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HISTORIA DE ISRAEL

Nessa e nas próximas aulas iremos ter um panorama sobre a História de Israel, compreendendo
as ligações com os relatos apresentados na Bíblia, apresentando o direcionador de Deus para o
povo judeu, mas sem entrarmos em questões e aprofundamentos teológicos.

Utilizam-se três denominações diferentes para fazer referência à descendência de Abraão:


Hebreu, provavelmente por ser Abraão descendente de Éber ( Gn 11: 14-17);
Israelitas, relativo a israel, nome recebido pelo patriarca Jacó, após seu encontro com Deus no
vale de Jaboque (Gn 32:27-28) e
Judeu, relativo a Judá, um dos 12 filhos de Jacó, ao qual foi prometido o cetro do reino ( Gn
49:10).

Sendo assim, não a qualquer diferença nas designações desse povo. Paulo usou para si as três
denominações ( Rm 11:1; 1 Co 9:20; Fp 3:5).

O papel da bíblia para o entendimento da história de Israel


textos da Bíblia não estão apenas interessados no relato histórico, mas no que diz respeito à
ação de Deus, por meio do povo hebreu, que se deu no decorrer da história, sendo, então,
também parte da construção histórica; isto é, nos relatos das Escrituras encontramos a história
contada pela perspectiva teológica.
Estudar a história de Israel é compreender melhor a teologia do antigo e do novo testamento.
As escrituras são uma importante fonte de pesquisa para historiadores e arqueólogos, assim
como as descobertas realizadas pela pesquisa histórica e pela arqueologia também são para o
desenvolvimento do conhecimento bíblico e teológico. Estas contribuem para que se possa
compreender os fatores sociais, econômicos, culturais e políticos que montam o pano de fundo
dos relatos bíblicos.

As origens
Na época em que identifica o nascimento de Abrão (em torno de 2166 a.c), já havia muitos
povos de diferentes origens, e toda a região tinha passado por vários conflitos com muitas
cidades, bastante poderosas. Foi nesse período que a
cidade de Ur havia caído na mão de um povo bárbaro
conhecido como Guti, que vivia nas montanhas. Ur era
umas das cidades-estados mais importantes da Suméria,
tinha como principal deidade adorada a deusa lua
Nannar, conhecida em acadiano com Sin.

Viagens de Abraão
Em Canaã, Abrão se estabeleceu na região montanhosa e
ali permaneceu. Em Gênesis 12, é relatado que Abrão já
levantava altares em dedicação a Deus, o que indica um
começo de culto a Javé, e ele então decidiu descer para o
Egito, que era menos vulnerável à seca em razão do
alagamento anual do Rio Nilo..
A estadia de Abrão no Egito não foi muito longa. Assim
ele sai do Egito e vai a Neguebe; segue a Betel, e é nesse local que ele e Ló se separam, indo Ló
para região do Vale do Jordão.
Após esse evento, ocorre, segundo o relato bíblico, a promessa de Deus a Abrão relacionada a
terra e à descendência que haveria de dominar, e ele muda seu acampamento para próximo dos
carvalhos de Manre, em Hebrom, construindo ali um altar ao senhor. É no capitulo 15 que de
fato se realiza a aliança de Deus com Abrão, não crendo que sua esposa poderia lhe dar
herdeiros, toma a sua serva, Hagar, e a engravida.
Desse relacionamento nasce Ismael. Após 6 anos, Deus reafirma sua promessa, é nesse
momento que Abrão tem seu nome mudado para Abraão, (pai de nações), e então institui a
circuncisão, tomando Ismael e todos os nascidos em sua tribo e os circuncidando. As escrituras
relatam então, no capitulo 21, o nascimento de Isaque, o “ o filho da promessa”, dando o início
ao que viria a ser a nação de Israel.
De acordo com as escrituras, Abraão morreu em torno do ano 1991 a.C.

As principais civilizações no antigo oriente


Podemos afirmas que a Mesopotâmia foi berço de civilizações bastante antigas e importantes,
como os sumérios, os acádios, os assírios e os babilônios. O povo de Israel teve contato com
vários povos que habitavam a região, até mesmo quando da quista de Canaã.

Sumérios
Foram os sumérios o primeiro povo a se estabelecer na região da Mesopotâmia (por volta do
ano 5000 a.C.). Ela foi dividida por cidades-estados independentes que foram
delimitadas por canais e/ou muros de pedras. Cada uma era centrada em um
templo dedicado a um deus ou deusa patrono particular e governada por um
sacerdote ou por um rei local que estava intimamente ligado aos rituais
religiosos da cidade.
Essas cidades estiveram em constante estado de guerra umas com as outras
pela disputa de terras. Cada uma delas possuía um deus ou deusa distinto e,
para a adoração desse deus, eram construídos templos conhecidos como
zigurates. As cidades sumérias desenvolveram uma característica típica dos
agrupamentos humanos: as diferenças entre classes sociais.

Fenícios
Os Fenícios foram outra importante civilização que influenciou a região. Eram povos de origem
semita (descendentes de Sem, filho de Noé) que em torno de 3000 a.C. se estabeleceram numa
estreita faixa de terra entre as montanhas do Líbano e o Mar Mediterrâneo. Com 200 km de
extensão, corresponde a maior parte do litoral do atual Líbano e uma pequena parte da Síria.
O apogeu da civilização fenícia ocorreu entre os anos 1200 e 800 a.C., transformando-se em
uma “economia mundial” cercada por impérios.

Acádios
Os acádios representam um dos povos da antiguidade que habitaram a região da Mesopotâmia.
Diversas civilizações se desenvolveram na região do crescente Fértil, entre os rios Tigres e
Eufrates. Assim, além dos acádios habitaram o local os sumérios, os caldeus, os hititas e os
amonitas. Foi um dos primeiros impérios da Mesopotâmia.

Egito
O Egito e seus habitantes são mencionados mais de 700 vezes na Bíblia. Evidentemente
indicando o destaque ou a predominância dos descendentes desse filho de Cã naquela região
(Gn 10-6), em certos salmos, é chamado de “terra de Cã” (salmos 105-23, 27; 106-21,22).
Os egípcios deram passos gigantes no aperfeiçoamento da agricultura cultivando todas as
espécies de cereais, frutas, legumes e linho. Empreendeu-se na época o trabalho de drenagem
e irrigação, trabalho esse que foi aperfeiçoando progressivamente.
Na época relatada em que Abraão vai para o Egito, este já era uma grande nação.
Para ser considerada uma nação se faz necessário no mínimo 3 elementos básicos;
a) um povo com uma cultura única.
b) leis que regulamentam as relações entre as pessoas e a nação.
c) um território próprio.

Deus se revelou a Moisés e lhe fez uma dupla promessa: libertar o povo da escravidão e lhe dar
o país de Canaã.
A partir de então, Moisés teve uma missão grandiosa: guiar o povo de Israel até a terra
prometida e transmitir aos homens a mensagem de Deus nos e dez mandamentos.
Moisés conduziu os hebreus através do deserto do Sinai.
É aqui que se inicia uma nova fase para esse povo. Eles receberam a
Lei: não apenas o decálogo (os 10 mandamentos), que se tornou
padrão mundial, mas também toda uma legislação que detalhava os
10 mandamentos, bem como outras instruções que regulamentavam
a vida religiosa e civil.

Moisés havia falecido, e Deus convocou Josué como seu sucessor.


Este lançou uma guerra contra os cananeus e venceu seus adversários
próximos. O país dos cananeus tornou-se então o país de Israel.

A conquista e a terra repartida entre as tribos e governo teocrático


A saída do Egito iniciou a formação do povo de Israel, que se
mantendo coeso, estabeleceu uma nação. Mas para isso é preciso
montar um território numa terra que já tinha muitas nações e
cidades-estados. Há uma série de desafios nesse momento, sendo um
deles a grande inferioridade militar em comparação aos povos já
estabelecidos da região. Josué distribuiu
o território da terra prometida entre as
tribos, bem como uma lista das
principais cidades conquistadas (Js 12:1-
24). Conforme Js 18:1-7, a comunidade
israelita reuniu-se em Siló, onde
distribuíram as terras. Na cidade de
Siquém, Josué reuniu as tribos com seus
líderes e renovou a aliança dos israelitas
com Deus.

Os Juíses
Nesse período de guerra, levantavam-se
Juízes para conduzir o povo á libertação
ou ao enfrentamento dos inimigos.
Israel não tinha um governo organizado
e apesar de provavelmente ter uma
organização militar, não era
permanente.
O período de Juízes foi bastante
conturbado, e o povo percebeu que as
nações ao redor eram mais coesas e
tinham uma administração e governo
central. Israel sentia-se fragilizado, pois
a falta de uma nação em conjunto prejudicava muito quando necessitavam de defesa, e assim
nasceu o desejo de um governo que efetivamente unificasse as tribos. O povo exigia um rei.

Exigência por um reinado

O refrão do livro dos Juízes - "Naqueles dias não havia rei em Israel" (17:6; 18:1; 19:1; 21:25) -
foi finalmente traduzida pelo povo israelita em um forte clamor a Samuel: "[...] constitui-nos,
pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como têm todas as nações" (1 Sm 8:5).
Samuel cedeu à pressão popular e iniciou a busca por um indivíduo que pudesse assumir o posto
de rei de Israel.
(1Sm 9:1-2), (1Sm 9:15-17).

Saul foi ungido por Samuel numa cerimônia pública e consagrado rei, iniciando o período da
monarquia em Israel.

Período da monarquia

O período monárquico abrange o reinado dos três primeiros reis, quando Israel se consolidou
como nação - Saul, Davi e Salomão - estendendo-se desde o ano 1040/1030 a.C. até 931/920
a.C.

Os reinados se dividem assim;


Saul (1030-1010 a.C.);
Davi (1010-970 a.C.);
Salomão (970-931 a.C.)

Saul
Seu reinado, que tinha começado com uma boa perspectiva (apesar de sua inexperiência),
terminou abalando a estrutura de Israel, que ainda estava estabelecendo suas
fronteiras.Podemos elencar alguns dos principais erros que levaram à derrota de Saul como rei:

 Usurpação da função sacerdotal de Samuel durante o enfrentamento com os filisteus;


 Falta de entendimento com suas tropas, tornando-se de uma exigência quase
impossível de suportar;
 Depois da vitória sobre os amalequitas, deixou de obedecer a ordem de Deus para
destruir a todos;
 Seu descabido ciúme com relação a Davi;
 Seu amargor por julgar injustos os castigos que recebia de Deus.

O suicídio de Saul marcou definitivamente suas ações equivocadas.

Davi
Davi governava em Hebrom havia sete anos, mas entendia que a cidade sede do governo deveria
ser um lugar mais neutro, sem ligações a nenhuma tribo, num reinado único. Jerusalém,
importante e estratégica cidade, continuava em mãos estrangeiras, e essa cidade seria um
importante trunfo para Davi.
Davi tomou Jerusalém, um passo decisivo para consolidar seu reinado. Além desse grande feito,
podemos listar outras vitórias suas:

 Contra os filisteus (2 Sm 5:17-25; 8:1)


 Contra os moabitas ( 2 Sm 8:20
 Edom é derrotado e controlado por tropas (2 Sm 8:13-14)
 Amom é totalmente derrotado (2 Sm 12:26-31)
 Derrota do rei Hadadezer (2 Sm 10:15-19)
 Damasco é conquistada (2 Sm 10:15-19)

Após efetivamente colocar Israel como nação estruturada e bem estabelecida, Davi morreu em
idade avançada, após reinar por 40 anos e meio: 7 anos em Hebrom e 3 em Jerusalém. Sucedeu-
lhe seu filho Salomão, que tivera com Bate-Seba.

Salomão
A bíblia descreve Salomão como um homem de extrema sabedoria e astúcia. Ele se demonstrou,
no início do reinado, um rei acima das expectativas.
apesar de não expandir as fronteiras que Davi conquistara, ele as consolidou, fortalecendo as
estruturas administrativas e militares, forjando importantes alianças com outras nações.
Também desenvolveu a nação, sendo uma das suas principais realizações o Templo em
Jerusalém.
Entretanto, a bíblia relata, a partir de 1 Reis 11, o afastamento de Salomão de Deus, muito
influenciado pelos deuses que suas concubinas traziam, rompendo a estrutura religiosa de Israel
e as alianças entre tribos, principalmente com Judá. Salomão começou a enfrentar sérias
dificuldades na administração do reinado. Divisões internas, aumento dos impostos e uma
insatisfação cada vez maior do povo atiçaram o Espírito de rebelião.
O rei morreu em torno do ano 632 a.C. O líder que começou sua história com a expectativa de
consolidar o reino acabou deixando-o profundamente fragmentado. Seu filho Roboão lhe
sucedeu, mas as consequências da administração de Salomão e as insatisfação do povo eram
irrefreáveis.

Finalizando
A história de Israel teve início com a obediência de um homem, Abraão. Porém, foi devido à
crise com o Egito que levou à partida para a terra prometida, e o povo judeu começou a ter
identidade própria, apesar de que o elemento religioso sempre foi fundamental para a sua
constituição. A região da terra prometida já estava habitada e cercada por várias nações, e as
mais poderosas eram os sumérios, os fenícios, os acádios e a forte nação do Egito, da qual o
povo havia fugido. Ao longo de sua peregrinação, um povo começava a formar uma nação, a
desenvolver uma estrutura de governo e a estabelecer uma lei para sua organização, mas
faltava-lhe a terra. A tomada de um território, que era fruto da promessa divina, agora poderia
dar-lhe a possibilidade de estabelecer-se em um local. Porém, ainda havia muito a ser
construído. A saída do Egito e a conquista da terra prometida pareciam uma missão impossível,
mas Deus estava conduzindo o povo na direção que Ele desejava.
Moisés não pôde entrar, mas Josué obedeceu ao seu chamado e liderou o avanço do povo
hebreu em busca de seu território.
Os israelitas se estabeleceram, mas os povos ao redor ainda os hostilizavam. A federação tribal
necessitava, de tempos em tempos, de um líder para enfrentar os inimigos, mas essa situação
não perdurou, sendo necessário um poder central que proporcionasse uma maior coesão entre
as tribos. E então o povo exigiu um rei. O período da monarquia teve um início conturbado com
Saul, que não conseguiu se impor e por várias vezes desobedeceu a Deus, atitude que o levou à
ruína. Com Davi, Israel se tornou de fato um reino, ampliando seu território, consolidando suas
fronteiras e se estabelecendo como potência respeitável. Salomão manteve o reino, construiu
o templo e estabeleceu novas rotas comerciais, desenvolvendo a nação, porém cedeu à idolatria
e impôs forte jugo sobre o povo. Assim, a insatisfação com Salomão trouxe uma série de
rupturas irrefreáveis.

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