Você está na página 1de 5

Escola Bíblica

1 – Iniciação Bíblica

1.1 – Introdução
A palavra Bíblia, vem do grego e significa "coleção de livros". A Bíblia compila séculos de tradições
orais que vinham passando pelas gerações. Posteriormente os “escribas” (uma importante figura nos
vários aspectos da administração civil, militar e religiosa, que se encarregavam de organizar e distribuir a
produção; de controlar a ordem pública; de supervisionar todo e qualquer tipo de atividade; se tornaram os
depositários da cultura leiga e religiosa) começaram a registrar essas histórias.
Deus inspirou algumas pessoas para agir: ex. Abraão, Moisés, etc. Deus inspirou algumas pessoas
para falar: ex. os Profetas. Deus inspirou algumas pessoas para escrever: hagiógrafos (autores sagrados).
Muitas pessoas escreveram a Bíblia; agricultores, operários, profetas, sacerdotes, reis, pastores. A Bíblia,
antes de ser escrita, foi vivida. Primeiro aconteceram os fatos e só muito tempo depois eles foram escritos.
Resumindo, Deus é o autor da Bíblia. Mas para redigir o texto, serviu-se de homens.
A Bíblia não foi escrita de uma só vez, nem num mesmo lugar, mas em muitos lugares e em países
diferentes. A maior parte do Antigo Testamento e do Novo Testamento foi escrita na Palestina, a terra
onde vivia o povo de Israel, por onde Jesus andou e onde nasceu a Igreja. Algumas partes do Antigo
Testamento foram escritas na Babilônia, onde o povo viveu no cativeiro no século VI antes de Cristo.
Outras partes foram escritas no Egito, para onde muita gente emigrou depois do cativeiro. O Novo
Testamento tem partes escritas na Síria, na Ásia Menor, na Grécia e na Itália, onde havia muitas
comunidades, fundadas ou visitadas pelo Apóstolo Paulo.
Acredita-se que a Bíblia terminou de ser escrita por volta do ano 100 d.C., com o Apóstolo João
Evangelista - que escreveu o Apocalipse. Os escritores da Bíblia - mesmo em um período de tempo tão
longo - transmitiram todos a mesma mensagem básica: Deus criou os céus e a terra e providenciou uma
maneira para que as pessoas pudessem conhecê-lo pessoalmente. Além da autoria singular, a Bíblia
também tem o melhor histórico de profecias que mais tarde foram cumpridas detalhadamente. Vários
profetas do Velho Testamento fizeram mais de 300 profecias específicas, por exemplo, sobre a vinda do
Messias. Elas foram todas cumpridas por Jesus centenas de anos depois.
A arqueologia repetida vezes confirma nomes de pessoas, eventos históricos e detalhes
geográficos, exatamente como registrados no Antigo e no Novo Testamento. Embora a arqueologia não
possa provar a veracidade espiritual da Bíblia, as descobertas mostram a confiabilidade da Bíblia como um
relato histórico. Também, comparada com outros escritos antigos, a Bíblia foi extraordinariamente
preservada através do tempo.
A Bíblia é, ao mesmo tempo, histórica e doutrinal, contendo a revelação que Deus fez aos homens
através de suas ações e palavras. A Bíblia conta a história da nossa salvação, o gradual desenrolar-se de
toda a redenção através dos dois testamentos ou alianças. Através destas alianças a Bíblia mostra como o
homem consegue sua salvação, que devemos saber sobre Deus e sobre o homem e o que o homem deve
fazer para tornar-se agradável a Deus.

1.2 – Divisão da Bíblia


A Bíblia está dividida em duas grandes partes:
Antigo Testamento: Que são todos os livros escritos a partir do séc. XV a.C. até o nascimento de
Cristo. Contém a Lei de Deus dada a Moisés, a história do povo de Israel e suas reflexões, bem como a
previsão da vinda do Messias, que se deu com a vinda de Jesus Cristo.
Novo Testamento: Que são todos os livros escritos após a vinda de Jesus até o final do séc. I
d.C.. Traz a vida e as obras de Jesus, a criação e a expansão da Igreja, além de documentos de formação
do povo cristão.
1.2.1 – O Antigo Testamento (AT)
O Antigo Testamento nos revela a Criação do mundo, as alianças que Deus fez com os homens, as
profecias que anunciavam a vinda do Messias, a fidelidade e infidelidade do povo de Deus, e
principalmente, a preparação do povo escolhido de onde viria o Verbo Encarnado.
O Antigo Testamento foi escrito em hebraico (com algumas passagens em aramaico), com exceção
de alguns livros, escritos em grego. O Antigo Testamento foi traduzido para o grego a partir do séc. III a.C.,
em Alexandria.
O Antigo Testamento é formado de 46 livros, sendo divididos da seguinte forma:

Pentateuco Livros da Lei ou Torá contêm cinco livros:


Gênesis (Gn) - Como a palavra bem indica, é o livro dos princípios: do céu e da terra, das ilhas e dos
mares, dos animais e do homem. Com Abraão, temos o começo de uma raça, um povo, uma revelação
divina particular, e finalmente uma igreja.
Êxodo (Ex) - Relata o povo de Deus escravizado no Egito e a grande libertação divina, usando a
instrumentalidade de Moisés.
Levítico (Lv) - Leis acerca de moralidade, limpeza, alimento, sacrifícios, etc.
Números (Nm) - Relata a peregrinação de Israel, quarenta anos pelo deserto.
Deuteronômio (Dt) - Repetição das leis.

Livros Históricos, 16 livros:


Josué (Js) - Trata da conquista de Canaã. O milagre da passagem do rio Jordão, a queda das muralhas
de Jericó, a vitória sobre as sete nações Cananéias, a divisão da terra prometida e, finalmente, a morte de
Josué com cento e dez anos.
Juízes (Jz) - Várias libertações através dos quinze juízes.
Rute (Rt) - A linda história de Rute, uma ascendente de Davi e de Jesus Cristo.
I e II Samuel (Sm) - Relatam a história de Samuel, da implantação da monarquia, sendo Saul o primeiro
rei ungido por Samuel. Samuel como o último juiz e a história de Davi.
I e II Reis (Rs) - Relatam a edificação do Templo de Jerusalém, a divisão do reino. Ministério de Elias e
Eliseu. Ainda em II Reis está relatado o cativeiro do Reino do Norte pelos exércitos assírios, e do Sul com
o poderio Caldeu de Nabucodonosor.
I e II Crônicas (Cr) - Registram os reinados de Davi, Salomão e dos reis de Judá até a época do cativeiro
babilônico.
Esdras (Es) - Relata o retorno de Judá do cativeiro babilônico com Zorobabel e a reconstrução do templo
de Jerusalém.
Neemias (Ne) - Relata historia da reedificação das muralhas de Jerusalém.
Tobias (Tb) – O livro de Tobias é um verdadeiro espelho de um judeu, espelho esse que se pode aplicar a
um cristão quase sem nenhuma transposição.
Judite (Jt) – O livro de Judite leva os leitores espontaneamente pensar nas lutas que os judeus tiveram de
sustentar pela sua fé.
Ester - Relata a libertação dos judeus por Ester e o estabelecimento da festa de Purim.
I e II Macabeus (Mc) – São dois escritos distintos e provem-lhes do sobrenome dado a Judas, filho de
Matatias, por ocasião da terrível derrota que infligiu aos inimigos.

Livros Sapienciais, 07 livros:


Jó (Jó) - Sofrimento, paciência e libertação de Jó.
Salmos (Sl) - Cânticos espirituais, proclamações, poemas e orações.
Provérbios (Pr) - Dissertações sobre sabedoria, temperança, justiça, etc.
Eclesiastes (Ecl) - Reflexões sobre a vida, deveres e obrigações perante Deus.
Cântico dos Cânticos (Ct) - Descreve o amor de Salomão pela jovem sulamita.
Sabedoria (Sb) - O conteúdo deste livro é um louvor a sabedoria divina.
Eclesiástico (Eclo) - Relata todos os aspectos da vida humana: exortações aos maridos, às mulheres,
aos pais, aos filhos, aos senhores, a pobreza etc.

Livros Proféticos, 18 livros:


Isaías (Is) - Muitas profecias messiânicas, é considerado o profeta da redenção. O livro contém maldições
pronunciadas sobre as nações pecadoras.
Jeremias (Jr) - Tem por tema a reincidência, o cativeiro e a restauração dos judeus. Jeremias é
considerado o profeta chorão.
Lamentações (Lm) - Clamores de Jeremias, lamentando as aflições de Israel.
Baruc (Br) - Relata um majestoso poema à sabedoria, como único meio de chegar-se a Deus, um
veemente apelo à coragem, à resignação e à esperança.
Ezequiel (Ez) - Um livro que contém muitas metáforas para descrever a condição, exaltação e a glória
futura do povo de Deus.
Daniel (Dn) - Visões apocalípticas.
Oséias (Os) - Relata a apostasia de Israel caracterizada como adultério espiritual. Contém muitas
metáforas que descrevem os pecados do povo.
Joel (Jl) - Descreve o arrependimento de Judá e as bênçãos. "O dia do Senhor" é enfatizado como um dia
de juízo e também de benção.
Amós (Am) - Através de visões o profeta reformador denuncia o egoísmo e o pecado.
Abdias (Ab) - A condenação de Edom e a libertação de Israel.
Jonas (Jn) - Relata a história de Jonas, o missionário que relutou para levar a mensagem de Deus à
cidade de Nínive. O mais bem sucedido dentre os profetas. Um dos profetas que pregou o arrependimento
do povo. O povo arrependeu-se e o profeta ficou triste e desejou a morte.
Miquéias - Condição moral de Israel e Judá. Também prediz o estabelecimento do reino messiânico.
Naum (Na) - A destruição de Nínive e libertação de Judá da opressão Assíria.
Habacuc (Hab)- O grande questionamento do profeta a Deus. Como pode Deus justo permitir que uma
nação pecadora oprima Israel. Contém uma das mais belas orações da Bíblia.
Sofonias (Sf) - Ameaças e visão da gloria futura de Israel.
Ageu (Ag) - Repreende o povo por negligenciar a construção do segundo templo e promete a volta da
gloria de Deus.
Zacarias (Zc) - Através de visões, profetiza o triunfo final do reino de Deus. Ageu ajudou a animar os
judeus a reconstruírem o templo. Foi contemporâneo de Ageu.
Malaquias (Ml) - Descrições que mostram a necessidade de reformas antes da vinda do Messias.

1.2.2 – O Novo Testamento (NT)


O Novo Testamento possui quatro livros (Mateus, Marcos, Lucas e João) que contam toda a vida
de Jesus Cristo, desde o seu nascimento até a sua ascensão ao céu. Esses quatro livros formam um
conjunto denominado Evangelhos. O Novo Testamento é também constituído por várias Cartas (também
chamadas epístolas), que foram escritas pelos apóstolos com o objetivo de direcionar a Igreja fundada por
Cristo.

Livros do Evangelho: narram a vida, os ensinamentos, os milagres e a obras do Messias Jesus


Cristo. São eles:
 Evangelho de Mateus
 Evangelho de Marcos
 Evangelho de Lucas
 Evangelho de João

Livro Histórico: apresenta a instituição e expansão da Igreja Cristã, primeiro na Palestina e, a


seguir, no mundo até então conhecido.
 Atos dos Apóstolos

Epístolas: são as doutrinas e exortações escritas por alguns Apóstolos de Cristo e encaminhadas a
comunidades ou fiéis cristãos. São elas:
Epístolas de São Paulo:
 Epístola aos Romanos
 1ª Epístola aos Coríntios
 2ª Epístola aos Coríntios
 Epístola aos Gálatas
 1ª Epístola aos Tessalonicenses
 2ª Epístola aos Tessalonicenses

Epístolas do Cativeiro:
 Epístola aos Efésios
 Epístola aos Filipenses
 Epístola aos Colossenses
 Epístola a Filemôn

Epístolas Pastorais:
 1ª Epístola a Timóteo
 2ª Epístola a Timóteo
 Epístola a Tito
 Epístola aos Hebreus

Epístolas Católicas:
 Epístola de Tiago
 1ª Epístola de Pedro
 2ª Epístola de Pedro
 1ª Epístola de João
 2ª Epístola de João
 3ª Epístola de João
 Epístola de Judas

Livro Profético: traz a vitória de Cristo e sua Igreja sobre as forças do mal e o juízo final.
 Apocalipse de João

1.3 – As diferenças Bíblicas:


Se um católico descobre em casa uma Bíblia publicada pelos protestantes, freqüentemente fica
meio cismado e pergunta: “Será que posso ler? Será que não é diferente da Bíblia católica?” Por outro
lado, não entende como pode haver duas Bíblias, uma diferente da outra. A Palavra de Deus não é uma
só?
A questão é a seguinte: na Bíblia protestante faltam alguns livros na parte do Antigo Testamento,
livros que existem na edição católica: Baruc, Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, os dois livros dos
Macabeus, pequenos trechos do livro de Ester (10,4-16,24 e alguns trechos do livro de Daniel. São
chamados de livros deuterocanônicos (segunda lista). A Igreja católica os aceitou como sendo inspirados,
como sendo Palavra de Deus, enquanto para os protestantes são chamados apócrifos).
Apócrifos para nós católicos são certos livros antigos, semelhantes a livros bíblicos não inseridos
na Bíblia e são considerados apócrifos – palavra grega que significa “escondido” mas neste caso adquiriu
o sentido de “falso”. Indicando, portanto, os livros de origem incerta, são eles: Os mais conhecidos o Proto-
evangelho de Tiago e o Evangelho secreto da Virgem Maria.
Para entender essa diferença, é preciso conhecer um pouco a história do texto do Antigo
Testamento. A Bíblia, inicialmente, só existia em hebraico. Quando os Judeus se espalharam pelo mundo,
sentiram necessidade de traduzi-lo para uma língua mais universal naquela época: o grego. Acontece que
no Antigo Testamento traduzido foram colocados alguns livros que não estavam na Bíblia hebraica e que
eram mais recentes. São aqueles que citamos acima. Os protestantes consideram como Palavra de Deus
só os livros do Antigo Testamento que fazem parte da Bíblia hebraica, enquanto que a Igreja católica
considera também alguns que foram acrescentados na tradução grega feita pelos Judeus.
Para organizar a lista dos livros da Bíblia os Fariseus antigos, julgaram que, para serem inspirados
por Deus, os livros deveriam ser:
- Antigo, isto é, não escritos depois de Esdras e Neemias.
- Escritos em língua “sagrada” isto é, hebraico e aramaico.
- Fossem de acordo com a lei de Moisés.
- Tivessem origem na Palestina e não em terra estrangeira. Os livros de Tobias, Judite, Sabedoria,
Eclesiásticos, Baruc, I e II Macabeus, não satisfazem todos esses requisitos e não foram aceitos pelos
fariseus na organização e fixação do Cânon, isto é, a lista de livros. Os protestantes adotaram o cânon
hebraico, por isso na bíblia deles faltam os 7 livros mencionados acima.
Essa é a diferença entre a Bíblia católica e protestante. O Novo Testamento é igualzinho.
É bom ressaltar também que mesmo entre as bíblias católicas existem algumas diferenças nas
traduções. Por exemplo: Ave Maria é diferente da Bíblia de Jerusalém. Mas por que existe diferença? As
diversas traduções têm o objetivo somente de facilitar a leitura do povo mais simples. Mas esta diferença
é apenas no vocabulário usado, o conteúdo é o mesmo.

Você também pode gostar