego depois de ter corrido por um corredor inteiro até ela em apenas
alguns segundos. — Espere. Podemos conversar um minuto?

Ela ergueu o queixo, deixando sua impaciência dominar sua dor.


Evitando ficar vulnerável novamente, apesar de ter sido um pouco
satisfatório ver um homem enorme e lindo correr por um corredor
para você.

Mesmo que ele provavelmente estivesse apenas tentando salvar o


emprego dele.

— O que há para conversar? Eu poderia ajudar o negócio de


vocês, mas não quero mais se isso significar trabalhar com você. —
Ela tirou um cartão de visita e entregou a ele com um suspiro.

— O que é isso?

— Dê para Citrino, —disse ela. — Ainda estou disposta a ajudar


a agência, mas não quero ter que lidar diretamente com você e os
outros rapazes. Odeio ver um negócio como este afundar. E,
honestamente, apesar de vocês serem muito bonitos, há mais na arte
de conquistar as mulheres do que somente uma bela aparência.
Ela colocou as mãos nos bolsos do terninho, virou-se de costa e
começou a caminhar em direção ao elevador.

— Espere, —disse Dante, deslizando o cartão no bolso sem


questionar. — Vamos conversar por um minuto. Sei que você deve ter
vindo aqui precisando de algo. Por que não falamos sobre isso?

— Você não é adequado para o que eu preciso.

— Por que não me deixa decidir se sou ou não adequado? —Ele


perguntou.

— Olha, —ela disse. — Eu li os comentários nas avaliações. Você


foi avaliado como o cara mais legal. No entanto, tem sido frio comigo
desde o momento em que entrei. Acho que pode compreender por que
não quero me sentar em uma sala sozinha com você e conversar.

Ele suspirou, e ela teve dificuldade em não perceber a beleza de


tirar o fôlego do rosto dele enquanto ele puxava o cabelo para trás,
bagunçando-o em todas as direções. — Eu sei. Eu sei. Falhei
completamente. Por favor, não vá embora. Por favor.

Ela prendeu a respiração, sua raiva desaparecendo em face do


pedido dele. Havia algo nos olhos dele que ela não esperava ver e que
a fez parar em sua determinação de ir embora e esquecê-lo.

Desespero ou solidão?
Como pode um homem com essa aparência ser solitário?

— Eu não entendo o porquê dessa insistência, —disse ela,


balançando a cabeça. — Mas tudo bem. Vamos conversar.

— Citrino vai nos deixar usar seu escritório, —ele disse,


caminhando com ela. Dante rapidamente entrou e explicou a situação
a Citrino, que logo desapareceu, caminhando para outra sala.

Ela seguiu Dante e, meio hesitante, estava prestes a sentar-se na


cadeira em que estava antes quando ele balançou a cabeça. Ele
contornou a mesa e puxou a grande cadeira de couro de Citrino e
gesticulou para que ela se sentasse.

Quando ela levantou uma sobrancelha em questionamento, ele


sorriu. — Você é a chefe agora, então use a mesa. Pode me questionar
o quanto quiser.

Ela não pôde evitar um sorriso torto no canto de seus lábios


enquanto se sentava na cadeira atrás da mesa. — Sabe de uma coisa,
isso é mais bajulação do que eu esperava.

— Fico feliz. —Ele se sentou na cadeira em frente a ela, cruzando


as pernas na altura dos tornozelos preguiçosamente e colocando as
mãos atrás da cabeça, exibindo os músculos dos braços, e ela percebeu
com surpresa que ele nem estava se esforçando para exibi-los.
Já ela estava se esforçando para entender o que estava
acontecendo aqui. Será que ela estava em algum tipo de mundo
paralelo ou algo assim? Esses homens tinham caído aqui de outro
planeta? O que diabos estava acontecendo?

Balançou a cabeça e se recostou na cadeira, ficando confortável.


— Por que foi tão idiota comigo?

— Você me pegou desprevenido, —disse ele.

— Por que fui profissional?

— Porque você não se derreteu na minha presença, —disse ele


com ironia. — Porque você não se derreteu em admiração pela minha
beleza.

Ela ergueu uma sobrancelha. — Então você é ciente de sua boa


aparência?

Ele fez um gesto amplo para si mesmo. — Dessa perfeição?


Plenamente.

Ela riu, sentindo seus músculos relaxarem lentamente. — Talvez


isso não seja tão ruim, afinal.

— Então, por que quer nos contratar?

— Preciso de um acompanhante para um casamento, —disse ela.


— Isso não é tão difícil.

— Por uma semana, —acrescentou ela. — Em uma pequena


cidade, a algumas horas de vôo daqui.

— Oh, —ele disse, surpreso.

— Vocês não fazem isso?

— Podemos fazer qualquer coisa pela cliente certa.

— Qualquer coisa? —Ela brincou, piscando.

Para a surpresa dela, Dante corou ligeiramente nas maçãs do


rosto salientes. — Não, nem tudo. Hum ...

— Bom, —ela disse, girando na cadeira e se recompondo. —


Porque romance está fora dos limites. Não estou procurando namorar
ninguém.

A expressão dele em resposta a isso foi duvidosa. — Por que não?

— Bem, primeiro, não se pode esperar romance ao contratar


alguém para realizar um serviço. E em segundo lugar, desisti de
namoros há muito tempo. Eu simplesmente não sou o tipo de garota
que precisa disso.

Ele zombou. — Como sabe?


— Isso não é importante, —disse ela, colocando as mãos sobre a
mesa e inclinando-se para a frente. — Tudo que você precisa pensar
agora é se estará disposto a bancar o ‘meu noivo’ na frente da minha
família por uma semana.

Ele sorriu, seus lábios carnudos se erguendo. — Eu sou um


excelente ator e bastante charmoso, apesar da minha exibição
embaraçosa hoje.

— Suponho que também poderia perguntar aos outros se estão


disponíveis para esse serviço, —disse ela.

Dante se levantou subitamente, agitado. — Não, —disse ele. —


Eu sou o único que aceitará esse trabalho. Garanto isso.
Esperançosamente, com algum tempo e ajuda, os outros rapazes
podem melhorar seus modos. Mas eu os conheço quase toda a minha
vida, e posso dizer com autoridade que o único de nós disponível para
isso sou eu.

Então Dante tinha orgulho de alguma coisa. Ela o estudou,


finalmente sentindo que estava atravessando a fachada de moço
bonito e alcançando a pessoa por baixo dela.

Ela não se sentia mais como uma idiota à mercê de um cara


bonito, mas apenas uma mulher conversando com um homem que
estava disposto a trabalhar para ela. Com ela. Seja como for, daria
certo. Contato que ele continuasse sendo educado e simpático, ela
provavelmente poderia lidar com ele.

— Além disso, —ele disse. Preciso sair deste lugar. Preciso de


férias.

— Ficar com minha família em uma cidade pequena e


intrometida não será férias, —disse ela.

Ele torceu o nariz. — Eu não me importo. Preciso de um pouco


de ar fresco. Novos cenários. —Ele sorriu, e ela se amaldiçoou por ter
sido pega desprevenida pela pura atratividade do sorriso dele. Dentes
tão brancos. Lábios tão bonitos. Esse corpo enorme que pairava sobre
ela em qualquer situação.

— Tudo bem, —disse ela. — Vou te dar uma chance. Vou enviar
a Citrino mais detalhes da proposta. Analise-a.

— Claro, —disse ele, levantando-se e caminhando com ela até a


porta de uma forma cavalheiresca. Ela sentiu-se enrubescer e ficou
feliz por seu rubor não ficar tão aparente em sua pele bronzeada.

— Ah, —ela disse. — E vou incluir algo que proíbe o contato


físico.

— O que? —Ele perguntou, recuando surpreso. — Por quê?


— Olha, eu disse que não pretendo ter nenhum romance, e isso
impedirá que nós dois sejamos apanhados em uma posição estranha.

Ele cruzou os braços enormes, fazendo com que os músculos se


contraíssem. — E você acha que um pedaço de papel te deixará mais
segura de mim?

— Você não está ajudando, —disse ela, franzindo a testa.

— Espere, —disse ele. — Não foi isso que eu quis dizer. Não sou
um monstro e nunca forcei uma mulher a fazer qualquer coisa que ela
não quisesse. Mas qual o propósito disso? Quer dizer que não será
permitido nem mesmo uma mão no ombro ou na parte inferior das
suas costas? Como deverei agir como seu noivo?

Ele tinha um ponto. Ela mordeu o lábio. Não queria acabar sendo
uma idiota que se empolga com um cara gostoso sendo legal com ela,
e também não queria se sentir nervosa ou com medo na presença dele.

— Não sei, —disse ela.

— Não vou tocá-la sem pedir. Ou sem você me permitir. Está bom
assim? —Ele perguntou.

Isso foi surpreendentemente decente, e ela ficou chocada ao ver


como se sentia segura ao lado dele enquanto a levava para o elevador
e apertava o botão para ela.
— Obrigada, —disse ela. — Estou feliz que você me procurou
para conversarmos.

— Eu me comportei abominavelmente. Obrigado por me dar a


chance de compensá-la. —Ele quase parecia tão surpreso quanto ela
pela maneira como as coisas haviam mudado entre eles.

Ainda seria estranho, mas ela pensou que era a melhor opção que
tinha e sentiu que podia confiar nele. Não tinha certeza do porquê, e
não era uma sensação que tinha com frequência, mas confiava.

Além disso, se Dante estivesse carente por contato físico bastava


apontar e escolher a mulher que quisesse. Ela tinha sido boba por
pensar que ele estaria carente o suficiente para se aproveitar de uma
garota como ela.

— Eu acho que isso vai dar certo, —disse ela, estendendo a mão
para apertar a dele.

Ele pegou a mão dela entre as suas, envolvendo-a com uma força
calorosa. Ela quase sentiu suas pernas cederem. — Também acho.

Ela se afastou com relutância e ficou aliviada com o barulho do


elevador. Precisava sair daqui antes que este ‘dragão’, como eles eram
tão estranhamente chamados, mexesse ainda mais com ela.
DANTE ficou maravilhado com a cena do aeroporto à sua frente. Ele
seguiu Ella em um estado de descrença na multidão, nas filas, nas
escadas rolantes, passando pelos humanos vestidos em uniformes
estranhos. E lá fora, as gigantescas máquinas voadoras chamadas
aviões que criaturas que não podiam voar tinham que usar.

Como ele agora, até que recuperasse suas asas de dragão.

Quando Dante estava sentado ao lado dela no avião, na parte da


frente onde os assentos eram maiores (devido a Ella dizer que se sentia
mal em colocar alguém para viajar apertado como um vagão ao lado do
grande corpo dela, seja lá o que isso significava), ele olhou pela janela
minúscula para os outros aviões decolando com estrondo alto.

Ele mal podia esperar para conquistar Ella e mostrá-la como era
muito melhor voar com um dragão. Dante sorriu enquanto alcançava
a bolsa para pegar o livro que estava lendo. ‘Como ser um cavalheiro e
conquistar sua mulher.’
Ella estava trabalhando em algo em seu notebook e pediu
desculpas a ele por estar ocupada durante a maior parte da viagem.
Disse que precisava terminar algo para um cliente.

Era óbvio que ela estava determinada a mantê-lo distante, manter


as coisas profissionais entre eles, mas isso não ia funcionar.

Dante era um dragão e costumava conseguir o que queria. E desde


aquela conversa no escritório de Citrino, onde ficou totalmente
encantado por ela, estava animado para descobrir mais sobre porque
o destino a escolheu como sua companheira.

Ele também se perguntou por que ela escondia sua beleza, por que
seu cabelo cacheado vivia amarrado, por que ela usava grandes óculos
de leitura, mesmo quando não estava lendo.

Dante sabia, pela maneira como ela se movia, que sua


companheira tinha curvas atraentes e suspeitava que por baixo dessas
roupas conservadoras havia seios generosos. Mal podia esperar para
confirmar.

Ainda assim, tinha que ser paciente. Prometeu não tocá-la sem a
autorização dela. Era a primeira vez que uma mulher pedia isso a ele.

Ele estreitou os olhos para Ella, perguntando-se o que a fez pedir


isso. Alguém tomou liberdades? Alguém se atreveu a assediar sua
companheira? Ele estalou os nós dos dedos. Se algum patife fez isso e
ainda estiver vivo, ele o matará.

Na sua outra vida também não tolerava homens abusivos. As


mulheres em sua cidade estavam sob a proteção dele e de outros
Dragões Nobres.

Ela o olhou com cautela. — Você está bem aí?

Ele parou de estalar os nós dos dedos e reclinou o assento. —


Claro. Sim. Tudo bem.

Ela esboçou um sorriso. — Você não pode reclinar o assento. Não


até que estejamos no ar.

Dante relutantemente voltou o assento para a posição vertical. De


qualquer maneira, mesmo reclinado, não era tão confortável. Os
assentos mal cabiam humanos grandes, caberia dragões ainda menos.
— Tantas regras.

— Eu sei, —ela disse. — Parece estúpido, mas tenho certeza de


que há razões.

— Então você tem mais fé nos humanos do que em mim, —disse


ele.

Ela ergueu uma sobrancelha, prendendo um cacho rebelde e


cacheado de volta em seu coque. O cacho saiu do coque
imediatamente e ela o soprou para fora do rosto exasperadamente. —
O que quis dizer com isso?

— Nada, —disse ele, inclinando a cabeça para trás e fechando os


olhos.

Ele a ouviu fechar o notebook.

— Estou sendo rude, —disse ela. — Pronto, podemos conversar


sobre o que esperar quando chegarmos lá.

— Eu li suas observações no contrato, —disse ele. — Mais alguma


coisa que eu deva saber?

— Bem, acho que é bom você saber logo que a minha irmã é uma
mulher muito bonita. Não quero que seja pego desprevenido. —Ela
tirou o casaco do terninho e o usou como travesseiro atrás do pescoço.

Sua companheira estava desconfortável? De alguma forma, o


desconforto dela o incomodou.

— Por que eu me importaria com a aparência de sua irmã? —Ele


perguntou. — Estarei lá apenas para você.

— É sério, —disse ela, alisando o cabelo para trás, domando


alguns frisados. — Minha irmã é perfeita. Tive que ouvir isso durante
toda a minha vida. Eu realmente não quero ter que ouvir isso de você.
— Por que, com ciúmes? —Ele brincou, virando-se para ela com
um sorriso.

Ela se mexeu irritada. — Não. Porque o contratei para me apoiar.


Não me desaponte.

— Tudo bem, —disse ele. — Entendi. Irmã perfeita. Ignorar a


irmã perfeita. Conte-me sobre o resto da família.

Ela o fez, e enquanto o avião decolava e subia ao céu, Dante


ouviu sobre os pais dela, que pareciam legais, e coisas para fazer na
cidade.

— E o noivo da sua irmã? —Ele perguntou quando ambos


estavam confortavelmente reclinados em seus assentos e segurando
bebidas doces que a comissária trouxe.

Ela congelou com a pergunta dele, olhando para a bebida em sua


mão. — Não quero falar sobre isso.

Dante se endireitou. — Espere. Por que? —Ele reprimiu a raiva


que cresceu dentro dele. — Esse homem fez alguma coisa com você?

— Não, ele não fez, mas ... eu não quero falar sobre isso.

— Por que realmente você quer levar um acompanhante para


casa? —Ele perguntou. — Tem medo de alguém?
— Não quero falar sobre isso, —disse ela. — Não há nada de
errado com o noivo da minha irmã. Eu só ... quero falar sobre outra
coisa.

Ele podia sentir o desconforto dela e concluiu que não iria


conseguir tirar mais informações dela agora de qualquer maneira. —
Seus pais sabem que você está levando um namorado para casa?

Ela afirmou com um aceno de cabeça. — Mas eles vão ficar muito
chocados quando virem você.

— Por que? —Ele perguntou.

— Porque eu sou uma mulher de aparência simples e você é tudo


isso. —Ella apontou com a mão para ele.

— Isso é um disparate.

Ela riu, apesar da tensão. — Disparate? Quem ainda fala essa


palavra?

— Eu falo. Mas o que eu quis dizer é que, apesar de suas tentativas


em esconder, você é linda.

— Eu sei que é seu trabalho mentir, mas há um limite, —ela


retrucou, afastando-se dele.
Ele se aproximou dela sem tocá-la. — Agora, espere um minuto
antes de chamar um cara de mentiroso. —Ele olhou para ela, sem
esconder o calor em seu olhar. — Você é uma mulher cheia de curvas
e suave, e eu gostaria de saber o que há por baixo desse seu terno. —
Ele balançou as sobrancelhas.

— Pare ... —Ela estava corando e se empurrando contra a janela


para se afastar dele, mas não parecia desagradada com seus
comentários.

— E eu suspeito que esse seu cabelo é lindo, —ele disse, esticando


a mão para alcançar o cacho, mas parando antes de tocá-lo. — Estou
tentado a tocá-lo, mas prometi que não faria sem seu consentimento.

— Bem lembrado, —ela disse, prendendo o cabelo para trás


rapidamente.

Ele olhou para ela novamente. — Você tem um rosto bonito. Pele
bonita e macia. Um narizinho perfeito. E esses olhos. Grandes.
Inteligentes. Afiados.

— Certo, —ela disse revirando os olhos. — Isso é o que toda


garota quer ouvir.

— Sensual, —disse ele, inclinando-se mais perto, falando em voz


baixa apenas para os ouvidos dela. — De ‘comer com os olhos’.
Ela ofegou em choque e empurrou o peito dele, colocando-o de
volta. Ela não conseguiu reprimir a risada. — Isso foi grosseiro. E
afinal, por que está dizendo essas coisas?

Ele colocou as mãos atrás da cabeça. — Você me chamou de


mentiroso e estou contestando.

E como um dragão, ele não podia permitir que sua companheira


não visse o quanto ela acendia seu fogo.

Como ela ainda estava olhando para ele, apreensiva, Dante


decidiu mostrar misericórdia mudando a conversa. — Então, quais
são seus planos para salvar a —Ele
perguntou casualmente.

Ella se recostou em alívio, abrindo seu notebook novamente. —


Enfim, algo que eu quero falar. Tenho muitas ideias e adoraria ouvir
a sua opinião.

Ele inclinou a cabeça, surpreendentemente satisfeito. Dante não


estava acostumado que as pessoas se importassem com a opinião dele
e descobriu que gostava disso. — Certo.

— Bem, em primeiro lugar, precisamos de uma assessora, —disse


ela. — Alguém para ajudar Citrino. Uma mulher.

Ele franziu a testa. — Não tenho certeza sobre isso.


— Vamos. Citrino parece ser muito bonzinho, —disse ela.

Eles estavam falando sobre o mesmo dragão? Dante inclinou a


cabeça. — Se quer mesmo saber, Citrino vive mal-humorado o tempo
todo.

— Certo, mas ele não mantém vocês na linha. Citrino parece ser
muito complacente para orientá-los.

— Ah, —ele disse. Como ela nem sabia da existência de dragões,


provavelmente não precisava saber que Citrino era um dos mais
perigosos, apesar de ser um cara afetuoso e legal. Citrino era como o
sol, ele poderia ser caloroso ou escolher cegar a todos no planeta.

Ainda assim, de certa forma Ella estava certa. — Talvez tenha


razão, —disse ele. — Mas eu adoraria conhecer a mulher que
conseguiria trabalhar bem com Citrino. Ele é super independente.

— Encontraremos a certa, —disse ela. — Alguém que não


aceitará com facilidade as merdas dos ‘dragões’.

— Certo, —ele disse indiferentemente.

— E por falar em ‘dragões’... precisamos mudar esse nome.

— Fora de questão, —disse ele, recostando-se no assento.

— Por que? —Ela perguntou, franzindo a sobrancelha.


— O nome é uma piada interna, uma coisa pessoal, —disse ele.
— Além disso, Citrino não lhe disse nosso slogan? ‘Homens tão sexys
que são quase míticos.’

Ela balançou a cabeça. — Embora isso seja verdade, o nome


simplesmente não condiz com o que às mulheres pode esperar da
agência.

Ele bufou. Sim, é verdade. O nome sugeria encontro com dragões,


e eles eram dragões. Mas ela não sabia disso, e Dante não sabia
quando poderia dizer a verdade a ela.

Disseram que ele precisava ir devagar ao revelar a sua


companheira humana sobre a existência de shifters.

— Você acabou de dizer que eu sou sexy? —Ele a provocou,


inclinando-se para frente.

Ela grunhiu. — Eu disse que o slogan era verdadeiro. Só isso.

— Você me acha sexy, —disse ele, dobrando o corpo para o lado,


aproximando-se do ouvido dela e apreciando a maneira como ela se
enrijeceu e seus lábios se separaram ligeiramente.

Então Ella o empurrou novamente, fazendo-o voltar para o seu


lugar. — Não tanto quanto pensa que é.
Ella voltou a falar sobre as ideias para a
mas ele podia sentir que conseguiu abalar as emoções de sua
companheira.

Por enquanto, isso seria o suficiente para ele.

QUANDO POUSARAM, DANTE AGARROU suas bagagens


de mão e pediu a mão dela para conduzi-la pela multidão, dizendo
que não queria perdê-la.

Ella estava começando a perceber o quão perigoso Dante era, e


sabia que tocá-lo seria um erro, mas acabou supondo que ele estava
certo.

Além disso, estar de mãos dadas seria mais convincente para seus
pais quando os vissem. Afinal, para todos os efeitos Dante e ela eram
noivos.
Seus pais aceitaram o fato de que ela havia noivado secretamente
com uma facilidade surpreendente. Mas se perguntou se eles ainda
aceitariam tão facilmente quando vissem Dante.

Por onde passavam as mulheres olhavam para ele, apesar dele


parecer alheio. Ou talvez estivesse tão acostumado com a atenção
feminina que não se importava com os olhares.

Ela esperava que Dante mantivesse sua promessa de não bajular


sua irmã. Sabia que estava sendo egoísta, mas apenas por uma única
vez, queria toda a atenção de um cara. Mesmo que estivesse
tecnicamente pagando por isso. Negociando por isso. Qualquer que
seja o nome do acordo de negócios que eles fizeram.

Eles caminharam em direção à esteira de bagagens e ela viu um


grupo de pessoas esperando com uma placa.

Seu coração caiu em seu estômago quando ela viu sua mãe—
baixa e curvilínea, com belos cachos que provavelmente ela teria igual
se cuidasse melhor deles—ao lado de seu pai.

Ambos estavam radiantes.

Seu peito apertou ligeiramente quando seus olhos se moveram


para sua irmã, alta, magra e perfeitamente loira como sempre, uma
expressão presunçosa em seu rosto.
Quando era mais jovem, esperava um relacionamento melhor
com sua irmã, mas isso nunca foi possível, e ela lentamente desistiu.

Sua irmã a intimidou e a humilhou a vida toda e, além disso, elas


não tinham nada em comum agora que eram mais velhas.

Mas Ella ainda poderia estar feliz pela irmã.

Ela largou a mão de Dante e deu um passo à frente para apertar a


mão de sua irmã, quando avistou o noivo atrás dela com os braços em
volta de sua cintura.

Ella congelou, olhando para o rosto gentil do noivo de sua irmã,


que a oferecia um sorriso de boas-vindas.

Ela sabia que não era culpa dele. Não foi ele que a atacou. Mas ...

Sentiu seu corpo congelar de tensão, velhas memórias surgindo.


Coisas que tentava não se lembrar. Coisas que nunca foi capaz de
esquecer.

— Você está bem? —Ben perguntou, parecendo preocupado.

Ela não sabia como falar, respirar, se mover, e então sentiu mãos
fortes e reconfortantes ao redor dela, segurando-a com força.

Dante a puxou contra seu peito musculoso. — Ela está bem. Foi
apenas um longo voo.
E isso a tirou de seu choque. Ela deu a Dante um olhar
agradecido. — Pessoal, este é Dante.

Apresentou Dante e ficou agradavelmente admirada com o


esforço que todos fizeram em esconder sua surpresa.

— Precisamos pegar nossa bagagem e, se estiver tudo bem, nos


encontraremos novamente em casa, —disse Dante. — Alugamos um
carro, não foi, Ella?

— Alugamos? —Ela perguntou, piscando. — Oh, sim, alugamos.

Sua mãe hesitou, mas depois assentiu. — Nos veremos em casa,


então.

Enquanto sua família partia e ela olhava ansiosamente para trás


acenando um adeus, Dante cruzou os braços e olhou a fixamente. —
Você quer me dizer o que foi isso?

Ela balançou a cabeça. — Não foi nada.

— Nada? Você congelou. Ficou apavorada.

Ela esfregou os braços e então se dirigiu a esteira de bagagens para


pegar uma de suas malas. Ele se adiantou e ergueu a mala facilmente
como se não pesasse nada.

Dante era um cavalheiro.


Pegaram as malas, e enquanto se dirigiram ao balcão de aluguel,
Dante se virou e a encarou. — Sinto muito por tocá-la sem permissão.
Mas você estava congelada e eu tinha que fazer algo.

— Tudo bem, —disse ela. — Encontrá-los foi meio


constrangedor.

— Não foi constrangimento, —disse ele. — Foi medo. Você


estava com medo e eu não gostei de vê-la com medo.

Então vai continuar não gostando muitas vezes enquanto estivermos aqui,
uma voz dentro dela disse sombriamente.

— O que disse? —Ele perguntou, quase como se a tivesse ouvido.

— Você pode ler minha mente?

Ele sorriu. — Eu posso, mas me disseram que é falta de educação.

Ela riu. — Certo. Você é ridículo. Eu espero que saiba disso.

— Só quando eu preciso ser, —ele respondeu. — Espero que não


esteja chateada com a história do carro alugado.

— Não, —ela disse. — Foi uma ideia inteligente de sua parte.

— Achei que a última coisa que você precisava era estar no carro
se sentindo uma ... como as mulheres falam? Estúpida.
Ela riu de novo, finalmente sentindo seu corpo relaxar e voltar ao
normal. — Sim. Estúpida.

— Certo. Bem, apenas confie em mim. Eu serei seu anti-estupidez


durante a nossa estadia.

Ela tentou esconder o calor que brotava dentro dela com as


palavras dele. Dante não tinha ideia do quanto significava não se
sentir sozinha nesta cidade que já lhe deu tanto horror. — Obrigada.

Ele assentiu. — Agora, devemos escolher algo chique? Eu quero


andar com estilo.

Ela riu. — Se você está pagando por isso.

— Claro, —disse ele, com as mãos nos bolsos.

— Não, não, —disse ela. — Não precisamos de um carro de luxo


e não vou deixar você pagar.

Ele resmungou, mas juntos, decidiram por um carro, e ela


respirou fundo enquanto caminhavam para fora, prontos para saudar
o dia juntos.
DANTE descobriu que a pequena cidade de Heber , Utah , era muito

diferente de Seattle , onde a agência deles estava sediada.

Por um lado, havia montanhas por toda parte e, em vez de serem


cobertas por uma folhagem exuberante, elas eram cobertas por
penhascos escarpados, trilhas e pontilhadas por pinheiros e álamos .

Havia uma espécie de beleza selvagem aqui, e o rancho dos pais


de Ella, acima da pequena cidade, exemplificava isso.

Heber é uma cidade localizada no estado norte-americano de Utah, no Condado de Wasatch.

Utah é um estado no oeste dos EUA definido pelas vastas áreas de deserto e pela cordilheira Wasatch. O
ponto principal de Salt Lake City, a capital, é a Praça do Templo, onde ficam a sede da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e seu
majestoso templo e tabernáculo, com uma enorme abóbada e um famoso coral. As águas do Grande Lago Salgado, nas quais é muito fácil flutuar,
atraem nadadores e pessoas que gostam de banhos de sol, principalmente no Parque Estadual de Antelope Island.

Seattle, uma cidade situada no Puget Sound, na região do Noroeste Pacífico dos EUA, é cercada de água,
montanhas e florestas perenes e contém milhares de acres de parques. Ela é a maior cidade do estado de Washington, além de ser um grande
polo tecnológico: a Microsoft e a Amazon têm suas sedes estabelecidas na área metropolitana. O futurista Space Needle, um legado da Expo
62, é o monumento mais famoso da cidade.

O álamo é uma árvore decídua, de porte médio a grande, que chega a alcançar 30 metros de altura. É uma espécie de talhe
elegante, com tronco ereto e copa mais ou menos densa, de forma oval, colunar ou piramidal, de acordo com a variedade.
Dante notou com interesse que havia cavalos e gado bovino nos
consideráveis acres de terra atrás da casa principal, que mais parecia
uma grande cabana.

A casa parecia ter sido construída há muito tempo, mas havia


resistido ao teste do tempo, provavelmente devido a um acabamento
de qualidade.

Enquanto carregava suas malas e as de Ella para dentro e subia os


degraus de toras talhadas, ele se maravilhou com a forma como toda
a madeira envernizada se encaixava perfeitamente umas nas outras.

A porta se abriu e o pai de Ella, Ron, os cumprimentou. Ele era


alto e magro, com cabelos ralos e grisalhos, e olhos amáveis atrás de
óculos presos atrás do pescoço por uma corrente.

Ron estendeu a mão para apertar a de Dante, mas havia uma


pitada de hesitação nos olhos azul-acinzentados do homem, embora
ele tentasse mascarar.

Dante teria que descobrir o motivo dessa hesitação mais tarde. Ele
não gostaria de ter a desaprovação dos pais de sua companheira.

Ella estava abraçando o pai quando sua mãe dobrou a esquina e


sorriu.
A mãe de Ella, Grace, era uma imagem perfeita de Ella de várias
maneiras. O mesmo corpo curto e curvilíneo, sorriso largo, risada alta
e cachos selvagens. Pelo menos se Ella algum dia soltasse o cabelo.

Mas também havia diferenças. Uma nitidez nos traços de Ella em


contraste com o rosto mais suave e redondo de sua mãe. E uma
cautela que mudava a aparência geral de Ella.

Ainda assim, ela abraçou a mãe e murmurou palavras que ele não
conseguiu entender antes de se afastar e apresentá-la a Dante
novamente.

Grace ficou boquiaberta ao olhar para ele. — Você é grande, não


é? —Ela riu. — Podemos usá-lo neste rancho.

— Acho que ele não é o tipo que iria gostar do trabalho duro do
rancho, —disse uma voz feminina friamente.

Dante ergueu os olhos para ver a irmã de Ella, Melanie, e o noivo


a reboque, em pé na cozinha. Melanie se aproximou lentamente. A
mulher estava usando um vestido curto e apertado, e sapatos de salto
alto que mais pareciam armas do que algo que alguém deveria usar
nas montanhas.

— Pelo amor de Deus, —disse a mãe de Ella. — Vá se trocar antes


de tropeçar em alguma coisa.
Melanie resmungou algo baixinho, lançou-lhe um olhar furioso e
saiu pisando duro para um quarto do outro lado do andar principal.
Seu quarto de hóspedes, talvez?

— Sua irmã mora em Heber? —Dante perguntou a Ella.

— Queríamos, —Ron disse. — Ela mora em Park City . Mas não


é longe.

— Como ela acabou noiva de Ben? —Ella perguntou enquanto


eles estavam na entrada com suas malas. Dante estava orgulhoso dela
por não ter deixado o tal de Ben desestabilizá-la desta vez. Ele ainda
precisava descobrir o que estava acontecendo aqui.

— Eles se conheceram na mesma empresa em Park City. —Ron


encontrou os olhos de Dante. — Muita gente daqui vai para lá.

— Faz sentido, —disse Dante, tentando impedir que


continuassem explicar mais sobre coisas com as quais ele não se
importava. Ele estava aqui por Ella, não por sua irmã e Ben.

— Deixe-me mostrar o seu quarto, —disse Grace, conduzindo-os


até a escada e subindo rapidamente.

Park City é uma cidade localizada nos condados de Summit e Wasatch, no estado americano
de Utah. É, juntamente com Moab, a maior cidade-resort de todo o estado de Utah. Park City é considerada como parte da área
metropolitana de Salt Lake City, sendo que a distância até lá é de 32 milhas.
— Mãe, acho que sei onde fica meu antigo quarto, —disse Ella.

— Bem, já que você estava trazendo um menino para casa,


pensamos que talvez devesse ter uma suíte maior, —Grace disse com
um pequeno sorriso, seus olhos enrugando nos cantos.

Dante esperava que Ella eventualmente sorrisse o suficiente para


ter aquelas pequenas rugas. Esse seria o novo objetivo dele.

— Oh, —ela disse. — Mas ...

— Sem ‘mas’, —disse Grace. — Qual é o sentido de uma reforma


se não pudéssemos acomodar nossa filha? —Ela cruzou os braços
enquanto Ella entrava no quarto. — Então vocês transformaram a sala
de jogos em um quarto?

Grace concordou. — O que achou?

Dante foi até a janela e olhou para a vista das montanhas atrás da
casa. Havia um grande lago não muito longe deles e vacas pastando
nos campos atrás deles.

As montanhas capturaram mais sua imaginação, no entanto.


Belas, selvagens e de tirar o fôlego. Toda a beleza crua aqui o lembrava
de seu tempo, antes que os edifícios e a civilização assumissem o
controle de tudo.

— Quanto tempo vocês moram aqui? —Ele perguntou.


— Oh, nossa família está aqui há gerações, —disse Grace. —
Bem, vou deixar os dois se acomodarem. O almoço está sendo feito,
se quiserem descer e se juntar a nós, ficaremos felizes.

— Claro, —disse Ella.

Ron acenou e desapareceu com Grace, deixando Dante sozinho


com sua companheira, que parecia nervosa, mas pelos motivos
errados.

— Tudo bem? —Ele perguntou, pulando na cama e olhando para


ela.

Ela manteve os braços firmemente cruzados enquanto olhava pela


janela, depois ao redor do quarto e depois para ele. — Acho que a
ficha está caindo que finalmente estou em casa.

— Isso é uma coisa ruim?

Ela hesitou, seus olhos castanhos cautelosos. Dante notou que ela
tinha cílios longos e curvos, grossos como o cabelo. Eles davam aos
olhos castanhos de Ella um olhar de dor que fazia aflorar os instintos
protetores nele.

Dante desejou ir até ela e abraçá-la, puxá-la contra ele e dar-lhe


todo o conforto do mundo, mas sabia que não seria bem-vindo.
— Seja como for, acha que pode ir almoçar sem mim? —Ela
perguntou. — Eu meio que gosto de ler quando estou estressada,
então acho que não vou descer para comer.

Ele se levantou e se espreguiçou. Os dragões estavam sempre com


fome; o metabolismo para manter seus músculos era severo. — Tudo
bem. Quer que eu traga algo para você?

— Não, está tudo bem, —disse ela. — Não estou com fome.

Mentirosa.

Ele traria algo, mas daria a ela tempo para tirar um cochilo
primeiro. E aproveitaria a chance para fazer um reconhecimento da
família, tentar descobrir mais sobre o que estava acontecendo aqui.

Dante se certificou de que Ella não precisava dele antes de partir


e, quando ela estava acomodada e confortável na cama, ele fechou a
porta suavemente atrás de si e desceu as escadas.

Dante parou abruptamente quando viu toda a família comendo


em uma mesa. Ele estava atrasado? E havia aquele olhar estranho nos
olhos do pai de Ella novamente.

— O que foi? —Dante perguntou ao grupo. — Eu não sou bem-


vindo sem sua linda filha?
Grace jogou a cabeça para trás e riu, quebrando a tensão. — Claro
que você é bem-vindo. Aqui, sente-se e eu vou servi-lo.

— Não há necessidade, —disse ele. — Eu mesmo me sirvo.

— Não, eu faço questão. —Grace insistiu, levantando-se e


pedindo sua opinião enquanto servia a ele algum tipo de frango assado
e vegetais.

Ele agradeceu e propositalmente sentou-se ao lado do noivo, na


esperança de intimidar o outro homem. Ben apenas sorriu para ele.
Como é que esse merdinha conseguiu assustar Ella?

Eles estavam comendo e mantendo uma conversa desinteressante


sobre o trabalho de Melanie, quando Melanie de repente largou o
garfo com um baque e se virou para ele com olhos azuis gelados, que
eram uma versão mais jovem de seu pai. — Então, quanto Ella está
lhe pagando?

— Melanie! —Ron sibilou.

— O que? Todo mundo está pesando a mesma coisa! Eu sou a


única que tem coragem de perguntar.

Dante baixou o garfo e tentou evitar que a raiva subisse em seu


peito. Ele poderia dizer honestamente que não estava sendo pago
porque ele e Ella tinha combinado troca de serviços. Além disso, pago
ou não, era incrivelmente insultuoso para Ella que eles presumissem
que ela não poderia ter noivado com um homem como ele.

Dante limpou a boca com o guardanapo e o recolocou no colo,


considerando as palavras que diria a seguir. Afinal, essa era a família
de sua companheira. Ele queria ser civilizado.

Por outro lado, qualquer um que insultasse a companheira de um


dragão merecia sentir o fogo desse dragão.

— Por que acha isso? —Ele perguntou a Melanie friamente.

— Oh, vamos lá, —disse Melanie. — Ela nunca iria conseguir se


relacionar com alguém mais bonito do que eu consegui. Quero dizer,
já olhou bem para ela ...

— Sim, —disse Dante. — Extensivamente. —Ele passou a língua


pelo lábio inferior e o mordeu suavemente para fazer seu ponto.

Melanie fez uma careta. — Você não pode estar falando sério.
Diga a ele, Ben.

Ben parecia vagamente ofendido. — Você acabou de me insultar


e quer que eu diga que ele é bonito demais para sua irmã?

— Pelo amor de Deus, —disse Melanie. — Estou ficando louca?


É de Ella que estamos falando.
Dante bateu com as mãos na mesa, fazendo-a chacoalhar
enquanto ele se levantava.

— Nenhum de vocês vai defendê-la? Caramba, Ella é filha de


vocês. Vocês deveriam conhecê-la ainda melhor do que eu. Sabem o
quão inteligente ela é. Linda. E única. Se vocês não podem ver isso,
vou levá-la e dar o fora daqui.

— Quanto ela está te pagando? —Melanie repetiu.

Dante cravou os olhos nos dela, dando-lhe uma leitura longa e


lenta que a fez corar. — A única aqui que teria que me pagar para
aceitar sair seria você.

Então ele se desculpou e deixou a mesa, deixando Melanie


cuspindo e Ron e Grace boquiabertos.

Dante ouviu o caos estourar, os pais de Melanie brigando com ela


enquanto ela gritava, e quando ele alcançou as escadas, sentiu a mão
de Ron em seu ombro.

— Espere, —disse o homem mais velho. — Espere. Deixe-me


pedir desculpas.

— Por ... —Dante disse, levantando uma sobrancelha.

— Eu deveria ter dito algo. Deixamos Melanie ficar solta por


muito tempo. Mas nós amamos Ella. Na verdade, tenho vergonha de
admitir que estava desconfiado de você porque pensei que você
poderia estar usando-a.

O rosto de Dante se contraiu, mas Ron levantou a mão.

— Me ouça. Não é porque eu não acho que minha filha seja


bonita e mereça o melhor do mundo. É porque ela nunca trouxe
alguém para casa antes, e quando o fez, pensei que seria alguém mais
parecido com ... ela.

— Como?

— Você sabe, alguém que realmente não se importa com a


aparência externa. Quero dizer, está tudo bem que você se pareça ...
com você. Fomos pegos de surpresa e presumimos o pior, mas juro
que foi por proteção equivocada, não por falta de respeito por nossa
filha.

— Não é isso que Melanie acha.

— Dê-nos a chance de lidar melhor com isso, —disse Ron.

— Tudo bem, —disse Dante bruscamente. — Mas coloque isso


na sua cabeça. Estou atraído por sua filha. E sou eu que preciso me
esforçar para merecê-la. Não o contrário. —Ele ergueu o queixo com
altivez, esperando pela resposta de Ron.
Ele riu. — Bom homem. Sim, percebi isso na maneira como você
falou sobre ela. Lembre-se, eu me casei com a mãe dela, e elas são
muito parecidas.

— Mas diferentes, —disse Dante.

— Verdade, —disse Ron.

Dante sustentou o olhar do outro homem por um minuto,


medindo-o. Finalmente, ele suspirou, decidindo dar a todos eles outra
chance. — Tudo bem. Mas se outra pessoa decidir desrespeitar minha
companheira, não vou tolerar isso.

Os olhos do homem mais velho se arregalaram. — Companheira?

— Noiva. Você sabe o que eu quero dizer. —Dante passou as mãos


bagunçando seu cabelo e subiu correndo as escadas. — Até logo.

Grace correu para o fim da escada, carregando um prato, e acenou


para ele. — Para Ella, —disse ela.

É justo.
ELLA estava profundamente absorta em um romance de piratas

sexys quando ouviu a porta abrir sem uma batida.

— Droga, —disse ela, correndo para enfiar o livro debaixo do


travesseiro enquanto Dante entrava, carregando comida.

— O que foi isso? —Ele perguntou, com um sorriso torto


enquanto olhava para o travesseiro que estava estufado de forma
suspeita.

Dante parecia tão deslocado aqui em todo o seu bronzeado, glória


dourada e enorme altura. Mais do que isso, como se ele tivesse saído
de seu romance.

— Nada, —disse ela rapidamente.

— Aqui, —ele disse. — Comida.

Dante parecia estranhamente tenso enquanto se sentava na


poltrona ao lado da porta, e ela se perguntou se algo havia acontecido
lá embaixo.

— Você está bem? —Ela perguntou.

Ele acenou com a cabeça laconicamente.

— O que aconteceu?
Ele considerou suas opções. Não queria repetir nada que pudesse
machucá-la, mas as pessoas diriam mesmo assim.

— Sua irmã foi uma grande idiota, e eu meio que acabei gritando
com sua família por não defender você.

Ela estava prestes a dar uma mordida no peru assado, mas o garfo
congelou a meio caminho de sua boca. — O que?

O coração dela começou a bater quando ele explicou,


gesticulando com uma expressão irritada enquanto contava a
conversa, terminando com um sorriso malicioso ao dizer: — O que
aquela idiota não entende é que alguns homens preferem curvas.

Sua nuca se arrepiou e ela colocou o prato de lado. — Obrigada?

— Estou sendo sincero, —disse ele, olhando para ela.

— Mas, uh, você está sendo pago por mim.

— Troca de serviços. E isso não vem ao caso. O que quero dizer


é que eles não acham que alguém como eu iria realmente se interessar
por você.

— E eles provavelmente estão certos, —disse ela, gesticulando


para ele com o garfo. — Alguém como você não sai com alguém que
se parece comigo.
— Do que você está falando? Minha espécie prefere mulheres com
curvas, algo em que se agarrar. Suavidade feminina.

— Sua espécie?

Ele piscou. — Uh ... eu quis dizer, eu e meus amigos, pelo que


ouvi deles.

Ela suspirou, olhou para baixo e agarrou a pele de sua barriga


suave com uma das mãos. — Certo, porque isso seria sexy.

Ele mordeu o lábio. Parecia tão macia. Queria ser o único a tocá-
la.

— Viu? Você acabou de se recusar a ver como gordurinhas não


são nada sexys.

Quando Dante se voltou para os olhos dela, sua voz estava tensa.
— Sim, é sexy. Sinto-me atraído por suas curvas e gostaria que você
me fizesse o favor de não as esconder sob roupas tão conservadoras.

Ela sentiu seu queixo cair e teve que lutar para fechá-lo
novamente. — O que? —Homens como ele não diziam coisas assim
para garotas como ela.

— Eu gosto do seu corpo. Já que você não está me pagando,


poderia muito bem ser um colírio para os meus olhos mostrando mais
essas belas curvas.
— Eu não sou colírio para os olhos de ninguém, —disse ela,
franzindo o nariz.

— Você tenta não ser. Mas eu lhe garanto. Deixe esse cabelo
solto, use algo que mostre suas curvas, e eu terei que lutar para manter
a minha palavra de não tocá-la sem seu consentimento. —Os olhos
dourados dele estavam brilhando, sua mandíbula tensa e, a menos que
ela estivesse enganada, Dante estava dizendo a verdade. Pelo menos
ela acreditava que sim.

— Hum, —ela disse, cutucando seu prato.

— Então coma seu peru. Mas se quiser saber se caras como eu se


interessam em garotas como você, a resposta é sim. Se você deixar.

— Não quero ficar confusa, —disse ela. — Isso entre nós é apenas
um acordo de negócios. E embora tenha sido muito bom ter você me
defendendo, não posso me dar ao luxo de confundir o que isso
realmente é.

— E o que você acha que isso realmente é? Eu poderia muito bem


só ter aceitado esse acordo como uma desculpa para chegar perto de
você.

— Eu só ... O quê?
Ele sorriu enquanto se levantava e se espreguiçava. — Vou dar
um passeio lá fora e clarear minha cabeça. Coma. Precisa se manter
forte. E pense no que acabei de dizer.

Sim. Ela provavelmente pensaria nisso por um bom tempo.

DEPOIS DO JANTAR, TODOS ESTAVAM jogando algo


chamado Caça-palavras (onde ficaram corrigindo Dante por usar
palavras que não existiam) quando alguém bateu na porta.

Ella, ainda distraída por uma longa palavra que ela colocou em
um lugar que cabia uma palavra composta, seja lá o que fosse isso,
nem mesmo ergueu os olhos quando Ron foi atender.

Melanie estava fazendo beicinho no sofá, lixando as unhas, que


mais pareciam garras, e Ben estava longe de ser visto. Ele
provavelmente fugiu com raiva depois que sua noiva o humilhou na
mesa de jantar.
Dante ouviu vozes masculinas na porta, e Grace ergueu a cabeça
enquanto Ella ficou tensa ao lado dele.

— Cliff, é você? —Melanie perguntou, levantando-se.

Dante estava focado no fato de que Ella tinha ficado rígida. Ela
manteve a cabeça baixa, os ombros curvados. O que diabos estava
acontecendo? Um momento atrás, sua companheira estava empolgada,
afiada e ousada. Agora se encolhia como flores na geada.

Ele se levantou para ver quem estava na porta. Odiava deixar Ella,
mas precisava dar uma olhada em quem estava entrando.

O tal ‘Cliff’ estava apertando a mão de Ron e sorrindo para todos.


Mesmo à primeira vista, Dante poderia dizer que esse homem era
irmão de Ben.

Ele olhou para Ella, que estava tremendo, depois de volta para
Cliff, e algo em sua mente se encaixou.

Ella não tinha medo de Ben. Tinha medo de Cliff. No aeroporto


ela havia congelado quando encontrou Ben porque ele era muito
parecido com seu irmão e ela se lembrou dele. Uma infinidade de
opções horríveis do que tinha acontecido veio à sua mente, mas em
vez de pensar sobre isso agora, Dante precisava se concentrar em
cuidar de Ella.
— Ella está aqui? —Cliff perguntou, entrando com um sorriso
fácil no rosto.

Dante olhou para sua companheira congelada e tomou uma


decisão repentina. Isso provavelmente pareceria rude, mas ele não se
importou. Ele caminhou até ela, a pegou nos braços, deu ao homem
na porta um olhar duro e correu escada acima com ela.

O desejo primordial de protegê-la superou todo o resto. Não tinha


nada a ver com ser seu namorado contratado. Tinha tudo a ver com
tirá-la o mais rápido possível da sala, onde havia alguém que a fazia
se sentir dessa maneira.

Ele a colocou na cama e ela o empurrou enquanto tentava se


levantar.

— Eu deveria estar lá. Sou uma adulta agora. Não posso deixá-lo
me provocar. Não preciso correr.

Dante a agarrou pelos braços. Seus cachos estavam se soltando de


seu coque, e quando ela olhou para ele, havia lágrimas nos olhos dela.

— Por que eu estou chorando? —Ela perguntou. — Não me sinto


triste.

Sem palavras, Dante a puxou contra ele.


— Você não é pago para isso, —ela murmurou, afundando as
lágrimas em sua camisa.

— Tudo bem, —respondeu ele. — A honra é minha.

Dante a segurou contra ele e a deixou chorar silenciosamente pelo


tempo que ela precisou. Aquele homem a largou? Machucou-a? Perseguiu-
a? Se ele pensasse muito sobre isso, a raiva homicida dentro dele seria
demais para suportar. E até que soubesse a verdade, não havia motivo
para ficar com raiva.

Mas o dragão dentro dele estava rugindo, pronto para cuspir fogo,
e pela primeira vez, Dante estava feliz pelo anel que o segurava.

A pequena cidade de Heber não estava pronta para um dragão.

Ela finalmente suspirou e se afastou dele, sentando-se na cama


bufando. — Eu sinto muito. Não sei por que ele ainda pode me afetar.

Dante se sentou ao lado dela, deixando suas coxas se tocarem. —


Estou aqui se você quiser falar sobre isso.

Ela balançou a cabeça. — Não quero.

Houve um longo silêncio enquanto ele olhava para a noite escura


surgindo do lado de fora da janela. Um aperto no coração o invadiu
quando percebeu que passaria a noite neste quarto, com sua
companheira sexy, tendo que se controlar totalmente.
Isso seria difícil, especialmente agora com sua possessividade
crescendo. Tudo o que ele queria fazer era abraçá-la, tranquilizá-la,
fazê-la se sentir segura. Mas agora, mais do que qualquer coisa, sentia
que ela precisava de seu humor.

— Melhor ir embora. Quero dizer, melhor me acomodar no chão,


—disse ele com uma risada. — A menos que minha exibição viril
tenha feito você mudar de ideia sobre onde eu irei dormir.

Ela bufou, e ele ficou feliz em vê-la voltando ao normal. — Nem


pensar, dragão.

Ele sentiu um pequeno estremecimento percorrê-lo. Foi bom


ouvi-la chamá-lo assim, mesmo que ela não fizesse ideia de que era a
verdade.

Quando iria poder dizer a ela?

Paciência, Dante.

Ele passou a mão pelo cabelo. — Acho melhor eu ir pedir a sua


mãe lençóis sobressalentes, então.

— Não precisa, —ela disse, se levantando. — Têm lençóis aqui


no armário.
Ele os pegou e ela o ajudou a fazer a cama no chão. Depois que
os dois se prepararam para dormir, compartilhando o banheiro,
desligaram a luz e se cobriram.

O barulho estava acalmando lá embaixo e, com sorte, a visita de


Cliff foi curta. Dante percebeu que provavelmente o homem era um
dos padrinhos e tentou não ficar tenso com isso. Se ficasse, ele não
conseguiria se controlar novamente.

Dante descobriria o que estava incomodando sua companheira,


resolveria para ela e a conquistaria no processo. Mas primeiro,
precisava ganhar a confiança dela.

— Então, o que vamos fazer amanhã? —Ele perguntou.

— Acho que vamos todos para a feira, —disse ela.

— O quê?

— A feira estadual. Há muitas coisas para se fazer lá. Minha


família geralmente vai, e eles estão felizes por eu poder acompanhá-
los este ano.

— Entendi, —disse ele.

— Boa noite, Dante. E obrigado por hoje. Você realmente é um


cara muito bom.
Ele sentiu-se enrubescer e mudou de posição,
desconfortavelmente. Estava acostumado a usar de elogios para
agradar aos outros. Também estava acostumado a ser admirado e
bajulado, no entanto, não costumava a receber elogios espontâneos e
honestos vindo de alguém.

— Obrigado por me trazer, —respondeu ele. — Vamos nos


divertir na feira.

E então ouviu sua companheira se virar, e ele apenas apreciou a


sensação de estar lá na escuridão, sozinho, mas ao mesmo tempo
acompanhado dela.

DANTE ficou surpreso com as engenhocas diferentes espalhadas

pela área da feira estadual. Pareciam extremamente estranhas e mal


construídas, mas as pessoas as montavam, deixando-as levar para o
céu por algumas frágeis vigas mecânicas soldadas desleixadamente.

Ella não pareceu incomodada e o avisou que eles iriam passear


nessas coisas, ele gostando delas ou não.
Para sua decepção, ela ainda não tinha decidido usar roupas que
fossem um pouco mais ajustadas, mas deixou seu cabelo solto em um
rabo de cavalo baixo, e isso era alguma coisa.

Os cachos suaves, suntuosos e ligeiramente crespos o tentavam a


torcer a mão neles. Ela estava linda hoje, mesmo com uma jaqueta
quadrada e calças de treino escondendo suas curvas. A imaginação
dele estava frenética tentando imaginar como essas curvas eram por
baixo do tecido, e isso era divertido.

Dante olhou novamente para uma das engenhocas, um grande


círculo com pequenos acentos flutuantes onde as pessoas podiam
sentar-se, e percebeu que muitos dos casais nos acentos estavam se
abraçando.

Se eles iriam passear em uma dessas engenhocas, ele queria


passear nessa.

— O que você está olhando? —Ela perguntou. — A roda gigante?

Ele assentiu.

— Podemos ir nela se quiser. —O ar da montanha soprou,


levantando os cachos dela, acentuando sua beleza selvagem. Aqueles
grandes olhos castanhos e cílios exuberantes, aquela boca suntuosa e
lábios curvos. A pequena covinha em seu queixo.
Ella estava comendo uma maçã doce que ele insistiu em comprar
para ela quando a viu olhando com desejo para a bandeja de frutas
caramelizadas.

Um pedacinho de caramelo ficou preso no lábio dela. Ele


estendeu a mão para limpar e então parou, puxando sua mão de volta.
— Você tem algo em seu rosto.

Ela estendeu a mão, sentiu o caramelo e sorriu de vergonha. —


Opa. Obrigada.

Droga, ele realmente queria tocá-la. Estava ficando mais difícil


fingir que não. Dante enfiou as mãos nos bolsos com impaciência.
Hoje ele estava vestindo calça cáqui e uma camisa social e sentia que
estava vestido um pouco mais formal do que devia. Talvez precisasse
ir até uma das lojas da cidade e comprar roupas mais adequada.

Ella não pareceu se importar, no entanto. Ela o agarrou pelo


braço. — Vamos. Eu quero jogar na pescaria.

— Pescaria?

— Você tenta pescar um peixinho e, se conseguir, pode ficar com


ele.

Ele ergueu uma sobrancelha. Ficou curioso com esta ... pescaria.
Ela o puxou ansiosamente por entre a multidão até uma mesa
onde havia muitas tigelas de água. Deram uma pequena rede a Ella e
explicaram as regras. Em questões de segundos Ella pescou seu
peixinho. Uma pequena coisinha laranja e prata, Dante não viu o que
havia de tão emocionante nisso. Mas quando Ella ergueu a sacola
transparente de plástico, cheia de água com o peixinho e começou a
arrulhar para a criaturinha laranja, Dante observou como isso a fez
feliz e se pegou sorrindo junto. Ella era tão fofa às vezes e nem
percebia.

— Quer fazer mais alguma coisa? —Ele perguntou, olhando ao


redor enquanto eles deixavam a cabine.

— Na verdade, não, —disse ela. — Tenho certeza de que minha


família está espalhada por toda a feira, e não precisamos ficar aqui
tanto tempo quanto eles. —Ela olhou para a camisa dele. — Essa cor
fica bem em você.

— Obrigado, —ele disse, sorrindo. — Você está bonita também.


Embora eu esteja ansioso para o dia em que você não usará o
equivalente a um saco rígido para se cobrir.

— Continue querendo, —disse ela. — Não baseio meu valor no


meu corpo, então por que deveria exibi-lo?

De alguma forma, ele achava que era mais do que isso.


Eles passaram por uma barraca com bichinhos de pelúcia, uma
espécie de jogo em que você jogava uma bola e derrubava garrafas de
metal empilhadas.

— Aah, —ela disse. — Que fofo! —Ela apontou para um dragão


de pelúcia pendurado acima deles. — Que pena que eles são
impossíveis de ganhar. —Ela olhou para seu peixe. — Pelo menos a
pescaria é mais fácil ganhar. —Ela franziu o narizinho e seu rabo de
cavalo balançou enquanto arrulhava para o peixe.

Dante olhou para o grande dragão verde de pelúcia. O dragão não


era da cor do seu dragão, mas ainda assim ... um bom sinal de que ela
queria um.

Ele se aproximou da cabine, puxando sua carteira. — Como faço


para ganhar o dragão?

Ella deu um passo à frente. — Espere, você não precisa ...

Ele deu a ela um olhar obstinado. — Eu vou fazer isso. Você quer
o dragão, vou ganhar o dragão para você.

— Não sei por que você é tão legal comigo, —disse ela baixinho.

Suas sobrancelhas se ergueram, mas ele não tinha tempo de


abordar o assunto agora. Ele precisava ganhar um dragão.
— Três nocautes consecutivos no total, —disse o cara que
comandava a barraca. O homem tinha aquele sorriso falso de alguém
que gostava de tirar vantagem das pessoas. Dante imediatamente não
gostou dele. O cara que comandava a barraca de peixe era muito mais
legal.

— Três nocautes. —Dante concordou.

O homem estourou uma bolha de chiclete na boca e cruzou os


braços presunçosamente. — Não vai acontecer, no entanto.

— Você não é um bom vendedor, —murmurou Dante.

— O que? —O cara perguntou.

— Nada. —Dante colocou seu dinheiro no chão e pegou a


primeira das três bolas que comprou. Ele estreitou os olhos para as
garrafas. Provavelmente deveria conter sua força, já que o anel apenas
o impedia de assumir a forma de dragão, mas não o deixava muito
mais fraco. Se ele visasse o fundo das garrafas e fizesse um arremesso
leve não teria problema.

Dante se preparou e tentou lançar a bola levemente em direção ao


seu alvo, o meio das três garrafas no final da pilha. Apesar de sua
tentativa de conter a força, a bola era mais leve do que ele pensava e
disparou para a frente como um foguete, batendo direto nas garrafas
com um grande estrondo e, em seguida, passando direto pela parte de
trás da tenda com um som de rasgo alto. A barraca começou a
balançar e Dante sentiu seu rosto empalidecer quando Ella lentamente
olhou para ele em estado de choque.

— Maldito seja, olhe o que você fez com a minha barraca! —O


homem gritou, olhando para o buraco.

Dante apenas o olhou fixamente até que Ella deu um passo à


frente com sua carteira. — Sinto muito, —disse ela. — Ele não
conhece sua própria força. Isso é o suficiente? —Ela colocou o
dinheiro no balcão.

Dante lentamente saiu de seu estupor, em pânico por quase ter se


entregado como um dragão. — Eu posso pagar.

— Fique quieto, —ela disse, pegando o braço dele e o puxando


com ela para longe da barraca enquanto o homem contava o dinheiro
e olhava feio para eles. — Valeu a pena ver a cara de assustado do
homem. Ele provavelmente saiu no lucro, considerando o quão velho
e inferior era o material daquela barraca e o fato de que passa o dia
todo enganando as pessoas.

— Estou feliz que você pense assim, embora eu não tenha


conseguido o dragão.
Ela acenou com a mão. — Está tudo bem. Obrigada por tentar.
—Ela parou no meio da passagem, deixando a multidão fluir ao redor
deles. — O que foi aquilo lá atrás? Quero dizer, de onde veio toda
aquela força?

Ele esfregou a nuca nervosamente. — Não foi tanta força assim.

— Você deve ser muito forte, —disse ela. — Eu pensei que você
fosse apenas um menino bonito. Acho que há mais coisas escondidas
aí, afinal.

Ele bufou. — Esses braços fortes não estão cheios de água. O que
acha que eu escondo?

Ela encolheu os ombros. — Não sei. Você continua me


surpreendendo. Eu ainda não sei nada sobre você também. Devemos
mudar isso ... —Ela parou quando seus olhos se fixaram em algo à
sua frente.

— O que foi? —Ele perguntou.

Ela agarrou a sacola de peixinho em uma mão e sua maçã doce


na outra e deu um passo para trás contra ele, batendo em seu peito.

Dante olhou para ver um grupo de homens avançando, mais ou


menos da mesma idade de Ella.
O que havia sobre os homens nesta cidade que transformava sua
confiante e perspicaz companheira nesta criatura nervosa e assustada
que parecia estar sempre esperando algo de ruim acontecer?

O cara à frente do grupo olhou para ela e parou, um sorriso


iluminando o rosto dele. Ele inclinou a cabeça e caminhou para frente,
e Dante deu um passo na frente dela protetoramente.

— Ella! —O cara disse. — Há quanto tempo.

O homem era tão alto e musculoso como um shifter, e Dante não


gostou nada do olhar nos olhos dele. Como Ben e Cliff, o
desconhecido tinha cabelos escuros, mas era aí que as comparações
paravam. Ele tinha características mais agradáveis.

— John, —disse Ella nervosamente, dando um passo à frente para


ficar ao lado de Dante.

— Uau, —ele disse, se aproximando. Seus olhos se moveram para


Dante. — E trouxe alguém com você. Isso é uma surpresa.

Os olhos de Dante se estreitaram. — Cuidado. É da minha mulher


que você está falando.

— E você é …?

— Não é da sua conta, —disse Dante bruscamente.


— O que ele está vestindo? —John provocou risinhos de seus
amigos. — Está indo a alguma reunião de negócios? Não tem medo
de sujar suas roupas com bosta de vaca?

Dante resistiu ao desejo de socar o idiota. — Vamos, Ella. Vamos


embora.

— Ei, espere, —disse John, virando-se para segui-los enquanto


tentavam passar. — Ainda não matamos a saudade dos velhos
tempos. —John estendeu a mão para tocar em Ella, mas Dante entrou
na frente dele com um grunhido.

— Opa, —disse John, erguendo as mãos. — Calma. Nossa. Esse


cara parece ser perigoso.

— Só quando se lida com idiotas, —Ella retrucou para ele.

Os olhos cinzentos de John ficaram escuros. — Não te perguntei


nada, sua gorda.

Dante sentiu seu punho atravessar o rosto do outro homem antes


que ele tomasse uma decisão consciente de fazê-lo. John foi derrubado
e rolou algumas vezes antes de parar.

Dante ficou onde estava na frente de Ella. No que lhe dizia


respeito, John tinha recebido o mínimo que merecia por insultar sua
companheira.
John limpou a boca com indignação, mas enquanto Dante o
desafiava a se levantar, sem palavras, ele permaneceu abaixado.

— Isso é o que eu pensei, —disse Dante, colocando o braço em


volta de Ella.

— Isso mesmo. Vá embora, sua gorda, —disse John.

Dante soltou um rugido e estava prestes a voltar para ele, mas as


mãos suaves de Ella alcançaram seu rosto, e ele se sentiu puxado por
dedos surpreendentemente fortes em um beijo.

Ella ficou na ponta dos pés para alcançá-lo, e por um momento,


ele tentou se afastar, a necessidade de acabar com aquele idiota
surgindo por ele incontrolavelmente. Mas Dante derreteu dentro dela,
curvando um braço em volta de sua cintura, puxando-a com força
enquanto seus lábios se fundiam. O beijo não precisava se aprofundar;
ele só queria ficar ali assim, junto com ela, tocando suavemente
enquanto o dragão dentro dele lentamente se acalmava.

Quando ela se afastou, Dante teve certeza de que seu choque


transparecia em seu rosto.

— Obrigado por isso, —disse ele.


— Sem problemas, —disse ela, colocando a mão na dele para
conduzi-lo até a roda-gigante. — Vamos embora antes de causar mais
problemas.

Por ele tudo bem. Talvez abraços estivessem nos planos de Ella
durante o passeio na roda-gigante.

Depois de darem os ingressos ao atendente e entrarem no acento


juntos, baixando o guarda-corpo, Dante ofegou quando foram
erguidos do chão e subiram em um círculo suave. A vista ao redor dele
era incrível. A vista ao lado dele? Sublime.

— Obrigada, —disse ela, colocando a mão sobre a dele. —


Ninguém jamais me defendeu.

Ele congelou. — O que?

— Eu sei, —ela disse. — Fui intimidada durante todo o ensino


médio por John e caras como ele. Acho que sempre sonhei em ter um
príncipe para me defender. Agora eu tenho um, mesmo que esse
príncipe me defenda apenas como parte de seu trabalho.

Você está enganada, ele queria dizer.

— Notei que outros casais estavam se abraçando aqui, —disse ele.


— Será que, por estar grata pelo que eu fiz, nós poderíamos nos
abraçar também?
— Não abuse da sorte, dragão, —disse ela. Mas se encostou e
apoiou em seu peito.

Quando a forma curvilínea de Ella se encaixou contra ele, Dante


sentiu todas as suas fantasias confirmadas. Seus seios macios
pressionados contra seu braço, fazendo o corpo inteiro dele se esticar.

— Você está bem? —Ela perguntou, olhando para ele


inocentemente.

— Muito bem, —disse ele, sem saber como esconderia o enorme


‘problema’ que resultou do simples abraço dela. Pelos menos ela agora
saberia que ele estava sendo sincero quando dizia que estava atraído
por ela.

Felizmente, Ella parecia focada na vista.

— Eu sempre vou defendê-la, —disse ele baixinho.

— Claro, —ela respondeu. — Até o término do contrato.

Dante não disse nada, apenas colocou a mão sobre a dela em


silêncio e aproveitou o passeio.
DEPOIS QUE TODA A FAMÍLIA VOLTOU da feira eles

jantaram juntos, e então Ella os avisou que estava subindo para o seu
quarto enquanto seu pai convidou Dante para jogar sinuca.

Dante estava realmente começando a gostar da família de Ella.


Ele nunca tinha tido uma. Mas mesmo que estivesse se divertido com
eles, cada momento sem Ella parecia um pouco vazio. Depois de pedir
licença e agradecer ao pai dela, subiu as escadas para encontrá-la.

Mais uma vez, ele se esqueceu de bater antes de entrar e a viu


pular nervosamente, tentando esconder algo. O olhar envergonhado
no rosto dela era muito fofo, desta vez ele não resistiu a se jogar na
cama para recuperar o que quer que ela tentasse esconder.

Dante vasculhou, ignorando as lamentáveis tentativas de Ella em


pará-lo, e ficou surpreso ao encontrar ... um livro?

Ele puxou o livro para cima e olhou para capa, estreitando os


olhos quando viu a imagem do torso de um homem com abdominais
estampado na capa.
— Os meus são mais bonitos, —ele murmurou.

Ela puxou de volta dele e segurou o livro contra o peito. — Saia.


Você não tinha o direito de fazer isso.

Dante sorriu. — Vamos. Mostre-me. Que tipo de livro é esse?

— Um romance, —ela retrucou.

Ele percebeu que o cabelo dela estava se soltando do rabo de


cavalo, quase todo o caminho para baixo. Ela estava vestindo calça de
moletom e um grande e largo suéter abotoado por cima.

Ella segurou o livro como uma tábua de salvação, e ele queria


saber por que ela queria tanto escondê-lo dele.

— Deixe-me ver, —disse ele.

— Não, —ela disse teimosamente.

— Oh, vamos lá, —disse ele. — Eu não vou te julgar. Além disso,
pensei que você odiava romance.

— Eu ...

Ele aproveitou a pequena distração dela e roubou o livro, abrindo


em uma página aleatória enquanto o segurava bem acima das
tentativas de Ella em recuperá-lo.
Dante leu em voz alta: — Eles se beijaram, e o beijo durou para
sempre, como se a eternidade não fosse longa o suficiente e o amor
que compartilhavam ... —Ele parou quando percebeu que ela não
estava sorrindo. Em vez disso, parecia chateada.

Ele abaixou o livro. — Não entendo. Você odeia romances, mas


lê livros como este em segredo? Por que se preocupar em escondê-los?

Ella agarrou o livro de volta, e ele deixou. Ela bufou e se encostou


na cabeceira da cama. — Eu menti, está bom? —Disse ela,
empurrando o cabelo para trás das orelhas. — Não odeio romances.
Simplesmente eles não fazem parte da minha vida há muito tempo.
Também não quero que ninguém saiba disso.

— Saber o que?

— Saber que os únicos romances em minha vida estão nos livros


que leio! —Ela gritou, parecendo envergonhada.

Dante se sentou ao lado dela na cama, mantendo sua postura


amigável e relaxada. — Não há nada do que se envergonhar.
Provavelmente esse é o tipo de livro que também gosto.

— Como assim? —Ela perguntou.

— Bem, o abdômen na capa lembra o meu, e há o fato de que sou


um romântico incurável. Desinibido, ao contrário de você.
— Sim, bem, você nasceu lindo. Pode ter quem quiser.

— Você também pode, —disse ele.

— Sim, certo, —ela respondeu. — Até parece.

— Você também é linda, —disse ele. — Apesar de se esforçar para


esconder isso. —Ele hesitou. — Posso tocá-la?

Ela balançou a cabeça lentamente, e ele alcançou o botão de cima


de seu cardigã e o desabotoou. A pele macia e cremosa foi revelada,
fazendo-o prender a respiração. Ele desabotoou outro botão, depois
outro, e percebeu para seu deleite que ela estava usando uma camisola
justa por baixo que delineava suas curvas.

Seios deliciosos, cintura suave e arredondada.

A boca dele encheu de água.

Dante colocou o cardigã de volta no lugar e se afastou um pouco


dela. Em seguida, ele agarrou o cabelo dela, puxando-o para fora do
rabo de cavalo e deixando-o cair sobre os ombros, movendo-o no lugar
com as mãos, soltando os cachos apertados.

— Pronto, —disse ele. — Linda.

Ella ficou boquiaberta com ele por um momento, então agarrou


seu cardigã, puxando-o junto. — Pare de mentir para mim.
— Não estou mentindo para você, —disse ele.

— Há um limite, —ela retrucou, tentando prender o cabelo em


um rabo de cavalo, torcendo-o nas mãos. — Eu sei que você está
sendo pago para fazer me sentir melhor, mas ...

Ele se inclinou para frente, beijando-a, interrompendo suas


palavras. Foi diferente da feira desta vez. Ele estava mostrando seus
sentimentos por ela, e sua língua incitou os lábios macios dela antes
de mergulhar dentro. Ela gemeu um pouco e o deixou, perdendo-se
por alguns segundos antes de grunhir e empurrá-lo de volta.

Ella estava respirando mais pesadamente enquanto colocava o


cabelo atrás das orelhas. — Eu ...

— Sinto muito, —disse ele. — Eu continuo tocando você sem


pedir.

— E eu continuo ... deixando e não me importando, —ela disse.


— É estranho.

Ele riu e se recostou na cama. — Eu não acho nada estranho. Eu


sou irresistível.

Ela deu um tapa nele. — Convencido.

— Vai me mandar para dormir no chão novamente? —Ele


perguntou com olhos de cachorrinho.
Ela parecia um pouco culpada, mas acenou com a cabeça.

— Tudo bem, —disse ele. — Já que ganhei um beijo, estamos


quites.

Ele começou a arrumar a cama, estranhamente satisfeito com a


forma como o dia tinha passado.

Dante queria ler a mente dela, como todos os dragões podiam


fazer. Ver o que ela estava pensando. Mas sabia que não estava certo.
Às vezes ele ouvia os pensamentos dela por acidente, mas fora isso,
ele não tentava.

Ah bem. O beijo dela disse a ele o suficiente por agora. Depois as


luzes se apagaram e ele estava acomodado em sua cama improvisada,
acabou adormecendo fácil, algo que não acontecia há muito tempo.

ELLA ouviu os roncos suaves de Dante na escuridão e sorriu para si


mesma. Seu corpo ainda estava incrivelmente quente por causa do
beijo dele, da sinceridade de suas palavras quando ele a elogiou.
Era como se estivesse dentro de uma das histórias de seus livros,
mas seria estúpida em acreditar que isso seria real, não é?

Dante a defendeu hoje também. Era muito difícil não cair de


amores por ele. Ele era tão hilário às vezes, como quando ficou
constrangido por quase ter destruído aquela barraca de jogos na feira
ou quando disse que provavelmente iria gostar de ler os romances que
ela lia.

Dante a estava conquistando muito mais rápido do que ela jamais


imaginou ser possível.

Como a casa estava escura e silenciosa, ela decidiu se levantar


para pegar um copo d'água, na esperança de que isso a ajudasse a se
refrescar.

Calmamente envolveu um robe fofo em torno de sua camisola já


modesta e caminhou suavemente sobre o chão para o quarto. Por um
segundo, pensou em qual seria a resposta de Dante se ela ousasse usar
uma camisola mais reveladora. Talvez até uma camisola de seda.

Mas então pensamentos sombrios nublaram a mente dela,


lembrando-a por que ela temia romances. Ou homens.

Eles sempre tinham palavras bonitas quando queriam algo, mas


não hesitavam em descartar você quando o interesse acabava.
Ela saiu para a escada e fechou a porta atrás dela, olhando ao
redor.

Algumas portas ainda tinham uma luz fraca saindo de baixo


delas, e suspirou de alívio por parecer ser a única a descer. Enquanto
descia as escadas e entrava na cozinha, o chão rangeu e ela ficou tensa.

Olhou em volta e relaxou, alcançando a geladeira. Abriu a porta


e olhou para dentro, analisando suas opções, e decidiu se mimar com
um pouco de suco de laranja. Serviu um copo e sentou-se ao balcão
com ele, ouvindo as batidas rápidas de seu próprio coração.

O rosto de Dante queimava em sua mente. Aqueles olhos


dourados, amendoados e exóticos, quentes e frios ao mesmo tempo.
Aquela mandíbula dura, tensa sempre que ele estava com raiva,
geralmente por causa dela. Aquele nariz perfeito que ela gostava de
olhar de perfil.

Ela empurrou o suco para longe e apoiou a cabeça nos braços. O


que diabos estava fazendo? Talvez fosse uma idiota. Talvez fosse por
isso que evitava ferozmente qualquer relacionamento.

Talvez devesse simplesmente voltar lá em cima e encontrar


Dante, e dizer-lhe em termos inequívocos que ele precisava manter
este acordo de negócios e nada mais.
Mas seu coração doeu um pouco com o pensamento. Mesmo se
Dante estivesse apenas tentando ajudá-la a se divertir porque era o
trabalho dele, por que ela não poderia aproveitar pelo menos uma vez?

Contanto que não se permitisse ser enganada como no passado,


deveria se permitir viver um pouco.

Ela ouviu passos se aproximando da cabana de seus pais e vozes


masculinas, e seu coração bateu forte enquanto se perguntava se
poderia correr para as escadas antes que a porta se abrisse.

— Não, vou ficar aqui nas próximas noites, —disse uma voz
familiar e indesejada. — Falo com vocês amanhã.

Ela se levantou do banquinho e estava prestes a correr para as


escadas quando a porta se abriu e fechou, a luz da sala se acendeu e
ela se viu cara a cara com Cliff.

Seu pior pesadelo.

Ela se endireitou, tentando parecer corajosa e não afetada. Você


não tem mais dezessete anos. Não o idolatra mais. E sabe o monstro que ele é.

Ela olhou para o quarto onde Dante estava. Muito longe. E


mesmo que ele estivesse a postos, a determinação dela em resolver isso
sozinha era maior. Além disso, temia chamá-lo e acabar mais confusa
com a proteção que Dante daria a ela. Seria esmagador se entendesse
as atitudes dele de forma equivocada.

— Ella, —disse Cliff suavemente, caminhando para frente com


um sorriso confiante. — Justamente a garota que eu queria ver. Tive
vontade de encontrá-la sem aquele grande bruto por aí.

Ela recuou e correu para as escadas, mas ele a alcançou, batendo


as mãos no corrimão de cada lado dela, prendendo-a. A escuridão
nublou sua mente, memórias nebulosas empurrando, sufocando-a,
tornando difícil respirar.

Ela empurrou o peito dele até que ouviu uma porta se abrir no
topo da escada.

— Ella, —Dante chamou, tirando-a de seu estupor e dando-lhe


uma chance de escapar enquanto Cliff lentamente se afastava. Subiu
as escadas correndo até Dante, ele a puxou para dentro e fechou a
porta.

O coração dela ainda estava martelando quando tropeçou para a


cama e sentou-se nela. Finalmente voltou a si quando a porta foi
fechada e trancada e Dante a encarou.
— Quem diabos era, e o que ele estava fazendo com a minha
mulher? —Ele se virou para ir embora. — Espere aqui. Vou ensinar
uma lição a ele.

Ela agarrou a barra da camisa dele. — Não, não vá.

Ele parou, seus duros olhos dourados suavizando quando olhou


para ela. Dante se sentou na cama com um suspiro.

— Certo. —Ele pegou a mão dela. — Se você insiste.

— Eu insisto, —ela murmurou, surpresa com a sensação


calmante de seu toque.

— O que ele fez para você? —Dante perguntou com firmeza.

— Nada.

— Não agora, no passado. Por que ele faz você reagir assim?

Ela balançou a cabeça. — Eu não quero falar sobre isso. Não


consigo.

Ele gentilmente ergueu o queixo dela para que ela tivesse que
encará-lo. — Por favor, Ella. Se vou protegê-la, preciso saber.

— Não, não precisa, —disse ela. — Serei mais cuidadosa. Não


ficarei perto dele. Estou feliz que você não foi confrontá-lo.
— Eu vou dar uma surra nele se ele tocar minha mulher
novamente.

— Eu não sou sua mulher, —ela murmurou baixinho, inclinando-


se para ele. Ele deslizou de volta na cama e descansou contra a
cabeceira da cama, trazendo-a com ele e puxando-a para seu colo.

— Está tudo bem? —Ele perguntou.

Ela acenou com a cabeça.

Ele colocou a mão em seu cabelo, acariciando suavemente. —


Posso continuar abraçando-a?

Ela acenou com a cabeça novamente.

Ele soltou um suspiro. — Uma maravilhosa e durona mulher de


negócios me deixando segurá-la em meus braços. Isso é o paraíso.

— Pare de me provocar, —disse ela.

Ele deixou escapar um longo suspiro de frustração. — Você vive


dizendo que não é minha mulher. Que a nossa relação não é real. E
se eu dissesse que queria que fosse?

Ela tentou se afastar. — Oh vamos lá. Você espera que eu acredite


...
Ele a puxou de volta gentilmente, mas com firmeza e acenou com
a cabeça. — Eu espero. Você viu meus olhos quando alguém te tocou.
Viu como estou desesperado para ver mais do seu corpo, para estar
perto de você. Sinto-me atraído por você desde o início, Ella. Eu só
queria que você se permitisse acreditar.

Ela fechou os olhos, tentando absorver tudo, mas era muito


depois do que acabara de acontecer. — Você tem que entender, —
disse ela. — Você é muito para mim, Dante. Você está me oferecendo
um sundae quando nunca me ofereceram nem mesmo uma cereja.

— Aceite o sundae, então. Aproveite.

— Eu não posso, —disse ela, encostada nele.

— Você pode tentar?

— Eu não sei, —disse ela, rastejando para fora de seus braços


antes que seu corpo pudesse reagir mais ao seu toque. O que ela
precisava era dormir e pensar com mais clareza pela manhã sobre o
que ele estava dizendo. — Mas se você quiser, pode dormir na cama
esta noite.

Ele olhou para ela com uma expressão chocada. — Mesmo?

— Sim, mas sem gracinhas!


Ele riu. — Certo, sem gracinhas. Não vou tocar em você a menos
que me peça.

— Certo, como se isso estivesse funcionando, —disse ela


sarcasticamente. O problema era que ela queria que ele a tocasse cada
vez com mais frequência. Droga, por que esse homem a fazia querer perder
o controle?

Eles se prepararam para dormir e se enfiaram debaixo das


cobertas, e ela percebeu que era muito diferente dormir com um
homem quente e sólido a apenas alguns centímetros de distância.

Ela ansiava por se inclinar e se aninhar nele, mas não era o tipo
de mulher que poderia simplesmente fazer isso. Isso foi tirado dela há
muito tempo. Então, em vez disso, se enrolou em suas cobertas e
desejou dormir. Quando quase caiu no sono, viu uma pequena luz se
acender e se virou para olhar para Dante.

Ele sorriu culpado, segurando o livro dela sob uma luz de leitura.
— Tudo bem?

Ela balançou a cabeça, completamente perplexa com o homem


em seu quarto. — Você é que sabe.

E então ela realmente adormeceu.


ELLA passou a manhã inteira fazendo compras com sua mãe e irmã

para tirar seus pensamentos dos comentários de Dante.

Talvez ele estivesse apenas sendo bobo, tentando fazê-la se sentir


melhor depois de seu confronto com Cliff.

Fosse o que fosse, estava feliz por ter uma pausa, mesmo que isso
significasse lidar com os comentários maldosos de sua irmã. Ela não
sabia por que Melanie a odiava tanto. Sua irmã sempre conseguiu o
que queria, e Ella manteve-se distante da vida dela e nunca a
atrapalhou.

Às vezes, Melanie chegou até mesmo encorajar o assédio contra


ela, mas Ella não guardava rancor por isso. Afinal, isso aconteceu há
muito tempo, e elas eram adultas agora, com suas próprias vidas.

Além disso, sua irmã estava prestes a se casar, deveria estar se


sentindo uma noiva feliz e não perdendo tempo provocando-a. Mas
dizer isso a Melanie não levaria a nada.
Quando pararam em frente à casa, Ella sentiu sua frequência
cardíaca aumentar lentamente. Só o pensamento de ver Dante a
estava deixando animada e nervosa. O que estava acontecendo? Mal
conhecia o homem.

Exceto que ela sabia quem ele era, mesmo que não conhecesse
seus antecedentes. Ele era forte e gentil, um pouco bobo, impulsivo,
leal e ...

Parou quando se lembrou de sair do carro, arrastando as sacolas


com ela. Ella se perguntou o que Dante pensaria das roupas que
comprou para os dois. Ele mencionou que queria encontrar algo mais
adequado para as montanhas, e ela encontrou o que achou que
funcionaria.

E, enquanto procurava roupas para ele, lembrou-se das palavras


dele sobre querer ver mais o corpo dela, então ela providenciou
algumas coisinhas para provocá-lo também.

Esperançosamente, não estava se iludindo sobre a atração que ele


dizia sentir por ela. Que ele a queria realmente e isso não seria
humilhante.

Quando elas entraram pela porta da frente, a irmã na liderança,


os olhos de Ella imediatamente foram para Dante, procurando-o
como um porto seguro, como se ele fosse o único lugar seguro para
pousar.

Dante olhou para ela, claramente no meio de uma discussão com


seu pai e seu futuro cunhado, e quando ela viu o que ele estava
segurando em sua mão, percebeu o porquê da discussão.

— Dante! —Ela gritou, correndo para frente e arrancando o livro


da mão dele. — Você não deveria mostrar isso a eles.

— Então é seu? Eu sabia, —Ben disse presunçosamente. —


Aposto que Melanie não lê isso.

Melanie ficou em silêncio e Dante se levantou e pegou o livro de


volta, segurando-o fora de seu alcance. Ela olhou para seu corpo alto,
fazendo contato visual com seu peito largo e duro como uma rocha e,
em seguida, seu rosto bonito e divertido.

— Não, o livro é meu, —disse ele teimosamente, abaixando-o e


colocando-o debaixo do braço. — Como você está querida? —Ele
perguntou, inclinando-se para beijar sua testa. Dante esperou que ela
o encontrasse no meio do caminho, e ela o fez, imaginando como um
beijo na testa poderia ser bom.

Por Deus, já estava na casa dos trinta. Por que esse desejo agora
de experimentar isso?
— Gosto de romance e não tenho vergonha em lê-los! —Ele
gritou, alcançou as sacolas dela, as ergueu e caminhou em direção as
escadas. Os homens atrás dele riram ruidosamente, e Ella não teve
escolha a não ser seguir seu noivo ridículo escada acima.

Quando eles estavam no quarto com a porta fechada atrás deles,


Dante olhou curiosamente para as sacolas. — O que há nelas?

— Trouxe umas coisinhas para você, —disse ela, puxando as duas


roupas que comprou para ele.

— Ooh, roupas de passeio. Perfeito porque quero remar no lago


com você.

— O lago? —Ela perguntou duvidosamente.

— Sim. Há um barco a remo lá. Ron disse que eu poderia usar.

Ela suspirou. — Mesmo? —Sua irmã tinha ido a inúmeros


passeios no lago nos seus encontros com rapazes, mas Ella nunca teve
a chance. Agora parecia um pouco tarde.

— Com certeza, —ele disse. — Certo, desses dois, você gosta mais
do azul ou do verde? —Ele apontou para as camisas de malha que ela
comprou combinando com o jeans.

— Azul, —disse ela, sabendo que tinha escolhido as cores de


ambas as camisas para combinar com o tom de pele dele. A maneira
dela de mostrar carinho era fazer coisas como essa. Ela não era tão
boa com as palavras quanto Dante, mas ainda queria fazê-lo sorrir
como um agradecimento por tudo que ele tinha feito por ela.

— Ótimo, —ele disse, pegando a camisa e indo ao banheiro se


trocar.

Ela abriu as sacolas e tirou um suéter macio, com capuz e justo


feito de material grosso que, mesmo assim, mostraria suas curvas. E
um par de jeans skinny plus size.

— Eu também vou me trocar. Não saia do banheiro agora, —disse


ela, apertando-se em sua roupa nova. Quando terminou, ela se olhou
no espelho em sua cômoda e sentiu-se corar. Se pudesse mostrar
rubor, estaria como um tomate agora. Felizmente, seu
constrangimento estava escondido sob sua pele escura, e enquanto
puxava o cabelo do rabo de cavalo e o soltava sobre os ombros, ela
respirou fundo.

— Terminei, —ela gritou.

Dante saiu do banheiro, parecendo tão bonito como sempre,


vestido em uma camisa de botão azul e jeans que enfatizavam quadris
torneados e panturrilhas impressionantes. Ela engoliu em seco.
Então os olhos dele brilharam sobre ela. O rosto dele ficou em
branco enquanto seus olhos corriam rapidamente por todo o corpo
dela, observando-a.

— Sexy, —ele disse, sua voz soando seca.

— Obrigada, —ela disse, abrindo a porta. — Devemos ir?

A pergunta dela o tirou do transe. — Oh. Sim. —Ele estendeu o


braço para ela, e ela o segurou, sentindo-se totalmente uma dama.

Enquanto desciam as escadas, ouviu seu pai soltar um assobio de


admiração. — Está maravilhosa, querida.

Dante piscou para ela, então dirigiu um olhar furioso para Ben,
como se o desafiasse a dizer algo.

Como ela podia se sentir tão protegida ao lado desse homem?


DANTE ACHOU QUE ERA DEMAIS PEDIR a um homem
que se concentrasse em remar um barco enquanto tinha uma deusa
tão bonita e curvilínea sentada diante dele.

Sim, ele havia imaginado que Ella tinha um corpo incrível, mas
ver a coisa real em pessoa, as curvas perfeitamente delineadas por suas
roupas mais justas, era quase demais para um dragão aguentar.

Quando estavam no meio do lago, ele largou os remos e olhou em


volta, tentando não parecer claramente desconcertado como um
jovem inexperiente.

— Sabe de uma coisa, —disse ela, empurrando o cabelo para trás


com uma mão, deixando-o balançar livremente com o vento, —
minha irmã costumava passear com os encontros dela aqui, mas esta
é a minha primeira vez.

— Os homens com quem você cresceu eram um bando de cegos


idiotas, —disse Dante.
— Obrigada. —Ella riu, e ele prendeu a respiração com a beleza
dela. Sua companheira parecia tão livre e à vontade aqui na água, com
a selva ao redor deles.

Uma onda inesperada atingiu o barco, e os dois se inclinaram para


frente, segurando-se um no ombro do outro, tentando se equilibrar.
Quando eles olharam para cima, encontraram os olhos um do outro,
e o momento pareceu desacelerar como se o próprio tempo tivesse
parado.

Os olhos dela se fecharam como se ela quisesse que ele a beijasse,


e Dante ficou feliz em obedecer. Por um momento, ela se agarrou a
ele, deixando o vento açoitá-los enquanto segurava o beijo, mas então
o empurrou, parecendo envergonhada.

— Preciso parar com isso. Não estou em nenhum conto de fadas.


Estou me enganando de propósito.

Ele pegou o rosto dela em uma de suas mãos e arrastou a outra


até a cintura dela, segurando-a suavemente, certificando-se de que ela
não sentisse medo. Para sua surpresa, ela não se afastou dele, apenas
desviou os olhos.

— Olhe para mim, —disse ele. Ela fez. — Ella, eu fui honesto no
que disse sobre querer conquistá-la.
— Mas como é que eu vou acreditar em você? Já fui enganada
antes.

— Foi isso que Cliff fez?

Ela hesitou e então acenou com a cabeça, e a dor nos grandes


olhos castanhos de sua companheira era demais para ele suportar. Ele
a abraçou, sua mão correndo levemente sobre o cabelo dela enquanto
ela descansava contra seu peito. Então ela se afastou, colocando um
cacho atrás da orelha enquanto o resto fluía livre em uma massa
indisciplinada. — Confiar não é fácil para mim.

— Mas você também me deseja, —disse ele. — Eu posso sentir


isso.

Ela acenou com a cabeça. — Sim. Mas é que ... o romance, os


beijos, a maneira como você me trata, tudo isso me faz lembrar a
fantasia dos livros que leio. Tudo tem sido incrível. Mas se as coisas
forem mais longe ... eu sei que não será mais assim. Os homens não
fazem amor como fazem nos livros. A realidade não é tão boa como
nas fantasias.

A raiva coagulou dentro dele, mas ele a empurrou de lado para se


concentrar nela. — E você sabe disso por experiência própria?

Ela acenou com a cabeça.


— Então eles não fizeram direito, —disse ele.

— Eu sei, —ela disse. Então ela olhou para a costa e para a


montanha além dela. — Mas eu não tenho mais nada para comparar.

Ele bufou e começou a remar de volta à costa. O vento estava


ficando mais forte e Dante não queria ser apanhado aqui. Ele não
queria minimizar o que quer que tenha acontecido com ela, mas como
poderia dizer a ela que o sexo poderia ser bom sem parecer um idiota
total?

Quando atracaram, ele amarrou o barco e a ajudou a descer,


pegando-a nos braços enquanto ela colocava o pé na plataforma.

Por um momento, a sensação de seu suéter macio, seu corpo


suave nos braços dele, foi quase sua ruína.

Então a tensão se dissipou e ela deu um passo à frente dele para


caminhar de volta para a casa. — Hora do almoço. Estou com fome,
você não?

Ele mordeu o lábio. Oh sim, ele estava com fome, muita.

Dante a alcançou, finalmente sabendo o que queria dizer. —


Espere um segundo, Ella.

Ela se voltou para ele com curiosidade.


— Que tal isso? —Ele disse. — Você não precisa me dar sua
confiança agora. Deixe-me cortejá-la. E então, se achar que eu
mereço, deixe-me conquistar seu coração.

Ela assentiu lentamente. — Tudo bem. —Ela começou a andar


em direção à casa novamente, parecendo nervosa.

— Mas eu garanto que você não vai se arrepender de me deixar


conquistar esse seu corpo maravilhoso primeiro, —ele não resistiu em
acrescentar com um sorriso. — Eu farei os mocinhos de seus romances
parecerem cubos de gelo em comparação com o fogo que colocarei
sem seu corpo.

Ela olhou para ele por um segundo e visivelmente engoliu em seco


antes de se virar para voltar para a casa.

Mas Dante poderia jurar que viu uma sugestão de sorriso no rosto
de sua companheira pouco antes dela tentar escondê-lo.
DEPOIS do almoço, o resto do dia passou bem rápido e, felizmente,

sem incidentes. Mas não importa o quanto tentasse, Ella não


conseguia tirar a proposta de Dante de sua mente. Não conseguia
esquecer a maneira como o olhar dele parecia quando concordou com
algo tão louco como deixar o homem, já incorrigível, ‘conquistá-la’.

Mas, apesar de seu medo de que algo acontecesse, algo ruim, Ella
sabia que tinha ainda mais medo de se apaixonar pelo Dante muito
arrogante e perfeito. Porque, independentemente dos pontos fracos
dele, o homem tinha muitos pontos fortes a favor dele.

Começando com esse corpo incrível, ela pensou enquanto tentava


suprimir um gemido quando ele se sentou ao lado dela na cama. Esta
noite Dante estava vestindo uma calça de pijama xadrez casual com
uma camiseta que abraçava seus músculos e permitia que ela visse
cada contorno de seu peito e ombros

Ela já havia trocado de roupa para dormir e estava tentando se


concentrar na leitura de seu livro, mas sua mente não parava de
distraí-la com pensamentos ardentes sobre Dante.

Para sua surpresa, Dante puxou um romance da mesa de


cabeceira ao seu lado da cama e começou a ler.

— Onde você conseguiu esse livro?


Dante desviou o olhar das páginas, calmo e relaxado. — Sua
família tem uma coleção de livros muito grande. Achei esse escondido
com alguns outros em um canto atrás do sofá. Alguém deve ter
tentado escondê-los, —disse ele com um leve sorriso.

Ela olhou para a capa novamente e imediatamente reconheceu o


livro como parte de uma pequena coleção que ela tentava esconder na
biblioteca da família nos momentos em que queria ler quando era mais
jovem ou quando estava em casa nas férias de verão durante a
faculdade.

Ella sentiu sua temperatura subir e, ao fazê-lo, o sorriso de Dante


se alargou.

Mas ao invés de discutir, ela soltou um leve bufo e se virou de


lado, fugindo da cara de presunção de Dante, e voltou para a sua
leitura novamente.

As palavras da página inundaram a mente dela em uma


velocidade vertiginosa enquanto ela tentava afastar a imagem do
homem de olhos dourados e lábios perfeitos que estava ao lado.

Se concentrou com mais afinco e continuou lendo, mas quando


chegou a uma cena de sexo entre os protagonistas do romance, sua
mente desacelerou.
Ella se viu enrolando o lençol com mais força enquanto
pressionava. Normalmente, simplesmente pulava as cenas de sexo de
seus livros, interessando-se mais nas reviravoltas da trama e nas
revelações dramáticas. Mas ler um romance como esse sozinha era
muito diferente do que lê-lo com um homem musculoso, de rosto de
anjo e corpo de deus grego, sentado ao seu lado na cama.

De repente, as palavras do livro não eram simplesmente palavras.


Eram uma possibilidade. E enquanto ela devorava cada uma
lentamente, sua imaginação corria com ideias do que Dante poderia
estar fazendo com ela, talvez até agora. Visões lascivas e sensuais que
fizeram seu coração disparar de desejo.

Dante havia dito explicitamente que ela estava no controle. Que


ele iria cortejá-la apenas na medida em que ela queria ser cortejada.

E era claro que ele se sentia atraído por ela, apesar de suas
próprias reservas e sérias dúvidas em contrário.

Será que não era a hora de dar um passo na direção dos próprios
desejos dela pela primeira vez? Fazer um esforço para abandonar o
passado, junto com todas as lembranças ruins e pesadelos
assustadores que a impediam de deixar outro homem entrar em sua
vida.

Ela olhou para trás e viu Dante virando uma página,


concentrando na leitura do velho livro que ela havia lido anos atrás.

Se havia um homem pelo qual valesse a pena correr o risco, esse


era Dante, com certeza.

Ella decidiu continuar lendo e ignorar a reação de seu próprio


corpo aos seus pensamentos. Mas descobriu que ler não estava
ajudando, ao contrário, estava deixando-a ainda mais excitada e com
inveja dos dois personagens de seu romance. Pensou que poderia estar
fazendo o mesmo que eles com esse homem lindo ao lado dela na
cama.

A maneira como Dante olhava para ela não poderia ser fingida.
Era como uma pessoa perdida no deserto olhando para uma fonte de
água. Ou a maneira como ele a beijou, insaciável em seu desejo, mas
completamente controlado, ouvindo os desejos e vontades dela e não
se forçando a entrar em sua vida como outros tentaram fazer. Ou até
mesmo o quão direto ele foi quando se conheceram, não escondendo
nada dela e falando sem artifícios.
Ella percebeu que se o resto da semana passasse e pelo menos ela
não desse uma chance, se arrependeria para sempre. Quantas chances
uma pessoa tinha de viver uma fantasia como essa?

Não, Ella não ia mais deixar o medo comandar sua vida.

Ela fechou o livro e o colocou na mesa de cabeceira.

Reforçando sua determinação, se virou para o outro lado e se


acomodou ao lado de Dante na cama, que parecia inteiramente
concentrado em sua leitura.

Ela se aninhou perto do braço dele, apreciando a sensação dos


músculos rígidos ali, e tentou desesperadamente pensar em algo para
dizer, já que Dante nem parecia perceber que ela estava ali.

— Eu andei pensando ... hum ... acho que vou aceitar sua oferta,
—disse ela, esperando que ele entendesse.

— Sobre o que? —Disse ele, sem desviar o olhar do livro.

— Você sabe. Sobre o que disse hoje cedo. Na doca.

— Oh. Sobre isso, —ele disse, finalmente olhando para ela. Ver
aqueles penetrantes olhos dourados fez seu pulso disparar em suas
veias. Ela viu um brilho provocante ali, mas o rosto dele permaneceu
estranhamente calmo.
Não era bem isso o que esperava de alguém que estava flertando
como um louco com ela.

Será que estava tendo alucinações?

Ele fechou o livro. — Sobre cortejá-la? Conquistar seu coração?


Podemos marcar outro encontro ...

— Não, —ela ofegou, odiando seu corpo por já estar pegando


fogo. — Sobre as outras coisas.

— Ohhh, —ele disse. — Entendi. Coisas assim. —Ele ergueu o


livro.

Ela engoliu em seco e acenou com a cabeça, muito excitada para


se preocupar mais com seu orgulho.

Em um movimento rápido e felino, que era muito suave e leve


para seu tamanho substancial, Dante jogou o livro de lado e saltou
sobre ela, prendendo-a entre suas coxas e contra a cama, toda a altura
impressionante dele sobre ela.

— Pensei que nunca pediria, —disse ele, envolvendo-a por todos


os lados com seu corpo enorme, seu perfume masculino nítido como
o ar gelado da montanha, com apenas um toque de calor do sol.

— Como assim?
— Posso sentir que você está ... —Ele inclinou a cabeça. — Como
posso dizer isso? —Ele sorriu. — Me querendo.

Ela gemeu de vergonha. — Você está brincando comigo.

— Não. Eu só não podia tomar a iniciativa, —disse ele,


abaixando-se e sussurrando no ouvido dela. A sensação de seu hálito
quente era formigante e excitante, despertando seu corpo em lugares
que ela nunca soube que existiam. — Tive que esperar você pedir,
como prometi.

— Mas como você sabe ...?

— Pequenas coisas, —disse ele, interrompendo-a, passando a


mão levemente sobre o lado dela. O toque era tão suave, mas intenso,
aquecendo cada terminação nervosa por onde passava. Tão diferente
de tudo que sentiu. Ela tinha esperanças de que continuasse assim.

Também tinha que manter o passado sob controle.

— Como o quê?

— Pequenas mudanças no ritmo de sua respiração quando você


olhou para mim. Ligeiras contorções em seu corpo enquanto você
tentava resistir, —ele disse, enganchando um dedo levemente no topo
da calça do pijama dela, provocando a pele ali. Se isso era só o
começo, então o que ele estava prestes a fazer seria muito, muito bom.
— Você percebe coisas assim?

Ele inclinou a cabeça, um brilho arrogante em seus olhos. Tão


lindo, tão bronzeado. — Eu percebo quase tudo sobre você. Quando
vai se convencer disso?

— Nunca. Isso não faz sentido, porque eu ...

— Não quero ouvi-la mais falando coisas sobre você, a menos que
sejam coisas boas. Não quero ouvi-la se insultando.

Ela ficou em silêncio com isso. Quando havia se tornado tão cruel
consigo mesma? Quando começou a internalizar todas as palavras de
ofensa que ouviu quando era mais jovem? Quando deixou que essas
palavras a cegassem?

— Eu não estaria me sentido assim por você e nem me esforçando


para conquistá-la se não a achasse bonita. Por dentro e por fora.

— Você mal me conhece, —ela exclamou.

— Então deixe-me conhecê-la melhor. —Com isso, sua boca


cobriu a ponta da orelha dela, beijando-a enquanto o calor líquido
percorria seu corpo, acendendo seus sentidos com uma luxúria
incrível e poderosa.
— Sim. Faça isso, —foi tudo que ela conseguiu responder antes
que os lábios dele se movessem de sua orelha para sua boca. Mas desta
vez ela não se conteve.

Ela imediatamente cedeu, deixando-o entrar enquanto a língua


dele acariciava o interior de sua boca, lisa e forte, se enlaçando com
sua própria língua.

Enquanto se beijavam, suas mãos encontraram as dela,


pressionando-a suavemente na cama, envolvendo-a e protegendo-a
tão completamente que seu mundo inteiro parecia começar e terminar
com Dante.

Suas
palavras de antes ecoaram em sua mente enquanto ele a possuía com
as coisas que sua boca podia fazer.

E então sua a mão dele encontrou o botão de sua camisa de


dormir, e Ella soube que ele não estava exagerando. Ao contrário, ele
havia subestimado o que podia fazer com ela, e ela estava prestes a
descobrir o resto.
DANTE NÃO PODIA ACREDITAR QUE ella finalmente

tinha pedido a ele. Ele estava esperando, seu corpo torturado pelo
doce aroma dela no ar, os pequenos olhares que ela estava dando a
ele. Mas precisava ter certeza de que ela realmente queria isso. De que
era uma escolha dela. Ella já vivia apreensiva o suficiente ao redor dos
homens, e ele não queria acrescentar nada mais a isso. Dante queria
que cada interação entre eles só aumentasse a confiança dela nele.

O problema é que o Dragão de Ouro queria dar prazer a sua


companheira desde que colocou os olhos nela. E agora que ela
concordou com pelo menos uma noite, Dante iria se certificar de que
essa noite fosse tão boa que Ella desejaria experimentar mil vezes
mais.

Sem mais jogos. Sem mais espera agonizante. Chega de olhares


estranhos e tensão sexual.

Somente prazer.
Dante desabotoou os botões da camisa de dormir macia de Ella
rapidamente, revelando uma camisola branca por baixo. Por baixo do
tecido ele podia ver os mamilos dela, e os beijou avidamente sobre o
algodão macio, fazendo Ella gemer de desejo.

Ele nunca esteve tão faminto por uma mulher em toda a sua vida.
Por Ella, era insaciável.

Por um momento, beijou ao longo da borda do tecido, ao longo


de sua clavícula, provocando-a com os dentes enquanto ela o
observava ansiosamente.

Então puxou o tecido para cima e segurou ambos os seios em suas


mãos, apertando a carne sedosa suavemente.

Ele podia ver o leve rubor de suas bochechas apesar de sua pele
bronzeada, o que satisfez Dante, já que qualquer sinal da excitação
dela era perfeição para ele. E quando ele pressionou os polegares
levemente sobre os mamilos, ela se contorceu embaixo dele, torcendo-
se ligeiramente nos lençóis grossos. Um perfume, floral e picante,
encheu o ar ao redor deles. E embora Dante nunca tenha sido muito
obcecado por experiências olfativas, o cheiro de Ella era tão único
quanto excitante e apenas confirmou o que ele já sabia o tempo todo.

Companheira, o dragão sob sua mente consciente rosnou


possessivamente.
Mas por mais que quisesse pular todas as etapas e dar o primeiro
passo para reivindicar Ella totalmente, Dante sabia que agora não
seria a hora certa.

Não, ele daria prazer a Ella completamente, saciaria os desejos


dela, mas a deixaria querendo mais. Daria a ela um gostinho do prazer
que ele pode oferecer. E enquanto fazia isso a conexão emocional
deles teria tempo para se aprofundar, de modo que, quando chegasse
a hora certa, Dante revelaria seu verdadeiro eu e então a tornaria sua
para sempre.

Ele se abaixou até um mamilo, beijando-o e depois sugando-o


enquanto apertava a carne macia com uma das mãos. Abaixo dele, as
curvas perfeitas de Ella o atormentava, a sensação dos quadris dela
em suas coxas o tornou ainda mais duro do que já estava.

Em muitas ocasiões, Dante imaginou como seriam as curvas dela


sob as roupas nada lisonjeiras que ela usava. Desejou que ela soubesse
o quão bonita era e que não havia necessidade de esconder nada. Bem,
de esconder nada dele. A linda e suave nudez de Elle era apenas para
ele. Dante mataria qualquer um que colocasse os olhos nela dessa
forma.

Enquanto sua mão esquerda continuava a acariciar os seios dela,


sentindo a sensação da pele dela e guardando-a na memória, sua mão
direita brincava com a bainha da calça do pijama e ele teve um
vislumbre da calcinha de renda branca que ela usava por baixo.

Mas Dante não se precipitou, ao invés disso avaliou a reação dela,


procurando por qualquer medo ou hesitação em Ella antes de
continuar. Ella não recuou, não se esquivou de seu toque como ele
temia que ela fizesse.

E sem querer, Dante ouviu os pensamentos dela, perfurando o


silêncio acalorado entre eles como um sino soando à distância.

Não pare.

Sem hesitar, sua mão mergulhou sob a calça dela, encontrando


seu centro úmido e acariciando ao longo dele. O prazer entre eles
imediatamente se intensificou, e os quadris dela se esfregaram contra
ele em excitação.

Tão quente.

Dante foi devagar, mas não parou, trabalhando em um ritmo


medido enquanto seus dedos brincavam sobre o tecido macio entre
suas dobras e através de seu clitóris. Ao seu lado, as mãos dela
apertaram os lençóis, segurando com força. No quarto, a única luz da
lâmpada na mesinha de cabeceira de Dante lançava longas sombras
sobre todo espaço, iluminando a silhueta do lindo corpo de Ella
embaixo dele em completa agonia.

Então Dante sacudiu o dedo contra seu clitóris, e ele a fez gozar
pela primeira vez. Foi sutil no início, o calor se espalhou pelo corpo
dela, seus olhos se fecharam, separando os dois do resto do mundo. E
então, em um instante, aumentou o calor aumentou para uma
intensidade febril, tudo explodiu dentro dela enquanto ela lutava para
abafar seus gemidos.

Querendo manter tudo para si, Dante cobriu os lábios de Ella com
a boca dele, acariciando por dentro com sua língua e aprofundando
seu orgasmo ainda mais. Ella agarrou os ombros dele, uma sensação
de boas-vindas e evidência do prazer que Dante sabia que só ele
poderia dar a Ella.

Pelo que pareceu uma eternidade, ela gozou até finalmente


relaxar em seus braços e na cama mais uma vez.

— Isso foi ... —Ella disse, parando.

— É só uma amostra.

Antes que ela pudesse responder através da névoa de satisfação


pós-orgasmo, Dante agarrou a ponta de sua calça e calcinha com as
duas mãos, em seguida, lentamente as puxou, revelando sua metade
inferior para ele e deixando-a quase nua na cama.

— Isso é tão embaraçoso, —disse ela, cobrindo os olhos e


corando.

— Isso é tão perfeito, —Dante respondeu.

Com cuidado, ele abriu as pernas dela, então se abaixou para ela,
comprometido em mostrá-la o quão profundamente seu desejo por ela
era intenso, o quão precioso o prazer dela era para ele, o quanto ele a
queria.

Dante lambeu suas dobras úmidas, um único golpe, e ela ofegou


com deleite, ofegos rápidos que o fez querer fazer isso mil vezes mais
antes que a noite acabasse.

Como antes, ele foi paciente, usando seu hálito quente para
acentuar a sensação de sua língua no clitóris dela. Depois dos
primeiros toques, percebeu que Ella começou a relaxar. Em vez de
ofegar, ela passou a gemer longamente de prazer enquanto ele lambia
e fazia pequenos círculos lânguidos ao redor da pequena
protuberância, alternando a direção do movimento.
Ella gozou pela segunda vez e Dante se deitou ao lado dela,
deixando-a abraçá-lo para que soubesse que ele estava lá por ela. Que
ele estaria lá por ela para sempre.

O calor, a umidade e excitação se intensificaram novamente e um


terceiro orgasmo a atingiu. Dante a observou imóvel e maravilhado
enquanto a poderosa sensação percorria como um terremoto o corpo
de sua companheira.

Para Dante, toda a riqueza e a posição social que este mundo


tinha a oferecer empalideciam em comparação a ter sua companheira
com ele, aqui e agora.

Ele a deixou se acalmar novamente, só para depois voltar dar


prazer a ela, indo devagar ou mais rápido conforme ouvia os desejos
do corpo dela. As mãos dele encontraram os seios dela, tão ansioso
para tocá-la quanto ela estava ansiosa para ser tocada. O cabelo dela
há muito se soltou da faixa que o prendia em seu rabo de cavalo e se
espalhou sobre o travesseiro embaixo dela em sua bela glória.

Dante sabia que ela estava exausta. Sabia que estava no limite,
pelo menos por esta noite. Amanhã seria um novo dia com novas
possibilidades. E mesmo que eles não fossem até o fim, ele estaria
deixando sua marca, firmando sua reivindicação em seu coração para
que, esperançosamente, algum dia em breve, ela pudesse pertencer a
ele e ele pudesse protegê-la e mantê-la para sempre.

Dante a acariciou cada vez mais rápido, a língua dele um


instrumento do prazer de Ella. As mãos dela encontraram as dele e as
agarraram com força, tão pequenas em comparação com as dele.
Dante poderia dizer que ela estava se segurando, tentando fazer isso
durar, e isso só o deixou mais ansioso para fazê-la gozar o mais forte
e rápido possível. E para sua surpresa, sua pequena atrevida estava
conseguindo se segurar bem. Mas quando a sentiu chegar ao limite,
ele lambeu uma última vez sobre ela, terminando com um longo beijo
diretamente sobre seu centro, o que a levou ao limite.

Desta vez, Ella gemeu alto seu nome para o quarto e enterrou sua
boca em seu ombro, tentando abafar o som das palavras que saia de
seus lábios.

Da próxima vez, Dante se certificaria de que eles fizessem isso em


algum lugar onde ela pudesse falar tão alto quanto quisesse sem sua
família por perto.

Ela gozou com mais força do que nunca, se contorcendo tão


erótica quanto gratificante para Dante. E quando finalmente
terminou, ele a ajudou a colocar as roupas de volta, em seguida,
puxou os lençóis em volta deles e apagou a luz.
Dante puxou Ella para perto dele, envolvendo-se em torno dela e
a segurando com força. No início, ela parecia um pouco tensa, mas
então lentamente relaxou em seus braços, sua respiração voltando ao
normal.

— Isso foi maravilhoso, —ela murmurou. — Eu não sabia que


isso me deixaria com tanto sono.

Ele sorriu. — Isso significa que eu fiz certo.

— Você não estava mentindo, —disse ela com um bocejo,


alongando-se ligeiramente, mostrando seu corpinho curvilíneo em
seus braços sob o leve brilho do luar através das venezianas fechadas
da janela.

Ela era tão linda.

Depois de um momento, ela puxou o lençol em volta dela


novamente e olhou para trás nervosamente.

Ele a abraçou novamente, envolvendo-a em seu calor. Deu um


beijo no lado de sua testa. — Você está segura comigo, amor. Nada
poderá acontecer enquanto eu estiver por perto. E se me chamar,
estarei ao seu lado.

Ela se contorceu mais relaxada contra ele, e ele se perguntou


como era incrível que de alguma forma pudesse agradar essa mulher
linda, inteligente e poderosa, que não tinha ideia de como realmente
era bonita.

Quando ele finalmente a conquistasse, com sorte, conseguiria


convencê-la que era tudo isso.

Ele beijou sua cabeça novamente e esperou que ela adormecesse


em seus braços.

NA MANHÃ SEGUINTE, ELLA ACORDOU se sentindo

estranha. Virou-se e viu Dante, o corpo perfeito esparramado ao lado


dela, o rosto relaxado em repouso.

Dante parecia tão em paz enquanto dormia, tão inocente.

Mas o que ele fez com ela na noite passada não foi nada inocente.
Ele a fez gozar uma e outra vez, como uma tempestade que nunca
acabava, cheia de trovões e relâmpagos.
Isso a abalou profundamente.

E ela ficou surpresa com o quão bem se sentiu depois, mesmo que
talvez fosse apenas o arrebatamento, a liberação de endorfinas. O que
quer que acontecesse quando as pessoas faziam coisas assim. Afinal,
nunca tinha tido essa experiência.

Ela saiu da cama com cuidado, tentando não acordar Dante, e


trocou de roupa, colocando um sutiã, uma camisa limpa, calças de
pijama e um robe. Precisava dar uma caminhada rápida para clarear
a cabeça.

Deu uma última olhada no rosto de Dante, tão bonito que fez seu
coração palpitar, e então saiu, fechando a porta silenciosamente atrás
dela.

Estava no meio da escada, ainda mexendo no cinto do robe,


quando percebeu que havia alguém na cozinha.

Cliff.

Ela parou, perguntando-se se deveria correr de volta para o


quarto.

Não. Esta era sua casa. Era de manhã e, se ela gritasse, qualquer
um poderia vir correndo.
E na noite passada, mostrou que ele não conseguia controlá-la.
Não mais. Havia resgatado essa parte de seu passado de volta. Pelo
menos por enquanto.

Não sabia até onde seu controle poderia ir e, sim, ainda se sentia
nervosa. Mas iria parar de agir como se estivesse com medo, quando
não era mais uma adolescente inocente de olhos brilhantes e não havia
nada que essa desculpa triste de homem pudesse fazer com ela.

Manteve a cabeça erguida e desceu o resto da escada. Ela passou


por ele para abrir a geladeira e tentou ignorar os pêlos arrepiados em
sua nuca que indicavam que ele estava se aproximando. Droga, por que
ela tinha que estar tão ciente dele?

Ela se virou para vê-lo parado sobre ela, e Cliff estendeu a mão
para fechar a geladeira ruidosamente.

Ela saltou e fez um movimento para contorná-lo, mas ele a


bloqueou com a mão na geladeira. Ela foi para o outro lado e ele
levantou a mão.

Ela se abaixou sob o braço dele e Cliff a segurou pela cintura. Sem
pensar, ela atacou, acertando-o na virilha.

Cliff gemeu e a soltou, e ela tropeçou para trás, chocada com sua
própria coragem.
Ele olhou para ela, olhos azuis assustadores e duros. — Então
agora você decidiu que vale a pena lutar?

Ela fez uma cara feia, cruzando os braços e tentando parecer mais
corajosa do que se sentia. Mesmo agora, o passado estava tentando
invadi-la. — Não me toque de novo, idiota.

— Oh, é mesmo? —Cliff perguntou, aproximando-se. — O que


vai fazer a respeito? Contar para aquele seu namorado bonitinho e
estúpido? Acha que ele vai acreditar em você?

Ela piscou, lembrando daquele dia. Lembrou-se de tentar se cobrir


com os restos de sua camisa, de tentar cobrir os arranhões em seus
seios. De sentir suas bochechas manchadas de lágrimas, mas olhos
secos demais para chorar. E das palavras dele.

— Você é minha, —disse ele. — Sabe que foi feita para mim.

— Eu não sou nada sua, —disse ela, puxando o roupão e dando


outro passo para trás. — Sou uma mulher independente que controla
a própria vida agora e não preciso aceitar merdas de ninguém, muito
menos as suas.
— Quer que eu diga a ele sobre a vadia que é? —Ele sibilou
ferozmente. — Quer que eu diga como você abriu suas pernas tão fácil
para mim?

Ela foi estúpida quando se sentiu lisonjeada pela atenção do


capitão do time de futebol, mesmo que fosse em segredo. Ninguém
nunca tinha prestado atenção nela. Então, sim, foi estúpida em confiar
nele. Permitindo que ele fizesse coisas que ninguém mais havia feito.

Mas nunca abriu as pernas para ele.

Nunca.

Sabia disso com certeza.

Mesmo assim, o que Dante pensaria dela? Parte dela sabia que
não importaria, mas a outra parte, a adolescente magoada dentro dela,
não queria ser vista de forma diferente. Não queria que a profunda
vergonha dentro dela se refletisse nos olhos de Dante.

— Pare com isso, —disse ela. — Deixe-me em paz.

Ele se aproximou, parecendo cada vez mais confiante enquanto a


fazia se sentir cada vez mais envergonhada.

Lembre-se, ela disse a si mesma. Você é Ella Stanton. Consultora de


negócios renomada, atualmente saindo com um cara gostoso que parece louco
por você, mesmo que ele seja contratado.
Isso mesmo. O que era isso entre ela e Dante?

— Ella, —uma voz chamou do topo da escada. Ela se afastou de


Cliff, certa de que a vergonha ainda era evidente em seus olhos, e
evitou o olhar de Dante enquanto ele descia as escadas.

Dante correu para frente, fazendo o chão tremer ligeiramente


quando alcançou Cliff e o empurrou para trás com a mão. — Fique
longe da minha mulher.

Ela colocou a mão no rosto, reprimindo um sorriso. Às vezes


Dante soava como um homem das cavernas. Mas não podia negar seu
alívio por ele estar aqui. — Dante, deixe-o ir.

Dante se virou para ela, e ela pode ver que, apesar de mostrar a
ele que estava tudo bem, o rosto dele estava mortalmente sério. —
Você disse que seria cuidadosa. Que evitaria ficar sozinha com ele.

Ela franziu o cenho. — Você não me controla, Dante.

— Podemos conversar sobre isso lá em cima? —Ele perguntou,


sua voz tensa.

Ela suspirou e o seguiu, seu coração ainda martelando por causa


do confronto com Cliff. Quando eles estavam dentro do quarto, ele a
sentou na cama e começou a andar de um lado para o outro, seu rosto
carrancudo.
— O que estava pensando? —Ele perguntou. — Esse homem te
assusta, e ...

— Não, ele não me assusta mais. É só ...

A expressão de Dante escureceu, seus olhos como ouro fundido.


Ele cruzou os braços fortes. — Se não é medo, então o que é? Você o
deseja? Vocês tiveram algum romance? —Ele passou as duas mãos
pelos cabelos, exasperado. — Talvez eu tenha entendido tudo errado.

— Pelo amor de Deus, não, —disse ela, levantando-se e puxando


as mãos dele para baixo, fazendo-o encará-la. — Mas temos que falar
sobre o fato de que você não é meu dono só porque fizemos sexo na
noite passada.

Ele ergueu uma sobrancelha dourada. — Isso foi tudo que a noite
passada foi para você? Sexo?

Ela acenou com a cabeça. — Por enquanto, isso é tudo que tenho
a oferecer.

Ele bufou. — Eu não fiz direito, então.

— Não, você fez tudo certo, mas isso é rápido para mim. Deixe-
me dizer-lhe; tenho feito concessões a você mais do que fiz com
qualquer outro em toda a minha vida. Acabei de confiar meu corpo a
você. Preciso de mais tempo para dar mais do que isso a você.
— O seu coração? —Ele perguntou sem rodeios, olhando para ela.

Ela suspirou. — Eu não sei, Dante. Isso seria muito para mim.

— Mas não para ele? —Dante perguntou com raiva. — Você


deixa nossa cama pela manhã, e então eu te encontro andando com
ele?

Ela percebeu com uma sensação crescente de admiração que este


homem lindo estava com ciúmes. Dela. — Oh meu Deus, você está
com ciúmes.

Ele se virou. — Claro que estou. Quero que seja minha. Não
quero que mais ninguém toque em você.

— Como eu deveria saber disso?

— Eu disse que queria cortejá-la, —disse ele. — Conquistá-la.


Quem ganha algum prêmio e aceita compartilhá-lo com outra pessoa?

Ele tinha um bom argumento, e quando ela olhou para o grande


e tenso corpo dele, ela percebeu que havia um lado obscuro em Dante.
Por trás da gentileza, das brincadeiras, da petulância. No fundo,
Dante era tão inseguro quanto qualquer outro homem.

Ela nunca poderia imaginar que homens bonitos pudessem se


sentir assim.
— Eu entendo, —disse ela. — Mas eu sinto muito. Não concordei
em ser sua ainda. E a maioria das pessoas não concorda em ser
exclusivos quando começam a namorar.

— Mesmo quando eles se relacionam sexualmente? —Ele


perguntou, parecendo totalmente perplexo.

— Sim, mesmo assim.

Dante bagunçou o cabelo de novo e se sentou na cama ao lado


dela, com os ombros caídos.

Ela gostaria de poder contar a ele sobre Cliff. Mas o trauma, a


vergonha, ainda eram muito profundos.

Então, apenas colocou a mão no braço de Dante de forma


tranquilizadora. — Ainda temos tempo, no entanto. Para que as
coisas progridam.

— Quem é esse cara para você? —Dante perguntou. — Como


posso protegê-la se não sei? Como posso saber que você ainda deseja
ser protegida?

Ela suspirou. — Você vai ter que confiar em mim quando eu digo
que ainda não consigo falar sobre isso e que vai ficar tudo bem. —Ela
apertou o braço dele. — Se eu precisar de você, avisarei.

Ele grunhiu. — Eu não gosto, mas não tenho escolha, tenho?


— Não, —ela disse relutantemente.

— Tudo bem, —disse ele. — Então, pelo menos, vou tomar café
da manhã.

— Não provoque ninguém, por favor, —disse ela, puxando sua


camiseta enquanto ele se movia para sair.

— Então é melhor que aquele babaca fique fora do meu caminho.


Não estou procurando uma luta, mas se ele começar uma, vou muito
bem terminá-la.

Ela teve que admitir que isso era justo.

DANTE conseguiu comer sem que nada acontecesse. Ele estava

muito orgulhoso de si mesmo por isso.

Enquanto mastigava seu sanduiche, pensando no grande dragão


que era, Cliff entrou na sala.
Dante reprimiu um grunhido, lembrando-se de sua promessa a
Ella de que não faria nada violento sem provocação.

Mas ele estava achando difícil não pular no outro cara. Pior,
estava difícil controlar o desejo de matá-lo. Algo sobre Cliff
desencadeou uma raiva primitiva em Dante, uma que ele nunca sentiu
por outro ser.

Ele costumava ser protetor. Ajudava a proteger a vila ou


patrulhava à noite quando os humanos estavam dormindo para
garantir que nenhum shifter ou outro dragão invadisse suas terras.
Mas nunca tinha se sentido assim. Sempre esteve disposto a fazer a
coisa certa pelo bem da reputação de sua espécie. Mas realmente havia
se importada com alguém além de si mesmo?

Ele cuidava de sua equipe como líder. E era leal.

Mas não era nada parecido com isso.

Toda a sua felicidade, seu bem-estar, parecia girar em torno de


Ella, esta frágil criatura humana, e a menos que ela estivesse segura,
ele não conseguia pensar direito. Não conseguia respirar.

E ter esse cara por perto mexia muito com isso.

— Ei, idiota, —disse Cliff, provocando, sentando-se ao lado dele


no balcão.
Dante o ignorou, dando uma mordida em seu sanduíche e
fingindo que estava mordendo a orelha do outro homem.

— Posso dar uma mordida? —Ele perguntou, pegando o prato de


Dante. Dante sacudiu a mão, determinado a não ser abalado por Cliff,
não agora que este idiota estava propositalmente tentando irritá-lo.

— O que foi? —Cliff disse com um sorriso malicioso. — Não


gosta de compartilhar?

Dante apenas balançou a cabeça, bloqueando as palavras do outro


homem. Era uma tática covarde provocar alguém verbalmente assim,
na esperança de quebrar o controle do oponente.

Ella estava na loja com seus pais e irmã, esperançosamente


fazendo um bom passeio. Portanto, não havia necessidade de lutar
agora. Ela estava segura.

Não havia necessidade de protegê-la.

Pelo menos é o que ele continuou a dizer ao dragão dentro dele.

Ele não podia cair na provocação desse idiota.

— Por mim tudo bem, —disse Cliff. — Eu me refiro a Ella. Não


me importa que esteja pegando minhas sobras, então ...

Ah, inferno, não.


Dante largou o sanduíche e começou a limpar as mãos
calmamente.

— Ooh, estou com tanto medo, —disse Cliff, acenando com as


mãos. Dante odiava tudo sobre o outro homem, desde suas feições
cínicas e maliciosas até seu cabelo escuro penteado com gel, e seus
frios olhos azuis. — O grande e mau menino bonito vai tentar lutar
comigo. —Ele estreitou os olhos. — Eu o desafio.

O coração de Dante estava martelando. Se ao menos Cliff lhe


desse um soco. Ele queria muito esmagar a cara do outro homem pelo
que disse sobre Ella, mas sabia que ainda não havia recebido uma
provocação para quebrar sua promessa.

Mesmo que o dragão dentro dele estivesse quente o suficiente para


cuspir fogo, com ou sem anel de restrição.

Cliff o encarou com curiosidade. — Está nervosinho? Quase


consigo sentir o fogo de sua raiva fisicamente.

Isso porque na minha forma real, eu estaria queimando você até a morte
agora.

Dante quase podia imaginar as chamas douradas, sua própria


gargalhada subindo acima da fumaça e dos gritos.
Quando ele era bom, ele era muito, muito bom, mas quando era
mau, fazia churrasco das pessoas.

Ele lentamente voltou para seu sanduiche, se conformando, por


agora, em queimar Cliff só em sua mente.

— He-he-he, —disse Cliff. — Covarde. Eu sabia. É por isso que


Ella ficou muito animada quando estava em meus braços.

Crashh. Foi o som que Dante fez ao morder um pedaço de cenoura


em seu sanduiche e também o último sinal de contenção em seu
coração.

Ele se virou, acertando Cliff com o punho no rosto e depois se


jogando contra ele, derrubando-o no chão enquanto ainda tropeçava
com o golpe.

Eles caíram no chão, rolando sobre ele, e Dante ficou surpreso ao


descobrir que o outro homem era mais forte do que ele pensava.

Não importa. Dante levou a melhor e bateu com a mão no rosto


de Cliff, mas ele rolou para fora do caminho e parou um pouco antes
de Dante se lançar, agarrando-o pela cintura e levando-o ao chão
novamente.

Dante geralmente lutava na forma de dragão, então não tinha


muita experiência em lutar corpo a corpo na sua forma humana. Mas
ele poderia se recuperar enquanto avançava, e ter o oponente no chão
sob seu peso era uma vantagem.

Mesmo que Cliff fosse um pouco maior do que a maioria dos


humanos, ele não era nada para um dragão.

Dante ergueu o punho novamente, segurando Cliff que lutava


com uma das mãos, quando a porta se abriu e a luz do sol entrou,
seguida por Ella e sua família.

SEU PAI CORREU PARA FRENTE COM Ben, Ron

agarrando Dante e o puxando de volta enquanto Ben ajudava seu


irmão a se levantar, parecendo zangado.

Dante se levantou e se afastou de Ron gentilmente, para não


machucar o humano, e limpou as mãos, olhando para Cliff.

— O que está acontecendo? —Grace disse, parecendo impaciente


enquanto entrava na sala, os cachos balançando, sacolas de compras
nas mãos. — Saímos daqui por algumas horas e voltamos para casa
direto para o caos.

Isso é o que acontece quando a companheira de um dragão é insultada.


Mas ele manteve o pensamento para si mesmo.

— Ele começou! —Cliff gritou, apontando.

— Ha, —disse Dante. — Ele mereceu.

Ella avançou com raiva, empurrando Dante para longe de sua


família. — Pare com isso, —disse ela. — Você me prometeu que não
faria!

— Não faria o quê? —Ele perguntou. — Defendê-la?

— Eu não preciso ser defendida! E se ele está só me insultando,


isso não significa violência física. O que ele diz não me incomoda.

— Pare de mentir sobre isso! —Dante respondeu.

A sala congelou e todos olharam para ela. Ela deu a ele um olhar
zangado, e ele sentiu a frustração crescer e transbordar, inundando-o
além de seu ponto de ruptura. — Você é quem sabe, —ele disse
laconicamente. — Preciso de ar fresco. Vou lá fora.

— Boa ideia, —retrucou Ella, mas ela não parecia ter certeza.
Dante saiu furioso da casa, sentindo a injustiça da situação
pesando em suas costas.

Ele estava cansado de estar na forma humana. Estava cansado de


ficar longe de seus amigos que o entendiam. Do mundo dos dragões.
Cansado de não ter asas para simplesmente voar para longe da
situação.

Ele não tinha mais como aliviar a tensão de seu dragão como fazia
quando defendia a aldeia a noite. Não tinha mais como deixar sair a
besta dentro dele.

Não sabia o que era mais frustrante, não poder mais se


transformar em seu dragão ou ser repreendido por sua companheira
por defendê-la. Como ela poderia olhar para ele daquela forma? Ele
tinha sido muito subserviente a ela. Claro, como não seria? Ela era sua
companheira. O que ele poderia fazer?

Ele se sentou em um pedaço de grama um pouco afastado da


cabana. Observou os pinheiros farfalharem com o vento e respirou
fundo. Tudo ficaria bem. Ele precisava se acalmar, e então poderia
entrar e exigir que aquele idiota fosse embora ou ele iria.

E levaria Ella com ele.


Seus pensamentos foram interrompidos pelo barulho de agulhas
de pinheiro sendo pisadas. Alguém cruzava o gramado e se
aproximava de onde ele estava sentado na grama.

Ele se virou para ver Ella se aproximando e sentiu seu rosto se


contrair defensivamente. — O que você quer? —Ele perguntou,
sabendo que soou como um idiota. — Veio gritar mais comigo?
Talvez queira me humilhar na frente de sua família novamente.

Ela suspirou e se sentou ao lado dele. Ele não resistiu e deu uma
olhada furtiva para ela. Ele sempre iria olhar para sua companheira.

Hoje ela estava vestindo uma blusa roxa com uma jaqueta preta
justa e outro par de jeans justos e sexy que delineavam cada curva sua.
Seus olhos se moveram sobre ela apreciativamente até que ele desviou
seu olhar dela.

— Você está muito bonita, —disse ele sem jeito, tentando se


lembrar de ficar com raiva. Afinal, não tinha feito nada de errado.

— Obrigada, —disse ela, estendendo a mão para escovar a grama.


— Eu sinto muito. Não fui justa com você.

Ele olhou interessado, surpreso por ela não ter vindo gritar mais
com ele. — O que?
Ela jogou de lado o pedaço de grama que arrancou e suspirou. —
Sim. Eu sempre fico muito nervosa com toda a situação.
Especialmente com minha família por perto.

— Por que? Eu não entendo.

— O que estou tentando dizer é que tudo o que tem a ver com
Cliff é difícil. Você tem razão. Tento dizer a mim mesma que não,
mas é.

— Vocês já tiveram algo antes?

Os olhos dela se arregalaram, suas íris mudando para um lindo e


caloroso castanho ao sol, com manchas douradas no centro. — Ele te
disse isso?

Ele assentiu.

— Não exatamente, —ela disse. — Olha, é só ... é doloroso, e não


estou pronta para contar.

O que tinha acontecido? Ela tinha sido abandonada? Atacada? Se


sim, por que não o expulsou de casa contando para sua família?

Nada aqui fazia sentido.


— Eu só ... não sei como você reagiria e ... não estou pronta para
descobrir. —Ela olhou para o chão, e seu óbvio desconforto o fez
perder a raiva.

Ele não conseguia ficar com raiva quando ela estava chateada.
Tudo o que realmente importava era agradar sua companheira, e ele
faria tudo que pudesse. — Certo.

Afinal, ele também tinha segredos. Era um dragão. Então


entendia o receio da reação do outro quando contasse algo difícil de
contar. Como ele poderia cobrar isso dela? Nem ele mesmo sabia
como contaria seu segredo a ela.

— Além disso, você não irá mais topar com ele em casa de novo,
—disse ela. — Todos nós decidimos que seria melhor se ele ficasse na
casa dos pais dele. Dado as circunstâncias.

— Por que seu namorado é superprotetor? —Ele perguntou com


orgulho.

Ela riu. — Eu suponho. Sobre isso, no entanto. Por favor, me


prometa que será mais cuidadoso com Cliff. Se você o vir, apenas
corra.
Ele franziu a testa, o dragão dentro dele extremamente ofendido
com a implicação de que ele precisaria correr. — Certo, certo. Eu
posso me defender dele.

— Basta fazer isso por mim, então, —disse ela, parecendo


genuinamente preocupada. — Por favor? —Ela olhou para ele, e seu
rosto geralmente severo estava preocupado e vulnerável. Seu cabelo
em seu rabo de cavalo frouxo balançava com o vento, cachos soltos
erguendo-se ao redor de seu rosto, bochechas rechonchudas
bronzeadas ao sol.

Dante não gostava que ela não confiasse nele para enfrentar outro
homem, mas ele decidiu deixar seu orgulho ir.

Ela estava se abrindo com ele. Confiando nele. Na noite anterior,


o deixou fazer amor com ela. Talvez o deixasse fazer isso de novo.
Enquanto ele estivesse ao lado dela, eles resolveriam as coisas.

— Tudo bem, —disse ele. — Farei isso, por você.

Ela suspirou de alívio e encostou-se a ele, aquecendo todo o seu


corpo contra o ar frio da montanha. — Obrigada, Dante. Eu agradeço.
—Ela passou a mão pelo braço dele. — Eu gosto de você. Ele não é
metade do homem que você é. Você é incrível. Sinto-me bem só de
estar perto de você. Como nunca senti com ninguém. Gostei do que
fizemos ontem à noite. Não sei o que é isso entre ... mas espero que
possamos continuar.

Dante respirou fundo o ar da montanha e olhou para sua bela


companheira. Ela era sua nova realidade. Mesmo que as coisas fossem
difíceis e complicadas, talvez isso fosse apenas uma parte de
finalmente se permitir chegar perto de alguém. — Eu espero isso
também.

Então, Cliff, os problemas com a família e as brigas


desapareceram enquanto ele e sua companheira ficavam lá, sentados
e conversando, desfrutando do ar fresco.

DANTE estava um pouco chateado porque a hora de irem dormir

estava chegando e depois da curta conversa com Ella do lado de fora,


eles não tiveram mais tempo a sós.

O pai dela explicou a ele que Cliff tinha ido embora, e que o
restante do pessoal foi ao cinema e depois jantariam e voltariam para
casa bem tarde.
Ella ainda estava na cozinha, curtindo o tempo com seus pais, e
Dante estava um pouco cansado do dia, então decidiu subir e se
certificar de arrumar o quarto e deixá-lo pronto para quando Ella
subisse pudesse simplesmente cair na cama.

Por mais que quisesse, ele não esperava que algo acontecesse
entre eles esta noite. Ella provavelmente precisava de tempo para se
recuperar emocionalmente.

Dante estava afofando o edredom quando ouviu algo estranho lá


fora. Ele caminhou até a janela e olhou para fora, sem ter certeza do
que estava procurando.

A noite tinha acabado de cair, e a lua estava cheia. Ele olhou para
a grama embaixo da casa, cercada por árvores, e semicerrou os olhos
ao ver algo se movendo ao longo das árvores, passando entre elas.

À luz da lua, ele viu que era um gato gigante. Não um leão porque
não tinha juba. Mais parecido com um gato doméstico, só que em
grande escala, e ele apostaria qualquer coisa que era um shifter.

Dante abriu a janela, verificou embaixo dele, se pendurou na


borda e deslizou para baixo, se soltando quando estava baixo o
suficiente.
Quando pousou os pés no chão, o gato havia sumido. Mas o
cheiro no ar era claro. Cliff.

Tinha certeza disso.

— Dante? —Essa era a voz de Ella vindo de cima dele. Seu


coração saltou uma batida quando percebeu que ela estava sozinha lá
em cima, e havia um gato por perto, ou algum tipo de shifter. Ele
rapidamente escalou os troncos, usando sua força para subir e puxar-
se pela janela.

— Você acabou de escalar a parede? —Ela perguntou.

Ele riu e ergueu um braço para flexionar. — Talentos escondidos?

Ela riu também, caminhando até ele. Então ela olhou para a
janela, franzindo a testa. — O que está acontecendo? Por que foi lá
fora? —Ela cruzou os braços. — Nós temos uma porta, você sabe.

Dante encolheu os ombros. — Eu pensei ter ouvido algo. Mas


estava errado. —Ele não gostava de mentir para ela, mas não sabia
como explicar o que tinha acabado de descobrir.

Já seria difícil dizer a ela que ele era um dragão; não precisava
explicar que outros shifters existiam. Ou que o homem de quem ela
temia representava um perigo muito real do qual ela não fazia ideia.

Ele coçou a nuca. — Desculpe por isso. Não quis te preocupar.


— Não, está tudo bem, —disse ela, sentando-se na cama e dando
tapinhas para ele se juntar a ela.

Ele se sentou. Ela ficou de joelhos atrás dele, e ele virou a cabeça,
tentando ver o que ela estava fazendo.

— Você está muito tenso, —disse ela. — Relaxe.

— Você não precisa ...

— Ontem à noite você cuidou de mim. Deixe-me cuidar de você.

Então as mãos dela se afundaram nos músculos do ombro dele na


base do pescoço, massageando com firmeza, e ele soltou um suspiro
satisfeito. Maldição, cada vez que ela o tocava era o paraíso. Não
importa como ela o tocava.

— Sinto muito se você sentiu que eu te abandonei mais cedo, —


disse ela. — É ótimo conversar com minha família, mas quando
percebi que você tinha saído e não voltou, fiquei preocupada que se
sentisse abandonado.

— Não, —disse ele, relaxando na massagem. Já tinha tido alguém


que fez isso por ele? Não que se lembrava. — Eu sei que você veio até
aqui para vê-los. Estou apenas acompanhando-a,

— Eu não diria isso, —disse ela. — Graças a você, a viagem tem


sido incrível. Teria sido horrível sem você.
— Obrigado, —disse ele, sentindo um rubor nas bochechas.
Dante não estava acostumado com os elogios dela e ainda se sentia
um pouco desconfortável com isso.

Falsas admirações, vazias bajulações, era a isso que estava


acostumado. Toda a sua vida esteve sozinho, mesmo cercado por
pessoas. Era tão diferente a sensação de estar na presença de uma
única pessoa e se sentir acolhido.

Quase assustador.

Especialmente porque ela ainda não confiava nele com todos os


seus segredos.

Ella passou as mãos na frente do peito dele. — Você quer namorar


esta noite?

Ele se virou na cama, empurrando-a para trás enquanto se


arrastava sobre ela. Tirou o cabelo do rosto dela e correu os olhos pelo
corpo curvilíneo dela.

Ela mordeu o lábio e ele gemeu com a tentação de tomá-la.

Mas Dante tinha acabado de ver um shifter, e isso mudou a


prioridade dele. Por mais que quisesse fazer amor com sua
companheira e continuar explorando o que estava acontecendo, sabia
que havia outra coisa que precisava fazer primeiro.
— Preciso fazer uma ligação, —disse ele, se afastando dela com
um suspiro. — Vá para a cama sem mim. —Ele foi até a janela, a
fechou e puxou trancou a fechadura. — Talvez eu demore um pouco.

Ela fez beicinho, sentando-se na cama. — Sério?

Ele queria ficar com ela. Cada célula dele adorava estar ao seu
lado. E não havia nada que amaria mais do que ficar com ela. Mas
agora, tinha que resolver algo que era mais importante do que
qualquer coisa.

A segurança de sua companheira.

— Eu volto em breve. Vou te abraçar enquanto você dorme.

Ela exalou e acenou com a cabeça, os cachos quicando. — Certo,


mas não demore.

— Não vou.

Ele relutantemente fechou a porta e se dirigiu para o corredor,


com a mão no telefone no bolso.
DANTE saiu, longe de onde tinha visto o gato. Ele cheirou o ar,

certificando-se de que não podia sentir o cheiro de Cliff ao seu redor,


e então pegou seu telefone.

Ele não gostava de usar o celular, mas com o anel de restrição


inibindo seus poderes de dragão (impossibilitando-o de se comunicar
mentalmente a longa distância com sua equipe), não tinha outra
escolha. Ainda podia ler pensamentos ocasionalmente, se alguém
estivesse em um mesmo ambiente com ele, diferente de antes que
costumava ser capaz de ouvir qualquer um de sua equipe através das
cidades.

Dante discou o número e colocou o telefone no ouvido enquanto


se recostava contra uma árvore que ficava bem longe da cabana, perto
da estrada que levava à cidade.

Citrino atendeu após apenas alguns toques, parecendo apressado.


— Dante. Aconteceu alguma coisa?

Dante se endireitou. — Mais ou menos.

Citrino deixou escapar um suspiro. — Sempre acontece alguma


coisa com vocês três. Não sei como a Aegis lidou com isso. O que foi desta
vez?
— Aconteceu alguma coisa de errado aí? —Dante perguntou,
divertido.

— Olá, —Adrien interrompeu.

— Ei, —Sever disse.

— A nossa chamada está no viva-voz, —disse Citrino avisando-o.


— Estávamos tendo uma reunião de equipe, então sua ligação foi em uma
boa hora.

— Sim, quanto a isso. —Dante esfregou o pescoço nervosamente.


— Veja, há algum tipo de shifters que não conseguimos sentir, de
alguma forma, que são shifters? Há um aqui e eu não conseguir
sentir o cheiro de shifter nele.

— Um shifter? —Citrino perguntou. — Que tipo?

— Felino, eu acho. Não é um leão.

— Vamos ver. Você está em Utah. Leão da montanha , eu acho.

— Seja o que for, eu sei quem é, e nem por um segundo percebi


que era um shifter. É por causa do anel de restrição?

Puma ou Leão da Montanha também conhecido por cougar, jaguaruna, suçuarana,leão-baio, onça-parda e onça-
vermelha. É um mamífero da família felídeos nativo das Américas.
— Não, —respondeu Citrino. — Isso não faz parte das restrições do
anel. Eu sei que os shifters felinos são em sua maioria uma espécie bastante
atual. Ou pelo menos a descoberta deles. Uma das habilidades deles é que
não podem ser detectados por outros shifters. Não tenho certeza se os
dragões modernos podem detectá-los, mas sei que nós não.

— Como sabe disso?

— Conheci alguns felinos a serviço dos Dragões de Nova York.

— Oh, —disse Dante. — Entendi. Mas eles podem sentir que


eu sou um shifter?

— Não, —disse Citrino. — Eles podem sentir algo estranho em você,


mas seu anel deve suprimir qualquer outra coisa.

— Droga, —disse ele. — E como vou lutar contra ele se não


posso assumir a forma de dragão, Citrino?

— Não lute com ele, —disse Citrino.

— Ele tem uma história com minha companheira, —disse


Dante.

— Ele não deveria atacá-lo. Já que deve achar que você é humano,
provavelmente ele não vai querer arriscar revelar a natureza dele na sua
frente.
— Citrino ...

— E você pode lidar com ele.

— Não, na minha forma humana não posso, —retrucou Dante.

— Então se apresse e acasale com a humana e se livre de seu anel.

— Não, —disse Dante. — Nem sei como direi a ela o que sou,
muito menos acasalar com ela.

Ele quase podia ouvir Citrino encolher os ombros ao telefone. —


Faça o que tem que fazer. Todos os outros dragões o fizeram.

Dante passou a mão pelo cabelo. Mas todos os outros dragões


tinham companheiras amedrontadas com algo? Hesitantes e lidando
com traumas passados? Nem todas elas eram humanas que não
sabiam sobre shifters também. Ele suspirou.

— Posso fazer mais alguma coisa por você? —Citrino perguntou.

Devolver meus poderes, pensou Dante. Ele queria a habilidade de


proteger sua companheira. Antes, odiava o anel porque não queria ter
que agradar a ninguém. Queria fazer o que quisesse, como sempre fez.
Mas agora só queria ter todos os seus poderes à sua disposição no caso
de precisar proteger sua companheira.

— De que outra forma eu poderia tirar o anel? —Ele perguntou.


— Bem, você pode falar com Aegis, —disse Dante. — Mas ele está
um pouco ocupado com a sua companheira grávida, e acho que você não
vai gostar de ver o Dragão Esmeralda chateado por ser incomodado.

— Hum. —Citrino tinha razão.

Se Cliff fosse apenas um shifter felino, talvez pudesse cuidar dele


com as próprias mãos. Uma coisa era certa, sabia que Ella não estava
pronta para ele. Ela precisava que as coisas entre eles se movessem
devagar, e isso é o que faria, não importa o que acontecesse.

Ele teria que encontrar outra maneira de lidar com isso e mantê-
la fora de perigo, porque tinha a sensação de que a confiança dela já
havia sido violada por homens no passado.

Então, mesmo que o acasalamento resolvesse alguns de seus


problemas, nunca poderia forçá-la a se mover mais rápido do que ela
queria.

— Tudo bem, —disse ele. — Obrigado.

— Você é um dragão, —disse Citrino com ironia. — Tenho certeza


de que vai descobrir como resolver isso.

— Tchau, —disse Adrien.

— Espere, —disse Sever. — Como é sua companheira?


— Melhor do que eu esperava, —disse Dante honestamente.

— Uau. Você parece completamente diferente, —Adrien comentou.

Dante pensou sobre isso. — Eu me sinto diferente. —E era


verdade. Antes, ele se preocupava com sua aparência, riqueza e
reputação. Seu poder. Sua habilidade de fazer ouro aparecer do nada
e ter pessoas fazendo todas as vontades dele em troca desse metal
valioso. Ter bajuladores ao seu redor o tempo todo.

Mas tudo isso empalidecia em comparação com o prazer de


abraçar sua companheira. De até olhar para ela e saber que ela era
dele.

— Fique seguro aí fora, —Sever disse em voz baixa.

— Ficarei, —disse Dante. Ouvir a voz de sua equipe o fez


perceber o quanto sentia falta deles. No entanto, seu mundo girava em
torno de Ella agora. Seu coração estaria aonde quer que ela fosse. —
Falo com vocês mais tarde.

No momento em que Dante subiu as escadas e entrou no quarto,


ela estava dormindo, o livro solto em uma das mãos. Ella roncava
baixinho, e ele sorriu enquanto se aproximava para puxar as cobertas
sobre ela, colocou o livro de lado e deu um leve beijo em sua testa.
Não pôde resistir.
Então se trocou e se deitou ao lado dela, imaginando o que faria
quando acordassem na manhã seguinte. Esperançosamente,
poderiam passar os próximos dias em paz e então irem embora da
cidade antes que Cliff tentasse qualquer coisa.

Dante não permitiria que nada acontecesse com sua


companheira.

NÃO VEJO POR QUE PRECISAMOS de uma assessora, —


disse Adrien, cruzando uma perna cuidadosamente sobre a outra e
olhando para Citrino com seus olhos prateados e entediados.

— Porque Ella recomendou e porque nosso negócio está falindo.


E se nosso negócio falhar, vocês terão dificuldades em encontrar suas
companheiras. E se vocês não encontrarem suas companheiras, eu
nunca vou me livrar disso! —Citrino sibilou, quase cuspindo.
Adrien não tinha certeza do que havia de errado com Citrino. A
pele do homem, normalmente bronzeada, parecia mais pálida agora,
e havia olheiras.

— E se não quisermos companheiras? —Sever perguntou


estupidamente.

— Especialmente se forem humanas, —Adrien brincou.

Citrino fez um rosnado baixo e ruídos crepitantes emanaram da


mesa onde suas mãos estavam cavando nela. Se Adrien tivesse que
adivinhar, as garras do dragão de Citrino estavam parcialmente fora.

— Não coloque fogo em nada, —disse Adrien preguiçosamente.


— Acalme-se.

Citrino se levantou, batendo as duas mãos na mesa com um


baque. — Como posso me acalmar quando vocês dois espantam todas
as mulheres que se aproximam?

— Isso é exagero, Citrino, —Adrien disse, gostando de ver o outro


dragão irritado. Não havia muito mais o que fazer por aqui.

Citrino soltou um suspiro longo e irregular, tentando se acalmar.

— Será que Dante vai ficar bem? Mesmo com esse anel idiota? —
Adrien perguntou.
— É só um shifter felino, —disse Citrino. — Tudo o que ele
precisa fazer é esperar a cerimônia do casamento acabar e voltar para
casa em segurança antes que algo aconteça. Claro, ele podia também
se apressar e acasalar com a companheira dele.

Adrien colocou a mão no rosto. — E pelo jeito você não se


importaria se isso acontecesse mais rapidamente.

— É tudo o que eu queria, —disse Citrino, sua voz concisa.

— Mesmo Dante correndo risco?

— Dante vai ficar bem, —disse Sever. — Ele é um conhecido


exímio lutador.

— Isso é verdade, —disse Adrien. — Sempre que íamos patrulhar


as fronteiras ou lutar contra bandidos, Dante sempre foi
extremamente energético em suas lutas. Muito letal. Apesar de que
agora não terá sua forma de dragão.

— Eu imagino que ainda assim ele pode se virar. O homem é um


monstro quando quer, —Sever disse.

— Bom, —disse Citrino. — Então vamos nos concentrar no


assunto em questão. Nossa visitante está chegando a qualquer minuto,
e quero que vocês se comportem da melhor maneira, porque
precisamos da ajuda dela.
Todos olharam para cima quando uma batida soou na porta.

Citrino sorriu. — E aí está nossa primeira candidata a assessora


agora, —disse ele. — Comportem-se.

Adrien mostrou a língua, sabendo que não era digno, mas não
particularmente preocupado com a sua dignidade.

Sever estudou suas unhas, que eram curtas e bem cuidadas.

Realmente não havia muito o que fazer por aqui. Não desde que
aqueles reles e grosseiros Dragões de Metal os recrutaram sem deixar
claro o fato de que teriam que ser escravos.

Bem, não era escravo. Mas eles estavam acorrentados do mesmo


jeito. Toda a situação era ultrajante. Eles eram Dragões Nobres que
estavam forçado a servir mulheres humanas comuns.

Citrino abriu a porta, e uma mulher bem-vestida e curvilínea, pele


escura, com olhos castanhos e afiados, olhou para todos eles
inexpressivamente.

— O que está olhando, moça, —Adrien retrucou.

A mulher inclinou a cabeça, seus olhos se estreitando nele, e então


ela jogou a cabeça para trás numa gargalhada.
Adrien estreitou os olhos para ela, olhando para Sever e depois de
volta para a mulher. — Ela é louca, —ele murmurou, achando que ela
não escutaria.

— Qualquer um pensaria que eu teria que ser para estar aqui, não
é? —Ela perguntou, empurrando um papel no peito de Citrino e
entrando na sala, desfilando em seus saltos altos como se não fossem
nada.

Ela olhou em volta e caminhou até a mesa de Citrino, sentando-


se atrás dela.

Citrino fez um ruído estrangulado quando a mulher se recostou


na cadeira dele, apoiando os pés na mesa. — Peço desculpas.

— Sim, é melhor pedir, —disse ela. — Porque eu só estou aqui


para salvar seus traseiros como um favor para Ella. Com a reputação
negativa dessa agência, nenhum profissional no mundo irá querer
trabalhar aqui. E a primeira coisa que recebo quando entro é uma
recepção rude de um de seus funcionários? —Ela riu de novo, o som
um tanto cáustico dessa vez. — Sim, você deve se desculpar.

Citrino estava congelado, olhando para ela como se a mulher


tivesse crescido três cabeças, e Adrien olhou dela para seus
companheiros e de volta.
Todos eles estavam igualmente chocados, embora Sever mal
demonstrasse. O choque de descobrir que a mulher que ele achava que
era a sua companheira era na verdade uma fraude, tinha praticamente
fechado Sever por dentro.

Esperançosamente, Sever iria se abrir eventualmente, mas Adrien


não tinha tempo para pensar sobre isso agora.

Quem essa humana pensava que era, falando com eles desse jeito?
Nenhuma humana, nenhuma mulher, jamais ousou.

— Você, —ela disse. — O que te faz pensar que pode falar com
as pessoas assim?

— Eu perguntaria a você a mesma coisa, —disse ele. — Você disse


que nossos traseiros precisam ser salvos.

Citrino puxou uma cadeira ao lado dele e se sentou com um


sorriso cansado. E ela acertou na mosca.

A mulher deu a Citrino um sorriso de aprovação. — Então. Eu


sei que a agência anda recebendo críticas negativas, e ultimamente as
críticas pioraram. Diga-me o que está acontecendo.

— Um de nossos funcionários está fora da cidade, em um


casamento, —disse Citrino.
— Então vocês fazem contratos de longo prazo e viagens. Essa
seria uma informação relevante, se alguém quisesse contratá-los é
claro. —Ela riu de novo e Adrien estremeceu irritado.

— Sim, —disse Citrino. — Gostaríamos de consertar isso. É por


isso que você está aqui.

— Certo. Meu nome é Robbie Wilson. Como você já sabe.

Adrien zombou.

— Por que ainda não demitiu este aqui? —Ela perguntou a


Citrino.

— Ele é um ... dos sócios fundadores, —disse Citrino depois de


um suspiro.

— Quer dizer que você está sabotando o próprio negócio que


ajudou a abrir? —Robbie perguntou a Adrien com curiosidade.

Adrien apenas encolheu os ombros. Ele não iria mais se dar ao


trabalho de responder a esta humana. Ele lançou um olhar furtivo para
Citrino e ficou irritado ao ver que o homem parecia se divertir por ter
outra pessoa fazendo o trabalho dele.

— E você? —Ela perguntou a Citrino. — Se esse é o sócio que


anda fazendo as mulheres correrem da agência, por que você não
tomou o lugar dele?
O rosto de Citrino ficou em branco, e em pânico.

— Esse é um bom ponto, —disse Adrien, sentando-se em sua


cadeira.

— Você é solteiro? —Robbie perguntou.

— Isso ... isso não vem ao caso, —protestou Citrino. — Eu não


...

— Bom, —disse ela. — Vamos colocar você na lista de


disponíveis, então. Como os outros. Além disso, chega de salão de
recepção. Vamos receber as clientes em um escritório reservado,
comigo presente. Irei me certificar de que nenhum de vocês se
comportem de forma inadequada. Não podemos permitir mais
publicidade negativa.

— Peço mais uma vez desculpas, mas ... —Citrino estava meio
desesperado, seus longos cabelos em desordem sobre os ombros.

Ela ergueu um dedo com uma unha longa, vermelha e pontuda.


— Nada disso. Eu sou a chefe agora. Sua chefe. Você também é um
sócio fundador, não é? Bem, ele também é e está na lista de disponíveis
para encontros, então você também estará.

Citrino suspirou e afundou na cadeira. — Eu suponho ... se fará


que acabe logo com isso.
Seus olhos se aguçaram. — Acabar?

— Não, quero dizer … acabar com os problemas e fazer com que


a empresa volte a funcionar, —disse ele.

Boa desculpa, Adrien pensou com um sorriso.

— Certo. Então estarei de volta amanhã. Uma tarefa para vocês


dois, —Ela disse, apontando para Adrien e Sever, — Cuidem desse
aqui. Arrumem o cabelo dele, vista-o adequadamente e o que mais
precisar. Parece que vocês dois sabem se vestir bem, então presumo
que podem ajudá-lo.

Um largo sorriso se espalhou pelo rosto de Adrien enquanto


Citrino protestava. — Sim. Nós podemos fazer isso. Vamos ajudá-lo
muito.

— Tudo bem, —disse ela, aproximando-se de cada um e


apertando suas mãos.

A mulher era um redemoinho, uma força da natureza, e a


primeira criatura que Adrien tinha conhecido que poderia irritar
Citrino.

Adrien estava ansioso para vê-la novamente.


— POR que sua família de repente faz questão que eu esteja na festa
de casamento? —Ele perguntou, olhando desconfiado para o terno
que estava acomodado no banco de trás do carro enquanto eles
dirigiam.

— Eles gostaram de você, —disse ela. — E você venceu meu pai


no fliperama esta manhã. Isso é algum tipo de recorde.

— Entendi, —disse ele, recostando-se com as mãos atrás da


cabeça. — Competência masculina. Uma boa maneira de conquistar
os pais.

Ela riu. — Você tem a maneira mais estranha de dizer as coisas


às vezes.

— E você gosta, —disse ele, mostrando a língua para ela.

— Quantos anos você tem? —Ela perguntou.

Ele piscou para ela, olhos dourados estranhamente em pânico.


— Espera, agora eu quero saber, —ela disse, repentinamente
curiosa. — Quantos anos você tem?

— Quantos anos aparento ter? —Ele perguntou.

Ela pensou por um segundo. — Trinta e poucos anos?

Ele acenou com a cabeça aliviado. — Perto o suficiente.

— Quer parar para almoçar na volta? Eu conheço um bom lugar.

— Claro, —disse ele. Era bom estar sozinho com ela. Ele gostava
da família dela e tudo, mas quando eram apenas os dois, se sentia mais
à vontade.

Ella parou na frente de uma pequena cabana de aparência


estranha com um desenho de trem acima dela.

— Você tem certeza sobre este lugar? —Ele perguntou.

— Sim, —ela disse. — Além disso, olhe, podemos comer do lado


de fora. Está um dia lindo.

Ele concordou e eles entraram.

Dante a deixou escolher o que iriam comer, então insistiu em


pagar. Ele pediu a Citrino acesso a quantia de dinheiro humano que
precisasse, e se sua companheira permitisse, ele iria pagar as despesas
dela.
Sua honra de dragão exigia isso.

Dante mal podia esperar para tirar o anel e ter seu tesouro de
volta. Sem mencionar que poderia voltar a produzir ouro com as
próprias mãos ... quer dizer, garras, de novo.

— O que está pensando? —Ela perguntou enquanto trazia uma


bandeja para ele. Ele pegou a bandeja e caminhou para o lado de fora.

Dante desejou muito poder contar tudo a ela. Quão incrível seria
simplesmente ser totalmente aberto e dizer a ela que era um dragão
perdido nesse mundo moderno? Mas não conseguia. Ela mal o
aceitava como um homem normal, aceitaria muito menos como uma
criatura mítica.

Dante pegou um pedaço de batata em forma de palito e o


mordiscou enquanto ela fazia o mesmo. — Nada demais. —Ele não
gostava de mentir para ela, então mudou de assunto. — Você está
animada para amanhã?

— Para a celebração do casamento ou para tudo isso acabar? —


Ela perguntou.

— Os dois, —disse ele.


— Bem, —ela disse. — Estou animada para voltar ao trabalho.
Mas decidi que serei uma filha melhor e voltarei mais vezes para
visitar minha família.

Ela deu a ele um olhar tímido. — Talvez você pudesse vir comigo.

— Oh, então você está disposta a me manter por perto depois que
terminarmos de trabalhar juntos, —disse ele.

Ela corou, parecendo envergonhada. Era difícil ver com a pele


bronzeada dela, mas ele ainda podia dizer. — Acho que sim. Quer
dizer, gosto de pensar que nos tornamos amigos.

— Talvez um pouco mais, —disse ele, piscando enquanto


colocava outro pedaço de batata na boca.

— Talvez um pouco mais, —ela admitiu com um sorriso. Eles


aproveitaram o ar calmo da primavera por um tempo, e então ela
olhou para ele. — Percebi que não sei nada sobre você. Se vamos
acabar nos envolvendo, ou algo assim, acho que eu deveria saber pelo
menos um pouco.

— Tudo bem, —disse ele relutantemente. — O que quer saber?

Ela pensou por um segundo. — Acho que podemos começar com


onde você cresceu. Irmãos. Família. Coisas assim.
— Toda a minha família está morta, —disse ele. — Eles
morreram há muito tempo. —Isso era verdade. Dante estava
pensando em como responder a perguntas mais específicas que ela
poderia fazer. Esperançosamente, ela não iria querer saber mais
detalhes.

Dante olhou para cima e a viu olhando para ele com tristeza, uma
mão mexendo nos cachos que estavam em um rabo de cavalo frouxo
por cima do ombro.

— Lamento ouvir isso, —disse ela. — Não temos que falar sobre
isso se você não quiser.

Ele encolheu os ombros. — Está tudo bem. Quero dizer. Foi há


muito tempo. Quase parece que foi em outra vida.

— Como assim em outra vida? —Ela perguntou. Em seguida, se


mexeu como se não tivesse certeza de que era uma pergunta
apropriada a fazer. — Eu sinto muito. Olha, não estou acostumada a
sair com ninguém. Dessa forma. Homens. —Ela corou novamente e
ele sorriu. — Mas eu ... só responda se quiser. Mas eu realmente quero
saber tudo o que puder sobre você.

Não, você não quer, ele pensou ironicamente.


— Não há muito a dizer. Eu cresci rico. Não tive muitos
problemas. Tinha tudo o que poderia desejar, com apenas algumas
responsabilidades, o que não me sobrecarregava excessivamente.

— O que seus pais faziam?

Ele piscou. — Gestão de patrimônio. —Certo, isso era um bom


sinônimo para acumulação de tesouros. Mesma coisa. — Eles
viajavam muito. —Para trocar o ouro que produziam por outros
tesouros. — Eu ficava muito sozinho. Sem irmãos.

— Então você está trabalhando aqui agora. O que aconteceu com


o negócio da sua família?

Ele encolheu os ombros. — Não tive acesso a ele após ... o


incidente.

— Que incidente?

— Depois que fui embora de casa, eles ... desapareceram. Não


éramos tão próximos, então não fiquei tão chateado com isso. Eu mal
os conhecia, e eles tinham babás para me criar. Sou mais próximo aos
meus amigos. Mas quando voltei, tive que recomeçar. Um mundo
totalmente diferente.

— Uau, —disse ela. — E seus amigos ajudaram você?


Ele assentiu. — Eles estavam todos perdidos em seus próprios
caminhos. Então, sim, nos unimos.

— E Citrino? Ele trabalha lá, mas não na mesma função que


vocês?

— Ele não quer, —disse Dante. — E o que ele decidir está


decidido.

— Mas ele parece uma pessoa gentil, —disse ela, pensativa,


apoiando a bochecha na mão e mastigando uma batata frita.

— Ele é, —disse Dante. Mas Citrino não soou gentil quando falou
com ele ao telefone. Citrino parecia exausto, frustrado e perdido.

Talvez fosse bom que ele e Ella voltassem logo. Ele poderia ajudar
Citrino a encontrar as outras companheiras enquanto ainda cortejava
Ella em um ritmo suave e tranquilo.

Isso parecia ótimo.

— Obrigada por me contar mais sobre você, —ela disse,


colocando a mão sobre a dele. — Tudo isso parece que foi muito
difícil. —Quando ela percebeu o que tinha feito, hesitou, mas ele
agarrou a mão dela, esfregando a parte superior suavemente enquanto
ela estremecia levemente.
— Foi, mas eu estou aqui agora, —disse ele, olhando em seus
lindos olhos castanhos. — Então, estou bem. —Pela primeira vez
desde que acordou, ele podia dizer isso sinceramente.

Ella parecia envergonhada de novo, mas satisfeita. — Coma seu


hambúrguer, —disse ela. — Ainda temos que ajudar a preparar o
jantar de ensaio e depois ir para casa e nos preparar. Muito a fazer.

Ele assentiu.

Contanto que Cliff ficasse fora de seu caminho e ele e Ella


tivessem outro ótimo dia juntos, Dante tinha certeza de que tudo
ficaria bem.

ELLA OLHOU PARA O ESPELHO, MAL se reconhecendo.

Sua mãe a ajudou a escolher um vestido enquanto fazia compras outro


dia, insistindo que Dante iria adorá-lo, mas Ella não sabia se teria
coragem de vesti-lo.
Dante tinha acabado de voltar de ajudar a preparar o local do
jantar de ensaio, e ela podia ouvi-lo rindo lá embaixo com os outros
caras.

Ela tocou o decote profundo em forma de V, o tecido sedoso e


solto que destacava seu amplo busto. O vestido era justo em todos os
outros lugares, curvando-se para baixo e abraçando sua cintura e
quadris largos, enfeitado com pequenos cristais pretos que brilhavam
de qualquer ângulo. As mangas minúsculas descansavam na borda de
seus ombros, revelando a maior parte de seu decote.

Sua mãe arrulhou em aprovação enquanto dava a Ella uma


carícia reconfortante em seus ombros. — Você está linda. Tem um
corpo cheio de curvas tão bonito. Por que não o exibe mais?

Porque alguém me disse que eu era asquerosa. E quando eles me


humilhavam, eu acreditava.

Ela tocou a própria pele acima da clavícula, maravilhada com o


quão suave era. Por que tinha que se esconder o tempo todo? Ela não
estava mais sozinha enfrentando Cliff. E sabia que se contasse a
Dante, ele acreditaria nela. Estava segura agora. Segura para se sentir
bonita de novo. Segura para não precisar mais se esconder.

Ela estava usando pequenos saltos pretos, cobertos por cristais e


esperava não tropeçar neles.
Seus cabelos estavam penteados e puxados para cima soltos, com
vários cachos soltos ao redor de seu rosto.

— Eu sei que é o jantar de ensaio da sua irmã, mas esta noite deve
ser divertido para você também, —disse a mãe, bagunçando o cabelo
mais uma vez.

Ella cutucou sua mão e se virou para dar um abraço em sua mãe.
— Obrigada. Lamento ter ficado longe.

— Houve algum motivo?

— Não, —disse Ella. — Eu só ... não importa. De agora em


diante, virei mais para casa.

O rosto de sua mãe se iluminou. — Fico muito feliz com isso.


Agora vamos descer e mostrar àquele lindo homem que mulher linda
ele tem.

Ella respirou fundo e olhou para a sua mãe que usava um vestido
semelhante ao dela, mas azul escuro e com um pequeno casaco por
cima. — Certo.

Ella seguiu sua mãe até o topo da escada quando olhou para baixo
e viu Dante, vestindo um elegante terno prateado com uma camisa
azul clara e uma gravata cinza, alto e musculoso e apenas
insuportavelmente bonito.
Dante olhou para ela e ficou boquiaberto. O choque no rosto dele
era o melhor elogio que ela já tinha recebido.

Dante era um monte de coisas, mas demonstrar surpresa fingida


geralmente não era uma delas.

Ela riu para si mesma, esperando que este fosse apenas o primeiro
de muitas vezes que ela o veria olhar assim.

Ele veio cumprimentá-la na parte inferior da escada, segurando


suas mãos enquanto a olhava de cima a baixo. Ela pigarreou para
chamar a atenção dele quando ele pausou os olhos demoradamente
nos seios dela, fazendo-o olhar para cima.

Ella ia fazer um comentário sarcástico quando percebeu que o


rosto dele estava vermelho brilhante. Dante levou a mão à boca,
fechou os punhos e ficou em silêncio por um momento, como se
estivesse pensando em algo para dizer.

Ela alisou o vestido nervosamente. — Gostou?

— Se eu gostei? —Ele gaguejou. — É lindo. Magnífico. —Os


olhos dourados dele se estreitaram. — Eu quero arrancá-lo de você
agora.

— Tudo bem, —seu pai explodiu. — O que quer que vocês dois
estejam falando aí, eu não quero ouvir.
Ela deu uma risadinha. — Acho que devemos sair.

— Acho que sim, —disse Dante, ainda parecendo congelado no


lugar.

— Seu sangue subiu para a sua cabeça? —Ela brincou.

— E para outros lugares, —ele murmurou.

Ela riu e deu um tapa no braço dele, mas ele parecia mortalmente
sério. Ela colocou o braço no dele. — Vamos. Vamos dançar a noite
toda.

— Vou poder dançar com você? —Ele perguntou, parecendo


espantado. Seu terno era sedoso, e ela adorava sentir seus músculos
largos por baixo do tecido. Sentia-se tão segura com ele.

— Claro, —ela disse. — A menos que queira deixar outras


pessoas fazerem isso.

Ele soltou um som parecido com um rosnado de um tigre, e ela


olhou para ele em estado de choque. — Não vou deixar ninguém
chegar perto de você com esse vestido. Você é toda minha esta noite.

Quando ela sentiu o sangue correr em suas bochechas, percebeu


algo surpreendente. Alguma parte dela, quando ele disse: ‘Você é toda
minha’, aceitou facilmente e estaria bem se ela dissesse ‘para sempre’.
Ah, droga, ela estava se apaixonando fortemente por este homem.

DANTE adorava sentir Ella em seus braços. Seu cheiro, algum tipo
de perfume que se misturava perfeitamente com sua fragrância floral
e picante natural, era um afrodisíaco.

O corpo dela naquele vestido estava explodindo em sua mente.

Quando ela olhou para ele, o sorriso cintilante, os olhos


brilhando, sentiu que nunca esteve tão feliz neste mundo. Em
qualquer momento de qualquer uma das épocas em que viveu.

Ele queria levá-la para casa e fazer amor com ela agora.

Dante fez outra varredura rápida em busca de Cliff, sempre


preocupado em ver se ele estava por perto, mas felizmente, depois da
briga de Dante com ele e da família de Ella ter o expulsado, parece
que o outro homem havia compreendido a situação e se manteve
longe deles no jantar.
Mais cedo, enquanto Dante ajudava nas preparações do jantar de
ensaio, ficou sabendo que Cliff não os ajudaria porque tinha saído
com um grupo de amigos. Dante levantou discretamente algumas
informações sobre esses amigos, e pela aparência, altura e estrutura
física deles, concluiu que eram shifters também.

Isso explicava por que Cliff pareceu ser mais forte do que esperava
quando eles lutaram.

Por outro lado, Dante não sabia o que aconteceria se ele tivesse
que lutar com a forma animal de Cliff enquanto ele mesmo não seria
capaz de se transformar.

Então, agora, tudo o que podia fazer era ficar de olho no homem.

O que não era fácil quando tudo que seus olhos queriam fazer era
encarar sua companheira.

— Última música para mim, —disse ela sem fôlego. — Você


aguenta mais uma?

— Eu poderia fazer isso para sempre, —respondeu ele, querendo


dizer com todo o seu coração.

Um homem de aparência jovem veio ao lado deles, batendo no


ombro dela, — Posso ter a honra?
— Eu vou matá-lo, —disse Dante categoricamente, e o rosto do
homem empalideceu enquanto se virava e corria para longe deles.

— Ele estava brincando, —Ella gritou atrás dele, sufocando uma


risada.

— Eu não estava, —disse Dante. — Ele colocou a mão em você.


Ele não tinha o direito.

— E você tem o direito? —Ela perguntou, olhando para ele com


aqueles olhos doces que estavam se permitindo ser cada vez mais
vulneráveis.

— Claro que tenho, —disse ele. — Você está comigo, não está?
—E, se dependesse dele, seria para sempre.

Ela suspirou e o deixou levá-la em outro giro. A dança que eles


dançavam aqui era diferente do seu tempo, mas ele aprendeu
rapidamente. Era mais como se mover enquanto abraça levemente, e
ele adorou. Ela assumiu a liderança, olhando em seus olhos com
admiração, e ele começou a admirar seu belo corpo enquanto eles se
moviam pelo chão.

Quando terminaram, todos aplaudiram os músicos, que


começaram outra música.
Ella olhou para a mesa onde seus pais ainda estavam comendo,
conversando com parentes, e sua irmã estava sentada ao lado de seu
noivo.

— Você quer sair daqui? —Ele perguntou.

Ela ponderou. — Acho que devamos ficar mais um pouco. Só por


educação.

Ele não queria ficar, no entanto. Queria levá-la para casa e colocar
as mãos sobre ela. Havia esperado tanto tempo por isso. Já podia se
imaginar tirando esse vestido dela e fazendo todas as coisas que queria
fazer. Faria de tudo para conquistá-la, faria ela se apaixonar tanto por
ele que, quando descobrisse os segredos dela, ela estaria
irremediavelmente tomada.

Então ela nunca iria embora.

O pensamento de que Ella não o escolhesse derramou puro medo


em sua alma, porque agora que a encontrou, não havia nenhuma
maneira que pudesse viver sem ela.

Os olhos dele vagaram, se fixando em Cliff novamente. Por que


Ella queria que ele ficasse longe de Cliff? Será que estava preocupada
que ele matasse o outro homem ou que o outro homem o matasse? No
início, Dante ficou ofendido, pensando que ela havia insinuado que
ele era fraco. Mas e se fosse o contrário e ela estivesse preocupada que
ele machucasse Cliff?

Esse era um pensamento sombrio e ele o afastou. Seria paranoia


e, embora isso fosse normal para os homens apaixonados, Dante não
ia deixar que isso afetasse o tempo que passavam juntos.

— Você está bem? —Ela perguntou. — Você está com um olhar


sombrio de novo.

Ele ergueu uma sobrancelha. — O que?

— Essa noite, algumas vezes, você ficou olhando para longe,


serrando os olhos e, depois, uma expressão muito tensa. Algo está te
incomodando?

Oops. — Não.

— Bom, —disse ela. — Vamos comer um pouco de bolo.

— Boa ideia, —disse ele, levando-a de volta para a mesa,


certificando-se de que Cliff permanecia longe. Minha, disse o coração
dele. Minha.

Enquanto ela comia, ele se sentava e pensava em todas as coisas


que faria quando voltassem para casa juntos. Todas as maneiras de
mostrá-la exatamente como ele se sentia.
MAIS TARDE, NAQUELA NOITE DEPOIS que chegou
em casa, Ella se sentia nervosa sentada em seu quarto. Ela e Dante
tinham saído do jantar antes do resto da família porque estava
cansada, embora não quisesse admitir.

E porque também estava um pouco preocupada que Dante


acabasse brigando novamente com Cliff, apesar de suas promessas de
não o fazer.

Ela o pegou examinando a salão muitas vezes e, embora Dante


não admitisse, ela sabia o que ele estava fazendo. Sentiu-se um pouco
lisonjeada porque nunca ninguém havia cuidado dela dessa maneira.
Nunca tinha confiado em nenhum homem para cuidar dela de
nenhuma outra maneira.

Talvez fosse hora de começar a confiar nele de outras maneiras.

Ou talvez não. Ela não sabia.

Queria tentar, no entanto. Durante toda a noite, se sentiu mais


sexy e bonita do que nunca. Isso graças a ele.
Ela tinha desistido de sua autoestima e não se achava bonita, mas
estava bem com isso. Estava satisfeita em se sentir competente.
Inteligente. Boa em seu trabalho. Uma boa pessoa.

Mas algo dentro dela se iluminou ao ver os olhos de um homem


bonito derreter enquanto olhava para ela. Como se circuitos antigos,
que há muito estavam adormecidos, de repente voltasse a funcionar.

E ela gostou muito de sentir isso.

Dante disse a ela para esperar no quarto e tirar os sapatos, mas


nada mais. Ele disse que tinha uma surpresa para ela e desapareceu
no banheiro.

Quando ouviu o som de água correndo, adivinhou o que ele


estava fazendo. Um sorriso curvou os lábios dela e ela esperou,
ouvindo-o se mover.

— Tudo certo, terminei, —disse ele, abrindo a porta para que o


vapor saísse.

O perfume que saiu do banheiro era incrível. Ela se levantou,


caminhou em direção à porta e viu a banheira enfeitada com bolhas
perfumadas e pequenas pétalas de flores derramadas. — Onde você
conseguiu isso? —Ela perguntou, mergulhando as pontas dos dedos
na água.
Ele encolheu os ombros. — Posso ter parado em algum lugar no
caminho quando fui ajudar com o jantar de ensaio. Eu me perguntei
se algo assim existia, e o dono da loja foi capaz de me ajudar.

Como ele poderia não saber que o banho de espuma existia? Ele
era tão engraçado às vezes. Mas quando ela colocou a mão em seu
rosto, sentiu seu queixo duro, viu seus olhos dourados suavizarem
ternamente para ela, sabia que não o desejaria de outra maneira.

— Você quer que eu tire meu vestido?

Ele balançou a cabeça. — Não, eu tive vontade de fazer isso a


noite toda e vou enlouquecer se você não deixar.

Ela riu quando ele alcançou atrás dela e lentamente começou a


baixar o zíper. Seus dedos acariciaram sua pele nua, passando sobre o
tecido do sutiã e continuando para baixo até que o vestido estava
totalmente aberto, caindo sobre os ombros.

Ela ofegou quando ele se afastou dela, dando uma olhada longa e
acalorada antes de levantar as alças do vestido em suas mãos e tirá-las
dos ombros dela.

O sutiã sem alças que ela estava usando mal conseguia conter seus
seios, e ela sorriu quando ele mordeu o lábio em agonia só de olhar
para seu decote todo puxado para cima assim.
Dante continuou empurrando o vestido para baixo até que o
vestido ficou preso em seus quadris.

— Está apertado aí, —disse ela, divertindo-se com a expressão


atenta dele. — Se eu mexer, pode ajudar.

Dante engoliu em seco visivelmente quando ela moveu os quadris


ligeiramente para frente e para trás, provocando-o, enquanto as mãos
dele moviam lentamente o vestido sobre a curva de sua bunda e o
deixavam cair no chão, revelando a calcinha preta que ela usava para
combinar.

Ele deu um passo para trás mais uma vez para absorvê-la, então
mordeu o topo de seu punho novamente. — Meu Deus, você é linda.
Ou devo dizer o céu. Eu ...

Ela deu um passo à frente, colocando um dedo nos lábios dele. —


Shii. —Ela pegou o sutiã, desabotoando-o e deixando-o cair,
revelando seus seios para ele.

O olhar dele era tão diferente do olhar do único outro homem que
tinha visto seus seios. Neste momento, ela se sentiu segura e bonita,
então se deixou ter esperança de que tudo ia ser diferente dessa vez.

Estava prestes a tirar a calcinha quando percebeu que ainda


precisava tirar a roupa de Dante. Ela deu um passo à frente, passando
as mãos sobre os ombros poderosos dele, segurando o lindo terno que
ele usava. Então ela o ajudou a tirar o casaco. Estava ansiosa agora, e
suas mãos se atrapalharam com os botões da camisa dele, apressando-
se para abrir.

Ela ajudou a tirar a camisa e depois lutou com o botão da calça.


Dante sorriu, gentilmente afastando as mãos dela, então desfez o
botão e a abriu o zíper, revelando uma cueca boxer apertada e uma
protuberância absolutamente enorme.

Por um segundo, o medo a invadiu, mas ela respirou fundo, olhou


nos olhos quentes e dourados dele, lembrou-se de que estava aqui com
Dante, que ele seria gentil com ela, e lentamente se acalmou.

Dante a observou, certificando-se de que ela estava bem, e quando


ela sorriu maliciosamente para ele, ele se ajoelhou e agarrou a ponta
de sua calcinha levemente com os dentes, arrastando-a lentamente até
os joelhos, onde levantou a mão para segurar os quadris dela enquanto
terminava de tirar a calcinha dela.

Tão quente.

— Vou entrar primeiro, —disse ele, segurando sua cueca. — Está


pronta?
Ela assentiu ansiosamente. O pensamento de vê-lo
completamente nu a assustou antes, mas agora, queria vê-lo. Mais do
que jamais quis qualquer coisa.

Ele balançou a cabeça e tirou a cueca, revelando algo mais bonito


do que ela esperava. Pele sedosa, cabeça definida, quase escultural.
Ela quase estendeu a mão para tocá-lo, mas então se afastou.

Ela precisava de tempo para se aquecer primeiro, e um banho era


perfeito para isso.

Dante entrou na banheira primeiro, depois estendeu a mão para


ajudá-la. Ela entrou com cautela, não querendo escorregar. Estava
feliz por seus pais terem decidido instalar uma grande jacuzzi com
bastante espaço.

Quando ambas as pernas dela estavam na água, Dante se sentou


primeiro, descansando suavemente contra a parte de trás da banheira.
Então estendeu a mão, segurando seus quadris e bunda e a puxou
suavemente para baixo na água para se juntar a ele.

Ao redor dela, a água estava na temperatura certa, quase


insuportavelmente quente, mas perfeita assim que se acostumasse.
Mais ou menos como Dante, cujos olhos dourados a observavam
atentamente, como na outra noite, quando fizeram as coisas pela
primeira vez.
Mas por mais quente que a água estivesse, as mãos dele eram
como fogo líquido quando começaram a se mover sobre ela,
acariciando cada centímetro cuidadosamente.

A espessa espuma das bolhas e o poderoso aroma de flores de


lavanda permeavam o ar ao seu redor, contribuindo para o ambiente,
enquanto as mãos escorregadias dele a exploravam.

Era como se Dante estivesse memorizando a sensação de tocá-la.


Um pequeno choque de prazer passou por ela quando as mãos dele
encontraram seus seios, apertando-os e fazendo a água ondular ao
redor dela. Uma das mãos permaneceu nos seios enquanto a outra se
moveu para seus quadris, brincando suavemente com seu estômago e
pressionando um único dedo em seu umbigo.

Depois disso, a mão dele fez uma trilha em suas costas, fazendo
sua espinha formigar e arquear enquanto ele corria por todo o
comprimento até seus quadris. Ela o viu sorrir um pouco quando
apertou, fazendo-a corar, mas muito oprimida pelo calor sensual e cru
do momento para ser capaz de se importar.

Ella chegou mais perto, querendo tocá-lo enquanto as mãos dele


se moveram para suas coxas, provocando o interior e fazendo-a
desejar mais.
O corpo de Dante, mergulhado na água, estava tenso como ela
nunca tinha sentido, os músculos duros e definidos dos braços dele, se
moviam sensualmente ao redor dela.

Quando a mão dele se moveu para seu centro, brincando entre


suas dobras e ao redor de seu clitóris, ela agarrou os braços dele,
sentido na palma de sua mão os músculos rígidos envoltos em pele de
veludo, a sensação de tudo quase a oprimindo.

A outra mão de Dante veio em torno de suas costas, puxando-a


para mais perto e em seu colo. Ela hesitou por um segundo, mas
quando ele parou o movimento ao perceber a hesitação dela, ela
relaxou, movendo-se sobre ele por sua própria vontade. Percebendo o
quão incrível tudo estava sendo porque era uma escolha dela.

Ele deu a ela um sorriso tranquilizador. — Você está bem?

— Melhor do que bem, —disse ela. — Não pare. Quero mais. —


Sentia-se faminta por ele. Faminta por tudo que perdeu enquanto se
escondia de qualquer relacionamento e se concentrava só em seu
trabalho.

Dante sacudiu o dedo contra seu clitóris, puxando um gemido de


sua boca.

— Tão gostosa, —Dante murmurou, movendo-se suavemente.


Ella fechou os olhos, inundada por um mar de prazer e
estimulação sensorial tão poderoso que não conseguia se concentrar
em mais nada. Então ela sentiu os lábios de Dante em seu seio, logo
acima da água, o toque um contraste sensual com a excitação febril
que ele construía dentro dela entre as pernas.

Mas Dante não estava com pressa, o que tornava tudo ainda mais
sensual.

Com deliberação intencional e agonizante, ele acariciou seu


clitóris novamente e novamente. Ela podia sentir cada toque, cada
acentuação de seu dedo, sua impressão digital enquanto passava por
seu centro. E ao fazê-lo, ele lentamente lambia e beijava seus seios,
fazendo um círculo com a língua perfeitamente sincronizada ao redor
de um mamilo, em seguida, movendo-se para o outro antes que ela
pudesse ficar muito aquecida.

Era como se ele estivesse tentando fazê-la gozar com mais força
do que nunca. A lentidão dos movimentos dele era erótica e ao mesmo
tempo frustrante, tão quente que explodiu sua mente, mas tão
cuidadosa que ela queria ir mais rápido para que o incrível fogo
queimando dentro dela pudesse diminuir, mesmo que por um
segundo.

— Posso sentir dentro de você? —Ele perguntou.


Ela pensou sobre isso. Nunca fez esse tipo de coisa com ninguém.
Mas olhando nos lindos olhos dourados dele, ela se sentiu segura. —
Sim.

Ela empurrou um pouco os quadris para cima e sentiu o dedo dele


deslizar suavemente para dentro dela. De alguma forma, isso
acrescentou um novo nível de desejo à situação.

Ella se arqueou ligeiramente, apoiando-se na mão dele em suas


costas enquanto explorava a sensação intensa. Tornou-se mais
poderoso quando ele dobrou o dedo ligeiramente, esfregando um
ponto específico que fez um raio subir pela espinha dela. A água
quente, a leve sensação das bolhas estourando ao redor dela, a outra
mão segurando-a firme no meio desse turbilhão era tão perfeito que
desafiava qualquer descrição.

Ela sentiu o cabelo de Dante, molhado da água da banheira,


fazendo cócegas em sua pele enquanto ele dava vários beijos
profundos e deliciosos na base de seu pescoço.

Instintivamente, ela levou a mão à nuca dele, passando a mão


entre seus cabelos loiros e grossos, enquanto ele continuava a acariciar
dentro dela com um, depois dois dedos.
A tensão dentro dela atingiu um nível insuportável e uma
eletricidade tomou conta do corpo dela, fazendo-a agarrar o cabelo
dele a procura de segurança.

— É isso. Segure-se em mim. Olhe para mim, Ella. Somente para


mim, —disse Dante possessivamente, o hálito quente dele
percorrendo a pele quente e úmida de seu pescoço e ombros.

— Só para você, Dante. Sempre para você, —ela respondeu,


muito envolvida na paixão para se importar com o quão intensa suas
palavras soaram. Mas não importava, suas palavras de agora
combinavam com o que ela sentia.

Ela nunca havia experimentado um prazer como este e tinha


certeza de que ninguém mais seria capaz de fazê-la se sentir como
Dante.

Ella não sabia se era a água ou apenas a resposta de seu corpo a


tanto prazer, mas sentia que estava ficando mais quente a cada
segundo. Como se a água da banheira estivesse ficando ainda mais
quente à medida que as carícias dele aumentavam de intensidade. Os
dedos dele se moveram mais rápidos dentro dela, entrando e saindo,
e todo o seu corpo se acendeu com o fogo, cada nervo posicionado à
beira do orgasmo eminente.
Ela sentiu os lábios de Dante em seu seio novamente, sugando
com força, ao mesmo tempo que os dedos dele empurraram dentro
dela e tocaram aquele ponto que a deixou louca de prazer, e ela
explodiu.

Desta vez, seu corpo se arqueou com força e ficou grata pelo
aperto firme de Dante sobre ela enquanto gritava o nome dele
repetidamente. Ela jogou as duas mãos em volta do pescoço dele para
segurá-lo com força. O cheiro de lavanda a deixou mais tonta
enquanto o prazer inundava a consciência dela e poderosas ondas de
sensação quebravam dentro dela uma e outra vez.

No fundo de sua cabeça, ela estava vagamente grata pelo fato de


que o quarto de hóspedes era do outro lado da casa e eles voltaram
muito antes de qualquer outra pessoa, então ninguém deveria ser
capaz de ouvi-la. Porque simplesmente não conseguia parar os sons
que saiam de sua boca.

Dante não ajudou, pelo contrário, continuou acariciando dentro


dela, mesmo enquanto ainda gozava, empurrando-a mais longe do
que jamais poderia ter pensado ser possível em um único orgasmo. Ou
eram dois orgasmos, um atrás do outro? De qualquer forma, seu corpo
inteiro parecia que poderia se despedaçar quando seus músculos se
contraíram com o prazer implacável que ele estava dando a ela.
Quando finalmente se acalmou, estava ciente do olhar de Dante
sobre ela, observando-a, aparentemente muito satisfeito, mas nem um
pouco presunçoso. O que foi surpreendente. Em vez disso, ele apenas
parecia extremamente feliz.

Como ela se sentia por dentro.

Dante a puxou para abraçá-la, as costas dela roçaram no abdômen


duro como pedra dele, as pernas dela sentiram as coxas tensas dele, e
ela ficou ciente da ereção espessa abaixo dela, tão duro que a deixou
curiosa quanto excitante.

De repente, ela sentiu o desejo repentino de explorara o corpo


dele.

Ela se virou de frente para ele, suas pernas entre as pernas dele e
envolveu a ereção dele com a mão, sentindo a crista grossa da ponta
e, em seguida, desceu pelo eixo sedoso e duro ao mesmo tempo.

Ela apertou levemente, e Dante gemeu um pouco em estado de


choque. Ella não resistiu o desejo de controlar a situação, querendo
descobrir se podia arrancar dele as mesmas sensações que ele a fez
sentir.

— Não precisa. Não quero que faça nada se não quiser, —disse
ele. — Podemos só ficar aqui, abraços na água, se quiser.
O belo rosto dele estava corado e tenso, em uma clara tentativa
de acalmar o próprio corpo.

A outra mão dela desceu e ela acariciou ao longo da ereção dele,


a expressão no rosto dele se apertou de excitação, e Ella sentiu um
arrepio de antecipação dentro dela.

Apesar de toda a habilidade que Dante teve em dar prazer a ela,


ele parecia um pouco descontrolado por estar recebendo as carícias
dela.

E isso era fascinante e excitante.

Ela começou a acariciar mais rápido, com as mãos inexperientes,


mas sua mente focada em fazê-lo gozar, queria ver os músculos dele
ficarem tensos, o corpo dele reagir enquanto ficava cada vez mais
perto de gozar.

A princípio, Dante tentou se encostar na borda da banheira, como


se tentasse escapar da sensação. E por uma fração de segundo, seus
profundos olhos dourados pareceram mudar de cor, ficando mais
brilhantes como pó de ouro brilhando com o reflexo do sol do meio-
dia.

— Tudo bem, se quer assim, —disse Dante quase indiscernível.


Um segundo depois, ele se empurrou em direção a ela, trazendo os
dois para o centro da água enquanto suas mãos encontravam seus
seios e os apertavam febrilmente.

Instantaneamente, uma sensação de formigamento subiu por seus


ombros. Mas por melhor que fosse, ela estava ainda mais intrigada
com a sensação de controle. Saber que um homem tão alto e poderoso
poderia ser superado por algo tão simples como suas duas mãos.

Ele gemeu quando ela se moveu mais rápido sobre ele, e sem
esperar, ela sentiu os dedos dele dentro dela novamente, desta vez
acariciando intensamente.

Ele estava tentando fazê-la gozar de novo?

Claro que Dante seria assim. Mas, apesar de tudo dentro dela
enlouquecer com o prazer insano crescendo a um ritmo alucinante em
seu corpo, se concentrou em manter o controle nele. Apesar que
controle era difícil de se ter quando se tinha o homem mais sexy do
mundo apertando seus seios, beijando seu pescoço e acariciando
dentro de você, tudo ao mesmo tempo.

Mas ver o corpo de Dante tremendo, a forma como os ombros


dele ficaram tensos enquanto as mãos dela desciam e subiam em sua
ereção, a respiração acelerada contra ela enquanto ele tentava se
conter, era quase tão erótico quanto as coisas que ele fazia a ela.
Em seguida, a mão livre de Dante deixou seu seio e ele sacudiu
um dedo contra seu clitóris ao mesmo tempo que seu dedo curvou
dentro dela, e ela sentiu seu corpo se preparando para um orgasmo
incrível. Perturbada, ela aumentou o ritmo de suas mãos na ereção
dele, e uma fração de segundo depois, ela sentiu seu pênis se contrair
em suas mãos, ao mesmo tempo seu próprio corpo reagiu a excitação
acumulada e explodiu em um orgasmo incrível.

Dante envolveu os dois braços ao redor dela, segurando-a com


força enquanto os dois gozavam juntos. E enquanto ela gemia o nome
dele entre as pulsações de sensação, ela podia ouvi-lo, o rosto
enterrado em seu ombro, dizendo seu nome.

Por muito tempo permaneceram abraçados, mesmo depois que


seus corpos relaxaram do orgasmo. A essa altura, a água da banheira
estava apenas alguns graus acima de morna, mas ela ainda se sentia
em brasas por dentro.

— Isso foi ... —Dante disse, sem palavras pela primeira vez desde
que ela o conheceu.

— Surpreendente? Maravilhoso? Incrível? Faça a sua escolha, —


respondeu Ella, satisfeita por ter conseguido atingir seu objetivo e, no
processo, ver a coisa mais sexy que ela já vira em toda a sua vida.
— Além de tudo que eu já imaginei, —disse ele. — Embora você
não precisasse fazer nada por mim.

— Fiz, —disse ela, tirando o cabelo molhado do rosto dele. —


Porque eu quis.

— Obrigado, —disse ele. Seu olhar sobre ela era intenso. O que
diabos ele estava pensando?

— Sei que ainda não percorremos todo o caminho, —disse ela,


passando o dedo pelo peito dele. — E eu agradeço por você ser
paciente comigo.

— Claro, —ele disse. — Eu amo você.

Ambos congelaram. Ela mordeu o lábio. Ele realmente quis dizer


isso?

Ele piscou, cílios dourados na ponta com pequenas gotas de água.


— Espere. Eu quis dizer que amo ser paciente com você.

Ela inclinou a cabeça. — Mesmo?

Ele olhou ao redor em busca de uma fuga ou talvez uma toalha e


então relutantemente se levantou para fora da banheira. Dante pegou
uma toalha e se esfregou rapidamente para se secar, depois a enrolou
na cintura e pegou outra para Ella.
— Venha, —disse ele. — Vamos secar você.

O que aconteceu entre eles?

ÓTIMO TRABALHO, DANTE. ELA agradece por você ser

paciente e você confessa seu amor por ela.

Não foi culpa dele. Foi culpa do vestido, da banheira, das mãos
dela e da boca, e dos olhos e da personalidade maravilhosa dela... e
inferno. Foi culpa dele sim.

Porque estava apaixonado por ela e não era bom em esconder seus
sentimentos.

E por alguma razão, ela parecia terrivelmente nervosa enquanto


se secava com a toalha, evitando o olhar dele. Ela foi na frente dele
para o quarto e começou a se trocar.
Dante verificou visualmente para ter certeza de que a porta estava
trancada e a janela fechada e então se lembrou de que tinha feito as
duas coisas antes do banho.

Foi ainda mais incrível do que ele imaginou que seria.

Mas o que ele iria fazer agora? Tudo estava indo bem,
literalmente, e agora tinha que explicar sua estranha declaração.

— Você não acha que é uma coisa estranha de se dizer? —Ela


perguntou, agora vestindo um pijama de flanela macio que combinava
a calça com a blusa enquanto ela secava o cabelo com a toalha.

— Não se eu for sincero, —ele disse, sentando-se ao lado dela.

— Você mal me conhece, —disse ela, olhando para ele. — Eu não


estou ... eu disse que não estava pronta para mais nada. Que
manteríamos este assunto estritamente profissional. E deveríamos ter,
e agora ...

Ele segurou seus ombros suavemente. — Por que está brava


comigo? Por que se importa se eu disser isso? Ainda estou disposto a
ir devagar com você.

— Como? —Ela perguntou. — Não percebe que ao falar coisas


assim acaba me pressionando? —Ela colocou a cabeça entre as mãos.

— Desculpe-me? —Ele perguntou.


— Não, sinto muito, Dante, —disse ela. — Olha, eu disse a você
sobre não ter me relacionado com ninguém é sério. Eu realmente tinha
desistido de qualquer romance. Achei que não precisava disso na
minha vida. Agora estamos na casa da minha família para o
casamento da minha irmã e estou me envolvendo neste romance
fictício com um cara que contratei.

Ela passou a mão pelo cabelo e soltou um suspiro de irritação. —


Quer dizer, o que estou fazendo? A luxúria me fez perder totalmente
a cabeça?

— Foi apenas luxúria? —Ele perguntou. — Passeamos, nos


divertimos, conversamos, fizemos tanta coisa juntos e com a sua
família. Até mesmo brigamos como um casal. Se você me perguntar,
há mais do que luxúria entre nós.

Ela acenou com a cabeça. — Eu sei. A parte lógica da minha


mente sabe. Mas, por alguma razão, era mais fácil para meu cérebro
aceitar tudo isso quando você não estava afirmando que me ama. —
Ela balançou a cabeça. — O amor não acontece em uma semana,
Dante. Demora mais.

— Quem disse? —Ele perguntou. — Você teve sua vida inteira


para se apaixonar, e não o fez. Então, obviamente, o tempo também
não é a resposta. Você vai dizer que não me ama? Porque quando você
estava em meus braços eu senti que me ama.

— Eu não sei o que é amor, —disse ela, jogando os braços para


cima. — Estou machucada, Dante. Mais do que deveria estar. Depois
de uma vida sendo intimidada, humilhada, sendo xingada e me
sentido feia, além de outras coisas que me fizeram me fechar e me
esconder, não é fácil para mim acreditar que você poderia me amar.

— Então por que você está me deixando fazer amor com você?

— Porque não sinto que seus olhos possam mentir, —disse ela. —
Quanto mais olho para eles, mais eu acredito que você me acha
verdadeiramente atraente. É por isso que eu disse que poderia
começar dando a você meu corpo, mas não mais que isso. —Ela olhou
para ele. — Talvez meu coração esteja muito partido.

— Diga-me como está partido e eu vou consertar, —disse ele,


pegando as duas mãos dela e aquecendo-as nas dele. Ele ainda estava
envolto na toalha, parecendo não se importar com isso agora. — Em
algum momento, você terá que começar a me contar seus segredos.

Os olhos dela se abriram e ela deu a ele um olhar franco. — E


você tem que começar a contar os seus. Você trabalha como
acompanhante masculino, Dante. E está comigo por uma semana e
me diz que está apaixonado por mim? Diga-me como isso não parece
uma farsa. Diga-me que não parece que você está tentando arrancar
algo de mim, então quando este trabalho acabar, você não terá
perdido seu tempo.

— Estou tentando arrancar algo de você, —disse ele, frustrado,


mas sem soltar as mãos dela. — Amor.

Ela recuou. — Então você deveria ter esperado. Até que parecesse
mais verossímil.

— Não entendo por que está fazendo isso. Me empurrando para


longe. Sinto muito por dizer o que eu disse. Mas é como estou me
sentindo, e não vou tirar o que disse.

Ela o encarou sem expressão, então suspirou em resignação. —


Certo. Então eu não sei o que dizer.

Ele se moveu, encontrando seu pijama para vesti-lo. Seria


estranho dormir na mesma cama que ela.

Dante não era bom em enfrentar a rejeição. Ele nunca tinha


lidado com esse sentimento. A rejeição era um conceito estranho e
horrível para ele. Nunca esperou que sua companheira reagisse assim
ao seu amor. O dragão nele estava inquieto, ofendido, quase ferido.
Mas foi culpa dele. Ela disse a ele quais eram os limites dela. Ele
deveria ter respeitado esses limites e mantido as coisas como estavam
até que voltassem para a cidade.

Talvez uma parte dele estivesse preocupado que pudesse perdê-la.


Que ela repensaria as coisas.

Em sua outra vida, foi um dragão poderoso no topo da hierarquia


social. Agora era apenas um homem bonito com um trabalho
precário, dizendo a uma mulher, que ele conheceu recentemente, que
estava apaixonado por ela. Depois que tentou tanto segurar tudo.

E que direito ele tinha de dizer isso a ela, se não havia dito nada
sobre ser um dragão? Era complicado demais para acreditar.

— Desculpe, Dante, —disse ela. — Mas eu preciso de um tempo


sozinha. —Ela se levantou e vestiu jeans e uma camiseta, colocando
uma jaqueta por cima.

— Onde você está indo? —Ele perguntou, um frio repentino em


seu coração. Ele estava sendo abandonado. Não queria ficar sozinho.
Esteve sozinho por tanto tempo.

— Eu voltarei, —disse ela. — Preciso pensar sobre isso. Tudo


bem? —Ela sorriu com tristeza. — Sem seu rosto bonito para me
distrair.
Ele assentiu. — Tudo bem.

Ela saiu pela porta e logo depois ele ouviu o som de carros do lado
de fora. O resto da família finalmente estava voltando para casa.
Talvez depois de algum tempo na presença dos outros, ela voltasse a
si. Percebesse que ter um homem, ou um dragão, apaixonado por ela
era uma coisa muito boa.

E não algo de que fugir.

Dante tocou seu anel levemente, a frustração correndo por ele. Se


pudesse fazê-la entender.

ELLA desceu as escadas, sentindo-se entorpecida. Ouviu carros do


lado de fora e percebeu estupidamente que sua família estava
chegando em casa.

Isso era bom.

Ela foi até a geladeira para tomar um gole d'água, perguntando-


se por que as palavras de Dante faziam a mente dela girar.
Quem não iria querer ouvir palavras de amor de alguém? Dante
era atencioso e gentil e, embora fosse um pouco misterioso, isso lhe
dava um toque sexy em vez de dissuadi-la dele.

Ele era o que qualquer mulher deveria desejar. Alguém para


defendê-la. Alguém para adorá-la. Alguém para abraçá-la e fazer tudo
ficar melhor.

No entanto, seu coração estava batendo forte. Sua cabeça


disparada. Ela não conseguia nem descobrir o que estava pensando.

Será que a água quente da banheira afetou de algum modo a


mente dela? Será que ficou confusa de tanto prazer?

Mas não tinha sido simplesmente o que aconteceu na banheira.


Tinha sido a noite toda. Não, toda a viagem.

Dante estava fazendo que ela se apaixonasse lentamente por ele,


e ela estava tentando aceitar isso, tentando se convencer de que nem
tudo era uma armadilha e que ela não estava sendo estúpida.

Por que achava que não poderia se apaixonar por seu encontro?
Não era esse o objetivo de um encontro?

Ela estava aos poucos se convencendo que tudo isso era possível,
até ele dizer que a amava. Então não fez mais sentido e ela se sentia
vulnerável. E com medo.
— Ella! —Sua mãe a chamou, correndo para lhe dar um abraço.
— O que você está fazendo, amor?

A palavra ‘amor’ queimou em seus ouvidos, mesmo vindo de sua


mãe.

— Nada, —respondeu Ella.

Todos chegaram do jantar ligeiramente embriagados, e ela se


sentou no balcão enquanto assistia a sua família conversar na sala de
estar sobre assuntos irrelevantes.

Ela teria adorado participar se não estivesse extremamente sóbria


e pensando em Dante.

Houve uma batida suave na porta já aberta, ela olhou e viu Matt,
um cara da época de colégio, espreitando sua cabeça. Ele examinou a
sala até que a viu, em seguida, acenou chamando-a.

Ella olhou para a família, então percebeu que nenhum deles faria
nada a respeito do visitante e caminhou até a porta para espiar.

Ela viu Cliff parado lá fora, cercado por amigos, quando Matt
voltou para se juntar a ele.

— O que quer? —Ela perguntou, permanecendo em segurança


dentro, a porta entreaberta entre eles.
— Saia e conversaremos, —disse Cliff.

— Não, —disse ela com firmeza. Prometeu a Dante que ficaria


longe dele. Não iria quebrar sua promessa agora.

— Saia aqui agora. Ou você quer que eu chame seu menino


bonitinho aqui para baixo? —Cliff rosnou. — Podemos resolver
nossas diferenças agora.

Ela duvidou. Ele estava muito bêbado, basicamente


cambaleando.

Isso também o tornava menos perigoso para ela. — Tudo bem, —


disse ela, saindo e fechando a porta silenciosamente atrás dela. —
Diga o que quer e vá embora.

Cliff avançou e ela se encolheu quando ele agarrou um de seus


cachos molhados. Ela recuou, mas ele pegou um de qualquer maneira.

— Lembra da nossa noite juntos? —Ele perguntou enquanto os


caras atrás dele riam.

Ela deu um tapa na mão dele com força. — Não vou conversar
com você na frente de seus amiguinhos, —ela retrucou.

— Tudo bem. —Ele os dispensou com um aceno e eles


resmungaram enquanto entravam no SUV.
— Então, você se lembra? —Ele perguntou,

— Não me interessa aquela noite. Ou sobre qualquer coisa que


aconteceu. O que aconteceu mexeu comigo por muito tempo, mas não
mais. —Ela ergueu a mão para esbofeteá-lo, a raiva surgindo por ela
com a posição em que estava, mas o medo a segurou e ela baixou a
mão. — Se você não fosse um shifter, eu ... lhe daria a lição que
merece.

— Por que? —Ele perguntou com uma voz oleosa, tentando se


aproximar ainda mais quando ela deu um passo para trás em direção
à porta. Em direção à segurança. — Tudo o que fiz foi tentar garantir
o que era meu.

— De que maneira? —Ela retrucou. — Me dizendo que me


amava? Me dizendo que você era o único que poderia me amar? Me
chantageando, me fazendo pensar que ninguém mais iria gostar de
mim, quando eu era só uma menina vulnerável e intimidada ...

Ele a interrompeu com um dedo nos lábios, silenciando-a. — Não


me lembre. Só de pensar em você naquela noite me excita.

Ela levantou o joelho para tentar acertá-lo na virilha, mas ele se


esquivou, bloqueando o golpe com uma risada.

— E ainda assim você não se afastou de mim.


— Sim, porque pensei que você queria me namorar, não me
prender na floresta e rasgar minha camisa e me machucar. Você me
assustou até a morte.

Até mesmo lembrar disso fez o coração dela disparar. Ela se


lembrou vividamente daquela noite, de lutar, mesmo quando as
palavras dele ficaram mais agressivas, quando as mãos dele rasgaram
suas roupas, quando ele disse a ela o quão inútil ela era e que ela
deveria ficar agradecida por abrir as pernas para ele.

Ele a tocou, expôs seus seios, os apalpou dolorosamente, mas ela


não o deixou entrar.

Esse era seu único consolo olhando para este homem patético
agora. Como um dia desejou que ele a amasse?

Quando era adolescente, o amor que ele ofereceu parecia algo


saído de um de seus romances de contos de fadas. E então o romance
se transformou em pesadelo na floresta, e quanto mais ela lutava com
ele, mais aparente se tornava que ele nunca a amou. Nem gostava
dela.

Na época se sentia tão sozinha que ele parecia um príncipe,


sempre tão gentil, vindo vê-la depois da escola, dizendo que
secretamente gostava dela, mas não podia contar a ninguém. Ele a
beijava com ternura. Então um dia, na floresta atrás da casa dela, ele
disse que a amava e ela nem teve tempo de processar antes que ele a
jogasse no chão. Como se o amor fosse uma desculpa para o que ele
estava prestes a fazer com ela. Como se o amor fosse uma senha para
deixá-lo entrar.

No início, ela disse a ele para esperar, que ela não estava pronta,
mas ele rasgou a blusa dela, e ela ficou surpresa com a força dele
enquanto lutava contra ele.

Como muitos dos garotos bonitos da cidade, Cliff era um shifter.


O pai dela era, a mãe dela, não. Os moradores da cidade de Heber
sabiam e aceitavam com naturalidade a existência de shifter leões da
montanha, apesar de guardarem segredo para os visitantes.

Ela sempre achou o fato dele ser um shifter algo sexy, mas nunca
pensou que isso significaria que ele usaria sua condição para machucá-
la.

Agora sabia melhor.

Ela se lembrou de lutar com ele e acertou um bom golpe na virilha


dele. Shifters tinham órgãos genitais como qualquer outra pessoa e
não gostavam quando eram esmagados por um joelho bem colocado.
Então ela correu o mais rápido que pôde de volta para a casa de
sua família, mas ele a interrompeu no meio do caminho em sua forma
de felino.

Lá, ele deu a ela mais de suas palavras ofensivas.

ela lembrou-se de dizer. Ele


respondeu que, se ela contasse, seria melhor considerar se seu pai
poderia enfrentar todo o seu clã e se ela e suas irmãs ficariam bem sem
um pai.

Então Cliff foi embora, e ela caiu de joelhos, lutando para não
internalizar as palavras deprimentes dele, mas sabendo que não havia
como se proteger delas.

Nenhum menino jamais mostrou interesse por ela. Muitos deles


a intimidaram. Chamavam-na de gorda. Tornaram sua vida um
inferno. E se ela voltasse a acreditar em alguém de novo, não passaria
pelo mesmo?

Ella se puxou para fora dessas memórias e percebeu por que as


palavras de amor de Dante a machucaram tanto. Porque amor era
algo em que ela disse a si mesma para não acreditar novamente.
— Eu tinha um plano para nós, —disse Cliff.

— O que quer dizer?

— Eu quis você como minha companheira desde que te vi na


escola. Você era uma das poucas garotas gostosas da cidade. —Ele
estalou a língua. — Mas eu tinha que ter certeza de que ninguém mais
colocaria os olhos em você. Então eu me certifiquei de que meus
amigos shifter a intimidassem. Certifiquei-me de que eles espalhassem
por aí que qualquer um que se aproximasse de você iria se entender
comigo. Foi muito fácil.

— Você nem me quer, nunca me quis, —disse ela. — Você me


chamou de asquerosa. Disse que não suportava olhar para mim. Você
...

— Eu só estava tentando garantir que você nunca se mostraria a


outro homem. Mas percebi que isso não funcionou quando você
apareceu aqui com esse prostituto. Isso mesmo. Eu sei que você o
contratou. Procurei por agencias de encontros na sua área e encontrei
o rosto dele em um site muito rápido.

Ela ficou boquiaberta com ele em estado de choque.

— Apesar de não ter ido atrás de você quando saiu da cidade, eu


sei onde você mora. Tenho mantido o olho em você. E quando meu
irmão começou a namorar sua irmã, eu sabia que nós ficaríamos
finalmente juntos. Amanhã, terá um casamento duplo.

— Você é louco, —disse ela. — Amanhã, minha irmã vai se casar


e eu estarei lá com Dante.

— Não, você não vai, —disse ele. — Porque se você aparecer no


casamento com o menino bonitinho, não me importa o quão bom ele
seja em lutar com os punhos. Os rapazes e eu vamos usar garras.

— Meu pai não vai deixar você fazer isso.

— Bem, é ele e sua família contra o resto do meu clã. E você sabe
que meu irmão não é um shifter.

Ela suspirou. — Isso não faz sentido.

Ele se aproximou, quase respirando em seu pescoço. Ela pensou


em Dante, no quarto, confuso. — Se você se preocupa com o que pode
acontecer com o seu menino bonito, mande-o embora. —Ele olhou
para o carro onde seus comparsas esperavam. — Porque eu vou para
casa esta noite e descansar um pouco. E então amanhã, vou me
preparar para o meu casamento.

— Como se minha irmã fosse concordar com isso, —disse ela.

— Você ficaria surpresa com o que as pessoas aceitariam se


houvesse uma dúzia de leões da montanha rondando por aí.
Ela olhou feio. — Você não pode fazer isso. Eu não o quero.

— Sim, mas veja, eu quero você, —ele disse. — Muito. O


suficiente para matar seu menino bonito. Eu o levarei para a floresta
e o rasgarei, e ninguém irá encontrá-lo.

Ela engoliu em seco, pensando em Dante. Como ele lutaria por


ela. Como ele morreria por ela. Dante era forte, mas Cliff era muito
forte e frio. Ela nunca soube que os shifters na cidade tinham sido
abusivos em algum momento. Todos os jovens cresciam juntos, shifter
ou não, e todos se tornavam homens educados.

Ela amava seu pai, amava o quão forte e protetor ele era.

Mas mesmo ele e Dante juntos não tinham chance contra o clã de
Cliff.

Teria que mandar Dante para casa e esperar que pudesse fugir.

— E nem pense em fugir, —disse ele. — Se fizer isso, irei te


encontrar.

— Isso é criminoso, —disse ela. — Você é pura maldade.

— Eu não me importo, —disse ele. — Você tem a noite para se


livrar dele. Caso contrário, eu cuidarei disso.
A porta atrás dela se abriu, e ela viu Dante parado ali, olhando
para eles.

— Afaste-se dela, —disse Dante, lançando-se para frente


enquanto Cliff cambaleava para trás. Dante se virou para Ella. —
Você não deveria se aproximar dele. Vamos entrar.

— Diga a ele o que está acontecendo entre nós, Ella. Diga a ele
que estamos apaixonados.

Ela olhou para Cliff enquanto ele ria como um bêbado e depois se
afastava cambaleando.

Dante estava atrás dela, sua raiva palpável.

— Não é o que parece, —disse ela. Mas então ela olhou nos belos
olhos dourados dele, pensando em tudo que eles compartilharam
juntos, e sentiu seu coração quebrar ao meio ao pensar em qualquer
coisa acontecendo com ele.

Quando ela o trouxe para casa, nunca pensou que haveria perigo
aqui. Afinal, presumiu que Cliff a odiava. É assim que parecia. Nunca
pensou, em um milhão de anos, que ele a queria e iria tão longe para
obtê-la.

— E o que era? —Ele perguntou. — Por que você estava falando


com ele, então?
Ela suspirou, preparando-se para a dor do que estava prestes a
fazer com ele. Mas a menos que ela quisesse ver seu lindo amor
dilacerado por uma dúzia de shifters felinos, tinha que fazer isso.
Porque percebeu agora que o amava.

— Eu vou ... estou voltando com ele, —disse ela estupidamente,


evitando os olhos de Dante.

Ele agarrou os ombros dela, sacudindo-a ligeiramente. — Você ao


menos ouve o que está dizendo? Ele te apavora. Posso sentir isso.

Sim, ela pensou. Mas eu não tenho escolha.

— Por que? Por que está fazendo isso? —Dante perguntou,


exasperado. — É por que eu disse que te amava? Eu sei que isso te
afastou, mas nós ...

Os olhos dela se encheram de lágrimas. Porque você é humano, e eu


não quero que ele o destrua. — Não torne isso mais difícil para mim,
Dante. É isso que eu quero.

Ele parou de andar e olhou para o chão. — Então, você quer que
vá embora esta noite? Agora mesmo?

— Vou ao casamento com ele amanhã. —Para casar com ele, porque
estou sendo obrigada. Dante olhou para o chão, as mãos fechadas em
punhos, a boca pressionada em uma linha de raiva. — Eu te amo,
Ella. Já te disso isso.

Ela deu a ele um olhar que deveria ser desafiador. — Eu sei. E eu


ainda quero que você vá.

Cliff e seus amigos haviam se retirado e ido embora, então pelo


menos ela teria uma noite longe de Cliff. Mas ela não podia permitir
que ele aparecesse pela manhã e encontrasse Dante ainda aqui.

Ela descobriria uma maneira de se livrar de Cliff, mas precisava


ter certeza de que Dante estaria seguro. Foi ela quem o colocou nessa
situação em primeiro lugar.

— Tudo bem, —ele disse laconicamente, sua expressão ficando


vazia e fria. — Posso ver que você tomou sua decisão. Eu não vou
mais fazer papel de idiota. Mas eu realmente amo você, Ella. Vou
embora porque é isso que você quer, mas não vou desistir.

Ela apenas ficou olhando enquanto ele voltava para a casa e subia
as escadas como um furacão. Ela entrou e o ouviu remexendo,
provavelmente fazendo as malas.

Momentos depois, Dante passou por ela com uma mala. Ele
parou, parecendo querer beijá-la. Então ele se inclinou, aproveitando
o choque dela para lhe dar um beijo rápido na testa.
— Tudo que eu quero é que seja feliz.

— Eu sei, —disse ela em um murmúrio.

E então ele se foi, entrando em um táxi que deve ter chamado


enquanto fazia as malas no andar de cima. Quando ele desapareceu
na distância, ela caiu de joelhos.

Ela ainda podia sentir as mãos dele sobre ela, mãos que nunca
mais sentiria novamente.

NO DIA SEGUINTE, ELLA ACORDOU sentindo-se vazia.

Não podia acreditar que Dante havia partido. Uma parte dela temia
que ele não tivesse ido embora, não importa o que ela dissesse. Mas
ele foi.

E imediatamente.
Ela não deveria ter ficado surpresa. Dante sempre fez o que ela
queria, sempre a respeitou, cortejando-a, defendendo-a. Ele sempre
ouviu os desejos dela e a tratou como uma rainha.

E salvar a vida dele era tudo que ela podia fazer por ele.

Ela vestiu seu vestido de madrinha, porque sua irmã fez de uma
amiga sua dama de honra, e se olhou no espelho. Era um lindo vestido
lilás. A cor das flores de Jacinto . Feito de chiffon em camadas delicadas
e transparentes, com mangas fora do ombro.

Estava animada para mostrar o vestido a Dante.

Iria descobrir uma maneira de sair disso e voltaria para a cidade.


Talvez teria outra chance de conquistá-lo de volta. Talvez pudesse
fugir assim que sua irmã se casasse e escapar na confusão.

Ela era uma mulher adulta e não precisava cair nos caprichos de
um felino crescido.

Mas tinha que ter cuidado para não o deixar saber que ela
planejava qualquer coisa.

O jacinto é uma planta de características específicas, dotado de bulbo e com quatro a seis folhas
estreitas, espessas, brilhantes e longas em tom verde-escuro que nascem na base do caule. Ereta, cilíndrica e suculenta, a haste da
inflorescência possui flores com seis pétalas agrupadas em forma de espiga.
Ela prendeu pequenos brincos de prata e prendeu o cabelo em um
coque baixo e encaracolado, deixando alguns cachos ao redor do
rosto. Usou o mínimo de maquiagem, apenas um toque de blush, um
pouco de rímel e um pouco de brilho labial.

Ela suspirou no espelho, tentando fazer sua expressão parecer


menos trágica. Seria melhor se Cliff pensasse que ela estava
conformada com os planos dele.

Não animada, mas conformada.

Ouviu sua família conversando lá embaixo, em voz alta, e


percebeu que eles provavelmente só estavam descobrindo agora que
Dante havia partido.

Ela calçou os saltos combinando, agarrou a bolsa e saiu para olhar


as escadas.

Cliff estava lá, vestindo um terno preto semelhante ao do noivo,


mas com uma gravata azul em vez de preta. Era menos sofisticado
também.

Seu estúpido cabelo escuro estava cuidadosamente penteado para


o lado, fazendo-o parecer ainda mais grudento.

Não que houvesse alguma aparência que ele pudesse se mostrar


que a faria não o odiar agora.
— Você está linda, —disse ele, movendo-se para as escadas e
ignorando o choque no rosto de sua família quando estendeu a mão.

Ela desceu lentamente e o pegou, ignorando seus suspiros.

— Mas onde está Dante?

— Ella e eu voltamos ontem à noite, —disse Cliff.

— Mas ... —Ron estreitou os olhos, desconfiado.

— Mas as coisas estavam indo tão bem com Dante, —disse


Grace, olhando entre Cliff e Ella. Ela mordeu o lábio. — Aconteceu
alguma coisa?

— Sim, aconteceu. O idiota do Dante era um namorado falso que


Ella contratou, e então ela descobriu que tinha um homem de verdade
que a amava e decidiu parar de brincar de se esconder.

— Você quer dizer que Dante era contratado? —Grace perguntou.


— Eu pensei que nós ...

— Oh meu Deus, podemos lidar com esse problema mais tarde?


—Melanie interrompeu, irritada. — É o meu dia!

Ella cerrou os dentes. — Tudo bem. Vamos acabar logo com isso.
—Ela saiu com Cliff, sabendo que ele pelo menos esperava que ela o
acompanhasse ao local do casamento.
— Nós seguiremos atrás de vocês, —disse Grace. — Melanie
ainda precisa se vestir. Não posso deixar o noivo ver a noiva!

Ron ainda estava olhando para eles boquiaberto. — Ella, você


tem certeza disso?

Seu coração bateu forte e ela olhou para os pés. — Sim.

— Então está bem, —disse Ron. — Eu vou com vocês dois.

Secretamente, seu coração saltou de alívio. Contanto que ela e


Cliff não ficassem sozinhos, talvez ela pudesse afastá-lo. Os três
entraram no carro de Cliff e o trajeto até o local foi tranquilo.

Quando chegaram lá, Cliff esperou que seu pai saísse do carro e
fosse falar com o restante dos parentes para puxá-la de lado. — Nem
pense em fugir, —disse ele. — Eu sei que você provavelmente está
planejando ser sorrateira, mas não vou te dar um segundo.

— Eu poderia lutar agora, —disse ela. — Poderia gritar por


socorro. Será que seus ‘amigos’ realmente gostariam de entrar em uma
luta bem aqui no meio de uma multidão?

— Não é uma multidão, —disse ele. Cliff tinha razão, só havia os


amigos íntimos e familiares lá. Melanie queria algo maior e mais
chamativo, mas como Ben ainda estava tentando fazer sua carreira
decolar, sua irmã teve que se contentar com algo pequeno.
— Você realmente machucaria essas pessoas só para me forçar a
ficar com você?

— É só não me obrigar a fazer isso, —disse ele. — Tudo o que


precisa fazer é se comportar e ficar quietinha. Em breve você será
minha, e não haverá nada pelo que lutar. Eu prometo que vou fazer
valer a pena.

Ele a agarrou pela mão antes que ela pudesse protestar e a arrastou
para seus assentos na primeira fila. Diante deles estava um palco de
madeira feito para a cerimônia. Era coberto com um tecido branco
para parecer um altar e, atrás dele, um enorme arco de madeira
coberto artisticamente com rosas e outras flores.

Teria sido um belo cenário se Cliff não estivesse ao lado dela.

Como a vida podia ter dado um giro de cento e oitenta graus em


apenas alguns dias?

E as coisas teriam sido piores se Dante não tivesse vindo para casa
com ela, ou ela estaria melhor se não soubesse que tinha um amor lá
fora com quem não poderia estar?

Ela ficou se perguntando até que a música começou e sua irmã


apareceu com um véu e um lindo vestido, parecendo radiantemente
feliz por ter todos os olhos nela. Apesar de sua própria situação difícil,
Ella tentou ficar feliz por sua irmã.

Mas não era justo. Sua irmã pôde escolher e ela não iria poder.
Pensou que tinha escapado do horror de sua infância, mas ele voltou
para assombrá-la.

Percebeu que sempre esteve certa em se manter longe de sua


cidade natal.

Lágrimas correram pelo canto de seus olhos enquanto o ministro


se colocava entre a noiva e o noivo para fazer os votos.

A cerimônia até agora estava linda, e ...

Ela ofegou quando se sentiu puxada para fora da cadeira. Ela nem
sentiu Cliff pegar sua mão, e agora estava sendo arrastada para o altar,
mesmo enquanto tentava lutar contra ele, recuando.

— Não, —ela sussurrou. — Não faça isso.

— Ella! —Grace disse enquanto Ron se levantava para detê-los.

— Que diabos está fazendo? —Melanie cuspiu, jogando o véu


para trás para mostrar que seu lindo rosto estava vermelho de fúria.
— Você está arruinando meu casamento.

— Solte-me! —Ella disse, puxando Cliff de volta.


— Solte minha filha, —disse Ron, tentando se colocar entre ela e
Cliff.

Cliff balançou e deu um soco no queixo de seu pai, para o choque


de todos os presentes. Ron cambaleou para trás e Cliff olhou para a
multidão enquanto gesticulava para que seus amigos se
aproximassem. Ela contou pelo menos dez, vestindo ternos, enquanto
eles subiam à frente do altar para ficar ao lado deles.

— Não, —disse Ron. — Você não pode escapar impune.

— Vamos ter um casamento duplo, —disse Cliff


ameaçadoramente, subindo no altar e tentando arrastá-la para ele.

— Ah, inferno! —Melanie gritou, batendo nele com seu buquê.


— Saiam daqui. Vocês estão estragando tudo.

Cliff estendeu a mão para empurrá-la para o lado, e Ben a


segurou, puxando-a para fora do caminho e para fora do altar. Como
todo mundo, Ben parecia perceber que seu irmão estava louco e fora
de controle.

O ministro havia se arrastado até a beira da plataforma, e Cliff


estava sozinho no centro, gritando como um louco e puxando o braço
dela.
Ela cravou os pés na madeira à sua frente e apoiou todo o seu peso
contra ele. Droga, ele até podia forçá-la, mas ela não tornaria isso
fácil.

— Vamos logo com isso, Ella, ou eu deixarei meus amigos se


divertirem com os convidados, —ele sibilou para ela.

Ela empurrou para trás com força extra, e ele perdeu o controle,
mas então ele simplesmente pulou da plataforma para pegá-la em seus
braços, ignorando-a enquanto seus amigos impediam seu pai de
alcançá-la.

Isso tudo era ridículo.

Eu odeio shifters. Odeio todos eles! Ela pensou enquanto chutava com
força, tentando escapar do aperto de Cliff. Vou odiá-los para sempre.

Ela estava ocupada batendo no peito de Cliff quando percebeu um


som de vento repentino, vindo do alto cada vez mais perto.

Ela olhou para cima e colocou as mãos na frente dos olhos para
cobrir a luz do sol, tentando ver o que poderia ser, mas o que quer que
fosse, estava descendo rápido demais, direto para eles.

Ela se encolheu quando Cliff saltou para trás do altar, meio


atordoado. Com um grande estrondo algo pousou com força no meio
da plataforma, levantando uma enorme nuvem de poeira, madeira e
flores e destruindo o belo arco.

À medida que a poeira baixava lentamente, ela viu um homem


parado no meio dos destroços do altar. Ele estava de cabeça baixa, seu
corpo um pouco dobrado para frente e havia algo estranho nele, algo
se movendo atrás dele.

Quando homem se endireitou ela percebeu que o ele tinha ... asas?
Além disso, ele era familiar. Ela não conseguia acreditar no que seus
olhos estavam vendo.

Era Dante, tão bonito como sempre, com seu cabelo dourado
despenteado e vestido em algum tipo de terno, embora agora estivesse
rasgado de seu pouso forçado.

Asas grossas e escamosas se abriram ainda mais de suas costas,


enormes em cada lado dele.

Dante era algum tipo de morcego humano?

— Sim, —disse ele, esfregando o pescoço enquanto olhava para


ela. — Espero que você possa rever o que disse sobre shifters. Porque
eu sou um.
Ela nunca tinha ficado mais feliz em ver uma criatura morcego
estranha em sua vida. Ella lutou para chegar até ele, mas percebeu
tardiamente que ainda estava sendo contida por Cliff.

Dante rosnou e deu um passo em direção a eles. — Eu sugiro que


você solte minha companheira.

— Ela é minha companheira, —disse Cliff. — E o que diabos você


é?

— Não queira descobrir, porque será a última coisa que verá, —


disse Dante. — Agora direi mais uma vez. Solte. Minha.
Companheira.

Cliff parecia estar considerando suas opções.

Ron estava parado com Grace, seu braço protetoramente ao redor


dela. Os convidados do casamento estavam se mexendo
nervosamente. Dante bateu as asas e saiu dos destroços do altar,
caminhando ameaçadoramente em direção a Cliff.

— Tarde demais, —ele disse sombriamente, levantando uma


mão, que tinha garras compridas onde havia unhas.

Cliff ofegou e Ella olhou para baixo para ver grossos fios de algo
de aparência úmida e metálica subindo pelas pernas de Cliff, quase
como ouro.
Ela olhou para Dante em estado de choque. O material de metal
enrolou-se em torno do torso de Cliff enquanto ele gritava e lutava
para se soltar, mas ela podia ver que o fio subia pelo corpo de Cliff,
prendendo. Enquanto isso, ela se moveu, tentando se livrar dos braços
de Cliff que ainda a segurava.

No momento em que estava prestes a escapar dos braços de Cliff,


Dante deu um passo à frente para pegá-la em seus braços.

Ele deu um passo para trás, segurando-a contra ele, sustentando


todo o peso dela com um único braço. Como isso era possível?

Cliff estava agora enjaulado em uma delicada gaiola de ouro, seus


olhos enlouquecidos de raiva, enquanto seus amigos olhavam em
volta desamparados.

— Tente mudar de forma agora, bastardo, —disse Dante com um


sorriso maligno.

Cliff lutou, mas não conseguia nem se mover. Seus olhos


dispararam ao redor com raiva para seus amigos. — Façam alguma
coisa!

Eles congelaram, todos recuando enquanto encaravam Dante.


Ele olhou na direção dos outros shifters, respirou fundo e soprou algo
que parecia uma enorme nuvem de pó cintilante, e que pairou sobre
eles como chamas.

Quando a nuvem se dissipou, ela viu todos os amigos de Cliff


parados ali congelados, revestidos de poeira dourada como estátuas
em poses particularmente estranhas.

— O que diabos você é? —Cliff gritou loucamente.

Todos os convidados estavam agora em silêncio, e a família de


Ella também recuou. Seu pai olhou para ela de forma tranquilizadora,
como se ele também entendesse que ela estava segura agora que Dante
estava aqui.

— Você se atreveu a ameaçar minha companheira, —disse Dante,


colocando-a suavemente atrás dele e, em seguida, avançando para
protegê-la. Ele estendeu a mão para o lado e, com um flash, um objeto
longo e dourado apareceu em sua mão, quase a cegando sob o sol
forte.

Ela olhou mais de perto e viu que era um florete , uma espada fina
como as usadas na esgrima. O punho era ornamentado, a ponta

O florete é uma das três armas utilizadas na esgrima. É uma modalidade olímpica praticada por homens e mulheres,
tanto individualmente como por equipas. O florete é a arma mais popular em esgrima e uma das primeiras escolhas na aprendizagem deste
desporto.
extremamente afiada e parecia ser feita de ouro. Dante caminhou até
Cliff congelado e apontou a ponta de sua lâmina no pescoço do outro
homem.

Ella prendeu a respiração, e ela não era a única, pois toda a


congregação ficou em silêncio ao redor deles.

O que Dante iria fazer?

DANTE olhou para o homem que tentou tirar sua companheira dele,
desafiando-o a dizer algo estúpido. Ele adoraria nada mais do que
enfiar sua espada no pescoço desse gato insolente.

Esteve toda manhã pairando no céu sobre o casamento,


esperando que esse pedaço de merda fizesse a jogada dele. Para sua
alegria, ele percebeu que, sem seu anel o restringindo, podia ouvir
pensamentos de uma longa distância novamente. Não mais apenas de
perto.
Ele tinha estado fora a noite toda. Voou para casa e depois dirigiu
até a casa de Aegis para convencê-lo a tirar seu anel de restrição.
Precisava mudar de forma para ser capaz de proteger sua
companheira, e precisava que Aegis confiasse nele.

Prometeu ao Dragão Esmeralda uma vida inteira de serviço, se


fosse necessário para tirar o anel, mas depois de ouvir a situação,
Aegis disse que faria isso apenas para tirar o irritante Dragão de Ouro
de sua varanda. Afinal, tudo que Aegis e a Oráculo queriam era que
Dante e os outros se importassem com algo maior do que eles.

E Dante se importava.

Seus poderes, sua riqueza, nada disso importava, exceto como ele
poderia usar essas coisas para ajudar sua companheira. Então voou de
volta aqui em forma de dragão no minuto em que Aegis removeu seu
anel e liberou seus poderes.

Ele nunca tinha ficado tão grato por asas.

Quando ele ouviu os pensamentos aterrorizados de Ella na noite


passada, percebeu que ela estava tentando protegê-lo de uma ameaça
muito real de outros shifters, ele sabia que havia apenas uma solução.
E isso resolveria dois problemas. Ele poderia matar a besta insolente
que levou sua companheira, enquanto também mostrava a ela quem
ele realmente era.
Porque ele não se importava mais.

Dante não se importava com a quantidade de pessoas que ele teria


que apagar as memórias (essa era uma de suas habilidades) ou quantos
leões da montanha teria que lutar ou como sua companheira se
sentiria ao descobrir que ele era um dragão.

Ele tinha que protegê-la. Ela valia mais do que sua vida.

— Solte-me, —disse Cliff, olhando para a espada de Dante


desafiadoramente.

— Não, —disse Dante. — Acho que não. —Ele olhou para os


homens de Cliff. — Devo libertá-los? Eles vão sufocar.

— Solte-os, —gritou Ella, avançando para agarrar o ombro de


Dante.

— Foi uma piada, —ele murmurou. Então Dante levantou a mão


que não estava segurando seu florete e a poeira caiu dos homens e eles
caíram no chão, ofegantes.

— Que alívio, —disse Ella, ainda segurando-o. Ele a puxou para


seu lado e olhou para ela.

— Belo vestido, —disse ele.


Ela deu a ele um sorriso envergonhado. — Estou feliz que você
voltou por mim.

— Segure-se em mim, —disse ele, avançando para colocar a mão


no ombro de Cliff. — Em um minuto, vou apagar a memória de todos
que não estão me tocando. As pessoas ficarão distraídas por cerca de
vinte segundos e vou tirar esse cara daqui. Ninguém saberá realmente
o que aconteceu, então invente algo. —Ele olhou para os lacaios de
Cliff. — Culpe-os.

— Tudo bem, —disse ela. — E você?

— Encontre-me naquela grande floresta ali, —disse ele,


apontando.

Ela acenou com a cabeça nervosamente enquanto o segurava.

— Tudo bem, —disse ele. — Um, dois, três.


ELA FECHOU OS OLHOS AO SENTIR UM clarão

ofuscante de energia emanar dele. A única coisa que a ancorava era


sua pele tocando a dele, caso contrário, se sentiria perdida em um
redemoinho, quase como se seus próprios pensamentos estivessem
sendo arrancados dela.

Mas enquanto o segurava com força, ela se acalmou, mantendo o


controle em sua mente.

— Eu voltarei, —Dante sussurrou. E então ele se foi, levando Cliff


nos braços e voando para cima e para longe da multidão na direção
das árvores para as quais havia apontado. Eram pinheiros grandes e
antigos, e esconderiam bem a ele e a Cliff.

Ela ouviu gemidos e murmúrios enquanto todos olhavam ao


redor. Melanie foi uma das primeiras a se recuperar. A noiva tropeçou
em direção à plataforma quebrada, o arco de flores em ruínas, e Ella
se sentiu um pouco culpada pela bagunça.

— Meu casamento! —Sua irmã gritou. — O que aconteceu?


— Foram eles, —disse Ella, pensando rapidamente e apontando
para os amigos de Cliff, que estavam se levantando do chão, cobertos
de poeira e escombros do pouso de Dante. — Eles invadiram o altar
... eu não sei o que deu neles. Destruíram tudo.

Todos olharam para ela em choque, tentando se lembrar do que


aconteceu. Como ninguém tinha memória, todos estariam propensos
a aceitar o que ela estava dizendo. Estavam confusos demais para
questionarem alguma coisa.

— Meu casamento, —gritou Melanie novamente enquanto Ben


tentava consolá-la.

— Vai ficar tudo bem, querida, —disse Ron. — Nós vamos


resolver. Podemos fazer isso outro dia. Todo mundo ainda está na
cidade.

Todos assentiram, reunindo-se para ajudar a limpar a bagunça


enquanto os amigos de Cliff corriam, fugindo da cena.

Ela se perguntou se eles chamariam a polícia para contar a versão


deles de tudo. Chegou a sentir remorso pela culpa que jogou neles,
mas no fundo sabia que eles faziam parte dos planos de Cliff em se
casar à força com ela.

Talvez depois que lidasse com Cliff, Dante lidaria com também.
Os morcegos eram extremamente poderosos no mundo dos
shifters? Por que ela não tinha ouvido falar deles?

Esperou até que todos estivessem focados em Melanie e então


correu, desaparecendo no meio da multidão e escapando pelos fundos
da área de estar. Ela tirou os sapatos para poder correr mais rápido
enquanto saltava sobre a grama espessa e seca em direção ao bosque
onde Dante disse que esperaria.

A floresta era mais longe do que ela pensava. Fez uma pausa, com
as mãos nos joelhos, ofegante, e então olhou para cima e viu Dante
emergir da linha das árvores. Suas asas haviam sumido e, apesar de
seu terno rasgado, ele parecia normal. Imperturbável em comparação
com todos os outros na situação. Quando ele viu como ela estava
cansada, ele começou a correr e foi direto para ela.

Quando ele já estava perto, ela se levantou e correu para seus


braços.

Por um momento, Dante apenas a abraçou, acariciando seus


cabelos enquanto ela cravava os dedos em suas costas, assegurando-
se de que ele era real, que tudo o que acabara de acontecer era real.

Graças a Deus havia ignorado todas as avaliações negativas e


procurado a Agência Encontro-com-Dragões... espere um minuto...
— Você não é um morcego, é? —Ela perguntou, estreitando os
olhos para ele.

— Não, —disse ele, rindo. — O que te deu essa ideia?

— As asas, —ela disse.

— Estou ofendido. Você já viu asas douradas tão magníficas em


um morcego?

— Não, —ela disse. — Eu nunca nem vi um morcego de perto.

— Vamos, —ele disse, colocando um braço no dela. — Você veio


com Cliff?

Ela acenou com a cabeça. — Mas no meu carro.

Ele torceu o nariz. — Ainda bem. Vamos sair daqui. Vamos


procurar um lugar para conversar. Um hotel ou algo próximo. Há
muito o que resolver entre nós, agora que Cliff está fora do caminho.

— Hum, onde ele está?

— Fora do nosso caminho, —disse Dante bruscamente. Essa foi


toda a resposta que ele deu. — O que importa é que agora teremos
nosso final feliz. Ou alguma coisa desse nível.

Ella tinha que concordar.


ELES pararam no hotel mais próximo, um pequeno hotel-fazenda

perto da base da montanha. O hotel alugava pequenas cabanas


privativas que eram rústicas por fora e luxuosas por dentro.

Dante a colocou no chão e caminhou direto para a cama para


sentar-se nela, cruzando os braços.

— Certo, agora explique, —ele disse categoricamente.

— Explicar? Por que não começa você a me explicar? Foi você


que foi embora ontem à noite e apareceu hoje pela manhã caindo do
céu.

— Tudo bem, apareci porque minha companheira estava com


problemas.

— Você está me dizendo que sou sua ‘companheira’ do mesmo


jeito que Cliff disse que eu era a dele? —Ela perguntou, lembrando-se
das palavras de Cliff.
— Eu não consigo entender o que está acontecendo nessa cidade.
Você está dizendo que os humanos aqui sabem sobre os shifters e
simplesmente não falam sobre isso?

— Sim, —ela disse. — A existência de Shifter sempre fez parte da


proteção da cidade. Os Shifter sempre foram os responsáveis pela paz
na cidade.

— Não tenho certeza se está funcionando, —disse ele. — Existem


dragões que policiam diferentes partes do mundo. Vou sugerir que
mandem alguns aqui.

Ela suspirou. — Se acha que precisa. É isso que você é, então?


Um dragão?

Ele assentiu. — Mas eu não sabia como te dizer. Se eu soubesse


que você já conhecia os shifters, não teria ficado tão preocupado com
isso.

— Eu acho que ainda teria me surpreendido, —disse ela,


sentando-se em uma cadeira em frente a ele.

Os olhos dourados dele estavam quentes quando a examinaram.


— E respondendo a sua pergunta, não, a forma que me referi a você
como minha companheira não é do mesmo jeito que Cliff.

— Ah?
— Não, —disse ele. — O fato de saber que uma mulher é a sua
companheira não dar o direito de forçá-la a aceitar o acasalamento.
Uma companheira é alguém que sabemos que se destina a nós desde
o primeiro momento que a conhecemos. Mas isso não diminui em
nada a obrigação de lutar para conquistá-la. A decisão de acasalar ou
não é unicamente dela.

Ela sentiu o sangue correr em seu rosto com as palavras doces


dele, e as implicações do que ele estava dizendo foram absorvidas. —
Espere, então é por isso que você aceitou a minha proposta de
trabalho?

— Isso e porque também fui muito rude com você no início, —


disse ele. — Você não demostrou nenhum tipo de fascínio por mim
como as outras mulheres, e eu não conseguia descobrir por que isso
me incomodava. Eu percebi muito rápido que era porque você era a
única mulher que eu queria que estivesse fascinada por mim. —Ele
franziu a testa. — Não que eu queira uma coisa tão presunçosa agora.
Eu só quero você ao meu lado, para sempre. É muito pedir isso?

Ela esboçou um sorriso. — Não. Mas como você soube que


deveria voltar?
— Eu não fui embora, na verdade não. Tive que ir buscar meus
poderes de volta para que eu pudesse bater na bunda do shifter que
está ameaçando você.

— E como você sabia disso?

Ele olhou para o lado. — Eu posso ler mentes.

— Oh, —disse ela, sentindo-se ligeiramente tonta.

— Eu não leio, geralmente, —disse ele. — É considerado rude.


Mas ontem à noite, nada do que você me dizia fazia sentido.

— Hum, então ... você leu meus pensamentos ...

— Eu li em sua mente que você estava com medo por mim porque
achava que eu era humano. E de certa forma tinha razão, já que meus
poderes estavam restringidos.

— Espere, isso é normal para shifters de seu tipo?

— Depende, —disse ele. — Existem dragões modernos e dragões


mais antigos que estão sendo despertados. Eu e minha espécie estamos
mais próximos dos Vikings.

— Espere, espere, espere, —disse ela, levantando a mão. — Então


você era um viking?
— Não, —disse ele. — Eu era um nobre naquela época. Os
vikings eram incivis. Estive familiarizado com vários deles.

— Então, quando disse que sua família estava morta ...

— Eu quis dizer muitas centenas de anos atrás.

Ela esfregou a têmpora. — Preciso processar isso.

— Há tantas coisas que posso contar a você sobre minha vida


naquela época, —disse ele, levantando-se e caminhando para se
ajoelhar na frente dela.

Ele ergueu as mãos para segurar as dela. — Mas tudo o que


realmente importa para mim é quem eu sou agora, com você. Na
minha antiga vida, eu era um solitário. Esnobe. Vazio, exceto pela
gana por tesouros. E até mesmo meu dragão era negligenciado.

Ela apenas o observou, esperando, precisando de mais palavras.

— Hoje, quando estava voando de volta para você, sentir a


melhor sensação que já senti na forma de dragão. Eu me senti
poderoso, senti que encontrei meu lugar. E quando eu a vi lá de cima,
percebi que este meu lugar é onde você está.

Ela sentiu as lágrimas picarem os cantos dos olhos. — Mas há


coisas que você não sabe sobre mim também.
— E eu quero descobri-las, —disse ele. — Para que eu possa
compreendê-la. Cuidar de você. Ajudá-la a se curar.

— Você já me ajuda, —disse ela, apertando as mãos dele com as


dela. — Você tem feito me sentir viva de novo. A maneira como me
toca, a maneira como é cuidadoso comigo. O jeito que me ama.

Ele piscou para ela, os olhos dourados parecendo ligeiramente


vidrados. — Mesmo?

— Sim, —ela disse.

— Posso tocá-la agora? —Ele perguntou, levantando-se e


estendendo a mão para ela. Ela acenou com a cabeça, e ele a pegou e
a carregou para a cama, sentando-se contra a cabeceira da cama com
ela em seu colo. — Isso é bom. Estou pronto para qualquer coisa que
você possa me dizer.

Dante era tão sólido debaixo dela, e ela sabia agora que podia
confiar nele para qualquer coisa. Ela nunca pensou que poderia haver
alguém lá fora feito apenas para ela, apenas esperando por ela.

Agora que sabia que havia, mal podia esperar para começar uma
história com ele. E isso significava não temer mais seu passado.
Então ela contou tudo a ele, enterrando o rosto em sua camisa,
segurando-se nele enquanto explicava o que Cliff fez com ela, tanto
no passado quanto no presente.

Dante a ouviu pacientemente e em silêncio na maior parte do


tempo, exceto por algumas maldições silenciosas e um evidente aperto
em seu corpo.

Ela terminou em um longo suspiro. Era tão bom finalmente


contar a alguém.

— Então ele disse que ninguém acreditaria em você?

Ela acenou com a cabeça.

— Exceto sua família, a quem ele ameaçou prejudicar?

Ela acenou com a cabeça novamente. — Mas ele não me


incomodou depois disso. Cliff manteve sua palavra. Sempre que eu o
via na escola, eu surtava, mas ele apenas me lançava um olhar de nojo
e se afastava. Eu me enterrei em meus livros e decidi não me
preocupar com os homens nunca mais.

— Até você me conhecer, —ele disse com um sorriso, acariciando


seu cabelo de uma forma que ela achou deliciosamente reconfortante.
— Agora está tudo perfeito.
— Nem tudo, —disse ela, balançando a cabeça. Mas então ela riu
e se apoiou nele. Suas lágrimas secaram e ela percebeu que estava
realmente segura. — Então, Cliff não vai voltar?

— Não, —disse ele. — Posso garantir isso.

— O que diremos à família dele?

— Outros Shifters resolverão isso, —ele disse. — Agora, eu só


quero estar aqui para minha companheira e confortá-la como ela
precisar. —Ele olhou nos olhos dela com preocupação. — Tem
certeza de que está bem? Ele fez alguma coisa com você?

— Não. Ele fez naquela época, mas ...

— Há algo que eu preciso ter cuidado ou não fazer ...

Ela levou a mão aos lábios dele. — Não. Tive sorte em alguns
aspectos. Ele me machucou muito emocionalmente, com palavras
cruéis e a maneira como me assustou. Mas não conseguiu ... ir muito
além, quero dizer fisicamente. Acabei aceitando um golpe na virilha
dele com muita força.

— Talvez eu deva voltar e matá-lo, afinal, —ele disse com raiva,


tentando se levantar.

Ela o empurrou de volta. — Não. Seja como for, deixe-o. Eu


confio em você. E acabou. Ele não pode mais me tocar.
Dante assentiu, os músculos da mandíbula praticamente se
contraindo. — Tudo bem. —Ele balançou sua cabeça. — Eu sinto
muito. É que, mesmo que seja absurdo, não posso deixar de desejar
de ter estado lá, mesmo naquela época. —Ele a puxou com força,
envolvendo os braços ao redor dela. — Eu gostaria de tê-la protegido.

— Você tem me protegido, —ela disse. — Desde que entrou na


minha vida. Eu me sinto segura com você.

— Isso é a melhor coisa que eu poderia ouvir, —disse ele. — Bem,


a segunda melhor.

— E qual é a primeira?

— Dante, eu te amo. Por favor, deixe-me ficar com você para


sempre, —ele disse sorrindo.

Ela enrugou o nariz. — É mesmo?

Ele pensou sobre isso. — Não, há algo ainda melhor.

— O que?

Ele se inclinou para sussurrar no ouvido dela. — Seus gemidos de


prazer.

Ela corou profundamente e o empurrou, fingindo tentar sair de


seu colo. Ele riu e a abraçou, e em vez de se sentir assustada com o
abraço dele, a força dele era reconfortante e calorosa. Ela relaxou em
seu aperto, ouvindo as batidas de seu coração. Ela o amava. Sabia
disso. Deveria falar isso para ele.

— Eu ... te amo, Dante.

— Eu sei, —disse ele. — Percebi isso quando você me mandou


embora para salvar minha vida. —Ele deu um beijo no topo de sua
cabeça. — Que bom que sou um dragão feroz e não há um shifter vivo
que pode me vencer. Nem mesmo precisei mudar para a minha forma
de dragão.

— Verdade, —disse ela. — Quando poderei ver seu dragão?

— Eu mostraria a você agora, —disse ele. — Mas teríamos que


procurar um lugar lá fora aonde ninguém pudesse nos ver, e isso
levaria tempo. E há outra coisa que eu prefiro fazer. —O olhar dele
estava aquecido, e ela sabia exatamente o que ele queria dizer.

Apenas estar com ele, falar com ele, abraçá-lo estava acendendo
um fogo dentro dela. Ela tinha muitas memórias agora do que ele
poderia fazer com as mãos.

— E o que é exatamente? —Ela perguntou, provocando-o,


esperando que ele fizesse algum tipo de comentário petulante.
— Quero tornar isso oficial, —disse ele, puxando algo do bolso.
Era o anel de ouro que ele normalmente usava, aquele esculpido na
forma de uma cabeça de dragão.

Ele pegou a mão dela e olhou para o dedo anelar dela. O anel
ficaria folgado. Então colocou o anel na palma da mão dele e fechou
a mão em volta do anel. Ele fechou os olhos e se concentrou um
pouco. Quando abriu, o anel estava completamente mudado. Uma
delicada faixa de ouro com a forma de um dragão esguio enrolando
em torno do centro de um cenário aberto onde estaria uma pedra.
Havia pequenos enfeites de flores ao redor do cenário.

Ela ofegou com a beleza dos detalhes no anel. — Como você fez
isso?

— Dragão de Ouro, —ele disse calmamente, pegando a mão dela


e levando o anel em direção ao dedo dela. — Ella, quer se acasalar
comigo? É como os casamentos humanos, só que para sempre.
Quando nos acasalarmos, você viverá tanto tempo quanto eu. As
coisas serão complicadas, mas ...

Ela agarrou o anel dele, o empurrou no dedo e jogou os braços


em volta do pescoço dele, pegando seus lábios em um beijo. Quando
eles se separaram, ela riu e olhou para o anel. — Claro que quero. Eu
seria louca se recusasse um dragão. E agora temos o resto de nossas
vidas para descobrir os detalhes.

Ele soltou um suspiro de alívio. — Obrigado.

— O que teria feito se eu dissesse não? —Ela perguntou.

— Morreria por dentro, —ele brincou, mas seus olhos estavam


um tanto sérios. — Felizmente, não tenho que pensar sobre isso.
Quando voltarmos, escolheremos uma pedra para o seu anel. Tenho
alguns amigos que podem ajudar com isso.

Ela riu. — Está bem então.

— Então, há outra coisa que faz parte do acasalamento, e se você


não estiver pronta para isso, vou esperar, —disse ele. — Sei que ainda
não fizemos isso porque não queria te apressar, mas ...

Quando ele parou, enrubescendo, ela percebeu o que ele queria


dizer. Ela tinha ouvido falar de algo semelhante com shifters leões da
montanha. — Sexo, não é? Sexo desprotegido?

— Sim, —ele disse. — Se realmente concordar em ser minha


companheira. Mas não se preocupe, não posso transmitir nenhuma
doença, e você não vai engravidar, pelo menos agora. E ...
— Aceito, —disse ela, colocando um dedo nos lábios dele. —
Quero você, Dante. Estou pronta. Não tenho medo com você. Eu sei
que não vai me machucar.

— Machucá-la é absolutamente o oposto de qualquer coisa que


eu quero fazer.

— Eu sei, —ela disse. — Então me mostre. Mostre-me tudo. Faça-


me sua companheira. —Ela se sentia tão livre por dentro, tão pronta
para finalmente se abrir.

O passado finalmente ficaria no passado.

DANTE A ENVOLVEU NOS BRAÇOS DELE e a puxou para


baixo, deitando-os na cama. Ele esfregou seu nariz contra o dela, a
felicidade a inundou como uma chuva de verão. Reconfortante, como
Dante. Varrendo todo o mal e substituindo-o pelo bem.
— Eu a tornarei minha para sempre, —disse Dante contra seus
lábios. Com um movimento rápido, ele rolou em cima dela,
prendendo-a na cama. Seus lábios se fecharam sobre os dela e sua
língua deslizou habilmente dentro de sua boca.

Ella gemeu contra sua boca, oprimida pela sensação da língua


dele se enroscando na dela, cada carícia fazendo-a estremecer de
desejo, do topo da cabeça às pontas dos pés.

Instintivamente, ela começou a rasgar a camisa dele, tentando


desfazer os botões, mas suas mãos estavam muito ansiosas para abri-
los. Percebendo seus esforços, Dante se sentou, arrancando a camisa
inteiramente, enviando botões voando em todas as direções e dando
a ela a visão perfeita de seu corpo glorioso e musculoso.

Mas não só isso, além de seus músculos e rosto perfeitamente


esculpidos, havia uma alma que ultrapassava qualquer pessoa que ela
já conheceu em sua vida. O tipo de cara que só aparecia a cada milhão
de anos mais ou menos.

— Você é a próxima, —ele disse, sua voz rouca. Por um


momento, Dante avaliou o vestido de madrinha que ela estava
usando. Então, para seu choque, Dante o agarrou e rasgou
completamente, bem no meio, como se o tecido fosse feito de papel
de seda.
Ella estava prestes a dizer algo quando viu os olhos de Dante
avaliando-a avidamente. Só o jeito que ele a olhou fez Ella se sentir
tão desejada, tão atraente que a deixou perplexa e excitada ao mesmo
tempo. Então, um segundo depois, seu sutiã saiu e ela sentiu as mãos
de Dante em seus seios, amassando-os enquanto sua língua arrebatava
seus mamilos, e o vestido desapareceu completamente de sua mente.

Quem se importava com um vestido quando ela tinha um homem


que a fazia derreter assim?

Ela tentou conter um gemido nascido do turbilhão de excitação


que Dante estava dando a ela. Lembrou-se que Dante sempre foi
assim. Desde o início ele tinha sido sempre muito intenso, então não
havia por que tentar se conter. Em vez disso, relaxou e deixou que o
seu corpo sentisse os pequenos fogos de artifício que explodiam por
dentro enquanto Dante a tocava em todos os lugares, voraz e
incessante em sua luxúria por ela.

Um segundo depois, ele tirou a calcinha dela, deixando-a


completamente nua para a apreciação dele. As mãos de Dante
desceram no corpo dela, o dedo dele encontrou seu clitóris e sacudiu
suavemente com pequenos movimentos, fazendo os seus músculos se
contraírem de prazer. Dante não se apressou, trabalhou um ritmo
perfeito que manteve a pressão crescendo dentro dela até que ela
atingiu tais alturas incríveis que quase temeu a queda.
Dante a conhecia tão bem que desafiava qualquer explicação.
Mas talvez fosse isso que os tornava ótimos juntos. Ele a conhecia
ainda melhor do que ela mesma.

Quando ela alcançou o precipício da resistência de seu corpo,


Dante segurou por um segundo, estendendo a linha entre o prazer e a
dor por vários segundos maravilhosos e agonizantes. O corpo de Ella
estava tão tenso que ela se sentiu como um elástico pronto para se
quebrar a qualquer segundo.

E então ele se abaixou, a língua dele percorreu suas dobras, já tão


molhadas, em um longo movimento, e ela voou completamente sobre
a borda em uma queda livre de prazer que parecia que o chão estava
caindo embaixo dela. Mas Dante a pegou, segurando-a firmemente
enquanto o nome dele saía dos lábios dela e seu corpo tremia em
rápida sucessão uma e outra vez.

E quando ela voltou de seu orgasmo, ele ainda estava lá, olhos
dourados e cabelos brilhantes, a prova de que isso não era apenas um
louco sonho do qual ela não queria ser acordada.

Quando ela finalmente relaxou, Dante se levantou novamente, e


ela sentiu o dedo dele mergulhar dentro dela, surpreendendo Ella com
sua própria umidade.
— Preciso ter certeza de que você está pronta para mim, —disse
ele atentamente, sua atenção inteiramente sobre ela e nada mais.

— Mais pronta do que nunca, —respondeu Ella, arqueando-se


contra a sensação dos dedos dele dentro dela, esticando-a e fazendo
sua imaginação correr solta com a sensação de tê-lo dentro dela, não
apenas os dedos.

Ela podia ver a ereção dele pressionando contra as calças justas


que ele usava, e se lembrou de tê-lo acariciado quando estavam na
banheira juntos. Aquela noite tinha sido apenas um gostinho do que
estava por vir. Agora, ela estava pronta para tudo que seu dragão tinha
a oferecer.

— Tudo bem, —disse ele, saindo de cima dela e pulando da cama


para tirar as calças. — Mas se precisar que eu pare, me diga, por favor,
—ele disse, esperando a resposta dela.

— Venha aqui, seu dragão ridículo, e termine o que começou, —


disse Ella, fazendo-o rir quando ele tirou a cueca e veio para a cama.

Por alguma razão, quanto menos roupas ele usava, maior Dante
parecia, e era difícil não ficar boquiaberta com toda a sua beleza crua
e masculina quando ele se posicionou entre as pernas dela.
E então, muito lentamente, ele se deslizou para dentro dela, e por
um segundo, Ella sentiu choque e uma leve trepidação enquanto o
corpo dela tentava se acomodar a circunferência do pênis dele.

Ella respirou fundo, tentando relaxar, enquanto Dante se


mantinha firme sem se mover. O corpo inteiro dela entrou em pânico
no início, enquanto tentava acomodá-lo, e então ela percebeu outra
sensação. Um prazer profundo e crescente com a pressão que ele
estava criando dentro dela.

— Quando estiver pronta, eu vou me mover.

Ela respirou fundo, sentindo-se tensa no limite do que ele poderia


realmente fazer com o corpo dela. Ela já estava tão ciente dele que
mal conseguia respirar. O que faria quando ele se movesse?

Ela queria saber.

— Mova-se, —disse ela.

Dante se puxou ligeiramente para fora, então se empurrou, e


pareceu que o mundo inteiro girou quando um prazer quente e
incandescente surgiu através dela. Através de seu corpo, através de
seu coração, enquanto eles estavam totalmente unidos. Ela olhou para
o belo rosto dele, incapaz de acreditar que estavam aqui juntos. Que
ela estava se entregando a um homem assim.
Um dragão.

Ela gemeu, empurrando-se em direção a ele, e ele entendeu a


indireta e começou a se mover novamente. Dante era grande, quase
grande demais, cada impulso dele a esticava quase dolorosamente,
excitando o corpo dela de uma forma que sabia que nada mais
poderia.

Sem saber o que fazer com as próprias pernas, ela as envolveu em


torno dele, tornando mais fácil para ele entrar e sair. Ela mordeu o
lábio enquanto ele entrava e saia, e sentiu o prazer quase dominá-la.

A mão de Dante desceu entre eles, um sorriso malicioso se


espalhou pelo rosto dele. Ela sentiu os dedos dele sacudirem em seu
clitóris em um ritmo coordenado com os movimentos de seus quadris,
fazendo-a sentir seu corpo pegar fogo um caloroso prazer.

Ela gritou, arqueando-se para trás quando gozou loucamente,


com prazer e sensações que pareciam atingir sua alma. Olhou para ele
vagamente, perguntando-se como algo poderia ser tão maravilhoso, e
ele simplesmente sorriu de volta.

Ela tinha a sensação de que eles estavam apenas começando.


UMA felicidade sem igual percorreu Dante enquanto observava Ella
gozar com ele dentro dela. Estarem unidos assim, sabendo que seria
para sempre em apenas alguns momentos, era a sensação mais
incrível. Melhor do que voar, mais precioso do que qualquer metal ou
pedra preciosa.

Tudo o que ele queria agora era estar completo e oficialmente


acasalado. Então, de agora até para sempre, ela seria sua para amar,
proteger e valorizar como ele queria desde a primeira vez que a viu.

Ela estava ainda tremendo, e ele amou o brilho suave do corpo


dela, o brilho de suor da pele dela. Ela era tão incrivelmente bonita.

E ele queria fazê-la gozar de novo e de novo. Ela rosnou


levemente, movendo-se contra ele, e ele sorriu e obedeceu a seu
comando silencioso.

Dante se moveu, se puxando e se empurrando empurrou


novamente, apenas um pouco mais rápido do que da primeira vez. Ela
estava mais sensível agora, depois de já ter gozado uma vez, e com
apenas alguns toques de suas mãos, algumas estocadas, ela gozou
novamente.

Ela se arqueou contra os travesseiros enquanto suas unhas


arranhavam as costas dele. Ele a ouviu dizer seu nome, alto e claro,
enquanto a segurava perto, tão preciosa em seus braços.

Ele nunca esperou ter tanta sorte em toda a sua vida. Tudo nela
era inebriante.

Quando ela estava pronta novamente, suas mãos ansiosas e


procurando enquanto ela murmurava palavras doces, Dante voltou ao
seu ritmo. A umidade dela criou uma fricção lisa entre eles enquanto
ele se empurrava para dentro e então se puxava repetidamente. Ella
estava ainda mais pronta para isso desta vez, mordendo o lábio
enquanto segurava, cada centímetro de movimento a levando mais
perto de outro orgasmo.

E o próprio Dante sentiu um aperto dentro dele também,


começando em seu núcleo e movendo-se para fora em direção aos
limites de suas mãos e pés.

De alguma forma, esta mulher derrubou todas as suas barreiras,


todas as suas pretensões e pressuposições sobre a forma como as coisas
eram no mundo. E com isso, tinha mostrado a ele um novo futuro
cheio de coisas maravilhosas que nunca soube que existiam.
Então Ella empurrou seus quadris contra ele, incitando-o a se
mover mais rápido, e ele se juntou a ela, aumentando a velocidade e
a intensidade de seu movimento. Era como perseguir uma
tempestade, uma tempestade de prazer que ficava mais intensa e mais
frenética à medida que se aproximavam.

Eles estavam tão perto agora, e Dante podia sentir a tensão


profunda dentro de Ella enquanto ela o agarrava com mais força,
enquanto seus olhos se fechavam com mais força contra a onda de
prazer no horizonte.

Ella abriu a boca e tentou falar.

— Dante, eu ... —Mas suas palavras se perderam enquanto o


movimento entre eles entrou em um ritmo alucinante, ambos
queimando com antecipação.

— Eu te amo, Ella, —Dante respondeu, suas palavras ecoando


em sua mente, incapaz de ser contido enquanto ele se movia dentro
dela, quadril com quadril. Agora eram como um só ser, e como um só
ser eles caíram juntos no precipício do orgasmo.

Um calor intenso o queimou além de todos os seus sentidos ao


mesmo tempo. Mais uma vez ela chamou seu nome, e ele respondeu
dizendo o dela para que o universo pudesse conhecer e reconhecer a
companheira do Dragão de Ouro como sua para sempre.
Os dois ficaram presos juntos na miríade de sensações pelo que
pareceu uma eternidade, até que lentamente voltaram à deriva. Mas
mesmo quando as incríveis sensações pararam, Dante pôde sentir um
agradável atordoamento no fundo de sua mente. Uma espécie de
euforia inebriante que o deixou excitado.

Era isso. O começo da eternidade.

E Dante não poderia estar mais feliz.

Sentiu a mão de Ella em sua bochecha e ele olhou dentro dos


lindos olhos castanhos dela. Havia um olhar de satisfação em seu
rosto tão perfeito que o fez querer chorar.

— Então agora você é meu, —disse ela.

— Sim, —ele disse. — E você é minha.

Olhando nos olhos dela, que estavam relaxados e cansados de


prazer agora, ele viu o momento que a verdade das palavras dele a
alcançou.

Dante nasceu como o Dragão de Ouro, foi criado em meio a uma


riqueza inimaginável. Mas era apenas deitado ali com sua
companheira em seus braços, ouvindo-a respirar suavemente, que ele
se sentia verdadeiramente rico.
— ENTÃO, FINALMENTE VOCÊ DECIDIU voltar da sua
lua-de-mel e me resgatar dessas merdas, é isso?

Os olhos de Ella se arregalaram com as palavras de Robbie e ela


se virou para olhar para os dragões, que circulavam em torno de
Dante, questionando-o ansiosamente sobre sua companheira e suas
férias juntos.

— Não foi bem uma lua-de-mel, —disse Ella. — Foi mais nós
dois indo para as cerimônias de casamento da minha irmã. Sim,
cerimonias, porque ela teve mais de uma já que Dante meio que ...
destruiu a primeira.

— Entendi, —disse Robbie, os olhos brilhando. — E ela estava


feliz?

— Sim, —disse Ella. — Graças às riquezas incalculáveis de


Dante, ela foi capaz de ter o casamento que sempre quis. E Dante me
prometeu uma lua-de-mel só nossa mais tarde. Embora, ter brincado
em praias de areia branca com ele não tenha sido tão ruim.
Os olhos escuros de Robbie brilharam quando ela ergueu uma
sobrancelha. — Oh? Bem, suponho que esses caras tenham seus
encantos. Embora haja muito que eu não entendo sobre eles. Por
exemplo, por que insistem em investir nessa agência se parecem ter
muito dinheiro e não precisarem desse trabalho. E por que são tão
sexys. Eu juro, nem mesmo os shifters que conheço são tão sexys.

Ella mordeu o lábio, desejando poder contar a sua amiga os


segredos dos dragões.

Ella havia indicado Robbie para o trabalho por causa de todos os


contatos dela. Também tinha certeza de que a feroz, confiante e loba
shifter Robbie seria a melhor para manter esses caras na linha.

Mas agora eles estavam todos em uma situação engraçada,


porque nem Robbie nem os dragões pareciam saber sobre a condição
shifter um do outro.

E esse segredo não pertencia a Ella para contar. Havia descoberto


sobre a condição shifter de Robbie quando elas estavam na faculdade,
e ela viu Robbie lutar para controlar uma mudança de forma na frente
dela. Ela disse a Robbie que estava tudo bem, que cresceu em uma
cidade com shifters. As duas mulheres tinham sido amigas desde
então.
Ella cruzou os braços e se virou para olhar para os homens com
Robbie, do canto da sala onde eles estavam. — Então, eles
melhoraram o comportamento?

Robbie balançou a cabeça. — Nem de longe tanto quanto eu


gostaria que estivessem. Adrien tem sido muito mais fácil de lidar do
que eu pensava. Na verdade, acho que somos almas amigas. Estou
tendo dificuldades para lidar com Citrino.

Ella teve que lutar contra a vontade de rir. — Citrino? —Ela


perguntou incrédula. — Você está tendo problemas com Citrino?

— Sim, —disse Robbie. — Nome esquisito e tudo.

— Isso é estranho, —disse Ella. — Quando o conheci, ele era o


mais simpático.

— Talvez ele não tenha gostado por eu ter o colocado para


trabalhar na mesma função que os outros. Tive que fazer isso com a
ausência de Dante, os homens precisavam de alguém para guiá-los.
Mas agora que Adrian está um pouco mais polido e não temos mais
um salão de recepção, e as diretrizes da agência ficaram mais claras
em relação ao comportamento das clientes, talvez não precisemos
tanto dele.

— E, no entanto, ele ainda está lá, —disse Ella.


— E por que ele não deveria estar? —Robbie perguntou. —
Quanto mais rapazes disponíveis mais dinheiro e uma melhor
representação para a empresa, tendo ele como opção. Citrino não está
realmente aberto para ser contratado. Ele exigiu escolher suas clientes.

— Interessante, —disse Ella, olhando para Citrino. O homem


estava encostado na parede, olhando para Dante com uma expressão
calma, mas reprimida. Ele tinha cortado o cabelo, e seu cabelo escuro
agora emoldurava seu rosto um pouco melhor e caía apenas no meio
do pescoço, em vez de roçar seus ombros e cair sobre suas costas. Os
olhos dourados de Citrino, quase laranja e de uma cor muito mais
quente que os de Dante, estavam focados e vagamente irritados.
Vestido com um terno preto que combinava com seu cabelo escuro,
ela tinha que admitir que ele parecia bastante exótico e era uma boa
adição ao grupo.

Mesmo que parecesse que preferia pular pelas janelas traseiras do


que estar aqui.

Ela sufocou uma risadinha quando Dante fez uma pose engraçada
e os outros dragões olharam para ele.

— Então, agora que eu estabeleci o padrão, o resto de vocês deve


tentar não se decepcionar ao cair muito abaixo de mim.

— Uau, que idiota, —disse Robbie. — Desculpa.


Ella apenas sorriu quando Dante olhou por cima do ombro e
piscou para ela. Ela gostava desse lado da personalidade dele, o ego
exagerado que parecia deixar seus amigos todos agitados e ainda
confortáveis ao mesmo tempo. Ela conhecia o verdadeiro Dante,
aquele que só aparecia quando eles estavam sozinhos, um Dante que
era muito mais sensível, muito mais complexo do que qualquer um
poderia saber.

E ela estava bem em manter esse Dante para si mesma.

Citrino olhou para ela e inclinou a cabeça antes de gesticular para


si mesmo com um sorriso irônico e acenar para Robbie como se a
acusasse de criar sua situação atual.

Ella apenas sorriu. — Você está ótimo, Citrino, —ela falou. Dante
a olhou por um momento e ela riu. — Dante, é claro que gosto mais
de você.

Seu companheiro inchou novamente e Adrian olhou ao redor e


depois olhou para ela. — Por que você não vem aqui e me diz por que
merece Dante?

Dante deu um forte tapa na lateral da cabeça de Adrien, e Sever e


Citrino riram.
— Eu disse a todos vocês, parem com a violência física! —Robbie
gritou com eles, sacudindo a caneta em aviso como se fosse uma arma
letal.

— As mulheres não acham isso atraente, apesar do que vocês


possam pensar.

Houve resmungos ao redor quando Robbie balançou a cabeça.

Mas olhando para Dante enquanto puxava Adrian de sua cadeira


e o ameaçava, e Adrian ria e gargalhava na cara dele, e Sever se metia
entre eles e os separava, Ella teve que rir.

Os três também começaram a rir, dando socos nos ombros um do


outro e voltando a falar como se nada tivesse acontecido.

Ella ainda tinha muito que aprender sobre Dante e seu mundo e
os outros dragões, estava muito ansiosa por novas descobertas.

Isso, e construir uma vida em algum lugar, seja aqui ou nas


montanhas onde eles se apaixonaram.

— Junte-se a nós! —Adrian chamou. — Nós não mordemos.


Bem, a menos que você queira.

O olho direito de Robbie se contraiu como se ela estivesse


totalmente sem paciência. — Eles são esquisitos ...
Ella riu, tocando o ombro da amiga para acalmá-la. — Está tudo
bem, —disse ela. — Vamos conversar e nos divertir. Já passou do
horário de trabalho.

— Suponho que esteja certa, —disse Robbie, verificando o


relógio.

— Quem sabe os conhecendo melhor fora do trabalho, você não


passe a gostar deles.

Os olhos de Robbie se voltaram para Citrino. — Eu duvido. —


Mas ela não parecia ter certeza.

Os olhos de Ella estavam em Dante, enquanto liderava o caminho


até ele e se aconchegava sob seu braço, levantado apenas para ela. Seu
lado sólido como rocha era quente e reconfortante, seu braço ao redor
dela como um escudo.

Ela suspirou feliz.

— Isso não parece tão ruim, —disse Robbie. — Agora, se apenas


tivéssemos mais como ele.

— Você tem, —disse Dante, apontando para os outros. — Basta


encontrar as mulheres certas para trazer o melhor deles à tona. Como
eu encontrei a minha.

— Eca, —disse Adrian. — Arrumem um quarto.


— Falando em quartos, —disse Dante. — Eu vou embora da
cobertura.

— Para onde? —Sever perguntou, inclinando a cabeça.

— Outra cobertura em outro prédio, —disse Dante, apertando o


braço ao redor dela e sorrindo maliciosamente. — Preciso de
privacidade para todas as coisas que farei com minha esposa.

Ela corou e deu uma cotovelada na lateral dele enquanto os outros


riam, e Robbie balançou a cabeça.

— Eu disse a vocês, são esquisitos.

— Sim, mas eu não me arrependo de conhecê-los, —disse Ella,


olhando nos olhos de Dante enquanto seu rosto corava de prazer com
suas palavras.

Ela ficou na ponta dos pés para beijá-lo e ele desceu para encontrá-
la enquanto a sala ficava em silêncio ao redor deles. Mas ela não se
importou, jogando os braços ao redor de seu dragão e beijando-o
como se estivessem sozinhos.

Assobios soaram dos dragões ao seu redor, mas ela ignorou isso
também. Ela também não estava preocupada com os problemas que
surgiriam ao ajudar Dante a encontrar as companheiras de seus
amigos. Contanto que o tivesse por perto, sentia que poderia fazer
qualquer coisa.

Ele era o dragão, mas com ele ao seu lado, de alguma forma
parecia que ela era a única que tinha asas.
Um dragão como colega de trabalho? Complicado.

Adrien, o Dragão de Prata, tem tudo o que a maioria dos humanos poderia querer. Mas
como um dragão despertado no mundo moderno, ele sente falta de sua antiga vida, seus
poderes (que foram temporariamente restringidos) e a maneira como costumava dominar
seu status sobre os outros. Mas uma noite quando ele vê uma mulher vulnerável, uma
mulher com muito menos do que ele já teve, ele é forçado a ajustar sua atitude e intervir
para ajudar essa mulher. Uma mulher que poderia ser sua companheira.

Kelsey não tem nada. Ela foi muito chutada em sua vida e sempre se levantou, mas um
encontro com um estranho misterioso—que salva sua vida quando ela está no fundo do
poço—muda tudo. Agora ela tem um emprego, um lugar para ficar enquanto se recupera e
um homem que a olha com olhos misteriosos e prateados. Como todos os homens da
Agência Encontro-com-Dragões, Adrien é quase inacreditavelmente lindo, mas Kelsey não
tem ideia dos segredos que ele guarda.

Enquanto Kelsey e Adrien aprendem a unir seus mundos diferentes, um velho inimigo do
passado está se aproximando rapidamente. Adrien e Kelsey enfrentarão as lutas de suas
vidas se quiserem reivindicar seu final feliz.

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