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Habituado por tradição e educação a considerar o tempo uma seqüência lógica de três
fases - o antes, o agora e o depois - e jamais adaptar sua imaginação a qualquer idéia que se
não prenda a lógica de que o agora vem depois do antes e antes do depois, o homem recusa-
se a aceitar, em nome do bom senso, que algo que só poderá vir depois já esteja ao seu lado
agora.
Em uma viagem astral a pessoa torna-se capaz de, numa completa inversão de todos
os conceitos de tempo, adiantar-se ou sobrepor-se ao fato consumado para tornar-se
conhecedora daquilo que ainda não aconteceu, fazer parte de um passado que não viveu e,
ignorando o tempo, vencer grandes distâncias.
Têm sido constantes os relatos de pessoas que dizem que, durante o sono ou mesmo
desperta, viram-se, de repente, voando pela casa, dando um passeio pela rua, visitando
amigos, percorrendo grandes distâncias na velocidade do raio. E mais: alguns relatos deixam
ver que a rota seguida não pode ser calculada em quilômetros, pois envolvem o tempo.
A esse respeito, o teósofo hindu C. Jinarajadasa escreveu:
"Não se trata de uma imagem que se passa no campo da visão do pesquisador, nem
um panorama que se revela a ele como em um teatro. A pessoa vive realmente no referido
passado. Basta escolher o trecho do passado que o mesmo deseja estudar e então o passado
esta nele e lhe pertence totalmente. Quereis ouvir um discurso de Péricles em Atenas ? Então
a vida daquela época cerca o viajante; ele ouve falar em grego, contempla os atores do drama
da vida naquela época. O livro do tempo fica inteiramente aberto à sua frente."
É assim que acontece, por exemplo, com o americano Alex Tanous, um homem de 47
anos citado no livro The Astral Journey, de Herbert B. Greenhouse (Doubleday & Co., New
York, 1975). Tanous se projeta e viaja no tempo à vontade. Diz a si mesmo algo como "mente
fora" e se encontra no presente, no passado, no futuro, em qualquer tempo ou lugar que eleja.
Uma vez, em uma reunião de psicólogos, retrocedeu até à revolução russa e descreveu muitas
das cenas históricas de 1917. Falou dos revolucion0ários, dos soldados, do czar no palácio de
inverno de Petrogrado (São Petersburgo) Quando visitou a Rússia alguns anos depois,
reconheceu os lugares que apareceram em sua viagem astral.
Em outra ocasião, Tanous se transportou para o futuro. Uma monja e sua irmã o
procuraram e lhe falaram de sua preocupação com um irmão que vivia na Alemanha e ao qual
acabavam de prender, acusado de assassinar sua esposa. Tanous viajou em direção ao
tempo e ao lugar do julgamento e no seu regresso deu a boa nova à irmãs:
"Não o condenarão. Não matou a mulher e o porão em liberdade."
Tal como predisse Tanous, tempos depois o homem foi absolvido e posto em
liberdade. Tanous não via seu segundo corpo durante suas viagens, mas percebia-se a si
mesmo como uma massa de energia, uma bola de luz.
Goethe, aos 21 anos, teve também contato com o futuro: "Cavalgava por um caminho
em direção a Drusenheim e (...) me vi a mim mesmo vir ao meu encontro montado em um
cavalo, mas com uma roupa que eu nunca havia usado. Era um traje cinza-claro, mesclado de
amarelo. Logo que despertei dessa fantasia a visão desapareceu. Oito anos depois, me achei
no mesmo lugar, com o propósito de ir visitar Frederica (sua prometida) e vestindo as mesmas
roupas da visão."
Texto: n° 011 : PROJECIOLOGIA - 6/Novembro/99
Fonte: Revista Planeta - no. 139, Abril/84, pág. 36 a 43
A parte do ser que sai em viagem nessas ocasiões, que escapa do organismo vivo e
que é capaz de viver separada do corpo físico, tem sido vista tanto pelo viajante como pelas
pessoas que ele visita, e por isso se chama segundo corpo.
O segundo corpo recebe um nome distinto em cada uma das culturas antigas. Os
hebreus o chamavam ruach; os egípcios, o ka, réplica exata do corpo físico, mas menos densa;
os gregos o denominavam ameidolon; os romanos, larva; no Tibete, bardo; na Noruega, fylgja,
enquanto os antigos bretões lhe davam vários nome - fetch, waft, task, fye.
Na China, o thankhi abandonava o corpo durante o sonho e podia ser visto por outras
pessoas. Os antigos chineses praticavam a meditação para liberar o segundo corpo, que se
formava no plexo solar, pela ação do espírito. A sua saída pela cabeça aparece representada
em desenhos antigos.
Os antigos hindus falam do segundo corpo com pranamayakosha. Os budistas lhe
chamam rupa. Textos budistas tântricos do Tibete e da Mongólia, citados por D. Scott Rogo no
International Journal of Parapsychology descrevem as viagens astrais e afirmam que Buda não
aprovava que seus seguidores tratassem de provocá-la.
Os viajantes astrais e suas testemunhas descrevem o segundo corpo de muitas
maneiras, desde uma presença insubstancial até um corpo idêntico em todos os aspectos ao
organismo físico. Outros viajantes nunca viram seu segundo corpo; só sabem que sua
consciência sai de seu corpo físico, movendo-se em direção a um outro ponto do espaço ou do
tempo.
Segundo Celia Green, diretora do Institute of Psychophysical Research, da
Universidade de Oxford (Inglaterra), os projetores menos avançados conscientes de que seu
"eu" não se acha no corpo físico não experimentam a sensação de um segundo corpo, mas de
uma extensão espacial ou temporal de sua consciência. Por exemplo, uma das pessoas por
ela pesquisadas se percebia sem substância ou formato, mas como uma área de controle
vagamente oval, de uns 70 cm de largura e 30 cm de profundidade. Outros se percebem como
um olho iluminado, como um vapor, um globo de luz, de aspecto nebuloso, desde uma figura
translúcida até um corpo físico sólido. Às vezes só se divisa a cabeça, um débil contorno. No
Peru, depois de haver tornado uma droga, o xamã imagina que sua alma abandona o corpo em
sua forma de pássaro para ir matar um inimigo na selva distante.
UM CORPO ECTOPLÁSMICO
O corpo astral pode exercer dois tipos de ação sobre a matéria. De acordo como o
primeiro, os objetos físicos não representam um obstáculo para o sujeito, capaz de passar
através deles sem problemas. O segundo se exerce quando o segundo corpo faz barulhos,
toca e move objetos materiais e estabelece contato físico com a pessoas. Como regra geral, o
sujeito que possui uma dessas capacidades não possui a outra, e a existência de uma ou de
outra parece depender da quantidade de substância física retida pelo segundo corpo ao
empreender sua viagem.
Uma e outra forma de ação sobre a matéria podem alternar-se durante a viagem, pois
o segundo corpo não tem uma composição fixa.
O INÍCIO DA AVENTURA
A maioria das pessoas que se projetam saem de seus corpos de maneira involuntária.
No entanto, algumas têm aprendido a fazê-lo conscientemente, como Eileen Garrett, médium
irlandesa, ou os xamãs de sociedades primitivas.
Texto: n° 011 : PROJECIOLOGIA - 6/Novembro/99
Fonte: Revista Planeta - no. 139, Abril/84, pág. 36 a 43
No livro "The Sacred Mushroom", de Andrija Puharich diz que os xamãs da Sibéria
oriental (Rússia) submetem seus corpos físicos a uma dura prova que lhes conduz a um vôo
extracorporal. O xamã passa primeiro por um período de jejum, meditação e privações.
Depois, toma parte de uma cerimônia, tocando um tambor especial, improvisando cantos e
hinos aos espíritos para solicitar sua ajuda na separação da alma e do corpo. Então
empreende uma dança febril que o deixa exausto e bebe álcool ou uma droga alucinógena.
Depois de uma nova dança ainda mais frenética, desmaia subitamente e cai em profundo
estado de transe. Assim começa sua viagem astral. Ele vê pessoas não presentes e cai e
descreve seus atos. Às vezes também retrocede no tempo, para ser testemunha de um
assassínio ou roubo já cometido.
Para se locomover, o segundo corpo mais que caminha - desliza, seguindo um
movimento para cima e para baixo. Quando viaja grandes distâncias, eleva-se acima da Terra
e transporta-se à velocidade de um raio, enquanto a paisagem desliza vertiginosamente lá
embaixo.
Sylvan Muldoon se movia a três velocidades durante suas viagens. Adotava um passo
normal pelo quarto ou casa, ou mesmo ao passear pela rua. Havia uma velocidade
intermediária, mais rápida do que a normal, na qual ele não se movia, mas tudo parecia vir
sobre ele. A terceira velocidade era extraordinária: permitia viagens de grande distância num
tempo muito curto. Nesse tipo de viagem, ele experimentava sem dúvida períodos de
inconsciência, uma vez que lhe era impossível registrar todos os detalhes vistos.
Geralmente, as experiências extracorporais vêm motivadas por um lado afetivo
pessoal, com objetivos espirituais, humanitários e práticos. Existem inúmeros relatos de
separação dos corpos ocorridas em momento de crise, em particular quando uma pessoa está
para morrer. Na grande maioria das vezes é o agonizante que se projeta, mas às vezes o
conhecimento consciente ou inconsciente, por parte de uma pessoa sã, de que uma grave
enfermidade ameaça um conhecido, leva-a à projeção.
Existem também razões do tipo prático para projetar-se, com resultados tão divertidos
como passíveis de prova de uma viagem. Em um caso de consciência acompanhada de
clarividência e com testemunhas, uma mulher residente na Irlanda buscava uma casa para
comprar. Encontrou-a durante uma viagem astral. A casa satisfazia todas as exigências, mas
havia um problema: ignorava onde ela se encontrava. Voltou a visitar a casa muitas outras
vezes. No ano seguinte, ela e sua família se mudaram para Londres. Respondendo ao
anúncio de um jornal, ficou surpresa ao entrar na casa das suas viagens. Ao vê-la, a
proprietária gritou: "Você é fantasma!"
Mesmo quando existe uma forte motivação, a separação não acontece - a menos que o
corpo e a mente estejam preparados para isso. Paradoxalmente, tanto o estado de
relaxamento como o de tensão contribuem para o fenômeno. No primeiro caso, o projetor
talvez se encontre cochilando, dormindo, enfermo, exausto ou sob influência de um anestésico,
talvez sonhando acordado ou em transe hipnótico, superficial ou profundo, sem prestar atenção
ao que o rodeia.
No outro extremo, a projeção pode ser provocada por um stress corporal ou mental,
como durante uma enfermidade em que, além de uma debilitação física, há dor e tensão,
alternando às vezes com passividade e o relaxamento. Os remédios muitas vezes criam uma
tensão mental e física, e por isso nenhum ambiente é mais adequado do que um hospital. O
forte cheiro de medicamentos, a sensação de enfermidade e morte que flutua no ambiente
criam uma atmosfera própria para algumas viagens astrais significativas.
Sylvan Muldoon acreditava que, para haver uma separação o corpo físico deve estar
em condições abaixo das normais. Ele padeceu enfermidades durante a maior parte de sua
vida e considerava a debilidade física o fator mais importante em sua capacidade de projetar-
se.
Eileen Garrett se inclinava pelo mesmo ponto de vista: "Tive muitas experiências
extracorporais. Quase sempre ocorrem quando me sinto enferma ou exausta."
Ao que tudo indica, porém, as projeções involuntárias se dão com maior facilidade com
o corpo em má forma, e as saídas voluntárias têm mais probabilidades de ser levadas a cabo
durante os períodos de boa saúde.
Texto: n° 011 : PROJECIOLOGIA - 6/Novembro/99
Fonte: Revista Planeta - no. 139, Abril/84, pág. 36 a 43
A idéia de que o segundo corpo está de alguma forma conectado ao corpo físico
encontra exemplos em todos os tempos. No ano de 79, no livro "A Vingança Divina", de
Plutarco, conta que um tal de Arideo, da Ásia Menor, caiu doente e abandonou seu corpo.
Com a percepção tornada aguda ao extremo, como acontece em muitas experiências, podia
ver em todas as direções. Arideo falou então com os mortos, já que parte de sua alma
permanecia firmemente ligada ao corpo, através de um fio. Arideo reparou também na
diferença entre seu segundo corpo e os dos mortos. O seu tinha um contorno tênue e
impreciso, enquanto os dos mortos brilhavam e eram transparentes. Enquanto estudava esse
fenômeno, foi violentamente aspirado por um tubo e despertou de novo em seu corpo físico.
Esse tubo recorda de alguma maneira o túnel que muitos projetores crêem atravessar ao
abandonar seus corpos físicos.
Em algumas tribos primitivas, o laço de conexão aparece como uma serpente; em
outras, como uma árvore ou uma trepadeira. Em algumas tribos asiáticas, se vê o cordão
como uma cinta, um fio ou um arco-íris. Os africanos os vêem como uma corda, e os nativos
de Bornéu (Indonésia), como uma escada.
O cordão de conexão proporciona aos sujeitos um indício de que seu eu passou para o
segundo corpo. Como o cordão se estende, geralmente, desde a frente ou plexo solar do
corpo físico até a parte posterior da cabeça astral, normalmente não é percebido; sua
percepção depende do projetor virar a cabeça para trás.
Algumas pessoas falam sobre uma luz que palpita no cordão, sendo que o cordão de
prata aparece já mencionado na Bíblia. Há o caso de um homem que, depois de elevar-se
horizontalmente por cima de seu corpo, de deter-se a uns 30 cm do teto, olhou para baixo e
divisou uma luz prateada entre o corpo físico e o segundo corpo. Outro divisou o cordão como
uma corrente de luz vindo de trás. Uma modelo francesa chamada Reine, em 1913, comparou
seu cordão a um raio de sol filtrando-se em uma habitação.
Segundo o relato da maioria dos projetores, o cordão tem uma grossura de 5 cm a 7
cm quando o corpo físico não dista mais de 3 metros. Se o segundo corpo se afasta, o cordão
torna-se mais fino, mas continua conectado, ainda que o segundo corpo viaje a centenas de
quilômetros.
A consciência do eu parece vibrar ao longo do cordão entre os corpos astral e físico,
residindo em um ou em outro, ou em ambos.
Como em todos os métodos para comprovação de fenômenos paranormais, a
comprovação das viagens astrais no espaço e no tempo deve estabelecer em primeiro lugar a
credibilidade do projetor - se é uma pessoa estável, se não confunde fantasia e realidade.
Texto: n° 011 : PROJECIOLOGIA - 6/Novembro/99
Fonte: Revista Planeta - no. 139, Abril/84, pág. 36 a 43
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