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Lições das empresas mais antigas do mundo

A experiência das companhias que resistiram ao tempo, às guerras, às crises econômicas e à


concorrência

O sonho de qualquer homem de negócio é montar uma empresa, vê-la prosperar e atravessar
gerações. As estatísticas costumam jogar contra aqueles que sonham com a longevidade de
suas companhias. No mundo, acredita-se que a média histórica de empresas familiares que
sobreviveram até a terceira geração atinja no máximo 10%. No Brasil, especialistas garantem
que menos de 5% delas vingaram até o neto ou o bisneto assumir o comando. Mas mesmo
diante de índices tão cruéis, a história mundial apresenta honrosas exceções. Estudo da
organização Family Business identificou as 100 companhias mais antigas do planeta.
DINHEIRO pinçou alguns dos melhores exemplos e adicionou à lista uma representante
brasileira, a Mongeral, com 169 anos de atuação na área de previdência. Toda vez que sai um
estudo como esse consultores quebram a cabeça para tentar identificar a fórmula ideal de
sobrevivência. “O segredo é o foco no negócio principal”, arriscam alguns. Então como
explicar a Sumitomo, de 250 anos, que vai da mineração a construção de barcos?
“Globalização é a chave”, sustentam outros especialistas. Bom exemplo para a Levi’s. Mas e
a Kongo Gumi, que nunca saiu do Japão e continua fazendo a mesma coisa há 1.411 anos:
construindo templos e escolas? Como se vê, não há fórmula. “O que há é uma incrível
capacidade de gerenciar as delicadas relações familiares”, ressalta o consultor Renato
Bernhoeft, um dos maiores especialistas em grupos familiares.

KONGO GUMI - ANO 593: O Guinness Book errou. O Livro dos Recordes registrou a
Favershaw Oyster Fishery, da Inglaterra, fundada em 1189, como a empresa mais velha do
mundo. Esqueceu-se que 596 anos antes o templo budista de Shitennoji, um dos mais velhos
do Japão, mobilizou uma equipe de competentes artesãos que eram remunerados pela família
Kongo Gumi. Um dos carpinteiros de Shitennoji, Shigemitsu Kongo, viajou do reino de
Paekche, na Coréia, para o Japão especialmente para tocar o projeto. Durante um milênio e
meio, o templo foi castigado por tufões e guerras e os descendentes de Shigemitsu Kongo
continuaram, por gerações, a supervisionar suas sete reconstruções ao longo dos tempos.
Hoje, a empresa é tocada por Masakazu Kongo, o 40º representante da família. “Além de
cuidar da manutenção de templos, nosso portfólio agora reúne igrejas, escolas e asilos”. A
Kongo Gumi Co. é hoje uma empresa que fatura US$ 68 milhões. A receita para sobreviver?
Cuidar da sucessão como um negócio importantíssimo na vida da corporação. Na família
Kongo, ao contrário do que sempre rezou a cultura japonesa, não havia a obrigação de
nomear o primogênito para as seguidas sucessões da empresa. “Nossa família sempre
escolheu o filho mais saudável, comprometido com o negócio e com grande senso de
responsabilidade”, conta Masakazu. Simples assim.

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