Você está na página 1de 455

Para meus leitores...

A aventura continua...
Muito obrigada à minha incrível editora Monique Patterson, e todos no SMP,
que estiveram envolvidos em ter esse livro pronto. Vocês são minha rocha!

Para a minha agente, Louise Fury, que me mantém nos meus pés. Tiro o
chapéu para a minha equipe-Melissa Bradley, Stephanie Dalvit, e Leah Suttle.
Palavras não podem dizer o quanto eu adoro vocês.

Um agradecimento especial à minha família pelo apoio interminável.

E para o meu marido, Steve. Por tudo! Eu te amo, sexy!


Tristan, o mais novo Rei Dragão, está passando por um momento difícil.
Apesar de sua habilidade de se transformar a vontade em um dragão orgulhoso e
forte, ninguém sabe de onde ele veio ou como ele se tornou um Rei Dragão,
inclusive ele próprio. Quando os problemas surgem na forma da máfia, Tristan vai
ter que deixar de lado seus assuntos e negócios com os outros Reis Dragão para
proteger Dreagan. Como se as coisas não fossem suficientemente complicadas, ele
está prestes a encontrar uma causa mais importante do que os Reis Dragão ...

Sammi Miller, dona de um pub em Oban, foi enganada por seu parceiro de
negócios e ex-amante. Usada como uma fachada para lavagem de dinheiro com a
máfia, Sammi está em grande perigo, uma vez que ela percebe o que aconteceu.
Mal escapando, ela planeja descansar em Dreagan por apenas um dia antes de
voltar a correr. Quando Tristan jura protegê-la, Sammi acha que seus esforços
serão em vão - a máfia é muito poderosa, e será preciso mais do que a devoção do
homem comum para mantê-la segura. Mas quanto mais perto ela chega de Tristan,
e quanto mais descobre seus segredos, Sammi não pode negar que ter um Rei
Dragão que te adora, corpo e alma, não é uma coisa tão ruim ...
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................................................. 7
SINOPSE ........................................................................................................................................................................................ 8
PROLOGO ................................................................................................................................................................................... 12
UM ................................................................................................................................................................................................. 24
DOIS.............................................................................................................................................................................................. 37
TRES ............................................................................................................................................................................................. 48
QUATRO ...................................................................................................................................................................................... 63
CINCO .......................................................................................................................................................................................... 73
SEIS ............................................................................................................................................................................................... 83
SETE ............................................................................................................................................................................................. 94
OITO .......................................................................................................................................................................................... 105
NOVE ......................................................................................................................................................................................... 116
DEZ ............................................................................................................................................................................................ 126
ONZE ......................................................................................................................................................................................... 136
DOZE ......................................................................................................................................................................................... 147
TREZE ....................................................................................................................................................................................... 157
QUATORZE ............................................................................................................................................................................. 167
QUINZE .................................................................................................................................................................................... 177
DEZESSEIS.............................................................................................................................................................................. 187
DEZESSETE ............................................................................................................................................................................ 198
DEZOITO.................................................................................................................................................................................. 208
DEZENOVE ............................................................................................................................................................................. 219
VINTE ....................................................................................................................................................................................... 229
VINTE E UM ........................................................................................................................................................................... 239
VINTE E DOIS ........................................................................................................................................................................ 249
VINTE E TRES ....................................................................................................................................................................... 260
VINTE E QUATRO ................................................................................................................................................................ 270
VINTE E CINCO..................................................................................................................................................................... 281
VINTE E SEIS ......................................................................................................................................................................... 291
VINTE E SETE ....................................................................................................................................................................... 301
VINTE E OITO ....................................................................................................................................................................... 313
VINTE E NOVE ...................................................................................................................................................................... 322
CAPITULO TRINTA ............................................................................................................................................................. 332
CAPITULO TRINTA E UM................................................................................................................................................. 342
TRINTA E DOIS ..................................................................................................................................................................... 354
TRINTA E TRES .................................................................................................................................................................... 364
TRINTA E QUATRO ............................................................................................................................................................. 374
TRINTA E CINCO.................................................................................................................................................................. 384
TRINTA E SEIS ...................................................................................................................................................................... 394
TRINTA E SETE .................................................................................................................................................................... 405
TRINTA E OITO .................................................................................................................................................................... 416
TRINTA E NOVE ................................................................................................................................................................... 427
QUARENTA ............................................................................................................................................................................. 436
EPILOGO .................................................................................................................................................................................. 443
FIM... .......................................................................................................................................................................................... 445
NOVELAS POR DONNA GRANT .................................................................................................................................... 454
SOBRE A AUTORA............................................................................................................................................................... 455
Maio de 2014

Bar Rose and Crown

Oban, na Escócia.

Sammi limpou a última parte da superfície altamente polida do balcão quando


a porta da frente abriu e Daniel entrou correndo no bar. Perguntou-se o porquê
de sua expressão ansiosa e do suor escorrendo no seu rosto. Quando ele fechou a
porta e se virou para ela com olhos selvagens cheios de tristeza e remorso, ela sabia
que algo estava terrivelmente errado.

— O que aconteceu? — Ela perguntou com cautela.

Daniel serpenteava por entre as mesas como se ele não pudesse decidir se a
apressava ou esperava enquanto caminhava para a parte de trás do bar. Seus olhos
correram sobre seu rosto que estava corado. — Precisamos sair. Agora.

— Eu estou encerrando por esta noite. — Sammi pegou um copo, acionou a


alavanca e observou a cerveja escura preencher a metade do copo antes de desligá-
la e levou-o aos lábios. Ela bebeu vários goles enquanto pensava no seu ex-amante
e suas ações peculiares.
O caso deles foi selvagem e curto. Ela sabia que Daniel não era do tipo de
ficar para sempre, nem era o cara com quem ela iria se estabelecer. Não que
houvesse um cara.

Ou que ela iria mesmo deixar alguém chegar tão perto.

Mas ele tinha senso empresarial, mesmo que o caso tenha acabado
rapidamente, a amizade deles cresceu até que ele era uma parte de seu negócio.
Suas conexões com distribuidores e fornecedores baixaram seus custos em um
terço, salvando-a muito mais do que ela imaginou ser possível.

— Sammi, eu quero dizer isso, — disse ele, aprofundando sua voz enquanto
ele estendia a mão para seu braço.

Ela se esquivou sustentando um cotovelo na barra, seu olhar desafiando-o a


tentar forçá-la. Seus ouvidos ainda ressoavam do barulho da noite, e sua boca
salivava para o sanduíche de lagosta esperando por ela na pequena cozinha do pub.

— Diga-me o que está acontecendo em primeiro lugar.

— Droga. Nós não temos tempo. — Ele passou a mão pelo bagunçado cabelo
escuro e soltou uma série de palavrões. — Precisamos sair agora.

— Eu ainda tenho os pisos para limpar, que era o seu trabalho esta noite se
você se lembra do cronograma. Você sabe. O cronograma que eu mostrei na
semana passada? O que você concordou. Você poderia vê-lo se passasse mais
tempo aqui. O que há com isso, a propósito? Você esteve aqui ultimamente.
Ele engoliu em seco e nervosamente olhou para a porta. — Eu vou dizer-lhe
tudo, assim que estivermos na estrada. Vá arrumar uma mala tão rápido quanto
você possa.

Sammi quase expulsou cerveja pelo nariz, com seu pedido absurdo. — O quê?
— Ela perguntou incrédula depois que ela parou de tossir. — Por que eu preciso
de uma mala?

— Eles estão vindo, Sammi. Nós temos que sair! — Daniel gritou
violentamente. — Agora!

Um formigamento de apreensão percorreu-lhe a espinha. — Quem está


vindo? Eu não vou me mover até que você me diga o motivo, então, pode cuspir.

Ele colocou as duas mãos sobre o balcão e baixou a cabeça como se o peso
do mundo repousasse sobre os ombros. — Eu fui um idiota. Eu... eu me meti com
algumas pessoas más quando eu era mais jovem. Não tive escolha, realmente.
Todos na minha família fizeram algum tipo de trabalho para eles. Continuei
trabalhando com eles, porque o dinheiro era muito bom. E fácil.

— Que pessoas? — Ela perguntou hesitante, sem saber se ela realmente


queria saber. Sammi pousou o copo no balcão e olhou para a porta, Daniel a
trancou e a apreensão começou a crescer.

— O nome não importa. Estas pessoas fazem parte do crime organizado.

Seu sangue gelou com suas palavras. — O que você fez para eles?
— Lavei dinheiro. Através do pub.1

— Meu pub? — Era como se ela tivesse levado um chute no estômago. O


homem que ela confiou para cuidar da contabilidade de seu negócio lavou dinheiro
para o Mob.2 Era muito surreal para sequer entender.

Daniel levantou a cabeça, seus olhos azuis cheios de culpa. — Nós fizemos
dinheiro com isso. Tenho certeza disso.

— Oh, Deus. — Isto vai de mal a pior. Ela sabia, mas ela ainda encontrou-se
perguntando: — O que você fez?

Daniel a puxou para fora do bar e tomou-lhe as mãos. — Eu peguei um pouco


do dinheiro deles. Só um pouco, Sammi, eu queria fazer o melhor para você, ter
certeza de te estabilizar. Você lutou pelo pub após a morte de sua mãe, para não
falar de mim usando-o para lavar dinheiro. Era o mínimo que eu poderia fazer por
você.

Ela não sabia o que dizer. O homem diante dela, o homem com quem ela
compartilhou sua cama e seu negócio, era um estranho. No entanto, o fato de que
ele estava com medo a colocava em alerta máximo.

— Eles descobriram que você pegou o dinheiro, não é?

Ele balançou a cabeça rigidamente. — Eu deveria encontrá-los a duas horas


atrás.

1 Mais frequente bar e menos frequente cervejaria

2 Quadrilha, rale, mafia


— Deveria? Quer dizer que não? — Ela só podia olhar em completo choque.

— Sabe o que essas pessoas fazem para aqueles que os roubam?

Sammi olhou em volta do pub quando a realidade a penetrou. Ela juntou


dinheiro, e com uma pequena ajuda de sua mãe, ela conseguiu adquirir o pub há
cinco anos. Era a sua vida. A madeira escura, lisa do balcão, as garrafas de licor
que revestiam as prateleiras, e o cheiro da cozinha que vinha da parte de trás eram
as únicas coisas que ela aguardava a cada dia.

Ela ia perder tudo. Por causa de um idiota em que confiou. — Eu vi filmes


suficientes para saber.

— Eles virão atrás de mim. Você não pode estar aqui quando eles o fizerem.
Eles vão... você não quer saber o que eles vão fazer com você.

Não, ela realmente não queria. Mas ela também não queria afastar-se do pub.
Ele era dela, e ela iria lutar por ele. Primeiro, ela tinha que permanecer viva. — Até
quando vamos ficar fora?

Daniel franziu a testa, as sobrancelhas escuras franzidas sobre os olhos. —


Nós nunca vamos voltar. Seu alcance é longo. Se permanecer em um lugar por
muito tempo eles vão nos pegar. Sem cartões de crédito, sem telefones celulares.
Precisamos desaparecer e encontrar novas identidades.

A sala começou a girar, assim como sua vida estava fazendo. Ela acordou cedo
pensando em ir até as docas amanhã para chegar primeiro e escolher os frutos do
mar mais frescos em toda a Escócia.

— Todo o meu dinheiro está no banco.


— Não podemos ir ao banco, — disse Daniel. — Pegue o que você tem aqui.
Vamos improvisar. Eu tenho algum dinheiro escondido no armazém. Você sabe o
que eu comprei com um nome falso.

Ela sabia, mas ela não podia ver como eles iriam chegar lá sem a Máfia
encontrá-los em primeiro lugar. E como ela deveria sobreviver sem seus cartões
de crédito, banco ou seu celular? O pensamento de estar fugindo a deixou abalada,
instável.

Muito confusa.

— Se Mova— Daniel disse quando ele empurrou-a para a porta de vaivém


que separava o pub da parte de trás.

Sammi olhou para a cozinha iluminada e o sanduíche de lagosta esperando


por ela em um prato branco em cima do balcão de aço inoxidável. Em vez disso,
ela se virou para a direita e passou a porta de seu escritório e começou a subir a
escada que levava ao seu apartamento.

Não houve necessidade de acender as luzes. Os postes de luz brilhando do


galpão era o suficiente para ela ver seu caminho claramente para o seu quarto.

Às três da manhã, Oban estava muito silenciosa. Quantas noites ela caiu no
sono escutando o som da água lavando as docas? Quantas vezes ela acordou com
os gritos das gaivotas quando um navio ancorava? Quantas bebidas ela teve que
servir ao povo de Oban?

Tudo isso ia ser deixado para trás. Não parecia justo. Talvez ela não fosse.
Daniel era o único que roubou o dinheiro. Ele era o único que seria procurado.
— Quem eu estou querendo enganar— Ela perguntou a si mesma.

Eles provavelmente iriam matá-la, em vez de olhar para ela. Mesmo que ela
fingisse ignorância, ela tinha certeza de que não iriam deixá-la livre.

Ela não queria morrer, então Sammi fez o que tinha que fazer, como sempre.
Depois de pegar uma bolsa de debaixo de sua cama, ela abriu várias gavetas e
estava prestes a começar a encher com sua roupa quando ouviu um veículo
encostar.

Sammi rapidamente correu para o outro lado de seu loft3 que dava para o
estacionamento e se esgueirou contra a parede ao lado da janela. Ela hesitou por
apenas um segundo antes de cuidadosamente olhar através das cortinas douradas.

Ou seja, quando ela avistou o Lexus SUV e os três homens corpulentos que
saíram e ladearam um homem alto, vestido de forma impressionante, que era,
obviamente, o seu líder.

Ele parou para abotoar o paletó e olhou para a janela. Ela não podia dizer
muito sobre ele, tinha cabelo escuro, bem arrumado.

— Merda. Merda, merda, merda, — ela murmurou quando ela se abaixou e


se arrastou para longe da janela tão rápido quanto podia.

Ela tinha que avisar Daniel para que eles pudessem sair pela parte de trás...

Seus pensamentos chegaram a um ponto insuportável com o som da porta


do pub batendo quando foi aberto. Não havia nenhuma maneira que poderia sair

3- Apartamento.
agora. Sammi estava no topo da escada, seu coração batendo num ritmo lento,
nauseante.

Esta era a noite em que ela ia morrer. A conscientização transformou seu


sangue em gelo. Ela olhou para o telefone, desejando que ela tivesse retornado o
telefonema de Jane como planejou fazer mais cedo naquele dia.

Jane, a meia-irmã, que entrou na sua vida tão de repente, há dois anos. Foi
impossível não gostar de Jane. Não importa o quanto Sammi tentou, ela e Jane
tornaram-se mais próximas do que ela deixou alguém chegar depois que sua mãe
morreu.

Os pensamentos de Sammi foram interrompidos pelo grito de dor de Daniel.


Adrenalina correu quando ela se espremeu contra a parede no caso de alguém
olhar para as escadas.

— Você deveria ter pensado melhor antes de me roubar. — Veio de um


acentuado sotaque inglês da parte de baixo. — Eu poderia ter sido mais brando se
tivesse ido quando eu chamei.

— Ow... Eu— Daniel disse em torno de grandes baforadas de ar. — Eu estava


indo para lhe trazer as novas contagens do último lote que eu lavei.

— Quanto você pegou desta vez?

Sammi arrepiou quando Daniel hesitou.

— Danny— disse o homem, uma pitada de malícia e algo ainda mais sombrio
infundindo sua voz. — Eu sugiro que você me responda.

— Eu peguei apenas dez mil.


— E o que você fez com o meu dinheiro?

O som de passos se aproximando fez Sammi se esconder mais longe das


escadas. Ela não ouviu a resposta de Daniel, pois ela se concentrou em quem
poderia vir atrás dela.

Vários minutos tensos se passaram antes que o homem se afastasse. Sammi


soltou um suspiro de alívio, mas quando Daniel soltou outro grito, ela sabia que
não podia esperar para sempre.

Ela lambeu os lábios quando olhou para o espaço entre as janelas de cada lado
de sua cama. Se ela pudesse chegar a elas, poderia usar os tubos de água e deslizar
para baixo. Mas isso era um grande se.

— Onde está a senhorita Miller? — Perguntou o líder.

Ela estava realmente começando a odiar esse tom sofisticado de sua voz.

Daniel se recusou a responder. Um momento depois, ela ouviu o som


inconfundível de um punho batendo num corpo. Daniel tossiu, sua respiração
ofegante dizendo-lhe que o soco pousou em seu estômago.

— Vou perguntar mais uma vez, Danny. Onde está Senhorita Miller?

— Ela não faz parte disto. — disse ele.

Sammi fechou os olhos quando ouviu outro soco sendo lançado.

— Corrija sua cadeira, Fabian, — disse o líder.

Uma cadeira raspou contra o chão, então não havia nada além de silêncio. A
imaginação de Sammi corria desenfreada com o que poderia estar acontecendo.
— Danny?

— Ela não está aqui — Daniel gritou com raiva. — Sammi tirou uns dias de
folga.

Houve um ronco. — Quer dizer que você a mandou embora para que não
tivesse que se explicar para ela, certo?

— É como você diz, senhor...

Daniel foi cortado com outro soco no rosto. Sammi abriu os olhos e olhou
para as janelas novamente. Seu tempo estava se esgotando. Os homens não iriam
aceitar a palavra de Daniel. Eles iriam procurar por todo o pub. Se ela queria ver o
nascer do sol, ela não poderia ficar.

Ela respirou fundo e lançou-se ao mesmo tempo que ela atravessou a porta
aberta. Seu pensamento era ter sido rápida, não furtiva. Um erro se deu conta
rapidamente, quando uma placa rangeu sob seu pé. Ela congelou, e isso foi quando
ouviu o líder enviar alguém para procurar lá em cima.

As mãos de Sammi tremiam quando ela tentou desbloquear a janela. A


adrenalina a impedia de cair aos pedaços, mas foi o pânico que a fez se atrapalhar.

Ela conseguiu abrir quando o primeiro bandido subiu as escadas. Com as luzes
apagadas ele não podia vê-la, mas isso não o impediu de disparar vários tiros em
volta do quarto e um soou demasiadamente perto.

Enquanto ele tateou para as luzes, ela manteve a janela aberta o suficiente para
que pudesse escapar. Então, ela estava sobre os tubos com as pernas e uma mão,
com a outra abaixou a janela até que ela estivesse quase fechada.
A sorte estava do seu lado, porque naquele momento as luzes acenderam.

Sammi ouviu vozes na frente do pub e rapidamente deslizou para baixo nos
tubos com o medo a empurrando. Ela caiu com força no chão, protegendo seu
tornozelo. Depois de um olhar apressado por cima do ombro, correu entre
engradados vazios e para dentro da água quando sons de passos correndo na
direção dela soaram.

Mesmo na água escura, ela se encolheu contra o cais, com medo de que iriam
vê-la. Eles estavam lá esperando que ela fizesse um barulho e se revelasse, mas se
recusou a fazer algo tão tolo.

Sammi estremeceu por causa da água fria e do terror agarrando-a. Há qualquer


momento sua vida poderia ser apagada, terminando antes que ela tivesse realizado
seus objetivos.

Eles caminharam até a beira do cais e ficaram procurando na água negra. O


silêncio era o mais difícil. Ela silenciosamente implorou que eles falassem, para
dizer qualquer coisa para quebrar o silêncio.

Ela teve seu pedido atendido quando eles começaram a atirar várias vezes que
zuniram como pequenos mísseis. Depois do que pareceram horas, o líder chamou
seus homens e eles se afastaram. Sammi esperou até ouvir o motor da SUV ligar,
e então ela começou a subir para fora da água.

Foi quando o pub dela explodiu.

Sammi foi vigorosamente jogada de volta ao mar pelo impacto. Ela olhou para
cima através das ondas ondulando e viu as chamas que disparam para o céu escuro.
Não foi até que ela começou a nadar que sentiu uma pontada em seu ombro.
Ela emergiu e respirou irregularmente, deixando seus pulmões queimando
tomar grandes goles de ar. As pessoas estavam correndo, gritando, enquanto
tentavam apagar o fogo para que o resto da rua não ficasse em chamas também.

Sammi nadou para abaixo da doca longe de seu pub e subiu cambaleando até
a escada. Só então ela tocou seu ombro e gemeu com o contato.

Ela pôs as mãos, só para morder de volta uma maldição. Quando ela olhou
para as palmas das mãos, descobriu que elas estavam sangrando e raladas de sua
descida pelos tubos.

A adrenalina estava adiando a maior parte da dor, mas não iria durar muito.
Ela precisava colocar alguma distância entre ela e Oban antes da verdadeira dor se
chocar contra ela.
Um mês depois…

— Hey, mana, sou eu.

Sammi revirou os olhos para o seu tom muito brilhante enquanto dirigia seu
quarto carro roubado. Coisa que pensou que nunca faria. Ela teve que fazer. —
Jane acho que esta será uma visita rápida e não planejada.

Se sua meia-irmã ficasse sabendo que ela estava com problemas, Jane iria
tentar ajudar. E isso era a última coisa que Sammi queria que ela fizesse.

A verdade era que ela estava desesperada por algum descanso. Verdadeiro
descanso. Não o tipo que teve durante as últimas quatro semanas onde dormia
durante alguns minutos a uma hora, porque não havia um lugar que ela se sentisse
segura o suficiente para dar ao seu corpo o sono necessário para a ajudar a curar.

— Jane. Sou eu. — disse Sammi com um grande sorriso. Ele rapidamente se
desvaneceu quando ela gemeu. — Eu não sei como ser casual. Ela vai ver através
de mim.

Nada foi fácil, depois que ela fugiu das docas. Ela não queria arriscar usando
seus cartões de crédito por medo da Máfia poder encontrá-la. Ela não podia nem
acessar seu crédito bancário, pela mesma razão. Pelo menos o dinheiro de Daniel
estava onde ele disse que estava. Isso foi o que a manteve viva.
Ela escolheu roubar carros que estariam melhores se fossem jogados fora se
tornando uma pilha de metal do que sendo um modo de transporte. Mas ela não
deveria reclamar. O pedaço de merda que ela estava dirigindo agora conseguiu
andar cinquenta milhas sem quebrar.

— Só me faça chegar a Dreagan, e eu não ficarei tentada a fazer uma tocha


de você.

Como se para deixar que Sammi entendesse que ela não estava no controle, o
Morris Marina de 1982 cuspiu antes de o motor acelerar novamente.

Sammi esqueceu sobre o carro e voltou a procurar uma maneira de


cumprimentar Jane sem causar suspeita. Ela passou por mais dois cenários, quando
ela diminuiu a velocidade do carro assim que chegou na curva que Jane lhe falou
há mais de um ano atrás, quando ela convidou Sammi para a festa de casamento
dela e Banan.

Outro convite que deu uma desculpa para não comparecer. Que tipo de
pessoa era para mentir e não ir a festa de casamento de sua irmã?

Ela não sabia como se lembrava disso uma vez que estava pegando os pedidos
no pub enquanto estava no telefone, mas de alguma forma sua irmã sabia. E ela
estava grata por isso.

Retardando o carro, Sammi dirigia pela estrada longa e sinuosa, com duas
montanhas flanqueando cada lado dela. Em uma ocasião, ela pensou ter
vislumbrado alguém nas árvores densas, mas deve ter sido sua imaginação, já que
estava acelerada desde o incidente, como ela agora chamava o que aconteceu em
Oban.
Sammi sentiu um pouco da tensão deixar seus ombros quando a visão das
Indústrias Dreagan surgiu. Jane a convidou várias vezes, mas ela nunca foi capaz
de deixar o pub. Agora, enquanto ela via as paisagens espetaculares, Sammi
desejava que não o tivesse feito.

Ela estacionou o carro e se perguntou onde a casa estava. Jane vivia na


propriedade, mas tudo o que via eram os edifícios utilizados para a produção do
famoso whisky de Dreagan.

Durante vários minutos, ela simplesmente fitou os edifícios brancos com seus
telhados vermelhos, os sons dos alambiques, e a tranquilidade que parecia fazer
parte de Dreagan enquanto saía do carro.

Jane disse que Dreagan consistia de sessenta mil acres. Pelo que Sammi podia
ver, não havia uma parte dele que não lhe tirou o fôlego.

Pela primeira vez em mais de um mês, Sammi não sentia mais as cócegas na
parte de trás de seu pescoço que dizia que ela estava sendo observada. Um olhar
ao redor confirmou que não havia carros suspeitos, ou homens duvidosos que
poderiam tê-la seguido.

Talvez aqui ela pudesse finalmente relaxar. Só por alguns dias. Ela não iria
ficar mais tempo e trazer a Máfia à porta de Jane. Sem mencionar que Banan, o
marido de Jane, não apreciaria homens maus chegando e destruindo a beleza de
Dreagan.

— Você está aqui para o trabalho também?

Sammi estremeceu assustada com a voz atrás dela. O movimento puxou sua
ferida que não estava curada, fazendo com que ela mantivesse seu braço esquerdo
apoiado no lado dela para a proteção. Ela virou-se para encontrar uma jovem
mulher com cabelo preto brilhante caindo sobre um dos ombros.

Os olhos negros da mulher correram para o braço de Sammi, a preocupação


nublando seu rosto. — Você está machucada? Posso ajudar?

Sammi engoliu e gradualmente e afrouxou o braço dela. — Eu vou ficar bem,


obrigada.

— Você não viu o quão pálida você está.

— Americana, certo? — Sammi perguntou para mudar de assunto.

A mulher desviou brevemente o olhar enquanto ela balançava a cabeça. —


Minha mãe era da África do Sul, enquanto o meu pai tinha dupla cidadania com
os EUA e Espanha.

— Muito interessante. — Como bartender4, Sammi tinha um talento especial


para detectar as pessoas que tinham uma história para contar, e ela podia ver que
esta mulher era uma delas.

Ela deu um passo mais perto e empurrou a cabeleira cor da meia-noite fora
de seu ombro. — Pelo menos me deixe ajudá-la de modo que você possa se
arrumar antes da entrevista.

Sammi instantaneamente gostou da mulher, com sotaque americano e tudo.


Havia apenas algo sobre ela que disse a Sammi que a mulher era tão bondosa
quanto o dia era longo.

4-Barmam e menos frequentemente garçon


— Eu não estou aqui para a entrevista— Sammi disse a ela.

A mulher fez uma pausa antes dela dar uma risadinha. — Bem, eu estou feliz.
Eu realmente preciso desse emprego.

— Esqueça qualquer competição. Você tem uma habilidade natural com as


pessoas. Se o trabalho envolve isso, eles seriam tolos de não darem a você.

A mulher sorriu seus grandes olhos negros enrugando nos cantos. —


Obrigada. Mudando de assunto eu sou Lily, Lily Ross.

— É bom conhecer você, Lily. Eu sou Sammi.

Lily mudou sua bolsa para o outro ombro, fazendo com que a manga de seu
suéter que era pelo menos três tamanhos maiores, caísse revelando um enorme
hematoma no braço.

— Isso é um inferno de uma contusão, — comentou Sammi.

Lily riu enquanto ela movia seu suéter sobre ela. — Eu sou tão desajeitada
como pode vê. Um cesto de roupa cheio até o alto e sapatos no meio do chão, e
então eu sou uma catástrofe esperando para acontecer.

— Você deve se dar bem junto com a famosa Jane. — Sammi fez uma nota
mental para não ter qualquer coisa quebrável em torno de Lily e Jane quando
estivessem juntas.

Lily olhou Sammi de cima e baixo, uma carranca estragando sua testa. — Você
precisa se sentar. Acaso precisa de ajuda para entrar?

— Eu acho que vou ficar bem, mas vou andar com você.
Elas só deram alguns passos quando Lily perguntou: — Como você sabe que
eu sou boa em interagir com as pessoas?

— É um dom que eu sempre tive. Eu posso olhar para uma pessoa e só sei.
Eu costumava trabalhar num pub, e eu aprendi rapidamente que apenas
determinados tipos de pessoas poderiam trabalhar lá e serem bem sucedidas.
Pessoas como você.

Lily sorriu enquanto ela olhava para o chão.

Quando ela não disse nada, Sammi decidiu pressioná-la um pouco. — Para
que tipo de trabalho você estará sendo entrevistada?

— Oh, não é nada muito importante. É para a loja de presentes.

— Então você estaria vendendo o uísque Dreagan aos turistas?

— Eu iria.

— É perfeito para você. Seja confiante quando entrar. E lembre-se, é um


trabalho importante, porque ele vai ser seu.

O sorriso de Lily se alargou, fazendo que passasse de uma menina


encantadora para uma beleza real. Ela usava muito pouca maquiagem e suas roupas
eram muito grandes e muito sem graça.

Sammi, que nunca teve uma amiga próxima, de repente queria ir às compras
com Lily e vesti-la com roupas adequadas. Algo brilhante e corajoso para
complementar seu colorido. Provavelmente, por estar se escondendo da Máfia na
multidão durante todas estas semanas, isto estava mexendo com sua mente.
Foi uma coisa boa chegarem até a porta da loja antes de Sammi fazer algo
realmente estúpido e se oferecer para levar Lily as compras, o que poderia
realmente ofender a mulher. Lily podia deixar de se vestir como uma mulher de
sessenta anos de idade. Algumas mulheres agiam simplesmente assim.

Apesar de seu vestuário, Lily tinha uma beleza impressionante com seu cabelo
preto, olhos negros e pele da cor de café com chocolate. O mesmo não pode ser
dito dela, mas Sammi aprendeu a trabalhar com o seu cabelo teimoso e tez pálida
no início da vida, graças a sua mãe.

Assim que elas entraram na loja, Sammi olhou para as prateleiras que cobriam
as paredes e estavam cheias de garrafas de whisky5 Dreagan.

Algumas das garrafas de vidro estavam em formato de pequenos barris onde,


as cores diferenciadas denotavam um sabor diferente adicionado ao uísque,
enquanto outros, com formato arredondado, estavam no alto. Havia ainda outras
garrafas que tinham cerca de metade do tamanho, e ainda outras que pareciam
algum tipo de licor de creme.

Na parede oposta tinha prateleiras de vidro fechadas com garrafas sendo


exibidas orgulhosamente. — Aqueles seriam os uísques de cinquenta anos de
idade, e aqueles são até mais velhos. Eles são altamente apreciados pelos
colecionadores, e preços razoavelmente cotados também, — disse Lily.

Uma mulher morena com cabelo escuro e comprido, os afastou do rosto e


deu a volta no balcão sorrindo para Lily. — Você conhece o uísque deles.

5- Uísque.
Lily virou-se para a mulher e endireitou os ombros. — Eu gostaria de pensar
que sim. Fui chamada para a entrevista.

— Ah, — disse a mulher enquanto ela olhava para trás para a área de
transferência. — Você deve ser Lilliana Ross.

— Lily, por favor, — ela disse e estendeu a mão.

A mulher apertou sua mão e sorriu. — Eu sou Cassie. Por que não vamos
para a parte de trás e conversamos?

Sammi observava as duas americanas interagindo e reconheceu pelo


comportamento de Cassie que ela gostou de Lily. Se Sammi fosse uma pessoa de
apostas, ela apostaria uma bolada que Lily sairia com o trabalho.

— Claro — disse Lily.

Os olhos escuros de Cassie levantaram até Sammi. — Posso lhe ajudar com
algo?

— Na verdade, eu espero que você possa. Estou à procura de Jane.

— Jane? — Repetiu Cassie, algumas centelhas brilhando em seus olhos.

Sammi não se ofendeu. Jane mencionou o quão próximos todos eram em


Dreagan, e agora que ela pensou nisso, ela recordou de Jane mencionar a Cassie.

— Sou Sammi Miller, Já...

— Meia-irmã de Jane. — Cassie terminou por ela com um aceno amável. —


Deixe-me ligar para a casa e trazê-la para cá. Ela vai ficar muito contente em vê-
la.
Sammi não tinha tanta certeza disso, mas ela precisava de pelo menos um dia
de descanso e ver a sua ferida novamente. Parecia que estava infectada.

Ela mal conseguia mover o braço agora. Vestir-se e tomar banho estava se
tornando uma tarefa com apenas um braço, para não mencionar a tentativa de
lavar os cabelos.

Antes de Cassie fazer o telefonema, ela enfiou a cabeça no corredor e disse


alguma coisa para quem estava lá. Enquanto ela ligava para a casa, um homem alto
com jeans desbotados caindo abaixo dos quadris e uma camiseta cor vinho com
um desenho de dragão imitando uma tatuagem tribal veio andando para a loja.

Era difícil dizer quão longo seu cabelo escuro era porque estava preso e
puxado para trás com uma tira, mas seus olhos verde água olharam para Sammi
antes que eles se deslocassem para Lily. Depois de uma hesitação, em que ele
examinou cada polegada da pequena mulher, ele desviou o olhar e deu a volta no
balcão para o caso de haver whisky à espera de ser abastecido nas prateleiras.

O olhar de Sammi se virou para Lily ao descobrir que ela estava olhando para
o homem como se ele fosse o pote de ouro no final do arco-íris. Concedido, ele
era digno de ser babado, mas Sammi já viu muitos homens como ele durante seus
dias no pub. Eles eram exuberantes, e a maioria deles sabia. Para os homens, as
mulheres eram feitas para o entretenimento e nada mais.

Mas pelo jeito Lily não podia olhar para longe dele, Sammi ia avisá-la para ter
cautela. Então ela percebeu que talvez ela não devesse. Todo mundo precisava se
apaixonar pelo menos uma vez, e todos necessitavam ter seu coração partido uma
vez. Dessa forma, quando o amor aparecesse novamente, seria ainda mais doce.
Pelo menos isso é o que sua mãe sempre dizia. Sammi não deu atenção a
tentativa de conselho. Oh, ela teve seu coração partido quando ela era uma
adolescente, mas ela não se apaixonou.

E ela nunca o faria.

Cassie desligou o telefone e encontrou os olhos de Sammi. — Jane está a


caminho. Lily, por que não vamos para a parte de trás?

Sammi deu a Lily uma piscadela de incentivo, e, em seguida, encontrou-se a


sós com o homem.

— Então você é Samantha. — disse ele, sem olhar para ela.

Ela se virou para ele totalmente e o olhou, não que ele estivesse. Ele se
manteve estocando o uísque como se não tivesse acabado de falar com ela. — Eu
prefiro Sammi.

— Você prefere um nome masculino?

— Você prefere caminhar segurando seu galho e bagas depois que eu chutá-
lo?

Ele fez uma pausa. Então ele olhou para ela por cima do ombro, um sorriso
largo nos lábios. — Eu achei que você ia ser mais como Jane.

— Tranquila e recatada, ou complicada?

— Ou. Ambos.
— Deixe-a em paz, Rhys, — Jane disse enquanto ela fechava a porta atrás
dela, embora não houvesse censura em seu tom. — Sammi consegue ser melhor.
Eu acho que ela é brilhante e recatada, tal como ela é.

Sammi odiava quando Jane dizia coisas assim porque sempre fazia seus olhos
se encherem de lágrimas. Ela olhou nos olhos de âmbar de Jane e sabia que tudo
ficaria bem.

— Estou tão feliz que você está aqui — disse Jane e correu para ela.

Sammi tentou não fazer uma careta quando Jane abraçou-a, mas ela não
escondeu com rapidez suficiente. Jane a puxou para trás, ao mesmo tempo em que
Rhys olhava para ela.

O olhar de Jane sondou-a silenciosamente por vários minutos antes de ela


perguntar, — O que aconteceu?

— Nada. Por quê? Eu não posso vir ver minha meia-irmã?

— Absolutamente. — Jane disse, seu olhar ainda à procura. — É só que...


bem, para ser franca com você, não tão abruptamente.

Sammi se encolheu. — Eu sei. Eu sinto Muito. Eu queria ficar alguns dias


com você. Se você não estiver ocupada.

— De modo nenhum. Estou além de feliz que você está aqui. Tem certeza
que está tudo bem? — Ela perguntou novamente.

Sammi forçou uma risada. — Claro que está. Por que você fica perguntando
isso?
— Você perdeu peso, não que você tivesse muito a perder para começar. Você
tem olheiras sob seus olhos também, e você está segurando o braço esquerdo de
forma estranha. E não é sangue o que vem através de sua camisa perto do seu
ombro?

De repente, as últimas quatro semanas bateram em Sammi. Ou talvez fosse


porque ela estava finalmente em Dreagan como Jane deixou escapar que era uma
das áreas mais fortemente vigiadas na Escócia e se sentia segura o suficiente para
deixar baixar sua guarda.

De qualquer maneira, era como se seu corpo tivesse simplesmente atingindo


seu limite. Sammi mal conseguia manter os olhos abertos, ela estava tão exausta.
Ela agarrou o balcão para manter-se de pé e a exaustão caiu sobre ela, procurou
em sua mente por uma mentira.

Mas ela não queria mais mentir, não para Jane. Ela não podia dizer-lhe a
verdade, mas ela poderia dar-lhe alguma coisa. — É um pequeno ferimento, e é
melhor se você não souber de nada. Eu só preciso de um lugar para ficar por esta
noite.

— Você vai ficar mais tempo. — Jane disse com um aceno.

Mas Sammi já estava balançando a cabeça. — Não.

— Banan, diga a ela — disse Jane.

A forma alta de Banan deu a volta no balcão para encontrar Jane. Sammi nem
sabia que ele entrou na loja. Ele ficou atrás de Jane, as mãos em seus ombros
enquanto seus olhos cinzentos se focaram em Sammi. Considerando que o cabelo
de Rhys era longo, Banan mantinha seus cachos castanhos escuros bem curtos.
— Jane está certa. Você precisa ficar — disse Banan.

Sammi sabia que era inútil discutir agora. Ela iria acordar cedo e sair antes que
eles soubessem disso. Agora que ela sabia que estava em Dreagan e poderia ficar,
ela mal conseguia se manter na posição vertical. Seu estômago roncou, sua ferida
doía, e seus olhos lutaram para permanecer aberto.

— Vamos levá-la para a casa. — Jane disse enquanto ela virava Sammi e guiou-
a para a porta. — Banan vai pegar suas coisas. Quando estiver alimentada e
descansada, eu quero que você me diga o que está acontecendo. Eu posso ajudar.

Sammi manteve seu olhar em frente e colocava um pé na frente do outro por


pura força de vontade. Ela se recusou a entrar em colapso. Não havia nada que
Jane poderia dizer que iria convencer Sammi a lhe dizer qualquer um dos seus
problemas. Quanto menos Jane e Banan soubessem era melhor.

Pelo menos foi por isto que ela orou.


Tristan caminhou com raiva pela montanha. Durante semanas, ele foi
perseguido por Phelan que repetidamente perguntava se ele se lembrava de alguma
coisa antes de ter ser transformado num Rei Dragão.

Não importa quantas perguntas Phelan fazia, não importa quantas histórias
Phelan contou dele e de seu irmão gêmeo, Ian, Tristan não se lembrava de nada
disso.

Não havia como negar que ele era uma réplica exata de Ian Kerr com base
nas fotos que lhe foram mostradas, mas quaisquer conexões que Ian compartilhou
com Duncan não foi passada para ele. Duncan estava morto, mas Phelan disse que
Ian ouviu a voz de Duncan em sua cabeça depois.

Talvez Duncan estivesse morto, sua alma, pelo menos. Tristan tinha seu corpo,
mas uma nova alma. Ele não sabia, e estava cansado de todos o perturbarem sobre
isso.

— Tristan espere. — Laith disse enquanto corria para acompanhá-lo. —


Estamos todos apenas tentando ajudar.

Tristan parou abruptamente e virou-se para Laith olhando nos olhos do Rei
Dragão que eram da cor de bronze. — Por que é difícil para todos compreenderem
que não há nada aqui. — disse ele e apertou o dedo contra a lateral de sua cabeça.
— Sobre Duncan Kerr? Minhas memórias começaram quando eu acordei na neve,
nu e segurando uma espada a dois anos atrás.
— Porque não há como negar que você é gêmeo de Ian, companheiro. Nós
apenas queremos ajudar.

Tristan colocou as mãos nos quadris e soltou um suspiro exasperado. Ele


olhou em volta, na beleza absoluta e agreste da Escócia e sentiu um pouco da
tensão saindo dele. Nunca houve qualquer dúvida de que ele era um Scot6. Ele
tinha o sotaque, mas era mais do que isso. A Escócia estava em sua alma, em cada
fibra do seu ser.

— E se não há memórias de Duncan?

Laith deu de ombros. — Então não há nenhuma. Nós seguiremos em frente.

— E se existem memórias, e elas estão apenas enterradas? — Ele perguntou


hesitante, quase com medo de expressar o que o atormentou desde que ele
descobriu quem era Ian.

— Se as memórias estão lá, cabe a você decidir se quer que eles venham para
fora, Tristan. Elas podem estar escondidas, porque você não está pronto ainda.
Ou, como você disse, elas podem não estar mesmo lá.

— Eu não quero ver Ian.

— Você não pode fugir dele para sempre.

Tristan esfregou a parte de trás do seu pescoço. — Eu só não quero ver o


desanimo em seus olhos. Eu sei o que ele quer, mas eu não posso dar a ele.

6- Substantivo modificador de escoces, escocesa. (Linguee)


As palavras seguintes de Laith ficaram paradas quando ele avistou Banan e
Jane levando uma mulher para a mansão. A mulher não era tão alta como Jane, e
seu cabelo ondulado cor de areia balançava em seus ombros com a brisa. A mulher
empurrou a franja dos olhos, o que fez com que ela não visse Duke vindo correndo
ao redor da casa.

O Cão dinamarquês parou ao lado dela, mas a sua dimensão a fez precisar
recuperar rapidamente o equilíbrio quando o cão se inclinou contra ela. Foi quando
Tristan a viu estremecer e proteger seu braço esquerdo, segurando-o firmemente
contra ela.

— Quem é aquela? — Perguntou Tristan.

Laith os observou por mais alguns segundos antes que ele dissesse: — Eu
suponho pela forma como Jane esta agitada que ela é Sammi, meia-irmã de Jane.

Enquanto Banan segurava a coleira de Duke, Jane levava Sammi para a casa.
Pouco antes de Sammi entrar, ela inclinou a cabeça e olhou diretamente para
Tristan com seus olhos azul-claro. Foi como um soco no estômago.

Impressionantemente, desconcertante.

Incrível.

A conexão surpreendente que pareceu ocorrer entre eles o deixou perdido,


caindo. Mergulhando.

E ele queria mais. Assim muito mais.

— Tristan?
Ele afastou seu olhar para longe da porta agora vazia e olhou para Laith. —
O que?

— Se tudo o que você está pensando envolve Sammi, eu não gostaria de


adverti-lo.

Tristan franziu a testa e olhou para a casa, imaginando que tipo de lesão
Sammi tinha. — O que você quer dizer?

— Esqueça. — Laith deu um aceno de cabeça, um sorriso irônico nos lábios.


— Eu tenho de ver o que acontece em seguida. Vamos. Vamos conhecer Sammi.

O fato de que Tristan queria dar uma olhada mais atenta na mulher deveria
ter sido suficiente para fazê-lo correr para o outro lado. Ele estava apenas se
integrando em sua vida em Dreagan. Phelan e os outros guerreiros estavam
complicando bastante as coisas. Tristan certamente não precisava de uma mulher
adicionada à mistura.

No entanto, ele seguiu Laith até a mansão. O som de vozes vinha da cozinha.
Quando eles pararam na porta e viram que Elena despejava um pouco de chá e
Jane preparava um sanduíche enquanto Sammi estava sentada à mesa tentando
desesperadamente ficar acordada.

Seu olhar era atraído para ela, não importa o quão duro ele tentou desviar o
olhar. Mesmo de perfil, ela era bonita, com o pescoço longo e gracioso e seu cabelo
cor de areia caindo suavemente sobre ele. Ela sentava-se alta e reta na cadeira,
como se fosse tão natural como respirar.

Tristan a viu cochilar duas vezes e despertou assustada em ambas as vezes. Na


terceira vez, ela inclinou à direita. Ele correu para ela, agarrando-a pouco antes
dela bater no chão. Jane, Elena, e Banan viraram juntos, deixando o que estavam
fazendo para o olharem embasbacados.

Ele olhou para a mulher que dormia em seus braços, completamente tomado
pela surpresa quando ele olhou para seu rosto oval. As maçãs do rosto eram
incrivelmente altas, o nariz pequeno, e seus lábios tão decadentes como o pecado.

Mesmo no sono, ela fez sua fome por conhecê-la crescer, seus lábios ansiavam
pelo gosto dela, e suas mãos para acariciá-la. Desejo o atravessou como um raio,
fazendo-o queimar.

Fazendo-o ansiar.

Tristan moveu uma mecha de seu cabelo fora de seus olhos e desejou que ela
os abrisse para que ele pudesse olhar para a sua cor fria mais uma vez.

Então ele se lembrou de onde estava, e quem ele estava segurando. — Penso
que a comida vai ter que esperar.

— Eu sabia que ela parecia cansada. — Jane disse uma carranca estragando
sua testa.

Tristan deslocou facilmente o corpo de Sammi em seus braços e se levantou.


— Ela está muito magra.

— Eu sabia que ela perdeu peso também — disse Jane com um aceno de
cabeça. Então ela olhou para Banan. — Eu acho que ela está realmente com algum
problema.

— Nós vamos tirá-la disso. — Banan prometeu.


Tristan foi cuidadoso para não tocar o braço esquerdo de Sammi quando mais
sangue atravessou sua camisa. — E quanto a sua lesão?

Banan soltou uma série de palavrões enquanto caminhava pela cozinha. —


Ela disse que não era nada. Traga-a, Tristan.

Jane estava em seus calcanhares, tropeçou duas vezes, enquanto seguia Banan
subindo as escadas. Apesar de ambos olhando para ele como falcões, Tristan
encontrou seu olhar atraído novamente e novamente para a mulher em seus
braços.

Seu cabelo, uma mistura única de loiro e marrom claro, pairava sobre o braço,
as ondas o provocando para tocá-los. Sua exaustão e lesões o preocuparam que
alguém a estivesse empurrando a seus limites, e ele queria saber quem fez isso com
ela. E o porquê.

Seu jeans pendurava muito folgadamente em sua já pequena cintura. O


pulôver gola alta verde limão parecia como se tivesse uma vez encaixado nela com
perfeição, mas agora estava um pouco folgado.

Banan abriu uma porta para um dos quartos no segundo andar e moveu as
cobertas da cama, quando Tristan entrou. Gentilmente ele colocou Sammi para
baixo, e não de uma vez já que ela ainda se agitava.

— O que aconteceu com ela? — Jane perguntou com uma voz suave, cheia
de preocupações. — Essa não é a Sammi que vimos há quatro meses.

Do outro lado da cama Banan pegou o olhar de Tristan e deu um leve aceno
de cabeça. Tristan se inclinou e gentilmente levantou a manga e viu o ferimento
feio, cheio de pus.
— Nós precisamos remover sua camisa. — Tristan disse quando ele olhou
para Jane e Banan.

Jane foi rápida para encontrar uma tesoura e cortou a camisa de sua irmã. Foi
quando eles tiveram a primeira boa visão da ferida.

— Isso é de um tiro. — A voz de Banan estava atada com fúria e vingança.

Jane caminhou até que ela ficou ao lado de Tristan e gentilmente tocou a ferida
de Sammi. Os olhos de Jane levantaram à Banan. — Eu acho que está infectado.

— A sutura não é de um profissional, — observou Tristan. Em seguida, ele


franziu a testa enquanto estudava as suturas irregulares. — Parece quase como se
Sammi fez isso a si mesma.

Banan apertou a mandíbula. — Ela está exausta, faminta, dirigindo um carro


que não é dela, e ela está ferida. Seja qual for o segredo que ela tem, ela não é de
desistir facilmente.

— E eu não vou desistir até que minha irmã esteja segura. — Jane disse,
endireitando e desafiando o marido a discutir.

Banan levantou rapidamente suas mãos. — Eu estou apenas afirmando um


fato, meu amor. Nós vamos ter certeza de que não importa o que, ela será bem
cuidada.

— Precisamos de Con para curá-la— afirmou Jane.

Antes que Banan pudesse argumentar, Tristan disse: — Se Sammi não sabe
quem somos talvez seja melhor se limparmos o melhor que podemos e só usar
Con como um último recurso. Depois do fiasco com Denae e Kellan, quanto
menos Sammi souber, melhor.

— Eu concordo — disse Banan.

Jane revirou os olhos, mas sua preocupação era palpável. — Vamos apenas
começar a limpar a ferida imediatamente.

Tristan puxou a cadeira do canto mais perto da cama. — Tragam-me uma


tesoura, água quente, bandagens, e eu vou precisar de linha e uma agulha para
costurá-la novamente.

— Só isso? — Gritou Jane. — Ela precisa de remédio. Está infeccionado.

Banan pegou a mão de Jane e arrastou-a para a porta. — Nós não saberemos
a extensão da infecção até retirarmos os pontos que já estão lá.

— Certo, certo — disse Jane. Ela se virou e começou a correr para a porta,
porque Banan a guiou para lá.

Não demorou muito antes de Jane retornar com uma braçada de suprimentos.
Ela deu dois passos para o quarto e tropeçou no canto do tapete, aterrissando com
força em seu joelho, mas ela não deixou cair uma única coisa.

Tristan tomou o bisturi, álcool, bolas de algodão, ataduras, agulha e linha e as


colocou na cama. Banan, em seguida, entrou com um jarro de água quente que ele
derramou em uma tigela e colocou sobre a mesa ao lado de Tristan.

Tristan tentou não olhar para o sutiã de cetim branco embalando os seios de
Sammi, mas ele não pôde deixar de notar os firmes montículos ou ignorar a fome
que surgiu em seu corpo.
Em vez disso, ele se concentrou no que estava prestes a fazer. Sua respiração
era suave, mesmo que o ferimento estivesse causando-lhe uma quantidade extrema
de desconforto.

Ele limpou a garganta quando Banan o pegou olhando para os seios mais uma
vez. Tristan tomou o bisturi e cortou cuidadosamente os pontos grosseiros. Sammi
conseguiu parar o sangramento, mas isso não significava que ela retirou a bala.

Esse pensamento levou Tristan a virá-la suavemente para o lado direito para
se certificar de que não havia uma segunda ferida, e como ele suspeitava, não havia.

— A bala ainda pode estar dentro dela — disse Jane.

Banan seguiu até a porta e deu um assobio alto. Em poucos segundos Darius,
Laith, e Ryder entraram no quarto. Tristan tinha a intenção de retirar os pontos,
enquanto Ryder levantava uma luz sobre ele e segurou lá para que ele pudesse ver.

Com a retirada dos pontos, Tristan empurrou cuidadosamente o ferimento.


Sammi se deslocou para longe dele. Darius agarrou seus tornozelos enquanto
Banan ajoelhou-se do outro lado da cama preparado para prender seu lado direito,
enquanto Laith agarrou seu braço esquerdo.

Tristan olhou para Jane. — Eu nunca retirei uma bala.

— Nenhum de nós fez isso — disse Banan. — Você não têm uma escolha
desde que Kellan não está aqui. Faça logo isto.

Tristan respirou fundo e sondou mais profundo na ferida. Sammi mais uma
vez tentou se afastar, mas ela foi pressionada. Movendo-se o mais rápido que pôde,
Tristan procurou a bala com uma pinça, enquanto Jane limpava o sangue.
O suor escorria na testa pelo tempo que levou e pela dor que ele estava
causando em Sammi. Em seguida, as pinças bateram em algo metálico. Não
demorou muito para ele perceber que a bala estava alojada em seu osso do ombro.

Tristan enxugou a testa com o braço e olhou para o rosto de Sammi. Ela
estava pálida, mas pelo menos ela não acordou. Quem fez isso com ela? Quem iria
querer machucar alguém tão bonita?

Ele girou o ombro para esticá-lo e incidiu sobre a bala. Pareceu levar eras
antes que ele finalmente conseguisse a soltar. Com um puxão final, ele sentiu que
conseguiria.

— Consegui — Tristan disse quando ele puxou a bala e ergueu-a para todo
mundo ver.

Ele olhou para Sammi para encontrar seus olhos azuis abertos e olhando para
ele. O tempo parou, congelou enquanto eles olhavam um para o outro. Em
seguida, as pálpebras fecharam, quebrando todo o controle que ela tinha sobre ele.

Não houve tempo para considerar sua reação enquanto Tristan entregou a
bala para Laith e começou a limpar a ferida e drenando o pus para que ele pudesse
costurar novamente.

Com o último fio no lugar, Tristan deu um nó e terminou de cortá-lo. Ryder


bateu-lhe no ombro e se afastou depois ele deixou de lado a luz.

Tristan sentou-se e viu o sangue em suas mãos. De repente, uma imagem


dessas mesmas mãos cobertas de sangue brilhou em sua mente, mas sua pele estava
azul pálido com longas garras azuis se estendendo desde os dedos.
Tão rapidamente como a imagem apareceu, desapareceu, deixando Tristan
com uma sensação estranha no estômago. Ele tentou esquecê-lo, mas ele achava
que jamais seria capaz de fazer. Era uma visão de seu passado, o passado que todos
reivindicavam que era de Duncan Kerr?

— Bom trabalho — disse Banan.

Laith estendeu para ele a bala depois de estar limpa e seca. — Eu acho que
todos vocês precisam ver isso.

Ryder tomou a bala mutilada e olhou para ela. — Há algo gravado nela.

— O que é isso? — Perguntou Tristan.

Banan levou-o ao lado e depois de olhar para ele um momento saiu do quarto
apenas para voltar com uma lupa. Ele segurou-a sobre a bala por um minuto.

— Isso não pode ser — ele murmurou.

Jane limpou a testa de Sammi com um pano úmido. — O que é isso?

A lente da lupa aumentando a imagem na bala foram passadas para cada um


deles até que Tristan finalmente pode olhar. Ele viu o que era, obviamente, um
dragão gravado no metal.

— O que isso significa? — Perguntou.

Laith bufou. — Isso significa que estamos ferrados.

— Isso significa que é Ulrik. Isso significa que ele tem vingança em mente.
— disse Darius.
Sammi olhou para a bandeja em seu colo e tentou ignorar a determinação
brilhando em sua irmã. Sammi acordou se sentindo descansada e sem estar com o
corpo dolorido como sentiu no mês passado.

Foi quando Jane explicou que ela desmaiou na mesa da cozinha. Eles a
levaram para cima e trataram da ferida. Aparentemente, ela tinha que agradecer a
alguém chamado Tristan por remover a bala.

Não era como se ela tivesse deixado de propósito. Ela nem sabia como era
uma bala. Ela pensou que foi algo da explosão.

Eles explodiram seu pub. Eles mataram Daniel. E eles tentaram matá-la.

Ela não sentia nenhum desejo de empurrar esses homens maus para ver até
onde eles iriam, porque sabia em primeira mão como maliciosos e cruéis eles eram.
Esse tipo de medo, esse tipo de terror era agora uma parte dela. Tudo o que sabia
era que agora ela era uma ameaça potencial, para todos.

Ela mudou, e não para melhor.

— Sammi, por favor — implorou Jane.

Jane vinha pressionando-a para obter respostas nos últimos trinta minutos.
Talvez Sammi devesse ter fingido que não se sentia bem. Ela poderia ter
prolongado por mais um tempo. O suficiente para que ela pudesse sair de Dreagan
enquanto dormiam.
— Eu sei que você quer fazer o certo, e que pretende ajudar. Por favor, confie
em mim quando digo que é melhor você não saber — Sammi finalmente disse
enquanto mexia o açúcar em seu chá.

Jane balançou a cabeça, seu cabelo castanho curto balançando contra suas
bochechas. — Dane-se isso — ela disse, com sotaque americano assumindo uma
nota dura. — Eu sou sua irmã. Eu posso ajudar.

— Meia-irmã — Sammi corrigiu e logo em seguida se arrependeu quando viu


o olhar magoado nos olhos de Jane.

— Meia, toda. Não importa. Nós somos uma família. Você veio aqui por
ajuda.

Sammi deixou o chá quente deslizar em sua garganta. Sua mãe sempre disse
que chá podia ajudar em tudo. Como Sammi desejou que isso fosse verdade. Nada
poderia ajudá-la agora. Era apenas uma questão de tempo antes que a Máfia a
encontrasse.

Se ela não tivesse sido ferida, se tivesse podido descansar, o último lugar que
ela teria trazido problemas seria até a porta de Jane. Ela colocou sua irmã e todos
em Dreagan no caminho de um louco que não tinha problemas em matar qualquer
um que estivesse em seu caminho.

— Eu não deveria ter vindo. — Sammi disse enquanto colocava sua xícara
para baixo.

Jane colocou o cabelo atrás da orelha. — Mas você veio. Você sabia que estaria
segura aqui.
Estava na ponta da língua de Sammi contar tudo para Jane. Estava tão cansada
de carregar este fardo sozinha, mas se Jane e os outros soubessem, ela só iria
colocá-los em perigo. Não importa o quão cansada Sammi estivesse, ela não podia
fazer isso com eles.

Jane foi tão amável com sua oferta, mesmo quando Sammi tentou manter
distância. Jane não desistiu. Ela tomou seu tempo e lentamente começou a
conhecer Sammi através de telefonemas, e-mails, textos e até mesmo visitas ao
pub.

Havia bondade e aceitação nos olhos cor de âmbar de Jane e levou tudo de
Sammi para que mantivesse seu segredo enterrado. Ela chegou a Dreagan porque
ela sabia que Jane iria ajudar. Foi egoísta e estúpida, e Sammi lamentou sua
fraqueza.

Ela estava cansada de estar tão sozinha, de lidar com tudo sozinha.

No entanto, ela conhecia Jane bem o suficiente para saber que ela era como
um cachorro com um osso. Jane não iria deixá-la em paz até que ela tivesse algum
tipo de explicação. Então, Sammi decidiu dar-lhe uma.

— Houve um acidente no pub. Eu fiquei ferida, e eu pensei que poderia cuidar


de mim mesma. — Ela disse com um encolher de ombros. — Foi estúpido visto
que não pude fazê-lo corretamente. Estou muito melhor agora, então eu vou voltar
para o bar esta tarde.

— Isso pode ser difícil — veio da porta uma voz profunda, sexy.

A cabeça de Sammi virou-se para a porta para ver Banan e outro homem. Seu
estômago caiu a seus pés, porque Sammi tinha certeza que esses olhos,
intoxicantes, escuros, como veludo castanho e astutos foram nada mais do que um
sonho.

Mas, como ela encontrou-se afundando, caindo, afogando-se neles, Sammi


estava exultante por descobrir que os olhos e o homem não foram uma invenção
de sua imaginação.

Ela bebeu do homem muito másculo, muito viril diante dela. Sem saber nada
sobre ele, ela instintivamente sabia que ele era perigoso, selvagem e sedutor.

Mesmo quando ela silenciosamente alertou-se, ela foi inexplicavelmente


atraída por ele. A atração foi imediata e alarmante. Ao mesmo tempo em que era
cativante e sedutora.

Ela queria correr os dedos pelo cabelo castanho claro com mechas douradas
que pendia espesso e brilhante até os seus ombros. Cabelos com o mesmo fulgor
castanho claro dos olhos. Ele estava bem barbeado, o que destacava a sua forte
mandíbula e queixo.

Ele usava uma camisa que moldava seus ombros largos. Seus braços estavam
cruzados, fazendo com que os músculos sobressaíssem contra a pele beijada pelo
sol.

Seus olhos se desviaram mais abaixo para o seu jeans que pendurava abaixo
em seus quadris estreitos e cobrindo suas longas pernas suficientemente apertados
para que ela pudesse sentir que eram como uma ferramenta elétrica conectado
com os músculos do resto do corpo.

Ele era uma fantasia ambulante. Em toda a sua vida, Sammi nunca viu alguém
tão lindo de morrer como o homem olhando para ela agora. Ela queria conhecê-
lo quando sua mente induzida por febre pensou que era um sonho, mas agora...
Agora ela sabia que para chegar perto dele, conhecê-lo poderia colocar o coração
que ela guardou tão bem em perigo.

— Sammi?

Ela ouviu a voz de Banan, mas não conseguia afastar o olhar de seu
companheiro. Por longos segundos seus olhos escuros sustentaram os dela até que
ela olhou para longe. Apenas para encontrar Jane observando-a curiosamente.

— O quê? — Ela perguntou a Jane.

Banan entrou e veio ficar ao lado da cadeira de Jane. — Você não ouviu o
Tristan?

Tristan. O nome encaixava com o homem à perfeição, assim como suas


roupas faziam. Se ele falou? Oh, sim, ele tinha. Isso é o que atraiu a sua atenção.
Sua incrível voz cativante que fez seu estômago vibrar com alegria.

Mas o que ele disse?

Então se lembrou. Sammi antes de cruzar os braços colocou a xícara de chá


de volta na bandeja. Ela estava sendo encurralada em sua mentira, uma mentira
que construiu para proteger sua irmã.

— Sammi, por favor — Jane pediu. — Por que seria impossível para você
voltar para o pub?

— Eu disse que foi um acidente. — Sammi orou para que deixassem por isso
mesmo e não investigassem mais.
Jane soltou um suspiro áspero. — Que tipo de acidente? O que aconteceu?

Finalmente, ela olhou para a irmã. — Deixa para lá, Jane.

— Você não confia em mim. — As palavras de Jane foram ditas em um


sussurro, a dor nelas batendo em Sammi como punhos.

Banan puxou Jane, levantou e caminhou até a porta sussurrando algo em seu
ouvido. Depois de um minuto ela balançou a cabeça e se afastou. Banan, em
seguida, fechou a porta, deixando Sammi sozinha com ele e Tristan.

Pelo olhar no rosto de Banan, quando ele se virou para ela, Sammi sabia que
o interrogatório estava prestes a começar.

— Não adianta tentar — disse ela antes que pudesse abrir a boca. — Não há
nada para dizer além do que eu já disse.

— Você verdadeiramente não é uma boa mentirosa. — disse Banan.

— Estou realmente muito bem. — Porque o que ele disse a ofendeu, Sammi
não sabia. Tudo o que ela precisava era de um pouco mais de tempo para descansar,
e então ela partiria.

Tristan respirou fundo. — O pub desapareceu. Não existe mais nada.

Como se ela não soubesse disso. Ela esteve lá. Sentiu o calor do fogo, sofreu
o impacto da explosão.

Experimentou o ódio de tudo isso.

Quando ela não respondeu, Banan brevemente fechou os olhos. — Seu pub
foi destruído. Você levou um tiro. Aquele pedaço de merda que você dirigia não é
seu carro, Sammi. Não é preciso ser um gênio para descobrir que algo errado está
acontecendo.

Porra, mas ela pensou que poderia puxar algo mais sobre eles. Foi ingênuo e
tolo de sua parte pensar que iriam acreditar em suas mentiras. Eles lhes deixaram
pouca escolha. — Eu não vou dizer nada para mantê-los a salvo. Foi errado de
minha parte vir.

— Mas você veio. — Banan interrompeu com raiva.

Sammi merecia sua ira, mas ela não ia ceder. — Eu sabia que minha ferida
estava piorando. Eu precisava descansar, e eu sabia que Jane iria ajudar.

Um músculo pulsou perigosamente ao longo do queixo de Banan. — Sim.


Você é a sua família.

— Por que não ir para o hospital? — Perguntou Tristan.

Sammi sentiu seu olhar escuro sobre ela e estremeceu. Sua voz, assim como
seu olhar, era carregado de eletricidade. Emocionante. Ela definitivamente teria
que manter distância dele.

— Eu não podia me arriscar. — Admitiu ela.

Banan tomou o lugar que Jane desocupou e apoiou os antebraços sobre suas
coxas. A carranca dele já não demonstrava raiva, mas sim preocupação. — Quem
está atrás de você, Sammi?

— Pessoas más. Pessoas muito ruins. — Deus, por que ela deixou isso
escapar? Não era muito, pelo menos, e como Banan mencionou, um idiota poderia
ter descoberto isso. Ainda assim, ela não deveria ter dito a ele.
Tristan caminhou até o pé da cama e apoiou as mãos sobre o estribo de ferro.
— Há quanto tempo você está correndo deles?

Eles estavam fazendo essas perguntas simples, mas se ela não tivesse cuidado,
eles iriam colocar tudo para fora dela peça por peça. — Um tempo.

Banan trocou um olhar com Tristan. — Respostas vagas de novo.

— Levou verdadeiramente pouco tempo para descobrir o que aconteceu com


o seu pub — disse Tristan. — Por que você não quer que Jane saiba que ele foi
explodido e que o seu parceiro de negócios está desaparecido?

Sammi fechou os olhos. Pobre Daniel. Ela sabia que ele estava morto, mas
ouvir isso trouxe uma nova onda de dor. Mesmo que Daniel tivesse trazido isso
para si mesmo por estar envolvido com essas pessoas.

— Onde está Daniel? — Perguntou Banan. — Você não parece o tipo de


mulher que explode seu próprio pub, porque o seu ex-amante pulou fora.

Os olhos de Sammi se abriram quando ela olhou para Banan. — Daniel era
meu amigo e tinha uma boa cabeça para os negócios. Ele me fez ganhar dinheiro.

— Você sabia que ele passou algum tempo na prisão por pequenos delitos?
— Perguntou Tristan.

Ela olhou para ele, mas não podia olhar em seus olhos. — Não a princípio.
Apenas uma vez que percebemos que éramos melhores amigos do que amantes.
Ele me contou sobre seu passado, mas ele disse que mudou.

Banan sentou-se, fazendo com que a cadeira rangesse. — Daniel mentiu, fez
ou não?
— Sim. — E isso era tudo o que ela iria dizer a eles. Deixe-os cavar o passado
de Daniel ou dela. Ela não ia dizer mais nada, e na primeira chance que tivesse, ela
iria embora. Quanto maior a distância que ela colocasse entre ela e Jane, melhor.

— Você precisa comer. — Tristan disse no silêncio.

Sammi olhou para a bandeja carregada com frutas, carnes, pão e ovos fritos
que estavam agora frios. Ela esteve faminta quando Jane trouxe a comida, mas, em
seguida, as perguntas começaram.

— Quando foi a última vez que você teve uma boa refeição? — Perguntou
Banan.

Sammi franziu o rosto e olhou para ele. — O que isso deveria significar?

— Você está pele e ossos. Não da maneira que Jane e eu a vimos pela última
vez.

— Talvez eu esteja em uma dieta — ela disse com um encolher de ombros,


esperando que ele acreditasse e tivesse esquecido o quanto ela amava junk food7.

Banan deu um rosnado alto, dizendo-lhe que sabia que ela mentiu.

— Tudo bem — disse ela. — Faz apenas um dia desde a minha última
refeição.

— Você está aqui há três dias. — disse Tristan.

7-Comida sem qualidade. (Linguee)


Não, isso não podia ser. A última vez que permaneceu em um lugar por mais
de dois dias, a Máfia chegou perto de pegá-la. Ela aprendeu da maneira mais difícil
a ficar em movimento e falar com o menor número de pessoas possível.

Era sempre o formigamento na parte de trás do pescoço dela que a alertou


que ela precisava seguir em frente. Aquele formigamento estava de volta, algo que
ela não esperava, enquanto em Dreagan.

Então, novamente, ela não tinha a intenção de ficar mais uma noite. O que ela
fez? O que ela trouxe a Jane?

O medo, a ansiedade era como ácido agitando em seu estômago, deixando-a


doente.

— Sammi? — Banan disse enquanto ele levantava e veio para ficar ao seu
lado, com a mão em seu braço. — O que foi?

— Eu tenho que ir — disse ela e tentou levantar a bandeja de cima dela. Seu
ombro deu uma pontada, os pontos puxando com seu esforço.

Tristan foi imediatamente a seu outro lado. — Fique tranquila — ele disse e
pegou a bandeja. — Você vai arrebentar os pontos.

Mesmo sem a bandeja, ela não podia sair da cama, porque Banan estava
segurando seu braço. Então Tristan estava de volta, próximo dela.

— Você não entende — ela gritou. — Se eles vierem, eles vão destruir vocês,
como destruíram minha vida!
Ela estava ofegante pelo esforço, suor pontilhando sua pele. Algo quente e
úmido correu por seu braço, mas ela estava muito chateada para se preocupar com
isso.

Sammi empurrou as cobertas de lado e balançou as pernas para o lado, mal


notando que ela estava vestindo uma camiseta de algodão da Victoria’s Secret8 que
devia pertencer a Jane.

As mãos de Tristan caíram sobre os seus ombros e segurou-a firme enquanto


ele se ajoelhava ao lado da cama. — Você está sangrando.

— Eu tenho que ir.

— Por quê?

Sammi sacudiu a cabeça. Era como se seus pensamentos estivessem confusos,


como se o sono mais uma vez pesasse sobre ela. — Eles virão atrás mim. Eles
sempre vêm atrás mim.

— Quem? — Ele insistiu.

O corpo já fraco de Sammi foi rapidamente perdendo a pouca energia que


tinha. Lágrimas ardiam em seus olhos, cheios de frustração. Estava tão cansada, e
eles continuavam a fazer perguntas. Ela não conseguia se lembrar do que ela disse
a eles e o que ela não tinha. O fardo de tudo pressionado sobre ela, afundando-a
mais e mais em um lugar que sabia que nunca ia voltar a sair.

8-Famosa marca de roupa intima feminina.


Ela o empurrou de lado e levantou. Ele estava de pé diante dela, mais uma
vez, bloqueando seu caminho e forçando-a a olhar para ele. Suas mãos eram
grandes e a seguravam com cuidado, mas firmemente na frente dele.

Ele observou-a cautelosamente, como se a estudasse. Em seus olhos, ela viu


a verdade e a compreensão. Se alguém pudesse ajudá-la, este só poderia ser Tristan.

Se ela se atrevesse a dizer-lhe.

Ele afastou uma mecha de cabelo do seu rosto, sua grande mão suave e
tranquilizadora. Seria tão bom poder deixar alguém levar seus fardos por um
tempo. Ela estava tão... Cansada.

— Sammi, quem está atrás de você? — Ele perguntou, sua voz ainda mais
profunda, mais suave.

Era quase como se sua voz estivesse dentro de sua cabeça. — Eu não sei
quem eles são exatamente.

Ele deu um aceno de cabeça, uma ligeira elevação no canto dos lábios. —
Diga-me o que você sabe. Deixa-me ajudar.

Ela balançou a cabeça. Sammi não sabia como ela não lhe contou tudo. Em
sua mente, ela relatou todo o incidente.

Foi um alívio, na verdade. Compartilhar sua carga dentro de sua mente ajudou
mais do que ela percebeu. Ela deveria ter feito isso antes.

— Está tudo bem. — Os polegares de Tristan estavam esfregando lentamente


seus braços em círculos. Foi um pequeno movimento, mas era reconfortante. Seu
toque a acalmou.
Tranquilizou-a.

Como ela poderia lutar contra algo que a fazia se sentir tão bem? O homem
dos seus sonhos a tocando, falando com ela com voz sexy. Se ao menos ela tivesse
a coragem de dizer-lhes tudo o que sabia. Se ao menos ela tivesse a força para ficar
em pé por mais de dois segundos.

Ela não resistiu quando ele a empurrou de volta para a cama. Suas mãos
estavam rápidas e concisas quando ele lhe puxou a manga e limpou o sangue antes
de substituir o curativo.

Em seguida, ela foi mais uma vez colocada debaixo das cobertas. Assim que
ela fosse capaz, ela iria sair, disse a si mesma enquanto seus olhos ficaram pesados.
Era a única opção que restava para ela.

— Eu acho que ela nem sabe que te disse. — Disse Banan.

Tristan olhou para Sammi. O pânico e o medo que ele viu em seus olhos o
deixava frio. — Não, ela não sabe.

— Como você fez isso?

Ele não tinha ideia. Algo dentro dele pediu-lhe para pressionar Sammi, mas
mesmo quando ele fez isso, ele podia sentir sua magia sondando em sua mente.
Agora ele sabia qual a magia que tinha como um Rei Dragão, ele poderia fazer as
pessoas dizer-lhe o que ele queria.
Sammi não apreciaria. Se ela descobrisse.

Tristan deu de ombros. — Acabou de acontecer.

— Ah. — Banan disse com um aceno de compreensão.

Tristan esfregou uma mecha de seu cabelo entre os dedos. Ele queria puxá-la
em seus braços e abraçá-la. Ele queria protegê-la das pessoas que se atreveram a ir
atrás dela.

Ele olhou para cima para encontrar Banan observando-o. Tristan largou o
cabelo de Sammi mas não se afastou da cama.

— Sammi é irmã de Jane, — disse Banan. — Não vai brincar com ela.

— Em outras palavras, fique longe?

Banan caminhou ao redor da cama para ficar ao lado dele. — Eu só estou


pedindo que você não se meta em nenhuma confusão com ela, se você precisa
aliviar o seu pênis. Encontre outra mulher para isso.

Tristan afastou seu olhar para longe dela e para o rosto de Banan quando ele
calmamente mudou de assunto. — Nossa verificação inicial mostrou que ela não
usou seu cartão de crédito, celular ou acessou seu banco em um mês.

— O pub foi destruído há um mês. Isso significa que ela esteve só por conta
própria este tempo todo.

— Como ela conseguiu sobreviver sem ajuda?

— Pela forma como está tão magra, eu estou apostando que ela perdeu
bastantes refeições. — Tristan pensou em tudo que Sammi lhe disse, e ficou
bastante irritado com o que ela passou. — Eu gostaria de encontrar os idiotas que
explodiram seu pub e atiraram nela.

— Eu também. Quer me ajudar a procurar por eles? — Perguntou Banan


com um sorriso insolente.

— Eu gostaria muito disso. Então eu vou mostrar-lhes que eles deveriam


pegar alguém do seu próprio tamanho.

— E se for Ulrik?

— Nós vamos colocá-lo em seu lugar de uma vez por todas.


Os olhos de Sammi se abriram. Por um minuto ela simplesmente olhou para
a parede. Ela não conseguia se lembrar da última vez que se sentira tão descansada.
Não era apenas sua mente. O corpo dela estava melhor também. Seu ombro ainda
doía, mas não era a dor constante de antes.

Ela rolou para o outro lado para ver que o relógio marcava 05h03 na luz verde
suave. Sammi pulou da cama e empurrou de lado as cortinas para ver que o céu já
estava claro.

Amanheceria em breve. Ela poderia facilmente escorregar para fora da


mansão até seu carro e sair antes que alguém acordasse. Não era exatamente uma
coisa agradável de fazer, mas ela não estava tentando ser legal.

Ela estava tentando manter sua irmã e os que estavam em Dreagan seguros.

Sammi retirou a camisola enquanto ela caminhava para o banheiro e ligou o


chuveiro. Escavando rapidamente em sua bolsa encontrou uma presilha que ela
usou para proteger seu cabelo antes que ela entrasse no jato de água quente.

Cuidando para manter seus pontos secos, Sammi apressadamente se banhou.


Ela secou tão rapidamente e só então se perguntou onde suas roupas estavam.

Ela saiu do banheiro e deixou escapar um suspiro quando viu seu jeans e
várias camisas empilhadas ordenadamente em uma cadeira. Sem perder mais um
minuto, vestiu-se e correu os dedos pelos cabelos.
Realmente não importava o que ela parecia enquanto corria por sua vida.
Sammi olhou para seu reflexo no espelho e odiava a pessoa que ela se tornou.

Pelo menos ela conseguiu se impedir de derramar para fora a verdade e


envolver Jane e os outros mais do que já estavam.

Sua vida não foi exatamente perfeita, mas ela tinha o pub e uma vida decente.
Ela poderia ser solitária e, na verdade, contemplando namorar pela Internet, mas
estava muito longe de onde ela estava antes.

Como o Daniel que ela conhecia se envolveu com essas pessoas? A ideia de
fazer dinheiro era tão atraente que qualquer coisa que poderia ter lhe chamado a
atenção de forma errada, foi empurrado para o fundo de sua mente?

Se ao menos ela tivesse visto quem ele realmente era, então ela teria corrido
dele, em vez de se envolver em tal fiasco.

Com a mentira de Daniel que ela estava fora da cidade quando a Máfia fez
uma visita à seu pub, eles sabiam que ela estava viva. Portanto, não haveria
descanso para ela. A Máfia iria continuar a pesquisar, esperando para que ela de
alguma forma cometesse um erro para que pudessem encontrá-la.

Em todo o tempo que ela conheceu Daniel, ela nunca o viu tão assustado. Ele
não foi sábio quando se envolveu com as pessoas erradas, mas ele sempre
conseguiu ficar à sua maneira, fora de qualquer situação.

Até esta última vez.

Sammi ainda podia ouvir a voz do líder em sua cabeça. E dava-lhe arrepios de
medo o tempo todo.
Com um aceno de cabeça, ela afastou-se do espelho e caminhou até a porta.
Lentamente, ela virou a maçaneta sem fazer um som e avançou até abri-la.

Quando ela não viu ninguém de pé em frente à sua porta, ela olhou para a
esquerda e depois à direita. Não havia uma alma à vista, assim como ela esperava.

Sair da casa enorme, no entanto, ia ser inteiramente outra questão. Sammi


manteve-se a um lado do longo corredor até uma bifurcação, entrou para a
esquerda, apenas para chegar a uma parede.

Sem nenhuma outra escolha, ela se virou e começou a voltar para o outro
lado. Não demorou muito tempo para encontrar as escadas. No momento em que
ela chegou ao piso inferior, sua respiração estava vindo em grandes suspiros.

Sammi fez uma pausa enquanto tentava se lembrar de como Jane a levou para
a mansão. Não foi pela porta da frente. Cautelosamente, ela andou de sala em sala
até que ela finalmente entrou na cozinha.

Quando ela estava prestes a entrar na sala, ela viu um homem despejando duas
canecas de café. Sammi apressadamente se apertou contra a parede e orou para ele
não vê-la.

Ela se escondeu atrás de uma planta, segundos antes que o homem alto saísse
assobiando alguma música desconhecida. Sammi soltou a respiração que estava
segurando.

Depois de contar até cinco, ela se levantou e correu para a cozinha. O cheiro
do café era tentador, mas ela ignorou-o quando deslizou para fora da mansão.
Uma rápida olhada em volta mostrou que estava sozinha. Ela queria correr
para o carro, mas isso só iria causar suspeita. Então, com grande esforço, ela
manteve o ritmo de uma rápida caminhada até que ela passou uma fileira de sebes
altas, espessas e ela viu o estacionamento de convidados da destilaria.

Sammi correu o último pedaço para chegar ao carro roubado, deslizando no


cascalho quando ela agarrou a maçaneta da porta. Ela conseguiu ficar em pé e
abriu a porta. Uma vez que ela estava ao volante, lançou outro olhar ao redor.

Nos campos afastados do lado direito ela podia ver homens pastoreando as
ovelhas soltas de seus currais. Sua sorte estava garantida, porque, além disso, não
havia ninguém mais a vista.

Ela não deu-lhes outro pensamento quando ligou o carro e deu ré. Em
instantes ela já estava dirigindo à uma longa viagem e deixou Dreagan ficar cada
vez menor em seu espelho retrovisor.

— Tem certeza que esta é a maneira certa de lidar com isso? — Jane
perguntou a Banan pela terceira vez naquela manhã.

— Sim, amor.

Tristan não tirava os olhos do carro vermelho desbotado de Sammi indo


embora. — Ela queria sair ontem à noite. Se eu não a tivesse forçado a dormir, ela
teria. Agora, pelo menos, nós estamos preparados para segui-la.
Jane soltou um suspiro frustrado. — Ela nunca vai nos perdoar.

— Você prefere ter o seu perdão ou tê-la viva? — Perguntou Banan. —


Porque isso está vindo para ela. A Máfia está atrás dela, amor.

Tristan esfregou o queixo. — Acho que é muita coincidência ter outra mulher
na Dreagan fugindo de alguém.

— Isso parece estranho — Jane respondeu com uma careta. — Você não acha
que os Fae escuros tem algo a ver com isso, não é?

Tristan e Banan trocaram um olhar.

Banan pegou a mão de Jane na sua. — Neste momento, tudo é possível. Nós
não podemos saber até que vejamos se alguém a está seguindo.

— Basta ter cuidado. Tanto com ela, como com você. — Jane acrescentou.
Ela deu um beijo em Banan e colocou os braços ao redor de seu pescoço enquanto
o segurou contra ela. Ficaram assim por alguns minutos.

Então, para surpresa de Tristan, Jane o abraçou. — Mantenha minha irmã


viva.

— Eu vou. — Ele disse e se afastou caminhando até o Coupe BMW 640i que
estava à espera.

Um momento depois Banan deslizou atrás do volante e ligou o carro. Ele deu
a Jane um aceno à medida que se afastavam. — Ela nunca vai me perdoar se algo
acontecer com Sammi.
— Nós não vamos deixar nada acontecer com ela. — Tristan sentiu o olhar
de Banan sobre ele. Não era apenas, porque Sammi estava com problemas que fez
Tristan saltar para protegê-la. Ela era da família de Jane e Banan, o que significava
que, apesar de Sammi não ter ideia de que eles eram Reis Dragões, ela também era
uma parte de sua família.

Espontaneamente, uma imagem de mãos com longas garras azuis claras


cobertas de sangue brilhou em sua cabeça. Tristan não se permitiu considerar por
que a imagem apareceu de repente ou o significado por trás dela.

Ele sabia que a pele dos Guerreiros primitivos mudava de cor de acordo com
o dragão primordial dentro deles quando eles chamavam a um quarto dragão.
Tristan também sabia que tinham garras.

Se tivesse sido um flash de seu passado? Estariam às memórias lá como Laith


sugeriu, e elas estavam apenas reprimidas? Se assim fosse, o que ele fez para deixar
uma sair?

Mais importante, ele queria mais?

De certa forma, era mais fácil continuar como estava, sem as memórias de
uma vida passada como Duncan Kerr, um guerreiro imortal com um deus
trancado dentro dele.

Em seguida, lembrou Ian. O irmão gêmeo idêntico de Duncan. Até agora,


Ian não veio para Dreagan ou tentara entrar em contato com ele, mas Tristan sabia
que era apenas uma questão de tempo até que ele o fizesse. Então o que
aconteceria?

— Essa é uma carranca profunda que você está fazendo — disse Banan.
Tristan relaxou os músculos e encolheu os ombros. — Há muita coisa em que
pensar.

— Por que eu tenho a sensação de que não está referindo-se a Sammi e seus
problemas, mas sim a certo guerreiro chamado Ian?

— É assim tão óbvio?

Banan balançou a cabeça enquanto olhava para a tela no painel de


instrumentos, onde uma luz vermelha estava piscando, mostrando-lhes o caminho
de Sammi, graças à colocação de um dispositivo de rastreamento em seu carro
obtido de um amigo de Banan e contato no MI5, Henry North. — Eu sei que
Phelan estava pressionando-o. Não fique zangado com ele. Ele está fazendo isso
por Ian. E por você.

— Ele não me conhece.

— Ele pode não ter te conhecido como Duncan, mas ele conheceu você
como Tristan. Os guerreiros têm uma ligação tão próximas como a que nós temos.
Eles olham e protegem os seus próprios. Ian quase não pode permanecer no
controle do seu dragão, ele estava tão devastado por sua perda, quero dizer pela
morte de Duncan.

Tristan se mexeu na cadeira e puxou o cinto de segurança, ele odiava usá-lo.


— Você sabia quem eu era quando vim pela primeira vez para Dreagan? Você
sabia que eu fui um guerreiro?

— Não. Não num primeiro momento.

— Quando você percebeu isso?


Os lábios de Banan se cerraram. — A primeira vez que lutamos ao lado dos
Warriors. Acho que Con sabia antes disso, mas ele manteve para si mesmo.

— Alguém já imaginou que poderia haver uma boa razão para eu não lembrar
de outra vida?

— Ocorreu-nos.

— Mas todo mundo ainda acha que eu deveria encontrar-me com Ian. —
Tristan esperava que o resto dos Reis dragões ficasse ao lado de qualquer decisão
que ele tomasse sobre o assunto. Em vez disso, eles, como Phelan, achavam que
ele deveria encontrar Ian.

Banan desacelerou o carro para entrar numa curva acentuada, antes que ele
apertasse o acelerador e o motor rugisse quando acelerou pela estrada. — Porque
você tem o que nós não temos. — Família. Todos da nossa família morreram na
guerra com os humanos ou eles foram mandados embora.

— Você tem Jane. — Tristan lembrou.

Um sorriso torto apareceu no rosto de Banan com a menção de sua


companheira. — Sim. Eu tenho. E Sammi é uma parte dessa nova família.

O resto, não dito, foi deixado implícito.

Tristan não se importava que os reis fossem sua única família. Ele não se
importava que ele não tivesse memórias antes de dois anos atrás, quando ele caiu
do céu. Talvez isso fosse algo para se preocupar.

— Se você realmente não quer ver Ian, então nós vamos te apoiar. — disse
Banan.
Tristan olhou para o Rei dos Azuis. — O que você faria?

— Isso não é fácil de dizer. Lembro-me de minha família, então eu faria tudo
o que pudesse para encontrá-los se me fosse dada a oportunidade. Embora eu ache
que você está certo. Eu acho que as memórias de quando você era Duncan se
foram, porque você não poderia ser um Rei Dragão e querer estar com seu irmão
gêmeo.

Tristan pensou novamente na pele azul claro e garras que viu em sua mente.
De alguma forma ele sabia que quando foi um guerreiro, sua pele era azul claro.

— Ela está parando — Banan disse de repente, puxando Tristan de seus


pensamentos.

Tristan olhou para o ponto vermelho na tela, já não estava se movendo. —


Pode ser o tráfego. Ela está vinte minutos a nossa frente.

— Sim, essa é a aldeia. Ela parou nela. Eu sei isso.

— Por que ela iria se arriscar?

Banan riu. — Porque Sammi adora comer. Ela está faminta por muito tempo,
mas agora seu corpo precisa de comida novamente. Ela vai ser duramente
pressionada para não pular uma refeição tão cedo.

— Eu odiaria pensar que alguém estava olhando Dreagan sem o nosso


conhecimento, mas estou quase esperando que os bastardos tente algo em breve.
Eu gostaria de conhecê-los.

Os olhos de Banan brilhavam com emoção e vingança. — Eu também.


Tristan sorriu, reconhecendo a mesma necessidade de defender, proteger.
Exceto que sentia isso diferente com Sammi quase como se ela fosse sua para
guardar.

Dele.

O pensamento enviou uma espiral de luxúria direto para seu pênis.


Sammi desligou o carro, mas permaneceu dentro enquanto ela casualmente
deixava o olhar vagar sobre a pequena aldeia. Havia quatro bares, um restaurante,
um supermercado, e um posto de gasolina, juntamente com uma agência bancária
e dos correios.

O tamanho da aldeia deveria tê-la colocado à vontade. Em vez disso, o


formigamento voltou com força total. Ela esfregou atrás de seu pescoço e olhou
em volta para ver o que a eriçou.

Seu estômago roncou alto, lembrando-lhe da razão pela qual ela parou. Ela
precisava de comida e POS9 precisava de gasolina.

— Um lanche rápido para nós dois — ela murmurou quando abriu a porta e
saiu.

Não havia uma nuvem à vista. O céu estava azul tão brilhante que doía os
olhos ao olhar para ele. No entanto, era perfeito para usar óculos de sol para que
ninguém soubesse para o que ela estava olhando.

Sammi deslizou do banco do carro e ajustou a bolsa em seu ombro antes de


entrar no restaurante e encontrar uma mesa que lhe deu uma visão da porta, mas
perto o suficiente para que ela pudesse correr para fora se necessário.

9- POS ou PoS e um ponto de venda ou ponto de serviço (do ingles: Point of Sale ou Point of Service). Pode ser uma
caixa registradora em uma loja, ou outro local onde ocorre uma transaçao de venda. (Wikipedia)
Era cedo o suficiente para que ela fosse capaz de conseguir seu pedido quase
assim que ela se sentou. A garçonete foi rápida em trazer-lhe um pouco de café, e
Sammi ficou grata pela dose de cafeína oferecida.

Desde que ela estava sentada perto de uma janela banhada pelo sol, ela foi
capaz de ter uma razão para manter seus óculos de sol. Sammi olhou pela janela e
encontrou seus pensamentos voltando-se para profundos olhos com alma e cabelo
castanho com mechas douradas, de um corpo musculoso que suas mãos coçaram
para tocar.

Tristan. Ela não queria pensar nele, mas havia algo atraente e cativante sobre
ele. Não era apenas o seu corpo sublime ou sua boa aparência de dar água na boca.
Era a maneira como ele olhou para ela, como se ele quisesse ver sua alma.

E então lá estava a sua voz. Sammi fechou os olhos, um começo de sorriso,


enquanto pensava na voz de barítono. A maneira como ele disse o nome dela fez
arrepios correr sobre sua pele.

Sammi esfregou os braços enquanto seu corpo reagia apenas pensando na voz
de Tristan. Ela ainda não entendia como ela teve a intenção de sair antes, mas ele
conseguiu acalmá-la.

Ela colocou mais açúcar em seu café, intrigada com a forma como os seus
medos pareciam derreter quando ele focou seu olhar sobre ela. Seu toque foi
indiferente quando ele agarrou seus braços, e, no entanto, foi o suficiente para
acalmá-la.
Era seu corpo dizendo-lhe o que sua mente não captou até então? Que ela
precisava desesperadamente de um homem? Certamente não. Ela já passou mais
de um ano sem um encontro antes. Não tinha?

Ela pensou em seu último encontro, que foi depois de Daniel. Sua comida foi
colocada na frente dela quando contava os meses. Não era um ano. Eram quase
três.

— Oh, Deus— ela murmurou.

— Há algo de errado com a comida? — Perguntou a garçonete.

Sammi olhou para cima e forçou um sorriso através de seu embaraço. — De


modo nenhum. Parece delicioso.

Ela cavou em seus ovos e linguiça enquanto a garçonete se afastava, olhando


para Sammi como se tivesse crescido outra cabeça nela. Sammi logo a esqueceu
enquanto devorava a comida.

Foi bom ver Jane novamente, mas a visita só confirmou o porquê ela tinha
que ficar longe de todos os seus amigos e de sua família. Seria tão fácil deixá-los
perto, mas ela sabia como seria a devastação quando os deixasse.

Nada valia a pena esse tipo de dor.

Sammi queria perder tempo com outra xícara de café, mas era hora de se
ocupar do POS e pegar a estrada novamente. Ela levantou-se e jogou na mesa
algumas notas quando ouviu a porta do restaurante se abrir.

Ela olhou para cima através de seus óculos de sol e viu um homem com cabelo
preto carvão e grossas mechas prateadas. A prata em seu cabelo não teria sido
perceptível exceto pelo fato de que ele não era um homem velho. Ele parecia estar
em seus trinta anos e lindo de morrer enquanto estava em roupas de couro de
motociclista completa e tons escuros.

Sua cabeça virou-se enquanto inspecionava o restaurante como se estivesse


procurando alguém. E então seu olhar pousou sobre ela. Ela não sabia como, pois
não podia ver seus olhos, mas não havia dúvida de que ele estava olhando para ela.
Sammi sentiu sua pele corando, o corpo formigando com uma necessidade que
não sentiu há um segundo antes.

Se ela não estivesse em guarda, ela poderia ter caído pelo cara bonitão, mas
não havia tempo para ligações de qualquer tipo. Não importa o quanto ela pudesse
querê-las.

Sammi deu-lhe um momento para se afastar da porta para que ela pudesse
sair, mas ele permaneceu onde estava. Com os dentes cerrados, ela pegou sua bolsa
e caminhou propositadamente para a porta.

Assim quando ela se aproximou dele, o homem tirou os óculos escuros e


aproximou-se dela, fazendo com que seus corpos colidissem. Outro rubor a
percorreu, mas foi abafado pelo medo que a dominou.

Sammi ergueu o olhar e viu-se olhando para uns olhos vermelhos. Ela piscou
e sacudiu a cabeça. Tinha que ser um truque do sol.

Em vez de verificar para ver se era mesmo o sol, ela passou por ele quando a
porta se abriu e dois casais de idosos apareceram. Dando-lhe o tempo que
precisava para cair fora.
Uma vez na calçada, ela não diminuiu. Ela estava sendo observada. O
formigamento estava de volta, mas esse era de medo e ansiedade. Ela sentiu isso
com muita frequência, desde que saiu de Oban.

Sammi subiu no carro dela e começou um exame. A verificação do gás disse


que tinha um quarto de um tanque. Ela esperava que fosse suficiente para levá-la
até a próxima cidade, porque ela não ia ficar por mais tempo nesta.

Ela retirou-se do seu local de estacionamento e foi embora. Quando ela fez,
ela olhou no espelho retrovisor para encontrar o cara bonitão do restaurante em
pé na calçada olhando para ela.

— Droga! — Gritou, batendo a mão no volante.

Ela ia ter de abandonar a ida ao POS e encontrar um outro carro agora. Se o


galã estava trabalhando para a Máfia, eles saberiam o que ela estava dirigindo e
poderiam facilmente localizá-la. Se ele não fosse, então estava apenas sendo
cautelosa.

Sammi estava chegando ao limite da aldeia, quando seu carro começou a


falhar e, em seguida, acabou morrendo. Ela puxou o carro e desligou a ignição
mesmo que o carro já estivesse sem vida. Com seu coração batendo forte, ela
estava tentando convencer a si mesma que era apenas uma coincidência que o
carro roubado finalmente morreu.

— Não há coincidências — disse ela, repetindo as palavras que sua mãe disse
tantas vezes quando ela estava viva.
Suas mãos tremiam quando ela passou sua bolsa pela cabeça e enrolou no
braço completamente. Atrás dela estava a aldeia. Os correios estavam de um lado
dela e uma divisão de habitação, no outro.

A única saída estava diante dela na vastidão selvagem, aberta do campo. Ela
engoliu a crescente massa de medo em sua garganta. Que escolha tinha? Ela não
podia chamar Jane e pedir ajuda. O ponto em deixar Dreagan era afastar o mal da
sua meia-irmã.

Voltar à vila também não era uma opção. A máfia não se importava se eles
tiravam a vida de inocentes em seu esforço para capturá-la.

Seu olhar voltou para as montanhas ao seu redor. Ela poderia viver da terra
por um tempo e realmente desaparecer. Uma imagem do momento em que sua
mãe tentou levá-la para um acampamento quando tinha dez anos veio à mente,
fazendo com que Sammi sorrisse para a catástrofe que ocorreu.

Em seguida, seus olhos começaram a rasgar o pensamento de sua mãe. Como


ela sentia falta dela. Tinha um vazio dentro dela desde o dia que o espírito de sua
mãe deixou seu corpo.

Com o canto do olho, Sammi viu um Lexus SUV ir para o lado da estrada
atrás de um carro estacionado. Isso foi tudo o que precisava saber para ela tomar
uma decisão.

Ela inclinou-se sobre o lado do passageiro para olhar para qualquer tipo de
arma que poderia estar escondida debaixo do assento. Uma batida na janela dela a
fez girar, com um grito em seus lábios.
O cara imediatamente levantou as mãos. — Eu só estava verificando se você
precisa de ajuda para empurrar o carro na estação. Eu sou um mecânico.

Sammi abriu alguns centímetros a janela manual, seu coração ainda na


garganta por causa de seu susto. — Hum... eu acho que poderia precisar,
finalmente, este está oficialmente morto.

O homem riu, e foi aí que ela percebeu a graxa em suas mãos e roupas. —
Você ficaria surpreso com o que posso trazer de volta à vida.

Ele tinha típicos olhos azuis e pele morena, provavelmente, ele parecia mais
velho do que realmente era. Sammi olhou para o posto de gasolina e viu que não
havia nada por trás dele. Um olhar pelo espelho retrovisor mostrou o Lexus ainda
estacionado e havia homens no seu interior.

— Obrigada. Vou aceitar sua oferta — disse ela.

O homem olhou para trás com uma carranca. — Alguém está incomodando
você, menina? Meu cunhado é um policial aqui. Devo chamá-lo?

— Não há necessidade. Quando eu estiver de volta a estrada, eu vou ficar


bem.

Ele não parecia convencido, mas foi até a traseira do carro. — Coloque-o em
ponto morto.

— Ela está no limite, — Banan declarou firmemente.


Tristan concordou. — Esse Fae escuro ainda está lá atrás. Eu gostaria de um
pouco de tempo com ele.

— Aqui não. Não agora. — Banan passou a mão pelo rosto. — Você já
chamou os outros e eles foram informados. Eles vão estar em alerta. Eu ainda não
posso acreditar que um daqueles excrementos do mal esteja tão perto de Dreagan.
Eles deveriam saber melhor.

— Ele não está atrás de nós. — Tristan girou a cabeça para olhar para Banan.
— Ele está atrás de Sammi.

A testa de Banan franziu profundamente. — Como é que ela conseguiu se


afastar dele? Ele tinha os olhos em cima dela. Eu vi mulheres tirarem a roupa
depois de apenas um olhar de um escuro.

— Eu não me importo. Estou feliz que ela o fez. — Tristan saiu do veículo,
logo que ele viu o Fae escuro, mas Banan o deteve. — Seriamente nós não vamos
deixar que o escuro escape, não é?

Banan soltou um suspiro profundo. — Se o fizermos, ele vai fazer Ulrik achar
que nós ainda não descobrimos o seu papel neste processo.

— Não há dúvida que ele de alguma forma está ligado aos Faes escuros e de
quem está tentando nos expor.

— Não há ninguém mais, só Ulrik. A bala que você tirou de Sammi provou
isso.
Tristan ouviu a nota de tristeza na voz de Banan. Ele não conhecia Ulrik, mas
ele não podia imaginar a traição sentida por Banan e os outros reis que o
conheceram. — Eu sinto muito.

— Todos nós sabíamos que esse dia chegaria. Teria sido mais fácil se Con
apenas o tivesse matado em vez de deixá-lo sem a sua magia ou a capacidade de
mudar.

— Vamos colocar um fim a isso. Agora o nosso foco precisa estar em Sammi
e o que a Máfia preparou para ela. Você acha que eles a fizeram de alvo porque ela
é irmã de Jane?

Banan deu de ombros. — Eu me pergunto isso e ainda não consegui chegar


a uma resposta. Eu acho que é algo que devemos ter em mente até conseguirmos
mais peças para este crescente quebra-cabeça.

— Concordo.

Tristan observou quando Sammi e o mecânico pararam o carro na garagem.


Ela saiu e disse algumas palavras para o homem antes de entrar no posto dos
Correios.

Ele a perdeu de vista por trás das prateleiras altas, mas não era como se ela
pudesse ir a qualquer lugar, sem voltar pela porta que ela entrou.

O celular de Banan esboçou um texto. — Ryder, Rhys, e Laith acabando de


chegar.

— Boa. Eu não estou tranquilo com o Lexus SUV. Ele não se moveu e
ninguém saiu desde que estacionou.
— Eles podem possivelmente ser Ulrik ou seus homens. Como eles iriam
saber onde Sammi está?

Tristan deu um murro na coxa. — Como poderíamos ser tão estúpidos? Ela
é irmã de Jane, Banan. Aonde mais iria se ela estivesse em apuros?

— Filho da puta. — Banan disse quando ele abaixou o queixo no peito. —


Eles a levaram a acreditar que estava sendo seguida.

— E nós assumimos que é o que eles estavam fazendo.

— Essa suposição poderia ter acabado com Sammi sendo morta ou raptada.

Tristan soltou o cinto de segurança quando ele se inclinou para frente para
olhar para a loja. — Isso significa que eles direcionaram-na desde o início para
chegar até nós.

— Kellan e Denae foram tomados pelos Faes Escuros, Tristan. O que eles
tem planejado para Sammi?

— Seja o que for não pode ser bom. — Tristan mal disse a última palavra
quando ele viu algo no campo atrás do posto de gasolina. — Eu não posso
acreditar. Sammi está correndo!
O toque estridente do telefone interrompeu seus pensamentos. Ele largou a
caneta e pegou o celular em cima de sua mesa. Ele trouxe o telefone no ouvido e
se inclinou para trás, apoiando os pés sobre a mesa grande e se preparou para seu
sotaque Inglês. — Sim?

— Nós a encontramos. Ela estava em Dreagan assim como você disse que ela
estaria.

— Bom Bom. Vocês a tem?

— Ainda não, senhor. Nos a temos encurralada. Devemos tê-la dentro de uma
hora.

Ele baixou os pés de volta para chão e apertou o telefone. — Não estraguem
isso, Stevens. Eu esperei muito tempo para ter Samantha Miller. Leve-a em silêncio.
Aqueles em Dreagan vão saber em breve que nós a temos.

— Há mais uma coisa, senhor, — Stevens disse hesitante.

Ele apertou os dentes em frustração. — Desembucha.

— Há um escuro aqui.

Ele sentou-se reto. Um Fae escuro? Tão perto de Dreagan? Ele certamente
não os convidou a participar na caçada da Sammi. Ele planejou contatá-los uma
vez que ele tivesse Sammi, mas não antes. A menina foi feita para outra coisa que
não o prazer de um escuro. — Onde ele está?
— Foi-se agora.

Através dos séculos ele tinha total controle sobre tudo e todos. O único fator
que se mostrava volátil era a sua aliança com os Fae escuros. Como estava
comprovado agora.

— Se ele ou qualquer um dos outros escuros retornarem, me ligue


imediatamente. Eles levaram Denae da última vez e olha como isso acabou. Eu
não vou...— Ele parou e limpou a garganta, odiando o sotaque escocês, que saia
quando ele estava chateado. — Eu não vou tê-los interferindo novamente. Agora,
há mais alguma coisa, ou você está indo ganhar o dinheiro que estou pagando?

— Isso é tudo, senhor.

Ele desligou e deixou o celular ao lado de outros quatro. Graças a um erro


após Kellan e Denae terem sido sequestrados, ele teve que conseguir novos
números.

Os Reis Dragões não levariam muito tempo para concentrar seus esforços em
seu inimigo. E ele estava mais do que preparado para isso. Eles não tinham ideia
do que ia vir para eles.

Ou a partir de quantos lados seriam atacados.

Seria quase demasiado divertido assistir.

Ele se levantou da cadeira e caminhou ao redor da mesa para as portas de


vidro duplas abertas para o jardim. Era apenas mais um dia normal para os seres
humanos. Mas ele não iria permanecer assim por muito tempo.
Dragões mais uma vez iriam governar o reino como se tivessem nascido para
fazê-lo. Não teriam mais de se acovardarem e se esconderem. Os dragões
colocariam os seres humanos de volta em seu lugar.

Isso significaria uma guerra entre ele e os reis dragões, mas ele não estava
preocupado. Ele tinha um ás na manga, um que os reis nunca veriam chegando.
Ele mal pôde conter a emoção a cada dia que passava e ele ficava mais próximo de
seu objetivo o qual ele levou milhares e milhares de anos para planejar.

— O primeiro a ser derrubado será Com — disse ele quando ele inclinou um
ombro contra uma coluna e olhou para a área colorida do jardim. — Kellan será
o segundo.

Depois disso, ele realmente não se importava com a ordem. Os reis teriam
que escolher um lado, ficarem com ele ou morrerem. Não haveria retirada dos
poderes deles, nem os impediria de se transformarem. Eles simplesmente
morreriam.

Isso não queria dizer que lhes daria uma morte fácil, ou indolor. Afinal, ele
sofreu. Ele o faria bem.

Pensou no Fae escuro. Sua razão de estar tão perto de Dreagan deveria ter
algo a ver com Taraeth perder o braço para um mortal e perder o Rei Dragão que
foi capturado.

Sua intenção era de trazê-los mais tarde, podia não ter sido uma boa ideia. Ele
reavaliou o cenário e o incômodo de tentar capturar Samantha Miller.

Ele sorriu enquanto se virava e começou a formar um novo plano.


Sammi correu tão rápido quanto suas pernas poderiam levá-la. Ela tropeçou
e se debateu a caminho de um bosque de árvores para poder ganhar alguns
segundos de fôlego antes que desse uma volta rápida para a direita e se dirigisse
para as montanhas.

Ela queria olhar para trás para ver se alguém a estava seguindo, mas não podia
arriscar. O terreno era irregular e perigoso para alguém que não sabia o que estava
fazendo, o que significava ela.

Sua bolsa batia contra sua coxa exterior aproximadamente o suficiente para
deixar uma contusão. Não era nada comparado com a dor em seu ombro. Suas
botas funcionavam bem quando ela chegou à base da montanha e começou sua
escalada. A paisagem inclinava suavemente por caminhos, e as árvores
conseguiriam facilmente cobri-la.

Sammi começou a sorrir. Era assim que ela conseguiria tê-los bem fora de seu
caminho. Ou assim pensava até quinze minutos mais tarde, quando a subida era
quase vertical e as coxas queimavam tanto que ela mal podia dar mais um passo.

Tristan deixou Banan ficar com o homem do Lexus enquanto ele seguia os
dois que corriam atrás de Sammi. Ele não se incomodou em segui-los, porque ele
sabia que tomariam o mesmo caminho que Sammi. Em vez disso, ele esperou nas
árvores.

Ele olhou por cima do ombro para ver Sammi subindo para a montanha,
mesmo que sua subida tivesse desacelerado para um ritmo de caracol.

Mas foram os homens que a levaram a ele. A raiva corria quente, vibrante...
Perigosamente através dele quando ele se virou para os homens que se
aproximavam. Eles usavam jeans e camisas simples de cor escura, mas não havia
como negar o vislumbre de armas de fogo que viu enfiadas na cintura de suas
calças.

Tristan achatou as costas contra um pinheiro e esperou até que os dois


chegaram às árvores e passaram por ele. Deu dois passos atrás deles.

Ele levantou os braços e colocou a palma da mão em cada um dos seus peitos
quando ele chegou entre eles. Pararam de surpresa, dando-lhe tempo suficiente
para uma cotovelada no nariz de um antes de ele se virar e socar o rosto do outro.

Ambos os homens caíram silenciosamente no chão.

— Você não me deixou com quem brincar. — Banan disse enquanto corria
para cima, embora não houvesse nenhum sorriso no rosto.

— Eles não me deram muito exercício também. — Juntos se voltaram para a


montanha.

— Nós poderíamos segui-la. — Banan sugeriu. Tristan sacudiu a cabeça. —


Ela vai nos manter lutando e vai tentar fugir novamente. Ela acredita que vai levá-
los a nós.
— Sim. — Banan disse com um suspiro alto. — Não podemos dizer a ela
quem realmente somos.

— Ela não é estúpida. Ela vai descobrir isso quando Jane não envelhecer.

Banan chutou um tronco caído. — Eu sei. Jane estava tentando usar esse
argumento comigo na noite passada. O fato é que ela pode não estar sozinha.

— Eu vou segui-la.

Banan olhou com seu olhar cinza. — Se ela sabe que está sendo seguida será
susceptível de fazer algo tolo.

— Eu vou estar no céu. Ela nunca vai saber que eu estou lá.

Banan assentiu. — Vigie ela então. Vou levar estes dois, juntamente com o do
SUV e ver se podemos conseguir algo com eles.

— O mentor deles não pode saber que nós os paramos.

Um sorriso malicioso puxou os lábios de Banan. — Oh, ele não saberá. Guy
pode limpar memórias, muito facilmente meu amigo.

Tristan riu. Ele quase teve vontade de estar lá e ser uma parte para ouvir o
nome de Ulrik como seu líder. Então pensou em Sammi.

— Mantenha-a segura. — disse Banan.

Ele bateu no ombros de Banan e correu para a base da montanha para que
pudesse ter uma visão melhor de Sammi. Ele iria esperar até a escuridão chegar
antes que ele se elevasse para o céu. Até então, ele teria que segui-la a uma distância,
mas perto o suficiente para ajudar se o Fae escuro decidisse aparecer novamente.
Não demorou muito para Banan e os outros levarem os homens para um local
isolado. Eles tinham três cadeiras, mas não se preocuparam em amarrar suas mãos
ou pés.

— Acorda, acorda. — Laith disse enquanto ele batia no primeiro homem


violentamente.

O homem sacudiu a cabeça e piscou várias vezes antes que ele esfregasse o
queixo e olhasse ao seu redor. — Onde estou?

Banan permaneceu encostado na parede. — Dê-me o seu nome.

— Vá se foder. — O homem rosnou.

Rhys acertou um soco forte em seu rim, deixando o homem ofegante. —


Vamos tentar isso de novo.

— Nome — Banan repetiu mais alto.

— Stevens.

Banan não iria pressioná-lo imediatamente pelo seu nome completo. Isso viria
mais tarde. Havia assuntos mais importantes para serem esclarecidos. — Para
quem você trabalha?

Os olhos de Stevens se arregalaram. — Eu não posso te dizer.


Ryder esfregou as mãos enquanto caminhava em torno dos três homens. —
Vou lhe dizer o que sabemos. Você e seus companheiros são ingleses, você,
aparentemente, pode não estar vestido e nem falar como os outros, e você está
trabalhando para um homem que lhe enviou atrás de Samantha Miller.

— Você deixou de fora que eles não podem lutar — disse Laith.

Ryder assentiu. — Está certo. Agora, Stevens, seus outros dois amigos ainda
estão profundamente na terra dos sonhos. Se você nos disser o que queremos
saber, eles nunca saberão que você foi a pessoa que nos disse.

Banan observou enquanto Stevens considerou as palavras de Ryder. Mesmo


antes de o homem sacudir a cabeça, Banan sabia que Stevens não concordaria com
o negócio. Stevens e sua equipe eram militares altamente treinados. Eles iam levar
muito tempo para falar.

Agora Banan desejou ter mantido Tristan com ele, pois Tristan poderia usar
seus truques mentais nos homens e obter as informações que precisavam.

— Eu posso conseguir a informação dele — disse Laith.

Banan cerrou seus lábios. Ele poderia muito bem imaginar o que Con diria se
soubesse o que eles estavam fazendo. Pelo menos não era na terra Dreagan. —
Pode chegar a esse ponto.

Rhys ficou na frente de Stevens. — Você sabe quem e o que os Fae escuros
são, você não sabe?

Relutantemente, Stevens concordou.

— Você sabe quem somos?


— Sim. Vocês são de Dreagan.

Rhys trocou um olhar com Banan antes que ele perguntasse: — Você sabe o
que nós somos?

— O que você é? — Repetiu Stevens enquanto seu olhar ficava preocupado.

Rhys aproveitou a oportunidade que se apresentava. — Portanto, o seu mestre


não falou sobre nós.

— Ele falou. Sabemos que todos em Dreagan são perigosos.

— Ele ressaltou direito a parte perigosos. — Afirmou Laith com a voz fria.

Banan veio para ficar ao lado de Rhys e olhou para os homens que estavam
ladeando Stevens. — O que mais o seu mestre lhes disse sobre nós?

— Ele disse da necessidade de tomar conhecimento, e que eu não precisava


saber.

Assim como um militar, acostumado a receber ordens. Banan agarrou o


homem pelo pescoço e apertou. — Você tem uma oportunidade de me dizer qual
era o seu plano para Sammi ou eu vou cortar sua garganta. Eu não posso deixar
que todos os três saiam daqui. A questão é, você vai ser o único inteligente?

Stevens agarrou a mão de Banan e empurrou para trás em sua cadeira


enquanto ele tentava fugir. — Fomos orientados para sequestrá-la — ele
resmungou.

Ele imediatamente liberou Stevens. — E levá-la para onde?


— Nós não temos essas ordens até eu ligar e confirmar que a pegamos—
Stevens disse ofegante.

Rhys cruzou os braços sobre o peito. — Diga-nos quem dá as ordens.

— Ele vai me matar — disse Stevens.

— Eu ficaria com mais medo de nós — Con disse enquanto casualmente


entrava na casa.

Banan olhou para Con, cujo olhar estava direcionado para Stevens. Como de
costume, Con estava impecavelmente vestido. Desta vez, ele usava uma camisa
azul marinho e calça cinza escuro.

Como se sentisse que ele estava rapidamente perdendo terreno, Stevens


balançou a cabeça. — Não importa o que você vai fazer comigo. Ele vai fazer pior.

— Então ele obviamente não lhe disse quem realmente somos. — Con disse
firmemente. Em seguida, ele virou a cabeça para Laith. — Mostre a ele.

— Com prazer — Laith disse enquanto tirava a camisa e kilt.

Con agarrou Stevens pela parte de trás do pescoço e arrastou-o para a janela.
— Observe — ele ordenou entre dentes.

Este era um lado de Con que Banan não viu em... Séculos. E Banan não tinha
tanta certeza que esta era uma mudança para melhor. Era um mistério como Con
sabia onde eles estavam.

Banan soube o momento que Laith se transformou em um dragão, porque o


rosto de Stevens ficou branco como a morte.
Stevens tropeçou para trás e murmurou: — Jesus.

— Tenha mais medo de nós — Con disse a ele, ainda segurando o homem
em um aperto firme. — Agora diga-nos quem é o seu mestre.

Stevens abriu a boca, mas antes que pudesse dizer alguma coisa, um Fae
escuro apareceu em torno deles.
Em algum lugar em uma pequena casa de campo...

Rhi mexeu os dedos dos pés enquanto olhava para as unhas após outra sessão
de pedicure com uma maravilhosa manicure. Desta vez, escolheu um laranja
brilhante intitulado A Good Man-Darin Is Hard to Find10, e como de costume,
sua técnica veio com um novo design que parecia uma pena inclinada na diagonal
ao longo de suas unhas em preto e prata.

— Eu acho que Jessie se superou — disse Rhi com um sorriso.

Seus tempos mani/pedi eram algo que fazia tão frequentemente quanto
gostaria. Não havia nada como aquelas poucas horas preciosas sendo mimada.

Ela colocou seu novo esmalte na prateleira com os outros, certificando-se de


colocá-lo com os outros da cor laranja que tinha. Sua coleção nunca seria
concluída. Pelo menos não enquanto eles continuassem criando essas lindas cores.

Rhi recuou e examinou sua prateleira. Algumas pessoas colecionam filmes,


CDs ou estatuetas. Ela colecionava esmalte. Excitação corria por ela quando
percebeu que estavam há poucos dias da OPI11 anunciar suas novas cores do verão.

10 Cor de esmalte para unhas resultante da mistura de vermelho com laranja (Opi.com-Google).
11 Empresa produtora de cosmeticos.
— Hmm. Eu posso ter que começar outra prateleira. — disse ela tocando em
seus lábios.

Não que isso importasse. Ela era Fae, uma Fae de Luz, para ser perfeitamente
claro, e poderia adquirir qualquer coisa que quisesse. O acordo com os Reis
Dragões afirmava que nenhum Fae de Luz ou Escuridão poderiam permanecer no
reino da Terra por longos períodos de tempo. Ela tendia a ignorar esse fato.

Além disso, não era a única Fae que estava quebrando as regras. Os Escuros
estavam infestando a Irlanda.

Rhi caiu sobre o colchão de sua cama de dossel. Os reis reivindicaram a


Escócia enquanto os Faes escolheram a Irlanda. Francamente, Rhi teria escolhido
um lugar como Bora Bora ou Santa Lúcia.

Seu sorriso desapareceu enquanto pensava no assunto em questão – Os


Escuros. Eles sempre foram um incômodo para a Luz, mas fizeram o impensável
ao sequestrarem um Rei Dragão.

Kellan não poderia ser tecnicamente chamado de amigo, mas era a coisa mais
próxima que ela tinha dentro dos Reis Dragões. Foi por ele e sua companheira –
Denae – que ela foi ao covil dos Faes Escuros para ajudá-los.

No processo ela descobriu que o homem que foi seu mentor, amigo, e sua
família não morreu nas guerras Fae como pensou. Ele virou Escuro.

Rever Balladyn trouxe muitas memórias, incluindo as de seu amante Rei


Dragão. Embora, se fosse honesta, as memórias dele nunca ficaram longe.
Rhi estremeceu quando ouviu o grito de sua rainha em sua cabeça, dizendo-
lhe que os escuros estavam atacando os Reis Dragões.

— Será que os idiotas têm um desejo de morte? — Ela murmurou enquanto


se levantava e olhava para suas novas botas de combate pretas. — A guerra com
os reis já não disse aos imbecis Escuros que não poderiam ganhar?

Rhi terminou de amarrar o segundo sapato enquanto olhava para dentro, no


olho da sua mente para procurar os Faes Escuros, na Escócia. Assim que os
localizou, usou sua mágica para se teleportar para a casa.

Ela permaneceu velada a todos por um instante enquanto se situava. Os


Escuros ultrapassam os reis em três contra um, e haviam três mortais que se
juntaram aos Escuros. Pela maneira com que Rhys olhava para um dos mortais,
Rhi suspeitou que os Reis tivessem estado... conversando... com os seres humanos
antes que os Escuros chegassem.

Rhi deixou cair o véu e se materializou com a espada na mão. Ela se virou e
abaixou sob o punho de Laith para balançar sua espada para cima no segundo
Escuro que lutava com Laith.

A lâmina, forjada pela Luz nos fogos de Erwar, foi um golpe fatal para o
Escuro. O bastardo mal gritou quando o metal envenenou seu sangue, e morreu
uma morte lenta e dolorosa.

Ela olhou para cima para encontrar Laith olhando, com os olhos cor de
bronze segurando o dela por um segundo antes da batalha chamá-los de volta.
Rhi mudou-se para a sua segunda vítima, a sensação da batalha assentando
sobre ela rapidamente e sem esforço. Ela poderia ter que pensar sobre isso mais
tarde depois que chutasse alguns traseiros dos Faes Escuros.

Faces desfocadas e os gritos de batalha desapareceram quando ela se


concentrou em um inimigo após o outro, enquanto se movia pelo quarto.

Estava prestes a mergulhar sua espada no peito de um Escuro quando foi


arremessada de lado. Colocou seu ombro para suportar enquanto rolava em suas
costas e depois voltou para seus pés sem que nada atrapalhasse.

Quando se levantou mais uma vez, seu olhar pousou em Balladyn. Assim
como da primeira vez em que o viu como um Fae Escuro, foi como um chute no
estômago, deixando-a sem ar.

Os olhos vermelhos de Balladyn brilhavam quando passou suas mãos grandes


em torno da cabeça de um dos três seres humanos, parando o homem em seu
caminho. Com apenas um toque de suas grandes mãos, Balladyn quebrou o
pescoço do mortal.

Como se fosse um sinal, os dois humanos restantes foram rapidamente


despachados, deixando apenas os Escuros, os Reis, e Rhi.

Ela torceu o pulso em um círculo enquanto balançava sua espada ao redor


dela. O homem que a ajudou a chorar pela morte de sua família e da perda de seu
amante foi embora. Em seu lugar estava um monstro cheio de mal e malícia.

Foi apenas a sorte que fez Con se fixar em Balladyn também. Rhi
teletransportou-se entre os dois antes de Con poder atacar Balladyn.
— Rhi. — Con disse com uma careta.

Ela ignorou o escárnio em sua voz. — Este é meu.

Os olhos negros de Con estreitaram quando olhou por cima do ombro para
Balladyn. — Por quê?

Rhi deu um empurrão em Con e girou para enfrentar seu ex-amigo com sua
espada pronta.

— Olá, bichinho. — Balladyn disse em seu sotaque irlandês, usando o apelido


que ele lhe deu quando era apenas uma jovem Fae. — Eu deveria saber que você
faria qualquer coisa para passar o tempo com esta turma.

— Eu avisei para escolher um lado. Eu avisei que iria matá-lo.

— Tempos perigosos, lembra-se, bichinho? — Seus olhos vermelhos


brilharam por um momento.

Rhi odiava o nó na garganta cheia de emoção para o homem que foi uma
rocha para ela, uma pedra que vacilou e desmoronou. Agora ia ter que matá-lo.

Ela respirou fundo e balançou sua espada.

Num espaço de um segundo, o Escuro desapareceu. Rhi usou tanta força em


seu ataque que não conseguiu parar sua espada. Ela soou contra o piso frio.

Por longos minutos permaneceu nessa posição enquanto ela tentou fazer com
que suas emoções ficassem sob controle depois de encontrar Balladyn de novo tão
cedo.

— Quem era? — Con perguntou suavemente ao lado dela.


Rhi odiava que não o ouviu aproximar-se. Ela levantou a espada e deslizou na
bainha que usava em volta de sua cintura. Claro, Con gostaria de saber justo o que
não queria dizer a ele.

— Rhi. — Rhys disse do outro lado da sala. — Como você sabia?

Ah. Algo que podia e daria uma resposta. — Minha rainha me disse. O que
estava acontecendo para trazer os Escuros para vocês?

Con entrou na frente dela. — Um Problema. Você não vai me dizer quem era
esse, não é?

— Não — respondeu simplesmente e passou por ele. Ele poderia pressioná-


la, especialmente desde que não podia mentir sem experimentar muita dor. Algo
que Con sabia muito bem. — Faes Escuros tão perto de Dreagan. Isso não é um
bom sinal.

Laith cutucou um dos humanos mortos com o pé. — E nem é o fato de que
eles mataram estes homens.

Ela considerou por um momento. — Eles mataram em vez de resgatar os


mortais? Isso é alguém que não se importa com quem está perdendo. Isso soa
como Taraeth, com certeza.

— Você o viu? — Perguntou Con.

Ele estava sendo muito agradável, com a voz muito suave. Ele estava dando
nos nervos. Ela viu Laith olhando-a novamente. — Não. Denae ainda está segura?

— Ela está com Kellan.


O que significa que é claro que ela estava. Rhi revirou os olhos. O conceito
dos Reis Dragões. Não ajudou que tinham todos os motivos para serem tão
arrogantes. — Bom.

Ela estava prestes a se transportar para fora da casa quando a mão de Con
agarrou seu braço. Rhi voltou seu olhar zangado para ele. — O quê? — perguntou.

— Esse Fae Escuro conhece você.

Rhi deu de ombros, notando com o canto do olho que os outros reis estavam
assistindo e ouvindo atentamente. — Se lembrar da sua história, os Escuros já
foram da Luz, que se viraram para a magia que corrompeu suas almas.

— Ele conhecia você. Você não pode mentir, e só pode escapar da questão
por algum tempo. Quem é ele?

Maldito, ela odiava Con. Graças a sua mãe que conseguiu o dilema nada
invejável de sentir dor intensa cada vez que tentasse mentir.

— Ele costumava ser um amigo — ela relutantemente respondeu.

Ryder esfregou o queixo. — Um muito próximo pelo uso do apelido


carinhoso.

— Ele é assunto meu. — disse Rhi. — Eu respondi a sua pergunta. Deixa-


me ir embora.

O fato de que Con ainda a estava segurando só a fez ficar mais irritada. Claro,
ele sempre fez questão de ressaltar quando ela tomava o caminho errado. Seu ódio
era mútuo, por isso não era como se estivesse ferida por suas palavras.
Com deliberada lentidão, Con a soltou e deu um passo atrás. — Então você
está livre.

— Rhi, espere. — Banan disse antes que ela pudesse se transportar. — O que
a Luz descobriu sobre as intenções dos Escuros?

Ela balançou a cabeça e pôs as mãos para que pudesse esfregar o local onde
Con tocou. — Não mais do que o que nós sempre soubemos. Eles gostam de
provocar o caos e causar estragos. Eu não sei o que qualquer um de vocês estavam
pensando ao enviar Kiril para a Irlanda para espiar, mas se eu fosse vocês, não iria
deixá-lo lá por muito tempo. Já existem rumores circulando de que um Rei Dragão
está em Cork.

— Será que eles sabem que é Kiril? — Con perguntou.

— Ainda não. Ele está colocando-se bem no meio das coisas. Isso pode ser
desastroso.

— Ele é um Rei Dragão.

Rhi se inclinou e tirou o pó de suas botas de combate. — Sim. E se outro de


seus Reis for capturado pelos Escuros de novo? E então?

— Eu não vou ligar para você, se é isso que está pensando.

Agora, este era o Con que ela conhecia e odiava. Rhi riu quando se endireitou.
— Você não fez isso pela primeira vez. Eu fui, porque era Kellan, e realmente
gosto dele.

— E nós apreciamos isto. — Banan disse antes que Con pudesse responder.
Rhi olhou para longe de Con e para Rhys, Laith, Ryder, e Banan. — Eu não
posso aparecer em Cork. Avisem para Kiril que ele provavelmente vai ser
descoberto em breve.

— Nós precisamos do que ele pode descobrir dos Escuros. — Disse Laith.

— Então vocês colocam um Rei com um sotaque escocês no meio do


território Fae? Isso é muito inteligente. — Ela disse sarcasticamente.

Rhys limpou a garganta. — Nós não podemos esperar por seus espiões.

Rhi não se ofendeu com o seu comentário. Era verdade que nenhum dos Fae
da Luz descobriu nada de importante. — Os Escuros notoriamente mantiveram
seus planos em suas próprias fileiras. Eles não confiam em ninguém, especialmente
na Luz. Não é como se nós pudéssemos usar um ser humano como espião. Eles
iriam contar tudo no primeiro olhar de um Fae Escuro.

— Falando nisso — disse Banan. — É normal para um ser humano não ser
afetado por um Escuro?

Rhi olhou para cada um dos Reis em torno dela. Havia alguma coisa
acontecendo, e pelo olhar perigoso de Con, era duvidoso que descobrisse o que
era tão cedo.

— Não — disse ela. — Denae foi a primeira que já vi. Como eu disse a Kellan,
a única coisa que posso concluir é porque Denae e Kellan fizeram amor antes do
Escuro os sequestrar.

— E se um ser humano tem tido pouco ou nenhum contato com um Rei? —


Banan pressionou.
Rhi pensou em voltar ao longo dos séculos. — Os seres humanos podem
tentar resistir a sedução de um Fae, quer se trate de um da Luz ou um Escuro.
Alguns até o conseguiram por alguns segundos, mas sempre cedem ao prazer que
sabem que vão conseguir.

Banan se abaixou e pegou uma das cadeiras que caíram e se inclinou. — O


que você pensaria se eu lhe dissesse que hoje vi um Escuro olhar para uma mulher
humana, e ela foi capaz de ir embora?

— Eu diria que ele provavelmente não estava muito interessado nela se a


deixou ir embora.

Banan sacudiu a cabeça. — Não. Ele estava interessado. Ela afastou-se.

Rhi olhou para os mortais mortos e notou suas roupas pela primeira vez.
Eram semelhantes às que o MI512 usou quando foram procurar Denae.

Mais seres humanos em uniforme militar. Os Faes Escuros ousaram chegar


perto de Dreagan. Os Reis Dragões interrogando os mortais. Aquilo tudo
significava apenas uma coisa: a guerra estava se aproximando.

Ela encontrou os olhos cinzentos de Banan. — Cuidado com a mulher,


porque um Fae Escuro não vai desistir tão facilmente se realmente a quer.

— Droga — Ryder murmurou e saiu da casa.

A boca de Banan apertou. — Como eu pensava.

— Você está demitida — disse Con diretamente atrás dela.

12 Sigla do Serviço Secreto Ingles.


Rhi girou e levantou uma sobrancelha para ele. — Você acha que nunca vai
chegar um momento em que vai parar de ser tão idiota? Espere. Eu sei a resposta.
É não.

Ela teletransportou antes que deixasse seu punho se conectar com seu rosto
presunçoso.
Sammi não parou de andar até que o sol começou a se pôr. Com a crescente
escuridão, lembrou muito vividamente do por que não era um tipo de menina do
ar livre.

Ela odiava insetos e todas as coisas rastejantes que pareciam sair no meio da
noite. Em seguida, havia os sons desconhecidos que a mantinham se perguntando
o que iria saltar nela no momento em que fechasse os olhos.

— Se você pudesse me ver agora, mamãe — sussurrou e abaixou-se para


sentar-se contra uma árvore.

Ela podia preferir uma boa cama quente, água corrente, e sanitários, mas
estava preparada para viver sem isso, a fim de permanecer viva.

Nem mesmo quando criança teve medo do escuro, mas isso foi rapidamente
mudando. O estalo de um galho atrás dela a fez olhar ao redor, espreitando nas
sombras crescentes.

Os únicos sons que reconheceu foram o pio de uma coruja e o guincho de


uma raposa, e mesmo assim parecia muito mais assustador e selvagem quando
estava sozinha no escuro.
Sammi abriu a bolsa e tirou uma garrafa de água e um saco de pretzels13. Não
era exatamente a refeição mais fina que já experimentou, mas alimentava.

O crepitar do celofane parecia anormalmente alto e fez com que as criaturas


da noite ficassem em silêncio por alguns momentos. Se ela pensou que os sons
eram assustadores, o silêncio era aterrorizante.

Sammi não respirou e só soltou um suspiro de alívio, quando os sons


retornaram mais uma vez. Ela terminou seu pretzel e bebeu metade da garrafa de
água antes de seus olhos começaram a pesar.

Sabendo que não conseguiria nada com sono, se acomodou mais


confortavelmente contra a árvore e tentou descansar.

13 O pretzel e um pao tradicional alemao, em forma de no, seco, estaladiço, habitualmente assado e salgado.
(Wikipedia)
Cork, Irlandaum14

Kiril estava em seu quintal e olhando para o céu noturno. Ele queria
desesperadamente levantar voo, mas estava sendo observado por um Fae Escuro.
Eles suspeitavam que ele era um Rei Dragão.

A maioria dos Faes Escuros não tinham ideia de como um Rei parecia em
forma humana, o que jogou a seu favor. Por outro lado, muitos dos Escuros
sabiam depois das guerras Faes que os Reis assumiam a forma de dragão.

Kiril matou a sua quota de Escuros, e estava preparado para fazê-lo


novamente. O confronto recente só aguçou o apetite para tirar mais dos seres vis.

Não há nada bom sobre um Fae Escuro. Eles atormentam tudo e a todos e
esperam que não tenha nenhuma repercussão. Ele seria aquele a colocar fogo
sobre a sorte deles.

Rodou o líquido âmbar em seu copo e inalou o aroma perfumado do Dreagan


scotch. No pub, conseguiu beber algum scotch irlandês, mas faltava-lhe a arte e
amor que era usado pelos Dreagan.

Kiril ficou imóvel quando sentiu o movimento à sua direita. O Escuro chegava
mais perto de sua casa todos os dias enquanto estava fora. Eles chegaram tão perto
quanto da piscina hoje. Ele podia cheirar seu fedor. O que procuravam, não iam
encontrar.

14 Cork (em irlandês: Corcaigh) e a segunda maior cidade da Republica da Irlanda e a terceira mais populosa da
ilha da Irlanda, depois de Dublin e Belfast.(Wikipedia).
Não havia nada para encontrar. Era uma das principais razões pelas quais fez
certo em não ter nada que se assemelhasse a um dragão em sua casa. Ele não tinha
certeza quanto tempo conseguiria continuar sem desviar, mas orou que não fosse
muito longo.

Estava se coçando para se elevar para o céu e voar sobre as correntes. Seus
amigos estavam contando com ele também. A união entre os seres humanos e os
Escuros foi o suficiente para que corresse o risco de ser capturado por eles.

Para piorar a situação, Banan lhe notificou por sua ligação mental que Sammi
estava em apuros. Kiril nunca viu a irmã de Jane, mas isso não significava que não
faria tudo o que poderia para ajudar Banan.

Kiril tomou um gole de uísque e afundou-se em uma das cadeiras de vime no


pátio. Ele esticou as pernas para frente e cruzou-as na altura dos tornozelos.

Se pudesse descobrir o que os Fae Escuros conseguiriam da aliança com os


seres humanos e com o inimigo dos Reis, então poderia determinar quem era.

Kiril esperava que não fosse Ulrik, porque se fosse o rei banido, havia apenas
morte no futuro de Ulrik.

Tristan ficou surpreso quando Sammi adormeceu tão rapidamente após vê-la
quase sair de sua pele por causa dos sons da natureza ao seu redor.

Ele se aproximou e procurou se situar de modo que pudesse vê-la e qualquer


pessoa que possa tentar seguir a trilha que tomou. Depois que ela parou, ele fez
um grande círculo em volta dela, sondou a área e não encontrou nada que lhe
causaria alarme. Por agora.

Tristan observou-a tanto quanto podia antes de se levantar e retirar suas


roupas. Dobrou-as ordenadamente e escondeu-as entre um aglomerado de
samambaias antes de sair correndo e saltar para o céu enquanto trocava para a
forma de dragão.

Ele não tinha escolha. Se permanecesse perto dela iria fazer algo tolo como
uma tentativa de se aproximar para que pudesse tocá-la novamente. Ele ainda não
entendia a crescente e esmagadora necessidade que tinha de sentir sua pele sedosa.

Em duas batidas de suas asas gigantescas estava bem acima das montanhas.
Tristan circulou o caminho que Sammi andou e deixou seus olhos de dragão
fazerem o levantamento da área. Ele estava ao mesmo tempo aliviado que ninguém
a seguiu, e irritado porque realmente queria aliviar a crescente frustração dentro
dele.

E ele sabia que a frustração se devia a uma tentação linda, ruiva de olhos azuis
que entrou em sua vida. Ela era uma atração sedutora, uma convidativa compulsão.

Um convite tentador.

Um que ele foi advertido para ficar longe.

Um deslizamento rápido sobre a vila não mostrou nada de anormal. Com isso,
ele se virou, mergulhou uma asa ao se virar, e voou de volta para Sammi.
Não era como se Tristan culpasse Banan por advertir-lhe para manter
distância. Tristan poderia muito bem fazer o mesmo se ele tivesse uma irmã. Como
poderia ficar longe de alguém tão sedutora, tão fascinante quanto Sammi?

Ela estava em sua mente desde que a viu pela primeira vez. Seu corpo reagiu
rapidamente. Como se tivesse reconhecido Sammi.

Ele deu uma sacudida mental em sua cabeça. Não havia tempo para pensar
sobre todas as maneiras que queria fazer amor com Sammi quando ela estava em
tal perigo.

Para sua irritação, ele imediatamente pensou em Ian. De um problema para


outro. Tristan forçou sua mente longe do pensamento do gêmeo que ele deveria
ter e incidiu sobre os problemas que eram mais urgentes.

Ele tinha a esperança de ouvir de Banan quais informações tinham obtido até
agora sobre os três homens. Tristan não ia esperar mais. Ele usou a ligação mental
para se conectar com todos os Reis Dragão e se concentrou em Banan.

— O que você descobriu? — Perguntou.

O suspiro de Banan era alto, mesmo sobre o link mental. — Não é bom.

— Apenas me diga.

— Nós não descobrimos nada além do que já sabíamos.

— Acho isso difícil de acreditar. Você ainda está interrogando?

O silêncio era ensurdecedor. Quando Banan finalmente deu a resposta, havia


uma corrente de raiva e impaciência que Tristan percebeu muito bem. — Estávamos
prestes a conseguir o nome do mandante, mas quando o humano estava para nos dizer, Os Faes
Escuros chegaram.

Tristan estava tão chocado que quase não se inclinou para o lado na hora de
voar entre duas montanhas. — Como eles sabiam?

— Realmente é uma boa pergunta. Eles sabiam exatamente onde estávamos.

Tristan voou mais alto, seu olhar nunca deixando a área onde Sammi estava. —
Eu tive um mau pressentimento desde que vi o Escuro. Nós sabemos agora depois de Sammi,
que essa tal Máfia é o mesmo grupo que provocou o problema com Denae pelo MI5.15.

— Não podemos esquecer que eles têm os Escuros e os seres humanos como aliados.

— Você ainda acha que seja o Ulrik?

Banan resmungou. — Quem mais poderia gravar um dragão em uma bala? Era um
sinal para nós.

— Eu sei que ainda sou novo como um Rei Dragão, mas você está me dizendo que não temos
quaisquer outros inimigos que gostariam de nos expor?

— Você tem um ponto, mas há muitos casos em que apenas Ulrik saberia das coisas.

Tristan não estava pronto para colocar a responsabilidade na porta de Ulrik.


Por um lado, ele não conheceu o Rei. Por outro, foram apenas histórias que ouviu.
Talvez quando Kellan e Denae voltassem a Dreagan após suas férias, ele pudesse
pedir a Kellan que lhe contasse a história do que aconteceu desde que Kellan
escreveu tudo sem tomar partido.

15 Serviço Secreto Ingles.


— Há mais uma coisa— disse Banan.

Tristan instantaneamente soube que não ia gostar de tudo o que Banan tinha
a dizer. — O que é?

— Rhi estava aqui. Perguntei-lhe sobre a reação de Sammi para o Escuro na aldeia. Rhi
disse que não ouviu falar de um ser humano resistindo a um Fae, mas se um Escuro tentou
seduzi-la e ela não reagiu, ele provavelmente iria encontrá-la novamente até fazer ela sucumbir.

— Não é o que eu queria ouvir, Banan.

— Eu também. Como esta Sammi?

Tristan deslizou em cima das árvores e assustou uma raposa que estava indo
direto para ela. — Dormindo agora. Ela acha que está sozinha, e quero mantê-la pensando
assim. Ela foi inteligente o suficiente para comprar comida e água, quando esteve na loja, mas
não sei quanto tempo vai durar.

— Quem está atrás de nós sabe que estamos atrás deles.

— O que significa que eles virão atrás dela.

— Eu sei que você está protegendo-a. Os Escuros provavelmente virão com eles. Você não
poderá ficar sozinho lá fora.

Tristan concordou plenamente. Ele queria ser o único a cuidar de Sammi, mas
a verdade era que o Fae Escuro poderia facilmente superá-lo e capturá-la.

Ele viu exatamente o que um Escuro poderia fazer para uma fêmea. Denae
teve sorte já que era de alguma forma imune aos Escuros, mas Sammi não seria
tão afortunada.
— É o melhor até que eu possa de alguma forma convencê-la a voltar para Dreagan.

— Se você fizer isso, terá a eterna gratidão de minha companheira.

— Vai ser complicado, se eu puder fazer alguma coisa. Tenho que convencê-la de que só
aconteceu de eu tropeçar em cima dela.

Banan riu ironicamente. — Boa sorte com isso. — Em seguida, todo o humor
deixou sua voz quando ele disse: — Fique em guarda, porque eles virão até ela.

— Eles podem tentar.

A comunicação foi cortada, mas deu-lhe muito em que pensar. Tristan


permaneceu na forma de dragão por mais uma hora antes que precisasse estar mais
perto de Sammi. A ideia de um Fae Escuro encontrá-la deixava-o furioso.

Ele deslizou para o chão e mudou de volta à forma humana. Tristan caiu uns
poucos pés do céu com suas pernas dobradas. Ele ainda permaneceu quieto,
sondando a área para detectar quaisquer sinais de perigo.

Só quando estava satisfeito de que não havia perigo, dirigiu o olhar para
Sammi. Sua cabeça estava inclinada para o lado e seus lábios se separaram
enquanto dormia sentada.

Tristan silenciosamente foi até ela. Disse a si mesmo que não ia chegar muito
perto, mas a próxima coisa que soube, é que estava ao lado dela.

Ele não conseguia parar de olhá-la. Suas ondas gloriosas de cabelo ruivo eram
muito tentadoras para não tocar. Mesmo que soubesse que não deveria, Tristan
levantou uma mecha grossa em seus dedos. Isto era o mais próximo que poderia
chegar dela. Não só Sammi era cunhada de Banan, mas Tristan de alguma forma
sabia que Sammi era diferente de qualquer mulher que conheceu antes.

De repente, foi transportado para uma prisão úmida escura quando se sentou
contra as pedras com as mãos apertadas. Havia outra voz em sua cabeça, uma
profunda e ressonante voz exigindo que ele matasse, exigindo que cobrisse a terra
com sangue.

— Calma, irmão.

Ele olhou para um rosto que espelhava o seu próprio.

— Tudo ficará bem.

As palavras reverberaram em sua cabeça quando Tristan piscou e viu-se mais


uma vez ao lado de Sammi com os cabelos em sua mão. Essa foi a segunda vez
que tocou Sammi e a segunda vez que algumas memórias decidiram revelar-se.

Ou era tão simples assim? Estavam lá, mas suas memórias foram reprimidas?

Tristan balançou a cabeça e abaixou o braço quando recuou. Não havia tempo
para pensar nessas coisas. Sammi estava em perigo, e não apenas por causa da
Máfia. O Fae Escuro era o mais provável de estar atrás dela.

Ele poderia passar o resto da eternidade sem nunca encontrar o Escuro


novamente. Eles eram seres malignos, desagradáveis que não paravam diante de
nada para conseguirem o que queriam.

O fato de que ninguém sabia o que queriam é o que deixavam todos nervosos
e irritados. Os Escuros poderiam atacar em qualquer lugar, a qualquer momento.
Em seguida, havia o inimigo desconhecido dos Reis. Isso é o que deixava
Tristan ansioso. Não conhecer um inimigo significava que não poderia se preparar.
O que geralmente levaria alguém a se machucar. Ou pior, a morrer.

Seu olhar se focou em Sammi. Banan estava certo de que era Ulrik, mas isto
quase parecia muito fácil. Então, novamente, como um Rei Dragão, Ulrik saberia
cada movimento que eles faziam.

Tristan estava prestes a puxar Sammi em seus braços e juntar seus lábios com
fome de sentir o gosto dela, para saber como se sentiria com suas curvas contra
ele.

Ela tinha um jeito sensual que parecia uma segunda natureza e causou uma
reação muito carnal, muito física dentro dele.

Teve que se mover, teve que liberar um pouco da energia acumulada, a


necessidade de lutar. Com passos largos patrulhou a área, mantendo sempre
Sammi à vista.
Sammi acordou com um sobressalto, alarmada ao descobrir que dormiu por
seis horas sem sequer mover um dedo. A sorte devia estar do lado dela, caso
contrário, qualquer um poderia ter chegado até ela e a assassinado.

Ela agarrou seu pescoço quando a dor explodiu ao tentar movê-lo. Um


torcicolo em seu pescoço. Era tudo o que precisava. Sammi se levantou e começou
a alongar seu corpo dolorido.

Enquanto trabalhava a rigidez, estava perto da beira da montanha e olhou


para a grande beleza que a rodeava. Ela esteve tão empenhada em chegar o mais
longe da aldeia possível que não percebeu o quão alto chegou até então.

Ela teve sorte que a montanha em que estava tinha uma floresta, mas isso não
iria durar muito tempo. Sammi não queria pensar sobre o que iria acontecer em
seguida. Ela levaria as coisas um dia de cada vez.

Um olhar para o relógio lhe disse que era cinco da manhã, mas, pelo menos,
a luz do sol fez as sombras desaparecerem. A boca de Sammi encheu de água
enquanto pensava no café da manhã que Jane trouxe quando estava em Dreagan.

Mas não foi apenas a comida que a fez desejar que pudesse voltar. Havia
Tristan. A maneira como ele a olhava com seus olhos escuros, a forma como sua
voz profunda lhe causou borboletas no estômago.
Por um momento, ela se sentiu segura com Tristan. Ele afastou suas
preocupações. Era como se sua mera presença tivesse tirado o peso de seus
ombros.

Ela sabia quão tola soou. Tristan fez o que qualquer outra pessoa faria. Cuidou
de sua ferida e tentou acalmá-la.

Aqui estava ela pensando em como ele era bonito, e ele provavelmente pensou
que ela era louca. Sammi fechou brevemente os olhos. Não era como se devesse
estar pensando em Tristan de qualquer maneira. Ele estava de volta a Dreagan.

E ela estava sozinha.

Mais uma vez.

Sammi afastou os pensamentos de sua mente quando chegou a esse lugar


escuro, ou pelo menos tentou. Ela só teve sua mãe em toda a sua vida. Foi
ferozmente independente, mas as vezes que precisou sua mãe sempre estava lá.
Então ela não estava sozinha.

A dor de perder sua mãe a pegou de surpresa. Fê-la manter distância de Jane
e todos os outros. Sammi dava desculpas pelos quais nenhum de seus
relacionamentos funcionou, mas a verdade era que não confiava em si mesma para
chegar perto de ninguém.

A morte era uma parte da vida, e sempre pensou ser uma pessoa forte. Até
que teve que enterrar sua mãe. Os telefonemas tarde da noite chorando por um
cara ou rindo com a mãe sobre os primeiros fiascos dos encontros nunca iriam
acontecer novamente.
Não haveria mais viagens de compras, almoços de domingo, ou os famosos
scones16 da sua mãe.

Sammi colocou os braços ao redor de seu estômago e se dobrou. Fazia anos,


mas ainda assim a dor de perder sua mãe estava tão fresca quanto no dia em que
aconteceu.

Ela permaneceu nessa postura até que a dor diminuiu o suficiente para que
pudesse respirar fundo. Quando se endireitou, pegou sua bolsa e a garrafa de água.
Seu olhar se moveu para cima, para a inclinação da montanha onde precisava
chegar. Estava coberta por neblina, o que a impedia de ver muita coisa.

Depois de beber a metade restante de sua água, Sammi colocou a garrafa vazia
de volta em sua bolsa e começou a subir. Suas pernas protestaram, mas ela
continuou se movendo, pois que outra escolha tinha?

Sammi andou apenas 15 metros quando chegou à névoa. Era grossa e caia
sobre ela como uma capa. Se movia por vontade própria, como se fosse viva.

— Isso é um total absurdo— disse ela em voz alta.

Mas não tinha certeza se era um disparate. A névoa se movia, respirava como
se fosse um ser. A pele de Sammi estava coberta de arrepios que não tinham nada
a ver com a umidade da manhã e tudo a ver com a névoa misteriosa.

Ela soltou um suspiro. Em seu coração sabia que havia algo na névoa. Ainda
assim, seu sangue se transformou em gelo e seu coração batia como um tambor.

16 O scone e um bolinho ingles, geralmente feitos de trigo, cevada ou aveia, e que sao feitos em porçoes individuais,
assim como o cupcake. As vezes adoçados ...(Gloogle)
Sammi juntou as mãos para impedi-las de tremer e lentamente virou-se para
voltar por onde veio, mas a névoa engoliu a trilha. A neblina era tão espessa que
não poderia nem mesmo ver a árvore que acabou de passar.

Estava enrolada em torno de suas pernas até que saltou para trás e teve as
pernas emaranhadas nas longas folhas de uma samambaia. Sammi bateu no chão
com um gemido, seu traseiro machucado. Ela rolou para o lado, a névoa se
afastando, assim foi capaz de ver a espessa camada de agulhas de pinheiro no chão.

Ela interiormente repreendeu-se e respirou fundo várias vezes para acalmar o


coração disparado. Então, ficou de pé. Levou um minuto para descobrir o caminho
que precisava ir pela inclinação da montanha.

Em seguida, marchou para frente, determinada a não ter medo de algo tão
trivial quanto uma névoa. Névoa desce das montanhas todos os dias. Não estava
viva.

Okay, certo.

Ela ignorou sua consciência e continuou andando. Sem saber o que estava à
sua frente, se concentrou no que se encontrava imediatamente ao seu redor. Andou
mais devagar, e não tropeçou mais tanto como no dia anterior.

Depois de três horas, Sammi parou para descansar em cima de uma pequena
pedra. A névoa não clareou, e estava começando a duvidar que aconteceria. Estava
muito grossa, muito densa, mesmo à luz do sol crescente, que normalmente a
empurrava.
Sammi comeu uma barra de granola, o som tão alto quanto um tiro no silêncio
inquietante da névoa. No momento em que terminou de comer, enfiou a
embalagem no bolso e estava de pé novamente. Ela tinha que sair da névoa.

Quanto mais distante andava na montanha, no entanto, menor o número de


árvores até não haver mais nenhuma. As rochas enormes e pedregulhos tomaram
o lugar das árvores, e estranhamente, Sammi estava feliz que a névoa estava lá para
escondê-la. Ela se sentiria exposta sem as árvores.

As rochas menores estavam soltas e escorregavam debaixo dos seus pés


enquanto andava. Duas vezes torceu o tornozelo quando seu pé escorregou em
uma pedra do tamanho de uma bola de baseball17.

Não demorou muito para que as pedras no chão se tornassem um grande


problema. De repente, havia pedras ao redor dela que a fez se espremer para passar
entre delas, a fim de continuar. O caminho tornou-se cada vez mais estreito, até
que não teve escolha senão passar ao redor de uma pedra.

Sammi não enxergava nada até que a névoa se afastou e ela viu que estava em
pé numa beira de 10 centímetros. Medo a paralisou antes que tentasse virar e
refazer seus passos. Centímetro por centímetro agonizante Sammi tentou
permanecer fora da beira.

Mesmo indo devagar, ainda conseguiu escorregar. Ela se agarrou a pedra e


decidiu que teria que andar em torno dela. Movendo-se mais devagar que um
caracol, Sammi conseguiu contornar a pedra.

17 E um esporte praticado por duas equipes de nove jogadores, que alternadamente ocupam as posiçoes de ataque
e defesa. (Wikipedia).
Quanto mais andava, mais confiante se tornava. Mas isso não conteve o terror.
Ela sabia o que estava atrás dela, absolutamente nada.

Se caísse, estava morta.

Sammi estava a meio caminho do contorno da pedra, quando uma de suas


mãos, suada de medo, escorregou. Em vez de parar e limpar as mãos, decidiu se
manter em movimento. Estava tão perto de conseguir ficar fora da beira que
pensou que conseguiria.

Foi um erro fatal, quando o seu pé escorregou fora da beira e as mãos não
podiam segurar na pedra.

Um grito se alojou em sua garganta quando sentiu-se caindo para trás, com
os braços abertos e balançando enquanto procurava por qualquer coisa para se
agarrar. O ar se movia rapidamente ao redor dela enquanto a pedra diminuía cada
vez mais de tamanho.

Sammi sabia que ia morrer uma morte horrível, mas não conseguia soltar o
grito. Em vez disso, fechou os olhos com força, seus pensamentos estavam em
Jane e no arrependimento que sentia por não beijar Tristan como queria.

De repente, algo bateu nela, impedindo a sua queda. Não havia dor, nenhuma
luz branca brilhante chamando-a para o céu. No entanto, era como se estivesse
sendo levantada.

Hesitante, Sammi abriu os olhos para ver um apêndice gigantesco coberto de


escamas cor âmbar enrolado em torno dela. Escamas âmbar?
Ela levantou a cabeça e viu as asas colossais. Ela fechou os olhos novamente
e beliscou o braço dela enquanto seu sangue martelava em seus ouvidos. Doeu, o
que significava que não estava morta ou sonhando.

Sammi se agarrou na garra quando abriu os olhos e olhou para cima


novamente. Para encontrar-se olhando para a parte inferior da cabeça de um
dragão. Ela olhou da cabeça do dragão até a ponta de sua cauda.

Dragões não eram reais. Ela deve ter batido a cabeça ou algo assim, porque
não havia nenhuma maneira de um dragão a salvar da morte certa.

Ela não conseguia tirar os olhos das asas e como o sol brilhou sobre o âmbar
das escamas para torná-los polido e reluzente. Foi quando ela notou que debaixo
das escamas onde suas mãos tocavam era duro, mas macio.

Sammi mordeu o lábio quando o dragão de repente parou no topo de uma


montanha coberta de névoa e gentilmente a colocou no chão. Nenhuma vez suas
garras substanciais arranharam sua pele quando a garra a soltou.

Ela cambaleou para trás quando olhou para ele. Ela deveria ter pavor da
criatura, a mesma criatura que acabara de salvar a vida dela? Sammi não tinha
certeza do que sentia pelo dragão. Ela deveria agradecer a ele?

Os olhos verde-maçã do dragão rapidamente olharam para ela antes que se


inclinasse para o lado e descesse.

Sammi correu para a beira da montanha e viu o dragão abrindo as asas e


voando acima do vale e desaparecer nas nuvens.
Quando finalmente foi capaz de engolir, encontrou a névoa mais uma vez em
torno dela. Seus joelhos dobraram e caiu em uma pilha no chão.

— O que diabos aconteceu?

Ela se beliscou várias vezes para se certificar que estava realmente acordada.
— Isto não pode ser. Dragões não existem.

Tristan soltou um suspiro quando ele estava mais uma vez nas nuvens. Terror
e puro temor fez seu coração disparar quando viu Sammi caindo. Ele teve medo
de não chegar a tempo. Já estava indo até ela quando a viu tentar contornar a pedra,
mas então Sammi escorregou.

O medo que sentiu foi horrível. Ela ainda assim não gritou. Tinha
simplesmente caído com seus olhos fechados. Mesmo agora, podia sentir seu
coração batendo de forma irregular contra as costelas.

Se não tivesse estado tão preocupado com a névoa, poderia ter visto o que ela
estava prestes a fazer e a impediria de tentar contornar a pedra.

Pelo menos ela estava segura agora. Não foi o mais inteligente deixá-la vê-lo,
mas não tinha muita escolha. Não houvera tempo para fazer outra coisa senão
pegá-la no ar.

O jeito que ela olhou para ele com um misto de surpresa, medo e curiosidade
o fez querer assegurá-la de que ele não iria machucá-la. A fim de fazer isso, ele teria
que mudar para a forma humana, mostrando-lhe, assim, exatamente o que era.
Isso não era uma opção.

Tristan circulou em cima dela e escondeu-se dentro de uma nuvem para que
pudesse vê-la. Foi fácil o suficiente manter as nuvens que se deslocam em qualquer
ritmo que quisesse, e fez exatamente isso enquanto observava a névoa tornar-se
mais grossa em torno de Sammi novamente.

Algo chamou a névoa, e não foi ele. Se não estava enganado, ela estava
protegendo Sammi muito parecido com o que a floresta fez. Mas também poderia
ser o Fae Escuro enganando-a para confiar nele.

Tristan queria rugir sua ira, mas não se atreveu. Isso só era permitido com
uma tempestade. Isso o fez desejar que tivesse sido um Rei Dragão quando
governaram a Terra. Para voar sempre que quisessem, e rugir quando escolhessem.

Sentia-se confinado, preso. Tanto quanto se sentiu na montanha. Ele não sabia
em que montanha. Tudo o que sabia era que foi mantido prisioneiro dentro de
uma montanha por algum mal.

Tristan resmungou quando empurrou esses pensamentos de lado. Podia


pensar nisso mais tarde. Agora Sammi precisava dele.

Como gostaria de falar com ela e dizer-lhe para pensar com mais cuidado. Ela
não pensou, só reagiu a um problema.

Em sua defesa, ela escapou por pouco de ser baleada e explodida. Seus pontos
repuxaram, e sua ferida estava sangrando novamente.

Ele não seria capaz de se aproximar dela agora. Ela o viu, em sua forma de
dragão. Não havia maneira de explicar isso.
Tudo o que podia fazer era vê-la de cima e deixar Banan saber onde estava
para vir buscá-la. Ele permaneceria nas nuvens e fora da vista o tempo todo.

Até o final da provação, ela iria acreditar que imaginou a coisa toda. Pelo
menos esperava isso.

O jeito com que olhou para ele com seus olhos azuis lhe perfurou a alma.
Desejo foi imediato e urgente.

Ele gemeu quando se lembrou do jeito que acariciou suas escamas. Era como
se estivesse acariciando seu pênis, porque a necessidade foi direto para o seu pau.
Ele já a desejou antes.

Agora a desejava com uma ferocidade que transformou o seu sangue em


chamas.
Sammi olhou para o céu muitas vezes, em busca de qualquer sinal do dragão.
Pelas próximas duas horas não havia nada, e estava começando a pensar que
imaginou a coisa toda.

Exceto pelo arranhão em sua palma onde tentou agarrar a pedra. Tudo
aconteceu. Ela caiu e foi salva por um dragão. Recusou-se a sequer pensar que
poderia estar ficando louca. Se permitisse a si mesma pensar assim, só poderia
acabar louca.

Em vez disso, lembrou a sensação do vento que acelerou em torno dela,


chicoteando o cabelo em seu rosto. Ela se lembrava do ar parado e como a
embalou. E esteve na palma da mão de um dragão.

Seus dedos. Todos os cinco, gentilmente se fecharam em torno dela. Como


poderia esquecer isso? Ela não iria esquecer nunca o calor dele, ou a dureza de
suas escamas. E sua cor.

Âmbar.

Não podia dizer como sabia que era um homem, só que sabia. Seus olhos
verdes, tão brilhantes como maçãs, olharam para ela com preocupação.

Sammi parou de andar. Havia algo sobre os olhos do dragão, algo que
reconheceu, quase como se o tivesse visto antes.
O que era impossível. Ela teria definitivamente lembrado de ter visto um
dragão. No entanto, não conseguia afastar a sensação de que o conhecia. Foi por
isso que o medo que sentira primeiro foi desvanecendo-se rapidamente?

Pouco antes estava prestes a continuar sua jornada, ouviu a batida


aumentando que reconheceu como da asa do dragão quando ele voou.

Ela olhou para o céu, mas não conseguia ver nada nos espessos quilômetros
de nuvens. As nuvens estavam se movendo rapidamente, mas não mostrou sinais
de desbaste tão em breve.

Sammi ajustou sua bolsa e começou a andar. O dragão estava próximo. Ela
sabia disso, tão certo quanto sabia que sua mãe estava no céu. Assim como sabia
que iria receber outro vislumbre da magnífica criatura se precisasse de ajuda.

O resto da tarde passou sem outro som do dragão. Ela decidiu parar pelo dia,
quando encontrasse algumas pedras salientes da montanha. Elas iriam protegê-la
no caso de chover durante a noite, como estava acostumada a fazer nas montanhas.

Sammi comeu a única maçã de sua bolsa, e depois descobriu que conseguiu
beber sua última garrafa de água ao longo do dia.

Sammi suspirou e ficou de pé. Ouviu rolar de água enquanto andava. Não
podia ser tão longe. Se a névoa abrisse provavelmente seria capaz de encontrá-la
com bastante facilidade.

Não querendo se perder de novo, cavou em sua grande bolsa e tirou o giz
colorido que usou para escrever em sua placa no pub e fez um grande X sobre as
rochas para que pudesse encontrar o caminho de volta.
Ela seguiu o som da água e surpreendentemente foi fácil.

— Se tudo fosse tão fácil. — Murmurou enquanto se ajoelhava ao lado da


água.

Acima dela, em cascata sobre dezenas de rochas, estava uma cachoeira que
tinha uma queda de dez metros até o riacho que, em seguida, serpenteava
montanha abaixo.

Sammi tirou suas duas garrafas vazias e as encheu. Estava colocando a tampa
na segunda, quando olhou para a água e viu uma imagem de um homem como se
estivesse atrás dela.

Ele tinha o cabelo preto com prata, mas eram seus olhos vermelhos que a
surpreenderam. Ela imediatamente o reconheceu como o homem do restaurante.

Ela se virou, mas ninguém estava lá. Um olhar na água mostrou apenas seu
reflexo.

— Talvez eu esteja ficando louca. Dragões e caras com olhos vermelhos. Isso
apenas não é possível.

Depois de ir em duas direções diferentes e não encontrar as marcas nas


árvores, Sammi começou a ficar ansiosa. Ela soltou um suspiro alto quando, na
terceira tentativa, encontrou suas marcas que a levaram de volta para seu
acampamento.
Sammi se acomodou contra as rochas e olhou para as montanhas. Passaram-
se horas antes da escuridão descer nas Highlands18, mas seus olhos já estavam
ficando pesados.

Ela estava ficando mais fraca, seu ombro doía, e a comida escassa que
comprou não ia durar mais dois dias, especialmente quando podia comer tudo.

Depois de limpar o sangue de seus pontos, Sammi resolveu deitar em seu lado
e usou a bolsa como um travesseiro depois de tirar as garrafas de água.

Naquele lugar entre a vigília e o sono, Sammi começou a pensar em Tristan e


o dragão, até que se tornou a mesma coisa.

Tristan com o seu ar misterioso, e o dragão, uma criatura de mitos e lendas


veio à vida.

Pensou nos olhos escuros com alma de Tristan e no alarme e preocupação do


dragão – aquela mesma expressão esteve no olhar de Tristan quando tentou sair
de Dreagan e ele a parou.

Os olhos de Sammi se abriram quando descobriu. Ela sabia por que o olhar
do dragão parecia tão familiar. Ele o lembrava de Tristan.

Com o canto do olho, pensou ter visto um flash de âmbar através das nuvens.
O sol se pôs atrás de um pico de montanha do elenco ao lado de sua montanha
nas sombras. Ela ainda se mantinha como se estivesse dormindo, e fechou os olhos
até que eles eram fendas, mas ainda podia ver. E então esperou.

18 As Terras Altas (em gaelico escoces A' Ghàidhealtachd, em ingles Highlands ) sao a zona montanhosa do norte
da Escocia. (Wikipedia)
Entre cochiladas, ela acordava, pensando que ouvira o dragão cada vez mais
perto. Esta última vez foi diferente. Abriu os olhos para ver o dragão deslizando
sem esforço para baixo das nuvens indo direto para ela.

Sua respiração trancou em seus pulmões, enquanto observava o dragão


abaixar a cabeça e rolar enquanto as escamas de âmbar eram transformadas em
pele bronzeada beijada pelo sol.

O homem rolou quando bateu no chão e subiu sobre os joelhos dobrados


com as mãos no chão e sua cabeça ainda abaixada, seu, cabelo castanho longo
brilhante caindo para esconder o rosto. Lentamente, quase cautelosamente, ele
levantou a cabeça e seu cabelo caiu ao redor de seus ombros em desordem.

Sammi o reconheceu antes que ficasse de pé. Ela conhecia aquele cabelo,
desejou correr seus dedos por dele. Em seguida, ele se endireitou.

Ela bebeu a visão de seus ombros largos com os músculos definidos e cintura
estreitando, seu bumbum firme e suas pernas longas e musculosas.

Os olhos dela se ergueram para sua parte inferior das costas, onde viu o que
tinha que ser uma tatuagem, mas era tão longa e estreita que não poderia saber o
que era.

Então ele se virou para ela. Sammi viu homens lindos antes, mas nenhum
deles se comparava com Tristan em toda sua glória. Ele ficou tão imponente como
um espírito vingador e, comandava como um deus. Era surpreendentemente
bonito, deslumbrantemente forte. Assustadoramente viril.

O vento soprava sobre ele, como se acariciando seu corpo como ela desejava
fazer. Tristan empurrou o cabelo longe de seu rosto. Sammi mordeu o lábio
enquanto ele fechava os olhos e ergueu o rosto para o céu como se fosse doloroso
estar em forma humana.

Seu olhar baixou de seu rosto em seu peito e seu corpo impressionante, mas
não foi apenas o tendão espesso que lhe chamou a atenção, foi a tatuagem que
cobria todo seu peito.

A tatuagem foi feita em uma mistura surpreendente de tinta vermelha e preta,


tornando-se nem vermelho, nem preto, mas uma bela mistura de ambos.

A tatuagem era de um dragão. Ele estava sobre as patas traseiras, com suas
asas abertas. A cauda enrolada em sua cintura em torno de suas costas. Seus olhos
se abaixaram mais para o seu pau flácido e pernas longas.

Seus olhos se abriram e olhou para ela antes que seu olhar se estreitasse,
deslocado para a névoa. Um músculo pulsou em sua mandíbula, como se estivesse
decidindo o que fazer.

A decisão já foi tomada por Sammi. Ele desapareceu uma vez. Ela não queria
que saísse novamente. Quando deu um passo para dentro da névoa, ela ficou em
pé.

Sua cabeça virou-se para encará-la, e toda a emoção fugiu de seu rosto. Ele
hesitou como se estivesse tentando decidir se permaneceria ou iria para a névoa.

— Eu vi você — disse Sammi, esperando que fosse manter-se próximo. Ela


não tinha certeza do por que. Ficou tão aliviada que não estivesse ficando louca, e
com um pouco de medo sabendo que Tristan era um dragão.

Um dragão!
Quando poderia ter fugido dele mais cedo, se lembrou muito bem como ele
a acalmou quando outros nunca puderam. Ele alcançou um lugar que só sua mãe
foi capaz de tocar.

O fato de que poderia fazer isso é o que a impedia de ter medo. No entanto,
teve uma boa dose de ansiedade para saber o que ele pode ser capaz de fazer.

— Você está sonhando.

Um arrepio correu por sua pele ao ouvir o som de sua voz. Como amava sua
voz. Sammi sacudiu a cabeça. — Eu não estou.

— Você bateu a cabeça quando caiu mais cedo. Você está sonhando agora,
Sammi. Seu ombro dói, e você tem uma concussão.

Ela sorriu quando percebeu a que ponto ele iria, a fim de fazê-la acreditar que
não o viu mudar de um dragão para um ser humano. — Eu sofri uma queda, mas
não bati com a cabeça. Fui salva por um dragão âmbar magnífico. Você.

Seu peito expandiu quando respirou fundo, fazendo com que a tatuagem de
dragão movesse. — Com seus ferimentos, posso ver como estar sonhando iria
ajudá-la a lidar com tudo isso.

Irritação a encheu. Ela sabia que não estava sonhando, assim como sabia que
não bateu a cabeça. — Transforme-se de novo em um dragão. Deixe-me vê-lo
novamente.

— Não posso.

Ela deu um passo em direção a ele. — Eu não deveria saber, não é?


Tristan olhou para longe. Isso era resposta suficiente. — Você tem estado
comigo todo esse tempo, não é? E não se atreva a dizer que estou sonhando. —
Disse ela antes que ele poderia tentar essa tática novamente.

— Droga, Sammi. — Ele resmungou e passou a mão pelo cabelo.

Ela deixou escapar um longo suspiro. Um ponto crucial de dúvida começou


a se desfazer até então. — Seu segredo está seguro comigo.

— É isso mesmo — disse ele. — Não existe nenhum. Eles estão atrás de você
por causa de sua conexão com Dreagan.

— Dreagan? — Ela repetiu, entendendo que ele quis dizer a sua irmã. — Jane.

— Sim. Jane.

— Eles querem o que de Jane? — Ela perguntou, mais confusa do que nunca.

— Eles nos querem. — Nós, como os outros dragões. Os olhos de Sammi se


arregalaram. — Banan é um dragão, também?

— Somos Reis Dragões, na verdade — disse Tristan e depois franziu o cenho


quando endureceu. — Silêncio!

Ela abriu a boca para perguntar o que estava errado quando ele fechou a
distância em dois passos e agarrou seu braço ileso enquanto a arrastava atrás dele.

Ele encravou ambos entre duas pedras, seu corpo pressionado contra o dela
do ombro até a coxa. Sammi olhou em seus olhos escuros e encontrou-o olhando
para ela.

— O que foi?
Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Eles te encontram.

Ela tentou correr, mas ele a segurou firme.

— Não, Sammi. Confie em mim.

Mas não podia ouvir. Ela viu exatamente o que eles poderiam fazer. Eles
mataram indiscriminadamente, brutalmente. Violentamente.

— Ouça. Ouça! — Ele repetiu quando ela continuou a lutar.

Sammi parou e ouviu o som inconfundível de um helicóptero. Ela olhou ao


redor de seu ombro antes de deslizar seu olhar de volta para ele. — Meu Deus.

— Eles não poderiam estar na nossa terra. Ninguém voa sobre Dreagan só
nós. — Ele rosnou.

Ela piscou. — Nós estamos em Dreagan?

— Sim. Você a deixou para ir para a aldeia, mas voltou quando correu para as
montanhas.

Sammi inclinou a cabeça para trás e estremeceu quando o som do helicóptero


ficava cada vez mais perto. — O que nós vamos fazer?

— Nada. Eles não podem nos encontrar aqui.

Ela sentiu a mão ao lado de seu rosto, enquanto seus dedos deslizaram em
seu cabelo. Ela esqueceu tudo sobre correr com Tristan por aí. Seus lábios se
separaram enquanto desejava beijá-lo, para escorregar as mãos por seu corpo
esculpido.
Ele era lindo, imponente. Irresistível, cativante. Sedutor.

Com um olhar ou uma palavra, ela foi transformada em massa em suas mãos.
O mundo parecia estar parado no tempo e apenas esperando por ele para dizer-
lhe o que fazer.

Sammi estava completa e absolutamente encantada com o homem que


também era um dragão. Um dragão que salvou sua vida.

Um dragão que fez seu coração disparar e seu estômago vibrar com
antecipação e entusiasmo.

— Se eles te encontrarem, não viverão para te machucar — prometeu naquele


timbre sedutor dele.

Ela se acalmou, porque não havia nenhuma maneira de Tristan ou o dragão


machucá-la.
O helicóptero estava alto, enquanto pairava perto deles, e Tristan estava
fazendo tudo o podia para não se inclinar e beijar Sammi. Ele lutou para controlar
seu desejo, sem sucesso.

O cabelo de Sammi era como seda fria contra sua mão. Ela olhou-o com olhos
cheios de paixão o que fez seu pênis se contrair com a necessidade.

A névoa os escondia, bloqueando tudo, menos o som. Um flash de cor fez


Tristan olhar para cima para ver Rhi sorrindo e apontando para o céu, onde usou
magia para fazer parecer que estava em forma de dragão e voando para longe.

O helicóptero mordeu a isca e voou para longe e no mesmo instante Rhi


desapareceu.

Deixando Tristan sozinho com uma mulher que não conseguia parar de tocar.
Ela era uma feiticeira, atraindo-o com os olhos carismáticos, o corpo tentador, e
lábios pecaminosamente cheios.

Ele sabia que deveria se afastar, mesmo quando olhou fixamente em seus
nebulosos olhos azuis e deixou seus dedos deslizarem em torno de suas ondas de
areia. Tristan não mentiria para si mesmo por apenas um beijo, porque sabia que
um gosto dela nunca seria suficiente.
Desde que a viu pela primeira vez em Dreagan não foi capaz de tirá-la de sua
mente. Seu olhar o enlaçou, seu toque delicado lhe hipnotizou, e sua coragem o
fascinava.

Era muito perigoso realizar seu desejo em aberto. Eles podem estar em terra
Dreagan, mas Sammi ainda era um alvo.

Tristan soltou sua mão e se afastou dela. Fechou os olhos e lutou para conter
a fúria em seu corpo. Seu pênis estava duro e dolorido, seu corpo aquecido e
ansioso.

— E agora? — Perguntou ela.

Tristan engoliu e se manteve de costas. O lugar mais seguro era a mansão, mas
isso significaria entregá-la para que Jane cuidasse dela.

Ele não estava pronto para isso ainda. Mas nem ela devia permanecer onde
estava.

— Eu devo ficar com a minha irmã. Não é isto que você ia me dizer? —
Perguntou Sammi. — Como ela e todo mundo vai me manter segura?

Tristan agarrou suas mãos. — Isso é o que Jane e Banan estão querendo que
eu faça.

— E você não? — Ela perguntou, com um tom de surpresa, levantando a


voz.

Ele esfregou a mão na parte de trás do pescoço. — Há muito que você não
pode entender.
— Estou entendendo agora — disse ela, enquanto sua voz se aproximava. Ela
caminhou e parou quando estava diante dele. — O dragão no rótulo dos uísques
Dreagan. Você muda de um dragão à forma humana. E o que você se chama? Oh,
sim, um Rei Dragão. E isso — ela disse enquanto traçava sua tatuagem com o
dedo.

Tristan parou de respirar ao seu toque. A parte do dragão dele, a parte


primitiva, bestial, retumbou com entusiasmo ao seu toque.

Ele engoliu o desejo e a necessidade de se concentrar em seus olhos. — Então


você acredita que posso protegê-la.

— Sem dúvida.

Ele estreitou seu olhar. — Por que então não acredito que você vai voltar para
a mansão?

Sua mão caiu, deixando-o louco para ter o seu toque mais uma vez.

— Por causa de Jane. Devido a Banan. Por sua causa. Eu estava errada em ter
trazido tudo isso à sua porta. Essas pessoas são perigosas. Eu vi o que eles podem
fazer sem hesitação. Eu não quero que o mundo de Jane seja destroçado como o
meu tem sido.

Tristan olhou por cima de sua cabeça e respirou fundo antes de lentamente
liberá-la. Ele debateu se contaria a ela sobre Rhi e o Fae Escuro, e estava prestes a
pensar melhor quando se lembrou do Escuro na aldeia.

— Há mais no mundo do que apenas nós Reis Dragões. — Ele disse quando
olhou para ela.
Ela estremeceu e esfregou as mãos ao longo de seus braços. — Isso tem
alguma coisa a ver com caras que têm olhos vermelhos?

— Silêncio. — Tristan disse e deu um aceno de cabeça em arrependimento.


— Sim, tem.

— Eu não tenho certeza do que eu vi. Na aldeia e aqui.

— Aqui? — Tristan a agarrou e puxou-a contra ele enquanto olhava ao seu


redor. Todo desejo desapareceu a ameaça para ela tomou precedência. — Onde?
Quando?

Ela mordeu o lábio inferior e empurrou o queixo para a esquerda. — No rio.


Eu estava enchendo minhas garrafas de água e vi o seu reflexo na água como se
estivesse atrás de mim, mas quando eu me virei ninguém estava lá.

— O que você viu é um Fae Escuro.

— Eu entendi que os olhos vermelhos não são um sinal de bondade.

— Não. Eles são maus. Os machos gostam de tomar mulheres e retirar toda
a esperança e o riso de suas almas até que elas sejam apenas conchas vazias. Alguns,
em seguida, usam as mulheres para o sexo.

— E a fêmea é uma Fae Escuro? — Ela perguntou depois de um momento


de hesitação.

— Elas levam os homens para o sexo. Quanto mais sexo eles têm com elas,
mais os homens são obrigados servir aos Escuros. De qualquer maneira, uma vez
que você fez, perdeu a sua alma.
— Por que ele me quer?

Tristan foi até onde sua bolsa estava e apanhou-a e entregou a ela. — Eles
estão trabalhando com os homens que estão atrás de você.

— Ótimo — disse ela com um suspiro exasperado. — Alguém mais quer


participar?

— Você não deve pedir isso — ele disse.

Ela retirou-se de seu aperto. — Ok, então a Máfia é assustadora, e o que você
me contou sobre o Fae Escuro é absolutamente aterrorizante. Mas porque é que
tenho a sensação de que está mais preocupado com o Fae Escuro?

— Porque você se afastou de um.

Ela encolheu os ombros, sua testa franzindo em confusão. — E..?

— E, — ele disse quando inclinou o queixo para cima. — Seu fascínio por
mulheres é irresistível. Ninguém consegue se afastar de um Escuro.

— Oh.

— Exatamente. Este Escuro quer você agora, porque não caiu no charme
dele.

Ela visivelmente engoliu. — Pode o Fae Escuro entrar na mansão?

— Eles não deveriam estar em quaisquer partes das terras Dreagan.

— Eu perdi minha mãe há alguns anos. Jane é toda a família que tenho. Eu
não quero que ela se machuque.
— É por isso que você não queria voltar para a mansão. — Ele adivinhou.

Ela deu um aceno lento. — Eu não quero morrer também. O que eu faço?

— Você confia em mim?

— Confio, estranhamente.

— Há um lugar que posso levá-la.

Ela deslizou sua bolsa sobre a cabeça e enrolou a correia em um braço para
que descansasse sobre seu corpo. — Então o que estamos esperando?

— Eu vou ter que levá-la na minha forma de dragão.

— Eu queria olhar melhor para você de qualquer jeito.

Tristan devia estar ficando louco para concordar em mudar na frente dela
novamente, mas com o helicóptero cheio de mercenários atrás dela, não havia
tempo para mais nada.

Ele passou por ela até que foi longe o suficiente para mudar. Sua inspiração
rápida fez seu estômago apertar quando se apresentou a ela em sua verdadeira
forma.

Houve maravilha em seus olhos quando olhou para ele. Tristan queria
permanecer imóvel e deixá-la tocá-lo naquele momento, mas isso teria que esperar.

Ele estendeu a mão e esperou que ela se aproximasse. Uma vez que a tinha
em suas mãos, saltou no ar e espalhou suas asas.
Em duas batidas de suas asas estava na cobertura das nuvens. Normalmente,
não teria se importado, mas com o helicóptero, não queria correr nenhum risco
com a vida de Sammi.

Mudar para sua forma de dragão não mascarou sua fome por ela. De fato, só
aumentou. Ele imaginou tirando a roupa dela, uma por uma, antes de cobrir seu
corpo com o dele.

Ele pensou sobre estar afundando em seu calor liso, ouvir seus gritos de
prazer, e voou mais rápido. O anseio incessante tinha um controle sobre ele que
se recusou a diminuir.

Dez minutos depois, viu a casa que usavam durante as patrulhas e curvou suas
asas para que voasse para o chão. Tristan aterrissou e gentilmente a colocou no
chão, já sentindo falta da maneira como ela acariciou suas escamas.

Antes que mudasse de volta à forma humana, contatou Banan através da sua
ligação e o deixou saber que estava com Sammi. Tristan terminou o contato antes
que Banan pudesse perguntar onde estavam ou o que aconteceu.

Eles estavam bem profundos em território Dreagan, e Tristan duvidava que


qualquer Escuro ousaria se aventurar lá. Se Sammi não queria voltar para a mansão,
o deixou apenas uma opção de ter os outros vindo a eles.
Banan abriu a porta para a loja de antiguidades chamada The Silver Dragon19.
Toda a viagem para Perth20 estava ouvindo Jane, através do celular, pedir-lhe para
deixar alguém ir, mas Banan não podia fazer isso. Jane não sabia que quando ela
estava envolvida, ele não poderia sentar e não fazer nada.

E desta vez não havia nada que seu amigo no MI5, Henry North, pudesse
fazer para ajudar. Este era um assunto dos Reis Dragões.

Um olhar em torno da loja mostrou uma grande área frontal com as


antiguidades exibidas por períodos de tempo e dispostos em uma forma que
ficassem mais atraentes.

Banan deixou seu olhar vaguear a partir da seção vitoriana, após a Regência,
georgiano, e jacobino ao elisabetano e renascentista, e finalmente para a Idade
Média.

A loja era maior do que esperava com um segundo andar abrigando uma
impressionante variedade de livros de um lado e armas do outro.

Banan baixou o olhar e descobriu o que foi ver. Ulrik. O Rei Dragão banido
permaneceu imóvel como uma estátua. Ele usava calça jeans escura e uma blusa
creme fina com as mangas empurradas nos cotovelos.

O cabelo preto de Ulrik estava em uma fila na base do pescoço. A única


emoção era a fúria que ardia em seus olhos dourados.

19 O dragao prateado(Lingee).
20 (gaelico Peairt) e uma cidade do centro da Escocia situada as margens do rio Tay, capital administrativa do
conselho de Perth and Kinross. (Wikipedia).
Eles olharam um para o outro em silêncio até que Banan disse: — É uma loja
impressionante.

— Diga o que quer que seja e saia.

Banan esteve preparado para um comentário sarcástico ou até mesmo na


realidade uma provocação, nenhum dos Reis visitou Ulrik em todos os milhares
de séculos desde que foi banido.

O que Banan não esperava era ser expulso.

— Se você quer se vingar de nós, vá em frente, mas deixe todos os outros de


fora.

Era imaginação de Banan ou houve um raio de confusão passando pelo olhar


de Ulrik? Banan não podia ter certeza.

— Vingança. — Repetiu Ulrik. — Sim, eu vou tê-la.

— Eu estou aqui para perguntar o que preciso fazer para você deixar Sammi
fora dela.

Ulrik levantou uma sobrancelha negra. — Eu deveria saber quem é esta


Sammi?

— Você enviou homens atrás dela. — Banan disse firmemente. Ele deveria
ter esperado Ulrik se fazer de inocente, mas o enfureceu. — Ela não sabe de nada.
Deixe-a de fora e leve a sua vingança contra mim.

— Por que eu iria querer fazer as coisas mais fáceis para você?

— Porque você uma vez foi honrado.


Com essas palavras, a máscara da indiferença de Ulrik caiu e fúria o encheu.
— Antes os chamei de irmãos e me traíram você quer dizer?

— Os mortais não devem ser envolvidos em nossa luta. Por que você quer
nos expor ainda não descobrimos, mas nós o faremos. Se você pensar que
alertando o mundo para nós que Con irá conceder-lhe a sua magia de volta, então
não deve conhecê-lo.

— Oh, eu conheço Con melhor do que qualquer um de vocês. Você acha que
ele é um herói, mas há mais em Constantino do que qualquer um de vocês imagina.
Ele mantém bem escondido, mas vou dar isso a ele.

Banan cortou a mão através do ar. — Eu não me preocupo com sua queixa
contra Con. Estou aqui para me oferecer a qualquer título que deseja para parar
este absurdo sobre caçar Sammi. Que tipo de homem você se tornou ao usar ex-
MI5 e Fae Escuro?

— Que tal você viver centenas de milênios sem a capacidade de mudar para
a forma de dragão e dizer-me que tipo de monstro em que você se transformaria
— Ulrik disse firmemente, seus lábios puxados para trás em uma linha dura.

— Você não vai chamar seus homens, vai?

Ulrik simplesmente olhou para ele.

Banan passou a mão pelo rosto. Ulrik teve sua mulher morta. Banan não ia
usar Jane como uma desculpa e deixar Ulrik usar isso contra ele. Isso era algo que
não podia suportar.
Ele veio aqui para implorar, o que foi a coisa mais difícil que já fez. Mas estava
disposto a fazer qualquer coisa por Jane. Agora, percebeu que foi uma perda de
tempo.

Banan virou-se e caminhou até a porta. Sua mão estava na maçaneta quando
a voz de Ulrik ressoou quase na saída.

— Não se preocupe com o volte sempre. Diga ao Con, que ele pode parar de
me vigiar e me deixar em paz também.

Banan abriu a porta e saiu para a chuva e para seu carro estacionado na rua.
Sammi não conseguia parar de sorrir. Ela voou. Estranho como ela sempre
teve medo de voar em um avião, mas se sentiu completamente à vontade com
Tristan.

Ela recuou quando Tristan cruzou as enormes asas sob ele, e num piscar de
olhos, estava na forma humana. Com seu sangue queimando por suas veias, Sammi
o viu caminhar em sua direção.

Ele andava como um predador, um conquistador. Um rei que governou e


ordenou a todos. Ele era sexo e pecado, decadência e sensualidade.

Ele era, simplesmente, espetacular.

Ela se esqueceu de respirar enquanto seus olhos escuros a prenderam. Seus


passos alongados, seu propósito claro. Os lábios de Sammi se separaram enquanto
ele se aproximava.

E quando ele a trouxe para os seus braços, ela colocou os dela ao redor de seu
pescoço e levantou o rosto. O beijo foi demorado, cativante. Esmagador.

Ela deslizou os dedos em seu cabelo espesso e derreteu enquanto ele a beijava
como se não houvesse amanhã. Ele foi tentador, sedutor e foi seduzido.

E ela de bom grado o seguiu.

Sammi gemeu em frustração quando ele terminou o beijo e se afastou. Ela


forçou os olhos para ver a necessidade flagrante brilhando em seu olhar escuro.
Suas respirações estavam irregulares, o peito subindo e descendo rapidamente.
De pé diante dela estava um homem que não deveria existir. Ela não sabia nada
sobre Tristan além de que Jane e Banan confiavam nele e de que poderia se
transformar em um dragão.

Ela confiava nele. Seu coração o conhecia.

E seu corpo o queria.

Sammi desenrolou os dedos do entrelaçado de seus cabelos e deixou as mãos


deslizarem sobre os ombros e seu peito.

Sob suas mãos, ela poderia ter jurado que a tatuagem de dragão se aquecia.
Tristan observou enquanto ela traçava o dragão e aprendia a sentir sua pele.

Músculo duro como o aço sob a pele quente. Ela acariciou ao longo dos
cumes e vales do tendão. Seu estômago retesou quando ela traçou a cauda do
dragão em sua direção.

Sua mão cobriu a dela antes de puxá-la para a boca onde ele estendeu os dedos
e beijou sua palma. — Isso faz cócegas.

— Eu nunca senti tanta... necessidade... antes. Eu não sei o que está


acontecendo entre nós, mas eu quero ver onde isso vai dar.

— Não é sábio.

— Eu não me importo. Isto, — ela fez sinal entre os dois, — é incrível. Eu


nem sequer me importo se é unilateral.

— Isto não é unilateral, — disse ele, sua voz profunda.


Ela lambeu os lábios, ainda provando-o sobre a sua língua. — Então por que
você parou de me beijar?

— Eu disse a mim mesmo que eu só queria uma prova sua, para saber se seria
tão bom quanto pensei que poderia ser.

— E foi bom?

Ele beijou sua palma novamente, desta vez tocando sua língua contra sua pele.
Seu olhar a manteve cativa. — Melhor.

Antecipação correu ao longo de sua espinha. Sammi levantou-se na ponta dos


pés e tomou o lábio inferior entre os dela. Um gemido retumbou de seu peito
enquanto ela chupava seu lábio.

Em um piscar de olhos, ele a apoiou contra a casa de campo, com as mãos


em ambos os lados de sua cabeça enquanto olhava para ela. — Você não sabe o
que está fazendo.

— Não me diga que é porque eu estou com medo, porque a verdade é que a
única vez que eu não me apavorei é quando estou com você.

Sammi estava se preparando para pedir quando ele pegou sua mão e puxou-a
para trás dele quando entravam na casa de campo. Ele virou-se e bateu a porta
enquanto a puxava contra ele.

Assim que seus lábios se encontraram, uma voz de mulher disse: — Ei,
bonitão. Estou interrompendo?

Sammi virou a cabeça para encontrar uma mulher linda de morrer sentada à
mesa da cozinha de braços cruzados balançando as pernas. Seus longos cabelos
negros foram puxados para um lado em uma trança rabo de peixe que estava
pendurada por cima do ombro. Olhos de prata que ficaram enrugados nos cantos
com o sorriso dela enquanto nos observava.

Tristan soltou um longo suspiro. — Rhi, — ele murmurou.

Sammi queria gritar em frustração enquanto Tristan se afastava dela e seguia


por um corredor, voltando vestindo um par de jeans. Olhou de Tristan para a
mulher bonita na mesa, sem saber o que fazer com o que estava acontecendo.

A mulher deslizou sensualmente da mesa, um sorriso largo no rosto perfeito.


— Prazer em conhecê-la finalmente, Sammi. Sou Rhi.

— Rhi — repetiu Sammi. — Como você sabe...

— Nós temos algo em comum, — Rhi falou para ela. — Nenhuma de nós
gosta de nosso nome completo. Eu acho que Sammi é maravilhoso. Sortuda. Eu
só podia encurtar o meu para Rhi. Eu acho que eu poderia ter algo completamente
diferente, como Charlie ou algo assim.

— Rhi, — Tristan disse enquanto cruzava os braços sobre o peito.

Rhi revirou os olhos de prata. — Depois de tudo que eu fiz por vocês dois.

— Estou me sentindo um pouco perdida, — disse Sammi. — Alguém por


favor pode me explicar.

Tristan baixou os braços e caminhou até o sofá para se sentar. — Você lembra
de como falamos sobre o Fae escuro?

Sammi assentiu. — Sim.


— Há também os Fae de Luz. Rhi é uma Fae de Luz.

Ela virou a cabeça para Rhi para encontrar a Fae sorrindo brilhantemente. —
Eu normalmente não ajudo os Reis Dragões, mas Tristan demonstrou confiança
quando levamos Kellan e Denae para longe dos Escuros no mês passado. Eu não
esperava encontrar Tristan correndo para ajudar a irmã de Jane, mas, novamente,
isso não me surpreendeu.

Sammi ergueu as mãos, com as palmas para cima. — Espere. Apenas espere.
— Ela esfregou os olhos quando entendeu o que Rhi acabou de dizer. — Sinto-
me como em uma sala de espelhos onde vejo só uma parte da história, mas muito
é deixado de fora.

— Isso poderia ser obra de Con, — Rhi disse com o ódio escorrendo de sua
voz.

Sammi olhou para Tristan ao vê-lo estremecer. Ela não conhecia ninguém
com o nome de Con, então como ele poderia ter algo contra ela?

Rhi guiou Sammi ao sofá e colocou-a ao lado de Tristan. — Eu vou resumir


a história para você. Os Reis Dragões e os Fae não gostam uns dos outros por
causa das Guerras dos Fae a muito tempo atrás. Existe uma trégua, mas os escuros
a quebraram. Os Escuros estão atrás de um Rei Dragão e qualquer pessoa ligada a
ele.

— Entendi isso até agora, — disse Sammi. — Então você ganha algo com
isso...

Rhi dispensou suas palavras. — Não é importante. Vi Tristan ajudando-a e


decidi ajudar também.
— A névoa? — Sammi adivinhou.

Rhi piscou. — Cobertura perfeita.

— Um Escuro a encontrou, — disse Tristan.

O sorriso de Rhi desapareceu rapidamente. Ela virou a cabeça para Sammi.


— Conte-me tudo.

Sammi explicou sobre ter visto o Escuro na água uma segunda vez. Quando
ela terminou de contar a testa de Rhi estava franzida enquanto ela andava de um
lado para outro.

— Você pode descrever o Escuro?

— Bonitão, — disse Sammi.

Rhi resmungou. — Todos os Fae, tanto de luz como escuro, são de boa
aparência. Eu preciso de algo específico.

— Ele tinha o cabelo longo trançado com prata.

— Todos eles tem, — disse Tristan.

Rhi afundou-se no puff ao lado do sofá, fazendo uma careta. — Eu esperava


poder saber qual deles foi enviado. Poucos mantém seus cabelos longos agora. A
maioria os corta, de modo que vai ajudar a reduzir um pouco as coisas.

— Não é o suficiente, — Tristan resmungou.


Rhi sentou-se e cruzou uma perna sobre a outra. Ela correu o polegar sobre
as unhas de prata com um design listrado em cada dedo indicador e anular. — Eles
não serão estúpidos o suficiente para vir até a terra de Dreagan.

— Eles mataram os homens que Banan e os outros estavam interrogando, —


Tristan apontou.

— Eu estava lá. Os Escuros os mataram porque eles eram humanos. Os seres


humanos não sabem como manter alianças ou pactos, — Rhi afirmou. Então ela
olhou para Sammi. — Sem ofensas.

Sammi se recostou de volta no sofá. — Não me ofendi.

— Não vamos esquecer os mercenários que vieram para a nossa terra em um


helicóptero, — disse Tristan.

Rhi cruzou as mãos no colo. — Ex-MI5. Eles estavam testando você para ver
se você iria atacar.

— Ex-MI5? É a Máfia que está atrás de mim, — disse Sammi.

Rhi e Tristan trocaram um olhar, que só irritou Sammi. Havia ainda mais na
história que ela não estava sabendo.

Tristan limpou a garganta. — Achamos que a Máfia atacou o seu pub para
chegar a Jane e, assim, a Banan.

— Não é possível, — disse Sammi. — Daniel estava lavando dinheiro para


eles há alguns anos. Por que eles esperariam tanto tempo? Além disso, foi Daniel
que ao roubar o dinheiro trouxe a Máfia à minha porta.
Rhi franziu o rosto. — Essa poderia ser a verdade. A Máfia não é conhecida
por ser indulgente. Se eles achassem que alguém os traiu, iriam persegui-los até
que conseguissem o que desejam.

— Eles acham que eu não estava no bar na noite em que o destruíram, —


disse ela. — Daniel falou para eles que eu estava fora. Tentei ficar escondida depois
disso, mas eu ainda me sentia como se estivessem me seguindo.

Rhi olhou para Tristan. — Banan já chamou Henry North?

— Não que eu saiba.

— Talvez eu vá lhe fazer uma visita, — Rhi disse com um sorriso.

— Não, Rhi, — Tristan afirmou. — Não deve brincar com Henry. Ele é um
bom homem.

Rhi suspirou dramaticamente e revirou os olhos. — Bem.

— Quem é Henry North? — Perguntou Sammi.

Tristan apoiou os antebraços nas coxas. — Ele trabalha para MI5 e é um


amigo. O fato é Sammi, quando o Fae escuro apareceu começamos a suspeitar que
havia uma conexão entre você e nosso inimigo. Paramos os mercenários que
estavam atrás de você, e enquanto eu a seguia para mantê-la segura, Banan e os
outros levaram os homens para interrogatório.

— Onde os Escuros os mataram antes que pudesse dizer qualquer coisa, —


Sammi terminou. — Eu entendo tudo isso, mas eu estou dizendo a você, não há
maneira que a Máfia estivesse unida com os Fae escuros e o MI5.
— Tem que haver uma conexão, — Tristan insistiu. — Isto é, você e Jane.
Jane, como a companheira de Banan, é uma ligação para os Reis Dragões.

Rhi acrescentou: — E você é a única irmã de Jane. Faz sentido.

Era uma grande mudança para Sammi, mas ela não tinha qualquer
conhecimento sobre como lutar contra coisas más, e aparentemente, Tristan e Rhi
tinham.

De repente Sammi tinha uma ideia. Ela olhou de Rhi para Tristan. — E se
nós estivermos olhando para isso tudo de forma errada?

— Como? — Perguntou Tristan.

— E se não é a Máfia, os Fae escuro, e esses mercenários? E se for apenas um


grupo?

Rhi estava balançando a cabeça antes que ela terminasse. — Os Fae escuro
estão separados. Eles fazem um acordo com o inimigo dos Reis, quem quer que
sejam.

— Então, e se a Máfia e o inimigo desconhecido forem à mesma coisa?

Tristan passou a mão pelo rosto, sua expressão refletindo mal-estar.

Sammi deu de ombros. — Provavelmente estou errada. Eu não sei quem é


esse inimigo dos Reis Dragões de qualquer forma. Porra, eu nem sei o que um Rei
Dragão realmente é.

— Os Reis Dragões são tão antigos quanto o tempo, — disse Rhi. — Eles
são imortais e poderosos. Eles se transformam como você viu, e eles só podem
ser mortos por outro Rei Dragão. O resto de sua história eu vou deixar Tristan lhe
dizer. Quanto ao mal... — Ela fez uma pausa e respirou fundo. — Ele quer expor
os Reis. Ninguém sabe por que.

— Alguém o viu? — Perguntou ela.

Rhi deu uma sacudida lenta de sua cabeça. — Só a sua voz. Dizem que ele
tem um sotaque Inglês culto.

Sammi sentiu como se o chão, saiu de debaixo dela. Tristan passou um braço
ao redor dela e ela se agarrou a ele. — O homem que matou Daniel. Ele tinha um
sotaque Inglês culto.

— Você está segura aqui, — Tristan prometeu.

Rhi levantou uma sobrancelha para Tristan. — Seu inimigo conseguiu com
que MI5 e os Escuros se aliassem com ele. Faz sentido que ele poderia usar a Máfia
também. Sammi estava certa. Encontramos a nossa conexão.

Sammi desejou ter mantido a boca fechada. Ela pensou que ela teve uma
chance contra a máfia. Agora ela sabia que não tinha chance.
Em algum lugar na Irlanda...

Taraeth olhou para seu braço perdido e ainda podia sentir os dedos em
movimento. Os seres humanos sempre foram usados como entretenimento. Ele
não os odiava nem se preocupava com eles. Agora, ele detestava um mortal com
toda a maldade no seu coração negro.

Denae.

Ela tinha resistência contra sua sedução, e ainda se atreveu a usar uma lâmina
forjada pela Fae de luz que arrancou seu braço.

Mas as pancadas não pararam por aí. Ele usou uma explosão de magia com
força suficiente para matar dois seres humanos, e de alguma forma Denae
sobreviveu.

Ele ainda tinha que descobrir como ela conseguiu fazer o que nenhum outro
mortal foi capaz de fazer. Nenhum de seus espiões foi bem sucedido em descobrir
sua nova localização. Kellan, maldito seja seu coração dragão, estava sendo
cauteloso com sua companheira.

— Bem, ele deve ser, — Taraeth murmurou para si mesmo.

Porque quando ele encontrasse Denae, nada dela seria deixado para Kellan
lamentar.
Taraeth olhou para cima quando ouviu alguém fora de sua câmara. O ferro
de vinte pés das portas duplas abriu-se bem devagar enquanto Balladyn caminhou
em sua direção.

Balladyn uma vez fora um guerreiro de alto escalão do exército dos Fae de
luz. Ele foi bom de coração e puro de alma. Suas façanhas como protetor da rainha
eram lendárias, mesmo entre os Fae.

Taraeth o queria a seu lado desde o início. Ele usou uma grande quantidade
de suborno no início, e quando isso não funcionou, Taraeth tentou outra tática.
Durante uma das batalhas nas Guerras Fae Taraeth enviou um batalhão inteiro
para encontrar e ferir Balladyn.

Depois disso, Balladyn estava em suas garras. Não levou tanto tempo para
quebrá-lo como Taraeth esperava, mas, novamente, os puros de alma raramente
eram, porque em algum lugar lá no fundo existia um grão de maldade esperando
para criar raiz.

— O que você descobriu? — Taraeth exigiu.

Balladyn parou diante dele e baixou inclinando a cabeça. — Samantha Miller


escapou-me mais uma vez.

— Os seres humanos não são tão hábeis, Balladyn, — Taraeth rosnou. — Ela
tinha quer ter tido ajuda.

— Eu suspeito que ela teve. Havia uma névoa sobre ela que era tudo menos
normal.
Taraeth tentou coçar seu rosto apenas para perceber que estava sem a mão.
— A Fae de Luz ainda não sabe que somos nós. Eles não poderiam tê-la ajudado.
Será que os reis têm um aliado na Luz?

— Eles têm uma trégua com os Fae de Luz assim como eles fizeram com a
gente, — disse Balladyn. — Os reis odeiam todos os Fae.

— Isso pode ser o caso, mas eu vi uma Luz, enquanto Kellan foi atacado com
os outros reis dragões. A Fae de Luz estava perto da Denae. Ela parecia familiar.

Balladyn cruzou as mãos atrás das costas, seu cabelo negro reluzente caindo
por suas costas. — Como disser, meu senhor.

— Eu duvido que os reis se sujariam para se alinhar com a Fae de Luz, mas
vamos ter certeza de qualquer maneira, — disse Taraeth. — Descubra qual foi à
fêmea que os ajudou. Eu gostaria de falar com ela.

— É isso deve ser antes ou depois de capturar Samantha Miller?

Taraeth encarou Balladyn, perguntando se isso foi sarcasmo ou uma pergunta


simples. — Depois. Precisamos do ser humano para chegar ao Banan.

— Samantha está ligada à Banan somente por casamento. O Rei Dragão não
vai colocar Dreagan em perigo por ela.

— Você sabe tão pouco de seres humanos, — Taraeth disse quando ele se
levantou e andou em torno de sua espaçosa câmara do rei com o seu teto
abobadado. — Banan quer sua companheira feliz. Samantha é irmã de Jane, por
isso Jane fará qualquer coisa por sua irmã. Assim, Banan vai se entregar em troca
de Samantha.
— Nós não conseguimos segurar Kellan, e ele ainda não estava acoplado.
Banan será ainda mais difícil de segurar.

Taraeth riu enquanto caminhava ao redor de seu tenente. — Banan será ainda
mais fácil de segurar. Enquanto ele acreditar que deixaremos Jane em paz, ele vai
fazer o que quisermos.

— Um plano brilhante.

— É por isso que sou eu a liderar e não você. — Taraeth olhou para a porta.
— Você está dispensado. Não volte até que você tenha Samantha Miller. — Ele
esperou até que as portas se fecharam atrás de Balladyn antes que ele agarrasse o
ombro de seu braço perdido. Murmúrios se ouviam pelos corredores do seu reino.
Ele sentia seus olhos sobre ele quando andava entre eles.

Eles questionaram a sua liderança desde que foi mutilado por um ser humano,
mas mostraria a todos por que ele era o único apto para liderar.

A aliança com MI5 serviu o seu propósito. Era a união com Maitland que ele
ainda tinha que descobrir. Ele e os Fae escuros tinham um grande proposito, mas
Maitland não era estúpido. Maitland afirmou não querer nada mais do que expor
os Reis Dragões e levá-los para baixo.

Taraeth sabia que havia muito mais que isto. Ele poderia levar algum tempo,
mas ele iria apenas descobrir o que Maitland estava escondendo dele, assim como
acabaria por aprender o verdadeiro nome de Maitland.

Seria preciso paciência. O que ele tinha em grande quantidade. Afinal, ele
tinha esperado milhares de anos para ter Balladyn como um dos seus.
O céu estava claro, apenas por algumas nuvens preguiçosamente à deriva por
ele. A meia-lua derramava a única luz escassa no chão, mas Tristan não precisava
dela para ver enquanto ele vasculhou a área.

Ele circulou ao redor da casa e fez um arco mais amplo. Quando pensou em
Sammi e seus beijos. Eles o abalaram imensamente e criaram um desejo por ela,
que sabia que nunca iria diminuir.

Era por isso que ele estava patrulhando em forma de dragão. Era a maneira
de um covarde, mas não era forte o suficiente para resistir a Sammi e seus encantos.

Ela o deixou após a sua refeição em silêncio para tomar um banho. O simples
pensamento dela nua sob a água o fez correr para a noite sem se preocupar em
estar em seu jeans antes que se transformasse.

Tristan olhou para a casa de campo para ver a última luz sendo apagada. E se
ela foi para a cama? Ele gemeu quando a imaginou deitada de bruços com suas
ondas de cabelos cor de areia ao seu redor.

Um borrão passou zunindo, batendo nele. Tristan rugiu sua irritação, apenas
para ouvir a risada de Laith em sua cabeça através da sua ligação mental.

— Sua mente estava em outro lugar. Ou devo dizer que era em Sammi, — disse Laith.

— Cai fora.
Laith riu mais alto. — Eu não estou certo por que está aqui em cima quando você
obviamente quer estar com ela.

Tristan deu a volta indo em outra direção, esperando dar a dica à Laith que
ele não queria conversar.

Laith não foi dissuadido, no entanto. — Tristan. Por que você não fica com ela?

— Porque você não desiste.

— Não. Não quando eu sei que algo está errado.

Tristan virou-se quando viu Laith voando em direção a ele. — Como você pode
saber algo sobre mim? Eu nem mesmo me conheço!

Laith ficou em silêncio por um momento antes de dizer: — Gostaria de saber


quando isso iria vir à tona. Por dois anos você assumiu o papel de Rei Dragão como se fosse seu
por milhares de anos.

Era verdade. Tristan fez exatamente isso. Nem mesmo quando soube que ele
tinha um irmão que era um guerreiro imortal ele quis incomodá-lo.

Em seguida, ele conheceu Sammi.

Ele tocou-lhe e viu flashes de seu passado, um passado, quando ele foi
Duncan Kerr.

Foram essas memórias que mostraram que Tristan vinha iludindo a si mesmo
enquanto pensava que sua vida era apenas como ela deveria ser. Ele tinha um
passado que ele não tinha certeza se queria saber por que não tinha ideia de como
isso afetaria seu futuro.
— Eu sou um Rei Dragão, — afirmou.

Laith se moveu para seu lado e observou-o com olhos roxos vívidos. —
Ninguém contesta isso. O fato de que você está em forma de dragão é suficiente para mim.

— É isso? Por que fui transformado em um rei? Por que eu fui trazido aqui agora? O que
eu estou destinado a fazer?

— Nenhum de nós tem essas respostas, companheiro. Eu não me preocupo porque você foi
trazido para nós. Francamente, estou apenas contente de ter outro Rei Dragão. Verdadeiramente
perdemos muitos nas guerras com os seres humanos e os Fae.

— Eu preciso saber por que fui escolhido para ser um rei.

Laith bateu sua asa contra Tristan. — É isso o que impede de você estar com Sammi?

— Ela não é apenas uma mulher, Laith. Ela é irmã de Jane.

— Sim. Sammi não é para brincadeiras, e se você fosse qualquer outra pessoa eu estaria lhe
dizendo para ficar longe.

Tristan soltou um suspiro e viu chamas irromperem de suas narinas. — Por


que sou diferente?

— Por causa da maneira como você olha para ela, idiota. Você acha que todos nós não
notamos.

Ele olhou para a casa de campo para ver as portas de vidro que conduzem do
quarto para o jardim estavam totalmente abertas. Sammi estava reclinada em uma
das espreguiçadeiras com uma túnica branca com as pontas caindo aberta para
revelar suas pernas magras, uma ligeiramente dobrada e outra esticada na frente
dela.

— Diga-me se você não anseia por ela, sente fome por ela, — Laith perguntou. — Diga-
me que ela não está em seus pensamentos cada hora do dia.

— Sim, eu quero ela. Depois de beijá-la, eu não vou saber como eu posso manter minhas
mãos longe dela.

Laith circulou a distância. — Pela primeira vez, Tristan, faça algo que você quer fazer.
Esqueça o que é esperado de você. E pelo amor de Deus, pare de pensar!

Tristan não conseguia tirar os olhos de Sammi. O vislumbre de suas pernas


foi o suficiente para fazer com que o seu sangue esquentasse. Talvez Laith estivesse
certo. Talvez ele pensasse demais nas coisas.

Ele sempre tentou fazer o que era esperado dele. Parecia o natural a fazer
quando chegou e aprendeu quem era.

Os outros estiveram por aqui durante centenas de milhares de milênios. Ele


ainda estava aprendendo a história dos reis dragões.

Os motivos pelos quais ele se tornara rei e não morreu começaram a


atormentá-lo, até que Phelan lhe dissera que tinha um gêmeo, Ian. Tristan não
queria acreditar. Ele tinha tudo, mas empurrou-o de sua mente até que as imagens
começaram a piscar em sua cabeça.

Elas vinham nos momentos mais estranhos, mas sempre quando ele estava
tocando Sammi de alguma forma. Não havia magia na linhagem dos seus
antepassados, ela não era um druida.
Ele parou de pensar quando circulou mais próximo sobre a casa e encontrou
Sammi observando-o. Houve um pequeno sorriso em seu rosto, e mesmo à
distância, ele sentiu o cheiro limpo de seu sabonete.

Com Laith e os outros patrulhando, não havia nenhuma razão para ele ficar
longe. Ele fez o que Laith sugeriu e parou de pensar, se esqueceu de tudo, só não
o que ele queria e era Sammi.

Ele caiu e imediatamente mudou para a forma humana. O sorriso de Sammi


cresceu quando ela inclinou a cabeça para o lado. — Isso nunca me cansa.

Tristan lentamente começou a fechar a distância entre eles. A noite estava de


repente cheia de sons enquanto o perfume das flores do jardim encheu o ar.

— Eu estava começando a me perguntar se você nunca iria descer, — ela disse


quando balançou suas pernas para o lado da espreguiçadeira e se sentou. — Adoro
ver você voando, mas eu estou feliz que você esteja aqui.

— Onde mais eu estaria?

Ela levantou um ombro casualmente e lentamente piscou. — Onde você quer


estar?

— Com você, — ele respondeu sem hesitar. Foi a única coisa que ele sabia, a
única certeza que não desapareceu desde que ele a viu pela primeira vez.

Ela se levantou e andou em torno da espreguiçadeira para o quarto. Assim


quando ela chegou à porta, abriu o manto antes que o deslizasse para baixo nos
braços e flutuasse para o chão.

Ele bebeu na visão de seu traseiro nu com o seu membro endurecido.


— Então o que você está esperando? — Ela perguntou quando olhou para
ele por cima do ombro, seus olhos azuis enevoados cheios de paixão.
Sammi nunca fez nada tão impulsivo em sua vida, mas sentia que estava certa.
Não tinha que perguntar a si mesma, para saber se estava cometendo um erro.
Havia apenas uma certeza que nunca experimentou antes.

Ela se virou quando chegou à cama e encontrou Tristan dentro do quarto.


Antes, acendeu quatro velas e colocou-as no quarto para dar-lhe um brilho
dourado. Esta seria uma noite de magia, uma noite de sonhos.

Uma noite em que ela colocou de lado todos os seus medos e inseguranças e
se deixou levar.

O olhar de Tristan gradualmente passou pelo seu corpo uma e outra vez. Sua
pele aquecia com o fogo em seus olhos, e se reunia com o desejo em seu ventre.

— Maravilhosamente perfeita, — disse ele em sua voz profunda. — Em


alguns momentos desejei rasgar suas roupas.

— Tudo o que precisava fazer era pedir.

Ele deu um passo em sua direção, elevando a mão até que suas mãos estavam
unidas. — Vou me lembrar disso na próxima vez.

— Então vai haver uma próxima vez? — Ela perguntou com seu estômago
vibrando de emoção.

— Oh, sim. Eu suspeito que muitas outras próximas vezes.


Seus dedos se espalharam e, em seguida, se misturam com os dela. Só então
ele a puxou contra ele, até que se encontraram carne contra carne. Ela sentira seu
maravilhoso corpo, mas apenas quando o observara se transformar em um dragão,
queria mais.

Ela colocou a mão na cintura estreita e mais uma vez sentiu o calor de sua
tatuagem de dragão sob sua palma. — Será que todo Rei Dragão tem tal tatuagem?

— Sim. Cada uma é diferente, assim como nós somos diferentes dragões. —
Ele usou a mão livre para afastar seu cabelo para longe de sua garganta, para depois
baixar a cabeça e esfregar-se nela.

— Por que a tatuagem? — Perguntou ela, enquanto seus olhos se fechavam


sob o prazer requintado de seus lábios.

— Ela representa o que somos. Nós somos dragões, — ele murmurou, —


que podem mudar para a forma humana.

Ela se agarrou nele quando sua boca beijou e lambeu a sua orelha. — Ela
aquece debaixo da minha mão.

— Hmm. Isso não é tudo o que está quente para você.

Sammi estremeceu quando ele tomou sua boca em um beijo possessivo e


dominador. Sua mão deslizou sensualmente pelas costas para a sua bunda e puxou-
a contra a sua espessa excitação.

Ele, então, trouxe ambos os braços acima da cabeça enquanto se inclinava


para trás, seus olhos travados. Sammi não conseguia respirar porque seu corpo
doía por ele. Com um beijo ele a deixou tremula e desejosa.
Totalmente apaixonada.

Suas mãos acariciaram seus braços levemente, deixando um caminho de calor


em seu rastro. Olhos escuros, insondáveis, cheios de promessas deixou-a presa, a
desafiando a ceder.

Como se ela tivesse escolha. Eles seguiram por esta estrada desde que ela
imaginou que sonhara com ele. Agora ele estava de pé diante dela, os lábios
molhados de seus beijos.

— Você é absurdamente linda, — ele sussurrou.

Sammi suspirou enquanto suas mãos viajavam para os seus seios e levemente
acariciou o lado de baixo, antes de segurá-los, como se testasse seu peso.

Seus mamilos endureceram e uma dor se localizou na parte baixa de sua


barriga. Ele continuou saboreando-a enquanto conhecia seu corpo, seguindo pela
lateral até a cintura e em seguida seus quadris.

Durante vários segundos eles simplesmente olharam um para o outro. Sammi


nunca sentiu tal desejo, tão esmagadora fome antes. Ela o buscou no mesmo
instante em que ele a agarrou.

Eles se reuniram em um emaranhado de pernas e lábios enquanto se beijavam


de forma louca, frenética e sem sentido.

Desejo, feroz e selvagem, os consumia. Nada importava, nada existia além dos
dois, e a sempre crescente atração.

O beijo se aprofundou, puxando-a mais e mais para baixo em sua sedução e


a paixão. Para o prazer que os aguardava.
A parte de trás de suas pernas bateram na cama, mas antes que ela caísse,
Tristan apertou em seus braços e levantou-a do chão enquanto ele se ajoelhou na
cama. Então, lentamente, durante todo o tempo sem soltar os lábios em um beijo
profundo, ele a deitou.

Seu peso em cima dela era uma coisa inebriante. Ela mal teve tempo para
apreciá-lo antes que ele se movesse por seu corpo e fechasse seus lábios em torno
de seus mamilos.

Sammi ofegava, as mãos voando para a cabeça para segurá-lo enquanto ele
provocava e atormentava seus seios até que seus mamilos eram pontos inchados e
doloridos.

Só então elevou a cabeça e a beijou. Ela balançou seus quadris empurrando


contra ele, necessitando do contato para aliviar a necessidade.

Ele deslizou a mão entre eles e abriu suas pernas para expor seu sexo. O ar
frio tomou conta dela. Ela agarrou as cobertas em sua mão quando seus dedos
mergulharam entre suas pernas e separaram os cachos.

Suas costas arquearam quando ele mergulhou um dedo dentro dela. O desejo
apertou, enrolando em cada toque, e trazendo-a mais perto do seu limite.

Em seguida, tocou seu clitóris. Sammi soltou um gemido baixo quando ele
circulou o botão inchado. O prazer era diferente de tudo o que ela já sentiu.
Ninguém a tocou como Tristan.

Ela sussurrou seu nome quando sua língua sacudiu sobre seu clitóris. O tempo
parou à medida que a levava mais e mais alto enquanto sua língua lambia e chupava.
Quando o clímax a atingiu, Sammi não estava preparada. Ela gritou com o
impacto intenso, uma vez que a varreu, agarrou-a, levando-a para um lugar que ela
só sonhara que existia.

Tristan observou o rubor cobrir sua pele quando o orgasmo a reivindicou.


Ele nunca viu nada tão impressionante, nem teve alguém tão incrível em seus
braços antes.

Com seu corpo ainda tremendo de seu clímax, Tristan envolveu suas pernas
em volta dele e aconchegou-a contra ele enquanto se sentava.

Seus olhos azuis enevoados estavam brilhantes, os lábios entreabertos


enquanto seu peito arfava. Mas ela olhou-o como se ele fosse tudo o que poderia
querer.

As preocupações de seu passado, de seu futuro, e o que ele estava destinado


a fazer foram esquecidas quando afundou em seu olhar. Ela apagou todas as suas
dúvidas, todos os seus fardos. E em seus lugares estava ela. Sammi.

Ela encheu todos os espaços vazios dentro dele, espaços que não sabia que
existiam até que ela tivesse aparecido e perfurou-o com os seus belos olhos.

— Tristan, — ela disse em uma voz rouca de paixão.

Ele puxou-a para que ficasse de joelhos enquanto ela pairava sobre seu pênis
latejante. Tristan silvou quando ela esfregou seu sexo na ponta de sua excitação.
As correntes elétricas de necessidade e desejo correram através dele, colocando
seu sangue já aquecido, em chamas.
Agarrando mais forte, reivindicou seus lábios em outro beijo. Ele não
conseguia parar de tocar ou beijá-la. Ela era como uma droga, e uma vez que a
experimentou, precisava de mais.

Todo o pensamento parou quando ela gradualmente deslizou seu canal


apertado e molhado sobre seu pênis. Ele não soltou o fôlego até que ela estava
totalmente encaixada.

Então a única coisa que tomou conta de sua mente era marcá-la com sua
presença total e incondicional. Desejava limpar sua mente de qualquer outro
homem que houvesse vindo antes dele, e qualquer outro que ousasse vir depois.

Tristan agarrou seus quadris enquanto deslocava seu corpo. Olhavam-se


fixamente, sem palavras, nos olhos um do outro, enquanto balançava seus quadris
lentamente. Seus mamilos duros roçaram seu peito, fazendo-o gemer. Incapaz de
segurar-se, ele beliscou um mamilo e ouvi-a puxar uma respiração antes que ela
gemesse e girasse seus quadris.

Isso foi tudo que precisava para empurrá-lo ao limite. Ele virou-a de costas e
colocou suas mãos sob sua cabeça. Retirando-se dela, e então deu forte empurrão
enquanto afundava profundamente.

Choramingando, suas unhas cavando em seus braços. Novamente e


novamente ele a encheu, levando-os mais alto, empurrando-os ainda mais. Um
brilho de suor os cobriu, o desejo os consumiu.

Seu corpo era flexível, ofertando, ansiosamente. Ele tentou conter, mas uma
selvageria surgiu nele pela primeira vez, e cada vez que se afastava, ela segurava
mais apertado.
O ritmo aumentou à medida que mergulhava dentro de seu corpo apertado
de novo e de novo, indo mais fundo, cada vez mais intenso. A selvageria, uma
loucura que parecia estar concentrada ao seu redor, tomou-o novamente.

Ele queria socar dentro dela, marcá-la como sua para todo mundo ver. A sua
ferocidade o pegou desprevenido, e ele mais uma vez recuou.

— Não, — ela implorou ao mesmo tempo em que o segurava.

Ela não entendia este lado que desejava se libertar, uma parte que nunca
encarrou antes, uma parte que poderia machucá-la.

Seus quadris subiram para satisfazer seus impulsos, seus gemidos suaves se
transformando em gritos enquanto ela chamava seu nome repetidas vezes.

Tristan estava impotente para negar a ela ou ao seu corpo. Ele agarrou seu
quadril com uma mão e mergulhou impiedosamente. Quanto mais forte e mais
profundo ele empurrava, mais ela tomava.

A primeira convulsão de seu corpo em torno de seu pênis enquanto ela


alcançava o clímax o enviou numa espiral em seu próprio orgasmo. Ele a encheu
mais uma vez, enquanto sua semente derramava dentro dela e suas paredes
apertadas o ordenhavam.

Uma bolha de paz, de puro êxtase rodeou-os quando eles caíram em um


emaranhado de pernas, contente por estarem nos braços um do outro.
Banan caminhou cansado pela mansão. Ele não deu dois passos quando uma
forma bloqueou seu caminho. Olhou para o rosto enfurecido do Con.

— Você foi ver Ulrik.

Não era uma pergunta, e Banan não ia tratá-lo como tal. — Eu o fiz.

Ele andou em volta de Con para a sala e se serviu de uma porção de uísque.
Antes de recolocar a rolha na garrafa de cristal, ele serviu-se de mais um pouco.

Então ele levantou o copo e bebeu tudo.

— Eu acredito que as coisas não estão indo muito bem, — disse Con da porta.

Banan olhou para ele, vendo-o de braços cruzados, seu rosto em máscara
neutra de indiferença. Banan sabia bem. Sabia dos esforços que Con fez para que
nenhum Rei Dragão tivesse contato com Ulrik.

E, francamente, ele não se importava o quão bravo o Rei dos Reis estivesse.

— Eu proibi qualquer um de vocês de ver Ulrik.

Con pode ser o Rei dos Reis, mas ele não tomaria decisões individuais pelos
Reis Dragões. Ele tentou, e alguns até mesmo ouviram Con na maior parte do
tempo.

Outras vezes, os Reis faziam o que eles queriam.

A única exceção era quando estavam protegendo Dreagan e seu segredo.


Nisso, todos os Reis Dragões estavam unidos.
— Con, digo isto com a sinceridade mais profunda, foda-se. — Banan não
esperou por uma resposta enquanto ele despejava mais uísque.

— O que ele te disse? — Con perguntou.

Banan não estava distraído com o tom suave. Isso só acontecia geralmente
quando Con estava muito raivoso. Ele olhou para Constantino e levantou o copo
numa saudação. — Ele se recusou a ajudar.

— Eu poderia ter te dito isso.

— Você poderia, mas eu tinha que tentar. Eu sei que você não pode
eventualmente entender isso.

Con deixou cair os braços e afastou-se da porta. — Eu entendo perfeitamente.

— Você? Eu duvido. E isto não importa. Sammi ainda está em perigo, e isso
significa que Jane também está, eu vou fazer de tudo para proteger o que é meu.

Os olhos negros de Con ficaram frios. — Fique à vontade.

— Você tem visto Ulrik? — Banan perguntou enquanto Con começava a se


afastar.

Con estremeceu quando parou e, em seguida, encarou Banan. — Claro.

— Não. Você realmente o viu?

— Se você quer dizer se tenho falado com ele, isso seria não. Eu não me
importo em chegar perto o suficiente para trocar algumas palavras.
— Ele não é o mesmo homem, — Banan disse enquanto pausava seu copo
vazio e caminhava até a porta ao lado de Con. — Ele está... duro, cruel. Feroz.

Con levantou uma sobrancelha loira. — Seu ponto?

— Ele quer vingança. E eu acho que ele está indo para obtê-la.
Tristan estava rindo quando ele se sentou ao lado de seu irmão. Ian fez outra piada que
tinha todos na mesa no grande salão se dobrando de tanto rir.

— Viu? Eu disse que sou mais engraçado do que você, Duncan, — Ian disse quando ele
lhe deu uma cotovelada.

Os olhos de Tristan se abriram. Ele olhou para o teto enquanto puxava a


realidade para ele. Ele estava deitado de costas, com Sammi aconchegada contra
ele. O suor escorria de sua pele quando a memória flutuou em sua mente como
uma folha no vento.

E era uma memória.

Não foi um sonho. Ele ainda podia sentir a madeira da mesa sob suas mãos e
como ela estava raspada e arranhada de séculos de uso.

Ele ainda podia ouvir o riso de todos. Tristan tocou seu lado onde o cotovelo
de Ian ligou com a sua costela. Ele formigou, como se tivesse acabado de
acontecer.

Tristan puxou o braço de debaixo de Sammi e sentou-se. Ele se sentou na


beira da cama e passou as mãos pelo cabelo. Parecia tão real quanto o quarto em
torno dele.

As luzes dos muitos candelabros e tochas, o calor do fogo da enorme lareira,


a cerveja em seus lábios.
O que estava acontecendo? Por que essas memórias vinham assolá-lo agora,
depois de dois anos? O que eles queriam com ele? E o que ele faria sobre isso?

Ele se levantou e silenciosamente abriu uma gaveta da mesa e tirou um jeans.


Na porta ele parou e olhou para a cama. Sammi estava esparramada, a palma da
mão para cima como se quisesse o agarrar.

Mas quem ela estava procurando? Tristan? Duncan? Ou ele era outra pessoa?
Sua cabeça começou a latejar enquanto ele tentava desatar os nós de seu passado.

Então ele começou a se perguntar se ele deveria se lembrar. Talvez seu


passado foi atado para mantê-lo longe de lembrar algo que ele preferia não saber.

Tristan brevemente fechou os olhos quando percebeu que ele não conseguiria
entender nada disso com Sammi ao redor. Ela o confundiu ainda mais, nublando
sua mente para qualquer coisa, exceto a luxúria e complicando suas decisões.

Ele sabia que era melhor ficar longe dela. Depois de tê-la em seus braços,
depois de deixá-la marcada, ele não seria capaz de manter-se sem tocá-la. E agora
com o seu passado aparecendo para borrar as linhas do presente, ele podia
simplesmente colocá-la em perigo.

Tristan saiu do quarto e, em seguida, para fora de casa. Ele parou uma vez que
ele estava do lado de fora com o rosto erguido para o céu.

A vida foi relativamente simples até alguns dias atrás. Ele poderia ter lidado
com Ian quando o encontrasse, mas não havia memórias de sua vida passada, só
confusão sobre o que ele deveria fazer ou por que ele se tornou um Rei Dragão.

— Ei bonitão.
Ele se encolheu quando ouviu a voz de Rhi. A Fae tinha uma maneira de estar
sempre no lugar errado na hora errada. Bem, isso não era inteiramente verdade.
Ela ajudou a salvar Kellan e Denae, assim como Sammi.

Tristan enfiou as mãos nos bolsos da frente da calça jeans. — Oi, você está
aí.

— Eu esperava que você estivesse... alegre, feliz após o seu tempo a sós com
Sammi, não triste e deprimido. Você não estragou tudo, não é? Então nem todos
os reis podem fazer amor perfeitamente?

Ele ouviu a provocação em sua voz, mas ele não conseguia sequer abrir um
sorriso. — Foi o mais perto da perfeição com ela como eu suspeito que pudesse
ser.

Rhi ficou na frente dele, uma carranca profunda enrugando a testa quando ela
olhou para seu rosto. — Droga, bonito. Você parece horrível.

— Pelo menos é como eu me sinto. — Ele balançou a cabeça.

Cada fibra do seu ser queria que ele retornasse a Sammi, rastejar de volta na
cama e tomar o seu corpo novamente. Para esquecer quem ele era ou o que quer
que ele devia ser.

Mas para protegê-la era necessário que sua mente estivesse livre de tudo. Ela
estava tão turva agora que ele não tinha certeza de qual o caminho certo a seguir.
— O que você está fazendo aqui?

Rhi deu de ombros e voltou para seu assento na parede de pedra. —


Pensando.
— Em Dreagan? Eu pensei que este seria o último lugar que você queria estar.

Houve um leve sorriso enquanto ela desviou o olhar para as montanhas. —


É, ao mesmo tempo é o meu lugar favorito para estar. Você acha que finalmente
encontrou alguma coisa que vale a pena manter, algo que nunca poderia ser tirado
de você, algo que vai manter o seu mundo estável. E então ele é puxado para longe,
levado direto de suas mãos. A retidão e a integridade que você sentiu parece ser
uma memória distante quando você deriva ao longo do tempo.

— Você o amava profundamente.

Houve um momento de silêncio, uma tristeza tão profunda que pesou no ar.
— Sim. Sim eu o amei.

Tristan sabia que era um evento raro para Rhi falar sobre seu amante Rei
Dragão. Ele queria saber quem era, mas ele sabia que não devia perguntar. Não
agora, pelo menos. — Há quanto tempo você o perdeu?

— Centenas de vidas atrás. Mas às vezes, parece que foi ontem.

— É por isso que você está aqui? Você quer estar perto das memórias que
você tem?

Seus olhos de prata brilhou a luz da lua, fazendo-os parecer metálicos. — Não.
Eu estou aqui porque eu preciso de silêncio para pensar. E porque nunca é demais
ter alguém para ajudar a manter o relógio que não seja ele, — ela disse e apontou
para o céu onde Laith sobrevoava, o negro de seu dragão misturando facilmente
com a noite.

— Sobre o que você pensa?


Seu sorriso era muito grande, muito brilhante quando ela se concentrou nele.
— Diga-me o que tem impulsionado você fora da cama de sua amante.

Tristan retirou-se para si mesmo quando ele recordou a recente memória. Ela
mudou o assunto, mas ele ia deixá-la deslizar desde que ele tinha uma pergunta a
fazer. — Você sabe como Reis Dragões são feitos?

— Eu acho que ninguém sabe. Quando chegamos a este reino os Reis


Dragões já estavam aqui.

— Você nunca perguntou a seu amante como ele veio a ser um dragão?

Ela soltou deu um suspiro suave. — Ele era um dragão, Tristan. Ele foi
escolhido para ser um rei por causa de sua força e do poder da sua magia. Ele era
um líder nato.

— Eu caí do céu, — disse Tristan e olhou para uma montanha distante. —


Um minuto não havia nada, e então houve o frio a neve e o vento uivando.

— Você não se lembra de nada antes disso?

Tristan fechou os olhos e pensou em voltar. Era um lugar que ele não se
preocupou em olhar mais de perto, porque não tinha importância. Até agora. —
Escuridão. Eu estava... flutuando.

— Você poderia estar nesse espaço entre a vida e a morte. Ouvi um Fae
descrevê-lo depois que foi curado. Ele foi longe, e em um ponto ele parou de
respirar.

Tristan abriu os olhos e olhou para ela. — Onde fica esse lugar?
— Ele existe em torno de nós, — disse ela com um aceno de sua mão. —
Não é um lugar que você pode encontrar em um mapa, e eu não sei como alguns
vão lá e outros não.

Ele olhou para ela e perguntou: — Como o que o Fae o descreveu?

— Ele disse que era como se ele pudesse ver tudo, desde o passado para o
presente e até o futuro. Ele viu todos, ouviu tudo. Ele testemunhou cidades subir
e cidades cair. Ele viu civilizações desmoronar em pó enquanto novos nasciam.

— E lembrou-se de tudo isso?

Rhi jogou seu longo cabelo sobre o ombro. — Somente os poucos minutos
depois de se curar. Depois que ele dormiu, não recordava nada do evento.

— Assim, ele poderia ter inventado tudo isto.

— Ele poderia, mas não o fez. Lembro-me especialmente dele falando sobre
estar flutuando na escuridão antes de uma linha do tempo da vida, ser exibida para
ele ver.

Tristan bufou quando ele se virou. — Eu quero saber por que me tornei um
Rei Dragão.

— Não é suficiente que você voltou, bonito? E tão perto de seu irmão gêmeo?

Ele espetou-a com um olhar glacial. — O que você sabe do meu passado?

— Nada mais do que qualquer outra pessoa, mas não há dúvida de que Ian é
seu irmão no lado de sua testa em baixo a direita passa o caminho de uma veia que
pulsa quando você fica com raiva.
— Eu não, — disse ele, mesmo quando ele estendeu a mão e esfregou sua
têmpora esquerda.

Ela torceu sua boca em uma careta irônica. — Está mentindo para si mesmo,
isso o está ajudando? É isso que está mantendo-o longe da cama de Sammi?

— Não. São as memórias. — Ele não tinha certeza por que ele disse a Rhi.
Poderia ser porque ela não tinha laços com Dreagan ou o Castelo MacLeod.

Por longos minutos Rhi ficou tranquila, o silencio da noite quebrado apenas
pelo som das asas de Laith batendo enquanto voava em torno deles. — Memórias
de quando você morreu?

— Memórias de uma vida quando eu era... Duncan.

— Eu achava que você não tinha essas memórias, — disse ela em confusão.

— Eu não as tinha. Até que eu conheci Sammi.

Rhi colocou as mãos em cada lado de seus quadris e bateu as unhas nas pedras.
— Como?

— Quando eu a toco as memórias vem.

— Toda vez que você a toca?

Ele deu um aceno de cabeça. — Não. É aleatório. Eu... Eu não posso saber
quando elas virão. Eu tive esta noite. Elas me acordaram.

— E você tem certeza que era Duncan nesta memória?


— Eu estava em um castelo cercado por homens que eu sabia ser amigos
íntimos. Ian estava ao meu lado, me provocando.

Rhi ouvia embevecida. — Os homens. Você pode descrever qualquer um


deles para mim?

— Três usavam anéis de ouro em torno de seus pescoços. Eles eram irmãos,
eu tenho certeza disso.

— Quaisquer outras memórias? — Ela perguntou em voz baixa.

Tristan hesitou antes de engolir em seco e dizer: — Eu vi minhas mãos, exceto


que a minha pele era azul pálido e havia longas garras azuis estendidas dos meus
dedos. Minhas mãos estavam cobertas de sangue que de alguma maneira eu sei que
foi depois de uma batalha.

— Isso é tudo até agora?

— Há um terceiro. — Rhi deslizou da parede para seus pés. — Eu já ouvi o


suficiente.

— Eu estou em uma montanha, — disse ele acima dela. — Eu estou sendo


mantido prisioneiro com Ian. É um lugar ruim em que estamos Rhi. — Seus olhos
de prata encontraram os seus. — Sim, era. Ele ainda mantém o mal.

— E então estas são realmente memórias?

— Sim.

Ele deixou o queixo cair para seu peito. — Então, eu realmente era Duncan
Kerr?
— Isso é tão ruim?

— Eu não posso saber. Eu não tenho lembrado de tudo.

Rhi veio para ficar ao lado dele quando olharam para o vale abaixo deles. —
Ian Kerr é um bom homem, e sua esposa, Danielle, é uma Druid poderosa. Ian
juntamente com os outros guerreiros do Castelo MacLeod têm lutado para evitar
que os druidas malignos prejudiquem o mundo.

— Foi assim que eu morri? Lutando contra o mal?

Ela ficou em silêncio por muito tempo. Tristan sabia que tudo o que aconteceu
para acabar com sua vida não foi bom.

— Não importa, — disse ele. — Eu não estou querendo saber.

Rhi colocou uma mão em seu braço. — Eu não sei por que você não
conseguia se lembrar de sua vida passada, ou porque você está aqui agora. Eu
também não sei por que você se tornou um Rei Dragão, mas eu posso dizer com
toda a honestidade que você é um dos poucos reis que eu gosto. Eles estão
melhores porque agora você é um deles. Você abraçou sua vida como Rei, assim
como todos os Reis Dragões do início dos tempos acolheram o seu papel. Seu
passado não define você, Tristan. Suas ações no presente o fazem.

Com um sorriso de encorajamento, ela se foi.

Tristan gostava de Rhi. Ela tinha um jeito de animar qualquer situação com
sua cor das unhas mudando constantemente, seus comentários sarcásticos e sua
beleza.
O fato de Con não aguentar tê-la em torno dele apenas a fazia alfinetá-lo
impiedosamente quando ela aparecia para ajudá-los, o que foi mais vezes do que
deveria com a maneira que Con a tratava.

Tristan se perguntou se ele tinha algo a ver com seu amante Rei Dragão.

Ele respirou fundo e gritou para Laith através do seu link. — Eu preciso sair.
Fique de olho sobre Sammi.

— Tristan? O que está errado? Você parece... estranho.

— Não é nada. Eu só preciso verificar algumas coisas.

Ele tirou sua calça jeans e correu para a beira da montanha onde ele pulou e
se moveu em forma de dragão. Era hora dele pagar uma visita que devia ao Castelo
MacLeod.
Sammi se esticou languidamente antes que ela se virasse, esperando encontrar
Tristan e encontrou lençóis frescos em vez disso. Seu sorriso desapareceu quando
abriu os olhos ao descobrir que ela estava sozinha.

Ela sentou-se, o lençol deslizando contra a sua nudez enquanto olhava ao


redor do quarto bem iluminado. O pânico que sentiu pela primeira vez dissipou
quando compreendeu até quão tarde ela dormiu.

Empurrando seu cabelo selvagem para fora de seu rosto, ela deslizou para a
beira da cama e bocejou. Não houve muita conversa entre ela e Tristan na noite
anterior, mas imaginou que ele iria tentar convencê-la a voltar para a mansão.

O que ela ainda era contra.

Ele iria discutir com ela, mas não ia ceder. Não importava que todos em
Dreagan pensassem que ela estava sendo usada para chegar a Jane. Eles poderiam
muito bem estarem certos. Nesse caso, ela teria certeza que ninguém poderia
prejudicar Jane, e a única maneira de fazer isso era ficar tão longe da mansão
quanto pudesse.

— Isso vai ser fácil sobre sessenta mil acres, — ela disse com uma risada.

Sammi se levantou e caminhou até o banheiro, onde ela tomou um banho


rápido. Ela não conseguia se lembrar da última vez em que se sentiu tão relaxada
e... Saciada.
O sorriso que ela não conseguia parar de usar cresceu maior enquanto pensava
na maravilhosa boca, mãos e corpo de Tristan. Ela nunca teve alguém a tocá-la tão
profundamente, nem a quem ela já respondeu tão completamente.

O sorriso dela escorregou quando percebeu o quanto ela estava pensando


nele. Não aprendeu a sua lição quando ela perdeu sua mãe?

— Imortal, — ela disse enquanto pegava o sabão. — Ele é imortal.

Isso significava que ele não podia morrer. Ela não sofreria essa mesma dor
devastadora, destruidora que sofreu com a morte de sua mãe.

— Tivemos uma noite juntos. Foi apenas uma noite. Isso não é sério, — ela
disse enquanto lavava e enxaguava seu cabelo e, em seguida, seu corpo.

Até o momento que ela estava secando o cabelo ela se encontrou com o
sorriso mais largo do que nunca. Ela realmente teria que se controlar antes de Jane
ou alguém dar uma olhada para ela e saber que ela e Tristan estavam juntos.

Sammi encontrou-se rindo enquanto se vestia. Ela estava morrendo de fome.


Uma corrida rápida da escova no cabelo molhado e ela correu para a sala principal
à espera de encontrar Tristan.

Quando ele não estava à vista, ela foi até a cozinha só para ver que também
estava vazio. Seu coração batia estupidamente contra a sua caixa torácica.

Então se lembrou de que o mais provável seria era que ele estava patrulhando
os céus como fez no dia anterior. A conversa ia esperar, e isso lhe deu tempo para
vir com mais argumentos sobre por que ela não poderia voltar para a mansão.
Ela abriu a geladeira e procurou até que encontrou alguns ingredientes para
fazer um sanduíche. Com as mãos cheias de carne, alface, um tomate, e queijo, ela
chutou com o pé a porta da geladeira fechada e virou-se para deixar o conteúdo
no balcão.

— Oh! — Ela gritou, saltando para trás quando viu um homem com o cabelo
loiro escuro ondulado na altura dos ombros, bronzeado e com olhos cinzentos.

Ele rapidamente ergueu as mãos e torceu o nariz. — Desculpe moça. Achei


que você me ouviu entrar. Sou Laith. Eu serei seu guarda durante o dia, — disse
ele com um sorriso caloroso.

Sammi colocou a mão no peito para acalmar o coração disparado e não pode
deixar de notar quão bonito Laith era, se as mulheres gostassem do tipo
perversamente lindo. Ela preferia o silêncio, comandando os homens para si
mesmos.

Então suas palavras foram registradas. — Você está me protegendo?

— Eu estou, — ele disse e apoiou as mãos sobre o balcão que os separava.

Ela olhou para a sua camiseta vermelha desbotada com o inconfundível logo
branco da Coca-Cola na frente.

— Sammi, — ele chamou enquanto ele vinha ao redor do balcão. — Está


tudo bem?

— Onde está Tristan?

— Ele tinha algumas coisas para fazer. Ele vai voltar. Ele me pediu para cuidar
de você até lá.
Era uma explicação plausível, que ela poderia ter acreditado se não tivesse
visto a preocupação nos rostos de Tristan e da Rhi quando eles a deixaram saber
que um Fae escuro estava seguindo ela.

O sorriso que ela não foi capaz de parar de usar não pôde ser encontrado
agora. O ruído surdo contra sua caixa torácica era o coração dela dizendo-lhe que
algo estava errado.

Ela se agarrou no balcão para se manter estável. — É verdade que apenas um


Rei Dragão pode matar outro Rei Dragão?

— É, — Laith a contragosto disse a ela.

— Quantos anos você tem?

Um músculo pulsou em sua mandíbula. — Sammi, você não deveria saber


sobre nós.

— Eu entendo isso, mas eu já sei. Então supere isso. — Ela lambeu os lábios
e suavizou sua voz. — Por favor, diga.

— Bilhões de anos de idade. Temos existido desde o início dos tempos.

Isto foi pior do que o esperado. Eram milhares de milhões de anos de idade
e apenas alguns se casaram? Banan teria que encontrar alguém quando Jane
envelhecesse e morresse? Será que ele não se importava? E como Jane estava bem
com tudo isso?

— Então, — ela começou, com a voz embargada. Ela limpou a garganta e


tentou novamente. — Assim, a maioria de vocês não assume compromisso com
ninguém.
A testa de Laith franziu por uma fração de segundo antes dele sorrir. —
Tristan é diferente, Sammi. Ele é o mais novo Rei Dragão, então ele não tem estado
por aqui em torno por muito tempo.

Essa notícia não fez as coisas parecerem melhor. — Mas a maioria de vocês
não é comprometido com uma mulher, — disse ela novamente.

— Sim, — Laith disse com um suspiro alto. — A maioria de nós não nos
comprometemos, mas há uma razão para isso, moça. Há muito sobre a nossa
história que você ainda não sabe, então você não pode compreender por que
estamos sozinhos e optamos por permanecer dessa forma.

— Eu acho que eu entendo.

— Você não entende, — disse ele, e pegou nos seus braços. — Banan, Guy,
e Hal encontraram suas companheiras e se casaram com elas. Assim fez Kellan.
Isso só aconteceu para alguns de nós.

— E os anos que eles permaneceram casados é como um piscar de olhos no


tempo?

Laith atraiu uma respiração profunda. — Deveria ser Jane lhe dizendo o que
é ser uma companheira para um Rei Dragão, não eu. Banan e Jane estão unidos
para a eternidade. Jane permanecerá viva enquanto Banan viver.

— O quê? — Sammi não sabia o que Laith poderia estar dizendo a ela, mas
ela não estava preparada para isso. — Você quer dizer que Jane vai viver para
sempre?
— Sim, moça. Nenhum dos Reis leva uma companheira de ânimo leve. É por
isso que muitos de nós não podemos permanecer com uma mulher por muito
tempo.

Sammi esfregou e sustentou sua testa quando sua cabeça começou a doer. —
Onde está Tristan realmente?

Laith deixou cair às mãos e caminhou de volta ao redor do bar. — Ele vai ter
que ser o único a dizer isso. Tudo o que sei é que ele tinha um lugar para ir.

Ela queria chamar Laith de volta quando ele saiu da casa, mas ela não
conseguia pensar em mais nada para perguntar. Em vez disso, ela entrou na sala e
afundou no sofá.

Ontem à noite ela não pensou sobre os dias que virão ou o que ela podia
querer. Tudo o que tinha em mente era Tristan e seguir seu coração. Fazia muito
tempo desde que ela fez algo pelo simples prazer de fazê-lo, mas isso é exatamente
o que a noite com Tristan foi.

Sua paixão foi explosiva, seu desejo esmagador. Pela primeira vez em meses,
ela esqueceu que a sua vida estava em perigo. Ela deixou consumi-la. Foi livre,
libertadora.

E ela tolamente deixou a conexão entre eles se fortalecer enquanto ela dormia
em seus braços. Sammi bufou. Não aconteceu quando ela dormia. Ela ainda não
aconteceu quando eles fizeram amor.

Foi o que aconteceu quando ela percebeu o que ele era e como a estava
protegendo. Esse foi o momento em que ele a deixou sem fôlego.
Sua noite juntos tinha simplesmente destruído as barreiras em torno de seu
coração sem ela perceber. Ela acordou pensando que teria Tristan para si mesma
para explorarem mais o que havia entre eles.

O destino mais uma vez deu-lhe um tapa na cara para lembrá-la apenas quem
estava no comando das coisas.

Ela pensou em sua irmã acasalada a um rei. Jane era agora imortal. O
pensamento deixou-a cambalear. Também incomodava que Jane não disse nada,
mas por que ela faria? Sammi não estivera lá para a cerimônia. Droga, ela nem
sequer sabia que havia uma cerimônia.

Houve uma festa que ela não assistiu. As coisas seriam diferentes se tivesse
vindo para a festa? Ela teria visto Tristan, em seguida, e cederia ao desejo?

Sammi sabia que ela não teria. Ela tinha um rígido controle sobre seus
sentimentos, especialmente quando se relacionava com o sexo oposto. Foi à
situação em que ela estava agora que enfraqueceu esses muros de proteção em
torno dela.

Tristan, sendo um incrível homem e o Rei Dragão que ele era, derrubou todas
as suas defesas.

Se ele podia fazer isso sem sequer tentar, o que ele poderia fazer com ela se
ele realmente tentasse? Esse pensamento congelou Sammi. Ela se recusava a ser
colocada em uma situação onde poderia entregar-se a alguém.

O que era exatamente onde ela estava indo com Tristan. Ela não precisava ver
o futuro para saber que ansiava por ele como se ele fosse à outra metade dela. Ela
se via diante de um terreno perigoso.
Era melhor que ele tivesse ido embora. Deu-lhe tempo para analisar seus
pensamentos e erguer uma barreira mais forte em torno de si, que ele nunca
poderia atravessar.

Seu corpo o queria, e ela sabia que cairia nessa tentação de novo, mas nunca
mais permitiria que ele chegasse perto. Ele poderia não morrer por ela, mas ele
ainda poderia deixá-la de outras maneiras.

Ela não era forte o suficiente para suportar isso novamente. Todos pensavam
que ela era feita de aço, mas era uma armadura que ela vestiu para proteger seu
coração delicado.

Tristan quase a levou a cometer um erro fatal, um erro que ela teria cometido
se tivesse acordado com ele ao seu lado. Ela ficou irritada quando Laith lhe disse
que ele saiu, mas agora ela estava feliz.

Ela seria forte quando ele voltasse, forte o suficiente para romper aquela
gloriosa e maravilhosa ligação entre eles antes que fizesse algo desastroso como se
apaixonar.

Tristan sabia tudo sobre o escudo sobre a terra do Castelo MacLeod que
impedia mortais de verem o que estava sendo escondido da visão deles.

Ele voou através do escudo, a magia surpreendentemente crepitando sobre


suas escamas. Assim que ele passou por ela, avistou o castelo e as casas que
pontilhavam a vasta terra.
Com apenas um círculo em torno do castelo, os homens vieram correndo
para fora do castelo para o pátio. À sua esquerda, ele viu um homem com a pele
índigo e asas que voava ao lado dele.

— Você pode pousar no pátio, — disse ele e mergulhou em direção ao castelo,


espalhou suas asas no último minuto antes de chegar a terra em cima das ameias
de onde saltou para o pátio.

Tristan enfiou as asas e repetiu a jogada do Guerreiro, exceto quando ele abriu
as asas e pousou no pátio, a rajada de ar bateu contra os homens preparados.

Um dos guerreiros com um torque21 avançou. Ele tinha cabelos castanhos


claros e olhos verdes suaves. Tristan olhou para ele, o reconhecimento apenas fora
do seu alcance. Era como se ele soubesse quem era este homem, como se ele
tivesse sido um amigo próximo. O torque de ouro em volta do pescoço trouxe de
volta a memória que ele tinha, sentido quando estava com Sammi.

— Você sabe quem eu sou? — Perguntou.

Tristan sacudiu a cabeça, sem se preocupar em mudar para a forma humana.


Ele não estava completamente certo se vir para o castelo foi uma medida acertada.

— Eu sou Quinn MacLeod. Eu esperava... Achei que você podia se lembrar


desde que você voltou.

21 Torques de ouro de aro: Torques são uns anéis que se colocavam no pescoço e que indicavam uma posição
elevada quando as levavam indivíduos particulares, embora apareçam representadas amiúde ao redor dos pescoços
dos deuses celtas. Um tipo um colar.(Lingee)
Tristan olhou para os outros ao redor do pátio, todos guerreiros. Mas o que
ele veio para ver estava faltando.

— Ian não está aqui, — disse Quinn. — Ele e Dani vivem em Ferness perto
de Charon, Phelan, e Malcolm.

— Eu posso trazê-lo aqui, — disse um homem que tinha as mesmas


características de Quinn, bem como um torque.

Tristan achou que ele era um MacLeod, mas ele não poderia colocar um nome
ou o rosto.

— Sou Fallon, irmão mais velho de Quinn, — disse ele. — Eu posso me tele-
transportar e trazer Ian aqui se você quiser.

Este foi um erro. Tudo isso provou que ele não conhecia essas pessoas. Tristan
abriu as asas para voar quando Quinn gritou seu nome.

— Tristan! Espera! Por favor. Nós estivemos esperando para vê-lo. Phelan
disse-nos que você não tem as memórias de quando você era Duncan. — Quinn
olhou para outro irmão que surgiu ao lado dele e assentiu. — Este é Lucan, o meio
MacLeod. Eu posso apresentar todos a você.

Ele balançou a cabeça e deu um passo para trás. O que ele estava pensando
que iria acontecer quando ele chegou? Uma parte dele acreditava que ele iria olhar
para o castelo e todas as memórias viriam à tona.

A outra parte dele orou para que ele não lembrasse mais nada.

— Você se lembra de alguma coisa? — Perguntou Lucan. — Você se lembra


de Deirdre?
O nome fez Tristan empurrar para trás. Ele odiava o nome com um vício que
não podia explicar, mas ele não sabia quem era a mulher.

Quinn deu outro passo para ele. — Você se lembra de Cairn Toul Mountain?

A montanha. É onde ele foi mantido prisioneiro com Ian. Haviam outros lá,
ele tinha certeza disso, mas os rostos eram muito turvos em suas memórias para
trazer fora.

— Isto não tem importância, — disse uma voz feminina do alto da escadaria
do castelo.

Ela tinha longos cabelos escuros, com dezenas de tranças minúsculas no topo
da coroa de sua cabeça com bandas de ouro nas extremidades. A mulher, assim
como Quinn, parecia familiar, mas Tristan não conseguia identificá-la.

— Nós sobrevivemos a Cairn Toul juntos, — disse ela enquanto descia os


degraus para ficar ao lado de Quinn. — Nós vamos passar por isso também,
Tristan.
Tristan não tinha certeza se ele estava ou não arrependido de ter ido para o
Castelo MacLeod. Eles tentaram em vão mantê-lo lá, mas ele voou para o céu não
muito tempo depois que a mulher Marcail apareceu.

A maneira como Quinn colocou seu braço ao redor dela declarou que a
mulher era dele. Mas quem era ela? Ela agiu como se o conhecesse, como se ele
devesse conhecê-la.

Ele balançou a cabeça quando rápida e brevemente checou com Laith para se
certificar de que tudo estava bem com Sammi. Ela ia querer saber por que ele a
deixou. Ele se perguntou se ela achava que ele tivesse fugido pelo que aconteceu
entre eles.

Ele tinha, mas não queria dizer isso a ela. Tristan sabia que o que estava
acontecendo entre ele e Sammi era explosivo. Ele não contava ser balançado em
sua própria base apenas por tê-la em seus braços.

A vida esteve tão próxima do ideal como ele jamais esperou. Perfeita até ver
Sammi. Foi quando tudo ficou girando em um caos total.

Mas foi, um caos cheio de êxtase cheio de paixão que o fez desejar mais.

Era Sammi - tocá-la, beijá-la - que tinha de alguma forma disparado suas
memórias. Ele tinha certeza disso. Explicar era difícil, mas era uma certeza que
sentiu em seu âmago.
As memórias de sua vida passada o alarmaram, assustaram-lhe. Elas eram tão
claras e reais quanto o mundo ao seu redor. Até agora, as memórias foram fugazes,
mas as emoções eram elevadas. O que aconteceria se as memórias durassem mais
tempo? Será que ele iria encontrar-se vivendo naquele mundo em vez no que ele
estava agora?

Era um círculo vicioso no qual ele poderia se encontrar se ele não tivesse
cuidado.

Ele deslizou em cima de uma corrente de ar enquanto chegava mais perto de


Dreagan. Seus pensamentos voltaram para Sammi. Querendo ou não enfrentar Ian
e o fato de que ele teve uma vida passada, ela tinha de alguma forma o obrigado a
enfrentá-lo.

Tristan abaixou um ombro e alterou o seu curso quando ele bateu as asas para
voar de volta para Sammi. Ele iria convencê-la a voltar para a mansão para que ele
pudesse vigiá-la, bem como encontrar Kellan para falar sobre os reis e aprender
mais da sua história.

Ele mal terminou o pensamento, quando houve um empurrão em sua mente.


Nunca lhe passou pela cabeça que seria alguém que não fosse um Rei Dragão.
Tristan abriu seus pensamentos, e imediatamente percebeu que ele não sabia quem
estava entrando em contato com ele.

— Olá, Tristan. Ou é Duncan?

Faltava apenas um pouco mais para chegar a terra de Dreagan. Tristan voou
mais rápido, sem saber quem era ou por que ele queria falar. — É Tristan.

— Hmm. Você não parece soar tão certo.


O sotaque escocês era espesso e pesado, a confiança se fazia sentir. — Quem
é você?

Uma explosão de risos recebeu sua pergunta. — Oh, você sabe quem eu sou.

Ulrik. Tinha que ser. Tristan cruzou para terra Dreagan e mergulhou para
pousar no topo da primeira montanha que viu. — O que você quer?

— Eu não quero nada. Eu simplesmente quero avisá-lo.

— Sobre?

— Samantha. Ela não está segura. Mesmo em Dreagan. O escuro irá atrás ela.

— Você tem uma aliança com o escuro. Você pode detê-los.

Uma risada baixa soou por sua cabeça. — Você é um bom Rei Dragão Tristan, mas
você ainda tem muito a aprender sobre nós. Suponho que Con disse que eu era o único a planejar
tudo para te expor. Conte-me. Por que eu faria isso se eu não posso mais mudar para um dragão?
Por que eu faria isso sem a minha magia? O que eu ganho?

— Você poderia forçar Con para retornar a sua magia.

— Se fosse assim tão simples, eu teria feito isso há séculos.

— Sua vingança então.

Houve um momento de silêncio. — Não tenha medo, jovem Tristan, terei minha
vingança.

— Se não é você, então quem é o inimigo de Dreagan?

— Eu nunca disse que eu não era inimigo de Dreagan.


Tristan tocou um pé no solo e choveu rochas para baixo da montanha. —
Chega de jogos. O que você quer?

— Quero voltar a controlar os meus dragões. Quero acabar com todos os seres humanos neste
planeta.

Com os olhos do dragão, Tristan podia ver a Mansão Dreagan na distância.


— Isso é óbvio. O que você quer comigo?

— Junte-se a mim e eu vou parar os Escuros de buscarem por Samantha.

Era uma oferta tentadora só porque iria manter Sammi segura, mas por
quanto tempo? Se Ulrik conseguisse o que queria, todos os seres humanos
sumiram. O que incluía Sammi. — Porque eu?

— Por que não você?

— Eu vou precisar de mais do que isso antes de tomar uma decisão.

— Legal — disse ele, com um sorriso na voz. — Eu esperava que você saltasse com a chance
de salvar a sua mulher, mas talvez eu estivesse errado. Os Reis ultimamente fizeram um hábito
se apaixonar pelos seres humanos muito facilmente.

— Do jeito que você fez? — Tristan sabia que ele atingiu um nervo com o silêncio
que se seguiu.

— Você é surpreendente, Tristan. Pela maneira que você tão facilmente e rapidamente, eu
poderia acrescentar, veio para o resgate de Samantha, eu assumi que você estava apaixonado pela
mortal.

— É dever dos Reis Dragões proteger os seres humanos.


— Mesmo quando eles começam a atacá-los? Pense bem sobre isso, rapaz, porque você nunca
testemunhou uma guerra. Você não viu os seres humanos aniquilarem dragões menores de uma
só vez. Você não ouviu os gritos dos dragões quando nós corremos para ajudá-los só para ter Con
nos segurando, porque poderia prejudicar um ser humano.

O ódio em sua voz era tão pesado e alto que Tristan fez uma careta quando ele
retornou ao redor dentro de sua cabeça. — Não, eu não estava lá, mas eu sou um rei
agora. Farei o que nós fomos feitos para fazer. Não há mais dragões para os seres humanos
prejudicarem.

— Você está aqui.

— Se você diz não ser o único tentando nos expor, o que está fazendo se unindo com os Fae
Escuros e MI5?

— Tentar parar Con. Ele é o único culpado pela forma como as coisas estão agora. Foram
os Prateados e seus Dourados que iriam destruí-los antes que ele convencesse todos os outros reis
a enviarem os dragões para fora deste reino.

— Con tirou sua magia para que você parasse de matar seres humanos.

— Sim eu matei seres humanos. Eles estavam atacando dragões. Somos dragões, em primeiro
lugar. Que tipo de criatura nós seriamos se deixássemos a nossa própria espécie ser assassinada
e protegermos os assassinos?
Tristan não tinha uma resposta. Ele não esteve lá, por isso ele não sabia o que iria fazer,
mas ele não podia imaginar ficar sentado assistindo seus Âmbares22 serem mortos e não fazer
nada sobre isso.

— Con não é tudo o que ele diz ser. Ele nunca foi. Eu aprendi isso da pior maneira, quando
eu achava que ele era um amigo. Ele me traiu, traiu os reis, mas mais do que isso, ele traiu todos
os dragões.

A ligação foi cortada, deixando Tristan mais inseguro das coisas do que nunca.
Ulrik queria que ele se juntasse à sua causa, mas o que exatamente era a sua causa?

A ideia de Con ser o único a expor os Reis era um absurdo. Con saiu do seu
caminho para manter a maioria dos mortais o mais longe possível de Dreagan. Ele
até tentou manter Kellan e Denae distantes.

Tristan chamou Laith que abriu sua mente imediatamente. — Eu suspeito que
vá ter um ataque dos Escuros em breve.

— Como você sabe disso? — Perguntou Laith.

Tristan soltou um longo suspiro. — Ulrik me disse.

— O quê? — Laith gritou.

— Eu vou te contar tudo mais tarde. Agora precisamos manter Sammi longe deles. Eu tenho
um sentimento, de que se o Escuro a pegar não será tão fácil encontrá-la como Kellan e Denae
foram.

22Ambar amarelo ou ambar, resina fossil proveniente das coníferas do período oligoceno. (Dicionario online de
portugues) No texto se refere a cor dos dragoes.
— Não, eu não suspeito que ela será. Certamente o Escuro não ousaria entrar em nossas
terras.

— Neste momento eu estou à espera de tudo e mais alguma coisa.

— O único lugar onde ela vai realmente estar segura é na montanha.

A montanha é aonde a mansão foi construída em um lugar sagrado para os


reis. Era também onde ficavam dormindo os quatro Prateados que foram
capturados e presos antes que pudessem acabar com a humanidade. — Não vamos
dar-lhe uma escolha. Basta levá-la lá.

— Con nunca permitirá que faça isso.

— Eu vou lidar com ele. Basta levar Sammi, e eu vou encontrar-lhe na mansão.

Laith terminou a conversa com um sim curto. Tristan não perdeu tempo
voando em direção à mansão. Desde que existiam mortais trabalhando e visitando,
ele fez questão de mudar de volta à sua forma humana e correr o resto do caminho.

Ele contornou a casa e entrou na montanha por uma entrada lateral. Como
sempre, haviam roupas escondidas apenas para tais emergências.

Tristan encontrou um par de jeans e colocou antes que ele fosse através dos
túneis para chegar ao que só poderia ser descrito como o escritório de Kellan.

A caverna era grande e iluminada por dezenas de tochas nas paredes. Todo o
fundo da caverna estava cheia de prateleiras onde pergaminhos foram arquivados
de acordo com o ano. Os pergaminhos eventualmente transformaram-se em livros.
Havia tapetes colocados em toda a caverna de uma forma aleatória. No meio
da caverna havia uma grande mesa que parecia tão antiga quanto os Reis. Um
tinteiro e uma caneta de pena estavam situados no canto esquerdo. À direita estava
uma caneca de madeira cheia com as penas que obviamente foram recolhidas ao
longo dos tempos.

A coisa mais moderna na caverna era uma luminária de mesa que estava
colocada com sua luz brilhando em um livro aberto, um livro que Kellan estava
escrevendo sobre a história dos Reis.

Um suspiro passou os lábios de Tristan quando ele não encontrou Kellan


sentado atrás de sua mesa. Ele esperava que Kellan e Denae tivessem retornado
por agora, mas ele não teve essa sorte.

— Droga — ele disse e passou a mão pelo rosto.

Tristan olhou para os pergaminhos e livros e decidiu encontrar os fatos por si


mesmo. Ele estava em pé diante das prateleiras olhando para elas quando ouviu
um barulho atrás dele. Ele virou-se e encontrou Rhys encostado na abertura da
caverna.

— O que você está procurando? Talvez eu possa ajudar. — disse Rhys.

Tristan olhou para as prateleiras novamente. — Eu quero saber o que


aconteceu entre Con e Ulrik, e eu quero saber sobre a guerra com os mortais.

Rhys se endireitou com suas sobrancelhas levantadas. — Eu pensei que já


tivesse enchido você com tudo isso.

— Você fez. Eu quero ler a versão.


— Você quer dizer uma versão imparcial.

Rhys poderia ser um espertalhão e imprudente, mas ele não era estúpido.
Tristan concordou. — Eu quero.

— O que aconteceu?

Porra, mas Rhys era perspicaz. — Você concordou com Con em mandar
embora os dragões?

— Não. Nenhum de nós fez, nem queríamos vê-los mortos. Nós fizemos o
que pensávamos ser melhor.

— E Ulrik? Você concorda com isso? — Tristan pressionou.

Rhys deu a volta para o outro lado da mesa de Kellan e correu os dedos ao
longo do topo. — Não é nenhum segredo que eu era contra o que Con queria.
Droga, Tristan, os reis ficaram completamente divididos.

— O que uniu vocês?

— Con. Ele sempre teve uma maneira de nos unir. É uma das razões do
porquê ele ser o Rei dos Reis. Ulrik tinha a mesma capacidade.

— Então Ulrik poderia estar onde Con está?

Rhys balançou a cabeça lentamente. — Eles eram os melhores amigos, tão


próximos quanto irmãos. Ulrik estava disposto a governar só os seus Silvers. Con
era o único que queria ser o Rei dos Reis. Ulrik decidiu se afastar ao invés de terem
que lutar entre si para a posição.

— Alguns consideraram Ulrik fraco por ter feito isso?


— Talvez. — Rhys sorriu então. — Mas eles logo aprenderam a lição. Ulrik
foi tudo, menos fraco. Ele era inteligente e tinha um senso de batalha que eu nunca
vi antes. Ninguém jamais poderia ganhar contra ele.

Tudo começou a fazer sentido para Tristan agora.

— Por quê? — Perguntou Rhys. — Por que você está fazendo estas perguntas
específicas?

Tristan ergueu o olhar para atender Rhys. — Porquê Ulrik contactou-me.


Muitas poucas vezes na vida de Sammi ela foi pega tão completamente de
surpresa. Esta última foi um verdadeiro pontapé.

E ela planejava dar alguns socos uma vez que seus pés estivessem plantados
no chão novamente.

Ela olhou para Laith e observou o dragão preto. Ele não lhe prestou nenhuma
atenção enquanto ele voava os levando cada vez mais perto da mansão.

Voar agora não lhe deu o mesmo entusiasmo que teve quando Tristan a levou.
Então, novamente, estava tão irritada que podia mastigar pregos como sua mãe
dizia.

Ela não entendeu o que a sua mãe afirmava até então. Agora, ela totalmente
compreendia o que a sua mãe queria dizer. Quanto mais se aproximava da mansão,
mais irritada ela se tornava.

Mais ainda, porque foi ingênua o suficiente para acreditar em Laith quando
disse que Tristan pediu-lhe para encontrá-lo em outro chalé.

— Chalé minha bunda — ela murmurou e apoiou o cotovelo na mão de Laith.

Rapidamente eles chegaram à mansão. Pelo menos é o que ela pensava até que
Laith mergulhou atrás de uma montanha para deslizar até o vale. Ela olhou para a
montanha. Do outro lado na mansão estava sua irmã e todos os outros reis Dragão.
Sammi agarrou as escamas negras do Laith quando de repente ele mergulhou,
suas asas dobradas contra ele para que eles chicoteassem pelo céu como um míssil.

Ela cobriu os olhos com as mãos. Então ela abriu os dedos e olhou através
deles para ver a parede da montanha vindo para ela.

Antes que ela pudesse soltar um grito, Laith mais uma vez abriu as asas e
deixou cair a parte inferior do corpo. Ele se deteve instantaneamente.

Ela afastou o cabelo dos seus olhos quando Laith desembarcou, e ainda
segurando-a na mão, entrou na abertura diante deles em três pernas.

Sammi tentou absorver tudo. A abertura poderia ter sido pequena o suficiente
para que Laith tivesse que abaixar a cabeça, mas uma vez lá dentro, era facilmente
duas vezes mais alta que ele.

O suficientemente alta para que os dragões se movimentassem facilmente, ela


percebeu.

A luz que brilhava através da entrada rapidamente deu lugar à escuridão,


deixando nada para ver. Ela piscou rapidamente, enquanto esperava que seus olhos
se ajustassem para que ela pudesse vislumbrar alguma coisa.

Ela balançou a cabeça de um lado para o outro, se deslocando da mão de Laith


quando ela o fez. Ela estava tão ocupada tentando ver algo que ela perdeu o brilho
de luz dançando sobre as pedras até Laith estar parado.

Sammi viu brevemente as tochas que revestiam um corredor antes que Laith
a colocasse no chão. Ela se virou para ele e olhou com raiva. — Algum chalé. Por
que mentir para mim?
— Porque eu disse-lhe para trazê-la aqui não importa o que ele precisasse
fazer.

Seu estômago estremeceu como sempre acontecia quando ela ouvia a voz de
Tristan. Ela virou-se lentamente e encontrou-o de pé nas sombras entre duas
tochas. Sammi odiava que ela não podia ver o se rosto, que ele não mostrava nada
através de suas expressões.

Tristan era um mestre em manter tudo cuidadosamente escondido. Bem como


todos em Dreagan eram. Enquanto os outros tiveram incontáveis séculos para
fazê-lo, ele tinha poucos anos.

— Eu disse que não queria vir aqui — ela disse-lhe para preencher o silêncio
desde que se recusava a correr e abraçá-lo.

— As coisas mudaram. Há um ataque iminente pelos Escuros contra você.


Eu tive que trazê-la para um lugar onde não ousariam se aventurar.

— Em uma montanha?

Ele baixou o queixo. — Sim. Este não é um lugar que costumamos trazer os
mortais.

— Nem mesmo Jane?

— Jane é... uma de nós.

Sammi revirou os olhos. — Porque ela se casou com ele?

— Porque ela é a companheira de Banan.


Havia algo no tom de Tristan que a fez estremecer. — Laith explicou o que é
uma companheira de um Rei Dragão. Se os Fae escuros estão vindo, você me
trouxe para a mansão onde Jane está. Banan não vai agradecer por isso.

— Eu estou fazendo o que Banan me pediu, impedindo os Escuros.

— Porque Laith não me disse a verdade, em vez de me enganar?

— Porque você não teria vindo. — Tristan afirmou. — E não venha me dizer
que você viria, porque ambos sabemos que não viria.

Ela odiava quando não podia responder-lhe. Ela odiava ainda mais que queria
ir até ele e tocá-lo para certificar-se que a noite anterior realmente aconteceu e não
foi um sonho.

Por que ele tem que ser tão bonito?

— Devo ficar aqui? — Perguntou ela. Quando olhou para trás Laith foi
embora. Se ele estava nas sombras assistindo ou ido ela não sabia.

Tristan deu um passo para o lado. — Não. Eu tenho um lugar mais


confortável para você. Siga-me.

Sammi sentia as pernas pesadas como se ela estivesse andando em água na


altura da cintura. Ela foi atrás de Tristan, mas ela não olhou ao redor, como antes.

Tudo o que ela mesma disse na casa de campo sobre a ruptura da ligação entre
ela e Tristan evaporou no momento em que o viu.
Em seguida, ele lembrou a ela quão diferentes seus mundos eram. Ele era
imortal, poderoso e um shifter23.

Ela era apenas Samantha Miller, uma simples mortal que perdeu tudo.

Deveria ter sido como uma dose de água fria. Em vez disso, ele a fez desejar-
lhe ainda mais. Se ela estendesse a mão, ela podia tocar suas costas, sentir seu calor,
lembrar-se do modo como seus músculos se moviam.

Tristan movia-se com a graça de um caçador. Ela observou-o andar,


perguntando-se quanto poder havia dentro dele. Ele sempre foi suave e gentil com
ela.

Mas ela sabia que havia um animal enjaulado pronto para atacar, uma força
que esperava impacientemente para ser liberada. Ela sabia o tamanho dele como
um dragão, e ela só podia imaginar a destruição que ele poderia causar se assim o
desejasse.

Sua cabeça se moveu ligeiramente para colocar seu rosto em perfil. — Você
está estranhamente quieta.

— O que há para dizer?

— Você está com raiva, porque te enganei.

Não era uma pergunta, e ela o deixou acreditar na mentira. Quando na


realidade estava chateada, porque ele a deixou. Foi o melhor. Ela sabia agora,
porque ela já estava ficando ligada, mas não parava a dor de qualquer jeito.

23 Pode trocar de forma.


Tristan parou e virou-se para encará-la. Ela se afastou, porque não iria correr
para ele. Seu olhar escuro ligado ao dela e não havia tristeza, mas sim uma boa
dose de dúvida refletida em seus olhos.

— Eu vou fazer de tudo para mantê-la fora das mãos dos Escuros.

Ela engoliu em seco, interiormente encolhendo-se como alto foi. — Você


disse que Denae sobreviveu. Diga-me como ela fez isso, se eu também puder fazer
vou ficar bem.

O olhar de Tristan deslocou para o lado. — Nós não sabemos o que ela fez.

— Oh. — O que mais ela poderia dizer? Ela pensou, mesmo esperou, que
houvesse uma maneira de manter o Fae escuro à distância. — Tudo e todos têm
uma fraqueza. Certamente o escuro tem uma também?

— Não — disse Tristan. Ele estendeu a mão e tocou seu cabelo antes que ele
se virasse para continuar a caminhada.

Primeiro foi a Máfia, agora era o Fae escuro, e então eram as duas facções que
trabalhavam em conjunto. Agora teve a constatação de que nada poderia parar o
escuro.

Tristan a levou para uma pequena sala com uma cadeira e incontáveis velas
iluminavam o espaço. Ao lado da cadeira estofada havia uma mesa com um iPad24.

24 Tablet da Apple.
— Você estará segura aqui. Tenho certeza de que Jane estará aqui em baixo
em breve para verificar você. Até então, por favor, permaneça nesta sala. Eu prefiro
que você não se encontre com o Con durante tudo isso.

Ela tocou as costas da cadeira enquanto a contornava para ficar na sua frente.
— Ele não vai aprovar que eu esteja aqui?

— Não.

— O que ele vai fazer com você?

— Você não precisa se preocupar com isso.

Ela encontrou seu olhar. — Você se coloca em uma situação difícil só para
me ajudar?

— Eu prometi que iria mantê-la segura.

E com isso, ele se foi.

Sammi sentou-se com um suspiro. Depois de uma noite tão maravilhosa em


seus braços, ela ainda não foi capaz de tocá-lo. Ela sentiu muito medo de si mesma
para envolver os braços ao redor dele e plantar seus lábios nos dele.

Para piorar a situação, ela estava sozinha com seus pensamentos. Essa era a
última coisa que ela queria. Ela precisava de sua mente ocupada ou fazer alguma
coisa com as mãos, qualquer outra coisa que não lhe permitisse pensar sobre
Tristan e tudo o que ela desejava.
Ele esfregou as mãos. Não foi sua intenção de chegar a Tristan tão cedo. Ainda
assim, ele foi muito bem.

Tristan manteve a conversa, e sem dúvida houve perguntas que exigiriam


resposta de Con. Con não as daria, é claro, e deixaria Tristan ainda mais cauteloso
com o Rei dos Reis.

De lá, ele levaria apenas mais alguns toques para ter Tristan do seu lado.
Depois de Tristan, ele estava certo de que os outros iriam gradualmente o
seguindo.

Fraturando os Reis de dentro. Não haveria um final mais apropriado para tudo
o que era mais querido para Con.

Quanto a Samantha, ele ainda não tinha certeza de como ele iria lidar com as
coisas. Sua aliança com os Escuros era precária. Ele poderia ter se aventurado em
território desconhecido que Con ou outros Reis Dragões nunca foram, mas valeu
a pena.

Até certo ponto, pelo menos. Os Escuros podem até concordar com algo,
mas eles tinham suas próprias agendas. Assim como ele também. No entanto eles
estavam muito concentrados em seus próprios prazeres, para perceberem isso.

Não seriam apenas os mortais de quem ele se livraria, os Fae - todos os Fae -
iam com eles. Os reis seguiriam logo depois que eles fossem divididos e ele
começaria a guerra.
Depois que eles fossem embora, ele iria trazer de volta os dragões. O reino
seria mais uma vez como deveria ser.

Ele sorriu enquanto fumava charuto. Suas reflexões foram interrompidas pelo
toque de seu telefone celular. Levantou-se do sofá e pegou o telefone para
responder com um sucinto: — Sim?

— O Fae escuro veio até nós, senhor. Eles viram um rei mover Samantha
Miller da casa de campo da mesma forma que o esperado.

— Eles são tão previsíveis. Onde é que eles levaram a senhorita Miller?

— Para uma montanha.

Ele apertou o charuto até que se partiu ao meio. — Você tem certeza?

— Estou passando a informação que nos foi dada pelo escuro, senhor. Nós
não vimos.

— O que mais nosso amigo escuro disse?

Houve um momento de hesitação. — Ele apenas sorriu, como se o que


aconteceu fosse um desafio.

— Para eles, é, mas eles vão falhar. Nenhum Escuro ousaria se aventurar em
Dreagan.

— Será que vamos nos retirar, então?

— Sim — ele rosnou. Em seguida, ele limpou a garganta e fez com que seu
sotaque britânico estivesse de volta no lugar. — Sim. Assim que você pisar em
terra Dreagan eles vão matar todos vocês.
— Nós poderíamos ter mais equipamentos da sede do MI5 ou invadir o
satélite.

Ele encostou-se em sua mesa e pegou outro charuto. Ele cortou numa
extremidade com o cortador. — A sugestão é válida, mas não há nada no MI5 que
possa nos ajudar no momento. Nós vamos sentar e deixar os escuros fazerem o
que querem.

— Se eles tomam Samantha, você nunca vai chegar até ela.

— Você é um tolo, se acha que eu queria a senhorita Miller.

— Mas, senhor... você explodiu seu pub.

Ele sorriu ao se lembrar. — Isso eu fiz. Ela fez exatamente o que eu queria
que ela fizesse, embora ela levasse mais tempo do que eu esperava. Ela correu para
Dreagan.

— Se não era Samantha Miller, então quem você queria?

— Alguém muito mais importante. — Quem sabia que Tristan iria sentir a
necessidade de proteger a mortal? Era quase perfeito demais. — Qualquer outra
notícia?

— Há quatro novos homens que estarei entrevistando amanhã para preencher


alguns dos pontos que temos em aberto.

— Bom, bom.

— Será que o Sr. Calvin aprova?

— Sim.
Ele quase riu. Que idiotas eram esses mortais. Eles não tinham ideia de que
todos os nomes que ele usou em seus muitos recursos e afiliações eram todos dele.

Levou mais de cinco mil anos, mas nesse tempo ele ganhou o acesso aos seres
humanos mais influentes e poderosos. Ele se enraizou em famílias, de modo que
ele tinha de simplesmente dizer uma palavra e todos na família estariam dispostos
a morrer por ele.

Ele comandava a Máfia - todas as máfias em todos os continentes. Ele era a


única pessoa que decidia para onde as drogas iriam e quais dos seus lacaios ele
apelidaria como o atual — barão da droga.

Ele foi o único que decidia qual o rei iria governar e que país ganharia as
guerras.

Tudo o que ele fez foi cuidadosamente planejado para uma coisa: o fim dos
Reis Dragões.
Tristan deixou Sammi e foi para uma caverna situada no meio de tudo. Não
era a maior, e as tochas eram poucas. Mas dentro havia o maior tesouro que os
Reis tinham: os Prateados.

O som dos saltos de suas botas foi abafado pela respiração profunda dos
quatro dragões em sua gaiola. Ele parou ao lado do recinto e olhou para o brilho
metálico das escamas de prata.

Os dragões eram exuberantes. Desde que os outros lhe trouxeram até aqui,
Tristan fez questão de parar ali pelo menos uma vez por dia.

Claro que ele viu os outros reis em forma de dragão, mas vendo estes
Prateados era diferente. Eles não foram capazes de se tornarem humanos. Esta foi
a sua primeira e única forma. E eles eram espetaculares.

Ele não podia imaginar não ser capaz de olhar para eles diariamente, o que o
fez pensar em Ulrik. Ulrik era o seu Rei. Ele foi essencialmente mantido prisioneiro
neste domínio com alguns de seus dragões perto, e ele não foi capaz de vê-los.

Foi além de cruel. Combinado com ter sua magia atada, não ser capaz de
mudar para a forma de dragão, ou estar com qualquer um dos outros Reis, Tristan
não conseguia pensar em uma maneira mais maliciosa, vingativa para tratar alguém.

Tudo porque Ulrik estava protegendo dragões.


Tristan se agachou ao lado das barras e passou a mão sobre uma das asas dos
dragões. Eles dormiam intocados pelo mundo vicioso em torno deles. Era a magia
de todos os reis do dragão e Dreagan que os mantinham no sono.

Eles também eram o motivo porque nenhum rei podia ficar longe de Dreagan
por longos períodos. Suas magias combinadas eram necessárias para manter os
Prateados dormindo.

Por centenas de milhares de anos, os dragões não se moveram. Então, dois


anos atrás, um se moveu.

Foi quando ele se tornou um Rei Dragão.

Foi também quando o feitiço que Con colocou em todos os Reis, para impedir
qualquer um deles de sentir emoções profundas pelos humanos, de alguma forma
falhou.

Hal se apaixonou por Cassie, um ser humano. Passaram-se alguns meses


depois que Guy se apaixonou por Elena, o que levou Banan para Jane.

Não importa o quão Con tentou, e ele tentou, não conseguiu colocar o feitiço
de volta no lugar. Uma vez que os reis estavam apaixonados, não havia nada que
pudessem fazer.

Em seguida, durante quase dois anos a vida retornou ao que era. Até que o
MI5 enviou Denae e seu parceiro para Dreagan para espionar. Eles acordaram
Kellan, e para horror de Con, Denae tornou-se companheira de Kellan.

Tristan se perguntou por que Con criou tais problemas para tentar manter
Kellan e Denae separados quando ele não conseguiu com Banan ou Guy.
Ele continuou a acariciar o Prateado, seus pensamentos em um turbilhão
sobre Con, Dreagan, e Ulrik, bem como seu papel como um Rei Dragão. Ou ele
era um guerreiro?

Um movimento atrás dele fez Tristan olhar por cima do ombro para encontrar
Rhys. Ele cometeu um erro ao dizer a Rhys sobre Ulrik, mas o estrago estava feito.

— Eu sabia que ia encontrá-lo aqui. — disse Rhys. — Todos nós viemos aqui,
alguns com mais frequência do que outros. Eu adoro olhar para eles, mas há alguns
que tentam ficar longe.

— Por quê? Será que os Prateados os fazem lembrar Ulrik?

Rhys veio para ficar ao lado dele e alcançou através das barras para acariciar
os dragões. — Eu tenho certeza que em parte é isso. Entretanto a principal razão
é que é muito doloroso para eles e perceber que provavelmente nunca veremos
nossos dragões novamente.

— Mas você sabe para onde eles foram enviados. — Tristan disse enquanto
se levantava.

— Essa é uma verdade, verdadeira, mas foi há muito tempo. Nós não tivemos
qualquer contato com eles para manter os outros afastados, como os Fae escuros,
de encontrar onde estão.

— Mas outros poderiam tê-los encontrado. Eles poderiam estar sofrendo.

Os olhos verde água de Rhys encontraram os seus. — Sim, eles poderiam


estar. Foi um risco que tomamos para mantê-los livres.
Tristan olhou para os dragões adormecidos. As escamas de prata tinham uma
sombra mais escura na parte de trás do pescoço. Uma fileira de gavinhas corria a
partir da base do crânio até a ponta da cauda a mesma prata mais escura como o
sombreamento.

Foi-lhe dito que os Prateados tinham olhos cor de obsidiana. Tristan desejava
que ele pudesse ver por si mesmo.

— Você vai me dizer o que Ulrik disse para você? — Perguntou Rhys.

Tristan deu de ombros e caminhou ao redor da gaiola. — Ele disse que Con
não é a pessoa que acham que ele é. Ele disse que Con tirou sua magia, porque ele
estava tentando impedir os dragões de serem mandados embora.

— Isso é uma mentira. Eu estava lá, Tristan. Eu sei.

Tristan encontrou o olhar de Rhys do outro lado da gaiola. — Você estava lá


através de tudo isso? Você viu Con e Ulrik conversando?

— Bem, não. — Rhys se esquivou. — Só Con e Ulrik estavam lá.

— Então como é que Kellan soube o que escrever?

Os lábios de Rhys torceram em um sorriso triste. — Ah, bem, isso é o que


acontece quando você concorda em registrar a história dos dragões. Kellan vê o
que acontece em sua mente. Ele, então, o registra.

— Você leu o que ele escreveu?

Rhys franziu a testa. — Não. Eu não preciso.

— Porque você acreditou na palavra de Con? — Tristan adivinhou.


— Droga. — Rhys afastou-se da jaula e passeou a uma curta distância antes
de girar para trás ao redor. — Eu o vi... devastado com o que fez. E vi Ulrik atacar
os seres humanos. Claro que eu acreditei em Con.

Tristan começou a se perguntar se não teria sido apenas como Rhys e confiado
em Con depois de tudo que foi testemunhado. — Você nunca quis saber se devia
ler o que aconteceu entre Ulrik e Con?

— Às vezes.

Tristan foi surpreendido com a resposta. — Mas você não leu?

Rhys balançou a cabeça e casualmente passeando em torno da caverna. — O


que está feito está feito. Eu desejo ter estado ao lado Ulrik e lutado contra os seres
humanos que mataram nossos dragões? Sim. Eu faço. Há noites em que fico
acordado e me pergunto se meus amarelos estariam aqui se eu tivesse ficado com
Ulrik. Ou se eu seria banido como ele, nunca mais estar na forma de dragão
novamente e ir para o céu. Sim Tristan, tenho pensado muito sobre isso. Estou
apostando que cada Rei tem.

— Por que Ulrik quer que me junte a ele?

Rhys parou gelado, seus olhos brilhando com descrença. — Na verdade, ele
pediu isso a você?

— Sim.

— Banan foi vê-lo para pedir-lhe para chamar o Escuro e cancelar a busca.
— Rhys disse quando ele passou a mão pelo seu cabelo longo. — Ulrik recusou.
Tristan inclinou um ombro contra uma das barras grossas da gaiola. — Ulrik
me disse que os Escuros estavam vindo atrás de Sammi. Em terra Dreagan.

— O que estamos fazendo aqui de pé? Precisamos chegar até ela. — Rhys
declarou enquanto se aproximava da entrada.

— Eu disse a Laith para trazê-la aqui.

Uma vez mais Rhys se interrompeu. Desta vez, ele se virou lentamente para
Tristan. — Aqui? Onde você quer dizer exatamente?

— Ela está no corredor em uma sala vazia.

— Ela não é uma companheira. Ninguém além de reis e suas companheiras


são permitidas na montanha, Tristan.

Ele caminhou ao redor da gaiola para ficar ao lado de Rhys. — Este foi o
único lugar que eu sabia que iria garantir que Sammi estaria segura. Banan vai
concordar comigo, e se ele não concordar, então, tudo bem. Eu não tenho medo
de Con ou de qualquer um de vocês. Eu tive que tomar uma decisão.

— Você se importa com ela?

Tristan foi pego de surpresa com a pergunta. — O que Laith disse?

— Nada. Eu não falei com ele. Mas você não respondeu à minha pergunta.

Como é que ele responderia? Se ele admitisse seus sentimentos por Sammi,
então Rhys poderia supor que havia mais entre eles do que a luxúria que queimava
brilhantemente sempre que ele pensava nela. Então, novamente, ele não podia
negar que havia algo.
Um homem que não sentia nada por alguém não iria trazê-la para um local
privado, seguro com a possibilidade de retribuição.

— Sim. — Tristan admitiu. — Eu me importo com ela.

— Obviamente. Quão profundamente?

— Eu dormi com ela, se é isso que você está perguntando.

Rhys dispensou suas palavras. — Isso era inevitável. Todos nós sabíamos que
estava chegando pela forma como vocês dois olhavam um para o outro.

— Se você sabe de tudo isso, por que está me fazendo perguntas para as quais
você já sabe as respostas?

— Para ouvir você confirmar isso. — disse Rhys.

Tristan apertou a mandíbula e olhou para longe de Rhys. Era sua incerteza de
quem ele era tão evidente para qualquer um quanto parecia? Ele pensou que fez
um trabalho melhor de ocultar sua indecisão e dúvida.

— Não há dúvida de que você nasceu para ser um Rei Dragão — Rhys
continuou. — Você agiu como se tivesse sido sempre um dragão. Você pensa e
luta como um dragão, mas o mais importante, você toma decisões como um rei.
Eu sei que o assunto com Ian e seu passado o abalou.

— Isso é dizer o mínimo — ele murmurou.

Um fantasma de um sorriso tocou os lábios de Rhys. — Por que se preocupar


com isso se você não pode lembrar da sua outra vida com Ian e os Guerreiros?
Tristan sempre gostou de Rhys. Ele poderia contar com um comentário idiota
ou sarcástico só para irritar. Raramente o sorriso arrogante deixava seu rosto.

Ele olhou para Rhys e soltou um suspiro. — Isso não é mais inteiramente
verdade.

— Interessante. — Rhys disse com as sobrancelhas levantadas. — Você se


lembrou de Ian?

— Não exatamente. Recebo flashes de memórias, por segundos realmente.

— Quando isso começou?

Tristan esfregou a parte de trás do seu pescoço e olhou para longe. — Depois
que Sammi veio e eu tratei seu ferimento.

— Não tenho dúvida que Ulrik tem pessoas nos observando. Tenho certeza
de que ele sabe que Ian está tentando contatá-lo, e ele sabe que você é o novo Rei
Dragão. Você não participou das guerras com os seres humanos ou os Fae, então
ele descobre que a sua lealdade não é tão completa quanto o resto de nós.

— Então você é leal a Con?

Rhys sorriu e lhe deu um tapa nas costas. — Eu sou leal aos Reis Dragões.
Con comete erros como qualquer outro. Ele pode gostar de pensar que é perfeito,
mas ele está longe disso.

— Ulrik tinha argumentos convincentes. — Tristan se esquivou. Ele odiava


pensar que poderia decidir deixar Dreagan e juntar-se a Ulrik, mas a verdade era
que ele não sabia em quem acreditar ou o que fazer uma vez que ele conhecia
apenas algumas das informações.
O sorriso de Rhys morreu. — Ulrik foi um dos melhores Reis. Seus Prateados
teriam feito qualquer coisa por ele. Ao contrário de alguns de nós, Ulrik
voluntariamente tomou um ser humano como sua amante. Ele se apaixonou
profundamente por ela. Não havia nenhuma razão para ele não confiar nela ou em
qualquer ser humano. Droga, tudo o que fizemos. Ulrik tinha uma habilidade
incrível com as palavras. Ele poderia falar com qualquer um sobre qualquer coisa.

— Isto não é o que Con faz?

— De certa maneira. — Rhys admitiu. — Mas Ulrik era um verdadeiro


presente. Sem sequer tentar, ele poderia mudar a opinião de alguém sobre um
assunto, qualquer assunto, não importa quão insignificante pudesse ser.

Tristan olhou para o Prateado. — Você acha que isso é o que ele estava
fazendo comigo?

— Absolutamente. É o suficiente para que seu gêmeo de uma vida passada


esteja tentando entrar em contato com você, mas eu suspeito que haja mais
acontecendo.

Ele queria confidenciar tudo a Rhys, mas não seria apenas turvar mais as
águas? Rhys iria tentar convencê-lo a permanecer em Dreagan.

— Há sim.

O sorriso de Rhys estava cheio de pesar. — Talvez você devesse compartilhar


comigo o que está acontecendo ou com outra pessoa. Ulrik está na sua cabeça
agora. Você não precisa ser puxado em diferentes direções.

Isso era exatamente o que Tristan não queria, e ele já se sentia assim.
— Eu não estou dizendo que Con estava certo e Ulrik estava errado. — Rhys
continuou. — Mas isto não é sobre qualquer um deles. O que nós estamos lutando
por agora é para manter o segredo dos Reis Dragões. Sabemos quem são os nossos
inimigos agora, e nós sabemos o que eles querem. A única coisa que precisamos
focar é em permanecer unidos.

Rhys poderia ter dito que Ulrik tinha um dom com as palavras, mas ele
também. Tristan disse: — Então vamos nos unir e certificarmo-nos de que quando
o Escuro chegar nós estaremos lá para cumprimentá-los.

Rhys explodiu em gargalhadas enquanto saiam da caverna. — Agora estamos


na mesma página.
Sammi abriu o Ipad e tocou o ícone da música. Lana Del Rey de —
Summertime Sadness25— começou uma batida lenta, sexy. Sammi começou a
cantar quando ela se inclinou para trás na cadeira.

A canção lembrou-lhe muito do seu tempo com Tristan. As palavras ficaram


presas em sua garganta, entupindo-a até que a emoção começou a dominá-la.

Ela rapidamente apertou o botão para frente e Kings of Leon26 tocavam pelos
alto-falantes. Eles ajudaram a afastar os sentimentos que ela não queria enfrentar.

Sammi se levantou e caminhou ao redor da sala escassa. Ela adivinhou que


era um quarto. Parecia mais como uma pequena caverna, e uma vez que eles
estavam dentro de uma montanha, ela assumiu que era exatamente isto.

— Sammi!

Ela virou enquanto viu Jane correndo para o quarto, seus braços envolvendo-
a com força. Sammi fechou os olhos e segurou sua irmã.

— Você está bem? — Perguntou Jane.

Sammi assentiu e apertou sua mão. — Eu acho que você já sabe sobre tudo
isso?

25 (Tristeza de Verao) e uma cançao da cantora estadunidense Lana Del Rey, contida em seu segundo album de
estudio, (Wikipedia).
26 Kings of Leon e uma banda de rock formada em 2000 em Nashville, Tennessee, Estados Unidos. (Wikipedia).
Jane riu e se afastou. — Nós já sabíamos tudo desde antes de você sair. Você
disse tudo a Tristan e Banan.

— Não, eu não disse. — Ela tinha certeza de que não tinha. Ela saiu à sua
maneira para dar-lhes apenas o suficiente para deixá-la em paz.

Foi a maneira de como Jane de repente não estava encontrando o seu olhar
que disse a Sammi que algo aconteceu, algo que ela não ia gostar.

— Jane, eu não disse a eles.

Sua irmã baixou os braços e recuou. — Laith nos disse que você sabe o que
Banan e Tristan são.

— Sim, mas esse não é o ponto.

— É — Jane insistiu. — Se você sabe que eles são Reis Dragões, então você
também deve saber que cada um tem um certo... dom, você poderia assim dizer.

— Dom? — Sammi repetiu o temor penetrando em seus poros. — Que tipo


de dom?

Jane encolheu os ombros com indiferença. — Cada um é diferente.

— Qual é de Tristan?

Jane visivelmente se encolheu. — Não fique zangada com ele. Ele estava
fazendo exatamente o que Banan e eu pedimos.

— Jane. — Sammi pediu.

— Ele pode fazer você dizer coisas que você não diria de outra maneira.
Sammi esfregou a testa e tentou desesperadamente conter a raiva que
borbulhava dentro dela. — Então, na noite quando eu me senti mais calma e mais
à vontade...

— Foi a noite em que disse a eles tudo, sim. — Jane disse a contragosto. —
Ele lhe deu um pouco de paz, pelo menos.

— E todos vocês me permitiram fugir?

Jane mordeu o lábio. — Sammi...

— Enquanto eles me seguiam?

Claro. Tudo se encaixava no lugar agora. Não admira que Tristan tivesse a
encontrado com tanta facilidade. Ela acreditou que ela ficou longe da máfia, mas,
na realidade, Tristan esteve protegendo-a.

Tanto para ela ter a coragem de enfrentar o tempo sozinha num ambiente
selvagem. Ela não esteve sozinha. Ela nunca esteve em qualquer perigo.

Isso não era o que a irritou. Era como facilmente Tristan controlou sua mente
em derramar os segredos que ela estava protegendo. Se ele fez isso uma vez, ele
poderia fazê-lo novamente.

— Tristan tentou me fazer voltar aqui desde o início. — Ela disse quando ela
olhou para Jane.

O sorriso de Jane era fraco. — Pedi-lhe para te trazer de qualquer maneira


que pudesse.
Sammi começou a rir. Que tola ela foi. Enquanto estava tentando proteger o
coração do desastre, Tristan esteve manipulando-a para obter exatamente o que
ele queria. E quem sabe se o que ela sentia por ele era real? Afinal, ele pode apagar
todos os seus medos com um simples toque.

— Não há nenhum ataque escuro vindo, não é?

A testa de Jane franziu. — É surpreendente para todos nós que os escuros se


atreveriam a vir para Dreagan, mas parece que eles estão.

— Por quê? Eu não sou ninguém. Eu não estava envolvida com qualquer
pessoa em Dreagan exceto você, e nós podíamos falar ao telefone, mas eu nunca
vim aqui antes. Por que eles me usaram? Por que não outra pessoa para chegar aos
sujeitos?

— Eu não sei— disse Jane em voz baixa.

Sammi desligou a música. — O tempo todo que eu estive aqui e em torno do


Tristan eu sentia como se eu tivesse dado apenas o suficiente da verdade para me
manter quieta. Estou cansada de tudo. Eu estou cansada de correr pela a minha
vida, estou cansada do meu corpo doendo, e eu estou cansada de ser usada.

— Usada? Sammi...

— Usada. — disse ela a Jane. — Eu fui usada por Daniel para a lavagem de
dinheiro no meu bar. Se vocês estiverem certos, então eu tenho sido usada pela
máfia que são realmente os inimigos dos Reis para chegar até você, assim, até
Banan. Eu fui usada por Banan para obter informações. Eu fui usada por todos
vocês para trazer as pessoas que estavam atrás de mim. E eu fui usada por Tris...
Ela não poderia nem mesmo terminar de dizer o seu nome.

Seu peito doía enquanto lutava para acalmar sua respiração, mas seu peito
arfava e seu coração batia com consternação. Ela deu seu corpo para Tristan, e
pensou que ele sentia alguma coisa, qualquer coisa por ela pela maneira como ele
a tocou com tanta paixão e amara tão completamente.

A verdade era um companheiro de cama frio, e parte de Sammi desejou que


ela ainda estivesse tentando juntar todos os pedaços.

— Nós fizemos isso para protegê-la.

As palavras sinceras de Jane fez pouco para aliviar Sammi. Mais uma vez ela
deu um pedaço de seu coração a alguém, sua irmã. Ela não queria, mas Jane foi
persistente e Sammi foi tão solitária.

Tudo o que ficou provado foi que Sammi realmente não podia confiar em
ninguém. Não em um ex-amante que virou parceiro de negócios, e não em sua
meia-irmã, e certamente não, num homem lindo e misterioso que podia fazê-la
flutuar com apenas um beijo.

— Eu gostaria de ficar sozinha. — Ela disse e virou as costas para Jane.

— Sammi, por favor. — Implorou Jane.

Mas ela se recusou a olhar para a irmã.

Ela esperou até que os passos de Jane desaparecessem antes de espiar para
fora da porta de entrada para ver se alguém estava vigiando. Felizmente, todos
pensaram que ela iria ficar parada durante a chamada ameaça.
Como eles estavam errados. Ela saiu correndo da sala, olhando por cima do
ombro com frequência.

Oh, ela sabia que alguém estava atrás dela, e sabia que não havia perigo real lá
fora, sob a forma do Fae escuro. Não era que ela tivesse um desejo de morte ou
quisesse apenas empurrar os limites, era simplesmente uma questão de retomar o
controle de sua vida.

Sammi rodou em torno da montanha tantas vezes que ela perdeu a conta.
Várias vezes ela teve que se esconder atrás de pedras ou de fato em cavernas
quando ouvia alguém próximo.

Foi apenas por pura sorte que, quando estava passando por uma abertura, ela
olhou para dentro para ver os dragões de prata. Eles estavam enjaulados enquanto
dormiam quase pacificamente. Ela queria ir até eles, mas havia um homem com
eles. Ele tinha cabelos loiros ondulados, e estava vestido com calça e uma camisa
com as mangas enroladas até os cotovelos.

Ela sabiamente ignorou o desejo de olhar mais de perto os dragões e, em vez


disso, conseguiu encontrar seu caminho para fora da montanha. Só para fazer uma
parada enquanto ela observava como a mansão fora construída na montanha.

Sammi se manteve próxima às sebes e árvores enquanto ela rapidamente


caminhava para o estacionamento da destilaria. Tinha de haver alguém que lhe
daria uma carona para fora.

Ela virou uma esquina e colidiu com alguém. Sammi foi empurrada para trás,
mas conseguiu cair em uma sebe em vez de no chão.

— Ow. — Veio um sotaque americano abafado.


Sammi olhou para encontrar outra senão Lily. Ela começou a rir quando ela
se endireitou e ajudou Lily a se levantar. — Graças a Deus que era você.

Lily tirou o pó de sua camisa de grandes dimensões e saia. — Sammi? Você


está bem? Você parece melhor do que quando o vi na semana passada.

Foi realmente a tanto tempo? — Desculpe eu corri para cima de você. Você
começou o trabalho, não é?

— Sim. — Lily sorriu seus olhos negros brilhando de emoção. — Estou


realmente gostando também.

— Isso é adorável. Ouça Lily, você pode me dar uma carona para fora daqui?

Lily assentiu. — Claro. Jane está ocupada?

— Muito. Você se importa se sairmos agora? — Sammi perguntou enquanto


ela agarrou a bolsa de Lily e conduziu-a para a antiga BMW.

Os olhos de Lily tornaram-se perturbados. — Onde é que você precisa ir? Eu


preciso estar em casa em um determinado momento. — Ela parou e depois deu
um pequeno aceno de cabeça. — Desculpa. Tenho que ir agora.

Sammi estava prestes a perguntar por que uma mulher adulta tinha um toque
de recolher, mas ela tinha assuntos mais importantes na mão. — Quão longe você
pode me levar?

— Onde quer que você precise ir.

— Então me leve tão longe quanto possível — Sammi disse quando ela entrou
no banco do passageiro.
Ela ouviu Lily falar de todos os clientes que conheceu enquanto dirigia de
Dreagan. Ainda assim, Sammi não relaxou. Ela pensou que chegou longe de
Dreagan uma vez antes. Por tudo o que sabia, ela estava sendo seguida novamente.

Sua mão apertou a correia do cinto de segurança quando ela percebeu


tardiamente que ela colocou Lily em perigo. A Máfia ou os Fae escuros,
provavelmente, estavam olhando para ela agora.

— Existem carros atrás de você? — Perguntou Sammi.

Lily riu. — Não. — Então ela olhou para ela e o sorriso desapareceu. — Você
está em apuros?

— Mais do que você poderia acreditar. Eu sinto muito, Lily. Eu não deveria
ter envolvido você.

Lily apenas deu de ombros e olhou no espelho retrovisor novamente. —


Percebi que você está fugindo desde Dreagan eu prefiro que você não conte a Jane
que ajudei.

— Eu aprecio isso.

— Eu pensei que eu iria vê-la em torno da destilaria nestes últimos dias, mas
Cassie me disse que sua ferida necessitava mais cuidados e você estava
descansando. As olheiras não são mais visíveis. De fato eu acho que o resto está
bem adequado a você.

Sammi olhou pela janela. Não era descansar o que ela queria. Era Tristan. A
rapidez com que o tempo passou, quando ela queria saboreá-lo. Se não tivesse
adormecido ela poderia ter sido acordada quando ele a deixou.
— A aprendizagem é vinte por vinte.

— O quê? — Perguntou Lily.

— Algo que minha mãe costumava dizer. Aprendizagem é vinte por vinte. Eu
sempre achei que dizer isso era banal, mas é uma maldita verdade.

— Sim. Isso é.

Sammi dirigiu o olhar para Lily. Foi-se o sorriso tímido. A delicada e cautelosa
mulher, parecia abatida, com medo, e desiludida. Uma voz interior cutucou Sammi
para perguntar: — Você tem um toque de recolher?

— Não — disse Lily com um sorriso.

Mas aquele sorriso foi forçado. Sammi estava consciente de que não era só
dela a única vida que foi ao inferno e voltado, mas era Lily um deles?

— Ainda há carros atrás de nós.

Sammi assentiu distraída. — Carros. Certo. — Ela mentalmente se sacudiu.


Ela queria ajudar Lily, mas primeiro tinha que ajudar a si mesma.

Ela inclinou-se e olhou para o céu antes de olhar para fora da janela lateral.

— Você está procurando um avião agora? — Lily perguntou.

Sammi atirou-lhe um sorriso. — Algo parecido. Há poucas nuvens. Um dia


claro e agradável.

— Isso é bom, eu acho.

— Muito bom — ela disse quando se sentou de volta.


O resto da viagem passou muito rapidamente. Sammi descobriu que ela e Lily
tinham muito em comum, e que a única coisa que fez soar sinos de aviso foi como
Lily facilmente desviou a conversa para longe de seu passado.

Quando Lily entrou com o carro em uma pequena aldeia, Sammi avistou uma
parada de ônibus um pouco acima da estrada. — Obrigada. Chegue em casa com
segurança.

— Você fique bem e segura. — Lily falou com um aceno.

Sammi saiu do carro e fechou a porta, acenando enquanto Lily fez o contorno
e voltou por onde elas vieram. Ela levou alguns momentos para verificar a sua
volta e procurar alguém suspeito, deixando escapar um suspiro quando a costa
estava limpa.

Então ela caminhou para o ônibus.


Tristan terminou de informar a seus irmãos sobre o que aconteceu com
Sammi e Ulrik, pelo menos a maior parte, e por que ele a trouxe para a montanha.

Houve reações mistas, mas Tristan esperava por isto. Ele deixou Rhys e Banan
para planejarem os detalhes de como Sammi e as esposas seriam protegidas.
Tristan esteve ansioso para ver Sammi novamente, tocá-la e simplesmente segurá-
la em seus braços.

Não que ele sabia o que dizer a ela. Ela olhou para ele de forma diferente,
como se soubesse o tumulto dentro dele. Laith disse que tinha certeza de que ela
não ficou muito chateada ao descobrir que ele se foi, mas uma pequena voz no
interior de Tristan disse-lhe que importou muito para ela.

Ele não tinha a intenção de machucá-la. Ele não tinha as respostas necessárias,
algum tipo de direção na tempestade que se tornará a sua vida. E ela era parte
disto. Não foi apenas a feroz atração que os envolveu, mas de alguma forma ela
desbloqueou parte de suas memórias.

Tristan não tinha certeza se ele estava pronto para enfrentar essas memórias
ou não. Em seguida, havia a própria Sammi. Ela era... Incrível. Seus olhos eram
encantadores, seus beijos intoxicantes. Seu corpo fascinante.

Com um sorriso acolhedor ele foi atraído, aprisionado. Enredado. Ela fez as
palmas de suas mãos suarem, seu coração disparar, e seu sangue queimar.
Tristan fez uma pausa e passou a mão pelo rosto. Suas mãos doíam para tocá-
la, mas havia assuntos mais importantes do que saciar seu desejo, como mantê-la
fora das mãos do Escuro.

O Escuro. Ele não lutou nas guerras Fae. Na verdade, ele não participou com
os outros reis, pois ele ainda estava com os Warriors27 e Druids28. No entanto, ele
sabia o suficiente sobre os dragões, quando ele estava com os outros para saber
que eles eram poderosos e eficazes.

Os Escuros, todos os Fae, realmente, perderam as guerras Fae. Os reis não


foram capazes de mantê-los fora do reino, mas eles foram capazes de confiná-los.
Mesmo que agora estavam conseguindo desvendar.

É como se houvesse alguma força potente cujo interesse individual estava


bloqueando ou recolhendo tudo que os Reis fizeram. Não poderia ser Ulrik. Sua
magia lhe foi tirada. E isso teria de ser mágico, a fim de lutar contra algo tão
prevalecente como a magia dragão.

Ulrik disse que iria parar o ataque a Sammi se Tristan se juntasse a ele. Ele não
tinha medo dos Escuros. Ele tinha medo do que eles fariam com Sammi.

27 Guerreiros.
28 Druidas (no feminino druidesas ou druidisas[1]) eram pessoas encarregadas das tarefas de aconselhamento,
ensino, jurídicas e filosoficas dentro da sociedade celta. Embora nao haja consenso entre os estudiosos sobre a
origem etimologica da palavra, druida parece provir do vocabulo dru-wid-s, formado pela junçao de deru (carvalho)
e wid (raiz indo-europeia que significa saber). Assim, druida significaria aquele(a) que tem o conhecimento do
carvalho.[2] O carvalho, nesta acepçao, por ser uma das mais antigas e destacadas arvores de uma floresta, representa
simbolicamente todas as demais. Ou seja, quem tem o conhecimento do carvalho possui o saber de todas as arvores.
(Wikipedia).
Tristan se inclinou contra a parede do túnel e baixou a cabeça. Ulrik ofereceu
uma solução fácil para o problema em questão. Mas se ele deixasse Dreagan para
se juntar a Ulrik, Tristan sabia que ele seria banido.

Con poderia tentar levar sua magia e impedi-lo de mudar para a forma de
dragão, assim como ele fez com Ulrik. Tristan nem sequer contemplou espionar
Ulrik. Ulrik poderia esperar isso e teria contramedidas no lugar.

— Droga. — Tristan resmungou.

Ele não podia acreditar que ele estava mesmo contemplando uma decisão tão
drástica. Se tivesse sido qualquer outro mortal ele não o faria, mas Sammi não era
qualquer um.

A ideia dos Escuros em Dreagan deixou um gosto ruim na boca. Dreagan era
especial, sagrado. Se os Escuros queriam uma guerra, então ele iria dar uma a eles.
Se eles quisessem ter um Rei e qualquer mortal ligado a eles, então ele iria levar o
troco.

Ele endireitou-se e seguiu para a câmara onde ele deixou Sammi. Ele precisava
vê-la, abraçá-la, tocá-la, mesmo que isso significasse mais memórias vindo à tona.
Porque agora, ela era o centro da tempestade, a calma em todo o caos.

Tristan virou a esquina e entrou na câmara, quando ele chamou, — Sammi.

Não houve resposta, e uma olhada rápida ao redor da pequena câmara


mostrou que ela não estava à vista. Tristan se virou e correu de volta para o
corredor quando ele olhou para um lado e depois o outro.
Ele correu para a direita, olhando para cada entrada. Quando ele não a
encontrou, ele circulou novamente, batendo em qualquer um que estivesse em seu
caminho até que ele chegou de volta para a câmara.

Tristan estava respirando com dificuldade, sua mente recusando-se a acreditar


no que ele sabia que tinha de alguma forma, ocorrido - Sammi foi embora. Ela
deixou a montanha, Dreagan.

Deixou ele.

Ele soltou um grito e agarrou a cadeira que jogou contra a parede. Ela se
dividiu em pedaços, madeira e tecido rasgado e amassado quando caiu no chão.

Mas isso não fez nada para aliviar sua fúria. Tristan endireitou os itens no topo
da mesa antes de chutar a própria mesa e enviá-la para o mesmo destino que a
cadeira.

Antes que ele pudesse fazer mais dano seus braços foram puxados para trás e
seguros firmemente.

— Calma — disse Laith. — Esse era o meu iPad.

Tristan empurrou contra o agarre. — Liberte-me. Agora.

— Não até que você nos diga o que diabos está acontecendo. — disse Rhys
quando ele veio para ficar na frente dele.

— Olha em volta. É obvio.

O rosto de Rhys torceu em uma máscara confusa. — O que é óbvio é que


você arruinou a minha cadeira favorita.
Tristan deu outro puxão e conseguiu libertar o braço. Ele virou-se, com o
punho apontado para o rosto de Laith, quando ele foi mais uma vez interrompido.
Ele sacudiu a cabeça para descobrir quem agarrou seu braço e viu-se olhando nos
olhos de tempestade cinza de Banan.

Houve um suspiro suave atrás de Banan quando Jane entrou na sala. Seu olhar
deslocado para Tristan. — Onde ela está?

— Foi embora.

Banan o soltou. — Porra!

— Deduzo que significa Sammi? — Perguntou Rhys.

Tristan concordou. — Eu procurei em toda a montanha.

— A culpa é minha. — Jane levantou os olhos cheios de lágrimas. — Eu vim


para vê-la. Ela estava chateada, e eu cometi o erro de deixar escapar sobre como
nós soubemos que estavam atrás dela.

Era como se uma bola de demolição batesse no estômago de Tristan. — Você


disse a ela como eu tive a informação.

Jane assentiu e aproximou mais de Banan. — Ela estava furiosa.

— Mas por que sair? — Disse Laith. — Eu disse a ela que o Escuro estava
vindo atrás dela.

— Eu acho que ela não acreditou. — Jane disse e enxugou os olhos, antes de
puxar seu cabelo castanho atrás das orelhas.

Banan puxou-a em seus braços. — Nós vamos encontrar Sammi, querida.


— Eu odeio ter que trazer isto à tona, mas Con vai pirar quando descobrir
tudo isso — Rhys apontou.

Tristan fez um som na parte de trás da garganta. — Foda-se Con.

— Eu prefiro que você não diga isso. — Con disse quando ele entrou na sala.

Tristan empurrou além de todos eles e correu para a parte de trás da


montanha. Assim que ele chegou à caverna, ele mudou e voou para fora da mesma
abertura que Laith trouxe Sammi através de apenas algumas horas antes.

Ele tinha que encontrá-la.

Porque se ele não a encontrasse, poderia muito bem se juntar a Ulrik.

Rhys suspirou enquanto observava a corrida de Tristan para fora da sala. Ele
sabia exatamente aonde Tristan ia, porque ele faria a mesma coisa se estivesse no
lugar de Tristan.

— Que diabos está acontecendo? — Con exigiu.

Laith chutou um pedaço da mesa quebrada. — Eu trouxe Sammi aqui.

— O quê? — Con trovejou, seus olhos negros se estreitando de raiva.

Rhys esperava justamente uma explosão. — Não é como se Tristan tivesse


uma escolha, não depois de Ulrik dizer-lhe que os Escuros estavam indo para
atacar Dreagan esta noite a fim de ter Sammi.
O olhar de Con voltou-se para ele, suas narinas dilatadas. — Primeiro Banan
vai até Ulrik, em seguida, Tristan também o faz.

— Você está enganado. — Banan disse enquanto beijava Jane na testa e deu-
lhe um pequeno empurrão para fora da sala. Ele esperou até que ela tivesse virado
a esquina antes de ele enfrentar Con. — Eu fui até Ulrik, mas foi Ulrik que
contatou Tristan.

Toda ira de Con deflacionou com o choque que tomou. — Ele... contatou
Tristan?

Rhys assentiu. — Essa em sua maior parte também foi a nossa reação.
Acontece que Ulrik quer Tristan para se juntar em suas tropas. Ele se ofereceu
para parar o ataque se Tristan fizesse exatamente isso.

— É aonde Tristan foi?

Laith bufou. — Não. Primeiro ele vai tentar encontrar Sammi. Mas depois
disso, eu não tenho tanta certeza. Eles têm uma química, aqueles dois.

Um músculo saltou no maxilar de Constantine. — Companheiros?

— Talvez. — disse Banan.

Rhys cruzou os braços sobre o peito. — Tudo o que existe entre Tristan e
Sammi não é o ponto agora.

— Você está certo. — Con olhou para cada um deles. — O ponto é que Ulrik
se atreveu a entrar em contato com um de nós.

As sobrancelhas de Laith dispararam. — Se atreveu? Ele é um de nós, Con.


— Ele está banido. Não se esqueça disso.

Como se Con iria deixá-los esquecer. Rhys estava tão surpreso quanto
qualquer um deles que Ulrik escolheu agora entrar em contato com eles, e ainda
mais chocado que ele escolheu Tristan. Quais foram seus motivos?

Tristan era o mais novo rei. Ele era forte, capaz e eficaz, mas todos os Reis
eram assim. A única vantagem era que Tristan não foi envolvido em todas as
consequências horríveis do passado. Ele era novo para seu mundo e seus
problemas, e ele não tomou um lado.

Não exatamente. Ele foi entregue a Dreagan, e é aí que ele permaneceu. Mas
se tivesse que fazer uma escolha entre Dreagan e Ulrik, Rhys não tinha certeza de
com qual ele iria ficar.

Ele não mentiu para Tristan. Con cometeu erros. Droga, todos eles o tinham,
e eles tiveram que conviver com eles. Eles não deveriam ter matado a mulher de
Ulrik, mas Ulrik não lhes deu nenhuma escolha quando atacou os seres humanos.

Ulrik jurou vingança contra Con todos aqueles longos anos atrás. Estava a
dívida finalmente sendo cobrada?

— Isso facilmente estará terminando. — Con disse calmamente da porta. —


Eu mato Ulrik.

Rhys, Laith e Banan trocaram um olhar.

— Ele é um Rei. — disse Banan. — Não chega o tanto de nós que morreram.

Con olhou ao redor da sala destruída. — Ulrik tem causado problemas


suficientes. Eu não quero perder outro Rei, mas ele não tem sido um de nós em
um longo tempo verdade seja dita. Ele está trabalhando para nos revelar ao mundo,
o tempo todo nos quebrando por dentro.

— Sim — Laith disse suavemente. — Ele está fazendo exatamente isso. Mas
eu não vou ser uma parte de sua morte. Nós já tiramos o suficiente dele.

— Olha o que ele está fazendo para nós. — Con disse quando ele abriu os
braços. — Nossas vidas ordenadas foram viradas de cabeça para baixo. Nós
estamos lutando com mortais que são infiltrados em nossa terra, e não vamos
esquecer os nossos inimigos favoritos, os Escuros. Eles voltaram. Você se lembra
das guerras Fae, Laith? Porque eu lembro-me muito vividamente.

Banan pegou o ipad quebrado. — Tem que haver outra maneira de parar Ulrik
que não seja a morte.

— Como o quê? — Perguntou Con. — Você quer mantê-lo prisioneiro com


seus Silvers29?

Rhys encolheu os ombros. — Talvez seja isso que precisamos fazer. Você
sabia que deixá-lo viver antes nos traria então para este dia. Você sabia que ele iria
criar um esquema para matá-lo, para tirar tudo o que lhe é mais querido.

— Que é Dreagan e a unidade dos Reis. — disse Laith.

Con deslizou calmamente as mãos nos bolsos de suas calças. — Ele era meu
melhor amigo. Eu não podia matá-lo naquela época.

— Mas agora você pode? — Perguntou Banan.

29 Prateados (os dragoes).


Con assentiu. — Sim. Eu vou matá-lo, como eu deveria ter feito, para
começar, e depois nós vamos desmontar a sua rede. Nós vamos voltar para a vida
que tivemos ao longo dos séculos.

— Isso não é possível, não importa se matarmos Ulrik ou não. — disse Rhys.
— O MI5 sabe de nós. Não importa as precauções que tomamos usando o amigo
de Banan, Henry North ou até mesmo a capacidade do Guy para apagar memórias,
vamos perder alguma coisa.

Con levantou um ombro, encarando o problema. — É melhor do que o que


está vindo se não fizermos nada. Não se engane em pensar que Ulrik se permitirá
ser pego de surpresa.

— Há outra opção para manter Tristan com a gente. Precisamos de Broc. —


disse Laith.

Rhys não podia acreditar que esqueceu o Guerreiro. Broc poderia encontrar
alguém, em qualquer lugar. — O que estamos esperando? Pega logo o telefone.

— Já estou com ele. — Banan disse enquanto ele tirava seu celular.

Rhys encontrou o olhar de Con. A batalha que todos temeram entre Ulrik e
Con estava por vir. E desta vez Ulrik não teria nenhuma mágica, nenhuma
capacidade de mudança em forma de dragão para lutar contra seu ex-amigo.

Desta vez Con acabaria com Ulrik para sempre.


Rhi ficou atrás de uma mulher corpulenta enquanto saía do ônibus. Ela ainda
estava oculta pelo véu da magia, desde quando detectou a fuga de Sammi.

Ela observou Sammi olhar em volta da pequena aldeia tentando decidir o que
fazer. Um dia Rhi teria que admitir a Sammi que ela, não tão sutilmente, a
empurrou para Ferness, mas não ia ser tão cedo.

Foram apenas algumas pequenas sugestões mentais, mas que funcionaram


para manter Sammi no ônibus até Ferness. Mas levá-la para a aldeia de Charon era
apenas o primeiro passo. Ela, então, tinha que descobrir alguma forma de um dos
Guerreiros ou Druids encontrar Sammi. Isso tudo sem Rhi revelar seu aspecto
verdadeiro.

— Por que eu continuo a me envolver com os Reis dragões e os seus assuntos?


— Ela ficava se perguntando muitas vezes e não tinha qualquer tipo de resposta.
Bom, havia uma resposta. Ela simplesmente não podia encarar a verdade nela.

Agora não.

Possivelmente nunca.

— Eu sou uma triste, triste Fae. — Ela murmurou para si mesma.

Se ela pudesse deixar tudo para trás e seguir em frente, mas isso era impossível,
porque seu coração foi arrancado de seu peito. Ela podia não ter tido o seu final
feliz, mas se ela pudesse ajudar aos Reis e dando também um pontapé nas bolas
de Con, ela o faria, mesmo se fosse dolorido estar perto dos Reis.

Ela endireitou os ombros, agradecendo que pudesse manter o véu tanto


tempo. Era uma raridade no mundo Fae. Era uma das poucas coisas que herdou
de seu pai.

Rhi seguiu Sammi para o outro lado da rua. Ela estava prestes a empurrar
mentalmente a mortal para visitar o pub do Charon quando viu Dani entrando em
um supermercado.

Com um sorriso, Rhi focou em Sammi. — A loja — ela sussurrou, enviando


o pensamento à mente de Sammi. — Vá para a loja.

Quando Sammi não obedeceu imediatamente, Rhi pensou que teria que
empurrá-la mais forte. Demorou alguns minutos, mas Sammi, eventualmente,
virou-se e caminhou até a loja.

Sammi não tinha ideia de por que ela entrou na loja. Ela não queria comprar
nada. Na verdade, ela não tinha certeza por que estava na aldeia afinal de contas.
Ela queria continuar, mas por algum motivo que não podia explicar, ela saiu do
ônibus.

Ela andava para cima e para baixo pelos corredores sem saber o que fazer, já
que a ideia de comer lhe dava náuseas. O funcionário estava olhando para ela como
se fosse roubar alguma coisa, o que só fez Sammi ficar mais inquieta.
Ela se virou para outro corredor, Sammi olhou pela janela, procurando
qualquer coisa suspeita ou Tristan. Detestava-se por querer vê-lo novamente.

Mesmo que ela soubesse que tudo o que sentia poderia não ser real e sim ter
sido sugestionado para ela, ainda assim, não conseguia parar de ansiar por ele, não
conseguia parar de desejar seus beijos.

Não conseguia parar de desejar olhar em seus olhos escuros.

Ela era lamentável. Ela foi usada, e ainda assim queria mais dele. Quão
patético era não ter meios para dizer tudo o que queria e mandá-lo para o inferno.

Por força do hábito, ela verificou a janela novamente e tropeçou quando viu
olhos vermelhos olhando para ela. Sammi deu um passo para trás e bateu em uma
pessoa. A cesta saiu voando, latas de comida caíram no chão, e ela caiu com um
baque de ranger os ossos em um emaranhado confuso.

— Você está bem?

Sammi estremeceu quando ela rolou para suas costas e sentiu uma lata abaixo
dela. Ela levantou a cabeça para a janela, mas não podia mais ver o Fae escuro, se
é que ele esteve lá. Ela estava duvidando seriamente de sua própria mente agora.

Ela olhou para a mulher com quem colidiu. — Eu acho que sim. Eu sinto
muito. É a segunda vez hoje que eu me choco com alguém.

A mulher sorriu largamente enquanto ela ria. — Talvez você deva usar
travesseiros para a sua segurança.

— Eu acho que você está certa. — Ela disse enquanto as duas riram mais.
— Eu sou Danielle, mas todos me chamam de Dani.

— Sammi. É realmente Samantha, mas eu prefiro Sammi.

— Sammi e Dani— disse ela. — Mulheres com nomes masculinos. Acho que
é o destino que nos fez encontrarmos.

Sammi gostou dela instantaneamente. Havia apenas algo sobre Dani que fazia
você pensar que tudo estava certo no mundo. Poderia ser seu cabelo loiro prateado
ou a cor invulgar de seus olhos de esmeralda, ou talvez, porque Dani tinha uma
personalidade tão doce.

Dani empurrou as latas de lado quando ela levantou e estendeu a mão. —


Vamos. Eu acho que poderíamos tomar uma bebida depois disso.

Ela e Dani recolheram os itens espalhados, e Sammi encontrou-se


conversando enquanto esperava que Dani pagasse no caixa por eles. A próxima
coisa que ela soube, era que estava caminhando para fora da loja indo em direção
a um pub com Dani.

— O que a traz para Ferness? — Perguntou Dani.

Sammi deu de ombros. — Eu só acabei aqui. Foi a coisa mais estranha.

— Isso aconteceu comigo a primeira vez que eu vim aqui. Estranho como
isso acontece, né?

— Muito. Você vive aqui agora?

Os olhos de Dani formaram rugas nos cantos quando ela sorriu. — Sim,
juntamente com o meu marido, Ian. Fizemos de Ferness nossa casa já faz quase
um ano agora. Eu nunca estive mais feliz. Eu não posso esperar para apresentá-la
a Laura. E depois há Aisley. Ela não vem a Ferness tão frequentemente.

Sammi apenas sorriu. Ela não podia exatamente dizer a Dani que ela não
estaria mais aqui amanhã. Era bom pensar que ela tinha uma amiga. A última vez
que teve... Bem, foi um longo tempo.

E havia uma razão para isso. Agora mais do que nunca ela precisava ter
cuidado em quem ela confiava.

Ela parou e colocou a mão na porta do pub antes que Dani pudesse abri-la.
— Escuta, você pode pensar que eu perdi completamente a minha cabeça, mas...

Sammi ficou sem palavras. Como é que ela ia perguntar a Dani se ela estava
envolvida com a Máfia ou se conhecia o Fae escuro? Se ela estivesse, ela mentiria
sobre isso, e se não, ela pensaria que Sammi era maluca.

Dani franziu o cenho quando ela estendeu a mão e tocou no ombro de Sammi.
— Você está em apuros?

— Você poderia dizer isso. Eu gostaria de beber com você, mas eu vou ter
que recusar. Eu não posso me dar ao luxo de confiar em ninguém.

Dani não a soltou. — Espere. Por favor. Eu não sei no que você está
envolvida, mas há pessoas aqui que podem ajudar. Diga-me o que está errado.

— Você não acreditaria em mim se eu lhe dissesse. — Sammi tentou ir embora


novamente, mas Dani era mais forte do que parecia.
— Uma bebida. Fale comigo, se quiser, ou você apenas pode me ouvir
tagarelar como eu estou acostumada a fazer. Você escolhe. — disse Dani com um
sorriso brilhante.

Sammi soltou um suspiro. Ela olhou ao redor para verificar se havia sinal do
Fae escuro ou dos Reis Dragões. Ela estava tão cansada de ficar sozinha, de querer
saber em quem confiar. Sammi nem sequer se lembrava do que era normal. —
Uma bebida.

Dani abriu a porta e deu-lhe um ligeiro empurrão para dentro. O pub era
como qualquer outro na Escócia. Pelo menos essa era sua impressão inicial, mas
assim que ela se sentou em uma das mesas ela teve a sensação de que havia algo
mais neste bar.

Não era um sentimento ruim ou assustador. Se tivesse sido, teria caminhado


para fora do edifício. Era mais do que isso, quase como se aquele local tivesse visto
coisas tão incríveis como ela ao longo do último par de dias.

Sammi olhou ansiosamente ao redor. Ela sentia falta do seu pub, de limpar o
bar e servir bebidas. Ela sentia falta de seus clientes desordeiros e do cheiro de
cerveja.

— Eu costumava ter um pub — ouviu-se dizer quando duas canecas foram


colocadas na frente delas.

Dani tomou um gole de cerveja. — Você fala como se você tivesse perdido
isso. Porque você partiu?

— Eu não tive escolha.


— Ah — disse ela com um aceno. — Aconteceu comigo uma vez. Não é uma
sensação agradável.

Sammi agitou o copo. Ela gostava de Dani, mas isso não significava que
confiava nela. Algo poderia ter sido colocado em sua bebida.

— Sofri um acidente em uma tempestade de neve na montanha— disse Dani


com uma risada. — Era véspera de Ano Novo e eu estava vestida para uma festa.
Eu tive que caminhar na neve durante horas, tinha certeza que congelaria até a
morte.

— O que aconteceu?

O sorriso de Dani foi lento e cheio de amor. — Eu conheci o meu marido.


Ele me salvou de... bem, ele me salvou. Ele estava escondido nas montanhas, e eu
o convenci a me trazer. Ferness foi a primeira vila que encontramos. Para ser
honesta, eu teria me contentado em ficar sozinha com ele por meses. — Ela disse
com uma risada.

— Que história. — Sammi estava completamente absorta. — Vocês ficaram


juntos depois disso?

— Houve alguns solavancos, mas eu sabia desde a primeira vez que olhei nos
olhos dele que estávamos destinados a ficar juntos.

Sammi se inclinou para trás. Ela era uma romântica completa, mesmo que não
quisesse chegar perto de ninguém. Ela ainda apreciava o amor e como ele podia
mudar vidas. — Estou feliz por você.
Dani bebeu mais de sua cerveja e olhou para o copo intacto de Sammi. —
Você tem alguém?

— Não. Talvez. — O que diabos ela estava dizendo? Tristan não era dela. Ele
nunca foi. Como poderia dizer, talvez? — Não.

As sobrancelhas de Dani subiram. — Ah. Uma questão complicada. É por


isso que você está aqui?

— Algo parecido.

— Oh — Dani disse, seu rosto se iluminou quando ela deu um aceno para
alguém. — É Ian. Eu não posso esperar para você conhecer o meu marido.

Sammi virou-se para olhar Ian e congelou quando ela olhou nos olhos escuros
que ela conhecia muito bem. Era Tristan. Como ele chegou a Ferness tão
rapidamente? E por que Dani estava chamando-o de Ian?

Milhares de perguntas corriam por sua mente em um ritmo tão rápido que ela
ficou tonta. A sala começou a girar e ela agarrou a mesa, sem nunca tirar os olhos
dele.

— Tristan. — Ela sussurrou.

Seus olhos se estreitaram por um momento antes de serem preenchidos com


a confusão e depois entendimento. — Você conhece Tristan.

Ela piscou. — Conhecer? É você. Por que está fazendo isso? — Ela
perguntou quando saiu da cadeira e deu um passo para trás, esbarrando em alguém.
Sammi girou e encontrou outro homem em pé atrás dela com olhos escuros
e cabelo castanho escuro. Ao lado dele estava uma mulher que observava
atentamente com os olhos verdes musgo, seu cabelo castanho ondulado puxado
para trás em um rabo de cavalo.

— Sammi — Dani disse lentamente. — Este é o meu marido, Ian. Eu lhe falei
sobre ele.

Ela começou a rir. Era a única maneira de segurar as lágrimas. — Ian? Uau.
Você se move rápido. Eu não fazia ideia. É por isso que você me deixou. Você
veio para ficar com ela.

Ian, ou qual fosse seu nome, ergueu as mãos e suavizou sua voz, como se
estivesse falando com uma pessoa demente. — Meu nome é Ian Kerr. Eu nunca
te vi antes na minha vida. Você deve estar falando sobre meu gêmeo, Tristan.

— Oh, por favor. — disse ela rolando seus olhos. — Eu pareço tão ingênua?
Você sabe o que? Esqueça. Esqueça tudo isso. Foi tudo um jogo, não foi? O
chamado Fae escuro atrás de mim? A atração entre nós?

Por que sua voz teve que quebrar? Por que não podia fazer um grande
discurso e ir embora com a cabeça erguida?

Seus lábios, lábios que ela beijou, se apertaram. — Eu posso provar que eu
não sou Tristan— ele disse e abriu sua camisa.

Sammi olhou para baixo, e levou um total de dois segundos para penetrar na
sua mente que faltava uma tatuagem. — Oh Deus.
Suas pernas cederam, mas o homem ao seu lado facilmente deslocou uma
cadeira. — Respire fundo— disse ele. — Sou Charon e sou o proprietário do pub.
A mulher bonita comigo é a minha esposa, Laura. Nós somos seus amigos, Sammi.

Sammi pegou a cerveja e começou a beber, esperando que o álcool disfarçasse


o embaraço. Gêmeo. Tristan tinha um irmão gêmeo. Ela se encolheu quando
percebeu tudo o que ela disse.

Outra caneca foi colocada na sua frente quando ela terminou a primeira. Ela
colocou a cabeça entre as mãos e gemeu. Será que ela nunca ia parar de fazer papel
de boba?

— Eu acho que nós precisamos levá-la para cima — disse Ian.

Sammi não discutiu quando Dani ajudou-a a se levantar. Sua mente estava
chocada demais para fazer qualquer coisa. Ela seguiu os dois homens ladeada por
Dani e Laura e subiram as escadas e passaram por uma porta. Ela ficou chocada
ao encontrar-se em um escritório de luxo.

— Como você conhece Tristan? — Ian perguntou assim que a porta se fechou
atrás dela.

Charon cruzou os braços sobre o peito. — E o que você sabe do Fae escuro?

Sammi engoliu em seco e olhou desesperadamente em volta. Ela não conhecia


essas pessoas, mas, obviamente, conheciam Tristan. E eles sabiam do Escuro. Isso
significava que eles sabiam o que Tristan era? — Tristan e os outros estavam me
ajudando.
— Como você disse que era seu nome? — Perguntou Laura, uma carranca
estragando seu rosto.

— Sammi. Sammi Miller.

Laura de repente sorriu e olhou para os outros. — Esta é a meia-irmã de Jane.

— Você conhece Jane? — Será que alguma vez pararia de ser surpreendida?
Porque ela estava realmente ficando cansada disto.

Laura apontou para o sofá enquanto ela se sentava. — Eu a conheço. Muito


bem, na verdade. Nós todos sabemos muito sobre as pessoas em Dreagan.

Sammi olhou de Laura para Ian, que estava abotoando a camisa. Ele sabia da
tatuagem. Laura sabia de Jane. Será que isso quer dizer...?

— Eles são dragões — disse Charon.


Sammi não sabia se estava feliz que alguém soubesse quem era ou não Tristan.
— Que cor é ele?

— Âmbar — Ian respondeu. — Seu dragão é âmbar.

— Você realmente sabe sobre ele?

Dani riu quando ela olhou para Ian. — Ah sim. Sabemos dele. Temos
interagido muito com os que estão em Dreagan.

Sammi engoliu e desejou ter uma bebida. Como se estivesse lendo sua mente,
Charon foi até um aparador e despejou um pouco de uísque em um copo. Ele
entregou a ela com um aceno.

Ela não era normalmente uma bebedora de uísque, mas a queimadura dele
descendo por sua garganta ajudou a encontrar seu foco. Quando o uísque
estabeleceu-se em seu estômago, um calor a envolveu, mas não afugentou o frio
em torno de seu coração.

Apesar de tomar um grande gole de uísque, ela sabia que era possivelmente o
melhor que ela já experimentou. — É Dreagan, não é?

— Sim — disse Laura.

Sammi riu. — Mesmo agora eu não posso fugir. — Ela fechou os olhos com
força. Será que alguma vez chegaria um tempo em que ela pudesse olhar ao redor
e não pensar em Tristan, nos seus beijos, não imaginar como uma vida com ele
poderia ser?

Ian estava sentado na mesa de centro na frente dela. — Como você conheceu
Tristan?

Ela abriu os olhos e foi atingida novamente pela forma como parecia que ela
estava olhando para Tristan, Sammi olhou para o rosto de Ian. À primeira vista,
ele era uma cópia perfeita de Tristan, mas agora que prestou atenção havia
diferenças sutis.

Seu sorriso, o do Ian era gentil onde o de Tristan tinha um ar diabólico,


provocante. Seus olhos, Ian demonstrava aceitação enquanto Tristan parecia...
Procurar alguma coisa.

Havia também a forma como Ian inclinava a cabeça para a direita ao fazer
uma pergunta. Tristan tendia a inclinar-se para a esquerda. Seus cabelos, embora
longos e com o tom exato de castanho claro com reflexos dourados, era aparado
ordenadamente, enquanto Tristan tinha uma desordem nos dele que ela achava
atraente. Então, naturalmente, havia a tatuagem do dragão.

Sammi recostou-se e embalou o copo em sua mão quando ela olhava para o
líquido dourado. — É uma longa história. Você vê, eu era dona de um pub. Sem
que eu soubesse, meu parceiro de negócios estava lavando dinheiro para a máfia.
Ele pegou um pouco para si mesmo e eles descobriram isso. Eles vieram atrás dele
uma noite, e o mataram. Eu consegui escapar do meu apartamento acima do pub
e cai na água antes que eles o explodissem. Eu me escondi debaixo das docas
enquanto atiravam na água, e eu fui atingida por uma.
— Droga — Charon murmurou.

Sammi lambeu os lábios, os primeiros vestígios de um sorriso repuxando seus


lábios. Com os quatro escutando apropriadamente, ela contou o resto da história,
embora ela omitisse a noite em que ela e Tristan passaram juntos.

Quando ela terminou, o silêncio encheu a sala, ela tomou um gole de uísque
e olhou entre Charon e Ian, que apresentavam expressões correspondentes de
apreensão.

— Se isso envolve os escuros, precisamos de Phelan. — disse Ian.

— Não até que você me diga como sabe dos Reis, os escuros, e tudo o que
está acontecendo — Sammi exigiu.

Dani suspirou e olhou para Ian antes que ela voltasse seus olhos esmeralda
para Sammi. — Laura e eu somos Druidas.

Sammi começou a rir até que viu a seriedade na expressão de Dani. Se havia
dragões e Faes, porque não dizer que realmente existem druidas?

— Druidas? — Ela repetiu.

Laura sorriu e cruzou as pernas. — Está certo. Somos Mies, que são Druids
que usam a magia do bem com que nasceram. Há também droughs, que usam a
magia negra que começa quando entregam a sua alma ao diabo.

— Você pode fazer magia?

Dani acenou para a mancha escura em seu ombro, Sammi olhou para onde
estava ferida. Ela arrebentou os pontos novamente.
— Levante sua manga. — Dani pediu.

Sammi ficou indecisa por apenas um segundo antes de puxar sua manga.
Laura estremeceu quando o rosto de Dani se fechou. — Eu sei que parece ruim.

— Foi costurado com força, ou foi até que você os puxou. — Disse Charon.

Os pensamentos de Sammi mais uma vez voltaram-se para Tristan. Ele


cuidando dela, suas grandes mãos em sua pele. Ela o empurrou para fora de sua
cabeça e olhou para Dani.

Ela fez sinal para Sammi virar o braço mais para ela, enquanto Laura se
levantou e mudou para o outro lado de Sammi. As druidas levantaram suas mãos
sobre a ferida, palmas para baixo.

Sammi não tinha certeza se ela deveria fazer algo, olhou para Ian, que a
observava atentamente. Ela viu seus olhos escurecerem assim que ela sentiu algo
se mover quente e brilhante através e ao redor de sua ferida.

Diante de seus olhos Sammi viu sua carne se unindo, deixando a pele rosada,
como se a ferida tivesse sido costurada um mês antes, em vez de apenas alguns
dias.

Os fios dos pontos flutuaram para o chão pousando ao lado de seus pés.
Sammi olhou deles para sua ferida. — Sua magia me curou?

— Sim — Dani disse, com os olhos brilhando. — Nós podemos fazer mais
também.

Ian caminhou até a porta de vidro deslizante e olhou para fora. — Eu quero
saber por que eles não a curaram em Dreagan.
— Eles fizeram. — disse Sammi. — Eles tiraram a bala e me costuraram.

— Con poderia ter te curado naquela noite, você não deveria andar por aí
com uma ferida. — disse Charon.

— Con.— Sammi testou o nome. — Eu acho que eu ouvi mencionarem ele,


mas eu não o encontrei. Eu conheci Banan, Tristan e Laith.

A testa de Laura franziu. — Eles estavam escondendo-a de Con?

Charon resmungou. — Isso não será por muito tempo.

— Qual é o problema? — Sammi estava ficando com a nítida impressão de


que ela não ia gostar de Con.

Dani acariciou-lhe a perna. — Con é o Rei dos Reis, o CEO da Dreagan.

— Seu líder? — Perguntou Sammi.

Ian manteve seu olhar focado no exterior. — De certa maneira, ele mantém
os reis juntos, mas ele não pode dizer-lhes o que fazer do mesmo modo que
ninguém poderia dizer para mim ou Charon o que fazer.

— E por que isto?

Charon levou o copo vazio. — Bem, moça, isso é porque somos guerreiros.
Temos dragões primordiais dentro de nós colocados por druidas quando Roma
atacou.

Puta merda. O que mais andava por aí que ela não sabia?
Sammi não estava chocada com a sua declaração. Quem olhasse para Ian e
Charon saberia que eles não eram homens que podiam ser ignorados, mas ela não
esperava isso. — Vocês também são imortais?

— Sim. Apesar de não sermos tão antigos quanto os Reis — disse Ian.

Ela franziu a testa, em seguida, olhou para Ian. — Se Tristan é seu gêmeo,
como você é um guerreiro e ele é um rei?

Ian se virou para ela e ela viu sua expressão abatida, que ele estava mantendo
escondida. — Porque quatrocentos anos atrás, enquanto estávamos lutando com
uma Drough, Duncan foi morto. Esse era o seu nome. Duncan Kerr. Nós
sobrevivemos e fomos presos pelos Drough e torturados durante décadas. E ele
foi morto.

Sammi podia sentir fisicamente a dor de Ian por ter perdido seu irmão.

— Naquele exato momento, outro Drough neste século puxou Deirdre até o
presente. Desde que ela estava ao lado de Duncan, eu fui puxado para o futuro
por causa do nosso link como gêmeos.

— Ele morreu? — Perguntou ela. — Você tem certeza?

O sorriso de Ian estava triste. — Sim, moça. Eu estava a milhas de distância,


mas eu senti. Temos a confirmação de um outro guerreiro que estava com Duncan,
que testemunhou tudo.

— Eu não entendo. Como poderia Tris... Duncan ser morto, e estar aqui
agora?
Charon foi até a parte de trás do sofá e apoiou um quadril contra o lado de
Laura. — Isso é o que todos nós estamos tentando descobrir. Duncan retornou
dois anos atrás, como um Rei Dragão, literalmente caindo do céu, mas ele voltou
sem memória nenhuma de quem ele era.

Sammi não poderia ficar sentada por mais tempo. Levantou-se e começou a
caminhar em torno do espaço aberto do escritório. — Ele não se lembra de você?

— Não. — A tristeza, a desolação na voz de Ian era difícil de ouvir.

— Ele não te viu?

Dani se levantou e foi até Ian. Ela colocou os braços ao redor dele quando
olhou para Sammi. — Tristan se recusa a vê-lo.

— Isso não faz sentido. Vocês todos disseram que sabiam dos Reis, que
estiveram lá. Como você pode ir para Dreagan e não ver Tristan?

— Ele estava sempre em forma de dragão. — disse Charon.

— Oh.

Ian reteve Dani firmemente. — Phelan foi até Tristan em meu nome. Tenho
a sensação que Tristan não quer saber da nossa vida anterior.

— Ele está com medo. — disse Sammi. — Pelo menos esse é o meu palpite.
Eu não queria fazer parte da vida de Jane quando ela veio alegando que éramos
meias-irmãs. Mas ela não desistiu de mim. E quando eu estava em apuros, eu sabia
que a única pessoa a quem poderia ir era para ela. Algum de vocês pensou no que
ele poderia estar sentindo?
O rosto de Ian se encheu de linhas de preocupação. — Tudo o que ele precisa
fazer é me encontrar.

— Se ele se tornou um rei há dois anos sem nenhuma ideia de quem ele era
antes, ele fez o que qualquer um faria, iria agarrar-se àqueles que o rodeiam. Ele
iria abraçar ser um Rei Dragão e encontrar um lugar dentro de suas fileiras.

Ian se afastou de Dani e passou a mão pelo cabelo. — Os reis tem mantido
Tristan longe de mim. Eles o mantiveram em forma de dragão, então eu não pude
vê-lo.

— Eu estou supondo que fizeram isto para protegê-lo — disse Sammi.

— Eu quero meu irmão de volta. — Ian declarou.

— Você quer que Tristan aceite um passado que não consegue lembrar. Ele
encontrou um lugar com os reis, mas se ele aceitá-lo como seu irmão gêmeo, aonde
ele pertence? Ele é um Rei ou ele é um guerreiro?

Charon disse: — Ele e um guerreiro em primeiro lugar.

— E agora ele é um Rei Dragão. Eu só estive perto dos reis por um tempo
curto, mas eles são leais uns aos outros. Eles protegem Dreagan e uns aos outros
com mais força do que qualquer coisa que eu já vi.

— Então por que você saiu? — Perguntou Dani.

Sammi deveria ter visto o que estava vindo. Ela queria acordar e descobrir que
tudo foi um sonho. Ela queria o seu pub de volta, para ter seus dias consistentes e
normais, como costumava ser.
Mas se isso fosse um sonho, então isso significava que Tristan também era.

— Os reis têm um inimigo. — disse Charon. — Ele está planejando expô-los,


e isso começou há vários anos. Ele está ficando mais ousado, alinhando com o
MI5 e os Fae escuros.

— Então Tristan não inventou o ataque para me levar de volta para Dreagan?

A boca de Laura torceu em uma careta. — Não podemos dizer com certeza.

— Os Fae escuros são perigosos— disse Dani. — Eu não os encontrei, mas


Phelan sim.

Eles mencionaram esse nome várias vezes. Sammi estava curiosa para saber
quem era esse Phelan. — O que ele tem a ver com os escuros?

— Ele é parte Fae. — explicou Ian. — Fae da Luz.

Charon tirou seu celular e enviou um texto. — Ele estava com Tristan
recentemente na Irlanda, quando foram em busca de Kellan e Denae após os
escuros os terem raptado.

— Eu os ouvi falar de Kellan e Denae. — Sammi disse enquanto sua mente


girava com as histórias que Tristan provavelmente poderia contar. Se ele estivesse
em perigo por causa do escuro? Se tivessem tentado capturá-lo? Pelo menos ela
sabia que ele estava ileso.

Laura olhou rapidamente para Charon. — O Escuro quer um Rei Dragão, e


eles conseguiram colocar as mãos sobre Kellan. Denae era uma agente do MI5 que
foi traída pelo pessoal dela. Os escuros, bem, eles queriam a ela.
Isso é tudo o que ela tinha a dizer. Sammi sabia exatamente o que significava
o que Laura disse. — Por que eles querem um rei?

— Isto nós não sabemos. Mas não pode ser para o bem — disse Ian.

Sammi pensou em Tristan, de correr de Dreagan. Ele disse que a montanha


era o lugar mais seguro para ela. Será que ele viria atrás dela quando descobrisse
que foi embora?

Pior, ela tinha apenas colocado ele e todos os outros reis em perigo, os
deixando?
Tristan nunca se sentira tão nervoso, nem melindroso. Nem tão impotente.
Pelo menos não que ele conseguisse se lembrar.

Não importa quantas vezes ele voou sobre todos os sessenta mil acres de
Dreagan, ele não conseguiu encontrar qualquer sinal de Sammi. O que deixou
apenas uma opção, ela foi embora de Dreagan.

Ele não conseguia entender o porquê. Será que ela não percebia como as
coisas eram perigosas? Será que não compreendia o quão facilmente o escuro
poderia chegar até ela?

Ela não entendia. Ele quis protegê-la de tudo isso. Ele não queria assustá-la,
mas isso é exatamente o que ele deveria ter feito.

É exatamente o que ele faria quando a encontrasse.

Tristan ignorou os apelos persistentes dos outros reis para falar com ele. Ele
precisava ficar sozinho. Toda a sua esperança estava em encontrar Sammi e fazer
tudo o que podia para convencê-la a voltar.

O conhecimento de que ele era o único que a fez fugir o deixou cambaleando.
Ele queria manter distância dela, com certeza, mas quando ela se foi, dentro dele
ficou frio e escuro.

Tristan mergulhou uma asa e circulou de volta para a mansão. Ele perdeu
muito tempo procurando em Dreagan.
Enquanto se aproximava de Dreagan, ele viu uma figura do lado de fora da
entrada de trás para a montanha. Constantino. Tristan deveria saber que o Rei dos
Reis iria querer mais respostas.

Ele voltou a pensar no que Ulrik disse sobre Con. A verdade era que Tristan
não conhecia Con ou Ulrik. Ele não testemunhou sua disputa para tomar partido,
antes ou agora. A única coisa que Tristan sabia era que ele teria de tomar uma
decisão mais cedo ou mais tarde.

A terra se aproximou rapidamente quanto Tristan mergulhou em direção ao


chão. Ele esperou até o último minuto antes de mudar para a forma humana e
abaixou a cabeça para rolar. Ele parou em seus pés e, lentamente, levantou-se para
enfrentar Con.

Sem uma palavra, Con lançou-lhe um par de jeans. Como de costume, Con
parecia calmo, reservado, isso é o que queria que todos pensassem. Ele era um tolo
se pensasse que todos acreditavam que ele era assim.

Tristan sabia por que isso é o que ele estava mostrando a todos desde o
momento em que ele chegou à Dreagan, nu na neve. Mas por dentro, ele era uma
massa de ansiedade, medo, incerteza e confusão.

A calma de Con era tão sólida como o gelo. Dentro deveria ser algo profundo
e escuro.

— Banan fez uma chamada para Fallon.

Tristan franziu o cenho quando terminou de abotoar seu jeans. — Fallon


MacLeod? Por que nós chamamos os guerreiros aqui?
— Porque Fallon é aquele que teletransportou Broc aqui.

Agora o envolvimento dos Guerreiros fazia sentido. Broc podia usar o poder
do dragão dentro de si para encontrar qualquer um, em qualquer lugar. Pelo menos
eles iriam localizar Sammi com rapidez suficiente.

— Ele já a encontrou?

Con virou e andou até a montanha. — Ele e Fallon acabam de chegar. Tenho
certeza de que no momento em que se estalarem eles vão encontrá-la.

Tristan alongou seus passos. Fallon e Broc estavam dentro da mansão em uma
sala da frente, juntamente com Banan, Jane, Rhys, e Laith. Broc estava curvado, as
mãos sobre uma mesa com os olhos fechados, como se estivesse em grande
concentração.

Jane sentou-se parecendo doente enquanto Banan pairava perto dela. Rhys
ficou com os braços cruzados sobre seu peito enquanto ele preguiçosamente
olhava ao redor da sala. Laith reclinado em um sofá, com os olhos colados em
Broc.

Banan notou Tristan e imediatamente disse a ele. — Eu tive que contar a ele.
— Ele sussurrou.

Tristan deu de ombros. Tudo o que importava era encontrar Sammi. E rezar
para que ela já não estivesse nas garras das trevas.

Do celular de Rhys saiu os berros da banda Metallica — Sandman, o som


explodiu no silêncio da sala. — Ele respondeu rapidamente com uma voz macia
— Sim.
Seu olhar parou em Broc, ao mesmo tempo que os olhos de Broc se abriram.
Em uníssono disseram: — Sammi está com Charon.

Rhys desligou o telefone e enfiou o celular no bolso. — Era Charon. Sammi


está com eles no pub. Junto com Ian e Dani.

Todos os olhos na sala se viraram para Tristan.

— Você não tem que ir. — Laith disse enquanto fluidamente se levantou.

Fallon levantou uma sobrancelha. — Você foi para o castelo à procura de Ian
ontem. Por que você não quer vê-lo agora?

— Bem, bem — disse Rhys com uma risada. — Você está cheio de constantes
surpresas, Tristan.

Jane ficou de pé e perguntou a Rhys — Há algum sinal do escuro? E sobre os


mortais atrás dela? Ela está em perigo?

— Ela está bem ou Charon não teria chamado — Banan disse a ela. — Vamos
buscá-la e trazê-la aqui.

Con não se moveu da porta. — Se ela está segura com Charon, talvez, seja
onde ela deve permanecer.

— Porque o pensamento de que ela poderia ser minha companheira é muito


repulsivo? — Tristan perguntou.

Os olhos negros como o fundo do mar mudaram para ele. — Se fosse esse o
caso, Banan, Hal, Guy, e Kellan não estariam acasalados.

— Mas é verdade. Você não nos quer com os seres humanos.


— É verdade. Isso nunca foi um segredo. Depois do que aconteceu com
Ulrik, eu quero proteger a todos, dos mortais.

— E a Fae? E sobre Rhi?

À menção da Fae da Luz, a raiva atravessou o olhar de Con. — Você não sabe
nada do que está falando.

— Basta! — Banan gritou.

Rhys deu um suspiro e serpenteou o seu caminho para o lado de Tristan. —


Se Tristan está com a gente, ele precisa saber tudo.

Tristan encontrou o olhar do Con por vários, tensos e longos minutos. Ele
não podia sentir o que Con faria depois.

— Diga-me — disse Con. — Como é que Ulrik entrou em contato com você?

Ele franziu a testa, surpreso com a pergunta. — Como qualquer rei iria.
Telepaticamente.

— Impossível. — Con declarou com firmeza. — Sua magia lhe foi tirada,
Tristan. Ele não pode mais falar com qualquer um dos reis ou dragão através do
nosso link mental assim como ele não pode mudar para a forma de dragão.

— Foi telepaticamente. — Tristan insistiu. — Eu estava voando.

Laith coçou o queixo, o olhar pensativo. — Ulrik sempre foi astuto, podia
chamar as coisas para ele. Ele poderia ter conseguido um pouco de sua magia de
volta.
— Então por que ele não falou com seus Silvers30? — Con perguntou. — A
comunicação com nossos dragões é a primeira coisa que iria tentar.

Broc perguntou: — Quem diz que ele não tentou?

— Porque os Silvers iriam acordar — explicou Rhys.

— Você tem dragões aqui? — Perguntou Fallon, de olhos arregalados.

As narinas de Con queimaram quando ele deixou escapar um suspiro. — Uma


precaução após a nossa guerra com os humanos. Eles estavam matando todos os
seres humanos que pudessem encontrar.

— Os paramos e os enjaulamos— disse Banan.

Laith assentiu rigidamente. — Depois que enviamos os outros dragões para


longe.

— Merda — murmurou Broc.

O sorriso de Rhys era grande, mas não tinha qualquer humor. — Exatamente.

Tristan enfrentou Con. Se o que Con disse era verdade, então como Ulrik
acessou a ligação mental? E o que isso significa para os Reis Dragões? — Tem
certeza que ele não pode usar o link?

— Absolutamente.

30 Prateados(Dragoes)
Trepidação ondulou por sua espinha para se encontrar com a frieza em seu
intestino. Foi coincidência Ulrik entrar em contato com ele depois que ele dormiu
com Sammi? Ulrik estava espionando-os, assim como os Reis espionavam Ulrik?

O pensamento de sua noite com Sammi ter sido espionada por alguém o
deixou furioso. Aquela noite foi especial de muitas maneiras. Era para ser privada,
compartilhada apenas entre ele e Sammi.

— Tem certeza de que era Ulrik? — Perguntou Laith.

Levou um momento para Tristan perceber que Laith fez a pergunta para ele.
— Sim. — Então ele fez uma pausa quando se lembrava da conversa. — Ele
perguntou se eu sabia quem era. Eu disse Ulrik.

— Ele reconheceu que era ele? — Perguntou Con.

Tristan balançou a cabeça lentamente. — Eu não posso lembrar dele


admitindo.

— Quem mais poderia ser, senão Ulrik? — Jane questionou.

Broc limpou a garganta para chamar a atenção de todos. — Isso soa como
um problema, mas um mais premente aguarda.

Sammi. Tristan iria encontrá-la e tentaria explicar por que ele usou seu poder
para tirar as informações dela. Mas ele teria que enfrentar Ian. Era algo que
precisava fazer de qualquer maneira.

Tristan baixou a cabeça para Broc. — Sim. Vou buscar Sammi. Se ela quiser
mesmo voltar.
— O escuro não pode pegá-la — Jane suplicou. — Sammi é desafiadora. Eles
vão quebrá-la.

Não se Tristan tivesse algo a dizer sobre isso. — Eu vou trazê-la de volta, Jane
— prometeu.

— Então vamos nos movimentar — disse Fallon.

Tristan estava se virando para voltar para a montanha, quando as palavras de


Fallon, o detivera. — Com licença?

— Você precisa chegar lá mais rápido, sim?

Tristan olhou para Rhys e assentiu. — Sim.

— Você pode voar — disse Fallon com um sorriso malicioso. — Mas eu


posso saltar para lá mais rápido.

Saltar ele queria dizer teletransporte. Tristan começou a sorrir. — Tudo certo.
Vamos.

Rhys mudou-se para o outro lado de Fallon. — Eu vou também.

Tristan levantou uma sobrancelha para Rhys, imaginando o que seu amigo
estava fazendo.

— Pense em mim como seu super homem, — disse Rhys com uma piscadela.

Con assinalou para os outros. — Nós vamos estar em alerta e patrulhando os


escuros. Voltem para cá o mais rápido que puder. Eu não tenho nenhum desejo de
ter mais de nós na Irlanda.
— Iremos para um local fora do pub. — Tristan disse para Fallon. — Eu
quero ter certeza de que não há escuros ao redor.

Fallon deu um aceno de cabeça e, em seguida, colocou as mãos sobre Tristan


e Rhys. No espaço de um piscar de olhos, os três estavam em um beco em frente
a um pub.

Tristan nunca foi a Ferness antes, mas ele soube imediatamente que o pub
Knight’s Bridge era o de Charon. O edifício tinha três andares de altura com
numerosas janelas para permitir a entrada de luz.

— Eles estão no segundo andar — disse Fallon. — Onde fica o escritório de


Charon.

Rhys esfregou as mãos. — Vamos dar uma olhada ao redor.

Um Fae só poderia permanecer velado por alguns segundos, e apenas uns


poucos como Rhi poderia ficar velado por longos períodos longos de tempo.
Tristan sabia que se um escuro estava presente, seria visível para todos.

— Os realmente poderosos podem mascarar a sua aparência — Rhys advertiu


antes que ele se voltasse e fosse para a esquerda.

Não demorou muito para os três fazerem uma ronda na pequena aldeia.
Quando eles se encontraram de volta ao beco, Phelan já estava lá esperando por
eles. De alguma forma, Tristan não estava surpreso.

— Eu estava vigiando. Até agora, nenhum das Trevas — disse-lhes.


Tristan sentiu um pequeno alívio. Os escuros eram um incômodo e um
problema que não queria, mas os problemas reais no segundo andar do edifício,
ele encararia.

Sua amante e seu gêmeo.

Ambos estavam lá dentro esperando por ele.

O que ele diria para Ian? O que ele poderia dizer a um irmão gêmeo do qual
não se lembrava?

E Sammi? Como ele começaria a explicar o que fez? Será que ela sequer
ouviria?

— O tempo está sendo desperdiçado — disse Rhys.

Phelan deu um sorriso forçado quando ele entrou na frente deles. — Como
medida de precaução, eu vou ter certeza que não fomos vistos.

— Pena que seu pequeno truque não tenha funcionado naqueles túneis na
Irlanda. — disse Tristan.

— Beija minha bunda, Dragão. — Phelan disse, mas havia um sorriso no


rosto.

Os quatro atravessaram correndo a rua e pararam no pub sem preocupação


de serem visto graças ao poder de Phelan de alterar a realidade de todos. Tristan
não tinha tempo para pensar sobre o que estava por vir, enquanto seguia Phelan
subindo as escadas e através de uma porta.
Antes que ele percebesse, ele estava de pé em um escritório. Sammi sentada
ao lado de Ian, rindo de algo que ele disse.

Raiva, sinistra e exigente, o atravessou como um relâmpago. Ele deu um passo


em direção a eles quando Rhys o deteve. E então a gloriosa nevoa dos olhos azuis
de Sammi encontraram os seus.
A boca de Sammi ficou seca, as palmas das mãos começaram a suar, e seu
coração estava batendo como uma britadeira no peito. Ela olhou para Tristan, seus
olhos absorvendo cada parte dele.

Agora, quando ele estava diante dela com seu cabelo moldado ao vento e seu
peito nu, mostrando a bela tatuagem de dragão enquanto seus olhos escuros
olhavam fixamente, acaloradamente para ela, se perguntou como poderia ter
confundido Ian com ele.

Ele rosnou um ronco forte baixo que era tudo do dragão. Algo dentro dela
tremeu e derreteu ao som. Ela deu um passo em direção a ele e parou se
perguntando.

Tudo chegou a um ponto insuportável quando o notou. Ela esqueceu o que


Ian disse para fazê-la rir, se esqueceu de se preocupar com o escuro, esqueceu-se
de que ela estava com raiva de Tristan por enganá-la tudo, porque seu corpo se
agitou com uma paixão escura, escaldante cheia de desejo.

Seus seios incharam seus mamilos endureceram e seu sexo se apertou.


Ninguém mais existia ninguém mais importava. Sammi fechou suas mãos em
punho para não tocá-lo, sentir seu calor e seus músculos rígidos.

— Você fugiu.
Duas palavras simples, mas elas estavam cheias de raiva e mágoa. Ela engoliu
em seco para molhar a boca e recordou a pontada de dor que ela sentiu quando
percebeu o que fez. — Você me enganou.

Ele deu um aceno de cabeça. — Nunca. Você estava em perigo, e nós


estávamos tentando ajudá-la, sem expô-la ao nosso mundo e colocá-la em mais
perigo.

Posto desta forma se sentia como uma completa idiota. Se ela tivesse
exagerado? Ele ainda usou seu poder para fazê-la revelar o que ela lutou tanto para
manter em segredo, e ele fez isso sem sequer conhecê-lo. Ela ainda ignoraria isso,
se não tivesse sido por um lapso da língua de Jane.

Seus olhos silenciosamente imploraram a ela para confiar nele, e caramba seu
coração era fraco, mas ela daria isto a ele. Tristan tinha uma maneira de fazer tudo
parecer trivial, enquanto estava protegendo-a da tempestade na sua vida no
processo.

O silêncio se estendeu sobre eles enquanto ela debatia se iria para ele como
desejava fazer ou mantinha a distância. O pensamento de nunca sentir o gosto de
seu beijo de novo, de nunca mais sentir seu corpo contra o dela a deixava doente.

— Você vai voltar comigo? — Perguntou.

Tudo dependia de sua resposta. Ela podia sentir isso em seus ossos, e ainda
assim ela não tinha uma resposta imediata. — O ataque do Escuro foi real?

— Com certeza.
Rhys limpou a garganta e abaixou a mão que puxava Tristan de volta. Sammi
tremeu quando ela olhou ao redor, lembrando que eles estavam cercados por
pessoas.

— Ele não é um mentiroso— disse Rhys. — O Escuro poderia atacar a


qualquer momento.

Sammi mordeu o lábio. — Eu não sabia. Eu pensei que era uma manobra
para me manter na mansão como Jane queria.

Houve um movimento atrás dela quando Ian ficou de pé. Ela observou os
olhos de Tristan olharem por cima de seu ombro. Se ela não tivesse prestando
atenção nele ela nunca teria percebido a ligeira rigidez de seu corpo.

Ela atravessou a distância que os separava a fim de dar todo o apoio que ele
podia precisar. Sammi não poderia imaginar o que Tristan estava pensando, mas a
expressão branda disse o que os lábios não faziam.

— Dunc... Tristan. — Ian disse com uma luz de esperança, de alegria em seus
olhos. — Eu nunca pensei que iria vê-lo novamente.

Um homem com cabelo comprido, quase preto abriu caminho passando Rhys
e outro homem que Sammi acabou de notar e tomou o copo de uísque da mão de
Charon. Ele esvaziou o uísque de um gole só. — Levou tempo suficiente para
conseguir juntar vocês dois.

— Phelan — Charon disse com uma careta. Charon, em seguida, olhou para
os dois irmãos. — A última vez que vi vocês juntos foi em Cairn Toul. Se não
fosse pelo cabelo de Ian ser curto, eu não seria capaz de saber quem é quem de
vocês dois.
Tristan não proferiu uma palavra. Ele estava recebendo o olhar de um homem
que estava tentando encontrar o equilíbrio. Sammi deslizou a mão na sua e fechou
em seus dedos.

Quando ele apertou a sua mão, ela soltou um suspiro aliviado. Ela podia não
estar feliz com o que ele fez com ela, mas Tristan precisava dela agora.

Ela colocou a outra mão em seu braço. — Eu conheci Dani, a esposa de Ian,
na loja e ela me trouxe aqui. Eles me contaram o que aconteceu e por que você
não se lembra dele.

Para sua surpresa, Tristan virou a cabeça para ela. — Você está pronta para
sair?

Sammi piscou. Aparentemente Tristan não tinha nada a dizer para Ian, o que
em um monte de maneira ela poderia entender. No entanto, Ian estava a poucos
metros de distância de seu gêmeo que vinha tentando ver.

— Não vá embora — ela sussurrou.

— O Escuro poderia estar se aproximando. Devemos voltar.

Ele disse isso, como se ela não tivesse acabado de lhe pedir para enfrentar o
seu irmão. Sammi olhou para Rhys, que usava uma carranca de desaprovação. Ela
estava procurando uma maneira de parar Tristan quando ele virou as costas e
arrastou-a para a porta.

Foi só porque ele não estava esperando por isso que ela foi capaz de empurrá-
lo de modo que ele bateu em uma parede. Ela colou seu corpo no seu e colocou
os lábios nos dele.
O beijo era para retardá-lo, impedi-lo, mas com um gosto, o inferno dentro
dela queimou. Seus braços em volta dela, moldando-a para ele enquanto ele
devastou sua boca como um homem faminto.

Sammi, por sua vez, foi voraz. Ela deslizou as mãos para a seda de seu cabelo
e agarrou-os fechando com força. A paixão, a necessidade comovente batendo
para fora a desequilibrando, e ainda assim ela quis mais, ansiava por mais.

Quando ele se afastou para terminar o beijo, ela agarrou-se a ele, não estando
pronta para parar o delicioso desejo que enrolava dentro dela.

— Eu não posso — ele disse em uma voz tão baixa que ela mal pode ouvi-lo.

Ela não precisava perguntar para saber que ele falava de Ian. Era muito difícil
para ele, tal como foi difícil para ela com Jane. Sammi entendia muito bem.

Tristan sabia que ele a estava segurando com muita força, mas ele não
conseguia soltar seu agarre. Bastava ter Sammi em seus braços para acalmar a
turbulência e agitação de encontrá-la.

— Então, não.

Ele esperava que ela fosse discutir o ponto em ficar e falar com Ian, para não
correr. Tristan olhou em seus olhos azuis e estava se afogando na luz pálida.

Imagens encheram sua mente, memórias puxadas para cima de uma fenda profunda, dele e
Ian. Eles estavam lado a lado lutando, rindo, e vivendo.

Tristan baixou a testa para descansar contra a de Sammi. As memórias


bateram nele incessantemente reproduzindo cenas vívidas da mesma batalha, a
mesma luta em uma montanha novamente e novamente.
Sangue revestindo ele e Ian. Ele olhou para baixo para ver suas mãos e a pele azul pálida
e garras que ele reconheceu. Eles cortavam a carne e decapitavam pequenas criaturas amarelas
que ele reconhecia que eram criações de Deirdre chamados wyrrn31.

Ele viu Ian lutando com outro guerreiro enquanto um segundo veio sorrateiramente por trás
dele. Tristan não hesitou. Ele soltou um rugido e atacou.

As mãos de Sammi acariciaram seu rosto enquanto ela movia seu cabelo para
o lado. Seu toque era frio contra sua carne aquecida, e ele cravou os dedos em sua
cintura.

Os sons, cheiros e visões dessas memórias eram tão claros como se estivesse
no meio delas. Ele levantou a cabeça e encontrou o olhar de Ian.

O gêmeo que ele queria negar ficou observando-o. Eram idênticos em tudo
até um pequeno sinal no lado esquerdo dos seus pescoços. Ao lado de Ian estava
uma mulher com o cabelo louro prateado e olhos verdes brilhantes.

Que era a esposa de Ian, Dani. Era coincidência que tanto ele como Ian
tinham mulheres com nomes masculinos? Tinha que ser. Certo?

Fallon deu um aceno de cabeça. — Eu pensei que quando você veio do castelo
que você estava pronto para ver Ian.

Tristan pensou que ele estivesse. Então ele viu Ian e sabia que não estava
remotamente pronto.

31 Nao encontrei o significado ou traduçao, acredito que seja criaçao da autora.


— Isto não importa — Ian disse quando ele baixou o olhar. — Precisamos
levar Sammi de volta para Dreagan antes do Escuro aparecer.

Phelan deu uma cotovelada em Charon. — Tem sido um longo tempo desde
que lutamos uma batalha contra o mal.

Uma morena de olhos verdes musgo atirou em Phelan um olhar fulminante.


— Depois que você contou para Charon e eu sobre a luta dos Escuros na Irlanda?

— Ora, Laura. — Charon disse quando ele a puxou contra si e esfregou seu
pescoço. — Você sabe que nós guerreiros precisamos lutar para apaziguar os
nossos dragões. Além disso, vamos ajudar os Reis se eles precisarem.

Laura deu-lhe um olhar divertido antes de espetar Phelan com outro olhar
duro. — Você ainda não contou a Aisley?

— Eu vou lidar com a minha esposa. — Phelan murmurou.

Rhys riu o som alto e crescendo. — Oh, eu gostaria de ver isso. A Phoenix
terá algo a dizer, sem dúvida.

A testa de Phelan enrugou em uma carranca. — Minha esposa entende a


minha necessidade de matar alguma coisa do mal.

Tristan percebeu que Ian ainda tinha qualquer coisa para dizer. Dani estava
sussurrando algo em seu ouvido enquanto ele esfregava a mão para cima e para
baixo em suas costas. Seu amor era forte, um vínculo inquebrável depois de tudo
que eles sofreram ao dar os seus corações um para o outro.

Ele olhou para Sammi para encontrar seus olhos nele cheios de preocupação.
Ele entendeu a preocupação dela. — Você duvida que nossa noite juntos foi real.
— Sim.

— Foi. — Ele enrolou uma mecha de seu ondulado, cabelo cor de areia em
torno de seu dedo. — Eu acho que o beijo que acabamos de compartilhar provou
que, quando se trata de você, eu não tenho controle. Eu vejo você, eu quero você,
e eu tenho de tê-la.

— Luxúria. É uma emoção poderosa.

— Isso é. — Ela parecia contente em ficar em seus braços, e ele não tinha
pressa em se mover.

Sua língua lambeu os lábios. — O que você vai fazer?

— Vou levá-la de volta para Dreagan enquanto nós caçamos o grupo de


escuros que estão tentando levá-la.

— Não foi isso que eu quis dizer — disse ela com uma elevação de uma
sobrancelha.

Ele sabia, mas ele não estava pronto para falar sobre Ian. Isso era um assunto
que ele precisava de mais tempo para pensar. Ver Ian foi um golpe, mas também
foi como voltar para casa.

— Como você sabe que eles estão vindo atrás de mim?

Tristan correu o polegar sobre os lábios. — Ulrik me disse. Ele disse que
pararia o ataque se eu me juntasse a ele...

— Ulrik? É quem está por trás de tudo isso? Quem é ele?


— Ele é um Rei Dragão que teve sua magia levada por Con e já não pode
mudar. Ele quer vingança.

Suas unhas levemente coçaram o couro cabeludo. — Pelo visto. Isto pode ser
uma armadilha para você ou qualquer um dos reis.

Ele já considerou muito isto mesmo, mas ele poderia suportar o que quer que
o escuro reservou para ele muito mais do que Sammi podia. — Eu tenho certeza
que é.

— E você ainda está entrando nisso? — Ela perguntou surpresa, ela fez uma
pausa em sua carícia.

— Eu devo.

— Se você parar os Escuros desta vez, eles não vão voltar?

Tristan escondeu a verdade dela, e o que a fez fugir. Era hora de parar de
mentir. — É duvidoso.

— Eu não vou ficar naquela montanha o resto da minha vida.

— Eu não deixaria.

Tristan estava pensando em como ele iria parar o Escuro, e ele sabia que havia
apenas duas maneiras. Ele poderia se juntar a Ulrik ou ele poderia deixar-se ser
tomado pelas trevas.

Nenhuma opção era ideal, mas também não podia manter alguém tão vibrante
e bonita como Sammi escondida apenas para mantê-la segura.

— O que você está planejando? — Sammi perguntou, desconfiada.


A sala inteira ficou em silêncio enquanto esperavam que ele respondesse. Ele
alisou as mãos pelo seu cabelo e gentilmente a colocou longe dele. — Rhys, leve
Sammi para Jane e Banan.

— Tristan — Sammi disse em voz baixa.

Ele então olhou para Phelan e Charon. — Com os outros reis procurando no
ar pelo Escuro, ter alguém no chão com as mulheres em Dreagan seria útil.

— Considere feito. — Phelan concordou.

Tristan, em seguida, virou-se para Fallon. — Se você estiver disposto, eu


gostaria que você me teletransportasse para Perth.

Rhys soltou uma série de palavrões quando ele começou a entender o plano.

Em seguida, Tristan olhou para Ian. — Eu não tenho direito de pedir...

— Peça — Ian disse com um aceno firme de cabeça.

Sammi obrigou-o a olhar para ela. — O que você está fazendo?

— Eu vou acabar com isso.


Rhys rondou através da montanha em fúria. O plano de Tristan tinha mérito,
mas não quando ele estava enfrentando Ulrik sozinho. Especialmente depois que
Ulrik tentou recrutá-lo.

Se Tristan queria admitir ou não, Sammi era importante para ele. Era
exatamente por Tristan ser honrado que ele sacrificaria sua liberdade por Sammi.

Ou pior, se juntaria a Ulrik.

— Porra!

— Eu nunca vi você falando tais palavras.

Rhys virou-se para encontrar Phelan encostado na entrada para a montanha.


— Cai fora, guerreiro.

Phelan esperou até que Rhys passasse por ele antes que ele continuasse
andando. — Você não pensa que o plano de Tristan pode funcionar?

— É possível.

— Então não se preocupe ou vai piorar o problema?

Rhys parou e encarou o Guerreiro. — Eu contava com Con para pôr fim ao
plano de Tristan.

— Ah— disse Phelan, entendendo o princípio. — Mas Con não o fez.


— Não. Ele desafia o raciocínio. Con nunca quis que qualquer um de nós
entrasse em contato com Ulrik. Ele quase arrebentou suas escamas quando soube
que Banan foi vê-lo. Agora ele não quer fazer nada quando Tristan está fazendo a
mesma coisa?

Phelan deu de ombros quando começaram a caminhar até a mansão. — Quem


sabe o que está acontecendo na mente distorcida de Con.

— Se for necessário, eu vou entrar no mundo dos Escuros para encontrar


Tristan.

— E eu vou com você — disse Phelan. — No entanto, você está esquecendo


um fato importante.

— O que?

— Tristan pode juntar-se a Ulrik.

Depois da maneira como Tristan falou de Ulrik era uma possibilidade distinta,
e era por isso que Rhys estava tão chateado. Ele gostava de Tristan, para não
mencionar que ele se tornou um enorme de um Rei Dragão.

Se Ulrik conseguisse conquistar Tristan para o seu lado, Tristan faria de uma
só pernada o que Ulrik foi incapaz de fazer por milhares de milênios - minar Con.

Foi por isso que Con deixou Tristan ir?

— Eu vejo que você considerou isso — disse Phelan.

— Sim.
Rhys parou do lado de fora da mansão e olhou para o céu para ver dragões
circulando. Não houve visitantes em Dreagan, e a todos os trabalhadores mortais
foi dado o dia de folga. Mas não era uma celebração que eles planejavam.

Era uma batalha que poderia ser o começo do fim de Dreagan.

— Deirdre, Declan, e Jason todos tentaram nos separar de dentro — disse


Phelan. — Nós sobrevivemos a tudo, e nós não estávamos juntos há um tempo
tão longo quanto o de vocês os Reis.

Rhys olhou nos olhos azul-acinzentados de Phelan. — O banimento de Ulrik


quase nos rasgou em pedaços. Eu não posso deixar de ver a intromissão dele para
nos prejudicar novamente.

— Então não vamos deixá-lo se intrometer.

Rhys encontrou um motivo para sorrir quando eles entraram na mansão.

Tristan estava do outro lado da rua da loja de antiguidades Silver Dragon e


considerou o seu plano. Era o único movimento que ele tinha, e ainda assim ele
não podia tirar o gosto do beijo de Sammi fora de sua mente.

Se ao menos houvesse tempo para despir as suas roupas e fazer amor lento,
doce com ela. Sua imagem estava gravada em sua mente, como ela estava na
primeira vez que fizeram amor.
Ele não conseguia manter as mãos longe dela. Era um problema porque Ulrik
e os Escuros iriam usá-la contra ele se o seu plano não funcionasse.

Kellan poderia ter resistido ao Escuro quando eles ameaçaram prejudicar


Denae, mas Tristan não tinha tanta certeza de que ele poderia fazer o mesmo. Ele
falhou em ser um guerreiro, e de alguma forma lhe foi dada uma segunda
oportunidade como um Rei Dragão.

Será que ele ia estragar isso também?

Tristan se afastou da construção e atravessou a rua correndo, esquivando-se


de um carro que se aproximava. Charon lhe emprestara uma camisa e sapatos, por
isso o salvou de ter que voltar a Dreagan.

Ele abriu a porta, e o tilintar de um sino soou acima dele, anunciando sua
chegada. Ele olhou ao redor da loja procurando por Ulrik.

Não foi até o seu olhar se levantar para o segundo andar, que viu o seu alvo.
Ulrik ficou olhando para ele com uma expressão entediada. Seu longo cabelo
estava solto, um contraste com o terno que ele usava.

— Limpe seus pés. Eu não quero minha loja suja.

No que diz respeito as primeiras palavras que foram ditas, elas não poderiam
estar mais longe do que ele esperava. Tristan concordou e limpou os pés no tapete
enquanto Ulrik fechou o livro em sua mão e o guardou.

Tristan ficou impaciente quando Ulrik continuou a vasculhar a estante que


abrigava primeiras edições de livros que datavam de séculos.
— Você vai ficar aí parado, ou vai me dizer o que você quer? — Perguntou
Ulrik.

Tristan conteve sua réplica e respirou fundo. — Você é a pessoa que me


contatou, oferecendo-se para parar o ataque a Sammi se me juntasse a você.

Durante vários segundos Ulrik não se mexeu. Em seguida, ele lentamente se


virou para ele. — Você quer me dizer que aceita a oferta agora, eu suponho.

— E se eu fizer? A oferta ainda está de pé?

Ulrik apoiou-se no parapeito e olhou para ele. — Sammi significa tanto para
você que você iria virar as costas para Dreagan?

— Sim.

— Um curioso nome para uma mulher, você não acha?

— Samantha é o nome dela. Ela gosta de Sammi. — Tristan levantou seu


braço através do ar. — Que diferença o nome dela faz? A oferta ainda está de pé?

Ulrik inclinou mais e descansou os antebraços no corrimão. — Você não


respondeu a minha pergunta, Rei Dragão.

— Ela é uma pessoa inocente. Você está usando-a para chegar ao Banan.

— E ainda assim você é o único que está diante de mim.

Tristan apertou a mandíbula. — Porque você me ofereceu um acordo.

— Ela é apenas uma mortal. Por que você iria desistir de tudo por ela?
— Será que isso importa? — Ele respondeu. Tristan não sabia por que Ulrik
estava fazendo todas estas perguntas, mas ele estava condenado se não estivesse
cansado disso.

— Um rei virando as costas para Dreagan por uma mortal. Con deve estar
fervendo. Estou surpreso que ele não tenha tentado trancá-lo. Ou matá-lo.— Ulrik
endireitou-se e começou a descer as escadas. — Está olhando-o mesmo agora com
um de seus muitos espiões.

Tristan se perguntou se Sammi estava falando com Jane ou pensando em


como ele era dela. — Eu sei.

— Você acredita que eu vou honrar minha oferta? — Ulrik perguntou quando
ele chegou ao último degrau. Ele andou até Tristan e parou diante dele. — Depois
de tudo que eu sei que Con contou sobre mim, você confia em mim?

— Eu estou aqui, não estou?

Os olhos dourados de Ulrik se estreitaram por um momento. — Sim você


está. Será que Constantino realmente o deixou ler tudo que aconteceu? Ou será
que ele preferiu dizer-lhe ele próprio o que ocorreu?

— Ele me disse.

— Como eu imaginei. — Ele colocou uma mão nos bolsos de suas calças e
se virou para ir ficar atrás da mesa Louis XIV que usava como sua própria.

Tristan freou seu temperamento quando Ulrik pegou alguns papéis e começou
a lê-los. Em sua mesa havia vários telefones celulares empilhados ordenadamente
ao lado do outro. — Você vai honrar a sua oferta?
Sem olhar para cima, Ulrik disse: — Se você acha que eu posso salvar Sammi
do Escuro, você está enganado.

Por um momento Tristan considerou, chegar no outro lado da mesa e apertar


as mãos em torno da garganta de Ulrik. Em vez disso, ele abriu a porta e saiu. Ele
esperava que Ulrik mantivesse sua palavra, mas Tristan não esperava isso. Teria
sido mais fácil, mas havia um plano de emergência no lugar.

Ele desceu a rua e cortou através de um beco para chegar à próxima rua.
Tristan continuou a ziguezaguear pelas ruas até encontrar Fallon.

— Ele não me deu o trabalho. — Afirmou, enquanto caminhava para cima.

Fallon se endireitou descansando contra o edifício. — Você sabia que ele


poderia dizer não. Voltamos para Dreagan então?

— Sim, para Dreagan.

Ulrik endireitou-se de sua posição agachada no topo do edifício, onde


observou Tristan se reunir com ninguém menos do que o guerreiro, Fallon
MacLeod. Interessante.

Ele não notou a chuva quando começou a chuviscar, embebendo as suas


roupas. Parecia que Tristan estava resolvido a ir a todos os extremos para salvar
Sammi.

— Uma mortal. — disse ele em voz alta.


Isso deve ser um espinho no lado de Con. Quatro de seus reis já acoplados
aos seres humanos.

O sorriso de Ulrik estava frio e calculista. Tudo que Con construiu seria
destruído. Ulrik veria a destruição dele. Afinal de contas, ele devia a Constantino.

Ele se virou e pulou de um prédio a outro, indo de volta para o Silver Dragon.
Havia muito que Con não sabia sobre ele, não importa quantos espiões ele colocou
em Ulrik.

— Logo, velho amigo. Em breve, você vai sentir a minha ira. Eu tenho
milhares de anos de vingança para pagá-lo de volta.

Sammi tentou sentar, mas cada vez que ela o fez, ela pulava de volta.

— Você está me deixando tonta com o seu ritmo. — disse Ian da janela, de
costas para ela.

Ela jogou as mãos para cima. — Eu não posso evitar. Por que você concordou
com isso? Porque é que Dani acha que está tudo bem com você colocando sua
vida em risco?

— Porque é para Dunc... Tristan. Ele pediu para mim.

Sammi sacudiu a cabeça e encheu um copo muito alto de vinho, uísque, ou


qualquer coisa para acalmar os nervos. Desde que Tristan estabeleceu o seu plano,
ela estava uma confusão, um pacote completo de nervos que piorava conforme as
horas passavam.

Não ajudou que eles estavam mais uma vez de volta a casa de campo. O
mesmo chalé onde ela passou uma noite gloriosa em seus braços e acordou para
não encontrá-lo na manhã seguinte.

Ela não podia sequer ir para o quarto. Era muito doloroso ver a cama com
lençóis amarrotados ainda da sua noite cheia de paixão.

Ian virou a cabeça para ela. — É um bom plano.

— Um plano usando ele como isca.

— Só se Ulrik não aceitá-lo.

Rhys relatou toda a história de como a amante de Ulrik, um ser humano, o


traiu e conduziu seu povo para matar dragões. Os reis responderam rapidamente
e a mataram, mas sem dizer a Ulrik o que estavam fazendo.

De acordo com Rhys, Ulrik ficou um pouco louco. Ninguém tinha certeza se
era porque sua amante foi assassinada ou porque ela o traiu.

De qualquer maneira, Ulrik começou a enviar seus Silvers para matar seres
humanos, e não apenas os caçadores de dragões. Os Silvers matavam todos os
seres humanos.

Foi quando Con e o resto dos Reis Dragões uniram as suas magias e retiraram
a magia de Ulrik. Ele foi condenado a andar na terra como um imortal, mas sem
qualquer um dos benefícios de ser um Rei Dragão.
Era uma história triste realmente. Em alguns aspectos, ela poderia
compreender perfeitamente, porque Ulrik queria vingança contra os seres
humanos, bem como contra Con.

Então se lembrou de que foi ele que enviou alguém para assassinar Daniel,
destruir seu pub, e matá-la. A ideia de que ele também estava em aliança com os
Escuros era de quem era mentalmente insensível.

Agora ela sabia por que os Escuros queriam um Rei Dragão. Era para Ulrik.

E Tristan tinha apenas servido a si mesmo e ao Ian em uma bandeja.


Tristan chegou na casa de campo antes que pudesse pensar sobre isso. Olhou
para a estrutura de pedra e a porta dupla através da qual seguiu Sammi quando
desejo o queimou.

Lembrar-se da noite, a paixão, os suspiros, o prazer, fez seu sangue aquecer.


Como ele poderia estar com ela e não ceder à sua necessidade?

— Tem certeza de que sabe o que está fazendo? — perguntou Fallon.

Tristan desviou o olhar para ele.

— Você quer dizer, eu posso colocar Ian em perigo?

— Sim. Ele tem uma esposa, uma casa. Uma vida.

— Você acha que não pensei nisso?

— Não, não acho. Entendo que está tão envolvido com o funcionamento dos
Reis que vai sacrificar qualquer coisa e qualquer um para chegar ao fim do jogo.

Tristan levantou uma sobrancelha para o líder tácito dos Warriors.

— Diga-me, Fallon, quando eu era supostamente este Duncan, nos dávamos


bem?

— Sim. Por quê?

— Porque estou achando difícil não socar sua cara.


— Chega — Ian disse, enquanto saía da casa.

Tristan mal lhe deu atenção, pois seu olhar pousava em Sammi. Linhas de
preocupação delimitavam sua boca, e seus olhos azuis enevoados estavam cheios
de dúvida e indecisão.

Ele entendia exatamente como ela se sentia. Seu plano iria funcionar, mas isso
não significava que gostasse disso. Havia um grande pedaço do plano que não
compartilhou com qualquer um deles, porque se soubessem, não teriam
concordado.

Ian parou longe de Tristan.

— Como foi com Ulrik?

— Não como eu esperava.

Sammi soltou um suspiro aliviado.

— Ele não queria você. Graças a Deus.

— Ele não tinha muito a dizer, na verdade — Tristan disse enquanto


caminhava até ela. Não poderia manter qualquer tipo de distância. Ela o atraia
como o Sol atraia a Terra.

Ela o olhou com a mão em seu peito.

— Agora vem a espera, certo?

— Eu não acho que vamos ter que esperar muito tempo — Ian disse ao se
mover em torno deles para entrar na casa.
Tristan olhou para Fallon apenas para encontrá-lo o encarando com raiva.
Fallon estava furioso por ele estar disposto a colocar a vida de Ian na linha.
Estranho que não estava irado com Ian por estar preparado para isso.

— Se tem algo a dizer, diga — Tristan exigiu de Fallon.

Os sombrios olhos verdes de Fallon estreitaram-se perigosamente.

— Ian é um dos nossos. Vocês Reis podem ser descuidados com suas próprias
vidas, mas não podemos ser. Você pode não lembrar quem foi um dia, mas o resto
de nós sim, especialmente o homem que você está usando tão naturalmente como
isca.

Assim que a última sílaba deixou a boca de Fallon, ele se afastou. Tristan deu
um longo suspiro e voltou seu olhar para Sammi.

— Por que não me contou sobre Ian? — Ela perguntou suavemente.

Ele encolheu os ombros.

— Provavelmente, pela mesma razão que não pude vê-lo.

— Ninguém pode saber o que você está passando, por isso não deixe ninguém
tentar lhe dizer que está errado. Você tem que decidir o que é melhor. Você é um
Rei Dragão, Tristan. Não estou dizendo que os guerreiros não são importantes.
Eles são.

— Eu sei — falou e deslizou seus dedos nas ondas suaves de seu cabelo. —
E obrigado.

— Não achei que fosse voltar.


— Não deveria ter voltado, mas tinha que vê-la.

Ela se afastou de seus braços.

— Não há necessidade de dizer essas coisas. Eu sei que você precisa de mim
para ajudar com a armadilha.

— Você acha que estou mentindo? — Ficou tão surpreso que só pôde ficar
de boca aberta.

— Este não é o momento. Boa sorte — ela disse e voltou para a casa de
campo, fechando a porta silenciosamente atrás dela.

Teria doido menos se ela tivesse batido a porta, mas sua calma aceitação do
que pensou que ele fez era o suficiente para tirar o seu controle.

— Deixe-a. — disse Ian atrás dele.

Tristan se virou para encontrar Ian na varanda que ficava fora do quarto
principal. Olhou para a porta, mas sabia que ir atrás de Sammi agora só causaria
mais danos. Ian deixou seu olhar correr em volta dele.

— Vista espetacular. Agora sei por que os Reis escolheram este lugar. Mas há
algo sobre esta casa que deixou Sammi amarrada a nós. Seus olhares frequentes
para este quarto — ele disse e apontou com o polegar por cima do ombro — me
diz tudo. No entanto, não é nem a metade do que foi a sua reação quando a
encontrou comigo.

Tristan engoliu em seco. O que ele diria ao homem que era seu irmão gêmeo?
Um homem que viu através de pedaços de memórias tão fugazes quanto areia por
entre os dedos.
— Você deveria ter visto a reação dela quando me viu pela primeira vez.
Sammi pensou que era você. O que fez para fazê-la sair correndo deve ter sido
muito ruim.

— Eu fiz isso para salvar sua vida.

Ian balançou a cabeça, distraído.

— E, possivelmente, esmagou o que quer que estivesse florescendo entre


vocês.

— Como posso tê-la em minha vida quando não sei sequer quem eu sou? Eu
sou Tristan, o Rei Dragão? Ou sou Duncan, o Guerreiro?

— Por que não pode ser os dois?

Tristan abriu a boca para responder, mas rapidamente a fechou. Ele poderia
ser tanto Rei Dragão quanto guerreiro? Poderia aceitar seu passado como gêmeo
de Ian e ainda dar-se aos Reis?

Ian esfregou a mão na parte de trás do pescoço.

— Eu não espero nada de você. Só queria te ver. Eu não estava lá quando


Deirdre te matou. Arrependo-me todos os dias, porque fiquei para trás no castelo.

— Eu não sei se morri, e não estou certo se quero saber.

— Isto não mais importa. Nada disso faz sentido. É o suficiente para mim
que você está aqui. Se recuperar suas memórias ou não, estou mais uma vez
completo ao saber que você está vivo.
Tristan olhou nos seus olhos com mesmo marrom profundo que o seu. Ian
estava dando a ele uma saída para que não tivessem que ter qualquer contato uma
vez que tudo isto acabasse. Era aquilo que queria? Ele não tinha tanta certeza
agora.

— Este plano pode dar muito errado.

— Isso pode se aplicar a qualquer plano. Basta lembrar que Dani terá sua
bunda se alguma coisa me acontecer — disse ele com um sorriso.

Mas Tristan não podia sorrir. Ele sabia que a possibilidade de o pior acontecer
era elevada.

— Vá para casa com sua esposa.

O sorriso de Ian foi substituído por incredulidade.

— Desculpe?

— Fallon estava certo. Você tem uma esposa. Vá para casa, para Danielle.

— E o que você vai fazer?

— Tudo o que tiver que ser feito.

Ian resmungou, afrontado por sua resposta.

— Mesmo que isso signifique deixar que os Escuros possam levá-lo?

— Mesmo assim.

— Não — Ian disse com fúria gelada. — Não vou sair do seu lado como da
última vez. Não vou deixá-lo agora.
Tristan olhou para o céu. Os reis estavam mantendo distância da casa de
campo de modo que os Escuros pudessem pensar que estavam seguros para atacar.

— Não devemos ficar juntos agora. Os Escuros não podem saber que somos
dois.

— Exatamente. Mexa sua bunda.

— Estar agora comigo não mudará o passado.

Ian cruzou os braços sobre o peito, sua expressão plana.

— Eu sou imortal, seu burro.

— Mas não tem ideia do que os Escuros podem fazer. A imortalidade só vai
fazer sua tortura durar mais tempo. Agora que Ulrik me recusou, meu lugar é aqui.
Serei eu a enfrentar o Escuro e mantê-los longe de Sammi.

— Eu não vou sair. Concordei com seu plano. Vamos completá-lo de modo
que Sammi possa estar segura e você possa se preparar para implorar por seu
perdão.

Tristan não tinha outro argumento para influenciar Ian com sua segurança.
Ele odiava estar gostando do cara. Qualquer que fosse o motivo, Ian o contrariava.
Não havia nada que pudesse fazer, senão aceitar que Ian não ia sair, e ter a maldita
certeza que estaria pronto quando o Escuro viesse.

Porque eles viriam.


— Fique atento. Os Escuros não são como qualquer dos druidas que você
lutou. Eles são muito mais tortuosos, e aparecerão na sala antes mesmo que
perceba que estão lá.

Ian deixou cair os braços e balançou a cabeça.

— Algo mais?

— Eles gostam de se exibir. Querem um Rei Dragão, então farão um grande


show para tentar pegar Sammi. Vou estar perto para intervir antes que possam
tomar qualquer um de vocês.

— Você assim espera.

Tristan olhou para longe. Ele tinha esperança. Não podia ficar muito perto de
casa por medo de que o Escuro iria vê-lo e ao Ian, mas não podia estar muito
longe e não chegar a tempo. Era uma grande chance que estava tomando, mas
também estava preparado para segui-los de volta para a Irlanda e rastrear esses
túneis para encontrá-los.

— Boa sorte — disse Tristan. Ele começou a sair quando Ian estendeu a mão.
Tristan olhou para sua mão estendida e para o seu rosto antes que apertasse o
antebraço de Ian.

A mão de Ian se apertou em seu antebraço enquanto um sorriso aparecia.

— É bom ter você de volta, seja Duncan ou Tristan.

Com isso, Ian virou-se e entrou na casa de campo.


Tristan virou-se para as montanhas e para a crescente escuridão. Os Escuros
poderiam vir a qualquer momento, mas preferiam a noite. Não era de se admirar
que tantas pessoas tivessem medo do escuro. Eles sabiam o que tinha — Os Fae
Escuros.

Rhi assobiou uma melodia inventada enquanto andava pelos corredores da


casa de Usaeil, um grande castelo com trinta e dois quartos construídos em granito
na costa de Donegal Bay e rodeados por jardins que chegavam tão longe quanto a
encosta arborizada. Não era um vasto palácio colossal no mundo Fae, mas
convinha à rainha perfeitamente.

Suas botas de motociclista com sola de borracha não faziam nenhum som
enquanto andava no piso quadriculado em preto e branco. Usaeil a chamou há
algum tempo agora. Como um dos guarda da rainha, Rhi tinha que ter uma boa
desculpa para ignorar.

Explicar que estava ajudando os Reis Dragões não iria adiantar muita coisa.
Então, novamente, com os Escuros ascendendo, a Luz necessitária de amigos.

Não que Rhi quisesse qualquer um dos Reis dragão como amigo. A história
entre Rhi e os Reis percorreu um longo caminho, e a dor correu profunda em
ambos os lados.

Eles a culparam e ela os culpou, bem, um em particular — Con.


Ela não percebeu os murais do mundo Fae pintados ao longo de cada
corredor. Andou por este corredor muitas vezes para prestar qualquer atenção
agora. Embora conseguisse se lembrar da primeira vez que os viu. Eles foram
pintados para lembrar os Fae de seus anos de glória, um momento em que
dominaram todos e quaisquer reinos que escolheram visitar.

Um tempo antes dos Escuros atacarem a Luz.

Tudo o que os Fae ganharam desmoronou como uma criança derrubando


blocos. Se desfez em pó, seu poder desaparecendo tão depressa quanto em Roma.

Ela retornava ao reino Fae, mas não tão frequentemente quanto antes.
Quando sua família morreu, não havia nada para puxá-la para casa.

A coisa mais próxima que tinha de uma casa era sua casa de campo, seu lugar
secreto protegido contra outros Fae, Reis Dragões, druidas, os mortais, e qualquer
outro ser sobrenatural que pudesse tentar encontrá-la.

Era o seu refúgio, seu santuário. Sua proteção.

Rhi foi para as portas que a separavam de sua rainha. Quando chegou, se
abriram por vontade própria. Era um dos truques de Usaeil de sua bolsa de
ilimitada magia.

Assim que viu Usaeil num banco de couro pequeno com um ventilador
soprando seu cabelo e luzes jogadas ao redor dela, Rhi revirou os olhos e sentou-
se para esperar sua vez depois que a sessão de fotos acabasse.
Poucos sabiam que Usaeil trabalhava como uma estrela de cinema famosa.
Esta sessão de fotos atual era para alguma revista que a queria na capa. E como
qualquer coisa que sua rainha queria, sua rainha tinha.

Assim que Usaeil a viu, dispensou o fotógrafo, que passou a ser apenas mais
um Fae. Oh, como os Reis ficariam furiosos se soubessem quão profundo a Luz
incorporou nas vidas dos mortais.

— Onde você estava? — Usaeil exigiu quando se levantou e caminhou em


direção a Rhi.

Rhi olhou as calças de couro pretas e camisa de seda branca que estava aberta
e transparente para revelar um sutiã preto sexy.

— Eu gosto da roupa.

— Obrigada, mas não mude de assunto. — Sua rainha suspirou. — Rhi, os


tempos estão mudando para todos nós, até mesmo para os mortais, embora eles
não saibam disso ainda.

Rhi olhou para suas unhas recém-polidas, pintadas de uma cor castanha
calorosa chamada ‘Eu Amasso a Massa de Pão’ e um design de redemoinhos em
dourado e preto.

— Eu estava dando uma mão aos Reis.

— Bom. E você precisa voltar para lá o mais rápido possível.

Rhi franziu a testa enquanto olhava para sua rainha para ver se ela tinha
brotado duas cabeças. Não houve uma vez que Usaeil dissesse a ela para ajudar os
Reis.
— O que?

— Os Escuros estão planejando atacar, e os reis pensam que podem lidar com
as coisas sozinhos. Você e eu sabemos que não é o caso. Agora, mexa-se, e não se
esqueça de informar-me logo que acabar — ela ordenou e se afastou, chamando
de volta o fotógrafo que foi sumariamente dispensado. Rhi hesitou apenas um
momento antes de transportar-se para Dreagan.
Próximo a Cork, Irlanda...

Taraeth olhou para seus homens enquanto andava para cima e para baixo da
linha que formaram no grande salão do castelo que tomou séculos atrás.

— Há um Rei Dragão que acha que pode fazer acordos, um Rei Dragão que
acredita que pode controlar seu próprio destino. Hoje à noite vamos levá-lo do
santuário em Dreagan onde imagina estar a salvo de nós. Hoje à noite, teremos
um Rei Dragão!

O salão irrompeu em gritos de seus homens. Nem todos iriam para esta
importante missão, porque havia outras atribuições, mas Taraeth escolheu seus
melhores homens para ir a Dreagan.

— O engano dos Reis é pensarem que iriam manter-nos fora de sua preciosa
Dreagan — Taraeth continuou assim que seus homens se acalmaram — Tivemos
um Rei Dragão ao nosso alcance, e vamos ter outro. Desta vez, não haverá
escapatória para o Rei chamado Tristan.

Taraeth se balançou sobre os calcanhares e sorriu. Os Reis eram tolos se não


consideravam os Escuros um adversário digno, mas Taraeth iria mostrar-lhes
como estavam errados.
Esperou muito tempo para retaliar os Reis Dragões depois que derrotaram os
Escuros durante as guerras Fae. Os Reis julgavam-se acima de qualquer outra
criatura em todos os reinos.

Não mais.

Eles tinham fraquezas, mais especialmente suas companheiras humanas.

Não queria acreditar que seu novo aliado poderia forçar os Reis a fazer sua
vontade, mas era exatamente o que os Reis Dragões vinham fazendo há dois anos.

A única coisa que ninguém esperava era um novo Rei Dragão. Isso não lhe
dizia respeito, mas seu aliado ficou atordoado.

Para Taraeth era apenas mais um Rei para derrubar. Qualquer inimigo poderia
ser abatido, uma vez que encontrassem sua fraqueza. Os Reis foram fortes,
impenetráveis.

Até que a magia de Con que impedia que os Reis tivessem sentimentos por
seres humanos foi quebrada e começaram a se apaixonar.

— Os Reis não são tão fortes quanto antes. Eles ainda acreditavam serem os
seres mais ferozes deste reino. Vamos mostrar a eles quem é que vai governar
agora!

Os gritos eram ensurdecedores enquanto os Escuros gritavam seu


entusiasmo.

Com o canto do olho, Taraeth viu Balladyn, que estava perto da parede,
silencioso e imóvel. Não levou mais do que um impulso para que a Luz virasse
Escuro. Foi a ideia de que nenhum de seus companheiros viessem procurá-lo que
enviou Balladyn sobre o limite.

Era mais um ás na manga de Taraeth. Balladyn não era um Escuro que alguém
quisesse enfrentar. Tristan saberia disso em breve.

Taraeth deu a Balladyn um aceno de cabeça. O Escuro simplesmente olhou


para seus homens, enquanto saíam do grande salão. Outros tenentes de Taraeth se
adiantaram e entregaram atribuições para alguns, enquanto outros tinham a noite
de folga para desfrutar de todo o humano que trouxeram.

Outros ainda guardariam o castelo. Não havia nenhuma possibilidade de um


ser humano cair em sua casa, e qualquer outra pessoa teria que encontrar a porta
que foi cuidadosamente escondida, embora não fosse impossível, e era por isso
que eles tinham guardas.

Taraeth esfregou as mãos. Ele estava contando os minutos até Balladyn voltar
com Tristan.

Sammi tentou ler, mas sua mente estava muito presa em tudo para prestar
atenção às palavras. Não foi até que leu a mesma página cinco vezes que desistiu.

Mas não poderia apenas sentar e não fazer nada. Ela estendeu a mão para o
ipad na mesa e encontrou Angry Birds Space. Era bom bater nesses porquinhos e
explodi-los. Por alguns minutos, deu-lhe a sensação de que estava no controle.
Muito em breve, ela cansou do jogo também. Fechou o tablet e suspirou. Ian
olhou para ela, um pequeno sorriso mostrando-se em seus lábios.

— Esperar é o mais difícil — disse ele.

Ela deixou cair a cabeça no sofá.

— Acho que tenho que concordar. Os caras maus deveriam ter nos mandado
mensagem, porque devemos esperar por eles.

Ian riu e mudou-se da janela para a cadeira em frente a ela.

— O que você vai fazer depois que tudo isso acabar?

— Como você pode perguntar isso? Quando estou me perguntando se vamos


viver ou não.

— Você vai viver. Nunca duvide disso. Tristan não vai permitir que nada
aconteça com você.

Ela lambeu os lábios e levantou a cabeça.

— Você faz parecer como se vamos sair dessa.

— Eu poderia ficar aqui por dias contando-lhe histórias de como cada


guerreiro foi capaz de escapar de cada dificuldade enquanto lutavam com os
droughs32. Nós tínhamos um ao outro, e estávamos lutando pelo amor de nossas
mulheres. Houve momentos em que era terrível e as coisas poderiam ter sido

32 Segundo a autora sao os Druidas que abraçaram a escuridao, praticantes de magia negra.
diferentes, e, no entanto, aqui estamos com tudo o que somos e com nossas
esposas. Todos, exceto Duncan.

A tristeza que Ian tinha sempre o cuidado de manter escondida ao redor de


Tristan era ofuscante.

— Ele falou com você. Vai mudar de ideia. Não é como se o tempo fosse um
problema para qualquer um de vocês.

— É verdade — Ian disse com uma risada, inclinando-se para descansar os


braços sobre os joelhos. Ele apertou as mãos e olhou para elas — O que estou
tentando dizer é para não desistir da esperança. Não importa o quão ruim as coisas
pareçam, você tem que acreditar em alguma coisa.

— Como minha irmã?

Os olhos escuros de Ian encontraram os dela.

— Ou Tristan.

O que Sammi não sabia era se poderia fazer isso.

— Isso é pedir muito.

— Por quê? Porque ele usou seu poder para compreender o que você estava
mantendo escondido em um esforço para salvá-la?

Ela encolheu os ombros, se deslocando desconfortavelmente sob o olhar


direto.

— Eu admito, estava com raiva sobre isso no início, mas é difícil ficar assim
quando sei por que ele fez isso.
— Então por que você está afastando-o?

— Porque eu não quero chegar perto de ninguém — Sammi não podia


acreditar que confessou tão facilmente. Nunca contou a ninguém, mas havia algo
sobre Ian que a fez se sentir... Segura, como se ele fosse um irmão mais velho em
quem pudesse se apoiar.

— O que aconteceu?

— Minha mãe morreu. Nós tínhamos uma a outra, e era sempre só nós duas.
Em seguida, ela apenas desapareceu. Eu ainda sinto essa dor.

— Assim como eu sinto a dor de ter perdido Duncan. Esse tipo de


proximidade não é compartilhada por muitos, mas como um irmão gêmeo, sei
exatamente o que quer dizer. É difícil para a maioria compreender a profundidade
do nosso desespero.

— Você passou por isso.

Ian deu-lhe um fantasma de um sorriso.

— Dani me ajudou. Eu ainda estaria naquela caverna se ela não tivesse


aparecido. Ela me deu algo para me concentrar, mas não posso sentar aqui e dizer-
lhe que não é assustador amar alguém novamente. Eu poderia ter querido afastá-
la, mas a amava muito profundamente para nunca tentar.

Amor. Por que o tópico virou emoção? Sammi nunca disse nada sobre estar
apaixonada. Ela nem sequer sabe o que se apaixonar significa, uma vez que nunca
deixou ninguém chegar tão perto.

— Por que não da uma chance a Tristan? — perguntou Ian.


— Eu não sou tão forte — Ela riu de suas próprias palavras. — Realmente
não sou. A única razão pela qual sobrevivi à morte da minha mãe foi o pub. Nós
o compramos juntas, então fiz tudo para torná-lo o melhor que poderia ser.

— E agora ela se foi — Ian disse suavemente. — Você pode estar deixando
algo magnífico passar. Já pensou nisso?

Cada segundo mínimo de cada dia, mas não iria contar a ele. Havia tantos
segredos que ele poderia tirar dela.

— Não há apenas uma pessoa para cada um de nós lá fora.

— Quem te disse isso é merda — Ian disse com raiva. — As pessoas que
dizem que nunca amaram profundamente nunca encontraram a outra metade de
si mesmos.

— Alguns estão destinados a ficarem sozinhos.

Ele deu um aceno de cabeça.

— Não, moça. Essas são as pessoas que não viram o amor quando estava bem
diante deles, são os únicos que voltaram as costas para a felicidade, os com muito
medo de se machucar. Como você pode saber o que é amor, se não se machucar?

— Eu já me machuquei o suficiente para dez vidas — disse na defensiva.

Seu rosto se fechou em uma carranca.

— Todo mundo já sentiu a dor da perda, Sammi. Isso é parte da vida. Você
não está se fazendo qualquer favor fechando-se assim.

— Eu sei, embora não possa parar isso.


— Você quer?

Essa era a pergunta de um milhão de dólares, não era? Será que queria
permitir-se sentir profundamente para, possivelmente, se apaixonar por Tristan?

Pensou na maneira como achou fácil ir até ele, para deixar seus braços
envolverem-na e abraçá-la. Como ela precisava de seus beijos, tanto quanto
precisava de comida. Como desejava seu corpo a um grau que a assustava.

— Eu não sei.

Houve uma lufada de ar e Sammi sentiu uma mão sobre sua boca quando um
grito brotou dentro dela. Ian ficou de pé, seu rosto uma máscara de fúria.

— Não há necessidade de se preocupar — disse um homem com um sotaque


irlandês pesado atrás dela. — Nós viemos por você, mas vou levar essa coisa bonita
como a minha recompensa.

Ian riu. Os olhos de Sammi se arregalaram quanto mais ele ria. Ela começou
a se perguntar se ele perdeu a cabeça, mas quando percebeu os Escuros olhando
uns aos outros com desconfiança percebeu o que Ian estava fazendo.

— Boa tentativa — disse Ian. — Você não vai a qualquer lugar com ela, e
estou certo de que não vou com você.

Sammi estremeceu assustada quando Rhi apareceu na cadeira ao lado de Ian.


Ela sentou-se calmamente com as pernas cruzadas e balançava o pé de salto alto.
Rhi usava uma calça cargo branca fina e um top de ouro-e-branco com um padrão
de arlequim. Ela parecia pronta para uma noite fora na cidade, não para uma
batalha.
— Nós nos encontramos de novo, Balladyn — disse ela, seu olhar nunca
deixando o Escuro atrás de Sammi.

Sammi arriscou um olhar para cima. Seu coração bateu apressado quando o
reconheceu como o homem que encontrou na loja e o rosto que viu no rio. Este
era o Escuro que estava atrás dela?

Ele tinha o cabelo preto longo que pairava no meio das costas com tiras
grossas de prata entrelaçadas através de fechos de obsidiana. Seus olhos brilhavam
vermelhos quando se concentrou em Rhi.

— Eu avisei que teria que matá-la se a visse de novo — disse ele.

Rhi suspirou dramaticamente.

— Isso foi que você disse, grandão. Uma vez que esta é a segunda vez que
já... te encontrei ... desde então, você vê como não acredito em você.

Houve um segundo de silêncio, uma batida de quietude, como um momento


antes de um furacão ou a detonação de uma bomba.

E então o mundo desabou.


Tomou cada grama do considerável controle de Tristan para não mudar de
forma e bater na casa. Por um lado, ele poderia ferir Sammi, mas também havia o
fato de que precisava confundir os Escuros.

Chutou a porta traseira e invadiu a casa para ver Rhi e um Escuro em batalha
mano a mano. Toda vez que ele tentava usar magia, ela rebatia. Toda vez que ela
pegava sua espada, ele chutava para fora de seu alcance.

O olhar de Tristan virou para Ian, que tinha Sammi atrás dele enquanto
enfrentava cinco Escuros que estavam avançando, arremessando magia.

Com a capacidade de Ian de sentir a magia como um guerreiro, ele foi capaz
de alertar Sammi a tempo de evitar serem atingidos.

Ninguém notou Tristan ainda, e foi difícil decidir se anunciava sua presença
como planejou ou corria para o lado de Sammi. Ele odiava que ela estivesse cercada
pelos Escuros, mas se tudo desse certo, isso não seria por muito tempo.

— Alguém está me procurando? — gritou.

Os cinco Escuros que envolviam Ian e Sammi viraram a cabeça para ele antes
de parecerem confusos. Seu estômago foi arrancado quando o olhar de Sammi
focou nele e Tristan viu o medo absoluto refletido em suas profundezas.
Queria tomá-la em seus braços e voar para longe do perigo. Quão tolo fora
por acreditar que poderia aguentar vê-la em tal situação, a fim de salvá-la. Como
estava totalmente errado, pensou que ficaria calmo em uma situação desse tipo.

Foi precipitado, uma ideia imprudente. Estava enrolado tão firmemente como
um cilindro, cada fibra do seu ser escaldante com a necessidade de mudar de forma
e defender Sammi como só ele podia.

Os cinco Escuros continuaram a olhar dele para Ian e de novo. Pelo menos
não estavam atacando. Rhi e seu agressor pararam para fazer uma pausa, embora
ela tivesse olhado e começado a rir.

Foi a risada que deu ao inimigo a chance para agarrá-la pelo pescoço e bater
contra a parede, mas Tristan sabia que Rhi não era nada suave ou impotente.

Os olhos vermelhos do Fae Escuro passaram de Rhi para ele antes de deslizar
para Ian.

— O que é isso? — Perguntou ele.

— Eu sou Tristan — disse Ian. — Como se atreve a vir para Dreagan.

Tristan deu um passo adiante.

— Não. Eu sou Tristan. Você vai responder a mim por ter invadindo Dreagan
e quebrando o tratado.

Rhi continuou rindo, embora não houvesse nada além de alegria brilhando
em seus olhos de prata.

— Eu acho que você está em um dilema, Balladyn.


— Eu estive em muitos, bichinho. Vou sair deste também.

— Não vai acontecer. — Todo o riso foi embora. A voz de Rhi era dura e
fria, determinada.

Tristan trocou um olhar com Ian. Rhys, Banan, Laith, Con, Phelan, e Charon
estavam esperando por seu sinal para invadir a casa. Não havia maneira alguma de
algum dos Escuros saírem.

Balladyn novamente apertou o pescoço de Rhi, mas ela não parou de encará-
lo. Rhi sabia quem era esse Fae Escuro, e o conhecia bem. Parecia haver segredos
intermináveis com Rhi.

— Quem vai ser o primeiro a responder para mim? — Tristan exigiu.

Balladyn soltou um rosnado baixo e grave que parou um Escuro em suas


trilhas. Ele colocou seu olhar vermelho em Tristan.

— Como existem dois de você? Que tipo de mágica é essa?

— Não é mágica — disse Ian. Ele apontou para Tristan. — Eu não sei quem
é ele. Mas serei eu a tirar sua vida.

Tristan deu um suspiro de escárnio.

— Eu vou matá-lo. Sou um Rei Dragão, afinal.

O olhar de Balladyn então se concentrou em Sammi.

— Nós levamos todos eles e resolveremos o problema mais tarde.


— Não há necessidade — um dos Escuros disse. — Os reis sempre tem uma
tatuagem de um dragão.

O sorriso de Balladyn estava frio e implacável.

— Tire sua camisa.

Tristan foi o primeiro a arrancar a camiseta. Ian foi logo depois dele. A mágica
que Con usou para falsificar a tatuagem no peito de Ian era tão boa que por um
momento Tristan começou a se perguntar quem era o verdadeiro rei.

— Eu estou cansado de falar. É hora de lutar — disse Tristan. — A morte


vem a qualquer Escuro que ousar se aventurar em Dreagan. O tratado foi
quebrado. Se é guerra que vocês querem, então é guerra que terão.

O sorriso de Balladyn era tão gelado quanto o ártico.

— Oh, é definitivamente a guerra que queremos Rei Dragão, mas desta vez,
você serão os únicos a deixarem este reino.

Tristan ouviu o suficiente. Rhi lhe deu uma piscadela para deixá-lo saber que
estava pronta. Tristan soltou um rugido quando avançou para o Escuro mais
próximo dele.

Sammi ficou horrorizada com o corpo a corpo diante dela. Mal Tristan atacou,
Ian empurrou um Escuro e mergulhou para o chão. Quando levantou, tinha a
espada de Rhi na mão.
Enquanto isso, Rhi e Balladyn estavam mais uma vez rolando no chão,
colidindo em móveis e paredes da mesma forma com que batiam uns nos outros.

Um momento depois, a porta da frente se abriu enquanto Reis Dragões e


guerreiros vieram para dentro. Sammi sorriu, porque sabia que seriam vitoriosos.

Ela rapidamente ficou entre Laith e Phelan, enquanto os outros atacavam os


Fae Escuros. Sammi não podia ver a magia que estava sendo jogada em torno de
Escuros e dos Reis, mas o ar estava elétrico com alguma carga desconhecida que
só poderia ser mágica.

Três Escuros jaziam mortos, suas vidas tiradas por Ian, que balançou a espada
de Rhi como se fosse uma parte dele. Ele não era o único com uma espada, no
entanto.

Tristan também estava com uma. Ela não tinha ideia de quando a conseguiu
ou como, mas era bonita em sua simplicidade. A lâmina era reta e o punho era de
couro com alças envoltas com espaço suficiente para uma mão e meia quando ele
a virasse.

A maré estava rapidamente se transformando a seu favor. Sammi olhou para


Laith para ver que o rosto do Rei Dragão estava sombrio.

— O que foi?

— Tem mais dois Escuros aqui.

— O quê? – Perguntou, confusa.


Então ela os viu. Os dois Escuros que rapidamente se transformaram em seis
e, em seguida, dez. Foi uma armadilha, mas não definida pelos Reis. Esta foi
definida pelos Escuros.

Sammi perdeu a conta dos novos Escuros que iam aparecendo. Laith deixou
a lado Phelan quando se juntou aos outros na batalha. Ao lado dela, Phelan apertou
os punhos e rosnou o quanto desejava entrar no meio das coisas.

— Vá — ela insistiu.

Ele balançou sua cabeça.

— Não posso deixá-la sozinha.

Mal as palavras saíram da sua boca, sua pele mudou para ouro e garras de
ouro cresceram de seus dedos. Ele soltou um longo, rosnado violento e derrubou
uma explosão de magia antes que espetasse o Escuro na garganta.

Sangue respingou em Phelan e em Sammi, mas ela não se preocupou em se


mover. Ficou em um canto com Phelan, agora de pé na frente dela pronto para
defendê-la contra um fluxo constante de Escuros.

Não demorou muito para que Charon voltasse e os dois mantivessem os


Escuros na baía. Mas para cada Escuro que matassem, três surgiam.

— Abaixe! — Charon gritou para ela.

A mente de Sammi ainda estava processando seu pedido, mas seu corpo
entrou em ação. Suas pernas dobraram e ela acabou de quatro no chão com um
buraco enorme na parede onde sua cabeça esteve.
— Merda — murmurou e decidiu ficar mais perto do chão. Ela voltou para o
canto novamente e puxou as pernas contra o peito.

Suas mãos estavam suadas e sua boca seca de medo. Ela procurou na área por
Tristan e encontrou-o lutando com três Escuros com uma facilidade que deveria
ter aliviado sua mente.

Em vez disso, a fez ficar ainda mais nervosa, porque Tristan era como um
louco enquanto lutava. Ele iria lutar até não sobrar nada. Iria colocar-se em perigo,
colocar Dreagan em perigo.

Houve um estalo, como se uma forte pressão sobre as vigas de madeira do


teto. Sammi facilmente encontrou a fonte. Era Laith. Ele mudou de forma. Ele se
levantou como uma parede de escamas negras contra a escuridão.

Com um rugido, passou a cabeça através do telhado. Sua cauda derrubou dois
Escuros, bem como a metade esquerda da casa. Sammi cobriu a cabeça com as
mãos, quando os detritos começaram a chover.

Mal Laith mudou, Banan se juntou a ele. O preto estava ao lado do azul, e
entre ambos o telhado foi completamente demolido.

Tabuas quicaram ao lado de Sammi, uma bateu no seu ombro. Não foi até
que olhou para cima e encontrou Phelan e Charon de pé sobre ela como escudos
que percebeu tudo, mas não se incomodou.

Charon soltou um rosnado furioso quando sua perna direita desmoronou e


caiu sobre um joelho. O ar ao redor dele estava carregado, deixando Sammi saber
que magia foi utilizada.
O Escuro responsável logo estava lutando com Phelan. Sammi olhou para a
perna de Charon e viu um buraco irregular do tamanho de uma bola de futebol
queimada na metade inferior das costas de seus jeans. A pele sangrou no meio das
queimaduras. Para sua surpresa, a ferida começou a cicatrizar bem diante de seus
olhos.

— Se nós curássemos tão rapidamente quanto os Reis — Charon disse com


uma piscadela.

Ele estava de pé e lutando ao lado de Phelan novamente depois. Sua


mortalidade a atingiu como um soco. Cada ser, sem contar ela, era imortal em
algum grau.

Sua vida podia ser apagada em um instante. Uma explosão de magia de um


Escuro poderia acabar com sua vida. Não haveria nada para curar uma ferida.

Ela estava em uma sala cheia de seres sobrenaturais, imortais e poderosos.


Eles estavam lutando uma guerra da qual não fazia parte, uma guerra que foi
puxada para dentro contra a sua vontade.

Mas agora que estava nela, Sammi não achava que pudesse sair. Como poderia
voltar a Oban e a seu pub sabendo o que existia em Dreagan?

Não havia maneira de qualquer homem jamais se comparar com Tristan. Ele
era selvagem e feroz, indomável e cruel, e ela não conseguia tirar os olhos dele.

O seu poder visceral e cru a deixou atônita e atordoada.

A força brutal, primal era surpreendente e notável.

A feroz energia, potente dele fazia seu coração bater e sua alma viva.
Tristan foi o epítome de um guerreiro Highland. Ele era cruel, impiedoso
quando lutava.

Ela estava tão em sintonia com ele que lentamente levantou-se para ir até ele.
Um passo fora do canto e tudo mudou.

Talvez Sammi deveria ter prestado mais atenção na sala em geral ao invés de
ver Tristan com novos olhos. Talvez então ela tivesse percebido que havia um novo
Escuro no quarto.

Um braço agarrou ao redor dela por trás e segurou seu pescoço. Alguma força
desconhecida, invisível estava impedindo-a de falar para avisar Tristan ou mesmo
Phelan e Charon que um Escuro a capturou.

— Bem, bem, bem — disse uma voz irlandesa profunda, rouca em seu
ouvido. O macho riu suavemente. — Ah, mas isso está muito fácil. Diga-me,
querida, você sabe qual é o verdadeiro Tristan?

Sammi sacudiu a cabeça. Não importava o que fizessem com ela. Ela não ia
dizer-lhes qualquer coisa.

— Não importa — ele sussurrou, sua voz baixando ainda mais. — Logo,
Tristan vai ter de vir para mim. Você vê, eu tenho o que ele quer. Você.

Terror, inflexível e inexorável, a envolveu. Ela cometeu um erro crítico, aquele


que poderia ser o fim dela. Seu olhar passou pelo grupo que lutava no que restava
do cômodo.
Os lençóis brancos eram pouco visíveis do colapso do telhado. Em sua mente,
no entanto, a cama estava limpa e nela estava ela e Tristan trancado em um beijo
com os membros enrolados enquanto aprendiam a conhecer o corpo um do outro.

Foi a última coisa que viu antes da escuridão assustadora, terrível.


O Escuro que estava lutando com Tristan desapareceu antes que pudesse
aplicar o golpe mortal. Então era assim que os desgraçados covardes faziam para
escaparem desse tipo de golpe.

Ele girou pronto para atacar o próximo Escuro, mas não havia ninguém além
dos guerreiros e Reis. Até que seu olhar pousou em Balladyn e Rhi ainda
concentrados na batalha.

Desta vez Rhi teve uma mão superior. Ela se levantou com o salto de seu
sapato dourado em sua garganta e sua espada em sua virilha.

— Acabou Balladyn. Chame seus cães.

Seu sorriso lento e mal enviou um frio de mau agouro na espinha de Tristan.

— Olhe ao seu redor, bichinho — Balladyn instigou.

Rhi fez uma pausa antes que dela olhar para cima, seu olhar em choque com
Tristan antes que lentamente inspecionasse o quarto.

— Para onde os enviou?

— Onde mais? Temos o que viemos buscar.

O coração de Tristan apertou como se um punho tivesse mergulhado em seu


peito. Ele não conseguia recuperar o fôlego. Virou a cabeça para o canto que viu
Sammi, para encontrá-lo vazio.
Phelan e Charon viraram, suas expressões perplexas dizendo o que as palavras
não podiam.

— É isso mesmo — disse Balladyn.

Tristan virou a cabeça para o Escuro para encontrar seus olhos vermelhos
olhando para ele.

O sorriso de Balladyn cresceu.

— Nós temos ela, Rei Dragão. Se você a quer de volta, sabe onde nos
encontrar.

Ele transportou-se para fora enquanto Rhi baixava sua espada. A lâmina
cortou o tapete no chão de madeira quando ela esbravejou.

Tristan sabia o que fariam com Sammi. Ele sabia muito bem o que a esperava
nas profundezas da casa dos Escuros. Seu plano foi para protegê-la.

Em vez disso, ela estava agora nas mãos de seu inimigo.

Tristan jogou a cabeça para trás e rugiu toda a sua fúria, sua ineficácia. Sua
veemência.

Desesperança deslizou em seu estômago como uma cobra, enrolando a sua


pele fria ao redor dele até que estava se afogando nela.

Foi pura sorte, Rhi e o raciocínio rápido de Kellan que tiraram Kellan e Denae
fora da prisão dos Fae Escuros da última vez. Pelo menos Tristan tinha Rhi. Ele
odiava ter que pedir-lhe para voltar para aquele lugar, mas não tinha escolha. Ele
tinha que ter Sammi de volta.
Mesmo que significasse trocar de lugar com ela.

— Era tudo uma armadilha maldita — Ian rosnou.

Rhys disse:

— Fomos demasiadamente confiantes em nosso maldito sucesso.

— Como sabiam qual era o nosso plano? — Perguntou Phelan.

Banan e Laith mudaram de volta para a forma humana, mas Tristan não
conseguia tirar os olhos do último lugar que viu Sammi.

— Será que eles têm alguém como Rhi que poderia estar nos espionando? —
Perguntou Banan.

Laith fez um som na parte de trás da garganta.

— Por que iriam arriscar tanto ao vir para Dreagan?

Tristan não tinha respostas. Sua mente estava num turbilhão de raiva e ira
sobre como poderia ter fracassado tanto e como Sammi foi raptada.

De alguma forma, tinha que se recompor, se tornar uma máquina fria,


calculista para que pudesse ir para as profundezas do inferno para encontrá-la.

Como faria isso era algo que não descobriu.


Rhi pensava que nunca viu alguém tão desolado quanto Tristan. O choque e
a surpresa em perder Sammi estava claramente impresso em seu rosto.

— Tristan — Ian disse enquanto caminhava para o lado de seu irmão. — Nós
vamos encontrar Sammi.

Rhi sentiu os olhos sobre ela e virou a cabeça para Phelan. Ela, Phelan, e
Tristan estiveram nos túneis fora da fortaleza de Taraeth recentemente, e Rhi daria
qualquer coisa para passar a eternidade sem vê-los novamente.

Embora isso não fosse acontecer. Ela voltaria para o lugar horrível porque
sabia que Tristan iria pedir isso. Por mais que desejasse recusar, não podia. Ela era
uma romântica, uma otária para o amor.

Sammi e Tristan podiam não ter percebido ainda, mas foram feitos um para
o outro. Assim como ela e seu amante Dragão foram.

Eles não sobreviveram, mas Rhi faria tudo o que pudesse para ajudar a Tristan
e Sammi.

A guerra começou, e haveria vítimas – sempre houve. Rhi tinha medo de que,
desta vez, os humanos fossem arrastados para ela.

E isso seria a queda dos Reis.

Isso não significa que os Fae da Luz iriam começar a partilhar os despojos do
reino com os Escuros. Não, haveria outra guerra civil. Ela estava tão cansada de
lutar, cansada de colocar em espera o que queria.
Era do interesse da Luz se juntar aos Reis. Rhi sabia que poderia falar com
sua rainha sobre isto. Constantino era outra questão, mas, entretanto, ela sabia
como contornar isso.

Iria falar com os outros Reis Dragão e deixá-los convencerem Con. Se ela
perguntasse, ele diria não só para irritá-la, e não havia tempo para isso. Ele era um
burro de primeira classe, mas esta guerra estava além de seu ódio por ele.

Agora estava mais focada em Balladyn. Rhi pensou que lutar com ele seria
difícil por causa de sua história. Deveria ser duro combater alguém que considerou
um irmão e mentor.

Balladyn, no entanto, tornou mais fácil para ela. Seus golpes sobre a perda de
seu amante não a fizeram perder a calma como ele esperava, como teria feito antes.
Desta vez, a fez ficar mais focada.

Ela correu os dedos pelo cabelo para afastá-lo de seu rosto e um fio ficou
preso em sua unha.

— Droga — murmurou quando viu que sua unha estava dividida, sua nova
unha lascada em vários lugares.

Uma longa visita agradável para seu salão favorito seria necessaria, uma vez
que Sammi estivesse de volta aos limites seguros da Mansão Dreagan com Tristan
ao seu lado.

Isso ia ser a parte problemática. Os Escuros iriam oferecer trocar Sammi por
Tristan. E Tristan, o nobre tolo, iria aceitar.
Rhi começou a formular vários planos que pudessem manter tanto Sammi
quanto Tristan longe das garras dos Escuros, mas cada um era arriscado e exigia
que o destino fosse bastante generoso.

Mas o destino não era nada.

O ar se moveu atrás dela, e antes que Rhi pudesse se transformar, uma lâmina
foi pressionada sob o queixo. Ela se acalmou instantaneamente.

— Você deveria ter permanecido em guarda. Sua cabeça dura não aprendeu
nada do que te ensinei, bichinho? — Balladyn perguntou em seu ouvido.

Para surpresa de Rhi, o único olhando para ela era Con. Seu olhar negro estava
em branco, sem se importar que um Escuro a tinha em seu aperto. Rhi sabia que
este era o fim.

Mesmo que chamasse, mesmo que tentasse fugir, Balladyn iria matá-la. Não
havia nada que pudesse fazer para ajudar. Ela estava verdadeiramente condenada.

O que a irritava mais era que não era assim que deveria morrer. No meio da
batalha, com certeza, não de surpresa, porque baixou suas defesas como uma
jovem estúpida.

— Eu estive esperando por isso por um longo tempo — Balladyn sussurrou.

O medo era muito forte. Ela queria viver! Rhi respirou para chamar por ajuda
quando Balladyn os transportou para longe.

Ela encontrou-se no escuro no próximo segundo. Antes que pudesse


perguntar o que ele estava fazendo, Balladyn bateu na parte de trás do seu pescoço,
deixando-a de joelhos.
Rhi caiu em uma poça de água que a fez engasgar com o fedor terrível. Então
foi puxada ao redor e algemas foram colocadas em seus pulsos e pés.

— Estas são as correntes de Mordare. Eu sei que você já ouviu falar delas, e
o que podem fazer para um Fae. Nenhuma mágica da luz pode libertá-la.

Sua cabeça estava girando, os olhos incapazes de se concentrarem. Ela queria


exigir que Balladyn lhe dissesse quais eram os seus planos, mas não conseguia
pronunciar as palavras.

— Chegou sua hora de sofrer. Bichinho — disse ele com desprezo.

Em seguida, houve apenas silêncio. E escuridão.

Era a pior espécie de inferno para um Fae da Luz.

— Merda!

Tristan foi sacudido pela explosão de Con. Forçou-se a olhar para


Constantino para encontrar o Rei dos Reis andando em um estado de agitação.

— Onde diabo está Rhi? — Phelan exigiu com raiva. — Você a mandou
embora, Con?

Con parou de andar e virou para enfrentar Phelan.

— Não. Ela foi levada. Por Balladyn. Quem é esse filho da puta de qualquer
jeito? Ele a chama de bichinho como se conhecessem um ao outro.
— Eu acho que se conhecem — disse Phelan, o rosto enrugado de
preocupação quando se inclinou para recolher a lâmina que Rhi devia ter deixado
cair.

Tristan respirou fundo.

— Não há dúvida de que se conhecem. Aqueles dois estavam lutando como


se tivessem um longo problema para resolver.

— Nossa chance para a localização dos Escuros se foi — disse Charon.

Rhys levantou uma cadeira e chutou um Escuro morto.

— Não exatamente. Phelan pode encontrar o caminho.

— E eu estarei ao seu lado — Tristan afirmou.

Ian esfregou seu peito enquanto a tatuagem de dragão desaparecia.

— Eu estarei contigo. Se não funcionar, podemos tentar enganá-los


novamente.

Tristan estava balançando a cabeça antes de Ian terminar.

— Não. Balladyn sabia quem eu era. Ele olhou diretamente para mim. Essa
artimanha não vai funcionar novamente.

— O que você disse para Ulrik? — Perguntou Banan. — Será que você
acidentalmente disse algo que delataria o seu plano?

— Nunca. Dei um jeito de manter a conversa em mim.


Laith deu um pontapé no sofá quebrado o afastando de um pequeno armário
de onde tirou dois pares de jeans. Ele jogou um para Banan e vestiu o outro.
Depois de empurrar uma perna nas calças, ele disse:

— O plano de Tristan era seguro. A única maneira que poderiam ter sabido o
que estava acontecendo era participar dele.

— Não necessariamente — disse Ian. — Eles ficaram completamente


confusos quando eles viram a mim e Tristan. Eles não sabiam.

Con suspirou alto.

— O que significa que adivinharam e tinham muitos Escuros extras


esperando por nós. Porra!

— Vocês todos podem debater durante o tempo que quiserem, mas eu vou
atrás de Sammi. Eu não posso deixá-la ali por mais tempo do que o necessário —
disse Tristan.

Os olhos de Con, negros como carvão e enormes como um abismo


chamaram sua atenção.

— Você sabe que não vão trocar ela por você, não importa o que disserem.

— Eu sei. Assim como sei que não vou sair de lá. — Era como se estivesse
resignado com seu destino.

Ele falhou em ser um guerreiro, e quando alguém contou com ele, estragou
como um Rei. Em sua segunda chance, ferrou além da medida. Esta seria sua
penitência.
Phelan avançou.

— Não é apenas Sammi que precisamos procurar. Há Rhi também. Balladyn


a levou por uma razão.

— E não é uma boa — Con disse com raiva. — Eu sei o que eles fazem com
os da Luz. Você pode também esquecer Rhi. Se sobreviver, ela vai se tornar Escura.

— Se? — Ian gritou. — Você não está dando-lhe crédito suficiente.

Banan caminhou até a porta quebrada e olhou.

— E vocês guerreiros não viram como podem quebrar um Fae da Luz. Você
sabe o que os Escuros fazem para os mortais. É dez vezes pior para os da Luz.

— Eu não vou desistir dela tão facilmente — disse Rhys. — Ela nos ajudou
quando não havia nenhuma razão para fazer. O mínimo que posso fazer é procurar
por ela.

Charon deu um aceno rápido.

— Estou de acordo.

— O tempo é essencial, senhores — disse Con. — Você vai ter sorte de


encontrar uma delas, de qualquer jeito. Eu vou contigo.

Tristan não teria ficado mais surpreso se Con tivesse decapitado Phelan.

A última vez que escapou para a Irlanda foi apenas ele e Phelan. Desta vez,
os Escuros sentiriam a fúria dos Reis e guerreiros.
Sammi estremeceu e colocou os braços em torno de si, com os olhos bem
fechados. Ela estava congelando. E molhada. Onde estava? Mais importante, por
que estava de olhos fechados?

Em seguida, tudo voltou em chamas. Seu coração perdeu uma batida e seu
estômago caiu como uma pedra a seus pés. Ela estremeceu, desta vez em pânico e
pavor.

Os Escuros a pegaram.

Insidiosos, ameaçadores. Desonestos.

Eles foram os bichos papões, as coisas mortais que sabiam instintivamente


que residiam nas sombras esperando para atacar. Eram monstros, demônios da
escuridão com a magia e poder suficiente para acabar com toda a humanidade.

Tristan disse a ela o que faziam para os mortais, e sua imaginação vívida lançou
dezenas de cenários os quais desejava que pudesse limpar de sua mente.

Sammi não conseguia parar de tremer. O terror tinha tal controle sobre ela
que mesmo seus dentes batiam. O incompreensível desespero inimaginável e
trepidação minou cada pouquinho de calor de seu corpo.

Não adiantava ficar esperando que a situação fosse um sonho pois isto não ia
ajudá-la. Se ela queria uma chance, teria que enfrentar o que estava ao seu redor,
não importa quão petrificada estivesse.
Ela abriu os olhos esperando encontrar-se em alguma prisão escura. Em vez
disso, luzes brilhavam ao seu redor, cegando-a e obrigando-a a piscar várias vezes
para se ajustar. Sammi respirou instável desejando que seu coração parasse de bater
contra a sua caixa torácica.

Uma rápida olhada lhe mostrou várias coisas. O quarto era estreito, mas longo,
na forma de um retângulo. Não havia janelas, apenas dezenas de luzes que parecia
pairar no ar já que não podia ver o teto.

E estava sozinha.

Por ora.

Sammi considerou isso uma boa notícia e se segurou a isso com força. Ela
não era uma tola. Eles a pegaram para conseguir Tristan. E era seu dever como
um Rei Dragão, ele viria por ela. Até então, os Escuros se divertiriam esperando.

Como desejava que Tristan não viesse. Não que desejasse ficar com os
Escuros, mas uma vez que tomassem sua alma, ela não saberia a diferença. Pelo
menos eles não teriam um Rei.

Mas Tristan era muito dedicado aos Reis para fazer outra coisa senão a sua
obrigação.

— Vejo que você está acordada.

Sammi saltou quando Balladyn apareceu de repente na frente dela. Ela odiava
que pudessem fazer isso. Significava que tinha que ficar constantemente em
guarda. Ela deixou o ódio enchê-la. Esquentou-a, afastando o medo o suficiente
para que pudesse pensar direito novamente.
— Bastardo — murmurou.

Uma sobrancelha negra levantou, deixando seu rosto lindo duro como
granito.

— Com licença?

Ela apenas olhou para ele, tentando não deixar seus olhos vermelhos assustá-
la mais do que já estava. Se uma mulher pudesse encarar os olhos vermelhos sem
surtar, seria considerada uma presa excelente. Não só o corpo de Balladyn era alto,
esculpido e quase tão elegante como o de Tristan, mas ele tinha o rosto de uma
estrela de cinema, um tipo Daniel Craig, que deixava as mulheres ofegantes.

— Não me provoque — ele disse em seu forte sotaque irlandês. — O seu


quarto está iluminado, mas posso mudar isso.

Sammi achou prudente manter as observações sarcásticas para si mesma. Ela


não era corajosa o suficiente para provocar um Fae Escuro. Uma pena realmente,
porque ela teve algumas reviravoltas impressionantes que queria mostrar para ele.

Ninguém a assustou tanto quanto ele, e ela o odiava por isso. O ódio e medo
misturados dentro dela até que formaram uma bola de contorções e angústia.

— Desafiadora. — Havia um pequeno sorriso irônico no rosto. — Estranho


já que a maioria dos mortais deixam tudo para estar conosco. O que te faz
diferente?

— Eu sei o que você é.


— Então é isto — ele respondeu. — Taraeth estará aqui em breve para vê-la.
Eu sugiro que se não quiser ser despida e ter todos os Escuro em você, sugiro que
continue a manter essa boca fechada.

Sammi engoliu, odiando que foi alto até mesmo para seus ouvidos.
Desprezava valentões, e isso era exatamente o que Balladyn e os Escuros eram.
Tiranos, algozes. Intimidadores.

Ele sorriu consciente.

— Vocês seres humanos são tão patéticos, deixando todas as emoções que
sentem serem mostradas para o mundo. Por que acha que os escolhemos para
serem nossos?

— Nós temos uma escolha também. Podemos dizer não.

— Pode tentar. Não seria muito bem-sucedida.

— Denae fez isso. — Sammi mordeu o interior de sua boca para não sorrir
quando viu que suas palavras atingiram um ponto sensível.

Ele deu um passo mais perto, inclinando-se sobre ela para que tivesse de
inclinar a cabeça para olhar para ele enquanto seus olhos vermelhos se estreitaram
perigosamente.

— Se quer viver, não mencione esse nome para Taraeth.

O aviso veio em voz baixa, perigosa que enviou bobinas de medo,


entorpecendo seu corpo mais uma vez.

Ela esperou até que ele se endireitou e se afastou antes que dissesse:
— Vocês cometeram um erro quando irritaram os Reis.

— É hora de terem suas escamas desmanchadas. Eles já governaram este


reino por muito tempo.

E então ele se foi, deixando Sammi no quarto com nada além de seus
pensamentos. Ela olhou ao redor se sentindo como um rato de laboratório em
exibição.

Todas as quatro paredes eram de pedra, mas tinha a nítida impressão de que
estava sendo observada, como se a parede fosse nada mais do que um espelho que
não podia detectar.

— Bastardos — sussurrou.

Tristan cerrou os dentes enquanto Con gritou para ele esperar. Olhou,
sentindo que cada segundo que não estava indo para Sammi era um segundo que
poderiam estar tocando-a, e marcando-a como um Escuro.

O olhar de Con estava no grupo de guerreiros.

— Vocês pintaram um grande alvo em si mesmos, ajudando-nos esta noite.

— E? — Disse Phelan com um encolher de ombros. — Eu não vou deixá-


los ficar com Rhi. Ela me ajudou. Eu estarei lá para ela.

Con deixou escapar um longo suspiro.


— Phelan, você faz parte dos Fae. Os Escuros não pensaram muito sobre
você interferir, mas o mesmo não pode ser dito sobre os outros guerreiros.

— Fico feliz por ser um alvo se isso significa ajudar Tristan — disse Ian.

Tristan, no entanto, sabia onde o Con queria chegar.

— Con está certo. Talvez todos vocês devam retornar para suas mulheres.
Não se pode saber o que os Escuros vão fazer.

Charon falou sorrindo.

— Então eles ainda não conhecem nossas druidas.

— Os druidas e Fae nunca lutaram — Rhys disse, pensativo. — Quem sabe


o que poderia acontecer? Os druidas são fortes.

— Não tão fortes quanto os Escuros — disse Banan.

Laith deu de ombros.

— Eles vão organizar seus próprios é o meu palpite.

— Devemos avisar a todos — disse Phelan enquanto olhava de Charon para


Ian.

Tristan mal conseguia ficar parado enquanto os três efetuavam chamadas para
suas esposas. Ele estava enrolado e apertado, e precisava se acalmar ou arriscaria a
vida de Sammi.

— Banan, volte para a mansão — disse Con. — Vai querer ficar com Jane, e
quanto mais Reis permanecerem em Dreagan, melhor.
Os lábios de Banan se comprimiram com força.

— Eu prefiro ir para a Irlanda, mas o pensamento de Jane nas mãos de um


Escuro é suficiente para me manter aqui.

Tristan trocou um olhar com Banan enquanto uma promessa tácita passava
entre eles. Quando os guerreiros terminaram as suas chamadas, Tristan saiu para
que não batesse em ninguém quando se transformasse.

Não deu tempo de dizer qualquer coisa quando se transformou e, em seguida


abaixou a cabeça para Ian subir na parte de trás de seu pescoço. Assim que Ian
estava sentado, Tristan o levou para o céu.

Um por um, Rhys, Con, e Laith mudaram. Rhys levando Phelan enquanto
Laith levava Charon. Con assumiu a liderança, enviando uma mensagem através
de seu link que estavam indo para a Irlanda à procura de mais Escuros.

Tristan não teve que dizer para Con se apressar. Todos eles voaram como se
a ponta do cosmos estivesse beliscando suas caudas. Tudo que Tristan podia
pensar era em Sammi e o tolo que foi ao se afastar após a sua noite de paixão.

Ela agitou uma profusão de sentimentos, para não mencionar memórias.


Mesmo sendo turbulentos e alarmantes, ele ansiava por ela de uma forma que
sabia, no fundo de sua alma, que nunca sentiu por uma mulher antes.

Ele não sabia por que se tornou um Rei Dragão, e já não importava. Ele era
um Rei.
No entanto, também foi um guerreiro. Não podia mais tentar negar isso. Lutar
ao lado de Ian provou que sabia instintivamente o que Ian ia fazer antes que fizesse.
Eles lutaram com os Escuros como se fizessem isso todos os dias.

Esse tipo de familiaridade e conhecimento não acontece por acaso. Isso veio
de uma vida inteira de conhecer alguém.

Tristan não sabia como um relacionamento com Ian iria funcionar, ou mesmo
se funcionaria. Mas ele devia tentar isso por ambos. Assim como tentaria tudo em
seu considerável poder para libertar Sammi.

Pensou em seu sorriso e sua inteligência afiada. Ela esteve sozinha durante
anos. Isso a fez resistente, para sobreviver durante as semanas difíceis enquanto
fugia da Máfia.

Ou de Ulrik.

Aquela era uma pílula difícil de engolir. Ulrik estava jogando com ele desde o
início. O fato de Tristan ter ido para ele era como ácido queimando seu estômago.

Já não importava o passado de Ulrik e o que foi feito. O que contava agora
era o presente e suas ações. Ulrik tinha que ser parado. Talvez Con estivesse certo
em querer matá-lo.

Tristan podia ver a beira da Irlanda com a sua visão do dragão. Eles estavam
próximos. Ele esperava que Sammi soubesse que viria para ela, que não iria deixá-
la com os Escuros.

Ele voou mais rápido, a Irlanda chegando cada vez mais perto. Tristan quase
podia sentir Sammi.
De repente houve um zumbido alto em sua cabeça como ruído branco.
Tristan rugiu quando a dor explodiu em sua cabeça. Ele tentou permanecer em
voo, mas podia sentir-se inclinando. E então Ian escorregou.

Tristan tentou pegar seu irmão, mas continuou voando para o nada. A estática
ficou mais alta, a dor insuportável. Ele esperava que seu cérebro explodisse a
qualquer momento.

E através de tudo ele ouviu o riso. A risada de Ulrik.

Foi só tardiamente que Tristan percebeu que não estava mais voando, mas
caindo.

Con mergulhou para Ian no momento que Rhys gritou através do seu link.
Com Ian na mão, Con apenas conseguiu ver quando Tristan caiu na água.

— Que droga! — Phelan gritou das costas de Rhys.

Con olhou para baixo para encontrar Ian procurando na água por seu irmão.
O fato de que Tristan afundou rapidamente era preocupante. Dragões eram alguns
dos melhores nadadores. Muitos dragões viveram na água.

— Fique firme — disse Rhys e Laith.

Ian olhou para ele.

— Onde está Tristan? Por que você não vai pegá-lo?


Para responder Con teria de voltar à sua forma humana. Em vez disso, ele
colocou Ian sobre as costas de Laith e dobrou suas asas enquanto mergulhava para
a água.

Ele atingiu a água tão rápido quanto um torpedo, cortando-o como uma faca
quente na manteiga. Con localizou as escamas âmbar de Tristan. Ele estava
flutuando para baixo, inconsciente.

Com pouco esforço alcançou Tristan, mas puxá-lo para fora era outra questão.
Alguma coisa estava puxando ele, algo mágico.

Con usou sua cauda, bem como todos os quatro membros, e levou toda a sua
considerável força para arrancar Tristan do que quer que o estava levando. Assim
que Tristan estava livre, Con os levou à superfície. No momento em que quebrou
a superfície, ele levantou voo, não querendo esperar para ver o que mais podia
tentar tirar Tristan dele.

Rhys e Laith mudaram-se para ambos os lados de Con. A raiva fervia e fervia.
Como Ulrik se atreveu atacar um dos Reis? Afinal, era ele que Ulrik queria. Seu
velho amigo estava prestes a conseguir o seu desejo também.

Assim que este ultimo problema com os Escuros fosse resolvido e Sammi
recuperada, Con faria o que deveria ter feito milênios atrás.

Ele ia matar Ulrik.

Con fez questão de esconder sua raiva quando chegaram à costa da Irlanda.
Ele colocou Tristan em cima da areia e caiu ao lado dele. Rhys e Laith foram
rápidos em fazer o mesmo.
Ian pulou de Laith e foi correndo para Tristan antes que Con pudesse mudar
para a forma humana. O único Rei que permaneceu um dragão era Tristan, e o
fato de que não se mexeu causava preocupação em Con.

— O que aconteceu? — Rhys exigiu.

Con olhou para Tristan.

— Não é coincidência que a magia foi usada apenas quando estávamos


chegando a Irlanda.

— Se Tristan estivesse sozinho... — Ian não pode terminar, e não precisava.


Todo mundo sabia exatamente o que não foi dito.

Phelan rosnou baixo em sua garganta.

— Isto é uma merda.

— Pelo menos sabemos quem é o culpado. Ulrik — Rhys afirmou.

Con esfregou o queixo enquanto considerava suas opções.

— Quanto mais tempo Tristan permanecer inconsciente, maior será o tempo


que os Escuros ficarão com Sammi.

— Ele nunca vai perdoar a si mesmo — disse Charon.

Isso é exatamente o que Ulrik queria. Con não se preocupou em dizer aos
outros que Ulrik era o seu problema para resolver. Foi a amizade que segurou sua
mão na última vez.
Por tantos séculos viveu com o pesar porque Ulrik não era um Rei Dragão,
no verdadeiro sentido da palavra.

Agora Con vivia com o pesar porque não o matou e salvou a todos deste
problema.

Con se moveu para ficar na cabeça de Tristan e pôs as mãos em cima do


dragão enorme. Sua magia sempre foi forte, e ficou ainda mais forte quando se
tornou Rei dos Reis.

Ele ia usar essa magia para acordar Tristan.


Cork, Irlanda

Kiril estava no segundo copo de um razoável uísque irlandês. Mas ele ansiava
por uma garrafa do uísque Dreagan.

Do mesmo modo que ansiava voltar para sua terra.

Ele não tinha ideia de há quanto tempo ele estava na Irlanda espionando os
Escuros. Ele estava no pub Doras33. Seria melhor se ele pudesse vir toda as noites,
mas isso chamaria atenção, então Kiril fez questão de visitar dois outros pubs
também. Apenas para manter as aparências.

Ele rodou o líquido no copo enquanto se reclinava na cadeira. O pub estava


cheio, mais cheio do que o habitual na verdade. Havia uma corrente de excitação
que corria pela multidão. O porquê, ele ainda não sabia.

Kiril pegou uma conversa atrás de si. Ele manteve seu olhar no copo, mas
toda a sua atenção estava nos dois machos Escuros conversando.

— Você ouviu?

33 Nao encontrei traduçao para Doras so muitos bares espalhados na Europa e Canada com este nome,
suponho que exista uma rede de bares e restaurantes com este nome.
Houve um grunhido e, em seguida, um barulho quando um copo bateu
fortemente sobre a mesa. — Eles já tiveram um Rei Dragão antes.

O primeiro riu o som ralando nos nervos de Kiril. Sua voz era mais aguda e
irritante. — Taraeth é mais forte do que você pensa.

— O braço dele foi cortado por um ser humano. — O segundo homem disse
rispidamente.

— Ah, mas desta vez ele vai manter o rei.

O irritante grunhiu novamente. — Eu vou acreditar quando ele estiver com


um rei.

— Taraeth criou uma armadilha para ele. — O riso tornou-se mais agudo. —
A guerra já começou. Nós vamos tomar este reino em pouco tempo.

— Parece que você precisa de mais uma dose. — Veio uma voz ao lado de
Kiril.

Ele levantou seu olhar para os olhos vermelhos de um Fae escuro. Alguns
tentavam esconder seus olhos, enquanto outros não se incomodavam. Ele deu um
aceno para o escuro que pousou o copo de uísque e deslizou para o banco à sua
frente. — Agradeço.

O escuro sorriu. — Eu vi você aqui algumas vezes. Meu nome é Farrell.

— Kiril — ele respondeu. Então eles o notaram. Será que sabiam que ele era
um Rei Dragão, no entanto?

— O que você acha do nosso pub? — Perguntou Farrell.


Kiril trouxe sua bebida aos lábios e bebeu. Ele devolveu o copo a mesa antes
que dissesse: — Acho que é interessante.

— Você não fala com sotaque irlandês. Diga-me que você não é um escocês.

Ele sorriu apesar de ter ficado rígido. — Odeio decepcionar.

Farrell riu e se inclinou para trás enquanto ele ficava confortável. — Nós
temos alguns Scots34 frequentemente. Vocês, nós podemos suportar. São os
malditos ingleses que irritam nossa pele irlandesa.

Kiril juntou-se ao riso, mas ele estava em alerta total. Se eles esperavam
prender um rei, eles poderiam estar se referindo a ele? Ele teria que ser mais
vigilante ao deixar o pub naquela noite.

Farrell continuou a falar, tomando o controle da conversa enquanto falava da


Irlanda, Cork, e os benefícios de ser irlandês.

Kiril estava balançando a cabeça de algo que Farrell disse quando sentiu um
impulso de Con contra a sua mente. Ele abriu a ligação entre eles, mantendo
contato visual com Farrell, enquanto falava de seu famoso cristal.

— Os escuros tomaram Sammi. Estávamos nos encaminhando para Cork quando usaram
magia para derrubar Tristan.

— Eu comprei várias peças de cristal Waterford — disse Kiril para Farrell. —


Onde você está agora?

34 Escoces.
— Na Irlanda. Rhys e Laith estão conosco. Phelan, Charon, e Ian também estão aqui.

Guerreiros e reis. Havia realmente uma tempestade de merda vindo. — É


verdade? Será que a guerra começou?

— Sim. Tome cuidado, Kiril. Eles vão se direcionar para qualquer pessoa que acham que é
um rei.

A ligação foi cortada, Kiril bebeu o resto de seu uísque e estendeu a mão para
o copo que Farrell trouxe. — Diga-me, Farrell, porque seus olhos estão
vermelhos?

— São lentes de contatos especiais. As mulheres ficam loucas por eles — o


Escuro respondeu enquanto ele se inclinava sobre a mesa.

Kiril podia parecer que estava ouvindo embevecido, mas na verdade ele estava
examinando o pub à procura de qualquer ameaça dirigida à ele. Os reis podiam
precisar dele, então ele queria poder voltar para a sua casa em breve.

Mas ainda não.

— Eu ficarei em Cork por um tempo estou em férias prolongadas — disse


Kiril.

Farrell sorriu largamente. — Então vamos ter que nos encontrar novamente.

Exatamente o que Kiril desejava. Ele finalmente fez amizade com um Escuro.
Tristan acordou como se tivesse sido esbofeteado. Quando ele abriu os olhos
e descobriu Con de pé sobre ele, sabia exatamente o que aconteceu.

— Já não era sem tempo. — Rhys disse bruscamente.

Tristan sentou-se e viu-se nu em uma praia. Ele olhou para cima e encontrou
o olhar preocupado de Ian. — O que aconteceu?

— Você não lembra? — Perguntou Phelan.

Ele balançou a cabeça e esfregou a parte de trás do seu pescoço, que estava
ferido. — Lembro-me de um som estranho na minha cabeça que era insuportável.

— Você caiu— disse Laith. — Dentro da água. Con teve que retirá-lo.

Tristan não sabia por que todo mundo estava chateado. Então, ele caiu. Não
era a melhor coisa que poderia acontecer, mas não era como se pudesse ter
morrido.

— Alguma coisa tinha você. — disse Con.

Isso foi suficiente para fazê-lo a franzir a testa. — Tinha-me?

Con assentiu solenemente. — Era magia.

— Quanto tempo fiquei desacordado? — Tristan perguntou enquanto ele se


levantava.

Charon chutou a areia. — Alguns minutos.


Todo mundo tentou agir normalmente, mas Tristan teve a nítida impressão
de que havia algo importante acontecendo com ele. Ele se virou para Ian, pois
sabia que iria dizer-lhe a verdade. — O que realmente aconteceu?

— Você caiu. — disse Ian e olhou para a água. — Con teve que ir pegá-lo, e
assim como ele disse, magia foi usada. Foi puxado para o fundo do mar. Con tirou
você e trouxe para a praia, mas você não acordava.

Tristan esfregou o pescoço novamente. Sentia uma dor aguda, como se tivesse
batido a parte de trás da cabeça. — E? — Ele pediu.

— Precisou da magia de Con para quebrar o domínio dessa magia sobre você
para que pudesse acordar.

A magia de Con. Isso significava que qualquer que fosse a magia usada foi
particularmente forte. Seu olhar voltou-se para Con. — Obrigado.

— Eles pretendem tê-lo de uma forma ou de outra — disse Con. — Não


vamos lhes dar o que querem.

Laith bateu nas costas de Tristan. — Concordo. Agora, podemos ter nossas
bundas nuas na forma de dragão de novo e encontrar esses filhos da puta?

— Eu dou tudo para chutar alguns traseiros dos Fae Escuros. — disse Rhys.
— Quanto antes melhor.

Phelan sorriu e acenou. — Oh, sim. Vamos andando.

Tristan olhou para a água. O link mental era utilizado apenas por dragões,
mesmo assim, ele poderia decidir se queria ouvir quem estava tentando falar com
ele.
Quem quer que tenha entrado em sua cabeça fez isso sem a sua autorização.
Ele não gostou da vulnerabilidade... Ou da fraqueza. Ele poderia prejudicar os
outros.

— Não. — Ian disse quando ficou ao seu lado.

Tristan olhou para seu irmão gêmeo. — O que?

— Você não será uma desvantagem na batalha, sabe o que foi feito para você,
e você não deixará isso acontecer novamente.

— Você parece muito seguro de mim.

Ian sorriu. — Eu estou. Eu te conheço como ninguém mais conhece. Você


apenas vencerá como sempre fez.

— Então vamos.

Com um simples pensamento, Tristan estava mais uma vez na forma de


dragão, sua mente completamente fechada. Depois que os guerreiros passaram
para a forma dos Reis Dragões, a turma se elevou para o céu, na direção de Cork.

Em direção aos Escuros.

Sammi devia saber que ela não seria deixada em paz. Assim como Balladyn
disse, Taraeth, o rei dos Escuros, estava diante dela.
Ele pensou que se elevando sobre ela, lhe mostraria o quão fraca era. Sammi
escolheu permanecer sentada no chão. O escuro alimentava-se da força dela.

Além disso, eles não iriam suspeitar dela se ela parecesse fraca e indefesa.

Ela observou Taraeth esfregar seu ombro, onde seu braço foi cortado. Sammi
enviou um grito silencioso de alegria por Denae ter conseguido fazer aquilo.

Taraeth usava calças de couro pretas e uma camiseta Affliction vermelho e


preto que tinha um crânio na frente. Aparentemente, ele era um cara normal, que
tinha cabelo comprido e lentes de contatos vermelhas.

Mas, ela sabia quão profundamente o mal residia dentro dele.

— Eu gosto do seu medo. — disse Taraeth enquanto seu olhar vermelho


passava sobre ela. — Isso significa que você sabe sobre nós.

Sammi deu um aceno lento e olhou para o chão. Com o canto do olho, ela viu
Balladyn à sua esquerda e alguns outros Fae à sua direita.

Era apenas três deles. Sammi controlou homens maiores em seu pub, mas eles
estavam bêbados. E eles não tinham magia. Ela não podia atacá-los de frente. Ela
teria que encontrar alguma outra maneira de vencê-los.

Se você puder.

Ela mandou seu subconsciente calar a boca e se concentrou no que Taraeth


estava dizendo.
— Eu tenho que reconhecer, os Reis têm um talento especial para escolher
mulheres bonitas. Uma pena que as mulheres sempre acabam comigo. Você
percebe que é minha agora?

Sammi estremeceu quando seu dedo ergueu-lhe o queixo. Quando se agachou


diante dela? Ele deve ter se movido tão rápido quanto o vento. Ela estava em
desvantagem se não podia sequer vê-los.

— Tristan virá por você, mas vai ser tarde demais. Vou tê-la marcado.

Ela virou a cabeça longe de seu toque apenas para fazê-lo agarrar o seu queixo
e forçar sua cabeça para trás para olhá-lo.

— O que os reis fazem para que consigam se afastar de nós?

Sammi franziu a testa. — Eu não sei o quer dizer.

— Primeiro Denae, e agora você. Nenhum outro ser humano jamais se


afastou de mim. Tem que ser algo que os reis estão fazendo, algum tipo de magia
que está sendo usada.

Sammi tentou segurar, ela realmente tentou, mas o riso estourou dela como
um estalo de balão. E uma vez que começou, ela não conseguia parar.

— Vamos ver quem vai rir quando eu tomá-la enquanto Tristan assiste. Você
vai gritar de prazer. Você vai gritar para mim. — Ele se aproximou e sussurrou:—
Você vai implorar.

O riso foi embora. Sammi não questionou se Taraeth poderia fazer


exatamente como disse. Eles eram espécimes lindos. Cada um deles.
Não era de admirar que as mulheres humanas caíssem de joelhos e
imploravam pelos Escuros. Sammi poderia ter feito a mesma coisa há anos, mas
ela era diferente agora.

Tristan.

Ela era diferente por causa de seu tempo com Tristan. Ele caminhou com ela
através de um mundo de dragões, de Fae e magia. Ele ficou ao seu lado, segurando-
a, protegendo-a.

E ela o queria.

A necessidade era grande, a fome avassaladora. Apenas Tristan foi capaz de


aliviar a dor dentro dela, aliviando seu corpo com uma lânguida noite amorosa.

— Se ele vier. — disse ela.

O sorriso de Taraeth foi frio. — Ele virá. Os Reis Dragões estão determinados
a proteger os seres humanos. Como ele poderia ignorar a necessidade de salvar a
irmã da companheira de seu amigo? Se ele não vier, Banan vem. Não importa qual
rei recebo no final.

Ele se levantou e ajeitou a camisa com um sorriso ansioso. — Prepare-se. É


o começo do fim para os reis dragões.
A escuridão não a assustava.

Era uma mentira Rhi repetia silenciosamente mais e mais em sua mente. Na
verdade, ela estava mais apavorada do que já esteve em sua vida.

Nunca um Fae da luz voltou da tortura de um Escuro, de modo que ninguém


sabia exatamente o que era. Embora o fato de que nenhum retornou dizia tudo.

Rhi voltou a pensar na dúzia de esmaltes de unha novos que ela comprou
recentemente. Havia o verde brilhante chamado Gargantuan, verde que ela não
podia esperar para usar. Corações & Tarts, um rosa suave que chamava para seu
lado Fae. Cha-Ching cereja que iria combinar surpreendentemente com sua camisa
nova. Depois, havia um azul profundo impressionante chamado Mantendo Suzi at
Bay que implorava para ser usado. Mas seu favorito era um Chianti vermelho
chamado ‘Eu não sou realmente uma garçonete’.

Ela tinha que sair para que pudesse experimentar todos e cada um de sua nova
coleção. Pânico a dominava, e angústia derramava dela em ondas.

Ela experimentou o medo antes, mas isto era mais profundo do que medo.
Isto era puro terror. Do tipo que fazia seu coração bater contra suas costelas e seu
sangue virar gelo.

— Está gostando de seus novos alojamentos, bichinho?


Ela tentou esconder o alarme com a voz do Balladyn soando tão perto. Ele se
aproximou dela sem que tivesse notado. Isto não pressagiava nada de bom.

Nem um pouco.

— Se você quer me torturar, então o que você está esperando? — Ela


provocou esperando demonstrar mais firmeza do que sentia.

Sua risada enviou um frio sinistro por sua espinha. — Eu farei isso. Devo-lhe
uma, depois de tudo.

— Deve-me uma? — Ela não podia acreditar que ele a culpava por ter se
tornando um Escuro. Ela não foi a pessoa que o empurrou para o limite.

— Oh, sim— disse ele, sem se preocupar em esconder a sua satisfação. — Eu


esperei anos por isto. Anos pensando no que eu faria com você se a tivesse ao meu
alcance. Eu não achava que teria a chance, não quando ouvi que estava na Guarda
da Rainha. Eu deveria saber. Você nunca fez o que era esperado de você.

— O que você esperava de mim? — Ela odiou que a pergunta saísse de seus
lábios antes que ela percebesse.

— Você me abandonou!

As paredes vibraram com sua fúria. Ela encolheu-se, desprezando-se ainda


mais por causa disso.

Ela podia ouvir sua respiração dura por toda a sua volta, tornando-se
impossível identificar onde ele estava. Ele era Escuro. A escuridão era parte dele,
o que lhe permitia usá-lo a seu favor, bem como ver nela.
— Eu vi você cair. — Sua voz tremeu, e ela limpou a garganta, esperando
afastar seu medo para baixo. — Tentei chegar até você, mas fui detida. Foi quando
eles me disseram que você estava morto.

— E você não verificou?

Sua raiva desapareceu. Foi substituída com fria indiferença. Rhi não sabia o
que incomodava mais. Se era a falta do Fae da Luz, que cuidou dela, confortou-a
após a morte de seu irmão.

Se era a bondade e riso que sempre foram traços de Balladyn.

Se era o Fae que montava guarda fora de seu quarto quando ela perdeu seu
amante Rei Dragão.

Ela se deslocou, os sons de suas correntes soando alto no silêncio. — Nós


estávamos no meio de uma guerra. Quando a batalha terminou voltei para você,
mas seu corpo tinha desaparecido. Por um tempo eu achei que você poderia estar
vivo e ferido. Eu procurei em todos os lugares.

— Não em todo lugar.

Rhi fechou os olhos. — Nunca me passou pela mente que os Escuros tinham
você.

— Mesmo se o fizesse ninguém nunca iria resgatar a Luz.

Suas palavras a golpearam duas vezes, porque ele a lembrou que estava bem e
verdadeiramente sozinha. Nenhum Fae da Luz ousaria se aventurar em território
dos Escuros.
— Então, como vingança você vai me transformar numa Escura? —
Perguntou ela.

Sua resposta foi uma risada tão gelada como a mais baixa temperatura. — Oh,
eu tenho outra coisa em mente. Talvez daqui a alguns séculos você se torne Escura.
Até lá, eu pretendo ter a minha diversão.

— E como você vai fazer isso?

O estranho silêncio que seguiu só aumentou seus nervos já desgastados.

— Balladyn?

Mais uma vez não houve resposta. Ele a deixou com seus próprios
pensamentos, permitindo que sua imaginação a fizesse pensar nas maneiras que
ele poderia machucá-la. E havia muitas.

Isso por si só a fez querer gritar.

Ao deixá-la sozinha, no escuro, ele estava fazendo-a suportar a tortura mais


cruel de todas.

Tristan e os outros desembarcaram no campo que viu a sua primeira batalha


com os escuros há sete mil anos. Não gostava de estar de volta a Irlanda. Podia ser
um belo país, mas não superava a robustez selvagem da Escócia.
Ele voltou à forma humana e, lentamente, examinou a área. Ele não podia ver
quaisquer das entradas criadas pelos Fae, nem viu qualquer um dos Escuros.

— Eles estão aqui— Phelan sussurrou.

Con era alto, a sua nudez não o incomodava. — Onde?

— Difícil de dizer onde exatamente.

Urgência dominou Tristan. — Você vê uma porta?

— Eu vejo seis. — Phelan voltou seu olhar para Tristan. — Cada uma delas
poderia nos levar aos túneis que estivemos na última vez.

— Ou em qualquer outro lugar— Tristan terminou.

Rhys estreitou os olhos. — Eles estão nos esperando.

Tristan olhou de Con para Rhys e para Laith. Os Escuros os queriam. Se os


outros permanecessem haveria uma chance dos Escuros terem sorte e pegarem
um segundo rei.

— Subam para o céu— Tristan disse a eles. — Quanto mais longe vocês
estiverem daqui, será menos provável que possam ser capturados.

Laith bufou alto. — Eu gostaria de vê-los tentar pegar um de nós.

Tristan não se preocupou em dizer-lhes que pretendia entregar-se aos


Escuros. Ele poderia sobreviver com eles. Sammi não podia. E Jane nunca o
perdoaria se Sammi não fosse resgatada.

Rhys deu uma violenta sacudida de cabeça. — Você não está falando sério!
Tristan não fingiu não saber o que ele queria dizer. — Não existe outra
maneira de encontrar Sammi. Tivemos Rhi da última vez. Foi só por causa de Rhi
que encontramos Kellan e Denae. Olhe ao seu redor. — Ele disse e abriu os
braços. — Não há Rhi. Nós teríamos que adivinhar qual porta entrar e isso poderia
nos levar a lugar nenhum. Poderíamos ficar presos por semanas, meses. Você sabe
o que vai acontecer com Sammi nesse tempo?

Rhys virou-se e olhou para longe. Laith continuou balançando a cabeça. O


único rei que encontrou seu olhar foi Con.

— Ela significa tanto para você? — Con perguntou.

Ela era tudo. Tristan desejava que ele soubesse o quão longe Sammi se
infiltrou em sua mente e sua alma. Ele teve uma ideia do tanto quando a viu com
Ian. A reação dele era um sinal, e mesmo assim ele estava tentando ignorá-la.

Se ao menos ele tivesse percebido o quanto se importava com ela, então ele a
teria protegido mais. A única maneira que poderia compensar o que fez era resgatá-
la dos Escuros.

— Ela significa tudo. — Ele respondeu.

As narinas de Con queimaram quando ele deu uma respiração profunda e


liberou lentamente. — Eu vou com você. Eles provavelmente virão atrás de mim
e lhe dará tempo para encontrar Sammi.

— Você está louco? — Laith perguntou com raiva.

Um dos lados da boca de Con torceu em um sorriso. — É bem possível.

— Não. Os reis precisam de você. Dreagan precisa de você. — disse Tristan.


Con deu-lhe um olhar divertido. — Cada rei toma suas próprias decisões. Eu
tomei a minha.

— Vou entrar com Tristan também. — disse Ian. — Eu não vim até aqui para
ficar à margem.

Tristan concordou. — Eu estava esperando que você fosse dizer isso.

— Conte conosco. — disse Charon apontando para ele e Phelan.

Phelan riu e olhou para algo à sua esquerda. — Pelo menos sabemos o que
está nesses túneis malditos neste momento.

— Será que Taraeth não mudou? — Perguntou Tristan.

O sorriso de Con tornou-se frio e calculista. — Taraeth só iria mover seu


palácio se ele fosse completamente destruído. A batalha foi aqui da última vez.

— Espere. — Charon disse, com a testa franzida em uma carranca. — Eu


pensei que o composto de Taraeth ficasse neste reino.

— Fica. — disse Con. — Apenas escondido. A terra fornece seres humanos


para os Escuros desfrutarem, mas o domínio não lhes dá tudo o que precisam. —
Ele fez um gesto em torno dele com um movimento de seu braço. — Então
Taraeth encontrou um lugar que ele gosta, cobriu com sua magia para que ninguém
veja, e, em seguida, abre portas entre reinos até que parte do mundo Fae é visível
debaixo da sua casa grande. Dá-lhe um lugar de poder, ou assim ele pensa.

Ian esfregou a testa, pensativo. — Quando passarmos por uma dessas portas,
poderíamos estar no reino Fae?
— Potencialmente. — disse Rhys.

Laith virou as costas para eles. — Eu acho que cada Rei deve entrar por uma
porta até encontrar o que queremos.

— Muito arriscado. — disse Tristan. Ele rapidamente olhou para Phelan. —


Lembra-se da porta que Rhi fez?

Phelan apertou os olhos. — Eu poderia ser capaz de encontrá-la.

— Boa. Procure por ela. — Tristan então olhou para Laith e Rhys. — Nós
vamos ter que trabalhar duro para sair dos túneis desta vez. Os Escuros tentarão
de tudo para nos impedir. Vocês dois vão ser a nossa cobertura, uma vez que
estejamos fora.

Rhys deu um soco forte no seu ombro. — E é melhor você sair junto com
Sammi. Não nos faça voltar lá para pegar você.

Ele sorriu e os deixou pensar que ele concordava. Tristan sabia quão duro eles
trabalharam, e a sorte que tiveram quando libertaram Kellan e Denae dos Escuros.

Os Escuros os seguiram para fora da porta, e foi somente com a ajuda dos
Reis que ganharam a batalha.

Desta vez, os Escuros estariam preparados. Desta vez, eles esperavam por ele.
E desta vez não haveria uma saída. Tristan aceitou isso. Ele só esperava que os
outros ficassem bem.

— Eu não acho que posso deixá-lo lá dentro. — Ian sussurrou enquanto


observavam Rhys e Laith mudarem em forma de dragão e se elevarem para o céu.
Tristan baixou o olhar. — Você vai ter que deixar. Assim como você vai ter
que convencer os outros a não voltar por mim.

— Eu te perdi uma vez antes. Agora você está me pedindo para deixá-lo ir
novamente depois de eu apenas te encontrar? Você é meu irmão seja você um
guerreiro ou um Rei Dragão.

Ele enfrentou Ian e sorriu severamente. — Eu não tenho uma escolha neste
momento. Sammi precisa de mim.

— Isso é amor?

— Eu não sei. Talvez. Penso nela constantemente, e eu não posso ficar longe
dela. Eu imploro por seu toque e seus beijos, como se não houvesse amanhã.

Ian sorriu com tristeza. — Eu acredito que você se apaixonou pela bela
Samantha. Você nunca olhou para uma mulher como você olha para ela.

— Eu nunca... tive alguém? — Ele tinha medo de perguntar, com medo de


que ele tivesse deixado para trás alguém importante.

— Nunca. Havia mulheres, mas nenhuma que conseguiu sua atenção ou seu
afeto. O mesmo não pode ser dito a respeito de Sammi.

— Como você sabia que amava Dani?

Ian sorriu à menção de sua esposa. — Quando percebi que a ideia de viver a
vida sem ela tornava tudo sem sentido. Não faça como eu fiz, combater o que há
entre você e Sammi. Tome posse dela e a ame, irmão.

— Mesmo eu não sabendo por que fui transformado em um rei?


— Mesmo assim. O amor não pode ser entendido. A você foi dada uma
segunda chance de voltar. Será que você realmente vai jogar fora sua chance com
Sammi se afastando para se entregar aos Escuros?

Tristan não queria. Ele queria desfrutar a vida com Sammi.

— Entenda. — Con disse calmamente enquanto ele estava ao lado de Phelan


e Charon. — Os Escuros estão esperando. Eles não tem planos de fazer qualquer
tipo de troca. — Ele virou a cabeça e olhou para Tristan. — Se nós estamos
querendo ganhar este dia, precisamos de um plano ou nunca vamos vê-los
chegando.
Sammi odiava a sensação de estar vestindo jeans molhado. Era tão nojento
como a lama escorregando através de seus dedos do pé. Ela estremeceu só de
pensar nisso.

Era difícil não pensar em coisas infelizes quando ela se sentia tão sombria.
Jeans molhado, camisa úmida e o cabelo, juntamente com a temperatura gelada era
suficiente para colocar um santo de mau humor.

E ela estava longe de ser uma santa.

Pelo menos seus pensamentos estavam ocupados com os Fae Escuros. Eles
eram muito aterrorizantes com certeza. Ela inclinou a cabeça para trás contra a
parede de pedra, odiando ser tão impotente. Mas o que poderia uma mortal fazer
contra a magia dos Fae?

Sammi se levantou e espreguiçou. Ela gemeu quando seu jeans ficou preso à
sua perna. — Eca. — Ela murmurou e se obrigou a andar pela sala retangular.

Se ao menos ela tivesse magia para lançar sobre os Fae Escuros ela não se
sentiria tão impotente. Como estava, ela se sentia como uma prisioneira no
corredor da morte à espera de ser executada.

Ela rezou para que Tristan viesse por ela, ao mesmo tempo esperava que ele
não o fizesse. Não haveria nada de bom se os Escuros tivessem um Rei Dragão.
Nem podia imaginar Tristan trancado como ela.
Ele ansiaria em ver o céu e doeria por alçar voo. Ele era um espécime glorioso
em forma humana com suas feições esculpidas, músculos rígidos, e a tatuagem em
seu peito.

Mas, como um dragão, suas escamas âmbar brilhando à luz do sol, ele era
magnífico. Ele deslizava sem esforço sobre o vento, suas asas enormes se
espalhando largamente enquanto se movia entre as montanhas.

Como alguém assim poderia ser mantido no escuro? Como alguém assim
sobreviveria com os Escuros?

Tristan era imortal, mas isso não significava que não seria afetado de alguma
forma, de alguma maneira. Esse pensamento a gelou. Sua obrigação iria enviá-lo,
e ele seria preso neste lugar maldito.

— Você o ama?

Sammi gritou virando para encontrar Balladyn inclinado num ombro


casualmente contra a parede enquanto a observava. Mais uma vez ele veio sobre
ela sem que percebesse. Como ela desprezava isso. — O que?

— Tristan? Você o ama?

— Você quer que eu diga sim para que você possa usá-lo contra mim? — Ela
revirou os olhos. — Por favor. Eu não sou tão inocente.

Seu sorriso não alcançou seus olhos vermelhos. Ele mudou para tudo preto,
um jeans preto, botas pretas e uma camiseta de manga comprida preta. Seu cabelo
estava puxado para fora de seu rosto e preso na parte de trás de sua cabeça,
pendurado em suas costas em uma cascata preta e prata.
— Para alguém que quer destruir meu mundo, você com certeza gosta de
nossa moda. — Ressaltou. — Essas botas são Bed Stu35?

— Responda-me, mortal.

Sua voz era tão dura como granito, tão implacável quanto o ártico. Sammi
estava petrificada diante dele. Seu primeiro instinto foi se esconder e lhe dizer tudo
o que quisesse. Era também seu plano para fazê-los pensar que ela estava com
medo.

Fácil, já que ambos estavam de mãos dadas.

— Seu poder me atraiu. — disse ela, esperando que Balladyn comprasse a


mentira. Embora não fosse uma mentira completa. Havia algo fascinante sobre os
reis, mas em Tristan era mais do que qualquer outro.

Balladyn estreitou os olhos nela. — Não é sábio mentir para mim.

— Eu não o amo — ela deixou escapar. Lágrimas ardiam em seus olhos


quando a verdade de sua vida voltou e deu-lhe um tapa no rosto.

Ela não amava. Ninguém. Ela não tinha nem mesmo deixado Jane chegar tão
perto quanto Jane pensou que estava. Sammi recebeu suas ligações e textos e
trocaram e-mails, mas cada vez que Jane queria visitá-la, Sammi sempre tinha uma
desculpa. Mesmo quando Jane tentou vê-la.

35 Ela esta se referindo a marca da bota.


Sammi poderia mantê-la a distância usando a eletrônica. Era mais difícil
quando alguém estava diante de você. Tristan mostrou isso a ela. Ela fez de tudo
para mantê-lo afastado.

E falhou.

Se o Fae percebesse que ela estava apaixonada pelo Rei Dragão, eles iriam usar
isto contra ela e Tristan. Ela era fraca como mortal contra os Escuros, mas ela
poderia fazer sua parte para fazê-los pensar que não era nada mais do que um rei
protegendo um ser humano.

— Você passou a noite em sua cama. — disse Balladyn, interrompendo seus


pensamentos.

Sammi colocou os braços ao redor de si para ajudar a mantê-la aquecida. —


Foi uma noite. Isso não significou nada.

— Para ele significou.

— Não para mim. Além disso, se ele se importasse comigo, teria me colocado
em perigo voltando para a casa de campo? Será que um Rei Dragão que ama um
mortal a deixaria ficar em qualquer lugar perto de um ataque em potencial?

Ela interiormente sorriu quando viu a carranca de Balladyn e hesitou antes de


falar. Ela colocou a dúvida em sua cabeça.

O que era pior, ela estava pensando o quanto de suas palavras eram realmente
verdadeiras. Ela poderia amar Tristan, mas ele não retribuía os sentimentos dela.

O vazio dentro dela surgiu como um buraco negro que ameaçava engoli-la.
Esse mesmo buraco quase a levou quando sua mãe morreu.
Desta vez, ela não seria capaz de superar isso.

Esta desolação, o vazio... Essa tristeza era o motivo que procurou ter a certeza
de nunca ser próxima de ninguém. A dor era muito intensa para suportar.

— Você vê que estou certa — disse ela enquanto seu coração se desintegrou
em mil pedaços.

— No entanto, você espera que ele venha.

Não era uma pergunta. Sammi inclinou a cabeça para o lado. — O principal
objetivo dos Reis Dragões é proteger os seres humanos. Não é por isso que houve
a Guerra Fae? Ele vai fazer o seu dever como um rei. Nada mais.

— Você está mentindo.

— Você sabe que eu não estou.

Balladyn afastou-se da parede e, gradualmente, foi até ela, olhando para ela o
tempo todo. — Suas palavras fazem sentido, mas eu vi a maneira como ele olhou
para você quando Taraeth te levou.

— Eu sou a irmã de Jane. Banan pediu a Tristan para cuidar de mim. Eu não
significo nada mais do que uma obrigação, um dever.

— Isto é o que você diz. — disse ele.

Ele continuou andando em volta dela, fazendo Sammi virar para mantê-lo à
vista. — Por que eu teria necessidade de mentir?

— Porque você o ama?


Ela forçou um riso que não sentia. — Oh, como você está errado. Tristan não
é nada para mim. Ele foi alguém que levei para cama, porque eu gostei da aparência
dele.

— Você poderia estar mentindo.

— Eu poderia estar, mas eu quero ir para casa. Você me assusta. Este lugar
me assusta. Minha conexão com Jane e Dreagan é o que me colocou aqui. Que
lealdade aos reis eu tenho? Nenhuma.

Balladyn deu um passo em direção a ela, trazendo seu corpo tão perto que ela
podia sentir o calor dele. — Kellan foi rápido em negar seus sentimentos por
Denae, e ainda assim eles eram companheiros.

— Eu não sou Denae, e Tristan não é Kellan. — Ela estava ficando sem
argumentos. Se ao menos ele acreditasse nela e se afastasse. Ela precisava ficar
sozinha com seu sofrimento.

— Talvez.

Sammi olhou para o teto antes dela encontrar seu olhar vermelho. — Veja.
Eu não sei como tornar isso mais claro. O que você quer de mim?

Antes que ela pudesse adivinhar suas intenções, sua mão serpenteou para fora
e agarrou a parte de trás de sua cabeça, enquanto seus lábios desciam sobre os
dela.

O beijo não era horrível, mas não fez seu sangue queimar ou sua pele formigar
ou a fez desejar retirar suas roupas e enrolar as pernas em torno dele como ela
desejou quando Tristan a beijou.
Balladyn terminou o beijo rapidamente e olhou para ela. — Você é uma
mulher fria. Se Taraeth não descongelar o seu corpo, eu vou ter a minha chance.

Sammi estava tão chocada que ela só podia olhar para ele. — Eu nunca mais
vou ver minha casa de novo, vou?

— Nunca. Não é tão ruim aqui em baixo. Você vai se acostumar com isso em
breve. Todos os outros acabam fazendo.

Ela virou as costas para a parede e tentou controlar sua respiração para não
hiperventilar. Isso não poderia estar acontecendo. Ela não queria que eles a
tocassem ou beijassem, mas Balladyn fez soar como se ela não tivesse escolha.

— Tudo isso porque eu sabia sobre os reis? — Ela perguntou em uma última
tentativa desesperada na esperança de que a deixassem ir.

Ele puxou seu cabelo. — Isso é parte disso. Depois, há o fato de que você se
afastou de mim quando colidimos um com o outro.

Ela ficou horrorizada. — De todas as coisas vaidosas. Vocês realmente


esperam que as mulheres caiam aos seus pés?

— Elas sempre o fazem. Sou Fae. É o que fazemos.

— Eu não me importo com ninguém, e eu não te amo. Eu sou fria, como


você colocou. Aí está sua resposta. Alguns seres humanos estão destinados a
passarem a vida sozinhos. Eu sou uma dessas.

Ele correu um dedo com ternura ao longo de sua mandíbula. — Veremos.


Taraeth irá mantê-la por algum tempo até que se canse de você. Se você quiser
sobreviver a ele, eu sugiro que você não o irrite.
Seus lábios se separaram para responder, mas ele desapareceu. Ela levantou
as mãos e correu através do quarto para a parede oposta e bateu as mãos contra
as pedras novamente e novamente.

— Eu não pertenço aos Reis! Eu não me importo com qualquer um deles!

Tristan estava bem atrás de Phelan quando entraram pela porta e encontrou-
se nos túneis. Ian, Charon, e Con os seguindo.

Eles deram apenas alguns passos quando a voz de Sammi, gritando que ela
não fazia pertencia aos Reis ecoou ao longo das paredes dos túneis.

Os Escuros sabiam que eles estavam lá, e eles queriam que ele ouvisse. Suas
palavras o atormentavam, mas neste momento, Tristan não iria considerar nada
contra ela.

Medo provavelmente a estava dirigindo, e ninguém deixaria de dizer o que


fosse necessário para tentar se libertar. Sammi ainda tinha que perceber que a
Escuridão jamais, voluntariamente, deixaria alguém sair.

— Ela parece cansada. — Ian sussurrou.

Tristan se agachou ao lado da parede. Mais uma vez estava escuro como breu,
mas nem os guerreiros nem os Reis tinham problemas para ver no escuro. — Ela
está apavorada.

— Você acha que Rhi está sendo mantida aqui também? — Perguntou Phelan.
Tristan não tinha resposta. Foi Rhi que encontrou Phelan antes que ele
soubesse que ele era parte Fae. Uma forte amizade se desenvolveu, e Tristan estava
contente de ver que alguém estava preocupado com ela.

Ele também estaria se não fosse por Sammi. Por mais que ele quisesse
encontrar Rhi, ele tinha que chegar a Sammi em primeiro lugar.

— Não há nenhuma maneira de saber. — Con respondeu.

Charon olhou para baixo do túnel onde se dividia em três. — Nós vamos
cobrir mais teremos que nos dividir.

— Concordo— Phelan apressou-se a dizer.

Ian cutucou Tristan. — Vamos percorrer o lado esquerdo.

Phelan e Charon trocaram sorrisos. Foi Charon, quem disse: — Nós vamos
tomar o do meio.

— Vou pegar o da direita. — Con disse com um aceno de cabeça. — Eu


posso me comunicar com Tristan, e ele comigo, mas não há nenhuma maneira de
podemos deixar Phelan e Charon saberem quando for hora de saírem.

Tristan olhou para Phelan. — Con está certo. Nós temos que ter alguma
forma de comunicação.

— Use magia. — disse Phelan.

Charon concordou com a cabeça. — Sim. Aqui em baixo nesta sujeira, nos
vamos sentir a diferença o suficiente para saber que é um de vocês.
Com um aceno de cabeça, Con levantou-se e correu para o túnel
desaparecendo na bifurcação que se ramificava para a direita.

Juntos, os quatro se aproximaram das outras duas entradas. Houve um olhar


silencioso trocado entre eles antes de Charon estender o braço. — Quero ir seja
por Duncan ou Tristan, e independentemente de você ser um guerreiro ou um Rei
Dragão, é um prazer lutar ao seu lado novamente.

Tristan apertou primeiro Charon, e em seguida o antebraço de Phelan antes


deles se dividirem em pares e seguirem caminhos separados.

Sammi e os Escuros os esperavam.


Tristan e Ian caminharam em silêncio através do túnel. Em vez de estar
infestado com os animais grotescos que ele e Phelan lutaram pela primeira vez,
não havia nada.

Os Escuros prepararam o cenário para ter certeza. A voz de advertência em


sua mente o levou a parar e ouvir. Silêncio. Absoluto, puro silêncio.

Da última vez não havia barulho nos túneis, mas não havia essa quietude tão
sobrenatural e silenciosa como agora. Isto o colocou no extremo, e ele não era o
único. Um olhar para Ian mostrou que ele também estava nervoso.

— Algo não está certo. — disse Ian em um tom abafado.

Tristan olhou em volta e assentiu. — Eles sabem que um rei está aqui. — Mas
eu penso que não perceberam que você é um guerreiro e não podem sentir a sua
magia.

— O que você está pensando? — Perguntou Ian com um sorriso malicioso.

Parecia como se ele e Ian tivessem estado sempre juntos. Não era apenas
porque Ian parecia exatamente como ele, era mais profundo do que isso, era um
sentimento como se ele fosse uma parte de Ian, e Ian uma parte dele.

Não houve mais memórias, e talvez isso fosse uma coisa boa. Elas tendiam a
fazê-lo tentar juntar o que aconteceu antes ou depois da memória.
Tristan apontou para baixo no túnel. — Eu estou indo na frente. Fique atrás
de mim de alguma maneira. Deixe-os pensar que estou sozinho.

— Eu posso ficar fora de vista, com certeza, mas não gosto da parte de você
ir sozinho.

— Não há outra opção. — Tristan suspirou e olhou para suas mãos, mãos da
onde brotavam garras com pele que se tornava azul pálido. — Use o seu poder
como um guerreiro quando chegar a hora.

— E quando vai ser?

— Quando eles se recusarem a liberar Sammi.

Os lábios de Ian se comprimiram — Eu não posso convencer você a não se


entregar, não é?

— Não há nenhuma outra maneira. Eu não estou me entregando


voluntariamente para eles. Eu vou lutar, mas no final, é sobre Sammi. Prometa-me
que você vai tirá-la daqui.

Houve uma pausa antes de Ian assentir. — Não me faça voltar para você,
irmão.

Irmão. Tristan sentiu algo quente dentro dele se expandir como se acabasse
de ficar vivo. Ele já não era apenas humano. Ele era um dragão em primeiro lugar.
Ele era parte de algo grande e poderoso, algo importante.

No entanto, uma parte dele seria sempre um guerreiro, um homem que tinha
um irmão gêmeo que podia ler seus pensamentos e conhecia cada ação sua.
Era emocionante saber que ele sempre teria Ian. Ele não era apenas parte de
Dreagan, ele tinha suas raízes no Castelo MacLeod também.

Os reis Dragões e guerreiros tornaram-se fortes aliados. Sua ligação apenas


reforçou o que já estava lá. Ele não quis dar valor a tudo o que tinha até ser
enclausurado em uma prisão pelos Escuros, mas ele não via uma saída.

Não só os Escuros esperavam por ele, mas estavam em seu território. Eles
superavam os Reis cinquenta para um. Era ruim o suficiente Tristan estar se
entregando aos bastardos. Não era necessário que nenhum outro Rei fosse
capturado também.

Ele começou a se afastar quando Ian arrastou-o para trás e envolveu-o em um


abraço apertado. Por um segundo Tristan não podia se mover. Em seguida, ele
retornou o abraço.

— Acabe com eles. — Ian disse quando ele o soltou.

A garganta de Tristan estava apertada por causa da profundidade de sua


emoção. Ele não poderia falar, então ele tentou sorrir e saiu correndo.

Cada pequeno som fazia Sammi saltar. Ela não podia descansar, não podia
impedir seu coração de disparar repetidas vezes.
Era como estar em uma dessas casas assombradas no Halloween, mas não
conseguia encontrar a saída. Sua mente estava se perdendo. Ela se concentraria em
pensar em Jane e reviver suas conversas.

Em seguida, havia Tristan. Ela podia jurar que ele estava atrás dela enquanto
ela se sentava no chão, um ombro encostado na parede.

Ela sentiu seu calor, o cheiro do vento e do poder que era claramente dele.
Ele até tocou nela, puxando-a contra seu peito e abraçando-a.

Mas quando ela virou a cabeça para olhar, ela estava completamente sozinha.

Horas mais tarde, ou o que pareceram horas, mas poderiam ter sido minutos,
ela fechou os olhos e descansou. Tudo o que a sua mente podia evocar era Tristan
e sua fumegante, noite cheia de paixão e de amor.

Seus beijos a deixou cambaleante.

Seu corpo era uma obra de arte.

Suas mãos a acariciaram, brincando com ela até que ela se contorceu de
necessidade.

Então, ele uniu seus corpos. Foi um daqueles momentos perfeitos, como se
tudo no mundo estivesse perfeito apenas para eles.

Foi especial, excepcional.

Extraordinário.

E, como uma tola, ela fugiu dele. Se ao menos ela tivesse corrido para ele, para
a segurança que seus braços forneciam.
Se apenas…

Estas seriam as palavras que ficariam gravadas em sua lápide. Ela foi distante
e fria com qualquer um que pudesse significar alguma coisa para ela só porque não
podia lidar com a dor quando essa pessoa partia.

Quantos relacionamentos ela deixou escapar que poderiam ter adoçado sua
vida? Mesmo que apenas por algumas semanas? Quantas amizades ela deixou
desaparecer que poderiam ter estado lá para ela?

Jane nunca saberia o quanto Sammi precisava dela como uma irmã e uma
amiga. Sammi foi egoísta e cruel durante a sua última conversa.

Agora Jane pensava que Sammi não a amava. Sua própria irmã? Como Sammi
poderia ter afastado Jane durante tantos meses? Jane, sua alma doce, nunca desistiu
dela.

Sammi a recompensou dizendo algumas coisas desagradáveis e fugindo das


únicas pessoas que poderiam tê-la mantido a salvo. Se tivesse permanecido na
montanha, ela poderia não ter sido levada pelo Escuro e não estaria agora se
perguntando se este seria o lugar em que morreria.

Era um pensamento preocupante, especialmente quando queria dizer a Jane


que sentia muito e que ela era uma péssima irmã. Nunca conseguiria dizer isso para
Jane.

Pior, Sammi nunca mais seria capaz de segurar Tristan, beijar seus lábios e cair
sob seu feitiço. Ela não poderia dizer-lhe que de alguma forma ele quebrou suas
defesas a fazendo sentir novamente.
Ele a fez amar novamente.

Amor. Essa palavra era assustadora e... Estimulante. Era libertador e


maravilhoso.

Ele deu-lhe força e esperança.

Era um amor que nunca experimentaria, um amor que ela nunca conheceria.

Sammi abriu os olhos. Ela não estava mais na sala mal iluminada. Ela estava
ao lado da montanha no meio de um campo de urzes. Acima dela, ouviu um
assobio, olhou para cima e viu Tristan voando, sua grande forma de dragão
bloqueando o sol quando ele circulou em cima dela.

Ela riu e se levantou. Seu dragão de olhos verde maçã a observava


expressivamente. Havia amor brilhando lá, assim como felicidade.

Ele caiu, mudando para a forma humana enquanto o fazia. Sammi bebeu da
visão de seu corpo glorioso, músculos tensos, e a tatuagem de dragão preto e
vermelho cobrindo seu peito.

Ela correu para ele, não sendo capaz de esperar, ele riu quando facilmente a
pegou contra ele e beijou, com urgência.

Com seus braços apertados firmemente em torno dela, ele a deitou na grama
e rasgou seu vestido fora.

— Minha — ele sussurrou enquanto amorosamente olhava para ela.

— Sua. Sempre.
Sammi o puxou para outro beijo, e assim que seus lábios se encontraram, ele
desapareceu do nada. A luz do sol, as urzes e as montanhas desapareceram no
quarto úmido.

Era demais para ela. Ela gritou, pulando para bater as mãos contra as paredes,
sem perceber quando seus ossos quebraram ou quando o sangue derramou por
ela.

Kiril finalizou o seu quinto copo de uísque e empurrou-o para longe. Ele não
teve uma atualização de nenhum dos Reis desde que desembarcou na Irlanda, e ele
estava ficando nervoso.

— Outro? — Perguntou Farrell.

Kiril levantou a mão, palma para fora e olhou para o balcão para a morena
bonita que ele falou mais cedo. — Eu vou ter de passar esta noite.

— Você não está pensando em sair? — O Escuro perguntou com um sorriso.


— Você vai perder uma grande festa aqui em poucas horas.

Kiril soube então que Farrell percebeu que ele era um Rei Dragão. O que Kiril
não sabia era se Farrell sabia que ele descobriu. De qualquer maneira, Kiril teria
que ser extremamente cuidadoso em tudo o que ele dissesse e fizesse.

Ele saiu da cabine e ficou de pé. — Tanto quanto eu odeio perder, eu vou
estar ocupado de outra forma.
Farrell também se levantou. — Confie em mim, esta festa vai ser melhor do
que qualquer coisa que você poderia estar fazendo.

Assim como eles planejaram anteriormente, a morena passou e colocou os


braços ao redor dele. — Eu estava ficando solitária. — Disse ela, olhando para ele.

Kiril deu um beijo quente, demorando-se em seus lábios. — Eu disse que não
vou sair sem você, moça.

— Quer dizer que você estava sentado comigo enquanto está coisa linda
estava à espera? — Perguntou o Escuro com uma piscadela para a morena.

Kiril abraçou a mulher mais apertado quando a sentiu começar a balançar para
Farrell. — Eu estava esperando ela me encontrar aqui. Quando ela nos viu
conversando, optou por esperar por mim. — Farrell assobiou. — Surpreendente.
Eu não queria mantê-lo afastado de sua noite.

Kiril vagarosamente saiu do pub e colocou a morena em seu carro. Ele teria
que levá-la de volta à sua casa desde que o Escuro estava observando-o.

Calejado como era, Kiril não queria saber o nome da mulher. Ele com certeza
sempre teve uma mulher diferente em seus braços para que o Escuro não tentasse
atingir qualquer uma que ficasse mais tempo com ele.

Era a única maneira de manter as fêmeas seguras e continuar com o seu


disfarce.

— Eu aconselho a não voltar para este pub novamente. — disse para a


morena quando ele foi embora.
Kiril olhou pelo retrovisor e viu Farrell em pé na porta do pub observando.
Seu próximo passo seria se afastar de seu novo amigo.

Ele odiava lidar com os Escuros, mas valia a pena se pudesse ajudar a acabar
com o que quer que seja que os escuros estavam tentando aprontar.

— Eu gosto desse pub. — disse a mulher de mau humor. — Os homens


nunca me deixam sentada por muito tempo sem uma bebida.

Kiril acelerou o Mercedes SLS AMG mais rápido na estrada estreita. — Você
quer ter uma vida longa com a possibilidade de um marido e filhos?

— Sim. Algum dia.

Ele tinha dificuldade em acreditar que os moradores de Cork realmente


desconheciam os Escuros. Ou será que as pessoas gostavam dos Fae Escuros e de
seus encantos?

— Você não terá nada disso se retornar ao pub Doras.

Ele entrou em seu caminho de acesso e, lentamente, dirigiu pela trilha forrada
de cascalho até que ele parou na frente. Kiril desligou o motor e olhou para a
mulher bonita.

Não haveria como ajudar seus irmãos, não desta vez. Seu trabalho aqui estava
ficando muito perigoso. Tudo que Kiril podia fazer era esperar que o informassem
enquanto ele continuava sua espionagem.

Se ele não encontrasse alguma maneira de manter sua mente fora do que
estava acontecendo, ele poderia perder alguma informação para deixar os Escuros
de fora. Muito estava em jogo para fazer algo imprudente.
— Eu estou faminta — disse a mulher.

Sua carranca desapareceu, substituída por um sorriso. — Estou com muita


fome também. Você tem qualquer queijo?

— Eu não estou falando sobre esse tipo de fome.

Seu sorriso se alargou. — O que estamos fazendo em seu carro, então?


Rhi podia sentir sua essência desaparecendo. Fae da Luz eram criaturas de
felicidade e prazer. Assim como o Escuro poderia sobreviver à luz, a Luz poderia
sobreviver no escuro.

Exceto que isso não era qualquer escuro. O local era preenchido com o mal,
sujeito a dor e sofrimento até que as paredes sangravam com o mal.

Em qualquer outro caso, ela poderia suportar a forma como a fortaleza a


afetava. Desta vez era diferente. Desta vez Balladyn colocou as Correntes de
Mordare sobre ela.

Elas supostamente foram perdidas durante as guerras Fae.

Assim como Balladyn deveria estar morto.

Quantas outras mentiras disseram a ela? Não que ela fosse ter a chance de
dizer o que pensava sobre estar sendo enganada. Ela certamente ia sofrer até que
morresse, virasse Escura, ou até o fim dos tempos.

Rhi pensou sobre o que Balladyn disse a ela. Ele a culpava por se tornar
Escuro. Talvez ela devesse ter ido a fortaleza de Taraeth e procurado por ele, mas
nunca passou por sua mente que Taraeth buscaria ativamente Balladyn.

O ex-mentor e amigo não era mais o mesmo. A mente de Balladyn foi torcida
em algo que ela não mais reconhecia. Seu rosto podia parecer o mesmo, mas por
dentro, ele era um Fae diferente.
Ele estava escuro, o que significava que ele estava perdido para ela.

Ele não foi o primeiro a se perder, seu pai, seu irmão, sua mãe... E o mais
doloroso de tudo... Seu amante entre eles.

Talvez Balladyn estivesse certo e ela fosse a culpada. Ela era o denominador
comum a todos eles. Ela foi a única a ficar de pé, por assim dizer.

O pensamento de se transformar em Escura a assustava. Ela preferia morrer,


deixar de existir a ter seu mundo dilacerado e tornar-se algo mau, algo monstruoso.

Um ruído alto quebrou o silêncio, anunciando a abordagem de Balladyn. Rhi


manteve a cabeça virada para longe da porta. Ela não podia olhar para ele mais.

— Você está enfraquecida. — disse ele friamente. — E imunda. Você sempre


esteve tão bem preparada e maquiada, um animal de estimação, tão perfeitamente
constituído. Que pena olhar para você agora.

O peso das Correntes de Mordare puxava os braços para baixo, o que tornava
difícil se mover. As algemas em seus tornozelos eram ainda piores.

— Vai em frente com o que você quer fazer comigo, e cala a boca. — Ela
disse a ele.

Em vez de irritá-lo e forçá-lo a iniciar a tortura como ela esperava, Balladyn


agachou na frente dela. — Você esquece o quão bem eu sei quem você é, Rhi.
Você já viu o que acontece com a luz quando nós os torturamos?

Ela não viu, e ele sabia disso.


Seu sorriso arrogante se tornou maior. — Eu posso cheirar seu medo. A
grande Rhi, capturada por mim. Vou me tornar uma lenda quando eu transformá-
la numa Escura.

— Eu pensei que você queria me punir por deixá-lo. Fazer-me uma Fae
Escura não vai conseguir isso.

— Eu não disse que vou transformá-la em Escura agora. Com o tempo,


lembre-se. Não há necessidade de pressa. Há uma abundância de... Tempo.

Ela olhou para o chão e a poça de água em que ele estava. Durante séculos ela
chorou e lamentou o Fae e o amigo que ele foi.

— Uma vez você foi um herói para a Luz... — Ela sorriu quando o viu
endurecer. — Eu disse a Usaeil que você era um Escuro a última vez que a vi. O
seu nome foi retirado do Hall of Heroes.36

Houve um momento de silêncio. — Como se eu me importasse.

— Eu acho que você ainda se importa. — Ela levantou o olhar para ele. —
Eu me lembro como reverenciavam você, como as fêmeas imploravam por sua
atenção na esperança de terem seu olhar e serem sua companheira. Lembro-me de
quando você foi escolhido para liderar o esquadrão. A rainha gritou elogios a você
para toda a Luz.

— Boa tentativa, bichinho. Você deveria ter permanecido na propriedade de


sua família e se casado com um Fae bonito e tido muitos filhos.

36 Salao dos Herois


— Eu não ia ficar mais sozinha. Recusei-me a ser a Fae que esperava por
notícias de seus entes queridos e amigos da guerra. Eu seria a única a decidir sobre
a minha vida.

Ele bateu nas correntes com um dedo. — E olha o que você conseguiu.
Primeiro você faz o impensável e se misturou com os Reis Dragões. Você
realmente acha que tê-lo como seu amante iria funcionar? Você realmente acha
que ele iria ficar? Com você?

Suas palavras eram como punhais, fatiando seu coração ferido. Ele de todas
as pessoas sabia que ela chorou por seu amante, como ela tentou, em vão, trazê-lo
de volta.

— Você vê? — Perguntou Balladyn. — Todos esses séculos passados e você


ainda chora por ele. Será que ele sabe? Você contou a ele que ainda o ama? Talvez
eu devesse ser o único a dizer-lhe, e depois trazê-lo aqui para que ele possa assistir
você virar Escuro. Aposto que ele não iria mesmo ajudá-la.

— Você precisa de alguém para culpar pelo que você se tornou. Sou um bode
expiatório fácil. Se eu não estivesse lá, você teria encontrado outro para culpar.

Balladyn inclinou-se até que eles estavam nariz com nariz. — Ninguém mais
trocou uma promessa comigo de nunca deixar o outro para trás.

— Olhe para isso. — Ela disse quando levantou a mão para cima com grande
esforço, o braço balançando com o peso das correntes. — Meu polonês37 está
lascado. Que chatice. Vou ter que consertar isto.

37 Esmalte.
Com um grunhido, Balladyn se levantou e se afastou. Ele afastou-se antes que
voltasse para ela, uma vez mais no controle de suas emoções.

— Você quer que a torture, bichinho? Eu farei isso para você.

Rhi viu quando ele abriu os braços e uma nuvem negra, enorme e densa, que
sugou a luz escassa e ondulou na escuridão de suas mãos e se dirigiu direto para
ela. Ela mordeu o interior de sua boca, provando sangue, em seu esforço para
segurar seus gritos.

A nuvem era sufocante, sufocando. Ele bateu contra ela em uma massa
repugnante, sombria. Uma e outra vez ele bateu nela, sem mãos, batendo contra o
seu corpo, até que ela foi atirada contra uma parede e depois outra.

Toda vez que ela tentou apelar para sua magia, as correntes de Mordare
enviaram uma corrente elétrica em linha reta para seu cérebro.

Phelan, juntamente com Charon, se arrastaram lentamente através dos túneis.


Parte do túnel era tão baixo que tiveram que ficar de quatro para passar através
dele, enquanto outras partes eram altas o suficiente para qualquer um dos Reis
ficar de pé em forma de dragão, Phelan concluiu.

Charon bateu-lhe no braço para chamar sua atenção. Phelan olhou para a
abertura estreita no muro. Foi quando ele viu Constantino andando através dos
túneis com confiança, casualmente, como se ele tivesse estado lá muitas vezes
antes.

— Foi coincidência que ele tomou o túnel à direita? — Perguntou Charon.

Phelan observou até que Con estivesse fora de vista. — Ele pode estar
procurando por Rhi.

— Você mesmo me disse que eles se odeiam.

Era verdade. Estaria Con realmente lá para resgatar Rhi? Ou ter certeza que
ela nunca fosse encontrada?

Phelan apertou a mandíbula com força. — Droga.

— Assim que localizar Sammi, vamos começar a busca por Rhi.

— Nós deveríamos ter trazido Broc. — Ele murmurou enquanto ele


continuava andando.

Não importa se Con odiava Rhi ou não, ela não ficaria para trás se Phelan
tivesse algo a dizer sobre isso. Não importa o quanto Con a odiava, Rhi seria salva.

Tristan não se surpreendeu quando virou a esquina e encontrou Balladyn


encostado na parede, girando uma longa folha de grama entre os dentes.
Assim que Balladyn o viu, ele sorriu. — Eu sabia que você viria. Claro, você
levou muito tempo para nos encontrar depois que entrou nos túneis.

— Eu estou aqui agora.

— Está.

— Mostre-me Sammi.

Balladyn riu e se endireitou. — No seu tempo. Eu tenho que admitir, eu estou


surpreso que você está disposto a oferecer-se em troca de um ser humano.

— Isto é, se Sammi estiver realmente aqui.

Ele estendeu a mão sobre o seu coração ironicamente. — Você me feriu, Rei
Dragão.

— E você está testando a minha paciência, Escuro.

— Eu acho que você e eu sabemos que será inútil devolver Samantha para o
seu mundo. Ela foi testada por nos, nunca mais será a mesma.

Tristan sabia que ia ser duro para ele manter seus sentimentos por Sammi
trancados, mas não esperava ser testado tão cedo. O frenesi de fúria que encheu
seu peito para atacar Balladyn era pesado, e levou toda grama de controle que
possuía para manter a calma. — Você não pode manter suas mãos longe dela, não
é?

— Ela tem os lábios mais saborosos— disse Balladyn com um sorriso. —


Diga-me, Dragão, por que você está realmente aqui?
— Ela é minha responsabilidade. Eu não consegui mantê-la fora de seu
alcance.

Balladyn estalou. — Ela é apenas uma mortal. Você está disposto a ser
trancado por nós por causa de um ser humano? Será que Kellan não explicou
adequadamente o que estamos procurando?

Tristan sabia tudo muito bem. Kellan tinha a informação do que os Escuros
queriam, mas os Escuros pensavam que nem todos os Reis sabiam qual era o
segredo que Kellan guardava. Eles logo aprenderiam a verdade.

— Eu vejo que ele contou. — disse Balladyn e jogou de lado a grama. —


Você está preparado para nos dar essa informação?

— Você está preparado para morrer?

— Tanta confiança. Discutir com você será melhor do que com Sammi.

— E Rhi.

O sorriso de Balladyn foi astuto e reservado. Ele virou-se sem responder. —


Vem, Dragão. É hora de você ver Sammi.

Tristan não teve que olhar para trás para saber que Ian estava ali. Na verdade,
ele poderia sentir a exata localização de Ian apoiado em suas mãos e pés contra o
teto do túnel.

Ninguém nunca olhava para cima.

Tristan enviou uma mensagem rápida para Con deixando-o saber que ele
estava com Balladyn e sendo levado para Sammi, mas ele não respondeu.
Considerou que isso podia significar qualquer coisa. Não havia como dizer no que
Con estava envolvido naquele momento.

Ele seguiu Balladyn por uma porta e, em seguida, um labirinto de corredores


e mais uma dúzia de portas. Finalmente Balladyn parou na frente do que parecia
ser uma parede, mas quando Tristan se aproximou, ele podia ver que era na
verdade um espelho.

— Ela não sabe que é um espelho — explicou o Fae escuro. — Para ela, é
simplesmente uma parede.

Tristan sabia que estava prestes a ser posto à prova final. O Escuro queria
saber se ele realmente se importava com Sammi, e se ele mostrasse um pingo de
reação, um deslizamento de indignação, ele e Sammi estariam condenados.

Ele manteve seu olhar sobre Balladyn enquanto o Fae o observava com um
sorriso astuto. — Dê uma olhada. — Ele ordenou.

Com um controle apertado sobre suas emoções, Tristan se virou lentamente


para o espelho. No começo, ele não viu nada, além de um punhado de Fae Escuros
em pé ao redor.

Então ele viu um pé descalço. Foi quando ele percebeu que havia uma mulher
deitada no chão com os Escuros ao seu redor. Dois dos Fae se moveram, dando a
Tristan um vislumbre de um Fae em cima dela, dando prazer a ela.

Sammi.
Era Sammi. Ele reconheceria aquelas ondas cor areia do seu cabelo em
qualquer lugar. Tristan não podia ver seu rosto, mas não precisava. Balladyn não
pegaria outra pessoa, senão a Sammi.

Ela gemeu, as pernas levantando para envolver o Fae escuro enquanto ele a
enchia. Os outros começaram a despir-se rapidamente, enquanto esperavam sua
vez.

— Ao contrário de Denae, Sammi nos deseja. Ela implorou. Repetidamente.


Temos fome pelos prazeres da carne, como também pela esperança dentro dos
mortais. Curioso. Sammi tinha muito pouca esperança, Taraeth se alimentou dela,
mas seu corpo estava disposto.

Tristan não podia assistir nem mais um minuto, mas ele não poderia afastar
os olhos também, angústia e desolação correram por dele.

Ele chegou tarde demais, demorou muito. Ele falhou em protegê-la como
prometeu fazer.

Sammi se segurou por tanto tempo quanto podia. Tristan não a culpava. Ele
culpava a si mesmo.

— Será que dói vê-la desta forma depois que você a teve em sua cama?

Tristan respirou profundamente. A calma gelada o levou a centrar todo o seu


ódio e desânimo em uma pessoa-Balladyn. Tristan começou a planejar como ele ia
matar o Escuro.

— Dói-me ver qualquer ser humano em suas garras. Você sangra suas almas
até secar para que eles nunca possam voltar para suas famílias.
Balladyn deu de ombros. — Nenhum deles reclamou.

Tristan estava prestes a afastar-se quando viu uma pequena tatuagem de


coração no tornozelo exterior da mulher. Ele viu cada polegada do corpo de
Sammi e ela não tinha nenhuma tatuagem.

Ele girou a cabeça para Balladyn. — Esta não é Sammi. Onde ela está?
O sorriso no rosto de Balladyn respondeu à pergunta feita por Tristan que
queria socar o rosto do Fae escuro. Tudo foi um truque. Mas por quê?

— Você tem certeza que não é sua Sammi?

— Ela não é minha. — disse Tristan em um tom uniforme. Ele não podia
mostrar a sua raiva, não importa o quanto queria. — Sammi não tem tatuagens.
Leve-me para ela. Agora.

— Como quiser. — disse Balladyn e virou.

Tristan ficou apenas um passo atrás dele. Nenhum outro Escuro os seguindo,
o que o deixou mais apreensivo do que nunca. Os Escuros, obviamente, tinham
um plano. Eles não tentaram forçá-lo a entrar em um quarto ou o algemaram.
Ainda.

Isto viria. Ele não estava disposto a baixar a guarda só porque ele estava sendo
tratado como um convidado. Os escuros queriam algo dele. Eles não iriam ter, mas
eles certamente poderiam tentar.

Enquanto caminhavam pelo corredor, Tristan deixou o olhar passear. A


iluminação era obscurecida, a mobília opulenta ao ponto de berrante.

O lugar estava impecavelmente limpo, mas nada poderia dissipar a nuvem de


maldade que a escuridão trouxe. Eles viviam com seres humanos, drenando-os de
amor, esperança e felicidade, e deixando para trás uma casca de nada além de uma
fome insaciável por sexo com os Escuros.

— Você não aprova. — disse Balladyn, seu sotaque irlandês acentuado, um


pequeno sinal que ele estava irritado.

Tristan deu de ombros quando Balladyn o olhou por cima do ombro quando
eles viraram uma esquina. — Não é exatamente o meu gosto por decoração.

— Eu não estou me referindo ao mobiliário, Dragão.

— E eu não estou falando sobre este lugar, Escuro.

Balladyn parou de andar e se deslocou para o lado para olhar para Tristan. —
Como é a sensação de ser o mais novo rei? Teriam os seus irmãos lhe falado sobre
todas as suas conquistas? Como também sobre seus fracassos?

— Eu sei o suficiente. Eu tenho vários anos para recuperar o atraso.

— Milhares de milhares. Você é um idiota, se acha que eles não fizeram nada
além de coisas boas.

Tristan manteve sua voz suave quando ele disse: — Os seres humanos ainda
estão aqui, não estão? O mesmo não poderá ser dito se a sua espécie assumir como
você quer.

— Os seres humanos não são nada mais do que gado. Eles destroem este
reino com o descuido de uma criança. E você ainda os defende. Eles expulsaram
seus dragões, os caçando um por um.

— Eles fizeram isso. E o que você vai fazer com os mortais?


O sorriso de Balladyn era puro mal. — Nós vamos caçá-los um por um.

— Vocês só querem que os Reis se afastem?

— Você devia estar agradecendo-nos por fazer o que nenhum de vocês pôde.
Que tipo de raça de seres iria enviar sua própria espécie para longe para salvar,
criaturas ingratas, indelicadas, inúteis, egoístas, cruéis e destrutivas? Apenas os Reis
Dragões. Vocês se alienaram.

— Vocês tiveram todo esse trabalho para capturar Kellan e agora a mim
apenas para nos pedir para que nos afastemos? Eu acho que não.

Balladyn começou a andar novamente, desta vez mais lentamente. Ele esperou
até que Tristan estivesse próximo a ele antes de dizer: — Claro que não. É algo
que nós estamos procurando.

— Com toda a sua magia, vocês ainda não puderam encontrar?

— Não — ele disse, sem rodeios. Ele fez sinal para Tristan virar à direita. —
Ele foi escondido pelos Reis.

Tristan olhou fixamente quando Balladyn examinava seu rosto. Ele não tinha
ideia sobre o que o Escuro estava falando, mas ele iria entrar no jogo. — Há uma
razão para isso.

— Ele estava escondido antes de Constantine tornar-se o Rei dos Reis. Ele
foi escondido pelo primeiro Rei dos Reis e protegidos por seus sucessores.

Tristan atormentou seu cérebro pensando no que poderia ser, mas ele estava
vazio. — Por que vocês querem isso?
— Você já se perguntou como Con se tornou o Rei dos Reis?

— Ele era o mais forte dos dragões.

Balladyn sacudiu a cabeça. — Ulrik era o mais forte, mas Ulrik não queria
governar todos os outros. Ele queria que os Reis governassem a si mesmos, mas
estou me adiantando. Estou falando de Con. Você sabe como um Rei dos Reis é
escolhido?

— Claro.

— E você? — perguntou ele, pensativo. — Havia quatro antes de Con, e cada


um deles tiveram reinados muito curtos.

— Eles foram desafiados por outro Rei Dragão.

Balladyn parou diante de uma porta. — Precisamente. Pergunte a Con o que


ele fez para ser o próximo na linha.

Tristan odiava que outra pessoa estivesse colocando em dúvida sua opinião
sobre Con. Tanto quanto ele sabia, Con estava fazendo bem em liderar os Reis
Dragões e governando Dreagan.

Mas quanto do passado que ele não sabia? Os outros tinham como certo ou
não se importava. Enquanto Tristan era ingênuo, porque ele era tão novo.

Ulrik colocou as primeiras sementes da dúvida em sua mente, e Balladyn


estava espalhando-as.
Porra, mas ele odiava a suspeita que agora subiu como um gigante dentro dele.
Con e os outros o receberam em Dreagan, tinham-lhe mostrado o que era ser um
Rei Dragão.

Mas ninguém era perfeito. Todos cometemos erros.

Isso inclui Con.

— Mostre-me Sammi. — Tristan exigiu novamente.

Balladyn fez uma saudação com sua cabeça e abriu a porta. Quando ele abriu,
Tristan esperava que Sammi viesse correndo ou ouvisse a sua voz.

Em vez disso, ele a viu flutuando no ar deitada de costas, sua gloriosa juba de
cabelos suavemente à deriva como se o vento estivesse balançando.

A raiva explodiu dentro dele, ao mesmo tempo em que uma boa dose de
apreensão bateu em seu estômago.

— O que você fez com ela? — Como ele manteve a fúria de transparecer em
sua voz ele nunca saberia.

Balladyn entrou na sala e foi até ela, sem pressa andou ao redor dela até que
ela estava entre eles. — Não tivemos escolha.

— Explique isso. — Tristan o seguiu, mas parou quando chegou em Sammi.


Ela parecia em paz, como se ela estivesse simplesmente dormindo.

Mas ele sabia mais.


— Ela perdeu a cabeça. Ela estava machucando a si mesma. Ela quebrou
todos os ossos em ambas as mãos. Quando fomos para acalmá-la, ela ficou mais
incontrolável. Ou era isso, ou...

Tristan encontrou seus olhos vermelhos sobre seu corpo. O Escuro não
precisava terminar. Tristan sabia exatamente a outra opção que poderiam ter usado.
Ele não sabia por que eles não tinham.

— Foi um gesto de boa vontade. — disse Balladyn.

Ele sabia que estava chegando, mas não tão cedo. — O que você quer? Eu já
estou me colocando sobre a sua custódia em troca de vocês libertarem a mortal.

— Eu quero a localização do que procuramos.

— E se eu não a tiver?

— Então eu vou acordar Sammi e permitir que os Escuros a tenha. Você viu
o que eles fizeram com a outra mortal. Você pode imaginar o que eles vão fazer
com ela? Uma mulher que tenha estado com um Rei Dragão?

Tristan reavaliou seus pensamentos sobre Balladyn. O Escuro era inteligente,


e ele contava com os sentimentos de Tristan por Sammi para conseguir o que
queria.

Tudo que Tristan queria fazer era tomar Sammi em seus braços e correr como
o vento. Com ela em seu estado atual, ela não poderia ouvir ou vê-lo. O que estaria
a seu favor.
Ele poderia testar sua teoria e virar e ir embora, mas não era provável que ele
chegasse muito longe. Além disso, ele veio em troca dela. Ele não podia mudar de
ideia agora.

— O que vai ser Rei Dragão? Você vai me dar à localização? — Balladyn
pressionou.

— Você pede demais.

— É tão difícil chegar a um acordo para acabar com os seres humanos?

Tristan enviou um grito para Con através de seu link enquanto ele dizia para
Balladyn: — É. Nós fomos encarregados de protegê-los.

— Você já encontrou Sammi? — Con perguntou.

— Sim. Eles a têm dentro do palácio. Busque a minha localização e você vai encontrar-nos.

— Como ela está?

— Eles usaram sua magia para fazê-la dormir. Balladyn disse que ela perdeu a cabeça e
eles não tiveram escolha. Ele está ameaçando acordá-la e entregá-la para os Escuros se eu não
lhe der algo em troca.

Houve um ronco alto de Con. — O que eles querem agora?

— O local para algo que eles procuram algo que ele diz ter sido escondido pelo rei dos reis
muito antes de você.

Houve um silêncio depois de sua declaração. Que preocupava Tristan mesmo


enquanto ele fingiu ouvir Balladyn lamentando sobre os seres humanos.
— Você sabe o que ele procura. — Tristan disse o óbvio, odiando que Con não
confiava nele o suficiente para dizer-lhe o que era.

— Sim.

— Mas você não vai me dizer.

— Tristan, você deve compreender que só alguns dos Reis sabem disso. Kellan sabe, porque
ele registra nossa história. Eu sei, porque eu sou o Rei dos Reis.

Fazia sentido, e também fez Tristan se sentir melhor que ele não foi
intencionalmente deixado de fora. — O que é isso?

— Alguma coisa que é melhor esperar que nunca caia nas mãos deles. Ele está escondido
por uma razão, Tristan.

— Eu preciso dar-lhe algo para que ele possa deixar Sammi ir.

Houve uma longa pausa antes de Con dizer: — Eu vou cuidar disso.

— Bem? — Balladyn pediu. — Você vai me dar o que eu quero, ou devo


chamar meus companheiros Escuros?

Tristan começou a dizer uma mentira sobre a localização de onde o objeto


poderia estar quando gritos ecoaram pelo palácio. Os olhos de Balladyn
estreitaram enquanto corria ao redor do corpo de Sammi para a porta.

— É Constantine! — Um Escuro gritou enquanto corria.

Balladyn se virou para olhar para ele. — Isso é algum truque?

— Você quer a mim ou você quer Con?


— Eu vou ter ambos, — Balladyn rosnou antes dele sair da sala, a fechadura
clicando alto no lugar.

Tristan girou e estendeu a mão para tocar Sammi. Ele hesitou, sem saber que
tipo de magia das trevas foi usada para colocá-la em tal estado.

Com um grunhido de frustração, Tristan enfiou os braços por baixo dela e


puxou-a contra si. No mesmo instante, a magia que a segurava se evaporou e seu
corpo caiu.

Sua raiva aumentou quando sentiu a umidade de suas roupas. Ela estava
molhada e fria, e os Escuros não fizeram nada. Ele olhou para suas mãos para
encontrá-las cobertas de sangue seco. Teria o Escuro curado seus ossos
quebrados? Ele duvidava. Mais preocupante foi à insistência de Balladyn de que
Sammi perdeu a cabeça.

Não havia como dizer o que o Escuro mostrou a ela ou feito para ela. Um
mortal, mesmo um tão forte como Sammi, só podia suportar até certo ponto antes
que eles quebrassem.

Tristan se virou para ir até a porta quando ela se abriu e Ian encheu a porta, a
pele azul pálida do seu deus emitindo uma luz estranha.

— Você encontrou-a, — disse seu irmão com um sorriso aliviado. — Con


deixou-se ser reconhecido. Os Escuros estão atrás dele.

Tristan correu para Ian. — Só por pouco tempo. Balladyn quer a nós dois.
Ele estará de volta em breve.
— Ele não espera que você tenha saído da sala, — disse Ian com um sorriso
malicioso.

— O que você fez?

Ian ergueu a mão de pele azul pálida e as longas garras de luz azul enquanto
corriam pelo corredor. Seu sorriso mostrou os dentes salientes, e seus olhos eram
do mesmo azul pálido de canto a canto como sua pele. — Eu posso não ser capaz
de fazer mágica, mas eu posso senti-la. O Escuro, ou mais precisamente, Balladyn
é interessante. Conectar com sua magia foi como abrir uma fechadura.

— Isso é fascinante desde que o Escuro pode nos impedir de mudar para a
forma de dragão. Como é que você não foi afetado por ela?

— Eu não sei dizer por que, — Ian disse, enquanto franzia o nariz. — Escuros
são piores que os droughs ou druidas malignos que nós combatemos.

Não houve mais palavras enquanto Ian mudou-se para à sua frente e olhava
para fora procurando os Escuros. Eles encontraram os corredores limpos de
todos. Tristan só esperava que Con fosse capaz de sair. Ele não queria voltar para
Dreagan e dizer a todos que o Rei dos Reis foi detido pelos Escuros.

— Espere, — Tristan disse para parar Ian. Quando Ian o encarou, Tristan
colocou cuidadosamente Sammi em seus braços. — Encontre os outros e saia
daqui. Se eu souber que Sammi está com você, então eu posso lutar contra os
Escuros como eu quero.

— Você está indo atrás de Con.

— Eu estou.
Ian assentiu gravemente. — Seja cuidadoso.

— Cuide dela, irmão, — Tristan disse antes que ele se afastasse.


Ian usou a velocidade do seu deus para tirá-lo do palácio e voltar para os túneis
em tempo recorde. Ele teve ajuda porque os Escuros estavam mais preocupados
em capturar Con do que patrulhar os corredores.

Assim que Ian entrou no túnel, ele começou a recuar da maneira como eles
vieram. Ele andou vinte passos antes dele encontrar uma enorme besta que se
assemelhava a uma enorme minhoca. Ela avançava no seu caminho através do
túnel, levantando a cabeça como se estivesse farejando o ar.

Ian deslizou as costas contra um afloramento de pedra e observou a criatura


verme se mover lentamente. Assim que o fez, ele se moveu em torno do
afloramento, mas moveu-se com mais cautela. Quem sabia o que ele poderia
encontrar em seguida.

Ele segurou Sammi firmemente, o tempo todo desejando que ele estivesse
com Tristan, lutando ao lado dele. Mas Tristan lhe deu algo para proteger, algo que
era precioso para ele — Sammi.

Ian tinha que entregar Sammi para os outros Reis Dragões. Uma vez que a
entregasse, então, Ian poderia voltar para o lado de Tristan. Ele perdeu seu irmão
uma vez, e por algum milagre tinha-o de volta novamente. Ele não ia perdê-lo uma
segunda vez, não se podia ajudá-lo.
Ele alcançou o principal túnel onde tinham se ramificado em três grupos sem
incidentes. Ian deu um passo antes que ele fosse agarrado grosseiramente pelos
dois braços e empurrado para a direita.

O olhar de Ian entrou em confronto com Phelan, antes que ele olhasse e
encontrasse Charon. Charon colocou a mão nos lábios e, em seguida, apontou por
cima do ombro.

Lá Ian viu um animal que não podia distinguir, de costas com suas doze patas
dobradas e morto. Mas se ele estava morto, por que estavam sendo silenciosos?

— Nós matamos o bebê, — Phelan sussurrou.

O grito de indignação da mãe quando ela cutucou seu bebê era ensurdecedor.

— Nós precisamos sair agora, — Ian disse a eles em um tom abafado.

Charon empurrou o queixo para Sammi. — Onde está Tristan?

— Com Con.

Phelan pressionou seu deus para baixo, sua pele dourada, garras e os olhos
mudando de volta ao normal. — O que aconteceu com ela?

— Eles usaram magia, — explicou Ian.

Phelan deixou uma garra alongar quando ele fez um corte em seu pulso e
deixou algumas gotas de seu sangue cair na boca de Sammi. Ian esperou
impacientemente. Como Phelan era meio-Fae, seu sangue poderia curar qualquer
coisa, exceto a morte.

Ian só esperava que trabalhasse contra a magia de um Fae escuro.


— Droga, — Charon murmurou quando não houve nenhuma mudança em
Sammi. — Por que há sangue em suas mãos?

Phelan deu de ombros. — Vamos levá-la de volta para os Reis Dragões agora.

Charon sorriu quando olhou para Phelan. — Parece que nós temos de matar
a mãe.

— Vamos chegar a ela, — Phelan disse enquanto caminhava para o animal e


ele liberava o deus primitivo dentro dele.

Ian não podia fazer nada, apenas assistir Phelan com sua pele dourada e
Charon com sua pele cor de cobre lutarem com a criatura. Mesmo com os dois,
levou mais tempo do que Ian esperava, o que provou o quão formidável os animais
do mundo Fae eram.

Ian estava de pé ao lado de seus amigos quando a mãe caiu ao lado de seu
bebê. Os três se dirigiram imediatamente para a porta. Não houve tempo para
pensar sobre o que eles poderiam encontrar ao lado ou para saber onde Tristan e
Con foram.

— Não, — disse Phelan e apontou à frente deles. — Essa é a porta.

Ian não podia esperar para passar por ela e sair do mundo dos Faes Escuros.
Antes de chegarem à porta, uma dúzia de Escuros os rodearam.
Tudo que Tristan teve que fazer para encontrar Con foi seguir a massa de
escuridão que corriam através do palácio para o grande salão. Tristan esgueirou-se
contra uma parede e olhou para o lado para baixo para o meio do salão, onde Con
descansava em uma cadeira como se fosse um convidado regular.

— Constantine, — Taraeth disse enquanto a multidão se abriu para ele andar


até Con.

Con olhou como um rei, mesmo quando ele se sentou com nada além de um
par de calças jeans desbotadas e rasgadas.

— Taraeth. Eu me perguntava quanto tempo você iria levar para vir até mim.
A última vez que te vi eu coloquei esta cicatriz em seu rosto. Então não vi mais
nada, senão sua bunda feia enquanto você fugia, enquanto o resto dos Escuros
foram abatidos pelos meus Reis Dragões.

Tristan viu Balladyn no lado oposto do corredor, inclinando-se sobre as


grades no mesmo andar que Tristan. Balladyn parecia estar se divertindo mais do
que irritado, como o resto dos Escuros.

— Sim, mas quem está governando os Escuros agora? — Taraeth provocou.

Con olhou para baixo para membro perdido de Taraeth. — Um escuro, que
teve o braço cortado por uma mortal empunhando uma lâmina da Luz.

— Ela vai pagar por isso.

— Não é provável. Ela é a companheira de Kellan. Eles estão vinculados,


Taraeth. Você sabe o que isso significa.
O escuro assobiou, seus olhos vermelhos piscando perigosamente. — Eu já
tenho Tristan. Agora eu tenho você.

A risada de Con fez o Escuro mudar, inquieto, seus olhares preocupados


dizendo a Tristan o quanto eles temiam Con.

— Você não me tem, — disse Con.

Taraeth abriu os braços. — Você está no meu palácio, Rei Dragão, cercado
por meus homens. Eu tenho você, certo.

— É mesmo?

— Você sabe que sim. Você não pode escapar de nós.

Con lentamente se levantou. Como um, os Escuros deram um passo para trás.
Tristan sorriu. Os escuros falavam muito, mas temiam os reis dos dragões,
especialmente Con.

— Você saiu? — A voz de Con encheu sua cabeça.

— Estou te observando. É um show que você está fazendo.

— Onde está Sammi?

— Com Ian. Eu alertei Rhys e os outros para esperarem por eles em breve.

— Mas nós ainda não sabemos se eles estão fora.

— É isso que você está esperando? Confie em mim. Ian vai tirar Sammi.

— Você confia no Guerreiro?

— Ele é meu irmão, — Tristan respondeu.


— Vamos sair deste lugar, então.

Charon soltou um berro e atacou o Fae. Phelan estava bem atrás dele. Ian
abaixou uma explosão de magia quando ele percebeu que não poderia lutar com
Sammi em seus braços, mas ele poderia colocá-la no chão.

Houve um estrondo alto e o som inconfundível do rugido de um dragão. Ian


olhou para cima para encontrar Rhys no túnel, suas escamas amarelas brilhantes
na escuridão enquanto ele se ergueu sobre as patas traseiras e bateu nos Escuros
na sua frente.

Numa enxurrada, os escuros começaram a atacar Rhys, sua intenção de fazê-


lo mudar de volta para a forma humana. Mas Ian poderia ajudar com isso.

Ele entregou Sammi para Phelan. — Tire-a agora. Rhys e eu seguiremos em


breve.

Phelan não discutiu quando ele foi até a porta, graças ao corpo de dragão de
Rhys bloqueando-o dos Escuros. Ian deu um passo à frente de Rhys e usou o
poder de seu deus para bloquear a magia atirada em Rhys. Então ele desviou-a de
volta aos Escuros.

Juntos, ele e Rhys viraram a maré. Charon decapitou dois Escuros antes de
seguir Phelan para fora da porta.

— Vá! — Ian gritou para Rhys.


Rhys recuou para fora da porta com Ian andando para trás enquanto
continuava a bloquear a magia. Assim que eles atravessaram, Charon abordou-o
no chão enquanto Laith mergulhou do céu para atacar qualquer Escuro que
tentaram os seguir.

Ian subiu e correu para Sammi onde Phelan a deitou na grama. O sol estava
nascendo, seus raios dourados bateram na grama.

Phelan empurrou seu deus para baixo e estava falando quando Ian se
aproximou, foi quando viu os olhos de Sammi abertos. Ian rapidamente deixou
suas garras e presas retrair enquanto sua pele e os olhos voltaram ao normal.

— Está tudo bem, — Phelan disse suavemente. — Está tudo bem, Sammi.

Ela olhou de Phelan para Ian. — Isso não é real.

— É, moça. — Ian sorriu enquanto ele a ajudava a sentar-se. — Veja. Você


está fora no ar fresco.

— Eu estava antes também, — disse ela enquanto sua voz se levantou e tentou
fugir se afastando.

Phelan facilmente a segurou enquanto ele olhava para Ian. Ian respirou fundo
e agarrou os ombros de Sammi. — Você está realmente salva, Sammi. Tristan
entrou e a encontrou. Ele é o único que me pediu para trazê-la para fora.

— Onde está Tristan? — Ela perguntou enquanto ela olhava em volta.

Havia uma selvageria ainda visível em seu olhar, mas ela se acalmou. — Ele
foi ajudar Con.
Sua testa franziu profundamente. — Con?

— Ele veio para ajudar a salvá-la, — disse Phelan. — Todos nós viemos. Olhe
ao seu redor, moça.

Como se apenas agora observasse a batalha, os olhos de Sammi se arregalaram


e sua boca afrouxou. — Maldição.

— Vamos, — Ian disse quando ele chegou aos pés dela. — Precisamos tirá-
la daqui.

Ela puxou o braço para fora do seu domínio. — Não sem Tristan.

Ian considerou-a por um momento. Tristan amava essa mulher, mas ela o
amava? — Por quê?

— Porque... Porque eu preciso vê-lo.

Não foi uma confissão de amor, mas havia algo lá. Ian suspeitava que Sammi
não estivesse acostumada a expressar seus sentimentos, e se alguém ia ouvir essas
palavras, deveria ser Tristan.

Os Escuros estavam mais perto deles, e desta vez foi Sammi que agarrou seu
braço. Phelan ladeando seu outro lado para protegê-la quando um Escuro passou
pelos Reis.
— Você honestamente acha que poderia me segurar? — Con perguntou a
Taraeth.

O rei dos Escuros zombou. — Venho me preparando para este dia durante
muito tempo. Você tem muitos inimigos, Rei dos Reis, alguns até mesmo dentro
de suas fileiras.

Tristan viu o sorriso confiante de Con bem antes que ele pegasse o Escuro
perto dele e quebrasse o pescoço. Ele então jogou o escuro para o lado e viu os
outros se espalhando enquanto seu companheiro caiu com um baque no ladrilho.

Do outro lado, o olhar vermelho de Balladyn pousou sobre ele. Tristan sorriu
quando a percepção atravessou o rosto do Escuro. Abaixo, Con e Taraeth estavam
se confrontando.

Todos os Escuros do castelo estavam tentando decidir se atacariam Con ou


deixariam Taraeth resolver a batalha. A atenção de Tristan foi desviada do piso
inferior, quando Balladyn saltou sobre o corrimão de pedra e, em seguida, pulou
através da extensão do grande salão para pousar na frente de Tristan.

— Você matou um dos meus homens, — disse Balladyn.

Tristan deu de ombros. — Você pegou Sammi.

Não houve mais palavras quando Balladyn atacou batendo o ombro em


Tristan e, em seguida, bateu-lhe com a magia repetidamente no estômago.

Tristan bateu com o joelho duas vezes no rosto de Balladyn e sacudiu-o. Em


vez de pousar em suas costas, o Escuro deslocou facilmente seu corpo e pousou
de pé.
Balladyn rosnou e atacou novamente. Desta vez, Tristan se esquivou de uma
explosão de magia só para sentir o punho do Escuro de encontro ao lado de sua
cabeça.

Tristan se virou para o lado e depois recuou com o cotovelo, esmagando-o no


rosto de Balladyn antes de estender o braço e balançando-o para trás para bater o
punho no nariz do escuro.

Com o canto do olho, Tristan viu escamas douradas quando Con se


transformou em forma de dragão.

— Você não vai sair daqui! — Balladyn berrou enquanto ele limpava o sangue
e focou em Tristan mais uma vez.

— Você nunca vai encontrar o que procura — Tristan prometeu.

Balladyn sorriu friamente. — Haverá um de vocês que vai quebrar. Sempre


há.

— Você pensou que seria eu?

Duas bolas de magia apareceram nas mãos de Balladyn. — Eu ainda penso.


Você é o mais novo, Tristan, aquele que não tem os laços que os outros têm.

— Então você pode estar errado.

Tristan chutou com o pé, conectando com o peito de Balladyn enquanto o


Escuro liberava a magia. Ele se esquivou de uma, mas a outra o atingiu no lado
quando a dor queimava ao longo de sua pele.
Caos e gritos de baixo chamou a atenção de todos quando Con atacou com
sua cauda e com fogo. Fumaça rapidamente preenchendo o grande salão, cegando
a todos.

Tristan segurou seu lado e procurou Balladyn. Ele viu o Escuro aproximar-se
dele. Ele sentiu o anseio do dragão dentro dele de se libertar. Pouco antes dele
mudar, alguém agarrou seu braço e puxou-o para longe.

— Hora de ir, — Con disse com um sorriso enquanto corria nu pelo corredor.

Tristan olhou por cima do ombro. Ele deveria matar Balladyn agora, mas ele
queria chegar a Sammi e se certificar de que estava bem.

Além disso, a guerra com os Escuros estava longe de terminar.

Ela estava apenas começando.


Sammi queria ver os belos dragões - amarelo e preto - enquanto voavam em
trajetos que a deixou tonta enquanto eles lutavam com os Faes escuros.

Adrenalina a manteve em movimento, mas ela ainda não tinha certeza se era
real ou outro produto de sua imaginação. Ela queimava para tocar Tristan, para
colocar suas mãos sobre sua pele quente e sentir o poder e a força de seus
músculos.

Ela se levantou e assistiu a batalha se desenrolando como se ela estivesse do


lado de fora olhando para dentro. Os Escuros continuavam saindo de uma espécie
de porta com uma névoa fina. Eles a lembrava de formigas que parecia nunca dar
um fim a elas.

Os dragões mantiveram a maior parte dos Escuros para trás, e os poucos que
passaram foram logo derrubados por Ian, Charon e Phelan. Os três lutavam lado
a lado, como se tivessem anos de prática.

Eles eram cruéis em sua luta, feroz em seu ataque.

Impiedosos em lidar com os Escuros.

Eles eram guerreiros. Highlanders imortais com deuses primitivos dentro


deles. Sammi olhou para a pele de ouro de Phelan e garras antes de deslizar o olhar
para Charon e sua pele cobre e os chifres resistentes que se projetavam para fora
de suas têmporas para se curvar em torno de sua cabeça.
Então seu olhar pousou em Ian. Sua pele era de um azul claro, pálido, mas
vibrante. Suas garras eram de um tom mais escuro de azul. Ele se virou e ela deu
uma olhada em seus olhos. Eles eram da mesma cor da sua pele, mas inundava os
olhos de canto a canto não deixando nenhum vestígio de uma íris.

Os guerreiros podiam não ser shifters dragão, mas eles podiam vencer os
Escuros com seus recursos próprios.

Phelan soltou um rugido profundo depois ele abaixou algo que ela não podia
ver. Ele rapidamente mergulhou suas garras de ouro na garganta do Escuro.

Foi uma cena brutal, mas ela não conseguia desviar o olhar.

De repente, os Faes Escuros que estavam combatendo os dragões se viraram


e olharam para trás. Sammi não podia ver nada mais que o campo, mas
aparentemente os Fae podiam ver algo mais.

— É uma porta, moça, — Ian disse quando ele vislumbrou sua confusão.

Uma porta. Claro. Ela se lembrava de ouvir Tristan falar das portas Fae.

Ela viu quando os Escuros começaram a lutar com o que estava por trás deles
na porta. E, em seguida, um homem nu saiu apressado, seguido por Tristan.

Sammi lutava para permanecer de pé quando seus joelhos ameaçaram ceder.


Tristan lutava ao lado do homem nu com uma tatuagem de dragão nas costas, mas
ao mesmo tempo o olhar de Tristan fez uma varredura na área.

Até que seus olhos pousaram sobre ela.


Não havia tempo para palavras enquanto Con se transformava em um dragão
de ouro magnífico. Um momento depois, Tristan lançou seu dragão.

Com os Escuros lutando contra quatro Reis Dragões e três guerreiros, eles
logo foram sendo conduzidos de volta. Sammi pensou que eles poderiam
continuar a luta, mas Ian tomou sua mão e começou a correr com ela para longe
das trevas.

No instante seguinte, Tristan mergulhou e os pegou cada um em uma de suas


mãos. Sammi olhou para o chão rapidamente se afastando para ver que Charon e
Phelan também foram agarrados.

Não foi até que ela sentiu o calor de escamas de Tristan e do vento em torno
dela que ela soube que estava realmente longe dos Escuros. De alguma forma,
Tristan chegou e a libertou.

As nuvens os rodeavam, escondendo-os de vista do mundo abaixo. Ela


descansou a cabeça na mão de Tristan e fechou os olhos enquanto as lágrimas
vieram. Com Tristan voando tão rápido, ela podia sempre afirmar que era o vento
que ardia seus olhos. Ninguém tinha que saber a quão assustada esteve e ainda
estava.

Apavorada porque ela enfrentou algo mal e horrendo nas entranhas do castelo
dos Faes escuros.

Mas também porque ela reconheceu, jurou que nunca sentiria amor.

Ela adorava Tristan com todo o seu coração, seu ser total. Com toda a sua
alma.
Amor infundido nela, a impregnando. Ela não podia fugir mais. Estava lá,
florescendo em seu coração frágil como uma flor delicada.

Sammi não sabia o que iria acontecer quando eles voltassem para Dreagan.
Ela seria capaz de dizer a Tristan como se sentia? Poderia ser melhor manter seus
sentimentos escondidos. Como ela iria saber se ele se importava com ela se ela não
lhe dissesse?

Ela fechou os olhos e desejou que tivesse a coragem de dizer a ele,


independentemente de como ele podia se sentir. Ele era um Rei Dragão -
comandante, formidável e dominante. Como ela poderia começar a se encaixar em
seu mundo?

Será que ela ousaria?

O amor crescendo dentro dela disse que ela podia. Atreve-se a tentar.

Ela deve ter cochilado, porque acordou quando sentiu Tristan começando a
descer. Sammi abriu os olhos e levantou a cabeça para ver as montanhas de
Dreagan que ela começou a amar. Um por um, os dragões mergulharam para o
chão, aterrissando em um vale onde outros esperavam.

Sammi encontrou Jane de pé entre Cassie e Elena enquanto elas olhavam para
eles. Sammi olhou para Ian ao vê-lo olhando para ela. Ele deu-lhe um aceno de
cabeça, como se quisesse dizer-lhe que tudo ficaria bem.

Ela notou que Tristan permaneceu no ar, enquanto os outros desembarcavam


e liberavam os guerreiros que carregavam antes de mudar para a forma humana.
Calças foram atiradas para eles, e até mesmo de sua altura, ela podia ouvir o riso
alegre em volta dos Reis.
E então Tristan desembarcou. Ele colocou Ian em primeiro lugar. Sammi
assistiu Dani correr para o marido e banhá-lo com beijos enquanto ele a abraçou
com força.

Seu peito se contraiu enquanto ela se perguntava se algum dia iria ter esse tipo
de relacionamento. Ela podia estar muito danificada.

— Sammi! — Jane gritou enquanto corria.

Foi quando Sammi percebeu que Tristan a colocou de pé. Sua mão se abriu,
soltando-a. Ela tentou se virar e olhar para ele, mas Jane a tinha em um abraço de
urso antes que ela pudesse.

— Você está bem? — Jane perguntou quando ela se afastou e olhou-a. — O


que esses idiotas fizeram com você?

Sammi diria tudo a Jane, bem como se desculparia pelas coisas desagradáveis
que dissera, mas primeiro ela tinha que ver Tristan. Ela virou-se para encontrá-lo
ainda em forma de dragão. Seus olhos verde-maçã estavam sobre ela.

Conversas cessaram, mas Sammi não prestou atenção. Ela não entendia por
que Tristan não mudou para um ser humano. Seu coração começou a bater com
medo. Era essa sua maneira de dizer adeus?

— Não desista, — Ian sussurrou ao lado dela. — Ele precisa de você tanto
quanto você precisa dele. Ambos estão com medo. Quem é que vai dar o primeiro
passo?

Era uma pergunta válida. Tristan estava esperando por ela, e ela estava com
muito medo de dizer ou fazer qualquer coisa. Mas ela não queria passar mais a vida
sozinha. Ela queria alguém para planejar seus dias com ela, alguém para a segurar
em seus braços enquanto eles assistiam a filmes, alguém para sorrir com amor.

Ela queria Tristan ao lado dela à noite quando fosse dormir. E ela queria abrir
os olhos e vê-lo na parte da manhã. Ela queria saber que pudesse se voltar para ele
se precisasse dele, e queria estar lá para ele.

Sammi deu um passo para Tristan. — Não vá, — ela implorou.

Segundos passaram como minutos enquanto eles olharam um para o outro


em silêncio antes que ele deixasse escapar um suspiro. No instante seguinte, ele
estava diante dela em toda sua glória, sua tatuagem de dragão aparente se movendo
sobre o peito.

— Sinto muito, — disse ele. — Eu nunca deveria tê-la colocado em perigo.


Você nunca deveria ter ido à casa.

— De que outra forma poderíamos levar os Escuros lá?

— Eu falhei com você.

— Planos dão errado o tempo todo. Estou aqui agora, graças a você.

Ele desviou o olhar. — Dificilmente. Será que eles... eles te tocaram?

— Balladyn me beijou.

Os olhos de Tristan estreitaram em fendas. Sua voz caiu perigosamente


quando ele perguntou: — Ele?
— Estou feliz que ele fez. — Ela viu seu ligeiro vacilo. — Porque ele provou
o quanto seus beijos me afetam. Estou faminta por você, mesmo quando você está
em pé ao meu lado. Minha mente está cheia de nada mais que você.

— Eu ainda estou aprendendo o meu lugar aqui e porque eu me tornei um


Rei Dragão. Eu tenho um irmão gêmeo e uma vida passada que eu não conseguia
lembrar até que eu toquei em você.

— Você se tornou um Rei Dragão por causa de sua bondade inata, a sua
nobreza e lealdade, sua decência e importância, o guerreiro magistral que você é.
Quem ou o que transformou você em um Rei Dragão viu o que eu vejo.

Sammi esmagou o medo crescendo dentro dela e deu mais um passo na


direção dele. — Você me assusta, Tristan. A maneira como você me toca, a maneira
que você me beija. Você não deixou eu me esconder. Você me fez encarar o que
eu nunca fiz. Você abriu... tudo, — disse ela com um movimento da mão. — Para
mim. É impressionante e muito mais assustador do que eu posso colocar em
palavras. O que eu experimentei naquele lugar horrível com os Escuros é algo que
nunca vou esquecer. Então eu penso em você. Uma parte de mim está pedindo
para fugir e esquecer que você derrubou minhas proteções.

— E a outra parte? — Ele perguntou em voz baixa.

Ela engoliu em seco, sua garganta fechando as emoções brotando para se


libertar. Em seus olhos castanhos ela podia ver um futuro que só poderia durar
algumas semanas ou meses, mas seria glorioso.

Sammi deu mais um passo hesitante até que eles estavam suficientemente
perto para tocar. — A outra parte está me implorando para ficar e ter mais de
você. Para te dizer que eu te amo. Para subir no céu com você e enfrentar o que
vem pela estrada.

Desta vez, ele foi o único que fez a última etapa. Ele enganchou um de seus
dedos com os dela. — Você gosta de voar, não é?

Ela piscou. Ela não tinha certeza do que esperava que ele dissesse. Isso não é
verdade. Esperava - orou, na verdade, que ele diria que a amava também.

Sammi, em seguida, viu o sorriso em seus olhos e sorriu. — De tudo o que


eu disse, isso é tudo que você notou?

— Bem, eu posso compensar isso e nós vamos voar a cada noite, — disse ele
com uma piscadela. — Além disso, eu só vou levar a mulher que eu amo comigo.

Um soluço ficou preso em sua garganta quando ele a puxou contra ele. Ela
enterrou o rosto em seu pescoço e sentiu as lágrimas quentes deslizar pelo seu
rosto. Seu coração estava explodindo de alegria.

Apenas algumas horas atrás, pensou que ela ia morrer. Agora ela estava nos
braços do homem que amava o único homem que poderia romper as paredes que
envolviam seu coração.

Finalmente, ela sentiu como se seu mundo estivesse encaixando no lugar,


como se tivesse estado à espera de Tristan para entrar em sua vida.

— Eu não posso viver sem você, — disse Tristan. — Eu não quero sequer
tentar.
Ele colocou as mãos em cada lado de seu rosto quando ele se afastou para
olhar em seus olhos. Ternamente, ele enxugou as lágrimas com os polegares e
gentilmente colocou seus lábios nos dela.

— Eu posso não saber o que o futuro reserva para nós, Sammi, não com
início desta guerra, mas eu vou fazer de tudo para mantê-la comigo.

— Eu não estou indo a lugar nenhum. Eu encontrei o meu lugar, — disse ela
com um sorriso quando a paz se estabeleceu em torno dela. — Com você.

— Graças a Deus que finalmente percebeu isso, — ele disse quando tomou
sua boca em um beijo abrasivo.

Ele praticamente arrancou suas roupas antes de a levantar e ela enrolou as


pernas em torno dele, a cabeça de sua excitação roçando seu sexo.

Ela deixou cair a cabeça para trás e olhou para o céu azul claro com os seus
corpos unidos e tomados pelo prazer.
Dois dias depois…

Tristan se aconchegou contra sua esposa nas primeiras horas da manhã. O sol
estava vindo sobre as montanhas, a sua luz vermelho-alaranjado se derramava
através das janelas sobre a cama.

Esposa. Ele ainda não podia acreditar que ela concordou em se tornar sua
companheira. À princípio Sammi esteve confusa sobre todo o assunto, mas Jane
rapidamente a colocou à vontade.

Houve um momento em que Sammi descobriu que não haveria crianças para
uma companheira de um Rei Dragão que Tristan pensou que ela poderia mudar
de ideia, mas assegurou a ele que não queria nada mais do que estar casada com
ele.

Con não colocou nenhum empecilho como ele fez com Kellan e Denae, mas
ele não estava feliz com isso. Ele passou horas com Sammi trancado em seu
escritório. Seja o que for que Sammi disse foi suficiente, porque ela estava radiante
quando finalmente saiu.

Tristan correu o polegar sobre o olho de dragão que agora estava tatuado na
pele dela. Todas as companheiras o fizeram aparecer depois que recitaram seus
votos na câmara sagrada nas profundezas da montanha.
Ele esfregou a mistura vermelho e preto de tinta, ainda espantado que ela
fosse realmente dele.

De repente, uma memória brilhou. Ele estava de pé com Logan, outro guerreiro, enquanto
tentavam chegar à ilha de Eigg. De repente Wyrran, umas criaturas calvas e de pele amarela do
tamanho de uma criança, apareceram em torno deles.

Deirdre criou as bestas. Ele tentou gritar um aviso para Logan, mas antes que pudesse
pronunciar as palavras, a magia Drough38 infundida no ar o segurou imóvel.

Então Deirdre apareceu. Ela era incrivelmente bonita, exceto pelo mal dentro dela que
transformou seu longo cabelo e os olhos brancos.

Como ele odiava a Druida.

Ele tentou se libertar do encanto, mas a magia dela era muito forte. Logan estava tentando
encontrar uma maneira para falar com ela, mas Deirdre não estava ouvindo nada disso.

Então ela disse a ele o segredo de Logan. Logan foi com ela para se tornar um guerreiro.
Ele estava atordoado, completamente surpreendido pelo pesar brilhando nos olhos de Logan.

Se ele pensava que isso é tudo que Deirdre faria, ele deveria ter a conhecido melhor. Com o
canto do olho, ele viu um flash de marrom. Malcolm.

Ele sempre gostou do mortal, mas agora ele era um guerreiro que aceitou a oferta de Deirdre.
Ele não entendia como Malcolm poderia fazer uma coisa dessas depois de viver no Castelo
MacLeod por tanto tempo.

Deirdre, então, disse a Malcolm para tirar a sua cabeça.

38 Magia negra dos druidas que se viraram para o mal.


Ele olhou para Logan antes de ele fixar seu olhar em Malcolm. Não havia nenhuma
emoção nos olhos marrons de Malcolm quando ele levantou a mão antes dele deixá-la cair.

Tristan sentou de repente na cama, sua respiração irregular quando a memória


da sua morte como um guerreiro tornou-se tão clara como se tivesse acabado de
acontecer.

— Tristan? — Sammi perguntou enquanto ela se ajoelhou ao lado dele. — O


que é isso? O que aconteceu?

— Eu me lembrei de como eu morri quando era um guerreiro.

Sem uma palavra, ela se inclinou para a mesa de cabeceira e pegou seu telefone
móvel. Ela digitou alguns números e disse: — Lembrou-se de como ele morreu.

Tristan ouviu a voz de Ian, mas não conseguia distinguir as palavras. Então
Sammi deixou de lado o telefone e colocou os braços ao redor dele.

— Ian está vindo. Ele me pediu para telefonar para ele sempre que você
tivesse uma lembrança.

Tristan acariciou as ondas de seu cabelo cor de areia, o que ajudou a acalmar
seu coração acelerado. Um amigo o matou. Logan manteve um segredo obscuro
de todos os guerreiros. Era ele quem deveria contar aos guerreiros sobre Logan?
Ele não acreditava que fosse. Era uma carga para Logan carregar, não ele.

Houve uma batida na porta, assustando os dois. Sammi pulou e agarrou seu
robe enquanto ela caminhou descalça para atender a porta.
Tristan foi mais lento para levantar. Ele olhou ao redor da casa. Eles deveriam
passar uma semana sozinhos antes de retornarem a Dreagan, mas eles só chegaram
há alguns dias.

— Tristan? — Disse Ian.

Ele virou as costas para a porta e pegou um par de jeans. — Eu nunca pensei
que fui assassinado.

— É algo que eu revivo a cada dia da minha vida, — disse uma nova voz.

Tristan se virou e viu Malcolm. Remorso brilhava intensamente nos olhos


azuis de Malcolm. O Malcolm que viu em suas memórias foi frio, duro, insensível
mesmo.

Mas o Malcolm de pé diante dele agora era um homem diferente. Isso era
óbvio.

— Sinto muito, Dun... Tristan, — disse Malcolm. — Eu sei que não dá para
compensar o que eu fiz, mas eu queria ser o único a dizer-lhe que eu obedeci a
ordem de Deirdre porque ela prometeu não prejudicar Larena. Eu.... Eu só queria
protegê-la. Eu não percebi que Deirdre me faria cortar sua cabeça.

Larena. A única guerreira e prima de Malcolm que era casada com Fallon.
Tristan estava lembrando mais e mais.

— Isso quase acabou com Malcolm, — disse Ian.

Sammi passou por ambos os homens para ficar ao lado dele. — O que
mudou?
Malcolm sorriu quando ele disse: — Evie. Minha esposa.

— Eu sei. — Tristan engoliu em seco e focou em Malcolm. — Eu estava lá


ajudando os Guerreiros contra essa batalha final com Jason Wallace.

Malcolm estremeceu e soltou um suspiro. — O que me faz sentir ainda pior.


Depois do que eu fiz para você, e então não sabendo que era você lá em cima me
ajudando a salvar Evie. Eu tenho uma vida que eu não merecia.

— Deirdre era uma cadela, — disse Tristan.

Os olhos de Ian se arregalaram. — Você se lembrou de tudo?

Tristan deu um aceno de cabeça e ficou grato quando Sammi colocou a mão
na sua. — Não. De vez em quando eu estou lembrando de algo, mas eu sei que eu
era um guerreiro. Eu sei que eu era seu gêmeo. Mas agora eu sou um Rei Dragão.

— Você é meu irmão gêmeo, — Ian corrigiu-o com um sorriso.

Malcolm limpou a garganta. — Tristan, não tenho o direito de perguntar, mas


você poderia sempre encontrar dentro de si mesmo um pouco de piedade para me
perdoar algum dia?

Tristan olhou para Ian que deu um tapinha no ombro de Malcolm. Seu gêmeo
já tinha perdoado Malcolm por sua parte em sua morte. Porque Tristan não deveria
fazer o mesmo? Além disso, tinha a sensação de que Malcolm sofreu o suficiente
no seu acordo com Deirdre.

— Eu te perdoo, — disse ele.


O alívio no rosto de Malcolm valeu a pena. Tristan teria que reviver sua
memória de morrer para sempre, mas Malcolm fez isso por sua família.

Tristan sabia o que isso significava. Ele faria qualquer coisa por Sammi e Ian,
e também Dani. Ela fazia parte de sua família agora. Como eram Jane e Banan.

— Havia outro guerreiro comigo. Logan, — disse Tristan.

Ian trocou um olhar com Malcolm. — Sim. Testemunhando a sua morte,


enquanto ele não podia fazer nada para te defender, deixou Logan de joelhos. Ele
nos contou seu segredo, o que Deirdre compartilhou com você.

— Está tudo certo? — Fallon perguntou quando ele se aproximou por trás
de Malcolm e Ian.

Malcolm olhou para ele.

— Sim, — disse Tristan.

Ian empurrou os outros para fora. — Vamos deixar os recém-casados


sozinhos.

Um segundo depois, Fallon saltou com eles para fora da casa. Tristan
afundou-se na beira da cama, enquanto Sammi se colocava entre suas pernas e
apoiou os braços sobre seus ombros.

— Você está realmente bem?

Ele deu de ombros e puxou o cinto do roupão solto. Ele se abriu para revelar
seu corpo lindo. Ele se inclinou para beijar um mamilo rosa-escuro e o sentiu
endurecer contra sua boca.
— Eu estou com você em meus braços — disse ele antes de sugar o mamilo
profundamente em sua boca.

Um gemido retumbou dela enquanto ela tocava seus ombros e o roupão caia
no chão. Ele caiu para trás com ela em seus braços antes que ele rolasse de costas.
Tristan levantou a cabeça e sorriu para ela.

— Você vai ser a minha morte, — ela disse com um sorriso, seus enevoados
olhos azuis escuros de desejo.

— Então vamos juntos meu amor, porque nossas vidas, nossas almas estão
interligadas.

— Deus, como eu te amo, — ela disse e passou os dedos pelo cabelo.

— Não chega nem perto do tanto que eu te amo.

Todas as palavras cessaram quando a paixão se tornou muito grande. A


necessidade de reclamar um ao outro, para marcar o outro era tudo que importava.

Isso e a harmonia que procuraram e encontraram, um dentro do outro.


Kiril não quis tripudiar quando ele se sentou e bebeu seu uísque irlandês em
um Doras. Afinal, os Reis Dragões ganharam outra rodada contra os Escuros.

Quantas mais que iriam ganhar era uma incógnita, mas o ar sobre o pub lhe
disse que os Escuros estavam furiosos. Furiosos porque outro Rei Dragão ficou
solto, e furiosos porque Taraeth ainda tinha que cumprir sua promessa.

Kiril não podia esperar para falar com o Con. O Rei dos Reis tinha algumas
bolas para ir para o palácio dos Escuros, como ele foi. Mas, novamente, Kiril não
esperava nada menos de Constantine.

De repente, uma onda de surpresa e choque se moveu através do pub. Kiril


permaneceu em sua cadeira olhando desinteressado enquanto ele tentava entender
a conversa.

O que poderia deixar os Escuros tão excitados?

Uma fêmea escura começou a bater palmas e rir loucamente, como se seu
maior inimigo tivesse sido morto.

— Eu não posso acreditar nisso, — disse uma voz masculina atrás de Kiril.

Ele não podia virar e ver quem era, mas a excitação era evidente em sua voz.

— O quê? — disse uma voz masculina que era mais profunda, mais cansada.

— Balladyn capturou Rhi!


O estômago de Kiril apertou. Rhi foi capturada? Por que nenhum dos Reis
Dragões disse a ele?

Gritos vieram de todo o pub quando a notícia se espalhou. Parecia que Rhi
tinha muitos inimigos no lado escuro, muitos que queriam vê-la morta.

Isso não iria acontecer se Kiril tinha algo a dizer sobre isso.

Ulrik se encostou nas pedras e esperou que os passos se afastassem. Ele


inclinou a cabeça para trás e olhou para a montanha uma vez que ele foi capaz de
entrar sem ter de esgueirar-se.

Muitas das gravuras dos dragões em todas as rochas foram feitas por ele, mas
nada disso parecia importar a qualquer um deles.

Seus inimigos.

Traidores.

Ulrik deslizou das sombras, mantendo-se perto da parede quando ele entrou
na caverna. Fúria o dominou como sempre acontecia quando ele via seus Silvers
mantidos enjaulados como se fossem animais selvagens.

Pelo menos eles estavam dormindo. Ele caminhou lentamente para a enorme
gaiola e deixou sua mão deslizar sobre as escamas de prata de seus dragões.
Eles não podiam ouvi-lo mais, não iria reconhecê-lo como seu Rei, mas eles
sempre seriam dele em seu coração. Até o dia em que ele pudesse recuperar o seu
papel como um Rei Dragão e sua vingança contra Constantine.

Era um dia pelo qual esteve ansioso por muito tempo. E parecia mais perto
do que nunca.

— Em breve, meus amores, — ele sussurrou enquanto caminhava para cada


um e os acariciava. — Em breve vamos nos elevar para o céu novamente.

Ele não podia ficar mais tempo. Com uma pontada de decepção, ele correu
até a entrada da caverna antes que ele fosse encontrado. Ulrik parou quando
alcançou a entrada e olhou para trás.

Um sorriso se formou quando viu que um dos Silvers virou seu rosto para
ele.

Eles ainda o reconheciam.

— Logo, Con. O tempo dirá em breve como você vai pagar pelo que você
fez.
Leia um trecho do próximo livro de Donna Grant

DESEJO ARDENTE

Kiril tinha uma mão no bolso de sua calça enquanto seu olhar ficava preso a
um par de pernas que pareciam ir por milhas. Sua saia preta roçava no alto de suas
coxas, e seus saltos plataforma só faziam suas pernas parecem mais longas.

Ele parou e deixou o olhar vagar por suas pernas até os quadris magros. Sua
camisa de prata brilhava com lantejoulas enquanto a faixa na bainha acentuava sua
cintura fina. A camisa para fora, enquanto nas costas cruzavam mostrando uma
riqueza de pele cremosa. Seu cabelo negro estava puxado para o lado em uma
trança bagunçada que caiu sobre o ombro esquerdo.

Ela se manteve de costas para ele quando ela olhou uma vitrine de uma loja.
Seu olhar se ergueu e cruzou com o dele através do vidro. Ele estava
completamente hipnotizado. Boquiaberto.

Em transe.
Sua beleza o deixou sem fala. Seu olhar estava preso. Kiril deu um passo na
direção dela quando ela se virou para ele.

Seus pulmões bloqueados, o ar preso enquanto ele contemplava uma beleza


que ele nunca encontrou. Seu rosto oval era a perfeição absoluta. As sobrancelhas
pretas arqueadas e finas sobre grandes olhos de prata. As maçãs do rosto eram
impossivelmente altas e tingidas com uma pitada de blush. Seus lábios, cheios e
largos, fez suas bolas apertarem.

Ela era Fae, mas nem mesmo isso o fez virar. Kiril encontrou muitas belezas
Fae, mas havia algo totalmente diferente sobre esta.

Ele piscou, e foi quando ele viu seu glamour. Se ele não tivesse estado tão
encantado, ele teria visto isso antes.

Decepção o encheu quando viu a faixa grossa de cabelo de prata contra seu
rosto e seus olhos vermelhos demonstrando que ela era uma Fae Escura.

Não demorou muito para ele deduzir que o escuro queria usá-la contra ele.
Era uma coisa boa que ele podia ver através do glamour, ou ele poderia realmente
ter se encontrado em apuros.

Ele deveria ir embora, mas não podia. Nem ele queria. Ele desejava saber da
Fae, e aproximando-se poderia deixar escapar algo que poderia ajudá-lo em sua
busca.

Seu jogo só se tornou infinitamente mais perigoso, e ainda assim, houve uma
pequena emoção que fez seu estômago apertar com a ideia de aprender mais sobre
a fêmea.
Ela era completamente intoxicante de se olhar, e se a inteligência que viu
brilhando através de seus olhos fosse tudo o que ele esperava, ela iria fasciná-lo
completamente.

Sua cabeça feita, Kiril foi até ela usando seu sorriso mais encantador. —
Encontrou algo que você gosta? — Ele perguntou quando ele acenou com a
cabeça para a vitrine de joias cintilantes.

Ela riu, o som fazendo o seu sague esquentar. — Eu amo o brilho das pedras
preciosas. É uma fraqueza. — Sua cabeça ligeiramente inclinada enquanto seus
olhos olhavam para ele. — Não é todo dia que um Scot visita a Irlanda. O que traz
você para a nossa ilha verde?

— O negócio. E prazer.

Ela deixou seu olhar lentamente vaguear sobre ele. Kiril desejava que ele
pudesse saber o que ela estava pensando e se ela gostou do que viu. Quando seus
olhos se voltaram para ele, seu sorriso de aprovação dizia tudo.

Era tudo o que podia fazer para não pressioná-la contra a janela e devorar os
lábios em um beijo que iria deixá-los sem fôlego.

Ela trocou sua pequena bolsa prateada de um lado para outro. — Eu vivi em
Cork toda a minha vida. É uma bela cidade.

Kiril assentiu e tardiamente percebeu que o Escuro que o estava observando


se fora. Ele engoliu a isca, depois de tudo. Isto também o fez consciente de quão
completamente ficou enfeitiçado com a fêmea. Ele ia ter que ficar atento para não
se encontrar preso em correntes. — Você está esperando por alguém?
— Eu estava. Eles estão atrasados, e eu estou cansada de esperar, — disse ela,
com os olhos enviando um convite que suas palavras não tinham.

A oferta estava sobre a mesa. Tudo que Kiril tinha que fazer era aceitá-la. Era
tentador, ou melhor, ela era. Seria um obstáculo traiçoeiro de areia movediça, se
ele aceitasse.

As mentiras iriam crescer, os enganos se espalhariam. Mas se ele tivesse


sucesso, as recompensas para os Reis Dragões poderiam ser numerosas.

Kiril estendeu o braço. — Você gostaria de se juntar a mim para o jantar?

Seu olhar baixou para o chão enquanto ela sorria timidamente e tomou seu
braço. — Eu gostaria muito disso.

Eles caminhavam de braços dados pela calçada em direção ao restaurante


italiano que era o seu favorito. O anfitrião sorriu amplamente quando viu Kiril.

— Fico feliz em ter você de volta, — disse ele e acenou para que o seguissem.

Kiril orientou a mulher à frente dele com a mão em sua parte inferior das
costas. Ele a sentiu tremer quando seus dedos roçaram a pele nua.

Ele não conseguiu conter o sorriso satisfeito. Ela foi enviada para seduzi-lo,
mas não era imune ao seu toque. Isso pode funcionar a seu favor, especialmente
se ele conseguiu trazê-la para seu lado. Não seria fácil, mas ele não achava que ele
ia se importar com o esforço.

Desejo, escuro e profundo, ardiam através dele. Não foi o desejo que o
alarmou, mas a necessidade crua e visceral, de conhecê-la, o anseio de prová-la.
A fome para enchê-la.

Esse desejo inchou e se intensificou difundiu e multiplicou a cada segundo


que eles estavam juntos. Ele o consumia, devorava-o. Ele estava sendo incinerado
de dentro para fora com essa necessidade queimando.

Kiril deslizou para dentro da cabine em forma de meia-lua ao lado dela e


prontamente pediu uma garrafa de vinho.

Ele abriu o cardápio e decidiu empurrá-la. Era isso ou beijá-la, e ele estava
com medo, se ele começasse a beijá-la, ele não seria capaz de parar. Kiril não achava
que alguém no restaurante gostaria de vê-lo fazer sexo. — Por que você aceitou o
meu convite?

Surpresa brilhou nos seus olhos vermelhos profundos. — Eu estava com


fome, e você me ofereceu comida.

— Você costuma sair com homens estranhos?

Ela riu o som indo direto para seu pênis. — Você é o primeiro. A propósito
eu sou Shara.

— Kiril.

— Kiril. Um nome forte, mas também muito invulgar.

Ele deixou o cardápio de lado e olhou para ela. Era estranho. Ele
normalmente odiava olhar para os olhos de um Fae Escuro. Algo sobre os olhos
vermelhos que pareciam errado, mas ele não se importava com ela.
— Shara. Que nome bonito para combinar com uma mulher intrigante e
cativante.

Ela limpou a garganta e abriu o guardanapo no colo. Seus lábios se separaram


para falar, mas antes que ela pudesse dizer algo o garçom trouxe o vinho.

Kiril continuou a observá-la, mesmo enquanto ele provava o vinho e acenou


com a aprovação para o atendente. Uma vez que os copos estavam cheios e seu
pedido feito, o atendente se afastou.

— Você estava dizendo? — Ele a estimulou a falar.

— Eu ia perguntar qual é o seu tipo de negócio?

Kiril pensou sobre inventar outra mentira, e então percebeu que não havia
necessidade. Ela sabia que ele era um Rei Dragão, sabia que ele era de Dreagan.
Uma mentira a menos só poderia ajudá-lo.

— Eu trabalho para uma destilaria. Eu provo outros uísques em todo o


mundo para comparação.

Seus olhos vermelhos prenderam os dele quando ela levou o copo de vinho
aos lábios e provou o cabernet sauvignon.39 — Não seria mais fácil se provasse
estes whiskies em sua destilaria?

— Pode ser, mas contribuem para o gosto de experimentar no local onde é


destilado. Também é útil para se sentar em um pub e observar o que os barmen
servem para seus clientes.

39 Tipo de vinho muito apreciado na Europa.


— Entendo. — Ela pousou o copo e lambeu os lábios.

Kiril rodou o vinho tinto em seu copo pensando em quanto ele queria beijá-
la. — O que você faz Shara?

— Eu trabalho no negócio da minha família.

Então, ela não mentiu também. Interessante. — E o que a sua família faz?

— Importar / Exportar.

Outra verdade. Fae Escuros eram notórios por atrair os seres humanos para
seu mundo, mas não era pelo prazer recebidos dos seres humanos. As mulheres
eram levadas pelos machos, e embora eles possam experimentar breve prazer, sem
o conhecimento das vítimas suas almas estavam sendo drenadas.

Quanto aos machos humanos, a fêmea Escura usava-os para o sexo. Sexo com
um Escuro era como uma droga, e os humanos poderiam tornar-se rapidamente
viciados. As fêmeas raramente viviam o suficiente para saber o que estava
acontecendo, mas a fêmea Escura fazia questão de manter os machos humanos
vivos por décadas para sua diversão.

— Um negócio lucrativo, suponho, — disse Kiril.

Shara desviou o olhar. — Ele é.

Kiril deixou as perguntas de lado quando sua comida foi entregue. O resto da
refeição foi gasto falando de qualquer coisa que nenhum deles tivesse que mentir.
Foi... refrescante.
Pela primeira vez em dias, Kiril quase se sentiu como ele. Ele ainda estava em
guarda, mas ele estava mais relaxado. Talvez fosse porque ele sabia o que ela era.

Ou talvez fosse porque ele queria empurrar de lado a comida, arrastá-la a seus
pés, e atirá-la em cima da mesa para ter o seu tempo com ela.
THE DARK KINGS SERIES
Darkest Flame
Dark Heat
THE DARK WARRIOR SERIES
Midnight’s Master
Midnight’s Lover
Midnight’s Seduction
Midnight’s Warrior
Midnight’s Kiss
Midnight’s Captive
Midnight’s Temptation
Midnight’s Promise
THE DARK SWORD SERIES
Dangerous Highlander
Forbidden Highlander
Wicked Highlander
Untamed Highlander
Shadow Highlander
Darkest Highlander
New York Times EUA Today – autora de best-sellers Donna Grant foi elogiada
por suas histórias – totalmente viciante – e – únicas e sensuais. Ela é a autora de
mais de trinta livros que abrangem vários gêneros do romance, incluindo o Best-
Seller histórias dos Dark King, Dark Craving, Night’s Awakening, e Dawn’s Desire.
Sua série aclamada, Dark Warrior e Dark Sword, apresentam uma combinação
emocionante de druidas, deuses primitivos, e Highlanders imortais que são
escuros, perigoso e irresistíveis. Ela vive com o marido, dois filhos, um cachorro e
quatro gatos no Texas.

Você também pode gostar