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NUZI REVELA OS PATRIARCAS BÍBLICOS

Por Fábio dos Santos

A finalidade desta pesquisa que se segue, é fornecer dados Arqueológicos-


Históricos da cidade de Nuzi, devido as diversas dificuldades em entender costumes
Sócil-Jurídicos dos povos antigos. A antiga civilização de Nuzi, possui paralelos de
costumes com os patriarcas bíblicos, daí sua importância para a comprovação da
veracidade Bíblica.

Contexto Histórico

O nome Nuzi, é uma forma variante do nome Nuzu e muito empregada pelos
especialistas, pelos quais consideram mais correto. Embora utiliza-se os dois nomes.
“Devemos Ter em conta que Nuzu é o caso do sujeito Nominativo e Nuzi o indireto
genitivo, pelo qual parece mais aceitável empregar a primeira grafia. [i]

Hoje a cidade de Nuzi, é conhecida como Yorgan Tepe, e situa-se na


Mesopotâmia. É o antigo centro Hurrita, situado a treze quilômetros ao sudoeste de
Kerruk na alta Mesopotâmia. [ii] É um montículo situado a duzentos e quarenta e um
quilômetros aéreos ao norte de Bagoa.

Hoje conhecemos a língua, a religião, os rituais, graças aos textos encontrados


em Nuzi, sobretudo os costumes sociais e Jurídicos. A eles deve-se o impetuoso
retomar da vida urbana, a arquitetura mais evoluída, o amplo uso do metal, as novas
formas de cerâmica, postas a descoberto pela arqueologia em todo o oriente médio.

A cidade, era povoada pelos Hurrianos, os desde longos tempos desaparecidos


Horreus, e os Jebuseus do Antigo Testamento. [iii] Os Hurritas eram rudes
montanheses que desciam dos montes Cáucaso, atraídos pelas férteis planícies
Mesopotâmicas e, talvez, já impelidos por povos Arianos, provenientes do Oriente. É
um dos grandes méritos da arqueologia moderna o Ter-nos feito conhecer esses
invasores, que de 1700 a 1400 A. C, parecem ser a força principal da Ásia Ocidental e
os principais intermediários entre a cultura Sumérico-Acádica da Mesopotâmia e do
ocidente.

Os patriarcas provinham desta região do país, e tinham vivido em Harã que era
predominantemente Hurrita e Horréia. Eles se mantiveram em contato com esse lugar
durante muitas gerações subseqüentes, e devido a falta de leis e costumes próprios
por que não havia-se escrito o Antigo testamento, identificam-se muitas vezes com as
leis desta região.

A arqueologia do Antigo Oriente, aliás, encarregou-se de confirmar a


historicidade substancial das tradições patriarcais. Embora não nos tenha fornecido
nenhuma informação direta sobre as vicissitudes dos patriarcas, demonstrou-se,
porém, que elas não só se enquadram perfeitamente na história oriental do segundo
Milênio, como concordam com os hábitos Sociais e Jurídicos do tempo.

A atenção dos estudiosos dirigiu-se sobretudo a 4000 tapuias cunciformes,


procedentes dos grandes arquivos familiares, escritas em língua acádica, com
profundos influxos hurríticos. Com elas pode-se reconstruir o ambiente social e
familiar daquela população que viveu em 1400 A. C, singularmente afim ao dos
patriarcas Hebraicos; daqui sua extrema importância a ser analisada.

Muito mais notáveis e interessantes são os elementos sedentários que os


patriarcas hebraicos mutuaram das populações paradas com que entraram em contato
na alta Mesopotâmia são nos conhecidas não pela Bíblia, mas pela exploração
arqueológica. Aquela em vez, nos dá conhecer o povo de Canaã: Habitantes de
Siquém, incircusos e por isso não Cananeus (Gen 34:14), denominados Heveus (Gen
34:2) pelo texto Massorético e Hurritas pela versão grega dos Setenta; vem em seguida
os habitantes de Hebron e dos arredores chamados Hititas. [iv]

Alguns costumes encontrados na antiga cidade de Nuzi, pode ser comparado


com costumes bíblicos. Entre eles, cinco serão destacados

(1) O intercâmbio de propriedade, onde todas as transações tinham a ver com a


transferência de propriedade, eram anotadas testemunhas, seladas, e proclamadas na
porta da cidade (Gen 23:10-18.

(2) Os contratos matrimoniais, onde incluíam uma declaração de que se podia


presentear a recém-casada com uma criada como foi o caso de Lia e Raquel (Gen
29:24,29). O contrato continha um dispositivo que obrigava a uma empregada sem
filhos proporcionar a seu esposo uma criada que pudesse Ter filhos como Sara deu
Agar a Abraão (Gen 16:3), e Raquel deu Bila a Jacó (Gen 30: 3-6).

(3) A adoção era praticada em Nuzi quando um casal sem filhos adotava um filho para
que este cuidasse deles enquanto vivessem, os sepultassem quando morresse e fosse
herdeiro de seu patrimônio. Especificavam, porém que se chegasse a Ter filho legítimo,
o filho adotivo perderia seus direitos de herdeiro. Isto parece explicar a adoção de
Eliezer como herdeiro por parte de Abraão, antes do nascimento de Isaque, e a
mudança subsequente quando o senhor prometeu que lhe nasceria um filho legítimo
e este seria seu herdeiro (Gen 15:2-4).

(4) O direito de primogenitura é apresentado em Nuzi como fora de regra também,


assim como Jacó recebeu as bênçãos de seu irmão Esaú.
(5) Herança. Em Nuzi existia uma lei no sentido de que a propriedade e a liderança da
família podia ser passada ao esposo de uma filha, sempre e quando o pai tivesse
entregue seus ídolos familiares ao genro. Assim quando Labão alcançou Jacó e buscou
euforicamente em seu acampamento os ídolos familiares, não pode encontrar por que
Raquel havia tomado os ídolos do lar, e os tinha escondido e assentado sobre ele (Gen
31:30-35).

Escavações

As escavações americanas foram feitas de 1925 a 1931, dirigidas por E. Chiera,


E. A. Speiser, R. H. Pfeiffer, R. S. Starr, revelaram doze estratos, que vão da idade
calcolítica (4500 A. C) até bronze recente (1500 –1200 A. C). Um palácio só
parcialmente escavado é constituído por um grande pátio central, em torno do qual
encontra-se salas de visita, quartos privados, ofícios, armazéns; um templo
inicialmente formado por uma cela mostra sete reconstruções.

Do palácio e das quintas privadas, ou casa de gente endinheirada, a equipe de


arqueológicos recuperou 20.000 tapuias de argila, que haviam sido escritas por
escribas hurrianos na língua cuneiforme babilônica, mas com o emprego ocasional de
palavras nativas dos Horreus e dos Hurritas. As tabuinhas consistem de contas
comerciais, contratos, informes e sentenças judiciais que revelam o estilo de vida das
principais famílias durante quatro ou cinco gerações. É extraordinária a forma como os
paralelos entre as narrações patriarcais de Gênesis e os costumes e as condições
sociais destes povos sustentam precisão histórica da Bíblia.

Vestígios

Foram encontrados alguns vestígios em Nuzi, que comprovam por meio das
descrições, conceitos usados pelos patriarcas.

Vamos analisar primeiro o caso da adoção. Em Nuzi deu-se a mesma possibilidade de


que a mulher estéril tivesse filhos da própria escrava: naturalmente com a
conseqüência de não estar mais autorizada a expulsa-los de casa. Uma tabuinha
expressa-se da seguinte maneira: “Kelim-Ninu foi dada em esposa a Serima. Se Kelim-
Ninu lhe der a luz filhos, Serima não tomará outra mulher da região de Lulu, para a
esposa de Serima, e Kelim-Ninu não poderá exortar a que chegou” [v]

Dentro desses contratos matrimoniais, incluíam uma declaração que podia-se entregar
uma criada para facilitar a vida da casada. É o caso de Lia e Raquel encontrada em
Gênesis 29:24. O contrato dizia que obrigava uma esposa sem filhos proporcionar a
seu marido uma criada que pudesse gerar um filho, como o exemplo de Sara
proporcionado Agar para Abraão (Gen 30:3-6).

“As vezes nascia ao casal um filho legítimo depois que tiveram adotado um menino. Os
costumes de Nuzi antecipavam esta eventualidade ao determinar que um filho adotivo
seria subordinado ao filho legítimo em tais circunstâncias. [vi] Podemos ver um caso
semelhante: Ismael nasce i quita a Eliezer de sua posição de principal herdeiro, e mais
tarde o nascimento de Isaque à esposa de Abraão lhe dava a prioridade sobre Ismael, o
filho da escrava.

Há um vestígio importantíssimo , explicando tal citação: “Se me nascer um filho, ele


será o primogênito e receberá duas porções. Mas se a mulher de Akabshenni der a luz
a dez filhos, então todos serão ) os herdeiros ) maiores, Shelluni torna-se herdeiros
secundários ) Hss v7.” [vii]

Outro exemplo da importância das descobertas em Nuzi, é os relatos antes da morte.


Podemos destacar a expressão ouvida dos lábios do velho Isaque: “Estou velho e não
sei quando vou morrer (Gen 27:2)”, era em Nuzi uma forma técnica, que acompanhava
uma solene declaração e possuía determinadas finalidades socil-jurídicas; ela exprimia
a última vontade de um homem antes de sua morte. “As decisões do pai no leito da
morte tinham em Nuzi importância especial Certo Tarmiya apresenta-se aos Juizes e
diz: "Meu pai tomou meu caso, os filhos mais velhos casaram, tu, ao invés, não. Por
isso dou-te por esposa Sululi-Ishtar” (AASOR, XVI, 56)”[viii]

Nuzi apresenta outros vestígios, porém os de mais relevância para esclarecimentos


Bíblico foram já citados.

Esta pesquisa não é um apoio aos atos socil-jurídicos cometidos pelos patriarcas
bíblicos, mas sim uma comprovação histórica pela arqueologia que eles existiram.

Fábio dos Santos

Pr. da Igreja Adventista de Vila Santo Antônio (ASR)

Novo Hamburgo – RS

Rua Pedro Álvares Cabral, 350/303

93310-330

[i] Dizz, Ep. P. Alejandro Macho e Batina R. P. Sebastian. Enciclopédia de la Bíblia. Garniga
Impressores S. A. Mallorga, 518 Barcelona. p 563

[ii] Thompson, D. D. Frank Charles. Bíblia de Referência Thompson. São Paulo: Editora Vida,
p 1555

[iii] Idem, p 1555

[iv] Rola, Armando. A Bíblia e as Últimas Descobertas. São Paulo: Edições Paulinas, p 100
[v] idem, p 102

[vi] Pfeiffer, F. Charles,. Dicionário Bíblico Arqueológico. São Paulo: Editora Mundo Hispano,
1982, p 496

[vii] Rola, p 106

[viii] Idem, 106

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