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Pertenço ao grupo de irmãos que citou várias vezes “egrégora” em suas “Peças de
Arquitetura”, inclusive em livro editado: em um tópico sobre a “Cadeia de União”.
Os depoimentos de vários irmãos e as leituras de diversos textos destacando os
benefícios daquela forma de energia e de seus efeitos sobrenaturais marcaram um
significativo período de minha vida maçônica.
Entretanto, com o passar dos anos, persistindo em minha caminhada pela "busca da
verdade‟, depararei com diversos textos, estudos e opiniões de outros pesquisadores
maçônicos contestando o disseminado conceito de "egrégora‟. Diante de minha
inquietude, resolvi arregaçar as mangas e realizar uma pesquisa pessoal sobre o
tema. Debrucei-me sobre vários textos: artigos, livros, citações etc. (maçônicas e
não maçônicas), e procurei o "confronto‟ entre os pensadores. Em nome da verdade,
devo admitir que não encontrei absolutamente nada que comprove, justifique ou
explique de forma coerente e racional a existência das “egrégoras”.
Após complementar a pesquisa com diversas consultas à internet, conclui que existe
um consenso entre os irmãos que questionam o uso do termo “egrégoras” na maçonaria,
de que o seu aparecimento no meio esotérico remonta a 1824 com o ocultista Eliphas
Levi que a definiu como “capitães das almas”, e que, posteriormente, teve o seu
sentido „adaptado‟ às diversas interpretações esotéricas-místicas-ocultistas que
foram agregadas à maçonaria ao longo dos anos por autores maçônicos franceses que,
ao final do século XIX, insistiram em transformar a maçonaria em um braço esotérico
do espiritismo, tal como os seus antecessores ingleses insistiram em cristianizá-
la.
Após ler e refletir bastante sobre o tema, fiz algumas observações e alguns
questionamentos que divido com os irmãos. Não considero nenhum absurdo aceitar que
a reunião de várias pessoas, mentalizando e direcionando os seus pensamentos para o
alcance de um objetivo comum possa gerar uma energia „positiva‟ que proporcionará
„aos membros desse grupo‟ uma sensação de bem estar, de alívio de tensão ou algo
similar; também aceito que o contato físico – como na Cadeia de União – amplie
essas sensações, pois serve para renovar e fortalecer o companheirismo que deve
existir entre os irmãos, relembrando-lhes sempre que o objetivo primário da
maçonaria é nos unir de modo que formemos um só corpo, uma só vontade e um só
espírito. Mas, como aceitar, ou crer, que a "energia‟ emanada de nossas mentes
possa plasmar uma „entidade‟ movida por vontade própria que irá interferir – para o
bem ou para o mal – nas vidas e nos destinos das pessoas? Ou que seja capaz de
realizar no mundo visível as suas aspirações transmitidas ao mundo invisível pela
coletividade geradora. Como isso poderia acontecer sem considerarmos o fator
„sobrenatural‟? Aceitar tal fato, sem questionamento, é fugir do racional. É mais
lógico fundamentar essa crença à interferências de conceitos superficiais ou
subjetivos ligados a superstição, que não necessitam ser demonstrados, mas nos
proporcionam uma falsa sensação de segurança. A maçonaria nos orienta a não nos
entregarmos às superstições; logo, não podemos desprezar a lógica e a razão
aceitando passivamente ilusórias promessas de felicidade e proteção advindas de
"entidades‟ sobrenaturais plasmadas em nossas sessões.
Concluindo, entendo que as chamadas “egrégoras” são quimeras sustentadas por forças
motivadoras da superstição, e como tal se deve evitar a utilização dessa expressão
na maçonaria, de modo a não contribuirmos à perpetuação e validação de uma falsa
„entidade psíquica‟ gerada pela equivocada crença no desconhecido, que, na verdade,
camufla a necessidade de mantermos um controle racional sobre os nossos temores.
Mas essa decisão é pessoal e passa pela conscientização de cada um. O maçom deve
ser livre para investigar a verdade, crer naquilo que melhor lhe confortar, e deve
utilizar as suas "descobertas‟ para o seu próprio crescimento pessoal. As palavras,
e até mesmo os equivocados conceitos por trás delas, se esvaecem ante o objetivo
maior da maçonaria de formar livres pensadores.