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EDITORA ATLAS S.A.
Rua Conselheiro Nébias, 1 3 8 4 (Campos Elísios)
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T el . : ( 0 1 1 ) 2 2 1 - 9 1 4 4 ( P A B X )
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Administração
de Marketing
Marcos Cobra
2 Edição
SÃO PAULO
EDITORA ATLAS S.A. - 1 9 9 2
© 1989 by EDITORA ATLAS S.A.
Rua Conselheiro Nébias, 1384 (Campos Elísios)
Caixa Postal 7186 - Tel.: (011) 221-9144 (PABX)
01203 - São Paulo (SP)
1. ed. 1990; 2. ed. 1992; 3ª tiragem
ISBN 85-224-0769-X
91-2988 CDD-658.8
MPM PROPAGANDA
FRANCISCO A. MARTINAZZO
MARIO EUGENIO CAMPOS
NASCIMENTO RICARDO DEL CISTIA
e sobretudo
pelo apoio e amizade do
Prefácio, 25
7
2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E MARKETING, 51
Missão corporativa, 54
Avaliação da competência, 56
Análise do cenário, 56
Avaliação dos recursos organizacionais, 57
Fatores diferenciadores como fonte de vantagens competitivas, 58
Natureza dos mercados e oportunidades estratégicas, 59
Unidades estratégicas de negócios, 59
Definição de produtos ou serviços e seus objetivos, 60
Avaliação de portfólio de negócios, 61
Modelo de portfólio, 61
Matriz de crescimento-participação ou matriz de portfólio, 62
Portfólio de produtos, ciclo de vida, curva de experiência e variáveis finan-
ceiras, 65
Portfólio, fluxo de caixa, curva de vendas e ciclo de vida dos produtos, 66
Seqüência de sucesso, 68
Seqüência de desastre, 68
Projeto PIMS, 69
Limitações do PIMS, 70 Recomendações
gerais sobre o PIMS, 70
Formulação de estratégias, 71
Estratégias de mercado, 71
Curva de experiência, 72
Efeito da escala, 73
Efeito da experiência, 73
Algumas limitações, 76
Preço e participação de mercado, 77
Implicações estratégicas, 78
Planejamento estratégico de negócios, 78
Missão do negócio, 79 Análise de
cenários, 79 Avaliação de recursos,
81 Definição de objetivos e metas,
81
Formulação de estratégias, 82
Preparação do plano estratégico, 82
Formulação de programas, 83
Implantação do plano, 83
Controle do plano, 83
Resumo, 83
Questões, 85
Bibliografia, 85
8
3 PLANO ESTRATÉGICO DE MARKETING, 87
Planejamento de marketing, 87
Plano de marketing, 88
Plano anual de marketing, 89
Propósito, 89
Sugestões de preparação, 90
Formato, 90
Benefícios do plano, 93
Resumo, 117
Questões, 117
Bibliografia, 118
9
Mudança no papel do governo na proteção ambiental, 136
Ambiente tecnológico, 136
Ambiente político e legal, 137
Ambiente sociocultural, 137
Comportamentos organizacionais diante da ação do meio ambiente, 139
Resumo, 140
Questões, 141
Bibliografia, 142
10
Metodologia de pesquisa, 164
Observação, 164
Experimentação, 166
Desenho dos experimentos, 169
Teste de marketing, 1.72
Experimentos com o uso de estatística, 172
Correlação múltipla e análise de regressão, 173
Análise canônica, 173
Anova — Análise de variância, 173
Análise de discriminante, 173
Análise fatorial, 174
Cluster analisis, 174
Conjoint analisis, 174
Método da entrevista, 175
Processo de amostragem, 182
Determinação do tamanho da amostra, 187
Elaboração do questionário, 192
Questionário, 193
Tipos de questões, 193
Questões abertas-fechadas, 194
Questões de múltipla-escolha, 194
Decisão acerca do número de questões e seqüência, 195
Rascunho e pré-teste do questionário, 195
Planejamento do trabalho de campo ou escolha da empresa de pesquisa, 196
Pesquisa-piloto — pré-teste, 196
Realização da pesquisa — tabulação, análise e interpretação de dados, 196
Redação do relatório final, 196
Resumo, 198
Questões, 198
Bibliografia, 199
11
Papel e status social, 207
Fatores pessoais, 209
Teorias de personalidade, 212
Teoria do traço, 213
Teoria psicanalítica, 214
Teoria humanística, 219
Fatores psicológicos, 219
Percepção, 219
Distorções da percepção, 220
Motivação, 221
Motivos primários, 222
Motivos secundários ou aprendidos, 222
Motivos internos e incentivos, 223
Fatores motivadores, conscientes e inconscientes, 224
Dissonância cognitiva, 224
Teorias de motivação, 226
Aprendizado, 227
Crenças e atitudes, 227
Resumo, 228
Questões, 229
Bibliografia, 229
12
Reavaliação da localização das lojas, com base no estudo de índice de potencial de
mercado, 247
Previsão de vendas, 249
Diferenças entre previsão de vendas e orçamento de vendas, 249
Caracterização do orçamento, 250
Natureza e importância da previsão de vendas, 251
Fatores que influenciam o provável volume de vendas, 251
Passos básicos para previsão sistemática de vendas, 253
Métodos de previsão de vendas, 255
Métodos não-científicos, 256
Métodos matemáticos, 257
Resumo, 273
Questões, 274
Bibliografia, 274
13
PARTE III — ADMINISTRAÇÃO DO COMPOSTO DE PRODUTO E
CONCORRÊNCIA, 319
10 POSICIONAMENTO DE PRODUTOS, 321
Posicionamento como chave para vantagens competitivas, 324
Sinalização de vantagens competitivas, 324
Análise do posicionamento como elemento de estratégia, 327
Considerações sobre as linhas de produtos, 327
Posicionamento baseado em benefícios: soluções de problemas ou necessi-
dades, 327
Posicionamento para ocasiões específicas de uso, 327
Análise de posicionamento de produtos com base na sobreposição de agrupa-
mentos, 328
Posicionamento para categorias de utilizadores, 328
Posicionamento contra outros produtos, 328
Seleção das bases para o posicionamento, 329
Posicionamento e estratégia de marketing, 329 330
Conjoint analise, 330
Resumo, 332
Questões, 333
Bibliografia, 333
16
Avaliar as principais forças e fraquezas da concorrência, 447
Estimar o poder de reação da concorrência, 448
Estabelecer um sistema de inteligência para acompanhar a concorrência, 449
Selecionar os concorrentes que devem ser atacados e os que devem ser evita-
dos, 450
Administrando o marketing de guerra, 451
Evolução histórica ambiente-estratégia, 451
Tipos de estratégias de ataque, 452
Empreender a guerra: selecionar corretamente a estratégia de ataque, 452
Escolher o inimigo – "É preciso estreitar o foco", 454
Ataque frontal, 454
Ataque pelos flancos, 455
Cerco, 455
Ataque "by-pass", 455
Ataque de guerrilha, 456
Tipos de estratégias de defesa, 458
Defesa de posição (linha de frente fortificada), 458
Defesa móvel (defesa em profundidade), 460
Defesa ofensiva (preventiva), 461
Defesa pelos flancos, 462
A "contra-ofensiva" na defesa, 462
Defesa retirada estratégica (modelo Hedgehog), 463
Sinopse, 464
Resumo, 465
Questões, 465
Bibliografia, 466
16 ADMINISTRAÇÃO DO COMPOSTO DE PREÇO, 467
Política de preços, 467
Demanda de preço, 468
Natureza da demanda individual e utilidade marginal, 468
Demanda de mercado, 469
Demanda da empresa e demanda de mercado, 470
Curva de demanda e receita marginal, 471
Preço e objetivos da empresa, 473
Estratégia de marketing e estratégia de preço, 474
Fatores psicológicos que influenciam a reação do consumidor quanto ao preço, 476
Preço limite, 476
Preço alinhado, 477
Preço promocional/preço ímpar, 477
17
Mark-up e táticas de descontos, 477
Aplicações de mark-up, 478
Táticas de desconto no preço, 478
Tipos de descontos, 478
Preço por região, 479
Preço e ciclo de vida do produto, 480
Preço de novos produtos, 480
Produtos na fase de crescimento, 481
Desaparecimento da diferenciação, 481
Preço na maturidade, 481
Preço no declínio, 482
Reação do consumidor com relação a mudanças de preço, 482
Elasticidade do preço com relação à demanda, 482
Fatores de percepção de reação do consumidor, 482
Reação da concorrência com relação ao preço, 483
Papel do custo no preço, 483
Análise do ponto de equilíbrio, 484
Análise marginal, 485
Resumo, 486
Questões, 486
Bibliografia, 487
18
Ciclo de vida do varejo, 505
Natureza e importância do varejo, 507
O sistema varejista, 515
Resumo, 522
Questões, 522
Bibliografia, 523
18 COMO ADMINISTRAR A DISTRIBUIÇÃO FÍSICA, 525
Objetivos da distribuição física, 525
Decisões quanto à distribuição física e logística, 525
O que é distribuição física e logística, 526
Um método sistemático de planejamento de recursos de distribuição, 526
Localização de pontos de suprimento, 523
Localização de depósitos, 534
Localização de lojas, 538
Administração de estoques, 542
Rotas de entrega, 547
Resumo, 526
Questões, 556
Bibliografia, 557
PARTE V — ADMINISTRAÇÃO DO COMPOSTO PROMOCIONAL, 559
19
Quais são os requisitos básicos para um vendedor?, 579
Treinamento: pontos importantes, 582
Passos básicos de venda "persuasiva" – a força da necessidade "de vender" do
vendedor, 583
Sistema de remuneração de vendedores, 587
Tipos de sistemas de remuneração, 589
Componentes da remuneração do vendedor, 590
Resumo, 592
Questões, 592
Bibliografia, 593
21
PARTE VI — ORGANIZAÇÃO E CONTROLE DA AÇÃO DE
MARKETING, 707
22
Escolha da estratégia de produto, 726
Elaboração de prognósticos, 726
Definição dos meios de alcançar objetivos planejados, 726
Garantia da utilidade do produto e administração do seu ciclo de vi-
da, 726
Controle do cumprimento dos programas elaborados, 727
Sugestão de novas idéias, aperfeiçoamento ou criação de produ
tos, 727
Critérios de avaliação, 727
Descrição de cargos e relação funcional do pessoal de marketing, 730
Diretor de marketing, 730
Gerente de vendas, 735
Gerente de mercado ou produto, 737
Gerente de pesquisa de mercado, 740
Gerente de comunicações mercadológicas/propaganda e promoção de ven
das, 742
Gerente de administração de marketing, 745
Gerente administrativo de vendas, 747
Relações de marketing com os outros departamentos, 750
A orientação da empresa pelo marketing, 750
Resumo, 751
Questões, 751
Bibliografia, 752
23
Resumo, 779
Questões, 780
Bibliografia, 780
Anexo – Descrição do cargo: Auditor Mercadológico, 781
24
Prefácio
O grande desafio do marketing na atualidade é dotar as empresas de dife-
renciais competitivos que possibilitem ampla expansão de seus negócios através de pro-
dutos globais e pela satisfação crescente das necessidades de consumidores ávidos de
produtos e serviços cada vez mais personalizados.
E essa transição do marketing centrado no produto para o marketing ba-
seado nas pessoas está cada dia mais direcionada para produtos diferenciados que criem
barreiras à entrada da concorrência, segundo Michael Porter. Portanto, o princípio mais
importante para vencer os competidores é a satisfação de clientes e de consumidores.
Para tanto, o papel da moderna administração é a busca permanente de
processos que otimizem a relação produto-mercado, ou seja, com produtos de qualidade,
apoiados em uma organização de qualidade dirigida para a melhoria de qualidade de vida
das pessoas...
Ou seja, a palavra-chave do sucesso empresarial chama-se qualidade. A
qualidade é algo que se persegue até mesmo como uma questão de sobrevivência, mas é
algo que jamais se esgota, pois o "mercado, afirma Akio Morita, é o único planejador
que não erra". E sem qualidade fica difícil satisfazer às exigências e expectativas de um
mercado.
Para a AT&T (American Telephone and Telegraph) uma política de qua-
lidade em marketing deve seguir alguns princípios básicos, tais como:
25
apenas as empresas capazes de vencer suas deficiências internas, moldando um marke-
ting voltado para a adoção de técnicas mais científicas de compreensão do comporta-
mento de consumo e de uma comunicação mais especializada que fale diretamente ao
consumidor, entre outros desafios.
Os objetivos do livro
O livro Administração de marketing tem diversos objetivos:
26
Administração
de marketing
orientada nara o mercado
1. ZALTMAN, Gerald & PARK, C. W. Marketing management. New York, Dryden Press, 1987. p. 3.
29
Dessa constatação chega-se à conclusão de que a administração esteve
orientada por três princípios:
A era da produção
Os anos de 1600 foram caracterizados com a "fase de subsistência" em que
as pessoas de cada família se incumbiam de produzir para o seu próprio sustento,
garantindo assim a sobrevivência da família.
Com a formação das pequenas cidades se iniciou também a "fase de fazer
por encomenda" (anos de 1700). Foi nessa fase que se iniciou a separação entre pro-
dução e consumo. Os consumidores passaram a dizer aos produtores o que queriam
consumir e as mercadorias eram elaboradas sob encomenda. Assim, os produtos eram
vendidos antes de serem produzidos. E isto era absolutamente natural, pois a produção
era considerada mais importante que a venda.
No entanto, os fabricantes perdiam muito tempo aguardando pela enco-
menda das pessoas. Havia assim um tempo ocioso de produção não aproveitado.
Nos anos de 1800 a 1849 se inicia nos EUA a "fase da produção especu-
lativa"; como os fabricantes estavam situados próximos aos consumidores, eles se arris-
cavam a fabricar algumas mercadorias que eles imaginavam que os consumidores iriam
comprar.
Na segunda metade do século 19 os efeitos da Revolução Industrial se fa-
zem sentir na produção massiva de mercadorias a partir de máquinas e equipamentos. A
idéia básica da produção em massa era buscar a redução de custos a partir do incremento
de demanda de bens.
A fase da produção em massa para atender à demanda de mercado teve
início no ano 1850 até o início do século 20 quando então tem início a era do produto,
vindo a seguir a era da venda.
30
fase subsistência (1600)
fase por encomenda (1700)
fase da produção especulativa (1800-1849)
fase da produção seriada (1850-1899)
fase da venda massiva (1900-1949)
foco no produto (1950)
ênfase do consumidor
31
de escala de produção, podem não ter a aceitação esperada, se eles não atenderem às
necessidades dos consumidores. Essa é a regra do mercado.
P O N T O F O C O SIGNIFICADO FI M
P A R T I D A
O conceito de marketing
Fonte: KOTLER, Philip. Marketing management. 6. ed. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1988.
32
Segundo Theodore Levitt, há um contraste entre a administração orientada
por vendas e a orientada por marketing:
33
Relação harmônica da empresa com o meio ambiente.
34
Richard Bagozzi sugere que "marketing é o processo de criar e resolver
relações de troca". Sidney Levy e Gerald Zaltman definem marketing como o "processo
em que as trocas ocorrem entre pessoas e grupos sociais".
Já para Stan Rapp e Tom Collins, autores de Maximarketing:
– Todo marketing deve ser bem-sucedido em satisfazer às necessidades e
vontades dos compradores em potencial, seja consciente ou inconscien-
temente.
– Todo marketing deve realizar a venda convertendo o interesse do
comprador em potencial em intenção de compra e compra real.
– E quase todo marketing deveria tentar desenvolver uma relação contí-
nua com o comprador após a primeira venda, encorajando compras adi-
cionais e fidelidade permanente.
Fonte: RAPP, Stan & COLLINS, Tom. Maximarketing. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1988.
Para Philip Kotler, o novo conceito de marketing deve ser revisado e re-
colocado. Entre os propósitos estão: "o conceito humano", "o conceito do consumo in-
teligente" e o "conceito do imperativo ecológico", todos abordando diferentes aspectos
do mesmo problema, ou seja, colocando no conceito de marketing o aspecto societal.
35
Transações e trocas
Adoção do marketing
O marketing hoje é objeto de atenção e interesse de diversos tipos de or-
ganizações lucrativas e não lucrativas. De empresas privadas a empresas públicas, de
empresas de grande porte a empresas de microporte, de políticos até as nações, o mar-
keting permeia a atividade mercantil e não mercantil.
Por que isso ocorre? Fruto de modismo ou decorrente da necessidade de
crescimento? Quaisquer que sejam as hipóteses, o marketing ganha ares de importância à
medida que as organizações sofrem pressões existenciais. Hospitais, cemitérios, mu-seus,
colégios, correio, empresas de telecomunicação, empresas de eletricidade, seminários, as
Forças Armadas, entre outras instituições, se voltam hoje para o marketing.
Os problemas de mercado, associados à ação da concorrência, têm mos-
trado as vantagens do caminho do marketing.
36
Papel do gerente de marketing
Como um verdadeiro maestro, lembra Zaltman, o gerente de marketing
deve orquestrar as forças do meio ambiente, como ação da economia, concorrência,
política, governo, tecnologia entre outras e, acrescentaríamos, utilizar adequadamente as
forças internas da empresa, como recursos tecnológicos, capacidade econômica e fi-
nanceira, recursos produtivos, recursos humanos, adequando produtos e serviços através
da força do marketing.
Mais do que um simples adaptador, o gerente de marketing precisa ser um
inovador, um autêntico homem-pássaro (Ícaro) para ajudar a sua organização a alçar
vôos que a concorrência não consiga alcançar. Esse é um dos grandes desafios.
O gerente de marketing deve analisar o mercado para desenvolver o ade-
quado posicionamento de seus produtos ou serviços, implementando a política de pre-
ços, administrando a força de vendas e promovendo uma comunicação mais efetiva jun-
to aos diversos públicos consumidores através de diferentes vias de distribuição.
A força estratégica de uma organização acaba muitas vezes sendo centra-
da em sua capacidade administrativa mais do que na qualidade de seus produtos ou ser-
viços. E esse torna-se o grande diferencial, capaz de promover vantagens competitivas
realmente duráveis.
37
Para quebrar o círculo vicioso de pobreza é preciso mudar o sistema micro e
macro de marketing típico das nações menos desenvolvidas, em que o crescimento das
cidades é acompanhado de grande êxodo rural.
O homem que abandona o campo perde o seu auto-sustento tirado da ter-
ra, dos rios e do mar. Para sobreviver na cidade ele depende de outros para a produção
de mais mercadorias e serviços de que necessita para satisfazer suas necessidades bási-
cas.
Também há um pequeno grupo de consumidores com alta renda. A má
distribuição de renda provoca elevada concentração de riqueza. Surge daí um desafio de
um mercado altamente concentrado em consumidores de alta renda e a grande maioria
da população com baixa renda. E necessário adequar produtos e serviços a essas popu-
lações diferenciadas. Como a população de baixa renda é carente de serviços e produtos
básicos de transporte, moradia, educação, saúde, alimentação, saneamento básico e até
mesmo de segurança, surgiram nichos de mercado para esses tipos de produtos e de ser-
viços.
Para poder oferecer produtos e serviços a preço baixo, seria necessária
uma redução de custo baseada em economia de escala de produção de um lado e melhor
distribuição de renda de outro.
38
Como fazer o macrossistema de marketing funcionar
O macrossistema de marketing faz mais do que simplesmente entregar
mercadorias e serviços aos consumidores — permite a produção de massa com a econo-
mia de escala. Também a comunicação de massa e o transporte de massa permitem que
produtos sejam remetidos para onde eles são necessários.
Em adição, ao tornar a produção de massa possível ao mercado dirigido, o
sistema de macromarketing encoraja a inovação, o desenvolvimento e a expansão de
novas idéias e novos produtos. A concorrência força as empresas a pensarem novos e
melhores caminhos para satisfazer às necessidades dos consumidores.
0 que é macromarketing?
É um processo social que dirige o fluxo da economia de bens e serviços dos
produtores aos consumidores de forma a suprir adequadamente a demanda levando em
conta os objetivos da sociedade.
O que é micromarketing?
É o desempenho de atividades que seguem os objetivos das organizações
pela antecipação das necessidades do consumidor ou cliente e dirigem o fluxo de mer-
cadorias e serviços para satisfazer às necessidades tanto do produtor, quanto do consu-
midor ou cliente.
E qual é a importância do macro e micromarketing? Ajudar as organi-
zações a terem um bom desempenho, ao mesmo tempo em que atendam melhor aos an-
seios da sociedade, pois, ao atender melhor as necessidades da sociedade, as organi-
zações estarão abandonando a "lei do tirar vantagem em tudo", que incluem entre ou-
tras espertezas, cita E. J. McCarthy:
• fazer propaganda enfadonha, com demasiada freqüência, enganosa e
dispendiosa;
• vender produtos de baixa segurança e de qualidade pobre;
• tornar as pessoas excessivamente materialistas;
• estimular através do crédito fácil as pessoas a comprarem o que não
precisam.
39
O reconhecimento das forças que agem sobre o negócio de uma organi-
zação é importante passo para a reavaliação da missão corporativa e de seus objetivos.
40
MEIO AMBIENTE DE MARKETING
Sistema de marketing: os 4 Ps e os 4 As
A interação de uma organização com seus meios ambientes internos e ex-
ternos se realiza através do composto de marketing.
Os 4 Ps
41
Fonte: McCARTHY, E. J. Essentials of marketing. Homewood, Richard D. Irwin, 1983; e ZALTMAN, Gerald.
Marketing management. New York, Dryden Press, I987.
42
Isso significa entender que, para satisfazer às necessidades dos consumi-
dores, é preciso que os produtos ou serviços a serem ofertados tenham boa qualidade, que
as características atendam aos gostos dos consumidores, com boas opções de modelos e
estilos, com nome atraente de marca, acondicionados em embalagens sedutoras, em
variados tamanhos de produtos, com serviços e quantias ao usuário que proporcionem
adequados retornos financeiros à organização.
43
No entanto, é preciso utilizar com efetiva criatividade as ferramentas
promocionais, como a propaganda, a força de vendas (venda pessoal), a promoção de
vendas, as relações públicas e o merchandising.
A distribuição precisa levar o produto certo ao lugar certo através dos ca-
nais de distribuição adequados, com uma cobertura que não deixe faltar produto em ne-
nhum mercado importante, localizando para isso fábricas, depósitos, distribuidores e
dispondo ainda de um inventário de estoques para suprir as necessidades de consumo
através de recursos de transporte convenientes.
MEIO DE MARKETING
Os 4 As
44
Nesse modelo, Richers descreve a interação da empresa com o seu meio
ambiente em função dos seus objetivos e através da efetiva ação das ferramentas do
composto de marketing.
1. Análise: visa identificar as forças vigentes no mercado, como economia,
política, sociedade, concorrência, legislação e tecnologia e suas interações com a
empresa.
Os meios utilizados para identificar as forças existentes são: a pesquisa de
mercado e o sistema de informações em marketing (que veremos no Capítulo 5).
Isso é feito com o objetivo de identificar também: o que, como, onde,
quando, por que e quem compra, a fim de estimar a demanda de mercado e o potencial
de consumo.
45
O que:
• que benefícios os consumidores estão buscando?
• que fatores influenciam a demanda?
• que atributos do produto são importantes para os clientes?
• quais são os critérios mais importantes de compra?
• quais são as bases de comparação com outros produtos?
• quais são os riscos percebidos pelos clientes?
• que serviços os clientes esperam receber?
Como:
• como os clientes compram?
• como é o processo de compra?
• como os vários elementos do programa de marketing influenciam os
clientes em cada estágio do processo de compra?
• como os clientes usam o produto?
• como é o acesso ao produto em cada estágio do estilo de vida do cliente?
• quanto eles estão dispostos a gastar?
• quanto eles compram?
Onde:
• onde é tomada a decisão de compra?
• onde os clientes procuram informações acerca do produto?
• onde os clientes compram os produtos?
Quando:
• quando é tomada a primeira decisão de compra?
• quando o produto é comprado novamente?
Por que:
• por que os clientes compram?
• por que os clientes escolhem uma marca em relação a outras?
Quem:
• quem são os ocupantes dos segmentos identificados nas questões ante-
riores?
• quem compra o nosso produto e por quê?
• quem compra os produtos de nossos concorrentes e por quê?
46
Produção Potencial de consumo
47
Resumo
48
Mas a adoção do marketing é hoje um fato irrefutável até mesmo por
instituições não lucrativas. Com isso, o papel do marketing no desenvolvimento
econômico ganha corpo não só nas organizações que visam lucro, mas é também utili-
zado para ajudar a ordenar melhor as relações de produção e consumo até mesmo nos
países dotados de uma moderna economia. E também para ajudar a direcionar o cres-
cimento nas nações menos desenvolvidas.
O importante é saber usar com discernimento as ferramentas de que o
marketing pode dispor, ordenando-as estrategicamente para ajudar a alavancar me-
lhores resultados econômicos, financeiros e sociais.
Questões
1. O que é macromarketing?
2. O que é uma empresa orientada pela produção? Dê exemplos.
3. O que é uma empresa orientada pelo produto? Dê exemplos.
4. Quais são as principais diferenças entre uma empresa orientada por Vendas (setor de
Vendas) e uma orientada por marketing?
5. Dê exemplos de empresas voltadas para o mercado. Justifique a escolha do exemplo.
6. Qual deverá ser a definição de marketing na década de 90?
7. Qual será a visão do marketing no ano 2000?
8. Em quais momentos uma organização adota efetivamente o marketing?
9. Qual é o papel do marketing no desenvolvimento econômico e social das nações
menos desenvolvidas?
10. Como pode ser reequilibrado um sistema social carente?
11. O que é micromarketing?
Bibliografia
GALBRAITH, John Keneth. A era da incerteza. São Paulo, Pioneira, 1973.
KOTLER, Philip. Marketing management. 6. ed. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1988.
McCARTHY, E. J. & PERREAULT JR., William D. Essentials of marketing. Homewood, Richard
D. Irwin, 1985.
RAPP, Stan & COLLINS, Tom. Maximarketing. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1988.
TOFLER, Alvin. A terceira onda.
ZALTMAN, Gerald & PARK, C. W. Marketing management. Chicago, Dryden Press, 1987. Cap. 1,
p. 3.
49
"Nenhum vento é bom para quem não sabe para onde ir."
Aristóteles
51
Por melhor que sejam os métodos de diagnóstico, para ajudar a instituição
a aprimorar o seu desempenho em busca do desenvolvimento, sempre restará a incerteza
do ambiente em contínua mutação.
Sem dúvida, esse é o grande desafio do planejamento estratégico: a análi-
se do cenário ambiental.
Desde que o mundo deixou a era das certezas e "entrou definitivamente na
era das incertezas, como costuma afirmar o economista contemporâneo John Keneth
Galbraith, o planejamento se tornou um instrumento de riscos. Nada é definitivamente
certo; quando muito é provável que ocorra.
A visão do curto prazo é permeada de dúvidas e incertezas e a de longo
prazo então é vista como uma atividade esotérica, denominada por muitos como futuro-
logia.
Prever o futuro requer grande dose de conhecimento, mesclada de intuição
e bom-senso. É por isso que economistas, cientistas políticos e sociais e até mesmo
astrólogos são hoje contratados para ajudar a prever o amanhã.
De posse de previsões econômicas, tecnológicas, sociológicas e políticas, o
administrador estratégico não pode prescindir hoje de um "mapa astrológico" para a sua
empresa ou instituição. Modismo? Insegurança? Não importa, dizem alguns, acorrendo
ao provérbio de que "é melhor prevenir do que remediar".
Como as necessidades atuais e futuras de uma empresa são muitas, é pre-
ciso compatibilizá-las sob a forma de um planejamento, que estabeleça objetivos e pre-
veja os recursos indispensáveis à sua consecução. Tudo isso começa com uma auto-ava-
liação acerca do negócio da organização. Em que negócio ela está e em qual deveria ou
deverá estar?
Na verdade, a visão do negócio da empresa tornou-se célebre a partir da
década de 60, quando Theodore Levitt escreveu o seu mitológico artigo Miopia em mar-
keting. Até hoje esse artigo é de grande atualidade, uma vez que grande número de or-
ganizações surgiu empresarialmente em decorrência de uma oportunidade de mercado,
ou em função da habilidade de seu fundador como negociante ou fabricante, ou seja,
poucas instituições foram criadas dentro de um escopo claro de negócio.
Será que o inventor da Coca-Cola, quando produziu o primeiro xarope que
viria a resultar nesse refrigerante consagrado há mais de um século, pensou estar no
negócio de "matar a sede", que mais tarde se transformaria num negócio de "comuni-
cação"
É provável que não. Quem saberia afirmar com certeza que o fundador de
seu negócio atual foi efetivamente um visionário, que previu com clareza qual era o seu
negócio e qual viria a ser?
52
Definição Definição
Empresa Orientação para o produto Orientação para o mercado
Necessidade dos
consumidores
Grupo de
consumidores
Alternativas
tecnológicas
* ABEL, Derek. Defining the business; the starting point of strategic planning. Englewood Cliffs,
Prentice-Hall, 1979.
53
zações se defrontam freqüentemente com crises existenciais, por perderem quase com-
pletamente seu referencial: o que somos e o que seremos amanhã?
Com isso começam a se desfazer de empresas associadas que não possuem
sinergia com seu negócio básico, ou ainda incorporam outras instituições com o objetivo
de complementar o seu negócio-chave.
É nesse ponto que tem início a primeira fase do planejamento estratégico.
Em função do diagnóstico denominado "definição do negócio" surge, então, o exame da
missão corporativa da instituição.
Missão corporativa
Cada instituição deve definir de maneira clara a sua missão corporativa,
para que as sinergias entre as várias unidades estratégicas do seu negócio sejam apro-
veitadas para maximizar os seus resultados.
O sucesso de um negócio depende em larga escala de como são alocados
os recursos disponíveis, para viabilizar os resultados almejados.
Afinal, o que é missão corporativa?
Missão ou propósito diz respeito a vocação, a algo que se pretende cum-
prir ou realizar. Corporativa é referente à organização. Portanto, a missão corporativa
pode ser entendida da seguinte maneira:
A organização existe com a finalidade de realizar algo no meio ambiente
em que ela existe. Esse propósito normalmente está claro no início, na cabeça do fun-
dador, porém, com o crescimento e com o passar do tempo, muda o cenário e se altera a
missão dessa organização.
A missão da corporação, ou missão corporativa, poderia ser entendida
como "a incumbência ou compromisso das pessoas dentro da organização na busca da
sobrevivência e perpetuação do negócio através do desenvolvimento a longo prazo".
Uma vez definida a missão corporativa, é preciso compreender os seus
dois elementos básicos que a compõem: a missão econômica e a missão social.
A missão econômica procura definir uma linha de conduta que proporcio-
ne a sobrevivência e a perpetuação de uma organização através de produtos ou serviços
que atendam, dentro de determinados padrões, aos mercados visados, gerando ainda re-
sultados financeiros adequados a remuneração do capital, ou seja, o lucro. É preciso
ainda que a organização na luta pela sobrevivência e perpetuação busque permanente-
mente obter vantagens competitivas, que a diferencie da concorrência, agindo como um
multiplicador dos recursos financeiros, tecnológicos, humanos e produtivos aplicados no
negócio.
A missão social seria o compromisso ou a obrigação com a sociedade da
qual a organização faz parte. Sejam os consumidores, os clientes, os fornecedores, o
governo, mas sobretudo a comunidade em geral. Isto implica o respeito às condições
54
ambientais e a ajuda ao desenvolvimento comunitário sem nenhuma preocupação com o
retomo econômico, mas apenas com o compromisso social.
É preciso periodicamente pesquisar os propósitos da organização, pois eles
podem ser alterados. Segundo Peter Drucker, há algumas questões fundamentais para
uma auto-análise, que são:
55
Avaliação da competência
É preciso que a organização conheça suas forças e suas fraquezas e, so-
bretudo, saiba reconhecer suas limitações e suas vantagens em relação à concorrência.
Isto implica saber o que ela é capaz de fazer bem feito, identificando as
reais necessidades de seus clientes e de seus consumidores de forma a poder obter van-
tagens que a concorrência não possa ter, ou vir a ter, de maneira a tornar duráveis essas
vantagens.
Para que isso ocorra de forma consciente e inteligente é necessária uma
revirada nas páginas da história da instituição, pois ela é normalmente rica em infor-
mações acerca dos erros e dos acertos do passado.
De posse dessas informações, o executivo poderá planejar melhor as es-
tratégias futuras.
Outra auto-análise interessante é conhecer melhor as preferências do dono
e o "filme" que passa em sua mente "acerca da organização do amanhã". Essas pre-
ferências e visões podem ser um instrumento valioso de planejamento.
Análise do cenário
As mudanças ambientais freqüentes tendem a obsolescer o planejamento
se ele não for revisto com regularidade.
Para isso a empresa ou instituição precisa relacionar os principais fatores
ambientais que influenciam o seu negócio e acompanhá-los pari passu. Conforme o ca-
so, fazer previsões com certa antecedência, pois só assim poderá evitar ser surpreendida
com flutuações que prejudiquem suas operações.
A análise de cenário requer toda uma metodologia altamente especializa-
da, do tipo análise de conteúdo, para mapear os principais indicadores de desempenho
da economia e da conjuntura em geral. (A análise de conteúdo refere-se, conforme John
56
Naisbitt, a interpretação de notícias publicadas em jornais, revistas, periódicos, órgãos
de classe, institutos de pesquisa etc.).
Com base nesses mapeamentos e no uso de técnicas estatísticas (do tipo
análise de regressão para projetar eventos e métodos de correlação) podem-se prever
com certa precisão fatos que poderão vir a ocorrer.
E possível então avaliar e prever com certa margem de segurança fatos re-
levantes. Assim, por exemplo, se o consumo de determinado produto de consumo durá-
vel é altamente correlacionado com as variáveis preditoras da macroeconomia, como o
Produto Interno Bruto (PIB), então toda vez que crescer o PIB, é de se supor que o
consumo desses produtos crescerá também.
Com o auxílio da técnica de regressão é possível projetar os próximos
períodos de cada evento pesquisado do cenário da organização.
57
Fatores diferenciadores como fonte de vantagens competitivas
58
Natureza dos mercados e oportunidades estratégicas
Como as necessidades existentes em cada mercado são distintas, as opor-
tunidades latentes para conquistá-lo também são específicas. Isto equivale a dizer que
para planejar estrategicamente é preciso conhecer profundamente cada mercado ou
segmento de mercado em que se atua ou que se pretende vir a atuar. A partir daí formu-
lam-se estratégias consistentes para cada mercado ou segmento de mercado.
Dependendo da natureza e do potencial de cada segmento de mercado é
possível configurar uma unidade estratégica de negócios para tratar apenas desse mer-
cado, ou seja, uma unidade estratégica de negócios é constituída por toda uma linha de
produtos e/ou serviços direcionados apenas para esse mercado.
Em outras situações, uma unidade estratégica de negócios pode ser confi-
gurada para atender a diversos segmentos de mercado. Ou seja, não há uma regra fixa. É
preciso avaliar a natureza de cada mercado, antes de se estabelecerem os critérios para
tornar a oportunidade de explorá-lo algo realmente rentável.
59
A razão para dividir uma organização dentro do conceito de unidades es-
tratégicas é garantir que as decisões e ações serão conduzidas e coordenadas de forma
que seja proporcionado o máximo de eficiência dentro de cada unidade e o máximo de
coordenação entre as unidades.
60
Quando uma UEN tem mais de um produto, os objetivos de todos os pro-
dutos são uma combinação dos objetivos de cada produto ou linha de produtos indivi-
dualmente.
Para a consecução dos objetivos dos produtos é preciso definir a tecnologia
a ser empregada para que esses produtos satisfaçam a necessidades de grupos ho-
mogêneos de consumidores.
Modelo de portfólio
61
Realiza-se a análise de portfólio através do uso de uma matriz, na qual, na
vertical, há duas colunas para designar a alta ou a baixa participação de mercado; e, na
horizontal, há duas grandes linhas para registrar o alto e o baixo crescimento do merca-
do ou ramo de negócios.
1. BUZZEL, R. D.; GALE, B. T. & SULTAN, R. G. M. Market share; akey to profitability. Har-
vard Business Review, p. 97-107, jan./fev. 1975. Cf. também outras publicações sobre o PIMS (
Profit Impact of Marketing Strategy).
62
PARTICIPAÇÃO RELATIVA DE MERCADO (ESCALA LOGORÍTMICA) ALTA BAIXA
Fonte: HENDERSON, Bruce D. The experience curve reviewed: IV the growth share matrix of product portfolio.
Perspectives, n. 135. Boston, The Boston Consulting Group, 1973.
63
A classificação e a nomenclatura dos produtos dentro da matriz de portfó-
lio são feitas em quatro categorias, a saber:
Vaca leiteira — produtos que geram recursos através de grandes en-
tradas no caixa, e que podem alimentar com o lucro outros empreendimen-
tos da empresa, como, por exemplo, novos produtos.
Abacaxi — produtos com baixa participação de mercado e taxa de
crescimento de mercado baixa. Não geram volumes significativos de caixa,
mas também dela não necessitam. A lucratividade é pobre, e são chamados
"armadilhas de caixa".
Oportunidade ou menino p r o d o — são normalmente produtos
novos com baixa participação em mercados de rápido crescimento. A baixa
participação significa, via de regra, lucro baixo e fluxo de caixa fraco.
Graças ao rápido crescimento do mercado, esses produtos requerem gran-
des quantias de caixa para manter e obter a participação de mercado. O
crescimento de mercado, nesse caso, é atrativo, porém, para ganhar parti-
cipação de mercado, é preciso fazer grandes esforços financeiros e merca-
dológicos.
Estrela — produtos que têm alto crescimento, alta participação de
mercado e que podem ou não ter fluxo de caixa auto-suficiente. A tendên-
cia é a de passarem a ter uma geração de caixa bem maior.
ALTO
TAXA DE
CRESCIMENTO
(USO DE CAIXA)
BAIXO
ALTA BAIXA
PARTICIPAÇÃO DE MERCADO (
GERAÇÃO DE CAIXA)
Fonte: The product portfolio. Perspectives, n° 66, Boston, The Boston Consulting Group, 1970.
65
Na fase de declínio, os lucros são decrescentes, os dividendos e o caixa
gerados são grandes ou nada, dependendo do volume de vendas se alto ou baixo. E a
alavancagem financeira é baixa, pois será difícil encontrar quem queira investir em pro-
duto em declínio.
Fonte: BENTON & GUP. Guide to strategic planning. New York, McGraw-Hill, 1980. p. 184.
O produto abacaxi tem perdas no lucro, caixa com pouco volume de dis-
ponibilidade e alavancagem baixa. Normalmente, as alocações de recursos são feitas em
função das probabilidades de retorno. Dessa maneira, uma empresa pode decidir elimi-
nar um produto abacaxi e passar a investir em meninos prodígios ou em outras oportu-
nidades de investimento. Mas, às vezes, um projeto abacaxi pode proporcionar retorno
maior do que outras oportunidades de investimento.
66
Na fase de crescimento, o fluxo de caixa é ainda negativo e já o lucro po-
derá ser negativo tendendo a ser positivo em função da curva de vendas, que é positiva.
Na fase de ajustamento competitivo, quando começam a surgir os primei-
ros concorrentes, o fluxo de caixa se desloca de negativo para positivo e o lucro tende a
ser positivo e grande. E a curva de vendas apresenta acentuado crescimento.
Na fase de maturidade, o fluxo de caixa ainda tende a revelar crescimento
positivo. Já a curva de lucro mostra-se estável com ligeiro declínio. A curva de vendas é
estável tendendo ao declínio.
Na fase de declínio, como se poderia esperar, há acentuado declínio tanto
no fluxo de caixa quanto no lucro ou mesmo no volume de vendas.
Fonte: Adaptado de TOURANGEAU, W. Kevin, Strategy Management. McGraw-Hill, New York, 1981.
Figura 2.4. Exemplo de mudança nas vendas, lucro e fluxo de caixa em função do ci-
clo de vida.
67
Participação relativa de mercado
Fonte: The product portfolio. Perspectives, n° 66. Boston, The Boston Consulting Group, 1970.
Seqüência de desastre
68
Projeto PIMS
Um dos projetos de planejamento estratégico de mais longo prazo foi de-
senvolvido nos primeiros anos da década de 60, como um estudo de planejamento inter-
no para a General Electric nos Estados Unidos.
Em 1972 o projeto tornou-se multiempresas quando o Instituto de Plane-
jamento Estratégico da Harvard Business School aumentou a lista de participantes com
inúmeras empresas de grande porte, que passaram a alimentar o estudo com seus dados
de planejamento estratégico e de desempenho.
O principal objetivo do projeto foi obter informações em primeiro lugar
sobre a lucratividade das unidades estratégicas de negócio.
O instituto se dispôs a analisar os dados, produzir relatórios e desenvolver
pressupostos gerais que ajudassem a tomada de decisão e o planejamento futuro.
O programa foi chamado de PIMS, um anacronismo para Profit Impactof
Marketing Strategy - Impacto sobre Lucro da Estratégia de Marketing.
Por volta de 1975, lembra Gerald Zaltman, já havia aproximadamente 600
UENs. Hoje há mais de 2.000 UENs (Unidades Estratégicas de Negócios) no projeto do
PIMS.
Pesquisas que utilizam os dados do PIMS têm identificado bom número de
fatores que afetam a lucratividade e o fluxo de caixa. São fatores relativos a:
• características estruturais do setor industrial (por exemplo, crescimen-
to em demanda);
• posição competitiva (incluindo participação de mercado, qualidade do
produto, inovações, tendências estratégicas);
• produtividade (incluindo intensidade de investimento, volume do pro-
duto, salários, preço das matérias-primas etc.).
69
Limitações do PIMS
Os críticos do PIMS alegam que não está claro como, sem um modelo
complexo, o relatório do PIMS pode ser usado para descrever o desempenho de um
grande número de negócios e tomar as empresas aptas a tomarem decisões quanto à
alocação de recursos.
A abordagem do PIMS utiliza dados históricos para fazer projeções acerca
de conseqüências do futuro, pois infelizmente não há forma de prever que novas forças
existirão no futuro que invalidarão as projeções.
O PIMS observa as relações de associações antes de analisar as causas. Por
exemplo, o crescimento da participação de mercado não estará necessariamente as-
sociado ao crescimento do ROI.
70
Formulação de estratégias
Os objetivos ajudam a direcionar os esforços e as estratégias estabelecem
os caminhos a serem percorridos para se atingirem os objetivos.
Cada negócio exige uma formulação estratégica específica para se alcan-
çarem os objetivos. As estratégias precisam ser detalhadas em programas para que as
metas, que são a quantificação dos objetivos, sejam realizadas.
Estratégias ae mercado
71
Curva de expériência
72
tem sido de uma diminuição de 20% no custo unitário – toda vez que a taxa de aprendi-
zagem é de 80%.2
A taxa de aprendizagem da curva de 70 a 90% tem produzido uma dimi-
nuição do custo unitário de 10 a 30% – cada vez que o resultado dobra.3
A curva de experiência relaciona todos os custos, como mão-de-obra, ad-
ministrativos, de capital, de marketing e de pesquisa. Em geral, os custos unitários de-
clinam entre 10 e 30% toda vez que o resultado do acumulado de produção dobra.
A curva de experiência tem sido muito utilizada por diversas empresas,
como a Texas Instruments, nos Estados Unidos, e, no Brasil, pelas indústrias aeronáuti-
ca, automobilística, a Alpargatas, entre outras.
Efeito da escala
Efeito da experiência
2. GUP, Benton E. Guide to strategic planning. New York, McGraw-Hill, 1980. Perspectivas na
experiência em 1968 e as curvas de experiência como uma ferramenta de planejamento, 1970,
do Boston Consulting Group.
3. Idem, ibidem.
73
Unidades
Curva de experiência (85%) acumuladas
de produção
Figura 2.7. Efeito da curva de experiência.
onde:
74
Tabela 2.1. Valor do expoente para várias curvas de experiência.
4. ABEL, Dereck F. & HAMMOND, John S. Strategic market planning. New Jersey, Prentice-
Hall,1979.
75
Exemplo:
CUSTO CURVA
POR DE
UNIDADE EXPERIÊNCIA
85%
Algumas limitações
76
Fatores determinantes dos resultados da curva de experiência
77
aprendizagem, ao gerar economia de escala de fabricação, reduz custos e facilita o in-
cremento de participação de mercado e vice-versa.
Implicações estratégicas
É possível obter um domínio de mercado quando o mercado está em fase de
crescimento. Se o mercado está estagnado ou em declínio, a melhor estratégia, tal-vez,
seja sair do negócio.
O incremento de produtividade decorrente da curva de experiência deve ser
acompanhado da taxa de crescimento de mercado. A curva de experiência e o cres-
cimento de mercado têm algumas implicações estratégicas. Ei-las:
• Grande participação de mercado pode ser obtida em curto período de
tempo por indústrias que estão crescendo rapidamente e que têm preços
declinantes em mercados em crescimento.
• Os custos unitários provavelmente declinarão mais rapidamente para os
produtores que obtêm grande participação de mercado. Com a par-
ticipação alta, atinge-se a economia de escala mais aceleradamente, e
isso provoca redução de custos e de preços e desencoraja a concorrên-
cia; com isso, a empresa adquire fôlego para inovar produtos, métodos
de distribuição ou segmentação de mercado, e seu ciclo de domínio de
mercado se prolongará.
78
Missão do negócio
Análise de cenários
79
Ao avaliar periodicamente os fortes e os fracos, uma empresa estará apta a
minimizar o impacto de suas vulnerabilidades ocasionais. Ao analisar as ameaças e as
oportunidades, poderá evitar situações desagradáveis, ao mesmo tempo em que poderá
viabilizar oportunidades únicas em seu negócio.
80
Esse conhecimento é um importante instrumento para a formulação de es-
tratégias para enfrentar a concorrência.
Avaliação de recursos
81
Formulação de estratégias
Os objetivos definem aonde se pretende ir. E as estratégias devem descre-
ver os caminhos para se chegar lá.
Cada negócio possui objetivos peculiares, assim como estratégias especí-
ficas. As estratégias viáveis devem ser consistentes ainda com os recursos disponíveis.
Embora haja uma lista enorme de tipos de estratégia, Michael Porter apresenta conden-
sadamente três tipos genéricos delas:
• Liderança em custo global — O princípio básico é obter o menor cus-
to, seja de produção, distribuição ou vendas, para obter um preço im-
batível em relação à concorrência. Para isso é preciso concentrar re-
cursos na melhoria do desempenho em recursos produtivos (como
compras, produção, método de fabricação etc.) em distribuição física e
em marketing.
• Diferenciação — A preocupação básica é identificar os benefícios ao
consumidor, que os produtos ou serviços da empresa possam oferecer
diferenciadamente da concorrência. Isto pode significar novos benefí-
cios dos produtos atuais em novos mercados ou novos produtos em
novos mercados.
• Foco — Em vez de dispersar esforços para atingir todo o mercado, a
empresa concentra seus recursos estratégicos em um ou em alguns
segmentos de mercado. Isto é, passa a focar o(s) segmentos-alvo.
82
Formulação de programas
Como parte do plano estratégico, é preciso que os programas indispensá-
veis à sua efetivação estejam devidamente detalhados e consistentes com os objetivos e
estratégias formulados.
Implantação do plano
O sucesso do plano depende, além de objetivos exeqüíveis e de estratégias
e programas consistentes, de uma boa metodologia para a sua implantação. Isso quer
dizer que na prática geralmente a teoria é outra, ou seja, o papel aceita tudo.
E preciso que os setores e as pessoas responsáveis por sua implantação
estejam devidamente orientados e supervisionados.
Controle do plano
As mutações ambientais freqüentes podem tornar um plano obsoleto antes
mesmo do final do período de sua duração.
Para evitar isso, é de fundamental importância o controle não só das datas
de execução e de cobrança de resultados, como também de atualizações imprescindí-
veis. As mudanças de cenário podem Ser tantas que um plano básico acabe ganhando
várias versões de alternativas estratégicas.
Resumo
A eficácia de uma organização pode ser medida pela excelência de seu
planejamento estratégico e pelos resultados alcançados.
Isso implica uma adequação dos produtos e dos serviços aos mercados
almejados, dentro da visão clara do seu negócio, desenvolvendo objetivos e formulando
estratégias consistentes com os recursos disponíveis e com as oportunidades de
mercado, detalhando os passos e responsabilizando as pessoas.
O conceito de planejamento estratégico é mais do que um recurso admi-
nistrativo; é uma filosofia empresarial, uma forma de encarar os negócios com méto-
dos e antevisão, prevendo e antecipando-se os fatos, decompondo o problema em partes
administráveis, transformando cada unidade de negócio em uma empresa.
E preciso ainda transformar competências em vantagens competitivas
duráveis, através de portfólio de negócios equilibrados. E que a curva de experiência
83
ajude a reduzir custos para proporcionar preços imbatíveis para produtos diferencia-
dos, através de fatores-chave de sucesso que a concorrência não consiga obter.
Apresento a seguir algumas expressões da área de planejamento
estratégico, visando esclarecer conceitos e dirimir dúvidas.
Diretriz – Conjunto de instruções ou indicações para se tratar e levar a
termo um plano de ação, um negócio etc. É, sobretudo, um conjunto
de normas de procedimentos que devem nortear as ações de uma or-
ganização.
Política — É o sistema de regras concernentes à direção dos negócios. Ou
seja, é o conjunto de normas e regulamentos que estabelecem um
rumo para a condução dos negócios de uma organização, podendo
ser estabelecida para todas as áreas funcionais da empresa, como
vendas, pessoal, materiais, finanças etc.
Missão – Incumbência ou compromisso das pessoas da organização na
busca da sobrevivência e perpetuação do negócio através do desen-
volvimento a longo prazo.
Estratégia – É a arte de aplicar os meios disponíveis para explorar as
condições favoráveis, com vistas na consecução de objetivos especí-
ficos.
Objetivo — É o alvo ou o fim que se pretende atingir. O objetivo compõe-
se de três elementos: 1 . 0 atributo especifico escolhido como medida
de eficiência. Exemplo: o lucro. 2. O padrão ou escala em que o
atributo é medido. Exemplo: lucro líquido antes do Imposto de Renda.
3. A meta e o valor específico na escala que a empresa procura
atingir, ou seja, é a quantificação do objetivo. Exemplo: 10% de
lucro líquido.
Tática – É a parte da arte de gestão de negócios que visa à consecução
dos objetivos estratégicos através de ações operacionais especificas.
Enquanto a estratégia direciona esforços para ganhar a guerra do
mundo dos negócios, a tática visa ganhar batalhas específicas dessa
mesma guerra, através de ações operacionais.
Sinergia – A sinergia ocorre quando a empresa procura chegar a uma
postura em termos de produtos e de mercados, em que o desempenho
combinado é superior à soma das partes, segundo H. Igor Ansoff. Ou
seja, a sinergia ocorre quando dois vetores somados resultam num
terceiro maior que a soma dos dois originais. Assim, por exemplo, há
sinergia de vendas quando uma mesma equipe de vendas pode
vender novas linhas de produtos. Uma sinergia de produção ocorre
quando com as mesmas máquinas e equipamentos se pode fabricar
uma nova linha de produtos.
84
Questões
1. Defina o que é a missão e o negócio de uma empresa, como a Coca-Cola.
2. Portfólio de negócios: descreva como o conceito pode orientar uma organização
numa formulação estratégica.
3. De que maneira a curva de experiência pode ser considerada um recurso estratégico
para a indústria aeronáutica que produz aviões executivos em um mercado in-
ternacional altamente concorrencial?
4. Analise as forças e as fraquezas da SHARP.
5. Analise as ameaças e as oportunidades da VW.
6. Quais as vantagens competitivas da Varig?
7. Que tipos de estratégias adotam as empresas Souza Cruz, Brahma, Kibon, Sadia?
8. O que é sinergia? De que maneira o conceito de sinergia pode ser usado como um
recurso estratégico?
9. O que é força motriz?
10. Quais são os passos para a formulação de um plano estratégico?
11. Descreva as técnicas para a análise de cenário que você conhece.
Bibliografia
ABEL, Dereck. Defining the business; the starting point of strategic planning. Englewood Cliffs,
Prentice-Hall, 1979, Cap. 3.
& HAMMOND, John S. Strategic market planning; problems and analytical ap-
proachs. New Jersey, Prentice-Hall, 1979.
ANSOFF, H. Igor. Estratégia empresarial. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1977.
BENTON & GUP. Cuide to strategic planning. New York, McGraw-Hill, 1980. p. 184.
BOSTON CONSULTING GROUP. 1970.
BUZZEL, Robert D.; GALE, Bradley T. & SULTAN, G. M. PIMS — market share; a key to profi-
tability. Harvard Business Review, jan./fev. 1975, p. 97-107.
COBRA, Marcos. Plano estratégico de marketing. 2. ed. São Paulo, Atlas, 1989.
KOTLER, Philip. Marketing management. 6. ed. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1986.
NAISBITT, John. Megatendências. São Paulo, Círculo do Livro, 1986.
PORTER, E. Michael. Competitive strategy. New York, Free Press, 1980.
TOURANGEAU, W. Kevin. Strategy management. New York, McGraw-Hill, 1981.
ZALTMAN, Gerald. Marketing management. New York, Dryden Press, 1987.
85
Planejamento de Marketing
O planejamento mercadológico é um desenvolvimento sistemático de ações
programadas para atingir os objetivos da empresa através do processo de análise,
avaliação e seleção das melhores oportunidades.
O planejamento não deve ser confundido com a previsão, embora a pre-
visão seja parte necessária e importante dos procedimentos a serem desenvolvidos, uma
vez que o planejamento tem a ver com o futuro.
Na prática, os objetivos são. de dois tipos. O primeiro indica a intenção
geral e as ambições concernentes da direção geral da empresa; é usualmente estabeleci-
do junto com o manual formal de políticas da empresa, que significa a forma de conduta
da empresa com relação aos negócios em geral, ao meio ambiente, às questões sociais, às
questões nacionais e outras similares. O segundo tipo de objetivos são os operacionais,
que especificam metas oriundas de pesquisas e análises, como:
• Desempenho passado da empresa com relação ao mundo dos negócios
em que ela opera.
• Previsões do meio ambiente geral e condições de negócios em que a
empresa opera.
• Os fatores-chave para o sucesso nas áreas de operação.
• Análise dos fortes e fracos da empresa.
1. Cf. BARASCH, L. Kenneth & CHASE, Cochrane. Marketing planning. In: Marketing problem
solver. 2. ed. Radnor, Pennsylvania, Chilton Book Co., 1977. Subsidiado em parte em idéias e
quadros e tabelas encontradas nos livros de STAPLETOW, John. How to prepare a marketing
plan. 2. ed. Londres, Gower Press, 1977 e BRION, John M. Corporate marketing planning. New
York, John Wiley & Sons, 1967.
integrado de funções e recursos disponíveis para a consecução dos objetivos da empre-
sa. Esse é o chamado "plano de marketing". Vejamos o que é o plano de marketing e o
seu conteúdo.
Plano de marketing
Propósito
89
Sugéstõés dé preparação
Para ser efetivo, o plano anual precisa ser tratado como um documento
gerencial, que deve ser facilmente lido e entendido e que possibilite ainda a decisão
administrativa. Muitos gerentes de produto, freqüentemente, não estão certos de quão
detalhado o plano deve ser. Um erro comum é enchê-lo de informações estatísticas e
observações sem importância estratégica.
O resultado é um plano extenso, cheio de recomendações complexas e
confusas, com mais indagações do que respostas consistentes.
A solução para esse problema é elaborar separadamente do plano um do-
cumento com todas essas questões. É o chamado Livro de fatos-chave por linha de
produto ou tipo de serviço.
O plano anual de marketing poderá concentrar sua atenção nas questões-
chave, fazendo recomendações específicas para cada ação requerida, desde que o livro de
fatos por produto apresente uma relação compreensiva da história do marketing por
produto, levantando as principais questões estratégicas e táticas.
Para auxiliar a Gerência de Produto na preparação desse documento, al-
gumas sugestões podem ser oferecidas:
1. Escreva o plano o mais sucinto possível. Não mais do que seis a oito
páginas, excluindo os quadros e as tabelas.
A alta administração não tem muito tempo para ler um volume imenso de
dados de características de desempenho de cada marca. E a inclusão de fatos de menor
importância, além de figuras exclusivas, só serve para tomar confusos ou obscuros os
fatos essenciais que requerem ação estratégica ou tática.
Formato
O sumário
Breve sumarização do plano deve ser escrita sob a forma de sete subseções:
• Crítica curta do desempenho da marca versus objetivos e maiores
eventos ocorridos que afetaram sua performance.
• Recomendação das vendas a serem alcançadas e o total de recursos
necessários.
• Tabela condensando as recomendações de lucros e perdas para que o
leitor tenha idéia sumarizada dos dados financeiros do plano de mar-
keting.
91
• Uma série de informações acerca do meio ambiente da marca no mer-
cado, a aceitação do produto, características de desempenho etc.
• Revisão de problemas e oportunidades que o produto espera encontrar
no próximo ano.
• As estratégias para obter os objetivos da marca.
• Testes e outras peças de pesquisas planejados para o próximo ano.
92
• Calendário de promoção de vendas e merchandising
Benefícios do plano
Além disso, o plano de marketing:
Exigências básicas
93
Figura 3.1. Fluxograma de tarefas para o planejamento de marketing.
94
1.2. MISSÃO E ESCOPO
Missão e escopo referem-se a itens como:
A natureza e o escopo das linhas de produto e atividades da empresa em
termos de sua habilidade em servir seus mercados. Isso deve satisfazer a questões bási-
cas:
1.3. METAS
Metas monetárias
95
Metas não-monetárias
As metas não-monetárias são estratégias estabelecidas para se alcançarem
as metas:
• Obter o comportamento desejado em mercados específicos.
• Lutar por inovação em certos campos.
• Dar apoio a programas da comunidade e ganhar aprovação pública.
96
• Em uma empresa organizada para "Gerência de Produtos", podem-se
estabelecer planos anuais de marketing, em que a coordenação dos es-
forços referentes às atividades de cada linha de produtos é de respon-
sabilidade do respectivo gerente de produto.
97
98
99
2.2. A FORMA DA ATIVIDADE DE PLANEJAMENTO
100
Quando tiverem sido respondidas essas perguntas, estar-se-á numa melhor
posição para estabelecer os objetivos preliminares de marketing – ou revisar os atuais.
101
• Realísticos (atingíveis).
• Específicos (claros).
• Aceitáveis por todos os departamentos.
• Flexíveis.
• Integrados.
• Desafiadores.
Lucratividade
102
Participação de mercado
• Aumentar para x% a participação de mercado no mercado x em 31 de
dezembro de ...
• Obter submetas de participação de mercado por regiões e por territó-
rios em 30 de junho de ...
Distribuição
• Estabelecer novos distribuidores em regiões geográficas específicas
em 31 de dezembro de ...
Promoção/propaganda
•
Conseguir metas de propaganda de cobertura em mercados específicos
para o ano.
• Ampliar x% a imagem dos produtos da empresa em novos mercados
específicos, em 31 de dezembro de ...
• Aumentar x% a imagem dos produtos da empresa em mercados onde a
identidade da empresa já se acha estabelecida, em 31 de dezembro de
19 ...
Desenvolvimento do produto
Preços
Outros objetivos
103
Tarefa 5: Gere estratégias e selecione as melhores
104
5.4. SELECIONE A MELHOR
Vendas/serviços
105
• Redistribua os canais de distribuição (revendedores, distribuidores e
força de venda da empresa), para satisfazer mais intimamente às pre-
ferências de compra do mercado.
• Desenvolva uma força de vendas e/ou organização do revendedor-dis-
tribuidor mais atuante.
• Exija que a força de vendas melhore seu conhecimento de clientes e
seus produtos.
• Empregue alvos de marketing para identificar e alcançar clientes alta-
mente potenciais.
• Maximize compras recíprocas com fornecedores onde couber tal medi-
da.
• Aumente o esforço de vendas nos produtos e clientes mais lucrativos.
Propaganda/promoção
106
Distribuição
•
Estoque seus produtos em locais que permitam rápida entrega para dis-
tribuidores e clientes.
• Estabeleça canais de distribuição alternativos, para reduzir custos de
distribuição.
• Use somente um depósito, para minimizar problemas de controle de
estoque.
Tarefa 6: Formule programas pormenorizados
6.1. PROCEDIMENTO
107
Eis alguns exemplos de programas de marketing:
Programas de venda
Propaganda
Programas de promoção
109
Programas de pesquisa de mercado
• Avaliar o uso da capacidade de pesquisa de mercado interna e externa.
• Assinar publicações específicas de análise de mercado e outras fontes
secundárias de literatura.
• Conduzir investigações de pesquisa primária de mercado (perfis do
consumidor: exigências, premissas, como ele compra).
• Realizar análise de mercado (tamanho do mercado em cruzados e uni-
dades).
Os exemplos acima, que não são de maneira alguma completos, indicam a
variedade de programas que podem ser necessários para o implemento de estratégias na
consecução de objetivos de marketing. O próximo passo é integrar seus programas em
um programa de marketing amplo, logicamente delimitado, e determinar suas exigências
de recursos físicos, humanos e fiandeiros.
110
Cada participante do plano deve saber a quem se destina a responsabilidade
principal, quem segue as orientações de quem e o que se espera de cada um. To-das as
funções pessoais, responsabilidades, relacionamentos e controles devem ser registrados
com a finalidade de se evitarem eventuais mal-entendidos.
7.1. ESCOPO
O plano deve ser apresentado com pormenores suficientes para que todos
saibam o que se espera dele. Cada assunto pode ser tratado em partes separadas do plano.
Em uma organização orientada para o produto, por exemplo, pode-se ter um plano para
cada produto; em uma organização orientada para o cliente, pode-se ter um plano para
cada categoria de mercado. Sempre haverá dificuldades na obtenção de um plano
suficientemente abrangente que cubra todas as situações e ao mesmo tempo simples para
ser executável na prática.
7.3. SUBPLANOS
111
Quadro 3.2. Apresentação do conteúdo de um plano de marketing.
112
7.5. FERRAMENTAS DE PLANEJAMENTO
As duas proposições abaixo podem ser usadas para organizar seu trabalho
de planejamento:
1. ORIENTAÇÕES BÁSICAS
113
• Tenha o plano formalmente aprovado pelo executivo TOP de marketing.
• Não distribua uma cópia completa do plano para todos os gerentes.
• Cada membro da organização que desempenha papel na implementação
do mesmo deve receber somente a parte necessária para realizar suas
tarefas. Cada gerente, por sua vez, deve passá-lo a seus subordinados.
Programe reuniões com os gerentes e vendedores envolvidos com o
plano. Estimule discussões e perguntas. Certifique-se de que to-dos
compreenderam o plano da mesma forma. Um plano não compreendido
dificilmente é cumprido.
• Mantenha todos os participantes a par do progresso e realizações. 8.
• Estabelecimento de padrões.
• Avaliação de desempenho contra-padrões.
• Correção dos desvios dos padrões.
2. A descoberta e correção de desvios dos resultados planejados deve ser mantida dentro dos limites
da razão. Sistemas de controle extremamente precisos podem ser também extremamente caros.
Controle excessivo pode resultar em variações para cima ou para baixo com relação a um ponto
de controle desejado. Assim como acontece em sistemas de controle de qualidade de produção,
um sistema de controle administrativo deve permitir variações de desempenho, dentro, é
claro, de uma faixa aceitável.
115
Os padrões podem ser:
• Físicos (níveis de operação).
• Custo (despesa de operação em cruzados).
• Capital (aplicação de medidas monetárias para itens físicos).
• Renda (valor de vendas em dinheiro).
• Intangíveis (incapazes de serem medidos física ou monetariamente,
envolvendo subjetividade).
116
10.1. CONDIÇÕES DE MUDANÇAS
Resumo
Questões
1. Qual é a imporiância do planejamento estratégico em sua empresa?
2. Qual é a influência da curva de experiência em sua estratégia de preços?
117
3. O conceito de sinergia é aplicável à sua empresa?
4. Quem controla o plano de marketing é quem o elabora?
5. Quando uma empresa está preparada para a adoção do marketing? E como isso pode
ser conduzido?
6. Quais são a seu ver as principais causas de fracasso de um plano de marketing?
7. Quais são as principais diferenças entre planejamento e plano de marketing?
8. Como o conceito dos 4As pode ser incorporado ao plano de marketing?
9. Quais são os principais propósitos de um plano de marketing?
10. Quais são as regras básicas para que um plano de marketing seja bem-sucedido?
Bibliografia
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WORANGE, Peter. Implementing strategic planning.
119
Parte II
Análise das oportunidades
de mercado
Meio ambiente e
4oportunidades
de mercado
Meio ambiente e suaadministração
124
O departamento de Pessoal deve prover os incentivos adequados à boa
produtividade das equipes de vendas.
Assim, a influência de uma unidade funcional é de fundamental importân-
cia ao sucesso do elenco de atividades do cotidiano que afetam o desempenho de mar-
keting.
Como marketing é uma área-fim, incluindo nessa análise Vendas como sua
divisão, as outras áreas da empresa são as chamadas áreas-meio, áreas de suporte, ou
seja, quem remunera a atividade da empresa são os clientes e são eles a razão de ser de
qualquer organização. Uma vez que o lucro é a finalidade principal de uma instituição e
quem lida com os clientes é o departamento de marketing, para que a área-fim, que é
Marketing/Vendas, exerça com competência o seu papel, é imprescindível que as áreas-
meio lhe dêem o suporte necessário.
Por isso é que o endomarketing deve "vender" internamente as idéias, as
campanhas promocionais, para que todos na organização estejam atentos a trabalhar com
o único objetivo de atender às necessidades do mercado, pois, sem uma "orquestração"
de todas as atividades internas, os esforços isolados poderão não estar atendendo ao
princípio básico de que administrar é produzir algo que satisfaça plenamente às
necessidades de cada cliente, proporcionando um lucro adequado para remunerar o ca-
pital financeiro e o capital-trabalho empregados no negócio, acima de tudo prestando
sempre bons serviços aos clientes.
Fonte: Adaptado de ZALTMAN. Marketing management. New York, Dryden Press, 1987. p. 91.
125
Portanto, o papel da área de marketing, além de vender produtos ou servi-
ços que satisfaçam às necessidades específicas dos clientes e consumidores, ajudando a
construir uma boa imagem no mercado, é também vender internamente uma integração
entre os departamentos. Isso só é possível se houver programas internos de marketing (
endomarketing) que envolvam desde a pesquisa junto aos departamentos para identificar
tensões e conflitos, até a implantação de programas que ajudem a administrar esses
conflitos e a disseminar idéias como a prática da excelência em todas as fases do negócio.
Clientes
Fornecedores
126
Distribuidores
Concorrentes
Públicos
Agentes de crédito
Sindicatos de trabalhadores
127
cios de uma empresa. Em uma siderúrgica, por exemplo, um alto-forno desaquecido po-
de tornar-se irrecuperável, inviabilizando a própria companhia.
Um fabricante monopolista ou quase monopolista de determinados produ-
tos pode, a partir de uma greve, abrir caminho sem retorno para a concorrência, que virá
para ficar, pois os clientes temerão a partir daí depender de um único fornecedor.
Governo
As ações governamentais podem afetar de diversas maneiras a adminis-
tração de marketing de uma empresa. Por exemplo, exercendo o controle sobre os pre-
ços, mas não controlando a inflação que afeta os custos da empresa, ou controlando as
operações, como o fazem os órgãos aeronáuticos acerca das linhas das empresas aéreas.
Em economias menos desenvolvidas, sobretudo, a ação governamental
pode, ao querer incentivar os negócios, inviabilizá-los, quer com protecionismos exces-
sivos que derrubam a chamada economia de mercado, quer com legislações restritivas,
quer com impostos excessivos etc.
Fonte: Adaptado de ZALTMAN, Gerald. Marketing management. New York, Dryden Press, 1987. p. 93.
128
Influência do macro meio ambiente
A ação do macro meio ambiente sobre os negócios de uma empresa pode
tornar-se dramática se ela não possuir mecanismo de defesa ou de adaptação. Isso inclui
compreender o ambiente e suas forças econômicas, demográficas, sociais, culturais,
tecnológicas, legais e políticas.
129
Crescimento populacional
Fonte: Adaptado de ZALTMAN, Gerald. Marketing management. New York, Dryden Press,1987.
130
Idade média da população — Com o aumento da esperança média de vi-
da, ampliam-se as faixas etárias das populações no mercado de consumo. Nos Estados
Unidos essa esperança é de 75 anos e no Brasil passou de 55 na década de 60 para 65
anos atualmente. À medida que a população "envelhece", deve-se mudar o enfoque dos
produtos e serviços antes ofertados principalmente para os jovens, voltando-se mais para
"os jovens da terceira idade".
Mudanças na estrutura familiar — O tamanho médio da unidade familiar
tende a diminuir em decorrência da tendência mundial para casais com poucos filhos,
maior número de separações de casais e mais mulheres trabalhando fora de casa. Isso
implica oferecer produtos e serviços mais práticos, para unidades familiares menores,
com mulheres com pouco tempo para serviços domésticos. Surgem oportunidades para
alimentos instantâneos, produtos descartáveis, unidades residenciais menores etc.
131
de produtos de consumo, desde cosméticos e confecções adequadas a esses grupos até
alimentos que preservem as origens e tradições étnicas.
Como efeito dessas mudanças, quer relativas ao tamanho das famílias, às
unidades residenciais menores, ao número de mulheres trabalhando fora de casa, ao
crescimento de grupos étnicos e religiosos etc., desaparece gradualmente o mercado de
massa e, como prevê Alvin Tofler, surge a desmassificação com micromercados.
Essa fragmentação em micromercados exige diferenciações por idade, se-
xo, área geográfica, estilo de vida, formação étnica, educação etc. Cada grupo, com suas
fortes características e preferências de consumo, necessita de produtos e serviços
adequados a serem divulgados através de mídias específicas.
Ambiente econômico
Ciclo de negócios
132
Nesses momentos, a Gerência de marketing precisa ser extremamente cria-
tiva para desenvolver estratégias que enfatizem a sobrevivência. Nesse caso, é necessá-
rio enfocar os grupos de consumidores que ainda possuem algum poder de compra, via-
bilizando economicamente o negócio da empresa.
Na retomada, a economia tende a deslocar-se do estágio de recessão para o
de prosperidade. Durante este estágio, a alta taxa de desemprego é reduzida e a renda
disponível cresce. Os consumidores tomam-se otimistas e passam a revelar disposição
para gastar. E preciso estimar a duração desse período, procurando incrementar a de-
manda dos produtos existentes e de novos produtos.
Inflação
A inflação provoca aumento geral nos preços. No entanto, uma alta taxa de
inflação pode ocorrer em qualquer dos quatro estágios do ciclo de negócios (prospe-
ridade, recessão, depressão e retomada do crescimento).
A inflação alta diminui o poder de compra dos consumidores, o que, con-
seqüentemente, reduz as vendas no mercado. A situação econômica toma-se difícil
quando a alta inflação é acompanhada de recessão (alta taxa de desemprego e preços al-
tos).
Quando o governo adota várias medidas de controle da inflação, como
elevação da taxa de juros, restrições à oferta de dinheiro ou controle de preços, tende a
ocorrer uma estagflação (com alta taxa de desemprego e rendimentos baixos).
Durante os períodos de inflação, a reação dos consumidores é a mesma do
período de recessão, ou seja, tendem a gastar menos. Eles adiam a compra de bens
duráveis e são mais conscientes dos preços e do valor das mercadorias. Isto pode levar a
um incremento na demanda para etiquetas exclusivas e marcas genéricas.
Uma economia inflacionária acaba influenciando as estratégias de marke-
ting de uma empresa, segundo Zaltman. Primeiro, quando a empresa não pode aumentar
os preços dos produtos, na mesma proporção que a taxa de inflação, os lucros são redu-
zidos porque os custos das matérias-primas e outros custos de produção geralmente
crescem acima da inflação. A redução dos lucros resulta então numa desaceleração nos
investimentos de capital planejados. O fracasso na realização desses investimentos pode
levar a uma redução na produtividade.
Algumas estratégias precisam então ser adotadas para evitar a perda de
lucros em significativo aumento de preços:
• enxugar o número de produtos antes de aumentar os preços;
• substituir os materiais ou ingredientes mais caros por outros mais bara-
tos;
• reduzir ou eliminar algumas características do produto para reduzir o
custo;
133
• eliminar ou reduzir serviços do produto, como instalação grátis, en-
trega gratuita ou longas garantias;
• usar material de embalagem menos dispendioso ou usar promoção na
embalagem para reduzir custos;
• reduzir as variedades e os tamanhos dos modelos oferecidos;
• criar marcas mais econômicas ou marcas genéricas.
134
Assim, conclui-se que as maiores variáveis econômicas, como renda mo-
netária, custo de vida e outras taxas de interesse, como poupança e empréstimos, têm
impacto imediato no mercado.
Empresas cujos produtos são altamente influenciados pela renda e pela
variação de preço necessitam investir em estudos sofisticados de previsão econômica.
Com cautela elas poderão tomar as medidas necessárias para alterar seus produtos, re-
duzir seus custos, obter preços competitivos e, assim, evitar a tormenta da economia so-
bre os seus negócios.
Ambiente físico
Um recurso fmito como o petróleo tem criado ao longo dos últimos anos
sérios problemas à economia mundial. O preço do petróleo saltou de US$ 2.23 o barril
135
em 1970 para US$ 34.00 o barril em 1982, criando uma frenética busca por energias
alternativas mais baratas. Mudou por completo o perfil da indústria automotiva: os mo-
delos diminuíram de tamanho, passando a ser mais econômicos, com uso de outras for-
mas de energia, como álcool, energia elétrica.
A energia elétrica produzida no mundo é hoje oriunda de diversas fontes:
hidrelétrica, termoelétrica (óleo e carvão) e nuclear; há ainda inúmeras experiências
bem-sucedida com o aproveitamento da energia do sol.
Em que pesem os investimentos em pesquisas de novas fontes de energia,
o mundo caminha sob o risco de escassez de energia em geral.
Ambiente tecnológico
As mudanças tecnológicas decorrentes de inovações freqüentes podem
tornar produtos e/ou seus processos de fabricação obsoletos. Mais do que isso, o recurso
tecnológico pode constituir-se numa poderosa vantagem competitiva para se enfrentar a
guerra de mercado, pois a tecnologia afeta as relações entre consumidores e em-presas
em pelo menos dois sentidos.
O primeiro pode conduzir ao desenvolvimento de novos produtos ou ao
aprimoramento de produtos já existentes para aumentar a qualidade de vida das pessoas.
O segundo, pelo aprimoramento do desempenho das tarefas gerenciais de marketing,
possibilita melhor distribuição de produtos.
136 _______________________________________________________
A televisão por cabo e o gravador videocassete são exemplos da contri-
buição da tecnologia para desenvolver novos produtos, ao mesmo tempo em que procu-
ram oferecer melhores opções de entretenimento aos consumidores.
Com o avanço acelerado das mudanças tecnológicas, novas idéias têm si-
do introduzidas muito rapidamente. Isso pode mudar por completo o cenário de deter-
minado mercado. Os microcomputadores e processadores de texto estão aposentando as
máquinas de escrever, e o próprio conceito de profissões, como secretárias executivas,
começa a ser revisto. Alvin Tofler, em Terceira onda, mostra hoje os produtos de ama-
nhã.
Surgem, então, oportunidades ilimitadas de inovações que irão revolucio-
nar os produtos atuais e seus processos de fabricação, proporcionando mais conforto e
rapidez e ao mesmo tempo melhorando a qualidade de vida das pessoas, através da cura
futura do câncer, da AIDS etc.
Os desafios não serão técnicos mas comerciais, para desenvolver usos e
aplicações de novos produtos. Assim, além de altos investimentos em pesquisa e desen-
volvimento de tecnologia, reserva financeira para pesquisa mercadológica para desco-
brir novas necessidades de consumo será necessária.
Dessa maneira, a tecnologia passa a influenciar cada aspecto do composto
de marketing, da pesquisa instantânea a ser conduzida por computadores superpotentes,
passando por novos produtos baseados em nova tecnologia e atingindo a pesquisa de
propaganda para testar rapidamente novos comerciais de televisão, ou atingindo o con-
trole imediato dos desempenhos de marketing por produto, cliente e região e não des-
considerando o surgimento de novos canais de distribuição com o uso do videotexto
acoplado a um terminal domiciliar de computador para compras instantâneas.
Essas visões futurologistas poderão ser tão aceleradas que essas ante-
visões se tornem rapidamente obsoletas.
Ambiente político e legal
As decisões de marketing são influenciadas em larga escala pelo desen-
volvimento do ambiente político e legal. O ambiente é composto de leis, agências do
governo e grupos de pressão que influenciam e restringem as ações das empresas.
A cada dia surgem novas leis que interferem no negócio de vários setores
de atividades. São leis que regulam as localizações de empresas, que impedem a po-
luição, que regulam a propaganda, que controlam os preços, que protegem os consumi-
dores, e assim por diante. Em diversos países há forte legislação consumerista.
Ambiente sociocultural
O ambiente social é influenciado por crenças, valores e normas que diri-
gem os comportamentos dos indivíduos e organizações a uma grande variedade de si-
tuações.
137
O ambiente cultural e social, como qualquer outro ambiente, está em
constante mutação. O impacto dessas mudanças pode ser dramático ao alterar as pre-
ferências dos consumidores ou reajustar as práticas de marketing, lembra Zaltman.
É em função do meio social e cultural em que vivem os consumidores que
eles são mais ou menos influenciados ao consumo de determinados produtos ou servi-
ços. Por exemplo, o forno de microondas, freezers e todas as inovações tecnológicas in-
troduzidas nos produtos têm a sua aceitação largamente influenciada pelos fatores cultu-
rais e sociais que agem sobre os indivíduos.
Com o crescimento da população feminina que trabalha fora de casa, essa
força de trabalho começa a influenciar aceleradamente o consumo de determinados pro-
dutos. São produtos que se caracterizam como facilitadores para o trabalho doméstico,
uma vez que o tempo para essas atividades tem diminuído com a mulher passando a
maior parte do tempo fora do lar. Produtos que antes eram comprados predominante-
mente por homens precisam ter suas estratégias de vendas voltadas também para a mu-
lher: seguros de vida, pneus, carro, serviços de manutenção de veículo, serviços de
saúde, bebidas etc. Também como decorrência do fato de a mulher trabalhar fora há uma
tendência internacional para diminuir o índice de natalidade.
Os valores culturais de um povo ou mesmo de uma comunidade tendem a
estabelecer uma linha de comportamento influenciada por esses valores e crenças.
De outra parte cada cultura é constituída de subculturas, emergindo daí
vários grupos, com suas crenças e preferências e comportamentos comuns. Os adoles-
centes, os crentes religiosos são alguns exemplos de agrupamentos com valores e pre-
ferências próprios que dão origem a subculturas.
Os valores culturais de uma sociedade podem ser expressos nas relações
das pessoas: consigo mesmas, com os outros, com as instituições, com a sociedade, com
a natureza e com o cosmos (o universo). Isso leva as pessoas a se relacionarem na so-
ciedade dentro de seis grupos de estilo de vida:
138
• "Escapers" – Apresentam compulsão para escapar, mentalmente ou
através do misticismo.
A compreensão desses estilos culturais é um instrumento útil para classifi-
car os consumidores e formular estratégias de marketing consistentes com os seus valo-
res de vida.
Fonte: Adaptado do Prof. Paulo Vasconcellos e de DILSON, Rhomas C., Presidente da Batten, Barton, Durtine &
Oslbom, Inc. Palestra realizada na AMA. Dallas, Texas, 16-6-64.
139
As empresas que têm grau de interação negativo, ou seja, comportamento
não-reagente, não-adaptativo e não-inovativo, são do tipo dinossauro, ou seja, ignoram
as mutações ambientais e, como conseqüência, têm uma sobrevivência apenas de curto
prazo, caminhando rapidamente para a extinção, a exemplo do dinossauro, que não con-
seguiu adaptar-se às condições vigentes na Terra e morreu, desaparecendo toda a
espécie.
Já as empresas que têm uma interação neutra com o meio ambiente são as
chamadas empresas Camaleão, que apenas reagem quando ameaçadas e se adaptam pa-
ra sobreviver. Têm como conseqüência a sobrevivência a longo prazo, porém cami-
nhando para a estagnação.
Para vencer o risco da acomodação, a empresa precisa, além de reagir aos
desafios ambientais e se adaptar a eles, inovar, pois só uma organização inovadora con-
segue vencer com criatividade os empecilhos naturais ao seu negócio e caminhar rumo
ao desenvolvimento.
É preciso, contudo, compreender que uma organização são as pessoas,
e não apenas suas máquinas, edifícios ou equipamentos. Se essas pessoas não forem "
homens pássaros", verdadeiros (caros, a estrutura como um todo acabará transfor-
mando-se em um dinossauro, lento na tomada de decisão ou cauteloso em excesso e
tornando-se vulnerável ao ambiente. Portanto, é preciso ensinar as pessoas a se torna-
rem ícaros, abandonando o seu conservadorismo dinossauro, ou sua excessiva cautela
camaleônica.
Resumo
As rápidas transformações ambientais estão gerando a necessidade de
um dinamismo adaptativo e inovativo inusitado. Se no passado um bom produto,
oriundo de um processo manufatureiro respeitável, era garantia de sucesso no merca-
do, hoje essa falácia já não funciona.
Portanto, uma organização para sobreviver e crescer precisa estar apta a
administrar com eficácia o seu meio ambiente interno, operacional e o próprio ma-
croambiente no qual ela faz parte.
A administração dos recursos produtivos é preciso, portanto, anexar a
monitoração da imprevisibilidade ambiental. E isso só será possível na medida em
que a empresa for adaptativa, reagente e inovativa, ou seja, souber agir sempre como
um autêntico (caro, procurando uma interação da empresa com os ambientes macro,
operacional e interno.
140
Fonte: Adaptado de ZALTMAN, Gerald. Marketing management. New York, Dryden Press, 1977.
• departamento de compras;
• departamento de produção;
• departamento de expedição;
• departamentos de contabilidade e finanças/crédito e cobrança;
• departamento administrativo;
• departamento de Recursos Humanos;
• departamento de pesquisa e desenvolvimento;
• "clima" predominante interno e canais de comunicação;
• entre outros.
MEIO AMBIENTE EXTERNO OU OPERACIONAL:
• clientes;
• fornecedores;
• distribuidores;
• estocadores;
• concorrentes;
• públicos;
• creditors (agentes de créditos/agentes financeiros);
• sindicatos de trabalhadores;
• governo.
MACROAMBIENTE
• demografia;
• economia;
141
• tecnologia;
• valores culturais e sociais;
• aspectos legais e políticos;
• aspectos físicos-geográficos.
A empresa deve buscar sinergia com o meio ambiente como um todo e in-
teração entre os três ambientes acima descritos.
Questões
1. O que é um ambiente interno e como é possível controlá-lo?
2. Quais são as principais forças do ambiente operacional e como administrá-las?
3. Quais são as principais ameaças do macroambiente a uma organização do tipo fa-
miliar?
4. Como uma empresa pode administrar estrategicamente a inflação que age sobre seu
negócio?
5. De que maneira uma empresa pode minimizar a influência do meio ambiente físico?
6. Qual é a importância do uso da tecnologia como fator de sucesso para um produtor
de bens de capital?
7. Qual é a influência sociocultural para um fabricante de bens de consumo de massa,
como alimentos, roupas e remédios?
8. Qual é o papel da demografia na formulação de estratégias de marketing?
9. De que forma uma ação legal ou política pode ser um fator inibidor para investi-
mentos na área de turismo?
10. Como é possível transformar os fatores econômicos em oportunidades de negócios
nas áreas financeira, de saúde e governamental? Cite exemplos.
Bibliografia
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14 2
Inteligência de
marketing (SIM)
5 e pesquisa de mercado
Tomar decisões é tarefa específica do administrador de empresas, ou seja,
é a sua área de eficácia. Mas cada dia torna-se mais crítico o processo de tomada de de-
cisão em face do risco e incerteza que a cercam. A decisão é fruto de um julgamento. E
escolha entre alternativas. É escolha entre o "provavelmente certo" e o "provavelmente
errado". Encontrar a medida apropriada não é, portanto, um exercício matemático. E um
sensível cálculo de probabilidades com grande dose de riscos.'
Só quando há alternativas é que se pode apreciar o que está verdadeira-
mente em causa. E a fonte de alternativas para a tomada de decisão eficaz no marketing é
o Sistema de Informações Mercadológicas (SIM).
1. DRUCKER, Peter. O gerente eficaz. Rio de Janeiro, Zahar, 1972. (Veja, sobretudo, o capítulo
Decisões eficazes.)
2. BERENSON, Conrad. Marketing information systems, Journal ofMarketing, out. 1969.
3. Adaptado de DRIZIN, Boris. Uso e administração da informação mercadológica sobre a con-
corrência. Posição atual do estado da arte e tendências. Tese de Mestrado, FGV, EAESP,
1982.
Uso do SIM como ferramenta do marketing
O SIM provê as bases para o planejamento mercadológico e o controle do
desempenho em marketing. E, ao executar as funções básicas de informações para a
tomada de decisão, o SIM incorpora os sistemas de pesquisa de mercado.
Sistema de planejamento
Sistema de controle
Planejamento de marketing
144
O planejamento não deve ser confundido com a previsão, embora a pre-
visão seja parte necessária e importante dos procedimentos a serem desenvolvidos, uma
vez que o planejamento tem a ver com o futuro.
O primeiro passo importante no planejamento é a avaliação das forças ex-
ternas e vigentes no âmbito da empresa.
O sistema de informações mercadológicas da empresa recolhe as infor-
mações básicas acerca de seu meio ambiente (o macro meio ambiente e o micro meio
ambiente), processa essas informações e formula o planejamento estratégico, por exem-
plo, de comunicações e de vendas. O meio ambiente da empresa constitui-se em:
Macro meio ambiente: econômico-demográfico, tecnológico, político-le-
gal, sociocultural e ecológico.
Econômico-demográfico: as informações que afetarão direta ou indire-
tamente os negócios da empresa, como a inflação, as restrições de crédito, a balança
comercial e o meio de pagamento do país, o Produto Interno Bruto (PIB), o índice geral
de preços, o comércio exterior, as finanças-empréstimos, os cheques compensados, as
concordatas requeridas, os dados setoriais de produção, os índices de emprego no setor
industrial, as mercadorias (açúcar, cacau, carne, trigo, milho) e outros indicadores
econômicos como consumo industrial, comercial e residencial de energia elétrica, custo
de vida, depósitos de poupança, cotação cambial, produção de cimento, produção de
veículos etc., constituem o fator econômico-demográfico.
E evidente que tais dados são passivos. Carecem de uma análise crítica e
comparativa para que surtam alguma serventia. E a partir desses dados pode-se avaliar
de que forma os negócios da empresa poderão ser afetados.
Tecnologia: a tecnologia e sua dinâmica são termômetros do futuro.
Que mudanças tecnológicas ocorrem e que poderão tornar o produto ou
serviço oferecido obsoleto? Que grandes substitutos genéricos podem ocupar o lugar do
produto? Quais os custos, os riscos envolvidos e as implicações econômicas da ino-
vação tecnológica? Há tecnologia barata disponível no país ou no exterior? Qualquer
esforço será arriscado sem o esclarecimento dessas questões.
O SIM ajuda a empresa na pesquisa da tecnologia disponível, minimi-
zando o custo de desenvolvimento de novos produtos que podem resultar em fracasso
tecnológico e/ou mercadológico. Países altamente desenvolvidos economicamente bus-
cam desesperadamente novas idéias para novos produtos.
Segundo pesquisas disponíveis referentes ao meio ambiente dos EUA, a
mortalidade de idéias de novos produtos em geral é alta (Figura 5.2).
145
Fonte: ERICKSON, Leo. Michigan State University.
N°
Idéias
Fonte: KERNAN, 'crome B. Product planning and control. New York, MacmilIan, 1970. p. 349
146
Algumas inovações tecnológicas surgidas neste século tornaram obsoleto
um sem-número de produtos. As inovações, por exemplo, de H. F. Hobbs da transmissão
automática, de A. Kaempfe, S. G. Brown e E. A. Sperry do girocompasso, de Hohn B.
Tytus do laminador de aço a quente, de Ernest O. Lawrence do ciclotron, o
microcomputador como editor de textos, que obsolesceu a máquina de- escrever, o tele-
fax, que aposenta a cada dia o telex etc., entre outras, são, sem dúvida, demonstração da
importância da pesquisa tecnológica no mundo e seus reflexos nos negócios das em-
presas.
Mas nem sempre uma pesquisa tecnológica bem-sucedida conduz a um
produto bem-sucedido do ponto de vista mercadológico. É preciso compatibilizar a via-
bilidade da produção industrial à luz dos resultados da pesquisa tecnológica e merca-
dológica para, dessa forma, minimizar eventuais fracassos.
São tão múltiplos e mutáveis os fatores que colaboram para a aceitação de
um produto que os empresários, em geral, relutam em modificar um que já tenha tido
algum sucesso.
Além dos dados científicos que orientam uma decisão, vale lembrar que
para que ela seja tomada com clareza deve-se ter grande dose de sensibilidade e criati-
vidade, porque "o momento" no qual ocorre a decisão é um aspecto extremamente im-
portante. Empresas lentas em seu processo de decisão tendem a perder mercados com-
petitivos.
4. TESTES
148
seus segmentos-alvos etc. O processo de adoção deve ser avaliado pelo estágio em que o
comprador se encontra com relação ao produto: consciência da existência do produto,
interesse, avaliação das vantagens e desvantagens da adoção, experimento e, finalmente,
a adoção.
7. PREVISÃO DE VENDAS
Ambiente político-legal
149
do produto, controle de preços, código de ética de propaganda etc.? O que é relevante
como informação quantitativa e qualitativa para o planejamento de marketing? Muitas
vezes, não basta à empresa possuir canais estabelecidos de informações, é necessário
buscá-las, até se necessário, através do "lobby-político", isto é, através de pessoas que
tenham acesso a tais informações.
Ambiente sociocultural
A empresa deve dispor de mecanismos dinâmicos e eficazes que avaliem
constantemente o desempenho e a aceitação de seus produtos ou serviços. E questionar-
se:
• Que atitudes o público está tomando com relação aos negócios e aos
produtos?
• Que mudanças estão ocorrendo nas condições de compra dos consu-
midores e que valor têm para a formulação de métodos mercadológi-
cos?
Concorrência
151
Da análise geral dos dados da concorrência devem constar informações
sobre:
• preço: descontos, condições de pagamento;
• produto: volume, histórico, mercado, participação de mercado;
• política de marketing e planos: relações com o cliente, imagem da em-
presa, tamanho e qualificação da força de vendas, canais de distri-
buição, política e métodos de distribuição, gastos com propaganda e
promoção de vendas, canais de divulgação (tipo de mídia);
• produção e informação do produto: avaliação de sua qualidade, de-
sempenho, ciclo vital, tecnologia e processo, capacidade de produção,
custo, localização, tamanhos e facilidades de produção e distribuição,
capacidade de embalagem, padrões de expedição, capacidade de pes-
quisa e desenvolvimento;
• informações organizacionais e financeiras: identificação da filosofia e
padrões de tomada de decisão, condições financeiras, programas de
expansão e aquisições, problemas e oportunidades, programas de pes-
quisa, desenvolvimento de produtos e treinamento de pessoal.
Distribuição e revenda
152
O que isso significa? Sem os insumos advindos da coleta de informação
através dos instrumentos de pesquisa, um sistema de informações torna-se estático e de-
satualizado, ou seja, é preciso especificar se a informação requerida é qualitativa ou
quantitativa.
As variáveis a serem pesquisadas, como hábitos de consumo, audiência de
televisão, por exemplo, são correlacionáveis ou não. Enfim, é preciso definir os crité-
rios a serem adotados na coleta de dados, através de entrevista pessoal, de observação,
de experimentação etc.
Acurácia da informação
Tipos de pesquisa
A pesquisa pode ser entendida para dois diferentes propósitos: um é re-
solver um problema existente na atualidade, outro é adicionar contribuições ao conhe-
cimento geral em uma particular área de interesse para o pesquisador.
A pesquisa realizada com a intenção de aplicar os resultados, procurando
solucionar problemas específicos da atualidade de uma organização, é chamada pesqui-
sa aplicada.
153
Contudo, a pesquisa realizada apenas para desenvolver o conhecimento de
certos problemas que ocorrem e como resolvê-los, é chamada básica ou fundamental. E
também conhecida como pesquisa pura.
Pesquisa aplicada
Investigação científica
155
Elas podem ser obtidas mediante dados secundários, isto é, de fontes de
publicações que possam elucidar o problema, ou através de dados primários obtidos de
entrevistas pessoais com o público-alvo ou por meio de consulta telefônica, ou através de
carta-questionário pelo correio, ou ainda por meio de técnicas de painéis de consu-
midores ou, ainda, através da técnica de observação.
Na Figura 5.3 apresenta-se um planejamento do projeto de pesquisa.
Fonte: Adaptado de ZALTMAN, Gerald & BURGER, Philip C. Marketing research; fundamentais and dynamics.
New York Dryden Press, 1975. p. 18.
156
Valor e custo da informação
O custo de uma informação tem correlação direta com o seu valor, ou seja,
é decorrência da relação custo-benefício.
O benefício decorrente de uma informação pode justificar ou não o seu
custo. Portanto, antes de se aprovar um projeto de pesquisa é preciso ter em mente os
resultados que se pode obter e os seus respectivos custos.
Design da pesquisa
Para que o projeto de pesquisa se torne viável, é preciso que haja alterna-
tivas para a coleta dos dados e também para a adequação das análises requeridas.
Fontes de informação
Antes de se realizar um inquérito junto ao público-alvo, vale a pena bus-
car as informações disponíveis em trabalhos análogos. É o chamado estudo documental
ou em inglês o Desk Research. Isto abrevia o tempo gasto e minimiza o custo.
A principal dificuldade desse tipo de trabalho reside na falta de dados ou
na informação da sua existência e localização.
Seja qual for a importância da informação para a empresa num dado mo-
mento, é preciso criar um acervo documental que permita reunir os dados disponíveis no
mercado — um banco de dados. Esse banco será um útil instrumental para a tomada de
decisão.
158
Como utilizar os dados secundários
Fontes internas
Fontes externas
1. associações de classe;
2. órgãos do governo;
3. publicações em geral;
4. serviços de alguns sindicatos;
5. estudos por organismos profissionais de pesquisa.
159
160
161
Associações de classe — as associações de classe freqüentemente publi-
cam ou mantêm informações pormenorizadas sobre as vendas da indústria, do comércio,
sobre o crescimento dos negócios em geral e outras que tais. Há associações que reali-
zam anualmente, ou periodicamente, estudos conjunturais. Esses materiais ou são edita-
dos e publicados ou se encontram à disposição dos interessados para consulta em bi-
bliotecas.
Órgãos do governo — há departamentos de planejamento e estatística que
realizam e publicam estudos conjunturais de real interesse para mercadólogos, em níveis
federal, estadual e municipal. Em nível nacional, a Fundação IBGE possui diversos da-
dos demográficos e conjunturais oriundos de seus censos demográfico, comercial, indus-
trial e rural à disposição dos interessados em publicações, ou armazenados, para consul-
ta, em computador, ou em bibliotecas.
Publicações em geral — há revistas especializadas -em economia e conjun-
tura, como a revista Conjuntura Econômica, da Fundação Getúlio Vargas, baseadas em
estudos periódicos e especiais de seu Instituto Brasileiro de Economia (IBRE).
Serviços de alguns sindicatos — há estudos interessantes realizados por
alguns sindicatos, como a apuração do custo de vida em São Paulo, feito pelo DIEESE.
Organismos profissionais de pesquisa — são estudos realizados cujos
custos são repartidos pelo conjunto de empresas aderentes ao sistema. Tais estudos po-
dem atingir diversos fatores: estudos estatísticos, estudos de previsão de conjuntura, es-
tudos de mercado pela sondagem, estudos de motivação, estudos de grupos de varejistas
(stores audit), estudos de painéis de consumidores, estudos de potencial de mercado etc.
Inquérito preliminar
l 62
rentes de vendas, gerentes de produto, gerente de serviços de marketing, gerente de as-
sistência ao cliente, gerente de propaganda e inclusive clientes-chave.
A análise e o confronto das respostas assim recolhidas permitem planejar
a pesquisa. O planejamento e execução da pesquisa envolvem as seguintes etapas:
163
Metodologia de pesquisa
Observação
164
d) os vendedores não gostam de fazer trabalhos adicionais além da venda,
e contar estoques é, na opinião de muitos deles, uma tarefa que leva
tempo e de poucos resultados práticos (o que não é verdade, pois uma
boa venda começa pela contagem do estoque do cliente).
A auditoria de estoques é particularmente importante para um fabricante
ou atacadista, pois objetiva o acompanhamento da evolução de um produto no varejo:
1. Qual o resultado de certas forças aplicadas ao produto, como publici-
dade adicional? E assim o eventual incremento de vendas pode ser
medido, desde que todas as outras variáveis do esforço de marketing
permaneçam constantes.
2. Permite uma confrontação com os produtos concorrentes por um
período de tempo, dentro de um normal esforço publicitário e de mer-
chandising.
A auditoria permite também estimar a participação de mercado de
um produto com relação aos seus concorrentes, e pode indicar se essa
participação está caindo, mantendo-se ou subindo. A participação de
mercado é um dado muito importante. Mas muitas empresas no Brasil
têm apenas uma idéia aproximada de sua participação de mercado.
A auditoria de estoques baseia-se em uma fórmula bastante simples. O in-
ventário, isto é, o estoque anterior mais as compras no período e menos o estoque final, é
igual às vendas realizadas no período.
(estoque anterior + compras) – estoque final = vendas
165
notar quando há tráfego, mas o volume de vendas não corresponde a esse movimento.
Podem ocorrer ocasiões de tráfego relativamente baixo mas de volume de vendas alto. A
observação ajuda a detectar esse tipo de fenômeno e outros que tais.
Aplicação desses métodos por leigos não treinados pode levar a con-
clusões errôneas. E necessário utilizar pesquisadores experimentados e bem treinados; e
as instruções sobre a aplicação do método devem ser claras e objetivas.
Experimentação
4. HART, Normam A. & STAPLETON, John. Glossário de termos de MKT. Londres, Gower
Press, 1977.
167
Pesquisas motivacionais – referem-se às causas do comportamento as
pessoas. Procuram relacionar o comportamento aos motivos, desejos e emoções subja-
centes. Investigam o modo pelo qual o produto é visto pelo consumidor, como ele se vê
como consumidor (auto-imagem) e como visualiza o produto (imagem do produto). Os
produtos são adquiridos para as satisfações que os consumidores esperam obter deles, e
esses benefícios muitas vezes não são apenas físicos. Por essa razão, os procedimentos de
pesquisa motivacional têm origem na Psicologia e Psiquiatria, principalmente nas
técnicas de Psicanálise e na Psicologia da Gestalt.5
Pesquisa de opinião – visa aferir o comportamento do público com re-
lação a determinados produtos, temas, fatos, personalidades políticas etc. É muito utili-
zada no campo político, para avaliar as possibilidades dos candidatos em eleições etc.
Pesquisas industriais – referem-se à busca sistemática, objetiva e exaus-
tiva de estudo de fatos importantes para avaliar qualquer problema no campo do marke-
ting industrial.'
No Quadro 5.1 apresentam-se exemplos de tipos de pesquisa de mercado.
168
Desenho dos experimentos
SOMENTE DEPOIS
X MD
169
Ou seja, a variável independente é introduzida e a medição é feita somen-
te depois que o experimento foi conduzido. Há grande probabilidade de erro, uma vez
que não há história acerca do que ocorreu antes e não há como separar os efeitos para
medir isoladamente o impacto da variável independente.
ANTES E DEPOIS
MA X MD
SIMULADO ANTES-DEPOIS
R MA X MD
R X
R MA1 X MD1
R MA2 MD2
170
A adição de um grupo de controle é um instrumento útil para comparação
do efeito da variável independente. No grupo experimental é introduzida a variável in-
dependente e no grupo de controle não.
Com isso, pode-se aferir o real impacto da variável independente, à medi-
da que ela influenciar o grupo experimental.
O grupo 1 é o do experimento e o 2 é o grupo do controle.
A medição seria então (MA1 – MD1) – (MA2 – MD2).
A comparação entre os resultados nos dois grupos pode revelar se houve
ou não influência da variável independente.
R X1 MD1
R MD2
R MA1 X MD1
R MA2 MD2
R X MD3
R MD4
171
Esse desenho de experimento procura controlar todas as fontes de erro,
exceção feita ao tempo de medição e ao erro reativo, que não são possíveis de controlar.
Teste de marketing
172
Correlação múltipla e análise de regressão
Análise canônica
Análise de discriminante
173
Análise fatorial
Cluster analysis
Conioint analvsis
174
Método da entrevista
A — ENTREVISTA PESSOAL
175
A entrevista pessoal pode ser apenas uma parte da pesquisa. Em muitos
estudos, há combinação de técnicas de entrevistas, como grupo de entrevistados (painel),
seguida de entrevistas por telefone, por exemplo.
176
Há, no entanto, pessoas que se inibem quando vêem um gravador e há ou-
tras que têm medo de se comprometer com uma gravação. De outro lado, a
anotação tem as seguintes vantagens:
1. o entrevistado pode não querer que todas as suas palavras sejam gra-
vadas, com receio da quebra de confidencialidade;
2. o início de uma entrevista com gravador provoca um bloqueio, e leva
algum tempo até que o respondente se sinta à vontade;
3. a gravação provoca dispêndio de tempo para que se façam as trans-
crições e anotações da entrevista;
4. outro aspecto não menos importante é que o gravador poderá não fun-
cionar ou algumas conversações podem ficar inaudíveis.
A entrevista por carta muitas vezes falha porque as pessoas não gostam de
responder escrevendo. Mas, apesar de todas as objeções, tal método tem suas vantagens.
177
tações diferentes. Importa também que a carta seja suficientemente atrativa, para esti-
mular a resposta.
A carta de encaminhamento do questionário precisa ser clara e motivado-
ra.
O questionário deve ter espaços suficientes, para que o respondente pre-
encha com facilidade, perguntas claras, objetivas e curtas. E, sobretudo, deve facilitar a
tabulação e a análise das respostas.
Regras gerais
Fortes
Fracos
179
D — PAINEL — ENTREVISTAS DE GRUPO
180
Como encontrar ou desenvolver um grupo
A formação de grupos não é tão difícil como parece. Há uma série de mé-
todos que podem ser usados para obter um grupo.
1. As agências de pesquisa têm normalmente estudos que classificam as
grandes cidades em áreas socioeconômicas bem delimitadas.
A população distribuída por critérios demográficos, de renda, de
hábitos socioculturais, dentre outros, facilita, por exemplo, a formação
de grupo de homens das classes A/B, de faixa etária de 25 a 35 anos,
solteiros e que praticam habitualmente esportes em geral. Esse grupo é
formado então a partir dos bairros A/B da cidade.
2. Há muitos clubes e outros locais onde há agrupamentos que são natu-
ralmente homogêneos.
3. Escolas, empresas, grupos religiosos, clubes fechados, comunidades de
bairro e associações em geral são boas fontes de recrutamento de
pessoal para a formação de grupos.
4. As lojas em geral possuem, dentre seus clientes, relações interessantes
de nomes, com um cadastro de grande utilidade para seleção de pes-
soas.
181
5. As discussões do grupo são normalmente canalizadas para a detecção de
problemas, acompanhados ou não de sugestões de solução.
6. Finalizando, o coordenador pode fazer um sumário do que foi discuti-do
e pedir uma confirmação do grupo acerca da correção das afirmações
ou conclusões.
Processo de amostragem
182
estudar, extensão é a amplitude do que se pretende estudar e tempo é a unidade de du-
ração do evento que se tenciona examinar.
Assim, em um exemplo de uma pesquisa eleitoral em Campina Grande
teríamos de examinar:
• elemento: todos os eleitores registrados;
• unidade de amostra: em seus domicílios;
• extensão: em Campina Grande;
• tempo: durante a primeira semana de julho.
184
• Amostragem probabilística versus não probabilística
185
• Igual probabilidade unitária versus probabilidade de amostragem
unitária desigual.
186
Quadro 5.2. Definições e expressões-chave de determinação do universo da amostra.
Fonte: Adaptado de SCHONER, Betram & UHL, Kenneth P. Marketing research; information systems and deci-
sion making. New York, John Wiley & Sons, 1975.
187
nível de confiança, o grau específico de certeza que se espera obter da pesquisa. Assim,
por exemplo, um nível de confiança de 95% (probabilidade de 0,95) resultaria em um
nível de significância de 5%. Ao nível de 99% de confiança (0,99 de probabilidade) re-
sultaria em um nível de significância de 1%. Tais níveis são os mais usados na prática de
pesquisa.
Os valores das amostras são estimativas dos valores reais da população.
Dispersão ou variação é o nome que se dá ao grau em que os dados numéricos tendem a
ser distribuídos sobre um valor médio (a média x). E o desvio-padrão é uma medida
muito usada na variação de qualquer distribuição.
O desvio-padrão de uma distribuição de amostra é conhecido como erro--
padrão da média (algumas vezes referido como EPx) (também denominado Px).
Do exame desse parâmetro, pode-se formar uma opinião da precisão e
confiabilidade da estimativa da amostra. Com o aumento do tamanho da amostra, o erro-
padrão (EPx) torna-se menor.
Por essa razão, quanto maior a amostra, mais próxima se toma a estimati-
va da população pela média da amostra, ou seja:
onde:
População Amostra
Média Desvio-
padrão
Variância
188
Para calcular o valor de n (tamanho da amostra), inverte-se a fórmula
onde:
onde:
189
e
Distribuição normal
191
Elaboração do questionário
Uso do questionário
192
Questionário
Tipos de questões
7. ZALTMAN, Gerald & BURGER, Philip C. Marketing research; fundamentais and dynamics.
Hinsdale, Dryden Press, 1975. p. 255.
193
2. Outra técnica é utilizar uma questão direta, de fácil resposta, por parte do
entrevistado, pedindo, no entanto, que ele interprete essa sua resposta
de acordo com alguma teoria acerca da qual ele ignora. Isso ajuda a
interpretar, por exemplo, se o entrevistado tem inclinação para ser ou
não um inovador.
3. Outra é o uso de histórias e quadros, ou fatos, ou outro estímulo
ambíguo. Nesse caso, o entrevistado projetará sua interpretação da si-
tuação exposta. (A pesquisa motivacional freqüentemente emprega es-
sa técnica.)
Questões abertas-fechadas
Questões para respostas abertas e fechadas são as que não dão alternativas
explícitas de escolha. As questões abertas encorajam o respondente a expor livremente
suas idéias, ao passo que nas questões fechadas o respondente tem de se ater especifi-
camente àquilo que lhe é perguntado.
194
Quadro 5.3. Questões de múltipla escolha.
195
De outro lado, o pré-teste ajuda a eliminar dúvidas, a reformular as
questões e, finalmente, a levar ao modelo definitivo do questionário.
Pesquisa-piloto — pré-teste
A pesquisa feita inicialmente em pequena escala facilita a detecção de fa-
lhas no projeto, e permite correções em tempo, no questionário, na amostra etc.
196
4. Controle da representatividade da amostra – caso a amostra não seja
representativa para projetar o universo, o tamanho da amostra deve ser
recalculado, e novas entrevistas realizadas.
197
Em suma, o administrador mercadológico tem de conhecer a pesquisa de
mercado como um instrumento de trabalho, ainda que não realize sistematicamente pes-
quisa, pois o mundo de pesquisa é um mundo à parte dentro do marketing, que exige muita
técnica, seriedade e critério de aplicação.
Resumo
O processo de tomada de decisão em marketing depende em larga escala
da quantidade e da qualidade de informação disponível. Portanto, o uso do Sistema de
Informações em Marketing pode revelar-se importante ferramenta de trabalho para o
planejamento e o controle das ações mercadológicas.
Por essa razão a pesquisa de mercado é uma parte necessária ao desen-
volvimento de um SIM. Da definição do problema-chave até a investigação de dados
primário e secundário para se chegar a respostas consistentes é preciso que a metodo-
logia de pesquisa seja cuidadosamente definida.
O custo da informação não deve superar o seu valor. Para isso as fontes
de informação têm de ser precisas.
Quando a metodologia de pesquisa sugerir o uso de experimento é pre-
ciso que seja adequadamente formulado e que o uso da estatística propicie rigor que
leve a resultados confiáveis.
É necessário também que os métodos de levantamentos das informações e
de determinação da amostragem conduzam a conclusões representativas do universo
que se pretende estudar e que as tabulações e análises sejam precedidas de cuidados,
para que se possa tirar o máximo proveito da massa de informações coletadas.
Em suma, o administrador mercadológico deve conhecer a pesquisa de
mercado como um instrumento de trabalho, ainda que ele não realize sistematicamente
pesquisa, pois o mundo da pesquisa é um mundo à parte dentro do Marketing, que
exige muita técnica, seriedade e critério na aplicação.
Questões
1. Defina o que é o SIM e para que serve.
2. Como o SIM pode ser utilizado para o lançamento de um novo produto?
3. O que é pesquisa de mercado?
4. Quais são os tipos de pesquisa de mercado mais usuais em marketing?
5. Quais são as etapas de uma pesquisa de mercado?
6. Como se faz o design de uma pesquisa de mercado?
198
7. Quais são as fontes de informação mais usuais em pesquisa?
8. Quais são as metodologias de pesquisa?
9. Quais são os tipos de experimento que você conhece?
10. Quais são os métodos estatísticos mais usados para a análise de dados bivariados?
11. Quais são os métodos de estatística mais utilizados para a análise de dados multi-
variados?
12. Quais os cuidados que você recomendaria no cálculo do tamanho da amostra?
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199
A análise do mercado
de consumo
e o comportamento
6 do consumidor
Comportamento
201
2. As influências tecnológicas — as inovações tecnológicas que tomam
obsoleta uma série de bens, as expectativas de inovações tecnológicas
que podem retardar a compra etc.
3. As influências econômicas — que podem estimular a compra, como a
facilidade de crédito etc.; ou que podem inibir a compra, como as res-
trições de crédito; a inflação, que pode estar diminuindo o poder aqui-
sitivo dos compradores etc.
4. As influências políticas — o sistema político vigente em um país po-
derá estimular o consumo de certos produtos e inibir o de outros.
5. As influências legais — normas, leis e regulamentos emanados dos po-
deres executivo, judiciário e legislativo podem inibir ou estimular a
compra de determinados bens. Um filme ou um livro proibidos estimu-
lam o comprador a querer assistir ou comprar.
I - O MEIO AMBIENTE
202
A compreensão dos fatores ambientais que agem sobre o consumidor mol-
dando o seu processo decisório de compra é o primeiro passo para se entender o que leva
as pessoas a comprar ou rejeitar um produto ou serviço.
As influências ambientais moldam o cenário no qual o indivíduo é ao
mesmo tempo o ator e o espectador.
O ambiente físico exerce sobre o consumidor todo o magnetismo que pode
predispô-lo a consumir. O clima quente, por exemplo, leva ao consumo de bebidas e
roupas que o aliviam do calor. No clima frio, ao contrário, a busca é de produtos ou ob-
jetos que minimizem o desconforto do frio. Da mesma forma, o lugar estabelece predis-
posições para o consumo. Num ambiente de trabalho consomem-se café e água, além de
roupas adequadas ao tipo de serviço. Em lugares descontraídos as pessoas são induzidas a
consumir outros produtos ou serviços, desde cerveja até tira-gostos, e assim por diante.
Os costumes do lugar sugerem determinados tipos de consumo.
Apesar disso há certos produtos que são consumidos independentemente
dos costumes iniciais do lugar. É o caso da pizza, por exemplo, que é largamente con-
sumida, além da Itália, é claro, nos Estados Unidos, terra do hambúrguer, assim como no
Brasil, terra do arroz e feijão, na Alemanha, terra da salsicha, e até mesmo na França,
terra do croissant e do quichi-lorraine.
As influêncicas tecnológicas podem levar ao consumo acentuado de novos e
inovadores produtos, como podem retardar o consumo dos produtos tradicionais, ao
menor sinal de obsolescência de sua tecnologia.
Já a economia provoca outro tipo de influência. Quando a renda disponí-
vel aumenta, tende a crescer o consumo. A inflação pode diminuir o poder de compra dos
consumidores, mas pode também levar ao consumismo desenfreado, decorrente da
sensação de perda eminente de poder de compra.
A política e a legislação podem proporcionar enorme gama de situações
que levem ao consumo ou ao absenteísmo de compra. Quando há grande estabilidade
política em um país, as pessoas tendem a consumir mais; quando, ao contrário, há crise,
há natural retração na disposição de compras, e assim por diante.
203
Fonte: KOTLER, Philip. Marketing management. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1988. p. 176.
1. CULTURA
2. SUBCULTURA
204
sil há judeus, alemães, italianos, portugueses, espanhóis, japoneses,
polacos etc., porém com maior miscigenação.
• Agrupamento de religiões — nos EUA, católicos, mórmons e presbi-
terianos. No Brasil há católicos, protestantes, crentes, espíritas, um-
bandistas etc., com específicas preferências culturais e tabus.
• Agrupamento racial — nos EUA há negros e orientais com específi-
cos estilos culturais e atitudes característicos. No Brasil há também
negros, orientais e índios, com influências diferenciadas na cultura
brasileira e nos hábitos e costumes do povo das regiões em que essas
raças estão representadas em maior número.
• Agrupamentos regionais — baseado em áreas geográficas há influên-
cias típicas. O Nordeste brasileiro, o Norte e o Sul têm comportamen-
tos culturais distintos das regiões Sudeste e Centro-oeste, por exemplo.
3. CLASSE SOCIAL
4. FATORES SOCIAIS
205
Influência dos grupos de referência
Cada indivíduo recebe influências do seu grupo de referência, como apre-
sentamos na Figura 6.2.
Família
1. SHETH, Jadish N. Models of buyer behavior; conceptual, quantitative and empirical. New York,
Harper & Row, 1974.
206
1. Membros individuais – pai, mãe e filhos.
2. Família como um todo.
3. Unidade domiciliar.
A cerveja, por exemplo, pode ser tomada com exclusividade pelo pai da
família; o spray de cabelo ser apenas usado pela mãe; o aparelho de barba tende a ser de
uso exclusivo, individual, do pai; o filho e a mãe devem também ter os seus apare-lhos,
para barbear-se e depilar-se, respectivamente.
O comportamento de consumo da família é considerado de dois tipos:
autônomo (de cada membro individualmente) ou conjunto (por diversos ou por todos os
membros de uma família). Dessa maneira, cada membro da família exerce influência na
decisão de compra dos demais. Creme dental, sabonete, desodorante, são alguns exem-
plos de produtos comprados para uso familiar da unidade domiciliar.
A família, por seu turno, recebe influências do grupo de referência, da
classe social de que faz parte, de seu estilo de vida, da personalidade e do sexo de cada
membro da família, entre outros fatores externos e internos.
Amigos
207
Outro fator decisivo no comportamento do consumidor diz respeito ao
processo de aprendizagem. Esse processo refere-se aos hábitos das pessoas e como os
estímulos agem sobre o seu comportamento.
Há diversas formas de aprendizado do indivíduo, como há também cor-,
respondentes tipos de influência que podem ser usados sobre o comportamento do con-
sumidor, como vemos no Quadro 6.1.
Finalmente, a preferência e a decisão de compra vão manifestar-se também
em função da sua percepção de papel a desempenhar, como comprador enquanto indiví-
duo, diferentemente do papel de comprador como pai ou como filho ou marido.
208
Fatores pessoais
Cada consumidor reage de forma diferente sob estímulos iguais, e isso
ocorre porque cada um possui no cérebro uma "caixa preta" diferente. De acordo com as
teorias psicológicas da personalidade, as pessoas são diferentes umas das outras. As
motivações, que são as respostas do indivíduo aos estímulos recebidos, são distintas para
cada um. Uma pessoa pode estar escolhendo um produto como por um reflexo de uma
experiência passada. A estrutura cognitiva, isto é, a estrutura do conhecimento, opinião
ou crença, acerca do ambiente e de si próprios, dentro de seu meio ambiente psicológico,
leva os consumidores a agir cada um de maneira diferente.
2. OCUPAÇÃO
3. PERSPECTIVAS ECONÔMICAS
onde:
UM = utilidade marginal P
= preço
x, y, n = produtos diferentes
210
Em uma época de crise econômica, por exemplo, os consumidores tendem
a reduzir o padrão de consumo da família, restringindo-se a comprar produtos realmente
essenciais, eliminando o supérfluo.
4. ESTILO DE VIDA
Teorias de personalidade
212
De acordo com essas teorias, certas características ocorrem juntas e cada
uma das características forma um tipo de personalidade.
O filósofo grego Hipócrates acreditava que o comportamento humano era
influenciado por quatro fluidos básicos do corpo (sangue, bílis amarela, fleuma, bílis
negra).
Assim, uma pessoa com alta presença de bílis amarela apresentaria facili-
dade de zangar-se, apaixonar-se, enquanto uma pessoa com fleuma se moveria lenta-
mente, com apatia.
Os tipos físicos também serviram de base para teorias de personalidade,
dividindo as pessoas em endomorfe (pesados), mesomorfe (musculosos) e ectomorfe (
magros). O endomorfe seria desengonçado, amistoso e lento na reação, enquanto o ec-
tomorfe seria o diametralmente oposto. Essa teoria já foi refutada.
Há também teorias baseadas em fatores psicológicos.
Carl Jung dizia que as pessoas são predominantemente introvertidas (tími-
das, retraídas, interessadas em suas próprias cognições subjetivas e reservadas) ou pre-
dominantemente extrovertidas (realísticas, convencionais, sociáveis e geralmente agres-
sivas).
David Reisman classificou as pessoas em três categorias:
1. Intimamente dirigidas — são aquelas que têm uma escala de valores
altamente desenvolvida para guiar o seu comportamento.
2. Dirigidas por outras pessoas — que são altamente influenciadas por
forças externas, como outras pessoas.
3. Dirigidas pela tradição — são aquelas pessoas resistentes a mudanças
e que possuem baixa modalidade social.
As pessoas que se encontram caracterizadas por estas categorias relatadas
tendem a selecionar produtos em conformidade com cinco tipos de comportamentos e
relevantes com o estilo de vida:
• aparência pessoal (valorizam produtos que as destaque);
• cuidados pessoais (valorizam produtos que as protejam);
• percepção de sentimento (valorizam o sentimento pelas pessoas);
• preparação de comida (são guiadas pelo estômago);
• assuntos domésticos (valorizam o lar, e suas ocupações são, basica-
mente, serviços de dona-de-casa).
Teoria do traço
213
A personalidade é tratada em termos de grau no qual o indivíduo possui
um dado traço.
Há milhares de traços; um só estudo identificou 17.953 traços.2
Os testes de personalidade usam questões para determinar as atitudes e
comportamentos de um indivíduo normal.
Os traços podem ser classificados como motivacionais (necessidades, ati-
tudes e interesses) e temperamentais (geral, emocional e comportamento social).
Os traços motivacionais incluem agressividade, persistência, regularidade
e interesses vocacionais.
O comportamento geral incluiria confidência e impulsividade; contenta-
mento e nervosismo exemplificando os traços emocionais; os traços sociais incluem as-
cendência e iniciativa social.
Os traços são medidos de acordo com a tendência de uma pessoa apresen-
tar uma dada característica como resposta a várias questões.
Estes fatores são importantes para se compreender que relações existem
entre traços de personalidade de fumantes de cigarros de baixo teor de nicotina e não
fumantes.
Assim, podem-se estabelecer relações entre diversos produtos, traços de
personalidade dos consumidores e decisões de compra.
Teoria psicanalítica
2. WOODSIDE, Arch G. & PITTS, R. E. Consumer response to alternative selling strategy. Ad-
vances in consumer research. Cincinnati, Association for Consumer Research, 1975. v. 3, p.
389-404.
214
Figura 6.4. Interação do impulso instintivo, do ego e do superego.
215
Quadro 6.3. Características associadas à fixação.
Estágio oral: O prazer maior vem do estímulo através da boca; conseqüentemente produtos
que são chupados ou mastigados, tais como balas, gomas de mascar,
hortelãs e cigarros, são significativos.
O material promocional que enfatiza o prazer oral de um produto deveria
apelar à fixação oral das pessoas.
A propaganda de balas, dropes, gomas de mascar e outros que tais se be-
neficiam desse estágio.
Estágio anal: As pessoas que se retêm à fase anal deveriam ser interessadas em comprar
produtos que as ajudam a ser limpas, asseadas e ordeiras, tais como caixas
de ferramentas com compartimentos separados.
Pessoas que estão na fase anal expulsiva estarão mais interessadas em pro-
dutos que proporcionem oportunidades de serem desordenadas e sujas de
maneira socialmente aceitável (por exemplo pintura e escultura em barro).
Muitos brinquedos para crianças se incluem nessa categoria, tais como tin-
tas para pintar com o dedo.
Fonte: ZALTMAN, Gerald & WALLENDORF, Melanie. Consumar behavior; basic findings and management
implications. New York, John Wiley & Sons, 1979. p. 370-371.
Teoria humanística
216
3. Têm pensamento extravagante e comportamento espontâneo mas não de
todo anticonvencional.
4. Não são autocentradas, mas relativamente centradas no problema.
5. São capazes de serem objetivas sobre a vida e freqüentemente buscam
privacidade.
6. Comportam-se de forma independente, mas não deliberadamente re-
belde.
7. Gozam a vida.
8. Experimentam momentos poderosos de êxtase e misticismo – momen-
tos estes em que parecem estar no cume de algo novo.
Vejamos agora a hierarquia de necessidades de Maslow. Ele identificou
cinco necessidades básicas comuns a todas as pessoas que ele notou ocorrerem de acor-
do com uma hierarquia de importância. Esta hierarquia de importância pode ser assim
apresentada:
217
Um dos pontos importantes do nível de hierarquia de necessidades no as-
pecto psicológico diz respeito ao seguinte ponto: quando um indivíduo sente fome, frio
ou sede, poucos fatores afora estes básicos podem parecer-lhe importantes.
Quando as necessidades básicas começam a ser satisfeitas, passa a existir
uma necessidade de segurança em que o indivíduo busca um segundo nível de reali-
zação na escala hierárquica de Maslow. As necessidades sociais representam um desejo
para o indivíduo tornar-se aceito dentro do grupo social do qual faz parte, e os fatores
como amar e ser socialmente aceito passam a ser importantes.
Na verdade, não existe dentro desta hierarquia um divisionamento tão es-
tanque como possa parecer; na verdade, esses fatores podem aparecer isoladamente co-
mo hierarquizados ou podem aparecer conjuntamente, isto é, o indivíduo ter de realizar
várias necessidades ao mesmo tempo ainda que escalonadamente.
Uma das necessidades mais difíceis de serem definidas e compreendidas
diz respeito à auto-realização. Maslow apresenta alguns tipos de necessidades que po-
dem ser colocados nesse nível: perfeição, justiça, beleza, individualidade, verdade e au-
tonomia. Elas representam nossos mais altos anseios.
As pessoas têm variedade incrível de necessidades que não podem ser sa-
tisfeitas todas ao mesmo tempo. Por exemplo: nós temos sempre necessidade de nos
alimentarmos para satisfazer a fome, mas não se pode comer constantemente.
218
Abraham Maslow estudou o porquê das pessoas se dirigirem para a busca
da satisfação de determinadas necessidades em determinados momentos de suas vidas.
Por que uma pessoa gasta tempo e energia em busca da segurança pes-
soal e outra, na procura da conquista da estima dos outros?
Ele buscou uma respsota a essas necessidades humanas, procurando des-
crevê-las hierarquizadamente sob a forma de uma escada piramidal da menos urgente até
a mais urgente.
A tese de Maslow é de que uma pessoa irá buscar a satisfação da necessi-
dade mais importante primeiro.
A compreensão dessa teoria pode ser útil para o mercadólogo compreen-
der como vários produtos se encaixam nos planos e objetivos de vida dos consumidores
potenciais.
Embora haja uma descrição hierarquizada desde a busca de saciar a fome
e matar a sede até a conquista da auto-realização, um indivíduo poderá em determinado
momento da sua vida estar almejando a realização de mais de uma necessidade ao mes-
mo tempo. Assim, as necessidades de segurança, sociais e de auto-estima podem estar
sendo perseguidas ao mesmo tempo.
Tudo depende, é claro, de cada indivíduo, do estágio do ciclo de vida em
que ele se encontra e dos desafios pessoais e ambientais que esteja enfrentando.
Fatores psicológicos
Percepção.
Uma pessoa motivada está pronta a agir e sua atitude vai depender da per-
cepção que ela tenha da situação.
Duas pessoas em igual estado de motivação numa mesma situação podem
agir de forma diferente em função da percepcão que elas tenham dos fatos.
A percepção pode ser definida como "o processo pelo qual um indivíduo
seleciona, organiza e interpreta uma informação para criar uma significativa imagem do
mundo".
219
Figura 6.6. Distorções da percepção (o indivíduo vê um objeto e percebe mentalmen-
te outro completamente diferente da realidade).
Distorções da percepção
220
Motivação
A compreensão do comportamento humano se faz principalmente através
da análise de suas necessidades. Todo o processo de tomada de decisão se alinhava na
sensação das necessidades satisfeitas. Isto é válido para a satisfação da compra. As ne-
cessidades são muitas vezes percebidas ou não pelas pessoas. Por exemplo: as compras de
determinados produtos ou marcas são necessidades muitas vezes levadas a um nível
emocional e não necessariamente a um nível racional.
A satisfação da compra está ligada a certas sensações de satisfação que o
consumidor imagina estar levando à satisfação de necessidades. O que realmente satis-
faz as necessidades não são fatores necessariamente percebidos pelo consumidor, quer
dizer, não estão muitas vezes ao nível do consciente.
E importante entender que a motivação pode ser definida como uma força
que move um indivíduo a optar por caminhos de satisfação e necessidades. A palavra
motivação é derivada do latim movere que significa mover.
A motivação advém dos drives, ou forças propulsoras conscientes e in-
conscientes que levam as pessoas, sob algumas circunstâncias, à ação. Inclusive à ação
de compra.
222
Fonte: Adaptado de WILLIAM, Torrei G. Consumer behavior, fundamentais & strategies. St. Paul, West Publi-
shing, 1982.
Figura 6.7. Esquematização das necessidades que levam à decisão de compra.
Motivos internos e incentivos
Os motivos podem também ser classificados como motivos internos e in-
centivos.
A motivação interna é relacionada a estímulos como a fome, que é oriun-
da do organismo, enquanto as motivações à base de incentivos vêm do desejo ao objeto
externo. Em outras palavras, uma pessoa que não tenha fome pode ser motivada pela
presença de outras pessoas com fome, ou de alimento apetitoso.
As motivações internas empurram a pessoa à ação, enquanto uma moti-
vação baseada no incentivo puxa uma pessoa através de objetos, desejos.
A motivação dada pelos incentivos é de extraordinária importância na
análise mercadológica, uma vez que o esforço de marketing baseado na promoção de
estímulos visuais envolve o estabelecimento de pontos de desejos, que podem levar as
pessoas ao consumo, à necessidade de compra.
223
Fatores motivadores, conscientes e inconscientes
Dissonância cognitiva
224
Terceiro estágio – A carga de dissonância experimentada por
um indivíduo através de cognições inconsistentes é a função importante da
cognição.
Quarto estágio – A dissonância ou tensão pode ser reduzida
ou eliminada trazendo harmonia à informação dissonante, reduzindo a im-
portância das cognições, ou por algum comportamento que remova a in-
formação dissonante.
Em outras palavras, essa teoria está centrada na idéia de que, se uma pessoa
conhece muitas coisas que não são psicologicamente consistentes entre si, ela irá de várias
formas torná-las mais consistentes.
Uma pessoa pode mudar sua opinião, pode mudar seu comportamento
através da mudança de informações sobre ela, e pode ainda distorcer sua percepção e sua
informação sobre o mundo que a cerca.
Dessa maneira, as estratégias de marketing podem ajudar a diminuir, ou
mesmo, em alguns casos, a incrementar a tensão. Por exemplo: quando uma promoção
pode estar chamando a atenção para as necessidades que o indivíduo não encontra em si
próprio, quer dizer, não são as necessidades que o levam a mover ou a adquirir deter-
minado bem. Dessa maneira, é importante que o marketing mix seja utilizado para reduzir
tensões, quer no impacto promocional quer na forma de apresentação do produto; deve-se
a todo e qualquer momento buscar reduzir tensões no consumidor. De qualquer maneira, a
observação do comportamento humano mostra-nos algumas questões que colocam em
xeque a validade da chamada teoria de redução de tensões; por que razão um consumidor
sem dinheiro gasta seu tempo na vitrine de um shopping ou de uma loja olhando toda a
sorte de produtos que ele não pode comprar, se pode chamar a isto de uma recreação;
porque razão também os passageiros de um vôo normal de uma companhia de aviação
comercial ao final estão tão apressados de deixar o avião, se não há nenhum risco e o
avião está em terra? Ou será porque durante algum tempo essas pessoas estiveram sob
tensão e o desejo naquele momento é eliminá-lo o mais rápido possível?
E importante então para o marketing compreender as motivações que levam
um consumidor a ter determinado comportamento ante certas marcas, porque uma
influência de experimentação, teste e degustação, por exemplo, pode modificar a cha-
mada lealdade de marca do consumidor. Assim, cabe ao homem de marketing entender a
motivação, de que forma se pode prever o comportamento do consumidor, mas, de
nenhuma forma, em nenhuma medida querer controlá-la.'
3. Adaptado de WILLIAM, Terrel G. Consumer behavior; fundamentais & strategies. St. Paul,
West Publishing, 1982,
— 225
Teorias de motivação
A – A ESCOLA BEHAVIORISTA
B – A ESCOLA COGNITIVA
226
Enquanto os behavioristas vêem uma ligação direta entre estímulo e res-
posta, sem quaisquer outros fatores intervenientes, a Escola Cognitiva enfatiza que,
ocorrendo o estímulo, uma pessoa busca informações para delinear uma resposta viável.
Comportamentos passados através das experiências são codificados, cate-
gorizados e transferidos sob a forma de atitudes, crenças ou valores que agem sobre a
predisposição ao comportamento.
Os psicólogos da Escola Cognitiva não determinam diretamente o com-
portamento, antes eles guiam, modificam, condicionam e talham o comportamento em
relação aos alvos visados, às expectativas, à solução de problemas e às situações parti-
culares.
O modelo cognitivo de motivação enfatiza que há um processo mental
elevado que intervém junto aos inputs (entradas, estímulos) e aos outputs (saídas com-
portamentais que são as conseqüências).
O processo cognitivo apresenta duas funções no comportamento do con-
sumidor:
• proposital; e
• reguladora.
São de caráter proposital quando dirigem a ajuda ao indivíduo para satis-
fazer suas necessidades, e são reguladoras à medida que determinam a direção que o
consumidor toma em relação à satisfação de suas necessidades.
Aprendizado
Quando uma pessoa age, aprende. O aprendizado descreve mudanças no
comportamento individual, advindo da experiência.
Teóricos do aprendizado costumam dizer que o aprendizado de uma pes-
soa é produzido pela interação de drives (forças internas ou automotivação), estímulos,
respostas e reforço.
A importância prática da teoria do aprendizado é que ela pode estimular a
demanda de um produto pela associação de motivação provocada pela imagem que o
produto possa conferir ao usuário. A compra do produto é a resposta à motivação, e o uso
repetitivo do produto pode produzir um reforço positivo decorrente da satisfação
proporcionada.
Crenças e atitudes
Através de ações e aprendizados, as pessoas adquirem suas crenças e ati-
tudes. Elas, por seu turno, influenciam os comportamentos de compra dos consumido-
res.
227
A crença é uma idéia descritiva que influencia uma pessoa acerca de al-
guma coisa. Essa crença pode forjar uma imagem de marca de produto e as pessoas ten-
dem a agir em função dessas imagens.
Se alguma dessas crenças estiver errada e inibir a compra, o fabricante do
produto precisará fazer uma campanha para corrigir essas crenças.
As pessoas podem ter atitudes favoráveis ou desfavoráveis em função da
avaliação cognitiva que fazem e da sensibilidade emocional que possuem acerca de um
objeto ou idéia.
As pessoas têm atitudes em relação a quase tudo, como religião, política,
roupas, música, comida etc.
A medida que a atitude em relação ao produto da empresa não for favorá-
vel, será necessário grande esforço para mudar essa situação, sobretudo um esforço de
marketing.
Como muitas forças agem sobre o comportamento de compra, a escolha de
um produto é resultado de complexas interações de aspectos culturais, sociais, pessoais
e psicológicos.
Muitos desses fatores, porém, não podem ser influenciados pelo marke-
ting. Mas são úteis instrumentos para identificar entre os compradores quem têm mais
interesse pelo produto. Outros fatores são largamente influenciados pela administração
de marketing, como desenvolver o produto, preço, distribuição e promoção para obter
forte resposta de compra pelos consumidores.
Resumo
228
estilo de vida e personalidade e autoconceito) e psicológicos (motivação, percepção,
aprendizado e crenças e atitudes) influenciam o comportamento de compra das pes-
soas.
Antes de estabelecer plano de marketing é preciso compreender e identi-
ficar os diversos comportamentos de consumo, dos diversos segmentos de mercado que
se deseja atingir.
Questões
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ZAL TMAN, Gerald & WALLENDORF, Melanie. Consumer behavior; basic findings and mana-
gement implications. New York, John Wiley & Sons, 1979.
230
A análise dos mercados
industriais e de negócios e
o comportamento do
7 comprador
A aquisicão de um produto industrial é uma compra organizada e deriva
231
Embora o volume desses negócios envolva quantias vultosas, o sistema de
intermediação desses negócios não é, via de regra, muito complexo. Do produtor indus-
trial ao consumidor industrial há distribuidores, agentes de negócios, revendedores, ata-
cadistas, até chegar ao comprador denominado consumidor do negócio ou consumidor
industrial.
O mercado de produtos industriais e de negócios em geral tem certas ca-
racterísticas peculiares, entre as quais se destacam:
Grandes compradores. Em geral, os clientes no mercado são de grande
poder de compra, ou seja, o mercado é constituído de grandes clientes compradores.
Poucos compradores. Há normalmente no mercado industrial e de negó-
cios poucos clientes compradores. Portanto, a venda tende a ser concentrada setorial-
mente a alguns poucos clientes expressivos.
Relações recíprocas. Uma característica importante do mercado de negó-
cios é a tendência para a realização de transações recíprocas, ou seja, um fornecedor
tende a ser também um comprador de seus clientes.
Concentração geográfica. Em função da setorização do mercado de
negócios, há também grande tendência de concentração geográfica de clientes por setor
de atividades.
Demanda derivada. Uma importante característica de um bem industrial é
a de que ele tem como quase todos os outros tipos de negócio para negócio uma de-
manda derivada, ou seja, a sua demanda é derivada de outros bens, sobretudo de bens
destinados ao consumo final. Isso quer dizer que a demanda de bens industriais e de
negócio para negócio depende da demanda de outros bens, numa autêntica reação em
cadeia.
Demanda inelástica. A demanda de bens industriais é normalmente
inelástica, ou seja, sofre pouca influência do esforço de marketing para se criar deman-
da. As empresas tendem a comprar em função de suas reais necessidades momentâneas
e não só para aproveitar um preço promocional ou para estocar.
Demanda flutuante. Como os negócios são muito influenciados por si-
tuações ambientais, a demanda para bens industriais em geral é decorrente da flutuação
do mercado.
Compra profissional. Tende a haver pouca subjetividade ou impulso na
compra industrial ou de negócios. Como a compra é feita sob especificações, ela nor-
malmente é mais especializada e cercada de um maior profissionalismo. Portanto, a
compra é mais objetiva e sem os impulsos de um consumismo desenfreado.
Influência de diversos compradores. Como a compra industrial ou de
negócio para negócio tende a ser de forma colegiada, que envolve várias pessoas numa
organização, há em decorrência disso a influência de vários "compradores", tanto quem
especifica o produto a ser comprado, o futuro usuário do produto, o agente influencia-
dor da compra que tem poder de decisão na compra, quanto o pessoal de laboratório se
232
o produto for químico, ou ainda o pessoal de manutenção se o bem a ser comprado for
uma máquina ou um equipamento.
A compra industrial envolve uma transação muitas vezes de alto valor
monetário ou de grande responsabilidade. Por isso diversos setores de uma empresa são
envolvidos no negócio para efeito de co-responsabilidade na compra.
A decisão de compra. Numa compra colegiada há a interferência de di-
versas pessoas e os respectivos setores organizacionais envolvidos. Assim, é preciso
identificar o poder de decisão de cada pessoa ou setor. Vejamos algumas delas:
O especificador. Normalmente um produto ou um serviço industrial é
comprado por quem faz uma recomendação de ccmpra. Esse indivíduo, que pode per-
tencer à empresa ou não, é denominado especificador. Quem especifica um produto é
normalmente um técnico, que pode ser: um engenheiro, um arquiteto, um químico, um
médico, enfim, um profissional competente que especifica um produto pressupondo um
desempenho compatível com as necessidades de cada projeto ou negócio. Portanto, a
venda industrial começa pelo especificador.
O usuário. É quem vai utilizar o produto ou serviço e por isso precisa ser
ouvido e estimulado a aceitar o produto na hora da negociação da compra, pois ele tem
necessidades específicas a serem satisfeitas com o desempenho futuro do bem ou serviço
a ser adquirido.
O influenciador. Independentemente do usuário e do especificador, há um
papel importante desempenhado pelo agente influenciador. Essa pessoa pode pertencer
à organização ou não e exercer a influência de compra através de uma recomendação
extremamente confiável, por conhecer o produto ou serviço e seus desempenhos. E
acima de tudo por ser pessoa de notória credibilidade técnica, financeira ou mesmo por
simples laços de amizade com o comprador ou com quem tem poder de decisão de
compra na empresa.
O que tem poder de decisão. Em algumas organizações quem tem poder
de decisão de compra é o homem financeiro, em outras é o próprio dono. O importante é
saber identificar quem em cada empresa ou negócio específico tem autoridade para fe-
char a compra.
Compradores. O comprador industrial ou do chamado business to busi-
ness é normalmente um profissional qualificado acerca dos produtos que deva comprar.
A medida que cresce a importância da compra, pela elevada especificação técnica re-
querida ou pelo volume financeiro que envolve a transação, cresce também a necessida-
de de especialização do profissional de compras.
233
res, usuários, compradores, financistas etc., ou ser exercido pela própria direção geral da
empresa, dependendo da natureza do negócio ou da especificação requerida.
Enfim, o vendedor de produtos ou serviços no business to business deve
estar amplamente qualificado para negociar com diversos públicos, como: especificado-
res, usuários, pessoal de manutenção, gerentes, diretores, compradores, técnicos, entre
outros. E em cada caso deve utilizar uma linguagem específica e acima de tudo deve ter
credibilidade junto a cada um desses públicos.
Fonte: Adaptado de WEBSTER Jr., Frederick. O comportamento do comprador industrial. São Paulo, Atlas, 1976;
e 3° Advanced Marketing Seminar. New York, ago. 1988. Pace University e FGV.
Figura 7.1. O processo de compra industrial.
234
No processo de compra interferem entre outras as seguintes situações:
Uma compra pode ser algo prazeroso ou não, depende das garantias de um
negócio que ela possa proporcionar ao comprador. A certeza de que comprou o melhor
produto, pelo melhor preço, pelas melhores condições, pode ser um bom indício. Além
da satisfação da decisão de compra, normalmente um comprador espera ser reconhecido
como importante para a organização que ele trabalha e até mesmo pelos fornecedores
que o visitam. Há, portanto, situações objetivas e subjetivas que podem levar a satisfação
na decisão de compra. É preciso, portanto, identificar cada uma delas, para vencer as
objeções que possam inibir a compra.
3. FONTES DE INFORMAÇÃO
235
O comprador recebe ainda inúmeras informações da mídia especializada no
B to B, além de ser atingido pelo telemarketing e marketing direto de inúmeros for-
necedores. Portanto, atingir o comprador é fácil, difícil é sensibilizá-lo a comprar. Para
isso, o vendedor deve ser criativo, pois para se obter e manter um mercado é preciso
muita dedicação, como cita a sexóloga Maria Helena Matarazzo: "Um mercado é como
uma mulher bonita: o difícil não é conquistá-la e sim saber mantê-la."
4. PERCEPÇÕES DO COMPRADOR-
5. EXPECTATIVAS DO COMPRADOR
7. FATORES ORGANIZACIONAIS
236
A organização funciona como um ser vivo, dominado por situações as mais
diversas que vão da harmonia à desarmonia, portanto as tensões internas podem tanto
estimular como retardar as compras. Cabe ao vendedor astuto descobrir o momento
favorável à realização de cada venda.
Resumo
237
Questões
Bibliografia
238
Demanda, potencial
de mercado e
8
previsão vendas
Demanda de mercado
De acordo com Philip Kotler:
239
Figura 8.1. Exemplos de curva de demanda de mercado.
Demanda da empresa
É a participação que a empresa tem na demanda do mercado.
Em símbolos:
Qi = Si Q
onde:
Qi = demanda da empresa i
Si = participação da empresa i no mercado
Q = demanda total do mercado
240
Suponha que se quer estimar a demanda dos refrigerantes para um merca-do
constituído de 100 mil pessoas (todas consumindo refrigerantes). Com base em pesquisa
de mercado se pode determinar o consumo per capita. Se num exemplo hipotético esse
consumo per capita fosse de dois refrigerantes por pessoa por dia no verão e de um por
pessoa por dia no inverno, teríamos:
então: Demanda por dia no verão = 2 refrigerantes/dia x 100 mil = 200 mil re-
frigerantes
Demanda por dia no inverno = 1 refrigerante/dia x 100 mil = 100 mil re-
frigerantes
241
Potencial de mercado total
O "potencial total de mercado" é a quantia máxima de
vendas (em unidades ou valor monetário) que pode ser avaliada para
todas as empresas de um setor de atividades durante certo período de
tempo sob um dado nível de esforço de marketing do setor e em dadas
condições ambientais. (Philip Kotler)
Q = nqP
onde:
Q = quantidade total do potencial de mercado.
n = número de compradores do produto no mercado específico sob dadas su-
posições.
q = quantidade comprada por um comprador médio.
p = preço médio unitário.
242
Potencial de mercado por área
O grande dilema de muitas empresas é identificar todos os compradores
potenciais em cada mercado e estimar o seu potencial de compra.
243
Determinação do potencial de mercado
Há numerosas técnicas para o cálculo do potencial de mercado, e as co-
nhecidas entre elas são:
• Cálculo do potencial de mercado – método do levantamento/mapea-
mento.
• Cálculo do potencial de mercado – método dos registros (estatísti-
cos) da empresa.
• Cálculo do potencial de mercado – método dos dados setoriais.
• Cálculo do potencial de mercado – método do censo.
244
Dessa maneira, para cada ramo se obtêm as vendas totais a todos os clientes (coluna 2) e
o número total de empregados em atividade na empresa (coluna 3). Através da divisão
das vendas totais (coluna 2) pelo número total de empregados (coluna 3), obtém-se o
desempenho anual de vendas por empregado. O número nacional de empregados no ra-
mo (coluna 5) multiplicado pelo desempenho anual de vendas por empregado (coluna 4)
resulta no potencial de mercado nacional.
É de observar que na coluna 3 o número de empregados pode ser também
um número regional que, depois, será confrontado com um número nacional (coluna 5).
245
A tarefa de determinar o potencial apóia-se no seguinte tripé:
• a existência de gente;
• com renda; e
• com disposição para gastar.
A existência de gente é obtida pelo censo demográfico e é estimada ou
projetada anualmente para cada um dos municípios brasileiros. Essa população é apre-
sentada em números por sexo, classe etária, grupo étnico etc. O número de domicílios é
outro indicador demográfico.
A renda da população pode ser obtida por diversas fontes. A nível de Es-
tado existem cálculos de renda per capita. A nível de município, os dados publicados são
menos específicos, de forma que há necessidade de realizar cruzamentos de diversos
indicadores de renda, tais como depósitos bancários, empréstimos bancários, número de
veículos licenciados, número de telefones instalados, número de ligações elétricas
existentes: residenciais, comerciais e industriais; consumo de energia elétrica: residen-
cial, comercial e industrial, número de aparelhos eletrodomésticos etc.
A disposição para gastar pode ser medida pelo volume de impostos arre-
cadados com o ICMS, o IPI, o número de empregados no varejo etc.
A – POTENCIAL DEMOGRÁFICO
247
Os três coeficientes na fórmula representam o peso relativo dado para os
três fatores. Assim, de acordo com uma ponderação subjetiva:
IPM = 3,5(pi) + 3,5(ri) + 3,0(vi)
1. Cf. COBRA, Marcos H. N. Administração de vendas. São Paulo, Atlas, 1981, p. 124.
248
Por exemplo, de acordo com uma ponderação subjetiva, o IPM para pro-
dutos de cama, mesa e banho de bairros de São Paulo define-se como:
IPMi = 0,35 pi + 0,35 ri + 0,30 vi
Assim, tem-se:
IPM (Santana) = 0,35 (3,16) + 0,35 (3,05) + 0,30 (3,17) = 1,11 + 1,08
+ 0,95 = 3,14%
Previsão de vendas
O exercício de previsão de vendas é um permanente desafio para o homem vendas,
pois a previsão de vendas é a base do planejamenmto financeiro, da produção e do
próprio planejamento em marketing, porque tudo deságua no orçamento da empresa.
É talvez por essa razão que a previsão de vendas é freqüentemente con-
fundida com a orçamentação de vendas.
249
Caracterização do orçamento
A — ORÇAMENTO DE VENDAS
B — CONTROLE MONETÁRIO
A alocação de despesas financeiras pode e, até certo ponto, deve ser rea-
lizada através do orçamento de vendas, pois, através do orçamento, podem-se prever re-
ceitas e, em contrapartida, prever as despesas e também o lucro esperado para o período.
Administrar sem um orçamento de vendas — que é a base de toda a orça-
mentação financeira — é como navegar sem uma bússola.
A partir da constatação das diferenças básicas entre previsão de vendas e
orçamento de vendas, o que se pode concluir é que um orçamento bem elaborado é de-
corrência de uma previsão de vendas bem feita, pois há uma relação interdependente entre
ambos.
Tanto a previsão como o orçamento dependem, por outro lado, de um po-
tencial de mercado bem calculado. Porém, a consecução de um orçamento dependerá,
ainda, do nível de esforço do composto de marketing. Em outras palavras, dependerá das
estratégias adotadas de segmentação de mercado, distribuição etc., dependerá, ainda, da
eficácia dos instrumentos de esforço promocional adotados, de seleção de vias de
distribuição, do zoneamento de vendas que permita melhor alocação de esforços de
vendas, do tamanho da força de vendas, dos sistemas de remuneração e incentivos dos
vendedores.
A eficácia do orçamento viabilizará quotas exeqüíveis, quer de vendas, quer
de atividades, de lucros ou de despesas, como veremos no capítulo que trata de Quotas.
A previsão, como estimativa de vendas em dinheiro ou em unidades para
um período futuro especificado dentro do programa ou plano de marketing proposto,
250
pode ser feita para um item específico ou para uma linha de produtos, e para um merca-
do como um todo ou para um segmento qualquer.
251
Quadro 8.2. Exemplo de métodos de previsão de vendas.
Passos básicos para previsão sistemática de vendas
As previsões de vendas poderão ser determinadas por produto, por cliente
ou por região. Os passos básicos para conduzir uma previsão sistemática são:
• Recolher infomações pertinentes — internas e externas.
• Analisar e triar sistematicamente as informações recolhidas.
• Montar um banco de dados que armazene as principais informações ao
longo de determinado período de tempo.
• Elaborar uma síntese da previsão de vendas.
253
vendas, que dependerá da observação e da armazenagem no banco de dados das infor-
mações disponíveis, através das seguintes fontes externas:
• Jornais: informações econômicas e de conjuntura.
• Revistas econômicas: informações econômicas de conjuntura.
• Expectativas de vendas de vendedores e/ou representantes de vendas.
• Índices econômicos disponíveis: da FIBGE, da FGV e de outras enti-
dades.
• Pesquisas de mercado.
Um banco de dados deve armazenar, ainda, dados internos. Entre os da-
dos internos pertinentes à previsão de vendas destacamos:
• Fichas-clientes, com registros de compras mensais.
• Estatísticas de vendas mensais por produto, cliente e região.
• Pesquisas de mercado.
• Dados históricos da empresa.
254
C – MONTAGEM DE UM BANCO DE DADOS QUE ARMAZENE AS PRINCIPAIS
INFORMAÇÕES AO LONGO DE DETERMINADO PERÍODO DE TEMPO
255
Quadro 8.4. Exemplo de fatores que influenciam a previsão de vendas.
Métodos não-científicos
256
A — LISTAGEM DE FATORES
Tal método faz uma análise dos fatores que afetam direta ou indiretamente
uma previsão, permitindo que se estimem de forma simples as vendas futuras da empre-
sa. O perigo deste inétodo é que a sua simplicidade pode induzir a previsões errôneas.
B — EXTRAPOLAÇÃO
C — CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS
Métodos matemáticos
257
E para isso existem diversas técnicas com o uso da matemática que são
muito úteis na análise da série histórica de vendas.
Contudo, é importante observar que não existe um modelo único, válido,
para todas e quaisquer circunstâncias; em função do rigor e precisão desejada há um
modelo matemático mais adequado.
Selecionamos alguns métodos, uns simples e outros mais complexos.
Existem, é claro, muitos outros métodos, e o importante é o leitor identificar o mais
adequado a sua peculiar situação.
Vejamos, então:
C – MÉTODO DE SUAVIZAÇÃO
258
St+ i = a (vendast) + (1 — a)St
D — MÉTODO DE REGRESSÃO
259
É relativamente fácil calcular a reta de regressão; basta seguir a seguinte
orientação:
* Veja a seguir a metodologia dos cálculos. O número entre parênteses corresponde à ordem do
passo.
260
Passos — Regressão Linear Simples
8. Calcule o B o :
Y = B o + B 1X
Y=74759—105,81X
261
10. Previsão do 252 mês: 74759 – 105,81 (25) = 72113
Previsão do 262 mês: 74759 – 105,81 (26) = 72007
Previsão do 272 mês: 74759 – 105,81 (27) = 71902
Y = 74759 – 105,81 X
F – OUTROS MÉTODOS
• Regressão múltipla
262
disponha de mais dados, podemos analisar a "correlação" entre vendas e outras variá-
veis de uma forma múltipla.
Exemplo de um modelo de regressão múltipla:
Y=a+B x1+B 2 x2 +B n r Xn
1
Y = 2620 + 6,77x1 + 4,75x 2 + 2,18x3
onde: y = vendas
x1 = gastos em propaganda
x2 = renda da população
x3 = investimento em lojas
• Modelos econométricos
onde: Y = vendas
x1 = gastos em propaganda
x2 = renda da população
x3 = investimento em lojas
P = gastos em propaganda
x4 = custos de mídia
263
x5 = audiência
R = renda da população
x6 = salário
x7 = nível de emprego
B1, B2, B3, y1, y2, y3, y4 = coeficientes
a = constante
• Box-Jenkins
• Modelos de simulação
Fonte: Adaptado de NAYLOR, Thomas H. Computer simulation experiments with models of economic systems.
New York, John Wiley & Sons, 1971.
265
Portanto, numa previsão de vendas coin base em simulação podemos obter
vários resultados alternativos à medida que testamos diferentes situações prováveis de
cada uma das variáveis. É um modelo muito útil quando houver perspectivas de mudan-
ças muito radicais em algumas das variáveis do modelo, possibilitando avaliar os resul-
tados futuros diante de determinadas mudanças ambientais.
H – MÉTODOS DE LEVANTAMENTOS
266
• O método da opinião da força de vendas
267
Uma dificuldade que se encontra é a obtenção de informações conclusivas
acerca das intenções de compra.
Desvantagens do método: Numa economia instável fica difícil qualquer
previsão de compra futura, mesmo para bens industriais como máquinas e equipamen-
tos.
Vantagens: Obriga a força de vendas a levantar todos os possíveis negó-
cios futuros em sua zona de vendas.
268
- número de dias trabalhados: 262;
- visitas por dia: 5,7;
- encomendas diretas por visita: 0,52;
- venda média por encoinenda direta: $ 11.475;
– percentagem de encomendas indiretas: 0,51.
Depois da análise, verifica-se que o vendedor da zona X não tem suficiente
qualidade na ação comercial, mas vai adquirindo-a, e que uma formação adicional o fará
melhor nesse aspecto. Por outro lado, uma análise das rotas permite pensar que o número
de visitas por dia é possível de se aumentar.
Estas considerações e outras complementares levam à conclusão de que se
pode calcular que o vendedor da zona X deve atingir:
– número de dias trabalhados: 260;
- visitas por dia: 5;
- encomendas diretas por visitas: 0,32;
– venda inédia por encomenda direta: $ 10.000;
– percentagem de encomendas indiretas: 0,65.
Nestas condições, e atendendo a estes valores, tem-se:
do que resulta:
269
Esta previsão representa, relativamente à venda real anterior (realizada de
2.600.000 de vendas diretas e em 1.095.000 de vendas indiretas, no total de 3.695.000),
um aumento importante. Isto leva à necessidade de reconsiderar os parâmetros utiliza-
dos, uma vez que o crescimento nos três últimos anos foi de 14% por ano, em média, o
que, a manter-se, daria um volume de 4,200.000 de vendas total.
Examinando os parâmetros e reconsiderando os condicionalismos, chega-
se à conclusão de que talvez a eficiência das visitas (número de encomendas diretas por
visita) seja um pouco elevada, pelo que, para efeitos de um novo cálculo, se estima em 0,
30.
A percentagem de venda indireta mantém-se no seu valor anterior (0,42) e
o volume de venda média por encomenda direta deixa-se apenas em 9.500. Com
estes dados tem-se:
VVD = 260 x 5 x 0,30 x 9.500 = 3.705.000
VVT =
270
I – MÉTODOS DE ZONA-PILOTO
271
• Método da estimativa das mudanças econômicas
272
Resumo
Como o objetivo maior de um administrador de marketing ou de vendas é
maximizar as oportunidades de mercado, o grande desafio é identificar mercados,
estimar a sua demanda, calcular o potencial e, por fim, prever as vendas possíveis, sob
determinado esforço de marketing.
Os conceitos de demanda de mercado e de potencial de mercado diferem
apenas com relação aos volumes envolvidos. Enquanto a demanda de mercado é
definida como "o volume total de um produto que pode ser comprado por um grupo
definido de consumidores", o potencial de mercado é definido como "a quantia máxima
de vendas que pode ser avaliada para todas as empresas de um setor de atividades
durante certo período de tempo" .
Isto significa que a demanda jamais atinge o volume máximo projetado
para o potencial de mercado e apenas teoricamente a curva de demanda encontra o
potencial de mercado no infinito. A demanda para um produto ou serviço é o objetivo do
esforço de marketing, uma vez que o marketing não cria demanda, mas apenas a
estimula, a partir de necessidades latentes identificadas nos consumidores-alvo.
A tarefa de calcular a demanda implica o conhecimento do número de
pessoas que constituem o mercado que se pretende atingir, bem como uma noção do
consumo médio per capita dessa população. Assim, por exemplo, se a pretensão é cal-
cular a demanda de leite em uma cidade com 150 mil pessoas, é preciso com base em
pesquisa de mercado determinar o consumo per capita. Na hipótese de o consumo per
capita identificado por pesquisa ser de dois litros de leite por dia por pessoa, então a
demanda diária de leite nessa cidade seria de 300 mil litros. Fácil, não é? O difícil é
quantificar o consumo médio per capita e saber se todas as pessoas da cidade tomam
leite ou não, para que o consumo médio leve em conta essa variação.
O potencial de mercado, ao contrário da demanda, considera não ape-
nas as pessoas que efetivamente consomem determinado produto ou serviço, mas todos
os compradores potenciais existentes, independentemente de estarem ou não consu-
mindo naquele momento o produto ou o serviço.
Embora seja uma diferença sutil, ela existe e é fundamental a compre-
ensão das duas conceituações.
Na prática, as pessoas acabam por confundir os dois conceitos.
Há diversos métodos para se calcular o potencial de mercado. A primei-
ra diferenciação básica é entre produtos industriais e produtos de consumo. Enquanto
o potencial de mercado para produtos de consumo é baseado no tripé: gente (consumi-
dores existentes), com renda (dinheiro) e disposição para gastar (para efetivamente
consumirem o produto), baseando-se para isso em métodos que levam em conta o censo,
dados setoriais e levantamentos, o potencial de mercado para produtos industriais é
baseado nos métodos de registros estatísticos da empresa e em métodos dos dados
setoriais, relativos aos segmentos de mercado em que a empresa atua.
273
A previsão de vendas, para não ser empírica ou intuitiva, precisa levar
em conta os dados disponíveis e os métodos objetivos para projetar as expectativas fu-
turas de vendas, evitando-se unicamente o histórico anterior de vendas, ou modelos es-
tatísticos sofisticados, porém inconsistentes com séries de dados disponíveis.
Questões
1. Calcule a demanda mensal de mercado para chocolates em barra para um mercado
constituído de 55 mil consumidores de chocolate, que consomem per capita uma
barra de 50 gramas por semana.
2. Calcule a demanda de mercado para uma empresa i, sabendo-se que a deinanda to-
tal de mercado é de 200 mil unidades/mês, do produto fabricado e que o esforço de
marketing dessa empresa é de $ 10.000,00 por mês, contra um esforço total de
todas as empresas nesse mercado (inclusive ela) de $ 100.000,00.
3. Calcule o potencial total de mercado para desodorantes masculinos, levando-se em
conta a existência de 30 mil compradores homens no inercado, que compram em
média um desodorante por mês a um preço de $ 2,00 por unidade.
4. Quais são os principais usos do potencial de mercado para um fabricante de ma-
carrão instantâneo, destinado às classes socioeconômicas B, C e D da população?
5. Como se calcula o potencial de mercado com base no método de mapeamento?
6. Como pode ser calculado o potencial de mercado para um produto industrial como
bens de capital?
7. Quais são os principais usos e limitações do método de cálculo de potencial de
mercado, com base no método de registros estatísticos da empresa?
8. De que maneira os censos industrial, comercial e agrícola podem ser utilizados para
os cálculos respectivamente de potencial de consumo para produtos industriais,
comerciais e agrícolas?
9. Quais são os principais métodos de previsão de vendas qualitativos que você co-
nhece? Faça uma avaliação de vantagens e desvantagens de cada um deles.
10. Quais são os métodos de correlação? Analise as limitações de cada um deles.
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275
A segmentação
9 estratégica de mercados
Identificação de mercados
277
1 2 passo - identificar necessidades não satisfeitas.
2° passo - identificar agrupamentos homogêneos de consumidores com
necessidades não satisfeitas.
32 passo - avaliar o potencial de coinpra de cada agrupamento homogêneo
de consumidores.
4' passo - escolher os agrupamentos homogêneos que se deseja atingir.
5 2 passo - identificar o posicionamento de cada produto concorrente
existente em cada agrupamento homogêneo (segmento de
mercado) de consumidores.
6' passo - desenvolver uma estratégia de posicionamento capaz de dife-
renciar significativamente o produto em seus respectivos
segmentos de mercado.
Segmentação de mercado
278 _
do é preciso conhecer as necessidades dos consumidores-alvo, bem como as suas atitu-
des e comportamentos mais usuais de compra.
A somatória dessas características forma o chamado sistema de consumo.
A segmentação de mercado emergiu a partir das duas últimas décadas do
conceito central de pesquisa de consumo. E por essa razão a segmentação é freqüente-
mente definida como uma técnica de pesquisa, como um tipo de levantamento, ou um
método de análise de dados, pois tem sido o ponto focal do maior progresso na tecnolo-
gia de pesquisa, sobretudo na utilização da análise de multivariância.
Mas apesar de toda a popularidade, a segmentação ainda é um conceito
ambíguo associado à diversidade de técnicas de análise, como a análise por conglome-
rados e a dicotomização seqüencial, que são os novos caminhos utilizados para a classi-
ficação de consuinidores. Classificação essa que busca identificar número suficiente-
mente grande de pessoas que, para efeito de compras, tenham comportamento razoa-
velmente homogêneo. Isto permite adequar produtos e marcas que atendam tanto às
exigências de volume de produção, a custo baixo, quanto às necessidades por certas
preferências dos consumidores.
Contudo, a tarefa de identificação desse agrupamento de pessoas, dito aqui
segmento-alvo de consumo, não é fácil, pois nem sempre esses grupos são tão grandes
quanto seria desejável que fossem.
279
Um segmento precisa ser economicamente acessível. A segmentação
envolve muitas vezes uma pesquisa para determinar se há suficiente similaridade entre os
compradores para que o segmento seja economicamente viável.
Uma concentração geográfica de consumidores ou o hábito de ler as mes-
mas revistas, ou de comprar nos mesmos tipos de lojas identifica segmentos viáveis de
serem atingidos.
Contudo, há segmentos importantes que não são acessíveis do ponto de
vista econômico, sobretudo aqueles de características motivacionais. O custo do apelo
motivacional pode ser desestimulante para que a empresa atinja o segmento alvo. Ou,
muitas vezes, os meios para atingi-los, além de caros, são contra a ética.
Um segmento precisa reagir aos esforços de marketing. Um critério
importante para a segmentação é o de se saber se o segmento reagirá ou não aos esforços
de marketing. É preciso que os esforços de marketing para se atingir alguns segmentos
sejam razoavelmente comuns. Isto é, se para cada segmento específico for necessário um
esforço de marketing diferente, os custos poderão tomar o processo inviável. O ideal é
que haja esforços de marketing comuns a um número razoável de segmentos.
Um segmento precisa ser estável. Segmentos que surgem e desaparecem
rapidamente não são interessantes de serem trabalhados.
O risco de se trabalhar com esse tipo de segmento é alto; portanto, eles fi-
carão disponíveis para os empresários mais dispostos a correr riscos e a incorrer em
custos sem economia de escala.
A tendência normal será procurar segmentos estáveis, cujos processos de
mutação sejam facilmente identificáveis com boa antecedência.
280
Figura 9.1. Algumas variáveis para segmentação.
281
No quadro 9.1 apresentam-se as bases para a segmentação de mercado.
282
283
No Quadro 9.2 tein-se uma avaliação do mercado do produto, ou seja, os
clientes potenciais.
Localização geográfica
Características demográficas
284
Os estágios no ciclo de vida são usualmente defmidos com base na re-
lação do seu estado civil, faixa etária, ocupação e classe socioeconômica.
É importante correlacionar o estágio do ciclo de vida e a sensibilidade pa-
ra cada tipo de produto.
A idade é utilizada como base para estabelecer preços para alguns produ-
tos, como seguro de vida e seguro de saúde, preço da entrada de cinema etc.
Sexo: é usado como base para segmentação, ao se considerarem as dife-
renças de características físicas e as diferentes subculturas dos sexos. Alguns produtos
são específicos apenas para homens, e outros apenas para mulheres (como roupas para
gestantes, absorventes higiênicos etc.), embora hoje existam muitos produtos unissex,
isto é, para uso de ambos os sexos. Por outro lado tem crescido acentuadamente a pro-
porção de mulheres que trabalham fora de casa e, com isso, o segmento feminino ganha
importância acentuada.
A subcultura se refere a uma forma peculiar de comportamento de um
grupo ou de subgrupos. Há bons exemplos disso em publicações especiais para os gru-
pos culturais: revistas de arte, revistas e jornais de negócios, revistas de som, de carros
etc.
Cada cultura tem certos valores tradicionais que se diferenciam dos de ou-
tras culturas. Há diversas listas de fatores culturais que podem ser elaboradas para cada
país ou civilização. Dentre os fatores mais comuns, podem-se citar:
1. progresso: na inaioria dos países se dá muita importância ao progresso,
ou seja, a visão do futuro é mais importante que a do passado. E isso
significa valorização muito grande do padrão de vida e da tecnologia;
2. personalismo: as pessoas "trabalham para poder desfrutar para si
mesmas". "Eu gosto de gastar dinheiro comigo mesmo porque penso
que mereço";
3. materialismo: as pessoas dão grande valor aos bens materiais. Portanto,
tendem a ser consumistas;
4. ativismo: as pessoas se dedicam ao trabalho com prazer, mas visam
ocupar seu tempo livre com atividades de lazer. Assim, tendem a valo-
rizar também produtos relacionados com passatempos, como esportes
e viagens e algumas atividades sociais e culturais;
5. informalidade: países jovens, coino Estados Unidos e Brasil, tendein a
ser mais informais que os países europeus. A Argentina, o Chile e o
Uruguai são inais parecidos com os países europeus e, ao contrário do
Brasil e dos Estados Unidos, valorizam a formalidade. As normas de
conduta das famílias e dos grupos sociais tendem a ser mais estrutura-
das e formais;
285
6. individualismo: a ênfase crescente da sociedade moderna tem repousado
num individualismo generalizado. E a busca da satisfação pessoal
acima dos interesses da comunidade;
7. juventude: alguns países, como o Brasil e os Estados Unidos, se con-
sideram países de jovens e valorizam tudo o que é "novo", em vez do "
velho" e do tradicional.
Na década de 80, houve forte tendência para a "orientação para o eu", para
viver a "minha vida" em vez do engajamento com a sociedade ou com a família.
Em oposição a isso, parte das populações busca a orientação dos valores dc
"nós", sendo mais suscetível aos apelos para a conformidade social e voltando-se mais
para a ênfase praginática na posse material.
Ao mesmo tempo outros grupos têm-se voltado mais para a simplicidade de
vida, retornando à terra e ao consumo de produtos frugais. Por outro lado a busca da auto-
realização tem sido enorme, com a valorização de atividades de expressão pessoal. Tem
crescido também o ceticismo em relação às instituições políticas e de negócios.
Raça: uma raça é constituída de um grupo de pessoas que têm
características físicas comuns e bases biológicas hereditárias.
Religião: a religião afeta o comportamento do consumidor não só no há-de
consumo, como também no alimentar e no de vestuário, além, é claro, de outras
considerações.
Tamanho de família: há produtos que são destinados a famílias e que,
portanto, devem considerar o tamanho médio da família por segmento considerado. O
tainanho de um apartamento e o número de residentes é um fator-chave para um fabri-
cante ou comerciante de móveis, por exemplo. O tamanho da geladeira ou da máquina de
lavar louça depende do tamanho da família.
O tamanho da família tem diminuído acentuadamente nos últimos anos, em
diversos países do mundo. E com isso se abrem oportunidades de marketing para um
sem-número de produtos para o lar.
No Quadro 9.3 tem-se um resumo das características demográficas da segmentaç
ão de mercado.
286 _
Quadro 9.3. Segmentação de mercado — sumário de descrição, de localização geográfica e de características demográficas
para segmentação.
Fontes: TULL, Donald S. & HAWKINS, Dell 1. Marketing research. New York, Macmillan, 1976. p. 556.
FRANK, R. E.; MASSY, W. F. & WIND, Yoram. Market segmentation. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, WELLS, W. D. & GUBAR, G. Life cycle
concept in marketing research. Journal of Marketing Research, nov. 1966.
LESSIG, V. P. & TOLLETSON, J. O. Market segment identification through consumer buying behavior and personal characteristics. In: ENGEL, J.
F. Mar keting segmentation; concepts and aplication. New York, Holt, Rinehart and Winston, 1972. p. 435-55,
No Quadro 9.4 apresentam-se as características de consumo das classes média e
média alta, segundo o estágio do ciclo de vida.
Fonte: Adaptado de TULL, Donald S. & HAWKINS, Dell I. Marketing research. New York, Macmillan, 1976. p. 558.
WELLS, W. D. & GUBAR, G. Life cycle concept in marketing research. Journal of Marketing Research, nov,
1966.
Características socioeconômicas
288
aspirador de pó, automóvel e ainda outros fatores como: instrução do chefe da família,
existência de empregada doméstica na casa e banheiros.
A posse desses bens é a base da pontuação para classificações socioe-
conômicas. Assim, são atribuídos pontos para a posse de cada um desses bens, bem
como para o número de bens possuídos, desde nenhum até seis ou mais. O grau de ins-
trução do chefe da família recebe um número de pontos que vai desde zero para primá-
rio incompleto até 10 pontos para curso superior completo (vide tabela a seguir).
Esses fatores são ponderados por uma equação de regressão para a renda. E
por fim, ao número total de pontos, é feita a classificação de A a E.
289
290
Ocupação: O critério de ocupação é uma das variáveis importantes da
segmentação. E ele se cruza muitas vezes com a renda, com a classe social e com o fa-
tor educação.
A ocupação refere-se ao setor de atividades em que a população economi-
camente ativa exerce sua atividade profissional remunerada e ao tipo de vínculo empre-
gatício existente. E permite identificar segmentos com traços relativamente comuns.
Educação: O efeito da educação está intimamente ligado à renda e à ocu-
pação.
No Quadro 6.5 apresenta-se um resumo dos itens discutidos.
291
Quadro 9.5. Características dos diversos segmentos da população segundo renda,
ocupação, educação e classe socioeconômica.
Fontes: LESSIG, V. P. & TOLLEFSON, J. O. Market segment identification through consumer buying: behavior
and personal characteristics. In: ENGEL, J. O. Market segmentation; concepts and applications. New
York, Holt, Rinehart and Winston, 1972. p. 435-55.
CARMAN, J. M. The application of social class in market segmentation. Berkeley, University of Cali-
fomia, 1965.
TULL, Donald S. & HAWKINS, Dell1. M a r k e t i n g research. N e w Y o r k , M a c m i l l a n , 1 9 7 6 .
292
Segmentação psicográfica
Características psicológicas
1. PERSONALIDADE
2. ATITUDES
3. ESTILO DE VIDA
293
• Atividades — as atividades profissionais, sociais ou pessoais são fato-
res que determinam de certa forma os estilos de vida de um indivíduo.
• Interesses — as pessoas guardam, normalmente, na sua individualidade
interesses sociais, culturais, de lazer etc., que ajudam a compor um es-
tilo de vida.
• Opiniões ou valores — as pessoas têm opiniões ou escala de valores
sobre os fatores do meio ambiente que agem sobre a sociedade em ge-
ral, como a política, os negócios, a economia, a educação, a cultura e
outros mais. Essa escala de valores indica o grau de concordância ou
desconcordância das pessoas acerca desses fatores, e isso favorece a
uma configuração do seu estilo de vida.
Dessa forma, para cada tipo de atividade desenvolvida há uma área possível de
interesse e de opinião. Veja-se o exemplo do Quadro 9.6.
O Quadro 9.7 é um resumo dos itens discutidos.
Fonte: Adaptado de PLUMMER, J. T. The concept and aplication of Iife-style segmentation. Journal of
Marketing, n238, p. 33-7, jan. 1974.
294
Quadro 9.7. Características da segmentação psicográfica.
Fontes: KASSARJIAN, H. H. Personality and consumer behavior: a review. Journal of Marketing Research, nov.
1971.
WEELLS, W. D. & TIGERT, D. J. Activities interests and opinions. Journal of Advertising Research,
ago. 1971.
295
Quadro 9.8. Características pessoais usadas para a segmentação.
Fonte: ROBIN, Douald E. Marketing. New York, Harper & Row,1978. p. 102.
296
Quadro 9.9. Oito segmentos psicográficos masculinos.
Fonte: ROBIN, Donald E. Marketing. New York, Harper & Row, 1978. p. 105.
297
Segmentação com base em estilo de vida ou em valores —
Uma nova forma para classificar consumidores
Dirigidos para si (
Digiridos para os para dentro), diri-
outros (para fora), gidos pela cons-
dirigidos pelos ciência
aspectos sociais
Movido por
necessidade
298
Os dirigidos por necessidades não compram além de suas necessidades.
Suas escolhas incluem:
299
• Integrados: não fazem parte de nenhum grupo. São pessoas psicologi-
camente maduras, que vivem integradas umas às outras e se mostram
tolerantes, seguras.
– estilo de vida – são pessoas com a sensitividade das autodirigidas;
- estilo de compra – compram para satisfazer as necessidades básicas.
O uso da tipologia do VAIS para a segmentação de mercado, com base na classificação dos
consumidores por tipo de comportamento e estilo de vida, permite-nos utilizar os
agrupamentos para:
1. Desenvolvimento de produto ou serviço: em função dos agrupamentos de
consumidores por estilos de vida mais significativos, é possível desenvolver
novos produtos ou mesmo adaptar os produtos ou serviços existentes para
satisfazer à tipologia do VAIS.
300
2. Propaganda: os temas de campanhas e a abordagem utilizada se tor-
nam mais persuasivos quando a propaganda é dirigida a cada tipo de
agrupamento do VALS.
* RUBIN, Ira. Marketer's reactions to Vais and prizm. Pace University. MBA papers of distinc-
tion,1987, (Material de uso interno da Universidade.)
301
tamentos de compra dos consumidores, agrupados por estilo de vida. E
os próprios estilos de vida deverão sofrer também acentuadas mu-
danças.
1. OS BENEFÍCIOS DO PRODUTO
302
Assim, na Figura 9.3 se o cosmético representa ainda uma baixa preocu-
pação com o benefício e com medicação, os produtos E e G seriam os de maior potencial
de vendas. Caso contrário, se a situação fosse invertida para alto benefício e alta
medicação, encontraríamos aquele que seria o segmento ideal indicado no gráfico pró-
ximo ao eixo vertical superior.
Exemplos de uso do gráfico de configuração espacial: refrigerantes, cer-
vejas, materiais de construção, automóveis, computadores, remédios, cafés etc.
3. A LEALDADE DE MARCA
2. TULL, Donald S. & HAWKINS, Del I. Marketing research. New York, Macmillan, 1976.
303
4. O TEMPO DA COMPRA
5. A AMPLITUDE DE MODELOS
6. DURABILIDADE
7. UTILIZADOR FINAL
305
Características relativas ao benefício buscado pelo consumidor
1. SATISFAÇÃO SENSORIAL
2. ATUAL
O benefício psicológico muitas vezes não tem nada a ver com o desempe-
nho oferecido pelo produto ou serviço; é meramente subjetivo. O benefício está no pra-
zer de compra, na sensação de posse, na sensação de ser aceito pelo grupo, e assim por
diante.
4. DURABILIDADE/QUALIDADE
Fonte: ROBIN, Donald E. Marketing. New York, Harper & Row,1978. p. 106.
307
Características relativas ao ramo de atividades
1. TIPO DE ATIVIDADE
3. TIPOS DE COMPRADORES
308
cada um desses tipos de fabricantes de produtos industriais ou prestadores de serviços
constitui-se numa base de segmentação de mercado. Base essa que servirá de apoio para
a formulação da estratégia de marketing a ser adotada na venda, bem como para a estru-
turação da força de vendas quanto ao tipo do vendedor adotado e ao tamanho da equipe.
Os conhecimentos de vendas e do produto ou serviços oferecidos são fun-
damentais e a sua adequação aos tipos básicos de compradores será a razão do sucesso ou
fracasso de vendas. Há compradores racionais, como há muito de compra por impulso,
por "bola" etc.
4. GEOGRÁFICAS
309
utilizadas. Talvez até porque seja um processo intuitivo segmentar pelo preço, pela
promoção de vendas, pela marca, e assim por diante.
1. PREÇO
2. MARCA
3. PROMOÇÃO DE VENDAS
4. MERCHANDISING
310
do produto ou serviço como sendo indicado para o consumo de certo tipo de público. O
produto usado pelo galã de novela ou de cinema ou pela artista famosa abrirá o caminho
para o consumo daquele tipo de consumidor visado. Embora esse processo possa apre-
sentar algumas surpresas quanto aos resultados da segmentação, o certo é que ele fun-
ciona.
Mas não é só isso, o merchandising no ponto de venda também ajuda a
segmentar o mercado, e isso dependerá do tipo de ponto de venda no qual o produto ou
serviço é apresentado e a forma pela qual ele é exposto.
As confecções são exemplos típicos de segmentação no ponto de vendas
através do merchandising. Um produto com uma exposição mais bem cuidada, através de
desfile de moda, técnica de vitrinismo etc. poderá exercer efetivo papel de segmentação.
Já um produto exposto em quantidades em balcões na entrada de lojas populares
segmentará o mercado para baixo, isto é, para públicos de média e baixa rendas.
5. PROPAGANDA
6. CANAL. DE DISTRIBUIÇÃO
7. ESFORÇO DE VENDAS
Embora um esforço de vendas sozinho não seja suficiente para alterar uma
segmentação, o fato é que ajuda.
311
Bons produtos mal direcionados nas vendas muitas vezes se perdem, ao
passo que um esforço de vendas dirigido poderá corrigir distorções na segmentação.
O papel da força de vendas na segmentação de mercado equivale ao que foi
dito anteriormente para o papel do canal de distribuição, propaganda, promoção e
merchandising. É, portanto, um subsídio importante à direção da equipe de vendas para
os públicos consumidores visados.
3. WORCESTER, Robert M. & DOWNHAM, John. Consumer market research handbook. New
York, Van Nostrand Reinhold, 1978.
312
2º ESTÁGIO: EXPLORAÇÃO QUALITATIVA
4. Adaptado de: WORCESTER, Robert M. & DOWNHAM, John. Consumer market research.
New York, Van Nostrand Reinhold, 1978; e TULL, Donald S. & HARWKINS, Del I. Marke-
ting research. New York, Maemillan, 1976.
313
4º ESTÁGIO: DEFINIR PÚBLICOS ALVO (TARGET)
%
de donas-
-de-casa
do total
da
população
314
Através da tabulação cruzada de compradores identifica-se quem compra e
quem não compra a marca X.
A tabulação cruzada é importante porque permite chegar a alguns segmen-
tos importantes que estariam encobertos em uma tabulação simples para identificar tar-
gets.
2. CLUSTER ANALYSIS
5. ZALTMAN, Gerald & BURGER, Philip C. Marketing research. Hinsdale, Dryden Press, 1975.
p. 510.
315
O AID é um procedimento com recurso intuitivo porque divide um grupo
de pessoas, usando duas variáveis como critério. A primeira pede ao utilizador que de-
fma uma variável independente para ser a parte importante da análise. A variável de-
pendente é o "plano de mover".
A segmentação como uma subdivisão de um mercado maior em partes
menores com potencial significativo de mercado permite a uma empresa a consecução
de objetivos como:
• aumentar a participação de mercado em segmentos significativos de
consumo;
• exercer um esforço concentrado de marketing e avaliar os resultados
com maior facilidade, além de minimizar recursos físicos, monetários e
humanos;
• facilitar a concentração do esforço de vendas e de distribuição nos
segmentos-chave;
• diminuir sensivelmente os investimentos em propaganda e promoção
de vendas, antes pulverizados e a partir da segmentação, concentra-
dos;
• aumentar a lucratividade e a imagem da empresa nos segmentos-chave.
Questões
1. Quais são as bases para segmentação de mercado apoiadas em variáveis socioe-
conômicas?
2. Quais são as variáveis geográficas utilizadas para a segmentação de mercado?
3. Quais são as variáveis psicológicas mais utilizadas para a segmentação de merca-do?
4. Quais são as variáveis relativas ao produto utilizadas para a segmentação de mer-
cado?
5. De que maneira a cultura pode interferir na segmentação de mercado?
6. O que vem a ser uma segmentação psicográfica?
7. De que maneira as características pessoais podem ser usadas para a segmentação de
mercado?
8. De que maneira a técnica estatística do cluster analysis pode ser utilizada para a
segmentação de mercado?
9. O que significa a segmentação de mercado com base em estilo de vida, denomina-
da VALS (valores)?
316
10. Com base no VALS, quais são os estilos de vida dos: integrados, sobreviventes e
sustentadores?
11. Com base ainda no VALS, quais são os estilos de compra dos: competidores, ex-
perimentadores e compradores compulsivos?
Bibliografia
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SRJ INTERNATIONAL. Diagrama do VALS apresentado na Advertising Research Foundation. 27
ª Conferência. New York.
318
Parte III
Administração do composto
de produto e concorrência
Posicionamento
10 de produtos
que o produto ocupa em dado mercado, pois a empresa necessita para cada segmento
desenvolver uma estratégia de posicionamento de produto. Conceitualmente, a origem do
posicionamento pode ser traçada por um trabalho de identificação da estrutura de
mercado e também da posição da empresa em face da concorrência nesse mesmo merca-
do. O marketing também tem visto esse fenômeno como diferenciação de produto, se-
gundo Alderson, em 1957, e Smith, em 1956.
A identificação do posicionamento do produto no mercado é muito impor-
tante para que se analise a percepção do consumidor com relação ao lugar que o produto
ocupa em um dado mercado e sobretudo compará-lo com cs produtos concorrentes e
avaliar seu desempenho relativo. E, se possível, é interessante também uma avaliação de
uma atitude mental dos consumidores como as características cognitivas, afetivas e de
tendência de ação, como recurso para posicionar um dado produto com relação a seu
mercado.
A percepção e a preferência de consumidores por determinado produto,
com relação a seus concorrentes, podem ser analisadas graficamente, e a partir daí se
interpretarem as razões pelas quais isso ocorre.
Através da análise de posicionamento, pode-se avaliar, por exemplo, a
razão pela qual o consumidor pode preferir determinada marca de um analgésico a ou-
tra. Esse posicionamento pode ser avaliado graficamente e, com isso, ter-se uma visua-
lização dimensional desse produto com relação à concorrência, preferências e per-
cepções do consumidor, conforme se vê na Figura 10.1.
321
Figura 10.1. Visualização dimensional do produto, com relação à concorrência e acei
tação do consumidor.
322
Mas, em suma, o que é posicionamento?
323
O composto de marketing - produto, preço, distribuição e promoção é es-
sencialmente a operação dos detalhes táticos do posicionamento.
Assim, uma empresa que opte pelo posicionamento de alta qualidade sabe
que poderá ter um posicionamento de alto preço também, mas terá necessariamente de
ter uma distribuição de alta qualidade e um posicionamento de promoção de alta quali-
dade. Ou seja, o compromisso com a imagem de qualidade afeta todo o composto de
marketing.
Isso implica escolhas claras, pois o posicionamento de alta qualidade pode
implicar estrategicamente diferenciação diametralmente oposta: alta qualidade e alto
preço ou alta qualidade e baixo preço ou alta qualidade com mais serviço técnico, mas
será difícil ter alta qualidade sem um serviço técnico competente.
324
Há três situações que podem revelar erros de posicionamento:
326
Análise do posicionamento como elemento de estratégia
328
Figura 10.5. Posicionamento do produto (hipotético).
329
Posicionamento e estratégia de marketing
Conjoint analise
Conjoint analise é um instrumento de grande utilidade como ferramenta
de análise estatística para o posicionamento de produtos.
O grande propósito do Conjoint analise é ajudar na seleção de atributos a
serem destacados de um produto ou serviço, é útil para estabelecer prazos, para prever o
resultado de vendas ou de uso de um novo produto.
O Conjoint analise provê uma medida quantitativa da importância relativa
de um atributo em oposição ao outro.
Numa pesquisa, as pessoas simplesmente são indagadas se o atributo é
importante. Usualmente há um problema, pois todos os respondentes indicam que todos
os atributos são importantes.
Na escolha de um carro, cita David Aaker, eles gostariam que o veículo
fosse econômico, esportivo, barato, confortável etc.
Em Conjoint analise os entrevistados são obrigados a optar entre um atri-
buto em oposição a outro. E a resposta tende a ser mais sensitível.
330
Algumas das situações características em que o Conjoint analise tem sido
utilizado produtivamente são:
1. quando um produto ou serviço tem várias alternativas de atributos em
um ou mais níveis;
2. quando não existe um dimensionamento do nível do atributo;
3. quando os níveis de atributos podem ser expandidos;
4. quando a direção geral das preferências dos atributos provavelmente é
conhecida (viajantes desejam carros menos barulhentos, viagens mais
rápidas, mais confortáveis etc.).
O problema é que as preferências por vários atributos podem estar em
conflito (carros mais confortáveis como Station wagon são difíceis de estacionar).
O objetivo é fixar os níveis de preferência para os atributos, procurando-se
evitar os conflitos e interpretando a sua importância.
Exemplo de posicionamento
de parques de recreação
Adaptado de: KOTLER, Philip, Marketing management. 6. ed. Englewood Cliffs, 1988.
331
Em síntese, a metodologia de posicionamento de um produto num deter-
minado mercado nada mais é do que a busca da diferenciação que permita obter vanta-
gens competitivas.
A técnica do Conjoint analyse permite "mapear" o posicionamento do
produto no mercado em relação à concorrência, levando em conta:
1. os atributos ou benefícios do produto que são realmente importantes em
relação à concorrência existente;
2. a necessidade de se estabelecer uma escala de medida e graduação de
desempenho de cada atributo ou benefício do produto considerado;
3. a possibilidade de se fazer uma representação gráfica dos valores me-
didos dos atributos ou benefícios em um mapa espacial em duas ou
três dimensões, anotando os dados do produto e de seus concorrentes.
A partir dessa representação gráfica, obtida com a ajuda do Conjoint
Analyse, é possível identificar as vantagens competitivas do produto ou serviço em re-
lação aos seus concorrentes, em cada segmento de mercado. E essas análises possibili-
tam então uma formulação estratégica em cima dos pontos fracos da concorrência em
cada segmento de mercado.
Resumo
A estratégia de posicionamento é, hoje, uma das principais preocu-
pações do homem de marketing. Com uma sociedade saturada de comunicação, con-
quistar "um lugar ao sol" é, sem dúvida, um bom desafio.
Um bom produto, mal posicionado, pode transformar-se em mais um ca-
so de fracasso. E por que isso pode ocorrer? Pode ocorrer sobretudo quando o lugar
que o produto deve ocupar em um mercado não é bem identificado. Isto pode levar o
consumidor a uma percepção errada do produto em relação aos produtos concorren-
tes.
O primeiro passo para posicionar um produto é configurar a imagem da
empresa e o valor oferecido do produto em cada segmento de mercado, de forma que os
clientes ou consumidores possam entender e apreciar o que a empresa proporciona
em relação à concorrência.
Portanto, posicionamento não significa o que o produto ou serviço fa-
zem, mas sobretudo fixar o produto na mente do consumidor.
Um produto bem posicionado pode proporcionar vantagens competitivas
duráveis, criando barreira à entrada ou ao menos retardando a entrada da concorrên-
cia.
A identificação de vantagens competitivas potenciais de um produto aju-
da a posicioná-la no mercado e a formular estratégicas de marketing consistentes com
os desafios enfrentados.
332
Questões
1. Qual é a aplicação do conceito de imprinting para o posicionamento de produtos?
2. O que é posicionamento?
3. De que maneira as estratégias de posicionamento de produtos podem ser utilizadas
como vantagens competitivas?
4. O que é um posicionamento por baixo?
5. O que é um posicionamento por cima?
6. O que é um posicionamento confuso?
7. Segundo os autores de Posicionamento: como a mídia faz a sua cabeça, como se
pode chegar à mente do consumidor?
8. Como a estratégia de posicionamento pode ajudar a vencer a batalha da saturação de
comunicação?
9. O que é um posicionamento baseado em benefícios?
10. O que significa um posicionamento para ocasiões específicas de uso do produto?
Bibliografia
AAKER, David & DAY, George S. Marketing research. 3. ed. New York, John Wiley & Sons,
1986.
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Prentice-Hall, 1980.
WIND, Yoram. Product policy; concepts, methods and strategy. Reading, Addison-Wesley, 1982.
333
Administração do
composto de produtos:
11 marca e embalagem
Produto
A definição de produto pode ser assim entendida:
"Um produto é algo que pode ser oferecido a um mercado para criar
atenção, ser adquirido, usado ou consumido, satisfazendo um desejo ou
uma necessidade." (Philip Kotler)
335
configuração física, estilo, qualidade, embalagem e nome da marca; e 3. a ampliação do
produto pela anexação de um serviço não esperado: instalação, entrega, crédito, garantia,
serviço pós-venda.
Hierarquia de produtos
336
4. Linha de produtos. Caracteriza-se como um grupo de produtos dentro
de uma classe de produtos, que não são vendidos ao mesmo grupo de clientes. Exemplo:
Bi-reatores: Boeing 737, Boeing 757, Boeing 767.
Classificação de produtos
337
• Bens duráveis. São produtos tangíveis que normalmente sobrevivem a
muitos usos. Exemplos: fogões, geladeiras, automóveis, ferramentas
elétricas e roupas. Têm preço e margem unitária alta e promoção e dis-
tribuição semi-irradiada.
338
39
• Serviços. São atividades, benefícios ou satisfações oferecidas para venda.
Os serviços são intangíveis e ao mesmo tempo produzidos e
consumidos; não são palpáveis, não podem ser cheirados, são perecí-
veis e não podem ser armazenados. Requerem alto controle de quali-
dade, credibilidade e adaptabilidade.
40
Classificação de bens de consumo
• Bens não procurados. São bens que o consumidor não conhece e que
normalmente não pensa em comprar. Novos produtos são típicos dessa
classe de bens. Exemplo: seguro de vida, terreno em cemitério, enciclopédia
etc.
42
o Itens de capital. São bens que entram parcialmente na composição de
produtos. Eles incluem dois grupos: instalações (elevadores, computa-
dores, ar condicionado etc.) e equipamentos e acessórios.
43
• Suprimentos e serviços. São itens que não entram na composição do
produto fmal, mas são importantes para a fabricação. Constituem-se
suprimentos de duas espécies: suprimentos operativos, como lubrifi-
cantes, lápis, carvão, papel etc., e itens para manutenção e reparo, como
tinta, pregos, arame, vassoura etc. Na área industrial, os equipamentos
são equivalentes a bens de conveniência, ou seja, não se pode perder
muito tempo na procura e na compra desses produtos. Os serviços
industriais são utilizados para a instalação e manutenção de
funcionamento de bens industriais.
Marca
A marca faz parte do composto de produto e é fator preponderante na
adaptação do produto ou do serviço à satisfação das necessidades perceptíveis dos con-
sumidores. O fato de o nome escolhido para o produto ou o serviço dever relacionar-se
com o que ele faz é um conceito antigo nem sempre necessário.
De outro lado, a escolha da marca deve levar em conta alguns critérios-
chave, como:
1. Compreensão por parte dos consumidores em geral, sem margens de
dúvidas, e se possível curta.
2. Eufonia, facilidade de se pronunciar, soletrar e de ler.
3. Expressividade, reconhecimento e memorização fáceis.
4. Associação à imagem do produto.
5. Eficácia para a publicidade, sendo adaptável a qualquer veículo ou
meio de divulgação.
6. Desvinculação de tempo ou de época, para não ficar ultrapassada.
7. Adaptabilidade às necessidades de embalagem e rotulagem.
1. ZILLER, J. Serviço após venda e marketing. Lisboa, Língua Clássica Editora, 1969.
345
8. Disponibilidade para uso (que não esteja sendo usada por outra firma).
9. Ausência de conotações obscenas, ofensivas ou negativas, sendo, ao
contrário, sugestiva.
10. Pronúncia em todas as línguas (para produtos destinados à expor-
tação).
Há marcas que designam o fabricante e outras que definem o produto, suas
características ou seu objetivo. Pode ser um nome de fantasia, adaptado, ou forma-do
com adoção de palavras, ou um nome sob licença ou acordo. No quadro 11.1, apresenta-
se uma combinação de marcas.
Fonte: Adaptado de STRITZKY, Otto Oscar V.A política do produto. Lisboa, Pórtico, 1973. p. 193.
346
Alguns exemplos de marcas
347
348
IOCHPE
SANTISTA
TÊXTIL 349
A marca de revendedor (ou etiqueta privada, ou marca da casa) é contro-
lada por propriedade de uso por um distribuidor, uma instituição varejista, atacadista ou
um distribuidor industrial. A propriedade e o controle de uma marca coexistem com a
atitude e controle da estratégia de marketing para uma marca.
Os fabricantes podem ter quatro decisões distintas com relação à sua
política de marca:
oferecer o produto sob seu próprio nome, ou sob a etiqueta do reven-
dedor, ou sob ambos;
oferecer o produto sob marca própria individual ou de família; de
marcas;
oferecer os produtos com marca, de acordo com o nível de qualidade e
de preço;
optar por diversas marcas diferentes no mercado em função dos níveis
particulares de qualidade.
O revendedor pode também se utilizar paralelamente dessas mesmas
opções.
Tais observações são teóricas, uma vez que na prática não existe senão um
número limitado de sugestões que atendem à política de portfólio de produtos e de
marcas da empresa. Quando o nome do produto não é inteligível, ele pode estimular um
consumo ou compra inadequada. Por essa razão, muitas vezes é importante que a marca
se apresente aos olhos do consumidor como uma mensagem que contenha informações.
A adoção da marca do fabricante em adição à marca do produto é uma
forma de avalizar o conteúdo; exemplifica-se: a água Minalba é da Nestlé.
350
A representação associada do nome do fabricante a uma marca-fantasia
ajuda a promover o produto até que ele atinja a maioridade comercial.
A escolha de uma marca muitas vezes é associada às idéias que permitem
identificação rápida do produto: o que é para que serve. Exemplo: Chá Mate Leão.
Certas marcas tentam indiciar as propriedades do produto: Sadia (produtos
higiênicos e sadios). Por vezes, a marca indica o objeto do produto: Memorex (para a
memória). Outras exprimem convite ou sedução ao consumo: açúcar Doce Vida; outras
ainda indicam distinção e decência: uísque House of Lords.
A verdade é que se a marca não faz a venda, ajuda e muito a vender. A
medida que uma marca ajuda a distinguir e notabilizar um produto, mais depressa ele é
vendido.
A indicação clara das propriedades e dos efeitos do produto também é im-
portante fator promocional. E a retenção do nome na memória do consumidor é fator
decisivo no momento da escolha do produto. Com efeito, uma das características impor-
tantes de uma marca é a fácil memorização. As siglas, os símbolos, as cores e os logoti-
pos das marcas (LOGO-MARCAS) são de grande influência no grau de atenção que é
concedido ao produto pelos observadores. A estrela da Mercedes-Benz é conhecida
mundialmente. As cores das sopas Maggi da Nestlé são inconfundíveis.
A questão é, pois, usar a criatividade no nome da marca e nas suas formas
de representação gráfica para que ela estimule o consumidor a comprar.
Trading-up e trading-down
351
Posicionamento da marca
352
Desenho industrial (design) e desempenho do produto
Embalagem
Assim como o nome de marca tem por finalidade informar os consumido-
res sobre o produto, a embalagem também o faz e até mesmo num grau ainda mais ele-
vado, no ponto de venda.
Funções da embalagem
353
354_
355
Figura 11.1. Funções da Embalagem.
356
dade de manuseio, menores são os custos de distribuição de um pro-
duto.
2. Proteger e conservar o produto – a proteção contra as vibrações,
pressões, mudanças de temperatura e outros riscos durante o transpor-
te do fabricante ao revendedor tem sugerido um sem-número de ino-
vações em embalagens. A embalagem deve servir também para prote-
ger o produto na prateleira do revendedor. A adoção de embalagens
internas de papel alumínio e caixinhas externas de papelão tem procu-
rado manter as propriedades do café em pó e também manter o sabor e
o paladar originais.
3. Posicionar o produto – o posicionamento do produto no ponto de venda
ou junto ao público consumidor pode ser um fator diferenciador do
produto para efeitos estratégicos em marketing. Um produto pode ser
diferenciado de seu concorrente principal pelo uso adequado da
embalagem. Os aspectos visuais e de formato da embalagem podem
posicionar melhor um produto em seus segmentos de mercado e até
mesmo ajudar a descobrir nichos de mercado (oportunidades não ex-
ploradas).
4. Facilitar o uso do produto – o uso crescente de embalagens descartá-
veis para bebidas (latas e vidro), para lâminas de barbear e outros
produtos prova a importância que tem a embalagem como facilitadora
do uso do produto. Efetivamente, a embalagem deve ser sempre ade-
quada ao tipo de uso do produto.
5. Ajudar a vender o produto – muitas compras de impulso em super-
mercados ou em lojas de especialidades podem ser creditadas à emba-
lagem. O estímulo à compra muitas vezes é visual, e aí entra o papel de
uma embalagem: atrair a atenção através de um design gráfico
chamativo, combinação de cores, padronagens, formatos, estilos e
ilustrações. O tipo de material utilizado também pode ser decisivo na
escolha de um produto. Há muitos anos, geléias e requeijões são ven-
didos em copos de vidro; certas alterações drásticas de embalagens
podem, porém, vir a prejudicar vendas, sobretudo quando não são
atrativas e não oferecem nenhum tipo de facilidade de uso ou benefí-
cio específico.
357
Tipos de embalagens de papelão ondulado.
"Com novo realce, a Brahma muda o rótulo de sua cerveja."*
363
Existem dois tipos de embalagens: a de transporte e a de consumo. A em-
balagem de consumo é a que entra em contato com o consumidor; o produto é vendido
juntamente com sua embalagem. E uma embalagem display e/ou de uso. A embalagem
display é utilizada para exposição de produtos em locais de revenda e a de uso é utilizada
durante o uso do produto pelo consumidor. O ato de embalar pode ser definido em termos
de quantificação, proteção e qualificação do produto. No Quadro 11.2, apresentam-se
diversas características de tipos de embalagem e uso.
Quantificação: é feita determinando-se a quantidade ou o número de uni-
dades do produto que contém uma embalagem. A quantificação é que determina o vo-
lume mínimo de uma embalagem.
Proteção: implica a preservação da integridade do produto desde o seu
acondicionamento na embalagem até o recebimento e uso pelo consumidor.
364
Qualificação: compreende a determinação da funcionalidade da embala-
gem no acondicionamento do produto, em sua distribuição e em seu consumo. A quali-
ficação é feita através de elementos visuais bidimensionais (palavras, números, cores e
imagens), tridimensionais (forma final da embalagem) e elementos táteis (formas e tex-
turas).
A embalagem de consumo e o design.
No planejamento da embalagem de consumo, tomou-se procedimento cor-
rente a ênfase das características do produto desejadas e/ou necessitadas pelo consumi-
dor.
"A concorrência determinou que a embalagem deve persuadir por si mes-
ma. Vender o que protege tanto quanto proteger o que se venda." (F. A. Paine)
Baseado em pesquisa de motivação para o consumo feita onde o produto
será colocado, o mercadólogo prevê um aumento ou conservação do volume de vendas
se a embalagem significa alguma coisa para o consumidor. A maneira de dizê-la é de-
terminada pelo design através da resolução dos elementos formais (funcionais, visuais
etc.) que "falam" com o consumidor da qualidade do produto.
O design é que empresta significação explícita (ou sublime) à embalagem.
A embalagem é um dispositivo muito utilizado para estratégias e táticas em
marketing. Dessa maneira, ela permite informar o comprador das condições particulares
de preço, características e desempenhos prováveis do produto, além de brindes etc. Uma
embalagem atraente e informativa pode proporcionar o encontro do comprador com a
mensagem publicitária no ponto de venda. A imagem exterior do produto, que é a
embalagem, ou em alguns casos simplesmente o rótulo, deve transmitir ao comprador
virtual idéia clara do que é o produto.
A apresentação e a forma da embalagem devem ser concebidas de acordo
com quatro aspectos:
1. a técnica: o modo de uso e emprego;
2. a estética: aparência e atração;
3. o poder de persuasão: transmissão da mensagem; e
4. a rentabilidade: custo e benefício.
Cada um desses aspectos tem conotações diferentes para o consumidor,
para o revendedor e para o fabricante.
Técnica
A embalagem deve adaptar-se ao consumo, nas quantidades básicas às ne-
cessidades do cliente consumidor. Deve ser um facilitador de transporte do produto pelo
consumidor. Deve ter manuseio tão simples quanto possível. Deve permitir o uso repeti-
tivo do produto além de ser suficientemente resistente. Deve ser adequada à exposição
em prateleiras e displays. Deve indicar as condições de armazenagem e transporte, além
de proteger e conservar adequadamente o produto pelo seu tempo de vida útil.
365
Estética
A embalagem deve corresponder à imagem prevista pelo consumidor com
relação ao produto. O formato e a combinação de cores devem ser estudados em função
dos desejos dos consumidores. De maneira análoga, as etiquetas devem reproduzir uma
imagem sedutora do produto oferecido. A embalagem deve exercer papel diferenciador
do produto na prateleira do revendedor, bem como ser adequada às características e
gostos regionais do país.
Poder de persuasão
É necessário que a embalagem transmita todas as informações que possam
interessar ao consumidor, dizendo tudo o que deve ser dito. E necessário ainda que ela
seja mais persuasiva que as da concorrência e, se possível, que mostre o produto por
meio de dispositivos transparentes. Com efeito, é preciso que ela corresponda à mensa-
gem publicitária, e que tenha também grande poder de expressão.
Rentabilidade
A aparência do produto por meio da embalagem deve justificar seu preço
e oferecer também alguma vantagem suplementar ao comerciante ou ao consumidor (va-
silhames utilizáveis pelo comerciante, por exemplo, e frascos aproveitáveis pelo consu-
midor).
Enfim, o tipo de material usado para a embalagem pode valorizar ou não o
produto. A folha-de-flandres, por exemplo, pode dar a sensação de solidez, ao passo que
o vidro evidencia o produto natural.
É preciso testar a embalagem antes do lançamento do produto e ao longo
de toda a sua vida. As cores claras poderão significar higiene; o verde pode associar
frescura e o vermelho, calor. O fato é que não só as cores devem estar associadas à re-
vitalização de uma embalagem, mas também o próprio desenho. As formas pontiagudas
sugerem o realismo, a segurança, ao passo que as formas arredondadas a sociabilidade,
segundo alguns especialistas.
Resumo
No Brasil, como a economia ainda está voltada para a produção, há de
se reconhecer que a soberania ainda é do produto e não do consumidor. Mas isso,
felizmente, aos poucos se vai alterando. E a prova disso é a crescente preocupação
com o serviço ao consumidor.
De qualquer forma é importante reconhecer que o composto de produto (
desenho industrial do produto, marca, embalagem, preço e serviço), ao lado da ati-
vação da publicidade e do esforço de vendas, constituem um dos elementos mais utili-
zados do composto de marketing. A administração do composto de produto requer hoje
a aplicação de técnicas avançadas de pesquisa para se reconhecerem necessidades não
366
satisfeitas dos consumidores, bem como realizar o atendimento prévenda, de venda, de
instalação do bem vendido e de pós-venda. Todo esse esforço é canalizado para en-
frentar uma concorrência cada vez mais agressiva e criativa.
Aos poucos vai desaparecendo o mercado de vendedor, onde tudo o que
se produzia se vendia. E o comprador mais exigente compara o desempenho de produ-
tos, avalia a imagem das marcas, valoriza as embalagens e sobretudo compra servi-
ços. É a área do produto ampliado.
Questões
1. Quais são as três partes formadoras de um produto?
2. O que é família de produtos? Dê exemplos.
3. Qual é a diferença entre classe de produto e família de produto?
4. Quais são as diferenças entre marca e item?
5. O que é um bem não procurado?
6. O que toma um bem de conveniência?
7. O que é um item de capital na classificação de bens industriais?
8. O que é um bem de capital?
9. O que é uma marca nicho de mercado?
10. Qual é o papel da embalagem na estratégia de posicionamento de produtos?
11. Quais devem ser as estratégias de marca líder para: Brastemp, Volkswagen, Sadia?
12. Quais devem ser as estratégias de marcas desafiantes como Pepsi-Cola, Enxuta,
Perdigão?
Bibliografia
CARDOZO, Richard N. Product policy; cases and concepts Reading, Addison Weley, 1979.
DOMINGUEZ, George S. Product management. Chicago, American Marketing Association, 1971.
FUSTIER, M. A vida e morte dos produtos. Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1969. HISE,
Richard T. Product/service strategy. New York, Petrocelli-Charter, 1977.
KOTLER, Philip. Marketing management. 6. ed. Englewood Cliffs, Prentice-Hall,1988.
LUCK, David J. Política e estratégia de produto. São Paulo, Atlas, 1975.
MOSELEY, Lloyd W. Customer service; the road to greate profits. New York, Chain Store Pu-
blishing, 1979.
RISLEY, George. Modern industrial marketing. New York, McGraw-Hill, 1972.
STRITZKY, Otto Oscar V. A política do produto. Lisboa, Pórtico, 1973.
TOUSSAINT, J. C. Métodos de direção do marketing. Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1969.
367
Caso
Carnes Wessel —
Uma criação de marca*
Histórico
* Caso coletado para o autor pela monitora Maria Paula Titarelli. Cortesia Istvan Wessel.
368
Foto: Loja da Av. Faria Lima.
369
dores. Segundo Istvan Wessel, filho do fundador, um claro posicionamento é fundamen-
tal para todo tipo de negócio. Regida por este espírito de "transparência", a Wessel foi,
por exemplo, a primeira Casa de Carnes a utilizar balanças eletrônicas, as únicas que
registravam o peso exato do produto adquirido. Foi o primeiro estabelecimento, então, a
fazer com que os 2,8 kg desejados pelo consumidor não fossem 3,0 kg ou 2,5 kg. Isto
pode parecer irrelevante, mas foi essencial para a construção de uma imagem de um
produto mais confiável.
A Wessel acabou por criar uma "escola", uma linha de atuação que passou
a ser adotada, em parte, por outros açougues. A descrição do que era um açougue há,
aproximadamente, quinze anos atrás, nos transporta a um curtume da Idade Média. A
observação da atuação da Wessel fez com que muitos açougues redefinissem seu negócio
dentro da linha criada pela empresa. Hoje, por exemplo, já não se fala em "lavar" a carne
(embalada de forma imprópria em jornal que acabava por tingi-la com as principais
manchetes da semana anterior).
Os açougues, sem dúvida, melhoraram, mas não atingem a excelência da
Wessel. Toda esta escola de embalagem, de pesos e cortes, de higiene, de asseio e trei-
namento vem constantemente sendo desenvolvida no sentido de manter um distancia-
mento da concorrência.
Definição de negócios
A Wessel acredita que o que seus clientes têm em comum não é exatamen-
te a situação financeira. Alguns clientes compram diariamente carnes para todos os tipos
de situação; outros, esporadicamente, para um grande jantar oferecido a amigos. Dessa
forma, acredita-se que o ,que caracteriza a clientela da Wessel é o desejo de fazer e
apreciar uma boa refeição. A medida que isto foi percebido, a Wessel desenvolveu a idéia
de sofisticação de seus produtos, aliando-a ao conceito de que comer não é mera-mente
uma forma de satisfazer necessidades fisiológicas, mas uma forma de diversão e
entretenimento.
Dentro deste espírito, a Wessel passou a investir cada vez mais no ramo do
"lazer". Associando-se a profissionais reconhecidamente competentes na concepção e
administração de restaurantes, a Wessel participou da criação do BÚFALLO GRILL,
restaurante especializado em carnes, cuja imagem de refinamento entrava em perfeita
sintonia com a imagem da Wessel. Embora as características do negócio de uma Casa de
Carnes sejam bastante diversas das de um Restaurante, a Wessel conseguiu aproveitar a
sinergia existente entre elas e, hoje, possui seu próprio restaurante, o "CAPRICHO".
370
Resultados alcançados
Atualmente, quem entrar numa das quatro lojas da Wessel, em São Paulo (
Faria Lima, Shoppings Iguatemi e Morumbi e Alphaville), vai encontrar muito mais do
que uma ótima matéria-prima para um bom prato. Podem-se encontrar desde equipamen-
tos indispensáveis para um churrasco dominical (incluindo a churrasqueira, é claro!) até
livros que desvendam o universo das carnes, ou ainda os "Segredos da Família Wessel".
a) diferenciação do produto?
b) criação de imagem de marca?
c) distribuição própria e franchising?
a) propaganda?
b) assessoria de imprensa?
c) promoção de vendas?
d) merchandising?
Características do serviço
1. ZILLER, J. Serviço após venda e marketing. Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1969.
373
2. Inseparabilidade. Os produtos são feitos e consumidos ao mesmo
tempo, não podendo ser estocados para venda ou consumo posterior.
O serviço ao cliente faz, dessa forma, parte do marketing, uma vez con-
cebido e agregado ao produto. O produto é dito ampliado pela anexação do serviço. Um
serviço tangível como serviço de eletricidade etc. pode muitas vezes ser "classificado"
como um produto para fins didáticos.
O serviço prestado pode favorecer uma venda futura? O serviço facilita a
prescrição ou a especificação?
A satisfação do utilizador é o elemento fundamental da noção de serviço à
clientela, tanto do serviço pré-venda quanto do pós-venda, ou mesmo do serviço de
instalação. A satisfação do consumidor depende de grande número de fatores, objetivos e
subjetivos.
Os critérios para identificar esses fatores são, entre outros, os seguintes:
• Qualidade do produto.
• Garantia do produto pelo vendedor.
374
• Adaptação do produto às necessidades do utilizador.
• Localização do produto à disposição do cliente em boas condições.
• Boa instalação.
• Condições de boa utilização.
• Boas condições de funcionamento do produto (manutenção, repa-
rações seguras, fornecimento de peças, assistência técnica).
• Ajuda financeira ao cliente.
Qualidade do produto
CONTROLE DE
QUALIDADE
375
Seria útil então dar-se uma definição mais precisa do conjunto de qualida-
de; mas essa conceituação torna-se difícil e complicada na prática, em virtude de a noção
de qualidade ser muito relativa. Observe-se que, numa economia de mercado, a,
produção em grande escala de produtos manufaturados obriga os fabricantes a procura-
rem um compromisso "preço-características" ou, como é chamado muitas vezes, "preço-
qualidade", uma vez que, em face do grande número de componentes, fica compro-
metida a longa durabilidade do produto final.
Na falta de uma definição mais objetiva, considera-se uma "qualidade
normal" para certo nível de preço. A palavra qualidade é tomada em sentido mais am-
plo, incluindo o conjunto das características técnicas, comerciais e de serviços. Assim,
em certo nível de preço, o produto pode ser considerado dentro de uma qualidade nor-
mal ou abaixo da normal.
C – COMPONENTES DA QUALIDADE
376
a) Terminologia
b) Segurança de emprego
377
A aptidão para a função pode ser constatada pela:
e) Confiabilidade
378
• O conjunto das técnicas e dos métodos para medir e melhorar a segu-
rança de funcionamento desse material.
• A duração e as condições durante as quais esse material é capaz de
funcionar devidamente.
Garantia
379
A — A GARANTIA E SEUS ASPECTOS PSICOLÓGICOS
380
C – O CONTRATO DE GARANTIA
Não basta o produto industrial ser de boa qualidade se, por falta de uma
instalação correta, não pode ter um bom desempenho.
381
convenientemente o equipamento. Uma descrição detalhada e normatizada por manual
de como o equipamento deve ser operado e acompanhado de um programa de treina-
mento aos operadores é uma área importante do serviço para bens industriais.
A – PEÇAS
I – Fornecimento de peças
382
II – Peças Padronizadas
383
dores sejam responsáveis pelo serviço de reposição. Assim, é provável que a distri-
buição seja executada em escala mais larga através de depósitos localizados de maneira
mais conveniente com relação aos seus clientes do que através de seus depósitos. Além
do mais, se ele não concorda em colocar suas peças à disposição dos distribuidores para
que realizem a venda, esses são capazes de voltar-se para fabricantes de peças similares
como fonte de suprimento.
384
3. Os "fabricantes-piratas" têm pouco (ou nenhum) controle de qualidade.
As peças não são tão seguras no tocante às dos próprios fabricantes.
4. Os "fabricantes-piratas" fornecem pouco (ou nenhum) serviço, o que
leva o usuário a estocar um número de peças muito maior que o ne-
cessário (caso ele compre do próprio fabricante ou de um de seus dis-
tribuidores). Mas tal despesa pode ser mais do que compensada pela
vantagem dos preços.
5. As partes produzidas pelos "piratas" não são exatamente padroniza-das e
assim não se adaptam em certas máquinas. Isso requer estoques
maiores e produz despesas de devoluções e reclamações; falta também
acabamento nessas peças. Isso requer certo trabalho por parte do
usuário que pode anular toda a economia realizada em cima das peças.
B – ASSISTÊNCIA TÉCNICA
385
mente os tipos de máquinas, suprimentos e materiais a serem usados, e
precisamente como devem ser usados. Um fabricante de correias de
borracha, por exemplo, oferece os serviços de engenheiros em trans-
missão de energia para estudar as necessidades do cliente e recomen-
dar um programa completo que o satisfaça.
3. O pessoal técnico ou de engenharia empregado por um fabricante de
bens industriais pode trabalhar em conjunto com uma equipe técnica do
cliente potencial para desenvolver um equipamento que satisfaça suas
necessidades ou um processo através do qual ele possa utilizar, de
maneira mais eficaz, o material ou suprimento.
Esse trabalho pode envolver o projeto de uma máquina especial ou
mudanças nas máquinas padronizadas. Pode também requerer o de-
senvolvimento ou modificação do processo empregado, por exemplo,
por um usuário de produto químico. O fabricante que fornece tais ser-
viços deve esperar que os clientes potenciais o aceitem como gratuito
e, em seguida, uma vez os planos traçados, convidam outros fornece-
dores a oferecer seus serviços.
4. O vendedor deve manter técnicos competentes para instalar o equipa-
mento na fábrica do cliente após a venda ou para trabalhar com a
equipe técnica do cliente nessa tarefa. Essa forma de ajuda também
deve ser fornecida quando se trata de um processo, por exemplo, um
processo químico, ou de um sistema mecânico.
5. O vendedor pode fornecer técnicos para treinar os empregados dos
compradores dentro dos métodos certos de utilização e manutenção do
equipamento vendido. Provavélmente, o exemplo mais conhecido des-
se tipo de serviço é aquele fornecido por fabricantes de equipamento de
computação e de arquivo de dados mecânicos que são preparados tanto
para treinar os operadores de tal equipamento quanto para ensinar os
executivos encarregados a tirarem o máximo proveito do mesmo. Tais
técnicos estão sempre preparados para dar conselhos e ajudar na solução
de problemas complicados, mesmo após o período de treinamento.
386
ela faz parte do departamento de engenharia, em outras, faz parte do departamento de
pesquisa e desenvolvimento, em outras, é localizada no departamento de marketing.
Existem razões lógicas para cada uma dessas colocações. O diretor de
marketing pode querer ter controle sobre a unidade para que seus homens sempre fi-
quem atentos para o objetivo principal de sua função: realizar vendas graças a consumi-
dores satisfeitos. Esse diretor pode sentir que, se os homens que são responsáveis por
essa tarefa não estão sob seu controle, eles não se orientarão para vendas. De outro lado,
esses homens precisam ser técnicos. O trabalho deles no campo deve ser completa-do
pelo lado técnico. Os engenheiros executivos temem que, se os homens que realizam o
trabalho de campo estão sob controle do departamento de marketing, eles prometam,
pela ansiedade de vendas, caracteres técnicos que não possam ser conseguidos.
Toda assistência técnica requer conhecimento detalhado das especifi-
cações e propriedades do produto. Alguns produtos necessitam de modificações míni-
mas em suas características. Esses assuntos são de responsabilidade da função de enge-
nharia; assim, os engenheiros executivos pensam que se seu pessoal e seus recursos têm
grandes probabilidades de serem chamados para resolver um problema técnico, eles de-
veriam envolver-se nele desde o começo e responsabilizar-se por ele. Todos esses ar-
gumentos são compreensíveis, embora ainda resista a dúvida de que a assistência técni-
ca deixada a cargo dos engenheiros deva reforçar os aspectos técnicos e minimizar a
importância das relações com o cliente.
A colocação do trabalho de assistência técnica no departamento de pes-
quisa representa, provavelmente, a melhor solução entre o departamento de marketing e
o de engenharia. Seus interesses são comuns e esse departamento é geralmente encarre-
gado de supervisionar o desenvolvimento comercial de produtos novos e novos usos para
produtos existentes.
Quando a assistência técnica não é muito complicada nem absorve muito
tempo, ela é geralmente feita pelos vendedores, que, nesses casos, devem receber trei-
namento técnico. Eles podem também ser apoiados por uma unidade de assistência téc-
nica na fábrica, à qual podem levar os problemas e solicitar informações sobre sua ca-
pacidade de resolvê-los.
387
O problema mais árduo, associado ao fornecimento de assistência técnica,
é o da possibilidade de abusos. As empresas que possuem assistência técnica são
freqüentemente chamadas por outras empresas que não têm nenhuma intenção de se tor-
narem clientes.
É difícil, quando não impossível, evitar certa quantidade de abusos dentro
da assistência técnica. Algumas empresas têm tentado, com maior ou menor sucesso,
cobrar alguns tipos de assistência, Isso pode ser bom quando os negócios vão indo bem e
quando a demanda é alta; em contrapartida, poucos fabricantes adotam essa filosofia
quando os negócios estão baixos e os pedidos raros. Adotá-la nessas condições de-
monstraria mais falta de bom senso do que coragem de empresas cuja importância da
assistência técnica é grande; seria uma boa idéia realizar uma pesquisa que verificasse
sua influência efetiva nos padrões de lucro.
A – TERMOS DE VENDAS
388
distribuir seus produtos através de grandes atacadistas ou vendê-los diretamente aos va-
rejistas, como lojas de departamento, sistemas de cadeia ou empresas que adotam o sis-
tema de mala-postal. Cada um desses compradores pode requerer diferentes termos de
crédito. De outro lado, o fabricante de bens industriais provavelmente não sente a ne-
cessidade de vender em canais outros que o direto ou o distribuidor industrial. Pode-se
dizer que os termos utilizados pelos fabricantes de bens industriais parecem ser menos
liberais do que os oferecidos pelas empresas que vendem bens de consumo. Os descon-
tos por pagamentos efetuados em dez dias, por exemplo, são menos freqüentes, e paga-
mentos líquidos sem descontos ocorrem mais comumente.
B – VENDAS A PRAZO
389
de depreciação em linha reta. Se o período de depreciação for de oito anos, por exem-
plo, o preço será de $ 42.000.000. Os $ 6.000.000 restantes em pagamentos mensais re-
cebidos pelo vendedor contam-se como taxas financeiras, taxas de manutenção e lucro
na operação financeira. Opções similares são oferecidas nos vários estágios do período
de leasing.
Esses exemplos são aproximados, e provavelmente não inteiramente reais,
mas dão uma idéia geral da transação.
Esse tipo de acordo traz ao cliente a vantagem de beneficiar-se da máqui-
na sem imobilizar inicialmente um montante importante de capital. Em qualquer dos
períodos de opção definidos, o cliente pode adquirir a máquina se for financeiramente
vantajoso para ele. Da mesma forma, ele pode considerar despesas, para fins de imposto
de renda, os pagamentos realizados durante o leasing.
O distribuidor de bens industriais pode adotar uma das três seguintes polí-
ticas, no que se refere às relações entre marketing e finanças:
1. Pode deixar ao cliente potencial a responsabilidade de financiar a
própria compra, ignorando totalmente a realização de vendas através
de serviço de crédito, financiamento de estoques e outros métodos que
incentivam as vendas. Essa política pode limitar seriamente as vendas,
especialmente nos períodos em que ele deve vender no mercado com-
prador.
2. O distribuidor industrial pode financiar a venda de sua mercadoria in-
teiramente através do capital próprio, através de venda a prazo ou de
algum outro acordo de crédito. Tal política exige grandes montantes de
capital circulante e resulta numa taxa baixa de rotação do capital
circulante; envolve, geralmente, um custo bastante alto de arquivo de
dados e correspondência com os clientes e pode também levar à perda
da boa vontade do cliente em virtude das atitudes drásticas que devem
ser tomadas em várias cobranças.
3. O fabricante pode evitar as atividades envolvidas no serviço financeiro
aos seus clientes fazendo um acordo com uma instituição financeira para
que preste esses serviços. Geralmente, ele não pode procurar um banco
para isso, mas um agente, ou uma fmanciadora, ou qualquer instituição
especializada no financiamento de bens de consumo duráveis e
industriais.
390
Resumo
Questões
1. O que é um serviço agregado a um produto?
2. O que é um serviço tangível e um serviço intangível?
3. O que é qualidade?
4. O que é marca de conformidade?
5. Quais são os aspectos perceptíveis de qualidade para um serviço financeiro como:
a) banco comercial;
b) seguradora.
6. Como a garantia faz parte do conceito de serviços de qualidade?
7. Quais são as diferenças básicas entre o serviço pré-venda e o pós-venda?
8. Como o conceito de funcionamento do produto se agrega à noção de serviço?
9. O serviço de manutenção ajuda a construir uma imagem de marca. Justifique.
391
10. O que é assistência técnica para:
a) produtos industriais;
b) bens de consumo de massa;
c) serviços de turismo.
11. Qual é o significado de ajuda financeira ao cliente como um serviço?
Bibliografia
DONADÃO, Dorival. Bons serviços vendem mais. Caderno de Empresas. O Estado de S. Paulo,
São Paulo, 2-2-89, p. 2.
FRENE, Philippe. Electricité de France International. Salvador, Brasil, 2 mar. 1989.
L'amelioration du service et de la gestion de la cliente.
Dans une entreprise de distribution d'electricité; une approache globale.
ZILLER, J. Serviço após venda e marketing. Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1969.
392
Estratégias de marketing
para diferentes
estágios do
13 ciclo de vida do
produto
Introdução
Classificação de produtos
393
opções, potência ou desempenho. É também um símbolo complexo que revela status,
gosto, categoria, realização, aspiração dentro da sua intangibilidade. E o que as pessoas
buscam num autoinóvel é exatamente isso, uma combinação do tangível e do intangível.
Um consumidor atribui valor a um produto na proporção da capacidade
percebida de ajudar a resolver seus problemas ou atender às suas necessidades, tudo o
mais é derivativo.
Ainda segundo Levitt, os produtos podem ser:
• Produto genérico
Para o fabricante de aço o produto genérico é o próprio aço, de acordo
com certas especificações, ou seja, o produto genérico são os ingre-
dientes em si. Nem todos os produtos genéricos são, poréin, os mes-
mos, uma vez que existem certas diferenças nos processos de fabri-
cação, ou mesmo em função das matérias-primas utilizadas.
• Produto esperado
O produto esperado é tudo o que está contido no produto genérico mais
as características dos componentes esperados do produto, como, por
exemplo:
1. A entrega – o fornecedor deve estar logisticamente harinonizado com
o comprador, quanto ao local e à freqüência de entrega do bem.
2. Condições – os preços e os descontos devem estar harmonizados
coin as quantidades específicas de compra para período de tempos
específicos.
394
3. Esforços de apoio – dependendo das utilizações do produto, o
comprador pode esperar orientação e apoio quanto a aplicações
especiais, como uso, instalação, manutenção, garantias etc.
4. Novas idéias – o comprador pode ter expectativas sobre idéias e
sugestões do fornecedor para maneiras mais eficientes e que en-
volvam reduções de custo na utilização do produto genérico em suas
diferentes formas pretendidas, como utilização, fixação etc.
• Produto ampliado
Não se limita a oferecer ao cliente o que ele espera. O que ele espera
pode ser ampliado por coisas sobre as quais ele nunca pensou. Os ser-
viços habituais de assistência técnica do revendedor de autoinóvel, por
exemplo, podem ser acrescidos de prazos adicionais, além da garantia
normal de fábrica ou da substituição gratuita de alguns tipos de peças.
Um auto-rádio pode ser ampliado pela anexação de seguro contra rou-
bos.
• Produto potencial
Ao produto genérico se agregam esforços para atrair e manter clientes.
Como novas idéias sobre usos e aplicações, sugestões de mudanças nos
métodos de utilização do bem, melhores condições para o cliente
enfrentar a concorrência etc. E tudo o que é potencialmente viável e
capaz de atrair e manter clientes.
395
Figura 13.1. Curva de vida de organismos vivos adaptada a produtos.
398
Figura 13.3. Matriz de estratégia de marketing e as fases do ciclo de vida do produto.
399
Figura 13.4. Representação gráfica do prolongamento do ciclo de vida de um produto.
400
a descoberta de novos mercados. Mas, sem dúvida, a mudança do desenho industrial do
produto é uma das estratégias mais utilizadas.
No Quadro 13.3 tem-se um histórico do ciclo de vida dos produtos, rela-
cionados com algumas estratégias de marketing, de produto e de fianças.
Fonte: Adaptado de SPITZ, A. Edward. Product planning. 2. ed. New York, Petrocelli/Charter, 1977. Cf.
também SMALLWOOD, John E. The product life cycle; a key to strategic marketing planning. New York,
Petrocelli/Charter, 1977. p. 251.
401
Definições e explicações do quadro – Histórico do ciclo de vida do produto.
42
(Continuação)
43
POSIÇÃO COMPETITIVA (taxa de participação em relação ao maior concorrente)
Dimensão de crescimento
404
• A posição de mercado em um mercado em crescimento pode revelar se
a empresa está mantendo, ganhando ou perdendo mercado.
• Em um mercado em crescimento freqüentemente a demanda excede a
oferta. E a demanda em excesso irá estimular preços altos e um nível de
lucro também alto.
• Um mercado em crescimento normalmente atrai a entrada de novos
concorrentes, a menos que a empresa tenha vantagens competitivas
que a concorrência não possa ter, ou que existam barreiras à entrada
nesse mercado.
405
Matriz de portfólio de produtos do BCG
Alto
CRESCIMENTO
DE
MERCADO (
NECESSIDADE
DE CAIXA)
Baixo
406
Esses serão os produtos do futuro da empresa se continuarem a crescer lentamente e se
for adotada uma estratégia agressiva de marketing que os ajude a tornarem-se vaca lei-
teira.
407
tratégia de marketing nesse caso é prolongar ao máximo o ciclo de vida desses produtos
ou negócios.
São produtos ou negócios que geram uma caixa moderada, mas que de
qualquer maneira ajudam a cobrir os custos fixos da empresa. Embora suas perspectivas
de sobrevivência sejam em geral muito baixas, não se pode simplesmente eliminar es-
ses negócios ou produtos sem que se obtenham outros capazes de equilibrar o portfólio
e a geração de caixa da einpresa.
408
3. Lucratividade – o fator lucratividade do produto é essencial na análise
de portfólio, pois permite identificar quais são os produtos geradores de caixa, isto é, os
que têm lucratividade positiva e os que são absorvedores de recursos, isto é, que têm
lucratividade modesta ou negativa. Na hipótese de não poder trabalhar diretainente com o
lucro líquido por produto, pode-se trabalhar com a margem de contribuição unitária.
Resumo
O sucesso de qualquer organização depende da adequação de seus pro-
dutos, a satisfação das necessidades do mercado e da capacidade gerencial de tornar
tangíveis as partes intangíveis de um produto, buscando ampliar os produtos existentes
pela anexação de serviços não esperados pelos consumidores. Acrescente-se a isso a
capacidade de utilização das potencialidades dos produtos para atrair e reter
clientes.
É preciso, no entanto, que a administração de marketing da organização
saiba explorar cada fase do ciclo de vida do produto para que ela se mantenha ativa e
rentável por muito tempo.
Como a obtenção de vantagens competitivas duráveis em relação à con-
corrência é imprescindível à sobrevivência e crescimento das empresas, o portfólio de
409
produtos deve ser equilibrado e permanentemente reciclado. Ou seja, que novos pro-
dutos sejam desenvolvidos para substituir produtos em fase terminal, e que produtos
estrela possam vir a tornar-se vacas leiteiras rentáveis.
Questões
1. O que é a parte intangível de um produto? Dê exemplos.
2. Quais são as principais diferenças entre um produto genérico e um produto esperado?
3. O que é um produto ampliado? Dê exemplos de ampliação de produtos.
4. O que distingue um produto industrial de um produto de consumo durável?
5. O que caracteriza um bem como uma especialidade?
6. O que é um produto de conveniência? Dê exemplos.
7. O que é um produto de compra comparada?
8. De que maneira uma empresa pode prolongar o ciclo de vida de um produto?
9. Quando os produtos de uma empresa em relação à sua concorrência têm participação
de mercado inferior a 1.0, como podem ser classificados se se situam em um
mercado de baixo crescimento?
10. Que estratégias uma empresa deve adotar para melhorar o seu portfólio se ela tem
muitos produtos abacaxi com baixa contribuição marginal, um único produto vaca
leiteira com boa margem e vendas boas, nenhum produto oportunidade ou estrela?
Bibliografia
AAKER, David A. Developing business strategies. New York, John Wiley & Sons, 1984.
BELL, Martin L. Marketing; concepts and strategy. 3. ed. Boston, Houghton Mifflin, 1979.
HISRICH, Robert D. & PETERS, Michael P. Marketing a new product; its planning development
and control. Menlo Park, California, Benjamin-Cummings, 1978.
LEVY, Alberto. Multievolución de proyectos de nuevos producto~. Buenos Aires, Editorial de la
Sociedad de Administración Científica, 1973.
SPITZ, Edward A. Product planning. 2. ed. New York, Petrocelli, Charter, 1977.
URBAN, Glen L. & HAUSER, John R. Design and marketing of new products. Englewood Cliffs,
Prentice-Hall, 1980.
WIND, Yoram. Product policy; concepts, methods and strategy. Reading, Addison-Wesley, 1982.
410
14 Desenvolvimento
de novos produtos
Introdução
A geração de novas idéias para novos produtos tem sido crucial para a
sobrevivência de inuitas empresas ao longo dos anos. Se observarmos o desenvolvimen-
to do setor de transporte desde as carruagens até os jatos continentais que hoje cruzam
os nossos céus, quantos desenvolvimentos ocorreram? Algumas empresas dependem ba-
sicamente de um desenvolvimento tecnológico de ponta. Esse é o exemplo que nos dão
as empresas japonesas, com uma preocupação crescente em tomar determinados produ-
tos obsoletos e com isso impedir a entrada da concorrência, e que buscam também
através de novos hábitos e novas necessidades atingir número crescente de consumido-
res. Se verificarmos o que é feito no setor da eletrônica, poderemos observar que se tem
evoluído muito e rapidamente, e esse avanço tem gerado um sem-número de oportuni-
dades de novos empregos, além, evidentemente, de conduzir determinadas empresas a
uma posição de destaque e liderança em seus mercados.
As guerras tecnológicas travadas nos últimos anos pela Polaroid contra a
Kodak, lançando sua câmera fotográfica instantânea e posteriormente o filine Super-8
instantâneo e agora mais recentemente a luta do videocassete, colocando em nocaute o
filme Super-8, são guerras tecnológicas que certamente levam as empresas a preocupa-
rein-se com a geração de novos produtos.
A inovação é importante, mas produz riscos; o que se observa é que inui-
tas empresas, pelo fato de não pretenderem correr riscos, não inovam. Muitas apenas
adaptam e outras apenas reagein quando pressionadas à ação do meio ambiente. Pode-
mos chainar uma interação positiva com o meio ambiente quando produz inovação. A
adaptação com reação é uma interação neutra com relação ao meio ainbiente. Quando a
empresa não reage, não adapta e não inova é uma interação negativa, e a verdade está aí a
mostrar o fracasso de muitas organizações pela sua indisposição ein entrar no mercado
para valer.
A miopia de muitas empresas tem gerado um fracasso em seus negócios.
Desde que Theodore Levitt escreveu aquele famoso artigo em 1960 (Miopia em Marke-
ting), quantas empresas brasileiras, para sermos mais específicos, têm tido problema com
a chamada adaptação ao meio ambiente? Esses exemplos são o mais variados possível e
mostram-nos o quanto a miopia gera riscos, comprometendo muitas vezes até a saúde da
empresa. Investir em desenvolvimento de novos produtos significa investir em
oportunidades, mas também significa investir largamente em incertezas. Incertezas essas
que, estatisticamente, nos mostram, segundo Booz, Allen e Hamilton, em 1971, em um
estudo de 366 novos produtos, ein 54 empresas realmente de bom reconhecimento, que
1/3 desses produtos novos não teve sucesso, 10% faliram e 23% se constituíram em
grande dúvida, e os negócios paralisarain.
Mas para outros produtos de consumo o grau de falência é ainda maior,
chegando a 50 ou 60% em virtude de fracassos dos lançamentos de novos produtos, se-
gundo estudos feitos pela A.C. Nielsen, nos Estados Unidos, em 1971 e 1979. Isso dá
uma idéia do quanto existe de risco em termos de lançamento de novos produtos.
Uma vez Lavoisier escreveu sua famosa lei de que na face da Terra as
coisas se transformam e se adaptam; Chacrinha (Abelardo Barbosa) constumava dizer
nos seus espetáculos: "Nada se cria, tudo se copia". Tal fato sugere a indagação: o que é
na verdade produto novo?
O produto pode ser novo em determinado mercado e não ser novo em ou-
tros mercados; exemplifica-se: há produtos introduzidos no Brasil e na América Latina,
de modo geral, que são novos para este continente, mas não são necessariamente novos
para a Europa ou para os Estados Unidos. Até hoje, por exemplo, os americanos de al-
gumas empresas de alimentos no Brasil não entendem por que os brasileiros não comem
pasta de amendoim, que é um produto largamente consumido nos Estados Unidos. Des-
sa forma, a pasta de amendoim, apesar das inúmeras tentativas de colocação no mercado
brasileiro, é ainda um produto novo.
Na verdade, o que surge hoje como um novo produto nada mais é do que
uma adaptação de uma antiga necessidade não satisfeita.
Assim, gerar novas idéias para produzir novos produtos exige recursos,
recursos financeiros, recursos de criatividade, ou seja, de tecnologia. E a tecnologia exige
investimentos na área de pesquisa e de desenvolvimento na busca de aplicações práticas
no campo dos negócios.
Nem toda a tecnologia desenvolvida pode ser aplicada para novos produ-
tos, tanto que a indústria aeroespacial, considerada uma indústria de ponta, tem gerado
uma série de subsídios para a indústria eletrônica e mesmo para a indústria aeronáutica; e
nem tudo aquilo que é hoje domínio científico do homem tem uma exeqüibilidade no
412
campo dos negócios. Isso ocorre em larga escala porque há ainda dicotomia entre as ne-
cessidades da população consumidora em geral e os desenvolvimentos tecnológicos fei-
tos em laboratórios.
Tecnologia
O custo do desenvolvimento tecnológico, sobretudo para países em de-
senvolvimento, como os da América Latina e os do terceiro mundo em geral, é elevado,
como uma necessidade de investimentos nem sempre disponíveis; afora, é claro, uma
chamada inteligência a nível nacional nem sempre possível de se encontrar em todas as
áreas.
Tein-se observado que os japoneses adaptavam tecnologias; hoje- inovam. A
tecnologia é muitas vezes recriada atendendo a uma necessidade de determinado mer-
cado, pois ela muda muito no mundo inteiro, e há sempre uma pressão da inovação e do
declínio sobre certos hábitos de consumo.
Invenção
Afora as pesquisas tecnológicas, há também um ponto a ser abordado, da
invenção, que gera realmente coisas novas (isso já foi exemplificado com a Polaroid e a
sua câmera instantânea), além de um sem-número de produtos que foram a seu tempo
produtos realmente inovadores, invenções, se se prefere. A penicilina, o ciclotron, o he-
licóptero, o girocompasso, os transplantes de coração, as pontes de safena foram à sua
época exemplos de algumas invenções criadas pelo homem, e que encontram um merca-
do importante para a melhoria da qualidade de vida da população no mundo inteiro.
413
Quadro 14.1. Razões de fracassos de produtos novos.
Análise de atributos
Inovação
Um produto só é considerado realmente novo à medida que é percebido
como algo novo. A inovação inuitas vezes toma tempo até ser realmente aceita pela so-
ciedade de consumo.
Dessa maneira, o processo de adoção depende em larga escala do processo
mental pelo qual o consumidor passa desde o inomento ein que ele travou conheci-mento
da inovação até o momento final da adoção do novo produto. E por essa razão que muitos
produtos novos falham, pois nem sempre a inovação é decodificada pelo consumidor
como uma vantagem ou um benefício.
A adoção é uma decisão da parte do indivíduo de se tomar um usuário re-
gular do produto ou serviço ou mesmo idéia. O processo de adoção de um novo produto
passa por estágios, como:
415
atingem os inovadores e adotadores iniciais de novos produtos. É preciso ainda conhecer
os traços de comportamento dos consumidores adotadores do novo produto, pois é a es-
se público específico que a empresa inovadora deve dirigir os seus esforços. E necessá-
rio, no entanto, observar que a inovação não é um traço de personalidade, pois os in-
divíduos podem ser inovadores em certas áreas e em outras não.
Algumas correlações de inovação incluein: indivíduos bem-educados e que
gostam de ler, cosmopolitas, que possuem status de alta classe social, sociabilidade e
que usam extensas fontes de informação.
2. Pesquisa de mercado:
a) características do mercado, tamanho e tendências;
b) natureza da concorrência;
c) especificações das características do produto para atender às ne-
cessidades de inercado;
d) estratégias de colocação do produto baseadas na forma do produto,
relação preço-qualidade e variáveis psicológicas.
417
c) mão-de-obra necessária e disponível para desenvolver o projeto;
d) potencialidade comercial do produto. 3
418
b) estabelecimento de cronogramas e orçamentos para se avaliarein
os resultados do teste.
2. Produção experimental para o teste de mercado.
3. Planejamento final da produção.
4. Execução do teste de mercado.
5. Análise e revisão:
a) modificações no produto;
b) modificações na embalagem;
c) modificações no marketing do novo produto;
d) modificações no preço;
e) desempenho geral do teste em relação às previsões e aos parâme-
tros estabelecidos.
6. Planos finais para lançamento com orçamentos e responsabilidades es-
tabelecidas.
Vejamos agora esses mesmos passos, desenvolvidos em detalhes, sob um
enfoque inais metodológico.
419
Fonte: BELL, Martin L. Marketing; concepts and strategy. 3. ed. Boston, Houghton Mifflin, 1979. p.
224.
420
1 IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES (IDÉIAS)
421
c) A seleção de idéias deve levar em consideração alguns dados "objeti-
vos" com relação ao produto, tais como: tecnologia necessária para o produto ser aceito;
recursos necessários à produção e comercialização; e concorrência existente, similar e
potencial.
422
1— CONSUMIDORES
423
II – PROBLEMAS LEGAIS
III – CONCORRÊNCIA
424
b) Distribuição
1. Onde estão localizados os clientes potenciais?
2. Onde e como são adquiridos produtos desse tipo?
3. Como será feita a distribuição?
4. Valerá a pena limitar a distribuição a uma região?
5. Como é que a concorrência distribui?
6. Existe tradições na distribuição?
c) Promotores/vendedores
1. A equipe atual poderá absorver esse produto sem prejuízo dos
demais?
2. Qual será o custo para treinamento de nova equipe?
d) Propaganda
Existem várias fontes que podem opinar acerca do produto novo, até se
chegar à sua configuração final. Entre elas, destacam-se:
Fontes externas – os clientes: consumidores finais e os canais de distri-
buição
Fontes internas – a força de vendas das empresa
Fontes externas – os institutos de pesquisa e desenvolvimento
– o governo
425
Fontes internas – a alta administração da empresa
– o comitê de novos produtos
– sugestões dos empregados da empresa
Fontes externas – e até a observação dos produtos similares da con
corrência
3 ANÁLISE DE VIABILIDADE
Para que o novo produto seja viável é preciso que se realize um teste de
conceito junto aos públicos-alvo primário (principais consumidores) e secundário (
demais prováveis compradores). O primeiro passo na elaboração de um teste corres-
ponde à determinação do problema-chave, ou seja, o que este teste deve avaliar.
Em seguida, deve-se determinar uma metodologia para o teste, estabele-
cendo-se o tipo de amostragem e fixando-se o tamanho das amostras.
427
Após a elaboração dos questionários, deve-se planejar o trabalho de campo
e promover a pesquisa-piloto (teste do questionário), que será uma espécie de avaliação
da eficiência do questionário, pois permitirá observar se o mesmo está "funcionando" de
forma adequada com relação às informações que, com ele, se deseja obter.
Depois desta avaliação e possível correção do questionário, pode-se fi-
nalmente realizar o trabalho de campo. Os dados obtidos devem ser tabulados e analisa-
dos num relatório.
E muito importante ter sempre em mente que a pesquisa ou a aplicação de
testes não constitui simplesmente um fim, mas um meio de obter dados e, através deles,
conhecer o mercado e seus consumidores. Desta forma, a realização de uma boa pesqui-
sa garante, em parte, o sucesso no lançamento de novos produtos. Aconselhamos que o
grupo, por intermédio de seu representante, entre em contato com professores e profis-
sionais da área de pesquisa no sentido de garantir a máxima eficácia nesta etapa do tra-
balho.
A – Definição do problema-chave:_______________________________________
_________________________________________________________________
B – Determinação da metodologia:
________________________________________________________________
428
"melhor" idéia, deve-se também levar em consideração aquelas variáveis denominadas
anteriormente objetivas. De nada adianta selecionar uma idéia que, junto ao público-al-
vo, obteve parecer favorável em termos de conceito, mas que, tecnologicamente, ou sob
qualquer outro ponto de vista, é inviável.
A seguir é preciso que se faça breve análise dos resultados obtidos e
compare os pontos favoráveis com os desfavoráveis.
• Apresentação da análise comparativa dos dados obtidos nos relatórios.
• Apresentação da idéia selecionada, bem como justificativas para sua
escolha.
Observação: Outra variável que poderá ser decisiva na escolha da "me-
DO MERCADO
429
2.4 Além do estudo quantitativo do mercado, é necessário conhecer outras caracterís-
ticas do mesmo, tais como:
2.4.1 Breve histórico do mercado.
2.4.2 Tamanho do mercado (volume de vendas etc.)
2.4.3 Quais são as tendências para este mercado (expansão, retração etc.)? 2.4.
4 Qual é a natureza da concorrência: similar, potencial, existente?
2.4.5 Qual é a participação de mercado dos três principais concorrentes?
2.4.6 Quais são as forças e as fraquezas dos três principais concorrentes?
2.4.7 Qual será a estratégia de posicionamento do produto em função da sua forma,
preço (estimado), qualidade e variáveis psicológicas?
5 TESTE DE MERCADO
431
(As idéias vão de
encontro com os
objetivos da empresa?)
Deptos. da
RESPONSABILIDADE:
empresa:
• Conduzir investigação de fontes secundárias
Vendas
Contabilidade • Supervisionar e dirigir
Pesquisa • Avaliar resultados
• Preparar custos e desenvolver o orçamento
Engenharia
• Auxiliar na engenharia e designs específicos
Produção
• Auxiliar testes de laboratório
Contabilidade
• Determinar custos e orçamento para produção
Vendas
• Esboçar um plano de marketing
• Recomendar o plano à gerência
• Decidir a produção para teste de campo
Vendas • Supervisionar e coordenar
Distribuição • Coletar informações e avaliar resultados
Pesquisa • Interpretar resultados
• Recomendar modificações no de-
sign do produto e no plano de marketing
Propaganda • Fazer e finalizar o plano de mar keting
Vendas • Recomendar a gerência
Produção • Previsões
Contabilidade • Orçamentos
• Decidir a comercialização
• Supervisionar e coordenar a introdução do produto
• Controlar o produto nos estágios
do ciclo de vida
• Decidir a modificação ou extinção dos produtos.
Fonte: HISRICH, Robert D. & PETERS, MichaeI P. Marketing a new product; its planning, development and
control. Menlo Park, California, Benjamin-Cummings Publishing, 1978. p. 37.
432
II – PESQUISA DE CONSUMO
formações:
433
O composto do produto
434
Estruturação da força de vendas
Promoção e propaganda
Faça breve explanação das estratégias que deverão ser adotadas no lan-
çamento junto a intermediários e consumidores/usuários.
Distribuição
435
3. Quais serão os problemas de distribuição a serem enfrentados e quais
são as alternativas para sua solução?
436
Figura 14.4. Representação gráfica da análise de retomo do investimento.
437
7 INTRODUÇÃO DO PRODUTO NO MERCADO
438
Características do produto que influenciam a adoção
8 COMERCIALIZAÇÃO
Antes que o novo produto ganhe a fase de mercado, ou seja, de sua co-
mercialização, é preciso avaliar a disponibilidade e o custo da tecnologia necessária, bem
como dos recursos imprescindíveis a fabricação e comercialização e ainda a aceitação
pelo mercado-alvo.
439
Resumo
Em economia de mercado sempre voltada para produção, administrar os
produtos da empresa ainda é, sem dúvida, importante. E a missão é árdua, pois exige
sensibilidade e perspicácia. Um produto novo poderá atingir rapidamente a maturida-
de e entrar em declínio se uma ação mercadológica não for prontamente adotada. Um
portfólio de produto ou de negócio desequilibrado pode levar uma empresa à concor-
data ou à falência.
As técnicas de análise de posicionamento de produto e de portfólio de
produtos, por exemplo, devem ser utilizadas para detectar falhas ou oportunidades de
mercado. O reposicionamento de um produto no mercado ou o desenvolvimento de no-
vos produtos fazem parte da estratégia de produtos de qualquer empresa bem-sucedi-
da.
Questões
1. O que é inovação?
2. Quais são os critérios de adoção de um novo produto?
3. Qual é a importância dos fatores tecnologia e invenção para o desenvolvimento de
um novo produto?
4. Quais são na sua opinião as principais causas de fracasso de um novo produto no
mercado?
5. Qual é a importância da análise de atributos para o desenvolvimento de idéias para
novos produtos?
6. De que maneira um ambiente interno pode ser propício ao lançamento de um novo
produto?
7. Quais são as etapas da pesquisa de viabilidade de um novo produto?
8. Em que consiste um teste de marketing?
9. De que forma podem ser identificadas as oportunidades de mercado para um novo
produto?
10. Quais são as principais diferenças entre um teste de conceito e um teste de merca-do?
440
Bibliografia
BELL, Martin L. Marketing; concepts and strategy. 3. ed. Boston, Houghton Mifflin, 1979.
HISRICH, Robert D. & PETERS, Michael P. Marketing a new product; its planning development
and control. Menlo Park, California, Benjamin-Cummings Publishing, 1978.
LEVY, Alberto. Multievolución de proyectos de nuevos productos. Buenos Aires, Editorial de la
Sociedad de Administración Cientifica, 1973.
SPITZ, Edward A. Product planning. 2. ed. New York, Petrocelli, Charter, 1977.
URBAN, Glen L. & HAUSER, John R. Design and marketing of new products. Englewood Cliffs,
Prentice-Hall, 1980.
WIND, Yoram. Product policy; concepts, methods and strategy. Reading, Addison-Wesley, 1982.
441
Como administrar
15 a ação da concorrência
e a guerra de mercado
O marketing é a ação de compreender as necessidades de consumo e a ca-
443
aquele que está roubando mercado, direta ou indiretamente, que é inimigo de um negó-
cio, que rouba os lucros obrigando a empresa a sacrifícios de preço, ou ainda aquele que
leva a organização a retardar investimentos e modificações operacionais e de produto
realmente importantes.
Para Michael Porter, é preciso ter uma análise detalhada da concorrência
para se obter sucesso no mundo dos negócios. Isso implica identificar quem são os con-
correntes e como eles atuam, o que estão fazendo e o que podem fazer, quais são as suas
estratégias atuais, quais são as suas principais forças motrizes e capacidades, além de
prever quais serão suas metas futuras.
A identificação da concorrência deve levar em conta as empresas que di-
reta ou indiretamente afetam as vendas e os lucros de uma organização, bem como
aquelas que poderão vir a tomar-se concorrentes, tais como:
• empresas que ainda não atuam no seu negócio, mas que podem vir a
atuar de modo particularmente barato;
• empresas para as quais existem sinergias de produção, de matérias--
primas, de distribuição ou mesmo de vendas;
• empresas para as quais vir a atuar no negócio possa ser natural ex-
tensão de estratégias;
• clientes ou fornecedores que podem vir a integrar-se para trás ou para
frente.
444
Portanto, para se enfrentar a concorrência é preciso identificar qual é o
sistema concorrencial além de centrar o principal concorrente. Isso exige análise deta-
lhada do ambiente competitivo e capacidade de identificação das principais forças
atuantes no mercado.
445
Identificar as principais estratégias da concorrência
446
ainda o objetivo principal pode ser a participação de mercado. Há outros ainda em que a
liderança tecnológica é perseguida a qualquer custo. Mas há empresas cujo objetivo
básico é a satisfação de clientes pela execução de bons serviços. O importante é identi-
ficar a importância de cada objetivo do concorrente, ou seja, o que a concorrência mais
valoriza. A imagem de marca ou a lucratividade?
447
cas em termos de promoção de vendas ou de merchandising. É pre-
ciso analisar caso a caso.
7. Sistema de informações. Há empresas que dispõem de excelentes
sistemas de informação, porém há outras cujo sistema é falho ou in-
consistente.
8. Preços. O preço pode ser o ponto alto de vendas para alguns produtos
e restritivo para outros. Um preço alto tanto pode valorizar a
qualidade de um produto ou serviço, como pode ser um empecilho às
vendas.
9. Custos. Quando os custos de produção ou de distribuição são altos, a
empresa pode perder fôlego e poder de barganha para enfrentar a
concorrência.
10. Serviços oferecidos. A qualidade e a variedade de serviços ofereci-
dos aos clientes podem ser a chave de sucesso de uma organização.
11. Marcas, patentes e direitos autorais. Quando um produto não pode
ser protegido por marcas, patentes e demais direitos, ele fica vul-
nerável à ação de uma concorrência predatória.
13. Ação legal e sindical. Quando uma organização é mais exposta à ação
de sindicatos trabalhistas, pode sofrer paralisações ameaçadoras ao
seu negócio. Outro aspecto restritivo são as ameaças legais inter-
postas pelo governo ou entidades, quando a empresa é poluidora ou
provoca problemas ambientais.
Em suma, uma empresa precisa adotar instrumentos para avaliar as forças
e as fraquezas da concorrência e estar apta a pro-agir, ou seja, agir antes que o mercado
se altere desfavoravelmente ao seu negócio.
Há uma Iei da física que diz: "A toda ação corresponde uma reação de
mesma intensidade e em sentido contrário." Na lei de mercado prevalece o mesmo con-
ceito; portanto, é preciso prever com certa antecedência a possível ação ou reação da
concorrência.
448
Mais do que uma reação à ação da concorrência, uma organização precisa
estar apta a antecipar-se aos fatos. Al Ries, em seu livro Bottom-up marketing, faz al-
gumas considerações importantes para se posicionar estrategicamente um negócio ante
possíveis ações da concorrência:
1. Não tente mudar o mercado. Não culpe a concorrência por seus fra-
cassos, tenha a coragem de mudar a sua organização, pois ela mais do
que a concorrência pode ser o obstáculo ao seu sucesso. Molde uma
força de marketing apta a pro-agir.
2. Esteja sempre na crista da onda das inovações, não espere pela ação do
concorrente. Invista em tecnologia e em pesquisa de mercado para
identificar necessidades de consumo não satisfeitas. Transforme pro-
blemas em oportunidades para novos produtos ou serviços. Descruba
novos segmentos de mercado (como fez a Triches, lançando as má-
quinas de lavar roupas e louças com a marca Enxuta).
3. Invista em informação para sentir o que a concorrência está fazendo ou
pretendendo fazer. Procure sentir o mercado através de clientes,
distribuidores e até mesmo de consumidores.
4. Dê asas à intuição e tome cuidado com as previsões subjetivas.
5. Procure sentir as tendências.
6. Procure estreitar o foco, escolha apenas um inimigo por vez e o acom-
panhe pari passu.
Enfim, o marketing deve estar centrado no consumidor e no principal
concorrente. Há uma frase histórica do treinador de futebol, Oswaldo Brandão, que dizia
aos seus jogadores: "É preciso chegar junto com o adversário na bola." Em marketing,
muitas vezes é preciso chegar junto ou antes que o concorrente no mercado consumidor.
449
Entre as fontes de informações possíveis de serem utilizadas para se son-
dar a ação da concorrência se destacam: a força de vendas da empresa que mantém con-
tato com o mercado, os clientes e os fornecedores da concorrência, e outros concorrentes
etc.
450
Administrando o marketing de guerra
Evolução histórica ambiente-estratégia
Segundo Philip Kotler e Ravi Singh ', durante a prosperidade dos anos 50 e
60, o rápido crescimento econômico permitia às empresas centrarem sua atenção mais na
demanda do que no caráter da concorrência propriamente dito. O "conceito de mar-
keting" emergente garantia que as empresas seriam bem-sucedidas se analisassem as
necessidades do consumidor e as satisfizessem com os produtos, preços, distribuição e
promoção apropriados. As empresas bem-sucedidas seriam as orientadas para o consu-
midor, e as ações da concorrência seriam, no máximo, incidentais.
Na década passada, vários sinais prognosticavam para esta década de 80
um período de baixo crescimento econômico: recursos escassos, proliferação interna-
cional de recursos tecnológicos, custos energéticos crescentes, recessões econômicas,
barreiras comerciais, tensões políticas, crescimento populacional no mundo desenvolvi-
do e crescimento crítico para o mundo em desenvolvimento. E outros fatores mostra-
vam-nos que as perspectivas de crescimento e prosperidade se tomariam raras nos pró-
ximos anos.
Assim, os anos 70 poderiam ser descritos como a década da orientação
para a distribuição. Os varejistas adotavam o merchandising de massa, e outros distri-
buidores ficaram mais poderosos, e os fabricantes passaram a vender para intermediá-
rios, reduzidos em número porém maiores. Era a década na qual os fabricantes centrali-
zavam sua atenção no problema da habilidade das manobras na poderosa politica de dis-
tribuição.
Os anos 80 não estão renegando uma orientação para o consumidor e a dis-
tribuição, mas agregando uma orientação para a concorrência. As empresas agora têm de
escolher os mercados cujas necessidades podem satisfazer e nos quais possam lidar com
os concorrentes. As empresas têm de conhecer todas as ações e recursos da con-
corrência para selecionar seus mercados-alvo e definirem seus objetivos. As empresas
têm de buscar sua rentabilidade às custas de outras empresas, e mais através de ganhos
na divisão de mercado do que no crescimento em si. Passaremos do cenário da con-
corrência tradicional para o campo de batalha.
O marketing bem-sucedido vai requerer também apoio em estratégias cen-
tradas na competição, e não só no cliente ou na distribuição.
Os princípios e estratagemas militares não são a resposta definitiva para a
estratégia competitiva, mas provêem critérios para analisarmos o significado para uma
empresa de obter sucesso no ataque e outra na sua defesa contra um agressor.
1. KOTLER, Philip & SINGH, Ravi. Marketing warfare in the 1980's. The Journal of Business Strategy, p. 30-
41, 1981.
451
Os administradores têm falado sempre em "invadir mercados", "marchar
para o combate", "responder a tiroteios com tiroteios", e assim por diante. Raramente ,
entretanto, consideraram a importância de possíveis estratégias de ataque e defesa, bem
assim suas exigências e méritos relativos.
"A competição pelo mercado esquentará consideravelmente na década de
90. Os homens de negócios terão de aprender como atacar e como se defender efetiva-
mente." (Philip Kotler)
"O marketing é apenas uma forma civilizada de combate, onde a maioria
das batalhas é ganha através das palavras." (Albert W. Emery)
A estratégia ofensiva ou defensiva será formulada com o intuito de atacar
as fraquezas dos concorrentes, através das forças disponíveis pela empresa. E simulta-
neamente ela deverá estar preparada para se defender das ameaças e, se possível, apro-
veitar ainda as oportunidades, isto é, as brechas do mercado.
Tipos de estratégias de ataque
452
Essa visão não pode substituir totalmente a visão
mercadológica. As empresas ainda têm de permanecer
atentas para pesquisar e satisfazer as necessidades
do consumidor, e agora têm de saber também como
desestruturar seus concorrentes nessa tarefa.
Fonte:KOTLER, Philip & SINGH, Ravi. Marketing warfare in the 1980's. The Journal of Business Strategy, p.
30-41, 1981.
Figura 15.1. Tipos de estratégia de ataque.
453
Escolher o inimigo — "É preciso estreitar o foco"
Ataque frontal
Diz-se que um agressor usa o ataque frontal quando coloca suas forças
abertamente contra as do inimigo. Atacam-se mais as forças do que as fraquezas do
inimigo. O resultado depende de quem possui a maior força e resistência. Num ataque
frontal, o agressor confronta produto com produto, propaganda com propaganda, preço
com preço, e assim por diante.
454
Ataque pelos flancos
Cerco
455
criados para previnir possíveis hostilidades futuras no âmago da área de confronto. Para
uma empresa, significa driblar a malícia do inimigo atacando mercados mais disponíveis
para aumentar seus próprios recursos. Isso pode acontecer de dois modos: ou diversifi-
cando a linha de produtos ou diversificando o mercado de atuação para os produtos já
existentes.
Ataque de guerrilha
Ataque de guerrilha
457
O ataque de guerrilha é praticado, normalmente, por uma empresa peque-
na contra uma grande. As empresas de pequeno porte são mais ágeis para tomar de-
cisões. Não sendo capaz de manter um ataque frontal ou até mesmo um ataque flan-
queado, a empresa menor impõe barreiras com pequenas campanhas promocionais e
mudanças de preços em pontos estratégicos da grande fatia de mercado do oponente de
maneira calculada para abalar gradualmente o poder de mercado. Os dogmas militares
afirmam que uma carga contínua de pequenos ataques produz maior impacto cumulati-
vo, desorganização e confusão ao inimigo, do que alguns ataques maiores.
Acrescente-se: a guerrilha é mais uma preparação para a guerra do que a
guerra em si. Enfim, a guerrilha deve ser seguida de um ataque mais forte, se o agressor
deseja `abater' seu inimigo. Conseqüentemente, em termos financeiros, a guerrilha não é
uma operação barata."
E freqüente surgirem campanhas para desmoralizar um concorrente ou vá-
rios ao mesmo tempo, mas um dos exemplos clássicos ocorreu há alguns anos no setor
de água mineral. Com o auxílio de informações sobre poluição das águas minerais e ou-
tras campanhas, o certo é que as águas engarrafadas em Lindóia (Estado de São Paulo),
com a marca da cidade, foram pouco a pouco perdendo mercado.
458
desse tipo, assim como o ataque frontal, é aparentemente uma das mais arriscadas es-
tratégias militares.
459
Defesa de
posição
460
Defesa móvel
461
Defesa
preventiva
A "contra-ofensiva" na defesa
462
Defesa pelos flancos
valer a pena alguns recuos mínimos para permitir que a ofensiva se desenvolva total-
mente (e se possa compreendê-la) antes de reagir. Essa pode parecer uma estratégia pe-
rigosa ("deixe como está para ver como é que fica"), mas existem razões profundas pa-
ra não se meter gratuitamente em uma emboscada.
Uma saída melhor para uma ofensiva é o defensor parar para identificar
uma brecha no exército do atacante, ou seja, um espaço no segmento em que possa via-
bilizar uma contra-ofensiva.
463
Sinopse
Para conseguir o domínio de um mercado a empresa precisa:
464
o futuro hoje. Cuidado ainda com as previsões subjetivas, mas dê asas à intuição criati-
va para enfrentar a concorrência.
Resumo
A arte da guerra tem ensinado aos mercadólogos lições de táticas e de
estratégias. Perseguir o inimigo certo na hora certa e com o poder de fogo adequado
pode poupar muitos recursos e muitas dores de cabeça.
Para tanto é preciso descobrir quais são os concorrentes nos clientes
atuais e futuros. E o exercício de identificar os objetivos da concorrência mais do que
um exercício de simulação pode poupar dissabores futuros. Para isso é preciso que to-
dos na organização estejam voltados para acompanhar a concorrência, desde vende-
dores no campo até a alta cúpula. O exercício da prática do gentlemen agreement, que
busca estabelecer uma política cartorial de reserva de mercado, pode revelar-se uma ar-
madilha aos negócios futuros de uma empresa, pois acostumar à aparente tranqüilidade
dos acordos de preço e de mercado pode levar as organizações a enfraquecerem a sua
guarda e, portanto, se tornarem presas fáceis dos competidores mais astutos.
Questões
1. Discuta os critérios que uma empresa deveria estabelecer para enfrentar uma em-
presa líder de mercado.
2. De que maneira uma empresa pode descobrir os objetivos estratégicos de seus
concorrentes?
3. Quais são os passos para se montar um sistema de informações de marketing cen-
trado na concorrência?
4. Como podem ser levantados os pontos fortes e fracos da concorrência?
5. Como uma empresa pode mapear a sua posição em relação ao seu principal con-
corrente?
6. Como se pode estimar a reação da concorrência à estratégia de lançamento de um
novo produto, tal como um novo refrigerante, um novo automóvel?
7. O que é um bom e um mau concorrente?
8. Quais são os passos para identificar os principais concorrentes?
9. Defina que tipo de ação de guerra um pequeno fabricante deve adotar para enfren-
tar os gigantes do setor.
10. O que é defesa preventiva?
11. Como uma organização pode defender-se de um ataque frontal?
465
Bibliografia
DURO, Robert & SANDSTROM, Bjorn. The basic principies of marketing warfare. New York,
John Wiley & Sons, 1987.
KOTLER, Philip. Marketing management. 6. ed. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1988.
LEVINSON, Jay Conrad. Guerrilla marketing attack. Boston, Houghton Mifflin, 1989.
PORTER, Michael E. Estratégia competitiva. Rio de Janeiro, Campus, 1986.
RIES, Al & TROUT, Jack. Bottom-up marketing. New York, McGraw-Hill do Brasil, 1988.
466
Administração do
6 composto de preço
Política de preços
467
Seguir a concorrência pode significar não se marginalizar do mercado, e
diferenciar o produto é uma forma hábil de se fugir a uma guerra de preços.
Mas o que é o preço? E o valor justo pela posse de um bem ou de uni ser-
viço? Qual é o processo mental do indivíduo ao estabelecer uma relação entre preço e
utilidade do bem? Na verdade, cada indivíduo tem sua escala de valores para classificar
a utilidade do bem e o preço que ele se dispõe a pagar pela sua posse. Assim, os produtos
e serviços podem ser avaliados distintamente por diferentes pessoas, bem como o
dinheiro pode ter significado diverso para o mesmo indivíduo em tempos diferentes. É
como oscila o conceito de caro ou barato. Uma peça exclusiva, por exemplo, pode dar a
sensação de cara.
Demanda e preço
As características da demanda enquadram-se em duas categorias para aná-
lise: a demanda individual – que é a relação que um indivíduo faz entre a satisfação e o
consumo de um bem ou serviço – e a demanda de mercado – que é a demanda resultan-
te de todos os indivíduos.
468
Utilidade
total
Demanda de mercado
Preço,
custo
469
RELAÇÃO DE DEMANDA E MANUTENÇÃO DE PREÇOS
470
redução de preços pode estimular o consumo. A empresa que teve essa iniciativa vende
todos os seus estoques; a demanda permanece ativa, e a concorrência é que se vai bene-
ficiar.
471
Se o preço é reduzido de $ 11 para 10, a quantidade consumida é 1, e,
portanto, a receita total P x Q é igual a 10, e é igual à receita marginal, também 10.
Quando o preço é reduzido para 9, a quantidade demandada passa para 2, a receita total
para 18 (P x Q), porém a receita marginal nesse caso é de 8, isto é, a nova receita total 18
menos a receita anterior 10.
___________________________________________
______________________
___________________________________________
_______________________
472
Preço e objetivos da empresa
1. A MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO
É claro, entretanto, que essa relação não é estática, uma vez que uma re-
dução de preços, ao se estimular a quantidade consumida (quantidade demandada, se-
gundo os economistas), provoca mudanças na curva de experiência e essa tende a redu-
zir os custos de fabricação ou de comercialização (veja curva de experiência, Capítulo 8).
O preço ótimo é aquele que maximiza o lucro.
LUCRO = RT — CT
LUCRO = P.Q — CT
2. PARTICIPAÇÃO DE MERCADO
4. RELAÇÃO PREÇO-QUALIDADE
474
Figura 16.6. Representação gráfica da configuração espacial de preço qualidade.
Vejamos agora as diversas estratégias:
1. Estratégia premium – com um produto de alta qualidade, pode-se
praticar um preço alto, visando atingir a faixa alta do mercado, a cha-
mada faixa premium.
2. Estratégia de penetração – com um produto de alta qualidade, visa-se
obter rápida penetração de mercado, praticando-se um preço médio, isto
é, pouco abaixo do normal.
3. Estratégia de superbarganha – um produto de alta qualidade, a preço
baixo, só pode significar rápida introdução no mercado, à custa da
concorrência, e sobretudo oferecendo condições vantajosas ao distri-
buidor.
4. Estratégia de preço alto – para uma qualidade média, um preço alto
pode significar uma tentativa de valorização do produto e rápida lu-
cratividade.
5. Estratégia de qualidade média ou comum – a prática de um preço
condizente com a qualidade objetiva, uma parcela justa do mercado,
nem mais nem menos.
6. Estratégia de barganha – oferecer um produto de qualidade média a
um preço baixo só pode significar uma barganha com distribuidores e
consumidores.
475
7. Estratégia de "bater e correr" – nada mais é do que tirar uma van-
tagem inicial e sair rapidamente do mercado, pois um preço alto com
qualidade baixa é uma ação predatória.
8. Estratégia de artigos de qualidade inferior – um preço médio para um
produto de baixa qualidade só pode estar associado a uma política de
tirar vantagem da imagem de marca. Exemplifica-se: artigos de
confecção com defeitos de fábrica, vendidos a preços médios, como
sendo de boa qualidade.
9. Estratégia de preços baixos – a produtos de baixa qualidade corres-
ponde unia estratégia de preço baixo, para vender quantidade.
Preço limite
2. ALEXIS, M.; HAINES Jr., G. & SIMON, L. A study of the validity of the experimental ap-
proaches to the collection. Institute of Management Science. Price and Product Preference Da-
ta, 1980.
476
Preço alinhado
Fonte: ROBIN, Donald. Marketing. New York, Harper & Row, 1978.
477
ao custo unitário de venda. O mark-up é muito utilizado pelo varejo em geral. O valor do
mark-up varia de acordo com o ramo varejista. Para a revenda de automóveis, gira, por
exemplo, em torno de 20%.
Portanto:
preço de venda = custo de venda + mark-up
ou mark-up = preço de venda — custo de venda.
Aplicações de mark-up
Tipos de descontos
A — DESCONTO DE QUANTIDADE
478
compra por $ 70 ou $ 80. Essa diferença é a margem com a qual o revendedor deve co-
brir seus custos e obter seu lucro.
Há política de desconto diferenciado em função do poder de compra do
revendedor/distribuidor. Assim, o desconto de um cliente que compra em grandes quan-
tidades e com freqüência é maior do que para um que compra pouco e esporadicamente.
C – DESCONTO SAZONAL
D – DESCONTOS ESPECIAIS
Uma redução no preço de venda pode ser oferecida nas seguintes si-
tuações, entre outras:
1. Quando de pagamento antecipado.
2. Quando de pagamento a vista.
3. Quando de pagamento contra o recebimento da mercadoria.
4. Quando de desconto comum: 5% no vencimento.
5. Quando de desconto fora o mês com 2%, líquido em 30 dias (em épo-
cas de baixa inflação).
480
Uma política de preço de penetração envolve um preço inicial baixo, tal-
vez em um nível abaixo do próprio custo, para introduzir o produto no mercado. E logo a
seguir aumentos rápidos do preço.
Desaparecimento da diferenciação
Preço na maturidade
481
Preço no declínio
482
Um preço de venda elevado para o consumidor pode ter significados o
mais diversos possível:
a) que o produto ainda não está à venda no mercado;
b) que o produto representa um objeto de valor raro;
c) que o vendedor é ávido e está assaltando o comprador.
483
Análise do ponto de equilíbrio
3. DIAS, Ivan Pinto. Análise das relações entre custo, volume e Iucro. São Paulo, FGV, EAESP.
485
Dessa maneira, o produto A é o que melhor margem de contribuição apre-
senta: 33%. Inversamente, conhecendo-se o custo variável unitário, bem como a mar-
gem de contribuição desejada, pode-se determinar o preço de venda unitário.
Resumo
A política de preços é importante tanto na estratégia empresarial quanto
na governamental. Nesta última, tem reflexos diretos na economia, através das va-
riações que uma política de preços pode provocar no casto de vida e, sobretudo, na in-
flação. Em que pesem as teorias e as práticas governamentais de controle de preços, em
uma economia de mercado como a nossa, o que se observa é a flutuação do preço: ora
sob a luz do marketing, ora sob olhares vigilantes dos órgãos governamentais. O preço
vem sendo usado como escudo da política de marketing de muitas empresas. Em uma
economia em que tudo o que se produzia se vendia, o preço era estabelecido uni-
camente pela intenção de lucro do fabricante. Hoje, as coisas mudaram, e o consumi-
dor exerce com prazer seu poder de veto, a preços abusivos e às discrepâncias entre
preço e qualidade e preço e utilidade/durabilidade. O custo, a concorrência e o con-
sumidor são uma trilogia que se delineia na formulação de uma política de preços. Isso
tudo sob a vigilância implacável do governo. Dessa forma, mais do que um exercício de
formulação econométrica, a empresa se depara também com a necessidade de estudos
comportamentais para prever a reação do consumidor, do concorrente e do governo.
Questões
1. Quatro empresas, Alfa, Beta, Gama e Delta, produzem fogões a gás. Numa pesquisa
junto a consumidores, objetivou-se avaliar numa escala de 100 pontos os principais
atributos de cada um dos fogões dos quatro fabricantes. Os resultados da pesquisa
foram os seguintes:
486
O preço médio de venda de fogões ao consumidor é de $ 20. A que preço a em-presa
Alfa deveria vender sabendo que a empresa Gama estava vendendo seus fogões a $
22?
2. Em que circunstâncias um fabricante de pilhas de zinco carbono (pilhas comuns para
uso em aparelhos elétricos e eletrônicos) deveria reduzir seus preços?
3. Uma empresa pode estabelecer uma polftica de preços baixos para desencorajar a
entrada da concorrência. Há, no entanto, situações em que a empresa deliberada-
mente deseja atrair concorrentes a entrar em um novo mercado e estabelece um
preço alto com esse objetivo?
4. Em que condições uma empresa fabricante de macarrão instantâneo do tipo Miojo
deveria praticar uma estratégia de preços Premium?
5. O que é uma estratégia de superbarganha? Em que condições deveria ser aplicada?
Dê exemplos.
6. O que é o chamado preço psicológico adotado pelo varejo através do chamado preço
ímpar?
7. O que é mark-up custo e mark-up preço?
8. Calcule o mark-up de um produto, cujo custo de venda é de $ 80 e o preço de venda
$ 240.
9. Se uma mercadoria é vendida normalmente por $ 500.000 e sofre redução de $ 80.
000, de quanto foi a remarcação do preço?
10. Qual deveria ser o preço de venda de um novo produto cujos custos fixos fossem de $
60.000, o custo variável unitário de $ 2,00 e a quantidade mínima a ser produzida
fosse de 150.000 unidades?
Bibliografia
DIAS, Ivan Pinto. Análise das relações entre custo, volume e lucro. São Paulo, FGV-EAESP.
KOTLER, Philip. Principies of marketing. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1980. LIVRSEY,
F. Pricing. Londres, Macmillan, 1979.
ROBIM, Donald. Marketing. New York, Harper & Row, 1978.
487
Parte IV
Como administrar
a distribuição
Administração dos
canais de distribuição:
atacado e varejo
Os canais de distribuição
Para que um produto chegue do fabricante até o consumidor, ele é nor-
malmente intermediário. Esses intermediários de produtos são chamados de intermediá-
rios ou ainda de canais de distribuição.
A função básica de um canal de distribuição é escoar a produção de bens
em geral, sejam bens de consumo, sejam bens industriais ou ainda serviços.
Stern e EI-Ansary assim definem canal de distribuição: "Organizações in-
terdependentes envolvidas no processo de tomar um produto ou serviço disponível para
o uso ou consumo."
Por que as empresas usam canais para escoar sua produção? Elas os usam
sobretudo porque fica muito difícil em alguns tipos de negócio possuir uma estrutura
suficientemente ampla para poder atender em todos os mercados a todos os possíveis
clientes ou consumidores.
Para suprir uma estrutura de negócios, o distribuidor, que em linguagem
popular é chamado de intermediário, exerce, portanto, importante papel.
O distribuidor, ao substituir o produtor suprindo-o de informações acerca
de cada mercado em que atua, realiza promoção dos produtos ou serviços junto a sua
clientela; negocia assumindo riscos pelos estoques que compra do fabricante; providen-
cia financiamento aos clientes e se responsabiliza pelo pagamento das mercadorias jun-
to ao fabricante.
O fluxo de distribuição é mais ou menos complexo, em função da nature-
za de cada negócio.
491
E o número de distribuidores é também variável; senão vejamos:
492
Qualquer que seja o número de intermediários existentes, é preciso que eles
supram o fabricante que eles representam prestando bons serviços aos clientes. Isso
depende, sobretudo, da natureza do produto, da ação da concorrência ou ainda da natu-
reza dos negócios.
Uma distribuição pode ser: Intensiva, se o produto ou serviço for de longo
consumo. Exclusiva, se o serviço requerido na distribuição for altamente especializado,
requerendo serviços de pré-venda, assistência técnica, promoção, crédito etc. Se-letiva,
se houver mais de um distribuidor, exigindo um serviço selecionado com uma cobertura
de mercado mais controlada e menos dispendiosa do que uma cobertura intensiva.
Portanto, a seleção dos canais de distribuição exige esforços para identifi-
car todas as necessidades de cada mercado, bem como posicionar adequadamente o
produto ou serviço nos respectivos segmentos viáveis de mercado.
Para administrar a distribuição é preciso ainda obter cooperação de cada
distribuidor em face dos objetivos do fabricante e saber minimizar os conflitos naturais
entre objetivos discrepantes de distribuidores e fabricante.
A cooperação ou o conflito surgem do relacionamento entre os membros
de um canal de distribuição em função de interesses prevalecentes; se comuns, há coo-
peração, se discrepantes, conflito. É importante identificar no relacionamento entre eles
onde está a fonte de poder; se no fabricante ou nos seus canais de distribuição.
O poder, em sentido genérico, refere-se à habilidade de um indivíduo ou de
um grupo de controlar ou influenciar o comportamento de outro. As fontes de poder
podem ser baseadas na habilidade de um membro do canal de influir sobre o comporta-
mento dos demais canais do sistema de distribuição. A combinação dessa noção levou
alguns autores a formularem um modelo de poder entre membros de um mesmo canal de
distribuição.'
1. HUNT, Shelby D. & NEVIN, John R. Power in channels of distribution sources and conse-
quences. Journal of muzrketing research, maio, 1974. Cf. também LUSCH, Robert F. & BROW,
James R. Journal of marketing research, v . 19, p. 312, ago. 1982.
493
A administração dos canais de distribuição:
o atacado e o varejo
Comecemos por identificar o papel do atacado na distribuição de bens e
serviços.
Atacado
Introdução
Definição de atacadista
494
O comércio inter-regional pode ser traçado desde os mercadores meso-
potâmicos, talvez entre 3000 e 2000 antes de Cristo. Esses povos penetraram na Europa
pela Polônia, Escandinávia e Alpes atuais. Mas o comércio desenvolveu-se mais com os
povos mediterrâneos (cretenses, fenícios e romanos) entre o ano 300 antes de Cristo e
180 depois de Cristo.
A – OS CRETENSES
B – OS FENÍCIOS
C – OS ROMANOS
495
cação da técnica que hoje sustenta as grandes indústrias capitalistas do século XX. Infe-
re-se, pois, que marketing é também intuição, tino comercial.
O declínio de Roma significou quase mil anos de estagnação econômica,
estagnação, mas não retrocesso, porque, uma vez iniciado o desenvolvimento, esse tor-
na-se irreversível.
D – A EVOLUÇÃO HISTÓRICA
E – A IDADE MÉDIA
496
de produção de manufaturas para o mercado interno e externo, a criação de necessidades
e desejos por bens anteriormente inexistentes fez com que se abrissem as portas que o
marketing encontrara fechadas durante tanto tempo. A comercialização voltou a ser a arte
de criar e atender necessidades que deveriam ser satisfeitas através da produção e vendas
dos artigos exigidos pelos novos consumidores. Era necessário atender a um mercado em
formação, virgem no que tange a preferências e fidelidade, um mercado ávido por
novidades e cujo poder aquisitivo era dos mais baixos.
A partir do século XII começou a surgir uma nova camada social entre os
habitantes dos burgos, e que se dedicava ao artesanato – a chamada classe média.
Na Idade Média, os fatores que determinam o binômio produção-comércio
podem ser sintetizados assim:
1. As cidades eram auto-suficientes.
2. A produção era feita sob encomenda.
3. Havia identidade entre o produtor e o comerciante.
4. Havia falta de objetivo de lucro nos negócios.
Praticamente, só se pode apontar, na Idade Média, como possuindo uma
política mercantil das cidades, a Liga Hanseática alemã, fundada em 1241, em Hambur-
go.
Com a ascensão da burguesia comercial e a conseqüente elevação do po-
der aquisitivo, o desenvolvimento de novas técnicas de produção, o relativo domínio da
natureza pelo homem e a explosão demográfica européia, estavam preparadas as bases
para a Revolução Industrial, separando-se, assim, a economia em duas fases nitidamente
distintas: a fase pré-capitalista (antes da Revolução Industrial) e fase capitalista (da Re-
volução Industrial até os nossos dias).
497
1553, para explorar a rota de comércio da Rússia. As colônias da América eram fonte de
matéria-prima e mercados para os produtos finais da metrópole.
G – OS ATACADISTAS NO BRASIL
498
te a varejistas (ou outros a atacadistas), cujo propósito é a revenda de
mercadorias.
2. Tamanho das compras. Os atacadistas, em geral, compram em quan-
tidades maiores do que os varejistas, sendo que uma de suas fontes
básicas é oferecer ao varejista a oportunidade de comprar em peque-
nas quantidades.
3. Métodos de operação. Os atacadistas, brasileiros, em geral, operam
com grandes armazéns para depósito de mercadorias, muitas vezes em
áreas razoavelmente centrais, nas partes mais antigas da cidade, ha-
vendo já, entretanto, uma busca de localização fora do perímetro cen-
tral, onde os custos dos imóveis tendem a ser sensivelmente mais bai-
xos. Os varejistas usam áreas de acesso mais fáceis e adequadas ao ti-
po de produto que vendem e ao tipo de consumidor final visado. A
venda varejista é, tipicamente, uma venda de balcão, em que o vende-
dor fica aguardando a visita do consumidor fmal. Na venda a atacado,
há também, no Brasil, muito de venda de balcão ou, mais moderna-
mente, o auto-serviço em supermercados atacadistas, como o Makro,
mas o forte da venda é através da visita de seus vendedores a clientes
varejistas, ou a venda por telefone, ou através de pedidos por carta.
4. Área atacadista. Os atacadistas tendem a cobrir uma área geográfica
mais extensa do que os varejistas. Muitos atacadistas e representantes
de vendas atuam no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul do Brasil,
onde os custos de distribuição afugentam o pequeno e o médio fabri-
cantes. Há exceções à regra, mas a maioria dos varejistas cobre áreas
geograficamente menores, em que pese o incremento de vendas por
mala-postal e por telefone.
5. Custo das mercadorias. Embora atacadistas e varejistas possam
comprar diretamente do mesmo fabricante, o atacadista geralmente
consegue preços mais baixos em função de seu tipo de negócio.
Exemplifica-se: o atacadista de tecidos Ragueb Chohfi consegue, ao
longo do ano, comprar cobertores da Tecelagem Parahyba a preços tão
baixos que às vezes a própria fábrica não consegue competir com ele,
atacadista, nas vendas ao Mappin, que é um dos maiores varejistas.
499
• Tipo pague-e-leve – auto-serviço
Para atender pequenos varejistas. Exemplo: Makro.
• Atacadista intermediador de negócios
O fabricante entrega diretamente ao varejista (economia de transporte).
• Pedidos pelo correio
O atacadista recebe o pedido e providencia a entrega. Dispensa a
atuação de vendedor do atacadista.
Eis alguns tipos intermediários cie atacadista:
• Agentes intermediários.
• Corretores.
• Casas comissárias.
• Agente do fabricante.
Serviços do atacadista
500
tação de seus fornecedores. Oferece, então, ao pequeno varejista, du-
pla garantia – a sua e a de seus fornecedores.
7. A compra através do atacadista é mais simples e com melhor serviço de
atendimento ao varejista.
8. O sucesso do atacadista depende do sucesso de seus clientes varejistas e,
por essa razão, o atendimento tende a ser mais personalizado e inte-
ressado. Essa assistência é prestada, normalmente, pela força de ven-
das do atacadista.
O atacadista presta ao varejista informação e assistência sobre:
1. Desenvolvimento de novos produtos.
2. Controle de estoque do varejista para a reposição de mercadorias em
falta.
3. Planejamento de merchandising, que pode incluir promoção na loja do
varejista, propaganda cooperativa, displays etc.
4. Mark-up. Sugestões de mark-up, isto é, margem de venda a ser apli-
cada pelo varejista em níveis de preços compatíveis.
5. Modernização da loja do varejista, que pode ser orientada pelo ataca-
dista: layout, auto-serviço, luzes etc.
6. Treinamento através de manuais, filmes, leituras, discussões de vendas
etc.
O atacadista oferece serviços também ao fabricante:
1. De tecidos e vestuário.
2. Armarinhos.
3. Produtos de higiene e limpeza.
4. Produtos alimentícios.
501
5. Brinquedos.
6. Auto-serviço.
7. Peças e acessórios em geral.
8. Calçados etc.
502
tendência, hoje, é limitar um pouco a amplitude do produto, buscando uma variedade
maior dentro de cada linha de produto.
Atacado independente: desempenha papel importante no sistema distri-
butivo. Usa seu poder de compra para comprar diretamente de fabricantes, sem a inter-
venção de seus distribuidores exclusivos. Mas, de qualquer modo, faz parte do sistema
de marketing dos produtos que vende.
Atacado especializado: vende somente parte de uma linha de produtos.
Mas dentro dessa parte de linha trabalham com grande variedade de artigos. Exemplos
de atacados especializados: atacadistas de bebidas, atacadistas de brinquedos e de utili-
dades domésticas, atacadistas de frios e de laticínios etc.
Atacado/distribuidor: há muitos atacadistas que se tomam distribuidores
exclusivos de determinados fabricantes para certas áreas ou mercados. Há ainda ataca-
distas que passam a vender para certos mercados com exclusividade determinados pro-
dutos independentemente de quem os fabrica.
Varejo
Introdução
503
a adoção de técnicas administrativas modernas data de algumas décadas para cá, nos
Estados Unidos e Europa. A partir do século XIX, é que surge, no Brasil, acentuada in-
fluência européia nos usos, nos costumes e nos métodos de comercialização. E a partir de
1930 há o aparecimento de métodos de comercialização influenciados por lojas de
padrão americano, como as Lojas Americanas, Casa Sloper, Mappin, e de padrão euro-
peu, como a Mesbla (empresa francesa fundada em 1912).
Definição de varejistas
504
Características dinâmicas do varejo
505
Participação de
mercado/
lucratividade
506
Como se pode observar, as instituições, nos EUA, atingiram a fase de ma-
turidade há alguns anos, e pelo que se conhece ainda não entraram em declínio, como,
por exemplo, os supermercados e lojas de departamento.
A — AS ESTRATÉGIAS NO VAREJO
507
Fonte: Adaptado de Gimpel, José Luiz. Administração de empresas varejistas no Brasil. São Paulo, Atlas, 1980.
p. 58-9.
1. Composto de produtos
508
Composto de produto para um varejista que tem amplitude de linhas de
produtos (eixo horizontal) e variedade — número de artigos dentro de cada linha (eixo
vertical).
Dessa maneira, a Figura 17.4 representa, na primeira coluna, cinco qua-
drinhos representando cinco artigos, na segunda coluna com três artigos (círculos), a
terceira coluna tem quatro artigos (triângulos) e a quarta, três artigos (hexágonos). No
eixo horizontal está representada a amplitude de linhas de produtos (figuras variadas).
509
O composto de produtos para uma típica grande loja de departamento
constaria em roupas masculinas, femininas e infantis, sapatos masculinos, femininos e
infantis, equipamentos esportivos, roupas íntimas femininas, papelaria, bonbonnière, li-
vros, brinquedos etc., e a varidade de sortimentos incluiria ampla disponibilidade de
modelos e de marcas, bem como de linhas complementares e substitutivas. Uma loja
nessas condições teria então grande amplitude e variedade e, se não tivesse essas linhas
complementares e substitutivas, teria baixa consistência de composto de produtos.
De outro lado, um supermercado possui, via de regra, grande número de
linhas de produtos, com moderada variedade de sortimento, mas alta consistência. Isso
significa que muitos artigos em um supermercado são complementares ou substitutivos,
um feijão-preto pode ser substituído, na compra, por um feijão-mulatinho, e algumas
verduras ou vegetais podem ser complementadas com carne ou peixe.
O composto de produto selecionado pelo varejista sugere ou indica sua in-
tenção de satisfazer às necessidades e desejos dos consumidores. Mas muitas lojas, com
linhas mais simplificadas de produto, poderão igualmente satisfazer às necessidades e
desejos específicos de consumidores (caso de lojas especializadas em móveis e deco-
ração, eletrodomésticos, material de construção, equipamentos esportivos etc.).
2. 0 composto de serviço
510
seus clientes. Outros tipos de lojas, como as de móveis e decoração, açougues, mercea-
rias etc., tendem a treinar seu pessoal para prestar serviços como projetos de decoração
da casa do cliente e serviços de entrega rápida a domicílio etc.
A estratégia do varejista pode considerar muitos de seus diferentes servi-
ços parte do composto básico de serviços. O pessoal de vendas bem treinado poderá
ajudar seus clientes a identificar suas necessidades e ajudá-los a instalar os produtos.
Entre os diversos serviços que um varejista pode prestar, assinalam-se o crédito, a en-
trega da mercadoria, a instalação do produto, a garantia, a assistência técnica do próprio
varejista, independente da do fabricante.
B – CRITÉRIO DE LOCALIZAÇÃO
511
2. Venda por telefone
A venda por telefone ainda não é muito usada no Brasil, mas, durante a
recente crise de vendas de automóveis (1981), os vendedores da revenda automotiva
usaram e abusaram do telefone. Com o telefone não se pode utilizar dos recursos do
merchandising, nem transmitir ao comprador potencial uma confiança segura, mas se
pode, como um catálogo de produtos, estimular a compra.
A venda pelo correio cresce dia a dia no Brasil, abrindo uma perspectiva de
venda em que a existência de loja é prescindível. Há vendas por mala-postal direta,
folhetos e até minicatálogos.
As máquinas que vendem, largamente utilizadas nos Estados Unidos, ainda
encontram algumas dificuldades operacionais no Brasil, mas representam um merca-do
com potencial.
5. 0 composto promocional
a) Propaganda do varejista
Pode ser feita através da mídia impressa, sobretudo jornais, com destaque
também para revistas, listas telefônicas, como páginas amarelas e mala-postal direta.
Mas, sem dúvida, o jornal é uma das mídias mais eficazes, pelo preço e pela penetração
junto aos compradores potenciais. No Brasil, a mídia eletrônica ajuda a chamar o com-
512
prador para a loja, e constitui forte apelo de vendas, tanto que para algumas regiões in-
terioranas (Norte e Nordeste) o varejo é um dos maiores anunciantes na mídia eletrôni-
ca. A grande audiência de rádio e televisão em um país de baixa renda per capita e alto
número de pessoas que não sabem ou não têm o hábito da leitura justifica-se então.
b) Merchandising
c) Relações públicas
d) Venda pessoal
6. 0 composto de preços
513
nal; por essa razão, a política de preços precisa ser desenvolvida em comunhão com os
outros elementos da estratégia varejista, objetivando uma unificação de esforços para
satisfazer tanto aos anseios do comprador potencial quanto aos objetivos do próprio va-
rejista. A Figura 17.5 ilustra os aspectos componentes do composto de preços, o qual não
significa apenas o valor atribuído a um produto ou serviço, mas também pode con-
figurar a imagem de uma loja. Os compradores tendem a classificar as lojas em função
da politica de preços praticada e até mesmo estabelecer uma correlação entre preço e
qualidade dos produtos e/ou serviços vendidos. Os compradores potenciais tendem a es-
tabelecer um preço máximo e um mínimo para os artigos que compram. Um produto ou
serviço com preço fixado dentro dessa faixa venderá bem. Acima do preço máximo e
abaixo do preço mínimo as vendas estarão comprometidas, por desconfiança no tocante
à relação valor-qualidade.
514
c) O mark-up, usado pelo varejista, é simplesmente a diferença entre o
preço para o público e o preço de compra do varejista. Compra por
100 e multiplica, por exemplo, por 3 e vende por 300. Isto é a pre-
sunção de que essa margem será suficiente para cobrir os custos fixos
e dar lucro. E, sem dúvida, simplista demais, além de perigosa.
Há ainda muitas outras considerações a serem feitas antes de se chegar ao
preço. E preciso avaliar os custos, as margens de lucro compatíveis com os preços da
concorrência, com os preços de produtos similares, a imagem da loja no mercado etc.
Estabelecer preço é, além de uma ferramenta importante de vendas, a razão do sucesso ou
fracasso de muitos varejistas.
O sistema varejista
515
A – O PEQUENO VAREJISTA
B – O VAREJO EM GERAL
C – FRANQUIA
516
Vantagens do franchising
Desvantagens do franchising
517
• Padronização. Como os procedimentos operacionais são padroniza-
dos, o franqueado não tem muita liberdade para a criatividade no
negócio.
• Decisões lentas. Como o franqueador normalmente é de grande porte,
ele tende a ser lento na tomada de decisões importantes no varejo.
• Cancelamento. Há dificuldades e despesas para se cancelar um con-
trato de franchising sem o consentimento e cooperação do franquea-
dor.
D – A LOJA ESPECIALIZADA
519
H – LOJAS INDEPENDENTES
I – COOPERATIVAS DE VAREJO
520
J – LOJAS DE DESCONTO
M – SHOPPING CENTER
N – HIPERMERCADO
521
Resumo
Questões
Bibliografia
A – ATACADO
522
DIAMOND, Jay & PINTEL, Gerald. Principles of marketing. New Jersey, Prentice-Hall, 1980.
ROBIN, Donald. Marketing. New York, Harper & Row, 1978.
WALTERS, C. Glenn. Marketing channels. Santa Monica, Goodyear Publishing, 1977.
B — VAREJO
BERMAN, Barry & EVANS, R. Joel. Retail management; a strategic approach. New York,
Macmillan, 1979.
EMBRAPLAN. As vatangens do shopping center e o comércio tradicional de rua. Relatório elabo-
rado por Embraplan.
GIMPEL, José L. Administração de empresas varejistas no Brasil. São Paulo, Atlas, 1980.
JAMES, Don L.; WALKER, Bruce J. e outros. Retailing today. New York, Harcourt, Brace Jova-
novich, 1975.
MARKIN JR., Rom J. Retailing management. New York, Macmillan, 1977.
NIELSEN. Censo do comércio varejista brasileiro e informações socioeconômicas. São Paulo,
1980-81.
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do Comércio do Estado de São Paulo. São Paulo, CEBRAE-CEAG.
RACHMAN, David J. Varejo, estratégia e estrutura. 2. ed. São Paulo, Atlas, 1979.
REVISTA DIRETO LOJISTA. Números de set/nov. 1978.
ROBIN, Donald. Marketing. New York, Harper & Row, 1978.
ROSENBERG, Larry J. Marketing. New Jersey, Prentice-Hall, 1977.
THE FUTURE OF CATALOG SHOWROOMS; growth and its challenges to management. Mar-
keting Science Institute, documento de 1973. p. 3.
523
Como administrar
a distribuição física
Como o produtor precisa delegar a sua distribuição a alguns intermediários,
é preciso que o processo de escolha dos canais de distribuição seja criterioso e que a
distribuição fisica adotada para suprir os pontos de venda de produto seja consistente
com as necessidades do mercado.
Segundo Wroe Anderson: " 0 objetivo de marketing é suprir os diversos
segmentos de mercado de mercadorias e demanda."
525
O que é distribuição física e logística
Mas o que é distribuição física? Distribuição física e distribuição logís-
tica são expressões freqüentemente usadas como sinônimas de atividades associadas à
eficácia do movimento de produtos acabados, desde a linha de produção até o consumi-
dor, e em muitos casos incluem o movimento de matérias-primas, desde a fonte de su-
primentos até o início de produção em linha. Tais atividades incluem o transporte, a ar-
mazenagem, a expedição, a embalagem de proteção, o controle de estoques, a locali-
zação de fábricas e de depósitos para armazenagem, o processamento do pedido, a pre-
visão de vendas e o serviço ao cliente.' A palavra logística, embora de âmbito militar,
pode ser usada para definir todas essas atividades acima descritas e outras mais. É usa-da
também para definir a procura, distribuição, manutenção e recolocação de mercado-rias e
pessoas.
526
9. Preparar a programação de entrega para os veículos.
10. Analisar as necessidades de distribuição e da estrutura organizacional
para o sistema distribuidor.
11. Decidir sobre os procedimentos necessários ao controle, para que o
sistema de distribuição atenda às necessidades do cliente.
12. Implementar os recursos planejados de operar o sistema em confor-
midade com os planos estratégicos, para atingir os objetivos de dis-
tribuição.
Na Figura 18.1 apresenta-se um modelo de planejamento para as ativida-
des de distribuição física.
Fonte: ATTWOOD, Peter R . Planning a distribution on system. Londres, Gower Press, 1971.
527
Um plano estratégico de distribuição precisa ser flexível, para levar em
consideração todas as variações operacionais. Veja-se, pois, como isso deve ser obser-
vado.
1. Demanda de mercado
2. Elasticidade da demanda
3. Análise da demanda
4. Análise do valor
528
É impossível, entretanto, expressar a qualidade numericamente, sendo
preciso estabelecer uma unidade de comparação para defmir corretamente o tipo de ser-
viço necessário.
Como é possível oferecer bons serviços de distribuição a custos baixos?
Através de um exame sistemático de custos, pode-se confrontar a qualidade do serviço
com os custos incorridos. Em geral, um serviço de distribuição de qualidade pode ser
definido em cinco etapas, e o valor só pode ser comparado se vinculado às mesmas eta-
pas.
• Uma descrição geral do serviço a ser oferecido.
• Uma especificação detalhada do serviço.
• O objetivo funcional do serviço a ser oferecido.
• O prestígio que o serviço possa proporcionar.
• Os gastos financeiros do serviço.
Qual será o custo incorrido pelo serviço oferecido? Na relação
custo/benefício, vale a pena oferecer tal serviço? Torna-se evidente então que somente
através de uma avaliação criteriosa se pode responder acerca das vantagens da relação
custo/benefício.
B – LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO
529
• O número e o tamanho dos pedidos.
• A necessidade de armazenagens/depósitos intermediários.
• A escala de custo do pedido e da distribuição.
• Os custos orçados para distribuição.
• A natureza da demanda de mercado.
• O método de transporte.
C — RACIONALIZAÇÃO DE CLIENTES
530
D=
A = DEPÓSITO
ARMAZENAGEM CENTRAL
F = FÁBRICA
C = CLIENTE/CONSUMIDOR
Figura 18.2. Exemplo de sistema de suprimento de mercado.
2. Análise do pedido
531
• Obter os custos operacionais das várias fases do processamento do pe-
dido. Uma análise de custo marginal ajuda a levantar as alterações de
custo possíveis.
• Ilustrar graficamente o custo de processamento do pedido contra o
número de pedidos emitidos.
D – SERVIÇO AO CLIENTE
Figura 18.3. Representação gráfica da análise do valor do pedido e custo de seu pro
cessamento.
532
E – PLANEJAMENTO DA ENTREGA
533
acordo com o potencial de compra, estabelece-se estatisticamente a freqüência com a
qual cada classe de cliente compra e o respectivo momento certo de entrega a cada um
deles em função também de sua localização geográfica.
Localização de depósitos
A – NATUREZA DE PRODUTOS
B – NÍVEL DE SERVIÇOS
C – CUSTOS OPERACIONAIS
534
Os armazéns regionais requerem, assim, investimentos maiores, quando
devem preservar produtos perecíveis, e menores, quando os produtos não são perecí-
veis; de qualquer forma, ambos afetam os custos operacionais, mas proporcionam me-
lhor serviço a clientes e controle sobre o mercado. Em contrapartida, a tendência dos
clientes passa a ser de imobilizar pouco em estoques, passando a trabalhar com os esto-
ques regionais do fabricante.
535
Figura 18.4. Representação gráfica do ponto ótimo de localização do depósito.
536
b) Localização de acordo com a demanda de mercado
2. ATTWOOD, Peter R. Planning distributions system. Londres, Gower Press, 1971. p. 70.1.
537
Quando d1 > (d2 + d3), A é o melhor local
Quando d3 > (d2 + dl), C é o melhor local
Quando (d1 + d2) > d3 ou (d2 + d3) > d1, B é o melhor local
Figura 18.7. Método de demanda para três pontos.
Um sistema que possui mais de três pontos, e que, portanto, apresenta li-
nhas de ligação ramificadas pode ser reduzido a uma linha de ligação principal elimi-
nando-se as linhas de menor demanda. Considerando a demanda em um sistema, o mé-
todo das linha ramificadas é uma extensão de localização para demanda entre dois pon-
tos, conforme Figura 18.8.
Localização de lojas
538
fego de carros e de pedestres na área. Há diversas técnicas para esse tipo de delinea-
mento. Mas quaisquer que sejam as técnicas a serem empregadas, certamente nenhuma
delas poderá prescindir de uma análise de mercado. A condução dessa análise de mer-
cado deve apoiar-se em dados disponíveis, antecedentes, atuais e numa previsão futura
baseada nesses mesmos dados. O exame de tais dados é uma tarefa árdua, e nem sempre
exeqüível, pois nem sempre está disponível. A população residente na área em questão, os
automóveis licenciados, o número de "habite-se", os meios de transporte de massa, as ruas
e avenidas para circulação, o zoneamento existente, o tráfego de pedestres, a renda per
capita da região, são alguns exemplos de informes que necessitam ser coligi-dos. Além
desses dados, ditos secundários, outros dados de natureza primária precisam ser obtidos
através de pesquisa, para se saber onde as pessoas compram normalmente, o que
compram, qual a freqüência de compra etc.
Após delinear os dados obtidos em função dos objetivos, inicia-se o pro-
cesso de escolha dos métodos de localização mais adequados.
. 539
A aplicação mais famosa dessa lei, empregada no mundo dos negócios,
data de 1929, e é conhecida como Lei de Reilly:
Sob condições normais duas cidades atraem vendas de varejo de uma ci-
dade ou município intermediário na proporção direta do tamanho da população dessas
duas cidades maiores e inversamente proporcional ao quadrado das distâncias de cada
uma dessas cidades a uma cidade intermediária menor.3
O propósito dessa lei é estabelecer um ponto de indiferença entre duas ci-
dades, de modo a determinar a área adequada de localização para um estabelecimento
varejista. Esse ponto de indiferença é um ponto intermediário entre as duas cidades que
pode atrair indistintamente pessoas de ambas as cidades.
A lei pode ser expressa algebricamente assim:
onde:
Na = negócio que a cidade A atrai da localidade intermediária T
Nb = negócio que a cidade B atrai da localidade intermediária T
Pa = população da cidade A
Pb = população da cidade B
Da = distancia da cidade A até a cidade intermediária T
Db = distancia da cidade B até a cidade intermediária T
3. REILLY, Willian J. Método para estudo das relações varejistas. Bureau de Pesquisa de Negó
cios. Boletim n° 2944, Pesquisa monográfica n2 4. Austin, Universidade do Texas Press, 1929.
p. 16.
540
A lei de gravitação de varejo é uma ferramenta importante para a análise
de áreas, tendo, porém, suas limitações.
12) As distâncias medidas não levam em conta os cruzamentos de ruas na
área envolvida, tampouco as pessoas que circulam por esses cruzamentos. Uma for-ma
melhor de medida poderia ser o tempo de viagem.
22) A distância atual pode não corresponder à percepção de distância do
consumidor, pois uma loja que ofereça poucos serviços e poucas conveniências a um
consumidor pode parecer mais distante do que uma que ofereça maiores atrativos am-
bientais. Em outras palavras, a noção de distância é muito subjetiva. Há, no entanto, al-
gumas adaptações conduzidas à Lei de Reilly com o objetivo de adequá-la a outras con-
siderações. E foi o que fez, por exemplo, David Huff,4 ao delinear a área de atração com
base em:
1. Número de artigos (variedade do tipo desejado pelo consumidor) ofe-
recidos na área.
2. Tempo de locomoção do consumidor de sua casa até a área alternativa,
para realizar suas compras.
3. Sensibilidade com relação ao tipo de compra e à distância a ser per-
corrida.
O tamanho da área depende da combinação dessas variáveis. A variedade
de artigos é medida por metro quadrado de espaço de vendas para os diferentes artigos.
A variável tempo de locomoção inclui o custo de transporte, o esforço en-
volvido para realizar a viagem e outras oportunidades que precisam ser consideradas.
A sensibilidade ao tipo de compra envolve o propósito da viagem, se para
repor faltas de estoque de artigos de consumo, se para novas compras e tipo de produto
procurado (roupas, móveis, cigarros).
Embora a abordagem de Huff seja um refinamento da Lei de Reilly, pela
inclusão de análise de tráfego e de custo de transporte, bem como da distância a ser
percorrida, apresenta alguns problemas. E o mais importante deles é a dificuldade para
medir os cutos de locomoção e examinar os diversos concorrentes varejistas na área.
4. BERMAN, Barry & EVANS, Joel R. Retail management; a strategic approach. New York,
Macmillam, 1979. p. 200.
541
A expectativa de venda anual na área pode ser calculada pelo uso das
abordagens de Reilly e/ou de Huff:
Venda anual esperada = (número de consumidores na área) X (percenta-
gem de consumidores que fazem compras na área)
X (a expectativa anual de compras por
consumidor).
Eis outros fatores, além da população, que influenciam o tamanho espa-
cial de uma área de mercado varejista:
• as linhas de transporte existentes na área;
• as linhas de comunicação existentes na área;
• a classe de consumidor no território circunvizinho do mercado;
• a densidade da população no território circunvizinho do mercado;
• a proximidade do mercado à maior cidade do mercado;
• a atração de negócio dessa cidade;
• as atrações sociais e de lazer da cidade;
• a natureza da concorrência oferecida pelas cidades menores no territó-
rio circunvizinho;
• a distância que o cliente provavelmente terá de percorrer para alcançar
o mercado e a distância psicológica predominante naquela parte do
país;
• as condições de topografia e clima da cidade e território circunvizinho;
• o tipo de liderança exercida pelos proprietários e gerentes dos vários
negócios de interesse da cidade.
Administração de estoques
542
A – A ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES CÍCLICOS OU DE LOTES ECONÔMICOS
A reposição dos estoques deve levar em conta os fatores cíclicos que afe-
tam o consumo das mercadorias disponíveis em estoque. O nível econômico desse tipo
de estoque é determinado por: a) o equilíbrio entre os custos de pedido e de entrega; e b)
os custos de se manter o estoque para se atender a essa demanda. Em outras palavras (
Figura 18.9), é preciso compatibilizar as disponibilidades em estoques com a de-manda
de pedidos e com o fluxo de entrega dessas mercadorias. Quanto maior e menos
freqüente for a entrega, mais alto será o ciclo do inventário (estocagem) e menor será o
custo de processamento do pedido e da entrega.
543
onde: QEP = quantidade econômica do pedido
R = taxa anual de uso
S = custo de colocação do pedido
C = custo unitário
K = percentagem de custo de manter o estoque para a venda.
então:
C – O TEMPO DO PEDIDO
544
Figura 18.10. Modelos de lotes econômicos de estoque.
O problema passa a ser então determinar o prazo de que se dispõe até que
entre um novo pedido. Mais especificamente, o ponto do novo pedido pode ser determi-
nado pela interação de três forças distintas: 1 ª) o tempo de entrega de um pedido após ele
ter sido efetuado; 2ª.) estimativa da demanda para esse período de tempo; 3ª) o ml-mero
admissível de faltas em estoques ou a percentagem de tempo do estoque disponível para
atender às solicitações dos clientes. É necessário, também, conhecer o desvio--padrão da
demanda projetada. Em termos matemáticos, os componentes do ponto de novo pedido
podem ser expressos por:
PNP = (T) (D) + (T) (X) σ
Com o ponto do novo pedido de 666 unidades, como cautela contra faltas
em estoques.
De outra maneira, pode-se dizer que o estoque de segurança de 666 uni-
dades é necessário, para atender à demanda até o ponto do novo pedido e assegurar-se
que a demanda será de 90% para esse período de tempo. E uma proteção necessária para
evitar faltas em estoques e perdas de vendas.
546________________________________
A curva ABC de estoques apresentada na Figura 18.11 é uma ferramenta
importante para o controle de investimentos em estoques. A técnica é simples e consiste
em classificar os artigos do estoque em função do valor que eles representam em inves-
timentos.
Com base na Figura 18.11 pode-se observar que são classificados como
artigos A do estoque os produtos que representam 45% do valor total investido em es-
toque, e que esses mesmos produtos somam apenas 8% do total de artigos em unidades
físicas, constituindo, entretanto, 63% do valor efetivado utilizado no ano; isso significa
que tiveram maior giro no estoque, ao passo que os artigos de classe C representam 80%
dos artigos em unidades físicas, com um giro de apenas 20% e com um investi-mento de
35%.
A interpetação da curva ABC permite racionalizar o número de artigos em
estoque, em unidades físicas e estabelecer uma proporção adequada de investimentos em
estoques. Se os artigos da classe A giram mais e representam o maior investimento, é aí
que se deve concentrar a atenção quanto às quantidades que devem permanecer em
estoques. Isso deve ser feito com dois objetivos: o primeiro é não perder vendas por fal-
ta de estoque disponível e o segundo é não imobilizar demasiadamente; pois isso, pode
ser um risco em épocas inflacionárias. Daí a importância de se acompanhar o giro do
estoque e proceder-se a reposições paulatinas.
Rotas de entrega
547
A – ITINERÁRIO OU ROTA DE ENTREGA
As distâncias entre dois pontos precisam ser avaliadas, bem como as con-
dições de tráfego, para se calcular o tempo de percurso.
C – TEMPO: RESTRIÇÕES
548
D – CAPACIDADE: RESTRIÇÕES
E – TIPOS DE ROTAS
549
Fonte: Adaptado de ATTWOOD, Peter R. Planning distribution system. Londres, Gower Press, 1971.
550 ____________________________________
Solução: a distribuição de jornais e revistas pela rota circular é 1,4 km
mais curta do que pela rota direta.
Para que o itinerário seja considerado otimizado após os cálculos, é ne-
cessário estimar o fator contingencial. No exemplo anterior, após o cálculo do roteiro, é
feita uma nova medição na prática e, com efeito, encontraram-se, por exemplo, 13,9 km
percorridos.
De posse desse novo dado, pode-se calcular o fator contingencial relacio-
nando o novo valor medido na prática com o valor calculado gráfica e geometricamente.
Assim:
G – PLANEJAMENTO DE ITINERÁRIOS
551
3. Configuração do mercado existente – é importante determinar os
vários mercados existentes para os produtos da empresa, os grupos de
consumidores socioeconômicos, os grandes centros etc.
4. 0 número de clientes potenciais e atuais – a localização dos clientes
atuais e potenciais permite um mapeamento da área a ser coberta com a
distribuição, e assim se podem estimar as necessidades de re-cursos
físicos (caminhões), recursos humanos (motoristas, entregadores e
outros) e recursos financeiros, para se atender a essas necessidades.
5. Freqüência de entrega – permite calcular o número de veículos e de
pessoal necessários para atender ao mercado existente.
6. Tempo gasto na entrega – o tempo gasto com clientes, para carregar e
descarregar.
7. Tempo gasto no percurso – com a viagem e com as paradas.
8. Entrega através de terceiros – quando a operação de entrega com
veículos próprios se toma antieconômica.
A partir da análise desses fatores, pode-se preparar um mapa delineando os
territórios dentro de cada cidade e as facilidades de comunicação existentes entre o
depósito da empresa e esse mercado. Em conformidade com o número de clientes exis-
tentes, cada território pode ser dividido setorialmente (isso para produtos cuja clientela
possa ser mapeada).
H – VEÍCULOS NECESSÁRIOS
552
Clientes freqüência mensal = visitas por mês
1.400 x 12 16.800
4.500 x 8 36.000
2.400 x 4 9.600
8.300 62.400
553
Efetivamente, o objetivo básico do planejamento é sempre incrementar o
uso da capacidade total de carga e reduzir os custos operacionais.
Dessa maneira, o planejamento efetivo das rotas deve levar em conta as
condições ambientais internas e externas e deve ser acompanhado e revisado passo a
passo.
As coordenadas X e Y podem ser encontradas por técnicas de aproximação
sucessiva. Esse modelo, entretanto, é uma solução ótima quando existe simetria perfeita
entre os mercados e os estoques. Baseia-se também no fato de que há uma relação linear
entre custos de transporte e distância, e que a renda gerada por um sistema de distri-
buição é independente da localização do depósito.
554
d' = distancia da fábrica (matriz) ao depósito
fi = taxa de transporte do depósito ao mercado i
f = taxa de transporte da fábrica ao depósito
O modelo pode ser expresso em termos de aproveitamento máximo da lo-
calização, em vez de custo total mínimo, adicionando-se a variável preço.
a) custo de aquisição;
b) busto de licenciamento;
c) custo de seguro;
d) custo de manutenção e reparos; e
e) custo de depreciação do veículo.
555
Resumo
Cresce a cada dia a importância da estratégia de distribuição. O empi-
rismo cede lugar paulatinamente ao estudo sistemático, com a aplicação de teorias so-
fisticadas desde a pesquisa operacional até o desenvolvimento de modelos matemáti-
cos. A escolha dos canais de distribuição, e a administração de conflitos, e o estímulo
à cooperação fazem parte da estruturação do poder entre os fabricantes e seus distri-
buidores.
De outro lado, enquanto a economia brasileira elevou-se a níveis
consideráveis, o processo de escolha de locais para os estabelecimentos comerciais
e os depósitos de filiais de vendas era relativamente simples: bastava um pouco de
bom senso e sorte. Hoje, os tempos são outros, e os custos também. Um erro em uma
de-cisão de logística pode ser desastroso e irreversível. Não basta apostar no
crescimento demográfico e econômico de u m a região, é necessário levar em conta os
diversos fatores que influenciam o processo de compra e o processo distributivo. É
necessário ter visão esquemática de todos os fatores que interferem no sistema de
troca até a efetiva transferência de posse do produto ou serviço.
Questões
1. Qual é o significado de logística?
2. De que maneira a demanda de produtos pode afetar a programação de entrega des-
ses produtos? E como isso pode ser previsto e resolvido?
3. Como é possivel neutralizar os conflitos entre produtores e distribuidores?
4. De que maneira o uso racional da curva ABC de clientes pode ajudar o estudo de
rotas de distribuição?
5. Quais são os métodos de localização de depósitos que você conhece?
6. Qual é o método de localização mais interessante quando são conhecidos os custos
de transporte e armazenagem e de demanda?
7. Quais são os critérios para localização de lojas?
8. Qual é a forma que melhor explica o cálculo do ponto de pedido para uma merca-
doria guardada normalmente em estoque?
9. Sugira alternativas de racionalização de rota de entrega para um distribuidor que
deva percorrer 500 clientes por semana, sendo:
A = 10
B = 200
C = 200
D= 90
556
Cada cliente deve ter a seguinte freqüência semanal de visita:
A = 2 visitas por semana.
B = 1 visita por semana.
C e D = 1 visita a cada 15 dias.
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558
Parte V
Administração do
composto promocional
Administração da
força de vendas
561
As empresas como um todo, segundo Peter Drucker, são um centro de
custos; o centro de lucros das empresas está fora delas: são os clientes. O vendedor,
homem ou mulher, mal compreendidos e às vezes até relegados, é que fazem, no frigir
dos ovos, a tarefa de trazer dinheiro para os cofres das empresas através da negociação
de venda.
Assim, por exemplo, até mesmo ao definir a missão estratégica de uma
organização se pode envolver o esforço do vendedor. Supondo que uma empresa defina
em sua missão "a busca da excelência" para seus produtos ou serviços, deverá buscar:
a satisfação dos clientes em todos os mercados cobertos, dentro do pa-
drão de atendimento que proporcione vantagens competitivas.
562
so na organização da força de vendas é estabelecer o perfil do homem de vendas ideal
para a empresa em face dos seus desafios de mercado.
O primeiro passo para se montar uma equipe de vendas é estabelecer os
objetivos que nortearão os trabalhos da equipe de vendas. Esses objetivos devem estar
consistentes com os objetivos estratégicos da empresa.
Nesse ponto surge o dilema: que tipo de força de vendas será mais ade-
quado à consecução dos objetivos estratégicos da empresa? Vendedores autônomos (sem
vínculo empregatício) ou vendedores registrados (funcionários da empresa)?
A solução desse dilema exige a reflexão sobre as vantagens e desvanta-
gens de cadas uma das hipóteses: vendedor registrado ou vendedor autônomo.
Em face dos objetivos estratégicos, as vantagens de uma equipe de vendas
constituída de vendedores autônomos ou também chamados representantes de vendas
devem ser examinadas à luz de:
Como resolver o grande dilema: representantes de vendas versus adoção
no tempo certo da equipe própria de vendedores?
564
A venda por cobertura realiza-se somente através de visitas a clientes em
prospecção já conhecidos ou com suspeita de interesse pelos produtos ou serviços da
empresa. A venda por cobertura pode ser obtida de diversas maneiras:
– através da visita a compradores potenciais que responderam a um
anúncio de oferta de recebimento de catálogo ou de informações adi-
cionais de produtos;
– através da visita a pessoas que tiveram seus nomes citados por outros
compradores como possíveis interessados. Esse método de prospecção
visa levantar, junto a cada comprador, uma lista de dois ou três com-
pradores potenciais que possam ser visitados.
565
Em contraste com essa situação, vendedores experientes preferem utilizar
uma abordagem mais flexível. De qualquer maneira, um planejamento de visita e de
venda precisa ser usado.
Engenheiros de vendas costumam desenvolver uma estratégia de cliente
bem elaborada, conduzindo à venda. A essência dessa estratégia é identificar um objeti-
vo de vendas e a maneira pela qual a entrevista de vendas deve ser conduzida para o fe-
chamento da venda.
566
Estudo da estrutura da força de vendas
Considerações gerais
567
Figura 19.1. Determinação do tamanho da força de vendas ou cálculo do número ótimo
de vendedores.
568
• A penetração de mercado e, conseqüentemente, as vendas dependem
da qualidade da força de vendas, do potencial e da sua força competi-
tiva.
• Os custos de fabricação que variam com o volume de vendas depen-
dem do tipo e do tamanho da força de vendas.
A medida de lucratividade é usada para avaliar as várias forças de vendas,
através de contribuição à margem operacional, que é defmida por:
CMO = MB — CD
569
• Os clientes são agrupados dentro de classes, em função do seu poten-
cial de compras anuais ou mensais.
• A freqüência desejável ou a freqüência ótima de visitas é estabelecida
para cada classe de clientes (número de visitas de vendas a uma classe
de clientes por ano ou por mês).
• Multiplica-se o número de clientes em cada classe destes pela corres-
pondente freqüência de visitas, para se chegar ao total da carga de vi-
sitação por ano ou por mês.
• O número médio de visitas que um vendedor pode fazer por ano ou por
mês é determinado com base na aferição de desempenho de campo,
através de critérios de Organização e Métodos (O&M).
Essa é uma área em que não há necessidade de maior teorização, espe-
cialmente do tipo que considere a propaganda e outros elementos do composto merca-
dológico para determinação simultânea.
Matematicamente, a solução do Método de Talley é dada pela equação:
570
O mimem de vendedores necessários é determinado pela divisão do nume-
ro total anual ou mensal de visitas requeridas pela média anual ou mensal de visitas que
um vendedor pode fazer.
O Método de Talley pressupõe que o desenvolvimento desejável dos ter-
ritórios de vendas deve ser feito com base na equalização ou balanceamento da carga de
visitação, isto é, que as cargas de visitação sejam equilibradas e proporcionais ao tempo a
ser gasto em cada território.
A otimização de todas as soluções depende da capacidade da adminis-
tração em estimar adequadamente a freqüência de visitas para as diferentes classes de
clientes, em função dos seus potenciais de compra. A freqüência desejável ou ótima de
visitação depende, ainda, de outros aspectos, como a necessidade de um esforço adicio-
nal para certos clientes, o custo de serviços e a margem bruta no mix de produto de
compra do cliente.
Há, ainda, outras abordagens que têm sido propostas para a determinação
do tamanho da força de vendas, cada qual dependendo do estabelecimento de pressu-
postos especiais.
571
Os vendedores precisam ser recrutados e selecionados, treinados, alocados
em territórios de vendas, remunerados e avaliados. Essas são tarefas atribuídas a gerentes
de vendas de filiais, gerentes de vendas regionais e supervisores de primeira linha; a
política orientadora dessas tarefas é formulada pelos escalões da gerência de marketing.
Contudo, é fundamental que se observe que o sucesso mercadológico da empresa
depende de sua força de vendas.
Natureza do problema
Fontes de recrutamento
572
A – FONTES PRIMÁRIAS
B – FONTES SECUNDÁRIAS
573
Processo de recrutamento (veículos) – Diversos são os veículos que po-
dem ser usados no processo de recrutamento, entre eles:
– Jornais – É feito por intermédio de anúncios, que podem apresentar-se
sob diversas formas. Os dois tipos principais de anúncios são: o cha-
mado anúncio cego e o anúncio aberto. O anúncio cego é aquele em
que é fornecido o mínimo possível de informações a respeito do em-
prego, limitando-se a mencionar que se precisa de vendedores e cons-
tando, ainda, o número da caixa postal ou que as cartas devem ser
endereçadas à redação do jornal. O anúncio cego é geralmente utiliza-
do pelas empresas que desejam obter número grande de candidatos. O
anúncio aberto é aquele em que são fornecidas todas as informações
importantes sobre o emprego e a empresa. Através desse tipo de anún-
cio a empresa pode estar, na verdade, procurando recrutar um vende-
dor do seu concorrente.
- Boletim das câmaras de comércio – Constitui um veículo capaz de ser
utilizado. com sucesso, uma vez que se pode atingir determinado pú-
blico restrito, do qual faz parte número elevado de elementos catego-
rizados.
- Palestras e conferências – Esse processo de recrutamento é geralmente
utilizado quando as fontes de recrutamento são as escolas e os institu-
tos.
- Contatos pessoais – Para muitas empresas eles são considerados como
o processo mais eficiente de recrutamento. Geralmente é dirigido para
a fonte constituída de empresas concorrentes ou outras empresas.
Grande número desses contatos pessoais é realizado pelos vendedores
da empresa que, no exercício de suas atividades, têm conhecimento de
quais vendedores poderiam ser atraídos para o novo emprego.
Seleção de vendedores
O que faz com que um vendedor seja bom?
574
O tipo bem-sucedido também incluirá homens que são altos e baixos, de
boa postura e sem boa postura, bem arrumados e relaxados. Não obstante isso, a procura
das combinações mágicas dos traços que revelariam infalível habilidade de vendas
continua inexistente. O número de relações que já foi feito é incontável. A maioria delas
aponta as mesmas qualidades. Um observador com larga experiência escreveu: "É minha
convicção que o possuidor de personalidade de vendas é um lamentador habitual, um
indivíduo que tem necessidade compulsória de ganhar e manter a afeição dos outros...
Sua lamentação, entretanto, não é baseada num sincero desejo de amar porque, na minha
opinião, ele está convencido interiormente de que ninguém jamais o amará. Portanto, sua
lamentação é primariamente explorativa... Suas relações tendem a ser in-constantes e
superficiais."
McMurry elaborou uma relação de cinco traços, em adição ao instinto la-
mentador, que fazem os supervendedores: um alto nível de energia, autoconfiança
abundante, uma fome crônica por dinheiro, um hábito de trabalho arraigado e um estado
mental que considera cada objeção, resistência ou obstáculo como um desafio.
Mais recentemente, David Mayer e Herbert Greenberg propuseram uma
das mais certas relações de traços comuns ao bom vendedor. Os sete anos de trabalho de
campo os levaram a concluir que o bom vendedor tem, pelo menos, duas qualidades
básicas:
• Empatia: a habilidade para sentir como o cliente sente.
• Compulsão do ego: forte necessidade pessoal de realizar a venda, não
apenas pelo dinheiro a ser ganho.
Usando esses dois traços, eles puderam prever muito bem o desempenho
subseqüente de contato ou de posição de venda em três indústrias diferentes. Pode ser
verdade que certos traços básicos possam tomar um homem um bom vendedor em qual-
quer linha de produto de venda. Do ponto de vista de uma empresa particular, entretan-
to, esses traços básicos raramente são suficientes. Cada emprego de venda é caracteri-
zado por um conjunto único de deveres e desafios. Basta pensar em venda de seguros,
venda de computadores e venda de automóveis para verificar as diferentes condições
educacionais, intelectuais e da personalidade que deveriam ser procuradas nos respecti-
vos vendedores.
Como deveria proceder uma empresa para determinar as características
que seus contatos ou vendedores deveriam "idealmente" possuir? Um bom ponto de
partida são os objetivos estabelecidos pela gerência para a operação de força de vendas.
O perfil do vendedor procurado é baseado na duração da relação que a empresa pretende
ter com o cliente (imediata ou longa) e também no modo como a empresa vê o esforço
de venda (como serviço ou como operação de vendas).
Mas os deveres particulares da função sugerem algumas das característi-
cas que devem ser procuradas no homem em seleção. Há muita papelada? O trabalho
exige muitas viagens? O vendedor encontrará alta proporção de insucessos? O trabalho
575
exige muita paciência em cultivar clientes potenciais? Esses fatores sugerem traços cor-
respondentes procurados nos novos vendedores. Muitas empresas acreditam que os tra-
gos importantes possam ser descobertos por meio de uma comparação entre os vendedo-
res mais bem-sucedidos e os menos bem-sucedidos. Claro que isso traz a questão de
quais os melhores vendedores. Um vendedor medíocre, num território muito bom, pode
vender mais do que um bom vendedor num território ruim. Em determinada empresa, um
gerente de uma filial de vendas perdeu um de seus melhores vendedores e sentiu grande
falta dele, mas os três novos homens colocados no território logo dobraram, ca-da um
deles, o recorde de vendas de seu predecessor. Uma forma de contornar a dú-vida de
habilidade de vendas e potencial territorial é manter a relação deste com aquela. O
vendedor superior pode ser definido como o que vende substancialmente acima do
potencial do território e o vendedor medíocre, substancialmente abaixo.
PROCESSO DE SELEÇÃO
576
tação de Emprego. Essa tem como objetivo conseguir do candidato
uma série de informações iniciais sobre as quais se desenvolverá a
primeira parte do processo de seleção propriamente dito.
577
6. Testes psicotécnicos de inteligência e de personalidade. Os testes
psicotécnicos podem ser classificados em duas categorias: testes de in-
teligência e testes de personalidade. Os testes de inteligência procu-
ram medir quatro tipos de inteligência: verbal, espacial, abstrata e so-
cial. Os testes de personalidade procuram medir o conjunto de carac-
terísticas que marcam o comportamento de uma pessoa. Para isso, não
procuram avaliar isoladamente um ou outro traço, mas buscam ava-
liação do conjunto determinante do comportamento do ser humano em
determinado momento.
7. Exame medico. O exame médico, que é normalmente requisitado para a
entrada do funcionário na empresa, pode assumir, no caso de vendas,
extrema importância em virtude da função movimentada do ven-
dedor.
8. Análise ponderada da seleção — ficha de avaliação. Com a finalidade
de proceder a uma avaliação comparativa de todos os candidatos
entrevistados, é de utilidade o emprego de uma ficha de avaliação.
578
3. 0 número de pontos que cada candidato alcançou para cada fator deve
ser multiplicado pelo respectivo peso (ponderação) para, dessa forma,
calcular-se a nota ponderada.
4. No final, deve-se somar a coluna nota ponderada, para a apuração dos
candidatos que somaram mais pontos.
5. Os candidatos com o maior número de pontos na nota ponderada serão
considerados os melhores candidatos.
579
cliente e demonstrar, com suas palavras e ações, que é assim que ele procedeu. Suas
chances de sucesso são maiores se ele consegue entender as necessidades das pessoas
com as quais está falando e se consegue mostrar-lhes que pode ajudá-las plenamente no
cumprimento dessas necessidades.
A capacidade de realizar essas tarefas depende da combinação de carac-
terísticas inatas da personalidade com aquisição de conhecimentos que pode ser definida
em quatro partes: a correta atitude de trabalho, conhecimento do produto e/ou serviço,
técnica de vendas e organização do trabalho.
O homem de vendas deve ter uma atitude que combine entusiasmo e em-
patia. Entusiasmo é querer estabelecer-se, afamar-se, ser aceito por outros e exercer
controle sobre as decisões tomadas por outros. Empatia envolve a capacidade de reagir a
experiências e emoções de outras pessoas sem necessariamente tomar suas posições.
Aparentemente, esses dois atributos cancelam-se mutuamente; o bom vendedor deve
combiná-los de maneira a satisfazer às necessidades do cliente e concretizar seus pró-
prios objetivos de venda.
580
C — TÉCNICA DE VENDAS
581
D – ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO
582
Parte do período de treinamento deve ser utilizada também para desenvol-
ver a personalidade do vendedor e sugerir pontos para seu autodesenvolvimento.
O vendedor deve saber como se espera que ele divida seu tempo entre
clientes ativos e clientes potenciais (abrir novos clientes). Como deve preparar os re-
latórios de visitas, como preencher o formulário de pedidos, como preencher a ficha do
cliente e como seguir um roteiro programado com base na visitação a clientes de acordo
com a classificação A, B, C e D de clientes.
584
O que é negociação?
Fonte: Adaptado de: MACK, H.; CRIBLIM, J. & BEERAN, H. Sales negotiation strategies. New York, AMA-
CON, 1977,
585
A negociação é, então, o processo de dar e tomar através do qual as con-
dições da transação devem provocar concordância. Este é o processo em que o enten-
dimento é alcançado através dos benefícios da linha de produto/serviço ofertado e de
conselhos técnicos prestados, de preços praticados e de suportes promocionais, prazos de
entrega, termos de pagamentos e em que, por fim, a satisfação mútua possa ser atingida.
Enfim, a estratégia de negociação é extremamente ampla e genérica para
cada nível de necessidade e de variedade estratégica. O seu conhecimento e aplicação é
de extrema validade na negociação em vendas.
Em resumo, o sucesso do trabalho do vendedor, hoje mais do que nunca,
depende de seus conhecimentos sobre os produtos e seus benefícios, sobre as necessi-
dades do cliente, sobre o ramo do cliente, seus problemas e oportunidades. Depende
também de sua habilidade na condução da venda e sobretudo de sua atitude, isto é, de
seu comportamento ao longo de todo o processo de vendas.
Há hoje um sem-número de técnicas e de programas de treinamento para
vendedores, mas nenhum funcionará se não estiver voltado à realidade da empresa e de
seu mercado, isto é, se não for um programa sob medida. Aliás, não acreditamos em
programas enlatados.
O vendedor deve conhecer em primeiro lugar a sua empresa e seus produ-
tos, isto é, os benefícios. Deve conhecer o ramo e a concorrência.
Existem diversos métodos de treinamento em vendas, desde a aplicação de
instrução programada até programas comportamentais com a aplicação de análise tran-
sacional.
De maneira geral, a maioria dos programas procura enfatizar o adestra-
mento para que o vendedor saiba:
• Como se apresentar ao cliente. A postura e a adequação ao se vestir
são importantes.
• Como organizar o itinerário de visitas. Respeitando quatro aspectos
importantes:
– As características de acesso e circulação dentro da zona de vendas.
- O número de clientes a visitar.
- A escala de importância dos clientes.
– Os horários de visitas aos clientes.
• A psicologia do cliente. Cada cliente tem sua personalidade e o ven-
dedor deverá conhecer e estudar como abordar cada uma. Há os clientes
afáveis e democráticos, há os tímidos e com complexo de inferioridade,
há os rudes e "incomunicáveis", há os soberbos, há os especuladores.
Enfim, cada tipo de personalidade requer uma abordagem específica.
• Avaliar o potencial do cliente. É fundamental que o vendedor saiba
avaliar o potencial económico do cliente para minimizar riscos com
vendas incobráveis.
586
• Abrir novos clientes. Para detectar novas oportunidades de mercado é
preciso muitas vezes que o vendedor faça sondagens do tipo pente fino.
E se ele não for treinado nessa tarefa, talvez os resultados não sejam
satisfatórios.
• Administrar o tempo. O vendedor ganha se vender, mas se ele não
souber administrar o seu tempo acabará realizando menos visitas e cer-
tamente perdendo vendas.
Há uma série de atividades sociais e funcionais que roubam tempo do
vendedor a espera para ser atendido quando não marcou hora com o
cliente, o tempo de locomoção quando o roteiro de visitas não foi bem
elaborado, e assim por diante. Administrar o tempo, mais do que uma
metodologia a ser ensinada, é uma filosofia de vida a ser comprada,
pois do contrário acabará não funcionando.
• Explodir os mitos de vendas. Todo vendedor traz consigo certos ví-
cios ou tabus. Do tipo: 6ª feira à tarde não é um bom dia para vendas,
véspera de feriado o cliente não compra, o produto do concorrente é
melhor, o meu preço é muito alto, e assim por diante.
É preciso que o programa de treinamento motive os homens de ven-
das a explodir esses mitos, com soluções práticas e criativas.
• Vencer objeções. As objeções dos clientes fazem parte do processo de
vendas, mas poucos vendedores sabem como conviver e vencer essas
objeções. As objeções mais comuns são: é muito caro (como se uma
qualidade e um serviço melhor não justificassem um preço alto), vou
esperar que abaixe o preço (esse tipo de objeção é de quem não quer
comprar ou acredita no governo), não quero gastar tanto, não gosto do
modelo etc.
Há uma série de métodos que podem ajudar o vendedor a transformar
objeções em oportunidades de vendas:
— formular perguntas para obter razões mais amplas acerca das ob-
jeções;
- estar de acordo que a objeção é válida e passar a falar dos aspectos
positivos que podem superar paulatinamente as objeções;
- negar amavelmente a validade da objeção ou ignorá-la e com bom
humor demonstrar que a objeção sequer é válida.
588 _
então esperar esforço total, por parte deles, no sentido de alcançar os objetivos planeja-
dos. Há, porém, quem insista em afirmar que esses profissionais não são orientados para
o planejamento. Alguns argumentam que a preocupação absorvente deles com o volume
impossibilita de fazer os julgamentos comerciais básicos para os planos sólidos de mar-
keting. Outros declaram ainda que o planejamento consome tempo excessivo, daí não o
praticarem, pois precisam "trazer os negócios".
A – SALÁRIO FIXO
589
cessário motivar o corpo de vendedores por meio de vários estimulan-
tes que não o da recompensa financeira, proporcional à eficiência dos
mesmos. Um exemplo seria entusiasmá-los pelo próprio ambiente de
trabalho, pela empolgação dos supervisores e pelo espírito da equipe.
• Direção: pelo fato de receber um salário fixo garantido, independen-
temente de variações nos resultados de vendas, o vendedor busca acei-
tar, com mais facilidade, a orientação da empresa que se baseie em
políticas traçadas para melhor desenvolvimento do mercado.
• Risco: se com o salário fixo desaparece o risco para o vendedor de que
haja uma retração de mercado e, por conseguinte, uma redução da
remuneração, para a empresa aumenta o risco de, nessas situações, ar-
car com um custo de vendas alto em relação às concorrentes que ado-
tam o sistema de remuneração proporcional.
• Agressividade: o simples fato de o salário fixo independer dos resulta-
dos obtidos no campo leva o vendedor a assumir o padrão normal a se
esperar de um elemento da organização. Desaparece, assim, a agressi-
vidade do trabalho de vendas, que uma resultante natural do sistema de
pagamento.
590
B – COMISSÃO
591
de um sistema quanto do outro, ao mesmo tempo que maximiza suas conseqüências fa-
voráveis.
C – SISTEMAS MISTOS
Ocorre muitas vezes que o sistema de remuneração engloba uma parte fixa
e uma variável, apresentando determinadas combinações como:
• uma base de salário fixo mais comissão;
• uma base de salário fixo como garantia minima mais comissão. De-
nominamos garantia mínima o resultado mínimo a ser obtido pelo
vendedor em sua área.
Entre essas variações distinguimos, ainda, outros meios usados como
acessórios que afetam a remuneração do vendedor.
Resumo
Muitas empresas optam pela figura do representante de vendas dentro
da premissa de ter uma equipe que não onere os seus custos fixos. Porém, o que acaba
ocorrendo muitas vezes é exatamente o inverso. Quando o representante não vende, ele
não custa nada à empresa, porém quando vende, a sua comissão geralmente é alta e os
custos ficam normalmente entre 5 e 10% sobre o total de vendas, contra uma média ao
redor de 3% para o custo total de uma equipe de vendedores registrados.
Mas esse dilema acentua-se quando a organização deve optar por um
sistema de incentivos que leve a equipe de vendas a maximizar além de seus próprios
objetivos pecuniários os objetivos estratégicos da empresa. Uma miopia freqüente de
muitas organizações é optar por sistemas de remuneração de vendedores tão simples
quanto ineficazes.
Contornar esse problema é tarefa de uma administração da força de
vendas competente e criativa, que saiba incentivar as equipes à consecução de objeti-
vos desafiantes e, ao mesmo tempo, mantenha essas mesmas equipes bem treinadas para
negociar, para desenvolver novos negócios e, acima de tudo, habilidosas para
gerenciar seus territórios de vendas.
Questões
1. Quais são as principais diferenças entre um vendedor autônomo e um vendedor re-
gistrado?
592
2. Qual é a equipe de vendas adequada a uma empresa de pequeno porte?
3. Quais são os principais sistemas de remuneração de vendedores que você conhece?
Comente as vantagens e as desvantagens de cada um.
4. Quais são os métodos que você conhece para calcular o número ideal de vende-dores
para uma empresa de visitação intensiva a clientes?
5. Qual é a importância do rigor nos critérios de recrutamento e seleção de vendedores?
6. Quais são os principais tipos de treinamento de vendas que você recomendaria a uma
empresa que comercializa:
• livros?
• material de escritório?
• sopas enlatadas?
9. Descreva as diversas situações em que é recomendável apenas um sistema de re-
muneração de vendedores à base de salário fixo.
10. Que modelo de negociação você recomendaria a um vendedor de seguro de vida em
grupo?
11. Qual é o papel de um vendedor autônomo na venda de produtos de consumo, tais
como:
• confecções?
• automóveis?
• imóveis?
10. Quais são os principais requisitos que tomam o homem de vendas um excelente
vendedor?
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594
Administração
da propaganda
A propaganda é uma das quatro maiores ferramentas que uma organização pode
utilizar para, através de uma comunicação persuasiva, levar as pessoas a compra-rem um
produto, um serviço, ou mesmo uma idéia.
A propaganda é uma comunicação impessoal em que a venda face a face é
excluída. Um anúncio pode ser realizado também para empresas que não visam lucros,
buscando difundir produtos, ou mesmo organizações, como museus, entidades que bus-
cam o bem-estar das comunidades e diversas outras.
A propaganda é fator dominante de diferenciação de produtos e de mar-
cas, atuando como proxy, ou seja, atuando por procuração na diferenciação de carac-
terísticas de produto.
Muitas são, no entanto, as controvérsias acerca do real impacto da propa-
ganda. A propaganda ajuda a vender? A propaganda pressiona as pessoas a comprarem?
Ou propaganda é, como afirma David Ogilvy, um investimento em imagem de marca,
que se processa a longo prazo?
A verdade é que há grandes vazios, em nosso conhecimento científico, a
respeito de como a propaganda funciona em mercados de consumo e de larga escala,
sugere Jean Jacques Lambin.
No entanto, além de objetivar a venda de produtos ou serviços, a propa-
ganda pode afetar a demanda pelo produto, tornando-a menos elástica, gerando para as
empresas que investem em propaganda um poder de mercado que lhes possibilita con-
trolar os preços. E da mesma forma possibilita criar preferências pelo produto e pode
gerar dificuldades à entrada de produtos concorrentes em um dado negócio.
Até que ponto, portanto, a propaganda pode criar barreiras à entrada da
concorrência?
Conforme Lambin, há uma acusação de que a propaganda, por criar leal-
dade à marca ou simplesmente inércia das pessoas em continuarem a comprar uma
mesma marca, estabiliza a participação de mercado e impede a entrada de novos concor-
rentes.
595
Estatisticamente falando, porém, essas barreiras não podem ser atribuídas
exclusivamente à propaganda, pois há outros elementos do composto de Marketing que
interferem na inércia de compra das pessoas em relação a uma marca, afirma o Profes-
sor Orlando Figueiredo em sua tese de Doutoramento na Fundação Getúlio Vargas.*
Quaisquer dos diversos elementos do mercado podem claramente ser o
principal responsável por essa inércia de compra por uma marca, desde o acesso conve-
nientemente facilitado aos pontos de distribuição da marca, a amplitude da linha de
produtos da marca, o preço mais favorável, a lealdade do revendedor e do consumidor
entre outros fatores, acrescenta o Professor Figueiredo.
Na verdade, lembra Lambin, a intensidade da propaganda correlaciona-se
mais com a necessidade de controlar a instabilidade das participações de mercado das
marcas.
Assim, a propaganda, além do papel persuasivo, desempenha outras tare-
fas de Marketing de natureza mais informativa, como trazer o consumidor ao produto,
criar um conceito, informar, favorecer preferências, orientar e memorizar.
Dessa maneira, para desenvolver um programa de propaganda, os Geren-
tes de Marketing precisam começar por identificar os mercados-alvo e os motivos de
compra dos consumidores. Para isso, eles precisam tomar cinco decisões, recomenda
Philip Kotler:
• Quais são os objetivos da propaganda? (missão)
• Quanto se pode investir? (dinheiro)
• Que mensagem deveria ser enviada? (mensagem)
• Que mídia deveria ser usada? (mídia)
• Qual deveria ser o resultado esperado? (medição)
596
Os objetivos de propaganda devem ser consistentes com os objetivos es-
tratégicos de Marketing. Dentre os possíveis objetivos da propaganda destacam-se: in-
formar, persuadir e lembrar.
Com o objetivo de informar, a propaganda é útil para anunciar ao merca-do
um novo produto, ou sugerir novos usos de um produto. Pode também informar o
mercado de uma mudança de preço, ou ainda esclarecer como o produto funciona.
Com o objetivo de persuadir, a propaganda ajuda a construir a preferência
de marca, encoraja a troca de marca e altera a percepção dos atributos dos produtos,
levando os clientes a comprarem agora e persuadindo os clientes a receberem uma
chamada de vendas.
Com o objetivo de lembrar, a propaganda adverte o consumidor de que o
produto pode ser necessário no futuro e informa onde pode ser comprado.
As pessoas podem não ter idéia de que um produto pode lhes ser útil e a
propaganda pode ajudá-las a conhecer melhor os seus atributos ou mesmo seus benefí-
cios, levando-as a construir uma imagem de marca da empresa ou estimulando-as a
comprar um produto. Ou seja, a propaganda ajuda as pessoas a lembrarem de necessi-
dades latentes que podem ser satisfeitas com o uso do produto ou do serviço ofertado.
Estratégias de comunicação
Em função dos objetivos de propaganda e visando atingir a mente do con-
sumidor, podem ser formuladas entre outras as seguintes estratégias de comunicação:
597
rença entre sua situação atual e futura, decorrente da posse do bem ou
serviço anunciados.
599
II – Estratégia de identificação com o consumidor
600
III – Estratégia de benefícios do produto
601
É claro, agora, que os produtos que desfrutarem melhor imagem de marca "
canibalizarão" vendas de seus concorrentes. Assim, toma-se evidente a importância da
construção de uma identidade para a marca, do tipo "chocolate é Nestlé".
Ao se tentar estabelecer a marca do produto como a melhor alternativa
dentro de sua categoria, está-se posicionando o produto na mente do consumidor ante
seus concorrentes. Em outras palavras, está-se segmentando o mercado. E claro que, sem
apoio, a publicidade não conseguirá tal façanha. É preciso que o desempenho do produto
corresponda, por exemplo, à expectativa do consumidor em relação ao preço.
Dessa maneira, a solução para o problema de posicionamento é mais fa-
cilmente encontrada na mente do consumidor que nos atributos do produto. São exem-
plos disso: "elevador é Atlas", "cerveja é Brahma"... Mas,às vezes, uma união de es-
forços pode ser bem-sucedida como o foi a campanha do refrigerante Seven-up, sabor
limão, contra os refrigerantes à base de cola, nos Estados Unidos: "Seven-up, o sem co-
la".
Nesse caso, uniram os atributos aparentemente negativos do produto e as
expectativas de alguns consumidores: "Um refrigerante sem cola". Quando se comuni-
cam as vantagens de um produto, é preciso que elas venham a solucionar algum pro-
blema latente de alguns consumidores ou segmentos do mercado.
O PODER DO NOME
603
frentar a concorrência é preciso empenho no sentido de ajudar o pro-
duto a ser notado.
• Freqüência da propaganda – quando o esforço publicitário requer re-
petição acentuada de mensagem, o custo dessa freqüência também se
tornará maior.
• Produtos substituíveis – quando o produto é um commodity (cigarro,
cerveja, refrigerante) é preciso realizar pesados investimentos em pro-
paganda para estabelecer um diferencial de imagem para evitar que o
consumidor aceite uma marca substitutiva.
Portanto, a construção do modelo orçamentário requer a reflexão acerca
dos desafios a serem vencidos na consecução das estratégias almejadas.
A proporção de gastos deve ser equilibrada, entre investimentos em pro-
paganda e vendas esperadas. No entanto, a regra muitas vezes escolhida é a da confron-
tação com os gastos da concorrência.
Para minimizar a subjetividade de critérios, vejamos algumas abordagens
tradicionais de determinação do montante ótimo a ser investido em propaganda:
I – MÉTODOS TRADICIONAIS
604
III – MÉTODO DE PERCENTAGEM SOBRE VENDAS
605
investimento, o método da paridade comparativa não só compara o investimento médio
por ramo de negócios, como também avalia os gastos do concorrente mais direto. No
setor automobilístico, por exemplo, há um gasto médio que é tomado por base pelos
concorrentes: Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford. No setor alimentício, o inves-
timento em propaganda, embora coordenado pelas estratégias gerais de marketing,
guarda certa correspondência entre o que faz a Kibon (General Foods), de um lado, e a
Gelato (Gessy Lever) e a Yopa (Nestlé), de outro lado. Os gastos da LPC-Danone são
vigiados pela Chambourcy (Nestlé), e os gastos da Sadia e as épocas de campanhas
são
acompanhados de perto pela Perdigão, a Coca vigia a Pepsi e vice-versa, e assim por
diante.
A mensagem publicitária
606
A implicação dessas premissas consiste em que a elaboração da mensagem
publicitária deve levar em conta os aspectos verbais e não verbais da propaganda, bem
como seus efeitos cognitivos.
A mensagem escrita utiliza em larga escala os aspectos verbais; mensagem
audiovisual também faz uso dos aspectos verbais ao desenvolver o tema da mensagem e
o apelo básico de compra aos consumidores.
Criação da mensagem
607
Música – parece óbvio que a música é um fator não verbal chave. Se o
show visual mostra uma criança correndo num campo, um fundo musical pode sugerir que
ela está indo alegremente da escola para uma família amorosa, enquanto outra música
pode insinuar que ela corre porque foge de algo que a amedronta.
Cenário – os cenários projetam sentimentos diferentes. Se nuvens são in-
troduzidas na cena da criança correndo no campo, isso pode significar que ela corre
porque vai chover.
608
Em síntese, convém lembrar uma frase pronunciada em 1925 por Daniel
Starch nos Estados Unidos: "Um anúncio para ter sucesso precisa ser visto ou lido,
precisa ser acreditado e precisa ser lembrado, levando à ação."
609
No entanto, em termos de envolvimento emocional, a mídia impressa pode
estar em desvantagem. Assim, é importante o papel da pesquisa para determinar as pro-
priedades de envolvimento sob condições de exposição livre.
Execução da mensagem
610
• Evidência científica. Pesquisas ou evidências científicas demons-tram
que a marca é preferida por sua performance em relação a outras
marcas. Como exemplo disso, os fabricantes de creme dental tentam
evidenciar diferenças científicas em seu produto em relação à con-
corrência.
• Testemunho. Outra técnica utilizada é o testemunho de pessoas acerca
da performance do produto. Uma artista falando do sabonete ou creme
de beleza, por exemplo.
Criação do anúncio
Escrever e produzir anúncios, nos dias atuais, é tarefa que exige criativi-
dade, além de noção clara dos objetivos que se quer atingir com a mensagem da propa-
ganda. Como regra já institucionalizada, a redação do anúncio deve levar em conta al-
guns pontos:
611
Resistentes e Seguras
2. DRAMATIZAÇÃO
LOGO-MARCA
Um bom slogan pode ser expresso em poucas palavras, mas que ajudem a
memorizar os benefícios de um produto ou serviço ou a fixar a marca de um produto ou
empresa:
"E forte é Ford"
"Se é BAYER é bom"
"Eveready, a pilha do gato"
"Só Shell tem ICA"
"Coca-cola dá mais vida"
"Sinta o prazer de voar" (slogan que enfatiza ação).
613
O slogan deve ser de fácil lembrança, ajudar a diferenciar o produto e
provocar, se possível, curiosidade; deve ter ritmo, rima e aliteração, e
nunca provocar confusão no consumidor.
Marca registrada
Cabeçalho (headline)
Estratégia de copy
615
usos vários, desde anúncio em jornal ou revista até em outdoor ou broadsides de cam-
panhas de propaganda, bem como ser simples e claro.
Story-board – a montagem na forma de historinha em quadrinhos do que
será um comercial de televisão é chamada story-board.
Teaser – é uma forma de propaganda que procura atrair a curiosidade do-
público para um novo produto e/ou evento.
Áreas de decisão
1. Produto 8. Continuidade
2. Mercado 9. Cobertura
3. Distribuição 10. Freqüência
4. Concorrência 11. Intensidade e impacto
5. Promoção de vendas
6. Arte e texto (redação)
7. Orçamento
1. Produto
616
Há outros produtos que podem sofrer restrições legais para serem anun-
ciados em certos horários ou determinados tipos de mídia, como cigarro, bebida alcoóli-
ca, remédio etc.
A adequação da mídia também é importante se o produto for de alto preço,
ou de baixo preço.
Se o produto requer demonstração, a televisão e o cinema levam vantagens
óbvias, recomendava o Dr. E. L. Deckinger, da Grey Advertising Agency.
A mídia impressa é mais interessante que a mídia eletrônica quando o
produto requer longa discussão acerca dos seus atributos.
Enfim, há um tipo de mídia adequada a cada específica circunstância da
natureza do produto e do desafio do mercado.
2. 0 mercado
3. Distribuição
617
Como a mídia local é normalmente mais flexível, a alocação de verba po-
de ser feita levando-se em conta as potencialidades de cada região em que o produto é
distribuído e vendido.
No caso de compra de mídia nacional é preciso verificar se a cobertura dos
veículos é consistente com os pontos em que o produto é efetivamente colocado a venda.
4. Concorrência
O que o concorrente faz? Essa é a tônica para a escolha da mídia para cer-
tos produtos, já que o objetivo é neutralizar a ação da concorrência. Dessa maneira, a
escolha da mídia leva em conta a premissa de:
a) acompanhar exatamente o que a concorrência faz para impedir o seu
crescimento;
b) escolher uma mídia alternativa, de forma mais criativa para neutralizar
a ação da concorrência;
c) escolher uma mídia possível em face dos recursos da empresa, apenas
para não deixar a concorrência sozinha no mercado.
Quaisquer que sejam as opções, a escolha da mídia estará, nesses casos,
sempre centrada na ação da concorrência.
618
Por exemplo, um anúncio em quatro cores só poderá ser veiculado em
uma revista ou mesmo em um jornal que possuir um tratamento gráfico à altura.
Muitas vezes, um comercial de televisão é feito em filme para cinema em
vez do videoteipe, para que o tratamento da produção seja de melhor qualidade e dura-
bilidade.
Esses fatores acabam por se constituir em um desafio de qualidade para os
diversos veículos.
7. Qual é o orçamento?
8. Continuidade
O que é necessário para uma contínua impressão, dia após dia, mês após
mês, ano após ano? Há anúncios que criam enorme desejo de compra resultando em
vendas – imediatamente após o contato com o consumidor e permanecendo por longo
tempo com sucesso.
Esse é o sonho de qualquer publicitário. Qual é o período necessário para
que a veiculação resulte em vendas?
Nâo há resposta que otimize a relação anúncio-vendas. Quanto de conti-
nuidade é necessário? Não há resposta uniformizada para todas as situações possíveis.
Para alguns produtos, particularmente os sazonais, a escolha da mídia de-
verá ser sazonal também. Produtos para o Dia dos Namorados, Dia das Mães, Dia dos
Pais, Natal, Páscoa são naturalmente estimulados nessas datas. Porém, há outros cuja
continuidade de veiculação vai depender das disponibilidades de produção e das neces-
sidades de vendas.
9. Cobertura
619
rente de pessoas expostas a uma particular programação de mídia por um período es-
pecífico de tempo.)
A cobertura é conhecida algumas vezes como o esforço de propaganda,
para se atingir determinado mercado.
Há, no entanto, lembra o Dr. E. L. Deckinger, dois estágios para o desen-
volvimento do negócio: o estágio introdutório, quando se coloca o produto novo no
mercado, e de continuidade, quando se pretende manter as vendas do produto no mer-
cado.
Em cada estágio há diferentes objetivos de cobertura de mercado. Na fase
de introdução de um produto, o objetivo normalmente é cobrir a maior parte possível.
Na fase de continuidade do produto, o objetivo de cobertura normalmente
está mais centrado nas regiões em que o produto é mais aceito.
10. Freqüência
11. Impacto
620 .
• Número total de exposições (E).
621
12. Continuidade
Definição de mercado-alvo
Tipos de mídia
Todo plano de mídia requer uma seleção específica do tipo de mídia: tele-
visão, jornal, revistas etc., e o orçamento a ser alocado entre as mídias escolhidas. Tal
escolha envolve fatores objetivos e subjetivos. Entre os objetivos, destacam-se.
1. A adaptabilidade do tipo de mídia ao mercado-alvo. (O que faz com que
um tipo de mídia seja melhor do que outro para um alvo específico?)
2. A escolha do tipo de mídia em função dos objetivos fixados.
3. A eficiência relativa das várias mídias.
4. A influência da concorrência.
Os fatores subjetivos de escolha incluem:
Seleção da mídia
623
• Custo. A televisão é um veículo muito dispendioso, mais caro que
jornais e revistas e, portanto, só se justifica o seu uso quando o custo
por mil da cobertura de mercado.
Vamos fazer agora uma avaliação das vantagens e limitações de cada tipo
de mídia: televisão, revista, rádio, jornal, mala-direta e outdoor, levando-se em conta os
conceitos de:
• Circulação. O número de unidades físicas efetivamente distribuídas
de um número de jornal ou de revista.
• Audiência. O número de pessoas que são expostas ao veículo.
• Audiência efetiva. O número de pessoas com as características do
público-alvo, que estavam expostas ao veículo.
• Efetiva audiência do anúncio-exposto (ad-exposed). O número de
pessoas com as caracter sticas do público-alvo que atualmente viu o
anúncio.
Revista
Análise de vantagens da mídia revista
Entre as vantagens podem-se listar:
624
Há ainda os serviços de cartão-resposta, de consultas do leitor por meio da
caixa postal da revista etc. Outro serviço oferecido é o teste de publicidade em uma área
geográfica escolhida para teste de mercado. A publicidade testada assim poderá re-velar
os pontos a serem corrigidos na campanha definitiva.
As revistas não têm a flexibilidade dos jornais ou dos spots de rádio e te-
levisão por área e por tempo (dia, hora e local) e muitas delas não têm edições regionais.
Alguns editores, entretanto, promovem já edições dedicadas a algumas áreas geográficas
selecionadas.
Em virtude das características de impressão, as revistas não permitem uma
modificação de último instante no anúncio, pois importa fechar a edição antes de co-
locá-la nas prensas.
Circulação
Métodos de comparação
Cada comprador de mídia sabe que as páginas de uma revista não são exa-
tamente iguais; por isso é importante avaliar o custo por mil. O custo por mil (CPM) é:
Televisão
Desde que começou a operar em 1941, em New York, a primeira estação
comercial de televisão até nossos dias, muitas inovações surgiram, como os recursos do
videoteipe para a gravação de comerciais e para uso doméstico (os gravadores de vi-
deocassete), as redes de televisão com cobertura nacional, as transmissões por satélites
artificiais, a televisão por cabo, o videotexto e novas mídias que estão incorporando as
facilidades do vídeo e do microcomputador.
625
A mídia televisão está hoje operando por meio de emissoras locais e de rede
de emissoras com cobertura nacional. A propaganda local, por meio de emissoras de
cobertura local ou regional, é mais flexível e feita a custos significativamente menores.
Com isso, surge cada vez mais a possibilidade de programação local, dirigida aos inte-
resses da região.
626
ela pode levar a uma avaliação negativa do produto ou serviço anun-
ciado.
Medição de audiência
627
No Brasil, esse método de gravação eletrônica é aplicado pelo Ibope me-
diante aparelhos chamados tevêmetro, Tevetron e Data Ibope, presentes em domicílios na
Grande São Paulo e Grande Rio, selecionados probabilisticamente de acordo com a
classe econômica, idade e tamanho da família.
Telefone. Eis um dos métodos mais antigos de medir audiência, pois é
usado desde os tempos em que só existia o rádio. Um entrevistador chama um domicilio
escolhido por uma tabela de amostragem (Random), e pergunta à pessoa que atende à
chamada a que programa está assistindo naquele momento. A grande vantagem é a rapi-
dez da tabulação dos resultados. E a principal desvantagem é o leque de cobertura
possível, só para algumas cidades, somente para horários diurnos e primeiras horas da
noite e apenas para domicílios com telefone.
Método diário. A alguns domicílios escolhidos é dada diariamente uma
relação de emissoras de televisão para que uma pessoa da casa relacione abaixo os pro-
gramas vistos. Pede-se que essa relação fique ao lado do aparelho de televisão, para fa-
cilitar a anotação dos programas a que se assistiu, ou a resposta é anotada diretamente na
ficha pelo entrevistador. Eis as vantagens desse método:
1. Custo baixo.
2. Possível riqueza de informação, pois, além dos dados de audiência,
permite anotações por idade e sexo dos expectadores.
A dificuldade ou desvantagem reside na disposição de o brasileiro preen-
cher espontaneamente e sozinho fichas com informações variadas.
Audiência
Rádio
Quando a televisão comercial surgiu nos Estados Unidos, logo após a Se-
gunda Guerra Mundial, pensava-se que o rádio iria desaparecer. Mas, apesar da con-
corrência da televisão, o rádio continua firme até hoje. E, em algumas circunstâncias,
dispõe-se a desafiar a televisão.
As emissoras de freqüência modulada foram introduzidas na década de 70.
A – TIPOS DE EMISSORAS
629
B – MÉTODOS DE TRANSMISSÃO
C – POTÊNCIA E COBERTURA
630
Audiência seletiva. A audiência de rádio é seletiva. Há o público de es-
portes, o público de novelas, o público dos vários tipos de música, e assim por diante;
cada programa tem sua audiência por faixa etária, sexo e classe socioeconômica relati-
vamente bem definida.
Mobilidade. O rádio é extremamente móvel. O ouvinte pode levá-lo para
quaisquer dependências da casa, para a praia, para o trabalho, para o futebol, enfim, para
qualquer lugar.
631
G – CUSTOS
Jornal
É um veículo de grande flexibilidade, diário ou semanal, bom para a co-
bertura local ou regional, tendendo a ser de alta credibilidade junto ao seu público-alvo.
Essas são entre outras as suas vantagens.
Como limitações, pode-se dizer que tem vida útil muito curta, basicamente
um dia, e que sua reprodução é pobre em qualidade de impressão em face do tipo de
papel utilizado e de audiência significativamente menor que a mídia eletrônica.
Outdoor
O outdoor é hoje uma mídia importante, a despeito do fato de as verbas
maciças se destinarem à televisão, em detrimento dessa e de outras mídias, pois às placas
catalogadas no Brasil se juntam outras que surgem a todo instante no cenário nacional.
A – TIPOS DE OUTDOOR
632
Painéis. Com as mesmas características do cartaz de rua, podem ser urba-
no ou rodoviário, e sua legislação trata da segurança do trânsito e da preservação de as-
pectos ecológicos e paisagísticos. Os contratos de exibição são estabelecidos por perío-
dos de 24 meses. Ao contrário do cartaz, são permanentes e pintados sobre a chapa. Os
painéis são colocados em estradas ou avenidas.
Luminosos. O painel luminoso, de néon ou eletrônico, concentra-se nas
grandes capitais.
A legislação de luminosos, da mesma forma que a dos painéis, trata da
segurança do trânsito e da preservação de aspectos ecológicos e paisagísticos. Os con-
tratos de exibição são firmados por períodos de 36 meses.
Usam-se também outros tipos de cartazes em ônibus, trens, táxis etc.
Nas capitais brasileiras, encontram-se outros tipos de propaganda ao ar li-
vre, exibidas por intermédio de contratos semestrais e anuais.
633
também a eficácia da combinação outdoor – TV em campanhas, obtendo-se ótimos re-
sultados e economizando-se verba.
Mala-direta
A mala direta permite uma publicidade que se comunica na base de pessoa
para pessoa.
A – DEFINIÇÃO DE MALA-DIRETA
634
efetua a transferência de bens e serviços ao comprador, atingindo uma audiência deter-
minada, através de uma ou mais mídias, com o propósito de obter uma resposta direta por
telefone, cupom ou, em certos casos, a visita pessoal do consumidor".
Marketing direto não é um sinônimo sofisticado para mala-direta. Apesar
de a mala-direta ser uma de suas mídias básicas, ele utiliza outras mídias para obter res-
posta direta, como jornais, revistas, televisão, rádio, cartazes e solicitações por telefone.
Resumindo, marketing direto consiste em mensagens sob controle, dirigi-
das a uma audiência definida, com um objetivo básico: vender através de uma resposta
direta.
Livreto. Espécie de folheto que contém diversas páginas. Seu uso é re-
comendável quando o histórico de vendas é considerável, com elevada quantidade de
informação.
635
mo duráveis e para os bens industriais, a preparação de catálogos das linhas de produto é
extremamente útil e recomendável para divulgação e distribuição junto a seus públicos-
alvo.
Publicações internas (house organs). São publicações periódicas para
ramos de negócios ou para empresas. Há, hoje, no Brasil, inúmeras publicações em
forma de revistas ou de jornais. Empresas, escolas, hospitais, hotéis, agências de via-
gens, entre outras instituições, utilizam-se de house organs. Alguns deles são distribuí-
dos internamente a funcionários, fornecedores e clientes, e outros, externamente, a re-
vendedores, clientes, distribuidores. Efetivamente, é um interessante veículo de propa-
ganda.
C – VANTAGENS DA MALA-DIRETA
636
Resistência do consumidor. Quando a mala-direta é confundida com ou-
tras peças de propaganda que atingem constantemente o consumidor, pode provocar ne-
le uma resistência de aceitação. E isso tende a ocorrer à medida que não há conteúdo
editorial ou de entretenimento na carta de venda.
F – LISTAGENS
637
6. Orçar os custos de postagem e prever os prazos de entrega.
7. Endereçar e postar.
O efeito indireto
633
Outros fatores que influenciam vendas
639
Resumo
O objetivo básico da propaganda é persuadir as pessoas a comprarem o
produto ou serviço anunciado.
Para que a propaganda seja eficaz é preciso desenvolver cinco passos
básicos: estabelecer objetivos, decidir acerca do orçamento, estabelecer uma prensa-
gem persuasiva, decidir sobre a mídia mais eficaz e avaliar a eficácia da propaganda
como um todo.
O incremento da produtividade do trabalho pode ser conduzido pela
propaganda, uma vez que ela representa o fator dominante na diferenciação de produ-
tos, como lembra Michael Porter.
O papel da propaganda, porém, não é explicável por si s6 no confronto
de sua influência no comportamento do consumidor, necessitando de uma investigação
empírica.
À medida que os investimentos publicitários crescem é preciso maior
eficácia e efetividade nos gastos com propaganda para que os esforços com as estraté-
gias de Marketing com marca e comunicação levem a resultados positivos.
Questões
1. Discuta a afirmação: "Toda propaganda deve ser verdadeira em seu contéudo."
2. Critique esta afirmativa: "A responsabilidade sobre a propaganda cabe única e ex-
clusivamente ao anunciante, que deve responder por qualquer conseqüência de sua
comunicação publicitária."
3. Escolha duas campanhas publicitárias atuais e desenvolva o que você pensa dos
objetivos que cada uma deve ter.
4. 0 que é freqüência e como se calcula?
5. 0 que é GRP e como se calcula?
6. 0 que é TARP e como se calcula?
7. Qual é o método de orçamentação da propaganda mais usual?
8. 0 que é cobertura?
9. Como o humor pode ser usado na propaganda? E qual é o seu papel?
10. Quais são as principais estratégias de comunicação que você conhece?
11. 0 que faz com que um anúncio seja bom?
12. Se uma dada programação média cobre 85% dos domicílios com unia freqüência de
exposição média de 2,5, quantos GRPs ela tem?
640
13. Como se calcula o custo por mil para uma revista?
14. Para que serve a mala-direta dentro da propaganda?
15. 0 que é uma audiência de baixo envolvimento?
16. Um fabricante de produtos de beleza precisa escolher entre a mídia A e a mídia B. A
mídia A tem 100.000 leitores e custa NCz$ 20.000.000 por uma página inteira (ou
seja, NCz$ 200.000 por mil). A mídia B tem 150.000 leitores e custa NCz$ 25.000.
000 (ou seja, NCz$ 166.666 por mil). Há outro cálculo a ser feito para se assumir
que a mídia B é a melhor?
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642
Administração
da promoção
de vendas, relações
públicas e merchandising
Componentes básicos do composto promocional
Propaganda
Publicidade
Merchandising
643
tada sem o auxílio do vendedor, por promotores ou demonstradores ou por uma ação
conjunta desses no ponto de venda, ou através de televisão, cinema, revista etc. E basi-
camente cenário do produto no ponto de venda.
Relações públicas
Promoção de vendas
644
No Quadro 21.1, apresentam-se os fatores que influem na escolha do
composto promocional. São considerados ainda fatores determinantes:
1. A natureza do mercado.
2. Os possíveis canais de distribuição e o padrão de distribuição para o
produto.
3. O tipo de unidade de tomada de decisão de compra: o indivíduo, a
família, o comprador industrial.
4. O estágio de ciclo de vida do produto.
5. A característica do produto ou serviço: bens industriais, bens de con-
sumo de massa, bens de consumo durável, serviços etc.
645
Figura 21.1. Ciclo de vida versus impacto promocional.
1. HART, Norman A. & STAPLETON, John. Glossary of marketing terms. Londres, Heinemann,
1977.
2. DUNN, S. W. & BARBAN, A. M. Advertising; its role in modern marketing. 4. ed. Hinsdale,
Dryden Press, 1978.
647
Embalagens e folhetos inseridos em embalagens
Espetáculos e exposições
3. SANDAGE, C. H. & FRYBURGER, Vernon. Advertising; theory and practice. 9. ed. Home-
wood, Richard D. Irwin, 1975. p. 537.
648
1. Feiras: como a do Salão do Automóvel, a Fenit (Feira Nacional da
Indústria Têxtil), a UD (Utilidades Domésticas), FENAVEN (mó-
veis), feiras agropecuárias e industriais, eletroeletrônicas etc.
2. Espetáculos: de música sertaneja, popular e outras, com patrocínio de
fábricas de discos, cigarros, refrigerantes etc.
3. Passeios ciclísticos, a pé e gincanas.
4. Exposições de produtos em congressos de determinadas profissões,
como congressos médicos, congressos odontológicos, congressos de
agentes de viagem, congressos de engenharia e arquitetura etc.
Há, enfim, formas diretas e indiretas de promover produtos.
Amostras do produto
Prêmios
Cupons
Selos ou vale-brindes
651
652
Display no ponto de venda
Listas telefônicas
653
• Aumenta a atração pelo produto gerada pela propaganda.
• Facilita a introdução de produtos novos ou novos usos do produto.
• Convence as pessoas a comprarem maior quantidade de produtos.
• Leva as pessoas a citarem o produto.
• Propicia o testemunho das pessoas sobre o produto.
• Leva o cliente revendedor a fornecer mais espaço ao fabricante.
• Inspira compradores a obterem e manterem maior estoque.
• Estimula a força de vendas.
• Familiariza o público com novas embalagens.
• Chama a atenção para novo plano de premiação.
654
6. Exposição de arte. Pode-se patrocinar uma exposição de arte, exi-
bindo a s melhores peças em seu estabelecimento, e colocando preços
para a venda. E conveniente obter adesões de pessoas importantes e
tentar descobrir um talento local.
7. Semana sertaneja, nordestina, sulina, baiana etc. Pode-se decorar a
loja, vestir o pessoal com trajes típicos, tocar músicas apropriadas e
elaborar cupons de descontos. Procedendo do mesmo modo, podem-
se promover semanas alemãs, portuguesas, italianas, francesas etc.
8. Projeto de grupo. Pedir a alguém que doe pano para a "maior colcha
do mundo" ou barbante para uma enorme bola de barbante (que
naturalmente deve ser exposta na loja) isso vair gerar muito interesse.
Outra idéia é pedir e premiar a melhor receita culinária do bairro.
9. Tráfego de loja. Cupons de troca, shows, desfiles de moda, esses e
outros eventos trazem tráfego à loja.
10. Promoções juvenis. Podem-se oferecer ingressos gratuitos para jo-
gos, expor coleções, exibir filmes e programas especiais, tendo sem-
pre em vista o público jovem.
11. Aniversário da loja. Oferta de prêmios para o freguês mais antigo,
para o mais novo, para o maior da família, para o casal mais novo
etc. que visitarem a loja.
12. Reembolso. Durante um dia específico do mês, a compra total do
cliente é reembolsada através de um sorteio. Os portadores dos nú-
meros sorteados são os premiados.
B — SORTEIOS
656
A compreensão correta de uma mensagem tem por base, todavia, o conta-
to direto entre as pessoas. Mas esse contato só é possível quando se trata de poucas
pessoas; em se tratando de grupos maiores, somente o contato indireto é viável, com o
uso de instrumentos de comunicação como o serviço postal, o telefone, a imprensa, o
cinema, o rádio e a televisão.
As atividades das relações públicas devem ser exercidas em função de seus
objetivos. E o que elas buscam é aumentar vendas? Gerar simpatia na comunidade? Obter
recursos financeiros para capitalizar a empresa? Obter apoio do governo? Desfazer
imagens inadequadas? Modificar atitudes? Os objetivos das relações públicas con-
centram-se em geral em duas categorias: construir imagem e induzir à ação.
A imagem de uma empresa pode estar abalada por algum acontecimento e
importa melhorar essa imagem junto ao seu público-alvo, induzindo-o a ações favorá-
veis.
657
pelo IBGE, relata algumas causas de perturbações nas relações das organizações com
seus públicos que precisam ser detectadas:
658
Atividades e meios
As relações públicas proporcionam um feedback que consiste numa gran-de
compreensão mútua entre o emissor e o receptor. No Quadro 21.2 apresenta-se uma
comparação entre marketing e relações públicas.
Fonte: LAURENT, Paul. Communication relations publiques marketing. In: —Le destin des relations publiques
— e ssa i s. Montreal, François L. de Martigny, 1977.
659
Administração de merchandising
Conceito de merchandising no Brasil
Definição de merchandising
5. WILSON, Bud. Principles of merchandising; a key to profitable marketing. New York, Fair-
child Publications, 1976.
660
Importância do merchandising
2. Estilo
O produto
ou serviço
certo
3. Tamanho e peso
662
TAMANHO/PESO
0 USO
A DISTRIBUIÇÃO
Certos para
A venda
4. Variedade
A embalagem de produtos e embalagens constitui não só forte elemento de
merchandising, mas também; em muitos casos, opções estratégicas para a venda.
As variedades de produtos e serviços oferecidas ao comprador constituem
até oportunidades de prolongar o ciclo de vida do produto.
663
Se a Sud-Aviation, ao invés de lançar o primeiro avião a jato comercial do
mundo e um único modelo, o Caravelle, houvesse lançado variedades de modelos, como
o fez a Boeing, por exemplo, certamente estaria produzindo aquela família de avião até
hoje.
5. Benefícios
6. Serviços
Benefícios
Serviços
665
666
F o nt e: Revista Display. Associação Comercial de Sao Paulo.
667
8. Identificação
9. Garantia
B — O LUGAR CERTO
668
Área
mercadológica
Zonas
O lugar mercadológicas
certo
Localização
do ponto de venda
1. Área mercadológica
2. Zonas mercadológicas
670
NESTE NATAL
SÓ UMA COISA
VAI SERTÃO
LEMBRADA COMO
PAPAI NOEL.
671
PANETTONE BAUDUCCO
O GOSTO DO NATAL
0 Natal chega antes com Bauducco.
A partir de novembro já estará no ar uma
grande campanha para promover o
produto líder das festas de fim de ano: o
Panettone Bauducco.
Com o tema "0 Gosto do Natal" e total
cobertura de mídias e ponto-de-venda,
o Panettone Bauducco junto com "Papai
N o e l " e " J i n g l e B e l l " estará sempre
presente na mente dos consumidores.
Imagine o quanto isso vai representar em
vendas.
Afinal, quando o líder mostra sua força,
não sobra espaço para a concorrência.
673
Rua Endres, 919 - Cx. Postal 48 - Guarulhos - SP - Tel.: (011) 208-1022 (PABX) - CEP 07040
Telex(011)65086-BAUD-BR-São Paulo - Fax: (011) 913-1733
Filial Rio de Janeiro: Rua Onório, 495 - Bairro Todos os Santos - CEP 20781 - Tel.: (021) 593-0687 - Telex (021) 23993
674
5. Estilo de vida
7. Concentração industrial/rural
8. Custo mercadológico
675
C – LOCALIZAÇÃO DO PONTO DE VENDA
A localização do ponto
de venda leva em
consideração:
Doméstico
Campo
Cenário da repre-
sentação Local de trabalho
do comprador
Local de trabalho
do vendedor
676
Venda pessoal
Venda por
telefone
Mala-direta
Reembolso postal
Tipodeapresenta-
atravésde
D – PONTO DE APRESENTAÇÃO
Máquinas
automáticas
Ponto da Unidades
apresentação móveis
Feiras
salões
convenções
lojas
e outros
678
O comprador potencial pode ser atingido por diversas maneiras:
679
680
MATERIAL
PARA PONTO -DE -VENDA.
Durepoxi estará presente no ponto-devenda
através de material promocional marcante,
composto por cartaz e adesivo, que enfatiza
o conceito divulgado nos filmes. Então
aproveite, porque depois desta campanha
todo mundo vai dar um jeito nas suas
tragédias do dia-a-dia com Durepoxi.
DUREPDXI.
PARA AS PEQUENAS TRAGÉDIAS
DO DIA -A-DIA.
ALBA
PRODUTOS DE
CONSUMO
681
E – DENSIDADE DA REPRESENTAÇÃO
Distribuição 1 ponto
exclusiva no mercado
A densidade da Locais
representação Distribuição cuidadosamente
se faz em três seletiva selecionados
graus em pontos--
chave
Distribuição
geral Todos Q.
locais no
mercado
682
venda em bares, panificadoras, restaurantes, supermercados, açougues,
feiras-livres, mercearias etc.
Condições do display
Exigências para criar um
incentivo de vendas
Atração para
o comprador
b) Os suportes de vendas – devem adequar-se às várias etapas de venda,
desde a etapa de prospecções de clientes até o fechamento da venda.
Além de um talão de pedidos e de um relatório de visitas, o ven-
dedor de um distribuidor precisa ter catálogos de produtos ou de ser-
viços da empresa, folhetos, amostras, broadsides de campanhas pro-
mocionais, e mesmo audiovisuais de demonstração do uso do produto
ou serviço.
c) Os custos de distribuição – devem ser compatíveis com os resultados
de vendas esperados.
2. Giro de estoque
686
4. Taxa de depreciação de estoque
Suprir significa atender nos prazos marcados e ter o produto sempre dis-
ponível no ponto de venda.
Quem tem sede não procura seu refrigerante favorito de bar em bar, sim-
plesmente toma outro e mata a sede. Na compra de um móvel, de um televisor, de uma
bicicleta, o consumidor buscará a entrega mais rápida. E fundamental, portanto, que o
produto esteja disponível no maior número de pontos-de-venda possível.
6. Crédito
Certos produtos não podem ser vendidos com o serviço necessário. Esse
serviço pode ser de instalação ou de manutenção do produto, bem como anteceder a
venda, na identificação das reais necessidades do cliente.
8. Condições do display
9. Incentivos de venda
687
estímulo: se através de concursos de vendas, se por meio de prêmios em dinheiro ou em
mercadoria.
G — O PREÇO CERTO
Baixo preço
vendas altas
Preço médio
vendas médias
Oque é
preço certo?
Preço alto
vendas baixas
688
A política de preços de uma empresa depende de quatro considerações bá-
sicas:
689
função de um preço diferenciado e alto (caso dos jeans de marcas exclusivas tipo Fio-
rucci, Clodovil, Pierre Cardin etc.).
4. A ação da concorrência
Há ainda três fatores subjetivos e econômicos que agem por ocasião da fi-
xação da política de preços. São fatores psicológicos, aritméticos, substantivos e de
caráter geográfico, os quais são analisados no Capítulo 16 deste livro.
I — O TEMPO CERTO
O tempo certo
pode ser visto
de dois modos
1. Tempo certo
2. Momento certo
O tempo certo
Há
24 horas no dia,
7 dias na semana,
4 semanas no mês,
12 meses no ano,
4 estações,
Deus sabe quantos feriados!
80 anos de expectativa de vida,
24
diasouchuvosos
52 dias de pagamento,
e dias ensolarados,
a estação da pesca e a estação do
campeonato,
4 estágios do ciclo econômico,
o tempo do trabalho, ou o tempo das
férias,
o tempo do plantio e o tempo da colheita,
o tempo de paz e o tempo de guerra.
691
A venda de medicamentos para gripes e resfriados tem o tempo certo no
início do inverno ou das chuvas; a compra de fertilizantes ou de sementes tem também
seu tempo certo na época do plantio.
O tempo certo é necessário sempre que se defina.
J — O F O C O C E R T O
O foco
certo
1. O apelo correto
692
• por que as pessoas compram;
• o que elas têm para comprar;
• o que elas compram: os produtos ou os benefícios que os produtos
oferecem?
• o que a concorrência vende: há produtos similares ou substitutivos no
mercado?
Respondendo-se tais questões, pode-se fazer um apelo correto do produto
ou serviço que se vende. Identificando-se o que os consumidores compram, é possível
adequar produtos e serviços às expectativas dos mesmos. Importa também saber o que
existe de disponível no mercado, em termos de produtos similares ou substitutivos.
Convém sobretudo investigar os benefícios que as pessoas buscam. (Como se viu ante-
riormente, benefício não é o que o produto faz nem o que ele é, mas o que as pessoas
querem que ele faça.)
E necessário fazer pesquisas e interpretar respostas, pois um benefício
nem sempre está claro na mente dos consumidores, é algo íntimo.
Imagine-se uma terra sem nome, sem história. Fica difícil alguém se lem-
brar que tal lugar possa existir, a menos que algum fato inusitado possa acontecer. Há, no
Rio de Janeiro, um sorvete que, por ter sido lançado com um nome eufonicamente igual a
outro já existente, perdeu seu registro; seus proprietários resolveram então lançar o
sorvete SEM NOME, e esse passou a ser o seu nome.
Mas o que é um nome certo? Há oito fatores que ajudam a encontrar o
nome certo:
• O nome precisa ser próprio, distinto e individual, para chamar a
atenção e ser lembrado:
BOTUCA-TUBOS (não)
TUBOS TIGRE (sim)
• Precisa ser simples, para ser memorizado:
SEVEN-UP (não)
TAÍ (sim)
• Se possível, deve indicar o que o produto faz ou faz de melhor.
• Deve proporcionar associações positivas:
TIMEX (marca de relógio)
• Precisa ser sempre atual:
MAIZENA
• Deve indicar a característica da empresa e o nível certo de qualidade e
preço – se algum desses fatores influi na decisão de compra: IBM
• Deve ser um nome fácil de pronunciar e eufônico, para publicidade, e
visual, para embalagens: LUX
• Deve ser legalmente protegido contra a possibilidade de nomes pare-
cidos:
BOM BRIL (sim)
KODAK (sim)
694
• Deve ser simples de fazer e de impressão que facilite a memorização.
• Deve ter uma impressão em tons de cores que provoquem uma asso-
ciação afirmativa.
• Deve expressar corretamente a empresa, as características do produto
e sugerir o nível de qualidade e de preço.
• Deve ser sempre atual.
• Deve ajudar a vender.
• Deve estar visível na publicidade e no display.
• Deve ser legalmente protegida contra imitações ou fraudes.
4. A disposição certa
5. A associação certa
6. A pressão mercadológica
696
De maneira análoga, a estratégia de venda exerce uma pressão sobre os
consumidores que pode ser medida em termos de gastos de vendas por cliente potencial
visitado, número de vendas realizadas por unidade da população-alvo e número de con-
tatos de vendas por dia, semana, mês ou ano.
A eficácia da pressão exercida pode ser confrontada com a concorrência e
avaliada em função dos gastos totais com vendas e com propaganda, circulação e au-
diência dos veículos utilizados e número de pessoas atingidas que efetivamente compra-
ram.
Fonte: Adaptado de: STANLEY, Richard E. Promotion. Advertising, Publicity, Personal Selling, Sales Pronwtion.
New Jersey, Prentice-Hall, 1982 e textos vários. (Veja Bibliografia.)
697
O uso do composto promocional varia sobremaneira em função do tipo de
produto ou do tipo de atividade. Assim, para um bem de consumo de massa, a função
propaganda destaca-se em importância, vindo em seguida a promoção de vendas e o
merchandising e fmalmente a venda pessoal. Para um produto industrial, ao contrário, em
primeiro lugar vem a venda pessoal e em seguida as demais funções do composto
promocional.
Enfim, a pressão e o uso variam em função do ramo de atividades ou clas-
ses de bens, mas a importância relativa de cada função do esforço promocional perma-
nece. E sua coordenação correta é a razão do sucesso de vendas.
É importante que o produto tenha, ao longo do tempo, sabor, aroma, lim-
peza e qualidade intactos.
No Brasil, é freqüente o lançamento de um produto com determinadas ca-
racterísticas, que são alteradas através dos tempos no que se refere à composição intrín-
seca ou apresentação. Importa não relaxar na qualidade, e compatibilizá-la com o preço.
698
• Planejamento criterioso do tempo para a execução das tarefas de mer-
chandising.
• Planejamento dos deveres diários de cada promotor, demonstrador,
vendedor e supervisor.
• Informação constante ao grupo de trabalho, utilizando-se de gráficos,
fazendo-se uma comparação entre o planejado e o realizado, por equi-
pe e por vendedor, por demonstrador ou promotor.
• Conhecimento do produto, seus pontos altos e baixos e seus benefícios.
• Ciência do comportamento de compra do consumidor e das pessoas
que influem na compra.
• Domínio da estratégia de marketing.
• Domínio da estratégia de propaganda e de promoção de vendas que
servirá de apoio ao merchandising.
• Ciência dos resultdos do esforço de merchandising nos resultados de
marketing.
• Treinamento da força de vendas e de promoção, para observar e coletar
fatos e informações no momento da venda.
• Estabelecimento de um plano de incentivos e estímulos de longo e
médio alcances, para supervisores, promotores, demonstradores e ven-
dedores.
A – DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO
• Propaganda da empresa.
• Propaganda cooperativa.
• Giro de estoques no ponto de venda.
• Exposições de produtos no ponto de venda.
• Relações com os revendedores/clientes.
699
• Preços praticados.
• Modelos mais vendidos.
• Freqüência de venda.
Após o levantamento, importa fazer listagem das oportunidades a serem
aproveitadas em cada revendedor/cliente e do provável volume de vendas a ser alcan-
çado com o aprimoramento de merchandising. Essas listagens indicam as necessidades
de cada ponto de venda, e podem ser utilizadas como roteiro de trabalho por superviso-
res, promotores ou vendedores.
B – COTAS DE MERCHANDISING
7 00
hábeis e mais eficientes, na execução das tarefas que lhes são confiadas, e mais volta-
dos para resultados.
D – ATIVIDADES DIÁRIAS
E – MOTIVAÇÃO E INCENTIVO
701
básicos do merchandising. Assim, é fácil controlar as peças de propaganda colocadas,
resumir o trabalho feito pelo promotor e determinar a importância de cada revendedor ou
cliente.
Os registros em ficha permitem um acompanhamento do número de re-
vendedores/clientes visitados, do número de novos clientes, da quantidade de peças
promocionais colocadas, das exibições realizadas, do aumento de estoque por pontode-
venda e respectivo giro e dos preços de vendas praticados.
A partir dos dados contidos nas fichas, o supervisor de vendas pode
transmitir semanalmente informes úteis ao departamento de estatística e à gerência de
vendas.
Resumo
702
A promoção de vendas cresce de importância na mesma proporção que se
desenvolve o mercado de consumo. E as suas ferramentas já extrapolam o convencional,
surgindo a cada dia soluções mais criativas para vencer o encalhe de vendas. Em
alguns setores os gastos com promoção de vendas já superam os investimentos pu-
blicitários e toda a sua operação a cada dia mais se profissionaliza, criando-se agên-
cias independentes especializadas em promoção de vendas.
As relações públicas é outro importante elo do chamado composto pro-
mocional. As organizações a cada dia sentem crescer as dificuldades de se relacionar
com autoridades e com o público das comunidades. E esse trabalho tem deixado o em-
pirismo e a improvisação de lado, para se tornar uma área de eficácia do Marketing.
Tão importante quanto a promoção de vendas e as relações públicas o
merchandising veio ocupar definitivamente o espaço vazio existente entre o consumi-dor
e o fabricante e entre o varejista e o consumidor.
Mais do que a "exibitécnica" de constituir o cenário para o produto no
ponto de vendas, o merchandising é hoje um tipo de esforço de vendas indispensável para
produtos de consumo de massa e tem incorporado desde o estudo da embalagem até a
atuação de demonstradoras, degustadores, repositores de estoque num verdadeiro
exército para ajudar o produto a girar no ponto de venda.
Questões
703
6. Que tipo de concurso seria interessante para promover vendas de:
a) vídeo locadora;
b) hotel-fazenda;
c) loja de bens de conveniência.
7. Quais são as vantagens e desvantagens do:
a) vale-brinde e selos;
b) displays no ponto de venda;
c) cupons de desconto.
8. De que maneira a promoção de vendas pode ser uma arma a serviço do vendedor de:
a) coleção de livros;
b) serviços de assistência médica (tipo AMIL, Golden Cross);
c) listas telefônicas.
9. O que significa o produto certo no lugar certo para:
a) lojas de bens de especialidade como joalherias e outros produtos;
b) bens de conveniência;
c) bens de compra comparada.
10. Qual é a influência do estilo e da cor para a venda de serviços?
11. O que é qualidade intrínseca para produtos de moda, como tecidos e confecções?
12. Qual é o papel da embalagem para:
a) produtos industriais;
b) cosméticos;
c) produtos de compra por impulso.
Bibliografia
Promoção de Vendas
BOYD JR., Harper W. & LEVY, Sidney J. Promoção de vendas. São Paulo, Atlas, 1976.
DUNN, S. W. & BARBAN, A. M. Advertising; its role in modern marketing. 4. ed. Hinsdale, Dry-
den Press, 1978.
ENGEL, James; WALES, Hugh G. & WARSHAW, Martin R. Promotional strategy. 3. ed. Home-
wood, Richard Irwin, 1975.
Relações Públicas
ANDRADE, Cândido Teobaldo de. Para entender relações públicas. 2. ed. São Paulo, Gráfica Bi-
blos, 1965.
704
DUNN, S. W. & BARBAN, A. M Advertising; its role in modern marketing. 4. ed. Hinsdale, Dry-
den Press, 1978.
JAMESON, Samuel Haig. Relações públicas. 2. ed. Rio de Janeiro, FGV, 1962.
LAURENT, Paul. Le destin des relations publiques. Montreal, François L. Martigny, 1977.
MAGALHÃES, Celso. Relações públicas e relações humanas. Rio de Janeiro, IBGE.
MATRAT, L. & CARIN, A. Relações públicas; motor da publicidade. Lisboa, Livraria Sam Pedro
Editora, 1968.
Merchandising
FERRACCIU, João De Simoni Soderini. Merchandising e promoção de vendas.
STANLEY, Richard E. Promotion: advertising, publicity, personal selling, sales promotion. New
York, Prentice-Hall, 1977.
WILSON, Bud. Principies of merchandising; a key to profitable marketing. New York, Fairchild
Publications, 1976.
705
Parte VI
Organização e controle
da ação de marketing
707
Estrutura organizacional
de marketing
Organização e marketing
Para muitas empresas o marketing ainda soa como uma palavra alienígena
ou um simples modismo.
O que ao longo dos anos se convencionou chamar de departamento ou área
comercial tem evoluído lentamente para marketing, ora como função de staff, ora como
posição de linha.
Vejamos algumas evoluções do departamento comercial para departamento
de marketing.
709
Evolução do departamento comercial para departamento de marketing
Estágio nº 1
Assim, havia dentro das empresas três áreas importantes: produção, finan-
ças e vendas, chamada de área comercial.
Departamentalização em vendas
Estágio nº 2
710
Departamento de vendas com funções auxiliares de marketing
Estágio nº 3
711
funções de promoção de vendas, desenvolvimento de produto, gerência de produtos e
serviços ao cliente. E a força de marketing começa a superar vendas.
Departamentalização em marketing
Estágio nº 4
712
Figura 22.1. Organização por gerência de produtos.
713
Nesse caso os gerentes regionais de vendas são responsásveis pelas vendas
e pelo desenvolvimento de mercado de toda a linha de produtos da empresa.
Organização funcional
714
Figura 22.2. Organização orientada por marketing.
715
Importância da departamentalização em marketing
Estrutura efetiva
1. KRIEF, Bernard. Your marketing department; its structure and organization. Londres, Business
Books, 1975.
716
e reconstruir algo do que tentar, por vários subterfúgios, introduzir mudanças na orga-
nização.
Uma empresa terá sempre um lugar vago em sua estrutura para um diretor
de vendas. Há, no entanto, quatro situações que devem ser evitadas:
a) O título de diretor de marketing ser conferido ao diretor de vendas, mas
a parte essencial de suas funções não ser modificada e sua com-
petência técnica, em marketing, não ser verificada.
b) Um iniciante em marketing ser recrutado e designado como assistente
do diretor de vendas.
c) Um especialista experiente ser recrutado e reportar-se ao presidente e ao
diretor administrativo, para quem fará suas recomendações. E o diretor
de vendas receber instruções e conselhos do presidente e diretor
administrativo.
d) Um funcionário brilhante e inteligente ser selecionado e não ser, en-
tretanto, um especialista em marketing; ele ser designado como assis-
tente do diretor de vendas e responsável por marketing.
717
Ao decidir-se designar um colega para gerente de pesquisa de mercado, só
porque é inteligente, pode-se cometer um desastre se esse não se revela um especialista.
Uma decisão como essa, se tomada para um único cargo, dentro de um departamento,
pode não causar problemas sérios, mas se generalizada para a empresa como um todo
pode causar desastres.
As promoções internas têm, certamente, muitas vantagens, e devem ser
recomendadas em muitos casos. Certos limites devem, entretanto, ser apreciados para
tomar efetivas as operações da empresa.
Com efeito, um executivo deve ser capaz de estudar sua posição com re-
lação aos objetivos que lhe foram delegados e corrigir discrepâncias antes que seja tarde.
713
nenhuma ligação hierárquica com ele, possua certo poder de avaliar os resultados de
suas ações.
Não-circulação de informação
719
Condições para uma estruturação sadia
721
Descrição de cargos
A – A FUNÇÃO
722
B — RELAÇÕES DE TRABALHO
C — TAREFAS E DEVERES
D — CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
E — CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO
723
F – USO DA DESCRIÇÃO DE CARGOS
H – RELAÇÕES DE TRABALHO
J – CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
L – CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO
A – FUNÇÕES
B – TAREFAS
725
Escolha da estratégia de produto
Com base nas informações que possui sobre o mercado (tamanho, seg-
mentação etc.), seu produto e seus concorrentes, ele fixa, em primeiro lugar, a tendência
geral do mercado e, depois, as estratégias para se incrementarem as vendas. Examina as
informações coletadas com o fim de descobrir se o produto satisfaz às necessidades do
mercado, buscando dinamizar ou estender o raio de ação dos produtos atuais. A criação
de novos produtos e a detecção de novos mercados fazem parte de suas atribuições.
Elaboração de prognósticos
Ele deve ter o máximo cuidado com a utilidade de seu produto, analisando
o custo das várias ações descritas no plano de marketing, como:
• embalagem, acondicionamento;
• propaganda;
726
• relações públicas;
• distribuição.
Com base nos resultados, ele visa, constantamente, aperfeiçoar seu produ-
to, solicitando modificações técnicas, assim como estimular a força de vendas e au-
mentá-las. Coopera com o gerente de mercado, utiliza os serviços de engenharia de
produtos ou de engenharia de pesquisa no desenvolvimento de novos produtos. Participa
da elaboração da especificação de novos produtos (preços, condições de vendas,
descontos, abatimentos etc.).
Critérios de avaliação
Critérios mensuráveis
727
Critérios não mensuráveis
1. Criatividade.
2. Qualidade do diálogo estabelecido entre os departamentos que ele uti-
liza.
3. Qualidade do follow-up (acompanhamento) das operações por ele
propostas.
4. Qualidade das informações enviadas à gerência de marketing.
5. Pertinência das idéias que dizem respeito ao seu produto.
6. Qualidade dos prognósticos por ele preparados.
Para ser bem-sucedido nessas funções, o gerente de produtos deve ter cur-
so especializado em marketing ou experiência em função de marketing.
Qualidades necessárias
Características psicológicas
1. Dinamismo.
2. Determinismo, possuindo imaginação fértil e poder de síntese.
3. Habilidade de obter de outros a execução de suas recomendações (li-
derança funcional).
4. Habilidades reconhecidas pelas pessoas com as quais ele lida e poder de
persuasão.
5. Independência de ação, sendo também capaz de fornecer relatórios
regulares.
6. Fácil contato pessoal e diplomacia.
728
Relações de trabalho
Subordinação
Ele reporta ao diretor de marketing tudo o que diz respeito ao seu trabalho.
Relações funcionais
Ajudá-lo a progredir
Sim
729
5. Fazê-lo participar de encontros de marketing e em decisões que con-
cernam a ele.
6. Deixá-lo expressar-se sobre a administração definida pela direção.
7. Auxiliá-lo, tomando-o aceito, e introduzi-lo nos departamentos com os
quais se relaciona.
8. Estimulá-lo a ser uma pessoa criativa, que realiza inovações e diver-
sifica suas atitudes.
9. Certificar-se de que ele continua a ser treinado para preencher co-
nhecimentos (de produção, gerência e marketing).
10. Assegurar que seu trabalho está encontrando aceitação nos mercados
ou segmentos de mercado.
Não
1. Restringir suas funções para coordenar.
2. Dar a ele mais produtos a não ser que ele os possa propagar, para não
tomar sua gerência menos eficiente.
3. Deixá-lo cair na rotina.
4. Fazê-lo um gerente de produtos para sempre, mas permitir que ele se
desenvolva dentro da empresa.
730
O diretor de marketing deve ser treinado não apenas em análise de dados
para propor diversas soluções, mas também assumir plena responsabilidade pelas opções
e ações que instigou.
Um jovem diretor de vendas com instrução básica e com longa experiência
em marketing revela-se provavelmente um candidato apropriado se tem treinamento
prévio e é assistido por especialista.
Qualificações exigidas
Características psicológicas
Relações de trabalho
731
econômica geral. Dessa forma, seu departamento está indiretamente ligado à adminis-
tração geral ou integrado ao departamento comercial.
Relações hierárquicas
Relações funcionais
732
Com o diretor de novos produtos, para informar-se do desenvolvimento
de novos produtos e canalizar todas as informações de oportunidades de mercado ao di-
retor de novos produtos.
733
8. Estar informado das inovações tecnológicas que podem influir no ramo
de negócios.
9. Estabelecer contatos com empresas fornecedoras e concorrência.
734
Padrão de desempenho:
Indicadores:
Gerente de vendas
735
2. Selecionar, treinar, desenvolver, motivar, avaliar e integrar os recursos
humanos dentro de sua área de atuação.
3. Analisar e controlar a política de preços da empresa.
4. Planejar e coordenar programas de integração interdepartamental da
área de vendas com as demais áreas da empresa.
5. Propor o aperfeiçoamento dos métodos administrativos da área de
vendas.
6. Formular o plano anual de vendas.
7. Acompanhar e revisar, periodicamente, a operacionalização do plano
anual de vendas.
8. Propor, desenvolver e controlar uma política anual de vendas.
9. Supervisionar e controlar as atividades de distribuição.
10. Supervisionar ou propor uma política de concessão de crédito e con-
trolar a cobrança.
11. Fiscalizar as atividades da concorrência.
12. Apresentar à diretoria uma proposta de delegações de autoridade e
responsabilidade da área de vendas.
13. Propor a criação de novos produtos.
14. Propor a manutenção ou extinção de produtos de linha.
15. Discutir e avaliar as previsões de vendas e apresentá-las à gerência de
marketing.
16. Propor táticas de atuação de vendas.
736
Área de resultados/responsabilidades:
Padrão de desempenho:
Indicadores:
738
17. Participar no delineamento e especificação de novos produtos (pre-
ços, tarifas, descontos e remarcações e/ou novos mercados).
Área de resultados/responsabilidades:
Padrão de desempenho:
12. Grau de criatividade na sugestão da adaptação do produto às neces-
sidades do mercado.
13. Qualidade do diálogo estabelecido com os departamentos colabora-
dores.
14. Qualidade do follow-up das operações que propõe.
739
4. Qualidade da informação oferecida ao gerente de marketing.
5. Adequação das idéias que ele propõe concernentes ao produto/mer-
cado.
6. Qualidade das previsões que prepara.
7. Grau de atingimento das metas dentro dos níveis de qualidade e
quantidade estabelecidos.
8. Grau de atendimento aos prazos estabelecidos.
9. Qualidade do desempenho do pessoal.
10. Grau de cumprimento do orçamento estabelecido.
11. Grau de atendimento e aperfeiçoamento das políticas gerais da em-
presa.
12. Grau de contribuição para o desenvolvimento organizacional.
13. Qualidade da metodologia do trabalho.
Indicadores:
740
7. Produzir estudos sobre a imagem institucional e imagem de marca da
empresa e sobre o grupo de produtos.
8. Recomendar ações para a correção da imagem.
9. Produzir estudos sobre potencial de mercado para novos produtos ou
novos mercados.
Área de resultados/responsabilidades:
741
5. Pessoal bem selecionado e bem treinado.
6. Programa de treinamento aplicado.
7. Condições de higiene e segurança oferecidas.
Padrão de desempenho:
Indicadores:
Área de resultados/responsabilidades:
Padrão de desempenho:
744
7. Grau de atendimento e aperfeiçoamento da política geral da empresa.
8. Grau de adequação da representatividade da empresa.
9. Grau de contribuição para o desenvolvimento organizacional.
10. Grau de inter-relação com os departamentos colaboradores.
11. Qualidade da metodologia de trabalho.
12. Nível do padrão de desempenho do pessoal de sua área.
Indicadores:
_ 745
Com relação à empresa:
Área de resultados/responsabilidades:
746
6. Apresentar à Diretoria proposta de delegações de autoridade e respon-
sabilidade em sua área.
7. Avaliar a eficácia dos programas de promoção e propaganda.
Padrão de desempenho:
Indicadores:
_ 747
3. Coletar periodicamente dados de vendas e analisá-los, propondo so-
luções e sugestões para a melhoria dos resultados.
4. Registrar concorrências no campo e propor soluções, no que se refere
a comportamento do mercado, concorrência e situação econômica.
5. Fazer análise da situação econômica das diversas regiões.
6. Fazer análise financeira e creditícia por cliente, percebendo os riscos (
se houver) na concessão de crédito.
7. Propor política de atendimento por tipo de cliente.
748
2. Propor e avaliar padrões de desempenho.
3. Planejar, organizar e definir cargos e responsabilidades em sua área de
atuação.
4. Delegar autoridade.
5. Propor, avaliar e manter as condições de higiene e segurança no trabalho.
Área de resultados/responsabilidades:
Padrão de desempenho:
Indicadores:
749
4. Relatório da situação econômica e do comportamento de mercado e da
concorrência.
5. Padrão de desempenho do pessoal de sua área.
Para que uma organização seja orientada por marketing é preciso que essa
filosofia permeie pelo endomarketing (marketing interno) a todos indistintamente.
A maioria dos conflitos surge por falta de entrosamento entre as áreas e
também porque as idéias não são vendidas internamente através da força dos instrumen-
tos de marketing.
A adoção do marketing impõe certos desafios na estruturação da empresa,
bem como na metodologia de trabalho. Uma empresa orientada pelo marketing deve co-
locar o cliente em primeiro lugar e o serviço ao cliente como lema de trabalho, do presi-
dente ao porteiro.
Mas isso só é possível através de um trabalho de educação interno, que
exige muita reflexão e enorme transpiração.
Para tanto é preciso, primeiramente, diagnosticar a empresa, em termos de
suas habilidades e corrigir suas deficiências, pois nenhuma filosofia de marketing pode
ser implantada se a empresa não funcionar bem ou se não houver métodos consistentes
de trabalho, com áreas de resultado fixadas por pessoas.
Portanto, o marketing da empresa depende das pessoas, das suas crenças e
do envolvimento com o trabalho e sobretudo de seus métodos de execução das atri-
buições.
Fazer marketing é um exercício de credo, uma devoção ao trabalho e so-
bretudo uma forma de integrar objetivos, pessoas, métodos de trabalho com o compro-
misso do resultado através da avaliação de desempenho.
Sem comprometimento e motivação não haverá marketing. Para isso é
preciso que na organização as pessoas tenham conhecimento do que é marketing, te-
750
nham habilidade para tratar as pessoas e os clientes e tenham atitude, ou seja, moti-
vação para fazer marketing na atividade diária.
Resumo
Questões
1. O que é endomarketing?
2. Quais são as principais diferenças entre uma empresa orientada pela produção e uma
orientada por Vendas?
3. O que significa moldar os conceitos de marketing em uma organização?
4. Quais são as principais diferenças entre uma empresa departamentalizada por ven-
das e uma por gerência de produtos?
5. Qual é o papel do diretor de marketing em uma empresa orientada pelo marketing?
6. Qual é o papel do gerente de vendas quando subordinado diretamente a Vendas?
7. Qual é o significado dos padrões de desempenho e dos indicadores numa descrição
de cargos?
3. Quais são as principais diferenças de papéis entre um gerente de produtos e um
gerente de desenvolvimento de novos produtos?
9. Quais são as principais áreas organizacionais a conflitar com marketing? E como é
possível administrar esses conflitos?
751
10. Como pode ser racionalizada a operação de marketing numa empresa de bens de
consumo?
11. Qual é o papel da departamentalização em marketing para uma empresa de produtos
industriais?
Bibliografia
BAKER, Michael J. & McTAVISH, Ronald. Política e gerência de produto. São Paulo, Saraiva,
1978.
KRIEF, Bernard. Your marketing department; its structure and organization. Londres, Business
Books, 1975.
SAROKA, Raul & ETCHETTO, Carlos A. Ferrari. Los organogramas; diseño e interpretación.
Buenos Aires, Ediciones Macchi, 1971.
752
Controle de gestão
em marketing
Uma empresa conquista liderança e poder de mercado na exata medida em
que consegue ao mesmo tempo neutralizar a ação das forças ambientais sobre o seu
negócio e transformar problemas em novas oportunidades de negócio.
Mas ela só consegue ter forças agressivas para enfrentar a guerra
ambientrais, na qual a conquista do mercado é um dos principais desafios, se demonstrar
capacidade de controlar o seu desempenho interno.
Portanto, transformar uma administração eficiente de um negócio em uma
administração eficaz e de sucesso com base em produtividade e lucratividade crescentes
é. o principal papel do controle de gestão.
Segundo Peter Drucker, "há apenas uma defmição válida para o propósito
de um negócio: criar um cliente... e o empreendimento de negócio tem somente duas
funções básicas — marketing e inovação".
Ao aceitar essa premissa como verdadeira, cabe ao mercadólogo tomar a
ação de marketing a mais objetiva possível, procurando administrar a demanda de bens e
serviços pela satisfação das necessidades dos clientes e acima de tudo controlando os
resultados dos esforços de marketing.
Esse controle pressupõe que a eficácia operacional se apóie na produtivi-
dade, que leve à ampliação de clientes, e na lucratividade, que proporcione adequada
recompensa aos esforços realizados de marketing.
753
Portanto, o plano anual de controle deve de acordo com o porte da empre-
sa e a extensão de seus desafios de mercado acompanhar os desempenhos de:
• vendas, de participação de mercado, de despesas de vendas e de mar-
keting, de despesas financeiras, da atitude do cliente e prever as ações
corretivas necessárias.
Vejamos alguns passos importantes:
1. Análise de vendas
754
Dessa análise conclui-se que as possibilidades ou até mesmo a necessidade
de expansão da participação de mercado das linhas de produtos existentes ou de no-vos
produtos possam garantir uma expansão de participação.
4. Análise financeira
5. Atitude do cliente
755
6. Ação corretiva
Controle da lucratividade
Por melhor que seja o resultado de marketing em termos de vendas ou
mesmo de participação de mercado, ele dependerá do resultado financeiro, ou seja, sem
lucro uma organização deixa de ser viável. Portanto, a análise e o controle da lucrativi-
dade são essenciais a qualquer tipo de negócio.
756
A demonstração de lucros e perdas nada mais é do que uma representação
do que custou para fabricar e vender um produto. Para isso é necessário identificar as
despesas funcionais com pessoal, matérias-primas, embalagem, propaganda, fornecedo-
res etc. até se chegar a uma correta apuração do lucro.
Vendas realizadas
menos custo da mercadoria vendida
leva a margem bruta
Menos: despesas
vendas
propaganda
expedição e embalagem/entrega
fornecedores
Total de despesas
Lucro líquido.
757
Controle de eficiência
Muitas vezes ataca-se o efeito sem que haja um combate efetivo às causas,
ou seja, a perda de participação de mercado pode ser decorrente da baixa eficiência de
uma força de vendas. Assim como a diminuição da lucratividade pode ser resultante de
altos investimentos em uma propaganda pouco persuasiva. Ou ainda as despesas de
vendas podem estar acima do desejável, simplesmente porque a promoção de vendas
não está dando os resultados planejados. Enfim, é preciso controlar a eficiência do
composto promocional, através da avaliação da:
2. Eficácia da propaganda
758
dologia requerida. Então, a propaganda acaba sendo medida pela relação do custo por
mil por tipo de medida e da audiência alcançada junto ao público-alvo desejado.
Outra possibilidade de avaliar a eficiência da propaganda é a medição do
tipo "antes e depois" em que as vendas do produto são anotadas antes de a mensagem ser
veiculada e logo após o anúncio.
Mas há outros critérios igualmente interessantes, como a pesquisa da
opinião do consumidor acerca da campanha ou mensagem publicitária, ou ainda as
investi-ações acerca da mensagem estimuladas por bônus ou outras formas de incentivo
ao consumidor potencial.
Dessa maneria, além dos métodos de avaliação da propaganda comumente
utilizados, o mercadólogo pode lançar mão da criatividade. E isto pode ser feito para pré-
testar uma campanha publicitária, para ajudar a definir melhor os objetivos da pro-
paganda, para se selecionar convenientemente a mídia, e assim por diante.
Uma boa mensagem publicitária deve entre outras coisas causar impacto,
criar consciência do produto ou serviço e criar imagem de marca. Para isso precisa
chamar a atenção acerca do produto ou serviço, criar compreensão acerca dos benefí-
cios que o produto ou serviço possam proporcionar ao consumidor ou usuário, criar
aceitação pelo produto e ainda proporcionar uma retenção da mensagem e mudar o
comportamento do consumidor, levando-o a comprar o produto ou o serviço.
759
4. Eficácia da distribuição
Estratégia e controle
760
2. Incremento de participação de mercado: DESEMPENHO
A — Pela ênfase em desenvolvimento de produto e aperfei- Sim Não Médio
çoamento de produto para vantagens competitivas: (1) (0) (1/2)
1. Através do desempenho do produto.
2. Através da qualidade do produto.
3. Através das características do produto.
B — Pela ênfase no esforço de persuasão para vantagens
competitivas:
1. Através de vendas e distribuição.
2. Através da propaganda e promoção de vendas.
C — Pela ênfase nas atividades de vantagens competitivas
em serviços a clientes:
1. Através da eficácia do atendimento, processa-
mento do pedido e serviço de distribuição.
2. Através de crédito e outras políticas.
3. Através de serviço de pós-venda de produto.
DESEMPENHO
Sim Não Médio
3. Melhorar a lucratividade: (1) (0) (1/2)
A — Pela ênfase no volume de vendas como uma alavanca de lucro:
1. Através do fortalecimento do esforço de vendas e de distri-
buição.
761
Através do fortalecimento do esforço da propaganda e pro-
moção de vendas.
Através do fortalecimento do esforço de merchandising.
B — Pela ênfase na eliminação de atividades não lucrativas:
Através da eliminação de produtos e linhas.
Através da eliminação de coberturas de vendas e distribuição.
Através da eliminação de serviços a clientes.
C — Pela ênfase na melhoria do preço:
Através da liderança na iniciação do necessário incremento de
preços.
Através da melhoria no preço obtida pela diferenciação de
produtos e serviços em relação à concorrência.
D — Pela ênfase na redução de custos através da melhoria na eficácia
das ferramentas de marketing e métodos no planejamento de pro-
dutos, nas atividades de persuasão e serviços aos clientes.
TOTAL PONTOS =
2. Auditoria de marketing
762
participação de mercado, a estratégia de marketing, o composto de marketing, que se
subdivide em esforço de produtos e serviços, esforço de comunicações e esforço de dis-
tribuição física.
Auditoria contábil1
Sua função principal é expressar uma opinião profissional acerca das de-
monstrações financeiras da empresa.
A auditoria das demonstrações financeiras requer a aplicação de julga-
mento profissional em ampla variedade de situações e circunstâncias. Por isso, a opinião
do auditor baseia-se em seu exame e reflete seu julgamento quanto às proprieda-&s das
apresentações das demonstrações financeiras de acordo com os princípios de
contabilidade.
As demonstrações financeiras constituem uma prestação de contas da
direção sobre a administração dos negócios da empresa.
Auditoria administrativa2
763
ração e suas facilidades físicas e humanas. E leva em consideração uma revisão da or-
ganização, com a finalidade de precisar:
• Perdas e deficiências.
• Métodos melhores de trabalho.
• Melhores formas de controle.
• Operações mais eficientes.
• Melhor uso dos recursos.
Auditoria de marketing
Auditoria de marketing
764
A auditoria de marketing ou o controle de gestão em marketing é usualmente compreendido como
uma assistência a administração, na avaliação da eficácia mercadológica da empresa.
_ 7 6 5
O papel da auditoria nas empresas no Brasil
766
Figura 23.1. A função controle na auditoria de marketing.
767
Etapas de uma auditoria de marketing
Numa auditoria, cujas etapas podem ser vistas na Figura 23.2, é preciso que
as pessoas não se sintam ameaçadas em seus cargos e, por isso, não omitam infor-
mações. Essa função de controle deve ser entendida como um processo natural e ne-
cessário de realinhamento de esforços, e não de policiamento de ações.
Uma vez que haja concordância geral com relação aos objetivos da audi-
toria, é necessário:
a) desenvolver um plano de coleta de dados;
b) coletar os dados;
c) preparar um relatório de diagnóstico e de plano de ação conetiva; e
d) apresentar e discutir o relatório
Fonte: KOTLER, Philip; GREGOR, William & ROGERS, William. The marketing audit comes of the age.
Sloam Management Review, 1977.
Figura 23.2. Exemplo de etapas de uma auditoria de marketing
768
Planos de ação conetiva
769
A importância da coleta de dados
770
dades, para se chegar a unia conclusão a respeito das alternativas de
mercado, de produtos e de sinergias latentes que possibilitem maximi-
zar oportunidades.
• Dados de mídia: confrontos de gastos, audiências e geração de vendas.
• Relatório de vendedores que permitem avaliar a evolução de vendas, a
situação econômica de áreas geográficas e de clientes em geral.
• Relatório de negócios fechados pela concorrência que permite acom-
panhar todos os passos da concorrência e avaliar seus pontos fortes e
fracos.
• Estatística de vendas por produto, por região e por cliente.
• Dados de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e/ou serviços.
4. Veja KOTLER, Philip; GREGOR, William & RODGERS, William. The marketing audit
comes of the age. Sloam Management Review, 1977.
RICHERS, Raimar. Um roteiro para diagnóstico de marketing – M-6224, São Paulo, FGV-
EASP.
WILSON, Aubrey. Marketing audit check-list. Londres, McGraw-Hill, 1982.
771
• Auditoria da missão e escopo da empresa.
• Auditoria dos objetivos e estratégias da empresa.
• Auditoria de participação de mercado, volume de vendas e de lucro.
• Auditoria da organização de marketing.
• Auditoria dos sistemas de marketing.
• Auditoria do composto de marketing.
772
Fonte: Adaptado de sistema de marketing e seus subsistemas. In: ROSEMBERG, Larry J. Managerial
marketing in the organization: marketing. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1977.
773
Quadro 23.1. Indicadores de ação do meio ambiente.
7 74
Ao analisar as ameaças e oportunidades do macroambiente político,
econômico, tecnológico e social, a empresa pode preparar-se para vencer as ameaças e
aproveitar as oportunidades estratégicas. Se a economia cresce é oportunidade ou amea-
ça? E as mudanças sociais nos hábitos dos consumidores?
776
Veja-se, no Quadro 23.4, uma avaliação de influências competitivas:
777
778
Quadro 23.4. (Continuação)
Observação: Na análise dos fatores da concorrência, deve-se lembrar que as questões citadas são
retóricas e que quaisquer atividades no sentido de 'coleta de informações devem ser
conduzidas dentro dos limites impostos pela "ética profissional".
Resumo
779
Questões
Bibliografia
KOTLER, Philip; GREGOR, William & RODGERS. The marketing audit comes of the age. Sloam
Management Review, 1977.
LEONARD, William P. apud ARANA, José Antonio Fernandes. La auditoria administrativa. Mé-
xico, Editorial Diana, 1978.
MACDONALD, Charles. The marketing audit workbook. Institute for Business Planning. Engle-
wood Cliffs, Prentice-Hall, 1982.
OXENFELT, A. R. Marketing: audit as a total evaluation program. American Marketing Associa-
tion, 1959.
RICHERS, Raimar. Um roteiro para diagnóstico de marketing – M-62224. São Paulo, FGVEAESP.
ROSEMBERG, Larry J. Managerial marketing in the organization: marketing. Englewood Cliffs,
Prentice-Hall, 1977.
WILSON, Aubrey. Marketing audit check-list. Londres, McGraw-Hill, 1982.
WIND, Yoram. Product policy; concepts, methods and strategy. Reading, Addison-Wesley Publi-
shing, 1982.
780
Anexo
Descrição do cargo:
Auditor Mercadológico
A — RESPONSABILIDADE E DEVERES
781
B — ÁREA DE RESULTADOS
C — PADRÃO DE DESEMPENHO
D — INDICADORES
782
Parte VII
Considerações acerca da
globalização do marketing
O marketing
do futuro hoje
e o marketing global
O marketing do futuro hoje
Desde que o mundo abandonou a era das certezas e entrou na era das incer-
tezas a que se referia John Kenneth Galbraith, após as guerras do Oriente Médio em 1967
e 1973, vivemos novos e imprevisíveis momentos.
Prever o amanhã é um grande desafio para cientistas sociais, cientistas
políticos e economistas e também futurólogos.
O mundo mudou e mudará mais até o final do século. Hoje, porém, é mais
difícil prever o amanhã do que o ano 2000 que se avizinha. Por que isso ocorre? Ocorre
sobretudo em função do acentuado declínio da Civilização Ocidental, como lembrava
Arnold Toynbee, historiador inglês falecido há mais de uma década.
Com a perda dos valores sociais e uma caracterizada decadência moral,
podemos observar, principalmente nos países do Terceiro Mundo, uma falta de respeito
humano e uma grande desatenção com a qualidade de vida.
785
A própria astrologia, outrora relegada a horóscopos inúteis, é hoje uma
arma a mais para aqueles que querem embrenhar-se na linha do autoconhecimento. A
parapsicologia veio explicar e se utilizar de fenômenos paranormais, a bioenergética
trouxe uma contribuição enorme para a utilização da energia individual, bem como a
biodança e outras técnicas que contribuíram para que o homem se libertasse de suas
tensões e medos.
Estes últimos decênios que antecedem o ano 2000 indicam que serão anos
de grandes explosões contraditórias. De um lado, uma grande busca de espiritualidade,
do outro, uma violência desenfreada. É preciso que todos, desde as pequenas organi-
zações até as maiores instituições, aprendam a conhecer e lidar com suas energias, das
mais densas às mais sutis, para, em conjunto, chegar a um estudo de harmonia.
O individual já era. Soa a caduquice de velho teimoso. E preciso renascer o
esforço coletivo, do anônimo, do trabalho silencioso. As pessoas terão de se unir,
reaprender a reconquistar a paz.
Os futurólogos prevêem uma nova reorientação do sistema de vida e tra-
balho sobre a Terra.
As crianças de nossa época preocupam-se de tal forma com a Ecologia que
nós mesmos ficamos pasmos. O despertar do "eu" de cada um se dá, hoje, entre três e
quatro anos de idade. Portanto, os jovens serão maduros e os velhos mais sábios daqui a
20 anos. O ano 2000 será tempo de regeneração.
"As energias mais poderosas são liberadas quando alguns centros são sin-
cronizados numa configuração que age como um condutor para as energias envolvidas.
Por exemplo, quando pequenos botões são pressionados, um computador começa a tra-
balhar, alinha e sincroniza suas partes com a finalidade de responder questões, e even-
tualmente as respostas são recebidas. Algo similar acontece no Universo. Esses momen-
tos de sincronização ou dispersão são chamados de momentos de oportunidades, ou
momentos de crise.
Neste momento, nosso planeta, como um todo, está envolvido numa crise
gerada por um rearranjo do cosmos. Os membros da humanidade, despertos e desenvol-
vidos, se tornam sensíveis à chegada dessa energia. Se essa energia for trabalhada no
caminho certo, chegará uma grande renovação cultural, mas, se ao contrário, não for
trabalhada, a degeneração crescerá.
Teremos de usar todos os recursos disponíveis, do simples debate ao trei-
namento mental, para estarmos abertos às soluções abertas. As mentes preconceituosas
ou fixadas só servirão para atrapalhar; as mentes teóricas sofrerão muito, porque são
muito cristalizadas; as mentes experimentais encontrarão saídas geniais.
Segundo Torkon Saraydarian, engenheiro mecânico, violinista, professor e
filósofo, não haverá no ano 2000 moedas correntes distintas. A linguagem será univer-
sal, e a intercolaboração entre os povos será de rotina. As ciências colaborarão para o
campo da medicina, principalmente na Genética e na Bioquímica. A sociologia desco-
brirá formas de reorganizar grupos, de tal forma que não se perpetuem os grupos com
visão viciosa. Para cada projeto há um grande ideal e, uma vez esgotado o projeto, não
786
há por que manter o grupo. A química do grupo, descoberta pela Bioenergética, será
mais bem compreendida."
Assim como a natureza trabalha em diástoles e sístoles, o homem apren-
derá a reger sua vida entre diástoles e sístoles. Momentos de expansão e momentos de
retração. Tempo para amadurecer idéias, semear, esperar a germinação, cuidar e recolher
frutos.
Qualquer interferência no processo natural das coisas leva a um dese-
quilíbrio. Um gol, uma meta, não pode existir, se não estiver em harmonia com o objeti-
vo. A maior parte das empresas queima suas energias e esforços e contrariam seus obje-
tivos.
Outro aspecto que será descoberto pelo homem no ano 2000 será a reper-
cussão das emoções. Emoções são altamente contagiosas. Se uma equipe é liderada por
pessoas de pensamento positivo, terá uma chance maior de chegar aos resultados.
Emoções baixas desgastam energia e levam o sistema à extinção.
Como os filmes que projetam emoções densas levam descargas de energia
violentas, pensamentos e atitudes densas levam à dispersão do grupo. As empresas en-
contrarão no ano 2000 formas de equilibrar a plêiade de emoções, com momentos de re-
laxamento, música, filmes e ambientes que propõem harmonia. Assim, haverá uma
atenção maior para o marketing interno.
Haverá descobertas de alimentos alternativos e, nesse sentido, grande
consumo de serviços comunitários. Toda a mecânica do trabalho doméstico se fará em
comunidade; talvez eletronicamente os esforços já tenham sido iniciados nesse sentido.
Como exemplo podemos tomar o aumento da área de serviço comum: lavanderia, seca-
dora, frigorífico nos condomínios fechados. Muitos serviços serão vendidos para apren-
dizado doméstico, como corte e costura, culinária, orçamento doméstico, primeiros so-
corros. A educação será realizada em grande parte em casa, através de pesquisa e grupos
de trabalho comunitário.
Surgirão orientações sobre a utilização da energia dos alimentos e formas
de criar peixes e outros alimentos para consumo doméstico. Ginástica alternativa para
faixas diferentes de idade: velhos, moços e crianças, será outro campo de grande evo-
lução. "Portanto, o século XXI será a época de ressurreição, e isto que é um fato na na-
tureza deve ser uma técnica conscientemente aplicada na vida humana. Será a entrada
para a Era de Aquarius, a era da oportunidade e iluminação. A iluminação será a segunda
dádiva da Era de Aquarius. E o momento em que as janelas se abrem para uma
cosmovisão, onde toda a energia do universo servirá de alimento. A terceira dádiva des-
sa Era será a da fraternidade, porque todas as divisões terão cessado."*
Se tantas pessoas passam a se interessar por essas novas idéias, é porque
elas jazem como expectativa no inconsciente coletivo. Melhor estar atento a elas.
787
O marketing do futuro
Esse fmal de século é então marcado pela passagem da sociedade industrial
para a pós-industrial, afirma Raimar Richers em seu artigo O futuro do marketing e o
marketing do futuro, citando Alvin Tofler, autor de Terceira Onda.
E o início deste processo deu-se a partir de algumas invenções tecnológicas
(como o transístor, o circuito impresso, o chip e a robotização), que não somente
permitiram substanciais economias em métodos e processos de produção, como também
abriram novos horizontes para a comunicação entre pessoas, países e instituições.
Lembra ainda Raimar, citando Daniel Bell, que o ponto-chave de todo
processo evolutivo será um deslocamento dos tradicionais fatores de produção, capital e
trabalho, para um novo tipo de recurso econômico, ou seja, a informação. E assim, os "
capitalistas" da era pós-industrial serão os donos da informação, tanto da aparelhagem
que a processa e armazena (o hardware), quanto dos sistemas que comandam os fluxos
de sua comunicação (o software).
Ao longo desse processo muitas funções perderão o seu sentido. O es-
critório burocrático convencional deverá desaparecer e ser substituído por centros de
comunicação. E assim, vários fatores estarão interferindo na ação do marketing. São eles:
• as empresas estarão integradas por computadores, para realizar instan-
taneamente:
– compra e venda;
- troca de informações;
- avaliação interna de produtos e mercado/análise instantânea de
desempenhos;
- análise instantânea da ação da concorrência e do comportamento do
consumidor;
– pesquisa de mercado em flash totalmente informatizadas;
• as empresas estarão abandonando os organogramas e entrando na au-
tomação por áreas detentoras de informação, lembra Raimar Richers;
• as mudanças sociais terão influências imediatas nas organizações;
• a ênfase do marketing será o serviço ao cliente, ao consumidor e à
comunidade em geral;
• o mercado estará dividido em fragmentos celulares:
– a segmentação de mercado passará a ser feita com base em valores
sociais e estilos de vida (vide a segmentação do VALS, ou seja,
valores, hoje já adotados nos EUA);
- o consumidor deverá ser mais respeitado em seus direitos;
788
• a distribuição será totalmente revisada:
– de hiperloja a unidades menores do tipo comércio caseiro, ou
pequenas lojas de bens de conveniência;
• o sistema de comunicação será totalmente revisado:
– jornais, revistas, TV, rádio por células menores, ou seja, com ca-
dernos, programas, encartes para as pequenas comunidades. Será a
fragmentação crescente da mídia.
Com base nessas previsões pode-se afirmar que o marketing estará adap-
tando-se às transições do novo século que se avizinha.
É possível especular transformações para cada aspecto do marketing:
A pesquisa de mercado:
789
• a promoção de vendas e o merchandising serão feitos através das mí-
dias eletrônicas, por meio do jornal eletrônico;
• a fragmentação da mídia será feita por unidades celulares (bairros,
quarteirões, tipos de compradores);
• videotexto em terceira dimensão e possibilidade de o vendedor falar
através do vídeo com o comprador (e o vídeo emitirá som, cheiro, ob-
jetos táteis). (Raimar Richers)
Avaliação
1. RAPP, Stan & COLLINS, Tom. Maximarketing. New York, McGraw-Hill, 1987.
790
As máquinas também são usadas para coletar dados valiosos, quando o
consumidor não faz a compra.
Há diversas outras empresas se utilizando do sistema integrado de vídeo e
computador para a venda. Por esse sistema são vendidos sapatos, bens de conveniência
diversos, além de cosméticos etc.
Outro tipo de mídia utilizado nos Estados Unidos é a linha de televisão nos
supermercados, em que comerciais de 30 segundos são mostrados a clientes da loja,
através de aparelhos de televisão colocados no alto das gôndolas, ou no alto da fila do
caixa, enquanto o comprador espera para pagar as compras. No Brasil esse sistema exis-
tiu na rede Jumbo-Eletro das lojas Pão de Açúcar com o nome de TV-Doçura, criado
pela empresa Super-Marketing.
"Se uma pessoa olha a tela e vê o comercial, pode acabar comprando o
produto", citam Stan Rapp e Tom Collins.
Esse mesmo sistema tem sido instalado em lojas de varejo nos Estados
Unidos, para oferecer bens duráveis com descontos. Na atualidade, têm surgido diversas
outras mídias alternativas nos Estados Unidos.
791
792
793
Marketing global
"A corporação multinacional é obsoleta. A empresa que J.J. Servan-
Schreiber, em seu livro O desafio americano previa que em 15 anos se tomaria a tercei-
ra maior força depois dos Estados Unidos e a ,Rússia (a empresa multinacional), tem si-
do substituída hoje pela corporação global." E isso o que afirma Warrem J. Keegan.*
A corporação global, ainda segundo Keegan, não é uma criação exclusiva
americana: as corporações globais operam com bases nos Estados Unidos, Japão e Eu-
ropa e começam a emergir em países em desenvolvimento do segundo mundo e mesmo
nos países menos desenvolvidos do Terceiro Mundo.
Para Keegan, a morte da multinacional não é apenas uma mudança de
terminologia. A corporação global tem um foco diferente, visão, orientação, estratégia,
estrutura e política de recursos humanos, estilos operativos. Mas, afmal, o que é globa-
lização? "Globalização não é mais uma idéia romântica. O mundo é um mercado." Ou
ainda, segundo o programa Global Leadership Research Project, da Universidade de
* Warren J. Keegan, professor of International Business and Marketing Lubin Graduate School of
Business Pace University. The declive and fali of the multinational corporation; a typology of
stages of corporate development. Working Papers, n° 62, set. 1986. E ainda em seu livro Global
marketing management. 4. ed. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1989.
794
Michigan: "É a habilidade de realizar estratégias em qualquer parte do mundo sem pre-
judicar qualquer nação."
A preocupação com a adoção do Marketing Global advém com certeza da
necessidade crescente de expandir o mercado para produtos e serviços.
A cada dia as organizações começam a sentir que a tecnologia de pro-
dução coloca excedentes impossíveis de serem absorvidos exclusivamente pelos merca-
dos regionais. É imprescindível, portanto, alargarem-se os horizontes de consumo. Surge,
então, a necessidade de desenvolver estratégias para produtos e serviços globais. E o
mundo é visto mais agressivamente constituído de mercados. Isto significa mudanças no
design do produto, do serviço, na produção, distribuição e os aspectos legais e de mar-
keting para atender à globalização de mercados.
Conforme cita ainda Noel Tichy, Dean, do Global Leadership Program da
Universidade de Michigan, "uma empresa, para ser líder no mercado global, precisa es-
tar apta a transformar a organização de forma a:
• criar novas formas de organizar os seus times (equipes);
• fazer uso estratégico dos recursos;
• ter serviços e desempenhos dirigidos adequadamente aos padrões
mundiais".
Mas isto só não basta, lembra Tichy, é preciso ainda desenvolver alianças
estratégicas para entrar em determinados mercados. E entrar nesses mercados pode sig-
nificar ter preços competitivos, ou tecnologia diferenciada ou ainda desenvolver novas
técnicas administrativas. Para isso, muitas vezes, alianças e associações que ajudem a
estabelecer fatores imprescindíveis à liderança de mercado podem ser a chave do suces-
so. E uma boa associação exige bons mecanismos para uma coordenação e integração
realmente eficazes, ou seja, a conquista de mercados globais pressupõe uma perfeita
coordenação para fazer frente às limitações geopolíticas das regiões e às diversidades
culturais. Para tanto, uma corporação global deverá ter uma comunicação e integração
cultural para fazer frente ao sistema a ser impactado. E é por essa razão, lembra ainda
Tichy, que as associações são úteis instrumentos para integrar todo o sistema de recursos
humanos.
A corporação adequadamente orquestrada deve então estar preparada a
exercitar um marketing global para colocar produtos e serviços em mercados globais.
Isso significa "pensar e agir no sentido de considerar o impacto e os inputs de todas as
nações no nosso globo".*
E a instrumentação do marketing deve ser posta em prática para identificar
através da pesquisa de marketing necessidades a serem satisfeitas, barreiras políticas a
serem vencidas, barreiras culturais e sociais a serem ultrapassadas, bem como desafios
econômicos a serem vencidos.
795
Tudo isso dentro de um enfoque global que deve entender um grupo inde-
pendente de áreas de mercado e definir estratégias consistentes para cada uma delas. Ou
seja, considerando cada mercado regional como parte do grande mercado global. Assim, é
possível, partindo do regional chegar ao mercado global, mas é preciso ter cuidados.
Antes de se voltar para o mercado internacional, as empresas têm visão e
orientação focada apenas no mercado doméstico. E toda a sua estratégia, lembra Keegan,
está focalizada no mercado doméstico, seja em nível de fornecedores, seja em nível de
concorrentes e consumidores.
Toda a visão está limitada pelo escopo geográfico do mercado doméstico.
Isso projeta a chamada síndrome Titanic: a crença freqüentemente inconsistente de in-
vencibilidade. Isso significa que, se o sucesso doméstico é grande, por que não supor que
ele o será também em nível internacional, dentro da miopia de considerar que o que é
bom para um país poderá ser bom para os outros também?
Após o primeiro estágio, em que a empresa está centrada apenas nos obje-
tivos do mercado doméstico, Warren Keegan apregoa a tese de que no segundo estágio há
uma evolução da corporação global, ou seja, ansiando aproveitar as oportunidades
internacionais de mercado, a corporação que estava centrada nos objetivos do mercado
doméstico decide perseguir o mercado internacional, mas ainda permanece orientada pe-
lo mercado doméstico, conservando os métodos de trabalho de seu país de origem, pes-
soas, práticas e valores. Portanto, a experiência internacional ainda não é suficiente-
mente forte para alterar seu estilo operacional. E ela é ainda uma empresa doméstica com
uma divisão internacional.
O estágio da internacionalização só começa quando a organização se de-
cide a ser internacional.
Com recursos e experiências limitadas, a internacionalização tende a ser
inicialmente lenta e focada no que a empresa tem de melhor.
Para entrar no mercado internacional, a empresa precisa obter vantagens
competitivas com outras empresas em outros países em termos do seu marketing mix:
produto, preços, promoção e distribuição.
A chave do sucesso, lembra Keegan, é entender a realidade de cada país,
procurando colocar os produtos ou serviços de forma a criar estratégias de negócios
competitivos.
Com o passar do tempo, a empresa descobre que as diferenças nos merca-
dos internacionais exigem formulações estratégicas para cada país que proporcione van-
tagens competitivas em cada mercado.
Assim, a estratégia de produto deve estar adaptada às preferências e práti-
cas locais. As marcas devem ser consistentes com os produtos, bons produtos devem ter
marcas que representem vida e lealdade. Para isso, cita o publicitário brasileiro Márcio
Moreira, o melhor caminho para fazer isso é manter um diálogo ininterrupto com o con-
sumidor, ouvindo, falando e controlando cuidadosamente sua percepção e sentimento
acerca de sua marca.
796
A embalagem, por outro lado, deve fazer parte da animação do produto, ou
seja, da sua valorização. O significado da embalagem associado ao símbolo das cores é
distinto para cada região do planeta. Portanto, respeitar o significado e o uso das cores
pode ser um elemento atrativo ou restritivo.
As cores gozam, por exemplo, de conotações distintas. Na Holanda, o azul,
que é feminino, é uma cor quente. Na Malásia, produtos verdes, cita Raimar Richers,
não se vendem por sugerirem doenças e matas virgens inóspitas. Nos Estados Unidos, o
amarelo é uma cor associada à covardia, na Tailândia e na China a cor da felicidade é o
vermelho.
Essas associações com as cores demonstram a importância da pesquisa e
do conhecimento acerca do mercado que se quer atingir.
O quarto estágio para uma corporação é a focalização dos serviços ao
cliente. Isto pode ser feito nacional ou regionalmente.
No mercado global, pois, não é possível usar uma mensagem com. um
mesmo apelo básico para o mesmo produto básico. E preciso adaptar os elementos do
composto de marketing a cada região específica a que o produto se destina.
A propaganda global é a tendência do futuro, apesar de que as pessoas
continuarão a ser diferentes, o que lhes dá a característica de individualidade. Mas como
as pessoas são também humanas, suas semelhanças continuarão também grandes (
Márcio Moreira). Isto quer dizer que é crescente a tendência para o uso de propaganda
global para atingir cada vez mais um público maior, apesar das individualidades das
nações.
Como cita Keegan, os carros vendidos na Grã-Bretanha, Suécia, Austrá-
lia, Japão e Bermuda precisam ser equipados para serem dirigidos no lado esquerdo da
estrada, ao contrário da maioria dos países.
Assim há produtos que precisam ser adaptados à realidade de cada país e
há outros de uso comum. O papel da corporação global é adaptar produtos, e o do com-
posto de marketing, adaptar-se à realidade de cada país.
Segundo Keegan, a diferença essencial entre a organização global e inter-
nacional e a corporação multinacional é que a global, consciente e deliberadamente,
procura identificar e servir mercados basicamente idênticos em muitos países pelo mun-
do.
A corporação multinacional, ao contrário, atua em diversos países, em de-
corrência de oportunidade de expansão de seus negócios. O foco da organização global é
identificar, medir e servir mercados, com um desempenho em uma base nacional e ao
mesmo tempo global.
Dessa maneira, a corporação global desenvolve estratégia de produtos ca-
so a caso, procurando atender às oportunidades e eliminando a duplicação de produtos.
Para isso, é preciso investir em pesquisas, em marketing e em recursos de
manufatura, buscando criar produtos globais para mercados globais.
A orientação da corporação global é geocêntrica, segundo Keegan. E a
orientação geocêntrica é baseada no pressuposto de que os mercados pelo mundo con-
. 797
sistem em similaridades e diferenças e que é possível criar uma estratégia global que re-
conheça similaridades e obtenha vantagens das oportunidades, desenvolvendo através da
pesquisa e do desenvolvimento diferenças de produtos a custos mais efetivos do que a
concorrência local, ou seja, produtos moldados às necessidades de consumidores.
Por outro lado, a comunicação de uma corporação global é intensiva, ba-
seada em uma economia de escala, semelhante à utilizada para baratear os custos de fa-
bricação, em automação e eficácia.
Segundo Keegan, as empresas são como crianças: necessitam tempo para
crescer e desenvolver. A experiência de uma organização global é, portanto, essencial
para que ela consiga produtos compatíveis com as necessidades de cada mercado e pra-
tique preços atraentes e competitivos e com uma imagem de marca realmente destacada.
Mas isso leva tempo, e as próprias empresas reconhecem que há grande
distância a ser percorrida até que uma companhia se torne efetivamente uma empresa
global. Nesse ínterim, cada empresa precisa ter uma estratégia global, que preveja a ex-
pansão do ambiente doméstico ou regional para o ambiente global e esteja apta a deter-
minar o potencial global de mercado, a concorrência global, a economia global, as ne-
cessidades sociais e políticas de cada mercado.
798
Caso
Honeywell's —
Uma visão global*
Honeywell's: evolução para uma liderança global
799
A diversificação atual da Honeywell
800
3. Organizar-se como uma empresa global
4. Balancear os negócios
Uma estratégia global requer tempo e dinheiro para realizar seu trabalho.
Uma liderança global possibilita a adoção de uma estratégia mundial, e isso
resulta em investimentos a longo prazo.
Resumo
O marketing do futuro
801
Por essa razão, preferimos optar pela análise das conseqüências do marketing do futu-
ro hoje. Isto é, analisar as repercussões estratégicas a serem tomadas hoje prevendo o
futuro. Diante dessa análise é possível fazer algumas reflexões do tipo:
QUADRO-RESUMO
802
QUADRO-RESUMO
O MARKETING DO FUTURO
803
ALGUNS ASPECTOS DA MÍDIA DO FUTURO
804
O marketing global
Questões
805
9. O que é marketing global?
10. O que é propaganda global?
Bibliografia
BELL, Daniel. The comming of post; industrial society. New York, Basic Books, 1973.
COBRA, Marcos. Marketing essencial. São Paulo, Atlas, 1986. p. 457. COBRA,
Maria Eliza. Pesquisas bibliográficas diversas.
KEEGAN, Warren J. The decline and fali of the multinational corporation: a typology of stages of
corporate development. Working Paper, n2 62, set. 1986.
Global marketing management. 4. ed. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1989.
MOREIRA, Marcio M. Future creative trends save the brands. Advertising Research Foundation.
50th Anniversary – Annual Conference.
RAPP, Stan & COLLINS, Tom. Maximarketing. New York, McGraw-Hill, 1987.
RICHERS, Raimar. O futuro do marketing e o marketing do futuro. Revista de Adminstração, out.
/dez. 1986.
SARAYDARIAN, Torkon. The symphony of the zodiac aquarian education group. Sedona, Arizo-
na, 1980.
Artigos sobre o marketing internacional.
TICHY, Noel. Global leadership program. Michigan University, 1989.
806