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DEDICATÓRIA ................................................................................................................................................................

8
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................................................................... 9
SINOPSE ........................................................................................................................................................................ 10
UM.................................................................................................................................................................................... 12
DOIS ................................................................................................................................................................................ 26
TRÊS................................................................................................................................................................................ 38
QUATRO ........................................................................................................................................................................ 53
CINCO ............................................................................................................................................................................. 64
SEIS.................................................................................................................................................................................. 75
SETE ................................................................................................................................................................................ 86
OITO ................................................................................................................................................................................ 97
NOVE............................................................................................................................................................................. 107
DEZ ................................................................................................................................................................................ 117
ONZE ............................................................................................................................................................................. 127
DOZE ............................................................................................................................................................................. 137
TREZE ........................................................................................................................................................................... 148
QUATORZE ................................................................................................................................................................. 159
QUINZE ........................................................................................................................................................................ 170
DEZESSEIS .................................................................................................................................................................. 180
DEZESSETE ................................................................................................................................................................ 191
DEZOITO ..................................................................................................................................................................... 201
DEZENOVE ................................................................................................................................................................. 212
VINTE ........................................................................................................................................................................... 222
VINTE E UM ............................................................................................................................................................... 232
VINTE E DOIS ............................................................................................................................................................ 243
VINTE E TRÊS............................................................................................................................................................ 254
VINTE E QUATRO .................................................................................................................................................... 266
VINTE E CINCO ......................................................................................................................................................... 276
VINTE E SEIS ............................................................................................................................................................. 290
VINTE E SETE ............................................................................................................................................................ 301
VINTE E OITO ............................................................................................................................................................ 312
VINTE E NOVE .......................................................................................................................................................... 327
TRINTA ........................................................................................................................................................................ 337
TRINTA E UM ............................................................................................................................................................ 349
TRINTA E DOIS ......................................................................................................................................................... 361
TRINTA E TRÊS ........................................................................................................................................................ 372
TRINTA E QUATRO ................................................................................................................................................. 382
TRINTA E CINCO ...................................................................................................................................................... 393
TRINTA E SEIS .......................................................................................................................................................... 404
TRINTA E SETE......................................................................................................................................................... 415
TRINTA E OITO ......................................................................................................................................................... 425
TRINTA E NOVE ....................................................................................................................................................... 435
QUARENTA................................................................................................................................................................. 446
QUARENTA E UM ..................................................................................................................................................... 457
EPÍLOGO ...................................................................................................................................................................... 464
FIM................................................................................................................................................................................. 469
CHAMA DA NOITE ................................................................................................................................................... 470
SOBRE A AUTORA ................................................................................................................................................... 482
Para Lara Adrian -

Escritora extraordinária, pessoa especial,

E estimada amiga!
Um agradecimento especial a todos do SMP por proporcionar que este livro ficasse
pronto, incluindo o departamento de arte maravilhoso por uma capa tão linda.
Muita gratidão e toda minha admiração para minha fabulosa editora, Monique
Patterson, que eu não posso nunca elogiar o suficiente.

Para minha agente incrível, Natanya Wheeler aqui estão os dragões!

Tiremos o chapéu para Leah Suttle por todo o trabalho de design que ela fez para
mim e as minhas maravilhosas bonecas. As palavras não podem dizer o quanto eu
adoro vocês.

Um agradecimento especial à minha família pelo apoio sem fim.

E para o meu marido, Steve. Por... bem, tudo! Eu te amo, Sexy!

**Esta é uma obra de ficção. Todos os personagens, organizações e eventos


retratados neste romance ou são produtos da imaginação do autor ou são usados
ficticiamente
Os Dark Kings1 soldados em luta para preservar a sua magia dragão. Mas o
destino eterno está sempre por perto...

Jurado Para Proteger

Seu nome é Laith. Para a maioria, ele é conhecido como o dono de um


pub local perto de Dreagan. Mas pouco sabe seus fregueses que, sob
seu belo e encantador exterior, Laith tem o coração e a alma de um Rei
Dragão - aquele que exerce o controle ao manter seus amigos próximos
e seus inimigos, do outro lado da fronteira, mais próximos ainda. Até
que uma estranha e misteriosa fotógrafa entra no cenário e põe todo o
seu mundo de ponta cabeça...

Conduzida ao desejo

Iona é uma mulher com uma missão: Descobrir a verdade sobre seu
pai morto. Ela voltou para a Escócia apenas para descobrir que ela faz
parte de um antigo pacto com Dreagan - um que ameaçará a frágil paz
com os Reis Dragões. Linda e dissimulada, Iona não é como qualquer
pessoa que Laith já conheceu... E ela abriga um segredo que outros
matariam para possuir. Será que ela vai completá-lo ou destruí-lo?

Copyright © 2014 por Donna Grant.

1Reis Escuros
Indústrias Dreagan

Junho

Laith recostou-se na cadeira com as mãos atrás da cabeça enquanto olhava ao redor
do escritório de Constantine. Havia apenas um punhado de Reis Dragões na
grande sala. Alguns estavam em várias missões relativas aos Faes das Trevas, Ulrik,
e outros que só Con conhecia.

Ainda outros reis estavam distribuídos nos sessenta mil acres da propriedade
Dreagan destinados a pecuária, fiscalizando o seu famoso uísque Dreagan e
patrulhando suas fronteiras. Porque mesmo que a sua magia dragão mantivesse a
maioria dos seres humanos e outros seres fora, alguns ainda tentaram chegar a
entrada.

Como uma raça de imortais que mudam de forma que estiveram aos arredores
desde o início dos tempos, os Reis Dragões não estavam livres de sua quota de
inimigos. E a lista continuo crescendo com o passar dos meses.

Cada rei era poderoso em seu próprio direito, ou ele nunca teria sido escolhido
para governar seus dragões, mas havia um que era Rei dos Reis - Constantine.
Con com seu jeito de menino surfista, cabelo loiro dourado e olhos negros sem
alma, poderia ser um frio filho da puta. Ele fazia o que era necessário,
independentemente de quem ficasse ferido, a fim de manter o segredo de Dreagan
e evitar que o segredo vazasse para os seres humanos.

Ao girar as abotoaduras de ouro, com cabeça de um dragão em seu pulso, Con


sentou pacientemente atrás de sua mesa olhando para uma pasta de arquivo,
enquanto todos tomaram seus assentos.

—O que está acontecendo? — Ryder se inclinou para sussurrar antes de dar


imediatamente uma mordida numa rosquinha cheia de geléia.

Laith deu de ombros. Poderia ser qualquer coisa e ele aprendeu há muito tempo
não tentar adivinhar o que se passava na cabeça de Con ou tentar descobrir as
intenções de Con quando fazia algo. O fato de que Con não iria olhar para cima a
partir da pasta significava que tudo o que estava lá dentro o estava incomodando,
de fato.

Kellan foi o último a entrar no escritório de Con. Depois de uma rápida olhada ao
redor, Kellan fechou a porta atrás dele. O Guardião da História permaneceu como
estava encostado na porta em vez de tomar uma cadeira.

Outro sinal de que algo ruim aconteceu. Laith respirou fundo e lentamente deixou
o ar sair. Além de Ryder, Con e Kellan estavam Rhys, Warrick, Hal e Tristan.
Todos olhavam tranquilamente. Exceto por Rhys.
Havia alguma coisa acontecendo com seu amigo, mas até agora Rhys não
compartilhou com ninguém. As linhas de tensão ao redor da boca de Rhys diziam
que tudo o que o incomodava estava tomando um preço duro.

Rhys passou a mão pelo longo cabelo escuro, seu olhar encontrando o de Laith.
Um segundo depois, o olhar de Rhys afastou-se. Laith coçou o queixo, o
crescimento de dois dias da barba dava comichão, enquanto ele considerava como
estava difícil conseguir que Rhys ou alguém finalmente dissesse, o que estava
errado.

—Vamos, Con, — Tristan disse quando ele se inclinou e cruzou uma perna para
apoiar o tornozelo sobre o joelho. —Pare de ganhar tempo. Por que você chamou-
nos aqui?

Os olhos negros de Con levantaram lentamente para encontrar os de Tristan. Ele


deixou o silêncio alongar antes que Con se inclinasse para a frente e enfiasse um
dedo na pasta de arquivo. —Isto.

—E o que é isso? — A voz de Hal estava calma, mas como um dos seis reis que
tomaram companheiras, isto era quase nada. Seu olhar estava voltado para Con,
seu porte ansioso e preocupado.

Con suspirou e ficou de pé. Ele enfiou as mãos nos bolsos de sua calça azul-
marinho. —Eu esperava que nós tivéssemos um indulto. Eu esperava que Kiril e
Shara teriam mais tempo sendo recém-acasalados.
—Pelo amor de tudo que é sagrado, cospe logo, — Ryder afirmou, incapaz de
esperar mais.

Um músculo na mandíbula de Con saltou. —John Campbell foi encontrado morto


esta manhã.

Todo mundo se acalmou, seus rostos expressando choque, surpresa e descrença


quando as palavras de Con penetraram. Ninguém disse uma palavra quando eles
compreenderam que a morte de John atingia Dreagan.

Laith fechou os olhos, sentindo remorso pela morte de John. Os Campbells


tinham possuído os cinquenta acres que fazem fronteira com Dreagan por
incontáveis gerações. Eles começaram logo após a guerra com os humanos, uma
vez que os Reis enviaram os dragões para outro reino. Havia uma porta para
Dreagan, ela estava escondida, mas poderia ser usada por seus inimigos. Desde
que a magia de nenhum Rei Dragão poderia tocar a área ao redor da porta, ficou
claro que eles teriam de confiar em um ser humano para fazer isso por eles.

Os Campbells, um dos poucos grupos de seres humanos que não declaram guerra
contra os Dreagan, reivindicaram. E assim a vigilância dos Campbells começou.

Somente o chefe da família, era o único responsável por garantir que ninguém
acidentalmente tropeçasse na porta, e sabia o segredo dos Dreagan e o que estava
sendo vigiado. Eles continuaram nessa mesma linha durante milhares de anos
através de guerras e invasões. Os Campbells mantinham em segredo os Reis
Dragões e os Reis, por sua vez, os protegiam.
Como Laith ia sentir falta do riso de John e suas piadas. John não tinha apenas
protegido os Dreagan, ele se tornou um amigo.

—Quem vai proteger a terra? — Perguntou Laith.

Kellan olhou para Con. —John tem uma filha, Iona.

—Está certo. Esqueci-me sobre ela, — disse Rhys.

Hal franziu a testa quando ele se inclinou para frente e apoiou os braços sobre as
pernas. —Ela está fora já por um tempo, sim?

—Um longo tempo, realmente, — disse Con. —Vinte anos na verdade.

Laith se deslocou para ficar confortável na cadeira. —John muitas vezes falou de
Iona. Ele me mostrou suas fotografias quando ele vinha para o pub2. Por todo o
tempo que eu o conheci e por todas as vezes que nós conversamos, ele nunca me
contou o que aconteceu com sua esposa.

Con se levantou e caminhou atrás de sua cadeira alta, apoiando os braços nas
costas. —Uma das responsabilidades de John era permanecer na terra.

—Ele permaneceu quando sua esposa saiu e levou Iona, — Hal disse suavemente.

Laith deslocou seu olhar de volta para Con. —Ele poderia ter deixado tudo isso.

—Ele levou o juramento para nós a sério, — explicou Kellan. —Para ajudar com
a dor de sua perda, ele enterrou-se na sua escrita depois disso.

2Bar, cervejaria, boteco. (Linguee).


Warrick balançou a cabeça lentamente. —Ele era um excelente escritor.

—Com certeza ele era. — Con olhou para a pasta de arquivo novamente.

Laith deixou cair os braços no seu colo. —O que está no arquivo, Con? Se fosse
apenas uma questão de garantir que sua filha assuma os deveres de seu pai, nós
não teríamos sido chamados aqui.

—Iona aceitar os seus deveres é outra questão inteiramente diferente. Eu vou


chegar a isso em um momento. O que está na pasta é um relatório. John não
morreu por causas naturais, — Con disse enquanto bloqueava seu olhar em Laith.
— Ele foi assassinado.

Tristan murmurou uma série de palavrões baixinho e inclinou-se para a frente.


Ryder permaneceu como estava, seu corpo tenso. Rhys manteve os olhos no chão,
uma mão apertou seu lado.

Kellan se afastou da porta e caminhou até ficar ao lado de Con. — O antigo Range
Rover3 de John foi encontrado descendo a montanha próxima de sua casa. A queda
do SUV4 o matou instantaneamente.

—Como é que podemos afirmar que foi um crime? — Perguntou Ryder.

Con disse: — O inspetor de polícia sabia que John e eu éramos conhecidos e desde
que Dreagan é uma grande empresa nesta área, ele veio a mim com os resultados.

3Tipo de veículo de fabricação da marca LAND ROVER


4Que significa “veículo utilitário esportivo”. É um tipo de automóvel com características dos veículos de passeio e
dos veículos para todo tipo de terreno (off-road) aliando conforto, espaço e versatilidade.
A morte de John foi classificada pela primeira vez como um acidente, mas após
uma inspeção do veículo eles perceberam que era assassinato. A mangueira de freio
tinha um furo quase invisível nela o suficiente para drenar o fluido de freio e fazer
com que os freios parassem de funcionar.

—Isso poderia acontecer com qualquer veículo, — disse Warrick. —Veículos


antigos como este necessitam de reparos. Talvez ele não cuidasse do Rover.

— O buraco na mangueira era um círculo perfeito. Não desgastado como seria se


a mangueira estivesse velha. — Con endireitou. —Pedi ao inspetor para manter as
coisas quietas. Ele ficou feliz em atender desde que ele não quer o vazamento do
resultado ainda.

Laith respirou profundamente e foi lentamente liberando. — O que você quer que
façamos?

— Mantenham-se atentos a qualquer coisa, — disse Kellan.

Con acenou para Laith. — Especialmente no pub. As pessoas vão falar. Eu quero
saber quem fez isso com John. Ele era muito querido e não tinha nenhum inimigo.

—O que significa que eles são nossos inimigos, — disse Ryder.

Rhys levantou os olhos para fixar o olhar com o de Con. —Você acha que foi
Ulrik.

Con deu de ombro. —Pode ser Ulrik, ou poderia ser os Faes Escuros. Não há
dúvida que os Escuros estão querendo vingança pelo que Kiril fez.
—E Rhi, — Rhys acrescentou.

O silêncio que se seguiu depois que ele disse o nome de Rhi estava cheio de atrito.
Rhi, uma Fae da Luz, que foi uma amante para um Rei Dragão era uma constante
fonte de irritação para Con. Recentemente, ela foi seqüestrada por um das Trevas
chamado Balladyn, que aconteceu de ter sido um grande amigo dela antes de se
virar para o mal. Rhi conseguiu se libertar, mas ninguém sabia onde ela estava.

Desde que Rhi arriscou sua vida contra os Fae das Trevas para ajudar Kellan e
Denae, bem como Tristan e Sammy, cada rei tem uma enorme dívida com Rhi -
incluindo Con.

—E Rhi, — Con acrescentou com firmeza.

O ódio entre Con e Rhi foi multiplicado ao longo dos séculos em vez de atenuar.
Foi ao ponto antes do sequestro que Rhi fez de sua missão irritar Con em cada
oportunidade. E ela era muito boa nisso.

—Não houve nenhum sinal dos Escuros, de acordo com o monitoramento de


Henry— disse Tristan. —Mesmo que seus recursos da MI5 tenham diminuído de
repente.

Hal torceu os lábios. —Nós já triplicamos a nossa vigília e ninguém sequer ouviu
um sussurro sobre os Fae das Trevas. Algo está acontecendo.

—E Ulrik não deixou Perth, — disse Ryder.


Con deixou seu olhar passar sobre cada um deles, por sua vez, antes de dizer: —
As autoridades vão querer um culpado pela morte de John. Podemos entregar-lhes
um suspeito, mas eu não acho que foi um das Trevas. Seus métodos são mais...
hediondos. Este foi o trabalho de seres humanos.

—Se é Ulrik, ele está comandando tudo a partir dos Silver Dragon, — Ryder
afirmou.

Todos sabiam que Ulrik encontrou uma maneira de entrar e sair de dentro de sua
loja de antiguidades sem ser detectado, apesar da variedade de câmeras que Con
tinham em torno do edifício.

—Vamos saber se é Ulrik em breve. Eu não vou esperar Iona retornar para o
funeral de seu pai. Ela não foi vista em vinte anos.

Tristan franziu a testa. —Significando?

—Significa, que eu não vou correr nenhum risco. Iona estará aqui em breve. Ryder
pegue a foto dela e mostre a todos. Assim que ela for vista na cidade, eu quero
saber. Ela não estava aqui para que John transmitisse o legado Campbell.

—O que significa que será um de nós. — disse Warrick.

Laith esperava por tudo que não fosse ele. Ele não queria ou necessitava estar
atado com um ser humano que precisava ser convencido que os Reis Dragões
eram bons. Ele já tinha ido por esse caminho antes.

E acabou mal.
Ele só não era do tipo paciente, nem era o tipo de explicar as coisas com calma e
racionalmente mais de uma vez. Para ele, as ações falavam mais alto do que
palavras. Aquele que poderia tomar Iona pela mão e mostrar-lhe o caminho era
Warrick, ou mesmo Ryder. Céus, mesmo Con seria melhor para ela do que ele.

Laith ia ter a maldita certeza que ele não ia ficar preso com ela. Por que então ele
tinha uma suspeita que o destino estava rindo dele?

Hal levantou uma sobrancelha negra, seus olhos azuis do luar cheios de dúvida. —
Você está tão certo de que você pode forçar Iona a ficar aqui?

Os olhos de Con estreitaram. — Ela vai ficar aqui, mas no final isto não importa.
Iona Campbell não pode vender as terras. Elas permanecerão com a família
Campbell por linha direta como sempre.

—As coisas mudam, — disse Rhys.

—Não isto, — Con declarou friamente. —Não importa o que Iona Campbell
queira, ela não poderá vender essa terra. Se quisermos permanecer escondidos dos
humanos, então vamos ter que continuar usando nossos poucos aliados como
Henry North e os Warriors. E os Campbells.

Laith não achou que ele seria sempre grato a todos os outros seres humanos mas
não mais do que os Campbells, mas Henry North era uma exceção. O espião tinha
vindo em seu auxílio algumas vezes e continuou a ajudar uma e outra vez.
Warrick limpou a garganta e se levantou. Ele fixou Con com seu olhar azul. —Eu
não dou a mínima sobre as decisões que tomamos no passado. Temos de olhar
para o futuro. Essa entrada na terra Campbell precisa ser vigiada.

—Como apenas uma Campbell pode, — disse Kellan.

Con soltou um suspiro. —Fizemos esse pacto com os Campbells com magia,
Warrick. Não importa o que queremos, não pode ser mudado.

Ryder deu um pequeno aceno de cabeça. —Nenhum de nós quer que a nossa
guerra se espalhe para o mundo dos humanos. Nós nos mantivemos em segredo
por milhares de milênios. Podemos e vamos continuar.

Laith tinha suas dúvidas, especialmente com toda a tecnologia que abundava, mas
mais importante, seus inimigos não estavam apenas tentando matá-los, eles
queriam os Reis expostos ao mundo.

Mais preocupante era que os Faes Escuros procuravam algo escondido por Con.
Ninguém, a não ser Con e Kellan, sabiam o que era esta arma e onde estava, e
nenhum dos dois falariam sobre. Já os Reis Dragões lutaram uma guerra com os
humanos, uma guerra que causou aos dois lados perdas imensuráveis.

Por um lado, havia Ulrik. Um Rei Dragão que foi banido porque começou a matar
seres humanos depois que sua mulher o traiu. Isso por si só foi uma perda terrível,
mas mais do que isso foi o fato de que todos os dragões desapareceram. Os seres
humanos foram muito bons em matar e, a fim de manter a paz, os Reis mandaram
seus dragões embora.
Laith olhou para suas mãos. Ele sabia em seu coração que ele nunca iria ver seus
amados Blacks novamente. Eles estavam perdidos para sempre. Tudo o que podia
esperar era que eles prosperaram e continuavam vivendo.

—Estejam vigilantes, — disse Con e voltou ao seu lugar.

Laith foi um dos primeiros a levantar e caminhar até a porta. Ele precisava voltar
para o pub. The Fox and The Hound5foi sua idéia há mais de mil anos atrás. Porque
ele adorava estar lá, todos o conheciam, o que significava que ele tinha que dormir
por uma ou duas gerações antes que ele pudesse acordar mais uma vez e tomar o
seu lugar no bar. Ninguém sabia que era propriedade de Dreagan. O povo sabia
que ele era parte de Dreagan, mas o segredo de que o possuía foi omitido desde o
início do pub.

Laith chegou às escadas que levavam até o primeiro andar do Dreagan Manor 6
quando ouviu seu nome. Ele olhou por cima do ombro e encontrou Tristan
correndo para ele.

—Como Sammy está se saindo? — Tristan perguntou, preocupado.

Laith balançou a cabeça enquanto ele ria. —Como eu já lhe disse todas as últimas
semanas, está se saindo esplendidamente. Ela possuía seu próprio pub, lembra?

—Ela está feliz? — Tristan pressionou.

5"The Fox and the Hound" ("O Cão e a Raposa: Amigos e Inimigos" no Brasil e "Papuça e Dentuça" em Portugal) é
um filme norte-americano de animação de 1981 produzido pela Walt Disney Pictures e baseado no livro de mesmo
nome do autor Daniel P. Mannix. É o nome do bar do Laith.
6 Solar dos Dragões.
—Com certeza.

Tristan sorriu bobamente enquanto desciam as escadas. —Obrigado por dar-lhe o


trabalho. Ela precisava fazer alguma coisa e ela adora estar atrás do balcão.

—Foi tanto para o meu benefício quanto o dela. Já não tenho que arranjar
desculpas quando eu preciso sair. Como sua companheira, Sammy sabe o nosso
segredo. Isso fez com que a minha vida se tornasse infinitamente mais fácil.

Tristan deu uma tapa nas costas dele, seu sorriso ainda maior. —Eu sei. Ela é
incrível. Eu vou encontrá-la para o almoço.

Laith parou no final das escadas e viu Tristan saindo da mansão. Ele sempre ficava
espantado em como seus companheiros Reis conseguiam encontrar companheiras
em tudo, especialmente porque eles tinham estado milhares de anos sozinhos.

—Eu não consigo entendê-los, — Ryder disse quando ele parou ao lado de Laith.
—Não me interpretem mal. Eu amo a sensação das coxas de uma mulher ao meu
redor, mas estar ligado a uma única mulher para a eternidade? — Ryder
estremeceu. —Não é para mim. Seja humana ou Fae.

Laith teve que admitir que era estranho ver um Rei acasalado a uma Fae e nada
menos que uma Fae de uma poderosa família de Escuros. Mas Shara provou a si
mesma e a todos seu amor por Kiril. Ela era tão parte de Dreagan como as fêmeas
humanas que acasalaram com os Reis.

—Eu concordo, — disse Laith.


Ryder riu dando a Laith uma olhada. —Eu vi você flertando com aquela ruiva da
aldeia quando ela entra no pub.

Laith sorriu. —Eu sou dono de um pub. Eu flerto com todas quando estou atrás
do bar.

—Você vai continuar fazendo isso e vai encontrar-se acasalado quando menos
esperar.

—Não é para mim. Estou perfeitamente contente, assim como estou.

Ryder fez uma careta. —Você está louco? Por que dizer algo assim e tentar o
cosmos?

Laith observou-o se afastar, perguntando se ele estava apenas atraindo o interesse


do destino.
Depois de vinte anos, Iona estava de volta a Escócia. Ela dirigiu o pequeno carro
de aluguel através das estradas sinuosas das Highlands7 ignorando a beleza
espetacular ao redor dela que pedia para usar sua câmera e documentá-la. Mas era
difícil.

Não é que ela não amasse a paisagem. Mesmo quando ela tentou esquecer sua
infância na Escócia, ela sentiu algo faltando em sua alma. Não foi até ela
desembarcar em Edimburgo que ela percebeu que a peça que faltava era a selvagem
terra mística.

As mãos de Iona suavam quando ela agarrou o volante. Quanto mais se


aproximava de sua casa de infância, mais seu coração batia forte. Não tinha certeza
se eram os nervos ou tristeza que trouxe tal reação e ela não queria analisar muito
profundamente as emoções para descobrir.

Apenas na semana passada, enquanto estava em missão no Afeganistão, ela quase


foi morta. Foi por causa dos fuzileiros navais dos EUA com quem ela estava que
ela conseguiu sair com apenas ferimentos leves, mas isto colocou as coisas em
perspectiva. Isso a fez perceber quão curta a vida era e independentemente de
como se sentia sobre o que seu pai fez, ela precisava falar com ele, vê-lo.

7Terras Altas da Escócia.


Mal ela arrumou seus pertences e reservou um vôo do Afeganistão para a Escócia,
quando as pessoas começaram a perguntar-lhe sobre família e de onde ela era.
Foi... Estranho.

Quase como se o destino tivesse dado outro empurrão para que voltasse para casa.

Como se ela precisasse. A experiência de quase morte foi suficiente.

Mas era tarde demais. Durante uma escala, ela foi notificada pela empresa que ela
trabalhava sobre a morte de seu pai.

Iona não derramou nenhuma lágrima. Em vez disso, a raiva brotou dentro dela.
Ela estava furiosa que seu pai morreu antes que ela chegasse a vê-lo. Sim, era tolo
e irracional, mas não mudava seus sentimentos.

Descobriu sobre a morte do pai foi quando recebeu um telefonema do advogado


de seu pai querendo saber quando estaria na cidade para a leitura do testamento.

Iona focou na estrada sinuosa quando passou por um aglomerado de nuvens de


chuva. Os limpadores de para-brisa eram barulhentos e estridentes enquanto
diligentemente trabalhavam para manter o pára-brisas limpo de chuva.

Tudo abalava seus nervos. Ela se sentia crua, exposta. E ela odiou tudo isso.

Ela estava acostumada a ser completamente independente, se deslocando de um


lugar para outro com apenas sua mochila. Iona aprendeu muito rapidamente em
seus primeiros anos que a única pessoa com quem ela realmente poderia contar
era ela mesma. Não valia a pena colocar sua fé ou confiança em qualquer outra
pessoa, porque sempre a desapontavam.

Tudo começou com sua mãe e seu pai e tudo continuou na escola e universidade.
Ela gostava de estar sozinha e apesar do que algumas pessoas pensavam, estar
sozinha não significava que ela era solitária.

É por isso que ela amava seu trabalho. Fotografia era sua vida. Olhando para trás
tanto quanto ela conseguia se lembrar, era tudo o que sempre quis fazer. Ela teve
a sorte de trabalhar para a Comuna, um grupo de empresários ricos de todo o
mundo que contratava peritos em vários campos para qualquer tipo de trabalho.

Para Iona, suas atribuições poderiam ser nada mais do que fotografar uma
exposição de horticultura em Paris ou, como sua última missão, se aprofundar no
meio da batalha para obter uma visão em primeira mão da guerra sendo travada.

Ela dirigiu ao longo das estradas, encontrando um carro ou dois nas montanhas.
Ela poderia ter apenas oito anos quando sua mãe levou-a para longe da Escócia,
mas ela ainda recordava o quão tranquila sua vida tinha sido.

Um olhar sobre o mapa ao lado dela havia lhe indicado para virar à esquerda em
uma estrada de terra que era mais lama do que qualquer coisa. Ela dirigiu ao redor
das poças, pois não sabia o quão profundo os buracos poderiam ser e não queria
ficar presa.

Mesmo depois de tantos anos desde que ela viveu nas Highlands, ela ainda
reconheceu o portão à sua frente. Iona parou o carro e estacionou, olhando
fixamente para ele. Seu pai a colocava no topo do portão enquanto ele abria e
fechava. Foi uma das poucas memórias que se permitiu lembrar, porque abrir a
comporta não lhe faria nenhum bem.

Iona soltou o cinto de segurança e abriu a porta. Suas mãos tremiam enquanto ela
caminhava até o portão e o destrancava antes que os abrisse. Rangeu alto,
silenciando o chilrear dos pássaros ao redor dela.

Ela olhou ao redor, a floresta densa. O olho de fotógrafa percebendo o verde


profundo das agulhas de pinheiro, o verde pálido das samambaias que cobriam o
chão e como elas adicionavam um contraste contra a casca de cor escura e o sol
filtrando através dos galhos das árvores.

Daria umas belas imagens, mas documentar sua viagem era a última coisa que ela
queria fazer.

Iona voltou para seu carro e passou pelo portão antes de voltar e fechá-lo. Ela
então dirigiu lentamente pela estrada estreita através da floresta. Duas vezes teve
que parar e deixar uma marta8 atravessar para os pinheiros que ladeavam a estrada.

Quando as árvores diminuíram e deparou-se com a clareira e com a pequena casa


de campo, ela teve que parar o carro, ela estava tão abalada com as memórias.

8Marta é a denominação comum dado aos mamíferos mustelídeos do gênero "Martes". Estes animais são carnívoros e
semidigitígrados e têm uma pele muito apreciada.
Iona respirou, sua garganta apertada com as emoções. Seus olhos se encheram de
lágrimas, mas ela se recusou a derramar uma única lágrima por um homem que
não tinha tentado entrar em contato com ela em vinte anos. Ele era seu pai e ela
iria enterrá-lo desde que era seu único parente, mas não iria chorar por ele.

Ou pelas memórias do passado.

A última vez que ela viu a casa estava no meio da noite durante uma terrível
tempestade. Ela estava encharcada quando sua mãe arrastou-a gritando para o
carro. Todo o tempo sua mãe continuava dizendo a ela o que seria uma boa vida
que teriam em Kent e que enquanto a Inglaterra parecia um longo caminho, ela
realmente não estava longe.

Iona não tinha prestado muita atenção à sua mãe. Tudo o que podia fazer era olhar
para a silhueta de seu pai na porta enquanto ele estava observando-as sair. Ela
gritou para que ele parasse sua mãe. Estendeu os braços para o homem que nunca
a tinha decepcionado.

Mas naquela noite ela descobriu o homem que seu pai realmente era.

Ele assistiu-as sair sem dizer uma única palavra. Ele não tentou impedir sua mãe
ou até mesmo tentou manter Iona com ele.

Durante semanas depois, ela pensou que seu pai viria por ela. Ele iria levá-la de
volta para a casa de campo e suas madeiras, mas os dias se transformaram em
semanas e semanas em meses. Ele não ligou, não escreveu e ele nunca chegou a
vê-la.
Iona piscou e expulsou as lágrimas, a pressa repentina de correr os últimos cem
metros até a casa. Ela foi lenta para sair do carro. Uma vez que saiu, não se moveu.
Não tinha certeza se poderia entrar na casa.

Inclinando-se contra o carro alugado, ela lentamente percorreu a área. A casa em


si estava em ordem, arrumada. Havia alimentadores de pássaros em todos os
lugares, algo que foi acrescentado depois que ela se foi.

Quantas vezes ela implorou a seus pais por um alimentador do pássaro? Ela não
tinha uma câmera nessa idade, mas observar os pássaros era tão bom.

Iona endireitou-se e deu a volta para a parte de trás da casa. Um deck de madeira
foi estendido da porta dos fundos. Uma mesa de ferro forjado e duas cadeiras
estavam arrumadas bem como um livro, aberto e virado para baixo.

O vento agitava as páginas úmidas das pancadas de chuva frequêntes. O livro foi
posto de lado como se seu pai planejasse voltar. O que significava que sua morte
aconteceu de repente.

Isso era uma coisa que ela não perguntou, como ele morreu. Iona não pensou que
fosse querer saber.

O som de um motor quebrou a paz da floresta. Iona ficou instantaneamente em


guarda quando ela voltou para a frente da casa. Seus passos diminuíram, e depois
parou quando viu o caminhão de reboque chegar e parar com o Range Rover1972
de seu pai amarrado a parte de trás.
A porta do caminhão se abriu e um homem careca, corpulento com cabelos
grisalhos e uma barba espessa saiu. Ele lhe deu um sorriso. —Disseram-me para
devolver o veículo agora que as autoridades já fizeram as verificações.

—Verificações? — Ela repetiu.

Ele olhou para cima de sua prancheta. —Sim. Isso é geralmente o caso quando
um veículo capotado é encontrado.

—Veículo capotado? — Iona não conseguia parar de repetir suas palavras. Ela
sabia que soava como uma idiota, mas isso foi antes de ela descobrir como seu pai
morreu.

O motorista levantou o olhar para ela e baixou lentamente começando o processo


de transferência do carro. —Perdoe-me, moça. Pensei que você soubesse.

—Acabei de chegar. — Ela engoliu em seco, esperando que ele não ouvisse a
ruptura em sua voz. —Por favor, diga.

Ele hesitou como se estivesse tentando pensar em uma maneira de livrar-se de


explicar. Finalmente, ele franziu os lábios por um momento e então disse, — O
Rover de John foi encontrado virado a cerca de três quilômetros da cidade antes
de ontem.

Três quilômetros? Isso significava que ele estava saindo da montanha. Não havia
balaustradas, apenas pedras e mais montanha, se alguém virasse.

—Sinto muito dizer, moça, que John foi encontrado morto.


Iona piscou e assentiu. — Você conhecia o meu pa... John?

— Eu o conhecia. Eu o considerava um amigo. Ele odiaria saber que você


finalmente voltou para casa agora que ele se foi.

Ela não podia suportar a censura em seu olhar escuro, nem ela se importava que
seu pai tivesse um amigo. — John estava bêbado?

—Não, — o velho disse, ofendido. —Ele vinha para a cidade três vezes por
semana para jantar e, em seguida, ia para o pub para um trago comigo e alguns
outros rapazes.

Parecia estranho que ela descobrisse essas poucas coisas sobre a vida de seu pai,
agora que ele se foi. Ela ficou desconfortável em pé ali falando sobre seu pai.

O motorista deve ter percebido seu desconforto, porque voltou sua atenção a área
de transferência. Alguns segundos depois, ele arrancou uma parte do papel e
entregou a ela, juntamente com as chaves. —Vou levar apenas um momento para
desengatar o veículo.

Iona não se moveu de seu lugar enquanto o Range Rover foi libertado das
restrições, nem se moveu até que o caminhão estava fora de vista. Só então ela
deixou os ombros caírem. Agora que ela sabia que seu pai morreu de forma tão
inesperada e dura, ela se sentiu mal por pensar tão insensivelmente nele apenas
momentos antes.
Com as árvores bloqueando a maioria da luz, as sombras começaram a alongar,
fazendo Iona pegar suas coisas e ir para dentro da casa.

A chave estava no bolso de sua mochila com as outras coisas de seu pai. Entrou e
depois fechou e trancou a porta atrás dela. Prestando pouca atenção à casa, Iona
caminhou até a primeira porta à direita e parou subitamente.

Seu antigo quarto estava exatamente como foi deixado na noite que ela saiu. Nada
foi movido e tudo foi recentemente espanado. Mesmo o edredom xadrez vermelho
ainda estava na cama.

Iona deixou a mala ao lado da cama. Era como voltar no tempo, mesmo que ela
não podia voltar a sua vida aos oito. Tinha vinte e oito anos.

Ela passou o resto da noite indo de cômodo em cômodo olhando tudo. O


escritório de seu pai, ao lado de seu quarto, era uma bagunça completa. Assim
como ela lembrava de sua infância. Havia papéis empilhados em todos os lugares.
Seu computador estava ligado, o cursor piscando no meio da página onde ele parou
de escrever.

Quando ela olhou para o relógio, passava da meia-noite. Iona se arrastou para a
cama e caiu em cima dela, ainda totalmente vestida.

Ela só queria descansar por um momento, mas a exaustão venceu. A noite foi
passando cheio de sonhos de sua mãe e pai, e quando sua vida virou de cabeça
para baixo. Iona acordava e rolava, apenas para ser acordada por outro sonho.
Ela se remexeu e revirou durante noite toda e, finalmente, desistiu de tentar
dormir. Precisou de duas xícaras de café antes que pudesse olhar para o relógio
para ver que era apenas seis da manhã. O sol estava brilhando enquanto ela deixou
de lado a xícara e foi até o banheiro.

Depois do banho e uma troca de roupa, se sentia mais humana. Ela daria uma
chance a casa mais uma noite, uma vez que poderia ter sido toda carga emocional
que causou os sonhos. Mas se ela passasse outra noite sem dormir, iria reservar
um quarto no motel mais próximo ou B & B9 até que todos os pertences de seu
pai fossem despachados.

Iona abaixou a cabeça para a frente para bater contra o espelho no banheiro. Ela
ainda tinha o funeral e desde que ela era sua única parente viva, caberia a ela
organizar tudo. Para não mencionar a leitura do testamento.

Quanto mais cedo ela tivesse tudo pronto, mais cedo poderia seguir em frente. Ela
levantou a cabeça e alisou de lado o cabelo molhado antes que estendesse a mão
para o secador. Enquanto secava os cabelos, fez uma nota mental de tudo o que
precisava cuidar para o funeral, suas últimas vontades, suas contas bancárias,
vender seu Range Rover e a propriedade.

Iona não achava que teria muito em suas contas bancárias desde que seu pai nunca
foi bom em controlar seus fundos, mas com a venda do terreno e do SUV, ela

9É a sigla de Bed and Breakfast, que significa Cama e Café da Manhã. B&B é um tipo de alojamento, onde os hóspedes

podem desfrutar além do quarto, de um café da manhã, cujo valor já está incluso no preço, mas não é oferecida nenhuma
outras refeições no local.
imaginou que seria suficiente para reembolsá-la pelo que ela teria a desembolsar
para o funeral.

Olhou-se no espelho. Atraente, era como os homens a chamavam, mas não uma
grande beleza. Ela não virava a cabeça ou fazia os homens se esquecerem de si
mesmos. Ocasionalmente, ela iria chamar a atenção de um homem, mas com sua
agenda da viagem, ela não estava à procura de um relacionamento. De qualquer
espécie.

Seus pais podem ter desempenhado um grande papel nesse processo de tomada
de decisão, no entanto, quando se tratava de homens e relacionamentos.

Iona passou os dedos pelo cabelo louro-claro. Levou uma eternidade para
endireitar e com a umidade das Highlands ela nem sequer se preocuparia em tentar.
Ela optou por deixá-lo em seu estado natural, que eram ondas, cachos não bonitos,
mas ondas que faziam o que queriam.

Para ajudar a se fortalecer, Iona tirou da mala a pouca maquiagem que carregava
com ela. A pequena aldeia não era Londres ou Sydney, mas ela queria deixar uma
boa impressão.

Menos de uma hora depois, saiu da casa e foi até o carro dela. Mais trinta minutos
e estava na cidade. Levou duas passagens pela rua estreita onde estava quase tudo
localizado antes de encontrar a delegacia.
Iona estacionado e respirou fundo antes que saísse do carro. Ela fechou a porta e
percebeu que várias pessoas pararam e estavam olhando como se ela fosse alguma
estranha.

Ela colocou um sorriso no rosto, puxou a bolsa em seu ombro e foi buscar o corpo
de seu pai.
Foi o dia mais longo da vida de Iona. Todo mundo queria falar com ela sobre seu
pai. John Campbell tinha sido admirado, respeitado e até mesmo amado entre as
pessoas da aldeia. Estranho desde que ia contra tudo o que ela se lembrava de sua
mãe dizendo dele.

Iona estava morta de cansada quando voltou para a casa no final da tarde. Tudo o
que ela queria era um sanduíche e uma cerveja. Ela jogou as chaves e bolsa no
balcão da cozinha e tirou os sapatos. Então ela abriu a geladeira à procura de uma
cerveja.

—Claro, — ela murmurou quando não viu uma.

Nunca lhe ocorreu que ela poderia precisar pegar alguns mantimentos. Ela fez seu
sanduíche antes de sair para se sentar à mesa. Enquanto comia, ela observou os
pássaros que voavam de alimentador para alimentador, seu canto suave. Um por
um, eles se estabeleciam para a noite. O crepúsculo estava sobre ela e ainda assim
não queria ir para dentro e ser lembrada de sua infância.

Não que estar fora fosse diferente. Ela lembrou de ficar brincando entre as árvores
como uma jovem menina e caçando os gatos selvagens na esperança de obter um
vislumbre dos animais indescritíveis. Ela não teve toda a floresta para brincar, no
entanto. A floresta era enorme, abrangendo várias centenas de acres, mas ela foi
confinada a uma pequena porção perto da casa.

Terra dos Campbell, seu pai o chamou. A terra além pertencia a Dreagan
Industries. Ela ainda não entendia por que uma empresa precisa de tanta terra.

Iona terminou seu sanduíche e recostou-se na cadeira. Ela permaneceu até que
ficou tão escuro que não podia ver nada. Quando se levantou para voltar para a
casa, ela fez uma pausa, certa de que ouviu alguma coisa na floresta.

Ela ouviu atentamente, mas não escutou mais nada. Com um aceno de cabeça,
andou para dentro da casa e fechou a porta de vidro deslizante.

Ela estava caminhando para seu quarto quando ela viu as chaves no chão. Iona se
inclinou e as pegou, com certeza elas caíram de sua bolsa. Ou talvez ela estivesse
muito cansada para perceber que caíram.

Era depois da meia-noite quando o celular tocou. Levantou-se da cama e deixou o


corpo quente da mulher para caminhar nu para a mesa do café onde todos os seis
de seus telefones celulares estavam alinhados.
Ele se sentou no couro creme do sofá Chesterfield e alcançou o quarto telefone.
Ele atendeu com um curto, —Sim?

— Ela chegou exatamente como você disse que faria senhor. — Veio o sotaque
australiano através da linha.

—Boa. Que outras notícias você tem? — Perguntou.

O mercenário disse: —Ela visitou o necrotério e falou com muitos dos aldeões
antes de voltar para casa. Eu olhei dentro de sua bolsa enquanto ela estava fora,
mas não encontrei nada ainda.

—Continue olhando. John terá deixado a ela alguma coisa.

—Sim senhor.

—E o outro grupo de homens que enviei? Eles já viram você?

O mercenário riu. —Não senhor. Está funcionando apenas como você me disse
que seria.

—Excelente. Eles têm sido vistos?

—Ainda não, mas eles permaneceram escondidos nas árvores atrás da casa com
apenas dois como guardas observando quem vem até a unidade.

Ele se encostou no sofá e sorriu. —Mantenha-me informado.


A chamada terminou. Ele colocou o telefone de volta com os outros. Tudo estava
alinhando-se perfeitamente. Em seguida, Con enviaria um dos Reis para chegar
perto de Iona, na esperança de determinar o quanto ela sabia.

Então o Rei iria notar o grupo de homens seguindo Iona, assim como ele planejou.
Os reis estariam tão focados no grupo que nunca iria perceber o que realmente
estava acontecendo ao seu redor.

Quase podia saborear a vitória.

Con voou entre as nuvens, amando a sensação do vento contra suas escamas. Por
mais que quisesse aproveitar seu tempo, estava em patrulha. Embora lhe desse
tempo para pensar sobre seu próximo passo com Iona Campbell.

Assim como pediu, foi notificado logo que ela chegou na cidade. Ele ia levar um
dos Reis dragões para fazer uma conexão com ela para descobrir se John deixou-
lhe instruções sobre o que fazer. Porque se John não o fez, então ia ter que levá-la
até os Reis para ser informada de tudo.

Con esperava que não fosse o caso. Ele não conhecia Iona, mas esperava que ela
fosse como a maioria dos seres humanos e zombasse da idéia de que havia outros
seres no planeta com eles. O fato de que a terra era crucial para Dreagan não
ajudava.

Ele baixou uma asa e circulou ao redor, seu olhar digitalizando o chão. A única
coisa que ele viu foi um rebanho de cervos vermelhos situado em um vale. As
coisas estiveram tranquilas, muito tranquilas. A morte de John e os movimentos
dos Faes Escuros de repente se tornando difícil rastrear a única pista que tinham
era uma má notícia para todos no Dreagan.

Se Iona quisesse ou não, ela era parte de algo que não podia escapar.

Tudo que Con podia pedir era que Iona e um Rei fizessem algum tipo de conexão.
Mesmo que isso significasse que o Rei encontrou sua companheira.

Ele fez uma careta. Constantine odiava até mesmo pensar ao longo destas linhas,
mas se era isso que precisava fazer Iona acreditar neles, então Con faria um desfile
de cada rei não acasalado na frente dela, se fosse preciso.

Iona estava dormente. Não por falta de sono na segunda noite, no entanto, era
parte disso. Mas porque era a única palavra que poderia usar para descrever o que
sentia enquanto observava o corpo de seu pai sendo abaixado na terra.
Mesmo enquanto se vestia para o serviço, não se deu conta até que ela chegou à
igreja que estava enterrando seu pai. Que ela nunca iria ouvir sua voz novamente
ou ver seu sorriso.

No meio do serviço, ela parou de prestar a atenção a tudo. Ela parou de ouvir as
condolências de todos. Ela via suas bocas em movimento, sentiu seus toques
simpáticos, mas tudo foi abafado pelo toque em seus ouvidos.

Uma vez que o serviço foi concluído e o corpo estava no chão, ela queria correr
para o carro e fugir, mas não podia. As pessoas continuavam a parando querendo
falar, para dizer a ela o quanto eles gostavam de John Campbell. Iona assentia e
sorria cordialmente, incapaz de pronunciar uma única palavra.

—Senhorita Campbell, — disse uma voz profunda ao seu lado.

Ela virou a cabeça para olhar para um rosto tão lindo que ele quase não parecia
real. Seu cabelo loiro era curto e ondulado, lembrando-a dos caras que ela observou
surfar na Austrália. Seus penetrantes olhos negros a examinando com cuidado.

—Sou Constantine da Dreagan Industries. Eu sinto muitíssimo pela sua perda, —


disse ele.

Ela assentiu, olhando para baixo para ver seu terno preto perfeitamente adaptado
e camisa branca engomada abaixo com o laço preto e prata.

—Tenho certeza que você tem muitas coisas urgentes para fazer, senhorita
Campbell, mas, por favor, saiba se você precisar de alguma coisa, você só precisa
vir a Dreagan e pedir. Eu considerava John um amigo. Sua perda será sentida pelos
próximos anos.

Ela simplesmente olhou para ele, incapaz de compreender que seu pai era amigo
de alguém como Constantine da Dreagan.

Constantine fez uma rápida reverência de sua cabeça para o túmulo. — John
Campbell era um homem bom e honrado.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele se afastou, seus passos largos
engolindo o chão. Ele parou ao lado de um Maserate Granturismo MC Stradale
azul brilhante, entrou antes e foi embora.

Iona sabia que ela deveria estar feliz porque seu pai, aparentemente, tinha tantos
amigos, mas não conseguia sentir muita coisa. Ela respirou fundo e viu o advogado
de seu pai, Thomas MacBane. Foi ele quem ligou para contar a ela sobre o
testamento de seu pai. Ele deu um aceno, esperando por ela. Iona andou até o Sr.
MacBane.

Assim que ela chegou, ele começou a falar de seu pai com carinho, mas Iona se
manteve distante enquanto eles desciam o caminho ladeado de flores ao lado da
igreja para a calçada que os levou ao seu escritório duas quadras abaixo.

Sr. MacBane abriu a porta e esperou que ela entrasse antes que dele em seu prédio.
Ele sorriu e acenou para frente em seu escritório enquanto sua recepcionista os
cumprimentava.
Iona se acomodou na cadeira confortável diante de sua grande mesa. Ela sentou-
se e cruzou as pernas. Ela teve que comprar um vestido preto quando
desembarcou em Edimburgo. Parecia estranho ver-se nos saltos quando ela
normalmente usava botas de caminhada todos os dias.

Ela olhou para o rosto de Thomas MacBane, observando as linhas de riso ao redor
dos olhos. Ele estava em torno da meia idade, com uma estrutura fina e pele branca
pastosa. Mas ele tinha um olhar bondoso. Não era de admirar que seu pai confiasse
nele. — Quero pedir desculpas de antemão, Sr. MacBane, se eu parecer rude, mas
é que tem sido alguns dias muito cansativos.

—É claro, — disse ele, seus olhos escuros bloqueando com os dela, seu simples
interesse. —E, por favor, me chame Thomas.

Ela forçou um sorriso. Thomas não era feio com seu cabelo castanho claro e risada
contagiante, mas ela não poderia mesmo juntar força em uma tentativa de flertar.
— Obrigada, Thomas.

Ele limpou a garganta e reuniu os papéis na mão. — O testamento de seu pai é


bastante simples, Iona. Ele deixa todos os seus bens para você, incluindo toda a
soma de dinheiro em suas três contas.

—Três? — Ela perguntou em estado de choque.

—Sim, três. Ele também tinha vários investimentos em ações. Tudo isso agora vai
para você.
—Eu não achava que ele tivesse muito dinheiro.

Com isso, Thomas desviou o olhar do rosto. —John tinha as três contas desde
antes de você nascer. Sua mãe teve acesso a apenas uma delas, que ele retificou
quando ela foi embora.

Iona apertou os braços da cadeira. Ela lembrava claramente os argumentos no final


da noite entre seus pais por causa de dinheiro. Especificamente sua mãe
reclamando que nunca havia o suficiente. —E as ações? Sempre estiveram lá?

— Um pouco. Outras ele investiu ao longo dos últimos anos.

—Quanto em dinheiro estamos falando?

Thomas hesitou por um momento antes que ele respondesse: —Eles totalizam
pouco mais de quinhentas mil libras.

—Eu não acho que ele fez muito como escritor.

—Ele fez um bom dinheiro com muitos de seus romances. A maior parte de sua
renda foi para apoiar a aldeia e instituições de caridade. Ele sempre viveu muito
frugalmente.

Iona estava começando a se sentir mal. A imagem que tinha de seu pai e o que sua
mãe disse a ela ao longo dos anos estava em conflito com as coisas que ela estava
descobrindo agora.
—Eu odeio ser o único a dizer isso, mas o seu pai recebeu uma grande parte de
seu dinheiro de herança. — disse Thomas. —Ele colocou a maior parte dele numa
conta para você.

Agora ela realmente ia ficar doente. Seu estômago se agitou quando lhe cobriu um
suor frio. Por que não fez contato com ela? Por que ele não tentou vê-la? Ela teria
descoberto a verdade sobre ele então.

Dinheiro não importa para ela porque ela fez uma vida muito boa, mas teria sido
bom saber o seu lado da história.

Iona precisava de um tempo sozinha. —Isso é tudo?

—Não, — Thomas disse com um aceno de cabeça, os olhos tristes. — Há uma


cláusula no testamento. Os cinquenta acres de terra não podem ser vendida ou
alugada. Ele deve permanecer em mãos dos Campbell. Ele não pode ser
transferido para outro Campbell, exceto após a sua morte.

Ela esfregou a testa tentando absorver tudo. — Diz por que que eu não posso
vender?

— Seu pai lhe deixou uma carta. Talvez isso vá explicar tudo.

Iona duvidava. Havia dezenas de perguntas que saltavam ao redor em sua cabeça.
Ela recebeu a carta quando se levantou e saiu do escritório em transe. Se estava
dormente antes, ela foi esmagada pelas emoções agora.
No momento em que chegou ao seu carro estacionado na igreja, ela conseguiu se
acalmar um pouco. Então notou a carta na mão.

Seu pai era rico, rico o suficiente para manter sua mãe feliz e contente. Rico o
suficiente para ter mantido todos juntos. Mas ele não tinha. Ele as deixou sair
naquela noite, destruindo seu mundo perfeito e o único lar que conheceu. Ele não
tinha lutado por ela.

Talvez seja isso que os tenha prejudicado mais. Não era como se ela pudesse
perguntar a sua mãe nada disso. As mentiras que sua mãe disse foram acumulando
de hora a hora, Iona estava cansada de ser enganada. Ela queria a verdade.

Ou não? Ela apertou os olhos e lutou contra as emoções sufocando-a. Ela e seu
pai foram próximos. Ele era seu herói. Até que ele as deixou ir embora.

Iona abriu os olhos e jogou a carta, junto com sua bolsa, no banco do passageiro
do carro enquanto ela entrava. Ela ligou o carro e guiou para fora da aldeia, mas
ela não iria para a casa de campo.

Em vez disso, ela dirigiu o carro sem nenhum sentido particular e seguiu a estrada
e a necessidade de pensar. Vinte minutos depois, ela parou quando viu um local
pitoresco no topo de uma montanha e abriu a janela.

Ela olhou para as montanhas ondulantes, com o sol brilhando através das nuvens.
As nuvens tomando formas surpreendentes ao longo das encostas. Iona virou-se
em seu banco e pegou as duas bolsas que estavam sempre com ela, a bolsa de sua
câmera e uma bolsa de viagem.
Demorou um pouco, mas ela conseguiu sair de seu vestido preto e saltos, trocando
por um par de jeans e uma camiseta branca lisa. Não era a primeira vez que se
trocava em um carro, e duvidava que fosse a última.

Ela colocou seus pés em um par de botas e atou-as antes de pegar sua câmera e
sair do carro. Bastou estar longe da cidade para ajudar a aliviar um pouco. Havia
realmente apenas uma maneira para ela relaxar e era tirando fotos.

Iona andou por cerca de vinte passos de seu carro e agachou-se em um joelho.
Abriu sua bolsa e cuidadosamente tirou sua câmera antes de levá-la para seu olho.
Ela ajustou a lente para focar a propagação de flores amarelas. Vários estalos
depois, ela mudou a câmera e tirou mais fotos da montanha, diminuindo o zoom
para obter o máximo delas que pudesse.

Ela estava sorrindo quando abaixou a câmera. Algumas pessoas precisam de


exercício ou beber para se acalmar, mas tudo o que ela tinha a fazer era ter a sua
câmera na mão. O mundo parecia diferente através da lente de sua câmera.

Incapaz de ficar longe, Iona viajou mais para baixo da encosta de um córrego no
vale. À beira da água, ela tirou fotos das rochas ao longo de ambos os lados, bem
como os maiores no meio do rio que faziam a água fluir em torno delas.

Iona tirou uma foto quando uma borboleta pousou em uma pedra na margem
oposta. Ela estava encantada com as cores azuis e roxas nas asas da borboleta.
Durante a hora seguinte, ela explorou a área e encheu sua câmera com fotos.
A caminhada de volta para o carro dela foi tão agradável quanto a viagem para
baixo. Tanto que Iona já estava planejando fazer mais caminhadas enquanto ela
estivesse nas Highlands. Seria uma pena não aproveitar a beleza em torno dela.

Ela entrou no carro e começou a colocar sua câmera no banco do passageiro. Seu
olhar pegou o envelope de seu pai, mas não foi isso que fez seu coração perder
uma batida. Foi porque o envelope estava posto no topo de sua bolsa enquanto
que esteve abaixo dela quando ela saiu. Ele ainda estava fechado, o globo do lacre
de cera vermelho no lugar, mas parecia que alguém mexeu com a beira.

Iona olhou para a janela aberta. Mesmo se o vento entrasse, não teria deslocado a
carta para lá. Será que o vento foi forte o suficiente para puxá-lo de debaixo de sua
pesada bolsa, ela poderia ter caído no assoalho ou mesmo para fora da janela.

O que significava que alguém esteve em seu carro. Iona apressadamente olhou ao
redor quando trancou as portas e fechou sua janela. Havia poucas árvores onde
estava não deixando lugar para alguém se esconder atrás.

Iona não esperou. Ela ligou o carro e virou o volante para fazer facilmente uma
inversão de marcha para voltar para casa. Quanto mais longe ficasse do local, mais
fácil seria capaz de respirar.

—Tanto para a paz que eu encontrei, — ela murmurou para si mesma.

Em seu trajeto pela cidade, viu um sinal para o pub The Fox & The Hound. Desde
que ela não queria parar na loja apenas para comprar álcool, Iona decidiu que uma
bebida no pub poderia ser uma boa. Ela poderia sentar e rever as fotos que tirou,
enquanto provava uma boa cerveja.

Iona viu o sinal de madeira balançando a partir do polo de metal no lado da estrada
e diminuiu. Estacionar foi difícil, pois quase todos as vagas foram tomadas, mesmo
no início da tarde. Ainda não a dissuadiu de estacionar.

Ela colocou a carta em sua bolsa e enrolou a alça por cima do ombro enquanto
saía do carro. Ela fez questão de bloqueá-lo antes de ir para o pub. Iona abriu a
porta e entrou, analisando instantaneamente o local. Os pisos e mesas eram limpos
e as paredes estavam cobertas de artigos, notícias e fotos das pessoas da aldeia.

O olhar de Iona ficou trancado em um homem alto atrás do bar em uma camiseta
azul escuro inclinando-se com as mãos no balcão, enquanto falava com alguém.
Ele riu, o som a atingiu diretamente no estômago, antes que ele pegasse um copo
e inclinasse numa torneira do tonel de cerveja para preenchê-lo.

Ela tentou engolir quando viu o cabelo loiro escuro que pairava apenas abaixo do
queixo. Ele passou as mãos pelo cabelo, fazendo com que os músculos grossos em
seus braços se movimentassem.

Mesmo à distância, Iona sabia que ele era o tipo de homem que causaria infinitos
problemas. O tipo que deixava um rastro de corações partidos por onde passava.

Ela disse a si mesma para ir embora, esquecer-se sobre a bebida. Mas ela queria
olhar mais atentamente para ele, ver a cor de seus olhos.
Então ela caminhou até o bar e sentou-se, segurando a respiração em seu peito
quando seu olhar de bronze se virou para ela.
Laith colocou a cerveja de Keith na frente dele e teve um vislumbre de alguém
pelo canto do olho. Ele se virou com um sorriso, pronto para oferecer-lhe uma
bebida e depois congelou. Iona Campbell entrou em seu pub.

Ele sabia que era ela por sua fotografia, mas a foto não era nada comparada com
a mulher ao vivo. Seus lábios, cheios e tentadores, foram se curvando em um meio
sorriso, dando-lhe um ar de mistério. O cabelo loiro e ondulado na altura dos
ombros parecia que foi agitado pelo vento, como se ela tivesse andado entre a
urze10.

Ela tinha um ar de independência sobre ela que era... Sedutor. Era alta e esbelta,
sua blusa branca apenas apertava o suficiente para agarrar-se a seus seios. Havia
uma mancha de sujeira em seu cotovelo como se ela estivesse estado deitada no
chão recentemente.

Seu olhar retornou ao seu rosto enquanto reivindicou um banco no bar. Ela
colocou o cabelo atrás da orelha, os olhos cor de café dirigido a ele. Sua pele tinha
um brilho dourado, denotando que ela estivera muitas vezes ao sol.

10
[Bot.]- Urze é o nome comum de diversas plantas das família das Ericáceas. São bastante comuns em terrenos pobres
de cal. As espécies existentes em Portugal são encontradas principalmente nas montanhas de granito, no norte do país. As
flores da urze são de cores variadas.
Laith deu um passo mais perto, observando a pitada de sardas sobre o nariz. —
Bem-vinda ao The Fox and The Hound11. O que posso fazer por você?

—Sua melhor cerveja, — disse ela, seus lábios se curvando em um sorriso mais
profundo.

Laith foi incapaz de responder. Ele devolveu o sorriso e virou-se para pegar a
cerveja. Certamente era um truque de luz ou algo para levá-lo a reagir como se
fosse a primeira mulher que ele viu em um milênio. Uma vez que ele olhasse para
ela novamente, ele veria que era como qualquer outra mulher que entrou em seu
pub.

Ele terminou de encher o copo e hesitou por um momento. Laith se virou para a
recém-chegada e mais uma vez foi atingido por seu apelo terroso. Se alguém lhe
perguntasse, ele iria chamá-la de uma criança das florestas.

Seu sorriso caiu um pouco enquanto ele a olhava. Laith sacudiu-se e serviu a
cerveja na frente dela. Seus olhos se encontraram novamente e ficaram retidos. Ele
sentiu uma atração inegável e incontrolável por esta mulher e lutou contra ela.
Difícil. Era mais do que apenas luxúria. Este... Sentimento... Estava em outro plano
completamente.

Não.

11"O Cão e a Raposa:Amigos Inimigos" no Brasil e "Papuça e Dentuça" em Portugal é um filme norte-americano de
animação de 1981 produzido pela Walt Disney Pictures e baseado no livro de mesmo nome do autor Daniel P. Mannix.
Ele não queria sentir nada por Iona. Se ele o sentisse, poderia ser tentado a ser o
único a mostrar-lhe a magia de Dreagan e o que ela guardava.

Maldição.

—Obrigada, — disse ela e pegou a cerveja.

Seus dedos se tocaram brevemente, mas foi o suficiente para uma corrente de
desejo puro, absoluto aquecer seu sangue. Ela puxou a mão, provando que sentiu
isso também. Seus olhos olharam para a esquerda antes de deslizar de volta para
ele.

Laith não tinha certeza se ele queria gritar com fúria para o destino anunciando
seu blefe, ou saltar sobre o balcão e reivindicar a boca de Iona em um beijo quente
o suficiente para deixar o pub em chamas.

Se sim ou se não ele iria desempenhar um papel no futuro de Iona, ele tinha uma
função a desempenhar com perfeição então. — Eu não te vi aqui antes. Você é
uma turista dando uma parada em nossa bela aldeia?

Ela tomou um gole de cerveja, quando ele serviu o copo. —Eu nasci aqui, embora
estive fora por alguns anos.

—Você deve ser Iona Campbell. Minhas condolências sobre seu pai. Eu gostava
muito do John.

—Parece que todo mundo gostava, — ela murmurou com uma pitada de
confusão.
Laith sabia que deveria se afastar e cortar qualquer laço e ainda assim ele
encontrou-se perguntando: —Você pretende permanecer na cidade por muito
tempo?

—Na verdade não. Uma vez que tudo estiver terminado, eu vou estar de volta ao
trabalho.

—E onde é isso? — Laith não poderia começar a entender por que ele continuava
a fazer perguntas. Ele disse a si mesmo que era informação para todos no Dreagan,
mas na realidade, ele estava mais do que curioso sobre ela.

Droga, droga e droga.

Ela riu suavemente, o som disparou direto para seu pênis. Ele olhou em volta e
notou que não era o único que não conseguia tirar os olhos dela. O resto dos
freqüentadores estava olhando com interesse. —Eu sou uma foto jornalista. Eu
viajo o mundo tirando fotos de pessoas e eventos.

—Estou impressionado. — E ele realmente estava. Não poderia ser uma vida fácil,
mas ela obviamente amava o que fazia. —As artes comandam em sua família.

Foi a coisa errada a dizer, porque uma pequena carranca se formou em sua testa e
o sorriso desapareceu. Ela percorreu os dedos ao longo da condensação do copo.
—Eu acho que sim.

Laith deu um aceno e relutantemente voltou para os seus outros clientes. Várias
vezes a pegou olhando para ele através dos espelhos atrás do bar. Não importa o
quanto tentou não olhar em sua direção, ele encontrou-se fazendo uma e outra
vez.

Um pouco mais tarde ele a viu com uma câmera, ela rolava através das fotos. De
alguma forma, ele conseguiu manter a distância até que sua cerveja estava quase
terminado.

—Você gostaria de outra? — Perguntou.

Ela olhou para cima e sorriu. —Por favor.

Serviu-lhe outra cerveja e a colocou diante dela. Assim quando ele se virou para
sair, ela chamou sua atenção. —Um momento, por favor?

—Sim?

—Quão bem você conhecia o meu pai?

Laith deu de ombros e apoiou as mãos no balcão. —Muito bem. Ele vinha três
vezes por semana a cada semana. Havia um pequeno grupo de homens que
ficavam com ele, embora ocasionalmente ele estivesse sozinho.

—Eu estou tendo um pouco de dificuldade de reconciliar o que pensei que meu
pai era com quem ele realmente foi.

Laith não poderia imaginar estar em seu lugar. Pela dor que ela não conseguia
esconder em seus olhos escuros, encontrou-se querendo dar-lhe conforto. O tipo
de conforto que viu Kellan dar a Denae.
Não é boa notícia em tudo. Estou confundindo a minha própria cabeça.

Por que então ele não foi embora?

Só ele poderia responder a sua própria pergunta.

—Seu pai falou de você muitas vezes.

Um leve rubor manchou suas bochechas. — Quer dizer que você sabia que eu era
uma fotógrafa?

—Sim. Todo mundo sabia. John nos mostrava seu trabalho com frequência. Você
é realmente boa.

Ela tomou outro gole da cerveja escura. —Você parece saber muito sobre mim e
eu ainda nem sei o seu nome.

—É Laith.

—Laith, — ela repetiu, deixando-a cair lentamente de seus lábios, quase como uma
carícia.

Ele ficou instantaneamente, dolorosamente duro.

É a sua última chance. Corre. Corra agora.

—Um nome incomum, — disse ela.

—É um nome de família.

Suas sobrancelhas subiram. —Você tem família por aqui?


—Não por um longo tempo.

—Sinto muito. — Ela rodou o copo. —Posso te perguntar uma coisa?

Ele deu um aceno. —Claro.

—Este pub faz fronteira com Dreagan. O que você sabe deles?

Laith estava completamente surpreso com a pergunta. Ele pensou que ela poderia
perguntar algo sobre seu pai, mas não sobre Dreagan tão cedo. Será que ela já sabe?
John poderia ter dito a ela?

—Eles destilam o melhor uísque ao redor e eles são bons para o povoado.

—E o meu pai os conhecia?

—Ele conhecia. John conhecia todo mundo.

Ela prendeu o lábio inferior com os dentes. —É estranho, não é? Pensar que você
conhece alguém, só para descobrir que tudo o que acreditava estava errado. A
Escócia não é a minha casa. Não a vinte anos, mas eu não quero ficar aqui.

—Você não acha que é bonita?

Iona sorriu. —Tirei muitas fotos hoje para provar que eu acho, mas não tenho
tempo para cuidar da terra.

—Você herdou as terras de seu pai, — disse ele, colocando inflexão suficiente em
seu tom de voz para que ela pudesse acreditar que ele apenas adivinhou.
—Herdei. Eu quero vendê-la, mas parece que não posso.

A porta do pub abriu e Sammy entrou, seus olhos azuis enevoados enrugaram pelo
seu sorriso e seus cabelos cor de areia presos em um rabo de cavalo. —Ei, Laith.

—Ei, Sammy, — ele chamou.

Ela veio ao redor do balcão e colocou sua bolsa debaixo dele e depois deu um
sorriso para Iona. —Olá. Você deve ser a que todo mundo está falando.

—Sou eu, — Iona disse com tristeza, com uma elevada da cerveja.

Sammy estendeu a mão. —Sou Sammy. Eu trabalho com Laith.

—Prazer em conhecê-la, — Iona disse quando elas apertaram as mãos.

—O mesmo para você. Devemos ter uma... — Sammy começou, mas foi cortada
quando a porta se abriu novamente. —Espera aí, — disse Sammy e correu ao
redor do balcão para Tristan, que a agarrou contra ele para um beijo rápido.

Iona observou a cena antes que ela virasse a cabeça para Laith. —Quem é aquele?

—Esse é o marido de Sammy, Tristan, que só acontece de ser uma parte da


Dreagan. — Foi à oportunidade perfeita para ele empurrar Iona para outra pessoa,
mas assim que as palavras saíram de sua boca, queria levá-las de volta.

Iona observava o par cuidadosamente. —Eles parecem realmente cuidar um do


outro.
—Eles realmente cuidam, — ele disse incapaz de não franzir o cenho com sua
escolha de palavras.

Ela se virou para ele. — Eu geralmente estou só comigo mesma. Às vezes esqueço
e digo coisas em voz alta que deveria guardar para mim.

—Não se preocupe sobre isso aqui. — Ele viu Sammy trazendo Ryder e Tristan
então ele balançou a cabeça em sua direção. —Você está prestes a conhecer mais
pessoas.

Iona endireitou-se e virou-se no banco para enfrentar os três.

—Iona, — disse Sammy. —Este é o meu marido, Tristan e nosso amigo Ryder.

Iona usava um sorriso amigável quando ela os cumprimentou. —Olá.

Tristan baixou a cabeça, mas Ryder pegou sua mão e deu-lhe um sorriso
encantador. Laith não gostou da forma como ela corou em troca. Ele deu um passo
para trás. Ele deveria estar grato, aliviado mesmo, que outro rei ficou interessado
por ela. O que significava que Laith estava fora do problema. Ele não queria ter de
cuidar de Iona.

Não é?

—Eu estava apenas dizendo a Iona que ela e eu precisávamos nos encontrar para
uma bebida em algum momento. — Sammy voltou para Iona. — Eu costumava
ficar sozinha e então conheci Tristan. Agora, não posso ter amigos o bastante.
—Você me pegou, amor. E não sou o ‘suficiente?’ — Tristan perguntou a Sammy
com uma piscadela.

Sammy puxou seu longo cabelo castanho. —Você sabe que é.

Tristan a puxou contra ele. —Quando você sai do trabalho?

—Não até o fechamento. — disse Laith com uma risada. —Você vai ter que
esperar para ter algum tempo a sós com sua esposa.

Ryder sentou no banquinho ao lado de Iona. —Você ainda não esteve em


Dreagan?

—Não, — ela disse, e olhou para Laith. — Eu no entanto conheci Constantine.

Laith deixou de lado sua toalha. — No funeral.

— Queríamos falar com você, — disse Ryder. —Mas Con pediu-nos para não
oprimi-la.

Iona franziu a testa. —Eu sinto muito. Havia tantas pessoas lá que não me lembro
de muitas delas.

—Ninguém te culpa, — disse Sammy. Ela colocou uma mão reconfortante no


braço de Iona. — É provavelmente melhor que só Con se aproximou de você, em
vez de uma série de homens da Dreagan.

Laith assistiu Iona inquietar-se sob seu embaraço antes que ela perguntasse: — O
que você faz na Dreagan?
—Muitas coisas, — respondeu Tristan.

Ryder levantou uma sobrancelha loira. — Nós não apenas fazemos uísque, moça.
Criamos milhares de ovelhas e gado.

—Eu não tinha idéia, — Iona disse uma pitada de admiração em sua voz.

—A maioria das terras Dreagan são usadas para a conservação da natureza, —


acrescentou Tristan. —As florestas, as montanhas e os habitats naturais são todos
protegidos.

Seus olhos se arregalaram um pouco. —Mesmo? Isso é maravilhoso de ouvir. Já


estive com muitas pessoas que não poderiam se importar menos com a
conservação da natureza.

— Nem todo mundo é uma má pessoa, — disse Laith. Embora houvesse mais
deles lá fora do que ela poderia imaginar.

Seus olhos cor de café suavizaram quando eles mudaram para ele. —Não, eles não
são.
Rhi não sabia por que ela voltou para a Terra. O reino não fez nada por ela, mas,
novamente, ela não encontrou qualquer paz desde que Balladyn a torturou.

Quando estava na Ponte Milvio, em Roma, ela olhou para a água azul do rio Tibre.
A ponte era famosa em Roma por ser usada por casais que acorrentavam um
cadeado juntos como uma demonstração de amor. Uma vez que o cadeado fosse
fechado, o casal, em seguida, jogava a chave no rio.

Rhi se perguntou quantas pessoas desejavam que pudessem recuperar essas chaves.
Sendo acorrentado a alguém, ou a algo, era o pior tipo de tortura.

Mesmo agora que ela estava livre dos grilhões de Mordare, ainda estava vivendo
um pesadelo. Onde uma vez que ela encontrou alegria em fazer compras como os
seres humanos e conduzir com sua Lamborghini, 12 em torno da cidade agora não
podia suportar nada disso.

Ela olhou para os dedos. Antes de seu sequestro, não tinha deixado passar um dia
sem ter as unhas pintadas. Ela colecionava esmalte de unha em todas as cores e
tons.

12Automobili Lamborghini S.p.A é uma fabricante italiana de automóveis desportivos de luxo e de alto desempenho
para competir com a Ferrari com sede no município Modena de Sant'Agata Bolognese.
Em um acesso de raiva, ela destruiu a todos antes de deixar seu santuário nas
montanhas, um santuário que ninguém deveria conhecer. No entanto, foi Ulrik
que não só a salvou de Balladyn, mas levou-a para sua cabana secreta. Ela ainda
não sabia como ele descobriu o seu lugar, mas iria descobrir.

Suas unhas atraíram o seu olhar mais uma vez. A cor, algum tom rosa pálido, mas
tudo se foi agora.

Rhi amava Roma. Ou ela costumava amar. Ela passeava pelas ruas observando os
moradores e turistas. Ela esteve no Coliseu inúmeras vezes desde o seu início até
o ano passado.

Havia muitas coisas sobre o reino que viu a partir de suas origens. Era uma das
vantagens de ser Fae. Rhi fechou os olhos e abaixou a cabeça. Ela era uma Fae de
Luz, ou ela deveria ser.

Balladyn fez um bom trabalho em empurrar o mal sobre ela. Rhi não era uma
pessoa vulnerável e, no entanto, bastava a menor coisa agora para colocá-la fora
do eixo. Muitas vezes ela teve que se segurar para evitar retaliar contra alguém.

A luz dentro dela estava... Diminuída. Felizmente, ainda estava lá, mas estava
ficando cada vez mais difícil de perceber. Isso foi obra de Balladyn. Uma vez tão
próximo que ela o considerava um irmão, ele agora era um Fae Escuro e a culpava
por se tornar Escuro.

Rhi parou seus pensamentos e abriu os olhos. Ela passou bastante tempo
pensando em Balladyn. Era hora de seguir em frente.
Ela afastou-se do lado da ponte e começou a andar. Logo em seguida, ouviu o
chamado de sua rainha por ela. Era uma chamada que Rhi esteve ignorando por
várias semanas, mas o pedido de Usaeil foi ficando cada vez mais exigente.

Rhi poderia deixá-la fora só por algum tempo, mas ela ainda não estava pronta
para enfrentar a rainha ou a corte. Todos sabiam o que aconteceu com ela. Eles
estariam procurando um defeito, um fio de escuridão.

Uma fraqueza.

Porque nenhuma Luz já tinha voltado depois de ter sido tomada pelos Escuros.

Rhi não esperava que seu próprio povo viesse salvá-la. Havia muito em jogo para
eles tentarem um resgate. Ela não pensou que os Reis Dragões iriam ajudá-la
também. Eles já estavam até os joelhos profundamente em sua própria guerra com
os Faes Escuros.

Sem mencionar o ódio entre ela e Con. Constantine preferia deixá-la apodrecer do
que olhar para ela. No entanto, uma pequena parte dela tinha esperança de que os
poucos Reis que ela considerava amigos pudessem ajudar. De todos eles, ela sabia
que Phelan iria tentar.

Pensando no guerreiro trouxe um sorriso ao seu rosto. Ele tinha um deus


primordial dentro dele que o tornou imortal, mas mesmo antes quando ele já era
um poderoso Highlander desde que ele era parte Fae. Rhi foi a única a encontrá-
lo e apresentá-lo ao mundo dos Faes.
Phelan a lembrou do irmão que perdeu em uma das incontáveis guerras que os
Faes estavam sempre envolvidos. Sim, Phelan teria tentado ajudar e os reis o teriam
detido, assim como ela teria desejado.

Se os Escuros soubessem de Phelan, poderia ser uma virada de jogo. Valeu a pena
suportar todas as torturas de Balladyn para manter a identidade de Phelan em
segredo.

Rhi queria falar com Phelan, deixá-lo saber que ela estava bem. Se o fizesse, seria
alertar a Luz, bem como os reis que ela estava de volta. Estava pronta para voltar
para tudo? Podia agir como se ela fosse a mesma Fada de antes? Mais importante,
jamais poderia entrar em um reduto Escuro de novo?

Rhi virou rapidamente para a esquerda e desceu um beco estreito. Ela descansou
a cabeça contra as pedras do edifício enquanto lutava para respirar. Cada vez que
pensava em ver os Escuros, um ataque de pânico a acometia.

Ela ainda não tinha conhecimento de que um Fae poderia ter um ataque de pânico,
mas não havia como negar que era exatamente o que estava acontecendo com ela.

Não havia como dizer quanto tempo duraria esse medo e ela não queria que
ninguém a visse assim. Rhi desapareceu do beco e reapareceu em sua cabana com
vista para o lago italiano. Ela caiu na encosta gramada e afundou os dedos na terra.
Pareceu levar uma eternidade antes que fosse capaz de parar de tremer e respirar
calmante.
Piscando contra a luz do sol brilhante, Rhi protegeu os olhos e se lembrou por que
se apaixonou pelo lugar. Luzes brilharam do lago enquanto os pássaros cantavam
nas proximidades. Uma brisa suave dançava ao redor das árvores de álamo e
afastou o cabelo de seu rosto.

Rhi empurrou os bloqueios de lado e ficou de pé. Ela deu uma olhada rápida em
sua casa de campo para se certificar de que ninguém estava lá. Uma vez que estava
certa de que Ulrik não estava sentado na varanda, ela enfrentou a casa para uma
inspeção mais minuciosa.

Ela teria que encontrar um novo local. Este estava arruinado agora. Era suposto
ser um lugar que não teria que se preocupar em ser encontrada, não aquele que
precisava inspecionar para ver se alguém a esperava.

Depois de uma verificação, Rhi pisou na varanda e, em seguida, dentro de casa só


para dar uma parada surpresa.

A última vez que esteve lá, destruiu tudo. Cada peça de mobiliário, cada peça de
roupa, cada frasco de esmalte de unha polonês, os trezentos frascos. Ela antecipou
retornar para limpar, mas estava impecável. Alguém esteve lá e reparado os móveis
ou os substituído.

Apreensão enrolou firmemente dentro dela. Rhi fechou a porta e silenciosamente


andou de uma sala para outra até que chegou ao seu quarto.

Um novo edredom de cor creme e macio cobria sua cama. Dezenas de travesseiros
de todos os tamanhos e formas diferentes em vários tons de pêssego, rosa e ouro
estavam contra a cabeceira da cama. Ela não desgostou das cores. Na verdade, as
encontrou calmantes. Não muito brilhante ou chamativo.

Então ela se virou para a direita e olhou para dentro de seu armário. Havia dois
cabides com dois conjuntos de roupa pendurados. Um deles era uma blusa branca
com laço branco combinada com jeans luminoso e saltos altos marrons.

O outro era uma blusa preta pura com jeans preto e botas pretas.

Quem limpou a casa dela estava fazendo um teste com as roupas. Se ela escolhesse
o conjunto branco, ainda era a pessoa de antes. Se escolhesse o preto, estava mais
escura.

Rhi virou-se e seu queixo caiu quando avistou os esmalte de unha polonês. Cada
frasco que tinha colecionado e alguns novos, estavam alinhados nas prateleiras
agrupados por cor. Ela caminhou para as cores e passou o dedo ao longo dos
frascos. Se fosse um teste, então ela iria dar-lhes uma resposta.

Rhi pegou um frasco e se tele transportou para seu salão de beleza favorito em
Austin.
Laith inclinou seu quadril contra a mesa com os braços cruzados e ouviu Tristan
e Ryder dizerem a Con sobre sua conversa com Iona.

—Interessante, — Con murmurou. Ele desviou o olhar para Laith. —Quanto


tempo você falou com ela antes que eles chegassem?

—Um pouquinho. Ela não está certa de como se sente sobre as coisas que está
descobrindo sobre John. Ela pensou em seu pai de uma forma por todos estes
anos, mas ela o está vendo sob uma nova luz.

Con recostou-se na cadeira atrás de sua mesa quando juntou os dedos. —Então,
ela ainda não sabe que é uma protetora?

—Não que eu possa dizer. — Laith baixou os braços e cruzou os tornozelos. —


Ela não quer ficar na Escócia.

—Isso pode representar um problema, — Ryder acrescentou.

Con franziu a testa e perguntou a Laith, —Você acha que ela está muito
determinada a ir embora?

Laith apertou a mandíbula e assentiu.

—Ela ficou interessada por Laith, — Tristan apontou. —Talvez ele possa trazê-la
para nosso lado.
Laith olhou para Tristan antes de se voltar para Con. Aqui era a sua chance de
salientar que Ryder poderia ter uma chance com ela. Mas essas não foram as
palavras que saíram de sua boca.

—Ela não sabe que sou da Dreagan. Isso poderia nós trazer algum benefício. Eu
posso descobrir o que sabe ou não sabe. Se John a disse o que ela guarda, então
vou lhe dizer quem sou e espero convencê-la a ficar.

—Faça o que for preciso, — Con disse com naturalidade.

Laith sabia que Con faria o que fosse preciso para convencer Iona, mas ele queria
fazer as coisas à sua maneira. A única falha nesse plano era que eles não tinham
muito tempo. —Sim, — Laith finalmente concordou. —Verei o que posso fazer.

Tristan mudou de posição na cadeira e sorriu. — Você pode não ter que se esforçar
muito. Ela está muito ligada em você.

Laith ainda conseguia se lembrar em detalhes exatamente do desejo ardente que


correu ao longo de sua pele e em suas veias. Não havia diminuído após Iona ter
saído. Ele não gostava de como se sentiu desorientado perto dela, ou como tentou
pensar em várias maneiras que pudesse tocá-la sem que ela percebesse.

—Se ela não quiser ficar, nós vamos ter que criar patrulhas extras, — Con afirmou.

Laith apoiou as mãos na mesa de cada lado de seus quadris. — E se ela permanecer,
mas John não disse a ela o que estaria guardando?
Foi Ryder, que soltou um suspiro e se levantou. —Iona precisa saber o quão
importante esse pedaço de terra é. Ela vai precisar saber a verdade. Francamente,
eu estou feliz que não sou aquele a dizer isso a ela.

Será que Iona ficaria tão assustada que não ia deixá-lo chegar perto dela novamente
uma vez que o visse na forma de dragão? Ou será que ela acolheria o dragão que
ele era?

Cada Campbell que guardava a porta secreta sabia dos Reis Dragões. Era justo que
Iona ficasse sabendo também. Os reis só tiveram que dizer ao primeiro Campbell.
A carga, em seguida, caiu para cada Campbell antes que a terra fosse passada para
o próximo.

— Há algo nela que é familiar, — disse Tristan, interrompendo os pensamentos


de Laith.

Con baixou as mãos para seu estômago. —John. Ela tem a aparência de seu pai.

Tristan balançou a cabeça, franzindo a testa. —Não. Alguém. Não posso lembrar
agora, mas é como se eu devesse saber.

Laith descruzou os tornozelos e se endireitou. —Eu acho que ela vai voltar para o
pub. Vou tentar falar mais com Iona e ver o que posso descobrir.

—Oh, ela vai voltar, — Ryder disse com uma risada.

—Cai fora, — Laith disse, mas havia um sorriso no rosto. —Vou me elevar para
o céu.
Laith e Ryder foram saindo do escritório de Con quando Tristan deixou escapar:
—Hayden.

Laith parou em seu caminho e trocou um olhar com Ryder antes que eles se
virassem para olhar Constantine. Con tinha seus antebraços sobre a mesa e uma
carranca de concentração em seu rosto.

Tristan sorriu largamente. —É isso aí. Ela me lembra de Hayden. Olhe para os
olhos. Eles não são pretos como os de Hayden, mas eles são escuros. É o formato
deles também e sua cor de cabelo.

—Eu vou ser condenado, — Con sussurrou.

Os guerreiros foram mortais, uma vez e se eles tentassem muitos deles poderiam
traçar suas famílias através dos séculos. O próprio Tristan foi um guerreiro antes
que fosse decapitado e renascesse como um Rei Dragão.

—Temos de dizer a Hayden, — Tristan insistiu. —Ele gostaria de saber.

Ryder balançou a cabeça lentamente. —Pode ser uma boa idéia. Ele não faz parte
de Dreagan e ele é da família. Ela não tem qualquer outra pessoa.

—Ela tem a mãe, — Con interrompeu.

Laith encontrou todos os seus olhares sobre ele. —Desde quando eu fui escolhido
como àquele a cuidar dela?
—No momento em que ela me ignorou por você, — Ryder disse com um sorriso
malicioso.

Laith estava ansioso para vê-la novamente, animado para ouvir sua voz sexy e
impaciente para tocá-la. E totalmente confuso sobre o porquê estava imensamente
feliz que ela o escolheu. —Iona acabou de enterrar John e está descobrindo que
ele não era o homem que pensava que ele seria. Ela vai precisar de alguém. Vamos
trazer Hayden.
Iona sentou-se à mesa da cozinha olhando pela janela para além na floresta. Ela
deveria aceitar um novo trabalho na próxima semana, mas curiosamente Iona
descobriu que não estava pronta para sair da Escócia.

A decisão chegou nas longas horas da noite quando ficou acordada olhando para
o teto. Depois de tudo que descobriu sobre seu pai, ela não podia sair ainda. Não
foi porque não podia vender a terra. Era porque precisava de tempo na casa de
campo para se reconciliar com quem seu pai realmente foi.

Iona enviou um sms rápido para Abby, seu contato com a Comuna, declinando a
próxima tarefa. Iona nunca recusou um projeto, mas parecia a coisa certa a fazer.
Ela não tinha certeza se alguém recusou a Comuna. Não era como se ela ou
qualquer um dos outros funcionários falassem uns com os outros. Conhecia
alguns, mas por tudo que sabia, sua recusa poderia significar que ela seria demitida.

Pensar nisso a fez fazer uma careta, mas não era como se fosse a primeira vez. Ela
sempre conseguiu cair de pé, não importa o que a vida jogasse nela. Oh, pode
tropeçar um pouco, mas se recusou a cair. Ela iria sobreviver ao que viesse em
seguida.

Iona olhou para sua xícara de chá, observando que não estava mais quente em suas
mãos. Sentou-se com um suspiro. Provavelmente deveria ligar para sua mãe e
contar a ela sobre John. Toda vez que Iona pensou em falar com sua mãe ela sentia
azia. Sua mãe sempre se manteve em alta posição desde quando elas saíram.

Em seu quinto marido, Sarah estava no Marrocos. O casamento não tinha dois
anos e sua mãe já estava falando em divórcio. A única coisa que sua mãe nunca fez
foi trabalhar em qualquer coisa. Se for um trabalho ou relacionamentos, quando
as coisas começavam a ficar difíceis ou exigentes, ela se mandava.

Talvez por isso Iona trabalhasse duas vezes mais duro em tudo. Iona sabia da
verdade sobre Sarah por um longo tempo. No entanto, Iona sempre assumiu que
o casamento de seus pais desmoronou por causa de seu pai não lidar com seu
dinheiro corretamente os deixando pobres, como sua mãe sempre reclamou.

Iona olhou ao redor da casa. Não havia extravagância, mas tudo era bom e limpo.
E arrumado. Obsessivamente arrumado, exatamente como ela gostava.

A mãe dela? Exatamente o oposto. Iona aprendeu a lavar roupa com nove anos,
porque não tinha roupas limpas e Sarah não sabia como fazer funcionar a máquina
de lavar. A limpeza, em seguida, sobrou para Iona, assim como cozinhar, fazer
compras e pagar as contas.

Iona sentiu que sua mãe precisava de cuidados porque estava muito perturbada
com o divórcio e perda de seu amado marido que a enganou.

Foi tudo uma mentira? Sarah fabricou tudo?


Ela recusou-se a pensar sobre isso quando se levantou da mesa e trocou seus
pijamas por jeans, uma camiseta e botas de caminhada. Depois de escovar o cabelo,
ela rapidamente fez um rabo de cavalo e enrolou seu cabelo em um coque.

Uma escovada nos dentes e ela estava caminhando para fora com a bolsa de sua
câmera sobre seu ombro. Iona não foi muito longe antes de usar sua câmera. A
visão de um esquilo sentado em um galho enquanto comia uma noz a fez sorrir.
Ele olhou para ela, inclinando a cabeça para o lado. Iona tirou um par de fotos
rápidas antes que ele corresse até a árvore e desaparecesse.

O céu estava espesso, cheio de nuvens que rolavam preguiçosamente no céu de


verão. Estar fora na floresta aliviou o nó de estresse entre as omoplatas.

Foram várias horas mais tarde depois de vagar muito que ela ouviu a cachoeira.
Iona acelerou seus passos, ansiosa para ver a água. Atravessou por entre as árvores
quando o rugido ficou mais alto.

Ela parou subitamente, impressionada com a beleza. Ela esqueceu da cachoeira,


tinha esquecido que era um lugar que ela e seu pai vinham sozinhos. A beleza da
água caindo nas rochas antes de encher uma pequena piscina e, em seguida,
descendo para a corrente era de tirar o fôlego.

Teria ela odiado seu pai tanto que bloqueou as memórias de seus tempos na
cachoeira? Os piqueniques, os risos?
A pequena piscina foi onde ele a ensinou a nadar. O fluxo foi um lugar de
intermináveis horas de pesca. A cachoeira foi uma fonte de contos fantásticos
envolvendo dragões e magia.

Iona sentou-se e simplesmente olhou para a cachoeira. Ela não tinha idéia de
quanto tempo permaneceu assim antes que ela sacudisse para fora suas memórias.
Trouxe a câmera para seu olho e então abaixou.

Demorou mais duas tentativas antes que fosse capaz de tirar fotos.

O zumbido de seu celular vibrando na mesa tirou sua atenção de um e-mail que
estava lendo. Ele olhou para a linha de celulares até que viu a iluminação
anunciando uma chamada.

Ele aceitou o chamado e disse: —Sim?

—Ela está na mata, senhor, — veio uma resposta em um sussurro.

Assim como ele sabia que Iona iria. —Você tem os olhos nela?

—Sim, senhor, — veio a resposta com sotaque australiano.


Ele tamborilou com os dedos sobre a mesa. —Mantenha a observação. Eu quero
saber de todos com quem ela fala. Estou certo de que Con vai fazer um movimento
em breve. Aonde ela esteve?

—Na Igreja, o escritório do advogado e o pub.

Ele sorriu. —O pub. Ela está fazendo isso muito fácil.

—A notícia que corre na cidade sobre a morte de Campbell ainda é que foi um
acidente.

Sentou-se em sua cadeira e agarrou o telefone mais apertado. —Você pode ser ex-
militar, mas você está lidando com pessoas que você não podem sequer começar
a entender. — A raiva surgiu através dele enquanto deixava seu sotaque passar.
Isso sempre acontecia quando ficava irado. —Dreagan vai estar em guarda. Eles
estarão observando qualquer um e qualquer coisa fora do comum. Já os impediu
de vê-lo, mas se eles suspeitarem que você está lá fora, nada vai impedi-los de
encontrar você.

Houve um momento de silêncio antes que o mercenário pigarreasse. —Eles não


terão razão para me encontrar.

—E você está permanecendo perto de Iona?

—Claro.

—Continue assim, — afirmou. —Eu vou estar à espera de sua próxima ligação.
Ele terminou a conversa e colocou o celular de volta no lugar. Ele não levou em
conta que Iona iria tão logo para o pub. Ela era uma ser humana muito bonita o
suficiente para que provavelmente ganhasse o interesse de um Rei Dragão.

Agora que ela permaneceria na Escócia um pouco mais, o que daria tempo
suficiente para qualquer Rei Dragão seduzi-la.

Era quando ele iria fazer a sua jogada.

—Con é tão previsível, — disse ele presunçosamente.

A barra de granola que Iona comeu foi insuficiente quando ela voltou para a casa
ao meio-dia. Seu estômago roncou com fome quando entrou na casa. Depois de
largar a bolsa de sua câmera no chão, ela abriu um saco de batatas fritas e colocou
uma em sua boca enquanto preparava outro sanduíche.

Era apenas o seu segundo e ela já estava ficando cansada de comê-los. Exceto que
tinha pouca coisa nos armários. Se ela quisesse cozinhar, ia ter que ir para a cidade.

Então pensou no pub, em Laith. Agora ele, ela não se importaria de ver. Era
agradável aos olhos, com um sorriso diabolicamente sexy e um corpo que ansiava
para fotografar. Nu. Ela sabia que só de olhar para a forma como suas roupas se
encaixam que ele tinha um corpo que iria deixá-la com água na boca.

Iona fez uma pausa, o sanduíche levantado a meio caminho de sua boca. Ela
poderia ir para a cidade e pegar algumas coisas, então comer o jantar no pub.
Talvez Laith estivesse lá.

Um fio de excitação a percorreu. Fazia um longo, longo tempo desde que um


homem chamou seu interesse como Laith. Não que ela quisesse nada além do que
alguns dias em seus braços.

Sua mãe a arruinou para qualquer tipo de relacionamento. Iona só via as falhas
cada vez que sua mãe tentou encontrar o amor, provando a Iona que não havia tal
coisa como amor. Foi também por isso que ela não se envolvia com ninguém por
mais de uma ou duas noites. Nunca permitiu que os homens pensassem que
poderia ser mais que isso.

—Nunca vai acontecer, — ela murmurou antes de dar uma mordida em seu
sanduíche.

Iona não apenas mantinha distância dos homens, mas das pessoas em geral. Ela
conhecia um monte de gente, mas ninguém que considerasse um amigo. Era
melhor assim, porque então ninguém poderia decepcioná-la. Mais importante, isto
a fez confiar apenas em si mesma. Dessa forma, nunca era decepcionada pensando
que alguém cumpriria com as promessas que faziam, porque a maioria das pessoas
não o cumpria.
As pessoas faziam promessas tão facilmente como desejavam e não pensavam
nada quando esqueciam ou quebravam uma promessa.

A vida era uma dura lição, mas ela aprendeu muito enquanto ainda era uma
adolescente assistindo um homem após o outro cair fora da vida de sua mãe como
em uma porta giratória.

Iona acabou de comer e limpar a cozinha. Em seguida, ela entrou em seu quarto e
deu uma olhada em suas roupas. Ela queria se vestir um pouco melhor, mas ela
não tinha nada.

Deixou-se cair na cama e olhou com uma carranca para sua calça de caminhadas,
camisetas de cor sólida, capa de chuva e dois pares de jeans. Era realmente tudo o
que tinha? Será que esteve tão envolvida com o trabalho que não comprou nada
mais agradável?

Não havia nenhum lugar na cidade para ela conseguir mais roupas, nem que tivesse
espaço para embalá-los. Ela tinha tão poucos itens, porque eles se encaixam na
mochila facilmente. Sem falar que não teria nenhum outro momento para usá-los
uma vez que voltasse a trabalhar.

Iona tirou seu segundo par de jeans e sua melhor camisa, uma camiseta preta. Ia
ter que servir. Não só isso, eles podem ser os melhores desde que pode estar
gostando demais da maneira que Laith olhava e falava, mas seu interesse já era
muito profundo. Então ela deve colocar os freios em qualquer coisa que poderia
estar pensando.
Chutando suas botas, e tirando a roupa atirou-as na máquina de lavar antes de se
dirigir para o banheiro para tomar banho. Vinte minutos depois, ela desligou o
secador de cabelo e vestiu-se. Ela verificou duas vezes a porta de trás para garantir
que ela estava trancada antes de sair pela frente e trancá-la.

Era um plano muito bem definido que foi para merda assim que ela parou na frente
da loja e saiu de seu carro. O padre da igreja se aproximou e perguntou se estava
bem. Demorou dez minutos para assegurar-lhe que estava bem. Em seguida, ela
entrou na loja e foi parada cinco vezes pelo proprietário e por outros compradores.

Tudo que Iona queria fazer era pegar alguns itens. O que deveria ter sido uma
compra rápida estava se transformando em um evento. Era tudo o que poderia
fazer apenas para não se afastar de todos eles. Levou sua cesta, cheia até a borda,
para o caixa, sem outro incidente. Um olhar para o relógio mostrou que levou
quase uma hora.

Iona estava carregando suas compras para o seu carro quando alguém chamou seu
nome. Ela olhou para encontrar Thomas MacBane, o advogado de seu pai.

—Olá, — disse ele com um sorriso enquanto caminhava. —Eu ia te ligar amanhã
para que você soubesse que o banco está pronto para você ir lá para que eles
possam assinar a transferência das contas de John.

Ela assentiu rigidamente. — Certo. Eu posso ir lá em algum momento amanhã.

—Quer que eu vá com você?


Iona acalmou e não tentou ler qualquer coisa na sua pergunta, mas não havia
dúvida de que ele estava pedindo muito mais do que para apenas acompanhá-la
pelo olhar em seus olhos. — Eu aprecio isso, Thomas, mas acho que posso lidar
com isso.

—Haverá impostos que precisam ser pagos, bem como sobre a herança.

Ela ajustou suas compras nas mãos e forçou um sorriso. — E você tem a papelada
necessária? — Ela adivinhou.

Ele sorriu. — Eu tenho. Podemos passar por isso amanhã e tirar isso do caminho.

—Claro, — disse ela. Quanto mais cedo ela terminasse seu relacionamento com
Thomas o mais rápido que podia distanciar-se dele.

—Talvez pudéssemos almoçar? — Ele ofereceu.

—Ei, Iona, — Sammy disse com um sorriso brilhante enquanto ela caminhava
para eles. — Eu estava esperando que eu não tivesse que correr para encontrar
você.

Iona poderia ter beijado Sammy de tão feliz que ficou em vê-la. —Olá.

Thomas olhou de Sammy para Iona. — Então o que você me diz, Iona?

Iona hesitou e Sammy disse rapidamente: — Ah, Thomas, me desculpe. Iona e eu


temos planos para o almoço.

—Isso é muito ruim, — disse ele, com o rosto abatido. —Outra hora, então.
Iona esperou até que ele estivesse fora do alcance da sua voz antes de olhar para
Sammy e disse: —Devo-lhe um grande favor.

—Venha para o pub e faça uma refeição comigo e nós podemos falar sobre isso,
— ela disse com uma piscadela.

Iona se perguntou se a excitação correndo através dela era porque não ia comer
sozinha, ou se era tudo com a perspectiva de ver Laith novamente.
Sammy pegou uma cabine no canto de atrás e deslizou no banco com um sorriso.
Iona foi mais lenta para se juntar a ela, embora Sammy tenha observado como
Iona fez questão de olhar para o bar. A decepção que mostrou não foi escondida
rápido o suficiente para Sammy. Ela tomou nota do interesse óbvio que Iona tinha
em Laith. Ainda mais intrigante era a maneira que Laith era fascinado por Iona.

Sammy não estava desavisada. Como uma companheira de um Rei Dragão, ela
sabia a importância de seu sigilo, mas havia algo sobre Iona que ela gostou
imensamente.

Pode ser o distanciamento de Iona ou sua natureza reservada que lembrou a


Sammy de si mesma antes que viesse para Dreagan. Pelo menos a vida de Iona não
estava em perigo o que era a primeira vez em um tempo para uma mulher que veio
a Dreagan.

—O quê? — Iona perguntou quando levantou uma sobrancelha para Sammy.

Sammy deu de ombros. —O que você quer dizer?

—É a maneira que você está olhando para mim. Você está profundamente
enterrada em pensamentos e eu tenho uma suspeita que é sobre mim.
Sammy sorriu largamente e fez um sinal para Glen no bar para trazer bebidas. —
Você é boa. Eu vou te dar isso.

—Você vai me dizer em que você estava pensando?

Sammy esperou até Glen colocar as cervejas na frente delas e se afastar. — Eu só


estava pensando como você me lembrou de mim mesma antes de eu vir aqui.

—Como assim? — Iona perguntou antes de tomar um gole de cerveja.

—Eu era dona de um pub perto de Oban.

As sobrancelhas de Iona subiram. —Mesmo? Porque você saiu?

—Meu parceiro de negócios lavava dinheiro da Máfia no meu pub. Eu não sabia
sobre isso até que ele começou a desviar o dinheiro deles.

—Isso é algo que você ouve nos filmes, não na vida real.

Os lábios de Sammy torceram. — Eu posso atestar o quão real foi. Eu fui baleada
enquanto tentava escapar.

—E você veio aqui? Porque aqui?

— Minha meia-irmã. — Sammy sorriu e brincou com a ponta da toalha. —Jane é


casada com Banan, que faz parte da Dreagan e eles me acolheram e me protegeram.

—E você encontrou Tristan.


Sammy não conseguia pensar em seu companheiro sem aquecer o seu sangue. —
Sim.

—Acho curioso que você diz que Tristan e Banan fazem parte de Dreagan em vez
de dizer que eles trabalham para Dreagan.

Sammy olhou nos olhos escuros de Iona e percebeu que Iona era muito mais
observadora do que as pessoas comuns. —Isso é porque eles próprios são parte
da Dreagan. Eles trabalham na terra com os outros, mas a Dreagan é deles e eles
são Dreagan.

—Eu vejo, — Iona disse suavemente e sentou-se.

—Você gostaria de um passeio na Dreagan?

—Você quer me mostrar como é bonito, eu suponho.

Sammy deu de ombros e segurou seu olhar. —Claro. Dreagan é bonito. É também
a minha casa. No entanto, eu pensei que você poderia gostar de um passeio pessoal
na destilaria.

—Por quê?

—Eu estava sendo agradável, Iona.

—As pessoas não são agradáveis a menos que eles queiram alguma coisa.

Sammy bufou e balançou a cabeça. —Você está vendo coisas que não estão lá.
Estou estendendo a mão da amizade.
—Eu não tenho amigos.

Iona disse isso tão sem emoção que Sammy sabia que ela estava falando a verdade.
—Entendo. Isso é ruim.

—Isso saiu terrivelmente rude. Peço desculpas, — disse ela e agarrou um dos
menus empilhados contra a parte de trás da mesa. —O peixe e fritas daqui são
bons?

—Os melhores, — Sammy respondeu sem perder uma batida. Se Iona queria
mudar de assunto, ela iria acompanhar. Quanto mais ela estava com Iona, mais
aprendia sobre ela.

Sem dúvida, Con queria que Laith chegasse perto de Iona, e não seria difícil. Mas
Sammy sabia que havia coisas que só uma mulher iria dizer a outra mulher e era
por isso que tomou para si fazer amizade com Iona. Embora não tivesse mentido.
Ela faria amizade com ela independentemente do que acontecesse.

Iona soltou o cardápio. —Eu acho que vou pedir isso então.

Sammy deslizou para fora da cabine e foi colocar o pedido ela mesma na cozinha.
Estava caminhando para fora quando ouviu a voz de Laith vindo da parte de trás.
Ele sairia assim que tivesse terminado de fazer os pedidos a seus fornecedores,
mas ela sabia que uma vez que ele visse Iona ele iria ficar.
Sammy caminhou de volta para o pub e voltou para a mesa. A cerveja de Iona
estava pela metade e ela estava ocupada olhando para todas as fotografias ao longo
das paredes.

—Tem sido um longo tempo desde que estive na Escócia, — Iona disse.

Sammy pousou o copo depois de um longo gole e perguntou: — Quanto tempo,


exatamente?

—Vinte anos.

—Isso explica porque você não tem o sotaque escocês.

Iona lambeu os lábios. —Eu perdi muito rápido depois de dois anos em Kent,
quatro em Londres, três em Paris e em seguida, dois na Espanha.

—Você bem que viu um monte do mundo ainda jovem, — disse Sammy,
impressionada.

—Eu tive que ver, minha mãe ia de um relacionamento para o outro.

Esta declaração resumia Iona mais do que ela percebeu.

—Eu não conhecia o meu pai. Ele era um americano que teve um caso com a
minha mãe, mas escolheu outra mulher para casar. Ele vive nos Estados Unidos,
há muitos anos. Jane é a única que me procurou. Antes dela, era só eu e minha
mãe.

—Vocês eram próximas?


—Inseparáveis, — Sammy disse, tristeza pesando em seu coração, como sempre
acontecia quando ela pensava em sua mãe. —Ela morreu há alguns anos atrás.

—Eu sinto muito.

Sammy levantou o copo, mas não chegou a levá-lo aos lábios. —Você se dá bem
com sua mãe? — Perguntou e depois bebeu.

Iona revirou os olhos. —Senhor, não. Ela me envia sms’s uma vez por semana,
para me informar onde ela está. Ela gosta de homens e mais ainda de dinheiro.

—As relações com nossos pais nunca são simples como temos esperança e
gostaríamos que fossem.

Iona riu alto. —Nunca foram ditas palavras mais verdadeiras.

Sammy estava feliz em ver Iona sorrindo novamente. Era hora de levar a conversa
para longe de sua mãe, que era, obviamente, um assunto delicado. —Então, como
você se envolveu com a sua fotografia?

—Eu fui fascinada com as câmeras durante todo o tempo que me lembro. Recebi
a minha primeira quando tinha sete anos. Foi um presente de Natal. Nunca fiquei
sem ela. Quando minha mãe e eu deixamos a Escócia, eu me escondi atrás da
câmera tanto quanto outras crianças o fizeram atrás do seu bicho de pelúcia
favorito.

—E você encontrou uma paixão, — Sammy adivinhou.


O sorriso de Iona era lento, mas amplo. —Sim. Trabalhei incansavelmente para
aperfeiçoar o meu ofício e entrei em inúmeros concursos de fotografia. Eu sabia
que não iria ganhar, mas sempre tive um feedback 13 incrível dos juízes. Peguei,
então, o que eles disseram e coloquei-o em minha arte.

—Você tem um dom. Não há como negar isso.

Iona olhou para baixo, mas o sorriso satisfeito permaneceu. —Obrigada. Eu tenho
sorte de ser paga para fazer algo que amo.

—Eu sei o que você quer dizer, — disse Sammy e olhou ao redor do bar. —Meu
pub foi comprado com a ajuda da minha mãe. Era precioso para mim e quando o
perdi, não sabia o que eu ia fazer. Em seguida, houve Tristan e felizmente Laith
me ofereceu um emprego. É bom estar de volta atrás de um balcão.

—Misturar bebidas não é exatamente uma coisa fácil de fazer. Isso requer talento
também.

Sammy riu e olhou para ela. —Possivelmente. Eu aprendi muito sobre os outros
atrás de meu bar. Você aprende a ler entre as linhas do que as pessoas dizem para
descobrir o que elas realmente significam.

13respostaregeneraçãorealimentação
—Ah, então você é uma psicóloga, apenas com bebidas em vez de um sofá? —
Iona perguntou com outra risada, esta mais alta.

Sammy jogou a cabeça para trás e riu. —Eu nunca pensei nisso dessa forma.

—Mas você os ajuda, não é?

—Eu suponho que eu ajudo. Eu escuto. Na maioria das vezes isso é tudo que as
pessoas precisam.

—É isso que você está fazendo comigo? — Perguntou Iona, seus olhos escuros
ainda plissados nos cantos.

Sammy balançou a cabeça, em seguida, tirou o cabelo do rosto. — Claro que não.
Eu não estou atrás do balcão, — ela acrescentou com um sorriso malicioso.

Que fez Iona rir alto e assim como Sammy suspeitava, trouxe Laith fora de seu
escritório. Pelo canto do olho, ela podia vê-lo parado na porta olhando para Iona.

—E sobre os homens em sua vida? — Perguntou Sammy, sabendo que Laith podia
ouvi-las.

Iona bufou quando ela pousou o copo e engoliu o último gole da cerveja. —Não
existem homens.

—Thomas MacBane gostaria de ser um.

—Ugh. — Iona baixou a cabeça na mão e gemeu. —Ele é persistente, eu vou dar
isso a ele.
Sammy olhou para Laith para ver uma pequena carranca no rosto. —Thomas irá
pedir-lhe para sair outra vez. Eu tenho medo que você pode ter que ser muito
firme com ele.

—Provavelmente.

—Você tem esse tipo de problema freqüentemente?

Iona passou a mão pelo seu longo cabelo e estudou seu copo vazio. —Não. Eu
tenho a tendência de manter distância dos homens como regra geral.

—Porque você não confia neles?

—Por causa de como assisti minha mãe passar por homem após homem como se
fossem pedaços de doces. Ela me mostrou que não há tal coisa como amor ou
almas gêmeas ou qualquer outro dos absurdos que dizem por ai.

O sorriso sumiu do rosto de Sammy agora. Ela estava olhando para Iona com
novos olhos. —Eu odeio discordar de você, mas há tal coisa como amor e
companheiros de verdade.

—É o que todo mundo quer acreditar. Alguns até conseguem manter seus votos,
mas dê uma olhada ao redor, Sammy. Quantas pessoas ficam casadas? Quantas
delas realmente trabalham no relacionamento? Quantos levam os votos a sério?
Não muitos. As pessoas vivem uns com os outros como se não fosse grande coisa.
Morar com alguém não é apenas importante, mas significativo. Nós nos mudamos
com um homem após o outro constantemente. É por isso que mudávamos muito.
—Você já pensou que poderia ser apenas que sua mãe não pudesse amar?

Iona hesitou por um momento e então suspirou. —Sim. Ao contrário de minha


mãe, eu não vou passar por uma série de homens. Eu tenho o meu trabalho. É o
bastante.

—É mesmo?

—Desculpe-me?

Sammy se inclinou para frente. —Eu não estou dizendo que o que a sua mãe a fez
passar é certo. Não era, mas era apenas um tipo de relacionamento. O amor existe,
Iona.

—Se você diz.

—Você já teve um relacionamento com um homem antes? — Perguntou Sammy,


incapaz de impedir ela mesma.

Iona sorriu, mas não alcançou seus olhos. —Na verdade não.

—Você se importa se eu perguntar quanto tempo você ficou com um homem? —


Iona olhou para ela tempo suficiente para que Sammy acrescentasse: —Sinto
muito. Eu só estou tentando entender seu ponto de vista sobre as coisas, isso é
tudo.

—Um mês.
Um mês, Sammy lentamente soltou um suspiro. Isso não era um relacionamento.
Isto foi uma aventura. Como Iona poderia saber se ela era parecida com a mãe ou
não, se não tentasse?

—Eu choquei você, — disse Iona.

Sammy começou a negá-lo e percebeu que Iona saberia que estava mentindo. —
Um pouquinho, sim. Demora mais de um mês para saber se um relacionamento
pode funcionar e mesmo assim me levou uns bons seis meses antes de reconhecer
Tristan como meu. Foi só por ter aprendido com os erros e pelo que eu sabia que
não queria por causa desses casos anteriores que vi como poderia ser com Tristan.
Eu sabia que iria percorrer o próprio inferno por ele e de certa forma fiz
exatamente isso.

—O amor não é para todos. — Iona disse suavemente. —Isso não é para mim.
Laith apoiou uma mão na porta e ouviu a conversa entre Sammy e Iona. Foi a
risada de Iona que o tirou do escritório. Ele sabia que era ela, sem sequer olhar.

Seu cabelo loiro ondulado parecia com fios de ouro sobre a camisa preta que usava.
Ela sentou-se ereta contra a traseira da cabine, sua postura denotava que fechou
um muro entre ela e Sammy.

Embora ele fosse culpado de ter uma série de amantes humanas, Laith também
evitou que algumas dessas relações evoluíssem. Isso nem sempre foi o caso, no
entanto. Em um momento ele pensou que tinha encontrado sua companheira. Foi
há milhares de anos, bem antes da amante de Ulrik tentar trai-lo.

Depois do que a fêmea fez, consequentemente, a retaliação dos Reis contra ela,
Laith não foi capaz de olhar para uma mulher do mesmo jeito. Em seguida, a
guerra com os humanos irrompeu e a pressão sobre o relacionamento deles foi a
gota d’água que fez transbordar o cálice.

Ele poderia ter tido dificuldade de confiar nos seres humanos que o ajudavam a
dirigir o pub, mas nunca os desprezou como Ulrik e até mesmo Kellan tinham. De
fato, Laith não pensou muito sobre eles em tudo. Os Reis Dragões foram feitos
para proteger os seres humanos e eles protegeram até certo ponto. Os reis não
protegiam os seres humanos de si mesmos. Não teve uma vez que os Reis
parassem uma guerra humana.

Os reis tinham, no entanto, impedido os Faes de assumir o reino. Era uma das
muitas guerras que os Reis lutaram para os seres humanos sem sequer tomarem
conhecimento. Ao contrário de outros, Laith fez seu dever sem muito barulho,
simplesmente porque ele fez seu juramento. E um juramento, uma vez feito, era
inquebrável.

Ele não conseguia tirar os olhos de Iona. Ela o atraiu, o seduziu sem sequer tentar.
Laith não queria pensar no que Iona poderia fazer com ele se ela tentasse. Seu
corpo vibrou com necessidade e um desejo incontrolável.

Cada fibra do seu ser lhe disse para sair, mas não podia. Iona estava apelando de
maneira que não podia começar a descrever, excitando-o de tal maneira que ele
não tentou definir.

Não havia como negar a beleza dela, mas era mais do que apenas sua pele
impecável beijada pelo sol. Ela tinha um ar de confiança que escondia a incerteza
e ansiedade dentro dela. Essa combinação de autoconfiança e vulnerabilidade era
uma mistura inebriante de fato.

Em todos os seus milhões de anos de vida, Laith encontrou todos os tipos de seres
humanos, mas nunca houve ninguém como Iona. Ela era um farol, uma luz que o
levou direto para ela. Por mais que Laith a quisesse, ele sabia que não devia se
envolver profundamente com Iona. Não estava em sua natureza.
Ele abaixou o braço e deu um passo em direção a Iona quando os olhos de Sammy
de repente se arregalaram. Ela estava olhando para a porta do pub, não para Iona.
Laith seguiu seu olhar. Assim que avistou Rhi, ele não tinha certeza se gritava de
alegria ou ligava para o Phelan e deixava o guerreiro saber que estava tudo bem
com Rhi.

O olhar de Rhi se moveu lentamente em torno do pub até que ela o viu. Ela não
sorriu, ou mesmo o reconheceu. Em vez disso, seus olhos continuavam itinerantes
até que notou Sammy. Os sapatos de saltos pretos da Rhi soaram altos em um pub
que de repente ficou em silêncio à sua chegada.

Para os homens que nunca a viram antes, eles ficaram mudos por sua beleza etérea,
não percebendo que eles estavam contemplando uma Fae.

Para as mulheres, houve uma mistura de inveja e desejo.

Rhi parou ao lado da mesa de Sammy e Iona e ofereceu um pequeno sorriso a


Sammy. Sammy levantou-se e jogou os braços ao redor de Rhi. Laith observou
como Rhi ficou imóvel como uma pedra por dois batimentos cardíacos antes de
hesitante devolveu o abraço.

Isso foi tudo que Laith precisava ver para saber que Rhi ainda era um pouco ela
mesma. Foi um alívio, mesmo que soubesse que a Rhi que sempre tinha sido
poderia não ser a Rhi que estava de pé em seu pub agora.

Laith caminhou para elas, Sammy foi recuando e limpando as lágrimas do rosto.
—Maldita seja, Rhi, — Sammy disse com uma fungada. —Você sabe que eu não
choro.

O sorriso de Rhi era mais amplo quando olhou para Laith e focou em Sammy. —
É bom vê-lo também.

—Nós estávamos preocupados. Estou feliz que você resolveu dar uma passada,
— disse Laith.

Rhi olhou para o chão antes que ela virasse seus olhos prata para ele. —Nem todo
mundo estava preocupado, tenho certeza.

—Os que importam, — Sammy apressou-se a dizer.

Rhi sorriu e jogou o cabelo preto longo por cima do ombro. Laith notou que as
pontas das unhas da Rhi estavam pintadas de preto.

A camisa preta não foi o que causou a preocupação de Laith porque não era a
primeira vez que Rhi usava preto. Foram suas unhas. Rhi amava polonês. Todos
sabiam disso e na maioria das vezes, você podia discernir o seu humor com as
cores que ela escolheu.

O preto foi significativo. Principalmente porque muitas vezes ela usou-o como um
detalhe, mas ela nunca pintou as unhas dessa cor.

Quando ele olhou para cima de suas pernas cobertas de jeans, as sobrancelhas
estavam levantadas enquanto o observava. Laith deu de ombros. Ela respirou
fundo e quando ela soltou, seus ombros caíram um pouco, como se ela tivesse
decidido alguma coisa.

—Eu não sou eu mesma, — disse ela suavemente.

Laith não podia sequer imaginar o que ela passou enquanto estava no calabouço
do Balladyn, uma vez seu amigo mais próximo, sendo torturada. Phelan descreveu
como Rhi parecia quando ele a viu acorrentada, assim como Kiril e Shara tinham,
mas nenhum deles podia realmente saber o que ela sofreu.

Sem uma palavra, Laith envolveu um braço sobre os seus ombros e deu-lhe tanto
de um abraço quanto sabia que poderia se safar. Rhi estava desconfiada dos Reis
Dragões, depois que ela e seu amante Rei terminaram o seu caso.

Rhi bateu na mão que estava no seu ombro.

Ele se aproximou e sussurrou: —Se você precisar de alguma coisa, me avise.

—Quem é esta? — Rhi perguntou quando olhou para Iona.

Laith desviou o olhar para Iona para encontrá-la encarando. Ele limpou a garganta
e tentou soltar o braço, mas Rhi manteve sua mão presa. —Esta é Iona Campbell.
Iona deixe-me apresentar-lhe Rhi uma boa amiga.

—Rhi, — Iona disse, olhando para a mão de Rhi apertando sobre a do Laith.

Rhi sorriu maliciosamente. —Iona.


Sammy olhou entre as duas mulheres. Então ela perguntou a Rhi, —Você ainda
não viu Tristan?

—Não, — Rhi disse e desviou o olhar de Iona para Sammy. —Eu parei aqui em
primeiro lugar.

—Aqui? — Disse Laith e conseguiu puxar a mão do ombro de Rhi. —Por quê?

Ela deu de ombros e acenou para Glen que imediatamente trouxe um copo de
uísque. Ela sorriu brilhantemente, fazendo Glen corar até as raízes de seu cabelo
vermelho. Ele tropeçou em uma cadeira próxima a caminho de volta para o bar.

—Rhi, — Laith murmurou.

—Não é minha culpa, — disse ela com um sorriso.

E, pela primeira vez Laith compreendeu que seu sorriso não alcançou seus olhos.
Ela estava tentando, mas falhando miseravelmente. A preocupação que teve
anteriormente foi devolvida dez vezes mais fortes.

Como se sentisse seu escrutínio, o sorriso de Rhi desapareceu completamente


quando ela jogou para trás o uísque e bateu o copo de cabeça para baixo sobre a
mesa.

Laith teve que tirar a atenção de Rhi. Ele empurrou o queixo para Iona e disse a
Rhi —Iona está aqui a um pouquinho de tempo para liquidar o espólio de seu pai.

—Campbell você disse? — Rhi perguntou e olhou atentamente para Iona.


Iona levantou uma sobrancelha e perguntou atrevidamente, —Há algo no meu
rosto?

—Você tem família? — Perguntou Rhi.

Iona franziu a testa enquanto olhava para Sammy e depois de volta para Rhi. —Só
a minha mãe, por quê?

—Nenhum outro Campbell?

—Não, — Iona declarou firmemente.

Laith sabia que Rhi viu o que os outros tinham, que Iona parecia muito com
Hayden Campbell. Ele abriu a boca para parar ao que Rhi ia dizer, mas era tarde
demais.

—Eu conheço um Campbell, — disse Rhi.

Iona riu suavemente. —Há muitas Campbells na Escócia.

—É verdade, — Rhi disse antes que se virasse e fosse embora.

Laith olhou para Sammy para encontrar sua sobrancelha franzida profundamente
enquanto olhava a saída de Rhi. Depois de um olhar sobre Iona, Laith correu atrás
de Rhi. Ele conseguiu pegá-la fora do pub antes que pudesse desaparecer, como
os Faes estavam acostumados a fazer.

—Rhi, — ele chamou.


Ela parou, suspirando alto quando bateu as mãos nas coxas e olhou
dramaticamente para as estrelas. —Volte para dentro e vá flertar com Iona, Laith.
Não há nada para você aqui fora.

Ele parou ao lado dela e esperou Rhi para olhar para ele. —Você não tem idéia de
quão preocupados todos tem estado. Phelan e Aisley estão fora de si.

—Phelan é um guerreiro e metade-Fae, e Aisley é uma Phoenix. Eles são casados


e podem encontrar muitas maneiras de ocupar-se ao invés de se preocuparem
comigo.

—Você realmente não tem idéia de quanto você significa para eles, não é? —
Perguntou Laith.

Rhi rapidamente desviou o olhar e cruzou os braços sobre o peito. —Eu precisava
de tempo.

—Qualquer um precisaria. Nós não estamos usando isso contra você, mas nós
pensamos que você estivesse morta. Depois Con nos disse que Ulrik levou você,
nós pensamos o pior.

Ela ficou em silêncio por tanto tempo que Laith não achava que ia falar mais.
Então, ela falou em um sussurro tão baixo que o vento não poderia mesmo
encontrar as palavras. —Eu não sou a mesma.

—Você libertou-se, Rhi. Você quebrou as correntes de Mordare. Você sabe o quão
forte você tem que estar mentalmente para fazer isso?
Ela bufou e sacudiu a cabeça para ele. —Forte? Você acha que eu sou forte? —
Ela praticamente gritou, seus olhos brilhantes. —Eu estou danificada!

Assim que a última palavra deixou seus lábios, ela se foi.

Laith colocou as mãos nos quadris e baixou a cabeça. Ele não tratou do assunto
muito bem. Tudo o que ele podia fazer era esperar que Rhi fosse ver Phelan em
breve. O guerreiro e Aisley consideravam Rhi da família. O que era demais, Rhi
sabia disso. Talvez seja por isso que ela não tenha ido vê-los.

Não porque não se importava, mas porque se importava muito.

Era por isso que ela ainda não foi a Dreagan? À primeira vista, ele assumiu que
Rhi conseguiu superar o que aconteceu com ela, mas era evidente que estava longe
disso. Indo para Dreagan a colocaria muito perto de seu passado e o amor que
perdeu.

E poderia muito bem mandá-la para a ponta da faca que ela estava pisando.

Laith levantou a cabeça quando ouviu a porta do pub abrir e viu Sammy e Iona
saírem correndo.

Sammy foi a primeira a chegar a ele. Ela olhou ao redor em expectativa. —Onde
ela está?

Laith deixou cair os braços e suspirou. —Foi-se.

—Foi-se?
—Ela precisa de mais tempo.

Iona finalmente chegou a eles. —Rhi precisa de tempo para quê?

—Um... — Sammy hesitou, olhando para ele. —Ela foi recentemente seqüestrada.
Ela ainda está lidando com tudo isso.

Iona olhou para baixo quando chutou as pedras com a ponta da bota de
caminhada. —Eu não sabia. Eu me sinto mal pela minha atitude.

—Confie em mim, Rhi não se importa com isso, — disse Laith.

Sammy soltou um suspiro. —Eu acho que é melhor voltarmos para a nossa
comida.

—Sim, — disse Iona.

No entanto, ela se retardou até mesmo quando Sammy voltou para dentro. Laith
enfrentou Iona, imaginando o que iria mantê-la fora com ele. Foi a primeira vez
que ficavam sozinhos, e no ar fresco da noite, sob as estrelas, ele estava tendo um
tempo difícil para pensar em outra coisa senão em degustação seus lábios.

—Você e Rhi namoravam? — Perguntou Iona.

—Namorávamos? — Ele repetiu em estado de choque. —Não.

Iona sorriu. —Bom, — ela disse e girou para voltar para o pub.
Laith esperou até que Iona estivesse de volta dentro do pub antes que olhasse para
as sombras e visse uma forma. Ele se mexeu e saiu da linha das árvores. Ele
suspirou quando reconheceu Rhys.

—Há quanto tempo você estava aí? — Perguntou Laith.

Rhys deu de ombros. —Tempo suficiente.

Em outras palavras, ele viu Rhi. —Qual é a sua opinião sobre Rhi?

Rhys ficou em silêncio por um longo momento antes que ele dissesse: —Ela está
tentando ser o que era antes, mas algo a mudou.

Laith olhou para o chão, porque ele sabia que Rhys também estava falando sobre
si mesmo. Desde o ferimento que ele recebeu enquanto lutava contra os Escuros
na Irlanda, ele não era o mesmo. Ninguém era.

Porque a ferida foi feita por um Rei Dragão.

Eles ainda tinham que determinar quem foi, mas ninguém estava mais ciente disso
do que Rhys. Embora ele fingisse que estava tudo bem, não estava nem perto.

Laith o deixou mentir. Ele queria pressionar Rhys para falar, mas se Rhys ia falar
com alguém, seria com Kiril.
—Sim. Você está certo, — disse Laith. —Estou feliz que ela está de volta.

—A questão é: quanto tempo ela esteve com Ulrik?

—Ele não pode ter ficado por muito tempo. Con o tem sob vigilância.

Rhys bufou zombeteiramente. —Como se isso fizesse a diferença. Ele é o único


que tirou Rhi fora daquele inferno.

—Você está dizendo que você acredita que Rhi poderia ter se virado contra nós?

—Rhi nunca nos decepcionou. Nós realmente não podemos confiar em ninguém.

Laith franziu a testa e deu um passo para Rhys. —Pode confiar em nós. Nós somos
seus irmãos.

—Mesmo? Foi um rei que mandou aquela explosão de magia em minha direção.

—Isto é o que nossos inimigos querem, Rhys. Eles querem nos desestruturar de
dentro para fora.

Rhys olhou para o pub. —Você está voltando para cortejar a bela Iona, ou você
está indo para o céu?

—Iona está aqui. Vou encontrar com você depois.

Rhys virou-se e desapareceu novamente nas sombras. Laith permaneceu onde


estava por um tempo pensando sobre as palavras de Rhys. Era verdade que a ferida
de Rhys foi causada por um Rei Dragão. Magia do dragão era reconhecível por um
rei, mas Laith não podia acreditar que era alguém na Dreagan.

O que deixava Ulrik. Ele era o provável culpado, ainda que a sua magia, bem como
sua capacidade de mudar para a forma de dragão tenha sido tomada quando ele
foi banido da Dreagan. Ulrik deixou todos saberem que ele viria atrás de Con um
dia para se vingar e ainda assim Laith não podia imaginar Ulrik atacando ninguém,
senão Con.

Ulrik poderia ter começado a guerra com os humanos, mas ele era honrado. Ou
ele foi? Por milhares de milênios, Ulrik foi confinado à sua forma humana a vagar
pela terra e nunca mais voltar para Dreagan.

Se o mesmo tivesse sido feito com ele, Laith sabia, eventualmente, a raiva e
ressentimento iria mudá-lo. Era possível que o mesmo poderia ter acontecido com
Ulrik. O fato que importava era que Rhys foi curado e até Laith saber com certeza
que Ulrik era aquele tentando expô-los, ele não iria atrás dele.

—Não me deixe estar errado, — ele sussurrou para a noite.

Laith retornou ao pub. Uma vez dentro, seu olhar ficou preso em Iona que tomou
seu assento em frente a Sammy. Iona estava de costas para ele quando ela riu de
alguma coisa que Sammy disse e tomou um gole de cerveja.

Ele caminhou para elas, seus olhos nunca deixando Iona. Quando se aproximou,
ela virou a cabeça e lançou-lhe um sorriso acolhedor. Seus lábios inclinados para
cima em resposta. Ele não queria gostar dela, não queria perceber como sua camisa
abraçava suas curvas ou quão bom suas longas pernas pareciam no seu jeans.

—Meu turno começou, — disse Sammy e deslizou para fora da cabine. —Tome
meu lugar, Laith, — ela disse e acenou para Iona antes de se afastar.

Iona riu e balançou a cabeça enquanto observava Sammy. —Ela é incrível.

—Sim, ela é. Todo mundo gosta dela.

—Eu posso ver porquê. Ela tem um jeito de ser. Desejaria que eu não gostasse
dela.

—Por que você diz isso? — Ele perguntou, antes que ele pensasse melhor.

Iona deu de ombros e virou a cabeça de volta para ele. —Eu me mudo muito e
nunca estou em um lugar por muito tempo. Parece inútil ficar amigo de alguém
apenas para deixá-los para trás.

—Você pode vê-los novamente.

—É improvável. Isto só economiza sofrimentos.

Laith se inclinou para trás, um braço apoiado na parte de trás da cabine e o outro
na mesa. —Essa é uma maneira solitária de viver a sua vida. Todo mundo precisa
de alguém.

—Não, não todos. Há aqueles que preferem ficar sozinhos.


—E você é uma dessas pessoas? — Ele perguntou com uma sobrancelha
levantada.

Ela riu levemente. —Eu sou.

—Eu não acredito. Eu vi você com Sammy. Você estava rindo e conversando,
assim como todos os outros estavam.

—Eu não posso negar isso. Não é algo que eu normalmente faço, mas Sammy é...
persistente.

Laith olhou para Sammy enquanto ela se movia de um cliente para outro, um
sorriso sempre no lugar. —Ela é mesmo.

—Foi assim que ela fez Tristan se apaixonar por ela?

Era uma pergunta estranha, mas Laith iria jogar junto. Ele balançou sua cabeça. —
Tristan perseguiu Sammy e então ela o perseguiu até que finalmente ficaram juntos.

—Se duas pessoas estão destinadas a ficarem juntas, por que então é difícil para
eles chegarem a esse ponto?

—As melhores coisas na vida raramente são fáceis. Quanto mais difícil você
trabalhar por alguma coisa, mais importante ela vai se tornar.

—Você é Buda agora?

Laith sorriu. —Não, nem perto.


—Você viveu uma vida muito diferente da minha, — disse ela, seu tom sério de
repente quando tomou um gole de cerveja.

Laith observou-a com cuidado. —De certa forma, talvez. Acho que todos nós
fazemos o nosso próprio caminho e ao longo desse caminho, tomamos decisões
dependendo de onde estamos no momento.

—Sim. Embora minhas decisões foram tomadas com base em coisas que minha
mãe me disse.

—Sobre o seu pai? — Laith adivinhado.

Iona revirou os olhos quando concordou. —Eu realmente acreditava em tudo o


que ela me disse sobre ele.

—Até que você voltou e descobriu que algumas coisas não eram verdade?

—Eu não queria acreditar, mas quanto mais as pessoas que vim até mim e falam
do meu pai me fez perceber que o homem que eu me lembro de quando tinha oito
anos não é o homem que ela me disse que era.

—A criança vê seus pais em uma luz, enquanto o resto do mundo vê esses mesmos
pais em outra. É o jeito das coisas.

Seus olhos cor de café bloquearam com o seu. —É o jeito certo para uma criança
pensar o pior de seu pai?

—É por isso que permaneceu aqui?


—Possivelmente. Há outras coisas que preciso cuidar e considerar como as coisas
do meu pai de qualquer maneira.

—O tempo de folga vai ser bom para você, eu acho.

Seu rosto de repente se iluminou. —Eu tirei algumas fotos surpreendentes hoje.
Eu não posso esperar para carregá-las no meu computador e ver como ficaram.

—Há muito em torno de você para fotografar. Isso vai mantê-la ocupada.

—Eu irei mais profundamente na floresta atrás da casa amanhã, — disse ela antes
de tomar uma bebida. Ela engoliu em seco e colocou o copo. —Eu não me lembro
de ir além da cachoeira quando era uma criança.

Porque ela não tinha ido. No entanto Laith não disse a ela. A cachoeira era um dos
limites da magia entre a terra Campbell e Dreagan. A magia deve ser suficiente
para manter Iona fora, mas Laith tinha suas dúvidas. Ela era tenaz o suficiente para
avançar com quaisquer reservas que a agredisse.

—Como as coisas estão progredindo com a propriedade de John? — Laith


perguntou para mudar o assunto da floresta.

O rosto dela caiu. —Assim como pode ser esperado. Irei ao banco amanhã e
transferirei as contas, então vou ter de pagar os impostos.

—Parece tudo sob controle.

—Eu suponho.
—E a fazenda? O que você vai fazer?

Ela sorriu suavemente. —Todos estão curiosos, não estão?

—Claro. Os Campbells têm sido uma parte da vila por gerações.

—Eu tinha tanta certeza de que venderia quando vim. Então eu descobri que eu
não podia.

—O que há de errado com isso? — Perguntou.

Ela suspirou alto. —Nada, eu suponho.

Laith esperou, mas ela não continuou. Assim, ele incitou ainda mais. —Você pode
descobrir que é um bom lar para você.

—O que vou fazer com a terra e a casa de campo? Eu não tenho tempo para cuidar
deles ou me preocupar com isso.

—Pode ser um lugar para você passar férias, um lugar onde você poderia voltar
para casa.

Ela levantou um ombro em um encolher de ombros. —Eu tenho um apartamento


em Londres.

—Você está lá muitas vezes?

—Não, — ela respondeu. —Eu não me lembro da última vez que estive lá.
Ele mudou de posição de modo que ambos os braços estavam na mesa quando
ele inclinou para frente. —Soa como se você precisasse de um lugar para ficar
repousando.

—Provavelmente, — ela disse com um meio sorriso.

Suas palavras pairaram entre eles quando Laith encontrou-se afogando em seu
olhar. Ela viu mais do mundo que outros nunca poderiam imaginar que existia.
Esteve no meio da batalha e profundamente nas planícies africanas e ainda assim
ela estava isolada de todos e de tudo. Ela podia não falar, mas as fotos dela falavam,
se ela soubesse ou não. Iona era notável, corajosa e surpreendente.

De repente, ela olhou para sua cerveja. —Nós estamos falando de mim. Por que
não me fala mais sobre você?

—Não há muito para contar.

—Eu sou ruim nisso, — ela disse com uma risada quando olhou para ele. —Mas
sei que as pessoas normalmente gostam de falar sobre si mesmos.

Laith estava encantado. Totalmente, completamente. Absolutamente. —O que


você quer saber?

—Tudo. — Seu olhar levantou lentamente ao encontro do seu mais uma vez.

Ele não podia contar-lhe tudo ainda, mas iria falar se por nenhuma outra razão do
que para mantê-la lá. —O pub tem estado na minha família pelo o que parece uma
eternidade.
—Você sempre soube que queria assumir a propriedade?

—Não mesmo. Ele meio que caiu sobre mim e eu queria ver onde as coisas iriam.

Ela assentiu enquanto falava. —Então, há alguém em sua família que pode assumir
se você já não quiser?

—Algo assim, — disse ele, evasivo. —Eu encontrei o trabalho que me agrada.
Gosto de interagir com as pessoas e aprender sobre aqueles que trabalham para
mim.

—Você acha que vai ficar aqui, então?

—Sem dúvida. — Ele sorriu e pegou seu olhar quando ela tentou desviar o olhar.
—Você já viu a beleza que nos rodeia? Por que eu iria querer deixar isto?

Ela riu quando disse: —Eu não sei.

—Você andou na floresta hoje. Diga-me que lá não existe algo sobre esta terra que
toma posse de você e afunda em sua alma profundamente.

Seu sorriso desapareceu lentamente. —Sim. Como você sabia?

—Você nasceu aqui, Iona. Você era parte desta terra, assim como é uma parte de
você. Você se foi há muito tempo, mas ela ainda se lembra de você. Você só
precisava se lembrar dela.
Iona não conseguia se lembrar da última vez que acordou tão... feliz. Seus
pensamentos foram imediatamente para Laith. Não podia ser só ele. Poderia?

Ela sorriu quando se levantou da cama com um humor leve. Por mais que tentasse,
não conseguia se lembrar da última vez que teve uma noite de conversa tão boa
como ela teve com Laith.

Espantou-lhe que ele poderia ser tão aberto e disposto a falar enquanto ela teve
um momento tão difícil para fazer o mesmo. No entanto, Laith conseguiu a deixar
à vontade como ele fez desde o primeiro momento em que o viu. Se fez isso
naturalmente ou se ele se empenhou para diminuir seu desconforto, funcionou.

Iona entrou na cozinha e inalou o aroma do café recém feito. Ela derramou um
pouco em uma caneca grande, acrescentou um pouco de creme e um pouco de
açúcar e olhou para fora da janela para a floresta.

Ela disse a Laith coisas que não disse a outra alma e apesar de que a pegou de
surpresa, ela não se arrependeu. No pub lotado, eles foram deixados sozinhos, no
casulo da cabine. Laith contava histórias de seu pai e da cidade.

Iona riu mais nessa noite do que ela riu em... Anos.
Ela piscou. Poderia realmente ter sido tanto tempo? Certamente que não estava
certo. Certamente ela riu, ou não?

—No que a minha vida se transformou se não posso lembrar de ter sorrido? —
Ela perguntou a si mesma.

Com todas as viagens que fez, ela não assistia a TV. Pegava um filme de vez em
um vôo ou em um quarto de hotel. Sendo ficava desligada do mundo mantendo
sua privacidade como queria, mas foi então deixada completamente fora do
circuito em, bem, tudo.

Laith notou isso? Será que ele percebeu o quanto ela evitava o mundo? De
repente, Iona se esqueceu do bom tempo que teve e começou a se preocupar que
não foi espirituosa o suficiente.

Ele riu. Ela lembrou isso, porque o som era contagiante e teve que se juntar a ele
na maioria das vezes. E seu sorriso. Senhor, ele tinha o melhor sorriso. Era as
vezes doce, sedutor e francamente sexy. Como poderia um homem parecer tão
bem, mesmo sem parecer estar tentando? Laith era encantador, sedutor, bonito e
fascinante.

Se ela tivesse que classificá-lo, seria sexo em pessoa.

No espaço de uma noite enquanto conversava com ele, se imaginou tendo relações
sexuais com ele tantas vezes que perdeu a conta. Perguntou-se como seus lábios
se sentiriam quando eles se beijassem, como sentiria suas mãos em sua pele.
Mais importante, ela se perguntou como sua pele se sentia sob suas mãos.

Iona fechou os olhos e imaginou-se deitada enquanto ele subia em cima dela, seu
pênis deslizando dentro dela, esticando-a. Ela mordeu o lábio e gemeu.
Necessidade apertou sua barriga.

Ela abriu os olhos e puxou sua mente fora da fantasia. Isto não podia fazer bem
para ela, não era bom. Iona voltou a beber seu café olhando para o bosque. Depois
de algumas torradas com geléia, se trocou e prendeu seu cabelo em um rabo de
cavalo. Enfiou garrafas de água e barras de granola dentro da mochila com a
câmera, em seguida, atirou-a por cima do ombro enquanto caminhava para fora
da casa.

Iona tomou seu tempo andando pela floresta. Desta vez, se dirigiu para a direita,
longe da casa. Com sua câmera pronta ela tirava fotos enquanto andava.

Um olhar para o céu lhe disse que não ia ser a beleza que foi ontem. Durante a
noite, as nuvens ficaram mais densas e tudo que o sol poderia fazer era espreitar
através delas de vez em quando.

Nublado como o céu estava, isto não a impediu de fazer a caminhada. Ela sabia
como era fácil se perder nos lugares e é por isso que tinha uma bússola em seu
relógio, uma em seu telefone e outra em sua mochila da câmera. Foi um evento
infeliz que lhe ensinou que só uma bússola nunca era suficiente.

Ela estremeceu só de pensar no seu tempo no Iraque, quando se perdeu no deserto


e seu relógio, que tinha a bússola, bateu nas pedras quando ela caiu. Se não tivesse
tropeçado com a unidade de fuzileiros navais norte-americanos que a encontraram
depois que foi separada das tropas britânicas, ela não sabia onde teria acabado.

Foi um de seus dias mais embaraçosos, mas um dia inteiro de lições também. Ela
estava sempre preparada e por vezes super preparada para as coisas, mas nunca
queria estar em uma situação como essa novamente.

A manhã se arrastava para o meio-dia enquanto ela continuava com a sua


caminhada. Conseguiu pegar um rebanho de alces que pastavam em um campo
antes que eles sentissem o cheiro dela e saíssem correndo.

Ela parou ao lado de um riacho e viu salmão nadando na água rasa. Foi quando
estava verificando as fotos em sua câmera que uma marta pinheiro 14 veio
silenciosamente para o fluxo na margem oposta. Iona parou e observou enquanto
ele bebia com seu olhar fixo nela. Depois de alguns segundos, se virou e correu
para longe.

Quanto mais tempo passou na floresta, mais difícil era para ela pensar em sair.
Laith estava certo, havia algo sobre a terra que penetrava na alma de uma pessoa.

Iona riu de seus pensamentos enquanto levantava para ficar em seus pés.
Encontrou uma parte estreita na corrente que estava repleta de pedras de rio. Eram

14. Marta Pinheiro Europeia.


suaves e de todas as cores diferentes enquanto elas brilhavam logo abaixo da
superfície da água.

Ela cruzou em cima das rochas, com suas botas mal se molhando. Em sua mochila
da câmera, ela tinha mesmo colocado um blusão. Poderia ter sido um longo tempo
desde que viveu na Escócia, mas se lembrou de quão selvagem o tempo poderia
se tornar nas Highlands.15

De repente, Iona parou incapaz de ir mais longe. Algo continuava dizendo a ela
para voltar para a casa de campo. Em vez de ouvir seu subconsciente, permaneceu,
olhando para a floresta.

A memória de seu pai há um longo tempo enterrada, surgiu avisando-a para nunca
atravessar o rio e ir para a floresta.

—A Floresta do Dragão, — ela murmurou.

Como podia ter esquecido a Floresta do Dragão? Seu pai explicou que não era a
sua terra e que os animais perigosos se escondiam nas sombras.

Suas palavras a assustaram o suficiente que quando criança nunca se aventurou


passar o fluxo de água. Como um adulto, não estava com tanto medo das sombras
como ela tinha ficado uma vez. Ainda assim, havia uma parte dela que não estava
tão interessada em ir para a Floresta do Dragão.

15Terras altas na Escócia, Montanhas.


—Eu estive no meio de batalhas, enfrentando leões e escalando as montanhas. Eu
posso andar na Floresta do Dragão.

Levou mais duas vezes afirmando essas palavras antes que fosse capaz de levantar
o pé e caminhar para a floresta.

Laith reprimiu uma série de maldições e baixou a cabeça contra a casca de um


pinheiro. Assim como ele esperava, Iona não ficou fora da Floresta do dragão.

Ele estava seguindo-a do lado oposto do rio por milhas. Ela serpenteava por entre
as árvores sem nenhum propósito, indo onde quer que algo lhe chamasse atenção.

Mas ela não era blasé sobre qualquer coisa. Ela verificou o céu e a bússola em seu
relógio com frequência. Muitas vezes iria parar e virar-se para olhar para a forma
de onde veio como se memorizasse as coisas e depois ela iria girar de volta e
continuar em seu trajeto.

Laith não se preocupou com ela se perdendo. Ele temia que ela pudesse se
aventurar em Dreagan. Não era tanto que iria ver algo durante o dia, mas se fosse
corajosa o suficiente para fazê-lo à luz do dia, acabaria por experimentá-lo durante
a noite. Era quando realmente poderia ver alguma coisa.
Isso não importava, uma vez que ela iria ficar sabendo de tudo, mas até então tinha
que manter um olho sobre ela. A última coisa que qualquer pessoa em Dreagan
queria era uma imagem de um deles em forma de dragão fixada em toda parte.

Ele se concentrou em Iona e mudou-se de árvore em árvore para que não pudesse
vê-lo. Seus movimentos desaceleraram e ela olhou ao redor mais freqüentemente,
como se alguém estivesse olhando para ela. Que era ele.

Laith não chegou muito perto. Manteve distância, mas era difícil. Ele passou a
noite inteira pensando em Iona em vez de dormir. Ficou acordado imaginando
suas ondas loiras e olhos escuros, seu sorriso e seu corpo.

Ele balançou a cabeça e focou em Iona. Seria o pior tipo de erro para ambos se
continuasse nesse caminho de pensar e não se concentrar. Quanto mais para
dentro da floresta Iona ia, mais ansioso ele ficava. Ele tinha que levá-la de alguma
forma, de volta para a terra Campbell.

Um som atrás de Iona atraiu Laith por um breve instante. Ele abriu a audição e
detectou pelo menos quatro conjuntos de passos que se aproximavam.

Quem estava seguindo Iona era bom. Eles tinham se mantido ocultos, o que
alertou Laith que não eram os Faes Escuros. Eles raramente se escondiam. Eram
mais dos tipos de bater e tomar. Isso significava que os sujeitos seguindo Iona
eram humanos.

De certa forma, eles eram tão ruins quanto os Escuros. Depois da guerra com os
humanos, os reis vieram para Dreagan e deixaram de falar de dragões se
transformando em lenda e mito. Eles se esconderam, protegendo o seu segredo de
Rei Dragão. Eles trabalharam por milhões de anos.

Até recentemente.

Nenhuma espécie era sem inimigos, mas os Reis pareciam ter mais do que a
maioria. Laith cerrou os dentes quando viu um braço sair de atrás de uma árvore.
Os mercenários poderiam ser enviados por seus inimigos para tentar encontrar um
dragão. Ou eles poderiam ter sido enviados atrás de Iona.

De qualquer maneira, Laith não ia deixar isso acontecer. Contou cinco em roupas
camufladas, com os rostos pintados de verde e preto. Os homens se moviam como
um para Iona. Ele estava pronto para matar cada um deles, até que de repente se
afastaram dele.

Ele franziu a testa. Não havia nenhuma maneira que poderiam saber que ele estava
esperando. Laith sacudiu a cabeça e viu Iona há uns dezoito metros à frente dele
quando começou a chover. Foi quando ele percebeu que os homens a estavam
seguindo à direita para Dreagan. Se foram eles que mataram John, em seguida,
Laith faria-os pagar.

Laith correu atrás de Iona, enquanto ainda permanecia escondido dela e dos
homens. Toda vez que ele iria chegar perto de Iona, ela de repente virava para o
outro lado. Mesmo com a chuva, ela parou e tirou fotos.

Começou a chover mais forte, o céu escurecendo. O vento uivando, enquanto as


árvores balançavam em resposta. Laith ficou contra a força da natureza olhando
dos mercenários para Iona. Quando Iona embalou sua câmera e se virou para
refazer seus passos, seu trajeto trouxe-a direto a ele. Laith soltou um suspiro de
alívio. Então ele viu os mercenários configurarem a posição, a fim de cercá-la.

—Maldição, — ele sussurrou.

Laith assistiu Iona inclinar a cabeça para trás para olhar para o céu. Naquele
momento, o trovão ressoou e uma fração de segundo depois o relâmpago
ziguezagueou pelo céu escurecendo. Iona começou a correr, tecendo seu trajeto
por entre as árvores, enquanto os mercenários se moviam de um lugar para outro
para tentar pegá-la.

As sombras se alongavam e a chuva e o vento tornavam difícil para que um ser


humano enxergasse corretamente. Assim que Iona passou por ele, Laith estendeu
a mão e fechou a mão sobre sua boca, quando a puxou de volta contra seu peito.
Ela lutou contra ele como um cão acuado.

—Iona, — ele sussurrou. —Sou eu. Acalme-se.

Ela se acalmou, embora o peito continuou a levantar. Suas mãos estavam em seu
braço e ela tentou puxá-lo longe de sua boca.

—Ouça. Há homens te seguindo. Precisamos levá-la de volta para a casa, — disse


em um tom baixo. Então tirou a mão de sua boca.

Ela inclinou a cabeça para trás para encontrar seu olhar. Seus olhos estavam
arregalados de medo e choque. —Você tem certeza?
—Lá, — ele disse e apontou para um mercenário que estava olhando em torno de
uma árvore para ela.

—Oh, merda, — ela sussurrou.

—Eu posso levar você de volta para casa. Você confia em mim?

Ela assentiu.

Laith deslizou seus dedos dentro dos dela. —Pronta?

—Não.

Ele sorriu e puxou-a atrás dele enquanto corriam pela floresta.


A mente de Iona estava rodando em confusão. O que Laith estava fazendo na
Floresta do Dragão? Por que os homens a estavam seguindo? Onde Laith a estava
levando? E como estava se movendo tão rapidamente?

Várias vezes ela perdeu o equilíbrio só para ter Laith a puxá-la em uma direção ou
em outra e ajudá-la a endireitar-se. Ela estava correndo o mais rápido que podia
sobre o chão escorregadio e inclinado e queria abrandar. No entanto, poderia dizer
que Laith não estava se movendo tão rápido quanto ele queria.

Com suas respirações ofegantes, ela não podia discernir se os outros seguiram ou
não e ela não se atreveu a dar um olhar por cima do ombro, com medo de cair.
Então viu o fluxo através das árvores. Um sorriso se formou, porque ela sabia
onde eles estavam.

No entanto, aquele sorriso morreu rápido quando Laith de repente parou e puxou-
a contra ele quando se escondeu atrás de uma árvore de carvalho.

Iona engoliu, seu medo misturando-se com o desejo que de repente aqueceu seu
corpo enquanto se viu forçada contra a frente de Laith. Ele olhou para ela, seus
olhos bronze sem mostrar nada. Suas mãos estavam firmes quando a abraçou
enquanto suas palmas das mãos repousavam sobre um peito muito firme, peito
bem definido.
Com os seios pressionados contra ele estavam muito perto, não pôde deixar de
notar seu belo corpo. Ela observou quando as pálpebras de Laith lentamente
baixaram sobre os olhos enquanto sua cabeça inclinava para o lado, como se
estivesse ouvindo. Ela fez o mesmo e percebeu que não havia nenhum outro som
além chuva. Era como se o mundo tivesse caído em silêncio.

Iona tentou olhar pelo ombro de Laith, mas ele rapidamente puxou de volta.
Olhou para cima para encontrá-lo franzindo o cenho para ela. A chuva estava
caindo mais rápido, fazendo com que Iona tivesse que piscar repetidamente para
manter a água fora de seus olhos.

Laith ficou parado como uma estátua. Seu olhar estava sobre ela, mas Iona sabia
que sua atenção estava sobre os homens. Ela olhou para o rio e notou que estavam
em área aberta. O riacho não era amplo. Mas teriam de ir a partir da linha das
árvores para o riacho e, em seguida, através dele antes que pudessem correr outros
três metros de rocha até chegarem à margem oposta da floresta. Seria uma
excelente oportunidade para alguém mirar e simplesmente esperar por eles
atravessarem.

A grande mão de Laith mudou-se para seu pescoço e lentamente inclinou a cabeça
para ele. Seu olhar procurou o dela enquanto a água escorria de seus longos cílios.
Sua voz era quase um sussurro quando disse, —Quando eu disser, corra para a
casa de campo e não olhe para trás.

Iona sacudiu a cabeça e abriu a boca para falar, mas ele colocou um dedo sobre os
lábios para silenciá-la.
—Eu estarei bem atrás de você, — ele prometeu.

Iona esteve em zonas de guerra suficiente para saber que ela estaria melhor
atendendo o que ele pediu. Mas uma vez na casa de campo, se os idiotas se
atrevessem a se aproximar, ela não hesitaria em usar qualquer arma que em que
pudesse ter nas mãos.

Iona deu um aceno de aceitação e o sorriso de Laith foi resposta suficiente para
impulsionar sua coragem. Laith virou-a de forma que ela estivesse de costas para
ele. Laith descansou as mãos em seus ombros e se inclinou para que seus lábios
encostassem em sua orelha. Seu hálito quente deslizou sobre sua pele, enviando
arrepios subindo e fazendo-a tremer.

—Não olhe para trás, — ele sussurrou.

Iona ficou surpresa quando ele deu um aperto em seus ombros. Ela lambeu os
lábios e ajustou sua câmera no estojo, seu olhar sobre a corrente enquanto
procurava uma maneira mais fácil para descer a encosta para a água.

Em seguida, ele a empurrou.

Iona correu tão duro e tão rápido quanto podia, seus braços bombeando e seu
olhar fixo na frente. Ela não olhou para trás, embora quisesse desesperadamente.
Ela esperou a dor de uma bala, mas nenhuma veio. Assim que saiu da floresta,
saltou sobre as rochas maiores em sua pressa para chegar à água. Ela não demorou,
mais que um segundo para encontrar onde ela originalmente atravessou o riacho e
correu para o outro lado.
Laith não assistiu Iona para ver se ela foi para o riacho. Ele se afastou do carvalho
e deu três passos largos para a árvore próxima onde agarrou o mercenário pela
parte de trás do colarinho e jogou-o de cara na casca.

O mercenário caiu no chão enquanto outros três saíram de seus esconderijos. Laith
não perdeu tempo em brincar com eles. Estava faltando um e ele sabia que o idiota
havia ido atrás de Iona.

Os mercenários não usaram armas de fogo, já que eles não tinham nenhuma. Eles
tinham facas e tasers, sendo que ambos estavam prontos.

Laith sorriu friamente para os três homens restantes quando eles o cercaram. Ele
os contemplou usando o seu poder de gás paralisante, mas a necessidade de
perfurar algo estava muito forte. Levou toda a sua paciência para esperar até que
eles estivessem perto o suficiente e depois com uma mudança rápida de seu peso,
ele deu um soco em sua mandíbula, e chutou o outro para trás em uma árvore,
batendo sua cabeça contra ela.

Com apenas um sobrando, Laith se inclinou para o lado para evitar o taser. Antes
do mercenário sequer saber o que estava acontecendo, Laith estava atrás dele,
sufocando-o.
Por mais que Laith quisesse matar o cara, não o matou. Ele esperou até que o
mercenário estivesse inconsciente e ele o deixou ao lado dos outros.

Antes que o homem batesse no chão, Laith estava correndo atrás de Iona.
Enquanto ele corria em direção a ela, abriu a ligação mental entre todos os reis dos
dragões e disse aos outros o que aconteceu de forma rápida, bem como onde os
quatro mercenários inconscientes se encontravam.

Então Laith cortou a ligação. Ele precisava se concentrar em Iona, não ter
bombardeado com perguntas que sabia que Con teria. Laith foi mais rápido do
que Iona. Mesmo com a perda dos poucos momentos preciosos lutando,
facilmente a alcançou.

Ele não se apressou para ela. Em vez disso, se atrasou, observando a trilha do
mercenário atrás dela. Laith não entendia o que o homem queria. Houve uma
grande oportunidade para ele atacar.

Quase parecia como se estivesse tentando pegar Iona, em vez de matá-la. Laith
mudou de posição para que viesse atrás do mercenário. A chuva continuava e o
homem não ouviu a abordagem de Laith. Laith esperou até que Iona virasse para
o caminho que levava à casa de campo e depois saltou sobre o mercenário.

O impulso levou tanto ele como o mercenário para o chão. Eles rolaram enquanto
o homem tentava esfaquear Laith. Eles chegaram a uma parada súbita, colocando
o mercenário no topo, mas Laith elevou a mão e deu dois socos rápidos nos rins
do homem e outro na garganta. Com a respiração ofegante do mercenário, Laith
aproveitou a oportunidade e bateu com o cotovelo no lado na cabeça do homem.
Com uma inspiração rápida, Laith liberou o gás paralisante, assistindo ondular ao
redor do mercenário quando ele o empurrou antes de cair.

Laith empurrou o homem de cima dele e ficou de pé. Ele olhou para o homem.
—Você veio para a terra errada. E você mexeu com a mulher errada. Não se
preocupe. Não vou matá-lo. Você vai ser detido pelos meus amigos e vamos
mantê-lo até que você nos dê todas as informações que precisamos.

Em seguida, Laith debruçou-se sobre o homem e lhe deu um soco para nocauteá-
lo, por que Laith precisava desabafar um pouco de sua raiva.

Isto não deu tempo para Laith acompanhar Iona antes dela chegar a casa. Ela
virou-se balançando antes que ele tivesse a chance de dizer qualquer coisa. Laith
desviou de seus golpes, impressionado que sabia o suficiente para se defender.
Engasgou quando o reconheceu e baixou os braços. Ela baixou a cabeça enquanto
ficava tremendo na chuva.

Ela não arremessou seus braços em torno dele ou desmaiou. Ela estava assustada,
mas se segurou. Uma mulher forte em um mundo cheio de maldade, perigo e
morte.

—Acabou, — disse ele acima do trovão. —Eles não irão incomodá-la novamente.

Ela ergueu os olhos cor de café para ele. —Você tem certeza que era de mim que
eles estavam atrás?
—Positivo, — Ele apontou para a casa de campo. —Vamos levá-la para dentro.

Iona nunca foi mais consciente de um homem como era de Laith em sua casa.
Uma parede separava-os e ela descobriu que odiava aquela parede. Também odiava
que ela não conseguia parar de pensar em Laith. Como ela procurava para qualquer
oportunidade de chegar perto dele para que pudesse tocá-lo. Quão triste que era
isso?

Ela fechou os olhos e gemeu. Estava triste. Triste e deprimida. Estava tão carente
por um pouco de atenção que ela estava disposta a atirar-se praticamente em um
homem que podia não estar tão interessado como ela esperava que estivesse? Ela
suspirou e abriu os olhos. Laith era um homem que ia além do que ela queria. Se
ele a quisesse, já teria feito um movimento.

Com a toalha na mão, torceu seu cabelo e retirou suas roupas antes de se limpar.
Colocou em um novo par de calcinha e sutiã. Quando olhou em sua bolsa,
percebeu que não tinha nada para vestir. Tudo isso foi por causa da necessidade
de se lavar.

Iona envolveu a toalha ao redor dela e se apressou do seu quarto para o de seu pai.
Abriu três gavetas antes de encontrar um par de calças de moletom e uma camiseta.
Ela deixou cair a toalha no chão e entrou na calça que era vários tamanhos maior.
Ela enrolou-as repetidamente na cintura. Iona pegou a camisa que tinha jogado na
cama quando olhou para a porta e encontrou Laith.

Ele não disse nada, simplesmente olhava com os olhos descendo lentamente por
seu corpo antes de voltar-se novamente. Sua boca ficou seca. Iona endireitou
lentamente quando seus olhares se encontraram, estáticos.

Laith entrou no quarto e diminuiu a distância entre eles. Ele parou na sua frente,
as mãos apoiadas nos quadris. Iona estremeceu novamente, desta vez por uma
razão completamente diferente.

Calor a tomava onde quer que Laith tocasse. Respirar tornou-se difícil, quando ele
a acariciou segurando seu rosto. Sua cabeça baixou e ela levantou-se para encontrá-
lo. Seus lábios se encontraram, enviando faíscas de desejo e necessidade através
dela. Ele gemeu baixo e necessitado, fazendo com que seus joelhos
enfraquecessem. Iona colocou os braços ao redor da cintura e simplesmente o
segurou.

Não havia mais nada a fazer. Laith capturou seu interesse, sua mente e seu corpo
com um simples olhar. Iona estava fora de seu elemento, à deriva em um mar de
paixão que não podia navegar.

E pela primeira vez, ela não queria.

Ele a beijou novamente, puxando o lábio inferior em sua boca antes de soltá-lo.
Iona afundou as unhas em suas costas, silenciosamente implorando-lhe para
continuar. Seus lábios se encontraram de novo, só que desta vez ele não se
contentou com apenas degustar seus lábios. Sua língua deslizou em sua boca,
enquanto seus braços moviam-se para envolvê-la e puxá-la com mais força.

O beijo se aprofundou quando Iona se abriu para ele. Quanto mais tempo eles se
beijaram, mais quente o fogo dentro dela queimava. Suas mãos estavam em suas
costas, em seu cabelo e nos quadris pressionando-a contra sua excitação.

Iona tremia de uma necessidade feroz que não sabia que existia. Ela estava
agarrando sua camisa quando uma batida veio de sua porta da frente.

Laith terminou o beijo e olhou para ela, sem se preocupar em disfarçar o desejo
escurecendo seus olhos cor de bronze. Ela não queria parar, não queria que nada
interrompesse o que quer que lhes tomou.

Mas Laith já estava soltando-a.

—Se vista— ele disse baixinho e percorreu o polegar sobre seu lábio inferior.

Ele virou-se para sair quando ela tentou impedi-lo. —Espere. Você não sabe quem
está lá fora. Poderia ser mais desses caras.

—Não é nenhum deles, — disse ele sem parar.

Iona colocou sua camisa e correu para fora do quarto quando Laith abriu a porta.
Ela deslizou até parar quando viu Tristan, Ryder e outro homem que não conhecia.
Dois dos três eram da Dreagan e ela estava disposta a apostar tudo o que tinha que
o terceiro também era.
Ela olhou dos homens para Laith e viu como eles o cumprimentaram. Foi lá,
naquele momento que juntou tudo, só ela não percebeu isso. Laith se virou para
ela, em seguida e esperou. A sala ficou em silêncio enquanto o grupo olhava para
ela.

Iona colocou os braços em torno de si mesma e levantou o queixo. —Você


também é parte da Dreagan, — afirmou.

Laith deu um único aceno. —Eu sou.

—Por que não me disse desde o início?

Ele olhou para o chão, uma pequena carranca franzindo a testa. —Há muito mais
acontecendo do que você sabe Iona. Aqueles homens na floresta por exemplo é
uma. Esses são tempos verdadeiramente perigosos.

—Em mais de uma maneira, — ela murmurou para si mesma.


Rhi estava grata que poderia permanecer camuflada mais tempo do que a maioria
dos Faes. Isto permitiu a ela alguns minutos para passear pela propriedade de sua
rainha no lado oeste da Irlanda para garantir que tivesse poucos Faes nas
proximidades.

Usaeil gostava de sua privacidade e mesmo ela tendo um palácio no reino dos Faes,
passou muito tempo na Terra. Principalmente porque durante os últimos cinco
anos, estava posando como uma das atrizes mais famosas do mundo.

Rhi esperou fora da antecâmara da sala do trono da rainha até que estivesse vazia
antes que deixasse cair o véu e aparecesse. Ela respirou fundo e olhou para o teto
alto, ornamentado com sancas e arte de valor inestimável.

A sala era pequena e estreita em comparação com outros em todo o estado. Era
onde todo Fae vinha se desejassem uma audiência com Usaeil, ou se a rainha
pedisse sua presença.

Parecia uma vida atrás que Rhi esteve lá, quando na verdade só foi a pouco mais
de um mês. Esteve viva milhares de anos e ainda assim somente um mês mudou
drasticamente sua vida.
Rhi permaneceu de pé, apesar dos bancos almofadados localizados ao longo das
paredes em vários lugares. Não houve necessidade de informar qualquer pessoa de
sua chegada. Usaeil já sabia.

Quase imediatamente, as portas duplas de seis metros de altura se abriram atrás


dela. Rhi se virou e olhou através delas para a sala do trono. Havia duas salas na
propriedade de Usaeil que nenhum Fae poderia se tele transportar: para a sala do
trono e para os aposentos privados de Usaeil.

Soltando uma respiração profunda, Rhi apertou as mãos atrás das costas e
caminhou até as portas. Seus passos diminuíram uma fração apenas antes que
passasse por elas, porque uma vez dentro da sala do trono, a rainha iria decidir
quanto tempo Rhi permaneceria.

Rhi avistou a cadeira de espaldar alto branco com uma almofada de veludo creme,
mas não Usaeil. Ela imediatamente parou, esperando por qualquer punição que a
rainha considerasse necessário porque Rhi não chegou quando foi convocada.

—Rhi.

Ela fechou os olhos para a felicidade que ouviu na voz de Usaeil. O maior dia da
sua vida foi quando se tornou parte da Guarda da Rainha. Usaeil não era apenas
sua rainha, ela era uma amiga.

Quando Rhi abriu os olhos, Usaeil estava diante dela com calça jeans e uma camisa
amarela fluindo que destacava seu longo cabelo preto. Os olhos prateados de
Usaeil estavam cheios de lágrimas, enquanto seu sorriso era brilhante. Ela jogou
os braços ao redor de Rhi e segurou-a firmemente. —Nós achávamos que nunca
a veríamos novamente. Você não sabe como estou feliz que você voltou.

Rhi nunca foi muito boa mostrando emoção e ela sempre ficou desconfortável
com demonstrações de afeto, exceto com ele. Ela parou essa linha de pensamento
em seu caminho. Pensar em seu amante Rei Dragão não ajuda em nada.

Ela devolveu o abraço de sua rainha e esperou que Usaeil se afastasse. Rhi soltou
um suspiro agradecido quando finalmente se afastou. Usaeil enxugou os olhos e a
estudou.

De alguma forma Rhi permaneceu parada sob o escrutínio. Somente sua família e
Balladyn a conheciam melhor do que Usaeil. A família dela estava morta e
Balladyn... ela ia matá-lo pelo que fez com ela.

O sorriso de Usaeil lentamente desapareceu. —Eu fui atrás você.

Rhi franziu a testa, sem saber o que dizer. Os Faes de Luz, especialmente a rainha,
nunca se aventuraram nas Trevas. Por qualquer um.

—Eu fui, — repetiu Usaeil. —Eu estava com Con, Rhys e Phelan. Eu não ia deixar
os Escuros levá-la. Eu... eu não tinha idéia que Balladyn estava vivo, Rhi. Sinto
muito.

—Você não me libertou, — disse ela.


Usaeil engoliu em seco e se virou para caminhar até um sofá encostado contra a
parede em um couro envelhecido castanho claro. —Foi-me dito que Balladyn
colocou as correntes de Mordare em você.

Um tremor de medo percorreu Rhi à menção das correntes odiadas. Elas eram
consideradas desaparecidas, até que Balladyn prendeu-a com elas. As correntes de
Mordare podiam apenas ser desbloqueadas pelo Fae que as algemou. Toda vez que
um Fae tentava usar a magia para removê-las, uma dor inimaginável seria disparada
através de seu corpo.

A pior parte foi que as correntes ajudavam a drenar um Fae de Luz da chama
dentro deles, a luz que os faziam quem eles eram.

—Ninguém sobreviveu as correntes de Mordare, — Usaeil disse em um tom


baixo. —Ninguém além de você, Rhi. Eu sabia na primeira vez que você entrou
no meu palácio que você era especial.

—Porque eu era tola o suficiente para me apaixonar por um Rei Dragão? — Rhi
perguntou sarcasticamente.

Usaeil não se preocupou em reconhecer o seu comentário. —Você tem habilidades


de batalha melhor do que muitos que treinaram a vida inteira para me servir. Você
tem uma mente rápida, sua lealdade é inquestionável, mas é a luz dentro de você
que realmente a distingue. É por isso que Balladyn se apaixonou por você.

—Do que você está falando? Balladyn me odeia.


—Há uma linha fina entre o amor e o ódio. — Usaeil sorriu desanimada. —Ele
era apaixonado por você antes que ele e seu irmão fossem para a guerra. Estava
esperando até o momento certo para se aproximar de você. Então ele teve que
voltar para casa e dizer a você e sua família sobre a morte de seu irmão. E colocou
tudo em espera.

O peito de Rhi começou a doer quando recordou todas as vezes que passou com
Balladyn falando sobre seu irmão. Enquanto ela sofria, Balladyn esteve
pacientemente à espera.

—Estava fora de si quando você se apaixonou pelo Rei Dragão. Ele manteve-se
com você, embora isto o matasse por ter de fazê-lo.

Rhi sacudiu a cabeça. —Pare. Balladyn era meu amigo mais próximo. Eu teria
sabido se tivesse sentimentos por mim. Ele pensava em mim como uma irmã.

—Ele queria que você fosse sua esposa, — Usaeil insistiu. —Nós falamos sobre
isso. Eu era a única a advertir-lhe para ficar ao seu lado em vez de tentar fazer você
desistir de seu caso com o Rei Dragão.

—Balladyn foi o único a me consolar depois... — Rhi não poderia mesmo dizer
nem milhares de anos mais tarde.

Usaeil acenou para Rhi, em seguida, puxou Rhi para sentar ao lado dela no sofá.
—Quando Balladyn foi ferido na guerra, todos nós o vimos cair. Você não foi a
única a tentar alcançá-lo. A batalha durou dias, Rhi, com dezenas de Faes de luz e
Escuros morrendo. Nós lutamos pela sobrevivência, com a intenção de voltar para
nossos mortos.

—Exceto que Balladyn tinha ido embora, — disse Rhi.

—Seu ferimento era fatal. Nenhum de nós poderia ter sabido que Taraeth queria
Balladyn como um dos seus homens.

—Balladyn me culpa, — disse Rhi e focando na pintura do reino dos Faes suspensa
a nove metros na parede mais distante. —É por isso que me seqüestrou. É
vingança por deixá-lo no campo de batalha.

Usaeil bufou. —Isso é treta e você sabe disso.

—É mesmo? — Ela perguntou, virando a cabeça para olhar para Usaeil. —Ele era
toda a família que eu tinha.

—Você é da Luz, Rhi. Você nunca estará sem família.

Rhi baixou o olhar para o chão de mármore branco com veios cinza escuro que
percorriam através do mármore. —Minha luz foi quase tomada.

—Mas não foi. Você está aqui conosco agora.

Ela parou um segundo antes de voltar seu olhar para Usaeil. —Eu não sou a
mesma. Eu estou diferente.

Usaeil tomou uma das mãos de Rhi em sua própria e percorreu um dedo sobre as
unhas pretas da Rhi. —Como você acha que os Faes Escuros começaram?
—A necessidade de poder.

O sorriso da rainha foi abandonado quando ela balançou a cabeça. —Tudo


começou porque havia alguns que não podiam controlar a escuridão que está em
todos nós. Eles não eram fortes o suficiente para segurar a luz. Nenhum reino é
apenas preto ou branco, bom ou mau. É uma mistura. Sempre foi. Sempre será.

Isso não ajudou Rhi. Não era tão fácil como tomar uma decisão. Ela foi
inexplicavelmente alterada.

—Foi a luz dentro de você que quebrou as correntes de Mordare. Você entende o
que isso significa, Rhi?

Ela olhou para a rainha. —Isso significa que sou um perigo.

—Não, minha querida. Isso significa que você mantém mais luz dentro de você
que todos os Faes de luz juntos. Significa que você é poderosa, mas mais
importante, isso significa que você lutou e ganhou contra a escuridão.

Poderia ser tão simples? Ela estava preocupada por nada? Havia melancolia e raiva
dentro dela também e Rhi não sabia quanto tempo poderia conter essas emoções.

—O que é isso? Perguntou Usaeil.

Rhi olhou para o preto em suas unhas antes que virasse a cabeça para olhar pela
janela. —Eu não posso encontrar a felicidade como costumava fazer. Há tanta
raiva dentro de mim.
—Olhe para a luz interior, quando esses sentimentos vierem. Ela vai ajudar a
centrá-la.

Rhi concordou desde que era o esperado.

—Foi-me dito que Ulrik retirou você da fortaleza de Balladyn.

—Aparentemente ele o fez. — Rhi retirou a mão das da rainha. Ela não queria
falar sobre Ulrik, mas sabia que Usaeil acabaria por falar dele.

—Lá é onde você esteve? Com ele?

Rhi riu quando ela olhou para Usaeil. —Não.

—Tenha cuidado lá, — sua rainha advertiu. —Há uma guerra que vem entre os
Reis e Ulrik.

—Ele é um Rei, — Rhi corrigiu.

Usaeil ergueu as sobrancelhas, os olhos de prata vendo tudo. —Não de acordo


com Constantine. Ulrik foi proibido de vir a Dreagan, despojado de sua magia e
incapaz de mudar para a forma de dragão. Ele tem vingança em mente. Não fique
no meio do que está acontecendo entre eles.

—Parece que não sou a única anomalia recentemente. Pela primeira vez um
Escuro tornou-se da Luz, — Rhi disse, mudando de assunto.

Usaeil deu de ombros e se inclinou para trás contra o braço do sofá. —Um Fae
escolhe tornar-se Escuro. Até agora, nós nunca encontramos alguém que queria
voltar para a Luz. O amor de Shara por Kiril a ajudou a encontrar o caminho para
superar a escuridão. Ela é a primeira, mas espero que não a última.

As ondas de choque reverberaram através de Rhi. —Diga-me que você não vai
fazer o que eu acho que você vai fazer.

—O que é isso? — Usaeil perguntou inocentemente.

—Você quer tentar trazer Balladyn de volta à Luz.

Usaeil respirou profundo e liberou lentamente. —Ele virou-se contra a sua


vontade.

—Confie em mim quando digo que ele é totalmente Escuro. Ele é o segundo em
comando atrás de Taraeth. Balladyn quer governar os Escuros e um dia ele vai.
Você não pode trazê-lo de volta a partir desse caminho.

—Ele era um grande guerreiro para a Luz, — Usaeil disse, levantando a voz.

Rhi empurrou para seus pés, raiva inundando-a. —Ele não é o mesmo! Ele é mau
até a alma. Não há luz dentro dele, apenas escuridão e crueldade.

—Se um da luz pode ser mudado para um Escuro com tortura, um Escuro pode
ser mudado para a Luz.

—Se você acredita nisso, você colocará todos Faes de Luz em perigo. Você não o
conhece mais. Fui torturada por Balladyn.
Os olhos de Usaeil se estreitaram antes dela se levantar e a encarar. —Você está
cega por seu ódio. E não se esqueça, Balladyn usou o fumo preto para torturá-la.

—Como você sabe disso? — Rhi deu um passo atrás. —Como você sabe tudo o
que aconteceu comigo? A menos que…—

Como ela podia ter sido tão estúpida? Os Faes de luz e Reis Dragões tiveram uma
trégua instável e ela assumiu que Con e Usaeil não interagiam. Aparentemente, ela
estava errada.

Usaeil não respondeu. Apenas segurou o olhar de Rhi. Ela riu, embora não havia
humor no som. Estava tão envolvida em seus pensamentos que não percebera o
que Usaeil deixou escapar mais cedo, mas ela fez agora. —Então não entendi mal,
quando você disse que estava com Con e Rhys me procurando?

—Não.

—E Con, então, disse-lhe o que aconteceu.

Usaeil juntou as mãos na frente dela e assentiu.

—Há três pessoas que sabem o que aconteceu no final, excluindo-me. Balladyn,
Ulrik, e Con. Balladyn é escuro. Ulrik foi banido. Claro que você iria acreditar no
que Con disse.

—Por que ele mentiria? — Perguntou Usaeil.


Rhi girou nos calcanhares e começou a sair das portas. —Por que o Con faz
algumas coisas?

Usaeil esperou até Rhi desaparecer e as portas fecharem antes que ela se virasse
para a porta escondida atrás de seu trono e esperou Con sair. —Bem? —
Perguntou ele.

Seus lábios se contraíram. — Acho que está certa. Ela não é a Fae que costumava
ser. Antes ela era imprudente, selvagem e incontrolável, mas sempre estava... feliz,
por falta de uma palavra melhor. Agora, está controlada, facilmente se enfurece, e
oprimida.

—Eu perdi Balladyn, Con. Eu não posso perdê-la também.

—Você não vai. Eu prometo.


Laith pousou no chão e olhou para o teto da caverna. Havia dezenas de velas acesas
e refletindo sobre a água das fontes termais. As ondas de luz que jogavam a partir
do movimento da água saltavam nas paredes e no teto.

Isto normalmente acalmava Laith, mas ele não estava achando qualquer paz hoje.
Desde que Iona atirou-o para fora de sua casa, ele estava nervoso. Nem mesmo
fazer a segurança dos prisioneiros e garantir que ninguém mais iria incomodá-la
ajudou.

Ele entendeu os sentimentos de Iona. Uma omissão era uma mentira. Laith
propositadamente não lhe disse que ele era uma parte de Dreagan. Não era para
machucá-la, mas para determinar o quanto ela sabia sobre seus antepassados. Mas
saiu pela culatra com Laith. Deveria ter sabido que Iona não apreciaria tais táticas.
Ela achava difícil, não, impossível confiar e ele apenas deu-lhe razão para não
confiar nele.

—Eu sabia que ia encontrá-lo aqui, — disse Warrick.

Laith não se preocupou em olhar para o seu amigo. —O que você quer?

—Ryder disse que os homens que você nocauteou finalmente estão acordando.
Que você pode querer estar lá para interrogá-los.
—Já fazem quase doze horas.

—Aparentemente você bateu duro, — disse Warrick, uma gota de humor atando
suas palavras.

Laith sentou-se e olhou para a porta. —Eu quero interrogá-los.

—Então ponha sua bunda em movimento. Rhys já está a caminho.

Laith se levantou e seguiu Warrick. Eles caminharam pelos corredores longos e


cavernas de vários tamanhos antes de chegarem ao túnel que foi esculpido milhões
de anos antes para conectar uma montanha na outra.

—Tem apenas Ryder observando-os? — Perguntou Laith.

Warrick resmungou. —Como se os insetos seriam capazes de encontrar o seu


caminho para fora da montanha.

—É verdade, mas nós encontramos homens assim antes.

O Guerreiro olhou por cima do ombro para Laith. —Eles são mortais e nós os
temos onde nenhum Fae Escuro pode encontrá-los.

Laith esteve tão chateado após Iona não deixá-lo falar, que ele se elevou para os
céus e permaneceu lá até o amanhecer, uma vez que os prisioneiros foram
removidos. —Eu sei exatamente onde eles estão Warrick. Foi minha a sugestão de
colocá-los lá.

—Então você sabe que eles não estão indo a lugar algum. — afirmou.
Laith não se preocupou em dizer mais quando viraram no corredor e alcançaram
a pequena caverna no final do corredor. Ele acelerou o passo, pronto para obter
algumas respostas a respeito de porque eles estavam seguindo Iona.

Warrick foi o primeiro a entrar e depois ficou parado. Laith teve que empurrá-lo
para fora do caminho para que ele pudesse entrar pela porta e então também parou
e simplesmente olhou.

—Aconteceu tão rápido, — Ryder disse enquanto ele estava sobre um dos cinco
homens que estava de bruços no chão, espuma branca caindo de sua boca.

Laith olhou de um homem para o outro e encontrou a mesma espuma. Ele estava
em choque com o que viu. —Cianeto? Eles tinham pílulas de cianeto escondida
na boca?

—Nós iríamos finalmente ser capazes de obter algumas respostas, — Warrick


resmungou, irritado.

Rhys passou a mão pelo rosto e fez uma careta. —Nós não vamos descobrir nada
agora.

—Eu não pensei em verificá-los sobre o veneno, — disse Ryder.

Foi um revés, mas Laith não estava muito preocupado. —Vai ter mais. Seja qual
for a razão que eles estavam atrás de Iona, assim que sentirem falta destes, mais
vão chegar.
—Eu espero que você esteja errado, — disse Rhys. —Eu tive minha cota de
nossos inimigos ficando tão perto.

Warrick chutou os pés de um mercenário morto. —Por que eles querem prejudicar
Iona Campbell? Ela não é associada com qualquer um de nós. — Eles então
olharam para Laith. —Muitos de nós. Eu acho que ela nem sabe sobre sua herança.

—John foi assassinado, — Laith lembrou. —Possivelmente pelos mesmos


homens. Quem vai dizer que não iriam tentar o mesmo com Iona?

Ryder levantou um mercenário por cima do ombro. —Bom ponto. Você precisa
encontrar alguma maneira de voltar a sua vida, Laith.

Ele piscou para Ryder. —Ela deixou claro que não confia em mim agora.

—E você vai deixar que isto fique em seu caminho? — Perguntou Rhys, em
seguida, fez um som na parte de trás da garganta. —Desde quando você desiste
tão facilmente?

Warrick sorriu de orelha a orelha. —Eu acho que o ponto, rapazes, é que ele gosta
dela.

—Eu não gosto dela. — A mentira permaneceu pesada na língua de Laith e todos
eles sabiam disso. —Ela me intriga.

Rhys encontrou seu olhar, o rosto sombrio. —Então não perca tempo. Encontre
uma maneira de ganhar a confiança dela, mais uma vez, se você quiser mantê-la
viva.
—Vá, — disse Ryder. —Vamos limpar isso.

Laith começou a se virar quando ele parou. —Eu pensei que Con estaria aqui.

—Todos nós pensamos, — disse Warrick.

Rhys inclinou-se e atirou um mercenário por cima do ombro, então se endireitou.


—Ninguém viu Con faz alguns dias. Ele está fora em outra de suas viagens
misteriosas.

—Atrás de Ulrik, talvez? — Perguntou Ryder.

Laith disse: —Eu duvido. Ele vai esperar até que todos nós possamos ver a batalha.

—Se você acha isso, você não conhece Con, — Rhys disse antes que ele saísse.

Warrick deu um empurrão em Laith antes de levantar outro dos mercenários e


seguir Rhys. Laith olhou para os dois cadáveres restantes e girou. Ele não
conseguia se lembrar de uma vez que tentou ganhar a confiança de uma fêmea.
Ele não tinha certeza se sabia como.

Iona rodeava o Range Rover de seu pai pela segunda vez naquela manhã, parando
do lado do motorista quando olhou para os enormes amassados e arranhões
causados pelas pedras quando o SUV caiu fora da estrada.
A porta do motorista ficou presa, mas as outras funcionavam bem. Não havia
sentido em continuar mantendo o carro alugado quando ela tinha um veículo
perfeitamente bom para conduzir as poucas vezes que ia para a cidade.

Sua decisão tomada, Iona caminhou para o lado do passageiro e entrou antes de
se instalar no assento do motorista. Uma vez atrás do volante, colocou a chave na
ignição e tentou ligá-lo. A bateria nem sequer virou.

Iona baixou a cabeça ao volante por alguns momentos antes de ela sair e abriu o
capô. Parte de ser independente significava que sabia como fazer um pouco de
tudo. Foi por necessidade que aprendeu a trabalhar em veículos, mas descobriu
que gostava.

Ela descobriu com rapidez suficiente que a bateria tinha sido desconectada. Assim
quando Iona estava prestes a reconectá-la, ela deu um olhar para o resto do motor,
uma carranca se formando. Alguém queria ter a maldita certeza que ninguém
poderia conduzir o Rover.

Iona olhou para trás no pequeno galpão e encontrou as ferramentas de que


precisava. Então começou a trabalhar no Rover. Ela meticulosamente foi
verificando tudo nele. Apesar da idade do veículo, seu pai cuidou bem dele,
substituindo as peças conforme necessário.

Ela parou tempo suficiente para pegar algo para comer ao meio-dia antes que
estivesse de volta sob o SUV. Uma verificação da mangueira de água provou que
tudo estava bom, assim como o radiador. Não foi até que chegou à linha de freio
que percebeu que todo o fluido de freio se foi.

Havia algumas outras coisas que precisava pegar na cidade, por isso, uma vez que
sua verificação inicial foi feita, Iona tomou um banho e se trocou. Ela fez uma lista
de tudo o que precisava, então dirigiu para a cidade no seu carro alugado.

Iona entrou no estacionamento do M&M Auto Repair. Ela tinha a lista na mão,
quando saiu do carro. Assim que fechou a porta Michael MacDonald, o
proprietário, saiu da garagem, limpando as mãos.

—Olá, mais uma vez, — ele chamou com um sorriso alegre.

Iona notou a mancha de graxa no rosto quando devolveu o sorriso. Ela entregou-
lhe o pedaço de papel. —Eu fiz uma lista de coisas que eu preciso para reparar o
Rover.

Seu sorriso desapareceu e franziu a testa quando olhou dela para o papel. —Você
está reparando o Rover de John?

—Eu estou. Eu sei o que estou fazendo.

Seu olhar voltou para ela. —Oh, eu não quis dizer que você não pode, moça. Tem
certeza de que quer lidar com isso sozinha?

Sammy não era a única que aprendeu a ler as pessoas. Iona não teve o prazer de
aprender atrás de um bar como Sammy. Não, Iona aprendeu no mundo real se
juntando com diferentes esquadrões militares durante a guerra, ou pedindo a
líderes tribais para permiti-la entrar em suas fronteiras, onde um menor erro
poderia levá-la a morte.

E foi assim que ela soube que Michael estava escondendo algo dela. —Eu tenho.
Você tem tudo que preciso?

—Uh... Eu acredito que sim. — Ele acenou para ela segui-lo para a loja ao lado e
então começou a olhar através das prateleiras.

Iona apoiou os antebraços no balcão enquanto o observava. —Uma vez que eu o


tenha funcionando, venho visitar para que assim você possa retirar e consertar o
painel da porta. Eu estou esperando que isso seja tudo o que vai precisar para a
porta do motorista funcionar novamente.

—Vai precisar um pouquinho mais do que isso, — disse ele enquanto caminhava
ao redor do corredor, um pano pendurado na parte de trás do bolso da calça.

—Talvez. Veremos.

—Hum, hum.

Ela continuou com as perguntas e declarações banais, colocando-o à vontade.


Então ela perguntou: —Por que você acha que a bateria foi desconectada?

Michael parou para o mais desencapado de momentos, então caminhou para ela
com os braços carregados com itens. —Você diz que a bateria foi desconectada?

—Eu disse. O cabo de freio estava seco como um osso. Que você acha sobre isso?
Seu olhar baixou para a esquerda. —Eu não sei.

Era um sinal clássico de alguém mentindo. Ela endireitou-se e manteve o olhar


fixo nele —Foi meu pai que morreu.

—Eu sei moça, — disse ele e encontrou seus olhos. —Todo mundo gostava dele.

Honestidade refletida nos olhos castanhos de Michael. —Você está falando a


verdade agora, mas você não fez um momento atrás. O que você não está me
dizendo?

—Moça, — começou ele.

Iona imediatamente o interrompeu, levantando sua mão. —Se você irá me


alimentar com mais mentiras, não. Eu não estou no clima.

Seus ombros caíram, e as linhas em seu rosto se aprofundaram. —Eu estava


esperando que você nunca descobrisse.

—Descobrisse o que, exatamente?

—Por favor, não me faça lhe dizer.

Um nó de mal-estar formou-se. —Quem mais sabe?

Ele não iria encontrar o seu olhar, o que significava vários outros. —Iona, moça,
talvez seja melhor se você deixar isso para lá.
Como se isso fosse acontecer agora. —Foi um acidente que matou meu pai? —
Ela pressionou.

Michael suspirou e olhou para ela por alguns instantes antes de negar com a cabeça.

Se não foi um acidente, isso significava que era de propósito. Iona se manteve
controlada, recusando-se a dar o grito de negação que se formou em sua garganta,
o que ela perguntou, —Ele foi assassinado?

—Sim.

Uma palavra. Uma simples palavra teve a capacidade de se fixar em seu cérebro.
Ela começou a suar ao mesmo tempo em que corria gelo em suas veias. Seus
ouvidos tiniram e suas mãos tremiam. Ela apertou as mãos em punhos para
impedir Michael de ver como ela estava chateada.

—Como? — Ela resmungou.

Ele colocou seu peso sobre um pé e moveu os itens que pegou para ela de volta
no balcão. —Levei um pouco de tempo, mas achei o orifício na mangueira de
freio. Ele drenou lento o suficiente para que John não tomasse conhecimento até
que fosse tarde demais.

Oh Deus. Ela ia ficar doente. Alguém assassinou seu pai, mas por quê? Foi por
isso que aqueles homens vieram atrás dela ontem?

—John não tinha nenhum inimigo, — disse Michael. —Nós não sabemos por que
ele foi morto.
Iona procurou algo para se concentrar, algo que pudesse agarrar-se em vez de se
afogar na culpa. —Quem é nós?

—Aqueles em Dreagan. O próprio Constantine queria que eu olhasse de perto,


porque ele suspeita de alguma coisa.

—É mesmo? — Iona tinha um destino. Ela não seria mais mantida no escuro. Ela
deu um aceno para os itens no balcão. —Eu voltarei para pegá-los.
Lily Ross agradeceu ao turista que saia da loja com a sua compra de uísque de
Dreagan, dois copos de uísque e um adesivo da logomarca Dreagan. Ela saiu de
trás do balcão pronta para ver se os outros clientes precisavam de ajuda quando a
porta se abriu e uma loira alta entrou. Ela tirou os óculos e colocou em Lily seus
olhos castanhos escuros.

—Bem vinda a Dreagan, — disse Lily com um sorriso. —Você acabou de vir da
turnê?

A loira empurrou os óculos de sol em cima de sua cabeça. —Eu não participei.

—Está tudo bem. Você não precisa fazer o passeio para comprar de nós. Existe
algo que eu possa ajudá-la a procurar? — Perguntou ela, observando a maneira
como os olhos da mulher examinavam a loja.

—Você pode realmente. Eu gostaria de falar com Constantine.

Lily piscou, seus lábios separados. Ela mesma nunca encontrou Con. O mais
próximo que fez foi vê-lo de longe, mas ele ainda tinha que entrar na loja quando
ela estava lá. Do pouco tempo que Lily trabalhou em Dreagan, sabia que as pessoas
lá gostavam de sua privacidade, o que funcionou muito bem para ela. Havia coisas
que ela queria manter privado também.
—Você tem um compromisso com ele, senhorita...? — Perguntou Lily.

Os lábios da mulher se curvaram nos cantos. —Campbell. Iona Campbell e não,


eu não tenho.

—Oh. — Lily se ligou quem era a mulher. —Eu não conhecia bem o seu pai, mas
sinto muito pela sua perda.

Iona brevemente fechou os olhos e ajeitou a bolsa em seu ombro. —Obrigada.


Sobre Con?

—Eu sinto muito. Se você não tem um compromisso, eu não posso ajudá-la.

—Ele está aqui?

Lily sorriu para os clientes que estavam olhando e tocou Iona no braço para que
pudesse segui-la até o balcão, onde a conversa poderia ser um pouco mais privada.
—Eu não sei onde ele está e não estou a par desta informação.

—Eu apreciaria se você pudesse me arranjar alguém que possa ajudar.

Lily encontrou clientes exigentes antes, mas esta foi a primeira vez. Ninguém
jamais invadiu a loja e pediu para falar com alguém de Dreagan.

Ela pegou uma caneta e papel e deu-lhes a Iona. —Se você deixar suas informações
de contato, vou ter certeza que Con recebera.

—Não há necessidade. Basta dizer-lhe que sei o que realmente aconteceu com o
meu pai.
Lily observou-a caminhar para fora da loja. Ela colocou o papel para baixo,
perplexa. Sem dúvida, Iona Campbell estava furiosa.

—Bem, isso foi interessante, — veio uma voz profunda que ela reconheceu
instantaneamente.

Lily estremeceu de prazer e olhou por cima do ombro para encontrar Rhys de pé
na porta detrás do balcão. Seu cabelo escuro estava solto sobre os ombros e seus
olhos azuis claros contornados de azul marinho ficaram mais brilhante quando
usava essa camisa azul clara. Sua cabeça estava inclinada para o lado enquanto ele
olhava para ela, como se estivesse esperando que ela falasse.

Lily estava sempre sendo estúpida em torno dele. Ela rapidamente concordou. —
Sim, foi. Você ouviu toda a conversa?

—Sim.

—Por que você não saiu? — Ela perguntou.

Ele encolheu os ombros com indiferença. —Eu não queria falar com ela.

Lily sabia que havia muito mais para ler nessa afirmação. Rhys gostava de mulheres
e ele normalmente tinha uma mulher diferente em seu braço todas as noites. De
fato, ele amava loiras e Iona parecia apenas o seu tipo. —Você pode entregar a
mensagem para Con?

—Você conheceu ele, Lily?


Deus, como ela adorava o som de seu nome em seus lábios. —Ainda não.

—Você não está perdendo qualquer coisa. Confie em mim, — Rhys disse irritado.

Lily queria gritar em frustração quando a conversa foi interrompida não por um,
mas dois clientes no caixa. Até o momento que o último saiu, Lily estava certa que
Rhys teria ido.

Ela estava mais do que surpresa ao encontrá-lo em pé exatamente onde ele esteve.
Seu estômago se agitou e ainda ela advertiu-se a recordar que ela era nada mais do
que uma empregada em Dreagan.

—Você está feliz aqui? — Perguntou Rhys.

O sorriso de Lily era incontrolável. —É a primeira vez em muito tempo que eu fui
feliz.

—E as pessoas estão te tratando bem?

—Muito. Cassie e Jane são surpreendentes e embora eu não veja Elena ou Denae
muito desde que elas trabalham em outras partes da destilaria na maioria das vezes,
elas são ótimas.

Um lado da boca de Rhys levantou em um sorriso. —Estou feliz em ouvir isso.


Você sabe que estamos aqui se você precisar de alguma coisa.
Por um momento, Lily pensou que Rhys poderia ter descoberto seu passado. Seu
coração batia contra as costelas, mas como os segundos se passaram e ele não disse
mais nada, ela percebeu que estava errada. —Claro, — ela apressou-se a dizer.

Seus olhos azuis claros a estudaram. —Você não tem nada a temer aqui.

—Há sempre algo a temer.

As palavras saíram de sua boca antes que pudesse detê-las. Era um sintoma de seu
passado, um passado que ela temia que nunca fosse capaz de superar.

—Isso é verdade, — Rhys disse suavemente. —A menos que você tenha amigos.

E com isso, ele se virou e foi embora. Lily suspirou, porque sabia que era o mais
próximo que ela chegaria do bonito Rhys.

Laith estava em seu escritório no pub olhando para o espaço enquanto


atormentava seu cérebro sobre como consertar as coisas com Iona. Nas últimas
horas, ele conseguiu pensar em absolutamente mais nada. O fato de que ele queria
estar perto dela era um aviso como um conjunto de sinos soando em sua cabeça.
Ele disse a si mesmo que não iria chegar perto.

Mas um beijo, um beijo escaldante mudou tudo.


Ele finalmente piscou e percebeu que alguém estava de pé na porta. Laith
endireitou em sua cadeira quando viu Rhys. —Quanto tempo você esteve aí?

—Tempo suficiente— Rhys disse quando entrou e se sentou em uma das cadeiras
vazias. —Houve um visitante em Dreagan hoje.

Laith lhe deu um olhar divertido. —Há sempre visitantes no Dreagan. Eles são
chamados de turistas.

—Eu estou falando um visitante real, seu punheteiro, — ele retrucou.

Laith descansou um cotovelo no braço da cadeira. —Quem?

—Iona.

Foi uma coisa boa que ele estava sentado, porque poderia ter caído. —O que? Por
quê?

—Ela pediu para falar com Con e estava furiosa.

Laith beliscou a ponta do nariz com o polegar e o indicador. —O que mais ela
disse?

—Que ela sabe como John morreu.

—Merda.

—Você acha que foi um palpite depois de ontem?


Laith balançou a cabeça enquanto olhava para Rhys. —Ela tem estado em
situações perigosas antes e ela é inteligente. Isto não foi um palpite. Ela descobriu
a mangueira de freio.

—Droga, — Rhys murmurou. —Isso poderia assustá-la.

—Vai precisar mais do que isso para fazê-la empacotar as malas. Além disso, ela
disse aos seus chefes que estava dando um tempo.

—Chefes? — Perguntou Rhys.

—Ela disse patrões. Pelo que disse a Sammy, é um grupo de pessoas de alta
potência que a manda em missões em todo o mundo.

Rhys preguiçosamente esfregou o queixo. —Por quê?

—Por quê? — Repetiu Laith. —O que você quer dizer?

—Eu estou perguntando por que exigem um grupo de pessoas para contratar um
fotojornalista? Eu pensei que alguns fotógrafos eram independentes e vendiam
suas fotos pelo maior lance, ou no mínimo são contratados por empresas.

—Eu acho que isso é o que Iona é, contratada.

—E o nome da empresa?

Laith começou a ver onde Rhys estava indo com suas perguntas. —Eu não sei.
—Com tantos inimigos como nós temos, Laith, precisamos estar desconfiados de
todos.

Laith sabia que Rhys estava certo, mas isso não queria dizer que gostou do que
ouviu. —O pub está coberto. Vamos voltar para Dreagan. Se alguém pode
descobrir esta informação rapidamente, é Ryder.

—É melhor parar e ir encontrá-lo com alguns donuts, — Rhys disse quando saiu
pela entrada de trás do pub.

Trinta minutos mais tarde, eles foram caminhando até as escadas para o terceiro
andar de Dreagan Manor com uma caixa cheia de donuts de geleia na mão. Laith
foi o primeiro a atravessar da porta. Ele entregou a Ryder a caixa sobre as linhas
de monitores e esperou.

Ryder deu-lhe um olhar desconfiado, mas com a visão dos donuts ele acenou-lhes
ao redor. —Eu não preciso ser subornados para o que você precisa, mas aprecio
o deleite.

—Precisamos que você verifique Iona Campbell, — Rhys disse quando afundou
em uma cadeira.

Laith reparou como Rhys ainda favoreceu seu lado direito, mas ele não falou. —
Eu pensei que estávamos interessados em seus chefes.

—É melhor começar com uma pessoa, — disse Ryder. Ele enfiou um donut na
boca, deixando-o pendurado lá enquanto socava alguma coisa no teclado.
Um segundo mais tarde e uma das telas estava cheia com uma foto de Iona, sua
avaliação de crédito, informações bancárias e médica, dezenas de universidades e
classes e histórico de emprego.

Rhys soltou um assobio. —Ela faz um bom dinheiro para gastar seu tempo tirando
fotos.

Ryder se inclinou para trás em sua cadeira, rosquinha na mão quando ele mastigava
e engolia a mordida. —Sim, faz muito bem por si mesma.

Laith apontou para a última listagem de emprego. —Estas são as pessoas que
queremos olhar.

—A Comuna, — Ryder disse e digitou.

Na outra tela informações sobre a Comuna foram aparecendo lentamente. À


primeira vista, tudo parecia ser legítimo com nada ressaltando que iria levantar as
sobrancelhas. A lista de funcionários não demorou muito, apenas cerca de
cinqüenta pessoas. Levou apenas alguns cliques para eles determinarem que cada
nome estava no topo em seu campo, que variava de cientistas espaciais a
mecânicos.

Mas isso é o que fazia Ryder tão bom no que fazia. Ele reconhecia coisas simples,
ou coisas que estavam faltando e continuou cavando.

Laith pegou uma cadeira e esperou enquanto Ryder colocava o último donut
recheado na boca e mantinha a digitação com páginas de documentos que
continuam a aparecer na tela. Laith trocou um olhar com Rhys, porque quanto
mais tempo demorasse para Ryder cavar, pior ia ser.

Vinte minutos depois, Ryder empurrou, se afastando do teclado e girou a cadeira


para ficar de frente para Rhys e Laith. —Isto não é bom.

—Apenas cuspa, — Laith exigiu.

Ryder atou as mãos atrás da cabeça. —Quem quer que esses chefes sejam, eles
estão indo a extremos para esconder suas identidades. Posso encontrar nomes,
mas assim como Con, não existe uma imagem em qualquer lugar.

—Droga, — Rhys murmurou.

Laith olhou para os computadores enquanto reunia seus pensamentos. —Por que
John foi assassinado agora? Todos esses anos, por que agora?

—Porque quem fez isso deve saber sobre o pacto, — Ryder assinalou.

Rhys passou a mão pelo seu cabelo longo. —O que significa que eles queriam John
fora do caminho para que eles pudessem usar Iona.

—Mas por quê? Eles precisam dela para alguma coisa, — disse Laith.

Ryder baixou as mãos e recostou-se na cadeira. —Então você não acha que ela
está espionando para um dos nossos inimigos?

—Quer dizer, como Shara fez? Ou Denae? — Perguntou Laith.


—Sim. O único lugar onde nossa magia dragão não mantém as pessoas fora é logo
ali na terra Campbell. Um caminho livre para os nossos inimigos chegarem até
Dreagan.

Rhys esticou as pernas e cruzou-as no tornozelo. —Eu concordo com Laith. Não
acho que ela está espionando. Se é uma cúmplice é outra história.

—Cúmplice de quê? — Perguntou Laith, suas frustrações crescendo. —Não


podemos continuar pensando que todo mundo é nosso inimigo.

Os lábios de Ryder se torceram. —Nós temos sim, porque se nós não nos
esforçássemos para ter tudo sob controle o que nos precisamos manter escondido
será lançado para o mundo.

—Pense sobre o que ela herdou Laith, — disse Rhys. —Ela agora possui uma
propriedade que faz fronteira conosco, juntamente com uma porta que qualquer
um pode passar se eles a encontrarem.

Laith se levantou. —Eu sabia que este ponto ia voltar a nos assombrar. Nós
deveríamos ter feito isso em outro lugar.

—Não havia tempo e depois havia a questão de Ulrik, — Ryder assinalou.

Laith caiu para trás na cadeira. —Precisamos falar com Iona e descobrir o quanto
ela sabe.

—Não, você precisa falar com ela, — disse Rhys.


Iona escutou seu correio de voz quando se sentou no sofá e se encolheu. Ela se
esqueceu completamente do seu encontro com o banco para assinar os
documentos necessários para ter as contas de seu pai transferidas para ela.

Após o dia que teve, queria ficar sozinha e pensar sobre o fato de que seu pai foi
assassinado. Assassinado. Essa palavra se estabeleceu fortemente no estômago
agitando.

Com base em tudo o que aprendeu sobre John Campbell daqueles em torno da
cidade, foi simpático, atencioso e honesto todos os dias com todos. Nem uma
única pessoa tinha uma palavra rude contra ele.

Então, por que ele iria ser morto?

Iona colocou de lado seu celular e subiu para entrar no escritório de seu pai. Era
um conflito direto com o resto da casa. No escritório não havia nada limpo e
arrumado. Era como se ele esquecesse de si mesmo dentro do escritório.

Ela sentou atrás da mesa olhando para a pilha de papéis de cada lado do laptop.
Respirando fundo, ela estendeu a mão para a primeira pilha e viu as marcas
vermelhas por todas as páginas e comentários nas margens do editor de seu pai.
Ela encontrou um elástico e amarrou os papéis juntos antes de colocá-los na ampla
janela atrás dela. A próxima pilha foi uma série de documentos impressos da
Internet em várias coisas que ele estava pesquisando para seu próximo livro.
Algumas páginas tinham partes destacadas, enquanto outras tinham parágrafos
circulados.

Iona grampeou aqueles e colocou-os em uma nova pilha no lado oposto da janela.
De pilha em pilha que percorreu, ela passou a conhecer mais sobre seu pai. Sua
caligrafia elegante foi fácil discernir em meio a todos os jornais.

No momento em que terminou de limpar sua mesa uma hora mais tarde, ela tinha
várias pilhas distintas. Havia a pilha de pesquisa, as revisões de textos e os
rascunhos.

Seu pai não jogava nada fora. Ele manteve tudo. Um olhar sobre as estantes
expostas em sua desordem adicional deixou claro o que ela suspeitava que fosse
mais do que acabou de separar.

Iona colocou uma nota verde brilhante no livro aguardando revisões de texto e
uma segunda nos rascunhos para outro livro. Ela iria terminar ambos para seu pai
e enviá-los para seu editor. Depois de anos rejeitando-o, era o mínimo que podia
fazer. Não era suficiente, no entanto.

Ela fez uma nota para chamar sua editora no dia seguinte e colocou na tela de seu
laptop. Então abriu a primeira gaveta da escrivaninha. Era rasa e continha nada
mais do que canetas, lápis, marcadores, clipes de papel e elásticos.
A segunda gaveta era muito mais profunda e continha pastas de arquivo. Iona
correu os dedos ao longo das guias, franzindo a testa mais profundamente quando
reconheceu datas e locais dos lugares que ela esteve. Ela tirou um arquivo e olhou
em choque as fotos de si mesma junto com uma equipe militar do Reino Unido
em patrulha no Oriente Médio.

Ela empurrou esse arquivo de volta e tirou um segundo. Mais uma vez havia uma
foto dela. Desta vez estava em seu estômago, ajustando sua lente antes dela tirar
uma foto de um grupo de crianças pulando em um rio na Índia.

Arquivo depois de arquivo era o mesmo e incluíram notas de quanto tempo ela
ficou, o que tirou de fotos e com quem estava. Tudo escrito em papel timbrado de
uma empresa de detetives particulares em Edimburgo.

Lágrimas encheram seus olhos, porque enquanto ela se recusou a reconhecê-lo,


seu pai teve a certeza de procurar saber todos os aspectos de sua vida que pudesse.

Ela limpou o rosto e pegou a pasta mais próxima dela. Sua garganta ficou obstruída
quando viu fotos de si mesma desde o momento em que sua mãe a levou embora
até que ela se formou na escola e depois foi para a universidade. Havia até mesmo
uma lista de suas pontuações em todas as suas classes.

Iona devolveu o arquivo. Foi quando viu a caixa no fundo da gaveta. Ela pegou-a
e tirou a tampa. As lágrimas vieram mais rápido quando viu o cartão após o cartão
marcado Retornar para o Remetente com a letra de sua mãe.
Todos esses anos Iona pensou que seu pai não a queria e foi sua mãe, que garantiu
não houver contato. Seu pai parou de enviar os cartões, mas não parou de comprá-
los. Eles foram marcados para o Natal, Ano Novo, Páscoa e seus aniversários,
todos com mensagens escritas dentro.

Iona cobriu o rosto com as mãos e soluçou por um pai que ela não conhecia, por
um pai que não desistiu dela.

Ela não sabia quanto tempo chorou. Quando as lágrimas finalmente secaram,
sentiu-se esgotada, vazia. Devastada. Mas também havia raiva.

Iona pegou o telefone na mesa de seu pai e ligou para o celular de sua mãe. Ela se
perguntou se sua mãe iria atender, quando no quinto toque, respondeu com um
curto, —O que você quer John?

—Olá, mamãe, — disse Iona.

Houve um momento de silêncio chocado antes Sarah perguntou: — Iona?


Querida, o que você está fazendo na Escócia?

—Papai morreu. — Doeu para dizer as palavras, mas de alguma forma as colocou
para fora.

—John está morto? Como?

Iona tomou a decisão certa, então não revelou tudo para sua mãe sobre sua morte.
—Houve um acidente de carro.
—Quando?

—Alguns dias atrás.

Sarah suspirou profundamente. — Você deveria ter me chamado. Eu teria ido para
aquele lugar desagradável e tomado conta de tudo para você para que não tivesse
que ser lembrada do tempo terrível em nossas vidas.

—Foi tão horrível? Mesmo?

—Eu já lhe disse repetidas vezes como era.

Iona colocou as pernas contra o peito na cadeira e fechou os olhos. —Por que
você retornou todos os cartões de papai fechados? Por que você não me deixou
vê-los?

—Eu não queria machucá-la mais. Você sabe disso. Você teria perguntado por ele
e não havia nenhum jeito de voltar para ele.

—O que sei é que você adora dinheiro e homens. Você se move de um homem
para o próximo mais vezes do que eu mudo de local no meu trabalho.

Sarah estalou. —Agora, Iona, você sabe os homens não podem ser confiáveis. Eles
são para serem usados. Eu pensei que tinha te ensinado isso.

—Você ensinou e por muito tempo acreditei em você. No entanto, não acredito
em você sobre o meu pai. Você não o deixou porque ele não sabia gerir o dinheiro.

—Eu certamente fiz, — disse sua mãe, ofendida. —Ele gastou tudo.
Iona sentiu mais lágrimas próximas quando abriu os olhos. —Eu acho que você
disse a si mesma tantas vezes até que você pode acreditar nessa mentira. Acho que
foi porque ele não quis lhe dar acesso a todo o seu dinheiro.

—Toda o seu... — Sarah interrompeu e riu. —Iona, seu pai nunca teve nenhum
dinheiro.

—Ele tinha, na verdade. Muito disso ele herdou e fez mais por si mesmo com seus
romances. Ele viveu simplesmente, mas o dinheiro esteve sempre lá.

Assim como Iona esperava, sua mãe estava sem palavras. Isto não iria durar muito.
Sarah tinha um talento especial para saber como obter dinheiro facilmente. Desta
vez, ela não estaria usando seu corpo. Ela iria tentar algo diferente.

—Por que eu não vou ajudá-la a resolver tudo isso? — Perguntou Sarah. —Você
não deveria estar passando por tudo isso sozinha.

Iona conhecia sua mãe muito bem. —Eu sou uma adulta, e estive lidando com
isso por mim mesma muito bem.

—Você sempre foi independente, Iona, mas não há nenhuma necessidade para
você não ter ajuda quando está sendo oferecida. Poderíamos vender a terra e fazer
um bom dinheiro. Vou deixar Illias e podemos viajar juntas, como você sempre
quis.

Foi uma excelente oportunidade para Iona colocar sua mãe em seu lugar de uma
vez por todas. Afinal Sarah fez tudo para separar Iona de seu pai, parecia uma
retaliação perfeita, mas Iona não poderia fazê-lo. Independentemente disso, Sarah
ainda era sua mãe e agora a única dos seus pais vivo, bem como o seu último
parente vivo.

—Eu acho que você deve permanecer no Marrocos ou onde quer que você esteja.

—Você não compartilhará o dinheiro, não é? — Sarah perguntou firmemente.

Iona cruzou as pernas e inclinou a cabeça para trás. —Sim, eu vou dar-lhe dinheiro.
Se você quiser ficar por conta própria por um tempo, eu vou ter certeza de que
você não tenha que dormir com um homem para ter as coisas que você quer.

—Você sempre foi uma boa filha, Iona. Eu sabia que a criei direito. Quando posso
esperar o dinheiro na minha conta?

—Uma semana, duas no máximo.

Ela gritou. —Que legal. Eu tenho que ir. Há tanta coisa para fazer agora.

Houve um clique e a linha ficou muda. Iona desligou o telefone e sentou-se em


silêncio. Os sons da natureza penetraram na casa, dando uma espécie de paz e
calma que Iona se lembrava de sua infância.

Não era de admirar que seu pai tivesse permanecido na terra. Não era apenas o
legado de sua família, mas parte de sua alma. A parte triste foi que não teve a
oportunidade de experimentar com ele.
Quanto mais ela ficou sentada lá, mais sua mente vagava e fez com que começasse
a chorar de novo. Iona não podia suportar mais um minuto disso. Ela se levantou
e se dirigiu até a estante para classificar as pilhas antes que enfrentasse a segunda
gaveta de arquivo na mesa de seu pai.

Rhi observava Iona do lado de fora da casa de campo. Ao longo dos séculos, ela
fez questão de verificar quem era o atual residente Campbell. Começou com sua
paixão com os reis dragão e se desenvolveu a partir de lá para ajudar a protegê-los
depois que ela se envolveu com seu amante.

Desde então, isso tem sido algo que estava tão acostumada a fazer, que se tornou
um hábito. Talvez se ela não tivesse tido de lidar com seus próprios problemas,
poderia ter visto o que ia acontecer a John Campbell e impedido.

Havia uma nova Campbell no comando agora, mas Rhi suspeitava que a mortal
não tivesse idéia do que a esperava. Se o tivesse, seria muito mais cautelosa com
quem ela falou e sobre o quê.

Os Reis Dragões fizeram uma das piores decisões quando criaram uma porta em
que ninguém - mortal ou imortal - pudesse atravessar e entrar em Dreagan sem ser
detectado.
Tudo porque Con esteve muito zangado para perceber as consequências. Não foi
seu primeiro erro e ele não foi o único no seu passado. Mas foi o seu pior.

Havia poucos que sabiam da existência do local porque os Campbells guardavam-


no muito bem. No entanto, havia um que sabia disso e que iria usá-lo para sua
vantagem.

Com este pensamento, Rhi desapareceu do seu lugar e reapareceu no interior da


loja de antiguidades Silver Dragon. Ela estava camuflada, mas revelou-se logo que
viu que Ulrik estava sozinho. Ele olhou por cima de sua mesa no momento em
que apareceu. Seus olhos dourados mostraram um flash de surpresa antes que
pousasse a caneta e recostasse-se na cadeira, olhando para ela.

Rhi tomou seu tempo olhando ao redor da loja para os vários itens de armaduras¸
para bules e as estantes cheias de livros no segundo andar. Nenhum dos dois disse
uma palavra até que ela o encarou mais uma vez. Sua boca foi levantada em uma
sugestão de um sorriso, um que dizia que sabia que ela acabaria por aparecer.

—Está parecendo bem, — disse Ulrik.

Ela deu de ombros e passou um dedo ao longo da beirada da mesa para o canto
onde então se sentou, cruzando as pernas. Quando ele olhou para suas roupas, ela
perguntou: —Foi você quem limpou minha casa e arrumou as roupas?

—Não. — Ele franziu a testa e inclinou para frente, os braços descansando em


sua mesa. —Parece que não sou o único que sabe de sua casa de campo.
—Talvez não. — Ela não acreditava totalmente nele, em seguida, novamente, por
que teria a necessidade de mentir? Ela odiava quando não poderia resolver um
enigma e este era definitivamente um enigma. —Talvez agora você vá me dizer
por que tinha que matar John Campbell.

O sorriso de Ulrik estava frio, calculista. —Quem é John Campbell?

—Você sabe muito bem quem ele é.

—Por que o interesse? Pensei que você não fosse mais proteger os Reis Dragões?

Ela ergueu o queixo. —Quem disse que estou protegendo-os?


Laith saiu de seu Audi R8 preto e fechou a porta. Ele meio que esperava que Iona
fosse parar na porta com uma espingarda, ordenando-lhe que saísse de sua
propriedade. Quando a porta da frente não se abriu, Laith olhou para suas roupas
para se certificar de que parecia bem e andou até a porta. Ele alcançou os degraus
da frente e deu três batidas rápidas de seus dedos contra a madeira.

Então ele esperou.

E esperou.

Laith olhou para o Rover de John e o carro alugado de Iona. Ou ela não queria
falar, ou estava na floresta novamente. Ele não achava que ela fosse o tipo de evitar
alguém. Não, Iona teria vindo até a porta e o mandado cair fora.

Ele recuou uns passos e caminhou ao redor da casa, à procura de qualquer sinal
dela. Quando ele não a encontrou na parte de trás da casa, espiou em uma janela,
mas não foi capaz de vê-la.

Laith em seguida, olhou para a floresta. Em algum lugar entre as árvores,


samambaias e musgo estava Iona. Não foi difícil encontrar seu rastro partindo do
deck. Ela não se aventurou da mesma maneira que fez no dia anterior.
Foi fácil para ele deduzir que estava indo em direção à cachoeira. Laith seguiu a
trilha bem gasta que John e seus antepassados fizeram ao longo dos anos. O som
da cachoeira podia ser ouvido bem antes que visse Iona de pé na costa olhando
para a piscina de água.

Ele parou há vários metros de distância e simplesmente observou. Ela ficou em


silêncio em seus jeans e camisa verde. Ele quase odiava perturbá-la. Parecia abatida
e perdida. Apesar do que ele viu, tinha que falar com ela. Demasiadas coisas
aguardavam respostas, das quais dependiam as vidas de cada Rei Dragão.

—Iona, — ele chamou.

Sua cabeça virou-se para que seu olhar colidisse com o dele. Não havia sorriso
acolhedor, mas ela não lhe disse para que a deixasse sozinha. Depois de um
momento, olhou de volta para a água.

Laith achou que significava que ele poderia se aproximar. Ele esperou até que
estava ao seu lado antes que falar: — Sinto muito sobre ontem. Eu deveria ter
tratado isto melhor. Pensei que você estivesse em apuros e eu reagi.

—Por que você não me disse que meu pai foi assassinado?

Ele respirou e balançou a cabeça. —Dreagan tem inimigos, inimigos poderosos e


nós não sabíamos se podíamos confiar em você.

—Quer dizer que você pensou que eu poderia ter matado meu pai? — Ela
perguntou, raiva aprofundando sua voz quando ela o encarava.
Laith se virou para ela, tentando encontrar as palavras certas. —Nós sabemos que
você não matou John, mas tivemos que ter cuidado. Nós teríamos dito a verdade.

—Sim, aposto que você teria.

—Eu teria, — insistiu.

Seus ombros caíram e ela olhou para baixo enquanto chutava a sujeira. —Eu
acredito em você.

—Bom.

—Você descobriu qualquer coisa daqueles homens ontem? — Ela perguntou e


olhou para ele em expectativa.

—Eu gostaria de poder dizer que sim. Acontece que eles tinham cianeto escondido
em seus dentes. Usaram-no antes que pudéssemos questioná-los.

Seus olhos ficaram grandes. —Você está de brincadeira? Isso não acontece na vida
real.

—Eles fizeram realmente. Temos um amigo no MI5 e uma ex-agente que é casada
com um dos meus amigos.

Ela colocou as mãos nos bolsos de trás da calça jeans. —O que está acontecendo
aqui? Meu pai é assassinado, os homens se escondendo na floresta me seguindo e
cometem suicídio por envenenamento.
Em vez de tentar explicar, ele perguntou: —Você conhece a história de sua família
e Dreagan?

—Lembro-me de meu pai me contando histórias sobre Dreagan, mas não me


lembro delas.

Laith olhou da cachoeira para a floresta além. —Dreagan estava aqui muito antes
que alguém se estabelecer na área. Os Campbells foram um dos primeiros e sua
família e Dreagan fizeram um tipo de pacto. Eles protegiam uns aos outros.

—De que?

—Qualquer coisa. Tudo, — disse ele, olhando para ela. Uma mecha de cabelo
ficou emaranhada em seus cílios por causa do vento. Ele retirou o cabelo e
colocou-o atrás da orelha. —Há centenas de anos o pacto se mantém.

Seu olhar deslizou fora quando ele a tocou e depois deslizou de volta para ele. —
O que, suponho, é o motivo pelo qual o testamento de meu pai estipula que não
posso vender?

—Sim. Está no testamento de cada proprietário desta terra.

—Por quê? — Perguntou ela, franzindo a testa. —Eu não entendo.

Laith não tinha certeza do que foi dito de um Campbell para outro quando eles
herdaram e estava relutante em estragar-se. —Seu pai deve ter-lhe deixado algo
explicando as coisas.
—Oh, — ela disse, surpresa. —Ele fez. Eu esqueci completamente sobre isso. —
Ela passou a mão pelo cabelo e suspirou. —Estava distraída sobre a sua morte e
saber que ele não era quem eu pensava que ele fosse. Então descobrir que foi
assassinado.

—Tenho certeza de que a carta vai explicar tudo.

—E aqueles homens? O assassinato do meu pai? Eles poderiam ser explicados tão
facilmente?

Laith deu um aceno com a cabeça. —Eu tenho medo que não. Eu gostaria de
poder, mas como eu disse, nós temos inimigos.

Sua cabeça inclinou para o lado. —O que seus inimigos querem? E não se atreva
a dizer que é a receita do seu uísque.

—A espionagem corporativa é real, — Laith apontou.

—Verdade.

—E as pessoas foram mortas por menos.

Ela deu um aceno de concordância. —Mais uma vez, é verdade.

—Nós somos o Whisky escocês mais vendido e vendemos mais que a maior parte
do whisky irlandês.

—Se fosse apenas a receita que seus inimigos queriam, por que matar o meu pai e
me seguir? O que eles estão realmente querendo?
Laith passou a mão sobre seu cabelo até a trança na base do pescoço. —Você não
vai acreditar em mim se eu lhe disser. Confie em mim quando digo que essas
pessoas vão matar qualquer um que esteja em seu caminho.

—Eu estive em torno de ditadores, generais e tiranos muitas vezes para contar e
sei como esses tipos de pessoas pensam. Este 'pacto' de que fala entre Dreagan e
os Campbells é uma fraqueza para Dreagan, não é?

Droga, mas ela era inteligente. Laith desejou que não tivesse descoberto tão cedo.
Ele realmente queria que lesse a carta antes de falar, porque ele nunca disse a um
ser humano o que era.Não sabia que palavras usar para que não a assustasse.

—Eu vejo, — disse ela. —O que significa que agora eu sou um empecilho, tal
como o meu pai.

—Nós protegemos nossos amigos.

—Como você protegeu o meu pai?

Laith desviou o olhar. Ela tinha um ponto e doía a todos da Dreagan que John
Campbell tenha morrido por causa deles.

—Eu não culpo você, — disse Iona. —Eu culpo as pessoas que fizeram isso. Você
não pode proteger a todos, não importa o quão duro você tente.

Laith em seguida, tomou a decisão de dizer a Iona algumas das coisas que haviam
reunido, se por nada mais do que para mantê-la consciente do perigo. —
Acreditamos que o seu pai foi morto para trazê-la aqui.
—Eu já estava vindo pra cá, — disse ela com um suspiro. —Houve um... incidente
no meu último trabalho, onde quase morri. Eu não conseguia parar de pensar no
meu pai, então decidi vir vê-lo.

—Eu gostaria que você tivesse tido a chance de falar com ele, mas então você
poderia ter estado na Rover com ele.

Iona deu de ombros. —Por que você acha que alguém me queria aqui?

—Nós ainda não estamos certos do porque era importante que você viesse, mas
quem está puxando as cordas tem uma finalidade que nós ainda não descobrimos.
Foi a única razão para matar o seu pai, para que eles pudessem chegar até você.

—Eles estão enganados se pensam que podem me usar. — Ela encontrou seu
olhar. —Obrigada por me dizer, embora isso não torne as coisas mais fáceis.

Laith se curvou e pegou uma pedra. Ele jogou-a no ar um par de vezes e em


seguida, jogou-o sobre a água para que ela derrapasse três vezes antes de afundar.
—Eu preciso te perguntar uma coisa.

—Vá em frente, — ela insistiu.

—O que você sabe sobre seus empregadores?

Ela riu e mudou-se para sentar-se em uma grande rocha. —O que será que alguém
realmente sabe de seus empregadores? Eu sei que eles são um grupo de pessoas
que têm riqueza ilimitada e contratam as melhores pessoas em seus campos.
—Por quê? — Seu olhar voltou para ela como ele sempre fazia. Iona chamou sua
atenção como ninguém jamais fez.

—Por quê? — Ela repetiu, com o rosto alterado pela confusão. —Por que alguém
faria alguma coisa? Porque eles podem.

Laith sorriu. —Por que eles querem as melhores pessoas em seus campos? Por
que estão sem conteúdo para deixá-lo trabalhar com uma revista ou outra empresa?

—Fui abordada por um representante para a Comuna através de e-mail, —


afirmou. —Abby explicou a oferta de emprego. Quando perguntei se eu precisava
enviar alguma coisa, ela disse que eu já tinha sido escolhida. Eu só precisava aceitar
ou recusar o cargo.

—E você não achou estranho?

—Não porque foi no momento em que estava enviando meu trabalho á todos os
lugares para encontrar um emprego. O dinheiro oferecido foi mais do que jamais
pensei em receber.

Laith considerou suas palavras. —Qual foi a descrição do trabalho exatamente?

—Que me seria dado atribuições de lugares, pessoas e coisas, que queriam


fotografadas. Parecia bastante inocente. Minha viagem e hotéis foram pagos, além
disso, eu tinha uma remuneração enorme. A próxima coisa que sabia, meu trabalho
estava aparecendo em revistas nacionais, nos noticiários e na Internet.

—Você conheceu algum dos seus chefes?


Os olhos de Iona enrugaramenquanto ela sorria. —Ah não. Tudo é enviado através
de sua assistente, Abby.

—Tudo? — Perguntou.

—Tudo. Minhas atribuições, itinerário de viagem, pagamento e qualquer


correspondência.

Laith deu um passo em direção a ela quando preocupação se estabeleceu. —Você


nunca sequer falou com essas pessoas?

—Não, — ela disse lentamente.

—Você não viu ou falou com eles? Como você sabe que eles são reais?

—Meu salário é real o suficiente, — ela disse enquanto se levantou. —Por que
você acha que a Comuna é ruim? Eles gostam de manter suas identidades
escondidas. Não há nada de errado com isso. Con faz a mesma coisa.

Laith deveria ter visto o que estava por vir. —Você checou Con?

—E você. Ou eu tentei, — ela murmurou. —Difícil de fazer quando não consigo


um sobrenome. No entanto, Constantine é outra questão inteiramente. Não há
nenhuma foto dele em qualquer lugar. Seu nome raramente é mencionado e apenas
seu primeiro nome, não seu sobrenome.

Laith não poderia exatamente dizer a ela que eles não tinham sobrenomes. Alguns
Reis Dragões pegaram alguns através dos anos, mas os mudavam quando
necessário. Laith foi um dos que não se preocupou com um sobrenome. E, claro,
Iona iria perceber isso.

— Con está escondendo alguma coisa? E você? — Ela perguntou.

—Tudo para o qual eu vim aqui foi para obter informações sobre sua empresa.
Nós não fomos capazes de encontrar muito, e isso nos preocupa.

—Como você se recusar a me dizer seu sobrenome não me preocuparia? — Ela


perguntou, com as sobrancelhas erguidas.

Havia muitas correlações entre Dreagan e da Comuna se Iona fosse notar a


diferença entre eles e Laith não podia explicar sem dizer-lhe tudo.

—Isso foi o que eu pensei. — Ela olhou para ele, como se o desafiando a
contradizê-la.

Seu olhar baixou a sua boca e ele lembrou muito claramente o sabor de seus lábios
debaixo do dele, a maneira como seu corpo se derreteu contra ele.

A maneira como ela se abriu para ele.

Laith levantou o olhar para seus olhos e notou que suas feições relaxaram. Os
lábios dela se suavizaram, separando ligeiramente. Ele sabia que deveria voltar para
Dreagan e relatar o que ele descobriu, mas permaneceu onde estava.

—Estou segura com você? — Ela perguntou.

—Você tem minha promessa que você está.


Como um eles diminuíram a distância. Os braços dela envolveram seu pescoço
enquanto ele colocou as mãos em suas costas segurando-a perto quando ele a
inclinou sobre seu braço e beijou-a.

Ele estava faminto por ela, a fome crescendo a cada toque de sua língua contra a
dele.
O desejo ardia, a paixão se enfureceu. Ambos reinaram, controlando Iona como
nada e nem ninguém mais tinha. Desta vez, ela queria... Tudo.

Ela deslocou seus pés para chegar mais perto e uma rocha deslizou sob seu pé,
fazendo-a perder o equilíbrio. Desde que já estava inclinando-se sobre o braço de
Laith, ela começou a cair para trás. Em um instante, Laith se lançou para frente, a
perna parando a sua queda. O beijo terminou quando olharam nos olhos um do
outro e começaram a rir.

Iona nunca foi de tal paixão escaldante ao riso antes, enquanto ainda nos braços
de um homem. Foi uma experiência tão diferente que se perguntava o que mais
perdeu antes.

Ela girou as mechas de seu cabelo loiro escuro em torno de seu dedo, tentando
decidir se ela gostava mais trançado ou não. Mesmo com Laith segurando a maior
parte do seu peso em uma posição difícil, seu aperto era firme, os olhos de bronze
olhando para ela. Em um piscar de olhos, suas risadas morreram quando o desejo
enredou-os mais uma vez.

Iona lambeu os lábios, o gosto de Laith ainda sobre eles. Isto a assustava pelo
quanto ela precisava senti-lo, tocá-lo. Se alguma vez houvesse um homem para
fazê-la considerar a idéia de amá-lo seria Laith.
Ela soltou seu aperto em seu cabelo e levemente raspou suas unhas sobre sua
bochecha até seus lábios incríveis. —Eu poderia beijá-lo durante todo o dia.

O olhar de Laith intensificou. —Tudo bem.

Sua cabeça baixou à dela. Iona levantou o rosto, ansiosa por mais de seus beijos
quando Laith de repente olhou para a cachoeira, uma expressão triste e deprimida
caindo sobre ele. Laith a deixou em seus pés e, em seguida, deu um passo atrás.

—O que há de errado? — Iona esteve em situações embaraçosas antes, mas esta


foi a primeira vez que não queria apenas ir embora e esquecer tudo. —É algo que
fiz?

—Não, — ele respondeu rapidamente. —Isto não é você, Iona. Sou eu. São
memórias, na verdade.

Ele estava olhando para o topo da cachoeira, seu remorso visível para qualquer um
ver. Iona via nada, apenas beleza e maravilha na cachoeira, mas, obviamente,
lembrava algo ruim para Laith. Se ela tivesse ido a qualquer outro lugar, exceto lá,
eles provavelmente iriam se beijar mais uma vez.

—Você quer falar sobre isso? — Ela olhou para ele enquanto falava.

Ele finalmente olhou para longe da cachoeira e virou para ela. —Eu poderia, mas
não acho que está pronta.

—Eu? — Perguntou ela, agora completamente confusa. —Pensei que era sobre o
seu passado.
—É. — Ele fez uma pausa, seus lábios achatados por um momento. —Eu estou
fazendo isto errado. Você precisa ler a carta de seu pai.

—Eu vou.

Iona não queria pensar na carta, no pai, ou qualquer coisa que não fosse Laith e a
paixão que compartilhavam. Assim como sabia que ele não queria permanecer na
cachoeira. Com relutância, começou a voltar para a casa de campo e ele andou em
sintonia ao lado dela.

Por vários minutos, eles caminharam em um silêncio sociável com Iona ciente de
todos os seus movimentos. Duas vezes suas mãos se tocaram, o envio de correntes
de desejo serpenteando através dela como um raio, a construção de seu desejo,
aquecendo seu sangue.

—Você ainda está com raiva porque eu não disse que era parte de Dreagan? —
Perguntou.

Ela pensou nisso um momento, então deu de ombro indiferente. —Ninguém


gosta de ser enganada, mesmo que a mentira seja por omissão. Tenho a sensação
de que há mais em Dreagan do que você está me dizendo. Não ajuda com todos
os segredos e sigilo também.

—Eu sei. Leia a carta que John deixou. Eu acho que vai ajudar a responder a
maioria das suas perguntas.

—E o resto? — Ela virou a cabeça para ele para ver sua reação.
Seu olhar encontrou o dela. —Eu vou preencher o resto.

Era mais do que ela recebeu até aqui. Iona não se preocupou com essas coisas
antes, mas, novamente, ela não encontrou um homem como Laith ou teve alguém
próximo a ela assassinado.

—Os inimigos que você falou, você sabe quem são eles? — Perguntou ela.

A testa de Laith franziu enquanto a ajudava a caminhar sobre um afloramento de


rochas grandes. —Temos nossas suspeitas.

—Então, ninguém sabe quem matou o meu pai.

Ele parou e agarrou-lhe o braço para guiá-la para casa. —Não ainda, mas dou-lhe
a minha palavra que vamos descobrir a verdade.

—Por que tenho a sensação de que você não vai enviar as informações para as
autoridades?

—Porque eles não serão capazes de fazer qualquer coisa.

Ela franziu a testa, preocupação preenchendo seu estômago. —Quem são essas
pessoas?

—Eles são perigosos. Basta lembrar isso. Quero você segura. Infelizmente, apenas
estando aqui coloca você em perigo.

—Porque eu sou a última Campbell? — Por que ela não ponderou isto mais cedo?
Laith assentiu solenemente.

—E uma vez que esta terra nunca pode ser vendida uma vez que tem de
permanecer na mão de um Campbell, eu estou ferrada.

—Poderia haver uma alternativa.

—Como, se não existe outra Campbell nesta linha direta? — Ela perguntou em
confusão. Sua hesitação falou volumes. —Mais segredos? Deixe-me adivinhar.
Meu pai tinha mais filhos com outra mulher? Não que eu pudesse culpá-lo.

Laith moveu a mão em suas costas inferior e impeliu-a para frente. —Não
exatamente. É difícil de explicar.

—Tudo parece ser difícil de explicar. Não seria se você apenas me dissesse.

—Você está frustrada.

—Bingo, Sherlock. Por que todos os segredos? Por que simplesmente não me
conta?

—Há razões, Iona. Nós não contamos a ninguém.

—Alguém deve saber ou você não teria inimigos.

Muito em breve a casa entrou em vista. Iona não estava pronta para enfrentar a
carta de seu pai, não depois de tudo o que esteve sentindo depois que descobriu
como ele morreu.
—Você quer que eu fique? — Perguntou Laith.

Iona piscou e olhou para ele. Quando ela parou de andar, e quando ele se moveu
para ficar na frente dela? Ela queria que ele ficasse. Era tão distinto dela que a
pegou de surpresa. Independência era uma virtude que cultivou no início de sua
infância. Ela enfrentou todo o tipo de situações por si mesma e passou bem por
isso. Por que iria querer que Laith ficasse agora?

Seus beijos. Isso era definitivamente uma possibilidade, mas ela suspeitava que
tivesse mais a ver com a forma de quão protegida e segura se sentia quando estava
perto.

—Não, — ela finalmente respondeu. —Eu preciso ler a carta sozinha.

Se ela deixá-lo ficar, seria um passo que nunca tomou antes. Ele podia chegar
perto, deixando-a vulnerável. Ela se recusou a permitir que isso acontecesse.

Ele deu um aceno de cabeça e caminhou até a porta de trás. Mesmo quando Iona
estava destrancando a porta, sua mente gritava para ela para convidá-lo a entrar.
Iona lutou contra o desejo e de alguma forma conseguiu.

—Você sabe como me encontrar se você precisar de alguma coisa, — disse Laith
e deu um puxão suave em seu cabelo.

Iona o viu caminhar ao redor da casa. Ela entrou rapidamente e correu para frente
para olhar para fora da janela por um vislumbre dele. Com os braços em torno de
si mesma, ela ficou olhando para ele, amando a maneira predatória como ele se
movia.

Quando ele chegou ao seu Audi preto, ele abriu a porta, mas parou antes que
tivesse entrado. Levantou a cabeça para que ele olhasse para ela através da janela.
Laith deu-lhe um sorriso tranquilizador.

Curiosamente, Iona achou fácil de devolver o sorriso. Então ele entrou no carro e
foi embora. Mais uma vez, deixando Iona sozinha. Ela adorava a solidão, mas
estava começando a odiá-la.

Ela se afastou da janela para olhar a bolsa que estava na ponta da mesa ao lado do
sofá. Iona foi até sua bolsa e encontrou o envelope dentro. Colocou uma perna
debaixo dela e sentou-se no sofá, olhando para o envelope branco com seu nome
escrito com a limpa caligrafia de seu pai.

Durante seus anos com ele, ela se lembrou dele dizendo que a caligrafia era uma
arte perdida, que amava tanto quanto escrever seus livros. Iona alisou as mãos
sobre o envelope e, em seguida, virou-o. Na parte de trás estava um globo de cera
vermelha com o brasão dos Campbell impressos na cera. Iona quebrou o selo e
abriu o envelope.

Ela desdobrou as páginas para ver mais da caligrafia de seu pai. Então começou a
ler.

Minha querida Iona,


Espero que já estejamos reconciliados e eu já tenha explicado algumas coisas para você,
mas apenas no caso de que isso não aconteça, eu escrevi o que eu podia.

Este pedaço de terra vai sempre permanecer com os Campbells. Ela nunca pode ser vendida
ou dada a ninguém, só um descendente direto de nossa linhagem. Tenho certeza que você
está se perguntando o porquê. Não há nenhuma explicação fácil. Ela remonta a milhares
de anos. Nós, Campbells, tivemos a sorte de ter encontrado amigos como aqueles em
Dreagan. Eles são boas pessoas. Pode confiar neles, porque eles têm estado confiando em
nós por gerações.

Eu realmente espero que eu consiga dizer-lhe isso pessoalmente em vez de apenas nesta
carta, porque não há nenhuma maneira fácil de explicar o que as pessoas de Dreagan são.
Eles são diferentes de nós, moça. Eles são protetores, guardiões se você quiser. Quanto mais
tempo você permanecer na terra, mais você vai entender. Você pode até obter um vislumbre
de algo se você olhar para o céu noturno por bastante tempo.

Como em tudo, aqueles em Dreagan têm inimigos. Durante o meu tempo tem sido
relativamente calmo, mas eu sinto uma mudança vindo. Haverá pessoas que quererão a
sua terra. Você não pode permitir-lhes o acesso, porque se o fizer, as consequências podem
ser catastróficas.

Isso é tudo que posso dizer na carta caso ela caia em mãos erradas. Estou orando para que
possa começar a explicar tudo em detalhes em pessoa, porque há tanta coisa que estou tendo
que deixar de fora.

Esteja segura, seja vigilante, e acima de tudo, confie apenas naqueles em Dreagan.
Seu pai amoroso.

Iona leu a carta mais duas vezes antes que a colocasse de lado. Se ela tivesse vindo
vê-lo mais cedo, se tivesse esquecido seu ressentimento e o visitasse antes, poderia
ter descoberto quem ele era. Ela poderia ter visto o homem que era amado por
todos e ela teria aprendido o que Laith estava hesitante em dizer a ela.

Seu pai foi inflexível que ela só confiasse naqueles em Dreagan. Isso não era difícil
depois de conhecer Laith, mas ela precisava de mais. Seu pai falou de perigos e
inimigos, o que significava que ele viu coisas que o preocupavam. Se tivesse visto
os seus assassinos?

Agora Iona realmente desejava que Laith estivesse lá. Talvez então ele pudesse
dizer a ela o que se recusou a contar anteriormente. Como ela deveria manter um
segredo confidencial quando nem sequer sabia o que era o segredo?

Olhe para o céu noturno, seu pai tinha escrito. O que poderia estar no céu além de
estrelas e de um avião ou helicóptero ocasional?

Ela teria todo o dia para pensar sobre isso. Iona dobrou a carta e a colocou de
volta no envelope. Colocou-a ao lado dela, e depois mudou de idéia e colocou-a
de volta na bolsa.

Se ela não tirasse seus pensamentos do conteúdo da carta, iria enlouquecer. Queria
saltar em seu carro e encontrar Laith, o que a fez permanecer onde estava. Ela
estava ficando muito perto de Laith, seu desejo profundo demais para ser
controlado. Mesmo com a preocupação sobre o que quer que fosse esse segredo
que seu pai manteve, sabia que tinha que ter algum tempo sozinha para pensar e
digerir tudo, incluindo seu desejo por Laith.

Iona pegou sua câmera e laptop e ligou a câmera para começar a carregar todas as
fotos que tirou.

Um sinal sonoro soou de seu computador, alertando-o de que Iona Campbell


estava transferindo mais fotos. Ele clicou na pasta etiquetada com o nome dela e
rolou através de cada imagem conforme apareciam.

O mocinha boba não tinha idéia de que estava fazendo exatamente o que ele
queria. É claro que também não tinha idéia de que suas fotos eram enviadas
diretamente para ele. Ela foi uma de suas melhores aquisições desde que montou
a Comuna, mas a sua utilidade estava chegando ao fim. Estava agora em posse das
terras que tinha estado em sua família há incontáveis gerações.

Iona não era tão vigilante como seu pai. Isto ia ser mais fácil de entrar na terra e
encontrar a porta para Dreagan. E ele sabia exatamente onde começar a procurar,
na cachoeira.
Laith fez os movimentos de derramar uma bebida após outra, mas sua cabeça não
estava nisso. Não, ele estava diretamente, firmemente pensando em Iona.

Deixando-a no dia anterior foi difícil depois de seus beijos. Ficar longe foi quase
impossível. Laith preencheu ontem e hoje com qualquer coisa que ele pudesse
pensar que podia tirar sua cabeça dela, sem sucesso.

Ela era decididamente uma parte dele agora ele querendo ou não, e, francamente,
não queria isso. Isso não era inteiramente verdade. Laith a queria, ansiava por ela
como ele ansiava por ver seus Blacks16 novamente, ansiava para ver os dragões que
mandaram embora.

Laith pegou o dinheiro de um cliente e o colocou na caixa registradora, mas não


estava vendo o dinheiro, estava pensando na rendição nos lábios de Iona, seu gosto
de mel. Ele poderia passar a eternidade beijando-a e ele queria fazer muito mais do
que isso.

Se tivessem sido em qualquer outro lugar, Laith sabia que ele teria feito amor com
ela. Mas eles não estiveram em qualquer outro lugar, eles estiveram na cachoeira.
Era um lugar de beleza espetacular que foi marcado pelo que fizeram lá.

16Dragões Negros.
—Laith?

Ele piscou e voltou para o presente para ver Rhys de pé do outro lado do bar. —
Sim?

—Eu estava começando a me perguntar se você poderia me ouvir. Estive


chamando seu nome por um tempo.

Laith pegou uma toalha e limpou o balcão ao seu redor. Foi um longo dia e
suspeitava que mais uma longa noite o aguardava. —Estava pensando.

—Eu não tenho que usar magia para saber que o centro de seus pensamentos está
em certa mortal.

Laith olhou em volta rapidamente para se certificar de que nenhum dos seres
humanos ouviu Rhys. Ele lançou Rhys com um olhar furioso. —Baixa a voz, —
disse com os dentes cerrados.

Rhys levantou uma sobrancelha escura. —Você soa exatamente como Con.

—Eu não, — ele murmurou irritado.

—Con desaparece e todo mundo assume sua... atitude.

—Você não disse isso.

Rhys revirou os olhos. —Obrigado Senhor.


Laith franziu o cenho quando apoiou os braços no balcão. —Con ainda não
voltou?

—Você sabe que tinha que vir para a mansão esta manhã ou até mesmo na hora
do almoço.

—Eu tinha coisas para fazer.

Rhys sorriu. —Certo.

Laith assobiou e jogou a toalha para Sammy quando ela se virou para ele. Ela pegou
facilmente, seu habitual sorriso brilhante no lugar.

—Você está saindo? — Ela perguntou quando se juntou a eles.

Rhys deu um grunhido quando ele se afastou do balcão. —Eu estou tentando fazer
o seu traseiro se movimentar.

—Eu estou saindo, estou saindo, — Laith disse quando ergueu as mãos.

Rhys fez uma pausa e virou-se para Sammy. —A propósito, Tristan disse para
lembrá-la que ele iria encontrá-la quando o seu turno terminar. Ele vai estar em
seu lugar de costume.

Laith assistiu o amplo sorriso de Sammy, se isso era mesmo possível. O local
habitual de Tristan estava nos fundos da floresta onde ele esperava por ela na
forma de dragão. Sammy então subia em Tristan e ele iria levá-los de volta para
Dreagan.
A única maneira que eles eram capazes de fazer isso era porque o pub ficava muito
longe da cidade, caso contrário, as pessoas poderiam vê-los. Desde que Sammy
normalmente fechava, todos os clientes estavam muito longe pelo tempo que ela
encontrava Tristan.

Sammy deu-lhes um aceno antes que enchesse um copo de cerveja. Laith


caminhou até a parte de trás do pub passando por seu escritório e cozinha até a
porta dos fundos. Ele respirou fundo quando ele entrou na noite, Rhys em seus
calcanhares.

—Ela está bem, — disse Rhys. —Nós estamos mantendo um olho nela.

Laith sabia disso, mas não era o mesmo que vê-la por si mesmo. —Eu quero vê-
la.

—Então vá até ela.

—Estou dando-lhe tempo. Ela tem um monte de coisas para lidar.

Rhys grunhiu enquanto passava por ele mais para dentro da floresta. —Isso é um
monte de merda e você sabe disso. Se você a quer, tem que ir atrás dela.

Laith estreitou seu olhar sobre seu amigo. —Onde está a sua costumeira horda de
mulheres, Rhys? Você só saiu duas vezes no último mês.

—Mantendo o controle sobre mim agora, sim? — Rhys perguntou e olhou por
cima do ombro.
O sorriso foi forçado e isso preocupou mais ao Laith. Rhys sempre teve mulheres,
rebanhos de mulheres. Ele passava de uma para outra e ainda assim elas
continuaram correndo para ele. Rhys era um dos poucos que gostava de exibir sua
riqueza e seu charme, que funcionava bem com o seu amor por mulheres.

As coisas mudaram desde que ele foi ferido na Irlanda. Rhys esteve dizendo a
todos que se sentia bem, mas suas ações falavam mais alto do que palavras,
especialmente quando se tratava de Rhys.

—O que mudou em você? — Perguntou Laith.

Rhys parou e olhou para ele. —Tudo. Você não viu o que eu tenho visto quando
nós fomos atrás de nossos irmãos nas celas do calabouço dos Faes Escuros.

—Nem fui recentemente atingido por uma explosão de magia dragão, —


acrescentou Laith.

Rhys olhou para o céu e suspirou. Laith estava ao lado dele e seguiu seu olhar. Os
reis tinham passado milhares de eras sem ninguém chegar perto de feri-los. Eles
eram os seres mais poderosos da Terra, mas eles tinham fraquezas.

Uma explosão de magia dos Faes Escuros enquanto eles estavam em forma de
dragão poderia revertê-los de volta para forma humana, incapazes de mudar
novamente por um curto período de tempo. Mas a única coisa que poderia matar
um Rei Dragão era outro Rei Dragão. Não só a sua magia dragão era uma das mais
poderosas do universo, mas não poderiam ser mortos.
—Eu quase me esqueci do quão doloroso era, — disse Rhys no silêncio. —A
última vez que fui ferido por outro Rei estávamos em guerra com os humanos
quando ficamos divididos por um tempo.

Laith cruzou os braços sobre o peito. —Eu tive uma ferida de raspão, mas nada
sério. Doeu como o diabo embora.

—Temos sido muito complacentes. Não estamos preparados para uma batalha
daquela magnitude, Laith. Essa pequena escaramuça na Irlanda provou isso.

—Os Escuros foram derrotados, — disse Laith, confuso.

Rhys fez um som na parte de trás da garganta. —Se eles foram realmente
derrotados, eles não seriam mais uma ameaça. Sabemos que são definitivamente
mais uma ameaça. Eles querem algo que Con tem escondido e não vão parar até
que consigam.

—Eu não tenho idéia o que é que eles procuram e você?

—Não, mas não por falta de tentar. — Rhys encolheu os ombros e tirou a camisa.
—Eu não posso afastar a sensação de que o nosso tempo aqui está chegando ao
fim.

Laith tirou as botas e as colocou ao lado de uma árvore. —Nós estivemos aqui
desde o início dos tempos. Não estamos indo a lugar nenhum, Rhys. É suposto
sermos protetores dos seres humanos, lembra?
—Os humanos não querem a nossa proteção. Enviamos nossos dragões para
longe por eles e para que finalidade? Para esconder quem somos para esquecer a
magia feroz que corre em nossas veias?

Laith não tinha uma resposta para ele, nem tentou seguir Rhys. Eles tinham que
patrulhar esta noite na fronteira leste de Dreagan. Ele estaria perto de Iona, o
suficiente para obter um vislumbre de sua casa de campo das nuvens.

Ele tirou o resto de suas roupas e saiu correndo. Assim que ele chegou ao topo da
colina, pulou do penhasco e mudou no ar. Abriu as asas, deixando-as pegar à
corrente antes que voasse para cima, para as nuvens.

As palavras de Rhys ficaram repetindo em sua cabeça enquanto ele abaixou a asa
direita, circulou e se dirigiu para o leste mantendo-se atento aos Fae Escuros ou
mercenários humanos. Eles não tinham escassez de inimigos, mas não é isso que
colocaria um fio de medo nele.

Foi a declaração de Rhys que os Reis não permaneceriam por muito tempo. A
Terra era sua casa. Aonde mais eles iriam? Mesmo se eles pudessem encontrar seus
dragões, isso não significava que tudo voltaria a ser como era antes.

Laith não ia desistir de seu reino sem lutar. Os dragões tinham voluntariamente
compartilhado com os seres humanos, mas foram os seres humanos que não
queriam compartilhar. Agora, os Faes Escuros foram adicionados à mistura
também e apesar de Laith querer negar que Ulrik era parte do problema, ele não
tinha certeza se podia mais.
Ulrik queria vingança contra Con e se Laith fosse justo, Ulrik merecia após o que
fizeram com ele. Laith se encolheu ao pensar naquele dia que alterou o curso de
cada dragão.

Um dia que queimava sobre a mente e a alma de cada Rei Dragão.

Fez Laith ficar triste saber que um de seus irmãos estava determinado a destruir
tudo o que construíram. Isto também o fez ficar com raiva.

Ulrik era um irmão, mas que atacou os humanos, iniciando a guerra. Ulrik agora
estava focado em terminar tudo. Con queria matar Ulrik antes que as coisas
progredissem ainda mais. Laith foi o único a advertir Con contra uma ação tão
drástica, mas agora Laith percebeu que poderia ser a única coisa que poderia salvá-
los.

Se Ulrik fosse se unir aos Fae Escuros e aos humanos para atacar os reis, com Ulrik
morto, a unificação se desintegraria. Os reis lutaram com as Trevas antes e
ganharam. Eles poderiam fazê-lo novamente.

Rhys ficou nu na floresta. Ele queria ir para o céu, mas a última vez que tentou
mudar, a dor foi demais para suportar. Se ele não começasse a patrulhar em breve
outros notariam sua ausência e viriam à procura.
Ninguém poderia saber a agonia que suportava todos os dias. Rhys não podia
suportar ver sua piedade ou ouvir suas palavras simpáticas. Ele era um Rei Dragão,
mais poderoso do que qualquer um dos outros amarelos. Ele foi o maior de sua
espécie, o mais forte e aquele com mais magia. É o que fazia dele um rei e o que
teria o levado a passar o que diabos ele estava passando.

Rhys só tinha de pensar em mudar para que seu corpo começasse a mudar.
Aconteceu em um instante, sua pele mudou para escamas, suas mãos e pés com
garras enormes.

Normalmente era sem dor, mas nada era mais normal. O desconforto começou
suavemente e aumentou quanto mais de seu corpo humano desapareceu e o dragão
tomou forma. Um grito se formou, mas o segurou, sofrendo em silêncio. Ele
balançou, o suor cobrindo-o. A agonia persistiu, crescendo exponencialmente.

Isso foi o mais longe que Rhys chegou na noite anterior antes de desistir. Não ia
desistir nessa noite. Ele iria lidar com a dor e retornar à sua verdadeira forma.

Com a última escama no lugar, Rhys virou a enorme cabeça do dragão de lado a
lado para agitar a dor que estava cegando-o, sem perceber que ele estava
derrubando árvores no processo.
Con estremeceu quando ouviu o grito de agonia de Rhys através de sua mente. Ele
não disse uma palavra para Usaeil enquanto corria para sua sacada e mudou de
forma. Ele voou alto e rápido, suas asas batendo rapidamente para levá-lo para
casa, para Dreagan.

Mesmo sem nuvens, ele estava alto o suficiente para que ninguém pudesse vê-lo.
Ele deveria ter sabido que Rhys ainda estava com dor, não importa o que ele disse.
Con tomou um caminho direto para Dreagan, que poderia torná-lo visível para
qualquer pessoa que se preocupasse em olhar.

Felizmente, quando ele finalmente chegou a Escócia, houve cobertura de nuvens.


Suas asas cortavam o ar, levando-o rapidamente a Dreagan. Sabia pela forma como
os outros circularam uma área que Rhys estava lá. Con voou direto para eles.

—Con!— Laith gritou quando veio ao seu lado. —Rhys não está em movimento.

—Eu sei. Eu ouvi seu grito.

Um flash de escamas vermelhas profundas voou abaixo de Con. Um momento


depois, Guy perguntou: —O que diabos está acontecendo, Con?

Con não respondeu enquanto ele deslizou e caiu ao lado de Rhys, que estava
deitado de lado, com os olhos fechados. —Rhys? Você pode me ouvir?

—Nós temos tentado isso, — Ryder disse quando ele estava ao lado de Rhys. Ele
cutucou Rhys com sua grande cabeça de escamas de cor da fumaça do tabaco. —
Ele não respondeu.
Constantine descansou uma mão com garras em Rhys e sentiu o aumento da sua
magia fluir para Rhys. A magia dragão de Con poderia curar qualquer coisa. A
única coisa que não podia fazer era trazer alguém de volta da morte. Havia apenas
um Rei que foi capaz de gerir isso-Ulrik.

Não importa o quanto de magia que derramasse em Rhys, nada estava


acontecendo. —Rhys, maldito. Acorde!
Lily.

Rhys permaneceu tão imóvel quanto ele conseguia com a agonia pulsando através
dele em ondas imensuráveis, ameaçando engoli-lo inteiro. Ele procurou em sua
mente qualquer coisa que pudesse se concentrar. Primeiro foi uma memória de
voar com um grupo de amarelos, mas não ajudou por muito tempo. O segundo
estava lutando contra a escuridão, o que não ajudou em nada.

Uma imagem de Lily estalou em sua mente quando ele moveu-se rapidamente do
passado e então imediatamente voltou para ela. Lily estava sorrindo, seus olhos tão
escuros que eram quase pretos.

Rhys focou em Lily, em seus cabelos pretos da cor do azeviche que caiam como
uma cortina pelas costas. Ela era tímida e cautelosa, mas tinha mais coragem e
espírito do que ele poderia lembrar-se de ter visto em um mortal.

Sempre que estava com ela, o mundo diminuia e ele se lembrava do Rei Dragão
que queria ser. Rhys adorava ouvir sua voz e como quando ela ficava animada suas
palavras vinham mais rápido e seus olhos brilhavam de alegria.

As mulheres olhavam com avidez para seu dinheiro ou seu corpo, mas nunca por
qualquer outra coisa. Parte disso era culpa dele por causa das mulheres que andava.
Ele iria admitir isso apenas para si mesmo, mas ia para a loja de presentes tão
frequentemente como podia simplesmente para obter um vislumbre de Lily. Ela
era uma boa alma que poderia mudar o seu dia com um sorriso. Sua natureza calma
foi o que primeiro chamou a atenção para a notável beleza que ela era.

Mesmo com as enormes roupas feias que usava, não havia como perder a
graciosidade. Ela era a antítese das mulheres com quem andava e ainda assim ele a
desejava mais do que desejou qualquer outra.

Era uma pena que ele nunca iria fazer nada sobre isso.

Rhys suspirou. Lily era imaculada, uma benção em um mundo, de outra forma,
cinzento. Não iria manchá-la arrastando-a para o seu mundo fodido. Ele se
importava muito profundamente para misturá-la com o mal. Como estava, ela já
corria perigo por ser afiliada com Dreagan.

Ele deveria pedir a Con para demiti-la.

Então, quem estaria lá para acalmar a fúria dentro de você?

Isso era verdade. Rhys não poderia deixá-la ir. Pelo menos ainda não. O poder de
Lily Ross ficou evidente quando ele percebeu tardiamente que a dor cessou. Rhys
se encolheu quando foi bombardeado com gritos de vozes de seus irmãos em sua
cabeça. Ele abriu os olhos para ver Con de pé ao lado dele em forma de dragão
com uma carranca.

—Já era tempo, — Con declarou friamente.


Mas Rhys não se deixou enganar. O Rei dos Reis estava preocupado se o cenho e
as ondulações de suas escamas de ouro diziam algo. Rhys ficou de pé e sentiu
melhor do que ele tinha em semanas. —Eu estou bem agora.

Laith deu um suspiro alto quando ele circulou acima deles misturado com o céu
noturno. —É por isso que você gritou? Por que você desmaiou?

—Eu não sou fraco, — disse Rhys, afrontado. Ele olhou em volta para todos os
outros reis que voavam acima ou em torno dele. —Eu estava apenas me concentrando.

Con abriu suas asas de ouro no meio do caminho, então as estalou enquanto as
fechavas. —Todos voltem para seus postos. Eu gostaria de uma palavra com Rhys. Sozinho.

Então, não era o que Rhys queria. Ele fechou sua mente para tudo, exceto Con
para que ninguém mais pudesse ouvir sua conversa. —Estou muito bem. Eu não estou
mentindo desta vez. Eu me sinto ótimo.

—Como Laith, eu ouvi você por todo o caminho desde...

Ele parou de falar, mas Rhys não ia deixá-lo fora assim tão fácil. —Onde, Con? Onde
você estava quando desapareceu todo esse tempo?

—Não é de nenhuma relevância. O fato é, você não está bem.

—Eu não estava, você está certo, mas estou agora. Eu estava com dor severa quando mudei.
Isso é o que você ouviu, mas passou. Toda a dor e quero dizer tudo isso, se foi.
A carranca de Con não desapareceu. —Não é só com isso que vai aliviar minha
preocupação, Rhys. Algo está errado.

—Algo estava, mas está tudo corrigido agora. Vá se preocupar com outra coisa, como Iona
sabendo que seu pai foi assassinado.

A única indicação de que suas palavras irritaram Con foi o movimento da cauda
longa de ouro de Con antes que ele saltasse para o céu e voasse para a mansão que
estava parcialmente construída na montanha.

Rhys seguiu Con no ar e girou ao redor, sentindo seu antigo eu mais uma vez. Foi
um alívio, porque Rhys tinha começado a pensar que a magia dragão usada sobre
ele o danificou de alguma forma. Agora ele sabia que se preocupou por nada.

Tudo estava certo como a chuva.

Iona verificou a hora em seu celular e se encolheu quando o telefone iluminou a


área em torno dela. Ela rapidamente desligou-o e reprimiu um bocejo. Durante
quatro horas, ela esteve olhando para o céu na esperança de ver alguma coisa.

Começou na varanda na parte de trás da casa, mas as árvores impediam de ver


grande parte do céu. Iona, em seguida, caminhou três quilômetros até uma clareira,
mas ainda não ajudou. Em seguida, foi até a cachoeira onde espalhou um cobertor
e deitou-se para olhar para as estrelas piscando para ela.

Seus olhos estavam ficando pesados e tudo que conseguiu ver foi uma estrela
cadente. Ela decidiu encerrar a noite desde que tinha que estar no banco na
primeira parte da manhã para assinar os papéis.

Iona se levantou e dobrou o cobertor. Ela deixou sua mão deslizar sobre o Taser17
em seu bolso, escondido por sua jaqueta. Ter uma arma ajudou a aliviar um pouco
o seu medo, mas desde que alguém tomou medidas extremas para matar seu pai,
sabia que poderia fazer o mesmo com ela.

Ela desligou a lanterna antes que chegasse a casa e parou para olhar em volta e ver
se alguma coisa estava errada. Quando não percebeu nada, caminhou lentamente
em direção à casa.

Todas as luzes estavam apagadas e ela desejava que houvesse deixado alguma
acessa. Seu pensamento era deixar que se alguém estivesse vigiando-a acreditasse
que estava dormindo, mas odiava andar em uma casa escura. Mais do que nunca
agora.

Assim que Iona estava lá dentro, acendeu as luzes da cozinha. Ela, então, puxou o
Taser para fora e o tinha pronto enquanto andava de cômodo em cômodo
verificando as janelas e fechaduras.

17Arma de eletrochoque é uma arma de baixa letalidade que usa-se de uma descarga elétrica de alta tensão para
imobilizar momentaneamente uma pessoa. Wikipédia
Com um suspiro, se despiu e vestiu a camisola antes de subir na cama. O sol
nasceria em menos de duas horas, mas ela ainda deixou todas as luzes da casa
ligadas.

Quando o alarme disparou algumas horas mais tarde, Iona o alcançou cegamente,
tentando bater no soneca e só conseguiu jogá-lo para fora da mesa. Ela bufou em
frustração e atirou as cobertas para sair da cama e desligar o alarme irritante.

—Bem, estou acordada agora, — ela resmungou para si mesma.

Iona se arrastou para a cozinha com os olhos turvos e estava agradecida que o café
já estava pronto e esperando. Ela derramou um copo e virou-se para o balcão,
onde sua bolsa estava colocada com um canto do envelope de fora.

Seu coração perdeu uma batida, porque sabia que a carta estava totalmente dentro
de sua bolsa. Vários segundos se passaram enquanto tentava se acalmar. Demorou
um pouco, mas finalmente foi capaz de respirar com calma. Com tantas vezes
quanto leu a carta no dia anterior, colocando-o dentro e fora do envelope, poderia
ter mudado isso e simplesmente esquecido.

As portas estavam trancadas quando voltou ontem à noite, assim como todas as
janelas. Ninguém esteve na casa. Disto ela tinha certeza. Ela estava excessivamente
nervosa.

Iona levou seu café para o banheiro enquanto ligava o chuveiro para aquecer a
água. Ela tinha um longo dia pela frente e planejava passar pelo pub na esperança
de ver Laith. Ela tomou um último gole de café e tirou o pijama antes de entrar no
chuveiro.

Ele jogou suas roupas para a loira e apontou para a porta quando o telefone tocou
uma segunda vez. Ignorando seu beicinho e a pisada forte quando ela saiu do
quarto, ele foi até a mesa onde seus telefones celulares estavam alinhados e agarrou
o que estava iluminado.

—Diga-me que tenho uma boa notícia, — afirmou.

—Sim, senhor, — o mercenário afirmou em seu sotaque australiano. —Segui ela


ontem à noite e, em seguida, em sua casa esta manhã.

—E? — Ele insistiu impaciente.

—Ela olhou para o céu a maior parte da noite, — foi a resposta.

Agora não era tão interessante? —Ela viu alguma coisa?

—Não havia nada para ver.

Se apenas os mortais estúpidos soubessem que perigos espreitavam tão perto deles,
eles não seriam tão confiantes das suas capacidades. —Então você acha que ela
estava apenas observando as estrelas?
—Parecia como se estivesse procurando algo.

—Você achou a carta?

—Sim. Eu tirei uma foto dela. Você já deve tê-la em seu e-mail.

—E deixou tudo do jeito que estava para que não tivesse nenhuma idéia que esteve
na casa?

—Claro. Eu sou muito bom no que faço, — o mercenário declarou.

—Com o tanto que estou pagando a você, é melhor ser. Como lhe disse, a outra
equipe já está morta depois de ter sido descoberta por Dreagan. Você está por sua
conta. Não... —Ele fez uma pausa e pigarreou. —Não estrague tudo.

—Você tem minha palavra.

—Quero um relatório a cada seis horas a partir de agora. Siga Iona Campbell em
todos os lugares.

O mercenário ficou em silêncio por um momento. —Ela está se preparando para


ir para a cidade.

—Siga-a em todos os lugares. Os banheiros, para comer, fazer compras ou qualquer


outra coisa que ela fizer. Eu quero saber com quem fala e sobre o que conversa.
Eu fui claro?

—Como cristal, — veio a resposta cortante.


Ele encerrou a chamada e deixou o celular de volta no lugar. Se havia uma coisa
que ele poderia contar com os tipos de ex-militares era que eles seguiam as ordens
perfeitamente. O tipo de homens que contratou não faz perguntas ou piscava com
o que ele lhes dissesse para fazer. Ele pagava muito bem e isto também ajudava.

Ansioso para ver a carta, vestiu o manto de seda prateada e caminhou ao redor da
mesa. Com um clique seu e-mail apareceu. Ele rolou através das muitas mensagens
e encontrou o que estava procurando. Ele abriu a mensagem e rapidamente leu a
carta.

—Maldição, — ele gritou e jogou um copo vazio que estava perto do outro lado
da sala.

A carta não tinha nada que pudesse ser usado como prova contra os Reis Dragões.
E era uma prova irrefutável que precisava. Até agora suas tentativas de obter
imagens falharam usando seus mercenários, mas era o que Iona faria.

Esperava que John fosse contar para Iona o que ela protegeria, mas deveria ter
sabido que John não iria revelar tal segredo em uma carta que alguém poderia
roubar. Com a falta de conhecimento da Iona, ela não estaria observando a sua
terra como devia, dando-lhe assim uma grande oportunidade para conseguir mais
homens na sua terra.

Não levaria muito tempo para que Laith lhe dissesse o que ela guardava. Iona,
então, ia querer vê-lo e é aí que ele iria descobrir a localização exata da porta. Então,
ele poderia ter uma equipe em toda Dreagan sem ser detectado.
Era um plano perfeito.

Ele se levantou e foi até o banheiro para olhar para o seu reflexo no espelho. Por
milênios incontáveis ele viu o mundo mudar ao seu redor, incapaz de ser quem ele
era destinado a ser.

Logo a balança estaria apontando em sua direção. Ele sorriu, seus olhos dourados
brilhando com a emoção do que estava por vir.

A maior mudança estava prestes a atingir os Reis Dragões como uma bomba
nuclear. Agora eles pensavam que estava tudo bem em suas fileiras, mas iriam
descobrir muito em breve o quão errado estavam.
Iona assinou o último dos papéis e empurrou-os sobre a mesa para a gerente do
banco. A mulher sorriu com cortesia e, em seguida, levantou-se da cadeira para
levar os documentos para outra pessoa.

O terninho feminino preto nítido da gerente foi outro lembrete para Iona de
quanto escassas suas próprias roupas estavam. Elas eram perfeitas quando ela
estava viajando em missão, mas a fez perceber o quão deficiente seu guarda-roupa
estava.

Ela recostou-se na cadeira e mordeu o lábio inferior com os dentes. Se manteria a


casa, não havia nenhuma razão para que não pudesse usá-la como sua casa em vez
do apartamento em Londres. O que significava que poderia comprar algumas
roupas e mantê-las na casa de campo.

Isso também significava que teria necessidade de ir às compras, algo que não
poderia ser feito na pequena vila. Não era que Iona não gostasse de fazer compras,
só não entendia mais de moda. Felizmente para ela, conheceu alguém que
conhecia.

Iona tirou seu celular e deslizou através de seus contatos até que achou o nome de
Sammy. Ela não queria trocar números, mas agora estava feliz que ela fez.
Uma mensagem de texto rápido para Sammy perguntando se ela estava livre para
fazer compras em breve foi enviada antes de a gerente retornar. Iona esqueceu
a mensagem quando cada conta de seu pai, agora dela, foram expostas.

Passou-se uma hora antes que ela terminasse. Pegou seu telefone na mão enquanto
saía do banco, de modo que não viu a pessoa que foi de encontro.

—Umph, — ela resmungou quando cambaleou para trás.

—Eu peguei você.

Ela olhou para o rosto de Thomas MacBane e forçou-se a sorrir. —Eu sinto muito.
Não vi você.

Ele deu de ombros e, em seguida, olhou para suas mãos que a seguravam. Thomas
riu e soltou, mas ele não recuou. —Estava esperando que eu conseguisse encontrá-
la aqui.

—Esperava? — Iona sabia que ela ia ter que inventar outra desculpa para recusá-
lo, porque aceitar sua oferta de almoço só iria dar-lhe esperança de que poderia ser
algo mais, quando isso não iria acontecer.

Iona conhecia homens como Thomas. Ele não iria parar até que lhe dissesse, em
termos inequívocos que não estava interessada. O problema era que não queria ser
má. Thomas foi gentil com ela e ajudou depois da morte de seu pai. Mas ela não
queria ter que evitá-lo quando viesse para a cidade, ou continuar a mentir para ele.
Seu sorriso aumentou. —Sim. Eu procurei por você ontem e assumi, quando não
veio, que você iria reagendar.

—Sim está certo. Eu tive que remarcar. — Ela deu um passo para trás para colocar
alguma distância entre eles.

—Que tal um almoço? Por minha conta?

Iona viu o clarão de esperança em seus olhos. Ela teria que parar com isso agora,
para ambos. —Thomas, você foi muito gentil. Eu aprecio todo seu apoio durante
este momento difícil.

Enquanto ela falava, seu sorriso começou a desaparecer. —Você prefere não
partilhar uma refeição comigo.

—Você tem sido um bom amigo, — ela começou.

Tristeza caiu sobre seu rosto. —Um amigo.

O coração de Iona quebrou porque não queria machucá-lo. Ele não era feio, mas
não era Laith. —Uma pessoa nunca pode ter muitos amigos.

—Muito bem, — disse ele e depois limpou a garganta.

—Eu preciso de amigos. — A mentira não parecia ser uma mentira depois que
disse isso. Iona sempre se considerou uma solitária, mas se perguntou se estava
errada todos esses anos.
O sorriso de Thomas voltou, ainda que menos brilhante. —Se você precisar de
alguma coisa, Iona, não hesite em chamar.

—Obrigada.

Ele deu um aceno com a cabeça e caminhou ao redor dela. Iona recostou-se contra
o prédio e suspirou.

—Muito bem feito, — Sammy disse enquanto veio ao virar da esquina.

Iona colocou sua mão em seu coração. —Você quase me matou de susto.

—Sinto muito. — Sammy disse com um sorriso.

Iona revirou os olhos. —Não, você não sente. Quanto que você ouviu?

—Tudo, eu receio. — Sammy veio para ficar ao lado dela. —Eu li o seu sms
quando estava fazendo um depósito para o pub, então decidi esperar por você. Eu
tenho que dizer, você lidou com Thomas maravilhosamente. Disse não sem
realmente dizer a ele que não.

Iona ainda se sentia mal sobre todo o incidente. —Eu espero que você esteja certa.

—Eu estou. Agora, sobre essas compras, — disse Sammy com um sorriso
brilhante.

Iona remexeu-se sob o olhar vigilante de Sammy até que elas começaram a andar.
—Eu estou precisando de algumas coisas se vou permanecer.
—Então você está ficando. — Ela balançou a cabeça em delírio. —Estou feliz em
ouvir isso.

—É só que sempre embalo tão poucos itens. É hora de renovar o que tenho.

Sammy riu e sacudiu a cabeça. —Você não tem que me convencer. Nunca fui uma
grande compradora ou tive muitos amigos. Minha mãe e eu fazíamos tudo juntas.
Era minha melhor amiga, então depois que ela morreu e vim para cá, demorou
alguns ajustes para ter uma irmã o tempo todo. Depois, há Cassie e Elena que
adoram fazer compras como se nada mais importasse. No entanto, Denae e Shara
são boas nisso também. Shara poderia ser uma personal stylist18.

—Eu não sou uma compradora. — A cabeça de Iona começou a girar com o
pensamento de olhar para todas as diferentes roupas. —Em absoluto. Quer dizer,
não me lembro da última vez que fui a uma loja de departamentos.

—Eu não queria assustá-la, — Sammy disse suavemente. —Levei um pouco de


tempo para me acostumar a ter todas essas mulheres ao redor, mas agora que eu
sei o que significa ter amigas. Eu não trocaria isso por nada.

Iona estava a ponto de dizer que não precisava de amigas quando lembrou suas
palavras para Thomas. Ela iria precisar delas. De que outra forma iria descobrir
quem matou seu pai? Ela suspeitava que a desculpa por amigos foi mais profunda
do que o que estava disposta a admitir, mas era um lugar para começar.

18 Personal Stylist é o profissional que presta serviços como a indicação da melhor maneira que uma pessoa deve se
vestir e se apresentar na sociedade, de acordo com seu estilo pessoal, sua personalidade, sua profissão e sua projeção.
Sammy acenou para alguém do outro lado da rua antes de voltar sua atenção para
Iona. —Ir a uma loja pode sobrecarregá-la, uma vez que tem estado muito distante.
Por que não me diz o que você está procurando e posso pegar algumas coisas e
trazê-las.

—Tem certeza que você não está apenas tentando me impedir de sair? — Iona
brincou.

—Essa é a idéia.

O fato de que Sammy não sorriu da provocação fez o sorriso de Iona desaparecer.
Então ela entendeu tudo. —Porque meu pai foi morto.

Sammy balançou a cabeça e olhou ao redor.

Iona de repente parou de andar. —Não sei o que eu quero de roupa nova. Quero
algo mais do que as simples camisetas e calças que tenho. Talvez um vestido casual.
Não sei nem mesmo que tamanho uso.

—Deixe isso comigo, — disse Sammy com uma piscadela.

Iona queria algo novo para essa noite, quando ela planejava ir ao pub e conversar
com Laith, mas sabia que estava pedindo muito de Sammy. —O que você precisa
de mim?

—Apenas me diga todas as cores que você não gosta.

—Não há qualquer uma.


Sammy deu um aceno de cabeça e puxou o celular de sua bolsa. —Eu vou estar
pronta esta noite, — disse ela e se afastou enquanto começou a chamar alguém.

Iona não estava chateada com sua partida. Na verdade, tinha seus próprios recados
em sua agenda para ser executado. Sua primeira parada foi na garagem de Michael
onde ela comprou todos os itens que eram necessários para consertar o Rover. Em
seguida, se dirigiu ao escritório de Thomas para colocar algo em ordem, o que
deveria ter sido feito anos atrás.

Rhys ficou na sua montanha olhando através da abertura em arco para a água que
caía do alto nas rochas pontiagudas para uma piscina de água cristalina. Fazia meses
desde a última vez que esteve em sua montanha, mas tinha uma suspeita de que
agora que estava de volta, não a estaria deixando novamente.

Ele respirou fundo e sentiu a agitação do fogo dentro dele. Rhys dirigiu o fogo
para as tochas distribuídas ao longo de cada lado da água. Fumaça saiu em rolos
de suas narinas quando as chamas tocavam nas tochas e a acendiam.

Não havia necessidade para ele acender as tochas. Um dragão podia ver em
qualquer luz. Em sua forma humana, sua visão era três vezes maior do que um
mortal, mas mesmo assim não era o mesmo que seus olhos de dragão. Foi uma
das razões de acender as tochas. A outra era porque amava olhar o fogo refletindo
na água.

Como um dragão amarelo, era atraído por cachoeiras. Era onde qualquer Amarelo
poderia ser encontrado. Quando eles habitaram a Terra. Agora, era uma lembrança
do passado, de uma época em que os dragões governavam.

Atrás dele estava um afloramento de rocha que se levantava nove metros no ar


como se estendendo a mão para o buraco pelo o qual ele voou. A luz solar filtrada
através da grande abertura de modo que o musgo cresceu nas rochas, misturando-
se com o cinza e marrom da montanha.

Rhys caminhou para a água e entrou. A piscina era profunda o suficiente para
submergi-lo dez vezes mais, mas não haveria jogo para ele hoje. Ele nadou sem
pressa até a cachoeira, em seguida, subiu nas pedras e caminhou abaixo da
cachoeira para sua caverna.

Ele virou-se e deitou-se para que pudesse ver a cachoeira. Seu retorno para a
montanha poderia ser permanente. Foi uma loucura pensar que a mudança para
sua verdadeira forma conseguiria passar a dor e iria resolver tudo.

Isto não aconteceu.

Rhys teve a certeza que estava sozinho quando tentou mudar de volta à forma
humana. Ele não estava certo do que o fez pensar que poderia haver dor.
Independentemente disso, estava feliz que tomou a ação, porque a agonia foi
horrível.
Ele imediatamente parou de tentar mudar e quando parou, a dor cessou. Foi
quando Rhys soube que se ia tentar de novo, ele precisava estar em algum lugar
privado, em algum lugar onde os outros iriam saber para deixá-lo sozinho.

Não era que estivesse com medo da dor. Ele era um Rei Dragão, depois de tudo.
Foi o fato de que se sentia como se estivesse dividindo em dois.

A dor era dez vezes pior do que foi a primeira vez que passou de dragão para
humano. Cada músculo desfiado, cada osso quebrado, cada tendão cortado apenas
para ser costurados juntos novamente em uma nova forma. A dor durou apenas
um momento. Isso... Isso durou pelo que pareceram eras.

Rhys não queria perder o controle como fez pela primeira vez e gritar. Ele se
recusou a ter qualquer um em torno dele se preocupando que poderia estar
morrendo.

Ele estava na miséria. Não apenas porque estava mentindo para todos, incluindo
ele próprio, sobre a extensão da lesão, mas a dor dele cresceu a cada dia. Agora
não poderia alternar entre suas formas sem a escaldante angústia. Teria sido melhor
que seus irmãos deixassem sua ferida matá-lo, porque esta não era a maneira para
um Rei viver.

Havia uma opção. Ele poderia ir até Ulrik. Rhys não queria ver seu velho amigo,
mas se Ulrik foi aquele que tinha lhe ferido, Ulrik poderia ser o único a consertá-
lo. Isso se ele fizesse.
Houve um tempo que Ulrik teria dado a qualquer dos Reis tudo o que precisavam.
Mas este era um Ulrik inteiramente diferente, que foi banido, aquele que foi preso
na forma humana por eras.

Aquele que não foi capaz de se elevar para o céu como os outros Reis podiam.

Rhys afundou suas garras no granito abaixo dele e fechou os olhos. Ele
imediatamente trouxe a imagem de Lily. Durante vários minutos, se concentrou
nela e até mesmo sonhava puxando-a para perto e afundando as mãos em seu
cabelo espesso. Sonhou em abaixar a cabeça para seus lábios e imaginando o quão
doce ela iria ser.

Em seguida, ele tentou mudar.


Laith andava agitado no corredor, parando de vez em quando para olhar no quarto
de Rhys, mas Rhys ainda não tinha voltado.

—Você esteve aqui a noite toda? — Kiril perguntou quando ele se aproximou.

Laith parou e virou a cabeça para Kiril. —Sim. Ele ainda não voltou.

—Você conhece Rhys, — disse Kiril. —Ele gosta de sua privacidade.

Laith ergueu as sobrancelhas. —Há algo errado, Kiril. Algo que Con sabe e não
nos diz.

Os olhos verdes trevo de Kiril se estreitaram. —Se houvesse algo de errado com
Rhys, ele teria dito a mim.

—Eu não penso assim. Você viu Rhys na noite passada. Você o viu ainda deitado
como morto depois que gritou de dor.

Kiril passou a mão pelo cabelo cor de trigo. —Ele me disse que se sentia muito
bem. Estava rindo e brincando na noite passada enquanto nós estávamos
patrulhando.

—Eu sei. Tudo certo até todos voltarmos para Dreagan. Eu não o tenho visto
desde então, nem ele me responde quando tento entrar em contato com ele.
—Rhys não costuma ignorar as pessoas. Isso é Warrick.

—Se nós quisermos chegar ao fundo das coisas, precisamos conversar com Con.

—Falar comigo sobre o quê? — Con perguntou quando se aproximou.

Kiril virou-se para Con. —Onde está Rhys?

—Em seu quarto se preparando para o dia, eu suponho.

Laith sacudiu a cabeça. —Não. Ele não está desde a patrulha na noite passada.

Con passou por eles e abriu a porta do quarto de Rhys. Ele ficou lá por um
momento antes de Con olhar para eles e dizer: —Ele não está respondendo a
minha chamada.

—Aparentemente, ele não responde a qualquer um de nós, — disse Kiril. —Eu


não sei como ele está. Quero saber o que está acontecendo com ele.

Laith deu um passo para Con. —Nós dois queremos.

—Eu prometi a ele que eu não falaria, — disse Con.

—Isso foi antes de ontem à noite. E antes que ele desaparecesse, — Kiril disse
firmemente.

Con olhou para longe e pôs as mãos nos bolsos de sua calça de brim preto. Sua
camisa cinza pálido estava engomada e as mangas longas com punhos fechados
com abotoaduras de ouro com as cabeças de dragão, suas favoritas. —Rhys está
sentindo dor desde a batalha na Irlanda.

—Ele não tem sido muito bom em esconder esse fato, — disse Laith.

Kiril passou a mão pelo rosto. —Ele não é o mesmo desde a Irlanda. Ele veio até
mim e Shara para ajudar e em troca foi atacado por algo que não entendemos.

—Ele tem sido atormentado por magia dragão, — Con declarou enfaticamente,
seu olhar negro balançando entre eles.

Laith levantou uma mão. —Nós não estamos entrando em quem fez isso com
Rhys agora. Precisamos encontrar Rhys e nos certificarmos que está bem.

—Eu sei onde começar a procurar, — Kiril disse com tristeza. Ele soltou um
suspiro. —Sua caverna.

Os três não perderam tempo se apressando da mansão para o túnel que levava à
sua montanha. De lá, eles correram pela entrada de trás da montanha. Como um,
os três mudaram para a forma dragão e voaram para a montanha que Rhys
escolheu como sua.

Ficava a quilômetros de distância. Uma das mais distantes em Dreagan. Eles


voaram rapidamente sem palavras entre eles. O sentimento ruim que desceu sobre
Dreagan semanas atrás, quando Rhys foi o primeiro ferido só piorou depois da
morte de John Campbell.
Quando finalmente chegaram à montanha de Rhys, os três circularam a entrada
antes de Kiril mergulhar através da abertura, deslocando para a forma humana e
desembarcando ao lado da água. Con foi o próximo, voando através da abertura e
esperou até que pairava ao lado de Kiril antes que ele mudasse.

Laith tomou mais um voo em torno da entrada que parecia como se um gigante
tivesse batido um punho no lado da montanha e criou uma abertura. Quando não
viu nada de preocupante, Laith voou para a abertura e desceu mais perto de Kiril
e Con para deslizar sobre a água.

Uma de suas asas negras cortou através da cachoeira quando ele desceu.
Normalmente, isso seria suficiente para trazer Rhys se ele estivesse lá, mas nada
aconteceu. Laith pousou ao lado da cachoeira e mudou.

Kiril e Con já mergulharam na água e estavam nadando em direção a ele. Laith


navegou nas rochas para ficar abaixo da cascata de água. Um momento depois Con
e Kiril se juntaram a ele.

—Ele poderia estar dormindo, — disse Laith.

Kiril fez um som gutural. —Não Rhys e não agora.

—Por que você diz isso? — Con perguntou.

Kiril sacudiu a cabeça e deu um passo através da cachoeira. Laith olhou para Con
e encolheu os ombros, em seguida, seguiu Kiril. Ele parou imediatamente.
—Ele não vai me dizer, — Con sussurrou, choque e raiva engrossando suas
palavras.

Laith conseguia apenas ver Rhys que continuava tentando mudar para sua forma
humana. Ele piscava e começava a mudar, logo ele voltava a forma de um dragão.

—O amarelo de suas escamas escureceu, — Kiril disse com tristeza.

Con apontou para o flanco direito de Rhys. —O ferimento voltou, como se nunca
tivesse sido curado.

Laith fez uma careta quando viu a ferida abrir cada vez que Rhys tentou mudar.
Cada vez que o ferimento abria, ele via um vislumbre de algo inflamado dentro de
Rhys.

—Por que ele não pode mudar? — Kiril perguntou.

Con andou mais perto de Rhys e olhou para a ferida. —Magia Dragão ou não, ele
não pode ser proibindo de mudar.

—Cure logo ele, — Laith exigiu de Con.

Con colocou a mão em Rhys para usar sua magia de cura, e no instante que a mão
de Con entrou em contato com as escamas de Rhys, Con foi arremessado para
trás, batendo nas rochas.
Kiril agachou ao lado da cabeça de Rhys e fechou os olhos. Laith sabia que Kiril
estava tentando chegar a Rhys,de qualquer modo que conseguisse, mas nada estava
funcionando.

Con ficou de pé e limpou o sangue de um corte na testa. —Há algo mais que magia
dragão fazendo isso.

—Como é que vamos combatê-lo? — Perguntou Laith.

—Eu posso ajudar.

Laith e Con viraram-se para encontrar Rhi de pé atrás deles. Seu longo cabelo preto
estava preso em um rabo de cavalo baixo. Ela usava uma camisa com listras
horizontais pretas e brancas e jeans preto. Água da cachoeira se agrupava ao redor
de suas botas pretas e ainda assim ela não tirou os olhos de Rhys.

—Rhi.

Laith olhou para Con, porque ele não chamou o nome da Fae com seu desprezo
habitual. Não havia dúvida da surpresa no olhar preto de Con, mas Laith não
poderia identificar a emoção exata na voz de Con. Se Laith não soubesse melhor,
ele quase pensaria que era prazer.

Rhi cortou seus olhos de prata para Con antes que olhasse para Laith, não se
incomodando com sua nudez. Os lábios dela se suavizaram em um meio sorriso.
—Quem está cuidando da Iona enquanto você está aqui?

—Ela está em perigo? — Laith perguntou, mais duramente do que ele pretendia.
Rhi estendeu a mão e pegou uma gota de água na ponta da sua unha. Ela virou-lhe
o pulso de modo que a gota correu entre os dedos para o centro da palma da mão.
Seu olhar observou a água até que ela fechou o punho em torno dela. Então seus
olhos se levantaram para ele. —Não que eu saiba.

Laith não sabia se ela estava brincando ou não. Assim quando ele estava prestes a
pedir que verificasse, Con deu um aceno com a cabeça. Laith segurou a língua
enquanto Rhi passou por ele para ficar ao lado de Kiril.

Ela colocou a mão no ombro de Kiril. Sua cabeça imediatamente levantou para
ela. Levantou-se e envolveu-a num abraço. Laith notou que ela não retribuiu o
abraço. Suas mãos penduradas nos lados esperando que Kiril a soltasse.

—Você pode ajudá-lo? — Kiril perguntou quando a soltou e deu um passo atrás.

Rhi respirou fundo e lentamente liberou. —Eu posso tentar.

—Ficaríamos muito gratos, — disse Con.

A cabeça de Rhi virou-se ligeiramente na direção de Con, mas ela não olhou para
ele. Em vez disso, se concentrou em Rhys e caminhou até ficar ao lado de sua
cabeça. Ela colocou a mão em sua testa, enquanto seu olhar se desviou de Kiril
para Laith e então finalmente Con. Então suas pálpebras fecharam e ela começou
a brilhar.

—Con, — Kiril disse preocupado.


Todos sabiam que, para Rhi usar esse tipo de magia, ela poderia destruir toda a
montanha como fez na Masmorra da prisão dos Fae Escuros. Ou poderia usar a
magia para dar vida a um planeta.

Con caminhou rapidamente e em silêncio para ficar do outro lado da cabeça de


Rhys e assistiu Rhi intensamente. Laith olhou para Kiril e os dois compartilharam
um encolher de ombros, sem saber o que estava acontecendo, já que ninguém
estava agindo como eles mesmos.

Vários minutos se passaram antes que Rhi parasse de brilhar e abaixasse a mão.
Ela abriu os olhos para se concentrar em Con. —Há magia dos Faes Escuros
misturada com magia dragão.

—Nós sabemos. Nossa magia é mais forte, — disse Con. —Rhys deve ser capaz
de superá-la.

Rhi engoliu em seco e passou a mão nas escamas amarelas de Rhys em uma carícia.
—Ele tem uma escolha a fazer. Eu disse a ele o máximo.

Laith então notou que Rhys não estava mais tentando mudar. Enquanto ele
permaneceu na forma de dragão, a ferida ficou fechada.

—Que escolha? — Perguntou Kiril.

Rhi deixou a mão cair para o lado dela e levantou os olhos tristes para Kiril. —A
mistura de magia dragão e magia dos Escuros fez algo para Rhys. É o que está
causando-lhe tanta dor quando ele muda. Eu entorpeci a magia dos Escuros o
suficiente para ajudar a gerir a dor para ele mudar mais uma vez.

—Mais uma vez? — Repetiu Laith, não querendo compreender o que Rhi estava
tentando dizer-lhes.

Rhys respirou fundo e abriu os olhos alaranjados de dragão. Em seguida, ele


levantou a cabeça enorme. Ele gentilmente cutucou Rhi com o braço, fazendo-a
sorrir para ele.

Foi Con, que disse: —Quer dizer que ele pode mudar para a forma humana, mas
ele nunca vai ser capaz de tomar sua verdadeira forma de novo?

Rhi assentiu e descansou a cabeça contra Rhys. —Ou ele pode permanecer em sua
forma verdadeira, nunca sendo capaz de tomar forma humana de novo.

Con baixou a cabeça, com os punhos cerrados ao lado do corpo. Laith só viu esse
tipo de fúria apenas uma outra vez, quando a mulher de Ulrik o traiu.

—A decisão é sua, Rhys, — disse Kiril. —Nós vamos ficar ao seu lado seja o que
você escolher.

Quando Con finalmente levantou a cabeça, havia morte em seu olhar. —Ulrik irá
reverter isto, Rhys. Eu juro.

Eles assistiram Con caminhar até a cachoeira e mudar para um dragão de ouro
antes de voar. Kiril passou por Laith e bateu-lhe no ombro. Ele pulou na água,
tornando-se um dragão laranja queimado quando mudou.
Laith voltou-se para Rhys e Rhi para encontrar os dois olhando para ele. —Foi
Ulrik que fez isso com Rhys?

—Quem mais poderia ser? — Perguntou Rhi.

—Não faça isso, — Laith disse rigidamente. —Não responda a minha pergunta
com uma pergunta. Se você sabe, então me diga.

—As respostas são mais complicadas do que isso, — Rhi disse quando se afastou
de Rhys e caminhou em direção a Laith. —Só um dragão pode usar magia dragão.

Laith lhe deu um olhar plano. —Nós sabemos. Cada Rei Dragão exceto Ulrik foi
contabilizado.

—Nem todo dragão.

Laith soltou um ronco alto de escárnio. —Rhi, os Silvers do Ulrik estão enjaulados
e dormindo. Eles têm estado há mais milênios do que me lembro. Eles não podem
fazer isso com Rhys.

Ela simplesmente sorriu e olhou para Rhys por cima do ombro. —Eu sei.
Independentemente do que Rhys lhe diz, é mais do que a ferida que o perturba. A
última vez que os Reis Dragões estavam em tal discórdia foi quando a guerra com
os humanos entrou em erupção.

Ela desapareceu antes que ele pudesse responder. Laith olhou para Rhys e franziu
a testa. Discórdia? Não havia discórdia nas fileiras dos Reis Dragões.
Ou havia?
Trabalhar no Range Rover de seu pai ajudou Iona a passar as horas, mas não fez
nada para parar os pensamentos sobre os beijos de Laith ou o fato de que alguém
matou seu pai. Assassinato não era novo para ela. Testemunhou isto enquanto
estava na África, Iraque e Palestina.

Não foi em todos os momentos que foi protegida pelos militares. Houve casos em
que estava sozinha com apenas um guia e mesmo com medo, sempre saiu viva
com seu trabalho completo.

Ela não estava em missão agora, mas o terror era duplicado. Tudo por causa de
algum segredo que sua família mantinha. Um segredo que ela não sabia.

Iona apertou o último parafuso após a instalação da nova mangueira de freio. Ela
olhou para o motor com todas as novas peças no lugar e se perguntou se nunca
iria entrar em um carro de novo sem se preocupar que seus freios podiam falhar
ou se seria a próxima.

—Uma pessoa poderia ficar louco pensando sobre essas coisas, — disse a si
mesma.

Ela estava sozinha em cinquenta acres. Qualquer coisa poderia acontecer a


qualquer momento e ninguém em torno saberia. Ninguém estava lá para protegê-
la. Iona vinha reavaliando seu estilo de vida.
Esses pensamentos trouxeram de volta à Laith. Ele ocupou a maior parte de sua
mente ultimamente, especialmente depois de seus beijos. Mesmo agora, ela ainda
podia sentir os lábios macios quando eles habilmente a seduziram, porque isso era
exatamente o que ele fez.

Devia ser um pecado alguém beijar tão habilmente que a fez esquecer tudo, exceto
ele. Iona fechou os olhos e pensou em seu último beijo na cachoeira. Seu estômago
se agitou e desejo enrolou-se dentro dela.

Ela não tentou negar a necessidade arranhando através dela. Havia algo atraente e
totalmente cativante sobre Laith. Poderia ser os olhos cor de bronze, a forma
como a cor era rodeada com preto. Seu olhar era penetrante, como se pudesse ver
em sua mente e classificar através de todos os seus desejos e vontades.

Poderia ser seu cabelo loiro escuro longo. A cor não era apenas loira. Havia
vestígios de ouro, cobre e castanho claro, através dos fios. Ela não sabia se gostava
de seu cabelo solto, ou quando ele os prendia com uma fita, mas se coçava para
afundar os dedos no comprimento independentemente.

Poderia ser seus lábios. Nenhum homem deveria ter esses lábios cheios que, com
apenas um sorriso, poderia fazê-la sentir como se mil borboletas estivessem
levantado vôo em seu estômago. Seus lábios tinham uma combinação inebriante
de macio e forte enquanto se beijavam. E eles fizeram coisas incríveis e
maravilhosas com ela.
Poderia ser seu corpo. Ela não o viu sem suas roupas, mas mesmo nelas, não havia
como negar os tendões e músculos proeminentes. Era alta para uma mulher, mas
ele se elevava sobre ela. Movia-se com uma facilidade que a fazia se lembrar de um
leão perseguindo sua presa.

Poderia ser o seu sotaque. Tanto quanto Iona queria fingir que detestava qualquer
coisa escocesa, ela sempre amou o som de um sotaque. Depois de viajar o mundo
mais de uma dúzia de vezes, era bom... Até mesmo certo... Estar de volta na
Escócia ouvindo um homem com um sotaque profundo que causava arrepios ao
longo de sua pele.

Iona foi arrancada de seus pensamentos pelo som de um carro se aproximando.


Ela deslizou de debaixo do Rover e olhou ao redor do pneu para ver um mais
recente modelo Range Rover preto chegar e parar atrás de seu carro. A porta abriu-
se conforme o motor desligava. Foi quando Iona ouviu o riso.

Ela sorriu quando reconheceu a risada de Sammy. Iona espanou-se quando se


levantou e foi em direção a Sammy. Aquele sorriso vacilou quando notou duas
outras mulheres com Sammy. Uma com cabelo ruivo na altura do queixo
tropeçou... Sobre nada e Sammy rapidamente estendeu a mão para estabilizá-la.
Quando as duas riram, Iona viu as semelhanças entre as duas mulheres, o que
significava que devia ser a irmã de Sammy.

O olhar de Iona deslocou-se para a segunda mulher e ficou completamente


surpresa com sua beleza. A mulher tinha o cabelo preto longo com uma tira de
prata caindo ao lado de seu rosto. Esta prata não tirava dela seu encanto, mas
acrescentou um toque de mistério. A prata também realçava seus olhos de prata
incomuns.

—Iona!— Sammy chamou quando a viu e levantou os sacos em ambas as mãos.


—Eu trouxe reforços.

Iona olhou para suas calças sujas e manchadas de graxa e desejou que ela tivesse
sabido que Sammy planejava a visitar, porque teria tomado um banho e se trocado.
Como estava seu traje tornou mais óbvio quão fora de lugar ela estava.

—Você sabe como trabalhar em veículos? — A mulher de cabelos negros


perguntou surpresa.

Iona passou a mão em seus jeans e assentiu. —Tive que aprender depois que estive
encalhada no deserto árabe por um dia.

—Eu gostaria de saber o que fazer com eles. Estou desesperada. Meus talentos
estão em outro lugar, — disse Sammy com um sorriso. Ela acenou para a mulher
ao lado dela. —Esta é minha meia-irmã, Jane. E a deslumbrante ao lado dela é
Shara. Jane, Shara, esta é Iona Campbell.

Jane estendeu a mão, um sorriso caloroso no rosto. —Eu ouvi muito sobre você,
Iona. É bom finalmente conhecê-la.

Iona apertou a sua mão. Ela a liberou só para ter Shara segurando a sua mão. —
Olá, — Iona respondeu.
Os olhos prateados de Shara observaram de perto, mesmo quando seus lábios se
levantaram em um sorriso. —Eu também já ouvi muito sobre você. Parece que
você capturou o interesse de Laith.

—Eu tenho certeza que muitas mulheres o fazem. — Iona queria chutar a si
mesma. —Não quis dizer que ele era um mulherengo, só que ele é um homem
bonito e que as mulheres notariam.

Sammy riu. —Nós sabemos o que você quis dizer.

Shara não liberou sua mão. Ela deu um passo mais perto e disse em voz baixa, —
Laith não é como os outros homens. Isso diz muito de você por chamar sua
atenção.

—Não é?

—Certamente. — Shara deixou cair a mão ao seu lado e levantou a outra que
continha vários sacos. —Eu amo fazer compras. Vamos ver se eu peguei qualquer
coisa que você possa gostar.

—Eu duvido que vá se encaixar, — Iona disse quando ela virou e se dirigiu para a
casa.

Shara estava ao lado dela quando ela disse: —Vamos ver.

Iona foi a primeira a entrar. Ela tirou os sapatos e disse: —Sintam-se em casa. Eu
vou tomar um banho rápido.
—Tome seu tempo, — Jane falou antes de correr para a mesa lateral.

Iona não tinha certeza de que sentia quando entrou no chuveiro. Ela não estava
acostumada a estar em torno de mulheres. Suas atribuições geralmente tinham
homens protegendo-a ou guiando-a onde quer que precisasse ir. O fato de ela não
ter amigos deixou-a ansiosa para que ela não fizesse ou dissesse algo errado.

No momento em que terminou de tomar banho, se arrependeu de dizer qualquer


coisa a Sammy sobre compras. Iona deveria ter feito isso sozinha, então ela seria a
única destinatária de sua constrangedora falta de senso de moda.

Iona passou os dedos pelo cabelo molhado e colocou seu robe. Quando saiu do
banheiro, as três mulheres estavam em seu quarto.

—Aí está você, — disse Sammy. Ela puxou Iona para o quarto para que pudesse
ver todas as roupas que foram colocadas na cama ou penduradas em vários lugares
em seu quarto. —Nós não tínhamos certeza do que você estava procurando, por
isso temos um pouco de tudo.

—Shara tem um pouco de tudo, — Jane corrigiu.

Sammy deu uma cotovelada na irmã de brincadeira, em seguida, virou-se para Iona.
—Shara é incrível e tem um verdadeiro dom para escolher a roupa perfeita para as
pessoas.

—Eu não sou como a maioria das mulheres, — disse Iona.


Shara estava colocando um colar num vestido. Ela deu de ombros indiferentes. —
Suponho que isso significa que você é perfeita para Laith já que ele não é como a
maioria dos homens.

—Bom ponto, — disse Jane. Ela esfregou as mãos. —Estou morrendo de vontade
de vê-la começar a colocar estas coisas, Iona.

Sammy enxotou Jane para fora e acenou para Shara a seguir. —Estaremos
esperando. Lembre-se, o que você não gostar ou não se encaixar pode ser
facilmente devolvido.

Quando a porta se fechou atrás de Sammy, Iona lentamente enfrentou seu quarto
e olhou com os olhos arregalados para as roupas. Havia realmente algo para cada
ocasião. Havia um par de conjuntos de calça jeans e camisas, três vestidos casuais,
dois vestidos estilosos, um vestido de noite preto e até mesmo alguns conjuntos
de calças e jaquetas.

Elas não tinham apenas parado nas roupas. Havia sapatos e jóias para combinar
com cada conjunto. Iona não tinha idéia de como as três fizeram isso, ou mesmo
por que, mas ela estava sobrecarregada com tudo o que fizeram por ela.

Ela tirou o robe e procurou por um par de calcinha e sutiã antes de pegar o
primeiro conjunto de roupas. Era uma camisa azul marinho com lantejoulas
espalhadas por todo ele. A camisa era leve e encaixava bem nela. Iona, em seguida,
colocou um par de calças marinho, surpresa ao descobrir que elas se encaixavam
bem.
Iona virou de um lado depois do outro no espelho, gostando do que viu. Ela
verificou os sapatos e simplesmente riu quando ela descobriu que eles eram seu
tamanho. Uma vez que os saltos altos foram colocados, ela colocou um longo colar
de ouro e brincos de ouro antes de sair de seu quarto.

—Eu sabia que serviria, —Shara disse com um sorriso brilhante quando viu Iona.

Os olhos de Jane se arregalaram. —Uau.

—Você está maravilhosa, — disse Sammy de seu lugar ao lado de Shara no sofá.
—O que você acha?

Iona olhou para si mesma. —Eu gosto das roupas. Gosto da maneira como elas
me fazem sentir. Eu gosto de como elas se sentem sobre mim. — Ela olhou de
volta para as três mulheres olhando para ela. —Eu quero isso.

Jane colocou o cabelo castanho atrás da orelha, seus olhos cor de âmbar brilhavam
com alegria. —Tem mais. Eu estou morrendo para ver o que você vai escolher na
próxima.

Iona refez seus passos enquanto voltava para seu quarto. Toda a ansiedade que ela
tinha se foi. Olhou para as roupas e para suas florescentes amizades com novos
olhos.
Laith teve um tempo difícil para prestar atenção aos seus clientes. Não queria estar
no pub. Ele queria estar em Dreagan esperando para ver o que Rhys iria decidir,
mas também estava esperando que Iona viesse visitar. Ele tentou distrair-se, mas
cada vez que a porta do bar abriu, esperava que fosse Iona ou alguém de Dreagan
com a notícia.

No jantar uma multidão abarrotava o The Fox & The Hound e ele encontrou sua
paciência acabando. Laith caminhou até seu escritório para uma pausa e afundou
em sua cadeira com um suspiro. Ele baixou a cabeça em suas mãos e se perguntou
se os reis perderam alguma coisa quanto ao combate com os Fae Escuros
recentemente.

Con tinha certeza que Ulrik conseguiu alinhar os Escuros e os humanos para irem
contra eles. Fazia sentido, especialmente desde que o MI5 enviou Denae na
caverna de Kellan na esperança de que ele iria atacá-la e que teriam imagens dele.
Kellan não atacou Denae, mas isso não tinha parado o MI5 de fazer todo o possível
para entrar em Dreagan.

Depois, houve os Fae Escuros. Eles correram mais riscos nos últimos meses do
que tinham em milhares de anos. Qual era sua pressa, de repente? Por que eles se
rebaixaram a trabalhar com os seres humanos, que eles consideravam nada mais
do que entretenimento e comida?

Se Ulrik estava fazendo tudo isso, por que os Reis não viram qualquer coisa, desde
que havia dezenas de câmeras instaladas ao redor do Silver Dragon em Perth, onde
Ulrik vivia e trabalhava?

Muitas das vezes que os reis foram atacados, Ulrik tinha estado dentro de sua loja
de antiguidades. Pelo menos as câmeras não pegaram ele saindo. Nenhum Fae
Escuro foi visto na loja, nem foram detectados pelos Reis qualquer visitantes
parecidos com quaisquer dos mercenários que foram surpreendidos do outro lado.

No entanto, se Ulrik tinha o suficiente de sua magia de volta para ferir Rhys, ele
poderia facilmente esconder-se o tempo suficiente para escapar das câmeras
observando-o.

Se Ulrik agora tinha magia, só ia ser uma questão de tempo antes que ele
conseguisse tudo de volta. Então tudo iria se tornar um inferno, porque Ulrik iria
liberar seus Silvers que foram mantidos enjaulados dentro da montanha. Com os
Silvers soltos, eles iriam fazer chover morte e destruição sobre os seres humanos.

—Estou interrompendo? — Veio uma voz sensual.

Laith levantou a cabeça e viu Shara encostada na porta. —Não mesmo.

—Tem alguém a caminho para vê-lo. Eu pensei que você poderia querer estar lá
fora esperando por ela.
Ele tentou manter-se sob controle, mas foi inútil. Ele não podia conter a excitação
ou antecipação. O prazer. —Iona está vindo?

—Está.

Laith levantou-se de sua cadeira em um flash. Ele passou por Shara, mas diminuiu
antes que ele entrasse na frente do pub. Seu olhar esquadrinhou os ocupantes, mas
não viu a cabeça de cabelos dourados de Iona.

Então a porta se abriu e seu olhar pegou uma visão de beleza que estaria carimbado
em sua mente para a eternidade.
Laith fixou em Iona quando ela fez uma pausa na entrada do pub enquanto olhava
em volta. Assim que o viu, seus lábios incríveis transformaram-se num sorriso que
era tão sexy quanto cálido.

Ele ficou surpreso ao vê-la usando algo além de suas camisetas de cores sólidas e
calças de caminhada. Mas ele certamente aprovou o que viu. A camisa de cor creme
fluía ao redor dela graciosamente e tinha um decote que deixava a vista a elevação
de seus seios e as mangas que estavam dobradas até os cotovelos eram inteiramente
de rendas.

Seu olhar viajou para baixo para as calças cáqui que abraçavam suas pernas e as fez
parecer ainda mais longas com os saltos creme. Laith deixou seus olhos viajarem
sem pressa de voltar até seu rosto, onde ele viu grandes aros de ouro pendurados
em suas orelhas.

Ele gostava que ela pudesse parecer feminina em botas e jeans, bem como toda
enfeitada com saltos e jóias. Sem dúvida, ela seria tão impressionante sem roupas.
Como desejava saber.

Laith foi em sua direção, ignorando o seu nome sendo chamado a partir do bar.
Após o dia que teve, ele queria algo que poderia fazê-lo esquecer de seus
problemas. Isso era Iona.
—Oi, — ela disse, nervosa, quando ele a alcançou.

Ele não podia deixar de sorrir. —Oi.

—Eu li a carta. Se você não estiver ocupado, estava esperando que pudéssemos
conversar.

Laith lembrou apenas vagamente que eles estavam no pub e não a sós. —Não aqui
embora. Dê-me um segundo.

Ele deixou-a ali enquanto ele dizia à sua equipe para lidar com as coisas até que
Sammy chegasse, em algumas horas. Então Laith pegou as chaves e correu de volta
para Iona.

—Você está maravilhosa, —disse enquanto colocava a mão na parte inferior de


suas costas e guiou-a para fora da porta.

Pela forma como sorriu, seu elogio foi apenas o que ela precisava. —Obrigada. Eu
não posso levar todo o crédito. Eu precisava reabastecer meu guarda-roupa, mas
não fazia compras em anos. Aconteceu de eu pedir a Sammy e as coisas foram
resolvidas.

Agora ele entendeu como Shara sabia que Iona estava a caminho. Laith estava
curioso para ouvir o que Shara pensou de Iona e se conhecia Sammy, Jane também
esteve lá. Que era outra pessoa que teria de falar também.

—Elas podem ter ajudado, mas elas não são aquelas vestindo as roupas.
Seus olhos escuros deslizaram para ele. —Eu não me lembro da última vez que
me senti tão bem em roupas.

E ele queria tirá-la delas. Laith andou até passar do Range Rover verde de seu pai
para o seu Audi R8. —Qualquer lugar especial que você quer ir?

—Você escolhe.

Laith abriu a porta e esperou que ela entrasse antes de fechar e dar a volta para o
lado do motorista. Uma vez que estava ao volante, ele sorriu e ligou o motor.

O Audi ronronou quando ele ligou. Laith deu ré no carro e saiu do estacionamento
para a estrada enquanto Iona recostou a cabeça no assento e olhou para fora da
janela para a escuridão além.

—A carta foi curta, — disse ela em meio ao silêncio.

—Será que isso ajudou?

Ela bufou suavemente. —Em alguns aspectos, mas não em tudo.

—Eu pensei que talvez você tivesse entendido tudo que você precisava saber
desde que eu não a vi.

Sua cabeça virou para ele. —É uma responsabilidade muito grande. Toda vez que
acho que estou lidando com as coisas, lembro que meu pai foi assassinado. Então
começo a pensar que eu estou vendo coisas.

—Vendo coisas? — Alarmes dispararam em sua cabeça com suas palavras.


—Oh, não é nada, — disse ela com um aceno de sua mão. —Eu penso que
coloquei algo num lugar quando encontro-o em outro. Estou tentando ver todos
os detalhes das coisas e sei que há uma possibilidade de que eu poderia estar em
perigo, então minha mente prega peças em mim.

Laith não tinha tanta certeza disso, mas não diria nada até que tivesse certeza. Ele
não a queria mais assustada do que já estava. Ele iria fazer algumas investigações
em primeiro lugar. Ela já passou por coisas suficientes como estava.

Além disso, Dreagan falhou com John. Ele não iria permitir que isso acontecesse
com Iona.

Ele diminuiu a velocidade do carro e virou em um caminho que levava a um lugar


isolado para dar-lhes privacidade. Laith suspeitava que Iona tivesse perguntas e ele
não estava tão certo de que poderia deixar de responder mais. Eles dirigiram por
mais alguns minutos antes dele chegar ao portão e desligar o carro.

—Onde estamos?

—A oeste de sua casa. É abandonado, mas eu sempre achei um lugar tranquilo


para ir.

Ela lhe deu um olhar divertido. —Você tem sessenta mil acres. Por que você
precisa disso?

—Todo mundo precisa de um lugar. Quer vê-lo?


Seu sorriso era largo quando ela abriu a porta e saiu. Laith seguiu o exemplo e
fechou a porta. Eles estacionaram em direção ao topo da colina e isto lhes oferecia
uma vista espetacular de Dreagan.

—Venha, — disse ele e estendeu a mão.

Iona a pegou e ele a levou até o topo da colina onde podiam ver as luzes das poucas
casas espalhadas diante deles.

—Eu gostaria de ter a minha câmera, — ela sussurrou.

Laith ficou satisfeito. —Eu sabia que você ia gostar disso, mas esta não é a única
razão pela qual te trouxe.

—Nós poderíamos ter retornado para minha casa, — disse ela e olhou para ele
com o canto do olho.

Ele olhou para a lua e engoliu um gemido. Levou alguns momentos, mas
finalmente foi capaz de dizer: —Você disse que queria falar e estou fornecendo
um lugar que você pode fazer isso.

Sua testa franziu em uma carranca. —Então eu não poderia falar em Dreagan? Ou
na minha casa?

—Há outros em Dreagan e sabia que queria privacidade. — Assim como ele, para
essa matéria.

—E a minha casa?
Laith inalou profundamente. —Eu tenho certeza que ela é perfeita.

Ela sustentou o olhar por longos minutos e depois desviou o olhar quando
balançou a cabeça. —A carta do meu pai era vaga sobre o que eu deveria fazer.
Ele me disse que tenho um segredo para proteger.

—Mas ele não lhe disse que segredo?

—Não, — ela disse com frustração enchendo suas palavras. Ela virou-se para
encará-lo totalmente. —Ele disse que não podia, que esperava que ele fosse me
ver para me dizer pessoalmente. Disse que não era seguro colocá-lo no papel. Ele
também disse que eu podia confiar nas pessoas de Dreagan. Então vou sair da
minha zona de conforto e confiar em você. — Ela lambeu os lábios. —Laith, o
que o meu pai estava tentando me dizer?

Droga. Ele esperava que John pudesse ter encontrado uma maneira de dizer a
Iona, mas parecia que caiu sobre os seus ombros. Assim como orou que não
acontecesse. Laith passou a mão pelo rosto. —O que mais a carta diz?

—Ele me disse para observar o céu noturno e eu poderia ter a sorte de avistar
alguma coisa. Passei toda a noite passada olhando para o céu, mas não vi nada além
de estrelas. Por favor. Diga-me o que meu pai não pôde dizer.

Laith estava tentando encontrar o jeito certo para dizer a ela. Não poderia apenas
falar que era um dragão. Iona pensaria que ele era louco.

—Você não pode simplesmente me dizer?


—Não é tão simples.

Ela brevemente desviou o olhar. —É ilegal?

—Não, mas você vai ter dificuldade para acreditar.

—Eu vi um monte de coisas. Eu posso lidar com tudo o que vier.

Ele não tinha tanta certeza disso. Onde começar embora? —Eu disse que temos
inimigos. Alguns deles são não mortais.

—Não é mortal? — Ela repetiu com uma expressão profunda. —Você quer dizer
não... humano?

—Exatamente.

—Isso não é possível.

Laith esfregou a parte de trás de seu pescoço. —Você já conheceu dois que não
são humanos.

—Eu acho que saberia se alguém não era humano, — Iona disse com uma risada.
—Quem?

—Rhi e Shara.

Ela revirou os olhos. —Isso é algum tipo de piada? Porque não é engraçado. Essas
mulheres eram humanas ou mortais, ou o que você quiser chamá-las.

—Elas são Fae de Luz para ser exato e confie em mim, não são mortais.
O rosto de Iona se afrouxou. —Será que... você acabou de dizer Fae?

—Sim.

—Você não está brincando, — ela disse quando começou a respirar pesadamente.

—Há dois tipos de Faes. De luz e Escuros. Se os Escuros não estiverem usando
glamour, eles têm cabelo preto com prata, juntamente com os olhos vermelhos.

Iona curvou-se, com a mão em seu peito. —Shara tem prata em seu cabelo.

—Sua família é uma das mais poderosas dos Escuros, mas ela deixou tudo isso
para trás para estar com Kiril, — explicou.

A cabeça de Iona girou para ele. —Por que uma Fae haveria de querer estar com
um mortal?

Laith segurou seu olhar, esperando por ela responder a própria pergunta. Ele sabia
que o momento em que percebeu porque Iona empalideceu e baixou a cabeça para
que seu cabelo cobrisse o rosto.

—Eu vou vomitar, — ela sussurrou.

Laith se moveu de modo que ele estivesse ao lado dela e gentilmente esfregou suas
costas. Ele esperou que ela fosse empurrá-lo e ficou aliviado quando não o fez. —
Respire Iona. Vai ficar tudo bem.

—Meu pai sabia?


—Ele sabia sobre nós, mas não sobre os Faes.

Ela respirou fundo várias vezes antes dela se endireitar lentamente. Seu rosto
estava pálido sob a luz da lua quando ela olhou para ele e perguntou: —Quem é
você?

—Seu pai lhe disse para olhar para o céu, porque é quando você vai nos ver na
nossa verdadeira forma.

—Você não pode parar por aí.

—É um segredo que mantivemos durante milhares de milênios e não é fácil de


dizer. — Laith olhou em seus olhos escuros e descobriu que ele estava com medo
de dizer a ela.

Se ela reagiu tão duramente quando soube que existe Faes, o que ela faria quando
o visse na forma de dragão? Laith descobriu que ele não queria saber.

—Laith, por favor. Se vou continuar com o que os outros Campbells têm feito,
preciso saber. Você diz que meu pai sabia e, obviamente, isso é algo importante se
ele não poderia colocá-lo no papel. Sinto muito por, ela fez um movimento com a
mão, um momento atrás. Eu nunca considerei que havia outros seres aqui com a
gente.

—Este reino era originalmente o nosso, — disse Laith. —Nós governamos por
milhares de anos antes dos primeiros seres humanos chegarem. Fomos então
ordenados para proteger os seres humanos.
—Ordenados? — Perguntou Iona, interrompendo-o. —Ordenados por quem?

Laith levantou um ombro. —Nosso criador, é claro. Ele criou você também.

—O que você é?

Ele respirou fundo, esperando, rezando para que ela não fugisse gritando. Não era
apenas porque era uma Campbell e necessária para proteger a entrada. Foi porque
isto iria matá-lo se seus belos olhos de repente, olhassem para ele com nojo. —
Seu pai deveria ter lhe contado isso. Os Campbells sempre forneceram todas as
informações. Eu não sei o que eles diziam ou como era feito.

—Acho que é melhor manter as coisas simples, — Iona disse suavemente, uma
nota de apreensão em sua voz.

—Somos dragões. De onde você acha que os mitos vieram?

Ela colocou a mão na testa e arrastou uma respiração instável. —Dragões? Você
é um dragão? Oh meu Deus.

—Um Rei Dragão, na verdade.

—Merda. Dragões, — ela murmurou novamente.

Laith tinha que conseguir que ela passasse por isso e a única maneira que sabia era
explicar mais. —Havia dezenas de facções de dragões.

Seu olhar focou nele quando ela deixou cair sua mão. —Facções?
—É como nós sempre chamamos. Cada conjunto foi dividido por cor e tamanho.
O dragão mais forte de cada facção, aquele com mais magia foi escolhido como
Rei. Nós éramos os únicos capazes de mudar de dragão para ser humano e de volta
novamente para manter a paz entre nossa espécie e os seres humanos. Nós fizemos
um juramento para proteger os seres humanos.

Ela engoliu em seco. —Desde que eu nunca vi um dragão, estou apostando que
algo deu errado?

—Houve alguns Reis que optaram por tomar fêmeas humanas como amantes.
Ulrik, Rei dos Prateados, era um desses. Descobrimos que sua mulher planejava
traí-lo, levando-o para uma armadilha para começar uma guerra.

—Por que ela faria isso? — Iona perguntou em confusão e choque.

Laith cuidadosamente passou o olhar sobre a terra. —Havia alguns seres humanos
que estavam com ciúmes do poder que tínhamos então eles queriam se livrar de
nós. Os seres humanos não sabiam que os Reis não poderiam ser mortos tão
facilmente.

—O que Ulrik fez?

—Ele e Con eram tão próximos como irmãos. Foi Con que o mandou em uma
missão e quando Ulrik foi embora, cada Rei Dragão desceu sobre a fêmea. Cada
um de nós afundou nossas espadas dentro dela. Estávamos protegendo Ulrik e a
nós mesmos, mas naquele dia nós quebramos um voto que teve consequências
desastrosas para cada um de nós.
Iona procurou em sua mente as palavras certas. O que dizer a um rei dragão? Um
dragão. Sua mente ainda estava surpresa com o conhecimento que Laith não era
humano. Para não mencionar que, aparentemente, existiam Faes também.

Até que visse um dragão por si mesma, ela não tinha certeza se podia acreditar em
Laith. Sua mente, não, seu mundo, estava enraizado em fatos e provas. Tinha que
ter prova de um dragão e de um Fae antes que pudesse tão alegremente aceitá-los.
Além disso, não havia nenhuma maneira de que esses seres pudessem existir no
mundo e outros não saberem.

Mas outros sabiam. Seu pai foi um dos poucos. Não admira que não tivesse
colocado no papel. Teria pensado que ele perdeu a cabeça. Claro, ela estava em
dúvida sobre sua própria cabeça no momento.

Ela esfregou as mãos ao longo de seus braços e olhou para Laith. —Você quebrou
sua promessa de ajudar um dos seus.

—Ulrik não precisa de ajuda. Nenhum de nós precisa. Temos magia, Iona, os
humanos não.

—Então você está dizendo que a única magia na Terra é a sua?

Ele começou a falar, depois parou. —Não. Há outra magia.


—Como os Faes? — Ela perguntou.

Laith deu um pequeno aceno de cabeça. —Os Faes não encontraram este reino
naquela época. A outra magia vinha dos Druidas.

Será que as surpresas nunca acabariam de vir? Iona esperou que ele fosse rir e
dizer-lhe que era uma piada, mas não o fez. —Você está me dizendo que há druidas
também? Druidas de verdade?

—Druidas são reais. Não acredite sempre em tudo que lê, especialmente histórias
escritas pelos conquistadores de uma nação, — ele advertiu.

—Druidas, Faes, e Reis Dragões. Existe qualquer outro tipo de... ser ao redor?

Seu olhar sustentou o dela por muito tempo, mas com a escuridão Iona não
poderia reconhecer suas emoções. —Existem os guerreiros.

—Há guerreiros em todos os lugares.

—Não. Guerreiros.

Ela esfregou a testa com o seu cérebro obstruído com todas as informações. —
Esqueça os Guerreiros ou guerreiros ou qualquer outra coisa neste momento.
Vamos voltar à história. Então, se havia outra magia, isso era o suficiente para
machucar um de vocês?

—Não, mas nós não queríamos uma guerra e ela estava determinada a iniciar uma.
Foi por isso que acabamos com a fêmea.
—Qual era o seu plano? — Ela perguntou.

Laith esfregou os olhos com o polegar e o indicador. —Nós não sabíamos no


momento, mas os seres humanos tinham começado a caçar e matar dragões. Eles
iriam tentar matar Ulrik. Foi Con que nos chamou para a ação.

—Con? Quem é ele para você exatamente, exceto o CEO19 das Indústrias
Dreagan?

—Ele é o Rei dos Reis. A maioria de nós não queria essa posição. Nós estávamos
satisfeitos em governar nossos próprios dragões, mas Con não era como nós. Ele
queria ser o Rei dos Reis.

De alguma forma Iona não ficou surpresa ao ouvir acerca de Con. Ela poderia não
o conhecer pessoalmente, mas era preciso um certo tipo de homem para coordenar
uma empresa como a Dreagan. —O que é preciso para ser o Rei dos Reis?

—Você tem que lutar com qualquer um que te desafie a morte. Você também tem
que ser extremamente poderoso. Havia apenas quatro pessoas que governaram
como Rei dos Reis antes de Con e cada um deles era ou dos Dourados, que eram
os dragões de Con, ou dos Prateados.

—Que são os de Ulrik— Iona disse enquanto a compreensão baixou. —Será que
Ulrik desafiou Con?

19CEO é a sigla inglesa de Chief Executive Officer, que significa Diretor Executivo em Português. CEO é a pessoa com
maior autoridade na hierarquia operacional de uma organização. É o responsável pelas estratégias e pela visão da
empresa. Não são todas as empresas que possuem uma pessoa no cargo de CEO.
—Não. Ulrik estava feliz governando seus Prateados. Ele era o único que igualava
a Con em força e magia. Eu suspeito que tenha algo a ver com eles serem tão
próximos, mas Ulrik era muito diferente naquela época.

Iona ouviu o tom pensativo na voz de Laith e tentou imaginar como o mundo
teria sido com dragões. Parecia tão estranho para ela como extraterrestres e
druidas. —Então Con se tornou Rei dos Reis e foi decisão dele de levar a amante
de Ulrik à justiça.

—Nós não poderíamos, nós deveríamos ter tratado as coisas de forma diferente,
mas nenhum outro humano jamais havia tentado trair um de nós.

—Não foi apenas qualquer ser humano. Esta era amante de Ulrik, a mulher que
ele reivindicou como sua.

Um dos lados da boca de Laith levantou em um sorriso irônico. —Você está nos
defendendo, moça?

—Parece que sim, — Iona disse com uma risada suave. —Traição é traição, não
importa se você é humano ou dragão. Ulrik tomou a mulher como sua, protegeu-
a, vestiu-a, e alimentou-a.

Laith deu um aceno sombrio. —Esse foi o argumento de Con também. Não pensei
sobre as ações que precisavam ser tomadas, mas lamento como nós fizemos isso.
Primeiro, Ulrik não estava lá.

—Por que Con não queria que ele estivesse lá?


—Con alega que foi porque estava tentando proteger seu amigo.

—Isso não estava certo.

Laith soltou um suspiro profundo. —Sim. Foi uma ação praticada por cada Rei
Dragão salvo um. Foi uma demonstração de força para os seres humanos que
vamos viver em harmonia, mas se tentassem nos prejudicar, nós iriamos tomar
medidas.

—O que aconteceu quando Ulrik descobriu o que todos vocês fizeram?

—Ele estava furioso com a gente, mas rapidamente transferiu para os seres
humanos que suportaram o peso da sua ira. Os seres humanos queriam governar
tudo e eles realmente acreditavam que poderiam se livrar de nós. Ulrik e seus
Prateados dizimaram os seres humanos, um fim rápido com uma extensão que
chocou todos nós, mas ainda os seres humanos procuravam matar cada dragão
que podiam. E mataram tantos.

Iona engoliu em seco com a tristeza na voz de Laith. —Como é que vocês pararam
o Ulrik?

—Com dificuldade. Inicialmente Con tentou falar com ele, mas Ulrik não queria
ouvir. Em seguida, tentamos um ataque surpresa, só para subjugar Ulrik. O
resultado foi uma enorme divisão em todos os dragões e os Reis. Metade do lado
de Ulrik, e a outra metade com Con.
—De que lado você estava? — Iona perguntou em voz baixa, extasiada com a
história.

—Do Ulrik, por um tempo. Nós batalhamos com os seres humanos e nossa
própria gente, mas parecia errado. Con veio a cada um de nós individualmente e
nos convenceu a retornar a ele um de cada vez. Enquanto Ulrik estava lembrando
os seres humanos como nós tínhamos estado sozinhos neste domínio há mais de
um milênio, Con estava protegendo-os. Protegendo os seres humanos que
mataram dragões.

Iona colocou os braços em torno de si e olhou para o chão. Ela não podia se
imaginar protegendo alguém que assassinou sua família. Ele estava errado em
todos os sentidos. Não admira que Laith se alinhasse com Ulrik em primeiro lugar.

—Mesmo quando Ulrik foi a última batalha contra os seres humanos, ele e seus
Prateados não conseguiam ser razoáveis. Nós fomos acusados de promover a paz
e ainda assim não poder gerenciá-lo. A fim de tentar encontrar alguma harmonia,
os assassinatos teriam que parar. Os seres humanos, no entanto, tornaram-se mais
agressivos em sua matança. Medidas drásticas tiveram que ser tomadas.

Ela ergueu o olhar para encontrar Laith olhando para ela. Metade de seu rosto era
visível pelo luar e o remorso e arrependimento que se alinhavam em suas feições
fizeram acelerar seu coração. —O que você fez?

—Os seres humanos estavam encontrando nossos dragões não importa onde eles
se escondessem. Não importa quão pequeno ou grande o dragão fosse, os
humanos saíram para livrarem-se de cada um que restasse. Começamos a usar a
magia para escondê-los, mas os dragões odiavam ficar confinados. Fomos protegê-
los, mas eles sentiram que era uma prisão. Nós não podíamos mantê-los trancados
e nós não poderíamos lhes permitir voar livremente, por isso não tivemos escolha,
senão enviá-los para outro reino.

—E Ulrik?

Laith sorriu, mas não havia humor na ação. —Nós cercamos os Prateados. Muitos
deles nós fomos capazes de enviar com nossos dragões, mas três dos maiores se
recusaram a sair do lado de Ulrik. Nós não poderíamos matá-los ou deixar que os
seres humanos o fizessem. Por essa altura já estávamos utilizando Dreagan como
nossa casa. Nós trouxemos os Prateados de volta com a gente e usamos nossa
magia para fazê-los dormir, enjaulados dentro de uma montanha.

—Há dragões aqui? — Perguntou ela em estado de choque com um pouco de


medo misturado.

Laith recostou-se contra uma árvore e levantou os olhos para o céu. —Eles estão
lá há milhões de anos. Você não tem que temê-los. Nós não podemos deixá-los
acordar, porque se acordarem, eles vão voltar para matar os seres humanos.

—Você ainda não me disse o que aconteceu com Ulrik.

—Porque odeio mesmo pensar sobre isso, mas parece que é tudo o que tenho
feito ultimamente. — Laith exalou alto. —Sem seus Prateados, Ulrik estava como
um louco. Ele sentiu que o traímos por matar sua mulher sem ele presente, nos
voltando contra ele na guerra e depois tirando os seus dragões. Ele não estava
errado. Nós o traímos.

—Como pode ser uma traição se vocês estavam tentando salvar o mundo e ele
não quis ouvir?

Laith olhou para ela antes de voltar o olhar para o céu. —Nós poderíamos ter feito
as coisas de forma diferente. Talvez se tivéssemos, os nossos dragões ainda
estariam aqui. Independentemente disso, nós tivemos que parar Ulrik. Desde que
ele não interrompeu sua matança dos seres humanos, nós Reis mais uma vez nos
reunimos e o banimos de Dreagan.

—Por que tenho a sensação de que ele não estava apenas proibido de retornar a
Dreagan?

—Porque foi muito, muito mais do que isso. Nós tiramos sua magia, Iona. Ele não
pode mudar em sua forma de dragão, sua verdadeira forma. Ele teve que
permanecer como um ser humano por eras incalculáveis. Não pode se comunicar
com qualquer um de nós e nós não falamos com ele.

—Isso é... extremo. Ele é um dos seus inimigos?

Laith afastou-se da árvore e olhou para ela. —Acreditamos que sim, mas ainda
temos de encontrar a prova. Ulrik não tem nenhuma magia e ainda não há como
negar que a magia dragão tem sido usada.

—Talvez um dos outros Reis usou-a.


—Não. Vivemos como um todo com muitos dos Reis dormindo por longos
séculos. Nós temos tudo contabilizado.

Ela deu um pequeno aceno com a cabeça enquanto encolhia os ombros. —Talvez
haja outro Rei Dragão perambulando por aí.

—Eu desejaria. Isto faria as coisas simples, mas isso não é possível. Cada rei é
inexplicavelmente atraído para Dreagan. Existem apenas uns tantos reis e
conhecemos todos eles.

—Alguém poderia ter morrido e alguém assumiu.

—Isto não é tão fácil, — disse e caminhou lentamente ao redor dela. —Só um
dragão pode ser um Rei Dragão. Uma vez que todos os dragões se foram, o que
torna impossível. Depois, há o fato de que não podemos ser mortos por qualquer
um ou qualquer coisa que não seja outro Rei Dragão. Quando algo assim acontece,
cada rei sabe disso.

Iona piscou, sua mente ainda girando com tudo. —Isso ainda nos leva de volta
para o meu pai e seu assassinato, não é?

—Sim. Nossos inimigos querem entrar em Dreagan. Nossa magia impede que isso
aconteça, exceto em um local.

—Minha terra, — ela adivinhou.

Laith deu um único aceno.


—O que há de tão especial sobre as terras Campbell? — Perguntou ela, sem saber
se realmente queria saber.

—Porque foi aí que a mulher de Ulrik foi morta.

Ela piscou e mudou seu peso para o outro pé. —E?

—Você guarda uma porta para a terra Dreagan, Iona. Qualquer um pode passar
para nossa terra e nunca saberíamos que alguém estaria lá.
As palavras de Laith assombravam Iona mesmo durante o sono. Sonhos de um
dragão atrás dela acordaram-na várias vezes durante a noite. Em um ponto em seu
sonho, o dia desapareceu em uma noite tão negra que nem mesmo a lua poderia
penetrar na escuridão. Um dragão prateado abriu a boca e emitiu um rugido
quando ele mergulhou do céu em direção a ela.

Pouco antes que ela estivesse presa entre sua mandíbula, um dragão com as
escamas da cor de ônix mergulhou dentro e jogou o prateado longe.

Este foi o último sonho de Iona. Depois disso, ela não se preocupou em tentar
dormir novamente. Ela se levantou e mudou para que ela pudesse andar fora do
imóvel.

Se a mulher que traiu Ulrik foi morta na sua terra, então tinha que haver algum
tipo de marcador para indicar o espaço. Pelo menos ela assumiu que havia. De que
outra forma os inimigos de Dreagan saberiam para onde ir?

Antes que ela saísse da casa, ela enviou um sms para Laith pedindo-lhe para
encontrá-la mais tarde. Sua mente ainda estava cheia de todas as informações que
Laith deu. Ela queria negar que havia dragões, mas por que então iria o pai pedir-
lhe para olhar para o céu? Se ela tivesse sido corajosa o suficiente para pedir a Laith
para vê-lo em sua verdadeira forma na noite anterior. Iona não tinha deixado as
palavras saírem de seus lábios, porque tinha medo que ele teria feito exatamente
isso.

Uma vez que o visse, não haveria como negar a verdade. O fato de que ela sabia
que isso significava que, no fundo de sua mente, ela já havia aceitado suas palavras
como fato. Se não tivesse sido pela carta de seu pai, Iona não tinha tanta certeza
de que teria levado Laith a sério. A carta, combinando com o assassinato de seu
pai e os homens que a perseguiam colocava tudo em perspectiva.

Iona embalou alguma comida e seu celular em sua bolsa junto com o estojo da
câmera e deixou a casa, certificando-se de trancá-la atrás dela. Ela enfrentou a
floresta e deixou seus olhos percorrem as árvores. Mais homens poderiam estar lá
fora, mas se alguém a queria morta, nenhuma quantidade de esconderijo iria mudar
esse fato.

Seria tão fácil permanecer na casa e fingir que estava a salvo, mas este não era o
seu jeito. Iona gostava de enfrentar todos os obstáculos em seu caminho. Esconder
não era uma opção. Esta era a sua terra e ela não teria medo de caminhar por ela.
Nem ela iria descansar até que o assassino de seu pai fosse encontrado e punido.

Iona colocou a mão sobre o estojo da câmera. Enfiadas ordenadamente dentro do


forro estavam duas facas que comprou quando esteve em Hong Kong, três anos
antes. Ela esperava habitualmente ser revistada onde quer que fosse, mas ninguém
prestou atenção a seu estojo da câmera, uma vez que olhavam para dentro. Era o
lugar mais seguro para as facas, mesmo se ela preferia tê-las em suas coisas
pessoais.
Ela deu um passo para fora da varanda com a cabeça erguida. Esperava que Laith
chegasse em breve. A noite anterior não foi, nem de perto, como ela esperava.
Principalmente porque queria mais beijos com Laith.

Ela teve uma lição de história em vez disso e embora estivesse feliz porque
conhecia o segredo agora, isso pesava sobre seus ombros. Não admira que seu pai
nunca deixasse a terra. Foi uma grande honra e um peso que os Campbells
assumiram para os Reis Dragões.

O relato afetou bastante Laith. Depois que ele terminou, estava sombrio e abatido
quando a levou de volta para o pub com a promessa de que Dreagan iria manter
um olho nela. Quando ela o deixou e caminhou até seu carro, ela viu Warrick do
lado de fora do pub. Laith não estava brincando. Dreagan estava cuidando dela.
Talvez fosse por isso que não tinha medo quando voltou para a casa.

Iona inspirou profundamente, enquanto caminhava pela sua terra. Não podia
deixar de tentar colocar-se no lugar dos seres humanos que viveram antes, os que
conviviam ao lado dos dragões.

Ela podia entender que sua espécie tivesse medo de uma algo que mudava de
forma e tinha magia, mas tinha a impressão de que alguns dos seres humanos eram
druidas que usavam sua própria magia.

Claro, ela estava recebendo uma história unilateral. Era muito ruim que não
houvesse um registro da perspectiva de um ser humano para que ela pudesse
comparar as histórias.
Laith afirmou que os Reis Dragões eram protetores, forças de paz entre ambas as
espécies, mas quão parcial poderiam ser desde que eram dragões em primeiro
lugar? Ela tentou encontrar uma razão para desconfiar de Laith e os outros de
Dreagan, mas ela continuava voltando à forma como eles enviaram seus dragões
para longe.

O que Laith não mencionou era como os reis estiveram ausentes. Ela imaginou-
os juntos no final da noite enquanto pensava sobre a sua história. De que outra
forma eles iriam permanecer em segredo se a lenda de dragões nascesse?

Ele disse que muitos reis dormiram por longos séculos. Com sua mágica, eles
poderiam facilmente ficar escondidos dentro das montanhas à espera de um
momento em que os seres humanos esquecessem os Reis Dragões. Então seria
apenas uma questão de evitar que seu segredo fosse exposto.

Iona levantou os olhos do caminho e percebeu que tinha voltado para a cachoeira.
Ela franziu o cenho ao recordar quão estranho Laith agiu quando esteve aqui.
Encontrou o local que eles se beijaram e trocou posições de modo que ela ficou
onde Laith esteve. Ele ficou olhando para a cachoeira, mas tudo o que viu foi água
e pedras.

Então seu olhar viajou para cima.

—Claro, — ela disse enquanto olhava para o topo da cachoeira.

Iona optou por não escalar as rochas até o topo e em vez disso encontrou uma
maneira de contornar e subir até o topo da montanha. A caminhada foi íngreme e
cheia de pedras de todos os tamanhos, mas marchou para frente até que finalmente
chegou ao topo.

Ela se endireitou e pegou a beleza enquanto engasgou com o ar. A cena diante dela
era simplesmente inspiradora. Tudo o que queria fazer era retirar sua câmera e
capturar o espetáculo diante dela. Mas Iona hesitou. Haveria tempo para fotos. Ela
veio até aqui por outro motivo.

Iona tirou uma garrafa de água e bebeu profundamente enquanto olhava em torno
procurando algum sinal de algo. Quando não encontrou nada no início, não
desistiu. Ela andou novamente na parte superior do topo da cachoeira.

Depois de uma hora de busca, limpou o suor do rosto com as costas da mão e
olhou ansiosamente para a água abaixo. Iona esquadrinhou a área abaixo buscando
qualquer coisa que pudesse causar a sua preocupação.

Quando não viu nada, ela correu de volta para a água e deixou seu estojo da câmera
de lado enquanto se despia e mergulhou na piscina.

Laith folheou os recibos da noite anterior, estava em seu escritório tentando não
pensar sobre o fato de que Rhys decidiu permanecer em forma de dragão. Não
que ele culpasse Rhys. O pensamento de nunca ser capaz de mudar a sua
verdadeira forma novamente lhe dava náuseas.

No entanto, ele não tinha apenas seu amigo em seus pensamentos, Iona ocupava
a maior parte de sua cabeça. Laith sabia que abordou o assunto de forma errada.
Ele deveria ter pensado mais sobre como iria começar desde o início ao invés de
apenas ir cuspindo as coisas.

Laith fez anotações sobre quais suprimentos necessários para serem


encomendados novamente. Na parte dianteira Shara estava com Elena
reabastecendo o bar. Elena pediu para ajudar no pub quando ela veio pela primeira
vez para Dreagan e Laith entendeu. Ela era do mundo corporativo e precisava de
algo para fazer.

Ele não estava surpreso que Shara se juntou a Elena. Shara veio de uma família de
Faes Escuros que a manteve prisioneira em seu próprio quarto durante centenas
de anos como punição. Ela foi encontrar seu caminho novamente, com a ajuda de
Kiril.

Companheiros. Laith sacudiu a cabeça. Ele não queria uma companheira. Não
queria ter preocupação sobre uma fêmea. Ele certamente não queria a apreensão
que vinha ao descobrir uma companheira e se perguntar se ela iria aceitá-lo.

Laith passou a mão pelo cabelo e recostou-se na cadeira. Por que é que continuava
pensando em companheiras e Iona na mesma frase? Iona não era sua companheira.
Ela era bonita e atraente, mas não era sua companheira.
Mas estava dizendo isso a si mesmo, porque ele acreditava nisto realmente, ou
queria que fosse verdade?

O telefone no pub tocou, mas Laith não se incomodou em atender. Ele não estava
com vontade de falar com ninguém, e ele sabia que tanto Elena ou Shara iria
atendê-lo. O toque foi cortado no meio da segunda chamada. Um segundo depois,
um grito alarmado de Elena tinha Laith levantando e correndo para a sala principal.

Ele chegou a um impasse quando Elena desligou o telefone. Seu coração batia
enquanto orava para que não tivesse nada a ver com Iona. —O que foi isso?

O rosto de Elena estava pálido, os olhos arregalados quando olhou de Shara para
Laith. — Era Cassie. Lily não apareceu para o trabalho esta manhã e eles não
podiam conversar com ela. Então eles foram para seu apartamento. Alguém o
arrombou e eles não conseguem encontrar Lily.

Laith não conhecia Lily bem, mas sabia que todas as mulheres gostavam dela. —
O que eles querem que façamos?

Elena deu de ombros. —Cassie e Hal não puderam encontrá-la. Eles estão no
caminho para a polícia e ligaram para nos informar.

Naquele momento, houve um ligeiro zumbido em sua cabeça e então a voz de Con
disse, —Poderia não ser nada, mas eu quero que todos mantenham os seus olhos para Lily
Ross. Ela não veio trabalhar esta manhã e seu apartamento foi arrombado. Temos muitos
inimigos e todos nós sabemos que eles não se importam com quem ferem para chegar até nós.
Laith pensou em Iona e como ela era vulnerável. O fato de que John foi
assassinado, sem eles saberem, mesmo sabendo que alguém chegou tão perto foi
uma chamada para despertar todos eles.

—Eu duvido que Lily venha aqui, — Laith disse às meninas enquanto se dirigia
para a porta, —Mas ambas permaneçam apenas no caso. O resto da equipe estará
aqui em breve. Abram o pub normalmente.

—Eu posso ajudar a procurar Lily, — Shara ofereceu.

Laith deu um aceno de agradecimento. —Podemos precisar de você. Até então,


fique com Elena.

—Boa sorte!— Elena gritou enquanto ele corria para fora do pub.

Ele entrou em seu Audi e dirigiu através das estradas sinuosas para Dreagan. Os
pneus deslizaram sobre as rochas quando ele pisou no freio e desligou o motor.

Laith saiu do carro enquanto Guy e Kiril estavam caminhando rapidamente em


direção a ele. —Qualquer coisa?

—Nada, — Guy disse com uma careta.

Os lábios de Kiril achataram quando olhou para a loja de presentes. —Sammy e


Banan estão com Jane agora que está fora de si de preocupação.

—Parece que todas as mulheres aceitaram a Lily, — disse Laith.

Guy deu um aceno. —Elas aceitaram. Ela é doce e tímida.


—E traz a natureza protetora em alguns, — disse Kiril.

Laith olhou entre seus dois amigos. Havia algo na voz de Kiril que dizia que ele
sabia de alguma coisa. —Você está falando de alguém em particular. Quem?

Naquele momento, Laith viu Rhys em forma humana com raiva abrindo a porta
para a loja quando entrou. Laith estava tão chocado que por um momento só podia
olhar, perguntando se seus olhos estavam enganando ele.

—Eu sabia, — disse Kiril entre dentes e se dirigiu para a loja.

Laith não estava a ponto de perder o confronto. Ele entrou em um passo ao lado
de Guy e seguiu Kiril. Eles entraram na loja a tempo de ver a expressão
tempestuosa de Banan dirigida a Rhys enquanto Rhys olhava para Jane.

—Qual foi a última coisa que Lily disse para você? — Rhys exigiu de Jane que
estava atrás de Banan com Sammy ao lado dela.

—Gritar não fará qualquer bem, — Tristan disse quando ele saiu da parte de trás.
Ele olhou para Sammy e esperou que ela acenasse antes que ele caminhasse
lentamente para ficar ao lado de Banan. —Nós vamos encontrar Lily.

Rhys não prestou qualquer atenção em Tristan. —Jane, ela disse que alguém estava
a seguindo? Que estava com medo?

—Não, — disse Jane com um aceno de cabeça castanho avermelhado. —Ela


estava de bom humor quando saiu ontem à noite.
Rhys se afastou e passou a mão pelo rosto. Laith olhou para Kiril que levantou
uma sobrancelha como se a perguntar: —Preciso soletrar para você?

Rhys e Lily. Laith não notou qualquer coisa entre os dois, mas obviamente existia
algo ou Rhys não teria desistido de voar.

Foi Kiril que se aproximou de Rhys e colocou as mãos em seus ombros. —Nós
vamos encontrá-la. Tenho certeza que não é nada.

—Nada? — Perguntou Rhys, seus olhos azuis claro escurecido pela raiva. —Você
acharia que não era nada se a casa de Shara fosse arrombada e ela estivesse sumida?

Os pensamentos de Laith foram imediatamente para Iona. Ele sabia que estaria
perdendo a cabeça com preocupação e simplesmente a tinha beijado algumas
vezes. Os outros que estavam acasalados, Hal, Guy, Banan, Kellan, Tristan e Kiril
mataria qualquer um que ousasse ferir suas mulheres.

Kiril deixou cair os braços e deu um passo para trás. —Não. Eu estaria preparando
para matar. Vamos encontrar Lily.

—Não há necessidade, — Con disse enquanto caminhava na parte de trás. Ele


tinha um terno marrom claro com uma camisa creme e uma gravata bronze e ouro.
Ele encostou-se à porta com as mãos nos bolsos da calça, seu olhar fixado em
Rhys. —Hal e Cassie encontraram Lily com a polícia.

Os ombros de Rhys cederam. —Então ela está em segurança.


Laith esperava que Rhys fosse querer ir até Lily, mas Rhys passou por todos eles
para sair da loja e ir tranquilamente para a mansão.

—Ele nunca vai ser capaz de mudar novamente, — disse Con.

Banan virou-se e caminhou para Jane. Ele deu-lhe um rápido beijo e disse: —Um
sacrifício que eu faria por Jane.

Os acenos de Guy, Tristan, e Kiril confirmaram que os outros que estavam


acasalados sentiam o mesmo.

—Você acha que Rhys percebeu o que ele fez? — Perguntou Guy.

Kiril coçou o queixo, pensativo. —Eu não acredito que perceba. Ele reagiu com o
pensamento de Lily em perigo.

—E quando ele descobrir que estará em forma humana para todos o sempre? —
Perguntou Tristan.

Banan abraçou Jane apertadamente. —Ele vai precisar de nós mais do que nunca.

Laith saiu da loja para seu carro com um humor azedo. Ele abriu a porta e viu seu
telefone assentado no porta-copos. Em sua pressa naquela manhã, deve ter
deixado no carro em vez de trazê-lo para o pub com ele.

Ele deslizou atrás do volante e verificou o celular para chamadas e mensagens


quando viu o sms de Iona. Isso tinha sido há horas. Laith fechou a porta e ligou o
carro quando enviou a Elena um sms rápido, que não estaria de volta até mais
tarde. Em seguida, dirigiu direto para Iona.

Laith sabia que não ia estar na casa de campo, mas fez uma verificação rápida de
qualquer maneira. Depois disso, foi até a cachoeira. Laith não sabia como ele sabia
que era onde ela estaria, mas sabia.

Quanto mais se aproximava dela, mais rápido andava até que estava quase
correndo e depois numa corrida. Laith precisava vê-la, abraçá-la. Ele não tentou
tocá-la ontem à noite depois de tudo o que lhe disse, mas agora desejava que ele
tivesse.

Durante toda a noite ele desejava abraçá-la, beijá-la. Cada noite que passou sem tê-
la em seus braços era uma nova tortura que nenhuma quantidade de chuveiros
frios poderia diminuir. Até um rei tomar um ser humano como sua companheira,
ela era vulnerável e exposta a seus muitos inimigos. Como poderia Laith continuar
a deixá-la sozinha depois do que aconteceu com John?

Eu pensei que você não queria uma companheira.

Laith ignorou sua consciência. Ele não queria uma companheira, mas não era
como se um rei tivesse uma escolha, uma vez que a encontrava. Iona era sua
companheira? Ele não tinha certeza, mas entendia que tinha de saber que estava a
salvo, tinha que senti-la em seus braços.
Não importava que Iona não acreditasse no amor. Agora ele não tinha certeza de
nada, exceto a necessidade pulsando através dele. Ele precisava, não - tinha fome,
ele desejava - mais de sua boca sexy, seu gosto tentador. Seu corpo irresistível.

Laith desacelerou para uma caminhada quando a cachoeira veio à tona. Ele viu
Iona deitada em cima de uma pedra com os dedos de uma mão arrastando-se na
água. Sua pele brilhava com um matiz de ouro, beijado pelo sol, enquanto seu
cabelo úmido agarrou-se à rocha e a seus ombros em ondas despenteadas.

Todo o sangue correu para seu pênis quando viu as pontas rosadas de seus
mamilos. Ele fantasiou vê-la nua, em retirar suas roupas peça por peça, mas isto
era ainda melhor.

Ela era uma ninfa, uma feiticeira enviada para deixá-lo louco de desejo. E ela estava
fazendo um excelente trabalho. Laith não conseguia tirar os olhos de sua pele
dourada de seus seios até a cintura passando de seus quadris para os cachos loiros
escondendo seu sexo e para suas longas pernas que pareciam durar para sempre.

De repente, parou e sentou-se lentamente, sua cabeça virando quando olhou para
ele por cima do ombro. Ela não escondeu sua nudez, o que o fez ansiar por ela
ainda mais.

Ela sorriu e se levantou antes de mergulhar na água. Laith retirava suas roupas
enquanto caminhava para a piscina. O barulho da cachoeira foi abafado pelo
barulho de seu desejo. Cada instinto dentro dele exigiu que a reclamasse, que a
marcasse como sua.
Companheira, uma voz sussurrou em sua cabeça.

A cabeça de Iona saiu a superfície quando ele alcançou a beira da água. Seus olhares
se encontraram e se mantiveram. Ela percorreu a água, esperando. Laith entrou na
água e fez um mergulho raso, deslizando sob a água até que a alcançou.

Laith saiu a superfície, envolvendo um braço ao redor dela quando ele fez. —Você
não tem idéia do quanto eu quero você.

—Você não tem idéia de como sonhei com você como estamos agora, — ela
sussurrou.

Laith puxou para mais perto, os seios pressionados contra ele. Ela estava
respirando pesadamente e seus lábios estavam separados. Ele alargou a mão em
suas costas e tomou sua boca em um beijo selvagem, feroz.
O sangue de Iona correu quente, queimando suas veias enquanto Laith a beijou
sem sentido. Ela se agarrou a ele, incapaz de fazer outra coisa senão ficar com ele.
Estava cochilando quando soube com uma certeza que não podia explicar que
Laith estava próximo. Quando sentou-se e viu-o, suas pernas ficaram fracas. Ela
ainda estava tremendo quando levantou-se e mergulhou na água.

Seu tremor não havia parado lá. Na verdade, havia piorado. A água fria
percorrendo contra sua pele aquecida e ela só tardiamente percebeu que ela estava
parada pairando na água. De alguma forma Laith estava segurando-os fora da água
com uma mão ao redor dela.

Iona respirou quando ele terminou o beijo. Levou um momento para focar e, em
seguida, ela estava olhando em seus olhos lindos. O desejo refletido nas
profundezas de bronze fez sua paixão disparar.

—Eu me perguntava se você viria, — disse ela.

Seu braço apertou ao redor dela. —Como se eu pudesse ficar longe. — Ele a beijou
de novo brevemente. —Não tinha certeza depois de ontem à noite o que você
pensava.
Noite passada? Foi quando recordou a sua história e o fato de que ele era um
dragão. Foi difícil para ela pensar nele como outra coisa senão um homem desde
que isso é tudo o que vira dele e o magnífico corpo que tinha.

Iona lambeu os lábios enquanto passava as mãos sobre a espessura de seus


ombros, até seu pescoço e nos fios molhados de seu longo cabelo. Só conseguiu
um vislumbre dele e ela queria o prazer de olhá-lo para que pudesse tocar e beijar
cada polegada dele. Foi quando recordou o vislumbre de uma tatuagem em suas
costas que ela viu quando ele mergulhou.

—Deixe-me ver a sua tatuagem, —insistiu.

Ele sorriu e puxou-a mais perto da margem para que pudesse olhar, então ele a
soltou e se virou de costas para ela. Iona engasgou. A tatuagem cobria tudo em
volta de seu pescoço até a cintura. A tatuagem era uma mistura espetacular e única
de preto e vermelho.

Ela tocou a cabeça do dragão que descansava no ombro esquerdo de Laith. O


dragão estava em pé sobre as patas traseiras, as asas semi-abertas em direção ao
seu ombro direito. Seus olhos percorriam abaixo do corpo do dragão para sua
cauda que parava no topo da bochecha esquerda da sua bunda.

—Eu nunca vi um trabalho tão bonito e meticuloso antes, — disse ela com
admiração.

A cabeça de Laith virou-se para o lado. —Não é trabalho. Cada Rei Dragão tem
uma tatuagem de seu dragão em seu corpo em algum lugar.
—Cada um de vocês tem uma dessas?

—Sim, — disse ele com um sorriso.

Ela traçou a tatuagem até que Laith virou e a tomou em seus braços novamente.
Puxou-a contra ele de modo que suas testas se tocassem, suas bocas separadas
apenas por uma respiração de distância. Seu coração batia, seu peito arfava. Nada
existia, além dos dois e o desejo um pelo outro.

—Tudo o que posso pensar é em você. Tudo que quero é você. — Essas eram as
reflexões privadas, mas quando se tratava de Laith, não havia mais limites.

Ele gemeu e beijou-a.

—Eu não posso explicar isto.

—Pare de falar, — ele murmurou e segurou a parte de trás da sua cabeça com a
outra mão.

O dedo do pé de Iona bateu no fundo da piscina. Em algum momento, com todos


os beijos e conversação Laith os levou em direção ao lado da piscina. Com ambos
os braços disponíveis agora, Iona foi esmagada contra seu peito.

Mas ela amou cada minuto disto. Quanto mais perto estava dele, mais quente ela
queimava. O único que poderia acalmá-la, o único que poderia aliviar a dor dentro
dela era Laith.
Iona abriu os olhos o suficiente para ver que estavam em uma alcova com pedras
altas em torno deles, protegendo-os de quaisquer olhares. A água batia
preguiçosamente contra a costa, como se a reclusão desacelerasse o tempo.

Ela passou os braços ao redor de sua cabeça enquanto ele beijava sua garganta e
seu peito. Sua língua estava queimando, seus lábios macios. Então, ele segurou-lhe
o seio e deslizou seu polegar sobre seu mamilo já dolorido.

Um gemido profundo saiu de seus lábios quando o desejo disparou diretamente


até seu núcleo. Ela levantou uma das pernas e envolveu-a em torno dele, sugando
uma respiração com a sensação de sua ereção quente e dura pressionada contra
seu estômago.

Iona alcançou entre eles e envolveu a mão em seu pênis. Laith acalmou, seu corpo
ficou tenso quando um gemido profundo e esfomeado retumbou em seu peito.
Ela abriu os olhos para encontrá-lo olhando para ela com avidez. Sua mão se movia
para cima e para baixo em seu comprimento, seus movimentos fazendo a água
girar em torno deles.

—Provocadora. — Ele rosnou com um pequeno sorriso em seus lábios.

—Como se você esperasse que eu não tocasse também.

Ele riu e apertou seu mamilo. —Cuidado, moça. A provocação vai nus dois
sentidos.
O sorriso de Iona cresceu quando chegou ao topo de seu pau e deslizou o polegar
sobre sua cabeça. Seus olhos escureceram quando seu pênis saltou na sua mão. Sua
vitória foi de curta duração, no entanto. Laith tirou a mão e inclinou-a para trás de
modo que seus lábios capturaram um de seus mamilos e chupo-os ao mesmo
tempo em que seu dedo deslizou dentro dela.

Ela abriu a boca, mas não saiu nenhum som. Era incapaz de fazer qualquer coisa
enquanto suas mãos e boca trabalhavam em um frenesi selvagem. Quanto mais
forte ele chupava, mais ela movia seus quadris. Seus dedos estavam ocupados
acariciando-a enquanto seu polegar circulava seu clitóris dolorido. A perna que ela
colocou em volta dele apertou enquanto ele continuava a puxá-la mais e mais perto
de seu clímax.

Iona estava em chamas, queimando por dentro, o desejo era muito intenso. Suas
unhas cravaram em seus braços enquanto seus músculos se tencionaram sob as
palmas das mãos dela. Ela ouviu alguém gemer alto e percebeu que o som estava
vindo dela.

Seus lábios se moveram para o outro mamilo e ele passou a língua sobre o cerne
dura. Ao mesmo tempo, acrescentou um segundo dedo dentro dela.

No instante seguinte, ele sentou-a tão rapidamente que água espirrou em cima dele.
Iona se inclinou para frente e lambeu uma gota que percorreu sua bochecha até
sua mandíbula.
—Eu estou tentando ir com calma, mas você não está ajudando, — Laith disse
firmemente.

Ela sorriu e emoldurou seu rosto com as mãos. —Bom. Quero que você se sinta
como eu. Eu quero que você me deseje tanto quanto desejo você.

—Eu sinto, — disse ele suavemente.

Iona normalmente assumia o controle em qualquer momento que estivesse com


um homem, mas com Laith ele não só não lhe dava uma chance, mas ele assumiu
o comando. E ela adorou. Isso a fez desejá-lo ainda mais por causa disso.

Laith tirou a mão de dentro dela. Iona sentiu-se desolada, necessitada, sem seu
toque. Ele agarrou seus quadris e a ergueu. Sem ser dito, Iona envolveu a outra
perna ao redor de sua cintura.

Eles estavam olhando nos olhos um do outro quando ele gradualmente,


deliberadamente a abaixou. Iona respirou quando a cabeça de seu pênis encontrou
seu sexo. E quando ele empurrou dentro dela, estirando-a, ela gemeu.

—Eu quero você gritando, — ele sussurrou em seu ouvido.

—Eu não grito.

Ele se inclinou para trás e sorriu. —Você irá.

Sua promessa enviou um arrepio de antecipação através dela. Se alguém poderia


fazê-la gritar, seria Laith, mas isso simplesmente não era ela. Raramente fazia
qualquer barulho durante o sexo. Como se para selar sua promessa, ele empurrou
seus quadris para frente, estando firmemente sobre ele. Os lábios de Iona se
separaram, mas apenas um pequeno gemido soou.

Laith tirou dela até que apenas a ponta dele permaneceu então mergulhou dentro
dela. Novamente e novamente ele repetiu o movimento, às vezes empurrando
duro, às vezes lentamente enchendo-a. Seus olhos estavam vidrados e semiabertos,
os lábios entreabertos e seu peito arfando, mas ela não estava gritando ainda.

Ele mudou-os de modo que ela estava apoiada contra uma pedra desgastada pela
água. A condução, a fome poderosa dentro dele crescia a cada momento que Iona
estava em seus braços.

Quanto mais ele a beijava, tocava, a enchia, mais ele tinha que ter. Ela se tornou
um vício sem ele mesmo perceber.

Ela suavizou-o quando ele não sabia que precisava de tanta ternura. Inflamou-o
quando ele não sabia que era capaz de tal desejo.

Ela o fez ansiar muito por algo que ele tinha certeza que nunca teria considerado
- uma companheira.

O peito de Laith se contraiu com o pensamento, mas ele não poderia soltá-la. Iona
era uma parte dele agora para melhor ou pior. Ele aumentou seu ritmo, deslizando
nela mais rápido, mais forte e mais profundo. Seus olhos estavam totalmente
fechados agora, as unhas retirando sangue enquanto elas afundavam em suas
costas e ombros.
Ela não se afastou dele depois de saber o que ele era, mas mesmo se tivesse, Laith
teria perseguido Iona. Ele reclamou-a, se era apenas por um dia ou para sempre,
esperaria para ver.

Laith segurou seus quadris estáveis enquanto batia dentro dela. Pequenos gritos
começaram a sair de seus lábios enquanto sua cabeça se movia para os lados. Ele
sorriu e mudou-se apenas o suficiente para deslizar a mão entre eles e encontrar
seu clitóris inchado. O primeiro toque de seu dedo e ela gritou.

Laith se tirou dela o tempo suficiente para virá-la de modo que estivesse de costas
para ele. Ela agarrou a pedra, o rosto virado para o lado para que seu rosto fosse
pressionado contra a rocha. Com um impulso, ele entrou nela. Por um momento,
ficou parado enquanto seu corpo tremia e ela tentou mover os quadris. Ela estava
perto do auge, mas não perto o suficiente para gritar.

Laith permaneceu dentro dela e esticou a mão para acariciar seus seios, puxando
os botões apertados dos mamilos.

—Laith, — ela sussurrou, com a voz baixa e cheia de necessidade.

Ainda assim, ele continuou brincando com seus seios, massageando-os e rolando
os mamilos entre os dedos. Só quando ela estava ofegante, seus quadris sacudindo
contra ele o que fez com que ele focasse em seu sexo.

Ele abriu-a com os dedos e rapidamente fechou os olhos ao sentir sua excitação.
Então, ele concentrou sua atenção em seu clitóris, alternando entre sacudir o
polegar sobre ele e circular o nó inchado.
Ela continuou a tentar mover os quadris, mas ele a segurou firme. Seus lábios
estavam entreabertos, pequenos gemidos e gritos vindo dela.

Ele soube no instante em que ela estava prestes a gozar pela forma como seu corpo
se apertava. Laith beijou a sua nuca e tirou a mão. Ela soltou um grito e tentou se
mover, mas ele a prendeu entre ele e a pedra.

—Você está pronta para gritar para mim? — Ele sussurrou em seu ouvido
enquanto lentamente se retirou dela.

—Sim. Oh, sim, — disse ela, com os olhos ainda fechados.

Ele deixou sua mão deslizar sobre os lábios e, em seguida, para baixo em sua
garganta. —Abra seus olhos, querida.

Seus lábios se levantaram e seus olhos focaram na cachoeira. Ela engoliu em seco
e esperou que ele falasse.

—Olhe para a água e não tire os olhos dela. Não feche os olhos, mas o mais
importante não se movimente.

Ela começou a olhar para eles, mas mudou de idéia. —Eu tenho que mover.

—Você vai ficar quieta, — ele murmurou enquanto sua mão acariciou para baixo
ao lado de seus seios. Ele queria acariciá-los novamente, sentir o peso deles na
palma da mão, mas isso significaria movê-la da pedra e isso não é o que ele queria
agora.
—Laith? — Ela sussurrou seu nome com uma mistura de desejo e medo.

Bom. Ela estava no controle completo de todos os aspectos da sua vida, incluindo
os homens que levou para sua cama. Ele ia ser diferente. Iria forçá-la a ir a lugares
que não ousou antes.

Porque havia aspectos de Iona que ela mantinha trancado, até de si mesma. Laith
ia abrir essas portas. Ela ia ter que ser forte mentalmente e fisicamente para lidar
com o que estava por vir.

—Confie em mim.

Ele sorriu quando ela deu um pequeno aceno com a cabeça. Isso era toda a
aceitação de que precisava. Laith empurrou dentro dela cerca de dois centímetros
antes que ele parasse e puxasse para fora novamente.

Seu olhar nunca vacilou da cachoeira, embora estivesse mordendo o lábio e


tremendo por tentar não se mover. Laith queria prolongar isso por muito mais
tempo, mas estar dentro dela era demais. Ele queria enterrar-se profundamente e
ceder ao desejo atormentando ele. Até agora conseguiu manter seu controle, mas
foi rapidamente escorregando por entre os dedos.

O aperto de Laith nos seus quadris estava firme antes que a enchesse
completamente. Ele gemeu ao sentir sua vagina apertando ao redor dele. Iona
manteve sua palavra e não moveu seu corpo. As paredes de sua vagina apertaram-
no e foi a vez de Laith tremer. Ele estava muito perto do limite, demasiadamente
longe para prolongar o prazer que aguardava os dois.
Ele começou a mover os quadris, seus golpes lentos e curtos no início, mas não
demorou muito antes que ele fosse se enterrando profundamente dentro dela com
rápidos, duros golpes. Laith sentiu seu clímax crescendo quando ouviu pela
primeira vez o grito de Iona. Ele foi implacável quando bateu em seu corpo, seus
gritos de prazer empurrando-o para elevá-los ainda mais.

—Laith!— Ela gritou enquanto seu corpo se convulsionou com o início do seu
orgasmo.

Ele continuou a pressão, mesmo quando seu próprio orgasmo o alcançou e


derramou sua semente dentro dela.
Rhi não estava certa do que a trouxe de volta para sua casa de campo. Talvez fosse
pegar Laith e Iona trancados nos braços um do outro se beijando depois de tal
sexo empolgante. Ela sabia que era uma mentira, mesmo quando pensou nisto.
Rhi entrou em casa e fechou a porta atrás dela para que pudesse se inclinar contra
ela.

Não, retornou a este lugar, porque ele ajudou a confortá-la no passado. Certa vez,
ela passou muitas noites encolhida na cama chorando por seu amante, pelo o que
poderia ter sido. Era pior agora que Shara se acasalou com um rei. Uma Fae e não
apenas qualquer Fae, mas uma Fae que fora Escura uma vez. Quando foi dito que
nunca poderia haver uma união entre uma Fae e os Reis Dragões, o que acabou
por acontecer?

Rhi foi tola o suficiente para pensar que teria sido a única a quebrar essa suposta
regra posta em prática por sua rainha. No entanto, foi Usaeil quem foi responsável
por ajudar Shara e Kiril.

Por que Usaeil não fez o mesmo por ela? Por que nenhum deles ajudou a ela e seu
amante como todos fizeram por Shara e Kiril? Poderia ser porque eles não
aprovavam a relação que teve com seu Rei? Foi porque eles não gostavam dela?
Qual foi a razão de sua vida ter sido destruída?
Ela tinha que saber.

Ela precisava saber.

Depois de tantos milhares de anos, a dor deveria ter diminuído ou mesmo cessado.
Mas isso não aconteceu. Ela não ajudava em nada, retornando para Dreagan uma
e outra vez. Cada vez que pôs os pés nesta terra era um lembrete do que ela teve
uma vez, do que foi o momento mais feliz de sua vida. Um tempo que terminou
tudo muito rapidamente.

Rhi se afastou da porta e passou pela área de cozinha e para seu quarto. Ela parou
na porta do quarto quando viu o vidro de esmalte de unha colocado no meio da
cama.

Ela inspirou e expirou antes que se atrevesse a pisar mais para dentro do quarto.
Isto a atingiu como uma explosão. Ele esteve lá, em seu quarto. Seu aroma de
sândalo e vento era um que ela nunca poderia esquecer. Isso trouxe de volta
memórias de seus beijos, de como sabia exatamente onde tocá-la para levá-la ao
prazer máximo, aos mais ferozes orgasmos.

Rhi foi até a cama e se inclinou para levantar o esmalte. Era de sua marca favorita,
OPI. Incapaz de resistir, ela virou o frasco para ler o nome.

—Gaining Mole-mentum,20—disse com uma risada.

20Cor de esmalte inspirado nos Muppets.


O glitter dourado e rosa pareciam fabulosos no frasco, e ela não podia esperar para
vê-lo em suas unhas. Ela se perguntou por que ele escolheu essa cor em particular.
Rhi virou-se e sentou-se no canto da cama. A luz em seu armário chamou sua
atenção. Havia outro conjunto de roupas penduradas lá.

Os de anteriormente que ela não escolheu foram empurrados para o lado para que
pudesse ver apenas o novo conjunto. Rhi teve que admitir que gostou da calça
cáqui justa e listrada de dourado e branco. Combinando com uma camisa sem
mangas cor de rosa suave e sedosa, uma jaqueta creme com mangas três quartos,
formando um lindo conjunto. Tal como antes, havia um par de sapatos. Estes eram
um par de botas abertas Vince Camuto21num couro cor de camelo.

Mas não parou por aí. Em torno do cabide, em cima da camisa estava um longo
colar de vários tons de rosa do pálido ao magenta, com contas de ouro por toda
parte. Rhi não teve que olhar para saber que havia um par de brincos e uma pulseira
para combinar com ele.

A velha Rhi teria saltado para vestir tal roupa, mas não era a velha Rhi. Ela ainda
estava tentando descobrir quem era.

Rhi se levantou e colocou o novo esmalte com os outros cor de rosa na prateleira.

Não era hora de rosa ainda.

Nem mesmo quando ele queria que ela usasse.

21Marca de fábrica.
Lily assistiu quando uma nova porta e fechaduras foram instaladas. Ela sabia que
não era um acidente que seu apartamento foi o alvo. Oh, ela disse a Cassie e Hal
exatamente isso e felizmente eles compraram sua mentira. Mas Lily sabia a
verdade.

O passado que tentou fugir a encontrou novamente.

Seu primeiro instinto foi fugir. Levou anos para chegar até a coragem de sair da
primeira vez, mas uma vez que saiu, não olhou para trás. Ela alcançou atrás com a
mão direita e traçou a cicatriz em seu ombro esquerdo. Era um lembrete de que
sua vida foi só medo, terror e ansiedade.

Levou seis meses para ser capaz de dormir depois que fugiu. Quase um ano depois,
os pesadelos finalmente pararam. Ela não tinha nenhuma dúvida de que quando
tentasse dormir naquela noite o pesadelo voltaria.

Fugindo ganhou sua liberdade. A coisa mais segura seria fugir de novo, mas não
queria. Ela encontrou uma nova vida, um emprego e todos os amigos em Dreagan.
Ninguém ali sabia o quanto esse trabalho significava para ela, ou quanto se sentia
segura sabendo que enquanto estava lá a ajudou seguir em frente a cada dia.

Era tudo uma ilusão. Ela sabia disso, mas qualquer que seja ajudou, certo?
Fugir ou ficar e lutar? Lily não foi tão intimidada quando era mais jovem. Ela foi
forte e determinada. Era hora de encontrar esta Lily novamente. Ela gostava da
pessoa que foi uma vez e odiava no que ela se transformou antes de deixar... O
passado.

—Senhora?

Lily pulou e desviou seu olhar para os dois homens que estavam instalando sua
nova porta. —Sim?

—Está tudo resolvido aqui. — Um dos homens, o mais jovem dos dois com
cabelo escuro curto estendeu as chaves. Seus olhos castanhos bondosos
mostravam uma pitada de preocupação. —Você tem três fechaduras agora. Tem
certeza de que vai ficar bem?

—Sim, obrigada. — Ela pegou as chaves. —Eu aprecio vocês terem trabalhado
tão rapidamente.

Os homens deram um aceno, reuniram suas coisas e saíram. Lily preparou-se e


endireitou as costas antes que entrasse no apartamento. Ela rapidamente trancou
todas as três fechaduras.

Colocou a bolsa ao lado da porta e se virou para olhar ao redor. Tudo foi
derrubado, quebrado, e disperso. Nada era dela desde que ela alugou o
apartamento totalmente mobiliado, mas ainda havia algo tão... Confuso sobre
alguém mexer em suas coisas. Ela se sentiu violada.
Uma batida na porta a assustou. Lily se virou com medo de sequer se aproximar.
Como podia esperar para ficar e manter-se firme se não poderia mesmo ir ver
quem estava na porta?

Seus joelhos estavam tremendo enquanto timidamente caminhou até a porta e


levantou-se na ponta dos pés para espiar pelo olho mágico. Ela encostou a cabeça
na porta quando viu Cassie. Lily desbloqueou as três fechaduras e abriu a porta.

Cassie mostrava um sorriso brilhante enquanto envolvia Lily em um abraço. —


Você não acha que iria deixá-la fazer isso sozinha, não é? — Cassie perguntou
quando ela recuou.

Lily olhou de Cassie para o apartamento. Desde que Cassie e Hal voltaram para
Dreagan horas atrás, Lily esperava exatamente isso. Ela abriu a boca, tentando
formar palavras, quando Hal, Jane e depois Banan entraram. Eles começaram a
limpar antes que Lily pudesse dizer-lhes o contrário.

Ela não tinha ninguém para ajudá-la desde que se afastou de sua família. Seus olhos
se encheram de lágrimas que ela rapidamente piscou.

—A bondade é uma coisa tão estranha para você que ela te traz às lágrimas?

Lily parou ao ouvir o som da seda da voz profunda que ouvia mesmo em seus
sonhos. Sua pele e sangue aqueceram, afugentando o entorpecimento frio que
esteve com ela desde que encontrou a porta entreaberta.
Lily virou a cabeça e viu Rhys apoiado casualmente contra a porta, os braços
cruzados sobre o peito. Ele estava lindo, como de costume, com seus longos
cabelos escuros soltos sobre ele e seus olhos azuis claros contornados de azul
marinho focado nela. Toda vez que olhava para ele seu estômago vibrava.

—O mundo não é exatamente um lugar agradável, — ela finalmente respondeu.

Ele olhou para baixo e deu um pequeno aceno com a cabeça. —Não, eu lamento
dizer isto, mas não é. Nada foi levado?

—Não. — Ela estava grata por ter algo para pensar, em vez de como ela daria
qualquer coisa para ter seus braços ao redor dela.

—Se eles não levaram nada, então por que eles destruíram o seu apartamento? —
Perguntou ele com uma carranca profunda.

Lily deu de ombros, afastando-se para que ele não visse seu rosto. —Boa pergunta.

—Você não sabe quem fez isso? — Suas passadas indicando que ele se
desencostou da parede e caminhava em direção a ela.

Ela tinha suspeita, mas não podia ter certeza. Nem ela iria dizer-lhe nada, porque
isso levaria a perguntas sobre seu passado que ela não queria responder. —Não.

Quando ele não disse mais nada, Lily olhou para ele para ver o olhar pensativo,
enquanto olhava para seu balcão. Havia algo diferente sobre Rhys. Foi-se o sorriso
sardônico, a arrogância fácil. —Você está bem? Você não tem estado bem
recentemente.
—Eu? — Ele questionou quando levantou seu olhar azul claro para o dela.

Lily deu de ombros. —Você costumava sair todas as noites com várias mulheres
bonitas. Alguém finalmente roubou seu coração? — Ela perguntou com um
sorriso que não sentia.

Ele olhou para ela por alguns segundos antes de dizer: —Eu apenas tenho muito
a fazer recentemente.

Lily não sabia se ficava animada porque nenhuma mulher ganhou o seu interesse,
ou se chateava que ele iria continuar tendo as mulheres ao redor.

Ele virou-se então e endireitou o sofá. Lily suspirou e pegou a vassoura para varrer
os pratos que foram quebrados.

Iona se aquecia ao sol enquanto estava deitada enrolada ao lado de Laith. Ele lhe
prometeu que iria gritar e ela gritou. Várias vezes.

—Você ainda está sorrindo.

Ela olhou para cima para encontrar os olhos de Laith meio fechados enquanto
olhava para ela. Iona riu. —Eu estou, não estou? Não consigo parar.

—Bom, — disse ele e apertou-a mais contra ele.


Era a primeira vez para ela que estivesse pensando em quanto tempo poderia
passar com ele em vez de descobrir uma maneira de ir embora como sempre fazia.
—Eu nunca conheci outro homem como você.

—Isso é porque não sou apenas um homem, — ele brincou.

Mas isso a fez lembrar o que ela estava fazendo na cachoeira. —O local é perto,
não é?

Seu sorriso desapareceu. —Sim.

—Onde? — Quando ele não respondeu imediatamente, ela disse, —Laith, se meu
pai sabia então preciso conhecer bem para manter um olho.

Laith sentou-se e puxou-a com ele. O fato de que ela poderia sentar-se lá com ele
completamente nua e não querer se encobrir, disse muito sobre o quão confortável
estava ao seu redor. Outra primeira vez.

—Lá, — ele disse e apontou para o topo da cachoeira.

Iona balançou a cabeça. —Eu estava lá em cima. Não vi nada.

—Porque você só pode vê-la à noite.

Sua cabeça virou-se para ele. —Por que só à noite?

—Eu não sei, nem nunca me preocupei em saber realmente. É como sempre foi.

—Você vai me levar para vê-la?


Laith moveu uma mecha de cabelo úmido do rosto. —Se você realmente quer vê-
la.

—Você acredita que alguém está tentando encontrá-la, certo? — Em seu aceno,
ela disse: —Então preciso saber.

Ele se levantou e estendeu a mão. —Venha. Vamos comer alguma coisa.

Ela soltou um grito quando ele pegou-a em seus braços e, em seguida, pulou na
água. Iona subiu a superfície rindo. Foi quando ela viu Laith nadando à frente dela.

Seu lado competitivo assumiu e ela nadou o mais rápido que podia. Quando
chegou à costa ele já tinha colocado seus jeans. Iona atirou-lhe um olhar. —Isso
foi um truque sujo.

—Tudo é válido, — disse ele com uma piscadela.

Iona colocou seu sutiã e calcinha sobre a pele molhada e depois pôs uma nova
camisa vermelha e shorts brancos. Não foi até que colocou os sapatos que ela
olhou em torno a procura de seu estojo da câmera.

—O que foi? — Perguntou Laith.

—Meu estojo da câmera. Eu o coloquei aqui com minhas roupas.

Ela começou a girar em torno de olhar para ele, com o coração martelando no
peito. Essa câmera era tudo para ela. Claro, ela poderia comprar outra, mas foi um
presente de seus chefes depois de seu primeiro ano com eles.
—Aqui está, — Laith chamou.

Iona virou para vê-lo em pé perto de uma árvore segurando o estojo. Ela correu
para ele e agarrou a câmera para ela. —Não me lembro de deixá-lo aqui.

Ela viu a forma como a posição de Laith mudou instantaneamente enquanto


inspecionava a área.

—Está tudo bem, — disse ela e colocou uma mão em seu braço. —Tenho certeza
de que fiz isso. Eu venho fazendo um monte de coisas estúpidas como essa
recentemente. Além disso, se alguém estivesse aqui, você não teria sabido?

A resposta de Laith foi um grunhido que só deixou-a nervosa.


Laith ainda ficou desconcertado com o estojo da câmera de Iona estando em outro
lugar e não onde ela disse que deixou. Ele então a levou para Dreagan, o lugar que
ele sabia que estaria mais segura. Ele não conseguia tirar os olhos dela enquanto
estava sentada comendo na cozinha na Mansão Dreagan. Ela olhou para cima e o
viu, um sorriso se formando enquanto enfiava uma cenoura crua em sua boca.

Tudo em que Laith pensava era fazê-la sua companheira. Iona era uma Campbell,
uma guardiã para a porta escondida de Dreagan. Ela fazia parte de seu mundo
agora, mas não era por isso que a queria. Ele a queria porque o fazia queimar, fazia-
o querer coisas que ele nunca quis antes.

Ele queria ver a tatuagem de olho de dragão no braço dela, marcando-a como sua.
Queria sempre tê-la por perto. Não, isso não estava certo. Ele não queria... ele
precisava.

—Este olhar satisfeito vai durar quanto tempo? — Ela perguntou maliciosamente.

—Quer dizer o olhar de um homem saciado, ou o olhar de um homem que fez


você gritar? — Ele perguntou a última parte em um sussurro.

Iona revirou os olhos. —Ambos. Mas acho que é mais da segunda parte.

—Então, você realmente nunca gritou antes?


Ela riu e se recostou na cadeira. —Nunca.

—Eu vou ter que me certificar de fazê-lo cada vez mais a partir de agora, —
prometeu quando ele colocou os braços sobre a mesa e se inclinou para frente.

A cabeça inclinada para o lado enquanto ela esticou as pernas longas e esfregou o
pé em sua coxa. —Eu gosto do som disso.

Laith freou seu desejo. Com muita dificuldade.

—Uh-oh, — Iona disse quando deixou cair o pé no chão. —Isso é um olhar muito
sério que você está usando agora.

—Porque há um problema sério ainda na mão. Eu não posso estar com você o
tempo todo.

Ela franziu a testa enquanto se sentava. —Por que não?

Ela jogou a questão com indiferença, mas Laith sabia que não havia nada de casual
sobre isso. A Iona que conheceu nunca teria perguntado isso. Isso significava que
havia uma chance de que ele poderia fazê-la acreditar no amor? Que ela poderia
dar-lhes uma chance?

—Eu quero, Iona, mas também sou realista. Eu tenho deveres aqui e no pub. Eu
poderia levá-la em todos os lugares comigo, mas você não vai gostar disso. Você
está acostumada a fazer suas próprias coisas e quero levar isso em conta.

—O que você está pensando? — Ela perguntou seu tom muito grave.
—Nós vigiamos a fronteira entre a sua terra e a nossa. Sempre tem alguém, na
verdade e mantemos um olho nos Campbells que estavam lá. Mas isso isto não é
o bastante agora.

Seus lábios foram comprimidos. —Como, exatamente, vocês mantêm a vigilância?

—Principalmente à noite, mas há geralmente um rei perto no caso de nossos


inimigos violarem a porta.

Compreensão brilhou em seu rosto, em seguida. —Ah, mas isso é perto da


fronteira. Isso não é em qualquer outro lugar na minha terra que está sendo
vigiado.

—Precisamente. Eu não estou nem um pouco confortável com isso. Nossos


recursos são grandes, mas estamos sobrecarregados agora. Deixamos John com
vigilância reduzida porque nós assumimos que o segredo estava a salvo. Sabemos
agora que não estava.

Ela deu um aceno apertado. —Então o que você sugere? Mudar-me para cá?

—Eu garanto que não iria reclamar, — disse ele com um sorriso forçado,
esperança queimando no peito.

Ela sorriu e olhou para ele com saudade. — Não acho que eu não poderia fazer
isso.
Laith parou, sem saber se a ouviu corretamente. Quanto mais tempo ele olhou-a e
seu sorriso se manteve, mais ele sabia que Iona queria dizer suas palavras. —Você
sabe o que você disse?

—Sim.

As coisas estavam ficando muito séria entre eles no momento e se Laith não fizesse
algo em breve, ele ia pedir diretamente, em seguida, para ela ser sua companheira.
Isso estava se movendo muito rápido para ela. —Foi porque fiz você gritar. Isso
é tudo o que precisou para mudar de idéia, — disse ele com um sorriso.

Os lábios dela se suavizaram num indispensável sorriso enquanto segurava seu


olhar com os profundos olhos marrons. —Eu gostaria de saber qual foi a causa,
porque isso me assusta.

—Eu sei. — Laith inclinou-se e estendeu a mão sobre a mesa para segurar sua
mão.

—Você não, — ela insistiu. —Eu menti para Sammy. Eu estive em um


relacionamento uma vez. Fiquei um ano na Universidade quando comecei a
namorar esse cara. Nós ficamos juntos por dez meses. Ele foi bom, mas me senti
sufocada, abafada. Ele me queria com ele o tempo todo e foi demais. Foi assim
que soube que não era o tipo de pessoa que queria estar em um relacionamento.
Isso foi... até você.

Laith apertou a mão dela. Ela estava compartilhando uma parte de seu passado
que ele duvidava que já tivesse dito a outra pessoa. Ele provou mais uma vez que
estava se abrindo para ele. —Eu não quero sufocar você, mas eu vou te dizer que
quero você comigo o tempo todo. Quero saber que você está segura e a única
maneira que posso realmente saber é ter você ao meu lado. Mas é mais do que isso,
Iona. Estou faminto por você.

—Você tem estado vivo por quanto tempo?

Ele encolheu os ombros. —Muito.

—Milhares?

Laith apontou o polegar para cima.

—Milhões? — Ela perguntou em um sussurro.

—Isso faz alguma diferença?

Ela deu uma risada abafada. —Eu tenho certeza que não sou a primeira humana
que você quer.

—Um homem tem necessidades, até mesmo um dragão. Eu não vou mentir sobre
isso. Logo antes de a mulher de Ulrik o trair, considerei pedir a minha amante que
permanecesse comigo.

Os olhos escuros de Iona procuraram os seus. —O que aconteceu?

—Eu temia que ela pudesse me trair. Sabia que ela não poderia ser minha
companheira.
—Companheira? Não quer dizer esposa?

Ele encolheu os ombros. —Temos uma cerimônia, sim, mas estamos acasalados.
Um Rei Dragão tem apenas uma verdadeira companheira. Quando comecei a
questioná-la, sabia que ela não poderia ser a única. Minha companheira eu nunca
questionarei.

Iona engoliu em seco, seu olhar caindo para a mesa. —Foi esta terra que me
mudou? Ou foi o assassinato do meu pai? Eu não sei se é porque sei o segredo
agora ou se estou num lugar em minha vida que eu possa deixar de lado as coisas
no meu passado.

—Isso importa?

—Não, — ela disse com uma risada quando olhou para ele. —Não importa. Eu
me sinto exposta, como se as paredes que ergui quando era uma menina tivessem
sido esmagadas. Por você.

Laith puxou seu braço até que ela se levantou e deu a volta na mesa. Ele a puxou
para o seu colo. —Eu não quero pressioná-la em nada disso. Quero você. Quero
que o que está se desenvolvendo entre nós possa continuar.

—Não posso acreditar que estou dizendo isso, mas eu também.

—Isso me faz infinitamente feliz. — Ele correu um dedo pelo seu rosto. Sabia que
isso poderia ser tudo o que ele teria de Iona. Nunca iria desistir de fazê-la sua, mas
por agora, era o suficiente. —É por estar preocupado que gostaria de trazer alguém
para o seu lugar para ajudar a vigiar você quando eu não puder. Ele é um bom
homem.

—Homem? — Ela perguntou com uma elevação de suas sobrancelhas.

—Ele é um guerreiro.

—Os guerreiros de novo? Eu acho que estou pronta para ouvir sobre eles agora.

Laith abriu um saco de batatas fritas e ofereceu uma para Iona. Uma vez que ela a
pegou, ele pegou outra para si e comeu. —Os guerreiros começaram como
homens, seres humanos. Eles faziam parte das tribos celtas quando Roma invadiu
a Grã-Bretanha. Os druidas fizeram o seu melhor para manter Roma fora da
Escócia, mas eles estavam perdendo.

Iona pegou outra batata. —Este é o lugar onde você me diz que César escreveu a
história errada?

—Sim. Uma das muitas vezes.

Ela encolheu os ombros. —Diga-me mais.

—Os druidas tem duas seitas. Os Mies são os druidas que usam a magia de seu
nascimento. Depois, há os droughs. Eles dão a sua alma a Satanás em troca de magia
negra. As duas seitas nunca interagem, mas com o destino da Escócia pendurado
na balança, os mies perceberam que seria necessário mais do que a sua magia para
ganhar contra Roma. Então eles foram para os droughs.
—Espere, — Iona interrompeu. —Por que não pediram aos Reis Dragões para
ajudar?

Laith entregou-lhe o saco de batatas fritas. —Nós observamos o destino da


humanidade, mas nós não nos envolvemos em suas muitas guerras.

—Faz sentido. Estou supondo que os droughs tinham uma resposta?

Ele assentiu. —Eles usaram sua magia negra e chamaram os deuses há muito
esquecidos de dentro do Inferno e pediram que os guerreiros mais fortes de cada
família se oferecessem. Os deuses assumiram seus anfitriões e dizimaram Roma,
em uma questão de semanas.

—Então é por isso que Roma realmente partiu? — Disse Iona com um olhar
surpreso.

—O plano era perfeito, até que os druidas tentaram colocar os deuses de volta no
inferno. Os deuses se recusaram a desistir de seus hospedeiros. Os guerreiros
começaram a matar qualquer um e todos com quem se depararam. Os mies e droughs
então combinaram suas magias para prender os deuses dentro dos homens. Os
homens acordaram sem memória do que fizeram como guerreiros.

Iona levantou uma sobrancelha e olhou para ele. —Esse não é o fim da história.
Eu sei que há muito mais.

Laith passou a mão pelo cabelo ainda úmido. —O feitiço para ligar os deuses foi
escrito em um pergaminho, assim como o feitiço para desvinculá-los.
Supostamente os druidas chegaram a um acordo para queimar tudo para que os
deuses nunca pudessem ser capazes de assumir o seu exército novamente. Os
druidas também assumiram que os deuses iriam morrer com seu hospedeiro. Na
verdade, os deuses viajaram através das linhagens para os guerreiros mais
poderosos, esperando.

—Para? — Iona perguntou.

—Houve uma druida, uma drough, que desejava mais poder do que qualquer
drough diante dela. O nome dela era Deirdre e ela encontrou o pergaminho para
desvincular os deuses. Isto aconteceu séculos mais tarde, de modo que ela não
tinha idéia de quais as famílias que poderiam ter um deus dentro de sua linhagem,
mas no pergaminho constava um clã: o dos MacLeod.

Os olhos de Iona alargaram. —MacLeod? Não houve um clã MacLeod em


centenas de anos.

—Porque Deirdre encontrou o Deus. Havia três irmãos iguais em todos os


sentidos. O Deus dividiu-se em três para que cada um pudesse ter um pedaço dele.
Oitocentos anos atrás Deirdre liberou o Deus interior de Fallon, Lucan, e Quinn.
Havia algo um pouco diferente com essa magia, no entanto. Permitia que os
homens pudessem tomar o controle do Deus se ele fosse forte o suficiente. Os
MacLeods eram esses homens e eles foram capazes de superar o mal de seu deus.
Eles também romperam com Deirdre.

—Há apenas três guerreiros? — Perguntou Iona.


—Não dificilmente. Deirdre começou a recolher os homens que ela pensava que
poderiam abrigar um Deus. Muitos foram mortos e ainda muitos mais tinham seus
deuses liberados. Alguns foram capazes de lutar e ganhar o controle, mas a maioria
desistiu e se tornaram seus seguidores. Os que tinham o controle finalmente
encontraram os MacLeods e uniram-se, lutando contra Deirdre e qualquer drough
que se depararam e que era significativamente mau.

—Isso é... a história correta, — disse ela com admiração. —Será que ela termina
aí?

—De certa forma. — Laith prendeu nos dedos uma mecha de seu cabelo úmido.
—Os guerreiros encontram mies por quem eles se apaixonaram e se casaram. Essas
Druidisas são algumas das mais poderosas desde sempre e elas foram capazes de
esconder o Castelo MacLeod do mundo, bem como colocar uma proteção em
torno delas. Porque enquanto os guerreiros são imortais, as druidisas não são.

Iona sorriu. —Essa proteção permitiu que as druidisas não tivessem idade, certo?

—Certo. Alguns ainda vivem no Castelo MacLeod, mas depois de lutar com três
droughs diferentes, nós entramos em cena para ajudá-los. Desse modo, nós usamos
a nossa magia para fazer anéis para que as druidisas mortais pudessem sair para o
mundo e viver com os seus homens, em vez de se esconderem no castelo.

—Como você se esconde, — Iona disse suavemente.

Laith nunca pensou nisso dessa forma. —Eu suponho.


—Os guerreiros escondem que eles estão em um castelo com a magia Druida.
Você esconde quem você é em uma mansão usando magia dragão. Como nenhum
de vocês viu a correlação?

Laith olhou em seus olhos escuros. —Eu não sei. Talvez pensássemos que nós
somos melhores, mais fortes, ou qualquer outra coisa. Mas eu vejo as semelhanças.

—Os guerreiros estão livres?

—Em algumas formas. Eles ainda escondem quem eles são.

—E você quer que um deles venha aqui?

Laith pegou a mão dela. —Eu quero. Você não tem que tê-lo na casa de campo
com você, mas ele pode manter um olho em você. Sua esposa é uma das druidisas
mais poderosas que já conheci. Ela foi forçada a se tornar drough para salvar sua
família, mas desde que foi forçada, sua alma permaneceu livre. O poder da magia
negra combinada com sua magia pura contribuiu para torná-la verdadeiramente
poderosa.

—Qual é o nome desse guerreiro?

—Hayden. — Laith não disse seu sobrenome. Ele não queria fazer qualquer coisa
que impedisse Iona de concordar com a presença de Hayden. Ela tomou tudo que
ele disse estoicamente, mas todos tinham um ponto de ruptura.

O fato de que Hayden era um ancestral perdido há muito tempo poderia ser esse
ponto.
Iona entrelaçou os dedos com os dele. —Eu admito, me sentiria melhor com
alguém lá. É tão estranho estar sozinha.

—Vou ligar para Hayden, então.

—E quanto a sua esposa?

—Isla? — Perguntou Laith. —Ela virá com ele. Se estiver tudo bem?

—Claro. Uma esposa não deve ser separada do marido.

—Iona, — Sammy disse surpresa quando ela entrou na cozinha. —Eu não sabia
que você estava aqui.

Laith levantou relutantemente, colocando Iona em seus pés quando viu Tristan.
—Sammy, você poderia ficar com Iona enquanto eu faço uma ligação?

—Claro, — disse Sammy e tomou sua cadeira.

Laith piscou para Iona antes que ele saísse da cozinha com Tristan em seus
calcanhares. Uma vez que eles estavam fora do alcance da voz, ele se virou para
Tristan. —Eu acho que é hora de Iona encontra seu antepassado.

—Hayden? — Perguntou Tristan com uma careta. —Porque agora?

—Um pressentimento. Pode não ser nada, mas...

—Não há necessidade de dizer mais, — Tristan interrompeu enquanto puxava um


telefone celular para fora do bolso. —Vou ligar para ele agora.
Laith parou Tristan antes que ele pudesse marcar. —Eu gostaria de falar com
Hayden em primeiro lugar. Iona não sabe quem ele é.

Tristan concordou e fez a chamada. Eles não tinham tempo para esperar antes de
Hayden concordar em vir. —Nós nos encontraremos no escritório do Con, —
disse Tristan e terminou a chamada.

Laith e Tristan subiram as escadas três degraus de cada vez para o segundo andar,
onde o escritório de Con ficava. No momento em que entraram, Hayden
descansava em uma das cadeiras com Fallon MacLeod na outra.

—Droga, mas você é rápido, — disse Tristan com um sorriso.

Os reis dragão podem ser capazes de mudar e voar, mas Fallon podia se
teletransportar como os Faes, o que tornava as coisas mais fáceis para o guerreiro
e qualquer um ao seu redor.

Os quatro cumprimentaram-se antes de Fallon olhar ao redor do escritório de Con


com seus olhos verde-escuros. —Onde está Con?

—Ultimamente, quem sabe? — Tristan disse firmemente. —Ele está fora mais do
que fica aqui e não nos diz qualquer coisa.

Laith fechou a porta. —Eu queria falar com Hayden antes de irmos lá embaixo.

—Sobre? — Perguntou Hayden com seu olhar quase preto bloqueado nele. O
cabelo loiro de Hayden estava puxado para trás com uma fita de couro, a cor uma
correspondência exata do cabelo de Iona.
—Há uma mulher que eu gostaria que você ajudasse a proteger.

Hayden riu. —Um rei me pedindo para ajudar a proteger uma mulher? Por que
você precisa da minha ajuda?

Laith trocou um olhar com Tristan. —O nome dela é Iona Campbell.

Isso eliminou o sorriso arrogante de Hayden. Ele endireitou-se na cadeira. —Você


acha que só porque ela é uma Campbell que vou dizer sim?

—Achamos que você vai dizer sim, porque ela se parece com você, — disse
Tristan.

Hayden passou a mão pelo rosto, seu olhar baixando para o chão.

Laith caminhou até a frente da mesa de Con e recostou-se contra ela para que ele
pudesse olhar Hayden no rosto. —O pai dela foi assassinado recentemente e nós
pensamos que alguém pode estar atrás dela.

—Por quê? — Fallon perguntou.

Laith suspirou alto. —Con não queria que vocês soubessem disso e honestamente,
eu também não quero, mas talvez isto vá permitir que vocês vejam a urgência disso.
Os Campbells foram guardiões de uma entrada para Dreagan que nem mesmo a
nossa magia pode fechar. A porta que seu pai guardava, Hayden.

—A porta? — Hayden perguntou indignado. —Eu nunca soube de tal lugar.

—É o lugar onde matamos a mulher que traiu Ulrik, — Laith respondeu.


Iona estava enxugando os olhos de tanto rir da piada que Sammy disse a ela quando
viu Laith com o canto do olho. Ela se virou para ele, ainda rindo sobre a piada. —
Hey, —chamou.

Ele entrou na cozinha seguido por Tristan, mas havia mais dois homens com ele.
Ela atirou a Laith um olhar interrogativo, mas então seu olhar foi roubado pelo
último homem, que entrou e abertamente olhou para ela.

O olhar escuro do homem mostrava um pouco de choque. Ele era mais alto do
que os outros, mesmo Laith e mantinha-se como um homem que não tinha medo
de nada. Muito parecido com qualquer um dos Reis Dragões que conheceu, mas
havia algo diferente nele. Ela pensou que poderia ser porque ele parecia um pouco
com seu pai.

—Iona, — Laith disse de seu lado. —Eu gostaria de apresentá-la a Fallon


MacLeod.

O outro homem deu um passo adiante. Ele tinha um sorriso agradável, longo
cabelo escuro, os mais incomuns olhos verdes escuros que ela já viu e um torque
de ouro com cabeças de javali ao redor de seu pescoço. Foi quando ela se tocou
no nome que Laith disse.

—Fallon? O Fallon MacLeod? — Ela perguntou, olhando de Laith para Fallon.


Fallon riu e inclinou a cabeça escura quando cruzou as mãos atrás das costas. —
Eu vejo que Laith lhe disse que somos guerreiros. Sim, moça, sou este Fallon.
Prazer em conhecê-la.

Iona foi totalmente surpreendida. Estava cercada por Highlanders imortais, algo
que não era para ser real. Ela então olhou para o homem com o cabelo loiro e
olhos negros. —E você é?

Laith limpou a garganta e apressou-se a dizer: —Iona, este é Hayden. Hayden


Campbell.

Se ela foi surpreendida antes, o choque agora fez seu coração perder uma batida.
Ela olhou para ele novamente e viu as semelhanças entre ele e seu pai, bem como
a si mesma.

—É realmente um prazer, — Hayden disse enquanto caminhava para ela e


gentilmente pegou a sua mão. —Nós guerreiros sabemos que nossas linhas de
família continuaram depois que... — Ele parou e acenou com a mão.

—Fomos alterados, — forneceu Fallon.

Hayden deu-lhe um aceno de cabeça antes de virar o olhar para Iona. —Muito
bem. Alterados. Mas nós nunca procuramos nossas famílias depois. Eu certamente
nunca soube que a minha tinha tal pacto com Dreagan. Se eu tivesse sabido, teria
chegado a conhecer o seu pai. Ficaria honrado, moça, em ser seu protetor.
Iona estava sem palavras. Um de seus antepassados estava em pé na frente dela.
Ela não estava mais sem família nenhuma. Seus olhos começaram a lacrimejar. —
Eu pensava que não tivesse mais família.

O sorriso de Hayden era brilhante. —Você não têm apenas a mim, mas você
também tem a minha mulher, Isla e cada guerreiro e Druida do Castelo MacLeod.

—Ele está certo, — disse Fallon. —Família é importante para nós.

—E para os reis, — Tristan acrescentou.

Iona fungou e olhou para Laith. —Você sabia que ele estava relacionado a mim?

—Eu sabia. Só não tinha certeza de como você reagiria, — explicou.

—Eu não posso esperar para levá-la ao Castelo MacLeod, — Hayden disse quando
ele puxou-a para ficar ao lado dele. —Quero que você conheça todos. Você tem
uma família enorme, Iona, que também se estende aos Reis Dragões desde que o
gêmeo de Tristan é um guerreiro.

Iona recuou e girou os olhos para Tristan. —Como isso é possível?

—Era uma vez um guerreiro, — Sammy disse quando ela se levantou da mesa e
caminhou até ficar ao lado de seu companheiro. —Ele foi morto, mas voltou como
um Rei Dragão. O mais novo rei deles em milhões de anos, — disse ela com
orgulho.
Fallon sorriu enquanto ele ria. —Nossa família continua crescendo. Primeiro, com
Tristan de volta, o que incluiu Sammy. Em seguida, com Jane como a irmã de
Sammy, temos Jane e Banan.

—Os laços entre guerreiros e Reis Dragões estão se fortalecendo, — disse Tristan,
mas seu comentário foi dirigido a Laith.

—Eu vou dar um soco em Con por não me dizer, — Hayden rosnou.

Iona olhou nos olhos negros de Hayden e encontrou sua garganta bloqueada com
emoção. —Eu me recusei a falar com meu pai durante duas décadas por causa das
mentiras que minha mãe me disse. Nunca soube o homem que ele era, até
recentemente, mas tenho um dever a cumprir. Devo-lhe, pelo menos isso. — Ela
desviou o olhar para Laith. —Você me deu uma família novamente. Não posso
lhe agradecer o suficiente.

Ela puxou a mão do aperto de Hayden e atirou-se em Laith. Ele a pegou e segurou-
a firmemente contra ele. Algo forte agitando em seu peito. Aqueceu-o, o acalmou.
E ele sabia que era tudo por causa de Iona.

—Eu jurei que iria protegê-la, — ele sussurrou baixo o suficiente para que só ela
pudesse ouvir. —Se não puder, então Hayden e o resto dos guerreiros farão.
Ninguém ousará tentar prejudicá-la agora.

Laith estava relutante em liberar Iona, mas seu sorriso brilhante o acalmou. Ela era
especial e não só porque era guardiã dos Campbells, mas porque era sua.
Ela não sabe ainda, ninguém além de Laith sabia. Depois de sua conversa anterior,
ele sabia sem dúvida que não ficaria satisfeito até que Iona fosse dele. E por suas
próprias palavras, ela estava mais perto da realização do que ela sabia.

Ele relutantemente a soltou, mas encontrou seu próprio sorriso crescendo quando
permaneceu ao seu lado, com o braço em volta dele. Laith descansou o braço sobre
seus ombros e olhou para cima para encontrar Tristan olhando para ele.

—Quando você soube? — Tristan perguntou através de seu vínculo mental.

Laith queria ignorá-lo, mas se ele fizesse, era provável que Tristan fizesse a
pergunta em voz alta. —Eu acho que tive uma suspeita por alguns dias, mas fiquei sabendo
hoje.

—Ela sabe?

—Não. Com a morte de John, fui o único a dizer-lhe quem somos e o que ela está guardando.
Isso foi ontem à noite e então ela descobre que tem família e que são imortais?

Tristan lançou-lhe um olhar sombrio. —Se ela é sua companheira, Laith, então não deixe
muito tempo passar sem lhe dizer. Os mortais podem ser tomados em um piscar de olhos.

Laith apertou Iona enquanto pensava nela perdendo a vida. Como se sentisse seus
pensamentos sombrios, Hayden levantou uma sobrancelha loira para ele. Laith deu
um leve aceno de cabeça, esperando que Hayden fosse deixar para lá.

—É melhor eu ir buscar Isla, — disse Fallon. —Os outros vão querer vir também.
Hayden firmemente balançou a cabeça. —Não agora. Iona tem muito em seu
prato. Depois de tudo isso resolvido, então ela pode encontrá-los.

—Você quer ser o único a dizer a minha esposa? — Fallon perguntou,


consternado.

Hayden rapidamente ergueu as mãos. —Você está por sua conta com Larena, meu
amigo. Apenas me traga Isla tão rápido quanto você puder.

Fallon atirou-lhe um olhar sombrio e desapareceu.

—Oh. Meu Deus, — Iona disse com um suspiro. —Ele está... ele está... se foi.

Hayden jogou a cabeça para trás e riu. —Sei que chocou você, como você reagiu
quando viu um dragão pela primeira vez?

Laith gemeu interiormente quando Iona desviou. Ele encontrou o olhar de Hayden
e disse: —Ela não nos viu ainda.

—Ah, — Hayden disse em compreensão, prolongando a palavra. —Entendo.


Depois de tudo que nós guerreiros tínhamos visto, eles nos pegaram de surpresa
também.

—Como você parece quando libera o seu Deus? — Perguntou Iona.

Hayden coçou o queixo enquanto pensava ela. —Moça, tem certeza de que você
está pronta?
—Se sou parte deste mundo, eu preciso não apenas ouvir os detalhes, mas vê-los
também.

Ela tinha um ponto, Laith admitiu. Ele deu de ombros quando Hayden olhou para
ele. E então, no próximo instante a pele de Hayden era de um vermelho escuro,
pequenos chifres vermelhos sobressaíam em cima de sua cabeça, garras vermelhas
prolongando desde as pontas dos dedos e suas íris negras desapareceram, para ser
substituída com vermelho de canto a canto.

Laith sentiu o tremor passar por Iona. Ele olhou para ela e viu a cor drenar de seu
rosto. Por um momento, ele pensou que ela poderia estar confiante, mas engoliu
alto e se manteve firme.

—E cada guerreiro parecem assim? — Ela perguntou hesitante.

Hayden olhou para a pele vermelha de seus braços. —Os Deuses dentro de nós
favorecem cores, bem como certos poderes. Meu Deus, Ouraneon, é o Deus do
massacre. Sua cor é vermelha e meu poder é o controle sobre o fogo.

—Controlar? — Repetiu Iona em confusão.

Tristan fez sinal para Hayden para segurar sua mão. —Ele pode resplandecer, usá-
lo como uma arma, extingui-lo, ou o que quiser.

O olhar de Iona voltou para Hayden a tempo de ver uma bola de fogo se formar
na palma da sua mão. Sua boca se abriu em consternação. —Isso é extraordinário.
Hayden extinguiu o fogo e enterrou seu Deus e assim retornou ao normal. —
Moça, se você acha que é alguma coisa, espere até ver os Reis em suas verdadeiras
formas.

—Hayden Campbell, é melhor não a estar assustando, — Isla disse assim que ela
e Fallon apareceram ao lado dele.

Hayden curvou-se e beijou sua pequena esposa. —Nunca, meu amor. Iona, eu
quero que você conheça Isla, o amor da minha vida.

Iona e Isla disseram Olá e Laith observou como Iona observou o cabelo comprido
preto e os olhos azuis gelo de Isla. Iona reagiu melhor ao aparecimento súbito de
Fallon e Isla do que quando ele se teletransportou para longe.

—Vamos para a sua terra, — disse Hayden a Iona. —Quero verificar tudo antes
do cair da noite.

Laith viu Con em pé na escada. Iona estava muito ocupada conversando com Isla
para notá-lo, o que era bom para Laith. Ele puxou Iona de lado. —Eu vou estar
com você mais tarde. Tenho algo que preciso fazer aqui.

—Está tudo bem? — Ela perguntou preocupada.

Laith sorriu e mentiu. —Claro. Você ainda quer ver o que você está guardando?

—Sim.

—Então vou encontrá-la à meia-noite na cachoeira.


Ela tocou seu rosto. —Você me deu tanto hoje, Laith. Um simples obrigada não
é suficiente.

—Agradeça-me depois. Agora vá antes que Hayden venha atrás de você, — disse
ele e lhe deu um beijo rápido.

Ela riu e correu até os outros. Assim que ela chegou ao grupo, eles colocaram suas
mãos uns sobre os outros e Fallon os teletransportou.

Depois que eles saíram, o sorriso de Laith caiu quando se virou para Con que
retirou o paletó e colocou sobre o corrimão. Tristan ficou do lado de fora da porta
da cozinha sozinho, devia ter enviado Sammy para longe.

—O que foi? — Laith perguntou a Con.

Os olhos negros de Con não mostraram nada. —Quando você dormiu com ela?

—Quando foi que isto se tornou seu negócio? — Laith replicou.

—Tornou-se meu negócio quando ela herdou a terra Campbell e tomou o manto
da responsabilidade que vai junto com ela. Os reis nunca flertaram com os
Campbells só por isso.

Laith caminhou para a escada e subiu lentamente até que ficou ao lado de Con. —
Principalmente porque têm sido machos os que herdaram os deveres.
Independentemente disso, está feito.
—E se ela recusa você mais tarde? — Con exigiu. —Você realmente acha que ela
vai se sentir tão inclinada a nos proteger?

Laith fez um som na parte de trás da garganta. —Você está com raiva porque
dormi com ela porque é uma Campbell, ou porque eu a quero como minha
companheira?

O silêncio de Con era resposta suficiente.

—Ambos, então, — disse Laith e olhou ao seu redor. —Como eu disse, está feito.
Hayden e Isla estarão vigiando-a.

—Você acha que ela está em perigo?

Laith apertou os dentes para conter a maré de raiva. —John não foi morto por
nada. Iona pode ser a próxima, porque com sua morte a terra já não está em mãos
dos Campbells.

—Não é verdade, — Con disse suavemente. —Thomas MacBane deixou escapar


que Iona teve seu testamento elaborado ontem. Há um lugar para o parente mais
próximo e estou bastante certo de que agora será Hayden.

Laith sabia para onde a conversa estava indo, mas ele queria que Con o dissesse.
—Que significa?

—O que significa que quanto mais perto ela estiver de um Rei Dragão, mais estará
em perigo. Se você quer protegê-la, fique fora de sua vida.
Iona olhou para Hayden quando ele sorriu para ela, um brilho de diversão em seus
olhos escuros. O grupo se fechou de repente em volta dela. Fallon colocou a mão
em seu ombro, ao mesmo tempo em que Hayden pegou a sua mão.

Um momento eles estavam na Mansão Dreagan, e no próximo, Iona estava do


lado de fora de sua casa de campo. Ela cambaleou para trás, a boca aberta. Uma
coisa era ouvir que alguém poderia se teletransportar e até mesmo vê-lo. Era
completamente diferente experimentar ela mesma.

Ela piscou como se esperasse que seu cérebro sincronizasse como seu corpo. Isla
cutucou Hayden fora do caminho e passou um braço ao redor dela.

Iona olhou para Isla e respirou fundo para encontrar seu equilíbrio novamente. —
Eu não estava esperando isso.

—Foi provavelmente o melhor, — Isla disse, enquanto observava Hayden e Fallon


caminharem ao redor da casa. —Saber o que está para acontecer às vezes é pior.

—Você provavelmente está certa. O que estão fazendo? — Ela perguntou sobre
os homens.

—Fazendo o que um guerreiro faz de melhor - proteger. — Isla baixou a mão


quando Iona recuperou o equilíbrio e olhou em volta. —Eles estão observando
para ver onde estão os melhores lugares para se esconder e para determinar onde
um inimigo pode tentar atacar.

—Oh. — Iona cruzou os braços sobre o peito e olhou para os guerreiros e para
Isla. Iona se perguntou se Isla sabia que estava agindo como Hayden também.

Isla lançou-lhe um sorriso por cima do ombro e explicou, —Magia pode ser
sentida por um guerreiro. Um Druida pode dizer quando magia foi usada, mas
Hayden e Fallon podem sentir a diferença na magia usada por um druida, um Fae,
ou um Rei Dragão.

—Como é que os guerreiros e druidas mantiveram-se em segredo tanto quanto os


Reis Dragões?

—Os druidas não tem se escondido, — disse ela e parou perto de uma árvore onde
o Range Rover estava estacionado. —Têm aqueles lá fora agora que afirmam
serem druidas, embora eles não tenham nenhuma magia. Isso torna mais fácil para
nós nos mantermos em segredo, porque o mundo está focado nos outros.

Iona deu de ombros, porque isso fazia sentido. —Seria rude perguntar quantos
anos você tem?

Os olhos azuis gelo de Isla deslocaram-se para ela. —Eu já tinha cinco séculos de
idade quando conheci Hayden em 1603.

—Isto é... Alucinante.


—E o fato de Laith estar vivo desde o início dos tempos não é? — Isla perguntou
com um sorriso.

Iona revirou os olhos. —Oh, sim, é, mas tento não pensar nisso. Eu não consigo
assimilar esse fato, ou que ele seja um dragão.

—Então você não o viu em sua forma de dragão? — Isla perguntou com uma
pequena carranca.

—Todo mundo fica me perguntando isso. Devo me preocupar?

Isla contemplou a sua pergunta por um momento. —Eu sei que não estava
preparada para o tamanho deles. Os Reis em forma de dragão são enormes. Eles
também parecem muito ferozes. Mantenha isso em mente.

Iona faria justamente isso. Laith foi o primeiro homem que ela quis manter a seu
redor. Ele encontrou o pedaço dela que trancou há muito tempo. Quando nenhum
outro homem sequer tentou alcançá-la, ele partiu para conquistá-la. E ele fez
exatamente isso.

Ele a assustou, mas não o afastou. Outra novidade para ela. Se não fosse cuidadosa,
poderia encontrar-se caindo por Laith. Não se apaixonar, porque não acreditava
nisso, mas caindo pela idéia deles como um casal.

Que ela poderia facilmente fazer. Já contava os minutos até que pudesse vê-lo
novamente.
Isso era um território perigoso para se pisar. Se queria estar com Laith, então seria
cada vez mais difícil para ela sair quando chegasse uma nova atribuição, se já não
estivesse sido demitida. Ela não verificava seu e-mail a alguns dias.

Iona gostava do que fazia mais do que qualquer outra coisa no mundo. Não podia
desistir disso, nem ficaria com alguém que lhe pedisse isto. Laith foi o primeiro
sequer a fazê-la pensar nesse sentido. Era provavelmente um ponto discutível de
qualquer maneira. As chances de seu relacionamento com duração superior a seu
tempo na Escócia era... Bem, francamente, quase nulas.

Ainda assim... Se fosse parar de trabalhar, ela podia ver-se com Laith.

Iona estava confusa com este novo mundo em que se encontrou fazendo parte,
mas saber que tinha família – uma extensa pelo que parece - era algo que nunca
contou. Ou percebeu que era o que ela queria.

Sua mãe ainda estava por perto e tanto quanto ela a amava, não era o mesmo que
ter alguém como Hayden. Não tinha nada a ver com a sua imortalidade e tudo a
ver com a forma como a acolheu de braços abertos, nenhuma conversa sobre
dinheiro sequer.

Iona não tinha ilusões. Ela sabia que com o dinheiro que enviou à sua mãe ela não
veria ou ouviria de Sarah novamente até que mais fosse necessário. Iona fez
questão de enviar uma grande parte de sua própria conta que deverá manter sua
mãe ao longo de vários anos.

—Algo errado? — Perguntou Isla.


Iona rapidamente sacudiu a cabeça. —Só estou pensando um monte
recentemente.

—Ah. Sobre Laith, suponho.

—Como você sabia? — Ela perguntou, espantada.

Isla sorriu e olhou para Hayden. —Hayden e os outros estavam lutando contra
Deirdre, que me obrigou a ajudá-la, prendendo a minha irmã e minha sobrinha,
quando os guerreiros atacaram. Tentei fugir, porque sabia que ela não morreria tão
facilmente como eles assumiram. Hayden me encontrou na neve meio viva.
Deirdre tinha me ligado a ela. Desde que eu não estava morta, sabia que ela estava
viva. Eu implorei para Hayden me matar.

—Ele obviamente não matou

—Não, — Isla disse em uma voz suave. Ela engoliu em seco e olhou tristemente
ao redor da área. —Ele não matou. Ele queria, assim que ele soube que eu era
drough. Ele odiava droughs, você vê, porque eles mataram sua família.

Foi a tristeza e pesar nos incríveis olhos azuis de Isla que deu uma pista para Iona.
—Foi você, não foi?

Ela assentiu com a cabeça e desviou o olhar, piscando rapidamente. —É difícil


para eu voltar aqui, mesmo depois de todo esse tempo. Deirdre tinha o controle
da minha mente e do corpo, forçando-me a cometer atrocidades, mas o simples
fato é que era eu.
—Como foi que Hayden superou seu ódio?

Ela afastou seu longo cabelo preto de seu ombro. —Com a mesma atração contra
a qual eu lutei também. Éramos como óleo e água em primeiro lugar, cada um
lutando para não ceder à vontade, mas a paixão era muito grande. Contra todas as
probabilidades, nós nos apaixonamos e foi com a ajuda de Hayden que o feitiço
que me ligava a Deirdre foi quebrado.

—E sua irmã e sobrinha? — Perguntou Iona.

O olhar de Isla voltou para ela. —Elas morreram. As druidisas no Castelo


MacLeod me trataram como um dos seus. Elas me deram esperança, enquanto
Hayden deu-me coragem e amor.

Iona desviou o olhar, não querendo dizer a sua nova amiga seus pensamentos
sobre o amor. Ela viu Hayden acenando para Fallon e como ambos se agacharam
perto de um grupo de árvores e afastaram as folhas das samambaias para fora do
caminho para olhar para o chão.

—Por que você torce o nariz com a menção de amor?

Iona olhou para Isla. —Eu não torci meu nariz.

—Sim, — Isla disse com uma risada. —Você torceu. Você não acredita nele?

Iona não gostou da maneira que Hayden e Fallon continuaram olhando para o
local. —Eu costumava esconder o meu desprezo pela palavra melhor, mas fui
assediada por ele nos últimos dias. Estou acostumada a estar só comigo mesma, e
ainda assim me encontrei rodeada por novos amigos, o que tornou lidar com o
assassinato de meu pai um pouco mais fácil.

Para alguém que gostava de estar sozinha, Iona se viu cercada por amigos e
familiares. Isto alterou seu modo de pensar ainda mais. Lutou contra quaisquer
restrições de ter amigos, mas agora ela percebeu que só esteve prejudicando a si
mesma. Ela era mais forte com os amigos ao redor dela, fortificada pela sua nova
família.

—Estar rodeado de amigos é uma coisa boa, — Isla apontou.

—Eu não nego isso. — Iona deixou cair os braços e procurou as palavras certas.
—Eu acho que as pessoas querem acreditar no amor. Que querem algo que os faça
pensar que eles sentem algo que não existe e, em seguida, o casal é surpreendido
quando esse ‘suposto’ amor chega a extremos como divórcio, separação, ou vem
à ruptura.

—Você nunca viu o amor, então?

—Eu acho que o amor entre um pai e seus filhos, assim como uma criança por
seus pais, é real. Apaixonar-se por outra pessoa, no entanto, não é. Luxúria?
Desejo? Sim, essas coisas são reais.

Isla levantou uma sobrancelha negra. —Então, é apenas luxúria e desejo que você
sente ao lado de Laith? Ou é o começo de algo mais?
—Eu honestamente não sei. — Iona suspirou e fechou os olhos por um segundo.
—Eu costumava pensar que o amor era tudo inventado por nossas mentes. Que
não há tal coisa como alma gêmea ou a outra metade de uma pessoa. Que as
pessoas querem acreditar no amor, porque eles precisam pensar que há alguém lá
fora para eles.

—Mas, — Isla pressionou.

Iona balançou a cabeça vigorosamente. —Eu assisti a minha mãe passar pelos
homens como se fossem lenços de papel. Eu me dizia que não havia alguém lá
fora para mim, que estava melhor sozinha. O que colocou tudo em perspectiva e
me permitiu viver feliz. Pelo menos eu achava que era feliz.

—E agora?

Iona disse demais para Laith anteriormente. Ela não foi capaz de evitar. A situação
se apresentou e de repente ela estava derramando suas entranhas. O fato de que
queria estar com ele o tempo todo dava medo nela como nada mais poderia.

Ela engoliu em seco e olhou para Isla. —Eu não quero me preocupar com ele. Eu
não quero precisar dele.

—Mas você faz. Não há nada de errado com isso.

Iona sorriu como sempre fazia quando pensava em Laith. —Eu não nego que há
uma onda de atração entre nós. Também não nego que me faz sorrir ou que me
sinto mais forte quando está próximo. Não sou tola o suficiente para pensar que
vai durar mais tempo do que o meu tempo aqui.

Isla franziu a testa. —Você está indo embora?

—Eu normalmente não fico em um lugar por muito tempo. — Embora ela não
estivesse contra a permanecer na Escócia. Foi o primeiro lugar que se sentiu em
casa desde que a deixou vinte anos atrás.

Isla a estudou por um momento e então deu de ombros. —Por que não testar o
que acontece entre você e Laith e esperar? Ou você está com medo de que vai se
apaixonar?

Iona ficou surpresa com o desafio de Isla. Ela não tinha medo de se apaixonar.
Como ela poderia ter quando não acredita nisto? Ou... Não acredita? —Eu...

—Isla!— O grito de Hayden a interrompeu.

Iona seguiu Isla quando correu para o marido. Assim que chegaram a Fallon e
Hayden, Isla olhou para o chão. O rosto de Fallon estava sombrio quando olhou
para Iona e lentamente se levantou. Iona desviou o olhar para Hayden para ver o
cenho franzido em uma carranca profunda. Ele balançou a cabeça de cabelos loiros
e deixou as folhas de samambaia voltarem para o seu lugar.

—Isto não é nada bom, — disse Hayden.

Iona observava as folhas de samambaia balançar suavemente até o momento que


se detiveram. Ela se virou e olhou por cima do ombro para a casa que estava a seis
metros de distância. A janela de sua sala de estar estava na linha de visão deles,
dando-lhes uma visão direta para a cozinha.

—Mágica de Dragão e Fae Escuros misturadas, — disse Fallon, suas palavras com
raiva cortante. —Vou alertar Dreagan.

—E eu vou ampliar a pesquisa, — disse Hayden.

Iona se virou, mas Fallon já tinha ido. —O que esta magia significa?

—Isso significa que havia alguém aqui, — disse Hayden com uma carranca. —
Magia dos Escuros é mais mortal do que magia negra. A magia negra tem uma
doentia sensação enjoativa associada a ela. Magia dos Escuros se parecesse com a
morte. É sinistra, nefasta de maneira que não posso descrever.

Isla estremeceu. —Foi usada uma magia bastante forte e ainda posso senti-la. A
magia de Dragão é a mais pura magia, mais poderosa neste reino. Que seja
combinada com a magia de um Fae Escuro é... —Ela fez uma pausa e olhou
impotente para Hayden.

—Repugnante. Repulsiva. Uma atrocidade. Faça a sua escolha, — Hayden


murmurou.

Iona sentiu o estômago se revolvendo. —Alguém estava me observando? Alguém


estava aqui?
—Laith pensou que poderia haver problemas. É por isso que ele me chamou, —
disse Hayden. —Não se preocupe, Iona. Quem quer que seja esta pessoa não
chegará perto de você.

Ela não gostava do medo que congelou suas veias. —Será que essa pessoa entrou
na casa?

Hayden imediatamente foi até a porta da frente. Iona atirou-lhe as chaves e esperou
fora com Isla enquanto ele verificava o interior.

Quando ele voltou para a porta, seu rosto tinha uma expressão de trovão. —Eles
estiveram por toda a casa.

Os joelhos de Iona ameaçou desabar. —Eu pensei que estava imaginando coisas.
Eu pensei que estava sendo esquecida, com tudo o que está acontecendo.

—Não, — Hayden disse sombriamente. —Alguém tem seguido você.

A cabeça de Hayden virou rapidamente para a esquerda e seu olhar negro estreitou
em algo. Um segundo depois ele se moveu tão rapidamente que Iona não poderia
segui-lo enquanto corria para a floresta.

Isla deu-lhe um empurrão suave em direção a casa. —Fique lá dentro enquanto


faço um feitiço no perímetro.

Iona andava no meio da sala de estar olhando ao redor da casa. Ela ainda não podia
acreditar que alguém esteve em sua casa. Mas como? Ela não teria visto?
Ela olhou pela janela para Isla no lado de fora com os olhos fechados e seus lábios
se movendo. Seus braços foram mantidos em seu lado no início, as palmas das
mãos voltadas para fora. Um segundo mais tarde e os braços começaram a levantar
lentamente, até que estavam diretamente acima de sua cabeça.

As mãos entrelaçadas e houve uma luz brilhante que explodiu de suas mãos. Iona
abaixou em reação e olhou em volta para ver se ela poderia localizar a magia.

Alguns momentos depois, Isla entrou na casa e Iona perguntou: —Seu feitiço vai
funcionar bem? Será que vai manter quem esteve aqui fora?

—Provavelmente não, já que é magia dos Escuros que foi usada, — Isla afirmou
sombriamente. —Mas vai me alertar se ele tentar entrar.
Laith não estava disposto a deixar Con tomar a decisão por ele quando se tratava
de Iona. Ele olhou para Constantine por longos momentos de silêncio antes de
Tristan subir as escadas e abrir caminho entre eles até que estava a poucos passos
acima deles, então parou e olhou para eles.

—Con, você está sendo um babaca. Você queria que um de nós se aproximasse
de Iona para que pudéssemos determinar o que ela sabia e contar-lhe sobre o seu
legado se John não o tivesse feito. Você não pode apenas dizer-lhe para parar
depois que ele se aproximou, — disse Tristan. —E Laith, você não está pensando
com calma. Con está tentando colocar as coisas em perspectiva e fazendo isso
muito mal.

—Eu estou fazendo um bom trabalho, — Con afirmou sucintamente.

Laith passou por Con e Tristan nas escadas. Ele alcançou o topo e, em seguida,
fez uma pausa antes de ele lentamente virar-se para olhar para o Rei dos Reis. —
Será que você não pode ficar bem ao nos ver felizes?

—Eu fiz tudo para me certificar que cada um de vocês tivesse um lugar para
chamar de seu, uma casa onde vocês pudessem ser vocês mesmos, — Con
respondeu.

—Mas não para ser feliz?


O olhar negro do Con era penetrante. —Quando foi a última vez que esteve
verdadeiramente, totalmente feliz, Laith? Posso citar a minha. Quando meus
Golds22 ainda estavam aqui, quando eu poderia estar no topo das montanhas e ver
os dragões em todas as direções. O sexo feminino, não importa o quão bonita seja,
nunca vai preencher esse buraco dentro de mim.

—E você quer que cada um de nós sinta o mesmo, — Laith disse quando ele
enfrentou Con. —Eu sinto falta dos meus Blacks23 cada segundo de cada dia. Nada
nunca vai mudar isso. Estava de acordo, depois do que aconteceu com a mulher
de Ulrik, para não nos permitirmos nenhuma relação com humanas. Nenhum de
nós recusou contra a magia que usamos para bloquear-nos de sentir qualquer coisa.
Mas o feitiço foi quebrado. Ninguém sabe como ou por que, mas você não pode
parar o fato de que os reis estão acasalando-se novamente.

Os olhos de Con arregalaram em surpresa. —É isso que você acha? Que eu não
quero que vocês tenham companheiras?

—Devo lembrá-lo o que você fez para Kellan e Denae? E sobre Kiril e Shara?

—Eu sou o Rei dos Reis, Laith. Parte desse trabalho é garantir que cada um de
vocês tomem as decisões corretas se essas decisões coincidirem com o que você
quer ou não.

22Dragões dourados.
23Dragões negros.
Laith deu um passo em direção a Con, sua fúria se construindo rapidamente. —
Eu não sou uma criança a receber ordens por um pai controlador. Eu sou um Rei
Dragão! Não ganhei essa posição levianamente.

—Suficiente! Todos de vocês, — disse Tristan. Ele passou por Con e foi para Laith
e tomou-o pelo braço. —Venha. Você precisa se acalmar.

Laith não queria deixa ir. Ele queria bater em alguma coisa, de preferência em Con,
mas não faria nenhum bem. Como Tristan disse, ele precisava se acalmar. Ele
estava prestes a se virar quando viu Fallon aparecer de repente na base das escadas.
Ele encontrou o olhar perturbado de Fallon.

—Nós temos um problema, — Fallon disse tenso.

Con virou para Fallon. —O que é?

—Hayden e eu estávamos olhando em torno do chalé de Iona. Nós não tínhamos


ido longe quando sentimos magia dragão e magia de Fae Escuros misturadas.

—Não novamente, — Con murmurou.

Laith desceu correndo os degraus. —Onde?

—Em um bosque perto da casa de campo, — explicou Fallon. —Quem estava lá


tinha uma visão direta através da janela da sala de estar e cozinha.

Laith não precisava ouvir mais. —Leve-me para Iona.

—Ainda não, — disse Con.


Essa foi a última gota para Laith. Ele sacudiu a cabeça para Con. —Eu estou indo.

—Escute, — Con disse calmamente enquanto ele tirava a primeira abotoadura de


cabeça de dragão de ouro e, em seguida, a outra antes que ele arregaçasse as mangas
de sua camisa até os cotovelos. Ele começou a descer as escadas, um músculo
saltando em sua mandíbula. —Permita que Hayden e Isla possam vigiar Iona. A
pessoa que observa Iona nunca irá vê-los se Isla puder proteger Iona e o chalé com
feitiços.

Laith sabia que ele estava reagindo com emoção, em vez de olhar para isto com a
estratégia fria, calculista como Con fazia tudo. Ele ficou em silêncio, à espera de
Con continuar.

—Hayden e Isla não estarão sozinhos. Larena e eu vamos ajudar também, —


Fallon interrompeu.

Con inclinou a cabeça. —Uma vez que Hayden trouxe os MacLeod para proteger
Iona, não estou surpreso. Nós estamos agradecidos. Isso vão ser três guerreiros e
uma Druidesa para a proteção de Iona em terra Campbell. Nós somos mais fortes
em Dreagan. Vamos patrulhar a fronteira e o ar.

—E encurralar o bastardo, — Laith disse quando percebeu o que Con planejava.

O sorriso de Tristan foi lento enquanto ele esfregava as mãos. —Os reis e
guerreiros lutando juntos novamente. Eu gosto disso.
Laith deveria sentir-se melhor sobre a coisa toda, mas havia algo ainda
incomodando. Ele olhou para Fallon e perguntou, — A magia era forte?

—Verdadeiramente, — Fallon respondeu. —Ele tinha estado lá apenas algumas


horas antes.

—Olhe na cachoeira, — disse Laith, um aperto em seu estômago. —Diga-me se


a magia está lá também.

Fallon desapareceu instantaneamente. Laith fechou os olhos, rezando para que ele
estivesse errado.

—Laith? — Con questionou.

Ele ergueu a mão para Con e Tristan, deixando que eles soubessem para esperar.

Nem um minuto mais tarde, Fallon reapareceu. —Eu encontrei um ponto. Ele
estava lá. Como você sabia?

—Sim? — Con perguntou em um tom duro. —Como você sabia?

Laith abriu os olhos e passou a mão pelo seu cabelo enquanto ele começou a
passear pela área. —Porquê Iona e eu estivemos lá por várias horas antes de a
trazer aqui.

—Droga, — Tristan resmungou.

—Nós estávamos sendo observados e eu não sabia disso!— Laith estava furioso,
consigo mesmo e com a situação. —Eu deveria saber.
Fallon endireitou sua postura enquanto cruzava os braços sobre o peito. —É difícil
saber que você está sendo vigiado quando a magia é usada.

—Magia de dragão, — disse Laith. —Eu deveria saber. Eu assumi que porque a
fronteira para Dreagan estava sendo vigiada que Iona estava segura.

Tristan puxou seu longo cabelo em sua mão na base do pescoço e amarrou com
uma tira de couro. —Eles poderiam ter tomado um ou os dois.

—Eles estavam observando, — disse Con. —Eles estavam observando para ver o
quão perto um Rei estava de Iona. E viram o que eles precisavam.

Laith não precisava ser lembrado disto. O deixava doente ao saber que alguém os
viu, viu Iona nua e gritando. Isso era apenas para os seus olhos. Então se lembrou
do que aconteceu quando eles estavam saindo.

—O estojo com a câmera de Iona estava em um local diferente de onde ela pensou
que deixou. Ela disse que isto estava acontecendo muito ultimamente com suas
coisas se perdendo, mas pensou que estava sendo esquecida.

—O que significa que quem quer que este idiota seja ele está fiscalizando suas
coisas, — disse Fallon.

Con desceu as escadas para ficar ao lado de Fallon. —Volte para Hayden e o
informe de tudo. Configurem um perímetro em torno da casa de campo tão amplo
quanto possível. A magia de Isla é poderosa, mas não poderá se defender contra o
que está por vir.
—Então vamos precisar de mais Druidas, — disse Fallon com um sorriso.

Laith chamou o nome de Fallon antes que ele pudesse se teletransportar. —Se
estávamos sendo observados, então isso significa que o idiota ouviu nossas
conversas.

Con levantou uma sobrancelha. —Eu suponho que você tem um plano?

—Sim, — Laith afirmou. —Eu combinei de encontrar Iona à meia-noite na


cachoeira. Ela quer ver o que está protegendo e prometi que iria mostrar a ela.
Continuamos com esse plano. Se ele estava observando, estará lá. Nós vamos
pegá-lo então.

Con sorriu friamente. —Eu gosto disso.

—Eu também, — Tristan entrou na conversa.

O olhar de Laith virou rapidamente para Con, essa sensação afundando e


retornando dez vezes. —Vou refazer meus passos com Iona e ver se posso
detectar qualquer coisa.

—Eu odeio essas pragas, — Tristan respondeu com raiva enquanto caminhava na
direção oposta. —Eu vou começar a procurar na fronteira.

—Eu tenho que alertar os outros em patrulha, — Con avisou. Esperou até que
Tristan e Laith irem embora antes que ele olhasse para Fallon. —Quantos dos
guerreiros que você acha que podem vir para cá?
—Todos eles, — disse Fallon. —O que você não está me dizendo?

—A mistura de magia dragão e magia de Fae Escuros nunca foi feita antes, mas
esta é a segunda ocorrência em poucos dias. A principal razão de nunca ter sido
feita é que nunca nenhum Rei Dragão iria se associar com um Fae Escuro.

Os olhos verdes de Fallon se estreitaram uma fração. —Phelan nos contou sobre
Kiril e Shara. Isso foi um Rei Dragão se misturado com uma Fae Escura.

—Shara escolheu seu lado. Ela foi então capaz de jogar fora o manto de uma Fae
Escurae se tornar da Luz. Associado pode não ter sido a palavra certa. O fato é
que, cada Rei lutou contra os Faes.

—Cada rei? — Perguntou Fallon.

Con estendeu a mão e abriu os dedos para ver as abotoaduras. —Você lidera os
guerreiros, Fallon. Ninguém mais que está em nossa posição compreende as
decisões que temos de tomar.

—Ou o peso dessas decisões, — Fallon concordou.

—Você tem arrependimentos?

—O tempo todo. Eu não sou perfeito. Nenhum de nós é. Meus homens entendem
isso.

Con colocou as abotoaduras no bolso. —Eu tenho apenas um arrependimento


que me assombra a cada dia. Por eras nós fomos capazes de viver nossas vidas sem
uma preocupação. Quando a tecnologia cresceu tomamos precauções, mas
estávamos convictos para garantir que nenhum de nós jamais voltaria a ser
influenciado por um ser humano. Esse encanto foi quebrado. Ainda não sei como
e nada do que fiz foi capaz de colocar esse feitiço de volta no lugar. Desde então,
os seres humanos e os Faes Escuros têm se adiantado para nos mostrar que estão
ativamente tentando nos expor para o mundo. — Você lutou com os Faes Escuros
antes. Faça isso novamente.

—É mais fácil do que isso. Sei quem está puxando as cordas. Esse é o meu pesar,
Fallon. Eu poderia ter impedido isso se tivesse acabado o matando, em vez de
bani-lo.

Fallon brevemente fechou os olhos. —Ulrik. Tem certeza que é ele?

—Ele me disse que iria se vingar.

—Então o mate se é isso que é preciso.

Con sorriu firmemente. —Eu não tenho o apoio de todos os reis. Se eu fizer isso
agora, ele vai nos dividir.

—E se não é Ulrik puxando as cordas, então você acabou de dar tudo para o seu
inimigo, — disse Fallon com um aceno.

—Tem que ser Ulrik. Não existe outro Rei Dragão lá fora e isso é o que seria
necessário para usar a nossa magia, pois não existem outros dragões aqui.

—Mas você tomou a magia de Ulrik, — disse Fallon em confusão.


—Exatamente. Se de alguma forma ele pegou de volta, então quanto mais esperar
para matá-lo, maior será o dano que ele pode fazer.

Fallon deixou escapar um longo suspiro. —Então você matará o homem que você
considera um irmão.

—Que escolha eu tenho? — Con perguntou.

—Você não tem. Você fará isso pelo bem dos Reis Dragões.

Essa é a razão que Con daria aos outros e, por enquanto, essa é a única razão que
contaria.

Ele não se surpreendeu quando o celular tocou. Estava esperando a chamada a


algumas horas. —Sim? — Ele respondeu, com cuidado de colocar seu sotaque
britânico no lugar.

—Senhor, ela foi para Dreagan, assim como você disse que iriam levá-la, — veio
a voz do homem do outro lado da linha. —Ela também teve relações sexuais com
um deles.

—Quem? — Perguntou ele.

—Laith.
Ele sorriu e levantou-se da espreguiçadeira em seu escritório. Antecipação
empurrava-o enquanto caminhava até sua mesa e apertava um botão em seu
laptop. A proteção de tela desapareceu para mostrar uma barra de progressão
carregando.

—Você foi com ela para Dreagan?

Houve uma ligeira pausa. —Eu entrei cerca de cinqüenta metros sobre a
propriedade e um deles começou a procurar por mim. Permaneci na fronteira.

—Eu precisava que você entrasse para ouvir as suas conversas, — disse ele
firmemente.

—Se eu tivesse prosseguido, eles teriam me descoberto. Seja qual for a magia que
está sendo usada para esconder-me não está mais funcionando com eles.

—Mas ninguém descobriu você ainda? — Perguntou.

O mercenário riu. —Não. Tenho sido capaz de me mover livremente. Iona tem
alguma companhia, no entanto.

Isso chamou sua atenção. —Quem?

—Eu não sei quem são, mas eles não são Reis Dragões. Eles são capazes de usar
magia. Há dois homens e uma mulher, e eles desapareceram de Dreagan muito
parecido como os Faes fazem.
—Guerreiros, — disse ele com desgosto. —Eu deveria saber que Con iria trazê-
los.

O australiano fez um som. —Eu estou quase de volta à terra Campbell.

—Seja cuidadoso. Eles não... não vão demorar muito tempo para descobrirem qual
a magia que foi usada. Os guerreiros podem sentir a magia, então mantenha
distância.

—E Iona Campbell?

—Enquanto ela tiver a sua câmera com ela, vou conseguir o que preciso.
Permaneça e vigie, mas não se deixe ser apanhado. Quero um relatório do que os
guerreiros e Reis fazem de manhã.

Ele desligou o telefone e esperou até que a primeira imagem da câmera de Iona
veio através da internet. Era de dentro da Mansão Dreagan. Com as pessoas e a
tecnologia certa, ele poderia conseguir tudo o que queria sem muito esforço.

—Tão perto agora, — ele murmurou para si mesmo.


Assim que a notícia se espalhou a todos os reis dragões que um inimigo não estava
apenas se aproximando, mas tinha como alvo Iona, todo mundo entrou em ação.

Quando o último visitante pegou seu uísque recém-adquirido e saiu da loja, Cassie
fechou e trancou a porta atrás deles. Os funcionários foram mandados para casa
cedo e ela viu Rhys andar através dos edifícios para garantir que todos tinham ido
embora. Ele estava voltando para a mansão quando Cassie se juntou a ele.

—Acabei de desligar uma ligação com Lily. Eu ainda acho que parece assustada,
mas ela me garante que está tudo bem.

Rhys assentiu distraidamente. —Isso é bom. Você percebe que a minha decisão
não tinha nada a ver com Lily. Era simplesmente uma questão de um ser humano
que trabalha para nós e estava em apuros.

—Eu não pedi uma explicação. — Ela se perguntou por que ele estava mentindo,
mas também sabia que a pior coisa que podia fazer era apontar isso.

—Isto não importa. Eu sei o que todo mundo está pensando e eles estão errados.
Lily não significa nada para mim.

Cassie voltou os olhos para ele para ver sua mandíbula apertada. O fato de que
Rhys decidiu mudar por um ser humano e nunca mais ser capaz de retornar à sua
forma verdadeira, porque Lily esteve em perigo dizia tudo. —Eu não perguntei se
ela importa e é bastante ofensivo que você diria uma coisa dessas. O que você
ouviu?

Rhys parou tão rapidamente que ela deu um par de passos antes que percebesse.
Cassie se virou e encontrou o olhar azuis claros se estreitando perigosamente sobre
ela.

Mas Cassie não estava intimidada, não depois de estar acasalada ao seu próprio rei.
—Lily é uma alma gentil, Rhys. Ela é gentil e tímida e temo que haja algo em seu
passado que a tornou do jeito que ela é.

—Eu sei. — Ele disse as palavras quase em um sussurro, seu olhar movendo-se
para o chão.

—Eu sei que Lily tem que significar algo para você desistir de sua verdadeira
forma, — disse ela com cuidado.

Seus ombros caíram e ele passou a mão pelo rosto, assumindo uma expressão
abatida. —Assim que ouvi que Lily estava em apuros, mudei antes que tivesse
tempo para perceber o que estava fazendo.

Cassie sabia o que isso significava, mas também sabia que Rhys não gostaria de
reconhecê-lo ou ouvi-lo, de modo que ela se manteve em silêncio. Ela adorava
Rhys. Ele era divertido e descontraído até que alguém ameaçasse aqueles com
quem se preocupava. Então era uma besta, um animal feroz que reagia
instantaneamente.
Mas ele também não era certo para Lily. Rhys estava acostumado a se livrar das
mulheres rapidamente. Lily era exatamente o oposto e não importa o que Rhys
pudesse sentir Cassie não achava que nada de bom poderia vir disso. Lily era muito
tímida.

Rhys olhou para o céu. —Eu nunca vou voar de novo. Faz apenas algumas horas,
mas já estou desejando como nunca antes. — Ele voltou seu olhar para ela. —Eu
me pergunto se é assim que Ulrik se sente.

—Eu não conheci Ulrik e não quero saber dele. Não importa se você pode mudar.
Você ainda pode usar a sua magia e você ainda é um Rei Dragão.

Ele olhou para longe, desgosto transformando os cantos dos lábios para baixo. —
É claro que importa se não posso mudar.

Ela abriu a boca para chamá-lo de volta quando Rhys saiu, mas uma grande mão
entrelaçou com a dela. Ela olhou para Hal e suspirou. —Você ouviu tudo isso?

—Eu ouvi, — disse ele com um leve aceno de cabeça enquanto observava Rhys.
—Nenhum outro rei estava preparado para correr para o lado de Lily como Rhys
estava. Ele não tem idéia do que isso significa. Ou talvez saiba e apenas não está
pronto para admitir isso nem para si mesmo.

Cassie apoiou a cabeça no peito de Hal. —Eu acho que ele sabe, mas acho que ele
está fazendo a coisa certa em não admitir isso.

—Você não acredita que Lily é a única para ele?


—Na verdade, acho que ela lhe faria muito bem. É que não acho que Rhys é o
caminho certo para Lily. Ela é muito tímida, e ela não é como as mulheres que
normalmente gravitam em torno dele.

Hal colocou um dedo sob o seu queixo e levantou o rosto para ele. —Alguma vez
você já considerou que ele escolhe as outras mulheres de propósito?

—Porque ele gosta de sua sexualidade flagrante? Porque gosta de como suas
roupas mal as cobrem? — Ela disse, o desgosto escorrendo de cada palavra.

Hal sorriu e beijou a ponta de seu nariz. —Há muito que você não entende sobre
os homens, meu amor.

—Explique-me então.

Ele virou-se para que ela ficasse diante dele, seus corpos apertados. —Eu prefiro
gastar meu tempo beijando-lhe da cabeça aos pés, demorando-me no meio.

Cassie puxou sua cabeça para baixo para um beijo. Hal sempre sabia o que dizer
para fazê-la derreter. Infelizmente, não havia tempo para um namorico de qualquer
tipo.

—Droga, — disse Hal com um gemido quando terminou o beijo. Ele tirou o
cabelo para longe de seu rosto. —Eu tenho que ir.

—Eu sei. Seja cuidadoso.


Não era a primeira vez que disse essas palavras, mas foi a primeira vez que elas
significavam realmente algo para eles. Depois que Rhys foi atingido com a magia
dragão, cada companheira estava no limite que o mesmo poderia acontecer com o
Rei delas.

Ser uma companheira para um Rei Dragão significava que sua vida mortal tornou-
se imortal, para viver tanto tempo quanto seu rei vivesse. Desde que a única
maneira de um Rei Dragão morrer era pelas mãos de outro Rei Dragão, isto não
era muito preocupante.

Não era mais assim. O que Rhys passou trouxe para casa para Cassie, Elena, Jane,
Denae e Sammy um mundo de preocupação. Shara era a única não humana, mas
ninguém tinha certeza de como isto funcionaria nela, pois, como uma Fae, Shara
viveria uma vida extremamente longa de qualquer maneira.

Cassie manteve Hal um pouco mais apertado antes que o soltasse. Ele foi para a
entrada lateral da montanha, mas fez uma pausa para dar-lhe um último aceno. Ela
o devolveu, mantendo seu sorriso no lugar até que estava fora de vista. Com o
medo pesando nela, Cassie foi até a mansão onde as outras companheiras se
reuniram para esperar a noite longa e escura.
A meia noite não parecia tão livre e mágica como na noite anterior. Agora, parecia
mortal e assustadora. Iona odiava o medo que a fazia saltar com cada som na
floresta agora. Ela ajustou a alça do estojo da câmera e segurou mais apertado.
Andou na floresta dezenas de vezes sem uma preocupação. Quantas vezes foi
observada? Quantas vezes passou por ele?

Pior, quantas vezes ele esteve na casa enquanto ela dormia?

Era evidente que os itens que pensou que perdeu ou esqueceu que os mudou,
foram tocados por este inimigo desconhecido. A deixava doente, mas a emoção
logo se transformou em raiva. O que deu a todos o direito de invadir a sua terra, a
entrar em sua casa de campo?

E tudo porque ela vivia na fronteira de Dreagan.

Tanto quanto as pessoas da aldeia sabiam, eles tiveram a sorte de estar perto de
uma destilaria tão famosa que trazia milhões de dólares em receitas de turismo a
cada ano.

Ninguém sabia a verdade sobre Dreagan. Os poucos que sabiam estavam


trabalhando para proteger o lendário segredo ou tentando expô-lo.

Conforme Iona andava, ela tentou pensar por que alguém iria querer expor
Dreagan. Não daria para este inimigo oculto qualquer controle sobre os Reis
Dragões. Se qualquer coisa, isso iria virar fúria dos Reis em seu nemesis 24. O

24Nêmesis, inimigo, castigo. (Lingee).


mundo inteiro gostaria de ter um pedaço dos Reis, se era para estudá-los, usá-los
para magia, ou tentar controlar seu poder.

Nada de bom poderia acontecer se os Reis Dragões fossem revelados. A menos


que…

Iona parou e colocou a mão em uma árvore quando o mundo começou a girar.
Ela piscou no escuro, grata que a lua estava cheia e lançava luz suficiente para que
não precisasse de uma lanterna. Ela lambeu os lábios e olhou para o céu através
dos galhos grossos das árvores. Magia Dragão foi usada e ainda Fallon disse que
nenhum dos Reis em Dreagan eram parte disso. Iona sabia de apenas outro Rei
Dragão -Ulrik.

Se ele tivesse conseguido recuperar sua magia de alguma forma e ele fosse o único
por trás disso, então estava perfeitamente claro quais eram seus motivos.
Revelando os Reis Dragões iria trazer ao mundo uma guerra que, uma vez foi
travada entre os seres humanos e os Reis.

Os Reis Dragões não iriam ficar parados e serem tomados. Eles lutariam o que só
estimularia a guerra. Iona não viu um dragão ou testemunhou o poder dos reis,
mas se os guerreiros eram qualquer indicação, os Reis poderia livrar a Terra de
cada ser humano.

Então não haveria nada para impedir os dragões de retornar.

Iona respirou fundo e continuou até a cachoeira. Assim que Hayden disse que iria
encontrar Laith como o planejado, ela observava o relógio, as horas à deriva
lentamente. Principalmente porque estaria com Laith novamente, mas havia
também a emoção de chegar a ver Laith como um dragão. Que a tudo ofuscava,
mesmo o fato de que iria ver o que os Campbells estiveram guardando.

Mesmo que Iona soubesse que não estava sozinha na floresta, porque os guerreiros
a cercavam, ela ainda estava abalada com o pensamento de alguém espionando-a.
Ninguém precisava dizer a ela que suas horas com Laith na cachoeira foram
observadas.

Iona olhou ao redor, tentando encontrar um vislumbre dos guerreiros e não


encontrou nada. Eles eram bons em permanecer escondidos, especialmente
Larena. Ela era a esposa de Fallon e a única guerreira. Seu poder era se tornar
invisível, literalmente.

O plano era que Larena permanecer perto de Iona em todos os momentos até que
Iona estivesse com Laith. Uma segunda Druidisa chamada Aisley chegou com os
outros guerreiros teletransportados pelo Fallon. Aisley era linda com seu cabelo
preto e olhos cor de corça. Não houve tempo para falar muito quando os
guerreiros tomaram seus lugares e Isla e Aisley rapidamente se esconderam para
fazer sua mágica.

Iona avistou brevemente o Guerreiro Ian, que era o gêmeo de Tristan, antes de
desaparecer na floresta. Esteve tão assustada por aquilo que, num primeiro
momento, pensou que ele era Tristan, eles pareciam tão iguais.
Ela não podia esperar para saber mais sobre os guerreiros, os druidas, Faes e os
reis dragão. Durante oito anos quando uma menina, foi uma parte de um mundo
sem sequer conhecê-lo. Sua mãe certamente não sabia. Isto explicava por que seu
pai não veio atrás delas.

Ainda doía, mas Iona compreendia. Agora ela poderia perdoá-lo. Guardando tal
segredo não era um fardo fácil de assumir. Era perigoso e cheio de segredos e
ainda assim ela abraçou.

Iona ouviu a cachoeira e aumentou seus passos para se apressar e alcançá-la. Não
estava mais cheia de memórias da infância. Ora, havia novas memórias, memórias
de suspiros e gritos de prazer. Ela sorriu só de pensar nisso.

Esse sorriso se alargou quando veio para a piscina e viu a lua refletida na água
sempre em movimento. De repente, a lua foi bloqueada no reflexo da piscina. A
cabeça de Iona levantou para o céu escuro. Ela procurou ao seu redor, o que estava
deixando-a desta forma. Então viu o vulto escuro. Era enorme, mesmo tão alto no
céu.

O dragão inclinou uma asa e virou-se para descer sobre ela. Houve uma lufada
profunda com o batimento das asas do dragão, fazendo seu cabelo voar em seu
rosto.

Ela não conseguia tirar os olhos de cima dele. Ele graciosamente aterrou no topo
da cachoeira e aproximou as grandes asas contra ele. Com o luar brilhando sobre
ele, Iona viu as escamas negras azeviche. Uma fileira de placas ósseas correu a
partir da base de seu crânio para os ombros do dragão. Sua cauda acendeu e
estabeleceu-se atrás dele, salpicos de água tão alto, mesmo que ela pudesse vê-lo.

Portanto, este era Laith. Não admira que todo mundo estivessem preocupados
com a reação dela. Ele era... Aterrorizante. Se não conhecesse o homem, ela
certamente fugiria. Mas conhecia o homem. Conhecia sua voz, seu sorriso, e seu
toque.

Sua mão tremia quando levantou-a e fez sinal para Laith vir até ela. Ele saltou no
ar, sua propagação das asas e deslizou para baixo na terra atrás dela. Iona seguiu
sua progressão e deu um passo para trás quando o viu de perto. Ele era
alarmantemente grande e assustadoramente magnífico.

Laith estendeu um membro musculoso, com quatro dedos alargados e espalmados


que tinham longas garras pretas. Profundos olhos roxos de dragão piscaram para
ela antes que ele apontasse para suas costas com a cabeça.

—Suba logo, — a voz desencarnada de Larena sussurrou em seu ouvido. —Laith


não vai deixá-la cair.

Com Laith observando de perto, Iona sabia que qualquer que fosse sua decisão
afetaria seu futuro com ele. Era o momento perfeito para fugir como normalmente
faria e esquecer quaisquer sentimentos que ela estava desenvolvendo.

Era a coisa mais segura a fazer.

Iona colocou seu pé no membro de Laith e subiu.


Com uma expiração Iona se estabeleceu nas costas de Laith na base do pescoço.
Agarrou a placa óssea mais próxima a ela para ter algo para segurar e foi
surpreendida porque era tão quente como suas escamas.

Ela o tocou com emoção e um fio de medo quando Laith abriu suas asas. Houve
uma breve pausa antes e de repente estavam no ar.

Iona engasgou com um grito de susto alojado em sua garganta. Começou a tremer
e segurou Laith tão apertado que seus dedos começaram a ficar dormentes. Ela
estava ofegante, o olhar fixo nas escamas negras de Laith na frente dela. Suas
pernas agarraram até que seus músculos tremiam pelo esforço, mas ela queria estar
preparada, se caísse.

Levou um longo tempo para perceber que Laith estava voando apenas no topo
das árvores em uma linha reta. Ela piscou e olhou para longe de suas escamas e
viu a terra abaixo. Então ela sentiu o vento em seu rosto.

Iona relaxou gradualmente seu domínio e simplesmente aproveitou o fato de que


estava em cima de um dragão voando sobre a Escócia. Ela sentiu a mudança sutil
nos músculos de Laith sob suas pernas cada vez que suas asas se moviam. A batida
constante de suas asas era suave e reconfortante. À frente, vislumbrou a Mansão
Dreagan, mas Laith alterou seu curso um pouco, fazendo um grande círculo para
levá-los de volta para a cachoeira.

Pela primeira vez em sua vida, Iona queria ver algo com seus próprios olhos, em
vez de através da lente de sua câmera. Em seguida, houve o fato de que ela não
arriscaria tirar uma foto com medo de Laith estar nela. Ela adoraria ter uma foto
dele em forma de dragão, mas ela não se atreveria a tentar fazê-lo por medo de
acidentalmente caísse em mãos erradas.

Do seu ponto de vista sobre Laith, o mundo parecia mais verde, mais pacífico e
infinitamente mais bonito. Não era de admirar que os Reis preferissem estar em
suas formas verdadeiras. Estava sendo dado a Iona um presente raro, que ela nunca
iria esquecer.

Quanto mais se aproximavam da cachoeira, mais baixo Laith voava. Iona olhou
para trás para ver as árvores em movimento, porque ele estava batendo nelas
quando passava voando. Quando se virou, ela viu a cachoeira. Era lindo do chão,
mas a partir do ar, era espetacular.

A água caía abaixo pelo rochedo para quebrar nas pedras que formavam espuma
branca. Em seguida, corria para a piscina de água calma. Iona avistou o semicírculo
de pedras onde ela e Laith fizeram amor antes. Então os olhos dela mudaram-se
para o início do fluxo e seguiu-o até que desapareceu entre as árvores.

Iona estava hipnotizada, cativada. Quantas vezes seu pai ficou deitado perto da
cachoeira, o olhar no céu, enquanto ele esperava para ver um dos Reis dragão? Ela
sabia que estaria aqui quase todas as noites a partir de agora. Como poderia não
vir depois de tal experiência?

Ela olhou abaixo dela quando Laith voou até a cachoeira, perto o suficiente para
que a água espirrasse em seus jeans. Iona estava sorrindo, mas congelou no lugar
quando o viu.

O ponto que os Campbells protegeram por gerações era visível ao luar sobre o
granito. Era uma estrela de sete pontas. Era lindo e misterioso, tudo ao mesmo
tempo.

Iona engoliu em seco, lembrando do que os seres humanos fizeram para os Reis
dragões e da retaliação dos Reis.

Laith pousou no topo da cachoeira e cuidadosamente dobrando suas asas contra


ele. Fez o seu melhor para não olhar para a direita, onde o observador
desconhecido estava no fundo da cachoeira.

A noite foi melhor do que o esperado. Na verdade, pensou que Iona fosse fugir
dele quando apareceu pela primeira vez e ela quase fugiu. Seu medo foi evidente.
No entanto, ela lhe fez um sinal para vir a ela e de bom grado subiu em suas costas.
Seu medo dobrou uma vez que ele estava no ar. Laith tinha certeza de que ela
nunca iria relaxar. É por isso que decidiu voar em torno um pouco para aliviar o
desconforto dela, que parecia estar funcionando bem desde que ela finalmente se
soltou e aproveitou o passeio.

Se somente ele pudesse ter terminado as coisas lá. Ele praticamente podia sentir a
sua alegria e felicidade até que ele sobrevoou a direita acima do lugar onde eles
mataram a mulher de Ulrik. Não conseguia sequer lembrar seu nome, se já soube.
Ela sempre foi a mulher de Ulrik e é assim que sempre seria lembrada.

Assim que Iona deslizou fora dele, Laith trocou de volta para um homem quando
ele a viu ficar ao lado do septagrama25 que era um lembrete de seu voto quebrado.

Iona olhou para ele sombriamente. —Por que não posso vê-lo durante o dia?

—Vemos isso sempre. Na luz do sol isso brilha vermelho vivo, tal como aconteceu
quando seu sangue derramava para fora dela. À noite, isso brilha branco. Um
lembrete constante, — ele respondeu.

—Ninguém pode ver isso?

—Você pode vê-lo porque você é uma Campbell. Vemos isso porque somos Reis
Dragões, mas outros, não, eles nunca poderão vê-lo durante o dia ou noite.

—Isso é um alívio, — disse ela com um suspiro suave.

25Oseptagrama (heptagrama) ou estrela de sete pontas é um símbolo de síntese e místico devido ás suas ligações
com o número sete. Sete é um número integrante, enquanto encapsulando como faz, as ordens hierárquicas de
pensamento místico clássico. (Google).
Laith queria ir até ela, puxá-la contra ele e sentir seu calor. Ele queria
desesperadamente seus braços em volta dele, para tê-la inclinando-se sobre ele.
Mas deu-lhe o tempo que sabia que ela precisava.

—Será que Ulrik conhece este lugar? — Perguntou ela.

Laith franziu a testa e viu um dragão de bronze na distância. Kellan. Não muito
longe atrás dele estava Hal, suas escamas verdes brilhando sob a luz da lua cheia.
Será que Ulrik sabia? Laith assumiu que sabia, mas e se não o soubesse? —Eu não
sei. Por quê? O que você está pensando?

—Provavelmente não é nada. — Ela colocou o cabelo atrás da orelha e encarou-


o. —Quero dizer, eu só descobri de você e sua história.

Se havia uma coisa que Laith sabia sobre Iona era que era inteligente. —Diga-me,
—insistiu.

—Por que alguém iria querer revelar a sua existência para o mundo? O que eles
ganham? Vocês todos são muito poderosos para serem controlados. Eles
poderiam tentar matá-lo, eu acho.

Laith sacudiu a cabeça. —Eles podem tentar, mas a única maneira para um rei ser
morto é por outro rei.

—Então há realmente apenas uma coisa a ser adquirida.

Ele ficou totalmente intrigado agora. —O que?


—O retorno da guerra entre os humanos e dragões.

Laith passou a mão pelo cabelo. —Sim. Nós chegamos à mesma conclusão, o que
nos leva de volta para Ulrik. Os Faes Escuros não ganhariam nada. Eles se
alimentam das almas dos seres humanos, por isso, se os seres humanos se forem,
o que eles têm?

—Isso não faz sentido, — disse ela com uma careta. —Eu pensei que havia
descoberto.

—Eu gostaria de saber. Nós estamos dando voltas e voltas com isso por meses
sem respostas. — Ele viu seu estojo da câmera descansando contra seu quadril. —
Você sabe que as fotos que você tirou esta noite terão de ser apagadas.

Sua testa franziu em confusão. —Eu não sei o que você está falando. Não tirei a
câmera para fora.

—Eu ouvi o obturador, Iona.

—Eu não tirei fotos, — disse ela com mais força.

Laith olhou para o saco da câmera novamente. —Você nunca está sem ela.

Ela olhou para ele com desconfiança, sua mão protetora sobre o saco. —Não. Por
que eu deveria? É o meu sustento.

—Você comprou a câmera?

—Foi um presente.
Ele desviou os olhos, rezando para que estivesse errado. —Você vai tirá-la e deixá-
la aqui?

—Você é louco? Esta é uma câmera de cinco mil dólares.

—Iona, — ele disse suavemente. —Se não era você tirando as fotos, então como
o obturador funcionou?

Ela tirou a correia do ombro e segurou a bolsa contra ela. —Eu não tirei quaisquer
imagens.

—Eu acredito em você. — Laith caminhou até ela e pôs as mãos em cima dela. —
Você vai ter a câmera de volta. Eu te dou minha palavra. Só quero que alguém dê
uma olhada e certifique-se que ela não foi adulterada.

Vários momentos tensos se passaram antes que Iona relutantemente entregou-lhe


o estojo. Laith o configurou cuidadosamente ao lado dele. Quando se endireitou e
viu a expressão magoada de Iona, puxou-a contra ele.

O nó em seu peito afrouxou quando seus braços o envolveram e ela enterrou o


rosto em seu pescoço. Fechou os olhos e segurou-a mais apertado quando moveu
seu rosto para que sua boca estivesse perto de sua orelha.

—Ouça com atenção, — Laith sussurrou. —A armadilha funcionou. Ele está


observando. Os outros estão se fechando sobre ele agora.

—E se eles não o pegarem?


Laith abriu os olhos quando ele se inclinou para trás para olhar em suas
profundezas castanhas escuras. —Então eu vou.

—Será que os seus inimigos sabem com o que eles estão mexendo? — Ela
perguntou com um pequeno sorriso.

—Eles vão descobrir. — Ele segurou seu rosto. —Esteja pronta. Isto está prestes
a acontecer.

Mal as palavras saíram da sua boca e seis guerreiros cercaram a árvore onde o
culpado se escondeu. Aisley ficou ao lado de Isla, as duas rodeadas por Phelan e
Hayden enquanto elas derramavam a sua magia sobre o homem, rompendo o
feitiço até que ele era visível.

—Eu fico com ela, — Larena disse a Laith, sua pele iridescente de Guerreiro
cintilante ao luar.

Laith deu um aceno para Iona e deu um salto correndo da cachoeira, mudando
para dragão quando saltou. Ele usou sua magia dragão de gás paralisante em seu
inimigo antes que pudesse fugir. Um flash de escamas cor jade poderia ser visto
quando Warrick se mudou da direita para fora das árvores. Na esquerda estava
Ryder, suas escamas cor de fumaça tênue na escuridão.

—Acho que você vai ficar por um tempinho, — Hayden disse quando olhou para
o homem deitado imóvel no chão.
Con saiu das árvores em apenas um par de jeans, depois de ter mudado de volta
para a forma humana. Ele passou a mão pelo cabelo loiro e zombou para o intruso.
—Vamos ter certeza que não haja comprimidos de veneno escondidos em seus
dentes.

Laith observou como Con e Fallon procuraram na boca do homem e não


encontraram nada. Con levantou-se e tirou o pó de suas mãos enquanto ele se
virou. —Isso foi ofensivo.

—Con!— Aisley gritou quando o homem de repente se levantou e foi para Con.

Laith não podia acreditar que o ser humano já tinha quebrado através de sua magia.
Não era possível. Nem ele poderia usar sua mágica novamente sem infligir o gás
na maioria dos guerreiros no processo. Laith mudou para um humano e se lançou
para frente, mas Con já havia girado em torno, a mão sobre a garganta do homem.
De repente, os olhos do humano se arregalaram e sangue escorria pelo canto da
boca do homem. Todos os olhos se voltaram para Rhi que estava atrás do humano,
sua espada enterrada tão profundamente no ser humano que a ponta tocou o peito
de Con.

—Rhi, — Con afirmou, irritado.

Ela puxou a espada e limpou o sangue quando o homem caiu no chão.

—Precisávamos interrogá-lo, — Phelan disse enquanto olhava para Rhi. —E onde


diabos você estava?
O olhar de prata de Rhi deslizou para Phelan. —Estive por aí e confia em mim
quando digo para você que é melhor não falar com ele.

—Nós nunca vamos saber agora, — disse Laith, não escondendo sua raiva. —
Precisávamos saber por que está espionando Iona.

Rhi inclinou e limpou sua espada na camisa preta do mortal antes dela embainhar
a lâmina em suas costas. —Você não precisa dele para isso. Eu posso te contar.

—Então nos diga:— Con disse casualmente.

Muito casualmente, pensou Laith. O ódio entre Rhi e Con sempre foi profundo,
mas agora era diferente. Havia algo mais adicionado a mistura, ressentimento,
talvez?

Rhi virou a cabeça e olhou por cima do ombro para cima na cachoeira. —Iona
está coletando dados. — O olhar de Rhi voltou para Con. —Em Dreagan.
Iona desejou poder ouvir e ver o que estava acontecendo. Tudo o que podia fazer
era olhar de seu ponto de vista sobre a cachoeira que havia um pouco de
movimento. Sabia onde Laith estava porque não se moveu de seu lugar uma vez
que mudou para humano.

—Nós estamos procurando, — Larena disse quando veio para ficar ao lado de
Iona, nua.

Iona olhou para a guerreira de cabelos dourados, que era dramática com sua deusa
revelada e impressionante como uma mulher. A expressão tensa de Larena causou
preocupação, no entanto. —O que está acontecendo?

—Quanto mais cedo eu te derrubar, mais cedo você vai descobrir.

—Eu? Como você sabe? — Ela perguntou.

Os esfumaçados olhos azuis de Larena deslocaram-se para ela. —Eu sou uma
guerreira, Iona. Meus sentidos de visão, olfato e audição são cinco vezes mais do
que os seus.

—Então você pode ouvi-los falando?

—Eu posso, — Larena disse suavemente.


Iona olhou para Laith para vê-lo olhando para ela. —Então me diga o que está
sendo dito.

Larena balançou a cabeça quando sua pele começou a ficar iridescente com o
lançamento de sua deusa. —Segure-se firme.

—Segurar? — Iona repetiu mesmo quando ela apertou um braço em volta dos
ombros de Larena.

Ela não teve a chance de expressar algo mais quando Larena pulou do penhasco.
Um grito nunca chegou a passar dos lábios de Iona quando o coração se alojou
em sua garganta.

Assim que Larena as baixou, Iona empurrou para longe dela. —Não faça isso
comigo de novo, sem antes avisar.

—Desculpe, — Larena disse e caminhou até ficar ao lado de Fallon.

Iona viu Fallon com uma trouxa de roupas na mão para Larena, que desapareceu
atrás de algumas árvores para mudar. Com as mãos nos joelhos, Iona curvou-se
para acalmar o coração disparado.

Depois de voar em cima de Laith e saltar do penhasco, Iona teve seu


preenchimento de emoção para os próximos meses. O que poderia ser tão
importante que Larena teve que trazê-la para os outros tão rapidamente?

Foi quando Iona percebeu o quão tranquilos todos estavam. Ela levantou a cabeça
e olhou para Laith, em toda a sua nudez gloriosa com sua tatuagem de dragão nas
costas, que estava olhando para Con. Iona endireitou quando avistou a mulher de
cabelos negros do pub. A Fae, Rhi.

Iona olhou para Hayden para ver que andava lentamente para ela, assim como Isla.
Os outros dois dragões de repente mudaram para a forma humana, mas
permaneceram onde estavam. Se ela não tivesse sabido que eram reis, faria uma
página de seus corpos nus e as tatuagens de dragão surpreendentes que os
agraciam.

Ela não podia suportar a espera ou o impasse que parecia estar acontecendo. Iona
limpou a garganta, uma carranca formando quando viu o homem deitado imóvel
aos pés de Con. —O que está acontecendo?

—Você conhece este homem? — Con perguntou, apontando para o homem a


seus pés, sem tirar os olhos de Laith.

Iona não podia ver seu rosto. Ela começou a ir para o homem quando a mão de
Hayden em seu braço a deteve. Sua cabeça girou para Hayden. —Eu não posso
responder sem olhar. — Hayden a contragosto a soltou. A pele de Iona arrepiou
com a intensidade da situação. Uma vez que atingiu o homem, se inclinou sobre
ele, mas não podia ver na escuridão. —Eu preciso de luz.

Instantaneamente Hayden estava ao seu lado, uma grande bola de fogo aparecendo
sobre sua mão. Ela deu-lhe um aceno de agradecimento e engoliu em seco quando
viu o olhar preocupado em Con.
Iona voltou sua atenção para o homem. Ela virou-o de costas e viu a mancha
escura na frente de sua camisa preta. Depois de um olhar cuidadoso sobre o seu
rosto, se levantou. —Nunca o vi antes. Ele era aquele que estava me vigiando?

—Sim, — disse Hayden e apagou as chamas na palma da mão.

—Alguém me diga o que está acontecendo, — Iona exigiu.

Laith finalmente olhou para ela. —Eu preciso de sua câmera.

—Por quê?

—Porque queremos ver quais imagens que você está tirando, — disse Con.

Laith ignorou Con e caminhou até ela. —Você vai me permitir olhar sua câmera?

Ela queria dizer-lhes que não, porque a câmera era uma extensão dela. Não podia
suportar a idéia de alguém tocá-la se não sabia os seus meandros. Mas também
percebeu que era importante. Laith já afirmou que ouviu o obturador, mas ela sabia
que de fato que não tirou quaisquer fotos.

Iona sustentou o olhar. —Eu nunca tirei a câmera fora do estojo esta noite.

—Nós vamos ser capazes de dizer, assim que olhar as imagens, — disse Laith.

—Você acha que estou traindo você.

Laith deu um aceno de cabeça. —Eu não, mas tenho que provar isso. Agora,
parece que alguém estava coletando dados sobre nós.
—Através de mim? — Perguntou ela com um suspiro. —Eu não gosto de ser
usada. Particularmente não gosto de ser um peão para ser responsabilizado por
uma traição. Pegue a câmera. Deixei-a no topo da cachoeira.

—Está aqui, — Larena disse quando saiu das árvores, o estojo da câmera
pendurada em sua mão.

Con pegou a bolsa de Larena. —Precisamos analisar isso.

—Eu concordo, — disse Laith. —Faremos isso aqui embora.

Con curvou a cabeça em concordância. Estendeu o estojo e disse: — Ryder.

Ryder andou nu através do grupo e agarrou o estojo.

Ele deu dois passos quando Hayden disse: —Eu gostaria de ter Evie e Gwynn aqui
para ajudar.

—Eu vou buscá-las, — disse Fallon e desapareceu.

Iona assistiu a cabeça de Ryder voltar para a casa de campo com sua câmera. —
Nunca estive sem ela.

—Vai ficar tudo bem, — disse Laith e colocou a mão na parte inferior das costas,
guiando-a para seguir Ryder.

Se ela não ficasse tão angustiada com o que estava acontecendo, ficaria mais
chocada com o fato de que havia três homens nus ao redor.
Iona passou por Con quando se virou para Rhi. Ela viu sua tatuagem de dragão
nas costas, a mesma que a de Laith. Mas era aí que as semelhanças paravam. O
dragão do Con estava deitado, suas asas abertas, enquanto o dragão do Laith estava
de pé sobre as patas traseiras.

Parou ao lado de Con e esperou que ele a reconhecesse. Ela levantou uma
sobrancelha quando ele soltou uma série de palavrões quando Rhi desapareceu.
Iona, em seguida, perguntou-lhe: —Você acha que sou a pessoa por trás disso,
certo? O que eu teria a ganhar?

—O que faz qualquer ser humano para ganhar? — Ele perguntou abruptamente.

—Exatamente. Não sabia nada de sua existência até recentemente, mas mesmo
assim vi o poder que tem. Seria ridículo para mim, sequer tentar fazer algo contra
tantos Reis Dragões ou os guerreiros. Entendo que você tem algo precioso para
proteger, mas se você não pode ver que não sou seu inimigo, então não vai
demorar muito até que todo mundo seja seu inimigo.

Ela deixou Laith de pé com Con e começou a caminhar para a casa. O dia começou
gloriosamente e terminou terrivelmente. As horas nos braços de Laith foram
arruinadas pelo fato de que alguns a consideravam um inimigo em potencial.

—Eu não poderia ter dito melhor, — Isla disse enquanto sincronizava seus passos
com os de Iona. —Os reis são nossos aliados, mas Con pode ser tacanho, às vezes.

—Eu provavelmente seria também. — Iona sorriu para a expressão chocada de


Isla. —Coloque-se no lugar deles. Não deve ter sido fácil.
Isla evitou uma árvore caída. —Eu imagino que os nossos antepassados sentiam
o mesmo quando se tratava dos Reis. Cada lado terá uma história para puxar cordas
do coração. Não certa, mas também não errada. Os reis culpam os seres humanos
pela traição, mas o que levou a mulher de Ulrik a trai-lo?

—Poderia ter sido qualquer coisa. Ou nada.

—Foi alguém, eu concedo-lhe isso.

Elas andaram o resto do caminho em silêncio. No meio do caminho de volta para


a casa de campo, Iona olhou por cima do ombro para ver Laith ao lado de Warrick
com Con dois passos atrás deles. Não havia nenhum sinal de Rhi ou quaisquer dos
guerreiros.

—Hayden e os outros manterão vigilância, — Isla disse a ela. —Todo mundo está
aqui para garantir a sua segurança.

—A menos que seja considerada uma inimiga.

Os lábios de Isla achataram. —Você diz que não tirou quaisquer fotos. Laith
acredita. Hayden e eu acreditamos em você.

—Como você sabe que Hayden acredita em mim?

O sorriso de Isla estava cheio de felicidade e desejo. —Porque quando duas


pessoas se amam, eles conseguem entender como o outro pensa.
Amor. Essa palavra parecia surgir muito nos últimos tempos, e Iona não tinha
certeza de como se sentia sobre isso. Especialmente porque cada vez que alguém
disse a palavra, ela imediatamente pensou em Laith.

Quando Iona chegou a casa, entrou e imediatamente ligou a cafeteira. Estava


exausta, tanto mentalmente como fisicamente e suspeitava que tivesse necessidade
de ficar nas na ponta dos pés quando se tratava de Con. O café ainda não tinha
começado a ferver quando Hayden abriu a porta da frente e entrou, seguido por
duas mulheres e Fallon.

—As pedras estão falando alto aqui, — disse a primeira mulher. Ela tinha longos
cabelos castanhos encaracolados e olhos azuis. Suas pálpebras se fecharam sobre
seus olhos quando ela levantou o rosto como se estivesse ouvindo.

Isla aproximou-se e disse: —Se um Druida tem magia forte, então nós também
podemos ter especialidades. Evie pode ouvir as pedras. Elas se comunicam e
cumprem suas ordens.

—Cumprem suas ordens? — Repetiu Iona, surpresa.

Os olhos de Evie se abriram e sorriu para Iona. —Sim. Posso fazer com que elas
se movam ou tomem qualquer forma que eu deseje. É bom conhecê-la, Iona. Você
é tudo o que está sendo falado no castelo.

Iona gostou de Evie imediatamente. Havia algo sobre ela que parecia atrair todos.
—Então você é boa com a eletrônica?
—Eu costumava ser uma programadora de software, — disse Evie em um sotaque
escocês macio. —Mas eu não sou a única boa em mexer com computadores.
Gwynn tem habilidades especiais como hacker.

O olhar de Iona mudou-se para a próxima mulher que tinha cabelo preto carvão e
olhos cor de violeta.

O sorriso de Gwynn estava radiante quando andou para frente. —Olá, Iona.

Ela foi surpreendida com o sotaque americano. —De onde você é?

—Texas, — Gwynn disse com um sorriso. Ela então olhou em volta. —Onde
devemos criar?

Ryder saiu do escritório de seu pai vestindo um par de jeans e abriu o laptop de
John sobre a mesa de jantar oval. —Bem aqui.

Iona permaneceu na cozinha e viu como Gwynn e Evie sentaram-se e tiraram um


laptop que não percebeu que elas tinham. Um momento depois e Ryder estava
inspecionando sua câmera.

Era difícil para Iona assistir. Ela continuou dizendo a si mesma que era apenas
uma peça de equipamento, que podia ser substituída, mas a câmera não foi apenas
um presente, tornou-se uma constante em sua vida, que poderia confiar.

A pequena casa de campo ficou ainda menor com Laith, Warrick e Con na sala
assistindo os três à mesa atentamente. Alguém forneceu calça jeans para Laith e
Warrick também. O olhar de Iona encontrou o de Laith. Ela tentou ler sua
expressão, mas não podia dizer nada. Estava fechado como nunca esteve antes.

Ryder ligou a câmera para o laptop e começou a percorrer as fotos. —Há imagens
de Dreagan dos céus. Você pode até obter um vislumbre de Laith em forma de
dragão.

O estômago de Iona caiu a seus pés. Agora como poderia convencê-los de que
não tirou as fotos? E como as fotos foram tiradas, se ela não era a pessoa
segurando o botão?

—Elas são difusas, — Gwynn apontou.

Evie inclinou a cabeça. —E não estão niveladas.

Ryder se inclinou para trás e olhou para Iona. —Não são os tipos de fotos que
Iona tira.

Ela prendeu a respiração quando Con se inclinou para Ryder para olhar mais de
perto as imagens. Ele finalmente endireitou-se e suspirou. —Não. Essas não foram
tiradas por Iona.

Seus joelhos ficaram tão fracos de alívio que ela quase caiu no chão. Queria
comemorar, mas a crise estava longe de acabar. Embora as coisas certamente não
pudessem ficar piores.

Ryder continuou a percorrer as fotos. Ele soltou uma maldição que tinha todos os
olhos se voltando para ele. —Há uma foto da porta.
A porta que supostamente Iona tinha que proteger.

A porta que deveria permanecer secreta.

A porta que era uma maneira de chegar sem restrições para Dreagan.

As coisas começaram a ficar infinitamente piores.


Laith não conseguia parar de olhar para a imagem da porta escondida. Não era
uma impressão particularmente clara do local, mas não havia como negar que era
no topo da cachoeira. De repente, a imagem desapareceu, assim como as outras
que Ryder baixou. Laith apenas conseguia ver Ryder, Gwynn e Evie
freneticamente apertando o teclado para parar o que estava acontecendo.

Laith olhou para Iona para ver seu rosto empalidecer. Pelo menos sabia que ela
não fora aquela a tirar as fotos. Ele não duvidou dela, mas Con certamente tinha.

—Porra!— Ryder gritou e bateu com as mãos sobre a mesa, sacudindo os


computadores. Ele empurrou sua cadeira para trás e passou a mão pelo seu cabelo
loiro curto quanto se levantou e começou a andar.

A voz de Con estava calma, desmentindo a fúria brilhando através de seu olhar
negro, quando perguntou: —O que aconteceu?

—Alguém apagou as imagens, — Gwynn disse a cabeça balançando enquanto


olhava para a tela em branco.

Evie ainda estava rapidamente entrando em código. Seus dedos se moviam tão
rapidamente que era difícil dizer o que estava escrevendo. Na tela parecia jargão
para Laith. Aparentemente era algo brilhante porque Ryder parou de andar e ficou
atrás de sua cadeira. Ambos Gwynn e Ryder estavam olhando para tela do
computador de Evie extasiados.

Evie socou a tecla enter e sentou-se com um sorriso. —Eu não poderia impedi-
los de tirar as fotos, mas fui capaz de colocar um vírus no fim da cauda da última
foto que irá acompanhar onde as fotos estão sendo carregadas em seguida.

—Pensamento rápido, — disse Ryder a Evie com um sorriso.

Todos eles assistiram como a tela no computador de Evie passou e puxou um


mapa do mundo em preto. A linha verde brilhante apareceu na Escócia e, em
seguida, em ziguezague em uma corrida rápida em incontáveis lugares do mundo.

—Bem, isso não nos deixa obtermos muito, — disse Warrick.

Gwynn fez um som na parte de trás de sua garganta. —Quem quer que seja esse
cara, ele é muito bom. Ele está tornando muito difícil localizá-lo. Quase impossível
para algumas pessoas.

—Mas não nós, — Evie disse quando flexionou os dedos. —Pronto?

Ryder retornou à sua cadeira e puxou outra tela. —Conte comigo.

Laith não quis quebrar a sua concentração para perguntar o que eles estavam
fazendo quando os três começaram a digitar. Para sua surpresa, Iona veio para
ficar ao lado dele. Ela estendeu uma caneca de café para ele. Preferia ter uma
garrafa de uísque, mas o café servia no momento. Laith colocou seu braço em
volta dos ombros de Iona depois que tomou o café. Quando ela deitou a cabeça
no ombro dele, Laith viu o olhar de Con com o canto do olho.

—Eu quase os peguei, — disse Gwynn com um suspiro alto. Ela bateu as mãos
no teclado de frustração.

Evie parou de escrever bem. —Meu vírus não será detectado, mas poderia
continuar saltando pelos servidores por dias.

—Até então, nós temos algo mais para olhar, — Ryder disse quando ele estendeu
a mão para a câmera.

Laith sentiu Iona endurecer e decidiu levá-la para fora para que não pudesse vê-
los adulterando a câmera. Ela não lutou com ele quando a levou para fora da porta
de trás e sentou em uma das cadeiras.

—Os últimos dias têm sido... indescritível. — Ela colocou as mãos em torno de
sua caneca de café e olhou para longe. —Eu sinto como se tudo estivesse fora do
meu controle.

—Isto está— Con disse enquanto caminhava para o deque e fechava a porta atrás
dele. —É assim que a maioria de nós se sente a qualquer momento. Espero que
você não pense muito mal de mim pelo que eu disse antes.

Não era um pedido de desculpas. Laith não conseguia se lembrar de Con alguma
vez se desculpando por qualquer coisa, mas foi o mais próximo que ele já chegou.
Iona empurrou a cadeira ao lado dela com o pé e fez sinal para ele com a mão. —
Claro que não. O peso de tudo isso deve descansar pesadamente em cima de você.

—Sim faz, — Con disse enquanto se sentava. —Ele pesa em todos os ombros dos
Reis.

Laith permaneceu perto da cadeira de Iona, com a mão no ombro dela com os
cabelos fazendo cócegas na parte de trás da sua mão. —Eu não posso deixar de
sentir que tudo isso foi orquestrado.

—Obviamente, — Con disse quando entrelaçou os dedos sobre seu estômago nu.

Laith sacudiu a cabeça. —Não. Quero dizer a partir do momento que Iona
começou o trabalho com a Comuna até agora.

—Isso significa que meus chefes são parte disso, — disse Iona, a descrença
aprofundando suas palavras. Ela colocou a caneca sobre a mesa e olhou para Laith.
—Você perguntou sobre meus chefes, porque você achou que eram suspeitos. Eu
deveria ter pensado assim.

Con virou a cabeça para Iona. —Você não tinha nenhuma razão para suspeitar.
Eles se aproveitaram de você, mas agora precisamos saber tudo o que sabe.
Precisamos de cada contato que você tem, cada e-mail.

—Você vai tê-los. Eu não gosto de ser usada.


Laith fechou a outra mão. —Não terei complacência com qualquer um deles. Eles
mataram John. Quem vai dizer que não querem fazer o mesmo com Iona agora
que eles têm as fotos e sabem onde a porta está localizada?

Iona odiava a ansiedade que a declaração causou nela. Não estava mais sozinha,
porém. Havia Hayden e Isla e o resto dos guerreiros e druidas.

Em seguida, havia Laith.

Ela não podia começar a descrever como se sentia ao tê-lo perto, ao saber que ele
iria cuidar dela. Iona se orgulhava de ser autossuficiente e capaz de lidar com
qualquer situação, mas nada poderia tê-la preparado para a magia, dragões e
imortalidade.

Havia uma guerra sendo travada em torno de Iona que estava apenas começando,
mas não havia nada em seus anos de experiência que pudesse pegar para lidar com
o que estava experimentando e sentindo. Tudo o que podia fazer era agarrar-se
aos que ofereceram sua segurança. Ou seja, Laith.

—O que aconteceria se não houvesse um herdeiro para assumir esta terra? —


Perguntou Iona.

Uma veia na testa de Con latejava. —Deveria ir para outra pessoa, provavelmente
um dos nossos inimigos.

Iona estendeu a mão e cobriu a mão de Laith que descansava em seu ombro. —
Então acho que é uma coisa boa que mandei uma mensagem para meu advogado
mais cedo para que Hayden fosse nomeado como meu herdeiro no caso de algo
acontecer comigo. Ele deveria ter sido a sua escolha de qualquer maneira, certo?

—Sim, isto foi concebido para ser dele, — Con disse com um meio sorriso.

Laith apertou seu ombro. —Isso foi inteligente de sua parte.

—Eu sou uma mulher inteligente, —disse com um sorriso enquanto olhou para
os olhos cor de bronze de Laith.

Como ela adorava a maneira como seu cabelo loiro escuro caía sobre a testa. Seus
cabelos estavam selvagens pelo vento. Bem como ela se sentia. Talvez tivesse algo
a ver com seu passeio nas costas de um Rei Dragão. Fosse o que fosse Iona podia
sentir que havia algo diferente nela.

Seu coração acelerou quando o olhar de Laith baixou para sua boca e seus dedos
se apertaram ligeiramente em seu pescoço. Seus lábios se separaram enquanto
ansiava por seu beijo. Pouco antes de Laith inclinar-se para beijá-la, Con se
levantou. Iona abaixou a cabeça, envergonhada que esqueceu que Con estava lá.
Isso é o que Laith fazia com ela. Ele a fazia desrespeitar a tudo e todos.

—Vocês vão querer ver isso, — Gwynn disse depois que abriu a porta de trás.

Iona saltou da cadeira, com a mão entrelaçada com a de Laith e seguiu Con para
dentro. Ela gemeu em desespero quando viu sua amada câmera em pedaços sobre
a mesa.

—Eu posso montá-la novamente, — Ryder assegurou.


Laith piscou para ela. —Eu prometi a ela uma nova de qualquer maneira.

—O que você achou? — Perguntou Con.

Ryder passou a mão sobre sua boca. —A nova câmera pode ser a melhor coisa. O
que eu achei não é bom. Parece que alguém ligou um dispositivo que lhes permite
não apenas carregar qualquer e todas as fotos de Iona a sua escolha, mas operar a
câmera remotamente.

—Isso não pode estar certo, — Iona disse em confusão. —Eu teria sabido. Quero
dizer, essa tecnologia nem mesmo é possível.

Ryder levantou o microchip como prova. —Não é apenas possível, moça, mas
praticável.

—Isso não é tudo, — disse Evie, sua expressão tão sombria quanto a sua voz. —
Eu cavei através do software da câmera e o chip foi implantado quando a câmera
foi fabricada. Ele recebeu uma atualização uma vez por ano, até três semanas atrás,
quando o software foi atualizado duas vezes em duas semanas.

Iona estava grata que apoiou-se em Laith. Caso contrário, ela não tinha certeza que
poderia ter permanecido de pé. Houve alguma parte de sua vida que não foi
adulterada? —Logo antes de meu pai ser morto. A Comuna me deu a câmera e
isso significa que... a Comuna o assassinou.

—Nós nos vingaremos, — Laith prometeu.


A sala começou a girar. Ela segurou a mão com mais força, mas ainda não acalmou
o coração disparado. Mas Iona sabia o que faria. Ela olhou em seus olhos.

Laith era uma rocha, sólido e robusto. Ele deu-lhe segurança e abrigo na
tempestade que continuaram a entrar em erupção em torno dela. Não podia
acreditar que o destino lhe entregou no pior tipo de circunstâncias, mas ela nunca
foi mais agradecida do que naquele momento.

Gwynn levantou a mão para chamar a atenção de todos. —Iona, me desculpe, mas
procurei o seu laptop. Eu tinha uma noção de que poderia haver algo sobre ele e
estava certa.

—E agora? — Iona perguntou a ninguém em particular, e respirou fundo quando


ela olhou para Gwynn.

Gwynn lhe lançou um olhar arrependido. —Há spyware26 no seu computador. Eu


o desmantelei-o, mas não sei quanto tempo vai levar a perceber isso.

—O que eles viram? — Warrick perguntou preocupado.

Gwynn deu de ombros, impotente. —Tudo. Eles leram todos os e-mail, viu todos
os sites que ela visitou na Internet.

—Esse é o meu computador privado, — Iona disse fracamente. —Como eles


chegaram a isso?

2626Spyware consiste em um programa automático de computador, que recolhe informações sobre o usuário, sobre
os seus costumes na Internet e transmite essa informação a uma entidade externa na Internet, sem o conhecimento e
consentimento do usuário. (Lingee).
Com um golpe de uma chave, Gwynn parou o vírus. —Foi anexado a cada e-mail
vindo do assistente da Comuna. Então, se você ler e-mails em seu telefone ou em
outro computador, eles teriam acesso.

—Meu celular, — Iona disse e correu para sua bolsa. Ela puxou-o de sua bolsa,
mas foi arrancado de suas mãos por Laith que jogou no chão e pisou nele.

Ele atirou-lhe um sorriso torto. —Devo-lhe um novo celular também.

Iona olhou ao redor da sala. —Não tem nada de privado na minha vida? Será que
eles têm os seus dedos em tudo?

Warrick cruzou os braços sobre o peito e franziu a testa. —Parece que sim.

Con caminhou até a parte de trás do sofá e apoiou suas mãos sobre ele. —O que
estava no seu celular, Iona?

— Contatos, mensagens e telefones.

—Qualquer coisa importante? — Perguntou Laith.

Ela começou a sacudir a cabeça, depois parou. —Eu mandei uma mensagem para
Thomas MacBane fazendo um adendo no meu testamento.

—Eu estou nisso, — Warrick disse enquanto corria para fora da casa.

Iona puxou uma cadeira da mesa e afundou nela. —Isto é um pesadelo. Pensei que
tinha toda essa liberdade para fazer o que queria ao ter atribuições surpreendentes
e ser paga uma quantia obscena de dinheiro para fazer o que eu amo. Eu teria
tirado as fotos se fosse paga ou não.

—Você sabe a verdade agora. — Laith inclinou o queixo para a câmera e o


computador. —Tem certeza de que eles não podem nos ouvir ou nos ver?

Ryder acenou com as mãos sobre as partes. —Já cuidei da câmera e você quebrou
o celular.

—O spyware e câmera foram devidamente desativados no laptop, — disse


Gwynn.

Evie assentiu. —Duplamente.

—Então, por enquanto Iona está livre de seu observador, — disse Laith.

Con levantou uma sobrancelha loira. —Seu ponto?

—Agora é o momento perfeito para reunir toda a informação sobre a Comuna


que ela tem.

Iona sacudiu sua atitude de coitadinha e deslizou uma cadeira mais perto de
Gwynn quando se sentou. —Vá para o meu e-mail. Tudo vai estar em um arquivo
rotulado Comuna. Dentro desse arquivo estão arquivos separados para cada
atribuição.

Um minuto mais tarde e Gwynn soltou um assobio suave. —Há centenas de e-


mails.
—Eu mantenho tudo, — Iona respondeu com um franzido de seu rosto.

Evie se inclinou sobre o outro lado de Gwynn para olhar. —Vou ligar os dois
computadores e começar a olhar através dos e-mails com você.

O coração de Iona bateu em seus ouvidos como um tambor. Sua vida estava sendo
desmantelada uma peça de cada vez. O que ela ia ser quando tudo fosse dito e
feito?

Laith agachou ao lado dela e segurou seu rosto com as mãos. —Olhe para mim.
Olhe em meus olhos. O que você vê?

—Você, — disse ela. —Eu te vejo.

—Lembre-se disto, Iona Campbell, — ele sussurrou antes de beijá-la.


Fúria se alastrou por ele. Os Reis Dragões interferiram novamente, mas isso não
importava. Ele tinha o que precisava. O portal infame para a terra Dreagan.

Foi um mito sussurrado em cantos escuros, embora nenhum dos que o


sussurravam tinha qualquer noção sobre o que eles falaram.

Mas ele tinha.

Os murmúrios do momento chegaram a ele sobre um lugar onde nenhuma mágica


poderia tocar, ele sabia.

Ele olhou para o tabuleiro e moveu a torre de lado quatro espaços. Suas peças
continuavam a se mover, mesmo quando os Reis Dragões pensavam que eles
estavam ganhando uma vantagem.

Havia sempre vítimas da guerra. Felizmente o desfile interminável de mercenários


à sua porta manteve-o no fornecimento de homens que gostavam de matar.
Quanto aos outros, eles eram muito bem pagos para conseguir tudo o que queria
para o grupo seleto que já não estivesse em dívida com ele.

Outra peça no tabuleiro caiu direto em sua armadilha, embora Con não fosse
perceber o quão profundo Rhys estava envolvido, não até que fosse tarde demais.
Ele olhou para o bispo. A próxima peça estava vindo. Mal podia conter sua
excitação, porque quando ela deslizasse no lugar, iria colocar Dreagan em cheque.

Com um pouco de agitação dos Faes Escuros, os Reis Dragões teriam inimigos
atacando de ambos os lados. Ele queria comemorar, mas era muito cedo ainda. A
hora viria em breve e a primeira coisa que ia fazer era matar Constantine. Ele seria
o Rei dos Reis e os outros reis iriam se curvar para ele.

Ou seriam mortos onde estivessem.

Mal podia esperar. Ele se levantou do sofá e foi até sua mesa. Escolhendo o sexto
celular, escreveu uma mensagem com uma única letra - N-e clicou em enviar.

Laith olhou pela janela enquanto segurava Iona. Ela estava dormindo em pé pelo
tempo que voltou para a casa e levou-a para a cama. Não pronunciou um som,
simplesmente virou de lado e adormeceu. Ele desejou que fosse assim tão fácil
para ele, mas sua mente estava cheia de tudo o que estava acontecendo. Toda vez
que eles pensavam que abateram um inimigo, outro surgia. Assim como disse Con
desde o início, tudo apontava para Ulrik.

Ulrik deve ter encontrado um druida que foi capaz de recuperar o suficiente de sua
magia dragão para que pudesse causar danos, mas mesmo pouca havia muito para
atrapalhar as coisas. Rhys foi o primeiro alvo do plano. Por causa de sua lesão, ele
agora era humano, incapaz de mudar sem rasgar-se em dois. Quem seria o
próximo? Porque Laith sabia que Ulrik não iria parar por aí. Seu ódio estava
centrado em Con, mas se espalharia para qualquer um que não estivesse com ele,
o que significava cada Rei Dragão.

Depois, havia os Faes Escuros. De todos os seres que Ulrik poderia ter um acordo,
por que tinha que ser eles? Para um Rei misturar a sua magia com a dos Faes
Escuros era... Ilícito. Então, novamente, Ulrik não participou de uma parte da
guerra com os Faes. Ele não tinha ideia do que eram capazes.

Laith sabia que não era a última vez que veria os Faes Escuros. Kiril deu um grande
golpe neles na Irlanda, mas isto apenas significava que eles iriam bater com mais
força na próxima vez. Que poderia ser a qualquer momento.

Tão poderoso quanto Taraeth, Rei dos Escuros era, ele não era nada comparado
com o seu braço direito, Balladyn. Os Escuros já tomaram três reis, mas foram
incapazes de mantê-los. Quando Balladyn sequestrou Rhi, ela conseguiu libertar-
se, mesmo que já não fosse a mesma. Quando os das Trevas chegassem aos Reis
novamente, eles viriam para serem duas vezes mais agressivos que antes.

—Você está inquieto.

Laitho lhou para baixo e encontrou o olhar escuro de Iona sobre ele. Ele acariciou
com um dedo o lado de seu rosto. —Só pensando.

—Preocupado. Existem estas pequenas linhas em sua testa para provar isso.
Isso trouxe um sorriso aos seus lábios. —Linhas, hein? Eu deveria estar
preocupado com rugas?

—Definitivamente. — Ela virou-se para encará-lo. —Você não conseguiu


descansar?

—Eu estava com você.

Ela abaixou a cabeça quando bocejou. —Eu deveria ter ficado com os outros.

—Gwynn e Evie são humanas, apesar de serem mágicas. Elas precisavam de


descanso também. Assim que eu trouxe você aqui, Logan veio pegar Gwynn e
Malcolma Evie. Ryder, por outro lado, está ainda trabalhando.

Os olhos de Iona escureceram com desejo. —Você está na minha cama.

—Eu estou.

—Comigo.

—Sim. — Ele segurou sua bunda e trouxe-a contra ele.

As mãos de Iona percorriam suas costas nuas. —É errado que eu não quero pensar
sobre o que está acontecendo fora da minha porta?

—Não mesmo, — ele murmurou antes de beijá-la.

Desejo os consumiu, devorou. Iona se atrapalhou com o botão da calça jeans,


enquanto ele empurrou sua camisa sobre a cabeça. Laith jogou para o lado e rolou
sobre suas costas enquanto seus jeans estavam sendo puxados para baixo de seus
quadris.

Tudo que Laith queria era estar de volta dentro dela, sentir sua bainha apertada,
molhada o cercando. A necessidade, o desejo era mais do que lembrava de suas
experiência anteriores e ainda quanto mais tempo ele estava com Iona, mais
profundas se tornavam as emoções e sentimentos.

Ele soltou seu sutiã, ao mesmo tempo em que alguém bateu na porta. O corpo de
Iona ficou mole quando gemeu em frustração. Laith caiu de volta na cama e olhou
para o teto.

—Encontramos algo, — disse Ryder pela porta.

Iona virou a cabeça para Laith. —Você deveria ter me acordado mais cedo. Eu
não vou ser capaz de me concentrar agora, — ela disse com um sorriso malicioso.

—Só você? — Perguntou Laith. Ele levantou a cabeça para olhar para seu pênis
inchado. —Preciso de um banho frio.

Iona jogou fora o cobertor e rolou para fora da cama. Tanta coisa para mantê-la
ocupada por um tempo. Ele puxou a calça jeans de volta no lugar e parou antes
que a abotoasse.

Laith esperou na porta para Iona colocar sua camisa de volta e passar os dedos
pelos cabelos. Eles entraram na sala juntos para encontrar Ryder e todos
enfrentando Logan em seu esforço de agarrar a caixa de donuts.
—Caramba. Você é tão ruim como Galen. Quero receber avisos da próxima vez,
— Logan resmungou. Ele então se virou para Iona e sorriu. —Você já conheceu
minha cara metade, Gwynn. Eu sou Logan Hamilton.

Iona devolveu o sorriso. —Oi, Logan. Onde está Gwynn?

O olhar avelã do Logan momentaneamente se concentrou em Laith antes que


respondesse: —Ela ainda está descansando. Eu tive um inferno de um tempo para
fazê-la parar na noite passada. Ela não saiu até que caiu no sono no meio da
digitação só assim fui capaz de levá-la para casa um pouquinho.

—Não no castelo? — Perguntou Laith.

Logan deu de ombros e observou Ryder enfiando um donut inteiro de geléia na


boca. —Estamos perto o suficiente do castelo mas não importa. Os druidas estão
fortalecendo os feitiços de proteção. As crianças já foram movidas para lá.

—Falando de crianças, como esta seu filho?

Logan sorriu como um pai orgulhoso. —Ele é incrível. Desde o primeiro


momento que Bran entrou no mundo tenho me surpreendido com ele. Gwynn e
eu estávamos falando sobre outra criança quando tudo isso aconteceu.

Laith olhou para Iona. —Você sabe que nós não vamos deixar nada acontecer
com qualquer um dos Druidas ou qualquer um dos filhos.

—Eu sei— disse Logan com um aceno. —Gwynn queria alimentar Bran antes de
voltar.
A porta da frente se abriu e Malcolm entrou, passando a mão pelo cabelo loiro
despenteado pelo vento. Seus olhos azuis examinaram a casa antes que se afastasse
para Evie entrar.

—Há uma tempestade chegando— disse Malcolm. Seu olhar endurecido por um
momento antes de tocar as cicatrizes que iam do lado esquerdo de seu rosto na
horizontal até o lado direito quando notou Iona olhando. Ele lhe disse: — Fui
atacado por guerreiros quando ainda era mortal. Eu teria morrido não fosse pelos
druidas.

—Eu não quis dizer nada ao olhar fixamente, — Iona apressou-se a dizer.

Evie dispensou suas palavras. —Ele está bem, não é, querido?

Laith viu quando Evie colocou-se na ponta dos pés e puxou o rosto de Malcolm
para baixo para que ela pudesse beijar suas cicatrizes. O sorriso no rosto de
Malcolm transformou o guerreiro, o seu amor por Evie evidente em cada uma de
suas ações.

—Eu não quis olhar fixamente, — Iona sussurrou novamente quando se


aproximou de Laith.

Malcolm levantou os olhos para encontrar os de Laith. Ele deu um pequeno aceno
de cabeça e Laith sabia que Malcolm não estava chateado. Laith pegou a mão de
Iona e puxou-a para Ryder quando ele disse, — Não pense duas vezes sobre isso.
Ryder terminou seu terceiro donut de geleia, em seguida, tirou o açúcar de suas
mãos e olhou para eles. —Levou mais sutileza do que tive que usar em um longo
tempo com certeza, mas fui capaz de rastrear todos os e-mails em um lugar em
Madrid.

—Isso não está certo, — disse Iona. —Meus chefes estão por todo o mundo, mas
Abby, sua assistente, tem base em Londres.

Ryder apontou para a tela de seu laptop. —A prova está logo ali. Se eles mentiram
para você sobre tudo o mais, por que eles não fariam o mesmo para onde a
assistente estava?

—Existe ainda um assistente? — Perguntou Laith.

Ryder apertou algumas teclas e uma nova tela apareceu no computador mostrando
uma foto de uma mulher atraente com trinta e poucos anos com grandes olhos
azuis e cabelo castanho claro. —Existe uma Abigail Durham.

—Abby tem um sotaque britânico, — Iona disse, com o rosto manchado em


confusão.

Laith perguntou: —Então o que é ela? Essa é a assistente?

—Sim, encontrei-a várias vezes. Era ela que me entregava às atribuições e


documentos de viagem no meu apartamento nas ocasiões. Nós até almoçamos
juntas. Ela é londrina.
Evie puxou a cadeira ao lado da Ryder e sentou-se enquanto olhava para o
computador. —Seu endereço é Madrid, e tem sido por dez anos. Ela lhe disse que
vivia em Londres?

Iona estava tão cansada das mentiras, de tentar encontrar o seu caminho através
delas. —Sim. Falamos sobre bairros, restaurantes e compras. Por que ela não me
disse que realmente vivia na Espanha?

—Boa pergunta, — disse Laith. —Por mais curioso que seja, nós realmente
precisamos encontrar as pessoas por trás da Comuna. Ela vai saber como chegar
a eles.

Iona estava caminhando para o telefone na cozinha antes que Laith terminasse.
Ela levantou o receptor e discou o número de Abby. Iona ouviu o primeiro toque
antes que houvesse um sinal sonoro alto com uma voz computadorizada que disse:
—Lamentamos, mas este número foi desligado.

—Eles sabem que estamos atrás deles, — Ryder disse com uma carranca. —Eu
tinha um pressentimento.

—O que significa que eles vão começar a limpar a sua existência, — acrescentou
Malcolm.

Iona tocou o ombro de Evie. —Procure por Paul Woods.

—Quem é esse? — Perguntou Laith.

—Um químico molecular, sei que trabalha para a Comuna.


Evie sacudiu a cabeça depois de três tentativas mal sucedidas. —Eu não posso
encontrar um registro que ele esteja vivo ou morto. O último lugar que há
evidência dele é de quatro semanas atrás, em Uganda.

—Isso poderia significar qualquer coisa, — disse Logan.

Ryder cruzou os braços sobre o peito e inclinou a cadeira para trás sobre duas
pernas. —Ou isso poderia significar que ele está morto.

—Procure por Rebecca Turner, — Iona pediu a Evie.

Eles passaram por meia dúzia de nomes antes de Iona perceber que não importa
quem ela tentasse encontrar, todo mundo sumiu. Se eles estavam escondidos ou
mortos, no entanto, era a pergunta.

—E agora? — Perguntou ela a Laith.

Ele olhou ao redor da sala antes de voltar seu olhar de bronze para ela. —Você
tem o que eles querem.

—A porta, — disse ela com um aceno.

—Eles vêm com a intenção de passar por isso.

O sorriso de Malcolm estava frio e calculista. —Então eles vão se deparar com
uma surpresa quando encontrarem os guerreiros que estão lá para pará-los.

—Você não lutou contra um Fae Escuro, Malcolm, — Ryder assinalou. —Eles
são muito piores do que qualquer drough.
Evie olhou para Malcolm e pegou sua mão. —Os Faes Escuros não vão estar
esperando guerreiros e druidas ajudando Iona.

—Não devemos contar com isso, — Laith advertiu. —De qualquer jeito,
precisamos ir com a suposição de que eles sabem exatamente o que estamos
planejando.

Iona suspirou. —Então, o que fazemos?

—Damos-lhes o que eles querem, — disse Laith.

Iona arregalou os olhos, surpreso. —Você não quer dizer que vai deixá-los
atravessar a porta?

—Por que não? — Perguntou Ryder com um sorriso malicioso. —Essa é a


maneira mais fácil de matá-los.
Ele caminhou ao longo das colinas ventosas para um vale isolado. As altas
montanhas impediam todo o som de alcançá-lo. Isso o fez lembrar os dias em que
não havia os ruídos ensurdecedores dos dias modernos, como carros, aviões, trens
ou até mesmo o toque de telefones celulares.

Na verdade, ele detestava o som de todos os seres humanos que estavam


superpovoando o mundo. Todos os filmes, livros e programas de televisão que
descrevem vários apocalipses o faziam rir. Ele iria mostrar-lhes exatamente o que
um verdadeiro apocalipse era.

Houve uma época em que os humanos tinham fugido dele, gritando de terror
quando ele mergulhava do céu, respirando fogo para queimá-los onde eles
estivessem. Muito em breve, ele iria fazer isso mais uma vez.

Todos os chamados ditadores e líderes de nações iriam perceber quão débeis eles
realmente eram comparados a ele. Desta vez Con não estaria lá para ficar em seu
caminho. Desta vez, ele iria se certificar de que não deixaria um humano sequer.
Homem, mulher, criança. Eles todos estariam mortos.

Ele alcançou o vale e em poucos segundos estava cercado por Faes Escuros. Em
pé diante dele estava Taraeth estando visível apenas um pouco de preto na prata
de seu longo cabelo. Os olhos vermelhos de Taraeth olharam para ele como se
estivesse tentando dobrá-lo sem palavras.

Seu primeiro instinto foi de esmagar Taraeth onde estava, mas precisava do rei dos
Faes Escuros. Por agora.

Ele olhou para o braço esquerdo faltando de Taraeth e levantou uma sobrancelha.
Um ser humano fez isso, um ser humano que agora estava acasalada a Kellan. Ao
lado de Taraeth estava Balladyn. Ele moveu seu olhar para o braço direito do
Taraeth e sorriu para a fúria faiscando nos olhos vermelhos do Escuro. O cabelo
de Balladyn era longo, a mistura de prata em seu cabelo preto era abundante.

—Ouvi dizer que você capturou Rhi. E depois a perdeu.

Os lábios de Balladyn puxaram para trás sobre seus dentes, enquanto ele olhava.
—Eu a peguei uma vez. Vou pegá-la novamente.

—Como você encontrou as correntes de Mordare?

—Isso não é de sua conta, — disse Taraeth, sua voz rouca e seu sotaque irlandês
profundo. —Você pediu esta reunião. O que é que quer desta vez?

Ele cruzou as mãos atrás das costas e não se incomodou em dar ao resto dos
Escuros um olhar sequer. Seus olhos se fixaram em Taraeth. —Não é o que eu
quero. É o que posso te dar.

—E o que poderia ser? — Perguntou Taraeth.


—Eu ouvi que você está procurando a arma que os Reis Dragões têm escondido.
— Ele sorriu quando viu a cintilação de surpresa no rosto de Taraeth e o olhar
cético de Balladyn.

As narinas de Balladyn queimando quando ele respirou profundamente. —Como


é que você a tem?

—Eu não tenho. Eu, entretanto, sei onde está escondida.

—O quê? — Taraeth trovejou e deu um passo em direção a ele, com o rosto


manchado de fúria. —Você sabe que estive procurando por isso há anos. Por que
você não me disse antes?

—Porque eu não tinha uma maneira de você chegar despercebido até agora, — ele
respondeu calmamente.

Os Escuros gostavam de mostrar sua raiva a qualquer momento que podiam. Era
tudo bravata, tanto quanto ele estava preocupado. Os seres humanos, tolos
estúpidos, não tinham idéia no que eles se intrometiam quando flertavam com um
Escuro.

Os olhos vermelhos de Taraeth se estreitaram em fendas. —Você está disposto a


me dar esta informação em troca de quê?

—Nada. Por agora. Chegará um momento em que vou chamar você. Eu quero
sua promessa de que vai entregar todos os Faes Escuros que você tem para mim.
Balladyn riu quando cortou os olhos para ele. —Você está pensando em ir para a
guerra com os reis dragão, porque uma vez que tivermos a arma, não restará nada
deles. Ou de você.

—Se você acha que suas ameaças mesquinhas me assustam, deixe-me aliviar sua
mente. Elas não me atingem, então você pode muito bem parar de tentar. —Ele
virou os olhos para Taraeth. —Você está no comando? Você ou é Balladyn?

Taraeth atirou em Balladyn um olhar de repreensão que só irritou o Escuro. —Eu


estou, — respondeu Taraeth. —Antes de concordar, quero que você explique
exatamente o que estará nos dando.

Deixei que um Escuro tentasse encurralá-lo. Ele engoliu um bufo. —Vou dizer-
lhe o lugar aonde a arma se encontra e vou lhe dizer como chegar lá sem ser
detectado.

—Ou podemos torturá-lo até você nos dar essa informação de qualquer maneira,
— disse Balladyn e rapidamente fechou a distância entre eles.

Ele olhou nos olhos vermelhos de Balladyn e deu-lhe um pequeno empurrão. O


choque no rosto de Balladyn quando ele foi capaz de movê-lo foi inestimável.
Voltou à mão para a outra atrás das costas, a sensação de magia correndo ao longo
das pontas dos dedos.

—Se você tentar algo tão idiota, você nunca vai conseguir o que você procura.
Taraeth rosnou. —Passa para trás, Balladyn. — Uma vez que Balladyn voltou para
o lado de Taraeth, ele virou a cabeça para trás. —Você está oferecendo muito
pouco.

—E quando chegar a hora, você entregará o seu exército Escuro inteiro. Nós
temos um acordo?

Taraeth deu um aceno brusco — Nós temos.

—A tua palavra, Escuro. Com magia.

Taraeth rolou seu pescoço enquanto ele olhava. —Você pede meu voto em magia.
Como você mesmo sabe que é possível?

—Eu sei muitas coisas. Agora, a sua promessa com magia ou vou embora.

Vários segundos se passaram antes que Taraeth erguesse a mão direita a palma
para cima. Uma bola de magia começou a girar em sua mão, uma mistura de prata
e preto dentro do orbe. —Eu dou meu voto que, quando chegar a hora, vou
entregar meu exército para você, sem dúvida ou hesitação.

Ele balançou a cabeça em aceitação. A bola de magia desapareceu em um flash.


Ele então disse: — A arma que você procura está em Dreagan.

—Os Reis Dragões não seriam tão estúpidos para esconderem uma arma para ser
usada contra eles tão perto, — disse Balladyn.
—De que outra forma eles poderiam manter um olhar atento sobre isso? — Ele
perguntou, arqueando uma sobrancelha negra. —Estúpido? Isso é chamado de
inteligência, na verdade.

—Você disse que havia uma maneira de entrar em Dreagan sem ser detectado, —
disse Taraeth. —Como isso é possível?

—O como não é sua preocupação, — disse ele firmemente. —O fato é que você
pode. É uma porta que é invisível para você ou alguém que não seja um Rei
Dragão. É no topo de uma cachoeira que faz fronteira com o lado leste da
Dreagan. Fique no lado norte da cascata e dê cinco passos para frente e, em
seguida, três para a direita. Você vai estar na porta.

Taraeth inclinou a cabeça para o lado. —Você tem usado ela você mesmo?

—Eu tenho outras maneiras para entrar em Dreagan.

Balladyn cruzou os braços sobre o peito. —Claro que você tem.

—Cuidado, Escuro, — ele advertiu. —Os Reis estarão em patrulha e poderia ter...
outros... esperando por você.

Taraeth deu um suspiro. —Como se preocupar com quaisquer outros. Onde em


Dreagan está a arma?

Ele encolheu os ombros. —Eu não tenho a menor idéia.


—Você disse que iria me dizer onde a arma estava, — disse Taraeth em um tom
baixo cheio de ira justa.

Ele sorriu e deixou cair os braços para os lados. —Eu o fiz. Eu lhe disse que estava
em Dreagan.

—Nós poderíamos procurar lá por anos, — Balladyn afirmou. —Precisamos de


um local.

—Se você tivesse escutado os Reis Dragões que você capturou e recentemente
eles lhe disseram que não sabiam. Eles não estavam mentindo. Não sabem. Só um
sabe.

—Com, — Taraeth disse quando a compreensão apareceu.

Seu sorriso cresceu. —Exatamente. Agora, uma vez que o nosso negócio está
concluído, tenho certeza que você vai querer testar agora a porta para garantir que
não estou mentindo.

Balladyn deu-lhe um olhar fulminante. —Você acha que tem tudo coberto, a partir
de suas roupas caras e sotaque britânico, mas sabemos quem você realmente é.

Razão pela qual ele ficaria feliz em matar todos os Faes - Escuros ou de Luz - uma
vez que ele acabasse com os seres humanos.

—Boa caça, — disse ele e virou-se.


Ele não abrandou quando alcançou os soldados Escuros e como esperado, eles
rapidamente afastaram-se dele. Como ele detestava os Escuros, mas eles eram
inimigos de seu inimigo, o que fazia deles um aliado.

Por ora.

Eles também tinham seus usos. Se não fosse por ele, combinando a sua magia com
os Escuros, não teria sido capaz de espionar Iona Campbell como fez ou matar
seu pai tão facilmente.

Eles poderiam ter tomado dele há vários milênios, mas o que era seu por direito
estava prestes a ser devolvido.

Balladyn mal disfarçava sua raiva, enquanto observava o Rei Dragão ir embora. —
Você confia nele?

—Nem um pouco, — disse Taraeth. —Ele tem seu próprio objetivo. Eu sei desde
o início. — Ele virou-se para seu tenente. —Nunca se esqueça disso, Balladyn. Um
inimigo é sempre um inimigo, mesmo quando são um aliado.

Balladyn olhou para o Rei para vê-lo desaparecer no topo da colina. —Eu não
contei a ele sobre Rhi e sei que nenhum dos outros Reis disse a ele.
—Temos um vazamento aparentemente, — disse Taraeth. —Vamos encontrá-lo
e esmagá-lo.

—O prazer é meu. — Ele acenou para quatro de seus homens e eles se


teletransportaram imediatamente. —Quando é que vamos para Dreagan?

Taraeth coçou o queixo. —Eu não acreditarei em sua palavra. Envie homens que
podem permanecer encobertos mais tempo para explorar a área e relatar.

Balladyn apontou para dois de seus homens mais próximos a ele. —Vá agora.

—Sessenta mil acres é um monte de pesquisa, especialmente quando não sabemos


exatamente o que é que nós estamos procurando, — disse Taraeth, olhando para
longe.

Balladyn secretamente olhou para o braço ausente do Taraeth. O rei não era ele
mesmo desde que a fêmea humana tomou seu braço. Outros Escuros notaram isso
também. Era apenas uma questão de tempo antes de Balladyn assumir o comando.
Ele ainda não determinou como ele faria, precisamente.

—Você quer vingança por seu braço. Se pudermos encontrar Denae, isso poderia
trazer Con, — disse Balladyn.

Os olhos vermelhos de Taraeth viraram a ele quando franziu a testa. —Você não
tem idéia do que está pensando mesmo. Constantine é mais forte do que os outros
Reis Dragões. Sua magia é maior. É o que faz dele o Rei dos Reis. Nós só vamos
ter uma chance em pegá-lo. Isto precisa ser planejado perfeitamente.
—O que fazemos então? — Balladyn perguntou irritado.

—Vamos pela porta e daremos um olhada ao redor.


Rhi esperou até a noite cair antes que aparecesse no The Silver Dragon27, não se
preocupando em encobrir a si mesma. As luzes estavam apagadas, um sinal de que
a loja estava fechada. Ela deu uma olhada superficial na frente antes que andasse
para trás. Rhi ficou lá por um momento. Ulrik vivia no andar de cima. Tinha que
haver uma maneira de chegar lá de dentro da loja.

Com um revirar de seus olhos ela foi para a primeira parede coberta de painéis de
madeira grossas com moldagem intrincada. Ela passou a mão ao longo da parede
enquanto caminhava pelo pequeno corredor. Não foi até que Rhi atingiu a parede
oposta que ouviu o clique revelador de uma porta escondida. Ela imediatamente
parou e pressionou com mais força no painel.

A parede inteira foi aberta para revelar uma vasta escada em espiral que levava para
o segundo andar. Suas botas pretas de combate bastante usadas não fizeram
nenhum som quando subiu. Quando chegou ao topo, parou por um momento e
tomou uma respiração profunda.

As paredes eram de uma rica cor de prata escura, que foram acentuadas com
rodapés pretos e sancas. O chão que tinha um tapete era de uma madeira espessa

27O dragão Prateado.


profunda, enorme em tamanho, com vários cinzas e pretos em um design moderno
situado em frente à lareira com um sofá preto e duas cadeiras cinza pombo.

Rhi encontrou uma mesa alta por trás do sofá que estava forrada com garrafas de
cristal cheias com vários licores. Uma tapeçaria antiga estava pendurada em uma
parede, enquanto duas pequenas imagens da antiga arquitetura romana pendiam
em cada lado da lareira de pedra.

A pequena cozinha, moderna, com muito aço inoxidável e armários mínimos


ficava de um lado dela enquanto no outro viu uma porta que ela tinha certeza de
que era o quarto de Ulrik.

Rhi rapidamente deu um passo para trás e retirou-se para o primeiro andar. Ela
fechou a porta escondida e encontrou uma cadeira estofada na frente da loja. Uma
vez sentada, cruzou uma perna sobre a outra e esperou Ulrik. O fato de que não
estava lá não augurava nada de bom para ele, principalmente porque ela sabia o
que estava por vir.

Rhi não tinha certeza por que não se preocupava consigo mesma. Será que
realmente importava se foi Ulrik que tirou-a do composto de Balladyn? Ela foi a
única que quebrou as correntes de Mordare. Ela foi a única que colocou toda a
fortaleza em colapso ao seu redor. Ou pelo menos é o boato que ouviu aos
sussurros. Ela não sabia ao certo e não queria saber. Era melhor se essa parte
ficasse trancada por toda a eternidade.
Então por que se importava que Ulrik encontrasse o seu caminho para o reino dos
Faes? Por que sentia que estava em dívida por ele carregá-la para fora do que restou
do complexo de Balladyn? Ela ainda não descobriu como ele sabia de sua casa
secreta. Estar em torno dele a deixava... Desconfortável. No entanto, se ele
encontrou o seu caminho para o reino dos Faes e sabia de sua casa, o que mais
poderia fazer?

Rhi ainda estava ponderando aquilo quando ouviu a fechadura da porta da loja
abrir. Ela apoiou o cotovelo no braço da cadeira e apoiou a cabeça em sua mão. A
porta se abriu, mas parou antes do pequeno sino acima poder tocar. Um momento
depois, uma grande sombra de um homem entrou e fechou a porta
silenciosamente atrás dele.

—Não há razão para ficar quieto, — disse ela. —Ele não está aqui.

Houve um longo momento de silêncio antes que Con dissesse: —O que diabos
você está fazendo aqui, Rhi?

—Uma boa pergunta. Uma que não tenho que lhe perguntar. Você veio para matar
Ulrik. Você sabe o que vai acontecer com os reis, se você o matar?

Ele saiu das sombras para o faixe de luz do poste fora da janela mais próxima,
vestindo nada mais do que um par de jeans que pendia precariamente adornando
seus quadris. Con não se preocupou em esconder sua raiva. —É uma chance que
vou levar para nos salvar.
—Hmm, — ela disse e balançou a perna. Não podia acreditar que ele voou para
Perth e se atreveu a caminhar na cidade em um par de jeans, descalço. A menos
que ele tenha voado direto para a loja. Certamente não. —Eu não acho que a
explicação vai funcionar para todos os reis.

—Você acha que nos conhece tão bem, — ele disse suavemente, toda a sua ira
contida mais uma vez.

Ele sempre sabia como irritá-la. Rhi levantou a cabeça de sua mão e disse em uma
voz igualmente macia, —Eu conheço os Reis melhor do que você em alguns
aspectos.

—Isto é o que você diz. Você não pode realmente nos conhecer. Você não estava
lá quando lutamos contra os seres humanos ou tivemos que enviar os dragões para
longe. Você não estava lá quando banimos Ulrik.

—Não, eu não estava lá, mas tenho estado em torno tempo suficiente, observando
os Reis Dragões, — afirmou. Ela acenou com a mão ao redor da sala. —Este
momento estava destinado a vir mais cedo ou mais tarde. Todo mundo sabe,
inclusive Ulrik.

Os olhos negros de Con se estreitaram. —Onde está Ulrik? Se escondendo?

—Ele não está aqui, mas tenho certeza que ele vai ficar chateado que perdeu sua
visita. Você sabe que quer a sua morte, tanto quanto você quer a dele. Eu não o
culpo, você sabe. O que você fez com ele foi além do cruel.
—Eu não podia matar um amigo.

Rhi revirou os olhos. —Por favor. Você coloca um amigo fora de sua miséria.
Você condena um inimigo para a eternidade com a coisa que ele mais odiava. E
você se pergunta por que Ulrik detesta você e os outros como ele odeia.

—Você sabe o que ele fez para Rhys!— Con trovejou.

Isto a trouxe de volta rápido. Rhys. Ele era um dos poucos reis que ela sentiu falta
terrivelmente. Rhys era um bom rei, mesmo que deixasse suas emoções o
dominarem às vezes. —Eu dei a Rhys um escolha. Ele fez isso.

—Ele não precisava ter de escolher.

—Se você acha que matar Ulrik irá reverter o que aconteceu com Rhys, você está
errado.

—Você não pode saber, —Con disse, quase a desafiando.

Rhi inspirou profundamente. —O que acontece se você estiver errado sobre Ulrik?

—Por quê? Você sabe de alguma coisa? Agora é a hora de me dizer se sabe.

—Eu não estou dizendo isso. Eu fiz uma pergunta simples.

Con deu um suspiro sarcástico alto. —Como se algo com você fosse simples.
—Isto costumava ser. — As palavras saíram de sua boca antes que ela percebesse.
Uma vez liberada, não podia levá-las de volta. Rhi descruzou as pernas e se
levantou. —Boa sorte com sua morte.

Con gritou seu nome enquanto ela desapareceu diante dele pela segunda vez em
uma noite. Ele cerrou os punhos e lutou contra a vontade de acertar alguma coisa.
Rhi o enfurecia. Ela interferiu quando não deveria e ela constantemente o
assediava. Era uma praga que afligia os Reis.

Ele colocou a Fae de Luz para fora de sua mente e fez um balanço do interior da
loja. Tudo o que viu antes era o exterior, já que ninguém conseguiu montar
câmeras dentro, até agora.

Con veio para matar Ulrik, mas na chance de que ele não estivesse lá, ele trouxe
várias câmeras sem fio. Ele enfiou a mão no bolso e colocou a primeira perto da
porta para que pudessem ver direito a mesa de Ulrik. Mais três foram colocados
no piso inferior e mais três no andar de cima.

Quando Con andou para trás, ele colocou mais câmeras de vigilância ao longo do
caminho. Ele abriu a mão e viu que havia apenas quatro câmeras restantes. Levou
Con menos de um minuto para encontrar o painel que escondia as escadas. Ele
correu para cima e colocou as câmeras sobre o painel e depois levou alguns
momentos para procurar por qualquer informação que Ulrik pudesse ter sobre
eles, ou sua conexão com os Escuros.
Con não encontrou nada, o que não ajudou seu humor azedo. Ele desceu as
escadas e tomou mais tempo examinando a mesa de Ulrik, mas ainda não
encontrou nada.

Ele colocou tudo de volta no lugar e abriu sua ligação telepática para Ryder. —
Temos novas câmeras no lugar.

—Você está de brincadeira?

—Elas estão colocadas. As encontre e você pode me ver. — Con esperou um


momento e depois acenou para a câmera acima da porta.

—Ele vai encontrá-las, — Ryder afirmou categoricamente.

—Até então, nós vamos conseguiro que pudermos.

—Isso poderia enviá-lo ao limite, Con. Eu não acho que isso foi uma medida acertada.

Con subiu lentamente, seu olhar dirigido para a câmera. —Cada rei está em perigo.
Você quer suportar o que está acontecendo com Rhys? Vou fazer o que for necessário para a
sobrevivência dos Reis.

—Cuidado. Há aqueles de nós que não querem Ulrik morto. Se você matá-lo, você vai destruir
o que temos.

Con sabia muito bem que se ele matasse Ulrik iria criar uma rupturanos Reis,
possivelmente para sempre. Mas se isso significasse que a ameaça a eles se foi,
então, iria fazê-lo.
—Ser Rei dos Reis significa tomar as decisões difíceis. Está tudo definido para os nossos
visitantes?

—Sim.

Con cortou a ligação e mudou-se para o lado para colocar a cadeira de volta no
lugar. Ele caminhou até a porta da frente e saiu. Com uma onda de magia, trancou
a porta da frente antes que corresse para as sombras.

Ulrik saiu de seu lugar contra o prédio do outro lado da rua de sua loja e viu Con
desaparecer na noite. A magia em torno do The Silver Dragon alertou o momento
em que alguém entrou.

Ele estava voltando para a loja quando uma imagem de Rhi brilhou em sua cabeça.
Assim que o alerta bateu nele, se apressou. Ele estava curioso sobre o que traria
Rhi a ele. Tudo o que ela tinha a dizer seria bom. Sempre era.

Ulrik estava no canto prestes a atravessar a rua para a loja quando viu Con entrar.
Um momento depois, recebeu outro alerta, desta vez foi uma imagem de Con que
brilhou em sua cabeça.
Ulrik levou um minuto inteiro para passar pela neblina de fúria. Seu inimigo estava
em seu local de trabalho, sua casa. Ulrik esteve contando os dias até que ele pudesse
enfrentar Con e obter sua vingança. Ele queria matar Con naquele momento, mas
não havia tempo.

Assim que Con se foi, Ulrik sorriu. Era óbvio que Con montou câmeras em todo
o edifício. Com apenas um pensamento, ele desativou cada uma.

—Eu vou ser condenado, — disse Ryder em estado de choque.

Elena colocou o cabelo loiro escuro atrás da orelha e voltou seus sábios olhos
verdes para os dele. Ela se sentou ao lado dele na sala de computador em Dreagan
ajudando a monitorar tudo. —O que é isso?

—Todas as câmeras que Con acabou de instalar sumiram.

—Sumiram? Como isso é possível? E o que você quer dizer com Con acabou de
instalar?

Ryder passou a mão pelo rosto. —Ele estava na loja do Ulrik. Ele montou as
câmeras.

Elena soltou um suspiro longo. —Isso foi sábio?


—É um ponto discutível, uma vez que nenhuma está ativa.

—Alguma coisa deu errado com elas?

Ryder balançou a cabeça enquanto se recostava na cadeira. —Meu equipamento


nunca falhou.

—Então o que?

Ele virou a cabeça para ela. —Ninguém estava na loja. Não havia fios para cortar
as câmeras, e havia mais de uma dúzia configurada. Foram todas de uma vez.

—Magia, — Elena disse com uma careta. —Não de Ulrik? Isso não é uma boa
notícia.

—Não. — Ele olhou para a tela com todos os quadrados apagados. As câmeras
não foram operacionais por mais de cinco minutos.

O que significava que Ulrik viu Con.

Ryder sentou-se lentamente enquanto sua mente passou por todos os cenários.

—Vá, — Elena pediu. —Eles estão esperando por você de qualquer maneira e
precisa dizer aos outros o que encontrou.

—Pode ser tarde demais, — disse ele, assim quando se levantou e virou-se para
abrir as portas para a varanda. Ele saltou da varanda e mudou com suas asas
pegando a corrente.
Iona tamborilava os dedos sobre a mesa e olhou para a câmera que Ryder
remontou horas atrás. Uma câmera que ela não deixou fora de sua vista por anos.
Ela agarrou-a e jogou-a tão duro quanto podia na geladeira. Várias peças caíram,
mas ainda estava intacta.

—Se você quiser fazer isso de novo, posso adicionar alguma magia por trás dela e
ter certeza de que ela quebre, — Isla disse enquanto se inclinou sobre o balcão.

Iona balançou a cabeça. —Eu não costumo deixar minha raiva chegar a mim assim.

—É compreensível.

—Essa espera é insuportável, — Iona disse, irritada, enquanto se levantava da


mesa e começou a passear pela cozinha.

Isla fez uma careta. —Certamente é. Os homens nunca entendem como, porque
eles estão no meio da batalha.

—E eu estou mantendo-a aqui, — Iona disse com um suspiro.

—Eu me ofereci, — Isla lembrou. —Assim como Hayden se voluntariou para


permanecer perto de você no caso de algo acontecer.

—É a porta que eles querem.


—Sim, mas se você estiver morta, eles podem chegar a terra e terem acesso à porta
tão frequentemente como eles quiserem.

—Me matar não vai resolver esse problema, — Iona disse com um sorriso
malicioso. —Eu mudei meu testamento para citar Hayden como meu herdeiro.

O rosto de Isla ficou surpreso antes de um sorriso lento se formar. —Ele sabe?

—Eu não tive a chance de dizer a ele.

—Isso é muito gentil da sua parte, Iona.

Ela deu de ombros e parou no balcão em frente à Isla. —Eu tinha que ter um
herdeiro.

—E se você tiver filhos?

Ela encolheu os ombros, incapaz de responder. Em um momento ela não tinha


sequer considerado como uma possibilidade, mas agora... Ela estava reavaliando
tudo.

—Será que Laith sabe que o ama?

Iona empurrou. —Eu não o amo.

—Você não ama? — Isla disse gentilmente. —Você não tem que acreditar no
amor para encontrá-lo. Você apenas tem que reconhecê-lo quando ele está lá e
agarrar.
—Eu admito que queira estar com ele. Penso nele constantemente, mesmo quando
não estou com ele. Eu... me preocupo com Laith, mas isso não é amor.

Isla inclinou a cabeça para o lado e uma cortina de cabelos negros caiu sobre seu
ombro. —Você tem sentimentos. Esse é o primeiro passo. Abra seu coração e sua
mente e você talvez possa achar que é amor o que você sente.

Iona olhou em seus olhos azuis gelo. —Se houvesse um homem que poderia me
fazer querer uma família, é Laith. — Foi o rápido olhar de Isla longe que a fez
perguntar: —O que? O que é?

—Eu provavelmente não deveria ser aquela a dizer-lhe.

—Apenas me diga.

Isla franziu os lábios por um momento. —Os reis tomam esposas ou


companheiras como são chamadas. Não é feito levianamente, porque uma vez que
uma mulher se liga a um rei, é para a eternidade.

—Eu sou humana. A eternidade não é possível, — Iona disse com uma risada.

—Você viu os reis, você sabe que eles têm magia. Você acha que eles iriam tomar
esposas que morreriam? Estar vinculado a um rei significa que uma mulher vive
enquanto o Rei viver. Você viu Sammy. Ela foi vinculada a Tristan não há muito
tempo. Ela nunca vai envelhecer, nem vai morrer, a menos que Tristan seja morto
por outro rei.
Iona só podia olhar com espanto mudo para Isla. Os Reis esperavam que suas
companheiras fossem amá-los por toda a eternidade? Eles estavam pedindo o
impossível numa época em que muito poucos permaneciam casados.

—Quanto a uma família, — Isla continuou. —Voltemos antes da guerra com os


humanos, algumas humanas ficaram grávidas do filho de um rei, mas nenhum dos
bebês sobreviveu. A maioria morreu no útero e se completavam a gestação, eles
eram natimortos.

—Laith nunca me disse, — Iona murmurou.

Isla deu de ombros. —Os reis costumam não comentar a não ser que eles estejam
considerando uma mulher para sua companheira.

—Oh. — Doeu que Laith não a considerou como sua companheira. Que ironia
quando ela nunca considerou um único homem antes dele.

—Você disse a Laith que não acredita no amor? — Perguntou Isla.

Iona colocou os braços ao redor de sua cintura. —Talvez eu tenha. Laith disse que
queria tudo o que tinha para continuar. Eu também e não posso te dizer o quanto
isso me assusta.

—Leve um dia de cada vez, — Isla aconselhou. —Se você está feliz com ele, agora,
então seja feliz.

Iona abriu a boca para responder quando uma bola de fogo foi arremessada na
janela da sala de estar. Isla virou-se e levantou as mãos quando o fogo quebrou a
janela. Seja qual fosse a magia que usou parou a bola de atingi-las e um momento
depois, ela se foi.

—Corra!— Isla disse quando agarrou o braço de Iona e trouxe-a ao redor do


balcão apenas para empurrá-la pelo corredor.

Iona correu para seu quarto e voltou-se para a porta. Isla estava parada do lado de
fora de sua porta no corredor. —O que está acontecendo?

—A batalha, — disse Isla sem olhar para ela. —Isso foi uma bola de fogo de
Hayden. — De repente, o rosto de Isla empalideceu e um arrepio passou por ela.
—Eles acabaram de passar pela minha barreira, como se minha magia nem sequer
existisse.

Laith viu a bola de fogo de seu voo nas nuvens. Um grunhido retumbou através
dele enquanto lutava para permanecer onde estava e não ir até Iona.

—Assim que eles se moverem através da porta você pode ir até ela, — Con disse através de
sua ligação.
Laith não tinha certeza se poderia esperar tanto tempo. Queria Iona na mansão,
mas ela e Con ambos pensaram que era uma má ideia. Con, porque ele era um
idiota e Iona porque ela lembrou-lhe que era necessário tudo parecer normal.

Normal. Quando algo foi normal? Laith não conseguia lembrar o que ainda sentia.
O mais próximo que chegou ao que era quando Iona estava em seus braços.

—Con!— Ryder gritou. —Ulrik apagou simultaneamente cada câmera que você instalou
minutos depois que você saiu.

Laith virou a cabeça para olhar para Con quando permaneceu nas nuvens. O que
Con esteve fazendo na loja do Ulrik? Era onde ele estava indo ultimamente?

—Isso significa que ele está usando magia, — Con declarou furiosamente.

Mais duas bolas de fogo deflagrou através da negra escuridão em rápida sucessão.
Houve um grito alto, distintamente Hayden.

—Não foi uma decisão inteligente deixar Hayden lá por conta própria, — disse
Laith a Con, mantendo o pensamento de Ulrik afastado por enquanto.

Con riu. —Tão poderoso como Hayden é, Fallon não iria permitir que isso acontecesse. Arran
e Malcolm estão com ele.

—Boa. Eu ainda desejo que um de nós estivesse lá.

—Eles não terão nenhum problema lutando com seres humanos, mas os guerreiros não estão
sozinhos. Rhys está com eles.
Mal Con falou e Rhys enviou um grito através da ligação, —São os Escuros!

Eles mal tiveram tempo para digerir isso antes que Laith virasse e voasse de volta
através das nuvens em direção à cachoeira. Ele olhou para baixo e viu uma dúzia
dos Escuros no topo da cachoeira.

—É Taraeth e Balladyn, — disse Kellan.

Kiril passou voando por Laith gritando: —Balladyn é meu!

Laith viu Taraeth imediatamente com o um braço faltando. Ele passou pela porta
e foi rapidamente seguido por Balladyn eo resto dos Escuros.

—Agora!— Con berrou.

Os Reis Dragões mergulharam das nuvens direto para onde os Escuros estavam
cruzando em suas terras. Laith inalou e sentiu agitar fogo dentro dele. Ele abriu a
boca e deixou-o livre, enquanto passava por cima deles.

Ele imediatamente se virou e soltou seu gás paralisante em sua próxima passagem.
Laith soltou um grito quando três dos Escuros caíram.

Iona gritou quando alguém estourou a janela. Ela levantou o braço para proteger
o rosto do vidro quando ela se virou.
—Isla! — Gritou uma voz profunda que Iona não reconheceu.

Ela baixou o braço e viu um homem com cabelo castanho escuro, longo e
ondulado. Ele segurava uma espada, a lâmina curvada ligeiramente e tornando-se
mais largo em direção a ponta.

—Precisamos sair daqui, — disse ele enquanto se aproximava de Iona. —Eu sou
Rhys. Os Escuros estão nos cercando rapidamente.

Isla de repente estava ao lado dele. —Vamos.

Iona foi rudemente agarrada por Isla e puxada para frente. Ela ficou espantada que
uma mulher pequena, tal como Isla tinha tanta força. Assim que Iona estava fora
da janela, Isla começou a correr e puxou-a mais uma vez. Iona olhou para trás para
ver Rhys mergulhar sua espada no abdômen de um homem com cabelo preto e
prata.

O coração de Iona estava batendo. Medo consumia seu todo, deixando-a pesada
para que sentisse como se mal conseguisse se mover. A próxima coisa que ela sabia
era que Hayden ficou à frente deles, uma enorme bola de fogo entre as mãos. Iona
sentiu alguém pegar seu braço e olhou para ver Rhys.

Os pulmões de Iona queimavam, mas não diminuiu a corrida. O verdadeiro mal


estava perto em seus calcanhares. Ela foi arrastada atrás de Rhys que se movia tão
rápido como os Guerreiros. Quando chegaram a Hayden, eles se separaram,
passando em torno dele quando ele arremessou a bola de fogo no grupo de Faes
Escuros vindo para eles. Iona por acaso olhou para cima e viu um vulto escuro se
movendo rapidamente em direção a eles no céu.

—Laith, — disse ela.

Rhys olhou para cima quando ela falou. —Merda, — disse ele e agarrou-a pela
cintura quando ele mergulhou para o lado.

Iona não conseguia tirar os olhos de Laith que caiu através das árvores, fogo
estourando de sua boca em direção aos Escuros em uma exposição surpreendente.
Quanto mais fogo, ele soprava, mais Hayden usava o seu poder, lançando-o em
direção aos Escuros que não conseguiram explodir com ele.

—É quente, — disse Iona. Estavam pelo menos quarenta e cinco metros dos
Escuros e parecia que o fogo estava ao lado de sua pele.

—Isso é fogo de dragão, moça, — Rhys disse quando a segurou em um cotovelo.


—Ele queima mais quente do que qualquer outra coisa na Terra.

Pelos gritos dos Escuros, ele também matava algo que o fogo de Hayden não foi
capaz de fazer. O temor que a consumia começou a diminuir à medida que Laith
ficou em vantagem sobre os Escuros. Rhys levantou-se e puxou-a com ele. Então
a empurrou para Isla e os Guerreiros enquanto ia para eliminar os Escuros em seu
caminho.

Laith voou de um lado para o outro, cuspindo fogo cada vez. Hayden impediu que
o fogo pegasse nas árvores e destruisse a floresta.
—Nós estamos ganhando, — disse ela e se virou para Isla.

Iona grunhiu quando Malcolm com sua pele marrom a empurrou para o chão e
foi então prontamente jogada nove metros para trás. Ela olhou para cima para ver
mais dos Escuros que vinham para eles. Iona percebeu que Malcolm salvou sua
vida, considerando o que uma explosão de magia significava para ela.

—Iona, — Isla chamou.

Ela olhou para o lado e viu Isla acenando para eles. Todos ao seu redor Guerreiros
com sua pele de cores diferentes foram saindo das matas e lutando. Iona não tinha
certeza se ela poderia chegar até Isla a tempo, mas se permanecesse onde estava
certamente morreria. Iona levantou-se e começou a correr. Com o canto do olho,
ela viu Laith mergulhando em direção a ela. Uma explosão de fogo passou por ela
quando ele arqueou as costas e voou para cima.

Ela chegou a Isla e engasgou sem ar. Outro guerreiro, Arran, flexionou sua mão,
sua pele e garras brancas como a neve. Ele mudou ligeiramente e atingiu a sua mão,
enquanto um Escuros correndo passava atrás dele.

Iona se sobressaltou com a violência diante dela, mas segurou o ofegar. Ela olhou
para os olhos brancos de Arran e disse: — Muito bem.

Arran sorriu e empurrou o queixo para onde Hayden mais uma vez estava sendo
cercado. Iona só podia assistir com espanto quando os relâmpagos começaram a
cair em todos os lugares. Não demorou muito para encontrar a fonte - Malcolm.
Enquanto Hayden usava fogo e Malcolm usando relâmpagos, uma lança de gelo
sólido formou-se na mão de Arran antes que ele jogasse em um Escuro.

Tão notável como os guerreiros eram, Iona tinha outra coisa em que ela estava
interessada, em um Rei Dragão. Ergueu os olhos, procurando no céu por Laith.

Ele circulou de volta e foi acompanhado por um dragão de cor âmbar. Assim que
Laith abriu a boca para cuspir fogo, Iona viu um Escuro com cabelo preto e prata
pendurado no meio das costas lançar uma bola em espiral de magia negra e prata
no Laith.

A respiração de Iona trancou em seus pulmões quando Laith não foi capaz de
evitá-lo. Sua forma de dragão desapareceu em um piscar enquanto ele caia nu em
direção a Terra.

—Nããão!— Iona gritou.


Iona não poderia chegar ao Laith rápido o suficiente. Ele não estava se movendo,
o que a impulsionou a correr mais rápido. Acima dela, ouviu o rugido de um
dragão, mas sua atenção estava sobre ele. Ela virou a cabeça e viu o Escuro
responsável por atingir Laith. Pela primeira vez em sua vida queria realmente
machucar alguma coisa.

Foi quando ela viu Rhys vir atrás do Escuro e balançar sua espada. Pouco antes de
a lâmina conectar com ele, o Fae desapareceu.

Iona alcançou Laith e ajoelhou-se ao lado dele. Ela olhou-o, mas não conseguiu
encontrar feridas. Tocou seu rosto, alisando o cabelo para trás. —Laith? Laith,
você pode me ouvir?

Ele não podia estar morto. Iona recusou até mesmo a contemplar a possibilidade.
Isla disse que um rei não poderia ser morto por qualquer pessoa que não seja outro
rei, mas ninguém disse nada sobre ele ser ferido.

Ela engoliu em seco e lhe deu uma sacudida. —Acorde, Laith. Por favor. Eu
preciso de você.

Ela precisava dele e não porque havia os Escuros atrás dela. Ela precisava dele
porque sabia que a vida seria monótona e entediante sem ele. Foi só vê-lo cair do
céu para trazê-la para a plena consciência de sua importância.
Ela o sacudiu com mais força. —Laith!

De repente, ele inspirou profundamente e, em seguida foi liberando lentamente.


Seus olhos se abriram antes de se concentrar nela. —Iona?

—Graças a Deus, — ela murmurou quando se curvou e beijou-o.

Ele a segurou por um momento. Então, olhou em volta e saltou para seus pés
quando a empurrou atrás dele. Foi quando Iona viu os dois Faes Escuros se
aproximando deles.

Iona desejou ter algum poder mágico para usar ela mesma, mas era o ser mais inútil
lá. Fúria patinou através dela. Raiva sobre o assassinato de seu pai, a raiva por ter
sido espionada e ressentimento por ter sido usada.

—Eu não quero vocês na minha terra!— Ela gritou para os Escuros. —Caiam
fora.

Eles fizeram uma pausa, um olhar confuso piscando em seus olhos vermelhos.

Por mais bobo que fossem as palavras dela a fez se sentir melhor. —Saiam da
minha terra, — ela disse mais alto.

Os das Trevas vacilaram, mas ainda assim eles vieram.

—Diga-o mais alto e com mais força, — disse Laith por cima do ombro.

Iona inalou profundamente. —Saiam da minha terra! Ninguém das Trevas é bem-
vindo aqui!
Houve um grito de dor de um dos Escuros e, em seguida, ambos se foram. Iona
olhou ao redor para encontrar os Escuros desaparecendo um a um com olhares
de espanto e ira dirigidos a ela.

—O que aconteceu? — Perguntou ela a Laith quando se virou para olhar para ela.

Ele sorriu e puxou-a em seus braços. —Esse é o seu poder. Esta é a sua terra.
Você tem a autoridade para decidir quem é bem-vindo e quem não é. Você disse
aos Escuros para sair e eles não tiveram outra escolha.

—Isso não quer dizer que não possam voltar, — Rhys disse enquanto caminhava.

Iona descansou a cabeça no peito de Laith enquanto seus braços a abraçavam com
força. —Eu vou estar pronta para eles.

Não demorou muito antes de Isla, Hayden, Arran e Malcolm se aproximarem. Isla
estava franzindo a testa para os três guerreiros que eram todos sorrisos enquanto
falavam da batalha.

—Homens, — Isla disse revirando os olhos.

Hayden a puxou contra ele. —Isto, meu amor, é o que faz um guerreiro bom para
a batalha.

—Eu sei, — ela disse suavemente e levantou-se na ponta dos pés para tocar os
lábios nos dele.
Iona os assistiu com interesse, principalmente porque ela estava tão contente nos
braços de Laith. Não queria pensar sobre o medo que tomou conta dela quando
pensou que ele poderia não acordar. Foi real. Muito real.

Isla disse a ela para abrir seu coração e sua mente. Com dragões, Faes, druidas e
guerreiros, estaria fora do reino das possibilidades que existisse o amor?

—Os Escuros foram expulsos por enquanto, — Laith disse a todos.

Iona levantou a cabeça para olhar para ele. —Mesmo da porta?

—Eles não chegaram longe, uma vez que passaram pela porta, — disse Laith. —
Nós estávamos esperando por eles.

Rhys limpou a espada em seu jeans. —Os que escaparam da porta vieram aqui.

—Por que eles apenas não se teletransportam? — Perguntou Isla.

Laith sorriu largamente. —Porque uma vez em Dreagan, eles não poderiam usar
essa capacidade. Foi uma idéia legal quando descobrimos que eles estariam vindo.
A única maneira de se salvar seria a de correr de volta através da porta.

—Isso é brilhante, — Iona disse com uma risada.

—Eu não posso receber o crédito. Foi ideia do Rhys.

Iona virou-se para Rhys. —Obrigada por tudo. Essa lâmina é malvada, quando
você a está usando.
Seu sorriso era triste, como se suas palavras fossem dolorosa de alguma forma.
Iona interiormente se encolheu quando avistou o dragão no punho da espada.
Com um aceno, Rhys se afastou sem dizer uma palavra.

Iona se voltou para Laith. —Eu não entendo.

—Rhys é um Rei Dragão. Ele foi ferido por magia dragão que foi misturada com
magia Escura, ele nunca será capaz de mudar para um dragão novamente, —
explicou Laith.

Malcolm ficou olhando Rhys enquanto ele dominava seu deus. —Que tipo de
bastardo faria isso com ele?

—O tipo que não viverá por muito tempo, — disse Arran.

Laith pegou a mão de Iona. —Vamos levá-la para a casa de campo.

—Ah, — Hayden murmurou. —Pode haver um problema.

Iona deu de ombros e disse: — Eu sei que algumas das janelas se foram.

—Isso não é tudo o que se foi, — Arran murmurou enquanto passava por eles.
—Às vezes nós guerreiros não prestamos atenção ao que nós estamos destruindo
em uma luta.

Iona franziu a testa. —Qual foi dano?

—A maioria da casa, — Malcolm disse quando finalmente puxou o olhar de Rhys.


—Nem tudo isso é inteiramente culpa nossa.
Iona dispensou suas palavras. —É apenas uma casa. Ela pode ser reconstruída.
Minha vida não poderia. Obrigada a todos por ajudarem a me manter a salvo.

—Idem, — disse Laith.

Hayden bateu no ombro de Laith. —É o que fazemos pela família.

Os quatro se afastaram para se juntar com os outros guerreiros. Iona seguiu o olhar
de Laith para o céu para ver dragões voando ao redor. —Eles não vão ser vistos?

—Isla e Phelan tomaram o cuidado para que hoje à noite não fossemos vistos. Mas
nem sempre podemos estar tão perto de sua terra.

—O que essa explosão de magia fez com você?

Laith olhou para ela e alisou o cabelo longe de seu rosto. —É uma das únicas
coisas que um Escuro pode fazer para nós. Essa magia me impede de mudar por
um curto período de tempo. Se em forma de dragão, ele nos reverte para humano
instantaneamente.

—É por isso que você caiu?

—Precisamente.

Iona mexia, sem saber o que dizer ou fazer agora. Foi a sua primeira batalha. Ela
não sabia se havia protocolos que precisavam ser seguidos ou o quê. —Eu preciso
reunir o que restou das minhas coisas.

—Sim, você fará isto. Você vem comigo para Dreagan.


Felicidade explodiu dentro dela, mas ela a se reprimiu de mostrar muito. —Eu
vou?

—Você não têm uma casa, — Laith apontou. —Depois, há o fato de que quero
você na minha cama para que eu possa fazer amor com você durante toda a noite.

Iona não poderia encontrar qualquer falha no seu pensamento.

—Além disso, precisamos terminar nossa conversa do outro dia.

Ela então ficou nervosa, principalmente porque ele estava certo. Eles tinham
necessidade de falar. Só não sabia o que dizer, ou até mesmo como proceder. Não
esteve nessa posição antes. —Eu sei.

—Você está pronta para tal conversa? — Ele perguntou, olhando profundamente
em seus olhos.

—Eu honestamente não sei. Estou com medo, mas tenho mais medo de perder
você.

Laith sabia exatamente como se sentia. Iona não sabia o quão perto ela esteve de
morrer e ele não iria lhe dizer. Ela saiu com vida e por isso seria eternamente grato
aos guerreiros e Isla.

Ele estava relutante em mover-se para levá-la para a casa onde ele tinha certeza de
Hayden e Isla os aguardava. Nem estava pronto para levá-la para Dreagan e ser
bombardeado com todo mundo querendo conhecê-la.
—O que foi? — Ela perguntou.

—Há muito que você ainda não sabe sobre um Rei Dragão.

Ela torceu o nariz. —Isla explicou sobre o acasalamento e as crianças.

—E? — Ele pressionou.

Iona alisou as mãos sobre o peito nu e olhou para baixo. —E o que?

—Isso assusta você?

Seus olhos escuros se aprofundaram enquanto suas mãos se acalmaram. —Não.

—Eu não quero assustá-la, Iona, mas quero que você saiba que vou fazer o que
for preciso para tê-la como minha. Se isso significa que tenho que esperar anos,
então vou esperar. Vou cortejá-la e seduzi-la.

—Você vai? — Ela perguntou com um sorriso maroto. —Gostaria disso.

—O que for preciso.

Ela assentiu seu sorriso alargando.

—Quero dizer. Eu te amo. — Laith gemeu quando viu a perda do sorriso. Ele não
tinha a intenção de deixar isso escapar tão cedo, mas não havia como negar o que
sentia. —Eu te amo.

—Eu não sei o que isso é.


Laith deveria ter sabido que era cedo demais. Ele odiava que não tivesse esperado,
mas queria que ela soubesse seus sentimentos.

—Você vai me mostrar?

Ele piscou, surpresa e alegria enchendo-o. Ele sentiu como se ele pudessesair sua
pele de tão feliz. —Nada me agradaria mais.

Laith mergulhou as mãos em seu cabelo enquanto a beijava com toda a paixão,
necessidade e o amor dentro dele.

—Eles sabiam que estávamos chegando, — Balladyn repetiu mais uma vez
enquanto andava na frente do trono de Taraeth.

Taraeth viu seu tenente. —Parece que eles sabiam.

—Perdemos muitos esta noite.

—Isso pode ser substituído, — disse Taraeth. —Nós temos preocupações mais
prementes. Ou seja, descobrir como os Reis estavam esperando por nós.

Balladyn parou seus olhos vermelhos brilhando com interesse. —Isso é fácil. Foi
o nosso dito amigo. Deixe-me trazê-lo para que você possa tomar a sua cabeça.
—Isso pode ser difícil. Fizemos um pacto. — Taraeth fechou o punho de sua mão
direita para que ela não tentasse chegar ao braço esquerdo. Ele ainda podia senti-
lo, mesmo que ele se foi. —Ele nos deu a localização da porta, bem como a
localização da arma.

—Isso não significa que ele não nos preparou uma cilada, — Balladyn insistiu.

Taraeth tamborilou com os dedos no braço de seu trono negro. —Ele não seria
tão estúpido. Ele sabe que eu iria revidar imediatamente.

—Então, nós vamos apenas esperar para ver como os Reis souberam? — Balladyn
perguntou com desgosto.

Taraeth sorriu. —Eu não disse isso.

—O que você tem em mente?

—O nosso amigo sempre nos pediu ajuda. Eu acho que é hora de pedir-lhe
alguma.

Balladyn balançou a cabeça em aprovação. —Eu gosto disso, mas você prometeu-
lhe o seu exército. E se ele apela essa promessa?

Taraeth não pensou nisso. Ainda assim, era uma aposta que ele estava disposto a
assumir. —Eu suspeito que ele queira o exército para quando atacar Dreagan.

—Que não vai importar se encontramos a arma.

—É verdade, mas precisamos chegar a Dreagan em primeiro lugar.


—Não será uma tarefa fácil, — disse Balladyn.

Taraeth riu quando encontrou a resposta. —Eu acho que nós precisamos enviar
uma das nossas fêmeas para ele. Tê-la usando glamour para que ele não saiba.

—Você quer que ela o mate?

—Eu quero que ela descubra o que tem em sua vida que pode machucá-lo. Eu
quero saber quem são seus associados, seus inimigos e todos com quem ele tem
contato.

Balladyn sorriu com prazer. —Eu enviarei alguém de imediato.

—Espere algumas semanas, — Taraeth advertiu. —Deixe-o pensar que estamos


intimidados. Deixe-o pensar que é invencível.
Laith conseguiu levar Iona para seu quarto sem que ninguém os parasse. Ele foi
pegar sua comida e quando voltou, encontrou-a dormindo. Estava na porta com a
bandeja de comida, sorrindo como um tolo.

—Ela passou por muita coisa, — Con disse atrás dele.

Laith virou a cabeça para olhar para Con, surpreso ao encontrá-lo lá. —Sim,
passou. Ela tem o poder também. Foi Iona que obrigou os das Trevas a saírem de
sua propriedade. —Eu odeio admitir que esqueci que os Campbells podiam impor
isso.

—Todos nós o esquecemos, — Laith admitiu e colocou a bandeja sobre a mesa.


Ele então saiu do quarto e suavemente fechou a porta antes de virar para Con. —
É aqui que você vai me convencer que estou cometendo um erro?

Por longos minutos, Con olhou para ele com seus olhos negros e sem emoção. —
Será que faria alguma diferença?

—Não.

—Então não é por isso que estou aqui.

Laith franziu a testa. Desde quando Con desistia tão facilmente? —Por que você
está aqui?
—A vida de sua mulher foi posta em perigo pelos nossos inimigos. Seus patrões
eram parte disto.

—Eles poderiam ser os mesmos.

Con concordou com a cabeça. —Eu cheguei à mesma conclusão. Ele pegou as
fotos e a localização da porta e as deu aos Escuros.

—Ele? — Laith cruzou os braços sobre o peito e considerou Con. —Você quer
dizer Ulrik.

Con levantou uma sobrancelha loira. —Isso te incomoda?

Laith considerou tudo o que aconteceu desde que os Silvers28 mudaram há três
anos e Hal foi o primeiro Rei Dragão a se apaixonar por uma humana. —Eu queria
que fosse outra pessoa, mas eu acho que é Ulrik.

—Ele deve ser parado, — Con declarou em voz baixa, perigosa.

Laith olhou para a porta atrás dele, pensando em Iona. —Ela é minha de todas as
maneiras, mas falta a cerimônia. Eu não posso tê-la em perigo assim novamente.
O que você precisa de mim?

—Eu preciso saber que quando eu enfrentar Ulrik você vai ficar comigo.

—Você tem isso.

Con bateu-lhe no braço e se afastou.

28Dragões Prateados do Ulrik


Laith permaneceu onde estava por muito tempo após Con ter ido embora. Ele
sabia que era a decisão certa a fazer e ele ainda não conseguia parar a decepção e
angústia que o envolvia. Ulrik foi um deles. Eles nunca deveriam ter chegado ao
ponto que eles teriam que matar um deles.

Ele desceu as escadas para a porta escondida na mansão que levava direto para a
montanha. Laith não parou até chegar a caverna que prendia os Silvers. Seus passos
diminuíram a velocidade e parou completamente quando ele alcançou a gaiola. A
magia que os Reis Dragões fizeram e aplicaram na gaiola, assim como a sua magia
manteve os Silvers dormindo.

Laith alcançou através da gaiola e descansou a mão sobre o dragão mais próximo
dele, as escamas suaves de cor prata metálica estavam quentes sob sua palma.

Ele procurou em suas memórias pelo Ulrik que havia rido com facilidade e, muitas
vezes, o Ulrik que adorava pregar peças em todos. Este Ulrik que foi leal até
cometer uma falha.

Ulrik foi o primeiro deles a tomar um ser humano como amante. Ele não hesitou
em confiar nos seres humanos. Ulrik foi tão longe para também ser o primeiro a
construir uma casa humana para trazê-los para a sua terra e protegê-los. Pouco
tempo depois, tornou-se encantado com uma fêmea humana e ela por ele. Ulrik a
amava completamente. Eles teriam se acasalado anteriormente se suas funções não
o tivessem levado para longe dela.
Ulrik estava com Con, colocando os toques finais em sua cerimônia quando
descobriram que ela o estava traindo. Foi por Ulrik confiar com tanta certeza que
o resto dos Reis ficaram devastados com a notícia. Foi por causa da amizade de
Ulrik, sua lealdade que cada um dos Reis queria vingança antes que ela pudesse
machucá-lo.

Olhando para trás agora, Laith sabia que foi um erroeles tomarem o assunto por
conta própria. Essa deveria ter sido a decisão de Ulrik o que fazer a respeito de sua
mulher. Laith não entendeu antes, mas agora que amava, percebeu o quão sério o
seu erro foi.

Quando ele se afastou da gaiola e se virou, encontrou Iona em pé na entrada. Ele


franziu a testa, perguntando como ela o encontrou.

—Warrick me trouxe, — ela respondeu a sua pergunta não feita. Os olhos escuros
de Iona ficaram perturbados ao vê-lo. —Você está bem? Você parece triste.

—Eu sempre fico quando eu venho aqui. — Laith caminhou até ela e pegou a sua
mão. —Deixe-me mostrar-lhe os Silvers.

—Eu não acho que eu deveria estar aqui, — ela sussurrou e apressadamente olhou
em volta.

Laith sorriu e beijou-lhe as costas da mão. —É claro que você deveria estar aqui.
Eles pararam diante da gaiola e Laith observou-a mover de maneira que pudesse
olhar os dragões. Ela caminhou lentamente ao redor da gaiola gigante até que se
voltou para ele e deu-lhe um aceno com a cabeça.

—Eu vi você mudar. Sei que o que você me disse é real e ainda depois de tudo me
trouxe para sua casa e agora para ver estes Silvers, — ela disse e olhou para ele.

Laith colocou uma mecha de cabelo loiro que escapou de seu rabo de cavalo atrás
da orelha. — Compreendo.

—Eu poderia falar sobre esses dragões magníficos durante todo o dia e como é
triste vê-los trancados, mas prefiro saber o que realmente está incomodando você.

Laith suspirou e apertou a ponte de seu nariz. —Eu não posso mais negar quem é
nosso inimigo.

Iona olhou para os Silvers. —É Ulrik, não é?

—É. — Só admiti-lo em voz alta era como uma adaga perfurando seu coração.

Iona jogou os braços ao redor dele. —Eu sinto muito.

Ele a abraçou com força, levando o conforto que ela oferecia. Isto era novo para
ele compartilhar tudo e ainda o aliviou. —Con me pediu para ficar com ele quando
for matar Ulrik.

—Não há outra maneira? — Ela perguntou.

Laith a puxou para trás para olhar em seus olhos. —Não.


—Você não vai fazer isso sozinho. Eu estarei com você, — ela prometeu.

Ele sorriu, porque quer ela soubesse ou não, Iona acabou de comprometer-se com
ele. Laith se encontrou sorrindo mais uma vez, a tristeza de mais cedo caindo na
presença de Iona.

—O quê? — Ela perguntou cética. —Você está sorrindo agora.

—No próximo mês é a celebração anual que Dreagan oferece para a aldeia. Quer
ser meu encontro?

Ela olhou para cima e mordeu o lábio inferior. —Hmm. Isso significa que eu vou
ter de fazer mais compras.

—Isso é um sim? — Ele perguntou quando empurrou os quadris dela contra ele.

Iona riu e deslizou as mãos em seu cabelo. —Definitivamente.

—Você percebe que significa que você vai ficar aqui por um mês? — Ele
perguntou com um olhar compreensivo.

Ela encolheu os ombros e disse sem constrangimento: —Eu sei. Eu não tenho
mais um emprego, lembra?

—Oh, estou bastante certo de que podemos tirar proveito de sua perícia. Além
disso, a vila precisa de um fotógrafo para casamentos e tal.
—Eu costumava torcer meu nariz para esses postos de trabalho, mas
curiosamente, o pensamento de fazer isto me atrai mais e mais. Você mudou meu
mundo, Laith.

Ele acariciou sua bochecha, espantado por ela estar realmente em seus braços. —
Não fui eu. Você estava destinada a esse papel e você foi trazida para casa quando
estava pronta para aceitá-lo.

—Eu estou pronta para o que quer que venha a seguir.

—Incluindo ser minha?

Ela puxou sua cabeça para baixo até que seus lábios estivessem quase tocando o
seu. —Especialmente ser sua.

Laith gemeu e reclamou seus lábios em um beijo escaldante. Ela ainda não tinha
concordado em ser sua companheira, mas estava disposto a esperar. Por Iona, ele
faria qualquer coisa.
Um mês depois…

Laith trouxe Iona para perto enquanto eles dançaram uma música lenta, seus
corpos balançando ao som da música. Normalmente, ele odiava a festa anual, mas
esteve ansioso para isso há semanas. Ele sorriu para os olhares invejosos de outros
homens quando olhavam para sua Iona. Ela usava um vestido preto espetacular
de um ombro só com enfeites de contas prateadas elaborada em torno de sua
cintura que também seguiu como única cinta atada nas costas.

Iona manteve seus cabelos loiros ondulados em um coque frouxo na lateral. Ela
não usava joias, o que a tornou ainda mais elegante. Laith não podia esperar para
soltar seu cabelo e tirá-la do vestido.

—Porque você está sorrindo? — Ela perguntou quando a música terminou.

Laith a girou duas vezes, sua risada fazendo-o sorrir. Assim que a próxima música
começou, puxou-a para dançar mantendo-a apertada contra ele. Então enfiou a
mão no bolso de seu smoking e tirou uma caixa de veludo branco.

Ela engasgou, olhando da caixa para ele. —Somente joias vem nessas caixas
pequenas.
Ele reprimiu um sorriso, porque sabia que a carranca de preocupação dela
significava que pensava que ele a pediria para casar-se com ele. Estava próximo,
mas ainda não. Além disso, ele tinha algo especial planejado para isso.

—Ela tem.

—Ninguém jamais me deu jóias, — ela sussurrou. Ela parou de dançar e pegou a
caixa com as duas mãos.

Laith cobriu as mãos dela com as suas. —Eu gosto de ser o primeiro.

Ela lançou-lhe um sorriso. —Você foi meu primeiro para muitas coisas.

—E eu vou continuar a ser. Agora, abra a caixa.

Iona hesitou por um segundo antes que abrisse a tampa, os olhos aumentando de
tamanho. Laith olhou para os brincos de diamante negro em forma de pera. —
Eles são absolutamente lindos, Laith. Obrigada.

Ele segurou a caixa quando ela colocou os novos brincos. Estava radiante quando
ele a pegou de volta em seus braços para terminar a dança.

—Eu vou ter de lhe agradecer adequadamente esta noite.

Laith olhou para o relógio. —Nós estamos aqui há duas horas. Acho que podemos
sair agora.
Com sua concordância, Laith pegou sua mão e levou-a para fora do prédio. Assim
que eles estavam no ar da noite, ela levantou o vestido com uma mão e eles
começaram a correr, rindo, para a mansão.

Lily observou Laith e Iona desaparecer na noite. Não havia dúvida do que eles iam
fazer. Ao longo das últimas semanas, Lily viu mais e mais Iona e então ela ficou
sabendo que Iona se mudou para a mansão.

Na primeira vez que Lily a viu pensou que ela era de Rhys. Ele gostava delas altas
e loiras, depois de tudo. Mas acontece que, Laith tomou a fotógrafa bonita.

Ela não tinha certeza do que pensou de Iona. Ela era agradável, mas colocou Lily
no limite tirando fotos dela sem Lily estar ciente disso até depois do fato. A última
coisa que Lily queria era que essas imagens saíssem. Iona assegurou-lhe que não
iria e Lily rezou para que pudesse confiar nela.

Lily olhou para seu vestido creme. Foi a coisa mais extravagante que possuiu desde
que deixou sua família. A seda era suave contra sua pele, embora estivesse
consciente de como a forma de ajuste do vestido estava depois de usar tais roupas
soltas durante tanto tempo.
Ela caminhou até a janela e olhou para dentro do armazém para os convidados. A
música era alta e os convidados sorriam. Uma semana antes o armazém estava
cheio de barris de uísque, mas eles foram levados para outros armazéns na
propriedade apenas para esta festa.

A festa que ela não fazia parte. Não porque não foi convidada, mas porque se
sentia fora de lugar. Se não tivessem ido até ela, não teria vindo, mas Sammy, Jane
e Shara produziram o vestido e os sapatos.

E embora Lily não fosse admitir isso para ninguém, ela se sentia como uma
princesa no vestido. Fazia muito tempo desde que deixou seu lado feminino sair e
ela estava deleitando-se com ele. No entanto, em vez de fazê-lo em uma sala cheia
de pessoas que não a conheciam e perguntariam por que estava de pé sozinha,
escolheu assistir tudo de fora.

—Você não deveria estar lá dentro com os outros?

Lily estremeceu ao som da voz de Rhys. Ele estava sempre andando atrás dela, não
que ela se importasse. Ela se virou para ele e engasgou com a sua visão. Estava de
tirar o fôlego em seu smoking emparelhado com um kilt. O homem poderia usar
qualquer coisa, mas ela o amava em seu kilt. —Eventualmente e você?

—Eventualmente.

Ela sorriu e desviou o olhar. Lily nunca poderia olhar em seus olhos azuis claros
por muito tempo por medo de que ele iria ver o quanto ela cobiçava ele.
—O que você está realmente fazendo aqui? — Ele perguntou em voz baixa.

—Eu não me sinto bem com multidões.

Ele estendeu a mão quando um novo acorde da música começou. —Que tal dançar
comigo?

O coração de Lily perdeu uma batida. O homem mais bonito que conhecia estava
realmente pedindo-lhe para dançar? Como se ela fosse recusar.

Lily colocou a mão na sua, notando o quão grande era comparada com o dela. Seu
toque era macio e quente. Ela olhou para a camisa branca debaixo de seu smoking
enquanto ele os moveu em torno do pequeno pátio.

A música era lenta e tinha uma batida sensual, o que tornou ainda mais difícil para
Lily não fantasiar sobre Rhys. Ele estava apenas sendo gentil, isso era tudo. Ela
precisava lembrar-se disso a cada poucos segundos para que não começasse a
pensar que algo mais poderia sair de uma simples dança.

Não houve palavras entre eles, apenas a música e a noite. Foi o momento mais
romântico e o mais incrível de sua vida.

Muito brevemente a música terminou. Rhys os parou, mas não a soltou. Lily olhou
para seu rosto, os lábios separando enquanto seus pulmões fechavam. O desejo
cru que viu ali fez seu estômago apertar com entusiasmo e necessidade.

Ela se recusou a mover-se quando a cabeça abaixou para a dela por medo de que
mudasse de idéia. Em seguida, seus lábios se tocaram. Foi apenas um toque macio
em primeiro lugar, antes de voltar uma segunda vez e pressionou seus lábios nos
dela.

Lily suspirou enquanto sua mão mergulhou em seu cabelo até a parte de trás de
sua cabeça. No instante seguinte, sua língua deslizou por seus lábios e tocou a dela.
Rhys beijou com abandono sexual que assustou Lily tanto quanto a emocionou.
Ele aprofundou o beijo, um gemido surdo saindo de seu peito. Ela segurou-o,
aquecendo-se na euforia de seu gosto, seu toque.

E assim tão de repente como começou, Rhys terminou o beijo.

Lily piscou para ele enquanto tentava se orientar. Rhys olhou para ela com olhos
insondáveis por longos momentos. Então deslizou os dedos através do
comprimento de seu cabelo.

—Eu amo seu cabelo, — ele sussurrou. Como se essa confissão o surpreendesse,
Rhys prontamente a soltou e se afastou.

Lily tocou seus lábios que ainda formigavam de seu beijo. Não sabia por que Rhys
a beijou, nem se importava. Ela esteve em seus braços, lhe provou.

E isso só a fez desejar muito mais.


Leia um trecho do próximo livro de Donna Grant

No elevador até o quarto de Lily, ela e Rhys estavam na parte de trás, enquanto
um grupo se espremia com eles. Rhys olhou-a enquanto ela observava todos os
outros.

Os olhos de Lily estavam tão cheios de... ânsia que Rhys descobriu-se observando-
a para ver o jogo de emoções no seu rosto. Havia momentos em que ela escondia
seus sentimentos muito bem, mas em outros em que os mostrava para que o
mundo pudesse ver.

Hoje à noite, eles eram visíveis e ele estava feliz. Um por um, os outros ocupantes
chegaram em seus andares. Quando o elevador chegou ao seu piso, Lily olhou para
ele e saiu quando as portas se abriram. Rhys saiu em seguida, apreciando o balanço
de seus quadris e grato porque o vestido não escondia todas as suas belas curvas.

Não foi até que a porta se fechou atrás dele em sua suíte que ela riu. —Vamos
retomar a nossa conversa agora?

Rhys queria continuar a leitura de seu corpo, com as roupas fora. Desejo correu
grosso e quente em suas veias. Foi um erro pensar que pudesse ficar sozinho com
ela em seu quarto. Ele quase a tomou na última noite lá na trilha. Não havia
ninguém para interrompê-los em sua suíte, ninguém para impedi-lo de marcá-la
como sua.

—Rhys? — Ela chamou o seu nome, uma pequena carranca estragando seu rosto.

Ele olhou além dela para a sala e os inúmeros sacos que enchiam o espaço. Ela
seguiu seu olhar e gemeu em voz alta.

—Eu não posso imaginar o que isso parece. Não fiz nada com isso em anos, —
disse ela, enquanto empurrava os sacos de lado para que eles pudessem se sentar
no sofá.
Rhys a parou e lhe deu um pequeno empurrão para que ela se sentasse. Ele
caminhou até a área do bar e reivindicou um banquinho. Quanto maior a distância,
melhor se ele ia ter que pensar e realizar uma conversa. —Esqueça as roupas.
Vamos continuar de onde estávamos mais cedo.

—Tudo bem. — Ela sentou-se no sofá e cruzou uma perna sobre a outra, depois
que ela tirou os saltos. —Diga-me algo sobre você.

—Eu tenho inimigos.

Seu olhar baixou para o copo meio vazio de champanhe na mão. —Eu também.

Agora isto não era algo que ele esperava que dissesse. —Do que você tem medo?

—Não encontrar a minha coragem quando precisar dela.

Mais uma vez ele foi pego de surpresa por suas palavras. —Por que você precisa
de coragem?

—Meu inimigo, lembre-se, — ela disse com uma piscadela. Mas a verdade estava
lá em suas palavras. —Sua vez.

Rhys queria fazer-lhe muitas mais perguntas, mas ele começou este jogo. —Temo
que eu não possa ganhar de volta a parte de mim que perdi.

—Hmm, — ela disse com um aceno de cabeça enquanto bebia. —Eu posso
entender. O que você espera?

—Vencer meus inimigos.


—Eu queria ser livre. — Sua voz estava cheia de melancolia.

Ele pensou sobre a sua próxima pergunta por um momento, então, perguntou: —
Se você pudesse estar em qualquer lugar, onde seria?

—Aqui. Contigo. E você?

Ele olhou fixamente em seus olhos, suas bolas apertando com a necessidade. —
Bem eu estou aqui.

—Diga-me algo que você nunca disse a ninguém, um segredo que iria partilhar
entre nós.

Rhys deixou de lado sua champanhe quente. Ele não poderia dizer-lhe o seu maior
segredo, que era realmente um dragão. Mas desejava que pudesse. —Que eu vou
deixar aqueles que mais precisam de mim.

—Meu nome todo é Lilliana Eleanor Ross, terceira filha do conde e condessa de
Carlisle.

—Você é da nobreza? — Ele perguntou, em choque. Isso certamente não era algo
que viu chegando. Isto explicava por que ela usava as roupas que vestia, bem como
a sua elegância.

Lily abaixou a cabeça de cabelos negros e empurrou o comprimento sobre seu


ombro. —Eu sou. O amigo que eu vi hoje me chamou Lady Lily. Eu só não sabia
se Denae ia perguntar sobre isso, mas ela não perguntou.
—Isso não é o seu estilo.

—Não, não é.

—Isso é um segredo, — disse Rhys. —Eu sinto que minha resposta foi bastante
inadequada.

Lily riu e jogou fora seu champanhe antes que colocasse a taça sobre a mesa de
café. —Você poderia me dizer mais.

—Meus amigos contam comigo. Eu... eu não sou como fui uma vez. Estou mais
focado em vingança.

—Você ainda está lá para os seus amigos. É isso que importa.

Rhys desviou o olhar, porque sabia que a menos que ele pudesse mudar, era inútil
na próxima batalha. Mas empurrou esses pensamentos de lado quando se lembrou
com quem estava. Ele pensou em sua nova tatuagem e a cicatriz que Cassie
mencionou ter visto. De repente, ele queria ver a cicatriz por si mesmo. —Mostre-
me algo que ninguém mais viu.

Lily segurou seu olhar por alguns segundos enquanto ela engoliu nervosamente.
Em seguida, levantou-se graciosamente e caminhou até ele. Ela se virou de costas
para ele e afastou seu cabelo. —Abra meu zíper, por favor.

Rhys hesitou, com as mãos tremendo com o pensamento de tocar sua pele nua.
Ele revisitou seus beijos todas as noites em seus sonhos. Ele não poderia tê-la tão
perto e não tomá-la, mas se Cassie estava certa e Lily já foi abusada, ele teria que
deixá-la fazer o primeiro movimento.

Ele agarrou o zíper e, lentamente, puxou-o para baixo. A gola do vestido foi
afastada e sua pele cremosa e nua tornou-se visível. Então ele viu o sutiã vermelho.
Ele engoliu em seco, desejo dominando-o com força.

Lily moveu-se de modo que o vestido caiu de seu ombro esquerdo. Rhys viu a
marca vertical que percorria dez centímetros do ombro para baixo em suas costas
com cerca de dois centímetros de largura. A cicatriz era endurecida, indicando que
foi uma queimadura.

Fúria, profunda e escura, veio à tona. O olhar de Rhys passou sobre a ferida, mais
queria encontrar o bastardo e envolver ele no fogo do dragão. Nada queimava tão
quente como o fogo do dragão.

Rhys passou a mão ao longo da cicatriz. Ele sabia a resposta, mas ele perguntou:
— Quem fez isso com você?

—Alguém que eu confiava. Alguém a quem dei o meu amor. Um namorado com
quem morei.

Rhys estava prestes a fechar seu vestido quando viu outra coisa nas costas. Ele
gentilmente afastou o vestido de seu ombro direito e viu mais cicatrizes. Elas eram
finas e brancas, indicando que elas eram mais velhas.

Suas mãos tremiam da ferocidade da sua ira. —Ele fez tudo isso?
—Sim.

—Com o que?

Lily respirou fundo. —A cicatriz maior foi com um atiçador de fogo. As outras
foram de tudo o que estava ao seu alcance. Às vezes a faca de bolso, às vezes, seus
cigarros.

Rhys terminou de abrir o zíper de seu vestido e teve uma visão completa de suas
costas. Elas estavam cheias de cicatrizes. Algumas queimaduras, como ela disse a
partir das extremidades de um cigarro e outros cortes.

—Estão só nas suas costas? — Perguntou em torno da emoção engrossando sua


voz na garganta. Ele não conseguia entender por que alguém iria querer machucar
uma pessoa tão doce e bela como Lily.

Lily se afastou antes que o encarasse. Ela deixou cair o vestido. —Ele fazia o
possível para nunca me machucar, onde outros pudessem ver.

Em todas as suas eras vividas, a única vez que Rhys sentiu tanta indignação foi
quando ele enviou os seus dragões para longe. Agora, quando olhou para o
estômago de Lily, com as cicatrizes iguais às de suas costas, ele não poderia
compreender qualquer um que fazia algo tão hediondo.

A quantidade de coragem que ela levou para mostrar a ele foi impressionante.
Quando Rhys fez a pergunta, não tinha certeza de que ela iria mostrar a ele. Agora
sabia. Agora não havia dúvida de que iria deixá-la ver.
Rhys tirou o casaco e cuidadosamente o dobrou para colocá-lo em num banquinho
ao lado dele. Então ele desabotoou a camisa e a removeu. Ele não tirou os olhos
do rosto de Lily, então ele foi capaz de ver seus lábios se separaram e um olhar de
temor lhe caiu sobre o rosto.

Lily não pôde evitar fechar a distância e colocar as mãos em uma peça tão
impressionante de uma obra de arte. O dragão, uma curiosa mistura de tinta preta
e vermelha, era intrincado, o sombreamento de um mestre.

Ela estava hipnotizada pela tatuagem, correndo as pontas dos seus dedos ao longo
dela. A cabeça do dragão estava no peitoral direito de Rhys. O corpo do dragão
estava esticado sobre o peito impressionante de Rhys quase como se estivesse
deitado com suas asas dobradas. A cauda, no entanto, passava por cima do ombro
esquerdo de Rhys e depois em volta do seu braço esquerdo, parando em seu
cotovelo. O planejamento e desenho de tal arte deveria ter levado meses, para não
mencionar o tempo que levou para fazer a tatuagem.

Lily ergueu o olhar para os olhos verdes azulado de Rhys. —Isto é... Eu não tenho
palavras adequadas. Nunca vi trabalho tão belamente elegante e ainda ferozmente
intenso. Ainda assim, eu não posso ser a única a ter visto isso.

Embora ela odiasse admiti-lo, Lily sabia que Rhys levou para a cama outras
mulheres. Elas tinham que ter visto a tatuagem.

—Eu não mostro isso de bom grado.

—Por quê? — Ela perguntou incrédula. —É lindo.


Rhys deu de ombros. —Tenho meus motivos. Quando levava uma mulher para a
minha cama, estava demasiado escuro para ela ver, ou eu a tomava por trás.

Lily voltou seu olhar para o dragão, mas isso não foi o que viu. Ela entregou-se na
perfeição que era Rhys. Tendões duros, e impecavelmente em forma, aquecido sob
as palmas das mãos de seus ombros largos para o estômago com tanquinho e a
cintura estreita.

Ela deslizou sua mão ao longo dos músculos salientes de seu braço onde a cauda
do dragão estava e imaginou aqueles braços em volta dela, segurando-a perto. Não
há muito tempo que o sonho foi realidade. Foi um momento fugaz no tempo, mas
foi marcado em sua mente por toda a eternidade.

—Se outras pessoas vissem isso, eles não entenderiam porque não queria mostrar
isso, — disse Rhys, em voz baixa.

—Esta arte foi feita para ser vista. Por que você a fez e depois quer escondê-la?
— Perguntou ela e inclinou a cabeça para trás para olhar para ele.

O peito de Rhys expandiu quando ele respirou. —É complicado.

—Eu mostrei-lhe cicatrizes. Você me mostra beleza.

—Essas cicatrizes são parte de você. Eles contam uma história de sua coragem e
força.

Lily sentiu os olhos arderem com lágrimas não derramadas. — Levei anos para
chegar até a coragem de mostrá-las.
—Mas do que fez você deixá-lo.

—Sim. — Se ao menos ela tivesse encontrado alguém como Rhys não, se ela
tivesse encontrado Rhys em vez de Dennis, quão diferente sua vida seria. —Eu
me afastei de minha família por causa dele.

—Concentre-se na parte onde você o deixou.

Foi um bom conselho, porque a última pessoa que Lily queria pensar estando tão
perto de Rhys era Dennis. O bastardo não tinha lugar na sua vida de qualquer
maneira, forma ou formulário.

O olhar de Rhys se intensificou quando ele olhou para ela. —É preciso um tipo
especial de coragem para fazer o que você fez.

—Se eu fosse tão forte quanto você pensa, pegaria o que realmente quero.

—Que é?

Assim que as palavras saíram de sua boca, ela se levantou e colocou os lábios nos
dele. Lily não tinha certeza de onde essa ousadia veio. Talvez estivesse escondida
no seu sutiã e calcinha, depois que lhe permitiu ver a feiura de seu corpo. Talvez
fosse o modo como gentilmente ele correu os dedos sobre suas cicatrizes, fazendo
com que seus olhos se enchessem de lágrimas. Porque como alguém poderia olhar
ou tocá-la e sentir paixão?

Talvez fosse porque ele mostrou sua tatuagem.


Independentemente disso, ela queria outro beijo e ela não ia deixar que a noite
acabasse sem ele.

Lily começou a se afastar quando Rhys passou um braço em volta dela, trazendo-
a para perto. Ele descansou sua testa contra a dela, enquanto ele deixou seus dedos
trilharem levemente para baixo do braço.

—Eu tenho desejado isto toda a noite, — ele sussurrou.

Arrepios correram sobre a pele de Lily. Ela passou os braços em volta do pescoço,
tremendo quando sua carícia rastreava para baixo ao lado de seu quadril e em torno
de suas nádegas. Sua respiração estava ofegante, seu corpo aquecendo da
necessidade enrolando dentro dela. Respirou fundo quando ele segurou sua bunda
e puxou contra a dureza de sua excitação.

A outra mão de Rhys foi deslocada para cima, mergulhando em seu cabelo. —
Não provoque, doce Lily.

Lily percebeu então que ele estava deixando-a assumir a liderança. Um homem que
estava sempre no comando estava dando a ela as rédeas. Ela sabia que era por
causa de seu passado, mas isso não importava. O simples fato de que ele estava
pensando nela quando ninguém mais fez prendeu sua respiração.

Rhys foi capaz de chegar a sua própria alma em uma instante e reparou anos de
danos que Dennis forjou. Se havia alguma dúvida em sua mente que Rhys era único
e excepcional, foi embora agora.
Ela olhou em seus olhos. Seu coração batia, seu sangue martelava em seus ouvidos.
O desejo não estava escondido em seu olhar. Ele brilhava intensamente para todos
verem. Este foi o seu momento, seu instante brilhando onde seu desejo foi
concedido por Rhys.

Lily ergueu a boca para a dele, mas não foi para o beijo casto de um momento
atrás. Todo o seu desejo, todo o seu anseio... Toda a sua ânsia foi vertida no beijo.

E o gemido de Rhys foi resposta suficiente para estimulá-la a seguir em frente.


—New York Times EUA -Hoje a autora best-seller Donna Grant tem sido elogiada por suas
histórias —totalmente viciantes, únicas e sensuais. — Ela é a autora de mais de trinta
livros que abrangem vários gêneros do romance, incluindo o best-seller Histórias
dos Reis Escuros, O Desejo, O Despertar da noite e o Desejo ao Amanhecer. Seus
aclamados romances da série Guerreiro Escuro e Espada Negra apresentam uma
combinação emocionante de druidas, deuses primitivos e Highlanders imortais que
são sombrios, perigosos e irresistíveis. Ela vive com o marido, dois filhos, um
cachorro e quatro gatos no Colorado.

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